UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PÓS-GRADUÇÃO EM NEUROCIÊNCIA E BIOLOGIA CELULAR CLÁUDIO ALBERTO GELLIS DE MATTOS DIAS PREFERÊNCIA CLARO/ESCURO EM Danio rerio: EFEITOS DO HORÁRIO DA COLETA E DE REGIME DE LUZ BELÉM 2010 ii CLÁUDIO ALBERTO GELLIS DE MATTOS DIAS PREFERÊNCIA CLARO/ESCURO EM Danio rerio: EFEITOS DO HORÁRIO DA COLETA E DE REGIME DE LUZ Dissertação apresentada como requisito para obtenção de título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Pará. Orientador: Prof. Dr. Amauri Gouveia Junior BELÉM 2010 iii iv Dias, Cláudio Alberto Gellis de Mattos PREFERÊNCIA CLARO/ESCURO EM Danio rerio: EFEITOS DO HORÁRIO DA COLETA E DE REGIME DE LUZ / Cláudio Alberto Gellis de Mattos Dias – 2010. 34f.:il Orientador: Amauri Gouveia Junior. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Pará, ICB, Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular, 2010. 1.Comportamento Animal. 2. Peixes. 3. Fisiologia. 4. Luz. 5. Danio rerio. 6. Preferência claro-escuro I. Gouveia Jr., Amauri. II.Universidade Federal do Pará, ICB, Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular. III. Título. v “Nenhum homem realmente produtivo pensa como se estivesse escrevendo uma dissertação.” Albert Einstein (1879 – 1955) vi Dedico este trabalho à Dona Francisca, minha mãe, e seu dom de amar, educar, trabalhar e sorrir, sem jamais esmorecer. vii Agradecimentos Uma parte de um sonho adormecido há dezoito anos torna-se agora realidade. Algumas pessoas contribuíram para que isso fosse possível e a elas dedico um particular agradecimento. A minha família por todo apoio que sempre me dedicou ao longo da minha vida, sem o qual eu não conseguiria chegar até aqui. A Dra. Soraia Lameirão, minha companheira nessa jornada que chamamos vida e minha doutora particular. Amor e ciência realmente devem andar lado a lado. Obrigado pequena. A meu amigo e orientador Dr. Amauri Gouveia Junior, que há dez anos passados, durante um chá, me despertou da inércia e confiou na minha capacidade em desenvolver e levar uma pós-graduação a termo. Ao professor Dr. John Fontanele Araújo pela inestimável ajuda na formatação do design deste experimento. A professora Dra. Jeannie Nascimento dos Santos, obrigado por me receber em sua cidade, por todos os ensinamentos e atualizações em biologia celular e muito obrigado pelo “asilo político” em seu laboratório quando necessário. Agradeço também aos seus alunos, e agora pares, Adriano e Elane, pela ajuda e amizade. Aos professores Dr. Olavo de Faria Galvão e Dr. Paulo Roney Kilpp Goulart, pelas contribuições na qualificação e defesa deste trabalho. A professora Dra. Maria Elena Crespo López pelas agradáveis conversas e pelas idéias para a continuidade deste trabalho. Aos demais professores do programa, pelas disciplinas lecionadas. A Socorro Andrade, que faz jus a seu nome de batismo, obrigado pela orientação sempre precisa e pela eterna disposição. Agradeço aos companheiros do laboratório Bruno Rodrigues dos Santos, Marcelo de Sena Pinheiro, e Caio Maximino pelas discussões e contribuições. viii Sumário Lista de Ilustrações ............................................................................................ x Lista de Tabelas ................................................................................................. xi Resumo ............................................................................................................. xii Abstract ............................................................................................................ xiii 1 Introdução ....................................................................................................... 1 2 3 1.1 O paulistinha, Danio rerio ...................................................................... 1 1.2 Danio rerio como modelo experimental ................................................. 1 1.3 Os animais e a luz ................................................................................. 3 1.4 O paulistinha e a luz .............................................................................. 5 1.5 A preferência claro/escuro .................................................................... 6 1.6 A preferência claro/escuro no paulistinha, Danio rerio .......................... 7 Objetivos ...................................................................................................... 8 2.1 Experimento 1 ....................................................................................... 8 2.2 Experimento 2 ....................................................................................... 8 Método ......................................................................................................... 8 3.1 Experimento 1 ....................................................................................... 8 3.1.1 Sujeitos ............................................................................................... 8 3.1.2 Aparato de isolamento .................................................................... 9 3.1.3 Procedimento .................................................................................... 11 3.1.3.1 Isolamento .................................................................................. 11 3.1.3.2 Teste de preferência claro/escuro .............................................. 11 3.1.4 3.2 Experimento 2 ..................................................................................... 12 3.2.1 Sujeitos ......................................................................................... 12 3.2.2 Aparato de isolamento .................................................................. 13 3.2.3 Procedimento................................................................................ 13 3.2.3.1 Isolamento.............................................................................. 13 3.2.3.2 Teste de preferência claro/escuro .......................................... 14 3.2.4 4 Análise estatística ......................................................................... 12 Análise estatística ......................................................................... 14 Resultados ................................................................................................. 15 4.1 Experimento 1 ..................................................................................... 15 ix 4.2 5 6 Experimento 2 ..................................................................................... 20 Discussão .................................................................................................. 26 5.1 Experimento 1 ..................................................................................... 