LEILA LIMA DE OLIVEIRA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: Capacidades e Habilidades do Pedagogo Contemporâneo Salvador – Bahia 2014 LEILA LIMA DE OLIVEIRA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: Capacidades e Habilidades do Pedagogo Contemporâneo Salvador – Bahia 2014 Todos os direitos autorais deste material são de propriedade dos autores. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada à fonte. O conteúdo de cada artigo é de inteira responsabilidade do(s) autor (es). Livro aprovado pelo Conselho Editorial da Revista Acadêmico Mundo (ISSN 2318-1494). Revisão de Provas Leandro Carvalho de Almeida Gouveia Capa Josevaldo da Silva do Lago (www.academicomundo.com.br) Projeto Gráfico Josevaldo da Silva do Lago (www.academicomundo.com.br) Editoração Eletrônica Josevaldo da Silva do Lago (www.academicomundo.com.br) Impressão e Acabamentos (www.academicomundo.com.br) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP). Catalogação na Fonte Oliveira, Leila Lima de. O048 Educação à distância: capacidades e habilidades do contemporâneo.[manuscrito]/ Leila Lima de Oliveira. – Salvador, 2010. pedagogo 138f. : il.; 21cm x 29,7cm. Printout (fotocópia) Dissertação (Mestrado Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social) – Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde de Cairu, Fundação Visconde de Cairu. “Orientador: Profº. Dr. Hélio Santos”. ACADÊMICO MUNDO www.academicomundo.com.br [email protected] [email protected] Digitado no Brasil em maio de 2014 pela Revista Acadêmico Mundo e-mail: [email protected] [email protected] Tiragem: exemplares DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha irmã, aos meus filhos, esposo e pais que pacientemente me acompanharam nessa trajetória. RESUMO A presente Dissertação tem como tema a Educação a Distância: Capacidades e Habilidades do Pedagogo Contemporâneo. O objetivo principal do estudo é analisar e identificar as competências e habilidades básicas desenvolvidas para a formação profissional e humana e os respectivos impactos desses efeitos na inserção no mercado de trabalho dos egressos da IES “X” (EAD) no ano de 2009/2. O que inquietou a pesquisadora foi conhecer quais as competências e habilidades desenvolvidas no Curso de Pedagogia (EAD) de uma IES cuja atividade está focada na região metropolitana de Salvador. Os impactos que esse tipo de formação tem no mercado de trabalho também marca o questionamento da pesquisa. A Metodologia utilizada optou por um estudo de caso de uma IES (EAD), mediante uma abordagem qualitativa exploratória que se utilizou de questionários e de uma entrevista semi-estruturada para obter e produzir os dados que foram analisados para cumprir o escopo colimado pela Dissertação. O estudo identificou algumas competências e habilidades desenvolvidas pelo curso analisado, ao mesmo tempo em que verificou a ausência de outras na formação dos egressos. O estudo demonstrou ainda que a maioria dos egressos foi absorvida pelo mercado de trabalho. Apesar desse impacto favorável, observou-se por parte dos egressos algum desconforto quanto ao mercado profissional em virtude da incompatibilidade entre as mudanças sociais e tecnológicas vivenciadas pela sociedade e o tipo de formação que os mesmos receberam na IES “X” (EAD). PALAVRAS-CHAVE: Competências e Habilidades. Formação profissional docente. Ensino à distância. Curso de Pedagogia. ABSTRACT This thesis has as its theme the Distance Education: Capabilities and Skills Educator Contemporary. The main objective of the study is to analyze and identify the skills and life skills developed for vocational training and human impacts of these and their effects on the labor market insertion of the graduates of HEIs “X” (EAD) in the year 2009 / 2. What disturbed the researcher was to understand which skills and abilities developed in the Course of Pedagogy (EAD) of an HEI whose activity is focused in the metropolitan region of Salvador. The impacts that such training has on the labor market also marks the questioning of the research. The methodology used has chosen a case study of an IES (EAD), through an exploratory qualitative approach that utilized questionnaires and a semistructured interview for obtaining and processing the data were analyzed to meet the scope collimated by Dissertation. The study identified some skills and abilities developed by the course examined, while it noted the absence of further training of graduates. The study also demonstrated that the majority of graduates has been absorbed by the labor market. Despite this favorable impact was observed by the graduates some discomfort about the job market due to the mismatch between the technological and social changes experienced by society and the type of training that they received in the IES “X” (EAD). KEY-WORDS: Competencies and Skills. Vocational education teacher. Distance learning. Course Pedagogy. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Faixa etária dos egressos da IES (X) ................................................................................. 100 Gráfico 2 Raça declarada dos egressos da IES (X) ........................................................................... 101 Gráfico 3 Egressos inseridos no mercado de trabalho da IES (X) .................................................... 102 Gráfico 4 Atuação dos egressos na área de formação da IES (X) ..................................................... 103 Gráfico 5 Domínio dos egressos da IES (X)sobre as ferramentas da informática ............................ 104 Gráfico 6 Causas que definiram a escolha por um curso EAD ......................................................... 105 Gráfico 7 Avaliação dos egressos quanto à qualidade do material fornecido pela IES “X” ............. 110 Gráfico 8 Satisfação dos egressos quanto à disponibilização dos recursos tecnológicos de comunicação pelos polos ................................................................................................... 110 Gráfico 9 Egressos que acreditam na demonstração de interesse da IES (X) para sua formação ..... 111 Gráfico 10 Egressos que acreditam na formação de qualidade fornecida pela IES (X) ..................... 112 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Sistema Estrutural da Educação à Distância ..................................................................... 34 Figura 2 Síntese do Processo de Formação da Aprendizagem em Rede Grade .............................. 41 Figura 3 Grade Curricular da IEX “X” ............................................................................................ 90 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS EAD Educação à distância DH Desenvolvimento Humano RS Responsabilidade Social IES Instituição de Ensino Superior LDB Lei de Diretrizes e Bases LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação e Cultura PCN Parâmetros Curriculares Nacionais PPP Projeto Político Pedagógico PDI Plano de Desenvolvimento Institucional RCN Referenciais Curriculares Nacionais SAE Serviço de Atendimento ao Estudante SAT Serviço de Atendimento ao Tutor SGE Sistema de Gestão Educacional TIC´s Tecnologias da Informação e Comunicação Unesco Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura DCN Diretrizes Curriculares Nacionais CNE Conselho Nacional de Educação IQCGD Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação à distância SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14 1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................... 19 1.1 UM BREVE HISTÓRICO DA EAD ..................................................................... 19 1.2 DESENVOLVIMENTO HUMANO E EDUCAÇÃO .............................................. 21 1.3 A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEUS PARADIGMAS ....................................................................................................... .. 28 1.4 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ............................................. 39 1.5 A EAD O CENÁRIO PROFISSIONAL ................................................................. 43 1.6 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A EAD........................................................ 48 2 EDUCAÇÃO SUPERIOR E O CURSO DE PEDAGOGIA .................................... 54 2.1 BREVE HISTÓRICO DO CURSO DE PEDAGOGIA NO BRASIL. ..................... 54 2.2 O SISTEMA DE PARADIGMAS E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO ................ 56 2.3 A ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL À DISTÂNCIA DO PEDAGOGO .............................. 62 2.4 O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO À DISTÂNCIA DO PEDAGOGO ................... 70 2.5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PEDAGOGOS ....................................... 73 2.6 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO CONTEMPORÊNEO ................. 79 3 O ESTUDO DE CASO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR “X” ............. 84 3.1 CARACTERIZÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR “X” ................. 84 3.2 O CURSO DE PEDAGOGIA EAD DA INSTITUIÇÃO “X” ................................... 85 3.3 A PESQUISA ...................................................................................................... 93 3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 94 3.3.2 POPULAÇÃO E TAMANHO DA AMOSTRA .................................................... 97 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ................................................... 99 4.1 CATEGORIA GERAL ........................................................................................ 100 4.2 CATEGORIA CURSO ....................................................................................... 104 4.3 CATEGORIA INSTITUCIONAL ......................................................................... 109 4.4 CATEGORIA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ................................................... 111 4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS EDUCADORAS TUTORAS .................... 113 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 116 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120 APÊNDICES ........................................................................................................... 126 ANEXOS ................................................................................................................. 132 13 “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?” (MORIN, pg. 17, 2008). 14 INTRODUÇÃO O advento da tecnologia proporcionou um grande crescimento ao País nos diversos ramos. A educação é uma delas, pois a tecnologia pode proporcionar melhores mecanismos de aprendizagem. Surge, assim, a educação a distância (EAD), cuja principal perspectiva é de democratizar o ensino e proporcionar melhores oportunidades de desenvolvimento aos indivíduos que ainda não tiveram chance de ingressar no nível superior. A atual conjuntura social e o momento tecnológico em que se vive levam-nos a questionar como os profissionais da Pedagogia estão sendo preparados no ensino EAD principalmente, para atuarem no mercado de trabalho e lidar com os indivíduos do futuro numa era em que a informação tecnológica assume significativo papel na vida social dos alunos e professores. O Pedagogo é um dos principais profissionais responsáveis por uma formação que visa, epistemologicamente, à contemplação de todas as dimensões do ser humano de modo a gerir gerações que tenham seus princípios pautados em novas exigências da atual conjuntura social. Pois bem, acreditando que a educação promove relações profundas com a sociedade e é um dos principais recursos para conceber a qualidade do processo social instaurado, é necessário que se dê uma devida importância às competências e habilidades trabalhadas e desenvolvidas no processo de formação à distância dos Pedagogos. Isso porque acredita-se que esta formação deva atender todas as expectativas de um ensino voltado para a qualidade e a preparação de profissionais capacitados que sejam aprendizes constantes, conscientes da importância da tecnologia e com pleno domínio das ferramentas de aprendizagem. Diante de tal justificativa, o objetivo principal deste estudo é analisar e identificar as competências e habilidades básicas desenvolvidas para a formação profissional, humana e seus impactos na inserção dos egressos no mercado de trabalho da IES “X” EAD. Caracterizam-se como objetivos secundários a análise da formação do Pedagogo da EAD e seu impacto no cenário profissional, a identificação das competências e habilidades que devam 15 ser estimuladas na proposta pedagógica da IES de modo a promover o desenvolvimento humano e social do Pedagogo contemporâneo além de conhecer as principais características da IES “X” e sua proposta pedagógica para formação de seus Pedagogos. Desta forma, o estudo em questão tornou-se tema de interesse a partir de experiências compartilhadas no interior do ambiente profissional na modalidade à distância. É sabido que a EAD se utiliza de diversos recursos tecnológicos para atingir os seus objetivos, sejam eles cognitivos, teóricos ou práticos. Portanto, na tentativa de realizar uma análise discursiva sobre o tema, serão adotados aspectos fundamentais do ponto de vista histórico, filosófico, sociológico, econômico e cultural a fim de facilitar a compreensão sobre a importância do tema em estudo. A legislação através do Decreto 2494/98 Art. 1º conceitua a educação a distância como uma forma de “[...] ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação.” Nessa perspectiva, existe uma constante inquietação: quanto e de que forma contribuir para uma formação integral que para Barreto (2005) representa “uma educação que se dirija à totalidade do Ser Humano, e não apenas a uma ou outra de suas dimensões; ou a um dos seus níveis” (p. 69) e que ao mesmo tempo promova o desenvolvimento humano (DH) das pessoas através da EAD. Por este motivo, questiona-se: quais as competências e habilidades desenvolvidas para formação profissional e humana no curso de Pedagogia (EAD) da IES “X”? Questiona-se ainda quais os impactos no mercado de trabalho destes egressos? Diversos autores, como Delors (2006), acreditam numa interação entre a tecnologia e o ensino, bem como na capacidade de cada indivíduo em lidar com os saberes que ambos podem proporcionar. No entanto, Mattar citado por Litto e Formiga (2009) advertem para o modelo de ensino em EAD, visto que esta modalidade ainda pode estar sendo produzida baseada em sistemas ultrapassados e com o conhecimento pautado apenas na imagem do professor, e não nas suas interações, a exemplo de vídeo aulas. 16 No Brasil, a modalidade de educação a distância obedece às mesmas leis e normas do ensino presencial. Isso porque a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional regulamenta que a EAD deve seguir os mesmos trâmites dos cursos presenciais e estabelece ainda os indicadores de qualidade para tal modalidade. O Decreto N.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o Art. 80 Lei n.º 9.394/96 da LDB em seu inciso sexto, chama a atenção quanto [...] ao atendimento aos padrões de qualidade na modalidade EAD o que comprova a necessária atenção quanto à formação das propostas curriculares de cursos para formação de profissionais na área da educação, principalmente na utilização dos recursos tecnológicos disponibilizados (BRASIL, 1996). Diante disso, os futuros profissionais da área de educação precisam compreender todos os processos evolutivos e cognitivos a que eles mesmos são submetidos com o objetivo de desenvolver habilidades necessárias para uma tomada de consciência e transformação deste cenário. A necessidade de uma educação integral não deve fazer parte apenas dos discursos acadêmicos na modalidade de ensino presencial, é preciso analisar e compreender como a Educação a distância está introduzindo estas temáticas em seu currículo nos cursos de graduação em Pedagogia. Faz-se necessário, então, um diálogo entre o curso superior e o currículo de Pedagogia perpassando pelas suas raízes, diferenciando o currículo alienado do consciente e descrevendo o modelo educacional a distância no cenário educativo atual como possível impulsionador para o autogerenciamento da aprendizagem através da utilização dos indicadores de qualidade, alem de identificar a relação teórico-prática para uma formação integrada do profissional oriundo da EAD. A descoberta de novas práticas de construções auxilia o desenvolvimento de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas nos cursos de Pedagogia, expandindo o ambiente de aprendizagem flexível para além dos simples conceitos. 17 Ou seja, é preciso objetivar a formação de uma cultura de Pedagogos sociais em que todos tenham uma importante ação para construir. É um ponto de grande relevância para a sociedade. Dessa forma, ações como estas ocasionam mudanças de paradigmas e demonstram a importância da colaboração da tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, as dimensões da inteligência cognitiva e da moral devem ressignificar o currículo através de uma proposta teórico-prática de aprendizagem para contemporaneidade e promover uma discussão sobre as ações do modelo EAD que ocasionem numa contribuição para o desenvolvimento sustentável dos seres humanos, conforme indica a LDB em seu artigo IV e identifica a mesma como uma matriz de transformação social e inclusão. Para tanto, a interação entre educador e educando é de fundamental importância para uma relação produtiva de conhecimentos. Assim, a importância dessa pesquisa enfatiza-se pela necessidade de se buscar uma formação profissional onde os educadores estejam conscientes de suas habilidades e competências para atuar no cenário atual diante das dificuldades apresentadas pelos alunos, além da qualificação e legitimação do Ensino Superior a distância, principalmente no curso de Pedagogia. Dessa forma, a contribuição dos autores Delors, Sem, Comênius, Castelle, Litto e Formiga, Olson e Torrance, Morin, Lévi, entre outros foi extremamente importante para consolidar este estudo. Suas bases teóricas permeiam áreas da educação, social e administrativa que, à luz da ciência, tornam possível uma compreensão sobre as reais formas para se construir uma rede de responsabilidades sociais educacionais, onde seus agentes atuem positivamente para uma sociedade mais sustentável. O presente trabalho é um estudo de caso que pretende esclarecer, teoricamente, com o suporte de uma revisão bibliográfica de cunho exploratório, a intrínseca relação entre a EAD e a formação profissional do Pedagogo. Para que os objetivos colimados tenham êxito, a estrutura do trabalho divide-se em quatro capítulos: o primeiro abrange a educação a distância e a formação do profissional oriundo desta modalidade de ensino. O segundo capítulo analisa a educação superior e o curso de Pedagogia realizando um 18 estudo sobre as competências e habilidades dos profissionais da educação, seu desenvolvimento humano, bem como uma avaliação da proposta pedagógica do curso de Pedagogia da IES. O terceiro caminho dialoga sobre o estudo de caso da IES “X” e a pesquisa desenvolvida. O quarto e último capítulo busca discutir os resultados adquiridos através da pesquisa. 19 CAPÍTULO 1 1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL O grande avanço da tecnologia proporcionou um assustador crescimento em todos os ramos da sociedade. A educação é o principal segmento atingido pela mesma. Todavia, novas formas de comunicação foram e vêm sendo concebidas resultando numa série de comunidades, sejam elas interativas ou não. Até mesmo as comunidades tradicionais já não são as mesmas com a presença da tecnologia. 1.1 UM BREVE HISTÓRICO DA EAD O termo comunidade on-line é definido como sendo uma rede persistente e sustentável. Matta (2009, p. 34-35) define uma “[...] comunidade de prática como sendo qualquer associação entre sujeitos seja de forma presencial ou digital”. E-learning, segundo Rosenberg (2002) citado por Buttingnon, Silva e Garcia (2002, p. 07), “[...] refere-se à utilização das tecnologias da Internet para fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o conhecimento e o desempenho”. É possível deduzir, então, através dos diferentes conceitos tecnológicos, que a Educação a distância (EAD) é a comunicação entre sujeitos digitais de forma a definir uma rede de aprendizagem individual, coletiva e sustentável. A EAD, de acordo com Alves (2009), surgiu na década de 70 com a TV educativa, apesar de constar registros no ano de 1961 na antiga LDB, e já com sucesso no que se refere a seus primeiros investimentos no que diz respeito às políticas públicas. A educação a distância coorporativa foi a pioneira no Brasil (ALVES apud BUTTIGNON, SILVA E GARCIA, 2002). O histórico desta 20 modalidade segue ainda com cursos via correspondência, rádio, cinema até o mais conhecido hoje, o computador. Todavia, segundo o mesmo autor, só em 1996, através da atual LDB 9.394, regulamenta-se a utilização da EAD em diferentes níveis de ensino, favorecendo a expansão da educação a distância no ensino superior, cujo principal objetivo é o de “[...] revolucionar as políticas de recursos humanos” (NISKIER, 2009, p. 31). A partir daí o MEC desenvolve os Indicadores de Qualidade para cursos de graduação a distância com o objetivo de orientar a qualidade dos projetos institucionais, instrumento significativo para a autorização dos cursos. Hoje, os cursos ofertados na modalidade EAD para formação de professores constituem-se a maioria no Brasil (BUTTIGNON; SILVA; GARCIA, 2002). O processo de discussão através dos indicadores de qualidade da EAD não para por aí, pois surge, como revelam os autores, a proposta de desenvolver a universidade aberta seguindo o modelo da Open University da Inglaterra. Muitos esforços foram embutidos, em vão. Recentemente, em 1996, a Universidade Aberta ganhou destaque no cenário brasileiro através do Decreto nº 5.800/06 do MEC, o qual institui a Universidade Aberta na modalidade EAD, mas com padrões um tanto diferenciados da universidade acima, pois se centralizou em cursos de formação continuada e ao aumento de acessos aos cursos de nível superior para professores (LITTO, 2009). Bem, esse histórico foi para demonstrar que a Educação a distância não é tão nova quanto parece. Pelo contrário, esta modalidade de ensino vem há muito tentando ganhar cada vez mais novos mercados e novos adeptos. A evolução foi grande no que se refere aos recursos tecnológicos utilizados pela mesma. Não se pretende aqui descrever o processo histórico da educação a distância, uma vez que este não se configura como objetivo, e por já existir um grande acervo que se dedica a tal explanação. Desse modo, apenas fixaremos nas contribuições e dificuldades enfrentadas por esta modalidade de ensino na formação dos novos profissionais da área de educação. 21 Comungando com Gouvêa (2006), que se refere à educação a distância como um vasto campo de possibilidades a milhares de recursos técnicos e humanos, que utilizarão ou já a utilizaram de sua tecnologia beneficiando-se de sua política inovadora, constitui-se referência para estudos mais aprofundados. Isso porque a EAD constitui-se um sistema que necessita e forma competências. Nessa linha, a educação a distância, de fato, caracteriza-se como um sistema derivado da tecnologia. Seu surgimento tem possibilitado uma revisão nos conceitos epistemológicos, filosóficos e até mesmo tecnológicos. Isto posto, uma nova visão de sujeito se forma, baseado em novos princípios holísticos que resultam num desenvolvimento social mais político, levando, portanto, a reflexões mais empíricas e teóricas, e não puramente tecnicistas (SANTOS; ALVES, 2006). Dentro dessa nova percepção, surge o sistema de Universidade Aberta do Brasil, que propõe a democratização do acesso ao ensino superior em todos os municípios brasileiros (KIPNIS, 2009). Inicialmente, segundo relato do autor, este movimento surgiu em 1980 no Nordeste, depois adotado por Brasília. Não demora muito para o governo federal homologar o projeto da UAB (Universidade Aberta do Brasil) em todo o território brasileiro. A partir de 1990, aos poucos, a educação a distância é disseminada no País através da utilização dos recursos tecnológicos de informação e comunicação. Assim, o que se pretende discutir é a evolução ocorrida na Educação a distância no ensino superior, em suas instituições, no que concerne às práticas cognitivas de aprendizagem e à formação das competências e habilidades dos novos profissionais da educação, neste caso, o Pedagogo egresso e seus impactos no cenário profissional. 