0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA
LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ
PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG
UBERABA (MG)
2012
1
LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ
PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Patologia, área de
concentração “Patologia Geral”, da
Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, como requisito parcial para a
obtenção do Título de Mestre em
Patologia.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema
Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Carolina
D’Arelli de Oliveira
UBERABA (MG)
2012
2
Catalogação na fonte:
Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
V495p
Vaz, Luciana Ferreira dos Santos
Perfil das vítimas de trauma internadas em hospital universitário de
Uberaba - MG / Luciana Ferreira dos Santos Vaz. -- 2012
78f.: fig.:tab.
Dissertação (Mestrado em Patologia) -- Universidade Federal
do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2012.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema
Co-Orientadora: Profa. Dra. Ana Carolina D’Arelli de Oliveira
1. Trauma. 2. Acidentes. 3. Epidemiologia. 4. Políticas Públicas. 5. I.
Crema, Eduardo. II. Oliveira, Ana Carolina D’Arelli. III. Universidade
Federal do Triângulo Mineiro. IV. Título.
CDU 616.001
3
LUCIANA FERREIRA DOS SANTOS VAZ
PERFIL DAS VÍTIMAS DE TRAUMA INTERNADAS EM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE UBERABA-MG
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Patologia, área de
concentração “Patologia Geral”, da
Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, como requisito parcial para a
obtenção do Título de Mestre em
Patologia.
BANCA EXAMINADORA
Aprovada em ___ de ____________________ de 2012.
_______________________________________
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Crema
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Orientador
_______________________________________
Membro da Banca Examinadora
_______________________________________
Membro da Banca Examinadora
4
Dedico...
Às vítimas de trauma hospitalizadas ou não e às vítimas de todo tipo de violência.
Aos profissionais que trabalham no atendimento pré-hospitalar, intra-hospitalar e
no período de reabilitação.
Aos amigos e colegas de ideal que participam da equipe do Advanced Trauma Life
Support (ATLS) – núcleo de Uberaba e do Curso do Atendimento de Enfermagem
no Trauma (AET).
Ao orientador, amigo e verdadeiro mestre, Prof. Dr. Eduardo Crema, professor nato
e defensor da qualidade do atendimento ao traumatizado. Tenho certeza, que
apesar das imperfeições deste trabalho ele poderá contribuir na luta “contra o
trauma”.
À eterna professora e atual companheira, Profa. Ana Carolina D’Arelli de Oliveira,
que conseguiu ser firme, competente, sensível e doce na grande transformação que
foi o mestrado na vida de alguém como eu.
À minha família, pais, irmãos, esposo e filhos que foram base e sustentação no
momento certo contribuindo na formação de uma nova profissional mas,
principalmente para o meu fortalecimento como pessoa.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus - criador e Pai - e benfeitores espirituais que me intuem e
acompanham, a minha gratidão!
Às amigas-irmãs que motivaram essa conquista e contribuíram para o
desenvolvimento, mas, principalmente fizeram parte do meu fortalecimento
emocional e espiritual, entre tantos, lembro das queridas: Eva, Nelma, Vanessa,
Valéria, Luciana Paiva, Patrícia, Carla, Marlene, Cátia...
Aos alunos e amigos que contribuíram na coleta de dados. Aos colegas do SAMHC/UFTM que foram fundamentais na realização desse processo, a grande e
querida Nelma da pós que, com carinho repetiu inúmeras orientações, aos
professores Vanderlei e Flávia que desvendaram alguns mistérios da estatística, a
Cida, professores e colegas do Programa de Mestrado em Atenção a Saúde.
Todos vocês fizeram além do que precisavam e por isso o meu especial abraço.
A esta maravilhosa instituição que proporciona condições para vários profissionais
vivenciarem o mestrado e a todos os professores, colaboradores e
departamentos envolvidos. Em especial, o Departamento de Cirurgia e cada
amigo que reencontrei neste serviço.
Ao meu esposo Valdir, companheiro fiel de jornada, a minha filha Verena, que me
faz encontrar força e paciência e ao meu filho Lorenzo, que me fez descobrir a
verdadeira fé, o meu agradecimento mas, principalmente, as minhas desculpas...
Vocês me ensinam dia a dia o verdadeiro significado do amor!
À minha mãe, suas amigas de fé, meu pai e maedrinha, obrigada pela torcida e
confiança, mais um degrau na escada da vida!
Esse mestrado foi gerado com muito carinho, vagarosamente e com todo o cuidado.
Relacionar pessoas que contribuíram para o meu crescimento profissional e ainda,
deixaram sua marca em meu coração, seria impossível, portanto, saibam, cada um
de vocês, que estarão sempre em meu pensamento e ao recordar essa trajetória
emitirei vibrações de eterna gratidão.
6
Tocando em frente
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,
Nada sei.
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maças
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir.
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como o velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou,
Estrada eu sou.
Conhecer as manhas e as manhãs...
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs...
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz!
(Almir Sater e Renato Teixeira)
7
RESUMO
VAZ, Luciana Ferreira dos Santos. Perfil das vítimas de trauma internadas em
Hospital Universitário de Uberaba-MG. 2012. 78f. Dissertação (Mestrado em
Patologia) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), 2012.
Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, objetiva caracterizar a vítima de
trauma internada no Pronto Socorro Adulto do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, no ano de 2009 segundo as características
sociodemográficas da vitima do evento traumático e processo de internação.
Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa protocolo 1605. A população
foi de 1.572 clientes com diagnóstico de trauma conforme a CID-10. A coleta de
dados realizou-se em prontuários com instrumento estruturado. Constatou-se
predominantemente vítimas do sexo masculino, adultos, nas décadas de vida mais
jovens, pele branca, com escolaridade inferior ao fundamental completo, procedente
de Uberaba. O principal mecanismo do trauma foi queda, seguido de acidente
motociclístico, ocasionou lesões nas extremidades inferiores, as quais se
constituíram no principal diagnóstico médico e desses, os politraumatismos foram
pouco expressivos numericamente. Na alta hospitalar, 87,7% das vítimas saíram em
boas condições e da totalidade, 5,6% foram a óbito. Os meses de maior ocorrência
de admissões coincidem com o final de semestre letivo ou a proximidade com as
férias. O domingo e o período da manhã apresentaram o maior número de
admissões. Os procedimentos preconizados pelo ATLS mais registrados na
admissão foram aqueles referentes à “circulação com controle da hemorragia”. Os
médicos e os enfermeiros estavam sempre presentes no atendimento ao cliente
traumatizado. Apesar da grande variedade de categorias profissionais disponíveis na
instituição, constatou-se que menos de 1/3 das vítimas recebeu atendimento
fisioterapêutico e menos de 1,0% deles, por psicólogo. Dentre as especialidades
médicas requeridas, a mais frequente foi a ortopedia que, também, foi responsável
pela realização da maioria das cirurgias. Destaca-se que 5,6% dos clientes foram
submetidos a mais de um procedimento cirúrgico. A permanência hospitalar variou
de menos de 24h a 146 dias e, para aqueles clientes que necessitaram de terapia
intensiva (9,6%), essa variação foi de 1 a 86 dias. A média foi de 7,0 dias (d.p.=10,0
dias)
e
de
13,2
dias
(d.p.=13,6
dias),
respectivamente.
Dos
clientes
8
contrarreferenciados (89,6%), quase a totalidade foi encaminhada ao ambulatório da
própria instituição. O custo faturado teve mediana de R$ 643,80, com amplitude de
R$ 40,38 a R$ 34.025,55 na internação hospitalar. Ressalta-se a alta frequência de
falhas de anotação nos prontuários estudados. A informação escrita é fundamental e
obrigatória, ao contrário disso, alguns registros estavam incompletos, ilegíveis ou
inexistentes. Aponta que o indivíduo vítima de trauma tem a qualidade de vida
alterada, e essa situação também promove impacto considerável na sociedade e na
gestão hospitalar. A universidade tem papel fundamental nessa problemática que
precisa ser desenvolvido junto à sociedade, em particular nos enfoques da
prevenção e da produção de conhecimento na área. Destaca-se a relevância da
implementação local das políticas públicas de atenção à saúde, para promover a
integração da abordagem assistencial à preventiva, o que se constitui um caminho
importante para a redução da morbi-mortalidade das vítimas de trauma.
Palavras-chave: Trauma. Acidentes. Epidemiologia. Políticas Públicas.
9
ABSTRACT
VAZ, Luciana Ferreira dos Santos. Profile of trauma victims admitted to
University Hospital of Uberaba-MG. 2012. 78f. Dissertation (Masters in Pathology)
– Federal University of the Triângulo Mineiro (MG), 2011.
This
is a descriptive, retrospective and quantitative study aiming at
characterizing the trauma victim hospitalized in the Adult Emergency Room at the
Clinics Hospital of the Federal University of the Triângulo Mineiro in the year 2009,
according to socio-demographic characteristics of the victim of the trauma event and
hospitalization process. The research was approved by the Ethics Committee in
research protocol number 1605. The population was of 1.572 patients with diagnosis
of trauma, according to CID-10. The collection of data was done by means of the
medical records as a structured instrument. The victims were predominantly male,
adult, young, white skinned, with a level of schooling lower that elementary school,
from the Uberaba. The main reason for the trauma was falls, followed by motorcycle
accidents, leading to lesions in the inferior extremities, fact which constituted the
main medical diagnosis. Out of these, the poli-traumas had numerically low
expressivity. When released from hospital, 87.7% of the victims left good health and
out the total, 5.6% died. The months with the highest occurrence of admissions
coincided with the end of the school term or proximity the holiday. Sundays the
morning period showed the largest number of admissions. The procedures with
highest frequency carried out at the ATLS on admission were those relating to
“circulation with hemorrhagic control”. Doctors and nurses were always present when
receiving a traumatized patient. However, despite the great variety of professional
categories available in the institution, it was confirmed that less than 1/3 of the
patients received physiotherapy attendance and less than 1.0% of these, received
psychological attendance. The medical specializations most required, the highest
frequency one was orthopedics, which was also responsible for carrying out most of
the surgeries. We highlight that 5.6% of the patients underwent more than one
surgical procedure. Hospitalization varied from less than 24h to 146 days, and for
those patients that required more intensive therapy (9.6%), this variation was from 1
to 86 days. The average was of 7.0 days (d.p.= 10.0 days) and 13.2 (d.p.= 13.6
days), respectively. Among the counter-referenced patients (89.6%), almost all of
10
them were sent to the out-patient clinic of the institution. The cost had an average of
R$ 643,80, with an amplitude from R$ 40,38 to R$ 34.025,55 in hospitalization. We
highlight the high frequency of failures in annotations in the medical records
analyzed. Written information is fundamental and obligatory, but some registered
were incomplete, illegible or non-existent. Points the individual, victim of trauma has
his life quality altered, and this situation also promotes considerable impact in
society and hospital management. The university has a fundamental role in this
problem that must be carried out along with society, mainly relating to the focus on
prevention and production of knowledge in the area. We highlight the relevance of
the implementation of local public policies in attention to health in order to bring about
integration of the assistance approach to prevention, which constitutes an important
means for reduction of deaths of the trauma victims.
Key Words: Trauma. Accidents. Epidemiology. Public Policy.
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3
Gráfico 4
Gráfico 5
Gráfico 6
Gráfico 7
Gráfico 8
Gráfico 9
Gráfico 10
Gráfico 11
Gráfico 12
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo
grupos etários.........................................................................
33
Distribuição dos principais mecanismos do trauma nas
vítimas internadas...................................................................
35
Distribuição dos acidentes de trânsito ocorridos em vítimas
de trauma internadas.............................................................
35
Distribuição dos tipos de violência interpessoal encontrado
nas vítimas internadas............................................................
36
Distribuição das principais áreas corporais lesadas nas
vítimas de trauma internadas.................................................
37
Distribuição das áreas corporais lesadas que motivaram a
internação das vítimas internadas por trauma.......................
39
Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a
condição de alta hospitalar registrada no prontuário..........
39
Distribuição percentual das admissões das vítimas de
trauma internadas segundo o mês.........................................
40
Distribuição percentual das admissões das vítimas de
trauma internadas segundo o dia da semana.........................
41
Distribuição percentual das admissões das vítimas de
trauma internadas segundo o período do dia.........................
41
Distribuição proporcional dos procedimentos preconizados
pelo ATLS adotados na admissão das vítimas de trauma
internadas...............................................................................
42
Distribuição porcentual das vítimas de trauma internadas
que necessitaram de Terapia Intensiva..................................
46
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo as
variáveis sociodemográficas...................................................
32
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o
mecanismo do trauma.............................................................
34
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo a
área corporal lesada...............................................................
37
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o
diagnóstico médico, conforme a Classificação Internacional
de Doenças (CID-10)..............................................................
38
Distribuição das vítimas de trauma, segundo os
profissionais envolvidos durante a internação....................
43
Distribuição das vítimas de trauma, segundo as
especialidades médicas envolvidas durante a internação...
44
Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo o
tipo e a quantidade de cirurgia realizada...............................
45
Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo a
realização e local de contrarreferência...................................
47
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Norma Técnica
AET - Atendimento de Enfermagem no Trauma
AIS - Abbreviated injury scale
AMG - Ambulatório Maria da Glória
ATLS - Advanced Trauma Life Support
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
CID - Classificação Internacional de Doenças
CTI – Centro de Terapia Intensiva
DTI - Departamento de Tecnologia da Informação
d.p. - Desvio padrão
HC - Hospital de Clínicas
ISS - Injury Severity Scale
PHTS - Pre-hospital Trauma Live Support
PSA - Pronto Socorro Adulto
RTS - Revised Trauma Score
SAM - Serviço de Arquivo Médico
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
SUS - Sistema Único de Saúde
TRISS - Trauma and Injury Severity Scale
UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
14
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.................................................................................
16
2
OBJETIVOS.....................................................................................
21
2.1
OBJETIVO GERAL...........................................................................
21
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................
21
3
POPULAÇÃO E MÉTODO...............................................................
22
3.1
TIPO DE ESTUDO...........................................................................
22
3.2
LOCAL DO ESTUDO........................................................................
22
3.3
POPULAÇÃO EM ESTUDO.............................................................
22
3.3.1
Critérios de inclusão......................................................................
