MANUAL DA RESIDÊNCIA MÉDICA DA FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA Famema – Faculdade de Medicina de Marília SUMÁRIO Página 1 Introdução...................................................................................................... 4 2 Quais instâncias deliberam sobre RM?......................................................... 6 3 Sobre a concepção pedagógica da FAMEMA............................................... 7 4 Como o residente se insere no Projeto Pedagógico da FAMEMA................ 8 4.1 Medicina Baseada em Evidências.......................................................... 8 4.2 Educação orientada ao residente........................................................... 9 4.3 Modelo de Avaliação Continuada........................................................... 9 4.3.1 Formatos de avaliação do residente.............................................. 10 4.4 Estratégias da aprendizagem................................................................. 11 4.5 Estratégias de implantação continuada do modelo................................ 11 5 Equipe Nuclear.............................................................................................. 13 6 Sobre a FAMEMA.......................................................................................... 14 6.1 Breve Histórico da FAMEMA.................................................................. 16 6.2 Finalidade e missão................................................................................ 17 6.3 Estrutura organizacional......................................................................... 17 6.4 Graduação............................................................................................. 18 6.5 Recursos Educacionais e de Apoio Discente......................................... 19 6.5.1 NUADI – Núcleo de Apoio ao Discente........................................ 19 6.5.2 Biblioteca...................................................................................... 19 6.5.3 Laboratório de Informática............................................................ 20 6.5.4 Laboratório Morfo-Funcional......................................................... 20 Famema – Faculdade de Medicina de Marília RESIDÊNCIA MÉDICA – 2005 “ Além do mais, não deves pensar que as aulas sejam a coisa mais importante para um estudante, nem que a taberna seja apenas um lugar onde se perde tempo. O melhor do studium é que se aprende com os professores, e ainda mais com os companheiros, especialmente com os mais velhos, quando contam o que leram; descobre-se que o mundo deve estar cheio de coisas maravilhosas e que para conhecê-las, posto que a vida jamais será suficiente para percorrer toda a Terra, não nos resta senão ler todos os livros” Eco, Umberto. Baudolino. Famema – Faculdade de Medicina de Marília 1 INTRODUÇÃO O sistema de especialização em medicina, baseado na Residência Médica (RM), iniciou-se em 1889 no Hospital da John’s Hopkins University. William Halsted nomeou quatro ex-internos como residentes em cirurgia e cujo treinamento implicava em progressiva responsabilidade na execução de cirurgia e nos cuidados pré e pósoperatórios. A partir de 1890, William Osler, também na John’s Hopkins, passou a adotar o mesmo sistema para a especialização em Medicina Interna. O sistema de RM se difundiu e já em 1927 a Associação Médica Americana, reconhecendo sua necessidade como treinamento de pós-graduação, organizou a primeira relação de hospitais capacitados no desenvolvimento e execução de programas de RM. Seguindo o modelo norte-americano, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo implantou, em 1945, o primeiro programa de RM, na especialidade de Ortopedia. Em 1948, o Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro iniciou RM em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria e Ginecologia-Obstetrícia. Em 1967, foi criada a Associação Nacional de Médicos Residentes, reconhecida pela Associação Médica Brasileira. O decreto 80.281 de 5 de setembro de 1977 regulamentou a RM e criou a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Essa foi definida como modalidade de ensino de pós-graduação, sob a forma de curso de especialização. O objetivo da RM seria permitir ao médico recém-formado aperfeiçoar-se nos diferentes ramos da atividade médica e teria como principal característica o treinamento em serviço, sob a orientação de profissionais qualificados