MODELAGEM HIDRODINÂMICA COMO SUPORTE AO DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS COMPENSATÓRIAS PARA MITIGAÇÃO DOS PROBLEMAS DE CHEIAS URBANAS NA BACIA DO RIACHO REGINALDO EM MACEIÓ-AL Davyd Henrique de Faria Vidal Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador(es): Marcelo Gomes Miguez Vladimir Caramori Borges de Souza Rio de Janeiro Março de 2012 MODELAGEM HIDRODINÂMICA COMO SUPORTE AO DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS COMPENSATÓRIAS PARA MITIGAÇÃO DOS PROBLEMAS DE CHEIAS URBANAS NA BACIA DO RIACHO REGINALDO EM MACEIÓ-AL Davyd Henrique de Faria Vidal DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Examinada por: Prof. Marcelo Gomez Miguez, D.Sc. Prof. Vladimir Caramori Borges de Souza, D.Sc. Prof. Flávio Cesar Borba Mascarenhas, D.Sc. Prof. Marllus Gustavo F. P. das Neves, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2012 Vidal, Davyd Henrique de Faria Modelagem Hidrodinâmica como Suporte ao Diagnóstico e Avaliação de Alternativas Compensatórias para Mitigação dos Problemas de Cheias Urbanas na Bacia do riacho Reginaldo em Maceió/AL/ Davyd Henrique de Faria Vidal. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012. XVI, 222 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Marcelo Gomes Miguez Vladimir Caramori Borges de Souza Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Civil, 2012. Referências Bibliográficas: p. 214-222. 1. Drenagem Urbana. 2. Modelagem Matemática por Células de Escoamento. 3. Técnicas Compensatórias. 4. Bacia do riacho Reginaldo. I. Miguez, Marcelo Gomes, et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Título. iii Dedico este trabalho a minha magnífica mãe, WALKIZA SILVA DE FARIA, por ter acreditado todos os dias na minha capacidade, pelo exemplo de vida, força, coragem, caráter e dignidade que sempre foi para mim, sem a senhora esse sonho jamais se tornaria realidade. Eu Te Amo e muito Obrigado. Dedico, também, ao meu irmão DIEGHO HENRIQUE DE FARIA VIDAL por todos esses anos de convivência e luta ao lado de nossa mãe, pelos maravilhosos momentos compartilhados juntos durante toda a nossa vida e por ter cuidado da MAINHA nesse tempo que estive distante. iv AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me iluminado e concebido a capacidade, paciência e dom da vida para que pudesse chegar até aqui. A minha namorada Aline Bruna dos Santos Souza, pela amizade, amor, carinho, dedicação, paciência, compreensão durante esses difíceis anos da minha vida e acima de tudo por ter superado junto comigo as dificuldades por estar longe e manter vivo o nosso amor, saiba que você faz parte dessa conquista e a fez sempre parecer mais fácil. Aos eternos amigos que eu tive o prazer que o destino colocasse em meu caminho: Ricardo Fernandes, Diogo Ferraz, e Valdeir Galingo por manter viva a amizade criada durante a graduação e por sempre estarem comigo nas minhas idas e vindas à ponte aérea Rio e Maceió. Obrigado pelo companheirismo, longas horas de conversa, diversão, distração e apoio prestado desde que nos conhecemos; Ao amigo e hoje companheiro de trabalho Edinho, muito obrigado por ter me incentivado a fazer o Mestrado na COPPE, por ter me acolhido em sua casa quando da chegada ao Rio de Janeiro, pela oportunidade de trabalhar no INEA e claro por todo o companheirismo, conselhos, dicas, diversão, distração e apoio, no mestrado, no trabalho e também no dia-dia Ao amigo Alberto Douglas, mais conhecido como CHEFE, pela tranquila convivência, companheirismo, longas conversas e bons momentos de descontração hoje têm ciência que ter dividido o "lar" com uma pessoa do seu caráter foi fundamental inclusive para conseguir terminar a dissertação no prazo. A “irmã” de coração Irene Maria Chaves Pimentel por todas as experiências trocadas, pelos incontáveis conselhos, pelo carinho, pela amizade, pelo companheirismo, pelos ensinamentos e acima tudo por sempre ter acreditado em mim mais do que eu mesmo. Cabe agradecer também pelas inúmeras vezes que me visitou no Rio de Janeiro, fazendo v com que a saudade dos amigos e da família que ficaram em Maceió fosse um pouco confortada; Aos amigos criados durante o Mestrado na pessoa dos amigos Vinícius Rios, Felipe Barbosa e Carolina Pitzer por todos os momentos de cumplicidade ao longo desses dois anos de pura garra e esforço na busca de um único ideal, nos tornarmos MESTRE; A todos os membros do LHC que me acolheram de braços abertos na pessoa da amiga Luiza Ribeiro, obrigado pelo espaço e por todos os bons momentos de descontração; A todos os amigos que consegui construir no Rio de Janeiro na pessoa da amiga Rafaela Silva, Vinícius Rios, Luiza Ribeiro e Carolina Pitzer foram muito bom conhecê-los e conviver com todos vocês, espero que essa amizade perdure mesmo após a minha volta para casa, e digo logo que Maceió está de portas abertas aguardando por vocês. Ao meu orientador Marcelo Miguez pela dedicação, tão valiosa orientação, todo o conhecimento compartilhado e claro pelos ótimos momentos de descontração com todo o seu bom humor Carioca. Muito obrigado professor por ter acreditado e aceitado me orientar mesmo sendo a área de estudo a minha terra natal e espero que voltemos a trabalhar juntos, seja num possível Doutorado ou mesmo nos rumos que a vida traçará para mim. Ao meu co-orientador Vladimir Caramori por toda ajuda prestada nas minhas diversas idas a Maceió, seja no apoio aos trabalhos de campo ou mesmo com os assuntos ligados a dissertação e também por ter me mandado procurar o Miguez quando chegasse à COPPE. A todos os meus familiares na pessoa das minhas tias Vera Lúcia e Ana Lúcia, pelo apoio incondicional prestado durante essa minha passagem pelo Rio de Janeiro e claro por ter preenchido parte do vazio por está distante da grande maioria dos demais familiares. AMO TODOS VOCÊS e podem ter certeza que foi duríssimo segurar a saudade. Aos alunos de iniciação científica e do Mestrado em Recursos Hídricos da UFAL, pelo apoio prestado durante a realização dos trabalhos de campo. Obrigado Wilson, vi Cledeilson, Carlos, Renato, Felipe, Eduardo, Amanda, Antonio, Tainara e a todos os demais que ajudaram mesmo que indiretamente. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, por dar apoio financeiro ao desenvolvimento deste trabalho. vii Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) MODELAGEM HIDRODINÂMICA COMO SUPORTE AO DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS COMPENSATÓRIAS PARA MITIGAÇÃO DOS PROBLEMAS DE CHEIAS URBANAS NA BACIA DO RIACHO REGINALDO EM MACEIÓ-AL Davyd Henrique de Faria Vidal Março/2012 Orientadores: Marcelo Gomes Miguez Vladimir Caramori Borges de Souza Programa: Engenharia Civil Nesta dissertação, elaborou-se com o objetivo de discutir as interações entre o sistema de drenagem e a questão do uso do solo, procurando entender este processo e avaliar equívocos do desenvolvimento urbano, o diagnóstico da situação das inundações da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo em Maceió-AL, para Cenários que consideraram as cheias com tempo de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. Além disso, foram elaborados Cenários que propõem, inúmeras intervenções afim de, mitigar os problemas diagnosticados, considerando, sempre que possível, o uso de técnicas compensatórias. Os resultados encontrados no diagnóstico mostraram a criticidade da situação das inundações na área de estudo. Já os resultados encontrados nos Cenários com as intervenções indicam que é possível, através de medidas sustentáveis, mitigar consideravelmente a situação das inundações diagnosticadas na bacia em estudo. O modelo utilizado como ferramenta para elaborar este trabalho foi modelo hidrodinâmico MODCEL (Modelo de Células de Escoamento), que será aplicado pela primeira vez em uma bacia urbana da cidade Maceió/AL. A escolha de tal modelo, deve-se aos satisfatórios resultados encontrados com a utilização do mesmo em diversos estudos relacionados ao controle de cheias urbanas, principalmente no estado do Rio de Janeiro. viii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) HYDRODYNAMIC MODELING AS SUPPORT THE DIAGNOSIS AND EVALUATION OF ALTERNATIVES COMPENSATORY FOR MITIGATION OF URBAN FLOODING PROBLEMS IN THE BASIN OF THE CREEK REGINALDO IN MACEIÓ-AL Davyd Henrique de Faria Vidal Março/2012 Advisors: Marcelo Gomes Miguez Vladimir Caramori Borges de Souza Department: Civil Engineering This work was elaborated with the objective to discuss the interactions between the drainage system and land use, trying to understand this process and evaluate mistakes of urban development, the diagnosis of the situation of floods in the lower basin of the creek Reginaldo in Maceió-AL, to consider scenarios for floods with the return period of 2, 5, 10, 25 and 50 years. In addition, scenarios were developed that propose numerous structural measures in order to mitigate the identified problems, considering, where possible, the use of compensatory techniques. The model used as a tool to make this work was the hydrodynamic model MODCEL (Flow Cell Model), which was first applied in an urban watershed in the city of Maceio/AL. The choice of such a model is due to the satisfactory results with its use in several studies related to urban flood control, especially in the state of Rio de Janeiro. The results showed the diagnosis of the critical situation of floods in the study area. But the results in scenarios with interventions indicate that it is possible, through sustainable measures, mitigate the considerably the diagnosed situation of floods in the basin under study. ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 17 1.1. Contextualização ........................................................................................................................ 18 1.2. Justificativa................................................................................................................................. 21 1.3. Objetivos .................................................................................................................................... 22 1.3.1. Geral .................................................................................................................................... 22 1.3.2. Específicos ........................................................................................................................... 23 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 24 2.1. Inundações ................................................................................................................................. 24 2.2. Medidas de controle de enchentes urbanas ............................................................................. 29 2.2.1. Medidas estruturais ............................................................................................................ 32 2.2.2. Medidas não-estruturais ..................................................................................................... 43 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................... 56 3.1. Aspectos gerais da bacia do riacho Reginaldo ........................................................................... 56 3.1.1. Características fisiográficas ................................................................................................. 61 3.1.2. Relevo.................................................................................................................................. 65 3.1.3. Uso e ocupação do solo ...................................................................................................... 67 3.1.4. Rede de monitoramento e levantamento de campo ......................................................... 71 3.2. Modelos Hidrodinâmicos Quasi-2D ........................................................................................... 79 3.2.1. Modelo de Células de Escoamento – MODCEL................................................................... 81 3.3. Aplicação do Modelo de Células de Escoamento - MODCEL ..................................................... 86 3.3.1. Dados utilizados na modelação Hidrológica-Hidrodinâmica utilizando o MODCEL ........... 87 3.3.2. Estudos hidrológicos ........................................................................................................... 88 3.3.2.1. Tempo de concentração .............................................................................................. 88 3.3.2.2. Precipitações e hidrogramas de Projeto ...................................................................... 91 3.3.2.2.1. Hietogramas de Projeto ............................................................................................ 91 3.3.2.2.2. Hidrogramas de Projeto ............................................................................................ 93 3.3.2.2.3. Definição do coeficiente de escoamento ................................................................. 95 3.3.3. Modelação topográfica, hidráulica e topológica ................................................................ 97 3.3.4. Arquivos de entrada do MODCEL ..................................................................................... 103 3.3.5. Calibração e validação ...................................................................................................... 105 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO ........................................... 116 4.1. Cenário 1 - Cheia com Tr = 2 anos............................................................................................ 116 4.1.1. Riacho Gulandim (Tr = 2 anos) .......................................................................................... 118 4.1.2. Riacho do Sapo (Tr = 2 anos)............................................................................................. 120 4.1.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 2 anos) ........................................................................................ 123 4.1.4. Riacho Reginaldo (Tr = 2 anos).......................................................................................... 126 4.2. Cenário 2 - Cheia com Tr = 5 anos............................................................................................ 130 4.2.1. Riacho Gulandim (Tr = 5 anos) .......................................................................................... 130 4.2.2. Riacho do Sapo (Tr = 5 anos)............................................................................................. 132 4.2.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 5 anos) ........................................................................................ 134 x 4.2.4. Riacho Reginaldo (Tr = 5 anos).......................................................................................... 136 4.3. Cenário 3 - Cheia com Tr = 10 anos ......................................................................................... 139 4.3.1. Riacho Gulandim (Tr = 10 anos) ........................................................................................ 139 4.3.2. Riacho do Sapo (Tr = 10 anos)........................................................................................... 141 4.3.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 10 anos) ...................................................................................... 142 4.3.4. Riacho Reginaldo (Tr = 10 anos)........................................................................................ 144 4.4. Cenário 4 - Cheia com Tr = 25 anos ......................................................................................... 148 4.4.1. Riacho Gulandim (Tr = 25 anos) ........................................................................................ 148 4.4.2. Riacho do Sapo (Tr = 25 anos)........................................................................................... 150 4.4.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 25 anos) ...................................................................................... 152 4.4.4. Riacho Reginaldo (Tr = 25 anos)........................................................................................ 154 4.5. Cenário 5 - Cheia com Tr = 50 anos ......................................................................................... 158 4.5.1. Riacho Gulandim (Tr = 50 anos) ........................................................................................ 158 4.5.2. Riacho do Sapo Gulandim (Tr = 50 anos) .......................................................................... 160 4.5.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 50 anos) ...................................................................................... 162 4.5.4. Riacho Reginaldo (Tr = 50 anos)........................................................................................ 164 4.6. Resumo do Diagnóstico das Inundações na bacia do riacho Reginaldo .................................. 168 4.6.1. Riacho Gulandim ............................................................................................................... 168 4.6.2. Riacho do Sapo.................................................................................................................. 170 4.6.3. Riacho Pau D’Arco ............................................................................................................. 174 4.6.4. Riacho Reginaldo............................................................................................................... 177 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS............................................................................ 180 5.1. Cenário 1 - Recuperação da Área de Preservação Permanente (APP) às margens do riacho Pau D’Arco ............................................................................................................................................ 181 5.2. Cenário 2 - Bacias de detenção nas sub-bacias dos riachos Gulandim e Sapo ........................ 184 5.3. Cenário 3 - Implantação da Barragem no riacho Reginaldo .................................................... 191 5.4. Cenário 4 - Implantação de Paisagem Multifuncional às margens do riacho Reginaldo ......... 196 5.5. Cenário 5 - Integração de todas as intervenções propostas.................................................... 198 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................................................. 208 6.1. Conclusões ............................................................................................................................... 208 6.2. Recomendações ....................................................................................................................... 211 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 214 xi LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Mudanças no ciclo hidrológico devido a urbanização. ....................................................... 26 Figura 2.2: Impactos da urbanização. ................................................................................................... 27 Figura 2.3: Capa do Programa 1138 – Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial. .. 32 Figura 2.4: Alguns tipos de medidas de controle segundo local de atuação: 1. Distribuídas; 2. Na microdrenagem e 3. Na macrodrenagem. ............................................................................................ 34 Figura 2.5: a/b) Modificações do rio, c/d) Sistemas de infiltração, e) bacia de detenção e f) bacia de retenção. ............................................................................................................................................... 39 Figura 2.6: Padrão de urbanização em alguns estabelecimentos comerciais na bacia do riacho Reginaldo. ............................................................................................................................................. 40 Figura 2.7: Desenvolvimento histórico e a utilização de medidas de armazenamento na gestão de águas pluviais. ....................................................................................................................................... 41 Figura 2.8: Atividades típicas dos sistemas de previsão e alerta. ......................................................... 46 Figura 2.9: Medidas a prova de enchentes (flood profing) presentes na bacia do riacho Reginaldo. . 50 Figura 2.10: Exemplos de medidas de controle de enchentes. ............................................................ 50 Figura 2.11: Ilustração da floodplain e floodway. ................................................................................. 52 Figura 2.12: Zoneamento de áreas de inundação. ............................................................................... 54 Figura 3.1: Mapa geral com a localização da bacia do riacho Reginaldo em Maceió/AL. .................... 58 Figura 3.2: Edificações às margens do riacho Pau D’Arco, ilustrando a intensa ocupação urbana nas APP's...................................................................................................................................................... 59 Figura 3.3: Presença de resíduos sólidos e um sofá na calha do riacho Reginaldo. ............................. 60 Figura 3.4: a) Vegetação nativa na parte alta da bacia do riacho Reginaldo e b) Presença de resíduos sólidos na parte alta da bacia. .............................................................................................................. 60 Figura 3.5: Hidrografia da bacia do riacho Reginaldo e sub-bacias dos riachos Gulandim, do Sapo e Pau D’Arco............................................................................................................................................. 63 Figura 3.6: Principais características do relevo da bacia do riacho Reginaldo. .................................... 66 Figura 3.7: Vista geral da urbanização na bacia do riacho Reginaldo. .................................................. 68 Figura 3.8: Rede de monitoramento da bacia do riacho Reginaldo. .................................................... 73 Figura 3.9: Seção transversal levantada no riacho Reginaldo. ............................................................. 76 Figura 3.10: a/b) Foz do riacho Reginaldo sobre influência da maré, c) Confluência do riacho Reginaldo com o riacho Gulandim, d) Confluência do riacho Reginaldo com o riacho do Sapo, e) Presença de lixo, sedimentos e vegetação alterando a calha do riacho Reginaldo e f) Execução de dragagem no riacho Reginaldo. ............................................................................................................ 77 Figura 3.11: Rota realizada nas visitas de campo e algumas fotografias das singularidades. .............. 78 Figura 3.12: Exemplo de uma rede de células bidimensional. ............................................................. 81 Figura 3.13: Ilustração da divisão e troca d’água entre as células numa bacia urbana. ...................... 83 Figura 3.14: Ilustração do hietograma e hidrograma de projetos que representam a condição de contorno no MODCEL. .......................................................................................................................... 95 Figura 3.15: Classes de uso do solo nas células de escoamento do MODCEL. ..................................... 97 Figura 3.16: Divisão das células de escoamento e centros de células da área de estudo. ................... 99 Figura 3.17: Representação esquemática dos tipos de ligações. ....................................................... 100 Figura 3.18: Representação do esquema topológico utilizado como dado de entrada no MODCEL. 101 xii Figura 3.19: Representação do esquema topológico utilizado como dado de entrada no MODCEL (continuação). ..................................................................................................................................... 102 Figura 3.20: Representação das condições de contorno para entrada no MODCEL. ......................... 104 Figura 3.21: Variação da maré considerada como condição de contorno no MODCEL. .................... 105 Figura 3.22: Precipitação dos eventos avaliados para serem utilizados na calibração e validação do MODCEL. ............................................................................................................................................. 110 Figura 3.23: Hietograma da precipitação utilizada na calibração do modelo. ................................... 113 Figura 3.24: Resultado da calibração, cotagramas no riacho Gulandim............................................. 114 Figura 4.1: Pontos onde foram apresentados alguns hidrogamas simulados. ................................... 117 Figura 4.2: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho Gulandim. ............................ 118 Figura 4.3: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. ............................................................................................................................................... 119 Figura 4.4: a) Edificações na margem direita do riacho Gulandim, próximo à foz e b) Degrau que aumenta a rugosidade e dificulta a passagem da onda de cheia. ...................................................... 120 Figura 4.5: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho do Sapo. ............................... 121 Figura 4.6: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 2 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. .......................................................................................................................................... 122 Figura 4.7: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho do Pau D’Arco. ..................... 123 Figura 4.8: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 124 Figura 4.9: Calha do riacho Pau D’Arco, a) Estrangulado por edificações nas margens e em cima, b) Estrangulado em ambas as margens, c) Sem calha principal definida e edificações a poucos centímetros e d) Calha bem definida sem ocupação das margens. ................................................... 125 Figura 4.10: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho Reginaldo. .......................... 126 Figura 4.11: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 127 Figura 4.12: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 2 anos). ........... 129 Figura 4.13: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Gulandim. .......................... 130 Figura 4.14: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 131 Figura 4.15: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho do Sapo. ............................. 132 Figura 4.16: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 5 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. .......................................................................................................................................... 133 Figura 4.17: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. ........................ 134 Figura 4.18: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 135 Figura 4.19: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Reginaldo. .......................... 136 Figura 4.20: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 137 Figura 4.21: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 5 anos). ........... 138 Figura 4.22: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Gulandim. ........................ 139 Figura 4.23: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 140 Figura 4.24: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho do Sapo. ........................... 141 xiii Figura 4.25: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 10 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. .......................................................................................................................... 142 Figura 4.26: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. ...................... 143 Figura 4.27: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. ............................................................................................................................ 144 Figura 4.28: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Reginaldo. ........................ 145 Figura 4.29: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 146 Figura 4.30: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 10 anos). ......... 147 Figura 4.31: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Gulandim. ........................ 148 Figura 4.32: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 149 Figura 4.33: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho do Sapo. ........................... 150 Figura 4.34: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr =25 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. .......................................................................................................................................... 151 Figura 4.35: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. ...................... 152 Figura 4.36: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. ............................................................................................................................ 153 Figura 4.37: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Reginaldo. ........................ 154 Figura 4.38: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 155 Figura 4.39: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 25 anos). ......... 156 Figura 4.40: Comparação entre as manchas de inundação obtidas por Holz (2010) e neste trabalho, no riacho Pau D’Arco. ......................................................................................................................... 157 Figura 4.41: Comparação entre as manchas de inundação obtidas por Holz (2010) e neste trabalho, no riacho Reginaldo. ........................................................................................................................... 158 Figura 4.42: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Gulandim. ........................ 159 Figura 4.43: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 160 Figura 4.44: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho do Sapo. ........................... 161 Figura 4.45: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 50 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. .......................................................................................................................... 162 Figura 4.46: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. ...................... 163 Figura 4.47: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. ............................................................................................................................ 164 Figura 4.48: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Reginaldo. ........................ 165 Figura 4.49: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. .......................................................................................................................................... 166 Figura 4.50: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 50 anos). ......... 167 Figura 4.51: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Gulandim. ............................................................................................................................................................ 168 Figura 4.52: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Gulandim. ............................................................................................................................................................ 169 Figura 4.53: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho do Sapo. . 171 xiv Figura 4.54: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho do Sapo. ............................................................................................................................................................ 172 Figura 4.55: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Pau D’Arco. ............................................................................................................................................................ 174 Figura 4.56: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Pau D’Arco. ............................................................................................................................................................ 175 Figura 4.57: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Reginaldo. ............................................................................................................................................................ 177 Figura 4.58: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Reginaldo. ............................................................................................................................................................ 178 Figura 5.1: Mapa com as áreas inundáveis (25 anos) e APP no riacho Pau D’Arco. ........................... 183 Figura 5.2: Áreas potenciais para implantação das bacias de detenção no riacho Gulandim. .......... 185 Figura 5.3: Hidrograma da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Gulandim antes e após a implantação da bacia de detenção. .................................................................................................... 186 Figura 5.4: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção e b) Nível d'água no interior do reservatório do riacho Gulandim. ..................................................................................... 187 Figura 5.5: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim com e sem a bacia de detenção. ................... 187 Figura 5.6: Área potencial para implantação da bacia de detenção do riacho do Sapo. ................... 188 Figura 5.7: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho do Sapo antes e após a implantação da bacia de detenção. .................................................................................................... 189 Figura 5.8: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção e b) Nível d'água no interior do reservatório. ..................................................................................................................... 190 Figura 5.9: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo com e sem a bacia de detenção. ...................... 191 Figura 5.10: Eixo da barragem e reservatório de amortecimento na bacia do riacho Reginaldo. ..... 193 Figura 5.11: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Reginaldo antes e após a implantação da barragem. .................................................................................................................. 194 Figura 5.12: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga no reservatório da barragem e b) Nível d'água no interior do reservatório. ..................................................................................................... 195 Figura 5.13: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo com e sem a barragem................................ 195 Figura 5.14: Área potencial para implantação da paisagem multifuncional na bacia do Reginaldo. . 197 Figura 5.15: Nível d'água no interior do reservatório (paisagem multifuncional).............................. 198 Figura 5.16: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Gulandim antes e após a implantação de todas as intervenções. .............................................................................................. 199 Figura 5.17: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim com e sem intervenções.............................. 200 Figura 5.18: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho do Sapo antes e após a implantação de todas as intervenções. .............................................................................................. 201 Figura 5.19: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo com e sem intervenções. ............................... 202 Figura 5.20: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Pau D’Arco antes e após a implantação de todas as intervenções. .............................................................................................. 203 Figura 5.21: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco com e sem intervenções. .......................... 204 Figura 5.22: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Reginaldo antes e após a implantação de todas as intervenções. .............................................................................................. 205 Figura 5.23: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo com e sem intervenções. ............................ 206 Figura 5.24: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo após implantação de todas as intervenções propostas (Tr = 25 anos). ................................................................................ 207 xv LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Esquema comparativo de medidas estruturais de controle de inundações. ..................... 35 Tabela 2.2: Categorias de medidas estruturais e tipo de intervenção. ................................................ 35 Tabela 2.3: Categorias das medidas não-estruturais e descrição de suas ações.................................. 44 Tabela 2.4: Exemplos de adaptações para construções a prova de inundações. ................................. 49 Tabela 2.5: Informações das faixas de inundações e dos riscos associados......................................... 53 Tabela 3.1: Valores de CN nas áreas simuladas com o modelo matemático. ...................................... 71 Tabela 3.2: Informações sobre os equipamentos que compõem a rede de monitoramento da bacia do riacho Reginaldo. ............................................................................................................................. 72 Tabela 3.3: Informações sobre as principais visitas de campo realizadas na bacia.............................. 74 Tabela 3.4: Tempos de concentração calculado para a bacia do riacho Reginaldo. ............................ 90 Tabela 3.5: Precipitações totais acumuladas e vazões de pico das condições de contorno. ............... 94 Tabela 3.6: Valores do coeficiente de escoamento adotados pela Prefeitura de São Paulo. .............. 96 Tabela 3.7: Valores do coeficiente de escoamento adotados para a bacia do riacho Reginaldo. ....... 96 Tabela 3.8: Exemplificação do coeficiente de escoamento calculado através da ponderação. ........... 97 Tabela 3.9: Período de dados confiáveis para calibrar e validar o MODCEL na bacia do riacho Reginaldo. ........................................................................................................................................... 106 Tabela 3.10: Eventos significativos monitorados pelo sensor de nível no riacho Gulandim. ............. 107 Tabela 3.11: Eventos de precipitação gerados para análise do comportamento das chuvas na bacia do riacho Reginaldo. ........................................................................................................................... 108 Tabela 3.12: Informações sobre o evento escolhido para calibração do MODCEL. ........................... 112 Tabela 4.1: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Gulandim......... 169 Tabela 4.2: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho do Sapo. .......... 171 Tabela 4.3: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Pau D’Arco. ..... 174 Tabela 4.4: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Reginaldo. ....... 