1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Serviço Social Trabalho de Conclusão de Curso LIBERDADE RELIGIOSA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E AFIRMATIVAS NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIROS Autora: Sílvia da Silva Morais Orientadora: Professora Esp. Erci Ribeiro Brasília - DF Brasília - DF 2013 2013 2 Sílvia da Silva Morais LIBERDADE RELIGIOSA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E AFIRMATIVAS NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIROS Artigo apresentado ao curso de graduação em Serviço Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social. Orientadora: Professora Esp. Erci Ribeiro BRASÍLIA 2013 3 Xirê Iemanjá Àwa ààbò a yò Iemanjá àwa ààbò a yó Iemanjá. Awá aabô aiô Iemanjá auá abo aio Iemanjá. Estamos protegidos, nossa satisfação é completa, Iemanjá protege-nos e nos enche de satisfação. É Iemanjá. Ìyá àgbà ó dé ire sé a ké è e Iemanjá. A koko pè ilê gbè a ó yó odò ó fé a sà wi rè ó. Iáaba ode irexê a quié Iemanjá A cócó puê ilêbê a ôiô odôô fia axa ué aréô A velha mãe chegou fazendo-nos felizes, nós vos cumprimentamos Iemanjá, a primeira que chamamos para abençoar a nossa casa e nos encher de satisfação, usar o rio que escolhemos para banharmos, pois o rio que escolhemos é o que usas para vosso banho. Kooro nla ni xa xa Kooro nla ni o Rezou na imensidão sendo completamente Rezou na imensidão sendo com ela mesma Ori do nilé o Iemanjá Ori do nilé o Iemanjá Cabeça é propriedade e sua moradia Iemanjá Cabeça é propriedade e sua moradia Iemanjá Iemanjá Ogum Ogun pa aja rê iya oyo pade loge Iemanjá Ogum iya oyo oge pade loge o Iemanjá Ogum Ogum mata cachorro e se vai, aborrecendo a mãe. Vem junto chorar a perda pelo corte. Iemanjá Ogum mãe insatisfeita pelo corte. Vem junto chorar a perda pelo corte. Iemanjá Ogunté ko wa lê ô Olorum, ko wa lê ô 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os meus ancestrais, os mais próximos e distantes, visíveis e invisíveis que ao longo desta presente jornada existencial me têm amparado e ajudado das mais diversas formas. Agradeço aos mestres espirituais que tive a felicidade de encontrar e ao conhecimento amorosamente transmitido. Agradeço principalmente à minha família, que sempre esteve presente em meus momentos difíceis, e, sobretudo a minha mãe e meus filhos, sem a qual nada teria sido possível. Agradeço a minha Iyalorixa Elvira da Oxum, que vem contribuindo incondicionalmente para meu desenvolvimento espiritual e intelectual, nessa jornada. Agradeço ao Professor Carlos Alberto e a Professora Erci, não só por ter aceitado me orientar, mas especialmente pelo conhecimento que pude angariar; conhecimento, que excederam aos limites e a aplicação acadêmica e será levado pela vida afora. Agradeço aos professores da academia pelos saberes e pelo apoio ao longo dos anos. Agradeço aos colegas pelo companheirismo, pelo apoio fraterno e pela oportunidade de termos convivido juntos. Que todos os seres sejam felizes e alcancem a verdadeira paz! 5 Artigo de autoria de Sílvia da Silva Morais, intitulado “Liberdade Religiosa: Uma Análise das Políticas Públicas e Afirmativas nas Comunidades Tradicionais de Terreiros”, apresentado com requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social da Universidade Católica de Brasília, em 18 de junho de 2013, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: Professora Especialista Erci Ribeiro Orientadora Curso de Serviço Social - UCB Professor Mestre Ricardo Gonçalves da Silva Membro da Banca Curso de Serviço Social - UCB Josefina Serra dos Santos Membro da Banca Convidada Externa 6 ” Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Nelson Mandela 7 LIBERDADE RELIGIOSA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E AFIRMATIVAS NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIROS. SÍLVIA DA SILVA MORAIS Resumo: O presente artigo com o objetivo analisar as Políticas Públicas e Afirmativas nas Comunidades Tradicionais de Terreiros, bem contribuir com a sociedade e a academia, sobre o tema a Liberdade Religiosa voltadas para reverter à intolerância religiosa e a reparação histórica da invisibilidade política e sócio-cultural, o racismo, a desigualdade e discriminação étnica. Por fim, abordou os reflexos estigma no cenário social, como causa crucial para os adeptos dessas religiões. Para isso foi utilizado como metodologia pesquisa bibliográfica qualitativa e com análise documental de relatórios institucionais das políticas efetivadas, que estão disponíveis nos sites. Dessa forma, pode-se dizer que estamos na contramão da classe dominante eurocêntrica, que estão interessados em problematizar a realidade das Comunidades Tradicionais de Terreiro baseadas e fundamentadas no racismo religioso. Palavras-Chave: intolerância religiosa. liberdade religiosa. desigualdade. racismo. políticas públicas. INTRODUÇÃO A metodologia utilizada foi de abordagem bibliográfica, pois além da