Diretoria de Ensino Leste 4
Dirigente Regional de Ensino
José Carlos Francisco
Núcleo Pedagógico
Orientação Técnica
MEDIAÇÃO E LINGUAGEM
Material da Professora Katia Brakling
PCNPs Responsáveis:
Tania Conceição Nunes de Sá Gomes
Adriana Cristina de Brito Pereira
Objetivos da Orientação
Técnica e da Videoconferência
Apresentar ao professor uma reflexão
organizada a respeito do trabalho de revisão
e reescrita dos textos apresentados nas
práticas de linguagem;
 Organizar os conhecimentos implicados na
ação didática no cotidiano da sala de aula;
 Contribuir para a análise prática de revisão
de textos efetivamente realizados na escola.

Conceitos Preliminares
A aprendizagem da produção escrita é uma das
finalidades do ensino das línguas. Essa
aprendizagem permite ao aluno:
Comunicação
com outros pela escrita;
Obtenção êxito escolar;
Promoção da socialização.
 Produção de textos diversos, respeitando as
convenções da língua e da comunicação, é uma
condição importante para a integração do
indivíduo na vida social e profissional.
 Compreensão da escrita como uma prática
social (função e utilidade do texto escrito).
A escrita como comunicação,
expressão e conhecimento



A produção e compreensão da diversidade
de textos orais e escritos é considerado
como objetivo central do ensino das
línguas;
Produzir um texto é expor uma imagem de
si e da sua criatividade;
É preciso conhecer os
conteúdos
temáticos a serem abordados, o sistema
linguístico, o destinatário e as convenções
sociais do contexto de produção textual.
Dimensões da Escrita
Aspectos a serem considerados
no processo de escrita dos textos





A aprendizagem da escrita, por meio da
produção de textos é uma atividade complexa;
O texto, e não a frase ou a palavra, é
considerado como unidade de trabalho;
É preciso levar em conta a diversidade das
situações de comunicação;
Antecipação, por meio da análise, dos
obstáculos
e
dificuldades
a
serem
ultrapassados pelos alunos;
A análise didática dos textos pelo professor, a
fim de se encontrar caminhos para
intervenção.
ORIENTAÇÕES PARA
REFLEXÃO
Momento 1
Para começar a prévia reflexão sobre o assunto, leia os
excerto apresentados e, depois, faça a seguinte analise:
De que modo as citações se relacionam entre si e
com a prática de revisão de textos? Elabore um
pequeno texto expositivo que caracterize o
procedimento de revisão, tendo a reescrita como
parte desse processo. Você pode organizá-lo na
forma de itens ou simples anotações, se quiser, e
começá-lo da seguinte maneira: “Podemos dizer
que revisão envolve...”.
Observação: Os participantes deverão dividir-se em 4
grupos para a realização da atividade proposta.
Excerto 1
“(...) os tempos deixaram de ser noite de si mesmos quando as pessoas
começaram a escrever, ou a emendar... que é obra doutro requinte e doutra
transfiguração.” (Saramago)
Excerto 2
“(...) por que caminhos eles andaram e se perderam antes de alcançarem a
definitiva forma, se é que tal coisa existe.” (Saramago; idem)
Excerto 3
“Que a gente não canse, de apontar o lápis e refazer o texto, de procurar a
palavra, de revirar o papel e a alma do avesso, de encontrar a ‘rima’. Que não
nos vença o gosto amargo, o riso murcho, a palavra vazia. Que o inverso disso
ganhe sim, e ganhe sempre. Que a rotina não nos destrua, que ainda nos dê
crises de riso, que ainda pulse. Só isso que eu quero pra dezembro, e pros
outros onze meses.” (Clara D.)2
Excerto 4
“Quero enfiar a ideia, achar o rumozinho forte das coisas, caminho do que
houve e do que não houve. Às vezes não é fácil. Fé que não o é.” (Guimarães
Rosa)
Excerto 5
“O crescimento de níveis de deliberação (que precisam ser mais bem
conhecidos na esfera da pesquisa) envolve internalizações sucessivas de
competências que se constroem no plano intersubjetivo e que permitem a
consolidação das funções comunicativa (regulação da ação do outro) e
individual (autorregulação) da escrita. Supomos que as mudanças nessa direção
se iniciem nos esforços de distinção entre gerar o texto e pensar sobre o
texto, distinção esta que não é manifestada imediatamente pelo escritor
iniciante”. (Smolka e Góes: 1992; p. 96.)
Excerto 6
“A aprendizagem da linguagem é já um ato de reflexão sobre a linguagem. (...)
As ações linguísticas que praticamos nas interações em que nos envolvemos
demandam esta reflexão, pois compreender a fala do outro e fazer-se
compreender pelo outro tem a forma de um diálogo.” (Geraldi: 1997, p. 17.)
Excerto 7 [Sobre o rascunho como espaço de comunicação consigo mesmo.]
“Duas semióticas intervêm nas modificações de gênese: a da linguagem verbal por
um lado, e a de uma paralinguagem na qual se risca, flecha, sobrecarrega. O que faz
o escriba? Ele faz indicações para ele mesmo: ele coloca em memória, de forma
econômica e não explícita, um programa de modificações que ele reserva para
modificar posteriormente. Ele representa para si mesmo ao menos duas faces da
inscrição, uma comportando notações mínimas, frequentemente não verbalizadas,
e outra traduzindo, por modificações de linguagem, indicações mais ou menos
legíveis nas rasuras.” (Fabre: 1992, p. 09.)
Excerto 8
“A reescrita tem como origem uma série de interrogações sobre a adequação do
discurso primeiro em relação a uma consigna particular, um determinado leitor,
seu próprio desejo, um ato a cumprir, desafios precisos etc. Reescrever é colocar
questões sobre seu próprio texto, ou seja, indica uma consciência do já-dito, uma
capacidade de avaliar em função de um certo número de parâmetros e da
possibilidade de reformulação.” (Delamote-Legrand: 1992, p. 106)
Momento 2
Depois de realizada a leitura, retome
as anotações que você fez a partir dos
excertos e compare a reflexão que fez
antes com a que realizou neste
momento. Que aspectos puderam ser
aprofundados, ampliados, esclarecidos?
Observação: Os participantes deverão
dividir-se em 3 grupos para a realização da
atividade proposta.
Em relação ao aluno é necessário
observar:

Quais são os conhecimentos que os
alunos dominam.

Quais são as lacunas, dificuldades e
obstáculos potenciais da sua escrita.
Revisão e correção: o mesmo
conceito?
 Correção
Supressão
de
erros
ortográficos a partir
da
indicação de erros feita pelo
professor;
Ideia de que o que foi escrito
está errado e precisa ser
substituído;
Atividade não reflexiva;
Aponta
generalidades
e
superficialidades;
Condições
de
trabalho
individual e sem cooperação.
Revisar dialoga; Busca os sentidos
pretendidos pelo aluno no texto;
Tenta ajustar o texto às intenções do
escritor e aos parâmetros definidos;
Apresenta
possibilidades
 Revisão
um
conjunto
de
linguístico-discursivas ao
aluno;
A revisão é um exercício de alteridade
– colocar-se no lugar de quem escreveu
para compreender suas intenções.
É um processo de adequação do texto
ao contexto de produção.
A correção inserida no processo de
revisão deve ser REFLEXIVA.
Podemos dizer que a intervenção acima foi
reflexiva?
 Trata-se de uma orientação para revisão ou
correção?
 Que situações de escrita vivenciamos no cotidiano
escolar, tão complexo?
Todas elas requerem o mesmo tipo de intervenção
ao falarmos de revisão?
 Que aspectos precisamos considerar ao organizar
essas intervenções?
 Que procedimentos devemos adotar para garantir
as nossas referências teóricas e metodológicas?

Os procedimentos didáticometodológicos de trabalho

É preciso garantir ao aluno uma efetiva oportunidade de reflexão
sobre os aspectos da língua e da linguagem, pelo processo de
análise da adequação do texto, de levantamento de possibilidades
de ajuste do texto e revisão;

Promoção das intervenções que orientam a textualização durante o
processo de produção;

Acompanhamento dos alunos enquanto redigem, ainda que em
parceria, ler o que escrevem e sugerir modificações,
complementações, correções;

Acompanhamento dos registros feitos no caderno;