177 xvi 1. INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO Essencial à vida, a água constitui elemento necessário para quase todas as atividades humanas, sendo, ainda, componente fundamental da paisagem e do ambiente natural e construído. Trata-se de bem precioso, de valor inestimável, que deve ser, a qualquer custo, conservado e protegido. Dessa forma é impossível imaginar a evolução das primeiras civilizações afastadas das vizinhanças dos importantes corpos hídricos, visto que essa proximidade foi imprescindível. São exemplos dessas civilizações os Babilônios, Egípcios e Romanos. Diante disto, destaca-se que as primeiras civilizações tiveram que conviver com o fenômeno das enchentes e aprenderam a tirar benefícios das mesmas. As cheias podem ser definidas como um fenômeno natural de elevação do nível dos rios, córregos ou ribeirões, que ocorrem devido a intensos e contínuos eventos de precipitação provocando a variação do nível d’água dos corpos hídricos. Dependendo da magnitude da enchente, pode ocorrer o extravasamento dos rios para além de suas calhas principais, o que provoca a ocupação da calha secundária dos mesmos, das regiões de várzeas, de zonas mais baixas e, por muitas vezes, a propagação de efeitos para montante devido ao remanso. As enchentes podem estar associadas a benefícios como os que ocorrem nas zonas rurais dos estados do Amazonas, Tocantins e Mato-Grosso, que devido ao carreamento de elementos férteis para as planícies de inundação, facilitam o desenvolvimento da vegetação natural ou o aproveitamento agrícola, com o cultivo dessas áreas. Porém, quando se trata de regiões com uma intensa ocupação urbana, podem ocorrer diversos desastres, ocasionando prejuízos materiais, ambientais, sociais ou, em última análise, perda de vidas. Diante do exposto, é possível perceber que naturalmente áreas urbanas, quando invadem a planície de inundação dos rios, são mais propícias à ocorrência de inundações1 do que zonas rurais, pois a ocupação do território pela população altera os diversos componentes do ciclo hidrológico, com o aumento do escoamento superficial e diminuição da capacidade de infiltração do solo, além de, muitas vezes, promover a ocupação da própria planície de inundação. 1 Inundações nesta dissertação será entendido como a ocorrência de enchentes em áreas rurais ou urbanas e seus potenciais transtornos. 17 1. INTRODUÇÃO Assim, as inundações ocorrem quando as águas dos rios, córregos, ribeirões, riachos ou canais de macrodrenagem extravasam seu leito menor de escoamento e escoam através das planícies de inundação (leito maior ou secundário) que foi ocupado pela população para implantação de elementos de infraestrutura dos sistemas urbanos, tais como rede de drenagem de águas pluviais, transporte, moradia, entre outros. 1.1. Contextualização O processo de urbanização no Brasil foi intensificado a partir da década de 50, devido prioritariamente, à industrialização e à modernização das atividades agrícolas. Este crescimento da população urbana desprovido de investimentos necessários nos setores de infraestrutura para o saneamento básico leia-se, drenagem urbana, resíduos sólidos, sistemas de abastecimento de água e esgoto, agravaram sobremaneira os problemas das enchentes urbanas, refletindo a situação precária socioeconômica dos países em desenvolvimento, como o Brasil. Os problemas relacionados ao agravamento em termos de magnitude, duração e frequência das enchentes urbanas, nas cidades brasileiras, estão intimamente ligados à ocupação desordenada e acelerada do uso do solo, ineficiência dos sistemas de drenagem, falta de manutenção e investimentos em infraestrutura urbana. A hidrologia urbana destaca que o processo de urbanização altera de forma significativa as parcelas do ciclo hidrológico. Dentre estas principais ações, destacam-se: o desmatamento, a impermeabilização do solo e a ocupação das Áreas de Preservação Permanente (APP's). Essas ações aumentam o volume de chuva efetiva, aceleram, antecipam e aumentam o pico dos hidrogramas, diminuem a infiltração da precipitação no solo, aumentam o transporte de sedimentos na bacia, dentre diversas outras consequências que estão relacionadas à ocorrência de inundações. D’Altério (2004) destaca como principais consequências das inundações um conjunto de incidentes que vão desde um simples extravasamento, com alagamento temporário de pequenas proporções, passando pelo colapso dos serviços de infraestrutura urbana, até a perda de vidas humanas, pela fatalidade de um acidente ou por doenças infecciosas que se seguem às inundações. Já Schmitt et. al. (2004) afirmam que a falha do sistema de drenagem, gerando inundações, provoca grandes danos à infraestrutura de edifícios 18 1. INTRODUÇÃO públicos e privados, impede ou limita o tráfego nas ruas, provocando prejuízos indiretos como a perda de oportunidade de negócios. Tradicionalmente, as causas e consequências relacionadas às grandes inundações urbanas foram encaradas pelos Órgãos competentes como efeito direto das chuvas intensas, sem considerar a interdependência e inter-relação existente no funcionamento da bacia hidrográfica. De fato, as chuvas intensas são os fatos geradores do escoamento, mas o resultado final das inundações é agravado por uma série de fatores. Esta concepção clássica dos conceitos higienistas levou Engenheiros e profissionais de áreas afins a adotarem como soluções, para os problemas das enchentes urbanas, medidas que favorecessem a rápida retirada das águas pluviais do ambiente urbano, o que resolvia o problema localmente e em curto prazo, mas não necessariamente na escala da bacia. Estes projetos recomendavam, em quase sua totalidade, a execução de obras de canalização e retificação dos riachos, bem como a construção de diques marginais que evitassem o extravasamento do escoamento. Do ponto de vista hidráulico, esses projetos aumentam a velocidade dos escoamentos e a condutância dos canais, reduzem o tempo de concentração nas bacias e antecipam o pico do hidrograma das cheias, fazendo com que o impacto da urbanização seja ainda mais relevante sobre os processos hidrológicos da bacia, em comparação com a ocupação da préurbanização. Assim, há um incremento nos escoamentos superficiais e de sua velocidade de escoamento, de modo que uma mesma chuva, nestas condições, quando comparada à situação natural, gera maiores alagamentos. A percepção da insustentabilidade das medidas tradicionais de controle de cheias vem levando o meio técnico à mudança de paradigma, fazendo com que os principais profissionais da área no Brasil e no mundo direcionassem suas pesquisas a soluções que priorizassem tanto a retenção superficial das águas das chuvas, quanto a infiltração e o armazenamento da água no solo. Esta nova abordagem sempre analisa os sistemas urbanos de forma sistêmica, a fim de não combinar eventos críticos dentro da unidade de planejamento e tampouco transferir problemas pontuais, em geral, para jusante e, eventualmente, para montante. Nesse sentido, Miguez e Magalhães (2010) enfatizam que a nova abordagem deve ser sistêmica, considerando toda a bacia hidrográfica, e que ações distribuídas ao longo da mesma devem se integrar ao sistema de drenagem a fim de controlar os escoamentos. Os 19 1. INTRODUÇÃO aspectos espaciais e temporais precisam ser considerados de forma acoplada, para que as soluções propostas para reorganização dos escoamentos e minimização das inundações funcionem. Já Canholi (2005), afirma que o gerenciamento da drenagem urbana recai fundamentalmente em um problema de alocação de espaços para a destinação das águas precipitadas, uma vez que a urbanização reduz o espaço outrora destinado ao armazenamento natural, que era propiciado pelas áreas permeáveis, várzeas e mesmo nos próprios talvegues naturais. Quando as enchentes se estabelecem de forma recorrente em uma bacia, além do problema de alocação de espaço, a combinação dos efeitos no tempo passa a ser crítica. São necessárias soluções de cunho sistêmico, adotando a bacia como unidade de planejamento e projeto integrado, o que requer ferramentas computacionais de apoio à decisão e ao desenvolvimento de soluções efetivas e, sempre que possível, de caráter sustentável. As ferramentas computacionais mais utilizadas como suporte à avaliação e proposição de alternativas tradicionais/compensatórias para mitigação dos problemas de cheias urbanas são os modelos matemáticos. Modelos matemáticos podem ser descritos como a composição de uma gama de equações matemáticas e argumentos lógicos que foram desenvolvidos com o objetivo de simular fenômenos naturais. Independente do tipo de modelo utilizado (e.g. hidrológico, hidrodinâmico, unidimensional ou tridimensional, distribuído ou concentrado) diversos pesquisadores concordam com a importância da utilização destes devido aos bons resultados encontrados, a exemplo de Miguez (1994 e 2001), Collischonn (2002), Pimentel (2009), Villarini et. al. (2010), Cook & Merwade (2009), Lou (2010), Souza (2010), entre outros. À luz das discussões supracitadas, é que se encaixa a presente dissertação de mestrado, onde o problema das enchentes urbanas que afetam umas das principais bacias urbanas da cidade de Maceió será tratado através da nova concepção de soluções em projetos de controle de inundações. Para tanto, será utilizado o apoio da modelagem matemática hidrodinâmica através do Modelo de Células de Escoamento – MODCEL (Miguez, 2001). A base para o desenvolvimento desta dissertação parte de um diagnóstico detalhado da bacia, em que se busca compreender o funcionamento integrado da mesma bem como a sua interface com as questões de ocupação do solo. 20 1. INTRODUÇÃO 1.2. Justificativa Os problemas relacionados às enchentes urbanas estão intimamente ligados ao processo de urbanização. Os primeiros resultados do CENSO 2010 (IBGE, 2011) apontam que Maceió, capital de Alagoas, possui 99.93% de sua população residindo em áreas urbanas o que pode agravar de forma imperativa as inundações. Em Maceió, o riacho Reginaldo é o principal corpo hídrico da mais importante bacia urbana da cidade, cujo trecho médio corresponde a um vale encaixado e intensamente ocupado. A bacia está completamente inserida na área urbana e apresenta várias características que têm influência na geração do escoamento superficial. Estas características são percebidas no relevo da bacia, nos padrões de urbanização, no sistema de drenagem, entre outros fatores, abrangendo 18 bairros e cerca de 10% da população, podendo ser considerada como bacia representativa da cidade, em relação aos aspectos de urbanização, infraestrutura e problemas ambientais (NEVES et. al., 2007; HOLZ, 2010). Por ser a principal bacia urbana de Maceió, apresentar problemas de enchentes urbanas, abranger diversas classes socioeconômicas da população, possuir grande variabilidade em sua topografia (áreas planas de tabuleiro, vale principal bem encaixado, áreas planas costeiras) e apresentar um estado de degradação ambiental considerável em diversos pontos, a bacia do riacho Reginaldo se tornou foco de diversas pesquisas e projetos coordenados por professores da área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Nesse sentido pode-se destacar o projeto “Casadinho/Cnpq”, cujo título era: “Definição de critérios para elaboração de plano de gestão ambiental integrada de bacias urbanas: Estudo de caso - Bacia do riacho Reginaldo”, que envolveu as seguintes Instituições Federais de Ensino Superior – IFES: UFAL / Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) / Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Vale ressaltar que, dentro deste projeto, foram apresentados diversos trabalhos, dentre os quais se destacam, a dissertação de mestrado de Pedrosa (2008), que discutiu a geração do escoamento superficial de acordo com os padrões de ocupação do solo e dos elementos do plano diretor, a de Pimentel (2009), que elaborou uma avaliação qualiquantitativa das águas do riacho Reginaldo e alguns dos seus principais afluentes (riacho 21 1. INTRODUÇÃO Gulandim, do Sapo e Pau D’Arco) e a de Holz (2010) que realizou o levantamento e mapeamento do índice de risco de alagamento na bacia do riacho Reginaldo. Com o objetivo de prever, avaliar e propor Cenários que mitiguem os problemas relacionados às inundações na bacia do riacho Reginaldo será utilizado, pela primeira vez nesta bacia, o apoio da modelagem matemática hidrodinâmica, através do MODCEL, tomando por base todo o conhecimento já acumulado para a região. O Modelo de Células de Escoamento, originalmente desenvolvido por Zanobetti et. al. (1970) e adaptado por Miguez (2001) e Mascarenhas & Miguez (2002), é um modelo matemático hidrodinâmico que pode ser considerado quasi-bidimensional, pois apesar de utilizar as equações da hidráulica clássica de forma unidimensional ele permite que o escoamento no meio urbano se desenvolva em várias direções, através da divisão da bacia hidrográfica em células de escoamento. Essa concepção permite que a bacia seja interpretada de forma sistêmica, simulando, além dos canais, bueiros e planícies de inundação, intervenções como a implantação de pavimentos permeáveis (através da definição do nível de permeabilidade), reservatórios de detenção (pela definição da curva cota x área superficial) e barragens de amortecimento de cheias. A escolha deste modelo se deve aos satisfatórios resultados encontrados, com a utilização do MODCEL, em diversos estudos relacionados ao controle de cheias urbanas no estado do Rio de Janeiro a exemplo de Rezende (2010), Sousa (2010), COPPETEC (2009), COPPE/COPPETEC (2008), Miguez et. al. (2009), Mascarenhas e Miguez (1999), entre diversos outros. 1.3. Objetivos 1.3.1. Geral O objetivo geral deste trabalho é diagnosticar e propor Cenários com intervenções, que mitiguem os problemas de inundações que ocorrem no trecho inferior da bacia do riacho Reginaldo, utilizando como suporte a modelagem matemática hidrodinâmica. Além disso, busca-se aliar técnicas tradicionais e compensatórias, do ponto de vista do Manejo das Águas Pluviais, para obter os melhores resultados em função do conhecimento dos padrões de escoamento desenvolvidos na bacia, obtidos a partir do diagnóstico, e sua interação com questões de uso do solo. 22 1. INTRODUÇÃO 1.3.2. Específicos A fim de alcançar o objetivo geral, será necessário alcançar os seguintes objetivos específicos: Levantar e disponibilizar os dados necessários a elaboração da modelagem com o MODCEL; Realizar serviços de campo, a fim de complementar os dados que serão utilizados na modelagem hidrológica-hidrodinâmica; Avaliar dificuldades e potencialidades da modelagem hidrodinâmica em bacias urbanas, usando como ferramenta o MODCEL; Diagnosticar o comportamento da bacia, confirmar os problemas de cheias conhecidos, identificar os padrões de escoamento e suas relações espaçotemporais; Avaliar quais alternativas, entre tradicionais e técnicas compensatórias que podem ser aplicadas, face ao reconhecimento dos padrões de escoamento mapeados, além de propor combinações de projeto; Modelar Cenários com intervenções e avaliar os resultados; 23 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Inundações A inundação urbana ocorre quando as águas dos rios, riachos, canais saem do seu leito menor de escoamento e escoa através do seu leito maior que foi ocupado pela população para moradia, transporte (ruas, rodovias e passeios), recreação, comércio, indústria, entre outros. Isto ocorre quando a precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar a água precipitada, assim é gerado um grande volume d'água que escoa para o sistema de drenagem, superando a capacidade do leito menor. Este é um processo natural do ciclo hidrológico devido à variabilidade climática de curto, médio e longo prazo. Estes eventos chuvosos ocorrem de forma aleatória em função dos processos climáticos locais e regionais (TUCCI, 2005). Inundação nada mais é que um caso particular de enchentes naturais que, quando se desenvolve no meio urbano, torna-se tema relevante, pois causam prejuízos diretos e indiretos ao desenvolvimento socioeconômico da população. Dessa forma, a discussão de suas principais causas e a avaliação de suas consequências é tema de diversos trabalhos elaborados por Engenheiros especialistas na área de drenagem urbana e profissionais das áreas correlatas. A principal ação antrópica que agrava de maneira imperativa o fenômeno das enchentes urbanas é a impermeabilização do solo de maneira desordenada sobre a bacia hidrográfica, pois essa ação afeta diretamente as parcelas do ciclo hidrológico, diminuindo a água infiltrada e aumentando os escoamentos superficiais. Em segundo plano, mas não menos importante, pode-se destacar a ineficiência dos sistemas drenagem e a urbanização irregular e sem controle com a instalação de comunidades de baixa renda em áreas de risco, várzeas de rios e encostas. De acordo com Enomoto (2004) os problemas relacionados com as inundações podem ocorrer em duas regiões principais: Na várzea natural: as enchentes ocorrem devido à má ocupação das regiões ribeirinhas. Essas regiões, geralmente pertencem ao poder público e são frequentemente invadidas por sub-habitações que não têm valor imobiliário, e 24 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nas áreas urbanizadas: a ocupação do espaço urbanizado normalmente é feito de jusante para montante. A urbanização geralmente se preocupa com a drenagem da área do loteamento (esgotos pluviais), sem se preocupar com os efeitos para a macrodrenagem. Há, portanto, uma sobrecarga da drenagem secundária sobre a macrodrenagem. As áreas mais afetadas ficam a jusante. Já Tucci (2005) comenta que o escoamento pluvial pode produzir inundações e impactos nas áreas urbanas devido a dois processos, que ocorrem isoladamente ou combinados: Inundações de áreas ribeirinhas: são inundações naturais que ocorrem no leito maior dos rios devido à variabilidade temporal e espacial da precipitação e do escoamento na bacia hidrográfica, e Inundações devido à urbanização: são as inundações que ocorrem na drenagem urbana devido ao efeito da impermeabilização do solo, canalização do escoamento ou obstruções ao escoamento. As ações antrópicas alavancadas pelo processo de urbanização são as principais causas de agravamento das inundações. Dentre elas pode-se destacar o desmatamento, a substituição da cobertura vegetal natural, a instalação de redes de drenagem artificial, a ocupação das várzeas, a impermeabilização do solo, o aumento da produção de sedimentos e resíduos sólidos, entre outros. Essa interferência humana desassociada ou em conjunto acarreta sérias modificações sobre a dinâmica dos processos hidrossedimentológicos que se desenvolvem na bacia hidrográfica. Compartilhando o parágrafo supracitado, Tucci (2008) destaca que à medida que a cidade se urbaniza, em geral, ocorre os seguintes impactos: Aumento das vazões máximas em várias vezes e da sua frequência em virtude do aumento da capacidade de escoamento através de condutos, canais e impermeabilização das superfícies; Aumento da produção de sedimentos pela falta de proteção das superfícies e pela produção de resíduos sólidos (lixo); 25 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea, em razão de lavagem das ruas, transporte de material sólido e de ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial, e Projetos e obras de drenagem inadequadas, com diâmetros que diminuem a jusante, drenagem sem esgotamento, entre outros. A Figura 2.1, ilustra as variações que ocorrem nas parcelas do ciclo hidrológico devido a mudanças provocadas pela urbanização na bacia hidrográfica. Figura 2.1: Mudanças no ciclo hidrológico devido a urbanização. Fonte: Adaptado de Miguez e Magalhães, 2010. Por sua vez Righetto et. al. (2009) afirma que o desmatamento, a substituição da cobertura vegetal natural, a instalação de redes de drenagem artificial, a ocupação das áreas de inundação, a impermeabilização das superfícies, a redução dos tempos de concentração e o aumento dos deflúvios superficiais, vistos sob um enfoque “imediatista” da ocupação do solo, refletem-se diretamente sobre o processo hidrológico urbano, com alterações drásticas de funcionamento dos sistemas de drenagem urbanos (Figura 2.2). 26 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.2: Impactos da urbanização. Fonte: Righetto et. al., 2009. Diante do exposto, torna-se evidente que o aumento na densidade populacional urbana traz a tona o desafio de gerir de maneira sustentável as águas urbanas. Vislumbrando problemas de ordem quantitativa, destaca-se que o aumento da produção de sedimentos, da geração de resíduos sólidos e da concentração de poluentes nas águas superficiais e sub-superficiais torna preocupante a degradação do meio ambiente em bacias urbanas. Por outro lado a incisiva instalação de edificações e obras de infraestrutura viária traz como consequência o acréscimo de áreas impermeáveis o que modifica os padrões da drenagem da pré-urbanização e por sua vez aumenta e antecipa os picos dos hidrogramas, amplifica os volumes escoados e reduz a recarga das águas subterrâneas. Os estragos das inundações dependem não só da fragilidade da área atingida, em função do tipo de ocupação e uso do solo, da drenagem em geral, das condições sanitárias das comunidades socialmente menos favorecidas e da infraestrutura de saneamento básico, como também, da vulnerabilidade física dos investimentos públicos, privados, àqueles do setor produtivo e da importância da área como acesso a outras regiões economicamente ativas (SEMADS, 2001). 27 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Lou (2010) afirma que todas as medidas antrópicas citadas anteriormente, tomadas sem um mínimo de planejamento urbano, trazem, como consequência, danos à sociedade em vários aspectos. A seguir, estão listados alguns dos prejuízos causados pelas enchentes nas cidades: Veículos enguiçados, arrastados e atingidos por árvores; Aumento do número de acidentes por colisões de veículos; Riscos de mortes por afogamentos, colisões de veículos, choques elétricos ou deslizamento de terras; Propagação de doenças de veiculação hídrica e proliferação de vetores; Prejuízos à saúde humana devido ao estresse; Danos à infraestrutura urbana que comprometem o atendimento de serviços básicos; Desvalorização de imóveis e danos à propriedade; População desalojada e desabrigada; Custo operacional com engarrafamentos e perdas de horas de trabalho; Interrupção de atividades comerciais e perdas de produção econômica; e Gastos com limpeza das vias sejam por perdas de horas de trabalho ou por custos operacionais com maquinários para remoção da sujeira. A repercussão das tragédias ocorridas no Brasil devido à ocorrência de grandes chuvas e inundações é facilmente acompanhada através dos noticiários das principais emissoras de televisão, rádio e também na internet. Para ilustrar que o assunto é preocupação não só dos meios de comunicação basta analisar as palavras do presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), Marcos Túlio de Melo, quando da solicitação ao Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, de uma reunião extraordinária com o Conselho Nacional de Defesa Civil para tratar, prioritariamente, as medidas tomadas pelos órgãos municipais, estaduais e federais em relação às consequências das chuvas no Sudeste, bem como definir diretrizes para um plano nacional de prevenção de tragédias (CONFEA, 2011). A seguir é apresentada uma análise elaborada por Marcos Túlio, presidente do órgão de 28 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA maior destaque no país quando se trata de problemas relacionados à Engenharia, que envolve em última análise problemas social e de investimentos: “Hoje, há um número enorme de ocupação de áreas inundáveis e de risco geológico. Por quê?. A nossa falta de planejamento levou à expansão urbana que saiu de 20% de ocupação para cerca de 85%, sem planejamento, concentrando pessoas em áreas que geram grandes problemas como esse. A política urbana brasileira, com rápida expansão, não teve planejamento adequado e eficácia na fiscalização. Nesse sentido, uma política de remoção será inevitável. Por exemplo, na Serra do Mar. Especialistas disseram que a possibilidade de ocorrência de escorregamento na Serra do Mar é de 100%. Isso significa que em nenhuma hipótese essas áreas podem estar ocupadas”. “O planejamento tem de ser territorial, municipal, estadual e federal. Além disso, não bastam ações emergenciais e pontuais. É preciso planejamento de longo prazo. Como exemplo, lembro dos diques construídos nos municípios de Januária e Pirapora (MG). Eles não tiveram manutenção. E o que vai acontecer? Basta ter uma incidência maior de chuva, como previsto para os próximos 20 anos e poderá inundar tudo. É uma questão de decisão política e de alocação de recursos. O governo está pensando em resolver um problema político. Nós precisamos resolver um problema que também é técnico e social de uma gravidade e de um nível de investimento em que se fala em 2 trilhões de dólares somente para as medidas preventivas”. 2.2. Medidas de controle de enchentes urbanas A ocorrência das enchentes é algo inevitável, pois se trata de um fenômeno natural que está inserido no processo cíclico dos diversos estados e presença da água sobre a superfície terrestre. Resta aos profissionais da área de drenagem aceitar e quantificar o risco que será aceitável no desenvolvimento dos projetos de controle de enchentes, para dimensionar suas obras. Assim, não importa o quão bem elaborado seja o projeto da intervenção hidráulica realizada, pois este sempre carregará consigo uma probabilidade de falha, o que pode causar grandes tragédias às cidades densamente urbanizadas. Diante deste Cenário, o que resta aos órgãos responsáveis é preparar os sistemas urbanos e a população atingida para que os prejuízos sejam minimizados. Os engenheiros possuem um leque de medidas técnicas de engenharia que podem ser utilizadas no combate das inundações urbanas, no sentido de minimizar os riscos a que as comunidades estão submetidas, diminuindo os prejuízos causados pelas inundações e facilitando o desenvolvimento urbano de forma integrada e sustentável. No entanto, as alternativas devem ser avaliadas de forma parcimoniosa, integrando ações de cunho técnico, administrativo, social e econômico. 29 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com a tradição, a principal obra de controle das enchentes em áreas urbanas é a retificação e a canalização, o que resolve o problema das inundações em curto prazo e localmente, trazendo à tona a ineficiência desses projetos num horizonte de planejamento aos quais se propõem os diversos planos diretores. Além disso, essa intervenção estrutural transfere os problemas pontuais para jusante, atingindo uma nova parcela da população. Nascimento & Baptista (2009) destaca que os reflexos da urbanização intensa sobre os processos hidrológicos têm evidenciado os limites das soluções tradicionais de drenagem urbana. Isso decorre da tendência das soluções tradicionais em agravar ou intensificar tais efeitos. Os sistemas tradicionais de drenagem são pouco flexíveis e adaptáveis a mudanças de uso do solo, frequentes em processos intensos de urbanização. Revelam-se, assim, onerosos e de rápida obsolescência, requerendo pesados investimentos do setor público em reconstrução, em particular quando se trata de novas intervenções em espaços já construídos. Esse tipo de intervenção, muitas vezes feito em caráter de emergência, após a ocorrência de eventos graves de inundação, tende a conduzir ao emprego de soluções localizadas e parciais, adotadas a partir de estudos de diagnóstico e de alternativas elaborados de forma apressada e simplista. A percepção da ineficiência das medidas tradicionais de controle das inundações alavancou, nas últimas décadas, uma mudança na concepção e abordagem do problema principalmente em países como a França, Estados Unidos, Austrália e Japão. Os principais termos utilizados são Best Management Practices (BMP’s), Low Impact Development (LID) e Sensitive Urban Design (SUD). No Brasil os termos tradicionalmente utilizados são Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana (BAPTISTA et. al., 2005) e Medidas NãoConvencionais em Drenagem Urbana (CANHOLI, 2005). No contexto geral essa nova abordagem, considera-se a unidade de planejamento e gestão dos recursos hídricos de forma sistêmica e integrada, agindo sobre as parcelas do ciclo hidrológico e priorizando ações que resgatem a naturalidade dos processos físicos na bacia, mesmo antes da urbanização da mesma. Insere-se também nos objetivos dessa nova visão a busca por paisagens hidrológicas funcionais, aumentando os ganhos econômicos e paisagísticos, bem como a preservação e sustentabilidade do meio ambiente urbano. Miguez & Magalhães (2010) corroboram os pensamentos supracitados destacando o conceito de drenagem sustentável, o qual estabelece que sistemas de drenagem precisam 30 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ser concebidos no intuito de minimizar impactos da urbanização sobre os padrões naturais de escoamento, combinando aspectos quantitativos e qualitativos, alcançando objetivos técnicos, sociais, econômicos e políticos, sem transferir custos no espaço e no tempo. Já Miguez et. al. (2009) afirmam que em projetos de controle de inundações integrados, o efeito combinado do conjunto de intervenções é geralmente muito diferente do somatório dos efeitos isolados de cada intervenção, individualmente considerados. Assim, a análise da bacia de forma sistêmica possibilita a avaliação dos efeitos das inundações com vistas a intervenções distribuída na bacia, buscando resultados mais satisfatórios. No Brasil, observam-se diversos avanços em pesquisa e em aplicação de técnicas compensatórias no Manejo das Águas Pluviais. Alguns exemplos de resultados publicados sobre o tema são aqui citados, sem a pretensão de organizar uma lista exaustiva de publicações: Baptista et. al. (2005), Canholi (2005), Souza & Tucci (2005), Miguez (2001), Rezende (2010). No entanto, ainda há uma grande inércia para a implementação de tais abordagens, seja pela falta de capacitação técnica, seja pelo alto grau de degradação das bacias urbanas brasileiras ou ainda pelo alto grau de impermeabilização do solo, não dispondo das áreas necessárias para a implantação destas técnicas (Holz, 2010). É importante diferenciar os termos “ideia” e “conceito” no que diz respeito à Gestão das Águas Urbanas e, consequentemente, a utilização de soluções com a abordagem da drenagem urbana moderna para tratar o problema das inundações, pois apesar de existirem leis no país (e.g. Lei do Saneamento 11.445/2007) que recomendem a execução de obras que visam o manejo sustentável das águas pluviais, que é um “conceito”, muitas vezes percebe-se que a “ideia” não está na cabeça daqueles que detém o poder para instruir a respeito das propostas de obras de drenagem urbana, como é o caso percebido no Manual elaborado pelo Ministério da Integração Nacional, apresentado na Figura 2.3. Na capa do Programa 1138 (Figura 2.3), é possível visualizar o contra-senso, pois apesar do programa inserir em seu contexto a abordagem de ações em drenagem urbana, que visam o manejo sustentável das águas pluviais, as fotos em sua capa mostram extensos trechos de rios onde são executadas a principal obra da drenagem tradicional (canalização) sem apresentar, sequer, uma das diversas medidas que visam soluções sustentáveis no âmbito da Gestão das Águas Pluviais. 31 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.3: Capa do Programa 1138 – Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial. Fonte: Ministério da Integração (2011). Porém, vale destacar que, apesar dos eficientes resultados encontrados utilizando intervenções sobre o ambiente urbano, embasadas pela nova abordagem da drenagem urbana, as medidas de controle de inundações podem e devem aliar, tanto soluções tradicionais, quanto ações sustentáveis em busca da melhor solução para o problema, como destacado por Canholi (2005). Como o objetivo desta dissertação é avaliar os problemas das enchentes urbanas e propor soluções, sempre que possível sustentáveis e integradas às principais medidas de controle de inundações utilizadas pela engenharia, serão apresentadas, a seguir, os dois principais tipos de medidas utilizadas, quais sejam estruturais e não-estruturais. 2.2.1. Medidas estruturais Medidas estruturais são todas as intervenções projetadas e construídas pelo homem para minimizar o risco de inundação aos quais determinadas áreas estão submetidas. As medidas estruturais podem ser de natureza extensiva (na bacia) ou de caráter intensivo (no rio). Medidas extensivas são aquelas que visam modificar as relações chuva-vazão que ocorrem na bacia (modificando o escoamento superficial) e a produção de sedimentos (gestão da degradação do solo). Medidas intensivas agem no rio e são divididas em três 32 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA tipos, quais sejam: as que aceleram o escoamento, as que retardam o escoamento e aquelas que desviam os escoamentos. Todas as medidas intensivas tentam evitar o vertimento do escoamento para as áreas ribeirinhas. As medidas intensivas que aceleram os escoamentos são a construção de diques, e o aumento da condutância do canal ou retificações. As medidas intensivas projetadas para retardar os escoamentos são os reservatórios superficiais e as bacias de amortecimento. Já as medidas destinadas a desviar o escoamento são os canais de desvios (SIMONS et. al., 1977). A principal finalidade das medidas estruturais extensivas é promover a redução do pico das enchentes, por meio do amortecimento conveniente das ondas de cheia, obtida pelo armazenamento de parte do volume escoado. Entretanto, a utilização dessas estruturas vem sendo associada também a outros usos, como recreação e lazer e mais recentemente a melhoria da qualidade da água (CANHOLI, 2005). Alguns autores também estabelecem uma classificação para as medidas estruturais de acordo com sua distribuição espacial na bacia, na geração dos escoamentos ou na rede de drenagem. Tucci et. al. (1995) classifica estas medidas de acordo com a sua atuação na bacia, dividindo-as em medidas distribuídas, na microdrenagem e na macrodrenagem. Essas medidas são descritas a seguir: Distribuídas: é o controle que atua sobre o lote, praças e passeios. São também conhecidas como controle na fonte; Na microdrenagem: é o controle que age sobre o hidrograma resultante de um ou mais loteamentos, e Na macrodrenagem: é o controle que atua sobre os rios e canais. A Figura 2.4 ilustra a atuação dessas medidas no ambiente urbano. 33 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.4: Alguns tipos de medidas de controle segundo local de atuação: 1. Distribuídas; 2. Na microdrenagem e 3. Na macrodrenagem. Fonte: Rezende, 2010. Dentre as principais medidas estruturais inseridas nas bacias urbanas, pode-se destacar a canalização, barragens e reservatórios, criação de parques longitudinais inundáveis, diques, reservatórios em praças ou lotes, entre outros. Estas obras contemplam medidas tradicionais e compensatórias. Vale ressaltar que estes projetos de controle, geralmente, são fundamentais para ações corretivas. A Tabela 2.1 resume os principais tipos e características das medidas estruturais enfatizadas por Simons et. al. (1977). 34 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Tabela 2.1: Esquema comparativo de medidas estruturais de controle de inundações. PRINCIPAL VANTAGEM MEDIDA ----------------------------- Extensivas Alteração da cobertura Redução do pico de cheia vegetal Controle de perda do Reduz assoreamento solo ----------------------------- Intensivas Alto grau de proteção das áreas ----------------------------Melhoria do canal Redução da rugosidade Aumento da vazão com pouco investimento por desobstrução Amplia a área protegida Corte de meandro e acelera o escoamento ----------------------------Reservatório Diques e polders Todos os reservatórios Controle a jusante Reservatórios com Mais eficiente com o mesmo volume comportas Reservatórios para Operação com mínimo de perdas cheias ----------------------------Mudança de canal Amortecimento de Caminho da cheia volume Reduz a vazão do canal Desvios PRINCIPAL DESVANTAGEM APLICAÇÃO ----------------------------- --------------------------- Impraticável para grandes áreas Impraticável para grandes áreas Pequenas bacias Pequenas bacias ----------------------------- --------------------------- Danos significativos caso falhem ----------------------------- Grandes rios e na planície --------------------------- Efeito localizado Pequenos rios Impacto negativo em rio com fundo aluvionar ----------------------------Localização difícil devido a desapropriação Vulnerável a erros humanos ----------------------------- Área de inundação estreita --------------------------Bacias intermediárias Projetos de usos múltiplos Restrito ao controle de enchentes --------------------------- Depende da topografia Grandes bacias Depende da topografia Bacias médias e grandes Custo não partilhado Fonte: Adaptado de Simons et. al., 1977. Já a Tabela 2.2 mostra a classificação das medidas estruturais de acordo com Righetto et. al. (2009). Tabela 2.2: Categorias de medidas estruturais e tipo de intervenção. CATEGORIA Detenção do escoamento Área inundável Vegetação Dispositivos de infiltração Filtros orgânicos e de areia Tecnologias alternativas TIPO Bacia de detenção ou de atenuação de cheia; Bacia de retenção com infiltração. Terreno adaptado a alagamento. -----------------------------------------Vala de infiltração; Bacia de infiltração; Pavimento poroso. Filtro superficial de areia; Filtro subterrâneo. ------------------------------------------ Fonte: Adaptado de Righetto et. al., 2009. 35 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nos parágrafos seguintes serão apresentadas algumas descrições das medidas estruturais sejam elas extensivas ou intensivas. O texto foi extraído de Tucci & Bertoni (2003), Tucci (2005), Righetto et. al. (2009), Miguez & Magalhães (2010) e corroboram com as ideias do autor. Cobertura vegetal: interfere no processo chuva-vazão, reduzindo as vazões máximas, devido ao amortecimento do escoamento. Além disso, reduz a erosão do solo que pode aumentar, gradualmente, o nível dos rios e agravar as inundações. A preservação desta armazena parte do volume de água precipitado pela interceptação vegetal, aumenta a evapotranspiração e reduz a velocidade do escoamento superficial pela bacia hidrográfica. O aumento da cobertura é uma medida extensiva para redução das inundações, mas aplicável a pequenas bacias, onde tem mais efeito (< 10 km2). O efeito maior deste tipo de medida é sobre os eventos mais frequentes de alto risco de ocorrência. Para eventos raros de baixo risco de ocorrência o efeito da cobertura vegetal tende a ser pequeno. Controle da erosão do solo: o aumento da erosão implica a redução da área de escoamento dos rios e consequente aumento de níveis. O controle da erosão do solo pode ser realizado pelo reflorestamento, pequenos reservatórios, estabilização das margens e práticas agrícolas corretas. Como a maioria dos rios urbanos encontram-se canalizados o controle da erosão é importantíssimo visto que estas obras foram projetadas visando o equilíbrio hidrossedimentológico destes corpos hídricos. Sistemas de detenção do escoamento (bacias de detenção e retenção): retêm parte do volume da enchente, reduzindo a vazão natural, procurando manter no rio uma vazão inferior àquela que provocava extravasamento do leito. O volume retido no período de vazões altas é escoado após a redução da vazão natural, impedindo a inundação de áreas situadas à jusante. Podem ser instalados on-line ou off-line, ou seja, inserido ou não no eixo principal do rio. A fundamental diferença entre as bacias de detenção e retenção é que esta além de armazenar o volume gerado na bacia, possibilita a melhoria da qualidade da água, pois possui um volume permanente, formando um lago e possibilitando o depósito dos sólidos em suspensão e a dissolução de poluentes por decomposição. 