UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PÓS GRADUAÇÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO EM BOVINOS
VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE CRIAÇÃO
Gabriel da Silva Seabra
Piracicaba, out. de 2006
GABRIEL DA SILVA SEABRA
Aluno do curso de Especialização “lato senso” em
produção e reprodução de bovinos
VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE CRIAÇÃO
Trabalho monográfico de conclusão do
curso de produção e reprodução de bovinos (TCC), apresentado à UCB como
requisito parcial para obtenção do título
de pós graduação, sob a orientação do
Prof. Athos de Assumpção Pastore.
Piracicaba, out. de 2006
VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE CRIAÇÃO
Elaborado por Gabriel da Silva Seabra
Aluno do curso de produção e reprodução em bovinos
Foi analisado e aprovado com
grau: ...................................
Piracicaba,
de outubro de 2006
__________________
Membro
__________________
Membro
__________________
Professor Orientador
Presidente
Piracicaba, out. de 2006.
ii
Dedico este trabalho aos meus
familiares, principalmente meus pais
Wilson e Cida e aos verdadeiros
amigos que conquistei
durante a vida.
iii
Agradecimentos
À minha família, pelo apoio e
incentivo.
Ao meu orientador Prof. Athos de A.
Pastore e a Thiago Planas C. da Silva
na elaboração do trabalho.
A José Carlos Bulsonaro, por ceder sua
propriedade. A família Rizzo pela
atenção e hospedagem.
E em especial a Aretha Bley Pestana.
iv
SEABRA, Gabriel da Silva
Viabilidade de implantação de sistema de criação.
Diante dos problemas encontrados pela maioria dos pequenos produtores, o mau
aproveitamento das terras tem sido um dos principais fatores a ser combatidos. Muitas
vezes associado a isso está a baixa taxa de prenhez e conseqüentemente natalidade, esses
fatores trazem enormes prejuízo se levarmos em consideração a renda da propriedade.
O objetivo deste trabalho é através da correção, assim como a implantação de novas e
simples técnicas de criação, tornar viável a criação de gado ao pequeno produtor.
Através da relação dos principais e mais importantes dados recolhidos para se desenvolver
um adequado programa de criação, novas e mais corretas técnicas foram utilizadas.
A implantação de técnicas simples como o cruzamento industrial, associado a isso,
melhoras no manejo, como um melhor controle sanitário e a correta implantação de uma
estação de monta e um rodízio de pastagens são técnicas relativamente fáceis de serem
implantadas e de excelentes resultados se comparados aos valores obtidos com os animais
criados a campo sem um bom controle.
Abstract
The viability and implantation of livestock method
Among all problems found in farming, by modest farmers, it must be taken into
consideration as a problem to be dealt with the underuse of prod uctive land. This underuse
is due to low levels of pregnancy and consequently low levels of birth rate, bringing huge
loss to the income of the farmland itself. The main purpose of this study is through out
correction, make viable the cattle farming to the modest farmer by the implantation of new,
simple an more correct techniques. These tecniques have been developed in order to
provide an adequale cattle farming method by gathering data and relating this main and
important data to farming itself. Simple techniques such as cross-breeding in connection
with developments in the way cattle is taken care of and a more effective sanitary control
are relatively easy techniques to become implanted with outstanding results when
compared with results of cattle taken care of in fields without such control.
v
Sumário
Resumo.................................................................................................................................. v
1 Introdução..........................................................................................................................01
2 Reconhecimento da propriedade........................................................................................01
3 Reconhecimento da fazenda pelo técnico..........................................................................02
4 Reconhecimento do rebanho..............................................................................................03
5 Exame ginecológico...........................................................................................................04
6 Touros................................................................................................................................04
6.1 Inspeção em touros..........................................................................................05
7 Estação de monta................................................................................................................06
7.1 Duração...........................................................................................................07
7.2 Época...............................................................................................................07
7.3 Estação de monta na propriedade....................................................................08
8 Controle sanitário..............................................................................................................08
9. Inseminação artificial.......................................................................................................10
10. Rotação de pastagem......................................................................................................11
11. Mapa da propriedade......................................................................................................12
12. Correção da dieta.............................................................................................................13
13. Tabela de manejo............................................................................................................14
14. Conclusão........................................................................................................................15
15. Referências bibliográficas...............................................................................................16
Viabilidade de implantação de sistema de criação
1. Introdução
O Brasil apresenta hoje o maior rebanho comercial do mundo, com
aproximadamente 170 milhões de cabeças de gado, porém esses valores não correspondem
a real capacidade de produção do país.