26 5.2 Experimento 2 ..................................................................................... 29 5.3 Experimento 1 x Experimento 2 .......................................................... 30 Conclusões ................................................................................................ 31 Referências ...................................................................................................... 32 x Lista de Ilustrações Ilustração 1 Visão frontal de um dos compartimentos do aparato .................... 10 Ilustração 2 Visão frontal do aparato incluindo aquário teste branco/preto. ..... 10 Ilustração 3 Aquário de teste branco/preto. ...................................................... 11 Ilustração 4 Gráficos da média de tempo de permanência de acordo com o período do teste e com os grupos ............................................................ 19 e 17 Ilustração 5 Média da latência dos grupos em relação ao período de teste ..... 18 Ilustração 6 Média do número total de alternâncias dos grupos em relação ao período de teste ............................................................................................... 20 Ilustração 7 Gráficos da média de tempo de permanência nos lados do aquário teste de acordo com o período do teste e com os grupos ....................... 25 e 22 Ilustração 8 Média da latência dos grupos em relação ao período de teste ..... 24 Ilustração 9 Média do número total de alternâncias dos grupos em relação ao período de teste ............................................................................................... 26 xi Lista de Tabelas Tabela 1 Diferentes experimentos utizando o Danio rerio, zebrafih, como modelo................................................................................................................ 2 Tabela 2: Resultado da ANOVA para a permanência (em segundos) no lado preto do aquário de teste.................................................................................. 15 Tabela 3: Resultado da ANOVA para a permanência (em segundos) no lado branco do aquário de teste.. ............................................................................. 16 Tabela 4: Resultado da ANOVA para a latência (em segundos) no aquário de teste.................................................................................................................. 18 Tabela 5: Resultado da ANOVA para a alternância (em segundos) no aquário de teste entre os grupos 24/00 e 10/14; 24/00 e 12/12; 14/10 e 10/14; e 00/24 e 10/14. ............................................................................................................... 19 Tabela 6: Resultado da ANOVA para a permanência (em segundos) no lado preto do aquário de teste.................................................................................. 21 Tabela 7: Resultado da ANOVA para a permanência (em segundos) no lado branco do aquário de teste. .............................................................................. 21 Tabela 8: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a latência (em segundos) no aquário de teste. ........................................ 23 Tabela 9: Resultado da ANOVA para a alternância (em segundos) no aquário de teste entre os grupos (14/10 e 00/24; e 14/10 e 10/14) e entre os períodos (Manhã e Madrugada; Manhã e Noite; e Tarde e Madrugada). ....................... 25 xii Resumo Animais possuem estruturas anatômicas e fisiológicas influenciadas pela luminosidade. O paulistinha, Danio rerio, é um pequeno peixe ósseo da ordem dos Ciprinídeos utilizado como modelo experimental. São vários os estudos sobre a influência luminosa no comportamento e na fisiologia do Danio rerio. Estudos conduzidos com estes peixes demonstram que ambientes brancos lhe são aversivos. O presente estudo possui dois objetivos: testar a influência da luminosidade e do período de coleta no comportamento de preferência claro/escuro em Danio rerio no aquário branco/preto e verificar se a variação de regimes de luz e períodos de coleta favorece a aprendizagem de habituação à situação de preferência claro-escuro. Para tanto, grupos de sujeitos (n=16) foram mantidos por 7 dias em períodos diferentes de luminosidade/escuridão (00/24, 10/14, 14/10, 12/12 e 24/00) e em seu teste em diferentes períodos do dia (manhã, tarde, noite, madrugada) em aquário branco-preto (experimento 1). Em outro experimento, animais foram mantidos nas mesmas situações (n=8) e testados repetidamente nos quatro períodos do dia. Foram observados o tempo de permanência, número de cruzamentos entre os ambientes e primeira latência de exploração. Os resultados indicam uma sensibilidade do parâmetro permanência ao horário de coleta, com diferenças entre os períodos de coleta e alterações causadas pelo regime de luz (experimento 1), além da ausência de habituação para o teste (experimento 2). Palavras chave: Danio rerio, zebrafish, comportamento, luz, ritmo circadiano, preferência claro-escuro, ansiedade. xiii Abstract Animals have anatomical structures and physiology influenced by light. The zebrafish, Danio rerio, is a small bony fish used as experimental model. Several studies showed the influence of light on the behavior and physiology of Danio rerio. In experiments conducted with this fish, it showed aversion to white environments. This work had two objectives: to assert the influence of light regime on behavior of Danio rerio in white/black preference tests and to verify the changes in light regimes and influences in the learning of habituation of light-dark conditions preference. In the experiments, the subjects (n=16) were kept during 7 days at different light/dark regimes (00/24, 10/14, 14/10, 12/12 and 24/00) and were tested at different periods of the day (morning, afternoon, evening, night) in a white-black aquarium (experiment 1). In the second experiment, animals were kept in the same conditions (n=8) to be repeatedly tested at each of the four periods of the day. We registered the time of permanence, the number of crossings between sides of the aquarium and the first-latency. The results indicate changes in the time of permanence under different light regimes and periods of the day (experiment 1), as well as the absence of habituation in test (experiment 2). Keywords: Danio rerio, zebrafish, behavior, light, circadian rhythm, light-dark preference, anxiety. 