COLÔNIA AGRÍCOLA NACIONAL DE DOURADOS (CAND): o trabalho dos
migrantes e a intensificação da agricultura no antigo sul de Mato Grosso
Ana Paula Menezes (Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal
da Grande Dourados - PPGH/UFGD)
E-mail: [email protected]
1-INTRODUÇÃO
O antigo sul de Mato Grosso (SMT) foi um dos principais alvos da Marcha para
Oeste, política de colonização empreendida pelo Estado Novo brasileiro na primeira
metade do século XX. A concretização dessa política na região se deu por meio da
implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados - CAND - que trouxe profundas
transformações de ordem demográfica, econômica e cultural. Antes dessa colônia, a
fronteira do SMT caracterizava-se por uma rarefação demográfica e um fraco vínculo
econômico com o mercado nacional.
Esta condição, somada a outras particularidades fez com que o SMT se
constituísse em uma área de extrema preocupação, uma vez que o entrosamento étnico e
linguístico desenvolvido nestes espaços fronteiriços era visto como perigoso para a
segurança do território nacional. Inserida na visão dos “espaços vazios”, sobre a região
ainda operava o estereótipo do sertão, lugar de mato, muito boi e de pouca gente. Além
disso, conflitos históricos ocorridos no passado, como foi o caso da Guerra com o
Paraguai, neste momento reforçavam as preocupações do governo nacionalista. Era
significativa também a presença de estrangeiros, sobretudo paraguaios “de tal modo
que, nessa região era intensa a influência cultural paraguaia, inclusive com uma larga
disseminação do idioma guarani” (QUEIROZ, 2008 p. 58).
Na esfera econômica, além da fraca ligação com o mercado nacional, o extremo
sul se encontrava fortemente ligado ao mercado platino por meio da economia ervateira,
monopolizada pela empresa Cia Mate Laranjeira, (empresa que desde a segunda metade
do século XIX detinha a preponderância na extração dos ervais nativos, com exportação
de erva cancheada, principalmente para a Argentina) (cf. JESUS, 2004 Queiroz, 2008 p.
41).
No tocante à exploração da erva, o monopólio ainda exercido pela Cia Mate
Laranjeira era uma das preocupações do Estado Novo, uma vez que além de não
contribuir com o desenvolvimento do mercado nacional, ainda era responsável pela
presença do grande número de paraguaios na fronteira, os quais constituía a base de sua
mão de obra. Soma-se a estes fatores a extensa área de terra que a Cia. Mate possuía em
seu poder, o que também não contribuía para a unidade política do país, fazendo com
que a empresa se tornasse uma preocupação e até mesmo um empecilho para a
implantação dos projetos estadonovistas no SMT, conforme, assinala Lenharo: “além de
impedir a entrada de posseiros em seus domínios, a Cia. Mate-Laranjeira atuava como
tampão para a subida de migrantes oriundos do sul do país” (1986, p. 64).
Neste contexto, além de estar inserida nos projetos do Estado Novo, a CAND
fazia parte de um contexto maior, tratavam-se das chamadas “frentes pioneiras” fenômeno diretamente relacionado ao rápido desenvolvimento industrial que então se
verificava na região sudeste do Brasil, especialmente na cidade de São Paulo. Dessa
forma, os objetivos políticos do Estado Novo se desenvolveram sob um pano de fundo
econômico, calcando-se em medidas que resultassem no desenvolvimento da economia
nacional. Nesse processo, no SMT a política da Marcha para Oeste se conjuga com os
fatores de avanço das frentes pioneiras, sendo o revestimento desse processo, que
segundo Paul Singer, na prática implicava em “abrir as regiões semi-isoladas, que
viviam em economia de subsistência, e integrá-las na divisão inter-regional do trabalho,
o que significava, ao mesmo tempo, ampliar o mercado para o capital industrial e,
portanto a base para sua acumulação” (1984, p. 218).
Nesse sentido a CAND foi o reflexo desse processo no SMT. A colônia foi criada
em 1943 passando a receber migrantes mais intensamente a partir de 1948 (SANTOS,
2007 p. 21), as migrações por sua vez se consolidaram durante a década de 1950 com a
vinda de milhares de migrantes, que imbuídos da ideologia do Estado Novo iam à busca
de oportunidades de trabalho ao mesmo tempo em que construiriam a nova nação.
Assim, Gressler e Swensson destacaram que nesse momento a região “sofre uma nova e
poderosa corrente povoadora”, passando a comportar-se como uma frente pioneira
(GRESSLER, SWENSSON, 1988 p. 31).