1.2 DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO É inegável o grande avanço econômico e tecnológico que o Brasil vem desenvolvendo nos últimos anos. Seu crescimento surpreende se analisarmos dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que 22 classifica o Brasil com elevado índice de desenvolvimento humano, nas últimas décadas. No entanto, dentro dessa análise, é possível questionar se a educação a distância tem contribuído realmente para o desenvolvimento humano e social dos profissionais de Educação. Assim, como acredita Makarenko (1935)1 quando publicou seu poema pedagógico, está nas “mãos” do processo educativo a oportunidade de desenvolvimento que é almejada por muitos indivíduos e que esperam nela a oportunidade profissional para promover ações que resultem em efetivas atitudes colaborativas e com grande avanço social. Pois bem, sabe-se que o crescimento do Brasil, a partir de sua descoberta até o início do século XIX, teve como seu principal recurso o trabalho escravo dos negros, em que estes eram obrigados a ceder sua mãode-obra para o desenvolvimento do País. “Os negros, inicialmente, ajudaram a edificar e possibilitaram a base material do desenvolvimento; não só da América, mas sobretudo, da Europa” (SANTOS, 2006, p. 461). Nesta época, o termo desenvolvimento era visto de forma unicamente atrelada ao trabalho braçal, que resultasse em crescimento econômico. Os teóricos eram vistos como profissionais que tinham como objetivo conduzir as classes menos favorecidas em suas labutas e na gestão das áreas políticas e econômicas. Ou seja, o materialismo de Marx era o fio condutor da sociedade. Para ele, o homem tornou-se um fragmento em que só seria possível utilizar algumas partes de seu corpo e separadamente (GHIRALDELLI, 2010). Contudo, quando se fala em desenvolvimento hoje, o mesmo vem atrelado a questões distintas de tempos atrás. Atualmente, a palavra educação já vem atrelada ao termo. Neste caso, educação vista por um ângulo que envolve o contexto humano e social. Porém, o estudo inicia-se com uma pequena análise sobre a terminologia desenvolvimento que, segundo a UNESCO (1994), assume uma dimensão onde o ser humano é a própria origem, ator e fim (NANZHAO, 2006). 1 Educador soviético, autor da obra Poema pedagógico criada após a Revolução Russa, incentivou jovens órfãos a serem seus próprios projetos. 23 Historicamente, o termo desenvolvido fazia referência a indivíduos ou países financeiramente equilibrados. As formas de aquisição de suas riquezas provinham muitas vezes de serviços escravos. Segundo Santos (2003), no último século o Brasil foi um dos países que mais crescimento teve, apesar de andar na contramão a inclusão das pessoas mais pobres no patamar desta evolução. Com a chegada e o avanço da tecnologia, é muito grande a perspectiva que se tem de equilibrar tais desníveis de acesso à informação e ao conhecimento que, segundo Castells (1999), são produtos do desenvolvimento. Como a tecnologia ganhou muito espaço, o termo desenvolvimento passou a ser relacionado não só a acúmulo de riquezas ou de mercados, mas principalmente à aquisição de novas tecnologias e informações capazes de produzir conhecimentos. Assim, o termo desenvolvimento passou a ser atrelado também a este novo período informacional no qual nos encontramos. Castells é um dos teóricos que faz uma análise do termo desenvolvimento na era da informação. No novo modo informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Na verdade, conhecimento e informação são elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação. Contudo, o que é específico ao modo informacional de desenvolvimento é a ação de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como principal fonte de produtividade (CASTELLS, 1999, p.53-54). Dessa forma, percebe-se que ao longo da história a palavra desenvolvimento sempre esteve de alguma forma atrelada a bens materiais, ao crescimento individualizado e ao uso que se faz do conhecimento que se obtém através da informação que se adquire na sociedade, seja de um indivíduo ou um país. A qualidade do desenvolvimento, assim, pode até mesmo ser determinada pela qualidade informacional que se obtém tanto num ambiente formal quanto informal. É neste ponto que se encontra um grande debate 24 quanto às questões conceituais e éticas que cercam o termo desenvolvimento. Percebe-se que, aos menores olhares, a sociedade sofre uma crise conceitual sobre os valores necessários para uma qualidade de vida em níveis de desenvolvimento. Assim, Santos e Alves (2006), citam a crise de significados e valores instituída na sociedade e as mudanças de conceitos fundamentais como importantes e necessárias no processo de transformação educacional e social. Da mesma forma, Warman e Wormann (1993, p. 36) acreditam que “[...] a solução de nível intermediário, que parece estar sendo universalmente proposta para essa crise, é a educação”. Isto posto, o termo desenvolvimento ganhou há pouco tempo nova conceituação e com ele fomentou e vem proporcionando o surgimento de novos paradigmas na sociedade. A educação passou a se tornar grande cúmplice das formas de se promover o desenvolvimento, tanto individual como coletivamente. Todavia, são assumidas várias conceituações para o termo desenvolvimento. Aqui, considerar-se-á o desenvolvimento humano. Para Sen (2000) e Cury (2002), desenvolvimento relaciona-se diretamente com liberdade. Liberdade para as pessoas. Ou seja, Liberdade para se ter os bens mais simples e necessários, mas que possam possibilitar chances reais de evolução material, espiritual, humana e social. As possibilidades de acesso a bens públicos como saneamento, educação e oportunidades econômicas, para o autor, é a melhor forma de desenvolvimento. A escolha e o acesso dos indivíduos a estes bens constituem-se como liberdade. E é esta liberdade que se configura como desenvolvimento. O Relatório de Desenvolvimento Humano (2009) do PNUD considera, igualmente a Sen, a liberdade enquanto um dos principais objetivos do desenvolvimento, pois terá esta liberdade capacidade de promover oportunidades aos indivíduos de se deslocarem. “Por outras palavras, poder deslocar-se é uma dimensão da liberdade que faz parte do desenvolvimento – com valor intrínseco, assim como potencialmente instrumental” (PNUD, 2009, p. 15). 25 Um dos principais deslocamentos que se pode considerar a ser realizado pelos indivíduos, profissionais e organizações como um todo em busca do desenvolvimento humano, social e cultural é a educação e suas formas de atuação na sociedade. Através dos processos educativos, de ensinar como um todo embutido dentro das organizações educacionais e profissionais, é que podemos encontrar seu real objetivo de integrar as formas de aprendizagem à vida, bem como a transformação de conhecimentos, a ética refletida em ações de modo a contribuir para a totalidade. O ser humano imbuído desta totalidade trará consigo a consciência necessária para provocar mudanças no molde como as pessoas se relacionam com seu meio profissional, pessoal e intelectual, além de outras dimensões, bem como atesta Warhol citado por Veen (2009, p. 09.): “ [...] dizem que as coisas mudam com o tempo, mas é você que, na verdade, tem de mudá-las.” É este ser que terá condições reais de provocar transformações no ambiente em que vive (MORAN, 2000). Para Moran, a educação representa muito mais que isso: Uma das tarefas principais da educação é ajudar a desenvolver tanto o conhecimento de resposta imediata como o de longo prazo; tanto o que está ligado a múltiplos estímulos sensoriais como o que caminha em ritmos mais lentos, que exige pesquisa mais detalhada, e tem de passar por decantação, revisão, reformulação. Muitos dados, muita informação não significam necessariamente mais e melhor conhecimento. O conhecimento toma-se produtivo se o integramos em uma visão ética pessoal, transformando-o em sabedoria, em saber pensar para agir melhor (MORAN, 2000, p. 06). Este conhecimento citado pelo autor deve ser capaz também de modificar o indivíduo e promover o autodesenvolvimento. Para Delors, “Um dos principais papéis reservados à educação consiste antes de mais, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento” (2006, p. 82). Na visão das autoras Durante e Teixeira (2008), o autodesenvolvimento refere-se também ao autoconhecimento, em que o indivíduo tem a possibilidade de evoluir suas potencialidades e valores. 26 O autodesenvolvimento incentiva o ser humano a buscar e nutrir mudanças em si próprias, afastando-o da adaptação ao meio em que está inserido. Desta maneira, os processos de desenvolvimento e autodesenvolvimento canalizam constructos que consistem em dar condições e proporcionar ao sujeito a criação de novos pensamentos, construindo sua própria forma de pensar e agir, de aprender, e, sobretudo, transformar-se (DURANTE; TEIXEIRA, 2008, p. 02). Todavia, é de conhecimento de todos que a educação não vem avançando muito em suas ações. Muitos conflitos sociais são gerados diante da ineficiência educacional de seus países, que acabam também por não possuir uma cultura que favoreça a formação humana e social de seus indivíduos (BERTERO, 2010). Cada pessoa passa a agir isoladamente em seu grupo sem que se crie com isso uma rede de ações desenvolvimentistas. O resultado deste cenário é um povo desiludido em suas perspectivas de vida. contudo, todo e qualquer indivíduo é de extrema importância para o processo de desenvolvimento da sociedade. A indagação de Lorenz citado por Braz (1996) sobre o provérbio chinês de que cada ser humano pode ser comparado a uma borboleta, representa bem a função de cada indivíduo perante a sociedade, onde a mudança deve fazer parte do cotidiano social e humano de modo a responder e demonstrar os resultados que deverão ser obtidos com nossas ações. Contudo, estas mudanças precisam ser realizadas por todos de modo a formar ciclos que interajam constituindo ações onde estas sempre estejam em constantes transformações (BRAZ, 2006). Para tanto, é necessária uma consciência diante dos fatos gerados pelos indivíduos, e onde estes tenham condições de perceber as diferentes formas de possibilidades na geração de novas ações capazes de produzir novas gerações de ciclos modificados. Este é um dos maiores desafios. Fazer com que este ciclo tenha condições reais de gerar um desenvolvimento sustentável tão sonhado por todos e igualmente uma sociedade sustentável. Segundo Lester Brown, do Worldwatch Institute, “Sociedade Sustentável é aquela que satisfaz às suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras” (BROWN apud CAPRA, 1993, p. 212). 27 Ao mesmo tempo será ele o responsável por produzir novas condições de cidadania aos indivíduos provocando grandes mudanças na sociedade, de modo a repercutir em novos moldes culturais e que modifique de forma real o estilo de administração dos meios educacionais com grandes reflexos no ramo social (BERTERO, 2010). Na visão de Bertero (2010), no momento em que são produzidas novas formas culturais de cidadania na sociedade, ao mesmo tempo as organizações se amadurecem e passam a possuir melhores meios para transformar seus fins em “produtividade saudável” para a comunidade à qual pertencem. Desse modo, a educação é o principal pilar na busca por esse nível de desenvolvimento. Apenas ela fornece os subsídios necessários capazes de revolucionar qualquer sistema. Assim, é imprescindível concordar com os autores Warman e Wormann quando afirmam que: Nós os homens, desenvolvemos uma capacidade tecnológica para fazermos tudo o que desejarmos; poderemos a partir de agora adquirir a aptidão correspondente para escolher com sabedoria para fazer aquilo que deve ser feito? (WARMAN; WORMANN, 1993, p. 36) E para que os cidadãos possam ter condições de fazer o que é necessário, é preciso que a democracia atue firmemente na sociedade. E até mesmo para que esta democracia funcione como se deve, a educação é sua principal cúmplice, pois se a “[...] educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a educação pode” (FREIRE, 1996, p. 112.). Isso porque, à proporção que cresce o conhecimento técnico, reduz a capacidade democrática de saberes (MORIN, 2007, 2008). E quem pensar que a educação não seja capaz de mudar os rumos de uma sociedade, provavelmente não possui capacidades para gerir qualquer grupo, por menor que ele seja. Diante do todo exposto, faz-se necessário um melhor entendimento sobre a formação social do homem e seus aspectos de hominização. Seus níveis de formação são extremamente necessários para a elaboração de teorias e realização de práticas mais conscientes. Isso se deve ao fato de muitas vezes apontarem-se regras, sistemas e até outros indivíduos como causadores de nossas próprias indiferenças, quando na maioria dos casos 28 esquecemos que sempre estamos no centro dos problemas e das possíveis soluções. Assim, considerar o ser humano e seus processos de formações e autoformações é muito importante para o desenvolvimento de uma consciência humana, social e política de qualquer sociedade. A nova formação de professores, no entanto, precisa contemplar a nova geração de indivíduos. Esta nova geração é conhecida como Homo Zappiens2, possui características tecnológicas e convivem com a tecnologia numa plataforma mais elevada que a geração anterior; necessita, portanto, aprender utilizar os recursos técnicos e conciliá-los à sua vida pessoal e profissional (VEEN, 2009). Uma geração educando outra. Não há, dessa forma, como não se preocupar com uma formação de professores que tenham consciência do seu público e priorizem uma formação alicerçada nas características e perfis da nova geração, de modo que ocorra sintonia entre as competências dos que ensinam e qualidade de ensino para os que aprendem. O resultado de um equilíbrio como este não poderia ser outro senão o desenvolvimento em todas as suas dimensões. Para Capra (1993), essas dimensões contemplam um novo paradigma, cuja visão de mundo está sob uma ótica holística onde prevaleça a saúde como um todo do ser humano. 1.3 A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEUS PARADIGMAS Existem diferenças entre a educação a distância e a educação presencial? Respondendo a esta indagação acredita-se que ambas as modalidades devem seguir iguais vertentes uma vez que as mesmas possuem os mesmos objetivos: formar cidadãos. Pois bem, acreditando que sendo qual for o tipo de modalidade educacional adotada ela terá sempre o mesmo objetivo, o de se preocupar com 2 É um processador ativo de informações, resolve problemas de maneira muito hábil, usando estratégias de jogo, e sabe se comunicar muito bem (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 12). 29 o processo de formação dos indivíduos. Nesta perspectiva, para Gomes (2009), educação a distância é antes de tudo Educação e, portanto, deve seguir as mesmas exigências da educação presencial. O autor acredita que não há a necessidade de se diferenciar qualquer modalidade que seja de ensino, pois ambas possuem a mesma finalidade, que é a de produzir aprendizagens de forma sustentável. E a sustentabilidade profissional só é conseguida através de uma formação de qualidade que atenda as expectativas do mercado de trabalho. A estabilidade no campo profissional é atribuída, segundo Minarelli (1995), ao indivíduo que soluciona problemas através das competências adquiridas. Ou seja, como a educação a distância continua sendo educação, é preciso estabelecer novas percepções acerca do ensino (VERSUTI, 2004). Assim, a EAD proporciona inúmeras contribuições, pois A mesma minimiza ou erradica as limitações de acesso às universidades, diversifica e amplia a oferta de cursos e ainda atende as expectativas sociais, do mercado de trabalho e dos indivíduos. Outra vantagem da educação a distância é que possibilita a superação da prática tradicional do ensino, deixando de ser centrado no processo do ensino para focar na aprendizagem. Os docentes necessariamente precisam ser pessoas sensíveis aos problemas educacionais, desenvolver habilidades e se capacitarem para planejar, produzir, desenhar, implantar e, o mais importante, orientar aos discentes a aprender a aprender, em suma, eles devem ser multidisciplinares, abandonando o papel de transmissor para se transformar no mediador, facilitador e gestor de pessoas. (ROCHA apud ARAÚJO, 2008, p. 63). No entanto, para que esses indivíduos sejam capazes de adquirir competências, é necessário um grande investimento no ramo educacional, e este não é um problema nacional, mas sim mundial. Décors (2006) acredita que todo investimento neste campo é fundamental a fim de se evitar marginalização e aumentar as possibilidades de acesso aos níveis de educação, bem como multiplicar o conhecimento entre as diversas raças de diferentes países e garantir a aquisição de competências de forma mais igual. Contudo, o autor ressalva que os países em desenvolvimento e a raça negra são os mais prejudicados e, portanto, merecem maior atenção. 30 Assim como Santos (2003) cita a harmonia como necessária a “tudo 3” que faz referência às questões raciais, a mesma deve também ser adotada entre os parâmetros do ensino superior pela EAD e o processo de aprendizagem dos graduandos de tal modalidade, uma vez que o número de adeptos da educação a distância deve ser superior às demais raças. Ao relacionar a EAD aos afro-descendentes, nenhum equívoco acontece, isso porque ambos sofrem igualmente em alguns aspectos, mesmo com os avanços da modernidade. O preconceito é o principal deles. Aliás, Sen (2000) também acredita que os preconceitos e as atitudes políticas econômicas tradicionais precisam de uma grande revisão. Do mesmo modo, o autor Niskier relaciona o preconceito ao mundo acadêmico. Fala-se em Universidade pós-moderna, mas nossos homens de pensamento ainda são tímidos no reconhecimento da existência de uma cultura pós-moderna, amparada pelos recursos da era do conhecimento. Ela seria forte e de grande abrangência, permitindo que a diversidade regional ganhasse mais espaço, preservando as raízes da identidade nacional. Isso na literatura, na música, no teatro, no folclore, entre outros (NISKIER, 2009, p. 28). Seguindo a linha teórica do autor, a cultura pós-moderna deve proporcionar também uma real democratização do ensino que há muito se anseia, pois as classes menos favorecidas sempre foram e continuam sendo as mais prejudicadas pela falta de oportunidades. A educação a distância, então, se identifica por este propósito: possibilitar a democratização do ensino. No entanto, como a EAD sempre sofreu com os preconceitos sociais, [...] a sociedade se acostumou a olhar para a EAD como uma educação de segunda categoria, a ser utilizada especialmente por aqueles que não tiveram oportunidade de uma educação melhor, a educação presencial convencional. A linguagem e o formato dos programas de EAD através de correspondência, do rádio e da televisão mostravam que eles estavam dirigidos para as pessoas menos alfabetizadas da sociedade, para os excluídos do sistema educacional convencional” (BUTTIGNON; SILVA; GARCIA, 2002, p. 11). 3 Neste caso, acredita-se que quanto à palavra “tudo”, considerar-se-á aqui as dificuldades sociais enfrentadas pelos afrodescendentes. 31 A criação de novos paradigmas deve ser o principal objetivo das instituições que a adotam a modalidade a distância e priorizam o ensino de qualidade. Também, igualmente anseio pela igualdade social é identificado por Villardi, Rego e Souza (2006). Parafraseando as autoras, a mediação através dos recursos tecnológicos deve ser capaz de contribuir para formação de linguagens que favoreçam a cognição, a sensibilidade e a produção de conhecimentos de seus indivíduos. Quando o desenvolvimento de novas habilidades não acontece, esses indivíduos podem ter dificuldades para ingressar no ramo que anseiam, principalmente por não utilizar com sabedoria os instrumentos tecnológicos no seu campo profissional. O resultado de tal inoperância é uma verdadeira exclusão social. Poppovic (1996), na época atual Secretário de Educação a Distância da Seed/MEC, em seu discurso numa conferência sobre educação a distância na Universidade de Londres, afirmou que, apesar de toda vontade e anseio pelo desenvolvimento social do Brasil, o País continua a seguir os rumos em direção oposta ao que se deseja. Com o passar dos tempos, as distorções entre os menos favorecidos tende a reduzir, isto graças às inúmeras oportunidades abertas pelo sistema de ensino, neste caso a EAD. Para Moore, através dessa análise é possível compreender por quais motivos os indivíduos responsáveis por tal sistema inseriram a modalidade de educação a distância com o propósito de reduzir distorções como: • “Nivelamento das desigualdades entre grupos etários; • Melhorar a capacitação do sistema educacional; • Proporcionar oportunidades para atualizar aptidões; • Melhorar a redução de custos dos recursos educacionais; • Acesso crescente a oportunidades de aprendizado e treinamento; • Aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de conhecimento; • Oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar; 32 • Agregar uma educacional; dimensão internacional à experiência • Proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvos importantes e • Direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo específicos” (MOORE, p. 08. 2007). Mas, será que o aumento de oportunidades de acesso às universidades através da modalidade EAD tem garantido ao seu público uma formação de qualidade que priorize as vias do desenvolvimento? Na verdade, a educação a distância assumiu grande destaque na contemporaneidade. O avanço da tecnologia e dos meios de comunicação foram os grandes responsáveis por tamanho sobressalto. A divulgação e o considerável crescimento da EAD, além de seu fortalecimento pelos órgãos públicos que abraçaram tal modalidade acabaram por criar as condições necessárias para a estabilidade da educação a distância. Outro ponto importante a se considerar refere-se à alegria dos indivíduos que não detinham as condições financeiras e cognitivas de acesso ao ensino superior presencial, mas que foram beneficiados ao ingressarem nas IES públicas e privadas elevando as taxas pela democratização do ensino. No entanto, os autores Warman e Wormann (2009), referindo-se ao materialismo da realidade, relatam sobre a importância da evolução tecnológica como um dos principais momentos históricos, uma vez que a humanidade passa a conviver com novos processos de aquisição do conhecimento e do saber. Os autores consideram a ciência investigativa como algo que deve ser de acesso a todos, e não apenas a comunidade cientifica. Ou seja, é a democratização do conhecimento possibilitado pela tecnologia. Nesse passo, Bohadana e Valle (2009) considerarem que a EAD assume grande papel na concepção educacional da sociedade, bem como acreditam que a educação a distância está sendo primordial nas políticas públicas e para as empresas que utilizam desta modalidade com o propósito de realizar ações visando a uma formação profissional e treinamentos. Sendo assim, a educação a distância surge com o propósito de alavancar, juntamente com o ensino presencial, a democratização do ensino e 33 garantir melhores condições de vida àqueles que sofreram os impactos históricos das injustiças sociais. Através da identificação de Moore (2007) as necessidades que justificam a existência da educação a distância, perpassa-se, principalmente, pela oportunidade de atualizar aptidões e melhoria da capacitação do sistema educacional. Acredita-se, portanto, que a EAD deve se equiparar ao ensino presencial em suas condições de ofertas e ao desenvolvimento cognitivo de seus adeptos, diferenciando apenas na utilização intermediária de tecnologias. Considerar-se-á o conceito de tecnologia segundo a visão de Santos e Marchelli, que dá uma nova percepção ao termo. Entende-se por tecnologia, portanto, no âmbito da economia política clássica, o esforço para se chegar a um conjunto de regras práticas capazes de produzir, quando aplicadas, as mudanças sociais esperadas, de tal forma que tais regras sejam decorrentes de generalizações universalmente verdadeiras (2005, p. 19). Por este motivo, é perceptível que a educação presencial e a educação a distância devam sofrer as comparações quanto às suas definições. Todavia, ambas se diferenciam, principalmente pelas técnicas e formas de interação entre seus indivíduos, mas não em seus sistemas. Entende-se por sistema, na visão de Moore e Kearsley (2007), toda e qualquer parte que permita ao “corpo” seu funcionamento. Segundo Santos e Marchelli (2005), “A idéia de sistema não deve ser confundida com a idéia de todo, pois esta se forma antes de qualquer análise sobre as partes que compõem um fenômeno [...]” (p. 19). Para os autores, a educação a distância faz parte do sistema educacional de ensino, ela é uma parte dentre muitas outras, e para entendê-la é necessário que compreendamos todo o sistema educacional. A fim de facilitar a compreensão, utilizaremos o modelo conceitual de educação a distância (abaixo) criado pelos autores como referência para melhor análise sobre a EAD. 34 Sistema de educação a distância Tecnologia Aprendizado Ensino Criação do programa/curso Gerenciamento Política Organização Sistema educacional Economia Psicologia Sociologia História Cultura Filosofia Figura 1: Sistema estrutural da educação a distância Fonte: Figura do Modelo conceitual de educação a distância (MOORE, 2007, p. 11.). Ao analisar a figura, percebe-se que a educação a distância é um subsistema do sistema maior que, neste caso, é o sistema educacional. Sendo assim, ambos os modelos de educação, seja ela presencial ou a distância, têm o objetivo de formar pessoas. Esta formação constitui numa transformação social, humana e cultural que tende a contribuir para o desenvolvimento das competências necessárias a cada indivíduo numa determinada sociedade. Isso porque estas competências são individuais e resultam de suas atuações na sociedade em que vivem (LÉVY, 1996). Assim, na própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é notória a influência da sociedade no desenvolvimento de competências e habilidades de seus indivíduos. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). Todavia, a educação vem apresentando objetivos muito mais amplos que o citado pela LDB. Como afirma Moore e Kearsley (2007), 35 A educação deixou de ser um processo de aquisição de conhecimento como preparação para a vida e o trabalho e tornou-se um processo de inicialmente preparar e então reparar o conhecimento ao longo da vida” (p. 314). No mesmo passo, as autoras Durante e Teixeira (2008) acreditam que, no atual século, a educação deve ampliar as formas de incentivar os indivíduos em suas perspectivas criativas de modo a fortalecê-las e orientando-os em uma formação integral. A teoria e a prática, neste caso, são extremamente importantes, pois sintonizam o real e o virtual 4. Do mesmo lado, para a Sociologia, a sociedade deve muito aos meios tecnológicos de comunicação ao passo que as instituições de ensino têm grandes dificuldades de realizar a mesma ação, a de socialização. A forma com que a tecnologia realiza tal feito surpreende devido às inovações tecnológicas que surgem com grande velocidade inovação quanto aos instrumentos de multimídia (BELLONI, 2002). Ao mesmo tempo em que as instituições de ensino tentam acompanhar a velocidade das tecnologias, mas acabam por esbarra-se em ideologias ultrapassadas e cultura individualista. Ou seja, [...] a “academia” entrincheira-se em concepções idealistas, negligenciando os recursos técnicos, considerados como meramente instrumentais. No setor privado, as escolas respondem “naturalmente” aos apelos sedutores do mercado e se entregam de corpo e alma à inovação tecnológica, sem muita reflexão crítica e bem pouca criatividade, formando não o usuário competente e criativo, como seria desejável, mas o consumidor deslumbrado (BELLONI, 2002, p. 118). Nesse passo, o resultado em última estância é uma formação de qualidade. Muito mais que seguir a velocidade tecnológica, os profissionais da educação, bem como as organizações, precisam se conscientizar sobre a verdadeira função de suas atuações. Apenas aderir aos recursos tecnológicos não demonstra e nem resulta numa formação de qualidade. Sua utilização 4 Para Lévy (2007), virtual derivação do latim virtualis que significa força, potência. Segundo o autor, o virtual existe tanto em potência como em presença efetiva ou formal. Ou seja, “[...] a árvore estar virtualmente presente na semente” (p. 15). O autor determina o virtual como contrariamente do possível (real). 36 precisa estar atrelada à formação de uma estrutura curricular organizada, consciente e interligada às concepções que envolvem as organizações. Os paradigmas enfrentados pela educação presencial não são diferentes da educação a distância, apesar de a EAD sofrer mais profundamente as consequências por tal velocidade devido a sua modalidade de ensino depender muito mais dos instrumentos tecnológicos para realizar suas ações. Diante do exposto, atrofiar não deve ser o verbo cogitado pela educação diante de tamanha modernidade dos recursos técnicos, e sim articular – uma articulação entre os diversos conhecimentos e suas formas de conectar os diferentes saberes de modo a resultar num ensino de qualidade que ofereça condições claras de comungar aprendizagem e desenvolvimento cognitivos, humanos e sociais (MORIN, 2008). Cumpre esclarecer que o conceito de educação a distância se define como: Forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem com a mediação de recursos didáticos, sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação (GOMES, 2009, p. 22.). Vale ressaltar, então, que a autoaprendizagem é o principal foco da educação a distância. Ela deve ser capaz de conduzir o educando em todos seus aspectos que resultem num ensino de qualidade. Num mesmo passo, Moore conceitua educação a distancia como: Aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (2007, p. 02). Assim, igualmente na educação presencial, a aprendizagem na EAD acontece individual ou coletivamente e em diferentes locais e momentos. No entanto, para uma aprendizagem individual, as organizações devem acreditar 37 numa perspectiva de desenvolvimento humano em que elas assumam uma postura política com atuações voltadas a uma administração lógico-processual. São vários os exemplos de sucesso em EAD pelo mundo citado pelos autores a partir desta prática de ensino. Até mesmo as grandes organizações do ramo empresarial utilizam a educação a distância em suas formações continuadas ou em treinamentos, por acreditar que a mesma exerce de forma satisfatoriamente seu papel no processo de aprendizagem. Assim, o mercado da EAD cresceu, significativamente, nos últimos anos (BELLONI, 2002) dando oportunidades às grandes empresas de formar e desenvolver seus funcionários através desta modalidade de ensino por acreditar em sua metodologia e recursos. A utilização dos recursos de informática com a telecomunicação, conhecida como telemática é que vem garantindo o sucesso desta prática de ensino (NUNES, 2009). Esta mistura de técnica com uma forma consciente de gestão, atreladas ao marketing, pode resultar numa aprendizagem de qualidade (BELLONI, 2002). Todavia, para que haja uma aprendizagem de qualidade e satisfatória quanto à abrangência de seu público-alvo, geralmente indivíduos com pouco acesso ou acesso restrito aos recursos tecnológicos, é preciso que o Brasil avance muito ainda no ramo tecnológico em seus acessos democraticamente. Oportunamente, são grandes as dificuldades das classes menos favorecidas à manipulação das TICs na utilização das mesmas de modo a conduzi-los numa formação que garanta um desenvolvimento técnico profissional de qualidade (BOHADANA VALLE, 2009). Para tanto, as autoras Ferreira e outros (2008), numa abordagem sistêmica do desenvolvimento humano acreditam que se faz necessário um estudo de todos os grupos da qual fazem parte os indivíduos a fim de compreender os processos que geram o desenvolvimento dos mesmos. Na visão das autoras, a atuação dos grupos a serem investigados precisa ter forte participação na sociedade, pois é nela que acontecem as divergências e as semelhanças que são necessárias ao processo de desenvolvimento de um indivíduo. Isso tudo sob a análise de vários olhares que sejam capazes de pontuar todos os seus aspectos. 38 Ou seja, o que se pretende é que as tecnologias juntamente com suas diversas formas de comunicação tenham condições de humanizar e democratizar as diferentes modalidades de ensino de modo a fornecer uma aprendizagem de qualidade (FRANÇA. 2009). Tarefa fácil? De forma alguma. O ciclo que envolve as tecnologias é o mesmo que envolve os indivíduos, pois de uma forma ou de outra as TICs são produzidas e desenvolvidas por estes indivíduos. Desta forma, a humanização e a democratização do ensino precisam ocorrer, prioritariamente, por seus profissionais que são seus idealizadores. Neste aspecto, para as autoras Sifuentes, Dessen e Oliveira (2007), a cultura exerce fundamental importância no desenvolvimento destes profissionais isto porque é através dela que se torna possível dentre outros fatores, a percepção do social. O fator social além de ser o reflexo do processo cultural, o mesmo possibilita uma análise mais completa sobre os indivíduos que compõe tal sociedade. 1.4 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Endógeno é o processo originado no interior. Este termo é muito utilizado na área da medicina. Geralmente, os diversos profissionais utilizam este termo para identificar ou solucionar problemas internos que pode ser do corpo (para área da medicina) ou de rochas (para área geológica) (WIKIPÉDIA, 2010). Diante do exposto sobre o processo endógeno, torna-se possível realizar uma análise na esfera educacional, isto por acreditar que a cura da sociedade encontra-se dentro do próprio processo educacional que forma o corpo social. Assim, a sociedade encontra-se num processo de doença interna já há algum tempo, desde mesmo a utilização do processo de ensino nos moldes bancários identificado por Freire (1996). Este modelo de ensino, perdurado durantes décadas, juntamente com políticas ineficazes e a negligência dos 39 órgãos públicos, permitiu a ramificações de grandes problemas sociais elevando os índices de exclusão social e profissional dos indivíduos a taxas alarmantes. Acreditando, como dito anteriormente, que o processo de melhora da sociedade inicia-se na esfera educacional, cabe analisarmos como se dá o processo de ensino aprendizagem, nas organizações de ensino, dos pedagogos que sustentam em seus “ombros” o estigma da cura através de uma formação plena para a prática de ações conscientes que gerem desenvolvimento através da modalidade da educação a distância. Segundo McGill (1995), é possível a identificação de alguns comportamentos da aprendizagem que pode ser considerada importante em organizações citadas como inteligentes. São eles: abertura, pensamento sistêmico, criatividade, eficácia pessoal e empatia. Para Reynaldo, “[...] esses comportamentos impelem as organizações na direção de maximizar suas experiências e criar alternativas” (2004, p. 12). Nesse passo, se resgatarmos o processo educacional de algum tempo atrás, nota-se que a educação bancária era o tipo de ensino preponderante. Os autores Santos e Alves (2006) põem em debate as teorias Piaget e Vygotsky diante da nova conjuntura educacional e das novas formas de se conceber o conhecimento. O autor pondera, no entanto, que, quanto a Vygotsky, suas concepções ainda continuam atuais por considerar os signos como parte deste processo e na forma de desenvolvimento dos indivíduos, que caminha do todo para a parte. Todavia, o modelo de educação bancária perdurou por muito tempo e ainda vem perdurando mesmo com os grandes avanços no ramo tecnológico e de comunicações que mudaram os moldes do novo homo e desenvolvendo o perfil do homo zappiens (VEEN, 2009). Esse novo perfil do homo zappiens possui as condições ideais de fornecer às instituições escolares recursos capazes de revolucionar o processo de ensino-aprendizagem de seus alunos e contribuir para o desenvolvimento de profissionais plenos em suas dimensões humanas e culturais. 40 [...] as salas de aula feita com “giz e voz” não são interessantes para o homo zappiens. São aulas que contrastam muito com o seu modo de ser. O contraste é muito grande para com sua vida fora da escola em que ele tem o controle sobre as coisas, há conectividade, mídia, ação, imersão e redes [...] (VEEN, 2009, p. 47). Ou seja, as novas tecnologias assumem significativo papel e importância dentro das instituições de ensino, cabendo questionarmos sua aceitação pelos profissionais do devido ramo. Pois bem, na visão de Poppovic (1996), que realizou uma pesquisa com professores de educação a distância, verificou-se que a maioria dos pesquisados representada por 75% dos profissionais da educação demonstraram não serem totalmente abertos ao novo, bem como não serem fóbicos à tecnologia. No entanto, o que preocupa nesta pesquisa é o grande percentual de profissionais pesquisados e que fazem parte da educação a distância e não estão completamente envolvidos em sua modalidade na qual optou por trabalhar, de modo que não terão condições de estimular o envolvimento dos seus alunos. Ou seja, é possível caracterizar este fato como endógeno, em que os profissionais podem “adoecer” o processo educacional desde quando deveriam ser capazes de “curar” o mesmo. Ao invés disso, acabam por provocar uma rede de ineficiências e problemas sociais que tendem a causar danos muitas vezes irreversíveis. Ou seja, se o bem-estar da sociedade depende da qualidade da educação, porém como garanti-lo se seus protagonistas não obtêm as condições mínimas de aprendizagem dentro das organizações, de modo que estes consigam desenvolver um trabalho satisfatório onde ofertem a seus alunos garantias de melhorias em suas vidas e no bem-estar do ambiente social? É oportuno considerar que, para obter um resultado em rede como na imagem abaixo, o processo de formação e de aprendizagem dos professores no interior das organizações precisam ser analisados e muito bem planejados, principalmente nos cursos que ofertam a modalidade EAD, pois a mesma objetiva motivar nos futuros profissionais a autoaprendizagem de modo a transformar os rumos históricos da sociedade. 41 Organizações Professor Aluno Sociedade Figura 2: Síntese do processo de formação da aprendizagem em rede Fonte: síntese do pensamento analítico das autoras Schommer e Santos (2008). Segundo Moran (2000), para que ocorra, em suma, a aprendizagem é necessário estabelecer não apenas uma rede, mas novas dimensões que se completem através de novas significações e ao mesmo tempo desenvolvam círculo de percepções dos processos que envolvem os indivíduos; na verdade, uma relação entre teoria e prática. O autor equipara a aprendizagem ao processo que se utiliza para descascar uma cebola. Ou seja, quanto mais for descobrindo novas práticas e tomando conhecimento sobre novas dimensões, a aprendizagem acontece, naturalmente. Porém, este processo precisa ser significativo ao indivíduo, e sua prática, paralela à teoria. Estas duas, para o autor representam a reflexão e a ação que fortalecem o aprendizado (MORAN, 2000). Muito mais que redes e processos tecnológicos, segundo Veen (2009), a confiança é o principal recurso para que o processo de aprendizagem efetivamente ocorra. Isso porque, para o autor, a confiança não é mais a base do processo educacional, sofrendo então com dificuldades e problemas enfrentados. A educação a distância, no entanto, deve priorizar a confiança a fim de que não caia nos problemas enfrentados pelo ensino tradicional. Todavia, para Mattar (2009), a modalidade de educação a distância facilitou o exercício da educação bancária, retrocedendo assim o modelo que deveria ser inovador e eficaz. Este modelo de educação bancária foi muito utilizado há anos atrás. No entanto, existem ainda profissionais que persistem 42 na utilização de suas técnicas e métodos ultrapassados. Este tipo de educador é capaz de ignorar as mudanças e os avanços do seu tempo, o que demonstra uma certa negligência com o indivíduo e sua capacidade de desenvolvimento. Ao contrário do que se imaginou, a EAD precisa avançar muito ainda em sua metodologia a fim de se garantir, de fato, uma aprendizagem de qualidade através dos recursos tecnológicos e interativos. A metodologia utilizada nesse modelo de educação ainda prioriza uma transferência de conhecimentos, geralmente unilateral, em que os diferentes pontos de vistas não são discutidos, analisados. Assim, o que deveria constituir uma rica produção de conhecimentos torna-se um “depósito” de informações que não contribui para transformação dos indivíduos em seres capazes de gerar seu próprio desenvolvimento (MATTAR, 2009). Ou seja, onde deveria existir uma interatividade, vez que a EAD utiliza recursos interativos, acaba por reduzir todo um processo ao simples retrocesso no tempo, aniquilando a aprendizagem de seus adeptos e produzindo uma série de profissionais alienados epistemologicamente sobre sua função enquanto cidadão. Nesse passo, bem como pondera Teles (2009), torna-se possível também questionarmos sobre a função e atuação metodológica dos profissionais dos cursos de educação para formar educadores através de aprendizagens por e-learning. Será que realmente eles estão preparados para atuarem com seus alunos? Para promoverem o autodesenvolvimento dos mesmos? 1.5 A EAD E O CENÁRIO PROFISSIONAL A partir da disseminação da educação a distância, ampliou-se também a qualidade dos profissionais. Através da pesquisa realizada por Moore, que trata sobre a influência das TICs na formação dos indivíduos, é possível afirmar que estes novos sujeitos chegam com melhores níveis de escolarização, bem como 43 apresentam idade mais avançada e tornam-se mais maduros para o mercado de trabalho (MOORE, 2007) 5. Assim, os novos profissionais devem se apresentar em condições plenas para exercer suas atribuições possuindo, desta forma, as habilidades e competências mínimas exigidas pela profissão após sua formação, principalmente na modalidade EAD, a qual se optou por analisar. Entretanto, muitas são as observações possíveis de fazer diante dos profissionais que exercem suas funções, de modo ainda deficiente devido a uma formação que não contemple todas as habilidades e competências necessárias ao atual cenário profissional. Assim, claramente é perceptível a desproporção entre mercado de trabalho e o processo educacional. As instituições de ensino, sobretudo as universidades deveriam ter como uma de suas principais funções a formação do desenvolvimento das aptidões de seus indivíduos, bem como prevê Morin: Contrariamente à opinião hoje difundida, o desenvolvimento das aptidões gerais da mente permite o melhor desenvolvimento das competências particulares ou especializadas. Quanto mais desenvolvida é a inteligência geral, maior é sua capacidade de tratar problemas especiais. A educação deve favorecer a aptidão natural da mente para colocar e resolver os problemas e, correlativamente, estimular o pleno emprego da inteligência geral (2008, p. 22). Ou seja, esse pleno emprego da inteligência geral é que dará as condições, através das aptidões gerais, de estimular as competências e habilidades individuais. O resultado de sua ineficiência dentro das organizações de ensino permite a expansão da educação a distância dentro das organizações empresariais. Elas têm utilizado tal modalidade para complementar e proporcionar cursos de formações especializadas aos seus colaboradores de modo a promover o desenvolvimento de competências que não foram desenvolvidas nos indivíduos durante seu processo de formação nas instituições de ensino. 5 Segundo o autor, à medida que cresce o volume de informações, cresce também o público trabalhador em faixa-etária. 44 Ou seja, para Lévy (2007) competências e conhecimento constituem-se, atualmente, a principal riqueza tanto para os indivíduos quanto para as organizações, pois ele acredita que deva considerá-las de modo tal que satisfaçam as necessidades sociais e econômicas. Por este motivo, Magdalena e Costa (2003) identificam uma radical mudança no campo profissional, uma vez que o mesmo necessita de um novo profissional que atenda às demandas e exigências deste novo mercado, e onde o mesmo segue o ritmo ditado pela aquisição de novos conhecimentos a uma velocidade incrível ocasionando mudanças radicais de posturas e atitudes. Não só elas, mas Veen (2009) também acredita que o mercado profissional perpassa por grande mudança cultural e precisa estar preparado para consequências dramáticas, uma vez que este campo começa a receber profissionais com novos perfis. [...] vivemos em uma era de rupturas, em que o mundo analógico está mudando para o digital. Isso exige novas estratégias para lidar com a informação, e o homo zappiens parece desenvolver tais estratégias com base no modo pelo qual ele conhece a informação, que são as telas cheias de cores e multimídia interativa (VEEN, 2009, p. 57). Percebe-se que, de acordo a visão de Veen, o homo zappiens apresenta-se como profissional ideal na atual época de rupturas e para o novo perfil de mercado de trabalho que exige do profissional competências para atuar em diversas funções ao mesmo tempo. O autor, assim, acredita que toda essa tecnologia põe ao chão as perspectivas de gerações anteriores que priorizavam a prática de uma ação em momentos diferentes. Produzir mais e melhor em menos tempo é o slogan do mercado atualmente. Nesta perspectiva, o desenvolvimento econômico torna-se muito mais valorizado proporcionando na visão de Castells uma nova sociologia. As rupturas verdadeiramente fundamentais da Sociedade da Informação são: primeiramente, a fragmentação interna do trabalho entre produtores internacionais e trabalho genérico, substituível; em segundo lugar, a exclusão social de um significativo segmento da sociedade, composto de indivíduos descartados, cujo valor como trabalhadores/consumidores já se esvaiu e cuja relevância como 45 pessoas é ignorada; em terceiro lugar, a separação entre a lógica de mercado das redes globais de fluxo de capitais e a experiência humana da vida dos trabalhadores (CASTELLS apud ERCÍLIA E GRAEFF, 2008, p. 89-90). Entre outras vias, a tecnologia tem proporcionado um vasto vão no mercado profissional, e mesmo a educação a distância não tem conseguido disfarçar tamanha escassez por profissionais que contemplem todas as novas necessidades do campo de trabalho. Resultante desta descoberta é o surgimento de outro mercado que surge informalmente, abraçando os profissionais que não se adéquam às novas práticas culturais e tendem a se “estabilizar” abaixo das linhas do desenvolvimento, permanecendo estáticos diante de suas inobservâncias. Assim, observa-se de forma crescente o surgimento de ONGs, associações e cooperativas. Todas elas almejam um lugar ao sol, formadas por ex-profissionais e/ou indivíduos que não conseguiram ainda seu acesso no mercado formal (RUTKOWSKI; LIANZA, 2004). Assim como Santos e Marchelli (2005), acredita-se, portanto, que os fatores históricos, políticos e econômicos foram os principais provedores dos problemas sociais enfrentados na contemporaneidade brasileira e na geração da “dialética da exclusão.” A educação a distância possui justamente, neste ponto, o perfil de absorver esses profissionais que não possuem ainda as competências, habilidades e capacidades para realizar tais serviços. Para Rutkowski e Lianza (2004), isso não quer dizer que estes indivíduos não possuam outras tantas capacidades ou competências. Seguindo a análise do desenvolvimento, o Instituto Ethos (2000) reforça que não há, portanto, necessidade de discriminação por parte das empresas, mesmo pelo fato de o profissional ter realizado curso a distância, pois a lógica da discriminação não prioriza a valorização da diversidade. Na concepção do Instituto Ethos, “[...] a prática da diversidade e a efetivação do direito à diferença criam condições e ambientes em que as pessoas possam agir em conformidade com seus valores individuais”( 2000, p. 11). 46 Absorvendo estes indivíduos e promovendo uma educação de qualidade, eles terão as condições de buscar outras oportunidades de estabilização profissional. Nesta via, a educação, seja ela a distância ou presencial, fornece as bases cognitivas necessárias para o desenvolvimento social e elucida o desenvolvimento econômico. Nesta análise, Santos e Marchelli (2005) acreditam que o próprio desenvolvimento econômico é dependente da tecnologia, pois esta altera os meios de produção, e através dela o indivíduo cria as condições de oportunidades para seu bem-estar social seguindo seu ritmo cultural. No mesmo passo Lévy (1998) cita também que a tecnologia possui plena capacidade de modificar todo o ambiente cultural através do trabalho e de todas as formas de comunicação exercida pela sociedade, transformando as dimensões cognitivas dos indivíduos e sua forma de percepção do mundo. Afirma ainda que a tecnologia tem acelerado significativamente o ritmo e a direção da história da humanidade. Dessa forma, a cultura e a tecnologia são extremamente importantes ao desenvolvimento. Esses dois fatores juntos, aliados à educação, são capazes de mudar as bases conceituais e epistemológicas que geram os desequilíbrios no desenvolvimento de novos processos sociais e cognitivos dos indivíduos. Nesta análise, está nas mãos dos gestores a principal iniciativa pelo surgimento de novos paradigmas que contribuam para o desenvolvimento dos fatores sociais. Falando sobre surgimento de novos paradigmas e gestores, Capra cita a crise mundial. Estamos, pois, no começo de uma mudança fundamental da visão do mundo na ciência e na sociedade, de uma mudança de paradigmas tão radical quanto a Revolução Coperniciana. Mas essa percepção ainda não raiou entre os líderes políticos. O reconhecimento de uma profunda mudança de percepção e de pensamento se faz necessária para que possamos sobreviver, ainda não chegou à maioria dos nossos líderes empresariais, nem tampouco aos representantes de nossas grandes universidades (CAPRA, 1993, p. 209). As universidades assumem, portanto, a função de formar os indivíduos para esta nova ruptura e prepará-los para um novo ritmo cultural que ora se 47 apresenta. Neste sentido, Moran (2000) acredita que seja preciso anular o “autoritarismo da maior parte das relações humanas e interpessoais” (p. 05), pois ele não contribuirá na construção de educação à [...] autonomia para a liberdade com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças que incentivem, que apóiem, orientados por pessoas e organizações livres” (2000, p. 05). Do mesmo modo, para Melo, Raposo e Campos (2008), a cultura sempre absorverá o estigma do sistema social, uma vez que ela estabelece as barreiras necessárias quanto às transmissões do conhecimento e à construção de novas estratégias às novas ações dos indivíduos, produzindo os valores futuros que serão os responsáveis pela personalidade dos mesmos. Para eles, a interação através de uma conduta equilibrada dará formação ao novo comportamento e, consequentemente, a uma nova formação social. Portanto, a nova formação social depende de um conjunto complexo de fatores culturais, e para que esta nova formação aconteça é necessária, urgentemente, a anulação por velhos paradigmas que instituem a educação a distância como mais um modelo temporário de ensino. A EAD possui em seu processo histórico as bases necessárias para provocar grandes mudanças na forma de conceber a aprendizagem e formar pessoas. 