Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso SÍNTESE DE CANDIDATOS A LIGANTES PPARγ PLANEJADOS A PARTIR DO CARDANOL Autor: Thais de Araujo Marques Ferreira Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Soares Romeiro Brasília - DF 2012 DOCUMENTO CONFIDENCIAL CIRCULAÇÃO RESTRITA ESTE DOCUMENTO É DESTINADO AO USO EXCLUSIVO DO INDIVÍDUO OU ENTIDADE À QUAL O MESMO É ENDEREÇADO E CONTÉM INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS, CONFIDENCIAIS E QUE NÃO DEVEM SER REVELADAS. Se você ler este documento e não for o destinatário pretendido, estará por meio deste notificado de que qualquer disseminação, distribuição ou reprodução deste documento é estritamente proibida. Se você recebeu este documento por engano, por favor notifique-me imediatamente através dos telefones ++ 55 (61) 3356.9035 ou 55 (61) 8484.6209. Obrigado por sua cooperação. 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Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Soares Romeiro Brasília 2012 3 Monografia de autoria de Thais de Araujo Marques Ferreira, intitulada “SÍNTESE DE CANDIDATOS A LIGANTES PPARγ PLANEJADOS A PARTIR DO CARDANOL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, em 14 de junho de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _____________________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Antonio Soares Romeiro Orientador Curso de Ciências Farmacêuticas – FS/UnB _____________________________________________________________________ Profa. Esp. Débora Moraes Nunes Curso de Farmácia - UCB _____________________________________________________________________ Profa. Msc. Luciana de Camargo Nascente Curso de Química - UCB Brasília 2012 4 AGRADECIMENTO A Deus, que me concedeu o dom da vida e me permitiu estar aqui conquistanto mais um objetivo. Aos meus pais e familiares por todo carinho, atenção e apoio. Mãe, Pai e André são vocês que me fornecem tanto o apoio emocional, espiritual e material para estar concluindo essa importante etapa da minha vida. Espero um dia poder retribuir todo o amor e dedicação a mim dados. Amo muito vocês. Ao meu irmão Matheus que sempre esteve presente me incentivando a alcançar e lutar por meus objetivos e as irmãs que pude ganhar durante meu percurso, Lígia Silva, Giselle de Andrade e Yasmim Resende. Aos meus amigos por todos os anos inesqueciveis de agradável convivência. Agradeço também pela inestimável colaboração e incentivo e por sempre me transmitirem palavras de conforto e me apoiarem nos momentos de desânimo. Ao professor Luiz Antonio Soares Romeiro por sua orientação e valorosa colaboração em todo o projeto. Agradeço também pelo estímulo, pelos ensinamentos transmitidos, pela paciência e constante suporte. Aos meus companheiros do LADETER, sem vocês eu não conseguiria. Obrigada Vinícius Paixao, Luciana Camargo, Laís Lemes, Andressa Souza, Thayana Lelis, Karolyne Vilela, Maíra Nunes e Giselle Ramos por me auxiliarem no desenvolvimento de meus projetos e por toda a paciência e dedicação a mim transmitidas. Agradeço à Patrícia Coelho e Prof. Edilberto Rocha Silveira do Centro Nordestino de Aplicação de Ressonância Magnética Nuclear (CENAUREMN) pela realização dos espectros de Ressonânica Magnética Nuclear de 1H e 13C. E também à Margareth Marques e Profa. Silvia Alcanfor da Central Analítica da Universidade Católica de Brasília pela realização dos espectros no infravermelho. As queridas professoras Luciana Camargo e Débora M. Nunes por aceitarem estarem presentes em minha banca examinadora e por todos os comentários construtivos fornecidos para melhora do trabalho. Por fim, agradeço a todos que contribuiram direta ou indiretamente para a produção desse projeto. 5 RESUMO Referência: FERREIRA, Thais de Araujo Marques. Síntese De Candidatos a Ligantes PPARγ Planejados a Partir do Cardanol. 2012. 60 folhas. Monografia (Farmácia) Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012. O diabetes é uma patologia de etiologia múltipla, caracterizada por uma desordem no metabolismo de proteínas, lipídeos e /ou carboidratos ocasionada por problemas na síntese ou ação da insulina, hormônio sintetizado pelas células β do pâncreas. Considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um problema de saúde pública, o diabetes tipo II, que afeta 90 a 95% dos pacientes, vem adquirindo dimensões epidêmicas. Devido ao fato das atuais terapias medicamentosas apresentarem limitações e não serem efetivas para o tratamento clínico desta patologia, o planejamento e a síntese de novos ligantes com ação mediada por PPARγ, receptor envolvido no controle do metabolismo da glicose e na sensibilização dos tecidos resistentes a ação da insulina, vêm sendo objetivadas. Este trabalho descreve o planejamento e a síntese de novos candidatos a ligantes PPARγ obtidos a partir do cardanol, derivado fenólico presente na casca da castanha de Anacardium occidentale, espécie abundante no país. O planejamento sintético deu-se a partir da re-estruturação do ligante seletivo de maneira a gerar novos padrões moleculares com arcabouço complementar aos resíduos de aminoácidos contidos no receptor. Por sua vez, a síntese compreendeu a exploração de procedimentos sintéticos clássicos de interconversão de grupos funcionais, por exemplo, O- alquilação, hidrogenação, ozonólise, oxidação e hidrólise alcalina. A estratégia sintética convergente levou à formação de intermediários e derivados alvo em rendimentos satisfatórios entre 54%-95% e a caractrezição das estruturas através da espectroscopia confirmou as moléculas-alvo. A avaliação farmacológica dos novos candidatos a ligantes á PPARγ, bem como a continuidade do planejamento para obtenção de novos derivados, constituem a perspectiva deste trabalho. Palavras-chave: Diabetes. PPAR. LCC. Cardanol. 6 ABSTRACT Diabetes is a disease of multiple etiology, characterized by a disorder in the metabolism of proteins, lipids and/or carbohydrates, caused by problems in the synthesis or action of insulin, hormone synthesized by pancreatic β cells. Considered by the World Health Organization (WHO) a public health problem, diabetes type II, which affects 90-95% of patients, has taken epidemic dimensions. Because of current limitations of the therapeutic agents and no effectiveness for the clinical treatment of this pathology, the design and synthesis of novel ligands with action mediated by PPAR gamma, receptor involved in the control of glucose metabolism and sensitization of the tissues resistant to insulin action, have been targeted. This paper describes the design and synthesis of new candidates for PPAR gamma ligands derived from cardanol, phenolic derivative present in the nutshell of Anacardium occidentale, abundant specie in the country. The synthetic plan is given from the restructuring of the binder so as to selectively generate new standards with molecular framework complementary to amino acid residues contained in the receiver. In turn, the synthesis involved the operation of conventional synthetic procedures for interconversion of functional groups, for example, O-alkylation, hydrogenation, ozonolysis, oxidation and alkaline hydrolysis. The convergent synthetic strategy led to the formation of intermediates and target derivatives in satisfactory yields between 54%-95%. The pharmacological evaluation of new candidate ligands PPAR gamma, and the continuity of the design to obtain new derivatives, are the prospects of this work. Keywords: Diabetes. PPAR. CNSL. Cardanol. