Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
André Felipe Pontes Lucas
Fatores Condicionantes da Inadimplência em Instituição de Ensino Superior Privada:
Um Estudo de Caso sobre a Faculdade ASCES
Recife, 2013
André Felipe Pontes Lucas
Fatores Condicionantes da Inadimplência em Instituição de Ensino Superior Privada:
Um Estudo de Caso sobre a Faculdade ASCES
Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em
Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil, sob a orientação do Prof. James Anthony Falk, PhD.
Recife, 2013
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE
Fatores Condicionantes da Inadimplência em Instituição de Ensino Superior Privada:
Um Estudo de Caso sobre a Faculdade ASCES
André Felipe Pontes Lucas
Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração– CPPA da Faculdade Boa
Viagem – DeVry Brasil e aprovada em ____ de _______________ de ______.
Banca Examinadora:
Prof. James Anthony Falk, PhD
Orientador
Profª. Umbelina Cravo Texeira Lagioia
Membro Externo da Banca de Defesa
Prof. Olímpio José de Arroxelas Galvão, PhD
Membro Interno da Banca de Defesa
Em especial, dedico este trabalho aos meus
pais, por serem os fomentadores do meu
aprendizado e
exemplos concretos de uma transformação de
vida enraizada pelo estudo.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade que Ele me concede de me
desenvolver cada vez mais.
Aos colegas da Faculdade ASCES, que me ajudaram quando necessário no trâmite de
construção deste trabalho.
À FBV, que demonstra com este curso atender a uma forte demanda local de Mestrado
Profissionalizante no campo da Administração, ministrando-o com maestria.
A todos que participaram, direta ou indiretamente, do processo de produção desta obra.
Você é o responsável pelo seu próprio
caminho de vida. Somente a intenção não
basta; tenha atitude e faça com perfeição.
Autoria própria
RESUMO
O objetivo deste estudo é construir um mapeamento dos motivos que levam o
aluno a se tornar inadimplente, desvelar o perfil do estudante, analisar suas
prioridades no tocante ao pagamento de suas contas, na perspectiva de
compreender o fenômeno da inadimplência, no contexto institucional da Faculdade
ASCES. A inadimplência é um problema social que pode comprometer a vida do
aluno e da Instituição, e a pesquisa de campo pode ser uma fonte estratégica
eficiente no processo de levantamento de informações importantes sobre esse tema
que muito se combate, mas pouco se conhece, o que revela que esse conhecimento
é de grande relevância no combate à sonegação de pagamento, bem como na
prevenção do acúmulo de débitos e na identificação da demanda de devedores
potenciais de grandes valores. O setor de ensino possui muitas particularidades e é
muito importante conhecê-las, e, a partir desse estudo, entender melhor o perfil do
estudante dessa região, e até que ponto a IES pode ser flexível nos padrões de
negociação. A metodologia utilizou o método dedutivo, quanto aos fins a pesquisa é
classificada como exploratória e descritiva. Houve a aplicação de um questionário de
16 questões e os dados quantitativos coletados atingiu 22,8% de todo o público alvo
que são os alunos inadimplentes. Os resultados da pesquisa sugerem que as formas
de negociar da Faculdade ASCES são adequadas na percepção do estudante; que o
estudante reconhece qualidade da IES e que isso pode ter ligação direta com o baixo
índice de inadimplência encontrada em comparativo com a média nacional. Um
ponto para melhoria percebido nos critérios de cobrança é relacionado aos débitos
com tempo inferior a 90 dias e aos estudantes que possuem o hábito de acumular
todas as parcelas no semestre.
PALAVRAS-CHAVE: Inadimplência. Setor Educacional Superior. Perfil Local do
Agreste Brasileiro. Faculdade ASCES.
ABSTRACT
The objective of this study is to construct a mapping of the reasons that lead students
to become delinquent in the payment of their school tuitions, unveiling the student
profile, analyzing their priorities for the payment of their other accounts, in order to
better understand the phenomenon of delinquency with regard to the institutional
context of the College ASCES. The lack of payment or late payment is a social
problem that can compromise the life of the student as well as the institution, and this
field research can be an efficient strategic source in the process of gathering
information about this important topic that has been receiving much emphasis, but of
which little is known, revealing that this knowledge is of great importance in
combating the evasion of payment as well as in preventing the accumulation of debt
and the identification of the demand of potential debtors of large values. The
education sector has many peculiarities and it is extremely important to know them,
and, from this study, to better understand the student profile of the region, and the
extent to which the higher educational institutions (HEIs) can be flexible in their
negotiation patterns. The methodology utilized a deductive approach and, in regards
to the objective of the research, may be classified as exploratory and descriptive. A
questionnaire of 16 questions was applied and the quantitative data that was
collected reached 22.8% of all target students who were delinquent. The research
results suggest that the negotiation techniques utilized by the College ASCES are
appropriate in the perception of the students; that the students recognizes the quality
of the HEI and that this may have a direct connection with the low default rates
encountered in comparison with the national average. One aspect of improvement
perceived in the debt recovery criteria is related to debts of less than 90 days and to
students who have the habit of accumulating all parcels in the semester.
KEYWORDS: Delinquency. Higher Education Sector. Profile of Local Brazilian Wasteland.
Faculty ASCES.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Desemprego no Brasil entre 2007 e 2011..............................................................23
Gráfico 2 – Taxa de Investimento e Taxa de Poupança Bruta, de 2000 a 2010.......................23
Gráfico 3 – Evolução do Número de Cursos de Graduação no Brasil, entre 2003 e
Outubro de 2010.......................................................................................................................30
Gráfico 4 – Evolução do Número de Bolsas Ofertadas pelo PROUNI para o Ensino
Superior Privado no Brasil, entre 2005 e 2011.........................................................................33
Gráfico 5 – Avaliação da Qualidade das Instituições de Ensino Superior no Brasil,
segundo o IGC 2011.................................................................................................................35
Gráfico 6 – Evolução da Inadimplência entre 1999 e 2008......................................................40
Gráfico 7 – Nível de Inadimplência dos Alunos da Faculdade ASCES, 2006-2012................56
Gráfico 8 – Taxa de Inadimplência entre 2000 e 2012.............................................................56
Gráfico 9 – Evolução da Inadimplência Total em IES de São Paulo (1999-2008)...................57
Gráfico 10 – Inadimplência IES Médio Porte (2006-2008)......................................................58
Gráfico 11 – Número de Alunos Regularmente Matriculados no Semestre
2012.2 da Faculdade ASCES....................................................................................................59
Gráfico 12 – Estudantes Matriculados Adimplentes e Inadimplentes na Faculdade
ASCES, Semestre 2012.2.........................................................................................................59
Gráfico 13 – Gênero dos Alunos Inadimplentes Entrevistados................................................60
Gráfico 14 – Estado Civil dos Alunos Inadimplentes Entrevistados........................................60
Gráfico 15 – Estado Civil dos Alunos Inadimplentes Entrevistados........................................61
Gráfico 16 – Quantidade de Pessoas que Moram no Mesmo Domicílio dos Entrevistados.....62
Gráfico 17 – Idade dos Alunos Entrevistados...........................................................................62
Gráfico 18 – Número de Acordos Efetuados pelos Entrevistados............................................63
Gráfico 19 – Tipo de Ajuda de Custo Possuído pelos Entrevistados........................................64
Gráfico 20 – Forma Habitual de Realizar Pagamentos pelos Entrevistados.............................65
Gráfico 21 – Grau de Escolaridade dos Entrevistados..............................................................65
Gráfico 22 – Situação dos Entrevistados no Mercado de Trabalho..........................................66
Gráfico 23 – Renda Percebida pelos Entrevistados..................................................................67
Gráfico 24 – Bens Imóveis Possuídos pelos Entrevistados......................................................68
Gráfico 25 – Prioridades de Pagamento dos Entrevistados......................................................69
Gráfico 26 – Avaliação dos Entrevistados quanto à Forma de Negociar da IES......................70
Gráfico 27 – Tipos de Respondentes aos Questionários...........................................................71
Gráfico 28 – Ocupação dos Inadimplentes com a IES, Segundo Gênero.................................73
Gráfico 29 – Acordos Negociados entre os Inadimplentes e a IES, Segundo Gênero..............75
Gráfico 30 – Opinião dos Inadimplentes sobre a Forma de Pagamento da Instituição,
Segundo Gênero........................................................................................................................76
Gráfico 31 – Enquadramento do Inadimplete Segundo o Pagamento da IES,
de Acordo com o Gênero..........................................................................................................77
Gráfico 32 – Ajuda de Custo da IES aos Inadimplentes, Segundo Número
de Acordos Realizados na ASCES............................................................................................79
Gráfico 33 – Renda média dos Inadimplentes Segundo Número de Acordos
Realizados na IES......................................................................................................................80
Gráfico 34 – Causa do Atrasado no Pagamento da IES pelo Inadimplente,
Segundo Número de Pessoas com quem Moram......................................................................84
Gráfico 35 – Prioridade no Primeiro Pagamento Mensal dos Inadimplentes,
Segundo Número de Pessoas com quem Moram......................................................................85
Gráfico 36 – Renda Média dos Inadimplentes, Segundo Faixa Etária.....................................88
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Notas do ENEM por Rede (Pública e Privada) por Estado em 2008.......................34
Tabela 2 – Indicadores de Qualidade do Programa de Avaliação do Curso, 2011....................54
Tabela 3 – Motivos Apontados para a Inadimplência no Varejo (2009) e na ASCES..............68
Tabela 4 – Perfil Sócio Demográfico dos Inadimplentes com a ASCES, Segundo Gênero.....72
Tabela 5 – Perfil Sócioeconomico dos Inadimpletes com a IES, Segundo Gênero--------------74
Tabela 6 – Número e Percentual de Inadimplentes por Filhos, Ocupação,Causa do Atraso no
Pagamento, Negociação e Enquadramento na IES, Segundo Número de Acordos...................78
Tabela 7 – Número e Percentual de Inadimplentes por Ocupação, Renda Média, Ajuda de
Custo, Enquadramento na IES Segundo Número de Filhos......................................................81
Tabela 8–Número e Percentual de Inadimplentes por Ajuda de Custo IES, Ocupação, Renda
Média e Enquadramento na IES, Segundo Número de Pessoas com quem Mora.....................82
Tabela 9 – Número e Percentual de Inadimplentes por Ajuda de Custo da IES, Ocupação,
Causa do Atraso no Pagamento da IES, Primeiro Pagamento Priorizado, Forma de Negociação
e Enquadramento na IES,Segundo Faixa Etária........................................................................86
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Alterações Recentes do Financiamento Estudantil................................................32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................16
1.1 Contextualização.................................................................................................................16
1.2 Objetivos.............................................................................................................................18
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................18
1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................18
1.3 Justificativa..........................................................................................................................19
1.3.1 Justificativa prática.........................................................................................................19
1.3.2 Justificativa teórica.........................................................................................................19
1.4 Estrutura do trabalho............................................................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................22
2.1 Cenário atual da economia...................................................................................................22
2.1.1 Economia no Brasil........................................................................................................22
2.1.2 Economia em Pernambuco e em Caruaru.......................................................................24
2.2 Cenário atual do ensino superior..........................................................................................25
2.2.1 Ensino superior no Brasil e no Nordeste........................................................................25
2.2.2 Ensino superior em Pernambuco e em Caruaru..............................................................27
2.3 Expansão do ensino superior privado no Brasil...................................................................29
2.4 Qualidade do ensino superior...............................................................................................33
2.5 Padrões de escolha de clientes nos diversos segmentos......................................................36
2.6 Origem da inadimplência.....................................................................................................38
2.7 Evolução da inadimplência..................................................................................................39
2.8 Postura para cobrar..............................................................................................................40
3 METODOLOGIA.................................................................................................................44
3.1 Natureza da pesquisa............................................................................................................44
3.1.1 Quanto ao método..........................................................................................................44
3.1.2 Quanto aos fins..............................................................................................................45
3.1.3 Quanto aos meios...........................................................................................................46
3.1.4 Quanto à forma de abordagem.......................................................................................47
3.2 Delineamento da pesquisa...................................................................................................48
3.3 Universo e amostra..............................................................................................................48
3.4 Técnica de coleta dos dados................................................................................................51
3.5 Técnica de análise e interpretação dos dados......................................................................52
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................54
4.1 Pesquisa interna da Faculdade ASCES sobre a satisfação de seus estudantes...................54
4.2 Indicadores atuais da inadimplência na Faculdade ASCES...............................................55
4.3 Resultados da pesquisa.......................................................................................................58
4.4 Cruzamento de dados.........................................................................................................71
5 CONCLUSÕES...................................................................................................................90
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................94
7 REFERÊNCIAS..................................................................................................................96
8 APÊNDICE.........................................................................................................................100
8.1. Pesquisa de Campo...........................................................................................................100
15
1 INTRODUÇÃO__________________________________________________
16
1 INTRODUÇÃO
Segundo a Constituição Federal de 1988, a educação é um direito do cidadão e um dever
do Estado e da sociedade. Nesse contexto, tem-se que a missão de educar é um dever do governo,
e uma nação que almeja alcançar o desenvolvimento deve partir sempre dessa premissa.
1.1 Contextualização do problema
A despeito disso, o governo brasileiro, não obstante os avanços no que concerne à
interiorização e expansão do ensino superior nas últimas décadas, existem carências no aspecto
educação, acabando, dessa forma, portanto, a favorecer a expansão do setor privado de educação
superior, através do surgimento de novas faculdades e universidades, bem como também da
ampliação de instituições já existentes (SEMESP, 2012).
Isso demonstra que o governo brasileiro historicamente vem transferindo para o setor
privado a responsabilidade da educação, favorecendo, assim, a criação de um amplo e moderno
sistema educacional, constituído de instituições de ensino superior privadas (SEMESP,2012).
Nesse contexto também se insere a Faculdade ASCES, originalmente denominada de
Faculdade de Direito e Odontologia de Caruaru. Essa instituição nasceu em meados do século
passado, e vem passando por um processo de ampliação, aumentando a sua oferta de dois para
doze cursos superiores. Essa ampliação é favorecida justamente pelo movimento desencadeado
em meados dos anos 90, quando o Brasil sofreu um novo surto de expansão do setor privado de
educação superior, acompanhado da revisão do papel do Estado, da introdução da avaliação como
política pública, da criação do antigo “Provão” e da abertura do mercado para a iniciativa privada
(ASCES,2011).
Com isso, inúmeras faculdades foram abertas, e as faculdades já existentes tiveram a
possibilidade de ampliar a oferta de cursos, o que favoreceu um aumento da concorrência entre as
instituições de ensino superior privadas. Isto refletiu diretamente em uma variação enorme dos
preços das mensalidades, bem como também em uma ampliação bastante significativa da
demanda por qualificação profissional, tendo em vista as exigências cada vez maiores do
mercado de trabalho atual. (SEC. EDUCAÇÃO, 2012).
17
Somando-se a esse conjunto de fatores, pode-se afirmar que o nível socioeconômico do
contingente populacional que passou a constituir a demanda de estudantes atendidos pelas
instituições de ensino superior privadas também favoreceu a acentuação de um problema já
existente dentre as instituições desse setor, que é justamente o problema da inadimplência
(SEMESP, 2012).
Em relação à inadimplência de uma maneira geral, importante aqui destacar um
levantamento feito pela Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife), com dados do
final de 2012, que possibilitaram traçar o perfil do inadimplente local, que permaneceu
praticamente o mesmo do final do ano anterior. Os dados revelaram que a maioria dos
inadimplentes era homem, entre 21 a 40 anos, com ensino médio completo ou incompleto, e com
renda familiar mensal entre R$ 678,00 e R$ 2.034 reais. A pesquisa destacou que o desemprego
figurou como a maior causa de inadimplência, com um índice de 39% entre os entrevistados,
seguido da falta de planejamento financeiro/descontrole, com índice de 19%, quando foi possível
constatar que o nível de aumento da inadimplência entre 2011 e 2012 em Recife foi de 2,4%,
ficando abaixo da média nacional, que passou dos 3% (INEP, 2012).
Segundo Adriana Meyge (2012), o ensino superior privado no Brasil registrou no ano de
2012 um índice de inadimplência (onde considerou a inadimplência como sendo um atraso de
mais de 90 dias nas mensalidades) de 6,9% no primeiro semestre, taxa essa que representa um
aumento de 7,9% em relação aos 6,4% verificados no mesmo período do ano de 2011. Dados
esses que foram levantados pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de
Ensino Superior no Estado de São Paulo , e que indicam que o ano de 2012 interrompeu as
sucessivas quedas registradas pelo setor desde 2010 (VALOR ECONÔMICO, 2012).
Essa mesma pesquisa revelou, ainda, que os resultados mostram um índice de
inadimplência de 8,46% para o setor de ensino superior privado, contra 7,40% do índice geral dos
outros setores da economia (SEMESP, 2012).
Importante já aqui destacar que as consequências desses fatos são notórias para essas
instituições. Elas dependem justamente do pagamento dos alunos em contraprestação a seus
serviços educacionais para poderem cumprir com todos os seus compromissos sociais,
trabalhistas e de novos investimentos na própria instituição. Essas despesas são necessárias para
responder às exigências do mercado e também do Ministério da Educação, órgão de controle do
Governo Federal.
18
Diante desse cenário, surgiu o interesse em responder à seguinte pergunta de pesquisa:
Qual é a situação real da inadimplência na Faculdade ASCES, de 2011 a 2012, e qual a avaliação
do corpo discente sobre o atual programa de alternativas para pagamento?
1.2 Objetivos
Este presente tópico traz os objetivos que se visaram atingir através da realização da
presente pesquisa.
1.2.1 Objetivo geral
Descrever a inadimplência na Faculdade ASCES, bem como a avaliação do atual
programa de alternativas para pagamento do curso superior.
1.2.2 Objetivos específicos
•
Traçar o perfil socioeconômico dos alunos inadimplentes da Faculdade ASCES;
•
Estabelecer a tendência de inadimplência durante os últimos 5 anos da Faculdade ora
objeto de estudo;
•
Verificar os principais motivos apontados para os atrasos nos últimos 12 meses;
•
Verificar as reais prioridades de pagamento dos alunos inadimplentes;
•
Avaliar a percepção dos alunos inadimplentes sobre as alternativas de pagamento que
a Faculdade ASCES promove, e estabelecer os possíveis auxílios que a mesma poderia
promover;
•
Avaliar o conceito da Faculdade estudada, verificando possível relação com a
inadimplência.
19
1.3 Justificativa
Apresentam-se agora as justificativas, tanto prática quanto teórica, que refletem os
motivos da escolha do pesquisador pelo tema em comento para ser objeto de estudo da presente
Dissertação de Mestrado.
