UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DIOGO LUDERS FERNANDES IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ: Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico Balneário Camboriú 2006 DIOGO LUDERS FERNANDES IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ: Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do titulo de mestre no Programa de Pósgraduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientadora: Profª. Drª. Josildete Pereira de Oliveira Balneário Camboriú 2006 DIOGO LUDERS FERNANDES IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ: Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do titulo de mestre no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú Aprovada em: ______________________________________________- COMISSÃO EXAMINDADORA __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram a torná-la possível, em especial aos meus pais, meu irmão e a Danieli, pelo companheirismo, amor e carinho. iii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, aos meus companheiros da turma de 2004, em especial ao Oswaldo, Isabela, Anna e Alissandra por serem amigos e em muitas vezes companheiros de viagens, assim como, para Graziela, por sua amizade, para tia Fátima pelo apoio incondicional e confiança na minha pessoal, a Elieti pelo apoio, carinho e compreensão, e finalmente mas não menos importante, a uma pessoal muito especial, minha orientadora, Josildete Pereira de Oliveira, por sua dedicação, competência e amizade. iv iv RESUMO São diversas as motivações que levam o turista a sair de suas residências e se deslocar aos vários destinos turísticos nacionais e internacionais. Entre eles pode-se encontrar a busca por novas experiências, tranqüilidade, novas culturas, a aventura, além da fuga da rotina diária. A paisagem possui papel importante, pois é o grande indicar da mudança física do ambiente percebida primeiramente pelo turista. Sendo o primeiro contato do turista com o lugar visitado, podemos considerar que a paisagem está no centro da atratividade turística de uma localidade. Várias são as definições de paisagem, mas o consenso geral é de que a paisagem é o que se vê em um determinado espaço, é a forma deste. Interpretadas pelo observador de forma subjetiva, conforme seus valores e experiências. Assim esta pesquisa tem como objetivo analisar o potencial turístico das paisagens urbanas dos municípios de Irati e Prudentópolis – Paraná. Esta investigação consiste em uma pesquisa descritiva, um estudo de caso que busca descrever os elementos da paisagem urbana dos dois municípios em questão, e seu potencial para o uso turístico. Palavras-chaves: Turismo; Paisagem; Cidades. v ABSTRACT Many are the motivations that make a tourist leaves his residence and moves to the several national and international touristy destinations. Some of them are the search for new experiences, tranquility, new cultures, adventure and also the escape from daily routine. The landscape has an important role because it indicates the physical change of the atmosphere firstly perceived by the tourist. The first contact of the tourist with the visited place shows that the landscape is in the center of the touristy attractiveness of a town. There are lots of definitions for the term ‘landscape’, but the general consensus is that the landscape is what it seen in a determined space, in other words, it is the space form. The observer interprets the landscape in a subjective way, according to his values and experiences. This work aims to analyze the touristy potential of the urban landscape from Irati and Prudentópolis, both municipalities of Paraná. This investigation consists in a descriptive research, a case study that tries to describe the elements of the urban landscape of those two municipalities and their potential for the touristy use. Key words: tourism, landscape, towns vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Tipos de Paisagens............................................................................................ 07 Figura 2: Localização de Irati........................................................................................... 14 Figura 3: Brasão de Irati .................................................................................................. 17 Figura 4: Estação Irati...................................................................................................... 18 Figura 5: Centro Histórico de Irati................................................................................... 19 Figura 6: Aspecto de Irati em 1906.................................................................................. 20 Figura 7: Vista panorâmica do centro de Irati.................................................................. 22 Figura 8: Vista aérea parcial da cidade de Irati................................................................ 23 Figura 09: Localização de Prudentópolis......................................................................... 24 Figura 10: Saltos de Prudentópolis................................................................................... 25 Figura 11: Brasão de Prudentópolis................................................................................. 27 Figura 12: Mapa do Paraná de 1881................................................................................. 28 Figura 13: Barracas dos primeiros imigrantes ucranianos em São João do Capanema, hoje Prudentópolis, 1896.................................................................................................. 30 Figura 14: Vista Panorâmica da Cidade de Prudentópolis, início do Séc. XX................ 31 Figura 15: Vista aérea da cidade de Prudentópolis.......................................................... 32 Figura 16: A relação objeto sujeito.................................................................................. 36 Figura 17: Fachadas da Rodoviária Municipal de Irati.................................................... 47 Figura 18: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 1950..................... 49 Figura 19: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 2006..................... 49 Figura 20: Rua XV de Novembro 1937........................................................................... 49 Figura 21: Rua XV de Novembro 2006........................................................................... 49 Figura 22: Rua XV de Julho 1930.................................................................................... 49 Figura 23: Rua XV de Julho 2006.................................................................................... 49 Figura 24: Casa da Cultura............................................................................................... 51 Figura 25: Monumento a Santa 1957............................................................................... 53 Figura 26: Monumento a Santa 2006............................................................................... 53 Figura 27: Colina Nossa Senhora das Graças 2005......................................................... 53 Figura 28: Recanto Rubens Dallegrave..................................................................... 55 Figura 29: Recanto Rubens Dallegrave em Abril de 2005............................................... 55 Figura 30: Recanto Rubens Dallegrave em Agosto de 2005............................................ 55 Figura 31: Igreja Nossa Senhora da Luz década de 1930 e 1940..................................... 57 Figura 32: Igreja Nossa Senhora da Luz 2006................................................................. 57 Figura 33: Praça Etelvina Gomes..................................................................................... vii 57 Figura 34: Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria................................. 58 Figura 35: Igreja São Miguel década de 1920................................................................. 59 Figura 36: Igreja São Miguel 2006................................................................................... 59 Figura 37: Colégio Nossa Senhora das Graças................................................................ 60 Figura 38: Praça Madalena Anciutti................................................................................. 60 Figura 39: Antiga Olaria Santa Therezinha...................................................................... 60 Figura 40: Área antes e depois da Construção do Parque Aquático................................ 61 Figura 41: Equipamentos e Instalações do Parque Aquático de Irati............................... 62 Figura 42: Centro de Tradições Willy Laars.................................................................... 63 Figura 43: Portal Ucraniano............................................................................................. 72 Figura 44: Portal secundário............................................................................................. 73 Figura 45: Estação Rodoviária de Prudentópolis............................................................. 74 Figura 46: Centro da Cidade de Prudentópolis................................................................ 76 Figura 47: Igreja Matriz São João Batista........................................................................ 78 Figura 48: Santuário Nossa Senhora das Graças.............................................................. 80 Figura 49: Casa do Coronel João Lech............................................................................ 81 Figura 50: Colégio e Seminário São José......................................................................... 82 Figura 51: Praça Ucraniana.............................................................................................. 84 Figura 52: Museu do Milênio........................................................................................... 84 Figura 53: Estátua Taras Chewtchénko............................................................................ 84 Figura 54: Ikonostás......................................................................................................... 86 Figura 55: Igreja Matriz de São Josafat............................................................................ 87 Figura 56: Rede Viária de Prudentópolis......................................................................... 90 Mapa 01: Mapa de Irati.................................................................................................... 65 Mapa 02: Mapa de Prudentópolis..................................................................................... 89 viii viii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 01 2. METODOLOGIA...................................................................................................... 05 2.1 Natureza da Pesquisa............................................................................................... 05 2.2 Modelo de referencial para análise.......................................................................... 06 2.3 Procedimentos Metodológicos................................................................................. 11 2.3.1 Delimitação da Unidade-Caso.............................................................................. 12 2.3.2 Coleta de Dados.................................................................................................... 12 2.3.3 Análise e Interpretação dos Dados........................................................................ 13 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA............................................................................. 14 3.1 Aspectos geográficos e biofísicos do Município de Irati ........................................ 15 3.2 Aspectos Históricos do município de Irati............................................................... 16 3.3 Aspectos geográficos e biofísicos do município de Prudentópolis.......................... 23 3.4 Aspectos Culturais do município de Prudentópolis................................................. 25 3.5 Aspectos históricos do município de Prudentópolis................................................ 27 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 33 4.1 Paisagem Turística................................................................................................... 33 4.2 Paisagem Urbana...................................................................................................... 37 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................... 46 5.1 Paisagem edificada de Irati...................................................................................... 46 5.1.1 A infra-estrutura urbana de Irati............................................................................ 65 5.1.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos de Irati................................................ 70 5.2 Análise da paisagem edificada Prudentópolis.......................................................... 71 5.2.1 A infra-estrutura urbana de Prudentópolis............................................................ 89 5.2.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos da cidade de Prudentópolis................. 92 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 94 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 98 ix ix 1. INTRODUÇÃO Segundo dados da EMBRATUR, em 2002, o Brasil atraiu 3,8 milhões de turistas estrangeiros, um número bem significativo se comparado aos dados dos anos anteriores, mas ainda insuficiente para um país com uma diversidade enorme de atrativos. Dessa forma, buscando um lugar de destaque no cenário turístico mundial, o Ministério do Turismo lançou, em abril de 2003, o Plano Nacional de Turismo, que tem como principais metas: elevar o número de turistas estrangeiros de 3,8 para 9 milhões de turistas, gerar 1.200.000 novos empregos, aumentar o tempo de permanência do turista estrangeiro no país, sendo que, no turismo interno, o plano busca chegar ao número de 65 milhões de passageiros nos vôos domésticos com a ampliação da oferta turística nacional. Para tanto, cada estado deve desenvolver, no mínimo, três produtos de qualidade. O Estado do Paraná, por sua vez, recebeu no ano de 2002, aproximadamente, 5,5 milhões de turistas, dos quais 48% eram do próprio estado, 35% de outras regiões do país e 17% eram estrangeiros. Gerou-se, assim, uma receita de U$ 899.463.470,00, sendo Curitiba e Foz do Iguaçu os principais pólos turísticos do estado. Juntas, as duas cidades foram responsáveis por 39% do total de turistas que visitaram o Paraná no ano de 2002.(PARANÁ, 2003) Mas a oferta turística do Paraná é bastante diversificada. Dos seus 399 municípios 128 são prioritários para o desenvolvimento do turismo, segundo a Deliberação Normativa n°432/02 da EMBRATUR. Portanto estão nas metas e objetivos da Política Estadual de Turismo 2003 - 2007 do estado do Paraná o crescimento do fluxo turístico, da permanência média do turista no estado, dos gastos per capita, da receita e do número de produtos turísticos no estado. Para isso, uma de suas estratégias é identificação dos potenciais e espaços turísticos do estado assim como seus componentes, assim como realizando seu mapeamento para desta forma identificar as possíveis diversidades atuais do estado e seu uso para o turismo de forma a promover a regionalização, por meio de roteiros integrados, e promover ações espcíficas para cada região do Estado. Uma região que pode se favorecer desta política é a Centro-Sul do estado, um local de clima temperado, onde se encontram Florestas de Araucária, uma grande quantidade de cachoeiras, algumas com até 190 metros de queda d’água. Esta região possui praticamente 40% de seu território protegido em unidades de conservação (Floresta Nacional, APA- Área de Proteção Ambiental). A colonização da região centro-sul se deu por meio de várias etnias, entre as quais estão os imigrantes italianos, alemães e uma grande quantidade de poloneses e ucranianos que, chegaram à região por volta de 1850 e até os dias de hoje conservam suas tradições de festas, comida, religião, edificação, entre outras. Tais características culturais influenciaram os hábitos e costumes dos habitantes, assim como a formação do espaço urbano municipal. Os municípios da região Centro-Sul do estado possuem uma entidade da qual todos participam: a ADECSUL (Agência de Desenvolvimento das Regiões Sul e Centro-Sul do Estado do Paraná). Esta agência é uma entidade civil com pessoa jurídica sem fins lucrativos, criada com a finalidade de fomentar o desenvolvimento das regiões Sul e Centro-Sul. Trata-se de uma entidade que agrupa duas associações de municípios: a AMCESPAR (Associação dos Municípios da região Centro-Sul) e a AMSULPAR (Associação dos Municípios Sul Paranaense). A ADECSUL (2003) tem como principal objetivo auxiliar e assessorar no desenvolvimento em diversas áreas, assim com contribuir para solução de problemas comuns na região, tal agência surgiu da motivação das oficinas do PNMT, realizadas na região que fez com seus participantes unissem as duas regiões em uma entidade com os fins já citados. Entre os municípios da região, encontram-se os de Irati e Prudentópolis, dois municípios distintos em suas características e nas suas origens, como será observado no capítulo 3, e que possuem em comum o intuito de desenvolver o turismo em seus territórios. Irati se caracteriza por ser o maior centro urbano da região, um pólo econômico regional e também do sub-setor bancário, do transporte rodoviário de passageiros e da área cultural e de lazer (esportes, cinema e eventos). Como município vizinho, tem-se Prudentópolis, sendo este de menor porte quanto à área urbana, mas o mais visitado da região pelos turistas. Prudentópolis possui em todo seu território 32 igrejas e templos religiosos, com estilos arquitetônicos diferentes, devido à influência das tradições culturais ucranianas. Além disso há um grande número de cachoeiras que possuem de 50 a 196 metros de queda d’água. Em função dessa diversidade natural e cultural, com o intuito de colaborar para o desenvolvimento turístico da região, este estudo tem como perguntas de pesquisa que nortearam a investigação: Quais são as oportunidades que hoje influenciam o desenvolvimento do turismo nos municípios de Irati e Prudentópolis? 2 Os atrativos turísticos, as paisagens urbanas e a infra-estrutura básica e turística dos municípios de Irati e Prudentópolis possuem real potencial para viabilizar a formatação de um produto turístico? Sendo seu objetivo geral analisar o potencial da paisagem quanto ao uso turístico, nas áreas urbanas dos municípios de Irati e Prudentópolis - Paraná. Para tanto, faz-se necessário: Analisar os atrativos da paisagem urbana com potencial para atividade turística nos municípios de Irati e Prudentópolis; Inventariar a infra-estrutura básica das cidades de Irati e Prudentópolis; Inventariar os empreendimentos turísticos das cidades de Irati e Prudentópolis. Entretanto, esta investigação tem o seu enfoque principal na paisagem urbana dos municípios, tendo em vista que tal paisagem é um reflexo da dinâmica sociocultural, econômica e ambiental, ou seja, resulta das ações das sociedades configuradas no espaço. Sendo assim, as cidades são representações espaciais das sociedades que nelas habitam, em um processo de constante transformação do meio pelas ações antrópicas e destas pelo meio. Cada cidade é singular e, conseqüentemente, um espaço de interesse turístico. Tomando como referencial teórico os estudos de Boullón sobre a paisagem urbana, salienta-se a necessidade de analisar, além da paisagem, outro elemento do espaço turístico, a infra-estrutura, pois esta exerce influência direta na qualidade da paisagem. Entende-se que as paisagens são elementos centrais na atratividade de qualquer destino turístico, este deve ser investigado e analisado, no intuito de identificar o potencial das paisagens enquanto recurso decisivo de uma destinação turística. A metodologia utilizada neste estudo consiste em uma pesquisa descritiva, que busca, pois, descrever um fenômeno, no caso a paisagem urbana de dois municípios e seu potencial para a utilização turística. O método adotado se caracteriza como um estudo de caso, que possui uma grande flexibilidade, podendo se utilizar de qualquer técnica de pesquisa tais, como: a observação da realidade, pesquisa bibliográfica e documental, entre outros. Portanto, esta abordagem metodológica possibilita uma análise sob diversos ângulos do objeto de estudo. Finalmente, o texto desta dissertação foi estruturado na seguinte ordem: Introdução, capítulo que foram apresentados a justificativa do estudo assim como, o problemas e objetivos do estudo; o capítulo da metodologia encontra-se a natureza da pesquisa os procedimentos metodológicos e o referencial teórico; no terceiro capítulo do trabalha está a caracterização do objeto de estudo, onde foram descritos os aspectos geográficos e histórico das duas cidades, 3 Irati e Prudentópolis; no capítulo seguinte a revisão bibliográfica, apresenta uma discussão das temáticas trabalhadas no longo do trabalho, como paisagem turística e paisagem urbana; análise dos resultados é o quinto capítulo onde foram analisados os resultados da pesquisa iniciando-se pela paisagem edificada, em seguida a infra-estrutura e os empreendimentos turísticos dos municípios de Irati e Prudentópolis; o último capítulo consiste nas considerações finais, que é o fechamento de todo o estudo, seguida das referências, onde estão as obras utilizadas e analisadas durante o estudo. 4 2. METODOLOGIA 2.1 Natureza da Pesquisa Trata-se de uma pesquisa descritiva que, para Gil (1991, p. 46) "tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno". O autor ainda conclui que as pesquisas descritivas, em muitos casos, vão além da simples descrição da situação, para Gil (1991, 46), "há pesquisas que, embora definidas como descritivas a partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias." Assim, a pesquisa descritiva é uma das formas utilizadas para o estudo da paisagem. Nesta investigação, busca não somente descrever a paisagem, como também o potencial para a utilização turística da mesma, proporcionando uma análise complexa, que envolve os aspectos tangíveis e intangíveis da paisagem da cidade. 78), Os estudos descritivos segundo Hernández Sampieri et al. (apud Schlüter, 2003, p. (...) medem ou avaliam diversos aspectos, dimensões ou componentes do fenômeno a ser pesquisado. Do ponto de vista científico, descrever é medir. Isto é, em um estudo descritivo seleciona-se uma série de questões e mede-se cada uma delas independentemente, para desta forma (pese a redundância) descrever o que se estuda. Dessa forma, ao observarmos uma paisagem, devemos levar em conta todos os elementos que a envolvem, qualificando e desqualificando a mesma para seu uso turístico. Neste sentido, o presente trabalho se caracteriza como um estudo de caso das cidades de Irati e Prudentópolis do estado do Paraná e busca analisar os recursos histórico-culturais, bem como os atributos geográficos da paisagem urbana, ou seja, pretende descrever as características históricas e culturais de sua formação, os aspectos morfológicos e as características geográficas do território. Conforme já mencionamos, o estudo de caso, como abordagem metodológica, possui uma grande flexibilidade, podendo se utilizar de qualquer técnica de pesquisa, tais como: a observação da realidade, entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, pesquisa bibliográfica e documental, entre outros, possibilitando uma análise sob diversos ângulos do objeto de estudo. 