1 1 Introdução 1.1 O paulistinha, Danio rerio O paulistinha é um pequeno peixe ósseo (aproximadamente 30 milímetros), da ordem dos Ciprinídeos, oriundo do delta do rio Ganges, Índia subcontinental (localização aproximada 22º N, 90º E, próximo ao Trópico de Câncer). Apresenta hábitos diurnos (Spence et al., 2008) e originalmente vive em águas claras e limpas, sob pontes, em fossos ou lagos rasos que tenham vegetação abundante às suas margens. Ocupa desde a superfície até o fundo da coluna de água do seu habitat, comumente entre a vegetação e em plantações de arroz (Spence et al., 2006). Seu crescimento, após a fecundação, ocorre de maneira rápida nos três primeiros meses desacelerando até os dezoito meses, em uma vida média de aproximadamente quarenta e dois meses (Spence et al., 2008). Possui uma dieta onívora, baseada principalmente em zooplâncton e insetos (em sua maioria aquáticos). Foram identificados ainda conteúdos intestinais como fitoplâncton, algas filamentosas, partes de plantas vasculares, ovos de invertebrados, escamas de peixes, aracnídeos, areia e lodo. Larvas de insetos dípteros, também encontradas no intestino, podem sugerir uma possível função ecológica de controle de insetos (Spence et al., 2008). 1.2 Danio rerio como modelo experimental O paulistinha, Danio rerio, é largamente utilizado como modelo experimental, pois possui uma manutenção fácil e barata e é um peixe 2 ornamental muito bem adaptado a vida em aquários (Houart, 2001). A regularidade da postura de ovos pelas fêmeas, o número de embriões gerados, o desenvolvimento e o amadurecimento sexual rápidos são algumas de suas vantagens (Bilotta et al., 2001). A sua utilização como modelo para desordens motoras é possível, pois seu desenvolvimento nervoso e encefálico é similar ao dos outros vertebrados (Bilotta et al., 2001). Algumas estruturas neurais, como os neurônios dopaminérgicos do seu diencéfalo, são comparáveis aos sistemas dopaminérgicos em humanos e auxiliam o entendimento do desenvolvimento e da manutenção dessas vias em vertebrados (Flinn et al., 2008). Diversos trabalhos exemplificam o uso deste modelo (Tabela 1). Tabela 1 Diferentes experimentos utilizando o Danio rerio, zebrafih, como modelo experimental. Amostra não exaustiva Ano Autor Descrição Estudo sobre o estado nutricional influenciando na formação de cardumes. Um peixe foi bem alimentado ou privado de alimentação por Krause J., dois dias e posteriormente apresentado a dois tipos de cardume: um Hartmann formado por animais bem alimentados e outro por animais mal 1999 N., Pritchard alimentados. O peixe privado de alimentação prefere se juntar ao V. cardume de bem alimentados. O peixe bem alimentado não mostra preferência. O estado nutricional do peixe e do cardume a que ele resolve se juntar parece ser influenciado pelo estado nutricional. 2000 Plaut I. Estudo sobre performace de nado, comportamento de nado, e modelo de rotina de atividade locomotora em três morfotipos: selvagem, barbatanas longas e sem cauda. O tipo selvagem é melhor em performace do nado, seguido do tipo barbatanas longas e depois do tipo sem cauda. Os tres são similares no comportamento de nado e na rotina de atividade locomotora. Possivelmente o menor desempenho do tipo barbatanas longas em relação ao tipo selvagem se deva a maior funcionabilidade da barbatana ligada a corte visando a reprodução. Estudo sobre a influência da atividade do cardume sobre a preferência de tamanho de cardume. O teste foi feito com cardumes de dois tamanhos, 1 Pritchard V., e 4 indivíduos e em duas diferentes temperaturas de água. Quando Lawerence ambos os cardumes estvavam em água de mesma temperatura havia a 2001 J., Butlin R., escolha pelo maior cardume. Quando a maior caardume estava em agua Krause J. mais fria, essa prefrencia diminuia. O estudo resulta na observação de que dicas de atividade podem influenciar na escolha do indivíduo pelo cardume. 3 Estudo sobre determinação genética para coragem (exploração de novos Wright D., objetos) e encardumeamento dentro e entre populações. Controlando Rimmer L., diferenças no ambiente de criação foram encontraddas diferenças na 2003 Pritchard V., coragem entre inter-populações mas não no encardumeamento. Parece Krause J., existir um componente genético para coragem perante novos objetose Butlin R. fornece uma estimativa genética para a tendência de encardumeamento. Estudo sobre a escolha do cardume baseado no tamanho e no sexo. Peixes machos preferem um cardume onde a maioria seja fêmea em detrimento de um cardume onde haja mais machos, mas não apresenta preferência entre um cardume misto e um cardume com macho ou fêmeas. As fêmeas não apresentam preferência entre cardumes com mais machos ou mais fêmeas, nem entre cardumes mistos comparados Ruhl N., 2005 com cardumes de machos ou cardumes de fêmeas.Quando o tamanho do McRobert P. cardume é avaliado, machos não apresentam preferência e fêmeas preferem cardumes maiores.Os resultados parecem indicar que machos distinguem cardumes de machos ou de fêmeas baseados em dicas visuais. Parece, também que machos e fêmeas têm diferenças significantes na escolha do tipo de cardume, o q parece demonstrar uma diferença na função de encardumento entre os sexos. 1.3 Os animais e a luz Os animais possuem estruturas anatômicas e fisiológicas influenciadas pela luminosidade. Em mamíferos tais estruturas estão representadas pelo núcleo supraquiasmático, pelo folheto intergeniculado e pela glândula pineal. Esses mecanismos regulam o ritmo biológico do indivíduo gerando impulsos internos e sincronizando a atividade de seus sistemas com o ciclo de claridade e de escuro do ambiente (Cardoso et al., 2009). Em peixes as células da glândula pineal contêm fotorreceptores e o núcleo supraquiasmático parece estar envolvido na ritmicidade biológica da mesma maneira que ocorre em outros vertebrados (Evans, 1998). A exposição à iluminação constante, inclusive no período noturno, pode levar alguns animais a distúrbios nas atividades motoras, hormonais, no controle hipotalâmico da temperatura e no ciclo sono-vigília. Ratos mantidos 4 em um ambiente com dezoito horas de luminosidade e seis horas de escuridão foram testados comportamentalmente em modelos de ansiedade e depressão (nado forçado, labirinto elevado e campo aberto), e seus níveis de glicocorticóides foram dosados. Expostos a vinte e quatro horas de luminosidade por três semanas, demonstraram um aumento no comportamento tipo-depressivo avaliado pelo teste de nado forçado, uma diminuição nos comportamentos tipo-ansiedade avaliada em teste de labirinto elevado e campo aberto e uma diminuição de glicocorticóides, indicando que a resposta afetiva não resulta de corticosteróides elevados. Desta forma, parece que exposição a regimes de luz diferenciados pode alterar o funcionamento fisiológico e comportamento dos animais (Fonken et al., 2009). Experimentos realizados em perus mediram a quantidade de uma enzima (Serotonina-N-acetiltranferase) da cadeia de biossíntese do hormônio melatonina em dois tecidos (retina e glândula pineal), após a manutenção dos animais por sete dias em ambiente completamente escuro e em ambiente completamente iluminado. A quantidade da enzima medida na retina dos perus mantidos no escuro decaiu tornando-se nula no quinto dia, enquanto o tecido pineal do mesmo grupo não apresentou queda. O tecido da retina do grupo mantido em iluminação constante não apresentou oscilação na taxa enzimática, oscilações que foram medidas na glândula pineal. Isso indica que a glândula pineal em perus consegue manter alguma produção de hormônio em ambientes com constância ou ausência de luminosidade, o que não ocorre em a sua retina (Lorenc-Duda et al., 2008). Em duas espécies de peixes, diurna e noturna, hormônios como a melatonina foram testados para verificar sua influência na alimentação e na 5 ritmicidade biológica utilizando diferentes regimes de luz (períodos de doze horas de luz e doze horas de escuro e períodos com vinte e quatro horas de luz). O tratamento afetou o apetite de ambas as espécies e variou na alteração da atividade entre as espécies (López-Olmeda et al., 2006). 