Inter-American Development Bank Banco Interamericano de Desarrollo Banco Interamericano de desenvolvimento Banque interámericaine de développment BR-P1051 Departamento de Países do Cone Sul (CSC) Rascunho Não Editado GESTÃO DAS POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS NOS GOVERNOS ESTADUAIS BRASILEIROS ESTUDO DE CASO - BAHIA por Flávio de Cunha Rezende* *Banco Interamericano de desenvolvimento Novembro 2007 BANCO INTER-AMERICANO DE DESENVOLVIMENTO – BID GESTÃO DAS POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS NOS GOVERNOS ESTADUAIS BRASILEIROS ESTUDO DE CASO - BAHIA RELATÓRIO DE PESQUISA DE CAMPO Flávio da Cunha Rezende Recife, Novembro 2007 2 Índice Geral Introdução Capítulo 1 – As Políticas de Recursos Humanos na Bahia (2000-2007) 1.1. 1.2. 1.3. Legislação Evolução e Institucionalização Os Esforços Modernizantes Capítulo 2 – Diagnóstico dos Sistemas Sub-Funcionais 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. Planejamento das Políticas de Gestão de Recursos Humanos Gestão das Carreiras Desempenho e Produtividade Políticas de Remuneração Políticas de Promoção e Qualificação dos Servidores Capítulo 3 – Análise do Sistema de Gestão de Recursos Humanos 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. Eficiência Mérito Consistência Estrutural Consistência Diretiva Capacidade de Integração Capacidade Funcional Capacidade de Integração Considerações Finais Appendix Referências Bibliográficas 3 Introdução Este relatório apresenta os resultados do diagnostico e análise da política de gestão dos recursos humanos para o caso da Bahia no período de 2000-2007. Ele reflete a aplicação da metodologia referencial para as condições do caso estudado. O propósito básico é o de tentar analisar e compreender transformações recentes verificadas nas políticas de gestão dos recursos humanos na Bahia, e, em que medida estas políticas vem se alinhando com a demanda por maior profissionalismo, eficiência, e, coerência estratégica no Poder Executivo Estadual. O período considerado para a análise é de 2000 a 2007, momento em que se evidenciam profundas iniciativas de modernização da gestão pública nos estados brasileiros, e, especificamente na Bahia, com impactos sensíveis sobre as políticas de recursos humanos. Os dados analisados resultam da pesquisa de campo realizada junto a SAEB – Secretaria de Administração da Bahia – o órgão responsável pela gestão das políticas de recursos humanos no Estado. A pesquisa contemplou a coleta de dados em diversos níveis: aplicação de questionários abertos, fechados, coleta de dados in loco e entrevistas semi-estruturadas com gestores destas políticas. Em termos do seu conteúdo, o estudo se volta para compreender os mecanismos e os processos que produzem, nas condições especificas do caso da Bahia as principais variáveis (ou parâmetros) de análise: eficiência, o mérito, a consistência estrutural, a capacidade funcional e a capacidade de integração das políticas de gestão de recursos humanos. O relatório está organizado em três partes articuladas. A primeira é direcionada para a descrição e analise de um conjunto de aspectos relativos à institucionalização da política de recursos humanos no Estado da Bahia no período 2000-2007. A parte segunda é voltada para o diagnóstico dos sistemas sub-funcionais que constituem a política de gestão de Recursos Humanos. A parte terceira se volta para a análise dos parâmetros básicos. 4 Na primeira parte do relatório, o estudo se volta para oferecer elementos básicos para que se possa compreender como se organizam e funcionam as políticas de recursos humanos na Bahia. A seção se volta para apreender os processos de institucionalização da política de recursos humanos no período 2000-2007. Três dimensões analíticas são focalizadas: a análise da legislação, e, a evolução e organização das políticas; e, por fim, as políticas e programas modernizantes que estão diretamente relacionados às transformações na gestão de recursos humanos empreendidos na Bahia. A segunda parte está voltada para o Diagnóstico dos Sub-Sistemas Funcionais que compõem o sistema integrado de gestão de recursos humanos no estado da Bahia no período 2000-2007. Busca-se compreender e analisar a existência, as características estruturais, e, os pontos críticos de funcionamento dos 07 sistemas funcionais que compõem o modelo institucional de gestão de recursos humanos, tais como concebidos pela metodologia referencial. São examinados mais de perto os seguintes subsistemas: a) Planejamento das Políticas de Gestão de Recursos Humanos; b) Gestão das Carreiras; c) as Políticas de Ingresso, Mobilidade e Demissões; d) Desempenho e Produtividade; e) Políticas de Remuneração; f) Políticas de Promoção e Qualificação de Servidores Públicos. A terceira parte apresenta as análises do sistema de gestão de recursos humanos da Bahia a partir dos cinco parâmetros definidos pela metodologia utilizada: eficiência, mérito, capacidade funcional, capacidade de integração, e, consistência estrutural. A análise se volta para apresentar os fatores e mecanismos estruturais presentes em cada um dos subsistemas funcionais que contribuem para os parâmetros básicos. No final da cada seção, são apresentados, de forma esquemática, os principais mecanismos que produzem a emergência de determinados níveis para cada um dos parâmetros no caso da Bahia. Por fim, são apresentadas as considerações finais da análise. 5 Capítulo 1 – As políticas de gestão de recursos humanos na Bahia (2000-2007) Este capítulo apresenta as políticas de recursos humanos no Estado da Bahia no período de 2000 a 2007. Ele trata especificamente de questões relativas à legislação, a evolução e institucionalização, e, a análise dos esforços de reformas nos quais se insere as transformações e continuidades verificadas na gestão de recursos humanos. O foco recai sobre uma descrição básica dos principais elementos constitutivos que dão sentido ao processo de institucionalização e decisão sobre as diversas políticas na área de recursos humanos na administração pública estadual. 1.1. Legislação Nesta seção é realizada uma análise seletiva da legislação estadual que fundamenta e estrutura as políticas de recursos humanos na Bahia. Busca-se compreender os principais arranjos institucionais que possibilitam a compreensão da organização e estruturação das políticas de gestão de recursos humanos. Para tanto, a análise recai sobre a principal estrutura institucional que dá sentido a organização dos recursos humanos: o Estatuto do Servidor público civil de 1994. São tratados elementos relativos as forma de provisão dos cargos, os concursos, os requisitos da estabilidade, remuneração, provisão de vantagens e gratificações, bem aposentadorias. Inicialmente é importante situar que as políticas de recursos humanos no Estado da Bahia estão inseridas e adquirem sentido a partir das iniciativas de reorganização da administração pública, que se institucionalizaram a partir de importantes peças na legislação no período 19982007. A tentativa de conexão entre as estruturas, cargos, e, remunerações que se verifica no estado basicamente foram balizadas pela A Lei Estadual de n° 7.435, de 30 de 12 de 1998 é quem estabelece os critérios e parâmetros básicos para a organização e estrutura da Administração Pública do Poder Executivo Estadual1. 1 O Sistema de Seguridade dos Servidores Públicos Estaduais na Bahia é outra importante provisão para a profisisonalização das políticas de recursos humanos. Ele foi institucionalizado a partir da Lei n° 7.249, de 07.01.98. Com ela vem a criação do Fundo de Custeio da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia – FUNPREV/SEFAZ; a extinção do Instituto de Assistência e Previdência do Servidor do Estado da Bahia – IAPSEB; e a criação do Conselho Previdenciário do Estado – CONPREV. Em 2001 com a Lei Lei n° 6 Todas as Secretarias de Estado passam a ser hierarquizadas em funções meio e fim, a partir da seguinte lógica: Gabinete do Secretário, Diretoria Geral - DG (atividades-meio) e Superintendências e Diretorias (atividades finalísticas). As Diretorias Gerais são subdivididas em Diretorias Administrativas - DA, Diretorias de Orçamento Público - DO, Diretorias de Finanças – DF, e Coordenações de Modernização – CMO. Estas diretorias têm por finalidade coordenar os órgãos setoriais e seccionais dos sistemas formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática. As atividades e o gerenciamento de recursos humanos são, portanto, consideradas como uma das atividades meio, transversais a administração pública estadual. Este é basicamente o modelo formal que existe ainda hoje apesar das reorganizações da estrutura organizacional da administração pública, a exemplo das verificadas na Lei n° 8.538, de 20.12.02 e com a Lei n° 10.549 em 2006. Esta forma de organização é decisiva para que se possa entender a distribuição dos cargos comissionados, das formas de estruturação da hierarquia gerencial, e, da lógica de funcionamento da conexão entre administração e políticas públicas. Em termos das políticas de gestão de recursos humanos, especificamente, a institucionalização destas políticas vem ocorrendo desde 1975. O Quadro 1 apresenta os principais marcos regulatórios (em nível de Lei Estadual) que organizam a lógica de funcionamento das gestão de pessoal no Estado da Bahia em termos das políticas de contratação de servidores, das carreiras, de salários, de profissionalização, das formas de ingresso, demissões, e outros aspectos diretamente ligados a operacionalização das políticas públicas de recursos humanos. 7.936, de 09.01.01 se verifica a criação da Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor – CAS/SAEB. Com a Lei n° 9.528, de 22.06.05 é reorganizado o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais, se verifica criação do Conselho de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais, na SAEB. 7 Quadro 01 Legislação Estadual Políticas de Recursos Humanos Estado da Bahia 1975-2005 Lei n° 3.374, de 30.01.1975 Lei n° 3.375, de 31.01.1975 Lei n° 4.694, de 09.06.1987 Lei n° 6.677, de 26.09.1994 Estatuto do Servidor Policial Civil Estatuto do Magistério Público do Estado da Bahia. Estrutura o Plano de Carreira do Magistério Público Estadual de 1º e 2º Graus Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia, das Autarquias e das Fundações Públicas Estaduais Lei n° 7.146, de 27.08.1997 Reestrutura o Sistema Policial Civil de Carreira Profissional Lei n° 7.990, de 27.12.2001 Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia. Lei n° 8.261, de 29.05.2002 Estatuto do Magistério Público do Ensino Fundamental e Médio do Estado da Bahia e dá outras providências. Lei n° 8.352, de 02.09.2002 Estatuto do Magistério Público das Universidades do Estado da Bahia Lei n° 8.889, de 01.12.2003 Estrutura dos Cargos e Vencimentos no âmbito do Poder Executivo do Estado da Bahia. Lei n° 9.429, de 10.02.2005 Altera os dispositivos da Lei nº 8.889, de 1º de dezembro de 2003, que dispõe sobre a estrutura dos Cargos e Vencimentos no âmbito do Poder Executivo do Estado da Bahia. Fonte: SAEB (2007). Pesquisa de Campo. Todavia é em 1994, com a Lei 6.677 de 26.09.1994 – o Estatuto do Servidor Público Civil da Bahia é que são institucionalizados todos os parâmetros que regulamentam os procedimentos e políticas que dão ordem ao modelo das políticas de recursos humanos no Estado. A análise do estatuto, conforme sugere o Quadro 02 abaixo, mostra que a regulação dos recursos humanos é estruturada em 05 grandes áreas ou dimensões específicas: a) a provisão e vacância dos cargos; b) os direitos, vantagens e benefícios do servidor; c) o regime disciplinar; d) o processo administrativo disciplinar; e, e) o regime de contratação temporária de excepcional interesse público. No estatuto estão delineadas todas as diretrizes que pautam as políticas existentes a partir de regulações normativas (decretos, portarias, instruções normativas, e, outros) as especificidades de implementação das políticas de recursos humanos em suas diversas dimensões. 8 Quadro 02 Estatuto do Servidor da Bahia Dimensões e Conteúdos Específicos da Regulação da Política de RH Dimensão da Política de RH Conteúdo Normativo Provimento e Vacância • Nomeação • Concursos Públicos • Posse • Exercício • Estágio Probatório • Estabilidade • Promoção • Reversão • Aproveitamento e Disponibilidade • Reintegração • Recondução • Redaptação • Relotação e Remoção • Vacância Direitos, Vantagens e Benefícios Regime Disciplinar Processo Administrativo Disciplinar Contratação Temporária Excepcional Interesse Público • • • • • • • • • • Vantagens o Indenizações o Auxílios Pecuniários o Gratificações Férias Licenças Concessões Tempo de Serviço Benefícios (Aposentadoria) Direito de Petição Deveres Proibições Acumulação de Cargos Responsabilidade e Penalidades • • • • • Afastamento Preventivo Processo Disciplinar Proibições Julgamento Revisão • de Fonte: Estatuto do Servidor da Bahia. Elaboração do Autor 9 Um dos parâmetros de fundamental importância para a profissionalização do serviço público é relacionado às formas de provisão dos cargos públicos. O estatuto do servidor estabelece que as formas de provisão dos cargos públicos e a movimentação dos servidores são atos normativos da autoridade competente de cada poder (executivo, legislativo, ou judiciário), do dirigente superior de autarquia ou de fundação pública. A ocupação dos cargos ocorre por quatro mecanismos: a) nomeação; b) reversão; c) aproveitamento; d) reintegração; e, e) recondução. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira serão estabelecidos em normas legais e seus regulamentos específicos. A nomeação do servidor pode ocorrer em três modalidades: a) em caráter permanente, quando se tratar de provimento em cargo de classe inicial da carreira ou em cargo isolado; b) em caráter temporário, para cargos de livre nomeação e exoneração; e, c) em caráter vitalício, em casos previstos na Constituição. As duas modalidades primeiras são mais freqüentes, e, ocorrem das seguintes formas: a) a nomeação para cargo de classe inicial de carreira depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos; b) a designação para funções de direção, chefia e assessoramento superior (DAS) e intermediário (DAI), recairá, preferencialmente, em servidor ocupante de cargo de provimento permanente, observados os requisitos estabelecidos em lei e em regulamento. Outro importante aspecto da regulação existente são as formas e modalidades concursos públicos. Estes podem ser de provas ou de provas e títulos, realizando-se mediante autorização do Chefe do respectivo Poder, de acordo com o disposto em lei e regulamento. Eles têm validade de até 02 (dois) anos, podendo ser prorrogado, dentro deste prazo, uma única vez, por igual período, a critério da administração. A realização do concurso será centralizada no órgão incumbido da administração central de pessoal de cada Poder, salvo exceções legais. Os servidores nomeados para o cargo de provimento permanente, antes de adquirirem a estabilidade, onde são avaliados no desempenho do cargo a partir de quatro critérios: a) a assiduidade; b) a disciplina; c) a capacidade de iniciativa; d) produtividade; e, e) responsabilidade. O estatuto define que, de forma obrigatória, 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade competente a 10 avaliação do desempenho do servidor, que será completada ao término do estágio. Ao término do período de Estágio Probatório, o servidor adquirirá estabilidade. Uma vez estável, o servidor apenas perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar, desde que lhe seja assegurada ampla defesa. Quanto à organização das políticas de remuneração do estado, a lógica básica é de que os salários representam os vencimentos mais gratificações2 estabelecidas em lei, nas diversas carreiras, cargos e funções. Os vencimentos representam a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado na lei. O vencimento do cargo observará o princípio da isonomia, quando couber, e acrescido das vantagens de caráter individual, será irredutível, ressalvadas as relativas à natureza ou ao local de trabalho. A remuneração, por outro lado, é o vencimento do cargo, acrescido das vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias também definidas em lei. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior à soma dos valores fixados como remuneração, em espécie, a qualquer título, para Secretário de Estado. Existem dois tipos importantes de gratificações que incidem sobre as remunerações que são as Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo Integral de Dedicação Exclusiva (RTI) e a Gratificação por Condições Especiais de Trabalho (CTE) que não são regulamentadas pelo Estatuto do Servidor, mas, sim por Decretos Específicos. A Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo Integral de Dedicação Exclusiva (RTI) é regulamentada pelo Decreto 5.600 de 19 de Julho de 1996. Tal gratificação pode ser concedida para servidores públicos civis da administração direta e indireta (autarquias e fundações). Os beneficiários podem ser aqueles servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo, os de funções de confiança ou aqueles que possuem cargos de provimento temporário. 2 O serviço público estadual oferece um conjunto amplo de vantagens ao servidor que tomam a forma de indenizações, auxílios pecuniários, e gratificações. As indenizações assumem as formas de ajudas de custo, diárias e transportes. Por sua vez, os auxílios pecuniários são relativos à moradia, ao transporte, e alimentação do servidor. As gratificações podem ser de 07 modalidades distintas: a) pelo exercício de cargo temporário; b) natalina; c) adicional por tempo de serviço; d) adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; e) adicional pela prestação de serviço extraordinário; e) adicional noturno; e, f) outras gratificações ou adicionais previstos em lei. 11 Ela é utilizada quando recomendado pelo interesse público e com o fim de propiciar: a) o aumento da produtividade de unidades administrativas ou de seus setores; b) a realização de tarefas especializadas. Ela não pode ultrapassar o período de 150% do vencimento do cargo ou função ocupada pelo servidor. A Gratificação RTI incidirá sobre o vencimento básico do cargo de provimento efetivo ocupado pelo beneficiário e não servirá de base para cálculo de quaisquer outras vantagens, salvo as relativas à remuneração de férias, abono pecuniário resultante de conversão de parte das férias e gratificação natalina. A RTI será concedida em dois casos específicos: a) para aumento da produtividade de unidades administrativas ou seus setores; b) para a realização de tarefas especializadas. A legislação define os parâmetros básicos para os índices da gratificação para os dois casos, em função da escolaridade do servidor ocupante do cargo ou função, conforme apresentado no quadro abaixo. Os limites para a determinação do percentual concedido é função de três parâmetros: a) o grau de complexidade das tarefas; b) a qualidade do serviço prestado; e, c) o grau de responsabilidade envolvido. No caso da Gratificação RTI pelas tarefas especializadas, esta se da quando as atribuições ao cargo exigem a realização de estudos e pesquisas envolvendo planejamento, análises técnicas, ou interpretação de dados; ou quando elas se voltem para a elaboração de trabalhos técnicos. Ela somente pode ser direcionada para ocupantes de cargos efetivos de natureza técnica ou científica e a ocupantes de cargos ou funções de provimento temporário, dentro dos limites: Esta gratificação pode ser suspensa, a qualquer tempo, quando o desempenho do servidor é considerado insatisfatório. A Gratificação por Condições Especiais de Trabalho (CET) é regulamentada pelo Decreto 5.601 de 19 de julho de 1996. Sua concessão é também permitida para servidores públicos civis da administração direta e indireta. Os beneficiários são ocupantes de cargos efetivo, de funções de confiança ou de cargos de provimento temporário, quando recomendado pelo interesse público. A finalidade desta gratificação é: a) recompensar o trabalho extraordinário nãoeventual, prestado antes ou depois do horário normal; b) remunerar o exercício de atribuições 12 que exijam habilitação específica ou demorados estudos e criteriosos trabalhos técnicos; e, c) fixar o servidor em determinadas regiões. O valor máximo da gratificação CET concedida é parametrizada em 125% do vencimento básico do cargo ou função ocupado pelo servidor. Sua concessão é incompatível com as Gratificações pelo exercício-funcional em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva e com Gratificações por Serviços Extraordinários. A institucionalização do serviço público esteve também associada a provisão de um amplo conjunto de licenças ao servidor sob diversas formas. O estatuto da Bahia estabelece sete casos para a concessão de licenças: a) por motivo de doença em pessoa da família; b) por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; c) para prestar o serviço militar obrigatório; para concorrer a mandato eletivo e exercê-lo; d) prêmio por assiduidade; e) para tratar de interesse particular; e, f) para o servidor-atleta participar de competição oficial. O estatuto regulamenta claramente as condições especificas e os critérios de aposentadoria dos servidores públicos. O regimento atual considera que são três as condições: a) por invalidez permanente com proventos integrais, quando motivada por acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e, com proventos proporcionais, nos demais casos; b) compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço; c) voluntariamente. Os critérios para a contabilização do tempo de serviço para a aposentadoria dos servidores são estabelecidos no estatuto, e, são especificamente os seguintes: a) tempo de serviço público prestado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal; b) licença para tratamento de saúde de pessoa da família do servidor, até 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias; c) a licença para concorrer a mandato eletivo; d) tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no serviço público estadual; e) tempo de serviço relativo a tiro de guerra; f) até 10 (dez) anos do tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Social, desde que um decênio, pelo menos no serviço público estadual, ressalvada a legislação federal regulamentadora da matéria. Computarse-ão ainda, em dobro, para efeito de aposentadoria, como de efetivo exercício, os períodos de licença-prêmio não gozados. 13 Outros benefícios ao servidor além dos previstos na legislação de previdência e assistência estadual são presentes no sistema de recursos humanos da Bahia: a) aposentadoria; b) auxílionatalidade; c) salário-família; c) licença para tratamento de saúde; d) licença à gestante, à adotante e paternidade; d) licença por acidente em serviço. 1.2. Evolução e Institucionalização Esta seção focaliza na descrição e breve análise de aspectos relativos a evolução e institucionalização das políticas de recursos humanos na Bahia no período 2000-2005. O capitulo busca oferecer uma compreensão de elementos decisivos para que se possa entender a dinâmica de organização e funcionamento das políticas de recursos humanos. Especificamente, são discutidos os antecedentes das políticas de recursos humanos na Bahia nos anos 90; aspectos relativos à lógica de organização e conexão da estrutura de carreiras, políticas remuneratórias, e as estratégias de qualificação por competências introduzida no modelo recente. 1.2.1. Antecedentes da Política de Recursos Humanos na Bahia. A estrutura e organização recente das políticas de recursos humanos na Bahia bem como seus pontos críticos e dilemas reflete um processo que vem sendo institucionalizado desde os anos 90. Na realidade, a preocupação dos governos com a gestão de recursos humanos não é recente. Elas se estruturam a partir da década de 90, onde se iniciam os processos estruturais de modernização da gestão pública estadual. O governo da Bahia, portanto, é um dos primeiros estados a responder aos desafios de uma política gerencial para o tratamento da gestão pública. Nos anos 90, é encomendado a UFBA um importante estudo de diagnostico e avaliação sobre os esforços de modernização empreendidos pelo governo em diversos setores, inclusive sobre a administração publica, e, sobre a gestão dos recursos humanos3. 3 Este importante estudo de avaliação baseado em pesquisa metodologicamente orientada com um universo considerável de gestores e dirigentes públicos é um dos mais sólidos documentos que resgata as experiências de reforma no setor público, e, devota um dos capítulos sobre o problema da gestão dos recursos humanos. Cf. SAEB (2002). O Processo de Modernização do Estado: os avanços de uma década 1991-2001. Secretaria de Administração. Escola de Administração da UFBA. Salvador. 