análise documental, relatórios de gestão das políticas efetivadas em várias instituições governamentais, por afro descendentes vítimas de estigmatização por razões etnorraciais e religiosas, que irá disserta e localizá-los dentro de um determinado contexto histórico, econômico, cultural e religioso, além de fazer relação com as formas desiguais de raça e de classe. A pesquisa recorreu basicamente aos sites institucionais, Constituição Federal de 1988, livros que fazem referências aos profissionais de serviço social. A questão social, além da concepção da Iamamoto, como também não pretende afirmar que as possíveis inconclusões da formação profissional, esteja incompleta apenas pela questão cultural e religiosa do negro, não se quer postular uma verdade absoluta, pois, considera-se que haja outras questões que não são abordadas pela formação profissional hegemônica. A motivação para discorrer sobre esse assunto é devido às constantes violações de direitos atribuídas a prática da intolerância religiosa no Brasil, bem como, os movimentos sociais que são relevantes à promoção da igualdade racial, neste contexto os acontecimentos vivenciados no decorrer de minha vida religiosa. Em um paralelo entre religião e política, o fenômeno da intolerância religiosa na contemporaneidade trata-se da negação da Liberdade Religiosa nas Comunidades Tradicionais de Terreiros, que representa um objeto de estudo desafiador e polêmico. Segundo Silva Junior (2009), a lei que disciplina esta matéria, a denominada Lei Caó 8 (7.716/89), prevê que o ato de induzir ou incitar o preconceito ou a discriminação religiosa é tão ou mais grave do que a discriminação propriamente dita. A invisibilidade das Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas está relacionada ao racismo da sociedade brasileira, que acaba por resultar em manifestações de violência. Considera-se, no entanto, que o enfrentamento a essa questão dependerá de algumas alternativas, como a implementação das políticas públicas e afirmativas direcionadas as demandas e particularidades de todas as comunidades, que inclusive desenvolveria um conhecimento empírico desse campo religioso. 1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Diversidade no Brasil Neste tópico analisa-se o processo histórico da colonização do Brasil, trazendo essa discussão para os dias de hoje, no qual a luta pela igualdade racial no Brasil começa desde a senzala, que vem perpassando pelo Movimento Negro Unificado – MNU, mas atualmente vem ganhando espaço político no governo devido as suas lutas de resistência e intelectualidade. Esse processo iniciou com o descobrimento do Brasil pelos portugueses (europeus) para exploração das riquezas, os índios (nativos e submissos) que possuíam sua própria cultura e costumes. Os Africanos em um processo de escravidão que durou por três séculos e foram milhões de negros escravizados para todo tipo de trabalho braçal. A formação da sociedade brasileira trouxe suas colaborações culturais totalmente desiguais, que compõe uma diversidade multicultural. Segundo Boulos (2009), conseguir pessoas na África para vendê-la na América foi um negócio altamente lucrativo, que durou mais de trezentos anos. Desse negócio participaram europeus, africanos e brasileiros de diferentes condições sociais. E assim, estava formada a estrutura social e econômica do Brasil, sendo os portugueses os dominadores etnográficos, os índios os dominados e os negros escravizados, no qual já iniciava o processo de segregação e violência contra o índio e o negro. A diversidade cultural do Brasil foi relatada pelos grupos dominantes, que preferiram sugerir em suas obras à existência de um paradigma a democracia racial, mas acabava apenas contribuindo para a reprodução do racismo. Neste contexto, Freire (2004, p. 365) descreve a formação da sociedade brasileira como “Todo brasileiro, mesmo o alvo de cabelo louro traz na alma, quando não na alma e no corpo (...) a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro". Os relatos históricos e a produção gráfica em nosso país infelizmente sempre estiveram nas mãos dos detentores do poder, ou seja, que relatam apenas o que é conveniente para suas particularidades e suas perspectivas ideológicas, sendo assim a história do povo é apresentada de forma estereotipada e mentirosa. A produção gráfica de nosso país sempre esteve nas mãos dos detentores do poder. (BATISTA 2005, p 5 apud PEREIRA, 2005) No entanto, as questões raciais já estavam sendo impostas, pois convencionou um modelo de organização social classista, escravocrata e patriarcal, porém amparado por uma moral conservadora e violenta. A diversidade se impôs com as diferenças entre essas etnias, apesar do índio ser poupado do trabalho braçal estava passando por um processo de dizimação e pela crueldade, pois devido os contatos físico adquiria doenças, pois essa relação imposta pelos portugueses tinha apenas intenção de habitar a costa brasileira. 