A CAND pertencia à Divisão de Terras e Colonização - órgão do Ministério da
agricultura criado em 1938, passando posteriormente ao INIC – Instituto Nacional de
Colonização, órgão criado em 1954 e cuja função era traçar e executar direta e
indiretamente o programa nacional de Colonização (cf. NAGLIS, 2007, p. 30;
VASCONCELOS, 1986, p. 10). A colônia possuía uma área de 267.000 ha que ficaram
divididas em duas zonas separadas pelo rio Dourados, a primeira localizada à esquerda
do rio com 68.000 ha e a segunda à direita daquele com uma área de 199.000 ha. A
referida colônia englobava o território dos atuais municípios de Dourados, Fátima do
Sul, Vicentina, Glória de Dourados, Jateí, Deodápolis e Douradina (PONCIANO, 2006
NAGLIS, 2008). Dentre estas cidades Fátima do Sul foi a primeira a surgir a partir do
núcleo colonizador. Ressalte-se que embora a criação da colônia esteja inserida no
âmbito da política estadonovista e a imagem de Vargas esteja fortemente imbuída na
memória regional, sua história perpassa um trajeto que extrapola esse governo, sendo
implantada efetivamente durante o governo Dutra, observação já assinalada por outros
pesquisadores (cf.: NAGLIS, 2007 p. 31), mas que frequentemente tem passado
despercebida aos olhares de vários.
A área demarcada para a CAND foi dividida em lotes de 30 ha. Para candidatos a
colonos a legislação exigia cidadãos maiores de 18 anos, reconhecidamente pobres e
com qualificação agrícola. Embora sendo um projeto nacionalista a CAND aceitava
estrangeiros com qualificação agrícola comprovada. Dentre eles se destacaram os
japoneses.
Nesse sentido, pensando na subsistência dos colonos, bem como nas atividades
econômicas desenvolvidas, o objetivo deste texto é analisar a agricultura praticada na
CAND em seus mais variados aspectos. Identificar os gêneros cultivados, bem como seu
consumo e comércio, identificar estímulos de determinadas culturas, analisar as
implicações da precária infraestrutura para o desenvolvimento agrícola, identificar as
dificuldades iniciais dos colonos.
O estudo parte de uma pesquisa de mestrado e está pautado em fontes
documentais, como documentos administrativos da época, depoimentos de antigos
colonos, bem como fontes bibliográficas como obras memorialistas, artigos afins e em
uma bibliografia pertinente ao tema.
2 - Os colonos e o desenvolvimento da agricultura de toco
A expressão Agricultura de toco é usada para explicar a tecnologia rudimentar
empregada durante a colonização de novas áreas agrícolas nas regiões de cerrados e
Mata Atlântica (cf.: SANTOS, 1991 apud MENEGAT, 2002 p. 279). Dessa forma com
técnicas bastante simples, os colonos da CAND desenvolveram a pequena propriedade
policultora, cujos gêneros eram produzidos para a subsistência e principalmente para
atender a demanda do mercado interno. Porém, inúmeras dificuldades implicaram no
desenvolvimento e na venda da lavoura destes colonos.
No contexto de incentivo ao desenvolvimento do capitalismo interno, a
colonização aparecia como a principal entre todas as políticas implantadas pelo Estado
Novo, pois em sua concepção toda a transformação almejada para o país teria sua
gênese na colonização. Só por meio desta se poderia de fato melhor distribuir
demograficamente a população no território nacional; este uma vez ocupado
possibilitaria a exploração de seu potencial no sentido de contribuir para a produção e
desenvolvimento interno.
A agricultura na CAND organizou-se também no quadro e nas condições
oferecidas pela natureza; o ecossistema no qual se inseriu a colônia era bastante
propício para o desenvolvimento agrícola tão almejado pelos idealizadores do projeto de
colonização. Em carta apresentando informações sobre a CAND um de seus
administradores destacou suas qualidades, afirmando: “a colônia Federal de Dourados
compõe-se de matas virgens, de terras planas, resistentes a erosão. São solos de rara
fertilidade, que, pelo seu clima e altitude superior a 400 metros, se prestam a culturas
variadas desde frutas europeias até o café”1. A riqueza e fertilidade das terras são
destacadas por vários autores, Campos as destaca entre as melhores do mundo: “uma
das maiores reservas de terras virgens de alto padrão, existentes atualmente no mundo”
(CAMPOS, 1955, p. 24). Portanto, o alto padrão de qualidade destas terras “apropriadas
especialmente para o café, algodão e cereais” (O Progresso, 21 ab. 1951 apud
GRESSLER e SWENSSON, p. 96), explicam a grande produção a um baixo custo.
Se por um lado os colonos podiam contar com fatores naturais favoráveis, o
mesmo não se pode dizer no tocante aos recursos materiais. Os migrantes eram oriundos
de diversas partes do país, todavia se destacaram os nordestinos, como aponta Pebayle e
Koechlin: “os ‘sem terra’ vindos do Nordeste foram os mais numerosos a procurar
refúgio nesta região isolada do Sul de Mato Grosso” (1981, p. 11). Eram pessoas
desprovidas de qualquer recurso e que, portanto, necessitavam de um auxílio inicial. No
entanto, somente as primeiras levas de migrantes receberam esta ajuda, uma vez que a
própria administração não possuía condições de subsidiar a todos diante do número
inesperado de migrantes que recebia. Estes colonos receberam algumas ferramentas,
como enxadas e também sementes das primeiras culturas2.
