Agradecimento
Agradeço a todos que compartilharam comigo, direta ou
indiretamente, meu caminhar diante deste singular sofrimento o qual solidificou minha fé em Deus, nosso Pai que
tudo sabe e, particularmente, ao meu inesquecível filho
Eduardo que me deu a oportunidade de descortinar meu coração para a centelha divina que até então permanecia oculta
pelas ilusões terrenas.
Maria Eugênia
Este livro atinge o coração da gente.
Antônio Maria Cavalcanti
Este livro nos confirma que todos nós somos mais que simples uniformes com os quais nos apresentamos. O tempo que
nos separa fisicamente de nossos filhos é apenas uma piscada
em relação à eternidade da vida.Maria Cecília Gandra
Na leitura deste livro vi a própria alma refletida, com tamanha clareza e dimensão, em meu filho Ugo.
Maria do Carmo Quadros Mendonça
A dor que não tem nome é tudo que sentia e não sabia
expressar. Maria Eugênia foi intérprete de toda a dor, toda
saudade, tristeza que não tinha resposta e, ao mesmo tempo,
veio ao encontro como consolo, apoio e esperança. Por isso
agradeço a Deus por ela ter sido instrumento pelo qual as pessoas que leem o livro recebem a fortaleza de que necessitam.
“Rodrigo, por 19 anos a sua luz brilhou entre nós, mas
tenho certeza que nem depois de sua morte ela se apagou,
porque foi para os braços de Deus que você voltou”.
Vilma Faria Sanches
Este livro não é apenas para as mães, mas também para
quem deseja crescer espiritualmente.
Andressa Pereira Ramos
A dor que não tem nome tornou-se para mim um livro
de cabeceira, pois ao lê-lo meu coração vai serenando e me
enchendo de coragem, confiança e fé, o que me capacita, estando em casa, a sentir-me inserida no Universo e encontrar
sentido em minha própria vida.
Maria Cecília Rangel
O que mais me impressionou ao ler este livro, um depoimento sobre a morte de seu amado filho Eduardo, foi a capacidade de transformar o nada em tudo. Isso, Maria Eugênia,
é divino. Privilegiados você, sua família e todos nós que podemos sentir essa força divina.
Maria Pinto Simione
Maô, acompanhei a sua reconstrução de vida e pude sentir
que realmente você viveu esta fé durante todo o tempo. Ao
transmiti-la por meio deste livro, deu uma grande lição de vida,
não somente para ajudar quem perdeu alguém querido, mas
também nos ajudar a enfrentar as diversas dificuldades da vida,
tendo Deus como o maior amigo que realmente nos ama.
Ana Maria A. de Carvalho Simione
Este livro foi instrumento da Divina Providência para que
nós, que passamos pela dor da partida de um filho, pudéssemos compreender a transitoriedade deste mundo e serenamente aguardar também a nossa hora, quando estaremos
novamente juntos na nossa verdadeira morada.
Maria Ester Azevedo
Maria Eugênia de Azevedo
Prefácio
Recebi com inquietação e perplexidade o livro A dor que não
tem nome, da amiga e acadêmica Maria Eugênia.
Na simpática solicitação, Eugênia sugere que gostaria de
conhecer a minha opinião sobre o livro.
Mas, Eugênia, me desculpe: seu livro é emocionante. A começar pela própria postura da autora que não esconde, nem
foge da subjetividade perante a objetividade do texto/vivência.
Ora, o livro é o relato pessoal da autora e de seus familiares
perante os problemas vitais que angustiam os homens, em todos
os tempos. Desde a aurora da humanidade até o momento presente, não temos respostas exatas, quer das ciências, da filosofia
e das religiões acerca do que é a vida e a morte, bem como todos
os problemas nos quais somos envolvidos em ambas as situações.
Assim, resta-nos tão somente crer que a vida e a morte são
mistérios e, como tais, pertencem a Deus.
Maria Eugênia nos convida a percorrer o período de dois
anos de luta, de conquistas, de vitórias, de crises e de sofrimento
em vista de atingir a origem do sofrimento, a origem da dor, o
que é o mal e, mais agudamente, o “por que comigo?”.
Por meio do relato nos oferece saídas, atalhos; nomeia e
distingue o sofrimento e a dor, desejando oferecer (e este
é o seu objetivo) às outras mães uma mão afetuosa e um
coração a partilhar.
Aqui, gostaria de discordar ou argumentar com a autora:
A dor que não tem nome, você já sabe qual é.
Pense agora na dor que tem nome.
