0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG UBERABA (MG) 2012 1 LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Patologia, área de concentração “Patologia Geral”, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Patologia. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Carolina D’Arelli de Oliveira UBERABA (MG) 2012 2 Catalogação na fonte: Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro V495p Vaz, Luciana Ferreira dos Santos Perfil das vítimas de trauma internadas em hospital universitário de Uberaba - MG / Luciana Ferreira dos Santos Vaz. -- 2012 78f.: fig.:tab. Dissertação (Mestrado em Patologia) -- Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2012. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema Co-Orientadora: Profa. Dra. Ana Carolina D’Arelli de Oliveira 1. Trauma. 2. Acidentes. 3. Epidemiologia. 4. Políticas Públicas. 5. I. Crema, Eduardo. II. Oliveira, Ana Carolina D’Arelli. III. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. IV. Título. CDU 616.001 3 LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Patologia, área de concentração “Patologia Geral”, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Patologia. BANCA EXAMINADORA Aprovada em ___ de ____________________ de 2012. _______________________________________ Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema Universidade Federal do Triângulo Mineiro Orientador _______________________________________ Membro da Banca Examinadora _______________________________________ Membro da Banca Examinadora 4 Dedico... Às vítimas de trauma hospitalizadas ou não e às vítimas de todo tipo de violência. Aos profissionais que trabalham no atendimento pré-hospitalar, intra-hospitalar e no período de reabilitação. Aos amigos e colegas de ideal que participam da equipe do Advanced Trauma Life Support (ATLS) – núcleo de Uberaba e do Curso do Atendimento de Enfermagem no Trauma (AET). Ao orientador, amigo e verdadeiro mestre, Prof. Dr. Eduardo Crema, professor nato e defensor da qualidade do atendimento ao traumatizado. Tenho certeza, que apesar das imperfeições deste trabalho ele poderá contribuir na luta “contra o trauma”. À eterna professora e atual companheira, Profa. Ana Carolina D’Arelli de Oliveira, que conseguiu ser firme, competente, sensível e doce na grande transformação que foi o mestrado na vida de alguém como eu. À minha família, pais, irmãos, esposo e filhos que foram base e sustentação no momento certo contribuindo na formação de uma nova profissional mas, principalmente para o meu fortalecimento como pessoa. 5 AGRADECIMENTOS Ao meu Deus - criador e Pai - e benfeitores espirituais que me intuem e acompanham, a minha gratidão! Às amigas-irmãs que motivaram essa conquista e contribuíram para o desenvolvimento, mas, principalmente fizeram parte do meu fortalecimento emocional e espiritual, entre tantos, lembro das queridas: Eva, Nelma, Vanessa, Valéria, Luciana Paiva, Patrícia, Carla, Marlene, Cátia... Aos alunos e amigos que contribuíram na coleta de dados. Aos colegas do SAMHC/UFTM que foram fundamentais na realização desse processo, a grande e querida Nelma da pós que, com carinho repetiu inúmeras orientações, aos professores Vanderlei e Flávia que desvendaram alguns mistérios da estatística, a Cida, professores e colegas do Programa de Mestrado em Atenção a Saúde. Todos vocês fizeram além do que precisavam e por isso o meu especial abraço. A esta maravilhosa instituição que proporciona condições para vários profissionais vivenciarem o mestrado e a todos os professores, colaboradores e departamentos envolvidos. Em especial, o Departamento de Cirurgia e cada amigo que reencontrei neste serviço. Ao meu esposo Valdir, companheiro fiel de jornada, a minha filha Verena, que me faz encontrar força e paciência e ao meu filho Lorenzo, que me fez descobrir a verdadeira fé, o meu agradecimento mas, principalmente, as minhas desculpas... Vocês me ensinam dia a dia o verdadeiro significado do amor! À minha mãe, suas amigas de fé, meu pai e maedrinha, obrigada pela torcida e confiança, mais um degrau na escada da vida! Esse mestrado foi gerado com muito carinho, vagarosamente e com todo o cuidado. Relacionar pessoas que contribuíram para o meu crescimento profissional e ainda, deixaram sua marca em meu coração, seria impossível, portanto, saibam, cada um de vocês, que estarão sempre em meu pensamento e ao recordar essa trajetória emitirei vibrações de eterna gratidão. 6 Tocando em frente Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorriso porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe, Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, Nada sei. Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maças É preciso amor pra poder pulsar, É preciso paz pra poder sorrir É preciso chuva para florir. Penso que cumprir a vida seja simplesmente Compreender a marcha e ir tocando em frente Como o velho boiadeiro levando a boiada Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou, Estrada eu sou. Conhecer as manhas e as manhãs... Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, Um dia a gente chega, no outro vai embora Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si carrega o dom de ser capaz E ser feliz. Conhecer as manhas e as manhãs... Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorriso porque já chorei demais Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si carrega o dom de ser capaz E ser feliz! (Almir Sater e Renato Teixeira) 7 RESUMO VAZ, Luciana Ferreira dos Santos. Perfil das vítimas de trauma internadas em Hospital Universitário de Uberaba-MG. 2012. 78f. Dissertação (Mestrado em Patologia) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), 2012. Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, objetiva caracterizar a vítima de trauma internada no Pronto Socorro Adulto do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, no ano de 2009 segundo as características sociodemográficas da vitima do evento traumático e processo de internação. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa protocolo 1605. A população foi de 1.572 clientes com diagnóstico de trauma conforme a CID-10. A coleta de dados realizou-se em prontuários com instrumento estruturado. Constatou-se predominantemente vítimas do sexo masculino, adultos, nas décadas de vida mais jovens, pele branca, com escolaridade inferior ao fundamental completo, procedente de Uberaba. O principal mecanismo do trauma foi queda, seguido de acidente motociclístico, ocasionou lesões nas extremidades inferiores, as quais se constituíram no principal diagnóstico médico e desses, os politraumatismos foram pouco expressivos numericamente. Na alta hospitalar, 87,7% das vítimas saíram em boas condições e da totalidade, 5,6% foram a óbito. Os meses de maior ocorrência de admissões coincidem com o final de semestre letivo ou a proximidade com as férias. O domingo e o período da manhã apresentaram o maior número de admissões. Os procedimentos preconizados pelo ATLS mais registrados na admissão foram aqueles referentes à “circulação com controle da hemorragia”. Os médicos e os enfermeiros estavam sempre presentes no atendimento ao cliente traumatizado. Apesar da grande variedade de categorias profissionais disponíveis na instituição, constatou-se que menos de 1/3 das vítimas recebeu atendimento fisioterapêutico e menos de 1,0% deles, por psicólogo. Dentre as especialidades médicas requeridas, a mais frequente foi a ortopedia que, também, foi responsável pela realização da maioria das cirurgias. Destaca-se que 5,6% dos clientes foram submetidos a mais de um procedimento cirúrgico. A permanência hospitalar variou de menos de 24h a 146 dias e, para aqueles clientes que necessitaram de terapia intensiva (9,6%), essa variação foi de 1 a 86 dias. A média foi de 7,0 dias (d.p.=10,0 dias) e de 13,2 dias (d.p.=13,6 dias), respectivamente. Dos clientes 8 contrarreferenciados (89,6%), quase a totalidade foi encaminhada ao ambulatório da própria instituição. O custo faturado teve mediana de R$ 643,80, com amplitude de R$ 40,38 a R$ 34.025,55 na internação hospitalar. Ressalta-se a alta frequência de falhas de anotação nos prontuários estudados. A informação escrita é fundamental e obrigatória, ao contrário disso, alguns registros estavam incompletos, ilegíveis ou inexistentes. Aponta que o indivíduo vítima de trauma tem a qualidade de vida alterada, e essa situação também promove impacto considerável na sociedade e na gestão hospitalar. A universidade tem papel fundamental nessa problemática que precisa ser desenvolvido junto à sociedade, em particular nos enfoques da prevenção e da produção de conhecimento na área. Destaca-se a relevância da implementação local das políticas públicas de atenção à saúde, para promover a integração da abordagem assistencial à preventiva, o que se constitui um caminho importante para a redução da morbi-mortalidade das vítimas de trauma. Palavras-chave: Trauma. Acidentes. Epidemiologia. Políticas Públicas. 9 ABSTRACT VAZ, Luciana Ferreira dos Santos. Profile of trauma victims admitted to University Hospital of Uberaba-MG. 2012. 78f. Dissertation (Masters in Pathology) – Federal University of the Triângulo Mineiro (MG), 2011. This is a descriptive, retrospective and quantitative study aiming at characterizing the trauma victim hospitalized in the Adult Emergency Room at the Clinics Hospital of the Federal University of the Triângulo Mineiro in the year 2009, according to socio-demographic characteristics of the victim of the trauma event and hospitalization process. The research was approved by the Ethics Committee in research protocol number 1605. The population was of 1.572 patients with diagnosis of trauma, according to CID-10. The collection of data was done by means of the medical records as a structured instrument. The victims were predominantly male, adult, young, white skinned, with a level of schooling lower that elementary school, from the Uberaba. The main reason for the trauma was falls, followed by motorcycle accidents, leading to lesions in the inferior extremities, fact which constituted the main medical diagnosis. Out of these, the poli-traumas had numerically low expressivity. When released from hospital, 87.7% of the victims left good health and out the total, 5.6% died. The months with the highest occurrence of admissions coincided with the end of the school term or proximity the holiday. Sundays the morning period showed the largest number of admissions. The procedures with highest frequency carried out at the ATLS on admission were those relating to “circulation with hemorrhagic control”. Doctors and nurses were always present when receiving a traumatized patient. However, despite the great variety of professional categories available in the institution, it was confirmed that less than 1/3 of the patients received physiotherapy attendance and less than 1.0% of these, received psychological attendance. The medical specializations most required, the highest frequency one was orthopedics, which was also responsible for carrying out most of the surgeries. We highlight that 5.6% of the patients underwent more than one surgical procedure. Hospitalization varied from less than 24h to 146 days, and for those patients that required more intensive therapy (9.6%), this variation was from 1 to 86 days. The average was of 7.0 days (d.p.= 10.0 days) and 13.2 (d.p.= 13.6 days), respectively. Among the counter-referenced patients (89.6%), almost all of 10 them were sent to the out-patient clinic of the institution. The cost had an average of R$ 643,80, with an amplitude from R$ 40,38 to R$ 34.025,55 in hospitalization. We highlight the high frequency of failures in annotations in the medical records analyzed. Written information is fundamental and obligatory, but some registered were incomplete, illegible or non-existent. Points the individual, victim of trauma has his life quality altered, and this situation also promotes considerable impact in society and hospital management. The university has a fundamental role in this problem that must be carried out along with society, mainly relating to the focus on prevention and production of knowledge in the area. We highlight the relevance of the implementation of local public policies in attention to health in order to bring about integration of the assistance approach to prevention, which constitutes an important means for reduction of deaths of the trauma victims. Key Words: Trauma. Accidents. Epidemiology. Public Policy. 11 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo grupos etários......................................................................... 33 Distribuição dos principais mecanismos do trauma nas vítimas internadas................................................................... 35 Distribuição dos acidentes de trânsito ocorridos em vítimas de trauma internadas............................................................. 35 Distribuição dos tipos de violência interpessoal encontrado nas vítimas internadas............................................................ 36 Distribuição das principais áreas corporais lesadas nas vítimas de trauma internadas................................................. 37 Distribuição das áreas corporais lesadas que motivaram a internação das vítimas internadas por trauma....................... 39 Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a condição de alta hospitalar registrada no prontuário.......... 39 Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o mês......................................... 40 Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o dia da semana......................... 41 Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o período do dia......................... 41 Distribuição proporcional dos procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão das vítimas de trauma internadas............................................................................... 42 Distribuição porcentual das vítimas de trauma internadas que necessitaram de Terapia Intensiva.................................. 46 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo as variáveis sociodemográficas................................................... 