UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO NO ESTADO DO PARÁ Cecília Dimitrievna de Albuquerque Waris Daniela Lobato Nazaré José Vicente da Silva Marques Júnior Belém-Pará 2007 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO NO ESTADO DO PARÁ Cecília Dimitrievna de Albuquerque Waris Daniela Lobato Nazaré José Vicente da Silva Marques Júnior Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia, orientado pelo Professor: Dr. Mauro José Pantoja Fontelles e co-orientado pelo Professor: Ms. José Wagner Cavalcante Muniz. Belém-Pará 2007 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO NO ESTADO DO PARÁ Cecília Dimitrievna de Albuquerque Waris Daniela Lobato Nazaré José Vicente da Silva Marques Júnior Avaliado por: ___________________________________ Belém, ____ / _____ / 2007. Belém - Pará UNAMA 2007 Dedico aos meus pais e irmãos que me deram todo o alicerce para ter um dos maiores bens da vida, e que ninguém poderá tirar de mim: o conhecimento. À vocês dedico minha vitória!!! Cecília Dimitrievna de Albuquerque Waris Dedico esse trabalho a minha família que sempre esteve comigo, incondicionalmente. Dividimos e dividiremos sempre o mérito de minhas conquistas pois elas lhes pertencem tanto quanto a mim. Amo vocês! Daniela Lobato Nazaré Dedico a realização deste trabalho em memória do meu querido avô e padrinho Ambrósio Vitorino Marques Neto, exemplo de vida, luta e determinação. Aos meus pais José Vicente e Edilene Carvalho, a quem devo tudo o que sou hoje, por todo apoio, amor e paciência que me foram dados, além do exemplo de dignidade, responsabilidade, honestidade e caráter, os quais pretendo levar por toda a minha vida. Aos meus irmãos Fabrízzio e Fabíolla, por serem exemplos de carinho, compreensão, amizade e companheirismo, sentimentos que se fortalecem a cada momento que se passa em nossa vida e que nos serve de alicerce no dia a dia. José Vicente da Silva Marques Júnior AGRADECIMENTO A Deus, por me dar o dom da vida, força e resignação nos momentos difíceis, e saúde para viver, além da oportunidade de fazer o que gosto. Aos meus amados pais, José Nicolau Waris e Dorothy Waris, pelo amor, carinho e compreensão que me foram dados, por todo o apoio, o incentivo, a paciência e a dedicação, pelas palavras que me fizesse abrir os olhos para ir na direção do caminho certo e por acreditar em meu sonho. Aos queridos meus irmãos, Nicolau Dostoievski e Mário Demidovitch, pelo amor, paciência, caronas e ajuda em trabalhos. Ao meu amado Dennis Vieira, pela compreensão, apoio, ajuda na conclusão deste trabalho, carinho e incentivo sempre. Aos meus amigos e parceiros de TCC, Daniela Lobato e José Vicente Jr., pela amizade em todos os momentos e por acreditar em nosso sonho. Aos Professores e orientadores Mauro Fontelles e Wagner Muniz, pela competência, seriedade e compromisso conosco e nosso trabalho. Aos Mestres Professores, por todos os ensinamentos e exemplos na busca em me tornar uma profissional capacitada e qualificada. A todos os funcionários do Bloco F e da Fisioclínica, pela disponibilidade, carinho e respeito. A banca de qualificação, Paulo Ávila e Edilene Falcão, pela disponibilidade, paciência, seriedade e competência na avaliação de nosso trabalho e apresentação. A todos os Amigos de sala do curso de Fisioterapia da UNAMA, por todos os momentos de estudo, trabalhos, provas, e alegrias que são inesquecíveis. Ao Hospital Universitário João de Barros Barreto, pela realização do nosso trabalho no decorrer destes seis meses de pesquisa. Cecília Dimitrievna de Albuquerque Waris AGRADECIMENTO A Deus pela saúde e por tantas maravilhosas oportunidades Aos meus pais Geraldo e Laura que sempre estiveram ao meu lado em todas as descobertas e com fervor e ansiedade me deram apoio nesse momento de expectativa que enfrentamos. Devo tudo o que sou a vocês! Aos meus avós Iacy e Ramiro que me presentearam com o exemplo da satisfação após o árduo trabalho. Sou fã de vocês! Ao meu irmão Renato que da sua maneira me ensinou a não “esquentar a cabeça” com as dificuldades. Ao meu Amado e amigo, obrigada pela sua constate fonte de estimulo, por estar sempre me aconselhando e incentivando. Você foi, especialmente, imprescindível nessa trajetória. Te amo! Aos meus amigos e companheiros de TCC Júnior e Cecel, sempre estivemos juntos trilhando nossos caminhos com respeito e dignidade, as minhas sinceras saudades, afinal cada qual seguirá seu caminho, mas a amizade verdadeira, o aprendizado e os bons momentos ficarão eternamente em nossas memórias. Aos colegas de sala que durante 4 anos conviveram com todas as diferenças, tornando nossa turma heterogênea e autêntica com alunos que tem como filosofia de vida ser feliz. Aos Mestres que se tornaram grandes tutores e com muito empenho tentam passar todo conhecimento que absorveram ao longo de suas vidas. A Prof. Valéria Normando e Prof. Daniela Costa que sempre me orientaram e ajudaram a permanecer nessa “estrada”, e com carinho me aconselhavam sempre com palavras amigas e afetuosas. Ao Prof. Mauro Fontelles, nosso orientador, pelos momentos de paciência, persistência e crença no nosso potencial. A Dra. Ângela Ferreira, pelo incentivo desde o inicio de nossa jornada no Hospital, ajudando-nos com a sua longa experiência e com sugestões valiosas. Ao Prof. Paulo Ávila e Prof. Edilene Falcão que participaram da nossa banca de qualificação, pelas sugestões e incentivos de valores inestimáveis. Aos pacientes que sempre depositaram em nosso trabalho a confiança de que poderíamos fazer a diferença. Ao HUJBB que permitiu a realização dessa pesquisa e as pessoas que lá trabalham das quais ficamos insistentemente pedindo notificações. A UNAMA pela base oferecida desde a infra-estrutura até as pessoas que ajudaram em muito a realização desse trabalho. Aos funcionários da Fisioclínica Lia, Fabio e D. Claudia pela colaboração, carinho e respeito durante todo o percurso. Daniela Lobato Nazaré AGRADECIMENTOS A Deus, por ser meu norteador e ter me dado a oportunidade de fazer o que eu gosto e ainda poder ajudar os outros. À minha amada mãe Edilene, pelo amor, pela sua determinação, pelo carinho, pela compreensão, incentivo sempre e por muito acreditar em mim. Aos meus irmãos Fabrízzio e Fabíolla, que me repassaram suas forças, carinho e apoio no decorrer desta jornada. À meu Pai José Vicente, pelo carinho e palavras de conforto. As minhas amigas e parceiras de TCC Daniela Nazaré e Cecília Waris, pelos momentos difíceis que passamos juntos, mas que pela união e perseverança que temos e por acreditarmos em nossos potencias podemos com coragem realizar este sonho. As tias Laura Lobato, Dorothy Albuquerque e “Nena”, por compreenderem a importância do nosso trabalho, por nos cederem o espaço da sua residência e pelo apoio diante das nossas dificuldades. A todos os meus familiares que mesmo distante estiveram torcendo para realização deste. A todos os meus amigos de longa e curta data que contribuíram e acreditaram em mim. Ao Paulo Ávila e Edilene Falcão, pela seriedade e competência na avaliação. Ao meu coordenador de curso, orientador e amigo José Wagner Muniz, por me abrir os olhos para o futuro e por nos ajudar para conclusão deste trabalho. Ao nosso orientador Mauro Fontelles, pelos esclarecimentos e paciência nesses meses de pesquisa. Ao Hospital Universitário João de Barros Barreto, por permitir a realização do TCC em suas dependências. A Fisioclínica e seus funcionários, pelo respeito, admiração e ajuda no decorrer do curso. Aos nossos pacientes, que muito nos ajudaram na vida acadêmica depositando confiança e acreditando em nosso tratamento e aprendizado para a melhora da sua saúde. Aos meus professores e colegas do curso de Fisioterapia da UNAMA, o meu muito obrigado pelos quatros anos de convivência, pelas experiências trocadas, pelos conhecimentos adquiridos, e pelos amigos que fiz. José Vicente da Silva Marques Júnior “Se você está percorrendo o caminho de seus sonhos, comprometa-se com ele. Assuma seu caminho, mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que pode fazer melhor o que está fazendo. Se você aceitar suas possibilidades no presente, com toda certeza vai melhorar no futuro. Enfrente seu caminho com coragem, não tenha medo da crítica dos outros. E, sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria crítica. Deus estará com você nas noites insones, e enxugará as lágrimas ocultas com seu amor. Deus é o Deus dos valentes.” (Paulo Coelho) RESUMO WARIS, Cecília Dimitrievna de Albuquerque; NAZARÉ, Daniela Lobato & MARQUES José Vicente da Silva Junior. Perfil Epidemiológico da Tuberculose no Hospital Universitário João de Barros Barreto no Estado do Pará. Pesquisa de Campo, janeiro de 2005 a outubro de 2007. INTRODUÇÃO: O Pará registra em média, 3.000 novos casos de tuberculose por ano. Apesar da grande incidência da doença, ainda são insuficientes os estudos sobre a enfermidade. OBJETIVOS: Descrever e analisar o perfil epidemiológico dos pacientes com Tuberculose, residentes no Estado do Pará, matriculados, internados e atendidos no HUJBB. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo, realizado a partir da coleta de dados no DAME. RESULTADOS: A faixa etária mais acometida pela Tuberculose é de 21 a 50 anos. Entre os sexos os homens demonstraram maior vulnerabilidade a doença. A maior incidência foi na região metropolitana de Belém. O tipo de Tuberculose que mais atinge os paraenses é Pulmonar. Dos pacientes, 94% eram casos novos, enquanto 6% eram recidivas/ retratamento. A maioria dos infectados pela Tuberculose eram analfabetos ou possuíam o 1º grau incompleto. As médias de tempo de internação para os pacientes que realizaram fisioterapia e para os que não realizaram são, respectivamente, 19 e 13 dias. CONCLUSÕES: A disponibilidade de informações relevantes, para a vigilância da tuberculose por unidades assistenciais que se assemelham ao HUJBB, aponta o interesse de discutirmos a adoção de um sistema de vigilância para tuberculose com base em unidades sentinelas. PALAVRAS-CHAVE: Tuberculose, perfil epidemiológico, internação. ABSTRACT WARIS, Cecilia Dimitrievna de Albuquerque; NAZARÉ, Daniela Lobato & MARQUES José Vicente da Silva Júnior. Epidemiological Profile of Tuberculosis in the University Hospital João de Barros Barreto in the State of Pará, Search Field, from January 2005 to October 2007. INTRODUCTION: The state of Pará records an average of 3,000 new cases of tuberculosis each year. Despite the great incidence of the disease, studies about it are still insufficient. OBJECTIVES: describe and analyze the epidemiological profile of patients with tuberculosis, residents in the state of Pará, registered, hospitalized and served in HUJBB. MATERIALS AND METHODS: This is a retrospective descriptive study, conducted from collecting data on DAME. RESULTS: The age group most affected by Tuberculosis is from 21 to 50 years. Among men and women, men showed greater vulnerability to the disease. The highest incidence was in the metropolitan area of Belém. The type of Tuberculosis, which most affects the people from Pará state, is Pulmonary. Of the patients, 94% were new cases, while 6% were relapses / re-treatments. Most infected by tuberculosis were illiterate or had incomplete elementary school. The average lengths of hospitalization for patients who have and have not done physiotherapy are 19 and 13 days, respectively. CONCLUSION: The availability of relevant information for the surveillance of tuberculosis by care units that are similar to HUJBB, points out the interest of discussing the adoption of a system of surveillance for tuberculosis based on units sentinels. KEYWORDS: Tuberculosis, epidemiological profile, hospitalization. LISTA DE SIGLAS CID-10 Classificação Internacional de Doenças 10ª revisão (OMS, 1994) CNS Conselho Nacional de Saúde DAME Divisão de Arquivos Médicos e Estatística DIP Doença infecto-parasitária DOTS BEM Tratamento Curto Diretamente Observado (do inglês Directive Observe Treatment Short) Etambutol ETH Etionamida EUA Estados Unidos da América Vírus da Imunodeficiência Humana (do inglês Human Immunodeficiency Vírus) HUJBB/UFPA Hospital Universitário João de Barros Barreto/Universidade Federal do Pará Hidrazina INH HIV MS Ministério da saúde OMS/WHO PNCT Organização Mundial da Saúde (do inglês Organization) Programa Nacional de Controle da Tuberculose PZA Pirazinamida RJ Estado do Rio de Janeiro RMP Rifampicina SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida SINAN/MS SM Sistema de Informação de Agravos de Notificação/Ministério da Saúde. Estreptomicina SP Estado de São Paulo UNAMA Universidade da Amazônia World Health LISTA DE QUADROS Quadro 1 Preparo dos dados dos bancos do PNCT/HUJBB e DAME/HUJBB. 39 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Mapa Ilustrativo das Mesorregiões Paraenses de acordo com a Incidência da Tuberculose. 49 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Distribuição anual dos casos de internação por Tuberculose 43 notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto de 2005 a 2007. Gráfico 2 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 44 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o sexo dos pacientes. Gráfico 3 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 44 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a faixa etária dos pacientes. Gráfico 4 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 45 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo sexo e faixa etária dos pacientes. Gráfico 5 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 46 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clinica da Tuberculose. Gráfico 6 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 47 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clinica da Tuberculose com o sexo. Gráfico 7 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 48 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a escolaridade dos pacientes. Gráfico 8 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 48 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a ocupação profissional dos pacientes. Gráfico 9 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 49 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a procedência dos pacientes. Gráfico 10 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 50 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o esquema de tratamento utilizado com o pacientes. Gráfico 11 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 51 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a presença do acompanhamento fisioterapêutico. Gráfico 12 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 51 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação. Gráfico 13 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 53 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação comparado com o acompanhamento da Fisioterapia. Gráfico 14 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 53 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo os meses de alta hospitalar. Gráfico 15 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 54 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tipo de alta recebida pelos pacientes estudados. Gráfico 16 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 55 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o cruzamento entre o tipo de alta recebida pelo paciente com o acompanhamento da Fisioterapia. Gráfico 17 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 55 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a faixa etária comparada a incidência de óbitos. Gráfico 18 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 56 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a incidência de óbito com o tipo de manifestação da Tuberculose. Gráfico 19 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 57 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a manifestação de recidivas de internação. Gráfico 20 Distribuição do total dos casos de internação notificados no 57 Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a quantidade de recidivas de internação apresentadas pelos pacientes. Gráfico 21 Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a 59 manifestação de recidivas de internação comparado com o tipo de alta recebida pelo paciente. LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital 52 Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação comparado com o sexo. Tabela 2 Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital 58 Universitário João de Barros Barreto, segundo o esquema de tratamento utilizado pelo paciente comparado com o número de recidivas de internação. Tabela 3 Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital 59 Universitário João de Barros Barreto, segundo o grau de escolaridade comparado com o índice de recidivas de internação. Tabela 4 Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clínica da Tuberculose comparada com o número de recidivas de internações. 60 SUMÁRIO I INTRODUÇÃO 21 I.1- JUSTIFICATIVA 22 I.2- OBJETIVOS 23 II REFERENCIAL TEÓRICO 24 II.1- TUBERCULOSE 24 II.1.1- INCIDÊNCIA 25 II.1.2- SEXO/FAIXA ETÁRIA 26 II.1.3- PROCEDÊNCIA 27 II.1.4- OCUPAÇÃO 27 II.1.5- ESCOLARIDADE 27 II.1.6- FORMA DE TUBERCULOSE 28 II.1.7- ESQUEMAS DE TRATAMENTO 29 II.1.8- TIPOS DE ALTA 30 II.1.9 - INTERNAÇÃO 32 II.1.10- ACOMPANHAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 33 III METODOLOGIA 34 III.1- LOCAL DE REALIZAÇÃO 34 III.2- CARACTERISTICAS DO ESTUDO 34 III.3- AMOSTRA/POPULAÇÃO 34 III.3.1- PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 34 III.4- FONTE DOS DADOS 35 III.5- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 35 III.6- RISCOS 35 III.7- BENEFÍCIOS 35 III.8- DEFINIÇÃO DE CASOS 36 III.9- VARIÁVEIS 37 III.10- PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS 37 III.11- INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS 38 III.12- PADRONIZAÇÃO DOS DADOS 38 III.13- ANÁLISE ESTATÍSTICA 40 III.14- CONSIDERAÇÕES SOBRE QUESTÕES DE ÉTICAS DA 40 PESQUISA IV RESULTADOS 42 V DISCUSSÃO 61 V.1- CARACTERISTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO ESTUDADA 61 V.2- CARACTERISTICAS RELATIVAS A ETIOLOGIA E AO TRATAMENTO 62 V.3- CARACTERISTICAS RELATIVAS AO ATENDIMENTO 64 V.4- ASPECTOS RELATIVOS A MORTALIDADE 65 VI CONCLUSÃO 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68 GLOSSÁRIO 71 ANEXO 73 I. INTRODUÇÂO No Brasil, estima-se cerca de 40 milhões de infectados (25% da população) por tuberculose, com aproximadamente 100 mil casos novos da doença a cada ano, dos quais 4-5 mil vão ao óbito, com uma letalidade em torno de 5% (LEÃO, 1997). Na região Norte, em 1991, foram notificados 6.777 casos de tuberculose, correspondendo a um coeficiente de 66,79 casos para cada 100.000 habitantes, sendo a região brasileira de maior incidência. Em contrapartida, a menor taxa é a da região Sul, com 36,24 casos da doença por cada 100.000 habitantes. Comparando as regiões do Brasil, pode-se dizer que a tuberculose incide mais freqüentemente onde as condições de vida são mais desfavoráveis, denunciando, assim, o caráter eminentemente social da doença (LEÃO, 1997). O Pará registra em média, 3.000 novos casos de tuberculose por ano. A maioria encontrase no interior do Estado que estão inseridos na lista de 315 municípios priorizados para o controle da tuberculose pelo Ministério da Saúdes (OBADIA, 2007). Levantamentos preliminares divulgados pela Coordenação de Pneumologia, dão conta de que o Pará registrou, no ano passado, 2.747 casos novos notificados de todas as formas da doença e 1.878 da forma pulmonar positiva, ou seja, tuberculose em sua forma transmissível confirmada com exame de escarro (OBADIA, 2007). 