A dor física, a dor moral e a dor metafísica. Contudo, isso é
apenas um aspecto. O campo do sofrimento humano é muito
mais vasto, muito mais diversificado e mais pluridimensional.
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A dor que não tem nome
O sofrimento é algo mais amplo e mais complexo do que
imaginamos, pois o sofrimento atinge o âmago da pessoa, ou
seja, o conjunto psicofísico; por isso penso que o livro será recebido e questionado por todas as pessoas que tiverem contato com ele, pois todos nós sofremos e em particular queremos
entender o nosso porquê.
Afirmei ser um livro emocionante e gostaria de justificar.
O relato da autora nos questiona sobre a existência e o sentido da morte. Ora, uma falsa catequese da morte infundiu,
mesmo nos cristãos, o medo.
Os primeiros cristãos cantavam a morte como um encontro à vinda do amigo: Maranatha! Vem Senhor Jesus! Um encontro, uma esperança.
A morte Dies natalis (dia do nascimento) foi considerada
pelos cristãos como a realidade definitiva. Assim celebravam
os santos e mártires. Quando o Maranatha se transformou em
Dies irae (dia da ira), a morte também foi considerada pelos
católicos e pagãos por falta de fé e confiança em dia terrível,
de pranto e medo.
A própria vida mudou seu sentido: ao invés de ser tempo de
esperança, em que se vai ao encontro do Senhor, passou a ser o
período de ameaça de evitar o pecado, e não de crescimento e
resposta à aliança, à vocação, à plenitude da vida.
A morte, para quem crê na ressurreição, passa a ser um ato
positivo de Deus, que opera como criador de uma nova vida.
Mistério? Sim, mas emocionante e fascinante.
Isso Maria Eugênia e familiares querem levar às nossas
mentes e corações, enquanto que “vivendo a esperança, aguardamos a vinda de Cristo, nosso salvador”.
Na páscoa de 1999.
Prof. Antonio Carlos Martinazzo
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Maria Eugênia de Azevedo
Introdução
Mal havia completado 21 anos de idade e experimentava
pela primeira vez o dom sublime de ser mãe.
O vazio que senti ao perceber que meu filho estava deixando o ventre foi preenchido pelo calor de meus braços que
o recebiam. Aquele momento único me fez refletir a magnitude da minha missão no mundo. Olhei para aquele rostinho
ingênuo e indefeso e fiz naquele instante uma promessa de
protegê-lo com todas as minhas forças.
O tempo foi passando, surgiu o primeiro dente, vieram as
primeiras palavras, o primeiro medo, o primeiro sorriso, os
primeiros passos, a primeira escola, os primeiros amigos, e
assim, consequentemente, estava eu ao seu lado em todos
esses momentos, vivendo cada uma dessas emoções que para
sempre ficarão gravadas no meu coração de mãe.
Seu nome, Eduardo, Duda, como carinhosamente todos
o chamavam.
Após algum tempo, fui presenteada novamente pelo Pai,
continuando minha tarefa como mãe, nascia nosso segundo
filho, Marcelo, e, um pouco mais adiante, encerrei minha
missão de genitora com a chegada da princesinha da casa,
Maria Cláudia.
Eu e Sérgio, meu marido, constituímos uma família encantadora com estes três filhos que só nos davam alegrias.
Muitas vezes parei e refleti: “por que será que nós não
temos nada a pedir e tanto a agradecer? Será que somos merecedores de tanta felicidade?”.
De repente surgiram as primeiras reviravoltas.
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A dor que não tem nome
Inicialmente, Sérgio necessitou passar por uma cirurgia
cardíaca e, por consequência, acabou sendo desligado da empresa que trabalhava desde que nos casamos.
Os abalos estavam apenas começando, alguns outros dissabores ocorreram, mas não foram suficientes para comprometer a união da nossa família, pelo contrário, tornávamos
dia após dia, mais unidos.
Quando surgia uma nova dificuldade em nosso caminho,
lembrava de uma frase de Fernando Sabino: “No fim tudo dá
certo, se ainda não deu é porque não chegou ao fim”.
E assim continuávamos com fé, luta e coragem.
Mais tarde percebi que aquelas dificuldades de outrora
apareceram para nos tornar mais fortes a fim de sermos
preparados para o maior sofrimento que ainda teríamos de
enfrentar, e o único responsável pela nossa transformação
interior: o acidente fatal que retirou o Duda temporariamente de nosso convívio.
Quando aconteceu, ele contava com apenas 16 anos de
idade, era um jovem lindo, inteligente, saudável e muito
amigo nosso.