1
Carta do administrador da CAND ao Ilmo Sr. N.T.C. Chin, contendo informações sobre a colônia.
26/10/1951.
2
Ofício n. 63 “Pedido de material”. Do Sr. administrador da CAND ao Sr. Diretor da D.T.C. 11/06/1949.
Telegrama de Tácito Pace, administrador da CAND a Sadalla, Campo Grande – MT. 19/01/1951
Outro agravante inicial foi a inexperiência do migrante. Embora viessem para se
dedicar ao trabalho agrícola, como de fato ocorreu com a maioria deles, muitos
migrantes não tinham na verdade, prática neste trabalho, conforme a fala do ex-colono
Antônio: “eu não trabalhava na terra, eu era carpinteiro, mas eu sempre admirei a
agricultura, então eu vim parar aqui” (depoimento de Antônio Vicente Rodrigues,
coletado por Ponciano em 1999). A falta de qualificação agrícola somada aos poucos
conhecimentos sobre as peculiaridades do lugar, implicava em certa queda da produção,
conforme publicado em matéria do jornal O Progresso, onde a mesma apontava como
um dos fatores negativos, “a falta de prática do agricultor de Dourados, que não usava
os venenos adequados e acabava perdendo terreno, por não deixar a distância correta
entre as plantas” (cf.: O Progresso 10 jun. 1951).
A agricultura na CAND por ser tradicional desenvolvida com um baixo nível
técnico exigia mais experiência por parte do agricultor, ao contrário da agricultura
mecanizada, onde as máquinas facilitam o trabalho fazendo aquilo que esses colonos
tinham que fazer manualmente, como era o caso de medir as distâncias entre as plantas
e semear a quantidade correta de sementes. No caso da região em estudo a agricultura só
alcançou tal estágio na década de 1970, visto que tal método é utilizável na agricultura
em grande escala (sendo justificável, neste novo período, pois nele tivemos a parcial
substituição da policultura pela monocultura).
Diante desse quadro houve o desenvolvimento de uma diversificada produção de
gêneros alimentícios e matérias primas industriais. Dentre
os
produtos
cultivados,
houve aqueles que tipicamente são conhecidos como gêneros de subsistência; tratam-se
do arroz, do milho, da mandioca e do feijão. Por outro lado, os gêneros tipicamente
comerciais, são aqueles que, supostamente, seriam plantados tendo em vista,
prioritariamente, não o consumo próprio, mas a colocação no mercado. Trata-se, no
caso, principalmente do algodão e do amendoim (matérias-primas demandadas pela
indústria do sudeste), além do café, o qual segundo Queiroz, apesar da queda sofrida em
1929, desempenhava ainda um importante papel na economia brasileira (2008, p. 57).
Outros diversos gêneros também foram produzidos em menor quantidade na CAND,
trata-se da alfafa, do trigo, do alho e da cana.
Apesar da diversificação e capacidade de produção, entre as culturas dos colonos
predominou os gêneros alimentícios, sendo aqueles exclusivamente comerciais, como o
algodão, produzidos em menor quantidade em comparação com os alimentos, como
registra Lima: “dentro de poucos anos, a produção agrícola aumentou de maneira
espetacular, principalmente em milho, arroz e feijão, em quantidade tamanha, que se
tornou o maior celeiro deste e de outros estados, como São Paulo” (LIMA, 1982 p. 11).
A principal razão para a CAND não produzir os gêneros tipicamente comerciais,
como o algodão e o amendoim, na mesma medida em que produzia alimentos, estava na
sua localização, bem como na precariedade das vias de escoamento, visto que não havia
mercado local para estas matérias primas industriais, as quais tinham no sudeste o seu
principal mercado, aliás o principal estímulo para toda a produção da CAND era o
mercado paulista. Aguirre, o primeiro administrador da colônia apontou que o sucesso
da mesma estava em sua ligação com a região oeste do estado de São Paulo 3. Embora
criada para atender essa demanda os colonos enfrentaram grandes dificuldades em
exportar sua produção, pois entre o SMT e a região de São Paulo a única ligação direta e
em boas condições se dava por meio de um ramal da estrada de ferro Noroeste do
Brasil, o qual se estendia até Itahum, distrito de Dourados. Estradas de rodagem,
praticamente não existiam, senão estradas ainda muito precárias, conforme mostrou
Inagaki: “no Estado de São Paulo elas eram razoavelmente conservadas, porém, após
atravessar o Porto XV, no Estado de Mato Grosso, eram precárias ou, como se dizia na
época, estavam sendo ‘abertas no peito’. Eram estradas chamadas de carreteiras ou
boiadeiras, sem qualquer sinalização ou avisos” (2002, p. 116).