21 I.1- Justificativa Apesar de o Pará apresentar uma grande incidência da doença, ainda são insuficientes os estudos sobre a enfermidade. Em decorrência disso, lançamos a proposta de traçar o Perfil Epidemiológico da Tuberculose no Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará, visto que o mesmo é referência no tratamento da patologia estudada no Estado. 22 I.2- OBJETIVOS I.2.1– Geral: Descrever e analisar o perfil epidemiológico dos pacientes com Tuberculose, residentes no Estado do Pará, matriculados, internados e atendidos no Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará (HUJBB/UFPA) e notificados pelo Programa Nacional de Controle à Tuberculose (PNCT) do Ministério da Saúde, vinculado ao Hospital (MS/HUJBB/UFPA), no período de janeiro de 2005 a outubro de 2007. I.2.2- Específicos: • Correlacionar as variáveis analisadas no período de janeiro de 2005 a outubro de 2007. • Caracterizar o grau de escolaridade com o perfil clínico dos pacientes. • Caracterizar os casos de Tuberculose segundo variáveis demográficas e local de residência. • Caracterizar os casos de Tuberculose, conforme forma clínica e história pregressa (recidivas e retratamentos). • Descrever a evolução do tratamento, tempo de tratamento e internações. • Reconhecer o acompanhamento da Fisioterapia. 23 II. REFERENCIAL TEÓRICO II. 1 - Tuberculose: A tuberculose é em todo o mundo a causa de morte mais comum por infecção única, com incidência crescente na maioria dos países, segundo Ballinger & Patchett (1997), e estima-se que a mesma afete cerca de 1,7 bilhão de indivíduos no mundo todo, com 8 a 10 milhões de novos casos e 1,7 milhão de mortes a cada ano. Após o HIV, a tuberculose é a principal causa infecciosa de morte no mundo, porque a co-infecção torna as pessoas suscetíveis à rápida progressão da tuberculose e mais de 50 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV e com o M. tuberculosis concomitantemente. De 1985 a 1992, o número de casos de tuberculose nos EUA aumentou em aproximadamente 20% em razão do aumento da doença entre pessoas com SIDA, em imigrantes e entre aqueles em prisões ou casas de apoio. Devido aos aumentos nos esforços da saúde pública o número de casos de tuberculose tem diminuído desde 1993. Atualmente, há aproximadamente 16 mil novos casos de tuberculose ativa nos EUA por ano e aproximadamente 45% deles são de imigrantes (COTRAN & ROBBINS, 2005). No correr do século XX, a melhoria das condições de vida nos países industrializados e a introdução, a partir da década de 40, de quimioterapia altamente eficaz, juntamente com o desenvolvimento de tecnologia para a operacionalização de programas de saúde pública, permitiram o controle da tuberculose no mundo desenvolvido. Assim, durante a década de 70 alguns países como os Estados Unidos (EUA), cogitaram na possibilidade de eliminação da doença. A introdução da quimioterapia nos países em desenvolvimento, na década de 1950, determinou expressiva queda na mortalidade por tuberculose, mas impacto de menor 24 importância na incidência e prevalência e no risco por infecção da tuberculose, nas regiões pobres do mundo que permaneceram elevados (YOUNG e WORMSER 1994). O bacilo da tuberculose se transmite pelo ar e não resiste muito tempo à luz do sol, morrendo em menos de 5 minutos. Por isso o contágio na tuberculose é mais freqüente entre as pessoas que moram na mesma casa, parentes ou não, no período da noite, por dois motivos: durante a noite não temos a luz do sol e, a ventilação das casas diminui muito pelo costume às vezes, necessidade - de fechar todas as portas e janelas, impedindo uma boa ventilação da casa (MARINHO, 2000). Apesar dos medos, o problema não é o doente que a gente conhece. A grande questão é o doente desconhecido. Enquanto a pessoa não sabe que está doente, ela põe em risco todos os de sua convivência. A tuberculose pode evoluir durante 3 a 4 meses sem que a pessoa perceba que está doente. É muito importante estar sempre atento à própria saúde (MARINHO, 2000). II.1.1 – Incidência: A incidência da doença no Brasil é de 129 mil casos por ano, dos quais apenas 90 mil são notificados, sendo o coeficiente de mortalidade 3,5 para cada 100 mil habitantes (SILVA, 2002). Na Amazônia, onde vive cerca de 60% da população indígena do país, a incidência média da tuberculose atingiu 75,1 casos por 100.000 habitantes, no período de 1980-2000, a mais elevada dentre as regiões geopolíticas brasileiras (BASTA et al., 2004). Já o Pará registra em média, 3.000 novos casos de tuberculose por ano. Com uma incidência média de 47 ocorrências para cada 100 mil habitantes, sendo considerado como área endêmica (OBADIA, 2007). 25 II.1.2 – Sexo / Faixa Etária: Quanto ao sexo, nota-se que o coeficiente de incidência total é 2,4 vezes maior para o masculino. Essa diferença entre os sexos (em média 3 homens para cada mulher) é observada a partir da faixa etária de 20 a 29 anos. Para a de 60 anos ou mais a razão é de 6,2 homens para cada mulher e, na de 0 a 4 anos, ocorre uma inversão sendo a razão de 1,7 mulher para cada homem. Nas demais faixas etárias, os coeficientes mantêm-se constantes. Entre os novos casos de tuberculose, 76% foram formas pulmonares, 8% pulmonares associadas á extrapulmonares (HINO et al., 2002). Arcêncio et al. (2007), no Estado de São Paulo em 2004, constatou o número maior de internações para o sexo masculino (84%). Em relação à idade, quando se faz uma análise proporcional ao sexo, observa-se tanto no sexo feminino quanto no sexo masculino um aumento no número de internações na idade produtiva, entre 15 e 59 anos. Esses dados não diferem do Brasil como um todo, em que as internações acontecem mais no sexo masculino, na idade produtiva, observando-se que entre 40 a 44 anos ela chaga ao pico. A incidência por faixa etária se revelou mais alta no sexo masculino em todos os intervalos de idade, ocorrendo os maiores coeficientes de incidência em homens de 60 a 69 anos na região de Bauru-SP sendo predominante no sexo masculino, no qual ocorreram cerca de 75% dos casos. A faixa etária de 25 a 39 concentrou 40% deles (MONTI, 2000). Já na Região Nordeste foi realizado um estudo em Piripiri (Estado de Piauí), a tuberculose afetou indivíduos do sexo masculino, com idade entre 21 a 40 anos de idade, dados semelhantes aos achados de pesquisa realizada em nível nacional (ARAÚJO, GOMES & MASCARENHAS, 2005). 26 De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde no Rio Grande do Sul (SES/RS), 66,4% dos casos incidem no sexo masculino e 33,6% no sexo feminino (CAMPOS & PIANTA, 2001). II.1.3 – Procedência: Do total, 1.539 encontram-se nos 11 municípios (Altamira, Ananindeua, Belém, Breves, Itaituba, Marabá, Marituba, Paragominas, Redenção, Santarém e Tucuruí) que estão inseridos na lista de 315 municípios, de todo o Brasil, priorizados para o controle da tuberculose pelo Ministério da Saúde (SESPA, 2007). A origem dos indivíduos acometidos na região de Bauru-SP foi, predominantemente, urbana, que correspondeu a 82,38%. Houve, ainda, importante participação de indivíduos com origens institucionais, sobretudo provenientes de presídios, nos quais viviam 9,7% de todos os casos (MONTI, 2000). II.1.4 – Ocupação: A distribuição dos doentes por ocupação no período de 1997 e 2000, conforme verificouse com a Prefeitura de Santo André, 67,6% dos doentes tem uma atividade geradora de renda, 12,2% são desempregados, 12,4% donas de casa, 5,6% aposentados, 1,1% detentos e 1,1% profissionais da área da saúde (PREFEITURA DE SANTO ANDRE, 2007). II.1.5 – Escolaridade: Verificou-se ainda que a maioria dos doentes tem de 1 (um) a 3 (três) anos de escolaridade, mas se observa um fenômeno interessante no ano de 2000, onde os pacientes 27 apresentaram grau maior de escolaridade se concentrando na faixa de 4 (quatro) a 7 (sete) anos, isso se repete em 2001 (PREFEITURA DE SANTO ANDRE, 2007). Em estudo realizado no Estado do Piauí, a baixa escolaridade da população, principalmente composta por analfabetos, revela-se como um fator importante, pois a prevalência da doença relaciona-se com o baixo grau de escolaridade, um dos fatores de risco que mais concorrem para a não-aderência ao tratamento da tuberculose. A baixa escolaridade é reflexo de todo um conjunto de condições socioeconômicas precárias, que aumentam a vulnerabilidade à tuberculose e são responsáveis pela maior incidência das enfermidades e pela menor aderência ao respectivo tratamento (ARAÚJO, GOMES & MASCARENHAS, 2005). II.1.6 – Forma de Tuberculose: A tuberculose pode infectar qualquer órgão do corpo. Mas a principal incidência é a da tuberculose pulmonar bacilífera. Em 1992, foram registrados no Brasil 85.955 casos, dos quais 86% eram pulmonares. Entre as formas extrapulmonares, que correspondem a 15%, as mais comuns são as pleurais e ganglionares periféricas, seguidas pelas genito-urinárias, ósseas e oculares, em menores percentuais. Outras formas extrapulmonares, como a tuberculose meningite e miliar, contribuem com 5% e 6%, respectivamente (HIJJAR, 1994). A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo M. tuberculosis. O complexo Mycobacterium é um agente etiológico constituído de outras espécies como o M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti. Certas micobactérias também podem induzir a um quadro clínico semelhante à tuberculose, sendo necessário o diagnóstico diferencial de culturas e a adequada identificação (CAMPOS & PIANTA, 2001). 