1.6 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A EAD A responsabilidade social (RS) refere-se a processos inteiramente importantes para formação saudável de uma sociedade, bem como a estrutura das organizações empresariais. Suas áreas econômica, ambiental e social produzem toda uma infraestrutura que deve ser seguida para que se aplique na prática o que se vê no papel. Organizações de diversos ramos utilizam os recursos desta área para ampliar suas formas de negócios e contato com seu público externo. 48 As organizações educacionais, no entanto, não aparecem com frequência nessa listagem de obrigações ou balancetes sociais. Apesar da forte pressão exercida pela mídia as instituições educacionais ainda não apresentam junto à sua comunidade um plano que contemple, de fato, ações que objetivem a responsabilidade social da instituição. Desta forma, a fim de analisar as competências e habilidades dos egressos do curso de Pedagogia da IES na modalidade EAD, é relevante que se discuta sobre o papel da Pedagogia e a responsabilidade social. Assim, Premack, D. e Premack, A. (2000) acreditam que a Pedagogia exerce diferentes papéis na cultura humana, sendo “a transmissão de habilidades” a mais importante para a sociedade. Deduz-se, então, que são as habilidades as grandes estimuladoras das mais variadas ações nos diversos ramos. Passos (2008) cita que a responsabilidade de uma instituição de ensino é a qualidade dos processos estabelecidos pela mesma de forma a contribuir para as soluções dos problemas sociais, além de formar cidadãos conscientes de suas práticas de atuação dentro de sua comunidade, de modo a promover uma rede de responsabilidades. Assim, é possível perceber que a qualidade da transmissão de habilidades de forma responsável possui condições de promover resultados sustentáveis de aprendizagem, e esta deve ser a principal meta de qualquer instituição, seja ela presencial ou a distância. Segundo Vasconcelos (2001), diante de qualquer campo profissional, principalmente o das organizações, as TICs possuem a capacidade de contribuir, através dos recursos e estratégias, para uma geração de produção do conhecimento, tendo como base o nível de aprendizagem estabelecido e suas diversas formas de oportunizá-las. Para o autor, esta nova forma competitiva de ver o mundo profissional pelas instituições empresariais pode favorecer uma rede de ações sustentáveis e responsáveis se as organizações souberem aproveitar cada oportunidade que a tecnologia lhes oferece. Ainda para Vasconcelos, as TICs também são capazes de modificar os valores das organizações provocando uma mudança cultural que resulte numa nova geração de conhecimentos. Não só as empresas do ramo administrativo, no entanto, devem então utilizar os recursos estratégicos que a tecnologia proporciona, mas todas as 49 organizações em geral, principalmente as do ramo educacional, a fim de que possam utilizar as informações de forma sustentável na formação de seus indivíduos. Muito mais responsabilidade as instituições de ensino devem absorver do que outras instituições dos mais diferentes segmentos, pois os recursos tecnológicos possuem infinitas possibilidades de construção de novos modelos de aprendizagem. Do ponto de vista filosófico e sociológico, sabe-se que a consciência ética é o pilar para sustentar estes dois processos. O termo ética segue a conceituação de Passos (2008, p. 22), que a identifica como sendo a “ciência da moral”, moral esta que deve estar atrelada a valores, vinculados aqui ao campo profissional em que as instituições se localizam. Segundo a autora:. [...] os códigos de ética profissional, por seu compromisso com os interesses de categorias, não podem eximir-se da responsabilidade com o projeto global da sociedade. Precisam ser considerados como meios para atingir o ser, cumprindo o princípio básico de toda ética, que consiste no respeito à dignidade humana” (PASSOS, 2008, p. 108). Ou seja, principalmente, neste caso, as instituições de ensino superiores assumem grande papel e responsabilidade na sociedade ao optarem em seus ramos de atuação por formarem pessoas. A ética então assumida por elas constitui a principal conduta que deve ser absorvida pelos membros da organização de modo a realizarem um trabalho mais responsável. Esta ação resultará, segundo Passos, num trabalho consistente que atinja os anseios de seu público e contemple a dignidade dos indivíduos que estão dentro e fora desta instituição. Assim, Barreto (1999) acredita que seja necessária a consciência de todos os envolvidos para o sucesso de qualquer resultado. A autora ressalta a consciência como uma das principais competências a se desenvolver no processo de formação dos educadores. Seguindo a concepção de Sá (2009), “a consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo, ou seja, é fruto da conexão entre as capacidades do ‘ego’ (eu) e aquelas das energias espirituais, responsáveis pela nossa vida” (SÁ. p. 72. 2009). 50 Não havendo dessa forma, uma íntima relação com seu próprio sujeito, as possibilidades de se estabelecer uma consciência necessária ao sucesso dos pressupostos teóricos e práticos para uma formação humana de qualidade tornam-se inferiores ao desejável por cada pessoa. Quando há falha neste contato reflexivo do próprio indivíduo, será possível acreditar nos resultados obtidos pelas instituições e na evolução cognitiva das gerações que objetivam acabar por vez com a exclusão social tão discutida em nossa sociedade? Muito mais que consciência, portanto, tanto os indivíduos quanto as instituições de ensino necessitam, urgentemente, como afirma Sá (2009), de uma consciência ética assim definida: [...] estado decorrente de mente e espírito, através do qual não só aceitamos modelos para a conduta, como efetivamos julgamentos próprios; ou ainda, nos condicionamos, mentalmente, para a realização dos fatos inspirados na conduta sadia para com nossos semelhantes em geral e os de nosso grupo em particular e também realizamos críticas a tais condicionamentos (p. 73). Assim, é possível afirmar que a consciência ética presume muito mais que a própria ética em si. Não há como obter um comportamento ético, segundo o autor, se não tivermos plena consciência sobre o que seja a ética. Assim, vale para as instituições de ensino que assumem a responsabilidade social de formar pessoas através da geração de conhecimentos e, consequentemente, de produzir desenvolvimento em suas comunidades, elevando, por sua vez, os índices de qualidade do ensino. A educação, portanto, é diretamente influenciada pelos ditames éticos os quais as instituições de ensino assumem diante dos dispositivos tecnológicos que lhes são disponíveis. Nessa análise, para Delors (2006, p. 54), a “[...] educação pode ser um fator de coesão, se procurar ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos, evitando torna-se um fator de exclusão social”. A educação a distância surge justamente neste propósito de diminuir as taxas de exclusão e elevar as possibilidades de acesso à educação e ao mercado de trabalho tal qual “[...] a definição da educação seja adaptada aos diferentes grupos minoritários como uma prioridade” (DELORS, 2006, p. 58). Ao cumprir com 51 estes objetivos, os organismos públicos atendem a perspectiva de responsabilidade no campo social e expandem as possibilidades de igualdade entre as classes não só no ramo social, mas principalmente no campo profissional, que institui a qualidade econômica do social. Do mesmo modo, Poppovic (1996, p. 05) acredita que “[...] a tecnologia aplicada ao processo de ensino-aprendizagem diminuirá as diferenças sociais.” No entanto, estas diferenças serão reduzidas no momento em que todos os indivíduos tenham igual acesso aos recursos tecnológicos e igual distribuição dos recursos cognitivos que garantem o acesso ao conhecimento e promovem o desenvolvimento (DELORS, 2006). Acredita-se que a democratização de acesso aos recursos informacionais seja o principal motivo da criação de diversos centros tecnológicos sociais que têm possibilitado uma maior acessibilidade aos indivíduos menos favorecidos e que, desta forma, estes conseguem melhorar suas condições de aprendizagem em qualquer modalidade de ensino que lhes oportunize maiores chances no mercado profissional. A responsabilidade das instituições que adotam a educação a distância não é diferente de nenhuma outra. Dessa forma, a qualidade na formulação de novas técnicas de ensino deve abranger diferentes abordagens conceituais que priorizem, sobretudo, novos modelos de aprendizagem e estimulem o autodesenvolvimento nos indivíduos, sabendo, pois, que este se constitui como um grande desafio. Para Moran (2000, p. 05), um dos maiores desafios está igualmente no processo educacional como ele próprio afirma: Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas no que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando. É claro que esta tarefa não é fácil. Como o próprio autor afirma, o lucro do sistema capitalista ainda é um dos maiores problemas que a sociedade 52 enfrenta, principalmente no caso das instituições particulares que dependem do fator econômico para sobreviver no mercado. Este fator muita vezes impede uma formação de qualidade, ao mesmo tempo em que abrange as devidas dimensões necessárias conforme informado acima. Outro fator que na visão do autor Moran (2000) interfere na qualidade da instituição é a falta de criatividade quanto às metodologias que a mesma utiliza priorizando em maior grau o marketing, em detrimento da formação, negando seu caráter filosófico. Considera-se assim que, antes de qualquer coisa, é preciso vencer os desafios estipulados dentro dos próprios gestores, interagir consigo mesmos para só a partir daí buscar outras possíveis interações entre os demais indivíduos de modo que estes atinjam as dimensões humana, intelectual e ética. Esta é a, sem dúvida, a maior responsabilidade das instituições de ensino que se propõem a formar pessoas e contribuir para uma sociedade mais equilibrada em suas desigualdades. 53 CAPÍTULO 2 2 EDUCAÇÃO SUPERIOR E O CURSO DE PEDAGOGIA Muitas mudanças ocorreram no processo histórico da carreira profissional docente no País, desde a época da antiguidade até os tempos atuais. Este estudo não pretende aqui relatar todos estes momentos passados, mas apenas registrar o que é significante para melhor compreender o objetivo da pesquisa. 2.1 BREVE HISTÓRICO DO CURSO DE PEDAGOGIA NO BRASIL De acordo com PILETTI, N. e PILETTI, C. (1997), os registros sobre a evolução educacional na idade antiga já preconizavam o que viriam a ser os primeiros professores. Suas funções eram dirigir momentos religiosos, sendo homens que representavam as diversas religiosidades da época como curandeiros, feiticeiros etc. Com o passar do tempo, surgem os primeiros pedagogos, inicialmente homens escravos que passavam todo seu conhecimento aos filhos de seus senhores, e deles detinham toda a confiança, também chamados de tutores. Apesar de os escravos terem recebido a titulação de pedagogos, os homens do clero detiveram durante muito tempo o poder do conhecimento, e apenas pessoas das classes mais ricas e que faziam parte da Igreja podiam ter acesso ao ensino formal (PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997). Diante de todo o processo histórico da educação do mundo ou do Brasil, não se pode deixar de registrar que muitos dos profissionais que se destacaram no ramo da educação, fossem eles professores ou não, se destacaram por tomarem como foco de interesse em suas pesquisas o desenvolvimento do indivíduo. Assim, pode-se citar Vygostky, Piaget, Freire, Pestalozzi, Froebel, Montessori, McMillan, Rousseau, Sócrates, dentre muitos outros que contribuíram para o avanço da educação no mundo. 54 O tempo passou, e com ele muitas mudanças ocorreram no ramo da pedagogia. Estas mudanças sempre estiveram ligadas ao momento social de sua época. As principais foram a pedagogia tradicional, a renovada e a tecnicista. Outras mais existiram, todas elas com o mesmo objetivo: promover o desenvolvimento do país e a preparação para o mundo do trabalho (BRASIL, 1997). Todas as mudanças educacionais que ocorreram de alguma forma, sempre estiveram relacionadas com lutas sociais e políticas. Em todas elas a percepção diante do pedagogo foi sendo modificada durante o tempo, sendo assim conhecido como condutor, orientador, coordenador, facilitador, mestre, dentre muitas outras denominações. Estes termos eram intitulados conforme a necessidade política e social de suas épocas. Atualmente, o pedagogo não tem mais sua atuação voltada apenas para a transmissão do conhecimento, mas principalmente para a produção deste de modo multidisciplinar e contribuindo para o “[...] domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe” (BRASIL, 1997). Entende-se, assim, que o trabalho do pedagogo assume em suas funções uma complexidade inerente ao ser humano e com uma proposta de atuação voltada para uma visão da “provisoriedade do conhecimento”, também inerente ao ser humano, uma vez que os interesses e os objetivos sociais mudam, e com eles o modo de perceber o mundo. A pedagogia assume, então, uma perspectiva que deve priorizar o desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões: humana, filosófica, histórica, social e profissional do indivíduo, cabendo ao Pedagogo o domínio de suas competências mínimas que possam promover o desenvolvimento das habilidades necessárias a uma formação cognitiva da aprendizagem e a capacidade para aprender a aprender. 2.2 O SISTEMA DE PARADIGMAS E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO 55 Atualmente, muito mais que produzir aulas e executar tarefas administrativas no ambiente escolar, o profissional da Pedagogia precisa ser preparado para gerir os mais diversos saberes em diferentes ambientes que envolvam aprendizagem. Para tanto, é preciso anular a ideia de que este profissional é apenas um professor com conhecimentos limitados baseados em simples teorias pedagógicas. Novos paradigmas surgiram ao longo, como: a atuação de pedagogos com objetivos sociais que estimulem o desenvolvimento não só teórico, mas principalmente, prático social entre si e entre seus alunos. O atual momento da conjuntura social impõe ao Pedagogo contemporâneo uma formação pautada no surgimento de novos paradigmas da sociedade informacional e que seja capaz de contribuir para o “[...] avanço do conhecimento e da tecnologia na área, assim como nas demandas de democratização e de exigências de qualidade do ensino pelos diferentes segmentos da sociedade brasileira” (BRASIL, 2006). Ou seja, o novo Pedagogo precisa ter desenvolvidas todas suas capacidades de modo que seja capaz de pôr em prática as habilidades necessárias para formação de um ser humano completo, com desenvoltura para atuar numa sociedade conscientemente de seus objetivos. Isso porque, segundo Castells (1999), apesar de ter melhorado as estruturas do mercado de trabalho na sociedade informacional, a qualidade dos que atuam nele ainda está aquém de elevar o nível profissional dos sujeitos. Ele acredita que tal fato se deve à baixa qualidade da educação. Sendo assim, é necessário qualificar melhor os formadores de pessoas para, então, melhorar o nível dos que exercem qualquer atividade profissional, principalmente os professores. Para tanto, é interessante considerar que, mesmo estando numa sociedade em que o sistema de informação e comunicação exerce grande influência sobre os indivíduos, analisar a conjuntura epistemológica desta sociedade torna-se um desafio. Pois bem, em outra análise, Radin (2007, p. 27) indica: Segundo o ponto de vista clássico, somos máquinas, e não temos espaço para experiências conscientes. Não faz diferença se a máquina morre; você pode matar a máquina, jogá-la no lixo [...], não importa. Se o mundo for assim, as pessoas se comportarão dessa 56 maneira. Mas há outra forma de pensar isso [...] indicada pela mecânica quântica. Ela sugere que o mundo não é essa coisa mecânica, é mais semelhante a um organismo. É uma coisa orgânica altamente interconectada [...] que se estende pelo espaço e pelo tempo. Assim, de um ponto de vista muito básico relacionado com a moralidade e a ética, o que eu penso afeta o mundo. De certo modo, essa é a verdadeira razão pela qual é importante que ocorra uma mudança na visão de mundo. . A mudança quanto à visão de mundo é quem pode determinar, para Radin, uma nova forma de percepção perante os organismos sociais. Mas, há que se dizer que o tempo é determinante para efetuarem-se mudanças, principalmente quando implica alterações de posturas perante a si e com as quais convive, considerando assim que a sociedade é um organismo (RADIN, 2007). Desta forma, o indivíduo desde o período da sua infância já começa a desenvolver um olhar sobre o ambiente em que vive. Por este motivo, esta etapa da vida do sujeito assume grande importância para seu desenvolvimento. Segundo Galeffi (2001), Platão acreditava na necessidade de orientar a forma de olhar a partir da infância, por acreditar ser a fase mais flexível para aceitações de mudanças. Diante do exposto, para que se encare com outros olhares a formação do Pedagogo através da modalidade a distância, é preciso que se dominem os recursos tecnológicos que influenciam e modernizam os sistemas de comunicação diante do surgimento das diversas mudanças. Esta revolução no modo de percepção sobre si e os outros leva-nos a empreender uma batalha sobre a própria aprendizagem, desfigurando tudo que foi apreendido pelos profissionais da educação e abrindo fronteiras para imbuir um novo caminho: aprender a aprender. Essa nova batalha assume três premissas que Filatro citado por Litto e Formiga (2009) identifica como perspectiva associacionista, cognitiva e situada. A primeira, para Filatro, “[...] enfatiza mudanças observáveis e mensuráveis do comportamento, decorrentes de respostas a estímulos externos” (p. 96). A perspectiva cognitiva, segundo o autor, “debruça-se sobre os processos internos de percepção, representação, armazenamento e recuperação de conhecimentos” (p. 97). E por último e não menos importante está a 57 perspectiva situada onde Filatro “[...] enfatiza uma abordagem situada no contexto social da aprendizagem, mas esse contexto deve ser muito mais próximo – ou idêntico – à situação na qual o aluno aplicará a aprendizagem adquirida” (p. 97). Daí a importância do papel das organizações na formação do Pedagogo, porque, a partir do momento em que as organizações de ensino estabelecem melhores vínculos entre seus indivíduos, elas também passam a assumir as três perspectivas acima citadas por Filatro. Para isto, Durante e Teixeira (2008) acreditam que as organizações precisam assumir uma postura com vistas ao desenvolvimento humano de seus egressos. A tecnologia tem sua importância nessa mudança por novos paradigmas, apesar de não estar sozinha, pois, para Moran, Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para o ensino. Sem dúvida as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas entre o presencial e o virtual, o estar juntos e o estarmos conectados a distância. Mas se ensinar dependesse só de tecnologias já teríamos achado as melhores soluções há muito tempo. Elas são importantes, mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os desafios maiores que enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos pressionados pela transição do modelo de gestão industrial para o da informação e do conhecimento (2000, p.01). Essa transição inspira muito mais habilidades para executar este processo do que muitos suponham, pelo menos é o que autor tenta nos dizer. Isso porque durante muito tempo vive-se e convive-se com pessoas e organizações que surgiram dentro de um modelo capitalista, em que o materialismo determina ou determinava os modos de concepção da realidade. Agora, o período evidencia o sistema de informação e dita o ritmo de transformação de nossas concepções, quando se busca a humanização para uma nova forma de conceber os vínculos sociais. Para Braz (2006), as instituições de ensino precisam de um novo olhar. Isso porque ela acredita que, através da percepção da física quântica, as organizações de ensino devem ser 58 submetidas a um novo processo em sua organização estrutural de modo que novas relações sejam desenvolvidas entre todos os seus integrantes. Desta forma, Kipnis levanta os seguintes questionamentos: Será que o sistema UAB conseguirá induzir as universidades públicas a inovar constantemente, ou o motor da inovação ficará com as universidades e instituições de educação superior privadas, em competição por mercado não somente nacional, mas também internacional? Como as universidades, sejam públicas ou privadas, farão a transição para um novo paradigma de formação, não somente aplicando as TICs, mas formando indivíduos mais autônomos e que querem encontrar seu espaço nessa sociedade também em transição? (KIPNIS, 2009, p. 213). O sistema de Universidade Aberta do Brasil (UAB) propõe a ampliação do acesso ao ensino superior a todos os indivíduos. As indagações do autor são muito pertinentes, principalmente se pensarmos se as organizações de ensino superior estão preparadas para uma mudança de paradigmas. A simples utilização dos recursos tecnológicos não representa esta mudança. Pensar se estes recursos estão sendo utilizados de forma correta também se torna pertinente. Isso porque só poderá acontecer a ruptura de paradigma pelos indivíduos se as organizações que os mesmos frequentam estiverem realizando, num formato horizontal, ao mesmo tempo as mudanças necessárias. Segundo Schommer e Santos, [...] quando diferentes organizações compartilham um desafio complexo, combinando distintos conhecimentos, visões de mundo, repertórios e modos de fazer, tende a haver desequilíbrio entre experiência e competência, questionamento de ordens estabelecidas, desafio à experiência institucionalizada, bem como incorporação de novos padrões. Por outro lado, as pressões no sentido de manter as coisas como estão, a necessidade de cumprir procedimentos institucionalizados e rígidos, promovem tensões e conflitos (2008, p. 03). Ou seja, existe uma necessidade de que todas as organizações sociais tenham a mesma visão de mundo a fim de que possam estabelecer as competências necessárias para atuarem em seus grupos sociais. Diante desta 59 análise, as instituições de ensino são as principais organizações que devem ter paralelamente seus olhares voltados para os anseios e necessidades da sociedade, de modo que possam acompanhá-las em suas rupturas de paradigmas. É inegável que inúmeras dificuldades surgem e continuarão a surgir, principalmente se as instituições adotam uma postura autoritária na forma como conduzem a gestão de sua estrutura organizacional, conforme Moran (2000). O autor considera que o autoritarismo representa apenas o reflexo de concepções educacionais ultrapassadas e objetivos meramente lucrativos. Ele ainda sugere algumas pistas que cita reduzir as dificuldades das organizações. São elas: Equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações educacionais, integrar um planejamento flexível com criatividade sinérgica, realizar um equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade) e a organização (onde há hierarquia, normas, maior rigidez) (MORAN, 2000, p. 10). Essas pistas sugerem apenas um perfil organizacional que pode facilitar os mecanismos de mudanças paradigmáticas entre seus gestores e suas relações. Mais uma vez, podemos remeter-nos à palavra harmonia anteriormente citada nessa pesquisa. No momento em que os gestores harmonizarem todas as necessidades da sociedade às organizações e formação de seus indivíduos, mais curto será o caminho para o sucesso da instituição e alcance dos objetivos dos grupos sociais. O ensino através da educação a distância presume um exemplo de sucesso. Para a autora Tinoco (2004), o conhecimento constitui-se como principal riqueza da contemporaneidade, pois o mesmo produz todo capital intelectual que eleva os índices econômicos da sociedade e provoca mudanças positivas no formato de vida. Assim, para Wolf (2002) e Ribeiro (2003) não é mais viável uma discussão sobre as instituições educacionais em seus diferentes níveis e modalidades de ensino se não considerar sua importância para o sistema econômico da sociedade, justificado pelo grande investimento por parte dos diferentes governos no ramo educacional. 