36 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diques ou pôlderes: são muros laterais de terra ou concreto, inclinados ou retos, construídos a certa distância das margens, que protegem as áreas ribeirinhas contra o extravasamento. Os efeitos de redução da largura do escoamento, confinando o fluxo, é o aumento do nível de água na seção para a mesma vazão, aumento da velocidade e erosão das margens e da seção e redução do tempo de viagem da onda de cheia, agravando a situação de outras seções a jusante. O maior risco existente na construção de um dique é a definição correta da enchente máxima provável, pois existirá sempre um risco de colapso, quando os danos serão piores do que se o mesmo não existisse. Modificações do rio: as modificações na morfologia do rio (e.g. canalização e retificação) visam aumentar a vazão para um mesmo nível, reduzindo a sua frequência de ocorrência. Isto pode ser obtido pelo aumento da seção transversal ou pelo aumento da velocidade. Para aumentar a velocidade é necessário reduzir a rugosidade, tirando obstruções ao escoamento, dragando o rio, aumentando a declividade pelo corte de meandros ou aprofundando o rio. Essas medidas, em geral, apresentam custos elevados, além de transferir os problemas para jusante visto que agem localmente. Canais verdes: são canais artificiais que visam complementar o sistema de drenagem e são executados com superfícies vegetadas ou permeáveis. Esses canais promovem a infiltração da água no solo reduzindo o impacto do escoamento a jusante. O escoamento na forma de lâmina sobre as superfícies vegetadas possibilita a remoção de alguns tipos de poluentes. Nesse caso, a vegetação atua como uma espécie de filtro biológico. Esses canais podem funcionar secos ou com lâminas d’água. Nesses sistemas, o escoamento pode ser retido temporariamente em pequenas estruturas de represamento dispostas em série. Superfícies vegetadas são indicadas para fundos de lotes em áreas residenciais ou no acostamento de vias, em substituição às soluções tradicionais de drenagem. Sistema de biorretenção: esses sistemas podem compor a paisagem natural da região; podem também ser implantados com plantas de diferentes espécies e tamanhos. Em geral, localizam-se em baixios ou depressões, para onde converge o escoamento 37 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA gerado na bacia. Reproduzem o ecossistema natural onde a atividade biológica atua promovendo a filtragem da água. Neles, o deflúvio, resultado das chuvas intensas, gera o empoçamento da superfície e a infiltração da água no solo. Os poluentes são removidos da água mediante adsorção, filtração e decomposição da matéria orgânica. As plantas são componentes fundamentais nesse sistema, responsáveis pela retirada da água e dos poluentes; têm ainda a vantagem de integrar a paisagem natural, sendo recomendáveis em áreas com alto índice de impermeabilização, como estacionamentos. Apesar das vantagens supracitadas são vulneráveis à colmatação do solo por depósito de sedimentos, podem se tornar ambiente favorável à proliferação de mosquitos e vetores, em caso de falta de limpeza e manutenção. Sistemas de infiltração (Bacias de infiltração, vala de infiltração, pavimento permeável): têm a finalidade de reter o escoamento gerado na bacia com a infiltração no próprio local, reduzindo, assim, o impacto do escoamento excedente e da carga de poluentes lançados no corpo receptor, os quais estão associados ao aumento da impermeabilização do solo. Normalmente, são projetados para funcionar durante várias horas ou mesmo dias; podem ser importantes na recarga do aquífero, proporcionando a remoção de poluentes orgânicos à medida que a água se infiltra nas camadas do solo. No entanto, avaliações de vulnerabilidade devem ser realizadas nos casos em que a água subterrânea local é usada como fonte de abastecimento. Além disso, sua eficiência está diretamente associada à capacidade de infiltração e percolação de todo o perfil do solo no local. Paisagens Multifuncionais: São obras de paisagismo e urbanismo que prevê usos múltiplos para a mesma localidade. O objetivo é atribuir uma funcionalidade hidrológica e hidráulica a estruturas típicas que compõem o ambiente urbano, por exemplo, fazer com que praças públicas funcionem como bacias de detenção quando da ocorrência de precipitações intensas, e após o término das chuvas e manutenção da área por parte do órgão competente, volte a ter a função paisagística e de lazer. A Figura 2.5 mostra alguns dos dispositivos ou medidas estruturais utilizadas como solução para atenuar os problemas das enchentes urbanas espalhadas pelo Brasil e o mundo. 38 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA a) c) e) b) d) f) Figura 2.5: a/b) Modificações do rio, c/d) Sistemas de infiltração, e) bacia de detenção e f) bacia de retenção. Fontes: Arrudas, 2010 (a e b); LIUDD, 2009 (c e d) e Greenville, 2011 (e e f). Já a Figura 2.6 mostra a implantação de estabelecimentos, na bacia do riacho Reginaldo, onde poderiam ter sido instaladas medidas estruturais inseridas no contexto do Manejo Sustentável das Águas Pluviais, privilegiando a retenção e infiltração das precipitações no solo, em vez da quase total impermeabilização do mesmo. Isso mostra que 39 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA os Órgãos competentes, estaduais ou municipais, ainda não criaram instrumentos que obriguem os empresários a reter, ao menos, parte do escoamento adicionado ao sistema de drenagem como consequência da implantação de seus estabelecimentos. Figura 2.6: Padrão de urbanização em alguns estabelecimentos comerciais na bacia do riacho Reginaldo. Vale destacar que não se verificam consideráveis projetos de controle de inundações, inserido no contexto da drenagem sustentável moderna, presentes na bacia do riacho Reginaldo. Por fim ressalta-se que, mesmo com a evolução da utilização de obras ligada ao Manejo Sustentável de Águas Pluviais no Brasil, a principal preocupação dos profissionais que solucionam os problemas ligados a inundações no país está relacionada ao aspecto quantitativo, ao passo que nos países pioneiros ligados ao desenvolvimento das soluções sustentáveis (EUA, Austrália, Países Europeus) a preocupação já é com a questão da poluição pontual dos corpos hídricos e também com a poluição difusa. Ilustrando essa realidade, mostra-se a Figura 2.7, onde, segundo Canholi (2005), o Brasil situa-se na Fase 2. 40 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Controle de Enchentes Controle de Enchentes Controle de Enchentes Controle de Enchentes FASE 1 Recreação, Paisagismo e Outros usos FASE 2 Recreação, Paisagismo e Outros usos Controle de qualidade da água FASE 3 Recreação, Paisagismo e Outros usos Controle de qualidade da água Mananciais urbanos (water harvesting) FASE 4 Figura 2.7: Desenvolvimento histórico e a utilização de medidas de armazenamento na gestão de águas pluviais. Fonte: Adaptado de Usepa, 1999 e Canholi, 2005. A fim de ilustrar a utilização de parte das medidas estruturais de controle de inundações supracitadas, utilizadas no Brasil e no mundo, são citados os seguintes trabalhos. Rezende et. al. (2011) apresentam um estudo de caso no âmbito do Manejo Sustentável de Águas Pluviais, que propõe a utilização do conceito de paisagem multifuncional, na cidade de Mesquita, região metropolitana do Rio de Janeiro inserida na bacia dos rios Iguaçu-Sarapuí. O projeto de controle de inundações propõe a utilização de uma bacia de detenção, projetada para permitir o uso múltiplo do ambiente urbano. Como resultado, os autores demonstram que com a utilização da bacia de retenção, associada ao uso múltiplo da localidade, foi possível amortecer a vazão de pico do hidrograma em aproximadamente 60% para uma enchente com tempo de retorno de 50 anos. 41 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Além de discutir os benefícios trazidos com a utilização das medidas estruturais que compõem o LID, Hinman (2010) simulou o comportamento de algumas práticas de baixo impacto, quais sejam: sistemas de biorretenção, valas de infiltração, pavimentos permeáveis, composto de solos alterados e dispersão do escoamento superficial (surface flow dispersion). O modelo utilizado foi o Western Washington Hydrology Model e a área de estudo localizava-se em Washington. O autor comenta que, primeiramente, foi avaliado o efeito das práticas do LID individualmente e, no segundo momento, com uma abordagem integrada. Rezende (2010) utilizou o MODCEL para simular o comportamento da bacia do rio Pilar/Calombé (Baixada Fluminense-RJ) utilizando os conceitos do Manejo Sustentável das Águas Pluviais. Dentre as intervenções modeladas em seus Cenários pode-se destacar a implantação de reservatórios em praças urbanas, renaturalização das várzeas da bacia, recomposição da cobertura vegetal em algumas encostas inseridas na área de estudo e a implantação de um Parque Fluvial inundável ao longo da margem direita do rio Pilar e em alguns trechos do rio Calombé. Peplau et. al. (2009) aponta como possíveis medidas, para mitigar os problemas relacionados às inundações dentro do campus da UFPE em Recife, a utilização de técnicas que favoreçam a infiltração das águas das chuvas no solo, visto que o campus possui grande vocação para promover uma política de boas práticas para o Manejo das Águas Pluviais. O autor destaca que poderiam ser utilizadas medidas de controle na fonte (lote, edificação) na macro e microdrenagem. Após realização de ensaios para avaliar a vocação de algumas áreas do campus para implantação de sistemas de infiltração, o autor recomenda o uso dessas práticas. Fátima et. al. (2009) avaliou as inter-relações entre o paisagismo e a drenagem das águas pluviais urbanas. De acordo com os autores, busca-se, trazer o Paisagismo a uma discussão no contexto hidrológico, com proposições para uma gestão integrada junto aos projetos de drenagem, pontuando o manejo das águas pluviais urbanas, destacando a utilidade das árvores e as técnicas utilizadas para minimizar os efeitos erosivos e substituir a utilização de elementos impermeabilizantes, optando pelo uso de vegetação que cada vez se torna mais escassa nos grandes centros urbanos. 42 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Andoh & Iwugo (2002) comentam que foram utilizadas diversas alternativas que contemplam o sistema de drenagem sustentável urbana na expansão da zona leste de Dunfermline na Escócia. O plano visava estruturar uma área de 550 ha para os próximos 20 anos e a principal preocupação dos órgãos reguladores era com a qualidade e quantidade dos novos escoamentos gerados. Para controlar os potenciais problemas que ocorreriam se a área fosse expandida sem planejamento, implantaram no sistema de drenagem medidas estruturais como bacias de retenção, valas de infiltração, bacias de detenção e charcos artificiais. 2.2.2. Medidas não-estruturais Contrapondo a ideia de agir fisicamente no sistema de drenagem, como premissa básica adotada por medidas estruturais para combater os efeitos das inundações, o objetivo das medidas não-estruturais para reduzir a exposição da comunidade a estas é conscientizar a população da importância de prevenir-se contra as mesmas. Segundo Miguez & Magalhães (2010) estas ações vão desde o planejamento urbano até o zoneamento das inundações. O cerne da concepção das medidas não-estruturais, baseia-se em preparar a população para o convívio com as inundações a níveis aceitáveis. Zonear a passagem das ondas de cheias identificando seu espraiamento e profundidades atingidas, utilizar sistemas de alerta de cheias que possam auxiliar na evacuação de áreas de risco quando da ocorrência de precipitações de maior magnitude, elaborar planos de contingência que identifiquem os abrigos, as rotas de fuga, bem como treinar a população e os líderes comunitários, fazem parte do leque de medidas não-estruturais. A certeza de que não é possível projetar obras de Engenharia (medidas estruturais) que protejam completamente contra os riscos das enchentes urbanas, exige que alternativas de prevenção associada à conscientização popular (medidas não-estruturais) sejam utilizadas em conjunto para solucionar o problema. As medidas estruturais, por si só, não conseguem solucionar os problemas por completo por dois principais motivos, o primeiro está relacionado com a própria natureza do fenômeno que por ser natural não permite que se quantifique de maneira exata a sua maior magnitude ao longo dos anos, o segundo é que em muitos casos é fisicamente e economicamente inviável mitigar os problemas apenas com intervenções físicas, visto que os custos para proteger áreas com 43 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA alta vulnerabilidade por meio de medidas estruturais, em geral, é superior ao de medidas não-estruturais. Neste Cenário, existe um vasto conjunto de medidas não-estruturais, tais como: o planejamento urbano, o zoneamento das áreas de inundação, gestão e regulação da ocupação das planícies de inundação, sistema de previsão e alerta, medidas de proteção individual, atividades educacionais, seguro contra inundação, redução do efeito das áreas impermeáveis, conservação da rede de drenagem e dos corpos d’água, são algumas destas medidas conforme afirmam Andjelkovic (2001), Tucci (2005), Righetto et. al. (2009) e Miguez e Magalhães (2010). As medidas não-estruturais que visam controlar as inundações podem ser agrupadas em categorias, conforme mostra a Tabela 2.3. Tabela 2.3: Categorias das medidas não-estruturais e descrição de suas ações. PRINCIPAIS CATEGORIAS Educação pública Planejamento e manejo da água Uso de materiais e produtos químicos Manutenção dos dispositivos de infiltração nas vias Controle de conexão ilegal de esgoto Reuso da água pluvial MEDIDAS NÃO-ESTRUTURAIS Educação pública e disseminação do conhecimento. Equipe técnica capacitada; Superfícies com vegetação; Áreas impermeáveis desconectadas; Telhados verdes; Urbanização de pequeno impacto. Uso de produtos alternativos não poluentes; Práticas de manuseio e de armazenamento adequadas. Varrição das ruas; Coleta de resíduos sólidos; Limpeza dos sistemas de filtração; Manutenção das vias e dos dispositivos; Manutenção dos canais e cursos d’água. Medidas de prevenção contra a conexão ilegal; Fiscalização: detecção, retirada e multa; Controle do sistema de coleta de esgoto e de tanques sépticos. Jardinagem e lavagem de veículos; Sistema predial; Fontes e lagos. Fonte: Adaptado de Righetto et. al., 2009. A seguir serão discutidas algumas das medidas não-estruturais, citadas anteriormente, visto que cada uma delas tem sua importância particular. 44 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Sistema de previsão e alerta O sistema de alerta contra inundações em uma bacia hidrográfica tem a finalidade de antecipar o conhecimento das magnitudes das cheias, provocadas por precipitações pluviais sobre a bacia, em particular nos locais em que as inundações podem provocar danos. O monitoramento hidrológico é formado por um conjunto de estações pluviométricas que cobrem a área de drenagem das bacias hidrográficas e por estações fluviométricas em vários pontos distribuídos pela rede hidrográfica. As informações registradas são enviadas por telemetria a uma central de monitoramento para processamento e divulgação. Dependendo dos riscos envolvidos, incluem-se no sistema o radar meteorológico, imagens de satélite, informações pessoais via rádio, etc. Imprescindível é que o sistema de alerta esteja integrado e monitorado por meio de modelagem hidráulica-hidrológica, a fim de se realizar simulações de Cenários e de reduzir incertezas de curto prazo, que possam pôr em dúvida as previsões e, consequentemente, as tomadas de decisão (RIGHETTO et. al., 2009). Os sistemas de previsão e alerta apresentam resultados mais eficientes em grandes bacias que nas pequenas. Isto se deve, principalmente, devido às dificuldades e incertezas relacionadas à previsão das chuvas intensas de curta duração, bem como da rápida resposta das bacias de pequenas áreas por conta de seu tempo de concentração reduzido. Este Cenário representa boa parte das bacias urbanas brasileiras, o que exige bastante cautela por parte dos operadores do sistema de alerta, para que essa medida desempenhe seu papel conforme proposto. Segundo Andjelkovic (2001), para o bom funcionamento do sistema, é preciso criar um programa de operação unificado, determinando os procedimentos de previsão, alerta, comunicação, mobilização e evacuação. Os elementos desse programa são os seguintes: Sistema de monitoramento das inundações, composto de equipamentos, pessoas e procedimentos, para obter dados de chuva e vazão, analisarem as características das inundações e fazer as previsões; Mapeamento dos riscos, previsão das cotas que a água atingirá nas áreas que serão inundadas e emissão dos avisos às instituições e comunidades afetadas; 45 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Política de informação pública, para conscientizar a respeito dos problemas de inundações e divulgação da informação rapidamente; Plano emergencial, instruindo sobre as ações a serem tomadas antes, durante e imediatamente após a inundação, e Programa de gestão e manutenção da inundação, para atualizações, teste e monitoramento das condições de inundações, alertas e planos de emergência. A Figura 2.8 apresenta um esquema típico do funcionamento de sistemas de previsão e alerta. Figura 2.8: Atividades típicas dos sistemas de previsão e alerta. Fonte: Adaptado de Andejelkovic, 2001 apud Rowney A. C. et. al, 1997. De acordo com Smith (19962, apud Miguez e Magalhães, 2010) avisos precoces podem salvar vidas e reduzir significativamente as perdas tangíveis e intangíveis, devido aos perigos naturais. Nos países desenvolvidos, a utilização de previsão de cheias e sistemas de alerta, tais como os implementados para as bacias dos rios Danúbio e Mississippi, representa uma 2 Smith, K. (1996). Environmental Hazards, Assessing Risk and Reducing Disaster. Routledge, London. 46 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA das principais tendências em termos de medidas de controle não-estruturais de inundação e têm se mostrado altamente eficaz na redução de danos causados por enchentes. No Brasil existem três importantes sistemas de alerta voltados a regiões vulneráveis a grandes impactos quando ocorrem inundações, quais sejam: o da Região Metropolitana de São Paulo, denominado Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo (SAISP) e operado pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH), do Rio Doce, denominado Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (SIMGE), sob a responsabilidade do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), e do rio Itajaí, denominado Centro de Operações do Sistema de Alerta (CEOPS), coordenado pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Seguro de inundação Nas áreas sujeitas a inundações relativamente frequentes, onde as perdas de bens podem ser significativas, principalmente em áreas comerciais e industriais, a implantação de um fundo de seguro torna-se viável a partir de informações de prejuízos causados pelas enchentes em eventos ocorridos no passado. Um trabalho de gestão em que se incorpore a simulação e a conscientização das pessoas atingidas, quanto à avaliação hidrológica aos riscos de inundação, de um possível sistema econômico de poupança que permita se implantar um modelo de seguro, baseado em riscos e em prejuízos, da disposição dos interessados em investirem nesse sistema a partir da fixação de valores de prêmios a serem pagos mensalmente, em função da cobertura de seguro de cada estabelecimento (RIGHETTO ET. AL., 2009). De acordo com Righetto et. al. (2007) os modelos de seguros contra enchentes apresenta as seguintes etapas: 1. Identificação do prêmio inicial, taxa de juros, máximo valor do fundo do seguro e massa de assegurados; 2. Simulações sintéticas de Cenários para diferentes tempos de retorno diante da ocorrência de enchentes; 3. Otimização de prêmios, e 47 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4. Análise de sensibilidade para diferentes coberturas de seguro. A ideia do seguro contra inundação é semelhante à de seguros de carro, incêndio ou mesmo de vida, mantendo sempre as peculiaridades de cada caso. Assim, buscam-se neste a prevenção contra os grandes prejuízos causados quando da ocorrência das enchentes urbanas e o funcionamento pode ser através do pagamento de uma taxa mensal ou anual, que será recompensada após o levantamento dos prejuízos de cada empresário segurado. Porém, quando os atingidos são a população de baixa renda o seguro se torna inviável e necessita de uma nova abordagem para que esta classe seja atendida. Caso contrário, o seguro existirá, mas só fará parte da realidade da população que possui um poder aquisitivo mais elevado. Righetto e Mendiondo (2004) apontam a disposição a pagar por um seguro-enchente, de pequenos comerciantes da cidade de São Carlos, em São Paulo, como um valor muito abaixo do valor das mercadorias a serem seguradas, inviabilizando a medida. Isso pode derivar de inúmeros fatores, como o período em que foram realizadas as entrevistas, de forma que se foram feitas numa situação na qual não ocorriam inundações severas há muito tempo, os atingidos tenderiam a esquecer-se ou minimizar os efeitos que sofreram. Tucci (2005) comenta que o sistema de seguros americanos é o mais conhecido, onde a cidade entra no programa de seguros federais e a população pode fazer o seguro, onde o custo de um risco médio é da ordem de US$ 300 de prêmio para uma propriedade de valor de US$ 10.000. Os bancos somente financiam obras em áreas de risco que possuem este tipo de seguro. Portanto, este seguro cobra mais dos que ocupam áreas de maior risco e menos dos que ocupam as áreas de menor risco. Na Inglaterra, o custo pelo seguro da inundação é pago por todos, mesmo que não estejam na área de inundação. Como é diluído por toda a população, o prêmio pago é pequeno, mas pode incentivar a ocupação de área de risco. Talvez para que os seguros contra enchentes funcionem no Brasil seja necessário que não só a população atingida efetue os pagamentos dos prêmios, mas que o governo federal disponibilize verbas nesse sentido, pois dessa forma pode ser que a população tome consciência e ajude na política de ocupação das áreas de risco. Afinal os sinistros ocasionados pelos alagamentos acabam atingindo os cofres públicos. Como exemplo, Righetto et. al. (2007) afirma que a América Latina tem comprometido mais de 2 % do 48 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Produto Interno Bruto e mais de 15 % de sua arrecadação de impostos pela falta de gestão do risco de inundações. Construção a prova de enchente (flood profing) São construções pontuais permanentes, de contingência ou emergenciais, que evitam que as águas das chuvas atinjam o interior dos prédios públicos, privados ou mesmo das residências, minimizando os prejuízos que seriam causados aos proprietários. A Tabela 2.4 apresenta as medidas permanentes, de contingência e emergenciais segundo Nagem (2008). Tabela 2.4: Exemplos de adaptações para construções a prova de inundações. MEDIDAS Permanentes De contingência Emergenciais DESCRIÇÃO Diques, comportas no acesso a residência (stop logs), pilotis, bombas de esgotamento, muretas, vedação de aberturas, etc. Amparos, vedações dos esgotos com registros nas tubulações de saída e tampões rosqueáveis nos ralos internos, paredes móveis, etc. Sacos de areia, enchimentos de terra, barreiras de lenha, canais de drenagem, etc. Fonte: Adaptado de Nagem, 2008. De acordo com Andjelkovic (2001) essas medidas visam o controle das inundações individualmente e mitigam os seguintes efeitos: 1. Elevação do nível da água atingido no interior das estruturas; 2. Protege contra inundações de curta duração; 3. Diminui a velocidade do escoamento que atinge as residências, e 4. Protege contra eventos mais frequentes. A Figura 2.9, apresenta alguns exemplos de construção à prova de enchente na bacia do riacho do Reginaldo. 49 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.9: Medidas a prova de enchentes (flood profing) presentes na bacia do riacho Reginaldo. A regulamentação da ocupação da área de inundação, pode exigir que novas construções dispusessem de dispositivos a prova de enchentes nas novas residências, além da adaptação das construções existentes a fim de melhorar o seu nível de proteção contra inundações (MIGUEZ & MAGALHÃES, 2010). A Figura 2.10 apresenta uma esquematização de alguns tipos de construções a prova de enchentes, ou mesmo medidas que podem ser tomadas após a instalação de construções em áreas susceptíveis a enchentes urbanas. Figura 2.10: Exemplos de medidas de controle de enchentes. 3 Fonte: Adaptado de UNESCO, 1995 apud Andjelkovic, 2001. 3 UNESCO (1995). "Fighting Floods in Cities"; Project: Training Material for Disaster Reduction; Delft, Holland. 50 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Zoneamento de áreas inundáveis O zoneamento propriamente dito é a definição de um conjunto de regras para a ocupação das áreas de risco de inundação, visando à minimização futura das perdas materiais e humanas em face das grandes cheias. O zoneamento urbano permite o desenvolvimento racional das áreas ribeirinhas (Tucci, 2005). A constante inundação das áreas ribeirinhas é um processo natural de relevância socioambiental. Nas áreas urbanas, a invasão das planícies de inundação constitui um problema sério que culmina constantemente na perda de vidas. A população geralmente exerce pressão para a ocupação dessas terras, especialmente nos casos em que não há registro de recentes enchentes, ou onde o controle do uso da terra é ineficaz. Essa conjuntura é comumente observada em países em desenvolvimento, como o Brasil. Miguez e Magalhães (2010) citam o zoneamento das áreas inundáveis como a mais importante de todas as medidas não-estruturais. Segundo os autores, conceitualmente, a regulamentação do uso das zonas de inundações deve ser baseada em mapas de inundação para diferentes níveis de risco e estabelecimento de critérios de uso da terra. Deve ainda ser desenvolvido de maneira integrada com atividades de planejamento urbano. Na verdade, é extremamente desejável que o zoneamento urbano e planos diretores considerem os aspectos relacionados com a regulamentação do uso das terras ribeirinhas. É comum dividir as áreas de inundação em duas zonas diferentes. O primeiro é chamado floodway (canal central ou zona de passagem de enchentes) e está associada com áreas sujeitas a inundações frequentes. A outra é a floodplain (planície de inundação ou zona de amortecimento de enchentes), o que constitui regiões que podem ser inundadas durante as tempestades mais severas, embora apresentem principalmente efeitos de armazenamento. Em geral, os limites destas zonas são definidos com o objetivo de mapear as inundações. Cada um desses limites é mapeado de acordo com as inundações de um período de retorno determinado. Muitas vezes, o floodway está relacionado com uma inundação de 20 anos, enquanto o período de retorno da floodplain está associado com eventos mais raros, por exemplo, uma inundação com período de 100 anos de retorno. A Figura 2.11, ilustra uma seção transversal de uma bacia hidrográfica com a representação destas duas zonas (Miguez e Magalhães, 2010). 51 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.11: Ilustração da floodplain e floodway. Fonte: Adaptado de Miguez e Magalhães, 2010. Tucci & Bertoni (2003) afirmam que, para efeito de zoneamento, a seção de escoamento do rio pode ser dividida em três faixas principais, segundo descrição na Tabela 2.5. 52 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Tabela 2.5: Informações das faixas de inundações e dos riscos associados. DESCRIÇÃO DA FAIXA DE INUNDAÇÃO E DO FUNÇÃO HIDRÁULICA E CARACTERÍSTICAS RISCO ASSOCIADO DO USO DAS TERRAS Faixa 1 – Zona de passagem de cheias (Alto risco de inundação) - Tr < 5 anos Faixa 2 – Zona com restrições (médio risco de inundação) - 5 < Tr < 50 anos Faixa 3 – Zona de baixo risco (baixo risco de inundação) - 50 < Tr < 100 anos - Esta parte da seção deve ficar liberada para funcionar hidraulicamente, evitando gerar aumento de níveis para montante; - Planejamento urbano deve manter esta zona desobstruída; - Permitido intervenções estruturais desde que não obstrua o escoamento (linhas de transmissão, condutos hidráulicos, etc.), e; - Essa área poderia ter seu uso destinado a agricultura ou outro uso similar às condições da natureza. - Esta zona fica inundada, mas devido às pequenas profundidades e baixas velocidades, não contribuem muito para a drenagem da enchente; - Parques e atividades recreativas ou esportivas cuja manutenção, após cada cheia, seja simples e de baixo custo. Normalmente uma simples limpeza a reporá em condições de utilização, em curto espaço de tempo; - Habitação com mais de um piso, onde o piso superior ficará situado, no mínimo, no nível do limite da enchente e estruturalmente protegida contra enchentes, e; - Industrial, comercial, como áreas de carregamento, estacionamento, áreas de armazenamento de equipamentos ou maquinaria facilmente removível ou não sujeitos a danos de cheia. - Esta zona possui pequena probabilidade de ocorrência de inundações, sendo atingida em anos excepcionais por pequenas lâminas de água e baixas velocidades; - Esta área não necessita regulamentação, quanto às cheias, e; - Podem-se dispensar medidas individuais de proteção para as habitações, mas deve-se orientar a população para a eventual possibilidade de enchente e dos meios de proteger-se das perdas decorrentes Fonte: Adaptado de Tucci & Bertoni, 2003; Nagem (2008). A Figura 2.12 ilustra o posicionamento das zonas de passagem de cheias, com restrições e de baixo risco. 53 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Figura 2.12: Zoneamento de áreas de inundação. Fonte: Lou, 2010. Segundo Miguez e Magalhães (2010) as zonas de inundação podem ser representadas através de mapas que devem ser considerados como informações básicas para o planejamento urbano e diversas atividades de gestão. O desenvolvimento destes mapas pode ser suportado por técnicas de geoprocessamento e modelagem matemática, e os produtos resultantes devem estar disponíveis para acesso público gratuito. Uma tendência observada desde a última década é o desenvolvimento de pacotes combinados juntando programas de simulação hidrodinâmica e hidrológica com recursos fornecidos por softwares de SIG. Por exemplo, Chen et. al. (2009) realizaram a modelagem de inundações em um ambiente urbano na Universidade de Memphis no Tennessee utilizando o modelo GUFIM associado a um sistema de informações geográficas. Conservação da rede de drenagem e dos corpos d’água O funcionamento adequado do sistema de drenagem exige uma série de ações de manutenção periódicas no corpo receptor. Elas envolvem a retirada de material sólido mediante dragagem, a conservação de áreas verdes, a manutenção dos dispositivos de infiltração, a troca de elementos filtrantes etc.; constitui um cronograma de ações de manutenção preventiva e de reparo das estruturas. A manutenção do sistema de macrodrenagem (canais e cursos d’água naturais) inclui a identificação periódica de potenciais fontes de poluição pontual e difusa, bem como de lançamentos ilegais, com a limpeza e remoção de resíduos sólidos na calha fluvial. Com relação aos canais de drenagem, uma manutenção eficiente deve incluir possíveis modificações do projeto 54 2. REFERENCIAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA original, com o objetivo de melhor atender às especificidades locais e a sua incorporação na paisagem urbana. 55 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3. MATERIAIS E MÉTODOS No presente capítulo será apresentada a bacia hidrográfica do riacho Reginaldo, localizada no município de Maceió, área de estudo deste trabalho. Serão destacadas suas características mais importantes abordando temas como localização geral, hidrografia, relevo, uso e ocupação do solo, entre outros aspectos. Além disso, serão descritos os trabalhos desenvolvidos em campo, que serviram de subsídio para elaboração da modelagem matemática, bem como será apresentada a rede de monitoramento hidrológico instalada na bacia, destacando-se os dados de precipitação e nível d'água que foram utilizados na modelagem realizada neste trabalho. Este capítulo também apresentará de forma detalhada as informações do Modelo de Células de Escoamento (MODCEL), que foi o modelo matemático hidrodinâmico utilizado para elaborar o diagnóstico da situação atual das inundações na bacia, assim como simular os Cenários com as intervenções que visam mitigar tais problemas. Serão discutidas as metodologias utilizadas para definição do tempo de concentração da bacia, os dados utilizados na calibração do modelo e todos os outros elementos necessários a obtenção dos resultados deste trabalho. 3.1. Aspectos gerais da bacia do riacho Reginaldo A área de estudo do presente trabalho está localizada na capital Alagoana, Maceió, e refere-se a uma das mais importantes bacias hidrográficas urbanas dessa região. O principal corpo hídrico desta bacia, o riacho Reginaldo, possui sua nascente a aproximadamente 70 m de altitude e situa-se no bairro da Santa Lúcia. Este rio possui sentido de escoamento predominante na direção norte-sul e, após percorrer 15 km deságua na praia da Avenida, entre a divisa dos bairros do Centro e Jaraguá. A bacia hidrográfica do riacho Reginaldo está compreendida entre as coordenadas extremas 9°40'12'' e 9°32'57'' de latitude sul, e 35°42'18'' e 45°04'25'' de longitude oeste. A bacia drena uma área de 26,5 km², abrangendo total ou parcialmente os bairros de Santa Lúcia, Antares, Jardim Petrópolis, Ouro Preto, Canaã, Serraria, Gruta de Lourdes, Barro Duro, Feitosa, Jacintinho, Pitanguinha, Pinheiro, Farol, Mangabeiras, Jatiúca, Poço, Centro e Jaraguá. 56 3. MATERIAIS E MÉTODOS Dentre esses 18 bairros, é possível perceber a heterogeneidade da bacia do riacho Reginaldo, tanto do ponto de vista econômico-social, quanto relativo a questões de uso e ocupação do solo. Essas diferenças são notadas ao comparar, por exemplo, o poder aquisitivo da população que reside na porção do bairro da Jatiúca, inserida na bacia, com a do Feitosa, pois ao passo que a maioria da população que reside no primeiro é de classe média alta, a do segundo é de classe baixa. Do ponto de vista do uso e ocupação do solo, podemos destacar os bairros do Poço e Jacintinho. Enquanto no primeiro as edificações situam-se às margens dos riachos, devido a infraestrutura criada quando do desenvolvimento de Maceió, no segundo existem centenas de edificações que se situam em locais insalubres, ao lado do talvegue dos corpos hídricos, sem contar, na maioria das vezes, com coleta de esgoto e abastecimento de água formalizado pela prefeitura da cidade. Segundo Holz (2010), a bacia possui cerca 87 mil habitantes, ou seja, cerca de 10% da população do município de Maceió (com base na contagem da população de 2007), podendo ser considerada como bacia representativa da cidade, tanto em relação aos aspectos de urbanização, quanto de infraestrutura e problemas ambientais. Peplau et. al. (2006) comentam que a bacia do riacho Reginaldo apresenta sérios problemas ambientais e de infraestrutura, típicos das cidades brasileiras. No entanto, a mesma é de grande relevância estratégica tanto do ponto de vista do desenvolvimento humano, social e turístico da capital alagoana, quanto para desenvolvimento de pesquisas possibilitando coleta de informações principalmente na área de drenagem urbana. A Figura 3.1 apresenta a localização geral da bacia hidrográfica do riacho Reginaldo, incluindo a delimitação dos bairros que estão inseridos total ou parcialmente na bacia, sua infraestrutura viária, seus principais corpos hídricos e a delimitação da área modelada neste trabalho. Os dados foram obtidos a partir da base cartográfica da cidade de Maceió, cedido pela prefeitura, na escala 1:2.000 (SMCCU, 1999). A área modelada foi um trecho da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo com 7,6 km2, ou seja, aproximadamente 30% da área total da bacia. A região inclui três importantes sub-bacias que deságuam no trecho inferior do riacho Reginaldo, quais sejam, a do riacho Gulandim, do Sapo e do Pau D’Arco. Além disso, foi incluído o trecho do riacho Reginaldo de aproximadamente 2,5 km, entre a foz do Pau D’Arco e o seu exutório da bacia, conforme mostrado na Figura 3.1. 57 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.1: Mapa geral com a localização da bacia do riacho Reginaldo em Maceió/AL. A intensa ocupação urbana, do trecho médio do riacho Reginaldo até a sua foz, acaba agravando tanto os problemas relacionados com as inundações, quanto o tema da 58 3. MATERIAIS E MÉTODOS qualidade da água dos corpos hídricos, o que impacta sobremaneira as questões de saúde pública. Do ponto de vista das inundações, o problema está na ocupação irregular das Áreas de Preservação Permanente (APP's), as margens de alguns corpos hídricos da bacia e nas encostas que compõem o vale do riacho Reginaldo e de alguns de seus afluentes, bem como na intensa impermeabilização do solo. Em algumas localidades, como por exemplo, no bairro do Feitosa existem edificações praticamente no talvegue do riacho Pau D’Arco, conforme ilustrado na Figura 3.2, o que facilita a ocorrência de inundações. Figura 3.2: Edificações às margens do riacho Pau D’Arco, ilustrando a intensa ocupação urbana nas APP's. Já em relação aos problemas de saneamento, a exemplo do despejo in natura de esgotos domésticos nos corpos hídricos e lançamento de resíduos na calha dos rios, é bastante comum observar essa prática, conforme apresentado na Figura 3.3. 59 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.3: Presença de resíduos sólidos e um sofá na calha do riacho Reginaldo. No curso superior do riacho Reginaldo, a exemplo dos bairros Antares e Santa Lúcia, ainda é possível encontrar áreas com vegetação mais densa. Entretanto, já se notam também os impactos da ação antrópica nessas localidades, como a presença de lixo na calha do Reginaldo. A Figura 3.4 ilustra essas realidades. a) b) Figura 3.4: a) Vegetação nativa na parte alta da bacia do riacho Reginaldo e b) Presença de resíduos sólidos na parte alta da bacia. Segundo Holz (2010) a urbanização da região onde se encontravam as nascentes do riacho Reginaldo provocou graves impactos, transformando a calha do riacho simplesmente 60 3. MATERIAIS E MÉTODOS em um canal de escoamento pluvial e de esgoto sanitário. O curso d’água principal na parte baixa da bacia é perene, embora sua vazão durante o período de estiagem seja praticamente resultante do despejo de esgotos domésticos, realizada por ligações irregulares com a rede pluvial ou lançamentos diretos dos esgotos sobre a calha do riacho Reginaldo e de seus afluentes. A dificuldade de visualização da bacia, por parte da comunidade, traz dificuldades sobre a compreensão e a percepção do sistema hidrológico e sua inserção na paisagem da cidade, já que os efeitos, principalmente de poluição, só são percebidos no trecho final, onde o riacho é chamado de “Salgadinho” devido à influência das águas do mar na sua foz. Desta forma, não se desenvolve a ideia de que causas à montante são determinantes para o estado degradado do riacho à jusante, fazendo com que as ações de “despoluição do riacho” só sejam implementadas em seu trecho final, em geral de forma fragmentada e paliativa (PIMENTEL, 2009). Nesse sentido, intervenções desejáveis para solucionar os problemas de inundações na bacia devem ser integradas ao cunho de recuperação ambiental, visando melhorar a qualidade das águas e fazer com que a população consiga conviver de forma mais harmônica com os diversos corpos hídricos da região. 