9 O processo de valorização da diversidade poderia ter iniciado naquela época, pois contribuiria para não haver o preconceito, à descriminação, ao esteriótipo e a injustiça nos dias de hoje. A diversidade não significa apenas reconhecer outros como diferentes, pois se reflete sobre as relações e direitos de todos. A questão da diversidade foi corrompida de várias formas no Brasil, por isso trazia paralelamente a necessidade de ser reparada. Apesar de algumas classes sociais buscarem proteção legalmente, temos que levar em consideração que o Brasil é um país neoliberal, que de certa forma, o modo de economia capitalista repercute para classe trabalhadora com danos morais, intelectuais. As transformações políticas, econômicas e socioculturais do povo brasileiro é o reconhecimento de que negros, índios, mulheres e homossexuais, dentre outros grupos discriminados, devem ser respeitados em suas identidades, diferenças e especificidades, porque tal respeito é um direito social inalienável. Conforme Cardoso, Não há como conciliar democracia com injustiças sociais, as formas variadas de exclusão e as violações reiteradas aos direitos humanos que ocorrem em nosso país. A sociedade brasileira está empenhada em promover uma democracia verdadeira. O governo tem um compromisso real com a promoção dos direitos humanos. (Cardoso, 1996.p.5) 1.2 A Questão Religiosa: Aspectos Históricos e Culturais A Liberdade Religiosa não fez parte da colonização do Brasil, para o índio e o negro, pois suas crenças já não eram toleradas. A religiosidade dos colonizadores do território colonial foi imposta pelos jesuítas, que veio para defender seus interesses, ainda assim, catequizando e impondo o cristianismo. Conforme Silva, Falar sobre essa temática liberdade, democracia e intolerância religiosa contra as religiões de matrizes africanas no Brasil é trazer à tona a herança cultural da história de um povo, mas é também, no tempo presente, andar na contra mão da ideologia dominante eurocêntrica, a serviço dos interesses dos grupos que estiveram historicamente no poder – homens, ricos, brancos, ocidentais, cristãos -, e problematizar a realidade dos afro descendentes. (SILVA, 2009.) A religião dos negros era aquela que não podia ser praticada, pois era de origem africana e antes de embarcar para o Brasil eles faziam um pacto de esquecimento de suas origens, que confirmava com batismo cristão, não abandonaram seus orixás e praticavam seu credo às escondidas. Segundo Boulos (2009), na hora do embarque para o Brasil, o africano era “batizado”, ou seja, perdia seu nome original e passava a ter um nome português (sem significado nenhum para ele). Essas religiões conforme foi dito anteriormente, são historicamente discriminadas, mas surgiu o sincretismo religioso que era praticado por alguns negros como forma de contemplar seus orixás. Segundo o antropólogo Raul Lody, os sistemas de fé, devoção e expressões do sagrado dessas religiões trazem memórias de diferentes culturas daquele continente. No Brasil, elas se integraram ao catolicismo, ampliando e oferecendo novas formas de cultuar as divindades. O Candomblé tem suas raízes em várias partes do continente africano. Por isso, ao se expressar, dependerá da etnia. De acordo com Raul Lody, pelo reconhecimento de suas línguas, critério também utilizado hoje para estabelecer as nações de candomblé. Os termos religiosos, os nomes gerais dos alimentos, roupas e deuses, os cânticos e rituais indicam a procedência do Candomblé. Atualmente o candomblé apresenta a 10 seguinte divisão: Nação Kêtu-Nagô (Ioruba); Nação Jexá ou Ijexá (Ioruba); Nação Jeje (Fon/Ewe); Nação Angola (Banto); Nação Congo (Banto); e Nação de Caboclo (modelo afro-brasileiro). No século XVIII no processo de tráfico de escravos que vinham da África para o Brasil e demais países houve várias mudanças, pois os escravos chegavam a várias cidades do Brasil, mais precisamente no nordeste, não eram os povos Bantos, mas os de origem Nagô-Iorubás e Jeje, porém em condições diferenciadas, pois o país já encontrava passando por várias mudanças na sociedade, que já estava urbanizada, com várias formas de imigração de outros povos. Os escravos que vinham ficavam transitando pela cidade e cada um tinha um ofício, como por exemplo: sapateiro, ferreiro, as mulheres quituteiras. Segundo Barros (2004), o primeiro registro de compra de terras no Brasil, para institucionalização da religiosidade africana na Bahia, mas precisamente no Engenho Velho, por Iyá Nassô lugar onde se encontra até hoje, foi chamado de Terreiro de Culto Africano na Bahia. No Brasil o processo da Liberdade Religiosa se iniciou na década de 30, pois a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas as festas só podiam ser realizadas com horário determinado e mediante autorização por escrito, mesmo assim, eram perseguidas e sofriam vários tipos de violência principalmente do Estado. O direito à Liberdade Religiosa foi