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 REFERENCIAL TEÓRICO 9 10 2.1 A INSULINA E O DIABETES 10 2.2 ANTIDIABÉTICOS ORAIS 12 2.3 RECEPTORES ATIVADOS POR PROLIFERADORES PEROXISSOMAIS 14 2.4 PPARγ COMO ALVO TERAPÊUTICO PARA O TRATAMENTO DO DIABETES 15 2.5 PPAR: ORGANIZAÇÃO MOLECULAR E MECANISMO DE ATIVAÇÃO 15 2.6 LIPÍDEOS FENÓLICOS DE Anacardium occidentale 18 2.7 NOVOS LIGANTES PPARγ 19 2.8 PLANEJAMENTO RACIONAL DE NOVOS LIGANTES PPARγ 20 3. OBJETIVOS 22 3.1 OBJETIVO GERAL 22 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 22 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 23 24 4.2.1 2-(3-Pentadecilfenóxi)acetato de etila (LDT15) 24 4.2.2 Ácido 2-(3-Pentadecilfenóxi)acético(LDT16) 24 4.2.3 3-(8-Hidróxioctil)fenol (LDT71) 25 4.2.4 2-(3-(8-Hidróxioctil)fenóxi)acetato de etila (LDT296) 26 4.2.5 Ácido 2-(3-(8-Hidróxictil)fenóxi)acético (LDT 297) 27 4.2.6 Ácido 8-(3-Carboetoximetóxifenil)octanóico (LDT298) 27 4.2.7 Ácido 8-(3-Carboximetóxifenil)octanóico (LDT299) 28 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS 30 30 6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 36 REFERÊNCIAS 37 8 ANEXOS 41 2-(3-Pentadecilfenóxi)acetato de etila (LDT15) 1 42 RMN H (300 MHz, MeOD) 42 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 43 IV (KBr) nmáx cm-1 44 Ácido 2-(3-Pentadecilfenóxi)acético (LDT 16) 1 45 RMN H (300 MHz, MeOD) 45 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 46 IV (KBr) nmáx cm-1 47 2-(3-(8-Hidróxioctil)fenóxi)acetato de etila (LDT 296) 48 RMN 1H (300 MHz, MeOD) 48 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 49 IV (KBr) nmáx cm-1 50 Ácido 2-(3-(8-Hidróxictil)fenóxi)acético (LDT 297) 51 RMN 1H (300 MHz, MeOD) 51 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 52 IV (KBr) nmáx cm-1 53 Ácido 8-(3-Carboetoximetóxifenil)octanóico (LDT298) 54 RMN 1H (300 MHz, MeOD) 54 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 55 IV (KBr) nmáx cm-1 56 Ácido 8-(3-Carboximetóxifenil)octanóico (LDT299) 57 RMN 1H (300 MHz, MeOD) 57 RMN 13C (75 MHz, MeOD) 58 IV (KBr) nmáx cm-1 59 9 1 INTRODUÇÃO O diabetes é uma síndrome de etiologia múltipla caracterizada por metabolismo anormal de lipídeos, carboidratos e/ou proteínas, podendo ser desencadeado pela produção insuficiente de insulina pelas células β pancreáticas das ilhotas de Langerhans ou por fatores extrapancreáticos, como a resistência dos receptores celulares a ação da insulina no diabetes tipo II (MAHENDRA & BISHT, 2011; SANTO et al., 2012). Devido à dimensão epidêmica que o diabetes tipo II vem adquirindo, sendo uma das principais causas de morte no mundo, é necessário o desenvolvimento de novos fármacos com maior eficácia para o tratamento desta patologia e suas complicações (LIN et al., 2009). Estudos recentes revelaram que a ativação de receptores por proliferadores peroxissomais gama (PPARγ) aumenta a sensibilidade dos tecidos à insulina, produzindo efeitos combinados que acentuam a captação de glicose no tecido adiposo, promovendo a estocagem e o catabolismo de ácidos graxos livres, induzindo a produção de fatores derivados dos adipócitos com potencial ação sensibilizadora para a insulina, e reduzindo os níveis circulantes de fatores, por exemplo, que geram a insulino-resistência (TAVARES et al., 2007). No âmbito de uma linha de pesquisas que visa à utilização de lipídeos fenólicos nãoisoprenóides de Anacardium occidentale, este trabalho descreve o planejamento e a síntese de novos ligantes PPARγ planejados a partir do cardanol. A longa cadeia alquílica do cardanol possui características relevantes para o reconhecimento hidrofóbico por resíduos complementares nos sítios de reconhecimento molecular bem como no desenvolvimento de novas funcionalidades por meio de interconversão de grupos funcionais (RODRIGUES et al., 2006; VASAPOLLO et al., 2011). 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A INSULINA E O DIABETES A insulina é um hormônio sintetizado no pâncreas pelas células β das ilhotas de Langerhans. Este hormônio é responsável pela manutenção dos níveis de glicose plasmática por meio da inibição da gliconeogênese no fígado, formação de glicose proveniente de carboidratos, e pela estimulação da captação de glicose pelos tecidos insulino-sensíveis, como, fígado, tecido adiposo, músculo esquelético e músculo cardíaco (ANDRADE, 2008; GOLAN, 2009). A insulina também controla o metabolismo de lipídeos e proteínas, proliferação e divisão celular, dentre outras funções celulares vitais para o pleno funcionamento do organismo (CARVALHO-FILHO et al., 2007). Na presença de metabolismo anormal de lipídeos, carboidratos e/ou proteínas tem se o diabetes, que pode ser desencadeado pela produção insuficiente ou anormal de insulina pelas células β ou por fatores extrapancreáticos, como a resistência dos receptores celulares à ação da insulina, levando a hiperglicemia sustentada (GOLAN, 2009; MAHENDRA & BISHT, 2011; SANTO et al., 2012). O receptor de insulina é composto por duas subunidades α e duas subunidades β, ligadas por ligações dissulfeto. Para que a atividade intrínseca da insulina ocorra, esta precisa se ligar a subunidade α de seu receptor contido na célula alvo, modificando assim a estrutura conformacional da subunidade β, permitindo sua autofosforilação em tirosina quinase. O mecanismo da insulina na via de sinalização requer a fosforilação dos substratos protéicos 1 ou 2 do receptor de insulina (IRS-1 e IRS-2) em tirosina para que se tenha a ação positiva do hormônio, envolvido em ações metabólicas e no crescimento (CARVALHEIRA et al., 2002; CARVALHO-FILHO et al., 2007; GOLAN, 2009; HABER et al., 2001). Defeitos na via de sinalização da insulina ocasionam intolerância à glicose, implicando em compensação metabólica pelas células β, que aumentam a síntese de insulina, levando o indivíduo a apresentar hiperinsulinemia permanente. Além do acúmulo de glicose, a elevação de triglicerídeos e ácidos graxos, inflamação crônica e fatores genéticos também resultam em resistência (SILVA et al., 2010). 11 A Associação Americana de Diabetes (ADA) classifica o diabetes em quatro tipos com distintas etiologias. O diabetes tipo I, ocasionado pela produção insuficiente de insulina devido à destruição das células β, sendo esta, geralmente auto-imune (DIVINS, 2009). O diabetes tipo II, que segundo Santo e colaboradores (2012) afeta cerca de 90-95% dos diabéticos, merecendo destaque, é caracterizado pela redução da utilização da insulina pelo fígado e tecidos periféricos, devido principalmente à tolerância dos receptores a ação da insulina, apresentando o indivíduo produção normal, elevada ou deprimida deste hormônio. O indivíduo doente acaba apresentando hiperglicemia persistente, ocasionada pela insuficiência relativa de insulina, o que também é visto no diabetes tipo I, e com o avanço da doença podem ser vistos poliúria, perda de peso e complicações secundárias, por exemplo, nefropatias diabéticas, síndrome hiperosmótica, retinopatia, aterosclerose e problemas cardiovasculares (GOLAN, 2009; MAHENDRA & BISHT, 2011; SANTO et al., 2012). No diabetes gestacional, mulheres, que antes apresentavam valores normais de glicose, adquirem uma deficiência de insulina na gestação, devido ao aumento do esforço metabólico e o quarto tipo, denominado de “outros tipos de diabetes”, estando incluídos como causa do diabetes, defeitos genéticos nas células β e doenças no pâncreas (DIVINS, 2009). De acordo com a OMS, o diabetes já é considerado uma epidemia mundial. Aproximadamente 197 milhões de pessoas no mundo são diabéticas e, até 2030, estima-se que 366 milhões de pessoas serão afetadas por essa desordem metabólica. Em países desenvolvidos o número de doentes triplicará pelo aumento da expectativa de vida em idosos. Já em países subdesenvolvidos, principalmente, podendo também ser visto em países desenvolvidos, o número de acometidos duplicará em adultos jovens e idosos, estando relacionado aos maus hábitos de vida (FREITAS & GARCIA, 2012; HOSSAIN; KAWAR & NAHAS, 2007; SARTORELLI & FRANCO, 2003). No Brasil, estima-se que entre os anos de 2000 e 2030 chegará a 11,3 milhões o número de brasileiros diabéticos (FREITAS & GARCIA, 2012; MIELCZARSKI et al., 2012). Em pesquisa realizada por Dias e Campos (2012), o Distrito Federal e o estado do Maranhão destacam-se em relação aos outros estados brasileiros quanto ao aumento da prevalência do diabetes. De acordo com pesquisa realizada em 2007 pela Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) 5,1% de adultos já diagnosticados com diabetes habitam o Distrito Federal (Ministério da Saúde, 2010). Junto à prevalência alta do diabetes também está o aumento da mortalidade e o desenvolvimento de complicações crônicas (MATTOS et al., 2012; SARTORELLI & FRANCO, 2003). Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2009), cerca de 12 4 milhões de pessoas morrem ao ano devido ao diabetes ou por suas complicações, totalizando 9% de mortes no mundo. Estudos comprovam que o aumento da prevalência do diabetes tipo II está correlacionado ao aumento de peso, ausência de atividade física, envelhecimento da população e má alimentação (CODOGNO et al., 2012; MATTOS et al., 2012). O controle de peso e a prática de atividade física, associados ao tratamento medicamentoso, diminuem a resistência à insulina, pela sensibilização dos receptores e pelo aumento da captação hepática de insulina, diminuindo os riscos de complicações crônicas (LIN et al., 2009; MAHENDRA & BISHT, 2011; SARTORELLI & FRANCO, 2003). 2.2 ANTIDIABÉTICOS ORAIS Dentre as classes terapêuticas utilizadas para o tratamento do diabetes tipo II podem ser destacados (Figura 1) os secretagogos, as biguanidas, os inibidores da α-glicosilase, os inibidores da dipeptidil proteinase- IV (DPP 4) e as tiazolidinadionas (TZDs). Figura 1– Estrutura química de fármacos Antidiabéticos orais. Fonte: Próprio autor. 13 As sulfoniluréias, como a clorpropamida e a tolbutamida, são as representantes da classe dos secretagogos e estimulam a secreção de insulina pelas células β. Estas interagem com receptores da membrana plasmática da célula β, bloqueando o canal de potássio sensível ao ATP, gerando a despolarização da membrana, estimulando o influxo de cálcio e permitindo a liberação das vesículas de insulina (GOLAN, 2009; SILVA et al., 2010). Visando à diminuição de efeitos adversos, principalmente hipoglicemia e o aumento do perfil de segurança, uma segunda geração de sulfoniluréias foi desenvolvida. As metiglinidas, incluindo a gliclazida, agem pelo mesmo mecanismo de ação das sulfoniluréias, entretanto apresentam o rápido início de ação na sensibilização dos receptores e o tempo de ação mais curto. Como vantagens, diminuem os riscos de hipoglicemia (GOLAN, 2009; SILVA et al., 2010). Apesar da eficácia no controle da glicemia, os secretagogos induzem gradativamente a destruição das células β devido à hiperinsulinemia persistente, o que também ocasiona aumento de peso corporal (SILVA et al., 2010). Dentre as biguanidas, responsáveis pela sensibilização dos tecidos alvo a ação da insulina, encontramos a metformina como principal representante. Pela ativação da proteína cinase monofosfato (AMPK) no fígado e no músculo, a metformina induz a inibição da acetilcoenzima A carboxilase e consequentemente, estimula a oxidação de ácidos graxos. Como efeitos adversos, 15% dos pacientes tratados com metformina apresentam distúrbios gastrointestinais (DIVINS, 2009; GOLAN, 2009; SILVA et al., 2010). Os inibidores da α-glicosidase possuem como principal representante a acarbose, que inibe a enzima α-glicosilase, impedindo ou diminuindo a degradação de oligossacarídeos e dissacarídeos em monossacarídeos. A diminuição e o retardo da absorção de monossacarídeos na circulação sanguínea reduz os níveis de glicemia pós-prandial. Assim como visto anteriormente com o uso da metformina, 20% dos pacientes tratados com acarbose também apresentam distúrbios gastrointestinais (SILVA et al., 2010). Os inibidores da enzima DPP-4, vildagliptina e sitagliptina, estimulam o aumento dos níveis endógenos das incretinas GLP-1 (peptideo 1 similar ao glucágon) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), estimulando a secreção de insulina dependente de glicose (DIVINS, 2009). As TZDs agem sensibilizando os receptores a ação da insulina e melhorando o metabolismo da glicose por meio da regulação da transcrição gênica pela interação seletiva com PPARγ. Esta classe de fármacos é composta pela pioglitazona, rosiglitazona e troglitazona, que embora sejam excelentes antidiabéticos possuem a utilização clínica restrita, 14 devido a efeitos adversos que incluem retenção de líquidos, ganho ponderal, hemodiluição, perda de massa óssea e falência cardíaca em 15% dos pacientes (AMATO, 2008; DIVINS, 2009; LIBERATO, 2009; TAVARES et al., 2007; PIRAT, et al., 2012). 2.3 RECEPTORES ATIVADOS POR PROLIFERADORES PEROXISSOMAIS Membros da família de Receptores Nucleares (RN), receptores que em contato com o ligante atuam como fatores de transcrição regulando a expressão de genes, os receptores ativados por proliferadores peroxissomais (PPARs) foram identificados em 1990 com a primeira clonagem em roedores, possuindo um dos maiores sítios de ligação e estando vinculados à regulação de diversos processos metabólicos, como por exemplo, a regulação da homeostase da glicose, e da inflamação, divisão e diferenciação celular e depuração de toxinas (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008; LIBERATO, 2009; PIRAT, et al., 2012). Em humanos, os PPARs dividem-se em três subtipos que possuem distribuição e ações diferentes nos tecidos, mas que juntos coordenam o metabolismo energético: PPARα, codificado por genes localizados no cromossomo 22; PPARγ, codificado por genes localizados no cromossomo 3 e PPARβ/δ, codificado por genes localizados no cromossomo 6 (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008; LIBERATO, 2009; LIN, et al., 2009). Os PPARα são amplamente expressos no fígado, tecido adiposo, rins, cérebro, coração e músculo esquelético, e ligam-se endogenamente a ácidos graxos saturados e insaturados. O papel principal dos PPARα é captar e oxidar ácidos graxos e modular a inflamação, além de participar do metabolismo de lipoproteínas, diminuindo triglicerídeos e aumentando HDL-c (HDL-colesterol) (ANDRADE, 2008; LIN et al., 2009; ZAWARE, 2011). Um exemplo de agonista sintético PPARα é o clofibrato, utilizado como hipolipemiante, reduzindo as taxas de colesterol e triglicerídeos na circulação sanguínea (PIRAT, et al., 2012; USUI et al., 2006). Já os PPAR β/δ, subtipo menos elucidado, podem ser encontrados na maioria das células, incluindo tecido adiposo, rim, intestino e coração, e atuam na oxidação de ácidos graxos, regulação do metabolismo de lipídeos e do colesterol, na proliferação e diferenciação celular e na regulação de processos inflamatórios. Seus ligantes endógenos são ácidos graxos de cadeia longa (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008; LIN et al., 2009; PIRAT, et al., 2012). 15 2.4 PPARγ COMO ALVO TERAPÊUTICO PARA O TRATAMENTO DO DIABETES Estudos recentes relataram que a ativação de PPARγ aumenta a sensibilidade à insulina (TAVARES et al., 2007). Para esse mecanismo existem duas hipóteses. Na primeira, a ativação de PPARγ no tecido adiposo faz com que triglicerideos e ácidos graxos sejam recolhidos da circulação sanguínea, fígado e músculo, e armazenados no tecido adiposo, diminuindo a lipotoxicidade e melhorando a sensibilidade dos tecidos insulino resistentes quanto a ação da insulina. Considerando a segunda hipótese, o uso de medicamentos agonistas PPARγ induzem o metabolismo da glicose e o aumento da sinalização celular por meio da alteração da expressão de moléculas sinalizadoras de gordura, por exemplo, um medicamento agonista PPARγ que diminua a expressão de TNFα tem como ação a melhora da sensibilidade insulínica (ANDRADE, 2008; GAMA, 2010). Os PPARγ são encontrados em abundância nos adipócitos, estando presente em níveis menores em células endoteliais, musculatura lisa e macrófagos. Estes atuam na regulação e diferenciação de adipócitos, na homeostase da glicose, na sensibilização dos receptores a ação da insulina, metabolismo lipídico e regulação de processos inflamatórios e cardiovasculares (ANDRADE, 2008; LIN et al., 2009; PIRAT, et al., 2012). O gene do PPARγ dá origem a quatro isoformas: o PPARγ1 amplamente expresso no coração, pâncreas, rins, baço, intestino delgado e em uma variedade de tecidos; o PPARγ2 presente principalmente no tecido adiposo; PPARγ3 expresso restritamente nos macrófagos e no intestino grosso, e PPARγ4 expresso em células endoteliais (TAVARES et al., 2007; TYAGI et al., 2011). O PPARγ possui como ligantes endógenos ácidos graxos poliinsaturados, o derivado de prostaglandina 15-desóxi-Δ12,14J2 e as tiazolidinadionas representam os ligantes sintéticos, regulando o metabolismo da glicose e sensibilizando os tecidos insulino-resistentes (AMATO, 2008; LIBERATO, 2009). 