GERADORES E RECEPTORES Setor 1202 Aulas 58, 59, 60 Prof. Calil Geradores São sistemas que convertem um determinado tipo de energia, em energia elétrica. Criam e mantém nos seus terminais, uma diferença de potencial U. São exemplos de geradores pilha comum ou a bateria automotiva, que transformam energia química em energia elétrica. Existem geradores que transformam energia mecânica, energia solar, energia térmica, energia eólica, energia nuclear, em energia elétrica. Para entender o funcionamento básico de um gerador e deduzir a sua equação vamos verificar, de forma bem simplificada, o que ocorre fisicamente com a pilha comum. B ri Calor C no resistor elétron = e Interno = r e U Lâmpada A Vamos supor que o gerador seja percorrido por um conjunto de elétrons que constituem uma carga elétrica total de 1C, em módulo. Esta carga elétrica atravessa o gerador a cada 1 segundo. Portanto,o gerador é atravessado pela corrente de intensidade 1 A ( 1C de carga em cada 1s). Sabemos que a energia potencial de uma carga elétrica é dada pela equação W = q.√, onde √ é o valor do potencial elétrico do ponto onde a carga elétrica q se encontra. O que vamos descrever acontece com os elétrons que atravessam o gerador de A até B. Para melhor compreensão do funcionamento do aparelho, vamos dividi-lo em duas partes, de A até C e de C até B. Em cada trecho, ocorre uma transformação de energia. 1- Ao entrar no gerador no ponto A, os elétrons que constituem a corrente estão com baixa energia, pois atravessaram a lâmpada, onde ocorreu a transformação da energia elétrica em energia luminosa. Vamos dar um exemplo numérico: A energia das cargas em A tem valor de 0 J. Então WA =ІqІ√A 0 = І1І√A √A = 0V 2- Quando os elétrons atravessam o gerador, este transfere a eles um máximo de energia possível, por exemplo, 1,5 J. Com isso o potencial elétrico se eleva até um valor máximo. Essa máxima elevação do potencial é denominada “força eletromotriz” = fem =e . No exemplo temos: WC = ІqІ√C 1,5 = І1І√C √C = 1,5V. Portanto para esse gerador, o valor da forçaeletromotriz =(fem) é: e = 1,5V. A força eletromotriz pode ser definida como sendo o valor da energia que um gerador consegue transferir para um total de carga de 1 coulomb em cada 1 segundo. 3- No interior do gerador, parte da energia que ele transfere aos elétrons da corrente, é dissipada no seu resistor interno ,cuja resistência interna é r. Isto corresponde a uma queda no valor do potencial, dada pela lei de Ohm: ri. No exemplo seja de 0,2 J a energia transformada em calor no resistor interno do gerador. Assim, no ponto B, saída do gerador, temos WB = ІqІ√B 1,3 = І1І√B √B = 1,3V. 4- Então, de útil para o circuito, o gerador fornece uma energia de 1,3J em cada 1 segundo, o que corresponde a manter nos seus terminais uma ddp = uma tensão U, que no exemplo tem valor de U = √B - √A = 1,3 V 5- Resumindo o funcionamento do gerador: a) Um gerador de útil fornece a tensão = U b) Poderia fornecer a tensão máxima, a força eletromotriz = e c) Se no seu interior, no resistor interno, não ocorresse a queda de tensão = ri U = e - ri 6- Portanto a equação do gerador é: r e ₊ (A corrente entra no terminal menor e sai pelo terminal maior) i i 8- No gerador ideal não existe a transformação da energia elétrica em calor, e, portanto 7- Símbolo do gerador: – o valor do resistor interno é zero. Representa-se o gerador ideal pelo símbolo: e 9- Para um gerador, a forçaeletromotriz = e, tão como o valor da resistência do resistor interno = r, são constantes. POTÊNCIAS E RENDIMENTO DO GERADOR 10- Se multiplicarmos a equação do gerador pelo valor da corrente que o percorre, teremos: (U = e- ri) x i Ui = ei – ri2 . Cada uma dessas parcelas representa uma equação de potência, a saber: 11- O gerador, de útil fornece a tensão U. Então potência útil é : Pútil = Ui Poderia fornecer a tensão máxima, a fem = e. Daí, potência total é: Ptotal = ei Internamente ocorre a queda de tensão ri. Então, potência dissipada é: Pdissipada = ri2 12- RENDIMENTO: η=U÷ e CURVA CARACTERÍSTICA = GRÁFICO DE U = f(i) U e 0,0 Representa a equação U = e- ri, na qual sendo a fem e a resistência interna constantes ,U só depende do do