14 Este diagnóstico considera haver um conjunto de 14 fatores restritivos à performance, dente os quais 03 (três) que estariam mais diretamente ligados à gestão e planejamento dos recursos humanos. A inexistência de uma política de desenvolvimento dos recursos humanos; a incompatibilidade crônica entre o desempenho e a estrutura de cargos e salários; e, por fim, a insuficiência de informações gerenciais seriam pontos críticos que deveriam balizar os esforços de reorganização da gestão de pessoal no Estado. A modernização do modelo de gestão e do planejamento dos recursos humanos foi considerada decisiva para a ampliação da eficiência e efetividade da gestão pública. As novas políticas de gestão de recursos humanos da década de 90 trouxeram à tona um conjunto inédito de preocupações que ainda perduram no desenho institucional das políticas recentes. Os modelos e estratégias de RH na Bahia, conforme veremos adiante, têm tentado, em alguma medida, dar “continuidade e aperfeiçoamento” às estratégias anteriores. Com efeito, as políticas de Recursos Humanos a partir de 2000 tiveram como importantes questões de agenda: o redimensionamento e renovação do quadro de pessoal; o desenvolvimento e a capacitação de pessoas; a remodelação e criação de novas carreiras; a formulação de um sistema de avaliação de desempenho por resultados; e, a reforma dos modelos de assistência e previdência para os servidores estaduais. O diagnóstico da SAEB concluía que o “aparelho de estado na Bahia caracterizava-se pelo seu precário dimensionamento, fragmentação, estrutura organizacional piramidal, macro-processos estanques e micro-processos de trabalho fracionados, o que implicava baixo grau de integração, reduzida produtividade, e sobreposição de funções. Faltava capacidade de coordenação das políticas”. O estudo considera que o problema da fragmentação decisória e da coordenação das políticas públicas são dois dos mais cruciais aspectos da realidade da gestão pública na Bahia. Estes problemas aparecem como sendo um dos mais visíveis obstáculos à promoção de maior coerência e consistência na gestão dos recursos humanos. Ao final dos anos 90, o serviço público baiano era caracterizado pelo o crescimento expressivo das aposentadorias e pela adoção de uma política salarial não-universalista, centrada na concessão de gratificações distintas, e, diferenciadas por categoria funcional ou cargo. A prioridade do governo foi a de tentar promover estratégias de valorização, capacitação e 15 desenvolvimento dos servidores públicos, através de um programa de profissionalização do servidor. Este programa teve fundamentalmente dois eixos de ação: o primeiro deles voltou-se para a promoção de cursos de atualização profissional, treinamentos, e, formação regular dos servidores públicos; o segundo eixo voltou-se para a revisão dos planos de carreira e desenvolvimento profissional dentro do Projeto de Gestão de Carreiras e Desenvolvimento Profissional. Neste projeto estavam claras as intenções de adoção de uma remuneração flexível dos servidores com base nas suas competências e habilidades; e, a tentativa de compatibilizar o perfil dos servidores das carreiras estratégicas com um novo modelo de estado, e, dentro de um Sistema de Avaliação de Desempenho por Resultados. 1.2.2 Os anos 2000 e a construção de um novo modelo de gestão A partir de 2000 se institucionaliza um modelo de gestão das políticas de recursos humanos que perdura até o presente momento. Ele tem como órgão principal a Secretaria de Administração (SAEB), que é formalmente responsável pelas diretrizes de planejamento e pela concepção e gestão das políticas. No âmbito da SAEB, a parte mais específica sobre a área de recursos humanos é competência da Superintendência de Recursos Humanos – SRH. Ela tem o papel de planejar e orientar a gestão de Recursos Humanos no Estado, respondendo pelas funções de planejamento de quadros e carreiras, pela definição dos procedimentos administrativos gerais, pelo desenvolvimento de pessoas, e pelas políticas de gestão da saúde ocupacional e previdência estadual. As políticas que integram o modelo de gestão dos recursos humanos são produzidas no âmbito formal de quatro diretorias: a Diretoria de Desenvolvimento (DDE), a Diretoria de Recursos Humanos (DRH), a Diretoria de Previdência (DPR), e a Diretoria de Planejamento (DPL)4. Estas formulam e gerenciam os programas, projetos e ações operacionais que compõem as diversas dimensões ou sistemas funcionais que integram o sistema de gestão da política de recursos humanos. O dimensionamento das estruturas organizacionais e dos cargos de comissão e confiança é da competência da Superintendência de Gestão Pública (SGP/SRH), constituindo uma primeira 4 Para ver detalhes organizacionais sobre tais diretorias, em termos de suas composições, e, políticas recentes, cf. SRH(2007). Plano de Ação SRH. Salvador. Mimeo. O conjunto de políticas recentes será tratado em seção específica neste diagnóstico. 16 característica importante para a conexão entre pessoas e desenho organizacional. A implementação das políticas de recursos humanos é realizada pelas setoriais de Recursos Humanos. Nestas, as Unidades de Gestão de Pessoas são as entidades responsáveis pela promoção do processo de planejamento, tendo em vista as diretrizes básicas da SAEB/SRH O processo de planejamento e gestão das políticas de recursos humanos existente na BAHIA envolve basicamente 03 importantes secretarias consideradas como “sistêmicas” - Secretaria de Administração (SAEB), Secretaria de Planejamento (SEPLAN) e a Secretaria da Fazenda (SEFAZ). As demais instituições envolvidas no planejamento de RH são as Setoriais que correspondem ao grupo de atores organizacionais presentes nas Unidades Setoriais de Recursos Humanos, de Planejamento e Orçamento, e as Unidades de Gestão das Metas Estratégicas, envolvendo diversas Superintendências, Diretorias, e, Coordenações, no interior dos órgãos e entidades. As decisões estratégicas sobre recursos humanos no estado são tomadas de forma compartilhada com o COPE - O Conselho de Políticas de Recursos Humanos. O Conselho de Políticas de Recursos Humanos - COPE. Este conselho foi criado pelo Decreto 7.882, de 13 de dezembro de 2000. O COPE tem um papel consultivo e de supervisão superior, cuja finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas à política de recursos humanos do Estado. Como órgão consultivo e de supervisão a ele compete iniciativas que tem impacto direto sobre as definições do planejamento das políticas de recursos humanos, especialmente nas decisões relativas às estratégias de contratações, orçamento, programas de proteção social ao servidor, e, nas políticas salariais. Limitado formalmente ao poder executivo e a administração pública estadual, esta instituição tem por responsabilidade atuar nas seguintes funções: no estabelecimento de diretrizes e normas relativas à política de administração e desenvolvimento de recursos humanos; na análise de propostas orçamentárias (anual e plurianual) para a área de recursos humanos; na apreciação e aprovação de planos e programas relativos à área de recursos humanos; no estabelecimento dos critérios para definição da política de remuneração dos servidores públicos estaduais; viabilizar políticas que assegurem o processo permanente de profissionalização do servidor público; examinar propostas de alteração do regime jurídico 17 único; examinar planos de benefícios sociais para o servidor público; na apreciação dos pleitos de concessão, revisão e cancelamento de vantagens pecuniárias previstas para os servidores e empregados; na definição dos programas de gestão dos recursos alocados à pessoal do Estado, indicando métodos participativos para controle da execução orçamentária que lhes sejam destinados; na sugestão de providências para correção de atos e fatos, decorrentes de gestão, que repercutam na administração dos recursos humanos; na apreciação propostas de abertura de concursos públicos para provimento de cargos dos quadros da administração direta e indireta, manifestando-se conclusivamente sobre o cabimento da providência. O Governador do Estado desempenha papel chave na nomeação dos componentes do COPE. Sua composição atual é a seguinte: Secretário de Administração (Presidente); Secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia; Secretário da Fazenda; e, o Secretário do Trabalho e Ação Social. Além dos secretários citados participam o Procurador-Geral, e dois Superintendentes vinculados à SAEB: o de Desenvolvimento do Serviço Público e do Atendimento ao Cidadão – SESAC, e o de Recursos Humanos. Estes membros e seus suplentes. Além destes, segundo o regimento interno, o Presidente pode solicitar a participação de servidor ocupante de cargo em comissão ou técnico da Administração Pública, a fim de prestar esclarecimentos sobre matérias em discussão em uma dada área de competência. As decisões tomadas pelo COPE tem a forma institucional de resolução, e, as de caráter normativo, uma vez aprovada pelo governador, devem ser de observância obrigatória para os diversos órgãos e entidades na administração pública estadual. As resoluções que se transformam em políticas de recursos humanos serão submetidas ao governador, que, em julgando-as convenientes e oportunas, determinará a expedição dos atos normativos necessários. 1.2.3. A Organização das Carreiras, Remunerações e Qualificação por Competências Um dos importantes passos em direção à modernização e profissionalização da gestão pública no Estado da Bahia foi a reorganização do modelo de gestão das carreiras. Esta ocorreu com a institucionalização da Lei 8.889 de 01 de dezembro de 2003 que estruturou todos os cargos existentes sob o regime jurídico estatutário do Poder Executivo Estadual em Grupos Ocupacionais. O novo modelo foi pensado como uma tentativa de superar o crônico problema 18 da fragmentação sobre as carreiras do Poder Executivo Estadual e lidar com seus impactos sobre as políticas de remuneração dos servidores Os grupos ocupacionais são definidos como o “agrupamento de cargos identificados pela especificidade, peculiaridade e similaridade da natureza da atividade”. São definidos requisitos necessários para o desenvolvimento em suas carreiras, através de certificação ou avaliação que atesta a aquisição das competências previstas para o desempenho das atividades relativas aos cargos. O modelo define 13 (treze) grupos ocupacionais específicos: Artes e Cultura, Comunicação Social, Educação, Fiscalização e Regulação, Fisco, Gestão Pública, Obras Públicas, Segurança Pública, Serviços Públicos de Saúde, Serviços Penitenciários, TécnicoAdministrativo, Técnico-Específico, e, Técnico Jurídico. A política de carreiras é fundamentada em alguns objetivos e princípios específicos: a) valorização dos cargos através da sistemática de carreiras, adequando-os em grupos ocupacionais; b) a estruturação das carreiras com crescimento horizontal e vertical vinculados à aquisição de competências e com interstício mínimo de 3 anos para promoção; c) adoção do modelo de desenvolvimento de carreira, que permita a ascensão profissional e remuneratória em duas vertentes de competências técnicas e gerenciais; e, d) o estabelecimento do princípio de remuneração estratégica – fixa e variável. Outra importante inovação relacionada ao modelo de carreiras foi a Política de Gratificação por Competências (GPC) para algumas carreiras em grupos ocupacionais específicos. Foram regulamentadas, portanto, as estruturas de vencimentos e gratificação para os grupos de Artes e Cultura, Comunicação Social, Fiscalização e Regulação, Gestão Pública, TécnicoAdministrativo e Técnico-Específico. Para o grupo ocupacional Segurança Pública, embora a Lei 8.889/03 defina algumas regras, seguem legislação específica as carreiras do Sistema Policial Civil, de Delegado de Polícia - Lei nº 7.146/97 e da Policia Militar – Lei nº 7.145/97 e Lei 7.990/01. Outros grupos são regulamentados por legislação própria tais como Serviços Penitenciários (Lei nº 7.209/97); Serviços Públicos de Saúde (Lei nº 8.361/02); Educação (Estatuto do Magistério); Fisco (Lei nº 8.210/02); Obras Públicas (Lei nº 7.978/01); e, Técnico-Jurídico (Leis orgânicas da PGE e da Defensoria Pública). 19 A Lei 9.387 de 2005 instituiu a Certificação Ocupacional na Administração Pública do Poder Executivo do Estado. A Certificação Ocupacional é definida como sendo o “processo de avaliação decorrente de aplicação de exames práticos e/ou teóricos, de caráter eliminatório, a partir de testes desenvolvidos em conformidade com os conteúdos e práticas necessários ao exercício da ocupação, cuja estrutura, composição, e quantidade variarão em função da natureza das atividades”. A metodologia de Certificação prioriza a padronização qualitativa de serviços para profissionais, possibilitando mecanismos que atestem e garantam que as pessoas que ocupam determinadas posições são capazes, de fato, de atingirem bom desempenho profissional. Ainda de acordo com a Agência, a Certificação Ocupacional está relacionada, sobretudo, com a competência efetiva dos profissionais no trabalho e não somente com os aspectos formais (formação, extensão e titulação). Como objetivos específicos pode-se ressaltar: aprimorar a profissionalização e a qualidade dos quadros diretivos, gerenciais e técnicos; subsidiar incentivos para as carreiras ocupacionais; estimular a educação profissional continuada. A lei também introduz a importante inovação: o requisito da Certificação Ocupacional para as carreiras com um mecanismo de para a promoção dos servidores, e, neste sentido, tentando estabelecer uma conexão entre promoção e avaliação do desempenho. 1.3. Os Esforços Modernizantes Esta seção apresenta o conjunto de políticas e programas que se voltaram para promover esforços modernizantes na administração pública baiana e na gestão dos recursos humanos no período de 2000 a 2007. São discutidos elementos relativos à quatro programas articulados em diferentes níveis: o PROAGE, o Programa Gestão Bahia, o PROMORH - Projeto de Modernização da Gestão de Recursos Humanos, e, por fim, as iniciativas recentes do Plano de Ação da Superintendência de Recursos Humanos da SAEB. O propósito é fornecer uma contextualização da lógica e focalização destas políticas que conferiram direção, sentido e lógica ao conjunto de transformações desencadeadas nas diversas dimensões das políticas de recursos humanos. 1.3.1. O PROAGE e o Programa Gestão Bahia O PROAGE representou o esforço programático mais estruturado voltado para construir mecanismos que ampliem a efetividade e a transparência institucional da administração pública 20 na Bahia. A idéia-força deste programa é que as reformas da gestão pública adquirem sentido a partir da construção de um novo modelo de gerenciamento público, que deve ser implementado em diversos segmentos da gestão pública. Esta concepção integrada da reforma tem por base o conceito de ciclo transversal da gestão pública. Deve-se compreender, portanto, que as ações de modernização dos recursos humanos devem ser compreendidas no contexto integrado desta iniciativa modernizante. Esta estratégia integrada e transversal da gestão pública tem um caráter inédito para lidar com o crônico problema da fragmentação decisória e organizacional da gestão pública, e, num sentido mais específico, da gestão dos recursos humanos. O PROAGE foi iniciado na Bahia em 2004 em articulação com os esforços de transformação empreendidos pelo PNAGE no Governo Federal e contou com a participação do BID. Na sua primeira etapa, que corresponde aos primeiros três anos de implementação, esteve previsto um investimento de R$ 26,3 milhões, sendo o governo estadual responsável por uma contrapartida de 40% Estes recursos foram aplicados em 06 (seis) áreas consideradas estratégicas. Dentre elas, 68% dos investimentos recaíram sobre três componentes programáticos: a modernização das estruturas e dos processos administrativos; a gestão da informação e integração dos sistemas de tecnologia de informação; e a gestão dos recursos humanos. No componente voltado para as Estruturas Organizacionais e Processos Administrativos, o projeto vislumbrou atuar em nove linhas de ação: a) a definição de uma política de gestão pública; b) consolidar e implantar o Programa Gestão Bahia; c) conceber e implementar modelo de gestão da área de desenvolvimento organizacional e modernização administrativa; d) desenvolvimento de um modelo de gestão de custos; e) programa de formação gerencial; f) modelo de gestão da memória administrativa; g) programa de capacitação de servidores e técnicos da área de tecnologia de gestão e modernização administrativa; h) conceber modelo de gestão de logística, suprimento, patrimônio, assessoria jurídica e contratos. No que se refere aos esforços específicos na modernização da Gestão de Recursos Humanos, os esforços foram voltados para desenvolver a capacidade institucional das unidades estaduais de administração de recursos humanos em conformidade com um novo modelo de gestão. Especificamente, são previstas 10 ações nos primeiros 36 meses do projeto: a) redefinir a 21 política de recursos humanos, alinhada a um novo modelo de gestão; b) concepção de um modelo de gestão de RH com o redesenho de processos; c) planejamento da força de trabalho; d) modelo de desenvolvimento e capacitação; e) modelo de remuneração; f) modelo de avaliação de desempenho; g) implantar programa de desenvolvimento e capacitação para os servidores de recursos humanos; h) desenvolver e implantar um Sistema Integrado de Informações de RH; i) rever, simplificar e atualizar legislação de RH. A pesquisa de campo com os gestores identifica que estas são as principais questões que ainda estão em pauta na agenda das transformações de recursos humanos, e, que orientam as novas políticas conforme comentaremos adiante nesta seção. Esta continuidade se revela na medida em que o PROAGE vem tendo continuidade, e, a aplicação prevista de recursos é de R$ 5,7 milhões. As três principais prioridades programáticas continuam, e, a modernização dos recursos humanos responde por R$ 1,3 milhões, que respondem por 22,8% do valor total do programa. Para a modernização dos recursos humanos, o PROAGE parte da premissa de que é preciso a superação de alguns problemas estruturais do modelo tradicional de gestão. Segundo o estudo recente realizado pela SAEB/SEPLAN (2006), os principais problemas encontrados na área de recursos humanos na Bahia são: a deficiência na política de RH; inadequação do modelo de gestão de recursos humanos; falta de planejamento da força de trabalho; ineficiência na gestão de benefícios; deficiência na gestão e capacitação e do desenvolvimento de recursos humanos; insuficiência de mecanismos de avaliação de desempenho; baixo nível da capacitação dos servidores da área de RH; ausência de controle ou inconsistência de informações de RH/ fragilidade do sistema de informação de RH; obsolescência, baixa aderência e limitações da legislação de RH. O PROAGE estruturou as linhas de ação de RH em 05 componentes: política de RH, o modelo de gestão, o modelo de planejamento da força de trabalho, o programa de desenvolvimento e capacitação de recursos humanos, e o sistema integrado de informações. 22 1.3.2. O Programa Gestão Bahia No contexto da implementação do PROAGE, o Gestão Bahia é o programa que pretende difundir e implementar nos diversos órgãos e entidades da administração direta e indireta uma metodologia de planejamento estratégico e de gestão de processos; as políticas de acompanhamento e avaliação da gestão de pessoas; e, uma política de remuneração variável. Outro importante aspecto desta iniciativa de reformas é a tentativa de empreender um progressivo alinhamento das metas estratégicas das unidades gerenciais da administração pública ao Plano Plurianual e ao Plano Estratégico do Governo da Bahia. Este alinhamento tem por objetivo uma radical revisão das políticas de recursos humanos em termos de alocação de pessoas, profissionalização, carreiras, qualificação, salários, e, dimensionamento da força de trabalho, com profundas mudanças na lógica do planejamento de RH. A idéia básica do programa é o de promover o fortalecimento da capacidade de gestão e da implementação dos programas, projetos, e, ações estratégicas do governo. A lógica subjacente é a de tentar promover alinhamento estratégico entre o complexo rol de projetos e atividades, programas (45), linhas de intervenção (19), estratégias de ação do governo (5), o Plano Plurianual (PPA) e o Plano Estratégico da Bahia. As reformas ensejadas na lógica de gerenciamento dos recursos humanos do Gestão Bahia estão direcionadas para a superação do crônico problema de alinhamento entre as políticas de RH, as estruturas organizacionais e as políticas públicas. A suposição básica é de que muito dos problemas de desempenho (eficiência, efetividade e eficácia) das políticas de recrutamento, contratação, remuneração, e, avaliação do desempenho, conforme veremos adiante na análise, deriva de um “histórico descompasso estrutural” entre as áreas de gestão de recursos humanos e os programas de ação estratégica dos governos. As contratações não refletem as necessidades e prioridades programáticas do governo. O Gestão Bahia apresenta 03 linhas de ação: a Gestão Estratégica; a Gestão de Processos, e, as Políticas de Remuneração Variável. No que se refere especificamente as questões de Gestão Estratégica, os esforços foram direcionados para promover a sensibilização e envolvimento da 23 alta administração para definir um modelo de Formulação Estratégica de Políticas de Recursos Humanos, bem como aspectos relativos à sua sistemática de acompanhamento e avaliação. Para a questão da gestão de processos, o programa se volta para identificar os processos finalísticos das unidades gerenciais, e, a partir dai, a concepção de novos processos de forma mais simplificada e menos burocrática, alinhado a um novo modelo de gestão. Por fim, existe a necessidade ainda não-implementada, de desenvolver uma metodologia de remuneração variável. O alinhamento estratégico entre os recursos humanos e as políticas públicas é concebido a partir do conceito de compromisso de gestão, que é pactuado com base na matriz de Metas e Ações estratégicas do governo, considerando os princípios de eficiência, eficácia, e, efetividade. O compromisso de gestão esta centrado no princípio de co-responsabilidade dos níveis gerenciais e do corpo técnico na definição das metas institucionais; na discussão e negociação periódica das metas a partir da construção dos espaços consensuais; e, por fim, uma política de monitoramento da execução dos planos de ação e avaliação da eficiência gerencial. Neste processo, os principais atores envolvidos são a Secretaria de Administração, o Conselho de Gestão, e, os Órgãos e Entidades, com uma divisão de papéis e responsabilidades que pode ser visto no Quadro 1: Quadro 01 – Programa Gestão Bahia Atores Envolvidos, Papéis e Responsabilidades Atores Envolvidos Secretaria de Administração - SAEB Conselho de Gestão Órgãos e Entidades na Administração Pública Papéis e Responsabilidades Gerenciamento e coordenação do programa Promoção dos modelos de tecnologia de gestão Avaliação dos Resultados Políticas de Capacitação de RH Aprova os Compromissos de Gestão Acompanhamento das metas Aprovação das Políticas de Remuneração por Desempenho Aderir ao Programa Gerenciamento das ações no âmbito organizacional e decisões sobre problemas de performance Fonte: SAEB A estrutura funcional do programa prevista é de ter 03 atores básicos: o Conselho de Gestão, a Coordenação Executiva, e, o Comitê Gerencial. O Conselho de Gestão é um órgão consultivo, deliberativo e de supervisão, presidido pelo Secretário de Administração, e com a participação 24 das Secretarias de Fazenda, Planejamento, e demais envolvidas no Programa, bem como pelo Superintendente de Gestão Pública da SAEB. O Conselho tem por fim analisar, deliberar e acompanhar as ações, bem como validar os resultados institucionais. A coordenação executiva do programa é delegada a Superintendência de Gestão Pública, com a responsabilidade de planejar, acompanhar e implantar o programa, bem como articular com as diversas entidades do governo. O comitê gerencial é formado pela Coordenação de Planejamento de Gestão da SAEB e pelos coordenadores do processo de Planejamento Estratégico dos órgãos e entidades, com a finalidade de coordenar, acompanhar, viabilizar e implantar as ações do programa nos diversos órgãos. A implementação do Gestão Bahia depende, na concepção de seus formuladores, de alguns elementos críticos para o alinhamento estratégico das ações: a) o aumento dos graus de envolvimento dos dirigentes máximos de cada órgão e entidade; b) a construção de uma rede gerencial de atores e parcerias que possa dar conta da intersetorialidade requerida para atingir as metas elencadas nas políticas públicas; c) a implementação de uma política efetiva de incentivos e remunerações diferenciadas a partir da efetividade organizacional de metas institucionais (e individuais) negociadas com o governo; d) a difusão do planejamento estratégico, das tecnologias e modelos gerenciais na administração pública; e) construção de uma cultura de comprometimento organizacional e aprendizagem; e, por fim, f) a flexibilidade e ajuste a heterogeneidade cultural das organizações públicas. Os resultados esperados com o programa são: a aderência da gestão ao PPA e aos Planos Estratégicos de Governo; profissionalização da gestão pública a partir da introdução de mecanismos de gestão voltados para a qualidade; racionalização dos recursos públicos; capacitação dos recursos humanos a partir das metas específicas de suas unidades de ação. 1.3.3. A modernização dos Recursos Humanos: o PROMORH Em articulação com o PROAGE, o PROMORH - Projeto de Modernização da Gestão de Recursos Humanos - foi o programa inédito de modernização da gestão de recursos humanos no estado da Bahia. Com um horizonte de ações que compreendeu o período de 2000 a 2006, o programa contou com o apoio financeiro do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento (R$ 2,6 milhões) e recursos do Estado da Bahia (R$ 5,5 milhões). O 25 programa pretendeu empreender mudanças no modelo de gestão de pessoas do Poder Executivo estadual. Ele postula o desenvolvimento de competências e resultados, sistematizando o processo de planejamento de recursos humanos de forma integrada ao planejamento de governo. O PROMORH veio para atender uma demanda crônica na gestão de recursos humanos na Bahia, onde se partia da premissa de que havia uma completa inexistência do conhecimento dos dados básicos da burocracia bem como do seu funcionamento em termos de suas rotinas e procedimentos. Anterior ao PROMORH, a área de recursos humanos era basicamente focalizada em aspectos circunscritos às necessidades circunstanciais de emissão da folha de pagamento. A lógica das ações do PROMORH foi construída a partir de um diagnóstico em que a gestão dos Recursos Humanos apresentava alguns problemas e desafios a serem superados: a ineficiência dos instrumentos de gestão, a obsolescência da tecnologia de informação, a desatualização das informações cadastrais e funcionais, reduzido de esforços de capacitação dos profissionais de recursos humanos. Ademais, e de considerável importância é o fato básico de que o processo de planejamento e gestão das políticas de recursos humanos tem um precário alinhamento com as políticas e o planejamento estratégico do governo. Este problema, alinhado a expansão de uma burocracia complexa e legalista, muito movida por procedimentos formais e aplicação da legislação, afeta a capacidade de governo de orientar-se por resultados, e, mais claramente de institucionalizar o planejamento na gestão pública. A busca por um novo modelo de gestão na área de recursos humanos passa a ser considerada como elemento necessário para superar a eliminação do desperdício e de ineficácia na utilização do capital humano na administração pública, bem como de produzir impacto positivo sobre o ajuste das contas públicas na Bahia. O PROMORH foi organizado para atingir resultados nas áreas de Organização e Gestão e da área de Tecnologia de Informação. No que diz respeito a Organização e Gestão, o principal esforço se voltou para ampliar capacidade de gerenciamento das ocorrências funcionais dos servidores que geram um excessivo volume de burocracia de “dossiês”. Para que se tenha uma 26 idéia do que representava o problema da burocracia exigida para a concessão de benefícios ao servidor, de acordo com o Estatuto do Servidor. Antes do PROMORH uma mostra da complexa conexão entre as unidades organizacionais envolvidas, a quantidade de trâmites burocráticos, e, o tempo médio para a liberação era consideravelmente elevado. Os gestores consultados na pesquisa revelam que antes do PROMORH havia uma burocracia complexa, lenta, e, com elevados custos associados. O PROMORH tratou de atuar ativamente no conhecimento e redefinição dos procedimentos, visando eliminar custos e simplificar a burocracia com pesados investimentos em tecnologia e bancos de informações gerenciais, conforme comentamos anteriormente. A institucionalização dos sistemas de informação ocorreu a partir deste esforço inédito, com sensíveis impactos sobre a modernização dos processos gerenciais sobre a folha de pagamento. A premissa básica do programa era a de que a introdução de tecnologia de informação e a política de redesenhos de processo se pudesse criar os meios eletrônicos com o uso massivo de tecnologia de informação capazes fazer com que a quase totalidade das solicitações das ocorrências funcionais sejam realizadas diretamente no sistema sem o uso de protocolos em papel; reduzir de 1 a 2% da despesa de pessoal do Estado, em função de inconsistências da folha de pagamento, propiciando uma economia anual em torno de R$ 50 milhões. Por outro lado, na área de Tecnologia da Informação, o PROMORH pretende: a) possibilitar meios para atualização permanente das informações cadastrais dos servidores estaduais; b) universalizar o acesso eletrônico dos servidores/empregados públicos ao sistema para solicitarem seus direitos e benefícios, às informações cadastrais e do histórico funcional, via internet; c) universalizar o acesso dos gestores públicos ao sistema para atenderem às solicitações dos servidores/empregados públicos, e realizarem ações de sua competência. O Quadro 02 apresenta as principais linhas de ação do PROMORH. 