32 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o mecanismo do trauma............................................................. 34 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo a área corporal lesada............................................................... 37 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o diagnóstico médico, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10).............................................................. 38 Distribuição das vítimas de trauma, segundo os profissionais envolvidos durante a internação.................... 43 Distribuição das vítimas de trauma, segundo as especialidades médicas envolvidas durante a internação... 44 Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o tipo e a quantidade de cirurgia realizada............................... 45 Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo a realização e local de contrarreferência................................... 47 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Norma Técnica AET - Atendimento de Enfermagem no Trauma AIS - Abbreviated injury scale AMG - Ambulatório Maria da Glória ATLS - Advanced Trauma Life Support CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CID - Classificação Internacional de Doenças CTI – Centro de Terapia Intensiva DTI - Departamento de Tecnologia da Informação d.p. - Desvio padrão HC - Hospital de Clínicas ISS - Injury Severity Scale PHTS - Pre-hospital Trauma Live Support PSA - Pronto Socorro Adulto RTS - Revised Trauma Score SAM - Serviço de Arquivo Médico SPSS - Statistical Package for the Social Sciences SUS - Sistema Único de Saúde TRISS - Trauma and Injury Severity Scale UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................. 16 2 OBJETIVOS..................................................................................... 21 2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................... 21 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................ 21 3 POPULAÇÃO E MÉTODO............................................................... 22 3.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................... 22 3.2 LOCAL DO ESTUDO........................................................................ 22 3.3 POPULAÇÃO EM ESTUDO............................................................. 22 3.3.1 Critérios de inclusão...................................................................... 22 3.3.2 Critérios de exclusão..................................................................... 23 3.4 FONTE DOS DADOS....................................................................... 23 3.5 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.................................. 23 3.6 VARIÁVEIS DE ESTUDO................................................................ 24 3.6.1 Variáveis sociodemográfica.......................................................... 24 3.6.1.1 O sexo.............................................................................................. 24 3.6.1.2 A idade.............................................................................................. 24 3.6.1.3 A cor da pele..................................................................................... 24 3.6.1.4 O grau de instrução…………………………………………………… 25 3.6.1.5 A procedência.................................................................................. 25 3.6.2 Variáveis relacionadas ao evento traumático.............................. 25 3.6.2.1 O mecanismo do trauma.................................................................. 25 3.6.2.2 As áreas corporais lesadas.............................................................. 26 3.6.2.3 O diagnóstico médico....................................................................... 26 3.6.2.4 Condição do cliente na alta hospitalar.............................................. 27 3.6.3 Variáveis relacionadas ao processo de internação.................... 27 3.6.3.1 Mês, dia da semana e período do dia.............................................. 28 3.6.3.2 Os procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão.......................................................................................... 28 3.6.3.3 Categorias profissionais e especialidades médicas envolvidas......................................................................................... 29 3.6.3.4 Quantidade e tipo de cirurgia............................................................ 29 3.6.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva........................................................................................... 29 3.6.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência................ 29 15 3.6.3.7 Custo faturado.................................................................................. 29 3.7 OBTENÇÃO DOS DADOS............................................................... 30 3.8 ANÁLISE DOS DADOS.................................................................... 30 3.9 ASPECTOS ÉTICOS........................................................................ 31 4 RESULTADOS................................................................................. 32 4.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS.......................................... 32 4.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO.......... 34 4.2.1 Mecanismo do trauma................................................................... 34 4.2.2 Áreas corporais lesadas................................................................ 36 4.2.3 Diagnóstico Médico........................................................................ 38 4.2.4 Condição de alta hospitalar.......................................................... 39 4.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO.................................................................................. 40 4.3.1 Mês, dia da semana e período do dia........................................... 40 4.3.2 Procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão......................................................................................... 42 Categorias Profissionais e Especialidades Médicas Envolvidas....................................................................................... 43 4.3.4 Quantidade e tipo de cirurgias realizadas.................................... 44 4.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva Adulto............................................................................. 45 4.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência........... 46 4.3.7 Custo faturado................................................................................ 47 5 DISCUSSÃO.................................................................................... 48 5.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS........................................... 48 5.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO........ 52 5.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO................................................................................. 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 65 REFERÊNCIAS................................................................................ 67 APÊNDICES..................................................................................... 73 APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............ 73 ANEXOS........................................................................................... 78 ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP................ 78 4.3.3 16 1 INTRODUÇÃO O padrão demográfico no Brasil até meados da década de 40 apresentava um caráter secular e estável, a partir de então, percebeu-se um declínio dos níveis de mortalidade. Há previsão de mudanças sociodemográficas importantes com predomínio de pessoas na faixa etária entre 15 e 60 anos, e, em contrapartida, há um aumento da mortalidade entre jovens e adultos por causas externas relacionadas à violência. Nos últimos vinte anos o número de crianças sobreviventes se elevou, porém, existe a possibilidade dessas morrerem ao atingirem a adolescência e a fase adulta, principalmente no sexo masculino (BRASIL, 2009a). Diante disso, esses dados demonstram uma nova configuração demográfica do país, que interfere significativamente nos aspectos vinculados à saúde e educação, pois, determinaram uma nova visão no perfil de morbi-mortalidade da população brasileira e mundial (BRASIL, 2009a). Ocorrem em torno de 5 milhões de mortes por causas externas, em todo o mundo, por ano, e constatou-se que a cada morte ocorrem dezenas de hospitalizações, centenas de atendimentos emergenciais e milhares de consultas ambulatoriais decorrentes desses eventos (MASCARENHAS et al., 2011a). A morbidade e a mortalidade no Brasil sofrem modificações continuamente. É necessário, portanto, compreender a extensão e gravidade das causas externas para promover a criação de políticas e ações de saúde eficazes. Essas estarão subsidiadas pelos estudos da vigilância em saúde, que tem importante papel na divulgação dos dados relacionados ao assunto (MASCARENHAS et al., 2011a). Causa externa é um “conjunto de agravos à saúde que provocam algum tipo de lesão, seja física, mental ou psicológica, podendo ou não levar ao óbito”. Os eventos que definem esse agravo são os acidentes e as violências. Os acidentes são eventos não intencionais e evitáveis que causam lesões físicas e emocionais, destacam-se com isso; os relacionados ao trânsito, afogamento, envenenamento, quedas e queimaduras (MASCARENHAS et al., 2011a, p. 205). A violência segundo a Organização Mundial de Saúde (2002 apud SCHMIDT; SCHNEIDER; CREPALPI, 2011, p. 329) é o “uso intencional da força ou poder físico, em forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou um grupo ou comunidade”, entretanto, Minayo (2009, p. 135) destacou um ponto importante na violência, ao considerar que essa é uma questão social que ocorre 17 nas interrelações humanas e nas suas criações e acrescenta que esta tem objetivo de “prejudicar, ferir, mutilar ou matar o outro, física, psicológica e até espiritualmente”. O trauma causado por acidentes ou por violência é a principal causa de óbito nas primeiras quatro décadas de vida (COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES, 2008). Em ambas as situações constata-se que trauma é: “evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia (mecânica, química, térmica, por irradiação ou elétrica) ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia” (McSWAIN; FRAME; SALOMONE, 2004, p. 15). Essa situação representa um grande desafio às políticas de saúde no que diz respeito às questões socioeconômicas. As vítimas em sua maioria são homens, jovens e adultos no que se refere aos acidentes e agressões e, no que tange as quedas a população idosa tem um risco aumentado de internações. Destaca-se que o perfil epidemiológico das causas externas difere conforme a faixa etária, sexo e regiões brasileiras; pois, os fatores culturais, sociais e econômicos interferem na causa do trauma, na assistência à vítima e dificultam a divulgação de medidas preventivas (MASCARENHAS et al., 2011a). O Brasil é um país de grande extensão territorial, distribuídos em vinte e sete Unidades da Federação com uma população, em 2010, de mais de 190 milhões de pessoas (BRASIL, 2009b). Esses dados associados impedem a disseminação e realização das políticas públicas em toda a nação de forma integrada, sistemática e eficaz; diferentemente de outros países que reduziram seus índices por meio de ações inter-relacionadas entre todos os setores afins e não somente o setor de saúde (MASCARENHAS et al., 2011a). As causas externas assumem a terceira causa mais frequente de morte dos brasileiros e essa posição pode alterar-se para a primeira, se a faixa etária observada for referente às pessoas de 01 a 39 anos. Diante disso, o Ministério da Saúde tem um papel importante e abrangente na atuação junto às vítimas, pois esse deve participar enfaticamente na dimensão da assistência e reabilitação das vítimas e também promover “prevenção e vigilância epidemiológica” (MASCARENHAS et al., 2011b, p. 228 ). Ressalta-se que além dos índices de mortalidade deve-se considerar a morbidade dos traumatizados, inclusive a qualidade de vida pós-trauma. Essas vítimas, após as lesões, estão fora do mercado de trabalho por tempo 18 indeterminado, uma vez que essas pessoas atingidas estão incluídas em uma faixa etária economicamente ativa, gerando altos custos aos cofres públicos. Nesse processo de transição epidemiológica verifica-se um aumento da mortalidade por doenças crônico-degenerativas e causas externas, o que está associado à melhoria da qualidade de vida da população; dessa forma, os serviços de saúde e seus gestores, assim como as políticas públicas devem se adequar a essas mudanças. Destaca-se que no ano de 1930 a mortalidade por causas externas representavam 3% e no ano de 2009 esse valor atingiu 12,5%. Estima-se que no ano de 2009 houve 380 mortes por dia e 16 a cada hora por violência ou acidentes e aponta-se que o homem tem 5,1 vezes mais risco de morte por causas externas do que as mulheres (MASCARENHAS et al., 2011b). Para desenvolver um programa de prevenção é necessário, definir a real dimensão do problema na comunidade, formar um banco de dados que possibilite a criação de estratégias de intervenção viável para a saúde pública. As estatísticas fornecidas por pesquisas confiáveis mostram dados de realidade a ponto de definir bases concretas para ações preventivas, assistenciais e avaliativas das medidas implementadas e do impacto sobre a doença, definindo causas, diagnóstico e tratamento (NOVO, 2009). Com intuito de conhecer e caracterizar a vítima de trauma nesta região buscou-se dados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM) que se localiza na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais. A cidade de Uberaba tem 191 anos e constituiu uma população de 295.988 habitantes, destes, 144.461 (48,8%) são homens e 151.257 (51,1%) são mulheres. Tem área territorial de 4.523,957 Km2, com economia atuante na agropecuária, indústria e outros serviços. Os automóveis constituem 