22
3.3.2
Critérios de exclusão.....................................................................
23
3.4
FONTE DOS DADOS.......................................................................
23
3.5
O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS..................................
23
3.6
VARIÁVEIS DE ESTUDO................................................................
24
3.6.1
Variáveis sociodemográfica..........................................................
24
3.6.1.1 O sexo..............................................................................................
24
3.6.1.2 A idade..............................................................................................
24
3.6.1.3 A cor da pele.....................................................................................
24
3.6.1.4 O grau de instrução……………………………………………………
25
3.6.1.5 A procedência..................................................................................
25
3.6.2
Variáveis relacionadas ao evento traumático..............................
25
3.6.2.1 O mecanismo do trauma..................................................................
25
3.6.2.2 As áreas corporais lesadas..............................................................
26
3.6.2.3 O diagnóstico médico.......................................................................
26
3.6.2.4 Condição do cliente na alta hospitalar..............................................
27
3.6.3
Variáveis relacionadas ao processo de internação....................
27
3.6.3.1 Mês, dia da semana e período do dia..............................................
28
3.6.3.2 Os procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na
admissão..........................................................................................
28
3.6.3.3 Categorias
profissionais
e
especialidades
médicas
envolvidas.........................................................................................
29
3.6.3.4 Quantidade e tipo de cirurgia............................................................
29
3.6.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia
Intensiva...........................................................................................
29
3.6.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência................
29
15
3.6.3.7 Custo faturado..................................................................................
29
3.7
OBTENÇÃO DOS DADOS...............................................................
30
3.8
ANÁLISE DOS DADOS....................................................................
30
3.9
ASPECTOS ÉTICOS........................................................................
31
4
RESULTADOS.................................................................................
32
4.1
VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS..........................................
32
4.2
VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO..........
34
4.2.1
Mecanismo do trauma...................................................................
34
4.2.2
Áreas corporais lesadas................................................................
36
4.2.3
Diagnóstico Médico........................................................................
38
4.2.4
Condição de alta hospitalar..........................................................
39
4.3
VARIÁVEIS
RELACIONADAS
AO
PROCESSO
DE
INTERNAÇÃO..................................................................................
40
4.3.1
Mês, dia da semana e período do dia...........................................
40
4.3.2
Procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na
admissão.........................................................................................
42
Categorias
Profissionais
e
Especialidades
Médicas
Envolvidas.......................................................................................
43
4.3.4
Quantidade e tipo de cirurgias realizadas....................................
44
4.3.5
Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia
Intensiva Adulto.............................................................................
45
4.3.6
Realização de sistema de referência e contrarreferência...........
46
4.3.7
Custo faturado................................................................................
47
5
DISCUSSÃO....................................................................................
48
5.1
VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS...........................................
48
5.2
VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO........
52
5.3
VARIÁVEIS
RELACIONADAS
AO
PROCESSO
DE
INTERNAÇÃO.................................................................................
57
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................
65
REFERÊNCIAS................................................................................
67
APÊNDICES.....................................................................................
73
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............
73
ANEXOS...........................................................................................
78
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP................
78
4.3.3
16
1 INTRODUÇÃO
O padrão demográfico no Brasil até meados da década de 40 apresentava um
caráter secular e estável, a partir de então, percebeu-se um declínio dos níveis de
mortalidade. Há previsão de mudanças sociodemográficas importantes com
predomínio de pessoas na faixa etária entre 15 e 60 anos, e, em contrapartida, há
um aumento da mortalidade entre jovens e adultos por causas externas relacionadas
à violência. Nos últimos vinte anos o número de crianças sobreviventes se elevou,
porém, existe a possibilidade dessas morrerem ao atingirem a adolescência e a fase
adulta, principalmente no sexo masculino (BRASIL, 2009a).
Diante disso, esses dados demonstram uma nova configuração demográfica
do país, que interfere significativamente nos aspectos vinculados à saúde e
educação, pois, determinaram uma nova visão no perfil de morbi-mortalidade da
população brasileira e mundial (BRASIL, 2009a). Ocorrem em torno de 5 milhões de
mortes por causas externas, em todo o mundo, por ano, e constatou-se que a cada
morte ocorrem dezenas de hospitalizações, centenas de atendimentos emergenciais
e
milhares
de
consultas
ambulatoriais
decorrentes
desses
eventos
(MASCARENHAS et al., 2011a).
A morbidade e a mortalidade no Brasil sofrem modificações continuamente. É
necessário, portanto, compreender a extensão e gravidade das causas externas
para promover a criação de políticas e ações de saúde eficazes. Essas estarão
subsidiadas pelos estudos da vigilância em saúde, que tem importante papel na
divulgação dos dados relacionados ao assunto (MASCARENHAS et al., 2011a).
Causa externa é um “conjunto de agravos à saúde que provocam algum tipo
de lesão, seja física, mental ou psicológica, podendo ou não levar ao óbito”. Os
eventos que definem esse agravo são os acidentes e as violências. Os acidentes
são eventos não intencionais e evitáveis que causam lesões físicas e emocionais,
destacam-se com isso; os relacionados ao trânsito, afogamento, envenenamento,
quedas e queimaduras (MASCARENHAS et al., 2011a, p. 205).
A violência segundo a Organização Mundial de Saúde (2002 apud SCHMIDT;
SCHNEIDER; CREPALPI, 2011, p. 329) é o “uso intencional da força ou poder
físico, em forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou um
grupo ou comunidade”, entretanto, Minayo (2009, p. 135) destacou um ponto
importante na violência, ao considerar que essa é uma questão social que ocorre
17
nas interrelações humanas e nas suas criações e acrescenta que esta tem objetivo
de “prejudicar, ferir, mutilar ou matar o outro, física, psicológica e até
espiritualmente”.
O trauma causado por acidentes ou por violência é a principal causa de óbito
nas primeiras quatro décadas de vida (COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES,
2008). Em ambas as situações constata-se que trauma é: “evento nocivo que advém
da liberação de formas específicas de energia (mecânica, química, térmica, por
irradiação ou elétrica) ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia” (McSWAIN;
FRAME; SALOMONE, 2004, p. 15). Essa situação representa um grande desafio às
políticas de saúde no que diz respeito às questões socioeconômicas.
As vítimas em sua maioria são homens, jovens e adultos no que se refere aos
acidentes e agressões e, no que tange as quedas a população idosa tem um risco
aumentado de internações. Destaca-se que o perfil epidemiológico das causas
externas difere conforme a faixa etária, sexo e regiões brasileiras; pois, os fatores
culturais, sociais e econômicos interferem na causa do trauma, na assistência à
vítima e dificultam a divulgação de medidas preventivas (MASCARENHAS et al.,
2011a).
O Brasil é um país de grande extensão territorial, distribuídos em vinte e sete
Unidades da Federação com uma população, em 2010, de mais de 190 milhões de
pessoas (BRASIL, 2009b). Esses dados associados impedem a disseminação e
realização das políticas públicas em toda a nação de forma integrada, sistemática e
eficaz; diferentemente de outros países que reduziram seus índices por meio de
ações inter-relacionadas entre todos os setores afins e não somente o setor de
saúde (MASCARENHAS et al., 2011a).
As causas externas assumem a terceira causa mais frequente de morte dos
brasileiros e essa posição pode alterar-se para a primeira, se a faixa etária
observada for referente às pessoas de 01 a 39 anos. Diante disso, o Ministério da
Saúde tem um papel importante e abrangente na atuação junto às vítimas, pois esse
deve participar enfaticamente na dimensão da assistência e reabilitação das vítimas
e também promover “prevenção e vigilância epidemiológica” (MASCARENHAS et al.,
2011b, p. 228 ).
Ressalta-se que além dos índices de mortalidade deve-se considerar a
morbidade dos traumatizados, inclusive a qualidade de vida pós-trauma. Essas
vítimas, após as lesões, estão fora do mercado de trabalho por tempo
18
indeterminado, uma vez que essas pessoas atingidas estão incluídas em uma faixa
etária economicamente ativa, gerando altos custos aos cofres públicos.
Nesse processo de transição epidemiológica verifica-se um aumento da
mortalidade por doenças crônico-degenerativas e causas externas, o que está
associado à melhoria da qualidade de vida da população; dessa forma, os serviços
de saúde e seus gestores, assim como as políticas públicas devem se adequar a
essas mudanças. Destaca-se que no ano de 1930 a mortalidade por causas
externas representavam 3% e no ano de 2009 esse valor atingiu 12,5%. Estima-se
que no ano de 2009 houve 380 mortes por dia e 16 a cada hora por violência ou
acidentes e aponta-se que o homem tem 5,1 vezes mais risco de morte por causas
externas do que as mulheres (MASCARENHAS et al., 2011b).
Para desenvolver um programa de prevenção é necessário, definir a real
dimensão do problema na comunidade, formar um banco de dados que possibilite a
criação de estratégias de intervenção viável para a saúde pública. As estatísticas
fornecidas por pesquisas confiáveis mostram dados de realidade a ponto de definir
bases concretas para ações preventivas, assistenciais e avaliativas das medidas
implementadas e do impacto sobre a doença, definindo causas, diagnóstico e
tratamento (NOVO, 2009).
Com intuito de conhecer e caracterizar a vítima de trauma nesta região
buscou-se dados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (HC/UFTM) que se localiza na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais.
A cidade de Uberaba tem 191 anos e constituiu uma população de 295.988
habitantes, destes, 144.461 (48,8%) são homens e 151.257 (51,1%) são mulheres.
Tem área territorial de 4.523,957 Km2, com economia atuante na agropecuária,
indústria e outros serviços. Os automóveis constituem 58,1% (86.337) da frota, 24%
(35.651) são motonetas e 0,5% (805) são motocicletas, sendo que essas proporções
também encontradas nas frotas de Minas Gerais e do Brasil (BRASIL, 2009c).
O HC/UFTM foi inaugurado em 1982, e, é o único estabelecimento federal de
saúde na região, gratuito, com capacidade para atendimentos de alta complexidade.
Tem localização estratégica e propicia atendimento para os 27 municípios da
macrorregião do Triângulo Sul e de outras cidades pertencentes à macrorregião de
Minas Gerais, além de outros estados da federação. Possui 290 leitos de internação,
diversos serviços de suporte às necessidades dos clientes, entre eles; atendimento
19
de emergência, unidades de terapia intensiva e ambulatórios (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011).
Conta com sistema de referenciamento dos clientes, por meio da Central de
Leitos, com o objetivo de propiciar melhor distribuição das vagas para internação,
deixando os atendimentos dos níveis primário e secundário para outros
estabelecimentos de saúde. Por esse motivo, acreditava-se que haveria melhor
controle das internações, obtendo, assim, maior disponibilidade de vagas, o que não
ocorreu, pois em 2009 a taxa de ocupação continuou alta, atingiu o percentual de
83,42% (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011).
No último ano a taxa de ocupação do Pronto Socorro Adulto (PSA) do
HC/UFTM foi de 142,05%. Foram admitidos 33 clientes/dia, 78,5% foram
atendimentos de urgência e os demais (21,5%), eletivos. Dessas admissões, 78%
foram provenientes da cidade de Uberaba e 22% de outros municípios. O serviço de
emergência e urgência funciona 24 horas por dia e atende todas as especialidades
médicas. Nas especialidades que somente esse hospital oferece atendimento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), como a oftalmologia, otorrinolaringologia,
infectologia, entre outras, não há necessidade de referenciamento ou solicitação de
vaga (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011).
A admissão da vítima de trauma no PSA/HC/UFTM pode ser realizada de
duas formas. A primeira refere-se à situação em que a vítima está em estado grave
e, nesse caso, é imediatamente trazida para esse hospital pelos serviços de
transporte móvel existentes na cidade, pela polícia ou por terceiros. A segunda
forma é quando a vítima é transportada para outro serviço de atendimento de
emergência e, após o primeiro atendimento necessita de transferência para um local
com assistência de maior complexidade. Nesse último caso, os clientes aguardam a
liberação de vaga e a possibilidade de internação no HC/UFTM, o que pode demorar
horas ou dias, visto que há um acúmulo de clientes internados no PSA, em
decorrência da superlotação dos setores de internação (UNIVERSIDADE FEDERAL
DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011).
A universidade promove atividade de ensino, pesquisa e extensão e desde o
ano de 1996 tornou-se um dos 50 núcleos existentes no mundo do Programa de
Ensino para Médicos, criado pelo Colégio Americano de Cirurgiões, o Advanced
Trauma Life Support - ATLS. Ressalta-se que o ATLS é um método de referência
mundial, que direciona o atendimento ao traumatizado e por existir há mais de 30
20
anos conquistou um espaço entre a equipe de saúde como a forma ideal de
atendimento e tornou-se meta importante na vida profissional dos médicos da área
ou mesmo de todos aqueles que algum dia poderão estar numa situação
emergencial.
O ATLS é um modelo de padronização do atendimento ao traumatizado, mas
além do ensino sistemático são necessárias atividades gerenciais que permitam
facilitar a avaliação do cliente e por consequência, avaliar a assistência prestada ao
mesmo. Pereira Júnior et al. (2009), descrevem os índices de traumas padronizados
em outras universidades, já há alguns anos, que são fundamentais para a avaliação
da vítima e melhoria da assistência, são eles: o Revised Trauma Score (RTS) que
quantifica as lesões fisiológicas nas vítimas, o Injury Severity Scale (ISS) que verifica
as lesões anatômicas e o Trauma and Injury Severity Score (TRISS) que determina
a probabilidade de sobrevida dos traumatizados.
Outro ponto importante é a criação de estratégias para a notificação
sistemática dos casos de clientes traumatizados com intuito de, por meio do
conhecimento, contribuir em ações preventivas, um serviço que vinculou essa
notificação ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica, desde 1996, é a Unidade de
Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo com resultados positivos (PEREIRA JUNIOR et al.,
2009).
