LEILA LIMA DE OLIVEIRA
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA:
Capacidades e Habilidades do Pedagogo Contemporâneo
Salvador – Bahia
2014
LEILA LIMA DE OLIVEIRA
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA:
Capacidades e Habilidades do Pedagogo Contemporâneo
Salvador – Bahia
2014
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Catalogação na Fonte
Oliveira, Leila Lima de.
O048
Educação à distância: capacidades e habilidades do
contemporâneo.[manuscrito]/ Leila Lima de Oliveira. – Salvador, 2010.
pedagogo
138f. : il.; 21cm x 29,7cm.
Printout (fotocópia)
Dissertação (Mestrado Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento
Humano e Responsabilidade Social) – Centro de Pós-Graduação e Pesquisa
Visconde de Cairu, Fundação Visconde de Cairu.
“Orientador: Profº. Dr. Hélio Santos”.
ACADÊMICO MUNDO
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Digitado no Brasil em maio de 2014 pela Revista Acadêmico Mundo
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Tiragem: exemplares
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha irmã, aos meus filhos, esposo e pais que pacientemente me
acompanharam nessa trajetória.
RESUMO
A presente Dissertação tem como tema a Educação a Distância: Capacidades e Habilidades do Pedagogo
Contemporâneo. O objetivo principal do estudo é analisar e identificar as competências e habilidades
básicas desenvolvidas para a formação profissional e humana e os respectivos impactos desses efeitos
na inserção no mercado de trabalho dos egressos da IES “X” (EAD) no ano de 2009/2. O que inquietou a
pesquisadora foi conhecer quais as competências e habilidades desenvolvidas no Curso de Pedagogia
(EAD) de uma IES cuja atividade está focada na região metropolitana de Salvador. Os impactos que
esse tipo de formação tem no mercado de trabalho também marca o questionamento da pesquisa.
A Metodologia utilizada optou por um estudo de caso de uma IES (EAD), mediante uma abordagem
qualitativa exploratória que se utilizou de questionários e de uma entrevista semi-estruturada para
obter e produzir os dados que foram analisados para cumprir o escopo colimado pela Dissertação. O
estudo identificou algumas competências e habilidades desenvolvidas pelo curso analisado, ao mesmo
tempo em que verificou a ausência de outras na formação dos egressos. O estudo demonstrou ainda
que a maioria dos egressos foi absorvida pelo mercado de trabalho. Apesar desse impacto favorável,
observou-se por parte dos egressos algum desconforto quanto ao mercado profissional em virtude da
incompatibilidade entre as mudanças sociais e tecnológicas vivenciadas pela sociedade e o tipo de
formação que os mesmos receberam na IES “X” (EAD).
PALAVRAS-CHAVE: Competências e Habilidades. Formação profissional docente. Ensino à distância.
Curso de Pedagogia.
ABSTRACT
This thesis has as its theme the Distance Education: Capabilities and Skills Educator Contemporary.
The main objective of the study is to analyze and identify the skills and life skills developed for vocational
training and human impacts of these and their effects on the labor market insertion of the graduates
of HEIs “X” (EAD) in the year 2009 / 2. What disturbed the researcher was to understand which skills
and abilities developed in the Course of Pedagogy (EAD) of an HEI whose activity is focused in the
metropolitan region of Salvador. The impacts that such training has on the labor market also marks
the questioning of the research. The methodology used has chosen a case study of an IES (EAD),
through an exploratory qualitative approach that utilized questionnaires and a semistructured interview
for obtaining and processing the data were analyzed to meet the scope collimated by Dissertation.
The study identified some skills and abilities developed by the course examined, while it noted the
absence of further training of graduates. The study also demonstrated that the majority of graduates
has been absorbed by the labor market. Despite this favorable impact was observed by the graduates
some discomfort about the job market due to the mismatch between the technological and social
changes experienced by society and the type of training that they received in the IES “X” (EAD).
KEY-WORDS: Competencies and Skills. Vocational education teacher.
Distance learning. Course Pedagogy.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Faixa etária dos egressos da IES (X) .................................................................................
100
Gráfico 2
Raça declarada dos egressos da IES (X) ...........................................................................
101
Gráfico 3
Egressos inseridos no mercado de trabalho da IES (X) ....................................................
102
Gráfico 4
Atuação dos egressos na área de formação da IES (X) .....................................................
103
Gráfico 5
Domínio dos egressos da IES (X)sobre as ferramentas da informática ............................
104
Gráfico 6
Causas que definiram a escolha por um curso EAD .........................................................
105
Gráfico 7
Avaliação dos egressos quanto à qualidade do material fornecido pela IES “X” .............
110
Gráfico 8
Satisfação dos egressos quanto à disponibilização dos recursos tecnológicos de
comunicação pelos polos ...................................................................................................
110
Gráfico 9
Egressos que acreditam na demonstração de interesse da IES (X) para sua formação .....
111
Gráfico 10
Egressos que acreditam na formação de qualidade fornecida pela IES (X) .....................
112
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Sistema Estrutural da Educação à Distância .....................................................................
34
Figura 2
Síntese do Processo de Formação da Aprendizagem em Rede Grade ..............................
41
Figura 3
Grade Curricular da IEX “X” ............................................................................................
90
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EAD
Educação à distância
DH
Desenvolvimento Humano
RS
Responsabilidade Social
IES
Instituição de Ensino Superior
LDB
Lei de Diretrizes e Bases
LDBEN
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação e Cultura
PCN
Parâmetros Curriculares Nacionais
PPP
Projeto Político Pedagógico
PDI
Plano de Desenvolvimento Institucional
RCN
Referenciais Curriculares Nacionais
SAE Serviço de Atendimento ao Estudante
SAT
Serviço de Atendimento ao Tutor
SGE
Sistema de Gestão Educacional
TIC´s
Tecnologias da Informação e Comunicação
Unesco
Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a
cultura
DCN
Diretrizes Curriculares Nacionais
CNE
Conselho Nacional de Educação
IQCGD
Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação à distância
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................... 19
1.1 UM BREVE HISTÓRICO DA EAD ..................................................................... 19
1.2 DESENVOLVIMENTO HUMANO E EDUCAÇÃO .............................................. 21
1.3 A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEUS
PARADIGMAS ....................................................................................................... .. 28
1.4 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ............................................. 39
1.5 A EAD O CENÁRIO PROFISSIONAL ................................................................. 43
1.6 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A EAD........................................................ 48
2 EDUCAÇÃO SUPERIOR E O CURSO DE PEDAGOGIA .................................... 54
2.1 BREVE HISTÓRICO DO CURSO DE PEDAGOGIA NO BRASIL. ..................... 54
2.2 O SISTEMA DE PARADIGMAS E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO ................ 56
2.3 A ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL À DISTÂNCIA DO PEDAGOGO .............................. 62
2.4 O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO À DISTÂNCIA DO PEDAGOGO ................... 70
2.5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PEDAGOGOS ....................................... 73
2.6 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO CONTEMPORÊNEO ................. 79
3 O ESTUDO DE CASO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR “X” ............. 84
3.1 CARACTERIZÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR “X” ................. 84
3.2 O CURSO DE PEDAGOGIA EAD DA INSTITUIÇÃO “X” ................................... 85
3.3 A PESQUISA ...................................................................................................... 93
3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 94
3.3.2 POPULAÇÃO E TAMANHO DA AMOSTRA .................................................... 97
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ................................................... 99
4.1 CATEGORIA GERAL ........................................................................................ 100
4.2 CATEGORIA CURSO ....................................................................................... 104
4.3 CATEGORIA INSTITUCIONAL ......................................................................... 109
4.4 CATEGORIA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ................................................... 111
4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS EDUCADORAS TUTORAS .................... 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 116
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120
APÊNDICES ........................................................................................................... 126
ANEXOS ................................................................................................................. 132
13
“Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?”
(MORIN, pg. 17, 2008).
14
INTRODUÇÃO
O advento da tecnologia proporcionou um grande crescimento ao País
nos diversos ramos. A educação é uma delas, pois a tecnologia pode
proporcionar melhores mecanismos de aprendizagem. Surge, assim, a
educação a distância (EAD), cuja principal perspectiva é de democratizar o
ensino e proporcionar melhores oportunidades de desenvolvimento aos
indivíduos que ainda não tiveram chance de ingressar no nível superior.
A atual conjuntura social e o momento tecnológico em que se vive
levam-nos a questionar como os profissionais da Pedagogia estão sendo
preparados no ensino EAD principalmente, para atuarem no mercado de
trabalho e lidar com os indivíduos do futuro numa era em que a informação
tecnológica assume significativo papel na vida social dos alunos e professores.
O Pedagogo é um dos principais profissionais responsáveis por uma formação
que visa, epistemologicamente, à contemplação de todas as dimensões do ser
humano de modo a gerir gerações que tenham seus princípios pautados em
novas exigências da atual conjuntura social.
Pois bem, acreditando que a educação promove relações profundas com
a sociedade e é um dos principais recursos para conceber a qualidade do
processo social instaurado, é necessário que se dê uma devida importância às
competências e habilidades trabalhadas e desenvolvidas no processo de
formação à distância dos Pedagogos. Isso porque acredita-se que esta
formação deva atender todas as expectativas de um ensino voltado para a
qualidade e a preparação de profissionais capacitados que sejam aprendizes
constantes, conscientes da importância da tecnologia e com pleno domínio das
ferramentas de aprendizagem.
Diante de tal justificativa, o objetivo principal deste estudo é analisar e
identificar as competências e habilidades básicas desenvolvidas para a
formação profissional, humana e seus impactos na inserção dos egressos no
mercado de trabalho da IES “X” EAD. Caracterizam-se como objetivos
secundários a análise da formação do Pedagogo da EAD e seu impacto no
cenário profissional, a identificação das competências e habilidades que devam
15
ser estimuladas na proposta pedagógica da IES de modo a promover o
desenvolvimento humano e social do Pedagogo contemporâneo além de
conhecer as principais características da IES “X” e sua proposta pedagógica
para formação de seus Pedagogos.
Desta forma, o estudo em questão tornou-se tema de interesse a partir
de experiências compartilhadas no interior do ambiente profissional na
modalidade à distância. É sabido que a EAD se utiliza de diversos recursos
tecnológicos para atingir os seus objetivos, sejam eles cognitivos, teóricos ou
práticos. Portanto, na tentativa de realizar uma análise discursiva sobre o tema,
serão adotados aspectos fundamentais do ponto de vista histórico, filosófico,
sociológico, econômico e cultural a fim de facilitar a compreensão sobre a
importância do tema em estudo.
A legislação através do Decreto 2494/98 Art. 1º conceitua a educação a
distância como uma forma de “[...] ensino que possibilita a auto-aprendizagem,
com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação.” Nessa perspectiva, existe
uma constante inquietação: quanto e de que forma contribuir para uma
formação integral que para Barreto (2005) representa “uma educação que se
dirija à totalidade do Ser Humano, e não apenas a uma ou outra de suas
dimensões; ou a um dos seus níveis” (p. 69) e que ao mesmo tempo promova
o desenvolvimento humano (DH) das pessoas através da EAD. Por este
motivo, questiona-se: quais as competências e habilidades desenvolvidas para
formação profissional e humana no curso de Pedagogia (EAD) da IES “X”?
Questiona-se ainda quais os impactos no mercado de trabalho destes
egressos?
Diversos autores, como Delors (2006), acreditam numa interação entre a
tecnologia e o ensino, bem como na capacidade de cada indivíduo em lidar
com os saberes que ambos podem proporcionar. No entanto, Mattar citado por
Litto e Formiga (2009) advertem para o modelo de ensino em EAD, visto que
esta modalidade ainda pode estar sendo produzida baseada em sistemas
ultrapassados e com o conhecimento pautado apenas na imagem do professor,
e não nas suas interações, a exemplo de vídeo aulas.
16
No Brasil, a modalidade de educação a distância obedece às mesmas
leis e normas do ensino presencial. Isso porque a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) da educação nacional regulamenta que a EAD deve seguir os mesmos
trâmites dos cursos presenciais e estabelece ainda os indicadores de qualidade
para tal modalidade. O Decreto N.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que
regulamenta o Art. 80 Lei n.º 9.394/96 da LDB em seu inciso sexto, chama a
atenção quanto
[...] ao atendimento aos padrões de qualidade na modalidade
EAD o que comprova a necessária atenção quanto à formação
das propostas curriculares de cursos para formação de
profissionais na área da educação, principalmente na utilização
dos recursos tecnológicos disponibilizados (BRASIL, 1996).
Diante disso, os futuros profissionais da área de educação precisam
compreender todos os processos evolutivos e cognitivos a que eles mesmos
são submetidos com o objetivo de desenvolver habilidades necessárias para
uma tomada de consciência e transformação deste cenário. A necessidade de
uma educação integral não deve fazer parte apenas dos discursos acadêmicos
na modalidade de ensino presencial, é preciso analisar e compreender como a
Educação a distância está introduzindo estas temáticas em seu currículo nos
cursos de graduação em Pedagogia.
Faz-se necessário, então, um diálogo entre o curso superior e o currículo
de Pedagogia perpassando pelas suas raízes, diferenciando o currículo
alienado do consciente e descrevendo o modelo educacional a distância no
cenário educativo atual como possível impulsionador para o autogerenciamento
da aprendizagem através da utilização dos indicadores de qualidade, alem de
identificar a relação teórico-prática para uma formação integrada do profissional
oriundo da EAD. A descoberta de novas práticas de construções auxilia o
desenvolvimento de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas
nos cursos de Pedagogia, expandindo o ambiente de aprendizagem flexível
para além dos simples conceitos.
17
Ou seja, é preciso objetivar a formação de uma cultura de Pedagogos
sociais em que todos tenham uma importante ação para construir. É um ponto
de grande relevância para a sociedade. Dessa forma, ações como estas
ocasionam mudanças de paradigmas e demonstram a importância da
colaboração da tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem.
Nessa perspectiva, as dimensões da inteligência cognitiva e da moral
devem ressignificar o currículo através de uma proposta teórico-prática de
aprendizagem para contemporaneidade e promover uma discussão sobre as
ações
do
modelo
EAD
que
ocasionem
numa
contribuição
para
o
desenvolvimento sustentável dos seres humanos, conforme indica a LDB em
seu artigo IV e identifica a mesma como uma matriz de transformação social e
inclusão. Para tanto, a interação entre educador e educando é de fundamental
importância para uma relação produtiva de conhecimentos.
Assim, a importância dessa pesquisa enfatiza-se pela necessidade de se
buscar uma formação profissional onde os educadores estejam conscientes de
suas habilidades e competências para atuar no cenário atual diante das
dificuldades apresentadas pelos alunos, além da qualificação e legitimação do
Ensino Superior a distância, principalmente no curso de Pedagogia. Dessa
forma, a contribuição dos autores Delors, Sem, Comênius, Castelle, Litto e
Formiga, Olson e Torrance, Morin, Lévi, entre outros foi extremamente
importante para consolidar este estudo. Suas bases teóricas permeiam áreas
da educação, social e administrativa que, à luz da ciência, tornam possível uma
compreensão sobre as reais formas para se construir uma rede de
responsabilidades
sociais
educacionais,
onde
seus
agentes
atuem
positivamente para uma sociedade mais sustentável.
O presente trabalho é um estudo de caso que pretende esclarecer,
teoricamente, com o suporte de uma revisão bibliográfica de cunho
exploratório, a intrínseca relação entre a EAD e a formação profissional do
Pedagogo.
Para que os objetivos colimados tenham êxito, a estrutura do trabalho
divide-se em quatro capítulos: o primeiro abrange a educação a distância e a
formação do profissional oriundo desta modalidade de ensino. O segundo
capítulo analisa a educação superior e o curso de Pedagogia realizando um
18
estudo sobre as competências e habilidades dos profissionais da educação,
seu desenvolvimento humano, bem como uma avaliação da proposta
pedagógica do curso de Pedagogia da IES. O terceiro caminho dialoga sobre o
estudo de caso da IES “X” e a pesquisa desenvolvida. O quarto e último
capítulo busca discutir os resultados adquiridos através da pesquisa.
19
CAPÍTULO 1
1 A
EDUCAÇÃO
A
DISTÂNCIA
E
A
FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
O
grande
avanço
da
tecnologia
proporcionou
um
assustador
crescimento em todos os ramos da sociedade. A educação é o principal
segmento atingido pela mesma. Todavia, novas formas de comunicação foram
e vêm sendo concebidas resultando numa série de comunidades, sejam elas
interativas ou não. Até mesmo as comunidades tradicionais já não são as
mesmas com a presença da tecnologia.
1.1
UM BREVE HISTÓRICO DA EAD
O termo comunidade on-line é definido como sendo uma rede
persistente e sustentável. Matta (2009, p. 34-35) define uma “[...] comunidade
de prática como sendo qualquer associação entre sujeitos seja de forma
presencial ou digital”. E-learning, segundo Rosenberg (2002) citado por
Buttingnon, Silva e Garcia (2002, p. 07), “[...] refere-se à utilização das
tecnologias da Internet para fornecer um amplo conjunto de soluções que
melhoram o conhecimento e o desempenho”. É possível deduzir, então,
através dos diferentes conceitos tecnológicos, que a Educação a distância
(EAD) é a comunicação entre sujeitos digitais de forma a definir uma rede de
aprendizagem individual, coletiva e sustentável.
A EAD, de acordo com Alves (2009), surgiu na década de 70 com a TV
educativa, apesar de constar registros no ano de 1961 na antiga LDB, e já com
sucesso no que se refere a seus primeiros investimentos no que diz respeito às
políticas públicas. A educação a distância coorporativa foi a pioneira no Brasil
(ALVES apud BUTTIGNON, SILVA E GARCIA, 2002). O histórico desta
20
modalidade segue ainda com cursos via correspondência, rádio, cinema até o
mais conhecido hoje, o computador.
Todavia, segundo o mesmo autor, só em 1996, através da atual LDB
9.394, regulamenta-se a utilização da EAD em diferentes níveis de ensino,
favorecendo a expansão da educação a distância no ensino superior, cujo
principal objetivo é o de “[...] revolucionar as políticas de recursos humanos”
(NISKIER, 2009, p. 31). A partir daí o MEC desenvolve os Indicadores de
Qualidade para cursos de graduação a distância com o objetivo de orientar a
qualidade dos projetos
institucionais,
instrumento significativo
para a
autorização dos cursos. Hoje, os cursos ofertados na modalidade EAD para
formação de professores constituem-se a maioria no Brasil (BUTTIGNON;
SILVA; GARCIA, 2002).
O processo de discussão através dos indicadores de qualidade da EAD
não para por aí, pois surge, como revelam os autores, a proposta de
desenvolver a universidade aberta seguindo o modelo da Open University da
Inglaterra. Muitos esforços foram embutidos, em vão. Recentemente, em 1996,
a Universidade Aberta ganhou destaque no cenário brasileiro através do
Decreto nº 5.800/06 do MEC, o qual institui a Universidade Aberta na
modalidade EAD, mas com padrões um tanto diferenciados da universidade
acima, pois se centralizou em cursos de formação continuada e ao aumento de
acessos aos cursos de nível superior para professores (LITTO, 2009).
Bem, esse histórico foi para demonstrar que a Educação a distância não
é tão nova quanto parece. Pelo contrário, esta modalidade de ensino vem há
muito tentando ganhar cada vez mais novos mercados e novos adeptos. A
evolução foi grande no que se refere aos recursos tecnológicos utilizados pela
mesma.
Não se pretende aqui descrever o processo histórico da educação a
distância, uma vez que este não se configura como objetivo, e por já existir um
grande acervo que se dedica a tal explanação. Desse modo, apenas fixaremos
nas contribuições e dificuldades enfrentadas por esta modalidade de ensino na
formação dos novos profissionais da área de educação.
21
Comungando com Gouvêa (2006), que se refere à educação a distância
como um vasto campo de possibilidades a milhares de recursos técnicos e
humanos, que utilizarão ou já a utilizaram de sua tecnologia beneficiando-se de
sua política inovadora, constitui-se referência para estudos mais aprofundados.
Isso porque a EAD constitui-se um sistema que necessita e forma
competências.
Nessa linha, a educação a distância, de fato, caracteriza-se como um
sistema derivado da tecnologia. Seu surgimento tem possibilitado uma revisão
nos conceitos epistemológicos, filosóficos e até mesmo tecnológicos. Isto
posto, uma nova visão de sujeito se forma, baseado em novos princípios
holísticos que resultam num desenvolvimento social mais político, levando,
portanto, a reflexões mais empíricas e teóricas, e não puramente tecnicistas
(SANTOS; ALVES, 2006).
Dentro dessa nova percepção, surge o sistema de Universidade Aberta
do Brasil, que propõe a democratização do acesso ao ensino superior em todos
os municípios brasileiros (KIPNIS, 2009). Inicialmente, segundo relato do autor,
este movimento surgiu em 1980 no Nordeste, depois adotado por Brasília. Não
demora muito para o governo federal homologar o projeto da UAB
(Universidade Aberta do Brasil) em todo o território brasileiro. A partir de 1990,
aos poucos, a educação a distância é disseminada no País através da
utilização dos recursos tecnológicos de informação e comunicação.
Assim, o que se pretende discutir é a evolução ocorrida na Educação a
distância no ensino superior, em suas instituições, no que concerne às práticas
cognitivas de aprendizagem e à formação das competências e habilidades dos
novos profissionais da educação, neste caso, o Pedagogo egresso e seus
impactos no cenário profissional.
1.2
DESENVOLVIMENTO HUMANO NA EDUCAÇÃO
É inegável o grande avanço econômico e tecnológico que o Brasil vem
desenvolvendo nos últimos anos. Seu crescimento surpreende se analisarmos
dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que
22
classifica o Brasil com elevado índice de desenvolvimento humano, nas últimas
décadas.
No entanto, dentro dessa análise, é possível questionar se a educação a
distância tem contribuído realmente para o desenvolvimento humano e social
dos profissionais de Educação.
Assim, como acredita Makarenko (1935)1 quando publicou seu poema
pedagógico, está nas “mãos” do processo educativo a oportunidade de
desenvolvimento que é almejada por muitos indivíduos e que esperam nela a
oportunidade profissional para promover ações que resultem em efetivas
atitudes colaborativas e com grande avanço social.
Pois bem, sabe-se que o crescimento do Brasil, a partir de sua
descoberta até o início do século XIX, teve como seu principal recurso o
trabalho escravo dos negros, em que estes eram obrigados a ceder sua mãode-obra para o desenvolvimento do País. “Os negros, inicialmente, ajudaram a
edificar
e possibilitaram a base material do desenvolvimento; não só da
América, mas sobretudo, da Europa” (SANTOS, 2006, p. 461).
Nesta época, o termo desenvolvimento era visto de forma unicamente
atrelada ao trabalho braçal, que resultasse em crescimento econômico. Os
teóricos eram vistos como profissionais que tinham como objetivo conduzir as
classes menos favorecidas em suas labutas e na gestão das áreas políticas e
econômicas. Ou seja, o materialismo de Marx era o fio condutor da sociedade.
Para ele, o homem tornou-se um fragmento em que só seria possível utilizar
algumas partes de seu corpo e separadamente (GHIRALDELLI, 2010).
Contudo, quando se fala em desenvolvimento hoje, o mesmo vem
atrelado a questões distintas de tempos atrás. Atualmente, a palavra educação
já vem atrelada ao termo. Neste caso, educação vista por um ângulo que
envolve o contexto humano e social. Porém, o estudo inicia-se com uma
pequena análise sobre a terminologia desenvolvimento que, segundo a
UNESCO (1994), assume uma dimensão onde o ser humano é a própria
origem, ator e fim (NANZHAO, 2006).
1
Educador soviético, autor da obra Poema pedagógico criada após a Revolução Russa,
incentivou jovens órfãos a serem seus próprios projetos.