3.1.1. Características fisiográficas A bacia do riacho Reginaldo apresenta um vale bem definido que se deve ao fato da proximidade de encostas íngremes em margens opostas. Isto ocorre até a inserção do talvegue na planície litorânea. A implicação dessa peculiaridade é que a calha inundável torna-se restrita e, portanto, mais susceptível a cheias naturais sob um menor espelho d’água e maior profundidade, ou seja, em teoria, há naturalmente a limitação da ocupação desse local, mas, na prática, tal condição adversa não vem sendo respeitada e ocupa-se o fundo do vale, sem considerar os riscos de alagamentos associados à planície de inundação (NEVES et. al., 2007). Sua forma alongada proporciona uma melhor dinâmica de fluxo quanto à distribuição temporal do volume escoado na calha principal, o que diminui o risco de transbordamento do canal. Contudo, o aumento da impermeabilização do solo em toda a bacia provoca o aumento do escoamento superficial, aumentando o risco de transbordamento (NEVES et. al. 2007). 61 3. MATERIAIS E MÉTODOS Os principais afluentes do riacho Reginaldo localizam-se em sua margem esquerda ao longo do seu trecho médio e baixo. Entre eles, pode-se destacar, de jusante para montante, os riachos Gulandim, do Sapo e Pau D'Arco bem como os córregos Piabas, Rego da Pitanga e do Sebo. A Figura 3.5 apresenta a hidrografia da bacia do riacho Reginaldo e dá um destaque às sub-bacias dos riachos que estão inseridos no trecho a ser modelado com o MODCEL. Destaca-se que serão apresentadas, com mais detalhes, apenas as características fisiográficas destas sub-bacias. 62 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.5: Hidrografia da bacia do riacho Reginaldo e sub-bacias dos riachos Gulandim, do Sapo e Pau D’Arco. 63 3. MATERIAIS E MÉTODOS O trecho do riacho Reginaldo que foi inserido no modelo matemático é de aproximadamente 2,5 km, e vai desde a afluência do riacho Pau D’Arco até o seu exutório no mar. Este trecho encontra-se canalizado e é comum existir a presença tanto de lixo, quanto de móveis velhos em sua calha. Este trecho apresenta uma declividade média da ordem de 2,2 m/km. O riacho Gulandim é o último afluente da margem esquerda do riacho Reginaldo. Ele possui sua nascente na cota 4,1 m e situa-se no bairro do Poço. Este rio apresenta o sentido de escoamento predominante na direção nordeste-sudoeste e, após percorrer cerca de 1,9 km, deságua na cota 1,4 m, também no bairro do Poço. A sub-bacia do Gulandim possui uma área total de 1,27 km², abrangendo alguns importantes bairros de Maceió. A declividade média do riacho é em torno de 1,16 m/km. Este corpo hídrico encontra-se canalizado e retificado, sofrendo vários estrangulamentos ao longo de seu comprimento, devido a implantação da infraestrutura viária da cidade. O riacho do Sapo é o penúltimo afluente da margem esquerda do riacho Reginaldo. Ele possui sua nascente a aproximadamente 52 m de altitude e situa-se no bairro do Jacintinho. Este rio possui o sentido de escoamento noroeste-sudeste da sua nascente até o bairro de Mangabeiras, e depois escoa no sentido nordeste-sudoeste até sua foz, após percorrer cerca de 4,4 km, desaguando na cota 1,6 m, no bairro do Poço. A sub-bacia do Sapo possui uma área de drenagem de 1,72 km², também abrangendo alguns importantes bairros de Maceió, e a declividade média do riacho é em torno de 9,50 m/km. Este corpo hídrico encontra-se canalizado e retificado, sofrendo vários estrangulamentos ao longo de seu comprimento, devido à implantação da infraestrutura viária da cidade. O riacho Pau D’Arco é mais um afluente da margem esquerda do riacho Reginaldo. Ele possui suas nascentes a aproximadamente 40,0 m de altitude e situa-se na divisa entre os bairros Jacintinho e Feitosa. Este rio possui o sentido de escoamento predominante na direção norte-sul, e após percorrer 3,8 km, deságua na cota 5,5 m, no bairro do Jacintinho. A bacia possui uma área total de 2,74 km², abrangendo importantes bairros de Maceió, e a declividade média do riacho é em torno de 6,45 m/km. Este corpo hídrico é o único da área simulada com o modelo que não se encontra canalizado e retificado, possuindo ainda sua calha natural. No entanto, em seu trecho final, a calha do Pau D’Arco 64 3. MATERIAIS E MÉTODOS está sujeita à modificações devido a extração ilegal de areia realizada pela população que reside nas proximidades da localidade. Destaca-se, que o vale e as encostas do riacho Pau D’Arco são densamente ocupados por habitações precárias de áreas invadidas. Situa-se entre os bairros do Feitosa e do Jacintinho, perenizado por contribuição de esgotos domésticos (PEPLAU et. al., 2006). 3.1.2. Relevo O relevo da bacia do riacho Reginaldo apresenta altitude máxima em torno de 107 m e mínima ao nível do mar. Na bacia é possível notar três tipologias marcantes do relevo, a primeira são as áreas planas de tabuleiro localizadas em seu terço médio e alto, a segunda é o vale bem encaixado ao longo do riacho Reginaldo e em alguns de seus afluentes e, por fim, nota-se a presença de áreas planas costeiras próximas ao exutório da bacia. A Figura 3.6 apresenta os aspectos supracitados, o modelo digital do terreno que aparece nesta figura foi elaborado com informações geradas pelo Shuttle Radar Topographic Mission – SRTM, obtido no site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. A escala é de 1:250.000 e a resolução dos pixels é de 90 x 90 m. 65 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.6: Principais características do relevo da bacia do riacho Reginaldo. 66 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1.3. Uso e ocupação do solo Uma das características marcantes da bacia do riacho Reginaldo, em relação ao uso e ocupação do solo, é a impermeabilização sem controle de todos os tipos de ocupação (públicos e privados). Na bacia, existem grandes empreendimentos como importantes centros comerciais, centros de convenções, supermercados, entre outros. Ressalta-se que, apesar do impacto no escoamento promovido pela impermeabilização de grandes áreas para a instalação destes empreendimentos, nenhuma medida mitigadora destes impactos foi exigida pelo poder público ou implementada por iniciativa dos proprietários destes empreendimentos (NEVES et. al., 2007). A Figura 3.7 ilustra a intensa ocupação urbana existente na bacia do riacho Reginaldo, principalmente na sua parte média e baixa. 67 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.7: Vista geral da urbanização na bacia do riacho Reginaldo. 68 3. MATERIAIS E MÉTODOS A bacia do riacho Reginaldo abriga vários tipos de ocupação desde bosques e prados nas regiões mais altas, até a impermeabilização total devido a implantação das edificações e das ruas asfaltadas, na parte baixa. Em relação ao poder aquisitivo da população residente na bacia, existem desde moradores que possuem uma classe média alta, até população carente. No entanto, um padrão de urbanização se mantém, seja em condomínios de luxo ou nos vales ocupados, sendo possível perceber a impermeabilização total dos terrenos, tanto em áreas comerciais quanto em residenciais. Na parte de nascente da bacia há predominância de população de maior poder aquisitivo em condomínios de classe média alta, como no bairro Jardim Petrópolis, onde foram implantados os condomínios Aldebaran e Jardim Petrópolis. Entre estes dois condomínios há um vale com boa quantidade de vegetação nas encostas e ainda restam partes onde há vegetação natural, mas mesmo assim se observou que também existem comunidades que lançam seus esgotos e lixo na calha intermitente do riacho (PIMENTEL, 2009). Na parte intermediária da bacia, o bairro Gruta de Lourdes é considerado de classe média, tendo, assim, uma maior infraestrutura. Alguns condomínios de luxo estão localizados neste bairro, e o mesmo possui importantes centros comerciais, que se desenvolveram de forma independente do centro da cidade. O vale do riacho Reginaldo, localizado na parte intermediária da bacia, percorre parte do bairro Gruta de Lourdes, Barro Duro, Farol, Jacintinho e Feitosa, possui uma forma de ocupação desordenada e sem controle do poder público. Estas áreas apresentam altas declividades, resultando em deslizamentos e riscos à segurança pública durante períodos chuvosos (PIMENTEL, 2009). O vale do riacho Pau D’Arco está inserido no terço médio da bacia do riacho Reginaldo. Ao longo deste vale, as ruas não são asfaltadas, porém a compactação do solo, aparentemente argiloso, dificulta a infiltração das águas pluviais aumentando o escoamento superficial. Nesta sub-bacia há pouca vegetação e ela abrange bairros muito populosos como o Feitosa e o Jacintinho, sendo este o de maior densidade demográfica do município. Vale ressaltar que, parte do bairro Jacintinho é considerado de periferia, nele há ruas asfaltadas, mas a maioria é composta de paralelepípedos. Este bairro possui uma atividade comercial intensa, com alguns supermercados e feira livre ao longo de toda a semana. Pimentel (2009) afirma que a bacia do Pau D’Arco apresenta ocupação, em sua maioria, composta por área residencial em cerca de 70% de sua área, sendo 69 3. MATERIAIS E MÉTODOS aproximadamente 11,4% ocupada com vias. Destas, 3,8% são asfaltadas e 7,6% em paralelepípedo. Com relação à rede coletora de esgoto, esta bacia não apresenta rede implantada. Na parte baixa do Reginaldo, onde se localizam as sub-bacias do riacho do Sapo e Gulandim, há a predominância de áreas construídas com pouca vegetação, a exemplo do bairro do Poço, que é um bairro litorâneo de classe média e possui quase todas as suas ruas asfaltadas. Segundo Pimentel (2009), a sub-bacia do riacho Gulandim, onde os bairros Poço e parte da Jatiúca se localizam, apresenta quase a totalidade de sua área impermeabilizada. Esta bacia apresenta 0,16 km² de vias de rodagem distribuídas por toda bacia sendo 45,7% asfaltadas, 51,9% em paralelepípedo e 2,4% de vias sem pavimento. Cerca de 90% de sua área de drenagem possui rede coletora de esgoto. A bacia do riacho do Sapo, onde estão inseridos total ou parcialmente os bairros Jacintinho, Poço, Jatiúca e Mangabeiras, é ocupada por unidades habitacionais, atividades comerciais e industriais, onde se destaca a empresa Sococo. Pimentel (2009), afirma que esta bacia possui cerca de 40% de sua área coberta por rede coletora de esgoto. A bacia deste riacho conta com 0,2 km² de vias sendo 50,4% coberta por asfalto, 36,9% de paralelepípedo e 12,7% vias sem pavimento. Consciente da importância de conhecer parâmetros da bacia do Reginaldo que pudessem auxiliar em estudos para transformação de chuva em vazão, Pedrosa (2008), definiu o parâmetro CN (Curva Número), associado às condições do solo, de seu uso e ocupação utilizado pelo método do Soil Conservation Service - SCS. O trabalho foi elaborado com base em cartas topográficas, imagens de satélite com alta resolução e visitas de campo. No trabalho supracitado, a bacia do riacho Reginaldo foi subdividida em 16 sub-bacias e a determinação do parâmetro CN foi definido para cada uma delas. Os valores de CN para as sub-bacias variaram entre 77,66 e 90,16. Os valores de CN definidos para as bacias dos riachos Gulandim, do Sapo, Pau D’Arco e o trecho do riacho Reginaldo inserido na área de estudo modelada neste trabalho, foram definidos conforme valores ilustrados na Tabela 3.1. 70 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.1: Valores de CN nas áreas simuladas com o modelo matemático. CORPO HÍDRICO VALOR DE CN Gulandim Sapo Pau D’Arco Reginaldo (trecho modelado) 84,08 83,85 90,16 84,19 Fonte: Pedrosa (2008). Uma característica evidente no mapeamento do CN das sub-bacias do riacho Reginaldo mostra valores mais baixos na parte mais alta da bacia. Tal resultado já era esperado, considerando-se que sua ocupação é reconhecidamente menos intensa nesta região, onde ainda pode ser observada a presença de sítios e de grandes condomínios fechados, com extensas áreas verdes e, ainda, em áreas mais restritas, alguns remanescentes da vegetação natural. Diferente da parte média e baixa da bacia, onde o CN tem valores mais elevados devido à intensa urbanização (Holz, 2010). Vale ressaltar que estes valores de CN foram utilizados para o cálculo da condição de contorno introduzida no modelo matemático do riacho Reginaldo, pois foi necessário introduzir um hidrograma que representasse o comportamento da parte da bacia que não foi inserida no modelo. 3.1.4. Rede de monitoramento e levantamento de campo A bacia do riacho Reginaldo conta com uma rede de monitoramento composta por quatro pluviógrafos de báscula, com registradores automáticos, instalados em pontos estratégicos distribuídos ao longo da bacia, e um linígrafo localizado em um dos seus principais afluentes, canalizado, na parte baixa da bacia, o riacho Gulandim. A rede de monitoramento foi contemplada no âmbito do projeto "Casadinho/Cnpq" que iniciou a instalação do primeiro pluviógrafo no fim do ano de 2007. Destaca-se que a localização dos equipamentos em campo foi influenciada tanto por aspectos relacionados à segurança e acessibilidade aos equipamentos, quanto relativos a avaliação da proximidade a árvores e/ou edificações que pudessem prejudicar o adequado monitoramento dos equipamentos. Diante do exposto, ressalta-se que durante a avaliação de potenciais locais para a instalação dos pluviógrafos não foi encontrada nenhuma localidade que atendesse os prérequisitos supracitados, nas áreas planas costeiras da bacia do riacho Reginaldo. Assim, a 71 3. MATERIAIS E MÉTODOS bacia não conta com o monitoramento das precipitações nesta região, onde se situam dois importantes afluentes do riacho Reginaldo, quais sejam riacho Gulandim e do Sapo. Na Tabela 2.1, apresentam-se algumas informações dos 4 pluviógrafos e do linígrafo, equipamentos que fazem parte da rede de monitoramento instalada na bacia do riacho Reginaldo. Tabela 3.2: Informações sobre os equipamentos que compõem a rede de monitoramento da bacia do riacho Reginaldo. LOCAL BAIRRO DATA DE INSTALAÇÃO Quartel do Exército Pitanguinha 13/03/2008 SEST/SENAT Serraria 13/06/2008 San Nícolas Serraria 12/12/2007 Aeroclube Santa Lúcia 17/12/2008 Linígrafo Poço 5/11/2008 COORDENADAS 200.092,46 E 8.934.260,82 N 201.180,87 E 8.936.213,50 N 200.575,16 E 8.938.262,53 197.556,69 E 8.939.275,41 N 201.025,58 E 8.930.587,32 ALTITUDE (m) 51 64 69 88 Calha do Gulandim Já na Figura 3.8, ilustra-se a distribuição espacial dos equipamentos, bem como algumas fotografias da localidade onde estes estão instalados. 72 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.8: Rede de monitoramento da bacia do riacho Reginaldo. 73 3. MATERIAIS E MÉTODOS A fim de observar as características do sistema de macrodrenagem da área de estudo, realizar o levantamento de algumas seções topobatimétricas ao longo dos principais corpos hídricos da bacia, averiguar o estado de alguns equipamentos pertencentes a rede de monitoramento e observar o alcance do efeito da maré na proximidade da foz do riacho Reginaldo, foram realizadas algumas visitas de campo. A Tabela 3.3 apresenta algumas informações das visitas de campo realizadas, bem como o uma breve descrição de cada uma delas. Tabela 3.3: Informações sobre as principais visitas de campo realizadas na bacia. DATA CORPO HÍDRICO 02/03/2011 riacho Reginaldo e Gulandim 16/03/2011 riacho do Sapo 27 e 30/04/11 riacho Reginaldo e Pau D'arco 19 e 20/08/11 riacho Reginaldo e Pau D'arco DESRIÇÃO Foi percorrido desde a foz do riacho Reginaldo no bairro do Jaraguá até a cabeceira do Gulandim no bairro do poço. Foi percorrido desde a foz do riacho do Sapo até o início do bueiro que percorre parte da Av. Dona Constança e termina no viaduto João Lyra bairro de Mangabeiras. Foi visitada a confluência do riacho Pau D'arco com o Reginaldo e percorrido desde este ponto até o início do bueiro que se inicia na localidade conhecida como "Reginaldo". Foram visitadas diversas localidades ao longo do riacho Pau D'arco no seu terço alto e médio, bem como alguns pontos do riacho Reginaldo nas proximidades da confluência com o Sapo. Nestas visitas, foi possível baixar os dados de dois pluviógrafos (Aeroclube e SEST), verificar que o do San Nícolas havia sido desinstalado e que o do Quartel do Exército encontrava-se entupido por conta de excretas de pássaros. A fim de resolver o problema, e fazer com que o pluviógrafo voltasse a realizar o monitoramento, o equipamento foi retirado, levado ao Laboratório de Hidráulica da UFAL para manutenção e reinstalado no dia seguinte. Após a instalação, foram realizados testes e verificou-se que o pluviógrafo em questão não apresentou defeito. O linígrafo também apresentou problema e os dados não foram coletados em um primeiro momento. Após a análise do problema, descobriu-se que as baterias que alimentam o data-logger estavam danificadas, sendo as mesmas substituídas, e dessa forma, o aparelho voltou a funcionar. 74 3. MATERIAIS E MÉTODOS Vale ressaltar que, nas visitas, foram realizados registros fotográficos ao longo de todo o curso do riacho Gulandim, do Sapo onde, não havia problemas com segurança (exceto no bairro do Jacintinho), diversos pontos em que foi possível acessar o riacho Pau D'arco de carro e todo o trecho do riacho Reginaldo modelado no presente trabalho. As visitas de campo descritas na Tabela 3.3 permitiram também observar a forte influência imposta pela maré desde a foz do Reginaldo até, no mínimo, a confluência com o Gulandim. Nas inspeções também foram observadas atentamente e mapeadas as intervenções/singularidades que existem ao longo dos riachos, visto que estas são de fundamental importância quando da construção das células que representam a bacia a ser modelada com o MODCEL, bem como apresentam forte influência sobre a hidrodinâmica dos escoamentos, já que funcionam como controles hidráulicos. Em campo, foram levantadas 21 seções topobatimétricas, utilizando-se o nível disponível no Centro de Tecnologia da UFAL, sendo 3 no riacho Gulandim, 4 no sapo, 5 no Reginaldo e 9 no Pau D'arco. Durante a realização dos levantamentos também foi medida a cota de teto dos bueiros que seriam representadas no MODCEL, bem como as cotas de extravasamento dos escoamentos. Além dos levantamentos realizados nas visitas, sempre que possível, conversou-se com os moradores, a fim de conhecer melhor a realidade em relação às inundações em cada um dos pontos visitados. A Figura 3.9 mostra o exemplo de uma seção levantada no riacho Reginaldo, bem como a cota de teto do bueiro. Estas informações servem como dado de entrada para o modelo matemático. 75 3. MATERIAIS E MÉTODOS 6.0 Cota de Teto do Bueiro Seção Levantada Cotas (m) 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 Distância da Margem Direita (m) 25.0 Figura 3.9: Seção transversal levantada no riacho Reginaldo. Por fim, pôde-se observar que a qualidade das águas dos corpos hídricos da bacia do riacho Reginaldo apresenta considerável estado de degradação em tempo seco, como enfatizado por diversos autores que elaboraram trabalho nesta bacia. A Figura 3.10 apresenta algumas das fotografias tiradas em campo. Observa-se, em algumas destas, a execução de dragagem no curso do riacho Reginaldo. 76 3. MATERIAIS E MÉTODOS a) b) c) d) e) f) Figura 3.10: a/b) Foz do riacho Reginaldo sobre influência da maré, c) Confluência do riacho Reginaldo com o riacho Gulandim, d) Confluência do riacho Reginaldo com o riacho do Sapo, e) Presença de lixo, sedimentos e vegetação alterando a calha do riacho Reginaldo e f) Execução de dragagem no riacho Reginaldo. Já na Figura 3.11 é apresentado um detalhe da área de estudo simulada pelo modelo hidrodinâmico neste trabalho, o trajeto realizado em campo, o mapeamento das singularidades e algumas fotografias que as ilustram. Destaca-se que o estrangulamento dos corpos hídricos que ocorrem por conta do desenvolvimento das cidades, por meio da urbanização e implantação da infraestrutura 77 3. MATERIAIS E MÉTODOS viária, influencia sobremaneira nos parâmetros que regem a dinâmica dos escoamentos, principalmente o coeficiente de manning, e que a depender das contrações impostas aos corpos hídricos à rugosidade ao qual o escoamento é submetido eleva-se consideravelmente. Figura 3.11: Rota realizada nas visitas de campo e algumas fotografias das singularidades. 78 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.2. Modelos Hidrodinâmicos Quasi-2D Modelos Quasi-2D são modelos que buscam reproduzir o escoamento de uma onda de cheia ao longo de um rio, suas planícies de inundação e/ou por ambientes urbanos através de teias de ligações unidimensionais. O espaço é representado no modelo, mas as equações são escritas para comunicação entre áreas, ligando-as unidimensionalmente em uma rede multidimensional anelada (Souza, 2010). Na modelação de grandes planícies de inundação em que são inundadas não só a zona de passagem das enchentes, mas também as zonas de amortecimento destas, as equações unidimensionais não simulam adequadamente o movimento das águas. Outro local onde este fato ocorre com frequência são nos ambientes urbanos. Os engenheiros precisam ter em mente que diferentes abordagens se prestam a diferentes situações e a evolução destas abordagens varia, historicamente, com a própria disponibilidade do ferramental tecnológico capaz de resolver o equacionamento proposto para um dado tipo de modelo. Diante do exposto Cunge et. al. (1980) apontam como solução, para os casos em que as equações unidimensionais não se mostrem adequadas, a discretização da topografia em uma rede bidimensional de escoamentos. As linhas que seguem relatam algumas considerações desenvolvidas por estes autores. A compreensão do fenômeno hidráulico permite uma avaliação de como ocorrem trocas de água entre diferentes áreas, quais trechos de rio conduzem o escoamento e quais somente retêm a água, como o escoamento é distribuído em múltiplos canais, entre outros aspectos. A construção de um modelo matemático, a sua calibração e posterior validação, reproduzindo eventos de escoamento conhecidos, habilitam o modelo para previsões. Eventualmente, a confecção e o uso de um dado modelo possibilitam também a percepção de insuficiências de dados hidráulicos e topográficos e o planejamento de subsequentes coletas de dados. Na modelagem de rios, é extremamente importante basear o modelo nas equações de escoamento apropriadas. A natureza de um rio e as inundações que lá ocorrem indicam as aproximações que podem ser usadas para modelar a situação. As equações unidimensionais de escoamentos não-permanentes e variados, estabelecidas pelas hipóteses de Saint-Venant, foram experimentalmente confirmadas em canais de laboratório e em canais confinados de grande escala, sendo largamente utilizadas 79 3. MATERIAIS E MÉTODOS na representação do escoamento em rios, numa aproximação que privilegia a observação do comportamento do escoamento em calha. Entretanto, nem sempre se observa na natureza canais nos quais o escoamento pode ser considerado estritamente unidimensional. O escoamento em canais naturais frequentemente segue o leito do rio, que vaga dentro dos limites de vale. Em eventos de extravasamento da calha, porém, um vale raramente pode ser considerado como uma série de seções transversais que representam simples extensões das margens do canal principal. Ele normalmente alarga e estreita de uma maneira irregular, contém depressões, lagos de acumulação, vales secundários, etc. Em alguns casos, contudo, a água da inundação, ao avançar sobre a extensão das margens do canal, pode seguir por todo o tempo em uma direção basicamente definida pelo canal principal. No entanto, é mais frequente o caso onde o escoamento que ultrapassa as margens segue seu próprio caminho pela planície de inundação, de uma forma ditada pela topografia local, e, algumas vezes, não mais retornando ao canal de origem, ou retornando em algum ponto bem mais a jusante. Em resposta às necessidades de se modelar vastas planícies de inundações, onde a aproximação unidimensional não se adéqua, é que foram desenvolvidas as chamadas técnicas de modelagem bidimensional. Compreende-se que, por bidimensional, não se faz necessariamente referência às equações de escoamento não-permanente em duas dimensões no espaço (x, y), mas também à situação física na qual canais e áreas de armazenagem formam uma rede bidimensional no espaço horizontal. Cunge et. al. (1980) afirma que para se modelar uma região em um modelo Quasi-2D, a planície de inundação é dividida em células, que são compartimentos que representam o espaço sobre a área de modelação de forma integrada. Em cada uma dessas células a superfície da água é considerada horizontal e essas células se comunicam entre si por leis hidráulicas unidimensionais clássicas. As leis de escoamento definidas entre as células são unidimensionais. Entretanto, o sistema, como um todo, pode simular um escoamento bidimensional. Nestes modelos, a divisão da planície de inundação em células não é arbitrária, mas baseiam-se em limites naturais, como estradas elevadas, diques, margens, etc. Estas são capazes, de fato, de gerar particularidades locais nos escoamentos (Cunge et. al. 1980). De acordo com Miguez (2001) o escoamento bidimensional sobre planícies de inundação é modelado como uma rede de células em loop, já que, por definição, o 80 3. MATERIAIS E MÉTODOS escoamento pode circular pela rede através das ligações em qualquer direção, para as quais se pode utilizar um algoritmo de solução eficiente que faz uso das equações de fluxo simplificadas. A Figura 3.12, apresenta, esquematicamente, o modelo bidimensional de células. Figura 3.12: Exemplo de uma rede de células bidimensional. Fonte: Adaptado de Cunge et. al. (1980). 3.2.1. Modelo de Células de Escoamento – MODCEL O Modelo de Células de Escoamento - MODCEL é um modelo matemático hidrodinâmico completo, Quasi-2D, que possui uma relevante vocação para diagnosticar e simular soluções para os problemas relacionados às inundações em bacias urbanas. O fato de ser Quasi-2D significa que o modelo interpreta a realidade física da bacia de forma bidimensional, mas as equações hidráulicas utilizadas para reger a hidrodinâmica do escoamento são solucionadas de forma unidimensional. Os próximos parágrafos tratam da concepção utilizada pelo MODCEL e foi elaborada com base em Zanobetti et. al. (1970), Cunge et. al. (1980), Miguez (2001), Mascarenhas & Miguez (2002). Neste tipo de abordagem não se tomam as equações matemáticas como ponto de partida. A modelação inicia-se pela representação da topografia local, supondo que tanto as planícies como o leito do rio principal e seus tributários podem ser divididas em certo número de células. Cada célula comunica-se com as suas vizinhas e as ligações entre as mesmas correspondem a uma troca de vazão na realidade física, em uma reprodução dos padrões de escoamento. A divisão da área em células não é, de modo algum, arbitrária e deve ser baseada, tanto quanto possível, na presença de fronteiras ou contornos naturais, tais como estradas, 81 3. MATERIAIS E MÉTODOS diques, elevações naturais do terreno, depressões, etc. Quando a região a ser discretizada, porém, apresenta áreas muito planas e a ausência de obstáculos naturais levaria a células de dimensão muito elevada, a divisão em células deve ser efetuada de modo a permitir uma adequada representação da declividade da planície. Nas células, é considerado o nível d'água horizontal e igual ao nível d'água do ponto de referência tomado como seu centro, no entanto não se trata do centro geométrico das células, mas sim da associação ao centro de escoamento, por onde passará o escoamento em cada uma das células, seguindo os padrões da infraestrutura urbana de cada bacia. O fluxo nas ligações entre células é definido por leis hidráulicas que retratam a realidade das fronteiras físicas existentes entre as duas células. As leis mais comumente representativas são a de vertedouro de soleira espessa, a de escoamento em rios e canais e a de escoamento em orifícios. A fundamentação dos conceitos do MODCEL passa pela divisão da região a modelar em células (ou compartimentos) homogêneas e a ligação destas células através de relações hidráulicas capazes de representar a troca de vazões entre elas. As células de escoamento, em grupo ou isoladamente, representam tanto estruturas hidráulicas como paisagens naturais ou urbanas, num arranjo tal que procura reproduzir padrões diversos de escoamento, dentro ou fora da rede de drenagem, a partir das interações entre as células modeladas. Este modelo hidrodinâmico, apesar de trabalhar com relações hidráulicas unidimensionais, é capaz de representar o escoamento de forma bidimensional. De fato, no caso da representação de cheias em bacias urbanas, o modelo está apto a, inclusive, trocar vazões entre células superficiais e células subterrâneas, que usualmente representam galerias de drenagem, possibilitando uma representação do escoamento em três dimensões. A Figura 3.13 ilustra a divisão em células e as trocas d’água num corte hipotético de uma bacia urbana (Miguez, 2001). 82 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.13: Ilustração da divisão e troca d’água entre as células numa bacia urbana. Fonte: Miguez, 2001. As idealizações básicas da aplicação do MODCEL são descritas a seguir: A natureza pode ser representada por compartimentos homogêneos, interligados, chamados células de escoamento. A cidade e sua rede de drenagem são subdivididas em células, formando uma rede de escoamento bidimensional, com possibilidade de escoamento em várias direções nas zonas de inundação, a partir de relações unidimensionais de troca; Cada célula comunica-se com células vizinhas (de planície ou de canal), que são arranjadas em um esquema topológico, formado por grupos formais, onde uma célula de um dado grupo só pode se comunicar com células deste mesmo grupo, ou dos grupos imediatamente posterior ou anterior; As características de uma célula são associadas a um ponto de referência nesta célula, chamado de centro da célula, por onde se considera passar o escoamento. A ligação de todos os centros determina o padrão geral de escoamento; O escoamento entre células pode ser calculado através de leis hidráulicas conhecidas, como, por exemplo, a equação dinâmica de Saint-Venant, completa ou simplificada, a equação de escoamento sobre vertedouros, livre 83 3. MATERIAIS E MÉTODOS ou afogado, a equação de escoamento através de orifícios, equações de escoamento através de bueiros, entre outras, sendo, neste estudo considerado os efeitos de inércia no escoamento que se desenvolvem nos cursos d’águas e desprezíveis nas células de planícies; Na célula, o perfil da superfície livre é considerado horizontal, a área desta superfície depende da elevação do nível d'água no interior da mesma e o volume de água contido em cada célula está diretamente relacionado com o nível d'água no centro da mesma, ou seja, V = V Z , mais especificamente, V =A ∙ Z −Z ; A vazão entre duas células adjacentes, em qualquer tempo, é apenas função dos níveis d'água no centro dessas células, ou seja,Q , = Q Z , Z e as seções transversais dos corpos hídricos são consideradas como seções retangulares equivalentes, simples ou composta; e O escoamento pode ocorrer simultaneamente em duas camadas, uma superficial e outra subterrânea, em galeria, estando às células da superfície e as de galeria associadas por uma ligação entre elas. Nas galerias, o escoamento é considerado inicialmente à superfície livre, mas pode vir a sofrer afogamento, passando a ser considerado sob pressão. A fim de fazer com que o Modelo de Células representasse o espaço urbano, surgiram uma série de "células tipo" desenvolvidas para abranger a realidade da drenagem urbana e propiciar uma representação adequada da mesma, conforme listadas a seguir: Células tipo rio ou canal: são, efetivamente, trechos de rios e de canais, cujo conjunto, em sequência, normalmente forma a rede de macrodrenagem, excetuando-se a representação das galerias, que é feita por células tipo galeria; Células tipo galeria: são trechos de canais fechados, subterrâneos, considerados escoando a superfície livre ou sob pressão, que, junto com o tipo anterior, compõem a macrodrenagem; 84 3. MATERIAIS E MÉTODOS Células tipo planície: representam escoamentos a superfície livre em planícies alagáveis, bem como áreas de armazenamento, ligada umas às outras por ruas, englobando também áreas de encosta, para recepção e transporte da água precipitada nas encostas para dentro do modelo, áreas de vertimento de água de um rio para ruas vizinhas; e Células tipo reservatório: simulando o armazenamento d’água em um reservatório temporário de armazenamento, dispondo de uma curva cota x área superficial. A célula tipo reservatório cumpre o papel de amortecimento dos picos dos hidrogramas de alguns corpos hídricos ou ainda podem está associadas a reservatório de amortecimento de barragens. Além dos tipos pré-definidos de células existem os tipos de ligações, representados por leis hidráulicas, que são necessárias à comunicação entre as células, ou seja, a troca de vazão. A seguir são descritas as ligações tipos mais utilizadas no modelo: Ligação tipo-rio; Ligação tipo-vertedouro; Ligação tipo-orifício; Ligação tipo-planície; Ligação tipo-transição entre canal e galeria (entrada e saída); Ligação tipo-galeria; Ligação tipo-descarga de galeria em rios ou canais; Ligação tipo-bueiros; Ligação bombeamento; Ligação tipo-comporta FLAP de escoamento em sentido único; e Ligação tipo-reservatório onde é integrado um vertedor e um orifício. 85 3. MATERIAIS E MÉTODOS Após a definição dos tipos de células que representarão a área a ser modelada, bem como as ligações entre elas, é necessário elaborar os arquivos de entrada para posterior simulação do modelo hidráulico. Estes arquivos serão discutidos no item 3.3.4. 3.3. Aplicação do Modelo de Células de Escoamento - MODCEL As etapas metodológicas que permitirão alcançar os resultados deste trabalho baseiam-se, principalmente, na utilização do Modelo de Células de escoamento para a simulação de diversos Cenários de diagnóstico e intervenções, à luz de diferentes soluções, para os problemas das inundações urbanas na bacia do riacho Reginaldo. Diante do exposto, foram realizadas as seguintes etapas: Definição da porção da bacia do riacho Reginaldo que foi modelada com o MODCEL; Realização de serviços de campo, a fim de complementar os dados existentes para realização da modelagem hidrológica-hidrodinâmica; Avaliar soluções de forma sistêmica, e sempre que possível, levando em consideração a utilização de técnicas compensatórias e sustentáveis; Construir o modelo de células para as sub-bacias em estudo como requisito para execução das simulações com o MODCEL; Elaborar e discutir os Cenários simulados com o MODCEL, tanto do diagnóstico das inundações, quanto das intervenções propostas para mitigar ou solucionar os problemas; Discutir os resultados e comparar com trabalhos já desenvolvidos na bacia em estudo; Avaliar quais medidas entre tradicionais e técnicas compensatórias poderiam ser aplicadas, face ao reconhecimento dos padrões de escoamento mapeados, sempre integrando as ações de forma distribuída; 86 3. MATERIAIS E MÉTODOS Diagnosticar o comportamento da bacia, confirmar os problemas de cheias conhecidos, identificar os padrões de escoamento e suas relações espaçotemporais; e Elaborar gráficos e mapas que mostrem de forma concisa e coerente os resultados encontrados. A seguir são descritos todas as etapas percorridas, desde o levantamento de dados utilizados, até a obtenção dos resultados. 3.3.1. Dados utilizados na modelação Hidrológica-Hidrodinâmica utilizando o MODCEL As principais informações necessárias, para realização da modelação hidrológicahidrodinâmica que foi realizada neste trabalho, são os dados de topografia, precipitação, nível d'água e uso e ocupação do solo. Os principais dados utilizados foram: Bases Cartográficas do município de Maceió, obtidas junto à prefeitura do município, nas escalas 1:2.000 e 1:10.000 de 1999, além da atualização de alguns bairros em 2010 (SMCCU, 1999); Resultados obtidos durante os levantamentos topobatimétricos, coordenado pelo autor, e com o auxílio dos alunos de iniciação científica e pós-graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Alagoas; Levantamentos topobatimétricos dos riachos Gulandim e do Sapo, obtidos em Neves (2009); Visitas de campo para conhecimento da área de estudo e realização de registros fotográficos; Imagens de alta resolução (60 x 60 cm) do satélite Digital Globe de 2005; Imagens de satélite do software Google Earth; Dados de precipitação e nível d'água obtidos da rede de monitoramento instalada na bacia do riacho Reginaldo; e 87 3. MATERIAIS E MÉTODOS Definição do parâmetro "CN" utilizado no método SCS, de toda a bacia do riacho obtido a partir de Pedrosa (2008). 3.3.2. Estudos hidrológicos A realização dos estudos hidrológicos tem como objetivo geral definir os hietogramas de projeto para os diversos Cenários que foram simulados com o modelo hidrodinâmico, e em particular, definir eventos que foram monitorados pela rede de monitoramento que permitam realizar a calibração e validação do MODCEL, conforme será discutido mais adiante. Para este trabalho foram definidas precipitações de projeto, para diferentes tempos de retorno, contemplando os Cenários com recorrências de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. Além disso, também são construídos os hidrogramas de projeto gerados a partir da modelagem hidrológica que transforma a chuva em vazão, utilizando-se o método do SCS. A determinação das precipitações e hidrogramas de projeto, necessárias para representar as condições de contorno no trecho simulado da bacia do riacho Reginaldo, foi obtido através da utilização do HIDRO-FLU. Segundo Magalhães (2005) o HIDRO-FLU é um sistema computacional de geração de hidrogramas, a partir de uma chuva medida ou de projeto. Este sistema é capaz de determinar o tempo de concentração, elaborar chuva de projeto, fazer a separação da chuva efetiva, determinar hidrogramas de projeto, entre outras atribuições, ou seja, trata-se da implementação computacional de modelos hidrológicos. Mais informações sobre o sistema podem ser encontradas em Magalhães (2005). 3.3.2.1. Tempo de concentração O tempo de concentração (Tc) de uma bacia hidrográfica pode ser definido como o tempo necessário para que a água que chove no ponto mais distante, da foz do rio principal, leva para escoar até o exutório da bacia. O cálculo do Tc, na quase totalidade dos estudos de engenharia, é feito através de consagradas fórmulas empíricas, seja para avaliar soluções de controle de cheias urbanas ou para elaborar projetos de drenagem. Diante do exposto, é importante utilizar esse parâmetro hidráulico como suporte na determinação do evento de chuva crítico que deve ser considerado na proposição de soluções aos problemas de inundações nas bacias em estudo, pois ele influencia diretamente no valor das vazões máximas obtidas. Bondelid et. 88 3. MATERIAIS E MÉTODOS al. (1982) comentam que 75% dos erros na estimativa da vazão de pico dos hidrogramas estão relacionados a erros na estimativa do tempo de concentração. Já que na bacia do Reginaldo nunca foi desenvolvido trabalho de campo, com a utilização, por exemplo, de traçadores para determinação do tempo de concentração de forma precisa, procurou-se neste trabalho, utilizar diversas metodologias para calcular o tempo de concentração da bacia e, consequentemente, definir as chuvas e vazões de projeto de maneira mais adequada. Esta etapa baseou-se no trabalho de Farias Júnior (2011), que apresenta uma compilação de diversas fórmulas para calcular o tempo de concentração, utilizando desde fórmulas empíricas até semi-empíricas e descrevendo minimamente as condições para as quais cada uma das formulações foram desenvolvidas, já que estas características estão intimamente relacionadas ao valor calculado para o tempo de concentração. Analisando-se e enquadrando a bacia do riacho Reginaldo nas diversas formulações elencadas por Farias Júnior (2011), optou-se por calcular o tempo de concentração através das metodologias apresentadas na Tabela 3.4. Tal tabela apresenta as fórmulas utilizadas e o valor do Tc encontrado por cada uma delas, para a bacia do riacho Reginaldo. 