Ao tomarmos conhecimento do que ocorrera, na madrugada de sábado de 8 de março de 1997, eu, Marcelo e Maria
Cláudia ajoelhamos aos pés da cruz e pedimos incessantemente a Deus que não permitisse a partida do Duda do
meio de nós.
Enquanto isso, Sérgio já recebia a constatação daquela
dura e cruel realidade.
Em seguida, começaram a chegar os primeiros parentes,
amigos, curiosos, como sempre acontece em todos os velórios.
Consumida pela dor em seu mais elevado grau, perguntava
a Deus:
– Por que conosco se nunca fizemos mal a ninguém?
A resposta veio de imediato:
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Maria Eugênia de Azevedo
– Por que não com você e sim com os outros?
O nosso egoísmo é tão grande que nem sequer o percebemos. Realmente é muito mais fácil consolar os que sofrem do
que viver o sofrimento, mas, por mais paradoxal que pareça,
esse sofrimento foi capaz de nos transformar, elevando nossos corações para um amadurecimento espiritual que cremos
jamais ter sido possível de outra forma.
Portanto, ficou claro para nós que a missão do Duda neste
mundo era a de fazer evoluir não somente a si próprio, mas
toda uma família.
Meu querido Eduardo viveu uma história semelhante à
de muitos jovens que também tiveram missões parecidas, e,
por essa razão, resolvi escrever este livro com o objetivo de
passar a todas as mães que viveram essa dor, passo a passo,
o meu caminhar, para que encontrem nele um amigo que
reconforte e aponte uma saída por mais difícil que ela nos
pareça a princípio.
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A dor que não tem nome
A dor que não tem nome
Escolhi como título para este livro A dor que não tem nome
pelo fato de não existir frase mais correta para uma dor tão
complexa, quando ocorre a inversão na ordem natural da vida.
No velório do nosso amado filho, Sérgio e eu recebemos
inúmeras manifestações de amor de parentes e amigos que
compartilhavam conosco o maior sofrimento de nossas vidas
até então.
Entre tantos presentes, uma prima muito querida, Ana
Maria, em um determinado momento abraçou-me e disse:
– Mogênia, (é assim que ela me chama) a dor que você está
sentindo é a dor que não tem nome, sabe por quê? Quando
se perde pai ou mãe ficamos órfãos, ao perder o marido ou a
esposa ficamos viúvas ou viúvos, mas quando se perde um filho
a dor é tamanha que o mundo ainda não inventou um nome.
Realmente, a profundidade da dor sentida neste momento
inviabiliza qualquer tentativa de defini-la.
Não existe palavra alguma capaz de exprimi-la, somente
quem sente sabe como é.
A dor que não tem nome retrata a minha experiência de
mãe no processo de reconstrução interior.
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Maria Eugênia de Azevedo
O antes e o depois...
Quando neste mundo chegamos, trazemos somente uma
certeza: a de que um dia partiremos.
As reflexões diante dessa afirmação variam de acordo com
as experiências de cada um. Alguns são mais conscientes, outros mais iludidos, mas, mesmo estes, terão de atravessar a
ponte, crendo ou não.
E nós, mães, certamente já fazemos parte do grupo dos
conscientes. Carregamos no coração a saudade de nossos filhos queridos que partiram antes de nós. Se não fosse “ela”
que insiste em nos angustiar até que seria menos doloroso
nosso caminhar.
Já que a realidade que se estabeleceu diante de nós é um
fato do qual não temos como escapar, nada mais sensato do
que aproveitarmos esta dor como uma grande oportunidade
de evolução.
Por meio desta conduta estaremos sendo gratas a nossos filhos queridos, que nos precederam, e a Deus que nos mostrou
no presente o que certamente só descobriríamos no futuro.
Recebemos da Providência Divina o conforto e a compreensão que nenhum ser humano seria capaz de nos dar mesmo
que desejasse, pois nesse momento necessitamos do ilimitado, do que transcende a nossa realidade, de algo que nos
convence, elevando-nos a outros valores que não são deste
mundo. Um pedaço de nós foi junto com ele e esse pedaço
nos elevou, afetando diretamente todo o resto que aqui ficou.
A ligação com a continuidade da vida foi conectada dentro
de nós e com isso percebemos como o medo da morte desaparece instantaneamente, como em um passe de mágicas; e
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A dor que não tem nome
com ele, consequentemente, todos os nossos medos deixam
de existir, pois já enfrentamos o maior deles e os demais passam a ser insignificantes.
Passamos a ver na simplicidade as nossas necessidades, o
lado material não nos ilude mais e nem tampouco o desejamos, já percebemos a sua efemeridade.