2.5 PPAR: ORGANIZAÇÃO MOLECULAR E MECANISMO DE ATIVAÇÃO Todos os 48 componentes da família de RN, como exemplo o receptor do hormônio da tireóide (TRs), vitamina D, PPAR e receptor do ácido retinóico (RXR), possuem organização 16 molecular comum (Figura 2), sendo constituídos por um domínio Amino-terminal, um domínio central de ligação com o DNA ou DNA Binding Domain (DBD), um domínio curto de conexão denominado dobradiça ou hinge e um domínio Carboxi-terminal ou Ligand Binding Domain (LBD) (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008; NASCIMENTO, 2009). Segundo Amato (2008), alguns RNs ainda apresentam um domínio F na extremidade carboxi-terminal, mas este ainda não apresenta estrutura e função conhecidas. N- terminal DBD Hinge LBD Figura 2: Domínios funcionais da estrutura molecular dos Receptores Nucleares. Fonte: Adaptado de NASCIMENTO, 2009. O domínio N-terminal é constituído de sequências variadas de aminoácidos, sendo a região menos conservada do receptor, com função de transativação independente de ligantes que permite a interação do receptor com co-ativadores e outros fatores de transcrição. O DBD, região mais conservada do receptor, tem como função principal o reconhecimento de sequências específicas do DNA, chamados de elementos responsivos ao PPAR (PPER), com sequência hexanucleotídica AGGTCA, e ativação de genes. O hinge ou região de dobradiça possui um papel flexível, servindo de elo entre o domínio central e o domínio C-terminal. Por fim, o LBD é responsável pela interação do receptor com o ligante e pela ativação liganteinduzida, envolvido na interação transcricional com co-ativadores e correpressores (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008; LIBERATO, 2009; NASCIMENTO, 2009; PESSANHA, 2007). A ativação da expressão gênica pelo PPAR dá-se no momento da interação do ligante agonista com o domínio LBD do PPAR, formando o heterodímero constituído de PPAR e receptor do ácido 9 cis retinóico X (RXR) (Figura 3). Na interação com o ligante agonista, os receptores sofrem alteração conformacional, permitindo o desligamento das proteínas corepressoras e o ancoramento de proteínas co-ativadores. Na sequência, o heterodímero PPARRXR é direcionado ao núcleo celular para ativação da maquinaria de transcrição de genes. A expressão do gene alvo é regulada pela ligação do heterodímero PPAR-RXR à extremidade 3’ e 5’ do PPRE, ou seja, repetições de sequências AGGTCA separadas por nucleotídeos localizados em sítios regulatórios de cada gene (AMATO, 2008; LIBERATO, 2009; NASCIMENTO, 2009; PIRAT, et al., 2012; TAVARES et al., 2007). 17 Figura 3: Ilustração do mecanismo de ativação da expressão gênica pelo PPAR. Fonte: Adaptado de WAGNER, 2010. Na forma não ligada, quando o ligante não está interagindo com o PPARγ, a transcrição gênica é reprimida. O heterodímero PPARγ-RXR conectado aos PPRE encontrase em sua forma inativa e pode ser visualizado no citoplasma e no núcleo celular, ligado a proteínas co-repressoras, que recrutam desacetilases de histonas responsáveis pela inativação da transcrição gênica. As desacetilases condensam a estrutura da cromatina no local da interação entre o receptor e os PPRE, impedindo a ativação da maquinaria basal. Na interação com o ligante, os receptores sofrem alteração conformacional permitindo o desligamento das proteínas co-repressoras e o ancoramento de proteínas co-ativadoras com atividade de acetilases de histonas, responsáveis por modificar a estrutura da cromatina, ativando a transcrição gênica (AMATO, 2008; LIBERATO, 2009; NASCIMENTO, 2009). Testes realizados em modelos de camundongos para diabetes tipo II demonstraram que agonistas sintéticos dos receptores retinóicos também podem ativar o complexo PPARRXR e exercem atividade antidiabética similar à atividade exercida pelos receptores PPAR (TAVARES et al., 2007). De acordo com Liberato (2009) e Pirat e colaboradores (2012), os PPARs também podem ser ativados por fosforilação. A região N-terminal sofre fosforilação realizada por distintos caminhos de sinalização, promovendo a atividade transcricional e permitindo que os cofatores sejam fosforilados para controle do processo transcricional. Estima-se que estejam envolvidas vias quinases neste mecanismo e que este processo modifica a afinidade por ligantes, RXR, cofatores ou genes alvo. 18 2.6 LIPÍDEOS FENÓLICOS DE Anacardium occidentale O cajueiro, Anacardium occidentale, amplamente encontrado por todo o Nordeste brasileiro, tem sido descrito há anos como importante fonte medicinal. A árvore é composta por um pedúnculo floral, pseudofruto, e por um fruto, chamado de castanha de caju. Por sua vez, a castanha de caju compreende o mesocarpo esponjoso alveolado repleto de um líquido escuro, cáustico e inflamável, denominado de líquido da casca da castanha do caju (LCC), onde na parte interna da casca está à parte comestível do fruto, a amêndoa (MAZZETTO & LOMONACO, 2009). O LCC é obtido durante o beneficiamento das amêndoas, representando 25% do peso da castanha, e é usado para fins medicinais e industriais. Este líquido é rico em lipídeos fenólicos não-isoprenóides que podem ser extraídos de diversas maneiras por extração com solvente ou LCC técnico (RODRIGUES et al., 2006; VASAPOLLO et al., 2011). Na extração por solvente as castanhas são fragmentadas em pedaços e adicionadas em aparelho Soxlet, onde há o processo de extração contínua a quente com etanol. O líquido natural obtido contém ácidos anacárdicos (60-65%), cardóis (15-20%), cardanóis (10%), e traços de metilcardóis (LADETER, 2010; LIMA et al., 2008; MAZZETTO & LOMONACO, 2009; RODRIGUES et al., 2006). O LCC técnico é composto principalmente por cardanóis (60-65%), pela descarboxilação dos ácidos anacárdicos submetido a altas temperaturas sendo convertido em cardanóis, cardóis (15-20%), material polimérico (10%), e traços de metilcardóis. Todos esses compostos apresentam estrutura característica, possuindo cadeia alifática de 15 carbonos na posição meta ao grupo fenol (Figura 4) (MAZZETTO & LOMONACO, 2009; RODRIGUES et al., 2006; VASAPOLLO et al., 2011). 19 OH O OH OH C15H31 C15H25-31 8' C15H25-31 Ácido Anacárdico C15H29 Cardanol 8' 11' 8' 11' C15H27 OH OH 14' C15H25 HO C15H25-31 Cardol HO C15H25-31 2-metilcardol Figura 4– Constituintes do Líquido da Casa da Castanha de Caju. Fonte: Próprio autor. A longa cadeia alquílica do cardanol possui características relevantes para o reconhecimento hidrofóbico por resíduos complementares nos sítios de reconhecimento molecular bem como no desenvolvimento de novas funcionalidades por meio de interconversão de grupos funcionais. Por ser um composto orgânico natural e possuir a vantagem de ser facilmente encontrado, o cardanol é amplamente utilizado pelo setor produtivo na formação de novos compostos que incluem resinas e aditivos (RODRIGUES et al., 2006; VASAPOLLO et al., 2011). 