A necessidade da implementação de métodos mais eficazes de produção torna-se
evidente ao compararmos nossa produção com a de paises mais desenvolvidos.
Porém, implantar novas técnicas acaba necessitando de investimento, o que muitas
vezes torna-se inviável. A formação de animais cruzados surgiu como uma excelente
alternativa, esse sucesso deve-se principalmente ao valor híbrido e das possibilidades
oferecidas pela complementaridade das raças (SANTOS, 1999).
Segundo Darolt (2005), a utilização de técnicas como rotação de pastagem permite
conservar o solo, evitando pisoteio, e também contribuindo para proporcionar conforto aos
animais, com fácil acesso a água, alimento e pastagens.
Sendo assim cada vez mais se observa a necessidade do técnico em criar alternativas
viáveis para tornar rentável a bovinocultura de corte ao pequeno produtor.
2. Reconhecimento da propriedade
Propriedade localizada no município de Arealva a 25 km de Bauru SP, tem como
única atividade a produção de bovinos de corte, no sistema extensivo de cria e recria. Sua
área total é de 42 alqueires, onde 39 são destinados a bovinocultura. Apresenta 3 piquetes, o
maior com 13,02 alqueires pta, um com 12,22 alqueires pta restando um com12,44
alqueires pta, há também 1,49 alqueires para benfeitorias e 3,32 alqueires destinado a
plantação de cana.
A fazenda apresenta como benfeitorias, casa sede, curral com tronco, casa de
funcionário, pequeno chiqueiro, rancho de confinamento, armazém para ração, garagem
para trator. Há uma pequena farmácia, contendo apenas iodo, umbicura, pentabióticos,
spray repelente e cicatrizante, luvas, revolver seringa, vermífugo (ivermectina) e
modificador (aminofort).
A aguada da fazenda é dividida em três bebedouros (um por piquete) abastecidos
por uma roda d’agua localizada na própria fazenda.
Atualmente seu rebanho é de 228 animais, 57 entre novilhas e garrotes, 102 vacas,
38 bezerros, 4 touros os animais restantes (27 bois) estão sendo mantidos no regime de
confinamento, para avaliar a possibilidade de implantar a terminação. Dentre animais
mantido a campo não há divisão por categoria (idade) os animais são mantidos todos
juntos.
3. Reconhecimento da fazendo pelo técnico.
Após três visitas feitas a propriedade, pude observar que a pastagem (brachiária
decubens) encontra-se baixa e com a qualidade comprometida, as cercas que dividem a
propriedade, encontram-se em perfeito estado. Utilizando uma escala de escore corporal de
1 – 5, observou-se que a maioria dos animais, aproximadamente 80% ou seja, 128 animais
apresentam escore corporal 3, o restante, cerca de 33 animais apresentam escore corporal 2,
há também um creeping-feeding em cada piquete. A dieta dos animais consiste na
pastagem, cana de açúcar (devido a grande demanda e produzida na própria fazenda) os
animais mantidos no confinamento recebem cama de frango, cana de açúcar e polpa cítrica.
A suplementação mineral dos animais a campo é feita na quantidade aproximada de 80
gr/dia/cabeça a cana é fornecida na quantidade aproximada de 10 kg/cab/dia.