Esses sentimentos novos, que passam a fazer parte integrante
de nós, são responsáveis pela nossa transformação interior, garantindo-nos o equilíbrio e a liberdade de ser, em contraposição
com o que estávamos envolvidas, a escravidão do ter.
A convivência com nossos filhos neste mundo nos trouxe inúmeras alegrias e inesquecíveis recordações: o primeiro
sorriso, as primeiras palavras, a primeira escola, enfim, todos
os belos momentos que guardamos em nosso coração para
sempre. Cada um de nós viveu, antes de tudo acontecer, com
facilidade essa fase, que não exigia de nós grandes esforços,
uma vez que estávamos envolvidos pelas ilusões do mundo.
Nossa vida passou a ser dividida em duas partes: antes e
depois do acidente com meu filho.
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Maria Eugênia de Azevedo
A solidariedade dos amigos
Os primeiros dias que sucederam a partida de meu filho foram
repletos de solidariedade, por meio de telegramas, telefonemas,
cartas, visitas das mais diversas pessoas: parentes, amigos, conhecidos e até mesmo com quem nunca havíamos tido contato.
Naquele momento sentia a grandiosidade do amor existente
no coração de cada um. Parecia que todos se despiam das ilusões do mundo e viviam por alguns instantes somente a centelha
divina de seus corações.
Como seria gratificante se a minha dor tivesse contribuído
para a reformulação de cada um, mas, infelizmente, o ensinamento maior estava reservado à minha família.
Aos poucos cada um foi voltando à sua rotina normal, mas
nós, pais, que vivemos esta dor, nunca mais seremos os mesmos, o ensinamento chegou ao fundo de nossos corações,
limpando-nos de nossas ilusões, aparando as arestas, alterando nossos objetivos, dando-nos maior compreensão de nossa
missão no mundo.
A nossa família tornou-se mais unida e parece que o respeito
e a compreensão de uns para com os outros faz parte de nossa
rotina, o amor está vencendo qualquer forma de egoísmo.
Como desconhecemos os desígnios de Deus! Ele nos ensinou tanto em tão pouco tempo, fazendo-nos evoluir por intermédio do Duda, que certamente evoluiu muito mais.
Como poderíamos imaginar que aquele jovem de apenas
16 anos tinha uma missão tão especial neste mundo: a de ser
responsável pela evolução de toda uma família?
Minhas irmãs de dor, procurem reagir sempre, buscando
a iluminação para que a grande dor que sentimos não seja
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A dor que não tem nome
desperdiçada e sim transformada em uma grande, e talvez a
única, oportunidade real de evolução que recebemos.
Para nós nascem novos valores que devemos cultivar a
cada dia: o amor incondicional que nos conduz à fé, à esperança, à justiça e à paz. O trabalho nos chama e cada uma de
nós sabe qual a melhor maneira de ser útil à humanidade.
Agindo desta forma, certamente nossos filhos, onde estiverem, terão orgulho de nós e ficarão felizes por saberem que
não foi em vão o que fizeram por nós.
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Maria Eugênia de Azevedo
Aprendendo as primeiras lições
Mais um dia surge no horizonte e a saudade, minha companheira de todas as horas, leva-me ao meu filho amado.
Procuro me conformar, mas aquela dor, que só quem a viveu
conhece, tenta desviar-me dos meus propósitos mais elevados.
Retomo então o dia anterior buscando o amparo dos esclarecimentos que o meu coração já recebeu, oriundos do Amor
de Deus.
Sei que somos pais especiais que receberam um filho tão
especial para dele cuidar por um tempo determinado. Nosso
filho tinha 16 anos. Não sabíamos a princípio a extensão desse
tempo e graças a Deus vivemos momentos felizes e singulares.
Nisso também está presente a sabedoria divina que não nos
permite conhecer o futuro e sim viver intensamente o presente.
Alguns dias após a partida de meu amado filho, recebi
uma carta de uma amiga que há muito não via. E ela tentava
me trazer um pouco de conforto diante da inexplicável dor
que sentia. Depois de lê-la, entreguei-me às orações pedindo novamente forças a Deus para responder àquela carta
que veio carregada de carinho e solidariedade. No mesmo
instante, senti a presença de Deus dentro de mim, dominando-me por completo.
Peguei caneta e papel e comecei a escrever... foi assim:
“O conforto divino veio muito antes do que eu imaginava,
foi muito esclarecedor. Vou tentar dividir com você o que
aprendi, usando sua essência divina escrevendo esta carta.