89 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.4: Tempos de concentração calculado para a bacia do riacho Reginaldo. NOME TEMPO DE CONCENTRAÇÃO (min) EQUAÇÃO = Riverside Country 0,0053 × × × √ = 0,39 × ! # Dooge = 21,88 × C. Culverts Practice = 57 × ! # - C. Culverts Practice (min) adaptação DERSP = 85,2 × ! = Bransby-Williams 14,6 × ," × ( 104,68 $ 281,59 ,)* ,*+ , , ,* ,"$ 221,11 $ # √ = 0,3 × Temez ( ∆- = 25,2 × Ven Te Chow , " Kirpich , 239,51 $ 358,00 481,01 ,1) 199,25 ,+1 408,40 (× = 240 × 2 ∆- 545,38 DNOS = 10 × 246,93 IPH II = 18,628 × Ventura = Tulsa district (h) George Ribeiro = × ( , × (3 ," , 0,053 × × √ ,) " ,"+" 16 × 1,05 − 0,2 × 5 × 100 × 223,05 , 4 270,32 , ) 246,80 Os tempos de concentração apresentados na Tabela 3.4 mostram o quanto podem variar este importante parâmetro, a depender do método utilizado. Neste trabalho, optouse por utilizar o tempo de concentração encontrado através da formulação de George 90 3. MATERIAIS E MÉTODOS Ribeiro visto que este método é semi-empírico, ou seja, leva em consideração não só as características físicas da bacia como comprimento do talvegue e declividade do rio principal, mas também a condição de uso e cobertura do solo de toda a bacia representada pelo parâmetro "p", que neste trabalho foi adotado igual a 0,30, ou seja, a bacia apresenta cobertura vegetal em cerca de 30% de sua área total. Além disso, é possível perceber através da Tabela 3.4 que os valores do tempo de concentração calculados a partir de outras fórmulas semi-empíricas como DNOS, IPH II e Tulsa District não variaram mais que 10% em relação à fórmula proposta por George Ribeiro. Vale ressaltar que estas três formulações foram determinadas em condições que se enquadram com as características da bacia em estudo. Por fim, ressalta-se que em comparação com três métodos empíricos de cálculo do Tc largamente utilizados na literatura (Kirpich, Dooge, C. Culverts Pratice) percebe-se que a variação máxima foi de 14% (Kirpich). No entanto, sabe-se que este método foi desenvolvido para bacias rurais e diversos autores recomendam um fator de correção que diminui este tempo de concentração quando seu uso é feito em bacias urbanas. Diante do exposto, justifica-se a utilização do tempo de concentração de 247 min para a bacia do riacho Reginaldo, obtido através do método de George Ribeiro. 3.3.2.2. Precipitações e hidrogramas de Projeto Este item descreve as metodologias utilizadas para calcular as precipitações totais e efetivas de projeto, bem como o hidrograma de projeto utilizado como condição de contorno no modelo hidrodinâmico. 3.3.2.2.1. Hietogramas de Projeto O cálculo das precipitações de projeto utilizadas para simular os Cenários no presente trabalho, foi calculado com o auxílio do HIDRO-FLU. O sistema possui em sua codificação, entre outros métodos, a possibilidade de determinar as curvas i-d-f apresentadas por Pfastetter (1957). A Equação 3.1 apresenta a formulação desenvolvida por Pfastetter (1957) e que foi utilizada para a construção dos hietogramas de projeto deste trabalho. 91 3. MATERIAIS E MÉTODOS ; !9: > # < 6 = 78 = ∙ ?@ ∙ + B ∙ log 1 + F ∙ G 3.1 onde: 6 é a precipitação máxima (mm), 78 é o tempo de retorno (anos), é a duração da chuva (horas), H e I são constantes que dependem da duração da precipitação e J, @, B e H são constantes de cada posto. Vale ressaltar que a Equação 3.1 nos fornece o cálculo da chuva total precipitada. No entanto, na realidade, existe uma parcela da chuva que infiltra, é retida e evapotranspira, assim se faz necessário calcular a precipitação efetiva da chuva. Existem inúmeros métodos que fazem o cálculo da precipitação efetiva dentre eles, o método racional, o método do SCS, do índice Ø, entre outros. No presente trabalho, foram utilizados dois métodos de cálculo da precipitação efetiva, o método racional e o método do SCS. O primeiro foi utilizado, automaticamente, pelo módulo hidrológico do MODCEL, a fim de obter a precipitação efetiva, e posteriormente determinar o escoamento superficial nas células que foram criadas para representar a área simulada no modelo. O segundo foi aplicado com a mesma finalidade, no entanto foi utilizado para o cálculo da condição de contorno que representa parte do riacho Reginaldo não inserida no modelo hidrodinâmico, e serve de entrada para o MODCEL. A escolha de métodos diferentes para cálculo da precipitação efetiva e posterior determinação do escoamento superficial, seguiu as premissas conceituais de cada uma das metodologias, como por exemplo, a faixa de abrangência do tamanho da área que cada um deles deve ser aplicado. A seguir são apresentadas as características dos dois métodos supracitados. Método Racional Considera a chuva efetiva como um percentual da chuva total definido pelo Coeficiente de Escoamento (C). Assim, para cada instante de tempo, a chuva efetiva é calculada a partir da Equação 3.2. 6K LML 3N@ = 6K ∙ O 3.2 onde: 6K é a precipitação total (mm) e O é o coeficiente de escoamento. 92 3. MATERIAIS E MÉTODOS Destaca-se que a definição do coeficiente de escoamento depende do tipo de uso e ocupação do solo, e neste trabalho foi determinado célula a célula com base em imagens de satélite de alta resolução e auxílio do software Google Earth. Enfatiza-se que a utilização do método racional é recomendada, por alguns autores, para bacias menores que 5 km2. Método do Soil Conservation Service O uso do método do SCS, além de ter a vantagem de puder ser aplicado em bacias maiores que 5 km2, apresenta a vantagem de dispor de grande quantidade de trabalhos relativos ao ajuste do seu principal parâmetro, denominado Curva Número (CN). O método do SCS tem como premissa a razão entre o volume infiltrado e a capacidade de infiltração, como sendo diretamente proporcional à razão entre a chuva excedente e a precipitação total. As Equações 3.3, 3.4 e 3.5 descrevem a metodologia para o cálculo dos parâmetros necessários a determinação da precipitação efetiva pelo método do SCS. 6P = W= Y = QRST U 3.3 QRST :V "$) X ∙W − 254 3.4 3.5 onde: 6P é a precipitação efetiva acumulada (mm), 6 é a precipitação acumulada (mm), Y é a lâmina da abstração inicial (mm), W é o armazenamento máximo da camada de água do solo (mm) e é o percentual de coeficiente de W definido como abstração inicial. Os valores de CN utilizados para determinação da chuva efetiva com o SCS foi obtido em Pedrosa (2008). 3.3.2.2.2. Hidrogramas de Projeto Assim como o cálculo da precipitação efetiva, o hidrograma de projeto, ou seja, a conversão da chuva em vazão, pode ser obtida por diversos métodos. No HIDRO-FLU esta transformação é realizada através do Método do Hidrograma Unitário Sintético (HUS) que pode ser interpretado como uma composição entre o Hidrograma Triangular do Método 93 3. MATERIAIS E MÉTODOS Racional adaptado para chuvas complexas e o Hidrograma Unitário Sintético do SCS (MAGALHÃES, 2005). Souza (2010) afirma que o Hidrograma Triangular do Método Racional superestima a vazão de pico do hidrograma, assim, no HIDRO-FLU realiza-se a passagem deste hidrograma por um reservatório linear. Esse reservatório não só corrige as vazões de projeto, como também reflete o amortecimento do escoamento superficial decorrente do fluxo e do armazenamento sobre a superfície da bacia e na calha fluvial. Os hidrogramas e hietogramas de projeto foram calculados, conforme citado anteriormente, para todos os Cenários modelados através do modelo hidrodinâmico, ou seja, para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. A Tabela 3.5 apresenta uma compilação dos resultados obtidos com o HIDRO-FLU, ilustrando os resultados das precipitações totais acumuladas e vazões máximas obtidas. Nos diversos Cenários a duração da chuva foi considerada igual ao tempo de concentração da bacia do riacho Reginaldo, representando a situação mais crítica do ponto de vista das inundações. Tabela 3.5: Precipitações totais acumuladas e vazões de pico das condições de contorno. Tr (ANOS) Ptotal (mm) VAZÃO DE PICO (m3/s) 2 55,50 19,31 5 71,90 31,00 10 84,40 40,37 25 50 101,20 115,00 53,44 64,53 A fim de demonstrar os hietogramas e os hidrogramas de projeto utilizados, apresenta-se, na Figura 3.14, um exemplo dos mesmos para o Cenário com tempo de retorno de 2 anos. Estes dados foram utilizados como arquivos de entrada para a realização das simulações com o MODCEL. 94 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.14: Ilustração do hietograma e hidrograma de projetos que representam a condição de contorno no MODCEL. 3.3.2.2.3. Definição do coeficiente de escoamento Como discutido anteriormente, a modelagem hidrológica-hidrodinâmica, realizada com o MODCEL, depende do cálculo do escoamento superficial para transformar a chuva em vazão. O método adotado pelo MODCEL para o cálculo do deflúvio, neste trabalho, foi o método racional. Nesse sentido, o presente item ilustra a metodologia utilizada para definição do coeficiente de escoamento de cada uma das células elaboradas para o modelo. Os valores dos coeficientes de escoamento adotados foram definidos com base nos valores utilizados pela Prefeitura de São Paulo apresentados na Tabela 3.6 (WILKEN, 1978). 95 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.6: Valores do coeficiente de escoamento adotados pela Prefeitura de São Paulo. CARACTERÍSTICAS DA OCUPAÇÃO Edificação muito densa: Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas pavimentadas Edificação não muito densa: Partes adjacentes ao centro, de menos densidades de habitações, mas com ruas e calçadas pavimentadas. Edificação com poucas superfícies livres: Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas. Edificação com muitas superfícies livres: Partes residenciais com ruas macamizadas ou pavimentadas. Subúrbios com alguma edificação: Partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construção. Matas parques e campos de esporte: Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados, campos de esportes sem pavimentação. COEF. ESCOAMENTO 0,70 - 0,95 0,60 - 0,70 0,50 - 0,60 0,25 - 0,50 0,10 - 0,25 0,05 - 0,20 Fonte: (Wilken,1978). A partir dessa classificação, e considerando-se as características de uso e ocupação do solo da área de estudo, foi elaborada uma nova divisão de classes, para definição dos coeficientes de escoamento superficial das células. O nível de ocupação observado nas imagens de satélite disponíveis e em visitas de campo possibilitou uma nova classificação dos tipos de uso na bacia. Assim, a ocupação urbana e a cobertura vegetal foram divididas em cinco classes de densidade cada uma, como exposto na Tabela 3.7. Tabela 3.7: Valores do coeficiente de escoamento adotados para a bacia do riacho Reginaldo. TIPO DE USO Tipo A: Ocupação Urbana Tipo C: Ocupação Urbana Tipo D: Ocupação Urbana Tipo E: Cobertura Vegetal Tipo F: Cobertura Vegetal DESCRIÇÃO Densamente ocupado e com ruas pavimentadas. Ocupação densa com ruas não pavimentadas Medianamente denso com ruas não pavimentadas Campos cerrados Bosques e Áreas verdes COEF. ESCOAMENTO 0,65 0,55 0,45 0,30 0,20 Salienta-se, que em algumas células (61 no total) foi necessário calcular o coeficiente de escoamento médio através da ponderação de áreas, pois existiam, na mesma célula, áreas classificadas com usos diferentes do solo. A Tabela 3.8 mostram os valores definidos, a título de exemplificação, para algumas células que precisaram que a definição do seu coeficiente de escoamento (runoff) fosse ponderada. 96 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.8: Exemplificação do coeficiente de escoamento calculado através da ponderação. NÚMERO DAS CÉLULAS COEF. ESCOAMENTO ÁREA (m2) DA CLASSE DE USO DO SOLO ------- Tipo A (0.65) 40.561,9 Tipo C (0.55) 0,00 Tipo D (0.45) 0,00 Tipo E (0.30) 2.559,45 Tipo F (0.20) 0,00 68 69 30.077,05 15.232,90 0,00 7.313,87 1.808,62 0,55 201 275 2.929,98 32.425,50 0,00 1.677,21 0,00 0,00 3.673,26 3.450,27 0,00 14.287,80 0,46 0,50 Ponderado 0,63 Já na Figura 3.15 são apresentados os tipos de classe de uso do solo, conforme Tabela 3.8, para a área de estudo deste trabalho. Figura 3.15: Classes de uso do solo nas células de escoamento do MODCEL. 3.3.3. Modelação topográfica, hidráulica e topológica A utilização do MODCEL depende da delimitação da área a ser modelada em células de escoamento. Esta divisão passa pela interpretação do caminho percorrido pelo escoamento superficial, observando-se as características topográficas. Esta etapa é denominada de modelação topográfica. 97 3. MATERIAIS E MÉTODOS A modelação topográfica ilustra a disposição do terreno quanto às suas variações espaciais, verticais e horizontais, bem como a delimitação das células. Para o desenvolvimento desta etapa utilizou-se levantamentos de campo descritos no item 3.1.5, a base cartográfica de Maceió na escala 1:2.000, e o auxílio do software de geoprocessamento ArcMap 9.3®. Como resultado desta etapa obteve-se a construção de 290 células de escoamento, sendo que 223 células representam as planícies e as encostas, e 67 representam os corpos hídricos, sejam a céu aberto ou em bueiros. Durante a construção das células e locação de seus centros de escoamento, são levantadas informações que alimentarão os arquivos de entrada do modelo, a exemplo da área das células, cotas dos centros das células, distâncias entre centros, dentre outras informações. Na Figura 3.16 apresenta-se o arranjo de células desenhado para representar a área de estudo no MODCEL. 98 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.16: Divisão das células de escoamento e centros de células da área de estudo. 99 3. MATERIAIS E MÉTODOS Além da delimitação das células, algumas informações sobre suas características e a de seus centros, são necessárias para que cada célula se comunique com uma ou mais células, de modo que haja um encadeamento entre elas, proporcionando uma rede de escoamentos. Estas ligações representam leis hidráulicas unidimensionais que tentam retratar a realidade física do ambiente urbano que está sendo modelado. Esta etapa é definida como modelação hidráulica. A Figura 3.17, apresenta um arranjo esquemático das ligações hidráulicas usadas entre algumas células, conforme premissa da modelação hidráulica. Figura 3.17: Representação esquemática dos tipos de ligações. Fonte: Adaptado de Vidal et. al. (2011). Por fim, e não menos importante é necessário à construção do modelo topológico que é fornecido ao MODCEL. O esquema topológico integra a rede de células, a fim de configurar todas as interações entre as células e suas posições relativas, assim como as condições de contorno necessárias ao processo de modelagem. Essa etapa é definida como modelação topológica. A Figura 3.18 e Figura 3.19 apresenta o esquema topológico criado para as simulações dos Cenários de diagnóstico. 100 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.18: Representação do esquema topológico utilizado como dado de entrada no MODCEL. 101 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 3.19: Representação do esquema topológico utilizado como dado de entrada no MODCEL (continuação). 102 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.3.4. Arquivos de entrada do MODCEL O início da simulação hidráulica com o MODCEL depende da correta construção de todos os arquivos que trazem informações baseadas na modelação topográfica, hidráulica e topológica. A modelagem pode ser iniciada após a construção dos arquivos de condições iniciais, de base de dados, das precipitações e das condições de contorno. A seguir é realizada uma breve discussão sobre as informações contidas em cada um desses arquivos: Arquivo de Condições Iniciais: Neste arquivo define-se o tempo de cada simulação, bem como a subdivisão do intervalo de tempo, que influenciarão na solução numérica das equações. São também informadas, neste arquivo, as características da urbanização (nível médio das calçadas, edificações, etc.), o esquema topológico, as cotas de fundo que definem a declividade dos corpos hídricos e lâmina d'água no início da modelagem em cada célula, as células para as quais se deseja obter os resultados tanto de vazão quanto de nível d'água, dentre outras informações; Arquivo de Base de Dados: Dentre os arquivos de entrada do MODCEL, este é, sem dúvida, o que agrega mais informações. Nele definem-se as informações coletadas nas etapas de modelação hidráulica e topográfica, a exemplo da definição dos tipos de células, área total e de armazenamento, leis hidráulicas definidas em cada ligação entre células, distâncias entre os centros das células e os coeficientes de ponderação de distâncias, entre outras inúmeras informações. Além destas, outra importante informação é a definição do coeficiente de escoamento de cada célula; Arquivo de Precipitações: Nesse arquivo são informadas as características das precipitações totais por intervalo de tempo, estas que serão utilizadas pelo modelo para o cálculo da precipitação efetiva e posterior transformação desta em escoamento superficial (vazão), após aplicação do módulo hidrológico do modelo; e 103 3. MATERIAIS E MÉTODOS Arquivo de Condições de Contorno: Segundo Miguez (2001), as condições podem ser introduzidas de três maneiras distintas. A primeira pode ser do tipo variação do nível d'água em função do tempo Z(t), que é o que ocorre quando temos o oceano interligando com os rios, o segundo pode ser a vazão em função do tempo Q(t), que pode ser a representação da chegada de algum afluente que não foi discretizado com o modelo hidrodinâmico e o terceiro é a relação entre vazão e nível d’água Q(Z), que pode ser introduzido através do conhecimento de curvas chaves elaborada para os corpos hídricos. As condições de contorno utilizadas no presente estudo referem-se à variação do nível d’água na foz do riacho Reginaldo, no oceano atlântico, que foi representada por um senóide com base em dados obtidos no site do Centro de Hidrografia da Marinha CHM, bem como às vazões de cheia do riacho Reginaldo, do trecho imediatamente a montante da afluência do riacho Pau D’Arco até a cabeceira da bacia. A distribuição espacial das condições de contorno inseridas na modelagem, bem como o tipo de cada uma delas, é ilustrada na Figura 3.20. Figura 3.20: Representação das condições de contorno para entrada no MODCEL. 104 3. MATERIAIS E MÉTODOS A Figura 3.21 apresenta a condição da maré inserida no MODCEL como condição de contorno. A elaboração da condição da maré baseou-se na observação da variação da mesma nos anos de 2009, 2010 e 2011, obtidos no site do CHM, e a amplitude da mesma foi considerada igual a 1,40 m. Vale destacar que as cotas da maré apresentadas na Figura 3.21 estão de acordo com a base cartográfica de Maceió. Condição de Contorno Foz do Reginaldo - Maré 0.8 Cotas da maré (m) 0.6 0.4 0.2 0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 Tempo (min) Figura 3.21: Variação da maré considerada como condição de contorno no MODCEL. 3.3.5. Calibração e validação A utilização da modelagem matemática hidrodinâmica deve passar pelos processos de calibração e validação, baseados em eventos extremos que foram monitorados na área a ser estudada, pois se os resultados dessas etapas forem eficazes, o modelador pode se sentir mais confiante quanto à fidedignidade, entre os resultados simulados pelo modelo e o evento real. Os processos de calibração e validação visam reproduzir eventos que já ocorreram na bacia, de modo a ajustar e validar os parâmetros de literatura, seja hidráulico ou de uso e ocupação do solo, de modo a retratar a realidade de cada região em estudo. Nesse sentido, procurou-se para o presente trabalho avaliar a possibilidade de se realizar a calibração e validação da área em estudo (parte baixa da bacia do riacho 105 3. MATERIAIS E MÉTODOS Reginaldo) utilizando os dados obtidos da rede de monitoramento. No entanto, sabese que os resultados obtidos nas etapas de calibração/validação estão intimamente relacionados com a quantidade e qualidade dos dados disponíveis. Assim a Tabela 3.9 apresenta o período de dados disponíveis e considerados confiáveis, para definir quais eventos podem ser utilizados no processo de calibração/validação. Tabela 3.9: Período de dados confiáveis para calibrar e validar o MODCEL na bacia do riacho Reginaldo. LOCAL TIPO DE ESTAÇÃO DATA DE INSTALAÇÃO PERÍODO CONFIÁVEL PARA CALIBRAR E VALIDAR* Quartel do Exército Pluviógrafo 13/03/2008 SEST/SENAT San Nícolas Pluviógrafo Pluviógrafo 13/06/2008 12/12/2007 Aeroclube Pluviógrafo 17/12/2008 Linígrafo Linígrafo 5/11/2008 Entre 12/12/08 a 30/03/09, pois é o período desde a instalação dos equipamentos até quando foram realmente coletados os dados. Como citado anteriormente, nenhum dos pluviógrafos está instalado na parte baixa da bacia, ou seja, nas proximidades onde opera o sensor de nível. Desta forma, faz-se necessário a interpretação do comportamento das chuvas na bacia do riacho Reginaldo, com base nos outros pontos monitorados, a fim de calibrar/validar o modelo. Na análise dos dados monitorados dentro da bacia do riacho Reginaldo, descartou-se a utilização dos dados do pluviógrafo instalado no condomínio San Nícolas, pois este apresentou problemas já na metade do mês de agosto do ano de 2008. O início da avaliação para utilização dos dados na calibração/validação foi considerado a partir dos dados do sensor de nível instalado no riacho Gulandim, pois esta é a informação que tentará ser reproduzida pelo MODCEL. Após análise de todos os dados disponíveis, percebeu-se que o sensor registrou significativa elevação do nível do riacho nos seguintes dias e horários (Tabela 3.10). 106 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.10: Eventos significativos monitorados pelo sensor de nível no riacho Gulandim. DATA Início Cota máxima 12/01/09 07h12min 0,53 03/02/09 04/02/09 5h43min 00h38min 0,57 0,97 20/02/09 03h33min e 19h18 1,09 e 1,17 21/02/09 2h03min 0,93 22/02/09 07h58min 1,35 02/03/09 03/03/09 3h23min; 5h48min e 8h13min; 22h28min 1h33min 0,73; 0,73; 0,88 e 0,55 0,88 Após o levantamento dos dias em que houve considerável elevação do nível d’água do riacho Gulandim, monitorado pelo linígrafo, devido a eventos de precipitações intensas, buscou-se analisar os dados de precipitação dos três pluviógrafos, que apresentaram dados consistentes (SEST, Aeroclube e Batalhão). Para tanto foi utilizado o programa desenvolvido em Matlab na Universidade Federal de Alagoas, que tem como objetivo elaborar eventos de precipitação baseado em algumas características da precipitação, como por exemplo, a quantidade de chuva mínima precipitada para considerar um evento, o tempo entre eventos, entre outras informações. Depois de gerados os eventos para os pluviógrafos, foram realizados o cruzamento das informações, procurando caracterizar a distribuição espacial das chuvas na bacia do riacho Reginaldo. A Tabela 3.11 apresenta os eventos gerados pelo programa bem como informações de volume precipitado, início do evento, duração dos eventos, entre outros. 107 3. MATERIAIS E MÉTODOS Tabela 3.11: Eventos de precipitação gerados para análise do comportamento das chuvas na bacia do riacho Reginaldo. AEROCLUBE Data Início do evento 19/06/08 01h32min 08/07/08 0h56min 16/08/08 6h40min 01/09/08 5h22min 28/09/08 17h01min 18/11/08 10/12/08 12/01/09 1h46min 3h16min 3h50min 15/01/09 20h29min 03/02/09 04/02/09 21/02/09 22/02/09 2h10min 0h55min 2h05min 5h14min 01/03/09 18h08min Término do evento 02h42min (20/06/08) 11h42h38 6h03min (17/08/08) 11h27min 09h48min (29/09/08) 10h03min 7h02min 8h13min 12h11min (16/01/09) 08h41min 4h21min 5h47min 12h28min 5hh21min (03/03/09) SEST/SENAT Duração do evento (h) P (mm) Início do evento 25,17 36,0 3h40min 10,76 18,6 0h39min 23,39 94,8 6h03min 6,09 38,2 5h23min 16,78 16,4 19h46min 8,29 3,76 4,38 10,4 7,0 8,6 2h37min 1h46min 6h28min 15,71 28,6 20h37min 6,51 3,45 3,69 7,22 29,0 11,8 44,2 65,8 2h11min 0h54min 2h06min 7h37min 35,21 179,6 18h15min Término do evento 0h44min (20/06/08) 8h54min 5h34min (17/08/08) 11h36min 5h39min (29/09/08) 9h46min 5h31min 11h40min 12h42min (16/01/09) 8h33min 3h50min 5h49min 12h09min 17h41min (02/03/09) BATALHÃO Duração do evento (h) P (mm) Início do evento Término do evento Duração do evento (h) P (mm) 21,1 24,8 5h30min 20,9 32,2 8,3 7,4 1h18min 8,9 15,4 23,5 88,0 Não choveu 6,2 22,6 9,9 15,6 22h49min 7,2 3,8 5,2 11,6 21,4 9,6 2h37min 1h46min 4h53min Não choveu 20h23min (29/09/08) 9h46min 5h31min 5h22min 21,6 6,2 14,1 3,8 0,5 8,6 21,4 8,8 16,1 23,2 6,4 2,9 3,7 4,5 48,2 5,2 42,8 86,8 Não choveu 9h23min 8,2 6h17min 3,0 5h34min 3,5 34,8 39,2 35,0 23,4 133,0 2h24min (20/06/08) 10h13min Não choveu 1h09min 3h15min 2h04min Não choveu 108 3. MATERIAIS E MÉTODOS Já a Figura 3.22 apresenta o volume precipitado dos postos bem como a data de cada evento. 109 Precipitação (mm) 3. MATERIAIS E MÉTODOS 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Data dos eventos de precipitação Aeroclube SEST Batalhão Figura 3.22: Precipitação dos eventos avaliados para serem utilizados na calibração e validação do MODCEL. 110 3. MATERIAIS E MÉTODOS O cruzamento das informações da Figura 3.22 em conjunto com as informações da Tabela 3.10 e Tabela 3.11, nos permite tirar algumas conclusões quanto ao comportamento das precipitações na bacia do riacho Reginaldo, quais sejam: 1. Os eventos dos dias 19/06/08, 08/07/08, 28/09/08, 18/11/08, 12/01/09 e 21/02/09 aparentam ser eventos que ocorreram de uma forma distribuída e homogênea na bacia, valendo ressaltar que a diferença máxima precipitada entre o posto que registrou a chuva máxima e a mínima dentre os três postos, para cada evento separadamente, foi de 11,2 mm; 2. Os eventos dos dias 16/08/08, 01/09/08, 15/01/09, 03/02/09 e 01/03/09 indicam que estes eventos se concentram da parte média/alta (SEST) para a parte alta da bacia (Aeroclube), pois se notam consideráveis volumes de chuvas monitorados nestes postos e sem que haja a medição de chuva no posto do Batalhão. Um fato que reforça essa tese é o de que o sensor de nível não registra elevação do nível d'água no riacho Gulandim; 3. O evento do dia 04/02 traz o indicativo de que a distribuição de chuva na bacia se concentrou na parte baixa da mesma. Dois aspectos reforçam essa teoria, o primeiro é o fato da diferença do volume precipitado entre o posto do Batalhão e o do SEST é de 32 mm, e o segundo é que o nível registrou uma elevação considerável do nível d'água do riacho Gulandim, da ordem de 1 m; e 4. Nos eventos registrados pelo pluviógrafo do Batalhão nos dias 4, 21 e 22 de fevereiro sempre houve uma resposta equivalente por parte do linígrafo o que indica que se ocorrer chuvas nessa região é provável que também esteja chovendo na parte baixa da bacia, no entanto, nos dias 3 e 20/02 não houve o registro de precipitação no Batalhão, mas houve uma considerável elevação do nível d'água no Gulandim (0,57 e 1,17) o que indica que nem sempre a chuva da parte alta da bacia é representativa da parte baixa. Diante do exposto percebe-se que é possível que tenham ocorrido as seguintes distribuições de chuva na bacia do riacho Reginaldo: 1. Chuvas distribuídas da parte média/alta (SEST) para a parte alta da bacia (Aeroclube); 111 3. MATERIAIS E MÉTODOS 2. Chuvas distribuídas homogeneamente desde a parte alta (Aeroclube) até a parte baixa, averiguado pela variação do nível d'água registrado pelo linígrafo; 3. Chuvas concentradas na parte baixa da bacia, comprovado pelo monitoramento do nível; e 4. Chuvas concentradas da parte média/baixa (Batalhão) para a parte baixa (registros do linígrafo). Baseado nestas análises percebe-se que o ideal, para se realizar uma boa calibração/validação em estudos envolvendo a bacia do riacho Reginaldo, seria o monitoramento da chuva na parte baixa da bacia e/ou maior adensamento da rede de pluviômetros em toda a bacia. Já que não se tem essa configuração, na rede de monitoramento instalada, a alternativa mais coerente é que se selecionem dois eventos que tragam indícios de que a chuva ocorreu de forma distribuída (duração dos eventos e volumes precipitados) e que aliado a isso exista uma resposta do sensor de nível para tais eventos. Diante destas discussões, foi escolhido o evento do dia 21/02/09 para realizar a calibração. A Tabela 3.12 mostra as características das chuvas nos três pluviógrafos, bem como o nível máximo atingido no sensor como resposta as precipitações. Tabela 3.12: Informações sobre o evento escolhido para calibração do MODCEL. POSTO AEROCLUBE SEST BATALHÃO INÍCIO DO EVENTO 2h05min 2h06min 3h15min DURAÇÃO (h) 3,69 3,70 3,00 P (mm) 44,20 42,80 39,20 * O linígrafo registrou 0,86 m e a subida dele se iniciou as 2h03min. A Figura 3.22 apresenta o hietograma da chuva inserida no modelo com o objetivo de fazer a calibração do mesmo. Vale ressaltar que para elaboração deste hietograma foram utilizados dados dos pluviógrafos do Aeroclube, SEST e Batalhão e aplicada à metodologia de Thiessen para o cálculo da precipitação média na bacia. 112 3. MATERIAIS E MÉTODOS 4 3.5 Precipitação (mm) 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 0 Tempo (min) Figura 3.23: Hietograma da precipitação utilizada na calibração do modelo. Já a Figura 3.24 mostra os resultados obtidos na calibração com base nos dados do evento supracitado. Devido a grande semelhança entre os valores obtidos pelo MODCEL e os medidos pelo linígrafo, considera-se que a calibração apresentou um resultado satisfatório. 113 3. MATERIAIS E MÉTODOS 0.90 Nível D'água (m) 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 0 2 4 6 Tempo (h) Linígrafo (monitorado) 8 10 12 MODCEL (calibrado) Figura 3.24: Resultado da calibração, cotagramas no riacho Gulandim. Neste gráfico é tomada a decisão de deslocar o cotagrama monitorado pelo nível, a fim de coincidir a sua subida com o início da simulação. Essa simplificação significa que a chuva na localidade onde está instalado o sensor pode ter começado um pouco antes na parte baixa da bacia, o que é completamente plausível baseado no que se conhece da região e também da incerteza que existe entre a aferição entre os horários registrados pelos eventos nos pluviógrafos e no linígrafo. Outra questão é que o linígrafo encontra-se instalado a aproximadamente 30 cm do fundo do canal, assim valores inferiores a este não são monitorados pelo mesmo. Em relação à validação do MODCEL na bacia do riacho Reginaldo, destaca-se que não foi possível selecionar outro evento, dentre o período de dados disponíveis, que fornecesse o mesmo indício de homogeneidade da chuva distribuída ao longo da bacia, conforme o evento da calibração. Assim, não foi possível realizar a validação do MODCEL. No entanto, na tentativa de validar os resultados obtidos nesta dissertação, é apresentada no Cenário de diagnóstico com tempo de retorno de 25 anos, uma análise 114 3. MATERIAIS E MÉTODOS comparativa do mapeamento das inundações obtida por Holz (2010) e os encontrados neste estudo. Vale destacar que a calibração do MODCEL foi feita manualmente e os parâmetros calibrados foram o coeficiente de manning dos corpos hídricos, o coeficiente de escoamento das células e o raio hidráulico utilizado nas equações que regem os escoamentos. Os valores iniciais do coeficiente de manning basearam-se em Porto (2006). Para os riachos Reginaldo, Sapo e Gulandim, que se encontram canalizados, foi adotado 0,018, já para o riacho Pau D’Arco, que se encontra em leito natural, foi considerado 0,030. Ressalta-se que onde havia estrangulamentos na calha dos riachos, devido à infraestrutura da cidade ou a presença de bueiros, foi considerado um acréscimo no valor do manning, segundo orientações descritas em Chow (1959). 115 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Neste capítulo serão discutidos os resultados encontrados a partir da modelagem hidrodinâmica realizada através do Modelo de Células de Escoamento, destacando os Cenários de diagnóstico das inundações. É apresentado um diagnóstico das inundações para os Cenários com tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. Nas discussões procura-se apontar os pontos mais críticos relacionados às inundações que ocorrem na bacia, apresentar alguns hidrogramas em pontos estratégicos ao longo do riacho Reginaldo e de seus principais afluentes, avaliar a situação dos bueiros representados no modelo e elaborar os mapas de inundação de toda a área simulada. 4.1. Cenário 1 - Cheia com Tr = 2 anos Neste Cenário, realizou-se um diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se uma chuva de projeto com tempo de retorno de 2 anos. Para tanto, foram selecionados alguns pontos estratégicos ao longo tanto do riacho Reginaldo, quanto dos seus principais afluentes (riacho Gulandim, Sapo e Pau D’Arco) a fim de observar o comportamento dos hidrogramas nestes corpos hídricos. Além dos hidrogramas, foi avaliado o nível d'água alcançado pela passagem da onda de cheia, verificado se houve o afogamento dos bueiros inseridos no modelo e elaborado o mapa de inundação da área de estudo. A Figura 4.1 apresenta a localização dos pontos estratégicos ao longo dos riachos Reginaldo e de seus afluentes, onde foram avaliados os hidrogramas de cada corpo hídrico. 116 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.1: Pontos onde foram apresentados alguns hidrogamas simulados. 117 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.1.1. Riacho Gulandim (Tr = 2 anos) A Figura 4.2 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Gulandim. 2.50 Av. Brasil Av. Comendador Leão Foz do Gulandim Vazão (m³/s) 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.2: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho Gulandim. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.2, pode-se afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Gulandim é da ordem de 2,23 m3/s e ocorreu após 3,00 h de simulação. Destaca-se que a presença de um segundo pico observado no hidrograma da foz deste corpo hídrico, deve-se ao rebaixamento da maré (pico da maré após 4 h de simulação), que funciona como um controle hidráulico à jusante, pois quando o nível da maré diminui permite que ocorra o escoamento do restante da cheia do Gulandim. A Figura 4.3 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo do Gulandim. Este bueiro localiza-se nas proximidades do Moinho Motrisa, no bairro do poço. 118 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 2.50 2.00 Nível D'água 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda 0.50 Bueiro Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 Distância da Foz (m) 1200 1400 1600 1800 Figura 4.3: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.3, é possível perceber que não ocorrem extravasamentos, consideráveis, da calha principal do canal para as planícies marginais, para o Cenário com tempo de retorno de 2 anos. No entanto, próximo a sua confluência com o riacho Reginaldo ocorre um pequeno extravasamento. O presente resultado não era esperado, pois o riacho Gulandim encontra-se canalizado e retificado e obras deste tipo, geralmente, são desenvolvidas para que o sistema de macrodrenagem suporte uma vazão com 25 anos de tempo de retorno. Devido ao assoreamento, a presença de lixo, e ao desgaste natural da obra de canalização, executada há alguns anos, esperava-se que a capacidade do canal não suportasse a vazão com 25 anos de tempo de retorno, porém não se esperava que já para o Cenário de 2 anos fosse haver falha no sistema de macrodrenagem. No único ponto que houve falha do sistema de macrodrenagem, na foz do Gulandim, pode-se destacar que a rua que margeia seu lado esquerdo é muito baixa em relação à outra margem. Além disso, na margem direita praticamente não há possibilidade de vertimento do 119 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO escoamento devido a grande quantidade de edificações e por fim ressalta-se a existência de um degrau (Figura 4.4) de aproximadamente 0,60 m que dificulta a passagem da onda de cheia. Este degrau foi implantado pela própria prefeitura com a finalidade de impedir que, em tempo seco, as águas do riacho Gulandim escoem para o riacho Reginaldo devido à sua má qualidade, conforme afirmado por Pimentel (2009), existindo um sistema de bombeamento que direciona as águas do Gulandim direto para o emissário submarino de Maceió. A Figura 4.4 ilustra os fatores que favorecem os problemas de inundações, citados anteriormente, próximos à foz do Gulandim. a) b) Figura 4.4: a) Edificações na margem direita do riacho Gulandim, próximo à foz e b) Degrau que aumenta a rugosidade e dificulta a passagem da onda de cheia. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Gulandim é possível perceber, através da Figura 4.3, que este não ficou afogada para o presente Cenário, já que sua cota de teto é igual a 3,77 m e o nível d'água atingiu 3,52 m. Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo canal para este Cenário, a localidade não sofre com problemas de remanso. Este bueiro tem aproximadamente 130 m de comprimento. 4.1.2. Riacho do Sapo (Tr = 2 anos) A Figura 4.5 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho do Sapo. 120 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 3.50 Av. Comendador Gustavo Paiva Av. Jatiúca 3.00 Foz do Sapo Vazão (m³/s) 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.5: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho do Sapo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.5, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho do Sapo é da ordem de 3,02 m3/s e ocorreu após 2,80 h de simulação. A Figura 4.6 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo dos bueiros inseridos no modelo deste corpo hídrico. Estes bueiros localizam-se, na Avenida Jatiúca (Bairro de Jatiúca), em frente ao antigo Shopping Iguatemi (Bairro de Mangabeiras), do Viaduto João Lyra até próximo da Mangabeiras Veículos (Bairro de Mangabeiras e Jacintinho) e próximo à cabeceira do riacho onde algumas casas estrangulam o riacho do Sapo (Bairro do Jacintinho). Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.6, é possível perceber que não ocorrem extravasamentos da calha principal do canal, para as planícies marginais, no Cenário com tempo de retorno de 2 anos. 121 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 14.