A utilização de cana de açúcar vem sendo amplamente utilizada na alimentação de
bovinos e sua suplementação se faz necessária devido a limitação de alguns nutrientes,
como proteína e energia .A cana tem sido testada em diversos trabalhos, como componente
exclusivo ou associado a outro volumoso, visando aumentar a digestibilidade e o
desempenho dos animais (HERNANDEZ et al., 2002)
Segundo Valee (2005), o manejo nutricional é um dos fatores que mais contribuem
para o aumento da eficiência reprodutiva. Portanto, uma adequada suplementação protéica
das fêmeas durante o período de monta e o fornecimento de suplemento mineral durante
todo o ano contribui para a elevação dos índices reprodutivos do rebanho.
4. Reconhecimento do rebanho.
O rebanho é formado na sua maioria (cerca de 70%) por animais de raça Nelore, os
demais são Simbrasil e apenas três animais são Simental. Os touros são todos Simbrasil,
desta forma os animais nascidos são na sua maioria 2/3 Nelore.
Segundo KOGER (1980) o sucesso do cruzamento industrial se deve ao alto nível
de heterose originária da grande distância genética existente entre os grupos de origem
européia e os de origem indiana.
Os dados referentes aos números de animais foram devidamente analisados após
uma contagem geral e confirmados. A divisão por categoria nunca foi feita na propriedade,
após contagem e as orientações dadas pelo funcionário assim como pelo proprietário,
dividimos os animais da seguinte forma: f 0-1: 20, m 0-1: 18, f 1-2: 32, m 1-2: 25 vacas:
102, e 4 touros. Para avaliarmos a real capacidade da propriedade, os animais foram
convertidos em UA unidade animal, por hectare.
Animais qtde
conversão
UA
F0–1
20
X 0,25 (UA)
5
M0-1
18
X 0,25 (UA)
4,5
F1-2
32
X 0,5 (UA)
16
M1-2
25
X 0,5 (UA)
12,5
Vacas
102
X 1,0 (UA)
102
Touros
4
X 1,5 (UA)
6
Total
201
146
Desta forma temos 146 UA, como a propriedade apresenta aproximadamente 101
hectares, há excesso de animais, pois sua real capacidade seria em torno de 100 cabeças.
5. Exame ginecológico
O exame ginecológico foi realizado em todos os animais aptos para reprodução, ou
seja, todas as vacas e também nas f 1-2 num total de 134 animais. Durante esse exame foi
avaliado também característica externa de vulva (coloração, umidade), assim como do
úbere (tamanho, posicionamento). Nada patológico foi encontrado, apenas alguns animais
apresentavam posicionamento incorreto de úbere, na sua maioria as extremidades passavam
a linha do jarrete.
Do número total de animais (134), 38 estavam com bezerro ao pé com idade entre
30 e 60 dias, através da palpação retal observei que 40 animais apresentavam o terço final
da gestação, 37 estavam em anestro ( 32 eram novilhas e 5 eram vacas, conseqüentemente
as escore2) e 12 apresentavam prenhez, com idades diferentes demonstrando assim uma
falta de controle na estação de monta.
6. Touros.
O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo do rebanho é diversas
vezes mais importante do que o da vaca, pois a expectativa é de que cada touro cubra em
média 25 vacas. O touro representa dentro de um processo de criação, um papel muito
importante; portanto, teve-se fazer o uso de alguns critérios para sua escolha, destacando-se
a mensuração de perímetro escrotal, que nos permite avaliar animais que se destaquem pela
precocidade sexual (PEÑA et al., 2001).
Touros de baixa fertilidade, por permanecerem longo tempo no rebanho, causam
grandes prejuízos na produtividade do sistema, quando não diagnosticados em tempo hábil.
Além disso, deve-se lembrar que eles contribuem com a metade do material genético de
todas as crias (VALLE et al., 1998).
6.1 Inspeção de touros.
Os quatro touros simbrasil foram adquiridos há dois anos, anteriormente as fêmeas
eram mantidas junto a touros nelore, porém segundo relata o proprietário os animais
nascidos eram muito tardios. O cruzamento é considerado vantajoso, principalmente por
explorar ao máximo os valores da heterose, e por formar animais que se adaptam bem as
variações climáticas (PEREIRA, 2001).