27 Quadro 02 PROMORH – Linhas de Ação e Propósito Linha de Ação 1. Consolidação das Rotinas 2. Redesenho dos Processos-Chave 3. Desenvolvimento Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH) 4. Atualização do Cadastro e Histórico do Servidor 5. Desenvolvimento do Portal do Servidor 6. Projeto de Quadro de Lotação de Pessoal 7. Projeto de Quadro de Pessoal por Programa de Governo 8. Plano de Carreiras 9. Desenvolvimento de Metodologia de Avaliação 10. Desenvolvimento do Sistema de Informações Gerenciais 11. Capacitação 12. Análise, Sistematização e Disponibilização On-Line da Legislação de Pessoal 13. Adequação da Legislação de Pessoal ao Redesenho de Processos Propósito Mapeamento das Rotinas de RH (SAEB/SRH e Setoriais) Concepção Modelo de RH organizado em 06 macroprocessos Criação do SIGRH; Migração do SGRH para o SIGRH; Consolidação de Informações Cadastrais Recuperação dos Dados Cadastrais e Históricos Funcionais dos Servidores Ativos; Atualização e Validação da Base do SIRH Relacionamento via web com servidor Identificar o real quadro de pessoal e sua efetiva lotação Proposta de Integração do Planejamento de RH com Plano Plurianual; Associar os quadros de pessoal aos órgãos e entidades com os programas, ações e metas. Desenvolvimento de um Plano de gestão de carreiras e concepção de diretrizes para o desempenho profissional Implantar mecanismos de avaliação de desempenho nas áreas/equipes da SAEB/SRH como projeto piloto para o estado Criação do Sistema OLAP (Online analytical processsing) com arquitetura datawarehouse para uso gerencial ágil Desenvolvimento de Competências necessárias ao servidor público estadual Disponibilização da Legislação de Pessoal da Bahia via web Proposição de minutas de projetos de lei e outros dispositivos jurídico-administrativos 14. Concepção de um novo modelo de Tecnologia de Informação Formulação de uma nova plataforma tecnológica para o novo sistema de gestão de RH - SIGRH 15. Detalhamento dos Processos-Chave de RH Descrever a situação de detalhamento dos processos de recursos humanos. SAEB/SRH (2006). Relatório do PROMORH 2000-2006. Elaboração do Autor. A política de redesenho de processos de RH foi um dos principais impactos do PROMORH e a Bahia deu inicio a um complexo e minucioso movimento de compreender como a burocracia de fato se organizava, e, como esta produzia ineficiência, custos e desperdícios. Iniciativas voltadas para o redesenho de procedimentos relativos a organização e gestão das rotinas de recursos humanos foi um dos focos privilegiados da SAEB. A Diretoria de Planejamento produziu um completo manual de procedimentos com os novos processos e rotinas dentro do novo modelo de gestão e foi um dos mais importantes avanços para a compreensão da complexidade e das estruturas burocráticas envolvidas nas decisões que afetam o servidor público estadual na Bahia. O redesenho de processos foi construído a partir de seis macroprocessos de RH para a administração pública estadual: planejamento estratégico de RH; desenvolvimento; admissão e cadastro; ocorrências funcionais; benefícios; pagamentos e controle gerencial. Foram especificados novos procedimentos e rotinas de recursos humanos, com a eliminação de inconsistências, redundâncias e desperdícios de tempo, além de propor racionalização das estruturas administrativas e funcionais, garantindo a transparência e a legitimidade das informações para o planejamento. 28 Quadro 03 PROMORH – Redesenho de Processos Macroprocessos Fundamentais e Ações Macroprocessos 1. Planejamento e Desenvolvimento dos Recursos Humanos 2. Cadastro e Admissão 3. Ocorrências Funcionais - Movimentação 4. Pagamentos 5. Benefícios 6. Controle Gerencial Ações definição da política e planejamento da gestão de pessoal; mapeamento e consolidação das necessidades atuais e futuras por recursos humanos; cadastrar e consolidação das informações gerenciais para planejamento e avaliação criação de controle e acompanhamento das informações cadastrais das fases de processo seletivo até a admissão do servidor controle automático das movimentações cadastrais e funcionais que podem ocorrer durante a vida funcional do servidor controles automáticos das atividades relacionadas à folha de pagamento dos servidores ativos e aposentados controles automáticos das atividades relacionadas à concessão das aposentadorias, pensões e outros benefícios previdenciários e assistenciais controle e avaliação através da análise contínua das metas planejadas, dos resultados alcançados e bases para comparação de desempenho; especificação de um novo conjunto de indicadores para a gestão de rh; instrumentos de análise gerencial on-line SAEB/SRH (2006). Relatório do PROMORH 2000-2006. Elaboração do Autor. 1.3.4. O Plano de Ação da Superintendência de Recursos Humanos Em 2007 no início da nova gestão, a SRH/DPL produziu um importante documento referencial, o Relatório do Plano de Ação da Superintendência de Recursos Humanos, o qual sistematiza as principais iniciativas ou políticas a serem perseguidas pelo governo da Bahia para dar continuidade aos modernização da gestão de recursos humanos. Conforme veremos adiante, a nova política não apresenta uma ruptura radical com as políticas anteriores, mas, sim, um aprofundamento da experiência e do reconhecimento de que, apesar dos avanços promovidos desde 2000, seria necessário refocalizar e organizar sob uma nova lógica as políticas de pessoal, introduzindo novos elementos, e, perseguindo o crônico problema da demanda por alinhamento e coerência estrutural entre as políticas de recursos humanos e o planejamento governamental. Novas idéias-força são introduzidas e materializadas em linhas de ação alinhadas ao contexto de equilíbrio e prudência fiscal, e, elevação da qualidade do atendimento no serviço público. O novo conjunto de iniciativas é fundamentado em uma matriz composta por seis as linhas estratégicas: a gestão de pessoas; a valorização do servidor; a profissionalização do serviço público; suporte à gestão de pessoas, e, a reorganização da previdência estadual (Cf. Quadro 04). Estas teriam por propósito promover níveis mais elevados de governança e capacidade de 29 gestão dos recursos humanos, a partir de um maior alinhamento estratégico das políticas públicas do governo. Ganha força também um ponto “esquecido” no PROMORH: o problema da reconfiguração da qualidade do trabalho. Esta seria fundamentada a partir das idéias de valor público e de aprendizado organizacional. Os gestores entrevistados na pesquisa consideram que um dos principais problemas da cultura administrativa baiana é a ausência de políticas mais efetivas para promover o engajamento e a motivação dos servidores públicos. Novas idéias como o trabalho decente, o êxito psicológico, e as novas formas de negociação trabalhista aparecem como decisivas no desenho das novas políticas. Para a questão da profisisonalização busca-se focalizar em aspectos ligados ao problema do desempenho do servidor, que ainda é um problema crônico, como se verá nos capítulos seguintes, e na questão da educação corporativa, com os grupos de aprendizagem organizacional. A idéia de promover maiores capacidades e qualidades do serviço público extrapola em muito a teoria de que os salários são a principal fonte motivacional do servidor público. Quadro 04 SRH – Programas, Linhas de Ação e Finalidade das Políticas Recentes Programas Linhas de Ação Finalidade Gestão de Pessoas • • • Política de Gestão de Pessoas Aprendizagem Organizacional Planejamento do Quadro de Pessoal Fortalecer a governança do Poder Executivo Valorização do Servidor • • • • Princípios Motivadores do Servidor Negociação Trabalhista “Ganha-Ganha” Cargos, Carreiras e Remunerações Qualidade de Vida no Trabalho Promover ambiente de aprendizagem e de trabalho decente Profissionalização do Serviço Público • • • Gestão do Desempenho Educação Corporativa em Gestão Pública Gestão de Benefícios Não Previdenciários Ampliar capacidades e melhorar qualidade dos serviços públicos Suporte à Gestão de Pessoas • • • Atualização Cadastral e Histórico Funcional Desenvolvimento de Tecnologias e Sistemas Procedimentos para a Gestão de Pessoas Assegurar simplificação dos processos e a confiabilidade das informações de pessoal Reorganização da Previdência • • • Criação do BAHIAPREV Revisão das Pensões Previdenciárias Recadastramento de Pensionistas e Inativos Aprimorar os serviços da previdência estadual, assegurando informações fidedignas. Fonte: SRH(2007). Plano de Ação. Elaboração do Autor. O detalhamento em termos dos objetivos de cada um destes programas está elencado no Quadro 05. Os dados mostram que a nova política continua perseguindo ativamente a melhoria da capacidade do processamento e gerenciamento de informações que foi desenvolvido no PROMORH, que existe uma clara intenção de dar centralidade ao 30 planejamento das políticas de gestão de recursos humanos. Esta se baseia na questão da adequação da estrutura organizacional e de recursos humanos com o planejamento orçamentário, e, mais ainda, como planejamento estratégico do governo. A idéia de valorização do servidor passa fundamentalmente por uma redefinição dos incentivos para a motivação, e, também por um claro esforço de revisão das atuais políticas e arranjos regulatórios para a organização dos cargos, das carreiras, e, por conseqüência, dos salários. A questão da avaliação do desempenho a partir da idéia de remuneração variável a partir da produtividade permanece como desafio a ser perseguido pela nova gestão. Quadro 05 SRH – Linhas de Ação e Objetivos dos Programas Programa/Linha de Ação Objetivos Gestão de Pessoas 1. Política de Gestão de Pessoas Garantir unidade nas diretrizes de gestão de pessoas, alinhadas ao planejamento do governo 2. Planejamento do Quadro de Pessoal 3. Aprendizado Organizacional Valorização do Servidor Público Adequar a estrutura de pessoal ao planejamento orçamentário Fortalecer a inteligência estratégica e qualidade da gestão pública 1. Princípios Motivadores da Ação Administrativa 2. Negociação Trabalhista “GanhaGanha” 3. Cargos, Carreiras, e Remunerações 4. Qualidade de Vida no Trabalho Profissionalização do Serviço Público 1. Gestão do Desempenho Fortalecer o grau de comprometimento e colaboração dos servidores com a missão institucional 2. Posicionamento Estratégico da Gestão de Pessoas 3. Educação Corporativa Imprimir confiança e transparência nas relações trabalhistas Aperfeiçoar a gestão de cargos, carreiras e remunerações Promover a prevenção, o diagnóstico precoce e a reabilitação da saúde do servidor Ampliar a competência das pessoas na organização, subsidiando sistemas de remuneração variável, recompensas e premiações por resultados Fortalecer e Garantir maior transversalidade e posicionamento estratégico das políticas de gestão de pessoas Fortalecer a cultura organizacional com foco na melhoria da gestão pública 4. Gestão de Benefícios NãoPrevidenciários Suporte à Gestão de Pessoas Otimizar serviços e racionalizar gastos com saúde e segurança do trabalhador 1. Atualização Cadastral Fornecer uma base de dados cadastrais confiável, validada pelos servidores e em conformidade com os órgãos expedidores Resgatar informações sobre a trajetória do servidor ativo desde seu ingresso, ampliando a base de dados do sistema atual e facilitando a implantação do novo sistema integrado de pessoas Garantir conformidade com os novos procedimentos provenientes do redesenho de processos e com o novo ordenamento jurídico Instrumentalizar as áreas de gestão de pessoas para uma ação uniforme e integrada 2. Histórico Funcional 3. Adequação da Legislação 4. Manual de Procedimento para a Gestão de Pessoas 5. Desenvolvimento de Ferramentas e Sistemas 6. Controle Sistêmico e acompanhamento da folha de pagamento 7. Comunicação Oferecer soluções integradas em Tecnologia de Informação para fortalecer o gerenciamento descentralizado Verificar as inconformidades, mensurar os prejuízos e assegurar a correlação entre proventos e cargos Criar canais de comunicação entre a Diretoria de Recursos Humanos, setoriais e servidores Fonte: SRH(2007). Plano de Ação. Elaboração do Autor Em termos dos resultados esperados pela nova política, que em muito reflete as demandas crônicas do modelo existente, passa por uma ampla lista de pontos, conforme apresentado no 31 Quadro 06. Diversos elementos que caracterizariam uma maior profissionalização e institucionalização dos sistemas de gestão dos recursos humanos estão presentes. A primeira grande expectativa é a formulação e implementação da política de gestão de pessoas em que esteja o planejamento como elemento central. O dimensionamento de pessoal e da força de trabalho bem como sua conexão com o planejamento estratégico e orçamentário do governo também aparece como ponto crucial a ser atingido. Os impactos destas ausências são consideráveis, e, muito dos problemas de planejamento derivam deste ponto, conforme discutiremos com maior profundidade nos capítulos de diagnóstico e análise mais adiante. Outro item desejado pela nova política é o aprofundamento no conhecimento e analise sobre a relação entre a cultura organizacional e os incentivos necessários a motivação dos servidores. Esta questão jamais foi “levada com a seriedade necessária” na análise das políticas de recursos humanos. Outra idéia importante a ser atingida é a difusão da idéia de aprendizagem organizacional e engajamento como valores estratégicos na política de gestão de pessoas, Nas políticas de gestão dos salários, diante da heterogeneidade da administração pública estadual, e das diferentes demandas, se busca a implementação do Sistema Estadual de Negociação Permanente e dos Núcleos centrais e setoriais, o que representa um considerável avanço nas negociações dos conflitos trabalhistas. Outros resultados esperados pela nova política são ligados ao aperfeiçoamento do modelo de gestão de cargos, as estruturas de carreiras e remunerações, a introdução de critérios meritocráticos e avaliação para ascensão funcional; introduzir critérios meritocráticos para ocupação dos cargos de comissão; compatibilização entre estrutura de cargos com ações finalísticas dos órgãos e entidades. Pretende-se também promover os critérios de recompensas e premiações do servidor bem como encontrar os mecanismos para a implementação do processo de avaliação do desempenho. 32 Quadro 06 SRH – Linhas de Ação e Produtos Esperados Programa/Linha de Ação Resultados Esperados Gestão de Pessoas 1. Política de Gestão de Pessoas 2. Planejamento do Quadro de Pessoal 3. Aprendizado Organizacional Valorização do Servidor Público 1. Princípios Motivadores da Ação Administrativa Formulação e implementação da política de gestão de pessoas. Internalização de uma cultura de planejamento integrado; dimensionamento do quadro de pessoal; conexão entre o dimensionamento da força de trabalho e o planejamento estratégico e orçamentário do governo. Papel estratégico da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas como consultora interna em aprendizagem organizacional; funcionamento da escola de governo; execução do programa de educação corporativa Realização de pesquisas sobre cultura organizacional e motivação dos servidores; difusão da idéia de aprendizagem organizacional e engajamento como valores estratégicos na política de gestão de pessoas; conexão com tecnologia de informação 2. Negociação Trabalhista “Ganha-Ganha” Implementação do Sistema Estadual de Negociação Permanente e dos Núcleos centrais e setoriais 3. Cargos, Carreiras, e Remunerações Aperfeiçoamento do modelo atual de gestão de cargos, carreiras e remunerações; Introdução de critérios meritocráticos e avaliação para ascensão funcional; introduzir critérios para cargos de comissão; compatibilização entre estrutura de cargos com ações finalísticas dos órgãos e entidades 4. Qualidade de Vida no Trabalho Implementação do Projeto Intersetorial de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida; Reestruturação da Junta Médica Oficial do Estado Profissionalização do Serviço Público 1. Gestão do Desempenho 2. Posicionamento Estratégico da Gestão de Pessoas Definição dos critérios de recompensas e premiações do servidor; implementação do processo de avaliação do desempenho. Criação e capacitação de grupos de referencia em gestão de pessoas para atuação nos órgãos e entidades; implementar laboratórios de aprendizagem e práticas para a formação de gestores de linha em gestão de pessoas; difusão de boas práticas na área de gestão de pessoas. 3. Educação Corporativa Promoção de eventos de ambientação e inserção dos novos servidores no serviço público; fortalecimento do núcleo de especialistas em gestão pública; criar modelo de acompanhamento e avaliação dos programas de desenvolvimento. 4. Gestão de Benefícios Não-Previdenciários Racionalizar gastos com seguridade a partir da concessão correta de pensões e aposentadorias; mecanismos para racionalizar gastos com insalubridade e periculosidade; redução dos índices de absenteísmo; criar ferramentas gerenciais para avaliar saúde ocupacional dos servidores. Suporte à Gestão de Pessoas 1. Atualização Cadastral 2. Histórico Funcional 3. Adequação da Legislação 4. Manual de Procedimento para a Gestão de Pessoas 5. Desenvolvimento de Ferramentas e Sistemas 6. Controle Sistêmico e acompanhamento da folha de pagamento 7. Comunicação Concluir o recadastramento dos servidores ativos e inativos; elaborar e implantar o recadastramento periódico de todos os servidores ativos. Recuperar dados históricos funcionais no período 1973-1993; definição das formas de manutenção do histórico funcional; promover a validação dos dados recuperados. Revisar o Estatuto dos Servidores Públicos; adequar a legislação ao novo modelo de gestão de pessoas Revisar e validar os procedimentos de gestão de pessoas; Elaborar, disseminar e implantar o Manual de Procedimentos Implantação do Sistema Integrado de Gestão de Pessoas (SIGRH); Implantar o Sistema de Quadro de Pessoal por Programa – SIQUAP; atualização do Portal RH-NET; descentralização do Sistema de Informações Gerenciais - OLAP Identificação das inconsistências da folha de pagamento relativas a direitos e vantagens ao servidor. Implantar veículos de comunicação com o servidor: jornal informativo, call center, e help desk para usuários do SIRH. Fonte: SRH(2007). Plano de Ação. Elaboração do Autor 33 Capítulo 2 - Diagnóstico dos Subsistemas Funcionais Esta seção analisa os subsistemas funcionais que compõem o sistema integrado de gestão de recursos humanos no estado da Bahia no período 2000-2007. Busca-se compreender e analisar a existência, o funcionamento, as características estruturais, e, os pontos críticos de funcionamento dos 07 sistemas funcionais que compõem o modelo institucional de gestão de recursos humanos, tais como concebidos pela metodologia referencial utilizada neste estudo. Em função dos dados coletados na pesquisa, são examinados mais de perto os seguintes subsistemas: a) Planejamento das Políticas de Gestão de Recursos Humanos; b) Gestão das Carreiras; c) as Políticas de Ingresso, Mobilidade e Demissões; d) Desempenho e Produtividade; e) Políticas de Remuneração; f) Políticas de Promoção e Qualificação A preocupação central da seção é dupla: primeiro, é a de oferecer elementos que possam complementar as informações históricas e contextuais examinadas no capítulo 3; e, ao mesmo tempo, a de subsidiar informações estruturais e gerenciais para as análises do capitulo seguinte, onde se examinam mais de perto os parâmetros centrais da pesquisa tais como eficiência, mérito, consistência estrutural, capacidade funcional, e, capacidade de integração da política de gestão de recursos humanos. Por fim, vale ressaltar que a base de dados primários que fundamenta a análise é proveniente das respostas dos questionários abertos e fechados e das entrevistas semi-estruturadas realizadas em campo com os gestores de recursos humanos. 2.1. Planejamento das Políticas de Gestão de Recursos Humanos Nesta seção tenta-se compreender a existência, o papel estratégico, e, os pontos críticos do planejamento das políticas de gestão de recursos humanos na Bahia. A seção compreende a três importantes aspectos relativos ao planejamento: a organização e estruturação do modelo de gestão; importância estratégica dos sistemas gerenciais de informações; e, por fim, discute-se aspectos relativos a integração e alinhamento do planejamento com outras áreas e políticas de recursos humanos 34 2.1.1. O Modelo de Gestão de Recursos Humanos Ao menos do ponto de vista formal, existe um modelo institucionalizado de planejamento e gestão das políticas de recursos humanos no estado da Bahia que existe há pelo menos desde 2000. Ele é composto pela Secretaria de Administração – SAEB, órgão sistêmico responsável pelas políticas e diretrizes gerais, e que decide sobre de forma compartilhada com o Conselho de Política de Recursos Humanos. As políticas de gestão dos recursos humanos representam uma função meio transversal a todas as secretarias na administração pública baiana5. A responsabilidade de implementar de forma descentralizada das políticas e diretrizes do planejamento nas diversas entidades da administração pública é das Setoriais de Recursos Humanos. Estas entidades operam com reduzida função gerencial, e são basicamente responsáveis pela elaboração da folha de pagamento bem como pelo encaminhamento continuo das solicitações de novas contratações de servidores. Elas basicamente organizam as demandas por contratação de servidores no estado, que são enviadas e autorizadas pela SAEB e pelo COPE em função de parâmetros orçamentários e fiscais. O papel de planejamento estratégico das setoriais nas políticas de RH ainda é muito restrito. De acordo com os gerentes entrevistados o modelo atual atua com consideráveis problemas de coordenação com impactos sensíveis sobre a eficiência, a coerência estratégica, e, a consistência diretiva do modelo de gestão, dado o nível de autonomia e flexibilidade que tais entidades operam no modelo de gestão de pessoas. O fortalecimento institucional destas unidades, apesar de fundamental para superar tais pontos críticos de gestão, ainda não se verifica como realidade. A função planejamento de recursos humanos tem sido institucionalizada a partir de 2000 com o esforço modernizante empreendido pelo PROMORH trouxe à tona a necessidade de racionalizar as despesas com a burocracia, especialmente com a racionalização dos procedimentos burocráticos na concessão de benefícios funcionais, e promover o equilíbrio fiscal na Bahia. Houve um esforço inédito de compreensão da lógica dos procedimentos burocráticos, através uma política de redesenho de processos. Esta foi considerada essencial para dotar o planejamento de informações no sentido de produzir eficiência fiscal para o equilíbrio dos gastos públicos. Para tanto foi necessário repensar as questões relacionadas aos 5 O organograma geral do estado da Bahia se encontra em Appendix. 