Uma nov geração de fibras ...
UMA NOVA GERAÇÃO DE FIBRAS: UM ESTUDO SOBRE A BUSCA
PELO CONFORTO E REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
MARIA DA CONCEIÇÃO GOMES VALLE¹
TATIANE OLIVEIRA DE FREITAS²
RENATO CELESTINO GUEDES2
IZABELLE PEREIRA DA SILVA2
1. Professora do Departamento de Economia Doméstica do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UfruralRJ; 2. Aluna
do Curso de Economia Doméstica da UFRuralRJ.
RESUMO: VALLE, M. C. G.; FREITAS, T. O.; GUEDES, R. C., SILVA, I. P. Uma nova geração de fibras: um
estudo sobre a busca pelo conforto e redução dos impactos ambientais. Revista Universidade Rural:
Série Ciências Humanas, Seropédica, RJ: EDUR, v.26, n.1-2, p. 60-66, jan.- dez., 2004. Este trabalho
estudou a nova geração de fibras têxteis e seu comportamento segundo o grau de absorção de umidade e a
disponibilidade destas fibras em lojas da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A metodologia englobou um levantamento bibliográfico e uma pesquisa de campo em lojas da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A indústria têxtil
investiu em pesquisas e novas tecnologias; procurou substituir produtos não renováveis da composição das
fibras; desenvolveu fibras naturais e novas fibras químicas a partir de matérias naturais; apenas a fibra de
liocel está disponível para o consumidor.
Palavras-chave: Inovação tecnológica, composição química, características e propriedades, produtos têxteis.
ABSTRACT: VALLE, M. C. G.; FREITAS, T. O.; GUEDES, R. C., SILVA, I. P. A new generation of fibers: a
study about the search for confort and reduction in environmental impact. Revista Universidade Rural: Série Ciências Humanas, Seropédica, RJ: EDUR, v.26, n.1, p. 60-66, jan.-dez., 2004. This work has
studied the new generation of textiles fibers and its behavior as far as the degree of humidity absorption and
their availability to purchase in the stores in the West Zone of the city of Rio de Janeiro are concerned. The
methodology comprised a bibliographical survey and a field research in the West Zone. The textile industry
invested in studies and new technologies; sought to replace non renewable products in the composition of
fibers, developed natural fibers and new chemical fibers from natural substances nevertheless only the fiber
of liocel is available to the costumers.
Key words: tecnological innovation, chemical composition, characteristics and properties, textile products.
INTRODUÇÃO
Atualmente há uma crescente preocupação com o meio ambiente, levando
as indústrias a buscarem cada vez mais
tecnologias de produção ecologicamente
corretas. Esta tendência tem influenciado
também a indústria têxtil, que está atenta
a crescente consciência crítica dos consumidores face aos assuntos relacionados
com questões ambientais. Segundo Chavan (2004) em vários países os produtos
têxteis ecologicamente corretos já estão
sendo identificados através de etiquetas.
Os consumidores estão cada vez mais
exigentes quanto à qualidade dos artigos
têxteis e tomam consciência de que os materiais possuem características diferentes
que influenciam o bem estar. Estudos de
mercado demonstram que o consumidor
atual considera o conforto como um dos
mais importantes atributos de tomada
de decisão na compra de uma peça de
vestuário. Broega (2004) defende que fu-
Rev. Univ. Rural, Sér. Ciências Humanas. Seropédica, RJ, EDUR, v. 26, n. 1-2, jan.- dez., 2004. p. 60-66.
Valle, M. C. G., et al.