2.2 Modelo de referências para análise Considerando que o foco deste trabalho é a paisagem das cidades, tomou-se como referencial teórico os estudos desenvolvidos por Boullón (2002). Segundo este autor, as cidades são espaços criados, inventados e construídos pelo homem; são espaços culturais, onde cada cidade é diferente da outra, pois cada ser humano possui características diferentes que refletem diretamente na cidade em que vive: Homens diferentes construíram cidades com personalidades diversas que além de adaptarem ao ambiente natural que lhes serviu de base - e que terminaram por transformar em todos os aspectos, menos climáticos e na estrutura topográfica, refletiram a energia das forças sociais e econômicas do período em que se originaram e perduraram. (BOULLÓN, 2002, p. 189) Sendo a paisagem um grande atrativo turístico, podemos compreendê-la como o conjunto de elementos naturais e antrópicos, que se encontram na superfície terrestre apreendida pela visão. Classificando esta paisagem segundo o espaço onde se encontra, temos, então, dois tipos básicos de paisagens: as naturais e as urbanas. Considerando a paisagem um conjunto da relação de ações antrópicas e naturais que existem mediante a observação de um sujeito disposto a apreciá-la, a paisagem pode ser categorizada, conforme Petroni e Kenigsberg apud Boullón (2002,p. 118), da seguinte maneira: Paisagem natural: conjunto de caracteres físicos visíveis de um lugar que não foi modificado pelo homem. Paisagem cultural: paisagem modificada pela presença e atividade do homem (lavouras, diques, cidades, etc.) Paisagem urbana: conjuntos de elementos plásticos, naturais e artificiais que compõem a cidade: colinas, rios, edifícios, ruas, praças, árvores, focos de luz, anúncios, semáforos, etc. Com base na figura 01, podemos observar que Boullón fez uma adaptação das definições de Petroni e Kenigsberg. Isto porque o autor considera que a paisagem cultural também faz parte da natural. Esta, na análise feita por Boullón, não corresponde somente à natureza intocada, mas também ao espaço natural modificado pela ação do homem (como as plantações, as represas etc.), que possui sua expressão máxima na paisagem urbana. 6 PAISAGEM NATURAL PAISAGEM VIRGEM PAISAGEM URBANA PAISAGEM CULTURAL Figura 01: Tipos de Paisagens Fonte: Boullón (2002, p. 119) Boullón (2002, p. 195) compreende que a forma é a linguagem de uma cidade e a sua leitura está apoiada nos signos que melhor a representam. Tais formas são categorizadas em dois grupos distintos: os edifícios e os espaços abertos, dentre os quais aqueles que possuem maior destaque são chamados de pontos focais urbanos. Os pontos focais classificam-se, por sua vez, em seis elementos denominados por Boullón (2002, p. 215) de elementos de estruturação morfológica do espaço urbano, quais sejam, Logradouros, Marcos, Bairros, Setores, Bordas e Roteiros. Segundo Boullón (2002, p. 196), "logradouros são os espaços abertos ou cobertos de uso público, em que o turista pode entrar e que pode percorrer livremente". São exemplos de logradouros: praças, mercados públicos, parques, estações rodoviárias ou ferroviárias, aeroportos etc. Marcos, para o mesmo autor, "são objetos, artefatos urbanos ou edifícios que, pela dimensão ou qualidade de sua forma, destacam-se do resto e atuam como ponto de referência exteriores ao observador." São exemplos de marcos: monumentos, fontes, igrejas etc. Para Boullón (2002, p. 202), os bairros, compreendidos como seções da cidade, foram criados para facilitar a administração da mesma. Já os setores, de acordo com o autor, se caracterizam por constituírem "partes da cidade substancialmente menores que os bairros, mas que têm as mesmas características destes. Em geral, os setores são os restos que permanecem de um antigo bairro, cujas edificações originais foram suplantadas por outras mais modernas." Boullón (2002, p. 208) compreende que as bordas "são elementos lineares que marcam o limite entre duas partes da cidade.". Portanto, podem ser compreendidas como elementos que separam os demais componentes da cidade e porque não da própria cidade. Estes podem ser rios, pontes, avenidas, estradas de ferro etc. Por fim os roteiros, para o mesmo autor, "são as vias de circulação selecionadas pelo trânsito turístico de veículos e de pedestres, em seus deslocamentos para visitar os atrativos turísticos e para entrar ou sair da cidade." Estes 7 elementos não podem ser entendidos como tipos de paisagem, pois não o são. Para este estudo, serão utilizadas as técnicas de análise da paisagem urbana formuladas por Boullón (2002). Segundo esse autor (2002, p. 214), para se obter uma definição de paisagem urbana mais precisa, é necessário combinar uma série de variáveis dispostas em 7 grupos: Tipo de urbanização; Nível socioeconômico das edificações; Estilo arquitetônico; Topografia; Tipo de rua; Tipo de pavimento; Tipo de árvore. Cada grupo se subdivide, formando um total de trinta elementos básicos, cujas combinações formam uma tipologia da paisagem urbana, conforme Boullón (2002, p. 214). Estes elementos serão descritos a seguir. Tipo de urbanização: Área centro em altura; Área centro baixa; Habitações em altura; Habitações de quatro andares; Habitações de um ou dois andares, com jardins na frente; Habitações de um ou dois andares, sem jardins na frente; Conjuntos habitacionais em blocos. Nível socioeconômico das edificações: De luxo; De classe média; Pobre; Precário. Estilo arquitetônico: Moderno; Antigo. Topografia: Solo plano; Solo ondulado; Solo escarpado. Tipo de rua: Extensão normal, sem árvores; Extensão normal, com árvores; Estreita, sem árvores; Estreita, com árvores; Avenida normal, sem árvores; 8 Avenida normal, com árvores; Avenida com passeios largos, sem árvores; Avenida com passeios largos, com árvores. Tipo de pavimento: Pavimento normal; Empedrado ou pavimento articulado; Terra. Tipo de árvore: Alta; Média; Baixa. Tais elementos, selecionados cada qual com suas características, exercem influência sobre a paisagem urbana. Para Boullón (2002, 216): "a segunda variável, nível socioeconômico, foi escolhida depois de se observar que a paisagem urbana tem grandes diferenças conforme o nível de riqueza ou pobreza de seus habitantes." Apresentado pelas construções do entorno dos atrativos, este nível condiciona o tipo de paisagem vivenciada pelo turista. De acordo Boullón (2002, p. 216); A terceira variável, que se refere ao estilo arquitetônico, foi simplificada em dois tipos (moderno e antigo), pois, do contrário, a lista seria interminável e de pouca utilidade para o propósito de obter um cálculo aproximado dos diferentes tipos de paisagem que se pode observar em uma determinada cidade. Portanto buscando simplificar ou minimizar o número de paisagens que resultará de tal análise, temos a redução dos estilos arquitetônicos. Estes influenciam a experiência do turista quando uma cidade apresenta uma arquitetura que pode levá-lo a retornar no tempo ou ainda uma arquitetura futurista, que pode conduzi-lo a experiências diversificadas conforme seu interesse. Assim como os demais elementos da paisagem, Boullón (2002, p. 216) não poderia deixar de mencionar que As mudanças na topografia produzem modificações significativas em todas as tipologias anteriores,[...]. No entanto, como a cidade é vista das ruas, a variável tipo de rua, com suas oito possibilidades, [...], como uma rua pode mudar de acordo com o material empregado na pavimentação da calçada e do passeio, bem como pelo tipo de árvore acrescentaram-se estas duas variáveis, que finalizam a lista. No caso do pavimento, segue-se o mesmo critério dos estilos arquitetônicos, mas se deixou de lado a análise das calçadas para concentrar-se no pavimento, pois de ambos os elementos é o que tem mais importância 9 visual. Quanto à árvores, descartou-se a análise por espécies e se reduziu as possibilidades formais às três que resultam apenas da consideração de seu tamanho. A topografia implica o grau de dificuldade de percepção da paisagem. A pavimentação das ruas é um elemento que pode elevar ou diminuir o grau de qualidade de uma cidade, sendo que cada tipo de pavimentação deve ser utilizado em situações diferentes. Por exemplo, as cidades ou centros históricos que apresentam pavimentação em paralelepípedo ou articulado possuem uma originalidade ou característica que aumentará o grau de satisfação ou a qualidade da paisagem destes locais. Já as ruas arborizadas proporcionarão uma experiência diferente na percepção da paisagem, influenciando não somente uma melhoria na qualidade do ar, mas possibilitando percursos mais agradáveis nos roteiros realizados em automóveis ou por pedestres. A combinação dos elementos de cada grupo forma uma infinidade de paisagens que uma cidade pode apresentar. Para Boullón (2002, p. 220), a imagem de um centro turístico é formada da seguinte maneira: "a captação dos pontos focais de um centro turístico origina a formação de um número equivalente de imagens fortes, que ao se correlacionarem na mente dos visitantes permitem elaborar uma síntese do espaço urbano." Entretanto para isso, é preciso conhecer os pontos que o turista percorre ou aqueles que lhe interessam. Para Boullón (2002, p. 248), estes pontos, chamados de áreas gravitacionais, são pontos de passagem obrigatórios do turista em uma dada cidade. São eles: Estações terminais; Zonas de concentração do empreendimento turístico e de outros serviços turísticos; Atrativos turísticos; Saídas para as estradas que conduzem aos atrativos urbanos incluídos no raio de influência e ruas que conectam os atrativos urbanos entre si com as zonas de concentração do empreendimento turístico, e este último com as estações terminais. As estações terminais abrangem as rodoviárias, ferroviárias, portos, aeroportos e todos os equipamentos encontrados em seu interior e entorno. As zonas de concentração do empreendimento turístico e de outros serviços urbanos, segundo o autor, normalmente se encontram no centro da cidade e estão inter-relacionados. As primeiras dizem respeito aos hotéis, restaurantes, agências de viagens, e os últimos são representados pelos bares, cinemas, teatros, bancos, shoppings etc. Os atrativos turísticos urbanos são os principais responsáveis pela presença do visitante na localidade e podem se encontrar em qualquer local do espaço urbano. Por sua vez, a ultima área gravitacional está relacionada com as vias de acesso do município, as linhas de transporte coletivo, os serviços de táxis. Um detalhe importante que 10 Boullón (2002, p. 248) frisa, ao tratar desta última área, é que os usuários da mesma "não reparam na qualidade da paisagem que atravessam." Tais pontos podem ser encontrados nos inventários turísticos municipais, de modo que estes documentos são instrumentos essenciais de coleta de dados. Outro enfoque da análise foi a infra-estrutura, que, segundo Boullón, é de fundamental importância para o funcionamento do turismo, pois os atrativos e os equipamentos turísticos são insuficientes para o pleno funcionamento da atividade turística. Além disso, a infraestrutura possui influência expressiva na paisagem, como fator definidor da qualidade da paisagem urbana. Sendo a infra-estrutura condicionante do desenvolvimento turístico, sem ela seria impossível se pensar em investimentos nos equipamentos e atrativos. De fato, este elemento do patrimônio turístico de uma localidade tem papel importantíssimo no grau de qualidade da paisagem. A infra-estrutura torna-se um fator de grande valor quanto à experiência do visitante, uma vez que pode aumentar ou diminuir seu grau de satisfação. A abordagem espacial do turismo deve ser compreendida no contexto dos espaços urbanos, sendo que a infra-estrutura mostra-se fundamental, pois possui papel decisório no turismo de uma localidade. Isto porque está diretamente relacionada com a qualidade dos atrativos e do espaço onde o turismo se desenvolve. Para esta análise, a infra-estrutura foi classificada em quatro grupos: acesso, telecomunicação, energia elétrica e saneamento. Sendo a paisagem um elemento que é reflexo do espaço, portanto, um atrativo para o turismo, esta foi analisada com o intuito de caracterizá-la como um dos mais importantes elementos do atrativo turístico. Se, por um lado tanto na paisagem urbana quanto na natural existe uma infinidade de recursos, por outro, nem todos os elementos dessas paisagens podem ser transformados ou possuem atratividade suficiente para se transformarem em recursos turísticos. Assim, nem todas as paisagens podem ser consideradas turísticas, pois algumas possuem certos elementos que as tornam atraentes para o turismo, enquanto outras não. 2.3 Procedimentos metodológicos Ao tratar dos procedimentos do estudo de caso, Gil (1991, p.121) lembra que esta abordagem metodológica é bastante flexível, não podendo ser estipulado um roteiro de pesquisa. Contudo, o autor nos mostra que na maioria dos casos existem três fases: a. Delimitação da unidade - caso; b. Coleta de dados; 11 c. Análise e interpretação dos dados 2.3.1 Delimitação da unidade-caso Esta primeira fase, segundo Gil (1991, p. 121), consiste em "delimitar a unidade que constitui o caso em estudo." Para este autor, tal delimitação não é uma tarefa fácil, pois exige muita sensibilidade do pesquisador, devido à dificuldade de se definir os limites do objeto a ser estudado, assim como determinar a quantidade de informações suficientes para a análise e compreensão do objeto de estudo como um todo. Nesta pesquisa, cuja temática envolve o turismo e a paisagem (portanto, dois conteúdos amplos), a delimitação se faz necessária para se alcançar os resultados definidos nos objetivos. Por esta razão, optou-se por realizar a investigação em dois municípios vizinhos, cada qual com características singulares da paisagem edificada, e que, em comum, procuram desenvolver a atividade turística. Tendo isso em vista, a análise procura relacionar os atributos das paisagens urbanas como potencial turístico. 2.3.2 Coleta dos dados No estudo em questão, foram utilizados, como coleta de dados secundários, os acervos bibliográficos disponíveis e a documentação existente, com a finalidade de fornecer embasamento teórico à investigação, além de proporcionar um levantamento dos dados geográficos, ambientais, sociais, econômicos, histórico-culturais, de infra-estrutura, turísticos, entre outros. Os inventários turísticos municipais serviram de instrumento de pesquisa para a definição, localização e descrição dos atrativos que seriam analisados. Outro instrumento de coleta de dados foram os planos diretores de cada município, principalmente para identificar elementos da infra-estrutura urbana de cada município. Para o mapeamento dos atrativos, foi utilizada a base cartográfica fornecida pelas prefeituras, na qual foram identificados os atrativos pesquisados, a fim de configurar os recursos das paisagens urbanas de cada município. Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada a pesquisa de campo para coleta de informações in loco, como também para comprovação da veracidade e atualização dos dados coletados sobre os atrativos. Além disso, foi feito um minucioso levantamento fotográfico, a 12 fim de proporcionar um conhecimento a partir da realidade observada, procurando identificar a potencialidade turística da paisagem urbana de cada município estudado. Assim, a observação in loco procurou identificar a atratividade da paisagem edificada, correlacionando-a com a análise dos dados coletados nos inventários turísticos. Foram utilizados também o diário de campo para anotações pertinentes, mapas dos municípios para identificação do percurso, acervo fotográfico particular de registros antigos e um minucioso registro fotográfico atual dos dois municípios. 2.3.3 Análise e interpretação dos dados Esta fase foi marcada pela reflexão e pela conexão dos dados coletados com o referencial teórico estudado. Após a coleta, os dados foram sistematizados e interpretados, em uma análise focada e fundamentada no referencial teórico desenvolvido por Boullón (2002). Este autor caracteriza o espaço em dois grupos: natural e urbano. Seus estudos também se baseiam nos equipamentos turísticos e na infra-estrutura, que são os elementos que representam fisicamente o espaço turístico. Conseqüentemente, trata-se das representações visuais deste espaço, ou seja, as paisagens turísticas. Dessa forma, as paisagens foram analisadas conforme os elementos do referencial, que por sua vez, foi elaborado de forma descritiva. Em um primeiro momento analisou a paisagem de cada área gravitacional, a infra-estrutura e os empreendimentos turísticos das cidades e, posteriormente, tudo foi tomado em conjunto, sob a forma como o turista assimila a paisagem urbana de uma destinação. 13 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1 Aspectos geográficos e biofísicos do Município de Irati Segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 61), o município tem uma área de 998,30 km² de extensão, sendo 70,92 % (cerca de 708,00 Km²) ocupada com atividades agrícolas (agricultura e pecuária), 4,20 % (cerca de 41,92 Km²) com o perímetro urbano legal (Irati / 33,52 Km² + sede dos Distritos Rurais / 8,40 km²) e 24,88 % (cerca de 248,38 Km²) com áreas de preservação em geral e áreas não ocupadas, ou não passíveis de uso por reunirem características planoaltimétricas (relevo) e de declividade inadequadas para as atividades produtivas. O município de Irati está localizado na região Centro Sul, segundo planalto do Estado do Paraná, precisamente no Paralelo 25º 27'56" de latitude Sul, com interseção com o meridiano 50º 37'51" de longitude Oeste a uma altitude de 812,00 metros. Figura 02: Localização de Irati no Estado do Paraná Fonte: Prefeitura Municipal de Irati Obs: sem definição de escala O município possui três distritos: Guamirim; Gonçalves Junior; e Itapará, e sua sede se encontra a nordeste do município, com uma área de 33,52 Km2, localizada a uma distância de 155 km da capital do estado, Curitiba. Pela rodovia BR 277, que liga o litoral do estado ao município de Foz do Iguaçu, tem-se a principal via de acesso. As outras vias de acesso ao município são a BR - 153 e a BR - 364, além da ferrovia. Os municípios limítrofes de Irati são: ao norte, Prudentópolis e Imbituva; ao sul, Rio Azul e Rebouças; a leste, Fernandes Pinheiro e, a oeste, o município de Inácio Martins. No que concerne à população, em 2000, havia, segundo o IBGE 52.318 habitantes, sendo que, em 2003, esse número aumentou para 53.395, de acordo com dados gerais da Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.03). Desse montante, 75% dos habitantes concentram-se na zona urbana e 25%, na área rural. O clima é Subtropical Úmido Mesotérmico, com verões frescos, apresentando uma temperatura média de 22° C, e invernos rigorosos, com ocorrências de geadas severas e freqüentes e uma temperatura média inferior a 18° C. O ecossistema que compõe a região é a Floresta Ombrófila Mista, com a presença da Araucária angustifília em todo seu território. Geologicamente, segundo dados do site de Irati1, o solo pertence ao permiano carbonífero, com topografia ondulada e acidentada. A Geologia e paleontologia asseguram que a região, há mais de 250 milhões de anos, foi fundo de mar. Os principais minérios são o Caulim e o Xisto. Na serra da Esperança, localizada no município, encontram-se as maiores elevações: o Cerro da Nhá Cota, com 1.024 metros de altitude, e o Morro da Ordenança, com 950 metros. O município de Irati, por sua posição geográfica e contexto geomorfológico, faz parte de três bacias hidrográficas e distintas entre si: a Bacia do Tibagi (nascente do Rio das Antas), Bacia do Iguaçu (nascente dos Rios Corrente e Preto) e Bacia do Ivaí (que nasce em Irati e é representada pelos Rios do Cocero e dos Patos, afluentes da margem esquerda do Rio Ivaí). Devido ao relevo, movimento e à presença de diversos rios, o município apresenta várias cachoeiras e quedas d'água, sendo que as que mais se destacam são a Cachoeira Fillus, a Cachoeira do Pinho e a Cachoeira do Itapará. Segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p.56), esse município de Irati apresenta uma, função microrregional, de caráter complementar, abrigando atividades agropecuárias e industriais que são essencialmente, salvo poucas exceções, uma extensão do que é mais significativo no centro-sul do Estado, na qualidade de economia provedora de insumos básicos, com baixo valor agregado. Além disso, o município se destaca não apenas como pólo econômico regional, mas também nos sub-setores bancário, de transporte rodoviário de passageiros e na área cultural e de lazer (esportes, cinema e eventos). Abriga atividades agropecuárias e industriais no setor econômico, porém é um município relativamente modesto e, de certa forma, vulnerável economicamente. Cerca de 1 www.irati.pr.gov.br/dados.htm (acesso em 03-12-2004) 15 71% da área total do município é ocupada com atividades agrícolas (agricultura e pecuária), 4% com perímetro urbano legal e cerca de 25% com áreas de preservação ou de relevo inadequado à ocupação. Para a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 56), Esta condição vem marcando sua economia por “ciclos de monoculturas”, como a da madeira (extrativismo predatório e, num segundo momento, florestamentos industriais), da batata, da cebola e do fumo, com todas as conseqüências características e as seqüelas que este modelo costuma deixar quando seu ciclo vence e é substituído total ou parcialmente por outro ciclo. Segundo fontes do site paranacidade2, a economia do município, devido à participação no PIB municipal, pode ser caracterizada da seguinte forma: 15,93% agropecuária, que se desenvolve em sua maioria em minifúndios e pequenas propriedades, 26,18% no setor de indùstria e 57,89% no setor de serviços. Os principais produtos agrosilvopastoris são o feijão, o milho, o fumo e a madeira, além da criação de aves de corte, suínos e bovinos. As indústrias dominantes são a madeireira, a química, a de produtos alimentares, de papel e papelão. O município ainda recebe o repasse de Royalties de Petróleo. 