28 Em 2006 foram registrados 2.747 novos casos notificados de todas as formas e 1.878 da forma pulmonar positiva, ou seja, tuberculose confirmada com o exame de escarro, que é a forma transmissível da doença, sendo que o total de novos casos 1.539 encontra-se nos municípios prioritários. “Estes valores mantém o Estado na média nacional, que está em torno de 70% (OBADIA, 2007)”. Severo e Leite (2005), em um estudo constataram que a tuberculose pulmonar foi predominante ocorrendo em 93,9% dos casos seguidos de extra-pulmonar em 5,2% e um caso de forma mista. Com relação aos aspectos clínicos, 88,8% dos doentes apresentaram a forma pulmonar. Em indivíduos infectados pelo HIV, ocorreu a maior proporção de formas extrapulmonares e associadas, correspondendo a 27,5% das formas clínicas na região de Bauru-SP (MONTI, 2000). Pode-se também justificar a maior incidência da forma pulmonar de tuberculose, detectada na maioria dos estudos, pelo fato de os pulmões serem órgãos com altas concentrações de oxigênio, tornando-se o local preferencial para a instalação do Mycobacterium tuberculosis, bactéria aeróbica estrita (ARAÚJO, GOMES & MASCARENHAS, 2005). II.1.7 – Esquemas de tratamento: A estratégia de controle, proposta pela OMS, abrange a descoberta dos casos pulmonares bacilíferos, feita pela investigação sistemática de sintomáticos respiratórios; tratamento curto em 6 meses (com rifampicina, isoniazida e pirazinamida) e a adoção da estratégia do Tratamento Curto Diretamente Observado (DOTS) (WHO, 1998). 29 De acordo com ESTUDMED.com, (2001): • No esquema I que é indicado nos casos novos de todas as formas de tuberculoses pulmonar e extrapulmonar (exceto meningite) _ 1 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH), Pirazinamida (PZA); _ 2 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH). • No esquema IR que é indicado nos casos de retratamento em recidivas e retorno após abandono do esquema _ 1 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH), Pirazinamida (PZA), Etambutol (EMB); _ 2 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH), Etambutol (EMB). • No esquema II indicado nos casos de meningite tuberculosa _ 1 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH), Pirazinamida (PZA); _ 2 FASE Rifampicina (RMP), Hidrazina (INH). • No esquema III indicado nos casos de falência de tratamento com os esquemas I, IR, II _ 1 FASE Estreptomicina (SM), Etionamida (ETH), Pirazinamida (PZA), Etambutol (EMB); _ 2 FASE Etionamida (ETH), Etambutol (EMB). De acordo com ESTUDMED.com, (2001) no esquema I e IR o tratamento dura em média 6 meses; o esquema II dura 9 meses e o esquema III dura 12 meses. II.1.8 – Tipo de alta: Segundo dados consolidados em 2001 pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (SINAN/MS), foram notificados 81.432 casos novos de Tuberculose no Brasil. Com relação ao tratamento, 72,2% receberam alta por cura, com 30 abandono de 11,7% e 7% de óbito, distantes, portanto, das metas internacionais estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde e pactuadas pelo governo brasileiro, de curar 85% dos casos estimados (II CONSENSO BRASILEIRO DE TUBERCULOSE, 2004). Atualmente, no Pará, um dos fatores de preocupação é o abandono do tratamento antes do tempo pré-determinado e que pode levar à tuberculose multirresistente, problema grave com custo e mortalidades extremamente maiores (SESPA, 2007). A persistência de bacilos da tuberculose em pacientes considerados curados, determinando a recidiva da doença, é uma questão importante nos dias de hoje. A existência de tais bacilos persistentes (ou dormentes) após a quimioterapia foi demonstrada logo após a introdução da isoniazida. O termo persistência refere-se à capacidade dos bacilos tuberculosos de sobreviverem na presença de concentrações bactericidas de quimioterápicos durante tratamentos conduzidos corretamente. Não está longe o tempo em que a tuberculose era definida como doença crônica e as recidivas eram muito freqüentes. Com a descoberta dos tuberculostáticos, melhoraram os indicadores de cura e decresceram sensivelmente as recidivas. Os resultados tardios e casos recidivados foram aceitos como critérios importantes do tratamento. As mortes por tuberculose estão associadas à demora de diagnostico, à idade avançada do paciente e, nos dias de hoje, à SIDA. O risco de reativação na fase préquimioterápica era muito grande. Nos pacientes que se curaram sem a medicação, as recidivas eram de 4% ao ano durante o segundo qüinqüênio. Em pacientes na vigência de “programas inadequados”, as recidivas eram da ordem de 1% ao ano, bem diferente do 0,1% ou menos para aqueles que receberam tratamento apropriado (MOREIRA & OLIVEIRA, 2000). O percentual de óbitos entre os pacientes estudados foi aos 9% encontrados na investigação dos aspectos epidemiológicos da tuberculose no Estado de São Paulo, já no 31 Estado de Piauí não foi possível determinar se a tuberculose foi a causa de morte, uma vez que o óbito se relacionaria a outras causas (ARAÚJO, GOMES & MASCARENHAS, 2005). II.1.9 – Internações: O tratamento da tuberculose é geralmente feito em regime ambulatorial, no serviço de saúde mais conveniente para o paciente. A hospitalização é indicada em casos muito especiais, de acordo com as seguintes prioridades: meningite tuberculosa, insuficiência respiratória, hemoptise franca, indicações cirúrgicas decorrentes da tuberculose, caquexia, intolerância medicamentosa incontrolável em ambulatório, intercorrência clínica ou cirúrgica grave ou estado geral que não permita o seguimento ambulatorial. O período de internação deve ser reduzido ao mínimo possível para a resolução da causa indicadora, independente do resultado do exame bacteriológico. É importante lembrar que existem outras unidades hospitalares de referência para o atendimento ambulatorial ou em regime de internação dos pacientes com tuberculose pulmonar ou extrapulmonar. Pacientes bacilíferos devem ser mantidos em sistema de isolamento respiratório, sendo recomendado o uso de máscaras e proteção individual para acompanhantes e profissionais de saúde. A liberação do isolamento deverá ser feita mediante três exames de escarro negativos (o que geralmente acontece após a segunda semana de tratamento específico) (LACERDA et al. 2007). Em alguns casos, ainda se internam pacientes de tuberculose para tratamento. Isso acontece quando, junto com a tuberculose, existe alguma outra doença séria como a diabete ou o alcoolismo, por exemplo (MARINHO, 2000). II.1.10 – Acompanhamento Fisioterapêutico: 32 Já o tratamento fisioterápico tem como objetivo prevenir o acúmulo de secreções nas vias aéreas; desobstruir as vias aéreas superiores melhorando assim a respiração; reeducar a respiração; promover o relaxamento da musculatura respiratória; tornar a tosse benéfica e eficaz na eliminação de secreções, ou seja, tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente proporcionando-o bem estar (NASCIMENTO, 2005). Nos casos em que a doença é difusa, o tratamento é conservador. Além dos antibióticos, que são armas importantíssimas nesta modalidade de tratamento, a Fisioterapia é fundamental no tratamento dos pacientes com bronquiectasias. Através de manobras, em especial de drenagem postural – o indivíduo é colocado numa posição, de acordo com a localização de suas lesões, para que a gravidade ajude na drenagem das secreções contidas nos locais afetados do pulmão ou pulmões. A Fisioterapia pode, com isso, reduzir o número de exacerbações da doença e a sua progressão. A drenagem postural deve ser feita diariamente, com duração de quinze a trinta minutos por sessão para que seja eficaz (LANÇA, 2001). 33 III. METODOLOGIA III.1 – Local de Realização: O estudo foi realizado após aprovação dos Comitês de Ética do Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB/UFPA (Anexo I), de acordo com as Diretrizes e Normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres humanos, Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96. Este trabalho foi realizado no Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB/UFPA, onde funciona o Programa Nacional de Controle da Tuberculose. III.2 - Características do estudo: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo dos casos de internação por Tuberculose no HUJBB/UFPA. III.3 - Amostra / População: A amostra foi oriunda do Programa de Controle à Tuberculose do HUJBB, no município de Belém, no Estado do Pará. Foram analisados dados de pacientes com Tuberculose, residentes no Estado do Pará, matriculados e atendidos nos serviços de enfermaria e ambulatório do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB/UFPA), no período compreendido entre janeiro de 2005 a Outubro de 2007. III.3.1 - Planejamento experimental: Todos os dados colecionados da pesquisa foram divididos em três principais grupos: Grupo 2005: constituído de todos os casos notificados entre janeiro a dezembro de 2005. 