58,1% (86.337) da frota, 24% (35.651) são motonetas e 0,5% (805) são motocicletas, sendo que essas proporções também encontradas nas frotas de Minas Gerais e do Brasil (BRASIL, 2009c). O HC/UFTM foi inaugurado em 1982, e, é o único estabelecimento federal de saúde na região, gratuito, com capacidade para atendimentos de alta complexidade. Tem localização estratégica e propicia atendimento para os 27 municípios da macrorregião do Triângulo Sul e de outras cidades pertencentes à macrorregião de Minas Gerais, além de outros estados da federação. Possui 290 leitos de internação, diversos serviços de suporte às necessidades dos clientes, entre eles; atendimento 19 de emergência, unidades de terapia intensiva e ambulatórios (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011). Conta com sistema de referenciamento dos clientes, por meio da Central de Leitos, com o objetivo de propiciar melhor distribuição das vagas para internação, deixando os atendimentos dos níveis primário e secundário para outros estabelecimentos de saúde. Por esse motivo, acreditava-se que haveria melhor controle das internações, obtendo, assim, maior disponibilidade de vagas, o que não ocorreu, pois em 2009 a taxa de ocupação continuou alta, atingiu o percentual de 83,42% (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011). No último ano a taxa de ocupação do Pronto Socorro Adulto (PSA) do HC/UFTM foi de 142,05%. Foram admitidos 33 clientes/dia, 78,5% foram atendimentos de urgência e os demais (21,5%), eletivos. Dessas admissões, 78% foram provenientes da cidade de Uberaba e 22% de outros municípios. O serviço de emergência e urgência funciona 24 horas por dia e atende todas as especialidades médicas. Nas especialidades que somente esse hospital oferece atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a oftalmologia, otorrinolaringologia, infectologia, entre outras, não há necessidade de referenciamento ou solicitação de vaga (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011). A admissão da vítima de trauma no PSA/HC/UFTM pode ser realizada de duas formas. A primeira refere-se à situação em que a vítima está em estado grave e, nesse caso, é imediatamente trazida para esse hospital pelos serviços de transporte móvel existentes na cidade, pela polícia ou por terceiros. A segunda forma é quando a vítima é transportada para outro serviço de atendimento de emergência e, após o primeiro atendimento necessita de transferência para um local com assistência de maior complexidade. Nesse último caso, os clientes aguardam a liberação de vaga e a possibilidade de internação no HC/UFTM, o que pode demorar horas ou dias, visto que há um acúmulo de clientes internados no PSA, em decorrência da superlotação dos setores de internação (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011). A universidade promove atividade de ensino, pesquisa e extensão e desde o ano de 1996 tornou-se um dos 50 núcleos existentes no mundo do Programa de Ensino para Médicos, criado pelo Colégio Americano de Cirurgiões, o Advanced Trauma Life Support - ATLS. Ressalta-se que o ATLS é um método de referência mundial, que direciona o atendimento ao traumatizado e por existir há mais de 30 20 anos conquistou um espaço entre a equipe de saúde como a forma ideal de atendimento e tornou-se meta importante na vida profissional dos médicos da área ou mesmo de todos aqueles que algum dia poderão estar numa situação emergencial. O ATLS é um modelo de padronização do atendimento ao traumatizado, mas além do ensino sistemático são necessárias atividades gerenciais que permitam facilitar a avaliação do cliente e por consequência, avaliar a assistência prestada ao mesmo. Pereira Júnior et al. (2009), descrevem os índices de traumas padronizados em outras universidades, já há alguns anos, que são fundamentais para a avaliação da vítima e melhoria da assistência, são eles: o Revised Trauma Score (RTS) que quantifica as lesões fisiológicas nas vítimas, o Injury Severity Scale (ISS) que verifica as lesões anatômicas e o Trauma and Injury Severity Score (TRISS) que determina a probabilidade de sobrevida dos traumatizados. Outro ponto importante é a criação de estratégias para a notificação sistemática dos casos de clientes traumatizados com intuito de, por meio do conhecimento, contribuir em ações preventivas, um serviço que vinculou essa notificação ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica, desde 1996, é a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo com resultados positivos (PEREIRA JUNIOR et al., 2009). Contudo, para a implantação de modelos organizacionais e modificações na gestão hospitalar no que diz respeito à vítima de trauma é necessário conhecer a realidade atual da região e das peculiaridades dos clientes que são atendidos nessa instituição. Nesse contexto, a epidemiologia é uma ciência fundamental para o conhecimento do diagnóstico situacional da comunidade e melhoria dos indicadores de saúde. Diante do exposto, tem-se com esta pesquisa a finalidade de fornecer subsídios para a implementação do atendimento hospitalar da vítima de trauma e sua prevenção. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é caracterizar as vítimas de trauma, que necessitaram de internação, quanto às sociodemográficas, o evento traumático e ao processo de internação. características 21 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Caracterizar a vítima de trauma internada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM), no ano de 2009. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever as características sociodemográficas das vítimas de trauma. Descrever a vítima de trauma segundo o evento traumático. Descrever o processo de internação da vítima de trauma. 22 3 POPULAÇÃO E MÉTODO 3.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa e seguiu-se a normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de 2011. 3.2 LOCAL DE ESTUDO O estudo foi realizado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM) que se localiza na cidade de Uberaba (MG). Esse atende clientes de alta complexidade da macrorregião do Triângulo Sul, constituído por 27 municípios além da cidade de Uberaba. 3.3 POPULAÇÃO EM ESTUDO Através da aplicação dos critérios que serão mencionados a seguir, foi possível a apuração da população de 1.572 vítimas de trauma internadas no Pronto Socorro Adulto do HC/UFTM, durante o ano de 2009. 3.3.1 Critérios de inclusão Vítimas de trauma com idade igual ou acima de 14 anos. Essa opção decorre do fato de existirem dois serviços de pronto atendimento, um de Pronto Socorro Infantil destinado aos menores de 14 anos e a Unidade de Pronto Socorro Adulto, destinados aos clientes com idade maior ou igual a 14 anos; Vítimas de trauma que após o primeiro atendimento necessitaram de internação; Vítimas com diagnóstico médico de trauma, segundo os códigos alfa numéricos da Classificação Internacional de Doenças, 10 revisão (CID, 10), incluídos no Capítulo XIX e XX. São eles: Capítulo XIX – Lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas 23 (S00 a T98), excluiu-se os códigos referentes a intoxicações por drogas, medicamentos e substâncias biológicas, efeitos tóxicos de substâncias de origem predominantemente não-medicinal, complicações de cuidados médicos e cirúrgicos, não classificados em outra parte, sequelas de traumatismos, de intoxicações e de outras consequências das causas externas; Capítulo XX – causas externas de morbidade e de mortalidade (V01 a Y36), excluiu-se os códigos referentes à exposição as forças mecânicas animadas, contato com animais e plantas venenosos, envenenamento acidental por exposição à substâncias nocivas, excesso de esforços, viagens e privações, lesões autoprovocadas intencionalmente (X60 a X69) e eventos cuja intenção é indeterminada (Y10 a Y19). Os critérios acima referidos foram fornecidos ao Departamento de Tecnologia da Informação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (DTI/UFTM), e esse departamento de processamento de dados enviou a listagem referente ao ano de 2009, com o nome e registro dos clientes internados pelos diagnósticos selecionados. Ressalta-se que o serviço não dispunha das informações referentes ao ano de 2010 e 2011. 3.3.2. Critérios de exclusão Para esse critério foi considerado a falta do prontuário, nesse caso, 05 excluídos. 3.4. FONTE DOS DADOS Utilizou-se dados recolhidos dos 1.572 prontuários, arquivados no Serviço de Arquivo Médico (SAM) do HC/UFTM. 3.5 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS O instrumento de coleta de dados foi construído pela pesquisadora (Apêndice A), considerou-se as características das informações disponíveis nos prontuários de 24 HC/UFTM. Foi submetido à validação de aparência e conteúdo por cinco profissionais que trabalham na área de assistência à vítima de trauma e ao préteste, realizado pela pesquisadora em 50 prontuários, após o qual, foi acrescentada a opção não mencionada em todos os itens, e, esses não foram desprezados. 3.6 VARIÁVEIS DE ESTUDO 3.6.1 Variáveis sociodemográficas Para a caracterização sociodemográfica das vítimas de traumas internadas, foram selecionadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, cor da pele, grau de instrução e procedência. 3.6.1.1 O sexo Este foi categorizado em masculino ou feminino. 3.6.1.2 A idade Foi anotada em anos, conforme descrito no prontuário, e categorizada em faixa etária, com os seguintes intervalos: 14 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 a 69 anos, 70 a 79 anos, 80 a 89 anos e 90 a 98 anos. Com intuito de obter a porcentagem de clientes vítimas de trauma segundo as fases de vida adolescência, adulta e idosa, as faixas etárias foram reagrupadas em três grupos: o primeiro com idade de 14 a 19 anos, o segundo com idade de 20 a 59 anos e o terceiro com idade igual a 60 anos ou mais. 3.6.1.3 A cor da pele Essa foi anotada, conforme estava disponível no prontuário, em branca, negra, morena e parda, e após, reagrupada em cor branca e não branca. 25 3.6.1.4 O grau de instrução Esse dado foi obtido conforme as categorias já existentes nos prontuários, conforme descritas a seguir: analfabeto, 1º Grau completo, 1º Grau incompleto, 2º Grau completo, 2º Grau incompleto, 3º Grau completo, 3º Grau incompleto e não mencionado. 3.6.1.5 A procedência Esse dado foi registrado conforme estava anotado e, depois, reagrupado em: Uberaba e outra. 3.6.2 Variáveis relacionadas ao evento traumático Para a descrição das vítimas de traumas internadas segundo o evento traumático foram selecionadas as seguintes variáveis: mecanismo do trauma, áreas corporais lesadas, diagnóstico médico e condição da vítima na alta hospitalar. 3.6.2.1 O mecanismo do trauma Essa variável foi definida segundo o manual do ATLS (COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES, 2008) que o conceitua como transferência de energia para os tecidos, o que provoca lesões traumáticas. O dado foi obtido de acordo com a categorização existente nos prontuários e, posteriormente, foi reagrupado em acidente de trânsito, queda, violência interpessoal e outros. Diante da magnitude e a importância clínica e social dos acidentes de trânsito e da violência interpessoal, optou-se por estudá-los mais detalhadamente. Para tanto, os acidentes de trânsito foram categorizados em: acidente motociclístico, automobilístico, ciclístico e atropelamento. A violência interpessoal foi categorizada em: espancamento, ferimento por arma de fogo, ferimento por arma branca e agressão. Aponta-se que não foi realizado detalhamento dos casos de trauma em decorrência de quedas, por não haver informação disponível nos registros hospitalares. 26 3.6.2.2 As áreas corporais lesadas Essas foram categorizadas em: crânio, face, pescoço, coluna vertebral, tórax, abdome ou conteúdo pélvico, baço, extremidade superior, extremidade inferior e superfície externa. A escolha dessa classificação foi embasada na padronização do Abbreviated injury scale (AIS) e Injury severity score (ISS), onde a primeira é uma escala de gravidade de lesões e a segunda consiste em um sistema de pontuação anatômica para pacientes com múltiplas lesões (ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF AUTOMOTIVE MEDICINE, c2006). 3.6.2.3 O diagnóstico médico Esse foi determinado pelo médico e classificado pela CID-10. É importante ressaltar, que, mesmo se o cliente traumatizado apresentar mais de uma área corporal lesada, o médico deve apontar aquela que exigiu a internação. Os diagnósticos foram reagrupados em categorias da CID-10, conforme descrito a seguir: Traumatismos de joelho e perna (S80 a S89); Traumatismos da cabeça (S00 a S09); Traumatismos do quadril e da coxa (S70 a S79); Traumatismos do cotovelo e do antebraço (S50 a S59); Traumatismos do punho e da mão (S60 a S69); Traumatismos do abdome, do dorso, da coluna lombar e da pelve (S30a S49); Traumatismos do ombro e do braço (S40 a 49); Traumatismos do tórax (S20 a S29); Traumatismos do tornozelo e do pé (S90 a S99); Queimaduras e corrosões (T20 a T32); Traumatismos envolvendo múltiplas regiões do corpo (T00 a T07); Traumatismos de localização não específica do tronco, membro ou outra região do corpo (T08 a T14); Traumatismos do pescoço (S10 a S19) e 27 Efeito da penetração de corpo estranho através de orifício natural (T15 a T19). Após a categorização desses diagnósticos, foi feito novo reagrupamento abrangendo quatro áreas corporais: extremidades, cabeça, demais áreas corporais lesadas e politraumatismo. 3.6.2.4 Condição do cliente na alta hospitalar A classificação de condição de alta hospitalar adotada é a utilizada pelo Setor de Vigilância Epidemiológica da Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (PAGNANO, 2005), transcrita a seguir: Óbito - se autodefine; Estado vegetativo - se autodefine; Limitações graves - lesões que impossibilitam atividades físicas e mentais; Limitações moderadas - impossibilidade de viajar e/ou trabalhar, disfasia, hemiparesia, déficit intelectual ou de memória; Boa recuperação – implica no cliente assumir uma vida normal, mas existe a possibilidade de déficits neurológicos e/ou motores. Posteriormente, para a análise dos dados, as limitações foram somadas por não haver informação detalhada do tipo de limitação disponível nos registros hospitalares. 