UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROJETOS Por: JOÃO DANTAS FILHO Orientador Professor Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROJETOS Apresentação de monografia a AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Engenharia de Produção. Por: João Dantas Filho 3 AGRADECIMENTOS aos amigos do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, pois juntos, conseguimos o sucesso de terminar mais esta jornada. 4 DEDICATÓRIA Dedico o presente trabalho primeiramente a Jesus Cristo que através do seu amor possibilitou-me esta realização e depois a Márcia, Priscila e Rafael que me ensinaram o sentido real da palavra família e finalmente a minha querida Mãe que sempre está ao meu lado. 5 RESUMO O ambiente globalizado e cada vez mais especializado em que as empresas estão inseridas faz com que aumente, a cada dia, a necessidade de aquisições de produtos e serviços. Para que os projetos tenham qualidade, custos e prazos adequados é fundamental um bom gerenciamento das aquisições, de forma que não tenham impactos negativos para o seu desempenho. Aquisições mal conduzidas terão impactos negativos no sucesso do gerenciamento do projeto, especialmente no cumprimento de prazos e orçamentos, e na qualidade dos produtos e serviços produzidos, podendo gerar a insatisfação das partes. Diante das preocupações acima descritas devemos focar o gerenciamento de aquisições nos chamados itens críticos do projeto. Sendo assim, é importante identificar quais os fatores que influenciam o Planejamento do Gerenciamento de Aquisições dentro de um projeto, bem como analisarmos cada um deles, de forma a mitigar o impacto que estes causarão no objeto do projeto. . 6 METODOLOGIA A metodologia para a realização desta monografia foi um trabalho de pesquisa em site especializados (IETEC, FGV), em livros acadêmicos, cujos principais autores utilizados são: Carlos Magno da Silva Xavier, Lúcio Edi Chaves, Armando Terribilli Filho, Eduardo Gomes Oliveira. Além da utilização do Código Civil Brasileiro e principalmente do PMI e a observação do objeto de estudo, que é projeto de fabricação de escaler e também através da experiência vivida como responsável pelo setor de aquisições de projetos gerando assim a percepção necessária, ou melhor, imperiosa do planejamento do gerenciamento das aquisições em projetos, independente da sua grandeza. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A importância do Planejamento 10 CAPÍTULO II - Risco 22 CONCLUSÃO 32 BIBLIOGRAFIA 36 ANEXOS 38 ÍNDICE 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO 47 8 INTRODUÇÃO Ao longo da história da humanidade, podemos destacar inúmeros projetos que foram bem sucedidos e que não foram impactados com a dificuldade de serviços e materiais necessários para a sua execução. Podemos citar como exemplo ilustrativo, a conhecida história da construção da famosa Arca de Noé. Nela, tido o que era necessário para sua construção, tais como materiais (madeira de gofer, betume, cabos e etc) e mão de obra, estavam devidamente disponíveis em quantidade e proximidade. Tais facilidades evitaram que o nosso Noé – gerente tivesse que despender precioso tempo em contactar diversos fornecedores, escolher as melhores fontes e preços mais acessíveis e não ter que esperar a contratação de serviços para a execução das diversas fases de seu projeto, razões que contribuíram diretamente, para que ele fosse bem sucedido. Com o passar do tempo, o mundo passou a ser mais competitivo e em eterna mudança, necessitando desta forma que as organizações passem a ser mais eficientes e eficazes na implementação das mudanças impostas pelo mercado. O gerenciamento de aquisições é uma das áreas de conhecimento do Guia PMBOK® freqüentemente empregada em projetos, de pequeno, médio ou grande porte. A prática da terceirização, verificada de modo especial nas últimas duas décadas, tem, de uma forma geral, tornado cada vez mais presente a figura do fornecedor, um personagem importante para sua realização, seja este fornecedor de recursos ou serviços. Em muitos casos o fracasso de fornecedores de materiais, equipamentos ou serviços durante o andamento poderá trazer impactos significativos no seu cumprimento, ou mesmo comprometer a sua 9 realização. Para alcançar os objetivos, o gerente do projeto deve conhecer e estar alinhado às boas práticas da gestão de aquisições. Segundo o PMBOK®, o gerenciamento das aquisições em um projeto implica a necessidade de condução de processos de planejamento, de condução, de administração e de encerramento das aquisições. Essa tendência tem feito com que, um número cada vez maior de projetos, seja, realizados em grande parte ou no todo por organizações externas. Neste contexto, a equipe gerencia um portfólio de fornecimentos aos quais tem que aplicar metodologias, técnicas e ferramentas de todas as demais áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos. Diante disso, neste trabalho será demonstrado a importância do planejamento do gerenciamento de aquisições em projetos, sintetizando os processos, técnicas e ferramentas reconhecidas atualmente como as melhores práticas nesta área de conhecimento. 10 CAPÍTULO I A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES O CONCEITO O planejamento de um projeto consiste na criação de um plano de gerenciamento do projeto (PGP), que irá definir o caminho para que sejam alcançados os objetivos para os quais o projeto foi criado. Tudo que será executado no projeto, que tenha relevância para ser planejado, deve constar do PGP, inclusive o trabalho de gerenciamento das aquisições. O esforço de planejamento deve ser adequado à necessidade de cada projeto. Assim, quanto maior e mais complexo um projeto, maior deve ser o detalhamento do planejamento, a quantidade de documentos que serão elaborados e o que deve ficar estabelecido na metodologia de gerenciamento de projetos da organização. Um dos documentos que pode fazer parte do PGP é o plano de gerenciamento de aquisições, que descreve como devem ocorrer no projeto os processos de aquisição de produtos e serviços (desde a decisão de adquirir, passando pela contratação do fornecedor escolhido, até o encerramento do contrato). A necessidade de produzir o plano de gerenciamento das aquisições será produzido de acordo com a complexidade do projeto, que será o viés para determinar a feitura desse esforço de planejamento. Somente os projetos que demandem um número significativo e uma complexidade absoluta em contratação é que necessitam de um plano para orientação de todos. Por conseguinte, dependendo das necessidades do projeto, o plano pode ser formal ou informal, bem detalhado ou genérico. 