35 recursos humanos, especialmente a partir de um novo modelo de gestão e organização das ocorrências e benefícios funcionais para os servidores6. O programa tentou criar e institucionalizar iniciativas voltadas para reorganizar e dar sentido ao papel estratégico das áreas e funções de recursos humanos nas organizações com forte atenção a questão do controle das despesas. A gestão da folha de pagamento e, especialmente de gestão dos benefícios ao servidor através das ocorrências funcionais derivadas do Estatuto do Servidor de 1994, e, basicamente foi a principal política planejada para a área de recursos humanos. De forma inédita passou-se a ter um maior nível de controle em termos do gerenciamento da folha de pagamento e controle das despesas. Os gestores entrevistados consideram que o modelo de recursos humanos é centrado numa lógica orçamentária, excessivamente focalizada na folha de pagamento, sem uma integração mais aguda com informações gerenciais mais refinadas. As setoriais ainda exercem um papel muito reduzido no planejamento das demandas por pessoal, e, basicamente operam na gestão do pagamento de pessoal. O modelo de gerenciamento e planejamento dos recursos humanos trabalha basicamente com informações quantitativas fornecidas pelas setoriais de RH, com históricos funcionais e cadastrais do servidor, que é a base para a decisão sobre o orçamento para pagamento da força atual de trabalho e do planejamento das novas contratações. A orientação básica pelas demandas emergenciais por contratações de servidores pelas setoriais é um dos impactos mais críticos da ausência de mecanismos mais consistentes e institucionalizados para o planejamento das carreiras, dos salários, e, de outras dimensões da política de RH no Estado. Aliado a lógica orçamentária para o planejamento dos recursos humanos está o excessivo peso das estruturas formais das legislações de carreiras e das estruturas. Estas basicamente definem, sem conexão com o mérito, com o desempenho, ou com as competências técnicas, ou mesmo com as necessidades, as demandas por pessoal, as políticas de promoção, dos salários, e outros 6 De acordo com dados de pesquisa de campo realizada pela SRH/DPL, verificou-se, num universo de pesquisa de 320.000 processos em 05 anos, a existência de uma duração média de 112 dias para a liberação de uma concessão de benefícios ao servidor6. Para tal liberação, em média são envolvidas 06 unidades administrativas, produzindo em média 22 páginas por processo administrativo. Para cada tramitação necessária, em média, eram somados 34 dias ao processo burocrático. A existência destes procedimentos e formalização burocrática, por outro lado, foi considerada com desnecessária: apenas 0,8% dos pedidos são negados. Em outras palavras, basicamente a totalidade dos processos administrativos eram liberados, todavia, com sensíveis custos de gestão, e, especialmente de “burocracia”. A necessidade de reduzir custos burocráticos balizou a política agressiva de investimento em produzir um conhecimento mais planejado dos principais fluxos administrativos no contexto da burocracia baiana que foi prevalente no PROMORH a partir de 2000. 36 aspectos, sem muito espaço para a construção de políticas mais adequadas as realidades estratégicas das organizações. O excessivo peso das heranças formais sobre as políticas contemporâneas é apontado pelos gestores como um dos pontos críticos para a institucionalização de uma administração pública mais profissional e que seja planejada de forma a viabilizar a importante conexão estratégica com a matriz de políticas públicas existente no Estado da Bahia. 2.1.2 Os Sistemas Gerenciais de Informação O modelo de planejamento existente é fundamentado em um sistema de informação gerencial. o Sistema Integrado de RH – SIRH, que foi concebido em 1994. Este sistema é a base informacional do gerenciamento de recursos humanos na Bahia. Este sistema foi concebido em 1994 e é responsável pela geração mensal da folha de pagamento, abriga os dados cadastrais e históricos funcionais de aproximadamente 252mil servidores ativos e inativos, estagiários e menores aprendizes. O sistema é ainda operado de forma centralizada e com pouca conexão com a produção de informações de corte mais gerencial para o planejamento de recursos humanos. Pela sua difícil operacionalização para a geração de informações gerenciais, alguns órgãos do estado, inclusive a SAEB, desenvolveram ferramentas “individualizadas” para geração de relatórios não estruturados a partir de suas próprias demandas por informação. A SAEB desenvolveu uma ferramenta data warehouse que abriga informações cadastrais e financeiras dos servidores numa base SQL abrangendo o ano de 1994 até a presente data. A SEFAZ e SEC também possuem sistemas paralelos de informações cadastrais e históricos funcionais. O SIRH vem sendo questionado pelos gestores de recursos humanos dado que ele não atende as demandas gerenciais frente à complexidade da gestão de pessoas na Bahia. Nos anos recentes foi realizado um investimento na formação de um novo sistema, no contexto do PROMORH ainda não foi concluído. Os gestores entrevistados consideram serem reduzidos os investimentos no fortalecimento destes sistemas nas setoriais de recursos humanos no estado, bem como na tentativa de integração destas. Este é considerado um ponto crítico do 37 planejamento gerencial dos recursos humanos, especialmente dentro de uma lógica de descentralização e autonomia das setoriais na implementação das políticas. Os limites operacionais do sistema gerencial de informação existente são claras e a SAEB vem tentando aperfeiçoar tal modelo a partir de um novo Sistema de Gestão de RH – SGRH, baseado nas rotinas gerenciais sugeridas pelo redesenho de processos do PROMORH, e que se encontra paralisado em função de questões contratuais. O novo sistema tem como características a versão on-line, base relacional e integração de todos os macro-processos do gerenciamento de recursos humanos tais como: planejamento, desenvolvimento, admissão, cadastro, ocorrências funcionais, pagamento, benefícios previdenciários e controle gerencial. Esta seria uma tentativa inédita de consolidar um modelo que possa superar a lógica “orçamentária” que rege o modelo existente. O sistema concebido no novo modelo se pauta nos princípios de eficiência e agilidade nos controles gerenciais nos processos decisórios sobre a concessão dos benefícios aos servidores. Ele introduz novos conceitos para o gerenciamento das informações de recursos humanos tais como auto-atendimento a gestores e servidores, desburocratização de rotinas, descentralização, integridade da base de dados pela possibilidade de integração com diversas bases de dados dos órgãos de origem das informações, além da implementação de rotinas de auditoria. Dentre um universo de 25 informações consideradas estratégicas para o planejamento de recursos humanos que os sistemas existentes poderiam produzir em termos de precisão e confiabilidade, os gestores consultados afirmam que 14 itens (56%) são produzidos e conhecidos com razoável precisão e confiabilidade gerencial; para 8 tipos de informação (32%) sistema não estaria preparado para gerá-las. Em 3 casos (12%), entretanto, embora não se disponha da informação requerida, seria possível de saber com relativo esforço. A análise dos dados revela que os tipos de informações que se pode saber com precisão e confiabilidade são as seguintes: quantitativo geral da força de trabalho; quantitativo de servidores por tipo de vinculo; quantitativo de servidores por carreira; despesas de pessoal; folha salarial; despesas com aposentadoria; estrutura salarial; distribuição dos cargos 38 comissionados; salários médios por carreira; idade média dos servidores; distribuição dos servidores por sexo; e a quantidade de horas aula de treinamento por servidor. Isto revela que a orientação e concepção dos sistemas gerenciais, que refletem as prioridades dos modelos de gestão, respondem com precisão aos indicadores que mais de perto dizem respeito ao modelo “orçamentário” cujo foco é basicamente a concessão dos benefícios e do pagamento mensal dos servidores. Neste ponto, os sistemas existentes atendem bem as demandas. Os limites gerenciais são claros quando se pretende saber sobre dados mais refinados, especialmente sobre o planejamento futuro da força de trabalho. Os sistemas não estão preparados para produzir quaisquer informações sobre as demandas atuais e futuras por concursos em cada organização ou carreira; perfil das habilidades requeridas para carreiras e cargos; níveis de excesso ou déficit de servidores por carreira e organização; resultados das avaliações de desempenho; o montante anual aplicado em qualificação; bem como a quantidade de computadores e pontos de acesso a internet por servidor ou por organização. 2.1.3. O Alinhamento e a Integração do Planejamento com outras áreas Os sistemas funcionais da política de recursos humanos na Bahia operam de modo “desalinhado” e centrado numa lógica que privilegia aspectos emergenciais e formais e não aqueles orientados estrategicamente pelo planejamento. A gestão de recursos humanos opera dentro de níveis elevados de desintegração entre as demandas por contratação de pessoal e as ações estratégicas do governo. O planejamento é basicamente voltado basicamente para dotar os gerentes de RH de controle formal do planejamento voltado para a execução da folha e do controle das despesas, dado o forte interesse em manter as despesas de pessoal dentro das metas admitidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. As setoriais de RH nas diversas secretarias operam de forma “autônoma” e com considerável poder para definir de fato as demandas por contratações sem sintonia mais profunda com as políticas ensejadas pelos governos, ou com critérios definidos pelo planejamento de RH. Em conseqüência, o sistema de gestão de RH revela a presença de níveis elevados de desconexão estrutural entre o planejamento e dimensionamento de pessoal, a alocação nas estruturas organizacionais, e, o encaixe com as políticas públicas. Este fator é considerado um dos pontos críticos e principal obstáculo ao desenvolvimento das políticas de planejamento e gestão dos recursos humanos na Bahia. 39 De forma surpreendente, a desconexão estrutural e seus impactos sobre a eficiência do sistema gerencial ainda não foi alvo privilegiado de esforços analíticos mais estruturados para a produção de investigações e análises mais realistas sobre o dimensionamento da força de trabalho. As políticas recentes têm colimado esforços preliminares para avançar na tentativa de produzir um dimensionamento da forca de trabalho com base nas necessidades reais e integração com o PPA participativo. Todavia, estas ainda são políticas que demandarão esforços consideráveis para compreender a lógica da desconexão estrutural existente em suas reais dimensões e impactos, especialmente no que concerne a informações mais consistentes oriundas do planejamento e seus sistemas. Por outro lado, as decisões sobre salários, carreiras, aposentadorias, promoções, desempenho, ainda são tomadas com base em aspectos formais, legais, e, não atendem a uma política mais geral baseada em critérios técnicos e gerenciais. O modelo tradicional é fortemente pautado por aspectos formalistas e excessivamente burocráticos. O planejamento não ocupa papel estratégico dentro na política de modernização dos recursos humanos no seu sentido mais amplo, que vai alem das questões orçamentárias e fiscais já consideradas. Os gestores entrevistados reconhecem haver nas políticas recentes uma compreensão sobre a relevância do planejamento na gestão de recursos humanos para a estruturação de políticas de salários, carreiras, aposentadorias, avaliação do desempenho, modernização gerencial, e racionalização da composição da força de trabalho. Todavia, o modelo de planejamento existente ainda carece de um esforço mais consistente para encontrar estratégias mais sólidas para elevar sua racionalidade e eficiência com orientação por parâmetros de desempenho e produtividade. Há outro importante avanço reconhecido pelos gestores que é o de uma progressiva, embora lenta e gradual, mudança de cultura burocrática no que se refere aos esforços de planejar e gerenciar os recursos humanos. Os gestores entrevistados afirmam estar havendo, na realidade, um “choque entre o modelo tradicional-burocrático e um modelo gerencial de recursos humanos”. O modelo tradicional se pauta por uma lógica decisória e organizacional que trabalha de modo fragmentado. Os recursos humanos são compreendidos como insumo para a produção de benefícios e concessões aos servidores, i.e, para a folha de pagamento. No modelo gerencial, por seu turno, o planejamento dos recursos humanos passa a ser uma importante política. O engajamento, a motivação, e, a qualificação dos servidores representam 40 elementos decisivos ao servidor público, e, estes, dependem, em grande parte, da existência de planejamento. O planejamento é compreendido como um importante aspecto para produzir a racionalidade organizacional a partir da conexão com sistemas integrados de informação, a gestão a partir das transversalidades das políticas públicas que compõem a ação do governo. No confronto entre os dois modelos, todavia, apesar do discurso recente, ainda prevalece na Bahia, o legado tradicional. O gerenciamento mais efetivo dos recursos humanos ainda é um “longo caminho” a ser perseguido pelas novas políticas. Os gestores entrevistados afirmam categoricamente que outra dimensão característica do modelo de planejamento de é o reduzido alinhamento ou conexão estratégica com as iniciativas de políticas públicas existente no estado. Há uma desconexão histórica entre a alocação dos recursos humanos, as estruturas organizacionais, e, as ações estratégicas do governo. Embora existam diretrizes e os fundamentos para a adoção de um novo modelo gerencial concebido a partir de 2001, onde se pretende integrar o planejamento de pessoal com as ações estratégicas do governo da Bahia, na realidade, a articulação entre a oferta projetada de pessoal e demanda por contratações ainda é um considerável obstáculo ao planejamento efetivo das políticas de recursos humanos. Os gestores entrevistados são alinhados na idéia de que um “novo modelo de gestão” requer tal conexão como ponto central de preocupação. 2.2. Gestão das Carreiras 2.2.1. O Modelo de Gestão das Carreiras O modelo de organização e gestão de carreiras foi racionalizado a partir de 2003 com a criação da Lei 8.899, que tentou dar tons mais profissionais a “descoordenação burocrática” e salarial que havia nas estruturas hierárquicas anteriores. A nova lei de carreiras introduziu substanciais mudanças na lógica de organização e funcionamento da política de carreiras na administração pública da Bahia. A nova politica de recursos humanos se fez acompanhar uma mais racional forma de organização dos recursos humanos, que passaram a ser organizados nos grupos ocupacionais. 41 Do ponto de vista forma, as funções de regulamentação e organização da política de carreiras dos servidores efetivos é de responsabilidade formal da SAEB7. Ela basicamente “reflete” a aplicação das disposições legais estruturados no Estatuto do Servidor, nas legislações específicas que regulamenta algumas carreiras, legislações relativas as estruturas organizacionais, e mais especificamente a Lei 8.899 de 2003. Ela define os critérios para elegibilidade, para promoções, progressões, e, os vencimentos básicos de cada classe e hierarquia nas carreiras. Tal organização de carreiras vai ter seu rebatimento nas políticas salariais, e, portanto, considerada decisiva em termos de seu impacto sobre a despesa com pessoal. O planejamento estratégico desempenha reduzida influência na concepção das políticas de carreiras. Estas são mais orientadas pelas heranças formais e legais do que por princípios de mérito, o desempenho e a produtividade. Os gestores consultados afirmam que os critérios balizadores para a definição das políticas de carreiras são muito vagos e pouco institucionalizados. O principio orientador, todavia, é que as novas contratações e perfis devem, em principio, ser alinhadas com a legislação pertinente, e com os novos papéis e funções do Estado. São também importantes aspectos relativos a adequação da formação dos candidatos, e, fatores relativos as formas de contratação e ao tipo de vinculo. Todavia, tais critérios ainda são vagamente institucionalizados. Inexistem pesquisas e estudos sistemáticos que orientem com maior precisão e aderência a realidade sobre os perfis de habilidades requeridas para o desempenho das funções em cada carreira. Não existem estratégias mais institucionalizadas de seleção dos candidatos escolhidos para os cargos em cada carreira em termos da produtividade ou orientados pelo planejamento. Em conseqüência, existem reconhecidos descompassos entre as contratações realizadas e os perfis 7 Para alguns grupos ocupacionais específicos tais como o Fisco, a Educação, os Serviços Públicos de Saúde, e os Serviços Penitenciários existem políticas específicas definidas pelas Secretarias da Fazenda, Educação, Saúde e Segurança Pública. Os dados coletados revelam não haver ainda uma estratégia clara de integrar tais políticas de organização das carreiras com as diretrizes básicas do planejamento dos recursos humanos. Há uma dominância das leis específicas que regem as carreiras em termos dos perfis, habilidades, competências, bem como no tocante aos salários. Não são conhecidos mecanismos que definam critérios mais consistentes para alinhamento estratégico dos recursos humanos com a organização das carreiras da SAEB. O que tem havido, entretanto, é uma estratégia nos últimos anos de tentar definir as carreiras consideradas estratégicas, a exemplo dos Especialistas em Políticas Governamentais, que venham consolidar um novo modelo de Estado dentro da lógica gerencial. 42 requeridos, especialmente devido aos requisitos técnicos e formais dos concursos públicos, que privilegiam candidatos com nível superior. Estes usualmente fazem concursos para o ingresso em níveis de escolaridade inferior, produzindo um problema para o gerenciamento dos recursos humanos, e, impactos sobre a motivação e o planejamento do trabalho nas organizações. A pesquisa com os gestores revela que a tênue conexão entre as políticas de carreiras e o planejamento de recursos humanos é uma realidade e deve ser enfrentada pelas políticas futuras. Não se considera que as carreiras produzam incentivos gerenciais voltados para maior produtividade e desempenho. Apesar dos esforços ensejados nos últimos anos, ainda se mostram muito distantes a consolidação de critérios técnicos que posicionem as habilidades e dos perfis gerenciais como elementos decisivos para as estratégias de ocupação dos cargos. Segundo os entrevistados, fatores como o mérito e a competência técnica não representam, de fato, fatores decisivos para a ocupação de um cargo, especialmente aqueles de natureza gerencial. Os gestores entrevistados reconhecem distorções na política de organização das carreiras e que estas tendem a gerar poucos estímulos ao trabalho produtivo, para o êxito e a aprendizagem institucional. Tipicamente, os servidores uma compreensão limitada sobre suas responsabilidades organizacionais e como eles podem contribuir para a realização de metas e para o desempenho das organizações. Predomina uma cultura de “sobrevivência burocrática individual” centrada em grande fragmentação, pouca preocupação com a difusão e o compartilhamento de informações consideradas essenciais para a produtividade. Em conseqüência deste modelo, os servidores passam a ser fortemente voltados para uma competição desenfreada por maiores salários, e, por galgar posições de maior prestigio, sem maiores preocupações com o mérito, a competência técnica, e, mesmo a formação de habilidades profissionais. Conforme comentado anteriormente, a pesquisa revela que há uma grande influencia de legados de políticas importam muito na definição das políticas existentes sobre a organização e classificação dos cargos na burocracia. A lógica tradicional de organização das estruturas, dos cargos, e, dos salários são basicamente definidas por legislação competente, com reduzidíssimo espaço para inovações. Não existem estudos que busquem compreender sobre a efetividade 43 destas formas tradicionais de “organizar” a burocracia. Este ponto deve ser um dos itens decisivos na construção de um novo planejamento de RH, reconhecem os gestores. O planejamento não conhece como as estruturas produzem efeitos sobre a produção do mérito, da competência, e, sobre a produtividade individual e organizacional. Por outro lado, os dados também mostram que as estratégias recentes de revisão e reestruturação destas estruturas são principalmente orientadas por motivações salariais. As políticas de carreiras são pouco acopladas a produtividade e ao mérito, mas, sim, a aspectos corporativos, especialmente, aumento de salários. Os limites orçamentários é que basicamente definem os níveis de remuneração em cada carreira (grupo ocupacional) e nível hierárquico. Inexistem estudos de planejamento que tentem avaliar sobre o custo-efetividade destas estruturas burocráticas e seus impactos sobre o desempenho e a produtividade. O processo decisório de tais políticas ainda é muito centralizado e pouco inclusivo. Os gerentes de RH participam muito pouco na definição dos perfis necessários de contratações. Quando o fazem, não se fundamentam, por diversas razões, em critérios técnicos que possam informar sobre contratações, perfis e impactos sobre produtividade. Na realidade, o modelo existente ainda conta com o peso muito forte de fatores tradicionais e do atendimento “reativo” a demandas emergenciais por contratação. O modelo ainda se pauta por um desconhecimento das demandas por servidores (e dos perfis) e é capturado pelas lógicas das setoriais de recursos humanos que solicitam contratações sem sintonias mais precisas com o planejamento das carreiras e dos perfis desejáveis. Há uma conexão sim entre as contratações e as restrições fiscais impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Há ainda uma prevalência da lógica desarticulada das demandas por servidores. Este ponto afeta de perto a qualidade da ocupação dos cargos de comando e direção, que de forma muito tênue consideram o mérito e a competência como decisivos para a ocupação dos cargos. Há ainda um predomínio da cultura da informalidade na pratica gerencial que atinge o planejamento e a institucionalização das políticas de RH. Os gerentes de recursos humanos tendem a privilegiar os papeis formais dos gerentes nas suas práticas quotidianas. 