10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil INFORMATION LITERACY IN VIRTUAL LEARNING ENVIRONMENTS IN HIGHER EDUCATION Rita Costa Veiga Zamboni (Universidade de São Paulo, Brasil) – [email protected] Cibele Araújo Camargo Marques dos Santos (Universidade de São Paulo, Brasil) – [email protected] Virtual learning environments are becoming increasingly common in higher education. In the context of lifelong learning, virtual learning environments can be a useful tool to foster the development of individuals able to manage their own learning process in an independent, collaborative and ethical manner. The purpose of this paper is to show that information literacy skills may contribute to the design of courses and activities in virtual learning environments which are able to meet today´s educational needs. The method adopted is a a literature-based analysis of the main issues covered. It presents virtual learning environments, their uses and the literature on information literacy. Shows the possibilities of establishing information literacy as a discipline, as a transdisciplinary element and as a foundation for study guides. In the conclusion, it indicates that information literacy needs to underpin any educational initiatives in virtual learning environments to enable individuals to learn how to learn. Keywords: Information literacy, Virtual learning environments, Higher education COMPETÊNCIA INFORMACIONAL EM APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR AMBIENTES VIRTUAIS DE O uso de ambientes virtuais de aprendizagem torna-se cada vez mais comum no ensino superior. Num contexto de aprendizagem ao longo da vida, os ambientes virtuais de aprendizagem podem ser uma ferramenta útil para o desenvolvimento de indivíduos que sejam capazes de gerenciar seu aprendizado de maneira autônoma, colaborativa e ética. O objetivo deste trabalho é mostrar que a competência informacional pode contribuir para a elaboração de cursos e atividades em ambientes virtuais de aprendizagem em sintonia com as necessidades educacionais da atualidade. A metodologia do trabalho está baseada em pesquisa bibliográfica dos temas discutidos. Apresenta os ambientes virtuais de aprendizagem em seus diversos usos e a literatura sobre competência informacional. Mostra as possibilidades de inserção da competência informacional como disciplina, como elemento transdisciplinar e como embasamento para os guias didáticos dos ambientes virtuais de aprendizagem. Nas considerações finais sinaliza que a competência informacional deve ter um papel central na elaboração de iniciativas educacionais em ambientes virtuais de aprendizagem para garantir que o indivíduo seja amparado em seu processo de aprender a aprender. Palavras-chave: Competência informacional, Ambientes virtuais de aprendizagem, Ensino superior. 1 1244 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil 1. Introdução O uso de ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) torna-se cada vez mais comum em diversas fases da educação formal, em especial no ensino superior. Com a disseminação dos computadores e do acesso à Internet nas últimas décadas, as várias possibilidades de estruturação desses ambientes têm sido exploradas em aulas presenciais, semi-presenciais, e no ensino a distância (EaD). Os AVAs auxiliam no gerenciamento de cursos online sendo desenhados para comportar parte ou até mesmo toda a estrutura de um curso, conforme planejado pelo professor ou outro profissional do ensino. Grande parte destes ambientes foi criada dentro da perspectiva sócioconstrutivista de educação, baseando-se na ideia de que os indivíduos constroem novos conhecimentos na interação com o ambiente. De acordo com o sócioconstrutivismo, a aprendizagem é particularmente eficiente se esse processo de construção ocorrer colaborativamente. Entretanto, o fato de um ambiente virtual de aprendizagem ter sido criado dentro de tal perspectiva não significa que todo curso montado em tal ambiente seja necessariamente interativo e/ ou colaborativo. As concepções atuais de educação favoreçam modelos centrados no aluno e na interação como forma de construção do conhecimento, mas o que ocorre na grande maioria dos ambientes educacionais presenciais é a reprodução do modelo centrado no professor e no conteúdo. Do mesmo modo, muitas escolas que optam pelo uso de ambientes virtuais de aprendizagem acabam por reproduzir esse modelo tradicional de educação. Ao invés do aluno fazer a lição de casa em papel, faz no computador. Ao invés de ler o texto e responder às questões na ficha de leitura em papel, transporta-se a ficha de leitura para o ambiente virtual. Após anos sendo guiados pelo professor espera-se que o aluno, no nível superior, tenha alcançado certo grau de autonomia em seus estudos. Depois de mais de uma década sendo treinado a adquirir conhecimentos pré-selecionados através do modelo tradicional de ensino, na universidade o aluno deve mostrar que adquiriu habilidades que lhe permitam aprender de modo independente. Contudo, a realidade mostra que a grande maioria dos alunos que chegam ao ensino superior está despreparada para esse tipo de aprendizado. Não sabem organizar suas próprias anotações de estudo, e tem grande dificuldade em realizar uma pesquisa, pois não conhecem fontes de informação, estratégias de busca e metodologia de pesquisa. Além disso, se colocados diante de um ambiente virtual de aprendizagem, muito provavelmente repetirão o comportamento adquirido no ensino fundamental e médio, procurando por conteúdos pré-selecionados, ordem pré-estabelecida, e alguma voz que lhes diga o que fazer e quando fazer. Nesse sentido, um ambiente virtual baseado em modelos tradicionais de ensino pode até ter maiores chances de aceitação. Cada vez mais as instituições de ensino superior buscam alternativas metodológicas baseadas na ideia de conhecimento construído e compartilhado e, quando utilizam um ambiente virtual de aprendizagem, esperam que este corresponda a sua filosofia educacional e que os alunos sejam capazes de acompanhar esse novo modo de lidar com o conhecimento. Nesta perspectiva, pergunta-se como garantir que o ambiente virtual de aprendizagem não reproduza 2 1245 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil simplesmente uma concepção mecanicista de aprendizagem, mas permita a construção de conhecimentos de modo independente e colaborativo. Mais importante ainda, pergunta-se como garantir que o aluno esteja preparado para lidar com um ambiente virtual que exija essa postura independente, inquisitiva e colaborativa. É nesse ponto que a competência informacional pode atuar, pois está baseada no processo investigativo, no aprendizado ativo e independente, no pensamento crítico, no “aprender a aprender” e no aprendizado ao longo da vida, que são essencialmente os componentes de uma visão de educação mais condizente com as necessidades dos indivíduos na atualidade. Por não estar centrada em conteúdos, a competência informacional também pode ser utilizada como base metodológica no desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem interdisciplinares e transdisciplinares. Tornase relevante no ensino superior, quando determinadas habilidades podem fazer a diferença para um indivíduo ser capaz de gerenciar seus próprios processos educacionais de modo colaborativo, ético e continuado. O momento em que vivemos é frequentemente descrito como a era da informação com a mudança de paradigma em relação ao papel do conhecimento (produção e transmissão) em nossa sociedade. Em linhas gerais, pode-se dizer que passamos de um momento em que o conhecimento era (ou aparentava ser) estático e limitado a uma nova concepção na qual o conhecimento é descrito como fluido e ilimitado. No antigo paradigma, estudava-se por alguns anos até o ensino superior e os conteúdos aprendidos eram suficientes para garantir uma vida social e profissional com pouco ou nenhum acréscimo em termos de estudo. Hoje, antes mesmo de terminar um curso universitário, o aluno já se sente desatualizado em sua área de estudo. Isso significa que este aluno deverá encarar o processo de aprendizagem continuada. A UNESCO apoia o programa de aprendizagem continuada ou aprendizagem ao longo da vida através da elaboração de políticas e em suas publicações enfatiza a importância do desenvolvimento de iniciativas dentro e fora do sistema formal de ensino, e o uso de ferramentas tecnológicas que permitam alcançar o maior número possível de indivíduos. A Ciência da Informação não se furtou à discussão e a International Federation of Library Associations (IFLA) publicou as Recomendações para competência informacional e midiática, nas quais reforça o elo entre competência informacional e aprendizagem ao longo da vida. Competência informacional pode ser definida como “o conhecimento, as atitudes e a soma das habilidades necessárias para saber quando e qual informação é necessária; onde e como obter tal informação; como avaliá-la criticamente e organizá-la; e como utilizá-la de modo ético” (International Federation of Library Associations and Institutions, 2011). Percebe-se que há grande afinidade e complementaridade de perspectivas e objetivos entre o paradigma de aprendizagem ao longo da vida, a competência informacional, e os ambientes de aprendizagem na atualidade. Mais especificamente, os ambientes virtuais de aprendizagem são uma excelente ferramenta para o aprendizado ao longo da vida. Na modalidade à distância, por exemplo, derrubam as barreiras de tempo e espaço e até mesmo de custo, uma vez que sua implantação tende a ser mais viável economicamente do que o modelo presencial. 