23
Historicamente, o termo desenvolvido fazia referência a indivíduos ou
países financeiramente equilibrados. As formas de aquisição de suas riquezas
provinham muitas vezes de serviços escravos. Segundo Santos (2003), no
último século o Brasil foi um dos países que mais crescimento teve, apesar de
andar na contramão a inclusão das pessoas mais pobres no patamar desta
evolução.
Com a chegada e o avanço da tecnologia, é muito grande a perspectiva
que se tem de equilibrar tais desníveis de acesso à informação e ao
conhecimento que, segundo Castells (1999), são produtos do desenvolvimento.
Como a tecnologia ganhou muito espaço, o termo desenvolvimento
passou a ser relacionado não só a acúmulo de riquezas ou de mercados, mas
principalmente à aquisição de novas tecnologias e informações capazes de
produzir conhecimentos. Assim, o termo desenvolvimento passou a ser
atrelado também a este novo período informacional no qual nos encontramos.
Castells é um dos teóricos que faz uma análise do termo desenvolvimento na
era da informação.
No novo modo informacional de desenvolvimento, a fonte de
produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos,
de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Na
verdade, conhecimento e informação são elementos cruciais em
todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo
sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no
processamento da informação. Contudo, o que é específico ao modo
informacional de desenvolvimento é a ação de conhecimentos sobre
os próprios conhecimentos como principal fonte de produtividade
(CASTELLS, 1999, p.53-54).
Dessa forma, percebe-se que ao longo da história a palavra
desenvolvimento sempre esteve de alguma forma atrelada a bens materiais, ao
crescimento individualizado e ao uso que se faz do conhecimento que se
obtém através da informação que se adquire na sociedade, seja de um
indivíduo ou um país.
A qualidade do desenvolvimento, assim, pode até mesmo ser
determinada pela qualidade informacional que se obtém tanto num ambiente
formal quanto informal. É neste ponto que se encontra um grande debate
24
quanto às questões conceituais e éticas que cercam o termo desenvolvimento.
Percebe-se que, aos menores olhares, a sociedade sofre uma crise conceitual
sobre os valores necessários para uma qualidade de vida em níveis de
desenvolvimento.
Assim, Santos e Alves (2006), citam a crise de significados e valores
instituída na sociedade e as mudanças de conceitos fundamentais como
importantes e necessárias no processo de transformação educacional e social.
Da mesma forma, Warman e Wormann (1993, p. 36) acreditam que “[...] a
solução de nível intermediário, que parece estar sendo universalmente
proposta para essa crise, é a educação”.
Isto posto, o termo desenvolvimento ganhou há pouco tempo nova
conceituação e com ele fomentou e vem proporcionando o surgimento de
novos paradigmas na sociedade.
A educação passou a se tornar grande
cúmplice das formas de se promover o desenvolvimento, tanto individual como
coletivamente. Todavia, são assumidas várias conceituações para o termo
desenvolvimento. Aqui, considerar-se-á o desenvolvimento humano.
Para Sen (2000) e Cury (2002), desenvolvimento relaciona-se
diretamente com liberdade. Liberdade para as pessoas. Ou seja, Liberdade
para se ter os bens mais simples e necessários, mas que possam possibilitar
chances reais de evolução material, espiritual, humana e social. As
possibilidades de acesso a bens públicos como saneamento, educação e
oportunidades
econômicas,
para
o
autor,
é
a
melhor
forma
de
desenvolvimento. A escolha e o acesso dos indivíduos a estes bens
constituem-se como liberdade. E é esta liberdade que se configura como
desenvolvimento.
O Relatório de Desenvolvimento Humano (2009) do PNUD considera,
igualmente a Sen, a liberdade enquanto um dos principais objetivos do
desenvolvimento,
pois
terá
esta
liberdade
capacidade
de
promover
oportunidades aos indivíduos de se deslocarem. “Por outras palavras, poder
deslocar-se é uma dimensão da liberdade que faz parte do desenvolvimento –
com valor intrínseco, assim como potencialmente instrumental” (PNUD, 2009,
p. 15).
25
Um dos principais deslocamentos que se pode considerar a ser
realizado pelos indivíduos, profissionais e organizações como um todo em
busca do desenvolvimento humano, social e cultural é a educação e suas
formas de atuação na sociedade.
Através dos processos educativos, de ensinar como um todo embutido
dentro das organizações educacionais e profissionais, é que podemos
encontrar seu real objetivo de integrar as formas de aprendizagem à vida, bem
como a transformação de conhecimentos, a ética refletida em ações de modo a
contribuir para a totalidade. O ser humano imbuído desta totalidade trará
consigo a consciência necessária para provocar mudanças no molde como as
pessoas se relacionam com seu meio profissional, pessoal e intelectual, além
de outras dimensões, bem como atesta Warhol citado por Veen (2009, p. 09.): “
[...] dizem que as coisas mudam com o tempo, mas é você que, na verdade,
tem de mudá-las.”
É este ser que terá condições reais de provocar
transformações no ambiente em que vive (MORAN, 2000).
Para Moran, a educação representa muito mais que isso:
Uma das tarefas principais da educação é ajudar a desenvolver tanto
o conhecimento de resposta imediata como o de longo prazo; tanto o
que está ligado a múltiplos estímulos sensoriais como o que caminha
em ritmos mais lentos, que exige pesquisa mais detalhada, e tem de
passar por decantação, revisão, reformulação. Muitos dados, muita
informação não significam necessariamente mais e melhor
conhecimento. O conhecimento toma-se produtivo se o integramos
em uma visão ética pessoal, transformando-o em sabedoria, em
saber pensar para agir melhor (MORAN, 2000, p. 06).
Este conhecimento citado pelo autor deve ser capaz também de
modificar o indivíduo e promover o autodesenvolvimento. Para Delors, “Um dos
principais papéis reservados à educação consiste antes de mais, em dotar a
humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento” (2006,
p. 82). Na visão das autoras Durante e Teixeira (2008), o autodesenvolvimento
refere-se também ao autoconhecimento, em que o indivíduo tem a
possibilidade de evoluir suas potencialidades e valores.
26
O autodesenvolvimento incentiva o ser humano a buscar e nutrir
mudanças em si próprias, afastando-o da adaptação ao meio em que
está inserido. Desta maneira, os processos de desenvolvimento e
autodesenvolvimento canalizam constructos que consistem em dar
condições e proporcionar ao sujeito a criação de novos pensamentos,
construindo sua própria forma de pensar e agir, de aprender, e,
sobretudo, transformar-se (DURANTE; TEIXEIRA, 2008, p. 02).
Todavia, é de conhecimento de todos que a educação não vem
avançando muito em suas ações. Muitos conflitos sociais são gerados diante
da ineficiência educacional de seus países, que acabam também por não
possuir uma cultura que favoreça a formação humana e social de seus
indivíduos (BERTERO, 2010). Cada pessoa passa a agir isoladamente em seu
grupo sem que se crie com isso uma rede de ações desenvolvimentistas. O
resultado deste cenário é um povo desiludido em suas perspectivas de vida.
contudo, todo e qualquer indivíduo é de extrema importância para o processo
de desenvolvimento da sociedade.
A indagação de Lorenz citado por Braz (1996) sobre o provérbio chinês
de que cada ser humano pode ser comparado a uma borboleta, representa
bem a função de cada indivíduo perante a sociedade, onde a mudança deve
fazer parte do cotidiano social e humano de modo a responder e demonstrar os
resultados que deverão ser obtidos com nossas ações.
Contudo, estas mudanças precisam ser realizadas por todos de modo a
formar ciclos que interajam constituindo ações onde estas sempre estejam em
constantes transformações (BRAZ, 2006). Para tanto, é necessária uma
consciência diante dos fatos gerados pelos indivíduos, e onde estes tenham
condições de perceber as diferentes formas de possibilidades na geração de
novas ações capazes de produzir novas gerações de ciclos modificados.
Este é um dos maiores desafios. Fazer com que este ciclo tenha
condições reais de gerar um desenvolvimento sustentável tão sonhado por
todos e igualmente uma sociedade sustentável. Segundo Lester Brown, do
Worldwatch Institute, “Sociedade Sustentável é aquela que satisfaz às suas
necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras” (BROWN
apud CAPRA, 1993, p. 212).
27
Ao mesmo tempo será ele o responsável por produzir novas condições
de cidadania aos indivíduos provocando grandes mudanças na sociedade, de
modo a repercutir em novos moldes culturais e que modifique de forma real o
estilo de administração dos meios educacionais com grandes reflexos no ramo
social (BERTERO, 2010).
Na visão de Bertero (2010), no momento em que são produzidas novas
formas culturais de cidadania na sociedade, ao mesmo tempo as organizações
se amadurecem e passam a possuir melhores meios para transformar seus fins
em “produtividade saudável” para a comunidade à qual pertencem.
Desse modo, a educação é o principal pilar na busca por esse nível de
desenvolvimento. Apenas ela fornece os subsídios necessários capazes de
revolucionar qualquer sistema. Assim, é imprescindível concordar com os
autores Warman e Wormann quando afirmam que:
Nós os homens, desenvolvemos uma capacidade tecnológica para
fazermos tudo o que desejarmos; poderemos a partir de agora
adquirir a aptidão correspondente para escolher com sabedoria para
fazer aquilo que deve ser feito? (WARMAN; WORMANN, 1993, p. 36)
E para que os cidadãos possam ter condições de fazer o que é
necessário, é preciso que a democracia atue firmemente na sociedade. E até
mesmo para que esta democracia funcione como se deve, a educação é sua
principal cúmplice, pois se a “[...] educação não pode tudo, alguma coisa
fundamental a educação pode” (FREIRE, 1996, p. 112.).
Isso porque, à
proporção que cresce o conhecimento técnico, reduz a capacidade
democrática de saberes (MORIN, 2007, 2008). E quem pensar que a educação
não seja capaz de mudar os rumos de uma sociedade, provavelmente não
possui capacidades para gerir qualquer grupo, por menor que ele seja.
Diante do todo exposto, faz-se necessário um melhor entendimento
sobre a formação social do homem e seus aspectos de hominização. Seus
níveis de formação são extremamente necessários para a elaboração de
teorias e realização de práticas mais conscientes. Isso se deve ao fato de
muitas vezes apontarem-se regras, sistemas e até outros indivíduos como
causadores de nossas próprias indiferenças, quando na maioria dos casos
28
esquecemos que sempre estamos no centro dos problemas e das possíveis
soluções.
Assim, considerar o ser humano e seus processos de formações e
autoformações é muito importante para o desenvolvimento de uma consciência
humana, social e política de qualquer sociedade.
A nova formação de professores, no entanto, precisa contemplar a nova
geração de indivíduos. Esta nova geração é conhecida como Homo Zappiens2,
possui características tecnológicas e convivem com a tecnologia numa
plataforma mais elevada que a geração anterior; necessita, portanto, aprender
utilizar os recursos técnicos e conciliá-los à sua vida pessoal e profissional
(VEEN, 2009). Uma geração educando outra.
Não há, dessa forma, como não se preocupar com uma formação de
professores que tenham consciência do seu público e priorizem uma formação
alicerçada nas características e perfis da nova geração, de modo que ocorra
sintonia entre as competências dos que ensinam e qualidade de ensino para os
que aprendem. O resultado de um equilíbrio como este não poderia ser outro
senão o desenvolvimento em todas as suas dimensões. Para Capra (1993),
essas dimensões contemplam um novo paradigma, cuja visão de mundo está
sob uma ótica holística onde prevaleça a saúde como um todo do ser humano.
1.3 A EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEUS
PARADIGMAS
Existem diferenças entre a educação a distância e a educação
presencial? Respondendo a esta indagação acredita-se que ambas as
modalidades devem seguir iguais vertentes uma vez que as mesmas possuem
os mesmos objetivos: formar cidadãos.
Pois bem, acreditando que sendo qual for o tipo de modalidade
educacional adotada ela terá sempre o mesmo objetivo, o de se preocupar com
2
É um processador ativo de informações, resolve problemas de maneira muito hábil, usando
estratégias de jogo, e sabe se comunicar muito bem (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 12).
29
o processo de formação dos indivíduos. Nesta perspectiva, para Gomes
(2009), educação a distância é antes de tudo Educação e, portanto, deve
seguir as mesmas exigências da educação presencial. O autor acredita que
não há a necessidade de se diferenciar qualquer modalidade que seja de
ensino, pois ambas possuem a mesma finalidade, que é a de produzir
aprendizagens de forma sustentável. E a sustentabilidade profissional só é
conseguida através de uma formação de qualidade que atenda as expectativas
do mercado de trabalho.
A estabilidade no campo profissional é atribuída, segundo Minarelli
(1995), ao indivíduo que soluciona problemas através das competências
adquiridas. Ou seja, como a educação a distância continua sendo educação, é
preciso estabelecer novas percepções acerca do ensino (VERSUTI, 2004).
Assim, a EAD proporciona inúmeras contribuições, pois
A mesma minimiza ou erradica as limitações de acesso às
universidades, diversifica e amplia a oferta de cursos e ainda
atende as expectativas sociais, do mercado de trabalho e dos
indivíduos. Outra vantagem da educação a distância é que
possibilita a superação da prática tradicional do ensino,
deixando de ser centrado no processo do ensino para focar na
aprendizagem. Os docentes necessariamente precisam ser
pessoas sensíveis aos problemas educacionais, desenvolver
habilidades e se capacitarem para planejar, produzir, desenhar,
implantar e, o mais importante, orientar aos discentes a
aprender a aprender, em suma, eles devem ser
multidisciplinares, abandonando o papel de transmissor para se
transformar no mediador, facilitador e gestor de pessoas.
(ROCHA apud ARAÚJO, 2008, p. 63).
No entanto, para que esses indivíduos sejam capazes de adquirir
competências, é necessário um grande investimento no ramo educacional, e
este não é um problema nacional, mas sim mundial. Décors (2006) acredita
que todo investimento neste campo é fundamental a fim de se evitar
marginalização e aumentar as possibilidades de acesso aos níveis de
educação, bem como multiplicar o conhecimento entre as diversas raças de
diferentes países e garantir a aquisição de competências de forma mais igual.
Contudo, o autor ressalva que os países em desenvolvimento e a raça negra
são os mais prejudicados e, portanto, merecem maior atenção.
30
Assim como Santos (2003) cita a harmonia como necessária a “tudo 3”
que faz referência às questões raciais, a mesma deve também ser adotada
entre os parâmetros do ensino superior pela EAD e o processo de
aprendizagem dos graduandos de tal modalidade, uma vez que o número de
adeptos da educação a distância deve ser superior às demais raças. Ao
relacionar a EAD aos afro-descendentes, nenhum equívoco acontece, isso
porque ambos sofrem igualmente em alguns aspectos, mesmo com os avanços
da modernidade. O preconceito é o principal deles. Aliás, Sen (2000) também
acredita que os preconceitos e as atitudes políticas econômicas tradicionais
precisam de uma grande revisão. Do mesmo modo, o autor Niskier relaciona o
preconceito ao mundo acadêmico.
Fala-se em Universidade pós-moderna, mas nossos homens de
pensamento ainda são tímidos no reconhecimento da existência de
uma cultura pós-moderna, amparada pelos recursos da era do
conhecimento. Ela seria forte e de grande abrangência, permitindo
que a diversidade regional ganhasse mais espaço, preservando as
raízes da identidade nacional. Isso na literatura, na música, no
teatro, no folclore, entre outros (NISKIER, 2009, p. 28).
Seguindo a linha teórica do autor, a cultura pós-moderna deve
proporcionar também uma real democratização do ensino que há muito se
anseia, pois as classes menos favorecidas sempre foram e continuam sendo
as mais prejudicadas pela falta de oportunidades. A educação a distância,
então, se identifica por este propósito: possibilitar a democratização do ensino.
No entanto, como a EAD sempre sofreu com os preconceitos sociais,
[...] a sociedade se acostumou a olhar para a EAD como uma
educação de segunda categoria, a ser utilizada especialmente por
aqueles que não tiveram oportunidade de uma educação melhor, a
educação presencial convencional. A linguagem e o formato dos
programas de EAD através de correspondência, do rádio e da
televisão mostravam que eles estavam dirigidos para as pessoas
menos alfabetizadas da sociedade, para os excluídos do sistema
educacional convencional” (BUTTIGNON; SILVA; GARCIA, 2002, p.
11).
3
Neste caso, acredita-se que quanto à palavra “tudo”, considerar-se-á aqui as dificuldades
sociais enfrentadas pelos afrodescendentes.
31
A criação de novos paradigmas deve ser o principal objetivo das
instituições que a adotam a modalidade a distância e priorizam o ensino de
qualidade.
Também, igualmente anseio pela igualdade social é identificado por
Villardi, Rego e Souza (2006). Parafraseando as autoras, a mediação através
dos recursos tecnológicos deve ser capaz de contribuir para formação de
linguagens que favoreçam a cognição, a sensibilidade e a produção de
conhecimentos de seus indivíduos. Quando o desenvolvimento de novas
habilidades não acontece, esses indivíduos podem ter dificuldades para
ingressar no ramo que anseiam, principalmente por não utilizar com sabedoria
os instrumentos tecnológicos no seu campo profissional. O resultado de tal
inoperância é uma verdadeira exclusão social.
Poppovic (1996), na época atual Secretário de Educação a Distância da
Seed/MEC, em seu discurso numa conferência sobre educação a distância na
Universidade de Londres, afirmou que, apesar de toda vontade e anseio pelo
desenvolvimento social do Brasil, o País continua a seguir os rumos em direção
oposta ao que se deseja. Com o passar dos tempos, as distorções entre os
menos favorecidos tende a reduzir, isto graças às inúmeras oportunidades
abertas pelo sistema de ensino, neste caso a EAD.
Para Moore, através dessa análise é possível compreender por quais
motivos os indivíduos responsáveis por tal sistema inseriram a modalidade de
educação a distância com o propósito de reduzir distorções como:
• “Nivelamento das desigualdades entre grupos etários;
• Melhorar a capacitação do sistema educacional;
• Proporcionar oportunidades para atualizar aptidões;
• Melhorar a redução de custos dos recursos educacionais;
• Acesso crescente a oportunidades de aprendizado e
treinamento;
• Aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de
conhecimento;
• Oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida
familiar;
32
• Agregar uma
educacional;
dimensão
internacional
à
experiência
• Proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvos
importantes e
• Direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo
específicos” (MOORE, p. 08. 2007).
Mas, será que o aumento de oportunidades de acesso às universidades
através da modalidade EAD tem garantido ao seu público uma formação de
qualidade que priorize as vias do desenvolvimento?
Na verdade, a educação a distância assumiu grande destaque na
contemporaneidade. O avanço da tecnologia e dos meios de comunicação
foram os grandes responsáveis por tamanho sobressalto. A divulgação e o
considerável crescimento da EAD, além de seu fortalecimento pelos órgãos
públicos que abraçaram tal modalidade acabaram por criar as condições
necessárias para a estabilidade da educação a distância. Outro ponto
importante a se considerar refere-se à alegria dos indivíduos que não detinham
as condições financeiras e cognitivas de acesso ao ensino superior presencial,
mas que foram beneficiados ao ingressarem nas IES públicas e privadas
elevando as taxas pela democratização do ensino.
No entanto, os autores Warman e Wormann (2009), referindo-se ao
materialismo da realidade, relatam sobre a importância da evolução tecnológica
como um dos principais momentos históricos, uma vez que a humanidade
passa a conviver com novos processos de aquisição do conhecimento e do
saber. Os autores consideram a ciência investigativa como algo que deve ser
de acesso a todos, e não apenas a comunidade cientifica. Ou seja, é a
democratização do conhecimento possibilitado pela tecnologia.
Nesse passo, Bohadana e Valle (2009) considerarem que a EAD
assume grande papel na concepção educacional da sociedade, bem como
acreditam que a educação a distância está sendo primordial nas políticas
públicas e para as empresas que utilizam desta modalidade com o propósito de
realizar ações visando a uma formação profissional e treinamentos.
Sendo assim, a educação a distância surge com o propósito de
alavancar, juntamente com o ensino presencial, a democratização do ensino e
33
garantir melhores condições de vida àqueles que sofreram os impactos
históricos das injustiças sociais.
Através da identificação de Moore (2007) as necessidades que justificam
a existência da educação a distância, perpassa-se, principalmente, pela
oportunidade de atualizar aptidões e melhoria da capacitação do sistema
educacional. Acredita-se, portanto, que a EAD deve se equiparar ao ensino
presencial em suas condições de ofertas e ao desenvolvimento cognitivo de
seus adeptos, diferenciando apenas na utilização intermediária de tecnologias.
Considerar-se-á o conceito de tecnologia segundo a visão de Santos e
Marchelli, que dá uma nova percepção ao termo.
Entende-se por tecnologia, portanto, no âmbito da economia
política clássica, o esforço para se chegar a um conjunto de regras
práticas capazes de produzir, quando aplicadas, as mudanças sociais
esperadas, de tal forma que tais regras sejam decorrentes de
generalizações universalmente verdadeiras (2005, p. 19).
Por este motivo, é perceptível que a educação presencial e a educação
a distância devam sofrer as comparações quanto às suas definições. Todavia,
ambas se diferenciam, principalmente pelas técnicas e formas de interação
entre seus indivíduos, mas não em seus sistemas.
Entende-se por sistema, na visão de Moore e Kearsley (2007), toda e
qualquer parte que permita ao “corpo” seu funcionamento. Segundo Santos e
Marchelli (2005), “A idéia de sistema não deve ser confundida com a idéia de
todo, pois esta se forma antes de qualquer análise sobre as partes que
compõem um fenômeno [...]” (p. 19). Para os autores, a educação a distância
faz parte do sistema educacional de ensino, ela é uma parte dentre muitas
outras, e para entendê-la é necessário que compreendamos todo o sistema
educacional.
A fim de facilitar a compreensão, utilizaremos o modelo conceitual de
educação a distância (abaixo) criado pelos autores como referência para
melhor análise sobre a EAD.
34
Sistema de educação a distância
Tecnologia
Aprendizado
Ensino
Criação do programa/curso
Gerenciamento
Política
Organização
Sistema educacional
Economia
Psicologia
Sociologia
História
Cultura
Filosofia
Figura 1: Sistema estrutural da educação a distância
Fonte: Figura do Modelo conceitual de educação a distância (MOORE, 2007, p. 11.).
Ao analisar a figura, percebe-se que a educação a distância é um
subsistema do sistema maior que, neste caso, é o sistema educacional. Sendo
assim, ambos os modelos de educação, seja ela presencial ou a distância, têm
o objetivo de formar pessoas. Esta formação constitui numa transformação
social, humana e cultural que tende a contribuir para o desenvolvimento das
competências necessárias a cada indivíduo numa determinada sociedade. Isso
porque estas competências são individuais e resultam de suas atuações na
sociedade em que vivem (LÉVY, 1996). Assim, na própria Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) é notória a influência da sociedade no
desenvolvimento de competências e habilidades de seus indivíduos.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
Todavia, a educação vem apresentando objetivos muito mais amplos
que o citado pela LDB. Como afirma Moore e Kearsley (2007),
35
A educação deixou de ser um processo de aquisição de
conhecimento como preparação para a vida e o trabalho e tornou-se
um processo de inicialmente preparar e então reparar o
conhecimento ao longo da vida” (p. 314).
No mesmo passo, as autoras Durante e Teixeira (2008) acreditam que,
no atual século, a educação deve ampliar as formas de incentivar os indivíduos
em suas perspectivas criativas de modo a fortalecê-las e orientando-os em
uma formação integral. A teoria e a prática, neste caso, são extremamente
importantes, pois sintonizam o real e o virtual 4.
