Apostila da Disciplina MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II - 2008 Autoria: Prof. Dr. Espedito Felipe Teixeira de Carvalho SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 1 MATERIAIS CERÂMICOS PARA CONSTRUÇÃO .............................................................. 18 MADEIRAS ................................................................................................................................ 37 VIDROS ...................................................................................................................................... 67 FIBROCIMENTO ...................................................................................................................... 78 CIMENTO AMIANTO............................................................................................................... 81 MATERIAIS BETUMINOSOS ................................................................................................. 86 METAIS .................................................................................................................................... 109 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ............................................................................................... 115 NBR 7480................................................................................................................................... 118 O PLÁSTICO NA CONSTRUÇÃO......................................................................................... 125 COMPÓSITOS ......................................................................................................................... 141 TINTAS ..................................................................................................................................... 147 A -TINTAS A ÓLEO ................................................................................................................ 152 B – TINTAS PLÁSTICAS EMULSIONÁVEIS: PVA ............................................................ 152 C – TINTAS PARA CAIAÇÃO ............................................................................................... 153 D – TINTAS ESPECIAIS ......................................................................................................... 154 E - VERNIZES, LACAS E ESMALTES ................................................................................. 154 INTRODUÇÃO 1 - A CIÊNCIA E A ENGENHARIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Definições: Materiais: Sob o ponto de vista utilitário, materiais são substâncias com propriedades úteis na construção de máquinas, estruturas, dispositivos e produtos, ou seja, são substâncias com as quais se fazem “coisas” (Cohen, 1987). A designação materiais de engenharia é usada, por vezes, em referência específica aos materiais que se utilizam para o fabrico de produtos técnicos. Contudo, não há uma linha de separação clara entre as duas designações, visto que ambas são usadas indistintamente. Ciência e Engenharia dos Materiais (CEM) definida, segundo Cohen (1987), como “a área da atividade humana associada com a geração e aplicação de conhecimento que relaciona composição, estrutura e processamento dos materiais às suas propriedades e usos”. Trata-se do acoplamento, por um lado, da Ciência dos Materiais que engloba disciplinas científicas tradicionais (Física, Química, Matemática) e, de outro lado, com a Engenharia dos Materiais que estuda e desenvolve processos e aplicações dos materiais. 2 Figura 1 - Ciclo global dos materiais 3 Visão histórica dos materiais de construção (Patton, 1988). Estrutura Atômica e Molecular dos Materiais: A estrutura de um material pode ser dividida em quatro níveis: estrutura atômica; arranjo atômico; microestrutura; macroestrutura. 4 Ligações Atômicas Ligações primárias (fortes): • Ligação iônica; • Ligação covalente; • Ligação metálica. Ligações secundárias – forças de van der Waals: • Moléculas polares; • Dipolos induzidos; • Pontes de hidrogênio. Ligação iônica – ex. do NaCl: a) ionização dos elementos e b) atração e ligação iônica (SHACKELFORD, 1996). 5 Exemplos de ligação covalente: a) molécula do oxigênio (O2) e b) molécula do metano (CH4). Modelo explicativo da ligação metálica, em que se têm os elétrons de valência deixando os seus átomos originais para formarem uma “nuvem” eletrônica, que mantém presos (ligados) os íons positivos (oriundos da saída dos elétrons) (ASKELAND, 1998). Ligações secundárias – forças de van der Waals: 6 Exemplo de molécula polar, o HF (a), em que se tem ligação covalente intramolecular e forças de van der Waals intermoleculares – dadas pela atração entre os dipolos (b) e (c). (adaptada de VAN VLACK, 1970). Ligações secundárias – forças de van der Waals: Ligações secundárias – forças de van der Waals: Esquema ilustrativo da atração das moléculas de H2 O, na formação da água, por pontes de hidrogênio. Percebe- se a atração entre os núcleos “expostos” de hidrogênio de uma molécula pelos elétrons não compartilhados do oxigênio das moléculas adjacentes. 7 Espaço interatômico Energia de ligação Faixas de energia em função do tipo de ligação atômica. Ligações atômicas características dos principais materiais 8 Arranjos atômicos – estrutura dos materiais Os arranjos atômicos, que propiciam a formação dos materiais, podem ser de três tipos básicos, gerando, então, três classes estruturais principais: • estruturas moleculares; • estruturas cristalinas; • estruturas amorfas. Estrutura molecular: • A estrutura molecular pode ser genericamente caracterizada por um agrupamento de átomos; • Existem grupos limitados de átomos fortemente ligados entre si, formando moléculas, e essas moléculas se ligam entre si por meio de ligações secundárias. Exemplos de materiais típicos com estrutura molecular: • Gases: O2 , N2 , CO2 ; • Água: H2O; • Ácido nítrico: (HNO3 ); • Polímeros (em geral); • Materiais betuminosos; • Enorme gama de outros gases e líquidos. Em geral, as ligações fortes que caracterizam as estruturas moleculares são as ligações covalentes, mas ligações iônicas podem existir. 9 Ilustração esquemática de um reticulado cristalino com o destaque para a célula unitária (região em azul) (ASKELAND, 1998). • Tal nível de organização permitiu uma classificação da estrutura cristalina em sete sistemas cristalinos principais, conforme a geometria do cristal: Cúbico, tetragonal, ortorrômbico, romboédrico, hexagonal, monoclínico e triclínico. Estrutura cristalina 10 Descrição das direções no cristal: 11 Formas alotrópicas do ferro: Células unitárias cúbica de corpo centrado – ccc (a) e cúbica de faces centradas – cfc (b), representando duas diferentes formas alotrópicas do ferro. As esferas e suas frações designam, respectivamente, os átomos de ferro e suas partes contidas na célula unitária. Alguns exemplos: Materiais típicos de estrutura cristalina: • O ferro e os aços de construção: são exemplos clássicos de materiais cristalinos, que se alternam entre as formas alotrópicas estruturais cúbicas de corpo centrado (ccc) – em temperatura ambiente – e de face centrada (cfc); 12 • A areia natural: constituída essencialmente de sílica em sua forma cristalina, que é o quartzo de estrutura trigonal (romboédrica), a areia constitui um exemplo de material natural cristalino; • Os compostos principais do cimento Portland, assim como seus derivados hidratados: em geral, são fases cristalinas - silicatos de cálcio anidros C3S e C2S; as fases aluminato e ferroaluminato C3A e C4AF; compostos hidratados da pasta de cimento - o hidróxido de cálcio, a etringita, o monossulfato, e alguns tipos de C – S – H. Diferentes arranjos atômicos de materiais: Diferentes arranjos atômicos de materiais. a) gás inerte, sem nenhum ordenamento regular de átomos (estrutura amorfa); b) e c) vapor de água e estrutura do vidro, com ordem em pequenas distâncias (estruturas amorfas); e d) metal, com um ordenamento regular de átomos que se estende por todo o material (estrutura cristalina) (ASKELAND, 1998). Fases dos materiais •Fase : trata-se de uma ou mais partes do material que resguarda homogeneidade do ponto de vista estrutural, ou seja, que mantém um arranjo atômico próprio; •Material unifásico e homogêneo: material que possui como um todo um mesmo arranjo atômico; 13 •Material polifásico: caso coexistam em um mesmo material partes com identidades estruturais próprias, o material será bifásico, trifásico ou, de modo genérico, polifásico (ou multifásico), em função do número de partes estruturalmente homogêneas (fases) existentes nesse material. Fases impuras – soluções sólidas ou estruturas de cristais mistos Solução sólida substitucional característica do latão, em que se têm os átomos de zinco (soluto) substituindo, de forma aleatória, os átomos de cobre do solvente (modelo de descrição planar, sendo os átomos de zinco os círculos escuros e os átomos de cobre os círculos claros) (VAN VLACK, 1970). Solução sólida intersticial: • o aço de construção: correspondente ao ferro em sua forma alotrópica de ferro (chamada de austenita). 14 Solução de carbono na austenita cfc. O maior interstício no ferro tem quase o tamanho de um átomo de carbono, favorecendo o estabelecimento de uma solução sólida intersticial (VAN VLACK, 1984). 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO PELOS TRÊS GRUPOS FUNDAMENTAIS: Materiais cerâmicos Materiais metálicos Rochas: Rocha ornamental Agregados para concreto: Areia e Brita. Minerais argilosos: Tijolo e Telha; Placa de revestimento; Louça sanitária Compostos (compósitos): Argamassa e Concreto Vidro Extraídos de minérios naturais (óxidos ou sulfetos de metais): - Ferro (Hematita) - Alumínio (Bauxita), - etc Vantagens: - Relativamente baratos quando comparados com os metais ou com materiais orgânicos; - Duráveis; - Resistentes - Rígidos Desvantagens: - Frágeis e - Elevado peso Utilizados para resistir a esforços de tração; Susceptíveis à corrosão. 15 Materiais orgânicos - Mais deformáveis e têm, em geral, menor resistência; São quimicamente baseados no - São muito dúcteis (borrachas) Carbono: - Sofrem muito o efeito de - Madeira, betuminosos, papel, altas temperaturas; borrachas, plásticos, tintas e - São muito leves; vernizes. -Tem baixa condutibilidade térmica. Materiais metálicos: Os metais são compostos da combinação de elementos metálicos que possuem grande quantidade de elétrons livres, não ligados a qualquer átomo em particular, constituindo-se na denominada ligação metálica, que se configura numa “nuvem” eletrônica com o compartilhamento dos elétrons entre átomos vizinhos. As propriedades dos metais derivam dessa sua constituição: bons condutores de eletricidade e de calor, muito resistentes e deformáveis. A título de exemplo, citam-se o ferro, o aço, o alumínio, o cobre, etc. O estudo da estrutura dos metais se baseia no diagrama de fases, no contorno de grãos e nas curvas de resfriamento. SOLIDIFICAÇÃO DOS METAIS Tempo CURVAS DE RESFRIAMENTO Representação esquemática para uma liga ferro-carbono 16 Materiais metálicos ferrosos: materiais metálicos que contem uma porcentagem elevada de ferro, tais como os aços e os ferros fundidos. Materiais metálicos não-ferrosos: materiais metálicos que não contém ferro ou em que o ferro surge apenas em pequena quantidade. O alumínio, o cobre, o zinco, o titânio e o níquel, bem como as respectivas ligas, são exemplos de materiais não ferrosos. Materiais cerâmicos: Os materiais cerâmicos podem ser definidos como sendo materiais formados por compostos de elementos metálicos (Al, Na, K, Mg, Ca, Si, etc.) e um dos cinco seguintes elementos não-metálicos: O, S, N, C e P. Esses elementos são unidos por ligações fortes iônicas e/ou covalentes, com elétrons ligados em posições definidas e fixas, o que lhes confere propriedades características como resistência mecânica, até maior que a dos metais, visto que os átomos não podem se deslocar de suas posições originais. Por isso, apresenta baixa deformação na ruptura, o que lhes confere fragilidade, propriedade oposta à tenacidade dos metais. Outras propriedades derivadas de suas ligações químicas fortes são estabilidade a altas temperaturas, resistência ao ataque químico e isolamento elétrico. Os materiais feitos de argila, o vidro e o óxido de alumínio compactado e densificado a partir de pós, constituem exemplos de materiais cerâmicos. Exemplo típico de composto cerâmico: MgO: • com relação 1:1 entre átomos metálicos (Mg) e não-metálicos (O); • é amplamente presente como constituinte de materiais refratários, pois pode suportar altas temperaturas sem se dissociar ou fundir. • Outros exemplos: • SiO2 (sílica); • Al2 O3 (alumina); • Argilas: também são materiais cerâmicos comuns, só que bem mais complexos do que o MgO; Uma das argilas mais simples é a caulinita, ou Al4Si4O10(OH)8, que forma sua estrutura cristalina com quatro diferentes unidades: Al, Si, O e o radical (OH). • Mecanismos de escorregamento Comparação dos mecanismos de escorregamento entre metais monoatômicos e materiais cerâmicos biatômicos: 17 Materiais poliméricos: Os polímeros se constituem em moléculas de cadeia longa com grupos repetitivos que apresentam ligações covalentes, geralmente muito fortes. Os principais elementos desta cadeia são C, H, O, N, F e outros elementos não metálicos. As cadeias se unem entre si por ligações secundárias (forças de van der Waals) relativamente fracas, resultando em deslizamento entre si quando são aplicadas forças externas, conferindo-lhes resistências mecânicas baixas. Os polímeros apresentam como vantagens baixo custo, baixa densidade, facilidade de conformação em formas complexas. Em contrapartida, a sua resistência mecânica é relativamente baixa, são de difícil reparação e, em geral, possuem baixa resistência aos raios UV. A maioria dos materiais poliméricos tem uma condutividade elétrica baixa. O polietileno e o cloreto de polivinila (PVC) são exemplos de materiais poliméricos. Materiais eletrônicos: materiais usados em eletrônica, e especialmente em micro eletrônica. Citam-se como exemplo o silício e o arsenieto de gálio. Materiais compósitos: também denominados de materiais conjugados ou compostos, são a união de dois ou mais materiais com o objetivo de obterem-se propriedades especiais não apresentadas isoladamente pelos seus componentes por meio da utilização de métodos convencionais. • Existem compósitos naturais tradicionais, como a madeira em que a matriz e o reforço são poliméricos, assim como a madeira compensada. No concreto estrutural, tanto a matriz à base de pasta de cimento como os agregados (partículas granulares) são materiais cerâmicos, podendo ainda ser utilizadas barras ou fibras de aço para aumentar a resistência à tração. Tem-se ainda como compósitos: • Materiais compósitos de aglomerantes minerais: solo-cimento, pastas, argamassas, fibrocimento, concreto, produtos de concreto, materiais à base de cal e gesso. • Materiais compósitos poliméricos: materiais para impermeabilização e isolamento, concreto asfáltico, materiais aglutinados por polímeros. Materiais Semicondutores: Os semicondutores são materiais de composição como o silício e o germânio, além do gálio, arsênio, cádmio e telúrio, que formam ligações covalentes semelhantes às dos materiais cerâmicos, podendo ser considerados como uma subclasse de cerâmica, porque suas propriedades mecânicas são muito próximas. 18 Possuem características diferentes das cerâmicas quanto à tecnologia empregada e ao nível de miniaturização e de higiene e limpeza para a sua produção. Além das características elétricas e isolantes, são muito sensíveis a impurezas, que são rigidamente controladas para que não seja ultrapassada a proporção de poucos átomos estranhos por um bilhão de átomos do material (Schaffer et al., 2000). Os elementos semicondutores podem ser tratados quimicamente para transmitir e controlar uma corrente elétrica. Seu emprego é importante na fabricação de componentes eletrônicos tais como diodos, transístores e outros de diversos graus de complexidade tecnológica, microprocessadores, e nanocircuitos usados em nanotecnologia. Portanto atualmente o elemento semicondutor é primordial na indústria eletrônica e confecção de seus componentes. Biomateriais: Os biomateriais são empregados em implantes no corpo humano para substituição de partes danificadas, principalmente ossos. Não podem produzir substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com os tecidos do corpo, ou seja, não causar rejeição. Os materiais empregados são metais, cerâmicas, polímeros, compósitos e semicondutores que servem para fabricar próteses, que são dispositivos implantados no corpo para suprir a falta de um órgão ausente ou para restaurar uma função comprometida, como articulações de bacias fraturadas (Callister Jr, 2002). Materiais não convencionais: por questões de sustentabilidade do planeta, alguns setores da construção têm desenvolvido projetos e utilizado materiais ecologicamente mais corretos, além de utilizar maior quantidade de resíduos e de materiais e produtos reciclados. Alguns materiais ou técnicas utilizadas pelo homem há milênios foram reintroduzidas na execução de construções para economizar recursos e contribuir para a sustentabilidade dos ecossistemas. Técnica milenar reintroduzida em algumas obras atuais é a terra crua, seja sob a técnica de taipa de pilão, taipa de mão ou pau-a-pique, ou ainda pela utilização de tijolos de barro crus (adobe). Terra crua, bambu, fibras vegetais, materiais reciclados, resíduos industriais e agrícolas. Materiais Avançados: Geralmente se utiliza o nome de materiais avançados àqueles que possuem aplicações em alta tecnologia (high-tech), isto é, dispositivos ou produtos que operam ou funcionam utilizando princípios relativamente sofisticados, como equipamentos eletrônicos, sistemas de fibra ótica, espaçonaves, aeronaves, foguetes, etc. Esses materiais muitas vezes são tipicamente tradicionais cujas propriedades foram aprimoradas ou, ainda, materiais novos de alto desempenho. Podem ser de várias classes, como metais, cerâmicos ou polímeros ou composições de dois ou mais tipos e, geralmente, são de alto custo unitário (Callister Jr., 2002). Exemplo: revestimento de ônibus espacial. Materiais de construção no futuro: materiais nanoestruturados. MATERIAIS CERÂMICOS PARA CONSTRUÇÃO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CERÂMICAS A cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não-metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas. Os materiais cerâmicos são fabricados a partir de matérias-primas classificadas em naturais e sintéticas. As naturais mais utilizadas industrialmente são: argila, caulim, quartzo, feldspato, filito, talco, calcita, dolomita, magnesita, cromita, bauxita, grafita e zirconita. As sintéticas incluem, entre 19 outras, alumina (óxido de alumínio) sob diferentes formas (calcinada, eletrofundida e tabular); carbeto de silício e produtos químicos inorgânicos os mais diversos. Dependendo do produto a ser obtido e das propriedades desejadas, as matérias-primas são selecionadas e submetidas a uma série de operações, sendo que, pelo menos em uma delas, ocorre tratamento térmico em temperaturas elevadas. Nesta operação, uma série de alterações podem ocorrer nas características das matérias-primas, principalmente nas naturais, como: perda de massa, composição química, estrutura cristalina com surgimento de novas fases cristalinas ou formação de fase vítrea. Portanto, em função do tratamento térmico e das características das diferentes matériasprimas são obtidos produtos para as mais diversas aplicações. As principais etapas do processamento dos materiais cerâmicos incluem de uma forma geral a preparação das matérias-primas e da massa, a conformação, o processamento térmico e o acabamento. O setor cerâmico é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em subsetores ou segmentos em função de diversos fatores, como matérias-primas, propriedades e áreas de utilização. Dessa forma, a seguinte classificação, em geral, é adotada: CERÂMICA VERMELHA - compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na construção civil (tijolos, blocos, telhas e tubos cerâmicos / manilhas) e também argila expandida (agregado leve), utensílios domésticos e adorno. As lajotas muitas vezes são enquadradas neste grupo e outras, em Cerâmicas ou Materiais de Revestimento. CERÂMICA OU MATERIAIS DE REVESTIMENTO - compreende aqueles materiais usados na construção civil para revestimento de paredes, pisos e bancadas, tais como azulejos, placas ou ladrilhos para piso e pastilhas. CERÂMICA BRANCA - este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e que eram assim agrupados pela cor branca de massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados nesse grupo passaram a ser fabricados, sem prejuízo das características para uma das aplicações, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração. Muitas vezes prefere-se subdividir este grupo em função da utilização dos produtos em: Louça sanitária, louça de mesa, isoladores elétricos para linhas de transmissão e de distribuição, utensílios domésticos, cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e mecânico. MATERIAIS REFRATÁRIOS - este grupo compreende uma gama grande de produtos, que têm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação dos equipamentos industriais, que em geral envolvendo esforços mecânicos, ataques químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar estas solicitações e em função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos inúmeros tipos de produtos, a partir de diferentes matérias-primas ou mistura destas. Dessa forma podemos classificar os produtos refratários, quanto à matéria-prima ou componente químico principal em: sílica, sílico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesiano-cromítico, cromítico-magnesiano, carbeto de silício, grafita, carbono, zircônia, zirconita, espinélio e outros. ISOLANTES TÉRMICOS - os produtos deste segmento podem ser classificados em: a) refratários isolantes que se enquadram no segmento de refratários, 20 b) isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos, tais como vermiculita expandida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de vidro, lã de escória e lã cerâmica, que são obtidos por processos distintos ao do item a) e que podem ser utilizados, dependendo do tipo de produto até 1100oC; c) fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes às citadas no item b), porém apresentam composições tais como sílica, sílica-alumina, alumina e zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilização de 2000oC ou mais. FRITAS E CORANTES - Estes dois tipos de produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos cerâmicos cujos produtos requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-primas. Este pó é aplicado na superfície do corpo cerâmico, que após a queima, adquire aspecto vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética (embelezamento), tornar a peça impermeável, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras características. Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos obtidos a partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são fabricados por empresas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção envolve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem. Os corantes são adicionados aos vidrados (cru, frita ou híbrido) ou aos corpos cerâmicos para conferir-lhes colorações das mais diversas tonalidades e efeitos especiais. ABRASIVOS - Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos semelhantes ao da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico. Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio eletrofundido e o carbeto de silício. VIDRO, CIMENTO E CAL - São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades, são muitas vezes considerados à parte da cerâmica. CERÂMICA DE ALTA TECNOLOGIA / CERÂMICA AVANÇADA - O aprofundamento dos conhecimentos da ciência dos materiais proporcionaram ao homem o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas mais diferentes áreas, como aeroespacial, eletrônica, nuclear e muitas outras e que passaram a surgir materiais com qualidade excepcionalmente elevada. Tais materiais passaram a ser desenvolvidos a partir de matérias-primas sintéticas de altíssima pureza e por meio de processos rigorosamente controlados. Estes produtos, que podem apresentar os mais diferentes formatos, são fabricados pelo chamado segmento cerâmico de alta tecnologia ou cerâmica avançada. Eles são classificados de acordo com suas funções em: eletroeletrônicas, magnética, ópticas, químicas, térmicas, mecânicas, biológicas e nucleares. Os produtos deste segmento são de uso intenso e a cada dia tende a se ampliar. Como alguns exemplos, podemos citar: naves espaciais, satélites, usina nuclear, implantes em seres humanos, aparelhos de som e de vídeo, suporte de catalisadores para automóveis, sensores (umidade, gases e outros), ferramentas de corte, brinquedos, acendedor de fogões, etc. Dividindo-se os materiais de construção em três grupos fundamentais, quais sejam, cerâmicos, metais e materiais orgânicos, podem ser tomados como exemplos dos cerâmicos: tijolos, telhas, azulejos, aparelhos sanitários, refratários, vidros, argamassas, concretos, solo cimento, etc. 21 Por serem extraídos da terra e usados quase diretamente, isto é, com posteriores processamentos industriais pouco elaborados, são relativamente baratos, se comparados com os metais e os materiais orgânicos. Por isso são usados em construções desde os tempos imemoriais e suas qualidades garantem seu emprego no futuro: são duráveis, resistentes e rígidos. Suas principais desvantagens são a fragilidade e o peso próprio considerável. Definição: chama-se cerâmica à pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozedura de argilas ou de misturas contendo argilas. Nos materiais cerâmicos, a argila fica aglutinada por uma pequena quantidade de vidro que surge pela ação do calor de cocção sobre seus próprios constituintes. Usam-se também desengordurantes, ou seja, materiais granulares inertes como a areia silicosa, que diminuem a plasticidade. 2 – ARGILAS 2.1 – Constituição: As argilas são constituídas de minerais compostos principalmente de silicatos de alumínio hidratados, que possuem a propriedade de formar com a água uma pasta plástica suscetível de conservar a forma moldada, secar e endurecer sob a ação do calor. As argilas têm sua origem mais comum na desintegração dos feldspatos - minerais existentes nos granitos e pórfiros - mas, a argila pode formar-se também a partir dos gnaisses e micaxistos. Por misturas durante sua formação (transporte e sedimentação) e alterações de temperatura e pressão durante sua consolidação, resulta uma grande variedade de argilas com toda uma gama de coloração, plasticidade, composição química, etc. Os materiais argilosos são unidades estruturais simples e se diferenciam uns dos outros pela diferente relação entre sílica e alumina, pela quantidade de água de sua constituição e pela sua estrutura. São muitos os materiais argilosos, mas somente três têm importância para a fabricação de produtos cerâmicos: a caulinita, a montmorilonita e a ilita, esta micácea, porém, todas com estrutura laminar ou foliácea. Em geral não se encontram argilas puras, com apenas um tipo de material argiloso, mas, misturadas, ainda que predomine um mineral determinado. De acordo com a ABNT, as argilas são compostas de partículas coloidais de diâmetro inferior a 0,005mm (5µm), com alta plasticidade quando úmidas e que, quando secas, formam torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos dedos (TB-3 da ABNT). A análise química das argilas revela a existência de: Sílica (SiO2)......................................................40 a 80% Alumina (Al2O3).............................................10 a 40% Óxido Férrico (Fe2O3)..................................... < 7% (coloração das argilas) Cal (CaO).........................................................< 10% Magnésia (MgO)...............................................< 1% Álcalis (Na2O e K2O) .....................................aprox. 10% Anidro carbônico (CO2) ................................. Anidro sulfúrico (SO3).................................... 2.2 – Classificação das argilas: De acordo com sua estrutura, as argilas podem ser: a) Estrutura laminar ou foliácea - caulinitas; montmorilonitas e ilitas; 22 b) Estrutura fibrosa Obs.: somente as de estrutura laminar são usadas na indústria cerâmica. As caulinitas são mais puras e usadas na fabricação de refratários, porcelanas, cerâmicas sanitárias. - As montmorilonitas são pouco usadas por serem muito absorventes e de grande poder de inchamento; são misturadas com as caulinitas para corrigir a plasticidade. - As micáceas mais abundantes e mais empregadas na fabricação de tijolos. De acordo com seu emprego, podem ser classificadas em: a) infusívies – praticamente constituídas de caulim puro. Cor branca translúcida. Infusíveis mesmo em temperaturas elevadas; boas para porcelanas. b) refratárias – também muito puras, não se deformam à temperatura de 15000C. Têm, em geral, baixo coeficiente de condutibilidade térmica. São largamente usadas para revestimento de fornos. c) fusíveis – são as mais importantes. Deformam-se e vitrificam-se em temperaturas inferiores a 12000C. d) figulinas - cor cinza azulado- ótimas para tijolos e telhas e) grés – cor cinza esverdeada (contendo mica material sanitário ordinário) f) margas – argilas calcárias usadas na produção de cimento. g) barro – argila ferruginosa amarelo-avermelhada ( tijolos e telhas) Quanto à plasticidade, as argilas podem ser: Gordas – ricas em material argiloso e pobres em desengordurantes. Grande plasticidade untuosas ao tato. Devido à alumina deformam-se mais no cozimento. Magras - pobres em material argiloso e ricas em desengordurantes (baixa plasticidade). Devido à sílica, são mais porosas e frágeis. 2.3 – Propriedades das Argilas 2.3.1 - Plasticidade 2.3.2 - Resistência da Argila Seca 2.3.3 - Ações Térmicas: Perda de peso Variações dimensionais (retração) Absorção e liberação de calor Porosidade 2.3.4 - Impurezas: purificação da argila 2.3.1 - Plasticidade: A plasticidade é devida à água retida entre as partículas lamelares dos argilominerais + forças de atração entre as partículas (Van der Walls e eletrostáticas). A plasticidade nas argilas varia com a quantidade de água. A argila seca tem plasticidade nula: molhando-a, ela vai ganhando plasticidade até um máximo – com mais água, as lâminas se separam, a argila perde plasticidade e se torna um líquido viscoso. As argilas puras dão em geral pastas plásticas. As de qualidade inferior devem ter adições que melhorem a sua plasticidade. Como por exemplo: carbonato e hidróxido de sódio, silicatos, oxalatos e tartaratos sódicos, tanino, húmus, etc. Pode-se diminuir a plasticidade pela adição de desengordurantes. Inclusões de ar também diminuem a plasticidade. Do ponto de vista da consistência, a TB-3, já citada, divide as argilas em: muito moles, moles, médias, rijas e duras. 