34 Grupo 2006: constituído de todos os casos notificados entre janeiro a dezembro de 2006. Grupo 2007: constituído de todos os casos notificados entre janeiro a Outubro de 2007. A partir desses, foram analisados as variáveis descritas no item VI.1. III.4 – Fonte dos dados: Os dados utilizados foram fornecidos pelo PNCT/HUJBB e DAME do HUJBB/UFPA com consulta aos prontuários dos casos de tuberculose notificados entre janeiro de 2005 a outubro de 2007. III.5 – Critérios de Inclusão e Exclusão: Como critério de inclusão todos os casos de tuberculose notificados pelo Programa Nacional de Controle à Tuberculose do HUJBB/UFPA, no período de janeiro de 2005 a Outubro de 2007. Os critérios de exclusão foram os casos com suspeita de Tuberculose e que, posteriormente, foram descartados por mudança de diagnóstico, além dos casos não contemplados na amostra de inclusão. III.6 – Riscos: A população estudada abrangeu exclusivamente pacientes atendidos no HUJBB, provenientes de demanda espontânea ou de encaminhamentos da rede básica de serviços ou de outros hospitais não especializados. Portanto, os resultados, mesmo apresentando validade interna, não permitem inferências para o universo dos pacientes com tuberculose residentes no Estado do Pará. III.7 - Benefícios: 35 Não houvera nenhuma informação que permita identificar as pessoas nele incluídas, de forma a garantir a privacidade das informações e o anonimato dos sujeitos da pesquisa, utilizando-se os dados assim obtidos exclusivamente para os propósitos desta pesquisa. Sendo o HUJBB um hospital de referência para a patologia estudada. O presente estudo se baseia em um serviço de epidemiologia, fazendo a notificação e investigação dos casos de doença atendidos no hospital. Desta forma, têm condições para enviar oportunamente, e de forma detalhada para a rede básica de serviços, e para o nível regional, informações indispensáveis para subsidiar o desenvolvimento de estratégias para aprimorar o controle da tuberculose no Estado do Pará. III.8 – Definição de Casos: Foi adotada como definição de caso de tuberculose a recomendada pelo Ministério da Saúde, ou seja, “todo o indivíduo que tem esse diagnóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele que o médico, com base em dados clínico-epidemiológicos e no resultado de exames complementares, firma o diagnóstico de tuberculose” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995). Para o tratamento, definiu-se: - Caso novo – “os pacientes que nunca se submeteram à quimioterapia antituberculosa, fizeram por menos de 30 dias” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995), caso novo com tratamento anterior e cura há mais de 5 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002) ou casos sem a informação de tratamento anterior. - Recidiva - “reaparecimento do processo mórbido após sua cura aparente”. 36 - Retratamento - “o tratamento prescrito para o doente já tratado por 30 dias ou mais, que venha a necessitar de novo tratamento por falência, recidiva ou retorno após abandono” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995). Todos os casos confirmados de tuberculose foram classificados segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10 - OMS 1994). Considerou-se ainda o local em que foi realizado o diagnóstico: enfermaria e/ou ambulatórios. Foram considerados como atendidos em enfermaria, todos os pacientes internados no hospital, e em ambulatório, para os atendidos em serviços ambulatoriais, independente de terem sido acompanhados ou não em outro setor do hospital. III.9 – Variáveis: Foram analisadas no estudo variáveis demográficas (incidência, sexo, idade, escolaridade, profissão, procedência, mortalidade); variáveis relacionadas aos aspectos clínicos (forma clinica da tuberculose, esquema de tratamento adotado, quantidades de recidiva, óbito) e, ainda, características do atendimento: internação, se teve acompanhamento da fisioterapia, tempo de internação e tipo de alta. III.10 – Preparação do Banco de dados: Foram incluídas informações disponíveis dos seguintes bancos de dados: - Banco do DAME do HUJBB/UFPA – dados atualizados dos pacientes internados notificados no hospital. 37 - Banco do PNCT – foram selecionados os casos notificados de tuberculose, no período de janeiro de 2005 à outubro de 2007. Cada paciente possui prontuário próprio com registros de todas as passagens que o mesmo realizou em todas as dependências do Hospital, onde estão também anexadas as cópias dos resultados das culturas realizadas no laboratório. III.11 – Indicadores Epidemiológicos: Os indicadores epidemiológicos foram representados através das variáveis analisadas e supracitadas. • Risco de infecção tuberculosa • Mortalidade • Coeficiente de incidência de casos de tuberculose • Prevalência • Incidência III.12 – Padronização dos Dados: O trabalho com dados implicou a necessidade de sistematização. Algumas informações contidas nos bancos de dados descritos anteriormente apresentavam divergências, que foram revistas, através de consulta às fichas de investigação originais, arquivadas no DAMEHUJBB. Inicialmente, para cada um dos bancos de dados, verificou-se a duplicidade dos casos, duplicidade de números de prontuário para pacientes diferentes e do número de Matrícula no HUJBB. 38 Os dados coletados no PNCT/HUJBB foram: matrícula, faixa etária, sexo, Tipo de Tuberculose, Município de procedência, mês que obteve alta, ano de alta, Tempo de Internação, Tipo de alta e Recidiva. Já os dados como profissão, escolaridade, esquema de tratamento e acompanhamento da fisioterapia, foram coletados no diretamente nos prontuários arquivados no DAME-EstatísticaTB /HUJBB. Em seguida, foram selecionados os casos notificados de tuberculose que foram internados no período de janeiro de 2005 a outubro de 2007 no Hospital Universitário João de Barros Barreto, separando os casos confirmados, de Tuberculose que perfazem o total de 855. Dados Consistências Duplicidade Duplicidade de registro do caso refere-se a mais de uma notificação da mesma doença do mesmo paciente, no mesmo período. Houve tanto inclusão como exclusão de casos diversos bancos. Homogeneidade dos dados no mesmo campo Caso alguns dos campos tivessem a mesma informação inserida de modo diferente, na analise foi necessária a homogeneidade. Dados coletados no DAME-Estatística-TB Número de Matricula, Idade, sexo, Tipo de Tuberculose, mês e ano de alta, município de procedência, tipo de alta, tempo de internação, recidiva da internação. Dados coletados em prontuários nos arquivos Profissão, do DAME tratamento escolaridade, e esquema acompanhamento de da fisioterapia. Quadro 1 – Preparo dos dados dos bancos do PNCT/HUJBB e DAME. Fonte: dados do autor 39 III. 13 - Análise Estatística: Foram analisadas no estudo variáveis demográficas; variáveis relacionadas aos aspectos clínicos; variáveis relativas ao agente etiológico e, ainda, características do atendimento. Nas análises bivariadas, para avaliação da correlação entre as variáveis paramétricas, foi utilizado o teste t de Student bicaudal; nas analises das variáveis não paramétricas foi empregado o teste do Qui-Quadrado da independência, ou o teste exato de Fisher, quando necessário. O coeficiente de correlação de Pearson (valor r) foi utilizado para medir a força de associação entre as variáveis contínuas, assim como para o cálculo do Coeficiente de Determinação (r2). Os valores da Odds Ratio e o Intervalo de Confiança de 95% foram calculados para se fazer inferências estatísticas em relação á população estudada. Nas análises multivariadas foi utilizado o método da regressão linear múltipla e a regressão logística múltipla, com cálculo da Odds Ratio e Intervalo de Confiança de 95%, objetivando avaliar a interação entre as diversas variáveis estudadas e a significância estatística entre elas, quando relacionadas ao desfecho. Todos os dados foram tabulados em planilhas do programa Microsoft Excel (Microsoft Office, 2005), e os valores de “p” serão calculados pelo programa Bioestat 4.0 e Epi Info, versão 2002, com o nível de significância de 5% (p<0,05). Todos os valores das variáveis continuas foram expressos sob a forma de média ± desvio padrão da média. III.14 – Considerações sobre Questões de Éticas da Pesquisa: A pesquisa observou as recomendações da Resolução nº 196 de 10/10/96 - Conselho Nacional de Saúde - CNS para Pesquisa Científica em Seres Humanos. O estudo foi realizado 40 através de análise de dados secundários fornecidos pelo Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará. Não há nenhuma informação que permita identificar as pessoas nele incluídas, de forma a garantir a privacidade das informações e o anonimato dos sujeitos da pesquisa, utilizando-se os dados assim obtidos exclusivamente para os propósitos desta pesquisa. Este Projeto foi aprovado pelos Comitê de Ética do Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB/UFPA (ANEXO I). 41 IV. RESULTADOS A partir dos dados fornecidos pela Divisão de Arquivos Médico e Estatística (DAME) do Hospital Universitário João de Barros Barreto no período de janeiro de 2005 a outubro de 2007, foram notificados 855 casos de internações com diagnóstico de Tuberculose. Em termos percentuais o ano de 2005 apresentou maior índice de internações com 43% do total dos casos notificados, enquanto que no ano seguinte houve uma queda nesse índice, registrando apenas 36% do total dos casos. No ano de 2007, a queda persistiu apresentando um coeficiente de incidência de 20% do total de casos, no qual mesmo tendo registrado apenas 10 meses demonstrou diferença significativa. Assim, observou-se um decréscimo no número de internações que persistiu de forma progressiva no decorrer dos três anos, sugerindo o maior controle da doença. 