Do mesmo lado, para a Sociologia, a sociedade deve muito aos meios
tecnológicos de comunicação ao passo que as instituições de ensino têm
grandes dificuldades de realizar a mesma ação, a de socialização. A forma com
que a tecnologia realiza tal feito surpreende devido às inovações tecnológicas
que surgem com grande velocidade inovação quanto aos instrumentos de
multimídia (BELLONI, 2002).
Ao mesmo tempo em que as instituições de ensino tentam acompanhar
a velocidade das tecnologias, mas acabam por esbarra-se em ideologias
ultrapassadas e cultura individualista. Ou seja,
[...] a “academia” entrincheira-se em concepções idealistas,
negligenciando os recursos técnicos, considerados como meramente
instrumentais. No setor privado, as escolas respondem
“naturalmente” aos apelos sedutores do mercado e se entregam de
corpo e alma à inovação tecnológica, sem muita reflexão crítica e
bem pouca criatividade, formando não o usuário competente e
criativo, como seria desejável, mas o consumidor deslumbrado
(BELLONI, 2002, p. 118).
Nesse passo, o resultado em última estância é uma formação de
qualidade. Muito mais que seguir a velocidade tecnológica, os profissionais da
educação, bem como as organizações, precisam se conscientizar sobre a
verdadeira função de suas atuações. Apenas aderir aos recursos tecnológicos
não demonstra e nem resulta numa formação de qualidade. Sua utilização
4
Para Lévy (2007), virtual derivação do latim virtualis que significa força, potência. Segundo o
autor, o virtual existe tanto em potência como em presença efetiva ou formal. Ou seja, “[...] a
árvore estar virtualmente presente na semente” (p. 15). O autor determina o virtual como
contrariamente do possível (real).
36
precisa estar atrelada à formação de uma estrutura curricular organizada,
consciente e interligada às concepções que envolvem as organizações.
Os paradigmas enfrentados pela educação presencial não são diferentes
da educação a distância, apesar de a EAD sofrer mais profundamente as
consequências por tal velocidade devido a sua modalidade de ensino depender
muito mais dos instrumentos tecnológicos para realizar suas ações.
Diante do exposto, atrofiar não deve ser o verbo cogitado pela educação
diante de tamanha modernidade dos recursos técnicos, e sim articular – uma
articulação entre os diversos conhecimentos e suas formas de conectar os
diferentes saberes de modo a resultar num ensino de qualidade que ofereça
condições claras de comungar aprendizagem e desenvolvimento cognitivos,
humanos e sociais (MORIN, 2008).
Cumpre esclarecer que o conceito de educação a distância se define
como:
Forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem com a
mediação de recursos didáticos, sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de
comunicação (GOMES, 2009, p. 22.).
Vale ressaltar, então, que a autoaprendizagem é o principal foco da
educação a distância. Ela deve ser capaz de conduzir o educando em todos
seus aspectos que resultem num ensino de qualidade.
Num mesmo passo, Moore conceitua educação a distancia como:
Aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar
diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação
do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias
e disposições organizacionais e administrativas especiais (2007, p.
02).
Assim, igualmente na educação presencial, a aprendizagem na EAD
acontece individual ou coletivamente e em diferentes locais e momentos. No
entanto, para uma aprendizagem individual, as organizações devem acreditar
37
numa perspectiva de desenvolvimento humano em que elas assumam uma
postura política com atuações voltadas a uma administração lógico-processual.
São vários os exemplos de sucesso em EAD pelo mundo citado pelos autores
a partir desta prática de ensino.
Até mesmo as grandes organizações do ramo empresarial utilizam a
educação a distância em suas formações continuadas ou em treinamentos, por
acreditar que a mesma exerce de forma satisfatoriamente seu papel no
processo
de
aprendizagem.
Assim,
o
mercado
da
EAD
cresceu,
significativamente, nos últimos anos (BELLONI, 2002) dando oportunidades às
grandes empresas de formar e desenvolver seus funcionários através desta
modalidade de ensino por acreditar em sua metodologia e recursos. A
utilização dos recursos de informática com a telecomunicação, conhecida como
telemática é que vem garantindo o sucesso desta prática de ensino (NUNES,
2009). Esta mistura de técnica com uma forma consciente de gestão, atreladas
ao marketing, pode resultar numa aprendizagem de qualidade (BELLONI,
2002).
Todavia, para que haja uma aprendizagem de qualidade e satisfatória
quanto à abrangência de seu público-alvo, geralmente indivíduos com pouco
acesso ou acesso restrito aos recursos tecnológicos, é preciso que o Brasil
avance muito ainda no ramo tecnológico em seus acessos democraticamente.
Oportunamente, são grandes as dificuldades das classes menos favorecidas à
manipulação das TICs na utilização das mesmas de modo a conduzi-los numa
formação que garanta um desenvolvimento técnico profissional de qualidade
(BOHADANA VALLE, 2009).
Para tanto, as autoras Ferreira e outros (2008), numa abordagem
sistêmica do desenvolvimento humano acreditam que se faz necessário um
estudo de todos os grupos da qual fazem parte os indivíduos a fim de
compreender os processos que geram o desenvolvimento dos mesmos. Na
visão das autoras, a atuação dos grupos a serem investigados precisa ter forte
participação na sociedade, pois é nela que acontecem as divergências e as
semelhanças que são necessárias ao processo de desenvolvimento de um
indivíduo. Isso tudo sob a análise de vários olhares que sejam capazes de
pontuar todos os seus aspectos.
38
Ou seja, o que se pretende é que as tecnologias juntamente com suas
diversas formas de comunicação tenham condições de humanizar e
democratizar as diferentes modalidades de ensino de modo a fornecer uma
aprendizagem de qualidade (FRANÇA. 2009). Tarefa fácil? De forma alguma.
O ciclo que envolve as tecnologias é o mesmo que envolve os indivíduos, pois
de uma forma ou de outra as TICs são produzidas e desenvolvidas por estes
indivíduos. Desta forma, a humanização e a democratização do ensino
precisam ocorrer, prioritariamente, por seus profissionais que são seus
idealizadores.
Neste aspecto, para as autoras Sifuentes, Dessen e Oliveira (2007), a
cultura
exerce
fundamental
importância
no
desenvolvimento
destes
profissionais isto porque é através dela que se torna possível dentre outros
fatores, a percepção do social. O fator social além de ser o reflexo do processo
cultural, o mesmo possibilita uma análise mais completa sobre os indivíduos
que compõe tal sociedade.
1.4 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Endógeno é o processo originado no interior. Este termo é muito
utilizado na área da medicina. Geralmente, os diversos profissionais utilizam
este termo para identificar ou solucionar problemas internos que pode ser do
corpo (para área da medicina) ou de rochas (para área geológica) (WIKIPÉDIA,
2010).
Diante do exposto sobre o processo endógeno, torna-se possível realizar
uma análise na esfera educacional, isto por acreditar que a cura da sociedade
encontra-se dentro do próprio processo educacional que forma o corpo social.
Assim, a sociedade encontra-se num processo de doença interna já há
algum tempo, desde mesmo a utilização do processo de ensino nos moldes
bancários identificado por Freire (1996). Este modelo de ensino, perdurado
durantes décadas, juntamente com políticas ineficazes e a negligência dos
39
órgãos públicos, permitiu a ramificações de grandes problemas sociais
elevando os índices de exclusão social e profissional dos indivíduos a taxas
alarmantes.
Acreditando, como dito anteriormente, que o processo de melhora da
sociedade inicia-se na esfera educacional, cabe analisarmos como se dá o
processo de ensino aprendizagem, nas organizações de ensino, dos
pedagogos que sustentam em seus “ombros” o estigma da cura através de
uma formação plena para a prática de ações conscientes que gerem
desenvolvimento através da modalidade da educação a distância.
Segundo
McGill
(1995),
é
possível
a
identificação
de
alguns
comportamentos da aprendizagem que pode ser considerada importante em
organizações citadas como inteligentes. São eles: abertura, pensamento
sistêmico, criatividade, eficácia pessoal e empatia. Para Reynaldo, “[...] esses
comportamentos impelem as organizações na direção de maximizar suas
experiências e criar alternativas” (2004, p. 12).
Nesse passo, se resgatarmos o processo educacional de algum tempo
atrás, nota-se que a educação bancária era o tipo de ensino preponderante. Os
autores Santos e Alves (2006) põem em debate as teorias Piaget e Vygotsky
diante da nova conjuntura educacional e das novas formas de se conceber o
conhecimento. O autor pondera, no entanto, que, quanto a Vygotsky, suas
concepções ainda continuam atuais por considerar os signos como parte deste
processo e na forma de desenvolvimento dos indivíduos, que caminha do todo
para a parte.
Todavia, o modelo de educação bancária perdurou por muito tempo e
ainda vem perdurando mesmo com os grandes avanços no ramo tecnológico e
de comunicações que mudaram os moldes do novo homo e desenvolvendo o
perfil do homo zappiens (VEEN, 2009).
Esse novo perfil do homo zappiens possui as condições ideais de
fornecer às instituições escolares recursos capazes de revolucionar o processo
de ensino-aprendizagem de seus alunos e contribuir para o desenvolvimento
de profissionais plenos em suas dimensões humanas e culturais.
40
[...] as salas de aula feita com “giz e voz” não são interessantes para
o homo zappiens. São aulas que contrastam muito com o seu modo
de ser. O contraste é muito grande para com sua vida fora da escola
em que ele tem o controle sobre as coisas, há conectividade, mídia,
ação, imersão e redes [...] (VEEN, 2009, p. 47).
Ou seja, as novas tecnologias assumem significativo papel e
importância dentro das instituições de ensino, cabendo questionarmos sua
aceitação pelos profissionais do devido ramo.
Pois bem, na visão de Poppovic (1996), que realizou uma pesquisa com
professores de educação a distância, verificou-se que a maioria dos
pesquisados
representada
por
75%
dos
profissionais
da
educação
demonstraram não serem totalmente abertos ao novo, bem como não serem
fóbicos à tecnologia. No entanto, o que preocupa nesta pesquisa é o grande
percentual de profissionais pesquisados e que fazem parte da educação a
distância e não estão completamente envolvidos em sua modalidade na qual
optou por trabalhar, de modo que não terão condições de estimular o
envolvimento dos seus alunos. Ou seja, é possível caracterizar este fato como
endógeno, em que os profissionais podem “adoecer” o processo educacional
desde quando deveriam ser capazes de “curar” o mesmo. Ao invés disso,
acabam por provocar uma rede de ineficiências e problemas sociais que
tendem a causar danos muitas vezes irreversíveis. Ou seja, se o bem-estar da
sociedade depende da qualidade da educação, porém como garanti-lo se seus
protagonistas não obtêm as condições mínimas de aprendizagem dentro das
organizações, de modo que estes consigam desenvolver um trabalho
satisfatório onde ofertem a seus alunos garantias de melhorias em suas vidas e
no bem-estar do ambiente social?
É oportuno considerar que, para obter um resultado em rede como na
imagem abaixo, o processo de formação e de aprendizagem dos professores
no interior das organizações precisam ser analisados e muito bem planejados,
principalmente nos cursos que ofertam a modalidade EAD, pois a mesma
objetiva motivar nos futuros profissionais a autoaprendizagem de modo a
transformar os rumos históricos da sociedade.
41
Organizações
Professor
Aluno
Sociedade
Figura 2: Síntese do processo de formação da aprendizagem em rede
Fonte: síntese do pensamento analítico das autoras Schommer e Santos (2008).
Segundo Moran (2000), para que ocorra, em suma, a aprendizagem é
necessário estabelecer não apenas uma rede, mas novas dimensões que se
completem através de novas significações e ao mesmo tempo desenvolvam
círculo de percepções dos processos que envolvem os indivíduos; na verdade,
uma relação entre teoria e prática.
O autor equipara a aprendizagem ao processo que se utiliza para
descascar uma cebola. Ou seja, quanto mais for descobrindo novas práticas e
tomando conhecimento sobre novas dimensões, a aprendizagem acontece,
naturalmente. Porém, este processo precisa ser significativo ao indivíduo, e sua
prática, paralela à teoria. Estas duas, para o autor representam a reflexão e a
ação que fortalecem o aprendizado (MORAN, 2000).
Muito mais que redes e processos tecnológicos, segundo Veen (2009), a
confiança é o principal recurso para que o processo de aprendizagem
efetivamente ocorra. Isso porque, para o autor, a confiança não é mais a base
do processo educacional, sofrendo então com dificuldades e problemas
enfrentados. A educação a distância, no entanto, deve priorizar a confiança a
fim de que não caia nos problemas enfrentados pelo ensino tradicional.
Todavia, para Mattar (2009), a modalidade de educação a distância
facilitou o exercício da educação bancária, retrocedendo assim o modelo que
deveria ser inovador e eficaz. Este modelo de educação bancária foi muito
utilizado há anos atrás. No entanto, existem ainda profissionais que persistem
42
na utilização de suas técnicas e métodos ultrapassados. Este tipo de educador
é capaz de ignorar as mudanças e os avanços do seu tempo, o que demonstra
uma certa negligência com o indivíduo e sua capacidade de desenvolvimento.
Ao contrário do que se imaginou, a EAD precisa avançar muito ainda em sua
metodologia a fim de se garantir, de fato, uma aprendizagem de qualidade
através dos recursos tecnológicos e interativos. A metodologia utilizada nesse
modelo de educação ainda prioriza uma transferência de conhecimentos,
geralmente unilateral, em que os diferentes pontos de vistas não são
discutidos, analisados. Assim, o que deveria constituir uma rica produção de
conhecimentos torna-se um “depósito” de informações que não contribui para
transformação dos indivíduos em seres capazes de gerar seu próprio
desenvolvimento (MATTAR, 2009).
Ou seja, onde deveria existir uma interatividade, vez que a EAD utiliza
recursos interativos, acaba por reduzir todo um processo ao simples retrocesso
no tempo, aniquilando a aprendizagem de seus adeptos e produzindo uma
série de profissionais alienados epistemologicamente sobre sua função
enquanto cidadão.
Nesse passo, bem como pondera Teles (2009), torna-se possível
também questionarmos sobre a função e atuação metodológica dos
profissionais dos cursos de educação para formar educadores através de
aprendizagens por e-learning. Será que realmente eles estão preparados para
atuarem com seus alunos? Para promoverem o autodesenvolvimento dos
mesmos?
1.5 A EAD E O CENÁRIO PROFISSIONAL
A partir da disseminação da educação a distância, ampliou-se também a
qualidade dos profissionais. Através da pesquisa realizada por Moore, que trata
sobre a influência das TICs na formação dos indivíduos, é possível afirmar que
estes novos sujeitos chegam com melhores níveis de escolarização, bem como
43
apresentam idade mais avançada e tornam-se mais maduros para o mercado
de trabalho (MOORE, 2007) 5.
Assim, os novos profissionais devem se apresentar em condições plenas
para exercer suas atribuições possuindo, desta forma, as habilidades e
competências
mínimas
exigidas
pela
profissão
após
sua
formação,
principalmente na modalidade EAD, a qual se optou por analisar.
Entretanto, muitas são as observações possíveis de fazer diante dos
profissionais que exercem suas funções, de modo ainda deficiente devido a
uma formação que não contemple todas as habilidades e competências
necessárias ao atual cenário profissional.
Assim, claramente é perceptível a desproporção entre mercado de
trabalho e o processo educacional. As instituições de ensino, sobretudo as
universidades deveriam ter como uma de suas principais funções a formação
do desenvolvimento das aptidões de seus indivíduos, bem como prevê Morin:
Contrariamente à opinião hoje difundida, o desenvolvimento das
aptidões gerais da mente permite o melhor desenvolvimento das
competências particulares ou especializadas. Quanto mais
desenvolvida é a inteligência geral, maior é sua capacidade de tratar
problemas especiais. A educação deve favorecer a aptidão natural da
mente para colocar e resolver os problemas e, correlativamente,
estimular o pleno emprego da inteligência geral (2008, p. 22).
Ou seja, esse pleno emprego da inteligência geral é que dará as
condições, através das aptidões gerais, de estimular as competências e
habilidades
individuais.
O
resultado
de
sua
ineficiência
dentro
das
organizações de ensino permite a expansão da educação a distância dentro
das organizações empresariais. Elas têm utilizado tal modalidade para
complementar e proporcionar cursos de formações especializadas aos seus
colaboradores de modo a promover o desenvolvimento de competências que
não foram desenvolvidas nos indivíduos durante seu processo de formação nas
instituições de ensino.
5
Segundo o autor, à medida que cresce o volume de informações, cresce também o público
trabalhador em faixa-etária.
44
Ou seja, para Lévy (2007) competências e conhecimento constituem-se,
atualmente, a principal riqueza tanto para os indivíduos quanto para as
organizações, pois ele acredita que deva considerá-las de modo tal que
satisfaçam as necessidades sociais e econômicas.
Por este motivo, Magdalena e Costa (2003) identificam uma radical
mudança no campo profissional, uma vez que o mesmo necessita de um novo
profissional que atenda às demandas e exigências deste novo mercado, e onde
o mesmo segue o ritmo ditado pela aquisição de novos conhecimentos a uma
velocidade incrível ocasionando mudanças radicais de posturas e atitudes. Não
só elas, mas Veen (2009) também acredita que o mercado profissional
perpassa por grande mudança cultural e precisa estar preparado para
consequências dramáticas, uma vez que este campo começa a receber
profissionais com novos perfis.
[...] vivemos em uma era de rupturas, em que o mundo analógico está
mudando para o digital. Isso exige novas estratégias para lidar com a
informação, e o homo zappiens parece desenvolver tais estratégias
com base no modo pelo qual ele conhece a informação, que são as
telas cheias de cores e multimídia interativa (VEEN, 2009, p. 57).
Percebe-se que, de acordo a visão de Veen, o homo zappiens
apresenta-se como profissional ideal na atual época de rupturas e para o novo
perfil de mercado de trabalho que exige do profissional competências para
atuar em diversas funções ao mesmo tempo. O autor, assim, acredita que toda
essa tecnologia põe ao chão as perspectivas de gerações anteriores que
priorizavam a prática de uma ação em momentos diferentes.
Produzir mais e melhor em menos tempo é o slogan do mercado
atualmente. Nesta perspectiva, o desenvolvimento econômico torna-se muito
mais valorizado proporcionando na visão de Castells uma nova sociologia.
As rupturas verdadeiramente fundamentais da Sociedade da
Informação são: primeiramente, a fragmentação interna do trabalho
entre produtores internacionais e trabalho genérico, substituível; em
segundo lugar, a exclusão social de um significativo segmento da
sociedade, composto de indivíduos descartados, cujo valor como
trabalhadores/consumidores já se esvaiu e cuja relevância como
45
pessoas é ignorada; em terceiro lugar, a separação entre a lógica de
mercado das redes globais de fluxo de capitais e a experiência
humana da vida dos trabalhadores (CASTELLS apud ERCÍLIA E
GRAEFF, 2008, p. 89-90).
Entre outras vias, a tecnologia tem proporcionado um vasto vão no
mercado profissional, e mesmo a educação a distância não tem conseguido
disfarçar tamanha escassez por profissionais que contemplem todas as novas
necessidades do campo de trabalho. Resultante desta descoberta é o
surgimento de outro mercado que surge informalmente, abraçando os
profissionais que não se adéquam às novas práticas culturais e tendem a se
“estabilizar” abaixo das linhas do desenvolvimento, permanecendo estáticos
diante de suas inobservâncias.
Assim, observa-se de forma crescente o surgimento de ONGs,
associações e cooperativas. Todas elas almejam um lugar ao sol, formadas por
ex-profissionais e/ou indivíduos que não conseguiram ainda seu acesso no
mercado formal (RUTKOWSKI; LIANZA, 2004).
Assim como Santos e Marchelli (2005), acredita-se, portanto, que os
fatores históricos, políticos e econômicos foram os principais provedores dos
problemas sociais enfrentados na contemporaneidade brasileira e na geração
da “dialética da exclusão.”
A educação a distância possui justamente, neste ponto, o perfil de
absorver esses profissionais que não possuem ainda as competências,
habilidades e capacidades para realizar tais serviços. Para Rutkowski e Lianza
(2004), isso não quer dizer que estes indivíduos não possuam outras tantas
capacidades ou competências.
Seguindo a análise do desenvolvimento, o Instituto Ethos (2000) reforça
que não há, portanto, necessidade de discriminação por parte das empresas,
mesmo pelo fato de o profissional ter realizado curso a distância, pois a lógica
da discriminação não prioriza a valorização da diversidade. Na concepção do
Instituto Ethos, “[...] a prática da diversidade e a efetivação do direito à
diferença criam condições e ambientes em que as pessoas possam agir em
conformidade com seus valores individuais”( 2000, p. 11).
46
Absorvendo estes indivíduos e promovendo uma educação de
qualidade, eles terão as condições de buscar outras oportunidades de
estabilização profissional. Nesta via, a educação, seja ela a distância ou
presencial, fornece as bases cognitivas necessárias para o desenvolvimento
social e elucida o desenvolvimento econômico. Nesta análise, Santos e
Marchelli (2005) acreditam que o próprio desenvolvimento econômico é
dependente da tecnologia, pois esta altera os meios de produção, e através
dela o indivíduo cria as condições de oportunidades para seu bem-estar social
seguindo seu ritmo cultural.
No mesmo passo Lévy (1998) cita também que a tecnologia possui
plena capacidade de modificar todo o ambiente cultural através do trabalho e
de todas as formas de comunicação exercida pela sociedade, transformando
as dimensões cognitivas dos indivíduos e sua forma de percepção do mundo.
Afirma ainda que a tecnologia tem acelerado significativamente o ritmo e a
direção da história da humanidade. Dessa forma, a cultura e a tecnologia são
extremamente importantes ao desenvolvimento.
Esses dois fatores juntos, aliados à educação, são capazes de mudar as
bases conceituais e epistemológicas que geram os desequilíbrios no
desenvolvimento de novos processos sociais e cognitivos dos indivíduos. Nesta
análise, está nas mãos dos gestores a principal iniciativa pelo surgimento de
novos paradigmas que contribuam para o desenvolvimento dos fatores sociais.
Falando sobre surgimento de novos paradigmas e gestores, Capra cita a
crise mundial.
Estamos, pois, no começo de uma mudança fundamental da visão do
mundo na ciência e na sociedade, de uma mudança de paradigmas
tão radical quanto a Revolução Coperniciana. Mas essa percepção
ainda não raiou entre os líderes políticos. O reconhecimento de uma
profunda mudança de percepção e de pensamento se faz necessária
para que possamos sobreviver, ainda não chegou à maioria dos
nossos líderes empresariais, nem tampouco aos representantes de
nossas grandes universidades (CAPRA, 1993, p. 209).
As universidades assumem, portanto, a função de formar os indivíduos
para esta nova ruptura e prepará-los para um novo ritmo cultural que ora se
47
apresenta. Neste sentido, Moran (2000) acredita que seja preciso anular o
“autoritarismo da maior parte das relações humanas e interpessoais” (p. 05),
pois ele não contribuirá na construção de educação à
[...] autonomia para a liberdade com processos fundamentalmente
participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças
que incentivem, que apóiem, orientados por pessoas e organizações
livres” (2000, p. 05).
Do mesmo modo, para Melo, Raposo e Campos (2008), a cultura
sempre absorverá o estigma do sistema social, uma vez que ela estabelece as
barreiras necessárias quanto às transmissões do conhecimento e à construção
de novas estratégias às novas ações dos indivíduos, produzindo os valores
futuros que serão os responsáveis pela personalidade dos mesmos. Para eles,
a interação através de uma conduta equilibrada dará formação ao novo
comportamento e, consequentemente, a uma nova formação social.
Portanto, a nova formação social depende de um conjunto complexo de
fatores culturais, e para que esta nova formação aconteça é necessária,
urgentemente, a anulação por velhos paradigmas que instituem a educação a
distância como mais um modelo temporário de ensino. A EAD possui em seu
processo histórico as bases necessárias para provocar grandes mudanças na
forma de conceber a aprendizagem e formar pessoas.