em instituições de saúde, universitárias ou não. A RM da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) funciona desde o ano de 1982. Atualmente conta com um total de 133 vagas credenciadas em 23 especialidades médico-cirúrgicas conforme o quadro apresentado a seguir: 4 Famema – Faculdade de Medicina de Marília Residência Médica segundo Especialidades Especialidades Vagas Credenciadas Número de Residentes em 2005 em 2005 R1 R2 R3 TOTAL R1 R2 R3 TOTAL Anestesiologia 02 02 02 06 02 01 - 03 Cardiologia 01 01 02 01 - 01 Cirurgia de Cabeça e Pescoço 01 01 02 - - - Cirurgia do Aparelho Digestivo 01 01 02 01 01 02 Cirurgia Geral 05 05 10 05 05 10 Cirurgia Torácica 01 01 02 - - - Cirurgia Vascular 02 02 04 02 03 05 Clínica Médica 08 08 16 08 08 16 Dermatologia 01 01 02 01 01 02 Endocrinologia 01 01 02 01 01 02 Hematologia e Hemoterapia 02 02 04 - - - Infectologia 01 01 03 01 - Nefrologia 01 01 02 - - - Neurologia 01 01 02 - - - Obstetrícia e Ginecologia 04 04 08 04 04 08 Oftalmologia 05 05 05 15 05 05 04 14 Ortopedia e Traumatologia 04 04 04 12 04 04 04 12 Otorrinolaringologia 02 02 02 06 02 02 02 06 Pediatria 06 06 12 05 06 11 Psiquiatria 04 04 08 04 04 08 por 02 02 06 02 01 Reumatologia 02 02 04 - - - Urologia 01 01 03 01 01 02 Radiologia e Diagnóstico 01 02 01 02 02 05 Imagem Total Geral: 01 133 109 5 Famema – Faculdade de Medicina de Marília Abrimos novas áreas de especialização como a Residência Multiprofissional em Saúde da Família, além de Cursos de Especialização Latu Sensu, também voltados para os profissionais já formados. As vagas oferecidas na Residência Multiprofissional em Saúde da Família são em número de 20, sendo 10 para médicos e 10 para enfermeiros. Tanto as áreas novas como as já existentes estarão sendo avaliadas por um sistema que focaliza o desempenho de residentes e preceptores e o desenvolvimento do próprio programa. 2 Quais instâncias deliberam sobre RM? Comissão Nacional de Residência Médica Tem por função formular e executar a política nacional de formação de especialistas através da elaboração de normas gerais de organização dos programas de RM; da definição de critérios para a distribuição de vagas de RM no território nacional; do primeiro credenciamento e do julgamento de recursos de questões não resolvidas nos âmbitos das Comissões Estaduais de Residência Médica. Comissão Estadual de Residência Médica. Tem por função acompanhar os processos de credenciamento de novos programas de residência, orientado as instituições para o pronto atendimento das providências solicitadas pela CNRM; realizar vistorias em estabelecimentos de saúde com vistas ao credenciamento para a oferta de novos programas de RM e ao recredenciamento de programas em curso; prestar assessoria pedagógica no desenvolvimento dos programas de RM; recredenciar e descredenciar programas de RM em curso; realizar estudos de demandas por especialistas para cada especialidade; formular política de distribuição de vagas por especialidade de acordo com a demanda; regular a oferta de vagas de residência de acordo com a demanda por especialistas de cada especialidade; e fazer a interlocução dos programas com a CNRM. Comissões Hospitalares de Residência Médica (COREME) As COREMES têm por função a gestão cotidiana dos programas nos hospitais, funcionando como primeira instância de mediação de conflitos. É arena de discussão 6 Famema – Faculdade de Medicina de Marília de concursos, programação e supervisão. Em suma é a instância executiva do sistema de RM dentro dos hospitais. O residente quando achar que o seu programa não está funcionando, conforme orientações da CNRM, deve encaminhar à COREME a sua queixa e se não sentir-se satisfeito com os encaminhamentos definidos, deve levar à Comissão Estadual as suas insatisfações. 3 Sobre a concepção pedagógica da FAMEMA A concepção pedagógica adotada na maioria das escolas médicas é centrada no professor. Nessa, o professor determina e escolhe o conteúdo da matéria a ser desenvolvido no seu curso. As matérias são dadas sob forma de aulas expositivas utilizando slides, transparências, etc. em sala de aulas para 80 a 100 alunos que geralmente copiam a matéria passivamente para regurgitá-la posteriormente no momento da prova e esquecê-la quase tudo em poucos dias. Desde 1993, a Faculdade de Medicina de Marília vem promovendo mudanças curriculares nos cursos de graduação voltados à formação de profissionais de medicina e enfermagem. Os princípios