23 Quantitativamente, cada tipo pode ser identificado por um índice de consistência, definido como a relação da diferença entre o limite de liquidez e a umidade natural, para o índice de plasticidade, ou seja, LL − h% Obs : IP = LL − LP IC = IP Define-se assim: Argilas Valores de IC Identificação experimental quando escorre com facilidade entre os dedos ao ser muito moles IC = 0 apertada na mão moles 0 < IC < 0,5 a que é facilmente moldada pelos dedos médias 0,5 < IC < 0,75 requer esforço médio para moldagem pelos dedos rijas 0,75 < IC < 1,00 quando requer grande esforço para ser moldada a que não pode ser moldada pelos dedos, e ao ser duras IC > 1,00 submetida a grande esforço, se desagrega ou perde sua estrutura original Obs.: o índice de plasticidade (IP) é uma característica intrínseca de cada material, enquanto que o índice de consistência (IC) varia em função da umidade que o material apresenta durante o ensaio ou operação. 2.3.2 - Resistência da Argila Seca: As características principais da argila são: a plasticidade quando úmida e a resistência quando seca. A composição granulométrica da argila tem íntima relação com sua resistência no estado seco ao ar. A composição mais adequada é a que tem substâncias argilosas ao redor de 60%, estando o restante do material dividido entre silte, areia fina e média. A argila é essencial à mistura porque suas partículas coloidais aglutinam eficientemente o restante do material. Quando a sua granulação original não é recomendável, as argilas devem ser dosadas a fim de apresentar: - plasticidade máxima quando úmidas - resistência à tração máxima quando secas - retração mínima durante a secagem (deformação da peça). Porém, todos os fatores que aumentam a plasticidade, o que é bom, também aumentam a retração, o que é ruim. 2.3.3 - Ações Térmicas: Perda de Peso A água é um elemento integrante das argilas sob três formas: - água de constituição ou reticular: aquela que faz parte da estrutura da molécula (rede cristalina do material) - água de absorção ou plasticidade: aquela que adere à superfície das partículas coloidais. - água de capilaridade : também chamada água livre ou de poros (que preenche os poros e vazios). Obs.: algumas argilas têm água zeolítica, com suas moléculas intercaladas nos vazios da rede cristalina do material. A água de capilaridade é fácil de eliminar, desde a temperatura ambiente até 1100C. A água zeolítica é eliminada na faixa de 300 a 4000C. Não ultrapassando essa temperatura, os minerais podem se hidratar quantas vezes se queira. O fenômeno é reversível porque a argila mantém a sua estrutura. 24 A água de constituição é constante para cada tipo de argila; elimina-se a uma temperatura fixa para cada mineral, mas sempre maior que 400oC. O processo de desidratação térmica pode ser levado a um gráfico: em abcissas, as temperaturas; em ordenadas, as perdas de peso. Ações Térmicas: Variações Dimensionais O comportamento das argilas, em termos de sua contração e dilatação sob a ação da temperatura, pode ser levado a um gráfico e é característico para cada grupo de argilas. Ações Térmicas: Absorção e Liberação de Calor Durante o aquecimento de uma argila, dão-se transformações ora exotérmicas, ora endotérmicas. 25 A amplitude dos picos de absorção ou liberação de calor registrados durante uma análise térmico-diferencial, bem como a determinação das temperaturas em que eles ocorrem, servem para a identificação de uma argila. Outros ensaios de caracterização da argila: fluorescência de raios-x; difração de raios-x; microscopia ótica e eletrônica, espectroscopia no infravermelho, análise química e distribuição granulométrica. A plasticidade é devida à água retida entre as partículas lamelares dos argilominerais + forças de atração entre as partículas (Van der Walls e eletrostáticas) Ações Térmicas: Porosidade Porosidade (absoluta) é a relação entre o volume de poros e o volume total aparente do material. As argilas de grão grosso dão menor número de poros que as de grãos finos, sendo que as dimensões dos poros são maiores nas primeiras, o que dá permeabilidade maior. Com as argilas de grãos de vários tamanhos, reduzem-se a porosidade e a permeabilidade. A pressão maior diminui a porosidade por incrementar a acomodação das partículas. Pode-se aumentar a porosidade por vários modos: a) pela adição de materiais que desaparecem com a queima como carvão em pó b) pela adição de materiais porosos como a vermiculita (mica expandida) c) pela criação de fase gasosa que seja estável durante a secagem e queima. ex.: reação entre o alumínio ou zinco, ambos em pó, com hidróxidos alcalinos; decomposição de CaCO3 finamente moído, por ácido; hidrólise de CaC2. A porosidade influi nas propriedades (principalmente físicas) da argila. - a densidade aparente diminui com o aumento da porosidade; - a condutibilidade térmica e elétrica diminuem com a porosidade; a porosidade favorece a corrosão. As argilas são resistentes quando os poros 26 são muito pequenos . A resistência à abrasão e à erosão diminuem com a porosidade, acontecendo o contrário com a resistência mecânica. São mais refratárias as argilas mais porosas. 2.3.4 - Impurezas: Algumas impurezas aumentam a resistência, aumentam a plasticidade e a refratariedade. Às vezes ocasionam defeitos sobre a argila crua ou sobre o produto cozido. Argila para porcelana fina e branca não pode conter óxido férrico. Para refratário, não pode conter fundentes. O efeito, no entanto, depende da natureza, porcentagem, tamanho e forma dos grãos, da temperatura da queima, duração da secagem e atmosfera do forno. A utilização da peneira 200 é uma das formas mais fáceis para a determinação de impurezas sólidas grosseiras. - Purificação da Argila: A purificação tem por objetivo eliminar, no todo ou em parte, as impurezas, ou anular seus efeitos. A purificação pode ser feita por : 1 – Processos mecânicos (lavagem, peneiramento ou trituração) 2 – Processos químicos (não eliminam, mas anulam os efeitos prejudiciais) 3 – Processos físico-químicos (um exemplo é a flotação. Em cerâmica fina, a separação dos óxidos se faz por meio de filtros eletromagnéticos) Ensaios de caracterização da matéria-prima realizados em corpos-de-prova: 1) Umidade de conformação da argila situa-se entre LP e LL é obtida experimentalmente 2) Contração linear variação volumétrica decorrente da secagem e queima da argila 3) Massa específica argila não cozida após a secagem após a queima 4) Porosidade 5) Absorção de água após a queima 6) Tensão de ruptura à flexão 3 - FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CERÂMICOS A fabricação de produtos cerâmicos compreende as fases de: - exploração das jazidas - tratamento da matéria prima - moldagem - secagem - queima Exploração das jazidas : Inicialmente se faz necessário um estudo completo das características do material que se vai explorar e do volume (cubagem) do que se poderá dispor. No estudo qualitativo verifica-se a composição (teor em material argiloso, pureza e características físicas), faz-se uma apreciação do material até seu comportamento na secagem e cozimento. Desse estudo inicial, conclui-se: - Quais produtos que se poderão obter com a matéria prima - quais as eventuais correções que deverão ser feitas - qual o equipamento a ser empregado. Aspectos gerais como conformação, localização, acesso, facilidade de transporte, existência de água, etc. são também importantes para a valorização da jazida. No plano de lavras, levantam-se os 27 meios auxiliares de que se poderá dispor para extração das argilas e o equipamento a ser empregado, desde pás e carrinhos manuais até tratores e escavadoras de grande produção. Na extração de uma jazida deve-se cuidar fundamentalmente do escoamento das águas e da deposição dos escombros, com impacto ambiental aceitável. Tratamento da matéria prima O tratamento compreende: - depuração (eliminação das impurezas) - divisão (trituração de torrões e moagem prévia para os desengordurantes) - homogeneização (mistura íntima com água) - obtenção da umidade ótima da matéria prima (plasticidade, com um mínimo de umidade; envolve custo) Estas operações, de uma maneira geral, antecedem a fabricação propriamente dita dos produtos cerâmicos. Podem ser usados processos naturais de tratamento e processos mecânicos. No primeiro caso, usam-se: mistura (dosagem), meteorização, amadurecimento apodrecimento e, por vezes, levigação (peças especiais). Os processos mecânicos são usados em fábricas de maior porte, com maior produção e economia de espaço (imobilização de grandes capitais). As operações descritas anteriormente podem ser realizadas por via mecânica, fazendo-se passar a pasta por um trem de preparação que compreende normalmente: - trituradores ( moinhos de rolos e martelos) - peneiradores com lavagens - misturadores (pás helicoidais em dupla fila) - amassadores (amassamento e mistura podem ser simultâneos) - laminadores (dão maior homogeneidade à massa) Moldagem Esta operação está estritamente relacionada com o teor de água da pasta de argila. O aumento de água traz economia de energia na moldagem (aumenta a plasticidade) em contrapartida, será inevitável a contração na secagem e deformações no cozimento, bem como o aumento no consumo de combustível. O adiantamento da técnica exige pastas cada vez mais secas, sem prejuízo da plasticidade. Do ponto de vista da plasticidade e do teor de água, podem as pastas serem classificadas em: - pastas brandas – com 25% de umidade - pastas duras - com 15% de umidade - pastas secas – com 5 a 6% de umidade. Métodos de moldagem: a) Método de moldagem a seco ou semi-seco (4 a 10%) → prensagem (ladrilhos, azulejos e tijolos e telhas de qualidade superior) b) Moldagem com pasta plástica consistente (15 a 25% )→ extrusão (marombas com câmaras a vácuo para retirar o ar da massa) tijolos, telhas, tubos cerâmicos, refratários, etc c) Moldagem em pasta plástica mole (25 a 40%)→ artesanal (vasos, pratos, etc e produção rudimentar de tijolos) d) Moldagem com pasta fluida (30 a 50% de água)→ barbotina (peças de formato complexo como aparelhos sanitários, porcelanas, etc) Conformação da argila por extrusão 28 Secagem Grande parte da umidade é retirada na secagem, o restante durante o processo de cozimento. A perda de água é acompanhada da contração do produto e será tanto maior quanto for o grau de umidade da pasta. A velocidade de secagem deve ser controlada para evitar retração excessiva desuniforme, o que geraria fendas e deformações nos produtos. A contração linear da argila comum não tratada é da ordem de 1 a 6%. Queima: Durante a queima, dão-se as transformações estruturais da argila, havendo necessidade de uma marcha típica de aquecimento e resfriamento de cada produto. A vitrificação ocorre em torno dos 12000C (formação de vidro que ocupa os poros do material aumentando sua resistência e reduzindo sua permeabilidade). - Queima lenta → menor perigo, mas maior custo - Queima rápida → economicamente interessante, mas a qualidade pode se ressentir. A queima de produtos cerâmicos em fornos túneis, que são contínuos, é feita em aproximadamente 24h. 29 4 - PRODUTOS CERÂMICOS PARA CONSTRUÇÃO 4.1 - Materiais de argila (cerâmica vermelha) 1) porosos (tijolos, telhas, ladrilhos, etc) 2) vidrados (ladrilhos, manilhas, drenos). 4.2 – Materiais de louça 1) pó de pedra: azulejos, material sanitário 2) grés : materiais sanitários, pastilhas e ladrilhos 3) porcelana : pastilhas, azulejos, porcelana elétrica 4.3 – Materiais refratários 1) silicosos 2) sílico-aluminosos 3) aluminosos 4) magnesita 5) cromomagnesita 6) cromita Materiais de argila Assim denominado porque o principal e freqüentemente único constituinte é a argila. Cerâmica vermelha é uma denominação convencional derivada de sua coloração vermelha, mais comum, devida ao óxido de ferro. O vidrado se refere ao corpo do material e não apenas à sua superfície. Tijolos comuns maciços Esse tijolo muito usado na construção civil devem apresentar algumas características próprias que lhe darão qualidade. Trata-se de um tijolo de barro cozido que deve apresentar o que segue: 1) regularidade de forma e igualdade de dimensões 2) arestas vivas e cantos resistentes 3) homogeneidade de massa, com ausência de fendas, trincas, cavidades e corpos estranhos. 4) cozimento parelho, produzindo som metálico quando percutido com martelo. 5) facilidade de corte, apresentando fratura de grão fino, homogênea e de cor uniforme. 6) resistência à compressão suficiente para o fim proposto 7) absorção de água compreendida entre 10 e 18%. Valores superiores traduzem porosidade e permeabilidade. Valores muito baixos indicam dificuldade de aderência. O tijolo maciço é especificado pela NBR7170/83 com o formato paralelepipédico nas seguintes dimensões nominais: Tabela 1 – Dimensões nominais (mm) comprimento largura altura 190 90 57 190 90 90 A tolerância máxima é de ± 5mm nas três dimensões. A mesma especificação NBR7170/83, tendo em vista a resistência à compressão, para cada tipo de tijolo, considera três categorias, cujos valores mínimos estão indicados na tabela 2: 30 Tabela 2 – tijolos maciços Resistência à compressão mínima Categoria em MPa A 1,5 B 2,5 C 4,0 A resistência à compressão é determinada através da NBR 6460/83. Obs.: 1) A massa específica aparente fica em torno de 1,8 kg/dm3 2) Ver amostragem, aceitação e rejeição na NBR 7170/83 Blocos cerâmicos A especificação NBR15270-1 da ABNT recomenda para blocos cerâmicos de vedação as dimensões da Tabela1 abaixo: Tabela 1 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos de vedação Dimensões LxHxC Módulo dimensional M = 10 cm (1)M x (1)M x (2)M) (1)M x (1)M x (5/2)M) (1)M x (3/2)M x (2)M) (1)M x (3/2)M x (5/2)M) (1)M x (3/2)M x (3)M) (1)M x (2)M x (2)M) (1)M x (2)M x (5/2)M) (1)M x (2)M x (3)M) (1)M x (2)M x (4)M) (5/4)M x (5/4)M x (5/2)M) (5/4)M x (3/2)M x (5/2)M) (5/4)M x (2)M x (2)M) (5/4)M x (2)M x (5/2)M) (5/4)M x (2)M x (3)M) (5/4)M x (2)M x (3)M) (3/2)M x (2)M x (2)M) (3/2)M x (2)M x (5/2)M) (3/2)M x (2)M x (3)M) (3/2)M x (2)M x (4)M) (2)M x (2)M x (2)M) (2)M x (2)M x (5/2)M) (2)M x (2)M x (3)M) (2)M x (2)M x (4)M) (5/2)M x (5/2)M x (5/2)M) (5/2)M x (5/2)M x (3)M) (5/2)M x (5/2)M x (4)M) Largura (L) Dimensões de fabricação (cm) Comprimento (C) Altura (H) Bloco principal 1/2 Bloco 9 9 14 19 11,5 14 11,5 19 14 19 19 19 24 24 19 24 19 24 29 19 24 29 39 24 24 19 24 29 39 19 24 29 39 19 24 29 39 24 29 39 9 11,5 9 11,5 14 9 11,5 14 19 11,5 11,5 9 11,5 14 19 9 11,5 14 19 9 11,5 14 19 11,5 14 19 Resistência à compressão (fb) A resistência à compressão mínima dos blocos na área bruta deve atender aos valores mínimos indicados na tabela 4: Tabela 4 – Resistência à compressão (fb) fb Posição dos furos MPa Para blocos usados com furos na horizontal (figura 1) ≥ 1,5 Para blocos usados com furos na horizontal (figura 2) ≥ 3,0 NOTA Ver anexo C da ABNT NBR15270-3:2005 31 (*) Dados do Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção de São Paulo A tolerância máxima de fabricação é de ± 5 mm em qualquer dimensão Possíveis Vantagens dos blocos sobre os tijolos (maciços): a) São normalmente fabricados em marombas à vácuo apresentando aspecto uniforme, faces mais planas e melhor esquadrejados. b) Tem menos peso por unidade de volume aparente; (1,1 a l,2 kg/dm3) c) Dificultam a propagação do som e são melhores do ponto de vista do isolamento térmico. d) Apesar da redução da seção carregada, pelas melhores qualidades intrínsecas provenientes do apuro na produção, podem ter tensões de utilização, referidas à seção plena (sem desconto dos furos), da mesma ordem de grandeza dos tijolos maciços. Telhas (NBR15310/2005) As telhas podem ser : Curvas – (coloniais, paulistas, portuguesas) Planas – (ou de escamas) De encaixe – (francesas ou de Marselha) Devem apresentar as seguintes características de qualidade -retilinidade e planaridade -tolerância dimensional (estabilidade volumétrica) -massa -absorção de água (permeabilidade) -características visuais e sonoridade A NBR15310 refere-se às telhas tipo Marselha. A especificação fixa: o sistema de encaixe, o peso, as dimensões e a resistência à flexão. Liberando a forma da peça à conveniência do fabricante. Tubos cerâmicos (NBR 5645/90) Exigências: -resistência à compressão diametral -permeabilidade -aspecto visual -absorção de água -resistência química 32 São produtos cerâmicos vidrados ou gresificados. Podem ser vidrados externa e internamente. O cozimento é levado até fusão incipiente, e são vidrados posteriormente para proteção contra águas agressivas em banho especial de silicatos metálicos com recozimento. Os tubos de grés são moldados por extrusão em máquinas verticais. Depois da secagem, numa fase adiantada do cozimento, é lançado cloreto de sódio no interior do forno, o qual produz sobre a superfície das peças uma camada mais avançada de material vitrificado. A NBR 5645 fixa as dimensões do comprimento útil da espessura da parede do tubo e da bolsa, bem como as características de qualidade que devem ser atendidas. O ensaio de resistência à compressão diametral é feito pela NBR 6582 e deve variar entre 1400 kgf/m e 3500kgf/m dependendo do diâmetro do mesmo (valores mínimos). Os tubos devem ser impermeáveis, sem aparecimento de gotas e manchas para uma pressão interna de 0,7 kgf/cm2 mantida por dois minutos (NBR 6549). Devem suportar uma pressão interna instantânea de 2 kgf/cm2. A absorção, por imersão em água em ebulição durante 1 hora, deve ser menor que 10% e 8% respectivamente, segundo apresentar vidrado só interno ou interno/externo. (NBR 7529/91). Placas cerâmicas para revestimento: A norma NBR13816 define termos relativos às placas cerâmicas para revestimento, esmaltadas e não esmaltadas – Terminologia. Ladrilhos (NBR 13818 / 97) Moldados pelo método de prensagem a seco. As temperaturas de cozimento são altas, de 1250 a 13000C, até alcançar um elevado grau de vitrificação, tornando o material compacto e impermeável. Geralmente de cor vermelha, podendo apresentar-se coloridos com uso de pigmentos adequados. O ensaio de desgaste dá a resistência à abrasão que deve possuir um ladrilho de boa qualidade. ABSORÇÃO DE ÁGUA ABSORÇÃO DE ÁGUA & RESISTÊNCIA À FLEXÃO A NBR 13818 associa os valores mínimos para a absorção e carga de ruptura para placas com espessuras definidas. O módulo de resistência à flexão mede a qualidade da queima. 33 •Quadro 2 - A nomenclatura abaixo se refere aos produtos prensados e com espessura mínima de 7,5 mm. Materiais de Louça Distinguem-se dos anteriores pela matéria prima, que são argilas quase isentas de óxido de ferro, contendo ainda quartzo e fundentes tipo feldspato, finamente moídos. As louças de pó de pedra são porosas com absorção da ordem de 15 a 20%. Para serem usadas em condições higiênicas, devem receber uma camada de esmalte ou vidrado. Como exemplo das louças de pós de pedra temos os azulejos e as louças sanitárias. As louças de grés tem matéria-prima semelhante às anteriores, porém com vitrificação mais avançada, sendo a absorção de água da ordem de 1 a 2%. A porcelana é fundamentalmente um grés branco, levado a uma fusão mais perfeita, chegando à translucidez devido à vitrificação completa. A absorção é praticamente nula. Azulejos (NBR13818/97) São normalmente constituídos de duas camadas: uma de argila selecionada de espessura grande, e outra fina, de um esmalte que recobre uma das faces e que lhe proporciona impermeabilidade e alta durabilidade. O azulejo tem por função revestir outros materiais dando proteção e bom acabamento. A parte de fundo é queimada a cerca de 9500C. A face visível é uma camada geralmente composta de chumbo, estanho e óxidos com pigmentos adequados. Depois da aplicação do esmalte, o material é recozido, espalhando-se o esmalte, ao fundir, uniformemente por sobre o azulejo. É 34 possível com certas técnicas modernas efetuar uma única cocção, com grandes vantagens econômicas. As faces devem ser planas, sem empenos e com arestas vivas. Importante é que apresentem dimensões uniformes, para permitir boa colocação. As dimensões variam de acordo com modelos de época. Fabricação dos Ajulejos (ver fluxograma a seguir) 1 - As matérias-primas (argila, caulim, feldspato, quartzo, calcário, talco e outras) são estocadas em separado e controladas para garantir a constância da qualidade do produto. 2 – Pesagem, com precisão, de acordo com dosagem pré-estabelecida. 3 - Moagem com água e pedras sílex, resultando na massa líquida chamada barbotina. 4 - A barbotina é purificada de eventuais partículas de ferro por meio de um imã e peneirada 5 - A barbotina filtrada é mantida em suspensão por meio de agitadores. 6 - Em seguida é bombeada para a torre de secagem chamada “spray-dryer”ou atomizador. 7 - No “spray-dryer”a barbotina é lançada contra o ar aquecido a 400/500oC. Este processo cria um granulado que se precipita no fundo cônico da torre, e é transportado para silos 8 - Dos silos a massa granulada vai para as prensas onde será moldado o azulejo cru em dois impactos : primeiro, retira o ar da massa (cerca de 100kg/cm2) e o segundo é responsável pela moldagem propriamente dita numa pressão de 300kg/cm2. 9 - Os azulejos crus assim obtidos são empilhados em vagonetes de material refratário. 10 - Toda a umidade residual é eliminada em secador (30 a 150oC) por ≅ 20h. 11 - O 1o cozimento (1100 oC), feito em forno túnel, transforma o azulejo cru em “biscoito”. O processo de queima englobando pré-aquecimento, queima e resfriamento, leva 72h. 12 - O biscoito já classificado é esmaltado em máquinas especiais, podendo receber uma impressão por “silk-screen” antes ou depois da esmaltação; situação em que a decoração é chamada de “baixo esmalte”ou “sobre esmalte”, respectivamente. 13 – O biscoito é agora disposto em engradados refratários e passam pelo forno-túnel de queima do esmalte ou queima de alisamento. Temperatura de 1.050oC, em 12h. 35 14 – Finalmente, o azulejo é classificado e embalado, seguindo para a comercialização. Obs.: O esmalte é obtido pela moagem de “fritas”, espécie de vidro próprio para este fim, acrescidas de outras matérias minerais e corantes. A moagem do esmalte se processa em tambores revestidos com porcelana, contendo em seu interior bolas também de porcelana, para evitar a aparição de impurezas resultantes do desgaste. EXPANSÃO POR UMIDADE ABRASÃO SUPERFICIAL - PEI Observação: o volume retirado (em mm3) permite a classificação da resistência à abrasão profunda para peças não esmaltadas. Resistência à abrasão A resistência à abrasão representa a oposição ao desgaste superficial do esmalte das placas cerâmicas, causado pelo movimento de pessoas e objetos. Existem dois métodos de avaliação da resistência à abrasão : - Superficial : para produtos esmaltados - Profunda : para produtos não esmaltados Para produtos esmaltados, o método PEI (Instituto de Esmaltes para Porcelana) prevê a utilização de um aparelho que provoca a abrasão superficial por meio de esferas de aço e material abrasivo. O resultado é usado como base para uma orientação de uso, da seguinte forma: 36 PEI Tráfego PEI 0 - PEI 1 baixo Banheiros residenciais, quartos de dormir, etc. PEI 2 médio Cômodos sem portas para o exterior e banheiros PEI 3 PEI 4 PEI 5 Prováveis locais de uso Paredes (desaconselhável para pisos) médio alto cozinhas, corredores, halls, sacadas residenciais e quintais alto residências, garagens, lojas, bares, bancos, restaurantes, hospitais, hotéis e escritórios altíssimo residências, áreas públicas, shoppings, aeroportos, padarias e fast-foods Para não-esmaltados, é medido o volume de material removido em profundidade da placa quando submetida à ação de um disco rotativo e um material abrasivo específico. RESISTÊNCIA AO ESCORREGAMENTO Preocupação com o escorregamento: áreas residenciais, áreas públicas e locais industriais - contato com água, barro, óleos e gorduras Resistência ao ataque químico, resistência ao choque térmico, à gretagem e ao chumbo e cádmio, estes em locais de manipulação de alimentos, são também exigências de qualidade para os revestimentos cerâmicos. ANÁLISE VISUAL: São defeitos visuais de superfície nas peças cerâmicas: rachaduras - crateras – depressões - base descoberta por falha no vidrado - bolhas - furos - pintas – manchas - defeitos na decoração - cantos e lados lascados, despontados – saliências - incrustações de corpos estranhos - riscados ou arranhaduras e diferenças de tonalidades nas caixas Obs.: ainda na análise visual, os produtos de 1a qualidade devem apresentar 95% ou mais de peças sem defeitos visíveis, em exposição simultânea de 30 peças ou mais, em local com ângulo e iluminação adequados. Características geométricas, verificam-se: a ortogonalidade das peças, o paralelismo dos lados, a planaridade, distorções de forma e variações de espessura. Triagem feita por sensores eletrônicos. PATOLOGIAS NO REVESTIMENTO CERÂMICO: Destacamento - pode ocorrer devido a: falhas no assentamento, ausência de garras de fixação (tardoz liso), expansão por umidade, ausência de juntas de expansão; Escurecimento: ocorre devido à absorção de água nas cerâmicas não esmaltadas que apresentam alta porosidade; Eflorescência: ocorre devido à penetração de água da chuva pelo rejuntamento, à ascensão de água pelo piso ou mesmo vazamento em tubulações. Solubiliza sais solúveis ou cal do emboço ou assentamento de piso ocasionando o depósito na superfície da placa. 37 Aparelhos Sanitários Os aparelhos sanitários podem ser divididos em dois grupos: Aparelhos de pó de pedra ou de faiança com corpo branco ou colorido artificialmente, vitrificado, com textura fina e porosa, e aparelhos de grés branco, também chamados de porcelana sanitária, porcelana branca ou de grés cerâmico, com corpo branco ou colorido artificialmente, vitrificado, porém de textura fina e pouco porosa. A NBR 15097/2004 fixa as condições a serem atendidas por esses materiais. Demais normas sobre aparelhos sanitários: NBR15097 = EB e MB Aparelho sanitário de material cerâmico - Requisitos e métodos de ensaio NBR15098 = NB Aparelhos sanitários de material cerâmico - Procedimento para instalação NBR15099 = PB Aparelhos sanitários de material cerâmico - Dimensões padronizadas NBR 9817 = NB 1069 Execução de piso com revestimento cerâmico NBR 8409 = EB 960 Conexão cerâmica para canalizações NBR 8949 = MB 2162 Paredes de alvenaria estrutural - Ensaio à compressão simples NBR 13818 = EB e MB Placas cerâmicas para revestimento- Especificação e métodos de ensaio. 78p NBR 13755 = NB Revestimento de paredes externas com placas cerâmicas e argamassa colante NBR 13754 = NB Revestimento de paredes internas c/ placas cerâmicas e com argamassa colante NBR 13753 = NB Revestimento de piso com placas cerâmicas e argamassa colante NBR 5645 = EB-5 Tubo cerâmico p/ canalizações NBR 6549 NBR 6582 NBR 7530 NBR 7529 NBR 7689 – MB´s Tubos cerâmico p/ canalizações – Métodos de Ensaio 2004 2004 2004 1987 1996 1985 1997 1996 1996 1996 1990 1991 MADEIRAS Composição química (em média) celulose lignina resinas e taninos 60% 28% restante madeira seca: 49 % de carbono + 44 % de oxigênio + 6 % de hidrogênio + 1 % de cinzas Na condição de material de construção, as madeiras incorporam todo um conjunto de características técnicas, econômicas e estéticas que dificilmente se encontram em outro material existente. 38 I – VANTAGENS DA MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO: a) Pode ser obtida em grandes quantidades a um preço relativamente baixo. Havendo critérios racionais de exploração, as reservas têm alta capacidade de renovação, tornando o material permanentemente disponível; b) Pode ser produzida em peças com dimensões estruturais que podem ser desdobradas facilmente em peças pequenas, de delicadeza excepcional; c) Pode ser trabalhada com ferramentas simples e ser reempregada várias vezes; d) Foi o primeiro material empregado capaz de resistir tanto a esforços de tração como de compressão, em colunas, vigas e vergas; e) Tem resistência mecânica elevada, com a vantagem do peso próprio reduzido (na flexão, ≅ 45 MPa contra 4,5 MPa do concreto convencional e, no cisalhamento, aproximadamente 15 MPa contra 3,5 MPa); f) Permite fáceis ligações e emendas; g) Não estilhaça quando golpeada, sua resiliência permite absorver choques que romperiam ou fendilhariam outro material; h) Apresenta boas condições naturais de isolamento térmico e absorção acústica. Seca, é satisfatoriamente dielétrica; i) No seu aspecto natural, apresenta grande variedade de padrões estéticos e decorativos; j) Quando convenientemente preservada, perdura em vida útil prolongada à custa de insignificante manutenção. No entanto, a madeira somente adquiriu reconhecimento como competitivo e moderno material de construção, em condições de atender às exigências de técnicas construtivas recentemente desenvolvidas, quando outros tantos processos de beneficiamento permitiram anular as características negativas que apresenta em estado natural, como: - A degradação de suas propriedades e o surgimento de tensões internas decorrentes de alterações em sua umidade, anuladas pelos processos de secagem artificial controlada. - A deterioração, quando em ambientes que favoreçam o desenvolvimento de seus principais predadores, contornada com os tratamentos de preservação. - A marcante heterogeneidade e anisotropia próprias de sua constituição fibrosa orientada, assim como a limitação de suas dimensões, resolvidas pelos processos de transformação nos laminados, contraplacados e aglomerados de madeira. II – UTILIZAÇÃO DA MADEIRA Dados dos EUA, década de 70: Como combustível - 53% Na construção em geral - 37% Em outros usos industriais - 10% 1) Como Combustível – fraco poder calorífico (4.500 cal/kg) só 3.500 cal/kg são aproveitados pelos fogões, lareiras, etc. Carvão – poder calorífico maior (8.000 cal/kg), o aproveitamento do gás de madeira transformaria a madeira em combustível valorizado. 