11 Importante salientar que o foco do gerenciamento de aquisições deve ser nos chamados itens críticos do projeto. Definido um item como crítico e que mereça ser objeto de aquisição organizada, em função do: − Processo de aquisição e/ou entrega estar no caminho crítico; − Item ser difícil de encontrar no mercado; − Valor monetário Uma forma de priorizar o gerenciamento de aquisições é portanto, utilizar a regra 80-20. A idéia é classificar as aquisições de acordo com a sua importância ou impacto no projeto. A base do conceito é o princípio de Pareto.1 O planejamento do projeto é um processo contínuo, muitas vezes elaborado progressivamente, que não acaba com o início da execução. O plano precisa ser mantido atualizado para refletir a execução do projeto e as mudanças autorizadas, pois até as orientações básicas e os objetivos, que normalmente são válidos por um tempo mais longo, podem mudar durante o projeto. O planejamento das aquisições está associado à metodologia de gerenciamento de projetos definida pela organização. Em Xavier (2005), essa associação pode ser vista, assim como um modelo para o plano de gerenciamento das aquisições: Projeto; Objetivo do Plano; Responsabilidade; Normas para as Aquisições e Administração do Contrato. 1.1 - Informações necessárias para o planejamento das aquisições: Para o planejamento das aquisições, as seguintes informações são necessárias: 1 Vilfred Pareto, economista italiano que no século XIX verificou que 20% da população concentravam 80% da riqueza. 12 § Fatores ambientais – as condições do mercado, ou seja, quais os produtos e serviços estão disponíveis no mercado, com quem e sob quais termos e condições; § Sistemática de aquisição da empresa – regras, estruturas e procedimentos estabelecidos para as aquisições na empresa (muitas vezes sujeitos às leis, decretos, como é o caso de empresas vinculadas à administração pública); § Planejamento das demais áreas de gerenciamento do projeto; § Escopo – na estrutura analítica do projeto (EAP) estão estabelecidas às entregas do projeto e, no seu dicionário, estão as especificações dessas regras; § Tempo – o cronograma do projeto irá influenciar ou ser influenciado pelos prazos necessários para as aquisições do projeto. Essa área é responsável por planejar que recursos físicos serão necessários para a execução das atividades, e que foram levados em consideração para a elaboração do cronograma, e também pelo estabelecimento das sanções decorrentes do descumprimento dos marcos ali previstos. Aqueles recursos (equipamentos e materiais) que não estiverem disponíveis na organização precisarão ser adquiridos; § Custo – o orçamento do projeto e o fluxo de caixa irão influenciar ou ser influenciado pelos custos das aquisições do projeto, provisionando também uma verba para enfrentar os riscos previsíveis e não acolhidos como essenciais; § Risco – o plano de respostas aos riscos contém também as ações a serem desenvolvidas para mitigar, prevenir ou transferir os riscos das contratações dos projetos, em todas as áreas onde eles possam vir a acontecer, inclusive o risco jurídico; § Recursos humanos – o planejamento de pessoal definirá as regras para o trabalho de pessoas no projeto, inclusive as de empresas contratadas, principalmente em relação às questões 13 trabalhistas, encargos sociais e relações de emprego, segurança e saúde. Além disso, são úteis as informações da matriz de responsabilidade acerca dos papéis das partes interessadas na geração e aceite das entregas do projeto; § Qualidade – as normas e critérios de qualidade estabelecidos para o projeto devem ser refletidos em cláusulas dos acordos com os contratados. Importante salientar que a proteção ao consumidor, elidindo as cláusulas abusivas e a propaganda enganosa, é pré-requisito que deverá estar presente, de forma que o cliente não seja responsabilizado por fato de terceiro; § Comunicação – as exigências de comunicações dos projetos serão repassadas para os fornecedores, de forma que , por exemplo, relatórios de desempenho do projeto reflitam também o andamento dos pacotes de trabalho adquiridos, devendo estes respeitar e se comprometerem em manter sigilo e confidencialidade em relação às informações que venham a ser recebidas; § Integração – a definição dos softwares de gerenciamento de projetos e do processo para o controle integrado de mudanças terá influência nas contratações do projeto. 1.2 – O Objetivo básico do gerenciamento de aquisições em projetos O objetivo básico do gerenciamento de aquisições em projetos é propiciar a construção e a manutenção de relações comerciais sólidas e equilibradas entre cliente e fornecedor, de forma que o projeto possa ser finalizado a contento. 14 Segundo o Guia PMBOK®, existem um total de 6 (seis) processos incluídos na área de conhecimentos do gerenciamento de aquisições em projetos, são eles: · Planejar compras e aquisições; · Planejar contratações; · Solicitar respostas de fornecedores; · Selecionar fornecedores; · Administração do contrato; · Encerramento do contrato. 1.2.1 - O Planejamento de compras e aquisições O processo do planejamento de compras e aquisições consiste, em sua essência, na definição do que, quanto, como e quando adquirir, para que as entregas previstas na Estrutura Analítica de Projeto - EAP sejam devidamente cumpridas. A decisão de adquirir ou não externamente um bem ou serviço para o projeto é o primeiro passo a ser executado. Uma das principais saídas deste processo é o Plano de Gerenciamento de Aquisições. Nele são documentadas as informações que nortearão todo o desenvolvimento das atividades relacionadas às aquisições. Geralmente este plano contempla a descrição dos objetivos do mesmo, as responsabilidades dos envolvidos, as normas a serem verificadas para as aquisições e as rotinas para administração do contrato. 