60 Segundo Wolf (2002), é importante considerar as qualificações, bem como os ramos e as instituições que se frequentam, pois elas poderão influenciar positiva ou negativamente na atuação do indivíduo nos campos sociais e garantir ou não seu sucesso profissional e pessoal. Dessa forma, Ribeiro (2003) adverte para os interesses das políticas públicas que contemplam mais aspectos financeiros em detrimento do cognitivo e anulam a função das organizações educacionais. Ele aproveita para destacar a elevada busca pelo conhecimento, mesmo as instituições de ensino não dando valor a esta premissa. Assim, o autor acredita que as “[...] organizações deveriam desenvolver uma nova forma de comunicação com o meio exterior, sintonizando-se com a pauta de assuntos de maior impacto para a sociedade” (RIBEIRO apud TINOCO, p. 93, 2004). O autor insinua, então, que as IES tendem a priorizarem aspectos econômicos, enquanto deveriam optar pelo desenvolvimento do conhecimento e das ciências. Talvez pudéssemos aqui justificar a tamanha negligência dos indivíduos profissionais diante das questões sociais que comprometem a saúde do ambiente e das relações. Nesta linha analítica, Ribeiro (2003) cita que. Seria melhor formar pessoas para a mudança, para o enfrentamento de todas as crises, para evoluir ao longo da sua vida profissional, para transigir entre os vários campos de conhecimento, para saber apostar nas suas competências, para desaprender o que não mais interessa. [...] Talvez o papel de ensinar as coisas estreitas, necessárias à atuação do futuro profissional, deva ser delegado ao próprio mercado de trabalho. A universidade se ocuparia das coisas amplas, atemporais, que farão diferença. Pensaria as relações entre a graduação e a formação profissional, ensinaria os fundamentos, analisaria o que dá sentido a viver, a pesquisar, a fazer ciência, a formar gente, a fazer cultura. Formaria pessoas num sentido mais amplo, mas não entraria no detalhe daquilo que o mercado – e a vida – profissional pode suprir. A universidade passaria a ser um espaço de criação e liberdade, e não um clone do mercado (RIBEIRO apud NICOLINI, 2004, p. 130-131). Deduz-se assim que segurança não deve ser mais a palavra mais importante. O momento atual exige de todos uma insegurança a fim de que se possam ampliar os limites do conhecimento. A abertura de novos limites 61 estruturais faz-se necessária, segundo Ribeiro, para o surgimento de novos paradigmas organizacionais que priorizem os aspectos da vida, do trabalho e das relações, e não meramente questões econômicas e tecnicistas. Contudo, a tecnologia por si só não pode exercer as tarefas que competem ao ser humano. Na visão de Freire (1996), a tecnologia, através da educação, não pode ser objetivada a um simples treinamento ou utilização técnica de seus serviços; quando isso acontece o autor considera “uma mesquinharia” quanto aos processos formativos do ser humano. No entanto, tal fato se dá no momento em que os indivíduos ou organizações idealizam a tecnologia através da supremacia educacional. Freire (1996) considera fundamental o processo de assistência que as organizações devem prestar aos seus alunos sem, contudo, não ser confundido com assistencialismo que tende a prejudicar a formação do desenvolvimento humano. 2.3 A ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA DO PEDAGOGO Cabe questionar se o simples aumento do acesso ao ensino superior garantirá a permanência de egressos no mercado de trabalho promovendo competências e habilidades necessárias para atuar diante das crises sociais da pós- modernidade, garantindo a qualidade mínima exigida para atuar no campo profissional. Retornamos, então, a uma das principais palavras deste texto: harmonia. Esta palavra deve ser a principal preocupação entre o acesso à democracia e o acesso ao mercado de trabalho de forma essencialmente qualificada. Do mesmo modo concorda Sen (2000) ao dizer que é relevante explicar sobre a necessária simultaneidade entre a justiça social e as avaliações que se faz da mesma. É possível perceber neste aspecto que os critérios para seleção de um currículo num curso superior devem perpassar por um estudo aprofundado sobre a realidade social existente e seu público-alvo, pois quando isso não acontece é fácil perceber as desvantagens cognitivas, políticas, culturais, sociais em seus egressos. 62 A ausência da valorização de um currículo adequado é o mesmo que privar graduandos de seu desenvolvimento e condenar uma sociedade inteira ao subdesenvolvimento, corroborando as palavras do autor ao falar sobre as privações de capacidades. Tentamos demonstrar que a privação de capacidades é mais importante como critério de desvantagens do que o baixo nível de renda, pois a renda é apenas instrumentalmente importante e seu valor derivado depende de muitas circunstâncias sociais e econômicas. (...) A avaliação de capacidades tem de ser feita primordialmente com base na observação dos funcionamentos reais da pessoa, suplementando-se essa observação com outras informações (SEN, 2000, p 156-157). Do ponto de vista econômico, é possível aferir que o autor, ao falar sobre capacidades e renda, valoriza a primeira em detrimento da segunda por acreditar que as capacidades são mais determinantes do que a instrumentalização da renda. São as capacidades que promovem o desenvolvimento humano de um indivíduo. Neste momento, configura-se de extrema importância a atenção dada às capacidades desenvolvidas nos cursos de graduação em Pedagogia. Mesmo porque não se pode esquecer a íntima relação existente entre a educação e o desenvolvimento sustentável. Um dos aspectos importantes também a se observar é sobre os reais interesses da comunidade acadêmica (MACEDO, A.; TREVISAN; MACEDO, C., 2005) e seus objetivos perante seu público e sua comunidade, sem esquecer-se dos ideais do MEC, que acabam por influenciar toda uma cultura acadêmica. Por esse motivo a autonomia institucional é tão importante, como afirma o autor Morin (2008). Essa autonomia garantirá até mesmo a qualidade da seleção de conteúdos, prática esta de difícil determinação em cursos de educação a distância (KLERING et al., 2003) e que tende a resultar no desenvolvimento de competências e habilidades que favoreçam a aprendizagem. 63 Segundo Kruger e Tomasello (2000), a aprendizagem se dá mais pela intersubjetividade participativa consciente do que pela simples repetição tecnicista. Nessa mesma racionalidade, Formiga (2009) acredita na “[...] importância do aprender fazendo e na capacidade crescente de inovar proporcionando com que a dinâmica cognitiva da sociedade seja transformada numa questão crucial” (p. 43). Este também é um dos papéis da Pedagogia e da educação superior. Um dos principais problemas culturais enfrentado neste caso pode ser, como afirma Delors, “a partilha desigual de conhecimentos e competências” (2006, p. 75). Por este motivo o investimento nos processos educacionais em diferentes modalidades e níveis de ensino é extremamente importante. Assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem: Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho (BRASIL, 1997, p. 25). Dessa forma, as organizações de ensino superior precisam analisar constantemente os componentes curriculares e metodológicos que utilizam no curso de Pedagogia a fim de que o oferte sempre seguindo as mudanças da sociedade e, consequentemente, forneça à mesma profissionais competentes para atuar de modo eficiente e eficaz. Para Castells, essa é uma das significativas vantagens que a tecnologia é capaz de proporcionar, uma verdadeira “[...] reconfiguração, um aspecto decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez organizacional” (1999, p.109). As instituições precisam ter este cuidado, principalmente por criar em seus sujeitos “[...] hábitos de pensamentos, formas de raciocínio, gestos, sensibilidades, formas de fazer [...]”. Estes mesmos sujeitos levam ainda “[...] 64 mentalidades, valores [...], sentimentos, conhecimentos materializados em formas de conhecer” (ARROYO, 2000, p. 112). O Ministério da Educação estabelece, através dos Indicadores de Qualidade de Cursos de Graduação a Distância, os componentes mínimos que as IES devem desenvolver nos alunos a fim de evitar níveis de desigualdades alarmantes entre as instituições de ensino superior. Ele estabelece como prioridade a educação dos indivíduos para a vida e o trabalho (BRASIL, 2000). Assim, um curso de graduação a distância inserido nos propósitos da educação superior do país, com ela entrelaça seus objetivos, conteúdos, currículos, estudos e reflexão. Portanto, deve oferecer aos alunos referenciais teórico-práticos que colaborem na aquisição de competências cognitivas, habilidades e atitudes e que promovam o seu pleno desenvolvimento como pessoa, o exercício e a qualificação para o trabalho (BRASIL, 2000, p. 02). É claro que a cultura é determinante em sua função de integrar as instituições de ensino à sociedade. O enlace de ambas possibilita melhores condições de produtividade, assim como os entraves ocasionam grandes dificuldades no desenvolvimento humano e nos avanços sociais, segundo Morin (2006). O autor chama a atenção para uma reforma sim, não apenas no mundo acadêmico, mas, sobretudo, na organização dos conhecimentos adquiridos por estas universidades de modo que resulte numa melhora progressiva entre as questões humanas, sociais, ambientais e, consequentemente, cognitivas. Todavia, o autor faz uma ressalva sobre a “[...] educação, onde esta deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão” 6 (MORIN, 2002, p. 19). A ilusão, neste caso, é conceituada como sendo os possíveis paradigmas educacionais definidos pelas formas incorretas de se perceber os processos educativos de determinada sociedade. Esses processos de mudanças culturais são decisivos na harmonia entre o avanço tecnológico e o avanço social, pois resultam em mudança de 6 Morin conceitua esse processo de Self-deception. 65 mentalidade e garante maiores chances de uma formação integral aos indivíduos. Não há como promover uma igualdade havendo desequilíbrios. Diante dessa sintética, o autor Santos (2003) adverte intensamente que “[...] a maior dificuldade do Brasil é mudar a paisagem humana” (p. 463). A paisagem de uma sociedade justamente harmonizada em seus aspectos cognitivos, e não apenas raciais, pois a qualidade dos processos de aprendizagem e a utilização sábia dos recursos tecnológicos possuem condições de introduzir características desenvolvimentistas e promissoras em seus aspectos humanos, sociais e educacionais. São estas características que mudam o perfil econômico e reduz as desigualdades entre as classes. Nesse caso, o diploma que os formandos adquirem ao final do curso representa muito mais que um simples pedaço de papel. Ele é o simbolismo de uma formação, de um retrato do indivíduo e de uma IES. Assim, Lévy afirma: “[...] terrivelmente grosseiros: as pessoas que têm o mesmo diploma não têm as mesmas competências, sobretudo por causa de suas experiências diversas” (1996, p. 91). As experiências de cada sujeito devem constituir um diferencial em sua formação e não um motivo de diferenciação nos moldes de aquisição da aprendizagem. É esta realidade com que nos deparamos ao questionar a qualidade dos cursos superiores, seja na modalidade presencial ou a distância. No entanto, como obter uma atuação profissional qualitativa tendo como premissa uma formação de negligências? Nessa análise, os egressos de cursos de educação não podem se permitir a retiradas intelectuais agressivas. O currículo é o principal instrumento para uma tomada consciente, por este motivo a significativa importância da avaliação e reavaliação dos cursos e suas instituições. "Há que se considerar a importância da avaliação institucional, que deverá obedecer aos mesmos critérios e padrões fixados para os cursos presenciais, observados as suas peculiaridades" (BRASIL, 2002, p. 23). As avaliações institucionais constituem um valioso instrumento para a organização de futuras mudanças e realização de projetos que tenham uma visão mais próxima possível do seu público. 66 A maior atenção que uma Instituição deve ter não é com uma simples e qualquer formação, e nem os egressos devem se ater a um simples trabalho em uma empresa que seja. É necessário que tanto a instituição acadêmica quanto seus egressos estejam voltados para o desenvolvimento humano e sustentável, pois, como afirmam Durante e Teixeira (2008) quanto ao desenvolvimento humano, “[...] não pode ser utilizado como um simples sinônimo de melhores condições financeiras para adquirir bens, produtos e serviços, apenas (p. 02)”. O desenvolvimento humano supõe muito mais que os ganhos financeiros que se tenha. Ele representa um amplo encontro com suas diversas dimensões de modo tal que seja capaz de provocar mudanças profundas na sua forma de ver e perceber as pessoas e o mundo. Deste modo, Lévy (1996) considera que não é possível uma aprendizagem anulada em seus aspectos conscientes, e ausentes em sua cognição num sistema unificado, trazendo a questão para o que ele chama de inteligência coletiva. Para ele, inteligência é. O conjunto canônico das aptidões cognitivas, a saber, as capacidades de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar e de raciocinar. Na medida em que possuem essas aptidões, os indivíduos humanos são todos inteligentes. No entanto, o exercício de suas capacidades cognitivas implica uma parte coletiva ou social geralmente subestimada (LÉVY, 1996, p. 97). Desse modo, as organizações educacionais superiores, principalmente na modalidade a distância, possuem um grande desafio, que é justamente o de contribuir para formação da inteligência coletiva de seus sujeitos, uma vez que a EAD pode resultar num perfil individualizado, quando mal gerenciado ou pelos indivíduos, ou pela própria instituição. Para o autor, a inteligência coletiva é que possui uma real chance de contribuir para uma “ciência cognitiva” em seus modos de reestruturação de seus sistemas, além de favorecer as ciências filosóficas e antropológicas no que diz respeito ao sistema ambiental (Lévy, 1996). Pode-se dizer, então, que o autor faz referência também a uma sustentação do desenvolvimento em todos os seus aspectos humanos e sociais. 67 Pois bem, quanto ao desenvolvimento sustentável, para Araújo e Barros, [...] há um certo grau de consenso entre vários autores que para alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário que haja o equilíbrio dos fatores sociais, econômicos e ambientais como forma de assegurar e garantir a continuidade da sociedade e a de seu meio externo” (2008, p. 06). Ou seja, a educação nesta análise, diante dos diversos fatores citados por outros autores, constitui o principal fator para uma promoção social com efetivas condições de proporcionar desenvolvimento humano a seus indivíduos através das instituições de ensino. Deduz-se assim que, para alcançar a sustentabilidade, é preciso antes alcançar o desenvolvimento humano dos grupos. Portanto, seguindo a compreensão de Lévy (1999), mesmo numa sociedade tecnológica não se pode permitir que a tecnologia por si só seja superior ao ser humano. O ser humano, sim, deve utilizar todos os recursos que a tecnologia oferece de forma sábia e sustentável, reconhecendo a sua importância para o desenvolvimento de uma sociedade. Esta mesma sociedade precisa, segundo Lévy, “[...] reconhecer nos processos sociotécnicos fatos políticos importantes, e em compreender que a instituição contemporânea do social [...]” (1993, p.195) necessita de mais atenção quanto aos grupos que nela são constituídos. Acredita-se que as instituições devam ser as principais responsáveis por esse equilíbrio e formação da consciência de seus egressos. Assim como a tecnologia, para Lévy (2001) elas possuem a capacidade de transformar o “espírito humano” em todos os seus aspectos e, dessa forma, revolucionar o currículo direcionando para a construção de competências e habilidades que transformem os profissionais em cidadãos com plenas condições de promover sua própria sustentabilidade. A promoção da sustentabilidade dos profissionais é derivada da responsabilidade que as IES assumem com sua própria organização, seu público, sua sociedade. O perfil organizacional, a cultura organizacional que elas estabelecem são pré-requisitos para um trabalho de qualidade com fins sustentáveis. 68 Diante dessa análise, há que considerar que para a obtenção desta sustentabilidade é primordial que seja realizado um trabalho epistemológico dentro das instituições, de modo que se identifiquem questões regionalizadas, principalmente por ser de consenso que os problemas ocorrem de forma diferente em lugares distintos. Assim, Há uma permanente tensão, nesse processo, entre a necessidade de atendimento às particularidades locais na elaboração e execução de políticas e a necessidade de considerar o que as localidades têm em comum. O resultado é uma bricolagem, na qual se associam segmentos de idéias de diferentes contextos, fragmentos de teorias e práticas já experimentados em outros locais, ressignificando-os (BALL, 2001, apud DIAS; LOPES, 2003, p. 1158). Os autores identificam esse procedimento como sendo de tradução e recontextualização. A partir deles, todos os protagonistas precisam rever a estrutura organizacional curricular de modo que construa diferentes visões para diferentes lugares onde a instituição atuar, contribuindo assim com um nível de qualidade superior e que abranja o maior número de pessoas. O objetivo seria, portanto, aproveitar as práticas de sucesso realizadas em outros lugares, que através de remodelagem fossem aplicadas mais uma vez a outro público, analisando, porém, todos os pontos que necessitassem de revisão (BALL, 2001). 2.4 O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO A DISTÂNCIA DO PEDAGOGO O termo currículo tem sua origem no latim com a palavra curriculum e que, segundo Parra (1992), representa o caminho percorrido. Numa visão fenomenológica, o currículo faz referência a tudo que é ensinado, seja formal ou informal, e que assume uma postura investigativa diante do objeto de estudo à qual se propõem indivíduos e organizações, principalmente em instituições que se propõem à formação de professores. 69 Silva (1999), por sua vez, considera o currículo como algo que dá movimento a aprendizagem e ao mesmo tempo oferta aos indivíduos a oportunidade de pesquisa. O currículo não é, pois, constituído de fatos, nem mesmo de conceitos teóricos e abstratos: o currículo é um local no qual docentes e aprendizes têm a oportunidade de examinar, de forma renovada, aqueles significados da vida cotidiana que se acostumou a ver como dados e naturais (SILVA, 1999, p.40-41). Dessa forma, o currículo pode ser aplicado a tudo que faz ou implica uma experiência técnica, prática ou cognitiva dentro do ambiente educacional e que, portanto, pode ser (re) visto, (re) planejado e (re) estruturado quando vezes forem necessárias para o alcance da qualidade deste currículo. Nem tudo está escrito num currículo. Isso porque este representa a organização do conhecimento e, dessa forma não há como registrar todas as sensações que possam ocorrer ao se “perceber” as experiências a nossa volta (POPKEWITZ, 1998). No entanto, mesmo tendo conhecimento de que a elaboração de um currículo também é um procedimento técnico, ele não pode se tornar mecânico, pois não se pode esquecer que o currículo visa a um procedimento de aprendizagem. Quando ele torna-se um processo mecânico, isso demonstra a falta de competência e habilidades na forma como está sendo conduzido em suas interações entre mídia e a criatividade do organizador (ARAÚJO, 2008). Assim, é importante considerar a importância da avaliação na aplicação do currículo em cursos cuja modalidade é a distância, uma vez que a prática de ensino segundo este modelo implica a necessidade de um relacionamento socioafetivo muito maior que no ensino tido como tradicional (BELLONI, 2006). Isso acontece por considerar que “A educação a distância possui sua identidade própria” (BRASIL, 2003). Não basta, então, enxotar o currículo de cursos a distância com recursos e procedimentos que são aplicados no ensino presencial, mesmo porque eles se diferem em muitos aspectos como público, objetivos, recursos tecnológicos, linguagem etc. Neste ponto há a necessidade do compromisso ético de todos os profissionais envolvidos. 70 Na visão de Maia e Meirelles (2002), quando uma instituição de ensino superior resolve adotar a modalidade a distância em sua organização curricular é porque “[...] puseram o elemento humano em outro plano na equação de adição entre áudio e vídeo e, aulas e seminários face-a-face” (p. 03). O plano o qual elas citam faz referência a uma outra dimensão que consegue visualizar o ser humano através de um sistema de rede que engloba a aprendizagem e suas relações. No que se refere à legislação da educação a distância, são muitos os pareceres e decretos que regulamentam tal modalidade, tendo início seu marco histórico através da Lei 9.394/96, que a retira da clandestinidade e estabelece em seu artigo 80 a estrutura necessária para idealização de um curso a distância. Todavia, o projeto completo da EAD foi aprovado algum tempo depois através do decreto 2.494/98, que instituía a normatização do ensino a distância. O decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 estabelece como mediação didático-pedagógica da EAD os recursos tecnológicos e institui o sistema nacional de avaliação da educação superior, o Sinaes, para a educação superior a distância (GOMES, 2009). Outro marco identificado pelo autor que prioriza a EAD é o sistema de universidade aberta do Brasil (UAB), que a dissemina pelos estados através do decreto 5.800/06. De acordo com o artigo quinto da legislação para EAD que trata da educação a distância, características fundamentais precisam ser obedecidas, como a flexibilização dos sistemas de organização, de acordo com o tempo, espaço e recursos que sejam condizentes com a natureza do curso e com o contexto da realidade cultural dos seus alunos. Todo este processo precisa ainda privilegiar o diálogo e a interação entre alunos e professores. Diante dos procedimentos legislativos que a educação a distância impõe, há ainda os pressupostos teóricos que precisam ser revistos e constantemente analisados pelo corpo pedagógico das instituições que ofertam cursos de nível superior para formação de professores e que, portanto, devem priorizar uma formação integral pautada nos princípios da humanização que, segundo Wickert, 71 Deve ser motiva pelo reconhecimento das limitações que cada teoria apresenta para abranger o âmbito, em contínua expansão, da experiência e do potencial humano. Por outro lado, há a constatação das contribuições valiosas e enriquecedoras que a soma de suas posições oferece para o desenvolvimento do ser humano integral. A concepção integrada, portanto, defende uma pluralidade de enfoques dinamicamente relacionados. Em vez de uma unidade monolítica de uma só teoria, elegeu-se uma unidade na pluralidade. A apreensão de alguns construtos de cada teoria e entendimento dos seus pressupostos, de sua base de interpretação do ser humano e dos valores que prioriza, possibilita transportar esses princípios para outro contexto, aplicando-os à prática educacional (WICKERT apud BIANCO, 2009, p. 62-63). Há muito tempo existe a preocupação com procedimentos e organizações curriculares que objetivam a “formação dos profissionais que formam” (DIAS; LOPES, 2003). As autoras acreditam que, quanto à formação dos professores, o estudo da organização curricular deve estar em constante (re)construção, uma vez que ela representa inovações dos paradigmas. 