1.4 O paulistinha e a luz São vários os estudos da influência luminosa no comportamento e na fisiologia do Danio rerio (por exemplo: Kazimi et al, 1999; Hurd et al, 1998; Mesquita et al, 2008). Em estudo em embriões e larvas nascidos e mantidos em um ambiente de quatorze horas de luminosidade por dez horas de escuridão produzem melatonina, no segundo dia após a formação do zigoto. Mudando os embriões da luminosidade para o escuro, e vice-versa, verificouse que a síntese do hormônio perante a exposição à luminosidade inicia-se entre vinte e vinte e seis horas após a formação do zigoto. Como nessa fase os fotorreceptores da glândula pineal já existem e os da retina não, o controle da produção da melatonina baseada na luminosidade parece ser glandular (Kazimi et al., 1999). Utilizando detectores de movimento com luz infravermelha, a atividade do paulistinha foi medida em função da quantidade de luz do ambiente. Mantidos em um ciclo de doze horas de luminosidade por doze horas de escuridão, a maioria demonstra atividade locomotora durante a fase clara do ciclo. Quando mantidos em ambientes totalmente iluminados ou totalmente escuros demonstraram uma queda nessa locomoção, indicando uma regulação luminosa (circadiana) para essa atividade (Hurd et al., 1998). 6 O paulistinha foi testado em um experimento que utilizou para o grupo controle um aquário dividido em lado esquerdo e direito. O grupo dois tinha o mesmo aquário, mas com o lado esquerdo com alguns objetos. O grupo três tinha o mesmo design de aquário, mas com uma luz estroboscópica do lado esquerdo. Os resultados demonstraram que o Danio rerio preferia o lado com objetos e preferia evitar o lado que contém a luz (Mesquita et al., 2008). 1.5 A preferência claro/escuro Estudos conduzidos com ratos demonstram o efeito ansiogênico que ambientes brancos ocasionam quando sujeitos são colocados em caixas com uma metade branca e outra metade preta para testes de exploração (Costall et al., 1989). Ratos tendem a ter aversão a ambientes claros e/ou desconhecidos (Bourin et al., 2003) o mesmo ocorrendo em peixes (Gouveia Jr et al., 2005, Serra et al, 1999). Drogas ansiolíticas são capazes de diminuir tanto a aversão dos ratos ao lado branco quanto o tempo que o animal leva pra visitar o lado aversivo da primeira vez (Chaouloff et al., 1997). Em peixes é possível notar também aversão pelo ambiente branco em diversas espécies. Percas (Sander lucioperca) foram testadas em aquários com diferentes quantidades de iluminação e demonstraram uma preferência pelos ambientes com pouca luz (Luchiari et al., 2006). Peixes dourados (Carassius auratus) foram colocados em uma área central de um aquário onde podiam escolher nadar para o ambiente preto ou para o ambiente branco. Fatores como a primeira escolha do ambiente, quantas vezes cada ambiente foi visitado e o tempo de permanência em cada ambiente foram considerados, chegando-se a conclusão que existe uma preferência pelo lado escuro 7 (Gouveia Jr et al., 2005). Um estudo realizado com peixes teleósteos (Paracheirodon axelrodi, Astyanax altiparanae, Oreochromis niloticus, Poecilia reticulata, Gymnotus carapo e Danio rerio) demonstrou a preferência destas espécies, incluindo o Danio rerio, por ambientes escuros, e a aversão delas, exceto Oreochromis niloticus, por ambientes brancos (Maximino et al., 2007). 1.6 A preferência claro/escuro no paulistinha, Danio rerio Serra et al. (1999) verificou a preferência do paulistinha por ambientes escuros em dois experimentos que utilizaram um aquário com uma metade branca e outra metade preta, separados por um anteparo removível. O primeiro foi realizado em dois dias consecutivos, com os mesmos animais, e consistia em colocá-los, um por vez, ou no lado branco ou no preto por trinta segundos, retirando depois o anteparo e deixando-os explorar por dez minutos. Em ambos os dias o tempo de permanência em cada lado do aquário foi registrado. O segundo experimento repetiu o primeiro, sendo que metade dos animais, inicialmente, foram postos no lado branco do aquário e a outra metade no lado preto, um por teste. O tempo medido foi o que o animal levava para passar do lado em que foi colocado para o lado oposto do aquário. Esta preferência é bastante resistente a manipulações ambientais, não sendo afetada pelo enriquecimento ambiental do alojamento, isolamento do animal, formato aquário, entre outras variáveis (Maximino et al., 2009). Tal preferência apresenta um efeito de habituação espécie-dependente, não sendo relatada para o Danio rerio, mas sim no Carassius auratus (Brito et al., 2007). Assim sendo, escolhemos o Danio rerio como modelo devido a sua facilidade de manuseio e também à extensa lista de características, ecológicas e fisiológicas já estudadas nesta espécie. 8 2 Objetivos 2.1 Experimento 1 Testar a influência da luminosidade e do período de coleta no comportamento de preferência claro/escuro em Danio rerio no aquário branco/preto. 2.2 Experimento 2 Verificar se a variação de regimes de luz e períodos de coleta favorece a aprendizagem de habituação à situação de preferência claro escuro. 3 Método 3.1 Experimento 1 3.1.1 Sujeitos Foram utilizados 80 peixes paulistinha (Danio rerio) adultos, de sexo indeterminado, experimentalmente ingênuos, provenientes de pet shops locais, mantidos em grupos de 20 indivíduos em aquários isolados em aparato próprio com controle de luminosidade e alimentados com ração própria (Tetra Color, Tetra GmβH, Alemanha). Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Neurociências e Comportamento do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará. 9 3.1.2 Aparato de isolamento O aparato utilizado para isolamento dos animais foi construído com placas de MDF (aglomerado de alta densidade) de quinze milímetros, suas medidas são: 64,5 x 79,0 x 42,0 centímetros. É dividido em quatro compartimentos de 30,0 x 30,0 x 40,0 centímetros. Cada compartimento possui uma porta vedada duplamente com fita espuma autocolante de três milímetros, instaladas uma na beirada interna da porta e outra, na mesma posição, no aparato, o que garante a vedação luminosa completa do mesmo. Lâmpadas internas, em cada compartimento, ligadas a temporizadores (timers) garantem o controle do período luminoso. Orifícios dotados de ventoinhas (coolers) retiram o ar quente de cada compartimento, independentemente, através de orifícios que não permitem a entrada ou saída de luz. Aquários idênticos, transparentes, medindo 24,5 x 11,0 x 10,0 centímetros, com mesma quantidade de água serão utilizados para a manutenção dos animais dentro do aparato durante o período de isolamento (Ilustração 1). Abaixo dos quatro compartimentos há uma gaveta de 61,0 x 12,0 x 40,0 centímetros com função de armazenamento de insumos. Na parte superior, o aparato possui um tampo de acrílico branco de cinco milímetros de espessura, 64,5 centímetros de comprimento e 42,0 centímetros de profundidade, que serve como balcão para colocação do aquário branco/preto de teste (Ilustração 2). Para aferição da temperatura, manutenção da aeração dos aquários de isolamento e alimentação sem abrir os compartimentos existe respectivamente termômetros com visor externo, bomba de ar e tubos com abertura externa. O aquário teste branco/preto é composto por uma metade completamente preta e a outra 10 completamente branca. Mede 45,0 x 15,0 x 10,0 centímetros e possui um espaço central de cinco centímetros, delimitado por duas comportas removíveis (Ilustração 3). Foto: Cláudio Dias Ilustração 1: Visão frontal de um dos compartimentos do aparato mostrando a fita espuma autocolante (A), o aquário de isolamento (B), a lâmpada interna (C) e o orifício para circulação de ar (D) Foto: Cláudio Dias Ilustração 2: Visão frontal do aparato incluindo aquário teste branco/preto. 11 Foto: Cláudio Dias Ilustração 3: Aquário de teste branco/preto. 3.1.3 Procedimento 3.1.3.1 Isolamento Foram isolados, a cada vez, em cada compartimento, 20 sujeitos, por sete dias, em aquários transparentes idênticos, medindo 24,5 x 11,0 x 10,0 centímetros. Cada um desses compartimentos teve sua luminosidade controlada por temporizadores (timers) ligados a lâmpadas internas, da Foto: Cláudio Dias seguinte forma: um compartimento com 14 horas de luminosidade por 10 horas de escuro total (denominado 14/10); um compartimento com 10 horas de luminosidade por 14 horas de escuro total (denominado 10/14); um compartimento com 24 horas de escuro total (denominado 00/24); um compartimento com 24 horas de luminosidade total (denominado 24/00); e um compartimento com 12 horas de luminosidade por 12 horas de escuro total (denominado 12/12). 3.1.3.2 Teste de preferência claro/escuro Os testes foram realizados em períodos do dia, divididos da seguinte forma: Manhã (06:00 – 12:00 horas); Tarde (12:00 – 18:00 horas); Noite (18:00 12 – 24:00 horas); e Madrugada (24:00 – 06:00 horas). A cada período testado, foram utilizados quatro indivíduos de cada grupo isolado. Cada sujeito, um por vez, foi colocado no aquário teste branco/preto com cinco centímetros de coluna de água. Ocorreu uma aclimatação na área central do aquário teste por um período de cinco minutos (trezentos segundos). Logo após as comportas centrais foram removidas e o indivíduo pôde explorar o aquário por quinze minutos (novecentos segundos). Ao final do teste cada animal foi medido e pesado. Os animais que passaram pelo teste não foram reutilizados em testes posteriores. Nenhum animal, utilizado no teste ou não, foi sacrificado. O tempo total de permanência em cada lado do aquário teste, o número de cruzamentos de um lado para outro, e a primeira latência para a exploração (tempo que o animal leva para passar para o lado oposto ao que escolheu primeiramente) foram computados. 3.1.4 Análise estatística Os dados obtidos foram analisados estatisticamente por ANOVA de duas vias (grupo e período), seguido de teste de Tukey (quando necessário) com o programa SIGMA STAT 3.0, considerando-se como significativos quando p≤0,05. 3.2 Experimento 2 3.2.1 Sujeitos Foram utilizados 40 peixes paulistinha (Danio rerio) adultos, de sexo indeterminado, experimentalmente ingênuos, provenientes de pet shops locais, 13 mantidos em grupos de 8 indivíduos em aquários isolados em aparato próprio com controle de luminosidade e alimentados com ração própria (Tetra Color, Tetra GmβH, Alemanha). Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Neurociências e Comportamento do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará. 3.2.2 Aparato de isolamento O aparato utilizado para isolamento dos animais é o mesmo utilizado no experimento 1,. 3.2.3 Procedimento 3.2.3.1 Isolamento Foram isolados, a cada vez, em cada compartimento, 8 sujeitos, por sete dias, em aquários transparentes idênticos, medindo 24,5 x 11,0 x 10,0 centímetros. Cada um desses compartimentos teve sua luminosidade controlada por temporizadores (timers) ligados a lâmpadas internas, da seguinte forma: um compartimento com 14 horas de luminosidade por 10 horas de escuro total (denominado 14/10); um compartimento com 10 horas de luminosidade por 14 horas de escuro total (denominado 10/14); um compartimento com 24 horas de escuro total (denominado 00/24); um compartimento com 24 horas de luminosidade total (denominado 24/00); e um compartimento com 12 horas de luminosidade por 12 horas de escuro total (denominado 12/12). 14 3.2.3.2 Teste de preferência claro/escuro Os testes foram realizados em períodos do dia, divididos da seguinte forma: Manhã (06:00 – 12:00 horas); Tarde (12:00 – 18:00 horas); Noite (18:00 – 24:00 horas); e Madrugada (24:00 – 06:00 horas). A cada período testado, foram utilizados oito indivíduos de cada grupo isolado. Cada sujeito, um por vez, foi colocado no aquário teste branco/preto com cinco centímetros de coluna de água. Ocorreu uma habituação na área central do aquário teste por um período de cinco minutos (trezentos segundos). Logo após as comportas centrais foram removidas e o indivíduo pôde explorar o aquário por quinze minutos (novecentos segundos). Ao final do teste cada animal retornou a seu compartimento de isolamento de origem para ser novamente testado em outro período do dia. Nenhum animal utilizado no teste foi sacrificado. O tempo total de permanência em cada lado do aquário teste, o número de cruzamentos de um lado para outro, e a primeira latência para a exploração (tempo que o animal leva para passar para o lado oposto ao que escolheu primeiramente) foram computados. 