42 400 369 350 312 Nº de casos 300 250 174 200 2005 2006 150 2007* 100 50 0 2005 2006 2007* Ano *Registro dos casos até Outubro de 2007. Gráfico 1 – Distribuição anual dos casos de internação por Tuberculose notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto de 2005 a 2007. Fonte: dados do autor Através da análise dos resultados observou-se a prevalência da doença no sexo masculino representada no gráfico 2 por 62% do total dos casos notificados. 43 329; 38% Masculino Feminino 526; 62% Gráfico 2 – Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o sexo dos pacientes. Fonte: dados do autor Dos pacientes estudados, 57% dos internados eram adultos jovens com faixa etária entre 21 a 50 anos. Exatamente no maior período produtivo do individuo, havendo uma queda nº de casos significativa nos índices de menor e maior idade. 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 179 183 0 a 10 11 a 20 140 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 99 85 72 55 35 6 Faixa Etária 1 anos 61 a 70 71 a 80 81 a 90 91 a 100 Gráfico 3 – Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a faixa etária dos pacientes. Fonte: dados do autor. 44 Analisando-se as principais caracteristicas e comparando com o total de casos de internação notificados, verificamos semelhanças na distribuição segundo sexo e a idade. Dos pacientes estudados, a faixa etária de maior incidência foi de 21 a 50 anos em ambos os sexos, mesmo o sexo masculino ter apresentado 24% a mais de casos registrados, tornando assim o cruzamento sem relação estatística significativa. Gráfico 4 – Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo sexo e faixa etária dos pacientes. p= 0.264 Fonte: dados do autor. Quando analisamos a distribuição dos casos segundo a forma clínica, verificamos diferenças expressivas nos valores do tipo Tuberculose Pulmonar quando comparados a formas extrapulmonares. Evidenciando a prevalência de Tuberculose Pulmonar em mais de 80% dos casos analisados. 45 1,2% 1,2% 1,5% 2,5% 12,7% 0,2% Pulmonar Pleural 0,1% Miliar Ne 0,1% Linfadenopatia Tuberculosa Ossea e das art. Intestino-peritoneal Respirat. Ne Laringe-traq-bronquica 80,5% Sistema Nervoso Gráfico 5 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clínica da Tuberculose. Fonte: dados do autor. Com relação a forma clínica da Tuberculose pôde-se observar novamente a prevalência da Tuberculose Pulmonar, seguida pela Tuberculose Pleural, mas seus valores percentuais não diferem quando cruzado com o sexo dos indivíduos, tornando-os sem relação estatística significante. 46 Tipo de TB 0% Sistema Nervoso 0 1 0 1 0% 0% Respirat. Ne 2 0 1% 37 1% Ossea e das art. 4 6 1% 58 11 2% Miliar Ne 10 12% 75 34 Masculino Feminino 271 417 Pulmonar 0 80 % 100 200 300 400 500 600 700 n de casos Gráfico 6 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clinica da Tuberculose com o sexo. p= 0.415 Fonte: dados do autor. Com referência a escolaridade, expressando de certa forma o nível socioeconômico, ela se apresenta baixa, evidenciando a prevalência em indivíduos que possuem somente o primeiro grau incompleto. 47 11% 3% 5% 3% 13% 10% 37% 18% 1 Grau Completo 1 Grau Incompleto 2 Grau Completo 2 Grau Incompleto 3 Grau Completo 3 Grau Incompleto Alfabetizado Analfabeto Gráfico 7 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a escolaridade dos pacientes. Fonte: dados do autor. Conforme os resultados expostos no Gráfico 8, observou-se que a maior incidência da doença ocorre em indivíduos que realizam suas ocupações profissionais no próprio domicilio como atividades domésticas, costureiras, diaristas, lavadeiras. Aposentado Braçal Comércio 9% 5% 1% Indústria 10% 11% 1% 17% Trânsito Ativ. Casa 8% 10% Atend. Público Especializado 3% 25% Prestador de Serviço Administrativo Estudante Gráfico 8 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a ocupação profissional dos pacientes. Fonte: dados do autor. 48 MARAJÓ 3% BAIXO AMAZONAS 1% SUDESTE 3% METROPOLITANA DE BELÉM 76% NORDESTE 14% SUDOESTE 2% Figura 1 - Mapa Ilustrativo das Mesorregiões Paraenses de acordo com a Incidência da Tuberculose. Fonte: dados do autor. No Gráfico 9 apresentamos a distribuição dos pacientes internados com Tuberculose de acordo com as mesorregiões paraenses. Segundo a origem dos pacientes, predomina a região metropolitana de Belém com 77% dos casos notificados, seguida pela região nordeste do Pará que ocupa o 2º lugar entre as mesorregiões mais afetadas pela doença. 3% 1% 1% 14% Nordeste 3% 2% Sudeste Sudoeste Metropolitana de Belém Marajó Baixo Amazonas 76% Outros Estados 49 Gráfico 9 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a procedência dos pacientes. Fonte: dados do autor. O tratamento medicamentoso realizado pela equipe médica do Hospital Universitário João de Barros Barreto consistia em seis opções de tratamento, o esquema I (Rifampicina, hidrazina e pirazinamida), o esquema II (possui a mesma composição farmacológica), o esquema III (estreptomicina, etionamida, pirazinamida e etambutol), o esquema IR (Rifampicina, hidrazina, pirazinamida e etambutol), o esquema alternativo e os coquetéis que foram utilizados em caso de falência dos tratamentos convencionais. Do total dos pacientes estudados, 64% foram submetidos ao Esquema I, 10% ao esquema IR, 9% ao esquema III, 1% ao esquema II e 16% foram submetidos ao retratamento com coquetéis e esquema alternativo. 106; 12% 32; 4% I II 88; 10% III 76; 9% IR 6; 1% 546; 64% Alternativo Coquitéis Gráfico 10 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o esquema de tratamento utilizado com o pacientes. Fonte: dados do autor. O atendimento fisioterapêutico às enfermarias é regra padrão no Hospital Universitário João de Barros Barreto; a isso se deve o resultado de 84% dos pacientes terem sido assistidos pelo serviço durante a internação. No estudo pôde-se observar que parte dos pacientes que não foram acompanhados pela fisioterapia, obteve óbito antes do seu inicio. 50 137; 16% Sim Não 718; 84% Gráfico 11 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a presença do acompanhamento fisioterapêutico. Fonte: dados do autor O tempo de internação do paciente com Tuberculose varia de acordo com as complicações intercorrentes que o mesmo adquire. De acordo com os resultados deste estudo pôde-se observar que 80% dos pacientes permanecem internados por no máximo 30 dias. Aqueles que ultrapassaram esse período apresentaram complicações pulmonares e/ou de outra natureza, mas não em decorrência da Tuberculose. 687 700 600 Nº de casos 500 1 a 30 400 31 a 60 300 61 a 90 91 a 120 131 200 > 120 31 100 3 3 0 1 a 30 31 a 60 61 a 90 91 a 120 > 120 Dias 51 Gráfico 12 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação. Fonte: dados do autor. Após a analise dos dados observou-se que 80% dos indivíduos, permaneceram internados por no máximo 30 dias, sem diferença estatística entre os sexos, ou seja, tanto homens quanto mulheres mantiveram, predominantemente, o mesmo tempo de internação. Dessa forma, não foi encontrada relação estatística significativa no cruzamento das variáveis. Tabela 1 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação comparado com o sexo. Tempo de Internação Masculino Feminino Total % 1 a 30 418 269 80% 31 a 60 78 53 15% 61 a 90 25 6 4% 91 a 120 2 1 0% > 120 3 0 0% Total 526 329 100% Fonte: dados do autor. p= 0.133 O acompanhamento da Fisioterapia no paciente com Tuberculose internado, visa diminuir riscos e evitar as complicações intercorrentes. Com relação ao tempo de internação, o estudo mostrou que dos pacientes que realizaram Fisioterapia permaneceram em média 19 dias internados e os que não realizaram permaneceram apenas 13 dias, contradizendo o resultado esperado pela pesquisa de que a Fisioterapia diminuía o tempo de permanência da internação por evitar complicações. 52 81% 700 123 n° de casos 600 500 400 564 300 Não Sim 15% 200 13 118 0 31 31 a 60 61 a 90 100 0 1 a 30 4% Dias Gráfico 13 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tempo de internação comparado com o acompanhamento da Fisioterapia. p= 0,0009. Média do t internação / Desvio padrão: Com Fisioterapia: M: 19.91/ s: 17.38. Sem Fisioterapia: 13.79/ s: 10.81. Fonte: dados do autor Dentre todos os meses de internação, os que apresentaram o maior volume de alta a esses pacientes com Tuberculose, no período estudado foram janeiro em 2005, maio em 2006 e março em 2007. 50 n° de casos 40 30 2005 20 2006 2007 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Meses Gráfico 14 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo os meses de alta hospitalar. Fonte: dados do autor 53 Pela característica do HUJBB ser referência no controle e combate a Tuberculose, dispomos de informações referentes a alta como completar tratamento em ambulatório, conduta médica, óbito, evasão, a pedido, transferência e indisciplina. A evolução de alta mais freqüente foi por conduta médica expressa pelos 75% apontados no Gráfico 15. 