1.3.1 Justificativa prática
O estudo está direcionado para os estudantes no sentido de buscar pontos a serem
melhorados no aspecto financeiro, através do perfil e forma de ver as prioridades de pagamento
por parte do responsável, seja ele o próprio aluno ou seus responsáveis. Como consequência,
mudanças podem ser implementadas no setor financeiro da Faculdade para atender as demandas
que irão surgir especialmente após o aumento no número de cursos oferecidos pela Faculdade.
Nesse contexto, o estudo contribuirá para auxiliar no combate e na diminuição da
inadimplência dentre os alunos da IES pesquisada, na medida em que ajudará a compreender a
gênese da inadimplência no universo pesquisado, sendo ainda possível auxiliar na compreensão
melhor do cenário econômico atual da região Agreste do Estado.
1.3.2 Justificativa teórica
É notável a ausência de bibliografia sobre o tema inadimplência e ainda mais quando se
parte para inadimplência focada no ensino superior. Desta forma, o estudo pretende contribuir,
ainda, com o debate acadêmico acerca dessa questão, através da avaliação do caso na Faculdade
ASCES e fazer um comparativo do perfil local com o nacional. Além do comparativo será natural
a abertura de novas linhas de pesquisa ainda não contempladas que serão explicitadas nas
limitações da conclusão do trabalho.
20
1.4 Estrutura do trabalho
Para melhor sistematizar o estudo em apreço, tem-se que a pesquisa está estruturada da
seguinte maneira:
Introdução: delimita o assunto tratado, contextualizando-o e traçando considerações
introdutórias da pesquisa, bem como também delineando as linhas gerais da pesquisa, ao expor o
problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa prática e teórica, e o
presente descritivo da estrutura do trabalho;
Fundamentação Teórica: realiza a revisão de literatura acerca do tema, quando se tratou
de abordar os assuntos relevantes relacionados à pesquisa em tela, sendo justamente nesse tópico
que se encontra a base teórica da presente pesquisa, quando aqui se utilizou todo o material
necessário (de livros, artigos científicos, periódicos, sites especializados etc.) para melhor
fundamentar teórica e estatisticamente o estudo em apreço, destacando o que é realmente
relevante saber sobre o tema objeto da pesquisa para que, assim, se possa melhor compreender o
fenômeno estudado;
Metodologia: traça o percurso metodológico trilhado pela presente pesquisa para que a
mesma conseguisse atingir os objetivos propostos, classificando a pesquisa quanto à natureza
(pesquisa quanto ao método, quanto aos fins, quanto aos meios e quanto à forma de abordagem),
bem como também expondo a forma de coleta, análise e exposição dos dados;
Análise e Discussão dos Resultados: expõe e analisa os resultados aos quais se foi
possível chegar através da realização do estudo de caso feito na ASCES com os alunos
inadimplentes, realizando uma discussão desses resultados seguida dos devidos comentários aos
dados coletados, bem como também um cruzamento de dados para melhor explicar o fenômeno
da inadimplência na ASCES;
Considerações Finais: expõe justamente as conclusões às quais foi possível chegar através
da realização da pesquisa, sendo nesse tópico que também se encontram as sugestões e as
recomendações apresentadas em relação ao assunto tratado;
Referências: enumera, por ordem alfabética, as referências bibliográficas utilizadas para
compor a revisão de literatura;
Apêndice: apresenta o questionário utilizado como instrumento de coleta de dados da
pesquisa realizada na ASCES, questionário esse elaborado pelo próprio pesquisador.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA____________________________________
22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Tendo em vista a quase inexistência de pesquisas específicas acerca do fenômeno de
inadimplência no setor de ensino superior privado brasileiro, a fundamentação teórica aborda
tópicos relacionados à questão de economia brasileira geral e do estado, especificamente, bem
como do ensino superior no Brasil.
2.1 Cenário atual da economia no Brasil
Tem-se que o cenário mundial da economia é de incerteza, tendo em vista que as grandes
potências têm passado por crises, o que demonstra de certa forma a vulnerabilidade de todos os
demais países.
Nesse sentido, o subtópico que segue visa traçar considerações relevantes acerca da
economia no Brasil, na tentativa de revelar aspectos importantes sobre o tema e que auxiliem a
melhor compreender o assunto tratado pelo presente trabalho.
O momento da economia nacional é de estabilidade, tendo em vista que mesmo com as
crises externas o aquecimento interno da economia se manteve constante, mas sem grande
crescimento, o que permite uma análise muito modesta do futuro.
Conforme dados do Governo Federal (2013), os juros bancários liderados pelos bancos
públicos tiveram uma grande redução das taxas desde abril do ano passado, o que fez com que as
pequenas e microempresas fossem em busca de crédito, principalmente para ampliarem seus
negócios. Somente na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil, o aumento nas
contratações foi de R$ 182,3 bilhões, o que representa 34,7% a mais que em 2011.
Segundo dados do Ministério do Trabalho (2013), o Brasil está entre os maiores
contratadores de mão de obra para 2013. Os executivos nacionais lideram o ranking de
contratações. Isso demonstra que a economia continua aquecida e com bons indicadores para
2013. Dentre os motivos, a próxima Copa do Mundo e as Olimpíadas também atraem grandes
investimentos e melhoram os indicadores de emprego e renda
O momento econômico do Brasil é favorável por sua estabilidade econômica; enquanto
potências econômicas como a Europa e como a América do Norte vivenciam crises, o cenário
brasileiro é de crescimento.
23
Gráfico 1 – Desemprego no Brasil entre 2007 e 2011.
Fonte: IBGE (2011).
O desemprego, que é outro importante ponto da economia, apresentou uma queda,
conforme gráfico 1 do IBGE (2011), quando, em 2007, o mesmo chegou a estar próximo de 12%.
O cenário da Europa, por exemplo, é inverso e as estimativas não são otimistas. No Brasil está
acontecendo o contrário, está ocorrendo é um aumento dos postos de trabalho, posto que,
segundo o Ministério do Trabalho (2011), vem ocorrendo o crescimento do nível de emprego em
todas as faixas etárias, se destacando a dos jovens, que cresceu 19,06%; e a dos idosos, que
também cresceu 12,77%.
Gráfico 2 – Taxa de Investimento e Taxa de Poupança Bruta, de 2000 a 2010.
Fonte: IBGE (2010).
Conforme o gráfico 2 acima, que também expressa dados do IBGE (2010), os
investimentos se mantiveram estáveis e a poupança aumentou. Esse aumento dos investimentos
na caderneta de poupança é extremamente favorável, pois reflete o fato de que está havendo uma
24
sobra no orçamento doméstico e que, ainda com a redução da rentabilidade na poupança, o
cenário não mudou.
Outros setores importantes da economia não param de crescer e, dentre eles, pode-se
destacar a construção civil, que, segundo dados do IBGE (2010), cresceu 3,1%. Com esse cenário
do setor, diversos outros setores como o elétrico e o hidráulico, acabam sendo beneficiados, pois
a construção civil envolve muitos outros setores e acaba faltando até mão de obra no mercado.
Existem tantas oportunidades no país que acaba faltando mão de obra qualificada para as
diversas áreas, e, segundo o Ministério do Trabalho (2011), o procedimento para entrada de
estrangeiros teve que ser facilitado e atualmente se leva menos de 20 dias para se conceder um
visto de trabalho para o Brasil.
Tal fato não é interessante do ponto de vista de não preencher esses postos mais bem
remunerados do setor, mas mostra a dimensão do crescimento do país. Em 2011, ainda segundo o
Ministério do Trabalho (2011), foram mais de 26 mil autorizações de visto para trabalho, o que
representa um crescimento de 19,4% em relação aos primeiros meses de 2010.
Diante desses dados, fica evidente que o cenário econômico brasileiro está passando por
uma boa fase, se mostrando bastante favorável a um maior crescimento e desenvolvimento
socioeconômico do país.
2.1.1 Economia em Pernambuco e em Caruaru
Pode-se afirmar que a economia atual do Estado de Pernambuco está aquecida,
apresentando ótimas perspectivas para o futuro, tendo em vista o grande número de investimentos
já direcionados para esta região (GOVERNO PE, 2012).
Acabou sendo notável a contribuição dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que, esquecendo-se de questões partidárias, privilegiou muito o seu Estado de origem, que
ganhou bastante em oito anos de seu governo.
Grandes empreendimentos do porte do Estaleiro Atlântico Sul, a Fábrica da Fiat e todos
os demais empreendimentos realizados em Suape fizeram com que o cenário dessa região
apresentasse sinais de saturação. Percebendo esses sinais de concentração demasiada em Suape, o
governo do Estado já está construindo um novo porto perto da cidade de Goiana, que contará
também com aeroporto (GOVERNO PE, 2012).
25
A região de Pernambuco será bastante promissora nos próximos anos, pois tem uma gama
de investimentos previstos para essa localidade, que conta com a cidade de Vitória, uma cidade
centro para investimentos justamente devido a suas condições geográficas e climáticas, bem
como com a cidade de Caruaru, que também está muito bem posicionada atualmente no aspecto
do desenvolvimento socioeconômico no Estado (GOVERNO PE, 2012).
A cidade de Caruaru, também conhecida como sendo a capital do Agreste, tem, de fato,
uma posição geográfica bastante privilegiada, centralizando um eixo de ligação com a capital do
Estado, Recife, e com as cidades de Arcoverde, Garanhuns, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe,
Toritama e outras cidades circunvizinhas importantes que mais movimentam o setor econômico
do Agreste, que tem Caruaru como pólo central (PREF. CARUARU, 2012).
Com esse crescimento econômico, as cidades passam a ter cada vez mais demanda pelo
ensino superior, tendo em vista que cresce o poder aquisitivo e a busca do mercado por mão de
obra mais especializada e melhor qualificada.
2.2 Cenário atual do ensino superior
Agora, são traçadas algumas considerações gerais relevantes do atual cenário do ensino
superior, tanto a nível nacional, quanto a nível local, visando, assim, fornecer uma visão genérica
sobre ensino superior privado, para mais adiante se tratar mais especificamente acerca da
inadimplência nesse setor.
2.2.1 Ensino superior no Brasil e no Nordeste
As políticas públicas detalhadas abaixo impulsionaram um maior crescimento e
desenvolvimento do ensino superior no Brasil. Nesse sentido, importante destacar que o exministro Paulo Renato de Souza deixou uma grande contribuição, justamente ao criar o método
de avaliação das Faculdades, que estabelece notas para os cursos e para as entidades.
Esclareça-se que a Lei de Diretrizes Básicas (LDB) para a Educação passou por uma
reformulação no governo de Fernando Henrique Cardoso, juntamente com o então supracitado
Ministro, em 20 de dezembro de 1996 (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2012).
26
Pensando e focando em um direito universal de educação para todos, a LDB de 1996
apresentou inúmeras inovações, muitas delas no ensino superior, o que fez com que houvesse um
crescimento bastante considerável dos indicadores relativos à abertura de novas Instituições de
Ensino Superior, resultado de toda essa intenção de fomento ao ensino que começou a se
desenvolver.
Atualmente, esses indicadores são ainda maiores, segundo Machado (2009, p. 4), que
afirma que:
Hoje, o panorama é outro. No segundo mandato do governo Fernando Henrique,
conforme dados do INEP, 1.000 novas faculdades foram credenciadas. Hoje são
aproximadamente 2.150 particulares e 5 milhões de alunos.
Tais números supramencionados revelam a tendência crescente da abertura de novas
Instituições de Ensino Superior no país a cada ano que se passa.
No Nordeste, os indicadores do crescimento do número de Instituições de Ensino Superior
e de matrículas de alunos mostram que está diminuindo a diferença nesses aspectos em relação
aos Estados da região Sul do país. É importante aqui destacar que no Censo da Educação, que é
realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a
distribuição das matrículas no ensino superior no país ficou mais equilibrada durante essa última
década, quando no Nordeste subiu de 15%, em 2001, para 19%, em 2010 (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 2011).
Ainda de acordo com dados dos Resumos Técnicos do Censo da Educação Superior do
INEP (2002-2010), a taxa de escolarização líquida do ensino superior no Nordeste em 2001 foi
de 5,1, ao passo que já em 2009 esse número havia crescido para 9,4. Esse indicador demonstra a
percentagem de estudantes com faixa etária entre 18 e 24 anos devidamente matriculada no
ensino superior. A média nacional em 2001 era de 8,9, e em 2009 passou para 14,4, com uma
variação de 5,5 pontos percentuais, enquanto que o aumento da média do Nordeste foi de 4,3
pontos percentuais.
Tais mudanças ainda são refletidas no número médio de anos de estudo para a mesma
faixa etária, indicador esse que no Nordeste era de 6,3 em 2001, e passou para 8,5 em 2009,
quando a média nacional era de 7,9, em 2001, e passou para 9,4 em 2009. Um outro indicador
sobre o ensino superior no Nordeste relevante é justamente o percentual de matrículas em cursos
de graduação presenciais, quando em 2001 o Nordeste possuía 460.315 matrículas, passando para
27
1.052.161 em 2009, quando o total do Brasil em 2001 era de 3.030.754, e em 2009 passou para
5.449.120 (INEP, 2002-2010).
Analisando-se os percentuais de aumento, é possível verificar que apesar dos dois
primeiros indicadores relacionados à faixa etária e aos anos de estudo serem menores que a média
nacional, pode-se afirmar que o indicador que trata da quantidade de matrículas no ensino
superior mostra que esse aspecto no Nordeste cresceu mais do que a média nacional, ou seja
128,6% no Nordeste em comparação a apenas 79,8% nacional, fato esse que é bastante positivo
para a região.
2.2.2 Ensino superior em Pernambuco e em Caruaru
Durante a gestão do governo Lula, houve um fomento ao ensino superior público no
Estado de Pernambuco, criando-se unidades interioranas da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) e da Universidade de Pernambuco (UPE) em parceria com o governo do Estado,
atendendo a uma demanda já antiga para a região.
Hoje em dia, a cidade de Garanhuns ganhou destaque por abrigar um Curso de Medicina,
e a cidade de Caruaru foi contemplada com um Campus da UFPE, bem como também da UPE.
Fatos como esses fizeram com que a cultura local mudasse no sentido de ter que morar na capital
para fazer uma Faculdade pública. É importante destacar, inclusive, que hoje existem estudantes
vindos da capital para o interior, justamente estimulados por uma concorrência um pouco menor
no vestibular, facilitando, assim, o ingresso ao ensino superior (GOVERNO PE, 2012).
Dessa forma, Caruaru passou a ser considerado um centro de ensino superior, passando,
assim, juntamente com a participação das Faculdades particulares, a atrair cada vez mais
estudantes de todo o Agreste do Estado.
Em Caruaru, a Faculdade mais antiga é a Associação Caruaruense de Ensino Superior
(ASCES), objeto direto de estudo da presente pesquisa, que foi fundada em 1959, e que possuía
inicialmente apenas dois cursos: o de Direito e o de Odontologia, tendo sido uma das instituições
de ensino superior pioneiras no interior do Estado, no Norte e no Nordeste (ASCES, 2011).
Atualmente, a ASCES já conta com doze cursos: Direito, Odontologia, Relações
Internacionais, Engenharia Ambiental, Serviço Social, Administração Pública, Fisioterapia,
28
Enfermagem, Biomedicina, Farmácia, Educação Física e Licenciatura em Educação Física, além
de vários cursos de Pós-Graduação (ASCES, 2011).
Outra grande Faculdade a surgir na região foi a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Caruaru (FAFICA), em 1961, com a oferta inicial dos cursos de Letras, Ciências Sociais,
História e Pedagogia (FAFICA, 2011).
Hodiernamente, a FAFICA já conta com os cursos de Ciências Contábeis, Ciências
Sociais, Administração, Teologia, Rede de Computadores, Pedagogia, Letras – Espanhol, Letras
– Inglês, História, Gestão Comercial, Filosofia e Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
totalizando também doze cursos, além de vários cursos de Pós-Graduação nas áreas supracitadas
(FAFICA, 2011).
A terceira grande Faculdade do ensino privado em Caruaru é a Faculdade do Vale do
Ipojuca (FAVIP), que iniciou suas atividades em 2001, e já conta com vários Cursos, tendo,
portanto, uma história recente, mas importante no cenário local (FAVIP, 2011).
Hoje, a FAVIP possui os cursos de Administração com Habilitação em Gestão de
Negócios, Administração com Habilitação em Sistema de Informação, Ciências Contábeis,
Ciências Econômicas, Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, Comunicação Social
com Habilitação em Publicidade e Propaganda, Direito, Nutrição, Psicologia e Turismo,
totalizando, assim, dez cursos, além de variadas opções de Cursos de Pós-Graduação (FAVIP,
2011).
Importante destacar que, historicamente, Caruaru passou por quatro grandes ciclos de
mudanças no ensino superior, tendo sido o primeiro ciclo justamente o pioneirismo de levar o
ensino superior para fora da capital Recife, iniciado pela Faculdade ASCES, logo seguida pela
FAFICA.
O segundo grande ciclo foi justamente a chegada da FAVIP, que apresentava uma visão
mais comercial e chegou com um leque maior de opções, tendo em vista que as opções de cursos
superiores ainda eram muito restritas na cidade.
O terceiro grande ciclo aconteceu justamente com a implementação da avaliação dos
Cursos, que fez com que todas as Faculdades pudessem se comparar de forma mais concreta e
clara, percebendo suas fraquezas e virtudes através desse comparativo com o cenário nacional
(REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO, 2002).
29
O quarto grande ciclo ocorreu com a interiorização do ensino superior público, com a
chegada da UPE em 2008, e da UFPE em 2009, na cidade de Caruaru e em outras cidades
circunvizinhas (UFPE, 2010).
Já em 2012, está ocorrendo um novo contexto para o cenário educacional do ensino
superior na região; a rede de Faculdades Maurício de Nassau está iniciando suas atividades com 4
novos cursos. Esta rede tem abrangência em todo o Nordeste e também identificou um mercado
promissor em Caruaru. A tendência é que o mercado continue competitivo e que novos Cursos
venham nos anos seguintes, o que está ocorrendo também nas outras Faculdades já instaladas na
região.
Todas as Faculdades da região Agreste se enquadram no perfil recomendado de gestão, no
tocante à busca por inovar, trazendo cursos novos para atender a demanda local. Os cursos
instalados na região são bem dimensionados à realidade local. Cursos voltados para a área de
moda e design, inclusive, foram instalados justamente para atender a demanda do grande polo de
confecções das cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe (UPE, 2012).