15 ESTRUTURA ANALÍTICA DE PROJETO FABRICAÇÃO DE UMA EMBARCAÇÃO DO TIPO ESCALER FABRICAÇÃO AQUISIÇÃO MATERIAIS CONTROLE DE QUALIDADE RECURSOS HUMANOS Fabricação do Molde Compra Inspeção processos fabricação Contratação Pessoal Fibragem do Casco Perícia Teste de Flutuabilidade Supervisão, Controle e Administração de Pessoal Fabricação e instalação de ferragens Instalação de Acessórios Pintura e Acabamento Distribuição 16 1.2.2 - O Planejamento das Contratações No processo planejamento das contratações é elaborado uma especificação chamada de Declaração de Trabalho, também chamada de Statement of Work; SOW. No SOW é feita a descrição em detalhes do trabalho a ser realizado ou dos produtos a serem entregues, e deve ser redigida de tal forma que os fornecedores que serão consultados entendam o que será fornecido e possam elaborar suas propostas, bem como deverá garantir que as entregas necessárias ao projeto estejam devidamente descritas. Outro ponto importante neste processo diz respeito à elaboração dos critérios que serão utilizados para a avaliação de propostas. Eles deverão ser adequados ao cenário em que se encontra o projeto, ou seja, devem ser aderentes às necessidades do projeto, caso contrário eles podem levar ao aumento desnecessário dos preços da proposta ou à eliminação precoce de um potencial proponente. Os critérios podem ser obrigatórios (eliminatórios ou pré-requisitos) ou facultativos (classificatórios), avaliando o fornecedor ou o produto/serviço. Vários critérios poderão ser considerados, como preço, prazo de entrega, experiência do fornecedor, nível de atendimento das especificações e qualificações específicas. 1.2.3 - O processo de solicitação de respostas de fornecedores O processo de solicitação de respostas de fornecedores envolve a elaboração da documentação que será enviada aos potenciais fornecedores. Este processo depende da forma como a organização é estruturada. Se ela é matricial geralmente possui um departamento responsável por todas as aquisições, aluguéis e contratações realizadas. Já em organizações totalmente orientadas a projetos, essa responsabilidade está a cargo da equipe de projeto. A documentação enviada aos proponentes deve conter a descrição detalhada dos produtos ou serviços (SOW), as responsabilidades das partes (minuta do contrato) e, eventualmente, os critérios de avaliação que serão utilizados para a seleção da proposta vencedora (ex: menor preço, menor qualificação, menor preço e técnica, 17 etc.). Boas práticas de aquisições aumentam a rentabilidade das empresas, obtendo vantagens em descontos decorrentes das quantidades compradas, minimizando problemas com o fluxo de caixa e buscando fornecedores de maior qualidade. 1.2.4 - O processo de seleção de fornecedores: No processo de seleção de fornecedores é feita a distribuição da solicitação de proposta aos potenciais fornecedores. É importante que seja dado ao fornecedor o prazo adequado para que ele possa confeccionar os documentos necessários e enviar suas propostas. Deve ser também previsto a realização de reuniões para esclarecimento de eventuais dúvidas, que poderão ser realizadas individualmente ou em grupo. As reuniões em grupo, embora facilitem a isonomia de informações e diminuam o trabalho da contratante, permitem que os fornecedores conheçam seus concorrentes, o que pode se tornar um fator de risco para o processo. A escolha da proposta mais vantajosa se dará após a aplicação dos critérios de avaliação obrigatórios e classificatórios estabelecidos anteriormente. Primeiramente são excluídos aqueles proponentes que não atenderam aos requisitos mínimos. Em seguida é feita a análise de preços, podendo também englobar critérios facultativos ou técnicos, através do uso de uma matriz de avaliação, onde são pontuados os diversos itens. Depois de selecionado um fornecedor, é possível iniciar uma outra fase final, chamada de negociação, onde geralmente são mantidas tratativas junto ao fornecedor no sentido de se obter alguma melhora nas condições técnicas e comercias por ele apresentadas. 1.2.5 - O Contrato Finalmente, é gerada uma das saídas mais importantes deste processo: o contrato. No contexto do gerenciamento de projetos, contratos constituem instrumentos que permitem, sob o ponto de vista legal, concretizar um acordo 18 entre cliente e fornecedor. Para a garantia do cumprimento deste acordo, são necessárias as práticas de administração do contrato. O instrumento contratual é um documento legal cujas condicionantes estão previstas no Código Civil Brasileiro, CCB (Brasil, 2002), com validade a partir de 2003. Uma vez que no Brasil os negócios estão atrelados não só à vontade das partes, eles devem observar previsão legal para que o seu conteúdo não seja considerado nulo ou anulável. Importante destacar esses aspectos,já que a elaboração do contrato para consolida interesses mútuo (fornecedor e cliente) é pautada na observância desses preceitos, uma vez que o afastamento das partes aos mesmos pode deflagrar a sensação de que a sua assinatura foi decorrente de pressupostos legais relacionados com a má-fé contratual e a coação de direito. A elaboração de um instrumento contratual requer uma visão macro de todo o projeto e das implicações técnicas, financeiras e legais daí decorrentes. 1.2.6 - A importância do instrumento contratual No contexto do gerenciamento de projetos é importante elaborar, negociar e concluir um instrumento contratual adequado. As cláusulas e condições devem estar em perfeita conexão entre si e, mais importante, conter as diretrizes claras que o cliente quer atingir ao encontrar o fornecedor capaz de atender suas expectativas. Assim, conclui-se que não existem cláusulas supérfluas num contrato, bem ou mal escritas, já que elas estão ali para estabelecer o nexo causal necessário que propiciará o sucesso ou insucesso da relação contratual. Portanto, um instrumento bem escrito, consistente, embasado nas necessidades do projeto e tendo o respaldo em normais legais aplicáveis, não só 19 nas regras relacionadas com a sua estruturação propriamente dita, mas também no tocante aos bens ou serviços a serem adquiridos, tem maior probabilidade de chegar a seu termo sem grandes percalços para as partes envolvidos e com vantagens para o sucesso do projeto. Na maioria das vezes, as divergências entre as partes contratantes decorrem de uma montagem equivocada dos contratos que serviram de referência para a viabilização das aquisições. O contrato por definição seria um instrumento legal, contendo um conjunto de cláusulas e condições através das quais as partes, de comum acordo, estabelecem as regras que devem nortear sua implementação, de forma a obter os resultados esperados, que é o seu encerramento sem problemas, e impedir impasse que, como conseqüência, inviabilizem ou atrasem a implementação do projeto. 