0,9% 0,4% 8,0% 1,2% Conduta Medica 0,1% Completar tto no ambulatório 13,9% Obito Evasão A Pedido Transferência 75,6% Indisciplina Gráfico 15 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o tipo de alta recebida pelos pacientes estudados. Fonte: dados do autor Dentre os pacientes que realizaram Fisioterapia, 76% obtiveram alta por conduta médica, 13% para completar o tratamento no ambulatório, 8% foram a óbito, e apenas 1% optaram pela evasão, as demais opções de alta não possuíram valores percentuais significativos. Para os pacientes que não realizaram a Fisioterapia os valores percentuais foram de 73%, 18%, 7% e 0% respectivamente a ordem fornecida anteriormente, mostrando portanto pouca diferença entre os valores percentuais e nenhuma relação estatística significativa. 54 Gráfico 16 – Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o cruzamento entre o tipo de alta recebida pelo paciente com o acompanhamento da Fisioterapia. p= 0.179 Fonte: dados do autor Os óbitos ocorreram com um intervalo de tempo menor que 30 dias de internação. O percentual de óbitos entre os pacientes estudados variou entre as faixas etárias, se destacando de 21 a 30 e 61 a 70 que mostram os maiores valores percentuais. Gráfico 17 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a faixa etária comparada a incidência de óbitos. Fonte: dados do autor 55 A forma da doença que apresentou o maior coeficiente de mortalidade aos pacientes estudados foi a Tuberculose Pulmonar com 94% dos casos. Ainda assim obteve-se notificações de óbitos pelo tipo Miliar com índices percentuais de 3%, Linfático com 1% e Intestino-peritonial com 1%. 70 64 N de Obitos 60 50 40 Pulmonar 30 Miliar Ne 20 Linfa. Tb 10 2 1 1 Intes-peri. 0 Pulmonar Linfa. Tb Tipo de TB Gráfico 18 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a incidência de óbito com o tipo de manifestação da Tuberculose. Fonte: dados do autor A maioria dos pacientes estudados, cerca de 94%, não apresentou recidiva de internação, o que não significa que os mesmos não tenham apresentado uma nova manifestação da doença (Gráfico 19). Dentre os 6% que manifestaram, 83% reinternaram apenas 1 vez, 13% retornaram 2 vezes e 4% retornaram 3 vezes ao HUJBB com diagnóstico definitivo e principal de Tuberculose (Gráfico 20). 56 46; 6% Sim Não 754; 94% Gráfico 19 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a manifestação de recidivas de internação. Fonte: dados do autor 2; 4% 6; 13% 1 reincidiva 2 reincidiva 3 reincidiva 38; 83% Gráfico 20 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a quantidade de recidivas de internação apresentadas pelos pacientes. Fonte: dados do autor Após o estudo dos dados observou-se que o esquema I foi que apresentou o maior índice de recidivas. O que chama a atenção são as reinternações dos pacientes tratados com esquemas alternativos e coquetéis, visto que os mesmos são utilizados predominantemente como retratamentos, em caso de falência da primeira opção. Ao final da analise foi possível 57 concluir que a recidiva está associada com significância estatística (p= 0.0001) ao esquema de tratamento selecionado. Tabela 2 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o esquema de tratamento utilizado pelo paciente comparado com o número de recidivas de internação. Esquema de Tratamento Sim Não Total % I 42 501 64% II 0 6 1% III 14 63 9% IR 7 81 10% Alternativo 14 20 4% Coquetéis 24 83 13% Total 101 754 100% p= 0.0001. Fonte: dados do autor Através dos resultados expressos no gráfico 22, pôde-se observar que dos 646 pacientes que receberam alta por conduta médica, apenas 12% foram reinternados, dos 119 que receberam alta hospitalar, mas que deveriam continuar o tratamento no ambulatório, obtiveram índice de 13% reinternaram, dos 8 que no registro de alta constava evasão, 20% voltaram a ser internados no Hospital com o mesmo diagnostico, dos 8 que foram liberados da internação a pedido do próprio paciente, o índice de reinternação foi de 38%. Dentre os pacientes que evoluíram a óbito, não havia registros de internações anteriores por Tuberculose. Os resultados mostraram que há relação estatística significativa entre o tipo de alta e a possibilidade de reinternações. 58 Gráfico 21 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a manifestação de recidivas de internação comparado com o tipo de alta recebida pelo paciente. p= 0.0001 Fonte: dados do autor De acordo com o resultado da tabela 5, observou-se que os pacientes analfabetos, apresentavam o maior índice de reinternação com 37% do total de recendentes, seguidos daqueles que apresentavam o 1º grau incompleto e 1º grau completo respectivamente com 24% e 22% respectivamente. Tabela 3 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo o grau de escolaridade comparado com o índice de recidivas de internação. Escolaridade Sim Não Total % 1 Grau Completo 11 95 12% 1 Grau Incompleto 12 314 38% 2 Grau Completo 0 157 18% 2 Grau Incompleto 2 86 10% 3 Grau Completo 4 25 3% 3 Grau Incompleto 0 25 3% Alfabetizado 4 40 5% Analfabeto 19 62 9% Total 51 804 100% p= 0.0001. Fonte: dados do autor 59 A análise das variáveis identificou que não há significância estatística no cruzamento entre ela. O tipo Pulmonar da Tuberculose foi o que mais apresentaram recidivas, porém foi também o que possuía maior incidência. Após cálculo do p-valor comprovou-se que não há relação significativa. Tabela 4 - Distribuição do total dos casos de internação notificados no Hospital Universitário João de Barros Barreto, segundo a forma clinica da Tuberculose comparada com o número de recidivas de internações. Tipo de TB Não Sim Total % Pulmonar 604 84 80% Pleural 101 8 13% Miliar Ne 15 6 2% Linfadenopatia 13 0 2% Ossea e das art. 10 0 1% Intestino-peritoneal 8 2 1% Respirat. Ne 2 0 0% Laringe-traq-bronquica 1 0 0% Sistema Nervoso 1 0 0% Total 755 100 100% Tuberculosa p= 0.142. Fonte: dados do autor 60 V. DISCUSSÃO V.1 - Características gerais da população estudada: Durante o período de 2005 à 2007, o HUJBB foi responsável por grande parte dos atendimentos a pacientes com Tuberculose no Pará, onde mesmo aqueles que moravam em municípios afastados, ao ter sido diagnosticada a patologia foram transferidos para o Hospital, que recebe o título de referência nas doenças infecto-parasitárias do Estado. Semelhante ao que já havia sido demonstrada em estudos anteriores nas demais regiões brasileiras, a doença apresentou uma predominância por indivíduos do sexo masculino, 62% do total, tal qual ao achado por OKAMURA (2003). A faixa etária mais atingida em ambos os sexos foi de 21 a 50 anos, seguida pela de 51 em diante, atingindo, portanto, com predomínio, um grupo economicamente ativo (Gráfico 3), concordando com Hino et al. (2002), que cita a relação de 3 homens para cada mulher na mesma faixa etária. Os dados do Hospital apontaram que, entre as mulheres, houve uma proporção maior de casos na faixa etária de 21 a 30 anos enquanto que para o sexo masculino predominou percentualmente a faixa etária de 31 a 40 anos (Gráfico 4). Long et al. (2002), encontraram a média de idade das mulheres acometidas por tuberculose significativamente inferior a dos homens, indo de acordo Campos & Pianta (2001), que relata a incidência de 66% de casos de tuberculose no sexo masculino no Rio Grande do Sul. Os autores interpretaram esse achado 61 como sendo o resultado do diagnóstico tardio da doença entre os homens, em conseqüência de uma menor adesão do sexo masculino aos serviços de saúde. A respeito da escolaridade, 48% eram analfabetos ou com primeiro grau incompleto (Gráfico 7), portanto os dados apresentados sugerem fortemente que os pacientes estudados pertencem aos estratos mais pobres e de níveis baixos de informação da população. Tais resultados são consistentes com o fato da tuberculose ser considerada uma doença associada à miséria e às más condições de vida, segundo, Snider (1994); Antunes & Waldman (1999). Araújo, Gomes & Mascarenhas (2005), revelam que no Estado do Piauí a baixa escolaridade da população é um fator importante pois é uma conseqüência para não aderência ao tratamento. Conforme a distribuição dos pacientes internados com Tuberculose de acordo com as mesorregiões paraenses, pôde-se observar (Gráfico 9) que a maioria dos pacientes foram procedentes da região metropolitana de Belém, 77% dos casos, seguida pela região nordeste do Pará, 14% dos casos, tal qual, os estudos realizados por Monti (2000), que mostram a predominância da tuberculose em área urbana. Em relação a incidência da doença e a ocupação profissional que esses indivíduos exerciam, observou-se que os mais acometidos pela moléstia eram os que realizavam atividades profissionais em seus próprios domicílios como atividades domésticas, costureiras, diaristas, lavadeiras e outros, ao que se assemelha aos dados da Prefeitura de Santo André (2007), que apontam os indivíduos com atividades geradoras de renda como os principais acometidos pela enfermidade tendo os desempregados 12% e aposentados 5%. V.2 - Características relativas à etiologia e ao tratamento 62 Evidenciou-se que segundo a forma clínica, a prevalência de Tuberculose Pulmonar obteve diferenças expressivas em relação às outras formas de tuberculose, sendo esta com incidência de 80% dos casos concordando com os estudos de Hino et al, (2002), Hijjar (1994), Severo & Leite (2005) e Monti (2000), que apontam com valores percentuais elevados à predominância da tuberculose pulmonar. A classificação da tuberculose como caso novo, recidiva e retratamento, é muito importante para a conduta inicial do tratamento desta doença. É recomendado o tratamento com Esquema I (com as drogas rifampicina, isoniazida e pirazinamida) para casos novos e Esquema IR (Esquema I acrescido de etambutol) para recidivas e retratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). Segundo a OMS (WHO) (1997) os objetivos do tratamento são a cura, a prevenção de mortes em pacientes com tuberculose ativa ou retardar esse efeito, prevenir recidivas e diminuir a transmissão da doença. Como 10% dos pacientes novos receberam esquema IR, isto deve ter ocorrido em razão da classificação automática do caso quando não está explicita a situação anterior do doente (Gráfico 10). Outra conseqüência do abandono de tratamento é o aumento de cepas multidrogaresistentes, que tem sido uma preocupação constante no mundo todo (WHO, 2002 e FUNDAÇÂO NACIONAL DE SAÙDE, 2000). Rossetti et al. (2002), em estudos moleculares, citam que ”os mecanismos de resistência a fármacos na tuberculose são causados por mutações cromossômicas em diferentes genes da bactéria, durante a exposição aos fármacos, há uma pressão seletiva favorecendo o desenvolvimento de linhagens resistentes”. 