2) Como material de construção É um material de construção tecnicamente adequado e economicamente competitivo para todas as obras de engenharia, desde lastro de vias férreas até galerias, torres, pontes e estrutura de coberturas em grandes vãos. 39 Consumo médio na construção na forma de madeira natural e derivados: 5 t por habitação na Europa 10 t por habitação nos EUA 3) Como matéria prima para outros usos industriaisPode ser considerada como material bruto que permite o aproveitamento dos sucessivos fragmentos a que pode ser reduzida. Seus subprodutos aproveitáveis atualmente chegam até seus constituintes básicos, suas moléculas e compostos químicos: Madeira roliça Fluxograma de seu Rendimento Industrial Madeira serrada: peças estruturais Lâminas: chapas de madeira compensada Aparas: chapas de madeira aglomerada Fibras: Chapas de madeira reconstituída CELULOSE (fibras) LIGNINA (aglomerante) Polpa: papéis (é a substância que dá rigidez), Moléculas: raiom (seda artificial) resinas, taninos. Compostos químicos: açucares, álcoois, resinas, lubrificantes, borracha sintética, cosméticos, tintas, vernizes, filmes fotográficos, celofane (plástico da celulose), etc. 500 kg de polpa + 40 l de álcool, ou. 500 kg de forragem + 80 l de álcool, ou. 1000 kg de madeira seca: 240 a 320 l de álcool. Materiais estruturais – dados comparativos Os pesquisadores Carlito Calil Junior e Francisco A. Rocco Lahr da EESC USP colocam como restrições para o emprego da madeira: 40 • Material inflamável (tratamento retardante resolve) • Material biodegradável (tratamento preservativo resolve) • Insuficiente divulgação das informações tecnológicas já disponíveis acerca de seu comportamento sob as diferentes condições de serviço e • Número reduzido de projetos específicos desenvolvidos por profissionais habilitados. III – CLASSIFICAÇÃO DAS MADEIRAS PELO USO Madeiras finas: empregadas em marcenaria e em construção corrente na execução de esquadrias, marcos, etc. Ex: loiro, cedro, açoita-cavalos, etc. Madeiras duras ou de lei: empregadas em construção como suportes e vigas. Ex: peroba, paraju, grápia, angico, etc. Madeiras resinosas: empregadas quase que exclusivamente em construções temporárias ou protegidas do intemperismo. Ex: pinho (formas) Madeiras brandas: de pequena durabilidade, porém, de grande facilidade de trabalho. Não são usadas em construção.Ex: timbaúva. IV – CRESCIMENTO DAS ÁRVORES A secção transversal do tronco de uma árvore permite distinguir as seguintes partes bem caracterizadas de fora para dentro: (macroestrutura) 1) Casca: Protege contra agentes externos. É eliminada no aproveitamento do lenho. Na casca encontramos uma camada externa - camada cortical - formada por tecidos mortos (dá proteção) e uma camada interna, constituída de tecido vivo, mole e úmido, que é o veículo da seiva elaborada. 2) Câmbio: Camada invisível a olho nu, situada entre a casca e o lenho, formada de tecido meristemático (divisão de células). O crescimento da árvore dá-se diametralmente pela adição de novas camadas proveniente da diferenciação do câmbio. Anel de crescimento: camada de tecido lenhoso formada anualmente. Os anéis de crescimento permitem caracterizar as três direções diferenciais da anisotropia do material: Axial - segundo eixo da árvore, Tangencial - tangente aos anéis, e. Radial - normal aos mesmos. 3) Lenho: (Alburno e Cerne). É a parte resistente das árvores. Alburno - células vivas - resiste aos esforços externos e transporta a seiva das raízes às folhas; Cerne – células mortas – resiste aos esforços externos. A alteração do alburno amplia o cerne. As paredes das células se impregnam de taninos, resinas e materiais corantes que obstruem os vasos e conferem ao cerne uma cor mais forte. Alburno: (branco da madeira) – a seiva que contém atrai insetos e agentes de deterioração, mas melhor se deixa impregnar pelos preservativos, não devendo ser eliminado como imprestável. Cerne: tem mais peso, compacidade, dureza e durabilidade; é menos sujeito ao ataque de insetos e fungos. 4) Medula: Miolo central, mole, de tecido esponjoso e cor escura. Não tem resistência mecânica nem durabilidade. Sua presença na peça desdobrada constitui defeito. 5) Raios medulares: 41 Transportam e armazenam a seiva. Pelo seu efeito de amarração transversal, inibem em parte a retratibilidade devida a variações de umidade. Aparecem nas secções radiais ou tangenciais de determinadas espécies como um “espelhado” de bonito efeito estético e decorativo. V - IDENTIFICAÇÃO As madeiras são identificadas pelas maneiras seguintes: a) Identificação Vulgar Maneira prática de se fazer a identificação. Prende-se às características notáveis da espécie: configuração da casca, folhas, frutos, coloração e aspectos visuais, etc. Não tem valor científico, pois um mesmo nome identifica espécies diferentes, ou vice-versa, dependendo da região. b) Identificação Botânica Necessita da formação de um herbário para cada espécie: exemplares dos frutos casca, flores e sementes para comparação. Com a coleta desses elementos, o botânico especializado determina a família, o gênero e a espécie na classificação botânica. Ex: pinho do Paraná Araucária brasileira Piptadenia rígida jatobá Paracotema peroba peroba do campo c) Identificação Micrográfica Retira-se do lenho um prisma de 1 x 1 x 4 cm. Deste prisma são retiradas três lâminas em direções ortogonais. As lâminas são desidratadas, coloridas e examinadas em um microscópio (≥ 50x) e comparadas com lâminas padrão ou com um Atlas de microfotografias. No Atlas constam dois aspectos micrográficos distintos: - constituição anatômica do lenho - número, forma e disposição dos elementos celulares que o compõem. VI – PRODUÇÃO DAS MADEIRAS Seqüência obrigatória para a produção das peças de madeira natural serradas: - corte das árvores - toragem - falquejamento - desdobro - aparelhamento das peças. Na exploração bem conduzida de reservas florestais, o corte deve ser precedido por um levantamento dendrométrico que esclarece sobre o aproveitamento econômico adequado, avaliação e cubagem dos exemplares a serem abatidos. Corte de árvores: deve ser realizado em épocas apropriadas, geralmente durante o inverno. No Brasil é boa prática realizá-los nos meses sem “r”. A época do corte não influi sobre a resistência da madeira, mas tem importância sobre sua durabilidade: madeiras de árvores abatidas durante o inverno secam lentamente sem rachar ou fendilhar e, por não conterem seiva elaborada nos tecidos, tornam-se menos atrativas a fungos e insetos. Na toragem a árvore é desgalhada e traçada em toras de 5 a 6m para facilitar o transporte. Também é freqüente serem “falquejadas”, ou seja, lavradas a machado ou a serra ficando a seção grosseiramente retangular. No desdobro ou desdobramento – operação final na produção de peças estruturais de madeira bruta. No desdobro são obtidos os pranchões, pranchas ou “conçoeiras”, com espessura maior que 7cm e largura maior que 20cm. São dois os tipos de desdobro: Desdobro normal: quando as pranchas são tangentes aos anéis de crescimento. Desdobro radial: quando as pranchas são retiradas normalmente aos anéis de crescimento. 42 O desdobro radial produz prancha de melhor qualidade: - na secagem, menor contração, menos empenos e rachaduras; - maior homogeneidade de superfície; resistência uniforme ao longo da peça. Em contrapartida, maiores são as perdas e maior é o custo. O desdobro radial é indicado para aplicações especiais: construção aeronáutica, fabricação de instrumentos musicais, móveis de estilo, etc. Concluindo, uma tora pode ser usada como peça estrutural sem estar completamente desdobrada. Duas alternativas podem então ocorrer: ou se pretende uma seção com a maior área possível, ou uma peça com o maior momento resistente. No primeiro caso, interessará o maior quadrado inscrito na seção da tora. No segundo, será um retângulo com a menor dimensão igual a 0,50 do diâmetro da tora e a altura igual a 0,82 do mesmo. Aparelhamento das peças: Serragem e resserragem das pranchas, executadas com serra circular ou em serra de fita, com um, dois ou três fios de serra. O documento normativo brasileiro NBR7203: Madeira serrada e beneficiada especifica os termos utilizados para cada produto e as respectivas dimensões comerciais. VII – PROPRIEDADES FÍSICAS DAS MADEIRAS No Brasil, a ABNT adota no anexo B da NBR 7190/97 a determinação das propriedades das madeiras para projeto de estruturas, tendo como objetivos: a) Indicar como devem ser feitas as seguintes determinações de características físicas e mecânicas das madeiras: umidade, densidade, estabilidade dimensional, compressão paralela às fibras, tração paralela às fibras, compressão normal às fibras, tração normal às fibras, cisalhamento, fendilhamento, flexão, dureza, resistência ao impacto na flexão, embutimento, cisalhamento na lâmina de cola, tração normal à lâmina de cola e resistência das emendas dentadas e biseladas. b) Obter dados comparativos, referentes a toras de madeiras, visando caracterizar as espécies. Para um conhecimento bastante exato, devem ser ensaiadas pelo menos três toras. Obs: para o cálculo e execução de estruturas de madeira a ABNT adota a NB-11. 43 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: 1) Umidade Total: h% = Ph − Ps x 100 onde : h = teor de umidade (%) Ps Ph = peso da madeira úmida Ps = peso da madeira sec a em estufa 2) Variação dimensional da madeira São as alterações de volume sofridas pelas madeiras quando o seu teor de umidade varia do ponto de saturação ao ar à condição de seca em estufa. Também denominada Retração, Inchamento ou “Trabalho”. • Principais causas • Ortotropia: decorrência da constituição anatômica • Direções principais: axial, radial e tangencial Retração na madeira Aspectos anatômicos provocam diferentes retrações nas três direções principais: Quadro de porcentagens de retração de algumas espécies de madeira A contração volumétrica total traduz percentualmente a variação de volume, quando a madeira passa do estado verde ao estado seca em estufa. Vv − V0 Ct = x 100 Vv → Volume da madeira verde V0 44 A contração volumétrica de seca ao ar para seca em estufa é chamada contração volumétrica parcial e traduz a variação percentual de volume entre esses dois estágios de umidade. Determinação das porcentagens de retração e de inchamento - Porcentagens de retração total ou deformações específicas de retração ( r,j), com j = 1 para a direção longitudinal; j = 2 para a direção radial e j = 3 para a direção tangencial, calculadas pela expressão a seguir. - Idem para determinar as porcentagens de inchamento total ou deformações específicas de inchamento ( i,j) Li,sat • dimensão linear, para U igual ou superior ao PS; Li,seca • dimensão linear, para U igual a 0%. Curvas de Retratilidade volumétrica e linear (pinho-do-Paraná – IPT) O conhecimento da retratibilidade volumétrica das espécies lenhosas permite classificá-las conforme essa característica e orientar a escolha de madeiras para empregos adequados. 45 O coeficiente de retratilidade volumétrica significa a variação percentual para uma variação de 1% na umidade. É calculado dividindo-se a contração volumétrica parcial (Ch) pelo teor de umidade seco ao ar (h%) no qual foi determinado: C ν= h h Quanto ao coeficiente de retratilidade, considerando madeiras já desdobradas em peças como tábuas, vigas, etc, podem ser usadas em construção: Coeficiente de retratilidade 0,35 a 0,55 0,15 a 0,35 Qualificação de retratilidade média fraca Enquadram-se nestas qualificações: Espécies Cabriúva Canela preta Cedro Louro Pinho Peroba rosa Eucalipto (tereticornis) Coef. Retratilidade Volumétrica 0,47 0,46 0,38 0,41 0,51 0,55 Resistência à compressão 762 397 379 592 551 637 Coeficiente de Resiliência 0,84 0,51 0,34 0,49 0,31 0,38 Cota Dinâmica 1,65 1,32 1,33 1,01 0,98 0,60 0,56 743 0,59 0,73 Verifica-se, e isto, em geral, vale para todas as espécies lenhosas, que a retratilidade axial é quase desprezível, que a tangencial é o dobro da radial e que a volumétrica é, aproximadamente, o somatório das anteriores. Valores médios de retratilidade das madeiras em geral, em % Retratilidade Linear tangencial Linear radial Linear axial Volumétrica Verde a 0% de umidade 4 – 14 2–8 0,1 – 0,2 7 - 21 Verde a 15% de umidade 2–7 1–4 0,05 – 0,1 3 – 10 Três preocupações impõem-se, conforme o caso, para atenuação dos efeitos da retratilidade: a) Emprego de peças de madeira com teores de umidade compatíveis com o ambiente b) Emprego de desdobro adequado c) Impregnação das peças com óleo e resinas impermeabilizantes Massa Específica aparente, a 15% de umidade, de Espécies Lenhosas Nacionais Espécies Kg/dm3 Açoita-cavalo Cabriúva Canela preta Cedro Louro Pinho Peroba rosa Eucalipto (tereticornis) 0,62 0,89 0,63 0,49 0,69 0,56 0,76 0,89 46 ÁGUAS DA MADEIRA 1 - Água de Constituição Está em combinação química com os principais constituintes do tecido lenhoso. Não pode ser eliminada sem a destruição do material. Não é retirada na secagem em estufa. 2 - Água de Impregnação Comparece na madeira úmida impregnada nas paredes celulósicas das células lenhosas, que são hidrófilas. Essa água provoca inchamento na madeira, trazendo as variações de volume que o material experimenta. Quando as paredes das células estão completamente saturadas de água de impregnação, sem que a água extravase para os vazios celulares, diz-se que a madeira atingiu o teor de umidade chamado ponto de saturação ao ar. 3 - Água livre Água que preenche os vazios celulares, após saturar as paredes das células. Também chamada água de embebição ou de capilaridade. Quando evapora por secagem apenas a água livre, a umidade está no ponto de saturação do ar, já definido e que é ± 30% de umidade, conforme a espécie. Nem a presença nem a retirada dessa água livre causam qualquer alteração de volume do material. Expressões comuns no que diz respeito ao teor de umidade da Madeira. Madeira Verde – teor de umidade acima do ponto de saturação ao ar (acima de 30%) Madeira Semi-seca – 23 < h < 30% Madeira comercialmente seca - 18 < h < 23% Madeira seca ao ar – 13 < h < 18% Madeira completamente seca – h = 0% A madeira é empregada geralmente para trabalhar com teor de umidade entre 13 e 17% (estado seco ao ar); 15% é o teor de referência na determinação das características do material nos ensaios de laboratório. No entanto, a fim de que os valores obtidos sejam perfeitamente comparáveis, devem ser corrigidos para um teor constante de umidade. Esse teor é, convencionalmente, fixado em 15% e recebe a denominação de teor de umidade normalizado. Resistência à Compressão Axial das Madeiras 1) Variação com o teor de umidade (peroba-rosa) 47 2) variação da resistência com a massa específica da espécie CONDUTIBILIDADE ELÉTRICA Bem seca, a madeira é um excelente material isolante de elevada resistividade; quando úmida é condutora como a maioria dos materiais que contêm sais minerais. A madeira seca é, geralmente, um bom material isolante para instalações e equipamentos de baixa tensão, mas é preciso não esquecer que a umidificação pode prejudicar sua eficácia, donde a conveniência de pintura e envernizamento das peças como proteção adequada. Valores médios de resistividade transversal para as madeiras em geral, em megaohms/cm, conforme o teor de umidade: Com h = 7% 22.000 MΩ /cm 10% 600 “ 28 “ 15% 25% 0,5 “ A determinação da resistividade permite uma avaliação indireta do teor de umidade do material. Existem no comércio diversos aparelhos que, baseados nessa correspondência, possibilitam uma determinação fácil, rápida e suficientemente precisa do teor de umidade de peças de madeira. CONDUTIVIDADE TÉRMICA A madeira é, termicamente, um mau condutor; sua estrutura celular aprisiona numerosas pequenas massas de ar e está composta principalmente de celulose, que é má condutora de calor. Chama-se coeficiente de condutibilidade térmica, ou de transmissão de calor de um material, o número k de quilocalorias que atravessa uma área de 1m2 de parede desse material durante uma hora, por metro de espessura e por grau de diferença de temperatura entre as duas faces da parede: Alguns valores de k: 0,04 materiais muito isolantes 0,1 madeiras em geral 0,5 a1, 0 alvenarias de tijolos 2a3 pedras naturais 50 aço 300 cobre 48 Conclui-se que as paredes de madeira são excelentes barreiras térmicas. Tanto que as casas nos países frios são construídas ou revestidas de madeira. ISOLAMENTO ACÚSTICO A propagação do som através de barreiras (parede, laje, etc) determina um enfraquecimento do nível sonoro; esse enfraquecimento é função logarítmica do peso da parede. Varia de 14 dB, aproximadamente, para uma parede de 1 kg/m2, até 54 dB para uma parede de 1 t/m2. Os materiais muito leves apresentam um isolamento da ordem de 2,5 dB por centímetro de espessura. Obs.: A NB-101 rege o isolamento e absorção acústica. Fixado o nível de som compatível com o ambiente a ser construído e conhecido o nível de som exterior, obtém-se, por diferença, a queda de som a realizar-se com paredes e vedações. Valores médios de isolamento acústico de diversos materiais dB Material Espessura 300 mm 53 Alvenaria de tijolo maciço Concreto, laje entre pavimentos Vidro de janela Compensado de madeira Chapas de fibra de madeira 1,8 a 3,8 mm 65 mm 12 mm 68 24 20 18 A madeira, material leve, determina apenas uma pequena redução sonora quando em paredes de vedação. Mesmo os tabiques de contraplacados duplos dão um mau isolamento acústico (seria preciso encher o vazio com um material pesado, como areia, por exemplo). BENEFICIAMENTO DAS MADEIRAS (Secagem, Preservação e Transformação) A madeira só pode ser efetivamente considerada um moderno e competitivo material de construção quando as suas características negativas estão mantidas sob controle por meio dos processos de beneficiamento seguintes: a) Secagem das madeiras O emprego das madeiras exige a obtenção de um grau de umidade nas peças compatível com o ambiente de emprego, e o mais reduzido possível. A secagem traz as seguintes vantagens: 1) Diminui o peso do material; 2) A madeira seca torna-se estável – minimiza a retração; 3) Na madeira em que for sendo eliminada a água de impregnação do tecido lenhoso, a resistência do material aumentará de maneira considerável e progressiva; 4) A madeira seca é mais resistente aos agentes de deterioração; 5) Os produtos de impregnação nos processos de preservação das madeiras, para atingirem uma penetração satisfatória, exigem determinado estágio de secagem ou, pelo menos, ausência de água livre; 6) A madeira precisa estar seca para receber pintura ou envernizamento de proteção. Desenvolvimento da secagem A secagem processa-se através de uma evaporação superficial, acompanhada de uma transfusão interna de umidade, do núcleo para a periferia. A velocidade da evaporação superficial é diretamente proporcional ao gradiente entre a pressão do vapor d’água no tecido lenhoso do material (pressão máxima de vapor saturante) e a pressão do vapor d’água do ambiente de secagem (função da temperatura e do grau higrométrico). 49 Quando a evaporação superficial, muito rápida, não é acompanhada pela difusão, as camadas superficiais, além de se tornarem endurecidas e quase impermeáveis, ficam sujeitas a tensões de retração consideráveis e diferenciadas em relação ao núcleo das peças. Essa retração superficial, impedida ou restringida pelo núcleo incompressível, gera tensões de tração na superfície, que conduzem a deformações (empenos) ou rupturas (fendas), defeitos de uma secagem mal conduzida. Obs.: Um procedimento de secagem está bem conduzido quando se atinge uma perfeita sincronização entre a evaporação superficial e a transfusão interna da umidade. A secagem natural dura 3 a 4 meses para atingir equilíbrio com o ambiente, contra 2 a 3 semanas da artificial (estufas). b) Preservação ou tratamento A Lei 4.797, regulamentada pelo Decreto Lei 58.016, tornou “de uso obrigatório”, em todo o território nacional, em serviços de utilidade pública explorados por Empresas Estatais, Paraestatais, e Privadas, destinadas aos transportes ferroviários e rodoviários serviços telefônicos e de fornecimento de eletricidade, o emprego de madeiras preservadas, especialmente preparadas e trabalhadas para esse fim. Os principais processos de preservação podem ser classificados, conforme a profundidade da impregnação alcançada em: 1) processos de impregnação superficial 2) processos de impregnação sob pressão reduzida 3) processos de impregnação sob pressão elevada. 1) Processos de Impregnação Superficial Resumem-se em pinturas superficiais ou imersão das peças em preservativos adequados. São procedimentos de menor custo somente recomendáveis para peças de madeira seca destinadas a ambientes cobertos, protegidos e sujeitos a fracas variações higrométricas: telhados residenciais, madeiramentos de entrepisos e forros, etc. A imersão mesmo rápida, em uma solução preservativa (sal de Wolmann diluído em água a 4%, por exemplo) será sempre mais efetivo do que uma simples pintura superficial. Pode ser conduzida facilmente no canteiro de obras, mergulhando-se as peças em um tanque calafetado construído com tábuas de madeira. Penetração : 2 a 3mm. (suficiente ao ataque de insetos). 2) Processos de Impregnação sob pressão reduzida Processo de 2 banhos (quente e frio) – topos de postes e mourões de cerca. 100oC - 4h. Penetração de 20 a 30mm no impregnante frio. Processo de substituição da seiva – postes mourões e pontaletes quando ainda verdes. Duração 6 semanas. Processo de impregnação por osmose (camada de imunizante – bandagem de plástico impermeável – pressão osmótica atinge 20 a 30kg/ cm2. 3) Processo de Impregnação sob pressão elevada Impregnação em autoclaves – mais eficientes. Postes para redes elétricas , dormentes, peças imersas em água do mar, etc. Principais produtos de preservação: Os principais imunizantes são sempre tóxicos – fungicidas, inseticidas, ou antimoluscos – normalmente diluídos em um solvente penetrante que pode ser água ou óleo de baixa viscosidade; podendo ter ainda propriedades impermeabilizantes, retardantes de fogo e inibidores de retração. Os preservativos podem ser classificados em: 1 – Óleos preservativos: creosoto de destilação da hulha de alcatrão, de óleos ou de madeira. 2 – Soluções salinas hidrossolúveis: à base de cobre, cromo e boro (CCB) à base de cobre e 50 arsênico em solução amoniacal (ACA) à base de cobre, cromo e arsênico (CCA). 3 - Solução salinas solúveis em óleo: pentaclorofenol diluído em óleos de baixa viscosidade, por exemplo. Obs.: Segundo alguns autores o tratamento de preservação efetiva amplia de 4 a 6 vezes a durabilidade natural da espécie. c) Madeira Transformada Os processos definitivos e extremos de beneficiamento das madeiras são os que buscam reestruturação do material com rearranjo de suas fibras resistentes. Engloba toda a tecnologia de alteração da estrutura orientada visando corrigir suas características negativas. A transformação da madeira consiste, genericamente, nos três seguintes procedimentos: 1) Reaglomeração por colagem de finas lâminas desdobradas do material original: madeira laminada compensada ou contraplacados de madeira 2) Reaglomeração de madeira reduzida a pequenos fragmentos: aparas, maravalhas, virutas, ou flocos: madeira transformada aglomerada. 3) Reaglomeração de madeira reduzida a fibras: madeira transformada reconstituída. 1) Madeira Compensada É formada por folhas de madeira muito finas, coladas entre si com as fibras não paralelas; usualmente são colocadas perpendicularmente umas às outras. O caso mais freqüente é o de 3 folhas, podendo ser usadas 5 ou mais folhas, mas sempre em número ímpar. As folhas são retiradas da madeira num torno de desenrolar provido de uma faca que tem o comprimento integral de tora. As folhas tem de 1 a 6 mm de espessura; (toras de 1m de diâmetro dão uma folha de 1mm com 180m de comprimento). Obs.: a chapa de carpinteiro é constituída de sarrafos recobertos por lâminas de madeira. Entre os empregos mais importantes da madeira compensada citam-se: móveis, revestimentos de tetos e paredes, formas para concreto armado, telhas para cobertura, etc. 2) Madeira Aglomerada É formada por fitas ou lascas de madeira (palha de madeira), impregnadas com substâncias antiparasíticas, antipútridas e ignífugas aglomeradas por um material ligante: cimento, gesso, magnésia sorel ou resinas sintéticas. É empregada como material de isolamento térmico, absorção acústica e, em geral, apresentase na forma de placas, muito usadas para revestir tetos e paredes. 3) Madeira Reconstituída A reaglomeração das fibras, lavadas, peneiradas e esparramadas é realizada em prensas ou rolos aquecidos, sob largo espectro de pressões. Os aglomerantes são resinas sintéticas fenólicas ou a própria resina natural da madeira – a lignina – remanescente e preservada, ou mesmo reativada, para atuar como aglomerante. Com a variação da pressão durante a fabricação, obtêm-se densidades diferentes. As placas mais leves (soft-board) são utilizadas para isolamento térmico e tratamento acústico, ao paço que as mais pesadas (hard-board), pelas características de resistência, são empregadas principalmente como elementos de vedação. Muitos são os produtos industriais que se enquadram nessa categoria: encontram-se no comércio com os nomes de duratex, eucatex, masonite, etc. Não se esgotam, entretanto, nos materiais descritos e classificados as possibilidades de transformação das madeiras. Transformações essas que têm feito nascer toda uma variedade de novos materiais habilitados a responder às exigências das novas técnicas de construção e em 51 condições de substituir outros materiais, até o aço e os metais leves, de custo e aplicação mais onerosos. Normas sobre madeiras – www.abnt.org.br NBR10024 - Chapa dura de fibras de madeira NBR11700 - Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento para uso geral NBR11869 - Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento - Inspeção e recebimento NBR12297 - Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento, para uso geral – Medição e quantificação de defeitos NBR12498 - Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento, para uso geral – Dimensões e lotes NBR12551 - Madeira serrada – Terminologia NBR14806 - Madeira serrada de eucalipto – Requisitos NBR14807 - Peças de madeira serrada – Dimensões NBR14810-1 - Chapas de madeira aglomerada - Parte 1: Terminologia NBR14810-2 - Chapas de madeira aglomerada - Parte 2: Requisitos NBR14810-3 - Chapas de madeira aglomerada - Parte 3: Métodos de ensaio NBR15316-1 - Chapas de fibras de média densidade - Parte 1: Terminologia NBR15316-2 - Chapas de fibras de média densidade - Parte 2: Requisitos NBR15316-3 - Chapas de fibras de média densidade - Parte 3: Método de ensaio NBR6232 - Poste de madeira - Penetração e retenção de preservativo NBR6236 - Madeira para carretéis para fios, cordoalhas e cabos NBR7190 - Projeto de estruturas de madeira NBR7203 - Madeira serrada e beneficiada NBR8764 - Madeiras para embalagens para isoladores NBR9194 - Madeira serrada em bruto - Acondicionamento e embalagem NBR9199 - Madeira utilizada na confecção de caixas e engradados NBR9480 - Mourões de madeira preservada para cercas NBR9484 - Compensado - Determinação do teor de umidade NBR9485 - Compensado - Determinação da massa específica aparente NBR9486 - Compensado - Determinação da absorção de água NBR9487 - Classificação de madeira serrada de folhosas NBR9488 - Amostragem de compensado para ensaio NBR9489 - Condicionamento de corpos-de-prova de compensado para ensaio NBR9490 - Lâmina e compensado de madeira NBR9531 - Chapas de madeira compensada NBR9532 - Chapas de madeira compensada NBR9533 - Compensado - Determinação da resistência à flexão estática NBR9534 - Compensado - Determinação da resistência da colagem ao esforço de cisalhamento NBR9535 - Compensado - Determinação do inchamento TB12 - Madeiras brasileiras ENSAIOS DE MADEIRA - LABORATÓRIO DE MATERIAIS (DECIV) Anexo B da NBR 7190/97 B. 1 Itens contemplados B. 2 Amostragem B. 3 Valores característicos B. 4 Relatório B. 5 Umidade 52 B. 6 Densidade B. 7 Estabilidade dimensional B. 8 Compressão paralela às fibras B. 9 Tração paralela às fibras B.10 Compressão normal às fibras B.11 Tração normal às fibras B.12 Cisalhamento B.13 Fendilhamento B.14 Flexão B.15 Dureza B.16 Resistência ao impacto na flexão B.17 Embutimento B.18 Cisalhamento na lâmina de cola B.19 Tração normal à lâmina de cola B.20 Resistência das emendas dentadas e biseladas B.2 Amostragem: Lotes: volume · 12m3 N° de corpos de prova por lote: 6 (caracterização simplificada) 12 (espécies pouco conhecidas) B.3 Valores Característicos Os valores característicos devem ser estimados pela seguinte expressão: x1 + x 2 + ... + x n X wk = 2 n −1 2 2 −1 − x n 1,1 2 onde: x1 ≤ x2 ≤ ... ≤ xn (n é sempre no par); xwk ≥ x1 e xw≥ 0,7xm B.4 Relatório (contendo): a) Referência a esta norma; b) Descrição da amostra, com referência à armazenagem do lote em exame; c) Forma e dimensões dos corpos-de-prova, com indicação da direção das fibras; d) Valor médio da umidade do lote; e) Valores determinados das propriedades da madeira. B.5 Umidade: corpos de prova 2x3x5cm secos em estufa (103 ± 2oC) por 6h e até constância de massa (<0,5%) 53 U%= mi − m s x 100 onde : U = teor de umidade (%) ms mi = massa inicial do corpo de prova úmido m s = massa do corpo de prova sec o Obs.: massas medidas com exatidão de 0,01g B.6 Densidade Corpos de prova 2x3x5cm. Densidade básica = ρ bas = ms massa seca da madeira (kg) = Vsat volume da madeira saturada (m 3 ) Densidade aparente = ρ ap = m12 massa da madeira a 12% de umidade (kg) = V12 volume da madeira a 12% de umidade (m 3 ) B.7 Estabilidade dimensional da madeira A avaliação volumétrica é determinada em função das dimensões do corpo-de-prova nos estados saturado e seco pela expressão: ∆V = Vsat −Vsec a x100 Vsec a Onde: Vsat = L1 sat x L2 sat x L3 sat ;Vseca = L1 seca x L2 seca x L3 seca B.8 Compressão paralela às fibras medir a seção transversal com exatidão de 0,01mm 54 f c0 = onde: Fc 0. max A fc0 é a resistência à compressão paralela às fibras, em MPa; Fc 0. max é a força de ruptura à compressão, em N; A é a área inicial da seção transversal comprimida, m2. O valor característico da resistência à compressão fc0,k deve ser estimado pelo estimador dado em B.3. A rigidez da madeira na direção // às fibras deve ser determinada por seu módulo de elasticidade, como indicado na figura abaixo: O módulo de elasticidade deve ser determinado pela inclinação da reta secante à curva tensão x deformação nos pontos correspondentes a 10% e 50% da resistência à compressão // às fibras, sendo dado por: E c0 = σ 50% − σ 10% ε 50% − ε 10% Para o módulo de elasticidade, utilizar relógios comparadores com precisão de 0,001mm, conforme a figura B.6, abaixo. 55 σ 10% e σ 50% são correspondentes aos pontos 71 e 85 do diagrama de carregamento (figura B.7). ε10% e ε 50% são as deformações específicas medidas no corpo-de-prova de 5x5x15cm, correspondentes às tensões σ 10% e σ 50% . Medidas das deformações específicas: extensômetros com exatidão de 50µm/m. Usar rótulas e carregamento monotônico crescente com taxa de 10MPa/min. fc0, est deve ser obtido por ensaio destrutivo de um corpo-de-prova selecionado da mesma amostra em investigação. Carregamento aplicado em dois ciclos de carga e descarga, conforme Fig. B.7. Resultados (acompanhados do respectivo teor de umidade): • valores característicos para compressão // às fibras • valor médio para o módulo de elasticidade (rigidez). 