3.6.3 Variáveis relacionadas ao processo de internação Para a descrição das vítimas de traumas internadas segundo o processo de internação, foram selecionadas as seguintes variáveis: mês, dia da semana e período do dia da admissão; procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão; categorias profissionais e especialidades médicas envolvidas; quantidade e tipo de cirurgias realizadas; tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva (CTI); realização do sistema de referência e contrarreferência e custo faturado. 28 3.6.3.1 Mês, dia da semana e período do dia O mês em que o cliente foi admitido no HC/UFTM foi obtido a partir da data de admissão registrada no prontuário. Por meio dessa data, determinou-se o dia da semana, com o auxílio de um calendário do ano de 2009. A hora foi registrada como descrita no prontuário e, depois, agrupada em quatro períodos de 6 horas, conforme descrito a seguir: 06h31min às 12h30min, 12h31min às 18h30min; 18h31min às 24h e 0h01min às 6h30min. 3.6.3.2 Os procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão Por meio das anotações do prontuário foram identificados os procedimentos realizados no atendimento emergencial, quando cliente foi admitido no Pronto Socorro Adulto. Para o registro da variável, foram listadas as opções de procedimentos no instrumento e, posteriormente, esses foram agrupados conforme a sequência do método mnemônico – sistema ABCDE –, determinado pelo ATLS. São eles: Abordagem da via aérea e proteção da coluna cervical (A): colar cervical, oxigenoterapia, oximetria de pulso, intubação, cricotireoideostomia por punção, cricotireoideostomia cirúrgica, traqueostomia; Avaliação da ventilação e respiração (B): monitorização, drenagem torácica, pericardiocentese; Avaliação da circulação e controle de hemorragias (C): lavado peritoneal, acesso venoso periférico, acesso venoso central, soroterapia, sondagem gástrica, sondagem vesical de demora, toque retal; Avaliação neurológica (D): avaliação de pupilas e escala de coma de Gasglow; Exposição do cliente e controle da hipotermia (E): foram coletados os dados referentes aos procedimentos que podem ser feitos nesse momento, tais como, talas/gesso/imobilizações e curativos/suturas. 29 3.6.3.3 Categorias profissionais e especialidades médicas envolvidas Nas categorias profissionais foram registradas todas aquelas anotadas no prontuário que assistiram o cliente durante a internação. Para as especialidades médicas requeridas na assistência ao cliente durante a internação, foram anotadas todas aquelas registradas em impresso próprio de solicitação ou que constavam em anotação no prontuário. 3.6.3.4 Quantidade e tipo de cirurgia O tipo de cirurgia realizada foi dividido por grandes áreas médicas, tais como: neurologia, torácica, abdominal, ortopedia e plástica. A quantidade de cirurgia foi calculada de acordo com o número de impressos de solicitação de cirurgia encontrados fixados no prontuário. 3.6.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva O tempo de permanência em ambos os serviços foi calculado através da diferença entre as datas de admissão e de alta, registradas no prontuário. 3.6.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência O HC/UFTM, na ocasião da alta hospitalar do cliente, faz a contrarreferência para serviço de saúde de menor complexidade, para que seja dado seguimento na assistência. Por meio das anotações do prontuário, foi identificado para qual serviço o cliente vítima de trauma foi encaminhado e, depois, categorizados em: Ambulatório Maria da Glória (AMG) e outra instituição. 3.6.3.7 Custo faturado O custo faturado é o termo técnico relativo ao valor pago pelo SUS, sem a inclusão dos valores referentes aos recursos humanos e encargos sociais e após comprovação dos gastos hospitalares, por meio dos registros dos profissionais em impressos próprios contidos nos prontuários. 30 Foi registrado em reais o valor total da internação sem discriminação por procedimentos. 3.7 OBTENÇÃO DOS DADOS A fase de coleta de dados durou 07 meses, foi iniciada em outubro de 2010 e encerrada em abril de 2011. Para isso, recorreu-se a 04 acadêmicos do curso técnico em enfermagem, 01 acadêmica do curso de graduação em enfermagem, 01 enfermeira e a pesquisadora. A pesquisadora promoveu treinamento in loco dos colaboradores, durante 02 semanas, por duas horas diárias. A pesquisadora esteve sempre à disposição dos colaboradores, por telefone, email e presencialmente para que a coleta fosse a mais uniforme possível. Após o preenchimento, a pesquisadora fez a revisão dos instrumentos, esclarecia as dúvidas com o colaborador e, quando necessária, a coleta era refeita. 3.8 ANÁLISE DOS DADOS A digitação foi realizada por outra colaboradora, em dupla entrada e com validação dos dados digitados. A primeira digitação foi feita integralmente e, posteriormente, foi realizada a segunda digitação, com intervalo de uma semana, sendo que a ordem dos meses digitados foi alterada para minimizar os possíveis vícios de digitação. As duas planilhas foram conferidas e validadas e, nos casos discordantes, os instrumentos foram consultados e, quando necessário, buscou-se o prontuário novamente. Os dados foram compilados através do software Microsoft Excel, versão 1997 a 2003 e exportados para o aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0, para análise estatística. As variáveis quantitativas foram submetidas à análise estatística descritiva, por meio de medidas de tendência central (média e mediana e moda) e de variabilidade (desvio padrão e amplitude). As variáveis qualitativas foram expressas em frequências absolutas e percentuais. Os dados foram apresentados em tabelas e algumas variáveis de interesse em gráfico. Foi empregada a aproximação para uma casa decimal. 31 3.9 ASPECTOS ÉTICOS O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFTM, com protocolo número 1605. Buscou-se atender à Resolução 196/96, os instrumentos foram numerados e, a seguir, o nome do cliente foi excluído do banco de dados com o objetivo de evitar a perda de confidencialidade das informações. Outros dados pessoais de identificação não foram coletados. 32 4 RESULTADOS 4.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS Na tabela 1, encontram-se os dados sociodemográficos. Tabela 1 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo as variáveis sociodemográficas, no HC/UFTM (2009). No. (N= 1.572) % 1.137 435 1.572 72,3 27,7 100,0 Faixa Etária (anos) 14├ 20 20├ 30 30├ 40 40├ 50 50├ 60 60├ 70 70├ 80 80├ 90 90├ 98 Total 130 375 311 242 197 131 92 71 22 1.571* 8,3 23,9 19,8 15,4 12,5 8,3 5,9 4,5 1,4 100,0 Cor da Pele Branca Não Branca Total 1.004 562 1.566* 64,1 35,9 100,0 Grau de Instrução Analfabeto 1º. Grau Incompleto 1º. Grau Completo 2º. Grau Completo Total 207 762 472 11 1.452* 14,2 52,5 32,5 0,8 100,0 Variáveis Sexo Masculino Feminino Total Procedência Uberaba 1.450 92,3 Outra 121 7,7 Total 1.571* 100,0 *Excluídos os casos sem informação, com 01 na faixa etária, 06 na cor da pele, 120 no grau de instrução e 01 na procedência. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Em relação ao sexo, constatou-se que 2/3 da população estudada eram homens, correspondendo a 72,3% (1.137) das internações. A média de idade dessas vítimas de trauma foi de 42,5 anos (d.p. 19,5), a mediana foi igual a 39 anos e a moda igual a 22 anos. A idade mínima foi 14 anos e a máxima 98 anos. 33 A faixa etária com maior porcentagem foi a correspondente às idades de 20 a 29 anos, com 23,9% (375). Em porcentagens decrescentes seguiram-se as faixas etárias do intervalo de 30 a 59 anos e, em níveis mais reduzidos, as faixas etárias de 60 anos ou mais. Ressalta-se que a faixa etária de 14 a 19 anos, diferentemente dos demais períodos categorizados, teve um intervalo de apenas 06 anos e apresentou a porcentagem de 8,3% (130). Os dados referentes à idade das vítimas de trauma destacaram, assim, foram somados os períodos correspondentes à adolescência e à idade adulta, ou seja, de 14 a 59 anos, totalizaram 79,9% (1.255) dos clientes (Gráfico 1). Gráfico 1 - Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo grupos etários, HC/UFTM (2009). Porcentagem 71,6 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 20,1 8,3 Adolescentes Adultos Idosos Grupos Etários Fonte: Dados coletados pela autora – HC/UFTM (2009). Quanto à cor da pele, verificou-se que 64,1% (1.004) das vítimas de trauma internadas eram brancas e, em relação à procedência, 92,3% (1.450) eram de Uberaba. Na variável grau de instrução, não foi constatada nenhuma vítima de trauma com 3º Grau completo. A maior porcentagem verificada foi 52,5% (762), correspondendo àquelas com 1º Grau incompleto, seguiu-se 32,5% (472) com 1º Grau completo. 34 4.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO 4.2.1 Mecanismo do trauma Na tabela 2, encontram-se os dados referentes aos mecanismos do traumas descritos nos prontuários. Tabela 2 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o mecanismo do trauma, HC/UFTM (2009). No. % Mecanismo do trauma (N = 1.572) Queda 481 35,1 Acidente motociclístico 323 23,6 Acidente automobilístico 122 8,9 Espancamento 69 5,1 Atropelamento 62 4,5 Arma de fogo 59 4,3 Acidente ciclístico 58 4,2 Arma branca 56 4,1 Queimadura 40 2,9 Acidente esportivo 29 2,1 Acidente com máquinas 20 1,5 Lesões provocadas por animais 17 1,3 Agressão Física 10 0,7 Acidente com objetos contusos ou cortantes 10 0,7 Esmagamento 5 0,4 Acidente com corpo estranho 5 0,4 Soterramento 2 0,1 Choque elétrico 1 0,1 Total 1.369* 100,0 *Excluídos os 203 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). O mecanismo do trauma mais anotado no prontuário foi a queda, com 35,1% (481) dos clientes, seguiu-se do acidente motociclístico com 23,6% (323) das vítimas de trauma e o acidente automobilístico com 8,9% (122). Ressalta-se que 203 casos foram excluídos pela ausência dessa informação (Tabela 2). Ao verificar os mecanismos do trauma, destacam-se outras duas categorias, os acidentes de trânsito e a violência interpessoal. Os acidentes de trânsito perfazem 41,3% (565) das vítimas de trauma, ultrapassando quedas e, a violência interpessoal (Gráfico 2). 35 Gráfico 2 - Distribuição dos principais mecanismos do trauma nas vítimas internadas, HC/UFTM (2009). Mecanismo do trauma 45 41,3 40 35,1 35 Porcentagem 30 25 20 14,2 15 9,4 10 5 0 Acidentes de trânsito Queda Violência Interpessoal Outros Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Dentre os acidentes de trânsito (Gráfico 3), aqueles que envolveram motocicletas sobressaiu-se aos demais com 57,2% (323) e respectivamente, o acidente automobilístico representou 21,6% (122). Porcentagem Gráfico 3 - Distribuição dos acidentes de trânsito ocorridos em vítimas de trauma internadas, HC/UFTM (2009). 70 60 Acidente de trânsito 57,2 50 40 30 21,6 20 10 11,0 10,2 Atropelamento Acidente ciclístico 0 Acidente motociclístico Acidente automobilístico Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 36 A violência interpessoal (Gráfico 4) foi subdividida em quatro categorias, com a maior frequência apresentada pelo espancamento com 35,5% (69), seguiu-se pelo ferimento por arma de fogo, 30,4% (59). Gráfico 4 - Distribuição dos tipos de violência interpessoal encontrado nas vítimas de trauma internadas, HC/UFTM (2009). Violência interpessoal Porcentagem 35,5 40 35 30 25 20 15 10 5 0 30,4 28,9 5,2 Espancamento Ferimento por Ferimento por arma de fogo arma branca Agressão Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.2.2 Áreas corporais lesadas As 1.572 vítimas de trauma internadas apresentaram em média 1,6 área corporal lesada. Ao discriminar essas áreas, verificou-se que os membros inferiores perfazem 30,2% (758) das áreas corporais lesadas e os membros superiores 23,0% (576). A porcentagem relativa à cabeça foi 24,9% e, após sua divisão em face e crânio, constatou-se que a primeira foi lesionada em 13,1% (327) e a segunda área – o crânio – em 11,8% (296) (Tabela 3). 37 Tabela 3 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a área corporal lesada, HC/UFTM (2009). Áreas corporais lesadas No.* % (N=1.572) Membros inferiores 758 30,2 Membros superiores 576 23,0 Face 327 13,1 Crânio 296 11,8 Abdome 181 7,2 Tórax 172 6,9 Coluna vertebral 70 2,8 Pescoço 62 2,5 Superfície externa 43 1,7 Baço 19 0,8 Total 2.504* 100,0 *Número de lesões encontradas em 1.572 clientes. Excluídos os 07 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Ao reagrupar essas variáveis em extremidades, cabeça e demais áreas corporais lesadas, constatou-se que as mesmas apresentaram, em ordem decrescente, as porcentagens 53,3% (1.334), 24,9% (623) e 21,8% (547), respectivamente (Gráfico 5). Gráfico 5 - Distribuição das principais áreas corporais lesadas nas vítimas de trauma internadas, HC/UFTM (2009). Area corporal lesada 53,3 Extremidades 24,9 Cabeça 21,8 Outras áreas corporais 0 10 20 30 Porcentagem Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 40 50 60 38 4.2.3 Diagnóstico Médico Nesse estudo, os traumatismos de joelho e da perna consistiram na mais frequente causa de internação, representaram 21,2% (334), seguiu-se os traumatismos de cabeça com 18,3% (288), quadril e coxa com 15,3% (241), cotovelo e antebraço com 10,3% (162) (Tabela 4). Tabela 4 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o diagnóstico médico, conforme a 10ª Versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), HC/UFTM (2009). Diagnóstico Médico Traumatismos do joelho e da perna (S80 a S89) Traumatismos da cabeça (S00 a S09) Traumatismos do quadril e da coxa (S70 a S79) Traumatismos do cotovelo e do antebraço (S50 a S59) Traumatismos do punho e da mão (S60 a S69) Traumatismos do abdome, do dorso, da coluna lombar e da pelve (S30 a S49) Traumatismos do ombro e do braço (S40 a 49) Traumatismos do tórax (S20 a S29) Traumatismos do tornozelo e do pé (S90 a S99) Queimaduras e corrosões (T20 a T32) Traumatismos envolvendo múltiplas regiões do corpo (T00 a T07) Traumatismos de localização não específica do tronco, membro ou outra região do corpo (T08 a T14) Traumatismos do pescoço (S10 a S19) Efeito da penetração de corpo estranho através de orifício natural (T15 a T19) Total Fonte: Dados coletados pela autora (2009). No. (N=1.572) % 334 288 241 162 114 100 21,2 18,3 15,3 10,3 7,3 6,4 76 64 62 40 35 35 4,8 4,1 3,9 2,5 2,2 2,2 16 05 1,0 0,3 1.572 100,0 Ao reagrupar esses diagnósticos considerando as áreas corporais lesadas, verificou-se que o membro inferior foi motivo de internação em 40,6% (637) das vítimas, seguidos da lesão em membro superior com 22,4% (352), somando essas duas categorias constatou-se que as extremidades determinam a internação hospitalar em 63,0% (989) das vítimas de trauma (Gráfico 6). Todos os diagnósticos relacionados às lesões da cabeça somaram 18,3% (288) das vítimas de trauma e as demais áreas corporais 16,5% (260). Destaca-se que 2,2% (35) dos clientes internaram com quadro de politraumatismo, esse quadro, conforme a CID-10, é denominado como traumatismos envolvendo múltiplas regiões do corpo e seus códigos podem ser de T00 a T07(Gráfico 6). 