3.2.4 Análise estatística Os dados obtidos foram analisados estatisticamente por ANOVA de duas vias (grupo e período), seguido de teste de Tukey (quando necessário) com o programa SIGMA STAT 3.0, considerando-se como significativos quando p≤0,05. 15 4 Resultados 4.1 Experimento 1 O tempo de permanência no lado preto do aquário de teste não alcançou diferença estatística significante em comparação entre os grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00), nem entre os períodos de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). A significância ocorre quando se compara os grupos com os períodos. A ANOVA de duas vias e o pós-teste de Tukey indicaram diferenças na comparação entre os períodos manhã e noite e entre madrugada e noite no grupo 14/10; entre os períodos tarde e noite no grupo 10/14; entre os períodos tarde e manhã no grupo 12/12; entre os grupos 14/10 e 12/12 no período da manhã e entre os grupos 12/12 e 24/00 e os grupos 10/14 e 24/00 no período da tarde (Tabela 2). O tempo de permanência do lado branco indica o mesmo resultado (Tabela 3). Tabela 2: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a permanência (em segundos) no lado preto do aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo x Período. Tempo Preto Grupo F (4, 58)=0,671, p=0,615 Período F (3, 58)=1,372, p=0,260 Grupo x Período F (12, 58)=3,710, p=0,001 Pós-teste Tukey Período x 14/10 Manhã x Noite Madrugada x Noite Período x 10/14 Tarde x Noite Período x 12/12 Tarde x Manhã Grupo x Manhã 14/10 x 12/12 Grupo x Tarde 12/12 x 24/00 10/14 x 24/00 16 Tabela 3: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a permanência (em segundos) no lado branco do aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo x Período. Tempo Branco Grupo F (4, 58)=0,588, p=0,673 Período F (3, 58)=1,3072, p=0,281 Grupo x Período F (12, 58)=3,7350, p=0,001 Pós-teste Tukey Período x 14/10 Noite x Manhã Noite x Madrugada Período x 10/14 Noite x Tarde Período x 12/12 Manhã x Tarde Grupo x Manhã 12/12 x 14/10 Grupo x Tarde 24/00 x 12/12 24/00 x 10/14 Graficamente pode-se notar um deslocamento do tempo de permanência entre os lados do aquário. No grupo 00/24 nota-se uma quase equiparação do tempo no período da madrugada o que contrasta com o período da noite, imediatamente anterior. No grupo 10/14 ocorre uma inversão significativa do tempo de permanência no período noturno de teste, também contrastando com o período anterior, tarde. No grupo 12/12 esse deslocamento está agora localizado no período da manhã, também é significativo e diferente do período posterior, tarde. O grupo 14/10 sofre uma inversão da permanência deslocada para o período noturno, também em contraste com o período anterior, tarde e posterior, madrugada. No período da manhã, há significância entre os grupos 12/12 e 10/14. No período da tarde ocorre diferença significativa entre os grupos 12/12 e 24/00 e 10/14 e 24/00 (Ilustração 4). Média do Tempo de Permanência (segundos) 17 Períodos de Luminosidade/Escuridão (horas) Ilustração 4: Gráficos da média de tempo de permanência, com erro padrão, em segundos, nos lados do aquário teste de acordo com o período do teste (manhã, tarde, noite ou madrugada) e com os grupos (luminosidade/escuridão): 00/24 (A), 10/14 (B), 12/12 (C), 14/10 (D) e 24/00 (E). Significância, p≤0,05, entre Grupo x Período (representadas por: *1, 10/14 Noite x 10/14 Tarde; *2, 12/12 Manhã x 12/12 Tarde; *3, 14/10 Noite x 14/10 Manhã; *4, 14/10 Noite x 14/10 Madrugada; *5, 12/12 Manhã x 10/14 Manhã; *6 24/00 Tarde x 12/12 Tarde; e 24/00 Tarde x 10/14 Tarde *7). 18 A análise estatística da latência, tempo que o animal leva para passar para o lado oposto ao que escolheu primeiramente, não mostrou significância entre os grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00), entre os períodos de teste (manhã, tarde, noite e madrugada) e nem na comparação entre grupos e períodos (Tabela 4). Tabela 4: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a latência (em segundos) no aquário de teste. Significância p≤0,05 não ocorre. Latência Grupo F (4, 58)=1,638, p=0,177 Período F (3, 58)=0,2399, p=0,869 Grupo x Período F (12, 58)=0,828, p=0,621 A Ilustração 5 mostra o gráfico da média das latências onde é possível notar pouca diferença entre os grupos 00/24 e 10/14, diferentemente entre os grupos 14/10 e 24/00. Estatisticamente não há diferença entre eles. Ilustração 5: Média da latência, com erro padrão, em segundos, dos grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00) em relação ao período de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). 19 A análise da alternância, ou número de vezes que o peixe cruza a linha divisória entre os lados preto e branco do aquário de teste, mostrou diferença significativa quando a comparação ocorreu entre os grupos (24/00 e 10/14; 24/00 e 12/12; 14/10 e 10/14; e 00/24 e 10/14), mas não quando os períodos (manhã, tarde, noite e madrugada) foram comparados entre si e nem quando a comparação foi entre os grupos e os períodos (Tabela 5). Tabela 5: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a alternância (em segundos) no aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo, com interações entre os grupos 24/00 e 10/14; 24/00 e 12/12; 14/10 e 10/14; e 00/24 e 10/14. Alternância Grupo F (4, 58)=6,979, p=0,001 Período F (3, 58)=0,529, p=0,664 Grupo x Período F (12, 58)=1,360, p=0,212 Pós-teste Tukey 24/00 x 10/14 24/00 x 12/12 14/10 x 10/14 00/24 x 10/14 Na Ilustração 6, que mostra a média do número total de alternâncias de acordo com os grupos e períodos, é possível notar a diferença entre o grupo 24/00 (como um todo, sem especificar o período de teste), onde os indivíduos apresentam maior freqüência de alternâncias e o grupo 10/14, onde essa freqüência é bem menor. Do mesmo modo é significante a diferença entre os grupos 24/00 e 12/12, 14/10 e 10/14, e 00/24 e 10/14. 20 Ilustração 6: Média do número total de alternâncias, com erro padrão, em segundos, dos grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00) em relação ao período de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). Significância, p≤0,05, entre Grupos (representadas por: *1, 24/00 x 10/14; *2, 24/00 x 12/12 Tarde; *3, 14/10 x 10/14 Manhã; e *4, 00/24 x 10/14). 4.2 Experimento 2 O tempo de permanência no lado preto do aquário de teste não alcançou diferença estatisticamente significante em comparação entre os grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00), nem entre os períodos de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). A significância ocorre quando se compara os grupos com os períodos. A ANOVA de duas vias e o pós-teste de Tukey indica diferenças na comparação entre os períodos tarde e madrugada e entre manhã e madrugada no grupo 14/10; entre os grupos 24/00 e 12/12 no período da noite; entre os grupos 10/14 e 14/10 e os grupos 10/14 e 12/12 no período da madrugada (Tabela 6). O tempo de permanência do lado branco indica o mesmo resultado (Tabela 7). 