Embora a estação de Itahum fosse a melhor alternativa no que toca ao
escoamento da produção dos colonos, Queiroz explica que a cidade de Dourados ficou
fora do traçado do ramal de Ponta Porã, de modo que a produção da CAND precisaria
ser encaminhada à estação de Itahum, localizada cerca de 60 km a oeste da cidade de
Dourados. Este ramal não foi construído para atender a objetivos econômicos imediatos
(QUEIROZ, 2004, p.453), porem à medida que o SMT foi se desenvolvendo com a
implantação de projetos governamentais e iniciativas particulares, a NOB acabou sendo
destacada por se converter “em via de escoamento da produção do Mato Grosso”
(CAMPOS, 1955, p. 111), uma vez que era a única ligação direta e mais rápida entre a
região e o Sudeste do país. De fato, da mesma forma que por meio da NOB
desembarcaram no SMT milhares de migrantes, a estação por relativamente pouco
tempo acabou servindo como uma via de escoamento da volumosa produção da colônia.
No entanto, a NOB favoreceu o transporte da produção somente dos colonos da
primeira zona, pois à medida que a colônia se desenvolvia aumentavam-se as distâncias
3
Relatório do primeiro administrador da CAND - Jorge Coutinho Aguirre - apud GRESSLER,
SWENSSON, 1988, p. 85
até Itahum, impossibilitando o transporte. É nesse sentido que Queiroz assinala a
“situação relativamente desfavorável desse ramal, um tanto excêntrico em relação ao
núcleo agrícola constituído pela CAND: essa colônia, de fato, estendeu-se a leste da
cidade de Dourados, enquanto a estação de Itahum foi estabelecida cerca de 60 Km a
oeste da cidade” (2004, p. 453). Dessa forma, à medida que a colônia se desenvolvia,
aumentava-se a distância com relação a este ramal, impossibilitando assim o transporte
da produção. Diversos fatores contribuíram para isso, dentre eles a precariedade dos
caminhos do interior da colônia e o preço dos fretes cobrados até o local. A própria
ligação entre as duas áreas da CAND, isto é, a primeira e a segunda zona, apresentava
grandes
dificuldades,
sendo
em
parte
caracterizada
por
várzea,
chamada
pejorativamente pelos colonos de varjão, dentre outras dificuldades, como registram os
memorialistas da segunda zona: “a única e precaríssima ligação que tínhamos era com
Dourados, através de caminho aberto a braços humanos onde havia terríveis atoleiros,
dentre os quais, os famosos travessões da Onça, o do Guassu e o varjão de Vila Brasil”
(AZEVEDO, 1994, p. 59).
Outra dificuldade que prejudicou os colonos foi a falta de condições para o
armazenamento da produção, o que tornava o escoamento ainda mais urgente. Embora a
colônia contasse com uma cooperativa oficial, a análise das fontes nos mostra que esta
foi pouco atuante no sentido de auxiliar os colonos, pois constantemente afirmam que a
falta de armazéns também acarretava perdas na safra: “ali eu via descarregar diversos
caminhões de feijão, desamarrava o saco, carregavam na sacaria e despejava na beira da
rua, na beira da estrada, lá o feijão ficava, jogavam porque o feijão não tinha preço”
(depoimento de Antônio Vicente Rodrigues, coletado por Ponciano em 1999). Assim
também muitas vezes acontecia com o milho, que era jogado por falta de compradores
imediatos, impossibilidade de escoamento, devido muitas vezes ao tempo, chuvas
constantes e por falta de armazéns onde se pudessem estocar os grãos até que fosse
possível sua venda. Estas adversidades resultavam muitas vezes na perda de boa parte
das safras de gêneros alimentícios dos colonos.
2.1 - Produção, consumo e comercialização
Embora a maioria dos produtos dos colonos fosse caracterizada por gêneros
alimentícios, alguns produtos típicos de uma agricultura comercial tiveram presença
significativa desde o início da década de 1950 na primeira zona da CAND e a partir da
década de 1960 na segunda zona da colônia. O que se explica pelas condições de
escoamento já citadas acima, favoráveis aos colonos da primeira zona e dificultosa aos
da segunda devido ao aumento das distâncias até o ramal da NOB, única via de
escoamento até então. O café apesar de ter sido um dos produtos mais prejudicados com
as geadas da década de 1950, foi um dos primeiros produtos cultivados com vistas ao
comércio, conforme fala da ex-colona Lair: “ai então meu pai plantou café até uma
época, quando ele perdeu todo o dinheirinho que ele trouxe, plantando esse café e a
geada queimando, ai ele resolveu passar para outro plantio, deixou um pouquinho de
café e ficou plantando milho e feijão” (depoimento de Lair Nunes, coletado por
Ponciano em 1999).