2.7 NOVOS LIGANTES PPARγ A síntese de novos ligantes com ação mediada por PPARγ, como alvo específico para o tratamento de diabetes, tem sido alvo de intensas pesquisas, uma vez que as atuais terapias medicamentosas apresentam limitações e não são efetivas para o tratamento clínico desta patologia (AMATO, 2008; ANDRADE, 2008). Em adição, o desenvolvimento de novos ligantes é essencial visando maior conhecimento a respeito do papel fisiológico destes receptores, seus mecanismos e características farmacodinâmicas (AMATO, 2008). Desde o surgimento das tiazolidinadionas vários compostos moduladores seletivos de PPARγ foram criados e registrados no FDA (Food and Drug Administration), mas estes foram descontinuados por também ocasionarem efeitos desfavoráveis (PIRAT, et al., 2012). Assim como relatado por Amato (2008), acredita-se que agonistas parciais sejam mais seguros e efetivos do que a ativação completa e não seletiva, como no caso das TZDs. Por sua vez Choi e colaboradores (2011) apontam que os efeitos desfavoráveis das TZDs estão 20 relacionados ao agonismo clássico. Um exemplo de agonista parcial de PPARγ é o GQ-16 (Figura 5), um protótipo derivado tiazolidinadiônico que mantém a eficácia do tratamento apresentando como vantagem a diminuição dos efeitos adversos gerados pelas TZDs (AMATO, 2008). O O N S Br O Figura 5– Estrutura química do GQ-16 Fonte: Próprio autor. Lin e colaboradores (2009) abordam a capacidade de ligantes agonistas duplos do PPARγ, em que ambas as extremidades da molécula interagem com os resíduos de aminoácidos contidos no sítio de ligação ao PPARγ, corrigirem a resistência à insulina e o desequilíbrio de lipídeos. O agonista teria a função de um “fármaco tudo em um” para o diabetes tipo II, mas os protótipos desenvolvidos com base neste conceito demonstraram riscos cardiovasculares e propensão em causar câncer em roedores quando utilizados em longo prazo. Os trabalhos desenvolvidos por Usui (2006) e Zaware (2011) e seus colaboradores também discorreram sobre a importância de um ligante duplo do PPARγ ou um ligante dual PPARα/γ para diminuir a concentração de triglicerídeos e aumentar o nível de HDL em modelos animais de resistência à insulina, mas nas hipóteses relatadas também foram vistos os efeitos desfavoráveis relatados por Lin e colaboradores (2009). Dois compostos agonistas duplos PPARα/γ, tezaglitazar e muraglitazar foram desenvolvidos, onde o primeiro não foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) devido aos riscos de toxicidade hepática e renal apresentados durante seu uso clínico, e desta forma foi descontinuado, enquanto o muraglitazar revelou boa tolerância e será comercializado (SILVA et al., 2010). 2.8 PLANEJAMENTO RACIONAL DE NOVOS LIGANTES PPARγ Baseado no estudo realizado por Lin e colaboradores (2009), os compostos-alvo foram planejados a partir da re-estruturação molecular do ligante seletivo, de forma a gerar novos padrões moleculares com arcabouço estrutural complementar aos resíduos de aminoácidos do 21 receptor PPARγ (Figura 6). Neste sentido, foram planejados dois padrões moleculares: 1, no qual há presença da subunidade alfa-arilóxicarboxilíca visando interação com a tríade catalítica H449, Y473 e H323, bem como modulação da subunidade pentadecila; e 2 onde a cadeia lateral dos derivados planejados mantém o comprimento em torno de 19 Å, apresentando maior flexibilidade conformacional e substituição da cetona terminal por ácido carboxílico, visando interação íon-íon com o resíduo Arg288 espaçador. Figura 6– Planejamento racional de ligantes agonistas PPAR gama Fonte: Próprio autor. 22 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Descrever a obtenção de novos candidatos a ligantes PPARγ, planejados a partir do cardanol, visando à sensibilização dos tecidos alvo a ação da insulina, como alvo específico para o tratamento do diabetes tipo II. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Sintetizar novos compostos candidatos a ligantes PPARγ a partir do derivado fenólico da casca da castanha de caju, cardanol. • Caracterizar os novos compostos por métodos espectroscópicos de análise. 23 4 MATERIAIS E MÉTODOS O planejamento e a síntese dos derivados-alvo foram realizados na Universidade Católica de Brasília no Laboratório de Desenvolvimento de Estratégias Terapêuticas (LADETER) no período entre agosto de 2011 a maio de 2012. Todos os solventes e reagentes utilizados nas reações são provenientes das indústrias, Tedia Co® e Sigma-Aldrich®. Antes de serem utilizados, os solventes e reagentes foram previamente tratados, sendo o anidrido acético destilado para seu uso. A evaporação dos solventes se deu por meio do evaporador rotatório Tecnal® TE-211, à pressão reduzida e temperatura entre 40-50 °C, com pressão variando de 10 a 0,1 mmHg. A reação de acetilação do cardanol para obtenção do derivado dihidroxilado (LDT 71) foi realizada em microondas doméstico Brastemp® modelo BMK38ABHNA JetDeFrost com capacidade de 38 L e potência de 900 W. Todas as reações foram monitoradas por meio de cromatografia em camada delgada, utilizando cromatofolhas (5,0 x 1,5 cm) de alumínio de Kieselgel 60 F254 com espessura de 0,25 mm (SILICYCLE®) e reveladas através de lâmpada de UV (254-366 nm), que permitiu o cálculo do fator de retenção (Rf) de cada substância. Para a purificação dos compostos, utilizou-se cromatografia em coluna de sílica gel G60 (70-230 mesh) SILICYCLE®. A determinação dos pontos de fusão foi realizada em aparelho Quimis 340/23, não corrigidos. Os espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (1H RMN) e carbono-13 (13C RMN) foram obtidos a 300MHz e 75 MHz, respectivamente, em aparelho Brucker 300 do Centro Nordestino de Aplicação da Ressonância Magnética Nuclear (CENAUREMN) da Universidade Federal do Ceará, utilizando tetrametilsilano (TMS) como referência interna. Os valores de deslocamento químico (d) são referidos em parte por milhão (ppm), em relação ao TMS e as constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz). As áreas dos sinais foram obtidas por integração eletrônica e suas multiplicidades descritas como: singleto (s); dubleto (d); duplo dubleto (dd); tripleto (t); quarteto (q); multipleto (m) e sinal largo (sl). Os espectros na região do infravermelho (IV) foram obtidos por espectrofotômetro Spectrum BX da Perkin Elmer® (Central Analítica da UCB), utilizando pastilhas de brometo de potássio (KBr) ou na forma de filme líquido em placa de cloreto de sódio (NaCl). Os valores para as absorções são referidos em números de ondas, utilizando como unidade o centímetro recíproco (cm-1). 24 4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 4.2.1 2-(3-Pentadecilfenóxi)acetato de etila (LDT15) Em um balão de 125 mL foram adicionados 1,36 g de cardanol saturado (4,4857 mmol), acetona (50 mL) e 1,54 g de carbonato de potássio (11,2142 mmol). O sistema reacional foi deixado sob agitação magnética durante 60 minutos, e então, foram acrescentados 0,61 mL de 2-bromoacetato de etila (5,6071 mmol). Sob agitação magnética, à temperatura ambiente, a reação prosseguiu por mais vinte e quatro horas. Após redução do volume de solvente, a mistura foi extraída com diclorometano (2 x 20 mL) e as frações orgânicas reunidas foram lavadas com solução de ácido clorídrico 10% (20 mL), solução salina saturada (20 mL) e seca sob sulfato de sódio. O solvente foi evaporado à pressão reduzida e o resíduo cromatografado em coluna de gel de sílica, eluída com mistura diclorometano-hexano (1:1), fornecendo o derivado LDT15. Sólido branco, 1,580 g (90%).Rf = 0,5 (Hexano: AcOEt 40%). p.f.: 3031°C. Fórmula molecular : C25H42O3; IV (KBr) nmáx cm-1: 2918 (nas CH2); 2850 (ns CH2); 1753 (nC=O); 1612, 1586, 1490, 1466 (nC=C), 1242 (nas O-C(O)-C); 1096 (ns C-O-C); RMN 1H (300 MHz, CDCl3): d 0,89 (t, 3H, Ar/C-15); 1,29-1,32 (t, 3H, ArOCH2CO2CH2CH3, 24H, CH2, C3-C14); 1,57-1,62 (m, 2H, CH2, C2); 2,58 (t, J = 7,5 Hz, 2H, CH2, C1); 4,28 (q, J = 7,1 Hz, 2H, ArOCH2CO2CH2CH3); 4,61 (s, 2H, ArOCH2CO2CH3); 6,71 (dd, J3 = 8,1 Hz, J4 = 2,5 Hz, 1H, Ar-H-4’); 6,76 (sl, 1H, Ar-H-2’); 6,81 (d, J3 = 7,6 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,19 (dd, J3 = 7,8 Hz, 1H, Ar-H-5’); RMN 13 C (75 MHz, CDCl3): d 14,3 (ArOCH2CO2CH2CH3); 14,3 (Ar/CH3- C15); 22,9 (Ar/CH2-14); 29,9-29,5 (Ar/CH2-3-13); 31,4 (Ar/CH2-3); 32,9 (Ar/CH2-2); 36,9 (Ar/CH2-1); 61,5 (ArOCH2CO2CH2CH3); 65,7 (ArOCH2CO2CH2CH3); 111,6 (Ar-2’-CH); 115,2 (Ar-4’-CH); 122,1 (Ar-6’-C); 129,4 (Ar-5’-C); 144,9 (Ar-3’-C); 158,0 (Ar-1’-C-O); 169,2 (ArOCH2CO2CH2CH3) 4.2.2 Ácido 2-(3-Pentadecilfenóxi)acético(LDT16) 25 Em um balão de 50 mL foram adicionados 0,25 g de LDT15 (0,6400 mmol), tetraidrofurano (2 mL), 0,061 g de hidróxido de lítio (2,56 mmol), solubilizados em água destilada (3 mL), e catalisador de transferência de fase Aliquat® (2 gotas). O sistema reacional foi colocado sob agitação magnética por quatro horas. Na sequência, a mistura foi acidificada com ácido clorídrico concentrado até pH 1. A mistura foi extraída com acetato de etila (3 x 10 mL), lavada com solução salina saturada (10 mL) e seca com sulfato de sódio. O solvente foi evaporado à pressão reduzida e o produto obtido foi cromatografado em coluna de gel de sílica, eluída com diclorometano, fornecendo o derivado LDT16. Sólido branco, 0,210 g (90%). Rf = 0,58 (Hexano: AcOEt 40%). p.f.: 77-80°C. Fórmula molecular : C23H38O3; IV (KBr) nmáx cm-1: 2956 (nas 1458 (nC=C), 1273 (nas O-C(O)-H); CH2); 2849 (ns CH2);1733 (nC=O); 1611, 1577, 1470, 0,89 (t, 3H, Ar/C-15); 1,29-1,32 (m, 24H, CH2, C3-C14); 1,61-1,60 (m, 2H, CH2, C2); 2,57 (t, J = 7,5 Hz, 2H, CH2, C1); 4,66 (s, 2H, ArOCH2CO2H); 6,71 (dd, J3 = 8,1 Hz, J4 = 2,5 Hz, 1H, Ar-H-4’); 6,77 (sl, 1H, Ar-H-2’); 6,83 (d, J3 = 7,6 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,19 (dd, J3 = 7,8 Hz, 1H, Ar-H-5’); RMN 13 C (75 MHz, CDCl3): d 14,3 (Ar/CH3-C15); 22,9 (Ar/CH2-14); 29,8-29,2 (Ar/CH2-4-13); 31,8 (Ar/CH2-3); 32,1 (Ar/CH22); 36,1 (Ar/CH2-1); 65,1 (ArOCH2CO2H); 111,6 (Ar-2’-CH); 115,3 (Ar-4’-CH); 122,4 (Ar6’-C); 129,5 (Ar-5’-C); 145,1 (Ar-3’-C); 157,7 (Ar-1’-C-O); 173,2 (ArOCH2CO2H) 4.2.3 3-(8-Hidróxioctil)fenol (LDT71) Em um Erlenmeyer de 125 mL foram acrescentadas 12,00 g de mistura de cardanóis (39,4065 mmol), anidrido acético destilado (12 mL) e ácido fosfórico (12 gotas). A mistura foi levada ao forno de microondas convencional, em potência 3, por três minutos. Na sequência, o resíduo foi extraído com acetato de etila (3 x 15 mL) e as frações orgânicas reunidas lavadas com solução de bicarbonato de sódio 5% (20 mL), solução de ácido clorídrico 10% (20 mL), solução salina saturada (20 mL) e seca sob sulfato de sódio. Após evaporação do solvente à pressão reduzida, a mistura reacional foi purificada por cromatografia em coluna de gel de sílica, eluída com diclorometado, fornecendo o composto desejado em rendimento de 73%. Em seguida a mistura de cardanóis acetilados (10 g) foi diluída com diclorometano (20 mL) e metanol (20 mL) em balão de 250 mL. O balão foi adaptado ao ozonizador com fluxo 26 de ozônio por uma hora e vinte minutos, sob banho de gelo seco/acetona. Na sequência, o ozonídeo secundário, de coloração alaranjada e aspecto translúcido, foi submetido à redução com borohidreto de sódio, onde foram utilizados dois béqueres de 600 mL, nos quais foram acrescentados 5,0 g do intermediário ozonídeo (14,4277 mmol), 60 mL de metanol e 5,9 g de hidreto de boro e sódio (158,704 mmol), sob banho de gelo seco/acetona. Ao final da adição do borohidreto de sódio a reação permaneceu seis horas, sob agitação magnética. Em seguida, o resíduo foi extraído com acetato de etila (3 x 15 mL) e as frações orgânicas reunidas lavadas com solução de bicarbonato de sódio 5% (20 mL), solução de ácido clorídrico 10% (20 mL), solução salina saturada (10 mL) e seca sob sulfato de sódio. Após a evaporação do solvente, o produto foi cromatografado em coluna com gel de sílica, eluída com diclorometado, clorofórmio e posteriormente, clorofórmio e etanol, levando ao derivado diidroxilado (LDT71). Liquído castanho, 2,550 g (79%). Rf = 0,33 (Clorofórmio: Etanol 30%). Fórmula molecular : C14H22O2. 4.2.4 2-(3-(8-Hidróxioctil)fenóxi)acetato de etila (LDT296) Em um balão de 250 mL acrescentou-se 1,0 g de LDT71 (4,4978 mmol), 1,24 g de carbonato de potássio (8,9956 mmol) e acetona (50 mL). O sistema reacional foi deixado sob agitação magnética durante 20 minutos, e então, foram acrescentados 0,62 mL de 2bromoacetato de etila (5,6223 mmol). A reação permaneceu por mais vinte e quatro horas sob agitação à temperatura ambiente e, em seguida, foi extraída com acetato de etila (2 x 30 mL) e as frações orgânicas reunidas foram lavadas com solução de ácido clorídrico 10% (30 mL), solução salina saturada (30 mL) e seca sob sulfato de sódio. O solvente foi evaporado a pressão reduzida e o resíduo cromatografado em coluna de gel de sílica, eluída com mistura clorofórmio-diclorometano (2:1), originando o éster-derivado LDT 296. Liquído amarelo, 0,752 g (54%). Rf = 0,55 (Clorofórmio: Etanol 40%). Fórmula molecular : C18H28O4; IV (KBr) nmáx cm-1: 3421 (n 1205 (nas O-C(O)-C); OH); 1093 (ns 2929 (nas C-O-C); CH2); 2955 (ns CH2); 1761 (nC=O); 1596, 1458, (nC=C), RMN 1H (300 MHz, CDCl3): d 1,27-1,32 (m, 3H, ArOCH2CO2CH2CH3; 8H, CH2, C3-C6); 1,53-1,59 (m, 4H, CH2, C2 e C7); 2,57 (t, J = 7,5 Hz, 2H, CH2, C8); 3,63 (t, J = 6,6 Hz, 2H, CH2, C1); 4,27 (q, J = 7,1 Hz, 2H, ArOCH2CO2CH2CH3); 4,61 (s, 2H, ArOCH2CO2CH3); 6,71 (dd, J3 = 8,1 Hz, J4 = 2,5 Hz, 1H, Ar-H-4’); 6,76 (sl, 1H, Ar-H-2’); 6,81 (d, J3 = 7,6 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,19 (dd, J3 = 7,8 Hz, 27 1H, Ar-H-5’); RMN 13C (75 MHz, CDCl3): d 14,3 (ArOCH2CO2CH2CH3); 25,9 (Ar/CH2-3); 29,3 (Ar/CH2-6); 29,5 (Ar/CH2-4); 29,6 (Ar/CH2-5); 31,4 (Ar/CH2-7); 32,9 (Ar/CH2-2); 36,9 (Ar/CH2-8); 61,5 (ArOCH2CO2CH2CH3); 63,2 (Ar/CH2OH-1); 65,7 (ArOCH2CO2CH2CH3); 111,6 (Ar-2’-CH); 115,3 (Ar-4’-CH); 122,1 (Ar-6’-C); 129,4 (Ar-5’-C); 144,9 (Ar-3’-C); 158,1 (Ar-1’-C-O); 169,3 (ArOCH2CO2CH2CH3) 4.2.5 Ácido 2-(3-(8-Hidróxictil)fenóxi)acético (LDT 297) Em um balão de 50 mL foram adicionados 0,2 g do éster-derivado LDT296 (0,6484 mmol), tetraidrofurano (4 mL), 0,062 g de hidróxido de lítio (2,5938 mmol), solubilizado em água destilada (3 mL), e catalisador de transferência de fase Aliquat® (2 gotas). O sistema reacional foi colocado sob agitação magnética por quatro horas. Em seguida, a mistura foi acidificada com ácido clorídrico concentrado até pH 1 e extraída com acetato de etila (3 x 10 mL), e as frações orgânicas reunidas lavada com solução salina saturada (10 mL) e seca com sulfato de sódio. O solvente foi evaporado à pressão reduzida e o produto obtido foi cromatografado em coluna com gel de sílica, eluída com clorofórmio e posteriormente clorofórmio e etanol, fornecendo o derivado LDT297. Sólido branco, 0,143 g (78%). Rf = 0,33 (Clorofórmio: Etanol 40%). p.f.: 85-87°C. Fórmula molecular : C16H24O4; IV (KBr) nmáx cm-1: 3462 (nOH); 2918 (nas CH2); 2852 (ns CH2); 1740 (nC=O); 1612, 1585, 1492, 1458 (nC=C), 1227 (nas O-C(O)-OH); 1094 (ns C-O-C); RMN 1H (300 MHz, MeOD): d 1,32 (m, 8H, CH2, C3C6); 1,50 (m, 2H, CH2, C2); 1,52 (m, 2H, CH2, C7); 2,56 (t, J = 4,5 Hz, 2H, CH2, C8); 3,53 (t, J = 3,9 Hz, 2H, CH2, C1); 4,59 (s, 2H, ArOCH2CO2H); 6,71 (d, J = 4,6 Hz, 1H, Ar-H-4’); 6,75 (sl, 1H, Ar-H-2’); 6,78 (d, J3 = 4,5 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,15 (dd, J3 = 4,6 Hz, 1H, Ar-H5’); RMN 13C (75 MHz, MeOD): d 27,0 (Ar/CH2-3); 30,4 (Ar/CH2-6); 30,6 (Ar/CH2-4); 30,7 (Ar/CH2-5); 32,6 (Ar/CH2-7); 33,7 (Ar/CH2-2); 37,0 (Ar/CH2-8); 63,1 (Ar/CH2OH-1); 65,9 (ArOCH2CO2H); 112,7 (Ar-2’-CH); 116,0 (Ar-4’-CH); 122,8 (Ar-6’-C); 130,4 (Ar-5’-C); 145,8 (Ar-3’-C); 159,5 (Ar-1’-C-O); 172,9 (ArOCH2CO2H) 4.2.6 Ácido 8-(3-Carboetoximetóxifenil)octanóico (LDT298) 28 Em um béquer de 50 mL foram acrescentados 0,46 g do derivado LDT296 (1,4915 mmol) e acetona (20 mL). Sob banho de gelo, foi adicionado, gota a gota, reagente de Jones para que a coloração castanha do sistema reacional se mantivesse por cinco minutos, indicando o fim da reação. O excesso do reagente de Jones foi desativado pela adição de