A propriedade tem como critério principal à medida de circunferência escrotal, e
posteriormente avaliam a qualidade de sua progênie, porém esse controle não pode ser feito
de forma precisa devido aos animais serem mantidos todos juntos. Os animais foram
numerados de 01 a 04, para avaliar a circunferência escrotal (CE), apresentando
respectivamente: touro 01: 33 cm, 02: 31 cm, 03:36 cm e touro 04: 33 cm. Para uma melhor
inspeção, os animais foram colocados no tronco onde foi feita uma avaliação anatômica do
prepúcio e do saco escrotal, e posteriormente foram mantidos no curral para avaliar os
aprumos.
Durante a palpação testicular e o exame no prepúcio, nada patológico foi observado,
todas as estruturas se apresentavam normal.
Segundo Mancio (2003), o conceito aprumo refere-se a condição normal dos quatro
membros que sustentam os animais. Nos membros anteriores, os aprumos devem descer de
forma vertical e paralela, ou seja, através de uma linha imaginária saindo da escápula e
tocando o solo a uma distância de 5 a 10 cm à frente do casco (MANCIO, 2003).
Os cascos devem apresentar unhas fechadas para evitar a formação de calos
(MÖLLER, 1998).
A análise dos aprumos dos membros posteriores é muito importante principalmente
em touros, que podem ter sua capacidade reprodutiva prejudicada. A posição do jarrete
define se o reprodutor tem um bom aprumo posterior. O ângulo formado deve ser entre
140º a 150º aproximadamente, se o ângulo for menor ocorre o que é chamado de aprumo
foiçado (as patas deslocam para baixo do ventre), se o ângulo for maior ocorre o que é
chamado de “perna de frango”. Neste caso, o salto para a cobertura é muito prejudicado,
causando dor ao tentar a monta (MÖLLER, 2003).
Durante a avaliação dos aprumos, pude observar apenas em um dos animais (01) o
posicionamento incorreto nos membros posteriores, se traçarmos uma linha paralela aos
membros observa-se que eles não descem de forma paralela, quanto mais próximo do chão,
maior é à distância entre os membros, desta forma este animal será substituído. Diante do
clima da região, assim como os objetivos da propriedade, será feita a substituição de pelo
menos dois touros (01 e 02) para possível comparação. Além dos aprumos o descarte será
feito levando em consideração a circunferência escrotal.
Levando em consideração a necessidade do proprietário em ter animais mais
precoces em com boa qualidade de carcaça, serão utilizados touros meio sangue
angus/nelore. Características como baixo peso ao nascer, facilidade nos partos, desmama
precoce, adaptabilidade ao clima tropical e qualidade da carne, fizeram com que o angus
alcançasse um excelente lugar no mercado (SANTOS, 1999).
7. Estação de monta (EM)
O estabelecimento de um período de monta é uma prática de fácil adoção e sem
custo para o produtor (VALLE et al., 1998).(minha pasta)
O estabelecimento de um período para a estação de monta (EM) é uma das decisões
mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Pois
permite disciplinar as demais atividades de manejo, permite que o período de maior
exigência nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor
qualidade, para desta forma reduzir a necessidade de suplementação alimentar. As
principais vantagens de uma estação de monta são a melhoria da fertilidade e da
produtividade do rebanho. (VALLE et al, 1998).
A EM se comparada á “cobertura” durante todo o ano apresenta diversas vantagens
tanto para bezerros, vacas e touros quanto para a redução dos custos do proprietário
(BALSALOBRE et al., 2005).