3 1246 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil Contudo, a escola, os demais equipamentos educacionais, inclusive a biblioteca fizeram pouco para preparar o aluno para a aprendizagem independente. Um aluno acostumado com a dinâmica da escola tradicional presencial pode se sentir sem rumo diante de um ambiente virtual de aprendizagem (especialmente em seu uso a distância), se este não for desenhado para ajudá-lo a entender seu funcionamento. Não se pode subestimar a capacidade de aprendizagem dos alunos que, em muitos casos, aprendem a lidar com o novo contexto. Porém, é trabalho do professor e do bibliotecário assisti-lo neste processo. E a competência informacional pode ser o pilar de sustentação dessa aprendizagem, contribuindo para os objetivos educacionais de programas desenvolvidos (parcial ou integralmente) em ambientes virtuais de aprendizagem no ensino superior. Parte-se do princípio de que, atualmente, qualquer esforço educacional deve ser capaz de desenvolver as habilidades necessárias para que os indivíduos saibam lidar com a informação e gerenciar seu próprio processo de aprendizagem. Este trabalho tem por objetivo mostrar que a competência informacional pode contribuir para a elaboração de cursos e atividades em ambientes virtuais de aprendizagem em sintonia com as necessidades educacionais na atualidade. 2. Metodologia Com base em levantamento bibliográfico e revisão da literatura, buscou-se utilizar, para a parte conceitual do trabalho, artigos e livros publicados nos últimos dez anos, incorporando material anterior quando sua relevância se sobrepõe ao critério atualidade. No caso de artigos de cunho mais prático, descrição de experiências, estudos de caso, etc., optou-se por utilizar material dos últimos cinco anos. Isso se deve ao fato de que parte do estudo (ambientes virtuais de aprendizagem) depende largamente de tecnologias que mudam muito rapidamente, portanto considerou-se o material mais recente. Na pesquisa em bases de dados bibliográficas e outras fontes de informação foram utilizadas palavras-chaves que incluíssem sinônimos como alfabetização informacional e literacia informacional para competência informacional, por exemplo, em português e em inglês. Também se realizou buscas por nome de autores significativos nas áreas de competência informacional e tecnologia na educação. Foi dada atenção especial a artigos que organizam as tendências da área. 3. Tecnologia na educação e ambientes virtuais de aprendizagem As tecnologias da informação e da comunicação trouxeram grandes mudanças para o processo de ensino e aprendizagem. O simples fato dessas tecnologias existirem fora da sala de aula já acarretou mudanças significativas para o processo, uma vez que tanto alunos quanto professores foram expostos a novas formas de obtenção do conhecimento e de comunicação (Kenski, 2007). Para a autora, essas mediações nos levam a pensar que muitas das atividades de ensino-aprendizagem podem ocorrer à distância. Cabe lembrar que mesmo no modelo tradicional de educação já ocorria o modo semipresencial, com alunos desenvolvendo leituras e trabalhos fora da sala de aula, por exemplo. 4 1247 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil É importante notar que só o uso de novas tecnologias não alteram as dinâmicas utilizadas para ensinar e aprender. É muito comum ver tecnologias avançadas (como os AVAs) sendo utilizadas de modo tradicional, focado no conteúdo e sem levar em consideração o aluno ou o contexto de aprendizagem. É o que acontece quando “cursos em CBL (computer-based learning) e WBT (web-based learning) procuram treinar os alunos com base na resolução repetitiva de exercícios, em níveis progressivos de dificuldade” (Kenski, 2007: 87). As visões redutoras do uso da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem, apontam para a distância como empecilho ao processo. Dentro dessa visão, a utilização de um AVA seria um tipo de barreira, e não uma ponte para a aprendizagem. Ocorre que, se devidamente inseridos no processo educacional, os AVAs podem criar aproximações até mais firmes do que as interações presenciais em aula. São ferramentas flexíveis, que permitem uma série de usos. Atribuir a um AVA a qualidade de “barreira” ou “ponte” é queimar uma etapa importante no processo de elaboração de um curso, que envolve a determinação de seus objetivos, a escolha dos métodos, técnicas e atividades que serão utilizados, e a opção pelas tecnologias mais apropriadas para tais objetivos. Por diversos caminhos, as TICs acabaram sendo cada vez mais integradas às atividades educacionais. A pressão social para inserção do chamado “laboratório de informática” nas escolas, raramente ocorre dentro do plano educacional da escola como um todo, mas na forma de um apêndice desconectado das demais atividades (Kenski, 2007). Gradualmente, o uso dado às novas tecnologias foi se modificando e para a autora, o grande salto nas relações entre educação e tecnologia se deu com o surgimento da Internet. Os emails, fóruns, e a possibilidade de comunicação com qualquer lugar do mundo alterou permanentemente a visão da tecnologia na educação. Os ambientes virtuais de aprendizagem refletem esse desenvolvimento tecnológico na educação. Um AVA é um ambiente padronizado que permite o desenvolvimento de iniciativas educacionais baseadas na Web. O termo é a tradução do inglês virtual learning environment (VLE). Inclui recursos para a manipulação de textos e gráficos, o gerenciamento de arquivos, a comunicação entre participantes dos cursos, a segurança de acesso, bancos de dados, o gerenciamento de estatísticas de uso, a montagem de enquetes e avaliações, dentre outros (Del Castillo, 2005: 35). Almeida propõe uma descrição bastante abrangente sendo possível notar na definição a ponte estabelecida pelo autor com o design educacional ou instrucional. Para o autor, os AVAs são: (...) sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educacional, o qual 5 1248 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade (Almeida, 2003: 331). Um AVA também é conhecido como sistema de gerenciamento de cursos (SGC), course management system (CMS), sistema de gerenciamento de aprendizagem, learning management system (LMS), ou instructional management systems (IMS), embora alguns autores apontem para essas denominações como mais abrangentes, incluindo as ferramentas externas de gerenciamento do curso. Seguindo (Tori, 2010), neste trabalho os termos são usados como sinônimos. Os primeiros AVA surgiram no final da década de 1990, com o desenvolvimento de navegadores Web com mais recursos e a rápida ampliação do acesso à Internet, bem como a melhoria da rapidez e qualidade na conexão (Del Castillo, 2005). É a partir desse momento que foram criados os ambientes para uso educacional via Internet. Simultaneamente, uma parte desses ambientes foi desenvolvida com licenças de código aberto enquanto a outra parte se estabeleceu como plataformas proprietárias. A autora coloca que as primeiras versões de AVAs foram implementadas baseando-se em quatro estratégias: incorporar ferramentas já existentes na Web, como correio eletrônico e grupos de discussão; agregar atividades específicas de informática, como gerenciar arquivos e cópias de segurança; criar funcionalidades específicas para a atividade educacional, como módulos para o conteúdo e a avaliação; adicionar elementos de administração acadêmica sobre cursos, alunos avaliações e relatórios. (DelCastillo, 2005: 36) São exemplos de AVAs: o Blackboard (1997), o Moodle (2001), o Sakai (2004), o TelEduc (2002), e o WebCT (1995), dentre vários outros. O Moodle, o TelEduc e o Sakai são exemplos de programas de código aberto, disponibilizados sob licença de software livre. Outras ferramentas, como o Blackboard e o WebCT, são softwares proprietários desenvolvidos por empresas particulares, e uma licença deve ser adquirida para seu uso. Os AVAs podem diferir em uma série de características, mas alguns recursos são comuns a quase todos como recursos de gerenciamento do curso, gerenciamento de conteúdo, área de visualização de conteúdo, correio eletrônico, mensagem instantânea, sala de bate-papo, fórum de discussão, quadro de avisos, lousa virtual (recurso de comunicação síncrona com uma tela compartilhada), compartilhamento de recursos, recursos de gerenciamento de avaliação e área de apresentação dos alunos. Permitem a comunicação síncrona e assíncrona constante entre os usuários. Três características garantem o diferencial dos AVAs: a interatividade, a hipertextualidade e a conectividade (Kenski, 2003). Um AVA não é todo e qualquer Web site educacional e propõe uma série de características que constituem um ambiente virtual de aprendizagem (Dillenbourg, 2000: 2). Para o autor, o espaço de informação deve ser planejado, devem necessariamente existir interações educacionais no ambiente, transformando espaços (estáticos) em lugares (sociais); a informação apresentada pode variar de texto a 3D, cada uma devendo ser escolhida deliberadamente; os alunos devem ser não somente ativos, mas atores, 6 1249 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil construindo de forma conjunta o espaço virtual; sendo que os AVA não estão restritos à educação a distância, mas também podem enriquecer aulas presenciais ou semipresenciais; integram tecnologias heterogêneas e múltiplas abordagens pedagógicas; grande parte estão atrelados a ambientes físicos, em atividades de campo ou momentos de avaliação. É importante não perder de vista o objetivo pedagógico do ambiente virtual de aprendizagem que podem apresentar forte impacto visual, porém sem trazer grandes ganhos para o aluno (Dias & Leite, 2010: 94). Assim, para ser eficiente, um AVA deve ser pensado por profissionais competentes da área técnica e da área pedagógica. Nesse sentido, a avaliação de ambientes virtuais de aprendizagem envolve diferentes áreas de conhecimentos teóricos e práticos, da pedagogia à computação e deve levar em conta aspectos quantitativos e qualitativos. Em sua dimensão pedagógica, os AVAs podem ser avaliados em termos de adequação ao ambiente