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 12.00 Cotas (m) 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 Distância da Foz (m) 2500 3000 3500 Figura 4.6: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 2 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. O presente resultado já era esperado, pois o riacho do Sapo, assim como riacho Gulandim, encontra-se canalizado e retificado e projetos desta natureza, geralmente, são desenvolvidos para que o sistema de macrodrenagem suporte uma vazão com aproximadamente 25 anos de tempo de retorno. Tendo em vista que os riachos do Sapo e Gulandim foram canalizados na mesma época, portanto considerando critérios de projeto semelhantes, pode-se afirmar que o riacho do Sapo encontra-se mais bem preservado que o Gulandim. Em relação aos bueiros inseridos no modelo do riacho do Sapo, é possível perceber, através da Figura 4.6, que nenhum destes ficou afogado para o presente Cenário. O bueiro que ficou mais próximo de sofrer afogamento foi o que cruza a Avenida Jatiúca (Bairro de Jatiúca) apresentando uma borda livre da ordem de 45 cm, os demais bueiros apresentaram folgas superiores a 64 cm. No entanto, vale ressaltar que o bueiro que vai desde a Avenida Comendador Gustavo Paiva (próximo a Mangabeiras Veículos) até a Avenida Dona Constança (próximo ao Viaduto 122 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO João Lyra), ao longo do riacho do Sapo, não foi bem representado no MODCEL, devido à falta de dados de campo suficientes que permitissem sua representação. Entre estes dados, destacamse as cotas de teto e fundo, que foram estimadas através de uma interpolação linear ao longo de um extenso trecho e que contém algumas curvas ao longo do traçado do bueiro. Assim, não foi possível avaliar se houve ou não o afogamento desta estrutura hidráulica. Entretanto, a inserção deste bueiro no modelo, visou não influenciar na hidrodinâmica geral do riacho do Sapo, pois, com o nível de detalhes deste estudo, é mais factível não averiguar se houve afogamento em um bueiro do que influenciar nos resultados inserindo uma declividade alta em um trecho que, provavelmente, tem uma declividade suave. Este bueiro tem aproximadamente 653 m de comprimento, sendo essa uma das dificuldades encontradas em campo para o levantamento dos dados necessários a sua adequada representação. 4.1.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 2 anos) A Figura 4.7 ilustra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Pau D’Arco. 7.00 Rua Desembargador Hélio Cabral Av. Governador Afrânio Lages (Rodoviária) 6.00 Foz do Pau D'arco Vazão (m³/s) 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.7: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho do Pau D’Arco. 123 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.7, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Pau D’Arco é da ordem de 6,73 m3/s e ocorreu após 2 h de simulação. A Figura 4.8 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo simulado. Este bueiro localiza-se na Rua Desembargador Hélio Cabral próximo ao limite dos bairros Jacintinho e Feitosa. 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 20.00 15.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda 10.00 Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.8: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. O riacho Pau D’Arco é o único corpo hídrico inserido na área de estudo simulada que não se encontra canalizado. Assim, o seu comportamento bem como a consideração dos extravasamentos em relação a sua calha, considerada como principal, tem uma interpretação um pouco diferente dos demais corpos hídricos. Ao longo do riacho, podem-se perceber localidades com uma calha bem definida, em terra, tanto sem ocupação nas margens, quanto com o riacho sofrendo estrangulamentos por edificações, em ambas as margens e também 124 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO acima do seu fundo. Já em outros pontos não existe uma calha definida e a ocupação residencial pode ser vista a poucos centímetros de onde o riacho escoa em tempo seco. A Figura 4.9 ilustra um pouco estas realidades. a) b) c) d) Figura 4.9: Calha do riacho Pau D’Arco, a) Estrangulado por edificações nas margens e em cima, b) Estrangulado em ambas as margens, c) Sem calha principal definida e edificações a poucos centímetros e d) Calha bem definida sem ocupação das margens. A variabilidade nas cotas das margens esquerda e direita, ilustrada na Figura 4.8, deve-se a discussão supracitada. Enfatiza-se também que, por vezes, mesmo com uma pequena elevação do nível d'água, algumas edificações já são atingidas pela inundação tanto por sua proximidade com o talvegue do riacho Pau D’Arco, quanto pela não existência de uma calha principal que comporte, por exemplo, a vazão de 2 anos de tempo de retorno. Nessas localidades, pode-se afirmar que a população atingida pela inundação ocorre bem mais devido à ocupação irregular das margens do riacho, do que devido a um significativo aumento em seu nível d'água. Assim, o mapa de inundação do riacho Pau D’Arco que será apresentado, além de ilustrar as profundidades atingidas pela inundação, mostrará o espraiamento da zona da passagem da cheia em cada um dos Cenários. 125 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Pau D’Arco, é possível perceber, na Figura 4.8, que esta não ficou afogada para o presente Cenário, já que sua cota de teto é igual a 30,43 m e o nível d'água atingiu a cota 29,64 m. Como o bueiro comporta a vazão transportada pelo riacho, a localidade não sofre com problemas de remanso para chuvas com recorrência de 2 anos. No entanto, em conversas com moradores, este bueiro foi apontado como um dos principais responsáveis pelas inundações que ocorrem nessa região, pois como a própria comunidade afirmou, quando ocorrem as chuvas mais severas, uma quantidade considerável de lixo acaba obstruindo o mesmo. O bueiro localiza-se na Rua Desembargador Hélio Cabral, que é uma das principais vias de ligação entre dois populosos bairros em Maceió, o Jacintinho e o Feitosa. Este bueiro possui aproximadamente 60 m de comprimento. 4.1.4. Riacho Reginaldo (Tr = 2 anos) A Figura 4.10 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Reginaldo. Figura 4.10: Hidrogramas da cheia com Tr = 2 anos ao longo do riacho Reginaldo. 126 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.10, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Reginaldo é da ordem de 18,33 m3/s e ocorreu após 6,55 h de simulação. Conforme esperado, a recessão do hidrograma deste corpo hídrico apresenta uma descida mais alongada que a de seus afluentes, pois sua foz localiza-se no mar e a influência da maré faz com que isso aconteça. A Figura 4.11 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Este bueiro localiza-se na localidade conhecida como Reginaldo no bairro do Poço. 10.00 Nível D'água 9.00 Margem Direita 8.00 Margem Esquerda Bueiro 7.00 Cotas (m) Fundo 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 4.11: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 2 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na figura acima, é possível perceber que ocorrem extravasamentos da calha principal do canal para as planícies marginais. Tais extravasamentos são observados, mais especificamente, da foz do Reginaldo até aproximadamente 170 m à montante de sua confluência com o riacho Gulandim. O presente resultado não era esperado, pois o riacho Reginaldo encontra-se canalizado e retificado e obras deste tipo, geralmente, são desenvolvidas para que o sistema de 127 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO macrodrenagem suporte uma vazão com 25 anos de tempo de retorno. Devido ao assoreamento, a presença de lixo, e ao desgaste natural da obra de canalização executada há alguns anos, esperava-se que a capacidade do canal não suportasse a vazão com 25 anos de tempo de retorno, no entanto não se esperava que para o Cenário com a cheia de 2 anos de tempo de retorno fosse haver falha no sistema de macrodrenagem. Porém, vale ressaltar que este resultado é reflexo da condição de maré considerada no modelo, conforme descrito anteriormente, pois para fins de modelagem considerou-se a situação mais crítica possível, onde foi coincidido o pico da maré com o tempo de concentração da bacia do riacho Reginaldo. Além disso, o tempo de duração das chuvas de projeto foi considerado igual ao Tc da bacia. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Reginaldo, é possível perceber, através da Figura 4.11, que este não sofreu afogamento para o Cenário simulado, já que sua cota de teto é igual a 3,50 m e o nível d'água atingiu 3,40 m. Este bueiro localiza-se abaixo do viaduto que cruza a ladeira da antiga rodoviária e dá acesso ao antigo CEFET, para as pessoas que vem de bairros vizinhos próximos (Jatiúca, Jacintinho). Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo canal para este Cenário, a localidade à montante deste, conhecida popularmente como Reginaldo, não sofre com problemas de remanso. Este bueiro tem aproximadamente 100 m de comprimento. Na Figura 4.12 é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico. 128 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.12: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 2 anos). 129 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.2. Cenário 2 - Cheia com Tr = 5 anos Neste Cenário realizou-se um diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se uma chuva de projeto com o tempo de retorno de 5 anos. 4.2.1. Riacho Gulandim (Tr = 5 anos) A Figura 4.13 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Gulandim. 3.00 Av. Brasil Av. Comendador Leão Foz do Gulandim 2.50 Vazão (m³/s) 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.13: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Gulandim. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.13, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Gulandim é da ordem de 2,36 m3/s e ocorreu após 2,85 h de simulação. Nota-se que houve uma diminuição no pico do hidrograma do riacho Gulandim em comparação com o Cenário anterior. Destaca-se que a ocorrência de um segundo pico no hidrograma na foz deste corpo hídrico, parecido com o que ocorreu no Cenário com Tr igual a 2 anos, só ocorre após 130 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO aproximadamente 12 h de simulação, assim pode-se afirmar que o controle hidráulico à jusante (Reginaldo influenciado pela maré), apresenta o mesmo comportamento do Cenário anterior. Neste Cenário já é possível notar valores de vazão negativa (após 5,8 h de simulação) no hidrograma da foz do Gulandim. Isso implica que, conforme esperado, a influência do remanso imposto pelo Reginaldo ao Gulandim é mais significativa do que Cenário anterior, devido tanto ao maior escoamento superficial gerado na bacia, quanto a maior velocidade de propagação da onda de cheia de 5 anos em comparação com a de 2 anos. A Figura 4.14 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo do Gulandim. 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 2.50 2.00 Nível D'água 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda Bueiro 0.50 Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 Distância da Foz (m) 1200 1400 1600 1800 Figura 4.14: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.14, é possível perceber que ocorrem inúmeros extravasamentos da calha principal, ao longo do canal, para as planícies marginais. Os maiores extravasamentos ocorrem a montante do bueiro representado no 131 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO modelo. À jusante deste a única localidade que apresenta nível d'água considerável, às margens do riacho Gulandim, é próximo à sua foz. Como apontado anteriormente, este é um ponto crítico em relação a problemas com inundações devido à suas características na localidade, conforme descrito no Cenário anterior. O bueiro inserido no modelo do riacho Gulandim não suportou a vazão escoada pelo canal no presente Cenário, ficando afogado, conforme ilustrado na Figura 4.14. Assim o trecho à montante deste sofre com as inundações devido à ocorrência de remanso. 4.2.2. Riacho do Sapo (Tr = 5 anos) A Figura 4.15 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho do Sapo. 4.50 Av. Comendador Gustavo Paiva 4.00 Av. Jatiúca Foz do Sapo 3.50 Vazão (m³/s) 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.15: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho do Sapo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.15, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho do Sapo é da ordem de 3,87 m3/s e ocorreu após 2,60 h de simulação. 132 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A Figura 4.16 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo dos bueiros inseridos no modelo deste corpo hídrico. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na figura supracitada, é possível perceber que neste Cenário houve um pequeno extravasamento do escoamento na proximidade da foz do riacho do Sapo. Destaca-se que a foz do riacho do Sapo tem as mesmas características do exutório do Gulandim, ou seja, as ruas que o margeiam são baixas. Além disso, ressalta-se a existência de um degrau de aproximadamente 0,60 m que dificulta a passagem da onda de cheia. 45.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 40.00 35.00 Cotas (m) 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 Distância da Foz (m) 3000 3500 4000 4500 Figura 4.16: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 5 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. Em relação aos bueiros inseridos no modelo do riacho do Sapo, é possível perceber, através da Figura 4.16, que nenhum destes ficou afogado para o Cenário com 5 anos de tempo de retorno. O bueiro que ficou mais próximo de sofrer afogamento foi o que cruza a Avenida 133 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Jatiúca (Bairro de Jatiúca) apresentando um tirante de ar livre da ordem de 0,20 m. Os demais bueiros apresentaram folgas superiores a 0,40 m. 4.2.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 5 anos) A Figura 4.17 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Pau D’Arco. 9.00 Rua Desembargador Hélio Cabral 8.00 Av. Governador Afrânio Lages (Rodoviária) Foz do Pau D'arco 7.00 Vazão (m³/s) 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.17: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados na Figura 4.17 é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Pau D’Arco é da ordem de 8,78 m3/s e ocorreu após 2,20 h de simulação. A Figura 4.18 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 134 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.18, é possível perceber que, assim como para o Cenário anterior, não ocorrem extravasamentos ao longo do riacho Pau D’Arco para o Cenário com tempo de retorno de 5 anos. Conforme citado anteriormente, este corpo hídrico não se encontra canalizado e a definição de uma calha principal, em boa parte de seu comprimento, é difícil. Assim, é possível afirmar que o mapa de passagem da cheia apresentado mais adiante fornece uma melhor perspectiva em relação às inundações no riacho que o perfil de linha d'água. 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 20.00 15.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda 10.00 Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.18: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Pau D’Arco, a Figura 4.18 mostra que este não ficou afogado para o presente Cenário, pois a cota de teto é igual a 30,43 m e o nível d'água atingiu 29,70 m. Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo riacho, a localidade não sofre com problemas de remanso para chuvas com recorrência de 5 anos. 135 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.2.4. Riacho Reginaldo (Tr = 5 anos) A Figura 4.19 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Reginaldo. Figura 4.19: Hidrogramas da cheia com Tr = 5 anos ao longo do riacho Reginaldo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, ilustrados na Figura 4.19, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Reginaldo é da ordem de 22,84 m3/s e ocorreu após 8,60 h de simulação. A Figura 4.20 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 136 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 10.00 Nível D'água 9.00 Margem Direita Margem Esquerda 8.00 Bueiro Cotas (m) 7.00 Fundo 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 4.20: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 5 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, ilustrados na Figura 4.20, é possível perceber que praticamente em todo o trecho do riacho Reginaldo, simulado com o modelo matemático, ocorre extravasamentos. A exceção fica por conta da localidade à jusante do bueiro, até um pouco depois da afluência do riacho do Sapo, pois o próprio afogamento do bueiro acaba gerando uma pequena folga para jusante, o que é um comportamento anômalo. Nas proximidades da foz pode-se afirmar que as inundações ocorrem devido à influência da maré e as baixas cotas das ruas marginais. Já da foz do riacho Pau D’Arco até à montante do bueiro as inundações intensificam-se devido ao remanso provocado pelo afogamento deste. Na Figura 4.21, é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico. 137 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.21: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 5 anos). 138 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.3. Cenário 3 - Cheia com Tr = 10 anos Neste Cenário realizou-se um diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se uma chuva de projeto com o tempo de retorno de 10 anos. 4.3.1. Riacho Gulandim (Tr = 10 anos) A Figura 4.22 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Gulandim. 2.50 Av. Brasil Av. Comendador Leão Foz do Gulandim 2.00 Vazão (m³/s) 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.22: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Gulandim. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.22, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Gulandim é da ordem de 2,28 m3/s e ocorreu após 2,55 h de simulação. Destaca-se que a ocorrência de um segundo pico no hidrograma na foz deste corpo hídrico, parecido com o que ocorreu no Cenário com Tr igual a 2 anos, só ocorre após 12 h de simulação, assim pode-se afirmar que o controle hidráulico à 139 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO jusante (Reginaldo influenciado pela maré), apresenta o mesmo comportamento dos Cenários anteriores. Assim como no Cenário anterior, é possível notar valores de vazão negativa (após 6,1 h de simulação) no hidrograma da foz do Gulandim. Isso implica num maior alcance do remanso imposto pelo riacho Reginaldo ao Gulandim, devido tanto ao maior escoamento superficial gerado na bacia, quanto a maior velocidade de propagação da onda de cheia de 10 anos em comparação com a de 5 anos. Já a Figura 4.23 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo do Gulandim. 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 2.50 2.00 Nível D'água 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda Bueiro 0.50 Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 Distância da Foz (m) 1200 1400 1600 1800 Figura 4.23: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.23, é possível perceber que ocorrem inúmeros extravasamentos da calha principal, ao longo do canal, para as planícies marginais. Os de maiores magnitudes ocorrem a montante do bueiro representado no modelo. 140 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO No entanto, próximo à cabeceira do Gulandim, no Conjunto Santo Eduardo, bairro do Poço, não ocorre extravasamentos. É possível notar, neste Cenário, que as inundações começam a se propagar para montante a partir da foz do Gulandim, o que não acontecia no Cenário anterior, onde o extravasamento ocorria apenas nas proximidades do exutório do Gulandim. Aqui o problema se propaga até cerca de 220 m à montante da foz do riacho. 4.3.2. Riacho do Sapo (Tr = 10 anos) A Figura 4.24 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho do Sapo. 4.50 Av. Comendador Gustavo Paiva 4.00 Av. Jatiúca Foz do Sapo 3.50 Vazão (m³/s) 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.24: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho do Sapo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.24, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho do Sapo é da ordem de 4,28 m3/s e ocorreu após 2,75 h de simulação. A Figura 4.25 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo 141 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo dos bueiros inseridos no modelo deste corpo hídrico. 45.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 40.00 35.00 Cotas (m) 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 Distância da Foz (m) 3000 3500 4000 4500 Figura 4.25: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 10 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.25, é possível perceber que neste Cenário houve um pequeno extravasamento do escoamento na proximidade da foz do riacho do Sapo. Como destacado anteriormente tal localidade apresenta características que a torna propícia às inundações. Em relação aos bueiros inseridos no modelo do riacho do Sapo, é possível perceber, através da Figura 4.25, que nenhum destes ficou afogado para o presente Cenário. Porém, o bueiro que se localiza na Avenida Jatiúca (Bairro de Jatiúca), apresenta uma borda livre de apenas 0,02 m. Os demais bueiros apresentaram folgas superiores a 0,20 m. 4.3.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 10 anos) A Figura 4.26 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Pau D’Arco. 142 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 12.00 Rua Desembargador Hélio Cabral Av. Governador Afrânio Lages (Rodoviária) 10.00 Foz do Pau D'arco Vazão (m³/s) 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.26: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.26, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Pau D’Arco é da ordem de 10,47 m3/s e ocorreu após 2,20 h de simulação. A Figura 4.27 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Analisando-se os níveis d'água máximos observados na Figura 4.26, é possível perceber que, assim como para o Cenário anterior, não ocorrem extravasamentos ao longo do riacho Pau D’Arco para o Cenário com tempo de retorno de 10 anos. 143 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 20.00 15.00 Nível D'água Margem Direita 10.00 Margem Esquerda Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.27: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Pau D’Arco, é possível perceber através da Figura 4.27, que este não ficou afogado para o presente Cenário, já que sua cota de teto é igual a 30,43 m e o nível d'água atingiu 29,74 m. Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo riacho, à localidade não sofre com problemas de remanso para chuvas com recorrência de 10 anos. 4.3.4. Riacho Reginaldo (Tr = 10 anos) A Figura 4.28 ilustra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Reginaldo. 144 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.28: Hidrogramas da cheia com Tr = 10 anos ao longo do riacho Reginaldo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 4.28, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Reginaldo é da ordem de 24,57 m3/s e ocorreu após 9,85 h de simulação. A Figura 4.29 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Analisando-se os níveis d'água máximos, ilustrados na Figura 4.29, é possível perceber que em praticamente todo o trecho do riacho Reginaldo, simulado com o modelo matemático, ocorrem extravasamentos. A exceção continua sendo à jusante do bueiro até um pouco depois da afluência do riacho do Sapo, essa região ainda não inunda porque ela só recebe a vazão plena transportada pelo bueiro. 145 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 10.00 Nível D'água Cotas (m) 9.00 Margem Direita 8.00 Margem Esquerda 7.00 Bueiro Fundo 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 4.29: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 10 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Na Figura 4.30 é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico. 146 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.30: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 10 anos). 147 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.4. Cenário 4 - Cheia com Tr = 25 anos Neste Cenário realizou-se um diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se uma chuva de projeto com o tempo de retorno de 25 anos. 4.4.1. Riacho Gulandim (Tr = 25 anos) A Figura 4.31 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Gulandim. 2.50 Av. Brasil Av. Comendador Leão Foz do Gulandim 2.00 Vazão (m³/s) 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.31: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Gulandim. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.31, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Gulandim é da ordem de 2,29 m3/s e ocorreu após 2,35 h de simulação. Destaca-se que a ocorrência de um segundo pico no hidrograma na foz deste corpo hídrico, parecido com os que ocorrem nos Cenários anteriores, só ocorre após o término da simulação, assim pode-se afirmar que o controle hidráulico à 148 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO jusante (Reginaldo influenciado pela maré), se comporta de maneira análoga que nos Cenários já discutidos. Assim como no Cenário anterior, é possível notar valores de vazão negativa (após 6,7 h de simulação) no hidrograma da foz do Gulandim. Isso implica num maior alcance do remanso imposto pelo riacho Reginaldo ao Gulandim, devido tanto ao maior escoamento superficial gerado na bacia, quanto a maior velocidade de propagação da onda de cheia de 25 anos em comparação com a de 10 anos. A Figura 4.32 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo do Gulandim. 5.00 4.50 4.00 Cotas (m) 3.50 3.00 2.50 2.00 Nível D'água 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda Bueiro 0.50 Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Distância da Foz (m) Figura 4.32: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Assim como no Cenário de 10 anos de tempo de retorno, é possível perceber que ocorrem inúmeros extravasamentos da calha principal, ao longo do canal, para as planícies 149 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO marginais. Os de maior magnitude continuam ocorrendo à montante do bueiro representado no modelo. Nota-se, também, que as inundações continuam se propagando para montante a partir da foz do Gulandim, assim como no Cenário anterior. Próximo à cabeceira do Gulandim, no Conjunto Santo Eduardo, bairro do Poço, não ocorre extravasamentos. Avaliando a Figura 4.32 pode-se afirmar que o trecho de aproximadamente 400 m à jusante do bueiro não sofre com inundações. De uma maneira geral percebe-se, em média, uma sobrelevação de cerca de 10 cm da linha d'água no Cenário de 25 anos de tempo de retorno em relação ao de 10 anos e o bueiro representado no modelo continua afogado. 4.4.2. Riacho do Sapo (Tr = 25 anos) A Figura 4.33 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho do Sapo. 5.00 Av. Comendador Gustavo Paiva 4.50 Av. Jatiúca Foz do Sapo 4.00 Vazão (m³/s) 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.33: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho do Sapo. 150 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.33, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho do Sapo é da ordem de 4,82 m3/s e ocorreu após 2,90 h de simulação. A Figura 4.34 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo dos bueiros inseridos no modelo deste corpo hídrico. 45.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 40.00 35.00 Cotas (m) 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Distância da Foz (m) 3500 4000 4500 Figura 4.34: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr =25 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.34, é possível perceber que neste Cenário houve um pequeno extravasamento do escoamento na proximidade da foz do riacho do Sapo. Como destacado no Cenário com tempo de retorno de 5 anos, tal localidade apresenta características que as torna propícias às inundações. No entanto, esperava-se que a falha do sistema de macrodrenagem, da sub-bacia do riacho do Sapo, ocorresse de maneira mais emblemática para o Cenário com 25 anos de tempo 151 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO de retorno, já que os sistemas de macrodrenagem, geralmente, são projetados para esse tempo de retorno. Em relação aos bueiros inseridos no modelo do riacho do Sapo, é possível perceber, através da Figura 4.34, que a localizada na Avenida Jatiúca não suportou a vazão conduzida pelo canal neste Cenário. No entanto, mesmo com a ocorrência do remanso na localidade não houve extravasamento do escoamento de sua calha principal. Os demais bueiros apresentaram folgas superiores a 0,10 m. 4.4.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 25 anos) A Figura 4.35 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Pau D’Arco. Rua Desembargador Hélio Cabral 12.00 Av. Governador Afrânio Lages (Rodoviária) Foz do Pau D'arco Vazão (m³/s) 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.35: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.35, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Pau D’Arco é da ordem de 12,50 m3/s e ocorreu após 2 h de simulação. 152 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A Figura 4.36 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 20.00 15.00 Nível D'água Margem Direita 10.00 Margem Esquerda Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.36: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.36, é possível perceber que, assim como para o Cenário anterior, não ocorrem extravasamentos ao longo do riacho Pau D’Arco para o Cenário com tempo de retorno de 25 anos. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Pau D’Arco é possível perceber, através da Figura 4.36, que esta não ficou afogada para o presente Cenário, já que sua cota de teto é igual a 30,43 m e o nível d'água atingiu 29,78 m. Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo riacho, à localidade não sofre com problemas de remanso para chuvas com recorrência de 25 anos. 153 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.4.4. Riacho Reginaldo (Tr = 25 anos) A Figura 4.37 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Reginaldo. 60.00 50.00 Vazão (m³/s) 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 Localidade conhecida como Reginaldo (à montante do Bueiro) 10 12 Foz do Reginaldo Figura 4.37: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Reginaldo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 4.37, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Reginaldo é da ordem de 26,76 m3/s e ocorreu após 11h de simulação, após esse momento o hidrograma entra na recessão. Esse alongamento do hidrograma no exutório do rio, com o aumento do tempo de pico, indica o crescimento do amortecimento das vazões na bacia. Esse fato está diretamente relacionado com o aumento dos extravasamentos, com as planícies de inundação da bacia funcionando como reservatórios de armazenamento. A Figura 4.38 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 154 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 10.00 Nível D'água Cotas (m) 9.00 Margem Direita 8.00 Margem Esquerda 7.00 Bueiro 6.00 Fundo 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 Distância da Foz (m) Figura 4.38: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 25 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, ilustrados na Figura 4.38, é possível perceber que em praticamente todo o trecho do riacho Reginaldo, simulado com o modelo matemático, ocorrem extravasamentos. A exceção continua sendo um trecho de aproximadamente 300 m à jusante do bueiro, que tem cotas mais altas de urbanização. Porém, para todos os fins práticos, pode-se dizer que todo o rio sai de sua calha, ao longo do trecho modelado. De uma maneira geral é possível afirmar que ocorre uma sobre-elevação da linha d'água em torno de 12 cm no trecho do riacho Reginaldo à jusante do bueiro, em comparação com o Cenário anterior (Tr = 10 anos). Já no trecho à montante deste, em cerca de 880 m, no sentido da foz do riacho Pau D'arco o aumento do nível do escoamento é, em média, de 90 cm e deste ponto até a foz do Pau D’Arco (560 m) a elevação é cerca de 70 cm. Na Figura 4.39 é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico. 155 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.39: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 25 anos). 156 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Conforme comentado no item 3.3.5, apresenta-se aqui o mapeamento das inundações da bacia do riacho Reginaldo desenvolvido por Holz (2010), que mapeou, através de pesquisa de campo com a população, o alcance das inundações em algumas áreas que foram mapeadas através dos resultados desta dissertação. A Figura 4.40 mostra as duas manchas de inundações supracitadas no riacho Pau D’Arco. Holz (2010) comenta que essa mancha ocorreu 1 vez nos últimos 6 anos. Figura 4.40: Comparação entre as manchas de inundação obtidas por Holz (2010) e neste trabalho, no riacho Pau D’Arco. Já a Figura 4.41 apresenta as duas manchas de inundações em um trecho do riacho Reginaldo. Holz (2010) comenta que essa mancha ocorreu 1 vez nos últimos 25 anos. 157 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.41: Comparação entre as manchas de inundação obtidas por Holz (2010) e neste trabalho, no riacho Reginaldo. A semelhança entre estes resultados traz uma maior segurança, para os demais resultados obtidos neste trabalho devido às semelhanças dos mapeamentos elaborados nos dois trabalhos. 4.5. Cenário 5 - Cheia com Tr = 50 anos Neste Cenário realizou-se um diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se uma chuva de projeto com o tempo de retorno de 50 anos. 4.5.1. Riacho Gulandim (Tr = 50 anos) A Figura 4.42 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Gulandim. 158 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 2.80 Av. Brasil Av. Comendador Leão Foz do Gulandim 2.30 Vazão (m³/s) 1.80 1.30 0.80 0.30 -0.20 -0.70 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.42: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Gulandim. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.42, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Gulandim é da ordem de 2,28 m3/s e ocorreu após 2,30 h de simulação. Assim como no Cenário anterior, é possível notar valores de vazão negativa (após 7,1 h de simulação) no hidrograma da foz do Gulandim. Isso implica num maior alcance do remanso imposto pelo riacho Reginaldo ao Gulandim, devido tanto ao maior escoamento superficial gerado na bacia, quanto a maior velocidade de propagação da onda de cheia de 50 anos em comparação com a de 25 anos. A Figura 4.43 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo do Gulandim. 159 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 2.50 2.00 Nível D'água 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda Bueiro 0.50 Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 Distância da Foz (m) 1200 1400 1600 1800 Figura 4.43: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Assim como no Cenário de 25 anos de tempo de retorno, é possível perceber que ocorrem inúmeros extravasamentos da calha principal, ao longo do canal, para as planícies marginais. Os de maiores magnitudes continuam ocorrendo à montante do bueiro representado no modelo. Nota-se ainda que as inundações se propagam para montante a partir da foz do Gulandim, assim como ocorre no Cenário anterior. Avaliando a Figura 4.43 pode-se afirmar que o trecho de aproximadamente 150 m à jusante do bueiro não sofre com inundações. De uma maneira geral percebe-se, em média, uma sobre-elevação de cerca 10 cm da linha d'água no Cenário de 50 anos de tempo de retorno em relação ao de 25 anos, no trecho à jusante do bueiro. Já à montante do bueiro o aumento do nível d'água é de 6 cm. 4.5.2. Riacho do Sapo Gulandim (Tr = 50 anos) A Figura 4.44 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho do Sapo. 160 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Av. Comendador Gustavo Paiva 5.00 Av. Jatiúca Foz do Sapo Vazão (m³/s) 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.44: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho do Sapo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.44, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho do Sapo é da ordem de 5,10 m3/s e ocorreu após 2,70 h de simulação. A Figura 4.45 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo dos bueiros inseridos no modelo deste corpo hídrico. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na figura supracitada, é possível perceber que neste Cenário houve um pequeno extravasamento do escoamento na proximidade do exutório do riacho do Sapo. Nota-se que os mesmos ocorrem da sua foz até cerca de 700 m para montante. 161 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 45.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiro Fundo 40.00 35.00 Cotas (m) 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 2500 Distância da Foz (m) 3000 3500 4000 4500 Figura 4.45: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo (Tr = 50 anos) e localização dos bueiros inseridos no modelo. Em relação aos bueiros inseridos no modelo do riacho do Sapo, é possível perceber, através da Figura 4.45, que o localizado na Avenida Jatiúca e o situado ao lado do Shopping não suportaram a vazão conduzida pelo canal, ficando afogados. No entanto, mesmo com a ocorrência do remanso nas duas localidades não ocorrem extravasamentos da calha principal nestas regiões. Os demais bueiros apresentaram folgas superiores a 0,10 m. 4.5.3. Riacho Pau D’Arco (Tr = 50 anos) A Figura 4.46 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Pau D’Arco. 162 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 15.00 Rua Desembargador Hélio Cabral 13.00 Av. Governador Afrânio Lages (Rodoviária) Foz do Pau D'arco 11.00 Vazão (m³/s) 9.00 7.00 5.00 3.00 1.00 -1.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.46: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Pau D’Arco. A partir da análise exploratória dos hidrogramas, apresentados na Figura 4.46, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Pau D’Arco é da ordem de 13,60 m3/s e ocorreu após 1,90 h de simulação. A Figura 4.47 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo deste corpo hídrico, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 163 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 20.00 15.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda 10.00 Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.47: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.47, é possível perceber que, assim como para o Cenário anterior, não ocorrem extravasamentos consideráveis ao longo do riacho Pau D’Arco para a chuva com tempo de retorno de 50 anos. No entanto, a cerca de 350 m à montante de sua foz ocorre um extravasamento de cerca de 10 cm. Em relação ao bueiro inserido no modelo do riacho Pau D’Arco é possível perceber, através da Figura 4.47, que este não ficou afogado, já que sua cota de teto é igual a 30,43 m e o nível d'água atingiu 29,82 m. Como o bueiro suporta a vazão transportada pelo riacho, à localidade não sofre com problemas de remanso para chuvas com recorrência de 50 anos. 4.5.4. Riacho Reginaldo (Tr = 50 anos) A Figura 4.48 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica em alguns pontos ao longo do riacho Reginaldo. 164 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.48: Hidrogramas da cheia com Tr = 50 anos ao longo do riacho Reginaldo. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 4.48, é possível afirmar que a vazão de pico estimada na foz do riacho Reginaldo é da ordem de 28,46 m3/s e ocorreu após 11,8 h de simulação e após esse momento o hidrograma entra na recessão. A Figura 4.49 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 165 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 10.00 Nível D'água Margem Direita Margem Esquerda Bueiro Fundo 9.00 8.00 Cotas (m) 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 4.49: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo (Tr = 50 anos) e localização do bueiro inserido no modelo. Analisando-se os níveis d'água máximos, ilustrados na Figura 4.49, é possível perceber que em praticamente todo o comprimento do riacho Reginaldo, simulado com o modelo matemático, ocorrem extravasamentos. A exceção continua sendo um pequeno trecho de aproximadamente 180 m, à jusante do bueiro, com cotas urbanizadas mais altas e devido ao afogamento do bueiro. De uma maneira geral é possível afirmar que ocorre uma sobrelevação da linha d'água de cerca de 10 cm no trecho do riacho Reginaldo, à jusante do bueiro, em comparação com o Cenário anterior. Já no trecho à montante do bueiro, em cerca de 880 m, no sentido da foz do riacho Pau D'arco, o aumento do nível do escoamento é, em média, de 70 cm e deste ponto até a foz do Pau D’Arco (560 m) a elevação é cerca de 60 cm, em relação ao Cenário de 25 anos. Na Figura 4.50 é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico. 166 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Figura 4.50: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo (Tr = 50 anos). 