3.2 Aspectos Históricos do município de Irati A região que hoje compreende o município de Irati, de acordo com Orreda (1972, p. 1), teria sido habitada pelos índios caingangues, um ramo dos Tupis que habitavam o Paraná. No início da metade do século XIX, quando as primeiras famílias de povoadores chegaram a Irati vindos da região de Curitiba, alojaram-se na Vila São João, hoje um bairro do Município. Esta era uma região de ervais e pinheiros e, segundo o autor, um caminho natural para o oeste. No ano de 1890, famílias vindas de Campo Largo, Palmeira, Lapa, Imbituva, Itaiacoca e Assungui (hoje Cerro Azul) começaram a ocupar a localidade de Covalzinho, um povoado localizado a 6 km ao norte da Vila São João, o que após nove anos transformar-se-ia na área central da cidade então denominada Irati. Conforme Orreda (1972, p. 03), entre as motivações econômicas que levaram ao povoamento de Irati, tem-se principalmente, o fato de que a região era repleta de "pinheirais e ervais, Irati encontrou na extração do mate e da madeira, assim como na fertilidade do solo, as principais fontes de riqueza para a motivação de sua economia." Os pinheiros e as erveiras dominavam a paisagem e constituiriam a força de dois ciclos da economia de Irati, 2 www.paranacidade.org.br/municpio (acesso em 03-12-2004) 16 representados no brasão municipal. Isto porque tanto a madeira quanto a erva mate foram e ainda são produtos fortes na região. O brasão do município, segundo o Inventário Turístico de Irati (2002, p. 09), foi "desenhado e idealizado por José Maria Orreda e instituído pela Prefeitura em 1967 por ocasião dos festejos de 60 anos do município." De acordo com o Inventário Turístico de Irati (2002, p. 09), o brasão (figura 03) possui a seguinte descrição: Tem no alto, em cinza, torre de cinco pontas que, em heráldica, significa cidade e município. Ao centro, em verde e marrom, a figura do pinheiro, um ciclo da economia de Irati; à direita, em verde, ramo da erva-mate, outro ciclo da economia; à esquerda, em amarelo, ramo de trigo, significando a produção agrícola, fonte de riqueza e valores espirituais. Embaixo, faixa azul une os ramos da erva-mate e o trigo, contendo a data de instalação do município, 15 de julho de 1907, em preto. Figura 03: Brasão de Irati Fonte: Inventário Turístico Municipal de Irati (2002, p. 09) Fo terceiro ciclo da economia paranaense, o da erva mate, que nasce Irati. A erva foi o grande produto do município de 1870 a 1890. Com a chegada da estrada de ferro no ano de 1899, fixados os trilhos da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande em Covalzinho e com a inauguração da estação ferroviária (figura 05) em dezembro do mesmo ano, dá-se início à dinamização do comércio e às facilidades de comunicação, atraindo novos habitantes ao município. O desenvolvimento se intensifica em todos os setores e a cidade cresce em torno da ferrovia, tornando-se um entreposto comercial de grande expressão na região. Segundo Orreda (1972, p.91), Comércio, indústria e agricultura são atividades interdependentes. O desenvolvimento da comunidade é conseqüência de sua produtividade e do comércio, meio estimulador de 17 circulação de riqueza. O crescimento de Irati, no início do século XX, deve-se ao comércio facilitado pela estrada de ferro, que veio substituir as carroças e cargueiros, únicos meios de transporte até então existentes. Com a instalação da ferrovia, suas imediações se transformaram em um ponto de convergência. Um grande número de carroças e cargueiros de erva, madeira e produtos agricultura começou a afluir para despachar sua carga, levando no retorno os gêneros que não possuíam. Com base na indústria madeireira, na extração da erva mate e na agricultura produtiva, o comércio tornou-se intenso, determinando o giro econômico da riqueza e assim o desenvolvimento social da comunidade. Figura 04: Estação Irati Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Irati Devido a este desenvolvimento proporcionado pela ferrovia, a localidade conhecida como Covalzinho passa a ser chamada de Irati, denominação dada à estação ferroviária ali instalada. Até então tal localidade era da jurisdição de Imbituva, o acesso até tal município era difícil, de modo que os moradores de Irati, em função do rápido crescimento proporcionado pela erva mate, a madeira e a ferrovia, buscam sua emancipação. Segundo o Orreda (1972, p. 07), As viagens a Imbituva por caminhos difíceis, picadas, banhados e taquarais, para pagamento de impostos, atos judiciais, casamentos e regularização de papéis, no lombo de animais, tornou-se sacrifício que o povo não queria admitir e suportar e que a prosperidade geral se opunha. Nasce o movimento pela autonomia do Distrito Judiciário de Irati, então pertencente ao município de Imbituva. Os camaristas eleitos, Coronel Francisco de Paula Pires e Coronel Emílio Baptista Gomes renunciaram seus mandatos e iniciam, apoiados 18 pela comunidade nascente, o esforço visando a criação do Município de Irati. Em 1907, com apoio do vice-presidente de Estado, DR. João Candido Ferreira, no dia 2 de abril, é sancionada a Lei nº 716, criando o Município de Irati, instalado no dia 15 de Julho de 1907, constituído pelos Distritos Judiciários de Irati, Bom Retiro e Imbituvinha. Emancipando-se de Imbituva em 1907, segundo o PDMI – Plano Diretor Municipal de Irati (2004, p.67), Irati já contava com aproximadamente 1.000 habitantes em sua área urbana, espalhados pelos 22 hectares do quadro urbano de então (45 moradores por quadra), articulado a partir do que hoje é a Rua XV de Julho (Antiga Rua Velha-figura 06), de quadras regulares adaptadas à sua complexa topografia, fortemente marcada por um relevo ondulado e nascentes de rios, entre as quais destacam-se a do Rio das Antas e do Arroio dos Pereiras, como pode ser visto na figura na figura 05 a seguir. Figura 05: Centro Histórico de Irati Fonte Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 70) 19 Figura 06: Aspecto de Irati em 1906 Acervo Prefeitura Municipal de Irati No ano de 1908 chega a Irati o primeiro contingente de colonos holandeses, ucranianos e poloneses, que se fixa em terras que hoje constituem os distritos do município, a saber: Colônia; Gonçalves Junior; e Itapará. Em 1909, chegam ao município imigrantes alemães e, em 1913, os imigrantes italianos provenientes de Campo Largo. Tal movimento migratório foi iniciado e dirigido pelo governo federal. De acordo com Orreda (1972, p. 07), apesar da evasão que se verificou após esse primeiro desbravamento colonizador, em virtude das péssimas condições de vida e sobrevivência no sertão, as endemias, a falta de mercado para seus produtos, os colonos holandeses, alemães, ucranianos, poloneses, italianos e seus descendentes, na fusão de raças com os portugueses, espanhóis e nacionais, disseminados em todas as áreas do município, tornaram-se a grande força e motivação da economia de Irati. No início do século XX, Irati viveu seu ápice no desenvolvimento e crescimento da cidade, pois havia um comércio forte, uma vida social movimentada, com diversos clubes e cinema, sendo que a economia local baseava-se na agricultura, no comércio e na indústria madeireira. Orreda (1972, p. 229) narra esta época da história iratiense: Irati foi o maior produtor da batata-inglesa do país e dominou o comércio da madeira ao determinar durante muitos anos o preços nos principais centros consumidores nacionais. E foi um dos maiores municípios exportadores de erva mate para o Uruguai, a Argentina e o Chile. 20 Entretanto o município estagnou, devido a uma série de acontecimentos. Para Orreda, o principal fator foram os baixos valores pagos aos produtos agrícolas. Em uma economia cuja base é a agricultura, quando tal atividade sofre uma baixa, o comércio também é afetado. Desde o início, a agricultura em Irati foi realizada em pequenas propriedades, com os agricultores trabalhando individualmente, fato que pode ser comprovado até os dias de hoje no município, pois o grande produto de comercialização é o fumo, plantado em pequenas propriedades. Orreda (1972, p.229) narra tais fatos a erva mate não tem preço, ninguém quer; pinheiro não há mais; não se planta mais trigo em escala comercial, setor reservado as áreas de campos onde a moto-mecanização assegura rentabilidade; a grande maioria das nossas indústrias baseia-se na madeira; não existe pecuária expressiva no município; a hora e vez da batata-inglesa iratiense já passou; as terras estão esgotadas, apresentando elevados índices de acidez; apesar dos esforços em contrário, os lavradores do município permanecem individualistas; a descapitalização é acentuada com evasão de grandes capitais e da economia popular; não há perspectivas de aumento crescente do mercado de trabalho no meio urbano. A cidade está localizada em um vale, e segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p.71 ), apresenta uma “parte baixa” — mais antiga — e uma “parte alta”, circundante — mais recente, e onde se localizam alguns ícones da paisagem urbana local, como as igrejas católicas de Nossa Senhora da Luz e a de São Miguel, bem como os Colégios São Vicente de Paula e de Nossa Senhora das Graças, além da grande imagem de Nossa Senhora das Graças, com 22 metros de altura, inaugurada em 1957, por ocasião do cinqüentenário da cidade, ícone estes passíveis de avistamento a partir de quase todos os pontos da cidade. Existem ainda problemas estruturais na sede municipal, conforme a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p.71) Os bairros, além de carecerem de uma definição legal (perímetro legal), não têm suas identidades visuais trabalhadas, tanto numa perspectiva sócio-cultural (sentimento de unidade) como em termos urbanísticos, na maior parte dos casos. As denominações comerciais de alguns loteamentos se sobrepõem às denominações dos bairros, gerando confusão inclusive entre os próprios moradores. As vias não apresentam uma hierarquização adequada e há vazios em termos de infra-estrutura comercial e de serviços públicos, principalmente em termos de transporte urbano, pavimentação, passeios e calçadas, iluminação pública e arborização, isso quando possuem rede de esgotamento sanitário e um adequado regime de coleta de resíduos sólidos. A cidade não tem ainda seu CEP — CÓDIGO DE ENDEREÇAMENTO POSTAL (84500-000) detalhado por logradouro, enquanto seu sistema de TAXI não adota taxímetro como referência para a cobrança do serviço ao usuário. Esta é a realidade de Irati, um município que não se utilizou das riquezas formadas pela agricultura para desenvolver sua indústria, e hoje, com seus 54 mil 21 habitantes, permanece como uma cidade com uma morfologia singular (figura 0708). O município se desenvolve em um vale acidentado, cortado na direção norte-sul pela linha da Estrada de Ferro São Paulo- Rio Grande, que está ativa até hoje, cruzando largos espaços urbanos e se tornando um elemento forte que estruturou a malha urbana do município, reforçada mais tarde pelas rodovias. Nos bairros do município, não existe uma grande infra-estrutura comercial e de serviços, além dos serviços públicos, como transporte coletivo, pavimentação, passeios, iluminação pública e arborização, e as vias não possuem uma hierarquização adequada. Hoje Irati vive um novo ciclo de desenvolvimento ainda baseado na agricultura, no plantio de fumo e cebola, e as indústrias começam a despontar no município, com a presença de duas multinacionais. Figura 07: Vista panorâmica do centro de Irati Fonte: Acervo particular do autor 22 Figura 08: Vista aérea parcial da cidade de Irati Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Irati 3.3 Aspectos geográficos e biofísicos do município de Prudentópolis Localizado no centro-sul do Paraná, Prudentópolis fica a 207km a leste de sua capital, Curitiba. Ocupando uma área total de 2.402,18km², é considerado o terceiro maior município em extensão do estado do Paraná. Encontra-se localizado na latitude 25º12”, longitude 50º59” e a 730 m de altitude. Sua população, segundo o IBGE (2004), sua população é de 46.003 e sua densidade demográfica é de 18,81 hab/km² distribuída de forma desigual, devido ao relevo do município,que dificulta sua ocupação. Limita-se ao norte com o município de Cândido de Abreu; ao sul, com os municípios de Inácio Martins e Irati; a oeste, com Guarapuava e Turvo; e a leste, com os municípios de Guamiranga e Ivaí. O município é cortado por duas rodovias federais: a BR-373 no sentido Ponta Grossa – Guarapuava e a BR-277 no sentido Irati – Guarapuava (figura 09), uma rodovia importante no estado, tanto para o escoamento da produção quanto para o turismo, pois faz a ligação do 23 litoral paranaense com Foz de Iguaçu. A ligação da BR-277 à sede do município é feito pela PR-160. Tais rodovias são os principais acessos a Prudentópolis. Figura 09: Localização de Prudentópolis Obs: sem definição de escala Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/prudentopolis_dados_gerais.htm De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44), o regime climático do município é caracterizado como subtropical úmido mesotérmico, com média anual de precipitação de 2.057mm e com a presença do ecossistema da Floresta Ombrófila Mista, onde se encontram exemplares da Araucária, angustifólia, ou Pinheiro do Paraná O relevo do município, embutido no Segundo Planalto ao pé da Serra da Esperança, compreende duas zonas distintas, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44). Na parte sudoeste, o relevo é mais suave, facilitando a mecanização da agricultura. A hidrografia é composta por vários córregos e rios, e, de acordo com a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44), os principais são o rio dos Patos e o rio São João. Os rios seguem no sentido noroeste, influenciados pelo declive acentuado do relevo, formando vales que cortam a paisagem. Aparecem, assim, inúmeras cachoeiras localizadas em rios que desaguam na Bacia do Rio Ivaí, de grande importância por sua beleza, potencial hidráulico e turístico para o município. Talvez por isso Prudentópolis é chamado de “terra das grandes 24 cachoeiras”, motivo pelo qual atrai turistas de muitas regiões do estado e do país. Conforme a a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001), devido à rica hidrografia e ao revelo fortemente ondulado, no território de Prudentópolis, segundo dados fornecidos pela prefeitura, as cachoeiras apresentam alturas que variam de 50 a 196 metros, como é o caso do Salto São Francisco, com 196 metros, do Salto São João, com 84 metros (figura 11), entre outros. Com muitos rios, a maioria com fortes corredeiras, altos paredões, grandes cachoeiras e uma natureza preservada, o município se destaca por ser um local propício para a prática de esportes radicais, principalmente para modalidades como o rafting (descida em rios de corredeiras em botes infláveis) , o rapel (técnica de descida de paredões com auxílio de cordas), canyoning (exploração de canyons ou cachoeiras, utilizando técnicas de Rapel) e o trekking (que são caminhadas de travessia podendo durar mais de um dia). Portanto, o município apresenta potencial para a atividade turística principalmente em áreas naturais. Salto São Francisco Salto São João Figura 10: Saltos de Prudentópolis Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis 3.4 Aspectos Culturais de Prudentópolis Como em toda a região e praticamente todo o estado, segundo os dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p.11) o município de Prudentópolis teve sua economia vinculada à extração de madeira. 25 Hoje, entretanto, o município tem como base econômica a agricultura, tendo como destaque a produção de feijão, milho e mate, além de ser um potencial apícola. Desenvolve também há décadas intensa atividade industrial, restrita, porém, à fabricação de tijolos, devido matéria-prima abundante na região. Em relação aos aspectos culturais, o município apresenta um artesanato diversificado, conforme a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 14) herdado dos ucranianos e poloneses, que hoje é passado de mãe para filha, como as pessankas (ovos pintados à mão), bordados, cestas e chapéus. Seus costumes e tradições são diversos e variados. Tendo sido a maior colônia ucraniana do país, apresenta, de forma expressiva, os elementos de sua cultura na língua, na religião, no vestuário e nas construções. Além disso, a culinária possui características peculiares. Como resultado da influência da colonização polonesa e ucraniana, há pratos típicos como a krakóvia (salame), borchtch (sopa azeda), perohê (pastel cozido), holobchi (charuto com recheio de carne), etc. Tais pratos fazem parte da alimentação da comunidade, podendo ser degustados em alguns restaurantes da cidade. Prudentópolis possui uma particularidade quanto a sua ocupação: em vez de possuir vilas, povoados ou vilarejos, possui linhas, ou seja, encontra-se dividida em uma série de linhas que obedecem a um sistema geométrico definido, com ângulos retos, sendo, assim, muito diferente da realidade nacional. Algumas linhas são diminutas, outras de grande expressão, sendo planejadas de acordo com o traçado das ruas, que são planas, largas e transitáveis. O município recebeu, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44), o “ título popular de ‘Capital da Oração’”. Isto se deve ao fato de 90% de sua população professar a religião católica e, principalmente, por existir no município mais de 100 templos”. De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44), os católicos do município encontram-se caracterizados em dois ritos distintos: o Latino e o Oriental Ucraniano, que possuem diferenças marcantes nos paramentos, nas orações litúrgicas, na comunhão e na arquitetura dos templos. Os templos latinos possuem torres esguias, em estilo gótico, enquanto os do Rito Católico Oriental Ucraniano destacam-se pelas cúpulas abobadadas, em estilo bizantino. 26 A religião, enquanto um fator cultural étnico, exerce influência direta no modo de vida da população local e encontra-se refletida no espaço. Prudentópolis conta com duas paróquias, a de São Josafat, com aproximadamente 33 igrejas, e a de São João Batista, com aproximadamente 45 igrejas. Um dos símbolos oficiais do município é o Brasão, formado pelos seguintes símbolos: ao lado direito, encontra-se a erva-mate, um produto que representou um dos grandes ciclos econômicos do Paraná e do município; ao lado esquerdo, ramos de trigo representando a produção do grão, um produto muito cultivado pelos imigrantes que aqui chegaram; ao centro, o pinhão, representante da Araucária árvore símbolo do Paraná e abundante na região de Prudentópolis; no pinhão, encontra-se representado o mapa do município onde pode ser observada sua rica hidrografia e seus três distritos sinalizados por estrelas (figura 11). Figura 11: Brasão de Prudentópolis Fonte: Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 13) 3.5 Aspectos históricos do município de Prudentópolis Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p.9), o município surgiu a partir da abertura da estrada que seguia a extensão da linha de telégrafo de Curitiba até o município de Guarapuava, a maior unidade administrativa do Paraná. Até a segunda metade do século XIX “seu território se estendia desde o rios dos Patos, na divisa com o município de Imbituva, até os rios Iguaçu e Paraná, na fronteira do Brasil com as repúblicas da Argentina e do Paraguai”, como pode ser observado na figura 13. 27 Figura 12: Localização de Prudentópolis no mapa do Paraná de 1881 Fonte: http://www.pr.gov.br/derpr/images/mapa_historico/mapa_1881_g.gif A idéia da instalação da linha de telégrafo na região foi do então diretor do Telégrafo Nacional, Barão de Capanema. Celebrava-se, assim, um contrato com o governo da província do Paraná, segundo dados do Departamento de Cultura (2004, p. 09) “afim de que este mandasse abrir um caminho para Guarapuava acompanhando os postes da linha telegráfica, correndo metade das despesas por conta dos cofres da província”. Com o projeto da estrada oferecendo perspectivas de valorização das terras, a região começa a receber um contingente de desbravadores em 1882. Entre eles, encontramos Firmo de Queiroz, descendente de bandeirantes paulistas que, segundo dados do Departamento de Cultura (2004, p. 09) constrói sua casa a seis quilômetros do Rio dos Patos, onde pretendia aproveitar a fertilidade da terra. Pela sua propriedade, deveriam passar a linha telegráfica e a estrada até Guarapuava, de modo que, mais tarde, sua casa tornar-se-ia um ponto de pouso de viajantes. Devido ao fluxo de pessoas na região, Firmo decide construir uma pequena casa de comércio que em pouco tempo, se tornou um centro de operações de trabalhadores e moradores da mata. Passando pela região, o então pároco de Guarapuava, Padre Stumbo, observou que aquele ponto se fazia centro de convergência de sertanistas e propôs a Firmo de Queiroz a construção de uma capela, pois assim, dar-se-ia início a um povoado e manter-se-ia o desenvolvimento da localidade. No ano de 1884 foi construída a primeira capela do município, batizada e consagrada com o nome de São João Batista. Dessa forma, o local tomou um novo aspecto e no entorno da igreja 28 começaram a surgir novas casas e ruas. Nesse mesmo ano, Firmo de Queiroz informou ao Barão de Capanema, em visita ao povoado para fiscalização da construção da estrada e da linha de telégrafo, que pretendia doar suas terras para que nelas fosse construída uma povoação, a qual nomeou de São João do Capanema, junção do nome do santo padroeiro e do Barão de Capanema, amigo e diretor do Telégrafo Nacional na época. Em pouco tempo, o povoado, que ficou conhecido pelos moradores da região como “Vilinha”, foi se transformando e aumentando com a chegada de diversas famílias vindas de várias procedências, como ilustra a figura 13. Segundo Lemos (1998, p. 27), em 1886, “a lei n° 25 de 26 de janeiro de 1886 transforma o povoado de Vilinha em distrito, com a denominação de São João do Capanema”. Ao final de 1894 o Governo Federal decide colonizar a região de Prudentópolis, cujas terras foram cedidas pelo governo Estadual para estes fins. O distrito ali existente denominado São João de Capanema, por decisão do então Diretor da Colônia, o Dr. Cândido Ferreira de Abreu, passa a ser nomeado Prudentópolis, em homenagem ao Presidente da República Prudente de Morais. Segundo dados a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 10), Foi por essa época que chegou ao Brasil a primeira leva de colonos imigrantes ucranianos, o quais manifestaram ao Governo Federal o desejo de se estabelecerem nas terras do Paraná, sendo registrado em 1896 a imigração de 1500 famílias, aproximadamente 8 mil pessoas para Prudentópolis. O processo de imigração ucraniana para Prudentópolis continuou até meados da década de 20, porém decrescente em ritmo e número de famílias. Isto fez com que Prudentópolis se tornasse o município brasileiro que mais imigrantes ucranianos recebeu. Outros imigrantes também se estabeleceram na região e foram importantes para o processo de colonização de Prudentópolis, entre eles destacam-se os poloneses, alemães e italianos. 29 Figura 13: Barracas dos primeiros imigrantes ucranianos em São João do Capanema, hoje Prudentópolis, 1896. Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/historia_de_prudentopolis.htm Como sede da colônia, a Vilinha tomou um impulso enorme, foi se desenvolvendo e, no ano de 1895, o distrito de Prudentópolis apresentava aspectos de uma povoação próspera e movimentada como pode ser vista na figura 14. Isto foi devido à chegada das famílias de imigrantes poloneses e ucranianos, que seriam localizados na longa linha aberta a norte e ao oeste da sede. Para facilitar a administração da colônia, em virtude do elevado número de imigrantes ali localizados, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 10), a colônia de Prudentópolis foi dividida nos seguintes núcleos: Ivaí, Piraí, Maurice Faivre, Inspetor Carvalho, Esperança, Santos Andrade, Sete de Setembro, Tiradentes, Dr. Vicente Machado, Rio Preto, Quinze de Novembro, Visconde de Guarapuava, Coronel Bormann, Luiz Xavier, Vinte e Cinco de Outubro, União, Olinto, Eduardo Chaves, Capanema, Carlos Gomes, Sertório, Cláudio Guimarães, Vinte e Três de Abril, Iguaçu, Ronda e Mirim. Considerando que os principais núcleos chegaram a abrigar juntos 9 mil imigrantes, a colônia de Prudentópolis ficaria quase que exclusivamente habitada por imigrantes poloneses e ucranianos. No ano de 1903, o decreto de lei n° 225 de 15 de dezembro, cria uma agência 30 fiscal no distrito que apresenta sólido crescimento. Figura 14: Vista Panorâmica da Cidade de Prudentópolis, no final do Séc. XIX Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/historia_de_prudentopolis.htm Os colonos dedicavam-se à agricultura, à pecuária e à pequena indústria, proporcionando um grande progresso à colônia, que prospera extraordinariamente. Um contínuo desenvolvimento nos vários setores exigia, em contrapartida, uma administração de acordo com suas necessidades. Assim, em 5 de março de 1906, por meio da Lei Estadual n.° 615, foi criado o então município de Prudentópolis e instalado em 12 de agosto do mesmo ano, sendo desmembrado de Guarapuava. Segundo dados do Inventário Turístico de Prudentópolis, o decreto n° 242 de 14 de junho de 1906 designa a realização das eleições municipais para o dia 8 de julho, e em “20 de agosto efetuou-se a instalação oficial do município, empossandose as primeiras autoridades municipais. Pela Lei n° 2614, de 14 de março de 1929, Prudentópolis recebeu foros de cidade, sendo, ao mesmo tempo, criada a comarca de mesmo nome”. Hoje, Prudentópolis se caracteriza como uma cidade pequena. De acordo com dados do IBGE, mais de 50% de sua população reside na zona rural, em pequenas propriedades, tendo como base econômica a agricultura. Tal fato explica a paisagem que encontramos na sede do município: uma cidade sem muitas construções verticais na área central, como pode ser verificado na figura 15 a seguir. 