A apropriação do conhecimento ocorre pela cooperação na
realização das tarefas.
Momento 3
Leia os textos dos alunos em anexo, assim como
a proposta de produção apresentada para os
mesmos. Escolha um dos textos e, supondo que
seja representativo da proficiência de uma classe,
organize uma atividade de revisão – ou uma
sequência de atividades – para problematizar as
questões textuais que apresenta.
Observação: Os participantes deverão dividir-se
em 4 grupos para a realização da atividade.
Proposta Apresentada para o Aluno
SARESP 2012
7º ano do Ensino Fundamental
Proposta de Redação
Escreva seu texto imaginando que você está participando de um concurso lançado pelo jornal
de sua cidade para descobrir novos talentos literários. As trinta melhores narrativas produzidas
pelos alunos das escolas estaduais serão publicadas em uma coletânea. Para participar, leia o
trecho a seguir e continue a narrativa.
UM EXEMPLO DE CORAGEM E AMOR
Num bairro da cidade, havia um barracão abandonado cujas portas estavam lacradas.
No andar de cima, Sara, uma gatinha, vivia e alimentava-se de restos de comida que encontrava
pelas redondezas. Ela conseguia entrar no barracão por uma janela que tinha o vidro quebrado.
Estava, agora, com sua ninhada de cinco filhotes, no andar superior, bem protegidos, quando, no
final de uma tarde, iniciou-se um grande incêndio no local.
Considerando o que expressa o título do texto (Um exemplo de coragem e amor), crie um
enredo com a história de Sara e seus filhotes. Envolva outros personagens, incluindo humanos.
Crie momentos de suspense capazes de despertar a curiosidade e atenção do leitor.
Dê um final à sua história, que poderá ter um desfecho feliz ou não.
Observações:
1. Faça inicialmente um rascunho.
2. Passe seu rascunho para o local indicado, com caneta de tinta azul ou preta.
3. Capriche na letra.
4. Escreva seu texto na modalidade culta (norma-padrão) da língua portuguesa
Texto 1
Texto 2
Operações referentes à produção textual
A.
Contextualização – Produção e construção de texto
coerente e adaptado à situação de comunicação.
B.
Progressão temática – Desenvolvimento dos conteúdos
temáticos em função do gênero, atentando para a pertinência
das escolhas das informações, o equilíbrio das informações
do leitor e o aporte de novas informações.
C.
Planificação – Articulação das partes separadas do texto
(coerência) pela organização interna do texto.
D.
Marcas Linguísticas – Coesão nominal e verbal utilizando
meios linguísticos que asseguram as relações entre as frases.
E.
Releitura, revisão, reescrita - Retomada do texto pelo
produtor.
Operações referentes à produção textual
manutenção de coesão e coerência do texto no
processo tanto de textualização de conteúdo já
produzido (reescritas), quanto de criação de conteúdo
(produções de autoria), considerando-se todos os
aspectos implicados nesse processo;

criação de conteúdo, em si, com a explicitação das
relações que se estabelecem entre as ações
narradas/inventadas
(de
anterioridade
e/ou
posterioridade, de causalidade, de explicação, entre
outras);

adequação do texto ao contexto de produção definido
e combinado em classe.

Uma orientação didática coerente com
os pressupostos indicados pressupõe:
a.
trabalho no coletivo feito pela professora: nesse momento, a
intenção é fazer circular informações relevantes sobre determinado
conhecimento, buscando-se a apropriação delas pelos alunos e
modelizar procedimentos - de leitura, de escuta, de produção de
textos, de análise – oferecendo referências aos alunos;
b.
trabalho em duplas/grupo: nesse momento a intenção é observar
quais aspectos tematizados foram apropriados pelos alunos a partir
do momento anterior e criar um espaço para que as informações
apropriadas pelos diferentes parceiros circulem, colocando a
possibilidade de novas apropriações e novos aprendizados;
c.
trabalho individual: esse é o momento de se constatar quais foram
as aprendizagens realizadas, efetivamente, pelos alunos; quais foram os
conteúdos apropriados por eles. Nesse momento tem-se a
informação a respeito de quais aspectos precisarão ser novamente
tematizados, reiniciando-se o movimento do trabalho.
Procedimentos a serem utilizados nas
atividades de revisão:
Ler os textos produzidos e marcar os aspectos que precisam
ser revisados (aspectos relativos à coerência do texto; ausência de
informações relevantes; não estabelecimento de relações
adequadas entre os fatos, necessidade de paragrafação e
pontuação, entre outros aspectos).

Utilizar
para marcar, p.e., um traço vertical em uma das margens,
correspondendo ao trecho a ser revisto.
Organizar
os alunos em duplas:
 Devolver os seus textos, orientando para que conversem sobre o
trecho a ser revisado, levantando possibilidades de ajuste. Os dois
conversam sobre cada um dos textos, anotam as sugestões; depois,
cada um revisa o seu próprio.
Procedimentos a serem utilizados nas
atividades de revisão:
Nessa revisão, os alunos não deverão apagar e escrever de novo.
Devem escrever em um papel pautado, à parte. Depois que
escreverem, cortam a tira de papel e a colam sobre a 1ª versão (o
texto original), mas apenas na margem, de modo que se possa
levantar a filipeta para ler o texto que está embaixo.

Receber
os textos revisados e, dessa vez, lê-los fazendo
anotações de aspectos ortográficos que precisam ser revisados.
As
anotações para correção ortográfica devem levar à reflexão,
portanto, procedimentos que já indicam ao aluno o que têm que
corrigir e como, não devem ser utilizados nessa situação (a da
revisão de textos). Nessa situação, as anotações devem ser feitas
respeitando-se os seguintes critérios:
•Erros
relativos a aspectos já discutidos em classe: Ficha Ortográfica
e Pauta de Memorização; Erros relativos a aspectos ainda não
discutidos em classe.
Bibliografia
BRÄKLING, Kátia Lomba. Revisão e correção: variações sobre o
mesmo tema? São Paulo: 2012.
DOLZ, Joaquim et alii. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem.
Campinas: Mercado de Letras. 2010.
Capítulo 1: Ensinar a Produção Escrita (pp. 13-30).
Capítulo 5: Os Dispositivos de Ensino (pp. 61-66).
Obrigada pela participação!
Contato:
[email protected]
2742-3102
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