que norteiam essas mudanças estão fundamentados na redefinição do perfil profissional considerando-se as novas demandas da sociedade que apontam para a ampliação da formação tradicionalmente baseada puramente no conteúdo biologicista e tecnológico. Além da ampliação dos conteúdos selecionados para a formação na graduação, o processo ensino-aprendizagem ganhou novas conformações pela utilização de pequenos grupos ao invés de grandes turmas, reforçando uma relação mais próxima entre docentes e estudantes. Todos contribuem no processo de construção do conhecimento, fazendo uso dos conhecimentos prévios dos estudantes e das necessidades de aprendizagem individualizadas. Teorias de aprendizagem significativa, de aprendizagem auto-dirigida e da capacidade de aprender a aprender fundamentam as mudanças pedagógicas que contribuem para a formação de um profissional crítico e capaz de se manter atualizado e de trabalhar orientado por evidências e pelo compromisso social. 7 Famema – Faculdade de Medicina de Marília O ensino/aprendizagem centrado no independentes, criativos, pensadores críticos, capazes de avaliarem os seus progressos, de comunicação estudante torna-os mais ativos, cooperativos (não só competitivos), com desenvolvimento de boa capacidade (expressar-se claramente), relacionamento interpessoal, atitudes, hábitos e técnicas para continuar aprendendo ao longo da vida (responsabilidade pela auto-aprendizagem). No internato e RM o ensino/aprendizagem é centrado no paciente e deve ser realizado com a integração das dimensões biológica, psicológica e social, contribuindo para a formação de médicos humanos, preocupados em cuidar não somente da doença do paciente, mas sim de todas as suas necessidades. 4 Como o residente se insere no Projeto Pedagógico da Famema O objetivo fundamental do nosso programa de RM é de produzir médicos habilitados e humanos. Para atingirmos essa meta, o foco é direcionado ao aprendizado de destrezas clínicas e a um plano de responsabilização gradual do residente relativo ao paciente, para que ao final o residente alcance um desempenho exemplar no papel de médico. Para alcançarmos esse objetivo a educação médica deve ser: orientada ao paciente, baseada em problemas reais, auto-dirigida, praticada na forma de Medicina Baseada em Evidências e constantemente avaliada. 4.1 Medicina Baseada em Evidências O nosso corpo clínico e os residentes deverão, de uma forma progressiva, esforçar-se ao máximo para praticar medicina baseada em princípios científicos. Idealmente, isso envolve uma estratégia para se lidar com problemas clínicos, que inclui: - Delineação clara de questões relevantes referente ao problema; - Busca completa na literatura das questões levantadas; - Avaliação crítica das evidências na literatura e sua aplicabilidade na situação clínica; - Aplicação balanceada das conclusões ao problema clínico. 8 Famema – Faculdade de Medicina de Marília 4.2 Educação orientada ao residente A educação médica deve corresponder às necessidades dos residentes. Para isso é importante que o residente participe ativamente do processo ensino/aprendizagem, dando-nos sempre um retorno (feedback) adequado do andamento da sua RM. 4.3 Modelo de Avaliação Continuada No curso de graduação tem-se trabalhado com os princípios da educação de adultos e, nesse sentido, há uma maior e crescente responsabilidade do/a estudante no processo de aprendizagem. A experiência prévia é levada em consideração e o principal enfoque da aprendizagem está baseado na possibilidade de aplicação do conhecimento, habilidades e atitudes apreendidos. Os enfoques do sistema de avaliação na RM são o(a): - Residente - Docente (Preceptor) - Áreas Educacionais de RM (Especialidades) Tanto residentes, preceptores e áreas educacionais de RM são avaliados de maneira formativa, buscando a melhoria do processo ensino-aprendizagem e de maneira somativa identificando desempenhos e o grau de alcance dos objetivos préestabelecidos para uma determinada fase do programa de RM. Na avaliação formativa utiliza-se a auto-avaliação realizada pelas pessoas envolvidas nas atividades de ensino-aprendizagem e a avaliação realizada pelos demais membros do grupo ou equipe de trabalho sobre o desempenho de cada um. Na avaliação somativa do/a residente, busca-se avaliar os aspectos cognitivos, as habilidades e as atitudes (desempenhos) relacionados aos objetivos específicos dos programas de RM. Os formatos de avaliação são os documentos utilizados para coletar dados e registrar informações do processo de ensino-aprendizagem dos programas de RM. As informações coletadas nesses documentos contribuem para a melhoria do processo, revelando as fortalezas e as áreas que necessitam atenção e melhoria em cada programa. 