educacional, existência de recursos motivacionais, sobrecarga cognitiva, apresentação das informações, autonomia do aluno, possibilidade de trabalho colaborativo, entre outros (Silva & Silva, 2009). Quanto aos aspectos tecnológicos, as autoras mencionam a interatividade, a interface do usuário, a facilidade de uso e navegação, a funcionalidade global e a acessibilidade. Sugerem duas formas de avaliação, uma intrínseca e outra extrínseca. A primeira a partir das características do ambiente, por especialistas nos diferentes critérios de avaliação. A segunda levaria em consideração a relação entre o ambiente e os alunos, ou o propósito para o qual será utilizado. Os AVA sofreram mudanças desde a década de 1990, agregando novas funcionalidades (Del Castillo, 2005). Há hoje uma preocupação com escalabilidade (quantidade de usuários que acessam um sistema), com usabilidade (o bom uso das funcionalidades pelos usuários) e portabilidade (formas de exportar conteúdos didáticos e cursos de um ambiente para outro). Quanto à portabilidade, o SCORM (Sharable Content Object Reference Model Iniciative) é um conjunto de padrões e especificações criado com o objetivo de permitir a exportação de conteúdos entre ambientes virtuais. Iniciativas em padronização são especialmente importantes quando se leva em conta o uso em larga escala de ambientes virtuais de aprendizagem por universidades e até governos. A não portabilidade de conteúdos ofereceria um sério comprometimento ao uso desses ambientes, especialmente no que diz respeito ao custo. 4. Concepções epistemológicas e metodológicas dos AVAs As práticas pedagógicas (presenciais ou virtuais) são a expressão de um modelo educacional baseado em determinada concepção epistemológica. Essas concepções apresentam visões diferenciadas sobre a aquisição do conhecimento (Schlemmer, 2005). A maioria dos AVAs desenvolvidos atualmente está ancorada em uma concepção interacionista. Nessa concepção, “acredita-se que o conhecimento ocorre em um processo de interação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, entre um indivíduo e seu meio físico e social” (Schlemmer, 2005: 33). 7 1250 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil O conhecimento não estaria nem no sujeito (concepção apriorista), nem no objeto (concepção empiricista), mas sim na interação, o que destacaria a importância do sujeito em seu próprio processo de aprendizagem. Uma das maiores críticas ao uso de ambientes virtuais de aprendizagem, especialmente no ensino a distância, está justamente na questão das possibilidades de interação. Pierre Lévy lembra que “o termo ‘interatividade’ em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação.” É importante destacar que o autor vê interatividade mesmo em um expectador diante de uma televisão, aparelho em geral associado à “passividade”. Diz o autor que esse expectador “decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras, e sempre de forma diferente de seu vizinho” (Lévy, 1999: 79). O conceito de distância transacional (Moore, 1993: 8) ajuda a pensar a questão da interação, desvinculando-a tão somente da questão do espaço físico. A proximidade no espaço físico seria apenas mais uma das variáveis que permitiriam o diálogo entre professores e alunos, juntamente com outros fatores como a natureza do meio de comunicação empregado, o número de alunos e professores no grupo, a filosofia e as características emocionais de professores e alunos, além de restrições impostas pelas instituições educacionais. Assim, podemos ter um curso presencial com alta distância transacional, e cursos à distância com baixa distância transacional, dependendo da articulação dos fatores acima. O autor enfatiza que os espaços psicológicos e comunicacionais entre um aluno e um instrutor nunca são exatamente os mesmos, uma vez que a distância transacional é um termo relativo, e não absoluto. Com relação ao uso de tecnologias no processo educacional, a concepção interacionista associa-se ao uso dos ambientes virtuais de aprendizagem e às comunidades virtuais de aprendizagem, enquanto espaços que permitiriam maiores possibilidades de interação e construção do conhecimento (Schlemmer, 2005: 34). Segundo a autora, o critério didático-pedagógico é o primeiro e o mais importante item a ser analisado ao se optar pelo uso de um AVA. É esse critério que determina se o AVA disponibiliza determinado “conjunto de ferramentas que propiciam em maior ou menor grau o desenvolvimento de metodologias específicas para o fim a que se propõe” (Schlemmer, 2005: 35). A cooperação é outro aspecto essencial do processo de ensinoaprendizagem. Para a autora, a cooperação é identificada como um processo em ação. Co-operação é operar em conjunto na ação, caracterizando-se pela coordenação de pontos de vistas diferentes e pela existência de regras autônomas de condutas fundamentadas no respeito mútuo. Para que haja uma cooperação, são necessárias as seguintes condições: existência de uma escala comum de valores, conservação da escala de valores e existência de uma reciprocidade na interação (Schlemmer, 2005: 32). Cardoso aponta para a autonomia como um elemento-chave na utilização de um AVA que é, ao mesmo tempo, uma ferramenta que requer e pode ensinar autonomia: “o que o torna um instrumento muito interessante nos novos modelos 8 1251 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil pedagógicos que envolvem a participação ativa dos aprendizes, sem excluir a presença dos professores” (Cardoso, 2010:158). A autonomia do aluno “é a medida pela qual, na relação ensinoaprendizagem, é o aluno e não o professor quem determina os objetivos, as experiências de aprendizagem e as decisões de avaliação do programa de aprendizagem” (Moore, 1993: 9). Contudo, o ideal ao final de um curso universitário é um indivíduo com capacidade de aprendizagem autônoma, que embora desejável, não reflete a realidade do comportamento da grande maioria dos alunos. Assim, é papel dos profissionais de educação garantir que os alunos sejam incentivados a adquirir uma postura autônoma diante do seu próprio aprendizado. Embora o ensino a distância não seja o único modo de utilização dos AVAs, é nessa modalidade que suas potencialidades têm sido mais exploradas. O fato de que, historicamente, a educação a distância (EaD) tem sido considerada uma modalidade diferente de educação, em oposição à educação presencial (Tori, 2010). Para o autor, essa separação não é adequada, uma vez que a distância física não é necessariamente um empecilho à aprendizagem, tanto quanto a simples proximidade física em sala de aula não é garantia de aprendizagem. Moore e Kearsley apresentam a seguinte definição para o ensino a distância: Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (Moore & Kearsley, 2007: 2). O fato de o lugar de aprendizagem diferir do local de ensino parece ser a questão central para desqualificar o ensino a distância. Para os críticos dessa modalidade de ensino, a simples existência da distância já prejudicaria o ensino a ponto de invalidar toda a modalidade. Contudo, há quem veja na educação a distância a única opção para formar o enorme contingente de pessoas que chega hoje ao ensino superior. Para Moore e Kearsley, a educação a distância atenderia a necessidades do sistema educacional da atualidade, o que inclui: o acesso crescente a oportunidades de aprendizado e treinamento; proporcionar oportunidades para atualizar aptidões; melhorar a redução de custos dos recursos educacionais; apoiar a qualidade das estruturas educacionais existentes; melhorar a capacitação do sistema educacional; nivelar desigualdades entre grupos etários; direcionar campanhas educacionais para públicosalvo específicos; proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvo importantes; aumentar as aptidões para a educação em novas áreas do conhecimento; oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar; agregar uma dimensão internacional à experiência educacional (Moore & Kearsley, 2007: 8). 9 1252 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil A educação a distância redefine noções como o tempo do ensino e da aprendizagem, o espaço dessas aprendizagens e o formato da turma (Moraes, 2010). Também leva a uma redefinição da figura do professor, do formato dos materiais e dos procedimentos didáticos. Para o autor, alguns elementos aparentemente menos estratégicos do ensino presencial são essenciais no ensino a distância, tais como a autodisciplina do estudante, a capacidade de autoinstrução, a qualidade dos materiais, as formas de cooperação entre as instituições e o planejamento e divisão do trabalho. Moraes localiza na equipe de projetos (grupo de professores e técnicos) o núcleo matricial do sistema. Cabe aqui fazer um adendo a essa equipe, destacando o papel do profissional bibliotecário nas duas áreas, pedagógica e técnica. Blended learning é o termo utilizado para designar um curso semipresencial, com atividades definidas para a sala de aula, e outras a serem desenvolvidas num ambiente virtual (a distância). Tori (2010) utiliza o termo “curso híbrido”. Para o autor, conforme os cursos tradicionais forem se apropriando das tecnologias digitais, ficará cada vez mais difícil traçar uma separação entre as modalidades virtual e presencial. Ocorre uma convergência de modalidades de ensino, na qual a tecnologia está a serviço da aprendizagem. Essa integração aumenta as possibilidades de criação de cursos que atendam a necessidades específicas de cada grupo. Seja a educação virtual, melhorada com encontros e atividades presenciais, seja a educação presencial, enriquecida com atividades virtuais, o fato é que há formas muito mais interessantes, viáveis, flexíveis e eficientes de ensinar e aprender do que as suportadas pelas velhas carteiras enfileiradas em monótonas salas frequentadas diariamente pelos alunos. (Tori, 2010: 32) Tori sugere algumas