44 2.3. Gestão do Ingresso, Mobilidade e Demissões De acordo com as diretrizes do Estatuto do Servidor da Bahia, a forma básica de admissão de servidores para cargos efetivos na administração estadual é através de concurso público. Para adquirir a estabilidade, estes passam por um período de estágio probatório. Por outro lado, o ingresso de servidores nos cargos comissionados (de confiança) fica a critério do governador e dos secretários de estado a livre nomeação e exoneração. Não existe uma política e um planejamento mais estruturado para o treinamento introdutório e adequação dos novos contratados para suas funções nos cargos específicos. Estas estratégias são restritas a algumas carreiras estratégicas tais como os Especialistas em Políticas Públicas (EPG), do Fisco, da Segurança Pública. Os EPGs são treinados pela própria SAEB; os da Segurança Pública pela Acadepol/Secretaria de Segurança Pública; e os recém ingressos no Fisco recebem treinamentos específicos oferecidos pela Secretaria da Fazenda. Os gestores entrevistados afirmam que não há um conhecimento mais aprofundado sobre as relações entre as estratégias de recrutamento e seleção dos novos servidores e a profissionalização e o mérito na administração pública na Bahia. Este problema não é foco de atenção de estudos e pesquisas sistemáticas. Isto se deve em parte ao fato de que as admissões estão fortemente condicionadas a aprovação em concurso público, e, pelo fato de serem muito frágeis os mecanismos subseqüentes de avaliação no exercício das funções. Fica difícil avaliar as reais contribuições para profissionalização e mérito. As políticas de ingresso são basicamente uma resposta “reativa” as demandas emergenciais e circunstanciais das setoriais de recursos humanos, e, as decisões são tomadas com base formal legal sem maior vinculo com a efetividade e o impacto destas políticas. O impacto mais imediato percebido é o impacto fiscal e orçamentário das contratações. Há uma dificuldade generalizada de aprofundar no conhecimento sobre os perfis desejáveis para os candidatos nas diversas áreas, funções e carreiras da administração pública. O processo de contratações de servidores é altamente regulamentado por diretrizes e formalidades que muito normativamente se norteiam pelos princípios da igualdade, do mérito, e da impessoalidade. A organização dos concursos, da seleção e do ingresso no setor público é 45 ainda um processo consideravelmente regido pelas leis e com pouco espaço para que se possa contratar servidores de acordo com as demandas reais das organizações. De acordo com os entrevistados na pesquisa, este formalismo impacta decisivamente sobre a não-especificação das habilidades e competências que deveriam compor os perfis ideais para cada cargo. Embora isto já venha sendo feito nas políticas mais recentes, ainda de forma muito específica, para alguns cargos e organizações, há uma compreensão de que haveria um risco de ruptura com o principio impessoalidade, parâmetro de importância basilar na organização burocrática segundo o Estatuto do Servidor. A aderência as formalidades e ao principio da impessoalidade, quase sempre se traduz em políticas de concursos públicos que tendem a privilegiar a escolaridade superior em detrimento a adequação e habilidades específicas para os cargos. Este tem sido um dos efeitos da tentativa de promover o mérito apenas com o concurso público na entrada dos servidores, com base nas provas e títulos. As formalidades impedem de que se possa, na compreensão dos gestores, definir “critérios subjetivos” que iriam além de dimensões técnicas e profissionais. As políticas de contratação de servidores também incluem estratégias de promoção da equidade e da nãodiscriminação (por sexo, gênero, e, etnia) nas políticas de contratação de novos servidores, com a reserva de um percentual das vagas para portadores de deficiência, exigência estabelecida em lei. A influência de fatores políticos na contratação dos servidores não é considerada como de impacto para as estratégias de contratação de servidores estáveis. Esta sim afeta de modo intenso a aproximadamente 18% dos cargos (cargos em comissão) da administração que são definidos pelo governador e pelos secretários de estado. Há uma forte influencia política também nos escalões gerenciais uma vez que os secretários de estado, segundo a regulamentação existente, nomeiam os cargos de direção e assessoramento superior. As políticas de saúde preventiva e de qualidade do trabalho também são presentes na Bahia. Há uma política em curso definida pela Coordenação de Gestão de Saúde Ocupacional na Secretaria de Recursos Humanos criada em Agosto de 2005. Os dados recentes mostram que tem havido uma redução das ausências ao trabalho por problemas relacionados à saúde ocupacional. A taxa de ausência reduz do numero médio anterior de 2.600 afastamentos/mês, 46 para um patamar de 1.262 afastamentos/mês. Deste total, 83,73% dos afastamentos dizem respeito a servidores das Secretarias da Educação (56,29%) e Saúde (27,44%). Comparativamente, estes percentuais ainda se mostram elevados. Iniciativas de identificação dos riscos ambientais inerentes às atividades destas Secretarias, prioritariamente, já estão em estudo, os quais servirão de base para a elaboração de Programa Intersetorial de Saúde Ocupacional que irá abranger todos os órgãos do estado. As principais causas de faltas ao trabalho estão associadas as patologias relacionadas à Ortopedia, com ênfase para as dorsalgias, seguidas por problemas relacionados à hipertensão arterial, distúrbios de origem psiquiátrica como transtornos depressivos, ou relacionados à ansiedade. Em termos gerais, pode-se se afirmar que as demandas emergenciais por contratações é o principal fator que define/orienta, de fato, as estratégias de seleção e recrutamento dos servidores. As políticas de recrutamento de servidores possuem alinhamento forte com demandas circunstanciais das diversas secretarias sem uma orientação pelo mérito, perfis e habilidades desejadas. Esta característica tem feito com que, a despeito de um esforço de aperfeiçoamento das estratégias de difusão dos concursos públicos nos últimos anos, não tenha se conseguido de fato atrair candidatos com habilidades desejáveis para os novos perfis de servidores. Este é um dos dilemas gerenciais que devem ser superados pelas políticas futuras. A realidade existente mostra que, apenas em algumas carreiras específicas e mais estratégicas, tais como no fisco, na segurança e nos especialistas de políticas públicas, se verifica um mais razoável alinhamento entre as políticas de contratação e as habilidades. Para o universo da administração há um descompasso estrutural. Outro ponto relevante para a análise é a reduzida relevância que a questão do mérito desempenha na organização do ingresso no serviço público. O mérito é “entendido” apenas como “aprovação no exame de concurso”, o que, de fato é uma visão limitada, e, que reflete a frágil condução das políticas de RH no estado. Os critérios formais e legalistas das carreiras e das estruturas restringem de fato as opções e escolhas sobre novos perfis de servidores. As contratações de servidores efetivos obedecem basicamente às exigências de aprovação em concursos de provas e títulos, não levando em conta, o importante aspecto das habilidades e competências do desempenho das atividades da carreira, ou outros elementos mais adequados à carreira, e, habilidades que transcendem aos critérios formais. Reconhece-se, de modo ainda 47 impreciso, que o servidor vai “aprendendo com o trabalho” e com a carreira. Esta crença impacta de modo decisivo sobre a produtividade e a eficiência do sistema. As comissões de seleção dotadas de autonomia, independência e recrutadas pela competência técnica reconhecida ainda não são institucionalizadas. Os concursos são realizados por instituições especializadas contratadas pelo Estado, que tem responsabilidade pela elaboração e realização das diversas atividades dos concursos realizados, fato que contribui muito pouco para a institucionalização do mérito. Não existe um conhecimento dos padrões específicos da mobilidade gerencial na administração pública. Não existem estratégias alinhadas com diretrizes de planejamento dos recursos humanos para lidar com a mobilidade. Também não se conhece mais de perto como a mobilidade dos servidores afeta o desempenho e a produtividade das organizações. As políticas de recursos humanos ainda não incorporaram estudos que tentem analisar mais de perto os processos de rotatividade gerencial e seus impactos sobre a produtividade organizacional. Não se conhece mais de perto os padrões recentes de mobilidade. Sabe-se que a política tende a afetar os cargos de confiança. O planejamento ainda não produz estudos sobre tal importante conexão. As estratégias de demissão de servidores estão dispostas e regulamentadas pelo estatuto do servidor e na legislação específica. As estratégias recentes de demissão, todavia, têm afetado mais de perto aos servidores não efetivos ocupantes de cargos comissionados de livre nomeação e exoneração. Os principais mecanismos ou causas que provocam as demissões no setor público são as faltas que provocam demissões na administração pública estadual estão previstas em legislação específica. Formalmente existem mecanismos que possibilitam a demissão por baixo desempenho. Todavia, estes não são aplicadas sistematicamente. 48 2.3. Desempenho e Produtividade Apesar da preocupação com os resultados e a eficiência na orientação geral das políticas da SAEB, as estratégias de avaliação de desempenho e produtividade dos recursos humanos na Bahia são ainda muito incipientes. Não se verificam estudos mais sistemáticos e pesquisas que tentem avaliar a consistência e efetividade da avaliação do desempenho dos servidores, das organizações, e, das instituições. Não se investiu na realização de estudos mais refinados com base em metodologias consistentes sobre a questão da produtividade no setor público. Desconhece-se em grande parte os mecanismos que produzem ou contribuem de fato para a elevação da produtividade dos servidores. Existem iniciativas pontuais específicas de avaliação para algumas carreiras e órgãos específicos. As carreiras que possuem regulamentação própria têm seus critérios de avaliação definidos pelas instituições às quais estão vinculadas, sejam elas: SEFAZ, PGE, SCJDH. Para as demais carreiras, cabe a SAEB através das Superintendências de Recursos Humanos e Gestão Pública. Formalmente, não há política mais ampla de avaliação de desempenho dos servidores. Existe um processo de certificação desenvolvido na Secretaria de Educação, com base na avaliação de competências para o cargo de diretor, coordenador e professor por disciplina. A SAEB iniciou um processo de certificação de especialistas em políticas públicas e gestão governamental. O grau de aprovação nestes processos é muito baixo e, no caso dos gestores, os reprovados foram aqueles que têm dado maior contribuição na atividade, e que, por estarem trabalhando, não tiveram condições de estudar conteúdos específicos com os quais não operam cotidianamente. Há hoje uma necessidade urgente de revisão das estratégias de certificação como reconhecimento do mérito no serviço público para algumas carreiras. Embora o desempenho seja um dos critérios formais para as remunerações dos servidores ainda não se verifica um alinhamento mais consistente com o planejamento das políticas de recursos humanos. Nas organizações onde existem as avaliações de desempenho são lançados os históricos de seus resultados e o rebatimento em promoções e remuneração. 49 Ainda prevalece, no âmbito mais geral, a idéia de que a avaliação do desempenho, apesar de importante, não se constitui prioridade para a área de recursos humanos. As organizações são avaliadas de forma muito ampla a partir das metas institucionais estabelecidas pela SEPLAN. Nos níveis micro-organizacional e individual, todavia, são muito tênues ou inexistentes as estratégias e critérios de avaliação real dos servidores. As avaliações tendem a ser vistas “como mais uma formalidade desenecessária” e com impacto apenas sobre o salário e para as promoções funcionais dos servidores. Ainda prevalece uma visão punitiva da avaliação. As políticas recentes têm dado novo enfoque ao papel estratégico das avaliações, criando grupos e comissões internas de avaliação, mas, ainda prevalece o modelo tradicional em que o desempenho do servidor ainda é muito desalinhado com os resultados organizacionais e institucionais. O que de fato existe é um processo de avaliação de metas setoriais, cuja finalidade é o controle da ação estratégica do governo em termos amplos, e não a avaliação permanente e corretiva das estratégias planejadas, especialmente nas dimensões mais relatas ao servidor. A questão da produtividade não tem sido valorizada no plano da ação até o ano de 2007, e, se tem uma estrutura informal de incentivos em que o servidor escolhe se quer ou não ser produtivo, e, não uma conexão mais ampla, estratégica com questão de metas organizacionais. Isto gera distorções severas na organização do trabalho. Em termos simples, pode-se dizer que prêmio de produtividade é “mais trabalho para os que querem trabalhar, e menos para os que não querem”. Isto gera toda uma estrutura informal de premiação à produtividade que dá sentido a organização e ocupação das posições, cargos, e, posições gerenciais. A pesquisa revela a existência de três níveis, ou esferas de definição das metas de desempenho: a institucional, a organizacional, e, a individual. As políticas recentes, apesar das reconhecidas iniciativas de ampliar e fortalecer o uso de mecanismos de avaliação do desempenho nestes níveis, ainda são pouco consistentes, e, mais voltadas para a esfera institucional, com um forte viés para o cotejo simplista entre as metas executadas x as metas planejadas. São pouco usuais análises sobre as causas e processos que podem elevar a efetividade nos níveis organizacionais, e, especialmente na conexão entre o desempenho institucional e organizacional. 50 A SEPLAN define, de forma ampla, dentro do seu planejamento estratégico, as metas de desempenho institucional a partir dos programas e programas e ações que cada Secretaria desenvolve, em geral sem conexão com o PPA – Plano Plurianual. Estas metas são geralmente quantitativas e definidas pela direção, sem participação dos gerentes, das equipes de trabalho, ou de grupos atuando em projetos específicos. No planejamento, quando feito, há um acompanhamento formal das metas ensejadas, sem qualquer preocupação mais ampla no sentido de analisar as causas da realização (ou não-realização) dos objetivos perseguidos. Por outro lado, não existem quaisquer iniciativas no serviço público de promover políticas de avaliação externa com base em grupos independentes, e, com reconhecida legitimidade técnica. Não foram desenvolvidos mecanismos de introduzir políticas mais difusas de avaliação dos servidores, ou mesmo de avaliação das políticas de planejamento de gestão de recursos humanos em qualquer nível, a despeito das amplas necessidades de promover um serviço público de qualidade e a um menor custo. Os critérios utilizados para as políticas voltadas para a mensuração e análise do desempenho organizacional são ainda muito ambíguos, e não orientados por metodologias testadas para tal propósito ou outros estudos e pesquisas que possam referenciar tais políticas. Os servidores são muito pouco informados de forma consistente sobre suas metas e como elas se articulam com as metas organizacionais e institucionais. São também muito frágeis os instrumentos e ferramentas gerenciais utilizados nos processos decisórios sobre a definição das metas organizacionais. Os gerentes ainda não monitoram de forma mais precisa e clara sobre a execução das metas. Não existem estratégias de difusão das metas para os diversos servidores. Também são inexistentes análises gerenciais sistemáticas que produzam insumos para o processo decisório sobre os fatores que levam os servidores a diferentes níveis de efetividade organizacional. Não são encontrados na história recente da gestão dos recursos humanos na Bahia, tentativas mais sistematizadas e orientadas para fortalecimento de políticas e estratégias mais institucionalizadas para o setor público. Reconhece-se que dado a grande heterogeneidade das organizações, as diferentes atividades dos servidores, fica quase impossível avaliar por critérios 51 “mais universais” o comportamento e desempenho dos servidores. Para alguns grupos ocupacionais existem exames de certificação ocupacional para avaliação do desempenho. Todavia, este mecanismo ainda não é expandido para maiores contingentes organizacionais e populacionais na administração pública. Os gerentes não dispõem de ferramentas que possam de forma mais objetiva diferenciar grupos de servidores em função do desempenho individual. Em conseqüência, verifica-se a predominância de formação de laços e lealdades entre os chefes e os subordinados que se constroem a partir da confiança e não do mérito ou da produtividade. Na prática gerencial, o desempenho é avaliado, sim, por parâmetros gerenciais altamente informais e subjetivos. Parte deste problema é explicado pelos gestores entrevistados como relato à dificuldade de estabelecer critérios mais justos e técnicos que “efetivamente” possam dizer sobre a conexão entre o desempenho individual dos servidores e as metas organizacionais e institucionais. Há uma cultura informal de avaliação individual dos servidores dentro de cada Secretaria ou nível hierárquico inferior, mas, que não segue a metodologias mais “adequadas” à realidade das tarefas, dos contextos organizacionais, e, do tipo de funções que os servidores exercem, especialmente nas posições de comando das organizações. As Secretarias específicas cumprem orientações e diretrizes emanadas pela SAEB, de corte muito vago e normativo. Por outro lado, existe uma a Secretaria de Planejamento faz sistematicamente um processo de avaliação das metas e desempenho dos programas e políticas do governo, não contemplando níveis mais desagregados de avaliação. Em geral, o que se tem sobre o desempenho do servidor são informações informais, produzidas verbalmente pelos chefes imediatos ou colegas, quando perguntados, e , em geral, sem conhecimento do servidor em questão. Estas informações são utilizadas para alocar ou não o servidor em determinados locais e funções, mas não como critério de promoção ou carreira. Até 2006 não existe qualquer iniciativa mais institucionalizada de tratar a questão do desempenho como uma política de gestão dos recursos humanos. Há uma discussão entre os decisores sobre como promover políticas baseadas em critérios meritocráticos, de gestão de competências, de avaliação sistemática do servidor, que não se translada de fato em estratégias planejadas. Não se definem as metas de desempenho para os servidores, e, em conseqüência, 52 há um custo gerencial considerável: a alocação de recursos humanos não é devidamente orientada para resultados articulados com as políticas de governo. Os servidores encontram dificuldades em saber como suas atividades resultam em efetividade, eficiência e resultados organizacionais desejáveis. Na pesquisa foi identificado que muitas vezes os grupos e organizações trabalham com metas irrealistas. Depois de definidas pelas chefias, as metas são informadas aos servidores. Em algumas unidades de trabalho, especialmente nas secretarias finalísticas, que trabalham com atividades e projetos muito focalizados, os servidores e chefias de campo definem eles próprios suas metas, havendo por vezes, incompatibilidade entre as metas locais e aquelas definidas no âmbito das Secretarias. Por outro lado, há um outro fator que pesa consideravelmente na não-adesão às estratégias de avaliação: a cultura tradicional burocrática. Considera-se, em geral, no serviço público, que a avaliação é um mecanismo associado a demissão, a punição pessoal, e, não a questões como aprendizado organizacional, e, mesmo diretrizes para orientar as necessidades de qualificação. Embora existam mecanismos e diretrizes para avaliação, em geral, os servidores tendem a serem avaliados de forma muito positiva por seus chefes, que, tendem a mascarar os reais problemas de improdutividade existentes e das causas do desempenho inadequado. Embora existam formalmente mecanismos que o chefe pode pedir a devolução ou demissão do servidor por desempenho abaixo do requerido, esta situação ainda é muito rara. Existe, segundo os gerentes entrevistados, uma desconfiança explicita e uma aversão “velada” à idéia de avaliação de desempenho no serviço público. De modo mais amplo pode-se considerar a existência de um conjunto de mecanismos que produzem um continuado descompasso entre o planejamento dos recursos humanos, a organização do trabalho, e, as ações institucionais. Este é um problema crítico que as futuras políticas de recursos humanos devem focalizar atenção segundo os gerentes entrevistados. Embora haja, especialmente, nos anos recentes, uma ampliação dos esforços para desenvolver e consolidar instrumentos de avaliação, estes ainda carecem de maior consistência teórica e metodológica, que possam dar confiabilidade aos avaliadores do desempenho. Em 53 conseqüência, os gerentes passam a não considerar as ferramentas de avaliação como úteis ao planejamento dos recursos humanos, mas, sim como mais uma “formalidade burocrática”, que, não terá impacto sensível sobre o funcionamento do setor público. O mecanismo do “desprezo pela avaliação” deriva do fato de que muito da atividade recursos humanos ainda é compreendida como orientada para a função pagamento de pessoal e gestão da folha de pagamento, que depende de uma grande quantidade de energia organizacional para a execução de atividades mais rotineiras e operacionais. Pouca atenção é devotada a construção e análises mais consistentes e atualizadas sobre a conexão entre ação individual e a efetividade organizacional. Não existem estudos que informem aos gerentes sobre os fatores chave e das causas que produzem ou tendem a produzir maior produtividade. A rotina burocrática predomina sobre a cultura da análise e do planejamento. Este desprezo é tanto maior quanto mais os gerentes são detentores de cargos comissionados. Nestes há uma tendência de rejeição de avaliação do desempenho, em parte explicada pela aversão ao risco de expor fraquezas e os limites das suas ações. Nos anos recentes tem havido um movimento de ocupar os cargos gerenciais com servidores de carreiras, que tendem a ser mais abertos e receptivos à necessidade de avaliação sistemática dos servidores. Todavia, ainda não é uma estratégia que se aplique ao grande universo administrativo dos órgãos e entidades públicas do estado. 2.4. Políticas de Remuneração As políticas salariais são institucionalmente definidas pela Secretaria da Fazenda, Secretaria de Administração, Secretaria de Planejamento, o Governador do Estado, e, a a Assembléia Legislativa. O COPE tem um papel estratégico no que concerne a aprovação das estratégias e diretrizes das políticas salariais que tem impacto sobre a questão fiscal do estado. Até o ano de 2006, as decisões sobre salários no estado foram realizadas de modo bastante centralizado, com participação técnica dos gestores de políticas públicas (os EPGs) subsidiando as decisões gerenciais. Tem-se buscado de forma muito incipiente traçar cotejos entre padrões salariais para algumas carreiras através de pesquisas salariais com outros estados da federação, iniciativa inédita da condução da política de salários no Estado da Bahia. Uma importante inovação 54 institucional foi a criação do SENP - Sistema Estadual de Negociação Permanente – SENP em 2007. Dado a grande heterogeneidade e especificidades das carreiras na administração pública baiana, o governo decidiu criar estruturas, baseada no modelo federal, um sistema de negociação setorial com representantes das diversas secretarias sobre questões salariais e outros temas. A definição dos níveis salariais não obedece a estudos mais sistemáticos sobre seu impacto sobre a produtividade, a promoção do mérito. Com a orientação do controle das despesas com o funcionalismo diante das restrições do ajuste fiscal, a questão das remunerações tem assumido nos últimos anos uma posição central na agenda dos recursos humanos. Todavia, os gestores entrevistados consideram que tal preocupação é meramente de controle de despesas. Não são ensejados no desenho das políticas critérios que refletem a relação entre o salário e a contribuição dos servidores ao desempenho organizacional ou institucional. As políticas salariais são basicamente orientadas e difundidas a partir de critérios técnicos e formais. Os salários refletem basicamente a aplicação das legislações no Estatuto do Servidor, das legislações especificas de algumas carreiras, e, da legislação sobre estruturas organizacionais onde são definidos os quantitativos necessários de pessoal e dos cargos comissionados. As tabelas de vencimentos são definidas a partir destes instrumentos formais que são herdados do modelo tradicional e não contemplam preocupações mais estratégicas sobre a importante conexão entre salários e produtividade. Os salários obedecem a uma estrutura de classes e níveis que são formalmente definidos com pouco espaço para introdução de fatores voltados para diferenciar servidores por níveis de produtividade. Conforme já salientado em seção anterior, os salários “espelham” a aplicação do Estatuto do Servidor, onde são definidas as gratificações e benefícios a partir das ocorrências funcionais para o servidor. O limite básico imposto para o controle dos salários, e, que é tomado como principal parâmetro para o calculo, é o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal para as despesas de pessoal. As previsões de receita da SEFAZ e o atendimento a demandas de salários naquelas carreiras com distorções históricas mais graves são outros parâmetros considerados importantes pelos gestores consultados na pesquisa. 