assegurado por Lei Constitucional, desde 1946. A Lei do deputado federal pelo Partido Comunista Jorge Amado, então movido justamente pela forte repressão e inclusive à policial, que os adeptos do candomblé sofreram e enfrentaram sempre o preconceito da sociedade. Por esse direito está assegurado e configurar-se uma religião que os africanos deixaram no Brasil e muitos outros aspectos sócio-culturais da nossa sociedade. Não se podem limitar os direitos e privar os afrodescendentes, de cultuar os Orixás Africanos nas Religiões das Comunidades Tradicionais de Terreiro existentes no Brasil. Em conformidade com os princípios institucionais e com o caput do Art. 5 da Constituição Federal de 1988 que diz: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; (BRASIL, 1988) Atualmente as evidências mostram uma contradição com relação às Comunidades Tradicionais de Terreiros, que continuam vulneráveis a intolerância, mas podemos relacionar como uma discriminação contra a população negra. Nesse sentido deve se tratar como violação de direitos humanos, nos termos do que previa a Declaração de Durban, África do Sul de 2001, que o Brasil estabelece essa proposta: A adoção de medidas reparatórias às vítimas do racismo, da discriminação racial e de formas conexas de intolerância, por meio de políticas públicas específicas para a superação da desigualdade. Tais medidas reparatórias, fundamentadas nas regras de discriminação positiva prescritas na Constituição de 1988, deverão contemplar medidas legislativas e administrativas destinadas a garantir a 11 regulamentação dos direitos de igualdade racial previstos na Constituição de 1988, com especial ênfase nas áreas de educação, trabalho, titulação de terras e estabelecimento de uma política agrícola e de desenvolvimento das comunidades remanescentes dos quilombos [além da] adoção de cotas ou outras medidas afirmativas que promovam o acesso de negros às universidades públicas. (DURBAN, 2001) 1.3 As Comunidades Tradicionais de Terreiros As comunidades tradicionais de terreiros na sua introdução ou organização por exescravos, e o preconceito em relação ao negro e à cultura africana. São consideradas por alguns como “bárbaras”, “primitivas” ou “atrasadas”, seus sacerdotes são comumente marcados como atores ou insufladores de práticas criminosas, ilegais ou repudiadas socialmente. Segundo Leistner (2012), esta realidade resultou na interdição de templos, na prisão de religiosos e nas atitudes repressivas promovidas contra adeptos, então categorizados como “feiticeiros”, “falsos curandeiros” e “charlatões”. As religiões das Comunidades Tradicionais de Terreiros não foram aceitas pelas camadas dominantes, apenas como diferentes do catolicismo professado pelo colonizador português. Foram consideradas primitivas, inferiores, falsas e ameaçadoras. Por isso, se explica porque foram tão reprimidas e perseguidas. Segundo Silva (2009), desde o período escravocrata-senhorial, o indivíduo diferente em relação ao padrão dominante era tratado como inferior, sem capacidade intelectual e cultural, sem alma. Na verdade, não era concebido como parte do gênero humano: era considerado como coisa, mercadoria. Atualmente no Brasil, embora as relações entre as religiões afro-brasileiras e o Estado sejam consideradas boas, as comunidades tradicionais de terreiros continuam a ser vistas com desconfiança por grande parte da população, que sofrem ataques principalmente das religiões neopentencostais, são consideradas inferiores ao catolicismo, ao protestantismo, ao judaísmo, ao budismo e outras. Conforme Leistner, Se é impossível avaliar que parte dessas realidades repressivas dissolveu se mediante o processo de laicização do Estado brasileiro e da emergência de uma cultura democrática plural, deve-se considerar que algumas lógicas de intolerância se demonstram persistentes, sobretudo quando observada a atual oposição articulada por parte de segmentos evangélicos em direção ao conjunto das religiosidades afro brasileiras. (LEISTNER, 2012) Ultimamente como a Liberdade Religiosa nas Comunidades Tradicionais de Terreiros não é garantida por vários fatores, sendo o principal a especulação imobiliária, pois em sua maioria estão instaladas em assentamentos, que são cidades de poder aquisitivo consideradas em classe C, D e E. Muitas comunidades vão para as cidades do entorno, onde podem professar seus cultos contando com menos ataques. Os povos de santo em sua maioria do país estão instalados nas áreas consideradas como rurais, para a prática da umbanda e do Candomblé. Diante dessas agressões, algumas comunidades tradicionais de terreiros têm assumido uma conduta de conformados, enquanto outras têm reivindicado o respeito pelas diferenças e tratamento igual ao recebido por outras religiões, e têm procurado assegurar na justiça seus direitos constitucionais. 