39 Gráfico 6 – Distribuição das áreas corporais lesadas que motivaram a internação das vítimas de trauma, HC/UFTM (2009). Porcentagem Áreas corporais lesadas que motivaram a internação 63,0 70 60 50 40 30 20 10 0 16,5 18,3 2,2 Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.2.4 Condição de alta hospitalar Gráfico 7 - Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a condição de alta hospitalar registrada no prontuário, HC/UFTM (2009). Porcentagem Condição de alta hospitalar 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 87,7 Boa recuperação 6,6 5,8 Alguma limitação Óbito Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 40 Em relação à condição dos clientes na alta hospitalar constatou-se que 87,7% (1.310) saíram em condições de boa recuperação. Foram a óbito 5,8% (86) e 6,6% (98) deixaram o hospital com alguma limitação (Gráfico 7). Destaca-se que em 78 prontuários não foi anotada essa condição e, portanto, esses dados foram excluídos da análise. 4.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO 4.3.1 Mês, dia da semana e período do dia Em relação ao número de internações de vítimas de trauma no HC/UFTM, no transcorrer do ano de 2009, constatou-se a média de 131 clientes/mês. Verificou-se que em junho o número de admissões atingiu o maior percentual (9,2%), e em julho e outubro foi 9,0%. Gráfico 8 - Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o mês, HC/UFTM (2009). Porcentagem Mês 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 8 7,8 7,9 8,6 9,2 7,3 Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 9 9 8,7 7,2 8,8 8,6 41 Gráfico 9 – Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o dia da semana, HC/UFTM (2009). Dia da semana 18 Porcentagem 16 17,1 14 12 14,2 14,6 14,0 10 12,3 12,8 Quarta Quinta 14,9 8 6 4 2 0 Segunda Terça Sexta Sábado Domingo Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Em relação aos dias da semana, a maior porcentagem de admissões foi no domingo, com 17,1% (269), e o dia em que houve a menor frequência foi a quartafeira, com 12,3% (193). Verificou-se um número crescente de admissões a partir de quarta-feira com o ápice no domingo e declínio na segunda e terça-feira (Gráfico 9). Gráfico 10 – Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas segundo o período do dia, HC/UFTM (2009). Período do dia Porcentagem 35 30 32,1 31,9 25 25,9 20 15 10 10,2 5 0 06:31 - 12:30 h 12:31 - 18:30 h 18:31 a 24:00 h 00:01 - 06:30 h Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 42 O dia foi subdividido em quatro períodos e o número de admissões de vítimas de trauma é maior no horário de 06h31min às 12h30min, com porcentagem de 32,1% (504), seguiu-se o período compreendido entre 12h31min às 18h30min, o qual representou 31,9% (501) das admissões (Gráfico 10). 4.3.2 Procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão Gráfico 11 – Distribuição proporcional dos procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão das vítimas de trauma internadas, HC/UFTM (2009). Procedimentos preconizados pelo ATLS Porcentagem 80 74,2 70 60 50 40 30 20 10 13,0 5,8 7,0 0 0 Abordagem da Ventilação e via aérea com respiração proteção da coluna cervical Circulação com controle de hemorragias Avaliação Exposição com neurológica controle de hipotermia Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Verificou-se a frequência de 74,2% (2.582) dos registros para a circulação com controle de hemorragias, seguido de 13,0% (452) desses para procedimentos relacionados à abordagem das vias aéreas com proteção da coluna cervical. Destaca-se que não se encontrou registros, no momento emergencial, de procedimentos relacionados à avaliação neurológica (Gráfico 11). 43 4.3.3 Categorias Profissionais e Especialidades Médicas Envolvidas Neste estudo verificou-se que 100% (1/572) das vítimas foram atendidas por médico e enfermeiro. O fisioterapeuta foi solicitado para atender 32,1% (505) das vítimas. Em porcentagens menores, foi também solicitado o assistente social para 9,7% (152) das vítimas de trauma (Tabela 5). Tabela 5 – Distribuição das vítimas de trauma, segundo os profissionais envolvidos durante a internação, HC/UFTM (2009). Profissionais Enfermeiro Médico Fisioterapeuta Assistente social Nutricionista Psicólogo Fonoaudiólogo N = 1.572 No. %* 1.572 1.572 505 152 71 13 03 100,0 100,0 32,1 9,7 4,5 0,8 0,2 *Porcentagem em relação às 1.572 vítimas. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). Dentre as especialidades médicas, a ortopedia foi a mais solicitada com 72,3% (1.136), seguida da cirurgia geral com 18,8% (296), da neurocirurgia com 13,7% (215) e a cirurgia plástica com 11,3% (178). Como alguns clientes ficaram mais tempo hospitalizados e necessitaram de internação em CTI várias outras especialidades médicas foram solicitadas, tais como neurologia, oftalmologia, clínica médica, cardiologia, entre outras (Tabela 6). 44 Tabela 6 – Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo as especialidades médicas envolvidas durante a internação, HC/UFTM (2009). N %* Especialidade Médica Ortopedia 1.136 72,3 Cirurgia geral 296 18,8 Neurocirurgia 215 13,7 Cirurgia plástica 178 11,3 Cirurgia torácica 74 4,7 Neurologia 74 4,7 Medicina intensiva 54 3,4 Oftalmologia 52 3,3 Cirurgia vascular 31 2,0 Infectologia 27 1,7 Otorrinolaringologia 27 1,7 Clínica médica 27 1,7 Urologia 25 1,6 Cardiologia 25 1,6 Endocrinologia 15 1,0 Ginecologia 12 0,8 Nefrologia 11 0,7 Hematologia 9 0,6 Psiquiatria 7 0,4 Nutrologia 6 0,4 Cirurgia do aparelho digestivo 5 0,3 Coloproctologia 3 0,2 Gastroenterologia 3 0,2 Reumatologia 1 0,1 * Porcentagem em relação às 1.572 vítimas. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.3.4 Quantidade e tipo de cirurgias realizadas Em relação à quantidade de cirurgia realizada por cliente (Tabela 7), verificouse que 79,8% (1.255) das vítimas foram submetidas a um (01) procedimento cirúrgico. A média de cirurgia por cliente foi de 1,6. Aponta-se que 20,2% (317) desses traumatizados não se submeteram a procedimento cirúrgico. Dentre as vítimas que sofreram intervenção cirúrgica, 74,5% (968) foram da especialidade de ortopedia, a seguir 9,2% (119) fizeram cirurgias com a plástica (Tabela 7). 45 Tabela 7 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o tipo e a quantidade de cirurgia realizada, HC/UFTM (2009). Variáveis Cirurgias realizadas Ortopédicas Plásticas Neurológicas Abdominais Torácicas Outras Total N % 968 119 72 62 47 32 1.300* 74,5 9,2 5,5 4,8 3,6 2,4 100,0 Quantidade de cirurgia por cliente Nenhuma 317 20,2 Uma 1.167 74,2 Duas a seis 88 5,6 Total 1.572 100,0 *Excluídos os 54 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva Adulto Neste estudo, verificou-se que as 1.572 vítimas permaneceram no HC/UFTM por uma média de 7,0 dias (d.p.: 10,0 dias), sendo que o período de internação apresentou variação de menos de 24 horas a 146 dias. Dessas vítimas, 9,6% (151) necessitaram de internação em CTI, (Gráfico 12). Nessa unidade de internação as vítimas ficaram em média 13,2 dias (d.p.: 13,6 dias), amplitude de 1 a 86 dias. 46 Gráfico 12 - Distribuição porcentual das vítimas de trauma internadas que necessitaram de Terapia Intensiva, HC/UFTM (2009). Internação no Centro de Terapia Intensiva Porcentagem 90,4% 100 80 60 40 9,6% 20 0 Não Sim Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência Dentre os clientes referenciados para o HC/UFTM, 89,6% (1246) das vítimas de trauma foram contrarreferenciadas no momento da alta. Dessas, 98,5% (1.227) foram encaminhadas ao Ambulatório Maria da Glória (AMG) e 1,5% (19) dos clientes foram para outras unidades pertencentes à rede básica de saúde (Tabela 8). Destaca-se que contrarreferência. em 11,5% (181) dos prontuários não foi registrada a 47 Tabela 8 – Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo a realização e local de contrarreferência, HC/UFTM (2009). Variáveis N=1.572 No. % Contrarreferência Realizada Não realizada Total 1.246 145 1.391* 89,6 10,4 100,0 Instituição de contrarreferência Ambulatório Maria da Glória Outra 1.227 19 98,5 1,5 Total 1.246 100,0 *Excluídos os 181 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009). 4.3.7 Custo faturado O custo faturado pela instituição em decorrência das internações no Hospital de Clínicas foi em média de R$ 1.487,07 por vítima de trauma (d.p.: R$ 2.798,20), com amplitude de R$ 40,38 a R$ 34.025,55. 48 5 DISCUSSÃO É fundamental a aplicação de estratégias eficazes no tratamento e prevenção do trauma na cidade de Uberaba, micro-região e no HC/UFTM. É necessária a aplicação de ferramentas para a elaboração de plano de assistência integrada com demais serviços de atendimento aos traumatizados em toda a região, por meio da qual toda a sociedade será beneficiada, diferentemente do modelo atual, onde o atendimento é fragmentado e a prevenção não é priorizada. Nesse contexto a epidemiologia é uma ciência fundamental para o conhecimento do diagnóstico situacional da comunidade e melhoria dos indicadores de saúde. Diante do exposto, tem-se com a esta pesquisa a finalidade de fornecer subsídios para a implementação do atendimento hospitalar da vítima de trauma e sua prevenção. 5.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS Informações sociodemográficas da população são importantes para a identificação dos grupos mais expostos aos agravos à saúde e para proporcionar subsídios às políticas socioeconômicas e de saúde. Dessa forma, é possível demonstrar as necessidades de cada serviço, a distribuição desses eventos de acordo com a região e suas peculiaridades, com objetivo de melhorar a assistência oferecida ao cliente. Em 2009, mesmo ano deste estudo, o número de brasileiros era de 191.481.045, sendo que 50,9% (97.430.444) eram mulheres e 49,1% (94.050.601) homens, com uma diferença de 1,8% (BRASIL, 2009b). Ainda em 2009, no HC/UFTM, 1.572 pessoas necessitaram de internação hospitalar por terem sido vítimas de trauma e a grande maioria era do sexo masculino. O aumento dos índices de morbi-mortalidade no sexo masculino tem sido motivo de preocupação no Brasil e na data de 27 de agosto de 2009, após a observação que essa situação se constituía em problema de saúde pública, lançouse a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem, com intuito de estabelecer ações educativas e promover o acesso dessa população aos serviços de saúde (BRASIL, 2008). 49 No diagnóstico realizado pela equipe do Ministério da Saúde, o homem está mais exposto às doenças, tais como, as doenças isquêmicas – a primeira causa de morte, as doenças cerebrovasculares – segunda causa de morte – e, a seguir, em terceiro lugar, os homicídios. De maneira geral, o homem está muito envolvido na violência, seja como autor ou como vítima, utiliza mais tabaco e álcool e, ainda, o sedentarismo está mais presente nesse sexo (BRASIL, 2008). Diante disso, a cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são homens. Em cada cinco pessoas que morrem de 20 a 30 anos, quatro são homens, nesse contexto, dentre as mortes no país, os homens perfazem 60%. (BRASIL, 2008). Em relação à morbidade, os homens ocupam as maiores porcentagens, e, em 2010, as internações por causas externas, no sexo masculino, representaram 70,5% (BRASIL, 2008). A questão cultural tem muita interferência nesses dados, tendo em vista que o homem, geralmente, assume posições de controle, de chefia e de riscos. O aspecto comportamental interfere na saúde humana e, portanto, é relevante considerar o estilo de vida de cada sexo, que se diferenciam em vários aspectos (LAURENTI; MELLO JORGE; GOTLIEB, 2005). Segundo Santos et al. (2008) nos acidentes de motocicleta destacam-se a predominância do sexo masculino, com percentual de 86,0%. Esse reforça a questão de maior exposição do homem aos riscos de traumatismos, pois em sua maioria são os condutores de veículos e acrescenta que muitos homens aprendem a dirigir antes de obter a carteira nacional de habilitação. Vasconcelos e Riberto (2011) confirmaram a prevalência masculina (82,0%) na exposição às fraturas da coluna vertebral e considera esse fato uma característica cultural masculina, destaca-se a exposição do homem às atividades de risco e ao seu comportamento desafiador. Em contrapartida, Macedo et al. (2008) descreveram que há aumento de traumas no sexo feminino e menciona que as mulheres estão envolvidas com atividades que anteriormente somente o homem exercia. Segundo os autores, a mulher, em algumas situações, tem uma profissão além das atividades domiciliares e, por isso, com as atividades laborais da atualidade, está igualmente exposta ao trânsito, às agressões físicas e demais atividades de risco. Apesar dessa consideração, em seu estudo, foi verificado que 72,8% das vítimas de traumas faciais eram do sexo masculino. 