31 Figura 15: Vista aérea da cidade de Prudentópolis Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Prudentópolis 32 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Paisagem Turística A paisagem é um elemento fundamental da oferta turística para alguns autores; este elemento pode ser o fator decisório para a escolha de visitação a uma determinada destinação, como apresenta Silva (2004, p. 27) Os lugares turísticos são escolhidos e admirados por suas paisagens. Neles os panoramas da natureza e a visão do homem e sua cultura inseridos no território são prazeres a ser desfrutados e, na maioria das vezes, constituem o motivo condutor do viajante. Admiradas como cenários, as paisagens são testemunhos visuais de elementos estéticos e simbólicos construídos historicamente e que, quando identificados e apropriados pelo viajante, despertam um renovado interesse no lugar visitado. Para Rodrigues (2000, p. 223), "a paisagem de um lugar pode ser um recurso turístico valiosíssimo, pois pode determinar o maior ou menor grau de atratividade do local (...)". Portanto, parece bastante oportuno seu estudo enquanto elemento do produto turístico. Assim, Burle Marx (1987, p.58) apud Rodrigues (2000, p. 224) nos coloca uma questão sobre a problemática da relação do turismo e da paisagem: Parece-me que esse é o ponto que mais deveria preocupar nossos técnicos de turismo: como encaminhar essa atividade ainda incipiente no Brasil, de forma que nossas paisagens sejam realmente compreendidas, no seu aspecto geral, e também nos seus pormenores mais delicados? Tudo isso, no entanto, sem impedir a interferência humana, necessária à própria sobrevivência. Há que se estabelecer critérios. Existe uma infinidade de definições de paisagem, como o conceito formulado por George Bertrand apud Conti (2003, p. 59) formulado em 1968, que define paisagem como "o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, em uma determinada porção do espaço, de elementos físicos, biológicos e antrópicos, os quais, reagindo dialeticamente, uns sobre os outros, fazem dela um conjunto único e indissociável em perpétua evolução". Neste contexto, a paisagem é compreendida, segundo Santos apud Rodrigues (2001, p.72), da seguinte maneira: "a paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos". Para Oliveira (1999), “paisagem é um sistema geográfico formado pela influência dos processos naturais e das atividades antrópicas e configurado na escala da percepção humana”. Compactuando com a mesma idéia, Pollete (1999, p. 83) afirma que a paisagem pode ser definida como um sistema territorial composto por componentes complexos de diferentes amplitudes formados a partir da influência dos processos naturais e da atividade modificadora da sociedade humana, que se encontra em permanente interação e que se desenvolvem historicamente. Isto quer dizer que a paisagem é resultado de uma complexa interação entre o indivíduo e o meio, em determinado período, em um determinado lugar. Trata-se de uma representação do espaço. A paisagem segundo Meneses (2002, p. 36), "tem história, (...) ela pode ser objeto de conhecimento histórico e (...) essa história pode ser narrada”. A autora ainda complementa, ao afirmar que. A paisagem oferece pistas materiais que permitem perceber seu caracter histórico. São esses ' traços fósseis’ que conduzem ao entendimento da formação geomorfológica e social da paisagem contemporânea e de suas sucessivas fisionomias anteriores, ao longo do tempo. Podemos afirmar que a paisagem é um registro preciso da atividade do homem em um determinado ambiente. Conforme Rodrigues (2001, p. 75) "o testemunhos do tempo correspondem aos recursos turísticos de notável importância", quando estamos tratando da paisagem sob um enfoque turístico. Portanto, para Rodrigues (2000, p. 226), A paisagem é resultante das ações passadas e presentes, da ação não apenas antrópicas, mas do clima, das intempéries, da temperatura, da composição físico química e morfológica. Enfim, é a resultante temporal e espacial do conjunto desses fatores. [...], a paisagem é uma "construção cultural", concretizada através das diferentes concepções de mundo. González Bernáldez apud Boullón (2002, p. 117), ao tentar explicar o termo paisagem, faz a seguinte afirmação: O exame bibliográfico proporciona mais ou menos dois grupos de acepções: a) a imagem (seja ela pintada, fotografada ou percebida pelo olho) de um território, e b) a acepção culta da paisagem geográfica, correspondente ao conjunto de elementos de um território ligado por relações de interdependência. Ambas as definições são válidas, uma vez que cada uma possui uma visão diferente do mesmo termo: a primeira se refere a uma visão estética, enquanto a segunda faz referência a uma visão científica. Para Boullón (2002, p. 118), tal equívoco pode ser resolvido se adotarmos para o termo paisagem 34 um enfoque visual, ambos os tipos de paisagem são conseqüência da combinação de numerosos elementos físicos de diferentes classes (algumas naturais, outras artificiais), intimamente relacionadas entre si; por isso, podemos apreciá-los como um conjunto. Sendo assim, podemos afirmar que a paisagem é compreendida pelo conjunto de elementos naturais e antrópicos, que se encontram na superfície terrestre apreendida pela visão. Podemos dizer que a ação antrópica é um dos elementos fundamentais da paisagem, já que esta é formada por tal ação, somada aos fatores ecológicos, que se interagem e se modificam no tempo e no espaço. Dessa maneira, constata-se que a ação do homem contribui para formação da paisagem. A paisagem, portanto, deve ser considerada uma construção cultural não apenas pelas transformações sofridas pelo homem, mas também pela forma como os indivíduos a interpretam. Para Yázigi (2000, p.13), "paisagem significa mais um modo de ver do que de agir”. Pitte apud Castrogiovanni (2002, p. 132) afirma que a paisagem é uma realidade cultural, pois não é somente trabalho humano mas também objeto de observações, inclusive consumo. A cultura desempenha um papel de filtro variável de um para outro indivíduo e de um para outro grupo social. Para Meneses (2002, p. 32), "não há paisagem sem um observador. A percepção visual da paisagem é, desta forma, uma condição fundamental para a existência cultural da paisagem." A mesma autora ainda acrescenta que "a percepção envolve organização e reorganização de dados a partir de modelizações, valores, aspirações, interesses etc." Segundo Castro (2000, p.122), sendo a paisagem o que se vê, ela supõe necessariamente a dimensão do real concreto, que se mostra, e a representação do sujeito, que o codifica no ato da observação. A paisagem como fruto dessa observação resulta de um processo cognitivo, mediado pelas representações do imaginário social pleno de valores simbólicos. Assim, o mesmo autor conclui, expondo a idéia de que a paisagem é uma escrita no espaço e tem de ser interpretada no contexto histórico das sociedades. A paisagem, se compreendida desta forma, deve ser considerada como uma imagem sócio-cultural; trata-se, assim, de um produto coletivo em um local e em determinado período na história. Além disso, a presença de um observador (homem) faz-se necessário para que a 35 paisagem possa existir, pois esta é uma imagem formada pelo homem de um determinado lugar. Boullón (2002, p.119) explica esta idéia da seguinte forma: Sem o homem, a paisagem desaparece; mas isso não quer dizer que a paisagem se esfume e se recomponha magicamente com a ausência ou presença do homem; naturalmente, quando este se retira, ali permanece o ambiente natural e a cidade. O que queremos dizer é que a paisagem se vai com o observador porque não passa de uma idéia da realidade que este elabora quando interpreta esteticamente o que está vendo. Desse modo, para que exista a paisagem, é preciso que haja um observador sensível e disposto a observar um espaço natural ou artificial com qualidade estética; há, assim, uma relação de existência entre ambos, de acordo com a figura 16 a seguir. Objeto (estético) Sujeito (observador sensível) Figura 16: A relação objeto sujeito Fonte: Boullón (2002, p. 120) Portanto, esta concepção de paisagem apresenta uma dependência do objeto em relação ao observador que a avalia com qualidade estética ou não. Nesse sentido, para Boullón (2002, p. 120), a paisagem pode ser definida como uma qualidade estética que os diferentes elementos de um espaço físico adquirem apenas quando o homem surge como observador, animado de uma atitude contemplativa dirigida a captar suas propriedades externas, seu aspecto, seu caráter e outras particularidades que permitam apreciar sua beleza ou feiúra. Tal temática é um tanto complexa, pois não podemos deixar de lado o fato de tal avaliação ser um tanto subjetiva, já que cada indivíduo possui uma percepção diferenciada da paisagem. Castro (2000, p.123) compreende esta idéia da seguinte forma: é preciso compreender a paisagem como, de um lado, vista por um olhar, apreendida por uma consciência, valorizada por uma experiência, julgada, eventualmente reproduzida por uma estética e uma moral, gerida por uma política. Portanto, ao tentar qualificar a paisagem, os profissionais de turismo deverão, segundo Boullón (2002, p. 122), generalizar seu próprio critério, em sua busca por obter uma maior coincidência com o da demanda que se espera que visite o lugar (...). Para tal, é aconselhável controlar 36 as análises por eles realizadas, mediante pesquisas motivacionais que podem mostrar alguns indícios sobre os gostos de um turista tipo, a fim de determinar quais as qualidades da paisagem considera mais agradáveis e quais passam-lhe despercebidas ou francamente não lhe interessam. Considerando a paisagem como um conjunto da relação de ações antrópicas e naturais que existem mediante a observação de um sujeito, as paisagens, em seus diferentes ambientes, natural e urbano, possuem, segundo Boullón (2002, p. 194), uma linguagem própria, sendo que no espaço natural a paisagem se manifesta por conta própria, ao passo que no espaço urbano é compreendida como uma manifestação da ação antrópica. 4.2 Paisagem Urbana A paisagem urbana, conforme Scherer (2000, p. 84), pode ser compreendida como, o conjunto constituído tanto pelas edificações como pelas relações que entre elas se estabelecem e sua inserção na malha urbana. A paisagem urbanística dialoga com o sítio, com a paisagem natural e, deste diálogo, participam tanto edificações monumentais quanto produtos da arquitetura comum e também as resultantes das diferentes modalidades de autoconstrução. Isto é, a paisagem urbana e o urbanismo em seu interior evidenciam o modo como nos núcleos urbanos se relacionam as instituições e as diferentes classes sociais, em síntese: materializam a um só tempo a estruturação física e social interna da cidade. De acordo com o Glossário de Turismo e Hotelaria da UNIVALI (2000, p. 68), a paisagem urbana é identificada diante da constatação do meio urbanizado onde predominam as formas regulares dos elementos artificiais constituintes (edificações e outras obras de engenharia), interligados por uma rede e corredores geometrizados na forma de ruas, linhas férreas, viadutos, pontes, rios e canais retificados. A paisagem urbana não existe simplesmente para ser vista, mas também para ser explorada, pois relata a história de cada sociedade, possui memória, apresenta registros do passado e do presente que, juntos, formam um grande atrativo para o turismo. No dizer de Scherer (2000, p. 87), "a paisagem urbana sempre teve um papel de relevo: a beleza, a harmonia, a poesia, a magnitude, o pitoresco de diferentes paisagens urbanísticas encantaram e seguem encantando a todos nós." As cidades, cada qual com suas características arquitetônicas e de urbanismo, mostram-se como produtos diferenciados para o turista, que ao se deparar com uma paisagem cheia de simbolismos e códigos, muitas vezes se sente agredido e, ao mesmo tempo, impulsionado a decodificar essa paisagem. Para Wainberg (2001, p. 13), 37 A percepção é estimulado pelo estranhamento causado por sua arquitetura, vias limites, bairros, pontos nodais, marcos, avenidas, cafés e bares; Há cores e odores. Hábitos e costumes. História e memória. No campo estranho, todo detalhe é relevante na composição do todo. O mesmo autor ainda complementa da seguinte forma: "a semiótica do ambiente urbano nos ensina que a cidade deve ser vista como uma escrita, uma fala a ser interpretada pelo transeunte." Boullón (2002, p. 195) observa que, como linguagem de uma cidade, temos suas formas; assim sua leitura se apóia naqueles signos e símbolos que melhor a representam. No entender de Castrogiovanni (2001, p.23), as cidades são representações fiéis dos macromovimentos sociais. Elas são um recorte do mundo, onde independentemente de suas dimensões ou relevância regional, vibram e transformam-se de acordo com as necessidades e solicitações das políticas e movimentos sociais locais, atrelados aos universais. Como podemos observar as cidades não se reduzem simplesmente a aspectos políticos ou às sedes administrativas dos municípios. Castrogiovanni (2001, p.24) as considera como "o espaço territorializado, apropriado pelas sociedades." Portanto, tais espaços resultam da evolução social, em meio o qual os espaços são produzidos e reproduzidos através do tempo, pelas suas sociedades. Este dinamismo transforma as cidades a cada instante, modificando as paisagens e dando novos valores aos espaços. Para Castrogiovanni (2001, p.25), A cada instante há mais do que os olhos podem ver, do que o olfato pode sentir ou do que os ouvidos podem escutar. Cada momento é repleto de sentimentos e associações a significados, portanto, há uma constante construção de significações. A cidade é o que é visto, mas mais ainda, o que se pode ser sentido. É com esse olhar que devem agir os profissionais do turismo a fim de serem especulativos e com isto, mais criativos. Sendo assim, é possível sempre descobrir novas possibilidades para a oferta de atrativos turísticos urbanos. Isso significa que uma cidade é muito mais do que os olhos podem ver simplesmente. É preciso conhecer profundamente sua história para que se possa ver as cidades com verdadeiros "olhos de ver". Assim, não devemos simplesmente ver suas formas, mas o que estas representam e representaram para uma determinada sociedade, em um determinado período. Para Boullón (2002, p. 195), "a cidade - como qualquer obra do homem - tem seus limites, é possível sintetizar sua estrutura visual em uma série de formas que a representam 38 com maior clareza."; Cada cidade possui um caráter diferente, que se pode interpretar espontaneamente, tornando-se atrativo nato para o desenvolvimento do turismo. Este deve ser explorado e admirado pelo turista, que em cada cidade encontrará algo novo que o surpreenderá. Assim, podemos afirmar, segundo Castrogiovanni, (2001, p.31) que A cidade é um mundo de representações. Pode ser pequena ou uma metrópole; ela pulsa, vive, seduz, agride, transforma-se e transforma aqueles que nela interagem. (...) A cidade é viva, possui a sua própria identidade, apresenta um dinamismo de relações que se alteram ao ritmo de diferentes circunstâncias, portanto sempre é possível a renovação urbana. A cidade deve ser vista como um bem cultural, em que devem ser valorizadas funções culturais que atendam à qualidade de vida dos seus habitantes. Este dinamismo das cidades proporciona aos espaços urbanos uma atratividade ao turismo, já que existem lugares com níveis variados de motivação. Em relação à tais motivações, podemos dizer que o ser humano é insaciável, das mesmas, principalmente em se tratando de curiosidades. E a forma que temos para saná-las é por meio do conhecimento dos aspectos culturais, históricos e sociais dos locais visitados. Sendo assim, tais espaços se encontram na equação do turismo como oferta turística. Conforme Scherer (2002, p. 103) A melhor coisa que uma cidade tem a oferecer ao turista é ela mesma, na medida em que cada cidade tem sua feição, seus sons, aromas e paisagens, seus encantos explícitos ou reservados aos poucos que se dispõe a buscá-los, cristalizados ao longo do tempo que a tornam única. Se identidade de uma cidade, sua originalidade, seus hábitos e costumes são diferentes dos já conhecidos pelo turista, haverá um estranhamento que aguçará o interesse do visitante a interpretar e conhecer tal espaço. Portanto todo estranhamento é fundamental. Havendo em consideração as ponderações de Auge, Wainberg (2001, p. 15) assinala que (...), toda peregrinação tem sabor de simulação de uma investida antropológica. Vaise a campo estranho estimulando por tais patrimônios alheios. Cruza-se a fronteira demarcada pelos limites urbanos da cidade visitada e, como estrangeiro, vasculha-se os sinais de tal interação entre comunidade nativa e espaço sob exame. Cada singelo objeto é artefato arqueológico que demanda observação potencial. A rotina do nativo é igualmente objeto de exame. Interessa seu hábitos e costumes. Formas de trabalho e lazer. Vivenda e arte. A atratividade da cidade será tanto maior quanto maior for densidade de artefatos diferenciados com capacidade de surpreender o turista a cada momento, de modo a agredir os 39 sentidos do observador, fazendo-o perceber o que está escrito nos signos ou nos códigos da cidade. Portanto, segundo Ribeiro (2002, p.148-49) "pensar e planejar áreas de lazer aliadas a espaços ociosos da urbe e sua posterior valorização através de parques e praças com motivos culturais e históricos são formas de resgate da cultura e homenagem a etnias que habitam as cidades." Assim, é necessário transformar lugares degradados em espaços com uma "proposta de cultura e lazer voltada para os habitantes da cidade bem como para turistas[...]", valorizando a cultura local, a comunidade e o atrativo para o turista. Estes são os elementos da atratividade da cidade, sua identidade, cultura, comunidade e suas heranças, de acordo com Wainberg (2001, p. 14) o passado é que torna o lugar mais que um espaço; que herança é a possessão que os atuais fazem de eventos do passado; que sendo o patrimônio de uma razão de contrariedade de outros, há dissonância, o que demanda resolução do conflito em torno da memória para que os presentes se apropriem de um ou mais de um patrimônio capaz de proporcionar desfrute; que tal desfrute não é físico em essência, mas que proporciona idéias intangíveis e sentimentos sob controle antes de tudo. E uma experiência com sabor cultural, em primeiro lugar. Rodrigues (2001, p. 75) confirma tal pensamento, ao afirmar que "os testemunhos do tempo correspondem aos recursos turísticos de notável importância." Desse modo os patrimônios tornam-se atrativos fundamentais no desenvolvimento turístico de uma cidade, pois neles podem ser observadas a identidade e a evolução social de uma comunidade ao passar do tempo. Assim, é necessário que haja esforços em conjunto para a restauração de espaços de valor cultural e histórico, para que se possa dar a tais espaços novas utilidades ou revitalizar seus antigos usos, tendo em mente que o turista procura o diferente, o singular, algo que o surpreenda. Contudo a percepção de uma cidade não se dá de forma imediata. Na realidade, ela é uma soma de imagens que o ser humano captura e retém em sua memória. Portanto, a formação da imagem de uma cidade, segundo Boullón (2002, p. 193), "se realiza no transcurso do tempo, pela soma das imagens parciais que o espaço físico transmite e que o homem registra em sucessivas vivências (visão em série)". Para Kevin Lynch apud Silva (2004, p.31), "a imagem é formada pelo conjunto de sensações experimentadas ao observar e viver em determinado ambiente." Conforme Kevin Lynch apud Boullón (2002, p. 119): 40 Parece haver uma imagem pública de cada cidade que é o resultado da superposição de muitas imagens individuais. Ou talvez o que exista seja uma série de imagens públicas, cada uma das quais é mantida por um número considerável de cidadãos. Essas imagens coletivas são necessárias para que o indivíduo atue acertadamente dentro de seu ambiente e para que coopere com seus cidadãos. Cada representação individual é única e tem certo conteúdo que só varia muito raramente ou nunca é comunicado, apesar de estar próximo da imagem pública, que, em diferentes ambientes, é mais ou menos forçosa, mais ou menos compreensível. Estas imagens do meio, segundo Lynch apud Silva (2004, p. 31), " são resultado de um processo bilateral entre o observador e o meio ambiente." Entretanto, de acordo com Boullón (2002, p. 194), Nem todas as cidades apresentam o mesmo grau de dificuldade de captação de sua paisagem urbana. Em primeiro lugar, o tamanho é o principal obstáculo para se conhecer uma grande cidade, o traçado é o segundo, e a topografia e o tipo de arquitetura o terceiro e o quarto. As imagens públicas de uma cidade são representações da percepção das paisagens urbanas e, muitas vezes, são utilizadas para promover e identificar uma cidade. É o caso de Paris, conhecida como uma cidade romântica, ou Nova York, uma cidade de compras, ou ainda as cidades históricas de Minas. Estas são imagens formadas por indivíduos de uma determinada paisagem e todas possuem uma identidade que está predefinida no imaginário dos turistas. A imagem de uma cidade é formada pelo turista mediante uma visão em série dos pontos de passagem obrigatórios dessa cidade. Esta imagem, como mencionado anteriormente, é, para Boullón (2002, p. 193), uma percepção que se realiza "por meio de uma série de elementos formais - que o homem consegue identificar e reter em sua memória”, de modo a construir a imagem da paisagem urbana. Portanto, a imagem de uma paisagem turística é formada elementarmente pela captação dos pontos gravitacionais, por onde o turista visitou. Esta imagem, segundo Silva (2004, p. 32), "implica a concepção mental apreendida e estabelecida pelo indivíduo que resume seu conhecimento, suas avaliações e preferências sobre o ambiente em que vive.". Trata-se de algo extremamente subjetivo, posto que é variável de indivíduo para indivíduo. Sendo o estranhamento um fator determinante na atratividade de uma paisagem urbana, Silva (2004, p. 32) comenta que Percorrer ruas urbanizadas, com calçadas limpas e fachadas padronizadas, geralmente causa boa impressão, especialmente se a cidade de origem do turista não 41 apresentar essas características. O que chama a atenção do turista, em qualquer dos casos, é o diferente e o inusitado. As paisagens possuem o potencial de despertar todos os nossos sentidos. Como descreve Boullón (2002, p. 144) ao observarmos uma paisagem, nós percebemos e ativamos oito componentes sensoriais: a formas, o cheiro, a cor, a luz, a textura, os sons, a temperatura e a atmosfera. Logo são elementos que interferem diretamente na experiência do turista ao adentrar uma paisagem e devem ser observados e analisados, para que esta seja melhor aproveitada para a atividade turística. Silva (2004, p. 32) confirma tal pensamento, ao fazer a seguinte afirmação: A percepção do ambiente é mais aguçada quanto se trata de um lugar turístico onde a paisagem é um fator de atração. O turista é muito sensível aos cenários, pois seu principal interesse está voltado para o aspecto visual dos lugares e para aquilo que ele tem de pitoresco, de diferente e atrativo aos sentidos. Dessa forma, como Castrogiovanni (2001, p. 31), podemos considerar que "a cidade é um mundo de representações. Pode ser pequena ou uma metrópole; ela pulsa, vive, seduz, agride, transforma-se e transforma aqueles que nela interagem." Trata-se de um espaço cheio de signos e códigos a serem interpretados pelo turista, sendo que a paisagem urbana se destaca como um elemento de atração turística de grande valor. Cullen (1971, p. 11) afirma que “(...) embora o transeunte possa atravessar a cidade a passo uniforme, a paisagem urbana surge na maioria das vezes como uma sucessão de surpresas ou revelações súbitas. É o que se entende por ‘visão serial’”, ou seja, quanto mais a visão das pessoas for estimulada, a paisagem urbana será mais interessante, mais animada, despertando sensações e curiosidade, em relação ao que vier pela frente. Se, ao contrário, a paisagem for monótona, não causará grandes emoções, passando despercebida. A paisagem urbana ocupada pode ser um atrativo a mais aos olhos das pessoas. Pessoas são atraídas por pessoas, que utilizam a paisagem como meio de interação e integração. Assim, existe uma troca de vivências e experiências, e a paisagem se torna algo mais próximo, mais palpável, com o jeito de seus moradores. De acordo com Cullen (1971, p. 23 -25), [...] abrigo, sombra, conveniência e um ambiente aprazível são as causas mais freqüentes da apropriação de espaço, as condições que levam à ocupação de determinados locais. [...] a ocupação estática, porém, é apenas uma das formas de apropriação do espaço exterior. Uma outra consiste na apropriação pelo movimento. 