9 Famema – Faculdade de Medicina de Marília 4.3.1 Formatos de avaliação do residente Formato de avaliação do desempenho do residente na RM ou estágios: Esse formato registra a síntese das observações realizadas em relação ao desempenho do/a residente na RM. Permite a avaliação da base de conhecimento, de anamnese, exame físico, formulação de diagnósticos, planejamento terapêutico, avaliação e tratamento de emergência, medicina baseada em evidência, organização e manutenção de arquivo médico, habilidades multidisciplinares, planejamento de acompanhamento ou encaminhamento de pacientes, interação profissional, comunicação com pacientes e familiares, habilidades éticas, de supervisão e ensino. Essa avaliação é realizada ao longas das atividades de ensino-aprendizagem promovidas em estágios ou na área específica da RM e é responsabilidade dos/as preceptores/as. Essa avaliação faz parte da formação do conceito do/a residente ao final de cada estágio ou semestre (aspecto somativo) e apresenta uma padronização dos critérios para avaliação do desempenho do/a residente. Formato de avaliação cognitiva, de habilidades e atitudes do residente Permite avaliar as habilidades onde o/a residente precisa mostrar conhecimento aplicado a situações específicas. Permite também facilitar a avaliação de desempenhos que o futuro profissional precisa manter. É realizada uma vez por ano. Formato de avaliação dos preceptores Os preceptores de cada RM são avaliados individualmente pelos residentes da respectiva área quanto a um conjunto de desempenhos. È uma avaliação realizada ao final de cada semestre, em documento próprio e individualmente. Formato de avaliação dos programas de RM de acordo com cada área As áreas educacionais (especialidades) de RM são avaliadas pelos residentes. Essa avaliação é realizada ao final de cada semestre, em documento próprio e 10 Famema – Faculdade de Medicina de Marília individualmente. Ao final da RM há um formato especial de avaliação a ser preenchido da mesma forma. Tem-se por objetivo a revisão e reformulação dos programas de RM. 4.4 Estratégias da aprendizagem Temos como base de que a educação médica deve ser orientada ao paciente, baseada em problemas e auto-dirigida. Portanto, os nossos programas de RM incorporam gradualmente esses ítens, procurando: - Desestimular sessões didáticas; - Centrar o foco de aprendizagem no paciente e seu problema; Ensinar a prática da medicina leva por si próprio à abordagem da aprendizagem baseada em problemas. No centro de tudo está o problema apresentado pelo paciente. As perguntas/questões que surgem incluem invariavelmente a possível etiologia, a natureza da patofisiologia, e o melhor método de elucidar e manusear o problema. A educação médica é focada nas questões oriundas do paciente regularmente manuseado pelos alunos. - Buscar evidências científicas em resposta a problemas não resolvidos. Assim, o nosso modelo de auto-educação e de prática médica, deve ser direcionado na busca de evidências científicas. Isso envolve uma atitude de ceticismo, no qual escrutinamos criticamente nossa prática relativa ao diagnóstico, tratamento e prognóstico. A base do escrutínio são os princípios descritos como “avaliação crítica”. O objetivo é estar consciente das evidências em que uma prática é baseada, a profundidade das evidências e a força de inferência que as evidências permitem. Por fim, o que se espera é produzir médicos que estejam na excelente posição de conduzir a própria educação médica por toda a vida. 4.5 Estratégias de implantação continuada do modelo Processo de seleção O programa de graduação já instituído na nossa instituição, serve de modelo para o de pós-graduação. Pelas características únicas do programa de graduação, há um 11 Famema – Faculdade de Medicina de Marília esclarecimento prévio de como funciona. Uma abordagem similar é utilizada na seleção para a RM. Nós advertimos que a nossa abordagem da educação médica é diferente da de outros programas. A prova de seleção é realizada em outros moldes, valorizando a capacidade do estudante expressar seu entendimento geral sobre um tópico, de organizar suas idéias, ser