50 Ressalta-se que a diversidade de tipo de traumatismos associado à modernidade, que cada vez mais expõe o ser humano às grandes lesões, por variados mecanismos do trauma, pode modificar essa situação. A inserção da mulher no mercado de trabalho, nas atividades esportivas, acrescido ao estresse em exercer também os papéis de mãe, esposa e muitas vezes chefe do núcleo familiar pode modificar, ao longo do tempo, os números de traumatismos em relação ao sexo. Em relação à faixa etária, no ano de 2009, houve 739.932 internações no Brasil por causas externas, sendo que 59,6% estavam entre 20 a 49 anos, bem como os 57,5% no mesmo período e idades, em Minas Gerais (BRASIL, 2009a). Nesta pesquisa, 59,1% das vítimas de trauma estavam nessa faixa etária. A faixa etária que abrange os adultos jovens e adultos é mais acometida nos diversos traumatismos (CRUVINEL NETO; DEDIVITIS, 2011, SILVA et al., 2011; STOLZ et al. 2011) os resultados foram similares ao deste estudo em que os adolescentes somados aos adultos perfazem 79,9% e os idosos 20,1%. Os dados acima reforçam a necessidade de iniciar atividades de prevenção do trauma cada vez mais cedo. Ao considerar as vítimas de 14 anos de idade encontradas, constata-se a necessidade, desde a infância, de atividades educativas por pais e instituições escolares e governamentais. Ações que orientem os futuros adultos sobre a importância desses agravos e de suas consequências e, ainda, que incentivem atitudes seguras nos cidadãos e sua postura responsável na sociedade. As crianças veem os adultos como exemplos e esses reforçam situações inapropriadas para a formação de um adulto consciente de sua importância dentro do coletivo. A cor da pele é um dado difícil de ser obtido no momento emergencial, visto que o cliente é encaminhado diretamente a uma sala de atendimento. Geralmente quem oferece essa informação é um familiar ou acompanhante em situação de estresse ou constrangimento. No ano de 2008, quase a metade da população brasileira era de cor branca (BRASIL, 2009a). Neste estudo verificou-se que 64,1% da população estudada eram de cor branca. Carvalho e Bez Júnior (2004) verificaram a predominância de 67,0% da cor branca em atendimentos pré-hospitalares e Luz et al. (2011) verificaram a predominância da cor não branca em sua pesquisa com percentual de 69,6%. Em 51 casos de violência notificados, em um período de 10 anos, verificou-se que 39,7% eram brancos (MASCARENHAS et al., 2011a). Existe uma dificuldade de caracterização correta da cor da pele/etnia. A miscigenação existente neste país é relevante, o que dificulta a classificação das vítimas de trauma por cor da pele. Ressalta-se que a cor da pele não é um dado que interfere diretamente no trauma ou na assistência prestada. A escolaridade das vítimas de trauma estudadas foi baixa, sendo que 52,5% possuíam o 1º grau incompleto e 14,2% eram analfabetos, o que totaliza 66,7%. Não foram encontradas vítimas de trauma com 3º grau, mesmo que incompleto. Observou-se, ainda, que em 120 casos esse dado não foi informado, ou seja, menos de 10% da população estudada. Martins Júnior, Keim e Santa Helena (2010) verificaram que 61,7% das vítimas de trauma facial que necessitaram de cirurgia tinham o ensino fundamental. Mascarenhas, Azevedo e Novaes (2010) verificaram que 43,33% das vítimas com lesões musculoesqueléticas possuíam ensino fundamental incompleto. Pode-se supor uma relação entre vítimas de trauma e baixa escolaridade, principalmente quando os mesmos estão ligados às situações de violência, mas ressalta-se que o trauma está presente em todas as classes sociais, ainda que em proporções distintas. A diferença pode estar nos mecanismos do trauma, que são características de alguns perfis de vítimas. Considera-se que a instituição estudada constitui-se em hospital de ensino, com os inconvenientes que a situação de ensino acarreta para os clientes, além de atender exclusivamente pelo SUS. Esses fatores permitem supor que pessoas com maior poder aquisitivo – e, também, maior escolaridade – recorram a outros serviços, quando possível. A procedência dos clientes era Uberaba em 92,3% das situações e os demais oriundos de outras cidades da microrregião. Destaca-se que dentre todas as cidades circunvizinhas Uberaba é a maior delas, com um número populacional igualmente superior, o que permite supor, uma maior exposição ao trauma e por consequência a presença de vítimas graves, ao contrário, cidades de pequeno porte, podem também ter vítimas de trauma, porém com menor complexidade, o que possibilita o atendimento dentro dos próprios recursos de atenção à saúde. É necessário esclarecer que a verificação da cor da pele, escolaridade e procedência, no momento emergencial é difícil, pois enquanto o cliente é atendido, o acompanhante, que está em situação de estresse, pode não oferecer a informação 52 correta. Por fim, deve-se considerar as limitações do serviço na coleta da informação ou na conferência dos dados já cadastrados no computador em internação prévia do cliente nos resultados encontrados. 5.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO Na descrição dos mecanismos do trauma (Tabela 2), a queda assume o primeiro lugar com 35,1% (481) das vítimas. Em segundo lugar, os acidentes motociclísticos atingiram 23,6% (323) das vítimas, seguidos por 8,9% (122) das vítimas de acidentes automobilísticos. Gawryszewski, Koizumi e Mello-Jorge (2004, p. 1002) “mostram que o perfil das causas externas difere quando visto das ópticas da mortalidade e da morbidade” e acrescenta que os transportes terrestres interferem nos dados de mortalidade e morbidade, ao contrário, as quedas são responsáveis por mais da metade das internações e os homicídios pelos altos números de óbitos. Os autores reforçam a necessidade de prevenção e controle desses mecanismos através de políticas públicas. Verifica-se a necessidade de novos estudos sobre a queda na instituição pesquisada, pois consistiu no mecanismo do trauma que acometeu mais de um terço dos clientes. É importante ressaltar que, nos prontuários, esse mecanismo foi descrito de forma generalizada, sem discriminação do tipo ou situação em que ela ocorreu. Parreira et al. (2010) ressaltaram a importância de valorizar esse mecanismo e reforça a necessidade de aprofundamento sobre o tema. No período de 2000 a 2010 observou-se que a morbidade por causas externas teve um aumento progressivo e diferentemente, quanto observado o número de internações, as doenças cardiovasculares permaneceram-se constantes e as doenças respiratórias apresentaram redução dos índices no mesmo período. Destaca-se que ao longo de 10 anos, o risco de internação por queda manteve-se elevado, ultrapassou 15 internações por 10 mil habitantes. Dentre as causas externas, a queda assumiu 39,1% das internações hospitalares (MASCARENHAS et al., 2011a). Nesta pesquisa foi realizado o agrupamento dos acidentes motociclísticos, automobilísticos, ciclísticos e os atropelamentos, os quais se configuram nos acidentes de trânsito e representaram a causa de trauma para 41,3% dos clientes. 53 O Brasil tem um dos trânsitos mais violentos do mundo e, em 1998, buscouse modificar essa situação com a implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito, mas infelizmente a taxa de mortalidade manteve-se estável, não diminuiu as mortes e incapacidades (BACCHIERI; BARROS, 2011). Dentre esses acidentes, o motociclístico apresentou frequência de 57,2%. Bacchieri e Barros (2011) relacionaram o aumento da aquisição de motocicletas, que são mais acessíveis financeiramente à população de baixa renda, a facilidade de transporte desse veículo no trânsito congestionado, à maior exposição do condutor e do passageiro a diversas lesões. Soares et al. (2011) estudaram a frequência desses acidentes entre os motoboys e detectou que quase 40% haviam sofrido ao menos um acidente no período de um ano e relataram que, entre esses trabalhadores, a reincidência é comum, sendo que 39,6% das vítimas informaram mais de um acidente. Em estudo realizado, verificou-se a ocorrência de risco de internação no período de 2000 a 2010, no caso de internação por acidente motociclístico verificouse um aumento de 243,1% e atingiu 3,7 internações por 10 mil habitantes. No Brasil um veículo que era usado como esportivo tornou-se meio de locomoção e veículo importante no mercado de trabalho ao longo dos anos o que resultou em aumento considerável da frota nacional, a motocicleta (MASCARENHAS et al., 2011a). Essa tem vantagens para o condutor, principalmente para pessoais de baixo poder aquisitivo, em contrapartida, expõe o indivíduo a colisões e lesões corporais devido as características do próprio veículo. Ressalta-se que em uma colisão de motocicleta não há proteção como em um automóvel, assim é o corpo do motorista que serve de anteparo e é frequentemente atingido, pois associado à velocidade o corpo humano não suporta a transferência de energia. Nesse novo agrupamento, o segundo mecanismo do trauma foram as vítimas de queda, agora com 35,1% dos clientes. Parreira et al. (2010) descreveram a importância de valorizar o mecanismo do trauma, pois em queda da própria altura pode se encontrar lesões graves ou leves mas clinicamente ocultas, o que piora o prognóstico. Refere que esse problema não é exclusivo dos idosos, apesar de preocupante nessa faixa etária, o que comprova a necessidade de novos estudos sobre o tema. 54 Nesta pesquisa, em segundo lugar dentre os acidentes de trânsito, destacaram-se os acidentes automobilísticos, com a porcentagem de 21,6%. Duarte, Souza e Bonfim (2010) verificaram 77,7% de acidentes automobilísticos e, desses, 35,0% apresentaram lesões graves, onde a maioria (53,0%) tiveram sequelas e, dessas, 30,3% foram lesões gravíssimas. A violência interpessoal foi detectada como o mecanismo do trauma em 14,2% das vítimas, sendo que o espancamento atingiu 35,5% das vítimas de violência interpessoal. Silveira, Iwamoto e Miranzi (2009) relataram em seu estudo, com vítimas notificadas por órgão competente que, a grande maioria (94,7%), sofreu lesão física por aplicação de força. Miranda, Paula e Bordin (2010, p. 301) relataram em pesquisa sobre violência conjugal, que mulheres sofrem lesões por mecanismo direto, relacionadas a “agressões físicas com ataques repetidos ou de alta intensidade que causam traumatismos (fraturas, hemorragias e deformidades físicas) ou problemas crônicos (dor crônica e osteoartrite)”. O impacto das políticas de desarmamento no ano de 2004 não conseguiu reduzir as taxas de homicídios no Brasil. Internacionalmente, o país ocupava, naquela data, o quarto lugar no mundo, e apresentava a taxa de 27 homicídios para 100.000 habitantes (WAISELFISZ, 2007). Zandomenighi, Martins e Mouro (2011) relataram que as armas de fogo são geradoras de grande morbi-mortalidade no país. O Brasil ocupa os primeiros lugares no contexto mundial. A lesão que atinge áreas nobres do corpo pode levar a vítima a óbito e naquelas em que o ferimento atinge os membros e abdome causa o aumento da morbidade. Nesta pesquisa, dentre as violências interpessoais, o ferimento por arma de fogo atingiu 30,4% das vítimas de trauma, 28,9% foram vítimas de ferimentos por arma branca e as agressões físicas foram constatadas em 5,2% da população de estudo. Cruvinel Neto e Dedivitis (2011) em estudo sobre ferimentos cervicais penetrantes, relataram que esse tipo de traumatismo, seja por arma de fogo ou arma branca, demonstra um aumento da violência, e consideravam que o mesmo era visto em épocas de guerra, e hoje, comumente é encontrado em área urbana. Os autores detectaram, em sua pesquisa, 49,72% de vítimas por arma de fogo e 43,59% por arma branca. Campos et al. (2011) referiram que é fundamental o conhecimento epidemiológico dos traumas ocorridos, considerando que o homicídio demonstra uma forma cruel de aniquilamento do outro. Em pesquisa no município da região 55 nordeste, os autores observaram que a arma de fogo foi o instrumento mais utilizado para os homicídios e, ao analisar as causas, verificaram que o motivo da agressão observado mais frequentemente entre os homens foi o motivo fútil e, entre as mulheres, o motivo passional. É necessário mais estudos na instituição para verificação dos tipos de quedas e suas causas, com intuito de promover ações preventivas, que possam ser colocadas em prática no domicílio, em lugares recreativos e até instituições cuidadoras, tais como, orfanatos e asilos. Da mesma forma, essas ações devem abranger os motociclistas, para que sejam solicitadas mudanças de atitude e na característica do veículo, assim como, nos equipamentos de segurança. Para tanto, destacam-se a importância dos estudos descritivos e dos sistemas de dados e informação de vigilância epidemiológica. Ao discriminar as áreas corporais lesadas, verificou-se que os membros inferiores foram mais atingidos (30,2% - 758) que os membros superiores (23,0% 576). Seguiu-se, a face foi atingida em 13,1% (327) das vítimas de trauma e o crânio, em 11,8% (296). Quando realizado agrupamento, pode ser verificada a frequência de 53,3% para as lesões nas extremidades e de 24,9% lesões na cabeça/face. Pereira Júnior et al. (2009) verificaram que na unidade de emergência de um hospital universitário, a área corpórea mais lesada foi a extremidade, representou 22,6% (541) dos casos no ano de 2006 e 28,8% (556), no ano de 2007, seguida por cabeça/pescoço/face, com percentual de 17,6% (423) no ano de 2006 e 20,4% (394), no ano de 2007. Verifica-se, assim, que esses resultados foram similares sob o aspecto de áreas mais lesadas. Destacou-se, porém, que nesta pesquisa foram constatados percentuais mais elevados, especialmente em relação às extremidades. É necessário relativizar esses dados, dadas as características de cada região e, também, a diferença ano após ano. Contudo, destaca-se a importância das lesões de extremidades no atendimento à vítima de trauma, as quais são comumente encontradas em decorrência dos principais mecanismos do trauma encontrados, tais como, acidentes motociclísticos e quedas. Na cidade de Goiânia, Sado, Morais e Viana (2009) verificaram que as lesões mais frequentes em motociclistas eram de extremidades, com 53,3% das vítimas, o que foi justificado por ser a região do corpo mais exposta e susceptível às graves 56 lesões, diferentemente na cabeça, que está mais protegida pelo capacete, hoje um equipamento de segurança obrigatório. Acrescenta-se que, além dos equipamentos de segurança exigidos por lei para os condutores e passageiros de veículos automotores, faz-se necessária a orientação sobre o uso frequente dos mesmos e exigência de uso de outros protetores para mais regiões do corpo nos motociclistas e não somente a cabeça. Koizumi (1992) detectou igualmente um percentual maior de lesões de extremidade (41,7%), sendo 31,4% vítimas de fraturas. Em menor porcentagem, as vítimas apresentavam lesões na cabeça (32,2%). Esse estudo, naquela década, já descrevia as mesmas lesões em vítimas de acidentes de moto e