42 A ocupação estática da paisagem diz respeito aos ambientes já construídos, abertos ou não, como os bancos e mesas nas praças e bulevares. Já o espaço em movimento é o preconizado pelas próprias pessoas em seu passeio ao encontro de alguém, de maneira que são elas que fazem o movimento. É uma ocupação vibrante e curiosa, deixando a paisagem mais atrativa. No entanto para isso, é preciso conhecer os pontos que o turista irá percorrer ou aqueles que lhe interessam, isto é, as áreas gravitacionais. Tais pontos podem ser encontrados nos inventários turísticos municipais; portanto, tais documentos são instrumentos essenciais de coleta de dados. Para Boullón (2002, p. 220), o levantamento das áreas gravitacionais da cidade deve ser feito como uma visão global, pois Ao se relacionar os pontos focais sem se levar em conta a totalidade da rede de ruas e outras milhares de edifícios sem importância, obtém-se a nova imagem da cidade com base em sua organização focal. No entanto, já sabemos, isto só pode ser elaborado mentalmente com o passar do tempo; de modo que é preciso ajudar o turista fazendo-o destacar a existência deste esquema focal, que para os habitantes é evidente. Boullón (2002, p. 220) ainda completa da seguinte forma: O procedimento aconselhável é a realização, por parte de técnicos especializados em desenho urbano e em identificação e avaliação dos atrativos turísticos urbanos, de um estudo de campo para estabelecer que elementos formais farão parte da organização focal. Na realidade, o que ele propõe é que este levantamento seja feito de forma a hierarquizar e analisar quais elementos devem fazer parte da visitação do turista, de modo a proporcionar ao mesmo uma imagem agradável da cidade visitada. Outro enfoque de nossa análise consiste na infra-estrutura, que, segundo Boullón, é de fundamental importância para o funcionamento do turismo, pois os atrativos e os equipamentos turísticos são insuficientes para o funcionamento da atividade turística. Ademais, a infra-estrutura possui influência expressiva na paisagem como fator definidor da qualidade da paisagem urbana. Sendo a infra-estrutura condicionante do desenvolvimento turístico, sem ela seria impossível se pensar em investimentos em equipamentos e nos atrativos. Sem dúvida, este elemento do patrimônio turístico de uma localidade tem papel importantíssimo no grau de qualidade da paisagem. A infra-estrutura torna-se, desse modo, um fator de grande valor quanto à experiência do visitante, já que pode aumentar ou diminuir seu grau de satisfação. 43 Para Conti (2003, p. 68), Em sua caminhada pela superfície do globo, ao longo da história, o ser humano vem procurando satisfazer sua infinita curiosidade de conhecer cada recanto do planeta, a fim de explorá-lo em seu benefício, daí resultando a interação sociedade/natureza e a organização do espaço com todo seu aspecto multifacetado. As paisagens podem ser consideradas um sistema em constante construção, pois ao sofrer a influência de algum de seus elementos, elas reagem, adaptando- se e transformando suas características. Como afirma Rodrigues (2000, p. 228); Dessa forma, espaço e paisagem fornecem as bases para o turismo. Na paisagem, as ações de hoje estarão presentes no futuro. A paisagem ' absorve'as ações, e pode ser mais ou menos valorizada por isso. Assim, o turismo interfere na paisagem e sofre dela interferência, sendo tanto um aliado como um devorador. As paisagens tanto podem influenciar como serem influenciadas pelos homens. Nesse sentido, elas se transformam em atrativos para o desenvolvimento do turismo, podendo ser criadas ou transformadas para tais fins. Sendo assim, a paisagem tem uma importância considerável em se tratando de turismo, pois, segundo Rodrigues (2001 p. 48) é possível afirmar que a paisagem em si é um notável recurso turístico. Tendo em vista que o turista busca na viagem a mudança de ambiente, o rompimento com o cotidiano, a realização pessoal, a concretização da fantasia, a aventura e o inusitado, quanto mais exótica for a paisagem, mais atrativa será para o turista. Sob este ponto de vista, a paisagem é o primeiro elemento que lhe proporcionará esta fuga do cotidiano, em direção ao novo. Portanto, as paisagens turísticas devem ser planejadas e organizadas de modo a manter suas características originais e singulares. Para Castrogiovanni (2001, p. 132), as "paisagens turísticas devem dar conta das motivações dos visitantes que as contemplam ou as utilizam. Para tanto, é fundamental o pleno conhecimento/estudo dos elementos que compõem tais paisagens." A vida de costumes rurais e a infra-estrutura urbana promovem as atratividades de cidades como Irati e Prudentópolis, pois como apresenta Silva (2004, p. 68), Nessas localidades turísticas quase tudo o que envolve a vida cotidiana das antigas populações imigrantes tornou-se uma atração: a criação de animais, a produção agrícola, os utensílios domésticos, os objetos de decoração, o vestuário, as comidas típicas. A arquitetura de casas urbanas e fazendas tem um papel fundamental de servir de cenário para a apreciação das atrações. Muitos turistas viajam nos fins de semana apenas para desfrutar de paisagem composta de casas de madeira e campos cultivados. 44 Estas cidades apresentam realidades regionais de uma cultura rica em elementos únicos, fatores importantes para a regionalização do turismo, na medida em que são estas características culturais que demarcam uma região. Nestas localidades do interior o que encontramos é uma paisagem diferente dos grandes centros ou cidades litorâneas. Conforme Silva (2004, p. 81), estas comunidades apresentam uma associação entre o território natural e a cultura local é evidente por paisagens que agregam elementos naturais (o planalto central, as serras, os morros, a caatinga, os pampa) - e processo que valorizam o cotidiano e o trabalho nas áreas rurais, como campos cultivados e pastagens. O estudo da paisagem não se caracteriza simplesmente por uma análise das formas, mas implica uma compreensão destas. No caso da avaliação da paisagem com potencialidade turística, esta análise acompanha as idéias de Boullón (2002, p. 80): A melhor forma de determinarmos um espaço turístico é recorrermos ao método empírico, por meio do qual podemos observar a distribuição territorial dos atrativos turísticos e do empreendimento, a fim de detectarmos os agrupamentos e as concentrações que saltam à vista. Assim a melhor forma de determinar as paisagens turísticas seria por meio de uma análise do espaço, já que a paisagem é o reflexo do mesmo. Para tanto, é preciso ter em mente que as paisagens são captadas pelo turista de forma seriada, armazenada em sua memória e avaliada conforme seus valores. Estas paisagens devem atender às motivações dos transeuntes, assim como de sua comunidade, buscando agregar valor à sua atratividade sem, entretanto, descaracterizar sua originalidade. 45 5. ANÁLISE DOS RESUTADOS 5.1 Paisagem edificada de Irati A análise se iniciou não por um dos atrativos da cidade, mas pelas principais áreas gravitacionais de Irati. Primeiramente foi analisada a área da Estação Rodoviária por se tratar de um portão de entrada do município. A seguir, foi analisada a área central, ponto de passagem obrigatório do turista que deseja ir a qualquer atrativo da cidade, assim como encontrar os equipamentos e instalações turísticas. Depois de analisadas estas duas paisagens de suma importância para a formulação da paisagem turística do município de Irati, foram analisados os atrativos turísticos da cidade: Casa da Cultura, Colina Nossa Senhora das Graças, Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus, Igreja Nossa Senhora da Luz, Igreja Imaculado Coração de Maria, Igreja São Miguel, Parque Aquático e de Exposições de Irati e o Centro de Tradições Willy Laars, finalizando com a análise turística das edificações urbanas de Irati. Estas áreas, logradouros e marcos, segundo Lynch e Boullón, compreendem a imagem que o visitante tem da cidade, constituindo, portanto uma imagem da paisagem turística de Irati, imagem esta que, associada à análise da infra-estrutura urbana, dos equipamentos e das instalações turísticas, poderá contribuir para o planejamento da oferta turística do município. Rodoviária Municipal de Irati A área da estação rodoviária de Irati está localizada na rua Dona Noca s/n°, em uma das principais vias de acesso à cidade, a aproximadamente 1Km do centro. A estação rodoviária é uma edificação sem expressão arquitetônica significativa para a paisagem desta área urbana, como pode ser visto na Figura 18. Com porte pequeno, apresenta um pátio em pavimentação articulada (paralelepípedo) e pouca estrutura para o atendimento de turistas, como posto de informações ou mapa da cidade. No seu entorno, encontram-se edificações comerciais, lanchonetes, ponto de táxis, hotéis, posto de gasolina e uma pequena praça. As observações realizadas durante a pesquisa de campo indicam que a paisagem desta área urbana apresenta uma série de deficiências quanto à sua qualidade, pois não existe harmonia entre a edificação e seu entorno. A paisagem desta área merece atenção do poder público municipal, pois a rodoviária, como expresso por Boullón (2002), não é um atrativo turístico e sim, uma das áreas gravitacionais de suma importância para o desenvolvimento da atividade turística. Isto porque consiste em um dos portões de entrada para os visitantes da cidade, e sendo assim, sua paisagem está em desacordo com o papel que este conjunto desempenha na atividade do turismo. De fato, trata-se de uma paisagem desqualificada sem o mínimo de informação pertinente sobre a cidade, além de apresentar uma infra-estrutura deficiente como, banheiros inadequados, a não existência de um ponto de informação, má conservação do interior do prédio, etc. Portanto, é uma paisagem que hoje não seria ideal para que possa ser considerada turística. Tendo em vista que se trata de um portão de entrada de Irati - geralmente o primeiro contato que um visitante tem com a cidade, a paisagem desta área deve ser repensada para melhor atender à cidade, qualificando, assim, o acesso principal ao município. Este local é, realmente, o primeiro contato visual que o visitante tem com a cidade; portanto, deve ser um ambiente qualificado, já que é um marco visual e um ponto de referência. Contudo, atualmente, transmite aos habitantes e visitantes uma imagem negativa. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 17: Fachadas da Rodoviária Municipal de Irati Centro da Cidade de Irati O centro da cidade de Irati é constituído pelas primeiras ruas do município, marcos iniciais da cidade, onde se encontram as principais ruas comerciais, representadas pela rua Munhoz da Rocha (figuras 19-20) e pela rua XV de Novembro (Figuras 21-22). Nelas está instalada a maior parte do comércio, bem como as instituições financeiras do município. Além 47 destas, tem-se a rua XV de Julho (figuras 23-24), também denominada rua velha por se tratar da primeira rua de Irati, onde está localizado um dos atrativos municipais: a Casa da Cultura. Este conjunto urbano possui características similares, sendo que suas diferenças são mínimas. Trata-se de uma área do centro da cidade, em sua maioria ocupada por edifícios comerciais e onde o estilo arquitetônico, especificamente na Rua Munhoz da Rocha e na XV de Novembro é contemporâneo, contrastando com o conjunto arquitetônico da Rua XV de Julho, onde verificamos alguns remanescentes da arquitetura eclética. A Rua Munhoz da Rocha e a XV de Novembro possuem faixa dupla e estacionamento nos dois lados. Já a Rua XV de Julho possui fluxo nos dois sentidos, estacionamento nos dois lados e uma pavimentação mista de asfalto e paralelepípedo. As pavimentações das ruas citadas encontram-se em bom estado de conservação. Esta é a área da cidade que está mais bem conservada, com passeios largos, uma boa iluminação, lixeiras em cada esquina, onde podem ser encontradas floreiras, além de uma boa limpeza. Em função disso, transmite uma paisagem de qualidade para seus habitantes e, conseqüentemente, para seus visitantes. Como esclarece Boullón (2002), as paisagens turísticas das cidades não são formadas somente por seus atrativos, mas também por suas áreas gravitacionais. Dentre elas, encontramos os centros das cidades, espaços de circulação ou passagem obrigatórios para o turista. Portanto, verifica-se que sua caracterização é importante para o entendimento de como o visitante formula a imagem de uma cidade e, sendo assim, este espaço revela-se fundamental para a análise da paisagem urbana. A paisagem é uma expressão real do modo de vida de uma cidade. Por meio dela, pode-se perceber a qualidade de vida, as tradições, a história e a cultura de seus habitantes, além do ritmo de vida da cidade. Por meio da paisagem urbana, um transeunte atento pode ler e compreender uma parte da história de qualquer cidade. Atualmente, nas ruas centrais de Irati, ainda se encontram alguns remanescentes das construções antigas, mescladas com novas tipologias arquitetônicas. Em termos de atratividade, o espaço central de Irati possui algumas edificações de expressivo valor paisagístico, como a Casa da Cultura e o Posto de Gasolina Obrzut. Este último é uma construção de 1940, que chama atenção por sua forma ainda conservada e devido ao destaque existente nas colunas de sustentação. Portanto, o centro da cidade de Irati pode ser considerado uma paisagem com qualidade para o uso turístico não simplesmente por sua atratividade, mas também pelo seu uso como ambiente de comércio, diversão e deslocamento dos turistas. De fato, sua paisagem 48 possui elementos que a qualificam para o uso turístico, como a conservação, a segurança, o comércio e algumas edificações que podem expressar uma parte da história do município, além de ser o local de convívio dos habitantes locais, que lá transitam, trabalham ou residem. Figura 18: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 1950 Fonte: Prefeitura Municipal de Irati Figura 20: Rua XV de Novembro 1937 Fonte: Prefeitura Municipal de Irati Figura 22: Rua XV de Julho 1930 Fonte: Prefeitura Municipal de Irati Figura 19: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 21: Rua XV de Novembro 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 23: Rua XV de Julho 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor Casa da Cultura Localizada na rua XV de Julho, n° 329, compreende um antigo casarão de madeira que data das primeiras décadas do século e que mantém conservadas todas as características impostas pela cultura urbana então vigente. Residência da família Gomes, foi construída em 1919 por Arcélio Batista Teixeira. O imóvel foi cedido à prefeitura em 1987 em comodato pela família proprietária e doada ao município em 2004. Hoje, a antiga residência da família Gomes é utilizada como centro de cultura, onde ocorrem cursos e exposições periódicas de diversas áreas. Uma paisagem singular no centro da cidade, trata-se de um casarão de arquitetura eclética, preservado (figura 25), com jardins laterais, em cujo entorno há residências, que, em sua maioria, não possuem harmonia com a edificação em questão. À sua frente, encontra-se o 49 clube do comércio - o primeiro da cidade que, hoje, possui uma nova forma. Até pouco tempo, a rua era de paralelepípedo, mas hoje está asfaltada. Nesta edificação, atualmente denominada Casa da Cultura, encontra-se alojada a Coordenadoria de Cultura do município um espaço onde são realizadas exposições permanentes e itinerantes. O pequeno museu apresenta alguns artefatos da cultura ucraniana predominante na região, alguns objetos da família Gomes, além de quadros e gravuras de artistas iratienses, que relatam a história do município, a vida e a cultura de Irati em suas épocas. A casa da cultura é também um centro de ensino de línguas, artes, música e constitui um espaço onde entidades diversas promovem atividades culturais. A casa da cultura é uma imagem rara na paisagem central da cidade de Irati, pois é uma das poucas edificações da década de 20, do século XX, que se encontram preservadas. É uma visão de destaque na rua XV de Julho, devido à singularidade da construção em relação aos demais edifícios do entorno. Trata-se, portanto, de um marco urbano iratiense que merece, destaque devido ao seu uso como centro cultural, onde, como foi dito, se encontra um pequeno museu que conta um pouco da história da família Gomes e da cidade de Irati. A paisagem desta área possui um grande potencial para o uso turístico, não apenas por sua forma, que se encontra preservada, mas também pela sua função urbana, já que consiste em um espaço de cultura que se melhor utilizado, proporcionaria ao turista um resgate da história e da identidade de Irati. Nesse sentido, a visita orientada pode proporcionar ao turista informações significativas sobre a história e o desenvolvimento da cidade. Assim a imagem da Casa da Cultura de Irati se sobressai na paisagem do centro da cidade, devido à sua forma singular. De fato, sua edificação surpreende o turista, em virtude dessa singularidade. 50 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Prefeitura Municipal de Irati 1950 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 24: Casa da Cultura Colina Nossa Senhora das Graças A colina Nossa Senhora das Graças é um dos logradouros de maior importância da cidade. Quanto à sua visitação, este espaço é passagem obrigatória para os turistas que visitam Irati. Lá se encontra uma imagem de 22 metros de altura de Nossa Senhora das Graças, um marco do município. Construída no ano de 1957 em comemoração aos 50 anos de Irati (figura 26), a imagem é esculpida em 70 peças pelo artista Ottaviano Papaiz, de Campinas. A imagem não representa a padroeira da cidade, Nossa Senhora da Luz, pois sua construção se tornou inviável, devido ao menino Jesus que a imagem da padroeira carrega no colo, detalhe este que inviabilizava a construção de tal estátua Feita uma eleição, a imagem de Nossa Senhora das Graças surge, em função da grande devoção popular. Por ser um atrativo e um marco visual do município, tal monumento se distingue na paisagem urbana da cidade, tornando-se um símbolo de Irati. O acesso, para os pedestres, se dá através de uma escada que acompanha o declive da colina ou por duas vias secundárias por trás da colina. Além da imagem, que pode ser vista à noite devido a sua iluminação noturna, o local apresenta algumas instalações para atendimento aos turistas que visitam o logradouro, sobretudo nos finais de semana a colina está equipada com playground, uma lanchonete, 51 sanitários, estacionamento, uma capela, um mirante com vista para a cidade e bancos defronte a imagem (figura 28). A tipologia arquitetônica do entorno é, em sua maioria, de habitações de um ou dois andares, com jardins frontais, de estilo contemporâneo, porém de pouca expressividade, e a topografia é escarpada. Nesta área, as ruas são pouco arborizadas e possuem pavimentação asfáltica. A área urbana correspondente à Colina Nossa Senhora das Graças é intensamente utilizada, em razão do fluxo significativo de visitantes. A pesquisa de campo identificou algumas benfeitorias para melhor receber os turistas. A paisagem deste logradouro apresenta harmonia com a imagem da cidade: um local tranqüilo, calmo, com vista panorâmica da cidade de Irati. É um espaço público com paisagem de qualidade, cujas edificações se harmonizam com os elementos naturais. Observou-se também que a colina possui alguns problemas estruturais, que acabam dificultando ou prejudicando sua visitação: a falta de sinalização e o deficiente estado de conservação de seu acesso. Entretanto, as condições das instalações foram melhoradas se comparadas aos dados coletados por esta pesquisa em abril de 2005: os bancos de madeiras do mirante foram trocados, as grades do mesmo foram pintadas, houve uma reforma no interior da capela e foi aparada a vegetação de entorno. A colina Nossa Senhora das Graças e seu monumento podem ser observados de boa parte da área central da cidade. Hoje é o espaço mais visitado pelos turistas de Irati. Portanto, é uma paisagem que merece maior atenção dos responsáveis pela gestão do município, pois é a imagem que o turista mais vê e a que ele realmente levará consigo. A constante manutenção e conservação da paisagem da colina da Santa é de suma importância para a qualidade desta área turística. Hoje a imagem da Colina Nossa Senhora das Graças não é simplesmente um atrativo turístico, mas um marco cultural da cidade de Irati. Por representar a cidade esta paisagem deve transmitir, portanto, uma imagem de qualidade para visitação. 