turamente uma etiqueta de conforto, com
escalas bem definidas, poderá certificar
a qualidade de um produto. A busca para
atribuir aos tecidos as características desejadas pelo mercado consumidor impulsiona
a engenharia têxtil a trabalhar em todos os
setores: fibras, fios, acabamentos e equipamento têxtil. Como resultado a indústria
têxtil apresentou na última década novos
fios, novas fibras: naturais, químicas regeneradas e sintéticas. O presente trabalho
teve como objetivo realizar um estudo
sobre a Nova Geração de Fibras Têxteis
surgidas a partir da década de 90 e seu
comportamento segundo o grau de absorção de umidade, identificado por Harries e
Harries (1976) como fator importante para
o conceito de conforto, bem como verificar
a disponibilidade de peças confeccionadas
em lojas da zona Oeste – RJ.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo trata de um levantamento
bibliográfico na linha qualitativa desenvolvido em três etapas: a) Identificação de
novas fibras surgidas no mercado a partir
da década de 90; b) Caracterização de
sua origem, propriedades principalmente
no grau de absorção e propriedade biodegradável; e c) levantamento da comercialização por meio de um questionário
aplicado junto às lojas de roupas prontas
na Zona Oeste – RJ. Teve seus resultados
apresentados de forma descritiva segundo
Gil (1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A procura por produtos têxteis de alta
qualidade, funcionais, confortáveis, ecologicamente corretos que atendam às
necessidades de uso e aplicação do mercado levou a indústria têxtil ao desenvolvimento de novas fibras. Dentre as fibras
naturais encontramos o algodão orgânico,
cultivado sem o uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, e o algodão naturalmente colorido. A fibra celulósica regenerada desenvolvida foi o Liocel. As novas
fibras sintéticas ecológicas são: Politrimetileno Tereftalato (PTT), Soybean Protein Fibre (SPF) e o Poliláctico (PLA). Além
dessas foram apresentadas ao mercado a
fibra Alya Cotton VCL e a fibra PET. a) Algodão Naturalmente Colorido. A utilização
do algodão de fibra colorida pelo homem,
como comprovam amostras que remontam
2.500 a.C encontradas em escavações na
costa do Peru, é tão antiga quanto o de
fibra branca. As fibras produzidas atualmente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tanto a fibra de cor verde, conhecida também como
BRS Verde, quanto à fibra de cor marrom,
conhecida também como BRS 200, passaram por processos de seleção genética.
A BRS 200 é a primeira cultivar de algodão
de fibras geneticamente coloridas, obtidas
no Brasil, através de melhoramento convencional, com utilização do método de
seleção genealógica. Segundo a Embrapa
(2004), por ser de coloração marrom clara,
obtida através de processo não transgênico, possui valor de mercado 30 a 50%
superior às fibras do algodão branco normal. As linhagens foram selecionadas em
1992, 1994 e 1995, a partir do Banco de
Germoplasma de Algodoeiro Arbóreo da
Embrapa, implantado em 1983, no Campo
Experimental de Patos – PB. A cultivar BRS
Verde surgiu, de estudos iniciados em
1996, do cruzamento entre um material
introduzido dos EUA, o Arkansas Green
de fibra verde, com a cultivar de fibra
branca CNPA 7H. Entretanto, devido a sua
baixa resistência à luz solar, esta fibra só
é indicada para fiar fios grossos, para
confecção de jeans e artigos artesanais.
Hoje a produção do algodão colorido está
concentrada no estado da Paraíba e a
confecção de peças está a encargo da
cooperativa Natural Fashion. Para Daniel
(2004) o processo para obtenção de artigos
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prontos torna-se difícil devido à pequena
quantidade de fibra produzida. A fiação de
toda a produção, atualmente, é realizada
por uma das maiores indústrias de fiação
do Brasil a Coteminas, a tecelagem plana
é feita em Sergipe pela Ribeiro Alves, a
malharia em João Pessoa pela Matese.
Em Campina Grande, Paraíba, é realizada
a tecelagem em teares manuais pela Entrefios. Além do algodão ser naturalmente
colorido, a fibra do Brasil segundo o
presidente da Embrapa, tem constituição
orgânica por todo processo ser limpo,
apresentando propriedades similares às
do algodão branco. O cultivo do algodão
colorido traz, benefícios ecológicos, visto
que a sua coloração é natural, dispensando desta forma o uso de produtos
químicos para o tingimento, o que irá contribuir significativamente com a diminuição
do nível de poluição dos rios. Além disso,
apresenta também vantagens econômicas
e sociais, pois, seu cultivo mantém os
agricultores no campo, oferecendo-lhes
uma oportunidade de renovação da
produção algodoeira. Contudo, é importante salientar que além das vantagens
citadas acima, o algodão possui uma alta
capacidade de absorção, o que faz com
que a fibra seja confortável, e mais adequada ao clima quente do Brasil. Desta
forma, temos no mercado um novo produto que além de nos proporcionar conforto
é ecologicamente correto. b) Liocel. É uma
fibra produzida a partir de celulose natural
obtida de árvores cultivadas para esse
propósito. Por ser 100% celulósica, obtida
pela regeneração da celulose usando,
segundo Chavan (2004), o solvente ecologicamente correto N-metyl morfholine
oxide, é completamente biodegradável,
portanto mais viável sob o aspecto ecológico e econômico. O processo de produção
consiste em dissolver, a quente, a pasta
de celulose em N-metyl morfholine oxide
produzindo uma solução clara e viscosa,
que é filtrada e extrusada, através de injetores de fiação, em um banho aquoso, no
qual a celulose é coagulada, posterior-
mente a fibra é lavada com água para remover o óxido de amina, submetida a
secagem e finalmente os filamentos são
ondulados e cortados. A solução de óxido
de amina, proveniente da lavagem é purificada por evaporação para eliminar a água
e reciclada para o processo. Sendo um
processo em circuito fechado, mais de
99,5% do solvente é recuperado. Os resíduos são decompostos em depuradores
biológicos. A produção da fibra Liocel foi
realizada inicialmente pelo grupo Tencel
com o nome de Tencel® em 1992 e posteriormente em 1997 pela Lezing AG com o
nome de Lyocell by Lenzing. Os tecidos
podem ser fabricados por meio de todos
os sistemas convencionais de tecelagem.