167 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 4.6. Resumo do Diagnóstico das Inundações na bacia do riacho Reginaldo Neste tópico discute-se o diagnóstico da situação das inundações, da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, considerando-se os tempos de retorno dos cinco Cenários anteriores, ou seja, 2, 5, 10, 25 e 50 anos. Com base na análise comparativa dos resultados supracitados, discute-se a necessidade de soluções em cada uma das sub-bacias em estudo, visando apoiar a elaboração dos Cenários de projeto que mitigarão os problemas aqui diagnosticados, ou seja, a proposta das intervenções que serão apresentadas no próximo capítulo. 4.6.1. Riacho Gulandim A Figura 4.51 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Gulandim para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. Figura 4.51: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Gulandim. Já a Tabela 4.1, apresenta os valores da vazão de pico para os diferentes tempos de retorno, utilizados para elaborar o diagnóstico das inundações na bacia do riacho Gulandim. 168 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Tabela 4.1: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Gulandim. TEMPO DE RETORNO (ANOS) VAZÃO DE PICO NA FOZ (m3/s) 2 5 10 25 50 2,23 2,36 2,28 2,29 2,28 A análise da Figura 4.51 e da Tabela 4.1, mostra que a vazão de pico na foz do riacho Gulandim pouco variou para os diferentes tempos de retorno. Este fato está relacionado basicamente, com a forte influência do controle hidráulico que o riacho Reginaldo exerce sobre esse corpo hídrico, além da própria bacia estar atuando no amortecimento de vazões que extravasam da calha principal. A Figura 4.52 apresenta o perfil da linha d'água obtido através das simulações para os diferentes tempos de retorno ao longo do riacho Gulandim. 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 Tr = 2 anos 2.50 Tr = 5 anos Tr = 10 anos 2.00 Tr = 25 anos Tr = 50 anos 1.50 Margem Direita 1.00 Margem Esquerda Bueiro 0.50 Fundo 0.00 0 200 400 600 800 1000 Distância da Foz (m) 1200 1400 1600 1800 Figura 4.52: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Gulandim. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.52, é possível perceber que a partir do Cenário com 10 anos de tempo de retorno, ocorrem extravasamentos da calha 169 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO principal, praticamente ao longo de todo o canal e o bueiro discretizado no modelo já se encontra afogado. Avaliando-se, comparativamente os Cenários menos e mais críticos, ou seja, 2 e 50 anos de tempo de retorno, percebe-se uma sobrelevação média de 50 cm no trecho à jusante do bueiro até a foz do riacho Gulandim e de 55 cm à montante do bueiro até sua cabeceira. Em relação à variação máxima nas cotas do nível d'água, pode-se afirmar que o aumento mais considerável ocorreu, devido ao remanso, à montante do bueiro, e foi de 66 cm. Já a sobrelevação mínima ocorreu logo à jusante do bueiro e foi de 30 cm. Diante do exposto, e considerando que nas margens do riacho Gulandim encontram-se ruas que compõem a infraestrutura viária de importantes bairros da cidade de Maceió (e.g. Poço, Jaraguá), as intervenções nessa sub-bacia devem procurar áreas onde seja possível realizar o armazenamento provisório das águas do riacho Gulandim. Outra alternativa que pode ser pensada, mas que pode comprometer o sistema de microdrenagem da região, e piorar a situação no trecho do riacho Reginaldo onde este corpo hídrico deságua, é a implantação de diques marginais. Por fim, ressalta-se que esta discussão foi considerada quando da elaboração do capítulo de intervenções, tanto do ponto de vista da diminuição das inundações na sub-bacia do Gulandim, quanto em relação a diminuição da vazão afluente ao riacho Reginaldo, preocupando-se, principalmente, com o evento mais crítico que afeta as sub-bacias de menor porte. Nesse sentido, Vidal et. al. (2011) mostraram que projetos de controle de inundações na sub-bacia do riacho Gulandim devem considerar a chuva de projeto com duração igual ao tempo de concentração da bacia do riacho Reginaldo, ou seja, 247 min, em vez de considerar o tempo de concentração da bacia do Gulandim (40 min), pois se trata de um evento mais crítico. 4.6.2. Riacho do Sapo A Figura 4.53 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho do Sapo para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. 170 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO 5.50 Tr = 2 anos Tr = 5 anos 4.50 Tr = 10 anos Tr = 25 anos Tr = 50 anos Vazão (m³/s) 3.50 2.50 1.50 0.50 -0.50 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.53: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho do Sapo. A Tabela 4.2, apresenta os valores da vazão de pico para os diferentes tempos de retorno, utilizados para elaborar o diagnóstico das inundações na bacia do riacho do Sapo. Tabela 4.2: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho do Sapo. TEMPO DE RETORNO (ANOS) VAZÃO DE PICO NA FOZ (m3/s) 2 5 10 25 50 3,02 3,87 4,28 4,82 5,10 A análise exploratória da Figura 4.53 e da Tabela 4.2, permite afirmar que a vazão de pico na foz do riacho do Sapo aumentou cerca de 70%, comparando o Cenário com tempo de retorno de 50 anos em relação ao de 2 anos, ou seja, a vazão de pico saiu da casa de 3 m3/s para 5,1 m3/s. A Figura 4.54 apresenta o perfil da linha d'água obtido através das simulações para os diferentes tempos de retorno ao longo do riacho do Sapo. Destaca-se, com a finalidade de ter uma melhor percepção sobre a variação dos níveis d'água, apresentados nessa figura, não foi 171 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO ilustrada toda a extensão do riacho do Sapo, pois seu trecho situado no bairro do Jacitinho apresenta uma declividade forte, que, quando representado dificulta a visualização dos resultados, em função da escala necessária. 14.00 Tr = 2 anos Tr = 5 anos Tr = 10 anos Tr = 25 anos Tr = 50 anos Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 12.00 Cotas (m) 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 Distância da Foz (m) 2500 3000 3500 Figura 4.54: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho do Sapo. Analisando os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.54, é possível perceber que não ocorrem extravasamentos da calha principal, praticamente ao longo de todo o canal, com exceção de um trecho, da sua foz até cerca de 700 m para montante, onde ocorreram pequenos extravasamentos. Em relação aos bueiros, pode-se afirmar que mesmo para o Cenário com Tr igual a 50 anos, apenas os localizados na Avenida Jatiúca e o ao lado do antigo Shopping Iguatemi sofreram afogamento. Avaliando comparativamente os Cenários menos e mais críticos, ou seja, 2 e 50 anos de tempo de retorno, percebe-se uma sobre-elevação média de 60 cm no trecho à jusante do bueiro situado na Avenida Jatiúca até a foz do riacho do Sapo, de 1,10 m à jusante do bueiro 172 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO situado na Avenida Gustavo Paiva e à montante do situado na Avenida Jatiúca e de 30 cm à montante do bueiro da Avenida Gustavo Paiva e o Ornato Box, no bairro do Jacintinho. Em relação à variação máxima nas cotas do nível d'água, pode-se afirmar que o aumento mais considerável ocorreu, devido ao remanso, à montante do bueiro situado ao lado do antigo Iguatemi, e foi de 1,35 m. Já a sobre-elevação mínima ocorreu logo à montante do bueiro situado na Avenida Gustavo Paiva e foi de 26 cm. Diante do exposto, e considerando-se que nas margens do riacho do Sapo encontram-se ruas que compõem a infraestrutura viária de importantes bairros da cidade de Maceió (e.g. Poço, Mangabeiras, Jatiúca), com exceção do bairro do Jacintinho, as intervenções nessa subbacia devem procurar áreas onde seja possível realizar o armazenamento provisório das águas do riacho do Sapo. No entanto, medidas desse tipo podem piorar a situação das inundações a jusante de onde são implantadas tais estruturas hidráulicas. Outra alternativa que pode ser pensada, mas que pode comprometer o sistema de microdrenagem da região, e piorar a situação no trecho do riacho Reginaldo onde este corpo hídrico deságua, é a implantação de diques marginais. Numa parte da sub-bacia do riacho do Sapo poderiam ser pensadas soluções que retardassem o escoamento, ou seja, em seu trecho situado no bairro do Jacintinho. No entanto, devido à alta declividade do riacho nesse trecho e à ausência de vales encaixados, medidas como a construção de barragens não devem apresentar grande eficiência, devido ao pequeno volume d'água que seria armazenado nos reservatórios. Por fim, ressalta-se que esta discussão foi considerada quando da elaboração do capítulo de intervenções, tanto do ponto de vista da diminuição das inundações na sub-bacia do Sapo, quanto em relação à diminuição da vazão afluente ao riacho Reginaldo, preocupandose principalmente com o evento mais crítico que afeta as sub-bacias de menor porte. Assim, as ações que visam controlar as inundações na sub-bacia do riacho do Sapo devem avaliar qual o evento mais crítico para as bacias de menor porte, assim como avaliado por Vidal et. al. (2011) para a bacia do Gulandim. É preciso ter em mente que o tempo de concentração da bacia do riacho Reginaldo é de 247 min, e que o da bacia do Sapo é de 82 min. 173 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Diante disto é possível propor soluções que não combinem os picos dos hidrogramas, tirando proveito da possível defasagem. 4.6.3. Riacho Pau D’Arco A Figura 4.55 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Pau D’Arco para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. 14.00 Tr = 2 anos Tr = 5 anos 12.00 Tr = 10 anos Tr = 25 anos 10.00 Vazão (m³/s) Tr = 50 anos 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.55: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Pau D’Arco. A Tabela 4.3, apresenta os valores da vazão de pico para os diferentes tempos de retorno, utilizados para elaborar o diagnóstico das inundações na bacia do riacho Pau D’Arco. Tabela 4.3: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Pau D’Arco. TEMPO DE RETORNO (ANOS) VAZÃO DE PICO NA FOZ (m3/s) 2 5 10 25 50 6,73 8,78 10,47 12,50 13,60 174 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A análise exploratória da Figura 4.55 e da Tabela 4.3 permite afirmar que a vazão de pico, na foz do riacho Pau D’Arco, aumentou cerca de 100% comparando o Cenário com tempo de retorno igual a 50 anos em relação ao de 2 anos, ou seja a vazão de pico saiu da casa de 6,7 m3/s para 13,6 m3/s. A Figura 4.56 apresenta o perfil da linha d'água obtido através das simulações para os diferentes tempos de retorno ao longo do riacho Pau D’Arco. 35.00 30.00 Cotas (m) 25.00 Tr = 2 anos 20.00 Tr = 5 anos Tr = 10 anos Tr = 25 anos 15.00 Tr = 50 anos Margem Direita Margem Esquerda 10.00 Bueiro Fundo 5.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 4.56: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Pau D’Arco. Analisando os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.56, é possível perceber que não ocorrem extravasamentos da calha principal praticamente ao longo de todo o riacho, com exceção de um trecho, a cerca de 350 m à montante de sua foz, onde ocorreram pequenos extravasamentos (10 cm). Em relação ao bueiro, pode-se afirmar que mesmo para o Cenário com Tr igual a 50 anos este não sofreu afogamento. Avaliando comparativamente os Cenários menos e mais críticos, ou seja, 2 e 50 anos de tempo de retorno, percebe-se uma sobrelevação média de 60 cm entre a foz do Pau D’Arco e 175 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO cerca de 1 km para montante, de 1,45 m deste ponto até mais 400 m rio acima, de 40 cm deste ponto para jusante do bueiro inserido no modelo e 20 cm à montante do bueiro até a cabeceira do Pau D’Arco. Em relação à variação máxima nas cotas do nível d'água, pode-se afirmar que o aumento mais considerável ocorreu, devido ao remanso imposto pelo Reginaldo, na foz do Pau D’Arco, e foi de 2,42 m. Já a sobrelevação mínima ocorreu logo à jusante do bueiro e foi de 10 cm. Diante do exposto, e considerando-se que a urbanização, em alguns trechos, da subbacia do riacho Pau D’Arco, situa-se muito próximo ao talvegue deste corpo hídrico, as intervenções nesta bacia devem analisar a busca de soluções que desocupem/aumentem áreas naturais de várzeas. Como nesta sub-bacia não existem importantes vias que compõem a infraestrutura viária da cidade, é mais fácil, e menos oneroso, desocupar estes locais, recuperando ambientalmente as margens do riacho e livrando a população das áreas com risco iminente de inundação, porém é socialmente mais complicado. Outra alternativa que pode ser pensada, mas que só resolve os problemas localmente e agrava os problemas de inundação à jusante, é a canalização e retificação do riacho Pau D’Arco, bem como a implantação de diques marginais a este corpo hídrico. Devido às características de vale bem encaixado, em algumas localidades ao longo do Pau D’Arco, pode-se pensar em soluções que retardem o escoamento e amorteçam as vazões de pico, ou seja, a construção de barragens. Individualmente ou em cascatas, estas podem apresentar grande eficiência nesta bacia, devido aos consideráveis volumes d'água que podem ser armazenados nos reservatórios formados com a implantação destas obras de arte. Por fim, ressalta-se que esta discussão foi considerada quando da elaboração do capítulo de intervenções, tanto do ponto de vista da diminuição das inundações na sub-bacia do Pau D’Arco, quanto em relação à diminuição da vazão afluente ao riacho Reginaldo, preocupando-se principalmente com o evento mais crítico que afeta as sub-bacias de menor porte. Assim, as ações que visem controlar as inundações na sub-bacia do riacho Pau D’Arco devem avaliar qual o evento mais crítico para as bacias de menor porte, assim como avaliado por Vidal et. al. (2011) para a bacia do Gulandim. É preciso ter em mente que o tempo de 176 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO concentração da bacia do riacho Reginaldo é de 247 min e que o da bacia do Pau D’Arco é de 62 min. Diante disto, é possível propor soluções, que não combinem os picos dos hidrogramas, tirando proveito da possível defasagem. 4.6.4. Riacho Reginaldo A Figura 4.57 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Reginaldo para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50 anos. 30.00 Tr = 2 anos Tr = 5 anos 25.00 Tr = 10 anos Tr = 25 anos Tr = 50 anos Vazão (m³/s) 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) 8 10 12 Figura 4.57: Hidrogramas da cheia para os diversos tempos de retorno na foz do riacho Reginaldo. A Tabela 4.4, apresenta os valores da vazão de pico para os diferentes tempos de retorno, utilizados para elaborar o diagnóstico das inundações na bacia do riacho Reginaldo. Tabela 4.4: Vazões de pico para os diferentes tempos de retorno na foz do riacho Reginaldo. TEMPO DE RETORNO (ANOS) VAZÃO DE PICO NA FOZ (m3/s) 2 5 10 25 50 18,33 22,84 24,57 26,76 28,46 177 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO A análise exploratória da Figura 4.57 e da Tabela 4.4, permite afirmar que a vazão de pico na foz do riacho Reginaldo, aumentou cerca de 55% do comparando o Cenário com tempo de retorno de 50 anos em relação ao de 2 anos, ou seja, a vazão de pico saiu da casa de 18,33 m3/s para 28,46 m3/s. A Figura 4.58 apresenta o perfil da linha d'água obtido através das simulações para os diferentes tempos de retorno ao longo do riacho Reginaldo. 10.00 Tr = 2 anos Tr = 5 anos Tr = 10 anos Tr = 25 anos Tr = 50 anos Margem Direita Margem Esquerda Bueiro Fundo 9.00 8.00 Cotas (m) 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 4.58: Perfil da linha d'água para os diversos tempos de retorno ao longo do riacho Reginaldo. Analisando os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 4.58, é possível perceber que, a partir do Cenário com 10 anos de tempo de retorno, ocorrem extravasamentos da calha principal praticamente ao longo de todo o canal e o bueiro discretizado no modelo já se encontra afogado. Avaliando comparativamente os Cenários menos e mais críticos, ou seja, 2 e 50 anos de tempo de retorno, percebe-se uma sobrelevação média de 60 cm entre a foz do Reginaldo e à jusante do bueiro e de 2,90 m entre afluência do riacho Pau D’Arco no Reginaldo e à montante do bueiro. 178 4. DIAGNÓSTICO DAS INUNDAÇÕES NA BACIA DO RIACHO REGINALDO Em relação à variação máxima nas cotas do nível d'água, pode-se afirmar que o aumento mais considerável ocorreu, devido ao remanso, à montante do bueiro, e foi de 3,41 m. Já a sobre-elevação mínima foi próximo ao seu exutório e foi em torno de 60 cm. Diante do exposto, e considerando que, à jusante do bueiro, nas margens do riacho Reginaldo encontram-se ruas que compõem a infraestrutura viária de importantes bairros da cidade de Maceió (e.g. Poço, Jaraguá, Centro), as intervenções nessa bacia devem procurar áreas onde seja possível realizar o armazenamento provisório das águas do riacho Reginaldo. No trecho entre o exutório do Pau D’Arco e o bueiro no Reginaldo, apesar de existir uma intensa ocupação e a presença de vias não pavimentadas, nessa localidade, não existe rede de microdrenagem nem de coleta de esgoto. Assim, apesar da necessidade de desapropriações, para a utilização de áreas que amorteçam as vazões, esta região apresenta um maior potencial para esse fim que o trecho à jusante do bueiro, que além de edificações também conta com a presença das redes que compõem o saneamento básico. Devido às características de vale bem encaixado, em algumas localidades ao longo do Reginaldo, pode-se pensar em soluções que retardem o escoamento e amorteçam as vazões de pico, ou seja, a construção de barragens, individualmente ou em cascatas, pode apresentar grande eficiência na diminuição das inundações neste corpo hídrico, devido aos consideráveis volumes d'água que podem ser armazenados nos reservatórios formados com a implantação destas obras de arte. Outra alternativa que pode ser pensada, mas que no entanto pode comprometer o sistema de microdrenagem da região, e piorar a situação das inundações no trecho à jusante onde a estrutura hidráulica foi pensada, é a implantação de diques marginais. Por fim, ressalta-se que esta discussão foi considerada quando da elaboração do capítulo de intervenções, do ponto de vista da diminuição das inundações na bacia do riacho Reginaldo. 179 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Neste capítulo serão discutidos os resultados encontrados a partir da modelagem hidrodinâmica realizada através do Modelo de Células de Escoamento, elencando todas as intervenções propostas. Os Cenários com as intervenções propostas, na parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, que visam mitigar os problemas com as inundações identificados nos Cenários de diagnóstico, terão como princípios, sempre que possível, a proposição de alternativas ligadas a Drenagem Urbana Sustentável, conforme discutido no capítulo da revisão de literatura. Os Cenários de intervenções serão discutidos comparativamente com o Cenário de diagnóstico que considerou uma chuva de projeto com 25 anos de tempo de retorno, conforme orientação do Manual do Ministério das Cidades, Programa 1138 - Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial, que visa ações de apoio a sistemas de Drenagem Urbana Sustentáveis e de Manejo de Águas Pluviais (Brasil, 2011). No entanto, destaca-se que, devido ao alto grau de urbanização consolidada da região de estudo, é praticamente impossível realizar intervenções sem precisar demolir edificações e reassentar a população. Isto acontece devido ao crescimento desordenado e sem planejamento de inúmeros bairros na cidade de Maceió, que permitiram que a urbanização se consolidasse mesmo em Áreas de Preservação Permanente (APP's), onde as próprias Leis Brasileiras Federais, a exemplo do Código Florestal (Lei Federal 4.771, de 15 de setembro de 1965), proíbem tais ocupações. Considerando estes aspectos, os estudos conceituais propostos atuaram de forma parciomoniosa na tentativa de alcançar a melhor alternativa técnica. Porém, é preciso deixar claro que as ações podem ainda não resolver os problemas de maneira geral e sim melhorar a situação diagnosticada. Isso se deve, principalmente, ao fato da bacia do riacho Reginaldo não estar sendo modelada integralmente, o que limita as ações à parte da bacia discretizada no MODCEL. Caso toda a bacia estivesse sendo modelada, seria possível agir de maneira distribuída em toda a sua área, o que diminuiria o porte de ações locais e aumentaria o número de ações distribuídas, melhorando o conjunto de maneira geral. 180 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Em relação às intervenções propostas apenas a proposição da barragem, no eixo do riacho Reginaldo, não está inserida no contexto das técnicas compensatórias utilizadas para desenvolvimento de projetos de drenagem urbana sustentável, conforme discutido no capítulo de revisão de literatura. Entretanto, apesar das barragens utilizadas no controle de inundações não serem consideradas uma das técnicas compensatórias em drenagem urbana, o seu impacto sobre a hidrodinâmica dos rios, bem como no ciclo hidrológico acabam sendo semelhantes aos princípios dos projetos sustentáveis, pois sua implantação gera o amortecimento do pico do hidrograma, diminuição da velocidade do escoamento, retenção do escoamento no reservatório aumentando a recarga do aquífero, aumento do tempo de concentração das bacias hidrográficas, entre outros fatores que são conceituados como os principais princípios de projetos sustentáveis em drenagem urbana. Apenas a escala, de fato, foge ao conceito original, por não poder ser considerada uma ação distribuída. Além dos aspectos supracitados é importante destacar a eficiência da utilização de barragens no controle de inundações. Entretanto, é preciso avaliar os impactos ambientais decorrentes da implantação destas estruturas, bem como os riscos associados. 5.1. Cenário 1 - Recuperação da Área de Preservação Permanente (APP) às margens do riacho Pau D’Arco Este Cenário propõe a recuperação ambiental da Faixa Marginal de Proteção ao longo do riacho Pau D’Arco através da revegetação/reflorestamento da mata ciliar. Tal intervenção é proposta, pois se pôde notar, avaliando o Cenário de diagnóstico das inundações na bacia deste corpo hídrico, que as características da passagem da onda de cheia ao longo do riacho Pau D’Arco não apresentam uma considerável sobre-elevação da linha d'água, quando comparado à vazão escoada na calha principal. Diante do exposto, é possível afirmar que a população que sofre com inundações nesta importante sub-bacia do riacho Reginaldo, que apresenta uma ocupação urbana bastante densa, que foi se consolidando com o decorrer dos anos ao longo deste corpo hídrico, como principal problema. Em visitas de campo e através das imagens do software Google Earth, nota- 181 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS se a existência de edificações que margeiam o talvegue do riacho Pau D’Arco, estando assim inseridas nas Áreas de Preservação Permanente (APP's) ou Faixa Marginal de Proteção (FMP). Assim, a proposta para o presente Cenário passa pela demarcação da Área de Preservação Permanente ao longo deste rio, bem como pela identificação, de maneira macroscópica, das edificações que estão inseridas nestas áreas. Além disso, nota-se que praticamente toda a mancha de inundação elaborada no Cenário de diagnóstico é menos restritiva que a demarcação da APP. Assim, o reassentamento dos moradores que moram nestas áreas os deixará livre das inundações que ocorrem na APP ao longo do riacho Pau D’Arco. A FMP o longo do riacho foi considerada a partir do nível da cheia normal do rio, conforme preconizado no Código Florestal brasileiro (Lei Federal 4.771, 1965). Considerou-se que na bacia do Pau D’Arco, que está inserida nos bairros do Jacintinho e Feitosa, a ocupação urbana está consolidada assim a faixa que delimita a APP é considerada igual a 15 m, conforme preconizado pela Resolução 369/06 do CONAMA. A Figura 5.1 apresenta o cruzamento das informações entre a área de APP e a mancha de inundação para o tempo de retorno de 25 anos obtido no Cenário de diagnóstico. 182 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Figura 5.1: Mapa com as áreas inundáveis (25 anos) e APP no riacho Pau D’Arco. 183 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Analisando a Figura 5.1, é possível notar que praticamente toda a área inundável pela cheia de 25 anos de tempo de retorno está inserida na APP do Pau D’Arco, com exceção de um pequeno trecho à montante da afluência do córrego Piabas. Assim, o reassentamento dos moradores que residem nessas áreas, além de recuperar ambientalmente este corpo hídrico, resolveria o problema de inundações na bacia. Estima-se que cerca de 229 edificações na margem esquerda e 276 na margem direita precisariam ser demolidas, para recuperação da APP do riacho Pau D’Arco. Além disso, é importante o desenvolvimento de projetos sociais que visem reassentar os moradores ali residentes, bem como conscientizá-los da importância de não ocupar as áreas ribeirinhas aos corpos hídricos. Esta intensa ocupação nas margens do Pau D’Arco, ou seja, cerca de 505 edificações, mostra o quanto é complicado recuperar ambientalmente corpos hídricos inseridos em bacias urbanas densamente ocupadas, refletindo a importância de se desenvolver as cidades através de bom planejamento urbano integrado. 5.2. Cenário 2 - Bacias de detenção nas sub-bacias dos riachos Gulandim e Sapo Neste Cenário, foi considerada a implantação de duas bacias de detenção, sendo uma na bacia do riacho Gulandim e outra ao longo do riacho do Sapo. A finalidade destes reservatórios visa amortecer os hidrogramas afluentes ao riacho Reginaldo e diminuir os extravasamentos que ocorrem ao longo de cada um destes corpos hídricos, através do rebaixamento da linha d'água. Vale ressaltar que a estrutura hidráulica de saída d’água dos reservatórios foi idealizada como comportas de sentido único do tipo flap. Foram vislumbradas duas localidades potenciais para implantação da bacia de detenção do riacho Gulandim, ou seja, livres de ocupação e o mais próximo do riacho possível. A primeira situa-se por trás do Condomínio Praias Belas (Rua Potiguar) e o segundo localiza-se por traz do Moinho Motrisa, os dois no bairro do Poço. A Figura 5.2 apresenta as duas áreas supracitadas. 184 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Gulandim em bueiro Bacia de detenção riacho Gulandim Figura 5.2: Áreas potenciais para implantação das bacias de detenção no riacho Gulandim. A partir da avaliação de qual seria o melhor local para realização tanto da obra de implantação do reservatório, quanto do ponto de vista do comportamento hidrodinâmico do riacho Gulandim, optou-se pela área por trás do condomínio. Como esta área localiza-se a cerca de 150 m do eixo do rio, será necessário construir galerias de drenagem com aproximadamente o dobro deste comprimento, para que haja tanto a afluência quanto à descarga do escoamento. Esta bacia de detenção possui uma área aproximada de 10.199 m2, a tubulação que conduz água para dentro do reservatório deve ser implantada na cota 3,3 m e a de descarga será na cota 2,5 m. A elevação do coroamento do entorno do reservatório deve ser estabelecida na cota 4,3 m. Assim o volume aproximado desta bacia é em torno de 17.338 m3 considerando uma borda livre de 10 cm. A Figura 5.3 mostra o comportamento das vazões obtidos por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Gulandim, antes e após a implantação da bacia de detenção. 185 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 2.40 1.90 Vazão (m³/s) 1.40 0.90 0.40 -0.10 -0.60 0 2 4 6 8 10 Tempo de Simulação (h) Foz do Gulandim sem intervenção Foz do Gulandim com intervenção 12 Figura 5.3: Hidrograma da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Gulandim antes e após a implantação da bacia de detenção. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 5.3, é possível afirmar que a vazão de pico na foz do riacho Gulandim foi reduzida de 2,29 m3/s para 1,82 m3/s, ou seja, a bacia de detenção amorteceu cerca de 26% da vazão de pico na foz do riacho Gulandim. Na Figura 5.4 é apresentado o hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção, bem como o nível d'água no interior do reservatório no período simulado. Estas figuras indicam o funcionamento desta estrutura hidráulica e que o nível d'água no reservatório após 29 h de simulação está na cota 2,60 m. Enfatiza-se, que mesmo quando o reservatório atinge o nível d'água máximo (3,70 m) este fica com uma borda livre de 60 cm. O que indica que a saída poderia ser ainda mais restritiva. 186 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 4 2 3.8 3.6 3.4 1.2 Cotas (m) Vazão (m³/s) 1.6 0.8 0.4 3.2 3 2.8 2.6 2.4 0 0 5 10 15 20 Tempo de Simulação (h) Vazão Afluente ao Reservatório 25 Vazão de Descarga do Reservatório 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 Tempo de Simulação (h) Nível D'água no Reservatório Fundo do Reservatório Figura 5.4: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção e b) Nível d'água no interior do reservatório do riacho Gulandim. A Figura 5.5 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com as intervenções deste Cenário, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Figura 5.5: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim com e sem a bacia de detenção. 187 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.5, é possível perceber que em alguns pontos houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação do reservatório. Num trecho de aproximadamente 260 m, à montante do bueiro, houve uma redução média nas cotas da linha d'água de 40 cm, deste ponto até a cabeceira do Gulandim a redução foi de 13 cm. O bueiro inserido no modelo desafogou e ficou com uma borda livre de 6 cm. Em relação à bacia de detenção a ser implantada na bacia do riacho do Sapo, foi escolhido um terreno marginal ao riacho, próximo do WalMart, na divisa dos bairros Jatiúca e Mangabeiras. Este local é um estacionamento de propriedade da empresa Sococo. A área que se pretende usar para implantar o reservatório não é utilizada com frequência por esta empresa. A Figura 5.6 mostra em destaque a área onde foi locada a bacia de detenção. Bacia de detenção Figura 5.6: Área potencial para implantação da bacia de detenção do riacho do Sapo. Esta bacia de detenção possui uma área aproximada de 4.109 m2, a altura que se inicia o vertimento do escoamento para o interior do reservatório deve ser implantada na cota 5,0 m e a tubulação de descarga será na cota 4,0 m. O contorno do reservatório deve ser feito na cota 5,4 m. Assim o volume aproximado desta bacia é em torno de 5.342 m3, considerando uma borda livre de 10 cm. 188 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS A Figura 5.7 mostra o comportamento das vazões obtidos por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho do Sapo, antes e após a implantação da bacia de detenção. 5.00 Vazão (m³/s) 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 2 4 6 8 10 Tempo de Simulação Foz do Sapo sem intervenção Foz do (h) Sapo com intervenção 12 Figura 5.7: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho do Sapo antes e após a implantação da bacia de detenção. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 5.7, é possível afirmar que a vazão de pico na foz do riacho do Sapo foi reduzida de 4,82 m3/s para 4,53 m3/s, ou seja, a bacia de detenção amorteceu cerca de 10% da vazão na foz do riacho do Sapo. Na Figura 5.7 é apresentado o hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção, bem como o nível d'água no interior do reservatório no período simulado. Estas figuras indicam o funcionamento desta estrutura hidráulica e indica que o reservatório esvazia após cerca de 21 h. Enfatiza-se, que mesmo quando o reservatório atinge o nível d'água máximo (4,90 m), este fica com uma borda livre de 50 cm, o que indica que a saída poderia ser ainda mais restritiva. 189 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5 4.5 Cotas (m) Vazão (m³/s) 0.8 0.4 4 3.5 0 0 3 6 9 12 15 Tempo de Simulação (h) Vazão Afluente ao Reservatório 18 Vazão de Descarga do Reservatório 21 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo de Simulação (h) Nível D'água no Reservatório 16 18 20 Fundo do Reservatório Figura 5.8: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga na bacia de detenção e b) Nível d'água no interior do reservatório. A Figura 5.9 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com as intervenções deste Cenário, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Destaca-se que com o a finalidade de ter uma melhor percepção sobre a variação do nível d'água, apresentados nessa figura, não foi ilustrada toda a extensão do riacho do Sapo, pois seu trecho situado no bairro do Jacitinho apresenta uma declividade forte, e assim não se percebe variações significativas nas suas cotas do nível d'água, neste trecho. 190 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 15.00 Nível D'água sem intervenção Nível D'água com intervenção Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo Cotas (m) 12.00 9.00 6.00 3.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 Distância da Foz (m) 2500 3000 3500 Figura 5.9: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo com e sem a bacia de detenção. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.9, é possível perceber que houve um considerável rebaixamento na linha d'água após a implantação do reservatório, num trecho de aproximadamente 1.145 m à montante do bueiro situado na Avenida Jatiúca. Tal rebaixamento foi da ordem de 35 cm e ocorreu devido ao não afogamento dos bueiros do riacho do Sapo. O bueiro que apresentou a menor borda livre foi o da Avenida Jatiúca, com folga de 8 cm. 5.3. Cenário 3 - Implantação da Barragem no riacho Reginaldo Este Cenário é o que propõe a medida de maior impacto ambiental dentre todas as intervenções propostas. No entanto, é também a de maior eficiência hidráulica no sentido de resolver os problemas das inundações na parte baixa da bacia do riacho Reginaldo. Aqui é proposto a implantação de uma barragem no eixo do riacho Reginaldo, a cerca de 510 m à montante da afluência do riacho Pau D’Arco. 191 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS A priori não se pensou em implantar tal obra de arte e buscou-se através de pequenas medidas, ou seja, de menor impacto ambiental, resolver o problema das inundações no riacho Reginaldo. Como discutido no diagnóstico, a principal causa dos alagamentos que ocorrem à montante do bueiro, que foi representado no modelo matemático, é o remanso provocado devido ao estrangulamento do rio por conta desta estrutura, já à jusante do mesmo o problema associa-se a influência da maré. Nesse sentido, antes de pensar na concepção da implantação da barragem, foram avaliados os melhoramentos da situação das inundações neste riacho através da simulação hidráulica das seguintes medidas: • Dragagem do fundo, primeiramente de 0,50 m e em seguida, 1,00 m; • Implantação de um pequeno barramento, no riacho Pau D’Arco com um eixo de aproximadamente 40 m de comprimento, próximo a sua afluência ao riacho Reginaldo, criando um reservatório de amortecimento de 57.000 m3; • Elevação de 0,50 m da cota do teto do bueiro que estrangula o riacho Reginaldo; e • Implantação de reservatórios, com um volume aproximado de 28.000 m3 as margens do riacho Reginaldo, na localidade conhecida como Reginaldo, no bairro do Poço. Nenhuma destas medidas, individualmente ou integradas, foram capazes de melhorar consideravelmente o problema de inundação diagnosticado no riacho Reginaldo. Assim, optouse pela implantação da barragem neste corpo hídrico, pois esta estrutura é capaz de amortecer o escoamento o suficiente para que o bueiro de jusante não afogue e o remanso ocorrido na localidade seja evitado e o quadro de inundações seja praticamente resolvido, conforme será mostrado mais adiante. No entanto, vale ressaltar que para a implantação da barragem necessita-se reassentar alguns moradores e posteriormente demolir cerca de 55 edificações. Tais residências, em sua grande maioria, encontram-se situadas nas encostas do vale do Reginaldo e, apesar de neste trabalho não ter sido demarcadas as APP's na bacia em estudo, utilizando-se a legislação 192 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS brasileira, é provável que estas residências estejam inseridas em Áreas de Preservação Permanente, devido a inclinação das encostas que compõem o vale do Reginaldo. Destaca-se, também, que com essa intervenção pode-se prescindir da pequena barragem imaginada para o Pau D’Arco, mantendo este afluente em estado mais natural. A Figura 5.10 ilustra o local que foi escolhido para a implantação do eixo da barragem, bem como a área do seu reservatório de amortecimento. Reservatório de Amortecimento Figura 5.10: Eixo da barragem e reservatório de amortecimento na bacia do riacho Reginaldo. A implantação da barragem criará um reservatório com um volume aproximado de 145.337 m3, o comprimento do seu eixo terá em torno de 90 m, a área da comporta de descarga de fundo será de 0,50 m2 e a cota de sua crista é de 26,70 m. A Figura 5.11 mostra o comportamento das vazões obtidos por meio da modelagem hidrodinâmica na foz e à montante do bueiro no riacho Reginaldo, antes e após a implantação da barragem. 193 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 60.00 Vazão (m³/s) 50.00 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Tempo de Simulação (h) À montante da Galeria com intervenção Foz do Reginaldo sem intervenção À montante da Galeria sem intervenção Foz do Reginaldo com intervenção 18 Figura 5.11: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos ao longo do riacho Reginaldo antes e após a implantação da barragem. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 5.11, em comparação com os do Cenário de diagnóstico, é possível afirmar que a recessão dos hidrogramas é amortecida consideravelmente. Como exemplo podemos citar a foz do riacho Reginaldo, que teve uma redução na vazão de pico de 26,76 m3/s para 19,52 m3/s, ou seja, a barragem amorteceu cerca de 30% da vazão, já à montante do bueiro a vazão caiu de 53,53 m3/s para 15,79 m3/s, ou seja, um amortecimento de 70%. Neste ponto o amortecimento é consideravelmente maior pelo fato do bueiro, apesar de ter afogado, não permanecer muito tempo nessa situação, gerando apenas um pequeno remanso. Na Figura 5.12 é apresentado o hidrograma de vazão afluente e de descarga no reservatório de amortecimento, bem como o nível d'água no interior deste durante o tempo de simulação. Estas figuras indicam o funcionamento desta estrutura hidráulica e mostra que, após 18 h de simulação o nível d'água no reservatório é igual a 22,70 m. Enfatiza-se que, quando o reservatório atinge o nível d'água máximo (25,50 m), este fica com uma borda livre de 1,20 m, o que mostra que a descarga de fundo poderia ser ainda mais restrita. 