A cultura do café se estendeu por toda a extensão da colônia e região. A
existência da CAND, que era um projeto governamental, foi um estímulo para o
surgimento de colonizações particulares voltadas à agricultura. Dentre estes
empreendimentos se destaca um que muito investiu na cultura do café, trata-se do
empreendedor Geremias Lunardelli, conhecido como o “rei do café”, que também muito
contribuiu para o fomento dessa cultura no SMT. Estudando a região do SMT, Campos
afirma: “grandes blocos dessas matas são de terras apropriadas para a cultura do café.
Vimos cafezais em produção no município de Dourados. Plantas com idade de três
anos, mais ou menos, apresentam aspecto impressionante” (1955, p. 23). Dessa forma,
estamos de acordo com os memorialistas, quando afirmam que a CAND veio despertar
a riqueza adormecida de Dourados, atraindo diversos empreendimentos particulares
que ajudavam a desenvolver a região. È importante também, frisar que nesta cultura se
dedicaram especialmente os japoneses, conforme se constata na fala de seu Antônio:
então veio aqueles japoneses que vieram para a terceira linha, que vieram
diretamente do Japão para a terceira linha cuidar de umas terras e transformar
em terras de café ali e aí formaram café. Aí na terceira linha, aquela
japonezada que hoje ainda tem muitos lá, eles vieram do Japão, direto do
Japão para cultivar o café (depoimento de seu Antônio Vicente Rodrigues,
coletado por Ponciano em 1999).
Seu Antônio Vicente se refere aos colonos japoneses da colônia Matsubara,
localizada na segunda zona da CAND. As geadas, que a julgar pelas fontes eram
intensas durante a década de 1950, parecem ter sido um grande problema à cultura do
café, acarretando inúmeros prejuízos aos agricultores. De acordo com D. Lair: “a geada
de 55 foi uma enorme geada e nós perdemos muito cafezal, e ai vem vindo, depois ele
(pai da entrevistada) cansou de plantar café porque a geada vinha e queimava, porque
não é igual agora que a gente vê a geada fica até assustado, aqui geava todo ano, maio e
junho” (depoimento de Lair Nunes Araujo, coltado por Ponciano em 1999).
Concomitante ao café, o cultivo do algodão em Dourados alimentou boas
expectativas nos colonos, o que fez com que estes se dedicassem a essa cultura. O jornal
O Progresso trazia como manchete em 1951 a seguinte notícia “empolga Dourados a
grande safra de algodão”, acrescentando ainda: “a falta de combate às pragas impediu
que a produção atingisse cifras ainda maiores” (cf.: O Progresso, 10 jun. 1951).
O mesmo jornal citado acima divulgava a existência na região de firmas
compradoras do algodão, como era o caso da MERCANTIL DOURADOS Ltda que
comprava grande quantidade de algodão “pagando um preço vantajoso” e ainda da
Anderson e Clayton, conforme registrado na matéria: “indiscutivelmente a mais
poderosa compradora da praça, que espera comprar mais 80.000 arrobas da presente
safra” (idem).
Esse quadro relativamente favorável ao comércio estimulou o fomento desta
cultura entre os colonos, os quais receberam gratuitamente da administração grandes
quantidades de sementes. Em outubro do ano de 1951, o plantio já chegava a mil sacos
de sementes4; dois meses depois, esta quantidade havia dobrado, conforme telegrama da
época registrando 2.200 sacos de sementes plantadas de algodão campineiro5.
Dessa forma, o grande estímulo representado por estas empresas, causava
grandes expectativas nos colonos e na administração, que muito incentivava o cultivo
do “ouro branco”, como era chamado o algodão nesse momento. O transporte até
Itahum, embora com uma distância relativamente pequena, não era feito sem
dificuldades, uma vez que as condições da estrada até esta localidade era precária, o que
encarecia o preço dos fretes. A colônia dispunha de alguns caminhões para auxiliar os
colonos, todavia, não podia atender a todos. Mesmo assim, de acordo com as fontes foi
intenso o trânsito entre Dourados e a estação de Itahum, na época da colheita do
algodão: “caminhões viajam initerruptamente levando o produto até a estação de
Itahum, a cerca de dez léguas” (cf.: 10 jun. 1951). No ano de 1951 foram necessárias
4
ofício n. 238 “Máscaras contra tóxicos” do administrador da CAND, Lloyd Ubatuba ao Ministro da
Agricultura 19/10/1951
5
telegrama de Lloyd Ubatuba, administrador da CAND a AGRITERRAS, Rio 15/12/1951
“5.000 viagens só para o escoamento da safra de algodão”(O Progresso, 21 de ab. 1951
apud GRESSLER e SWENSSON p. 96).
Diante da falta de recursos da administração, das dificuldades para manter e
escoar seus produtos, os colonos iam encontrando formas de driblar as dificuldades;
nesse sentido uma alternativa era comercializar com as firmas locais citadas acima, as
quais não só compravam a produção do colono, mas também acabavam impulsionando
o desenvolvimento das lavouras ao financiar suas plantações de algodão.