Afirma Campanatti (1999) que os tecidos
de Tencel® podem ser acabados com resina fina a fim de dotá-los de um alto nível
de estabilidade à lavagem. As principais
propriedades da fibra Liocel são: tenacidade alta a seco e com perda de apenas
15% no estado úmido; alongamento relativamente alto; boa resistência à abrasão
e resiliência; alta tendência a fibrilação;
densidade relativamente alta com peso
específico de 1.53g/cm³; alta estabilidade
dimensional e absorção. As vantagens
dessas propriedades são a produção de
fios mais finos e tecidos mais leves,
duráveis, resistentes ao desgaste com
excelente caimento e conforto, possuindo
maior brilho, boa aparência e tato agradável. O Liocel pode ser misturado a várias
fibras, principalmente às fibras sintéticas
melhorando sua absorção e condutibilidade térmica. Hoje o Liocel é utilizado em
peças do vestuário feminino, masculino e
infantil, roupas íntimas, têxteis para o lar,
decoração de interiores e nãotecidos. c)
Politrimetileno Tereftalato (PTT). É um
polímero aromático produzido através da
policondensação do ácido tereftálico (TPA)
com o propanodiol (PDO) obtido através
da síntese por hidroxilação do óxido de
etileno. Este polímero denominado Corterra (marca registrada da Shell) foi produzido em escala piloto em 1960. Atualmente
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a Du Pont está produzindo o PDO através
de técnicas da biotecnologia a partir da
fermentação alcoólica de açúcares do
milho. Segundo Falcetta (2003) a Du Pont
até o final de 2004 estará comercializando
o PDO grau fibra em substituição ao obtido
de derivados do petróleo. As etapas para
a produção do novo polímero, a partir de
produtos renováveis e biodegradáveis, são
similares as do processo de fabricação do
poliéster convencional: preparação dos
monômeros, esterificação, pré-policondensação, policondensação, unidade de recuperação dos monômeros voláteis. A fiação
do PTT é realizada com os mesmos equipamentos do poliéster convencional apenas ajustando as temperaturas do extrusor
e do resfriamento das chaminés a fim de
definir as propriedades finais dos fios. As
principais propriedades apresentadas pelos PTT são: alta resistência ao estiramento (stretch) e a grande recuperação
elástica; facilidade de texturização; fino
toque tanto em tecelagem quanto em malharia; facilidade de absorção do corante o
que torna o processo de tingimento simplificado por poder trabalhar com temperaturas perto do ponto de ebulição da água. A
bibliografia consultada não informa o grau
de absorção de umidade da fibra. Afirma
Falcetta (2003) que o principal fator que
irá diferenciá-la das sintéticas será o custo,
inferior a poliamida. Esta fibra poderá ser
aplicada na fabricação de carpetes, em
tecidos para interiores de automóveis, em
nãotecidos com fios bicomponentes PTT/
PES. Considerando o fino toque, a maciez
e o excelente caimento do tecido, poderá
ser utilizada também em roupas íntimas,
vestuário e roupas esportivas. d) Soybean
Protein Fibres (SPF). A SPF é uma fibra
têxtil derivada de polímeros sintetizados
que está sendo desenvolvida na China, já
tendo alcançado o estágio de produção
industrial. Esta nova fibra já é conhecida
como “a fibra têxtil verde” pela origem da
matéria prima renovável, derivado da soja.