1.2.7 - O Processo de Administração do Contrato O processo de administração do contrato compreende uma etapa crítica no gerenciamento de aquisições, uma vez que eventuais falhas neste processo poderão acarretar em impactos de natureza técnica, financeira ou mesmo legal. Para proporcionar a eficácia neste processo, é necessária uma política bem delineada, que garanta a aderência das práticas do fornecedor aos termos e condições do contrato, uma efetiva comunicação e controle, um devido controle de mudanças e a adequada solução de reivindicações (claims). O controle da documentação é outro ponto importante a ser observado, já que, uma vez formalizados, estes documentos se tornam adendos do contrato. É necessário também que haja, para cada parte, um interlocutor formalmente autorizado a responder por questões relativas ao contrato. Durante a condução do processo, se verificam alguns eventos comuns à maioria dos contratos, tais como as reuniões de início (kickoff meeting), reuniões de acompanhamento do contrato, divulgação 20 de relatórios de resultados, avaliação de desempenho e controle e a realização de medições e pagamentos. 1.2.8 - O processo de encerramento do contrato No processo de enceramento do contrato é feito um balanço geral, onde são confirmados se todos os produtos e serviços foram entregues e aceitos conforme o contrato, se todas as obrigações financeiras decorrentes do contrato foram liquidadas e se as informações relativas ao contrato e ao desempenho do fornecedor foram atualizadas e devidamente arquivadas e onde são documentadas as lições aprendidas, para que sejam empregadas em outros projetos. Um contrato pode ser concluído basicamente de 3 (três) formas: pela conclusão de todas as entregas e cumprimento de todas as obrigações estabelecidas contratualmente (terminação), pelo acordo mútuo entre as partes, mesmo que os objetivos iniciais não tenham sido atingidos (resilição) ou ainda pela não observância de obrigações contratualmente estabelecidas (resolução ou rescisão). A diferença entre a resolução e a rescisão é que no primeiro caso há o descumprimento de cláusulas e condições, porém, estabelece um prazo de aviso prévio para que as atividades em andamento sejam concluídas, enquanto que na rescisão, há a ruptura do interesse por uma das partes, por descumprimento das obrigações da outra. Em ambos os casos, este tipo de encerramento é geralmente efetivado de forma unilateral e independente de notificação judicial ou extrajudicial, gerando, como conseqüência, o direito da parte prejudicada de exigir da outra o pagamento de indenização por danos morais e/ou materiais. 1.3 - Onde representar o planejamento das aquisições O planejamento do gerenciamento das aquisições deve ser refletido no plano de gerenciamento do projeto. Observa-se que o planejamento das demais áreas de gerenciamento contém informações necessárias para o planejamento 21 das aquisições. Assim, o gerenciamento das aquisições deve ser refletido no planejamento das outras áreas, modificando a EAP e seu dicionário, cronograma e orçamento. 22 CAPÍTULO II RISCO 2.1 – Risco Depois da Decisão de contratação de um produto ou serviço, externo à organização executante, a equipe do projeto começa a analisar novos aspectos, ou seja, os riscos associados a essa decisão. Segundo o PMBOK®, risco é “um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito em pelo menos um objetivo do projeto”. Todo projeto este exposto a risco. O grau de exposição de um projeto é determinado pela sua natureza, tamanho, complexidade e o ambiente no qual esta inserido. Todos os aspectos que constituem um projeto, ou seja, tecnologia, recursos humanos e materiais, aspectos legais, políticos, ambientais e financeiros, podem ser fontes de riscos. O impacto da ocorrência dos eventos de risco sobre o projeto pode ser positivo, negativo, e muitas vezes pode significar o seu fracasso. Os riscos do projeto devem ser efetivamente gerenciados, de modo a garantir que os objetivos do projeto sejam atendidos, através da minimização dos impactos negativos (ameaças) e da maximização dos positivos (oportunidades). A equipe de gerenciamento do projeto deve dimensionar adequadamente os processos de gerenciamento de riscos de modo a balancear seu custo com os benefícios proporcionados para o projeto. Dependendo da análise do contexto e características do projeto, poderá ser estabelecido um processo de gerenciamento simples, que faça somente a identificação e um 23 simples registro pró-forma dos riscos, para projetos com baixa exposição, ou um processo mais formal e com vários papéis e responsáveis e um maior rigor na análise e gerenciamento dos planos de resposta aos riscos, para projetos maiores e mais complexos. Muitas são as técnicas que podem ser usadas na identificação de riscos. A mais simples delas é uma reunião com diversos envolvidos, pedindo que eles exponham seus receios. Outra técnica é conhecida como risk profile. Uma risk profile é uma lista de perguntas relacionadas com coisas que deram errada em projetos passados. Essas listas ajudam a identificar pontos fracos no projeto atual a partir de experiências passadas. Um exemplo de risk profile demonstrado abaixo: EXEMPLO DE RISK PROFILE Fonte de Risco Ambiente Perguntas sobre risco Faltam ferramentas necessárias à gerência de projetos? Ambiente Faltam ferramentas necessárias ao desenvolvimento do produto? Cliente Trata-se de um cliente desconhecido? Cliente O cliente parece resistente à formalização? Cliente O cliente parece não engajado no projeto? Cliente O cliente parece não aceitar as regras acordadas para o projeto? Equipe Falta experiência à coordenação? Equipe Falta experiência à equipe? Equipe A equipe é desconhecida? Equipe Existem membros trabalhando part time no projeto? Equipe O turnover da equipe pode ser um problema? 