Contudo, para a implantação de modelos organizacionais e modificações na
gestão hospitalar no que diz respeito à vítima de trauma é necessário conhecer a
realidade atual da região e das peculiaridades dos clientes que são atendidos nessa
instituição. Nesse contexto, a epidemiologia é uma ciência fundamental para o
conhecimento do diagnóstico situacional da comunidade e melhoria dos indicadores
de saúde. Diante do exposto, tem-se com esta pesquisa a finalidade de fornecer
subsídios para a implementação do atendimento hospitalar da vítima de trauma e
sua prevenção. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é caracterizar as vítimas de
trauma,
que
necessitaram
de
internação,
quanto
às
sociodemográficas, o evento traumático e ao processo de internação.
características
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar a vítima de trauma internada no Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC/UFTM), no ano de 2009.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Descrever as características sociodemográficas das vítimas de trauma.
 Descrever a vítima de trauma segundo o evento traumático.
 Descrever o processo de internação da vítima de trauma.
22
3 POPULAÇÃO E MÉTODO
3.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa e
seguiu-se a normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de
2011.
3.2 LOCAL DE ESTUDO
O estudo foi realizado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (HC/UFTM) que se localiza na cidade de Uberaba (MG). Esse
atende clientes de alta complexidade da macrorregião do Triângulo Sul, constituído
por 27 municípios além da cidade de Uberaba.
3.3 POPULAÇÃO EM ESTUDO
Através da aplicação dos critérios que serão mencionados a seguir, foi
possível a apuração da população de 1.572 vítimas de trauma internadas no Pronto
Socorro Adulto do HC/UFTM, durante o ano de 2009.
3.3.1 Critérios de inclusão
 Vítimas de trauma com idade igual ou acima de 14 anos. Essa opção
decorre do fato de existirem dois serviços de pronto atendimento, um de
Pronto Socorro Infantil destinado aos menores de 14 anos e a Unidade de
Pronto Socorro Adulto, destinados aos clientes com idade maior ou igual
a 14 anos;
 Vítimas de trauma que após o primeiro atendimento necessitaram de
internação;
 Vítimas com diagnóstico médico de trauma, segundo os códigos alfa
numéricos da Classificação Internacional de Doenças, 10 revisão (CID,
10), incluídos no Capítulo XIX e XX. São eles: Capítulo XIX – Lesões,
envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas
23
(S00 a T98), excluiu-se os códigos referentes a intoxicações por drogas,
medicamentos e substâncias biológicas, efeitos tóxicos de substâncias de
origem predominantemente não-medicinal, complicações de cuidados
médicos e cirúrgicos, não classificados em outra parte, sequelas de
traumatismos, de intoxicações e de outras consequências das causas
externas; Capítulo XX – causas externas de morbidade e de mortalidade
(V01 a Y36), excluiu-se os códigos referentes à exposição as forças
mecânicas animadas, contato com animais e plantas venenosos,
envenenamento acidental por exposição à substâncias nocivas, excesso
de
esforços,
viagens
e
privações,
lesões
autoprovocadas
intencionalmente (X60 a X69) e eventos cuja intenção é indeterminada
(Y10 a Y19).
Os critérios acima referidos foram fornecidos ao Departamento de Tecnologia
da Informação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (DTI/UFTM), e esse
departamento de processamento de dados enviou a listagem referente ao ano de
2009, com o nome e registro dos clientes internados pelos diagnósticos
selecionados. Ressalta-se que o serviço não dispunha das informações referentes
ao ano de 2010 e 2011.
3.3.2. Critérios de exclusão
Para esse critério foi considerado a falta do prontuário, nesse caso, 05
excluídos.
3.4. FONTE DOS DADOS
Utilizou-se dados recolhidos dos 1.572 prontuários, arquivados no Serviço de
Arquivo Médico (SAM) do HC/UFTM.
3.5 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O instrumento de coleta de dados foi construído pela pesquisadora (Apêndice
A), considerou-se as características das informações disponíveis nos prontuários de
24
HC/UFTM. Foi submetido à validação de aparência e conteúdo por cinco
profissionais que trabalham na área de assistência à vítima de trauma e ao préteste, realizado pela pesquisadora em 50 prontuários, após o qual, foi acrescentada
a opção não mencionada em todos os itens, e, esses não foram desprezados.
3.6 VARIÁVEIS DE ESTUDO
3.6.1 Variáveis sociodemográficas
Para a caracterização sociodemográfica das vítimas de traumas internadas,
foram selecionadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, cor da pele, grau de
instrução e procedência.
3.6.1.1 O sexo
Este foi categorizado em masculino ou feminino.
3.6.1.2 A idade
Foi anotada em anos, conforme descrito no prontuário, e categorizada em
faixa etária, com os seguintes intervalos: 14 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos,
40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 a 69 anos, 70 a 79 anos, 80 a 89 anos e 90 a 98
anos.
Com intuito de obter a porcentagem de clientes vítimas de trauma segundo as
fases de vida adolescência, adulta e idosa, as faixas etárias foram reagrupadas em
três grupos: o primeiro com idade de 14 a 19 anos, o segundo com idade de 20 a 59
anos e o terceiro com idade igual a 60 anos ou mais.
3.6.1.3 A cor da pele
Essa foi anotada, conforme estava disponível no prontuário, em branca,
negra, morena e parda, e após, reagrupada em cor branca e não branca.
25
3.6.1.4 O grau de instrução
Esse dado foi obtido conforme as categorias já existentes nos prontuários,
conforme descritas a seguir: analfabeto, 1º Grau completo, 1º Grau incompleto, 2º
Grau completo, 2º Grau incompleto, 3º Grau completo, 3º Grau incompleto e não
mencionado.
3.6.1.5 A procedência
Esse dado foi registrado conforme estava anotado e, depois, reagrupado em:
Uberaba e outra.
3.6.2 Variáveis relacionadas ao evento traumático
Para a descrição das vítimas de traumas internadas segundo o evento
traumático foram selecionadas as seguintes variáveis: mecanismo do trauma, áreas
corporais lesadas, diagnóstico médico e condição da vítima na alta hospitalar.
3.6.2.1 O mecanismo do trauma
Essa variável foi definida segundo o manual do ATLS (COLÉGIO
AMERICANO DE CIRURGIÕES, 2008) que o conceitua como transferência de
energia para os tecidos, o que provoca lesões traumáticas. O dado foi obtido de
acordo com a categorização existente nos prontuários e, posteriormente, foi
reagrupado em acidente de trânsito, queda, violência interpessoal e outros.
Diante da magnitude e a importância clínica e social dos acidentes de trânsito
e da violência interpessoal, optou-se por estudá-los mais detalhadamente. Para
tanto, os acidentes de trânsito foram categorizados em: acidente motociclístico,
automobilístico, ciclístico e atropelamento. A violência interpessoal foi categorizada
em: espancamento, ferimento por arma de fogo, ferimento por arma branca e
agressão. Aponta-se que não foi realizado detalhamento dos casos de trauma em
decorrência de quedas, por não haver informação disponível nos registros
hospitalares.
26
3.6.2.2 As áreas corporais lesadas
Essas foram categorizadas em: crânio, face, pescoço, coluna vertebral, tórax,
abdome ou conteúdo pélvico, baço, extremidade superior, extremidade inferior e
superfície externa. A escolha dessa classificação foi embasada na padronização do
Abbreviated injury scale (AIS) e Injury severity score (ISS), onde a primeira é uma
escala de gravidade de lesões e a segunda consiste em um sistema de pontuação
anatômica para pacientes com múltiplas lesões (ASSOCIATION FOR THE
ADVANCEMENT OF AUTOMOTIVE MEDICINE, c2006).
3.6.2.3 O diagnóstico médico
Esse foi determinado pelo médico e classificado pela CID-10. É importante
ressaltar, que, mesmo se o cliente traumatizado apresentar mais de uma área
corporal lesada, o médico deve apontar aquela que exigiu a internação. Os
diagnósticos foram reagrupados em categorias da CID-10, conforme descrito a
seguir:
 Traumatismos de joelho e perna (S80 a S89);
 Traumatismos da cabeça (S00 a S09);
 Traumatismos do quadril e da coxa (S70 a S79);
 Traumatismos do cotovelo e do antebraço (S50 a S59);
 Traumatismos do punho e da mão (S60 a S69);
 Traumatismos do abdome, do dorso, da coluna lombar e da pelve (S30a
S49);
 Traumatismos do ombro e do braço (S40 a 49);
 Traumatismos do tórax (S20 a S29);
 Traumatismos do tornozelo e do pé (S90 a S99);
 Queimaduras e corrosões (T20 a T32);
 Traumatismos envolvendo múltiplas regiões do corpo (T00 a T07);
 Traumatismos de localização não específica do tronco, membro ou outra
região do corpo (T08 a T14);
 Traumatismos do pescoço (S10 a S19) e
27
 Efeito da penetração de corpo estranho através de orifício natural (T15 a
T19).
Após a categorização desses diagnósticos, foi feito novo reagrupamento
abrangendo quatro áreas corporais: extremidades, cabeça, demais áreas corporais
lesadas e politraumatismo.
3.6.2.4 Condição do cliente na alta hospitalar
A classificação de condição de alta hospitalar adotada é a utilizada pelo Setor
de Vigilância Epidemiológica da Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (PAGNANO, 2005), transcrita a seguir:
 Óbito - se autodefine;
 Estado vegetativo - se autodefine;
 Limitações graves - lesões que impossibilitam atividades físicas e
mentais;
 Limitações moderadas - impossibilidade de viajar e/ou trabalhar, disfasia,
hemiparesia, déficit intelectual ou de memória;
 Boa recuperação – implica no cliente assumir uma vida normal, mas
existe a possibilidade de déficits neurológicos e/ou motores.
Posteriormente, para a análise dos dados, as limitações foram somadas por
não haver informação detalhada do tipo de limitação disponível nos registros
hospitalares.
3.6.3 Variáveis relacionadas ao processo de internação
Para a descrição das vítimas de traumas internadas segundo o processo de
internação, foram selecionadas as seguintes variáveis: mês, dia da semana e
período do dia da admissão; procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na
admissão; categorias profissionais e especialidades médicas envolvidas; quantidade
e tipo de cirurgias realizadas; tempo de permanência hospitalar e no Centro de
Terapia Intensiva (CTI); realização do sistema de referência e contrarreferência e
custo faturado.
28
3.6.3.1 Mês, dia da semana e período do dia
O mês em que o cliente foi admitido no HC/UFTM foi obtido a partir da data
de admissão registrada no prontuário. Por meio dessa data, determinou-se o dia da
semana, com o auxílio de um calendário do ano de 2009. A hora foi registrada como
descrita no prontuário e, depois, agrupada em quatro períodos de 6 horas, conforme
descrito a seguir: 06h31min às 12h30min, 12h31min às 18h30min; 18h31min às 24h
e 0h01min às 6h30min.
3.6.3.2 Os procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão
Por meio das anotações do prontuário foram identificados os procedimentos
realizados no atendimento emergencial, quando cliente foi admitido no Pronto
Socorro Adulto. Para o registro da variável, foram listadas as opções de
procedimentos no instrumento e, posteriormente, esses foram agrupados conforme
a sequência do método mnemônico – sistema ABCDE –, determinado pelo ATLS.
São eles:
 Abordagem da via aérea e proteção da coluna cervical (A): colar cervical,
oxigenoterapia, oximetria de pulso, intubação, cricotireoideostomia por
punção, cricotireoideostomia cirúrgica, traqueostomia;
 Avaliação da ventilação e respiração (B): monitorização, drenagem
torácica, pericardiocentese;
 Avaliação da circulação e controle de hemorragias (C): lavado peritoneal,
acesso venoso periférico, acesso venoso central, soroterapia, sondagem
gástrica, sondagem vesical de demora, toque retal;
 Avaliação neurológica (D): avaliação de pupilas e escala de coma de
Gasglow;
 Exposição do cliente e controle da hipotermia (E): foram coletados os
dados referentes aos procedimentos que podem ser feitos nesse
momento, tais como, talas/gesso/imobilizações e curativos/suturas.
29
3.6.3.3 Categorias profissionais e especialidades médicas envolvidas
Nas categorias profissionais foram registradas todas aquelas anotadas no
prontuário que assistiram o cliente durante a internação.
Para as especialidades médicas requeridas na assistência ao cliente durante
a internação, foram anotadas todas aquelas registradas em impresso próprio de
solicitação ou que constavam em anotação no prontuário.
3.6.3.4 Quantidade e tipo de cirurgia
O tipo de cirurgia realizada foi dividido por grandes áreas médicas, tais como:
neurologia, torácica, abdominal, ortopedia e plástica.
A quantidade de cirurgia foi calculada de acordo com o número de impressos
de solicitação de cirurgia encontrados fixados no prontuário.
3.6.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva
O tempo de permanência em ambos os serviços foi calculado através da
diferença entre as datas de admissão e de alta, registradas no prontuário.
3.6.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência
O HC/UFTM, na ocasião da alta hospitalar do cliente, faz a contrarreferência
para serviço de saúde de menor complexidade, para que seja dado seguimento na
assistência. Por meio das anotações do prontuário, foi identificado para qual serviço
o cliente vítima de trauma foi encaminhado e, depois, categorizados em: Ambulatório
Maria da Glória (AMG) e outra instituição.
3.6.3.7 Custo faturado
O custo faturado é o termo técnico relativo ao valor pago pelo SUS, sem a
inclusão dos valores referentes aos recursos humanos e encargos sociais e após
comprovação dos gastos hospitalares, por meio dos registros dos profissionais em
impressos próprios contidos nos prontuários.
30
Foi registrado em reais o valor total da internação sem discriminação por
procedimentos.
3.7 OBTENÇÃO DOS DADOS
A fase de coleta de dados durou 07 meses, foi iniciada em outubro de 2010 e
encerrada em abril de 2011.
Para isso, recorreu-se a 04 acadêmicos do curso técnico em enfermagem, 01
acadêmica do curso de graduação em enfermagem, 01 enfermeira e a
pesquisadora. A pesquisadora promoveu treinamento in loco dos colaboradores,
durante 02 semanas, por duas horas diárias. A pesquisadora esteve sempre à
disposição dos colaboradores, por telefone, email e presencialmente para que a
coleta fosse a mais uniforme possível.
Após o preenchimento, a pesquisadora fez a revisão dos instrumentos,
esclarecia as dúvidas com o colaborador e, quando necessária, a coleta era refeita.