1.6 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A EAD
A responsabilidade social (RS) refere-se a processos inteiramente
importantes para formação saudável de uma sociedade, bem como a estrutura
das organizações empresariais. Suas áreas econômica, ambiental e social
produzem toda uma infraestrutura que deve ser seguida para que se aplique na
prática o que se vê no papel. Organizações de diversos ramos utilizam os
recursos desta área para ampliar suas formas de negócios e contato com seu
público externo.
48
As organizações educacionais, no entanto, não aparecem com
frequência nessa listagem de obrigações ou balancetes sociais. Apesar da forte
pressão exercida pela mídia as instituições educacionais ainda não apresentam
junto à sua comunidade um plano que contemple, de fato, ações que objetivem
a responsabilidade social da instituição.
Desta forma, a fim de analisar as competências e habilidades dos
egressos do curso de Pedagogia da IES na modalidade EAD, é relevante que
se discuta sobre o papel da Pedagogia e a responsabilidade social. Assim,
Premack, D. e Premack, A. (2000) acreditam que a Pedagogia exerce
diferentes papéis na cultura humana, sendo “a transmissão de habilidades” a
mais importante para a sociedade. Deduz-se, então, que são as habilidades as
grandes estimuladoras das mais variadas ações nos diversos ramos.
Passos (2008) cita que a responsabilidade de uma instituição de ensino
é a qualidade dos processos estabelecidos pela mesma de forma a contribuir
para as soluções dos problemas sociais, além de formar cidadãos conscientes
de suas práticas de atuação dentro de sua comunidade, de modo a promover
uma rede de responsabilidades. Assim, é possível perceber que a qualidade da
transmissão de habilidades de forma responsável possui condições de
promover resultados sustentáveis de aprendizagem, e esta deve ser a principal
meta de qualquer instituição, seja ela presencial ou a distância.
Segundo Vasconcelos (2001), diante de qualquer campo profissional,
principalmente o das organizações, as TICs possuem a capacidade de
contribuir, através dos recursos e estratégias, para uma geração de produção
do conhecimento, tendo como base o nível de aprendizagem estabelecido e
suas diversas formas de oportunizá-las. Para o autor, esta nova forma
competitiva de ver o mundo profissional pelas instituições empresariais pode
favorecer uma rede de ações sustentáveis e responsáveis se as organizações
souberem aproveitar cada oportunidade que a tecnologia lhes oferece. Ainda
para Vasconcelos, as TICs também são capazes de modificar os valores das
organizações provocando uma mudança cultural que resulte numa nova
geração de conhecimentos.
Não só as empresas do ramo administrativo, no entanto, devem então
utilizar os recursos estratégicos que a tecnologia proporciona, mas todas as
49
organizações em geral, principalmente as do ramo educacional, a fim de que
possam utilizar as informações de forma sustentável na formação de seus
indivíduos. Muito mais responsabilidade as instituições de ensino devem
absorver do que outras instituições dos mais diferentes segmentos, pois os
recursos tecnológicos possuem infinitas possibilidades de construção de novos
modelos de aprendizagem.
Do ponto de vista filosófico e sociológico, sabe-se que a consciência
ética é o pilar para sustentar estes dois processos. O termo ética segue a
conceituação de Passos (2008, p. 22), que a identifica como sendo a “ciência
da moral”, moral esta que deve estar atrelada a valores, vinculados aqui ao
campo profissional em que as instituições se localizam. Segundo a autora:.
[...] os códigos de ética profissional, por seu compromisso com os
interesses de categorias, não podem eximir-se da responsabilidade
com o projeto global da sociedade. Precisam ser considerados como
meios para atingir o ser, cumprindo o princípio básico de toda ética,
que consiste no respeito à dignidade humana” (PASSOS, 2008, p.
108).
Ou seja, principalmente, neste caso, as instituições de ensino superiores
assumem grande papel e responsabilidade na sociedade ao optarem em seus
ramos de atuação por formarem pessoas. A ética então assumida por elas
constitui a principal conduta que deve ser absorvida pelos membros da
organização de modo a realizarem um trabalho mais responsável. Esta ação
resultará, segundo Passos, num trabalho consistente que atinja os anseios de
seu público e contemple a dignidade dos indivíduos que estão dentro e fora
desta instituição.
Assim, Barreto (1999) acredita que seja necessária a consciência de
todos os envolvidos para o sucesso de qualquer resultado. A autora ressalta a
consciência como uma das principais competências a se desenvolver no
processo de formação dos educadores.
Seguindo a concepção de Sá (2009), “a consciência resulta da relação
íntima do homem consigo mesmo, ou seja, é fruto da conexão entre as
capacidades do ‘ego’ (eu) e aquelas das energias espirituais, responsáveis
pela nossa vida” (SÁ. p. 72. 2009).
50
Não havendo dessa forma, uma íntima relação com seu próprio sujeito,
as possibilidades de se estabelecer uma consciência necessária ao sucesso
dos pressupostos teóricos e práticos para uma formação humana de qualidade
tornam-se inferiores ao desejável por cada pessoa. Quando há falha neste
contato reflexivo do próprio indivíduo, será possível acreditar nos resultados
obtidos pelas instituições e na evolução cognitiva das gerações que objetivam
acabar por vez com a exclusão social tão discutida em nossa sociedade? Muito
mais que consciência, portanto, tanto os indivíduos quanto as instituições de
ensino necessitam, urgentemente, como afirma Sá (2009), de uma consciência
ética assim definida:
[...] estado decorrente de mente e espírito, através do qual não só
aceitamos modelos para a conduta, como efetivamos julgamentos
próprios; ou ainda, nos condicionamos, mentalmente, para a
realização dos fatos inspirados na conduta sadia para com nossos
semelhantes em geral e os de nosso grupo em particular e também
realizamos críticas a tais condicionamentos (p. 73).
Assim, é possível afirmar que a consciência ética presume muito mais
que a própria ética em si. Não há como obter um comportamento ético,
segundo o autor, se não tivermos plena consciência sobre o que seja a ética.
Assim, vale para as instituições de ensino que assumem a responsabilidade
social de formar pessoas através da geração de conhecimentos e,
consequentemente, de produzir desenvolvimento em suas comunidades,
elevando, por sua vez, os índices de qualidade do ensino.
A educação, portanto, é diretamente influenciada pelos ditames éticos
os quais as instituições de ensino assumem diante dos dispositivos
tecnológicos que lhes são disponíveis.
Nessa análise, para Delors (2006, p. 54), a “[...] educação pode ser um
fator de coesão, se procurar ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos
grupos humanos, evitando torna-se um fator de exclusão social”. A educação a
distância surge justamente neste propósito de diminuir as taxas de exclusão e
elevar as possibilidades de acesso à educação e ao mercado de trabalho tal
qual “[...] a definição da educação seja adaptada aos diferentes grupos
minoritários como uma prioridade” (DELORS, 2006, p. 58). Ao cumprir com
51
estes
objetivos,
os
organismos
públicos
atendem
a
perspectiva
de
responsabilidade no campo social e expandem as possibilidades de igualdade
entre as classes não só no ramo social, mas principalmente no campo
profissional, que institui a qualidade econômica do social.
Do mesmo modo, Poppovic (1996, p. 05) acredita que “[...] a tecnologia
aplicada ao processo de ensino-aprendizagem diminuirá as diferenças sociais.”
No entanto, estas diferenças serão reduzidas no momento em que todos os
indivíduos tenham igual acesso aos recursos tecnológicos e igual distribuição
dos recursos cognitivos que garantem o acesso ao conhecimento e promovem
o desenvolvimento (DELORS, 2006).
Acredita-se
que
a
democratização
de
acesso
aos
recursos
informacionais seja o principal motivo da criação de diversos centros
tecnológicos sociais que têm possibilitado uma maior acessibilidade aos
indivíduos menos favorecidos e que, desta forma, estes conseguem melhorar
suas condições de aprendizagem em qualquer modalidade de ensino que lhes
oportunize maiores chances no mercado profissional.
A responsabilidade das instituições que adotam a educação a distância
não é diferente de nenhuma outra. Dessa forma, a qualidade na formulação de
novas técnicas de ensino deve abranger diferentes abordagens conceituais
que priorizem,
sobretudo, novos modelos de aprendizagem e estimulem o
autodesenvolvimento nos indivíduos, sabendo, pois, que este se constitui como
um grande desafio.
Para Moran (2000, p. 05), um dos maiores desafios está igualmente no
processo educacional como ele próprio afirma:
Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de
qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso
precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas no
que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e
tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social,
que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre
evoluindo, mudando, avançando.
É claro que esta tarefa não é fácil. Como o próprio autor afirma, o lucro
do sistema capitalista ainda é um dos maiores problemas que a sociedade
52
enfrenta, principalmente no caso das instituições particulares que dependem do
fator econômico para sobreviver no mercado. Este fator muita vezes impede
uma formação de qualidade, ao mesmo tempo em que abrange as devidas
dimensões necessárias conforme informado acima. Outro fator que na visão do
autor Moran (2000) interfere na qualidade da instituição é a falta de criatividade
quanto às metodologias que a mesma utiliza priorizando em maior grau o
marketing, em detrimento da formação, negando seu caráter filosófico.
Considera-se assim que, antes de qualquer coisa, é preciso vencer os
desafios estipulados dentro dos próprios gestores, interagir consigo mesmos
para só a partir daí buscar outras possíveis interações entre os demais
indivíduos de modo que estes atinjam as dimensões humana, intelectual e
ética.
Esta é a, sem dúvida, a maior responsabilidade das instituições de
ensino que se propõem a formar pessoas e contribuir para uma sociedade mais
equilibrada em suas desigualdades.
53
CAPÍTULO 2
2 EDUCAÇÃO SUPERIOR E O CURSO DE PEDAGOGIA
Muitas mudanças ocorreram no processo
histórico
da
carreira
profissional docente no País, desde a época da antiguidade até os tempos
atuais. Este estudo não pretende aqui relatar todos estes momentos passados,
mas apenas registrar o que é significante para melhor compreender o objetivo
da pesquisa.
2.1 BREVE HISTÓRICO DO CURSO DE PEDAGOGIA NO BRASIL
De acordo com PILETTI, N. e PILETTI, C. (1997), os registros sobre a
evolução educacional na idade antiga já preconizavam o que viriam a ser os
primeiros professores. Suas funções eram dirigir momentos religiosos, sendo
homens que representavam as diversas religiosidades da época como
curandeiros, feiticeiros etc.
Com o passar do tempo, surgem os primeiros pedagogos, inicialmente
homens escravos que passavam todo seu conhecimento aos filhos de seus
senhores, e deles detinham toda a confiança, também chamados de tutores.
Apesar de os escravos terem recebido a titulação de pedagogos, os homens do
clero detiveram durante muito tempo o poder do conhecimento, e apenas
pessoas das classes mais ricas e que faziam parte da Igreja podiam ter acesso
ao ensino formal (PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997).
Diante de todo o processo histórico da educação do mundo ou do Brasil,
não se pode deixar de registrar que muitos dos profissionais que se
destacaram no ramo da educação, fossem eles professores ou não, se
destacaram por tomarem como foco de interesse em suas pesquisas o
desenvolvimento do indivíduo. Assim, pode-se citar Vygostky, Piaget, Freire,
Pestalozzi, Froebel, Montessori, McMillan, Rousseau, Sócrates, dentre muitos
outros que contribuíram para o avanço da educação no mundo.
54
O tempo passou, e com ele muitas mudanças ocorreram no ramo da
pedagogia. Estas mudanças sempre estiveram ligadas ao momento social de
sua época. As principais foram a pedagogia tradicional, a renovada e a
tecnicista. Outras mais existiram, todas elas com o mesmo objetivo: promover o
desenvolvimento do país e a preparação para o mundo do trabalho (BRASIL,
1997).
Todas as mudanças educacionais que ocorreram de alguma forma,
sempre estiveram relacionadas com lutas sociais e políticas. Em todas elas a
percepção diante do pedagogo foi sendo modificada durante o tempo, sendo
assim conhecido como condutor, orientador, coordenador, facilitador, mestre,
dentre muitas outras denominações. Estes termos eram intitulados conforme a
necessidade política e social de suas épocas.
Atualmente, o pedagogo não tem mais sua atuação voltada apenas para
a transmissão do conhecimento, mas principalmente para a produção deste de
modo multidisciplinar e contribuindo para o “[...] domínio de conhecimentos,
habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar
suas experiências de vida e defender seus interesses de classe” (BRASIL,
1997).
Entende-se, assim, que o trabalho do pedagogo assume em suas
funções uma complexidade inerente ao ser humano e com uma proposta de
atuação voltada para uma visão da “provisoriedade do conhecimento”, também
inerente ao ser humano, uma vez que os interesses e os objetivos sociais
mudam, e com eles o modo de perceber o mundo.
A pedagogia assume, então, uma perspectiva que deve priorizar o
desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões: humana,
filosófica, histórica, social e profissional do indivíduo, cabendo ao Pedagogo o
domínio
de
suas
competências
mínimas
que
possam
promover
o
desenvolvimento das habilidades necessárias a uma formação cognitiva da
aprendizagem e a capacidade para aprender a aprender.
2.2 O SISTEMA DE PARADIGMAS E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO
55
Atualmente, muito mais que produzir aulas e executar tarefas
administrativas no ambiente escolar, o profissional da Pedagogia precisa ser
preparado para gerir os mais diversos saberes em diferentes ambientes que
envolvam aprendizagem. Para tanto, é preciso anular a ideia de que este
profissional é apenas um professor com conhecimentos limitados baseados em
simples teorias pedagógicas. Novos paradigmas surgiram ao longo, como: a
atuação de pedagogos com objetivos sociais que estimulem o desenvolvimento
não só teórico, mas principalmente, prático social entre si e entre seus alunos.
O
atual
momento
da
conjuntura
social
impõe
ao
Pedagogo
contemporâneo uma formação pautada no surgimento de novos paradigmas da
sociedade informacional e que seja capaz de contribuir para o “[...] avanço do
conhecimento e da tecnologia na área, assim como nas demandas de
democratização e de exigências de qualidade do ensino pelos diferentes
segmentos da sociedade brasileira” (BRASIL, 2006). Ou seja, o novo
Pedagogo precisa ter desenvolvidas todas suas capacidades de modo que seja
capaz de pôr em prática as habilidades necessárias para formação de um ser
humano
completo,
com
desenvoltura
para
atuar
numa
sociedade
conscientemente de seus objetivos. Isso porque, segundo Castells (1999),
apesar de ter melhorado as estruturas do mercado de trabalho na sociedade
informacional, a qualidade dos que atuam nele ainda está aquém de elevar o
nível profissional dos sujeitos. Ele acredita que tal fato se deve à baixa
qualidade da educação. Sendo assim, é necessário qualificar melhor os
formadores de pessoas para, então, melhorar o nível dos que exercem
qualquer atividade profissional, principalmente os professores.
Para tanto, é interessante considerar que, mesmo estando numa
sociedade em que o sistema de informação e comunicação exerce grande
influência sobre os indivíduos, analisar a conjuntura epistemológica desta
sociedade torna-se um desafio.
Pois bem, em outra análise, Radin (2007, p. 27) indica:
Segundo o ponto de vista clássico, somos máquinas, e não temos
espaço para experiências conscientes. Não faz diferença se a
máquina morre; você pode matar a máquina, jogá-la no lixo [...], não
importa. Se o mundo for assim, as pessoas se comportarão dessa
56
maneira. Mas há outra forma de pensar isso [...] indicada pela
mecânica quântica. Ela sugere que o mundo não é essa coisa
mecânica, é mais semelhante a um organismo. É uma coisa orgânica
altamente interconectada [...] que se estende pelo espaço e pelo
tempo. Assim, de um ponto de vista muito básico relacionado com a
moralidade e a ética, o que eu penso afeta o mundo. De certo modo,
essa é a verdadeira razão pela qual é importante que ocorra uma
mudança na visão de mundo.
.
A mudança quanto à visão de mundo é quem pode determinar, para
Radin, uma nova forma de percepção perante os organismos sociais. Mas, há
que se dizer que o tempo é determinante para efetuarem-se mudanças,
principalmente quando implica alterações de posturas perante a si e com as
quais convive, considerando assim que a sociedade é um organismo (RADIN,
2007).
Desta forma, o indivíduo desde o período da sua infância já começa a
desenvolver um olhar sobre o ambiente em que vive. Por este motivo, esta
etapa da vida do sujeito assume grande importância para seu desenvolvimento.
Segundo Galeffi (2001), Platão acreditava na necessidade de orientar a forma
de olhar a partir da infância, por acreditar ser a fase mais flexível para
aceitações de mudanças.
Diante do exposto, para que se encare com outros olhares a formação
do Pedagogo através da modalidade a distância, é preciso que se dominem os
recursos tecnológicos que influenciam e modernizam os sistemas de
comunicação diante do surgimento das diversas mudanças. Esta revolução no
modo de percepção sobre si e os outros leva-nos a empreender uma batalha
sobre a própria aprendizagem, desfigurando tudo que foi apreendido pelos
profissionais da educação e abrindo fronteiras para imbuir um novo caminho:
aprender a aprender.
Essa nova batalha assume três premissas que Filatro citado por Litto e
Formiga (2009) identifica como perspectiva associacionista, cognitiva e situada.
A primeira, para Filatro, “[...] enfatiza mudanças observáveis e mensuráveis do
comportamento, decorrentes de respostas a estímulos externos” (p. 96). A
perspectiva cognitiva, segundo o autor, “debruça-se sobre os processos
internos de percepção, representação, armazenamento e recuperação de
conhecimentos” (p. 97). E por último e não menos importante está a
57
perspectiva situada onde Filatro “[...] enfatiza uma abordagem situada no
contexto social da aprendizagem, mas esse contexto deve ser muito mais
próximo – ou idêntico – à situação na qual o aluno aplicará a aprendizagem
adquirida” (p. 97).
Daí a importância do papel das organizações na formação do Pedagogo,
porque, a partir do momento em que as organizações de ensino estabelecem
melhores vínculos entre seus indivíduos, elas também passam a assumir as
três perspectivas acima citadas por Filatro. Para isto, Durante e Teixeira (2008)
acreditam que as organizações precisam assumir uma postura com vistas ao
desenvolvimento humano de seus egressos.
A tecnologia tem sua importância nessa mudança por novos
paradigmas, apesar de não estar sozinha, pois, para Moran,
Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas
tecnologias nos trarão soluções rápidas para o ensino. Sem dúvida as
tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e
tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas
entre o presencial e o virtual, o estar juntos e o estarmos conectados
a distância. Mas se ensinar dependesse só de tecnologias já teríamos
achado as melhores soluções há muito tempo. Elas são importantes,
mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os
desafios maiores que enfrentamos em todas as épocas e
particularmente agora em que estamos pressionados pela transição
do modelo de gestão industrial para o da informação e do
conhecimento (2000, p.01).
Essa transição inspira muito mais habilidades para executar este
processo do que muitos suponham, pelo menos é o que autor tenta nos dizer.
Isso porque durante muito tempo vive-se e convive-se com pessoas e
organizações que surgiram dentro de um modelo capitalista, em que o
materialismo determina ou determinava os modos de concepção da realidade.
Agora, o período evidencia o sistema de informação e dita o ritmo de
transformação de nossas concepções, quando se busca a humanização para
uma nova forma de conceber os vínculos sociais. Para Braz (2006), as
instituições de ensino precisam de um novo olhar. Isso porque ela acredita que,
através da percepção da física quântica, as organizações de ensino devem ser
58
submetidas a um novo processo em sua organização estrutural de modo que
novas relações sejam desenvolvidas entre todos os seus integrantes.
Desta forma, Kipnis levanta os seguintes questionamentos:
Será que o sistema UAB conseguirá induzir as universidades públicas
a inovar constantemente, ou o motor da inovação ficará com as
universidades e instituições de educação superior privadas, em
competição por mercado não somente nacional, mas também
internacional? Como as universidades, sejam públicas ou privadas,
farão a transição para um novo paradigma de formação, não somente
aplicando as TICs, mas formando indivíduos mais autônomos e que
querem encontrar seu espaço nessa sociedade também em
transição? (KIPNIS, 2009, p. 213).
O sistema de Universidade Aberta do Brasil (UAB) propõe a ampliação
do acesso ao ensino superior a todos os indivíduos. As indagações do autor
são muito pertinentes, principalmente se pensarmos se as organizações de
ensino superior estão preparadas para uma mudança de paradigmas. A
simples utilização dos recursos tecnológicos não representa esta mudança.
Pensar se estes recursos estão sendo utilizados de forma correta também se
torna pertinente. Isso porque só poderá acontecer a ruptura de paradigma
pelos indivíduos se as organizações que os mesmos frequentam estiverem
realizando, num formato horizontal, ao mesmo tempo as mudanças
necessárias.
Segundo Schommer e Santos,
[...] quando diferentes organizações compartilham um desafio
complexo, combinando distintos conhecimentos, visões de mundo,
repertórios e modos de fazer, tende a haver desequilíbrio entre
experiência e competência, questionamento de ordens estabelecidas,
desafio à experiência institucionalizada, bem como incorporação de
novos padrões. Por outro lado, as pressões no sentido de manter as
coisas como estão, a necessidade de cumprir procedimentos
institucionalizados e rígidos, promovem tensões e conflitos (2008, p.
03).
Ou seja, existe uma necessidade de que todas as organizações sociais
tenham a mesma visão de mundo a fim de que possam estabelecer as
competências necessárias para atuarem em seus grupos sociais. Diante desta
59
análise, as instituições de ensino são as principais organizações que devem ter
paralelamente seus olhares voltados para os anseios e necessidades da
sociedade, de modo que possam acompanhá-las em suas rupturas de
paradigmas.
É inegável que inúmeras dificuldades surgem e continuarão a surgir,
principalmente se as instituições adotam uma postura autoritária na forma
como conduzem a gestão de sua estrutura organizacional, conforme Moran
(2000). O autor considera que o autoritarismo representa apenas o reflexo de
concepções educacionais ultrapassadas e objetivos meramente lucrativos. Ele
ainda sugere algumas pistas que cita reduzir as dificuldades das organizações.
São elas:
Equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações
educacionais, integrar um planejamento flexível com criatividade
sinérgica, realizar um equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada
ao conceito de liberdade, de criatividade) e a organização (onde há
hierarquia, normas, maior rigidez) (MORAN, 2000, p. 10).
Essas pistas sugerem apenas um perfil organizacional que pode facilitar
os mecanismos de mudanças paradigmáticas entre seus gestores e suas
relações.
Mais
uma vez,
podemos
remeter-nos
à palavra
harmonia
anteriormente citada nessa pesquisa. No momento em que os gestores
harmonizarem todas as necessidades da sociedade às organizações e
formação de seus indivíduos, mais curto será o caminho para o sucesso da
instituição e alcance dos objetivos dos grupos sociais. O ensino através da
educação a distância presume um exemplo de sucesso.
Para a autora Tinoco (2004), o conhecimento constitui-se como principal
riqueza da contemporaneidade, pois o mesmo produz todo capital intelectual
que eleva os índices econômicos da sociedade e provoca mudanças positivas
no formato de vida. Assim, para Wolf (2002) e Ribeiro (2003) não é mais viável
uma discussão sobre as instituições educacionais em seus diferentes níveis e
modalidades de ensino se não considerar sua importância para o sistema
econômico da sociedade, justificado pelo grande investimento por parte dos
diferentes governos no ramo educacional.
60
Segundo Wolf (2002), é importante considerar as qualificações, bem
como os ramos e as instituições que se frequentam, pois elas poderão
influenciar positiva ou negativamente na atuação do indivíduo nos campos
sociais e garantir ou não seu sucesso profissional e pessoal. Dessa forma,
Ribeiro (2003)
adverte para os interesses das políticas públicas que
contemplam mais aspectos financeiros em detrimento do cognitivo e anulam a
função das organizações educacionais. Ele aproveita para destacar a elevada
busca pelo conhecimento, mesmo as instituições de ensino não dando valor a
esta premissa.