24 Os riscos identificados forma agrupados em estrutura similar a EAP, chamada de estrutura analítica dos riscos, mostrada na figura abaixo. ESTRUTURA ANALÍTICA DOS RISCOS A partir dessa estrutura básica conseguimos identificar os diversos riscos demonstrados no quadro abaixo: RISCOS IDENTIFICADOS VIA EAR Categoria do risco Subcategoria Descrição do risco Risco técnico Arquitetura Não-atendimento ao gosto do cliente 25 Categoria do risco Subcategoria Descrição do risco Risco técnico Arquitetura Desenvolvimento de projeto impossível de ser executado Risco técnico Engenharia Impossibilidade de implementação do projeto de arquitetura Risco técnico Infra-estrutura Não-construtução da vila dos operários Risco técnico Infra-estrutura Não-construção de infra-estrutura de saneamento Risco não-técnico Gerencial Desistência do projeto pelo cliente Risco não-técnico Prazo Atraso em atividade de caminho crítico Risco não-técnico Prazo Outros atrasos Riscos não-técnicos Custo Gastos não-previstos no orçamento Risco não-técnico Custo Não-disponibilização do orçamento Risco não-técnico Recursos Pedido de demissão dos engenheiros humanos Risco Legal Contratação Problemas no contrato Risco legal Governamental Não-obtenção de certidão da prefeitura Após a identificação, os riscos devem ser analisados de modo a determinar dois aspectos: a sua probabilidade de ocorrência e o impacto que ele pode causar ao projeto, caso ocorra. Como resultado dessa análise, serão atribuídas prioridades aos riscos em função do grau de exposição que gera para projeto. A avaliação sobre a probabilidade e a gravidade de cada risco do projeto pode ser exemplificado pelo quadro abaixo: ANÁLISE DE PROBABILIDADE E GRAVIDADE DE RISCOS Descrição do risco Probabilidade Gravidade Não-atendimento ao gosto do cliente Baixa Alta Desenvolvimento do projeto Impossível de ser executado Média Alta 26 Descrição do risco Probabilidade Gravidade Impossibilidade de implementação do projeto de arquitetura Média Alta Não-construção da vila de operário Baixa Alta Não-construção de infra-estrutura de saneamento Baixa Média Desistência do projeto pelo cliente Baixa Alta Atraso em atividades do caminho crítico Alta Alta Outros atrasos Média Baixa Gastos não-previstos no orçamento Baixa Alta Não-disponibilização do orçamento Média Alta Pedido de demissão dos engenheiros Média Alta Problemas no contrato Baixa Alta Não-obtenção de certidão da prefeitura Média Alta Por fim, definir as respostas aos riscos, consiste em selecionar as ações a serem adotadas para reduzir as ameaças e potencializar as oportunidades que influenciam o resultado do projeto. Este processo visa garantir que os riscos serão adequadamente tratados. Para que isso possa ocorrer passou-se a desenvolver opções e ações para o aumento das oportunidades e redução das ameaças aos objetivos do projeto, por meio do plano de resposta aos riscos. Esse planejamento gerencia os riscos de acordo com sua prioridade, e as respostas devem ser adequadas à priorização dos riscos, para que não haja desperdícios. O planejamento das respostas aos riscos gerou a seguinte lista apresentada no quadro abaixo: 27 ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCO Descrição do risco Tratamento Resposta ao risco Não-atendimento ao gosto do Eliminação Acompanhar as expectativas do cliente Desenvolvimento de projeto cliente em relação ao projeto Eliminação Acompanhar o desenvolvimento Eliminação Envolver o arquiteto no desenvolvimento impossível de ser executado Impossibilidade de implementação do projeto de engenharia do projeto de arquitetura Não-construção da vila dos Mitigação Alojar os operários em outros locais Mitigação Lançar os dejetos em lugar operários Não-construção de infra-estrutura de saneamento Desistência do projeto pelo cliente apropriado Eliminação Acompanhamento constante dos interesses do cliente Atraso em atividades do caminho Mitigação crítico Outros atrasos Utilizar técnicas de ajuste do cronograma Mitigação Utilizar técnicas de ajuste do cronograma Gastos não-previstos no orçamento Mitigação Fazer pedido de termo aditivo Não-disponibilização do orçamento Mitigação Acompanhamento constante junto ao cliente Pedido de demissão dos Eliminação engenheiros Problemas no contrato Pacote atraente de vantagens e benefícios Transferência Contratação de advogado para análise do contrato Não-obtenção de certidão da prefeitura Mitigação Alinhamento político com a prefeitura 28 2. 2 - Riscos associados a alguns tipos de contratos na iniciativa privada O risco deve ser tratado adequadamente, e é importante associar o risco a alguns tipos de contratos existentes em nosso ordenamento jurídico. Entretanto, cabe ressaltar, que este trabalho não visa estender as fronteiras a ponto de abordar aqueles que são típicos da administração pública. A equipe do projeto deverá escolher qual tipo de contrato será selecionado para poder por em pratica a contratação, pois, dependendo do que for escolhido, o risco associado ao contrato poderá ser em maior ou menor grau. 2.2.1 – Tipos de contratos Existem três grandes categorias de contratos: 2.2.1.1 - Preço fixo ou global: Envolve maior grau de risco financeiro para os fornecedores e menor para os clientes, uma vez que o escopo é definido no contrato, assim como preço, prazo e qualidade. Logo, caso o custo do fornecimento seja acima do previsto pelo fornecedor, o cliente não tem obrigação de pagar além do estabelecido, uma vez que o preço está fixado no contrato. Assim, o preço apresentado pelos fornecedores já considera os riscos associados a esse tipo de contrato. O descumprimento dos prazos pelo fornecedor também poderá redundar na aplicação de multas contratuais, minimizando as perdas em decorrência do atraso, diminuindo conseqüentemente o recebimento de pagamentos pelo fornecedor. Importante ressaltar que o objetivo principal do