2.5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PEDAGOGOS A sociedade informacional exige dos profissionais competências e habilidades que advêm das informações e conhecimentos que são adquiridos na mesma. O próprio Castells (1999) fala sobre esta premissa. Lévy, do mesmo modo, apresenta uma análise sobre a importância das competências na profissionalização dos sujeitos, uma vez que elas são formadas ao longo da vida de cada um. Evocarei não mais a virtualização do conhecimento pela comunidade científica, mas a do reconhecimento dos saberes e das competências pela sociedade em seu conjunto. Num sentido profundo, as competências dos indivíduos são únicas, ligadas a seu trajeto de vida singular, inseparáveis de um corpo sensível e de um mundo de significações pessoais (LÉVY, 1996, p. 90). Dentro da análise, é notável a importância com que Lévy se dedica às competências, ao conhecimento e ao uso que se faz dele, pois nessa atual 72 conjuntura, ele constitui-se um importante tesouro para os indivíduos. O domínio das competências ditará a qualidade da atuação sobre outros sujeitos. Conforme explanado, é inadmissível que egressos de qualquer modalidade de ensino e de qualquer curso, principalmente cursos na área da educação, não dominem as habilidades necessárias à utilização dos recursos tecnológicos e não reconheçam a importância destes para o desenvolvimento humano e social. Para tanto, é necessário o acúmulo de conhecimentos que possam favorecer a aquisição das diversas habilidades que a profissão exige em termos de [...] capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em função de novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de profissional, preparado para poder lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos (BRASIL, 1997, p. 26). Neste caso, cabe conceituar o termo competências segundo os referenciais para formação de professores. A terminologia representa a [...] capacidade de mobilizar múltiplos recursos, entre os quais os conhecimentos teóricos e experienciais da vida profissional e pessoal, para responder às diferentes demandas das situações de trabalho e onde elas resultam em [...] capacidade de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, ‘aprender a aprender’ (DIAS; LOPES, 2003, p. 1156). Dias e Lopes (2003) realizaram uma análise muito interessante quanto à formação por competências dos profissionais de educação, em que elas explicitam a importância de uma formação pautada neste processo bem como incentivam “[...] inúmeras reformas curriculares nos mais variados níveis e modalidades de ensino em diversos países” (DIAS; LOPES, 2003, p.11591160). O Conselho Nacional de Educação (CNE), através das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), estabelece as competências que os egressos do 73 curso de Pedagogia deverão ter desenvolvido. Dentre as especificadas em sua redação, destaque para o inciso abaixo: Relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação, nos processos didático-pedagógicos, demonstrando domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas ao desenvolvimento de aprendizagens significativas (BRASIL, 2005, Art. 5º, VII). Nota-se, assim, que existe uma exigência quanto ao domínio das tecnologias de informação e comunicação pelos sistemas de ensino que regem a educação. É possível deduzir que este domínio constitui-se como uma das principais competências dos Pedagogos devido ao atual momento histórico social em que se vive, quando a tecnologia domina muitos dos setores da sociedade e impõe novas formas de linguagem aos indivíduos. Segundo este dispositivo, não será possível uma prática laboral de qualidade, em que os alunos da contemporaneidade atuem numa geração tecnológica, sem que se formem profissionais da educação condizentes com sua geração. Estes profissionais precisam dominar todos os recursos tecnológicos de informação e comunicação, e ao mesmo tempo estarem conscientes de sua importância na (re) formulação de novos modos de linguagem que integrem todos os indivíduos numa perspectiva contemporânea capaz de desenvolver as diversas dimensões de seus alunos para uma qualidade de vida, que resulte em aprendizagens significativas. Produzir e gerir conhecimento não são tarefas fáceis nem para as instituições de ensino superior e muito menos para os egressos de Pedagogia. Ambos, em suas especificidades, precisam de habilidades que integrem diversos ramos de suas funções. As principais habilidades que podem desenvolver em suas atividades seriam assim definidas como o desenvolvimento das competências técnica, prática, científica e pedagógica, além do conhecimento teórico-prático da docência (VERSUTI, 2004). Nesse passo, Macuch (1997) esclarece a importância da interação nos ambientes onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que capacite os novos profissionais da educação num sistema de qualidade 74 satisfatório à sua formação. Além de colaborar ativamente na participação de processos criativos que estimulem a construção da aprendizagem individual e coletiva, eles podem resultar em sabedoria. Diante do exposto acima, além de todas essas competências e habilidades especificadas, o Pedagogo precisa, sobretudo, estar preparado para o desenvolvimento de novos paradigmas tanto na esfera científica quanto na esfera pessoal, pois ele “[...] representa um sistema inconsciente de crenças de uma cultura” (ARNTZ, 2007, p. 25). Segundo o autor, para que se reconheça novos paradigmas basta apenas que se observe: [...] Dentro do progresso da ciência ocorrem estágios de compreensão e de evolução do conhecimento. Cada um deles traz a própria visão, o próprio paradigma, de acordo com o qual as pessoas agem, dentro do qual os governos nascem, os países surgem, as constituições são escritas, as instituições são estruturadas, a educação é criada. Dessa forma, mundos evoluem de paradigma para paradigma à medida que o conhecimento progride. Cada era tem visão de mundo e paradigma característicos, e no fim das contas um conduz o outro (ARNTZ, 2007, p. 29). Então, por entender que se vive num momento de rupturas que abrangem desde as formas de comunicação às novas concepções das necessidades de sobrevivência sociais, os profissionais da educação precisam ser preparados e sensibilizados para atuarem junto aos seus grupos comunitários de modo a orientá-los para um modelo de vida que integre os novos moldes de crenças culturais e facilite o convívio dos indivíduos a este modelo. Ou seja, acompanhar a evolução científica demonstra ser uma necessidade dos Pedagogos que são conscientes de sua importância. O próprio Ministério da Educação, através Conselho Nacional de Educação, cita como importante, e até mesmo primordial, o estudo da evolução científica por parte dos professores através de pesquisas em que estes possam analisar os fundamentos históricos dos campos que formam uma sociedade pelos processos educativos que os constituem (BRASIL, 2006). 75 O próprio Ministério instrui as IES quanto à oferta do curso de Pedagogia e a formação das competências que devem desenvolver estes profissionais. Enfatiza-se a premência de que o curso de Pedagogia forme licenciados cada vez mais sensíveis às solicitações da vida cotidiana e da sociedade, profissionais que, em um processo de trabalho didático-pedagógico mais abrangente, possam conceber, com autonomia e competência, alternativas de execução para atender, com rigor, às finalidades e organização da Escola Básica, dos sistemas de ensino e de processos educativos não-escolares, produzindo e construindo novos conhecimentos, que contribuam para a formação de cidadãos, crianças, adolescentes, jovens e adultos brasileiros, participantes e comprometidos com uma sociedade justa, equânime e igualitária (BRASIL, 2006). Todavia, não será possível aos profissionais da educação, tal conscientização sobre a importância de sua prática do trabalho, se as IES não atuarem no mesmo nível de conscientização na formação dos Pedagogos dentro das suas organizações. Diante dessa análise, conclui-se que o processo de formação do Pedagogo pelas instituições de nível superior estabelece uma dinâmica entre duas vias de lateralidade e que, portanto, deve possuir como foco de atuação os princípios democráticos que regem a sociedade contemporânea e suas diferentes formas de linguagem. A possibilidade de uma prática como essa poderia ser definida seguindo até mesmo os conceitos filosóficos de Platão ao instituir uma “Alma” e uma “visão” ao ser humano no seu conto Mito da Caverna (apud DANTE, 2001), ao se referir aos processos paradigmáticos da educação e sobre as competências dos seres humanos para percebê-las e atuarem. A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta e esse órgão, não a de fazer obter a visão, pois já a tem, mas, uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde deve dar-lhe os meios para isso. [...] Por conseguinte, as outras qualidades chamadas da alma podem muito bem aproximar-se das do corpo; com efeito, se não existirem previamente, podem criar-se de depois pelo hábito e pela prática. Mas a faculdade de pensar é ao que parece de um caráter mais divino, do que tudo o mais; nunca perde a força e, conforme a volta 76 que lhe derem, pode tornar-se vantajosa e útil, ou inútil e prejudicial (PLATÃO apud DANTE, 1990, p. 522-523). A percepção que se tem é que para Platão o poder de ver constitui-se um importante órgão, mas só enxergamos porque somos dotados de capacidades. No entanto, esta visão não terá valor se não a colocá-la depois da alma. A alma, para Platão, é a mais importante dimensão com a qual se pode ver. Então, aproveitando essa metáfora de Platão e trazendo para a pesquisa em questão, pode-se dizer que a alma representa a consciência. É esta consciência que trará as possibilidades de visões que resultem em verdadeiras ações de transformação sobre nossa realidade. Ressalta-se, desta forma, que a capacidade perceptível dos fatos constitui-se uma importante habilidade aos profissionais Pedagogos que objetivam contribuir para a geração de uma nova realidade social mais democrática. No entanto, Dias e Lopes (2003) enfatizam que, durante o processo histórico de formação da organização curricular na formação do professor, muitas mudanças ocorreram, porém muitas também permaneceram com “[...] finalidades sociais já conhecidas e outras resultantes de um contexto diferente, conservando-se assim, ao mesmo tempo, elementos de tradição e de renovação” (p.1165). Elas identificam como um dos elementos tradicionais se refere à preocupação com os anseios sociais e exigências do mercado de trabalho; já, porém, quanto à inovação, Dias e Lopes consideram a estreita relação da escola com a comunidade, com órgãos empresariais e organizações não governamentais. 2.6 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO CONTEMPORÂNEO Com o objetivo de identificar a atuação dos profissionais de Pedagogia na contemporaneidade, é necessário que antes se inicie um breve estudo histórico sobre a atuação dos mesmos na antiguidade, a fim de compreendê-lo agora. 77 É certo que os primeiros professores nasceram na antiguidade, quando até mesmo nem escolas existiam. Os bruxos, feiticeiros, padres eram as pessoas tidas como professores da época (PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997). Com o passar dos tempos, esses profissionais foram substituídos pela classe do clero, cabendo apenas aos integrantes da religião católica tal denominação. E assim permaneceu durante muito tempo a supremacia do catolicismo sobre a população, inclusive no que concerne à educação. Eram eles, inclusive, quem mantinha os centros de estudos para as classes do clero e dos mais ricos na era medieval. A partir daí estes centros ficaram conhecidos como studium generale, que faziam referência à formação em estudos de um modo universal. Mais tarde o termo foi substituído por universitas e em seguida universidades. Nesta época, o exercício da função de professores cabia apenas ao clero (PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997). Apenas muito tempo depois, a profissão de professores foi se estruturando na sociedade, cabendo até mesmo aos escravos a exercer o papel de professor/tutor aos filhos de seus senhores, fazendo eles toda a orientação para a vida. Com o passar do tempo, João Amós Comênio escreve a Didática Magna, que trata sobre as capacidades que deveriam ser ensinadas aos indivíduos daquele período de modo que desenvolvessem competências para sua relação com a vida atual e futura, além de estabelecer o que competia às instituições de ensino. Assim, alguns trechos da Didática Magna merecem mais atenção que outros por fazer referência aos fundamentos da solidez para aprender e ensinar. 1 – Lamenta muita gente – e as próprias matérias o confirmam – que seja reduzido o número dos que saiam da escola com um preparo sólido; a maior parte não passa da superfície e da aparência. 2 – Se investigarmos as causas veremos que são duas. Ou porque as escolas se dedicam ao superficial, abandonando o fundamental, ou porque os escolares se esquecem do que aprenderam, fazendo passar para sua inteligência muitos estudos, sem proveito. E este defeito é tão comum que serão poucos os que não o terão lamentado. 3 – Haverá remédio para este mal? Certamente. Se entrarmos, de novo, na escola da Natureza, e investigarmos como procede ela, para que produza criaturas duradouras. Pode-se encontrar o modo de que cada um possa saber, não somente o que aprende, mas mais do que 78 aprenda, isto é: não reproduzindo integralmente o que os preceptores e autores lhes ensinam, mas julgando ele próprio das coisas pelos seus princípios (COMÊNIO, apud PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997, p. 212-213). Assim, desde muito tempo atrás que a atuação do Pedagogo consiste num preparo para a vida e para as questões que levem a uma aprendizagem subjetiva. A crítica aos procedimentos e normas do processo de formação de indivíduos é um marco forte deste trecho da Didática Magna. Isso porque Comênio já previa uma subutilização cognitiva do ser humano pelas instituições de ensino levando a uma negligência do conhecimento formal; como Capra cita, “A cognição envolve todo o processo da vida – inclusive a percepção, as emoções e o comportamento” (2002, p. 41). Diante do exposto, é possível, sem estranhamento, considerar estes trechos como extremamente atuais. Atualmente, o Pedagogo contemporâneo assume uma função não muito distante da especificada nos trechos acima. Porém, a tecnologia e a modernização dos sistemas de informação e comunicação têm exigido do Pedagogo uma atuação mais firme sobre o processo de formação do ser humano, de modo que o conduza a uma prática consciente de suas atitudes perante a vida e os indivíduos. Oportuna-se dizer que Arroyo (2000) adverte, no entanto, que antes de tudo o Pedagogo precisa conhecer inteiramente os indivíduos mais do que qualquer outra coisa. Por outro lado, para que essa qualidade na instrução dos indivíduos aconteça, é necessário que as instituições de ensino superem as expectativas de responsabilidade e possam realizar uma gestão pautada nos princípios de democratização da informação e seleção criteriosa do processo de aprender a aprender. Esse processo se aplica não só às instituições como aos seres humanos. É preciso, então, que a atuação do Pedagogo seja orientada pelo que Delors (2006) acredita ser necessário, já que o mesmo se orienta pelos princípios da educação universalista e da aprendizagem significativa. Os sistemas educativos formais são, muitas vezes, acusados e com razão, de limitar a realização pessoal, impondo a todas as crianças o mesmo modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade 79 dos talentos individuais. Tendem cada vez mais, por exemplo, a privilegiar o desenvolvimento do conhecimento abstrato em detrimento de outras qualidades humanas como a imaginação, a aptidão para comunicar, o gosto pela animação do trabalho em equipe, o sentido do belo, a dimensão espiritual ou a habilidade manual. De acordo com as suas aptidões e os seus gostos pessoais, que são diversos desde o nascimento, nem todas as crianças retiram as mesmas vantagens dos recursos educativos comuns. Podem, até, cair em situação de insucesso, por falta de adaptação da escola aos seus talentos e às suas aspirações (DELORS, 2006, p. 55). Para ele, o principal objetivo da atuação do Pedagogo se orienta deste modo, no desenvolvimento do conhecimento e na sua utilização deste ao autogerenciamento de suas dimensões e qualidades, elevando os níveis de seu relacionamento com a sociedade. Macuch já previa a importância das relações no processo educacional. Nessa concepção, através dos níveis de relacionamentos a função do Pedagogo deve estar pautada na criação e na sustentação de uma formação beseada nas relações. São elas, as relações, que possibilitam um melhor desenvolvimento da aprendizagem. A qualidade da aprendizagem, segundo a autora, é determinada pelo nível de informações que são absorvidas pelos autores do conhecimento e a percepção de que eles possuem acerca deste, de modo que o aprendizado esteja condicionado à conscientização de todos envolvidos (MACUCH apud MORAES, 1997). A partir dessa análise, a atuação do Pedagogo exerce total influência sobre as formas de trabalho do indivíduo perante uma sociedade, já que ambos se caracterizam pelas relações que são estabelecidas em suas atuações. Cumpre esclarecer que Berger (1983) realizou um estudo sobre o trabalho e sua relação com o ser humano. Ele acreditava que não existia trabalho real se não houvesse por parte do ser humano uma transformação na forma de perceber e transformar o mundo a sua volta e este provocar mudanças em toda uma geração. Assim, nota-se que as relações possuem indiscutível capacidade de promover aprendizagem em longo prazo e que podem, portanto, ser determinantes na formação dos novos indivíduos, influenciando-os positivamente ou negativamente em sua percepção do mundo. 80 Para Moran (2000), o trabalho do Pedagogo atual pode muito mais ser enfatizado a ações concretas quando a organização assume uma postura de apoio ao profissional, pois a atuação organizacional é capaz de modificar o contexto social em qualquer campo que seja. Nesta perspectiva, o autor acredita que os processos de conhecimentos podem ser influenciados pelos diversos campos em que vive o ser humano e as organizações e, ao mesmo tempo, com os quais eles se relacionam. Moran, assim, acredita que a opção cultural é o principal campo para o sucesso de qualquer atuação que implique o desenvolvimento de conhecimentos. No entanto, seja qual for a opção cultural na qual o Pedagogo esteja envolvido, é necessário estabelecer os critérios e os caminhos que serão percorridos pelo mesmo a fim de, ao final de seu trabalho, promover o desenvolvimento das dimensões humanas, sociais, ambientais e cognitivas de seus alunos. Importante ressaltar que, como pensava Arroyo, é preciso fortalecer a atuação e o papel do Pedagogo contemporâneo, pois [...] todo perfil de mestre de Educação Básica construído desde a centralidade da ciência, do conhecimento, das técnicas, das letras cultivadas, pesquisadas na academia, terá dificuldade de equacionar bem o perfil do ofício de mestre da educação, formação e desenvolvimento humano específicos da infância, adolescência e juventude, no campo da Educação Básica. Sobretudo da infância real com que convive (ARROYO, 2000, p. 107). Conhecer a importância da sua responsabilidade, enquanto profissional da formação dos sujeitos, não é uma coisa muita fácil. Podemos ainda ampliar a afirmação do autor para todos os níveis do ensino, e não só da educação básica. Nisso as instituições de nível superior também se encaixam, uma vez que elas são as formadoras dos que formarão futuramente os novos cidadãos dessa sociedade. As instituições de ensino superior devem ser assim, as mais preocupadas com seu perfil institucional, pois ele possui grande influência na formação consciente ou não dos profissionais que irão atuar no mercado de trabalho e na sociedade. 81 Diante desta prerrogativa, o próximo capítulo busca analisar as principais características do perfil institucional da IES “X”, o perfil profissional desenvolvido nos egressos do curso de Pedagogia dessa instituição bem como a análise dos resultados. 82 CAPÍTULO 3 3 ESTUDO DE CASO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR “X” A instituição “X” foi fundada em 1911 por imigrantes alemãs, sendo hoje mantida por comunidade evangélica com foco para a educação em todos os seus segmentos de ensino, pesquisa e extensão. Suas principais características são ações voltadas para o futuro e a modernização dos recursos tecnológicos da educação. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR “X” A instituição teve seu primeiro curso superior implantado no ano de 1972. Atualmente oferece mais de 80 cursos de graduação e graduação tecnológica e mais de 70 de pós-graduação, ambos com ensino presencial e a distância. Possui uma rede de escolas onde são administradas 18 organizações educacionais com educação infantil, ensino fundamental, médio e profissional, além de ensino especial para surdos, graduação, especializações, oferecendo também oito programas de mestrado e três de doutorado. Possui atuação em todo o País através de polos de apoio devidamente credenciados. A IES possui, enquanto missão, desenvolver, difundir e preservar o conhecimento e a cultura pelo ensino, pesquisa e extensão buscando permanentemente a excelência no atendimento das necessidades de formação de profissionais qualificados e empreendedores nas áreas da educação, saúde e tecnologia (PPP DA IES, 2010). Seu objetivo é estar sempre entre as dez melhores instituições de ensino superior do País. Seus principais valores estão pautados na qualidade 83 educacional, tecnológica e de saúde do ser humano. Mas, alguns se destacam pela referência feita ao ser humano: • Preocupação permanente com a satisfação das pessoas que fazem parte do Complexo “X”; • Cultivo do convívio social em termos de mútuo respeito e cooperação e da consciência crítica da sociedade; • Formação integral da pessoa humana em conformidade com a filosofia educacional, cuja existência se desenrola na presença de Deus, o Criador (PPP DA IES, 2010). A instituição possui grande preocupação com as demandas sociais da comunidade que a cerca e, por este motivo, exerce ações de responsabilidade social interna e externamente, além de divulgar em seu site, todos os anos, seu relatório social. 3.2 O CURSO DE PEDAGOGIA EAD DA INSTITUIÇÃO “X” O curso de Pedagogia na modalidade a distância da Instituição “X” teve seu início e autorização no ano de 2004. A grade curricular do curso oferece uma variedade de disciplinas que visam todas as dimensões do ser humano. Todos os professores possuem titulação mínima em mestrados na área de educação. Sobre a metodologia do curso, a instituição adota o formato híbrido de aula, caracterizado pelo uso de vídeoaula e material gráfico somados à interação do aluno no uso do ambiente virtual de aprendizagem, conhecida como plataforma. As aulas são distribuídas com 48h de interação com o professor através da vídeo-aula e 20h de encontros presenciais no pólo de ensino com o tutor, onde são realizadas as atividades. Todas as atividades depois de respondidas são entregues ao próprio tutor e, este é responsável em postar as atividades na plataforma para acesso aos professores titulares. O acesso ao fórum de discussão é feito apenas pelo tutor que posta todas as dúvidas dos alunos. 84 De acordo com o Projeto Político Pedagógico (2007) da IES ”X”, o curso de Pedagogia baseia-se na multiculturalidade do País, tendo como proposta curricular a democratização e expansão do acesso ao conhecimento, oportunidade de trabalho. A IES propõe que o egresso do curso de Pedagogia na modalidade a distância, ao final do curso, deverá possuir as seguintes competências: • Compreensão ampla e consistente do fenômeno e da prática educativa que ocorre em diferentes âmbitos e especialidades; • Compreensão do processo de construção do conhecimento no indivíduo inserido em seu contexto social e cultural; • [...] Compromisso com uma ética de atuação profissional e com a organização democrática da vida em sociedade; • Estabelecer diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento; • [...] Dominar processos e meios de comunicação, e utilização das tecnologias da informação nas práticas educativas em suas relações com os problemas educacionais; • Desenvolver metodologias e materiais pedagógicos adequados ao contexto sociocultural do indivíduo; • Identificar problemas socioculturais e educacionais propondo respostas criativas a questões da qualidade do ensino e medidas que visem superar a exclusão social; • [...] Articulação das atividades nas diferentes formas de gestão educacional, na organização do trabalho pedagógico escolar, no planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas da escola; • Elaboração do projeto pedagógico, sintetizando as atividades de ensino e administração caracterizadas por categorias como: planejamento, organização, coordenação e avaliação, e por valores como: solidariedade, cooperação, responsabilidade e compromisso (PPP DA IES, 2010). Dada a importância da tecnologia para o processo de formação dos profissionais que formam outros indivíduos, é oportuno questionar se o sistema híbrido de aula pelo qual optou a IES “X” consegue suprir todas as angústias, inquietações e questionamentos dos alunos, que são comuns num momento de aprendizagem on-line. Dada a importância de tal questionamento, as autoras Bohadana e Valle (2009) comungam de tal preocupação com a qualidade do ensino superior a distância, a fim de que não se torne puramente tecnicista. Diante disso, as 85 autoras levantam a indagação sobre as dificuldades enfrentadas no ensino superior na modalidade presencial e o avanço sobre o nível de entrosamento entre alunos e profissionais com os sistemas comunicação e informação que dominam a modalidade a distância. No entanto, é interessante analisarmos a atuação da IES “X” quanto às ações realizadas que contribuam para o desenvolvimento das competências citadas acima, em seus formandos, considerando, principalmente aspectos práticos, legais, mas que sobretudo reduzam dificuldades como as identificadas por Gouvêa e Oliveira (2006) ao estudar o Relatório Delors. Uma das principais dificuldades, assim se referem, é a “[...] tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos e as capacidades de assimilação pelo homem, que afeta a compreensão do indivíduo sobre si mesmo e seu ecossistema” (2006, p. 48). Pois bem. De acordo o Conselho Estadual de Educação, as instituições de ensino superior na modalidade a distância deverão manter um padrão de qualidade que garanta uma formação de excelência a seus formandos em seus respectivos cursos. O artigo 4 e 5 da resolução do Conselho Estadual de Educação, que versa sobre o desempenho das instituições, esclarece quanto à essa atuação: Os cursos e programas ministrados a distância são organizados em regime especial e dispensam a exigência de frequência obrigatória vigente para o ensino presencial, prevendo a obrigatoriedade de momentos presenciais para: I – avaliação da aprendizagem do aluno; II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente e ou na organização curricular do curso; III – apresentação de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente e ou na organização curricular do curso; IV – atividades de laboratórios e aulas práticas, quando for o caso; e V – visitas técnicas (RESOLUÇÃO Nº 79/2008). São características fundamentais a serem observadas nos cursos e programas oferecidos a distância: III - interatividade, sob diferentes formas, entre os agentes dos processos de ensino e de aprendizagem, de modo a superar a distância entre ambos (Idem). 