criativo/a, crítico/a, e sintético/a. É um instrumento de resposta escrita e as questões são construídas objetivando-se o estímulo do raciocínio. A prova de seleção para a RM também é realizada de uma outra forma. As razões para isso são que a avaliação também ampliou a utilização de instrumentos de verificação de forma coerente às mudanças curriculares. O conceito do estudante passou a ser formado pela avaliação não só do conhecimento, mas também do desenvolvimento de habilidades e de atitude profissional. Dessa forma, as notas foram substituídas por conceitos que refletem o domínio de determinados conteúdos, destrezas e atitudes, respeitando os diferentes tempos e necessidades que os estudantes têm para adquirir esses domínios. A experiência acumulada com o desenvolvimento dos novos currículos nos cursos de graduação da Famema somada às atuais tendências e reflexões da residência médica orientam a reformulação do processo de avaliação para ingresso de residentes e de avaliação da própria residência médica e certificação de competência dos profissionais nela formados. Assim, o formato de avaliação para o ingresso dos novos residentes inclui uma avaliação cognitiva baseada em problemas relevantes e prevalentes de saúde da nossa sociedade, buscando identificar a capacidade de aplicação de conhecimentos e de solução de problemas considerando-se situações encontradas na prática profissional de um médico generalista. Os problemas serão apresentados em três formatos, sendo: - dois com dados do contexto de saúde e de vida, nos quais há um total de quatro questões dissertativas voltadas à exploração da integração das dimensões psicológica e social à dimensão biológica; - dois baseados em situações clínicas subsidiadas com informações sobre a evolução do caso, nos quais há um total de seis questões dissertativas voltadas à exploração da integração básico/clínica e raciocínio clínico; - trinta situações clínicas e epidemiológicas, com uma questão de resposta curta, voltadas à exploração do raciocínio clínico, considerando-se diagnóstico, 12 Famema – Faculdade de Medicina de Marília investigação diagnóstica, formulação de plano terapêutico e de plano de cuidado para pacientes ou comunidade. Além da avaliação cognitiva, também faz parte da avaliação dos novos residentes uma entrevista com docentes da respectiva área. A extensão com a qual os concorrentes entenderem, aprovarem e mostrarem-se aptos a contribuir com esse modelo, deverá ser considerada na seleção. Resposta às necessidades dos residentes A filosofia da educação médica na FAMEMA é essencialmente democrática. O aluno é um participante essencial ao processo. A aprendizagem e não o ensino, está em foco. Isso não significa que os programas estarão sujeitos a modificações, em virtude de reclamações de residentes não afeitos com a nossa filosofia. Significa entretanto que o teremos como parceiros em decisões de como melhor implementar e desenvolver os nossos programas. Para que consigamos atingir essas metas, faz-se necessário que o nosso corpo docente esteja afeito às necessidades educacionais da instituição. Isso significa que não nos baseamos em corpo docente, cujo intuito na instituição seja tão somente a necessidade de desenvolvimento próprio, voltada ao serviço assistencial. Por fim, devemos ainda ressaltar que uma forma de inserção importante do residente no modelo de ensino-aprendizagem é: aprendendo e ensinando; ensinando e aprendendo. É desde muito conhecida a proximidade que os estudantes de graduação têm com os residentes. Nessa proximidade é intenso o inter-relacionamento, a troca de informações e conhecimentos. Ao mesmo tempo já é bem estabelecida a noção, no ensino/aprendizagem da residência médica, de que muito se aprende e apreende ensinando. Assim, residentes (principalmente das áreas básicas), internos e professores, comporão uma equipe, que funcionará como um núcleo intensivo de ensino/aprendizagem: a equipe nuclear. 5 Equipe Nuclear Um enfoque importante da RM da é o da abordagem interdisciplinar na execução dos cuidados médicos. Isso implica no respeito para os outros integrantes dos cuidados 13 Famema – Faculdade de Medicina de Marília ao paciente (enfermeiros, assistentes sociais, ocupacionais, fisioterapeutas, etc.), e disposição em trabalhar colaborativamente com os colegas. Além disso, em algum momento do primeiro ano de RM os residentes da Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria e Ginecologia-Obstetrícia, deverão compor equipes de tutoria, núcleos de capacitação e/ou outras atividades, incluídas nos programas específicos de cada especialidade. Constituem a equipe nuclear uma equipe de saúde composta por paciente, preceptores, residentes, estudantes e demais profissionais de saúde. 