21 Tabela 6: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a permanência (em segundos) no lado preto do aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo x Período. Tempo Preto Grupo F (4, 138)=1,949, p=0,106 Período F (3, 138)=1,530, p=0,210 Grupo x Período F (12, 138)=1,910, p=0,038 Pós-teste Tukey Período x 14/10 Tarde x Madrugada Manhã x Madrugada Grupo x Noite 24/00 x 12/12 Grupo x Madrugada 10/14 x 14/10 10/14 x 12/12 Tabela 7: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a permanência (em segundos) no lado branco do aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo x Período. Tempo Branco F (4, 138)=1,949, p=0,106 F (3, 138)=1,530, p=0,210 F (12, 138)=1,910, p=0,038 Pós-teste Tukey Período x 14/10 Madrugada x Tarde Madrugada x Manhã Grupo x Noite 12/12 x 24/00 Grupo x Madrugada 14/10 x 10/14 12/12 x 10/14 Grupo Período Grupo x Período A ilustração 7 demonstra uma diferença significativa entre o período da tarde e da madrugada e entre os períodos manhã e madrugada, dentro do grupo 14/10. No período noite a estatística aponta diferença entre os grupos 24/00 e 12/12. No período da madrugada a diferença ocorre entre os grupos 10/14 e 14/10 e entre os grupos 10/14 e 12/12. Média do Tempo de Permanência (segundos) 22 Períodos de Luminosidade/Escuridão (horas) Ilustração 7: Gráficos da média de tempo de permanência, com erro padrão, em segundos, nos lados do aquário teste de acordo com o período do teste (manhã, tarde, noite ou madrugada) e com os grupos (luminosidade/escuridão): 00/24 (A), 10/14 (B), 12/12 (C), 14/10 (D) e 24/00 (E). Significância, p≤0,05, entre Grupo x Período (representadas por: *1, 14/10 Tarde x 14/10 Madrugada; *2, 14/10 Manhã x 10/14 Madrugada; *3, 24/00 Noite x 12/12 Noite; *4, 10/14 Madrugada x 14/10 Madrugada; e *5, 10/14 Madrugada x 12/12 Madrugada). Gráficos com linhas de tendência polinomiais. 23 A análise estatística da latência, tempo que o animal leva para passar, pela primeira vez, para o lado oposto ao que escolheu primeiramente, não mostrou significância entre os grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00), entre os períodos de teste (manhã, tarde, noite e madrugada) e nem na comparação entre grupos e períodos (Tabela 8). Tabela 8: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a latência (em segundos) no aquário de teste. Significância p≤0,05 não ocorre. Latência Grupo F (4, 137)=1,895, p=0,115 Período F (3, 137)=1,745, p=0,161 Grupo x Período F (12, 137)=1,349, p=0,198 A Ilustração 8 mostra o gráfico da média das latências onde é possível notar um decréscimo de atividade, do período da manhã para o período da noite, nos grupos 00/24 e 24/00. Nos grupos 10/14 e 14/10 há uma maior atividade nos períodos da tarde e da noite. Estatisticamente não há diferença entre eles. 24 Ilustração 8: Média da latência, com erro padrão, em segundos, dos grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00) em relação ao período de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). A análise da alternância, ou número de vezes que o peixe cruza a linha divisória entre os lados preto e branco do aquário teste, mostrou diferença significativa quando a comparação ocorreu entre os grupos (14/10 e 00/24; e 14/10 e 10/14). Quando os períodos (manhã, tarde, noite e madrugada) foram comparados entre si houve diferença entre manhã e madrugada; manhã e noite; e entre tarde e madrugada. A comparação foi entre os grupos e os períodos não apresentou diferença estatística (Tabela 9). 25 Tabela 9: Resultado da ANOVA de duas vias seguida de pós-teste de Tukey para a alternância (em segundos) no aquário de teste. Significância p≤0,05 ocorre em Grupo, com interações entre os grupos (14/10 e 00/24; e 14/10 e 10/14) e entre os períodos (Manhã e Madrugada; Manhã e Noite; e Tarde e Madrugada). Alternância Grupo F (4, 140)=4,424, p=0,002 Período F (3, 140)=9,994, p=0,001 Grupo x Período F (12, 140)=1,010, p=0,443 Pós-teste Tukey Grupo 14/10 x 00/24 14/10 x 10/14 Período Manhã x Madrugada Manhã x Noite Tarde x Madrugada A ilustração 9 mostra a média do número total de alternâncias de acordo com os grupos e períodos. É possível notar a diferença significante entre o grupo 10/14 e 00/24 e entre os grupos 14/10 e 10/14 (como um todo, sem especificar o período de teste). Existe diferença apontada pelo teste estatístico também entre os períodos manhã e madrugada; manhã e noite; e tarde e madrugada, não demonstradas graficamente. 26 Ilustração 9: Média do número total de alternâncias, com erro padrão, em segundos, dos grupos (00/24, 10/14, 12/12, 14/10 e 24/00) em relação ao período de teste (manhã, tarde, noite e madrugada). Significância, p≤0,05, entre Grupos (representadas por: *1, 10/14 x 00/24; *2, 14/10 x 10/14). Significância entre períodos não demonstrada. 5 Discussão 5.1 Experimento 1 Os resultados encontrados neste experimento indicam uma possível alteração no comportamento de alguns dos sujeitos em relação à aversão ao lado branco do aquário teste. O tempo que alguns indivíduos passam no lado branco do aquário se diferencia do padrão, talvez de acordo com a quantidade de luminosidade a que foi exposto e ao período do dia em que o teste foi realizado. O sujeito utilizado, Danio rerio, exibe um preferência pelo lado preto quando testado em aquário metade branco, metade preto (Serra et al., 1999; Gouveia Jr. et al., 2005; Maximino et al., 2007), e esta não é afetada por 27 variações físicas no ambiente como formato do aquário, isolamento do animal ou enriquecimento (quantidade de objetos) do ambiente (Maximino et al., 2009). A exposição a diferentes períodos de luminosidade é capaz de alterar o comportamento de ratos (Fonken et al., 2009) e a atividade de peixes (LópezOlmeda et al., 2006). O sujeito possui, em seu dorso, uma faixa de células com pigmentação escura (Spence et al., 2008). Esse fenótipo possivelmente esta ligado ao tempo em que ele passa no lado escuro do aquário, pois faixa escura o torna praticamente imperceptível em relação ao fundo, o que ofereceria uma proteção contra predação (Spence et al., 2008). A hipótese explicativa principal na qual nos apoiaremos nesta discussão é baseada no fato do animal em estudo ser originário de um clima subtropical, com estações claramente marcadas em seu fotoperíodo, devido a proximidade do Trópico de Câncer e com baixa variação da temperatura (Spence et al., 2006), fazendo desta variável, a luz, a principal influência sobre o metabolismo geral do organismo em seus vários níveis. A exploração de ambientes considerados aversivos possivelmente tem base evolutiva ligada a necessidades econômicas de forrageio e reprodução