álcool isopropílico (1 mL) e a mistura extraída com clorofórmio (2 x 15 mL), as frações reunidas lavadas com solução salina saturada (10 mL) e seca sob sulfato de sódio. Após evaporação do solvente à pressão reduzida, o resíduo foi cromatografado em coluna de gel sílica, eluída com clorofórmio e posteriormente, clorofórmio e etanol, levando ao derivadoalvo LTD298. Liquído incolor, 0,400 g (83%). Rf = 0,55 (Clorofórmio: Etanol 40%). Fórmula molecular : C18H26O5; IV (KBr) nmáx cm-1: 2930 (nas CH2); 2857 (ns CH2); 1760 (nC=O); 1735 (nC=O); 1603, 1457 (nC=C), 1204 (nas O-C(O)-OH); 1093 (ns C-O-C); RMN 1H (300 MHz, CDCl3): d 1,27-1,33 (m, 9H, ArOCH2CO2CH2CH3, C4-C6); 1,62-1,60 (m, 4H, CH2, C3,C7); 2,34 (t, J = 7,5 Hz, 2H, CH2, C2); 2,57 (t, J = 7,6 Hz, 2H, CH2, C8); 4,28 (q, J = 3,9 Hz, 2H, ArOCH2CO2CH2CH3); 4,61 (s, 2H, ArOCH2CO2CH3); 6,72 (dd, J3 = 8,1 Hz, J4 = 2,0 Hz,1 H, Ar-H-4’); 6,75 (sl, 1 H, Ar-H-2’); 6,77 (dl, J3 = 7,5 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,19 (t, J3 = 7,8 Hz, 1H, Ar-H-5’); RMN 13C (75 MHz, CDCl3): d 14,3 (ArOCH2CO2CH2CH3); 24,8 (Ar/CH2-3); 29,1 (Ar/CH2-6); 29,2 (Ar/CH2-4); 29,2 (Ar/CH2-5); 31,3 (Ar/CH2-7); 34,1 (Ar/CH2-2); 36,0 (Ar/CH2-8); 61,5 (ArOCH2CO2CH2CH3); 65,6 (ArOCH2CO2CH2CH3); 111,7 (Ar-2’-CH); 115,3 (Ar-4’-CH); 122,1 (Ar-6’-C); 129,4 (Ar-5’-C); 144,8 (Ar-3’-C); 158,1 (Ar-1’-C-O); 169,3 (ArOCH2CO2CH2CH3); 179,8 (Ar/COOH-8). 4.2.7 Ácido 8-(3-Carboximetóxifenil)octanóico (LDT299) Em um balão de 50 mL foram adicionados 0,22 g do carbaetóxiácido LDT298 (0,6781 mmol), tetraidrofurano (4 mL), 0,065 g de hidróxido de lítio (2,7125 mmol), solubilizado em água destilada (3 mL), e catalisador de transferência de fase Aliquat® (3 gotas). O sistema reacional foi colocado sob agitação magnética por três horas. Para finalizar a reação, a mistura foi acidificada com ácido clorídrico concentrado até pH 1. Em seguida, a mistura foi extraída com acetato de etila (3 x10 mL) e as fases orgânicas reunidas lavadas com solução salina saturada (10 mL) e seca com sulfato de sódio. O solvente foi evaporado à pressão reduzida e o produto obtido foi cromatografado em coluna de gel de sílica, eluída com clorofórmio e 29 posteriormente clorofórmio e etanol, fornecendo o diácido LDT299. Sólido branco, 0,190 g (95%). Rf = 0,35 (Clorofórmio: Etanol 40%). p.f.: 99-101°C. Fórmula molecular : C16H22O5; IV (KBr) nmáx cm-1: 2926 (nas CH2); 2853 (ns CH2); 1735 (nC=O); 1707 (nC=O); 1611, 1578, 1458, 1421 (nC=C), 1272 (nas O-C(O)-OH); 1099 (ns C-O-C); RMN 1H (300 MHz, MeOD): d 1,32 (m, 6H, CH2, C4-C6); 1,58-1,59 (m, 4H, CH2, C3 e C7); 2,26 (t, J = 4,5 Hz, 2H, CH2, C2); 3,56 (t, J = 4,5 Hz, 2H, CH2, C8); 4,61 (s, 2H, ArOCH2CO2H); 6,71 (d, J = 4,8 Hz, 1 H, Ar-H-6’); 6,75 (sl, 1H, Ar-H-2’); 6,78 (d, J3 = 4,5 Hz, 1H, Ar-H-6’); 7,15 (t, J3 = 4,7 Hz, 1H, Ar-H-5’); RMN 13 C (75 MHz, MeOD): d 26,1 (Ar/CH2-3); 30,3 (Ar/CH2-6); 30,6 (Ar/CH2-4); 30,7 (Ar/CH2- 5); 32,5 (Ar/CH2-7); 33,7 (Ar/CH2-2); 37,0 (Ar/CH2-8); 65,9 (ArOCH2CO2H); 112,8 (Ar-2’CH); 116,0 (Ar-4’-CH); 122,8 (Ar-6’-C); 130,4 (Ar-5’-C); 145,8 (Ar-3’-C); 159,5 (Ar-1’-CO); 172,9 (ArOCH2CO2H); 177,8 (Ar/COOH-1) 30 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS O planejamento sintético convergente para a obtenção dos derivados-alvo compreendeu a exploração de procedimentos sintéticos clássicos de interconversão de grupos funcionais, por exemplo, O-alquilação, hidrogenação, ozonólise, oxidação e hidrólise alcalina, em condições experimentais à temperatura ambiente, sob refluxo e radiação microondas. A síntese dos derivados planejados a partir do cardanol saturado (série 1) foi iniciada a partir da hidrogenação catalítica da mistura de cardanóis, utilizando catalisador paládio (Pd/C) em etanol em reator Paar, sob pressão de 60 psi durante 3 horas, levando ao derivado saturado como um sólido branco em rendimento de 90%, após purificação em coluna cromatográfica eluída com mistura hexano/diclorometano. O cardanol saturado foi caracterizado por CCD com uma única mancha com fator de retenção FF(eluente), e é comumente utilizado como matéria-prima no LADETER, não sendo submetido à análise espectroscópica. De posse do referido derivado, este foi submetido à reação de O-alquilação com 2-bromacetato de etila na presença de carbonato de potássio em acetona, à temperatura ambiente, levando ao derivado beta-oxoéster LDT15 (Figura 7), obtido como um sólido branco em rendimento de 90%. Este composto apresentou sinais característicos para hidrogênios da unidade metilênica como um singleto em 4,61 ppm, em seu espectro de RMN 1H (CDCl3; 300 MHz), a qual foi confirmada pelo assinalamento em 65,7 ppm em seu espectro de RMN 13 C (CDCl3; 75 MHz), enquanto que o sinal relativo ao carbono carbonílico foi evidenciado em 169,2 ppm. A presença de absorções intensas em 1753 cm-1 e em 1096 cm-1 no infravermelho, referentes à deformação da carbonila (nC=O) e deformação axial assimétrica C-O-C, contribuíram, adicionalmente para caracterizar o referido derivado (Tabela 1). BrCH2CO2Et HO C15H31 LDT10 EtO K2CO3, Acn, t.a., 24 h Figura 7– Síntese do derivado b-oxaéster LDT 15. Fonte: Próprio autor. O O C15H31 LDT15 31 Tabela 1- Síntese do b-oxaéster LDT15: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Composto Tempo (h) Rend. (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R I.V. (cm-1) nC=O LDT15 24 90 30-31 4,61 (s) 169,2 1753 Fonte: Próprio autor. Uma vez obtido o derivado LDT15, a próxima etapa da rota sintética planejada consistiu na hidrólise do grupo éster com hidróxido de lítio em mistura de THF/água na presença de catalisador de transferência de fase Aliquat®, visando homogeneizar a mistura reacional. Após 4 horas de reação e purificação foi obtido o ácido carboxílico correspondente (LDT16) (Figura 8), em rendimento de 90%, na forma de um sólido branco, finalizando a série 1. O derivado apresentou deslocamentos químicos pertinentes à unidade metilênica em 4,66 ppm (s, RMN 1H, CDCl3; 300 MHz) e 65,1 ppm RMN 13 C (CDCl3; 75 MHz). Adicionalmente, a presença de sinal em 173,2 ppm relativo ao carbono carbonílico no espectro de RMN de 13C e a ausência dos sinais em 4,28 ppm (s, RMN 1H, CDCl3; 200 MHz) e 61,5 ppm RMN 13 C (CDCl3; 50 MHz), referentes ao grupo etoxila. A Análise do espectro no infravermelho apresenta deslocamento da absorção intensa em 1733 cm-1 referente ao grupo carbonila do beta-oxácido, caracterizando o derivado LDT16. Um resumo das condições reacionais e características espectroscópicas em RMN e I.V. estão ilustrados na Tabela 2. LiOH EtO O C15H31 HO THF, H2O, Aliquat, t.a., 4 h LDT15 O O C15H31 LDT16 O Figura 8– Síntese do derivado b-oxácido LDT 16. Fonte: Próprio autor. Tabela 2- Síntese do b-oxácido LDT16: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Composto Tempo (h) Rend. (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R I.V. (cm-1) nC=O LDT16 4 90 77-80 4,66 (s) 173,2 1733 Fonte: Próprio autor. Considerando a série 2, esta foi planejada a partir do derivado 3-(8-hidróxioctil)fenol (LDT71), o qual pode ser obtido a partir da reação de ozonólise da mistura de cardanóis 32 insaturado presentes no LCC técnico. Neste sentido, a mistura de cardanóis foi submetida à reação de acetilação com anidrido acético em meio acidificado com ácido fosfórico, utilizando forno de radiação microondas doméstico em condições de potência 3, durante três minutos. Após purificação, foi obtida a mistura de cardanóis acetilados em rendimento de 73%. Esta mistura foi submetida à reação de ozonólise em aparelho gerador de ozônio com fluxo contínuo de 5g/mL por um período de 80 minutos, utilizando banho de gelo seco/acetona (~ - 70°C), visando evitar a formação de produtos laterais em face do alto poder oxidante do ozônio. O consumo do material de partida foi avaliado por CCD e ao término da reação foi adicionado o agente redutor NaBH4, visando a redução do intermediário ozonídeo bem como do grupo acetato ao respectivo