6 Sobre a FAMEMA Diretor Geral – Prof. Dr. César Emile Baaklini Vice-Diretor Geral – Prof. Dr. José Augusto Alves Ottaiano Diretor de Graduação – Prof. Dr. Hissachi Tsuji Diretor de Pós-Graduação – Prof. Dr. Rubens Augusto Brazil Silvado Diretor Administrativo – Prof. Dr. Ludvig Hafner Diretor Hospital das Clínicas - Unidade I – Dr. Francisco Venditto Soares Diretor Hospital das Clínicas - Unidade II – Prof. Dr. Donaldo Cerci da Cunha Diretor do Hospital Regional de Assis – Prof. Dr. José Bitu Moreno Diretor Hemocentro – Prof. Dr. Antonio Fabron Júnior Diretor Clínico - Prof. João Alberto Salvi Coordenador da COREME – Dr. Tarcísio Adílson Ribeiro Machado Secretária da COREME – Denise de Mora Blanco 14 Famema – Faculdade de Medicina de Marília Coordenação dos Programas ANESTESIOLOGIA – Dr. Basílio Yoshio Okuda CARDIOLOGIA – Prof. Dr. João Carlos Ferreira Braga CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – Prof. Dr. Silvio A. B. Uvo CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO – Prof. Dr. Rubens A. B. Silvado CIRURGIA GERAL – Prof. Dr. Luiz Roberto Montolar Verderese CIRURGIA TORÁCICA – Prof. Dr. Paulo Eduardo de O. Carvalho CIRURGIA VASCULAR – Dr. Marcelo José de Almeida CLÍNICA MÉDICA – Dr. Zamir Calamita DERMATOLOGIA – Dr. Spencer de Dômenico Sornas ENDOCRINOLOGIA – Dr. Pascoal Tomazela Junior HEMATOLOGIA-HEMOTERAPIA – Dra. Márcia Ap. Momesso L. Bisterço INFECTOLOGIA – Profa. Dra. Mércia Ilias NEFROLOGIA – Prof. Dr. José Cícero Guilhen NEUROLOGIA – Prof. Dr. Luiz Domingos Mendes Melges OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA – Dr. Edson de Oliveira Miguel OFTALMOLOGIA – Dr. Sérgio Asperti ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA – Prof. Dr. Alcides Durigan Junior OTORRINOLARINGOLOGIA – Prof. Dr. Alfredo Dell’Aringa PEDIATRIA – Dra. Adriana Porto Nunes PSIQUIATRIA – Dr. Fernando Camargo de Aranha RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM – Dr. Ricardo Emile Baaklini REUMATOLOGIA – Prof. Dr. César Emile Baaklini UROLOGIA – Prof. Dr. Pedro Teruel Romero 15 Famema – Faculdade de Medicina de Marília Núcleo de Avaliação Cognitiva – Dra. Maria de Lourdes Marmorato Botta Hafner Núcleo de Habilidades da Prática Profissional – Dr. Cleber José Mazzoni 6.1 Breve Histórico da FAMEMA A Faculdade de Medicina de Marília situa-se na cidade de Marília, região centrooeste do Estado de São Paulo, a 450 km da capital. A mesma foi criada pela Lei Estadual nº 9236, de 19 de janeiro de 1966, como instituto isolado de ensino superior, com um Curso de Medicina, atualmente com 80 vagas anuais para cada uma das seis séries. Seu funcionamento só foi autorizado um ano depois, em 30 de janeiro de 1967, como Instituição Pública Municipal, depois de ter sido constituída uma entidade mantenedora - Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília (FMESM), criada pela Lei Municipal nº 1371, de 22 de dezembro de 1966. O Curso de Enfermagem foi criado em 1981, sendo autorizado e implementado pelo Decreto Federal nº 85.547/81. Foi também reconhecido pela portaria MEC 365/89, e oferece atualmente 40 vagas anuais para cada uma das quatro séries. A Faculdade de Medicina de Marília foi escolhida, em 1992, pela Fundação W.K.Kellogg, para receber apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento de um projeto baseado na parceria entre a academia, os serviços de saúde e a comunidade. Este projeto chamado UNI - Uma Nova Iniciativa na formação de profissionais de saúde tem apoiado o desenvolvimento curricular dos Cursos de Medicina e Enfermagem e possibilitado a construção de um novo projeto educacional. Em 1994, a FAMEMA foi estadualizada e o Governo do Estado de São Paulo, em cumprimento à Lei Estadual nº 8898, de 27.09.1994, criou a autarquia Faculdade de Medicina de Marília. A estadualização tem possibilitado a reorganização institucional e a superação da crise econômico-financeira enfrentada pela mesma desde o início dos anos 90. A Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília passou então a constituir-se importante órgão de apoio às atividades da FAMEMA. O convênio com o SUS é mantido através da F.M.E.S.M., cuja receita é responsável pela manutenção das nossas unidades hospitalares e de atenção à saúde. Sua finalidade é promover atividades de 16 Famema – Faculdade de Medicina de Marília ensino na área da saúde, através da participação na elaboração da estrutura de uma política de atenção à saúde municipal e da participação na elaboração de projetos de ensino e pesquisa. A Faculdade de Medicina de Marília produziu neste período uma importante capacitação técnica e educacional dos seus professores, reformulou a organização curricular dos seus cursos e consolidou-se como centro de referência local e regional em várias áreas de atenção à saúde. 