3.8 ANÁLISE DOS DADOS
A digitação foi realizada por outra colaboradora, em dupla entrada e com
validação dos dados digitados. A primeira digitação foi feita integralmente e,
posteriormente, foi realizada a segunda digitação, com intervalo de uma semana,
sendo que a ordem dos meses digitados foi alterada para minimizar os possíveis
vícios de digitação. As duas planilhas foram conferidas e validadas e, nos casos
discordantes, os instrumentos foram consultados e, quando necessário, buscou-se o
prontuário novamente.
Os dados foram compilados através do software Microsoft Excel, versão 1997
a 2003 e exportados para o aplicativo Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS), versão 17.0, para análise estatística.
As variáveis quantitativas foram submetidas à análise estatística descritiva,
por meio de medidas de tendência central (média e mediana e moda) e de
variabilidade (desvio padrão e amplitude). As variáveis qualitativas foram expressas
em frequências absolutas e percentuais.
Os dados foram apresentados em tabelas e algumas variáveis de interesse
em gráfico. Foi empregada a aproximação para uma casa decimal.
31
3.9 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFTM,
com protocolo número 1605. Buscou-se atender à Resolução 196/96, os
instrumentos foram numerados e, a seguir, o nome do cliente foi excluído do banco
de dados com o objetivo de evitar a perda de confidencialidade das informações.
Outros dados pessoais de identificação não foram coletados.
32
4 RESULTADOS
4.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS
Na tabela 1, encontram-se os dados sociodemográficos.
Tabela 1 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo as variáveis
sociodemográficas, no HC/UFTM (2009).
No.
(N= 1.572)
%
1.137
435
1.572
72,3
27,7
100,0
Faixa Etária (anos)
14├ 20
20├ 30
30├ 40
40├ 50
50├ 60
60├ 70
70├ 80
80├ 90
90├ 98
Total
130
375
311
242
197
131
92
71
22
1.571*
8,3
23,9
19,8
15,4
12,5
8,3
5,9
4,5
1,4
100,0
Cor da Pele
Branca
Não Branca
Total
1.004
562
1.566*
64,1
35,9
100,0
Grau de Instrução
Analfabeto
1º. Grau Incompleto
1º. Grau Completo
2º. Grau Completo
Total
207
762
472
11
1.452*
14,2
52,5
32,5
0,8
100,0
Variáveis
Sexo
Masculino
Feminino
Total
Procedência
Uberaba
1.450
92,3
Outra
121
7,7
Total
1.571*
100,0
*Excluídos os casos sem informação, com 01 na faixa etária, 06 na cor da pele, 120 no grau de
instrução e 01 na procedência. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
Em relação ao sexo, constatou-se que 2/3 da população estudada eram
homens, correspondendo a 72,3% (1.137) das internações.
A média de idade dessas vítimas de trauma foi de 42,5 anos (d.p. 19,5), a
mediana foi igual a 39 anos e a moda igual a 22 anos. A idade mínima foi 14 anos e
a máxima 98 anos.
33
A faixa etária com maior porcentagem foi a correspondente às idades de 20 a
29 anos, com 23,9% (375). Em porcentagens decrescentes seguiram-se as faixas
etárias do intervalo de 30 a 59 anos e, em níveis mais reduzidos, as faixas etárias de
60 anos ou mais. Ressalta-se que a faixa etária de 14 a 19 anos, diferentemente dos
demais períodos categorizados, teve um intervalo de apenas 06 anos e apresentou
a porcentagem de 8,3% (130).
Os dados referentes à idade das vítimas de trauma destacaram, assim, foram
somados os períodos correspondentes à adolescência e à idade adulta, ou seja, de
14 a 59 anos, totalizaram 79,9% (1.255) dos clientes (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo grupos etários,
HC/UFTM (2009).
Porcentagem
71,6
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
20,1
8,3
Adolescentes
Adultos
Idosos
Grupos Etários
Fonte: Dados coletados pela autora – HC/UFTM (2009).
Quanto à cor da pele, verificou-se que 64,1% (1.004) das vítimas de trauma
internadas eram brancas e, em relação à procedência, 92,3% (1.450) eram de
Uberaba.
Na variável grau de instrução, não foi constatada nenhuma vítima de trauma
com 3º Grau completo. A maior porcentagem verificada foi 52,5% (762),
correspondendo àquelas com 1º Grau incompleto, seguiu-se 32,5% (472) com 1º
Grau completo.
34
4.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO
4.2.1 Mecanismo do trauma
Na tabela 2, encontram-se os dados referentes aos mecanismos do traumas
descritos nos prontuários.
Tabela 2 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o mecanismo do
trauma, HC/UFTM (2009).
No.
%
Mecanismo do trauma
(N = 1.572)
Queda
481
35,1
Acidente motociclístico
323
23,6
Acidente automobilístico
122
8,9
Espancamento
69
5,1
Atropelamento
62
4,5
Arma de fogo
59
4,3
Acidente ciclístico
58
4,2
Arma branca
56
4,1
Queimadura
40
2,9
Acidente esportivo
29
2,1
Acidente com máquinas
20
1,5
Lesões provocadas por animais
17
1,3
Agressão Física
10
0,7
Acidente com objetos contusos ou cortantes
10
0,7
Esmagamento
5
0,4
Acidente com corpo estranho
5
0,4
Soterramento
2
0,1
Choque elétrico
1
0,1
Total
1.369*
100,0
*Excluídos os 203 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
O mecanismo do trauma mais anotado no prontuário foi a queda, com 35,1%
(481) dos clientes, seguiu-se do acidente motociclístico com 23,6% (323) das vítimas
de trauma e o acidente automobilístico com 8,9% (122). Ressalta-se que 203 casos
foram excluídos pela ausência dessa informação (Tabela 2).
Ao verificar os mecanismos do trauma, destacam-se outras duas categorias,
os acidentes de trânsito e a violência interpessoal. Os acidentes de trânsito
perfazem 41,3% (565) das vítimas de trauma, ultrapassando quedas e, a violência
interpessoal (Gráfico 2).
35
Gráfico 2 - Distribuição dos principais mecanismos do trauma nas vítimas
internadas, HC/UFTM (2009).
Mecanismo do trauma
45
41,3
40
35,1
35
Porcentagem
30
25
20
14,2
15
9,4
10
5
0
Acidentes de
trânsito
Queda
Violência
Interpessoal
Outros
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
Dentre os acidentes de trânsito (Gráfico 3), aqueles que envolveram
motocicletas sobressaiu-se aos demais com 57,2% (323) e respectivamente, o
acidente automobilístico representou 21,6% (122).
Porcentagem
Gráfico 3 - Distribuição dos acidentes de trânsito ocorridos em vítimas de trauma
internadas, HC/UFTM (2009).
70
60
Acidente de trânsito
57,2
50
40
30
21,6
20
10
11,0
10,2
Atropelamento
Acidente ciclístico
0
Acidente
motociclístico
Acidente
automobilístico
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
36
A violência interpessoal (Gráfico 4) foi subdividida em quatro categorias, com
a maior frequência apresentada pelo espancamento com 35,5% (69), seguiu-se pelo
ferimento por arma de fogo, 30,4% (59).
Gráfico 4 - Distribuição dos tipos de violência interpessoal encontrado nas vítimas
de trauma internadas, HC/UFTM (2009).
Violência interpessoal
Porcentagem
35,5
40
35
30
25
20
15
10
5
0
30,4
28,9
5,2
Espancamento Ferimento por Ferimento por
arma de fogo arma branca
Agressão
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.2.2 Áreas corporais lesadas
As 1.572 vítimas de trauma internadas apresentaram em média 1,6 área
corporal lesada. Ao discriminar essas áreas, verificou-se que os membros inferiores
perfazem 30,2% (758) das áreas corporais lesadas e os membros superiores 23,0%
(576). A porcentagem relativa à cabeça foi 24,9% e, após sua divisão em face e
crânio, constatou-se que a primeira foi lesionada em 13,1% (327) e a segunda área
– o crânio – em 11,8% (296) (Tabela 3).
37
Tabela 3 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a área corporal
lesada, HC/UFTM (2009).
Áreas corporais lesadas
No.*
%
(N=1.572)
Membros inferiores
758
30,2
Membros superiores
576
23,0
Face
327
13,1
Crânio
296
11,8
Abdome
181
7,2
Tórax
172
6,9
Coluna vertebral
70
2,8
Pescoço
62
2,5
Superfície externa
43
1,7
Baço
19
0,8
Total
2.504*
100,0
*Número de lesões encontradas em 1.572 clientes. Excluídos os 07 casos sem informação. Fonte:
Dados coletados pela autora (2009).
Ao reagrupar essas variáveis em extremidades, cabeça e demais áreas
corporais lesadas, constatou-se que as mesmas apresentaram, em ordem
decrescente, as porcentagens 53,3% (1.334), 24,9% (623) e 21,8% (547),
respectivamente (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Distribuição das principais áreas corporais lesadas nas vítimas de
trauma internadas, HC/UFTM (2009).
Area corporal lesada
53,3
Extremidades
24,9
Cabeça
21,8
Outras áreas corporais
0
10
20
30
Porcentagem
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
40
50
60
38
4.2.3 Diagnóstico Médico
Nesse estudo, os traumatismos de joelho e da perna consistiram na mais
frequente causa de internação, representaram 21,2% (334), seguiu-se os
traumatismos de cabeça com 18,3% (288), quadril e coxa com 15,3% (241), cotovelo
e antebraço com 10,3% (162) (Tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o diagnóstico
médico, conforme a 10ª Versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10),
HC/UFTM (2009).
Diagnóstico Médico
Traumatismos do joelho e da perna (S80 a S89)
Traumatismos da cabeça (S00 a S09)
Traumatismos do quadril e da coxa (S70 a S79)
Traumatismos do cotovelo e do antebraço (S50 a S59)
Traumatismos do punho e da mão (S60 a S69)
Traumatismos do abdome, do dorso, da coluna lombar e da pelve (S30
a S49)
Traumatismos do ombro e do braço (S40 a 49)
Traumatismos do tórax (S20 a S29)
Traumatismos do tornozelo e do pé (S90 a S99)
Queimaduras e corrosões (T20 a T32)
Traumatismos envolvendo múltiplas regiões do corpo (T00 a T07)
Traumatismos de localização não específica do tronco, membro ou outra
região do corpo (T08 a T14)
Traumatismos do pescoço (S10 a S19)
Efeito da penetração de corpo estranho através de orifício natural (T15 a
T19)
Total
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
No.
(N=1.572)
%
334
288
241
162
114
100
21,2
18,3
15,3
10,3
7,3
6,4
76
64
62
40
35
35
4,8
4,1
3,9
2,5
2,2
2,2
16
05
1,0
0,3
1.572
100,0
Ao reagrupar esses diagnósticos considerando as áreas corporais lesadas,
verificou-se que o membro inferior foi motivo de internação em 40,6% (637) das
vítimas, seguidos da lesão em membro superior com 22,4% (352), somando essas
duas categorias constatou-se que as extremidades determinam a internação
hospitalar em 63,0% (989) das vítimas de trauma (Gráfico 6).
Todos os diagnósticos relacionados às lesões da cabeça somaram 18,3%
(288) das vítimas de trauma e as demais áreas corporais 16,5% (260). Destaca-se
que 2,2% (35) dos clientes internaram com quadro de politraumatismo, esse quadro,
conforme a CID-10, é denominado como traumatismos envolvendo múltiplas regiões
do corpo e seus códigos podem ser de T00 a T07(Gráfico 6).
39
Gráfico 6 – Distribuição das áreas corporais lesadas que motivaram a internação
das vítimas de trauma, HC/UFTM (2009).
Porcentagem
Áreas corporais lesadas que
motivaram a internação
63,0
70
60
50
40
30
20
10
0
16,5
18,3
2,2
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.2.4 Condição de alta hospitalar
Gráfico 7 - Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo a condição de
alta hospitalar registrada no prontuário, HC/UFTM (2009).
Porcentagem
Condição de alta hospitalar
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
87,7
Boa recuperação
6,6
5,8
Alguma limitação
Óbito
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
40
Em relação à condição dos clientes na alta hospitalar constatou-se que
87,7% (1.310) saíram em condições de boa recuperação. Foram a óbito 5,8% (86) e
6,6% (98) deixaram o hospital com alguma limitação (Gráfico 7). Destaca-se que em
78 prontuários não foi anotada essa condição e, portanto, esses dados foram
excluídos da análise.
4.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO
4.3.1 Mês, dia da semana e período do dia
Em relação ao número de internações de vítimas de trauma no HC/UFTM, no
transcorrer do ano de 2009, constatou-se a média de 131 clientes/mês. Verificou-se
que em junho o número de admissões atingiu o maior percentual (9,2%), e em julho
e outubro foi 9,0%.
Gráfico 8 - Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas
segundo o mês, HC/UFTM (2009).
Porcentagem
Mês
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
8
7,8
7,9
8,6
9,2
7,3
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
9
9
8,7
7,2
8,8
8,6
41
Gráfico 9 – Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma internadas
segundo o dia da semana, HC/UFTM (2009).
Dia da semana
18
Porcentagem
16
17,1
14
12
14,2
14,6
14,0
10
12,3
12,8
Quarta
Quinta
14,9
8
6
4
2
0
Segunda
Terça
Sexta
Sábado Domingo
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
Em relação aos dias da semana, a maior porcentagem de admissões foi no
domingo, com 17,1% (269), e o dia em que houve a menor frequência foi a quartafeira, com 12,3% (193). Verificou-se um número crescente de admissões a partir de
quarta-feira com o ápice no domingo e declínio na segunda e terça-feira (Gráfico 9).
Gráfico 10 – Distribuição percentual das admissões das vítimas de trauma
internadas segundo o período do dia, HC/UFTM (2009).
Período do dia
Porcentagem
35
30
32,1
31,9
25
25,9
20
15
10
10,2
5
0
06:31 - 12:30 h 12:31 - 18:30 h 18:31 a 24:00 h 00:01 - 06:30 h
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
42
O dia foi subdividido em quatro períodos e o número de admissões de vítimas
de trauma é maior no horário de 06h31min às 12h30min, com porcentagem de
32,1% (504), seguiu-se o período compreendido entre 12h31min às 18h30min, o
qual representou 31,9% (501) das admissões (Gráfico 10).