56 B.9 Tração paralela às fibras medir a seção transversal com exatidão de 0,01mm A resistência à tração // às fibras é dada pela máxima tensão de tração que pode atuar em um corpode-prova alongado com trecho central de seção transversal uniforme de área A e comprimento ≥ 8 A . Podem ser utilizados dois tipos de corpos-de-prova, conforme fig. B 9: ft0 = onde: Ft 0. max At 0 ft0 é a resistência à tração paralela às fibras, em MPa; 57 Ft0.max é a força de ruptura à tração, em N; A é a área inicial da seção transversal tracionada do trecho central do CP, em m2. O valor característico da resistência à tração ft0,k deve ser determinado pelo estimador dado em B.3. A rigidez da madeira na direção // às fibras deve ser determinada por seu módulo de elasticidade. A rigidez da madeira, na direção // às fibras, obtida pelo ensaio de tração, é caracterizada pelo módulo de elasticidade determinado pela inclinação da reta secante à curva tensão x deformação nos pontos correspondentes a 10% e 50% da resistência à tração // às fibras, sendo dado por: Et0 σ 10% e σ 50% B.7). ε10% e ε 50% E c0 = σ 50% − σ 10% ε 50% − ε 10% são correspondentes aos pontos 71 e 85 do diagrama de carregamento (ver figura são as deformações específicas de tração medidas no trecho central do corpo-de- prova alongado, correspondentes às tensões σ 10% e σ 50% , respecte. Utilizar relógios comparadores com precisão de 0,001mm, conforme a figura B.10. Medidas das deformações específicas: extensômetros com exatidão de 50µm/m. Usar rótulas e carregamento monotônico crescente com taxa de 10MPa/min. ft0, est deve ser obtido por ensaio destrutivo de um corpo-de-prova selecionado da mesma amostra em investigação. Carregamento aplicado em dois ciclos de carga e descarga, conforme Fig. B.7. Resultados (acompanhados do respectivo teor de umidade): • valores característicos para tração // às fibras • valor médio para o módulo de elasticidade (rigidez). 58 B.10 Compressão normal às fibras A resistência à compressão normal às fibras (fc90) é o valor convencional determinado pela deformação específica residual de 2%o, mostrado na figura B.12, obtida em um ensaio de compressão uniforme em corpos de prova prismáticos. 59 O valor característico da resistência à compressão normal às fibras fc90.k deve ser estimado pelo estimador dado em B.3. A rigidez da madeira na direção normal às fibras deve ser determinada por seu módulo de elasticidade. Este sendo determinado pela inclinação da reta secante à curva tensão x deformação específica definida pelos pontos correspondentes a 10% e 50% da resistência à compressão normal às fibras fc90, obtida como indicado na figura B 12. O módulo de elasticidade é dado por: E c 90 = σ 50% − σ 10% ε 50% − ε 10% σ 10% e σ 50% são correspondentes aos pontos 71 e 85 do diagrama de carregamento (figura B.7). ε10% e ε 50% são as deformações específicas, correspondentes às tensões σ 10% e σ 50% , medidas no corpo-de-prova prismático de seção quadrada de 5cm de lado e altura, na direção tangencial, de 10cm. Medidas das deformações específicas: extensômetros com exatidão de 50µm/m. Usar rótulas e carregamento monotônico crescente com taxa de 10MPa/min. fc90, est deve ser obtida por ensaio destrutivo de um corpo-de-prova selecionado da mesma amostra em investigação. Conhecida fc90,est o carregamento deve ser aplicado em dois ciclos de carga e descarga, conforme Fig. B 7. Resultados (acompanhados do respectivo teor de umidade): • valores característicos para compressão // às fibras • valor médio para o módulo de elasticidade (rigidez). 60 B.11 Tração normal às fibras A resistência à tração normal às fibras da madeira é ft90 dada pela máxima tensão de tração que pode atuar em um corpo-de-prova alongado com trecho central de seção transversal uniforme de área A e comprimento ≥ 2,5 A . f t 90 = onde: Ft 90. max At 90 ft90 é a resistência à tração normal às fibras, em MPa; Ft90.max é a força de ruptura à tração, em N; At90 é a área inicial da seção transversal tracionada do trecho central do CP, em m2. O valor característico da resistência à tração ft90,k deve ser determinado pelo estimador dado em B.3. Carregamento monotônico crescente com taxa de 2,5MPa/min. O arranjo de ensaio para tração normal às fibras está mostrado na figura B. 16 61 B.12 Cisalhamento B.13 Fendilhamento A resistência ao fendilhamento // às fibras fs0 é dada pela máxima tensão que pode atuar no corpo de prova da figura abaixo, dada por: Fs 0. max As 0 onde: Fs0.max é a máxima força aplicada ao corpo de prova, em N; As0 é a área crítica da seção transversal do corpo-de-prova, resistente ao fendilhamento, em m2. fs0 depende da forma e das distâncias entre os lados do corpo-de-prova, tal como em B.19. Serve apenas para estudo comparativo entre espécies de madeira. B.14 Flexão A resistência da madeira à flexão fM é um valor convencional, dado pela máxima tensão que pode atuar em um CP num ensaio de flexão simples, calculado com a hipótese de a madeira ser um material elástico, sendo dado por: Onde: Mmax é o máximo momento aplicado ao CP, em Nm; M f M = max We é o módulo de resistência elástico da seção transversal do corpo de We prova, dado por bh2/6, dado em m3. f s0 = O valor característico da resistência à flexão fM,k deve ser determinado pelo estimador dado em B.3. 62 A rigidez da madeira à flexão é caracterizada por seu módulo de elasticidade. Este sendo determinado pela inclinação da reta secante à curva carga x deslocamento no meio do vão, definida pelos pontos correspondentes a 10% e 50% da carga máxima de ensaio estimada por meio de um corpo de prova gêmeo, obtida como indicado na figura B 20. O módulo de elasticidade é dado por: EM 0 ( FM 50% − FM 10% ) L3 = (v50% − v10% ) 4bh 3 FM50% e FM10% são correspondentes aos pontos 71 e 85 do diagrama de carregamento (figura B.21). v10% e v50% são os deslocamentos no meio do vão, correspondentes 10% e 50% da carga máxima estimada FM,est , em metros. O vão livre deve ser de 21h = 105cm Carregamento monotônico crescente com taxa de 10MPa/min. fM, est deve ser obtida por ensaio destrutivo de um corpo-de-prova selecionado da mesma amostra em investigação. Conhecida fM, est o carregamento deve ser aplicado em dois ciclos de carga e descarga, conforme Fig. B 21. Resultados (acompanhados do respectivo teor de umidade): • valores característicos para a resistência; • valor médio para o módulo de elasticidade (rigidez). 63 B.15 Dureza B.16 Resistência ao impacto na flexão A resistência ao impacto à flexão (fbw) é definida pela razão entre a energia necessária à fratura do corpo-de-prova (W) e a área da seção transversal deste. Na fórmula abaixo, entrando-se com W em joules e bh em milímetros, obtém-se fbw em kJ/m2. f bw = 64 1000W bh onde: W é a energia necessária para fratura do corpo-de-prova, em joules b e h são as dimensões transversais do corpo de prova, em milímetros. O valor característico da resistência ao impacto à flexão fbw,k deve ser determinado pelo estimador dado em B.3. O vão livre deve ser de 24 cm. Os resultados (acompanhados do respectivo teor de umidade) devem apresentar os valores característicos para a resistência ao impacto na flexão. Tabelas da NBR 7190: Tabela 3 - Propriedades médias das madeiras coníferas nativas e de reflorestamento. Madeiras - coníferas Pinho do Paraná Pinus caribea Pinus bahamensis Pinus hondurensis Pinus elliottii Pinus oocarpa Pinus taeda ap(12% ) (Kg/m3) 580 579 537 535 560 538 645 fc0 (MPa) 40,9 35,4 32,6 42,3 40,4 43,6 44,4 ft0 (MPa) 93,1 64,8 52,7 50,3 66,0 60,9 82,8 ft90 (MPa) 1,6 3,2 2,4 2,6 2,5 2,5 2,8 fv (MPa) 8,8 7,8 6,8 7,8 7,4 8,0 7,7 Ec0 (MPa) 15225 8431 7110 9868 11889 10904 13304 Fonte: NBR 7190/1997 Onde: ap(12% ) = massa específica aparente a 12% de umidade; fc0 = resistência à compressão paralela às fibras; ft0 = resistência à tração paralela às fibras; ft90 = resistência à tração normal às fibras; fv = resistência ao cisalhamento; Ec0 = módulo de elasticidade longitudinal obtido no ensaio de compressão paralela às fibras. 65 Tabela 4 - Valores característicos das propriedades de resistência das coníferas. Madeiras - coníferas Pinho do Paraná Pinus caribea Pinus bahamensis Pinus hondurensis Pinus elliottii Pinus oocarpa Pinus taeda fc0 (MPa) 28,6 24,8 22,8 29,6 28,3 30,5 31,1 ft0 (MPa) 65,2 45,4 36,9 35,2 46,2 42,6 57,9 ft90 (MPa) 1,1 2,2 1,7 1,8 1,8 1,8 1,9 fv (MPa) 6,2 5,5 4,8 5,5 5,2 5,6 5,4 Onde: fc0 = resistência à compressão paralela às fibras; ft0 = resistência à tração paralela às fibras; ft90 = resistência à tração normal às fibras; fv = resistência ao cisalhamento. Tabela 1 - Propriedades médias das madeiras dicotiledôneas nativas e de reflorestamento. Madeiras - dicotiledôneas Angelim Araroba Angelim Ferro Angelim Pedra Angelim Pedra Verdadeiro Branquilho Cafearana Canafístula Casca Grossa Castelo Cedro Amargo Cedro Doce Champagne Cupiúba Catiúba Eucalipto Citriodora Eucalipto Tereticornis Garapa Roraima Guaiçara Guarucaia Ipê Jatobá Louro Preto Maçaranduba Oiticica Amarela Quarubarana Sucupira Tatajuba Fonte: NBR 7190/1997 ap(12% ) (Kg/m3) 688 1170 694 1170 803 677 871 801 759 504 500 1090 838 1221 999 899 892 825 919 1068 1074 684 1143 756 544 1106 940 fc0 (MPa) 50,5 79,5 59,8 76,7 48,1 59,1 52,0 56,0 54,8 39,0 31,5 93,2 54,4 83,8 62,0 57,7 78,4 71,4 62,4 76,0 93,3 56,5 82,9 69,9 37,8 95,2 79,5 ft0 (MPa) 69,2 117,8 75,5 104,9 87,9 79,7 84,9 120,2 99,5 58,1 71,4 133,5 62,1 86,2 123,6 115,9 108,0 115,6 70,9 96,8 157,5 111,9 138,5 82,5 58,1 123,4 78,8 ft90 (MPa) 3,1 3,7 3,5 4,8 3,2 3,0 6,2 4,1 7,5 3,0 3,0 2,9 3,3 3,3 3,9 4,6 6,9 4,2 5,5 3,1 3,2 3,3 5,4 3,9 2,6 3,4 3,9 fv (MPa) 7,1 11,8 8,8 11,3 9,8 5,9 11,1 8,2 12,8 6,1 5,6 10,7 10,4 11,1 10,7 9,7 11,9 12,5 15,5 13,1 15,7 9,0 14,9 10,6 5,8 11,8 12,2 Ec0 (MPa) 12876 20827 12912 16694 13481 14098 14613 16224 11105 9839 8058 23002 13627 19426 18421 17198 18359 14624 17212 18011 23607 14185 22733 14719 9067 21724 19583 66 Onde: ap(12% ) = massa específica aparente a 12% de umidade; fc0 = resistência à compressão paralela às fibras; ft0 = resistência à tração paralela às fibras; ft90 = resistência à tração normal às fibras; fv = resistência ao cisalhamento; Ec0 = módulo de elasticidade longitudinal obtido no ensaio de compressão paralela às fibras. Tabela 2 - Valores característicos das propriedades de resistência das dicotiledôneas. Madeiras - dicotiledôneas Angelim Araroba Angelim Ferro Angelim Pedra Angelim Pedra Verdadeiro Branquilho Cafearana Canafístula Casca Grossa Castelo Cedro Amargo Cedro Doce Champagne Cupiúba Catiúba Eucalipto Citriodora Eucalipto Tereticornis Garapa Roraima Guaiçara Guarucaia Ipê Jatobá Louro Preto Maçaranduba Mandioqueira Oiticica Amarela Quarubarana Sucupira Tatajuba Organismos xilófagos - Fungos Apodrecedores - Cupim-de-Madeira-Seca - Cupim-Subterrâneo - Perfuradores Marinhos fc0 (MPa) 35,4 55,7 41,9 53,7 33,7 41,4 36,4 39,2 34,4 27,3 22,1 65,2 38,1 58,7 43,4 40,4 54,9 50,0 43,7 53,2 65,3 39,6 58,0 50,0 48,9 26,5 66,6 55,7 ft0 (MPa) 48,4 82,5 52,9 73,4 61,5 55,9 59,4 84,1 69,7 40,7 49,9 93,5 43,5 60,3 86,5 81,1 75,6 80,9 49,6 67,8 110,3 78,3 96,9 62,4 57,8 40,7 86,4 55,2 ft90 (MPa) 2,2 2,6 2,5 3,4 2,2 2,1 4,3 2,9 5,3 2,1 2,1 2,0 2,3 2,3 2,7 3,2 4,8 2,9 3,9 2,2 2,2 2,3 3,8 1,9 2,7 1,8 2,4 2,7 fv (MPa) 4,9 8,3 6,2 7,9 6,9 4,1 7,8 5,7 8,9 4,3 3,9 7,5 7,3 7,8 7,5 6,8 8,3 8,8 10,9 9,2 11,0 6,3 10,4 7,4 7,4 4,1 8,3 8,5 67 1 – Conceituação VIDROS • Por vidro entende-se um produto fisicamente homogêneo obtido pelo resfriamento de uma massa inorgânica em fusão, que enrijece sem cristalizar através de um aumento contínuo de viscosidade. • Excluindo-se as substâncias orgânicas que possuam propriedades análogas (polímeros termoplásticos), industrialmente pode-se restringir o conceito de vidro aos produtos resultantes da fusão pelo calor de óxidos inorgânicos ou seus derivados e misturas, tendo como constituinte primordial a sílica (óxido de silício), que, por resfriamento, enrijece sem cristalizar. Assim, em função da temperatura, o vidro pode passar a tomar os aspectos: líquido, viscoso e frágil (quebradiço). Os vidros industriais são definidos pela ASTM, American Society for Testing and Materials, como produtos inorgânicos fundidos que se resfriaram sem se cristalizar. Cristais sólidos com átomos arranjados tempo > ocorrência na natureza (há tempo) nas posições de mínima energia; (no material fundido) o processo demanda e energia periodicidade da estrutura sólidos A estrutura não apresenta periodicidade de longo alcance estado amorfos (vidros, metais amorfos, etc) metaestável vidro (grande versatilidade) sílica, cal, soda e outros óxidos. 68 Os vidros são geralmente transparentes (apesar de haver alguns opacos), inalteráveis com o tempo e ao contato com ácidos e bases; são impermeáveis aos gases e aos líquidos, e mais ou menos permeáveis às radiações do espectro solar (ultravioleta e infravermelho). O vidro é material conhecido há 5.000 anos e os romanos utilizaram-no sob diversas formas, incluindo o envidraçamento de janelas; Houve um período em que esta arte foi praticamente esquecida, conhecendo um novo apogeu na mão dos venetos. O consumo, no entanto, só se difundiu para o mundo a partir da publicação do livro “LARTE VETRARIA”, em 1612, que divulgava a técnica desenvolvida em Veneza, famosa até hoje. Composição do Vidro Praticamente todo vidro plano calco-sódico, apresenta uma composição química dentro dos limites: (≅90% da produção mundial). O vidro de pura sílica, que seria o melhor, funde a 1.710oC. Para baixar aos 1.450 -1.550oC (temperatura economicamente recomendada) se juntam os fundentes Na2O ou K2O. Mas, o vidro só de sílica e potassa ou soda não tem estabilidade química. Por isso juntam-se os estabilizantes, como o CaO ou MgO. O óxido de chumbo é usado na obtenção do cristal verdadeiro, já que aumenta a refração, reduz a dureza, permitindo melhor polimento, e aumenta a transparência. Ele substitui total ou parcialmente a cal. O bórax diminui a expansão térmica, dando vidros de alta resistência ao calor. 69 Veja-se a composição ponderável de alguns vidros: Tipo de Vidro comum p / termômetro cristal p / garrafa pyrex SIO2 71,5 71,5 53,5 61,3 80,5 Principais elementos constituintes (%) Na2O K2O CaO PbO 15,0 13,5 10,8 0,4 14,6 11 35,5 2,8 2 26,7 4,4 2 B2O3 11,8 Vidro Float O processo do vidro float foi desenvolvido pela Pilkington em 1952 e é padrão mundial para a fabricação de vidro plano de alta qualidade. O processo, que originalmente produzia somente vidros com espessura de 6mm, produz atualmente vidros que variam entre 0,4 e 25mm. As matériasprimas são misturadas com precisão e fundidas no forno. O vidro fundido, a aproximadamente 1000ºC, é continuamente derramado num tanque de estanho liquefeito, quimicamente controlado. Ele flutua no estanho, espalhando-se uniformemente. A espessura é controlada pela velocidade da chapa de vidro que se solidifica à medida que continua avançando. Após o recozimento (resfriamento controlado), o processo termina com o vidro apresentando superfícies polidas e paralelas. VIDROS BLINDADOS Como é feito o vidro blindado? É feito como um sanduíche: O vidro funciona o pão O plástico (ou resina sintética) como o recheio - O no de camadas, espessura e composição dos materiais varia conforme o calibre das balas que ele deverá suportar. "A resina e o plástico servem tanto para colar um vidro no outro quanto para amortecer o impacto da bala e impedir que o vidro se estilhasse" • Teste: depois de literalmente metralhado, "Se passar nessa prova, a receita estará aprovada para aquele calibre específico" Comitê de Vidros Planos (ABNT). • • FUNCIONAMENTO DA BLINDAGEM A camada de vidro externa é a primeira proteção. O impacto de uma bala é semelhante à ação de uma furadeira: o projétil chega em alta rotação e velocidade. Mas, como o vidro é um material abrasivo, consegue desgastar e deformar a bala; Em seguida, há a camada de resina ou plástico, que atua como amortecedora, reduzindo a velocidade e a força da bala, até paralisá-la; A última camada de vidro nunca é atingida pela bala, mas pode se estilhaçar devido à propagação da energia provocada pelo seu impacto. Por isso, o vidro blindado termina em uma fina película plástica, para prender os estilhaços e impedir que atinjam alguém. 70 2- Fabricação 2.1 – Matérias Primas: Sílica quartzo puro (moagem custosa), quartzitos e areias. Usualmente os bons vidros são feitos com quartzos beneficiados; são os vidros para cristais, vidros óticos, etc. O vidro comum é feito com areias de boa qualidade. O ferro [Fe2O3], deve ser evitado por tornar o vidro esverdeado. Nas garrafas comuns, por exemplo, o teor desse óxido é grande, e daí a cor escura. -A alumina é obtida dos feldspatos, caulim ou outras rochas apropriadas. Seu teor vai de 0 a 5% nos vidros comuns, e de 5 a 10% nos vidros de grande resistência. -A cal e magnésia são obtidas de seus minérios. -O óxido de sódio prejudica as propriedades mecânicas e químicas do vidro, mas é necessário como fundente. É resultante do emprego do Na2CO3 (barrilha) ou Na2SO4 (no Brasil, na forma de salitre chileno). -Em alguns casos (cristais e vidros ópticos) o sódio é substituído pelo potássio, na forma K2O, obtido de cinzas ou outros processos químicos. -O óxido de chumbo é usado na forma preferida de mínio ou zarcão. -O óxido de boro é obtido através do bórax e o ácido bórico. -Outra matéria prima importante é o próprio vidro moído, em grãos de 1 a 3mm. Ele faz baixar consideravelmente a temperatura de fusão do conjunto, tanto que chega à proporção de 25 a 50% do volume total da mistura. Para isso as firmas aproveitam as peças defeituosas ou quebradas. 2.2 – Fabricação do Vidro: Na prática, a fabricação é bastante complexa por causa das temperaturas necessárias, dos fenômenos secundários e variedade de tipos. As diversas fases da fabricação são: a) preparo da mistura (dosagem, moagem: grãos de cerca de 1mm) b) fusão (1.450 a 1.550oC) fornos: para cadinhos, tanques intermitentes, contínuos c) refinação (eliminação das pequeninas bolhas de gases (1.350 a 1.450oC). d) moldagem (T = Cte, 1.200 a 1.300oC para os vidros alcalinos) e) recozimento A moldagem varia com a forma desejada, podendo ser oco, tubular ou plano: a) Moldagem de vidro oco 71 b) Moldagem de tubos de vidro 72 c) Moldagem de vidro plano: O vidro recém-moldado apresenta grandes tensões internas, que o tornam extremamente quebradiço, levando ao estilhaçamento. É que as camadas externas em contato com o ar ambiente esfriam e contraem-se rapidamente, enquanto que o interior ainda permanece fluido e dilatado. Quando este vitrifica, aparecem tensões entre as camadas interna e externa. O recozimento é feito normalmente após a moldagem, porque não há necessidade de deixá-lo esfriar antes. 3 – Propriedades O vidro tem grande dureza (só é riscado pelo diamante, dureza 10 de Mohs). É atacado apenas pelo ácido fluorídrico. Pode ser obtido na forma de fios finos (fibra de vidro e lã de vidro). É mau condutor de calor. Comumente, deixa passar os raios infravermelhos do sol, que irão aquecer a sala, mas é impermeável aos raios ultravioleta irradiados pelos corpos aquecidos. Por isso uma sala envidraçada aquece mais quando isolada, sem ventilação. Seu peso específico depende da composição e também dos tratamentos térmicos a que foi submetido. Um vidro que foi esfriado rapidamente tem densidade mais baixa que aquele esfriado lentamente. O recozimento aumenta a densidade. Quanto mais alta a temperatura alcançada no forno, menor a densidade. O coeficiente de dilatação térmica é da ordem de 0,009mm/m/oC (9 x 10-6 /oC). 73 Condutibilidade elétrica: é tão baixa a temperatura ambiente que pode ser considerado isolante; no entanto, a altas temperaturas, a condutibilidade é igual à dos bons condutores elétricos. Superwindows Quadro 4 – Transmitância Térmica Total (U) para vidraças com caixilhos múltiplos. Figura 7 – Ilustração de uma super janela: vidro triplo, inserção de gás inerte e película de baixa emissividade (Fonte: Caram, 2002). * emissividade da película low-e (Fonte: Caram, 2002 Com relação ao isolamento acústico, o vidro é relativamente bom, desde que usado de maneira apropriada. É melhor quando as superfícies são pequenas, porque nas grandes chapas pode entrar em ressonância. Para melhores resultados, devem-se usar duas ou mais placas, de espessuras diferentes, e não paralelas. Caso tenham a mesma espessura e sejam paralelas, continuarão a ter a mesma transmissão de som que um vidro simples da mesma espessura. Durabilidade química: O vidro calco-sódico é bem resistente à ação de produtos ácidos, exceto os ácidos fluorídricos. Produtos muito alcalinos também atacam o vidro. Um outro material que ataca o vidro é a água com cimento ou cal; nas construções isto ocorre com a ação da água de chuva que esteve em contato com concretos recentes. 74 Propriedades Mecânicas: ft << fc . Mas, é bom saber que nos vidros a resistência à tração é inversamente proporcional ao diâmetro da peça, tanto assim que as fibras de vidro podem alcançar 2.000 MPa e o normal se situa entre 40 e 80 MPa. Para efeito de cálculo, a NBR11706 (projeto e execução de envidraçamento em construções civis) estabelece: Classificação (Quanto ao Tipo, Quanto à Constituição, Quanto à Superfície) 1) Quanto ao tipo eles podem ser: a) Vidro recozido – sem tratamento térmico (plano, transparente, comum). b) Vidro de segurança temperado – tratado termicamente para, ao se quebrar, desintegrar-se em pequenos pedaços menos cortantes que o vidro recozido. c) Vidro de segurança laminado – composto de várias chapas de vidro unidas por películas aderentes (ex.: polivinil butiral) d) Vidro de Segurança aramado – formado por uma única chapa de vidro, que contém no seu interior fios metálicos incorporados à massa, na fabricação. e) Vidro térmico absorvente – absorve pelo menos 30% dos raios infravermelhos, reduzindo deste modo o calor transmitido através dele. f) Vidro Composto – unidade pré-fabricada formada de duas ou mais chapas de 75 vidro, selada na periferia, formando vários vazios entre as chapas, contendo no interior gás desidratado, com a finalidade de isolamento térmico e acústico. 2) Quanto à constituição: a) b) c) d) Escuro – vidro de vasilhame (garrafas, âmbar ou verde) Meio branco – o anterior, com descolorantes químicos Cristais – obtido com o uso do óxido de chumbo. Coloridos – recebem corantes 3) Quanto à superfície: a) liso – plano transparente comum ou vidraça b) estriado – variedade especial do vidro impresso (estriado comum, fino e canelado) c) impresso ou fantasia – obtido quando os roletes são gravados. EMPREGOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Na construção Civil podemos empregar vários tipos de vidros: Vidro plano comum, vidros de segurança, fibras de vidro, outros produtos de vidro (telhas, ladrilhos, vitrais, espelhos). Vidro Plano Comum (Sheet glass) São vidros planos de superfícies paralelas, normalmente calco-sódicos, podendo ser classificados quanto à transparência, quanto ao acabamento das superfícies e quanto à coloração. a) quanto à transparência eles podem ser: * transparentes – transmitem a luz e permitem visão nítida através deles. * translúcidos - transmitem a luz com vários graus de difusão de tal modo que a visão através dos mesmos não é nítida. * opacos – impedem a passagem da luz * opalinos – apresentam características de transmissão da luz intermediária entre o vidro translúcido e o opaco, não transmitindo entretanto a imagem dos objetos. b) Quanto ao acabamento das superfícies: • • • • • Liso – leve distorção das imagens (pelo processo de fabricação). Polido ou cristal – permite visão sem distorção das imagens (tratamento) Fosco –Tratamento mecânico ou químico em uma ou nas duas superfícies com a finalidade de torná-lo translúcido Espelhado –Tratamento químico em uma das superfícies com a finalidade de refletir praticamente a totalidade dos raios luminosos que nele incidem. Gravado –Tratamento mecânico ou químico em uma ou ambas as superfícies, com a finalidade de torná-lo ornamental. c) quanto à coloração: incolor e colorido. Vidros de Segurança (aramados, laminados e temperados) São os vidros que, quando fraturados, produzem fragmentos menos suscetíveis de causarem ferimentos graves que os vidros comuns em iguais condições. Como é feito o vidro blindado? É feito como um sanduíche - no qual o vidro faz o papel do pão e o recheio é formado de plástico ou resina sintética. O número de camadas, sua espessura e a composição dos materiais varia conforme o calibre das balas que ele deverá suportar. "A resina e o plástico servem tanto para colar um vidro no outro quanto para amortecer o impacto da bala e impedir que o vidro se estilhace", diz o industrial Nelson Simões, fabricante de vidros blindados. Depois de pronto, o produto vai para o teste: é literalmente metralhado. "Se passar nessa prova, a receita está aprovada para aquele calibre específico", afirma Alexandre Luiz Bonato, coordenador do Comitê de Vidros Planos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade que estipula normas para atividades industriais e de serviços no Brasil. 1. A camada de vidro externa é a primeira proteção. O impacto de uma bala é semelhante à ação de uma furadeira: o projétil chega em alta rotação e alta velocidade. Mas, como o vidro é um material abrasivo, consegue corroer e deformar a bala; 2. Em seguida, há a camada de resina ou plástico, que atua como amortecedora, reduzindo a velocidade e a força da bala, até paralisá-la; 76 3. A última camada de vidro nunca é atingida pela bala, mas pode se estilhaçar devido à propagação da energia provocada pelo seu impacto. Por isso, o vidro blindado termina em uma fina película plástica, para prender os estilhaços e impedir que atinjam alguém. Fibras de Vidro Altamente resistentes à tração - a reduzida seção transversal das fibras reduz a possibilidade de que haja muitos defeitos de composição, o que contribui para que as fibras tenham alta resistência à tração. As fibras podem ter diâmetro de até 0,1µm e de grande comprimento. São obtidas através da passagem do vidro fundido por pequenos orifícios revestidos de platina e posteriormente soprados. Dependendo do diâmetro dos orifícios e da pressão de insuflamento obtêm-se fibras de diversos diâmetros até a lã de vidro. Sua densidade varia de 15 a 150 kg/m3 e seu coeficiente de condutibilidade térmica é de 0,028 a 0,035. Seu pouco peso, sua alta resistência mecânica e ao calor, e sua inércia química são propriedades que tem tornado a fibra de vidro um material cada vez mais empregado. A lã de vidro é composta de fibra de vidro descontínua, em pedaços pequenos (bastonetes). Os bastonetes são depois prensados com o auxílio de um aglomerante apropriado, formando as mantas de lã de vidro. Fiberglass O fiberglass é compósito de matriz poliéster com reforço de fibras de vidro; foi o primeiro compósito de engenharia empregado em larga escala. As fibras de vidro são normalmente produzidas a partir da sílica (SiO2), com a adição de óxidos de cálcio (CaO), boro (B2O3), sódio (Na2O) e/ou alumínio (Al2O3). As resinas poliéster insaturadas são muito usadas como matriz para produção de compósitos de fiberglass, pois podem ser processadas no estado líquido e curadas à temperatura ambiente, em moldes simples e baratos, o que viabiliza a produção em pequena escala de peças grandes e complexas. O fiberglass ganhou inúmeras aplicações, em diversos produtos, tais como barcos, caixas de água, piscinas, painéis de fachada, automóveis, entre outros, representando hoje cerca de 65% do volume total de compósitos fabricados. Outros produtos de vidro Tijolos: obtidos por justaposição de duas faces que são caneladas. Telhas: podem ser do tipo canal, Marselha ou onduladas. Ladrilhos: empregados para iluminar, pelo pavimento, peças que lhe ficam abaixo. (são colocadas sobre armação de ferro) Vitrais: superfícies formadas por pedaços de vidro de cor, formando desenhos. (O conjunto deve ficar em um caixilho metálico para evitar que se desarme) Espelhos: chapa de vidro pintada atrás com amálgama (liga de mercúrio com estanho). Para proteger a pintura é dada uma demão de betume. Apresentação comercial dos vidros - Dimensões de fabricação 77 Algumas normas sobre vidros: (www.abnt.org.br) NBR11706/92 Vidros na construção civil Fixa condições exigíveis para vidros planos aplicados na construção civil. NBR7199/89 - Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil Fixa as condições que devem ser obedecidas no projeto de envidraçamento em construção civil. Aplica-se a envidraçamento de janelas, portas, divisões de ambientes, guichês, vitrines, lanternins, chedes e clarabóias. NBR12067/01 Vidro plano - Determinação da resistência à tração na flexão - NBR14697/01 - Vidro laminado Especifica os requisitos gerais, métodos de ensaio e cuidados necessários para garantir a segurança e a durabilidade do vidro laminado em suas aplicações na construção civil e na indústria moveleira, bem como a metodologia de classificação deste produto como vidro de segurança. NBR14698/01 – idem, idem, para Vidro temperado. NBR9492/86 - Vidros de segurança - Determinação da visibilidade após ruptura e segurança contra estilhaços NBR9498/86 - Vidros de segurança - Ensaio de abrasão NBR9499/86 - Vidros de segurança - Ensaio de resistência à alta temperatura NBR9501/86 - Vidros de segurança - Ensaio de radiação NBR9502/86 - Vidros de segurança - Determinação da resistência à umidade NBR9503/86 - Vidros de segurança - Determinação da transmissão luminosa 78 FIBROCIMENTO MATRIZ DE PASTA DE CIMENTO + FIBRAS (AMIANTO OU SINTÉTICAS) INTRODUÇÃO •O fibrocimento é um material à base de cimento, com adições minerais (pozolânicas e/ou calcíticas) e com fibras de reforço distribuídas discretamente pela matriz. •Normalmente, no mercado nacional, o fibrocimento envolve o uso de matriz de cimento Portland e fibras minerais de amianto ou fibras sintéticas como reforço, para produção de telhas de cobertura, caixas d’água, tubos e placas planas. •A função principal das fibras é a de exercer o reforço mecânico da região tracionada da matriz. Com isso, há aumento da resistência ao impacto, maior capacidade de absorção de energia e a possibilidade de uso no estágio pós-fissurado. • O tipo, a distribuição, a relação comprimento-diâmetro e a durabilidade da fibra, assim como o seu grau de aderência com a matriz, determinam o comportamento mecânico do compósito e o desempenho do componente fabricado. Histórico •O fibrocimento tem sido largamente produzido desde o início do século XX com o advento do processo Hatschek. •Desde 1938, telhas de cobertura feitas de fibrocimento são utilizadas no Brasil. •Em meados da década de 1960, o fibrocimento já participava com 25% da área coberta por ano no país. •No início dos anos 1970, ele se firmou na indústria da construção civil brasileira, o que perdura até os dias de hoje. Impacto social As indústrias do fibrocimento brasileiro geram cerca de 10 mil empregos diretos e 200 mil indiretos. fibrocimento sem amianto Produtos de fibrocimento sem amianto, reforçados com fibras sintéticas e polpa de celulose, curados ao ar, podem ser encontrados no mercado brasileiro atualmente. Fibrocimento com polpa celulósica • • • • As fibras vegetais, como reforço de matrizes frágeis à base de materiais cimentícios, despertam grande interesse, por causa de seu baixo custo, disponibilidade, economia de energia e pela preservação ambiental. As fibras sintéticas também são empregadas: polivinil- álcool (PVA), polipropileno (PP) e poliacrilonitrila (PAN). A produção norte-americana de compósitos cimentícios com reforço de fibras celulósicas, combinadas a fibras sintéticas, estava ao redor de 144 mil t/ano em 2002. A principal produção de fibrocimento nos EUA é com reforço exclusivo de polpa celulósica em produtos autoclavados. Matérias-primas: 1 – Aglomerantes e cargas minerais O cimento Portland é a matéria-prima de maior proporção em massa do fibrocimento. Os cimentos, no Brasil, diferenciam-se pela proporção de clínquer, sulfato de cálcio e adições, tais como escórias, pozolanas e material carbonático, acrescentados no processo de moagem. 