Por isso que Teixeira (2005, p. 15) afirma que “as escolas precisam ser mais criativas e
estar sempre buscando novas fontes de receitas, abrindo cursos que atendam às necessidades,
desejos e sonhos das pessoas”.
Em resumo, isso tudo indica a diversidade de cursos superiores que existem na região,
fazendo, assim, com que o número de caruaruenses que sai da cidade para estudar na capital
Recife seja cada vez menor. O ensino superior da cidade de Caruaru atualmente atrai até mesmo
recifenses, se consolidando cada vez mais, a cada dia que se passa, como um grande polo
universitário.
2.3 Expansão do ensino superior privado no Brasil
Sabe-se que com a já citada LDB, de 1996, iniciou-se o crescimento muito relevante do
número de Faculdades e também de Cursos Superiores nas Faculdades já existentes no país. Este
fato pode ser evidenciado através do gráfico abaixo, demonstrando que o número de cursos de
graduação apresentou um aumento de mais de 1000% de 2003 a 2010, ou seja, em apenas sete
anos, ou em torno de 140% por ano.
30
Cursos de Graduação
18042
13874
14454
2008
2009
11587
9285
6151
3523
1615
2003
2004
2005
2006
2007
2010
Fonte : I ne p/MEC
* Até outubro/2010
Gráfico 3 – Evolução do Número de Cursos de Graduação no Brasil, entre 2003 e Outubro de 2010.
Fonte: INEP/MEC (2010).
Pode-se afirmar que com os grandes incentivos que o governo tem ofertado ao ensino
superior no Brasil, o mesmo deixou de ser quase que um diferencial exclusivo das classes
econômicas A e B (INEP/MEC, 2010).
A concorrência entre as Instituições de Ensino Superior também foi outro fator que
contribuiu para facilitar o acesso das classes econômicas C e D às IES do país, tendo em vista que
passou a ser notável que, para que as Faculdades pudessem se manter no mercado, o preço de
suas mensalidades teria que ser diferenciado das demais, o que favoreceu uma queda dos preços
e, por conseguinte, facilitou ainda mais o acesso ao ensino superior (INEP/MEC, 2010).
O próximo passo agora é justamente o acesso da classe E ao ensino superior, fato esse que
depende muito mais de incentivos do governo do que das próprias Faculdades, no tocante ao
ajuste dos preços das mensalidades. Vale destacar um dos grandes programas nesse sentido se
constitui justamente no PROUNI (Programa Universidade para Todos), que teve sua criação em
2004 através da Lei nº. 11.096/2005. O programa tem o objetivo justamente de concessão de
bolsas integrais ou parciais a estudantes dos Cursos de Graduação em instituições privadas de
ensino superior (GOVERNO FEDERAL, 2011).
Pode-se afirmar que o PROUNI atualmente se constitui em uma forma eficiente de
inclusão social para as classes C, D e E ao ensino superior privado. Os estudantes, mesmo que
não tenham pais ou responsáveis em condições de financiar as outras despesas como transporte,
xérox, livros etc., ainda têm a possibilidade de trabalhar para se manter e conseguir pagar essas
31
outras despesas com o seu Curso Superior. Essas despesas normalmente são menores do que o
custo de uma mensalidade que não caberia no orçamento desse perfil de renda.
Analise-se agora o gráfico que se segue:
PROUNI - Bolsas ofertadas por ano
300000
250000
200000
150000
225005
100000
50000
112275
138668
247643
241273
254598
2009
2010
2011
163854
0
2005
2006
2007
2008
Prouni 2005-2º/2011
Gráfico 4 – Evolução do Número de Bolsas Ofertadas pelo PROUNI para o Ensino Superior Privado no
Brasil, entre 2005 e 2011.
Fonte: SISPROUNI/PROUNI (2011).
Nesse sentido, observe-se que o gráfico acima deixa mais que evidente o crescimento do
supracitado Programa, que passou de 112.275 mil bolsas ofertadas em 2005, para 254.598 mil
bolsas em 2011, o que demonstra que em apenas 6 anos do mencionado Programa o número de
bolsas mais que duplicou (126,8%, de fato), e muitos estudantes sem perspectiva alguma de
cursar uma Faculdade hoje podem alcançar esse pleito.
Outro programa do Governo que apresenta números expressivos de crescimento e êxito é
justamente o Programa de Financiamento Estudantil (FIES), que é destinado a financiar a
graduação no ensino superior de estudantes que não tenham condições financeiras de pagar a
mensalidade. Para tanto, os estudantes devem se inscrever pelo site do respectivo Programa,
podendo solicitar financiamento de 50% até 100% do valor da mensalidade total.
Cite-se que o FIES foi criado em 1999 para substituir o Programa de Crédito Educativo
(PCE/CREDUC), e já beneficiou mais de 560 mil estudantes, com uma aplicação de recursos na
ordem de mais de R$ 6,4 bilhões de reais, envolvendo contratações e renovações, isso segundo
dados do Ministério da Educação (INEP, 2011).
32
Ainda de acordo com o Ministério da Educação, o processo do FIES também foi
facilitado e ampliado. No ano de 2010, sozinho, foram assinados 71.600 mil novos contratos,
somando um valor de aproximadamente R$ 450 milhões de reais, contra apenas 32 mil
contratações do ano anterior. Também, neste mesmo período, a taxa de juros baixou para 3,4%
a.a., e o prazo foi estendido para três vezes o tempo de duração do curso, mais 12 meses (INEP,
2011). Nesse sentido, observe-se o quadro abaixo:
Com esse cenário, em virtude de todas essas mudanças, ampliações e melhorias no FIES e
no PROUNI, muitos estudantes passaram a ter maiores possibilidades de estudar e realizar o
sonho de ter em seu currículo um Curso Superior. Isto faz com que se possa afirmar que essas
fontes de financiamento têm um papel fundamental de fomento ao ensino superior no Brasil,
acabando, assim, por aquecer o setor de ensino superior privado, que está tão concorrido e tem
orçamentos com margens de lucros cada vez menores.
Financia o ensino superior para estudantes que não tenham condições de arcar com os
custos de formação e estejam regularmente matriculados em instituições cadastradas no
programa e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação.
Em 2010, foi reformulado:
• Juros baixaram de 9% para 3,4% ao ano.
• Financiamento: até 100% da mensalidade.
• Dilatação do prazo de pagamento no triplo do tempo da graduação.
• Criação do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC).
• Estudante de licenciatura e medicina que se dispuserem a trabalhar nas redes públicas de
educação e saúde amortizam sem dispêndio 1% da dívida consolidada por mês de trabalho.
Em 2010*, mais de 60 mil contratos firmados, no valor global superior a R$2,0 bilhões.
*Até 26/10/2010
Figura 1 – Alterações Recentes do Financiamento Estudantil.
Fonte: INEP (2011).
33
Por isso que, de acordo com Teixeira (2005, p. 14):
O ensino superior privado já responde por cerca de 71,8% das vagas oferecidas no país,
conforme dados do censo do MEC de 2003. Para se ter uma ideia, só o setor de serviços
(em geral) já obtém cerca de 55% do PIB brasileiro. O setor de ensino e educação,
responde com 10%. Não se podem ignorar esses números.
Portanto, tem-se que, atualmente, o ensino superior privado tem um grande espaço no
mercado e representa uma grande fatia da arrecadação nacional no setor de serviços, sendo,
portanto, importante para o governo continuar focando na melhoria dos processos e incentivos
para este setor. Isto é mais importante já que a rede pública de ensino superior ainda está longe de
atender a demanda local, e também pelo fato de que as políticas públicas de fomento ao ensino
superior possuem metas audaciosas, fazendo com que precise ser dada muita ênfase ao setor
privado.
Para um comparativo a nível mundial de como está o Brasil atualmente, segundo
indicadores fornecidos pela UNESCO para o ano de 2009, sob a fonte inicial do MEC/INEP
(2010), a taxa dos alunos que ingressaram no ensino superior dos EUA é de 86%; da Argentina,
69%; de Portugal, 61%; do Chile, 55%; do México, 28%; enquanto do Brasil, a taxa ainda está
em 25%. Mesmo com todos os incentivos e programas direcionados, o país ainda está longe do
padrão desejado.
Tecidas essas considerações relevantes, importante agora tratar da questão da qualidade
do ensino superior no Brasil. Esse tema está diretamente relacionado com a acelerada expansão
do ensino superior privado no Brasil, e a consequente abertura relevantes de IES e de Cursos
Superiores por todo o país.
2.4 Qualidade do ensino superior
O processo de vestibular foi enfraquecendo com o passar dos anos. Tudo indica, inclusive,
que daqui a não muitos anos, o mesmo não mais vai existir. Na sua substituição haverá a nota do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como porta de entrada para o ensino superior no país.
34
Falando-se em ENEM, observem-se as notas do mesmo conforme origem da IES, de
acordo com o relatório do Ministério da Educação de 2008:
ESTADO
Brasil
Bahia
Distrito Federal
Minas Gerais
Piauí
Pernambuco
São Paulo
Ceará
Tocantins
Espírito Santo
Sergipe
Paraná
Goiás
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pará
Rio de Janeiro
Santa Catarina
Mato Grosso
Amazonas
Mato Grosso do Sul
Acre
Alagoas
Rondônia
Amapá
Maranhão
Rio Grande do Sul
Roraima
PÚBLICA
37,27
33,06
41,11
39,61
31,81
33,75
39,02
33,27
32,67
38,13
33,02
39,43
35,97
33,78
33,24
33,37
38,96
40,43
34,70
32,55
36,08
33,18
31,76
35,26
32,93
32,56
42,12
35,03
PRIVADA
56,12
55,34
61,90
60,12
51,38
53,28
58,50
52,67
51,65
57,11
51,94
58,21
54,09
51,81
50,69
49,95
55,50
56,92
50,48
48,02
50,78
47,66
45,98
48,72
45,67
45,20
53,42
44,40
DIFERENÇA
18,85
22,28
20,79
20,51
19,57
19,53
19,48
19,40
18,98
18,98
18,92
18,78
18,12
18,03
17,45
16,58
16,54
16,49
15,78
15,47
14,70
14,48
14,22
13,46
12,74
12,64
11,30
9,37
Tabela 1 – Notas do ENEM por Rede (Pública e Privada) por Estado em 2008.
Fonte: Ministério da Educação (2008).
Analisando-se a Tabela 1, pode-se verificar que a média nacional dos alunos da rede
pública ficou em 37,27 pontos, enquanto a da rede privada ficou em 56,12, apresentando uma
diferença bastante significante de 18,85 pontos. Em se tratando mais especificamente de
Pernambuco, importante destacar que a diferença chega a ser ainda maior, na medida em que a
média da rede pública foi de 33,75, e a da rede privada 53,28, uma diferença de 19,53 pontos
ainda mais acentuada que a média nacional.
35
Segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino
Superior do Estado de São Paulo (SEMESP, 2011), a evasão do ensino superior em 2007 foi de
12%, para mais de 15% hoje. Considerando-se apenas os estudantes com FIES e PROUNI, esse
percentual cresceu de 14% para quase 20% (SEMESP, 2011). Ainda de acordo com dados do
SEMESP (2011), pelo menos metade desta evasão é de alunos das classes C e D, que
representam atualmente 40% das matrículas em nível superior, pois chegariam despreparados ao
ensino superior. Dentro da Faculdade ASCES esse indicador fica bem abaixo da média nacional
com o percentual de 3% por semestre.
Toda essa evasão gera uma consequente ociosidade das turmas, acabando, assim, por ficar
mais difícil para as instituições manterem um ensino de qualidade, pois as despesas com
professores e infraestrutura permanecem as mesmas, mas a receita das instituições fica bastante
deficitária, com turmas de poucos alunos, por exemplo.
Atualmente, as Faculdades particulares ofertam muitas vagas, mas não têm mais demanda
para preencher as mesmas; e o problema não está somente nos alunos que deixam a Faculdade,
mas também nas vagas que não são preenchidas em alguns cursos, mesmo após todos os
remanejamentos do vestibular, posto que muitos candidatos não conseguem nem alcançar a nota
mínima.
Observe-se agora o gráfico 5 com dados acerca do Índice Geral de Cursos (IGC) de 2011,
divulgado pelo Ministério da Educação e que avalia o número de instituições de ensino existentes
no país conforme os conceitos da sua qualidade de 1 a 5 e outros Sem Classificação (SC).
Gráfico 5 – Avaliação da Qualidade das Instituições de Ensino Superior no Brasil, segundo o IGC 2011.
Fonte: Ministério da Educação (2011).
36
Além do aumento quantitativo de Instituições de Ensino Superior, segundo o MEC
(2011), a qualidade também tem crescido, como pode ser observado no gráfico 5 acima. Os dados
demonstram que o indicador no qual se concentra o maior número das Faculdades é o conceito 3,
que representa o fato de que a Instituição atende ao esperado pelo Ministério da Educação, sendo
de se destacar que nesse conceito existiam 44,4% das Faculdades em 2008 e em 2011 esse
número subiu para 50,6%. Os conceitos abaixo do esperado, representados pelos números 1 e 2,
diminuíram 0,03% e 0,04%, respectivamente, e os conceitos 4 e 5 cresceram 2,5% e 0,03%,
respectivamente.
Dessa forma, teve-se melhoria em todos os conceitos apresentados acima, o que
demonstra que o ensino superior, mesmo com sua competitividade, suas avaliações e seu
acelerado crescimento, não deixou de lado os investimentos em melhorias de pessoal e
infraestrutura, possibilitando, assim, esse ganho de qualidade para o estudante e um retorno em
melhoria de educação para o país.
2.5 Padrões de escolha de clientes nos diversos segmentos
Tem-se que toda e qualquer empresa possui seus parâmetros para conceder crédito; e um
dos ramos mais bem sucedidos nesse sentido é justamente o comércio, pois possui um padrão
diferenciado de escolha dos clientes. Enquanto que no ensino superior privado a luta é para ter
alunos, pois a ociosidade de vagas é um problema notável, o comércio pode e tem seguido
padrões mais rigorosos na implementação de sua carteira de clientes, no tocante à concessão de
crédito.
Por isso que Rodrigues (2004, p. 40) afirma que:
O Comércio é o ramo de atividade que possui o menor índice de inadimplência. Este
fato ocorre principalmente porque o comércio é um dos ramos mais antigos da
economia e bastante rigoroso na concessão de crédito aos seus clientes. O comerciante,
em geral, não vende a prazo sem ter em mãos uma ficha cadastral completa do cliente,
com referências pessoais e bancárias; condição sócio-econômica; comprovação de
endereço; às vezes, até carta de fiança; etc.
37
A verdade é que a maioria das Faculdades nem consulta o Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC) ou a Centralização dos Serviços Bancários S/A (SERASA) em relação aos dados
relevantes de seus estudantes. Elas preferem trabalhar com a figura do fiador, consultando,
quando muito, apenas seus dados, pois não podem se dar ao luxo de dispensar alunos pelo fato de
os mesmos não apresentarem padrão financeiro adequado à empresa. Isto tudo ocorre tendo em
vista que, diante dos problemas da evasão e da ociosidade, é preferível correr o risco de o
estudante atrasar um semestre inteiro do que impedir sua entrada na Instituição, pois por pior que
seja para o financeiro da Instituição aceitar isso, mais vale um aluno inadimplente do que uma
cadeira vazia.
Entretanto, é indiscutível que quando é possível se efetuar uma triagem dos alunos e,
dessa forma, tentar minimizar os riscos financeiros, fica muito mais tranquilo o trabalho do
departamento financeiro dessas Instituições.
A despeito disso, ainda nos dias de hoje, essa triagem se constitui em uma exceção no
ramo do ensino superior privado, posto que nas principais faculdades do interior do estado e
também na capital, parecem existir poucas entidades que utilizam essa triagem, conseguindo
expressivo êxito com a sua implantação.
Evidenciando o acima exposto, Machado (2009, p. 44) faz questão de destacar que:
Um grande colégio de São Paulo decidiu fazer, no momento da matrícula, quase que
“uma análise de crédito”, parecida com a que os bancos fazem para concessão de
empréstimos. Conclusão: diminuiu em 20% o número de alunos. O resultado final foi
que o número de alunos era agora menor, todavia com o perfil adequado à instituição. E
a inadimplência caiu sensivelmente. Valeu apena, segundo ele.
Pode-se afirmar que esse é um relato de sucesso obtido com a medida da triagem e da
consulta aos Serviços de Proteção ao Crédito (como o SPC e a SERASA), mas que ainda é raro
para o mercado do ensino superior privado no Brasil.
Contudo, e ainda de acordo com o que diz Machado (2009, p. 45), “é imprescindível que
a instituição tenha claro qual é o perfil do aluno que quer ter, a fim de adotar na matrícula os
procedimentos que julgar de menor risco”.
Conforme o autor, portanto, pode ser defendida a tese que as Instituições de Ensino
Superior privadas devem seguir padrões para controle e combate à inadimplência em sua origem,
selecionando e definindo critérios, ainda que mínimos, para a escolha dos seus alunos. Isto,
38
mesmo que a instituição entre em conflito com a busca por alunos para minimizar os problemas
da evasão e da ociosidade, apesar de os mesmos não se verificarem em todos os cursos.
2.6 Origem da inadimplência
De uma forma bem simples, pode-se entender que a inadimplência nada mais é do que a
falta de cumprimento de um contrato ou de uma obrigação. Mais especificamente no ensino
superior privado, que tem como principal fonte de receita a arrecadação de mensalidades dos
alunos, a inadimplência pode ser acumulada por todo um semestre, posto que a lei garante o
direito do aluno estudar mesmo em débito. Somente no período das matrículas a Instituição de
Ensino Superior privada tem autonomia para exigir os valores em atraso ou parte deles como
entrada, na forma de acordo, e liberar a matrícula do aluno no semestre subsequente, muitas
vezes entrando em um ciclo que só se encerra na formatura.
Por isso, é fundamental existir uma política firme e organizada de combate à
inadimplência no ensino superior privado, tendo em vista que a inadimplência é justamente o
principal motivo que ocasiona o fechamento de Instituições de Ensino Superior privadas por todo
o país. Os problemas com fluxo de caixa durante os semestres ocasionam também a tomada de
vários empréstimos bancários por essas Instituições, o que faz com que as mesmas passem a ter
uma despesa muito elevada com os juros bancários, e, por consequência disso, tenham uma perda
considerável de boa parte de sua receita para o pagamento desses juros. Isto aumenta a proporção
da receita comprometida dessas Instituições, até as mesmas chegarem à falência.
Por essa razão é que Machado (2009, p. 13) defende que “a inadimplência é um tumor em
quase todos os setores. A lentidão da justiça é, por vezes, o fôlego que o inadimplente precisa
para “empurrar com a barriga” e ganhar tempo”.