contratante é a obtenção dos produtos constantes do escopo, em conformidade com as necessidades do 29 projeto, e não os ressarcimentos decorrentes de penalidades impostas ao fornecedor. Apesar do cenário positivo para esse tipo de contrato algumas ameaças podem inviabilizar sua utilização. O quadro abaixo relaciona essas ameaças e as possíveis respostas quando da contratação. AMEAÇAS E REPOSTAS NO CONTRATO DE PREÇO FIXO Ameaças Respostas Não possuir o escopo definido Utilizar outro tipo de contrato ou definir o escopo Falhas na definição do escopo Executar uma definição de escopo mais apurada, tendo do trabalho a ser contratado maior qualidade na especificação (statement of work – SOW) Tempo longo para a definição Antecipar o processo de definição do escopo e a do escopo e da empresas a ser seleção de fornecedores contratada Fornecedor ter elaborado uma Utilizar adequado processo de seleção e incluir no proposta inexeqüível contrato cláusulas que mitiguem o risco de o fornecedor não cumprir com suas obrigações Fornecedor diminuir a qualidade Utilizar um adequado processo de seleção do para auferir maior lucro fornecedor. Realizar auditorias de qualidade. Controlar a qualidade das entregas realizadas. 2.2.1.2 - Contrato por administração: São utilizados, principalmente, quando o escopo ainda não está definido, o que dará certa garantia ao fornecedor para continuar a executando sem o comprometimento financeiro. Porém, eles envolvem maior grau de risco financeiro para o cliente, pois, quanto maior o gasto do fornecedor, maior será o 30 desembolso, acrescido de um percentual ou taxa como forma de remuneração do contratado. Esse tipo de contrato é o menos utilizado pelos clientes, pois não cria incentivos para que o fornecedor economize. O benefício na seleção desse tipo de contrato para o contratante, além de outros, é poder elaborar progressivamente o escopo do produto ou serviço, em paralelo à sua execução. Porém, ameaças estão atreladas a esse tipo de contrato, devendo ser adequadamente analisadas pela equipe do projeto. No abaixo podem ser vistas algumas dessas ameaças e as possíveis respostas para tratá-las. AMEAÇAS E REPOSTAS NO CONTRATO POR ADMINISTRAÇÃO Ameaças Resposta O custo exceder o orçamento previsto Definir cláusulas contratual que incentive o para a contratação fornecedor a economizar Contratada não se preocupar em fazer Exigir em cláusula contratual que as o melhor subcontratação subcontratações sejam aprovadas pelo cliente Apropriação de despesas não inerente Fazer auditoria e, eventualmente, contratar ao projeto empresa para fiscalização 2.2.1.3 – Contrato por preço unitário: Têm um risco médio em relação aos outros, em razão de possuírem elementos de um contrato a preço fixo (no preço fixado por hora ou por item de material) e de um contrato de custo reembolsável (pelo fato do custo total ser desconhecido), pois dependerá quantidade total dos produtos ou serviços encomendados ao fornecedor. Assim, possui algumas ameaças e oportunidades dos dois tipos de contrato. 31 Cada um deles apresenta um grau de risco para o projeto. A escolha do tipo de contrato a ser usado em uma aquisição está intimamente relacionada à existência ou não de uma definição do escopo para o que necessita ser contratado e qual a estratégia da organização para a realização do projeto. Embora um contrato geralmente procure conter todos os pontos e definir como as partes serão afastadas de responder pelos riscos daí decorrentes, especialmente no tocante ao cliente, é sempre bom que exista uma margem de negociação e de tolerância durante o fornecimento de produto ou serviço contratado. Na maioria das vezes, é muito mais produtivo negociar com o fornecedor do que aplicar as penas contratuais previstas no contrato, que podem vir a ser danosa para o projeto, pois podem significar, por exemplo atrasos no cronograma ou aumento nos custos. Diante do exposto, podemos afirmar que cada contrato traz um risco associado para o projeto e, portanto, a escolha do tipo de contrato deve se adaptar às suas necessidades. A equipe do projeto deverá analisar que tipo de contrato trará maiores oportunidades para ele e uma quantidade menor de ameaças, refletindo em cláusulas contratuais as suas respostas aos riscos. 32 CONCLUSÃO O ambiente globalizado e cada vez mais especializado em que as empresas estão inseridas faz com que cresça, a cada dia, a necessidade de aquisição de produtos e serviços. Para que os projetos tenham qualidade, custos e prazos adequados É fundamental um bom gerenciamento das aquisições, de forma que não tenham impactos negativos para o seu empenho. As aquisições mal conduzidas terão impactos negativos no sucesso do gerenciamento do projeto, especialmente no cumprimento de prazos e orçamentos, e na qualidade dos produtos e serviços produzidos, podendo gerar a insatisfação das partes e, como conseqüência, medidas judiciais. Um aspecto importante que o cliente deve considerar, na decisão de adquirir produtos e serviços para projetos, e que, uma vez contratada parte do escopo do projeto, ele, cliente, e, portanto, a equipe do projeto dependerá do fornecedor para seu sucesso. Nesse caso, como cliente não terá controle total sobre a parte do escopo contratada do fornecedor, a decisão pela aquisição encerra em si um risco importante e que deve ser objeto de gerenciamento por parte da equipe do projeto. O gerenciamento das aquisições em um projeto se inicia com a decisão de contratar ou não, um produto ou serviço necessário para o atendimento do escopo do projeto. Após a decisão do que contratar deve ser especificado o produto ou serviço de forma que os potenciais fornecedores tenham condições de entender a necessidade do cliente e apresentar suas propostas. As especificações são inseridas na declaração do trabalho (statement of work – SOW). 