possibilidades de integração das modalidades, como a substituição de aulas expositivas para grande número de alunos com grande carga horária por material interativo on-line, acrescido de aulas para grupos menores, com menor carga horária e maior possibilidade de interação entre alunos e professores. Essa é apenas uma das possibilidades listadas, mas que ilustra bem o propósito da convergência entre presencial e virtual: tem-se a possibilidade de trabalhar com o que há de melhor em cada um deles. Um curso semipresencial pode utilizar um AVA justamente para estabelecer a ponte entre as atividades presenciais e as atividades realizadas a distância. Nesse sentido, as funcionalidades de gerenciamento de curso de que o AVA dispõe se tornam extremamente relevantes. Numa época em que a aprendizagem ao longo da vida é uma realidade, o blended learning oferece a vantagem adicional de promover a independência do indivíduo, permitindo que aprenda em diferentes contextos. Em um ambiente virtual de aprendizagem, o planejamento em todas as etapas do processo de criação de um curso é essencial. É especialmente relevante no processo de criação das atividades que serão desenvolvidas pelos alunos, por vezes sem o auxílio imediato de um tutor. Assim, o design instrucional tem papel preponderante no desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem. 10 1253 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil A incorporação da tecnologia à prática educacional traz novos desafios para os profissionais da educação (Filatro, 2004). Hoje as questões não dizem mais respeito à inclusão ou rejeição das tecnologias na sala de aula. As questões agora se focam nas transformações na natureza do ensino-aprendizagem, nas novas relações com o conhecimento, e às novas modalidades de educação mediadas por tecnologias. O campo de pesquisa do design instrucional deve então ser entendido como o “planejamento, o desenvolvimento e a utilização sistemática de métodos, técnicas e atividades de ensino para projetos educacionais apoiados por tecnologias” (Filatro, 2004: 32). Para a autora, o design instrucional é a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos (Filatro, 2004: 64). As etapas de preparação e planejamento de uma sequência didática são representadas em modelos de desenvolvimento de design instrucional. Os modelos podem variar de acordo com o contexto educacional a que se aplicam, mas normalmente envolvem as fases de análise, design, desenvolvimento, implementação e avaliação. Essa estrutura estanque deixou evidente a necessidade de se buscar nas teorias atuais de aprendizagem suporte para as ações no design instrucional. Assim, princípios comportamentalistas e construtivistas podem e devem ser utilizados como balizas do design instrucional. Cardoso ressalta que Um AVA não é apenas uma interface na Web com um conjunto de funcionalidades à disposição dos professores e alunos. Mas antes, um AVA deve permitir a execução de atividades e intervenções em seu ambiente a fim de conduzir os participantes à construção de conhecimentos de forma conjunta. Portanto, estratégia é fundamental pra a utilização bem sucedida e evitar um uso mecanicista e limitado (Cardoso, 2010: 158, grifo nosso). A estratégia na elaboração de um AVA seria, em última análise, a diferença entre um empilhado de funcionalidades sem propósito definido, e um ambiente virtual no qual a aprendizagem é parte de um plano de ensino plenamente desenvolvido. 4. Competência informacional A UNESCO coloca a Information Literacy ou competência informacional como uma das “survival literacies”, ou competências de sobrevivência necessárias aos indivíduos no século XXI. Competência informacional é importante para todos os envolvidos nos processos educacionais, enfatizando que as pessoas devem ser capazes de trabalhar com a informação, ter a capacidade de “encontrar, avaliar, analisar, 11 1254 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil integrar, gerenciar e transmitir informação para os demais de maneira efetiva e eficiente” (Rockman, 2003: 209). Os alunos do ensino superior devem ter uma base sólida em competência informacional com ênfase no comportamento ético em relação à informação e esta base é o primeiro passo em direção ao aprendizado ao longo da vida, necessário num momento no qual a informação é essencial a todas as relações dentro de nossa sociedade. O surgimento da information literacy está associada ao serviço de referência em bibliotecas e ao desenvolvimento da educação de usuários. Campello mostra que, até a década de 1950, a educação de usuários praticamente não existia nas bibliotecas escolares dos Estados Unidos, e os bibliotecários estavam encarregados tão somente do serviço de referência. A partir daí surge o serviço chamado instrução bibliográfica, com o objetivo de “instruir o leitor no uso da coleção, treinando-o para manusear fontes de informação consideradas apropriadas e relevantes para a aprendizagem de determinado tópico do currículo” (Campello, 2003: 29). A década de 1960 mantém o foco na coleção, mas já havia a preocupação de relacionar os materiais da biblioteca com o currículo escolar, mostrando uma clara influência das novas teorias educacionais construtivistas, com foco em uma aprendizagem mais dinâmica. Essas teorias deixavam abertas as portas para a atuação do bibliotecário em sua função educativa. O termo information literacy foi primeiramente utilizado por Paul Zurkowski em um relatório intitulado The information service environment, relatioships and priorities publicado em 1974, que tratava das habilidades e técnicas utilizadas para encontrar soluções informacionais. A população deveria desenvolver competências para utilizar os produtos informacionais disponíveis no mercado, e serem capazes de aplicá-las no trabalho. A partir daí o uso do termo foi crescendo exponencialmente, sofrendo modificações, e agregando outras óticas ao seu significado original. Campello (2003) mostra que o passo seguinte foi a vinculação do termo a questões de cidadania e responsabilidade social. No entanto, a ênfase nas habilidades técnicas continuam a aparecer na literatura. Como aponta Dudziak (2003: 24), vários autores procuram mostrar que a capacitação em informação está relacionada ao “domínio de técnicas e habilidades de uso das ferramentas informacionais na modelagem de soluções para os problemas, um dos requisitos para a competência”. Foi na década de 1980 que a perspectiva biblioteconômica do termo se consolidou. As novas tecnologias de informação influenciaram largamente as bibliotecas e sistemas de informação. Surgem, nesse período, inúmeros trabalhos sobre a information literacy. Segundo Dudziak (2003), a concepção da information literacy como capacitação em tecnologia da informação se popularizou, dando-lhe um caráter, sobretudo instrumental. Com a publicação das diretrizes denominadas “Information Power: Guidelines for School Libraries Media Programs”, percebe-se uma clara tentativa de definir mais especificamente a função pedagógica do bibliotecário. Uma das funções do bibliotecário seria a de professor, encarregado de ensinar não apenas as habilidades que vinha tradicionalmente ensinando (localizar e recuperar informação), mas também envolvido no desenvolvimento de habilidades de pensar criticamente, ler, ouvir e ver, enfim ensinando a aprender a 12 1255 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil aprender. Outra função prevista para o bibliotecário era a de consultor didático, encarregado de integrar o programa da biblioteca ao currículo escolar, colaborando no processo de ensino/aprendizagem e assessorando no planejamento e na implantação de atividades curriculares (Campello, 2003: 30, grifo nosso). Em 1983, o governo americano publica o documento “A National Risk; the Imperative for Educational Reform”, diagnosticando o ensino público dos Estados Unidos. O documento causou reação da comunidade bibliotecária, que publica o documento “Libraries and the Learning Society: Papers in Response to A National Risk” através da ALA. O documento mostrava que até então, a visão de information literacy levava em consideração o papel pedagógico do bibliotecário, mas dentro de uma visão tradicional de educação, centrada no professor e nos conteúdos (Campello, 2003). Fazia-se necessária a adoção de uma visão na qual o professor (e o bibliotecário em sua função pedagógica) fossem facilitadores da aprendizagem, e não mais o foco do processo. A monografia de Karol Kuhlthau, “Information Skills for na Information Society: a review of research” publicada em 1987, articula definitivamente information literacy e educação através da integração ao currículo e do amplo acesso aos recursos informacionais. Seu trabalho propôs um modelo descritivo dos processos de aprendizagem por meio da busca e do uso da informação. Em 1998 é publicada a nova versão do “Information Power”, reintitulado “Information Power: Building Partnerships for Learning”. A própria mudança no título do documento já aponta para uma mudança de paradigma educacional. Outra mudança fundamental nesse período foi o surgimento do resourcebased learning, uma estratégia dentro da teoria construtivista que propunha a aprendizagem baseada em recursos, com uma variedade de fontes e tecnologias da informação. Segundo Dudziak (2003), a definição da ALA foi amplamente aceita nos anos 1990. Contudo, para muitos bibliotecários o termo era simplesmente uma alternativa a educação de usuários. Surgem nesse período diversos trabalhos buscando dar uma fundamentação teórica e metodológica para a information literacy. Em 1997, a ALA cria a Association of College Research Libraries (ACRL), com o objetivo de dar suporte a programas de implementação de information literacy no ensino superior. Nessa década, é significativo o crescimento de estudos relacionados à information literacy. Surgem diversos programas em universidades e bibliotecas escolares e nota-se também a criação de novas instituições de suporte ao tema. Duas organizações de peso, citadas por Dudziak (2003), são a Library Instruction Round Table (LIRT) e a LOEX Clearinghouse for Library Instruction. As diretrizes da IFLA (2006) sobre desenvolvimento de habilidades em informação para a aprendizagem permanente mostram que é necessário conhecer os diferentes conceitos relacionados às habilidades em informação para estabelecer um programa de desenvolvimento de information literacy. Este documento representa uma espécie de consenso dentro de uma área de estudo largamente controversa. 