4.3.2 Procedimentos preconizados pelo ATLS adotados na admissão
Gráfico 11 – Distribuição proporcional dos procedimentos preconizados pelo ATLS
adotados na admissão das vítimas de trauma internadas, HC/UFTM (2009).
Procedimentos preconizados pelo ATLS
Porcentagem
80
74,2
70
60
50
40
30
20
10
13,0
5,8
7,0
0
0
Abordagem da Ventilação e
via aérea com respiração
proteção da
coluna cervical
Circulação
com controle
de
hemorragias
Avaliação Exposição com
neurológica
controle de
hipotermia
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
Verificou-se a frequência de 74,2% (2.582) dos registros para a circulação
com controle de hemorragias, seguido de 13,0% (452) desses para procedimentos
relacionados à abordagem das vias aéreas com proteção da coluna cervical.
Destaca-se que não se encontrou registros, no momento emergencial, de
procedimentos relacionados à avaliação neurológica (Gráfico 11).
43
4.3.3 Categorias Profissionais e Especialidades Médicas Envolvidas
Neste estudo verificou-se que 100% (1/572) das vítimas foram atendidas por
médico e enfermeiro. O fisioterapeuta foi solicitado para atender 32,1% (505) das
vítimas. Em porcentagens menores, foi também solicitado o assistente social para
9,7% (152) das vítimas de trauma (Tabela 5).
Tabela 5 – Distribuição das vítimas de trauma, segundo os profissionais envolvidos
durante a internação, HC/UFTM (2009).
Profissionais
Enfermeiro
Médico
Fisioterapeuta
Assistente social
Nutricionista
Psicólogo
Fonoaudiólogo
N = 1.572
No.
%*
1.572
1.572
505
152
71
13
03
100,0
100,0
32,1
9,7
4,5
0,8
0,2
*Porcentagem em relação às 1.572 vítimas. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
Dentre as especialidades médicas, a ortopedia foi a mais solicitada com
72,3% (1.136), seguida da cirurgia geral com 18,8% (296), da neurocirurgia com
13,7% (215) e a cirurgia plástica com 11,3% (178). Como alguns clientes ficaram
mais tempo hospitalizados e necessitaram de internação em CTI várias outras
especialidades médicas foram solicitadas, tais como neurologia, oftalmologia, clínica
médica, cardiologia, entre outras (Tabela 6).
44
Tabela 6 – Distribuição das vítimas internadas por trauma, segundo as
especialidades médicas envolvidas durante a internação, HC/UFTM (2009).
N
%*
Especialidade Médica
Ortopedia
1.136
72,3
Cirurgia geral
296
18,8
Neurocirurgia
215
13,7
Cirurgia plástica
178
11,3
Cirurgia torácica
74
4,7
Neurologia
74
4,7
Medicina intensiva
54
3,4
Oftalmologia
52
3,3
Cirurgia vascular
31
2,0
Infectologia
27
1,7
Otorrinolaringologia
27
1,7
Clínica médica
27
1,7
Urologia
25
1,6
Cardiologia
25
1,6
Endocrinologia
15
1,0
Ginecologia
12
0,8
Nefrologia
11
0,7
Hematologia
9
0,6
Psiquiatria
7
0,4
Nutrologia
6
0,4
Cirurgia do aparelho digestivo
5
0,3
Coloproctologia
3
0,2
Gastroenterologia
3
0,2
Reumatologia
1
0,1
* Porcentagem em relação às 1.572 vítimas. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.3.4 Quantidade e tipo de cirurgias realizadas
Em relação à quantidade de cirurgia realizada por cliente (Tabela 7), verificouse que 79,8% (1.255) das vítimas foram submetidas a um (01) procedimento
cirúrgico. A média de cirurgia por cliente foi de 1,6. Aponta-se que 20,2% (317)
desses traumatizados não se submeteram a procedimento cirúrgico.
Dentre as vítimas que sofreram intervenção cirúrgica, 74,5% (968) foram da
especialidade de ortopedia, a seguir 9,2% (119) fizeram cirurgias com a plástica
(Tabela 7).
45
Tabela 7 – Distribuição das vítimas de trauma internadas, segundo o tipo e a
quantidade de cirurgia realizada, HC/UFTM (2009).
Variáveis
Cirurgias realizadas
Ortopédicas
Plásticas
Neurológicas
Abdominais
Torácicas
Outras
Total
N
%
968
119
72
62
47
32
1.300*
74,5
9,2
5,5
4,8
3,6
2,4
100,0
Quantidade de cirurgia por cliente
Nenhuma
317
20,2
Uma
1.167
74,2
Duas a seis
88
5,6
Total
1.572
100,0
*Excluídos os 54 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.3.5 Tempo de permanência hospitalar e no Centro de Terapia Intensiva
Adulto
Neste estudo, verificou-se que as 1.572 vítimas permaneceram no HC/UFTM
por uma média de 7,0 dias (d.p.: 10,0 dias), sendo que o período de internação
apresentou variação de menos de 24 horas a 146 dias. Dessas vítimas, 9,6% (151)
necessitaram de internação em CTI, (Gráfico 12). Nessa unidade de internação as
vítimas ficaram em média 13,2 dias (d.p.: 13,6 dias), amplitude de 1 a 86 dias.
46
Gráfico 12 - Distribuição porcentual das vítimas de trauma internadas que
necessitaram de Terapia Intensiva, HC/UFTM (2009).
Internação no Centro de Terapia Intensiva
Porcentagem
90,4%
100
80
60
40
9,6%
20
0
Não
Sim
Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.3.6 Realização de sistema de referência e contrarreferência
Dentre os clientes referenciados para o HC/UFTM, 89,6% (1246) das vítimas
de trauma foram contrarreferenciadas no momento da alta. Dessas, 98,5% (1.227)
foram encaminhadas ao Ambulatório Maria da Glória (AMG) e 1,5% (19) dos clientes
foram para outras unidades pertencentes à rede básica de saúde (Tabela 8).
Destaca-se
que
contrarreferência.
em 11,5%
(181)
dos prontuários
não
foi
registrada
a
47
Tabela 8 – Distribuição das vítimas de trauma internadas segundo a realização e
local de contrarreferência, HC/UFTM (2009).
Variáveis
N=1.572
No.
%
Contrarreferência
Realizada
Não realizada
Total
1.246
145
1.391*
89,6
10,4
100,0
Instituição de contrarreferência
Ambulatório Maria da Glória
Outra
1.227
19
98,5
1,5
Total
1.246
100,0
*Excluídos os 181 casos sem informação. Fonte: Dados coletados pela autora (2009).
4.3.7 Custo faturado
O custo faturado pela instituição em decorrência das internações no Hospital
de Clínicas foi em média de R$ 1.487,07 por vítima de trauma (d.p.: R$ 2.798,20),
com amplitude de R$ 40,38 a R$ 34.025,55.
48
5 DISCUSSÃO
É fundamental a aplicação de estratégias eficazes no tratamento e prevenção
do trauma na cidade de Uberaba, micro-região e no HC/UFTM. É necessária a
aplicação de ferramentas para a elaboração de plano de assistência integrada com
demais serviços de atendimento aos traumatizados em toda a região, por meio da
qual toda a sociedade será beneficiada, diferentemente do modelo atual, onde o
atendimento é fragmentado e a prevenção não é priorizada.
Nesse contexto a epidemiologia é uma ciência fundamental para o
conhecimento do diagnóstico situacional da comunidade e melhoria dos indicadores
de saúde. Diante do exposto, tem-se com a esta pesquisa a finalidade de fornecer
subsídios para a implementação do atendimento hospitalar da vítima de trauma e
sua prevenção.
5.1 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS
Informações sociodemográficas da população são importantes para a
identificação dos grupos mais expostos aos agravos à saúde e para proporcionar
subsídios às políticas socioeconômicas e de saúde. Dessa forma, é possível
demonstrar as necessidades de cada serviço, a distribuição desses eventos de
acordo com a região e suas peculiaridades, com objetivo de melhorar a assistência
oferecida ao cliente.
Em 2009, mesmo ano deste estudo, o número de brasileiros era de
191.481.045, sendo que 50,9% (97.430.444) eram mulheres e 49,1% (94.050.601)
homens, com uma diferença de 1,8% (BRASIL, 2009b). Ainda em 2009, no
HC/UFTM, 1.572 pessoas necessitaram de internação hospitalar por terem sido
vítimas de trauma e a grande maioria era do sexo masculino.
O aumento dos índices de morbi-mortalidade no sexo masculino tem sido
motivo de preocupação no Brasil e na data de 27 de agosto de 2009, após a
observação que essa situação se constituía em problema de saúde pública, lançouse a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem, com intuito de
estabelecer ações educativas e promover o acesso dessa população aos serviços
de saúde (BRASIL, 2008).
49
No diagnóstico realizado pela equipe do Ministério da Saúde, o homem está
mais exposto às doenças, tais como, as doenças isquêmicas – a primeira causa de
morte, as doenças cerebrovasculares – segunda causa de morte – e, a seguir, em
terceiro lugar, os homicídios. De maneira geral, o homem está muito envolvido na
violência, seja como autor ou como vítima, utiliza mais tabaco e álcool e, ainda, o
sedentarismo está mais presente nesse sexo (BRASIL, 2008).
Diante disso, a cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são homens.
Em cada cinco pessoas que morrem de 20 a 30 anos, quatro são homens, nesse
contexto, dentre as mortes no país, os homens perfazem 60%. (BRASIL, 2008). Em
relação à morbidade, os homens ocupam as maiores porcentagens, e, em 2010, as
internações por causas externas, no sexo masculino, representaram 70,5%
(BRASIL, 2008).
A questão cultural tem muita interferência nesses dados, tendo em vista que o
homem, geralmente, assume posições de controle, de chefia e de riscos. O aspecto
comportamental interfere na saúde humana e, portanto, é relevante considerar o
estilo de vida de cada sexo, que se diferenciam em vários aspectos (LAURENTI;
MELLO JORGE; GOTLIEB, 2005).
Segundo Santos et al. (2008) nos acidentes de motocicleta destacam-se a
predominância do sexo masculino, com percentual de 86,0%. Esse reforça a
questão de maior exposição do homem aos riscos de traumatismos, pois em sua
maioria são os condutores de veículos e acrescenta que muitos homens aprendem a
dirigir antes de obter a carteira nacional de habilitação. Vasconcelos e Riberto (2011)
confirmaram a prevalência masculina (82,0%) na exposição às fraturas da coluna
vertebral e considera esse fato uma característica cultural masculina, destaca-se a
exposição do homem às atividades de risco e ao seu comportamento desafiador.
Em contrapartida, Macedo et al. (2008) descreveram que há aumento de
traumas no sexo feminino e menciona que as mulheres estão envolvidas com
atividades que anteriormente somente o homem exercia. Segundo os autores, a
mulher, em algumas situações, tem uma profissão além das atividades domiciliares
e, por isso, com as atividades laborais da atualidade, está igualmente exposta ao
trânsito, às agressões físicas e demais atividades de risco. Apesar dessa
consideração, em seu estudo, foi verificado que 72,8% das vítimas de traumas
faciais eram do sexo masculino.
50
Ressalta-se que a diversidade de tipo de traumatismos associado à
modernidade, que cada vez mais expõe o ser humano às grandes lesões, por
variados mecanismos do trauma, pode modificar essa situação. A inserção da
mulher no mercado de trabalho, nas atividades esportivas, acrescido ao estresse em
exercer também os papéis de mãe, esposa e muitas vezes chefe do núcleo familiar
pode modificar, ao longo do tempo, os números de traumatismos em relação ao
sexo.
Em relação à faixa etária, no ano de 2009, houve 739.932 internações no
Brasil por causas externas, sendo que 59,6% estavam entre 20 a 49 anos, bem
como os 57,5% no mesmo período e idades, em Minas Gerais (BRASIL, 2009a).
Nesta pesquisa, 59,1% das vítimas de trauma estavam nessa faixa etária.
A faixa etária que abrange os adultos jovens e adultos é mais acometida nos
diversos traumatismos (CRUVINEL NETO; DEDIVITIS, 2011, SILVA et al., 2011;
STOLZ et al. 2011) os resultados foram similares ao deste estudo em que os
adolescentes somados aos adultos perfazem 79,9% e os idosos 20,1%.
Os dados acima reforçam a necessidade de iniciar atividades de prevenção
do trauma cada vez mais cedo. Ao considerar as vítimas de 14 anos de idade
encontradas, constata-se a necessidade, desde a infância, de atividades educativas
por pais e instituições escolares e governamentais. Ações que orientem os futuros
adultos sobre a importância desses agravos e de suas consequências e, ainda, que
incentivem atitudes seguras nos cidadãos e sua postura responsável na sociedade.
As crianças veem os adultos como exemplos e esses reforçam situações
inapropriadas para a formação de um adulto consciente de sua importância dentro
do coletivo.
A cor da pele é um dado difícil de ser obtido no momento emergencial, visto
que o cliente é encaminhado diretamente a uma sala de atendimento. Geralmente
quem oferece essa informação é um familiar ou acompanhante em situação de
estresse ou constrangimento.
No ano de 2008, quase a metade da população brasileira era de cor branca
(BRASIL, 2009a). Neste estudo verificou-se que 64,1% da população estudada eram
de cor branca. Carvalho e Bez Júnior (2004) verificaram a predominância de 67,0%
da cor branca em atendimentos pré-hospitalares e Luz et al. (2011) verificaram a
predominância da cor não branca em sua pesquisa com percentual de 69,6%. Em
51
casos de violência notificados, em um período de 10 anos, verificou-se que 39,7%
eram brancos (MASCARENHAS et al., 2011a).
Existe uma dificuldade de caracterização correta da cor da pele/etnia. A
miscigenação existente neste país é relevante, o que dificulta a classificação das
vítimas de trauma por cor da pele. Ressalta-se que a cor da pele não é um dado que
interfere diretamente no trauma ou na assistência prestada.
A escolaridade das vítimas de trauma estudadas foi baixa, sendo que 52,5%
possuíam o 1º grau incompleto e 14,2% eram analfabetos, o que totaliza 66,7%. Não
foram encontradas vítimas de trauma com 3º grau, mesmo que incompleto.