O polímero para sua produção é obtido
através da bioengenharia da pasta resid-
ual, subproduto decorrente da extração do
óleo de soja. No processo de produção as
proteínas de origem vegetal são obtidas
por separação da solução da pasta. O licor,
rico em proteínas, é submetido a um processo de fermentação controlada com
enzimas e agentes auxiliares, resultando
na formação de 18 tipos diferentes de
proteínas. Em seguida o líquido resultante
do processo de fermentação é aquecido,
provocando transformações na estrutura
das proteínas, deixando a solução em
ponto adequado para ser extrusada. A fiação ocorre por via úmida onde a solução
extrusada é coagulada dentro do banho.
As fibras assim produzidas são estabilizadas por aquecimento (termofixação), onduladas (crimp) e finalmente cortadas em
fibras curtas. As propriedades da SPF são:
tenacidade superior às fibras de algodão,
lã e seda, sendo menor que as fibras sintéticas de poliéster e poliamida; secagem
rápida; alto valor de absorção de umidade,
maior que o algodão, com valores típicos
de 8,6 comparativamente a 7,5 % do algodão e alta resistência à luz solar. Consegue-se fácil tingibilidade com banhos em
temperatura relativamente baixa, pois as
fibras SPF amarelam quando submetidas
a temperaturas maiores que 120ºC. Sua
resistência a raios UV é boa, sendo razoável resistência a álcalis e excelente a
ácidos. Devido ao baixo peso específico
(1,29g/cm³) são recomendadas para fabricação de tecidos leves. Podem ser misturadas com cashemere, algodão e sintéticas, nestas melhoram as propriedades
quanto ao conforto, pois aumentam a capacidade de absorção. O processo de
fabricação não contamina o meio ambiente, já que os resíduos obtidos das proteínas, podem ser utilizados como ração
animal. e) Poliláctico (PLA). É uma fibra
sintética, com base na polimerização do
ácido láctico obtido do milho (Chavan 2004). O lançamento oficial da nova fibra
ocorreu em janeiro de 2003, sendo o novo
fio denominado INGEO, marca registrada
das empresas Cargill e Dow. Segundo
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Falcetta (2004) se encontra atualmente em
processo de avaliação em escala industrial, em várias empresas do mundo, a fim
de determinar as propriedades dos tecidos
ao toque, caimento e aceitação pelo público consumidor. A preparação do Ácido
Láctico é realizada através da fermentação
alcoólica da farinha de milho, de onde se
obtém o ácido Láctico em três tipos de
isômeros: L-láctico, D-Láctico e Meso-láctico. Na produção da fibra a polimerização
é realizada por aquecimento, em processo
de policondensação de um grupo ácido
com álcool, com a formação de um novo
grupo éster. Controlando a reação é possível obter polímeros com concentração
diferente de isômeros L ou D. A alta concentração de isômero L pode ser utilizada
para a produção de polímero cristalino e
uma maior concentração de D-Láctico
(maior de 15%) levará ao polímero amorfo.
A fiação ocorre de forma similar aos sintéticos convencionais, seguindo-se os processos de estiragem parcial, estiragem
total ou texturização. Nas propriedades do
PLA a absorção, segundo Falcetta (2004),
é maior que a dos todos os fios sintéticos
convencionais, tais como: poliamida,
poliéster e poliacrílicas. A tingibilidade é
facilitada pela baixa temperatura de fusão
e o baixo índice de refração, o que permite
que se obtenha cores mais intensas e
brilhantes com menor consumo de energia.