13 1256 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil Ao tratar do termo informação, o documento aponta para a existência de diferentes definições, que variam de acordo com o formato e o meio utilizado para o seu armazenamento e transferência, além da área pela qual é definida. Sugere que, dentro da information literacy, o termo é sinônimo de conhecimento organizado, experiência humana sistematizada, fonte potencia de uma variedade de dados, recurso que pode apresentar diferentes formatos e suportes, pessoas e instituições. Nesse sentido, a informação é vista como fonte essencial para as economias mundiais, elemento vital para o avanço científico e tecnológico. Literacy carrega os sentidos de letrado, instruído, capaz de ler e escrever, ter a capacidade de. Em educação, a basic literacy se refere às habilidades essenciais aprendidas no ensino fundamental e médio da educação formal. As diretrizes sugerem que o termo literacy, em information literacy, seja entendido no sentido de ter a capacidade de. Há, contudo, outros sentidos de literacy que estão relacionados à information literacy, tais como a digital literacy, a media literacy, dentre as referentes às tecnologias da informação. Assim, a ACRL (2000) reconhece a ligação entre information literacy e information technology skills (que abrigaria os sentidos de literacy ligados à tecnologia), mas afirma que a primeira tem implicações mais amplas. As information technology skills, ou habilidades em tecnologias da informação, capacitariam os indivíduos para usar computadores, softwares, bases de dados e outras tecnologias, mas tais habilidades também estão necessariamente incluídas na information literacy. Em português, a tradução de information literacy traz consigo uma série de dificuldades. Vitorino e Piantola (2009) utilizam o termo competência informacional como sinônimo de information literacy. Ao fazer tal escolha, as autoras realçam a importância de se delimitar o alcance dos termos para garantir um norteamento ao trabalho desenvolvido. Em outras palavras, deixam claro que uma opção terminológica impõe um determinado viés ao discurso. Quanto à noção de competência, as autoras ressaltam que uma de suas características essenciais é sua inseparabilidade da ação. As autoras baseiam sua definição no trabalho de Ropé e Tanguy: (...) a competência é o conjunto de conhecimentos, qualidades, capacidades e aptidões que habilitam para a discussão, a consulta, a decisão de tudo o que concerne o trabalho, a qual supõe conhecimentos fundamentados, acompanhados das qualidades e da capacidade que permitem executar as decisões (Ropé &Tanguy, 1997, citado em Vitorino & Piantola, 2009: 132). Vitorino e Piantola enfatizam a natureza contextual da competência informacional. Para as autoras, o conceito é dinâmico e incorpora cada vez mais aspectos da relação entre indivíduos e informação no século XXI. Nesse sentido, as autoras afirmam que, para muitos autores, as noções de competência informacional e de competências em variados recursos tecnológicos são vistos de modo equivalente. A competência informacional “estaria ligada a uma série de habilidades técnicas ou cognitivas em acessar conteúdos informacionais em meio digital” (Vitorino & Piantola, 2009: 134). Percebe-se então, que se forma uma dupla camada de significados, uma vez que os termos escolhidos em português não são simplesmente traduções do 14 1257 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil inglês, mas já trazem, eles também, novas visões da information literacy no contexto brasileiro: competência informacional, habilidade informacional, letramento informacional, literacia informacional, alfabetização informacional, alfabetização em informação. No Brasil, segundo Campello (2003: 28), os primeiros trabalhos sobre information literacy já discutiam as possibilidades de tradução do termo sob perspectivas diferentes, mas tendo em mente a possibilidade de ampliar a função pedagógica da biblioteca. A definição mais utilizada atualmente é a apresentada pela ALA em seu “ACRL Presidential Committee on information Literacy: Final Report”, de 1989: To be information literate, a person must be able to recognize when information is needed and have the ability to locate, evaluate, and use effectively the needed information. Producing such a citizenry will require that schools and colleges appreciate and integrate the concept of information literacy into their learning programs and that they play a leadership role in equipping individuals and institutions to take advantage of the opportunities inherent within the information society. Ultimately, information literate people are those who have learned how to learn. They know how to learn because they know how knowledge is organized, how to find information, and how to use information in such a way that others can learn from them. They are people prepared for lifelong learning, because they can always find the information needed for any task or decision at hand (ALA, 1989, grifonosso). Diversas outras instituições têm utilizado definições próximas da definição da ALA. O Chartered Institute of Library and Information Professionals (CILIP), instituição britânica de profissionais da biblioteconomia, assim define information literacy: Information literacy is knowing when and why you need information, where to find it and hot to evaluate, use and communicate it in an ethical manner (CILIP Council, 2004). Em seu “Media and Information Literacy Recommendations”, a IFLA opta por uma definição que abrange os diversos pontos de contato da information literacy com as áreas relacionadas às tecnologias da informação e da comunicação. A primeira parte da definição deriva claramente da definição proposta pela ALA. A segunda parte explicita a preocupação da organização em definir o conceito de modo amplo, envolvendo as diferentes habilidades e competências, e também enfatizando o aspecto ético do desenvolvimento humano. Media and Information Literacy consists of the knowledge, the attitudes, and the sum of the skills needed to know when and what information is needed; where and how to obtain that information; how to evaluate it critically and organize it once it is found; and how to use it in an ethical way. The concept extends beyond communication and information technologies to encompass learning, critical thinking, and interpretative skills across and beyond professional and educational boundaries. Media and Information Literacy includes all types of information 15 1258 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil resources: oral, print, and digital (International Federation of Library Associations, 2011, grifo nosso). Uma outra definição, por Webber e Johnson, figura juntamente com a definição da ALA no site da (IFLA): Information literacy is the adoption of appropriate information behaviour to identify, through whatever channel or medium, information well-fitted to information needs, leading to wise and ethical use of information in society (Webber & Johnson, 2003, grifonosso). A Society of College, National and University Libraries (SCONUL) apresenta a seguinte definição em seu “The SCONUL Seven Pillars of Information Literacy – Core Model For Higher Education”: Information literate people will demonstrate an awareness of how they gather, use, manage, synthesize and create information and data in an ethical manner and will have the information skills to do so effectively (Society of College, National and University Libraries, 2011, grifonosso). Lloyd (2003) enxerga a competência informacional como uma “metacompetência”, na medida em que seria uma faculdade criadora de novas competências, sobretudo no mundo do trabalho, no qual se situa sua pesquisa. Lloyd define metacompetência como um conjunto de competências que permitem a aquisição de novas habilidades e conhecimento. A meta-competency view of information literacy suggests that an individual can competently and independently recognize the nature of the information pathways that exist in the workplace environment (Lloyd, 2003: 90). Para a autora, a information literacy seria uma metacompetência que envolveria outras habilidades genéricas, como definir, localizar, acessar, avaliar e sintetizar informação. Singh (2008) atribui à habilidade de construir sentido o papel principal da competência informacional. A construção do sentido deveria estar no centro da questão, que também envolve a construção de modelos adaptados à cultura onde são desenvolvidos. Johnson e Webber (2006) colocam o termo information literacy no patamar de uma disciplina (soft applied discipline) em si mesma. Para os autores, a information literacy deve estar focada em três elementos, a information literacy para a cidadania, para o crescimento econômico e para a empregabilidade. Concordam com a posição de Shapiro e Hughes (1996), que ressaltam a reflexão crítica como elemento central da competência informacional. Colocam a competência informacional no nível de uma nova arte liberal, invocando não somente as competências e habilidades já previstas pela maioria dos documentos da área, mas também a perspectiva crítica. Conforme afirmam Vitorino e Piantola (2009) ampliam, portanto, o papel social da competência informacional, em uma sociedade livre e democrática. 