Nós fomos escolhidos para acelerar o nosso processo evolutivo. O Duda nos escolheu porque sabia que tinha pais fortes
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A dor que não tem nome
para respeitar o curto tempo que permaneceria conosco na
Terra. Graças dou ao Pai, Onipotente, Onisciente e Onipresente que me iluminou, mostrando-me nitidamente as lições
que o sofrimento é capaz de nos dar.
Naturalmente me afastei do meu lado humano e me aproximei do divino, que nada mais é do que a nossa essência
pela qual um dia fomos criados. E quando isso aconteceu,
comecei a sentir um profundo amor por tudo e por todos;
e esse amor tem sido o guindaste que me impulsiona para
cima, garantindo o meu caminhar.
Deus, na sua infinita misericórdia, ama a todos os seus filhos, portanto sabe o momento certo de ajudar cada um a
evoluir, respeitando nosso livre arbítrio.
Querida amiga, a verdadeira paz é aquela que estou começando experimentar. O início é um profundo respeito por
cada um que nos advém, independentemente de querer ou
não; passei a entender melhor o ser humano.
Quando erramos, sofremos, somos egoístas, é apenas o nosso
lado humano que está se manifestando e, no momento que sentimos esse amor, é o lado divino que se manifesta. Mas todos nós
somos divinos, pois carregamos a centelha divina dentro de nós.
Quanto mais nos aproximarmos dela, maior se torna a compreensão do Todo e da misericórdia e amor de Deus por nós.
É, minha amiga, o caminho é árduo, mas é a única forma de
se chegar à verdadeira e duradoura paz.
Esta noite aprendi a rezar o Pai-Nosso com o coração. Tudo
está se tornando bem claro.
Quanto ao meu querido Duda, sei que ainda irei chorar muito, mas é só saudade. Não gostaria que ele voltasse para satisfazer meu egoísmo, pois sei que deu um grande passo para
sua própria evolução, conseguindo fazer evoluir todos nós.
Não creio mais que o fim seja a morte, apenas mudamos de
casa. Sei que ainda vou encontrá-lo e dividiremos experiên22
Maria Eugênia de Azevedo
cias ainda maiores. Aprendi também a me despir da vaidade
que é uma grande ilusão e nos afasta dos grandes propósitos.
Sinto que Deus tem pressa em nos fazer evoluir, pois esse
processo já está sendo mais rápido do que pensamos e Ele
quer que todos sejamos trigo.”
Um grande beijo a todos.
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A dor que não tem nome
O primeiro Dia das Mães
sem meu filho
Dois meses após a partida do Duda, estava eu prestes a
viver meu primeiro teste: passar o Dia das Mães sem a sua
presença física. Sabia que Marcelo e Maria Cláudia ficariam extremamente tristes se a minha dor ultrapassasse o
amor que eles queriam me entregar naquele dia. Lembrava
também de minha mãe que necessitava de meu carinho e
de minha coragem.
Eu e Sérgio sabíamos como seria difícil enfrentar aquele
dia. Mais uma vez roguei a Deus que nos desse a fortaleza
necessária. De repente me veio o pensamento intuitivo: “o
momento mais doloroso da sua vida já aconteceu, os demais
serão infinitamente menores, portanto, quando esse dia
chegar, você receberá o equilíbrio necessário, não antecipe
o que está por vir”.
Rezei um Pai-Nosso e senti que me restabelecia daquela
angústia.
Finalmente chegou o dia. Minha sogra resolveu dar um
almoço em sua casa e convidou todos os filhos, netos, noras
e meus pais. Antes de sentarmos à mesa mais uma surpresa
me aguardava.
Um dos irmãos de meu marido trouxera, juntamente com
a família, um amigo do Duda que estava com ele no dia do
acidente. Eles nos disseram que ele queria muito nos ver.
Fiquei totalmente sem ação. Olhava para aquele rapaz e parecia que estava vivendo aquele dia novamente. Não contive as lágrimas que começaram a escorrer pelos meus olhos,
mas, como sempre, depois da tempestade vem a calmaria,
24
Maria Eugênia de Azevedo
senti que gradativamente ia voltando ao equilíbrio e como
havia pedido fortaleza ao Pai, Ele me deu a oportunidade de
perceber o quanto eu a possuía.
Não houve presentes naquele dia, almoçamos, conversamos e nos despedimos.
Quando estávamos voltando para casa, recebi o caloroso
abraço de meus filhos e de meu marido, e juntos compreendemos que o amor que sentíamos estava acima de qualquer data
especial. Encontrei, assim, a serenidade que tanto buscava e,
sem cobranças, fomos dormir em paz.
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