Nesse sentido, observe-se o artigo 6º da Lei nº. 9.870, de 23 de novembro de 1999:
Art. 6º. São proibidas a suspensão de provas escolares, a retenção de documentos
escolares ou aplicação de quaisquer outras penalidades pedagógicas por motivo de
inadimplemento, sujeitando-se o contratante, no que couber, às sanções legais e
administrativas, compatíveis com o Código de Defesa do Consumidor [...] Caso a
inadimplência perdure por mais de noventa dias.
39
Veja-se, ainda, o que dispõe o artigo 2º da Medida Provisória nº. 2.173, de 24 de agosto
de 2001:
Art. 2º. O art. 6 da Lei 9870, de 1999, passa a vigorar acrescido do seguinte:
O desligamento do aluno por inadimplência somente poderá ocorrer ao final do ano
letivo ou, no ensino superior, ao final do semestre letivo quando a instituição adotar o
regime didático semestral.
Isso tudo evidencia que a Lei protege o estudante inadimplente, e faz com que a
Instituição de Ensino Superior não tenha meios de cobrá-lo efetivamente durante o semestre,
tendo em vista que esse aluno pode pagar apenas sua matrícula e acumular as cinco demais
mensalidades.
Portanto, para cobrar esse aluno, a Instituição pode enviar cartas-cobrança, pode efetuar
ligações, pode até negativar o aluno nos órgãos de proteção ao crédito; mas não pode diferenciálo em nenhuma de suas atividades acadêmicas, o que faz com que a Instituição apenas possa
efetivamente obrigá-lo a pagar o que deve ou a fazer um acordo somente no momento desse
aluno se matricular para o semestre subsequente.
2.7 Evolução da inadimplência no Ensino Superior
As pesquisas relacionadas ao tema com órgãos específicos ficam concentradas no Estado
de São Paulo, e o SEMESP (2011), que é o Sindicato das Entidades Mantenedoras de
Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, é uma das organizações que
cumprem esse papel. Em pesquisa divulgada pelo supramencionado órgão em 2009, foram
revelados indicadores importantes sobre a evolução da inadimplência entre 1999 e 2008 nesse
setor.
40
Evolução da Inadimplência nas IES do
Estado de São Paulo
25
20
15
10
21
22
21
24
22
20
23 23,2 22,5 24,5
Fonte: SEMESP
5
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Gráfico 6 – Evolução da Inadimplência entre 1999 e 2008.
Fonte: SEMESP (2009).
Com a análise do gráfico acima se verifica que a inadimplência não variou muito e que a
falta de mudança nos parâmetros e incentivos para pagamentos tem relação direta com essa
estagnação.
Segundo o SEMESP (2010), a inadimplência até caiu entre os anos de 2009 e 2010, mais
sensivelmente, e isso tem sido pouco divulgado, pois para os jornais o que importa são as notícias
negativas sobre o assunto, posto que chamam mais atenção do seu público-alvo geral. O
SEMESP ainda aposta que, mesmo com a queda, o setor ainda é o que possui o maior índice de
inadimplência do mercado. Dentre os principais motivos apontados para esse indicador existe a
cultura local de não valorizar tanto o estudo, bem diferente do padrão europeu, por exemplo.
2.8 Postura para cobrar
Inicialmente, cumpre citar que cada empresa acaba criando um perfil próprio de atuação
para cobrança no mercado, que sempre tem muito a ver com o direcionamento do gestor. Sabe-se
que para a cobrança de valores existem leis específicas que norteiam tal ação no ensino superior
privado e demais atividades do setor, protegendo os alunos e garantindo-lhes certos direitos.
41
Contudo, as Instituições de Ensino Superior privadas, muitas vezes preocupadas com sua
situação financeira devido à inadimplência de seus alunos, acabam se arriscando na hora de
cobrar os valores aos alunos inadimplentes. Um exemplo clássico disso, conforme relatam alunos
que já sofreram essa prática abusiva, é a cobrança realizada por certas Instituições na hora da
entrega do Certificado, pois, por lei, o estudante, mesmo inadimplente, tem direito a receber seu
Diploma, mesmo que não queira ou não tenha ao menos realizado um acordo para pagamento da
Faculdade.
Entretanto, parecem existir Instituições que, em uma medida forçada para conseguir
receber os valores em débito, não liberam o Diploma de Conclusão de Curso para os alunos que
possuem débito com a Faculdade. Agindo assim, essas Instituições estão sofrendo um risco
operacional oriundo dos princípios da gestão, para um caso de um aluno esclarecido que venha a
exigir seus direitos na justiça, fazendo com que haja um abalo no conceito ético da forma dessa
Faculdade trabalhar, afetando, assim, negativamente sua imagem perante a opinião pública.
A despeito disso tudo, Machado (2009, p. 28) defende que:
Mesmo que o inadimplente diga que vai procurar seus direitos, a entidade continua
firme. E se, de fato, ele conseguir uma liminar ou for ao Procon, aí sim ela faz a
entrega. Existe risco? Sim. Esta é uma decisão gerencial que envolve não só a imagem
da instituição no mercado, como também indisposições com o judiciário local e ainda a
possibilidade de exposição negativa na mídia.
É indiscutível que toda empresa ou entidade tem que valorizar e buscar fidelizar seus
clientes ou usuários, afinal eles representam a razão de existir da empresa. Contudo, a cobrança
dos inadimplentes deve ser feita, cobrança essa que é sempre uma parte muito delicada dessa
relação. A cobrança deve ser feita com muita cautela e delicadeza para os casos em que é muito
esporádico o atraso, e de uma forma mais enérgica para aqueles que criaram o hábito de atrasar,
não se devendo esquecer que clientes podem simplesmente deixar de operar com a empresa pela
forma através da qual são tratados. Sendo assim, é muito importante analisar o histórico desses
clientes e buscar entender o que os motivou àquele atraso.
Nesse sentido, é que Silva (2007, p. 97) adverte que:
Muitas vezes, clientes com potencial de negócios acabam fechando suas contas em
determinada empresa em razão da hostilidade gerada na cobrança. Esse é um ponto
importante e que deve ser tratado com bastante cautela e seriedade, visto que a captação
e retenção de clientes está cada vez mais difícil e concorrida. A área de cobrança deve
realizar seu trabalho sem prejudicar o relacionamento comercial entre a empresa
credora e o cliente devedor.
42
Isso tudo deixa claro que para uma gestão eficiente, com resultados concretos num
eficiente controle da inadimplência, é necessário um investimento massivo em pessoal muito
mais do que apenas o investimento em máquinas, sistemas e infraestrutura. O fator humano
dentro de uma organização acadêmica é imprescindível para o bom relacionamento com o
cliente, neste caso o aluno ou seu responsável. A compreensão dos fatos que levam à
inadimplência pode ajudar a chegar a uma solução aceitável em ambos os sentidos.
43
3 METODOLOGIA________________________________________________
44
3 METODOLOGIA
Segundo Gonsalves (2001, p. 61), “o percurso metodológico se refere ao caminho trilhado
para que você atinja os objetivos que você definiu”. Nesse contexto, o presente tópico do trabalho
discorre justamente sobre a natureza da pesquisa, o delineamento da pesquisa e as formas de
coleta, análise e exposição dos dados utilizados para a elaboração da pesquisa.
3.1 Natureza da pesquisa
A natureza da pesquisa é descrita, a seguir, em termos de seus métodos utilizados, fins
propostos, meios de realização e forma de abordagem almejada.
3.1.1 Quanto ao método
Foi utilizado o método dedutivo, que, segundo Cruz e Ribeiro (2003), se constitui no
método científico que leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de
erro, consistindo a dedução justamente em um recurso metodológico em que a racionalização ou
combinação de ideias em sentido interpretativo vale mais do que a experimentação de caso por
caso.
Para Lakatos e Marconi (1991), o método dedutivo é a modalidade de raciocínio lógico
que se utiliza da dedução para obter uma conclusão a respeito de determinada premissa,
produzindo conhecimentos novos, caracterizando-se quando se parte de uma situação geral e
genérica para uma particular. Nesse sentido, particularizou-se o caso do fenômeno da
inadimplência na Faculdade ASCES, que é o lócus da prática profissional do pesquisador e
também o campo de estudo da presente pesquisa.
Nessa perspectiva, portanto, importante esclarecer que a presente pesquisa partiu do
conhecimento construído empiricamente através da atuação do pesquisador como Gestor
Financeiro do setor da Tesouraria da Faculdade ASCES, conhecimento prévio esse que foi
submetido a um processo de ampliação, ressignificação e análise das informações coletadas, de
modo a construir novos conhecimentos ancorados no método dedutivo referido. Foram levados
45
também sempre em consideração os estudos anteriores realizados por especialistas da área acerca
do fenômeno da inadimplência e da inadimplência no setor de ensino superior privado.
3.1.2 Quanto aos fins
A presente pesquisa é classificada como exploratória e descritiva, uma vez que vislumbra
tentar entender o fenômeno da inadimplência no setor privado de ensino superior no interior de
Pernambuco, focando o caso específico da Faculdade ASCES.
Segundo Rampazzo (2005, p. 86), a “pesquisa exploratória trata-se de uma observação
não estruturada, através do recolhimento e registro dos fatos da realidade”.
Na mesma linha de pensamento, Gil (2002) afirma que a pesquisa exploratória tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com um problema, com vistas a torná-lo mais
explícito, envolvendo levantamento bibliográfico, e, geralmente, assumindo a forma de pesquisa
bibliográfica. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco
explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e operacionalizáveis sobre o mesmo.
Cite-se que no tocante à discussão sobre inadimplência no ensino superior privado há uma
pequena produção literária; entretanto, com foco específico no caso da Faculdade ASCES não foi
identificada nenhuma pesquisa ou reflexão sistematizada, o que foi visto pelo pesquisador como
um grande desafio, demandando justamente a necessidade da observação participante e do
levantamento de dados, ainda que de forma não estruturada, através da aplicação de
questionários, buscando dados da realidade, como ensina Gil (2002).
É por isso que Gonsalves (2001, p. 65) defende que a pesquisa exploratória “oferece
dados elementares que dão suporte para a realização de estudos mais aprofundados sobre o
tema”, podendo justamente ajudar a suprir a escassez de referências bibliográficas, em estudos de
natureza específica ou de casos pontuais, a exemplo da presente pesquisa.
Já em se tratando da pesquisa descritiva, Rampazzo (2005, p. 87) explica que a mesma
“busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica
e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de
grupos e comunidades mais complexas”.
46
Ante todo o exposto, considera-se de grande pertinência e relevância para o trabalho ora
desenvolvido a associação das duas perspectivas metodológicas acenadas pelos autores
supracitados, tendo em vista que há uma relação de complementaridade entre a abordagem
descritiva e exploratória, o que permite uma ampliação do olhar sobre o objeto de análise. No
caso desta pesquisa, se pretendeu primordialmente realizar um levantamento do perfil dos alunos
inadimplentes da Faculdade ASCES, instituição privada de ensino superior situada em
Caruaru/PE. Procurou-se elucidar sobre a prioridade de pagamento dos alunos inadimplentes, na
perspectiva de melhor compreender o fenômeno e, dessa forma, poder contribuir para uma
possível intervenção sobre a mesma no ensino superior privado, através de medidas corretivas
para o entrave.
3.1.3 Quanto aos meios
O presente estudo se deu mediante uma pesquisa bibliográfica, no tocante às questões
mais amplas e de ordem conceitual, cumulada com estudo de caso com aplicação de questionário
aos alunos ou seus responsáveis inadimplentes, na perspectiva de ampliar o universo de
informações e de trazer dados da realidade vivenciada pela Faculdade ASCES.
Em relação à pesquisa bibliográfica, fez-se o levantamento e seleção da literatura
existente sobre o problema de pesquisa, em livros, periódicos, artigos científicos, revistas,
jornais, monografias, teses etc., com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com
todo o material já escrito sobre o tema (Lakatos, 1997), na perspectiva de ampliar o entendimento
conceitual do pesquisador.
Nessa mesma linha de raciocínio se coloca Vergara (2005), ao afirmar que a pesquisa
bibliográfica “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,
revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”, sendo
importante frisar que se acredita que esse diálogo com a literatura, através das diversas
modalidades de publicações, permite ao pesquisador dirigir o seu olhar para o objeto de análise a
partir de diversos ângulos, ampliando, assim, sobremaneira, as suas possibilidades de
compreensão.
47
Ainda de acordo com Vergara (2005), e em relação ao estudo de caso, relevante citar que
a investigação empírica feita no local em que ocorre ou ocorreu um fenômeno ou mesmo que
dispõe de elementos para explicá-lo, pode incluir aplicação de questionários, entrevistas, testes e
observação participante ou não. Deve-se frisar que a condição do pesquisador ser participante do
processo coloca o autor da presente pesquisa em posição de vantagem no tocante ao acesso aos
dados necessários para a coleta e investigação a serem realizadas no campo empírico.
Por fim, e tendo em vista a compreensão do pesquisador acerca da importância da
diversidade de fontes na perspectiva da ampliação e diversificação dos dados coletados, aqui
foram utilizados como procedimento metodológico a aplicação de questionários com uma
amostra dos alunos inadimplentes dos diversos cursos oferecidos pela Faculdade ASCES, bem
como também a realização de pesquisa bibliográfica e análise documental de todo o material
pertencente ao setor financeiro da Faculdade ASCES que pudesse contribuir com dados
relevantes para compor a presente pesquisa.
3.1.4 Quanto à forma de abordagem
Adotou-se aqui a abordagem quantitativa dos dados coletados, na medida em que as
informações colhidas foram traduzidas em uma leitura com dados estatísticos, seguidos de uma
análise e discussão desses dados, tudo isso visando melhor facilitar a compreensão acerca do
problema de pesquisa.
Segundo Marconi e Lakatos (1999, p. 57), a abordagem quantitativa dos dados “consiste
em focalizar em termos de grandeza ou quantidade o fator presente em uma situação. Os
caracteres possuem valores numéricos, isto é, são expressos em números”, números esses que
desvelam indicadores e podem ser complementados com posteriores análises e discussões das
informações obtidas.
48
3.2 Delineamento da pesquisa
Foram escolhidos aleatoriamente um contingente de 69 alunos, utilizando-se justamente o
setor de atendimento aos estudantes sobre negociações de valores pendentes com a Faculdade
ASCES, com o objetivo primordial de realizar um levantamento do perfil dos alunos
inadimplentes entre o período de junho de 2011 a junho de 2012. O questionário incluía 16
questões objetivas, visando levantar informações relevantes, dentre elas quais as prioridades de
pagamento desses alunos e qual a forma de conduzirem sua vida financeira em um momento de
dificuldade, tudo isso visando levantar dados que possam elucidar aspectos da inadimplência
desses alunos não desvelados através apenas da análise documental.
3.3 Universo, amostra e processo de coleta
Em um universo em torno de 302 estudantes inadimplentes (durante o período de junho
de 2011 a junho de 2012), foi submetida à aplicação do questionário uma amostra de 69
estudantes, escolhidos aleatoriamente perfazendo um total de 22.8%. O grupo foi formado
somente por alunos ou responsáveis financeiros que possuem valores pendentes, ou seja, alunos
ou responsáveis financeiros inadimplentes com o pagamento das mensalidades do ensino superior
privado ofertado pela Faculdade ASCES.
Destaque-se que os respondentes desta pesquisa, logo após firmarem o acordo de
negociações de valores pendentes, foram convidados a responder o questionário, sendo avisados
de que não era necessária a sua identificação. Os respondentes colocaram as respostas
diretamente em uma urna sinalizada, para que os mesmos, assim, tivessem a segurança sobre o
sigilo das informações e que pudessem ser os mais sinceros possíveis em suas respostas. É
importante mais uma vez destacar que a escolha foi realizada de forma aleatória, selecionando-se
69 questionários dentre os questionários coletados, e que todos que optaram por participar da
pesquisa fizeram isso de forma amigável.
Esclareça-se que a coleta de dados ocorreu no mês de julho de 2012, através do
questionário que consta no apêndice deste trabalho.
49
Para melhor compreensão do processo é importante e interessante falar um pouco acerca
de como é feita a negociação de valores pendentes pela ASCES com seus alunos. Nesse sentido,
esclareça-se que a Faculdade ASCES, mesmo sendo sem fins lucrativos, detém seus processos de
cobrança e de monitoramento da inadimplência, assim como ocorre em praticamente todas as
empresas. Tendo em vista que as leis protegem o estudante durante o semestre, a cobrança se
inicia somente sobre a forma de carta endereçada ao estudante detalhando todo o seu débito e
informando que o mesmo está sendo corrigido diariamente.
O estudante, toda vez que entra no sistema virtual da Faculdade que detém suas
informações relativas à vida acadêmica, também é notificado sobre suas pendências financeiras.
Desta forma, ele tem todo o semestre para resolver qualquer tipo de pendência. No final do
semestre, a Faculdade determina um prazo final para as negociações de valores pendentes, tendo
como propósito organizar a parte financeira antes do dia da matrícula dos estudantes. Para se
matricular o estudante não pode ter nenhum tipo de pendência que não esteja paga ou ao menos
negociada, posto que o sistema vai acusar uma simples multa na biblioteca de R$ 2,00 e, por
consequência, impedir sua matrícula, que deve ser realizada de forma on-line, ou, em último
caso, presencialmente na Instituição.
As negociações ocorrem sempre de forma presencial em atendimento individual com o
gerente financeiro, que atende em horários pela manhã, tarde e noite, já pré-fixados no mural do
atendimento ao estudante. O padrão de negociação da Faculdade é de propor três formas de
pagamento ao estudante: a primeira opção é o pagamento à vista de todo o valor pendente,
podendo até ser realizado sem juros, mas sem nenhuma forma de desconto; a segunda forma de
negociação é de parcelar em 2 ou 3 vezes o valor do débito, sem desconto e com juros e multa, no
cartão de crédito, sendo as taxas do cartão cobertas pela Faculdade e o valor permanecendo fixo
para o estudante; e a terceira e mais comum forma de negociação é no boleto bancário, quando o
estudante deve dar uma entrada, que será realizada no máximo dois dias antes da matrícula,
contemplando 50% do seu saldo devedor, e o restante será parcelado em 2 ou 3 vezes no boleto
bancário. É importante esclarecer que o setor financeiro não efetua negociações em cheques ou
promissórias, tendo em vista a demanda operacional manual para trabalhar com essa forma de
parcelamento e de acompanhamento. Assim, todo o débito pendente consta no sistema
informatizado da Faculdade, não existindo pastas ou arquivos contendo documentos que também
representam débitos, o que faz com que o monitoramento e acompanhamento desses débitos
possam ser feitos de forma mais eficiente em tempo real.