16 1259 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil Fica claro, portanto, que uma discussão sobre o que é information literacy se estenderia para além do escopo desse trabalho. Assim, conforme já mencionamos, o objetivo de apresentar algumas das possíveis definições de information literacy não é encerrar uma discussão que ainda caminha, mas mostrar justamente a complexidade dos fatores abarcados quando se fala nessa nova realidade que todos nós enfrentamos ao lidar com a informação em contextos de aprendizagem. Nesse trabalho, utiliza-se de agora em diante o termo competência informacional para tratar da information literacy. O termo figura nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e nas diretrizes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), documentos, que se propõe a tratar da continuidade da educação no ensino superior. Nos últimos anos, a competência informacional foi tema de diversos documentos publicados por organismos da área de biblioteconomia e educação, como a IFLA e a UNESCO. Além disso, os governos, empresas e demais setores da vida social, econômica, científica, política e cultural de diversos países têm se dado conta cada vez mais da importância de uma população que tenha acesso à informação, e que saiba como lidar com a informação e produzir conhecimento ao longo da vida. Percebe-se uma intersecção de interesses comuns às duas frentes de estudo, e os documentos dessas instituições podem servir como elementos norteadores para o desenvolvimento de iniciativas em competência informacional. A UNESCO desenvolve seu programa de aprendizagem ao longo da vida através do Institute for Lifelong Learning (UIL). Na publicação “Conceptual evolution and policy developments in lifelong learning”, Carneiro apresenta a seguinte definição: Learning through life, then, is both a way of organizing education and a philosophy of education; not a preparation for life but life itself, to follow the overarching concept of Dewey. Learning throughout life must then be conceived as offering: diversity of itineraries in time, in content and in learning styles; continuing learning opportunities; community participation, decentralization, diversification of finance and delivery, democratic consultations about the aims and practices of education; antidotes to un-learning and to de-skilling trends in vast segments of our societies; new social dimensions to knowledge production and competence acquisition; and action and remedies both to prevent and to minimize the inequitable distribution of knowledge (Carneiro, 2011). Esta definição está diretamente relacionada àquela apresentada em 1996 pela UNESCO no relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, intitulado Educação, um Tesouro a Descobrir. O relatório foi coordenado por Jacques Delors, e nele são explorados os “quatro pilares da educação”: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser. Essas aprendizagens formam um continuum educativo que o relatório designa pela expressão educação ao longo da vida. Na biblioteconomia, um dos documentos mais relevantes é o manifesto publicado pela IFLA. O manifesto “IFLA Media and Information Literacy Recommendations” coloca a capacidade de sobrevivência e desenvolvimento de pessoas, comunidades e mesmo de nações em suas habilidades de obter 17 1260 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil informação e lidar efetivamente com ela. No texto, a competência informacional e midiática é diretamente relacionada ao aprendizado ao longo da vida. Media and Information Literacy is closely related to Lifelong Learning. Lifelong Learning enables individuals, communities, and nations to attain their goals and to take advantage of emerging opportunities in the evolving global environment for the shared benefit of all individuals, not just a few (International Federation of Library Associations, 2011). Outro documento importante é a Declaração de Alexandria sobre competência informacional e aprendizado ao longo da vida, elaborado em 2005. O documento coloca a competência informacional no centro do aprendizado ao longo da vida. A palavra de ordem na sociedade da informação parece ser “mudança”. A quantidade de informação nova produzida se multiplica a cada dia. Mais do que isso, aquilo que era considerado informação válida em um momento, pode muito bem ser totalmente irrelevante no momento seguinte. Isso faz com que o conteúdo aprendido em um curso de quatro anos na universidade esteja em grande parte defasado até o final desse período. A implicação mais imediata dessa mudança está no modo como a informação é adquirida. Se já fez sentido, em algum momento da nossa história, armazenar uma quantidade de informações para utilização posterior, hoje precisamos repensar tal estratégia. É o que conclui o relatório “Os quatro pilares da educação”, coordenado por Jacques Delors (1996): Nessa visão prospectiva, uma resposta puramente quantitativa à necessidade insaciável de educação – uma bagagem escolar cada vez mais pesada – já não é possível nem mesmo adequada. Não basta, de fato, que cada um acumule no começo da vida uma determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-se indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo de mudanças. (UNESCO, 1996, grifo nosso) Assim, determinados modelos educacionais tendem a ceder espaço para teorias mais compatíveis com as necessidades informacionais de hoje. As teorias da aprendizagem atuais são largamente baseadas na psicologia cognitiva e na educação construtivista. Jesús Lau (2007) faz um levantamento de uma série de modelos de aprendizagem construtivistas da educação, desenvolvidos por outros autores como: aprendizagem fundamentada em pesquisa; a aprendizagem centrada no aluno; aprendizagem cooperativa; aprendizagem baseada no cérebro; aprendizagem significativa; processo de aprendizagem influenciado por diferentes fatores; inteligências múltiplas; estilos de aprendizagem; motivação. 5. Competência informacional e ensino superior No documento “Information Literacy Competency Standards for Higher Education” (2000), a ACRL identifica o objetivo principal das instituições de ensino superior com o desenvolvimento do aprendizado ao longo da vida. A partir daí, 18 1261 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil coloca a competência informacional como elemento chave para o aprendizado ao longo da vida. Para a associação, competência informacional vai além da sala de aula e possibilita o desenvolvimento de habilidades de lidar com a informação no mundo do trabalho e nas demais esferas da vida. É interessante notar que o documento faz referência expressa aos alunos de campi não tradicionais, ou seja, aqueles que estudam por meio de tecnologias de aprendizagem distribuída (distributed learning technologies). Nesse caso, o desafio estaria em desenvolver uma gama de experiências comparável ou superior àquela oferecida pelo ensino tradicional. Para que a competência informacional seja efetivamente incorporada aos currículos e programas universitários, são necessários esforços colaborativos entre professores, bibliotecários e administradores. Os vários documentos publicados na área reiteram a importância dessas parecerias. Nas “Diretrizes sobre desenvolvimento de habilidades em informação para a aprendizagem permanente”, e na “Seção De Habilidades em Informação”, a IFLA propõe padrões internacionais para o desenvolvimento de competência informacional, e sugere que podem ser adotados na íntegra, ou adaptados às necessidades de organizações ou países. Os padrões estão estruturados em torno do acesso, avaliação e uso da informação, e estão em sintonia com os padrões propostos por associações bibliotecárias importantes, conforme veremos a seguir. Os padrões da IFLA estão agrupados sob os três componentes básicos de desenvolvimento de habilidades informacionais: A. ACESSO. O usuário acessa a informação de forma eficaz e eficiente: 1 Definição e articulação da necessidade de informação. O usuário define ou reconhece a necessidade de informação; decide fazer algo para encontrar a informação; expressa e define a necessidade de informação. Inicia o processo de busca. 2 Localização da informação. O usuário identifica e avalia as fontes potenciais de informação; desenvolve estratégias de busca; acessa fontes de informação selecionadas; seleciona e recupera a informação. B. AVALIAÇÃO. O usuário avalia a informação de maneira crítica e competente. 1 Avaliação da informação. O usuário analisa, examina e extrai a informação; generaliza e interpreta a informação; seleciona e sintetiza a informação; avalia a exatidão e relevância da informação recuperada. 2 Organização da informação. O usuário ordena e categoriza a informação; reúne e organiza a informação recuperada; determina qual a melhor e de maior utilidade. C. USO. O usuário aplica/usa a informação de maneira precisa e criativa. 1 Uso da informação. O usuário busca novas formas de comunicar, apresentar e usar a informação; aplica a informação recuperada; apreende ou internaliza a informação como conhecimento pessoal; apresenta o produto da informação. 2 Comunicação e uso ético da informação. O usuário compreende o uso ético da informação; respeita o uso legal da informação; comunica o produto da informação com 19 1262 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil reconhecimento da propriedade intelectual; usa os padrões para o reconhecimento da informação. (Lau, 2007) A ACRL também propõe uma série de padrões como estrutura para avaliação do indivíduo competente informacional que tem vários paralelos com a estrutura proposta pela IFLA. É importante destacar a importância de tal estrutura para que o aluno desenvolva uma abordagem metacognitiva em relação ao aprendizado, distanciando-se do foco no conteúdo que caracterizou a educação tradicional e que, hoje, não responde mais às necessidades informacionais dos indivíduos. Os padrões propostos pela ACRL no documento “Information Literacy Competency Standards for Higher Education” são: 1. O aluno competente informacional determina a natureza e a extensão da informação de que necessita. 