As principais vantagens para os bezerros são:
•
Concentração de nascimento na época adequada
•
Nutrição adequada
•
Lotes uniformes
•
Reduzir mortalidade e aumentar peso à desmama
As principais vantagens para as vacas são:
•
Melhor qualidade e disponibilidade de forrageiras
•
Melhor seleção através do diagnóstico de prenhez
•
Melhor seleção através de fêmeas que produzem bezerros leves à desmama
•
Fase de amamentação com melhor oferta de alimento
As principais vantagens para os touros:
•
Permite que haja um descanço entre uma estação e outra
•
Identificação de machos inférteis ou subférteis, através de exames no período de
descanço. (BALSALOBRE et al., 2005).
•
Possibilita suplementação na dieta, no período que antecede a EM.
7.1. Duração
Para vacas adultas, o período ideal para estação de monta deve ser de 60 a 90 dias.
Para novilhas, esse período não deve ultrapassar a 45 dias, e tanto seu início como o final
pode ser antecipado em pelo menos 30 dias em relação ao das vacas adultas. Essa
antecipação visa, principalmente, a proporcionar às novilhas, por ainda estarem em
crescimento e em lactação, tempo suficiente para recuperar o seu estado fisiológico e iniciar
o segundo período de monta, junto com as demais categorias de fêmeas. (VALLE et al,
1998).
Deve-se ter como meta elevados índices de concepção no primeiro mês de monta,
para que os nascimentos se concentrem no início da época de parição e as vacas tenham
tempo suficiente para recuperar seu estado fisiológico e conseqüentemente, os bezerros
nascidos nesse período são os que apresentam o maior peso à desmama.
7.2. Época
É determinada em função da melhor época para o nascimento dos bezerros,
conseqüentemente é o período de maior exigência nutricional das vacas. A melhor época de
nascimento deve coincidir com o período seco, quando é baixa a incidência de doenças,
como a pneumonia, parasitos, carrapatos, bernes, moscas e vermes. Desta forma o fim do
terço inicial de lactação, que apresenta as maiores exigências nutricionais, irá coincidir com
o de maior oferta de alimentos e de melhor qualidade pois, compreendera com a estação das
chuvas. (VALLE et al., 1998).
7.3. EM na propriedade
A estação de monta foi implementada na propriedade três há anos (2003),
anteriormente os animais eram mantidos juntos durante todo o ano. Quando o proprietário
optou pela EM, logo no ano seguinte (2004) ele já relata uma melhora, não na parte
reprodutiva, mas sim no controle do rebanho. Nos anos seguintes houve um aumento de
produção significativo, o número de bezerros nascidos ao ano subiu cerca de 20% relata o
proprietário. Atualmente a propriedade faz EM de Outubro a fevereiro, porém, devido à
falta de controle com a separação do gado, muitas vezes os touros são colocados junto aos
demais animais, desta forma diferentes períodos de prenhez foram diagnosticados.
Após avaliação feita e recolhido os principais dados sobre a propriedade e seu
rebanho, pude observar a necessidade de um melhor controle da EM, assim como a
implantação de um menor período, para que possamos selecionar ao máximo as fêmeas de
acordo com sua produtividade. Desta forma neste ano a EM será entre os meses de outubro
e janeiro, as fêmeas que novamente não apresentarem prenhez serão descartadas. Animais
que obtém uma cria ao ano, serão separados e avaliados para serem utilizados em um
projeto de inseminação artificial.
8. Controle sanitário
O rebanho do sistema de produção deve ser submetido a um rigoroso controle
sanitário, onde são adotadas as seguintes vacinações e medidas profiláticas de rotina:
Febre aftosa: conforme o calendário, o controle da doença é feito com vacina oleosa,
aplicada no mês de maio e em novembro.
Brucelose: a brucelose é uma doença infecto-contagiosa, de evolução crônica. Provoca
graves perdas na produção animal, chegando a causar 25% de diminuição na produção de
leite e 15% na produção de carne, sem contar com a perda de bezerros ocasionada por
abortamentos. Além disso, a sua presença torna o País vulnerável a barreiras sanitárias
internacionais. Nesta propriedade não é feito o controle da doença. Porém este controle
passará a ser feito através da vacinação das bezerras de 3 a 8 meses de idade (amostra B19
viva, atenuada).