79 Pozolanas são utilizadas na forma finamente dividida e na presença de água, reagem com hidróxido de cálcio (CH) para formar compostos com propriedades cimentícias. Pozolanas incluem produtos recicláveis, tais como cinza volante, cinza de casca de arroz, metacaulim e sílica ativa. São desejáveis também do ponto de vista ambiental. 2 - Fibras minerais O amianto é uma fibra mineral natural sedosa, com propriedades físico-químicas diferenciadas (resistência mecânica elevada, incombustibilidade, boa qualidade isolante, durabilidade, flexibilidade, resistência ao ataque de ácidos, álcalis e bactérias, facilidade de ser tecida, dentre outras), abundância na natureza e baixo custo. É extraído de rochas compostas de silicatos hidratados de magnésio, nas quais de 5% a 10% se encontram em sua forma fibrosa de interesse comercial. Existem dois tipos de amianto: as crisotilas, com alta concentração de magnésio e composição química 3MgOSiO2H2O; e os anfibólios, com alta concentração de ferro, cuja composição química é Na2OFe2O3SiO2. 3 - Fibras poliméricas As fibras sintéticas mais usuais são as de polivinil-álcool (PVA) e polipropileno (PP), ilustradas na Figura 2, e, em menor escala, as fibras de poliacrilonitrila (PAN). As fibras sintéticas são cortadas com comprimento entre 6 e 12 mm, empregam-se em pequenas frações em volume e se distribuem aleatoriamente ou com certo grau de orientação na matriz, de acordo com o processo produtivo. 80 3 - Fibras vegetais • O estudo sistemático de fibras vegetais com finalidade de reforço de matrizes começou na Inglaterra em 1970. • No Brasil, uma das pesquisas pioneiras coube ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Ceped), em Camaçari, Bahia, com início em 1980. • Usualmente, no processo Hatschek, as fibras vegetais comerciais são empregadas na forma de polpas celulósicas, produzidas conforme processos dominados pela indústria de celulose e papel, e passam pelo processo de refinamento. • O refino da polpa de celulose é um tratamento mecânico das fibras. 81 CIMENTO AMIANTO A primeira idéia de associar os materiais cimento e amianto foi de Ludwig Hatscheck, industrial austríaco, dono de uma fábrica de artigos de amianto. Usando os mesmos processos de fabricação do papelão, Hatscheck patenteou o novo material no início do século XX, fabricando placas de amianto usadas como cobertura. Graças às suas interessantes propriedades como: baixa massa específica, alta resistência à tração e elevada resistência a agentes agressivos, além de bom isolamento térmico, o cimento amianto vem sendo cada vez mais utilizado, surgindo novos processos de fabricação e novos produtos. COMPOSIÇÃO DO CIMENTO AMIANTO A proporção entre os dois componentes varia de acordo com as qualidades de cada material e de acordo com o produto que se quer obter. Com valor médio, pode-se dizer que um cimento amianto de boa qualidade tem 125g de amianto por kg de produto acabado, podendo variar no entanto de 1:6 a 1:10 em peso (amianto:cimento) O cimento pode ser Portland comum (mais usado) ou Pozolânico e de escória (quando se pretende maior resistência a determinados produtos químicos. As fibras são em geral sedosas, desfibram-se facilmente, elevada resistência ao fogo, fundindo a 1.550oC. As melhores fibras são as curtas e com amianto isento de talco, de modo a não se entrelaçarem durante a mistura com o cimento, visto que sua função é atuar como uma micro armadura dentro da peça. A resistência à tração do amianto não desfibrado pode chegar a mais de 400 MPa (igual a um aço CA-40), com peso cerca cinco vezes menor. Misturadas ao cimento, a resistência cai para 10 a 20 MPa, o que ainda é excelente. As fibras tem diâmetro da ordem de 0,001mm (1 µm). Usos: tecidos incombustíveis e isolantes, isolamento elétrico, peças, como gaxetas, discos de embreagens, lonas para freios, etc. A maior quantidade, é empregada na fabricação de materiais de cimento-amianto. Como material maciço, em forma de placas, à semelhança do mármore, ou usada como fundente na siderurgia. Fabricação do cimento amianto Operações preliminares: desfibramento do amianto Mistura com cimento e água Homogeneização por 30 min em recipientes com pás. Uma suspensão bem diluída de fibras, cimento e aditivos é misturada em um grande tanque onde cilindros rotatórios captam essa pasta por meio de sucção, removendo a água da mistura até a obtenção de mantas com a espessura desejada (formadas por lâminas de aproximadamente 1 mm cada uma). A massa utilizada no processo Hatschek contém somente 20% de sólidos. As matérias-primas comumente utilizadas são: cimento Portland, sílica ativa, material carbonático, polpa de celulose, fibras poliméricas ou de amianto. As placas com material fresco podem ser, por sua vez, moldadas em diferentes formatos, tais como chapas onduladas, reservatórios, canaletas, etc. 82 A retirada da água em excesso é feita por sucção, produzida por uma bomba de vácuo no interior do mandril; a existência de uma tela sobre ela impede que a pasta seja arrastada. Qualquer que seja o procedimento de moldagem as peças devem ser conservadas em ambiente úmido para facilitar a hidratação do cimento, ou seja, a “cura”. Processo Magnani O processo de fabricação industrial de caixas d´água com formato similar ao cilíndrico baseia-se no método conhecido como Magnani modificado. Essas caixas, no mercado nacional, têm altura na faixa de 595 mm a 797 mm e diâmetro máximo entre 733 mm e 1234 mm. A massa utilizada nesse processo de fabricação é consistente, pois a concentração de sólidos é de aproximadamente 1:1 em relação à água, e ela é aplicada em uma única camada sobre o molde. Propriedades do cimento amianto O exame microscópico de uma placa seca do produto revela a extrema divisão das fibras de amianto no seio do material e sua perfeita aderência ao cimento. As fibras formam um feltro 83 contínuo, como se fosse uma malha, que por sua vez está cheia de cimento. A textura é homogênea. As características principais são: Características Técnicas Massa específica aparente: 1,5 a 2,0 kg/dm3; valor mais comum: 1,6 kg/dm3 Resistência à compressão: 50 a 100 MPa Resistência à tração direta: 10 a 20 MPa Módulo de elasticidade: E = 20.000 a 30.000 MPa Condutibilidade térmica: K = 0,35 kcal /m2. h. m .oC Dilatação térmica: α = 10-5 / oC Resistência ao fogo: resistem ao fogo em aquecimento lento até 300oC. Permeabilidade praticamente nula a líquidos e gases. Grande durabilidade: (atacado em meios ácidos pH < 6). Fácil manuseio (rapidez e economia), reutilizável, possibilidade de coloração. Grande durabilidade, sintetizada nas seguintes considerações: Soluções alcalinas e ácidos: o material resiste às soluções alcalinas. Os ácidos exercem ação dissolvente, porém lenta em concentrações baixas ou vapores ácidos, a ação é fraca; Ação eletrolítica: o cimento amianto é isento de ação destrutiva das correntes parasitas. Vantagens do uso de cimento amianto: • • • • • • • • • Durabilidade: é inalterável, mesmo exposto as intempéries ou enterrado. Impermeabilidade: devido a compacidade obtida a fabricação Resistência mecânica e baixo peso: devido a alta resistência e ao baixo peso das peças (pequena espessura das mesmas) Incombustibilidade: resistem ao fogo em aquecimento lento até 300oC ou até 110oC, quando seguido do resfriamento brusco, sem alterar suas características. Isolante Térmico: sua cor clara reflete a luz e o calor. É também excelente isolante elétrico e acústico. Inalterabilidade: resiste à ação de agentes químicos, não se oxida. Indeformabilidade: A mistura cimento/amianto aumenta sua resistência no decorrer do tempo, não gerando deformações no produto aplicado. Outras vantagens: dispensa observação; rapidez e economia na utilização; permite perfeito acabamento; pode ser reutilizado; fácil manuseio. Recebem tintas de superfície, ou corantes de fabricação. Produtos de fibrocimento Caixa de fibrocimento com tampa, reforçada com fibras de polivinil-álcool (PVA) Telha comum Cumeeira normal Telha tipo calha Montagem de cobertura de estrutura metálica com telhas corrugadas de fibrocimento. Ondas que devem ser utilizadas na fixação e sentido da montagem (cortesia da Imbralit Ltda.). 84 Características gerais do fibrocimento: microestrutura A interface (região de contato entre a fibra e a matriz) é importante na transmissão da tensão entre as duas fases, no aumento da energia de fratura do compósito e no deslocamento das fissuras. A ligação interfacial pode ser química, física ou a combinação entre elas. O desempenho mecânico do compósito está diretamente relacionado com as propriedades da interface fibramatriz. A idade do fibrocimento influencia a porosidade e os produtos de hidratação, que se formam na interface. A degradação das fibras celulósicas e sua relação com a presença de portlandita é importante nas idades mais avançadas. Fibras de perfil irregular conferem acréscimos de até 10% na resistência à tração do compósito, em comparação à resistência obtida com fibras retas e lisas. Efeitos semelhantes foram obtidos, quer pela fibrilação, no caso das fibras de amianto, quer pela variação do diâmetro ao longo do comprimento, para as fibras vegetais. propriedades mecânicas As propriedades mecânicas dos fibrocimentos são o resultado da combinação das características da matriz, das fibras e da interface entre fibras e matriz. Na avaliação do desempenho mecânico dos compósitos fibrosos, observam-se os seguintes parâmetros: • características físicas, químicas e mecânicas dos materiais componentes, ou seja, fibra e matriz; •geometria das fibras, seção transversal e comprimento; •arranjo, orientação e dispersão das fibras; •proporção entre os materiais componentes; •características da interface dos materiais; •quantidade e distribuição de tamanho de poros. Curvas de tensão versus flecha específica de fibrocimento com fibras de polivinil-álcool (PVA), polipropileno (PP) e amianto. Ensaio de tração na flexão (cortesia do Grupo de Construções e Ambiência, FZEA USP Pirassununga). Durabilidade Telhas de fibrocimento estão sujeitas à degradação causada pelas intempéries, durante os ciclos de calor e chuva por exemplo, no caso de climas tropicais. • Por serem porosas, elas absorvem água durante a chuva e secam ao serem expostas à radiação solar, sob determinadas condições de temperatura e umidade. • O cimento-amianto é altamente resistente à degradação sob intempéries. 85 • Na introdução de um novo material e/ou elemento construtivo, como no caso do fibrocimento sem amianto recentemente lançado no mercado nacional, a demonstração da durabilidade é fundamental. Diversos fatores promovem alterações no material das telhas de fibrocimento, a saber: atmosféricos, biológicos, de carga, de uso e de incompatibilidade entre fases constitutivas. • Essas alterações podem afetar o desempenho das telhas. • As transformações desfavoráveis ocasionam a degradação das telhas. • Os efeitos da degradação no desempenho dos componentes construtivos resultam da soma dos efeitos da degradação das fases: matriz, fibra e zona de transição fibra/matriz. Em fibrocimentos com matriz de cimento Portland, a resistência ao meio alcalino é uma propriedade fundamental para os materiais utilizados como reforço. • As fibras sintéticas resistentes a álcalis, como as de polipropileno, PP, e polivinil-álcool, PVA, por sua vez, são consideradas duráveis em matrizes de cimento Portland. • A degradação das fibras de celulose, na matriz alcalina de cimento Portland, tem sido considerada o principal problema de durabilidade dos fibrocimentos sem amianto, e são objeto de vários estudos. Os ensaios de envelhecimento acelerado dão resposta em curto prazo. • Um dos ensaios mais utilizados para avaliar a durabilidade de fibrocimentos destinados a componentes de cobertura é o de ciclos de calor e chuva, com intuito de reproduzir os principais mecanismos de degradação em situações normais de uso. • Um ciclo é composto de 2 h e 50 min de emissão de calor (em infravermelho) a 70ºC, e aspersão de água em temperatura ambiente por igual período. A metodologia para esse ensaio está padronizada na norma brasileira para telhas onduladas de fibrocimento sem amianto (NBR 15210 parte 2, ABNT, 2005). Considerações adicionais • A ciência dos materiais colabora para a incorporação eficiente de adições minerais e fibras vegetais e sintéticas, com intuito de incrementar o desempenho e a vida útil, a partir da modificação da microestrutura do fibrocimento. • O domínio de tal conhecimento tem ajudado a fornecer subsídios aos projetos dos elementos construtivos, para que atinjam o melhor comportamento possível em suas diferentes aplicações. • A partir de modelos teóricos e experimentais, têm sido criados novos fibrocimentos e superadas as deficiências daqueles existentes, em resposta às grandes pressões sociais e econômicas do setor habitacional brasileiro. 86 MATERIAIS BETUMINOSOS 1 - Definições: - Materiais betuminosos - Betume - Cimentos Asfálticos - Asfaltos Líquidos - Emulsões Asfálticas 2 - Características fundamentais dos materiais betuminosos: (aglomerantes, hidrófugos, suscetíveis à temperatura, quimicamente inertes, duráveis e relativamente baratos). 3 - Asfaltos: rochas asfálticas, asfaltos naturais (CAN), asfaltos de petróleo (CAP), asfaltos diluídos (AD), emulsões asfálticas. 4 - Alcatrões: (AP-1; até AP-12) Redestilação: 5 produtos 5 - Misturas de Produtos Betuminosos 6 - Produtos Betuminosos Fillerizados 7 - Ensaios dos Materiais Betuminosos: Densidade, Consistência (Penetração), Viscosidade, Ductilidade, Ponto de Amolecimento, Ponto de Fulgor, Betume Total, Destilação – Teor de água e cinzas, Desemulsibilidade. -------- x -------- 1 - Definições: MATERIAIS BETUMINOSOS: SUBSTÂNCIAS QUE CONTÊM BETUME OU DAS QUAIS ELE POSSA SER DERIVADO. BETUME: PRODUTO COMPLEXO DE NATUREZA ORGÂNICA, DE ORIGEM NATURAL OU PIROGÊNICA, COMPOSTO DE UMA MISTURA DE HIDROCARBONETOS (COM CONSISTÊNCIA SÓLIDA, LÍQUIDA OU GASOSA), COMPLETAMENTE SOLÚVEL EM DISSULFETO DE CARBONO (CS2). Cimentos Asfálticos: são materiais termoplásticos, variando a consistência de firme a duro, em temperaturas normais, e que devem ser aquecidos até a condição de fluidos, conveniente ao seu emprego. Asfaltos Líquidos: nestes asfaltos a fase semi-sólida de materiais se encontra dissolvida em óleos de grau de volatilidade variada, conforme sejam as variedades de cura lenta, média ou rápida. 87 Emulsões Asfálticas: são misturas homogêneas de cimentos asfálticos e água com uma pequena quantidade de um agente emulsificante normalmente usado como auxiliar no processo de fabricação. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS BETUMINOSOS Natural (AN) Rochas asfálticas: Xistos, arenitos Lagos asfálticos Sólidos: oxidados, soprados Semisólido Ligantes Betuminosos Petróleo (AP) cimento asfáltico CAP 30/45 CAP 50/60 CAP 85/100 CAP 150/200 Asfalto Diluído Cura Rápida- CR Cura Média- CM Cura Lenta- CL Líquidos Catiônica Ruptura Rápida-RR Ruptura Média-RM Ruptura Lenta-RL Aniônica Ruptura Rápida-RR Ruptura Média-RM Ruptura Lenta-RL EmulsãoAsfáltica Alcatrão (AP) Líquidos – Ap.1 a Ap.8 Semi-sólidos: Ap-7 a AP-12 2 – CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DOS MATERIAIS BETUMINOSOS a) São materiais aglomerantes (ou ligantes) Não necessitam adição de água para darem início à pega Aglutinam e fazem aderir agregados por viscosidade e certa rigidez Fazem o papel não só do aglomerante como da água. b) São hidrófugos, isto é, repelentes da água. Vantagem: emprego como material de estanqueidade na impermeabilização. Desvantagem: exigem agregados secos para garantirem a aderência, e o cuidado de evitar que a água não desloque o aglomerante depois de aderido. c) Têm grande sensibilidade à temperatura, amolecem com o aumento, e endurecem com a diminuição da mesma. Vantagem: trabalhabilidade, simples aquecimento. Desvantagem: escorrem e se deformam facilmente no verão e tornam-se duros e quebradiços, podendo fendilhar, no inverno. Esta característica, definida como suscetibilidade à temperatura. Ao contrário dos aglomerantes hidráulicos, são insensíveis às variações higrométricas. d) Quimicamente inertes. Tornam-se indicados para o emprego sob a forma de revestimento e tintas de proteção. Na construção civil são empregados, por exemplo, para a proteção do alumínio, chumbo e zinco da ação química da cal das argamassas e da cal liberada pelo cimento durante a pega. 88 e) São materiais duráveis, capazes de conservar suas propriedades durante anos. Sofrem, no entanto, quando expostos às intempéries, uma lenta alteração devido a uma soma de fenômenos físicos e químicos, conhecidos como envelhecimento dos materiais betuminosos. Causa física: evaporação dos constituintes que lhe conferem plasticidade: óleos mais ou menos voláteis; outra causa (química) é a oxigenação de seus constituintes principais, pela ação do oxigênio do ar, com a formação de CO2 e H2O, que se desprendem. Formam-se também outros produtos oxigenados, álcoois e acetonas, que são dissolvidos pelas águas de chuva. O processo todo conduz à polimerização do material e conseqüentemente ao endurecimento das camadas superiores (protetoras). Podem, no entanto, fendilhar pela diferença da dilatação. 3 - ASFALTOS: constituídos predominantemente por betumes, apresentam-se à temperatura ordinária com consistência sólida ou semi-sólida. Têm cor preta ou pardo-escura, característica e cheiro de óleo queimado. Têm densidade relativa em torno de 1. Fundem gradualmente pela ação do calor. Podem ser obtidos de ocorrências naturais, rochas asfálticas e asfaltos nativos, ou por processos industriais de destilação de petróleo de base asfáltica ou semi-asfáltica. Rochas asfálticas: São ocorrências naturais de com 10-30% de asfalto. Asfaltos Naturais ou Nativos: Bermudéz, na Venezuela, e Trinidad nas Antilhas; não são asfaltos puros, 100% betume, isto é, 100% solúveis em dissulfeto de carbono. O de Bermudéz tinha 65% de asfalto, 30% de água e 5% de outras substâncias, e o de Trinidat tinha 40%, 30% e 30% para os mesmos constituintes. Asfaltos de Petróleo: A maior fonte de produção de asfaltos são os processos de destilação dos petróleos de base asfáltica ou semi-asfáltica. No Brasil, a classificação dos cimentos asfálticos é feita por penetração, quando empregados petróleos mais pesados, e por viscosidade, quando processados petróleos mais leves. Os cimentos asfálticos por penetração são classificados nos seguintes tipos: CAP 30/45, CAP 50/60 e CAP 85/100. Já os cimentos asfálticos por viscosidade são classificados nos seguintes tipos: CAP 7, CAP 20 e CAP 40. 89 Esquema de produção de CAP 90 TABELA 2 – Classificação dos CAP por penetração Unid. Características Penetração (100g, 5s, 25 oC) Ductilidade a 25 oC Efeito do calor e do ar (ECA) a 163 oC por 5h: Penetração Variação em massa Índice de suscetibilidade térmica Ponto de fulgor 30/45 DNER-EM 204/95 VALORES dos CAP 50/60 85/100 150/200 MÉTODOS DNER ABNT 0,1mm cm 30 a 45 60 mín. 50 a 60 60 mín. 85 a 100 100 mín. 150-200 100 mín. ME 3 ME 163 NBR 6576 NBR 6293 (1) % 50 mín. 1,0 máx 50 mín. 1,0 máx 47 mín. 1,0 máx 40 mín. 1,0 máx ME 3 ME 1 NBR 6576 MB-425 C (-1,5 a 1) 235 mín. idem 235 mín idem 235 mín. idem 220 mín. ME 148 NBR1134 1 % 99,5 mín. 99,5 mín. 99,5 mín. ME 10 o Solubilidade em tricloroetileno 99,5mín (2) MB-166 Viscosidade Saybolt Furol a 135oC s 110 mín. 110mín. 85 mín. 70 mín. ME 4 MB-517 TABELA 1 – Classificação por viscosidade Especificações para cimento asfáltico de petróleo Características Unid . CAP - 7 Viscosidade a 60oC P 700 – 1500 2000 – 3500 4000 – 8000 Viscosidade Saybolt Furol • 135oC • 177 oC s s 100 mín. 15 a 60 120 mín. 30 a 150 170 mín. 40 a 150 1,0 máx. 4,0 máx. 50 mín. 1,0 máx. 4,0 máx. 20 mín. 1,0 máx. 4,0 máx. 10 mín. (-1,5 a 1) (-1,5 a + 1) (-1,5 a + 1) 90 mín. 220 mín. 50 mín. 235 mín. 30 mín. 235 mín. ME 3 ME 148 NBR 6576 NBR11341 99,5 mín. 99,5 mín. 99,5 mín. ME 10 MB-166 Efeito do calor e do ar (ECA) a 163 oC por 5h: Variação em massa Relação de Viscosidade Ductilidade a 25 oC Índice de suscetibilidade térmica Penetração (100g, 5s, 25 oC) Ponto de fulgor Solubilidade em Tricloroetileno % cm 0,1m m o C % ma. VALORES CAP - 20 CAP - 40 MÉTODOS DNER ABNT NBR 5847 ME 4 MB 517 ME 1 MB-425 (2) NBR 6293 ME 163 (3) 91 Asfaltos oxidados Quando o asfalto, ainda na torre de destilação, se encontra na fase líquida, em temperatura próxima a 200oC, faz-se passar uma corrente de ar, obtendo-se um asfalto de características diferentes, que é o oxidado. Tem consistência sólida, menor ductilidade, menor sensibilidade que os cimentos asfálticos. Não são empregados na pavimentação rodoviária por terem propriedades aglomerantes reduzidas; são, no entanto, aproveitados na construção civil por sua resistência ao intemperismo e ao envelhecimento. A NBR7208/90 = TB27 define termos técnicos relativos a materiais betuminosos empregados em pavimentação. Seguem ainda as normas: - NBR12564/92 = EB2212 Fixa condições exigíveis para os materiais a serem utilizados na execução de macadame betuminoso por penetração. - NBR12891/93 que fixa as condições exigíveis para a dosagem de misturas betuminosas pelo método Marshall. - NBR12947/93 que fixa as condições exigíveis para execução de sub-base ou base de mecadame betuminoso por penetração. -NBR12948/93 que fixa as condições exigíveis para os materiais a serem utilizados na execução de concreto betuminoso usinado a quente. - NBR12949/93 que fixa as condições exigíveis para execução de concreto betuminoso usinado a quente. - NBR12950/93 que fixa as condições exigíveis para execução de imprimação impermeabilizante. - NBR12951/93 que fixa as condições exigíveis para execução e aceitação de imprimação ligante. Asfaltos Diluídos de Petróleo Os asfaltos diluídos de petróleo (ADP) resultam da mistura dos cimentos asfálticos com produtos mais leves como o diesel, querosene ou com a parte leve da gasolina (nafta leve). Os diluentes utilizados funcionam apenas como veículos, proporcionando produtos menos viscosos, que podem ser aplicados a temperaturas mais baixas. Devem evaporar-se totalmente após a aplicação nos serviços de pavimentação, denominando-se tempo de cura, ou simplesmente cura, ao espaço de tempo necessário à evaporação do diluente. De acordo com o tempo de cura, determinado pela natureza do diluente, os asfaltos diluídos no Brasil classificam-se em duas categorias: • Asfalto diluído de cura rápida – CR • Asfalto diluído de cura média – CM Para obtenção dos CRs, utiliza-se a nafta leve. Já para os CMs, emprega-se o querosene. Há muitos anos que não se utiliza os asfaltos diluídos de cura lenta (CL), em que era empregado o diesel como diluente. Cada uma das categorias CR e CM apresenta faixas de viscosidades diferentes, determinadas em função da quantidade de diluente. Os asfaltos diluídos são classificados nos seguintes tipos: • Cura rápida: CR-70, CR-250, CR-800 e CR-3000 • Cura média: CM-30, CM-70, CM-250, CM-800 e CM-3000 92 Tabela 3 – Especificações para asfaltos diluídos (tipo cura rápida) Características Asfalto diluído Viscosidade cinemática a 60oC ou Viscosidade Saybolt Furol, a 50oC 60oC Ponto de Fulgor (V. A. Tag) mínimo Destilação até 360 oC % volume do total destilado, mínimo a: 190 oC 225 oC 260 oC 316 oC Resíduo a 360 oC, por diferença, % volume mínimo Água % volume, máximo Resíduo de destilação Penetração (100g, 5s, 25 oC) Betume, % peso, mínimo Ductilidade a 25 oC, mínimo Unidades Métodos de Ensaio cSt ME 151 Tipos de CR CR - 70 CR - 250 70-140 250-500 60-120 - 125-250 27 % 10 50 70 85 35 60 80 % % MB-37 55 0,2 65 0,2 0,1mm % Cm ME 3 ME 10 ME 163 80-120 99 100 80-120 99 100 s s o C ME 4 NBR 5765 NBR 9619 Os tipos de mesmo número índice, embora de categorias diferentes, têm a mesma viscosidade a uma determinada temperatura. Assim, por exemplo, os asfaltos diluídos CR-250 e CM-250 têm a mesma viscosidade, embora tenham tempos de cura diferentes. Os ADPs mais usados na prática corrente são os tipos CR-250, CM-30 e CM-70. 93 Tabela 4 – Especificações para asfaltos diluídos (tipo cura média) Características Unidades Asfalto diluído Viscosidade cinemática a 60oC ou Viscosidade Saybolt Furol, a 25oC 50oC Ponto de Fulgor (V. A. Tag) mínimo Destilação até 360 oC % volume do total destilado, a: 225 oC 250 oC 3165oC Resíduo a 360 oC, por diferença, % volume mínimo Água % volume, máximo Resíduo de destilação Penetração (100g, 5s, 25 oC) Betume, % peso, mínimo Ductilidade a 25 oC, mínimo cSt Métodos de Ensaio ME 151 Tipos de CM CM - 30 CM - 70 30-60 70-140 75-150 38 60-120 38 25 40-70 75-93 20 20-60 65-90 ME 4 s s o C NBR 5765 NBR 9619 % % % MB-37 50 0,2 55 0,2 0,1mm % cm ME 3 ME 10 ME 163 80-120 99 100 80-120 99 100 Emulsões Asfálticas: São produtos onde o cimento asfáltico de destilação é emulsionado na água com auxílio de uma substância emulsificante, geralmente um sabão. O produto final tem cerca de 50 a 65% de asfalto, 1% de emulsionante e o restante de água. A separação da fase água do asfalto é denominada de quebra ou ruptura (tentativa de tradução do termo setting, americano). classes de emulsões ruptura rápida RR ruptura média RM Ruptura lenta RL tempo de separação da água (± 40 minutos) ( ±2 horas) (± 4 horas). Forma: líquida; cor: do marrom claro ao marrom escuro 1µm < φ < 15µm, 3µm em média emulsões aniônicas: emulsificante, oleato de sódio, resinato de potássio, com carga elétrica negativa nos glóbulos; fase aquosa básica. emulsões catiônicas: emulsificante, sal de amina ou poliamina graxa. A carga elétrica + nos glóbulos; fase aquosa ácida. Na quebra da emulsão cor marrom a preta evaporação da água (cura) 94 Tempo de cura: 10 a 12 horas. Deve-se facilitar a evaporação. Esquema de preparação de emulsão asfáltica EMULSÃO GROSSEIRA FASE OLEOSA FASE OLEOSA FASE AQUOSA FASE AQUOSA FENÔMENO DE COALESCÊNCIA AGENTE QUÍMICO EMULSIFICANTE EMULSÃO ESTÁVEL (GROSSEIRO) A especificação da ABNT referente à emulsão catiônica é a NBR14594/00, estando resumida na tabela abaixo. Tabela 5 – Especificações de Emulsões Catiônicas Características Métodos de Tipos RUPTURA MÉDIA Ensaio RR-1C RR-2C RM-1C RM-2C MB-581 20-90 20-200 ME 6 5 100400 100400 Ensaios sobre a emulsão: a) Viscosidade Saybolt Furol: SSF a 50oC b) Sedimentação, 5 dias, % em peso máximo por diferença c) Peneiração (retido na peneira 0,84mm) % máx. em peso d) Resistência à água, % mínimo de cobertura: Agregado seco Agregado úmido e) Mistura com cimento, % máximo ou mistura com filer silícico f) Carga da Partícula g) PH, máximo h) Destilação: solvente destilado, % volume sobre o RUPTURA RÁPIDA ME 5 0,1 ME 59 ME 7 ME 8 ME 2 ME 149 80 80 + - NBR6568 0–3 5 0,1 80 80 + 0-3 5 0,1 80 60 + 0 - 20 5 0,1 80 60 + 0 - 12 RUPTURA LENTA RL-1C Máx. 70 5 0,1 80 60 2 1,2 - 2,0 + 6,5 - 95 total da emulsão resíduo, % mínimo em peso i) Desmulsibilidade, % em peso: mínimo máximo Ensaios sobre o resíduo: a) Penetração (100g, 5s, 25 oC, 0,1mm) b) Betume, % peso, mínimo c) Ductilidade a 25 oC, 5cm/minuto, cm mínimo ME 63 ME 3 ME 10 ME 163 62 50 - 50-250 97 40 67 50 - 50-250 97 40 62 50 50-250 97 40 65 50 50-250 97 40 60 - 50-250 97 40 “Quando as emulsões são misturadas ao agregado, o equilíbrio que mantém os glóbulos de asfalto em suspensão é destruído, há a separação dos constituintes: a água se separa por evaporação ou escoamento, enquanto o asfalto flocula e se fixa sobre as pedras”. Vantagens (qualquer tipo de emulsão): a) Equipamentos mais simples: dispensam aquecimento e secador de agregados. b) Eliminam riscos de incêndios e acidentes pelo superaquecimento do ligante. c) São fáceis de manipular e distribuir. As emulsões catiônicas apresentam excelente adesividade para qualquer tipo de agregado, ácido ou básico, seco ou úmido As emulsões aniônicas são as mais antigas (1927), mas hoje as catiônicas são as mais utilizadas. As emulsões catiônicas apresentam excelente adesividade para qualquer tipo de agregado, ácido ou alcalino, seco ou úmido, enquanto que as aniônicas só dão boa adesividade com agregados alcalinos ou levemente ácidos. 96 Tabela 6 – Especificações de Emulsões para Lama Asfáltica Características Ensaios sobre a emulsão: a) Viscosidade Saybolt Furol: 25oC, s (máx.) b) Sedimentação, 5 dias, % em peso máximo por diferença c) Peneiração (retido na peneira 0,84mm) % máx. em peso d) Mistura com cimento, % máximo e) Mistura com filer silícico f) Carga da Partícula g) Destilação: solvente destilado, % volume sobre o total da emulsão resíduo, % mínimo em peso Métodos de ANIÔNICAS Tipos CATIÔNICAS ESPECIAL Ensaio LA-1 LA-2 LA-1C LA-2C LA-E MB-581 100 100 100 100 100 ME 6 5 5 5 5 5 ME 5 0,1 0,1 2 0,1 2 0,1 ME 7 0,1 - - 2 ME 8 1,2 - 2,0- 1,2 - 2,0 1,2 - 2,0 1,2 - 2,0 1,2 - 2,0 ME 2 NBR6568 negat. negat. negat. negat. - 0 58 0 58 0 58 0 58 0 58 Ensaios sobre o resíduo: 50-150 50-150 50-150 50-150 ME 3 50-150 a) Penetração (100g, 5s, 25 oC, 97 97 97 97 ME 10 97 0,1mm) b) Betume, % peso, mínimo 40 40 40 40 ME 163 40 c) Ductilidade a 25 oC, 5cm/minuto, cm mínimo Notas: 1) As características de desgaste da mistura devem ser determinadas pelo teste de abrasão (WTAT) - DNER 2) As emulsões LA-2 e LA-2C rompem no ensaio de mistura com cimento. 