Ainda que houvesse especulação por parte destas empresas, aceitar o
financiamento era uma alternativa para que muitos colonos pudessem ter uma boa
colheita e ainda com a garantia da venda de suas safras. Estas firmas atuavam à medida
que a administração deixava a desejar no tocante ao auxílio aos colonos; a falta de
assistência, por parte da administração abriu precedentes para que outros agentes
investissem nos pequenos produtores. As fontes mostraram que o intercambio comercial
entre colonos e estas firmas foi uma alternativa plausível para que os agricultores
pobres, sem recursos pudessem garantir boas colheitas. Além de comprar o algodão dos
colonos da CAND a Anderson e Clayton, em algumas situações auxiliou a própria
administração fornecendo defensivos, como algumas inseticidas a um preço mais
vantajoso que a D.T.C. (Divisão de Terras e Colonização)6.
Apesar da grande expectativa alimentada pela lavoura do algodão, a produção
deste produto, bem como do café foi pouco representativa se comparadas à produção
dos gêneros alimentícios, isto porque de imediato, estas culturas exclusivamente
comerciais ficaram restritas apenas à primeira zona da CAND, local mais próximo ao
ramal da NOB. Ao mesmo tempo em que se produzia o algodão e o café, produzia-se
também o arroz, o feijão, o milho e a mandioca, além de outras em menor quantidade. A
cultura dos cereais exigia menos investimentos, uma vez que a do algodão exigia
constantemente o emprego de vários inseticidas, fungicidas, contra diversas pragas
comuns. Os alimentos ao contrário eram menos vulneráveis à infestação de pragas, o
que explica a grande colheita mediante as técnicas mais simples de plantio.
As lavouras de alimentos também eram chamadas pelos colonos de lavoura
branca, conforme cita D. Lair: “milho e feijão, a lavoura branca como o povo fala,
milho, feijão, essas coisas assim” (depoimento de Lair Nunes, coletado por Ponciano
em 1999). Essas lavouras eram cultivadas em proporções significativas e muito além
6
ofício n. 257 administrador da CAND a D.T.C. “Aquisição de inseticidas” 06/11/1951
das necessidades de consumo dos colonos, conforme registram as fontes: “calculada em
6.000 sacas a safra de feijão” (cf. O Progresso, 4 maio 1952), isso na colheita de 1952;
na safra de arroz e milho de 1953 registra-se em telegrama da época a colheita de
“noventa e seis sacos de arroz com casca e cento e cinquenta mil sacos de milho”7.
Nesse sentido também é revelador um documento da época registrando estatística que
consta índice de produção vendida na primeira zona da CAND, no início da década de
1950: “milho: 4.440.000 kg; feijão: 690.000 kg; arroz: 750.000 kg e farinha de
mandioca: 840.000 kg”. Observando que estes valores excluem a produção consumida
no local8.
Todos esses gêneros, tanto as matérias primas industriais, quanto os alimentos
eram cultivados concomitantemente pelos colonos da CAND. Em matéria intitulada:
Otimista a lavoura douradense neste ano, foram expostas as boas expectativas para o
ano de 1953, no tocante à toda a produção dos colonos: “Dourados terá uma ótima
colheita, quer seja do arroz, do milho, do feijão, quer seja do algodão e já do prometedor
Rei Café” (O Progresso, 3 marc. 1953).
Dessa,
forma,
a
agricultura
do
excedente
na
CAND,
representada,
principalmente por gêneros alimentícios, pode ser caracterizada também como uma
agricultura comercial, formada por estes mesmos alimentos, conforme registra Gressler
e Swensson: “a queda dos preços do café em 1962 e a grande geada de 1965 forçam a
erradicação de grande parte dos cafezais, proporcionando o desenvolvimento intensivo
de uma agricultura comercial, representada principalmente pelo cultivo de arroz, milho,
amendoim, feijão, algodão e mandioca, tendo em vista o abastecimento do mercado da
região sudeste” (1988, p. 97).
Com relação ao comércio, os gêneros exclusivamente comerciais, como era o
caso do algodão era enviado, até onde se sabe para o oeste paulista, enquanto a
produção de alimentos circulou nos mercados locais e regionais, conforme fala do Sr.
Abdias Lima da Silva, gerente da cooperativa da colônia: “acabo de regressar de Campo
Grande, onde fui vender produtos da colônia tendo conseguido vender o feijão a Cr$
210.00 a saca e o milho a razão de 95,00 a saca” (cf.: O Progresso, 09 mar 1952).
Diante das inúmeras dificuldades, já mencionadas, era inviável o transporte destes
produtos, uma vez que o estado de São Paulo poderia adquiri-los de outros estados mais
próximos e que possuíam melhores sistemas viários, conforme sugere o depoimento de
7
8
telegrama Radio para AGRITERRAS Rio. Lloyd Ubatuba, administrador da CAND. 11/02/1953
Relatório sobre produção e comércio dos produtos da CAND. 1951.