50
Explique-se que quando o estudante efetua uma negociação e não cumpre a mesma, ele é
cobrado também pelas correspondências e pelo sistema; caso ele não providencie o pagamento,
quando chegar o momento do fechamento do semestre posterior, o mesmo deverá efetuar o
pagamento à vista, com juros e multa. As negociações chamadas de antigas que se referem ao
semestre passado não podem ser renegociadas, tendo como propósito não fomentar o acúmulo de
débitos por parte do estudante inadimplente.
A última etapa da cobrança é o encaminhamento para o setor jurídico da IES, que é feito
por meio de uma empresa terceirizada de cobrança, chamada NORCOB. Em um primeiro
momento, os atendentes da empresa, após o cadastro de todos os clientes no seu banco de dados,
efetuam uma ligação amigável para confirmação do débito; caso o estudante ou ex-estudante
afirme que efetuou o pagamento, é solicitado o comprovante do mesmo por fax ou e-mail, para
verificação de possível falha no retorno bancário por parte da Instituição ou por parte dos bancos
credenciados.
Para os casos em que existe a confirmação do débito, são propostas as novas formas de
negociações, que são melhores com relação ao prazo, que pode ser à vista ou em até 20 parcelas,
dependendo do caso e do valor em aberto. A parte negativa para o estudante é a cobrança de
honorários pela empresa, que varia de 10 a 20%, além dos juros e multas já acumulados.
Quando o estudante efetua o acordo, o mesmo assina um termo de confissão de dívida e
recebe os boletos pelo próprio escritório. Historicamente, o resultado dessa cobrança já apresenta
resultados satisfatórios, tendo em vista que causa um impacto ao devedor, que agora está sendo
cobrado por uma empresa externa, que trabalha no ramo da cobrança judicial.
Quando não se concretiza um acordo, a empresa NORCOB notifica a Faculdade sobre a
falta de intenção para o pagamento e aguarda que a mesma autorize o início da ação judicial. Esta
pode ser realizada na cidade de Caruaru, onde ambas as empresas estão localizadas, ou em
qualquer cidade do interior, tendo em vista que 70% dos estudantes são de fora da cidade.
Tudo isso evidencia o fato de que o acompanhamento dos acordos (e seu cumprimento)
realizados pela ASCES com os devedores é feito também pela empresa NORCOB, que se mostra
bastante interessada em resolver a situação, compelindo o pagamento dos acordos ou firmando
novos acordos com os inadimplentes. A supramencionada empresa de cobranças não recebe valor
fixo algum pelos serviços prestados à ASCES, mas sim um percentual acima mencionado sobre
os valores recuperados para a Faculdade.
51
Por fim, ainda cumpre aqui destacar o fato de que, para manter a qualidade e a fidelidade
das respostas, bem como também visando manter em sigilo a identidade dos participantes, não
foram identificados os cursos aos quais os estudantes pertencem, sendo apenas relevante informar
que foram selecionados estudantes do primeiro ao último período de todos os cursos ofertados
pela ASCES.
3.4 Técnica de coleta dos dados
O questionário desenvolvido consta de 16 questões, sendo 3 com opções abertas para
observações ou complementos e todas as demais de múltipla escolha, todas as perguntas com
vinculação íntima e direta com a fundamentação bibliográfica realizada no presente estudo. O
foco foi somente os alunos inadimplentes no tocante a esse questionário, e a pesquisa foi
respondida nas instalações da Faculdade, logo após os estudantes efetuarem a negociação do
semestre com o Gerente Financeiro.
Foi montada uma estrutura para garantir segurança ao respondente no tocante ao sigilo de
suas informações, com banca específica para o preenchimento, sem contato visual com os
funcionários do setor que permitisse perceber qualquer resposta assinalada, e também uma urna
específica e lacrada para depósito dos formulários, todos dobrados.
Desde já pode-se afirmar que foi bastante positiva a participação dos estudantes e dos
responsáveis financeiros, que participaram por livre e espontânea vontade, até superando as
expectativas e enxergando o processo como uma forma de melhoria para o serviço prestado.
Importante ainda deixar claro que foram também aqui utilizados como fonte de pesquisa
os arquivos e registros contábeis da Instituição ora estudada. Os dados foram comparados e
analisados, na perspectiva do mapeamento das razões que fazem emergir o fenômeno da
inadimplência. Foram utilizados, também, para conhecimento dos possíveis caminhos a serem
trilhados no enfrentamento e superação desse problema.
52
3.5 Técnica de análise e interpretação dos dados
Primeiramente, houve a mensuração de todos os dados coletados, quando se efetuou um
comparativo com o número total de alunos e foram montados gráficos para ilustrar melhor os
indicadores obtidos, sendo ainda importante destacar que nas questões abertas efetuou-se um
levantamento das respostas, criando-se os itens correspondentes conforme análise no tópico 4 do
presente trabalho.
Posteriormente, para melhor conhecimento da realidade presente entre os inadimplentes,
os dados foram mais detalhados conforme dados demográficos tais como gênero, idade, situação
civil, com ou sem filhos, etc.
53
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS_______________________
54
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Pesquisa interna da Faculdade ASCES sobre a satisfação de seus estudantes
Tendo como propósito perceber qual o grau de satisfação dos estudantes da Faculdade
ASCES e como isso pode estar ligado aos índices de inadimplência, foi efetuada uma coleta de
dados através de uma pesquisa realizada anualmente na Faculdade, denominada PAI (Programa
de Avaliação Interna), em 2011.
No referido período, a Faculdade tinha 3.151 estudantes, dos quais 1.177 participaram da
pesquisa, o que representa um percentual de participação de 37,35%. Abaixo estão relacionados
os principais pontos abordados na pesquisa:
Indicador de Qualidade
Ótimo Bom Soma
Regular Insuf. Soma
s/Resp
1) Apoio na participação de eventos científicos:
2) Apoio sócioeducacional:
3) Atividades complementares:
20,3
17,8
30,1
31,7
41,1
45,3
52,0
58,9
75,4
21,6
13,9
15,8
19,6
7,4
8,2
41,2
21,3
24,0
6,8
19,8
0,5
4) Conhecimento do perfil profissional
desenvolvido pelo seu curso:
5) Coordenação pedagógica:
6) Desenvolvimento de atividades de estágio:
7) Nível de exigência do curso:
8) Qualidade dos planos de ensino:
9) Acervo da biblioteca:
10) Acesso à internet:
11) Atendimento nos diversos setores:
12) Gerência financeira:
Média de todos os indicadores de qualidade
35,6
22,3
18,4
38,3
32,5
20,0
16,4
20,8
33,0
25,5
48,2
47,5
39,7
50,1
46,7
42,6
41,3
54,6
54,4
45,3
83,8
69,8
58,1
88,4
79,2
62,6
57,7
75,4
87,4
70,7
12,2
12,3
14,8
9,0
15,7
21,7
27,7
17,2
5,8
15,6
2,3
4,2
5,2
2,1
4,4
15,0
9,7
5,3
1,0
7,0
14,5
16,5
20,0
11,1
20,1
36,7
37,4
22,5
6,8
22,7
1,7
13,6
21,9
0,5
0,7
0,7
5,0
2,1
5,8
6,6
Tabela 2 – Indicadores de Qualidade do Programa de Avaliação do Curso, 2011.
Fonte: Programa de Avaliação Interna (2011).
Analisando-se os dados acima, pode-se afirmar que a avaliação da Faculdade por parte
dos estudantes se mostra positiva como possível agente fomentador para pontualidade dos
pagamentos, e, por consequência, para redução da inadimplência, pois, como bem leciona Martin
(1997), “cliente satisfeito é cliente que paga. Essa premissa é a básica quando se objetiva
controlar a inadimplência e aumentar as vendas sem depender de diminuição na margem de
lucro”. Em termos gerais, os alunos mostraram-se razoavelmente satisfeitos com a instituição,
com uma média de 70,7% de respostas de ótimo e bom no questionário de qualidade. Pela tabela
55
2 pode-se observar, inclusive, que o item “Gerência financeira” foi um dos itens mais bem
avaliados, com 87,4% de aprovação de notas de ótimo e bom, seguindo o item “Nível de
exigência do curso”, que está em primeiro lugar, com 88,4%.
A tabela acima, contudo, demonstra que ainda há espaço para melhorias. Os itens que
merecem mais cuidado são “Apoio na parte de eventos científicos”, com apenas 52% dos alunos
achando ótimo ou bom, contra 41,2% que acharam o indicador apenas regular ou insuficiente. Os
itens “Apoio sócioeducacional” e “Desenvolvimento de atividades de estágio” tiveram cerca de
60% de aprovação, ambos. Destes itens, o baixo índice de aprovação do item “Desenvolvimento
de atividades de estágio” é também aquele com o maior número de sem respostas (21,9%).
Possivelmente este fator ocorre devido ao fato de que os alunos que responderam ao questionário
ainda estão nas fases iniciais do curso e ainda não necessitaram pensar em estágio. O indicador
“Apoio sócioeducacional”, por outro lado, foi o segundo item com grande índice de sem
respostas (19,8%), possivelmente indicando que os alunos não estão muito cientes do que se trata
o indicador, ou não tiveram oportunidade ou necessidade de utilizar esse apoio ofertado pela IES.
Outros dois indicadores que demonstram uma falha na infraestrutura da Instituição ora
estudada são justamente aqueles referentes ao acesso à internet (37,4% de respostas de regular e
insuficiente) e acervo da biblioteca, com 36,7%. Ambos os indicadores tiveram índices muito
baixos de não respostas, indicando que quase todos os alunos tiveram opiniões sobre sua
qualidade, apontando, assim, que a mesma está apenas mediana.
4.2 Indicadores atuais da inadimplência na Faculdade ASCES
Tendo em vista os indicadores coletados em 10 de setembro de 2012, seguem os
percentuais de inadimplência por ano na Faculdade ASCES. No gráfico 7 pode-se verificar que
não houve uma diferença considerável em relação à inadimplência na ASCES durante os anos
analisados até os últimos dois anos estudados. O indicador de inadimplência do último ano
apresentado no gráfico, contudo, foi extraído antes do final do período letivo. Na época em que
foi coletado havia ainda muitos estudantes que possuíam débitos com a Faculdade que deveriam
ser obrigatoriamente negociados até a próxima matrícula, o que pode explicar o fato de esse
percentual de devedores ter ficado maior do que realmente deveria ser.
56
Gráfico 7 – Nível de Inadimplência dos Alunos da Faculdade ASCES, 2006-2012.
Fonte: Gerência Financeira da Faculdade ASCES (2012).
Diante desses dados, e para apresentar um paralelo com indicadores nacionais de
inadimplência, apresentam-se, a seguir, dados do IPEA sobre inadimplência das pessoas físicas
durante o período de 2000 a 2011 (gráfico 8), mais os dados da inadimplência ocorrida nas
Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado de São Paulo no período de 1999 a 2008 (gráfico
9).
Gráfico 8 – Taxa de Inadimplência entre 2000 e 2012.
Fonte: IPEA (2012).
Observando-se, inicialmente, um paralelo entre o setor educacional de São Paulo e a
inadimplência geral de pessoas físicas, é notório que o setor educacional sempre apresenta
indicadores superiores. Em termos de números, a inadimplência para pessoas físicas variou muito
57
durante os períodos estudados, com uma variação entre 5,3% a 8,5%, ou seja, uma diferença de
3,2% (gráfico 8). O setor educacional, por outro lado, apresentou, também, uma diferença de
3,5% no período estudado, mas com indicadores de 21 a 24,5% (gráfico 9). Em termos de
tendência, os indicadores para pessoas físicas apresentam uma situação mais ou menos estável,
enquanto que a do setor educacional é crescente.
Gráfico 9 – Evolução da Inadimplência Total em IES de São Paulo (1999-2008).
Fonte: Destak Jornal (2009).
Analisando-se todos os gráficos em conjunto, porém, existe uma disparidade entre eles no
que se refere ao valor de todos os indicadores. Ao se comparar somente os dados do setor de
ensino superior entre São Paulo e a Faculdade ASCES, nota-se que ambas as Instituições tem
tendências para um crescimento do indicador no decorrer do tempo estudado. A média do
indicador de inadimplência do Estado de São Paulo está duas vezes maior do que o indicador da
Faculdade ASCES, isso mesmo considerando-se que o valor apresentado para a Faculdade
ASCES está acima do real, devido ao cálculo ser feito fora do período normal.
Assim sendo, os dados sugerem que a Faculdade ASCES possui um eficiente sistema de
cobranças, e que seus clientes estão razoavelmente satisfeitos com o serviço prestado, fato esse
que tem se refletido diretamente nos indicadores satisfatórios apresentados na tabela 2.
58
Gráfico 10 – Inadimplência IES Médio Porte (2006-2008).
Fonte: Semesp 2009
O gráfico acima serve como comparativo da inadimplência constatada na faculdade
pesquisada e a média nacional, percebendo que no tocante a inadimplência dentro do semestre a
Faculdade ASCES está próxima da média, mas quando se trata de débitos superiores há 90 dias
ela possui bons indicadores, abaixo da média nacional.
4.3 Resultados da pesquisa de campo
Iniciando-se a análise e discussão dos resultados, importante destacar que a Faculdade
ASCES, conforme evidencia o gráfico seguinte, possui 3.335 estudantes regularmente
matriculados, isso tendo como base de coleta dos dados o dia 30 de agosto de 2012, estudantes
esses que objetivam cursar o semestre 2012.2, sendo de se esclarecer que a referida pesquisa
contemplou o público pagante, que foi de 3.101 estudantes, retirando, desta forma, os bolsistas do
PROUNI 100%.
59
Alunos regularmente matriculados na ASCES
234
Número total de alunos
não pagantes
Número total de alunos
pagantes
3101
Gráfico 11 – Número de Alunos Regularmente Matriculados no Semestre 2012.2 da Faculdade ASCES.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Por sua vez, o gráfico 11 demonstra que os 234 estudantes são estudantes não pagantes,
ou seja, aqueles estudantes que possuem algum tipo de bolsa, como o PROUNI, por exemplo.
Assim sendo, em um grupo de 3.101 estudantes pagantes, apenas 302 são inadimplentes,
isso até a data de 30 de agosto de 2012, o que representa 9,73% do total, e desse grupo de
inadimplentes a pesquisa atingiu 69 estudantes, o que representa 22,84% do seu público-alvo,
conforme revelam os dados do gráfico 12.
Inadimplência geral
9,73%
Estudantes adimplentes
Estudantes
inadimplentes
90,27%
Gráfico 12 – Estudantes Matriculados Adimplentes e Inadimplentes na Faculdade ASCES, Semestre 2012.2.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
60
Já em relação ao gênero dos entrevistados, tem-se que o gráfico 13 evidencia que, em
concordância com o cenário nacional, no qual as mulheres ocupam cada vez mais postos de
trabalho e vagas também em Faculdades, o número de mulheres entrevistadas supera o dos
homens em 18%, o que estava dentro do esperado para o item.
Gênero dos entrevistados
41%
Homem
Mulher
59%
Gráfico 13 – Gênero dos Alunos Inadimplentes Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Observe-se agora o gráfico abaixo:
Quanto ao estado civil
1%
0%
6%
36%
57%
Gráfico 14 – Estado Civil dos Alunos Inadimplentes Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Solteiros
Casados
Divorciados
Viúvos
Não respondeu
61
Observando-se o gráfico 14 acima, verifica se que a maioria dos estudantes abordados é
solteira. Isto sugere que os estudantes são, ao mesmo tempo, também os responsáveis financeiros,
o que pode ser confirmado no gráfico 26 utilizado para identificar os responsáveis financeiros.
Passando-se agora ao próximo aspecto abordado, veja-se o gráfico que segue:
Quantidade de filhos dos entrevistados
9%
17%
4%
3% 1%
54%
12%
Não possui
1 filho
2 filhos
3 filhos
4 ou mais filhos
Não respondeu
Anulou
Gráfico 15 – Quantidade de Filhos que Possuem os Alunos Inadimplentes Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
O gráfico 15 demonstra que 54% dos estudantes abordados declarou não ter filhos. Este
valor está um pouco abaixo dos alunos que se declararam solteiro (57%), mas em comparação, o
número de não respondentes está justamente 3% maior, ou seja, igual a diferença encontrada.
Contudo, pode-se afirmar que, de toda forma, esse item não aponta o fator quantidade de filhos
claramente como fator fomentador da inadimplência no caso específico da ASCES, tendo em
vista os gastos a mais que pessoas que possuem muitos filhos passam a ter, posto que as famílias
com 4 ou mais filhos representaram apenas 4% dos entrevistados.
Tratando-se agora da quantidade de pessoas que moram no mesmo domicílio do
entrevistado, o gráfico 16 possibilitou constatar que a grande maioria dos entrevistados mora em
um domicílio com 4 a 5 pessoas, representando 67% dos estudantes abordados. Esse índice pode
ser considerado moderado e sem grande incidência direta nos indicadores de inadimplência,
tendo em vista que, conforme dados do IBGE (2011), a média nacional de moradores por
município é de 3,3 no Brasil, o que revela que o índice apresentado não está muito acima do
índice nacional de moradores por município, podendo ser considerado dentro do desejado.
62
Pessoas no domicílio
3% 1%
9%
20%
Sozinho
2 a 3 pessoas
4 a 5 pessoas
6 a 7 pessoas
8 ou mais pessoas
67%
Gráfico 16 – Quantidade de Pessoas que Moram no Mesmo Domicílio dos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Observem-se agora os dados do gráfico 17 abaixo, relativos à idade dos alunos
inadimplentes entrevistados:
Idade dos alunos entrevistados
2 1
12
0 a 25 anos
51
26 a 36 anos
37 a 46 anos
47 a 57 anos
10
58 ou mais
24
Não respondeu
Gráfico 17 – Idade dos Alunos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Cite-se que os dados que compõem o gráfico 17 foram coletados em 30 de agosto de
2012, e que os indicadores apresentados no gráfico supramencionado chamam atenção para a
63
grande maioria dos entrevistados que possui idade igual ou inferior a 25 anos, também valendo
aqui destacar a quase inexistência do público acima dos 58 anos.
Analisando-se agora os dados coletados em relação ao número de acordos efetuados pelos
alunos inadimplentes, pode-se verificar, consoante o gráfico 18 abaixo, que o número de acordos
efetuados se mostra bem distribuído, sem apontar claramente uma quantidade para a maioria. De
toda forma, 57% afirmam estar realizando o seu primeiro ou segundo acordo, ao passo que
preocupante é justamente o grupo que já realizou 5 ou mais acordos que somam 13% do total
entrevistado.