52 Figura 25: Monumento a Santa 1957 Fonte: Prefeitura Municipal de Irati Figura 26: Monumento a Santa 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 27: Colina Nossa Senhora das Graças 2005 Fonte: Prefeitura Municipal de Irati 53 Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus Pertencente ao senhor Paulo Rubens Dallegrave, a cachoeira fica dentro do perímetro urbano. Localizada na saída de Irati para Guarapuava, a cachoeira situa-se a cerca de 800 m do centro, em uma estrada pavimentada até a entrada, que se prolonga por mais 50 m de estrada de terra. Este logradouro consiste em uma área natural situada na zona urbana de Irati, possui 121.500 m2, encontra-se no local um remanescente da mata nativa, há uma queda d' água com 22 metros de altura (figura 29) que não apresenta área para banho, além de possuir equipamentos como mirante para a cachoeira, estacionamento, trilha de acesso à cachoeira, bancos e lixeiras (figura 30). O atrativo natural está inserido no tecido urbano, sua topografia é escarpada, o acesso até a cachoeira não é pavimentado e as árvores encontradas no local são de grande porte. Este ambiente proporciona um contado direto com a natureza a poucos metros do centro da cidade. Infelizmente, este atrativo é prejudicado pela falta de sinalização e por seu precário estado de conservação. Além disso, instalou-se em sua vizinhança uma indústria de reciclagem de papel, que ao exalar odor em determinadas horas do dia, compromete a visitação da cachoeira. Outro problema é a questão fundiária: como a área se encontra em terreno particular, torna-se difícil para prefeitura investir no local, o que prejudica seu uso turístico. A paisagem de entorno da cachoeira Fillus, enquanto atrativo turístico, não possui qualidade, principalmente por causa de problemas estruturais como segurança, conservação e manutenção do espaço. Acarreta-se assim, em uma imagem de abandono, pois tanto a trilha como os bancos e lixeiras encontram-se tomados pela vegetação em algumas épocas do ano (figura 30). Outro problema grave é a falta de segurança e de vigilância, pois é comum famílias ou grupos de visitantes que se depararem com adolescentes utilizando a área para consumo de drogas, além de indigentes que utilizam o espaço da cachoeira para banho, e para lavar suas roupas. Desse modo, desqualifica-se o atrativo e afastam-se seus visitantes. Devido a tais problemas, o Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus não pode ser considerado uma área com grande potencial para utilização turística. Isto porque embora seja uma área verde com um atrativo de qualidade, ou seja, a cachoeira que se encontra a poucos metros do centro da cidade, encontra-se desde o início do ano fechado para visitação, devido ao descaso e ao mau uso. 54 Acervo Particular do Autor Acervo Particular Autor Figura 28: Recanto Rubens Dallegrave Fonte: Acervo Particular do Autor Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 29: Recanto Rubens Dallegrave em Abril de 2005 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 30: Recanto Rubens Dallegrave em Agosto de 2005 55 Igreja Nossa Senhora da Luz Localizada na Rua Cel. Pires nº 994, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, segundo dados do inventário turístico de Irati (2000, p. 27), teve sua construção iniciada em 22 de junho de 1931 (figura 32), sendo que A Paróquia de Nossa Senhora da Luz surgiu do desejo e da necessidade da população de Irati dispor de sua própria paróquia. Naquela época a paróquia de Santo Antônio de Imbituva abrangia todo o território do município de Irati. Entretanto, existia uma certa resistência por parte de Imbituva, que receava perder para a metade o número de paroquianos. Portanto, esta edificação religiosa, que possui como padroeira Nossa Senhora da Luz, foi a primeira do município. Uma construção que já passou por várias reformas, hoje toda em alvenaria, com duas torres, a igreja matriz é um dos atrativos da cidade (figura 33). No seu entorno, encontram-se residências com jardins frontais, o antigo edifício da Faculdade e a praça Etelvina Gomes, que apresenta sinais de descaso e abandono. A rua em frente à igreja apresenta pavimentação com calçamento articulado em paralelepípedo, o que valoriza assim o estilo antigo do lugar. A arborização, de grande porte, está localizada principalmente na praça em frente a igreja. A Praça Etelvina Gomes faz parte da paisagem do conjunto deste atrativo, mas hoje está em péssimo estado de conservação, com bancos quebrados, com dois chafarizes e fonte desativados, pouca iluminação, além de uma quadra coberta, que prejudica a visão da paisagem como um todo. A igreja matriz é uma edificação que pode ser observada de vários pontos da cidade. Tal construção possui um porte imponente, além de apresentar uma imagem em completa harmonia com a paisagem da cidade. A paisagem do entorno da igreja Nossa Senhora da Luz possui elementos que a desqualificam. Um deles é o abandono e o mau uso da praça Etelvina Gomes, que no passado consistia em um ambiente de encontros e de lazer para famílias da cidade. Hoje, porém, este espaço público encontra-se depredado e em péssimo estado de conservação, devido ao descaso e a falta de utilização. Sendo assim, apesar de a igreja matriz Nossa senhora da luz ser um dos atrativos turísticos de Irati, segundo o inventário turístico municipal, o seu entorno, ou seja, a praça Etelvina Gomes provoca na paisagem em questão uma imagem de abandono. Isto porque a quadra coberta, localizada em um de seus extremos, encontra-se em desarmonia com a paisagem, o estado de conservação é precário e verifica-se o uso inadequado deste espaço para atividades ilícitas. 56 Fonte: Prefeitura de Irati Fonte: Prefeitura de Irati Figura 31: Igreja Nossa Senhora da Luz década de 1930 e 1940 Fonte: Acervo Prefeitura de Irati Figura 32: Igreja Nossa Senhora da Luz 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 33: Praça Etelvina Gomes Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria Em 24 de junho de 1950, foi inaugurada a primeira Igreja Ucraniana do município. Com o crescimento da cidade de Irati, novas famílias dos municípios vizinhos vieram morar nesta cidade e, entre elas, muitas famílias ucranianas. Assim, foi necessário ampliar o espaço da igreja, em virtude do aumento de seus fiéis. Com esse propósito, foi adquirido o terreno na rua Barão do Rio Branco nº 156 e, em 1970, construiu-se uma igreja maior, que hoje consiste na sede de todas as outras igrejas ucranianas do município. 57 A Igreja tem capacidade para atender 400 pessoas e, as celebrações são feitas em ucraniano, com exceção da missa aos sábados, celebrada em português, visto que, muitos dos descendentes não entendem a língua de origem. Esta edificação religiosa chama atenção por sua forma e construção, que apresenta algumas particularidades, como a coroa prateada na parte superior e as gravuras na fachada do prédio em formato cúbico (figura 35). A igreja está localizada em uma área residencial, onde a maioria das casas possuem jardins frontais. Além disso, situa-se em uma rua pavimentada com paralelepípedo e pouca arborizada. A igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria se destaca como um atrativo, devido à singularidade de sua arquitetura. A forma da igreja é um tanto diferente das demais, de modo que este marco urbano se sobressai na paisagem, aguçando a curiosidade do turista, quanto à imagem que transmite e quanto ao rito religioso da Igreja Católica Ortodoxa. Esta imagem transmite os símbolos da cultura ucraniana e está fortemente atrelada às características socioculturais de uma grande parte da população de Irati, ou seja, os descendentes dos imigrantes ucranianos. A proximidade com a igreja São Miguel torna esta edificação interessante para o turismo, pois apresentam-se duas construções de templos religiosos distintos que podem ser observadas caminhando-se poucos metros. Dessa maneira, diversifica-se a paisagem da cidade e muitas vezes surpreende-se o seu visitante. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 34: Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria Igreja São Miguel Localizada na Praça Madalena Anciutti, anteriormente construída em madeira e hoje em alvenaria (figura 36), a igreja encontra-se em um dos pontos mais altos da cidade, 58 podendo ser vista de vários locais. Na sua frente, encontra-se uma praça e aos seus fundos o cemitério municipal. Ao lado, tem-se o Colégio Nossa Senhora das Graças (figura 38), um edifício antigo que, em seu entorno, há construções, em sua maioria comerciais, com um e dois pavimentos de arquitetura contemporânea, porém com pouca expressividade. A Rua XV de novembro em que está localizada apresenta uma pavimentação em paralelepípedo, característica da cidade, com poucas árvores de pequeno porte, excetuando-se a praça Madalena Anciutti. Esta está bem arborizada e ainda possui o monumento à Bíblia, inaugurado em 18 de fevereiro de 2001, considerado um monumento ecumênico que visa a integração entre todas as crenças cristãs, católicas e evangélicas (figura 39). A igreja São Miguel é um marco na paisagem urbana de Irati que pode ser vista de vários ângulos da cidade. Trata-se, portanto, de um marco visual e referencial significativo. Esta edificação encontra-se inscrita em uma paisagem bem preservada que proporciona uma qualidade paisagística, devido à harmonia do conjunto edificado. Como pode ser observado, ao contrário da Igreja Nossa Senhora da Luz, a paisagem da Igreja São Miguel possui atratividade turística, uma vez que seu entorno agrega maior valor ao atrativo. Isso significa que o conjunto paisagístico do atrativo em questão encontra-se em harmonia, qualificando a paisagem desta área urbana para o uso turístico. Figura 35: Igreja São Miguel década de 1920 Fonte: Prefeitura de Irati Figura 36: Igreja São Miguel 2006 Fonte: Acervo Particular do Autor 59 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 37: Colégio Nossa Senhora das Graças Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 38: Praça Madalena Anciutti Fonte: Acervo Particular do Autor Parque Aquático e de Exposições de Irati Localizado no Bairro Rio Bonito, na Rua Adão Panka s/n°, este logradouro tem uma grande importância como paisagem turística e para o lazer da comunidade de Irati, devido ao seu uso atual e ao seu histórico. Deixando de ser um ambiente degradado da área urbana, este espaço se transformou em uma área de lazer e visitação da cidade de Irati Esta área pertencia a Olaria Santa Therezinha 1987 (figura 40), quando foi adquirida pelo poder municipal entre maio e junho do mesmo ano, Pela lei número 834, de 12 de dezembro de 1988, transformou-se em parque e passou a ser denominado como Parque Aquático e de Exposição Santa Terezinha. Figura 39: Antiga Olaria Santa Therezinha Fonte: Acervo Prefeitura de Irati 60 Antes de sua revitalização, o terreno em que hoje se encontra o parque era uma área sem atratividade, um grande banhado que desqualificava o bairro e sua área de entorno. Hoje, todavia, o que vemos é uma área urbana qualificada, uma área verde propícia para a realização de atividades de lazer e de eventos (figura 41). Fonte: Acervo Prefeitura de Irati Fonte: Acervo Prefeirura de Irati Figura 40: Área antes e depois da Construção do Parque Aquático Com 79000 m², o parque é caracterizado como uma área extensa, composta por lago e um grande gramado. Possui playground, pontes, churrasqueiras, uma mini estrada de ferro de 870 m com estação e uma réplica de Maria fumaça, que faz passeios em torno do parque (figura 42). Há, Ainda, um mini-zoológico desativado, posto médico e odontológico, canchas cobertas, pista de cooper/ciclismo em mau estado de conservação, além de um estacionamento e uma área coberta para a realização de eventos o Pavilhão de Exposições João Wasilewski. No seu entorno, encontram-se edifícios comerciais e habitações de um ou dois andares, com jardins frontais, estilo arquitetônico contemporâneo, mas de pouco expressividade. A topografia do local é de solo plano, com ruas de mão dupla, estacionamento nos dois lados da via, árvores médias e pavimentação de paralelepípedo. O parque aquático é um espaço interessante, pois apresenta algumas características singulares, como seu portal de entrada. Este marco do parque encontra-se em um acesso secundário, e não na principal rua de acesso ao logradouro. Nesta entrada, há um estacionamento pouco utilizado, já que o acesso principal ao atrativo se dá pelo outro lado, onde existe uma grande área sem edificações ou ajardinamento, que a população usa para estacionar seus veículos. Outro detalhe que o parque apresenta é uma gruta com algumas imagens, como a de Santa Terezinha que dá nome do parque. Conforme mencionado, o Parque Aquático e de Exposições de Irati é um espaço de uso público, que a população iratiense e os municípios vizinhos utilizam para o lazer nos 61 finais de semana. O local também é muito utilizado para a realização de eventos, entre os quais se destacam a Festa do Pêssego e a Festa do Kiwi. Os problemas estruturais para visitação que foram identificados podem ser classificados da seguinte forma: primeiramente há deficiência de sinalização para orientar os visitantes; outro empecilho é o mau estado de conservação dos sanitários das lixeiras e das edificações do parque; mas o principal problema é a falta de segurança, o que resulta em uma má utilização do espaço. Essas deficiências produzem uma desqualificação na paisagem do parque, uma vez que este espaço possui atratividade de abrangência regional. Afinal, trata-se de um significativo logradouro da cidade, uma área verde que destoa da paisagem urbana de Irati, uma área de intenso uso pela comunidade local, principalmente durante os finais de semana de verão. Trata-se, portanto, de uma paisagem que atualmente se encontra degradada, devido aos problemas anteriormente citados, mas que poderia ser melhor aproveitada, mediante um bom planejamento em relação a seu uso. Só assim, a imagem atual pode ser revertida. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 41: Equipamentos e Instalações do Parque Aquático de Irati Centro de Tradições Willy Laars O Centro de Tradições possui uma área de 103086 m2 (figura 43) localizada no Bairro Rio Bonito e é utilizado exclusivamente para a prática de atividades campeiras em forma de 62 competição. Esta área foi adquirida e construída em 1988 por repasse do governo estadual, devido ao crescimento do movimento tradicionalista de Irati. Hoje, abriga o maior rodeio crioulo do Paraná, reunindo em seus três dias de festa aproximadamente 100 mil pessoas, segundo dados da Prefeitura Municipal. O Centro de Tradições Willy Laars está localizado em uma área residencial, com pequenas casas com jardins frontais, em uma rua de pavimentação asfáltica e sem arborização. A paisagem apresenta construções em estilo contemporâneo, mas de pouca expressividade. Além de ser muito utilizado para competições e práticas de atividades campeiras, em seu pavilhão, promovem-se bailes, geralmente gaúchos. A paisagem do Centro de Tradições Willy Laars transmite uma imagem da cultura gaúcha, fortemente encontrada não apenas em Irati, mas também em boa parte dos municípios da região. Este espaço é utilizado esporadicamente para a realização de eventos. Desse modo, nas demais épocas do ano, a paisagem se torna desqualificada para o uso turístico, devido a falta de manutenção e conservação, o que inviabiliza a visitação turístico fora da dadas dos eventos. Figura 42: Centro de Tradições Willy Laars Fonte: Acervo da Prefeitura de Irati. A paisagem urbana de Irati pode ser compreendida como a soma dos ambientes descritos anteriormente, que também são atrativos turísticos (Mapa 01) e, portanto, elementos formadores da paisagem turística do município. Porém, a infra-estrutura da cidade também possui condições para atender aos turistas, tais como, restaurantes, bancos, farmácias, bares etc. 63 Dessa forma, observamos que a imagem do município de Irati se caracteriza como uma paisagem de cidade pequena, pacata e tranqüila, As casas em sua maioria, são bem cuidadas e as ruas embora limpas, apresentam alguns problemas de conservação. No caso de alguns atrativos religiosos, está muito presente a fé do povo. Tais imagens normalmente caracterizam as cidades calmas, onde a vida de seus habitantes possuem um vínculo direto com o campo e onde a cultura local e o regionalismo se apresentam acentuados, proporcionando, assim, atrativos ao turismo. Verifica-se uma cultura regional, particular com traços marcantes da cultura local. Enfim, trata-se de uma paisagem agradável, tranqüila, propícia e com potencial para o desenvolvimento da atividade turística. Por meio das marcas no espaço, constata-se que a imagem transmitida pela paisagem possui apelos significativos para o segmento do turismo religioso e cultural, além de proporcionar ao visitante a tranqüilidade de uma pequena cidade. 64 Mapa 01: Mapa de Irati 5.1.1 A infra-estrutura urbana de Irati A análise da infra-estrutura vem a complementar o estudo, já que ela possui papel importante na qualidade da paisagem urbana, sendo um dos três elementos físicos do patrimônio turístico de uma localidade, conforme Boullón (2002, p. 66). A infra-estrutura pode ser classificada em quatro grupos: acesso, telecomunicação, energia elétrica e saneamento. Para Boullón as redes viárias, assim como as áreas urbanas centrais, e seus atrativos são responsáveis pela construção da paisagem de uma cidade. O sistema viário de Irati encontra-se em estado razoável de preservação, mas não pode ser considerado ideal para a recepção de turistas. O sistema viário compreende as vias arteriais, coletoras e locais. As vias arteriais são as espinhas dorsais da cidade, com os principais fluxos e velocidades mais altas. As vias coletoras têm a função de coletar os fluxos das vias locais e levá-los aos seus destinos. Na cidade de Irati, tais vias são representadas pelas seguintes ruas: 65 XV de Julho: localizada no centro da cidade, possui mão dupla e estacionamento nos dois lados da via. Sua pavimentação é mista – 30% paralelepípedo e 70% asfalto. Apresenta arborização de espécies de pequeno porte. Munhoz da Rocha: localizada no centro da cidade em uma área comercial, apresenta mão única e estacionamento nos dos dois lados da via. Verificam-se árvores de maior porte em seu percurso. Esta rua, assim com a XV de Julho, localiza-se no centro histórico da cidade, e, apesar de tais ruas constituíram as primeiras ruas de Irati, ainda apresentam bom estado de conservação. 19 de Novembro: localizada na área central, possui mão dupla e estacionamento nos dois lados da via. Apresenta bom estado de conservação, é arborizada e os prédios são, em sua maioria, comerciais. As vias locais da cidade segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2003, p.29) contam com 652,76 Km de vias urbanizadas, sendo que os tipos de pavimentação usuais são a asfáltica (normal), paralelepípedos e a poliédrica (articulado). Em geral, a arborização é de pequeno porte. Os acessos ao município se dão pelas rodovias federais BR - 277, BR - 153 e pela BR – 364. A principal via de acesso é a BR - 277, uma rodovia importante no estado, pois liga Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá - uma das principais rotas de transporte do país. Os acessos aos atrativos e aos pontos de interesse dos turistas também devem ser levados em consideração. Estes estão em estado de conservação comprometido, como ao monumento de Nossa Senhora das Graças e as vias secundárias. O município abriga um terminal rodoviário, localizado na Rua Nhá Noca nº 508, que possui um movimento mensal de 15.000 passageiros, segundo a Prefeitura Municipal (2005, p.29). É servido por cinco companhias de transporte rodoviário, sendo que uma delas é responsável pela linha interestadual de Irati à capital de São Paulo e as outras, pelo transporte regional e estadual. A sinalização é outro elemento deficitário da infra-estrutura de Irati, segundo o Guia Brasileiro de Sinalização Turística, "a sinalização de orientação turística visa orientar os usuários das vias dos sítios turísticos, direcionando e auxiliando a atingir seus destinos pretendidos." O município carece de tal sinalização, responsável por indicar os pontos de interesse turístico e sem a qual o turista tem dificuldade de encontrar determinados atrativos, ficando muitas vezes confuso e perdido em Irati. O transporte municipal conta ainda com uma empresa de transporte coletivo, a Transiratiense, que atende aos bairros Riozinho, Rio Bonito, Lagoa, Vila Nova e São João, 66 além do Conjunto Fernando Gomes e do centro. Para isso, essa empresa se utiliza do espaço da estação rodoviária do município, como terminal urbano. As telecomunicações são os serviços de telefonia que, de acordo com a Prefeitura Municipal de Irati (2005, p. 28) possuem 10.150 terminais, 13 postos, e 355 telefones públicos. Por sua vez, as companhias de telefonia móvel que possuem cobertura no município são três, segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.28). No entanto, foi contatado que mais uma se instalou na cidade. Além da telefonia, os correios fazem parte desta categoria da infra-estrutura. Em Irati, há um total de cinco agências, sendo três comunitárias (encontradas nos distritos da cidade), uma agência franquiada e uma própria. O município possui ainda dois jornais semanais, a Folha de Irati e o jornal Hoje Centro Sul, de abrangência regional, além de uma revista, a Revista Visual, com periodicidade mensal. As emissoras de rádio FM são quatro: Najuá de Irati Ltda., Najuá FM, Vale do Mel e Difusora Cultural Ltda. Quanto ao suprimento de energia elétrica, a força é gerada por usinas hidroelétricas e termoelétricas. A distribuição de energia no município é realizada pela COPEL (Companhia Paranaense de Energia), através de uma subestação de 138 KV, que se encontra no bairro Rio Bonito. Esta subestação está interligada ao sistema de transmissão da Copel, que recebe e transmite energia para as subestações de Sabará (P. Grossa), Guarapuava e Rio Azul. O sistema de distribuição, é constituído por mais de 2.500 km de linhas e redes nas tensões de 13,8kV e 34,5kV, atende 98% dos domicílios da área urbana e 85% da área rural, segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.29). Os cabos aéreos de energia encontrados por toda a cidade são colocados de forma desordenada. Nos locais de maior concentração de atrativos turísticos, comprometem e desqualificam a paisagem urbana para o fim turístico, ao impedir uma melhor visualização da mesma. A infra-estrutura de saneamento é constituida por quatro categorias: Rede de abastecimento de água potável; Rede de esgoto sanitário; Rede de drenagem de água pluvial; Monitoramento de resíduo sólido. As duas primeiras redes podem ser consideradas redes opostas e simétricas: a primeira 67 leva água potável para o interior das casas e a segunda retira das residências a água utilizada. A rede de abastecimento de água potável é formada resumidamente, por quatro etapas: a captação, que consiste na retirada da água de rios, lagos, represas e outros; o tratamento; a armazenagem em reservatórios; e a distribuição cuja responsabilidade é da SANEPAR (Companhia de Saneamento do Paraná), concessionária estadual. Segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2005, p. 28), a cidade é abastecida pelas águas do rio Imbituvão, mais precisamente na BR - 277, Km 234/235 onde se localiza a estação de captação da SANEPAR. A estação de tratamento de água, por sua vez, está localizada na rua Marechal Mallet s/n°, no bairro Alto da Glória. Após ser tratada, a água do município vai para nove reservatórios espalhados pela cidade, sendo que sete são apoiados, um elevado e um enterrado. A rede de distribuição possui uma extensão de 301.019 metros, abastecendo 37.276 habitantes o que corresponde a 99,94% da população urbana de Irati. Contudo, segundo dados da Secretaria de Planejamento (2003, p.36), A estação elevatória, o sistema de adução e a estação de tratamento necessitam de ampliação para atender a demanda do Município. Estes sistemas operam no limite da capacidade, sendo que nos meses de outubro a março, quando ocorre aumento de consumo, há racionamento em alguns períodos do dia. Com relação à captação, está sendo concluído um poço com capacidade para 80,00 m³/h a fim de amenizar o problema no período crítico. No tratamento estão sendo instalados 2 decantadores e 4 filtros, todos metálicos. Conforme dados da Prefeitura Municipal de Irati (2005, p. 28), a rede de esgoto municipal possui a extensão de 148.894 metros, atendendo a uma população de 23.782 habitantes, o que equivale a 60,84% da população urbana do município. Nos locais onde não há rede de esgoto, como é o caso de alguns bairros e dos três distritos, o tratamento é feito individualmente, através de fossa séptica e sumidouro. Entretanto, segundo dado das Prefeitura Municipal de Irati (2005), sabe-se que certo volume de dejetos é lançado diretamente em cursos hídricos, poços negros e rede pluvial não cadastrada. De acordo com a Secretaria de Planejamento (2003, p.36), O Município possui 60,00 Km de galerias de águas pluviais já canalizadas, restando cerca de 118,50 Km a canalizar. Estes dados são aproximados, necessitando de um novo estudo contemplando todas as sub-bacias da área urbana. O monitoramento de resíduos sólidos segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2003, p.42), fica a cargo da própria prefeitura. Dados do IBGE encontrados no site do órgão mostram que 10.381 domicílios são favorecidos pela coleta de lixo. Sua deposição, cujo 68 funcionamento iniciou-se em 1999, é feita em um aterro sanitário fora dos limites urbanos do município, em Pinho de Cima a 21 Km de Irati, em uma área de 87000 m² devidamente legalizada junto ao Instituto Ambiental do Paraná. Segundo a Secretaria de Planejamento (2003, 42), o município recolhe diariamente cerca de 20 toneladas de lixo de natureza não seletiva. Esse trabalho é realizado pela Secretaria de Obras, Viação e Urbanismo, que destina para a coleta 12 funcionários: 4 motoristas e 8 coletores, que trabalham com 4 caminhões hidráulicos, com capacidade de 12 m³ cada. O município já possui uma coleta seletiva e uma coleta específica de lixo hospitalar. Esta última é realizada às terças e sextas, uma vez por semana em cada estabelecimento. No total, há 54 estabelecimentos compreendendo clínicas odontológicas e médicas, hospital, postos de saúde, farmácias e laboratórios. Há necessidade de melhoria no serviço, pois este é realizado por veículo não apropriado e verifica-se uma mistura de materiais impróprios. A coleta seletiva é realizada por dois caminhões específicos para este tipo de coleta. No Centro e no Bairro Alto da Glória é diária e nos demais locais a coleta é realizada em dias diferentes da coleta convencional. O trabalho de capina e varrição de ruas conta com 14 funcionários, onde 12 são serventes, 1 tratorista e 1 feitor. É utilizado para este serviço um trator com carreta. O trabalho se concentra na região central e comercial da cidade, na região comercial, onde as ruas são varridas uma vez por semana entre segunda a sábado. A maior dificuldade observada está na manutenção das praças e dos parques da cidade, que conta com uma equipe reduzida de funcionários e um maquinário insuficiente para realizar os serviços, como pode ser visto nas figuras 31 e 32 da p. 59. Além disso, em alguns locais turísticos constatou-se problemas estruturais, como: falta de lixeira, a deteriorização de edificações públicas e particulares, entre outros. Portanto, podemos observar que a cidade de Irati possui uma infra-estrutura que, embora não seja ideal, mostra-se adequada para atender às necessidades de sua comunidade. Contudo possui alguns problemas em setores determinados, principalmente no que diz respeito à sinalização turística, à má conservação da pavimentação de algumas vias que levam a determinados atrativos e a falta de lixeiras em alguns espaços. Outro item que deve ser levado em conta é o problema de abastecimento de água e do esgoto sanitário, que devem ser ampliados para melhor atender aos munícipes e turistas, já que tem havido um aumento no consumo de forma sazonal. 