Assim, o autor acredita que as “[...] organizações deveriam desenvolver
uma nova forma de comunicação com o meio exterior, sintonizando-se com a
pauta de assuntos de maior impacto para a sociedade” (RIBEIRO apud
TINOCO, p. 93, 2004). O autor insinua, então, que as IES tendem a priorizarem
aspectos econômicos, enquanto deveriam optar pelo desenvolvimento do
conhecimento e das ciências. Talvez pudéssemos aqui justificar a tamanha
negligência dos indivíduos profissionais diante das questões sociais que
comprometem a saúde do ambiente e das relações.
Nesta linha analítica, Ribeiro (2003) cita que.
Seria melhor formar pessoas para a mudança, para o enfrentamento
de todas as crises, para evoluir ao longo da sua vida profissional,
para transigir entre os vários campos de conhecimento, para saber
apostar nas suas competências, para desaprender o que não mais
interessa.
[...] Talvez o papel de ensinar as coisas estreitas, necessárias à
atuação do futuro profissional, deva ser delegado ao próprio mercado
de trabalho. A universidade se ocuparia das coisas amplas,
atemporais, que farão diferença. Pensaria as relações entre a
graduação e a formação profissional, ensinaria os fundamentos,
analisaria o que dá sentido a viver, a pesquisar, a fazer ciência, a
formar gente, a fazer cultura. Formaria pessoas num sentido mais
amplo, mas não entraria no detalhe daquilo que o mercado – e a vida
– profissional pode suprir. A universidade passaria a ser um espaço
de criação e liberdade, e não um clone do mercado (RIBEIRO apud
NICOLINI, 2004, p. 130-131).
Deduz-se assim que segurança não deve ser mais a palavra mais
importante. O momento atual exige de todos uma insegurança a fim de que se
possam ampliar os limites do conhecimento. A abertura de novos limites
61
estruturais faz-se necessária, segundo Ribeiro, para o surgimento de novos
paradigmas organizacionais que priorizem os aspectos da vida, do trabalho e
das relações, e não meramente questões econômicas e tecnicistas.
Contudo, a tecnologia por si só não pode exercer as tarefas que
competem ao ser humano. Na visão de Freire (1996), a tecnologia, através da
educação, não pode ser objetivada a um simples treinamento ou utilização
técnica de seus serviços; quando isso acontece o autor considera “uma
mesquinharia” quanto aos processos formativos do ser humano. No entanto, tal
fato se dá no momento em que os indivíduos ou organizações idealizam a
tecnologia através da supremacia educacional. Freire (1996) considera
fundamental o processo de assistência que as organizações devem prestar aos
seus alunos sem, contudo, não ser confundido com assistencialismo que tende
a prejudicar a formação do desenvolvimento humano.
2.3 A ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA DO PEDAGOGO
Cabe questionar se o simples aumento do acesso ao ensino superior
garantirá a permanência de egressos no mercado de trabalho promovendo
competências e habilidades necessárias para atuar diante das crises sociais da
pós- modernidade, garantindo a qualidade mínima exigida para atuar no campo
profissional. Retornamos, então, a uma das principais palavras deste texto:
harmonia. Esta palavra deve ser a principal preocupação entre o acesso à
democracia e o acesso ao mercado de trabalho de forma essencialmente
qualificada.
Do mesmo modo concorda Sen (2000) ao dizer que é relevante explicar
sobre a necessária simultaneidade entre a justiça social e as avaliações que se
faz da mesma. É possível perceber neste aspecto que os critérios para seleção
de um currículo num curso superior devem perpassar por um estudo
aprofundado sobre a realidade social existente e seu público-alvo, pois quando
isso não acontece é fácil perceber as desvantagens cognitivas, políticas,
culturais, sociais em seus egressos.
62
A ausência da valorização de um currículo adequado é o mesmo que
privar graduandos de seu desenvolvimento e condenar uma sociedade inteira
ao subdesenvolvimento, corroborando as palavras do autor ao falar sobre as
privações de capacidades.
Tentamos demonstrar que a privação de capacidades é mais
importante como critério de desvantagens do que o baixo nível de
renda, pois a renda é apenas instrumentalmente importante e seu
valor derivado depende de muitas circunstâncias sociais e
econômicas. (...) A avaliação de capacidades tem de ser feita
primordialmente com base na observação dos funcionamentos reais
da pessoa, suplementando-se essa observação com outras
informações (SEN, 2000, p 156-157).
Do ponto de vista econômico, é possível aferir que o autor, ao falar
sobre capacidades e renda, valoriza a primeira em detrimento da segunda por
acreditar
que
as
capacidades
são
mais
determinantes
do
que
a
instrumentalização da renda. São as capacidades que promovem o
desenvolvimento humano de um indivíduo. Neste momento, configura-se de
extrema importância a atenção dada às capacidades desenvolvidas nos cursos
de graduação em Pedagogia. Mesmo porque não se pode esquecer a íntima
relação existente entre a educação e o desenvolvimento sustentável.
Um dos aspectos importantes também a se observar é sobre os reais
interesses da comunidade acadêmica (MACEDO, A.; TREVISAN; MACEDO, C.,
2005) e seus objetivos perante seu público e sua comunidade, sem esquecer-se
dos ideais do MEC, que acabam por influenciar toda uma cultura acadêmica.
Por esse motivo a autonomia institucional é tão importante, como afirma o autor
Morin (2008).
Essa autonomia garantirá até mesmo a qualidade da seleção de
conteúdos, prática esta de difícil determinação em cursos de educação a
distância (KLERING et al., 2003) e que tende a resultar no desenvolvimento de
competências e habilidades que favoreçam a aprendizagem.
63
Segundo Kruger e Tomasello (2000), a aprendizagem se dá mais pela
intersubjetividade participativa consciente do que pela simples repetição
tecnicista.
Nessa
mesma
racionalidade,
Formiga
(2009)
acredita
na
“[...]
importância do aprender fazendo e na capacidade crescente de inovar
proporcionando com que a dinâmica cognitiva da sociedade seja transformada
numa questão crucial” (p. 43). Este também é um dos papéis da Pedagogia e
da educação superior. Um dos principais problemas culturais enfrentado neste
caso pode ser, como afirma Delors, “a partilha desigual de conhecimentos e
competências” (2006, p. 75). Por este motivo o investimento nos processos
educacionais em diferentes modalidades e níveis de ensino é extremamente
importante.
Assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem:
Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um
investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor
se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a
metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja
possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada
como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo
reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no
desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em
suas reais condições de trabalho (BRASIL, 1997, p. 25).
Dessa forma, as organizações de ensino superior precisam analisar
constantemente os componentes curriculares e metodológicos que utilizam no
curso de Pedagogia a fim de que o oferte sempre seguindo as mudanças da
sociedade e, consequentemente, forneça à mesma profissionais competentes
para atuar de modo eficiente e eficaz. Para Castells, essa é uma das
significativas vantagens que a tecnologia é capaz de proporcionar, uma
verdadeira “[...] reconfiguração, um aspecto decisivo em uma sociedade
caracterizada por constante mudança e fluidez organizacional” (1999, p.109).
As instituições precisam ter este cuidado, principalmente por criar em
seus sujeitos “[...] hábitos de pensamentos, formas de raciocínio, gestos,
sensibilidades, formas de fazer [...]”. Estes mesmos sujeitos levam ainda “[...]
64
mentalidades, valores [...], sentimentos, conhecimentos materializados em
formas de conhecer” (ARROYO, 2000, p. 112).
O Ministério da Educação estabelece, através dos Indicadores de
Qualidade de Cursos de Graduação a Distância, os componentes mínimos que
as IES devem desenvolver nos alunos a fim de evitar níveis de desigualdades
alarmantes entre as instituições de ensino superior.
Ele estabelece como
prioridade a educação dos indivíduos para a vida e o trabalho (BRASIL, 2000).
Assim, um curso de graduação a distância inserido nos propósitos da
educação superior do país, com ela entrelaça seus objetivos,
conteúdos, currículos, estudos e reflexão. Portanto, deve oferecer aos
alunos referenciais teórico-práticos que colaborem na aquisição de
competências cognitivas, habilidades e atitudes e que promovam o
seu pleno desenvolvimento como pessoa, o exercício e a qualificação
para o trabalho (BRASIL, 2000, p. 02).
É claro que a cultura é determinante em sua função de integrar as
instituições de ensino à sociedade. O enlace de ambas possibilita melhores
condições de produtividade, assim como os entraves ocasionam grandes
dificuldades no desenvolvimento humano e nos avanços sociais, segundo
Morin (2006). O autor chama a atenção para uma reforma sim, não apenas no
mundo acadêmico, mas, sobretudo, na organização dos conhecimentos
adquiridos por estas universidades de modo que resulte numa melhora
progressiva
entre
as
questões
humanas,
sociais,
ambientais
e,
consequentemente, cognitivas.
Todavia, o autor faz uma ressalva sobre a “[...] educação, onde esta
deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau,
ameaçado pelo erro e pela ilusão” 6 (MORIN, 2002, p. 19). A ilusão, neste caso,
é conceituada como sendo os possíveis paradigmas educacionais definidos
pelas formas incorretas de se perceber os processos educativos de
determinada sociedade.
Esses processos de mudanças culturais são decisivos na harmonia
entre o avanço tecnológico e o avanço social, pois resultam em mudança de
6 Morin conceitua esse processo de Self-deception.
65
mentalidade e garante maiores chances de uma formação integral aos
indivíduos. Não há como promover uma igualdade havendo desequilíbrios.
Diante dessa sintética, o autor Santos (2003) adverte intensamente que
“[...] a maior dificuldade do Brasil é mudar a paisagem humana” (p. 463). A
paisagem de uma sociedade justamente harmonizada em seus aspectos
cognitivos, e não apenas raciais, pois a qualidade dos processos de
aprendizagem e a utilização sábia dos recursos tecnológicos possuem
condições de introduzir características desenvolvimentistas e promissoras em
seus aspectos humanos, sociais e educacionais. São estas características que
mudam o perfil econômico e reduz as desigualdades entre as classes.
Nesse caso, o diploma que os formandos adquirem ao final do curso
representa muito mais que um simples pedaço de papel. Ele é o simbolismo de
uma formação, de um retrato do indivíduo e de uma IES. Assim, Lévy afirma:
“[...] terrivelmente grosseiros: as pessoas que têm o mesmo diploma não têm
as mesmas competências, sobretudo por causa de suas experiências diversas”
(1996, p. 91). As experiências de cada sujeito devem constituir um diferencial
em sua formação e não um motivo de diferenciação nos moldes de aquisição
da aprendizagem.
É esta realidade com que nos deparamos ao questionar a qualidade dos
cursos superiores, seja na modalidade presencial ou a distância. No entanto,
como obter uma atuação profissional qualitativa tendo como premissa uma
formação de negligências?
Nessa análise, os egressos de cursos de educação não podem se
permitir a retiradas intelectuais agressivas. O currículo é o principal instrumento
para uma tomada consciente, por este motivo a significativa importância da
avaliação e reavaliação dos cursos e suas instituições. "Há que se considerar a
importância da avaliação institucional, que deverá obedecer aos mesmos
critérios e padrões fixados para os cursos presenciais, observados as suas
peculiaridades" (BRASIL, 2002, p. 23). As avaliações institucionais constituem
um valioso instrumento para a organização de futuras mudanças e realização
de projetos que tenham uma visão mais próxima possível do seu público.
66
A maior atenção que uma Instituição deve ter não é com uma simples e
qualquer formação, e nem os egressos devem se ater a um simples trabalho
em uma empresa que seja. É necessário que tanto a instituição acadêmica
quanto seus egressos estejam voltados para o desenvolvimento humano e
sustentável, pois, como afirmam
Durante e Teixeira (2008)
quanto ao
desenvolvimento humano, “[...] não pode ser utilizado como um simples
sinônimo de melhores condições financeiras para adquirir bens, produtos e
serviços, apenas (p. 02)”.
O desenvolvimento humano supõe muito mais que os ganhos
financeiros que se tenha. Ele representa um amplo encontro com suas diversas
dimensões de modo tal que seja capaz de provocar mudanças profundas na
sua forma de ver e perceber as pessoas e o mundo. Deste modo, Lévy (1996)
considera que não é possível uma aprendizagem anulada em seus aspectos
conscientes, e ausentes em sua cognição num sistema unificado, trazendo a
questão para o que ele chama de inteligência coletiva. Para ele, inteligência é.
O conjunto canônico das aptidões cognitivas, a saber, as
capacidades de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar e de
raciocinar. Na medida em que possuem essas aptidões, os indivíduos
humanos são todos inteligentes. No entanto, o exercício de suas
capacidades cognitivas implica uma parte coletiva ou social
geralmente subestimada (LÉVY, 1996, p. 97).
Desse modo, as organizações educacionais superiores, principalmente
na modalidade a distância, possuem um grande desafio, que é justamente o de
contribuir para formação da inteligência coletiva de seus sujeitos, uma vez que
a EAD pode resultar num perfil individualizado, quando mal gerenciado ou
pelos indivíduos, ou pela própria instituição.
Para o autor, a inteligência coletiva é que possui uma real chance de
contribuir para uma “ciência cognitiva” em seus modos de reestruturação de
seus sistemas, além de favorecer as ciências filosóficas e antropológicas no
que diz respeito ao sistema ambiental (Lévy, 1996). Pode-se dizer, então, que
o autor faz referência também a uma sustentação do desenvolvimento em
todos os seus aspectos humanos e sociais.
67
Pois bem, quanto ao desenvolvimento sustentável, para Araújo e Barros,
[...] há um certo grau de consenso entre vários autores que para
alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário que haja o
equilíbrio dos fatores sociais, econômicos e ambientais como forma
de assegurar e garantir a continuidade da sociedade e a de seu meio
externo” (2008, p. 06).
Ou seja, a educação nesta análise, diante dos diversos fatores citados
por outros autores, constitui o principal fator para uma promoção social com
efetivas condições de proporcionar desenvolvimento humano a seus indivíduos
através das instituições de ensino. Deduz-se assim que, para alcançar a
sustentabilidade, é preciso antes alcançar o desenvolvimento humano dos
grupos.
Portanto, seguindo a compreensão de Lévy (1999), mesmo numa
sociedade tecnológica não se pode permitir que a tecnologia por si só seja
superior ao ser humano. O ser humano, sim, deve utilizar todos os recursos
que a tecnologia oferece de forma sábia e sustentável, reconhecendo a sua
importância para o desenvolvimento de uma sociedade. Esta mesma
sociedade precisa, segundo Lévy, “[...] reconhecer nos processos sociotécnicos
fatos políticos importantes, e em compreender que a instituição contemporânea
do social [...]” (1993, p.195) necessita de mais atenção quanto aos grupos que
nela são constituídos.
Acredita-se que as instituições devam ser as principais responsáveis por
esse equilíbrio e formação da consciência de seus egressos. Assim como a
tecnologia, para Lévy (2001) elas possuem a capacidade de transformar o
“espírito humano” em todos os seus aspectos e, dessa forma, revolucionar o
currículo direcionando para a construção de competências e habilidades que
transformem os profissionais em cidadãos com plenas condições de promover
sua própria sustentabilidade.
A promoção da sustentabilidade dos profissionais é derivada da
responsabilidade que as IES assumem com sua própria organização, seu
público, sua sociedade. O perfil organizacional, a cultura organizacional que
elas estabelecem são pré-requisitos para um trabalho de qualidade com fins
sustentáveis.
68
Diante dessa análise, há que considerar que para a obtenção desta
sustentabilidade é primordial que seja realizado um trabalho epistemológico
dentro das instituições, de modo que se identifiquem questões regionalizadas,
principalmente por ser de consenso que os problemas ocorrem de forma
diferente em lugares distintos. Assim,
Há uma permanente tensão, nesse processo, entre a necessidade de
atendimento às particularidades locais na elaboração e execução de
políticas e a necessidade de considerar o que as localidades têm em
comum. O resultado é uma bricolagem, na qual se associam
segmentos de idéias de diferentes contextos, fragmentos de teorias e
práticas já experimentados em outros locais, ressignificando-os
(BALL, 2001, apud DIAS; LOPES, 2003, p. 1158).
Os autores identificam esse procedimento como sendo de tradução e
recontextualização. A partir deles, todos os protagonistas precisam rever a
estrutura organizacional curricular de modo que construa diferentes visões para
diferentes lugares onde a instituição atuar, contribuindo assim com um nível de
qualidade superior e que abranja o maior número de pessoas.
O objetivo seria, portanto, aproveitar as práticas de sucesso realizadas
em outros lugares, que através de remodelagem fossem aplicadas mais uma
vez a outro público, analisando, porém, todos os pontos que necessitassem de
revisão (BALL, 2001).
2.4 O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO A DISTÂNCIA DO PEDAGOGO
O termo currículo tem sua origem no latim com a palavra curriculum e
que, segundo Parra (1992), representa o caminho percorrido. Numa visão
fenomenológica, o currículo faz referência a tudo que é ensinado, seja formal
ou informal, e que assume uma postura investigativa diante do objeto de
estudo à qual se propõem indivíduos e organizações, principalmente em
instituições que se propõem à formação de professores.
69
Silva (1999), por sua vez, considera o currículo como algo que dá
movimento a aprendizagem e ao mesmo tempo oferta aos indivíduos a
oportunidade de pesquisa.
O currículo não é, pois, constituído de fatos, nem mesmo de
conceitos teóricos e abstratos: o currículo é um local no qual
docentes e aprendizes têm a oportunidade de examinar, de forma
renovada, aqueles significados da vida cotidiana que se acostumou a
ver como dados e naturais (SILVA, 1999, p.40-41).
Dessa forma, o currículo pode ser aplicado a tudo que faz ou implica
uma experiência técnica, prática ou cognitiva dentro do ambiente educacional e
que, portanto, pode ser (re) visto, (re) planejado e (re) estruturado quando
vezes forem necessárias para o alcance da qualidade deste currículo.
Nem tudo está escrito num currículo. Isso porque este representa a
organização do conhecimento e, dessa forma não há como registrar todas as
sensações que possam ocorrer ao se “perceber” as experiências a nossa volta
(POPKEWITZ, 1998).
No entanto, mesmo tendo conhecimento de que a elaboração de um
currículo também é um procedimento técnico, ele não pode se tornar mecânico,
pois não se pode esquecer que o currículo visa a um procedimento de
aprendizagem. Quando ele torna-se um processo mecânico, isso demonstra a
falta de competência e habilidades na forma como está sendo conduzido em
suas interações entre mídia e a criatividade do organizador (ARAÚJO, 2008).
Assim, é importante considerar a importância da avaliação na aplicação
do currículo em cursos cuja modalidade é a distância, uma vez que a prática de
ensino segundo este modelo implica a necessidade de um relacionamento
socioafetivo muito maior que no ensino tido como tradicional (BELLONI, 2006).
Isso acontece por considerar que “A educação a distância possui sua
identidade própria” (BRASIL, 2003). Não basta, então, enxotar o currículo de
cursos a distância com recursos e procedimentos que são aplicados no ensino
presencial, mesmo porque eles se diferem em muitos aspectos como público,
objetivos, recursos tecnológicos, linguagem etc. Neste ponto há a necessidade
do compromisso ético de todos os profissionais envolvidos.
70
Na visão de Maia e Meirelles (2002), quando uma instituição de ensino
superior resolve adotar a modalidade a distância em sua organização curricular
é porque “[...] puseram o elemento humano em outro plano na equação de
adição entre áudio e vídeo e, aulas e seminários face-a-face” (p. 03). O plano o
qual elas citam faz referência a uma outra dimensão que consegue visualizar o
ser humano através de um sistema de rede que engloba a aprendizagem e
suas relações.
No que se refere à legislação da educação a distância, são muitos os
pareceres e decretos que regulamentam tal modalidade, tendo início seu marco
histórico através da Lei 9.394/96, que a retira da clandestinidade e estabelece
em seu artigo 80 a estrutura necessária para idealização de um curso a
distância. Todavia, o projeto completo da EAD foi aprovado algum tempo
depois através do decreto 2.494/98, que instituía a normatização do ensino a
distância. O decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 estabelece como
mediação didático-pedagógica da EAD os recursos tecnológicos e institui o
sistema nacional de avaliação da educação superior, o Sinaes, para a
educação superior a distância (GOMES, 2009).
Outro marco identificado pelo autor que prioriza a EAD é o sistema de
universidade aberta do Brasil (UAB), que a dissemina pelos estados através do
decreto 5.800/06.
De acordo com o artigo quinto da legislação para EAD que trata da
educação a distância, características fundamentais precisam ser obedecidas,
como a flexibilização dos sistemas de organização, de acordo com o tempo,
espaço e recursos que sejam condizentes com a natureza do curso e com o
contexto da realidade cultural dos seus alunos. Todo este processo precisa
ainda privilegiar o diálogo e a interação entre alunos e professores.
Diante dos procedimentos legislativos que a educação a distância
impõe, há ainda os pressupostos teóricos que precisam ser revistos e
constantemente analisados pelo corpo pedagógico das instituições que ofertam
cursos de nível superior para formação de professores e que, portanto, devem
priorizar uma formação integral pautada nos princípios da humanização que,
segundo Wickert,
71
Deve ser motiva pelo reconhecimento das limitações que cada teoria
apresenta para abranger o âmbito, em contínua expansão, da
experiência e do potencial humano. Por outro lado, há a constatação
das contribuições valiosas e enriquecedoras que a soma de suas
posições oferece para o desenvolvimento do ser humano integral. A
concepção integrada, portanto, defende uma pluralidade de enfoques
dinamicamente relacionados. Em vez de uma unidade monolítica de
uma só teoria, elegeu-se uma unidade na pluralidade. A apreensão
de alguns construtos de cada teoria e entendimento dos seus
pressupostos, de sua base de interpretação do ser humano e dos
valores que prioriza, possibilita transportar esses princípios para outro
contexto, aplicando-os à prática educacional (WICKERT apud
BIANCO, 2009, p. 62-63).
Há
muito
tempo
existe
a
preocupação
com
procedimentos
e
organizações curriculares que objetivam a “formação dos profissionais que
formam” (DIAS; LOPES, 2003). As autoras acreditam que, quanto à formação
dos professores, o estudo da organização curricular deve estar em constante
(re)construção, uma vez que ela representa inovações dos paradigmas.
2.5 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOS PEDAGOGOS
A sociedade informacional exige dos profissionais competências e
habilidades que advêm das informações e conhecimentos que são adquiridos
na mesma. O próprio Castells (1999) fala sobre esta premissa. Lévy, do
mesmo modo, apresenta uma análise sobre a importância das competências
na profissionalização dos sujeitos, uma vez que elas são formadas ao longo da
vida de cada um.
Evocarei não mais a virtualização do conhecimento pela comunidade
científica, mas a do reconhecimento dos saberes e das competências
pela sociedade em seu conjunto. Num sentido profundo, as
competências dos indivíduos são únicas, ligadas a seu trajeto de vida
singular, inseparáveis de um corpo sensível e de um mundo de
significações pessoais (LÉVY, 1996, p. 90).
Dentro da análise, é notável a importância com que Lévy se dedica às
competências, ao conhecimento e ao uso que se faz dele, pois nessa atual
72
conjuntura, ele constitui-se um importante tesouro para os indivíduos. O
domínio das competências ditará a qualidade da atuação sobre outros sujeitos.
Conforme explanado, é inadmissível que egressos de qualquer
modalidade de ensino e de qualquer curso, principalmente cursos na área da
educação, não dominem as habilidades necessárias à utilização dos recursos
tecnológicos e não reconheçam a importância destes para o desenvolvimento
humano e social.