194 30 50 25 40 20 Cotas (m) 60 30 20 15 10 5 10 0 0 0 2 4 6 8 10 12 Tempo de Simulação (h) Vazão Afluente ao Reservatório 14 16 18 Vazão de Descarga do Reservatório 0 2 4 6 8 10 12 Tempo de Simulação (h) Nível D'água no Reservatório 14 16 Fundo do Reservatório Figura 5.12: a) Hidrograma de vazão afluente e de descarga no reservatório da barragem e b) Nível d'água no interior do reservatório. A Figura 5.13 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com as intervenções deste Cenário, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 10.00 Nível D'água sem intervenção Nível D'água com intervenção Margem Direita Margem Esquerda Bueiro Fundo 9.00 8.00 7.00 Cotas (m) Vazão (m³/s) 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 Figura 5.13: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo com e sem a barragem. 195 18 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.13, é possível perceber que houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação da barragem. No trecho entre a foz do riacho Pau D’Arco e o bueiro, houve uma redução média nas cotas da linha d'água de 2,30 m, já o trecho à jusante do bueiro até a foz do Reginaldo a redução foi de 45 cm. No entanto, o bueiro ainda sofreu afogamento, mas por um período muito curto de tempo, o que não causou um remanso significativo. 5.4. Cenário 4 - Implantação de Paisagem Multifuncional às margens do riacho Reginaldo Este Cenário é proposto com o intuito de tornar as ações na bacia do riacho Reginaldo mais sustentáveis, utilizando o conceito de paisagens multifuncionais, que conforme discutido na revisão de literatura, são obras de paisagismo e urbanismo que prevê usos múltiplos para a mesma área, incorporando funções de amortecimento de cheias. Nestes ambientes, podem ser instalados equipamentos urbanos para recreação e lazer, como, por exemplo, campos de futebol, quadras poliesportivas, mesas de jogos. Além disso, a área recebe um tratamento paisagístico no sentido de diminuir as áreas impermeáveis do local através do reflorestamento e revegetação. No entanto, quando da ocorrência de chuvas intensas a "paisagem" funciona como um reservatório de amortecimento de cheias e, após o término das chuvas e manutenção da área por parte do órgão competente, geralmente a prefeitura, voltará a ter a função paisagística e de lazer. O Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro tem adotado a nomenclatura de Parques Fluviais ou Parques Lineares para caracterizar suas paisagens multifuncionais. O desenvolvimento de projetos que utilizam a implantação de parques fluviais é prática comum no órgão, pois se acredita que é possível conceber projetos de controle de inundações e recuperação ambiental utilizando-se esses elementos. Como exemplo, podem-se citar os Projetos desenvolvidos para recuperar ambientalmente os municípios severamente atingidos pelas chuvas de janeiro de 2011, na catástrofe ocorrida na Região Serrana do Estado. Daí vem à importância deste Cenário que, apesar de necessitar do reassentamento de vários moradores e a demolição de 131 edificações, devido a intensa urbanização na parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, mostra os benefícios hidráulicos de adotar paisagens multifuncionais. 196 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Entretanto, como citado anteriormente, antes de simular o Cenário com a implantação da barragem para resolver o problema das inundações no riacho Reginaldo, foram tentadas ações de menor porte, como a discutida em tela, mas não foram obtidos ganhos significativos. Assim neste Cenário serão discutidos os ganhos obtidos em comparação com o Cenário anterior, ou seja, após a implantação da barragem e vale destacar que os ganhos serão bem mais ambientais e sociais que hidráulicos. A paisagem multifuncional utilizada como reservatório possui uma área aproximada de 19.022 m2, a cota de vertimento do escoamento para o interior do reservatório é igual a 3,5 m e sua cota de coroamento deve ser implantada em 4,5 m. Assim o volume aproximado do reservatório é de cerca de 17.120 m3, considerando uma borda livre de 10 cm. A Figura 5.14 ilustra a área utilizada para implantação da paisagem multifuncional. Reservatório de Amortecimento Figura 5.14: Área potencial para implantação da paisagem multifuncional na bacia do Reginaldo. Na Figura 5.15 é apresentado o nível d'água no interior do reservatório no período simulado. Esta figura indica o funcionamento desta estrutura hidráulica, e que após 18 h de simulação, o nível d'água no reservatório está na cota 3,91 m. Enfatiza-se que, mesmo quando o reservatório atinge o nível d'água máximo (4,39 m) este fica com uma borda livre de 11 cm. 197 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5 Cotas (m) 4 3 2 0 2 4 6 8 10 12 Tempo de Simulação (h) Nível D'água no Reservatório 14 16 18 Fundo do Reservatório Figura 5.15: Nível d'água no interior do reservatório (paisagem multifuncional). O rebaixamento da linha d'água, com a implantação desta paisagem multifuncional em relação ao Cenário anterior, foi em média, de 5 cm ao longo de todo o canal e o bueiro não afogou em nenhum momento da simulação, ao contrário do que ocorreu no Cenário onde foi proposta a implantação da barragem, ficando com uma borda livre de 4 cm. 5.5. Cenário 5 - Integração de todas as intervenções propostas Neste Cenário, serão apresentados os resultados de todas as intervenções propostas anteriormente de maneira conjunta, ilustrando a nova situação das inundações no trecho simulado da bacia do riacho Reginaldo. As intervenções conjuntas são as seguintes: • Implantação das bacias de detenção sendo uma na sub-bacia do riacho Gulandim e outra no riacho do Sapo. Os reservatórios apresentam um volume de amortecimento de 17.338 m3 e 5.342 m3 respectivamente; • Implantação da barragem no eixo do riacho Reginaldo criando um reservatório com um volume de amortecimento de aproximadamente 145.337 m3; e • Implantação da paisagem multifuncional de uso público as margens do riacho Reginaldo com o reservatório de amortecimento com volume de 17.120 m3. 198 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS A Figura 5.16 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Gulandim, antes e após a implantação de todas as intervenções propostas. Observando o comportamento da recessão do hidrograma após as intervenções, em comparação com o do Cenário sem intervenções, pode-se afirmar que devido ao amortecimento das vazões tanto no riacho Gulandim, quanto no Reginaldo, percebe-se que o remanso imposto pelo Reginaldo no Gulandim é mais suave. 2.50 2.00 Vazão (m³/s) 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) Foz do Gulandim sem intervenções 8 10 12 Foz do Gulandim com intervenções Figura 5.16: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Gulandim antes e após a implantação de todas as intervenções. Já a Figura 5.17 apresenta o perfil longitudinal do riacho Gulandim, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com a implantação de todas as intervenções propostas, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 199 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5.00 4.50 4.00 3.50 Cotas (m) 3.00 2.50 2.00 Nível D'água sem intervenções Nível D'água com intervenções Margem Direita Margem Esquerda Bueiro Fundo 1.50 1.00 0.50 0.00 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Distância da Foz (m) Figura 5.17: Perfil de linha d'água no riacho Gulandim com e sem intervenções. 1600 1800 Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.17, é possível perceber que houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação das intervenções, a diferença de cota máxima foi de 45 cm ao passo que a mínima foi de 8 cm. O bueiro inserido no modelo matemático não ficou afogado e apresentou uma borda livre de 9 cm, assim não ocorre remanso na região. A Figura 5.18 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho do Sapo, antes e após a implantação de todas as intervenções propostas. 200 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5.00 Vazão (m³/s) 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) Nível D'água sem intervenções 8 10 12 Nível Dágua com intervenções Figura 5.18: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho do Sapo antes e após a implantação de todas as intervenções. Já a Figura 5.19 apresenta o perfil longitudinal do riacho do Sapo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com a implantação de todas as intervenções propostas, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. Destaca-se que, assim como em alguns Cenários anteriores, a fim de melhor apresentar os resultados, na Figura 5.19, só apresenta-se parte do riacho do Sapo. 201 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Nível D'água sem intervenções Nível D'água com intervenções Margem Direita Margem Esquerda Bueiros Fundo 14.00 12.00 Cotas (m) 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 500 1000 1500 2000 Distância da Foz (m) 2500 3000 3500 Figura 5.19: Perfil de linha d'água no riacho do Sapo com e sem intervenções. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.19, é possível perceber que, em alguns locais, houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação das intervenções, o desnível máximo na linha d'água foi de 43 cm ao passo que o mínimo foi de 5 cm. Ressalta-se que, conforme esperado, os locais com alta declividade não sofre mudança no nível d'água. Nenhum dos bueiros inseridos no modelo matemático ficou afogado, e o que apresentou a menor borda livre (9 cm) foi o que se localiza na Avenida Jatiúca. Assim, não ocorre remanso em nenhuma localidade ao longo do riacho do Sapo. A Figura 5.20 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Pau D’Arco, antes e após a implantação de todas as intervenções propostas. 202 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 12.00 10.00 Vazão (m³/s) 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 0 2 4 6 Tempo de Simulação (h) Foz do Pau D'árco sem intervenções 8 10 12 Foz do Pau D'árco com internções Figura 5.20: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Pau D’Arco antes e após a implantação de todas as intervenções. Já a Figura 5.21 apresenta o perfil longitudinal do riacho Pau D’Arco, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com a implantação de todas as intervenções propostas, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 203 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 35 30 Cotas (m) 25 20 Nível D'água sem intervenções 15 Nível D'água com intervenções Margem Direita 10 Margem Esquerda Bueiro Fundo 5 0 500 1000 1500 Distância da Foz (m) 2000 2500 3000 Figura 5.21: Perfil de linha d'água no riacho Pau D’Arco com e sem intervenções. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.21, é possível perceber que, próximo à sua foz, houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação das intervenções. O desnível máximo na linha d'água foi de 1,56 m, próximo a sua afluência com o Reginaldo, já o rebaixo mínimo foi de 1 cm. Ressalta-se que, conforme esperado, os locais com alta declividade não sofre mudança no nível d'água. O bueiro inserido no modelo matemático não ficou afogado, e sua borda livre foi superior a 60 cm, assim não ocorre remanso na região. Destaca-se que a sensível redução do nível d'água na foz do Pau D’Arco, deve-se às melhorias obtidas no Reginaldo, que facilitaram as descargas deste riacho, e não a remoção das ocupações urbanas ribeirinhas na APP do Pau D’Arco, pois esta intervenção, individualmente, não provocaria um rebaixo tão significativo da linha d'água. A Figura 5.22 mostra o comportamento das vazões obtidas por meio da modelagem hidrodinâmica na foz do riacho Reginaldo, antes e após a implantação de todas as intervenções propostas. 204 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS 30.00 25.00 Vazão (m³/s) 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 2 4 6 8 10 Tempo de Simulação (h) Foz do Reginaldo com intervenções 12 14 16 18 Foz do Reginaldo sem intervenções Figura 5.22: Hidrogramas da cheia com Tr = 25 anos na foz do riacho Reginaldo antes e após a implantação de todas as intervenções. A partir da análise exploratória dos hidrogramas apresentados, na Figura 5.22, é possível afirmar que a vazão de pico na foz do riacho Reginaldo foi reduzida de 26,76 m3/s para 19,22 m3/s, ou seja, houve um amortecimento de aproximadamente 29% após a implantação das ações integradas. Já a Figura 5.23 apresenta o perfil longitudinal do riacho Reginaldo, os níveis d'água máximos obtidos através da simulação hidrodinâmica no diagnóstico e com a implantação de todas as intervenções propostas, as cotas das margens esquerda e direita ao longo do canal, além do posicionamento e cotas de teto e fundo do bueiro inserido no modelo deste corpo hídrico. 205 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Figura 5.23: Perfil de linha d'água no riacho Reginaldo com e sem intervenções. Analisando-se os níveis d'água máximos, apresentados na Figura 5.23, é possível perceber que houve um significativo rebaixamento na linha d'água após a implantação das intervenções, o desnível máximo na linha d'água foi de 2,62 m, ao passo que o mínimo foi de 44 cm. O bueiro inserido no modelo matemático não ficou afogado, e sua borda livre foi de 5 cm. Diante do exposto, percebe-se que o grave Cenário de inundações que ocorria às margens do riacho Reginaldo, na localidade conhecida como Reginaldo, e que tinha profundidades da ordem de 3 m, foi melhorada consideravelmente. Além disso, à jusante do bueiro também ocorreu um significativo rebaixamento das profundidades d’água, no entanto, essa região passou a ser o pior local do ponto de vista das inundações da área modelada. Na Figura 5.24 é apresentado o mapa de inundação de toda a região simulada com o modelo hidrodinâmico, após a implantação de todas as intervenções propostas. 206 5. CENÁRIOS COM AS INTERVENÇÕES PROPOSTAS Figura 5.24: Mapa de inundação da parte baixa da bacia do riacho Reginaldo após implantação de todas as intervenções propostas (Tr = 25 anos). 207 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Neste capítulo busca-se fazer uma análise final dos resultados obtidos na elaboração desta Dissertação de Mestrado, apresentando conclusões sintéticas. Além disto, deixam-se recomendações que podem vir melhorar os resultados obtidos, ampliá-los ou mesmo nortear a continuidade de outras pesquisas. 6.1. Conclusões Diante dos resultados obtidos no presente trabalho, conclui-se que: 1. Foi possível aplicar o Modelo de Células de Escoamento desenvolvido por Miguez (2001) para diagnosticar e propor soluções para a problemática das inundações, existente, na parte baixa da bacia do riacho Reginaldo, escolhida como área de estudo; 2. A situação das inundações diagnosticadas na bacia do riacho Reginaldo é bastante grave, sobretudo, para a população de classe baixa que ocupa as Áreas de Preservação Permanente ao longo dos corpos hídricos que foram abordados; 3. Com exceção do riacho do Sapo, os outros corpos hídricos (Reginaldo, Pau D’Arco e Gulandim) apresentaram sérios problemas com o extravasamento do escoamento da calha principal dos rios, principalmente no trecho do riacho Reginaldo discretizado no modelo de células. As profundidades máximas do nível d'água nas células marginais aos riachos Gulandim, do Sapo, Pau D’Arco e Reginaldo foram da ordem de 58 cm, 34 cm, 52 cm e 4,21 m, respectivamente, para o Cenário com 25 anos de tempo de retorno; 4. As vazões de pico na foz do riacho Gulandim praticamente não se alteraram para os diferentes tempos de retorno simulados no diagnóstico. Essa situação se deve ao extravasamento e amortecimento de vazões na própria bacia do Gulandim (de forma indesejável) e pelas restrições de maré impostas ao riacho Reginaldo e deste no Gulandim. A do riacho do Sapo aumentou cerca de 70%, comparando-se o Cenário de 2 e 50 anos de tempo de retorno, a do Pau D’Arco praticamente dobrou e a do Reginaldo aumentou aproximadamente 55%; 208 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5. Os bueiros representados no riacho Gulandim e Reginaldo sofreram afogamento no Cenário que considera a cheia com 5 anos de tempo de retorno. O bueiro localizado na Avenida Jatiúca (riacho do Sapo) e o ao lado do Shopping sofreu afogamento para o Cenário com tempo de retorno de 25 anos, os demais bueiros do riacho do Sapo e o do riacho Pau D’Arco não afogaram; 6. A avaliação dos mapas de inundações elaborados para os diversos tempos de retorno no diagnóstico permitem acompanhar o grau de exposição da população às inundações, verificar as profundidades d'água atingidas em cada localidade e o aumento das áreas inundáveis; 7. Através das simulações hidráulicas realizadas para os Cenários de intervenções, obtiveram-se melhorias no preocupante quadro de inundações observadas nos Cenários de diagnóstico. Tanto as ações locais, ou seja, nas sub-bacias (Gulandim, Sapo, Pau D’Arco e Reginaldo), quanto às ações integradas melhoraram o quadro dos extravasamentos do escoamento das calhas principais na área da bacia simulada com o MODCEL. Deve-se destacar que a possibilidade de produzir diferentes Cenários de teste com o auxílio da modelagem matemática foi fundamental no desenvolvimento de soluções efetivas; 8. O Cenário de intervenção que propõe a recuperação das Áreas de Preservação Permanente do riacho Pau D’Arco evitaria que centenas de pessoas sofressem com os problemas de inundações e prova que a problemática das inundações nesta bacia está intimamente relacionada à ocupação irregular das áreas ribeirinha ao longo do riacho Pau D’Arco; 9. O Cenário de intervenção que propõe a implantação da bacia de detenção na subbacia do riacho Gulandim amorteceu a vazão na foz deste riacho em cerca de 26%, caindo de 2,29 m3/s no Cenário sem intervenção para 1,82 m3/s. Neste Cenário, o maior ganho no rebaixamento da linha d'água foi de 44 cm logo à jusante do bueiro representado no modelo. Com a implantação da bacia de detenção o bueiro do riacho Gulandim deixou de falhar; 209 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 10. O Cenário de intervenção que propõe a implantação da bacia de detenção na subbacia do riacho do Sapo amorteceu a vazão na foz deste riacho em cerca de 10%, caindo de 4,82 m3/s no Cenário sem intervenção para 4,53 m3/s com a implantação da bacia de detenção. Neste Cenário, o maior ganho no rebaixamento da linha d'água foi de 42 cm logo à montante do bueiro situado ao lado do Shopping. Com a implantação da bacia de detenção nenhum dos bueiros do riacho do Sapo sofreu afogamento; 11. A tentativa de melhoramentos da situação das inundações no trecho do riacho Reginaldo, numa primeira aproximação, não foi efetiva com a simulação hidráulica das seguintes medidas: dragagem do fundo, primeiramente de 0,50 m e, em seguida, de 1,00 m; implantação de um pequeno barramento, no riacho Pau D’Arco com um eixo de aproximadamente 40 m de comprimento, próximo à sua afluência ao riacho Reginaldo, criando um reservatório de amortecimento de 57.000 m3; elevação de 0,50 m da cota do teto do bueiro que estrangula o riacho Reginaldo e Implantação de reservatórios, com um volume aproximado de 28.000 m3 às margens do riacho Reginaldo, na localidade conhecida como Reginaldo, no bairro do Poço; não melhoramento a situação das inundações ao longo do riacho Reginaldo; 12. O Cenário que propôs a implantação da barragem no eixo do riacho Reginaldo foi o que teve o maior impacto sobre a melhora das inundações ao longo deste corpo hídrico. Com a implantação da barragem obteve-se um amortecimento de 40%, devido à redução da vazão de pico de 25,76 m3/s no Cenário sem intervenção para 19,52 m3/s com a intervenção. Além disso, houve um rebaixamento médio de 2,30 m nas cotas da linha d'água, à montante do bueiro que fica no curso principal do riacho. Já no trecho à jusante do bueiro, até a foz do Reginaldo, a redução foi de 45 cm. O bueiro sofreu afogamento, mas por um período muito curto de tempo, o que não causou um remanso significativo; 13. O Cenário que visa à recuperação ambiental da bacia do riacho Reginaldo através da implantação da Paisagem Multifuncional, ou seja, proposição de um reservatório que funciona também como área de lazer e recreação, apresentou uma pequena 210 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES melhoria da situação das inundações visto que foi discutido comparativamente com o Cenário após a implantação da barragem. O fato mais relevante é que o bueiro não afoga em nenhum momento da simulação deste Cenário, ao contrário do que aconteceu no Cenário com a implantação da barragem. Esse fato mostra que há importantes efeitos locais, provavelmente por causa dos elevados níveis de impermeabilização e a utilização desta paisagem multifuncional mostra um resultado efetivo da otimização espacial das medidas que precisam ser propostas e adotadas; e 14. O Cenário que integrou todas as intervenções propostas é o que melhora de maneira sistêmica toda a área modelada. Nele é possível notar que a vazão de pico na foz do riacho Reginaldo foi reduzida de 26,76 m3/s para 19,22 m3/s, ou seja, ocorre um amortecimento em torno de 29%, após a implantação das ações integradas. Ressalta-se, que em todos os corpos hídricos, houve uma redução das inundações como, visualizado no mapa de inundação deste Cenário (Figura 5.24). Por fim, enfatiza-se o ganho no rebaixamento da linha d'água em todos os corpos hídricos, destacando-se a redução de 2,62 m nas cotas da linha d'água em alguns trechos do riacho Reginaldo que tiveram uma melhor resposta às ações propostas. 6.2. Recomendações A principal recomendação deixada ao término desta dissertação é que seja modelada toda a bacia do riacho Reginaldo, com o Modelo de células de Escoamento, pois assim seria possível realizar o diagnóstico completo dos problemas das inundações nesta importante bacia urbana que está inserida na capital Alagoana, sendo possível avaliar a introdução de controles também no trecho alto da bacia. Além disso, se esta recomendação for atendida, seria possível propor intervenções distribuídas ao longo de toda a área da bacia, utilizando outros princípios da Drenagem Urbana Sustentável como, por exemplo, a contenção dos escoamentos na fonte, ou seja, em todos os locais onde ele é gerado. Nesse sentido, poder-se-ia prever ações de menor impacto ambiental pontualmente, evitando a implantação da barragem no riacho Reginaldo. 211 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Além da recomendação principal supracitada, para estudos futuros que envolva os temas discutidos neste trabalho, recomenda-se: Aumentar a cobertura dos levantamentos topobatimétricos ao longo dos corpos hídricos da bacia, principalmente no riacho Reginaldo e no Pau D’Arco; O aumento da rede de monitoramento da bacia do riacho Reginaldo é imprescindível para melhorar o conhecimento das inundações na bacia. Duas seriam as ações principais: a primeira trata da instalação de um pluviógrafo na parte baixa da bacia, para que se possa conhecer o comportamento das precipitações nessa região. Além disso, a instalação de um linígrafo ou de uma estação fluviométrica no eixo do riacho Reginaldo é imprescindível para o conhecimento do comportamento da hidrodinâmica do principal corpo hídrico da bacia; A ampliação da rede de monitoramento da bacia do Reginaldo, também ajudaria na obtenção de dados que auxiliassem numa possível validação da modelagem efetuada, que não foi feita no presente trabalho, que teve dados suficientes apenas para uma calibração; Realização de visitas de campo aos pontos do riacho do Sapo e Pau D’Arco que não puderam ser visitados principalmente por questões de segurança ou de acesso; Representação de outros bueiros de menor importância ou porte, mas que também estrangulam os corpos hídricos da área de estudo; Elaborar uma melhor subdivisão das células localizadas na margem direita do riacho Reginaldo, pois como neste trecho não se localiza nenhum afluente importante do riacho Reginaldo ele foi discretizado de forma macroscópica neste trabalho; Estudar soluções pontuais para as localidades que apresentaram uma lâmina d'água entre 0,60 a 0,80 cm, identificadas no mapa de inundações após a implantação das intervenções propostas. Como exemplo de locais que apresentaram uma profundidade d'água dessa ordem, podem-se citar as vias de fundo de vale próximo à foz do riacho Reginaldo. Uma solução para esta localidade, talvez, seja a implantação de um sistema de bombeamento que direcione parte da cheia do riacho Reginaldo diretamente para o mar. Alguns problemas pontuais, porém, provavelmente se referem à microdrenagem. 212 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Outro passo importante na representação mais completa da bacia seria a introdução deste sistema no MODCEL, que, em sua estrutura, permite esta representação integrada; Elaboração de ensaios de campo com a utilização de traçadores para determinação mais consistente e redução das incertezas envolvidas na determinação do tempo de concentração da bacia do riacho Reginaldo, já que esta bacia é foco de diversos estudos e projetos desenvolvidos pelos pesquisadores da UFAL; e Elaboração de novos diagnósticos utilizando outras combinações do pico da maré, elaborando cenários menos críticos que os mapeados neste trabalho. 213 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andjelkovic, I. Guidelines on Non-structural Measures in Urban Flood Management.Technical Documents in Hydrology. UNESCO, Paris, 2001. ANDOH, R. Y. G.; IWUGO, K. O. Sustainable Urban Drainage Systems: A UK Perspective. In: 9th International Conference on Urban Drainage - ICUD, Portland-Oregon-USA. Proceedings of ICUD 2002. ARRUDAS. Disponível em: http://ribeiraoarrudas.blogspot.com/. Acessado em 21/02/2011 BAPTISTA, M. B.; COELHO, M. M. L. P.; CIRILO, J. A.; MASCARENHAS, F. C. B. Hidráulica Aplicada. Coleção ABRH, 2ª Ed. Revista e Ampliada, Porto Alegre, 2003, p.622. BAPTISTA, M.; NASCIMENTO, N.; BARRAUD, S. Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana. ABRH, Porto Alegre, 2005, 266 p. BARNARD, T. E. et al. Evolution of an Integrated 1D/2D Modeling Package for Urban Drainage. In: JAMES, William et al. (Comp.). Contemporary Modeling of Urban Water Systems. Guelph, On Canada: Computational Hydraulics International, Cap. 18, p. 343-365, 2007. BONDELID, T. R.; MCCUEN, R. H.; JACKSON, T. J. Sensitivity of SCS Models to Curve Number Variation. Water Resources Bulletin 20(2), p. 337 - 349, 1982. CAMPANA, N.; TUCCI, C. E. M. Previsão da Vazão em Macrobacias Urbanas: Arroio Dilúvio em Porto Alegre. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 4, n. 1, p. 19-33, 1999. CANHOLI, A.P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005.302 p. CHEN, J; HILL, A. A.; URBANO, L. D. A GIS-based Model for Urban Flood Inundation, Journal of Hydrology, v. 373, p. 184– 192, 2009. CHOW, V.T. Open-channel Hydraulics. New York: McGraw-Hill, 661pg, 1959. 214 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COLLISCHONN, W. Simulação Hidrológica de Grandes Bacias. Tese de D.Sc. – Instituto de Pesquisas Hidráulicas – UFRGS, Porto Alegre, 2001 CONFEA, Tragédias no SUDESTE. Disponível em: http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=1 1&infoid=10206&pai=8&sid=10&sub=10&sub=10. Acessado em: 19/01/2011. COOK, A.; MERWADE, V. Effect of Topographic Data, Geometric Configuration and Modeling Approach on Flood Inundation Mapping, Journal of Hydrology, v. 377, p. 131 – 142, 2010. COPPE/COPPETEC – UFRJ. Plano Diretor de Recursos Hídricos, Controle de Inundações e Recuperação Ambiental da Bacia do Iguaçu/Sarapuí. Análise do comportamento hidrológico e hidrodinâmico da bacia hidrográfica do rio Sarapuí, na baixada fluminense, e estudo de intervenções estruturais em 4 de suas sub-bacias PDIS-RE-002- R1 – SERLA, Rio de Janeiro, 2008. COPPETEC. Estudos Integrados para Avaliação de Projeto de Intervenção na Calha do Rio Acari-RJ. Relatório Final Consolidade – R5, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, POLI-8488, 2007. COPPETEC. Plano Diretor de Recursos Hídricos, Recuperação Ambiental e Controle de Inundações da Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí, Laboratório de Hidrologia e Estudos do Meio Ambiente, COPPE/UFRJ. Disponível em: < www.hidro.ufrj.br >. Acesso em: 15/02/2011. CUNGE, J.A.; HOLLY Jr., F.M.; VERWEY, A. Practical Aspects of Computational River Hydraulics. Inglaterra, Pitman Advanced Publishing Program, 1980. D’ALTÉRIO, C.F.V. Metodologia de Cenários Combinados para Controle de Cheias Urbanas com Aplicação à Bacia do Rio Joana, Dissertação de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004. 215 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DI BELLO, R. C. Análise do Comportamento da Umidade do Solo no Modelo Chuva-vazão SMAP II – Versão com Suavização Hiperbólica. Estudo de Caso: Região de Barreiras na Bacia do Rio Grande – BA. Dissertação de M. Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2005. ENOMOTO, C. F. Método para Elaboração de Mapas de Inundação Estudo de Caso na Bacia do Rio Palmital, Paraná. Dissertação de M.Sc. em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2004. FARIAS JÚNIOR, J. E. F. Análise do Comportamento do Tempo de Concentração no rio Cônego, no Município de Nova Friburgo/RJ. Monografia de Especialização em Análise Ambiental e Gestão do Território. Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2010. FÁTIMA, M.; CABRAL, J.; VIEIRA, M. As Inter-Relações entre o Paisagismo e a Drenagem das Águas Pluviais Urbanas. Anais XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Campo Grande-MS, Brasil, 22 - 26 de novembro, 2009. FERNANDES, N. B. Coleta de Resíduos Sólidos em Comunidades de Difícil Acesso: O caso da Grota do Aterro, na bacia do Reginaldo em Maceió/AL. Monografia de Especialização em Gestão de Recursos Hídricos. Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. FERRAZ, F. F. B.; MORAES, J. M.; MORTATTI, J. Modelos Hidrológicos Acoplados a Sistemas de Infoirmações Geográficas: Um Estudo de Caso. Revista Ciência e Tecnologia Unimep, Piracicaba, v. 7, p. 45-56, 1999. GERMANO, A.; TUCCI, C. E. M.; SILVEIRA, A. L. L. Estimativa dos Parâmetros do Modelo IPH II para Algumas Bacias Urbanas Brasileiras. Avaliação e Controle da Drenagem Urbana. Porto Alegre: UFRGS/ABRH, 2000. GONÇALVES, R.C. Modelagem Hidrológica do Tipo Chuva-vazão Via SMAP e TOPMODEL Estudo de Caso: Bacia do Rio Piabanha/RJ. Dissertação de M.Sc, COPPE/UFRJ, Rio de janeiro, Brasil, 2008. 216 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GREENNVILEE. Land Development, Disponível http://www.greenvillecounty.org/land_development/detention_ponds.asp. em: Acessado em: 27/02/2011. Hinman, CURTIS. Flow Control and Water Quality Treatment Performance of A residential low Impact Development Pilot Project in Western Washington. In: Low Impact Development 2010: Redefining Water in the City Proceedings of the 2010 International Low Impact Development Conference. HOLZ, J. Levantamento e Mapeamento do Índice de Risco de Alagamento da Bacia do Riacho Reginaldo. Dissertação de M.Sc. em Recursos Hídricos e Saneamento da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2010. IBGE, Primeiros Resultados do Censo 2010. Disponível http://www.censo2010.ibge.gov.br/primeiros_dados_divulgados/index.php?uf=27. Acessado em: em: 08/02/2011. LIBOS, M. I. P. C. Modelagem Hidrológica Quali-quantitativa: Estudo de Caso da Bacia Hidrográfica do Rio Manso - MT. Tese de D. Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2008. LOU, R. F. Modelagem Hidrológica Chuva-vazão e Hidrodinâmica Aplicada na Bacia Experimental do Rio Piabanha/RJ. Dissertação de M.Sc. - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2010. Maria - RS. Dissertação M.Sc. em Engenharia – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004. MASCARENHAS, F. C. B.; MIGUEZ, M. G. Modelação Matemática de Cheias Urbanas Através de Um Esquema de Células de Escoamento. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre RS - Brasil, v. 4, n. 1, p. 119-140, 1999. MASCARENHAS, F. C. B.; MIGUEZ, M. G. Urban Flood Control Throug a Mathematical Cell Modell. Water International, United States, v. 27, n. 2, p 208-218, 2002. MELLER, A. Simulação Hidrodinâmica Integrada de Sistemas de Drenagem em Santa 217 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIGUEZ, M. G. Modelação Matemática de Grandes Planícies de Inundação, através de um Esquema de Células de Escoamento, com Aplicação ao Pantanal Mato-Grossense. Dissertação de M.Sc. - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1994. MIGUEZ, M. G. Modelo Matemático de Células de Escoamento para Bacias Urbanas. Tese de D.Sc. - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2001. MIGUEZ, M. G.; MAGALHÃES, L. P. C. de; ARAÚJO, F. F. de. Stepping Towards Sustainable Urban Drainage Practices at Acari River Basin in Rio de Janeiro. WIT Transactions on Ecology and the Environment (Online), v. 122, p. 305-316, 2009. MIGUEZ, M. G.; MAGALHÃES, L.P.C. Urban Flood Control, Simulation and Management: an Integrated Approach, chapter 10, p. 131- 160, 2010. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, Programa 1138: Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=6432435d234b-4241-8147-70bc39954400&groupId=10157. Acessado em: 18/01/2011. NAGEM, F. R. M. Avaliação Econômica dos Prejuízos Causados pelas Cheias Urbanas, Dissertação de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2008. NASCIMENTO, N. O., BAPTISTA, M. B., Técnicas Compensatórias em Águas Pluviais. In: RIGHETO, A. M. (org), Manejo de Águas Pluviais Urbanas, Programa de Pesquisa em Saneamento Básico 5, Rio de Janeiro: ABES, Cap. 4, p. 149-197, 2009. NEVES, M. G. F. P. Caracterização de uma Bacia Hidrográfica Urbana como Suporte para o Gerenciamento Integrado. Relatório Científico Final (Programa de desenvolvimento Científico e Regional) – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, Maceió, 91f., 2009. NEVES, M. G. F. P.; PEPLAU, G. R.; SOUZA, V. C. B. Simulações Hidrológico-hidrodinâmicas de Alternativas para Mitigação de Problemas de Drenagem Urbana em Maceió - AL. Anais XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Campo Grande-MS, Brasil, 22 - 26 de novembro, 2009. 218 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NEVES, M. G. F. P.; SOUZA, V. C. B.; PEPLAU, G. R.; SILVA Jr., R. I.; PEDROSA, H. T. S. e CAVALCANTE, R. B. L. C. Características da Bacia do Riacho Reginaldo em Maceió – AL e suas Implicações no Escoamento Superficial. Anais XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, São Paulo, Brasil, 25 - 29 de novembro, 2007. PEDROSA, H. F. S. Avaliação do Impacto da Aplicação das Diretrizes do Plano Diretor de Maceió, Sobre o Escoamento Superficial – Estudo de Caso: Bacia do Riacho Reginaldo. Dissertação de M.Sc em Recursos Hídricos e Saneamento da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2008. PEPLAU, G. R.; ANTONINO, A. C. D.; CABRAL, J. J. S. P.; SILVA, L. I. Manejo das Águas Pluviais no Campus da UFPE para Mitigação de Alagamentos no Local e a Jusante. Anais XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Campo Grande-MS, Brasil, 22 - 26 de novembro, 2009. PFASFTETTER, O. Chuvas Intensas no Brasil. Rio de Janeiro: DNOS. p. 419, 1957. PIMENTEL, I. M. C., Avaliação Quali-quantitativa das Águas do Riacho Reginaldo e Seus Afluentes. Dissertação de M.Sc. em Recursos Hídricos e Saneamento) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2009. PORTO, R.M. Hidráulica Básica. 4ª. Ed. EESC-USP, São Carlos, 2006, p. 520. REZENDE, O. M. Avaliação de Medidas de Controle de Inundações em um Plano de Manejo Sustentável de Águas Pluviais Aplicado à Baixada Fluminense. Dissertação de M.Sc. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2010. RIGUETTO, A. M., MOREIRA, L. F. F., SALES, T. E. A. Manejo de Águas Pluviais Urbanas. In: RIGHETO, A. M. (org), Manejo de Águas Pluviais Urbanas, Programa de Pesquisa em Saneamento Básico 5, Rio de Janeiro: ABES, Cap. 1, p. 19-73, 2009. RIGUETTO, J. M., MENDIONDO, E. M. Avaliação de Riscos Hidrológicos e Propostas de Seguros Contra Enchentes. Anais do III Simpósio de Recursos Hídricos do Centro-Oeste, Goiânia, Brasil, 2004. 219 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RIGUETTO, J. M.; MENDIONDO, E. M.; RIGUETTO, A. M. Modelo de Seguro para Riscos Hidrológicos, Revista Brasileira de Recursos Hídricos: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p.107-113, 2007. ROSMAN, P. C. C. Um Sistema Computacional de Hidrodinâmica Ambiental. In: SILVA, R. C. V. (Comp.). Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 5. Rio de Janeiro: ABRH, 2001. Cap. 1, p. 1161. SCHMITT, T. G.; THOMAS, M.; ETTRICH, N. Analysis and Modeling of Flooding in Urban Drainage Systems, Journal of Hydrology, v. 299, p. 300 – 311, 2004. SEMADS. Enchentes no Estado do Rio de Janeiro. Projeto Planágua SEMADS/GTZ, vol. 8, Rio de Janeiro, 2001. SILVA Jr, R. I. A Evolução da Urbanização e Seu Efeito no Escoamento Superficial na Bacia do Riacho do Reginaldo, Maceió-AL. Dissertação de M.Sc. em Recursos Hídricos e Saneamento da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2009. SILVA, R. C. V.; MASCARENHAS, F. C. B.; MIGUEZ, M. G. Hidráulica Fluvial. 2. ed. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 2007. SIMONS, D. B.; PONCE, V. M.; LI, R. .M.; CHEN, Y. H.; GESSLER, J; WARD, T. J.; DUONG, N. Flood Flows, Stages and Damages. Fort Collins: Colorado State University, USA, 1977. SMCCU - Secretaria Municipal de Controle do Convívio Urbano. Prefeitura Municipal de Maceió. Base cartográfca numérica, 1999. SOUZA, M. M. Comparação de Ferramentas de Modelagem Unidimensional e Quasebidimensional, Permanente e Não-permanente, em Planejamento e Projetos de Engenharia Hidráulica. Dissertação de M.Sc. - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2010. TUCCI, C. E. M. (2004). Hidrologia: Ciência e Aplicação. In: TUCCI, C. E. M. (editor). Hidrologia, Ciência e Aplicação. 3ª ed. Ed. da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 220 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TUCCI, C. E. M. Modelos Hidrológicos. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 678 p, 2005a. TUCCI, C. E. M.; BERTONI, J. C. Inundações Urbanas na América do Sul, Porto Alegre: ABRH, 150 p, 2003. TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. L. L.; BARROS, M. T. Drenagem Urbana. UFRGS Ed. da Universidade/ABRH, Porto Alegre, 430 p, 1995. TUCCI, C.E.M. Águas urbanas: Estudos avançados, v. 22, n. 63, p.1-16, 2008. TUCCI, C.E.M. Gestão de Inundações Urbanas. Ministério das Cidades – Global Water Partnership – World Bank - UNESCO, 2005, 269 p. VERÓL, A. P; MIGUEZ, M. G; MASCARENHAS, F. C. B. Emergency Action Plans: Assessment of the Main Elements for Dam Brake Flood Maps, WIT Transictions on the Built Environment, v. 117, p. 441 - 454, 2011 VIDAL, D. H. F.; BARBOSA, F. R.; MIGUEZ, M. G. Urban Flood Evaluation in Maceió, Brazil_ Definition of the Critical Flood Event Supported by a Mathematical Cell Model. Resumo de trabalho aceito pela comissão do 12th International Conference on Urban Drainage - ICUD, Porto Alegre, Brasil, 2011. VILLARINI, G.; SMITH, J. A.; BAECK, M. L.; STURDEVANT-REES, P.; KRAJEWSKI, W. F. Radar Analyses of Extreme Rainfall and Flooding in Urban Drainage Basins, Journal of Hydrology, v. 381, p. 266 – 286, 2010. ZANOBETTI, D.; LORGERÉ, H.; PREISSMAN, A.; CUNGE, J.A. Mekong Delta Mathematical Program Construction. Journal of the Waterways and Harbours Division, ASCE, v.96, n.WW2, pp. 181-199, 1970. ZOPPOU, C. Review of Urban Storm Water Models. Environmental Modelling & Software. Issue 16. p. 195 – 231. Editora Elsevier, 2001. 221 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS WILKEN, P.S. Engenharia de Drenagem Superficial. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, São Paulo, 478p., 1978. 222