12 2.4 Estigma e as Religiões de Matrizes Africanas Segundo Goffman (1996), o indivíduo estigmatizado é aquele cuja identidade social real inclui qualquer atributo que frustra as expectativas de normalidade. Goffman (1996) distingue três tipos de estigma: as deformações físicas (deficiências motoras, auditivas, visuais, desfigurações do rosto, etc.), os desvios caráter (distúrbios mentais, vícios, tóxico dependências, doenças associadas ao comportamento sexual, reclusão prisional, etc.) e estigmas tribais (relacionados com a pertença a uma raça, nação ou religião). A liberdade religiosa, ainda que amparada legalmente no Brasil, para as comunidades de tradicionais de matrizes africanas não são garantidas, pois ainda o Brasil seja um país laico, o cristianismo é o protagonista, pois está desde a colonização do imposto como nossa religião oficial. A intolerância religiosa constitui para os adeptos das comunidades tradicionais de terreiros, como uma expressão de racismo, que deve ser tratada como violação de direitos, pois as comunidades tradicionais de terreiros podem ser consideradas patrimônio imaterial da diversidade cultural, que passa ser espaço de resistência afro descendentes. As atitudes de desrespeito explicitam elementos que configuram simbolismos e arquitetam a constelação de ritos e linguagens que regem práticas cotidianas de interação social (GOFFMAN. 2009). 2.5 Raça: Ontem e Hoje O conceito de raça não se limita apenas à questão biológica, pois hoje é sabido que todos pertenceram à mesma espécie, mas podemos abordar de forma diferenciada, pois ainda existe distinções na cor da pele, tipo de cabelo, formato do rosto, etc. Esse conceito, portanto, o termo aqui utilizado passou por um processo de ressignificação político/social mostrando que raça conceitua a relação entre negros, brancos e índios na qual uns são privilegiados e outros segregados. [...] “raça” faz parte da linguagem (e do pensamento) de muitos e se isso não atesta a validade do conceito, o torna fácil de compreender e difícil de substituir por outros conceitos, mais adequados para descrever adiversidade humana (BARBUJANI, 2007, p. 13). Para esclarecer que a categoria raça, que nesse caso está relacionada diretamente com a construção de identidades. Conforme Guimarães, As raças são, cientificamente, uma construção social e devem ter estruturadas por um ramo próprio da sociologia ou das ciências sociais, que trata das identidades sociais. Estamos, assim, no campo da cultura, e da cultura simbólica. Podemos dizer que as ‘raças’ são efeitos de discursos; fazem parte desses discursos de origem. As sociedades humanas constroem discursos sobre suas origens e sobre a transmissão de essências entre as gerações. Este é o terreno próprio às identidades sociais, o seu estudo trata desses discursos sobre a origem. (GUIMARÃES, 2003, apud LOPES, 2012, p.66): 13 2.6 Movimento Negro Brasileiro O Movimento Negro no Brasil se iniciou com a necessidade dos ex-escravos terem direito a vida social, pois levando em consideração que depois de saírem do trabalho na agricultura, a vida social do negro se resumia as festas das senzalas, que contemplavam a sua religiosidade. Como foram para os espaços urbanos não podiam freqüentar todos os lugares na sociedade, apenas lugares que pertencia aos mazelados e rejeitados. Os negros mais uma vez estigmatizados, pois era uma imposição do processo da imigração, que tinha como objetivo da burguesia desaparecer com os negros africanos, sem poder passear nas praças públicas, cortar seus cabelos nas barbearias, não entrava em prédios que circulava muitas pessoas, nem mesmo em algumas igrejas, apenas em horários pré- estabelecidos. O movimento negro é legítimo desde sua fundação, porém sempre contaram com a participação dos povos de santo, pois foi liderado por artistas, sindicalistas, afrodescendentes e intelectuais. Segundo Pereira (2005), Negros atuantes, com sua Consciência Negra, nas manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras e nos mais diversos tipos de instituições políticas, culturais, artísticas, educacionais, sindicais, assistenciais etc. Desde sua atuação na sociedade brasileira ganhou uma expressiva visibilidade, que relaciona os três momentos de impulsos: • • • Frente Negra - 1930 Teatro Experimental do Negro / Teatro Popular Brasileiro - 1944 Movimento Negro Unificado Contra a Descriminação Racial – MNUCDR – 1978 Na década de 80 o Movimento Negro no Brasil é considerado pela sua luta a derrubada do mito da democracia racial. Os militantes do movimento negro passaram a contar com a academia e com intelectuais, que produzindo teses e textos revisavam a História do Brasil. Junto com a luta a derrubada do mito da democracia racial, inicia-se uma fase de produção de textos e livros que coloca o negro no seu verdadeiro lugar: na construção de nossa história. (BATISTA 2005, p 5 apud PEREIRA, 2005,). Segundo Pereira, instituições poderosas como as Igrejas Cristãs não poderia ficar alheias ou imunes ao ressurgimento do Movimento Negro; principalmente considerando-se que ele, certamente, traria uma valorização das matrizes africanas da cultura brasileira e, dentre estas, os conteúdos religiosos que, mesmo oprimidos e estigmatizados, sempre influenciaram a espiritualidade de grande parte da população negra e, cada vez mais, de uma expressiva quantidade de não negros.