ligados a variação de disponibilidade de recursos nos nichos específicos (Krebs et al., 1996). A comparação entre os períodos de coleta (ilustração 4, gráficos A,B,C,D e E) mostra uma exploração significativa ao lado branco no grupo 12/12 no período da manhã. Nos grupos 10/14 e 14/10 esta exploração é deslocada para o período da noite. No grupo 00/24 para a madrugada (não significante) e no grupo 24/00 para o período da tarde. Nos grupos mantidos em ambientes extremos com nenhuma luminosidade (00/24) e totalmente iluminados (24/00) pode ter havido uma 28 mudança metabólica de desaceleração e aceleração, respectivamente, e isso pode ter afetado o padrão de exploração. O grupo 10/14 ficou isolado em uma luminosidade que mimetiza o que parece ser o outono/inverno do ambiente natural do Danio rerio. Nesta situação, a necessidade de armazenamento de reservas para sobrevivência em um período com menos disponibilidade de alimentos, talvez faça este animal ter maior exploração de um ambiente potencialmente aversivo ao amanhecer e ao anoitecer. A quantidade de luz em seu ambiente natural, neste período, poderia fazer com que fosse mais visível a predadores se explorasse o lado mais iluminado. O grupo 14/10 possui maior taxa de exploração do ambiente claro no período noturno. Seu fotoperíodo de exposição parece compatível como que seria uma primavera/verão em seu ambiente natural. Uma hipótese explicativa seria que exploração noturna pode estar ligada ao forrageio e a que ocorre no período da tarde possivelmente esta vinculada à necessidades reprodutivas. A fisiologia do ciclo circadiano dos animais parece ser conservada entre as espécies. O fator interno, genético, determina a velocidade do metabolismo através de hormônios (Araújo, 2004). Essa regulação interna sofre influência do fotoperíodo externo (Cardoso et al, 2009). Células presentes na retina, por exemplo, em vertebrados como o ser humano (Cardoso et al., 2009) e possivelmente também em peixes (Evans, 1998), são utilizadas pelo mecanismo interno para promover o controle da atividade metabólica. Alterações na luminosidade ambiental são interpretadas pelo sistema nervoso destes vertebrados ocasionando uma resposta para manutenção da homeostase (Cardoso et al, 2009). Essa influência, portanto, é capaz de 29 deslocar (arrastar) o ciclo metabólico interno do animal, ocasionando uma mudança visível em seu comportamento (Cardoso et al, 2009). Possivelmente a contribuição para o deslocamento de exploração observado não seja somente ligada a herança, mas é sensível as variações ambientais, conforme apresentamos no experimento 2 (ilustração 9). A investigação da base fisiológica se faz necessária e é pretendida como continuação deste trabalho. A latência (tempo que o animal leva para passar, pela primeira vez, para o lado oposto ao que escolheu primeiramente) não demonstrou diferença significativa. O elevado erro padrão sugere que a amostra utilizada contém indivíduos diferentes entre si, mesmo pertencendo à mesma espécie,talvez indicando subpopulações (ilustração 5). A alternância, medida da quantidade de passagens de um ambiente a outro no aquário teste (ilustração 6), tende a diminuir quando comparamos o grupo 00/24 com o grupo 10/14. Nos grupos subseqüentes esse número de passagens tende a aumentar. È possível que a influência luminosa do ambiente esteja afetando o controle circadiano da atividade geral. Esta questão também é pretendida como estudo de continuação deste experimento. 5.2 Experimento 2 O experimento 2 (ilustração 7) apontou um indício de habituação em apenas um dos grupos, em um dos períodos do dia em que o sujeito foi testado, o que demonstra uma situação de não aprendizagem na maioria do grupo. A expressão da informação da carga genética do indivíduo e seu metabolismo associados ao ambiente é a fonte do comportamento. Às vezes 30 pode haver uma concorrência entre um comportamento que já existe e outro que deve ser aprendido. O grupo 14/10 (ilustração 7, gráfico D) apresentou aprendizagem no período da madrugada. A quantidade de luminosidade/escuridão a que ele foi exposto possivelmente o coloca em uma situação ambiental de primavera/verão. A atividade de exploração aumentada neste período pode estar associada à pouca luminosidade ambiental neste período, bem como a uma busca de alimento para a preparação para o período de inverno. É também possível a ocorrência da influência da luminosidade ambiental sobre seu sistema de controle circadiano. Novamente mais estudos acerca disto de fazem necessários. A latência (ilustração 8) não obteve resultado significativo, provavelmente devido à diferença de indivíduos entre as espécies, visível através do erro padrão elevado. A alternância (ilustração 9) demonstra uma atividade significativa entre os grupos 10/14 e 14/10. Essa diferença pode estar associada aos fotoperíodos naturais que essas taxas de luminosidade/escuridão podem representar (10/14 – outono/inverno; 14/10 – primavera/verão) onde a função metabólica estaria em ótimo, sendo assim possível uma maior busca por reprodução. 5.3 Experimento 1 x Experimento 2 O experimento 1 demonstra o comportamento natural do animal de acordo com a luminosidade/escuridão a que foi exposto antes do teste e com o período em que o teste foi realizado. O experimento 2 busca avaliar a capacidade do peixe em aprender a enfrentar sua aversão mediante situações 31 de repetição. Os resultados indicam que o comportamento inato talvez seja menos custoso ao sujeito do que o comportamento aprendido na situação apresentada. Há uma discrepância de dados se compararmos os grupos 12/12 Manhã entre os dois experimentos. Possivelmente isso deve-se a uma amostra de tamanho não ideal ou a uma presença de subpopulações entre os indivíduos da amostra. Mais estudos devem ser realizados para dirimir essas diferenças. 6 Conclusões O teste de preferência claro escuro é sensível ao horário de coleta no seu parâmetro de permanência, sem efeitos significativos no número de cruzamentos e na latência de exploração na espécie estudada. A variação de regimes de luz e períodos de coleta não gerou a habituação em situações de preferência claro escuro. Estudos relativos à base fisiológica da preferência claro escuro devem ser futuramente conduzidos para tentar esclarecer a função circadiana neste comportamento do Danio rerio. 32 Referências ARAÚJO, A. P. Q. C. Doenças metabólicas com manifestações psiquiátricas. Rev. Psiq. Clín., v.31 (6), p.285-289. 2004. BILOTTA, J., SASZIK, S. The zebrafish as a model visual system. Int. J. Devl Neuroscience, v.19, p.621–629. 2001. BOURIN, M., HASCOEÜT, M. The mouse light/dark box test. European Journal of Pharmacology, v.463, p.55-65. 2003. 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