Apresenta maior recuperação elástica que
os fios convencionais e excelente resistência aos raios UV. O comportamento frente
à chama é semelhante às fibras naturais
ou similar aos fios com retardante de
chama. Esta fibra é recomendada para o
vestuário, cortinas, revestimento de
móveis, carpetes, interior de automóveis,
nãotecidos, higiene pessoal e geotêxtil. f)
Alya Cotton VCL. É uma fibra de poliéster
da M&G / Rhodia-Ster de corte escalonado,
desenvolvida a partir de um inovador diagrama de cortes. A irregularidade de comprimento é uma das características das
fibras naturais que contribui para a formação de artigos confortáveis. Para Souza
(2004) o desenvolvimento da Alya Cotton
VCL foi orientado por esse conceito. Esta
fibra além de ser utilizada nos diversos
equipamentos de fiação, possui a vantagem de poder ser utilizada em todos os
tipos de mistura com fibras mais curtas,
resultando em artigos mais confortáveis e
com maior poder de cobertura. Acrescenta
Souza (2004) que a nova fibra de corte
escalonado traz ganhos em logística e
gerenciamento de estoques. g) PET. É uma
fibra obtida através da reciclagem de embalagens de materiais sintéticos formados
de polímeros oriundos da reação do ácido
tereftálico e o etilenoglicol. A indústria de
reciclagem de embalagens descartáveis
PET é relativamente nova, tem cerca de
10 anos. O processo de obtenção da fibra
PET segundo Vilhena (1996), passa pelas
seguintes etapas: aquisição da matéria
prima, classificação, moagem com lavagem, enxágüe, descontaminação, présecagem, secagem, eliminação do pó,
classificação das partículas e ensacagem.
Os pedaços de PET triturados (“Flakes”)
são derretidos até obter uma polpa macia,
sendo transformado em um fio que pode
ser tingido de várias cores Farjado et al.,
(2002). A fibra PET é fiada industrialmente
e tem as cores originais brancas, verde,
bege, ela pode ser misturada com algodão,
linho e viscose para melhorar a leveza,
maciez e conforto do tecido. Cerca de 40%
de todo PET reciclável é destinado a industria têxtil, porém o custo da reciclagem
ainda é muito alto. Segundo o investnews
(2004) a fibra PET é caracterizada pela alta
durabilidade como todas as fibras sintéticas, boa resistência à abrasão, durabilidade mecânica, elasticidade, sendo resistente aos mesmos agentes químicos que
as fibras de poliéster nas concentrações e
tempo de exposição. Para melhorar o
conforto dos artigos têxteis, por não ser
absorvente, atualmente a fibra PET é misturada a outras fibras mais absorventes e
são utilizadas em malhas e tecidos formando brins e outros artigos, usados no
vestuário em cortinas, carpetes e nãoteci-
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Valle, M. C. G., et al.
dos. O PET está inovando o mercado da
moda por ser apresentada em artigos
leves, macios e confortáveis, possui ainda
maior aceitação por ter o apelo ecológico
na questão da reciclagem, em relação á
degradação do ambiente e ao acúmulo de
lixo. No levantamento bibliográfico pode-se
perceber que as fibras que possuem componentes naturais apresentam maior absorção de umidade. Na bibliografia consultada não consta o grau de absorção das
fibras de PTT. A fibra sintética Alya Cotton
VCL possui um corte escalonado (irregular), semelhante às fibras naturais, com
intenção de melhorar a conforto das fibras.
Tanto a fibra Alya Cotton VCL quanto a
PET, geralmente, são utilizadas em misturas com outras fibras para melhorar o seu
conforto. No levantamento realizado nas
lojas da zona Oeste do Rio de Janeiro,
verificou-se que apenas o liocel é comercializado com o nome Tencel. As peças
confeccionadas eram principalmente
roupas femininas, dentre as peças masculinas estão disponíveis somente camisas.
CONCLUSÃO
Percebe-se no estudo realizado que a
indústria têxtil procurou atender às exigências dos consumidores e buscou diminuir
os impactos ambientais ao introduzir nas
fibras PTT e PLA produtos obtidos do milho
que são renováveis e biodegradáveis, em
substituição aos derivados do petróleo.
Esta modificação reduziu os gastos de energia e aumentou o poder de absorção. Desenvolveu a fibra de algodão naturalmente
colorido que além de proporcionar conforto
não polui o meio ambiente. Criou também
a fibra de Liocel que apresenta altos níveis
de absorção por ser composta somente de
celulose e utilizar um solvente não tóxico,
sendo portanto, considerada ecologicamente correta. Investiu ainda na produção
da fibra SPF obtida a partir de subprodutos
da soja. Esta fibra possui absorção supe-
rior a do algodão, baixo peso específico
originando tecidos leves e confortáveis.
Para melhorar as características das fibras
sintéticas desenvolveu um processo de
corte escalonado que aumenta o conforto
e permite a mistura com todas as fibras
curtas. A pesquisa de campo realizada na
Zonz Oeste RJ identificou que apenas a fibra Liocel está sendo utilizada na produção
de roupas, predominantemente em peças
do vestuário feminino.
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