valor da corrente i. Se i aumenta, U diminui. icc i A corrente de curto circuito é aquela que, atravessando o gerador, transforma toda energia que ele fornece às cargas em calor, no seu resistor interno. Assim, por exemplo, se o gerador fornece 1,5 J de energia em cada segundo, no resistor interno dissipasse em calor 1,5 J em cada segundo. Portando, o gerador não fornece energia ao circuito, e a ddp U nos seus terminais é zero: U = 0V. O gerador está em curto. Para calcular o valor da corrente de curto circuito, basta igualar a equação do gerador a zero: U = e – ri 0 = e – ricc e = ricc icc = e / r POTÊNCIA ÚTIL MÁXIMA Para um gerador os valores da fem (e) e da resistência do resistor interno são constantes. Então quando aumenta o valor da corrente que atravessa o gerador, menor é o valor da ddp = U que ele fornece ao circuito. Como a potência útil é dada por Pútil =UI então esse produto primeiro aumenta e depois começa a diminuir. Vamos a um exemplo numérico. Seja um gerador de fem = e = 10V e resistência interna = 2Ω. Temos: U = e – ri U = 10 – 2i Sendo P = UI, vem: I (A) 0 1 X X U (V) P (W) I (A) 10 8 = 0 = 8 2 3 U (V) X X 6 4 P(W) = 12 = 12 I (A) 4 5 U (V) X X 2 0 P(W) = 8 = 0 Entre 2 A e 3 A,a potência deve ter passado por um valor máximo.Vamos calcular esse valor máximo da potência, fornecida ao circuito: Sendo U = e – ri, multiplicando-se toda a expressão por i, resulta: Ui = ei – ri 2. Mas Ui = Pútil . Então: Pútil = ei – ri 2 . Derivando-se a expressão e igualando-se a zero, para se obter o ponto de máxima, vem: dPútil / di = e – 2ri e para o máximo 0 = e -2ri. Obtemos assim o valor da corrente que correspondente ao máximo valor da potência: i = e / 2r. Levando este valor na equação do gerador, vem: U = e – r (e/2r) U = e – e/2 U = e / 2. No exemplo, sendo e = 10V, a potência será máxima quando a ddp nos terminais do gerador for 5V. Verifique que a potência útil é máxima para um rendimento do gerador correspondente a 50% . i Se o gerador está ligado a um resistor de resistência R, temos: e Para o gerador: U = e – ri. Para o resistor: U = Ri. Igualando: e – ri = Ri, U R donde e= Ri + ri e = (R + r)i. Na condição de Potência Útil máxima, r i = e / 2r. Daí: e = (R + r).e/2r 2re = Re + re 2re-re = Re r=R Portanto quando um gerador lança a potência útil máxima ao circuito, sua resistência interna tem o mesmo valor da resistência externa do circuito, seu rendimento é de 50%, e ddp nos seus pólos tem valor da metade da sua força eletromotriz. RECEPTOR É o sistema oposto ao gerador. O receptor transforma a energia elétrica em outra forma de energia que não seja só o calor (quem transforma energia elétrica somente em calor, é o resistor). São exemplos de receptor a lâmpada fluorescente, a cuba eletrolítica, o motor elétrico. Vamos considerar o i funcionamento do motor elétrico, que transforma a Energia elétrica em energia mecânica. 1- Ao motor é aplicado uma diferença de potencial, que é é a tensão total aplicada = U, por exemplo, 127 V. 2- Parte dessa tensão total é aplicada na finalidade a que se destina o aparelho, no caso girar o eixo. Essa parte da tensão total, é parcela útil, e se denomina força contraele- tro motriz (fcem)= e. Por exemplo, a fcem = 90V. U=127V i 3- A outra parte da tensão total é aplicada sobre o resistor interno do receptor, de resistência r sendo dissipada em forma de calor, e obedecendo a lei de Ohm: ri, que no nosso exemplo é 37 V. 4- Então a equação de um receptor como no caso o motor elétrico é: U = e + ri r e 5- Símbolo do receptor: a corrente entra no terminal maior i i e sai pelo terminal menor. 