6.2 Finalidade e missão A Faculdade de Medicina de Marília tem por finalidade ministrar, desenvolver e aperfeiçoar o ensino das ciências da saúde e práticas de saúde visando ao bem-estar físico, mental e social do indivíduo, como exigência da cidadania. Em consonância com sua finalidade, a Famema tem, como missão: realizar atividade docente, de pesquisa e de extensão no campo das ciências da saúde; formar e aperfeiçoar pessoal para o exercício profissional especializado e não especializado; levando em conta a realidade sanitária e sócio-econômica e as peculariedades do mercado de trabalho regional; contribuir para o equacionamento de problemas sociais que determinam e condicionam o nível de saúde da população; colaborar na formação e execução de política voltada para a promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo e da coletividade; favorecer a participação da comunidade interna e externa no contínuo desenvolvimento qualitativo de suas tarefas e atividades. 6.3 Estrutura organizacional A Famema é composta por cinco unidades assistenciais universitárias, conforme segue: Hospital das Clínicas de Marília - Unidade I; Hospital das Clínicas de Marília Unidade II (Hospital Materno-Infantil de Marília); Hemocentro de Marília; Unidade de Oftalmologia e Unidade Ambulatorial. Conta ainda com uma unidade acadêmica: Faculdade de Medicina e uma unidade administrativa. Possui uma área construída total de 37.909 m2. 17 Famema – Faculdade de Medicina de Marília A Famema conta com um quadro de 1.503 funcionários e 638 estudantes. 6.4 Graduação A graduação é constituída pelos cursos de Medicina e Enfermagem, tendo cada um seu colegiado que é composto pelos coordenadores de série e representantes dos discentes. A Faculdade de Medicina de Marília possui 73 disciplinas, que constitui a estrutura curricular dos Cursos de Medicina e Enfermagem. Em um momento em que as tendências mais proeminentes em atenção à saúde e em educação de profissionais de saúde apontam para mudanças necessárias na organização curricular, na metodologia do processo de ensino-aprendizagem e no próprio enfoque das questões de saúde, a Faculdade de Medicina de Marília propõe um Projeto Educacional que implementa progressivamente um programa de ensinoaprendizagem centrado no estudante, baseado em problemas e orientado à comunidade. Para tanto, o estudante deve estar inserido em uma proposta educacional maior que a simples “transmissão de conhecimentos” do ensino tradicional caracterizado por professores ativos e estudantes passivos; há que se criar uma nova concepção de escola que possibilite o contínuo aprimoramento de conhecimentos, habilidades e atitudes de professores, estudantes e profissionais, cada qual identificando suas necessidades individuais, elaborando planos de estudo, desenvolvendo seu próprio método de estudo, selecionando recursos educacionais, triando criticamente dados e informações, trabalhando em equipe e alcançando enfim os objetivos de aprendizagem propostos em cada etapa. O grande desafio está lançado aos estudantes da FAMEMA: aprender a aprender... Eis o princípio da auto-aprendizagem dirigida por objetivos educacionais claramente estabelecidos em cada unidade educacional, que integra conhecimentos de diversas matérias fundamentais e disciplinas. No Curso de Medicina utiliza-se a metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas, ABP, com atividades programáticas semanais envolvendo sessões de tutoria, laboratórios de aprendizagem, interação comunitária, habilidades profissionais e conferências. No Curso de Enfermagem utiliza-se a metodologia Problematizadora, na qual o estudante é o construtor do seu conhecimento, a partir da reflexão e indagação de sua 18 Famema – Faculdade de Medicina de Marília prática. Sua participação no processo de formação ocorre de modo ativo, criativo e crítico, num exercício contínuo no qual seja capaz de realizar análise, interpretação e síntese do objeto a ser apreendido. O estudante deve estar compromissado com sua formação. O currículo reflete determinados referenciais filosófico, psicológico e sociocultural, que nortearam a construção dos objetivos educacionais, dos desempenhos e dos conteúdos que o compõem. A seguir apresentaremos os propósitos e as principais características dos currículos dos Cursos de Enfermagem e Medicina. 