Carbúnculo sintomático e botulismo: a vacinação é feita através da poli star. Aplica-se a
primeira dose a partir da segunda semana de idade em filhos de mães não-vacinadas e a
partir da oitava semana em filhos de mães já vacinadas. Revacinar os animais quatro
semanas após a primeira dose. Os animais são revacinados anualmente.
Vermifugação: são feitas duas aplicações de ivermectina, nos meses de maio e outubro.
Este sistema foi implantado na propriedade a alguns anos e nunca foi mudado. Porem para
um melhor resultado, após visita, foi feito um novo protocolo, onde todos os bezerros
receberam a ivermectina, animais adultos serão vermifugados em maio com ivermectina,
em julho com albendazole e em setembro novamente com ivermectina. Evitando assim que
os parasitas criem resistência.
Berne e o carrapato são controlados quando necessários.
Leptospirose: a leptospirose é uma doença infecto-contagiosa, portanto deve ser muito bem
controlada. Na propriedade esse controle não é feito, não há relatos de casos, porém há
presença de roedores, no galpão de rações.
Segundo Faine et al. (1999) a identificação da variante sorológica da leptospira tem
importância uma vez que a imunidade é específica para a mesma, não havendo imunidade
cruzada. Portanto, quando um ou mais sorovares infectam os animais é necessária a
utilização de vacinas polivalentes, sendo a combinação de variantes sorológicas wolffi e
hardjo largamente utilizada em bovinos.
Portanto será feita a utilização da vacina polivalente contra leptospirose. Sendo a
primeira dose aplicada entre 4 a 6 meses de idade, com reforço quatro semanas após. Todo
o rebanho deve ser vacinado semestralmente. (ARDUINO et al., 2004).
Raiva: é uma doença causada por um vírus e transmitida por morcegos hematófagos. A
vacinação contra essa doença só é feita em regiões onde existem colônias permanentes de
morcegos sugadores de sangue. A vacinação se torna obrigatória quando aparecem focos
esporádicos da doença em certas regiões. Nesta propriedade não é feita vacinação, porém
devido à presença e morcegos, no galpão de ração e também na casa sede, a aplicação da
vacina será anual e feita em todo o rebanho, independentemente de idade.
Dentre as vacinas anti-rábicas disponíveis na atualidade, vacinas inativadas na dose
de 2 mL são as únicas que podem ser aplicadas em bovinos, no Brasil; além disso, todos os
frascos de vacina anti-rábica para herbívoros liberados desde 16 de fevereiro de 2003 só
podem ser comercializados com a autenticação do respectivo selo holográfico
(MORGADO, 2003).
9. Inseminação artificial
A utilização da inseminação artificial permite ao pequeno melhorar o desempenho
reprodutivo do seu rebanho, mediante a utilização do sêmen de reprodutores de alto
potencial genético (VALLE et al., 1998).
No ano de 2004, cerca de 20 animais foram inseminados pelo funcionário da
fazenda. O lote separado era constituído apenas de vacas nelore, que receberam sêmen
também nelore. Porem o resultado não foi muito satisfatório, segundo o proprietário apenas
oito vacas deram cria, em função disso a técnica não foi mais implantada na fazenda. Para
evitar possíveis perdas resultantes no processo de observação de cio e inseminação, é
recomendado que após o período de inseminação, seja feito o repasse com o touro (VALLE
et al., 1998)
Diante da necessidade de um melhor aproveitamento das terras, e conseqüentemente
devido ao excesso de animais, a partir de 2006 será separado um lote também de 20
animais para novamente utilizarmos a inseminação artificial, os principais critérios para
seleção das matrizes serão, escore corporal, taxa de prenhez, habilidade materna e idade.
A inseminação será feita nos meses de outubro e novembro, para que após palpação aquelas
que não apresentarem prenhez sejam colocadas para repasse.