33 Para divulgar essa especificação é necessária à elaboração é necessária à elaboração de uma solicitação de proposta (request for proposal – RFP) ou de cotação (request for quotation – RFQ), ou ainda o edital de licitação para a administração pública. Dependendo do caso, divulga-se a minuta do instrumento contratual e os critérios para avaliação das propostas, que podem ser obrigatórios ou facultativos. Após o recebimento das respostas dos potenciais fornecedores, será feito o julgamento das propostas, aplicando os critérios de avaliação estabelecidos. O primeiro a ser aplicado será o obrigatório, eliminando as propostas que não atendem as necessidades do projeto. Depois, as propostas são classificadas de acordo com os critérios facultativos. Com a classificação estabelecida, iniciam-se as negociações dos termos e condições contratuais. Essa negociação pode ser somente com o fornecedor melhor classificado ou com os melhores classificados. A negociação deve permitir ao cliente uma boa administração do contrato e protegê-lo dos riscos envolvidos na contratação. As questões relativas ao gerenciamento de escopo, tempo, custo, risco, comunicação, recursos humanos e qualidade relacionados ao contrato devem estar refletidas em cláusulas bem elaboradas e fácil entendimento. A administração do contrato será um reflexo da qualidade do instrumento contratual. Um contrato mal elaborado irá redundar em conflitos entre cliente e fornecedor. O cliente deve gerenciar o contrato como se fosse um subprojeto, acompanhando seus resultados e avaliando o desempenho do fornecedor. Após a entrega de todos os produtos e serviços, ou em caso de término antecipado, é necessário realizar o encerramento formal do contrato. Deve então 34 ser feita uma checagem se todos os pagamentos foram realizados pelo cliente e, em contrapartida, averiguar e conferir se as entregas foram concluídas pelo fornecedor com a aceitação do cliente. O encerramento do contrato deve ser formalizado, por exemplo, por meio de um termo de aceite emitido pelo contratante. Verifica-se, também, que o desenvolvimento e a implementação de um projeto de qualquer natureza devem observar cautelas legais claramente definidas, sob pena das partes contratantes se virem envolvidas em disputas judiciais que podem restringir a capacidade do negócio, inviabilizando-o. O gerente do projeto não pode esquecer que as responsabilidades e os direitos devem ser mensurados com bastante cuidado, e a segurança para se atingir tal resultado somente se efetivará à medida que o planejamento a ser efetuado inclua os riscos legais visualizados, e que os contratos disponham de forma bastante clara sobre essas questões essenciais. Negociados os contratos com conhecimento desses aspectos jurídicos, aos quais se agregam as questões técnicas fundamentais e as previsões orçamentárias e de desembolso, não resta dúvida de que o negócio poderá atingir o sucesso esperado, ou, na hipótese de ocorrerem surpresas e fatos inesperados, as partes poderão se resguardar dessas eventualidades em face das condições, claramente previstas no respectivo ajuste. O direito, por conseguinte, deve ser considerado igualmente como ferramenta de gestão importante, especialmente no gerenciamento das aquisições para o projeto, de forma a não acarretar os riscos previsíveis que impactarão o orçamento do projeto. Salienta-se que a decisão gerencial de se preocupar ou não com esses aspectos deve levar em consideração os dispêndios decorrentes. A solução de não avaliar questões legais deve vir acompanhada do 35 provisionamento de uma verba para atender as eventuais demandas daí decorrentes. 36 BIBLIOGRAFIA XAVIER, Carlos Magno da Silva. Gerenciamento de Aquisições em Projetos, Rio de Janeiro: FGV, 2010. XAVIER, Carlos Magno da Silva. Gerenciamento de Aquisições em Projetos. Reimpressão. Rio de Janeiro: FGV, 2007. XAVIER, Carlos Magno da Silva. Gerenciamento de Aquisições em Projetos, Rio de Janeiro: FGV, 2005. PMI. Um Guia de Conhecimentos em Gerenciamento em Projetos. 3ª Edição: Project Management Institute, 2004. CHAVES, Lúcio Edi. Gerenciamento da Comunicação em Projetos. FGV, 2004 XAVIER, Carlos Magno da Silva. Gerenciamento de Projetos: Como Definir e Controlar o Escopo do Projeto – 2ª ed. Atual, São Paulo: Saraiva, 2009. TERRIBILLI FILHO, Armando. Gerenciamento de Projetos em 7 Passos: Uma Abordagem Prática, São Paulo: M. Books do Brasil, 2011. OLIVEIRA, Eduardo Gomes. As Principais Praticas no Gerenciamento de Aquisições em Projetos – Artigo – www.ietec.com.br. Código Civil Brasileiro. Lei nº 10.406/2002. Brasília, DF, 2011. 37 ADERNE, Fabiano. Aulas de gerenciamento de projetos – A Vez do Mestre. Rio de Janeiro, 2011. BARBOSA, Christina. Gerenciamento de custos em Projetos, Rio de Janeiro: FGV, 2009. MENDES, João Carlos Barroca. Gerenciamento de projetos, Rio de Janeiro: FGV, 2009. XAVIER, Carlos Magno da Silva. Metodologia de gerenciamento de projetos: methodware: abordagem prática de como iniciar, planejar, executar, controlar e fechar projetos, 2ª ed, Rio de Janeiro: Brasport, 2009. 38 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Projeto de fabricação de escaler. 39 PROJETO EMBARCAÇÃO TIPO ESCALER DESTINADO A COMPETIÇÕES 40 SETEMBRO/2011 ÍNDICE TÍTULO PÁGINA I – Termo de abertura do projeto.......................................................................... 1) Objeto............................................................................................................ 2) Designação do gerente de projeto ................................................................. 3) Atribuições e responsabilidades do Gerente de Projetos............................... 3 3 3 3 II – Escopo .............................................................................................................. 1) Informações gerais ...................................................................................... 2) Materiais necessários à fabricação ............................................................... 3) Recursos Humanos ....................................................................................... 3 3 4 4 III – Prazo de Entrega ......................................................................................... 4 IV – Investimento ................................................................................................. 5 V – Eventos Principais ........................................................................................... 5 VI – Riscos envolvidos no Projeto ......................................................................... 