55 Existe pouco espaço para incorporar “reais” gratificações por produtividade e pelo desempenho dos servidores, embora isto exista formalmente, para algumas carreiras. Os salários já incorporam as gratificações sem conexão mais imediata com a execução das metas ou outros fatores ligados diretamente ao desempenho do servidor. O formalismo também predomina. As formas de progressão funcional (e salarial) são definidas por legislação correlata sem grande manobra para que se possa adequar mecanismos mais efetivos de conexão entre os salários e os resultados. Para as carreiras de estado, quando da criação dos estatutos específicos já se sabe quais as estratificações salariais em termos das classes e níveis hierárquicos (ver anexo um quadro com a estratificação dos salários por carreiras). Existem consideráveis distorções salariais em relação ao mercado, especialmente em nível dos cargos gerenciais. Os salários pagos correspondem a duas grandes parcelas: os vencimentos e as gratificações. Para o conjunto da administração pública baiana, em Abril de 2007, a composição típica era: 61,47% composta por vencimentos pagos, e, os 38,53% restantes correspondendo a pagamento de gratificações. Os salários para os cargos comissionados obedecem à legislação e tabela salarial específica. Os gestores entrevistados consideram que existe um considerável achatamento entre as faixas de nível médio e superior, o que tem gerado um incentivo negativo à produtividade. Como existem muitos servidores que ingressaram para cargos de nível médio, mas, que tem nível superior, tende-se a haver uma grande pressão dos grupos de nível médio para a elevação dos salários pelas vias políticas. Inexistem estudos mais sistemáticos que possam realmente auferir os impactos do salário sobre a produtividade do servidor. O planejamento ainda não toma decisões salariais centradas em questões técnicas ou de eficiência, mas, sim para atender demandas ad hoc por elevação de salários por parte dos sindicatos e associações dos servidores. Não existem planos estratégicos que levem em conta quais os perfis salariais que seriam considerados necessários para elevar a produtividades nas diversas organizações. Os salários praticados não têm sido atrativos para conseguir atrair e manter os servidores capacitados para as carreiras, especialmente aquelas que demandam maior qualificação profissional. O setor público tem sofrido uma considerável evasão dos servidores concursados, especialmente para o governo federal, onde se tem uma política salarial mais atrativa. Este 56 impacto é muito forte, pois, diante das restrições na oferta de emprego na região Nordeste. O governo federal, ainda se constitui numa oportunidade salarial e profissional mais atrativa. Os salários praticados para os níveis gerenciais são muito aquém daqueles praticados pelo mercado. Por outro lado, o setor público estadual remunera melhor do que o mercado para níveis hierárquicos inferiores. Não existem estudos sistemáticos que tentam compreender o impacto dos salários sobre a motivação dos gerentes em qualquer nível. A conexão frágil entre os salários e as funções exercidas produz alguns efeitos que são crônicas no comportamento dos servidores: a) a percepção quase generalizada de que os salários praticados são injustos em relação a outros contextos da administração pública e entre o mercado. Os servidores tendem a considerar que seus salários são desproporcionais às atividades desempenhadas, e, isto tende a produzir, ao longo do tempo, incentivos negativos à produção e ao engajamento com o trabalho; b) as injustiças salariais tendem a produzir uma “busca competitiva” por cargos e posições melhores remuneradas no interior da hierarquia sem uma vinculação mais profunda com a institucionalização do mérito ou da competência técnica. A distribuição dos cargos comissionados não está diretamente associado ao desempenho e a produtividade; c) a concepção das políticas salariais ainda reflete fundamentalmente a “herança” formalista das legislações, dos legados de políticas salariais, sem questionamentos mais apurados sobre a adequação e o impacto destes modelos de desenho burocrático. Os salários praticados tendem a não premiar, de fato, as habilidades específicas, a competência técnica, e, o desenvolvimento de competências e capacidades organizacionais. Os fatores que realmente importam para as decisões sobre tais políticas são mais de perto associados com o modelo formalista de estruturação das carreiras e os interesses setoriais organizados que tendem a pressionar por maiores salários sem bases mais consistentes em termos da questão da produtividade. As premiações associadas ao desempenho e produtividade individual são restritas à algumas carreiras específicas e são automaticamente incorporadas ao vencimento. 57 2.5. Políticas de Promoção e Qualificação dos Servidores 2.5.1. As Políticas de Promoção A política recente de progressões e promoções na Bahia tem como critério o tempo de serviço, a realização de programas de capacitação. O mérito e as capacidades técnicas, bem como a produtividade ainda desempenham papel muito tímido nas políticas existentes. Recentemente, a partir da lei de reorganização das carreiras, o governo introduziu o modelo de certificação ocupacional em algumas carreiras, na área de educação e de gestão pública, como critério de promoção e de avaliação de desempenho. Todavia, os gestores consultados afirmam que tal tentativa ainda carece de um maior aprofundamento em termos de suas bases técnicas. Os Grupos Ocupacionais que possuem regulamentação especifica têm sua forma de desenvolvimento na carreira de acordo com atividades executadas por cada uma descrita em Decretos, estabelecendo os critérios básicos e exigências mínimas para suas promoções. A pesquisa revela que inexistem formas mais consistentes de analise gerencial da relação entre as promoções e a satisfação dos servidores com as carreiras. Os servidores enfrentam forte formalização sobre suas possibilidades de progressão, que basicamente se traduz em ganho salarial, e nem se sabe em geral sobre a satisfação dos servidores com o trabalho. As políticas recentes se voltam para tentar dar conta de aspectos e fatores que vão alem do salário para entender elementos que produzem a motivação dos servidores em diferentes níveis. Níveis elevados de insatisfação salarial e de absenteísmo ao trabalho revelam os pontos críticos de um modelo hierárquico e formal onde as posições são quase sempre “aumentos salariais” e não aumentos de produtividade, ou aumento de satisfação nas carreiras. O modelo existente diz pouco sobre os critérios que de fato importariam para a promoção dos servidores. As regras formais são decisivas para a promoção e progressão funcional. Existem estudos em curso a fim de encontrar o melhor caminho na construção de critérios que tentem entender a relação entre os critérios de promoção e satisfação dos servidores. Os limites do planejamento e da organização esbarram na considerável autonomia com que as organizações 58 trabalham para praticar políticas de promoção de servidores. Estas quase sempre não se orientam por desempenho, mérito, e competências profissionais, mas, sim, condicionada a previsão orçamentária de cada órgão para gasto de pessoal. Eles têm de informar a fonte de recurso para tal gasto para permitir novas promoções. Há atualmente uma critica ao modelo de certificação ocupacional das políticas de promoção dado que apenas estão sendo promovidos os grupos que possuem regulamentação específica. Os gestores afirmam que existem inúmeras categorias esperando há anos promoções e progressões sem qualquer êxito, o que, tem gerado, consideráveis incentivos negativos à produtividade e ao engajamento com o serviço público. Os gestores consultados afirmam que os fatores que mais decisivamente importam para as estratégias de promoção dos servidores estão ligados ao tempo de permanência do servidor na carreira e aos critérios formais de promoção. O desempenho e a produtividade bem como mérito e competência ainda são aspectos com importância reduzida. Isto reflete a herança e dominância de um modelo burocrático tradicional ainda orientado pelas regras e não pelos resultados. O formalismo nas promoções tende a fazer com que as formas de produção não incorporem o mérito e as habilidades técnicas dos servidores. As promoções tendem a ser automáticas e reguladas por uma legislação que o tempo de serviço é decisivo. As promoções são fortemente vinculadas a questão salarial. Este formalismo tende a produzir estímulos negativos a motivação, ao desenvolvimento de habilidades, e, produzem a conhecida “cultura do funcionário público”. As políticas praticadas ainda estão muito distantes de responderem às expectativas de justiça ou reconhecimento dos dirigentes pelas contribuições dos servidores. O fator influencia política importa de modo diferenciado sobre a promoção dos servidores a depender do nível hierárquico que se considere. Ela é tido como decisiva para a promoção dos cargos de diretores e executivos, elevado para gestores e gerentes, e, muito reduzido para os cargos efetivos. 2.5.2. As Políticas de Qualificação Profissional Até 2006, a política de capacitação era desenvolvida de forma descentralizada por cada secretaria. Em 2004, com a criação da UCS, se tentou dar um direcionamento a isso, mas não se conseguiu. Capacitação era entendida como sinônimo de “curso” e eram oferecidos catálogos de cursos para os servidores, sem um foco claramente definido. 59 Não existe escola de governo no estado. Há um projeto em curso de criação da escola de governo na SRH/SAEB. Não existem estudos voltados para avaliar o impacto da qualificação dos gerentes na produtividade. As decisões sobre a oferta de qualificação dos servidores não é planejada em função de estudos técnicos e sistemáticos sobre as demandas reais das organizações. Até o ano de 2006 era feito um levantamento de necessidades de forma bastante precária e sem critérios metodológicos mais adequados a realidade da administração pública. Em geral, a atuação era por demanda e sem um foco claramente definido. Este ano, a SRH está propondo a criação de uma Escola de Governo, a exemplo da ENAP, que promova o desenvolvimento de pessoas na perspectiva sistêmica de gestão pública, estabelecendo quatro eixos de educação corporativa: um eixo de fortalecimento da gestão de pessoas no estado; um eixo de formação de dirigentes e gerentes para a gestão pública e gestão de pessoas; um eixo mais executivo, voltado para o aperfeiçoamento das práticas de trabalho que se referem aos conteúdos sistêmicos da gestão, e um eixo voltado para o fortalecimento das carreiras sistêmicas e transversais. Além da educação corporativa, esta sendo iniciada uma intervenção na dinâmica da cultura organizacional, a partir do fomento à criação de grupos de referência em aprendizagem organizacional em cada Secretaria e em cada Território de desenvolvimento. Não se avalia o impacto do treinamento sobre a mudança da cultura do servidor público. Até o momento, a avaliação era feita ao final do evento, apenas uma avaliação de implementação, todavia, não havia uma análise de impacto sobre tais estratégias Na nova perspectiva, está sendo construída uma proposta de avaliação que analisa a mudança de atitude do servidor a partir do treinamento oferecido. Há uma avaliação financeira das políticas de avaliação sem qualquer consideração mais aprofundada sobre como tais estratégias refletem sobre a mudança da cultura administrativa e gerencial. São duas as principais críticas feitas atualmente às estratégias de desenvolvimento de pessoas adotadas até 2006. A primeira delas diz respeito à fragmentação de uma estratégia de desenvolvimento por demanda, que torna a gestão pública refém de enfoques particularizados 60 de cada Secretaria; a segunda diz respeito a inexistência de uma avaliação do impacto das ações de desenvolvimento na eficácia institucional. A UCS foi um avanço, no sentido de definir um mecanismo de nortear e fazer convergir as estratégias setoriais de desenvolvimento, mas ainda não foi suficiente no sentido de imprimir um cunho próprio nas proposições. Isto será modificado na medida em que se efetive a proposta da escola de governo. Existem estratégias de complementação do treinamento dos servidores recém-contratados para alguns grupos ocupacionais. As organizações definem tais políticas em função de suas demandas emergenciais os tipos de treinamentos necessários para tais servidores. Não existe conexão mais consistente com as políticas de qualificação, com critérios mais técnicos, ou ainda, com as necessidades mais estratégicas em termos de um perfil gerencial mais desejável para os gerentes públicos. Não existem estudos e pesquisas que tentem compreender o impacto das políticas de qualificação sobre o desenvolvimento institucional ou mesmo na produção da mudança da cultura burocrática para uma cultura gerencial. A qualificação é vista ainda como desarticulada da questão da produtividade, e, funciona mais como um complemento salarial do servidor. Em conseqüência, as políticas de qualificação não possuem critérios muito claros, e, são definidas sem diagnósticos consistentes sobre o mapa de necessidades de demandas por qualificação. As estratégias de avaliação não sofrem qualquer tipo de avaliação ou refinamento. Capítulo 3 - Análise do Sistema de Gestão de RH a partir dos Eixos de Investigação Neste capítulo são realizadas as análises do sistema de gestão de recursos humanos da Bahia a partir dos cinco parâmetros definidos pela metodologia utilizada: eficiência, mérito, capacidade funcional, capacidade de integração, e, consistência estrutural. A análise se volta para apresentar os fatores e mecanismos estruturais presentes em cada um dos subsistemas funcionais que contribuem para os parâmetros básicos. No final da cada seção, são apresentados, de forma esquemática, os principais mecanismos que produzem a emergência de determinados níveis para cada um dos parâmetros no caso da Bahia. A partir das entrevistas, e, de acordo com as recomendações metodológicas foram calculados os índices básicos para tais parâmetros para o caso da Bahia, cujos valores são dispostos no Quadro 1 61 Quadro 1 Valores dos Parâmetros de Análise Bahia ÍNDICE EFICIÊNCIA (e) MÉRITO(M) CONSISTÊNCIA ESTRUTURAL (SC) * COERÊNCIA ESTRATÉGICA (STC) * CONSISTÊNCIA DIRETIVA (DC) * CONSISTÊNCIA DOS PROCESSOS (PC) CAPACIDADE FUNCIONAL (CF) * COMPETÊNCIA (COM) * EFICIÊNCIA DA ESTRUTURA DE INCENTIVOS (IE) * FLEXIBILIDADE (FL) CAPACIDADE DE INTEGRAÇÃO (CI) 4,67 3,46 2,75 3,00 2,57 2,67 2,36 2,50 1,78 2,80 5,53 Fonte: Pesquisa de Campo Gestores RH. Salvador. Cálculos do Autor 3.1. Eficiência A análise da eficiência das políticas de gestão dos recursos humanos focaliza na compreensão dos fatores que produzem impacto sobre o investimento em capital humano, bem como do alinhamento das políticas com o mercado e com critérios de equilíbrio e ajuste fiscal. A metodologia utilizada considera que a eficiência das políticas de recursos humanos está diretamente ligada a fatores que resultam dos sistemas de planejamento de recursos humanos; das políticas de ingresso, mobilidade e demissões; das políticas de remuneração; promoção e qualificação, e, por fim, das políticas de gestão das relações de trabalho. Os fatores do planejamento que contribuem para a baixa eficiência do sistema de gestão estão diretamente relacionados ao reduzido nível de informação que o planejamento trabalha no que diz respeito ao dimensionamento da força de trabalho, e, em especial, dos níveis gerenciais das organizações. Não existem parâmetros de planejamento que balizam a alocação dos servidores nos cargos a partir de critérios de eficiência. Em conseqüência, existem perfis desequilibrados de contratação de servidores e de gerentes, bem como não se sabe sobre os mecanismos que produzem a realocação e a rotatividade gerencial nas organizações. Por outro lado, a eficiência é comprometida pelo planejamento na medida em que as despesas e os custos com pessoal não são orientados por comparações sistemáticas com o mercado. O setor público tende a 62 remunerar os seus gerentes por critérios pouco relacionados à eficiência e a produtividade, tal qual o fazem as organizações privadas. O impacto das políticas de mobilidade e de demissão dos servidores sobre a eficiência pode ser compreendido em dois mecanismos básicos. O primeiro está diretamente ligado as taxas de rotatividade dos gerentes, que, usualmente não estão articuladas à produtividade ou a critérios definidos com base em necessidades e estratégias organizacionais pautadas pela eficiência O segundo mecanismo é relacionado diretamente à reduzida capacidade real de punir os servidores por reduzida produtividade. Embora existam mecanismos formais de punição gerencial, predomina uma informalidade no tratamento desta questão. As políticas de remuneração dos servidores afetam a eficiência a partir de três mecanismos articulados: a) a expressa incompatibilidade entre os salários gerenciais e os praticados nas organizações do mercado, conforme já comentado anteriormente; b) o desconhecimento de como as políticas salariais (e as despesas de pessoal) afetam as relações de custo-benefício e custo-efetividade nas organizações; e, c) a não-adequação, em termos de custo-benefício, das gratificações salariais e premiações pagas em complemento aos salários praticados. A relação entre a expansão da oferta de qualificação e os ganhos de eficiência ainda são desconhecidos. Apesar dos avanços, as estratégias de qualificação ainda são realizadas com articulação muito precária com o planejamento e suas diretrizes. A oferta de qualificação é bem descompassada das reais necessidades, especialmente nos níveis gerenciais. As iniciativas de qualificação ainda não possuem mecanismos de avaliação em termos de custo-benefício e custo efetividade. Tampouco são realizadas avaliações sistemáticas de tais políticas. Um fator que contribui positivamente para a eficiência está diretamente ligada à elevada institucionalização das políticas de proteção social dos trabalhadores, aspecto que é considerado de razoáveis níveis de efetividade e satisfação por parte dos gerentes de RH. 63 Quadro 2 Sistemas Funcionais e Eficiência das Políticas de RH Planejamento • • Remunerações • • Mobilidade e Demissões • • • Qualificação • • Relações do Trabalho • Desinformação sobre dimensionamento da força de trabalho Desalinhamento dos Custos com Pessoal a partir dos parâmetros praticados pelo Mercado Mercado remunera melhor os gerentes Gratificações e complementações salariais não tem conexão com custo-benefício Os inativos percebem valores compatíveis com ativos Reduzida possibilidade de punição dos servidores por desempenho insuficiente Mobilidade gerencial desarticulada de critérios de eficiência, desempenho e produtividade organizacional Reduzido papel do planejamento estratégico na definição das estratégias de qualificação para os servidores Inexistência de avaliações de custo-benefício e custo-efetividade sobre tais políticas Elevada institucionalização e efetividade dos sistemas de proteção social para o servidor público. Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.2. Mérito A análise do mérito está diretamente relacionada à avaliação dos fatores que estão relacionados à incorporação de critérios de profissionalização nos sistemas de gestão de recursos humanos. Serão analisadas as relações entre fatores ligados às políticas de ingresso, mobilidade e demissões; as estratégias de remuneração; bem como as estratégias de promoção e qualificação de servidores. As estratégias de seleção e recrutamento dos servidores existentes impactam sobre o mérito de diversas formas. Os fatores que contribuem para reduzir os níveis de mérito são vários. O primeiro está diretamente relacionado ao reduzido grau de alinhamento destas estratégias ao planejamento de recursos humanos. O que de fato predomina nas políticas de recrutamento são as demandas emergenciais das organizações. Por outro lado, existe um peso considerável de fatores tradicionais e legais (formais) na definição dos critérios de seleção dos candidatos, sem conexão mais profunda com aspectos relacionados ao mérito e a produtividade. Por fim, os concursos não contam com a presença formal de comissões de seleção com poderes formais, independência e autonomia para a realização de concursos públicos. 64 Por outro lado, dois fatores contribuem positivamente para o mérito. O segundo mecanismo relacionado a contratação dos servidores que impacta sobre o mérito é a interferência política. Esta é considerada decisiva para os cargos considerados de confiança. Existem políticas institucionalizadas de promoção da equidade e da não-discriminação de servidores. As estratégias de remuneração contribuem pouco para a promoção do mérito. Elas são basicamente definidas em resposta a ação de interesses setoriais dos servidores públicos por maiores salários e não tem conexão com aspectos relativos ao mérito e ao desempenho. A influência política sobre a promoção dos servidores é considerada decisiva, especialmente para os cargos de direção e comando, bem como para os gerentes e gestores. Apenas para os servidores de cargos efetivos é que os aspectos legais e formais contam para a promoção. Não se verifica mecanismos que articulam de forma mais consistente as promoções ao mérito. As estratégias recentes de promoção dos servidores têm produzido considerável nível de insatisfação dos servidores, havendo um considerável descompasso entre as expectativas individuais com as promoções existentes. 65 Quadro 3 Sistemas Funcionais e Mérito das Políticas de RH Mobilidade e Demissões • • • • • Remunerações • Promoção • • Demandas Emergenciais das Organizações são critérios dominantes nas políticas de seleção e recrutamento Fatores políticos afetam decisivamente a alocação de cargos de confiança Existem políticas formais de promoção da equidade e nãodiscriminação no serviço público Forte peso da herança formal-legal na definição dos critérios de recrutamento de candidatos, sem conexão com mérito Inexistência de comissões formais de seleção, dotadas de autonomia e independência. Estratégias de remuneração refletem basicamente os interesses setoriais de grupos de pressão dos servidores públicos sem conexão com mérito As promoções dos diretores e executivos bem como dos gerentes e gestores sofrem forte interferência política Elevado grau de insatisfação dos servidores com políticas de promoção Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.3. Consistência Estrutural A análise da consistência estrutural das políticas de gestão dos recursos humanos está relacionada a três fatores: a coerência estratégica, a consistência diretiva, e, a consistência dos procedimentos. A coerência estratégica tenta averiguar o grau de conexão e articulação da gestão de recursos humanos com as políticas e prioridades estratégicas das políticas governamentais. Por sua vez, a consistência diretiva está diretamente relacionada aos fatores relacionadas as relações entre a formulação das políticas e diretrizes e a implementação destas. A consistência dos procedimentos diz respeito ao grau de desenvolvimento e articulação dos processos básicos que garantem a sustentabilidade da integração dos sistemas de gestão de recursos humanos. A seguir são apresentados os fatores que contribuem para a consistência estrutural, a partir de seus três componentes. 3.3.1. Coerência Estratégica A coerência estratégica tenta avaliar o alinhamento entre as políticas de gestão de recursos humanos e as políticas governamentais. Os fatores que importam para tal coerência estão ligados ao planejamento de recursos humanos, ao desempenho e produtividade, a remuneração, e, aspectos ligados à qualificação dos servidores. 66 Um dos principais pontos críticos do diagnostico da gestão dos recursos humanos é a crônica necessidade de alinhamento com as metas e políticas governamentais. Este é reconhecidamente um dos avanços necessários, e as políticas recentes da SRH, conforme comentado anteriormente, estão orientadas para estabelecer mecanismos capazes de gerar uma melhor sintonia entre as políticas de gestão de pessoal, as estruturas, e, as políticas públicas. A reduzida coerência estratégica permeia as políticas de gestão e tem impactos sensíveis sobre as demais dimensões analisadas, conforme comentaremos a seguir. Embora tenha havido nos anos recentes um esforço para dotar os recursos humanos de sistemas integrados de informação gerencial, estes ainda tem sua orientação para a folha de pagamento, e, controles das despesas. O planejamento carece de sistemas mais voltados para a produção de informações gerenciais que possam orientar as políticas de contratação atual e futura de pessoal, as carreiras, os mecanismos relativos a produtividade e ao desempenho, bem como o dimensionamento das políticas de qualificação dos servidores. A reduzida coerência estratégica existente termina por privilegiar elevados graus de autonomia e flexibilidade das setoriais de RH para definir suas políticas de contratação sem alinhamento maior com as políticas definidas pela SAEB/SRH. Estas organizações tendem a se orientar pelas suas demandas emergenciais, e, não por conexões mais estratégicas com os modelos de gestão ou com as políticas governamentais via PPA. Esta crítica já é bastante reconhecida pelos gestores entrevistados, e, há um “consenso” da necessidade de buscar formas mais efetivas de ajustar as contratações e seus perfis pela adequação com as políticas públicas. A coerência estratégica é também produzida diretamente por fatores relacionados ao problema da dificuldade de encontrar mecanismos efetivos para a definição dos critérios de produtividade nos níveis organizacional e individual. Esta incoerência se amplia nos níveis individuais, onde os servidores usualmente trabalham com reduzida informação sobre como suas ações, de fato, contribuem para o desempenho organizacional e institucional. A produtividade geral das organizações é precariamente avaliada, e, por conseqüência, os salários e remunerações não expressam os esforços dos servidores em atingir resultados desejáveis, mas, sim, representam uma aplicação da legislação que se transformam em pagamento. 