69 Assim, através da análise empreendida, constatou-se que as condições de infraestrutura do município atendem às necessidades básicas dos moradores, mas algumas melhorias são necessárias para que a cidade se torne mais adequada ao atendimento dos turistas. 5.1.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos de Irati Os empreendimentos turísticos são as organizações responsáveis pela elaboração e prestação de serviços turísticos e podem ser classificados em quatro categorias, segundo Boullón (2002): • Hospedagem; • Alimentação; • Agenciamento; • Entretenimento. Estas quatro categorias fazem parte dos empreendimentos turísticos que, juntamente com a infra-estrutura e os atrativos de uma localidade, são os elementos básicos para que o turismo possa se desenvolver em um determinado município. A categoria hospedagem, responsável pelo serviço de acomodação dos turistas, oferece serviços de pernoite e seus agregados. Nesta categoria, encontramos hotéis, motéis, camping, pousadas, entre outros meios de hospedagem. No município de Irati, tal categoria segundo o Inventário Turístico Municipal de Irati (2002, p. 34 ), é representada por sete hotéis. Entretanto, a pesquisa verificou que este dado se encontra desatualizado, pois hoje existem oito hotéis. Destes, somente quatro, porém podem ser classificados como turísticos devido às suas instalações e aos tipos de serviços prestados aos hóspedes. Além disso, há dois motéis na saída da cidade. Na categoria alimentação, verificou-se novamente que os dados do Inventário Turístico Municipal de Irati encontravam-se desatualizados A pesquisa constatou a existência de 13 restaurantes: 8 abrem para almoço e 11, para janta. Estes 13 estabelecimentos ainda podem ser classificados conforme o tipo de serviço: 5 oferecem comida por kilo, 4 são a La Carte, 2 são pizzarias que servem rodízio, 1 churrascaria e 4 oferecem o serviço de buffet livre. Na categoria agenciamento, encontramos as agências de viagens e locadoras de carros. O Inventário trazia o dado de que havia duas agências na cidade, mas, conforme a pesquisa, foi constatado que somente um estabelecimento ainda opera na cidade, à saber: uma agência 70 de viagem e turismo, que se caracteriza como uma agência de turismo emissiva que oferece, se solicitado com antecedência, programas receptivos. Há apenas uma locadora de carro. Na categoria entretenimento, encontramos os estabelecimentos noturnos, como bares e boates, assim como lojas de artesanato, cinemas, teatros, entre outros. Na cidade de Irati, constatamos nesta categoria 3 boates, 4 bares, 1 cinema, 1 auditório com capacidade para 300 pessoas, 1 pavilhão para exposições e eventos e 1 loja de artesanato com produtos locais. Assim, verificamos que os empreendimentos turísticos de Irati são em número adequado para atender à demanda atual dos turistas que se deslocam à cidade. Portanto, até o presente momento, não se revela necessário um aumento na oferta de tais serviços. 5.2 Análise da paisagem edificada de Prudentópolis A análise da paisagem edificada de Prudentópolis tomou como marco inicial o principal portal de entrada do município. A seguir, foram analisados os portais secundários pelo fato de representarem a entrada na cidade. Na seqüência, foi analisada a paisagem da Estação Rodoviária e do centro da cidade por constituírem áreas de suma importância na visitação dos turistas a Prudentópolis. Depois foram analisadas as paisagens dos atrativos da cidade: Igreja Matriz de São João Batista, Santuário Nossa Senhora das Graças, Casa do Coronel João Lech, Colégio e Seminário São José, Praça Ucrânia e Igreja Matriz de São Josafat. Tais paisagens, juntamente com as quatro anteriores mais a análise da infra-estrutura e dos empreendimentos turísticos do município, formam a imagem turística de Prudentópolis. Portal Ucraniano É o principal portal de entrada de Prudentópolis, localizada na rua São Josafat, em uma das entradas da cidade, na BR – 373, se diferencia dos demais portais por sua composição, que apresenta diversos elementos característicos do município e da região, conforme mostra a figura 44. Podemos encontrar no portal símbolos como o pinhão, representando o Paraná, desenhos semelhantes aos bordados ucranianos e, na torre à direita, uma cúpula em abóboda, característica das igrejas em estilo bizantino do rito católico oriental ucraniano e que pode ser encontrada em todo o território do município. Este monumento é um marco na entrada da cidade e possui uma arquitetura cujo objetivo é chamar atenção e indicar ao transeunte que ele está entrando em um local novo, diferente da rodovia. O portal representa a porta de entrada da cidade e consiste em um monumento que dá as boas vindas ao viajante, apresentando elementos do cotidiano e da cultura do município. 71 O portal atinge seus objetivos, pois se encontra em bom estado de conservação, em um local bem ajardinado, com canteiros (um frontal e dois laterais), compostos por flores e espécies de árvores de pequeno porte. Trata-se de um monumento que não agride a paisagem, harmonizando-se com a mesma. A rua que o transpõe possui uma boa pavimentação de mão dupla sem área de estacionamento. Esta edificação se destaca como um marco na entrada da cidade, transmitindo ao turista a sensação de estar entrando em um novo espaço. Desse modo, há uma ruptura com a paisagem da rodovia e os visitantes são acolhidos com boas vindas, mediante a apresentação de elementos da cultura do município estimulando no visitante um contato com o novo. Por ser um dos primeiros contatos do turista com os elementos da cidade, esta paisagem deve estar em bom estado de conservação, para transmitir uma imagem agradável ao visitante que adentra Prudentópolis por esta via. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 43: Portal Ucraniano 72 Portais Secundários Localizados nas entradas secundárias da cidade, na PR 160 e na BR 373, são construções mais singelas do que a anterior. Estes portais são marcos construídos em madeira cujos telhados em duas águas se assemelham às casas dos colonos ucranianos do município, como pode ser observado na figura 45. Eles não estão somente em cima das vias, que possuem bom estado de conservação, com mão dupla e acostamento, mas se estendem sobre o passeio, que, por sua vez, se encontra sem os cuidados adequados. Devido ao seu entorno, acabam se tornando paisagens desqualificadas, pois como pode ser comprovado pela figura 45, há elementos que causam danos aos portais, tais como: fios de energia elétrica, outdoors e faixas que são colocadas em sua estrutura. Os elementos naturais encontrados a sua volta são árvores de porte médio e gramíneas da região. Além disso, há algumas construções térreas utilizadas para habitação e comércio. Estes marcos das entradas secundárias da cidade necessitam de maior atenção, pois seu estado de conservação e sua falta de harmonia com o entorno os desqualificam para o uso do turismo e para cumprirem sua principal função: dar boas vindas e passar ao visitante uma imagem positiva da cidade. Sendo assim, é preciso um restauro e embelezamento do entorno destas edificações. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 44: Portal secundário 73 Estação Rodoviária A Estação Rodoviária do município, localizada na Praça dos Imigrantes s/n°, encontrase em bom estado de conservação. O prédio, de um pavimento, é pintado nas cores verde e branca, verifica-se a presença de pisos antiderrapantes e, no seu interior, há uma ampla sala de espera, com bancos e telefones públicos, guichês das empresas de ônibus, sanitários feminino e masculino, uma lanchonete e um guarda-volumes. As plataformas de embarque e desembarque são cobertas e possuem lixeiras diversas para reciclagem. Tal edificação encontra-se inserida em um ambiente bem arborizado, com um amplo espaço para estacionamento, parque infantil e vários bancos para descanso dentro da praça dos Imigrantes. A paisagem desta área urbana de Prudentópolis apresenta uma boa qualidade para atender ao turista, já que consiste em um local bem arborizado e conservado, como pode ser observada na figuras 46. Trata-se, enfim, de um espaço ideal como portão de entrada de uma cidade ou local de espera para conexões para outras cidades. A paisagem da estação rodoviária de Prudentópolis possui qualidades que atendem a sua função Entretanto, não transmite ao visitante características ou elementos do município, o que valorizaria ainda mais esta paisagem quanto ao seu uso turístico. Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 45: Fachada e Interior da Estação Rodoviária de Prudentópolis Centro da Cidade de Prudentópolis No município de Prudentópolis, identificamos a Avenida São João como a principal via da cidade. Trata-se de uma área com comércio próspero, boa arborização, mão dupla e 74 área de estacionamento nos dois lados da via. Sua pavimentação é de asfalto e se encontra em bom estado de conservação, como pode ser observado na figura 47. Transpondo o centro da cidade, esta avenida faz a ligação dos dois bairros vizinhos e da Estação Rodoviária ao centro, onde se encontram os principais atrativos da cidade e várias opções de hospedagem, alimentação e diversão. A área em questão possui passeio ornamentado com pedras pretas e brancas, formando desenhos nas calçadas. Os estilos arquitetônicos das edificações são diversos, apresentando alguns remanescentes do estilo eclético. Porém, em muitos casos, tais estilos se encontram descaracterizados, devido às modificações feitas em suas fachadas e em seu interior, para atender as novas funções dos prédios. A Avenida São João é uma das primeiras ruas do município e deveria ter suas edificações melhor preservadas para manter a característica do passado e uma unidade. Tal unidade inexistente nesta paisagem urbana e esta falta de unidade acaba por causar uma desqualificação na imagem deste espaço urbano tão importante para o desenvolvimento turístico, no município de Prudentópolis. Por ser um espaço de passagem dos turistas, a área central da cidade deve ser pensada como um elemento de importância na experiência e na imagem que o turista terá de Prudentópolis. Portanto, sua manutenção e conservação são necessárias para melhor atender às necessidades dos visitantes, além de lhes proporcionar um ambiente agradável para o lazer e programas alternativos, como compras, caminhadas, alimentação, diversão, entre outros. 75 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 46: Centro da Cidade de Prudentópolis Igreja Matriz de São João Batista Localizada na Praça Firmo Mendes de Queiroz, foi erguida exatamente no mesmo local onde os desbravadores, juntamente com Firmo de Queiroz, construíram a primeira capela de São João no povoado de Vilinha, como antigamente era conhecida a sede de Prudentópolis. A Igreja Matriz de São João Batista, concluída em 1900, conserva até hoje a sua primeira estrutura, com exceção de alguns reparos feitos ao lado do altar mor e na sacristia. O seu interior, singelo e modesto, possui assoalho em ladrilho e altares simples. No altar mor, abriga-se a imagem de São João Batista, padroeiro de Prudentópolis do Rito Católico Latino. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 47), esta edificação religiosa é “considerada como a mais terna e preciosa relíquia do passado prudentopolitano, 76 por ter sido erguida pelos braços dos primeiros colonizadores, e no seu interior conserva-se os restos mortais de Firmo Mendes de Queiroz, fundador do município”. A igreja, que é um marco histórico de Prudentópolis, possui estilo colonial. Construída em tijolos, situa-se na área central da cidade, onde há ruas com pavimentação em bom estado de conservação, sendo suas vias de mão dupla e bem arborizadas ao redor da praça. Em seu entorno, encontramos edificações comerciais e residenciais em diversos estilos arquitetônicos, entre os quais podem ser citados o eclético e o moderno. A praça possui vários jardins arborizados, além de uma gruta. A pavimentação é ornamentada com desenhos em todo o largo da igreja (figura 48). O conjunto paisagístico da praça e da Igreja possuem harmonia, proporcionando qualidade a este espaço urbano de Prudentópolis, como um local de descanso, encontro e história. A igreja, com seu estilo colonial e importância histórica, é um dos atrativos do centro de Prudentópolis. Com exceção dos dias de eventos realizados na praça, não recebe ainda grande fluxo de visitantes. Assim, a paisagem da igreja transmite uma imagem que nos faz retornar ao passado de Prudentópolis, em função da edificação conservada e valorizada por seu povo. Tendo esta paisagem uma significativa importância para o turismo, ela permite ao visitante resgatar a história da cidade. Além disso, é um espaço de encontro e convivência dos munícipes, oportunizando um maior contato dos turistas com a comunidade. Portanto, a paisagem da Igreja Matriz de São João Batista, por sua história e seu conjunto arquitetônico, merece destaque no uso turístico do espaço urbano. Tão importante quanto a Igreja Matriz de São Josafat, esta paisagem tem um valor histórico e paisagístico ainda mais relevante para o uso do turismo. Contudo, o que presenciamos na pesquisa foi a pouca utilização para a visitação deste espaço, com exceção dos dias em que ocorrem festas na praça. 77 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 47: Igreja Matriz São João Batista 78 Santuário Nossa Senhora das Graças Localizado na rua Cândido de Abreu, n° 1312, o Santuário Nossa Senhora das Graças é uma igreja concluída no ano de 1958. Em estilo gótico, com uma torre central elevada, é conhecida popularmente como Igreja polonesa, pois foi construída onde antigamente se localizava esta igreja, que foi totalmente destruída por um incêndio em 1949. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 48), “após o incidente, poloneses e brasileiros uniram-se num ato de confraternização e amizade com o objetivo de construir um novo templo. Sua construção iniciou-se em 1950 sendo concluída em 1958”. A via em frente ao santuário é de mão dupla, com estacionamentos laterais, bem arborizada e com pavimentação em bom estado de conservação. A construção religiosa, que se destaca na paisagem devido ao seu estilo arquitetônico, tornou-se um marco da cidade. A edificação apresenta jardim lateral e um monumento que não se harmoniza com a construção da igreja. A sua paisagem ainda sofre uma desqualificação visual, devido a fiação aérea a sua frente, conforme pode ser observado na figura 49. Na realidade o que encontramos na paisagem do santuário, que se destaca para o turismo, é a Igreja de Nossa Senhora das Graças. Por seu porte, torna-se um marco visual da paisagem urbana, sobressaindo-se os seus vitrais laterais, com as imagens de Nossa Senhora do Rosário e a Sagrada Família, respectivamente, além do altar principal, esculpido em mármore, com a imagem de Nossa Senhora das Graças. Assim, observamos que esta paisagem transmite ao turista a religiosidade do povo de Prudentópolis, além de suas peculiaridades. Isto porque as três igrejas analisadas no decorrer da pesquisa possuem histórias e características arquitetônicas diferentes, formando um conjunto de edificações religiosas atrativas para o turismo, em função de suas singularidades. 79 Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 48: Santuário Nossa Senhora das Graças Casa do Coronel João Lech Localizada na Rua Rui Barbosa, N° 1216, esta edificação foi construída em meados dos anos 10, do século XX, não sendo precisa a data de sua construção. Este prédio se destaca por sua história e rica arquitetura eclética. Segundo o inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 42), foi residência do Coronel João Lech, “importante figura no campo político e econômico, municipal e estadual. A casa do Coronel João Lech, em seu tempo áureo, serviu também como ponto de hospedagem de políticos e personalidades importantes que visitaram Prudentópolis”. A casa, descaracterizada atualmente, sofreu algumas modificações internas e externas. No entanto, ainda assim, é uma casa que nos remete ao passado do município de Prudentópolis, pois mantém algumas de suas características, constituindo, portanto, um marco histórico da cidade. Trata-se de uma edificação que se destaca do seu entorno, devido ao seu estilo arquitetônico. Localizada na área central da cidade, tal paisagem acaba sendo desqualificada, em virtude do mau uso da edificação e suas alterações. Como as ruas que lhe dão acesso se encontram em um estado regular de conservação e a fiação elétrica e telefônica causam 80 prejuízos visuais à imagem da casa, tem-se, portanto uma construção que hoje se encontra descaracterizada e sem harmonia com seu entorno. Conforme as condições que a edificação apresenta atualmente (figura 50), percebe-se, de fato, que ela se encontra descaracterizada. A imagem da construção perdeu sua expressão enquanto atrativo turístico de valor histórico, que transmitia ao turista um período da história da cidade. Contudo, mesmo com muitas alterações, principalmente na fachada da casa, esta edificação ainda mantém suas características arquitetônicas. A revitalização e a sensibilização quanto a seu valor histórico podem tornar esta paisagem atrativa para uso turístico. Nas condições atuais, porém, a imagem da Casa do Coronel João Lech não possui qualidade para utilização pelo turismo. Acervo: Prefeitura Municipal de Prudentópolis Acervo: Prefeitura Municipal de Prudentópolis Figura 49: Casa do Coronel João Lech Colégio e Seminário São José O Colégio e Seminário São José se caracteriza como uma edificação com quatro pavimentos e uma imponente arquitetura em estilo eclético. Fundada no ano de 1935 pelos Padres Basilianos, com uma área de 11.258 m2, sendo a área construída de 5.239m2, localizase na rua Cândido de Abreu, n° 1636. Atualmente, funciona como instituição de ensino particular em regime interno. Trata-se de uma construção que apresenta jardins frontais e harmonia com seu entorno, onde encontramos outros atrativos da cidade, como a Igreja Matriz de São Josafat e a Praça Ucraniana, além de edificações térreas utilizadas como residência e comércio. A rua Candido de Abreu em que se situa possui mão dupla, área para estacionamento nos dois lados da rua, arborização de pequeno porte e se encontra em bom estado de conservação. 81 Esta edificação se sobressai na paisagem urbana de Prudentópolis, devido à sua estrutura e arquitetura, tornando-se um marco em meio a uma cidade de edificações de pequeno porte, como pode ser observado na figura 51. Sendo um prédio de valor histórico e de uso público, mas com pouca atratividade para o turismo, é favorecido por situar-se em uma das áreas de grande interesse turístico da cidade, próximo a muitos atrativos, conforme pode ser comprovado pelo mapa 02. Mesmo com pouca atratividade para o turismo, esta edificação é, no entanto, um marco referencial, pois suas características arquitetônicas se distinguem na paisagem. Tomado em conjunto com os demais atrativos que se encontram a sua volta, esta paisagem transmite uma imagem ao turista que o permite inserir-se na história da cidade de Prudentópolis e em seus valores, com destaque à religiosidade do seu povo. Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo particular do autor Figura 50: Colégio e Seminário São José Praça Ucrânia A praça está localizada na rua Cândido de Abreu, esquina com a rua São Josafat. Construída entre os anos de 1986 a 1989, corresponde a um complexo histórico-cultural da comunidade ucraniana. O monumento civil possui uma área construída de 460 m2. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001 p. 41), O lançamento da pedra fundamental deu-se em 12 de agosto de 1986, início das comemorações do milênio do cristianismo na Ucrânia, 90º aniversário da imigração ucraniana em Prudentópolis e 175º aniversário de nascimento do poeta Taras Chewtchénko, filho da Ucrânia, homenageado na praça com uma estátua de bronze de 3 metros de altura, esculpida na Alemanha. 82 A área da praça apresenta jardins arborizados no seu entorno e, na entrada do museu, o revestimento é em pedras angulares pretas e brancas, formando desenhos típicos dos bordados ucranianos (figura 52). Encontra-se na parte superior da praça uma estátua esculpida em bronze, homenageando o poeta máximo da Ucrânia, Taras Chewtchénko (figura 54) e, há um de seus poemas, gravado em uma placa ao pé da estátua. Sob a praça encontramos o Museu do Milênio (figura 53) inaugurado em 1989 e criado com o intuito de resgatar e preservar a memória e história dos imigrantes ucranianos. Seu acervo conta com objetos de uso tradicional, artesanato típico, documentos, fotografias e livros relacionados ao povo ucraniano e à sua imigração. A praça está na área de maior interesse turístico do centro e é um dos atrativos mais significativos. Seu conjunto, uma homenagem clara ao povo ucraniano do município, forma uma paisagem única na cidade, um logradouro com muita identidade, apresentando plena harmonia com seu entorno, a saber: a Igreja Matriz São Josafat, o Colégio e Seminário São José, além de edificações residenciais e comerciais à sua frente. Por tudo isso o espaço onde se encontra inserida torna-se qualificada. Portanto o que constatamos com a pesquisa é que esta área da cidade é de grande interesse e possui fluxo de turista, com destaque para o museu sob a praça, uma paisagem singular, que transmite ao visitante a cultura do povo ucraniano e sua importância para a formação do município, de Prudentópolis. Este espaço urbano se destaca na visitação turística do município sendo hoje um dos atrativos urbanos mais visitados pelos turistas que tem como destino a cidade de Prudentópolis, dado este levantado durante a pesquisa por meio da observação direta do pesquisador. 83 Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 51: Praça Ucraniana Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 52: Museu do Milênio Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Figura 53: Estátua Taras Chewtchénko 84 Igreja Matriz de São Josafat A Igreja Matriz de São Josafat, localizada na Rua São Josafat s/n°, é construída em estilo Bizantino. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 43) é “considerada uma das mais belas do país. Construída entre os anos de 1925 a 1928, a Matriz de São Josafat foi esforço dos primeiros padres Basilianos vindos para o Brasil”. A edificação possui 38 metros de comprimento, 28 de largura e 30 de altura e possui quatro abóbadas que representamos braços da cruz e uma central, bem maior, que cobre a nave da igreja (figura 56). A igreja foi consagrada com o nome São Josafat, “em memória dos 300 anos do martírio de São Josafat” segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 44). A edificação religiosa foi tombada em 1979 pela Secretaria de Cultura do Estado do Paraná por seu valor artístico, cultural e arquitetônico, isto é, por constituir em um patrimônio artístico e cultural do Estado. Em seu campo, encontra-se um campanário com seis sinos, uma estátua de Cristo e uma gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Em seu interior, a igreja é dividida nas três clássicas divisões das igrejas cristãs, que, segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 44), são: O vestíbulo ou átrio dos catecúmenos; o lugar onde nas antigas igrejas ficavam os não professores e pagãos; a nave ou corpo principal da igreja onde todos os cristãos se reúnem. O sacrário ou santuário, onde fica o altar mor, as relíquias e a cátedra do oficiante são divididas da nave pelo magnífico Ikonostás uma coleção de ícones sacros executados em Munique e entalhados em madeira. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001 p. 53), o Ikonostás (figura 55) significa parede com imagens e na arquitetura religiosa bizantina ucraniana serve para separar o santuário da nave dos fiéis e retrata a história da salvação, do antigo e novo testamento. Possui três portas: pela porta central só é permitida a entrada do celebrante, durante a missa. As portas laterais chamam-se “portas dos diáconos”. Entre elas situam-se as imagens de Cristo, da Virgem Maria, de São João Batista e de São Nicolau. Acima das três portas há três fileiras de imagens, que representam os 12 dias santificados mais importantes do ano, os 12 apóstolos e os 12 profetas. No cume do Ikonostás temos a imagem do Cristo Redentor. Os ícones foram pintados na Escola de Belas Artes de Munique e por volta do ano de 1912 foram abençoados. O trabalho em madeira foi realizado pelo Frei Havreil Budney no ano de 1912 ainda para a igreja anterior, a de São Basílio. 85 Figura 54: Ikonostás Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Em seu interior, ainda pode ser presenciado um elemento da cultura ucraniana nos trabalhos de entalhe em madeira, em artesanatos como as toalhas bordadas nos altares, nas relíquias trazidas da Ucrânia, nas pinturas, entre outros símbolos. De acordo com o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 45), “o púlpito é outra arte, todo em madeira, representando um barco com sua rede de pesca, peixes em madeira, velas e cordas, uma referência ao apóstolo São Pedro”. Esta edificação religiosa faz parte da área central da cidade de maior interesse turístico, conforme o mapa 02. Sendo tal edificação o principal atrativo, no seu entorno encontramos o Museu de História Ucraniana, o Colégio e Seminário São José, entre outras edificações de destaque na paisagem urbana, com menor valor para o turismo, mas fundamental para a harmonia do conjunto. Com vias em bom estado de conservação, arborizadas, de mão dupla e com estacionamento em suas laterais, a igreja ainda apresenta jardins em todo seu entorno. Esta construção religiosa se destaca na paisagem urbana de Prudentópolis, não a desqualificando, e sim agregando-lhe um valor histórico e cultural. Seu edifício se harmoniza com a paisagem, remetendo-nos a uma realidade característica da região: a forte marca da religião e das construções em estilo bizantino encontradas em todo o território do município de Prudentópolis. 86 A Igreja Matriz de São Josafat, que possui grande valor cultural e histórico para a cidade, consiste no principal atrativo urbano, por sua singularidade e valor arquitetônico. Sendo um marco da arquitetura religiosa em estilo bizantino, transmite ao turista a importância da religiosidade, muito forte na cultura ucraniana. Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo particular do autor Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Figura 55: Igreja Matriz de São Josafat 87 A cidade de Prudentópolis se caracteriza por ter uma paisagem urbana horizontal onde edificações com mais de quatro pavimentos são quase inexistentes, proporcionando, assim, uma imagem de cidade pequena, pacata e bucólica, que não teve um grande desenvolvimento vertical. A imagem turística da cidade é formada pelos elementos descritos anteriormente, que abrangem não somente os atrativos, mas também o centro da cidade, onde se encontra a principal via, o terminal rodoviário e os portais de entrada. Tais elementos, se bem conservados, aumentam a qualidade da paisagem, agregando valor à experiência do turista. Prudentópolis possui, em sua paisagem urbana, muitas edificações antigas, algumas um pouco descaracterizadas, que transmitem ao visitante um pouco da história do município. Devido a dados levantados na pesquisa, constatou-se que atualmente o grande atrativo turístico de Prudentópolis são suas cachoeiras com mais de 50 metros. A cidade, entretanto, conta com atrativos que vem a agregar maior atratividade à visitação. Trata-se de uma atratividade baseada na historia e cultura de um povo, que pode ser apreciado por meio de seu patrimônio material e imaterial. Este último é representado pela conservação dos hábitos e costumes, como a língua, os ritos religiosos, os trabalhos artesanais, a gastronomia, as danças e festas. No que se refere ao patrimônio material, este pode ser observado nas igrejas, construções residenciais, nos jardins entre outros traços verificados na paisagem urbana do município, que expressam, sobremaneira, as marcas da cultura eslava. Portanto, foi constatado, por meio deste estudo, que as paisagens descritas anteriormente proporcionam a Prudentópolis uma atratividade urbana de destaque, mas até o momento, esta não tem sido utilizada e valorizada. O município já vem recebendo uma demanda de turistas; estes, contudo, buscam e tem como principais atrativos apenas as cachoeiras. Como os atrativos e a história da área urbana não são trabalhados, segundo o constatações do estudo tal área acaba ficando sem uma programação para o turista. Assim, constatamos que se os atrativos urbanos fossem trabalhados em conjunto com os atrativos naturais de Prudentópolis, aqueles poderiam vir a agregar maior valor à visitação do turista na cidade. 88 Mapa 01: Mapa de Prudentópolis 5.2.1 A infra-estrutura urbana de Prudentópolis Sendo a infra-estrutura do município um dos elementos que possui grande influência no grau de qualidade da paisagem urbana, esta será analisada neste capítulo. Como anteriormente, a infra-estrutura foi classificada em quatro grupos: acesso, telecomunicação, energia elétrica e saneamento. O sistema viário de Prudentópolis pode ser caracterizado como uma paisagem onde se verifica a presença de habitações, em sua maioria de um e dois andares, e com jardins frontais. O estilo arquitetônico das edificações é moderno, o terreno apresenta uma topografia ondulada, e o tipo de rua é um misto de ruas estreitas e arborizadas com avenidas largas e arborizadas, o tipo de pavimentação encontrado na cidade é representado por 33.156 metros de vias com pavimentação asfáltica, 20.256 metros de vias com pavimentação de calçamento (pedras irregulares) e 60.000 metros de vias sem pavimentação. Assim, podemos observar que a malha viária urbana de prudentópolis pode ser a ideal para sua população, mas talvez deva passar por uma reestruturação nas vias e na sinalização, para melhor atender aos turistas. 89 Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis Fonte: Acervo Particular do Autor Figura 56: Rede Viária de Prudentópolis Os acessos ao município se dão pelas rodovias federais BR – 373, onde há o acesso principal pelo Portal Ucraniano, e pela BR – 277, um acesso secundário ligado ao município pela PR - 160 . O município possui um terminal ou estação rodoviária, localizada na Praça dos Imigrantes sem número. Este terminal é servido por duas companhias de transporte rodoviário que realizam o transporte para Ponta Grossa, Curitiba, Guarapuava e Irati. Há, ainda, uma companhia de transporte rodoviário que faz o trajeto da cidade a localidades no interior do município. As telecomunicações são os serviços ligados aos de comunicação e abarcam não somente as companhias telefônicas, mas também as estações de rádio, emissoras de tv, os jornais e revistas e agências dos correios. As companhias de telefonia móvel que possuem cobertura no município são quatro, segundo informações da prefeitura. Já as agências de correios existentes são dez, de acordo com o Inventário Turístico Municipal de Prudentópolis (2001, p. 121): uma localizada na central da cidade e as demais distribuídas no interior do município. Os jornais em circulação no município, de abrangência regional e municipal, são quatro, a saber: Diário Popular, Folha Centro-sul, Jornal Pracia e Tribuna Regional. Existe ainda uma revista municipal, denominada Revista Opção. Podemos considerar, assim, que a região de Prudentópolis é bem servida de instrumentos de comunicação impressa. 90 Em toda a área de estudo, um dos meios de comunicação mais utilizado e é o rádio, atingindo quase a totalidade da população do município. É um instrumento de comunicação muito utilizado para informação, diversão, divulgação e veiculação de comunicados. Em Prudentópolis, existem três estações de rádio: uma AM a Rádio Esperança, e duas FM a Rádio Copas Verdes FM e a Rádio Cidade FM, sendo esta última comunitária. Outro meio de comunicação utilizado hoje em dia é a Internet, instrumento que facilita o acesso e a comunicação entre as pessoas. Os turistas a utilizam para enviar notícias sobre suas viagens, fotos e relatos a parentes e amigos. Também os equipamentos turísticos a utilizam para realizar reservas, tirar dúvidas e fornecer informações. Prudentópolis possui atualmente quatro provedores de Internet. A energia elétrica é gerada e distribuída pela COPEL (Companhia Paranaense de Energia), órgão estatal do Paraná responsável por tal serviço. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 126), existem, aproximadamente, 5.859 domicílios na área urbana e 4.050 domicílios na área rural, atendidos por uma rede de aproximadamente 5.277 km de extensão. Assim como em muitos municípios, podem ser vistos, em toda a cidade, cabos aéreos colocados de forma desordenada, o que prejudica e desqualifica a paisagem de muitos atrativos encontrados na área urbana. O saneamento básico, já caracterizado anteriormente, foi classificado em rede de distribuição, rede de esgoto e monitoramento dos resíduos sólidos. Em Prudentópolis, assim como em todo o estado do Paraná, a companhia responsável pelo abastecimento de água e pela coleta de esgoto é a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), concessionária estadual. A extensão da rede de distribuição, segundo dados fornecidos pela prefeitura, é de 6.310 km e a rede de esgoto, de 4.121 km. De acordo com o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 126), o número de domicílios atendidos pelo abastecimento de água, em março de 2001, era de 5.341 ligações ativas, e os atendidos pela rede de esgoto, no mesmo período, era de 3.305 na área urbana. Isso nos mostra que não é toda a população do município que possui água encanada ou tratamento de esgoto. Sendo assim, os domicílios que não são atendidos pelos serviços da Sanepar utilizam poços e fossas para o atendimento de suas necessidades. O monitoramento de resíduos sólidos é responsabilidade da prefeitura. Dados do IBGE encontrados no site do órgão, mostram que 5.129 domicílios são favorecidos pela coleta de 91 lixo, sendo que a deposição deste é feita em um aterro sanitário fora dos limites urbanos do município. Segundo dados do Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 127), a coleta domiciliar no perímetro urbano é realizada diariamente, o que não ocorre na zona rural e em alguns bairros, que são atendidos três vezes por semana. Em vista do exposto, podemos observar que Prudentópolis necessita de uma reestruturação em sua infra-estrutura, principalmente no que diz respeito à melhoria na sinalização e nas condições das vias de acesso aos atrativos. Estas são algumas das medidas cabíveis para que se possa agregar maior valor aos seus atrativos e, conseqüentemente, melhor receber o turista. 5.2.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos da cidade de Prudentópolis Hoje, a cidade de Prudentópolis recebe um contingente de turistas que buscam o lazer e a aventura nas cachoeiras do município, segundo os responsáveis pelo turismo no município. Portanto, sua rede de patrimônio turístico se difere um pouco da encontrada em Irati, cidade que tem como visitantes um público formado por viajantes e pessoas que se dirigem à cidade a negócios. Assim como no levantamento realizado sobre Irati, os empreendimentos turísticos de Prudentópolis foram classificados em quatro categorias: • Meios de Hospedagem; • Alimentação; • Agenciamento; • Entretenimento. No levantamento realizado, foram considerados os estabelecimentos que possuíam qualidade nos serviços para atender a demanda turística. Um fato encontrado neste levantamento que se assemelha ao estudo realizado sobre Irati é a constatação de que o Inventário Turístico Municipal de ambas as cidades está desatualizado, pois apresenta informações que não correspondem a realidade encontrada durante a pesquisa. Na cidade de Prudentópolis, segundo dados do Inventário Turístico Municipal, há dois hotéis na área urbana, mas a pesquisa levantou a existência de quatro hotéis em funcionamento, que atendem às pessoas que buscam o município como destino turístico. Além dos hotéis, ainda foi constatada a presença de um recanto utilizado como camping dentro dos limites urbanos do município. 92 Os equipamentos e serviços de alimentação da cidade são cinco, segundo dados do Inventário Turístico. Porém, em campo foi, constatado o funcionamento de apenas quatro: uma churrascaria que serve rodízio no horário do almoço e jantar; dois restaurantes que servem por kilo e buffet somente no almoço; e uma pizzaria que serve a la carte no jantar. Na categoria agenciamento, que abrangem as agências de viagens e as locadoras de veículos, existe apenas uma agência na cidade, de acordo com o Inventário. No entanto, a pesquisa levantou a existência de três agências de viagens em funcionamento no município, que diferentemente de Irati atuam com caráter de agências receptivas. Não foram encontradas locadoras de veículos na cidade. Na categoria entretenimento que compreende os empreendimentos noturnos, as lojas de artesanato,os teatros, cinemas, entre outros, foi levantada a existência de dois bares, que são ponto de encontro e diversão, sendo um deles uma chopperia; três lojas onde o turista pode encontrar produtos locais e o artesanato do município; e ainda deve ser considerada como equipamento de entretenimento o Clube XII de novembro, devido a suas realizações sociais como festas e saraus. Portanto, os empreendimentos turísticos levantados fazem parte da paisagem urbana de Prudentópolis e influenciam diretamente a experiência turística dos visitantes. 93 6. Considerações Finais As cidades, para Boullón (2002, p.189) são espaços criados, inventados e construídos pelo homem. Segundo o autor, Trata-se de um espaço cultural, sendo que cada cidade é diferente da outra, pois cada ser humano possui características diferentes que irão refletir diretamente na cidade que vive. Como podemos observar, as cidades não se reduzem a menos aspectos políticos ou às sedes administrativas dos municípios. Castrogiovanni (2001, p.24) as considera como espaços territorializados adaptados pelas sociedades Portanto, tais espaços resultam da evolução social, em meio a qual os espaços são produzidos e reproduzidos através do tempo, pelas suas sociedades. Este dinamismo transforma as cidades a cada instante, modificando as paisagens e dando novos valores aos espaços. Isso significa que uma cidade é muito mais do que os olhos podem ver simplesmente. É preciso conhecer profundamente sua história para que se possa ver as cidades com verdadeiros "olhos de ver". Assim, não devemos simplesmente ver suas formas, mas o que estas representam e representaram para uma determinada sociedade, em um determinado período. As cidades, por si só, possuem uma atratividade especial para a realização da atividade turística. Suas paisagens possuem elementos atrativos ao turista, sendo estes elementos formas do espaço, que refletem e expressam sua história. Nesse sentidos, podemos afirmar, segundo Castrogiovanni (2001, p.31) que a cidade é um mundo de representações, ela é vida e possui sua própria identidade, sendo encontrada um dinamismo de relações que se modificam em cada circunstância, sempre sendo possível a renovação urbana, assim a cidade de ser vista como um bem cultural único. Este dinamismo das cidades proporciona aos espaços urbanos uma atratividade ao turismo, já que existem lugares com níveis variados de motivação. Sendo assim, tais espaços se encontram na equação do turismo como oferta turística. Assim, as cidades se revelam aos turistas por meio de suas paisagens, que estimulam no turista os encantos anteriormente citados, sendo que a identidade e a singularidade de cada imagem transmite ao visitante o novo. A paisagem urbana possui símbolos que podem e devem ser interpretados pelo turista, de forma que este possa descobrir a cidade, sua história, seus costumes, seu modo de vida. Enfim, a cultura está expressa na paisagem da cidade. A paisagem exerce papel fundamental no turismo, ela que transmite ao turista a imagem que será levada da destinação turística, imagem esta armazenada e assimilada de forma seriada. Se as paisagens são reflexos do espaço, então as paisagens turísticas refletem o espaço turístico, o qual para Boullón (2002, p. 79), é formado pelos atrativos turísticos, que constituem a matéria prima do turismo, além dos empreendimentos turísticos e da infraestrutura. Para o autor, este três elementos do patrimônio turístico são considerados para definir o espaço turístico de uma localidade. Desse modo, para que uma paisagem tenha potencial para o uso turístico, não basta simplesmente possuir atrativos turísticos, mas há a necessidade de uma série de elementos que, tomados em conjunto, lhe qualifiquem para este fim. Além dos atrativos, as áreas gravitacionais, assim como a infra-estrutura local, são primordiais, pois elas têm um reflexo direto na qualidade da paisagem. Também são relevantes os empreendimentos turísticos, para atender às necessidades dos turistas. e influenciar diretamente a experiência turística do visitante. Todos estes elementos tomados em conjunto formam a imagem que o turista terá da cidade que visitou. Portanto, a paisagem é o elemento central de atratividade e experiência turística de qualquer espaço. Em razão disso, deve ser analisada, pensada e planejada, de forma a atender às motivações dos transeuntes, assim como de sua comunidade, buscando agregar valor à sua atratividade sem, entretanto, descaracterizar sua originalidade. As cidades de Irati e Prudentópolis possuem paisagens semelhantes, uma vez que ambas apresentam imagens de cidades pequenas, poucas edificações com mais de quatro pavimentos. Suas paisagens urbanas horizontais proporcionam a sensação de cidades bucólicas, onde a cultura local e o regionalismo se apresentam acentuados. Verifica-se, ainda, uma cultura particular, onde as rugosidades do passado e as fortes marcas da cultura local estão presentes nas edificações e nos logradouros da cidade. Ambas as paisagens urbanas apresentam um predomínio de edificações bem conservadas, com jardins frontais nas áreas residenciais. Nas zonas centrais, normalmente onde há predominância de edificações comerciais, encontramos remanescentes das primeiras edificações dos municípios, pois nas duas cidades tais áreas se situam nos locais de primeira ocupação destes núcleos urbanos. A infra-estrutura de ambas as cidades é suficiente para atender à população, mas não foi pensada para o turismo, pois constatamos deficiências, tais como: a falta de sinalização, o 95 estado de conservação de algumas vias para os atrativos e a presença de fiação aérea que prejudica a qualidade visual dos atrativos. A soma destes elementos, juntamente com os atrativos, as áreas gravitacionais e os empreendimentos de cada cidade, reflete a paisagem turística de Irati e Prudentópolis, cada qual com sua singularidade. O município de Irati se caracteriza por ser o principal município da região onde se encontra a maior rede hoteleira, de alimentação, entretenimento e serviços, além de haver uma concentração de instituições financeiras e administrativas. Com atrativos que em sua maioria se caracterizam como religiosos, onde está muito presente a fé do povo, Irati transmiti uma imagem conforme o qual a vida de seus habitantes possuem um vínculo direto com a cultura local e regional, com fortes traços da imigração ucraniana e polonesa. Trata-se de uma paisagem agradável, tranqüila, propícia e com potencial para o desenvolvimento da atividade turística, com apelos significativos para o segmento do turismo religioso e cultural, além de proporcionar ao visitante a tranqüilidade de uma pequena cidade. Prudentópolis, por sua vez, já vem trabalhando o turismo em seu município, utilizando principalmente os atrativos naturais, como rios e cachoeiras, para a prática do turismo de aventura e do ecoturismo. Possui uma gama de empreendimentos menor que Irati, mas que atende às necessidades da demanda atual. Os atrativos urbanos e as edificações religiosas possuem em sua paisagem grandes traços da cultura ucraniana, além de apresentarem uma maior conservação de suas antigas edificações, que se encontram no centro da cidade. Ambas as cidades não utilizam a área urbana como elemento turístico forte. Em muitos casos, tal área fica desaproveitada, mas suas paisagens possuem grande potencial para o desenvolvimento da atividade turística. Irati possui uma paisagem com grande apelo para o turismo religioso, pois em sua paisagem urbana destacam-se elementos e edificações que em sua maioria, se caracterizam pela presença da fé do seu povo. E Prudentópolis com fortes marcas da cultura ucraniana e da história do seu município. Os dois municípios possuem paisagens urbanas com potencial para serem utilizadas pelo turismo; no entanto, devem ser melhor trabalhados para este fim, com melhorias na infraestrutura, com a valorização dos atrativos da área urbana e sensibilizando sua população, que não conhece a história dos municípios. Desse modo, o turista poderá presenciar nestas paisagens símbolos e códigos que poderão ser lidos e decodificados para a compreensão da história e cultura das cidades de Irati e Prudentópolis, agregando, assim, maior valor ao produto turístico destes municípios. 96 Portanto, em vista do estudo empreendido, constatamos que as paisagens urbanas de Irati e Prudentópolis possuem elementos que as qualificam para o uso turístico. Contudo, para que tais paisagens possam ser utilizadas também para fins turísticos, é preciso que haja, em ambos os municípios, melhorias na infra-estrutura, valorização de seus espaços para tal fim, assim como a sensibilização das comunidades dessas cidades em relação à história e suas edificações. 97 REFERÊNCIAS AGENCIA DE DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES SUL E CENTRO-SUL DO ESTADO DO PARANÁ. Guia Turístico da ADECSUL. Irati, PR: 2003. ASSESORIA DE IMPRENSA, Prefeitura Municipal de Irati. Dados Gerais. Irati, PR: 2005. ASSESORIA DE IMPRENSA, Prefeitura Municipal de Irati. Inventário Turístico. Irati, 2002. BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Trad. Josely Vianna Batista. Bauru: EDUSC, 2002. CASTRO, Iná Elias de. Paisagem e turismo. De estética, nostalgia e política. In: YAZIGI, Eduardo (org.). Turismo e paisagem. São Paulo: Contexto, 2002. CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. Porque geografia no turismo? Um exemplo de caso :Porto Alegre. In: GASTAL, Susana. 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