5 VII – Estrutura Analítica do Projeto – EAP ......................................................... 6 Anexo A : Cronograma da Obra ......................................................................... 7 Anexo B : Linha de Base de Custos ......................................................................... 8 41 I) Termo de Abertura de Projeto 1) Objeto: Fabricação de uma embarcação tipo ESCALER, com casco em fibra de vidro, composto com 10 remos de madeira, 10 bancos em fibra de vidro, 10 finca-pés, Ferragens um cunho, 10 toleteiras, 10 forquetas, quatro 4 balancins, verdugo de madeira sem mastro, sem as velas de navegação e bolina, conforme desenho n° 03/01 da ESTAI (Escritório de serviços técnicos e assessoria industrial). 2) Designação do Gerente de Projeto: O Diretor Executivo Paulo Henrique no uso de suas atribuições confere ao Engº Naval Paulo Biaes a designação como gerente do projeto Fabricação de uma embarcação tipo escaler, com casco em fibra de vidro e acessórios. O Engº Naval Paulo Biaes será o responsável em cumprir todas as etapas da fabricação do escaler para que seja entregue no prazo, com qualidade e custo orçado no projeto. 3) Atribuições e Responsabilidades do Gerente de Projeto: 3.1 - Gerenciar planos financeiros e de desembolso do projeto;. 3.2 -Atribuir funções do projeto aos membros da equipe; 3.3 - Gerenciar o projeto para que os objetivos sejam alcançados; 3.4 - Manter a diretoria informada, de maneira formal, o avanço do projeto; 3.5 - Corrigir inconsistências advindas dos processos que venham interferir no desenvolvimento do projeto; 3.6 – Intervir, previamente, assegurando o desempenho dos eventos, corrigindo os desvios encontrados; 3.7 - Estabelecer e certificar-se dos cumprimentos das metas; 3.8 - Controlar as atividades do projeto; 3.9 - Contornar conflitos decorrentes da execução do projeto; 3.10 - Contratar fornecedores; 3.11 - Fazer reuniões periódicas com seus clientes; 3.12 - Controlar o cronograma físico e financeiro do projeto. II) Escopo Tem por objetivo a fabricação de uma embarcação tipo ESCALER, com casco em fibra de vidro para competições, de equipes de remos do Fluminense FC. 1) Informações Gerais: 1.1 - Será fabricada uma embarcação do tipo ESCALER para competição com as seguintes características principais: Comprimento total Boca moldada 7,9 m 2,4 m 42 Pontal Calado máximo Deslocamento máximo 0,9 m 1,7 m 1,8 kg 1.2 - Será fabricado conforme o plano desenho n° 03/01 da ESTAI (Escritório de serviços técnicos e assessoria industrial). 1.3 - Serão fabricados dez (10) remos de três (3) metros e demais acessórios. 1.4 - A entrega deverá ser efetuada na sede náutica do Fluminense Futebol Clube. 2) Materiais necessários à fabricação: - Resina – 660 litros; - Acelerador de cobalto – 5 litros; - Estireno – 90 kg; - Peróxido orgânico – 20- Kg; - Redutor – 3 latas; - Fibra de vidro em manta – 230 kg; - Gel Coat – 40 kg; - Tintas – 120 litros; - Chapa de aço inox – 45 kg; - Pano para limpeza – 20 kg; - Balancim – 4 un; - Cunho – 1 un; - Parafusos – 300 un; - Compensado – 4 peças; - Garapa beneficiada – 280m3; - Verniz – 3 Gl; - Forqueta – 10 un; e - Toleteira – 10 un; 3) Recursos Humanos: A mão-de-obra será a seguinte a ser empregada no projeto: • Um ( 1 ) engenheiro máster; • Um ( 1 ) engenheiro naval; • Um ( 1 ) técnico de estrutura; • Um ( 1 ) técnico de planejamento e controle da produção; • Um ( 1 ) Técnico de qualidade; • Um ( 1 ) Encarregado da produção ; • Um ( 1 ) comprador; • Dois (2) marceneiros; • Quatro (4) fibradores; • Um (1) serralheiro; • Um (1) soldador; • Quatro (4) pintores; e • Um (1) lustrador. 43 III) Prazo de Entrega A embarcação deverá ser fabricada, pintada e testada em 120 (cento e vinte) dias. IV) Investimento - O investimento será de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), assim considerados: Materiais Diretos: R$ 60.000,00 Mão de Obra: R$ 70.000,00 V) Eventos Principais • Aquisição de materiais • Fabricação do modelo • Modelagem • Fibragem do casco • Fabricação e instalação de ferragens • Instalação de acessórios (Bancos, Finca pés, remo e verdugo) • Pinturae Acabamento • Teste de Flutuabilidade • Entrega e aceitação TOTAL: Valor R$ 60.000,00 R$ 16.000,00 R$ 8.500,00 R$ 25.000,00 R$ 3.000,00 R$ R$ R$ R$ 5.000,00 9.000,00 2.500,00 1.000,00 R$ 130.000,00 VI) Riscos envolvidos no Projeto O presente projeto possui um baixo risco de execução, tendo em vista que a construção de ESCALER é uma das atividades rotineiras da empresa. Sendo certo, que o item da sua construção que merece maior atenção é o fornecimento de material com ênfase no item resina e por isso em nosso cadastro possuímos inúmeros fornecedores para tal item. 44 VII) Estrutura Analítica de Projeto FABRICAÇÃO DE UMA EMBARCAÇÃO DO TIPO ESCALER GERENTE DE PRODUÇÃO Fabricação do Molde GERENTE DE COMPRAS GERENTE DE QUALIDADE GERENTE DE RECURSOS HUMANOS Compra Inspeção processos fabricação Contratação Pessoal Teste de Flutuabilidade Supervisão, Controle e Administração de Pessoal Fibragem do Casco Perícia Fabricação e instalação de ferragens Distribuição Instalação de Acessórios Pintura e Acabamento 45 custos 120000 100000 valores em reais 80000 60000 40000 20000 0 46 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I A Importância do Planejamento das Aquisições 10 1.1 – Informações necessárias para o planejamento das Aquisições 11 1.2 – O Objetivo básico do gerenciamento de aquisições em projetos 13 1.2.1 – O planejamento de compras e aquisições 14 1.2.2 – O planejamento das contratações 16 1.2.3 – O processo de solicitação de resposta de fornecedores 16 1.2.4 – O processo de seleção de fornecedores 17 1.2.5 – O contrato 17 1.2.6 – A importância do instrumento contratual 18 1.2.7 – O processo de administração do contrato 19 1.2.8 – O processo de encerramento do contrato 20 1.3 – Onde representar o planejamento das aquisições 21 CAPÍTULO II Risco 2.1 – Risco 2.2 – Riscos associados a alguns tipos de contratos 22 47 na iniciativa privada 28 2.2.1 – Tipos de contratos 28 2.2.1.1 – Contrato por preço fixo ou global 28 2.2.1.2 – Contrato por administração 29 2.2.1.3 – Contrato por preço unitário 30 CONCLUSÃO 32 BIBLIOGRAFIA 36 ANEXOS 38 INDICE 46