Número de acordos efetuados
13%
1%
31%
9%
20%
26%
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto ou mais
Não respondeu
Gráfico 18 – Número de Acordos Efetuados pelos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Importante destacar que tais dados deixam claro que mesmo com várias opções para
tentar equilibrar o fator financeiro, como o FIES, o grupo que já realizou 5 ou mais acordos
aparenta passar o curso inteiro dependendo de negociações (que, geralmente, são realizadas
semestralmente, conforme já explicado no item da metodologia), o que não é interessante nem
para o estudante e nem para a Faculdade. No que se refere ao estudante, o mesmo perde de
imediato um desconto de no mínimo 15% (pela antecipação do pagamento), ao qual teria direito
pagando suas mensalidades até o dia 12 de cada mês, além de todos os demais descontos – de
casal, de pai e filho, de irmãos, de funcionário público, dentre outros –, posto que todos só são
válidos até o vencimento. Para a Faculdade, esse acúmulo de débitos causa a utilização de
empréstimos para cobrir o capital de giro utilizado.
64
Quanto à ajuda de custo
15%
1%
4%
0%
4%
76%
Não possuem
Desconto especial
Bolsa trabalho
Outro tipo de bolsa
FIES
Não respondeu
Gráfico 19 – Tipo de Ajuda de Custo Possuído pelos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Avaliando-se os dados acima expostos, pode-se comprovar que a grande maioria dos
entrevistados realmente não é contemplada com os programas de descontos e bolsas. Contudo, é
relevante o número de estudantes com FIES na Faculdade, número esse que aumenta a cada
semestre. Ainda é importante destacar que essa IES possui mais de 10 tipos de bolsas e
descontos, além de aderir ao PROUNI, possuindo também, além dessas possibilidades, um
atendimento efetuado por uma assistente social para descontos especiais, que podem ser
concedidos por 1 ou 2 semestres, focando problemas financeiros temporários e inesperados,
como o desemprego, por exemplo.
65
Quanto à forma habitual de realizar pagamentos
6%
4%
4%
6%
Dinheiro
1%
Cartão de crédito
Cheque
Depósitos
79%
Notas promissórias
Não respondeu
Gráfico 20 – Forma Habitual de Realizar Pagamentos pelos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Já o gráfico 20 acima trata da forma habitual dos entrevistados realizarem pagamentos,
quando ficou demonstrado que a grande maioria dos estudantes efetua o pagamento em dinheiro,
de uma forma geral, conseguindo, assim, portanto, descontos nas mensalidades (quando pagas em
dias), sendo ainda importante frisar que as outras formas de pagamentos se mostraram moderadas
e bem distribuídas.
Quanto à escolaridade do responsável
13%
6%
1%
12%
68%
Ensino fundamental
completo
Ensino médio completo
Ensino superior
completo
Pós-graduação
Não respondeu
Gráfico 21 – Grau de Escolaridade dos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Por sua vez, o gráfico 21
evidencia o nível de escolaridade dos entrevistados
responsáveis pelo pagamento da Faculdade e que estão inadimplentes. Os dados revelam que
66
68% dos entrevistados têm apenas o ensino médio, sendo, contudo, importante destacar que a
maioria desses entrevistados é identificada como estudantes e responsáveis financeiros e, por
conseguinte, está cursando a Faculdade, o que significa que os mesmos têm, então, nível superior
incompleto.
Observe-se agora o gráfico que aponta a situação dos entrevistados no mercado de
trabalho:
Situação no mercado de trabalho
Desempregados
25
14
Empregado sem carteira
assinada
Empregado com carteira
assinada
2
13
15
Aposentado ou
pensionista
Autônomo sem
previdência social
Gráfico 22 – Situação dos Entrevistados no Mercado de Trabalho.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Os dados apresentados acima demonstram que o desemprego está muito alto no quadro de
situação do mercado de trabalho entre os entrevistados, o que está de acordo com os achados
apresentados na fundamentação teórica. Existe, também, muita informalidade dentre aqueles que
estão inseridos no mercado. Somando-se os autônomos sem previdência com os empregados sem
carteira assinada, tem-se 27 casos, o que representa 39,13% dos entrevistados. Essa
informalidade é uma realidade regional de Caruaru e das cidades circunvizinhas, posto que boa
parte desse público trabalha no ramo de confecções, poucas vezes em lojas e grifes, mas a
maioria trabalha mesmo em bancos de feira ou como ambulantes.
67
Renda recebida pelos entrevistados
6%
1%
19%
Até R$ 622,99
Entre R$ 623,00 e
R$ 1.244,99
14%
Entre R$ 1.245,00 e
R$ 3.110,99
10%
Entre R$ 3.111,00 e
R$ 4.976,99
R$ 4.777,00 ou mais
12%
38%
Não responderam
Anulou
Gráfico 23 – Renda Recebida pelos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Já o gráfico 23 acima trata de apresentar dados acerca da renda dos entrevistados, quando
a maioria afirmou possuir uma renda entre R$ 623,00 e R$ 1.244,99 mensais, também de acordo
com os fatos apresentados na fundamentação teórica. Esta cifra representa 38% dos entrevistados,
o que chama a atenção, já que o Curso da Faculdade ASCES mais barato em 2012 custava R$
599,88 mensais, e o mais caro R$ 1.824,33 mensais. Esses indicadores mostram indícios de um
orçamento apertado e de tendência a problemas financeiros para cobrir as demais despesas.
Também é notável o público que ganha R$ 4.777,00 mensais ou mais, atingindo 14%, renda essa
que já está em ótima conformidade com os pagamentos de mensalidades nos valores acima
descritos.
68
Bens imóveis possuídos pelos entrevistados
9%
Na casa de um amigo ou
parente
10%
Em imóvel alugado
25%
53%
3%
Em imóvel financiado
Em imóvel quitado
Em imóvel quitado e
possui outros
Gráfico 24 – Bens Imóveis Possuídos pelos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
O gráfico 24 traz dados referentes aos bens imóveis possuídos pelos entrevistados, sendo
importante destacar que um imóvel sempre é uma demonstração de equilíbrio financeiro e de
menor perspectiva de se tornar um inadimplente com pouca perspectiva de pagamento. Os dados
demonstram que 53% dos entrevistados afirmam ter seu imóvel quitado e um grupo de 9% possui
mais de um imóvel quitado – indicadores esses que deveriam se mostrar como favoráveis a uma
baixa inadimplência, ao passo que apenas 25% moram em um imóvel alugado.
Veja-se agora uma tabela comparativa entre os motivos de inadimplência apresentados
pelo Varejo e os da Faculdade ASCES:
Varejo (2009)
Desemprego
Terceiro ficou de pagar
Problema de Saúde
Priorizou outra conta
Salário atrasado
Paga todos os meses com atraso
Esqueceu de pagar
Não recebeu fatura
Gastou muito, debito de valor alto
Falência da empresa
Outros motivos (*)
Total
%
27,4
26,9
14,8
13,4
7,5
2,2
1,6
1,2
1,0
0,3
3,7
100,0
Faculdade ASCES
Desemprego
%
25,0
Problema de saúde na família
Pagamento de escola de filhos
17,0
2,0
Costume de pagar no final do semestre
Desorganização ou esquecimento
12,0
3,0
Acúmulo de débitos em geral
Crise no mercado de confecções
Filho inesperado
Total
37,0
2,0
2,0
100,0
(*) Problema com o credor e outros, desconhece a dívida, viajou, por isso não pagou a conta,
vencimento não conhecide com o salário, discorda dos valores, perdeu o documento para
pagar, problemas com débito automático, cliente solicitou cancelamento.
Tabela 3 – Motivos Apontados para a Inadimplência no Varejo (2009) e na ASCES.
Fonte: Credit Performance (2009)/Dados da Pesquisa (2012).
69
Inicialmente, importante analisar os motivos de inadimplência mais apontados em
pesquisas nacionais para essa questão, como a realizada pela Empresa CreditPerformance, no ano
de 2009, com cerda de 90.000 clientes em todo o Brasil, possuindo a particularidade de que esses
clientes se encontravam em atraso por mais de 110 dias.
A tabela 3 indica que o desemprego aparece em primeiro lugar, em ambos os estudos,
seguido do problema de passar seus pagamentos para um terceiro, em caso do varejo, e
ultrapassada pelo motivo de acúmulo de débitos em geral, no caso da Faculdade ASCES.
Contudo, importante destacar que, aparentemente, o fato de boa parte dos entrevistados estar
desempregada não está afetando tanto o nível de inadimplência na ASCES, segundo os dados da
pesquisa.
Nenhum dos 69 estudantes entrevistados apontou a questão de confiar em um terceiro
para realizar seu pagamento como motivo da inadimplência, apesar de se poder observar que nas
negociações com o Gerente Financeiro da Faculdade esse argumento algumas vezes é utilizado.
O problema de saúde é outro motivo encontrado em ambos os estudos, com percentagens
parecidas. Um motivo que se destaca na questão da Faculdade é o “costume de pagar no final do
semestre”. Este indicador podia ser um elemento de negociação, com um acréscimo de juros, por
exemplo, para tirar estes entrevistados do quadro de inadimplentes. Eles teriam uma forma de
pagamento diferenciada.
Em resumo, tirando o desemprego, problemas de saúde na família e uma forma alternativa
de pagamento global, os entrevistados priorizam poucos itens (apenas 9%) como alternativas para
pagamento.
Prioridades de pagamentos
Financiamento do carro
Financiamento da casa
3%
10%
9%
1%
9%
Cartão de crédito
Água, luz e telefone
23%
Faculdade
45%
Plano de saúde
Não respondeu ou
anulou
Gráfico 25 – Prioridades de Pagamento dos Entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
70
O gráfico 25 demonstra que, para os estudantes da Faculdade ASCES, a prioridade de
pagamento são os serviços tidos como essenciais, que são representados pela água, luz e telefone,
apresentando-se como prioridades para 45% dos entrevistados. Em segundo lugar foi apontado o
pagamento da Faculdade, com índice de 23%, o que historicamente não corresponde à realidade,
e, talvez pelo motivo da pesquisa ter ocorrido na estrutura da Faculdade, a mesma tenha motivado
tal apontamento.
Tem-se que um fator determinante para os pagamentos é a taxa de juros, e, nesse ponto, as
Instituições de Ensino Superior ficam em uma grande desvantagem, já que o Código de Defesa
do Consumidor recomenda a cobrança de 1% de juros ao mês, enquanto que cartão de crédito e
cheque especial apresentam atualmente taxas de juros que ficam próximas de 9%, isso depois de
várias reduções nessas taxas, que já chegaram a ser de 15%, conforme dados dos dois maiores
Bancos privados do Brasil, o Itaú e o Bradesco (O GLOBO, 2012).
Quanto à forma de negociar
0%
32%
15%
53%
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
Gráfico 26 – Avaliação dos Entrevistados quanto à Forma de Negociar da IES.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
Analisando-se os dados do gráfico acima, se pode afirmar que essa questão da pesquisa
foi surpreendente, pois nenhum dos 69 entrevistados apontou a forma que a Faculdade ASCES
negocia os débitos dos inadimplentes como ruim ou péssima; ao passo que 85% consideram essa
forma boa ou ótima.
Tais índices revelam que as alternativas de pagamento são consideradas satisfatórias pelos
inadimplentes, não havendo sido identificada nenhuma grande deficiência que necessitasse de
71
possíveis auxílios quanto à forma de negociação da Faculdade com aqueles que possuem débitos
com as mensalidades.
Por fim, observe-se agora o gráfico 27 que se segue:
Tipos de respondentes
26%
Estudante e responsável
financeiro
Responsável financeiro
57%
Estudante
17%
Gráfico 27 – Tipos de Respondentes aos Questionários.
Fonte: Dados da Pesquisa (2012).
O gráfico 27, por seu turno, evidencia o fato de que a grande maioria dos entrevistados,
57%, são ao mesmo tempo estudantes e responsáveis financeiros por efetuar os pagamentos das
mensalidades da Faculdade, ao passo que 26% são apenas estudantes e 17% são apenas
responsáveis financeiros.
4.4 Cruzamento de dados
Foram estudadas 69 pessoas, que se enquadravam como estudantes e/ou responsáveis
financeiros inadimplentes, com uma Instituição de Ensino Superior (IES), do interior do Estado
de Pernambuco, a Associação de Ensino Superior de Caruaru (ASCES) com idades variantes de
20 a 60 anos, sendo a idade media de 32,4 anos.
Na tabela 4 encontram-se algumas variáveis sócio demográficas dos inadimplentes como
faixa etária, estado civil, escolaridade e situação do imóvel onde mora. Observa-se que a maioria
dos inadimplentes entrevistados era do sexo feminino (n=40), destes a prevalência foi de
mulheres entre 20 a 29 anos; essa faixa etária também foi prevalente entre os homens (53,6%).
Quanto ao estado civil em ambos os sexos os divorciados foram minoria, havendo prevalência
72
entre solteiros (62,5% entre as mulheres e 50,0% entre os homens); nenhum dos entrevistados
informou ser viúvo. O ensino médio completo foi a escolaridade predominante entre ambos os
sexos, sendo 70,0% entre as mulheres e 63,0% entre os homens; apenas 2,5% do sexo feminino e
3,7% do masculino eram pós-graduados. Quando analisado o imóvel dos entrevistados 12,5% das
mulheres e 7,1% dos homens afirmam morar na casa de um amigo ou parente; 55,0% das
mulheres moram em imóvel próprio e já quitado. Essa prevalência também é observada entre os
homens, 17,9% deles afirmam ter mais imóveis além do que mora, fato não relatado entre o sexo
feminino.
Tabela 4. Perfil Sócio Demográfico dos Inadimplentes com a IES Segundo Gênero.
Caruaru-PE, 2012.
Gênero
Variáveis sócio demográficas
Faixa etária
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 ou mais
Total¹
Estado civil
Solteiro
Casado
Divorciado
Total¹
Escolaridade
Não possui
Ensino fundamental
Ensino médio
Ensino superior
Pós-graduado
Total¹
Situação do imóvel
De um amigo ou parente
Alugado
Próprio e está sendo financiado
Próprio e já está quitado
Próprio, quitado e possuo mais imóveis
Total¹
1 Uma pessoa não respondeu
Feminino
n
%
Masculino
n
%
25
4
4
6
40
64,1
10,3
10,3
15,4
100,0
15
3
5
5
28
53,6
10,7
17,9
17,9
100,0
25
14
1
40
62,5
35,0
2,5
100,0
15
11
2
28
50,0
42,9
7,1
100,0
1
5
28
5
1
40
2,5
12,5
70,0
12,5
2,5
100,0
0
4
17
3
4
28
0,0
14,8
63,0
18,5
3,7
100,0
5
11
2
22
0
40
12,5
27,5
5,0
55,0
0,0
100,0
2
6
1
14
5
28
7,1
21,4
3,6
50,0
17,9
100,0
73
A ocupação dos entrevistados segundo o sexo está disposta no grafico 28. Observa-se que
a maioria dos entrevistados estão empregados, sejam com carteira assinada ou não, percentual
sendo maior entre as mulheres (53,7%); como autônomo sem previdência prevaleceram os
homens, com 39,3%; já entre os que não estão inseridos no mercado de trabalho 29,3% eram
mulheres.
Gráfico 28. Ocupação dos Inadimplentes com a IES Segundo Gênero. Caruaru-PE, 2013.
Na tabela 5 estão distribuídas as características econômicas dos inadimplentes
entrevistados. A renda média predominante no sexo feminino foi de R$ 623,00 a R$ 1.244,00
(48,6%), já entre os homens a predominância foi entre os que ganhavam até R$ 1.244 mensais
(44,4); apenas 5,4% das mulheres afirmam ganhar R$ 4.977,00 ou mais, entre os homens esse
percentual foi de 25,9%. Em relação à ajuda de custo da IES prevaleceram em ambos os sexos os
inadimplentes que não recebem nenhuma ajuda (73,2% das mulheres e 81,5% dos homens),
apenas 2,4% do gênero feminino tem bolsa trabalho e 3,7% do masculino afirma receber algum
desconto, mas não especificaram qual. A prioridade de pagar primeiro as contas de água, luz e
telefone foi observada em ambos os sexos chegando a 52,8% entre as mulheres e 52,0% nos
homens; o pagamento da IES vem em segundo com 30,6% e 24,0%, respectivamente. Quanto à
74
forma de pagamento da Instituição 85,4% das mulheres e 67,9% dos homens optam por utilizar
dinheiro. Em relação à causa do atraso do pagamento da IES; 30,0% das mulheres alegaram
estarem desempregadas, mas 51,9% afirmaram que o motivo é o acúmulo de débitos em geral.
Tabela 5. Perfil Socio Econômico dos Inadimpletes com a IES Segundo Gênero. CaruaruPE, 2013.
Variáveis econômicas
Renda média
Até R$ 622,00
R$ 623,00 a R$ 1.244,00
R$ 1.245,00 a R$ 3.110,00
R$ 3.111,00 a R$ 4.976,00
R$ 4.977,00 ou mais
Total
Ajuda de custo
Não
Desconto especial
Bolsa trabalho
Outros descontos
Fies
Total²
Primeiro pagamento
Financiamento de carro
Financiamento da casa
Cartão de crédito
Conta de água, luz e telefone
Faculdade
Outros/não especificado
Total³
Forma de pagamento a IES
Dinheiro
Cartão de crédito
Cheque
Depósito
Nota promissória
Total
Causa do atraso no pagamento da IES
Gênero
Feminino
Masculino
n
%
n
%
10
18
6
1
2
37
27,0
48,6
16,2
2,7
5,4
100,0
6
6
3
5
7
27
22,2
22,2
11,1
18,5
25,9
100,0
30
0
1
3
7
41
73,2
0,0
2,4
7,3
17,1
100,0
22
2
0
1
2
27
81,5
7,4
0,0
3,7
7,4
100,0
2
1
1
19
11
2
36
5,6
2,8
2,8
52,8
30,6
5,6
100,0
3
0
3
13
6
1
26
11,5
0,0
11,5
50,0
23,1
3,8
100,0
35
2
0
1
3
41
85,4
4,9
0,0
2,4
7,3
100,0
19
2
3
2
2
28
67,9
7,1
10,7
7,1
7,1
100,0
75
Desemprego
Acúmulo de débitos em geral
Problema de saúde na família
Desorganização ou esquecimento
Costume de pagar somente no final do semestre
Outros/não especificado
Total4
1 Cinco pessoas não responderam
2 Uma pessoa não respondeu
3 Sete pessoas não responderam
4 Duas pessoas não responderam
12
9
11
2
3
3
40
30,0
22,5
27,5
5,0
7,5
7,5
100,0
4
14
0
1
5
3
27
14,8
51,9
0,0
3,7
18,5
11,1
100,0
O percentual do número de acordos feitos pelos entrevistados com a IES segundo o
gênero dos inadimplentes está disposto no gráfico 29. Em ambos os gêneros observou-se que
apenas 13,5% das mulheres e 12,0% dos homens afirmaram ter feito cinco ou mais acordos com
a IES; a prevalência foi observada entre os entrevistados que fizeram de um a dois acordos,
chegando a 56,8% no gênero feminino e 60,0% no masculino.