Antônio: “daqui para São Paulo o frete ficava muito mais caro; São Paulo comprava o
feijão que vinha do Paraná, que ficava mais perto, estradas melhor, daqui para chegar no
Porto XV era um absurdo” (depoimento de Antônio Vicente Rodrigues, coletado por
Ponciano em 1999).
Outro fator que prejudicava o comércio dos colonos era a sua dependência com
relação aos intermediários, chamados também de atravessadores, eram as pessoas que
ofereciam o serviço de transportar a produção até o seu destino. Diante da especulação
dos intermediários, que lucravam sob os colonos, estes acabavam tendo muitos
prejuízos, diante dos altos preços do frete e dos baixos valores das lavouras de
alimentos. A produção de alimentos foi maior no interior da CAND, área que só
começou a ser colonizada a partir de 1954 e que enfrentou problemas de escoamento,
bem mais agravantes, uma vez que fora da NOB não havia muitas alternativas, pois
todas as estradas apresentavam dificuldades. Esses fatores explicam a ausência, de
imediato, de culturas exclusivamente comerciais e a grande frequência de gêneros
alimentícios na segunda zona da colônia, que embora com poucos recursos, as colheitas
surpreendiam pela quantidade e qualidade.
Mesmo possuindo mercado local para seus alimentos, este não abarcava toda a
farta produção dos colonos, o que agravava a situação desses agricultores. A grande
oferta, somada às dificuldades de escoamento implicou na desvalorização da produção
dos gêneros alimentícios. Sobre o assunto, Azevedo comenta: “as lavouras que colhiam
tinham pouco valor, principalmente pelas longas distâncias e dificuldades de
escoamento, pois não havia estradas” (cf.: 1994 p. 32). O autor memorialista se refere à
segunda zona da colônia. A superprodução no interior na CAND implicava na perda de
grande parte destes produtos, conforme a fala do ex-colono Ivo: “precisavam jogar fora,
estragava tudo, milho, você via aquele tanto de milho na roça, sem ninguém querer
aquilo, ninguém comprava não, era uma fartura terrível, também não tinha estrada para
vim para cá buscar nada”.(depoimento de Ivo de Araújo, coletado por Ponciano, em
1999).
No interior da CAND, diante do quadro de maiores dificuldades enfrentadas
pelos colonos, uma das instâncias que chama atenção e que constitui uma especificidade
desta área está relacionada à sociabilidade dos colonos, os quais fizeram da
reciprocidade característica marcante do seu modo de viver. Característica esta
fundamental para a sobrevivência do grupo enquanto pequenos produtores rurais.
O baixo nível técnico adotado por esses agricultores tornou necessário certa
interdependência entre eles, principalmente diante dos momentos mais críticos, como a
época das colheitas. Essa característica pôde ser apreendida, principalmente da
observação e análise das fontes orais, as quais permitem visualizar certas subjetividades
com relação ao modo de vida destes colonos. Essas qualidades do agricultor simples da
pequena propriedade pode ser visualizada por meio da fala da ex-colona Lair Nunes,
que relata a união da vizinhança em mutirão na época das colheitas:
aí plantamos milho e feijão, o milho nós mesmo que batia ele, não é igual
hoje com batedeira, o milho a gente quebrava todo o milho, na hora de bater
tinha feito de madeira, chamava cabrita, feito de madeira, era duas forquilha,
fechado de tábua de um lado e de outro, botava o milho ali dentro,
descascado o milho, e ali batia de lá e de cá, batendo com um pau, e o milho
descia para baixo, e o sabugo ficava dentro, e era assim. Nós fazia mutirão,
reunia a vizinhança, cada um ajudava o outro sabe, na época da bateção do
milho [...] Feijão também naquela época não tinha máquina de bater feijão
(depoimento de Lair Nunes, coletado por Ponciano em 1999).
O sistema de mutirão, contando com a união de todos entorno de um objetivo
comum era uma alternativa diante da necessidade da colheita, da falta de sistemas
mecanizados e das inúmeras dificuldades para desenvolver a agricultura. Dessa forma,
com muitas dificuldades os colonos foram desenvolvendo suas lavouras, até que
houvesse melhores condições de escoamento. Além dos gêneros citados aqui, alguns
outros produtos foram bastante cultivados no interior da CAND e tiveram grande
importância na subsistência destes colonos, um deles foi a erva-mate que presente em
muitos lotes, continuava a ser explorada pelos colonos e ervateiros remanescentes.
Outro produto cultivado em grande quantidade pelos colonos foi a mandioca que
se fez presente em toda a colônia. Na primeira zona, em um total de 774 lotes
recenseados, a mandioca se fazia presente em 60% deles. (MENEZES, 2008). Sabe-se
que o cultivo deste produto se dava para a produção da farinha, que por ser um produto
bastante consumido pela grande maioria dos colonos, possuía um pequeno, mas
significativo comércio no interior da colônia, bem como na região. Na segunda zona da
CAND houve diversas farinheiras, conforme relata Azevedo, memorialista do interior
da colônia: “Assim, nos primeiros cinco anos, dentre outras culturas a da mandioca para
o fabrico de farinha, foi umas das que mais se destacaram, com elevado número de
produtores. Em todas as linhas haviam grande número de farinheiras” (AZEVEDO, 1994
p. 32).