Para tanto, é necessário o acúmulo de conhecimentos que possam
favorecer a aquisição das diversas habilidades que a profissão exige em
termos de
[...] capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas
competências, em função de novos saberes que se produzem e
demandam um novo tipo de profissional, preparado para poder lidar
com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos
ritmos e processos (BRASIL, 1997, p. 26).
Neste caso, cabe conceituar o termo competências segundo os
referenciais para formação de professores. A terminologia representa a
[...] capacidade de mobilizar múltiplos recursos, entre os quais os
conhecimentos teóricos e experienciais da vida profissional e pessoal,
para responder às diferentes demandas das situações de trabalho e
onde elas resultam em [...] capacidade de iniciativa e inovação e,
mais do que nunca, ‘aprender a aprender’ (DIAS; LOPES, 2003, p.
1156).
Dias e Lopes (2003) realizaram uma análise muito interessante quanto à
formação por competências dos profissionais de educação, em que elas
explicitam a importância de uma formação pautada neste processo bem como
incentivam “[...] inúmeras reformas curriculares nos mais variados níveis e
modalidades de ensino em diversos países” (DIAS; LOPES, 2003, p.11591160).
O Conselho Nacional de Educação (CNE), através das Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN), estabelece as competências que os egressos do
73
curso de Pedagogia deverão ter desenvolvido. Dentre as especificadas em sua
redação, destaque para o inciso abaixo:
Relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação,
nos processos didático-pedagógicos, demonstrando domínio das
tecnologias de informação e comunicação adequadas ao
desenvolvimento de aprendizagens significativas (BRASIL, 2005, Art.
5º, VII).
Nota-se, assim, que existe uma exigência quanto ao domínio das
tecnologias de informação e comunicação pelos sistemas de ensino que regem
a educação. É possível deduzir que este domínio constitui-se como uma das
principais competências dos Pedagogos devido ao atual momento histórico
social em que se vive, quando a tecnologia domina muitos dos setores da
sociedade e impõe novas formas de linguagem aos indivíduos.
Segundo este dispositivo, não será possível uma prática laboral de
qualidade, em que os alunos da contemporaneidade atuem numa geração
tecnológica, sem que se formem profissionais da educação condizentes com
sua geração. Estes profissionais precisam dominar todos os recursos
tecnológicos de informação e comunicação, e ao mesmo tempo estarem
conscientes de sua importância na (re) formulação de novos modos de
linguagem que integrem todos os indivíduos numa perspectiva contemporânea
capaz de desenvolver as diversas dimensões de seus alunos para uma
qualidade de vida, que resulte em aprendizagens significativas.
Produzir e gerir conhecimento não são tarefas fáceis nem para as
instituições de ensino superior e muito menos para os egressos de Pedagogia.
Ambos, em suas especificidades, precisam de habilidades que integrem
diversos ramos de suas funções. As principais habilidades que podem
desenvolver
em
suas
atividades
seriam
assim
definidas
como
o
desenvolvimento das competências técnica, prática, científica e pedagógica,
além do conhecimento teórico-prático da docência (VERSUTI, 2004).
Nesse passo, Macuch (1997) esclarece a importância da interação nos
ambientes onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que
capacite os novos profissionais da educação num sistema de qualidade
74
satisfatório à sua formação. Além de colaborar ativamente na participação de
processos criativos que estimulem a construção da aprendizagem individual e
coletiva, eles podem resultar em sabedoria.
Diante do exposto acima, além de todas essas competências e
habilidades especificadas, o Pedagogo precisa, sobretudo, estar preparado
para o desenvolvimento de novos paradigmas tanto na esfera científica quanto
na esfera pessoal, pois ele “[...] representa um sistema inconsciente de crenças
de uma cultura” (ARNTZ, 2007, p. 25).
Segundo o autor, para que se reconheça novos paradigmas basta
apenas que se observe:
[...] Dentro do progresso da ciência ocorrem estágios de
compreensão e de evolução do conhecimento. Cada um deles traz a
própria visão, o próprio paradigma, de acordo com o qual as pessoas
agem, dentro do qual os governos nascem, os países surgem, as
constituições são escritas, as instituições são estruturadas, a
educação é criada. Dessa forma, mundos evoluem de paradigma
para paradigma à medida que o conhecimento progride. Cada era
tem visão de mundo e paradigma característicos, e no fim das contas
um conduz o outro (ARNTZ, 2007, p. 29).
Então, por entender que se vive num momento de rupturas que
abrangem desde as formas de comunicação às novas concepções das
necessidades de sobrevivência sociais, os profissionais da educação precisam
ser preparados e sensibilizados para atuarem junto aos seus grupos
comunitários de modo a orientá-los para um modelo de vida que integre os
novos moldes de crenças culturais e facilite o convívio dos indivíduos a este
modelo. Ou seja, acompanhar a evolução científica demonstra ser uma
necessidade dos Pedagogos que são conscientes de sua importância.
O próprio Ministério da Educação, através Conselho Nacional de
Educação, cita como importante, e até mesmo primordial, o estudo da evolução
científica por parte dos professores através de pesquisas em que estes possam
analisar os fundamentos históricos dos campos que formam uma sociedade
pelos processos educativos que os constituem (BRASIL, 2006).
75
O próprio Ministério instrui as IES quanto à oferta do curso de Pedagogia
e a formação das competências que devem desenvolver estes profissionais.
Enfatiza-se a premência de que o curso de Pedagogia forme
licenciados cada vez mais sensíveis às solicitações da vida cotidiana
e da sociedade, profissionais que, em um processo de trabalho
didático-pedagógico mais abrangente, possam conceber, com
autonomia e competência, alternativas de execução para atender,
com rigor, às finalidades e organização da Escola Básica, dos
sistemas de ensino e de processos educativos não-escolares,
produzindo e construindo novos conhecimentos, que contribuam para
a formação de cidadãos, crianças, adolescentes, jovens e adultos
brasileiros, participantes e comprometidos com uma sociedade justa,
equânime e igualitária (BRASIL, 2006).
Todavia, não será possível aos profissionais da educação, tal
conscientização sobre a importância de sua prática do trabalho, se as IES não
atuarem no mesmo nível de conscientização na formação dos Pedagogos
dentro das suas organizações.
Diante dessa análise, conclui-se que o processo de formação do
Pedagogo pelas instituições de nível superior estabelece uma dinâmica entre
duas vias de lateralidade e que, portanto, deve possuir como foco de atuação
os princípios democráticos que regem a sociedade contemporânea e suas
diferentes formas de linguagem.
A possibilidade de uma prática como essa poderia ser definida seguindo
até mesmo os conceitos filosóficos de Platão ao instituir uma “Alma” e uma
“visão” ao ser humano no seu conto Mito da Caverna (apud DANTE, 2001), ao
se referir aos processos paradigmáticos da educação e sobre as competências
dos seres humanos para percebê-las e atuarem.
A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira
mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta e esse órgão, não a de
fazer obter a visão, pois já a tem, mas, uma vez que ele não está na
posição correta e não olha para onde deve dar-lhe os meios para
isso. [...]
Por conseguinte, as outras qualidades chamadas da alma podem
muito bem aproximar-se das do corpo; com efeito, se não existirem
previamente, podem criar-se de depois pelo hábito e pela prática.
Mas a faculdade de pensar é ao que parece de um caráter mais
divino, do que tudo o mais; nunca perde a força e, conforme a volta
76
que lhe derem, pode tornar-se vantajosa e útil, ou inútil e prejudicial
(PLATÃO apud DANTE, 1990, p. 522-523).
A percepção que se tem é que para Platão o poder de ver constitui-se
um importante órgão, mas só enxergamos porque somos dotados de
capacidades. No entanto, esta visão não terá valor se não a colocá-la depois
da alma. A alma, para Platão, é a mais importante dimensão com a qual se
pode ver.
Então, aproveitando essa metáfora de Platão e trazendo para a pesquisa
em questão, pode-se dizer que a alma representa a consciência. É esta
consciência que trará as possibilidades de visões que resultem em verdadeiras
ações de transformação sobre nossa realidade. Ressalta-se, desta forma, que
a capacidade perceptível dos fatos constitui-se uma importante habilidade aos
profissionais Pedagogos que objetivam contribuir para a geração de uma nova
realidade social mais democrática.
No entanto, Dias e Lopes (2003) enfatizam que, durante o processo
histórico de formação da organização curricular na formação do professor,
muitas mudanças ocorreram, porém muitas também permaneceram com “[...]
finalidades sociais já conhecidas e outras resultantes de um contexto diferente,
conservando-se assim, ao mesmo tempo, elementos de tradição e de
renovação” (p.1165). Elas identificam como um dos elementos tradicionais se
refere à preocupação com os anseios sociais e exigências do mercado de
trabalho; já, porém, quanto à inovação, Dias e Lopes consideram a estreita
relação da escola com a comunidade, com órgãos empresariais e organizações
não governamentais.
2.6 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO CONTEMPORÂNEO
Com o objetivo de identificar a atuação dos profissionais de Pedagogia
na contemporaneidade, é necessário que antes se inicie um breve estudo
histórico sobre a atuação dos mesmos na antiguidade, a fim de compreendê-lo
agora.
77
É certo que os primeiros professores nasceram na antiguidade, quando
até mesmo nem escolas existiam. Os bruxos, feiticeiros, padres eram as
pessoas tidas como professores da época (PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997).
Com o passar dos tempos, esses profissionais foram substituídos pela classe
do clero, cabendo apenas aos integrantes da religião católica tal denominação.
E assim permaneceu durante muito tempo a supremacia do catolicismo sobre a
população, inclusive no que concerne à educação. Eram eles, inclusive, quem
mantinha os centros de estudos para as classes do clero e dos mais ricos na
era medieval.
A partir daí estes centros ficaram conhecidos como studium generale,
que faziam referência à formação em estudos de um modo universal. Mais
tarde o termo foi substituído por universitas e em seguida universidades. Nesta
época, o exercício da função de professores cabia apenas ao clero (PILETTI,
N.; PILETTI, C., 1997). Apenas muito tempo depois, a profissão de professores
foi se estruturando na sociedade, cabendo até mesmo aos escravos a exercer
o papel de professor/tutor aos filhos de seus senhores, fazendo eles toda a
orientação para a vida.
Com o passar do tempo, João Amós Comênio escreve a Didática
Magna, que trata sobre as capacidades que deveriam ser ensinadas aos
indivíduos daquele período de modo que desenvolvessem competências para
sua relação com a vida atual e futura, além de estabelecer o que competia às
instituições de ensino. Assim, alguns trechos da Didática Magna merecem mais
atenção que outros por fazer referência aos fundamentos da solidez para
aprender e ensinar.
1 – Lamenta muita gente – e as próprias matérias o confirmam – que
seja reduzido o número dos que saiam da escola com um preparo
sólido; a maior parte não passa da superfície e da aparência.
2 – Se investigarmos as causas veremos que são duas. Ou porque as
escolas se dedicam ao superficial, abandonando o fundamental, ou
porque os escolares se esquecem do que aprenderam, fazendo
passar para sua inteligência muitos estudos, sem proveito. E este
defeito é tão comum que serão poucos os que não o terão lamentado.
3 – Haverá remédio para este mal? Certamente. Se entrarmos, de
novo, na escola da Natureza, e investigarmos como procede ela, para
que produza criaturas duradouras. Pode-se encontrar o modo de que
cada um possa saber, não somente o que aprende, mas mais do que
78
aprenda, isto é: não reproduzindo integralmente o que os preceptores
e autores lhes ensinam, mas julgando ele próprio das coisas pelos
seus princípios (COMÊNIO, apud PILETTI, N.; PILETTI, C., 1997, p.
212-213).
Assim, desde muito tempo atrás que a atuação do Pedagogo consiste
num preparo para a vida e para as questões que levem a uma aprendizagem
subjetiva. A crítica aos procedimentos e normas do processo de formação de
indivíduos é um marco forte deste trecho da Didática Magna. Isso porque
Comênio já previa uma subutilização cognitiva do ser humano pelas instituições
de ensino levando a uma negligência do conhecimento formal; como Capra
cita, “A cognição envolve todo o processo da vida – inclusive a percepção, as
emoções e o comportamento” (2002, p. 41). Diante do exposto, é possível, sem
estranhamento, considerar estes trechos como extremamente atuais.
Atualmente, o Pedagogo contemporâneo assume uma função não muito
distante da especificada nos trechos acima. Porém, a tecnologia e a
modernização dos sistemas de informação e comunicação têm exigido do
Pedagogo uma atuação mais firme sobre o processo de formação do ser
humano, de modo que o conduza a uma prática consciente de suas atitudes
perante a vida e os indivíduos. Oportuna-se dizer que Arroyo (2000) adverte,
no entanto, que antes de tudo o Pedagogo precisa conhecer inteiramente os
indivíduos mais do que qualquer outra coisa.
Por outro lado, para que essa qualidade na instrução dos indivíduos
aconteça, é necessário que as instituições de ensino superem as expectativas
de responsabilidade e possam realizar uma gestão pautada nos princípios de
democratização da informação e seleção criteriosa do processo de aprender a
aprender. Esse processo se aplica não só às instituições como aos seres
humanos.
É preciso, então, que a atuação do Pedagogo seja orientada pelo que
Delors (2006) acredita ser necessário, já que o mesmo se orienta pelos
princípios da educação universalista e da aprendizagem significativa.
Os sistemas educativos formais são, muitas vezes, acusados e com
razão, de limitar a realização pessoal, impondo a todas as crianças o
mesmo modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade
79
dos talentos individuais. Tendem cada vez mais, por exemplo, a
privilegiar o desenvolvimento do conhecimento abstrato em
detrimento de outras qualidades humanas como a imaginação, a
aptidão para comunicar, o gosto pela animação do trabalho em
equipe, o sentido do belo, a dimensão espiritual ou a habilidade
manual. De acordo com as suas aptidões e os seus gostos pessoais,
que são diversos desde o nascimento, nem todas as crianças retiram
as mesmas vantagens dos recursos educativos comuns. Podem, até,
cair em situação de insucesso, por falta de adaptação da escola aos
seus talentos e às suas aspirações (DELORS, 2006, p. 55).
Para ele, o principal objetivo da atuação do Pedagogo se orienta deste
modo, no desenvolvimento do conhecimento e na sua utilização deste ao
autogerenciamento de suas dimensões e qualidades, elevando os níveis de
seu relacionamento com a sociedade.
Macuch já previa a importância das relações no processo educacional.
Nessa concepção, através dos níveis de relacionamentos a função do
Pedagogo deve estar pautada na criação e na sustentação de uma formação
beseada nas relações. São elas, as relações, que possibilitam um melhor
desenvolvimento da aprendizagem. A qualidade da aprendizagem, segundo a
autora, é determinada pelo nível de informações que são absorvidas pelos
autores do conhecimento e a percepção de que eles possuem acerca deste, de
modo que o aprendizado esteja condicionado à conscientização de todos
envolvidos (MACUCH apud MORAES, 1997).
A partir dessa análise, a atuação do Pedagogo exerce total influência
sobre as formas de trabalho do indivíduo perante uma sociedade, já que ambos
se caracterizam pelas relações que são estabelecidas em suas atuações.
Cumpre esclarecer que Berger (1983) realizou um estudo sobre o
trabalho e sua relação com o ser humano. Ele acreditava que não existia
trabalho real se não houvesse por parte do ser humano uma transformação na
forma de perceber e transformar o mundo a sua volta e este provocar
mudanças em toda uma geração. Assim, nota-se que as relações possuem
indiscutível capacidade de promover aprendizagem em longo prazo e que
podem, portanto, ser determinantes na formação dos novos indivíduos,
influenciando-os positivamente ou negativamente em sua percepção do
mundo.
80
Para Moran (2000), o trabalho do Pedagogo atual pode muito mais ser
enfatizado a ações concretas quando a organização assume uma postura de
apoio ao profissional, pois a atuação organizacional é capaz de modificar o
contexto social em qualquer campo que seja. Nesta perspectiva, o autor
acredita que os processos de conhecimentos podem ser influenciados pelos
diversos campos em que vive o ser humano e as organizações e, ao mesmo
tempo, com os quais eles se relacionam. Moran, assim, acredita que a opção
cultural é o principal campo para o sucesso de qualquer atuação que implique o
desenvolvimento de conhecimentos.
No entanto, seja qual for a opção cultural na qual o Pedagogo esteja
envolvido, é necessário estabelecer os critérios e os caminhos que serão
percorridos pelo mesmo a fim de, ao final de seu trabalho, promover o
desenvolvimento das dimensões humanas, sociais, ambientais e cognitivas de
seus alunos.
Importante ressaltar que, como pensava Arroyo, é preciso fortalecer a
atuação e o papel do Pedagogo contemporâneo, pois
[...] todo perfil de mestre de Educação Básica construído desde a
centralidade da ciência, do conhecimento, das técnicas, das letras
cultivadas, pesquisadas na academia, terá dificuldade de equacionar
bem o perfil do ofício de mestre da educação, formação e
desenvolvimento humano específicos da infância, adolescência e
juventude, no campo da Educação Básica. Sobretudo da infância real
com que convive (ARROYO, 2000, p. 107).
Conhecer a importância da sua responsabilidade, enquanto profissional
da formação dos sujeitos, não é uma coisa muita fácil. Podemos ainda ampliar
a afirmação do autor para todos os níveis do ensino, e não só da educação
básica. Nisso as instituições de nível superior também se encaixam, uma vez
que elas são as formadoras dos que formarão futuramente os novos cidadãos
dessa sociedade.
As instituições de ensino superior devem ser assim, as mais
preocupadas com seu perfil institucional, pois ele possui grande influência na
formação consciente ou não dos profissionais que irão atuar no mercado de
trabalho e na sociedade.
81
Diante desta prerrogativa, o próximo capítulo busca analisar as
principais características do perfil institucional da IES “X”, o perfil profissional
desenvolvido nos egressos do curso de Pedagogia dessa instituição bem como
a análise dos resultados.
82
CAPÍTULO 3
3 ESTUDO DE CASO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
“X”
A instituição “X” foi fundada em 1911 por imigrantes alemãs, sendo hoje
mantida por comunidade evangélica com foco para a educação em todos os
seus segmentos de ensino, pesquisa e extensão.
Suas principais
características são ações voltadas para o futuro e a modernização dos
recursos tecnológicos da educação.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR “X”
A instituição teve seu primeiro curso superior implantado no ano de
1972. Atualmente oferece mais de 80 cursos de graduação e graduação
tecnológica e mais de 70 de pós-graduação, ambos com ensino presencial e a
distância. Possui uma rede de escolas onde são administradas 18
organizações educacionais com educação infantil, ensino fundamental, médio
e
profissional,
além
de
ensino
especial
para
surdos,
graduação,
especializações, oferecendo também oito programas de mestrado e três de
doutorado. Possui atuação em todo o País através de polos de apoio
devidamente credenciados.
A IES possui, enquanto missão,
desenvolver, difundir e preservar o conhecimento e a cultura pelo
ensino, pesquisa e extensão buscando permanentemente a
excelência no atendimento das necessidades de formação de
profissionais qualificados e empreendedores nas áreas da educação,
saúde e tecnologia (PPP DA IES, 2010).
Seu objetivo é estar sempre entre as dez melhores instituições de ensino
superior do País. Seus principais valores estão pautados na qualidade
83
educacional, tecnológica e de saúde do ser humano. Mas, alguns se destacam
pela referência feita ao ser humano:
•
Preocupação permanente com a satisfação das pessoas que fazem parte
do Complexo “X”;
•
Cultivo do convívio social em termos de mútuo respeito e cooperação e da
consciência crítica da sociedade;
•
Formação integral da pessoa humana em conformidade com a filosofia
educacional, cuja existência se desenrola na presença de Deus, o Criador
(PPP DA IES, 2010).
A instituição possui grande preocupação com as demandas sociais da
comunidade que a cerca e, por este motivo, exerce ações de responsabilidade
social interna e externamente, além de divulgar em seu site, todos os anos, seu
relatório social.
3.2 O CURSO DE PEDAGOGIA EAD DA INSTITUIÇÃO “X”
O curso de Pedagogia na modalidade a distância da Instituição “X” teve
seu início e autorização no ano de 2004. A grade curricular do curso oferece
uma variedade de disciplinas que visam todas as dimensões do ser humano.
Todos os professores possuem titulação mínima em mestrados na área de
educação.
Sobre a metodologia do curso, a instituição adota o formato híbrido de
aula, caracterizado pelo uso de vídeoaula e material gráfico somados à
interação do aluno no uso do ambiente virtual de aprendizagem, conhecida
como plataforma. As aulas são distribuídas com
48h de interação com o
professor através da vídeo-aula e 20h de encontros presenciais no pólo de
ensino com o tutor, onde são realizadas as atividades. Todas as atividades
depois de respondidas são entregues ao próprio tutor e, este é responsável em
postar as atividades na plataforma para acesso aos professores titulares. O
acesso ao fórum de discussão é feito apenas pelo tutor que posta todas as
dúvidas dos alunos.
84
De acordo com o Projeto Político Pedagógico (2007) da IES ”X”, o curso
de Pedagogia baseia-se na multiculturalidade do País, tendo como proposta
curricular a democratização e expansão do acesso ao conhecimento,
oportunidade de trabalho.
A IES propõe que o egresso do curso de Pedagogia na modalidade a
distância, ao final do curso, deverá possuir as seguintes competências:
• Compreensão ampla e consistente do fenômeno e da prática
educativa que ocorre em diferentes âmbitos e especialidades;
• Compreensão do processo de construção do conhecimento no
indivíduo inserido em seu contexto social e cultural;
• [...] Compromisso com uma ética de atuação profissional e com a
organização democrática da vida em sociedade;
• Estabelecer diálogo entre a área educacional e as demais áreas
do conhecimento;
• [...] Dominar processos e meios de comunicação, e utilização das
tecnologias da informação nas práticas educativas em suas relações
com os problemas educacionais;
• Desenvolver metodologias e materiais pedagógicos adequados ao
contexto sociocultural do indivíduo;
• Identificar problemas socioculturais e educacionais propondo
respostas criativas a questões da qualidade do ensino e medidas que
visem superar a exclusão social;
• [...] Articulação das atividades nas diferentes formas de gestão
educacional, na organização do trabalho pedagógico escolar, no
planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas da
escola;
• Elaboração do projeto pedagógico, sintetizando as atividades de
ensino e administração caracterizadas por categorias como:
planejamento, organização, coordenação e avaliação, e por valores
como: solidariedade, cooperação, responsabilidade e compromisso
(PPP DA IES, 2010).
Dada a importância da tecnologia para o processo de formação dos
profissionais que formam outros indivíduos, é oportuno questionar se o sistema
híbrido de aula pelo qual optou a IES “X” consegue suprir todas as angústias,
inquietações e questionamentos dos alunos, que são comuns num momento de
aprendizagem on-line.
Dada a importância de tal questionamento, as autoras Bohadana e Valle
(2009) comungam de tal preocupação com a qualidade do ensino superior a
distância, a fim de que não se torne puramente tecnicista. Diante disso, as
85
autoras levantam a indagação sobre as dificuldades enfrentadas no ensino
superior na modalidade presencial e o avanço sobre o nível de entrosamento
entre alunos e profissionais com os sistemas comunicação e informação que
dominam a modalidade a distância.
No entanto, é interessante analisarmos a atuação da IES “X” quanto às
ações realizadas que contribuam para o desenvolvimento das competências
citadas acima, em seus formandos, considerando, principalmente aspectos
práticos, legais, mas que sobretudo reduzam dificuldades como as identificadas
por Gouvêa e Oliveira (2006) ao estudar o Relatório Delors. Uma das principais
dificuldades, assim se referem, é a “[...] tensão entre o extraordinário
desenvolvimento dos conhecimentos e as capacidades de assimilação pelo
homem, que afeta a compreensão do indivíduo sobre si mesmo e seu
ecossistema” (2006, p. 48).