2. O aluno competente informacional acessa a informação de que necessita de modo eficiente e efetivo. 3. O aluno competente informacional avalia a informação e suas fontes criticamente e incorpora a informação selecionada a sua base de conhecimentos e sistema de valores. 4. O aluno competente informacional, individualmente ou como membro de um grupo, usa a informação de modo efetivo para atingir determinado propósito. 5. O aluno competente informacional compreende as questões econômicas, legais e sociais que cercam o uso da informação e avalia e usa a informação de modo ético e legal. (ALA, 2000) Esses padrões são acompanhados de indicadores de performance e resultados. Os indicadores tornam mais objetivos os padrões, e os resultados desdobram os indicadores em vários aspectos concretos de sua utilização. A Society of College, National and University Libraries na compilação de documentos anteriores que buscavam estabelecer um modelo para a competência informacional no ensino superior. O modelo intitulado “Os Sete Pilares das Habilidades Informacionais” foi reformulado para refletir os conceitos mais aceitos no momento. O modelo organiza-se em torno de “cores” elementos centrais que são subsequentemente divididos em torno de “lentes”, que permitiriam aplicar melhor o modelo a diferente grupos. O modelo define habilidades e competências, bem como atitudes e comportamentos que compõem a competência informacional no ensino superior apresentados a seguir: 1.Identify – abletoidentify a personalneed for information. 2.Scope – can assess current knowledge and identify gaps. 3. Plan – can construct strategies for locating information and data. 4. Gather – can locate and access the information and data they need. 5. Evaluate – can review the research process and compare and evaluate information and data. 6. Manage – can organize information professionally and ethically. 7. Present – can apply the knowledge gained: presenting the results of their research, synthesizing new and old information 20 1263 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil and data to create new knowledge and disseminating it in a variety of ways (Society of College, National and Universities Libraries, 2011). O ensino superior no Brasil reflete as condições da educação fundamental e média no País. As distorções provocadas por um ensino fundamental e médio de baixa qualidade, sobretudo no ensino público, se reproduzem no ensino superior. Uma das maiores desigualdades, o acesso, vem sido aos poucos corrigido por meio de uma série de medidas, como a pontuação diferenciada para alunos egressos do ensino público. Todavia, muitos desses alunos acabam chegando ao ensino superior com enormes deficiências em sua aprendizagem. Isso é fato em vários países. Moraes (2010: 27) faz referência a diversos estudos sobre o ensino superior estadunidense que apontam para o problema da “formação deficiente no ensino médio e a carência, entre os jovens que ingressam nas faculdades, de habilidades e conhecimentos minimamente adequados à progressão nos cursos superiores”. Temos, então, o seguinte cenário: a necessidade de atender um número cada vez maior de alunos (salas de aula cada vez mais cheias), e alunos cada vez mais despreparados para o estudo. Essa situação torna o ensinoaprendizagem em nível superior extremamente complexo, e demanda uma dupla articulação entre tecnologias de ensino e competência informacional. 6. Competência pedagogia informacional: articulação entre tecnologia e A simples inserção da tecnologia na educação não resolve problemas e pode, inclusive, agravá-los. Ou criar novos problemas. É o que pode acontecer quando um AVA é utilizado para aulas à distância única e exclusivamente para resolver a questão do acesso a um determinado curso com instalações físicas limitadas. Percebe-se que a outra ponta do contexto universitário atual, ou seja, o despreparo dos alunos para a aprendizagem autônoma foi negligenciada. Do mesmo modo, nesse contexto de educação superior em larga escala, não se pode pensar em trabalhar as deficiências trazidas pelos alunos de um ensino médio precário de maneira artesanal. Não há professores o suficiente para isso, além da questão do custo financeiro. Mais importante ainda, trata-se da perspectiva de uma aprendizagem autônoma e ao longo da vida. Isso implica uma nova concepção de ensino e de aprendizagem, para além dos modelos tradicionais. Segundo Lévy: Uma técnica não é nem boa, nem má (isso depende dos contextos, dos usos e dos pontos de vista), tampouco neutra (já que é condicionante ou restritiva, já que de um lado abre e de outro fecha o espectro de possibilidades). Não se trata de avaliar seus “impactos”, mas de situar as irreversibilidades às quais um de seus usos nos levaria, de formular os projetos que explorariam as virtualidades que ela transporta e de decidir o que fazer dela. (Lévy, 1999: 26) 21 1264 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil É dentro desse enfoque que se discute a questão dos AVAs como ferramenta no ensino superior já que ambientes virtuais estão sendo cada vez mais utilizados em universidades do Brasil e do mundo. O New Media Consortium (NMC), um consórcio formado por centenas de universidades, museus e demais organizações educacionais em todo o mundo, publicou em 2012 um relatório intitulado The NMC Horizon Report. Nesse relatório, o consórcio identifica e descreve as tecnologias emergentes com grande possibilidade de impacto na educação superior. O relatório deixa claro que as novas mídias estão inseridas no ensino superior numa velocidade cada vez maior. Guardadas as devidas proporções (número de instituições, perfil, custos), o mesmo cenário se repete no Brasil. Há, certamente, uma questão financeira envolvida nisso, que pode levar a um uso menos produtivo de tais ambientes, como quando são escolhidos para reduzir custos da instituição, sem que se tenha como objetivo um ganho de qualidade na educação. Segundo Demo, é bem estabelecida a ligação entre a educação e as práticas capitalistas. Na prática, o capitalismo aprecia a qualidade formal da educação (produção e uso inteligente do conhecimento), mas não a qualidade política. A qualidade educacional própria do sistema capitalista, em particular na atual fase competitiva globalizada, é tipicamente funcional – a serviço do sistema.” (Demo, 2006: 10). Não há como virar as costas para tal contexto. Se é numa sociedade capitalista que a educação ocorre, é nela que alunos, bibliotecários, professores e os demais profissionais da educação devem aprimorar o seu fazer. E, nesse ponto, surge a questão das transformações tecnológicas e pedagógicas. As tecnologias estão presentes em todos os aspectos da educação. Chegaram rapidamente e se espalharam por todo tipo de instituição de ensino, do fundamental ao superior, da escola presencial ao ensino à distância. Já a pedagogia anda muito lentamente. Há décadas que se fala em construção interativa e colaborativa de saberes, em autonomia do aluno, e em professor facilitador. Na prática, a grande maioria das escolas ainda opera no modelo instrucional, do professor provedor de conhecimentos ensinando o aluno que nada sabe (e no modelo do bibliotecário gatekeeper, detentor das chaves do conhecimento). Esse descompasso entre tecnologia e pedagogia é uma barreira à utilização produtiva dos AVAs. A tecnologia é um meio, ou seja, sem profissionais preparados para desenvolver a ferramenta de acordo com um plano pedagógico, torna-se, simplesmente um jeito mais caro de fazer a mesma coisa. No documento Understanding Information Literacy: A Primer, a UNESCO lista as “competências de sobrevivência” do século XXI. The family of 21st Century “survival literacies” includes six categories: (1) the Basic or Core functional literacy fluencies (competencies) of reading, writing, oralcy and numeracy; (2) Computer Literacy; (3) Media Literacy; (4) Distance Education and E-Learning; (5) Cultural Literacy; and (6) Information Literacy. The boundaries between the various members of this family overlap, but they should be seen as a closely-knit family (UNESCO, 2007: 3) 22 1265 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil Na medida em que os AVAs são hoje uma das principais ferramentas do item (4), educação a distância e e-learning, o documento da UNESCO deixa clara a importância de tais ferramentas, juntamente com a competência informacional (6). O documento não estabeleçe uma relação direta entre um e outro aspecto, mas deixa claro que devem ser trabalhados de maneira conjunta. A premissa deste trabalho é a de que a competência informacional deve ser a base de toda e qualquer iniciativa educacional elaboradas parcial ou exclusivamente em ambientes virtuais de aprendizagem. A aprendizagem em ambientes virtuais deve estar apoiada na competência informacional para permitir a efetiva interação entre alunos, educadores e um ambiente informacional complexo (Andretta, 2004). Este modelo de e-learning a não é aquele em que a aquisição de conhecimento se dá pelo modelo top-down, no qual o professor diz ao aluno o que este deve estudar. Antes, discute-se o modelo no qual há construção de conhecimento através do desenvolvimento do pensamento crítico, da habilidade de resolver problemas e da habilidade de pesquisar uma variedade de fontes de informação em uma variedade de mídias. Na medida em que essas são justamente as habilidades que a competência informacional se dispõe a trabalhar, percebe-se que há grande afinidade entre os objetivos educacionais dos ambientes virtuais nessa nova