Gráfico 29. Acordos Negociados entre os Inadimplentes e a IES Segundo Gênero. CaruaruPE, 2013.
O gráfico 30 mostra o percentual da opinião dos inadimplentes quanto à forma de
negociação da IES por sexo. Apenas 18,5% dos homens e 12,2% das mulheres classificam a
76
forma de negociação da IES como regular, 46,3% do sexo feminino e 63,0% do sexo masculino
classificam como boa e 41,5% como ótima.
Gráfico 30. Opinião dos Inadimplentes sobre a Forma de Pagamento da Instituição
Segundo Gênero. Caruaru-PE, 2013.
O enquadramento dos inadimplentes em relação à IES por sexo está disposto no gráfico
31. A maioria dos entrevistados se enquadra como estudante e responsável financeiro (56,1% das
mulheres e 57,1% dos homens); no sexo feminino apenas 12,2% são apenas responsáveis
financeiras e 17,9% do sexo masculino são apenas estudantes.
77
Gráfico 31. Enquadramento do Inadimplente no Pagamento da IES Segundo Gênero.
Caruaru-PE, 2013.
Na tabela 3 estão distribuídas às características dos inadimplentes como número de filhos,
ocupação, causa do atraso no pagamento da IES, entre outras segundo o número de acordos
realizados. Entre os entrevistados que realizaram cinco acordos ou mais 37,5% têm um ou dois
filhos, não estão inseridos no mercado de trabalho e afirmam que a causa do atraso no pagamento
da instituição é o acúmulo de débitos em geral; 77,7% acham a forma de negociação da
Instituição boa ou ótima e 75,0% são estudantes e responsáveis financeiros. Dos que fizeram três
a quatro acordos 66,7% não têm filhos, 50,0% estão empregados, com ou sem carteira assinada,
em relação à causa do atraso do pagamento da IES 44,4% afirmam ser o acúmulo de débitos em
geral, 38,9% acham a forma de negociação da IES boa e 27,8% são apenas estudantes. Dos que
fizeram um ou dois acordos 61,8% não tinham filhos, 35,3% são empregados sem carteira
assinada, 8,6% não especificaram o motivo do atraso do pagamento da Instituição, 61,1% acham
a forma de negociação da IES boa e 13,9% são apenas responsáveis financeiros.
78
Tabela 6. Número e Percentual de Inadimplentes por Filhos, Ocupação, Causa do Atraso no
Pagamento, Negociação e Enquadramento na IES Segundo Número de Acordos.
Caruaru-PE, 2013.
Variáveis
Filhos
Não
1a2
≥3
Total¹
Ocupação
Não está inserido no mercado de trabalho
Empregado com carteira assinada
Empregado sem carteira assinada
Aposentado ou pensionista
Autônomo sem previdência social
Total1
Causa do atraso no pagamento da IES
Desemprego
Acúmulo de débitos em geral
Problema de saúde na família
Desorganização ou esquecimento
Costume de pagar somente no final do semestre
Outros/não especificado
Total2
Forma de negociação da IES
Regular
Boa
Ótima
Total3
Enquadramento no pagamento da IES
Estudante e responsável financeiro
Somente responsável financeiro
Somente estudante
Total4
1 Nove pessoas não responderam
2 Oito pessoas não responderam
3 Seis pessoas não responderam
4 Sete pessoas não responderam
1a2
n
%
Acordo
3a4
n
%
5 ou mais
n
%
21
9
4
34
61,8
26,5
11,8
100,0
12
6
0
18
66,7
33,3
0,0
100,0
3
3
2
8
37,5
37,5
25,0
100,0
6
7
12
1
8
17,6
20,6
35,3
2,9
23,5
5
4
5
0
4
27,8
22,2
27,8
0,0
22,2
3
2
2
0
1
37,5
25,0
25,0
0,0
12,5
34
100,0
18
100,0
8
100,0
10
9
8
2
3
3
28,6
25,7
22,9
5,7
8,6
8,6
4
8
2
1
3
0
22,2
44,4
11,1
5,6
16,7
0,0
2
3
1
0
1
1
25,0
37,5
12,5
0,0
12,5
12,5
35
100,0
18
100,0
8
100,0
5
22
9
13,9
61,1
25,0
4
7
7
22,2
38,9
38,9
1
4
3
11,1
44,4
33,3
36
100,0
18
100,0
9
100,0
20
5
11
55,6
13,9
30,6
10
3
5
55,6
16,7
27,8
6
0
2
75,0
0,0
25,0
36
100,0
18
100,0
8
100,0
79
O percentual de acordos realizados pelos inadimplentes segundo ajuda de custo oferecida
pela IES está distribuído no gráfico 32. Apenas 2,9% dos que fizeram um ou dois acordos têm
bolsa trabalho, 83,3% dos que realizaram três ou quatro acordos não recebem ajuda de custa da
IES e 37,5% dos que já negociaram cinco ou mais acordos têm FIES.
Gráfico 32. Ajuda de Custo da IES aos Inadimplentes Segundo Número de Acordos
Realizados na IES. Caruaru-PE, 2013.
O gráfico 33 mostra a renda dos entrevistados segundo o número de acordos realizados.
Dos entrevistados que fizeram cinco ou mais acordos; 16,7% recebem de R$ 1.245,00 a R$
3.110,00, dos que realizaram três ou quatro 29,4% recebem R$ 4.977,00 ou mais. Os
entrevistados que têm essa renda média nenhum fez cinco acordos ou mais e 70,2% dos que
negociaram um ou dois acordos recebem menos de R$ 1.244,00.
80
Gráfico 33. Renda Média dos Inadimplentes Segundo Número de Acordos Realizados na
IES. Caruaru-PE, 2013.
A distribuição dos inadimplentes segundo ocupação, renda média, ajuda de custo e
enquadramento na IES por número de filhos está disposta na tabela 7. Dos inadimplentes que não
têm filhos, 36,1% não estão inseridos no mercado de trabalho, 45,5% ganham de R$ 623,00 a R$
1.244,00 mensais, 80,6% não recebem ajuda de custo e apenas 2,8% são apenas responsáveis
financeiros. Dos que têm um ou dois filhos, 68,4% são empregados sem carteira assinada ou
autônomos sem previdência, 26,3% recebem R$ 4.977,00 ou mais, 73,3% não recebem ajuda de
custo da IES e 15,0% são apenas estudantes. Todos os entrevistados com três filhos estão
inseridos no mercado de trabalho, seja com ou sem a carteira assinada, seja como autônomo sem
previdência, 60,0% recebem de R$ 623,00 a R$ 3.110,00 mensais, 14,% recebem algum
desconto, mas não especificaram qual e 60,0% se enquadram como estudantes e responsáveis
financeiros.
81
Tabela 7. Número e Percentual de Inadimplentes por Ocupação, Renda Média, Ajuda de
Custo, Enquadramento na IES Segundo Número de Filhos. Caruaru-PE, 2013.
Variáveis
Ocupação
Não está inserido no mercado de trabalho
Empregado com carteira assinada
Empregado sem carteira assinada
Aposentado ou pensionista
Autônomo sem previdência social
Total1
Renda media
Até R$ 622,00
R$ 623,00 a R$ 1.244,00
R$ 1.245,00 a R$ 3.110,00
R$ 3.111,00 a R$ 4.976,00
R$ 4.977,00 ou mais
Total2
Ajuda de custo
Não
Desconto especial
Bolsa trabalho
Outros descontos
Fies
Total
Enquadramento no pagamento da IES
Estudante e responsável financeiro
Somente responsável financeiro
Somente estudante
Total3
1 Quatro pessoas não responderam
2 Sete pessoas não responderam
3 Três pessoas não responderam
Não
Filhos
1a2
n
%
≥3
n
n
%
13
7
10
0
6
36,1
19,4
27,8
0,0
16,7
1
4
6
1
7
5,3
21,1
31,6
5,3
36,8
36
100,0
19
100,0
13
15
1
1
3
39,4
45,5
3
3
9,1
2
5
4
3
5
10,5
26,3
21,1
15,8
26,3
33
100
19
100
10 100,0
29
0
1
2
4
36
80,6
0,0
2,8
5,6
11,1
100
14
1
0
0
5
19
73,7
5,3
0,0
0,0
26,3
100,0
7 50,0
1
7,1
2 14,3
2 14,3
0
0,0
14 100,0
20
1
15
55,6
2,8
41,7
11
6
3
55,0
30,0
15,0
36
100
20
100,0
0
4
3
0
3
%
0,0
40,0
30,0
0,0
30,0
10 100,0
1
3
3
2
1
6
4
0
10,0
30,0
30,0
20,0
10,0
60,0
40,0
0,0
10 100,0
82
Na tabela 8 estão distribuídos os entrevistados segundo ajuda de custo da IES, ocupação,
renda média e enquadramento na IES pelo número de pessoas com quem reside. Todos os
entrevistados moram com pelo menos duas pessoas na mesma casa, dos que moram com duas ou
três pessoas 78,6% não recebem ajuda de custo da Instituição, 35,7% não estão inseridos no
mercado de trabalho, 15,4% recebem de R$ 3.111,00 a R$ 4.976,00 mensais e 57,1% eram
estudantes e responsáveis financeiros. Dos que moram entre quatro ou cinco pessoas 2,2% tinham
bolsa trabalho, 6,5% eram aposentados ou pensionistas, 37,2% ganham de R$ 623,00 a R$
1.244,00 por mês e 22,7% eram apenas responsáveis financeiros. Todos os entrevistados que
moram entre seis ou sete pessoas afirmam não receber ajuda de custo da Instituição, 50,0% são
empregados sem carteira assinada, 66,6% recebem de R$ 623,00 a R$ 3.110,00 mensais e 50,0%
são apenas estudantes. Dos que moram com oito ou mais pessoas 50,0% têm FIES, metade é
autônomo sem previdência, todos recebem de menos até R$ 1.244,00 e são estudantes
responsáveis financeiros.
Tabela 8. Número e Percentual de Inadimplentes por Ajuda de Custo da IES, Ocupação,
Renda Média e Enquadramento na IES Segundo Número de Pessoas com quem Reside.
Caruaru-PE, 2013.
Variáveis
Ajuda de custo da IES
Não
Desconto especial
Bolsa trabalho
FIES
Outros descontos
Total1
Ocupação
Não está inserido no mercado de trabalho
Empregado com carteira assinada
Empregado sem carteira assinada
Aposentado ou pensionista
Autônomo sem previdência social
Total1
Renda média
Até R$ 622,00
Pessoas que moram na casa (número)
2a3
4a5
6a7
≥8
n
%
n
%
n
%
n
%
11 78,6
0
0,0
0
0,0
2 14,3
1
7,1
14 100,0
33 71,7
2
4,3
1
2,2
6 13,0
3
6,5
46 100,0
6 100,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
6 100,0
1 50,0
0
0,0
0
0
1 50,0
0
0,0
2 100,0
5 35,7
2 14,3
4 28,6
0
0,0
3 21,4
14 100,0
7 15,2
11 23,9
14 30,4
3
6,5
11 23,9
46 100,0
1 16,7
1 16,7
3 50,0
0
0,0
1 16,7
6 100,0
1 50,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
1 50,0
2 100,0
10
1
1
4
30,8
23,3
16,7
50,0
83
R$ 623,00 a R$ 1.244,00
R$ 1.245,00 a R$ 3.110,00
R$ 3.111,00 a R$ 4.976,00
R$ 4.977,00 ou mais
Total2
Enquadramento no pagamento da IES
Estudante e responsável financeiro
Somente responsável financeiro
Somente estudante
5 38,5
1
7,7
2 15,4
1
7,7
13 100,0
16 37,2
6 14,0
4
9,3
7 16,3
43 100,0
2 33,3
2 33,3
0
0,0
1 16,7
6 100,0
1 50,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
2 100,0
8
0
6
57,1
0,0
42,9
28
10
8
1
2
3
16,7
33,3
50,0
2 100,0
0
0,0
0
0,0
Total1
1 Uma pessoa não respondeu
14
100
46 100,0
6 100,0
2 100,0
60,9
21,7
17,4
2 Cinco pessoas não responderam
O percentual da causa do atraso no pagamento da IES pelo inadimplente segundo o
número de pessoas com quem residem estão dispostos no gráfico 34. Dos entrevistados que
moram entre oito ou mais pessoas 50,0% alegaram como causa do atraso o acúmulo de débitos
em geral e os outros 50,0% alegaram haver problema de saúde na família; 33,3% dos que moram
com seis ou sete pessoas afirmaram que o desemprego foi a causa principal do atraso no
pagamento e 16,7% alegaram desorganização ou esquecimento; entre os que moram com quatro
ou cinco pessoas 13,3% não especificaram o motivo do atraso e 28,9% culparam o acúmulo de
dividas em geral. Apenas 14,3% dos que moram entre duas e três pessoas atrasaram pelo
desemprego e 7,1% por problemas de família.
84
Gráfico 34. Causa do Atraso no Pagamento da IES pelo Inadimplente Segundo Número de
Pessoas com quem Moram. Caruaru-PE, 2013.
No gráfico 35 estão distribuídas as prioridades no pagamento mensal dos inadimplentes
segundo número de pessoas com quem residem. Todos os entrevistados que moram com oito ou
mais pessoas priorizam o pagamento das contas de água, luz e telefone. Esta prioridade mostrouse ser prevalente entre os demais entrevistados, independente do número de pessoas com quem
moram.
85
Gráfico 35. Prioridade no Primeiro Pagamento Mensal dos Inadimplentes Segundo Número
de Pessoas com quem Moram. Caruaru-PE, 2013.
Os inadimplentes distribuídos por ajuda de custo da IES, ocupação, causa do atraso no
pagamento da IES, primeiro pagamento priorizado, forma de negociação e enquadramento na IES
segundo faixa etária estão dispostos na tabela 9. Observou-se a prevalência da não ajuda de custo
da IES em todas as faixas etárias (79,5% entre 20 a 29 anos, 87,5% entre 30 e 39 anos, 77,8%
entre 40 a 49 anos e 63,6 entre os com 50 anos de idade ou mais). Todos os entrevistados com
mais de quarenta anos estão inseridos no mercado do trabalho, ou têm outra fonte de renda
(aposentados ou pensionistas), sendo que entre os entrevistados com 40 a 49 anos prevalecem os
empregados com ou sem carteira assinada (n=7; 77,7%); já entre os entrevistados com 50 anos ou
mais prevaleceram os autônomos sem carteira assinada (n=6; 54,5%). Quanto à causa do atraso
do pagamento da Instituição; o acúmulo de débitos em geral prevaleceu dentre todos os
86
entrevistados com mais de 40 anos de idade, sendo o percentual de 44,4% entre os inadimplentes
de 40 a 49 anos e 60,0% entre os de 50 anos de idade ou mais, 33,3% afirmam que o desemprego
é o principal motivo do atraso no pagamento e 37,5% dos de 30 a 39 anos alegam problemas de
saúde na família. Em relação à prioridade no pagamento; os entrevistados de 20 a 39 anos
priorizam as contas de água, luz e telefone, já os inadimplentes de 40 a 49 anos dão prioridade à
faculdade (n=3; 50,0%) e os com 50 anos ou mais também priorizam as contas de água, luz e
telefone (n=7; 77,8%). Quanto à forma de negociação da IES; 63,2% (n=24) dos entrevistados
com 20 a 29 anos de idade a classificam como boa, 50,0% dos com 30 a 39 como ótima; 55,6%
(n=5) dos com 40 a 49 anos de idade classificam como boa a forma de negociação da IES e
40,0% dos com 50 anos ou mais como boa. A prevalência de responsáveis financeiros foi
observada entre todos os entrevistados com 20 a 49 anos, apenas entre os com 50 anos ou mais
prevaleceram os que eram apenas responsáveis financeiros (n=6; 54,5%).
Tabela 9. Número e Percentual de Inadimplentes por Ajuda de Custo da IES, Ocupação,
Causa do Atraso no Pagamento da IES, Primeiro Pagamento Priorizado, Forma de
Negociação e Enquadramento na IES Segundo Faixa Etária. Caruaru-PE, 2013.