até hoje esses números não reduziram, e reforça hoje a importância de atitudes preventivas em relação a esse mecanismo do trauma. Destaca-se que apesar das lesões de extremidades, de modo geral, sejam consideradas de baixa ou média gravidade, às vezes necessita de procedimentos cirúrgicos e frequentemente de imobilizações prolongadas, seguidas de tratamento fisioterápico para total recuperação da vítima, e acarreta custos econômicos e sociais e consequências psicológicas, vista que o traumatizado se torna dependente na realização de atividades diárias mínimas. Ou ainda, em pior situação, pode haver amputações, sequelas irreversíveis ou morte. Dentre as 1.572 vítimas pesquisadas 63,0% (989) tiveram como motivo de internação as lesões de extremidades, totalizou quase 2/3 das indicações de internação, sendo que os traumatismos de joelho e perna isoladamente assumiram o percentual de 21,2% (334). Os traumatismos de cabeça constituíram-se na segunda causa de internação, com o percentual de 18,3% (288). Em São José dos Campos verificou-se a morbidade hospitalar por causas externas e constatou que as fraturas, em todos os tipos de causas de internação, foram as lesões mais encontradas, sendo que, nos acidentes de transporte “os traumatismos intracranianos foram a segunda principal causa de internação”. Em seu estudo, as fraturas de perna e fêmur e traumatismos intracranianos foram as lesões mais encontradas em vítimas de acidentes motociclístico (MELIONE, 2006, p. 135-136). É interessante considerar que, no senso comum, supõe-se que a causa de internação de vítimas de trauma decorreria predominantemente de lesões em áreas tidas como nobres ou vitais ou, ainda, dos casos de politraumatismos, contudo 57 constata-se que numericamente as lesões de cabeça foram menos expressivas e os casos de politraumatizados somaram 2,2% (Gráfico 6). Quanto à alta hospitalar a grande maioria 87,7% (1310) das vítimas internadas saíram em boa condição de recuperação. Destaca-se que foram a óbito 5,6% (86) das vítimas de trauma. Acrescenta-se que muitas vezes o cliente recebe alta hospitalar com boa recuperação, porém não significa o restabelecimento integral do indivíduo. A condição mencionada implica, como já referido, “em reassumir uma vida normal, embora possam ocorrer déficits neurológicos e/ou motores de pequena monta” (PAGNANO, 2005, p. 43). Alves et al. (2009, p. 158) destacaram importante reflexão sobre o objetivo principal do atendimento ao trauma, referiram-se que esse “passa a ser, além da manutenção da vida do paciente, o seu retorno à sociedade em condições de capacidade e funcionalidade, as mais próximas possíveis da sua condição prétrauma”. Paiva (2009, p. 47) observou que o momento do trauma “marca uma ruptura no modo de viver, de trabalhar e na posição social em que estão inseridos”. Ressalta-se que não foi objetivo desta pesquisa conhecer a qualidade de vida dos clientes ou mesmo verificar as repercussões posteriores ao evento traumático no individuo ou na sociedade, mas é importante destacar que somente os dados de mortalidade em decorrência desses agravos não refletem a realidade complexa que um cliente traumatizado vivencia. É preciso considerar todas as consequências do mesmo, abrangendo o período em que são priorizados os fatores biológicos – do atendimento pré-hospitalar até a alta – e o período posterior à alta hospitalar, quando será possível conhecer as conseqüências sociais, econômicas, psicológicas, entre outras. 5.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO: O atendimento ao trauma exerce grande impacto na gestão hospitalar, pois cada vítima exige estrutura diferenciada no setor de emergência, considera-se as características socioeconômicas e culturais da população atendida em cada região. Esses fatores interferem na quantidade e qualidade dos recursos humanos e materiais, que devem ser apropriados e estarem disponíveis diariamente e a qualquer hora do dia, pois não há previsão do momento em que ocorrerá a admissão de um cliente vítima de trauma. 58 Em relação ao mês de admissão, constatou-se a média de 131 clientes/mês. Observa-se que a variação entre os meses de maior e menor ocorrência foi de dois (02) pontos percentuais, sendo que o mês de setembro apresentou o menor percentual de admissões, com 7,2% (113), e o mês de junho, ao contrário, o maior percentual de admissões de traumatizados com 9,2% (144). Alves (2010) estudou o número de atropelamentos no sul do país e verificou que os meses de maior incidência de atropelamentos ocorreram no trimestre de abril a junho e os menores índices foram detectados no trimestre de janeiro a março. Campos et al. (2011) descreveram que a maior incidência de óbitos por homicídio em Petrolina foram nos meses de Janeiro (11,6%), dezembro (10,8%) e outubro (10,1%). Cabral et al. (2010) relataram que o maior número de atendimentos realizados pelo serviço móvel de urgência foram nos meses de fevereiro (10,2%) e abril (9,6%) no ano pesquisado. Nesta pesquisa percebe-se que os meses de maior ocorrência coincidem com o final de semestre letivo ou a proximidade com os períodos usuais de férias, o que talvez possa estar relacionado ao cansaço e ao estresse, e torna as pessoas mais suscetíveis às diversas possibilidades de traumatismo. Contudo, aponta-se que neste estudo não foram especificadas as peculiaridades de cada trauma, o que talvez permitisse supor as situações que propiciaram sua ocorrência. Em relação ao dia da semana, observa-se que a variação entre aqueles de maior e menor ocorrência foi de 4,7 pontos percentuais, sendo que a quarta-feira apresentou o menor valor, com 12,3% das admissões, e o domingo, o maior, com 17,1%. Souza, Mortean e Mendonça (2010) verificaram que durante a semana, considerados os dias: segunda, terça, quarta e quinta-feira, os acidentes de trânsito acumularam a maior proporção. Acrescentaram, porém, que no fim de semana – sexta, sábado e domingo – foi observado o maior número de vítimas fatais e, quando verificados os dias individualmente, constataram que o sábado apresentava o maior número de óbitos e de acidentes. Campos et al. (2011) mencionaram a ocorrência de maior número de violência por homicídio nos sábados e domingos. Alves (2010) observou maior número de atendimentos às vítimas de violência ou acidentes nas quartas e quintasfeiras. É importante ressaltar que o dia da semana também pode variar conforme a população do estudo e das características socioeconômicas e culturais de cada 59 região. Assim, se neste estudo o dia da semana foi categorizado conforme os mecanismos do trauma seriam observados resultados diferentes. De forma geral, esta pesquisa demonstra um número de admissões crescente a partir da quintafeira, atinge o máximo no domingo, declina a partir da segunda-feira até a quarta feira. Quanto ao horário de admissão do cliente, constatou-se o maior percentual de ocorrências no período da manhã, com 32,1%, seguido em valores decrescentes, os períodos da tarde, do início da noite e da madrugada. Oliveira e Sousa (2011) verificaram que 36,5% dos acidentes motociclísticos aconteceram no período correspondente ao horário de 12 horas às 17h59min. Alves et al. (2009) encontraram maior frequência de atropelamentos no fim de tarde e início da noite, entre 18 e 20h59min, similar ao estudo de Campos et al. (2011), que verificaram 46,8% das ocorrência no período das 18 às 24 h. É importante lembrar que este estudo inclui todos os mecanismos do trauma e não apenas acidentes de trânsito e, como já referido, aponta-se que os dados relativos à hora de admissão do cliente registrados neste estudo são referentes à hora da internação e não à hora do evento traumático. Quanto à realização de procedimentos no atendimento a vítima de trauma é fundamental criar um sistema de organização. Scarpelini (2007) relatou que existem dúvidas sobre o melhor modelo de organização do sistema de urgência, mas não contesta essa necessidade e ainda, ressalta que o Brasil precisa desenvolver um, pois independente do padrão existente, esse sempre trará bons resultados. O sistema de atendimento à pessoa vítima de trauma utilizado no HC/UFTM ATLS - visa assegurar que ações primordiais à vida do cliente sejam empregadas oportuna e adequadamente. O núcleo do ATLS institucional capacita médicos da região e todos os residentes da instituição, por isso acredita-se que os traumatizados são atendidos seguindo essa sistematização. O ATLS apresenta didaticamente uma abordagem mnemônica de atendimento, o chamado ABCDE, um método sequencial de procedimentos e ações a serem adotadas para todos os traumatizados (COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES, 2008). Ao considerar as anotações realizadas nessa instituição, temse um atendimento com a seguinte sequência: CAEB e ausência do D. Destaca-se que por meio da observação da totalidade dos registros dos procedimentos realizados no atendimento emergencial, detectou-se que é muito 60 valorizada a anotação dos procedimentos pertencentes ao terceiro momento do atendimento, ocasião em que é realizada a avaliação da “circulação com o controle das hemorragias” (grifo nosso). Essas ações foram anotadas em 74,2% dos prontuários. Ressalta-se a ausência de registros do atendimento emergencial sobre a avaliação neurológica, o que, em princípio, permite o questionamento sobre sua realização. Diante desses dados, faz-se necessário apontar que é fundamental executar abordagem das vias aéreas como primeiro passo no atendimento da vítima de trauma, com vistas a assegurar sua função vital mais básica. Azevedo (2010, p. 78) relatou que “durante a avaliação primária do paciente traumatizado em todos os casos observados, as vias aéreas foram avaliadas em primeiro lugar pela equipe de saúde”. Monte Alto (2007, p. 55) destacou “a fundamental importância dos cuidados imediatos de avaliação e reanimação preconizados pelo método”. Descreveu que a implantação do programa do ATLS, em cidade do interior de São Paulo, “revelou um impacto positivo sobre o índice de mortalidade global, atestando sua efetividade no atendimento ao trauma” e, ainda, concluiu ter havido “redução da mortalidade nos primeiros 60 minutos após a chegada do paciente”. Azevedo (2010, p. 95) reforçou que “a realização de uma abordagem assistencial articulada às atividades gerenciais de organização do atendimento ao paciente” propiciam melhor qualidade da assistência ao usuário do serviço. Diante disso, ressalta-se que todas as intervenções preconizadas pelo método ATLS devem ser registradas no prontuário do cliente pela equipe de saúde, visto que todas as anotações contribuem para a análise da evolução do cliente, assim como assegura a qualidade da assistência prestada em situações jurídicas e auditorias, além de promover condições para atividades de ensino, pesquisa e extensão. A informação escrita é fundamental para o cliente e para a instituição em todos os aspectos. De modo geral, o traumatizado é um cliente que exige atendimento especializado e por várias categorias profissionais e, durante o processo de internação, a equipe de saúde deve estar preparada para assumir todos os procedimentos. Nesse sentido é importante equipar uma sala de emergência com materiais apropriados, além da previsão e provisão de recursos humanos, suficientes para suprir as demandas. 61 Com frequência, esses clientes sofrem consequências múltiplas em função do evento traumático que extrapolam o aspecto físico, mesmo não sendo politraumatizados precisam de avaliação global, para que suas necessidades sejam detectadas e para que seja assistido integralmente. O trabalho em equipe é muito importante nessas situações, pois o momento é emergencial e cada um contribui de forma especial e sincronizada para um atendimento eficiente. Neste estudo, verificou-se que 100,0% (1.572) das vítimas foram atendidas pela equipe de enfermagem e médica, o que era esperado por tratar-se de ambiente hospitalar. Destaca-se que, dentre todas as outras categorias profissionais, o fisioterapeuta foi o mais requisitado, porém apenas para menos de 1/3 dos clientes; o assistente social para menos de 10,0% deles e, surpreendentemente, o psicólogo para menos de 1,0% (Tabela 5). Ao considerar que esses dados se referem ao tempo de internação da vítima e que essas estavam internadas em um hospital universitário, infere-se que o atendimento ainda não é interdisciplinar. Os profissionais existem no hospital, mas no caso dos traumatismos, esses não estão envolvidos nas estratégias assistenciais a esses clientes. Dentre as especialidades médicas requeridas a ortopedia foi a mais solicitada, sendo que 72,3% (1.136) das vítimas receberam esse atendimento, seguido da cirurgia geral, neurocirurgia e cirurgia plástica (Tabela 6). Esses dados são condizentes com o mecanismo do trauma observado e a área corporal mais lesada, que foram queda e acidente motociclístico, com traumatismos nas extremidades. Ressalta-se que se trata de instituição de ensino, o que talvez explique o número de especialidades otorrinolaringologia, entre médicas outras, solicitadas, que apoiaram entre o elas, oftalmologia, atendimento desses traumatizados. Em um hospital sem essa peculiaridade, com certeza o número de especialidades médicas solicitadas seria menor, visto que um cirurgião geral, especialista em emergência, poderia atender a grande maioria das situações. Devese considerar que, se por um lado, esse tipo de abordagem aumenta o custo do tratamento, por outro, em princípio, traz benefícios para o cliente e o estudante. As cirurgias são um tratamento fundamental para a maioria das vítimas de trauma, e exige muitas vezes recursos materiais de custo elevado e profissionais habilitados para cada especificidade do traumatizado. Ressalta-se que devido à necessidade de cirurgia a maioria das vítimas ficou internada. 