67 Remunerar por desempenho ainda é um dos desafios cruciais do sistema de gestão de recursos humanos. Apenas em algumas carreiras, e, de forma muito precária, é realizada tal iniciativa. Estes fatores combinado tem impacto direto sobre a questão da qualificação dos servidores, que, é ofertada e pensada sem um alinhamento direto com as metas e com o desempenho individual dos servidores. Não se conhece mais de perto, por exemplo, de forma mais sofisticada quais os “reais esforços de qualificação” necessários para a elevação da performance em diversos níveis gerenciais, por exemplo. A qualificação tem trabalhado de forma reativa, respondendo as demandas emergenciais das organizações. Esforço considerável precisa ser realizado neste sentido para elevar os níveis de coerência estratégica. Quadro 4 Sistemas Funcionais e Coerência Estratégica das Políticas de RH Planejamento de RH • • • • Desempenho e Produtividade • • Institucionalização dos Sistemas Gerenciais de Informação, ainda orientados pela folha de pagamento e prioridades fiscais Informações gerenciais não são utilizadas de modo consistente e sistemático para as políticas de Recursos Humanos Elevado grau de autonomia e flexibilidade das organizações para definirem suas contratações sem conexão com políticas definidas pelo planejamento Conexão reduzida entre alocação de recursos humanos e políticas estratégicas do governo Definição precária dos critérios de produtividade nos níveis organizacional e individual (dos servidores) Servidores têm reduzida informação sobre como suas ações contribuem para o desempenho organizacional e institucional Remunerações • Estratégias de remuneração possuem baixa conexão com metas e desempenho Qualificação • Oferta de qualificação pouco orientada pelo planejamento Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 68 3.4. Consistência Diretiva A consistência diretiva está diretamente ligada à análise dos fatores que tornam possível uma maior articulação entre a formulação das políticas e sua implementação. Ela é afetada por fatores oriundos do planejamento, pelas políticas de carreiras, pelo desempenho e produtividade, e, pela função recursos humanos. Para o caso da Bahia também é muito reduzido o nível de consistência diretiva das políticas de recursos humanos. A consistência diretiva do sistema é afetada pelo planejamento pelo fato de que o modelo ainda opera de modo centralizado, onde os gerentes e gestores não participam de forma efetiva do processo decisório sobre as políticas de recursos humanos. Isto leva a um modelo em que as demandas das setoriais por contratações tendem a “capturar” o planejamento, fazendo com que as demandas emergenciais das setoriais de RH prevaleçam sobre as decisões do planejamento estratégico. No modelo existente, as setoriais de RH não planejam, elas apenas implementam as decisões centralizadas, com considerável autonomia. A qualificação e o papel estratégico das setoriais de RH no contexto da política de gestão de RH na Bahia aparecem como pontos críticos de fundamental importância para que se possa superar os dilemas de um modelo capaz de promover descentralização com planejamento. A consistência diretiva é também afetada por aspectos relacionados a inexistência de mecanismos efetivos para o controle e acompanhamento sistemático do desempenho e da produtividade nas organizações. As organizações possuem considerável latitude para atuar e o sistema de planejamento não permite distinguir e premiar aquelas de maior desempenho, e, por outro lado, punir e corrigir distorções naquelas consideradas de desempenho abaixo do desejável. Parte deste problema é mais afetado pela baixa capacidade dos gerentes de recursos humanos, especialmente nas setoriais, de ter um papel pró-ativo para avaliação dos servidores. A cultura da não-avaliação ainda predomina e existem poucas iniciativas recentes que possam considerar formas consistentes para enfrentar tal problema. A participação dos gerentes de recursos humanos, conforme já considerado, ocorre de modo intenso no processo de definição dos perfis por contratação dos servidores, pouco alinhado 69 com as demandas estratégicas, mas, sim com fatores emergenciais e sem maior consistência estrutural. Decisivo para a reduzida consistência diretiva do sistema é o amplo grau de autonomia e liberdade que os gerentes possuem para supervisionar seus subordinados. Como a função primordial dos recursos humanos no modelo tradicional tem sido a questão da execução da folha de pagamento, as questões mais voltadas para a implantação de políticas públicas são consideradas como secundárias. Por outro lado, os gerentes não são avaliados e usualmente não tem o perfil e a qualificação considerada necessária para conduzir suas funções gerenciais. Os mecanismos de avaliação dos gerentes ainda são informais e pouco institucionalizados, sendo ainda políticas embrionárias, que atingem um universo ainda muito limitado da burocracia baiana. Quadro 5 Sistemas Funcionais e Consistência Diretiva das Políticas de RH Planejamento de RH • Desempenho e Produtividade • • Carreiras • Função Recursos Humanos • • • • Reduzida participação dos gestores e gerentes nos processos decisórios sobre as políticas de recursos humanos Inexistência de estratégias de acompanhamento sistemático e avaliação gerencial do desempenho nas diversas organizações. Reduzido papel pró-ativo dos gerentes de recursos humanos na avaliação dos servidores Os gerentes de recursos humanos participam da definição dos perfis de contratação dos servidores sem o devido aprofundamento técnico sobre as necessidades estratégicas das organizações Razoável grau de autonomia e liberdade dos gerentes e gestores para a supervisão dos servidores Reduzida qualificação dos gerentes de recursos humanos Mecanismos incipientes e informalizados para controle e avaliação gerencial Elevada demanda por planejamento Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.5. Capacidade de Integração A capacidade de integração avalia o sistema de gestão de recursos humanos a partir da sua efetividade para lidar com a emergência e resolução de conflito nas relações de trabalho. Ela é diretamente afetada por fatores oriundos das políticas de recrutamento, mobilidade e demissões de servidores; desempenho e produtividade; remunerações, políticas de promoção e qualificação; e relações de trabalho. 70 Os fatores diretamente relacionados às políticas de recrutamento dos servidores estão ligados à institucionalização de políticas de promoção da equidade e não-discriminação no serviço público. Por outro lado, ainda são muito restritas as estratégias de treinamento introdutório dos servidores recém contratados que são restritas a algumas carreiras no serviço público, em especial, na Segurança Pública, e, na Fazenda. A capacidade de integração do sistema é também afetada pela reduzida capacidade dos mecanismos de avaliação do desempenho organizacional e individual na administração baiana. A capacidade de integração é sentida de perto pela ação conjunta de dois mecanismos: por um lado, os servidores sabem de modo muito precário sobre como realizar suas metas de desempenho e como elas contribuem para o desempenho organizacional; e, por outro lado, pela reduzida confiabilidade e legitimidade técnica dos instrumentos gerenciais utilizados para avaliação de desempenho. A inadequação do modelo de certificação ocupacional já discutido no capitulo anterior, demonstra como este problema afeta sensivelmente a capacidade de integração do sistema. Os níveis de conflito e reduzida integração do sistema é afetado também pela percepção generalizada de que os salários praticados no executivo estadual são injustos em comparação com a produtividade, e, que existe grande disparidade e distorção nas estruturas de carreiras no que concerne aos salários praticados. Por outro lado, as políticas de promoção dos servidores estão fortemente “amarradas” pela legislação das carreiras, sem vinculação com produtividade ou mérito, e, tendem a não atender as expectativas dos servidores, gerando incentivos contraproducentes a elevação da produtividade e do esforço individual. As políticas recentes têm tentado encontrar outros mecanismos que produzam motivação dos servidores que não o salarial, especialmente através das políticas de promoção do trabalho decente e do êxito psicológico. A noção de aprendizado organizacional tem sido também decisiva para tentar superar tal problema crucial dos salários como incentivos e produtividade. Fatores ligados a questão da gestão das relações do trabalho também são identificadas na pesquisa como importantes para compreender como a capacidade de integração é afetada. Existem vários fatores combinados que produzem níveis reduzidos de integração. O primeiro fator considerado de importância decisiva é que as políticas e o planejamento trabalham sem 71 um maior conhecimento aprofundado sobre a heterogeneidade cultural das organizações na administração pública. Este desconhecimento é afetado pelo fato de que também não recebem importância estratégica as políticas de avaliação sistemática das relações de trabalho nas organizações em diferentes contextos culturais. Inexistem estudos mais consistentes e estratégicos que tentem dar conta de processos e mecanismos que sejam conducentes a maior desempenho das políticas de gestão das relações de trabalho. O elemento cultural ainda não é considerado no planejamento tradicional para compreender as estratégias que podem ser mais efetivas no gerenciamento das relações do trabalho, e, em especial, na questão dos incentivos necessários a elevação dos níveis de produtividade. Diretamente ligados a estes fatores estão as baixas taxas de inclusão e participação dos servidores seja nos projetos e atividades organizacionais bem como nas políticas que mais de perto afetam o gerenciamento das relações laborais. O grau de conflito entre gerentes e supervisionados é considerado como razoável. Parte deste conflito deriva do fato de que os servidores ainda são compreendidos pelos seus gerentes como atuando em faixas indesejáveis de produtividade, e, por outro lado, atuando dentro de uma cultura individualista e pouco colaborativa, onde as estratégias de sobrevivências são dominantes em relação à produtividade. Por sua vez, os gerentes não são selecionados por critérios de mérito, mas, sim por fatores ligados a competência técnica e formal, ou mesmo por fatores políticos. Recentemente, vem-se tentando criar critérios para a ocupação mais efetiva dos cargos de comando, a partir de perfis e habilidades consideradas estratégicas para o desempenho das funções de comando nos diferentes níveis. Não existem mecanismos e estratégias construídas com base técnica e metodologicamente orientadas para o gerenciamento de conflitos no trabalho. Dois fatores contribuem positivamente para a elevação da integração do sistema de gestão: a efetividade das políticas de saúde ocupacional, e, a elevada institucionalização e satisfação com políticas de proteção social ao servidor. 72 Quadro 6 Sistemas Funcionais e Capacidade de Integração das Políticas de RH Ingresso, Mobilidade e Demissões • • Desempenho e Produtividade • • Remunerações Promoção e Qualificação • • • Relações do Trabalho • • • • • • • • • • • • Institucionalização de políticas de promoção da equidade e nãodiscriminação no serviço público Estratégias de treinamento introdutório restrita a algumas carreiras no serviço público Os servidores sabem de modo muito precário sobre como realizar suas metas de desempenho e como elas contribuem para o desempenho organizacional Os instrumentos de avaliação dos servidores são dotados de reduzida objetividade e confiabilidade como instrumento gerencial Salários são injustos em comparação com produtividade Remunerações são desproporcionais entre as carreiras As políticas e estratégias de promoção são formais e não atendem às expectativas dos servidores Desconhecimento da heterogeneidade cultural das organizações na administração pública Reduzida importância estratégica das avaliações das relações de trabalho nas organizações Reduzida participação e inclusão de demandas oriundas dos servidores Reduzido estimulo à participação nos projetos e ações das organizações Gerentes selecionados por competência técnica e formal Servidores são considerados como de baixa performance pelos gerentes Cultura organizacional e gerencial pouco colaborativa Reduzida participação dos servidores nas decisões relativas as relações trabalhistas. Razoáveis níveis de conflito nas relações de trabalho Inexistência de mecanismos mais aprofundados para o gerenciamento de conflitos no trabalho Efetividade e adequação das políticas de medicina e saúde ocupacional Elevada institucionalização e satisfação com políticas de proteção social ao servidor Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.6. Capacidade Funcional A análise da capacidade funcional das políticas de gestão dos recursos humanos está relacionada a três fatores: a competência, a estrutura de incentivos, e, a flexibilidade. A análise da competência tenta dar conta das políticas que mais diretamente afetam a composição dos 73 perfis, a oferta e o desenvolvimento das habilidades dos servidores, e a tendência de que tais políticas possam produzir as capacidades e habilidades que o sistema de gestão precisa para o seu funcionamento efetivo. A análise da efetividade da estrutura de incentivos se volta compreender os fatores existentes que produzem os incentivos diretamente ligados a elevação da produtividade, da aprendizagem organizacional, e, aspectos ligados à qualidade dos serviços prestados. de conexão e articulação da gestão de recursos humanos com as políticas e prioridades estratégicas das políticas governamentais. Por sua vez, a flexibilidade busca dar conta da incorporação de princípios e critérios que facilitam a adaptação dos sistemas de gestão de recursos humanos às mudanças e incertezas ambientais. 3.6.1. Competência A análise da competência tenta dar conta das políticas que mais diretamente afetam a composição dos perfis, a oferta e o desenvolvimento das habilidades dos servidores, e a tendência de que tais políticas possam produzir as capacidades e habilidades que o sistema de gestão precisa para o seu funcionamento efetivo. Ela é afetada diretamente por fatores relativos ao planejamento, políticas de carreiras, políticas de ingresso, mobilidade e demissões; políticas de remuneração, e, estratégias de promoção e qualificação. O planejamento dos recursos humanos impacta diretamente sobre a competência das políticas na medida em que este não estabelece as diretrizes que orientem as organizações sobre os perfis gerenciais desejáveis em termos de habilidades e capacidades, bem como dos níveis de qualificação necessários para afetar o desempenho. As organizações ainda desconhecem os perfis gerenciais mais adequados as suas especificidades, e, isto afeta diretamente a competência agregada do sistema. Na ausência de perfis “ideais” desejáveis, as organizações tendem a recrutar seus gerentes pelo tempo de serviço, por critérios subjetivos, pela expertise em questões técnicas, ou mesmo por fatores políticos. Este problema crônico vem sendo reconhecido pelos gestores entrevistados como uma necessidade emergencial da nova política de gestão, e, esforços estão sendo colimados para superar os elevados níveis de desarticulação estratégica com o planejamento no nível gerencial. As políticas de carreiras impactam sobre a competência a partir de diversos mecanismos combinados. O primeiro está relacionado às estratégias de ocupação dos cargos gerenciais que, 74 diante da ausência dos perfis gerenciais desejáveis, são diretamente construídas a partir de fatores tradicionais e critérios não-técnicos, inclusive a política. Disto resulta que as organizações terminam por adquirir grande autonomia e flexibilidade para definir elas próprias suas demandas e seus perfis sem conexão mais profunda com as estratégias dos recursos humanos, e, mais amplamente, com as políticas e prioridades governamentais. O segundo mecanismo que diretamente afeta a competência do sistema esta relacionado a incapacidade de conhecer mais precisamente a relação entre os perfis gerenciais e o desempenho organizacional e institucional. O planejamento ainda carece de um bom estudo sistemático metodologicamente orientado sobre tal questão. O que resulta disto é a predominância de critérios tradicionais e formais para a ocupação dos cargos gerenciais. O mérito e a produtividade são aspectos que desempenham papel desconhecido nestas escolhas. O terceiro grupo de fatores que afetam a competência do sistema de gestão está ligado a mecanismos estruturais que mais de perto dizem respeito as estratégias de recrutamento e seleção de servidores públicos. O primeiro fator esta relacionado ao peso considerável das demandas emergenciais das organizações na definição das estratégias de recrutamento dos servidores. Estas não adquirem conexão consistente com mérito, produtividade, ou com perfis desejáveis nas diversas organizações. Mesmo com as estratégias de difusão e publicização dos concursos públicos no âmbito do executivo estadual, não se verifica um aumento associado da capacidade de identificação dos perfis e dos servidores desejáveis para os cargos. A definição estratégica dos perfis e habilidades restritas a algumas carreiras específicas, especialmente, aquelas consideradas “do núcleo estratégico” do governo dentro do novo modelo de gestão. Os mecanismos de seleção ainda são orientados e concebidos a partir de critérios formais ou de estruturas pré-existentes, sem maior conexão com mérito e com a competência técnica dos servidores. Não existem Comissões de Seleção nos concursos públicos que atuam de modo autônomo e dependente para avaliação dos concursos realizados. Por fim, verifica-se que a predominância da cultura de não-avaliação efetiva dos servidores termina contribuindo para os reduzidos níveis de promoção das competências e capacidades no serviço público. Por seu turno, as políticas salariais também afetam diretamente os reduzidos níveis de competência e capacidades. A concepção da política salarial não guarda conexão com mérito e produtividade. As políticas salariais são influenciadas por políticas existentes (legados de 75 políticas) e fortemente restritas por contingências fiscais. Os vencimentos não guardam relação direta com desempenho e produtividade, conforme já analisado anteriormente. As políticas de qualificação afetam os níveis de competência a partir de dois mecanismos considerados essenciais. Primeiro, é o de que as políticas e estratégias voltadas para a complementação da qualificação exigida no ingresso no serviço são pouco alinhadas com as necessidades estratégicas das organizações e das carreiras. E, em segundo lugar, que nas políticas recentes não se identificam mecanismos consistentes de avaliação da relação entre a qualificação gerencial e o desempenho e produtividade organizacional. Esta relação ainda é desconhecida e não existem análises que tentem compreender mais de perto tal importante parâmetro. Quadro 7 Sistemas Funcionais e Competência das Políticas de RH Planejamento • Carreiras • • • Ingresso, Mobilidade e Demissões • • • • Remunerações • • • Promoção e Qualificação • • As habilidades desejáveis para o perfil gerencial não é estabelecida com clareza pelo planejamento A ocupação dos cargos gerenciais está diretamente associada a fatores tradicionais e critérios não-técnicos. As organizações possuem autonomia para definir seus perfis de contratação sem alinhamento com planejamento estratégico. Inexistem estratégias que tentem dar conta de como os perfis gerenciais contribuem para níveis desejáveis de desempenho organizacional e institucional Predominância de critérios tradicionais e formais para a ocupação dos cargos gerenciais Estratégias de recrutamento dos servidores orientadas por demandas emergenciais das organizações, sem conexão maior com mérito, produtividade, ou com perfis desejáveis nas organizações Estratégias de difusão dos concursos públicos não resulta em melhor da capacidade de identificação dos servidores desejáveis para os cargos Definição estratégica dos perfis e habilidades restritas a algumas carreiras Mecanismos de seleção concebidos a partir de critérios formais ou de estruturas pré-existentes sem maior conexão com mérito Inexistência formal de Comissões de Seleção Predominância da cultura de não-avaliação Concepção da política salarial não guarda conexão com mérito e produtividade. As políticas salariais são influenciadas por políticas existentes (legados de políticas) e fortemente restritas por contingências fiscais. As políticas e estratégias voltadas para a complementação da qualificação exigida no ingresso no serviço são pouco alinhadas com as necessidades estratégicas das organizações e das carreiras Inexistem mecanismos consistentes de avaliação da relação entre a qualificação gerencial e o desempenho e produtividade Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 76 3.6.2. Eficiência da Estrutura de Incentivos. A análise da efetividade da estrutura de incentivos se volta compreender os fatores existentes que produzem os incentivos diretamente ligados a elevação da produtividade, da aprendizagem organizacional, e, aspectos ligados à qualidade dos serviços prestados. Ela representa o grau de conexão e articulação da gestão de recursos humanos com as políticas e prioridades estratégicas das políticas governamentais. Ela é afetada diretamente por fatores relativos às políticas de carreiras, as políticas de ingresso, mobilidade e demissões; ao desempenho e produtividade, as políticas de remuneração, e, as estratégias de promoção e qualificação. A relação entre as estruturas de carreiras e os incentivos revela que os servidores são fortemente motivados por fatores salariais e pela competição por cargos. A lógica de organização das carreiras e dos salários tende a produzir uma cultura voltada à aquisição de maiores salários e de busca por cargos gerenciais sem conexão com o mérito e a produtividade. Esta estrutura tradicional de incentivos tem sido um dos focos centrais da critica mais contemporânea dos gestores de recursos humanos, que consideram os salários como insuficientes como incentivos relacionados a motivação e ao engajamento dos servidores. , As políticas recentes, conforme já comentado no capitulo anterior, tem buscado instaurar numa nova mentalidade em que questões de qualidade e produtividade passem a ser inseridas como orientadoras da organização dos recursos humanos na Bahia. Diretamente associado a esta lógica da organização das estruturas de incentivos estão as questões diretamente ligadas aos elevados níveis de absenteísmo na administração pública, especialmente relacionadas a problemas ligados a depressão, ao alcoolismo, e, a fadiga na rotina laboral. O conhecido problema do burn out e da perda de sentido com o trabalho tem feito com que as políticas recentes se voltem para criar a noção de trabalho decente, o êxito psicológico, e, a criação de aprendizagem organizacional, como critérios orientadores das políticas de desenvolvimento de pessoas na Bahia. Outro ponto diretamente relacionado a questão da ineficiência da estrutura de incentivos está relacionada a questão das chances muito pequenas de demissão dos servidores por desempenho abaixo dos níveis desejáveis. Embora 77 existam formalmente critérios para demissão por tal aspecto, há uma cultura real de nãoavaliação do desempenho dos servidores. Os fatores ligados a produtividade ocupam posição central na análise da eficiência da estrutura de incentivos e cinco fatores produzem níveis reduzidos de eficiência no caso baiano. Em primeiro lugar, aparece a definição precária dos critérios de desempenho organizacional e individual pelo planejamento. As estratégias de definição das metas de desempenho individual bem como sua avaliação sistemática não são de fato incorporadas às rotinas gerenciais. A cultura da não-avaliação prevalece. Em decorrência, os gerentes não conseguem distinguir, com base em critérios mais consistentes, os grupos de servidores em função da sua contribuição para a performance. Prevalece critérios subjetivos de avaliação que resultam em uma formação de lealdades subjetivas que são afetadas diretamente pelas descontinuidades gerenciais no nível organizacional. Quanto ao impacto dos fatores associados à política de remuneração e a estrutura de incentivos, alguns mecanismos são considerados responsáveis mais diretamente pela ineficiência agregada dos incentivos existentes. Primeiro, há uma percepção generalizada de que os salários praticados guardam relação muito frágil com a produtividade dos servidores. Em segundo lugar, considera-se que existem moderadas distorções salariais entre as carreiras. Os salários praticados não premiam esforços individuais, as competências técnicas e o desenvolvimento de habilidades. Por fim, quando existe a recompensa salarial através de premiações e gratificações, esta é incorporada automaticamente aos salários sem conexão com desempenho. Por fim, dois fatores ligados às estratégias de promoção dos servidores contribuem para a ineficiência da estrutura de incentivos. Primeiro é que fatores não associados a produtividade, tais como o tempo de permanência na carreira e critérios formais desempenham considerável papel nas políticas de promoção dos servidores. Desempenho e produtividade, bem como mérito e competência ainda desempenham reduzido papel nas políticas de promoção dos servidores. 78 Quadro 8 Sistemas Funcionais e Eficiência da Estrutura de Incentivos das Políticas de RH Carreiras • Ingresso, Mobilidade e Demissões • • Desempenho e Produtividade • • • • • Remunerações • • • • Promoção e Qualificação • • A motivação dos servidores é fracamente orientada pela qualidade e produtividade. Salários e posições nos cargos gerenciais são os principais fatores motivacionais. Elevadas taxas de absenteísmo em comparação com índices nacionais e internacionais Chances muito remotas de ocorrer demissão por desempenho insuficiente Critérios de desempenho organizacional e individual são precariamente definidos pelo planejamento Estratégias de definição das metas de desempenho não incorporadas às rotinas gerenciais Inexistência de estratégias de acompanhamento sistemático e avaliação gerencial do desempenho organizacional Inexistência de avaliação individual dos servidores As estratégias de avaliação do desempenho não permitem diferenciar grupos de servidores em função da performance e contribuição para desempenho organizacional Servidores avaliam que os salários não guardam conexão com produtividade Moderadas distorções salariais entre as carreiras Os salários praticados não premiam esforços individuais, as competências técnicas e o desenvolvimento de habilidades. Pagamentos extra-salariais (premiações e gratificações) são incorporados automaticamente aos salários sem conexão com desempenho. Tempo de permanência na carreira e critérios formais desempenham considerável papel nas políticas de promoção dos servidores. Desempenho e produtividade, bem como mérito e competência ainda desempenham reduzido papel nas políticas de promoção dos servidores. Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.6.3. Flexibilidade. A análise da flexibilidade da política de gestão de recursos humanos está direcionada para compreender quais os fatores que contribuem para ampliar ou reduzir a capacidade de adaptação desta às mudanças exigidas pelo ambiente em que este se insere. Conforme a metodologia referencial, a flexibilidade estão associadas à fatores relativos ao planejamento de recursos humanos, às políticas de carreiras, as políticas de ingresso, mobilidade e demissões, as políticas de remuneração, e, as estratégias de promoção e qualificação. 79 O planejamento das políticas de recursos humanos na Bahia opera com uma importante dualidade: elevado grau de descentralização e autonomia da SAEB para as setoriais de RH, combinado ao formalismo. A descentralização e a autonomia se refletem nas políticas de contratação dos servidores na medida em que as setoriais de recursos humanos como elemento decisivo para a “formação das demandas” sem o devido grau de articulação com estratégias de planejamento. A SAEB apenas autoriza ou não as contratações, verificadas as exigências legais e formais, e, especialmente em termos de disponibilidade orçamentária, e limites fiscais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Este mecanismo tem gerado um efeito nocivo: consideráveis limites para investir em políticas que permita ampliar conhecimento sobre o perfil desejável de contratações de servidores com base nos perfis desejáveis para as diversas carreiras. O formalismo, por outro lado, atua decisivamente na definição das estratégias de carreiras, bem como na implementação das estratégias de ocupação dos cargos gerenciais. A aplicação da legislação que organiza a carreira, muito vinculada às questões da promoção e das progressões, termina por fazer com que fatores como a produtividade e o mérito passem a assumir um papel preponderante nas motivações dos servidores para o engajamento no trabalho. Há um formalismo burocrático que “engessa” as possibilidades de efetivamente avaliar pelo mérito e desempenho. A flexibilidade das políticas termina por gerar uma taxa moderada de rotatividade gerencial que basicamente reflete uma busca por posições gerenciais desassociada de estratégias que levem em consideração o desempenho e a produtividade, bem como a qualidade gerencial dos servidores, mas, sim uma busca por cargos comissionados e salários. Como os fatores de promoção gerencial são incertos, os gerentes passam a ter como elemento motivador a sobrevivência e, disto resulta, um “desprezo a cultura da avaliação dos servidores e das políticas gerenciais praticadas”, conforme afirmam os gestores entrevistados. Embora existam mecanismos formais para demitir ou punir servidores por desempenho insuficiente, ou por redução de despesas, raros são os gerentes que se utilizam de tais estratégias. O risco político de tais medidas, num ambiente de incertezas e elevada competição por lealdades desassociada do mérito, é elevado. 80 Estes fatores impactam sobre a política salarial praticada haja vista que os mecanismos de mobilidade gerencial bem como as promoções estão fracamente associados ao mérito, ao desempenho, ou pela adequação dos perfis para a função desempenhada. A lei das carreiras – o Estatuto do Servidor ou as legislações específicas predominam. Estas, em última instância, revelam as estratégias coletivas para “fixação” das bases salariais praticadas por grupo ocupacional, e, nestas, em cada classe ou nível. O formalismo produz um efeito associado: os salários praticados na administração pública não revelam conexão com efetividade, a produção, ou ao mérito. A orientação precípua por salários na organização burocrática associada a uma desconexão estrutural das políticas de carreiras termina por colocar o desempenho como questão “secundária” na gestão dos recursos humanos. Quadro 9 Sistemas Funcionais e Flexibilidade das Políticas de RH Planejamento RH • Carreiras • • • Ingresso, Mobilidade e Demissões • • Remunerações • Promoção e Qualificação • Considerável grau de descentralização e autonomia das políticas com reduzido conhecimento sobre o perfil desejável de contratações de servidores Cargos gerenciais ocupados a partir de critérios formais e legais desalinhados de uma política de carreiras. Fatores formais pesam consideravelmente na definição das políticas de carreira Produtividade e mérito desempenham papel muito reduzido na motivação dos servidores Moderadas taxas de rotatividade gerencial e esta não reflete uma estratégia de planejamento associada ao desempenho e a qualidade no atendimento Chances muito remotas de ocorrer demissão por desempenho insuficiente ou por redução de despesas A estrutura dos salários produz mobilidade funcional dos servidores sem a devida conexão com o mérito, a competência técnica, e, a definição mais precisa dos perfis gerenciais necessários Consideráveis limitações formais sobre as estratégias de promoção que terminam por produzir fraca associação com elementos relacionados ao desempenho e a habilidade técnica dos servidores. Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor 3.7. Capacidade de Integração A capacidade de integração das políticas de gestão dos recursos humanos está relacionada a questão das políticas que mais diretamente lidam com a capacidade efetiva do sistema de produzir mecanismos voltados para a promoção de conflitos nas relações de trabalho. A análise da capacidade de integração se volta compreender os fatores responsáveis para a elevação ou redução desta efetividade gerencial. A capacidade de integração é afetada por 81 elementos relativos às estratégias de ingresso, mobilidade e demissões; pelo desempenho e produtividade, pelas remunerações, pelas políticas de qualificação, e, fundamentalmente, por elementos diretamente ligados à gestão das relações trabalhistas. No que diz respeito especificamente ao impacto dos mecanismos de recrutamento dos servidores na capacidade de integração, se verifica a existência de uma estratégia institucionalizada de promoção da equidade e da não-discriminação na contratação dos servidores públicos. Este mecanismo se traduz em contribuição para a elevação da inclusão e integração social na administração pública no contexto da Bahia. Por outro lado, tal capacidade é afetada na medida em que ainda são muito frágeis as políticas de integração dos servidores recém-contratados (treinamento introdutório). Estas políticas ainda carecem de maior nível de universalização, haja vista que estas são bem focalizadas em algumas carreiras estratégicas da administração pública. Os mecanismos ligados ao desempenho e produtividade que reduzem a capacidade de integração da política de gestão são o reduzido grau de difusão e transparência no que se refere às metas de desempenho organizacional e individual. Por outro lado, a reduzida capacidade metodológica e instrumental das políticas gerenciais para avaliar os servidores termina por produzir desarticulação entre o trabalho produzido e as metas desejáveis. Este é um ponto crítico decisivo para o sistema de gestão, conforme já comentado anteriormente. Elementos diretamente associados às políticas de remuneração tais como a percepção dos servidores de que suas remunerações são injustas em relação à produtividade, e, que, as políticas salariais existentes terminam por gerar conflitos entre os grupos e carreiras na medida em que seus resultados apresentam consideráveis distorções, e, são compreendidas como “remunerações desproporcionais” à contribuição ao trabalho e a produtividade. Estes elementos combinados tendem a promover níveis elevados de conflito por salários e desconfiança nas políticas salariais praticadas. A efetividade da capacidade de promover a integração no trabalho é também afetada pela insatisfação dos servidores com as políticas de promoção. Estas, fortemente movidas pela estrutura de carreiras, e, pelas políticas salariais, terminam por não atender as expectativas dos 82 servidores, especialmente os gerentes e dirigentes por níveis mais justos de promoção associados à produtividade. Fatores diretamente relacionados às políticas de gestão das relações de trabalho são decisivas para os níveis de efetividade do sistema. A pesquisa também revela que estudos estratégicos e sistemáticos de avaliação da cultura e clima nas organizações são tidos como necessários para que se possam adotar políticas de gestão de recursos humanos com maiores níveis de integração diante da complexidade e do grau de conflito existente. Nas condições existentes, o modelo de gestão opera com reduzida importância estratégica para estudos de avaliação das relações de trabalho em termos de políticas bem-sucedidas ou mesmo dos fatores que produzem conflitos no trabalho em diferentes níveis. As organizações trabalham com reduzida institucionalização dos mecanismos de participação e inclusão dos servidores, traduzindo um modelo ainda centralizado e hierárquico de condução e gerenciamento dos conflitos emergentes. Por outro lado, no que diz respeito aos padrões de relacionamento entre gerentes e subordinados, se verifica a predominância de relações assimétricas em termos de papeis e expectativas com relação ao trabalho e a produtividade. Esta característica o que tende a gerar uma cultura administrativa e gerencial pouco cooperativa com razoáveis níveis de conflito, e, com níveis insatisfatórios de confiança recíproca. Os gerentes tendem a considerar que os subordinados atuam em níveis muito abaixo do esperado, e, diante da ausência de mecanismos mais institucionalizados e efetivos de avaliação dos servidores, a “punir” servidores com maior produtividade, com maior carga de trabalho. Isto gera um conflito organizacional e elevados níveis de stress ocupacional nas organizações, e, relacionado a isto, elevam-se os níveis de conflito gerencial. São também ainda frágeis as políticas voltadas especificamente para a gestão dos conflitos. Por outro lado, a capacidade de integração é positivamente afetada por dois importantes elementos: primeiro a reconhecida institucionalização, capacidade e resolutividade das políticas de segurança do trabalho e saúde ocupacional, bem como das políticas de proteção social do servidor público. 83 Quadro 10 Sistemas Funcionais e Capacidade de Integração das Políticas de RH Ingresso, Mobilidade e Demissões • • Desempenho e Produtividade • • Remunerações • • Promoção e Qualificação • Gestão do Trabalho • • • • • • • • Institucionalização das políticas de promoção da equidade e da não-discriminação na contratação dos servidores públicos. Política de Treinamento Introdutório restrita a algumas carreiras estratégicas da administração pública Reduzido grau de difusão e transparência nas metas de desempenho individual e organizacional Reduzida efetividade e confiabilidade dos instrumentos gerenciais utilizados para avaliação dos servidores possuem Servidores percebem individualmente que suas remunerações são injustas em relação à produtividade Estruturas salariais produzem remunerações desproporcionais à contribuição Políticas de Promoção terminam por não atender as expectativas dos servidores. Inexistência de estudos mais estratégicos e sistemáticos de avaliação da cultura e clima nas organizações Reduzida importância estratégica para estudos de avaliação das relações de trabalho Baixa institucionalização dos mecanismos de participação e inclusão dos servidores nas políticas organizacionais Relações assimétricas entre gerentes e supervisionados em termos de papeis e expectativas com relação ao trabalho e a produtividade Cultura administrativa e gerencial pouco cooperativa com razoáveis níveis de conflito Inexistência de mecanismos mais institucionalizados voltados especificamente para a gestão dos conflitos Elevada capacidade e resolutividade das políticas de segurança do trabalho e saúde ocupacional Elevada institucionalização das políticas de proteção social do servidor público. Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor. Considerações Finais Esta seção apresenta as considerações finais do diagnóstico da política de gestão de recursos humanos para o caso da Bahia a partir do conjunto de evidências e análises desenvolvidas ao longo dos diversos capítulos deste estudo analítico. O propósito básico é o de identificar os principais mecanismos críticos que afetam o desempenho do sistema de recursos humanos e realizar algumas sugestões sobre recomendações de políticas públicas para a modernização destes sistemas. O caso baiano revela uma situação em que a política de gestão de recursos humanos foi alvo de substanciais transformações a partir de programas de reforma especificamente voltados para 84 promover a modernização destes sistemas desde o início da década. Na Bahia, o governo vem atuando de forma diligente na modernização das políticas de gestão dos recursos humanos, não apenas como parte de um profundo movimento de ajuste fiscal, mas, por outro lado, por uma demanda crescente de superar crônicos problemas da gestão na administração pública estadual. As iniciativas do PROAGE, Programa Gestão Bahia e do PROMORH permitiram implantar progressivamente novos parâmetros para a organização e o funcionamento do sistema de gestão de recursos humanos. O planejamento estratégico bem como a produção do conhecimento sobre as rotinas burocráticas e o modelo de gestão dos benefícios aos servidor vem sendo agilizados com sensíveis impactos positivos sobre as despesas públicas. Por outro lado, tais iniciativas ainda carecem de um aprofundamento para introduzir o mérito, produtividade, e a profissionalização dos recursos humanos num sentido mais gerencial. Apesar das inovações ocorridas, o modelo ainda carece de sensíveis esforços para promover o fortalecimento das carreiras, a organização dos salários e da oferta de qualificação dos recursos humanos. De forma análoga aos sistemas de gestão de outros contextos pesquisados neste diagnóstico, o modelo baiano exibe considerável fragilidade no que se refere a conexão entre o planejamento estratégico e a política de contratação de servidores para as diversas organizações. É também frágil a conexão entre a alocação planejada dos recursos humanos e as políticas públicas implementadas pelo governo nas diversas áreas setoriais. Os modelos recentes têm sido pautados por uma nova lógica que tenta verificar como seria possível superar tal problema a partir de bases realistas. Há também uma carência no que se refere à conexão entre as demandas das setoriais de recursos humanos e o planejamento estratégico. Este modelo quase sempre resulta na lógica de captura pelas demandas circunstanciais onde as contratações ocorrem de forma pouco atrelada as necessidades mais estratégicas do governo. Há uma necessidade de ampliar a capacidade de coordenação das setoriais de recursos humanos integrando-as ao processo de formulação das políticas. 85 As contratações obedecem, de fato, a um processo “organizado” a partir das demandas emergenciais, reativas, das setoriais. As organizações e entidades da administração pública carecem ainda de substanciais esforços para avançar na questão da identificação das demandas através de planos estratégicos, iniciativa que depende, basicamente, da construção de políticas que passem a integrar os gerentes de recursos humanos de forma alinhada ao planejamento estratégico. O modelo de gestão das carreiras é organizado por fatores tradicionais e por demandas emergenciais por contratação. O planejamento não trabalha a partir de perfis de habilidades técnicas para alocar os cargos gerenciais, ou mesmo de estratégias voltadas para o fortalecimento e a profissionalização das carreiras. O modelo existente é marcado por um considerável formalismo em que as carreiras são basicamente organizadas a partir de estruturas formais sem conexão mais sólida com a questão do mérito e dos incentivos à produtividade. Inexistem esforços que tentam avaliar os sistemas de carreiras e como eles contribuem para a produtividade. Outro ponto que merece atenção está relacionado ao formalismo dos instrumentos e mecanismos de seleção. A concepção dos processos seletivos é fortemente influenciada por legalistas ou de estruturas de carreiras pré-existentes. As decisões sobre as estratégias de recrutamento dos servidores são tomadas para atender as demandas circunstanciais das organizações, sem alinhamento maior com a lógica do mérito, e, do perfil desejável de carreiras. Por outro lado, o modelo ainda carece de fortalecimento institucional e autonomia das comissões de seleção para os concursos e exames públicos. Este é um ponto que precisa avançar consideravelmente no modelo. Quando se compara os subsistemas funcionais a partir dos principais pontos críticos hierarquizados8 para o caso da Bahia, os dados revelam que os subsistemas de Planejamento e Gestão; Desempenho e Produtividade; e as Políticas de Promoção e Qualificação são as áreas em que se exibem a maior quantidade de pontos considerados “críticos”, e, que demandam 8 A partir das respostas dos questionários fechados fornecidos pelos gestores para as 93 questões envolvendo os 08 subsistemas funcionais, foram construídas escalas hierárquicas das respostas considerando respostas que foram codificadas como 1 – Crítico, 2 – Regular; 3 – Bom; 4 – Adequado, e, 5 – Próximo ao Ideal. Para cada um dos sistemas foram contabilizados e identificados os pontos críticos específicos para cada caso analisado. 86 atenção especial para a intervenção via políticas específicas. Em cada um dos subsistemas existe um conjunto específico de pontos críticos que são fortes evidências para o planejamento de estratégias efetivas de intervenção na realidade (cf Quadro-Síntese ao final do capítulo) Para o subsistema de planejamento e gestão, os principais pontos críticos para o caso estudado residem em: a) ampliar a consistência e a confiabilidade das informações gerenciais; b) criar as condições para introduzir a necessária conexão entre o planejamento estratégico e os padrões de alocação da força de trabalho; c) conhecer mais de perto as questões relativas as demandas por realocação dos gerentes em função da produtividade das organizações. O modelo existente carece de políticas que possibilite tomar decisões sobre realinhamento estratégico de gerentes em função das necessidades organizacionais; b) promover uma maior capacidade das organizações de estabelecer critérios relativos às habilidades e competências gerenciais de modo a que seja possível planejar com maior efetividade a alocação de servidores nestes cargos, ou mesmo as políticas de qualificação. Para a política de gestão de carreiras, a pesquisa identifica que cinco áreas carecem atenção no desenho de novas políticas: a) criar os mecanismos para fortalecer a orientação conexão entre as iniciativas individuais e o desempenho organizacional a partir de incentivos que possibilitem ampliar a informação dos servidores sobre como contribuir efetivamente para o desempenho das organizações; b) introduzir maior grau de flexiblidade nas políticas de organização das carreiras superando o caráter excessivamente formalista do modelo tradicional; c) conferir importância estratégica para o maior conhecimento dos perfis da força de trabalho para os cargos gerenciais e para as carreiras; d) criar incentivos nas carreiras que potencializem a motivação dos servidores, a cultura da produtividade, e a coordenação gerencial, em contraposição a um modelo de promoções altamente orientado pela questão salarial; e) criar incentivos que potencializem o impacto positivo conexão entre o perfil das carreiras e o mérito e a produtividade organizacional. No que tange a questão do recrutamento, a pesquisa identifica que o principal ponto crítico reside na ampliação da institucionalização das comissões de seleção. É necessário encontrar alternativas de potencializar sua composição por critérios meritocráticos, investir tais instituições de autonomia, e, reduzir os vetos sobre suas decisões nos processos de 87 contratação. Este é um dos pontos que o modelo ainda precisa investir para elevar o mérito nas novas contratações de servidores. A avaliação de desempenho na política de recursos humanos é um dos principais pontos críticos do sistema de gestão de recursos humanos e sua modernização. Apesar dos consideráveis avanços trazidos pelos programas estruturadores, a avaliação do desempenho individual e organizacional ainda não adquiriu a devida importância estratégica. A pesquisa identifica 06 (seis) pontos considerados críticos para a modernização nesta importante área. A primeira delas depende fundamentalmente da ampliação da informação dos servidores sobre as questões de desempenho organizacional e individual. É de fundamental importância institucionalizar estratégias que se voltem para introduzir os conceitos fundamentais de uma política de recursos humanos orientada pela avaliação dos servidores e das organizações. O outro ponto decisivo é o de estabelecer as fundações conceituais e metodológicas para implementar a cultura do planejamento das metas organizacionais. Em terceiro lugar, se faz necessário introduzir mecanismos capazes de permitir a avaliação e o monitoramento sistemático das avaliações de resultados, incluindo as avaliações das políticas de avaliação. É importante também que as avaliações sejam de fato efetivas, i.e, que possam realmente diferenciar organizações (e grupos de servidores) por níveis de desempenho e produtividade. É muito comum na experiência brasileira introduzir políticas de avaliação que não permitem considerar tal aspecto decisivo para o planejamento estratégico, especialmente quando se tenta acoplar a produtividade aos salários. Dois pontos são fundamentais para tal: o primeiro é o de ampliar a confiabilidade e legitimidade dos instrumentos de avaliação existentes. E, o segundo está associado ao envolvimento estratégico dos gerentes, elemento de importância decisiva na elevação das chances de transformação na cultura tradicional de não-avaliação na administração pública. No subsistema funcional das políticas de remuneração os principais pontos críticos estão diretamente associados às seguintes questões: a) a conexão estratégica entre a estrutura dos salários e a atratividade das carreiras. É fundamental avançar no conhecimento estratégico sobre como produzir incentivos salariais (e não-salariais) capazes de atrair e reter servidores capacitados para o exercício das funções; b) compatibilidade e alinhamento das despesas de pessoal com os parâmetros de eficiência do mercado. O planejamento ainda precisaria 88 trabalhar com maior capacidade de conhecimento sobre os mecanismos geradores das despesas de pessoal nas diversas organizações; c) introduzir uma orientação gerencial nas políticas salariais, onde a questão dos vencimentos esteja diretamente associada ao esforço individual, ao desenvolvimento do mérito e da produtividade, especialmente no nível gerencial. Os principais pontos críticos das políticas de promoção dos servidores são basicamente dois: a) ampliar a conexão entre as promoções e os princípios do mérito e da competência técnica, fatores que não são considerados no modelo de progressão funcional de corte formalista que existe hoje; b) redução dos níveis de interferência política para a ocupação dos cargos de comando e decisão nas organizações. Os principais pontos críticos da qualificação profissional residem na necessidade de orientar a oferta de qualificação gerencial por critérios técnicos e de demanda estratégica nas organizações; e, realizar esforços de avaliação sistemática das políticas de qualificação existente. Os pontos críticos do modelo no que se refere à dimensão da gestão do trabalho e dos recursos humanos está centrada em duas demandas básicas: a) ampliar a importância estratégica dos mecanismos de participação dos servidores; b) institucionalizar mecanismos de gestão de conflito nas organizações e para o governo; c) ampliar a capacidade de controle sobre os gerentes e suas ações. 89 Quadro-Síntese Bahia Principais Pontos Críticos Subsistema Funcional Planejamento e Gestão Gestão das Carreiras Ingresso, Mobilidade e Principais Pontos Críticos • • • • • • • • • • Consistência e Confiabilidade das Informações Gerenciais Padrão de Alocação Servidores Planejamento da Realocação Gerencial Habilidades e Competências Gerenciais Ação Individual x Desempenho Organizacional Flexibilidade das Regras Formais Perfis Gerenciais Orientação Gerencial dos Servidores Mérito x Organização das Carreiras Institucionalização das Comissões Seleção • • • • • • • • • • • • • • • • Informação dos Servidores sobre Desempenho Organizacional Planejamento das Metas Organizacionais Avaliação Gerencial do Desempenho Efetividade Avaliação do Desempenho Confiabilidade e Legitimidade Instrumentos de Avaliação Envolvimento Estratégico dos Gerentes na Avaliação Estrutura Salarial e Atratividade das Carreiras Compatibilidade das Despesas de Pessoal com o Mercado Orientação Gerencial dos Salários Mérito e Competência Técnica x Promoções Redução da Interferência Política Orientação Técnico-Estratégica das Políticas de Qualificação Avaliação das Políticas de Qualificação Importância Estratégica da Participação dos Servidores Institucionalização dos Mecanismos de Gestão dos Conflitos Controle sobre Gerentes Demissões Desempenho e Produtividade Remunerações Promoção e Qualificação Gestão das Relações de Trabalho e Função Recursos Humanos Fonte: Questionários Fechados com Gestores RH. Elaboração do Autor.