6- Resumindo: - Ao receptor aplica-se a tensão total = U - Parte dessa tensão total, ele aplica na para a sua finalidade. É a parcela útil da tensão total, a força contra eletromotriz (fcem) = e - Outra parte é aplicada no resistor interno, sendo dissipada sob a forma de 7- calor e dada por: ri. Para o receptor ideal : r = zero. POTÊNCIAS Multiplicando-se a equação do receptor: U = e + ri pelo valor da corrente que o atravessa = i, temos: Ui = ei + ri 2 . Cada uma dessas parcelas significa uma equação da potência. Então: Ao receptor é aplicada a tensão total =U. Então: Potência total = e.i Desta tensão total U, ele utiliza para a finalidade a que se destina a força contra eletromotriz e. Então: Potência útil = Ui A outra parte da tensão total é aplicada no resistor interno, onde ocorre a dissipação de energia. Então: Potência dissipada: ri2 RENDIMENTO: η=e÷ U CURVA CARACTERÍSTICA U É o gráfico U=f(i), que representa a equação do receptor: U = E + ri. e i CIRCUITOS ELÉTRICOS SIMPLES Um circuito elétrico simples é constituído por um conjunto de elementos agrupados de tal forma que cada um funcione dentro das sua especificações. Resolver o circuito é obter a corrente e a tensão em cada um dos elementos. PARA OBTER A CORRENTE: a) Estabelecer arbitrariamente um sentido para a corrente. No sentido adotado verificar quem é gerador (quando a corrente entra no terminal menor e sai pelo terminal maior) e que é o receptor (quando a corrente entra pelo terminal maior e sai pelo terminal menor). Somar as fem (volts indicados ao lado dos elementos que são geradores) e subtrair das fcem (volts indicados ao lado dos elementos que foram considerados receptores). Se o resultado, que representamos por Ud der um valor negativo, é só inverter o sentido adotado para a corrente. b) Obter a resistência equivalente do circuito = Req. c) Aplicar a lei de Ohm: Ud = Req x i, e achar o valor da corrente. Lembrar que se esta corrente chegar num nó onde existem resistores em paralelo, ela se divide conforme o valor de cada um dos resistores localizados entre estes nós. PARA OBTER A TENSÃO EM CADA ELEMENTO: a) Após cada elemento, marcar uma letra. b) Ligar qualquer um dos pontos marcados ao terra( V = 0). A partir deste ponto percorrer o circuito no sentido da corrente, efetuando: c) No gerador somar a fem ( os volts indicados ao lado do gerador)No receptor, subtrair a fcem (os volts indicados ao lado do receptor). No resistor, subtrair o produto R.i. d) Saindo do ponto terra, quando voltar a ele após percorrer todo o circuito, o resultado final das somas e subtrações efetuadas tem voltar a dar zero. VEJA O EXEMPLO ABAIXO 2Ω a i =2A b 6Ω 10V 6Ω c i 30V i e i =2A d (V d = 0 V) 5Ω Se adotarmos o sentido anti-horário para a corrente (aedcba), o aparelho entre ae é um gerador e fornece a ddp de 10V, enquanto o aparelho entre db é um receptor que diminui a ddp em 30V. Então: 10 – 30 = - 20V. Como deu um valor negativo, invertemos o sentido da corrente que passa a ser horária (abcdea), e o que era receptor passa a ser gerador. Temos: gerador = + 30V menos a ddp do receptor = 10V. Resulta: Udisponível = +20V. Resistência equivalente da associação: primeiro resolvemos a associação em paralelo que existe entre bc: dois resistores iguais de 6Ω equivale a um só de 3Ω. Agora todos os resistores estão em série. Então a resistência equivalente da associação será: 2 + 3 + 5 = 10Ω. Portanto, pela lei de Ohm: Udisponível = Requivalente x i 20 = 10 x i, e i = 2A Para obter a ddp entre dois pontos, como por exemplo, entre a e d, vamos ligar qualquer ponto ao terra. Escolhemos o ponto d, no qual o potencial passa a valer V d = 0V. percorrendo o circuito, no sentido da corrente, entre d e a temos um resistor de 5Ω, no qual ocorre uma queda de potencial igual a Rde .i = 5.2= 10V. Em e, o potencial vale Ve = – 10V. Entre e e a existe um receptor no qual ocorre outra queda de potencial que está indicada pelo valor da fcem = 10V. Em a o potencial vale V a = – 20V. Portanto Vd – Va = 0 – (-20) = 20V. Para confirmar se o cálculo está correto, podemos proseguir percorrendo o circuito. Entre a e b existe um resistor no qual acontece uma queda de potencial igual a Rab.i = 2.2=4V. Em b o potencial vale V b = -24V. Entre b e c a resistência equivalente vale 3Ω. Portanto neste trecho acontece uma queda no potencial de Rbc.i= 3.2=6V. O potencial do ponto c vale V C=-30V. Como entre c e d existe um gerador, o potencial sofre uma elevação igual a fem do gerador, que é 30V. Consequentemente o potencial de d será V d = 0V, conforme indicado pela ligação ao terra. Concluímos que o valor da ddp entre d e a está correto, pois saindo de d com Vd =0V, percorremos o circuitos e chegamos a d com o mesmo potencial de saída = 0V.