Variáveis
Ajuda de custo da IES
Não
Desconto especial
Bolsa trabalho
Fies
Outros descontos
Total1
Ocupação
Não está inserido no mercado de trabalho
Empregado com carteira assinada
Empregado sem carteira assinada
Aposentado ou pensionista
Autônomo sem previdência social
Total2
Causa do atraso no pagamento da IES
Desemprego
Acúmulo de débitos em geral
Faixa etária (anos)
20 a 29
30 a 39
40 a 49 50 ou mais
n
%
n
% n
%
n
%
31 79,5
7 87,5
0
0,0
0
0,0
1
2,6
0
0
5 12,8
1 12,5
2
5,1
0
0,0
39 100,0 8,0 100,0
7 77,8
0
0,0
0,0
0
1 11,1
1 11,1
9 100,0
7 63,6
2 18,2
0
0,0
1
9,1
1
9,1
11 100,0
13 32,5
8 20,0
12 30,0
0
0,0
7 17,5
40 100,0
1 12,5
1 12,5
5 62,5
0
0,0
1 12,5
8 100,0
0
0,0
4 44,4
3 33,3
0
0,0
2 22,2
9 100,0
0
0,0
2 18,2
1
9,1
2 18,2
6 54,5
11 100,0
13
11
1
2
2
4
33,3
28,2
12,5
25,0
22,2
44,4
0
6
0,0
60,0
87
Problema de saúde na família
Desorganização ou esquecimento
Costume de pagar somente no final do semestre
Outros/não especificado
Total1
Primeiro pagamento
Financiamento de carro
Financiamento da casa
Cartão de crédito
Conta de água, luz e telefone
Faculdade
Outros/não especificado
Total3
Forma de negociação da IES
Regular
Boa
Ótima
Total4
Enquadramento no pagamento da IES
Estudante e responsável financeiro
Somente responsável financeiro
Somente estudante
Total2
1 Duas pessoas não responderam
2 Uma pessoa não respondeu
3 Oito pessoas não responderam
4 Duas pessoas não responderam
6
2
5
2
15,4
5,1
12,8
5,1
3
0
1
1
37,5
0,0
12,5
12,5
1
0
1
1
11,1
0,0
11,1
11,1
0
1
1
2
0,0
10,0
10,0
20,0
39 100,0
8 100,0
9 100,0
10 100,0
2
0
3
20
11
3
39
5,1
0,0
7,7
51,3
28,2
7,7
100
2 28,6
0
0,0
0
0,0
3 42,9
2 28,6
0
0,0
7 100,0
0
0
1
2
3
0
6
0,0
0,0
16,7
33,3
50,0
0,0
100
1 11,1
1 11,1
0
0,0
7 77,8
0
0,0
0
0,0
9 100,0
2
5,3
24 63,2
12 31,6
38 100,0
1 12,5
3 37,5
4 50,0
8 100,0
2 22,2
5 55,6
2 22,2
9 100,0
3 30,0
4 40,0
3 30,0
10 100,0
23
2
15
57,5
5,0
37,5
6
0
2
75,0
0,0
25,0
5
4
0
55,6
44,4
0,0
4
6
1
36,4
54,5
9,1
40
100
8 100,0
9
100
11
100
No gráfico 36 está disposto o percentual de inadimplentes; sendo sua renda por faixa
etária. Entre a faixa etária de 20 a 29 anos; 81,0% dos entrevistados recebem até R$ 1.244,00
mensais; entre os com 30 a 39 anos de idade; 28,6% recebem até R$ 622,00 mensais e esse
mesmo percentual se repete na renda de R$ 1.245,00 a R$ 3.110,00. Nessa mesma faixa etária,
apenas 9,1% dos entrevistados com 40 a 49 anos recebem até R$ 622,00 mensais entre os com 50
anos ou mais prevaleceram os que recebem R$ 1.245,00 ou mais.
88
Gráfico 36. Renda Média dos Inadimplentes Segundo Faixa Etária. Caruaru-PE, 2013.
89
5 CONCLUSÕES__________________________________________________
90
5 CONCLUSÕES
Com os dados coletados da pesquisa, é possível atender aos objetivos geral e específicos
declarados. No que se refere ao perfil socioeconômico encontrado no público inadimplente da
Faculdade ASCES. A pesquisa mostra que em sua maioria eram mulheres, solteiras e que não
possuem filhos; morando com 4 ou 5 pessoas, possuem até 25 anos e preferem pagar suas contas
em dinheiro. Também apontou que possuem somente o ensino médio, que trabalham sem carteira
assinada e que ganham entre R$ 623,00 e R$ 1.244,99. Por final que moram em imóvel próprio e
já quitado, sendo estudante e responsável financeiro, esses foram os dados da maioria dos
entrevistados.
Outro objetivo específico proposto foi o de estabelecer a tendência de inadimplência
durante os últimos 5 anos na Faculdade ASCES. Os valores encontrados estão menos do que a
metade da média nacional para devedores com período superior a 90 dias, segundo dados do
Semesp que mostravam um índice de inadimplência em torno de 4,5 a 5,3%. Mesmo com os
índices baixos da IES, algumas sugestões de melhoria podem ser levantadas com os dados
coletados. O fato mais destacado seria que a percentagem de vantagens dadas aos alunos com
baixa renda é menor do que os benefícios distribuídos para os alunos de renda maior. Tudo indica
que uma reforma entre os critérios utilizados para distribuição de benefício poderia diminuir um
pouco o nível de inadimplência existente.
Quanto as prioridades de pagamento dos últimos 12 meses, a pesquisa apontou que as
despesas essenciais com água, luz e telefone estão em primeiro lugar, com 45%. Em segundo
lugar ficou o pagamento à Faculdade com 23%, seguido do cartão de crédito e do financiamento
do carro com 9% ambos. No final das prioridades aparece o pagamento de plano de saúde com
3% e o financiamento da casa com 1%.
A faculdade ficando em segundo lugar como prioridade de pagamento fugiu um pouco do
esperado. Na verdade, pesquisas semelhantes realizadas por outros meios de serviço de proteção
91
ao crédito demonstraram que as despesas com educação ocupavam a quinta ou sexta posição.
Esse perfil de priorizar a educação é típico em países de primeiro mundo, mas no Brasil isso não
é comum. Difícil entender que uma pessoa deixe de pagar o cartão de crédito com juros de até
14% e ainda podendo perder o mesmo e o poder de compra, a fim de pagar uma faculdade que os
juros é de 1%. Inclusive, a pessoa não terá nenhum prejuízo até o momento da matrícula, estando
inclusive protegido por lei de sofrer qualquer discriminação ou impedimento. Pode se entender
que o financiamento do carro está numa mesma situação, onde os juros giram em todo de 4 a 6%,
mais multas e moratórias altas demais. Junto com este fato, ainda apresenta o risco de busca e a
tomada do carro por parte da financeira. O plano de saúde, mesmo sem possuir juros abusivos e
tendo um fator de necessidade muito básica, contra os dados da pesquisa, normalmente seria pago
antes da Faculdade.
Em termos dos principais motivos apontados pelos devedores para justificar os seus
atrasos, o acúmulo de débitos em geral foi apontado como a primeira, com resposta de 37% dos
entrevistados, seguido de desemprego (25%), problemas de saúde (17%), costume de pagar no
final do semestre (12%) , pagamento de escola de filhos (2%), crise no mercado de confecções e,
por último, o fato de ter tido um filho inesperado. Desta forma percebe-se que a desorganização
do orçamento pessoal e familiar por causas externas não esperadas, parece ser a principal causa
para acumular os débitos e, por consequência, levar à condição de inadimplente.
O desemprego no Brasil está em seus menores patamares dos últimos anos e esse que é o
segundo maior motivo não depende de uma política especifica, pois está relacionado à
rotatividade da mão de obra. Uma nova política interna do setor de cobrança focada
exclusivamente no público de 12% que confessa o hábito de acumular as parcelas para pagar no
final do semestre, poderia sanar este problema, pois estão perdendo todos os descontos fornecidos
para pagamento em dia. Os dados da pesquisa sugerem que a renda, em si, não seja o motivo
principal da inadimplência. Isso pode estar acontecendo devido ao fato de que o aluno não se
sente incomodado em dever durante o semestre e pagando em dia não traz benefício suficiente
para alterar este padrão.
Segundo a pesquisa realizada, a percepção dos alunos inadimplentes sobre a forma de
negociar da Faculdade ASCES é boa com uma aprovação de 85%. O dado mais surpreendente
foi, inclusive, que nenhum entrevistado inadimplente a considerou ruim ou péssima. Os
programas de benefícios e bolsas são bem diversos, mas ainda pode ser melhorado, tendo em
vista que somente pouco mais de 20% reconheceu ter algum benefício. O FIES tem sido um
92
instrumento para aumentar a quantidade de estudantes na instituição e a política do governo de
diminuir os juros e aumentar o prazo tem tido um efeito forte no crescimento do número de
alunos beneficiados por este financiamento. Mesmo, assim, ainda tem um grupo de alunos com
este financiamento em condição de inadimplente.
O conceito da faculdade estudada, designada pelo MEC, é o maior da região, atingindo o
conceito 4 de uma nota máxima de cinco. Os estudantes demonstraram que reconhecem essa
qualidade e estão satisfeitos pelo serviço contratado. Essa qualidade tem sido um fator
determinante para os baixos índices de inadimplência da Faculdade ASCES. Aparentemente, os
dados demonstram o princípio de motivação para pagamento em dia quando um produto ou
serviço satisfaz o consumidor ou clientes.
Ficou apontado que os dados da pesquisa sugerem que a Faculdade ASCES possui um
índice de inadimplência abaixo da média nacional em razão principalmente de sua qualidade que
é reconhecida pelos alunos. Sugerem, também, que a forma de negociar e tratar com os devedores
é apropriada e reconhecida de forma positiva pelos estudantes. O direcionamento de melhorias no
setor financeiro está relacionado à cobrança mais rápida e negociada, conforme a situação de
cada devedor, dentro do semestre. O trabalho do setor deve ser melhorado através de um setor de
cobrança interno por telefone monitorando os devedores e seus pagamentos, e, se necessário,
acionando os fiadores também.
93
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS________________________________________
94
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário educacional permanece em forte expansão, e o Governo continua incentivando
as mais diversas formas de conceder crédito e bolsas, a fim de que as universidades e faculdades
possam prosseguir crescendo. O novo desafio após essa massificação é realmente trabalhar a
qualidade do ensino, fato esse que se iniciou com o Provão dos cursos, mas que deve ser
aprimorado.
A legislação é um fator que incide diretamente na inadimplência educacional, pois no
momento em que não se pode tirar o aluno inadimplente da sala de aula, o mesmo se sente
confortável em acumular um débito de 6 meses, o que já tem sido uma constante prática no setor
educacional.
A taxa de juros sugerida para o setor educacional também tem impactos relevantes, tendo
em vista que 1% a.m. está muito abaixo das taxas cobradas nos outros setores da economia.
95
7 REFERÊNCIAS___________________________________________________
96
REFERÊNCIAS
ABREU FILHO, José Carlos Franco de et al.Finanças corporativas. Série Gestão Empresarial.
10. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
ASCES, Associação Caruaruense de Ensino Superior. Quem somos. Disponível em:
<http://www.asces.edu.br/?p=quemsomos>. Acesso em: 10 nov. 2011.
BARTH, Nelson Lerner. Inadimplência: construção de modelos de previsão. São Paulo: Nobel,
2004.
BLATT, Adriano. Créditos problemáticos e inadimplência: um enfoque estratégico da
cobrança, negociação e recuperação de créditos. São Paulo: Editora STS, 1998.
______. Dicas de cobrança para reduzir a inadimplência. Salvador: Casa da Qualidade, 1998.
BRASIL, Ministério do Trabalho. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso em: 10 nov.
2011.
BRASIL, República Federativa do. Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11096.htm>. Acesso em: 10
jul. 2010.
BURNHAM, Terry. A emoção é inimiga do dinheiro: invista com racionalidade e obtenha
lucros excepcionais. São Paulo: Editora Gente/Editora Senac São Paulo, 2010.
CREDIT PERFORMANCE. Principais motivos da inadimplência no varejo. 2009. Disponível
em:
<http://www.creditperformance.com.br/notas/2009-07-00/pesquisa-exclusiva-sobreinadimplencia-nos-setores-de-varejo-bancario-e-telecomunica-oes/>. Acesso em: 10 ago. 2012.
DODL, Alessandra; BARROS, José Renato (Orgs.). Desafios do sistema financeiro nacional: o
que falta para colher os benefícios da estabilidade conquistada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
DOMINGOS, Reinaldo. Livre-se das dívidas: como equilibrar as contas e sair da inadimplência.
São Paulo: DSOP Educação Financeira, 2011.
FAVIP,
Faculdade do Vale do
Ipojuca. Quem somos. Disponível
<http://www.favip.edu.br/p/institucional/quem-somos>. Acesso em: 10 nov. 2011.
em:
FERREIRA, Jackson Teixeira. Inadimplência no setor educacional. Espírito Santo: Hoper
Editora, 2005.
HAGEL, John. Pensando fora do quadrado: estratégias de sucesso para a nova fase lucrativa da
internet. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
97
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PIB cresce 1,2% em relação ao 1º
trimestre
e
chega
a
R$
900,7
bi.
03
set.
2010.
Disponível
em:
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1705>.
Acesso em: 10 nov. 2011.
INEP/MEC.
Indicadores
de
educação
superior.
2010.
Disponível
<http://gestao2010.mec.gov.br/indicadores/chart_72.php>. Acesso em: 31 jul. 2012.
em:
MACHADO, Dorival dos Santos. Redução da inadimplência no setor educação: práticas
eficazes e estratégias que dão certo. 2. ed. São Paulo: SRS Editora, 2009.
MARTIN, Célio Luiz Muller. Recuperação de créditos: estratégias e soluções para a
inadimplência. São Paulo: Érica, 1997.
MARTINS, Lucas Gaspar de Oliveira. Mora, inadimplemento absoluto e adimplemento
substancial das obrigações. Coleção Professor Agostinho Alvim. São Paulo: Saraiva, 2011.
O GLOBO. Bradesco anuncia mais uma rodada de redução de juros. Modalidades como
cheque especial e cartão de crédito tiveram quedas. Novas taxas passam a valer a partir da
próxima
semana.
Disponível
em:
<http://g1.globo.com/economia/seudinheiro/noticia/2012/05/bradesco-anuncia-mais-uma-rodada-de-reducao-de-juros.html>. Acesso
em: 10 ago. 2012.
O GLOBO. Itaú baixa juros para acompanhar redução da taxa Selic.Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/economia/itau-baixa-juros-para-acompanhar-reducao-da-taxa-selic5117917>. Acesso em: 10 ago. 2012.
O GLOBO. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/>. Acesso em 05 ago. 2012.
ROCHA, Carlos Henrique; GRANEMANN, Sérgio Ronaldo (Orgs). Gestão de instituições
privadas de ensino superior. São Paulo: Atlas, 2003.
RODRIGUES, Luís Fernando O. Como reduzir a inadimplência em estabelecimentos de
ensino. 1. ed. São Paulo: Alabama Editora, 2001.
RODRIGUES, Luís Fernando. Gestão da inadimplência educacional. Cotia: Alabama Editora,
2004.
SALASAR, William. A longa estrada da dívida: das margens do Ipiranga ao grau de
investimento, como o Brasil superou 200 anos de crises externas. São Paulo: Saraiva, 2010.
SANTOS, José Odálio dos. Análise de crédito: empresas, pessoas físicas, agronegócio e
pecuária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SEMESP, Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no
Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.semesp.org.br>. Acesso em: 10 ago. 2011.
98
SILVA, Eduardo D. Gestão em finanças pessoais: uma metodologia para se adquirir educação e
saúde financeira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
SILVA, Renato. Balancedscorecard – BSC: gestão de ensino superior, gestão profissionalizada
e qualidade de ensino para instituições de ensino superior privado. Curitiba: Juruá, 2009.
SILVA, Rubens Filinto da. 200 dicas de cobrança e recuperação de dívidas para reduzir sua
inadimplência. 2. ed. São Paulo: Editora Pillares, 2011.
______. Chega de inadimplência: cobrança e recuperação de valores. São Paulo: Editora
Pillares, 2007.
SOUSA, Antonio de. Gerência financeira para micro e pequenas empresas: um manual
simplificado. Rio de Janeiro: ELSEVIER: SEBRAE, 2007.
SOUZA, Jobson Monteiro de. Economia brasileira. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2009.
TERRA, Aline de Miranda Valverde. Inadimplemento anterior ao termo. Rio de Janeiro:
Renovar, 2009.
UPE,
Universidade
de
Pernambuco.
Disponível
em:
<http://www.upe.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=397&Itemid=68>.
Acesso em: 10 ago. 2012.
SEC. EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação de Caruaru. Disponível em;
<http://www.caruaru.pe.gov.br/secretarias_page/sec-de-educacao-esportesjuventude-ciencia-etecnologia/#. Acesso em: 11 set. 2012.
GOVERNO PE, Governo do Estado de Pernambuco. Disponível em;
<http://www.pe.gov.br/blog/economia/. Acesso em: 03 set. 2012.
99
8 APÊNDICE_____________________________________________________
100
8 APÊNDICE
8.1. Pesquisa de Campo
1) Qual o seu sexo?
(a) masculino
(b) feminino
2) Quantas vezes efetuou um acordo com a faculdade?
(a) uma vez (b) duas vezes
(c) três vezes
(d) quatro vezes
(e) cinco ou mais
3) Qual o seu estado civil?
(a) solteiro(a)
(b) casado(a)
(c) divorciado(a)
(d) viúvo(a)
4) Você possui filhos?
(a) não
(b) 1 filho
(c) 2 filhos
(d) 3 filhos
(e) 4 ou mais filhos
5) Quantas pessoas moram na sua casa?
(a) 1
(b) 2 a 3
(c) 4 a 5
(d) 6 a 7
(e) 8 ou mais
6) Qual a data do seu nascimento? _______/ ________/ ________
7) Possui alguma forma de ajuda de custo da faculdade?
(a) não possuo nenhuma ajuda de custo (b) desconto especial
(c) bolsa trabalho (d) outro tipo de bolsa ou desconto (e) possuo FIES
8) Você prefere realizar seus pagamentos com:
(a) dinheiro
(b) cartão de crédito
(d) depósitos
(e) notas promissórias
(c) cheque
9) Qual o seu nível de escolaridade?
(a) não possuo
(b) ensino fundamental completo
(c) ensino médio completo
101
(d) ensino superior completo
(e) pós-graduado
10) Como você se encontra no mercado de trabalho?
(a) não está inserido no mercado de trabalho
(b) empregado com carteira assinada
(c) empregado sem carteira assinada
(d) aposentado ou pensionista
(e) autônomo sem previdência social
11) Qual a sua renda média?
(a) até R$ 622,00 (b) R$ 623,00 a R$ 1.244,00 (c) R$ 1.245,00 a R$ 3.110,00
(d) R$ 3.111,00 a R$ 4.976,00
(e) R$ 4.977,00 ou mais
12) O lugar no qual você reside é:
(a) de um amigo ou parente
(b) alugado
(c) próprio e está sendo financiado
(d) próprio e já está quitado
(e) próprio, quitado e possuo mais imóveis
13) O que causou o atraso no pagamento da faculdade?
(a) desemprego
(b) acúmulo de débitos em geral
(c) problema de saúde na família (d) desorganização ou esquecimento
(e) costume de pagar somente no final do semestre
(f) outros (especificar)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14) Em um momento de dificuldade financeira, o que você paga primeiro? Por quê?
(a) financiamento de carro
Por quê? ___________________________________________________________
(b) financiamento da casa
Por quê? ___________________________________________________________
(c) cartão de crédito
Por quê? ___________________________________________________________
(d) conta de água, luz e telefone
Por quê? ___________________________________________________________
(e) faculdade
102
Por quê?____________________________________________________________
(f) outros
Especificar__________________________________________________________
15) O que você acha da forma através da qual a faculdade negocia?
(a) é péssima
(b) é ruim
(d) é boa
(e) é ótima
(c) é regular
Alguma sugestão? ____________________________________________________
16) Relacionado aos pagamentos das mensalidades, você se enquadra como:
(a) estudante e responsável financeiro
(b) somente responsável financeiro
(c) somente estudante
Download

um estudo de caso