Observou-se, ainda, que em 120 casos esse dado não foi informado, ou seja, menos
de 10% da população estudada.
Martins Júnior, Keim e Santa Helena (2010) verificaram que 61,7% das
vítimas de trauma facial que necessitaram de cirurgia tinham o ensino fundamental.
Mascarenhas, Azevedo e Novaes (2010) verificaram que 43,33% das vítimas com
lesões musculoesqueléticas possuíam ensino fundamental incompleto.
Pode-se supor uma relação entre vítimas de trauma e baixa escolaridade,
principalmente quando os mesmos estão ligados às situações de violência, mas
ressalta-se que o trauma está presente em todas as classes sociais, ainda que em
proporções distintas. A diferença pode estar nos mecanismos do trauma, que são
características de alguns perfis de vítimas. Considera-se que a instituição estudada
constitui-se em hospital de ensino, com os inconvenientes que a situação de ensino
acarreta para os clientes, além de atender exclusivamente pelo SUS. Esses fatores
permitem supor que pessoas com maior poder aquisitivo – e, também, maior
escolaridade – recorram a outros serviços, quando possível.
A procedência dos clientes era Uberaba em 92,3% das situações e os demais
oriundos de outras cidades da microrregião. Destaca-se que dentre todas as cidades
circunvizinhas Uberaba é a maior delas, com um número populacional igualmente
superior, o que permite supor, uma maior exposição ao trauma e por consequência a
presença de vítimas graves, ao contrário, cidades de pequeno porte, podem também
ter vítimas de trauma, porém com menor complexidade, o que possibilita o
atendimento dentro dos próprios recursos de atenção à saúde.
É necessário esclarecer que a verificação da cor da pele, escolaridade e
procedência, no momento emergencial é difícil, pois enquanto o cliente é atendido, o
acompanhante, que está em situação de estresse, pode não oferecer a informação
52
correta. Por fim, deve-se considerar as limitações do serviço na coleta da informação
ou na conferência dos dados já cadastrados no computador em internação prévia do
cliente nos resultados encontrados.
5.2 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO EVENTO TRAUMÁTICO
Na descrição dos mecanismos do trauma (Tabela 2), a queda assume o
primeiro lugar com 35,1% (481) das vítimas. Em segundo lugar, os acidentes
motociclísticos atingiram 23,6% (323) das vítimas, seguidos por 8,9% (122) das
vítimas de acidentes automobilísticos.
Gawryszewski, Koizumi e Mello-Jorge (2004, p. 1002) “mostram que o perfil
das causas externas difere quando visto das ópticas da mortalidade e da morbidade”
e acrescenta que os transportes terrestres interferem nos dados de mortalidade e
morbidade, ao contrário, as quedas são responsáveis por mais da metade das
internações e os homicídios pelos altos números de óbitos. Os autores reforçam a
necessidade de prevenção e controle desses mecanismos através de políticas
públicas.
Verifica-se a necessidade de novos estudos sobre a queda na instituição
pesquisada, pois consistiu no mecanismo do trauma que acometeu mais de um
terço dos clientes. É importante ressaltar que, nos prontuários, esse mecanismo foi
descrito de forma generalizada, sem discriminação do tipo ou situação em que ela
ocorreu. Parreira et al. (2010) ressaltaram a importância de valorizar esse
mecanismo e reforça a necessidade de aprofundamento sobre o tema.
No período de 2000 a 2010 observou-se que a morbidade por causas
externas teve um aumento progressivo e diferentemente, quanto observado o
número de internações, as doenças cardiovasculares permaneceram-se constantes
e as doenças respiratórias apresentaram redução dos índices no mesmo período.
Destaca-se que ao longo de 10 anos, o risco de internação por queda manteve-se
elevado, ultrapassou 15 internações por 10 mil habitantes. Dentre as causas
externas, a queda assumiu 39,1% das internações hospitalares (MASCARENHAS et
al., 2011a).
Nesta pesquisa foi realizado o agrupamento dos acidentes motociclísticos,
automobilísticos, ciclísticos e os atropelamentos, os quais se configuram nos
acidentes de trânsito e representaram a causa de trauma para 41,3% dos clientes.
53
O Brasil tem um dos trânsitos mais violentos do mundo e, em 1998, buscouse modificar essa situação com a implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito,
mas infelizmente a taxa de mortalidade manteve-se estável, não diminuiu as mortes
e incapacidades (BACCHIERI; BARROS, 2011).
Dentre esses acidentes, o motociclístico apresentou frequência de 57,2%.
Bacchieri e Barros (2011) relacionaram o aumento da aquisição de motocicletas, que
são mais acessíveis financeiramente à população de baixa renda, a facilidade de
transporte desse veículo no trânsito congestionado, à maior exposição do condutor e
do passageiro a diversas lesões. Soares et al. (2011) estudaram a frequência
desses acidentes entre os motoboys e detectou que quase 40% haviam sofrido ao
menos um acidente no período de um ano e relataram que, entre esses
trabalhadores, a reincidência é comum, sendo que 39,6% das vítimas informaram
mais de um acidente.
Em estudo realizado, verificou-se a ocorrência de risco de internação no
período de 2000 a 2010, no caso de internação por acidente motociclístico verificouse um aumento de 243,1% e atingiu 3,7 internações por 10 mil habitantes. No Brasil
um veículo que era usado como esportivo tornou-se meio de locomoção e veículo
importante no mercado de trabalho ao longo dos anos o que resultou em aumento
considerável da frota nacional, a motocicleta (MASCARENHAS et al., 2011a). Essa
tem vantagens para o condutor, principalmente para pessoais de baixo poder
aquisitivo, em contrapartida, expõe o indivíduo a colisões e lesões corporais devido
as características do próprio veículo.
Ressalta-se que em uma colisão de motocicleta não há proteção como em um
automóvel, assim é o corpo do motorista que serve de anteparo e é frequentemente
atingido, pois associado à velocidade o corpo humano não suporta a transferência
de energia.
Nesse novo agrupamento, o segundo mecanismo do trauma foram as vítimas
de queda, agora com 35,1% dos clientes. Parreira et al. (2010) descreveram a
importância de valorizar o mecanismo do trauma, pois em queda da própria altura
pode se encontrar lesões graves ou leves mas clinicamente ocultas, o que piora o
prognóstico. Refere que esse problema não é exclusivo dos idosos, apesar de
preocupante nessa faixa etária, o que comprova a necessidade de novos estudos
sobre o tema.
54
Nesta pesquisa, em segundo lugar dentre os acidentes de trânsito,
destacaram-se os acidentes automobilísticos, com a porcentagem de 21,6%. Duarte,
Souza e Bonfim (2010) verificaram 77,7% de acidentes automobilísticos e, desses,
35,0% apresentaram lesões graves, onde a maioria (53,0%) tiveram sequelas e,
dessas, 30,3% foram lesões gravíssimas.
A violência interpessoal foi detectada como o mecanismo do trauma em
14,2% das vítimas, sendo que o espancamento atingiu 35,5% das vítimas de
violência interpessoal. Silveira, Iwamoto e Miranzi (2009) relataram em seu estudo,
com vítimas notificadas por órgão competente que, a grande maioria (94,7%), sofreu
lesão física por aplicação de força. Miranda, Paula e Bordin (2010, p. 301) relataram
em pesquisa sobre violência conjugal, que mulheres sofrem lesões por mecanismo
direto, relacionadas a “agressões físicas com ataques repetidos ou de alta
intensidade que causam traumatismos (fraturas, hemorragias e deformidades
físicas) ou problemas crônicos (dor crônica e osteoartrite)”.
O impacto das políticas de desarmamento no ano de 2004 não conseguiu
reduzir as taxas de homicídios no Brasil. Internacionalmente, o país ocupava,
naquela data, o quarto lugar no mundo, e apresentava a taxa de 27 homicídios para
100.000 habitantes (WAISELFISZ, 2007). Zandomenighi, Martins e Mouro (2011)
relataram que as armas de fogo são geradoras de grande morbi-mortalidade no
país. O Brasil ocupa os primeiros lugares no contexto mundial. A lesão que atinge
áreas nobres do corpo pode levar a vítima a óbito e naquelas em que o ferimento
atinge os membros e abdome causa o aumento da morbidade.
Nesta pesquisa, dentre as violências interpessoais, o ferimento por arma de
fogo atingiu 30,4% das vítimas de trauma, 28,9% foram vítimas de ferimentos por
arma branca e as agressões físicas foram constatadas em 5,2% da população de
estudo. Cruvinel Neto e Dedivitis (2011) em estudo sobre ferimentos cervicais
penetrantes, relataram que esse tipo de traumatismo, seja por arma de fogo ou arma
branca, demonstra um aumento da violência, e consideravam que o mesmo era visto
em épocas de guerra, e hoje, comumente é encontrado em área urbana. Os autores
detectaram, em sua pesquisa, 49,72% de vítimas por arma de fogo e 43,59% por
arma branca.
Campos et al. (2011) referiram que é fundamental o conhecimento
epidemiológico dos traumas ocorridos, considerando que o homicídio demonstra
uma forma cruel de aniquilamento do outro. Em pesquisa no município da região
55
nordeste, os autores observaram que a arma de fogo foi o instrumento mais utilizado
para os homicídios e, ao analisar as causas, verificaram que o motivo da agressão
observado mais frequentemente entre os homens foi o motivo fútil e, entre as
mulheres, o motivo passional.
É necessário mais estudos na instituição para verificação dos tipos de quedas
e suas causas, com intuito de promover ações preventivas, que possam ser
colocadas em prática no domicílio, em lugares recreativos e até instituições
cuidadoras, tais como, orfanatos e asilos. Da mesma forma, essas ações devem
abranger os motociclistas, para que sejam solicitadas mudanças de atitude e na
característica do veículo, assim como, nos equipamentos de segurança. Para tanto,
destacam-se a importância dos estudos descritivos e dos sistemas de dados e
informação de vigilância epidemiológica.
Ao discriminar as áreas corporais lesadas, verificou-se que os membros
inferiores foram mais atingidos (30,2% - 758) que os membros superiores (23,0% 576). Seguiu-se, a face foi atingida em 13,1% (327) das vítimas de trauma e o
crânio, em 11,8% (296). Quando realizado agrupamento, pode ser verificada a
frequência de 53,3% para as lesões nas extremidades e de 24,9% lesões na
cabeça/face.
Pereira Júnior et al. (2009) verificaram que na unidade de emergência de um
hospital universitário, a área corpórea mais lesada foi a extremidade, representou
22,6% (541) dos casos no ano de 2006 e 28,8% (556), no ano de 2007, seguida por
cabeça/pescoço/face, com percentual de 17,6% (423) no ano de 2006 e 20,4%
(394), no ano de 2007. Verifica-se, assim, que esses resultados foram similares sob
o aspecto de áreas mais lesadas. Destacou-se, porém, que nesta pesquisa foram
constatados percentuais mais elevados, especialmente em relação às extremidades.
É necessário relativizar esses dados, dadas as características de cada região
e, também, a diferença ano após ano. Contudo, destaca-se a importância das lesões
de extremidades no atendimento à vítima de trauma, as quais são comumente
encontradas em decorrência dos principais mecanismos do trauma encontrados, tais
como, acidentes motociclísticos e quedas.
Na cidade de Goiânia, Sado, Morais e Viana (2009) verificaram que as lesões
mais frequentes em motociclistas eram de extremidades, com 53,3% das vítimas, o
que foi justificado por ser a região do corpo mais exposta e susceptível às graves
56
lesões, diferentemente na cabeça, que está mais protegida pelo capacete, hoje um
equipamento de segurança obrigatório.
Acrescenta-se que, além dos equipamentos de segurança exigidos por lei
para os condutores e passageiros de veículos automotores, faz-se necessária a
orientação sobre o uso frequente dos mesmos e exigência de uso de outros
protetores para mais regiões do corpo nos motociclistas e não somente a cabeça.
Koizumi (1992) detectou igualmente um percentual maior de lesões de
extremidade (41,7%), sendo 31,4% vítimas de fraturas. Em menor porcentagem, as
vítimas apresentavam lesões na cabeça (32,2%). Esse estudo, naquela década, já
descrevia as mesmas lesões em vítimas de acidentes de moto e até hoje esses
números não reduziram, e reforça hoje a importância de atitudes preventivas em
relação a esse mecanismo do trauma.
Destaca-se que apesar das lesões de extremidades, de modo geral, sejam
consideradas de baixa ou média gravidade, às vezes necessita de procedimentos
cirúrgicos e frequentemente de imobilizações prolongadas, seguidas de tratamento
fisioterápico para total recuperação da vítima, e acarreta custos econômicos e
sociais e consequências psicológicas, vista que o traumatizado se torna dependente
na realização de atividades diárias mínimas. Ou ainda, em pior situação, pode haver
amputações, sequelas irreversíveis ou morte.
Dentre as 1.572 vítimas pesquisadas 63,0% (989) tiveram como motivo de
internação as lesões de extremidades, totalizou quase 2/3 das indicações de
internação, sendo que os traumatismos de joelho e perna isoladamente assumiram o
percentual de 21,2% (334). Os traumatismos de cabeça constituíram-se na segunda
causa de internação, com o percentual de 18,3% (288).
Em São José dos Campos verificou-se a morbidade hospitalar por causas
externas e constatou que as fraturas, em todos os tipos de causas de internação,
foram as lesões mais encontradas, sendo que, nos acidentes de transporte “os
traumatismos intracranianos foram a segunda principal causa de internação”. Em
seu estudo, as fraturas de perna e fêmur e traumatismos intracranianos foram as
lesões mais encontradas em vítimas de acidentes motociclístico (MELIONE, 2006, p.
135-136).
É interessante considerar que, no senso comum, supõe-se que a causa de
internação de vítimas de trauma decorreria predominantemente de lesões em áreas
tidas como nobres ou vitais ou, ainda, dos casos de politraumatismos, contudo
57
constata-se que numericamente as lesões de cabeça foram menos expressivas e os
casos de politraumatizados somaram 2,2% (Gráfico 6).