4 - ALCATRÕES (AP) Obtidos pirogenicamente da hulha, ou madeira, turfa, linhito, graxas, etc. São óleos de grande viscosidade, podendo ser vertidos à temperatura ordinária. Distinguem-se dos asfaltos diluídos (ADs): 1) pelo cheiro de creosoto ou creolina característico, enquanto os ADs tem cheiro de óleo queimado. 2) Maior sensibilidade à temperatura (>facilidade, porém faixa estreita de T) 3) Menor resistência às intempéries (> sensibilidade à temperatura e > teor em constituintes voláteis). 4) Melhor adesividade aos agregados e melhores características aglomerantes. Ver detalhes dos alcatrões RT-1 a RT-12 na Tabela 7. O alcatrão é submetido a processos de redestilação, refino e retificação. Da redestilação são obtidos cinco grupos de produtos principais, dados abaixo: 97 Alcatrão bruto: redestilação óleos leves (óleos desinfetantes, fenóis); óleos médios de naftaleno; óleos pesados (antraceno, creosoto); alcatrão de destilação AP-1, AP-2, AP-3, AP-4 piche breus da hulha (sólidos) refino retificação Misturas de Produtos Betuminosos Mistura alcatrão ao asfalto asfalto ao alcatrão % 15 a 20% 20 a 30% Alterações físico-químicas melhora-se a aderência, sem floculação > viscosidade, < suscetibilidade, < envelhecim. Não é possível misturar emulsões aniônicas com catiônicas; há perigo de ruptura. Produtos betuminosos fillerizados Filler é um pó mineral de grande finura. Calcário, pó de pedra, carvão, cinzas volantes, pós de rochas asfálticas, cimento, etc. Vantagens: > viscosidade, < sensibilidade à temperatura e > durabilidade por absorção, os constituintes oleosos ficam retidos pelo filler, que os devolve quando o material betuminoso vai perdendo os que havia conservado. (filler + alcatrões) alcatrões são mais densos, é mais fácil homogeneizar a mistura, têm maior proporção de constituintes oleosos. Filler: 15 a 40%. 98 99 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS BETUMINOSOS – ENSAIOS Densidade: A densidade é definida como a relação entre as massas de igual volume do material betuminoso e de água, a certa temperatura, que em geral, é de 25 ºC. Para os cimentos asfálticos, a determinação se faz mediante pesagem em balança hidrostática. Pesa-se uma porção de material ao ar (Pa) e, depois, imerso em água (Pag). A densidade d é expressa por: d= Pa Pa − Pag A densidade dos asfaltos oscila em torno de 1 e, considerando a massa específica da água igual a 1, o valor da densidade passa a representar a massa específica dos CAPs. Tem grande utilidade como indicativo da qualidade e fonte do material asfáltico, na conversão de volume e no cálculo dos vazios das misturas asfálticas. Dureza – Penetração: A consistência dos materiais betuminosos, para efeito de classificação, é caracterizada pela dureza ou resistência à penetração. A característica da dureza é então determinada por meio de um ensaio de penetração e expressa pela profundidade, medida em décimos de milímetros, que uma agulha padrão penetra na amostra de material betuminoso, em condições padronizadas de carga, temperatura e tempo. Quando outras condições não forem especificamente mencionadas, entende-se que o ensaio é feito a 25oC, que a carga na ponta da agulha é de 100g e que a carga é aplicada durante 5 segundos. São essas as condições de penetração normal realizadas conforme o MB-107. Outras condições recomendadas são 0oC, 200g e 60s. Faz-se o ensaio tanto nos cimentos asfálticos, como nos resíduos de destilação dos asfaltos diluídos ou emulsões. Representação esquemática do ensaio de penetração Aparelho para execução do ensaio de penetração para cimento asfáltico Viscosidade: Define-se como a resistência à deformação aposta por um fluido à ação de uma força. O ensaio de viscosidade determina a consistência ou fluidez dos materiais betuminosos fluidos: os diluídos ou emulsionados. A determinação é feita com um aparelho 100 padrão, conhecido como viscosímetro Saybolt-furol e seus resultados se exprimem como viscosidade Saybolt-furol (MB-517). A palavra Furol vem de Fuel Road Oils. O ensaio é feito a uma determinada temperatura, registrando-se o tempo, em segundos, necessários para que 60cm3 do produto escoem, através de um orifício padrão, para o frasco graduado. Quanto mais longo o tempo de escoamento, maior a viscosidade do produto asfáltico e mais próximo estará da consistência semi-sólida. As temperaturas mais comumente empregadas, para os produtos que a 25oC têm viscosidade superior à que pode ser medida com precisão pelo viscosímetro, são, 50, 60 e 82oC para emulsões aniônicas e catiônicas e de 50 ºC para as emulsões empregadas em Lamas Asfálticas. Encontra-se normalizado segundo o MB-581. O ensaio pode ser feito também em temperaturas de 135 e 177ºC, para CAPs. Representação esquemática do viscosímetro Saybolt-Furol Há também o viscosímetro Viscosímetro Saybolt-Furol 101 Ponto de amolecimento (NBR6560): A intemperização dos asfaltos nos pavimentos acarreta uma progressiva rigidez, advindo daí o aparecimento de pequenas fissuras, e, à medida que o processo de alteração evolui, estas dimensões se ampliam, podendo comprometer o bom funcionamento estrutural da obra viária. O objetivo da engenharia, nesta área, é minimizar esses efeitos e para isso utiliza-se de ensaios de laboratório que possibilitam prever o comportamento, em serviço, dos materiais asfálticos. É o caso de ensaio de Ponto de Amolecimento Anel e Bola. Esse ensaio visa medir a evolução da consistência com a temperatura e indica a que níveis de dureza os asfaltos têm uma certa consistência. Consiste introduzir um corpo de prova de asfalto em um anel de latão de 15,9 mm de diâmetro interno e 6,3 mm de espessura; sobre a amostra betuminosa se apõe uma esfera de aço de 3,5 g. Submete-se o conjunto a um banho-maria, em que o líquido é aquecido a uma taxa de 5 ºC por minuto, até que o asfalto flua sob o peso da esfera e toque o fundo do recipiente. A temperatura em que isso ocorre é considerada como a de ponto de amolecimento do material asfáltico. 102 Representação esquemática do ensaio de Ponto de Amolecimento Ductilidade (NBR6293): Equipamento utilizado no ensaio Ponto de Amolecimento Anel e Bola Define-se como a capacidade dos materiais de sofrerem alongamento sem se romperem. Com muita freqüência, os materiais betuminosos estão submetidos a variações de temperatura que produzem modificações dimensionais. É necessário que o material tenha suficiente ductilidade para dilatar-se sem fissurar ou gretar. Uma ductilidade excessiva é também inconveniente, pois pode determinar, por exemplo, ondulações nos pavimentos devidos ao tráfego. A ductilidade é medida pela distância em centímetros em que um briquete padrão, em forma de 8, pode se distender antes da ruptura. A seção transversal mínima do briquete é de 1 cm2. O ensaio é feito com o material imerso em água a uma temperatura de 25oC, com uma velocidade de tração de 5cm por minuto. 103 Representação esquemática do ensaio de ductilidade Equipamento utilizado no ensaio de ductilidade Ponto de fulgor: O ponto de fulgor é a temperatura na qual, durante o aquecimento, os vapores desprendidos se inflamam temporariamente, quando postos em contato com uma pequena chama. Dois tipos de testes são comumente usados para determinar o ponto de fulgor de produtos asfálticos. Para asfaltos diluídos, que podem inflamar a temperaturas relativamente baixas (inferiores a 80oC), usa-se o vaso aberto Tag (NBR5765) e, para produtos de ponto de fulgor mais elevado, o vaso aberto Cleveland (NBR11341). Embora esses dois aparelhos sejam de desenho diferente, a operação básica do teste é a mesma para ambos. O ponto de fulgor de um produto representa a temperatura crítica acima da qual devem ser tomadas precauções contra perigo de inflamação durante o aquecimento ou manipulação. 104 Ponto de Fulgor - Vaso aberto tipo TAG Equipamento utilizado no ensaio do ponto de fulgor – vaso aberto de Cleveland Ensaio em andamento Às vezes emprega-se o parelho de Pensky-Martens, que difere essencialmente dos anteriores porque se prevê uma agitação contínua da amostra. Perda por Aquecimento É um ensaio usado para determinar a volatilidade dos materiais asfálticos, sendo também conhecido como ensaio de perda em estufa. Em se tratando dos cimentos asfálticos, a finalidade do ensaio é determinar a perda do peso ocasionada pelo aquecimento, e indicar o aumento da consistência por causa dessa perda. É considerado como um ensaio do tipo acelerado, e fornece uma idéia do envelhecimento do material a ser aquecido em usinas, para aplicação, e durante sua vida em serviço. Colocam-se na estufa 50 gramas de cimento asfáltico, à temperatura de 163 ºC, pelo período de 5 horas, e procede-se a um movimento de rotação à velocidade de 5 a 6 rpm. A perda de peso, em percentagem, é considerada a perda por aquecimento. O ensaio obedece ao MB425 ou ME 1 do DNER. Betume Total (DNER ME 010): Num produto asfáltico, chama-se betume à parcela que é completamente solúvel no dissulfeto de carbono (CS2). Nos cimentos asfálticos e nos produtos asfálticos residuais viscosos, a solubilidade em CS2 representa o seu teor em ligantes ativos. Os asfaltos de petróleo refinados dentro de boa técnica, sem mistura de outros materiais, são pelo menos 99,5% solúveis em dissulfeto de carbono (MB-166). Solubilidade em tetracloreto de carbono: este ensaio é realizado da mesma maneira e com a mesma finalidade da solução em dissulfetos de carbono. A maior parte dos materiais asfálticos é igualmente solúvel nos dois solventes. A única razão de ser o último freqüentemente empregado é o fato de não ser inflamável. Podemos encontrar nos asfaltos os seguintes elementos: - Carbóides, que são solúveis CS2 105 - Carbenos, solúveis no CS2 e insolúveis no CCl4 - Asfaltenos, solúveis nos dois líquidos citados e insolúveis no éter - Maltenos, solúveis em todos os solventes. Os teores da carbóides e de carbenos são muito reduzidos. Quando o teor passa de 2%, o asfalto perde ductilidade e adesividade. As propriedades dos asfaltos variam de acordo com as proporções de asfaltenos e maltenos. Destilação: teor de água e cinzas (NBR6568) O ensaio de destilação é empregado para determinar a quantidade e os tipos de resíduos asfálticos que contêm os asfaltos diluídos (cut-backs) remanescentes da volatilização dos componentes mais leves (MB-586). Outra finalidade é determinar a rapidez relativa com que este resíduo é obtido. Depois de concluída a destilação, o resíduo é submetido a um ensaio de consistência e a um ensaio de solubilidade dissulfeto ou tetracloreto de carbono. Se for um semi-sólido e sua penetração puder ser determinada, será ensaiada também sua ductilidade. Figura 1 - Ensaio de Destilação O ensaio de destilação, juntamente com o ensaio de consistência do resíduo, classifica prontamente o tipo de produto asfáltico diluído (cut-back) em exame. Essa quantidade é expressa como “Resíduo da Destilação a 360 ºC”, % por volume, por diferença. Água Esse ensaio visa determinar a quantidade de água incorporada ao material betuminoso. Cinzas Indica a percentagem de material mineral presente 106 Desemulsibilidade ou ruptura (emulsão asfáltica) O ensaio indica a velocidade relativa com que os glóbulos coloidais de asfalto unir-se-ão entre si (a emulsão romperá), quando estender a emulsão em película delgada sobre o solo ou sobre os agregados. O cloreto de cálcio flocula as partículas de asfalto. Para emulsões de ruptura rápida utiliza-se uma solução fraca de cloreto de cálcio (0,02N), ao passo que para as de ruptura média a solução é de 0,10N. Calcula-se a percentagem, dividindo a massa obtida no ensaio, após secagem em estufa a 163oC, pela massa que se obtém no resíduo por destilação. O método MB-590 utiliza como floculador o Aerosol OT a 0,8% (dioctil sulfossucionato de sódio). No caso de emulsões de ruptura lenta, utiliza-se a mistura com cimento (MB496). Ensaio de Determinação das cargas das Partículas (DNER ME 2) Utilizado para emulsões catiônicas. É realizado pela imersão dos eletrodos positivos e negativos em certa amostra da emulsão. Ao fim de um período determinado, os eletrodos são desligados e retirados da emulsão, e verifica-se em qual deles existe uma camada de asfalto aderente à placa. As emulsões catiônicas são atraídas pelos catodos (-). Figura 2 - Ensaio de determinação das cargas das partículas Outros ensaios: Ensaio de pH, que Tem a finalidade de determinar a acidez das emulsões catiônicas Ensaio no Resíduo da Destilação Peneiramento, etc. 107 108 109 METAIS Estudo particular resumido dos principais metais empregados na construção civil. ALUMÍNIO O ALUMÍNIO É UM METAL DE MUITA QUALIDADE, SOBRESSAINDO A LEVEZA, ESTABILIDADE, BELEZA E CONDUTIBILIDADE. É UM METAL DE AMPLO EMPREGO NA CONSTRUÇÃO, SÓ PERDENDO EM IMPORTÂNCIA PARA O FERRO. 110 Minério – Bauxita (Al2O3.nH2O) Propriedades: Densidade: 2,7 Ponto de fusão: 658ºC σt = 60MPa E = 67.000MPa Boa resistência à corrosão Oxidação superficial protege o metal Altas condutibilidades térmica e elétrica Utilização Laminados Lâminas e chapas, lisas ou lavradas - estampadas, corrugadas, vincadas ou estiradas Extrudados Perfis para esquadrias Condutores elétricos Fios e cabos Mais leves que os de cobre Coberturas Telhas onduladas e trapezoidais e lâminas para impermeabilização (papel alumínio liso ou corrugado) Ferragens Fabricação de tintas Ligas Duralumínio - Al, Cu, Mg Bronze de alumínio - Cu, Al Al, Zn, Mg Al, Mg, Si Empregos do alumínio: O alumínio possui muitas qualidades e usos. Na construção é usado em transmissão de energia elétrica, coberturas, revestimentos, esquadrias, guarnições, elementos de ligação, etc. Cuidados a serem tomados na utilização do alumínio: -Evitar contato direto com o aço, ferro ou outros metais devido à corrosão eletroquímica. -Os dobramentos feitos no local devem ter grande raio, senão o alumínio fendilhará. -Na transmissão de energia elétrica é usado em forma de fios e cabos. Por ser mais leve que o cobre, permite maior afastamento entre postes; é também mais barato. Tem o inconveniente de ser menos maleável para efeito de dobramento. -O alumínio moído também pode ser disperso em veículo oleoso, dando tintas de alumínio de boa resistência e proteção. CHUMBO Minério – Galena (sulfeto de chumbo) Propriedades: Densidade: 11,35 Ponto de fusão: 327ºC σt = 14MPa λ = 69% Aplicações Tubos e artefatos de canalizações Impermeabilização de coberturas Chapas soldadas Apoios de peças submetidas a 111 E = 17.000MPa HB = 4 Baixa condutibilidade térmica Resistência à corrosão A oxidação superficial protege o metal Resiste ao meio ácido e é atacado pelo meio básico vibrações Máquinas, pontes... Fabricação de tintas Saturnismo Ligas Solda de encanador 2/3 chumbo e 1/3 estanho Sn, Sb - ligas antifricção. Empregado em tubos e artefatos para canalização, absorventes de choques, na indústria de tintas, coberturas, etc. COBRE O cobre é um metal de cor avermelhada, muito dúctil e maleável, embora duro e tenaz. Pode ser reduzido a lâminas e fios extremamente finos. Ao ar cobre-se rapidamente de uma camada de óxido e carbonato, formando o azinhavre, muito venenoso, mas que protege o núcleo do metal, dando-lhe duração quase que infinita. Ocorrência Estado nativo e Minérios - Calcopirita, Calcosina e Cuprita Propriedades: Densidade: 8,95 Ponto de fusão: 1080ºC σt = 220MPa λ = 50% E = 120.000MPa Altas condutibilidades térmica e elétrica Boa resistência à corrosão Azinhavre Utilização Indústria de tintas Fungicida Condutores elétricos Fios e cabos Instalações de água quente e de gás Revestimento de paredes e ornatos diversos Ligas Bronze - Cu-Sn Latão - Cu-Zn Nas instalações elétricas domiciliares quase só é usado cobre, por ser mais condutor e mais flexível que o alumínio. Geralmente nos fios e cabos o cobre é capeado por uma camada delgada de estanho, para evitar a oxidação. BRONZE O bronze é uma liga de 85 a 95% de cobre e 15 a 5% de estanho. Tem grande dureza e densidade entre 7,8 e 9,2. É usado na construção de ferragens e ornatos. É de difícil oxidação, muito duro, mas bastante flexível. Muitas vezes a liga tem também zinco e chumbo e a cor vai de vermelho-amarelado até quase branco. Tem também alta condutibilidade térmica. 112 ZINCO É um metal cinza azulado. É muito atacável pelos ácidos. Minério – Blenda (ZnS) Propriedades Densidade: 7,2 Ponto de fusão: 420ºC σt = 170MPa E = 100.000MPa Utilização Na proteção superficial do aço Galvanização Telhas e calhas para coberturas Pigmento de tintas Alvaiade (ZnO) Ligas Latão - 60 a 95% de Cu; 5 a 40% de Zn Torneiras, tubos e fechaduras Na construção aparece principalmente sob a forma de chapas lisas ou onduladas (aço zincado) para coberturas e revestimentos em calhas e tubos condutores de fluidos. Aparece ainda como composto (alvaiade para pintura) e ligas. LATÃO O latão é uma liga entre o cobre e o zinco de grande importância na construção. A proporção é variável 95 – 60% de cobre a 5 – 40% de zinco. É muito usada a liga 67 x 33%. Tem cor amarela, é muito dúctil e maleável a quente. Dificilmente se oxida e é muito resistente. Mais estável no ar que o cobre, pode adquirir belo polimento. É muito empregado em ferragens: torneiras, tubos, fechaduras, ornatos, etc. Aqui, quanto maior a utilização do latão, maior a qualidade. Sob o título de ferragens existem dois grandes grupos de artefatos que utilizam o latão, na construção: - Ferragens de esquadria (fechos de girar e correr, fechaduras, dobradiças e puxadores) - Metais sanitários: válvulas (gaveta, globo e de retenção), torneiras, e outros. ESTANHO Minério – Cassiterita (SnO2); Pirita Propriedades: Densidade: 7,4 Ponto de fusão: 232ºC σt = 35MPa E = 40.000MPa Condutibilidade térmica semelhante à do ferro Utilização Como substituto do chumbo Na proteção superficial do aço, pois é de difícil oxidação Folhas de Flandres Ligas Bronze: Cu-Sn MAGNÉSIO 113 Minério – Dolomita, Magnesita Propriedades: Densidade: 1,74 - mais leve metal industrial Ponto de fusão: 650ºC σt = 175MPa E = 45.000MPa Baixa resistência à corrosão Utilização Ligas - Al, Mn, Zn Modificação nas propriedades dos metais Deformação nos metais Corresponde a um deslocamento dos átomos no reticulado Na deformação plástica os átomos são deslocados ao longo dos planos de clivagem e a deformação é permanente Densidade de alguns metais (g/cm³) Magnésio 1,74 Alumínio 2,70 Zinco 7,13 Ferro 7,87 Níquel 8,90 Cobre 8,96 Chumbo 11,34 Mercúrio (líquido) 13,60 Condutibilidade elétrica, Condutibilidade térmica – expressa em cal/cm/s e por ºC, tendo o Cobre como a unidade Cobre Alumínio Magnésio Zinco Ferro Chumbo 1 0,52 0,40 0,30 0,18 0,09 Módulo de elasticidade (MPa) 114 tendo o cobre como unidade Por unidade Metal de área Cobre 1,00 Alumínio 0,61 Magnésio 0,37 Zinco 0,28 Níquel 0,23 Ferro 0,18 Chumbo 0,08 Por unidade de peso 1,00 2,01 1,80 0,35 0,23 0,20 0,06 Níquel Ferro Cobre Zinco Alumínio Chumbo 210.000 210.000 110.000 98.000 70.000 17.500 3) Propriedades mecânicas Escoamento É a fase do ensaio de tração durante a qual o metal deforma-se mesmo sem o acréscimo de tensão. Essas deformações são de natureza plástica. Plasticidade Ductilidade: capacidade que um metal tem de se transformar em fios, por tração. Maleabilidade: capacidade que um metal tem de se transformar em lâminas, por compressão. Tenacidade: capacidade que um metal tem de absorver energia até a sua ruptura. É o contrário da fragilidade. Os materiais tenazes resistem a choques. Dureza De risco; De resistência à penetração; Elástica Elasticidade e plasticidade dos metais Resistência à corrosão Corrosão é a tendência do metal de voltar ao seu estado original, à forma mais estável – mineral Metais nobres: Ouro, platina e prata são resistentes à maioria dos agentes corrosivos. Metais utilizados na proteção de outros metais: 115 Níquel, Estanho, Cromo e Zinco. Ensaios mecânicos Ensaio de tração axial Ensaio de dobramento Módulo de elasticidade Limite de escoamento Limite de resistência Alongamento de ruptura Admite-se que o comportamento à compressão seja o mesmo que para a tração, desde que esteja afastada a possibilidade de flambagem. Quando a solicitação é cíclica, e o número de ciclos é elevado, o metal se rompe para uma tensão inferior ao limite de resistência da solicitação estática fadiga Ensaio de impacto - Flexão dinâmica Ensaio de Fadiga PRODUTOS SIDERÚRGICOS A metalurgia do ferro tomou o nome especial de siderurgia, daí a designação de produtos siderúrgicos para aqueles feitos com o ferro e suas ligas. O ferro é indiscutivelmente, o metal de maior aplicação na indústria da construção civil devido a seu elevado módulo de resistência, permite vencer grandes vãos com peças relativamente delgadas e leves. É usado puro ou em ligas na armação de abóbadas, vigas, indústria de tintas; ou para reforçar outros materiais, como é o caso do concreto armado. Seu estudo é bastante intenso a fim de atender às exigências da demanda. Ligas Fe-C Aços 0 < %C < 2 Ferros fundidos 2 < %C < 4,5 Fabricação: Ligas especiais Fe-C + elementos ligas Ni, V, Cr, Mo, W, Al, Si, P, S 116 O que é o inox? Fe + C + Cr = inox Ferro Carbono Cromo (mínimo de 10,5%) A principal diferença entre o inox e os aços carbonos comuns está no teor de cromo. O aço inox é uma liga de ferro-carbono, com teor mínimo de 10,5% de cromo, que apresenta elevada resistência à corrosão. O cromo favorece a formação de uma camada protetora fina, resistente e invisível, conhecida como camada ou filme passivo, que protege o aço inoxidável de eventuais problemas de corrosão e oxidação. Quando removida (por exemplo, por riscos), essa camada extremamente fina e aderente tem capacidade de se autoregenerar em diferentes ambientes. Em aços carbonos comuns, é preciso utilizar processos protetores de superfície, como pintura, galvanização, fosfatização ou bicromatização. No aço inox, esse trabalho não é necessário já que a camada passiva - que tem formação espontânea – protege imediatamente o inox contra a corrosão do meio ambiente. *Também aplicáveis em outros metais utilizados na arquitetura. Tabela para escolha do tipo de aço inox A = Adequado N = Não-adequado I = Interiores E = Exteriores C = Consultar a Acesita * = Atmosferas que contêm muitos sólidos em suspensão ou gases provenientes do sistema de exaustão de automóveis. ** = Algumas atmosferas industriais podem conter elevados teores de gases sulfurosos (SOx), permitindo a condensação de ácido sulfúrico (H2SO4) na superfície dos materiais. Sem os devidos cuidados, nessas condições, até os aços inox considerados adequados podem sofrer corrosão. 117 *** = Em atmosferas litorâneas, o teor de cloreto, os ventos predominantes e a distância do mar podem representar um papel muito importante. A resistência à corrosão dos materiais estará sempre relacionada a esses fatores. Alguns produtos com ferro serão apresentados a seguir: Folhas de Flandres (lata) São chapas finas de aço cobertas por leve camada de estanho, para não oxidar, obtida por imersão ou deposição eletrolítica. Chapas Galvanizadas São chapas finas de aço revestidas com zinco. É a imersão da chapa em um banho de zinco fundido. Chapas Lisas Pretas São chapas de ferro fundido, pretas, lisas, laminadas a quente e a frio. As chapas laminadas a quente são as grossas (5,16 a 75,20mm de espessura). As laminadas a frio são as finas (1,90 a 0,31mm de espessura). Ferros Perfilados Ferro fundido, laminado, apresentado em forma de barras redondas, quadradas, retangulares, perfis L, T, I, U. Os perfis com dimensões menores de 2” (50mm) são chamados finos e os de mais de 2” são chamados grossos. Arames e Telas Os arames são finos fios de aço laminado, galvanizados ou não. A denominação da bitola é por número, diminuindo o diâmetro à medida que aumenta o número. Vão de 0,2 a 10,0mm. O arame utilizado na amarração das armaduras de concreto armado é recozido, ou queimado, na bitola 18 BWG (1,24mm), sendo utilizado o 16 (1,65mm) em armaduras pesadas. BWG significa Birmingham Wire Gauge. O arame recozido nº10 é utilizado na amarração de andaimes e pontaletes sem grandes responsabilidades. Pregos São fabricados a partir de arame galvanizado em máquinas apropriadas que cortam o arame e moldam a ponta e a cabeça do prego. Tipos de aço para armadura de concreto Aços de dureza natural Laminados a quente, sem tratamento após a laminação Composição da liga Fe . C . Mn . Si . Cr Ensaio de tração Módulo de elasticidade: 210.000MPa Acentuado patamar de escoamento Grande estricção Ferro fundido 118 Produto siderúrgico (Liga Fe-C) obtido por fusão, com teor de carbono entre 2 e 4,5%. NBR 7480 BARRAS E FIOS DE AÇO DESTINADOS A ARMADURAS PARA CONCRETO ARMADO (NBR 7480/96) - RESUMO Encomenda, fabricação e fornecimento de barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. 3 -Definições: 3.1 Lote: Grupo de barras ou fios apresentado à inspeção como um conjunto unitário 3.2 – Partida: Conjunto de lotes apresentados para inspeção de uma só vez. 3.3 –Fornecimento: Conjunto de partidas que perfaz a quantidade total da encomenda. 3.4 – Diâmetro nominal(φ φ): Número correspondente ao valor, em milímetros, do diâmetro da seção transversal do fio ou da barra. 4- Condições Gerais 4.1 - Classificação 4.1.1 – barras: diâmetro nominal 5,0 ou superior, obtidos exclusivamente por laminação a quente, e classificam-se como fios aqueles de diâmetro 10,0 ou inferior, obtidos por trefilação ou estiramento. 4.1.2 - De acordo com o valor característico da resistência de escoamento, as barras são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50, e os fios de aço na categoria CA-60. 4.2 - Homogeneidade Geométrica As barras e fios de aço destinadas a armaduras para concreto armado devem apresentar suficiente homogeneidade quanto as suas características geométricas. 4.3 - Defeitos Isenção de defeitos prejudiciais. Uma oxidação do produto pode ser admitida, quando for uniforme, leve e superficial. Nota: O grau de oxidação permitido é caracterizado quando, após sua remoção com um tecido grosseiro ou escova qualquer, não fiquem evidências de pontos localizados de corrosão. Em casos de dúvida o material deve ser ensaiado. 119 4.4 - Massa e Tolerâncias: A massa real das barras deve ser igual à sua massa nominal, com tolerância de ± 6% para diâmetro nominal igual ou superior a 10,0 e de ± 10% para diâmetro inferior a 10,0. Para os fios, essa tolerância é de ± 6%. (Tabela 1 do anexo B) 4. 5 - Comprimento e tolerância: o comprimento normal é de 11,0m ± 9%. Permite-se a existência de até 2% de barras curtas, porém de comprimento não inferior a 6,0m. 4.6 – Característica geométrica das barras com nervuras: a configuração das nervuras deve ser tal que não permita movimentação da barra dentro do concreto. 4.7 – Marcação: todas as barras devem apresentar marcas de laminação em relevo, identificando o produtor, com registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial, a categoria do material e o respectivo diâmetro nominal. A identificação de fios e barras lisas deve ser feita por etiqueta ou marcas em relevo). 4.8 - Embalagem 4.8.1: As barras e os fios são fornecidos em feixes ou rolos, com massa especificada ou não, conforme acordo mútuo entre produtor e comprador, registrado na encomenda. 4.8.2: Cada feixe ou rolo deve ter etiqueta firmemente fixada, contendo pelo menos: nome do produtor, categoria e diâmetro nominal. 4.9 – Modo de fazer a encomenda : a) número desta Norma; b) diâmetro nominal e categoria da barra ou do fio; c) quantidade, em toneladas; d) comprimento e sua tolerância e) embalagem (feixe, feixe dobrado, rolo); f) outros requisitos adicionais ou exceções aos indicados nesta Norma. Condições Específicas 5.1 - Requisitos de propriedades mecânicas de tração: os requisitos de propriedades mecânicas de tração são dados na tabela 2 do anexo B. 5.1.2 – A resistência de escoamento pode ser caracterizada por um patamar no diagrama tensão-deformação ou calculada pelo valor da tensão sob carga correspondente à deformação permanente de 0,2%. 5.1.3 - A resistência de escoamento pode também ser calculada pelo valor da tensão sob carga correspondente à deformação de 0,5%. Em caso de divergência, prevalece o valor obtido em 5.1.2. 5.2 - Requisitos de propriedades mecânicas de dobramento: Ver tabela 2 do anexo B 120 Não deve ocorrer ruptura nem fissuração na zona tracionada. NBR 6153 5.3 Características complementares requisitos relativos à aderência 5.3.2.1 – As barras da categoria CA-50 são obrigatoriamente providas de nervuras transversais ou oblíquas. 6 – Inspeção 6.1 – Condições de Inspeção: acessibilidade (fábrica, laboratório de ensaios) 6.2 – Verificação dos defeitos e do comprimento: (realizado pelo inspetor) 6.3 – Amostragem 6.3.1 – Formação dos lotes: para corridas não identificadas, o inspetor orientará a formação de lotes, cujas massas não superem os valores indicados na tabela 3-anexo B. 6.3.2 – Formação das amostras: cabe ao comprador ou ao seu inspetor, em cada partida, extrair aleatoriamente amostras com 2,2m, desprezando a ponta de 20cm, identificá-las e enviá-las ao laboratório. 6.3.3 – Quantidade de amostras 6.3.3.1 – Lotes de corridas identificadas: amostra representativa do lote = 1 exemplar. Se qualquer corpo-de-prova não satisfizer às exigências contraprova, agora com a amostra representativa da cada lote sendo composta de 2 (dois) novos exemplares. 6.3.3.2 – Lotes de corridas não identificadas: amostra de 2 exemplares, contraprova com 3 (três) novos exemplares. 6.5 – Ensaios 6.5.1 – Ensaio de tração: NBR 6152. O comprimento inicial Lφ = 10 diâmetros nominais, não sendo permitido o uso de corpo-de-prova usinado. 6.5.2 – Ensaio de dobramento: NBR 6153 6.5.3 – Ensaio de fissuração: Não é ensaio de recebimento. NBR 7477 6.5.4 – Ensaio de fadiga: Não é ensaio de recebimento. NBR 7478 7 – Aceitação e Rejeição 7.1 – Aceitação O lote é aceito se atender: a) aos requisitos especificados em defeitos e massa nominal 121 b) aos resultados satisfatórios dos ensaios de tração e dobramento de todos os exemplares retirados de acordo com 6.2. 7 - Rejeição O lote é rejeitado se: a) não atender quanto a defeitos e massa nominal b) No ensaio de contraprova houver pelo menos um resultado que não satisfaça às exigências desta norma. Anexo A: Configuração geométrica 45o. Os eixos das nervuras transversais ou oblíquas devem formar com a direção do eixo da barra um ângulo ≥ a As barras devem ter pelo menos duas nervuras longitudinais contínuas e diametralmente opostas, exceto no caso em que as nervuras transversais estejam dispostas de forma a se oporem ao giro da barra dentro do concreto. A altura média das nervuras ou cristas, ou a profundidade das mossas, deve ser igual ou superior a 4% do diâmetro nominal. O espaçamento médio das nervuras transversais, ou oblíquas, medido ao longo de uma mesma geratriz, deve estar entre 50 e 80% do diâmetro nominal. As nervuras devem abranger pelo menos 85% do perímetro nominal da seção transversal da barra. O espaçamento médio entre as nervuras deve ser determinado dividindo-se um comprimento ocupado por 10 espaços contínuos do corpo-de-prova por 10. A altura média das nervuras é calculada através de medidas obtidas da seguinte maneira: são escolhidas dez nervuras de cada lado do corpo-de-prova e em cada nervura são executadas três medidas, sendo uma no meio, e as outras a ¼ e ¾ do comprimento da mesma. 