Além da farta produção de gêneros alimentícios, os quais possuíam mercado
local e regional, produtos exclusivamente comerciais como o algodão e o amendoim
passaram a ser cultivados no interior da CAND, abrangendo toda a sua extensão, a partir
da década de 1960 com a melhoria das estradas de rodagem, pois o transporte
rodoviário assumiria o papel principal no que tange à economia da colônia enquanto a
ferrovia perdia importância.
Nesse momento houve a abertura de uma estrada que ligava o interior da colônia
diretamente ao estado de São Paulo, essa estrada ainda que inicialmente muito precária,
representou um grande impulso à economia da CAND, possibilitando um menor custo
no transporte da produção, uma vez que não mais compensava o transporte até Itahum,
se poderiam fazê-lo por outra via mais curta e rápida (CASALI, 2002). Uma ligação com
o oeste paulista possibilitou o fomento de produtos exclusivamente comerciais, dentre
eles o algodão, conforme registra o autor memorialista: “na colheita de algodão de
1962, isto é no mês de março, iniciamos o transporte de algodão para São Paulo, por
esta estrada, apesar das dificuldades de uma rudimentar balsa de madeira, para transpor
o Rio Ivinhema” (AZEVEDO, 1994, p. 61). Complementando a fala de Azevedo, o pe.
Amadeu relata: “primeiro eles plantavam feijão, milho, depois começou a plantar
algodão, era muito algodão, que ia para São Paulo” (depoimento do padre Amadeu
Amadori, coletado por Ponciano em 1999).
Além do algodão, com a melhoria das condições de escoamento, o amendoim
também passou a ser mais cultivado no interior da CAND, conforme relata seu Antônio:
“naquela época era plantado muito amendoim, naquela época ninguém sabia o que era
soja, plantava muito amendoim” (depoimento de Antonio Vicente Rodrigues, coletado
por Ponciano em 1999).
3 - Considerações finais
O início da agricultura na CAND foi marcado por grandes dificuldades, mas que
não impediram o pequeno produtor rural de concretizar o seu sonho, pois o principal
estímulo para estes colonos desprovidos de qualquer recurso era a terra, tão almejada e
pela qual enfrentaram a epopeia da migração; uma vez nela fixados, o restante se
ajeitava. E assim, se “ajeitando”, contando com a pouca ajuda inicial por parte da
administração, ganhando a semente ou comprando-a com a renda de outras atividades
temporárias, as lavouras foram tomando corpo, se desenvolvendo de forma rápida
tomando o lugar outrora coberto por mata, concretizando os objetivos estadonovistas da
inserção de novas áreas à economia de mercado.
Dessa forma, apesar de todas as dificuldades a agricultura na CAND foi
caracterizada pela diversidade de gêneros agrícolas, possuindo grandes excedentes
comercializáveis, os quais poderiam ao menos de imediato ter atendido a demanda do
mercado do Sudeste, não fossem as comprometedoras dificuldades de escoamento. Por
outro lado, mesmo que a maioria da produção da colônia não tenha sido destinada ao
mercado interno do Sudeste, os problemas relativos à infraestrutura da colônia, não
fizeram de sua produção mera agricultura de subsistência, uma vez que a colônia
possuía um significativo mercado regional, especialmente para os gêneros alimentícios.
Ainda que sob muitas dificuldades, safras significativas de algodão foram
transportadas para a região de Presidente Prudente no início da década de 1950 por
meio dos trilhos da NOB. Embora se saiba que somente os gêneros tipicamente
comerciais, em maior quantidade o algodão do que o amendoim foram transportados
para o estado de São Paulo, uma agricultura comercial foi formada também por gêneros
alimentícios, uma vez que a produção da colônia possuía apreciável excedente que
encontrou mercado regional.
A CAND por algum tempo teve um papel significativo na produção de
alimentos para a região, mesmo após sua emancipação em 1968. Na década de 1970 a
região sofre nova onda migratória de gaúchos e paranaenses e passa por uma gradativa
transformação de ordem agrária, momento em que houve certa concentração fundiária e
a parcial substituição da policultura pela monocultura, especialmente da soja e do milho.
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DOCUMENTOS
Depoimentos de antigos colonos, coletados por Nilton Ponciano em 1999. Disponíveis
no Centro de Documentação Regional da UFGD – CDR/UFGD.
Ofícios, relatórios, cartas, telegramas e outros documentos referentes à Colônia
Agrícola Nacional de Dourados. Arquivo Público Estadual do Mato Grosso do Sul –
APE/MS - Campo Grande. Acervo: CAND.
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Ana Paula Menezes - Universidade de São Paulo