Quanto à alta hospitalar a grande maioria 87,7% (1310) das vítimas
internadas saíram em boa condição de recuperação. Destaca-se que foram a óbito
5,6% (86) das vítimas de trauma. Acrescenta-se que muitas vezes o cliente recebe
alta hospitalar com boa recuperação, porém não significa o restabelecimento integral
do indivíduo. A condição mencionada implica, como já referido, “em reassumir uma
vida normal, embora possam ocorrer déficits neurológicos e/ou motores de pequena
monta” (PAGNANO, 2005, p. 43).
Alves et al. (2009, p. 158) destacaram importante reflexão sobre o objetivo
principal do atendimento ao trauma, referiram-se que esse “passa a ser, além da
manutenção da vida do paciente, o seu retorno à sociedade em condições de
capacidade e funcionalidade, as mais próximas possíveis da sua condição prétrauma”. Paiva (2009, p. 47) observou que o momento do trauma “marca uma
ruptura no modo de viver, de trabalhar e na posição social em que estão inseridos”.
Ressalta-se que não foi objetivo desta pesquisa conhecer a qualidade de vida
dos clientes ou mesmo verificar as repercussões posteriores ao evento traumático
no individuo ou na sociedade, mas é importante destacar que somente os dados de
mortalidade em decorrência desses agravos não refletem a realidade complexa que
um cliente traumatizado vivencia. É preciso considerar todas as consequências do
mesmo, abrangendo o período em que são priorizados os fatores biológicos – do
atendimento pré-hospitalar até a alta – e o período posterior à alta hospitalar,
quando será possível conhecer as conseqüências sociais, econômicas, psicológicas,
entre outras.
5.3 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PROCESSO DE INTERNAÇÃO:
O atendimento ao trauma exerce grande impacto na gestão hospitalar, pois
cada vítima exige estrutura diferenciada no setor de emergência, considera-se as
características socioeconômicas e culturais da população atendida em cada região.
Esses fatores interferem na quantidade e qualidade dos recursos humanos e
materiais, que devem ser apropriados e estarem disponíveis diariamente e a
qualquer hora do dia, pois não há previsão do momento em que ocorrerá a
admissão de um cliente vítima de trauma.
58
Em relação ao mês de admissão, constatou-se a média de 131 clientes/mês.
Observa-se que a variação entre os meses de maior e menor ocorrência foi de dois
(02) pontos percentuais, sendo que o mês de setembro apresentou o menor
percentual de admissões, com 7,2% (113), e o mês de junho, ao contrário, o maior
percentual de admissões de traumatizados com 9,2% (144).
Alves (2010) estudou o número de atropelamentos no sul do país e verificou
que os meses de maior incidência de atropelamentos ocorreram no trimestre de abril
a junho e os menores índices foram detectados no trimestre de janeiro a março.
Campos et al. (2011) descreveram que a maior incidência de óbitos por homicídio
em Petrolina foram nos meses de Janeiro (11,6%), dezembro (10,8%) e outubro
(10,1%). Cabral et al. (2010) relataram que o maior número de atendimentos
realizados pelo serviço móvel de urgência foram nos meses de fevereiro (10,2%) e
abril (9,6%) no ano pesquisado.
Nesta pesquisa percebe-se que os meses de maior ocorrência coincidem com
o final de semestre letivo ou a proximidade com os períodos usuais de férias, o que
talvez possa estar relacionado ao cansaço e ao estresse, e torna as pessoas mais
suscetíveis às diversas possibilidades de traumatismo. Contudo, aponta-se que
neste estudo não foram especificadas as peculiaridades de cada trauma, o que
talvez permitisse supor as situações que propiciaram sua ocorrência.
Em relação ao dia da semana, observa-se que a variação entre aqueles de
maior e menor ocorrência foi de 4,7 pontos percentuais, sendo que a quarta-feira
apresentou o menor valor, com 12,3% das admissões, e o domingo, o maior, com
17,1%.
Souza, Mortean e Mendonça (2010) verificaram que durante a semana,
considerados os dias: segunda, terça, quarta e quinta-feira, os acidentes de trânsito
acumularam a maior proporção. Acrescentaram, porém, que no fim de semana –
sexta, sábado e domingo – foi observado o maior número de vítimas fatais e,
quando verificados os dias individualmente, constataram que o sábado apresentava
o maior número de óbitos e de acidentes.
Campos et al. (2011) mencionaram a ocorrência de maior número de
violência por homicídio nos sábados e domingos. Alves (2010) observou maior
número de atendimentos às vítimas de violência ou acidentes nas quartas e quintasfeiras. É importante ressaltar que o dia da semana também pode variar conforme a
população do estudo e das características socioeconômicas e culturais de cada
59
região. Assim, se neste estudo o dia da semana foi categorizado conforme os
mecanismos do trauma seriam observados resultados diferentes. De forma geral,
esta pesquisa demonstra um número de admissões crescente a partir da quintafeira, atinge o máximo no domingo, declina a partir da segunda-feira até a quarta
feira.
Quanto ao horário de admissão do cliente, constatou-se o maior percentual de
ocorrências no período da manhã, com 32,1%, seguido em valores decrescentes, os
períodos da tarde, do início da noite e da madrugada.
Oliveira e Sousa (2011) verificaram que 36,5% dos acidentes motociclísticos
aconteceram no período correspondente ao horário de 12 horas às 17h59min. Alves
et al. (2009) encontraram maior frequência de atropelamentos no fim de tarde e
início da noite, entre 18 e 20h59min, similar ao estudo de Campos et al. (2011), que
verificaram 46,8% das ocorrência no período das 18 às 24 h.
É importante lembrar que este estudo inclui todos os mecanismos do trauma
e não apenas acidentes de trânsito e, como já referido, aponta-se que os dados
relativos à hora de admissão do cliente registrados neste estudo são referentes à
hora da internação e não à hora do evento traumático.
Quanto à realização de procedimentos no atendimento a vítima de trauma é
fundamental criar um sistema de organização. Scarpelini (2007) relatou que existem
dúvidas sobre o melhor modelo de organização do sistema de urgência, mas não
contesta essa necessidade e ainda, ressalta que o Brasil precisa desenvolver um,
pois independente do padrão existente, esse sempre trará bons resultados.
O sistema de atendimento à pessoa vítima de trauma utilizado no HC/UFTM ATLS - visa assegurar que ações primordiais à vida do cliente sejam empregadas
oportuna e adequadamente. O núcleo do ATLS institucional capacita médicos da
região e todos os residentes da instituição, por isso acredita-se que os
traumatizados são atendidos seguindo essa sistematização.
O
ATLS
apresenta
didaticamente
uma
abordagem
mnemônica
de
atendimento, o chamado ABCDE, um método sequencial de procedimentos e ações
a serem adotadas para todos os traumatizados (COLÉGIO AMERICANO DE
CIRURGIÕES, 2008). Ao considerar as anotações realizadas nessa instituição, temse um atendimento com a seguinte sequência: CAEB e ausência do D.
Destaca-se que por meio da observação da totalidade dos registros dos
procedimentos realizados no atendimento emergencial, detectou-se que é muito
60
valorizada a anotação dos procedimentos pertencentes ao terceiro momento do
atendimento, ocasião em que é realizada a avaliação da “circulação com o controle
das hemorragias” (grifo nosso). Essas ações foram anotadas em 74,2% dos
prontuários. Ressalta-se a ausência de registros do atendimento emergencial sobre
a avaliação neurológica, o que, em princípio, permite o questionamento sobre sua
realização.
Diante desses dados, faz-se necessário apontar que é fundamental executar
abordagem das vias aéreas como primeiro passo no atendimento da vítima de
trauma, com vistas a assegurar sua função vital mais básica. Azevedo (2010, p. 78)
relatou que “durante a avaliação primária do paciente traumatizado em todos os
casos observados, as vias aéreas foram avaliadas em primeiro lugar pela equipe de
saúde”.
Monte Alto (2007, p. 55) destacou “a fundamental importância dos cuidados
imediatos de avaliação e reanimação preconizados pelo método”. Descreveu que a
implantação do programa do ATLS, em cidade do interior de São Paulo, “revelou um
impacto positivo sobre o índice de mortalidade global, atestando sua efetividade no
atendimento ao trauma” e, ainda, concluiu ter havido “redução da mortalidade nos
primeiros 60 minutos após a chegada do paciente”. Azevedo (2010, p. 95) reforçou
que “a realização de uma abordagem assistencial articulada às atividades gerenciais
de organização do atendimento ao paciente” propiciam melhor qualidade da
assistência ao usuário do serviço.
Diante disso, ressalta-se que todas as intervenções preconizadas pelo
método ATLS devem ser registradas no prontuário do cliente pela equipe de saúde,
visto que todas as anotações contribuem para a análise da evolução do cliente,
assim como assegura a qualidade da assistência prestada em situações jurídicas e
auditorias, além de promover condições para atividades de ensino, pesquisa e
extensão. A informação escrita é fundamental para o cliente e para a instituição em
todos os aspectos.
De modo geral, o traumatizado é um cliente que exige atendimento
especializado e por várias categorias profissionais e, durante o processo de
internação, a equipe de saúde deve estar preparada para assumir todos os
procedimentos. Nesse sentido é importante equipar uma sala de emergência com
materiais apropriados, além da previsão e provisão de recursos humanos,
suficientes para suprir as demandas.
61
Com frequência, esses clientes sofrem consequências múltiplas em função do
evento
traumático
que
extrapolam o
aspecto
físico,
mesmo
não
sendo
politraumatizados precisam de avaliação global, para que suas necessidades sejam
detectadas e para que seja assistido integralmente. O trabalho em equipe é muito
importante nessas situações, pois o momento é emergencial e cada um contribui de
forma especial e sincronizada para um atendimento eficiente.
Neste estudo, verificou-se que 100,0% (1.572) das vítimas foram atendidas
pela equipe de enfermagem e médica, o que era esperado por tratar-se de ambiente
hospitalar. Destaca-se que, dentre todas as outras categorias profissionais, o
fisioterapeuta foi o mais requisitado, porém apenas para menos de 1/3 dos clientes;
o assistente social para menos de 10,0% deles e, surpreendentemente, o psicólogo
para menos de 1,0% (Tabela 5). Ao considerar que esses dados se referem ao
tempo de internação da vítima e que essas estavam internadas em um hospital
universitário, infere-se que o atendimento ainda não é interdisciplinar. Os
profissionais existem no hospital, mas no caso dos traumatismos, esses não estão
envolvidos nas estratégias assistenciais a esses clientes.
Dentre as especialidades médicas requeridas a ortopedia foi a mais solicitada,
sendo que 72,3% (1.136) das vítimas receberam esse atendimento, seguido da
cirurgia geral, neurocirurgia e cirurgia plástica (Tabela 6). Esses dados são
condizentes com o mecanismo do trauma observado e a área corporal mais lesada,
que foram queda e acidente motociclístico, com traumatismos nas extremidades.
Ressalta-se que se trata de instituição de ensino, o que talvez explique o
número
de
especialidades
otorrinolaringologia,
entre
médicas
outras,
solicitadas,
que
apoiaram
entre
o
elas,
oftalmologia,
atendimento
desses
traumatizados. Em um hospital sem essa peculiaridade, com certeza o número de
especialidades médicas solicitadas seria menor, visto que um cirurgião geral,
especialista em emergência, poderia atender a grande maioria das situações. Devese considerar que, se por um lado, esse tipo de abordagem aumenta o custo do
tratamento, por outro, em princípio, traz benefícios para o cliente e o estudante.
As cirurgias são um tratamento fundamental para a maioria das vítimas de
trauma, e exige muitas vezes recursos materiais de custo elevado e profissionais
habilitados para cada especificidade do traumatizado. Ressalta-se que devido à
necessidade de cirurgia a maioria das vítimas ficou internada.
62
Dentre
as
vítimas
internadas
por
trauma,
aproximadamente
83,0%
necessitaram de cirurgia e, em média, foram realizadas 1,6 cirurgias por cliente.
Daquelas que se submeteram à intervenção cirúrgica, 74,5% (968) foram cirurgias
ortopédicas,
as
demais
especialidades
cirúrgicas
foram
necessárias
em
porcentagens muito menores. Destaca-se que 5,6% dos clientes foram submetidos a
mais de um procedimento cirúrgico, variando de duas a seis cirurgias, durante o
período de internação (Tabela 7).
De acordo com as estatísticas do HC/UFTM disponíveis pode ser confirmada
a prevalência de cirurgias ortopédicas, as quais se sobressaíram às demais
especialidades, nos anos de 2009 e 2010, visto que estas representaram 20,8% e
19,3%
do
total
de
cirurgias
realizadas
na
instituição,
respectivamente
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2011).
A permanência hospitalar no HC/UFTM obteve média de 7,0 dias, com desvio
padrão de 10,0 dias, e o tempo de internação variou de menos de 24 horas a 146
dias. Alguns clientes 9,6% (151) precisaram de internação no CTI. A média do
período de internação neste centro foi de 13,2 dias, com desvio padrão de 13,6 dias,
variou de 1 a 86 dias.
Nas capitais brasileiras verificou-se em 2010, média de permanência que
variou de 3,5 dias (Belém) a 12 dias (Rio de janeiro) e em específico na capital de
Minas Gerais, Belo Horizonte, a permanência hospitalar foi de 6,1 dias
(MASCARENHAS et al., 2011a).
O trauma de extremidades com necessidade de cirurgia, em específico,
ortopédica, possibilitou um menor tempo de internação, porém exigiu um tempo
maior para a reabilitação. Azevedo (2011) verificou que 39,4% das vítimas atendidas
nas Unidades de Emergências por trauma e que foram notificadas pelo Núcleo de
Vigilância Epidemiológica, permaneceram um tempo menor que 24 horas e 39,1%
ficaram internados de 1 a 7 dias.
Quanto ao sistema de referência e contrarreferência, o Ministério da Saúde
promove estratégias para melhoria da assistência ao cliente, incentiva o usuário a
procurar como “porta de entrada” os serviços de atenção básica. Dessa forma, as
ações da equipe de saúde promovem, além de cuidados, orientação sobre os
diferentes níveis de atenção. Quando isso não acontece pode ocorrer um
fortalecimento do modelo clássico de assistência em saúde, aquele que enfatiza as
63
consultas e busca apenas a solução de problemas e deixa de lado a atenção integral
ao indivíduo (MACHADO; COLOMÉ; BECK, 2011).