63 Natal et al. (1999), em um hospital no Rio de Janeiro (RJ) encontraram recidiva de 1% para tratamento anterior com duração de seis meses e até 16% de recidiva quando os tratamentos são mais curtos. Tivemos 6% de recidiva e 10% de retratamento nesta pesquisa. Entre os casos de recidiva de internação, 0% foram a óbito, 78% receberam alta por conduta médica, 16% encaminhamento para conclusão do tratamento no ambulatório e 2% evadiram do Hospital. A evolução de alta mais freqüente foi por conduta médica expressa pelos 75% apontados (Gráfico 16) estando de acordo com o II Consenso Brasileiro de Tuberculose (2004), que notificaram como tipos de conclusão de tratamentos 72% por cura, 11% por abandono e 7% de óbito. V.3 - Características Relativas ao Atendimento Todos os casos estudados foram atendidos no HUJBB, onde estão localizadas as enfermarias de Doenças Infecto-contagiosas (DIP), Clínica Médica e Pneumologia. Os pacientes foram diagnosticados no ambulatório e na enfermaria. Com relação ao tempo de internação dos pacientes, 80% permaneceram por no máximo 30 dias no Hospital, 15% permaneceram entre 31 e 60 dias e 3% acima de 60 dias. De acordo com Marinho (2000), as internações acontecem quando existe alguma outra doença séria associada à tuberculose. O tempo médio de internação para os pacientes que realizaram atendimento de Fisioterapia foi de 19 dias, os que não realizaram permaneceram em média 13 dias internados (gráfico 13). Lacerda et al (2007), relata que o período de internação deve ser o mínimo possível de causa indicadora. Nogueira (2001), em um estudo no Estado de São Paulo, encontrou média de tempo internação em hospitais para tuberculosos de 71,3 dias. 64 Nascimento (2005), caracteriza como objetivo para o tratamento fisioterapêutico a prevenção de complicações associadas. V.4 - Aspectos relativos à mortalidade Dentre os tipos de Tuberculose registrados, o que apresentou maior coeficiente de mortalidade encontra-se na Tuberculose Pulmonar, com 94% dos casos estudados. A faixa etária que mais registrou óbitos foi de 61 a 70 anos, seguida pela de 31 a 40 anos. De todos os casos analisados apenas 8% do total evoluíram a óbito, sugerindo a qualidade do atendimento através da capacitação dos profissionais envolvidos para que o paciente evolua com êxito, combinando com os estudo de Araújo, Gomes & Mascarenhas (2005), que apresentou percentual de óbitos dentre os pacientes estudados de 9%. 65 VI. CONCLUSÃO A partir das análises efetuadas, relativas ao período de 2005 a 2007, podemos concluir que, a incidência de internações pelo diagnóstico fechado de Tuberculose vem decaindo no decorrer dos anos. A faixa etária mais acometida pela Tuberculose é de 21 a 50 anos, mostrando que os adultos jovens são os principais infectados pela doença. Entre os sexos, os homens demonstraram maior vulnerabilidade a doença. Os meses que apresentaram maior quantidade de internações foram janeiro, março e maio. Na distribuição dos casos, conforme a procedência dentre as mesorregiões paraenses, predominaram os pacientes oriundos da região metropolitana de Belém, seguida pela região do Nordeste paraense. No grupo estudado, a forma clínica que mais atinge os paraenses é a Tuberculose Pulmonar; mais da metade dos pacientes receberam alta por conduta médica. O tempo de internação varia em média de 1 a 30 dias na maioria dos pacientes; de acordo com a história pregressa, 94% eram casos novos, enquanto 6% eram recidivas/ retratamento, dentre os poucos pacientes que apresentaram recidivas a maioria reinternou apenas 1 vez. Entre os casos para os quais dispomos de informações, 66% e 42%, respectivamente dos casos novos e recidivas de internação, receberam esquema I, enquanto que na mesma ordem, 11% e 7% receberam o esquema IR. A maioria dos infectados pela Tuberculose são analfabetos ou possuem o 1º grau incompleto. Grande parte dos pacientes possui como ocupação profissional, atividades no lar. O esquema de tratamento mais utilizado e também o que mais apresentou recidiva de internação foi o I. Quase todos os pacientes internados recebem acompanhamento da Fisioterapia. As médias de tempo de internação para os 66 pacientes que realizaram fisioterapia e para os que não realizaram são, respectivamente, 19 dias e 13 dias. Comparando os dados do presente estudo com os resultados dos referenciais norteadores dessa pesquisa, observamos que há grandes semelhanças entre as variáveis utilizadas para traçar o perfil da Tuberculose no Pará, com o perfil das demais regiões brasileiras. 67 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ANTUNES, J. L. F. A. & WALDMAN E. A. Tuberculosis in the twentieth century: timeseries mortality in São Paulo, Brazil, 1900-97. Cad. Saúde Pública, 1999; 15:463-76. ARAÚJO, L. M.; GOMES, K. R. 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Caso novo “É o doente de tuberculose que nunca usou ou usou menos de um mês drogas antituberculosas” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). Também pacientes com tratamento anterior e cura há mais de 5 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2002) Para o banco de dados os pacientes que não tem essa informação também foram classificados como caso novo. Caso confirmado “Pessoa de quem foi isolado e identificado o agente etiológico ou de quem foram obtidas outras evidências epidemiológicas e/ou laboratoriais da presença do agente etiológico” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). Coeficiente de Incidência “Constitui medida de risco de doença ou agravo, fundamentalmente nos estudos da etiologia de doenças agudas e crônicas. É a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma coletividade, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir referida doença no mesmo período, multiplicando-se por potência de 10, que é a base referencial da população” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). Coeficiente de Mortalidade “É a medida de freqüência de óbitos em uma determinada população, durante um intervalo de tempo específico. Ao se incluir os óbitos por todas as causas tem-se a taxa de mortalidade geral. Caso se incluam somente óbitos por determinada causa, tem-se a taxa de mortalidade específica” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). Dado É a descrição limitada do real desvinculada de um referencial explicativo (LIRA 2001). Diagnóstico definitivo É o termo utilizado no CCE-HCFMUSP para designar o diagnóstico final do caso, utiliza-se a codificação feita através da CID-10 (OMS 1994). Doença infecciosa Doença clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infecção (OMS, 1995). 71 Incidência Termo que em epidemiologia traduz a idéia de intensidade com que acontece a morbidade de uma população (ROUQUAYROL, 1999). Índices A relação entre freqüência atribuídas de determinados eventos, citadas na mesma unidade, sendo que no numerador é registrada a freqüência absoluta do evento que constitui subconjunto daquela que é registrada no denominador, de caráter mais abrangente. O índice é geralmente apresentado sobre forma percentual (ROUQUAYROL, 1999). Descrição do real associada a um referencial explicativo, potencialmente capaz de alterar o estado do conhecimento de alguém (LIRA 2001). A taxa de mortalidade, como já foi visto, foi um indicador extremamente útil à tuberculose nas sociedades industriais (ROUQUAYROL, 1999). “Consiste nas informações periódicas do registro de doenças de notificação compulsória, obtida por meio de todas as fontes notificadoras” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). “Casuística de morbidade que se destaca por seus valores maiores do que zero sobre os eventos de saúde ou não-doença. É termo descritivo da força com que subsistem as doenças nas coletividades” (ROUQUAYROL, 1999) “Reaparecimento do processo mórbido após sua cura aparente” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). “Tratamento prescrito para o doente já tratado por 30 dias ou mais, que venha a necessitar de novo tratamento por falência, recidiva ou retorno após abandono” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1998). Indica a proporção da população que foi infectada com tuberculose no curso de 2 anos no Hospital Universitário João de Barros Barreto e é geralmente como percentagem ou como taxa (ROUQUAYROL, 1999). Informação Mortalidade Notificação Prevalência Recidiva Retratamento Risco de infecção tuberculosa 72 ANEXO I 73