diidróxiderivado LDT71 em rendimento de 79%. O intermediário foi caracterizado por CCD, uma vez que é matéria-prima utilizada em nosso grupo, não sendo realizada a caracterização espectroscópica. De posse de LDT71, este foi submetido à reação de reação de O-alquilação regioespecífica com 2-bromacetato de etila na presença de carbonato de potássio em acetona, à temperatura ambiente, levando ao derivado beta-oxoéster LDT296 (Figura 9), obtido como um líquido em rendimento de 54%. Este composto apresentou sinais característicos para hidrogênios da unidade metilênica como um singleto em 4,61 ppm em seu espectro de RMN 1 H (CDCl3; 300 MHz), a qual foi confirmada pelo assinalamento em 65,7 ppm em seu espectro de RMN 13C (CDCl3; 75 MHz), enquanto que o sinal relativo ao carbono carbonílico foi evidenciado em 169,3 ppm. A presença das absorções intensas em 1761 cm-1 e em 1205 cm-1 no espectro no infravermelho referentes aos estiramentos do grupo éster corroboram a caracterização do derivado LDT296 (Tabela 3). BrCH2CO2Et HO OH 7 EtO K2CO3, Acn, t.a., 24 h O LDT71 O 7 OH LDT296 Figura 9– Síntese do b-oxaéster LDT 296. Fonte: Próprio autor. Tabela 3 - Síntese do b-oxaéster LDT296: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Composto Tempo (h) Rend. (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R I.V. (cm-1) nC=O LDT296 24 54 --* 4,61 (s) 169,3 1761 * Obtido como líquido Fonte: Próprio autor. 33 De posse do derivado LDT296, este foi submetido à reação de hidrólise do grupo éster com hidróxido de lítio em mistura de THF/água na presença de catalisador de transferência de fase Aliquat®, visando homogeneizar a mistura reacional. Após 4 horas de reação e purificação foi obtido o ácido carboxílico correspondente (LDT297) (Figura 10), em rendimento de 78%, na forma de um sólido branco. O derivado apresentou deslocamentos químicos pertinentes à unidade metilênica em 4,59 ppm (s, RMN 1H, MeOD; 300 MHz) e 65,9 ppm RMN 13C (MeOD; 75 MHz) bem como a presença de sinal em 172,9 ppm relativo ao carbono carboxílico no espectro de RMN de 13 RMN 1H, MeOD; 300 MHz) e 61,5 ppm RMN 13 C. A ausência dos sinais em 4,27 ppm (s, C (MeOD; 75 MHz), referentes ao grupo etoxila corroboram a caracterização do derivado LDT297. A Análise do espectro no infravermelho apresenta deslocamento da absorção intensa em 1740 cm-1 referente ao grupo carbonila do beta-oxácido, caracterizando o derivado LDT297. Um resumo das condições reacionais e características espectroscópicas em RMN e I.V. estão ilustrados na Tabela 4. LiOH EtO O OH 7 LDT296 O HO O THF, H2O, Aliquat, t.a., 4 h O 7 OH LDT297 Figura 10– Síntese do b-oxácido LDT 297 Fonte: Próprio autor. Tabela 4 - Síntese do b-oxácido LDT297: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Composto Tempo (h) Rend. (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2H RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2H I.V. (cm-1) nC=O LDT297 4 78 85-87 4,59 (s) 172,9 1740 Fonte: Próprio autor. Dando prosseguimento ao planejamento sintético, o éster-derivado LDT296 foi submetido à reação de oxidação com reagente de Jones em acetona, sob banho de gelo, levando ao carbometóxiácido LDT298 (Figura 11) em rendimento de 83%, obtido como um líquido incolor. A caracterização do novo derivado, por meio dos espectros RMN 1H (300 MHz, CDCl3), revelou a ausência de sinal correspondente à unidade metilênica em 3,66 ppm (t, RMN 1H, CDCl3; 300 MHz) e 63,2 ppm RMN 13C (CDCl3; 75 MHz) bem como a presença de sinal em 179,8 ppm relativo ao carbono carboxílico no espectro de RMN de 13 C caracterizam o derivado LDT298. Dados do espectro no infravermelho apresenta 34 deslocamentos da absorções intensas em 1735 cm-1 e 1760 cm-1 referentes aos grupos carbonilas do 3-carbetóxiácido corroborando a estrutura do derivado LDT298. (Tabela 5). O CrO3/H2SO4 EtO O OH 7 EtO Acn, 5oC., 0,5 h O LDT296 O OH 7 LDT298 O Figura 11– Síntese do b-oxácido LDT 298 Fonte: Próprio autor. Tabela 5 - Síntese do b-oxácido LDT298: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Tempo (h) Composto LDT298 0,5 * Obtido como líquido Rend. (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2R RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2H I.V. (cm-1) nC=O 83 --* 4,61 (s) 179,8 1760/1735 Fonte: Próprio autor. Finalizando a série 2, o ácido LDT298 foi submetido ao mesmo protocolo de hidrólise realizado para os derivados LDT15 e LDT296, originando o diácido LDT299 (Figura 12) na forma de um sólido branco em rendimento de 95%. O diácido foi caracterizado por espectros RMN 1H (300 MHz, MeOD), revelou a presença de singleto em 4,61 ppm confirmado pela sinal em 65,9 ppm em seu espectro de RMN 13C (75 MHz, MeOD). A ausência dos sinais em 4,28 ppm (q, RMN 1H, MeOD; 300 MHz) e 61,5 ppm RMN 13C (MeOD; 75 MHz), referentes ao grupo etoxila corroboram a caracterização do derivado LDT299. O espectro no infravermelho revelou absorções características às deformações dos grupos carbonila em 1735 cm-1 e 1707 cm-1, caracterizando o diácido LDT299 (Tabela 6). O O LiOH EtO O 7 OH LDT298 O HO O THF, H2O, Aliquat, t.a., 4 h O 7 OH LDT299 Figura 12– Síntese do diácido LDT 299 Fonte: Próprio autor. Tabela 6 - Síntese do diácido LDT299: Condições reacionais e sinais espectroscópicos característicos de RMN e no infravermelho. Composto Tempo (h) Rend (%) p.f. (°C) RMN 1H (d ppm) (300 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2H RMN 13C (d ppm) (75 MHz; CDCl3) ArOCH2CO2H I.V. (cm-1) nC=O LDT299 4 95 99-101 4,61 (s) 172,9 1735/1707 Fonte: Próprio autor. 35 A caracterização das estruturas dos intermediários e produtos finais se deu a partir da obtenção e análise de espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono-13 e espectros no infravermelho. Os espectros de ressonância nuclear foram realizados no Centro Nordestino de Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Ceará e os espectros de infravermelho na Central Analítica da Universidade Católica de Brasília. 36 6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS A síntese dos derivados-alvo se deu a partir de interconversão de grupos funcionais da mistura de cardanóis por meio de procedimentos clássicos da química orgânica. Desta maneira, pode se concluir que as reações utilizadas demonstraram eficiência, devido as metodologias sintéticas empregadas no planejamento estrutural da série 1, que avalia a influência do grupo pentadecil no reconhecimento molecular, e da série 2, que compreende o reconhecimento de subunidades hidrofílicas, fornecerem os derivados-alvo e intermediários em bons rendimentos (54%-95%) e pureza satisfatórias. A confirmação da estrutura molecular dos compostos foi obtida através caracterização por meio de espectros de Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio e carbono-13 e os espectros no infravermelho, revelando serem as moléculas de interesse. A avaliação farmacológica dos novos candidatos a ligantes à PPARγ, a ser realizada em colaboração com a Profa. Carolyn Cummins no Laboratório de Receptores Hormonais Nucleares da Faculdade Leslie Dan da Universidade de Toronto bem como a continuidade do planejamento para obtenção de novos derivados e avaliação farmacológica frente à PPARγ constituem a perspectiva deste trabalho, visando a validação do planejamento estrutural de compostos desta classe terapêutica. 37 REFERÊNCIAS AMATO, Angélica Amorim. Investigação da atividade farmacológica de Benzilideno- e Acridinilideno- Tiazolidinedionas e de Isoflavonas nos receptores alfa, beta/delta e gama ativados por Proliferadores Peroxissomais. 2008. Tese (Doutorado) - Departamento de Pós Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, 2008. ANDRADE, Karine Figueiredo de. Síntese e avaliação farmacológica de derivados fenóxiacetoacetatos em receptores ativados por proliferadores peroxissomais e em receptores de hormônio tireoidiano. 2008. 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