Dentre as contrarreferências realizadas 89,6% (1246), verificou-se que 98,5%
(1.227) foram encaminhadas ao ambulatório da própria instituição e 1,5% (19) foram
encaminhadas para unidades da rede de atenção básica. Esse ambulatório atende a
todas as especialidades e é campo de estágio para os cursos da UFTM, assim como
de todas as especialidades de residência médica e multiprofissional.
Percebe-se, assim, a necessidade de fornecer ao aluno a oportunidade de
aprendizado nas áreas de atenção primária, secundária e terciária. Ou mesmo, que
esse dê continuidade ao seu trabalho e acompanhe o cliente em sua evolução
clínica. Contudo, verifica-se que não há uma integração dessa instituição de ensino
com a rede básica de saúde. É preciso uma reorganização desses serviços, com
incorporação dos fundamentos do SUS, integrar a assistência ao processo de
formação profissional, e buscar a inclusão dos princípios de universalidade,
equidade e integralidade no fazer dos profissionais que atuam nesse contexto.
Mesquita et al. (2009, p. 276) verificaram o custo hospitalar ascendente por
causas externas, nos anos de 2006 e 2007, com um percentual de 49,7% no
primeiro e de 63,9%, no segundo ano. Apontaram que a razão que pode levar a
esse aumento se deve ao grande consumo e equipamentos, materiais e
medicamentos hospitalares, afirmando que “a grande maioria desses produtos é de
baixa vida útil e elevados preços de aquisição” e ressaltaram que esses custos
variam conforme o tipo de trauma e sua magnitude, assim como, o tempo de
permanência hospitalar, esses fatores associados exigem assistência diferenciada e
qualificada.
O custo hospitalar no ano de 2010 das capitais brasileiras referente às
217.451 internações por causas externas foi de R$ 247,5 milhões. Esse valor oscilou
de R$ 1,3 milhão em Macapá, para R$ 69,6 milhões em São Paulo, a média por
cliente foi de R$ 1.138,13, e a amplitude foi entre R$ 772,63 em Macapá, e R$
1.633,62 em Curitiba (MASCARENHAS et al., 2011a).
Neste estudo o custo faturado das internações das vítimas de trauma oscilou
de R$ 40,38 a R$ 34.025,55, sendo que a mediana ficou em R$ 643,80 e, a média,
em R$ 1.487,07 com desvio padrão de R$ 2.798,1.
É possível inferir que neste estudo o menor valor se justifica para as vítimas
que por algum motivo foram dispensadas pelo médico, para retornarem em outro
64
momento; por aquelas que pediram alta para continuarem tratamento em outra
instituição e pelos casos em que o óbito ocorreu rapidamente, situações essas que
foram realizados poucos procedimentos. Ao contrário, o valor mais alto se justifica
pelo preço de equipamentos e materiais utilizados no momento emergencial, mas
principalmente durante os procedimentos cirúrgicos ou que precisaram de terapia
intensiva. Destaca-se que no valor acima descrito não estão incluídos os valores
gastos com pagamento de recursos humanos e encargos sociais.
65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As vítimas de trauma internadas no Pronto Socorro Adulto do HC/UFTM, no
ano de 2009, eram predominantemente do sexo masculino, adultos, em especial das
décadas de vida mais jovens, de pele branca, com escolaridade inferior ao ensino
fundamental completo e, procedentes de Uberaba.
O principal mecanismo do trauma foi a queda, seguido do acidente
motociclístico, que ocasionou lesões nas extremidades inferiores, as quais se
constituíram no principal diagnóstico médico para indicar a internação. Destaca-se
que, dentre os diagnósticos médicos, os politraumatismos foram pouco expressivos
numericamente. Na alta hospitalar, 87,7% desses saíram em boas condições e da
totalidade, 5,6% foram a óbito.
Os meses de maior ocorrência de admissões coincidem com o final de
semestre letivo ou a proximidade com os períodos usuais de férias. A variação entre
os meses de maior e menor frequência – junho e setembro, respectivamente – foi de
dois pontos percentuais. O domingo e o período da manhã apresentaram o maior
número
de
admissões.
Os procedimentos preconizados pelo
ATLS
mais
frequentemente registrados na admissão foram aqueles referentes à circulação com
controle da hemorragia.
Os médicos e os enfermeiros estavam sempre presentes no atendimento ao
cliente traumatizado. Porém, apesar da grande variedade de categorias profissionais
disponíveis na instituição, não se constatou atendimento multiprofissional para a
maioria dos clientes durante a internação, sendo que menos de um terço desses
recebeu atendimento fisioterapêutico e menos de 1,0% deles, por psicólogo. Dentre
as especialidades médicas requeridas, a mais frequente foi a ortopedia que, do
mesmo modo, foi responsável pela realização da maioria das cirurgias. Destaca-se
que 5,6% dos clientes foram submetidos a mais de um procedimento cirúrgico,
variando de duas a seis cirurgias.
A permanência hospitalar variou de menos de 24 horas a 146 dias e, para
aqueles clientes que necessitaram de terapia intensiva (9,6%), essa variação foi de
1 a 86 dias. A média foi de 7,0 dias (d.p.=10,0 dias) e de 13,2 dias (d.p.=13,6 dias),
respectivamente. Dos clientes contrarreferenciados (89,6%), quase a totalidade foi
encaminhada ao ambulatório da própria instituição, para acompanhamento após a
66
alta hospitalar. O custo faturado teve mediana de R$ 643,80, com amplitude de
R$ 40,38 a R$ 34.025,55 na internação hospitalar.
Ressalta-se a alta frequência de falhas de anotação nos prontuários
estudados. A informação escrita é fundamental e obrigatória, mas, ao contrário
disso, alguns registros estavam incompletos, ilegíveis ou inexistentes. A realização
de anotações permite adequada avaliação da condição clínica da vítima de trauma,
assegura a qualidade da assistência prestada em situações jurídicas e auditorias,
bem como, promove um instrumento apropriado para atividades de ensino, pesquisa
e extensão.
Neste estudo, aponta-se que o indivíduo vítima de trauma tem a qualidade de
vida alterada, e essa situação também promove impacto considerável na sociedade
e na gestão hospitalar. A universidade tem papel fundamental nessa problemática
que precisa ser desenvolvido junto à sociedade, em particular nos enfoques da
prevenção e da produção de conhecimento na área. Nesse contexto, destaca-se a
relevância da implementação local das políticas públicas de atenção à saúde,
especialmente aquelas referentes à saúde do homem e às urgências, para promover
a integração da abordagem assistencial à preventiva, o que se constitui um caminho
importante para a redução da morbi-mortalidade das vítimas de trauma.
67
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73
APÊNDICES
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
CÓDIGO: ____________________
Data da primeira admissão:___/___/_____
REGISTRO GERAL:_________________
Data da admissão atual:___/___/2009.
____________
NOME:____________________________
____________
1. Aspectos relacionados à vítima:
1.1. Sexo: 1.1.1. masculino 1.1.2.  feminino
1.2. Idade: _________________________
1.3. Procedência: 1.3.1. Uberaba 1.3.2 Outra: __________________________
1.4. Cor da Pele/Etnia:
1.4.1. Branca 1.4.2. Negra 1.4.3. Parda 1.4.4. Morena 1.4.5. Não Mencionado
1.5. Grau de instrução:
1.5.1. 1º Grau Completo
1.5.3. 2º Grau Completo
1.5.5. 3º Grau Completo
1.5.7. Analfabeto
1.5.2. 1º Grau Incompleto
1.5.4. 2º Grau Incompleto
1.5.6. 3º Grau Incompleto
1.5.8. Não Mencionado
2. Aspectos relacionados ao evento traumático:
2.1. Mecanismo do trauma:
2.1.1 Acidente Automobilístico
2.1.2. Acidente Motociclístico
2.1.3. Acidente Ciclístico
2.1.4. Acidente Esportivo
2.1.5. Queda
2.1.6. Atropelamento
2.1.7. Queimadura
2.2. Lesões Anatômicas (ISS):
2.2.1. Crânio
2.2.2. Face
2.2.3. Pescoço
2.2.4. Coluna Vertebral
2.2.5. Torax
2.2.6. Abdome ou conteúdo pélvico
2.3. Complicações na internação:
2.3.1. ISC (infecção de sítio cirúrgico)
2.3.2. Acesso Vascular (flebite)
2.3.3. ITU (infecção do trato urinário)
2.3.4. Cutânea (escara)
2.3.5. Sepse
2.3.6. BP (broncopneumonia)
2.1.8. Afogamento
2.1.9. Arma de Fogo
2.1.10. Arma Branca
2.1.11. Espancamento
2.1.12. Outros: _________________
2.1.13. Não Mencionado
2.2.7. Baço
2.2.8. Extremidade superior
2.2.9. Extremidade inferior
2.2.10  Superfície externa
2.2.11.  Outros: ________________
2.2.12. Não mencionado
2.3.7.  Outros:
Quais? ___________________________
_________________________________
_________________________________
2.3.8. Sem complicações
2.3.9. Não mencionado
74
2.4. Uso de cinto de segurança:
2.4.1  Sim 2.4.2. Não 2.4.3  Não mencionado 2.4.4.  Não se aplica
2.5. Uso de capacete:
2.5.1  Sim 2.5.2. Não 2.5.3  Não mencionado 2.5.4.  Não se aplica
2.6. Transporte pré-hospitalar e referenciamento:
2.6.1. Resgate
2.6.6. Centro Ortopédico – PMU
2.6.2. Samu
2.6.7. Ambulatório – HE
2.6.3. Viatura
2.6.8. Demanda Espontânea
2.6.4. Ambulância
2.6.9. SUSFÁCIL
2.6.5. Veículos próprios
2.6.10. UPA – ABADIA
2.6.11. UPA - RAFA SCAFF CECILIO
2.6.12. Sem referenciamento
2.7. Uso de substâncias psicoativas:
2.7.1. Sim 2.7.2. Não 2.7.3. Não mencionado
3. Aspectos relacionados à internação:
3.1. Hora da admissão no hospital: ____________________
3.2. Dia da admissão no hospital:
3.2.1. domingo
3.2.3. terça
3.2.2. segunda
3.2.4. quarta
3.3. Mês da admissão no hospital:
3.3.1. Janeiro
3.3.4. abril
3.3.2. fevereiro
3.3.5. maio
3.3.3. março
3.3.6. junho
3.2.5. quinta
3.2.6. sexta
3.3.7. julho
3.3.8. agosto
3.3.9. setembro
3.2.7. sábado
3.3.10. outubro
3.3.11. novembro
3.3.12. dezembro
3.4. Diagnóstico (CID):
3.4.1. CID principal: _______________________________________________________
3.5. Procedimentos preconizados pelo ATLS, realizados antes da chegada no hospital:
3.5.1. Colar cervical
3.5.6. Talas/gesso/imobilizações
3.5.2. Prancha longa
3.5.7. Outros: ______________________
___________________________________
3.5.3. Oxigenoterapia
3.5.4. Entubação
3.5.8. Não se aplica
3.5.5. Acesso venoso
3.5.9. Não mencionado
3.6. Procedimentos preconizados pelo ATLS, realizados na admissão:
3.6.1.Colar cervical
3.6.12.Acesso venoso periférico
3.6.2.Oxigenoterapia
3.6.13.Acesso venoso central
3.6.3.Oximetro de pulso
3.6.14.Soroterapia
3.6.4.Intubação
3.6.15.Sondagem gástrica
3.6.5.Cricotireoideostomia por punção
3.6.16. Sondagem vesical de demora
3.6.6.Cricotireoideostomia cirúrgica
3.6.17.Toque retal
3.6.7.Traqueostomia
3.6.18.Talas/gesso/imobilizações
3.6.8.Monitorização
3.6.19.Curativos/suturas
3.6.9.Drenagem torácica
3.6.20.Outros:________________________
3.6.10.Pericardiocentese
3.6.21. Não se aplica
3.6.11.Lavado peritonial
3.6.22. Não mencionado
75
3.7. Cirurgias realizadas e quantidade:
3.7.1. Neurológicas
3.7.2. Torácicas
3.7.3. Abdominais
3.7.4. Ortopédicas
3.7.5. Plásticas
3.7.6. Outras: ______________
3.7.7. Não mencionado
1x 2x 3x 4x 5x
1x 2x 3x 4x 5x
1x 2x 3x 4x 5x
1x 2x 3x 4x 5x
1x 2x 3x 4x 5x
3.7.8.Total: 1x 2x 3x 4x 5x  Mais
3.7.9. Não se aplica
3.8. Tempo de permanência por unidade de internação:
Unidade de Internação
Período
Número de Dias
3.8.1. UPSA
___ / ___ a ___ / ___
3.8.2. CTI – UPSA
___ / ___ a ___ / ___
3.8.3. CTI – A
___ / ___ a ___ / ___
3.8.4. Enfermaria
___ / ___ a ___ / ___
3.8.5. Dias de permanência no hospital: ______________________
3.9. Categorias profissionais e especialidades médicas utilizadas:
3.9.1. Enfermeiro
3.9.9. Médico
3.9.2. Assistente Social
3.9.10. Especialidades médicas:
3.9.3. Psicólogo
3.9.4. Terapeuta Ocupacional
3.9.5. Fisioterapeuta
3.9.6. Fonoaudióloga
3.9.7.  Nutricionista
3.9.8. Outros:____________________
3.9.11. Não mencionado
3.10. Condições de alta:
3.10.1.Óbito
3.10.2.Estado vegetativo
3.10.3.Limitações graves (lesões que impossibilitam atividades físicas e mentais)
3.10.4.Limitações moderadas (viajar, trabalhar, disfasia, hemiparesia, déficit intelectual ou de
memória)
3.10.5. Boa recuperação
3.10.6. Não mencionado
3.11. Custo Faturado pela internação:
________________________________________________________________________
3.12. Serviços de contra – referência:
3.12.1. Sim 3.12.2. Não 3.12.3  Não mencionado
Qual?
3.12.1.1.AMG
3.12.1.2.UPA
3.12.1.3.Outros
___________________________
76
ANEXOS
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
77
78
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Perfil das vítimas de trauma internadas em Hospital Universitário de