62 Dentre as vítimas internadas por trauma, aproximadamente 83,0% necessitaram de cirurgia e, em média, foram realizadas 1,6 cirurgias por cliente. Daquelas que se submeteram à intervenção cirúrgica, 74,5% (968) foram cirurgias ortopédicas, as demais especialidades cirúrgicas foram necessárias em porcentagens muito menores. Destaca-se que 5,6% dos clientes foram submetidos a mais de um procedimento cirúrgico, variando de duas a seis cirurgias, durante o período de internação (Tabela 7). De acordo com as estatísticas do HC/UFTM disponíveis pode ser confirmada a prevalência de cirurgias ortopédicas, as quais se sobressaíram às demais especialidades, nos anos de 2009 e 2010, visto que estas representaram 20,8% e 19,3% do total de cirurgias realizadas na instituição, respectivamente (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011). A permanência hospitalar no HC/UFTM obteve média de 7,0 dias, com desvio padrão de 10,0 dias, e o tempo de internação variou de menos de 24 horas a 146 dias. Alguns clientes 9,6% (151) precisaram de internação no CTI. A média do período de internação neste centro foi de 13,2 dias, com desvio padrão de 13,6 dias, variou de 1 a 86 dias. Nas capitais brasileiras verificou-se em 2010, média de permanência que variou de 3,5 dias (Belém) a 12 dias (Rio de janeiro) e em específico na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, a permanência hospitalar foi de 6,1 dias (MASCARENHAS et al., 2011a). O trauma de extremidades com necessidade de cirurgia, em específico, ortopédica, possibilitou um menor tempo de internação, porém exigiu um tempo maior para a reabilitação. Azevedo (2011) verificou que 39,4% das vítimas atendidas nas Unidades de Emergências por trauma e que foram notificadas pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica, permaneceram um tempo menor que 24 horas e 39,1% ficaram internados de 1 a 7 dias. Quanto ao sistema de referência e contrarreferência, o Ministério da Saúde promove estratégias para melhoria da assistência ao cliente, incentiva o usuário a procurar como “porta de entrada” os serviços de atenção básica. Dessa forma, as ações da equipe de saúde promovem, além de cuidados, orientação sobre os diferentes níveis de atenção. Quando isso não acontece pode ocorrer um fortalecimento do modelo clássico de assistência em saúde, aquele que enfatiza as 63 consultas e busca apenas a solução de problemas e deixa de lado a atenção integral ao indivíduo (MACHADO; COLOMÉ; BECK, 2011). Dentre as contrarreferências realizadas 89,6% (1246), verificou-se que 98,5% (1.227) foram encaminhadas ao ambulatório da própria instituição e 1,5% (19) foram encaminhadas para unidades da rede de atenção básica. Esse ambulatório atende a todas as especialidades e é campo de estágio para os cursos da UFTM, assim como de todas as especialidades de residência médica e multiprofissional. Percebe-se, assim, a necessidade de fornecer ao aluno a oportunidade de aprendizado nas áreas de atenção primária, secundária e terciária. Ou mesmo, que esse dê continuidade ao seu trabalho e acompanhe o cliente em sua evolução clínica. Contudo, verifica-se que não há uma integração dessa instituição de ensino com a rede básica de saúde. É preciso uma reorganização desses serviços, com incorporação dos fundamentos do SUS, integrar a assistência ao processo de formação profissional, e buscar a inclusão dos princípios de universalidade, equidade e integralidade no fazer dos profissionais que atuam nesse contexto. Mesquita et al. (2009, p. 276) verificaram o custo hospitalar ascendente por causas externas, nos anos de 2006 e 2007, com um percentual de 49,7% no primeiro e de 63,9%, no segundo ano. Apontaram que a razão que pode levar a esse aumento se deve ao grande consumo e equipamentos, materiais e medicamentos hospitalares, afirmando que “a grande maioria desses produtos é de baixa vida útil e elevados preços de aquisição” e ressaltaram que esses custos variam conforme o tipo de trauma e sua magnitude, assim como, o tempo de permanência hospitalar, esses fatores associados exigem assistência diferenciada e qualificada. O custo hospitalar no ano de 2010 das capitais brasileiras referente às 217.451 internações por causas externas foi de R$ 247,5 milhões. Esse valor oscilou de R$ 1,3 milhão em Macapá, para R$ 69,6 milhões em São Paulo, a média por cliente foi de R$ 1.138,13, e a amplitude foi entre R$ 772,63 em Macapá, e R$ 1.633,62 em Curitiba (MASCARENHAS et al., 2011a). Neste estudo o custo faturado das internações das vítimas de trauma oscilou de R$ 40,38 a R$ 34.025,55, sendo que a mediana ficou em R$ 643,80 e, a média, em R$ 1.487,07 com desvio padrão de R$ 2.798,1. É possível inferir que neste estudo o menor valor se justifica para as vítimas que por algum motivo foram dispensadas pelo médico, para retornarem em outro 64 momento; por aquelas que pediram alta para continuarem tratamento em outra instituição e pelos casos em que o óbito ocorreu rapidamente, situações essas que foram realizados poucos procedimentos. Ao contrário, o valor mais alto se justifica pelo preço de equipamentos e materiais utilizados no momento emergencial, mas principalmente durante os procedimentos cirúrgicos ou que precisaram de terapia intensiva. Destaca-se que no valor acima descrito não estão incluídos os valores gastos com pagamento de recursos humanos e encargos sociais. 65 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As vítimas de trauma internadas no Pronto Socorro Adulto do HC/UFTM, no ano de 2009, eram predominantemente do sexo masculino, adultos, em especial das décadas de vida mais jovens, de pele branca, com escolaridade inferior ao ensino fundamental completo e, procedentes de Uberaba. O principal mecanismo do trauma foi a queda, seguido do acidente motociclístico, que ocasionou lesões nas extremidades inferiores, as quais se constituíram no principal diagnóstico médico para indicar a internação. Destaca-se que, dentre os diagnósticos médicos, os politraumatismos foram pouco expressivos numericamente. Na alta hospitalar, 87,7% desses saíram em boas condições e da totalidade, 5,6% foram a óbito. Os meses de maior ocorrência de admissões coincidem com o final de semestre letivo ou a proximidade com os períodos usuais de férias. A variação entre os meses de maior e menor frequência – junho e setembro, respectivamente – foi de dois pontos percentuais. O domingo e o período da manhã apresentaram o maior número de admissões. Os procedimentos preconizados pelo ATLS mais frequentemente registrados na admissão foram aqueles referentes à circulação com controle da hemorragia. Os médicos e os enfermeiros estavam sempre presentes no atendimento ao cliente traumatizado. Porém, apesar da grande variedade de categorias profissionais disponíveis na instituição, não se constatou atendimento multiprofissional para a maioria dos clientes durante a internação, sendo que menos de um terço desses recebeu atendimento fisioterapêutico e menos de 1,0% deles, por psicólogo. Dentre as especialidades médicas requeridas, a mais frequente foi a ortopedia que, do mesmo modo, foi responsável pela realização da maioria das cirurgias. Destaca-se que 5,6% dos clientes foram submetidos a mais de um procedimento cirúrgico, variando de duas a seis cirurgias. A permanência hospitalar variou de menos de 24 horas a 146 dias e, para aqueles clientes que necessitaram de terapia intensiva (9,6%), essa variação foi de 1 a 86 dias. A média foi de 7,0 dias (d.p.=10,0 dias) e de 13,2 dias (d.p.=13,6 dias), respectivamente. Dos clientes contrarreferenciados (89,6%), quase a totalidade foi encaminhada ao ambulatório da própria instituição, para acompanhamento após a 66 alta hospitalar. O custo faturado teve mediana de R$ 643,80, com amplitude de R$ 40,38 a R$ 34.025,55 na internação hospitalar. Ressalta-se a alta frequência de falhas de anotação nos prontuários estudados. A informação escrita é fundamental e obrigatória, mas, ao contrário disso, alguns registros estavam incompletos, ilegíveis ou inexistentes. A realização de anotações permite adequada avaliação da condição clínica da vítima de trauma, assegura a qualidade da assistência prestada em situações jurídicas e auditorias, bem como, promove um instrumento apropriado para atividades de ensino, pesquisa e extensão. Neste estudo, aponta-se que o indivíduo vítima de trauma tem a qualidade de vida alterada, e essa situação também promove impacto considerável na sociedade e na gestão hospitalar. A universidade tem papel fundamental nessa problemática que precisa ser desenvolvido junto à sociedade, em particular nos enfoques da prevenção e da produção de conhecimento na área. Nesse contexto, destaca-se a relevância da implementação local das políticas públicas de atenção à saúde, especialmente aquelas referentes à saúde do homem e às urgências, para promover a integração da abordagem assistencial à preventiva, o que se constitui um caminho importante para a redução da morbi-mortalidade das vítimas de trauma. 67 REFERÊNCIAS ALVES, A. L. A. et al. Qualidade de vida de vítimas de trauma seis meses após a alta hospitalar. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 1, p. 154-160, fev. 2009. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rsp/v43n1/6952.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2012. ALVES, B. G.; SILVA, R. I.; ALMEIDA, M. S. (Org.). Manual para apresentação de trabalhos acadêmicos baseado nas normas de documentação da ABNT. Uberaba: UFTM, 2011. ALVES, E. F. Características dos acidentes de trânsito com vítimas de atropelamento no município de Maringá-Pr, 2005-2008. Revista Saúde e Pesquisa, Maringá, v. 3, n. 1, p. 25-32, jan./abr. 2010. 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Negra 1.4.3. Parda 1.4.4. Morena 1.4.5. Não Mencionado 1.5. Grau de instrução: 1.5.1. 1º Grau Completo 1.5.3. 2º Grau Completo 1.5.5. 3º Grau Completo 1.5.7. Analfabeto 1.5.2. 1º Grau Incompleto 1.5.4. 2º Grau Incompleto 1.5.6. 3º Grau Incompleto 1.5.8. Não Mencionado 2. Aspectos relacionados ao evento traumático: 2.1. Mecanismo do trauma: 2.1.1 Acidente Automobilístico 2.1.2. Acidente Motociclístico 2.1.3. Acidente Ciclístico 2.1.4. Acidente Esportivo 2.1.5. Queda 2.1.6. Atropelamento 2.1.7. Queimadura 2.2. Lesões Anatômicas (ISS): 2.2.1. Crânio 2.2.2. Face 2.2.3. Pescoço 2.2.4. Coluna Vertebral 2.2.5. Torax 2.2.6. Abdome ou conteúdo pélvico 2.3. Complicações na internação: 2.3.1. ISC (infecção de sítio cirúrgico) 2.3.2. Acesso Vascular (flebite) 2.3.3. ITU (infecção do trato urinário) 2.3.4. Cutânea (escara) 2.3.5. Sepse 2.3.6. BP (broncopneumonia) 2.1.8. Afogamento 2.1.9. Arma de Fogo 2.1.10. Arma Branca 2.1.11. Espancamento 2.1.12. Outros: _________________ 2.1.13. Não Mencionado 2.2.7. Baço 2.2.8. Extremidade superior 2.2.9. Extremidade inferior 2.2.10 Superfície externa 2.2.11. Outros: ________________ 2.2.12. Não mencionado 2.3.7. Outros: Quais? ___________________________ _________________________________ _________________________________ 2.3.8. Sem complicações 2.3.9. Não mencionado 74 2.4. Uso de cinto de segurança: 2.4.1 Sim 2.4.2. Não 2.4.3 Não mencionado 2.4.4. Não se aplica 2.5. Uso de capacete: 2.5.1 Sim 2.5.2. Não 2.5.3 Não mencionado 2.5.4. Não se aplica 2.6. Transporte pré-hospitalar e referenciamento: 2.6.1. Resgate 2.6.6. Centro Ortopédico – PMU 2.6.2. Samu 2.6.7. Ambulatório – HE 2.6.3. Viatura 2.6.8. Demanda Espontânea 2.6.4. Ambulância 2.6.9. SUSFÁCIL 2.6.5. Veículos próprios 2.6.10. UPA – ABADIA 2.6.11. UPA - RAFA SCAFF CECILIO 2.6.12. Sem referenciamento 2.7. Uso de substâncias psicoativas: 2.7.1. Sim 2.7.2. Não 2.7.3. Não mencionado 3. Aspectos relacionados à internação: 3.1. Hora da admissão no hospital: ____________________ 3.2. Dia da admissão no hospital: 3.2.1. domingo 3.2.3. terça 3.2.2. segunda 3.2.4. quarta 3.3. Mês da admissão no hospital: 3.3.1. Janeiro 3.3.4. abril 3.3.2. fevereiro 3.3.5. maio 3.3.3. março 3.3.6. junho 3.2.5. quinta 3.2.6. sexta 3.3.7. julho 3.3.8. agosto 3.3.9. setembro 3.2.7. sábado 3.3.10. outubro 3.3.11. novembro 3.3.12. dezembro 3.4. Diagnóstico (CID): 3.4.1. CID principal: _______________________________________________________ 3.5. Procedimentos preconizados pelo ATLS, realizados antes da chegada no hospital: 3.5.1. Colar cervical 3.5.6. Talas/gesso/imobilizações 3.5.2. Prancha longa 3.5.7. Outros: ______________________ ___________________________________ 3.5.3. Oxigenoterapia 3.5.4. Entubação 3.5.8. Não se aplica 3.5.5. Acesso venoso 3.5.9. Não mencionado 3.6. Procedimentos preconizados pelo ATLS, realizados na admissão: 3.6.1.Colar cervical 3.6.12.Acesso venoso periférico 3.6.2.Oxigenoterapia 3.6.13.Acesso venoso central 3.6.3.Oximetro de pulso 3.6.14.Soroterapia 3.6.4.Intubação 3.6.15.Sondagem gástrica 3.6.5.Cricotireoideostomia por punção 3.6.16. Sondagem vesical de demora 3.6.6.Cricotireoideostomia cirúrgica 3.6.17.Toque retal 3.6.7.Traqueostomia 3.6.18.Talas/gesso/imobilizações 3.6.8.Monitorização 3.6.19.Curativos/suturas 3.6.9.Drenagem torácica 3.6.20.Outros:________________________ 3.6.10.Pericardiocentese 3.6.21. Não se aplica 3.6.11.Lavado peritonial 3.6.22. Não mencionado 75 3.7. Cirurgias realizadas e quantidade: 3.7.1. Neurológicas 3.7.2. Torácicas 3.7.3. Abdominais 3.7.4. Ortopédicas 3.7.5. Plásticas 3.7.6. Outras: ______________ 3.7.7. Não mencionado 1x 2x 3x 4x 5x 1x 2x 3x 4x 5x 1x 2x 3x 4x 5x 1x 2x 3x 4x 5x 1x 2x 3x 4x 5x 3.7.8.Total: 1x 2x 3x 4x 5x Mais 3.7.9. Não se aplica 3.8. Tempo de permanência por unidade de internação: Unidade de Internação Período Número de Dias 3.8.1. UPSA ___ / ___ a ___ / ___ 3.8.2. CTI – UPSA ___ / ___ a ___ / ___ 3.8.3. CTI – A ___ / ___ a ___ / ___ 3.8.4. Enfermaria ___ / ___ a ___ / ___ 3.8.5. Dias de permanência no hospital: ______________________ 3.9. Categorias profissionais e especialidades médicas utilizadas: 3.9.1. Enfermeiro 3.9.9. Médico 3.9.2. Assistente Social 3.9.10. Especialidades médicas: 3.9.3. Psicólogo 3.9.4. Terapeuta Ocupacional 3.9.5. Fisioterapeuta 3.9.6. Fonoaudióloga 3.9.7. Nutricionista 3.9.8. Outros:____________________ 3.9.11. Não mencionado 3.10. Condições de alta: 3.10.1.Óbito 3.10.2.Estado vegetativo 3.10.3.Limitações graves (lesões que impossibilitam atividades físicas e mentais) 3.10.4.Limitações moderadas (viajar, trabalhar, disfasia, hemiparesia, déficit intelectual ou de memória) 3.10.5. Boa recuperação 3.10.6. Não mencionado 3.11. Custo Faturado pela internação: ________________________________________________________________________ 3.12. Serviços de contra – referência: 3.12.1. Sim 3.12.2. Não 3.12.3 Não mencionado Qual? 3.12.1.1.AMG 3.12.1.2.UPA 3.12.1.3.Outros ___________________________ 76 ANEXOS ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP 77 78