6.5 Recursos Educacionais e de Apoio Discente 6.5.1 NUADI – Núcleo de Apoio ao Discente O Nuadi tem como objetivo oferecer assistência psicológica e psiquiátrica, em nível preventivo e terapêutico, aos estudantes do curso de medicina e enfermagem da Famema com abordagem bio-psico-social, contribuir para o conhecimento sobre as características psicológicas dos estudantes e, ainda, estudar as relações entre aspectos emocionais, processo educativo e capacitação profissional. As modalidades assistenciais oferecidas são: Orientação ou aconselhamento; Atendimento Psicoterápico (psiquiatria breve ou a longo prazo); Atendimento psiquiátrico; Orienteção familiar; Psicodiagnóstico; Orientação para docente; Entrevista com calouros e Encaminhamento. 6.5.2 Biblioteca A Biblioteca é considerada uma área estratégica como suporte do processo ensino-aprendizagem. Houve uma importante mudança em relação à área física, acervo e equipamento. Como área de apoio, representantes deste serviço participam da elaboração das unidade educacionais e o serviço desenvolve um importante papel na aprendizagem dos estudantes, fundamentalmente da primeira série. Pelas características das metodologias Aprendizagem Baseada em Problemas (Curso Médico) e Problematização (Curso de Enfermagem), nas quais os estudantes 19 Famema – Faculdade de Medicina de Marília contam com mais tempo para o estudo em grupo e/ou individual e são responsáveis pela busca de informação, constata-se um grande aumento na utilização do acervo da Biblioteca. O gráfico de normalização de referências demonstra que a comunidade acadêmica utilizou bastante os serviços da biblioteca para padronizar as citações de teses, dissertações, monografias, artigos de periódicos e trabalhos apresentados em eventos científicos, ou seja, houve aumento na produção científica, principalmente quanto à titulação docente. 6.5.3 Laboratório de Informática O Laboratório tem importante papel como local de treinamento de usuários e de realização de atividades individuais para estudantes, docentes e funcionários. 6.5.4 Laboratório Morfo Funcional O Laboratório Morfo-funcional é um espaço de auto-aprendizagem no qual o enfoque principal é a integração e articulação dos aspectos morfológicos e funcionais (fisiológicos e fisio-patológicos) do corpo humano. Utilizado como apoio às unidades educacionais para os cursos de Medicina e Enfermagem. Apresenta uma disposição que guarda relação com algumas unidades educacionais dos cursos, uma vez que vários recursos e materiais foram organizados por sistemas, ou ciclos vitais. As salas contam com mesas e cadeiras para estudo em grupo e individual, condicionando dessa forma, um acesso fácil e dinâmico, além disso, uma variedade de materiais educacionais, como modelos anatômicos que proporcionam uma boa visão de anatomia topográfica, correlações anatômicas e anatomia seccional; e outros modelos que propiciam um estudo detalhado e uma maior manipulação das estruturas mais relevantes. O acervo conta ainda com audiovisuais, microscópios, títulos bibliográficos, pôsters, CD-rooms e ainda um modelo maternidade que simula os sons fetais e cinco computadores ligados à Internet. São sete áreas de conhecimento, onde ocorre uma integração entre elas: 1ª área: Apoio; 2ª área: Ataque e defesa, Crescimento e Diferenciação Celular, Locomoção, Pele e partes moles; 3ª área: Sistema Nervoso, Cardiovascular e Respiratório; 4ª área: Sistemas Endócrino, Digestório, Hematológico e Urinário; 5ª área: Ciclo de Vida e 20 Famema – Faculdade de Medicina de Marília Reprodução; 6ª área: Imagenologia; 7ª área: Hall Interação Comunitária e Habilidades Clínicas. Todos os recursos tem sua utilização orientada por monitores treinados, que objetivam não substituir um professor, mas sim, facilitar o processo ativo de aprendizagem, propiciando para cada aluno, os materiais mais adequadas e pertinentes para o seu estudo. Coreme Revisado em 2005 21