III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 455 Educação Ambiental por meio do Plantio de Hortas em uma Escola Estadual do Município de Guaçuí, ES. D. B. S. Gomes1*, M. V. Costa Filho1, A. A. Amaral2, K. M. P. Abreu3 & SheilaMendonça da Silva4 1 Licenciandos em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre 2 Professor Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre 3 Professora Doutora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre 4 Professora da Escola Estadual de Ensino Médio “E.E.E.M. Monsenhor Miguel de Sanctis” *Email para correspondência: [email protected] Introdução O crescimento populacional gera problemas relacionados ao aumento da produção agrícola sendo necessário problematizar tais questõesque influencia diretamente o meio ambiente, a economia e a sociedade (Silveira&Ferraz2004). De acordo com o autor atitudessustentáveis voltadaspara a agriculturapodem viabilizar a produção de alimentos a longos períodos de tempo atendendo toda a população de maneira a poupar os recursos naturais. O plantio de hortas é uma alternativa educacional capaz de abordar os temas ambientais de uma maneira diferente. Segundo Borba et al. (2012) ações de Educação Ambiental com o auxílio de hortas são capazes de educar e transformar os indivíduos em cidadãos com maior sensibilização e com atitudes ecologicamente corretas. Cabe ao âmbito escolar promover atividades educacionais em todos os níveis de ensino com o intuito de sensibilizar cada indivíduo para a conservação da natureza (Costa &Murata2013). De acordo com os autores a Educação Ambiental são todos os processos pelo qual o indivíduo se torna capaz de desenvolver suas potencialidades em torno da construção de competências para o desenvolvimento sustentável. Com o intuito de evidenciar a eficácia de atividades com a utilização de hortas para alunos do ensino médio, foi introduzido em uma escola estadual no Sul do Espírito Santo um viveiro de mudas e orquidário no qual buscou trabalhar no espaço externo a produção de hortas sustentáveis. 455 456 GOMES ET. AL:EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DO PLANTIO DE HORTAS. O presente trabalho objetivou evidenciar o potencial das hortas escolares como instrumento promotor da Educação Ambiental e verificar se a utilização de tais ferramentas proporciona sensibilização e aprendizagens voltadas ao desenvolvimento sustentável. Material e Métodos As atividades ocorreram em outubro de 2013 com aproximadamente 50 educandos de duas turmas dos terceiros anos. Inicialmente foi proposta para os estudantes a realização de pesquisas para elaboração de projetos envolvendo a construção de hortas sustentáveis.Os discentes tiveram que buscar conceitos e técnicas voltadas para os conteúdos ligados à sustentabilidade, solo, hortas e compostagem.Por meio da pesquisa e embasamento teórico os educandos elaboraram os projetos. Após duas semanas os projetos realizados pelos educandos no primeiro momento foram apresentados. Posteriormente o tema sustentabilidade com a criação de hortas foi discutido com os discentes em uma mesa redonda e debatidas as ideias que embasaram a elaboração dos projetos, sendo que os melhores foram selecionados para serem colocados em prática.A próxima etapa envolveu a realização prática dos projetos em que foram plantadas várias hortaliças em pneus, canos e recipientes considerados inutilizados. Foi utilizado o método fenomenológico no momento da mesa redonda e na realização prática dos projetos. De acordo com Martins & Bicudo (1989) o método fenomenológico utiliza a observação buscando sempre a compreensão do que é estudado, visando atentar para o específico, ou seja, o que é peculiar.Para finalizar foi realizada uma entrevista aberta com seis estudantes escolhidos aleatoriamente e foi utilizado também o método fenomenológico. Todos os dados registrados estão descritos a seguir. Resultados e Discussão A atividade de Educação Ambiental com a utilização de hortas envolvendo práticas sustentáveis se mostrou eficaz. Por meio do método fenomenológico observou-se o comprometimento da maioria dos estudantes, poisos mesmos realizaram as pesquisas sobre a temática com comprometimento e elaboram bons projetos sustentáveis. Ao analisar os projetos