perspectiva e os objetivos propostos pela competência informacional. Relembrando a definição proposta pela American Library Association, para ter competência informacional, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer a necessidade de informação, a habilidade de localizar e avaliar a informação encontrada e utilizá-la de maneira eficaz e ética. São pessoas que aprenderam a aprender porque sabem como a informação é organizada, onde pode ser encontrada e quando utilizá-la. Estão, portanto, preparadas para a aprendizagem ao longo da vida porque sempre sabem como encontrar a informação de que precisam. A própria ALA coloca a competência informacional como uma iniciativa que não deve ocorrer sozinha, mas integrada aos mais diversos programas educacionais, governamentais ou não, públicos ou privados, em ambientes de aprendizagem presenciais ou virtuais, que utilizem quaisquer mídias disponíveis. A visão apresentada por Andretta (2004) é a de que a aprendizagem em ambientes virtuais deve ser sustentada pela competência informacional para que sejam criadas as condições propícias para a aprendizagem autônoma, para predispor os alunos à aprendizagem ao longo da vida, e para equipá-los com a habilidade de tomar decisões informadas para lidar com o excesso de informação. De fato, o que deve ser criado com a competência informacional é uma cultura de aprendizagem, ao invés de uma nova disciplina. Daí a importância da integração entre a competência informacional e as demais iniciativas educacionais. Os ambientes virtuais de aprendizagem são os que mais evidenciam a importância dessa integração por sua própria constituição: o aluno deve lidar com uma tecnologia complexa (o computador, a Internet e o programa de aprendizagem virtual), e essa tecnologia também altera a experiência de aprendizagem. 23 1266 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil A competência informacional pode ser o pivô de articulação do trabalho pedagógico em ambientes virtuais de aprendizagem, suprindo o descompasso apontado por Demo (2006) entre o avanço tecnológico e a evolução pedagógica. Assim, cursos elaborados em ambientes virtuais de aprendizagem podem incorporar a competência informacional de duas maneiras, como uma disciplina a mais no currículo, ou como um elemento articulador, através do currículo. Alguns autores chegam a propor uma visão da competência informacional como uma disciplina em si. Shapiro e Hughes (1996) colocam a competência informacional como uma nova arte liberal, enfatizando sua importância para o desenvolvimento da reflexão crítica. Os autores apresentam um sumário do que seria um currículo em competência informacional dentro dessa perspectiva, que busca englobar os conceitos de competência tecnológica, a noção de competência informacional da biblioteconomia e uma visão mais crítica e humanística que se desdobraria em um currículo com sete dimensões. As dimensões propostas por Shapiro e Hughes são: a competência instrumental (tool literacy, a capacidade de usar ferramentas de tecnologia da informação, como softwares, por exemplo); a competência em recursos (resource literacy, ou a habilidade de localizar e acessar recursos informacionais); competência sócio-estrutural (social-structural literacy, ou saber como a informação é socialmente situada e construída); competência em pesquisa (research literacy, ou a habilidade de usar ferramentas de tecnologia da informação para pesquisas); competência em publicação (research literacy, ou a competência para publicar pesquisas e ideias eletronicamente); competência em tecnologias emergentes (emerging technology literacy, ou a habilidade de adaptação contínua às inovações tecnológicas); e competência crítica (critical literacy, ou a habilidade de avaliar criticamente os potenciais e limites das tecnologias da informação). As dimensões listadas acima definem a competência informacional segundo sua visão humanista do termo. Contudo, não elaboram tal visão a ponto de propor um currículo propriamente dito. De fato, os próprios autores apontam para o desafio intelectual e prático que isso seria. Os autores apontam para a importância de colaboração entre educadores e profissionais de sistemas de informação, humanistas e cientistas da computação e da informação na elaboração de tal currículo. A inclusão da competência informacional como disciplina é certamente a opção mais fácil, mais rápida de se implantar e provavelmente a mais barata. Os vários modelos já existentes de habilidades a serem desenvolvidas em competência informacional já foram explorados por diversas instituições, e há ótimos programas desenvolvidos em cima desses modelos. Uma possível desvantagem desse modo de inclusão seria o fato de que ele pode não colaborar muito com o desenvolvimento de um ambiente virtual de aprendizagem fora da perspectiva instrucional, de compartimentalização de saberes e áreas de conhecimento. Através do currículo, ou seja, como um elemento articulador da experiência de ensino e aprendizagem em um ambiente virtual poderia ser uma opção que favoreceria uma visão dos saberes mais focada no aprender a aprender, mais fluida e construída socialmente. Esse modo de articulação pode ter como desvantagens o fato de que ele deve necessariamente ser elaborado sob medida, ou seja, seria mais difícil 24 1267 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil adaptar modelos pré-estabelecidos de um curso a outro, o que poderia acarretar menor rapidez na elaboração do curso e, consequentemente, maior custo. Incorporar a competência informacional aos guias de estudo (guias didáticos) dos ambientes virtuais de aprendizagem pode ser uma opção intermediária entre criar uma disciplina completamente nova ou a integração total a um currículo já existente. Para Moraes, Nesse sentido, os guias de estudo constituem uma âncora preciosa para o estudante, que nele encontra a listagem dos conteúdos, as orientações para a realização de exercícios e atividades, o acesso a orientações e tutorias. Também no guia são encontradas as fontes (bibliografia e outros materiais) para cada tópico, devidamente comentadas e hierarquizadas (Moraes, 2010:. 68). O autor segue Moore e Kearsley e sugere que um guia de estudo típico deveria conter elementos como: uma apresentação da disciplina ou do curso, especificando seus objetivos e suas expectativas; informações relevantes sobre cada um dos objetivos e tópicos do programa, apresentando a bibliografia para cada um deles e a indicação de outras mídias; instruções sobre como trabalhar com os materiais fornecidos e quais deles priorizar; instruções sobre a realização dos exercícios, além da preparação e da entrega de tarefas; uma explicação clara sobre o sistema e os critérios de avaliação, bem como os prérequisitos do curso; sugestões sobre técnicas de estudo e organização do tempo; o cronograma de lições, exercícios ou atividades específicas; informações sobre as formas de suporte (contato entre professor e tutor) (Moraes, 2010: 69). A lista de elementos de Moore e Kearsley é pertinente e abrangente mas, ainda trabalha dentro de uma perspectiva puramente instrucional (instruções sobre como fazer). Baseia-se no princípio de que, ao ler o guia, o aluno acabou de aprender a aprender. Infelizmente, sabemos que esse processo é bem mais complexo do que isso. Portanto, um guia de estudos baseado no desenvolvimento da competência informacional pode ter resultados mais significativos no sentido de permitir que o aluno seja responsável por seu próprio aprendizado ao longo da vida. 7. Considerações finais Os ambientes virtuais de aprendizagem são uma ferramenta poderosa. Sendo versáteis, podem ser utilizados em aulas presenciais, semipresenciais e no ensino a distância. Flexíveis, adaptam-se a diversos tipos de disciplinas, cursos e instituições. A demanda por cursos de nível superior é cada vez maior. A situação se agrava em países como o Brasil, onde a proporção entre o número de pessoas a serem absorvidas pelo ensino superior é infinitamente desproporcional ao número de profissionais preparados para orientá-los. 25 1268 10th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI June, 12 to 14, 2013 - São Paulo, Brazil A adoção de ambientes virtuais de aprendizagem pode ser uma solução para acomodar esse enorme contingente no ensino superior, mas não dá conta, necessariamente, de compensar as dificuldades de aprendizagem causadas por um ensino fundamental e médio precário. Mas do que isso, também não trabalha necessariamente dentro do atual paradigma educacional de aprendizagem ao longo da vida, apoiada na construção do conhecimento, na aprendizagem independente, colaborativa e ética. Assim este trabalho buscou trazer a articulação necessária entre os ambientes virtuais de aprendizagem, a aprendizagem ao longo da vida e a competência informacional. Foram descritas as características principais de tais ambientes, apontando para sua utilidade na elaboração de cursos semipresenciais e sobretudo, a distância. Quanto à competência informacional foram apresentadas as definições das principais instituições com grupos de trabalhos dedicados ao tema, foram descritos alguns modelos correntes visando mostrar sua relação intrínseca com o aprendizado ao longo da vida. Por fim, foi sinalizada a possibilidade de se agregar a perspectiva da competência informacional às iniciativas educacionais elaboradas em ambientes virtuais de aprendizagem, adequando-se ao paradigma da educação no século XXI, a educação como direito humano básico, capaz de promover a inclusão social. 8. Referências Almeida, M. E. (2003). Educação a distância na internet: abordagens e constribuições dos ambientes virtuais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, v. 2. Andretta, S. (2005). From prescribed reading to the excitement or the burden of choice. 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