122 ANEXO B - TABELAS Tabela 1 - Características de Fios e Barras Diâmetro nominal(A) (mm) Fios Barras 2,4 3,4 3,8 4,2 4,6 5,0 5,5 6,0 6,4 7,0 8,0 9,5 10,0 - 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0 20,0 25,0 32,0 40,0 Massa e Tolerância por unidade de comprimento (kg/m) Massa Massa Massa Massa Massa máxima máxima mínima mínima (B) nominal -10% -6% +6% +10% 0,034 0,036 0,038 0.067 0,071 0,075 0,084 0,089 0,094 0,102 0,109 0,115 0,123 0,130 0,137 0,139 0,145 0,154 0,163 0,169 0,175 0,187 0,198 0,209 0,222 0,235 0,220 0,230 0,245 0,259 0,269 0,238 0,253 0,268 0,238 0,253 0,268 0,355 0,371 0,395 0,418 0,434 0,523 0,558 0,589 0,580 0,617 0,654 0,906 0,963 1,021 1,484 1,578 1,673 2,318 2,466 2,614 3,622 3,853 4,084 5,935 6.313 6,692 9,273 9,865 10,456 - Valores nominais Área da seção (mm2) 4,5 9,1 11,3 13,9 16,6 19,6 23,8 28,3 31,2 32,2 32,2 50,3 70,9 78,5 122,7 201,1 314,2 490,9 804,2 1256,6 Perímetro (mm) 7,5 10,7 11,9 13,2 14,5 17,5 17,3 18,8 19,8 20,1 20,1 25,1 29,8 31,4 39,3 50,3 62,8 78.5 100,5 125,7 (A) Outros diâmetros nominais podem ser produzidos a pedido do consumidor, mantendo-se as faixas de tolerâncias. (B) A densidade linear de massa (em kg/m) é obtida pelo produto da área da seção nominal em m2 por 7850 kg/m3. Tabela 2 - Propriedades mecânicas exigíveis de barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado C A T E G O R I A CA-25 CA-50 CA-60 Ensaios de tração (valores mínimos) Resistência Característica de Escoamento (A) fy (MPa)F Limite de resistência fst (MPa)F 250 500 600 1,20 fy 1,10 fy 1,05 fy(E) Alongamento em 10φ φ(C) Ensaio de dobramento a 180o Diâmetro de pino(D) (mm) (%) φ < 20 φ ≥ 20 18 8 5 2φ φ 4φ φ 5φ φ 4φ φ 6φ φ - Aderência Coeficiente de conformação superficial mínimo para φ ≥ 10mm η 1,0 1,5 1,5 123 (A) Valor característico do limite superior de escoamento (LE ou σe da NBR 6152 ou f y da 6118) (B) O mesmo que resistência convencional à ruptura ou resistência convencional à tração. LR ou σt da NBR 6152. (C) φ é o diâmetro nominal em mm. (D) As barras com φ ≥ 32 da categoria CA-50 devem ser dobradas sobre pinos de 8φ (E) fst mínimo de 660 MPa (F) Para efeitos práticos de aplicação desta norma , pode-se admitir 1MPa = 0,1 kgf/mm2 Tabela 3 - anexo B: Diâmetro nominal φ (mm) 2,4 - 3,4 - 3,8 - 4,2 e 4,6 5,0 5,5 6,0 6,3 6,4 7,0 8,0 10,0 12,5 16 20 25 32 40 Massa Máxima dos lotes (t) Categoria do aço CA - 25 CA – 50 CA - 60 6 8 10 13 16 20 25 25 25 25 4 4 5 5 5 5 6 6 8 10 13 16 20 25 25 4 4 5 5 5 5 6 6 8 10 13 16 20 25 25 Ensaios de Aço para Concreto Armado Máquina de tração com relógio comparador posicionado (cada divisão corresponde a 0,01mm) 124 CP 01: com patamar de escoamento no diagrama tensão-deformação CP 02: sem patamar de escoamento CP 01 - φ ½” Deformações 2500 4000 5400 6500 --6650 --6650 ---6900 --8500 (Ruptura) 8000 7000 Carga Aplicada (kgf) 0,05 0,1 0,15 0,2 --0,35 --0,5 ---0,95 --1,2 6000 5000 4000 3000 2000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Deformações específicas (DL/L) Fy = 6.600kgf Fst = 8500kgf fy = 546,5 MPa > 500MPa CA 50 fst = 703,9 MPa fst / fy = 1,29 Diagrama Tensão x Deformação Aço CA-60 (diam.=5mm) CP 02 - φ 3/16” 1600 1400 Carga Aplicada (kgf) Deformações 0,05 250 0,1 440 0,15 670 0,2 870 0,25 1100 0,3 1270 0,35 1370 0,4 1410 0,45 1440 0,5 1450 0,55 1460 0,6 1470 0,65 1470 0,7 1470 0,75 1470 ----1,4 1530 (Ruptura) Diagrama Tensão x Deformação do CP 06 9000 1200 1000 800 600 400 200 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Deformação específica Fy =1450kgf Fst =1530kgf fy = 763,9MPa > 600MPa CA 60 fst = 806MPa fst / fy = 1,05 1,2 1,4 1,6 125 O PLÁSTICO NA CONSTRUÇÃO www.abiplast.org.br Muito grandes são as possibilidades de uso do plástico na construção civil. Segundo a ABIPLAST, a construção civil já participa com 10% do mercado. Segmentação do Mercado do Plástico em 2005 Consumo das Principais Resinas Não é sem razão que já se convencionou chamar o nosso tempo de “Era do Plástico”. Surgido há um século e meio, o plástico evoluiu da posição de sucedâneo à de matéria-prima essencial para um sem número de especificações. Raros foram os materiais tradicionais que não sentiram a competição do plástico ou mesmo não perderam sua liderança. A borracha sintética substituiu o látex natural; as fibras de nylon e outras competem com o algodão, a seda, a lã e o couro; a baquelite, a galalite (plástico natural, termofixo, que vem da caseína do leite e do formol), o poliestireno, o polipropileno e outros tantos ocupam a posição até então indisputada 126 da pedra, da madeira e do ferro; a melamina concorre com a louça e a cerâmica; o PVC, o acrílico e o policarbonato substituem o vidro. Versátil e numeroso, o plástico aparece em todos os campos das atividades dos nossos dias e não há quem possa prognosticar as fronteiras das suas perspectivas (Sindplast - 2006). • Materiais Poliméricos• • Utilizados em diversas áreas da construção civil • Tubulações hidrosanitárias e elétricas • Materiais de isolamento térmico • Fibras • Pinturas • Adesivos • Aparelhos de apoio • Capas para fios elétricos • Tomadas • Disjuntores • Assentos para vasos sanitários • Materiais de impermeabilização • Outros , ! ! " # $% ! &' % % " ! % ! ! ' !% ( ) ! + * , -& ! - ! . 127 $ ) , % 2 / . 0 1" "/ 0 1" 2 . 0 1" " *345 6* /! ) 5 */75 6* 0 :" ! ; # ! # $ 3(' 89* % ! $ % $% < % $ . = Conceituação Podemos considerar como plástico os materiais artificiais formados pela combinação de carbono com o oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e outros elementos, orgânicos ou inorgânicos, e que foram moldados nas mais diversas formas, por deformação plástica. Todos os métodos utilizados para obtenção da forma desejada baseiam-se na aplicação de calor e pressão, juntos ou independentemente. As matérias primas básicas podem ser produtos de origem mineral, vegetal ou animal, como nitrogênio, areia, calcário, cloreto de sódio, carvão, petróleo, madeira, leite, etc. Não se usam essas matérias-primas no natural, mas sim após transformações em matérias-primas intermediárias. A partir desses derivados obtêmse os monômeros, que vão formar, por adição ou condensação, os polímeros (quando formados por monômeros iguais) ou copolímeros (quando formados por monômeros desiguais). De modo geral, o produto fornecido pelas grandes indústrias químicas (como a Bayer, Rhodia, Du Pont, etc.) para posterior fabricação dos artefatos plásticos, é 128 denominado monômero (quando constituído por moléculas simples). Polímero (quando constituído por unidades estruturais repetitivas e obtido pela combinação de monômeros). Polímeros são substâncias orgânicas com longas cadeias de átomos de carbono. Classificação Os plásticos são correntemente divididos em três grupos principais: a) Termoplásticos: Polímeros que podem ser fundidos e se dissolvem em alguns solventes. São aqueles que amolecem quando aquecidos, sendo então moldados e posteriormente resfriados. No entanto não perdem suas propriedades neste processo, podendo ser novamente amolecidos e moldados. b) Termofixos (Termorrígidos): nestes, o processo de moldagem resulta da reação química irreversível entre as moléculas do material, tornando-o duro e quebradiço, não podendo ser moldado outra vez. Não se fundem, transformam-se em pó (fuligem) ao ser aquecido acima de determinada temperatura. Também não se dissolvem em solventes. c) Elastômeros: Polímeros que apresentam alta elasticidade, ou seja, apresentam alta deformação sob tensão, retomando seu formato original após ela ter sido aliviada; são denominados borracha sintética. A exemplo dos termorrígidos, os elastômeros não se fundem e não se dissolvem totalmente em solventes. Pela grande variedade existente, citaremos apenas os mais conhecidos e empregados na área de construção civil: a) Termoplásticos: polietileno, poliestireno, acrinolitrila (orlon), náilon, polibuteno, policloreto de vinila (PVC), poliacetato de vinila (PVA), acrílicos, policarbonato, poliacetal (POM), ABS, PET, poliuretano. b) Termofixos: fenol formaldeído (baquelite), uréia formaldeído (espuma), poliéster (dracon) “terilene”, resina alquídica, resina epóxi. c) Elastrômeros: policloropreno (neoprene), isobutileno-isopreno (butyl), politetrafluoretileno (teflon, viton), polissulfeto (tiokol), estireno-butadieno (SBR), polisiloxano (silicones), poliuretano (adiprene). 129 Propriedades e vantagens dos plásticos - pequeno peso específico; - isolantes elétricos; - possibilidade de coloração como parte integrante do material; - baixo custo (tendem a ser econômico); - facilidade de adaptação à produção em massa e processos industrializados. - Resistentes à corrosão. Desvantagens (não generalizadas) Fraca resistência aos esforços de tração, ao impacto, à deformação sob carga, baixa rigidez, baixa resistência ao calor e às intempéries. Níveis de qualidade para a construção Buscam-se nos plásticos para construção os seguintes níveis qualitativos: a) Ponto de fusão – os plásticos comuns fundem-se entre 100 e 300oC. Para competir com as cerâmicas e metais, os plásticos devem ter ponto de fusão acima de 800oC. b) Módulo de rigidez – neste quesito, atendem aqueles polímeros que tenham módulo de rigidez pelo menos igual ao do cobre. c) Alongamento de ruptura – A meta é conseguir plásticos com alongamento máximo de 10% na ruptura. d) Resistência à dissolução – a maioria dos plásticos não possui a desejada resistência à dissolução provocada por substâncias químicas; é necessário escolher com critério a resina adequada casos de exposição química. Difícil se torna a fabricação de um plástico que preencha todos os requisitos acima, mas é notório que tem havido grande desenvolvimento nesta área e as resinas têm recebido cargas e aditivos melhorando seu desempenho. Para atuação como material de alta qualidade produzem-se compósitos onde resinas já nobres recebem reforços extraordinários vindo de fibras de alta resistência como as fibras de vidro, de carbono e de aramida. Como exemplo dos níveis atuais, produtos da empresa Pepasa, subsidiária da Petrobrás, blendas ou ligas de resinas termoplásticas, com ou sem reforços, cargas e aditivos, moldáveis por injeção ou extrusão são utilizados na fabricação de peças técnicas e comercializadas como: · ULTRACOMPS®: Compostos termoplásticos reforçados ® · ULTRALLOYS : Ligas de Resinas, com ou sem reforços. 130 ! "# % % % % ) * $ & " ' (& & ! ( * ( ) + , ! . ' ) ! / & 012 0 ' 3 ! . . Plásticos comumente usados na construção 1) Policloreto de vinila (PVC): É o plástico que maior utilização tem na construção. Isso se deve ao seu baixo custo. O PVC é um plástico não 100% originário do petróleo; contém, em peso, 57% de cloro (derivado do cloreto de sódio - sal de cozinha) e 43% de etileno (derivado do petróleo). O polímero é formado pela repetição da estrutura do monocloreto de vinila. As moléculas de MVC são submetidas ao processo de polimerização, ou seja, elas vão se ligando formando uma molécula muito maior, conhecida como PVC (policloreto de vinila). O PVC é duro e tem boa resistência térmica e elétrica. Seu uso maior é na fabricação de tubulações de água, esgoto e eletricidade. Com ele são fabricadas caixas, telhas etc. Com plastificantes, o PVC torna-se mais mole, prestando-se então para a fabricação de tubos flexíveis, luvas, sapatos, "couro-plástico" (usado no revestimento de estofados, automóveis etc), fitas veda-rosca, etc. 131 PVC utilizado para revestimentos de fios elétricos, identificado como item 2 Principais características Leve (1,4 g/cm3) - Resistente à ação de fungos, bactérias e insetos - Resistente à maioria dos reagentes químicos - Bom isolante térmico, elétrico e acústico, Impermeável a gases e líquidos - Resistente às intempéries, Durável: sua vida útil em construções é superior a 50 anos. Não propaga chamas: é auto-extinguível. Versátil e ambientalmente correto - Reciclável e reciclado Fabricado com baixo consumo de energia 2) Poliestireno e 3) Poliestireno expandido (isopor): Dá superfícies brilhantes e polidas. Muito utilizado em aparelhos de iluminação mais baratos. Existe um tipo mais aperfeiçoado (poliestireno de alto impacto) com o qual são feitas conexões de material sanitário, assentos para vasos sanitários, bancos, armários de parede, etc. É obtido a partir do estireno (vinil-benzeno). Esse polímero também se presta muito bem à fabricação de artigos moldados como pratos, copos, xícaras etc. É bastante transparente, bom isolante elétrico e resistente a ataques químicos, embora amoleça pela ação de hidrocarbonetos. Com a injeção de gases no sistema, a quente, durante a produção do polímero, ele se expande e dá origem ao isopor. Suas principais características são: Fácil processamento - Fácil coloração - Baixo custo - Semelhante ao vidro Elevada resistência a álcalis e ácidos Baixa resistência a solventes orgânicos, calor e intempéries 132 Figura - Poliestireno expandido como isolante térmico em sistema de cobertura Tipos : Existem quatro tipos básicos de poliestireno: PS cristal: homopolímero amorfo, duro, com brilho e elevado índice de refração. Usado em artigos de baixo custo. PS expandido: espuma semi-rígida com marca comercial isopor(R). Baixa densidade e bom isolamento térmico. Aplicações: protetor de equipamentos, isolantes térmicos, pranchas para flutuação, geladeiras isotérmicas, etc. Sendo extremamente leve, proporciona ótimos resultados quando aplicado em painéis para paredes divisórias (sanduíches), decoração, forros, isolamento térmico e acústico; inclusive câmaras frigoríficas, pois pode ser aplicado numa gama de temperaturas da ordem de –200oC até + 75oC. Muito usado, ainda, em revestimento isolante de tubulações, isolamento de telhados, rebaixamento de forros, etc. Figura - Poliestireno expandido como fôrma EPS para laje pré-moldada PS resistente ao calor: maior P.M., o que torna seu processamento mais difícil. Tipo ideal para confecção de peças de máquinas ou automóveis, gabinetes de rádios e TV, grades de ar condicionado, peças internas e externas de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, circuladores de ar, ventiladores e exaustores. 133 Poliestireno utilizado na fabricação de espelhos e tomadas elétricas PS de alto impacto: já citado acima. Poliestireno de alta densidade utilizado na fabricação de assentos sanitários 4) Polietileno (PE): O polietileno de alta densidade (PEAD) é um termoplástico derivado do eteno, cuja maior aplicação encontra-se nas embalagens. O PEAD foi introduzido comercialmente na década de 50, e atualmente é o quarto termoplástico mais vendido e a segunda resina mais reciclada no mundo. É obtido a partir do etileno (eteno); tem baixa resistência mecânica. O polietileno é um dos polímeros mais usados pela indústria, sendo muito empregado na fabricação de folhas (toalhas, cortinas, envólucros, embalagens etc), recipientes (sacos, garrafas, baldes etc), canos plásticos, brinquedos infantis, no isolamento de fios elétricos, etc. Baixo custo, flexível, baixa resistência ao calor. Uma grande aplicação é sob a forma de folhas vendidas em rolos de 50m que proporcionam: -cobertura de materiais depositados ao ar livre; de paredes e lajes contra chuva; -cobertura protetora para equipamentos (lona plástica). 134 Eletrodutos flexíveis de Polietileno de alta densidade 5) Polipropileno (PP): Possui propriedades muito semelhantes às do PE, mas com ponto de amolecimento mais elevado. Faz parte da família do polietileno. Mais duro e resistente ao calor, quando comparado com o polietileno. É muito usado na fabricação de artigos moldados e fibras. Principais propriedades: Baixo custo; Elevada resistência química e a solventes; Fácil coloração; Boa estabilidade térmica; Aplicações: Brinquedos; Recipientes para alimentos, remédios, produtos químicos; carcaças para eletrodomésticos; fibras; sacarias (ráfia); filmes orientados; tubos para cargas de canetas esferográficas; carpetes; seringas de injeção; material hospitalar esterilizável; autopeças (pára-choques, pedais, carcaças de baterias, lanternas, ventoinhas, ventiladores, peças para máquinas de lavar). Suas propriedades estimularam o desenvolvimento de vários compostos baseados em PP que, sendo uma resina semi-cristalina, apresenta incremento sensível em suas propriedades físicas com a incorporação de reforços. A Pepasa utiliza-a com 20 ou 30% de fibras de vidro quimicamente acopladas. De "commodity" o PP transforma-se em "plástico de engenharia". 135 6) Nylons (Poliamidas): É o mais nobre dos plásticos e de melhor qualidade. Usado em buchas para fixação, dobradiças e outras “ferragens” de náilon, pequenas peças e acessórios em geral. São moldados em forma de engrenagens e outras peças de máquinas, em forma de fios e também se prestam à fabricação de cordas, tecidos, garrafas, linhas de pesca etc. Segundo a Pepasa, as propriedades das Poliamidas melhoram substancialmente com o acréscimo de reforços. O exemplo dado na tabela abaixo caracteriza a extraordinária performance que pode ser obtida com os compostos formulados a partir dessas resinas. 7) Acrílicos (polimetil-metacrilato - PMMA): São usados em aparelhos de iluminação, decoração, como paredes divisórias, tapa vistas e em substituição ao vidro, principalmente em portas para boxes. Domos de acrílico permitem iluminação e ventilação zenital de grandes superfícies cobertas. Este plástico é muito resistente e possui ótimas qualidades óticas, e por isso é muito usado como "vidro plástico", conhecido como plexiglas ou lucite. É muito empregado na fabricação de lentes para óculos infantis, frente às telas dos televisores, em pára-brisas de aviões. Normalmente o plexiglas é transparente, mas pode ser colorido pela adição de outras substâncias. 136 Acrílico ou (PMMA) é um material termoplástico rígido e transparente; também pode ser considerado um dos polímeros (plásticos) mais modernos e com maior qualidade no mercado, por sua facilidade de adquirir formas, por sua leveza e alta resistência. É também chamado vidro acrílico. Reciclagem viável em termos econômicos. Isso porque os termofixos, diferente dos termoplásticos, só têm reciclagem possível por meios químicos a um custo altíssimo, ou seja, não é economicamente viável. Portanto, ninguém recicla os termofixos. 8) Policarbonato (PC): Também termoplástico, amolece ao ser aquecido e endurece quando resfriado, permitindo que se façam curvas ou outros formatos, sem nenhuma emenda. É um material de alta transparência e resistência a impactos. Mais leve que o vidro, pode ser curvado a frio e tem proteção contra raios ultravioleta. É indicado para coberturas e fechamentos que exigem iluminação natural, pois seu nível de transparência chega a 89%. Por sua alta resistência a impactos (em média 200 vezes superior à do vidro e 30 vezes maior que a do acrílico), é recomendado para cobrir áreas externas como, jardins de inverno, estufas, garagens e piscinas. É encontrado em chapas e telhas. Os policarbonatos são um tipo particular de polímeros de cadeia longa, formados por grupos funcionais unidos por grupos carbonato (-O-(C=O)-O-). Características dos policarbonatos: densidade:1,20. cristalinidade muito baixa, termoplástico, incolor, transparente. É um dos 3 plásticos de engenharia mais importantes (os demais são: PA e POM) O policarbonato está se tornando um material comum no uso do dia-a-dia. Produtos feitos com policarbonato são por exemplo os óculos de sol e os Cds. São recicláveis. Tipos de policarbonato: Daycolor, Day-bloc, Lexan MR10, Lexan filme, Lexan SG, Lexan Thermoclear, Lexan XL10, Lexgard. 9) Poliacetal (Polioximetileno - POM): O Poliacetal, homopolímero ou copolímero, apresenta excelente resistência à hidrólise e aos hidrocarbonetos. O acréscimo de reforços e de lubrificantes permite a obtenção de propriedades excepcionais para aplicação em peças móveis submetidas a esforços mecânicos. O composto de Poliacetal com PTFE (teflon), além de alta resistência ao desgaste, apresenta a capacidade de extinguir arcos elétricos, tornandoo indicado para a moldagem de componentes de Chaves Elétricas. 137 PEÇAS DE POLIACETAL - PEPASA 10) Acrilonitrila-Butadieno-Estireno (ABS): O ABS é uma resina amorfa, com excelente estabilidade dimensional, boa resistência ao impacto, baixa absorção de umidade e resistente ao ataque químico de bases e outros agentes. Com o acréscimo de fibra de vidro (≅40%), várias de suas propriedades são melhoradas, principalmente a rigidez. Pode ser tornado auto-extinguível, encontrando inúmeras aplicações na área eletro-eletrônica. 11) Resinas alquídicas, fenólicas e vinílicas: Largamente empregadas na indústria de tintas e vernizes. A mais empregada é a PVA (acetato de polivinila). Temos ainda os revestimentos plásticos para pisos como: VULCAPISO, PAVIFLEX, ETERFLEX, usando o PVA, a fórmica e no revestimento de chapas como DURAPLAC, usando resinas fenólicas. Baquelite – empregado em eletrotécnica para placas e elementos de tomadas, interruptores, etc. Todas elas servem como matriz para compósitos. 12) Resinas Epóxi: Os epóxi estão sendo aplicados, principalmente, como revestimentos, pela dureza e resistência à abrasão, como matriz para os compósitos de alta qualidade e como adesivos de alta resistência para concreto. As resinas epóxi têm os seguintes empregos característicos: * Adesivos: resistência própria em uma hora, grande adesividade e resistência mecânica elevada. * Revestimento: excelente resistência à abrasão e a agentes agressivos. * Pavimentação: Empregadas como antiderrapante. Em pontes, por exemplo. Uma resina epóxi ou poliepóxido é um plástico termofixo que endurece quando se mistura com um agente catalisador ou "endurecedor". Em 1936, foi licenciado pela 138 empresa química Ciba-Geigy. Hoje em dia as resinas epóxi são utilizadas para uma infinidade de aplicações. Placas de circuito impresso, a mainboard do computador, encapsulamentos de componentes, pisos industriais, tintas anticorrosivas. A companhia brasileira Polipox (www.polipox.com.br) acabou especializando-se neste segmento e hoje apresenta uma infinidade de aplicações para as resinas epóxi como adesivos, revestimento para mármores e granitos, industria eletro-eletrônica, adesivos estruturais, revestimento de tanques e tintas epóxi especiais. Estrutura química do polímero epoxi 13) Neoprene: É borracha sintética usada em impermeabilizações, em estruturas como aparelhos de apoio, em juntas de expansão e como base anti-vibratória. Policloropreno ou Neoprene: resiste muito bem a tensões mecânicas, aos agentes atmosféricos e aos solventes orgânicos. É também empregado na fabricação de juntas, tubos flexíveis e no revestimento de materiais elétricos. 14) Silicones: Resina sintética obtida a partir do silício. Especialmente indicado para proteção de superfícies sujeitas às intempéries. Os silicones não realizam uma vedação mecânica da superfície em que são aplicados. O material que constitui a superfície continua com os seus poros livres para “respirar”. Os repelentes de água à base de silicones concorrem para melhor conservação da limpeza de superfícies expostas às intempéries. Reduz a tensão superficial do material de construção, tornando-a menor que a da água, com isso ela escorrerá pela superfície sem encharcá-la. “Hidrofugação”. 15) Teflon: (politetrafluoretileno - PTFE) Baixíssimo coeficiente de atrito. Não adere a nada e nada adere a ele. O PTFE é um polímero similar ao polietileno, onde os átomos de hidrogênio estão substituídos por fluor. É obtido a partir do tetrafluoretileno. É o plástico que melhor resiste ao calor e à corrosão por agentes químicos; por isso, apesar de ser caro, ele é muito utilizado em encanamentos, válvulas, registros, panelas domésticas, próteses, isolamentos elétricos, antenas parabólicas, revestimentos para equipamentos químicos etc. Substitui mancais e rolamentos. Usado também como calço deslizante em esquadrias de alumínio (janelas de correr). É o material com o mais baixo coeficiente de atrito conhecido. 139 Teflon® é marca registrada da Du Pont. 16) Fenol-Formaldeído (aminoplástico): É empregado para produção de laminados que são conhecidos sob o nome de fórmica. Esses plásticos apresentam polimento na superfície, melhorando a sua resistência química e térmica. 17) Poliuretano: É amplamente usado em espumas rígidas e flexíveis, em elastômeros duráveis e em adesivos de alto desempenho, em selantes, fibras, vedações, gaxetas, preservativos, carpetes, peças de plástico rígido, verniz, cola, pneus, mobílias e assentos de automóveis. Possui resistência à abrasão e ao calor, sendo utilizado em isolamentos, revestimento interno de roupas, em pranchas de surfe, etc. Quando expandido a quente por meio de injeção de gases, forma uma espuma cuja dureza pode ser controlada conforme o uso que se quiser dar a ela. Aplicação de mástique a base de Poliuretano em junta de movimentação 140 Verniz Usam-se materiais poliuretânicos em revestimentos e vernizes para mobílias, carpintaria ou trabalhos em madeira. Como não penetra na madeira, o poliuretano carece do brilho que aparece em outros tipos de tratamento. Cola O poliuretano é usado como adesivo, especialmente como uma cola para trabalhos em madeira. Sua principal vantagem sobre as colas mais tradicionais para madeira é a resistência à água. Pneus O poliuretano também é usado na fabricação de pneus rígidos. Assentos de automóveis As espumas poliuretânicas flexíveis e semi-flexíveis são amplamente utilizadas nos componentes do interior de automóveis: nos assentos, no apoio de cabeça, no descanso de braços, no revestimento do teto e no painel de instrumentos. 18) PET (Politereftalato de Etileno): É um polímero termoplástico ou plástico, utiliza-se principalmente na forma de fibras para tecelagem e de embalagens para bebidas. As garrafas produzidas com este polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. No começo dos anos 80, os Estados Unidos e o Canadá iniciaram a coleta dessas garrafas, reciclando-as inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Mais tarde na década de 90, o governo americano autorizou o uso deste material reciclado em embalagens de alimentos. Resistência Química de Resinas Termoplásticas É de grande importância conhecer o comportamento dos diversos plásticos em ambientes agressivos. É muito comum ouvir-se a defesa do uso do material plástico em substituição aos metais graças à sua excelente resistência química. Essa generalização é muito perigosa. Cada resina apresenta um comportamento específico em contato com agentes químicos. Esse comportamento varia desde uma excelente resistência até a quebra ou mesmo dissolução. A temperatura também exerce grande influência na resistência química dos materiais plásticos. 141 COMPÓSITOS Introdução Compósitos são sistemas constituídos de dois ou mais materiais componentes. A resistência do compósito depende, primeiramente, da quantidade, da disposição e do tipo de reforço aplicado à resina. Tipicamente, quanto maior a quantidade de reforço, maior será a resistência. Em alguns casos, fibras de vidro são combinadas com outras fibras, como as de carbono ou aramidas, criando um compósito "híbrido" que combina as propriedades de mais de um material de reforço. Além disso, freqüentemente, os compósitos são formulados com cargas e aditivos que mudam os seus parâmetros de processo e desempenho. RESIDÊNCIAS Aparelhos Sanitários Os aparelhos sanitários de compósito reforçado com fibras de vidro, por sua alta resistência e leveza, são fáceis de instalar e resistem à corrosão. Ao contrário da porcelana e do aço, a superfície do compósito é morna quando tocada. Por serem moldados com compósitos permitem formas esteticamente mais agradáveis e acabamento superficial funcional. Cada reforço de fibra é projetado para ser compatível com uma ou várias resinas em particular. Seria impraticável relacionar os inúmeros polímeros que podem ser melhorados com as fibras; no entanto, todos os polímeros acabam caindo em um de dois grupos básicos: termofixos e termoplásticos. Os termofixos, ou resinas termofixas, curam num estado irreversível, porque sua estrutura molecular é interligada. Compara-se a resina termofixa a um ovo. Uma vez cozido, essencialmente, permanece no mesmo estado. Como exemplo de resinas termofixas para compósitos, temos as resinas poliéster insaturadas, éster-vinílicas, epóxis, uretânicas e fenólicas. Por outro lado, uma resina termoplástica tem estrutura molecular linear, que amolece repetidamente quando aquecida em direção ao seu ponto de fusão e endurece quando resfriada. Em termos simples, pode-se comparar um termoplástico à parafina, a qual flui quando aquecida e endurece tomando sua forma quando resfriada. Como exemplos de resina termoplástica para compósitos, temos polipropileno, polietileno, poliestireno, ABS (acrilonitrilabutadieno-estireno), "nylon", policarbonato, poliéster termoplástico, óxido de polifenileno, polisulfona e PEEK (poli-éter-éter-cetona). (site da Owens Corning -2006) 142 Eficiência do Reforço de Compósitos para Diferentes Orientações das Fibras e a Várias Direções de Aplicação da Tensão Orientação das Fibras Direção da Tensão Paralela às fibras Perpendicular às fibras Eficiência do Reforço 1 0 Fibras distribuídas aleatória e uniformemente dentro de um plano específico Qualquer direção no plano das fibras 3/8 Fibras distribuídas aleatória e uniformemente dentro das três dimensões no espaço. Qualquer direção 1/5 Todas as fibras paralelas Fonte: Ciência e Engenharia de Materiais – Callister, Jr. – 4a ed., 2002. Regra das Misturas De um modo geral as propriedades dos compósitos resultam de médias ponderadas entre as propriedades de cada componente com as respectivas frações volumétricas de cada um na mistura, levando-se ainda em consideração a disposição das fibras e a direção das tensões aplicadas. Assim, por exemplo, o módulo de elasticidade do compósito em termos longitudinais vale a seguinte média ponderada: Ecl = EmVm + EfVf Onde, Ecl representa o módulo de elasticidade do compósito na direção longitudinal, Vm “ a fração volumétrica da matriz na mistura, e Vf “ a fração volumétrica da fibra incluída na mesma. Fibras para Reforço de Materiais Plásticos Nos Estados Unidos, os três principais tipos de fibras sintéticas que se usam para reforçar materiais plásticos são: as fibras de vidro, as fibras de aramido* e as fibras de carbono. As fibras de vidro são, de longe, o reforço mais usado e o mais barato. As fibras de aramido e as fibras de carbono apresentam resistências mecânicas elevadas e baixa densidade, pelo que, apesar do seu preço mais elevado, são utilizadas em muitas aplicações, especialmente na indústria aeronáutica e aeroespacial. * a fibra de aramido é uma fibra polímérica de poliamida aromática com uma estrutura molecular muito rígida. Fibras de vidro As fibras de vidro são usadas para reforçar matrizes plásticas, de modo a obter compósitos estruturais e componentes moldados. Os compósitos de matriz plástica reforçados por fibras de vidro apresentam as seguintes características favoráveis: elevada razão (quociente) resistência/peso; boa estabilidade dimensional; boa resistência ao calor, às baixas temperaturas, à umidade e à corrosão; boas propriedades de isolamento elétrico; facilidade de fabrico; e custo relativamente baixo. Os dois mais importantes tipos de vidro usados na produção de fibras de vidro para compósitos são o vidro E (elétrico) e o vidro S (elevada resistência mecânica). 