Pois bem. De acordo o Conselho Estadual de Educação, as instituições
de ensino superior na modalidade a distância deverão manter um padrão de
qualidade que garanta uma formação de excelência a seus formandos em seus
respectivos cursos. O artigo 4 e 5 da resolução do Conselho Estadual de
Educação, que versa sobre o desempenho das instituições, esclarece quanto à
essa atuação:
Os cursos e programas ministrados a distância são organizados em
regime especial e dispensam a exigência de frequência obrigatória
vigente para o ensino presencial, prevendo a obrigatoriedade de
momentos presenciais para:
I – avaliação da aprendizagem do aluno;
II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação
pertinente e ou na organização curricular do curso;
III – apresentação de trabalhos de conclusão de curso,
quando previstos na legislação pertinente e ou na organização
curricular do curso;
IV – atividades de laboratórios e aulas práticas, quando for o
caso; e
V – visitas técnicas (RESOLUÇÃO Nº 79/2008).
São características fundamentais a serem observadas nos
cursos e programas oferecidos a distância:
III - interatividade, sob diferentes formas, entre os agentes
dos processos de ensino e de aprendizagem, de modo a superar a
distância entre ambos (Idem).
86
Assim, a principal atuação da IES que inicialmente pode ser identificada
é a construção de um currículo elaborado de forma a priorizar a diversidade
das dimensões humanas, ao incluir disciplinas como: tecnologia da informação
e comunicação na educação; desenvolvimento da linguagem humana;
educação inclusiva, ecopedagogia, educação e meio ambiente; psicodinâmica
da aprendizagem; pedagogia e ambientes não escolares, entre outras,
podendo ser verificadas na grade curricular da IES e com significativa
importância para formação de profissionais com qualidade.
Existem ainda diversas ações de responsabilidade social desenvolvidas
pela IES “X” dentro do estado de origem da instituição, mas que, infelizmente,
não atingem na prática o público de estudantes da modalidade a distância.
Ressalta-se que disciplinas como as citadas acima incentivam, através de suas
atividades, atitudes diversas como voluntariado e gestão.
O Relatório de Responsabilidade Social do ano de 2009 aponta, na área
educacional das ciências e artes, diversos projetos realizados pela IES os
quais abrangem os campos sociais e de desenvolvimento humano, a exemplo
do Centro Interdisciplinar de Estudos em Psicomotricidade Relacional
(CIEPRE), que tem como fundamento o “desenvolvimento harmônico da
criança”;
Centro
de Estudos
de
Atividade
Física
e
Envelhecimento;
Organização de Acervo Histórico de Hospitais públicos; Centro de Estudos da
Atividade Motora Adaptada (CEAMA); “Geografizando Lugares Transitando por
Diferentes Ambiências, Promovendo Saberes e Práticas na cidade sede; Arte e
Interculturalidade: um Fazer Especial, convênios com museus para estudo e
pesquisa de acervos diversos; Dança e Movimento; Pesquisa em Teatro e
História; Pedagogia Hospitalar; Recreação Comunitária; Matemática é Legal;
Técnicas de Construção em Cerâmica; Arte/Ensino: Relação e Reflexão;
Sistema de Gerenciamento de Resíduos; Memoriais; Parcerias Culturais, entre
outras.
Percebe-se, assim, que há uma preocupação, por parte da organização
de ensino, quanto aos diversos saberes que promovem o desenvolvimento
humano nos indivíduos. No entanto, as diversas ações e projetos como as
87
citadas anteriormente, em sua grande maioria não atingem na prática os
estudantes da modalidade a distância.
Ou seja, assim como as competências, capacidades e habilidades
objetivadas para os alunos do curso de Pedagogia são iguais para as
diferentes modalidades de ensino da instituição do mesmo curso, da mesma
forma deveria acontecer no que diz respeito a projetos e ações no campo
educacional prático e teórico. Não está se dizendo com isto que seja fácil tal
pleito, mas possibilidades precisam ser consideradas, de modo a garantir
qualidade no processo de formação a distância dos futuros educadores.
O estágio curricular não pode ser o único recurso disponível aos alunos
para vivenciar práticas reais sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois
ele por si só não garantirá a base estrutural necessária a uma formação
completa em suas dimensões humanas, sociais, culturais, ambientais e
religiosas. Para as autoras Gouvêa e Oliveira,
Os sistemas educativos devem dar resposta aos múltiplos desafios
das sociedades da informação, na perspectiva de um enriquecimento
contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às
exigências do nosso tempo (DELORS apud GOUVÊA E OLIVEIRA,
2006, p. 50).
Contudo, percebe-se que há um grande caminho a se percorrer para
que se garantam, de fato, respostas enriquecedoras às habilidades e saberes
dos indivíduos das mais diferentes modalidades de ensino.
A formação de um currículo diversificado e comprometido com a
sociedade é o principal caminho para se obter a qualidade dos profissionais de
qualquer instituição. A seguir é possível visualizar a grade curricular, uma vez
que a mesma integra parte do currículo do curso de Pedagogia da modalidade
a distância da IES “X” para que seja feita uma analise sobre o mesmo.
88
Figura 3 – Grade curricular da IES X
Fonte: Projeto Político Pedagógico disponível no site da Instituição.
89
A grade de disciplinas do curso de Pedagogia EAD da IEA “X”
apresenta-se de forma contextualizada com o seu tempo. Isto porque as
disciplinas demonstram abranger, de modo teórico muitas das necessidades
que a profissão de professor requer.
O curso é composto por disciplinas obrigatórias e outras ainda que
seguem um caráter eletivo, bem como atividades acadêmicas de cunho prático
realizadas em instituições de ensino. É importante ressaltar que a IES define
um perfil profissional para seus egressos onde prevalece o ensino da docência
conforme especificado em seu plano de curso.
O curso de Pedagogia destina-se à formação de docentes para
exercer funções de magistério na Educação Infantil e Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, nas Matérias Pedagógicas dos cursos de
Ensino Médio, na modalidade Normal; de Educação Profissional na
área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos e na Gestão em Ambientes
Educativos (PPP IES “X”, 2007).
Ao analisar a grade curricular do curso de Pedagogia da IES “X”, é
possível observar que há uma articulação entre algumas das competências que
a instituição propõe e o que o MEC sugere. Competências como a valorização
das diferentes linguagens e sua relação na produção do conhecimento com
disciplinas do Desenvolvimento da Linguagem Humana e Tecnológica da
Informação e Comunicação na Educação são algumas das disciplinas que a
IES propõe. Estas duas com grande importância na formação das
competências humanas do Pedagogo.
No caso da disciplina Tecnologia da Informação e da Comunicação sua
ementa traz o “estudo e aplicação” da mesma. No entanto, observa-se que
quanto à aquisição de competências voltadas ao domínio dos processos e
meios de comunicação, Proposta Política da IES para o curso de Pedagogia
EAD ainda possui grande necessidade de aprofundamento prático para
aquisição de tal domínio. Segundo as egressas, a IES possui grande
necessidade de investimento nos recursos tecnológicos, conforme se vê a
seguir.
90
O polo não oferecia um laboratório de informática, não tínhamos
acesso à computadores dentro do polo presencial e, isso dificultava
fazer nossas atividades. Deveria se investir mais na tecnologia e na
biblioteca (EGRESSA 09).
A Egressa faz referência à qualidade dos recursos tecnológicos
utilizados pela IES para viabilizar o processo de comunicação entre professor X
aluno.
Através do Referencial Curricular Nacional é possível conhecer o perfil
dos profissionais do ensino que os órgãos públicos relatam como ideal para o
atual momento histórico vivido pela sociedade.
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha
uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao
professor cabe trabalhar com conteúdos de natureza diversas que
abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos
específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento (RCNI,
p. 42, 1998).
É possível observar que a matriz curricular do curso de Pedagogia busca
esse profissional polivalente, no momento que inclui na mesma uma
diversidade de disciplinas que abrange os diversos saberes; como é o caso
das disciplinas: Sociedade e Contemporaneidade; Organização dos Tempos e
Espaços na infância; Introdução à Psicopedagogia; Psicodinâmica da
Aprendizagem; Ecopedagogia: Educação e Meio Ambiente; Pedagogia Social;
Pedagogia e Ambientes Não escolares e Libras.
Neste sentido, os polos de ensino da IES precisam comungar da mesma
filosofia quanto à formação de seus profissionais, uma vez que quando os
indivíduos buscam polos presenciais, os mesmos recorrem pela visão que se
tem ou se adquire da Instituição.
No entanto, esta ausência de nivelamento entre o perfil acadêmico da
IES e o perfil acadêmico do Polo de ensino, tende a gerar um descaso com o
profissional e a baixa credibilidade da instituição de ensino.
3.3. A PESQUISA
91
A pesquisa possui como objetivo principal caracterizar o perfil do
Pedagogo da Educação a distância e sua inserção no mercado profissional.
Optou-se, então, por uma instituição de grande porte e com grande atuação em
todo o País. Outro fator que levou a optar-se por tal IES se deve ao fato de esta
possuir turmas que concluíram no ano de 2009/2 dentro da capital baiana e
região metropolitana de Salvador.
Além disso, a universidade deveria ter polos de ensino nestas mesmas
cidades de modo que viabilizasse a realização da pesquisa. Para tanto, cabe
descrever o percurso metodológico utilizado na pesquisa, bem como a análise
das informações coletadas.
A partir das informações adquiridas através da pesquisa, torna-se
possível e relevante uma discussão a respeito do conteúdo teórico e dos dados
obtidos envolvendo alunos egressos do devido ano do curso de Pedagogia
EAD da IES “X” e com polos de ensino tanto na capital baiana como em
algumas cidades da região metropolitana como Camaçari, Lauro de Freitas,
São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé.
3.3.1 Caracterização da Pesquisa
Objetivando uma maior compreensão e aprofundamento teórico sobre a
temática abordada, optou-se pelo procedimento metodológico do estudo
bibliográfico visando, com isto, analisar o percurso histórico da educação a
distância no País, como também caracterizar os profissionais de Pedagogia da
EAD, bem como os paradigmas enfrentados por este tipo de modalidade de
ensino.
A relação entre educação e o desenvolvimento de seus alunos, a forma
como se processa a aprendizagem e a responsabilidade social das IES ao
preparar o profissional para o mercado profissional, foram os caminhos
construídos e analisados para compreender quais competências e habilidades,
de fato, as instituições de ensino superior no curso de Pedagogia EAD estão
desenvolvendo nos seus egressos. Assim, a pesquisa bibliográfica foi
construída através dos estudos realizados em livros, artigos de periódicos,
92
documentos e textos publicados na internet, livros e revistas que foram
significativos para o estudo qualitativo realizado.
Segundo Lüdke e André citados por Araújo (2008), o estudo qualitativo
tem significativo valor por considerar as diversas situações envolvendo dados
descritivos da realidade em sua complexidade e subjetividade.
Por este motivo, optou-se pelo estudo de caso enquanto estratégia
investigativa por julgar relevante sua função, que segundo Yin (2001) prioriza a
análise aprofundada dos dados dentro de uma perspectiva contemporânea e
real. Do mesmo modo afirma Harhley citado por Araújo (2008):
[o estudo de caso] Consiste em uma investigação detalhada de uma
ou mais organizações, ou subgrupos, com vistas a proceder a uma
análise do contexto e dos processos envolvidos no estudo,
considerando que o fenômeno não está isolado do contexto, haja
vista que o interesse do pesquisador é justamente essa relação entre
o fenômeno estudado e seu contexto (2008, p. 86).
Ou seja, o estudo de caso permite um alto grau de análise subjetiva
capaz de proporcionar e produzir um resultado dos dados mais próximos da
completude e da realeza dos fatos e, ao mesmo tempo, múltiplas fontes de
evidências sobre o fenômeno e o contexto no qual está inserido (YIN, 2002).
Assim, para Gil citado por Dias e outros (2008),
O estudo de caso configura a busca de uma compreensão detalhada
dos significados do fenômeno analisado à luz das percepções e dos
sentimentos dos sujeitos participantes, sobre fatos, eventos e
instituições pesquisadas (p.46).
Nesta perspectiva, realizou-se a pesquisa através de uma abordagem
qualitativa e de cunho exploratório pelo fato de possuir ampla gama de
subjetividade. Para levantamento dos dados e informações, foram utilizados
questionários aplicados aos egressos do curso de Pedagogia EAD que
concluíram seu curso no ano de 2009 na IES “X”, na modalidade a distância da
rede privada, localizada nas cidades de Salvador, Camaçari, Lauro de Freitas,
São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé.
93
Do mesmo modo, quanto às tutoras pedagógicas do curso e
coordenadora da região, foram realizadas entrevistas semiestruturadas além
de uma análise documental do Projeto Político Pedagógico do curso.
Dessa forma, referente ao questionário aplicado aos egressos do curso
de Pedagogia EAD da IES “X”, o mesmo foi dividido em quatro categorias com
o objetivo de facilitar a compreensão dos fatos como também facilitar a linha de
raciocínio para formandos.
As categorias foram divididas em quatro. A primeira delas, identificada
como categoria geral onde se buscam informações como idade, sexo, ano de
conclusão do segundo grau, área de atuação no momento da pesquisa e
acesso à tecnologia. A segunda categoria busca coletar informações sobre o
curso como: motivos por ter optado pela modalidade EAD, dificuldades,
expectativas,
necessidades
de
aprendizagem, ferramentas, saberes
e
habilidades além dos processos de comunicação utilizados pela equipe
pedagógica. A terceira categoria avalia o nível de satisfação dos egressos
quanto à qualidade da instituição e dos materiais utilizados. A quarta e última
categoria tem como objetivo analisar as dificuldades enfrentadas no mercado
profissional e sua relação com a formação recebida pela IES “X”, além de
identificar as competências e habilidades que foram desenvolvidas no curso.
Outro instrumento utilizado foi a observação, que para Reyna (1997)
citado por Bele e outros (2008) apresenta o seguinte contexto:
Circunstâncias através das quais esta se realiza, ou seja, é o
contexto natural ou artificial no qual o fenômeno social se manifesta
ou se reproduz. Por sua vez, o sistema de conhecimento é o corpo de
conceitos, categorias e fundamentos teóricos que embasa a pesquisa
(p. 191).
A observação foi consideravelmente importante para avaliar a qualidade
da formação profissional bem como a inserção desses egressos no mercado
profissional, uma vez que são grandes as dificuldades teóricas e físicas
enfrentadas nos polos de ensino.
Outro ponto a considerar é sobre a pesquisa documental realizada a
partir do Projeto Político Pedagógico da instituição que permitiu analisar e
94
comparar os fundamentos teóricos e metodológicos do curso de Pedagogia na
modalidade a distância junto aos parâmetros legais que sustentam tal curso.
3.3.2 População e Tamanho da Amostra
O universo da pesquisa foi composto pelos egressos ou formandos dos
polos que possuem o curso de Pedagogia e que concluíram o mesmo no ano
de 2009/2 na IES “X” no estado da Bahia. A IES totaliza 69 polos espalhados
em todas as regiões norte, sul, extremo sul, centro-oeste, além da capital e
região metropolitana do estado. Todas oferecem o curso de Pedagogia na
modalidade EAD. Mas, deste universo de 69 polos, apenas os da capital e
cidades da região metropolitana que possuem o referido curso como Salvador,
Camaçari, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde e São Sebastião do
Passé foram selecionados para aplicação da pesquisa, devido à facilidade de
acesso ao público de interesse.
Portanto, dos 69 polos que possuem o curso de Pedagogia, todos eles
tiveram suas primeiras turmas formadas no ano de 2009, representando assim
a quantia de um mil trezentos e cinquenta e oito (1.358) egressos do curso de
Pedagogia na modalidade a distância da IES “X” em todo o estado da Bahia.
Deste universo, duzentos e noventa e quatro (294) fazem parte da capital e
região metropolitana do estado, representados em cinco (05) municípios.
Todavia, obteve-se o retorno de apenas vinte e cinco (25) questionários
respondidos, representando o valor de 8,5% do total de egressos do ano de
2009 do curso de Pedagogia EAD da IES “X” da capital e região metropolitana.
Este percentual tem o valor representativo de 25 egressos, 06 tutores e 01
coordenadora pedagógica responsável pela região da Bahia.
95
CAPÍTULO 4
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA
A pesquisa realizada no curso de Pedagogia a distância da IES “X” e a
análise dos dados foram divididas em quatro categorias: Geral, Curso,
Instituição e Formação Profissional. A divisão das categorias visa a uma busca
maior de informações e compreensão sobre a pesquisa e seus resultados.
Para tanto, o questionário e entrevista, utilizados como instrumentos
para levantamento dos dados, foram aplicados aos formandos que concluíram
o curso de Pedagogia EAD da IES “X no ano de 2009/2 na capital e região
metropolitana da Bahia e suas tutoras e coordenadora do estado,
respectivamente.
Utilizaram-se para construção do questionário (20) questões objetivas:
(11) sobre informações gerais, (04) sobre o curso, (05) sobre a instituição, (03)
sobre formação profissional e (08) questões subjetivas envolvendo todas as
categorias.
No entanto, a entrevista aplicada às tutoras das turmas concluintes e à
coordenadora possui (01) questão objetiva sobre o curso e (08) questões
subjetivas envolvendo todas as categorias com o objetivo de analisar a
percepção delas junto à qualidade do curso, dificuldades enfrentadas e
competências e habilidades desenvolvidas nos egressos.
Com intuito de identificar os envolvidos na pesquisa, foram utilizadas
algumas denominações para os egressos do tipo E1, E2, e assim por diante.
Para as tutoras e coordenadoras utilizou-se nomenclaturas do tipo Educador 1,
Educadora 2 e assim por diante.
A seguir são apresentados os dados por categoria de toda a pesquisa
realizada com os egressos respondentes e suas tutoras.
4.1 CATEGORIA GERAL
96
Esta categoria pretende definir o perfil do egresso da IES “X” a partir das
características físicas como idade, sexo, raça, tempo de conclusão do ensino
médio, além da acessibilidade aos recursos tecnológicos.
O universo pesquisado abrangeu um total de 25 egressos, sendo que,
destes, 24 são do sexo feminino havendo apenas 01 homem, configurando-se
o predomínio das mulheres na área da educação e, em especial na modalidade
a distância.
A idade dos egressos revelou um dado importante. De todos os
pesquisados, a maioria (52%) possui idade de 31 a 40 anos. Juntando-se a
quantidade dos egressos que possuem idade superior a 41 anos chega-se a
um total de 96%. Este percentual revela o grau de amadurecimento do curso,
uma vez que apenas 4% dos egressos tem até 30 anos.
Gráfico 1 – Faixa etária dos egressos da IES (X)
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Contudo, 44% do total de pesquisados informaram ter iniciado o curso
de graduação mesmo estando afastados muito tempo da sala de aula, num
período igual ou superior a 20 anos, ou seja, época esta em que a tecnologia
ainda não fazia parte da realidade da maioria das escolas.
Analisando o gráfico a seguir, a IES pesquisada apresenta um dado que
não se caracteriza uma surpresa devido à realidade racial do estado da Bahia,
mas que é de grande relevância para democratização do ensino superior e às
97
oportunidades de acesso ao mercado de trabalho. Ou seja, 28% e 56% de
seus egressos se declaram pretos e/ou pardos7, respectivamente, o que
totaliza 84% de afro-descendentes na área de educação pesquisada.
Este acesso pode ser facilitado pelo custo reduzido dos cursos. No
entanto, é importante analisar a qualidade dos cursos que as instituições
fornecem com o objetivo de identificar sua relação com as competências e
habilidades desenvolvidas nos profissionais de educação e seu impacto no
mercado de trabalho.
Isso porque, como afirma Santos, “[...] qualquer projeto estratégico de
mudança, no Brasil, passa antes pelas relações raciais” (2003, p 259).
Gráfico 2 – Raça declarada dos egressos da IES (X).
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Atualmente, já existem algumas políticas afirmativas para a população
negra no campo da educação, como o PROUNI e o programa de “Cotas” nas
universidades públicas. Todavia, não há registros de alunos de EAD que
tenham sido contemplados com tais programas.
Veen (2009), da mesma forma, acredita que
7
Segundo diversos estudiosos as categorias “preto” e “pardo” totalizam a população negra.
98
[...] um dos maiores benefícios da tecnologia foi o de que a
informação não é mais uma mercadoria rara. Está disponível para
quase todas as pessoas em qualquer lugar do mundo e, mais
importante, ao mesmo tempo (p. 56).
Sem dúvida que a área de educação foi amplamente beneficiada. Isto
porque, muitos dos cursos fornecidos pelas instituições de ensino superior no
Brasil e, principalmente, na Bahia são da área de educação, como licenciaturas
(MEC, 2010).
Ou seja, pode-se deduzir que através da tecnologia tornou-se possível a
melhoria da qualidade dos professores, uma vez que através do gráfico abaixo,
é possível perceber que 76% dos egressos da modalidade a distância da IES
“X” já estão atuando como profissionais. Assim, o curso de graduação tende a
se tornar um processo de aprofundamento e busca por novos conhecimentos
técnicos para prática laboral.
Gráfico 3 – Egressos da IES “X” inseridos no mercado de trabalho.
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
99
Gráfico 4 – Atuação dos egressos da IES “X” na área de formação
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Através do gráfico 4, observa-se que 85% dos egressos atuam na área
de formação, o que significa dizer que os mesmos estão na sala de aula.
Nessa perspectiva, Veen (2009) afirma que “[...] as tecnologias da
informação e da comunicação mudarão de maneira profunda o modo como
aprendemos” (p. 124). Isso nos tranquiliza a dizer que, se os professores
aprendem novas formas de aprendizagem através dos recursos tecnológicos,
eles ensinam com mais riqueza metodológica, bem como proporcionam aos
seus alunos meios mais enriquecedores de interação entre os conteúdos e sua
formação cognitiva de modo a ampliá-la, transformá-la (Lévy, 1993) e, ao
mesmo tempo “[...] conferindo à coletividade duas importantes mutações: a
tecnológica e a filosófica da espécie humana” (LEAL; ALVES; HETKOWSKI,
2006, p. 19).
Assim, subentende-se as TICs como elementos potencializadores
para ultrapassar a linearidade do espaço e do tempo, combinando
diferentes maneiras, formas e proporções para movimentar as
ressonâncias do saber e do conhecimento (LEAL; ALVES;
HETKOWSKI, 2006, p.18).
100
No entanto, isso seria uma realidade se mesmo tendo realizado curso de
informática, como afirmam 60% dos pesquisados, e tendo microcomputador em
suas residências (88%) os mesmos dominassem todas as ferramentas de um
computador, o que na verdade acontece na proporção inversa, uma vez que
68% não possuem o domínio sobre tal ferramenta (Ver gráfico 5).
Gráfico 5 – Domínio dos egressos sobre as ferramentas da informática.
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Ora posto, é permitido se fazer a seguinte questão: como então formar
profissionais de qualidade na modalidade a distância para atuar numa
sociedade que passa por uma revolução dos recursos comunicação, como
ilustra o Gráfico 5? Na tentativa de obter respostas a tal questionamento, surge
a necessidade de se analisar os dados da categoria que seguem abaixo.
4.2 CATEGORIA CURSO
O advento da tecnologia proporcionou ao mundo moderno a valorização
não só dos recursos da informação e comunicação, mas principalmente do
tempo. Devido à preocupação com a economia de tempo, muitos são os
indivíduos que justificam suas ações e a realização ou não das mesmas devido
à escassez deste.
