924 O ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE NA ESCOLA ESTADUAL AMÉRICO RENÊ GIANNETTI (1977-1999), PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES Karla Patrícia Resende Vera Lúcia Abrão Borges Universidade Federal de Uberlândia RESUMO O presente trabalho tem como objeto de estudo a Escola Estadual Américo Renê Giannetti, primeira escola profissionalizante de iniciativa pública em Uberlândia, procurando compreender como esta escola desempenhou o papel de formadora de profissionais para o mercado de trabalho em Uberlândia e região. A pesquisa procura focalizar, especificamente, os cursos técnicos profissionalizantes, no nível colegial secundário de 2ºgrau, oferecidos na escola referida, no período de 1977 a 1999. Abrange, pois, o contexto do regime militar (1964 – 1985) e a chamada abertura política. Este foi um momento em que o Estado se voltou para a pregação de um ensino secundário ginasial que pudesse preparar o aluno para o modelo urbano-industrial, em sua fase monopolista voltada para o mercado externo, tendo como objetivo preparar o aluno para o mercado de trabalho. Esta questão será desenvolvida tendo em vista sua relação com os debates presentes na História da Educação Brasileira, relacionando o objeto de estudo, ou seja, a Instituição Escolar, com o contexto nacional, regional e local. A Escola Estadual Américo Renê Giannetti foi criada em 1947, pela Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio, no governo mineiro de Milton Campos. No entanto, apenas em 1962 deu-se a conclusão de sua sede, com imediata instalação e funcionamento da mesma, recebendo o nome de Escola Vocacional e de Aprendizagem Industrial. Em 1964, foi transformada em Ginásio Industrial e em 1971, em decorrência da LDB 5627/71, passou a ser Escola Estadual. Manteve o ensino de 1ºgrau até 1977, ano em que foi acrescentado ao seu currículo o ensino de 2ºgrau, de caráter estritamente profissionalizante, com habilitações em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica e secretariado. Após 1977, passou a ministrar, cursos técnicos profissionalizantes de 2ºgrau, com um currículo que se dividia em: disciplinas gerais e disciplinas específicas, com duração de 3 a 4 anos, nos turnos diurno e noturno, incluindo estágio supervisionado em empresas de Uberlândia ou da região para treinamento profissional. Tinha como objetivo instrumentalizar o técnico com uma formação mais universal, e ao mesmo tempo habilitá-lo para atuar no mundo do trabalho. A escola, desde sua criação, ocupou-se, por várias décadas, com a Iniciação Profissionalizante dos jovens da cidade. Nosso corte cronológico inicia-se em 1977, data de instalação e funcionamento da primeira turma do ensino técnico profissionalizante. O término coincide com o ano de 1999, quando ocorreu o último ano de funcionamento dos cursos profissionalizantes. As fontes primárias utilizadas na pesquisa estão sendo colhidas no Arquivo morto da escola em estudo, destacando-se : grade curricular, registros de matrículas, registros de diplomas, diários de classe, etc. Outras fontes ainda serão investigadas na Quadragésima Superintendência Regional de Ensino e nos jornais da época ( Correio de Uberlândia, Diário de Uberlândia ). As secundárias, constituirão o referencial teórico que baseará a análise. Portanto, na pesquisa serão utilizadas fontes impressas primárias e secundárias, bem como fontes orais. A História Oral será utilizada enquanto técnica, na visão de Paul Thompson (1998), a partir dos depoimentos de pessoas envolvidas no cotidiano escolar, além de dar sentido às experiências vividas por elas. Com relação à pesquisa, até o momento foram levantados alguns nomes de ex-alunos, ex-professores e ex-diretores. Estando ainda na fase inicial, não temos nenhuma entrevista pronta; assim que iniciá-las, passaremos pelas seguintes etapas: transcrição da gravação; revisão do texto; autorização prévia do entrevistado para publicação; análise dos dados e cruzamento para a realização da síntese. Todos os passos a serem seguidos atenderão às técnicas metodológicas da história oral. As conclusões que podemos apresentar são as seguintes: primeiro, que 80% dos alunos eram filhos de pedreiro, marceneiro, jardineiro, encanador, eletricista, encanador, trabalhador rural, sapateiro, etc., sendo um pequeno número de filhos de fazendeiros, comerciantes, professores; e segundo, que a LBD 9394/96 desvinculou o ensino profissionalizante do ensino fundamental e ensino médio comum; assim, a partir de 1999, a escola se tornou instituição pública de ensino fundamental e médio.