Resumo da Palestra a ser apresentada Tema nº 4: Cabo Verde e a integração na África Ocidental: Uma breve leitura histórica Desde que foi descoberto e entrou para a História dos Homens, em 1460, o arquipélago de Cabo Verde fez parte de uma pequena área do Atlântico ligada a um litoral africano, chamado pela historiografia de “Rios de Guiné do Cabo Verde” 1 . A situação estratégica das ilhas em relação ao continente africano, recém “achado” e a caminho de novas terras por “descobrir”, será a razão primordial do interesse da Coroa portuguesa nessas ilhas longínquas, inabitadas e sem grandes atractivos naturais. É esse valor estratégico das ilhas, estribado nos privilégios doados pela Coroa a quem se instalasse e produzisse em Santiago, que incentivou o povoamento e o aproveitamento económico desse espaço insular. A história das ilhas de Cabo Verde, principalmente da de Santiago e do Fogo, foi ligada administrativamente ao espaço litoral do continente fronteiro desde o povoamento até 18 de Março de 1879, data do Decreto que desanexava o distrito da Guiné da província de Cabo Verde. As relações entre essas duas regiões foram fundamentais para a formação da sociedade cabo-verdiana, mas também para a delimitação das fronteiras do que viria a ser no século XX a dita “Guiné Portuguesa”, e actualmente o Estado da Guiné Bissau. Essas relações tiveram um peso preponderante na formação da elite cabo-verdiana e da elite dita “crioula” da Guiné. Assim podemos afirmar que as ligações entre as ilhas e parte dos territórios que hoje fazem parte da CEDEAO foram demográficas, sociais, económicas, administrativas e culturais. Elas tiveram um papel preponderante na estruturação inicial da sociedade cabo-verdiana. 1 Rios da Guiné é uma expressão muito usual na época para designar toda a região da costa da Guiné, que se estende desde o Cabo Verde até à Serra Leoa. Ver: Maria Emília Madeira Santos e Ilídio Baleno, “Litoral: Linha de atracção, repulsão e compressão (Arquipélagos e Costa Ocidental Africana) ” in Actas da VIII Reunião Internacional de História da Náutica e Hidrografia – Limites do Mar e da Terra, Cascais, Patrimonia, 1998, p. 147 Esta palestra será dedicada a essas relações (económicas, sociais e demográficas), mas, vamo-nos debruçar principalmente nas ligações seculares que a elite cabo-verdiana teve com o território que hoje é conhecido por Républica da Guiné Bissau. Iva Cabral Elídio Baleno