(PEREIRA, 2005.) 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.1 Políticas Públicas no Brasil (acessibilidade) intenção e objetivos As Políticas Públicas e Afirmativas implementadas nas comunidades tradicionais de terreiros, que passaram por uma análise documental da seguinte forma: 14 1ª Fase Coleta de dados nos sites institucionais nos relatórios anuais 2ª Fase Separar por políticas nas comunidades (regionalizadas) 3ª Fase Separar por política pública ou afirmativa A Fundação Cultural Palmares foi criada com um caráter social, pelo Governo Federal e vinculada ao Ministério da Cultura. Quando foi fundada em 1988, se confundiu em um propósito festivo, pois coincidia com a data de um marco histórico a abolição da escravidão no Brasil. Em relação a esse posicionamento institucional, a Palmares foi criada com intenção de fomentar e implementar políticas públicas e afirmativas para a população negra fica a crítica de Silva. A Palmares como é conhecida, revelava situações paradoxais. Embora seu próprio nome remeta ao maior ícone da resistência negra do país, conhecido como Quilombo dos Palmares, essa instituição inicialmente se distanciava e muito das aspirações libertarias que fomentaram as lutas por dignidade e respeito às populações de origem africana no Brasil.(SILVA, 2009, p.) As políticas públicas e afirmativas desenvolvidas pela Palmares são ações de execução direta e de parceria com outras entidades. Os projetos eram geralmente para trabalhar a auto-afirmação da imagem do negro na sociedade, mas algo tímido, pois sempre se depararam com poucos recursos orçamentários. Um projeto que a Palmares ganhou visão ao legado africano foi o tombamento da Serra da Barriga em Alagoas. Os projetos não tinham como objetivo trabalhar a temática dos valores deixados pelos povos colonizadores, apenas a imagens do povo negro na sociedade com publicações de revistas, materiais gráficos e programas radiofônicos. Algumas reportagens afirmavam os negros também em sua religiosidade ou contemplavam histórias da mitologia dos orixás. Os projetos ficaram mais arrojados, á partir do século XX, como a publicação de livros, filmes, vídeos, documentários, pesquisa, cultura, patrimônio afro brasileiro, promoção de intercâmbio cultural afro, proteção de bens culturais, assistência jurídica, premiações, seminários, oficinas, capacitação de jovens para atuar em eventos e manifestações culturais. A Palmares também passou a contar com várias regionais pelo país. Os projetos desenvolvidos que geralmente contemplam as Comunidades Tradicionais de Terreiros diretamente são rodas de conversas, como GT sobre a religiosidade, exposições e a comemorações festivas. Nas festividades de final de ano a Palmares desenvolve um projeto em parceria da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno que são as comunidades que participam Festa de Iemanjá. A Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR ligada a Presidência da República do Governo Federal, foi criada em 2003, para ampliar sua intervenção nos domínios das relações intersubjetivas e privadas, implementando políticas públicas demandas do afro descendentes, mas passaram a buscar um diálogo democrático em suas conferências que promoviam entre sociedade civil e Estado objetivando a Política Nacional da Promoção da Igualdade Racial. 15 Para Seppir, “Comunidades de Terreiros são aquelas que cultuam religiões de matrizes africanas e ocupam espaços nas cidades, não apenas com a prática religiosa, mas também com o desenvolvimento de projetos sociais em diversas áreas, como por exemplo: cultura, educação, esportes, segurança alimentar lazer, entre outras. Com isso contribuem com o bem estar comum, sociabilidade e valorização da cultura negra.” A Seppir entendeu a necessidade de apoios as iniciativas sociais que as comunidades necessitam, pois constituem como reduto de conhecimento ancestral africano e afirmam a sobrevivência da identidade negra. As políticas publicas em ser apoiadas pelo governo federal, mas levando em consideração o preconceito racial e a intolerância religiosa, que contribuem o aumento da vulnerabilidade social das comunidades. Com o estudo verifica-se que varias ações foram iniciadas para efetivar as políticas públicas, mas somando-se com apoios de vários órgãos do governo. Destacou-se em 2005 com “Consulta às Comunidades de Matrizes Africanas”, que diversas áreas foram contempladas, como a saúde, segurança alimentar, inclusão digital, habitação, jurídicas, educação, previdência social e patrimônio cultural. O grande marco da luta e resistência do Movimento Negro foi a Lei 10.639/2003, que modificara a Lei de Diretriz Base - LDB da educação, que obriga a História da África e dos africanos a mudança do currículo da História Brasileira e do Negro Africano em sua identidade cultural, no ensino fundamental e médio. Segundo Ribeiro (2004), essa decisão resgata historicamente a contribuição dos negros na construção e formação da sociedade brasileira. É possível, que a nossa história finalmente poderá ser recontada, mas ainda é necessário que existam políticas afirmativas em todos os âmbitos da sociedade, para que não só as crianças e adolescentes, que estão nas escolas sejam contemplados, mas toda a sociedade que impões aos negros suas identidades, pois não respeitam a sua cultura por motivos discriminatórios. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN em sua Superintendência no Distrito Federal realizou em 2008 a 1ª etapa do Inventário dos Terreiros do Distrito Federal e Entorno – INCR, com objetivo realizar o levantamento preliminar, que atende demanda de reconhecimento e valorização do patrimônio cultural. Apenas alguns estados foram contemplados com mapeamento, mas ficou o compromisso de concluir em todo o Brasil. O Estatuto da Igualdade Racial a Lei 12.288∕2010 foi considerada por alguns como um retrocesso, pois não se respeitou os apontamentos trazidos de alguns setores do Movimento Negro, que atribui as Comunidades Tradicionais de Terreiros. Ficando bem claro para toda sociedade que ainda existe alguns setores do Governo que não tem interesse de um debate com a sociedade civil organizada. Conforme Lopes, O debate que não houve, sobre esse estatuto, foi com a sociedade civil. O Estatuto não foi discutido em audiências públicas, e pouco se levou em consideração os documentos retirados em conferências, congressos e seminários de organizações do movimento negro sobre o mesmo, isto é, quando as organizações se propuseram a discutir o documento em questão, pois esse debate ficou esvaziado dentro desses próprios grupos, como se o Estatuto, independente do seu texto, trouxesse grandes avanços para nós, negras e negros. Muitos defendem o Estatuto sem ao menos conhecê-lo na íntegra, acompanhar o debate que está sendo travado em torno do mesmo, simplesmente por carregar o nome “Estatuto da Igualdade Racial”. Ainda há uma alienação coletiva do processo. (LOPES, 2012) 16 O Estatuto da Promoção da Igualdade Racial foi um retrocesso nos avanços alcançados entre o Governo Federal e a Sociedade Civil Organizada. Esse fato ocorreu no âmbito legislativo do governo, que conta com a participação efetiva de conservadores e religiosos, que atualmente tem grande dominação nessas instituições, pois se organizaram, a fim de comandar nosso país e manter esse tipo de posicionamento com a população negra. Ainda que o povo negro do Brasil, não consiga expressar no Estatuto as nossas necessidades de afirmação da identidade cultural, moral e religiosa, temos como principal meta ainda manter o espírito de luta e resistência. 2.2 Políticas Afirmativas O Governo Federal vem apresentando propostas que estão respaldadas aos direito da população negra, que são defendidas de acordo com a necessidade de reparação da discriminação que acabou por deixar o povo negro estigmatizado. Conforme Santos, Ações afirmativas são mediais e temporárias tomadas pelo Estado e∕ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsória, com objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade e a oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e a marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. As ações afirmativas visam combater os efeitos, no presente, das discriminações ocorridas no passado. (SANTOS, 1996) A pesquisa demonstrou que tais elementos históricos reportam-se ao inicio do século XX e as práticas de intensificação do legado discriminatório da escravidão puderam ser notadas na expressão policial a manifestação cultural e religiosa. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa demonstrou que as Políticas Públicas e Afirmativas nas Comunidades Tradicionais de Terreiros além de ser um tema novo, atualmente vem se tornando objeto de estudo não só para o Serviço Social, mas nas Ciências Sociais como um todo. A importância do trabalho do Assistente Social nas questões culturais e da religiosidade do Afro descendente, enquanto ciência é indispensável definir estes dois referenciais: questão da cultural e questão social do negro. A questão social entendida no serviço social está ligada a relação capital versus trabalho, ou seja, sua definição está ligada ao modo de produção capitalista. A visão mais utilizada atualmente nos espaços profissionais é a dos autores CARVALHO e IAMAMOTO, A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão. IAMAMOTO, (1983, p. 77) Segundo a citação de Filho: 17 Uma vez que o racismo e o preconceito fazem parte das relações de dominação e exploração, é o assistente social que tem como principal função trabalhar as relações