que foram entregues ao primeiro autor, notou-se a preocupação dos discentes em reutilizar recipientes considerados lixo na elaboração dos mesmos. Os relatos no momento das entrevistas mostrou que os educandos pesquisados entenderam a importância das atividades sustentáveis para a preservação do meio. Os discentes mencionaram que iniciativas como as realizadas na escola deveriam ocorrer com maior frequência, pois, III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 457 ajuda a amenizar os impactos ambientais e ainda sensibiliza cada indivíduo em relação aos problemas ambientais. A etapa que gerou maior motivação e interesse pela grande maioria dos discentes foi a realização prática dos projetos, neste momento houve grande interação e questionamentos.No mesmo sentido Krasilchik (2005) enfatiza que, a realização prática faz com que o educando fique em contato direto com os fenômenos, através da observação, manipulação de materiais e equipamentos surgem resultados diferentes dos esperados, desafiando a imaginação e o raciocínio. De modo geral as ações educativas foram bem aceitas, pois, quase todos os discentes entenderam que a utilização de pequenos espaços com a produção de hortaliças a partir da ornamentação com reutilizáveis são alternativas viáveis para aliar produção com a redução de resíduos sólidos. Os resultados corroboram com os trabalhos de Borba et al., (2012) e Costa & Murata (2013), no qual houve elevado grau de satisfação dos estudantes, empolgação e adesão nas atividades envolvendo a utilização de hortas. Cada grupo realizou explicações sobre os projetos e enfatizou a importância das ações sustentáveis aliadas a criação de hortas na escola.Os educandos ainda comentaram que iniciativas como essas ajudam a amenizar os problemas ambientais e que a difusão de ideias ecologicamente corretas devem ocorrer com maior frequência. Por meio das explanações realizadas pelos estudantes na apresentação dos projetos, ficou nítido que houve grande sensibilização em relação às questões ambientais. Muitos discentes que não participaram da realização dos projetos, mas estiveram no momento das apresentações se mostraram interessados e realizaram alguns questionamentos sobre como implantar tais iniciativas.Segundo Capra (2005), através do uso de horta é possível chamar a atenção para a não degradação e a conservação do meio ambiente. Segundo o mesmo autor o aprendizado por meio do contato direto com hortas é facilitado, pois, ver a realidade é uma forma de fazer com que o educando seja capaz de se transformar em um cidadão com maior consciência e capaz de adotar um estilo de vida sustentável. Conclusão Com os resultados obtidos no presente trabalho foi possível evidenciar a eficácia de trabalhar a Educação Ambiental envolvendo hortas com a reutilização de materiais recicláveis em um espaço considerado inutilizado. Por meio desse instrumento grande parte dos educandos foram sensibilizados e demonstraram maior interesse sobre as problemáticas ambientais podendo ser grandes difusores de tais ideias. 457 458 GOMES ET. AL:EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DO PLANTIO DE HORTAS. Agradecimentos Ao Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência (PIBID), a Escola Monsenhor Miguel de Sanctis e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CAPES) pelo auxílio e bolsa à pesquisa ao segundo autor. Literatura Citada Capra, F. 2005. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Pensamento Cultrix. Costa, A. C. G. & Murata, T. A. 2013. Horta orgânica como ferramenta lúdica para a educação ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Educação Ambiental em Ação, 12(46). Borba, S. N. S.; Vargas, D. L. & Wizniewsky, J. G. 2012. Promovendo a educação ambiental e sustentabilidade através da prática da agricultura de base ecológica. Revista Eletrônica do Curso de Direito – UFSM, 7:631-638. Krasilchik, M. 2005. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: EDUSP. Martins, J. & Bicudo, M. A. V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Educ Moraes, 1989. Silveira, M. A. & Ferraz, J. M. G. 2004. Sustentabilidade, pesquisa interdisciplinar e agricultura familiar: uma discussão crítica. In: Encontro da ANPPAS, 2., Anais... Indaiatuba.