86 Assim, a principal atuação da IES que inicialmente pode ser identificada é a construção de um currículo elaborado de forma a priorizar a diversidade das dimensões humanas, ao incluir disciplinas como: tecnologia da informação e comunicação na educação; desenvolvimento da linguagem humana; educação inclusiva, ecopedagogia, educação e meio ambiente; psicodinâmica da aprendizagem; pedagogia e ambientes não escolares, entre outras, podendo ser verificadas na grade curricular da IES e com significativa importância para formação de profissionais com qualidade. Existem ainda diversas ações de responsabilidade social desenvolvidas pela IES “X” dentro do estado de origem da instituição, mas que, infelizmente, não atingem na prática o público de estudantes da modalidade a distância. Ressalta-se que disciplinas como as citadas acima incentivam, através de suas atividades, atitudes diversas como voluntariado e gestão. O Relatório de Responsabilidade Social do ano de 2009 aponta, na área educacional das ciências e artes, diversos projetos realizados pela IES os quais abrangem os campos sociais e de desenvolvimento humano, a exemplo do Centro Interdisciplinar de Estudos em Psicomotricidade Relacional (CIEPRE), que tem como fundamento o “desenvolvimento harmônico da criança”; Centro de Estudos de Atividade Física e Envelhecimento; Organização de Acervo Histórico de Hospitais públicos; Centro de Estudos da Atividade Motora Adaptada (CEAMA); “Geografizando Lugares Transitando por Diferentes Ambiências, Promovendo Saberes e Práticas na cidade sede; Arte e Interculturalidade: um Fazer Especial, convênios com museus para estudo e pesquisa de acervos diversos; Dança e Movimento; Pesquisa em Teatro e História; Pedagogia Hospitalar; Recreação Comunitária; Matemática é Legal; Técnicas de Construção em Cerâmica; Arte/Ensino: Relação e Reflexão; Sistema de Gerenciamento de Resíduos; Memoriais; Parcerias Culturais, entre outras. Percebe-se, assim, que há uma preocupação, por parte da organização de ensino, quanto aos diversos saberes que promovem o desenvolvimento humano nos indivíduos. No entanto, as diversas ações e projetos como as 87 citadas anteriormente, em sua grande maioria não atingem na prática os estudantes da modalidade a distância. Ou seja, assim como as competências, capacidades e habilidades objetivadas para os alunos do curso de Pedagogia são iguais para as diferentes modalidades de ensino da instituição do mesmo curso, da mesma forma deveria acontecer no que diz respeito a projetos e ações no campo educacional prático e teórico. Não está se dizendo com isto que seja fácil tal pleito, mas possibilidades precisam ser consideradas, de modo a garantir qualidade no processo de formação a distância dos futuros educadores. O estágio curricular não pode ser o único recurso disponível aos alunos para vivenciar práticas reais sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois ele por si só não garantirá a base estrutural necessária a uma formação completa em suas dimensões humanas, sociais, culturais, ambientais e religiosas. Para as autoras Gouvêa e Oliveira, Os sistemas educativos devem dar resposta aos múltiplos desafios das sociedades da informação, na perspectiva de um enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às exigências do nosso tempo (DELORS apud GOUVÊA E OLIVEIRA, 2006, p. 50). Contudo, percebe-se que há um grande caminho a se percorrer para que se garantam, de fato, respostas enriquecedoras às habilidades e saberes dos indivíduos das mais diferentes modalidades de ensino. A formação de um currículo diversificado e comprometido com a sociedade é o principal caminho para se obter a qualidade dos profissionais de qualquer instituição. A seguir é possível visualizar a grade curricular, uma vez que a mesma integra parte do currículo do curso de Pedagogia da modalidade a distância da IES “X” para que seja feita uma analise sobre o mesmo. 88 Figura 3 – Grade curricular da IES X Fonte: Projeto Político Pedagógico disponível no site da Instituição. 89 A grade de disciplinas do curso de Pedagogia EAD da IEA “X” apresenta-se de forma contextualizada com o seu tempo. Isto porque as disciplinas demonstram abranger, de modo teórico muitas das necessidades que a profissão de professor requer. O curso é composto por disciplinas obrigatórias e outras ainda que seguem um caráter eletivo, bem como atividades acadêmicas de cunho prático realizadas em instituições de ensino. É importante ressaltar que a IES define um perfil profissional para seus egressos onde prevalece o ensino da docência conforme especificado em seu plano de curso. O curso de Pedagogia destina-se à formação de docentes para exercer funções de magistério na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nas Matérias Pedagógicas dos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal; de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos e na Gestão em Ambientes Educativos (PPP IES “X”, 2007). Ao analisar a grade curricular do curso de Pedagogia da IES “X”, é possível observar que há uma articulação entre algumas das competências que a instituição propõe e o que o MEC sugere. Competências como a valorização das diferentes linguagens e sua relação na produção do conhecimento com disciplinas do Desenvolvimento da Linguagem Humana e Tecnológica da Informação e Comunicação na Educação são algumas das disciplinas que a IES propõe. Estas duas com grande importância na formação das competências humanas do Pedagogo. No caso da disciplina Tecnologia da Informação e da Comunicação sua ementa traz o “estudo e aplicação” da mesma. No entanto, observa-se que quanto à aquisição de competências voltadas ao domínio dos processos e meios de comunicação, Proposta Política da IES para o curso de Pedagogia EAD ainda possui grande necessidade de aprofundamento prático para aquisição de tal domínio. Segundo as egressas, a IES possui grande necessidade de investimento nos recursos tecnológicos, conforme se vê a seguir. 90 O polo não oferecia um laboratório de informática, não tínhamos acesso à computadores dentro do polo presencial e, isso dificultava fazer nossas atividades. Deveria se investir mais na tecnologia e na biblioteca (EGRESSA 09). A Egressa faz referência à qualidade dos recursos tecnológicos utilizados pela IES para viabilizar o processo de comunicação entre professor X aluno. Através do Referencial Curricular Nacional é possível conhecer o perfil dos profissionais do ensino que os órgãos públicos relatam como ideal para o atual momento histórico vivido pela sociedade. O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de natureza diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento (RCNI, p. 42, 1998). É possível observar que a matriz curricular do curso de Pedagogia busca esse profissional polivalente, no momento que inclui na mesma uma diversidade de disciplinas que abrange os diversos saberes; como é o caso das disciplinas: Sociedade e Contemporaneidade; Organização dos Tempos e Espaços na infância; Introdução à Psicopedagogia; Psicodinâmica da Aprendizagem; Ecopedagogia: Educação e Meio Ambiente; Pedagogia Social; Pedagogia e Ambientes Não escolares e Libras. Neste sentido, os polos de ensino da IES precisam comungar da mesma filosofia quanto à formação de seus profissionais, uma vez que quando os indivíduos buscam polos presenciais, os mesmos recorrem pela visão que se tem ou se adquire da Instituição. No entanto, esta ausência de nivelamento entre o perfil acadêmico da IES e o perfil acadêmico do Polo de ensino, tende a gerar um descaso com o profissional e a baixa credibilidade da instituição de ensino. 3.3. A PESQUISA 91 A pesquisa possui como objetivo principal caracterizar o perfil do Pedagogo da Educação a distância e sua inserção no mercado profissional. Optou-se, então, por uma instituição de grande porte e com grande atuação em todo o País. Outro fator que levou a optar-se por tal IES se deve ao fato de esta possuir turmas que concluíram no ano de 2009/2 dentro da capital baiana e região metropolitana de Salvador. Além disso, a universidade deveria ter polos de ensino nestas mesmas cidades de modo que viabilizasse a realização da pesquisa. Para tanto, cabe descrever o percurso metodológico utilizado na pesquisa, bem como a análise das informações coletadas. A partir das informações adquiridas através da pesquisa, torna-se possível e relevante uma discussão a respeito do conteúdo teórico e dos dados obtidos envolvendo alunos egressos do devido ano do curso de Pedagogia EAD da IES “X” e com polos de ensino tanto na capital baiana como em algumas cidades da região metropolitana como Camaçari, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé. 3.3.1 Caracterização da Pesquisa Objetivando uma maior compreensão e aprofundamento teórico sobre a temática abordada, optou-se pelo procedimento metodológico do estudo bibliográfico visando, com isto, analisar o percurso histórico da educação a distância no País, como também caracterizar os profissionais de Pedagogia da EAD, bem como os paradigmas enfrentados por este tipo de modalidade de ensino. A relação entre educação e o desenvolvimento de seus alunos, a forma como se processa a aprendizagem e a responsabilidade social das IES ao preparar o profissional para o mercado profissional, foram os caminhos construídos e analisados para compreender quais competências e habilidades, de fato, as instituições de ensino superior no curso de Pedagogia EAD estão desenvolvendo nos seus egressos. Assim, a pesquisa bibliográfica foi construída através dos estudos realizados em livros, artigos de periódicos, 92 documentos e textos publicados na internet, livros e revistas que foram significativos para o estudo qualitativo realizado. Segundo Lüdke e André citados por Araújo (2008), o estudo qualitativo tem significativo valor por considerar as diversas situações envolvendo dados descritivos da realidade em sua complexidade e subjetividade. Por este motivo, optou-se pelo estudo de caso enquanto estratégia investigativa por julgar relevante sua função, que segundo Yin (2001) prioriza a análise aprofundada dos dados dentro de uma perspectiva contemporânea e real. Do mesmo modo afirma Harhley citado por Araújo (2008): [o estudo de caso] Consiste em uma investigação detalhada de uma ou mais organizações, ou subgrupos, com vistas a proceder a uma análise do contexto e dos processos envolvidos no estudo, considerando que o fenômeno não está isolado do contexto, haja vista que o interesse do pesquisador é justamente essa relação entre o fenômeno estudado e seu contexto (2008, p. 86). Ou seja, o estudo de caso permite um alto grau de análise subjetiva capaz de proporcionar e produzir um resultado dos dados mais próximos da completude e da realeza dos fatos e, ao mesmo tempo, múltiplas fontes de evidências sobre o fenômeno e o contexto no qual está inserido (YIN, 2002). Assim, para Gil citado por Dias e outros (2008), O estudo de caso configura a busca de uma compreensão detalhada dos significados do fenômeno analisado à luz das percepções e dos sentimentos dos sujeitos participantes, sobre fatos, eventos e instituições pesquisadas (p.46). Nesta perspectiva, realizou-se a pesquisa através de uma abordagem qualitativa e de cunho exploratório pelo fato de possuir ampla gama de subjetividade. Para levantamento dos dados e informações, foram utilizados questionários aplicados aos egressos do curso de Pedagogia EAD que concluíram seu curso no ano de 2009 na IES “X”, na modalidade a distância da rede privada, localizada nas cidades de Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé. 93 Do mesmo modo, quanto às tutoras pedagógicas do curso e coordenadora da região, foram realizadas entrevistas semiestruturadas além de uma análise documental do Projeto Político Pedagógico do curso. Dessa forma, referente ao questionário aplicado aos egressos do curso de Pedagogia EAD da IES “X”, o mesmo foi dividido em quatro categorias com o objetivo de facilitar a compreensão dos fatos como também facilitar a linha de raciocínio para formandos. As categorias foram divididas em quatro. A primeira delas, identificada como categoria geral onde se buscam informações como idade, sexo, ano de conclusão do segundo grau, área de atuação no momento da pesquisa e acesso à tecnologia. A segunda categoria busca coletar informações sobre o curso como: motivos por ter optado pela modalidade EAD, dificuldades, expectativas, necessidades de aprendizagem, ferramentas, saberes e habilidades além dos processos de comunicação utilizados pela equipe pedagógica. A terceira categoria avalia o nível de satisfação dos egressos quanto à qualidade da instituição e dos materiais utilizados. A quarta e última categoria tem como objetivo analisar as dificuldades enfrentadas no mercado profissional e sua relação com a formação recebida pela IES “X”, além de identificar as competências e habilidades que foram desenvolvidas no curso. Outro instrumento utilizado foi a observação, que para Reyna (1997) citado por Bele e outros (2008) apresenta o seguinte contexto: Circunstâncias através das quais esta se realiza, ou seja, é o contexto natural ou artificial no qual o fenômeno social se manifesta ou se reproduz. Por sua vez, o sistema de conhecimento é o corpo de conceitos, categorias e fundamentos teóricos que embasa a pesquisa (p. 191). A observação foi consideravelmente importante para avaliar a qualidade da formação profissional bem como a inserção desses egressos no mercado profissional, uma vez que são grandes as dificuldades teóricas e físicas enfrentadas nos polos de ensino. Outro ponto a considerar é sobre a pesquisa documental realizada a partir do Projeto Político Pedagógico da instituição que permitiu analisar e 94 comparar os fundamentos teóricos e metodológicos do curso de Pedagogia na modalidade a distância junto aos parâmetros legais que sustentam tal curso. 3.3.2 População e Tamanho da Amostra O universo da pesquisa foi composto pelos egressos ou formandos dos polos que possuem o curso de Pedagogia e que concluíram o mesmo no ano de 2009/2 na IES “X” no estado da Bahia. A IES totaliza 69 polos espalhados em todas as regiões norte, sul, extremo sul, centro-oeste, além da capital e região metropolitana do estado. Todas oferecem o curso de Pedagogia na modalidade EAD. Mas, deste universo de 69 polos, apenas os da capital e cidades da região metropolitana que possuem o referido curso como Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé foram selecionados para aplicação da pesquisa, devido à facilidade de acesso ao público de interesse. Portanto, dos 69 polos que possuem o curso de Pedagogia, todos eles tiveram suas primeiras turmas formadas no ano de 2009, representando assim a quantia de um mil trezentos e cinquenta e oito (1.358) egressos do curso de Pedagogia na modalidade a distância da IES “X” em todo o estado da Bahia. Deste universo, duzentos e noventa e quatro (294) fazem parte da capital e região metropolitana do estado, representados em cinco (05) municípios. Todavia, obteve-se o retorno de apenas vinte e cinco (25) questionários respondidos, representando o valor de 8,5% do total de egressos do ano de 2009 do curso de Pedagogia EAD da IES “X” da capital e região metropolitana. Este percentual tem o valor representativo de 25 egressos, 06 tutores e 01 coordenadora pedagógica responsável pela região da Bahia. 95 CAPÍTULO 4 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA A pesquisa realizada no curso de Pedagogia a distância da IES “X” e a análise dos dados foram divididas em quatro categorias: Geral, Curso, Instituição e Formação Profissional. A divisão das categorias visa a uma busca maior de informações e compreensão sobre a pesquisa e seus resultados. Para tanto, o questionário e entrevista, utilizados como instrumentos para levantamento dos dados, foram aplicados aos formandos que concluíram o curso de Pedagogia EAD da IES “X no ano de 2009/2 na capital e região metropolitana da Bahia e suas tutoras e coordenadora do estado, respectivamente. Utilizaram-se para construção do questionário (20) questões objetivas: (11) sobre informações gerais, (04) sobre o curso, (05) sobre a instituição, (03) sobre formação profissional e (08) questões subjetivas envolvendo todas as categorias. No entanto, a entrevista aplicada às tutoras das turmas concluintes e à coordenadora possui (01) questão objetiva sobre o curso e (08) questões subjetivas envolvendo todas as categorias com o objetivo de analisar a percepção delas junto à qualidade do curso, dificuldades enfrentadas e competências e habilidades desenvolvidas nos egressos. Com intuito de identificar os envolvidos na pesquisa, foram utilizadas algumas denominações para os egressos do tipo E1, E2, e assim por diante. Para as tutoras e coordenadoras utilizou-se nomenclaturas do tipo Educador 1, Educadora 2 e assim por diante. A seguir são apresentados os dados por categoria de toda a pesquisa realizada com os egressos respondentes e suas tutoras. 4.1 CATEGORIA GERAL 96 Esta categoria pretende definir o perfil do egresso da IES “X” a partir das características físicas como idade, sexo, raça, tempo de conclusão do ensino médio, além da acessibilidade aos recursos tecnológicos. O universo pesquisado abrangeu um total de 25 egressos, sendo que, destes, 24 são do sexo feminino havendo apenas 01 homem, configurando-se o predomínio das mulheres na área da educação e, em especial na modalidade a distância. A idade dos egressos revelou um dado importante. De todos os pesquisados, a maioria (52%) possui idade de 31 a 40 anos. Juntando-se a quantidade dos egressos que possuem idade superior a 41 anos chega-se a um total de 96%. Este percentual revela o grau de amadurecimento do curso, uma vez que apenas 4% dos egressos tem até 30 anos. Gráfico 1 – Faixa etária dos egressos da IES (X) Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Contudo, 44% do total de pesquisados informaram ter iniciado o curso de graduação mesmo estando afastados muito tempo da sala de aula, num período igual ou superior a 20 anos, ou seja, época esta em que a tecnologia ainda não fazia parte da realidade da maioria das escolas. Analisando o gráfico a seguir, a IES pesquisada apresenta um dado que não se caracteriza uma surpresa devido à realidade racial do estado da Bahia, mas que é de grande relevância para democratização do ensino superior e às 97 oportunidades de acesso ao mercado de trabalho. Ou seja, 28% e 56% de seus egressos se declaram pretos e/ou pardos7, respectivamente, o que totaliza 84% de afro-descendentes na área de educação pesquisada. Este acesso pode ser facilitado pelo custo reduzido dos cursos. No entanto, é importante analisar a qualidade dos cursos que as instituições fornecem com o objetivo de identificar sua relação com as competências e habilidades desenvolvidas nos profissionais de educação e seu impacto no mercado de trabalho. Isso porque, como afirma Santos, “[...] qualquer projeto estratégico de mudança, no Brasil, passa antes pelas relações raciais” (2003, p 259). Gráfico 2 – Raça declarada dos egressos da IES (X). Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Atualmente, já existem algumas políticas afirmativas para a população negra no campo da educação, como o PROUNI e o programa de “Cotas” nas universidades públicas. Todavia, não há registros de alunos de EAD que tenham sido contemplados com tais programas. Veen (2009), da mesma forma, acredita que 7 Segundo diversos estudiosos as categorias “preto” e “pardo” totalizam a população negra. 98 [...] um dos maiores benefícios da tecnologia foi o de que a informação não é mais uma mercadoria rara. Está disponível para quase todas as pessoas em qualquer lugar do mundo e, mais importante, ao mesmo tempo (p. 56). Sem dúvida que a área de educação foi amplamente beneficiada. Isto porque, muitos dos cursos fornecidos pelas instituições de ensino superior no Brasil e, principalmente, na Bahia são da área de educação, como licenciaturas (MEC, 2010). Ou seja, pode-se deduzir que através da tecnologia tornou-se possível a melhoria da qualidade dos professores, uma vez que através do gráfico abaixo, é possível perceber que 76% dos egressos da modalidade a distância da IES “X” já estão atuando como profissionais. Assim, o curso de graduação tende a se tornar um processo de aprofundamento e busca por novos conhecimentos técnicos para prática laboral. Gráfico 3 – Egressos da IES “X” inseridos no mercado de trabalho. Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. 99 Gráfico 4 – Atuação dos egressos da IES “X” na área de formação Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Através do gráfico 4, observa-se que 85% dos egressos atuam na área de formação, o que significa dizer que os mesmos estão na sala de aula. Nessa perspectiva, Veen (2009) afirma que “[...] as tecnologias da informação e da comunicação mudarão de maneira profunda o modo como aprendemos” (p. 124). Isso nos tranquiliza a dizer que, se os professores aprendem novas formas de aprendizagem através dos recursos tecnológicos, eles ensinam com mais riqueza metodológica, bem como proporcionam aos seus alunos meios mais enriquecedores de interação entre os conteúdos e sua formação cognitiva de modo a ampliá-la, transformá-la (Lévy, 1993) e, ao mesmo tempo “[...] conferindo à coletividade duas importantes mutações: a tecnológica e a filosófica da espécie humana” (LEAL; ALVES; HETKOWSKI, 2006, p. 19). Assim, subentende-se as TICs como elementos potencializadores para ultrapassar a linearidade do espaço e do tempo, combinando diferentes maneiras, formas e proporções para movimentar as ressonâncias do saber e do conhecimento (LEAL; ALVES; HETKOWSKI, 2006, p.18). 100 No entanto, isso seria uma realidade se mesmo tendo realizado curso de informática, como afirmam 60% dos pesquisados, e tendo microcomputador em suas residências (88%) os mesmos dominassem todas as ferramentas de um computador, o que na verdade acontece na proporção inversa, uma vez que 68% não possuem o domínio sobre tal ferramenta (Ver gráfico 5). Gráfico 5 – Domínio dos egressos sobre as ferramentas da informática. Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Ora posto, é permitido se fazer a seguinte questão: como então formar profissionais de qualidade na modalidade a distância para atuar numa sociedade que passa por uma revolução dos recursos comunicação, como ilustra o Gráfico 5? Na tentativa de obter respostas a tal questionamento, surge a necessidade de se analisar os dados da categoria que seguem abaixo. 4.2 CATEGORIA CURSO O advento da tecnologia proporcionou ao mundo moderno a valorização não só dos recursos da informação e comunicação, mas principalmente do tempo. Devido à preocupação com a economia de tempo, muitos são os indivíduos que justificam suas ações e a realização ou não das mesmas devido à escassez deste. 101 Ou seja, a impressão que o atual momento contemporâneo nos proporciona é a de que o relógio acelerou seu percurso. Dessa forma, a supervalorização do tempo é algo que motiva a classe social a acelerar suas ações na tentativa, também de obter resultados cada vez mais rápidos como forma de acompanhar os avanços que o atual momento histórico exige e assim conseguir se inserir ou permanecer no mercado profissional. No entanto, como afirma Gouvêa e Oliveira, “[...] o controle do tempo será uma questão de fundamental importância para o desenvolvimento” (2006, p. 17). Devido à necessidade de economia e controle do tempo, 59% dos entrevistados, conforme gráfico abaixo, optaram por um curso a distância. Gráfico 6 – Causas que definiram a escolha para realização de um curso a distância. Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Apesar dos cursos na modalidade a distância serem de custo menor em relação aos cursos presenciais, a condição financeira não foi a causa diretamente definitiva para realização daqueles. O fato de 50% dos entrevistados trabalharem durante a realização do curso justifica a escolha pela modalidade em questão. Contudo, para Gouvêa e Oliveira (2006), a aquisição do acúmulo de informações em menor tempo representa apenas o “[...] aumento quantitativo de informações acessíveis” (p. 32), sem, necessariamente, segundo eles, representar a produção de conhecimento na mesma escala. 102 Devido ao fato de essa busca acelerada por formação não constituir efetivamente, para as autoras, produção de conhecimentos, são muitas as barreiras que podem surgir durante a realização de um curso a distância, como foi analisado na pesquisa ao se questionar sobre as dificuldades que foram enfrentadas. Senti muita dificuldade quanto à forma de comunicação adotada pela instituição para contato com os professores (Egresso 2). Havia pouca motivação por parte dos gestores do polo em realizar eventos (EGRESSO 8). Devido ao processo de comunicação, como cita o E2 e o E8, 68% do público entrevistado não acredita que o curso de Pedagogia EAD da IES “X” tenha atendido suas necessidades de aprendizagem sobre a profissão, e que também não lhe proporcionasse segurança para atuar no mercado de trabalho. Por outro lado, através do Art. 3º, o Conselho Nacional de Educação institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de graduação em Pedagogia. O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética (BRASIL, 2005). A justificativa sobre tal percentual esbarra em questões como o próprio artigo cita, a necessidade de aprofundamento teórico, falta de atividades práticas, ausência de comunicação entre professor x aluno, como cita o E7. A experiência na formação complementou, porém não havia retorno dos nossos questionamentos para esclarecimentos de dúvidas, o contato era nulo, além das diversas mudanças estruturais que existiram para instalação e reinstalação do polo (EGRESSO 7). 103 O não-atendimento de tais necessidades fez com que os pesquisados também identificassem a não-utilização de ferramentas tecnológicas adequadas para exposição das aulas teóricas necessárias aos alunos, e que eram, segundo o E1, o E4 e o E16, apresentadas em vídeoaula em TV de 14’, uma vez que o polo encontrava-se com poucos recursos financeiros para proporcionar ambientes básicos como o laboratório, biblioteca e até mesmo tela de projeção que os auxiliassem nas pesquisas dos alunos. O Ministério da Educação (MEC), através de decretos e dos indicadores de qualidade de cursos de graduação a distância, esclarece as condições mínimas para funcionamento destes em instituições de ensino superior e enfoca para necessária qualidade e utilização de recursos e meios que contribuam para uma formação capaz de proporcionar a autoaprendizagem do aluno bem como a contribuição para aquisição de conhecimentos. Ou seja, a educação a distância, segundo Gouvêa e Oliveira (2006), tem como função mediar o processo de comunicação e aprendizagem entre os diversos alunos e seus professores através da utilização dos recursos tecnológicos de modo a ampliar a perspectiva de aprendizagem e a aquisição de capacidades e habilidades necessárias à formação intelectual. Portanto, deve oferecer ao aluno referenciais teórico-práticos que colaborem na aquisição de competências cognitivas, habilidades e atitudes e que promovam o seu pleno desenvolvimento como pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Ou seja, um diploma de ensino superior recebido por um curso feito a distância deve ter o mesmo valor que um realizado de forma presencial (BRASIL, 2000, p. 03). No entanto, de acordo com os resultados da pesquisa, a utilização e a qualidade dos recursos tecnológicos ministrada no curso de Pedagogia EAD da IES ”X” ainda não representam tal realidade. É fato que muitas são as barreiras que as instituições enfrentam, como a estrutura financeira de seus polos, a acessibilidade dos seus alunos aos recursos tecnológicos, dentre outros. Kopp (2008, p. 68) destaca também as “[...] barreiras da ordem das habilidades desenvolvidas”. Para o autor, é necessário aos alunos de cursos a distância um conhecimento e uma 104 habilidade técnica com o computador para que a qualidade do curso não seja prejudicada. Nesse viés, conforme citado no segundo capítulo e de acordo com as diretrizes curriculares nacionais, a formação na área educacional exige no mesmo grau tal habilidade de seus profissionais, uma vez que atuarão em uma era onde a informação e a tecnologia enfrentam processo revolucionário. Há a necessidade, portanto, durante a formação do Pedagogo, do estabelecimento das relações entre as diversas linguagens que envolvem o processo educacional e de comunicação. Apesar de todas essas dificuldades, quando questionados sobre os saberes e habilidades adquiridos durante o curso, os pesquisados citaram a aquisição de saberes filosóficos e psicológicos, além de organização cognitiva. Habilidades interpessoais, comunicação escrita e oral, autoconhecimento e autogerenciamento do tempo foram as principais habilidades desenvolvidas durante o curso, de acordo com os pesquisados. Para 60% dos pesquisados, a ausência física e as formas de comunicação entre eles e os professores estabelecidas pela IES contribuíram para redução da qualidade e da aquisição de conhecimentos dos alunos, uma vez que não havia possibilidade de debates. Vale ressaltar a fala de alguns dos egressos. É necessária maior interação entre professor e aluno (Egresso 7). Não havia muita chance para esclarecimentos de conteúdos através de diálogos, a não ser pela tutora (Egresso 10). Não havia contato com os professores, tudo era feito pela tutora que muitas vezes não trazia o retorno dos professores (Egresso 17). A plataforma não contribuía para a comunicação com o professor (Egresso 24). Da mesma forma, os indicadores de qualidade de cursos de graduação a distância ressaltam a importância da interação entre professores e alunos como forma de aperfeiçoamento e enriquecimento dos conhecimentos. 4.3 CATEGORIA INSTITUCIONAL 105 Esta categoria analisa a atuação dos tutores junto aos seus egressos, bem com a percepção destes acerca da IES “X” e dos materiais didáticos e tecnológicos que a mesma disponibiliza ao seu alunado. Os tutores, como são conhecidos os profissionais que acompanham as aulas presenciais dos alunos nos cursos a distância, passam a assumir grande relevância na formação dos profissionais a distância devida sua contribuição para aquisição de conhecimentos. 80% dos egressos reconhecem tal importância. Igualmente reconhecimento é dado pelos indicadores de qualidade para cursos a distância, pois afirma a responsabilidade atribuída aos professores tutores. Isto porque os tutores “[...] contribuem na criação e reflexão democrática sobre cultura, ciência, tecnologia e trabalho a serviço da humanização e da superação de problemas do mundo presente” (BRASIL, 2000, p. 05). Nessa perspectiva, o material utilizado pelos profissionais da tutoria precisa ser cuidadosamente elaborado de modo que conduza o estudante da EAD a um caminho de pesquisas. Assim, quando questionados a respeito da qualidade do material didático fornecido pela IES “X”, a maioria avaliou positivamente. Gráfico 7 – Avaliação dos egressos quanto à qualidade do material fornecido pela IES “X”. Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. 106 Mesmo diante desta percepção, 88% dos egressos informaram sua insatisfação quanto à qualidade dos recursos tecnológicos utilizados para viabilização do processo de comunicação entre eles e os professores. O mesmo percentual representou o não-atendimento de suas expectativas quanto à instituição. Ou seja, de acordo com o gráfico a seguir, a maioria dos egressos acreditam que a instituição não demonstrou interesse em contribuir para sua formação. Gráfico 8 – Egressos que acreditam na demonstração de interesse pela IES “X” para formação de seus alunos Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Todavia, essa premissa não impossibilita que 76% dos egressos possam a vir, futuramente, optar por outros cursos na mesma modalidade. Isso porque, na visão dos egressos, critérios como tempo/custo e facilidade de acesso proporcionam maiores benefícios e chances de ingresso ao mercado de trabalho e ao ensino superior. 4.3 CATEGORIA PROFISSIONAL De acordo com Delors, a formação dos profissionais da educação precisa ser eficaz na aquisição das competências pedagógicas e qualidades humanas que os novos professores adquirem. 107 Uma das finalidades essenciais da formação de professores, quer inicial quer contínua, é desenvolver neles as qualidades de ordem ética, intelectual e afetiva que a sociedade espera deles de modo a poderem em seguida cultivar nos seus alunos o mesmo leque de qualidades (DELORS, 2006, p. 162). Além de tais qualidades, o relatório destaca ainda uma formação voltada para a pesquisa. Isso se deve ao fato da necessidade que a sociedade possui de obter professores que dominem os processos de pesquisa a fim de que possam estimular seus alunos a realizá-las também. A EAD possui condições de contribuir para tal estímulo, fato este evidenciado pelos pesquisados. Sem dúvida alguma, o uso do computador e da internet desenvolveram após o meu ingresso no curso, além da comunicação escrita e oral que se aperfeiçoaram mediante a necessidade de cumprir as atividades propostas (EGRESSO 21). Porém, para 28% dos egressos pesquisados, a IES “X” não contribuiu para uma formação de qualidade. As deficiências estruturais foram muitas a ponto de prejudicar o estimulo e o incentivo a pesquisa e extensão. A falta de interesse da IES e do polo contradiz sua proposta pedagógica instituída no seu próprio Projeto Político (2007). O documento prevê o “[...] estabelecimento do diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento” (p. 03), bem como a “[...] articulação de ensino, pesquisa e extensão para produção do conhecimento e da prática pedagógica” (p.03 ). Senti a necessidade de mais eventos que ajudassem a pesquisar como seminários. Não promoveu nada além das aulas (EGRESSO 18). 108 Gráfico 9 – Egressos que acreditam na formação de qualidade fornecida pela IES “X” Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010. Em contrapartida, os egressos informaram ter grandes dificuldades no campo profissional, como organização estrutural do sistema educacional, relacionamento interpessoal, acompanhamento dinâmico do movimento da educação, entre outros. Na visão de 24% dos egressos, no entanto, as dificuldades enfrentadas podem, sim, ser atribuídas à qualidade da sua formação. Como Delors (2006) destaca, o desenvolvimento de qualidades como ética, afetividade e aquisição de conhecimentos, outras características ainda podem ser desenvolvidas nos professores durante sua formação, como a paciência, consciência do ser, articulação de conhecimentos, compreensão, sensibilidade, afinidade e a autoaprendizagem. Todas elas necessárias na atuação profissional. De acordo com os egressos, as dificuldades são muitas, inclusive no que se refere à elaboração de projetos, pesquisas, relacionamento com os alunos e resolução de problemas. Nesta análise, surge a necessidade de compreender a visão dos egressos quanto aos aspectos e características relevantes no desenvolvimento das atitudes de um pedagogo. Destaque para alguns comentários. 109 Se ele estiver atuando na área educacional deve se preocupar com a formação do cidadão (Egresso 19). Assim, no momento em que não só a IES “X” conseguir desenvolver em seus formandos todas ou boa parte das características citadas, bem como contribuir para uma formação capaz de mobilizar diversos saberes que abranjam as dimensões humanas, sem dúvida esta instituição estará exercendo sua responsabilidade social para com sua comunidade. 4.4 ANÁLISES DOS RESULTADOS DAS EDUCADORAS TUTORAS A pesquisa com as educadoras envolve (06) questões subjetivas com o objetivo de analisar quais competências e habilidades estão sendo desenvolvidas na formação das novas pedagogas da Instituição “X” na modalidade a distância. No intuito de contribuir para identificação das pesquisadas, as educadoras serão identificadas a partir do mesmo critério estabelecido nos egressos. Ou seja, Educadora 1, Educadora 2 e assim por diante. De acordo com o perfil das educadoras tutoras, a faixa etária é de 32 a 60 anos. As educadoras 1, 3 e 4 possuem formação em Pedagogia e especialização na mesma área, com dois, quatro e cinco anos de experiência, respectivamente, na modalidade a distância. A Educadora 2 possui formação em Letras Vernáculas, não possui especialização e apenas menos de dois anos na EAD. A educadora 5 também possui formação em Letras Vernáculas e mestrado em literatura e diversidade cultural, com 05 anos de experiência na modalidade EAD. Todas as educadoras atuaram apenas na IES “X” neste tipo de modalidade, não possuindo experiência em outra instituição. Considerando assim a experiência das educadoras tutoras na educação a distância, é relevante analisar os aspectos que as mesmas consideram importantes no processo de ensino-aprendizagem neste tipo de modalidade no curso de formação do pedagogo contemporâneo. Diversos aspectos foram citados, como estrutura organizacional da IES, clareza na comunicação, perfil 110 do aluno e do professor, em que este precisa possuir formação condizente com o curso de atuação. De acordo com a Educadora 2, o processo de ensino aprendizagem requer do aluno da EAD não apenas momentos diários de estudo e pesquisa, mas principalmente preciosa atenção que deve ser depositada nas aulas presenciais, pois este será o fio condutor das suas pesquisas. Por outro lado, a Educadora 3 cita a necessidade de criar novos paradigmas por parte dos alunos para que haja um processo de ensino aprendizagem efetivo. Esta ruptura precisa estar condizente com a clareza do processo de comunicação entre aluno e professor. A educadora cita ainda outro ponto fundamental. A oportunidade de transformar seu ambiente de trabalho em laboratório de estudo (quem já atua). A troca de experiência nos encontros e com outras realidades (Educadora 3). De acordo com o PPP da IES, esta objetiva a formação integral da pessoa humana em conformidade com a filosofia educacional da instituição. Desse modo, segundo as Educadoras 1, 3. 4 e 6, o curso de Pedagogia a distância da instituição pesquisada fornece todos os subsídios necessários para uma formação humana e profissional dos alunos devido à “EAD se adequar melhor ao mercado de trabalho” (E1) diante dos compromissos assumidos por todas as partes envolvidas, como o próprio aluno, educador e instituição. Assim, após o estabelecimento dos subsídios para uma formação humana e profissional, a Educadora 1 destaca algumas habilidades que precisam ser desenvolvidas em cursos a distância, como autonomia, autogestão, gerenciamento do tempo e a busca por novos conhecimentos. Contudo, de acordo com as experiências do campo de trabalho, a Educadora 6 enfatiza a grade curricular do curso de pedagogia da IES “X” como insuficiente no desenvolvimento das habilidades necessárias aos profissionais contemporâneos. Isso porque, para a mesma, ainda há excesso de aulas teóricas e ausência de atividades complementares, pesquisas e 111 atividades práticas que conduzam a um processo de desenvolvimento e estímulo à pesquisa e extensão, proposta esta estabelecida no projeto pedagógico da IES. Nesta perspectiva, as educadoras 3 e 4 acreditam que, mesmo seguindo todas as normas instituídas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, ainda há deficiência no currículo, uma vez que o mesmo ainda segue um sistema de distribuição das atividades desatualizados. Outro ponto a considerar é que, para 67% das educadoras, a escolha dos recursos tecnológicos bem como os instrumentos de comunicação auxilia positivamente na construção da aprendizagem do egresso e que, portanto, precisam ser cuidadosamente selecionados, planejados e conduzidos corretamente. O objetivo se deve ao fato de não apresentar falhas no processo de comunicação entre professor e aluno a fim de que não interrompa o processo de construção de saberes e habilidades adquiridos mediante a utilização dos recursos tecnológicos, como também não prejudique a qualidade da formação dos Pedagogos. 112 CONSIDERAÇÕES FINAIS É inegável o crescimento tecnológico e a democratização do acesso ao ensino superior. A educação a distância foi e vem sendo beneficiada pelo avanço da tecnologia e ao mesmo tempo contribuindo para a qualificação dos profissionais que chegam ao mercado de trabalho. A tecnologia proporcionou o retorno da modalidade a distância, porém através de um novo olhar por parte dos educadores, o qual favoreceu o sistema social e pedagógico. Esse novo sistema pautado em objetivos de desenvolvimento econômico foi capaz de conduzir o grande avanço no qual a EAD se encontra inserida. Dessa forma, o estudo aqui analisado e discutido direcionou-se para formação dos Pedagogos contemporâneos concluintes do ano de 2009/2 na modalidade a distância da instituição “X”, com sedes localizadas nas cidades de Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé. O foco da pesquisa debruçou-se sobre análise e identificação das competências e habilidades básicas desenvolvidas para formação profissional, humana e seu impacto na inserção dos egressos no mercado de trabalho da IES “X” EAD. Por este motivo, optou-se por um perfil de egressos que tivessem o tempo mínimo de um ano de formação na área da educação, em especial, da Pedagogia, bem como suas respectivas professoras tutoras que atuaram com os respondentes efetivos e, que dedicadamente acompanharam seus alunos do início ao fim de seu percurso acadêmico. Dentro dessa perspectiva, os cursos da área de educação vêm passando por grandes mudanças, uma vez que novos recursos foram e estão sendo inseridos no processo de formação dos pedagogos. Ou seja, novas conjunturas sociais foram criadas e/ou modificadas através do avanço da tecnologia, que provocou ou contribuiu para o surgimentos de novos paradigmas envolvendo o processo de 113 ensino/aprendizagem do ser humano e ampliando a percepção do pedagogo sobre o indivíduo e a sociedade. Todavia, não se pode esquecer que, atrelado ao desenvolvimento tecnológico e econômico, indivíduos atuam em suas respectivas funções de modo a conduzir o crescimento do País. Baseado neste crescimento e nestes indivíduos, surge a preocupação com o desenvolvimento humano, que neste caso vamos nos deter ao desenvolvimento humano dos profissionais da educação. Acredita-se assim, que o foco central deste estudo tenha sido alcançado, tanto no que diz respeito à análise e identificação das competências e habilidades quanto ao impacto profissional dos egressos da IES “X” 2009/2. Seguindo esta prerrogativa, a formação dos profissionais de educação requer atualmente uma habilidade não só de mediador do processo de desenvolvimento dos alunos, mas sobretudo uma capacidade de gerir a aprendizagem voltada para utilização de mecanismos capazes de fortalecer o sistema de ensino dos indivíduos em seus diversos campos. Por outro lado, como será possível tal profissionalização se as instituições de ensino superior não conduzirem para equivalente formação? Para tanto, é necessário que as IES tenham pleno conhecimento do atual momento histórico pelo qual passa a sociedade, no intuito de produzir profissionais que tenham as capacidades mínimas para atuar no mercado. No entanto, se a academia não possuir um plano pedagógico que contemple em seu currículo objetivos claros e bem definidos quanto à formação desejada para seus egressos, a atuação destes profissionais no mercado de trabalho poderá ser comprometida. Assim, sendo a questão central deste estudo: a análise e a identificação das competências e habilidades básicas desenvolvidas para a formação profissional, humana e seu impacto na inserção dos egressos no mercado de trabalho da IES “X” EAD foi possível descrever a presença de algumas das competências e habilidades identificadas a partir do estudo na formação dos egressos: aquisição de novos saberes; organização cognitiva; ampliação dos saberes filosóficos; desenvolvimento de aprimoramento da linguagem escrita e oral. habilidades interpessoais e 114 No entanto, foi possível identificar ainda inúmeras outras que não foram desenvolvidas na formação dos egressos da turma 2009/2 e constantes no projeto político pedagógico da IES “X”. Tais como: domínio dos processos, meios de comunicação e utilização das tecnologias da informação; compreensão do processo de construção do conhecimento no indivíduo inserido em seu contexto social e cultural. Em face destas ausências de competências e habilidades na formação do Pedagogo contemporâneo urge a revisão estrutural dos pólos de ensino e da proposta pedagógica da IES. Outros fatores foram identificados na pesquisa e que merecem atenção: O estabelecimento de pré-requisitos para ingresso em cursos com modalidade à distância, os quais exigem o domínio das ferramentas tecnológicas e de comunicação. Apesar da maioria dos egressos estar atuando na área de educação o impacto sofrido por estes no campo profissional é de algum desconforto. Isso se dá em virtude da incompatibilidade entre as mudanças sociais e tecnológicas vivenciadas pela sociedade e o tipo de formação que receberam os egressos. A formação de profissionais da pedagogia na modalidade a distância envolve, assim, diversos aspectos que precisam ser considerados. O primeiro deles diz respeito ao contato que deve ser estabelecido com o professor mediante os meios de comunicação instituídos pela própria IES. Na pesquisa esse sistema de comunicação foi identificado como um recurso inoperante e inutilizado por ambos os lados. Tais recursos precisam ser selecionados através de objetivos claros, planejamento estratégico, utilizando-se tecnologia avançada, uma vez que necessitam constantemente de atualização e manutenção. O contato com o professor fortalece não só o sistema de ensino da IES como amplia o conhecimento do indivíduo em formação, de modo que fronteiras possam ser rompidas e capacidades possam ser estimuladas e desenvolvidas no profissional. A ausência deste contato provoca uma baixa credibilidade na instituição. 115 As instituições de ensino superior, desta forma, precisam estar conscientes de suas responsabilidades sociais, uma vez que elas formam os profissionais que atuarão nos diversos ramos da sociedade. Cabe, assim, às mesmas o estabelecimento de rigorosos sistemas tecnológicos que fortaleçam o processo de comunicação entre professor e aluno. O que ficou evidenciado foi a necessidade de intensa fiscalização por parte dos órgãos competentes e superiores com o objetivo de assegurar ao público que frequenta os cursos, nas diversas instituições de ensino superior a distância, uma estrutura mínima que garanta o acesso às tecnologias e a um ensino de qualidade. A fiscalização precisa abranger os polos de ensino que funcionam como ampliação da IES, apesar de possuir um gestão própria, muitas vezes gerenciados por indivíduos sem compromisso com a formação dos acadêmicos, negligentes às questões sociais e banalizadores do sistema de ensino. Portanto, os indivíduos que frequentam instituições de graduação que não oferecem as condições mínimas para sua formação precisam questionar e buscar meios, através de instrumentos e recursos, que garantam sua acessibilidade ao ensino superior de qualidade e sua inserção no mercado profissional, sem que para isso amputem suas capacidades de desenvolver novas habilidades. O presente trabalho não pretende esgotar o assunto em estudo, mas contribuir para o avanço do mesmo, uma vez que há ainda muito a se pesquisar sobre a temática abordada. 116 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Geraldino Carneiro; BARROS, Josilene Garcia de Souza. Um estudo da consciência dos acadêmicos de administração sobre desenvolvimento sustentável. XIX ENANGRAD. Curitiba, PR, 01 a 03 de outubro de 2008. ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. BARRETO, Maribel. A Consciência como recurso para a boa qualidade de vida na pós-modernidade. In: Cadernos de Pesquisa do Núcleo de Filosofia e História da Educação. V. 3, n. 1. Salvador: UFBA/FACED, Programa de Pósgraduação e Pesquisa, 1999. BELEI, Renata Aparecida; PASCHOAL, Sandra Regina Gimeniz; NASCIMENTO, Edinalva Neves; MATSUMOTO, Patrícia Helena Vivan Ribeiro. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. 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