sociais através de uma ação educativa, visando à consciência e à participação- um profissional indispensável para eliminação das situações de discriminação em que vivemos. FILHO, (2006, p.24, 2003 apud, PINTO, p.28) E possível verificar que, as dificuldades em reconhecer o direito da liberdade de expressão religiosa estão associadas aos preconceitos em relação às manifestações de fé dos negros na sociedade brasileira e ao proselitismo, que seria o desejo de aumentar o número dos fiéis de uma determinada denominação religiosa. O combate às religiões de matrizes africanas parece ser uma estratégia para monopolizar seu principal bem no mercado religioso, as mediações mágicas e a experiência do avivamento- em forma de êxtase religioso-, transformando-o em um valor interno do sistema neopentecostal (…) o reconhecimento de um valor no outro que poderá servir aos meus caprichos induz a implementação de estratégias de apropriação dos mesmos. SILVA, (2006, p.208-209) Os compromissos do Estado estão firmados através da adoção do Programa Nacional de Direitos Humanos, que desde 1996 com proposta de ações governamentais e políticas compensatórias a população negra, todas as ações propostas contaram com uma ampla consulta a sociedade, através de várias entidades e pessoas que demandaram sugestões e criticas participando de debates e seminários. As Comunidades Tradicionais de Terreiros estão sempre atuando junto com o Movimento Negro em suas reivindicações, mas seus interesses ainda não são contemplados em um todo, pois as políticas públicas são apresentadas de forma moderada, pois alguns estados foram contemplados, porém se observaram a necessidade da conclusão do mapeamento nacional, que automaticamente iria gerar a identidade social as comunidades. Conforme Theodoro, As dificuldades de consolidação da questão racial como espaço de intervenção governamental encontra-se no campo da própria formulação das políticas públicas. A ação governamental tem se estruturado em torno do problema da desigualdade racial ou objetivo da promoção da igualdade racial. Contudo, a desigualdade racial, antes de ser um problema em si, é o resultado de processos diversos, nos quais o racismo e seus desdobramentos, o preconceito e a discriminação, destacam-se como fontes primárias. Combater as desigualdades raciais sem enfrentar suas causas parece apontar para uma ação de limitada eficácia, senão fadada ao insucesso.” (THEODORO, 2008) Sendo assim, mesmo com a atuação da Palmares e criação da Seppir, que vêm atuando em várias articulações interministeriais com o intuito de garantir a verdadeira democracia para a Valorização da População Negra e para atender as demandas das comunidades através de políticas publicas e afirmativa é de grande valia, pois todas as ações propostas contam com consulta a sociedade. Para dar maior objetividade ao texto, devem ser usados É possível que para se implementar as políticas públicas nas Comunidades Tradicionais de Terreiros, com a criação de um banco de dados sobre a situação dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais nessas comunidades as políticas se tornem eficazes. O Governo Federal tem a necessidade de verificar essas demandas, 18 pois se acredita que é única forma é trazer os dados que serão coletados para um entendimento da relação da sociedade e das comunidades. A pesquisa demonstrou que Liberdade Religiosa para as Comunidades Tradicionais de Terreiros estão longe de acontecer plenamente, pois nossa sociedade brasileira comunga a identidade nacional (de brasilidade), que reproduz o racismo à brasileira, que é perverso e escamoteado, mas do Brasil foi disseminado com um ideal de branqueamento desde a libertação dos escravos. Hoje está por refletir em todas nossas comunidades. As populações negras têm como conseqüência a desigualdade de oportunidades, mas no que se refere à intolerância religiosa, essa expressão descreve atitudes fundadas em preconceitos, pela falta de respeito de credos religiosos. A perseguição religiosa nas últimas décadas tornou-se uma questão e luta pela efetivação da democracia e liberdade de expressão preceito este da CF 1988 Art. 5º, a fim de que não comprometam com a ética e a liberdade. 19 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição Federal de 1988. 20. ed. Brasília: Senado Federal, 2002. BRASIL. Comunicados do Ipea “15 Anos de Gastos Social e Federal”. Publicado em 2009. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br BRASIL. IPHAN-DF “Inventário dos Terreiros do Distrito Federal e Entorno”. Publicado em 2009 CARDOSO, Fernando Henrique et AL. (1996) Programa Nacional de Direitos Humanos. Distrito Federal – Presidência da República CULTNE - Curso de História Negra - UERJ - Professor José Flavio Pessoa http://www.youtube.com/watch?v=MSh7wj80XC8, Acesso 20∕04∕2013 FILHO, José Barbosa da Silva – O Serviço Social e a Questão do Negro no Brasil. 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