COMUNIDADE JUDAICA HOMENAGEIA VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO E
RECEBE LULA NA PRIMEIRA SINAGOGA DAS AMÉRICAS, EM RECIFE
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita de Pernambuco (Fipe) realizaram nesta
quarta-feira (27) uma cerimônia em Recife para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do
Holocausto, na qual estiveram mais de 600 pessoas e convidados como sobreviventes do massacre
nazista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, lideranças políticas, parlamentares de diversos
partidos, autoridades religiosas, representantes diplomáticos, dirigentes comunitários, entre outros. "Foi
um evento de grande envergadura, que coroou nossos esforços para homenagear as vítimas do nazismo e
mostrou a vitalidade de nossa comunidade, em especial da comunidade judaica pernambucana, que tanto
se empenhou na organização deste evento", afirmou Claudio Lottenberg, presidente da Conib.
A
cerimônia ocorreu na Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, fundada no século XVII. O
presidente Lula chegou ao evento acompanhado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, pelos
ministros Carlos Minc (Meio Ambiente), Franklin Martins (Comunicação Social), Edson Santos (Política
de Promoção de Igualdade Racial), e por Alfredo Manevy, ministro-interino da Cultura, e Clara Ant,
assessora especial da Presidência.
Compareceram também o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos; o governador da Bahia, Jaques Wagner; e o prefeito de Recife, João da Costa Bezerra Filho.
Vieram parlamentares de diversos Estados, como o senador Romero Jucá, os deputados federais Marcelo
Itagiba, Sérgio Carneiro, Ana Arraes, Charles Lucena, Fernando Ferro, Pedro Eugênio, e o deputado
estadual Heitor Férrer.
Do plano diplomático, estiveram o embaixador de Israel, Guiora Becher, a
encarregada de negócios e ministra-conselheira da embaixada dos EUA, Lisa Kubiske, entre outros. O
cônsul-honorário de Israel no Rio de Janeiro, o jornalista Osias Wurman, também compareceu. A lista de
autoridades religiosas trouxe Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife. Também estiveram
os rabinos David Weitman, Yossi Schildkraut, Alex Mizrahi e Michel Schlesinger, além de presidentes de
sete instituições filiadas à Conib e Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino-americano. A
sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, passou por uma importante reforma para abrigar a
cerimônia, realizada em data instituída pela ONU em 2005. "Os eventos anteriores, no Brasil, foram
realizados em São Paulo e Rio de Janeiro, e trazer para o Nordeste significou também para nós
proporcionar grande visibilidade à vida judaica nesta parte de nosso país e um incentivo a mais para
intensificar nossas atividades comunitárias", declarou Ivan Kelner, presidente da Fipe. "Pudemos, além
de homenagear as vítimas do nazismo, contar a tanta gente a história da Sinagoga Kahal Zur Israel, que
remete a outro momento de intolerância e brutalidade, representado pela Inquisição". A Sinagoga foi
fundada durante a ocupação holandesa, e integrantes da comunidade tiveram de fugir, ainda no século
XVII, quando da reconquista portuguesa, que significou a volta da repressão religiosa. Após escavações
arqueológicas, o prédio da Sinagoga foi recuperado pela comunidade judaica e reinaugurado apenas há
cerca de oito anos, com apoio da Fundação Safra, abrigando hoje um centro cultural. A cerimônia desta
quarta-feira começou com um ato religioso, dirigido pelos rabinos. Em seguida, houve uma cerimônia de
acendimento de um candelabro com seis velas, cada uma simbolizando um milhão de judeus mortos no
Holocausto. Participaram deste ato Ben Abraham, presidente da Sherit Hapleita (Associação dos
Sobreviventes do Holocausto), acompanhado por dois jovens da comunidade judaica pernambucana; o
governador de Pernambuco e o prefeito de Recife; Joseph Safra, presidente da escola e da comunidade
Beit Yaacov ; Jaques Wagner e Marcelo Itagiba; os rabinos; e o presidente Lula. Após acender a vela,
Ben Abraham dirigiu-se ao presidente Lula e enfatizou a gratidão dos sobreviventes do Holocausto pela
maneira como foram acolhidos no Brasil. Lula conversou ainda com outra sobrevivente do nazismo, Pola
Berenstein, da comunidade judaica pernambucana.
Em seguida, discursaram Ivan Kelner, Claudio
Lottenberg, João da Costa Bezerra Filho, Eduardo Campos e o presidente Lula, que participou pelo quinto
ano consecutivo da cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. "É um
dever moral proteger a memória das vítimas do Holocausto, mas acima de tudo é nossa missão manter
acesa a chama da luta pela liberdade e denunciar os regimes intolerantes, quaisquer que sejam eles",
discursou Lottenberg. "Nossa obrigação é denunciar e combater o racismo e o revisionismo histórico, pois
negar o Holocausto é inaceitável, inadmissível e um desrespeito à memória coletiva. Quem nega o
Holocausto e faz dessa negação uma de suas bandeiras políticas personifica valores incompatíveis com a
democracia e a convivência entre diferentes pessoas e origens", prosseguiu o presidente da Conib. Em
seu discurso, o presidente Lula disse: "Como vocês sabem, o presidente Shimon Peres, o presidente
Mahmoud Abbas e o presidente Ahmadinejad estiveram no Brasil recentemente. Durante esses encontros,
conversamos longamente sobre a necessidade de uma paz duradoura no Oriente Médio e sobre os
obstáculos que vêm impedindo alcançar esse objetivo. Mostrei ao presidente do Irã que é impossível
negar o Holocausto, que 60 milhões de vidas foram perdidas na Segunda Guerra Mundial em combates,
em enfrentamentos de parte a parte. Mas que os 6 milhões de judeus não foram mortos em combates,
foram exterminados. E ninguém tem o direito de desconhecer o extermínio de tanta gente. Falamos
também da nossa disposição de dialogar com todos os setores envolvidos, sobre como nosso país, com
longa tradição pacifista e de respeito às diferenças, pode contribuir nos processos que visam a resolução
dos conflitos na região". A visita do presidente brasileiro ao Oriente Médio, prevista para março, também
foi tema dos pronunciamentos. Afirmou Lottenberg, que relembrou ainda o fato de o presidente ter se
reunido com representantes da comunidade judaica 22 vezes nos últimos sete anos: "Confiamos muito em
suas intenções no sentido de um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Todos queremos a paz,
embora possamos divergir a respeito dos meios e modos mais adequados para atingir a paz que garanta
segurança e prosperidade àquela região".
O presidente Lula , referindo-se a sua viagem a Israel,
territórios palestinos e Jordânia, afirmou: "E mais uma vez, em nome do povo brasileiro, levarei até lá
nossa mensagem de tolerância e de paz, nossa convicção em defesa do diálogo comum. Uma mensagem
que é baseada não em uma utopia, mas na realidade de uma nação onde as mais diversas comunidades
convivem em harmonia".
Fonte: CONIB – Confederação Israelita do Brasil
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