10. Rotação de pastagem.
O contínuo aumento da população bovina e o crescimento da sua produtividade vêm
sendo acompanhados por grandes mudanças nos sistemas de criação dos bovinos. A
densidade animal média de bovinos, que na década de 40 era menor que 0,4 UA/ha/ano,
passou para 0,8 UA/ha/ano no final da década de 80 (Leite, 1988). Desta forma, as
pastagens vêm sendo melhoradas no sentido de produzir maior massa verde e
conseqüentemente suportar um maior número de animais. (KASAI et al., 2000).
A utilização do rodízio de pastagens têm se mostrado uma excelente alternativa para
o pequeno produtor, onde, sem haver necessidade de adquirir novas terras, essa técnica
permite um maior aproveitamento, aumentando assim a capacidade da propriedade.
Diante desse quadro, um novo sistema será utilizado na propriedade. O piquete
número 01 será subdividido em quatro piquetes, enumerado de 01 a 04, apresentando em
média 3,11 alq. Pta cada. Neste módulo serão colocados F 0-2 e M 0-2. Esses animais
deveram ficar 2 dias em cada piquete. Os demais pastos serão divididos ao meio,
apresentando aproximadamente 6,31 alq. Pta cada um. Neste módulo serão colocados os
touros e as vacas, num total de 108 animais.
11. Mapa da propriedade
ESCALA: 1: 10000
12. Correção da dieta.
Para que a bovinocultura apresente bons resultados três fatores são de extrema
importância a genética o manejo e uma boa dieta. Diante dos valores apresentados pela
propriedade, foi possível implementar novos recursos, para de certa forma aproveitar mais
o alimento fornecido e junto a ele somar ganho aos animais. A utilização da cana de açúcar
tem se mostrado de extrema importância já que o pasto da propriedade encontra-se
insuficiente. As principais vantagens da cana, como a alta produção de matéria seca (até
120 t/ha), ser bem aceita e consumida pelos animais, mantém valor nutritivo por períodos
longos após a maturação e principalmente ser baixo custo de produção, acabam sendo um
incentivo ao pequeno produtor. Porém, devido à cana apresentar um baixo valor de
proteína, a associação a uma fonte alternativa de proteína se torna eficaz. A utilização de
uréia, somado ao sulfato de amônia pode apresentar um ganho de até 300 gr dia. Segundo
modelo da EMBRAPA-MS a proporção deve ser: 100 gr de sulfato de amônia (10%) + 900
gr de uréia (90%) diluído em 10 litros de água, distribuídos com o regador em
aproximadamente 200/250 kg de massa de cana picada. Para implementar essa dieta os
animais devem passar por uma adaptação, recebendo no início apenas 50 gr do
composto/cab./dia, aumentando cerca de 10 gr por semana, até atingir 100 a 120 gr/dia/cab.
Todos os animais devem receber suplementação de cana de açúcar mais composto (uréia,
sulfato de amônio) e sal mineral.
A disposição dos bebedouros será modificada, para que cada piquete tenha acesso,
assim como o creep feeding.
13. Tabela de manejo.
Após recolhimento das principais informações, novas técnicas serão utilizadas para
um melhor aproveitamento da propriedade, destacando a correção da EM e o manejo
sanitário. Para isso segue abaixo tabela para novo manejo. Os meses em negrito (outubro a
janeiro) são referentes à EM, os meses em itálico (julho a outubro), são referentes a estação
de nascimento. No mês de setembro (*) será feito toque para avaliar quais animais estão
ciclando, no fim da EM em janeiro (*) será repetido o toque para confirmar prenhez e
descartar animais que pelo segundo ano não emprenharam.
Meses
agosto
setembro*
outubro
novembro
dezembro
janeiro *
fevereiro
março
abril
maio
junho
julho
agosto
setembro *
outubro
novembro
dezembro
janeiro *
fevereiro
março
abril
maio
junho
julho
vacina
Carbúnculo/Leptospirose
vermifugação
Ivermectina
Aftosa/Clostridium
Leptospirose
Aftosa/Raiva/Clostridium Ivermectina
Albendazole
Carbúnculo/Leptospirose
Ivermectina
Aftosa/Clostridium
Leptospirose
Aftosa/Raiva/Clostridium Ivermectina
Albendazole
14. Conclusão.
A bovinocultura de corte no Brasil está cada vez mais competitiva. Mesmo o
mercado apresentando oscilações no preço, e tornando essa atividade menos lucrativa que
outras, a criação de gado vem a cada ano atingindo números mais significativos.