101
Ou seja, a impressão que o atual momento contemporâneo nos
proporciona é a de que o relógio acelerou seu percurso. Dessa forma, a
supervalorização do tempo é algo que motiva a classe social a acelerar suas
ações na tentativa, também de obter resultados cada vez mais rápidos como
forma de acompanhar os avanços que o atual momento histórico exige e assim
conseguir se inserir ou permanecer no mercado profissional.
No entanto, como afirma Gouvêa e Oliveira, “[...] o controle do tempo
será uma questão de fundamental importância para o desenvolvimento” (2006,
p. 17). Devido à necessidade de economia e controle do tempo, 59% dos
entrevistados, conforme gráfico abaixo, optaram por um curso a distância.
Gráfico 6 – Causas que definiram a escolha para realização de um curso a distância.
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Apesar dos cursos na modalidade a distância serem de custo menor em
relação aos cursos presenciais, a condição financeira não foi a causa
diretamente definitiva para realização daqueles. O fato de 50% dos
entrevistados trabalharem durante a realização do curso justifica a escolha pela
modalidade em questão.
Contudo, para Gouvêa e Oliveira (2006), a aquisição do acúmulo de
informações em menor tempo representa apenas o “[...] aumento quantitativo
de informações acessíveis” (p. 32), sem, necessariamente, segundo eles,
representar a produção de conhecimento na mesma escala.
102
Devido ao fato de essa busca acelerada por formação não constituir
efetivamente, para as autoras, produção de conhecimentos, são muitas as
barreiras que podem surgir durante a realização de um curso a distância, como
foi analisado na pesquisa ao se questionar sobre as dificuldades que foram
enfrentadas.
Senti muita dificuldade quanto à forma de comunicação adotada pela
instituição para contato com os professores (Egresso 2).
Havia pouca motivação por parte dos gestores do polo em realizar
eventos (EGRESSO 8).
Devido ao processo de comunicação, como cita o E2 e o E8, 68% do
público entrevistado não acredita que o curso de Pedagogia EAD da IES “X”
tenha atendido suas necessidades de aprendizagem sobre a profissão, e que
também não lhe proporcionasse segurança para atuar no mercado de trabalho.
Por outro lado, através do Art. 3º, o Conselho Nacional de Educação
institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de graduação
em Pedagogia.
O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de
informações e habilidades composto por pluralidade de
conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será
proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em
princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização,
pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética
(BRASIL, 2005).
A justificativa sobre tal percentual esbarra em questões como o próprio
artigo cita, a necessidade de aprofundamento teórico, falta de atividades
práticas, ausência de comunicação entre professor x aluno, como cita o E7.
A experiência na formação complementou, porém não havia retorno
dos nossos questionamentos para esclarecimentos de dúvidas, o
contato era nulo, além das diversas mudanças estruturais que
existiram para instalação e reinstalação do polo (EGRESSO 7).
103
O não-atendimento de tais necessidades fez com que os pesquisados
também
identificassem
a
não-utilização
de
ferramentas
tecnológicas
adequadas para exposição das aulas teóricas necessárias aos alunos, e que
eram, segundo o E1, o E4 e o E16, apresentadas em vídeoaula em TV de 14’,
uma vez que o polo encontrava-se com poucos recursos financeiros para
proporcionar ambientes básicos como o laboratório, biblioteca e até mesmo
tela de projeção que os auxiliassem nas pesquisas dos alunos.
O Ministério da Educação (MEC), através de decretos e dos indicadores
de qualidade de cursos de graduação a distância, esclarece as condições
mínimas para funcionamento destes em instituições de ensino superior e
enfoca para necessária qualidade e utilização de recursos e meios que
contribuam para uma formação capaz de proporcionar a autoaprendizagem do
aluno bem como a contribuição para aquisição de conhecimentos.
Ou seja, a educação a distância, segundo Gouvêa e Oliveira (2006), tem
como função mediar o processo de comunicação e aprendizagem entre os
diversos alunos e seus professores através da utilização dos recursos
tecnológicos de modo a ampliar a perspectiva de aprendizagem e a aquisição
de capacidades e habilidades necessárias à formação intelectual.
Portanto, deve oferecer ao aluno referenciais teórico-práticos que
colaborem na aquisição de competências cognitivas, habilidades e
atitudes e que promovam o seu pleno desenvolvimento como pessoa,
o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Ou seja, um
diploma de ensino superior recebido por um curso feito a distância
deve ter o mesmo valor que um realizado de forma presencial
(BRASIL, 2000, p. 03).
No entanto, de acordo com os resultados da pesquisa, a utilização e a
qualidade dos recursos tecnológicos ministrada no curso de Pedagogia EAD da
IES ”X” ainda não representam tal realidade.
É fato que muitas são as barreiras que as instituições enfrentam, como a
estrutura financeira de seus polos, a acessibilidade dos seus alunos aos
recursos tecnológicos, dentre outros. Kopp (2008, p. 68) destaca também as
“[...] barreiras da ordem das habilidades desenvolvidas”. Para o autor, é
necessário aos alunos de cursos a distância um conhecimento e uma
104
habilidade técnica com o computador para que a qualidade do curso não seja
prejudicada.
Nesse viés, conforme citado no segundo capítulo e de acordo com as
diretrizes curriculares nacionais, a formação na área educacional exige no
mesmo grau tal habilidade de seus profissionais, uma vez que atuarão em uma
era onde a informação e a tecnologia enfrentam processo revolucionário. Há a
necessidade, portanto, durante a formação do Pedagogo, do estabelecimento
das relações entre as diversas linguagens que envolvem o processo
educacional e de comunicação.
Apesar de todas essas dificuldades, quando questionados sobre os
saberes e habilidades adquiridos durante o curso, os pesquisados citaram a
aquisição de saberes filosóficos e psicológicos, além de organização cognitiva.
Habilidades interpessoais, comunicação escrita e oral, autoconhecimento e
autogerenciamento do tempo foram as principais habilidades desenvolvidas
durante o curso, de acordo com os pesquisados.
Para 60% dos pesquisados, a ausência física e as formas de
comunicação entre eles e os professores estabelecidas pela IES contribuíram
para redução da qualidade e da aquisição de conhecimentos dos alunos, uma
vez que não havia possibilidade de debates. Vale ressaltar a fala de alguns dos
egressos.
É necessária maior interação entre professor e aluno (Egresso 7).
Não havia muita chance para esclarecimentos de conteúdos através
de diálogos, a não ser pela tutora (Egresso 10).
Não havia contato com os professores, tudo era feito pela tutora que
muitas vezes não trazia o retorno dos professores (Egresso 17).
A plataforma não contribuía para a comunicação com o professor
(Egresso 24).
Da mesma forma, os indicadores de qualidade de cursos de graduação
a distância ressaltam a importância da interação entre professores e alunos
como forma de aperfeiçoamento e enriquecimento dos conhecimentos.
4.3 CATEGORIA INSTITUCIONAL
105
Esta categoria analisa a atuação dos tutores junto aos seus egressos,
bem com a percepção destes acerca da IES “X” e dos materiais didáticos e
tecnológicos que a mesma disponibiliza ao seu alunado.
Os tutores, como são conhecidos os profissionais que acompanham as
aulas presenciais dos alunos nos cursos a distância, passam a assumir grande
relevância na formação dos profissionais a distância devida sua contribuição
para aquisição de conhecimentos. 80% dos egressos reconhecem tal
importância. Igualmente reconhecimento é dado pelos indicadores de
qualidade para cursos a distância, pois afirma a responsabilidade atribuída aos
professores tutores. Isto porque os tutores “[...] contribuem na criação e
reflexão democrática sobre cultura, ciência, tecnologia e trabalho a serviço da
humanização e da superação de problemas do mundo presente” (BRASIL,
2000, p. 05).
Nessa perspectiva, o material utilizado pelos profissionais da tutoria
precisa ser cuidadosamente elaborado de modo que conduza o estudante da
EAD a um caminho de pesquisas. Assim, quando questionados a respeito da
qualidade do material didático fornecido pela IES “X”, a maioria avaliou
positivamente.
Gráfico 7 – Avaliação dos egressos quanto à qualidade do material fornecido pela IES “X”.
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
106
Mesmo diante desta percepção, 88% dos egressos informaram sua
insatisfação quanto à qualidade dos recursos tecnológicos utilizados para
viabilização do processo de comunicação entre eles e os professores.
O
mesmo
percentual
representou
o
não-atendimento
de
suas
expectativas quanto à instituição. Ou seja, de acordo com o gráfico a seguir, a
maioria dos egressos acreditam que a instituição não demonstrou interesse em
contribuir para sua formação.
Gráfico 8 – Egressos que acreditam na demonstração de interesse pela IES “X” para formação de
seus alunos
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Todavia, essa premissa não impossibilita que 76% dos egressos possam
a vir, futuramente, optar por outros cursos na mesma modalidade. Isso porque,
na visão dos egressos, critérios como tempo/custo e facilidade de acesso
proporcionam
maiores benefícios e chances de ingresso ao mercado de
trabalho e ao ensino superior.
4.3 CATEGORIA PROFISSIONAL
De acordo com Delors, a formação dos profissionais da educação
precisa ser eficaz na aquisição das competências pedagógicas e qualidades
humanas que os novos professores adquirem.
107
Uma das finalidades essenciais da formação de professores, quer
inicial quer contínua, é desenvolver neles as qualidades de ordem
ética, intelectual e afetiva que a sociedade espera deles de modo a
poderem em seguida cultivar nos seus alunos o mesmo leque de
qualidades (DELORS, 2006, p. 162).
Além de tais qualidades, o relatório destaca ainda uma formação voltada
para a pesquisa. Isso se deve ao fato da necessidade que a sociedade possui
de obter professores que dominem os processos de pesquisa a fim de que
possam estimular seus alunos a realizá-las também. A EAD possui condições
de contribuir para tal estímulo, fato este evidenciado pelos pesquisados.
Sem dúvida alguma, o uso do computador e da internet
desenvolveram após o meu ingresso no curso, além da comunicação
escrita e oral que se aperfeiçoaram mediante a necessidade de
cumprir as atividades propostas (EGRESSO 21).
Porém, para 28% dos egressos pesquisados, a IES “X” não contribuiu
para uma formação de qualidade. As deficiências estruturais foram muitas a
ponto de prejudicar o estimulo e o incentivo a pesquisa e extensão. A falta de
interesse da IES e do polo contradiz sua proposta pedagógica instituída no seu
próprio Projeto Político (2007). O documento prevê o “[...] estabelecimento do
diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento” (p. 03),
bem como a “[...] articulação de ensino, pesquisa e extensão para produção do
conhecimento e da prática pedagógica” (p.03 ).
Senti a necessidade de mais eventos que ajudassem a pesquisar
como seminários. Não promoveu nada além das aulas (EGRESSO
18).
108
Gráfico 9 – Egressos que acreditam na formação de qualidade fornecida pela IES “X”
Fonte: Questionário respondido pelos egressos da IES (X). Set/2010.
Em contrapartida, os egressos informaram ter grandes dificuldades no
campo profissional, como organização estrutural do sistema educacional,
relacionamento interpessoal, acompanhamento dinâmico do movimento da
educação, entre outros. Na visão de 24% dos egressos, no entanto, as
dificuldades enfrentadas podem, sim, ser atribuídas à qualidade da sua
formação.
Como Delors (2006) destaca, o desenvolvimento de qualidades como
ética, afetividade e aquisição de conhecimentos, outras características ainda
podem ser desenvolvidas nos professores durante sua formação, como a
paciência, consciência do ser, articulação de conhecimentos, compreensão,
sensibilidade, afinidade e a autoaprendizagem. Todas elas necessárias na
atuação profissional.
De acordo com os egressos, as dificuldades são muitas, inclusive no que
se refere à elaboração de projetos, pesquisas, relacionamento com os alunos e
resolução de problemas.
Nesta análise, surge a necessidade de compreender a visão dos
egressos quanto aos aspectos e características relevantes no desenvolvimento
das atitudes de um pedagogo. Destaque para alguns comentários.
109
Se ele estiver atuando na área educacional deve se preocupar com a
formação do cidadão (Egresso 19).
Assim, no momento em que não só a IES “X” conseguir desenvolver em
seus formandos todas ou boa parte das características citadas, bem como
contribuir para uma formação capaz de mobilizar diversos saberes que
abranjam as dimensões humanas, sem dúvida esta instituição estará
exercendo sua responsabilidade social para com sua comunidade.
4.4 ANÁLISES DOS RESULTADOS DAS EDUCADORAS TUTORAS
A pesquisa com as educadoras envolve (06) questões subjetivas com o
objetivo
de
analisar quais
competências
e
habilidades
estão
sendo
desenvolvidas na formação das novas pedagogas da Instituição “X” na
modalidade a distância.
No intuito de contribuir para identificação das pesquisadas, as
educadoras serão identificadas a partir do mesmo critério estabelecido nos
egressos. Ou seja, Educadora 1, Educadora 2 e assim por diante.
De acordo com o perfil das educadoras tutoras, a faixa etária é de 32 a
60 anos. As educadoras 1, 3 e 4 possuem formação em Pedagogia e
especialização na mesma área, com dois, quatro e cinco anos de experiência,
respectivamente, na modalidade a distância. A Educadora 2 possui formação
em Letras Vernáculas, não possui especialização e apenas menos de dois
anos na EAD. A educadora 5 também possui formação em Letras Vernáculas e
mestrado em literatura e diversidade cultural, com 05 anos de experiência na
modalidade EAD. Todas as educadoras atuaram apenas na IES “X” neste tipo
de modalidade, não possuindo experiência em outra instituição.
Considerando assim a experiência das educadoras tutoras na educação
a distância, é relevante analisar os aspectos que as mesmas consideram
importantes no processo de ensino-aprendizagem neste tipo de modalidade no
curso de formação do pedagogo contemporâneo. Diversos aspectos foram
citados, como estrutura organizacional da IES, clareza na comunicação, perfil
110
do aluno e do professor, em que este precisa possuir formação condizente com
o curso de atuação.
De acordo com a Educadora 2, o processo de ensino aprendizagem
requer do aluno da EAD não apenas momentos diários de estudo e pesquisa,
mas principalmente preciosa atenção que deve ser depositada nas aulas
presenciais, pois este será o fio condutor das suas pesquisas.
Por outro lado, a Educadora 3 cita a necessidade de criar novos
paradigmas por parte dos alunos para que haja um processo de ensino
aprendizagem efetivo. Esta ruptura precisa estar condizente com a clareza do
processo de comunicação entre aluno e professor. A educadora cita ainda
outro ponto fundamental.
A oportunidade de transformar seu ambiente de trabalho em
laboratório de estudo (quem já atua). A troca de experiência nos
encontros e com outras realidades (Educadora 3).
De acordo com o PPP da IES, esta objetiva a formação integral da
pessoa humana em conformidade com a filosofia educacional da instituição.
Desse modo, segundo as Educadoras 1, 3. 4 e 6, o curso de Pedagogia a
distância da instituição pesquisada fornece todos os subsídios necessários
para uma formação humana e profissional dos alunos devido à “EAD se
adequar melhor ao mercado de trabalho” (E1) diante dos compromissos
assumidos por todas as partes envolvidas, como o próprio aluno, educador e
instituição.
Assim, após o estabelecimento dos subsídios para uma formação
humana e profissional, a Educadora 1 destaca algumas habilidades que
precisam ser desenvolvidas em cursos a distância, como autonomia,
autogestão, gerenciamento do tempo e a busca por novos conhecimentos.
Contudo, de acordo com as experiências do campo de trabalho, a
Educadora 6 enfatiza a grade curricular do curso de pedagogia da IES “X”
como insuficiente no desenvolvimento das habilidades necessárias aos
profissionais contemporâneos. Isso porque, para a mesma, ainda há excesso
de aulas teóricas e ausência de atividades complementares, pesquisas e
111
atividades práticas que conduzam a um processo de desenvolvimento e
estímulo à pesquisa e extensão, proposta esta estabelecida no projeto
pedagógico da IES.
Nesta perspectiva, as educadoras 3 e 4 acreditam que, mesmo seguindo
todas as normas instituídas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, ainda há
deficiência no currículo, uma vez que o mesmo ainda segue um sistema de
distribuição das atividades desatualizados.
Outro ponto a considerar é que, para 67% das educadoras, a escolha
dos recursos tecnológicos bem como os instrumentos de comunicação auxilia
positivamente na construção da aprendizagem do egresso e que, portanto,
precisam
ser
cuidadosamente
selecionados,
planejados
e
conduzidos
corretamente.
O objetivo se deve ao fato de não apresentar falhas no processo de
comunicação entre professor e aluno a fim de que não interrompa o processo
de construção de saberes e habilidades adquiridos mediante a utilização dos
recursos tecnológicos, como também não prejudique a qualidade da formação
dos Pedagogos.
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É inegável o crescimento tecnológico e a democratização do acesso ao
ensino superior. A educação a distância foi e vem sendo beneficiada pelo
avanço da tecnologia e ao mesmo tempo contribuindo para a qualificação dos
profissionais que chegam ao mercado de trabalho.
A tecnologia proporcionou o retorno da modalidade a distância, porém
através de um novo olhar por parte dos educadores, o qual favoreceu o
sistema social e pedagógico. Esse novo sistema pautado em objetivos de
desenvolvimento econômico foi capaz de conduzir o grande avanço no qual a
EAD se encontra inserida.
Dessa forma, o estudo aqui analisado e discutido direcionou-se para
formação dos Pedagogos contemporâneos concluintes do ano de 2009/2 na
modalidade a distância da instituição “X”, com sedes localizadas nas cidades
de Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, São Francisco do Conde e São
Sebastião do Passé.
O foco da pesquisa debruçou-se sobre análise e identificação das
competências e habilidades básicas desenvolvidas para formação profissional,
humana e seu impacto na inserção dos egressos no mercado de trabalho da
IES “X” EAD. Por este motivo, optou-se por um perfil de egressos que tivessem
o tempo mínimo de um ano de formação na área da educação, em especial, da
Pedagogia, bem como suas respectivas professoras tutoras que atuaram com
os respondentes efetivos e, que dedicadamente acompanharam seus alunos
do início ao fim de seu percurso acadêmico.
Dentro dessa perspectiva, os cursos da área de educação vêm
passando por grandes mudanças, uma vez que novos recursos foram e estão
sendo inseridos no processo de formação dos pedagogos.
Ou seja, novas conjunturas sociais foram criadas e/ou modificadas
através do avanço da tecnologia, que provocou ou contribuiu para o
surgimentos
de
novos
paradigmas
envolvendo
o
processo
de
113
ensino/aprendizagem do ser humano e ampliando a percepção do pedagogo
sobre o indivíduo e a sociedade.
Todavia, não se pode esquecer que, atrelado ao desenvolvimento
tecnológico e econômico, indivíduos atuam em suas respectivas funções de
modo a conduzir o crescimento do País. Baseado neste crescimento e nestes
indivíduos, surge a preocupação com o desenvolvimento humano, que neste
caso vamos nos deter ao desenvolvimento humano dos profissionais da
educação. Acredita-se assim, que o foco central deste estudo tenha sido
alcançado, tanto no que diz respeito à análise e identificação das competências
e habilidades quanto ao impacto profissional dos egressos da IES “X” 2009/2.
Seguindo esta prerrogativa, a formação dos profissionais de educação
requer atualmente uma habilidade não só de mediador do processo de
desenvolvimento dos alunos, mas sobretudo uma capacidade de gerir a
aprendizagem voltada para utilização de mecanismos capazes de fortalecer o
sistema de ensino dos indivíduos em seus diversos campos.
Por outro lado, como será possível tal profissionalização se as
instituições de ensino superior não conduzirem para equivalente formação?
Para tanto, é necessário que as IES tenham pleno conhecimento do atual
momento histórico pelo qual passa a sociedade, no intuito de produzir
profissionais que tenham as capacidades mínimas para atuar no mercado.
No entanto, se a academia não possuir um plano pedagógico que
contemple em seu currículo objetivos claros e bem definidos quanto à formação
desejada para seus egressos, a atuação destes profissionais no mercado de
trabalho poderá ser comprometida.
Assim, sendo a questão central deste estudo: a análise e a identificação
das competências e habilidades básicas desenvolvidas para a formação
profissional, humana e seu impacto na inserção dos egressos no mercado de
trabalho da IES “X” EAD foi possível descrever a presença de algumas das
competências e habilidades identificadas a partir do estudo na formação dos
egressos: aquisição de novos saberes; organização cognitiva; ampliação dos
saberes
filosóficos;
desenvolvimento
de
aprimoramento da linguagem escrita e oral.
habilidades
interpessoais
e
114
No entanto, foi possível identificar ainda inúmeras outras que não foram
desenvolvidas na formação dos egressos da turma 2009/2 e constantes no
projeto político pedagógico da IES “X”. Tais como: domínio dos processos,
meios
de
comunicação
e
utilização
das
tecnologias
da
informação;
compreensão do processo de construção do conhecimento no indivíduo
inserido em seu contexto social e cultural.
Em face destas ausências de competências e habilidades na formação
do Pedagogo contemporâneo urge a revisão estrutural dos pólos de ensino e
da proposta pedagógica da IES. Outros fatores foram identificados na pesquisa
e que merecem atenção: O estabelecimento de pré-requisitos para ingresso em
cursos com modalidade à distância, os quais exigem o domínio das
ferramentas tecnológicas e de comunicação.
Apesar da maioria dos egressos estar atuando na área de educação o
impacto sofrido por estes no campo profissional é de algum desconforto. Isso
se dá em virtude da incompatibilidade entre as mudanças sociais e
tecnológicas vivenciadas pela sociedade e o tipo de formação que receberam
os egressos.
A formação de profissionais da pedagogia na modalidade a distância
envolve, assim, diversos aspectos que precisam ser considerados. O primeiro
deles diz respeito ao contato que deve ser estabelecido com o professor
mediante os meios de comunicação instituídos pela própria IES. Na pesquisa
esse sistema de comunicação foi identificado como um recurso inoperante e
inutilizado por ambos os lados. Tais recursos precisam ser selecionados
através de objetivos claros, planejamento estratégico, utilizando-se tecnologia
avançada, uma vez que necessitam constantemente de atualização e
manutenção.
O contato com o professor fortalece não só o sistema de ensino da IES
como amplia o conhecimento do indivíduo em formação, de modo que
fronteiras possam ser rompidas e capacidades possam ser estimuladas e
desenvolvidas no profissional. A ausência deste contato provoca uma baixa
credibilidade na instituição.
115
As instituições de ensino superior, desta forma, precisam estar
conscientes de suas responsabilidades sociais, uma vez que elas formam os
profissionais que atuarão nos diversos ramos da sociedade. Cabe, assim, às
mesmas o estabelecimento de rigorosos sistemas tecnológicos que fortaleçam
o processo de comunicação entre professor e aluno.
O que ficou evidenciado foi a necessidade de intensa fiscalização por
parte dos órgãos competentes e superiores com o objetivo de assegurar ao
público que frequenta os cursos, nas diversas instituições de ensino superior a
distância, uma estrutura mínima que garanta o acesso às tecnologias e a um
ensino de qualidade.
A fiscalização precisa abranger os polos de ensino que funcionam como
ampliação da IES, apesar de possuir um gestão própria, muitas vezes
gerenciados por indivíduos
sem compromisso com
a formação dos
acadêmicos, negligentes às questões sociais e banalizadores do sistema de
ensino.
Portanto, os indivíduos que frequentam instituições de graduação que
não oferecem as condições mínimas para sua formação precisam questionar e
buscar meios, através de instrumentos e recursos, que garantam sua
acessibilidade ao ensino superior de qualidade e sua inserção no mercado
profissional, sem que para isso amputem suas capacidades de desenvolver
novas habilidades.
O presente trabalho não pretende esgotar o assunto em estudo, mas
contribuir para o avanço do mesmo, uma vez que há ainda muito a se
pesquisar sobre a temática abordada.
116
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Capacidades e Habilidades do Pedagogo