143 O vidro E é o mais usado para obtenção de fibras contínuas. Basicamente, o vidro E é um vidro de boro-silicato, alumínio e cálcio, isento, ou com muito baixos teores, de sódio e potássio. A composição básica do vidro E situa-se entre 52-56% SiO2, 1216% Al2O3, 16-25% CaO e 8-13% B2O3. Logo após fabrico, a fibra do vidro E apresenta uma resistência à tração de cerca de 3,4 GPa e um modulo de elasticidade de 72,3 GPa. O vidro S tem uma razão resistência/peso mais elevada, e é mais caro do que o vidro E, sendo geralmente utilizado em aplicações militares e aeroespaciais. A resistência à tração do vidro S é superior a 4,4GPa, e o seu módulo de elasticidade é aproximadamente 85,4GPa. O vidro S tem uma composição do tipo 65% SiO2, 25% Al2O3 e 10% MgO. Propriedades das fibras de vidro Na tabela abaixo comparam-se as propriedades em tração e a densidade das fibras de vidro E com as propriedades das fibras de carbono e das aramidas. Note-se que as fibras de vidro têm uma menor resistência à tração e um módulo de elasticidade mais baixo do que as fibras de carbono e do que as fibras de aramido, embora apresentem um maior alongamento. PROPRIEDADES DE FIOS DE FIBRAS PARA REFORÇO DE PLÁSTICO Propriedade Vidro E Carbono Aramido (Kevlar 49) Resistência à tração, MPa Módulo de Elasticidade, GPa Alongamento na ruptura, % Densidade, g/cm3 2410 69 3.5 2.54 3100 220 1.4 1.75 3617 124 2.5 1.48 A densidade das fibras de vidro é também maior do que a densidade das fibras de carbono e de aramido. No entanto, devido à sua versatilidade e baixo custo, as fibras de vidro são, de longe, o material mais usado para reforçar os plásticos. Fibras de carbono Os materiais compósitos constituídos por fibras de carbono para reforçar uma matriz polimérica, por exemplo, de resina epoxídica, são caracterizados pelo fato de apresentarem uma combinação de baixo peso, resistência mecânica muito elevada e elevada rigidez (módulo de elasticidade). Estas propriedades fazem com que os materiais compósitos de matriz polimérica reforçados por fibras de carbono sejam especialmente atrativos para aplicações aeroespaciais, como por exemplo, no avião. Infelizmente, o custo relativamente elevado das fibras de carbono faz com que sua utilização seja limitada em muitas outras indústrias, como por exemplo, na indústria automotiva. Em geral as fibras de carbono são produzidas a partir do precursor PAN*, através de três etapas de processamento: (1) estabilização, (2) carbonação e (3) grafitização. * PAN (poliacrilonitrilo – o acrinolitrilo é utilizado na forma de fibras em aplicações análogas às da lã, tais como cobertores e outros. É também utilizado na produção de copolímeros de estireno- acrilonitrilo e a resina ABS). 144 Na etapa de estabilização, as fibras PAN, são primeiro esticadas para se conseguir o alinhamento das redes fibrilares no interior de cada fibra, segundo o eixo respectivo: em seguida, são oxidadas ao ar a cerca de 200 a 220oC enquanto permanecem tracionadas. A segunda etapa no fabrico das fibras de carbono de elevada resistência é a carbonação. Nesta etapa, as fibras PAN estabilizadas são aquecidas até que se transformem em fibras de carbono por eliminação do O, H e N da fibra do precursor. O tratamento térmico (isto é, a pirólise) para a carbonação é geralmente realizado numa atmosfera inerte, a uma temperatura entre 1000 e 1500oC. Durante o processo de carbonação, no interior de cada fibra, formam-se fibrilas ou fitas com a estrutura da grafite, as quais fazem aumentar bastante a resistência à tração do material. A terceira etapa, ou tratamento de grafitização, é usada no caso de se desejar aumentar o módulo de elasticidade. Durante a grafitização, realizada acima dos 1800oC, intensifica-se a orientação preferencial das cristalites de grafite no interior de cada fibra. As fibras de carbono obtidas a partir do material precursor de PAN, apresentam uma resistência à tração que varia entre cerca de 2,34 e 3,17 GPa, e um módulo de elasticidade em tração que varia entre cerca de 193 e 413 GPa. O módulo de elasticidade em tração das fibras de carbono obtidas do PAN aumenta de um modo contínuo, à medida que se aumenta a temperatura da pirólise, atingindo-se um valor de cerca de 400GPa. Fibras de aramido Fibras de aramido são a designação genérica dada às fibras de poliamida aromática. As fibras de aramido foram introduzidas no comércio em 1972 pela Du Pont, sob o nome comercial de Kevlar 49. O kevlar 49 é caracterizado por possuir resistência mecânica e módulo de elasticidade elevados, assim como uma densidade baixa. A densidade do Kevlar 49 faz com que as suas fibras sejam usadas como reforço de matrizes poliméricas, em compósitos com aplicações nas indústrias aeroespacial, marítima, automobilística e outras. As fibras de Kevlar são usadas em compósitos de elevada exigência, para aplicações em que se requer baixo peso, grande resistência mecânica e grande rigidez, resistência à deterioração e resistência à fadiga. Tem especial interesse o material feito com fibras de Kevlar numa matriz epoxídica, que é usado em vários componentes do vaivém espacial. Ver abaixo uma distribuição dos diferentes tipos de compósitos num avião: 145 Plástico Reforçado com Fibras de Vidro – Fiberglass O Fiberglass é um material que, produzido pela combinação de uma matriz plástica reforçada com fibras de vidro, pode ser processado de várias maneiras para se obter uma extensa variedade de produtos e que tem aplicações nos mais diversos setores. O plástico reforçado com fibras de vidro possibilitou o desenvolvimento de uma infinidade de novos produtos: barcos, automóveis, cabines de caminhões, tanques para caminhões, tanques de armazenagem, tubulações, equipamentos industriais, móveis, painéis e muitos outros. No campo da construção civil, exemplos notáveis de aplicações do fiberglass são encontrados nas mais diversas partes do mundo: - casas moduladas com paredes duplas tipo sanduíche, com núcleo de poliuretano. - Painéis de fachadas das mais variadas formas e cores, pesando cerca de quarenta vezes menos, quando comparados ao concreto. - Restauração de edifícios onde é importante se manter o estilo arquitetônico de balaustradas, colunas e painéis de fachada. - Coberturas de galpões e pavilhões, inclusive hangar de aviões. Composição A mistura dos componentes, através de vários processos de fabricação, resulta em laminados com diversas porcentagens de fibras de vidro, que podem variar de 25 a 75%, dependendo das características mecânicas que se queira dar aos mesmos. Características O fiberglass é um material básico de engenharia cujas principais características são: Baixo peso, permitindo fácil manuseio na aplicação e economia no transporte. Consolidação das partes e flexibilidade de projeto, permitindo a fabricação de peças monolíticas, reduzindo custos e proporcionando condições a engenheiros e arquitetos de projetarem uma variedade de peças, não havendo limites para sua imaginação. Baixo custo ferramental de produção. Custo menor de acabamento, considerando que, uma vez moldadas, as partes estão prontas para serem utilizadas e na cor desejada. 146 Estabilidade Dimensional, mantêm suas dimensões mesmo quando utilizado em uma grande faixa de variação de temperatura e condições adversas. Resistência química e às intempéries, ele se mantém inerte a uma imensa variedade de ambientes agressivos e também a ação das chuvas, vento, sol, maresia, calor e frio. Alta resistência mecânica, podendo ser projetado para resistir a altas cargas. Facilidade de reparos em estruturas que se danificam em casos de acidente. Conceitos O conceito arquitetônico oferece ao projetista a possibilidade de criatividade e imaginação, dado não só pela flexibilidade do projeto, mas também pela riqueza de detalhes que o material proporciona. Fiberglass é decorativo e apresenta excelente acabamento superficial, mesmo em formas complexas. O conceito de engenharia define o fiberglass como material básico de engenharia, devido as suas altas propriedades mecânicas. Mais leve que o alumínio e tão resistente quanto o aço, permite a construção de peças autoportantes com total função estrutural. A estabilidade dimensional permite a construção de peças idênticas, um aspecto importante nos projetos arquitetônicos. Quanto ao conceito econômico, o emprego do fiberglass na construção civil conduz a uma economia global devido à durabilidade das peças, à sua leveza, pois dispensa equipamentos para transporte horizontal e vertical e alivia as estruturas de suporte, à não necessidade de manutenção, à facilidade de reparos e à disponibilidade de vários processos de fabricação que geralmente envolvem moldes e equipamentos econômicos, em relação aos exigidos por outros materiais. Aplicações banheiras e pisos-box, telhas e chapas onduladas, domos, piscinas, caixas d’água, pias, venezianas, portas, peças especiais e Formas para concreto – representam uma das principais aplicações na construção civil, não como elemento de composição, mas sim como auxiliar, tanto para moldagem de concreto aparente quanto para lajes nervuradas e concreto pré-moldado. A função da forma de concreto é suportar o peso próprio até que o concreto desenvolva resistência suficiente para se auto-suportar. Proporciona: - excelente acabamento ao concreto: superfície lisa, brilhante e rica em detalhes - liberdade de projeto em forma e tamanho. Processos de fabricação: Laminação a pistola ou Spray-up, Prensagem a quente, etc www.abrafati.com www.sherwinwilliams.com.br www.suvinil.com.br 147 TINTAS O que é tinta Antes de explicar o conceito de tinta é importante lembrar que estamos nos referindo às tintas de revestimento, e não às tintas gráficas. Esses tipos de tintas são bem distintos. Tanto que em outras línguas, como o inglês, o francês e até o espanhol, usam duas palavras diferentes para definir cada uma. Normalmente as tintas de revestimento são classificadas como: Tintas Imobiliárias/Arquitetônicas Tintas para Automóveis e Veículos Automotores (tintas originais e para repintura) Tintas Industriais A tinta é uma preparação, geralmente na forma líquida, cuja finalidade é a de revestir uma dada superfície ou substrato para conferir beleza e proteção. Quando essa tinta não contém pigmentos, ela é chamada de verniz. Por ter pigmentos a tinta cobre o substrato, enquanto o verniz o deixa transparente. Os componentes básicos da tinta são: Resina É a parte não-volátil da tinta, que serve para aglomerar as partículas de pigmentos. A resina também denomina o tipo de tinta ou revestimento empregado. Assim, por exemplo, temos as tintas acrílicas, alquídicas, epoxídicas, etc. Antigamente as resinas eram à base de compostos naturais, vegetais ou animais. Hoje em dia são obtidas através da indústria química ou petroquímica por meio de reações complexas, originando polímeros que conferem às tintas propriedades de resistência e durabilidade muito superiores às antigas. Pigmento Material sólido finamente dividido, insolúvel no meio. Utilizado para conferir cor, opacidade, certas características de resistência e outros efeitos. São divididos em pigmentos coloridos (conferem cor), não-coloridos e anticorrosivos (conferem proteção aos metais). Aditivo Ingrediente que, adicionado às tintas, proporciona características especiais às mesmas ou melhorias nas suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases da fabricação e conferir características necessárias à aplicação. Existe uma variedade enorme de aditivos usados na indústria de tintas e vernizes, como secantes, anti-sedimentantes, niveladores, antiespumante, etc. Solventes Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado nas tintas e correlatos para dissolver a resina. São classificados em: solventes aditivos ou verdadeiros, latentes e inativos. Glossário Látex PVA: emulsão de água e acetato de polivinila. Seca rápido e é vendido na versão fosca, que dá acabamento aveludado. Látex acrílico: composto de resina acrílica à base de água. É lavável e está disponível nos acabamentos acetinado, semibrilho e fosco. Há versões elásticas, para fachadas. Esmalte sintético: feito de solvente ou água. Nas versões brilhante, acetinado e fosco, seca rápido, tem alta durabilidade e risca pouco. Esmalte epóxi: à base de solvente ou água, cria uma camada resistente à umidade e atrito, ideal para cozinha e banheiro. PSQ – Tintas Imobiliárias divulga marcas não-conformes Com a proposta de melhorar o nível das tintas imobiliárias no mercado brasileiro, e de combater a concorrência desleal e defender o interesse do consumidor final, a ABRAFATI, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, coordena o Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias. O Programa visa combater a não-conformidade intencional, que é o não atendimento constante das especificações previstas nas normas brasileiras e técnicas. No Relatório Setorial 08B foram apresentadas, pela primeira vez, as marcas conformes e não-conformes. A relação está publicada no site do Ministério das Cidades – www.cidades.gov.br/pbqp-h e anexa a este material. O Programa está sendo implantado de forma gradual, permitindo que os fabricantes possam adequar os produtos aos critérios estabelecidos na NBR 15079 – Tintas para construção civil – Especificação dos requisitos mínimos de desempenho de tintas para edificações não industriais – Tinta látex nas cores claras, publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT. 148 Vale dizer que a tinta látex econômica corresponde ao menor nível de qualidade de uma tinta látex. Assim, as tintas látex comercializadas no Brasil devem atender, no mínimo, à especificação da NBR 15079. Após a publicação da referida norma, a ABRAFATI fez ampla divulgação do assunto para os fabricantes de tintas e também anúncios em revistas especializadas. Para a verificação da conformidade, as tintas foram submetidas aos ensaios de poder de cobertura de tinta seca (NBR 14932), que prevê que a película de tinta deve apresentar o poder de cobertura de no mínimo 4,0 m²/l; poder de cobertura de tinta úmida (NBR 14943), que deverá ter a razão de contraste de no mínimo 55%; e resistência à abrasão sem pasta (NBR 15078), durante 100 ciclos. A produção e comercialização de produtos em consonância com as normas técnicas são contempladas pelo Código de Defesa do Consumidor, no artigo 39, que prevê punições tanto para o fabricante do produto não-conforme como para os responsáveis pela comercialização. O PSQ – Tintas Imobiliárias, que integra o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat, PBQP-H, do Ministério das Cidades, recebe apoio das entidades do setor – Anamaco, Anfatis, Artesp, Caixa Econômica Federal, Senai, Sindiquim, Sintirj e Sinduscon. Também apóiam o Programa, os principais fornecedores de matérias-primas: Air Products, BASF, Brasilata, Clariant, Degussa, Denver, DuPont, Imerys, Itatex, Millenium, Miracema, Oxiteno, Petrobrás e Rohm and Haas. Os fabricantes participantes são: Coral, Dacar, Futura, Killing, Renner Sayerlack, Sherwin-Williams, Sunshine e Universo. Esta classificação leva em consideração as empresas participantes do Programa cujas marcas de tinta látex econômicas possuem histórico de conformidade em 149 todos os requisitos de desempenho considerados na norma NBR 15079; quais sejam: poder de cobertura de tinta seca, poder de cobertura de tinta úmida e resistência à abrasão úmida sem pasta abrasiva. MARCAS NÃO-CONFORMES BONALÁTEX * - +/ -4 5 + )/1) *+ ) -4 5 *+6-/* * )/* 7 / -4 5 + %/ / / - + /--4 5 COPALÁTEX -/ + 5 -4 + / + 5 -4 5 2/ /- *+6-/* 8 ) / -4 - + / -4 2/: 2/ /--4 / ) ( ' -4 ; , ; 5 2/ /- 5 5 5 * 9)/* 5 2 5 , # C < # ! + =>?@A ; C B D $ E & TINTAS E VERNIZES A maneira mais comum de se combater a deterioração dos mais diversos tipos de materiais é proteger suas superfícies, aplicando-se-lhes uma película resistente que impeça a ação dos agentes de destruição ou corrosão. Essas películas podem ser obtidas pela aplicação de tintas, vernizes, lacas ou esmaltes. TINTAS Conceituação Tinta é uma composição líquida pigmentada que se converte em película sólida quando aplicada. As tintas que são os produtos mais usados para proteger materiais, são constituídas especialmente de uma suspensão de partículas opacas (pigmentos) em veículos fluídos. A principal função das partículas é cobrir e decorar a superfície; a do veículo, aglutinar as partículas e formar a película de proteção (filme). Além desses, as tintas modernas contêm outros componentes, como se verá em seguida. MECANISMOS DE FORMAÇÃO DE FILMES 150 MECANISMOS EXEMPLOS Evaporação de uma das fases de uma emulsão ou “coalescência” Lacas Nitro Lacas Acrílicas Borracha Clorada Tintas Vinílicas Emulsões PVA Emulsões Acrílicas Polimerização pelo calor Alquídica-melamina Polimerização por oxidação c/ oxigênio do ar Polimerização com catalisadores Polimerização entre dois componentes Polimerização com o próprio solvente Tintas a óleo Esmaltes alquídicos Melamina–formaldeído Uréia formaldeído Epóxi, fenólicas, Isocianatos Evaporação do solvente de uma solução Resinas Poliéster APLICAÇÕES Repintura de automóveis Manutenção especializada Tintas Imobiliárias Acabamentos originais de: automóveis, eletrodomésticos e móveis de aço Tintas Imobiliárias Manutenção especializada Fórmica e madeira aglomerada, Pisos em geral (synteco-cascolac) Pisos Manutenção especializada Pisos Acabamentos especiais Atualmente fabricam-se tintas que atendem as mais diversas finalidades. Assim, existem tintas luminescentes, tintas que inibem o ataque de fungos, bactérias, algas e outros organismos; tintas resistentes ao calor, a prova de fogo, etc. Pintura – A pintura pode ser executada por espalhamento ou por imersão. Uma vez seca, forma uma película na superfície pintada, protegendo-a ou decorando-a. A pintura por ser o último serviço, é vista tanto por leigos quanto por técnicos e, por isso, deve ser perfeita. Deve ser iniciada após a conclusão de todos os outros serviços da obra para evitar manchas ou danificação da superfície pintada. PIGMENTOS - CLASSIFICAÇÃO E EXEMPLO DOS DIVERSOS TIPOS TIPO INORGÂNICOS ORGÂNICOS ORIGEM ATIVOS OU OPACOS INERTES OU CARGAS NATURAIS Terra de Siena Ocres Talco, Mica, sulfato de bário, Caulim, CaCO3 SINTÉTICOS Óxido de Zinco, Óxido de Titânio, Litopônio, Zarcão, Azul da Prússia, Verde de Cromo, Amarelo de Zinco, Negro de Fumo Barita e CaCO3 precipitados METÁLICOS Pó de: Zinco, Alumínio e Bronze - SINTÉTICOS Bordeaux: vermelhos, laranjas e amarelos permanentes Amarelo Hansa, Vermelho Toluidina Azul e verde Ftalocianina - 151 Classificação das Tintas Conforme quadros acima, os produtos do mercado diferem tanto entre si, que escapam às limitações de qualquer classificação, quer se baseie na origem do pigmento, no veículo usado, ou na finalidade. Fabricação das Tintas Indicação de tintas conforme o substrato 152 A -TINTAS A ÓLEO São constituídas de: Veículos, Solventes, Secantes, Pigmentos, Pigmentos reforçadores e Cargas Os principais tipos de óleo são: óleo de linhaça, óleo de soja, óleo de mamona, etc. Veículos: Todos eles são óleos secativos, isto é, expostos ao ar em finas camadas, formam uma película útil (sólida, relativamente flexível e resistente, aderente à superfície, aglutinante do pigmento, etc). As características exigíveis de um bom veículo são, principalmente: - adesividade da película resultante - flexibilidade - secagem mais rápida Solventes: a função essencial desse componente é baixar a viscosidade do veículo de maneira a facilitar a aplicação da tinta em cada caso particular. As duas propriedades mais importantes de um solvente são: - solvência - facilidade de dissolver os vários óleos e resinas empregados. - volatilidade – velocidade com que ele evapora. Espessura da película ≤ 0,25mm O solvente mais antigo usado em tintas a óleo é a aguarrás (essência de terebintina). Outras substâncias, isoladas ou em misturas, podem ser empregadas como solventes, como exemplo tem-se: o thinner (gasolina especial) e a aguarrás mineral obtida do alcatrão da hulha. Secantes: são catalisadores da absorção química de oxigênio, e, portanto, do processo de secagem. São constituídos geralmente de sabões, resinatos ou naftenatos de zinco, chumbo, cobalto, manganês e vanádio. As quantidades usadas variam de 0,05% a 0,2%. Secantes em excesso geram películas duras e quebradiças. Pigmentos: consistem em pequenas partículas cristalinas que devem ser insolúveis nos demais componentes da tinta e têm por finalidade dar cor e opacidade à película útil. Propriedades Importantes que os pigmentos conferem às tintas: - Cor: aparência segundo o modo como absorvem ou refletem as radiações luminosas. Assim, um pigmento azul reflete principalmente a parte azul do espectro, enquanto absorve os outros comprimentos de onda (ou cores). - Poder de cobertura: capacidade que o pigmento tem de obliterar o fundo. - absorção de óleo: dosagem de óleo (linhaça)/g de pigmento para formar uma suspensão fluida. (gramas de óleo/100g de pigmento). Pigmentos reforçadores e cargas: são materiais que podem melhorar a qualidade de uma tinta, apesar de possuírem baixo poder de cobertura. Ex.: talco, argila, gipsita, sílica, etc. B – TINTAS PLÁSTICAS EMULSIONÁVEIS: PVA Fundamentalmente as tintas plásticas são aquelas em que uma resina não solúvel em água é convertida em uma emulsão na qual a água é a fase de dispersão ou fase contínua. São foscas e mais baratas que as outras tintas plásticas. Essas tintas são de fácil aplicação e podem ser diluídas em água, o que representa uma boa economia. Podem ser aplicadas em alvenarias, madeiras e metais. Emulsões: são sistemas de dois líquidos imiscíveis, um dos quais está disperso no outro na forma de pequenas gotas. Para se preparar emulsões coloidais estáveis, é usualmente necessário adicionar-se uma pequena quantidade de um agente emulsificante, tal como um sabão, que reduza a tensão superficial entre os dois líquidos. Gelatina, albumina, goma arábica e outros liófilos são também usados como agentes emulsificantes. Função dos vários componentes de tinta plástica emulsionável: (látex, plastificantes, colóides protetores, anti-espuma, pigmentos, cargas) Látex: Se um monômero adequado é polimerizado em emulsão, o produto imediato é um látex, bastante similar ao látex de borracha natural. Quando uma película de tinta plástica emulsionável é aplicada, a água evapora e as partículas de resina coalescem (se aglutinam), para formar a película útil. Plastificantes: Modificam a dureza e a flexibilidade da resina PVA 153 Colóides protetores: Para melhorar a estabilidade da emulsão. Podem ser atacados por fungos, o que torna necessária a inclusão de um fingicida. Anti-espuma: Visam reduzir a formação de espumas durante a aplicação. Pigmentos: Para dar cor e poder de cobertura Cargas: Para prevenir a sedimentação dos pigmentos ou melhorar a resistência à água da película. Agentes emulsificantes: Dão estabilidade à emulsão e aumentam o poder de cobertura da película final. Tintas Acrílicas: são as melhores tintas plásticas, podendo ser, em casos especiais, diluídas em água. Elas são usadas em pinturas esmaltadas e também em tintas de látex. C – TINTAS PARA CAIAÇÃO São bastante conhecidas e de baixo custo. Seu componente principal é a cal extinta [Ca(OH)2]. O leite de cal (dispersão aquosa do hidróxido) pode ser usado diretamente como tinta de caiação, obtendo-se um acabamento muito branco. Para as coloridas, é só incorporar pigmentos resistentes ou estáveis face à cal. Dosagem de pigmentos: ≤ 10%. Não devem ser aplicadas em ambientes expostos às intempéries. Cimento Branco: essas tintas podem ser lavadas por terem propriedades hidráulicas. São feitas à base de cimento branco e corantes. 154 D – TINTAS ESPECIAIS Tintas de Borracha: as tintas de borracha são impermeáveis e isolam a eletricidade. São compostas de derivados à base de borracha clorada ou látex. Tintas betuminosas: são as soluções asfálticas, impermeabilizantes, normalmente pretas ou muito escuras. Essas tintas são empregadas na impermeabilização de lajes, proteção de chapas de ferro, sendo importantes pela sua resistência ao ataque de substâncias químicas. Tintas Metálicas: são soluções oleosas de pó metálico. Podem ser fabricadas com pó de zinco ou óxido de zinco. Têm a propriedade de ser altamente anticorrosivas. Sua principal aplicação é em superfícies metálicas e para retocar peças galvanizadas. Epóxi: as resinas epóxi, preparadas com pigmentos, são muito aplicadas em pisos por apresentarem grande resistência à abrasão. Tintas venenosas: essas tintas são empregadas especialmente para combater as bactérias e fungos que atacam a madeira. Sua proteção é temporária, sendo necessária renovação periódica. Interessam à construção naval, pois previnem o ataque aos navios e ancoradouros pelas larvas marinhas, algas, mariscos e outros organismos. A adição de 5 a 6% de DDT na forma de solução em óleo mineral a tintas para exteriores ajuda a controlar a proliferação de insetos, mantendo a tinta ativa pelo menos por dois anos. Tintas resistentes ao calor: As temperaturas elevadas causam a destruição das tintas comuns. As modernas tintas e esmaltes resistentes à temperatura, são formuladas com veículos à base de “silicone”, pós metálicos e pigmentos estáveis ao calor. São usadas para acabamentos de fornos, chaminés, colunas de destilação, etc. Tintas retardadoras da combustão: a efetividade da camada protetora depende da decomposição dos componentes da tinta pelo calor, quando desenvolvem amônia, ou água ou CO2 ,etc. Tais componentes podem ser: fosfato de cálcio e amônio, fosfato de magnésio e amônio, vários baratos, carbonatos, compostos orgânicos clorados, etc. Tintas indicadoras de temperatura: As tintas que contêm matérias que apresentam uma mudança de cor em temperaturas definidas podem ser usadas para indicar pontos quentes em um equipamento, deficiência de um isolamento, etc. Podem ser usadas várias combinações de componentes, o que torna possível cobrir, em escala, de 45oC a 1.400oC com tolerância de 1% no valor da temperatura indicada. Os componentes utilizados incluem sais duplos e amino-sais de ferro, cobalto, manganês, níquel, cobre, cromo, molibdênio e urânio. Tintas Luminescentes: Podem ser fluorescentes ou fosforescentes. Fluorescentes: usadas em mostradores de aparelhos e sinais de tráfego. Os principais pigmentos fluorescentes são: sulfato de zinco com cádmio, prata, cobre, etc Fosforescentes: fornecem brilho de longa duração após breve exposição. São usados sulfetos de zinco e cálcio relativamente impuros (fosforescências verdes, amarelas e alaranjadas); exposição de 10s a 1 min. brilham por algumas horas. Os sulfetos de cálcio ou estrôncio (fosforescência violeta, azul, etc.) requerem maior tempo de iluminação que os anteriores mas a fosforescência permanece por um tempo pelo menos três vezes maior. E - VERNIZES, LACAS E ESMALTES Vernizes (transparentes ou translúcidos - tinta sem pigmento) Os vernizes são soluções de gomas ou resinas em diluentes apropriados. Os vernizes podem ser aplicados diretamente sobre superfícies de madeira ou mesmo sobre uma camada de pintura a óleo. Existem 4 tipos de vernizes, ou seja, a óleo, a álcool, de essências e vernizes plásticos. -Os vernizes a óleo são mais resistentes às intempéries, têm brilho fosco e demoram mais para secar. -Os vernizes a álcool são mais finos, recomendados para madeiras e superfícies de interiores. -Os vernizes de essência têm cheiro forte, demoram para secar, porém são mais brilhantes. São próprios para mobiliários. -Os vernizes plásticos são duráveis, resistentes, tem secagem rápida. Não são muito resistentes às intempéries e são especialmente indicados para assoalhos, devido à sua resistência à abrasão. Lacas (esses materiais substituem os vernizes) São compostas de um veículo volátil, uma resina sintética, um plastificante e, ocasionalmente, um corante. A primeira laca fabricada em larga escala foi obtida dissolvendo-se a 155 nitrocelulose em um solvente adequado. Essa laca trouxe grandes benefícios à indústria automobilística, pois fornece uma cobertura resistente, brilhante, que pode ser facilmente aplicada e seca em tempo relativamente curto. A nitrocelulose pode ser substituída por PVA, acrílicos ou resinas de formaldeído. Conforme sua composição pode resistir à ação do calor. Esmaltes Essas tintas, uma vez secas, adquirem um aspecto de porcelana. São também a óleo, mas com características diferentes. Os esmaltes a óleo são obtidos pelo aquecimento de tintas a óleo misturadas ao breu. Uma vez aplicadas formam uma película dura e pouco elástica, por isso não servem para madeiras. Existem esmaltes sintéticos de secagem normal e rápida, esses são mais elásticos. Os tanques para transporte de soda cáustica, soluções salinas, álcoois, petróleo, ácidos diluídos, etc. são protegidos com películas de esmalte à base de resina epóxi, submetido a um processo de cura térmica e cinco demãos. Tipos de sistemas de pintura Camadas envolvidas num processo de pintura • Fundo: produto destinado à primeira demão ou mais demãos sobre a superfície e funciona como uma ponte entre o substrato e a tinta de acabamento• Selador: aplicação em materiais porosos – argamassa e madeira • Primer: proteção anticorrosiva de metais e algumas vezes para madeira • Washprimer: aumentar a aderência de metais não ferrosos • Fundo preparador: promover a coesão de partículas soltas – pintura calcinada, argamassa sem coesão, gesso • Massa: correção de irregularidades da superfície já selada – produto pastoso e com elevado teor de cargas • Tinta de acabamento: fornecer as propriedades necessárias para o fim a que se destina, inclusive tonalidade – parte visível do sistema de pintura Fração volumétrica de pigmentos (PVC) 156 NORMAS - ENSAIOS SOBRE TINTAS