Diante desse quadro, cabe ao pequeno produtor tornar sua produtividade
competitiva e viável. Para isso, há necessidade de utilizar novas técnicas, que apresentem
um bom custo benefício. Sendo assim, técnicas com rotação de pastagem, correção da
dieta, bom aproveitamento das terras, estação de monta, controle rigoroso dos dados entre
outros são fundamentais para adquirir bons resultados. Após o reconhecimento da
propriedade, cabe ao técnico orientar e avaliar quais métodos são viáveis para o produtor.
Para tornar esta propriedade mais competitiva no mercado, alguns projetos,
destacando rotação de pastagem e inseminação artificial serão utilizados, tendo como foco
principal o melhor aproveitamento as terras, e a implantação de uma genética melhor.
Associado a isso, os animais passaram por uma estação de monta mais delimitada e irão
receber uma dieta mais equilibrada. Técnicas como essas vem ao longo dos últimos anos
mostrando resultados positivos, e tornando o mercado de carne cada vez mais competitivo.
14. Referência bibliográfica
ARDUINO. C. G. G. et al. Ciência Rural. Anticorpos contra Leptospira spp em
bovinos leiteiros vacinados com bacterina polivalente comercial. Perfil
sorológico frente a dois esquemas de vacinação. Santa Maria. Vol. 34 n.3.
Maio/Junho 2004
BALSALOBRE, M. A. Direto do campo. Bellman. Nutrição animal. São
Paulo, 2006.
DAROLT, M. R. Agricultura Orgânica. Instituto agronômico do Paraná.
Secretaria do estado da agricultura e do abastecimento. Pinhais. 2005.
HERNANDEZ, M. R. et al. Avaliação de variedades de cana de açúcar
através de Estudo de Desempenho em bovinos de corte. Jabuticabal (sp).
Unesp, 2002.
KASAI N. et al. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia
Dinâmica populacional de Boophilus microplus (Canestrini, 1887) em bovinos
leiteiros mantidos em manejo de pastejo rotativo de capim elefante. Belo
Horizonte. Vol. 52 n. 5. Outubro. 2000.
KOGER, M. Jornal of animal science. Effective crossbreding systems utilizing zebu
cattle, v.50, n. 6, p. 1213 – 1220, 1980
MANCIO, D., Boi de corte. .net. lavras, produção de carne. Disponível em:
http://www.boidecorte.com.br acesso em: 20 de julho de 2006
MÖLLER, J. Revista Gado Simental. A escolha de touros. Londrina.n.17,
p.16 – 18, julho. 1998.
MORGADO J. C. Raiva ainda mata bovinos. Disponível em:
http://www.portaldoagronegocio.com.br acesso em: 03 de setembro de 2006.
PEÑA, C. D. O. et al. Revista brasileira de zootecnia. Comparação dos
critérios de precocidade sexual e a associação deste com características de
crescimento em bovinos Nelore. Viçosa. V. 30, n. 1. janeiro/fevereiro 2001.
PEREIRA, J. C. C. Melhoramento genético aplicado á produção animal.
Heterose e cruzamento. 1 ed. Belo Horizonte: fundação de estudo e pesquisa
em medicina veterinária e zootecnia. 2001. p. 191 – 250.
SANTOS, R. Cruzamento na pecuária tropical: diferenças entre um bovino zebu e
europeu nos trópicos. Uberaba: agropecuária tropical, 1999.
VALLE, R. E. et al. Estrategia para aumento da eficiência reprodutiva e
produtiva em bovinos de corte. Embrapa. Campo Grande, 1998.
Download

VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE