UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA MIRELI VENÂNCIO MENDONÇA PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS BIOLÓGICOS DAS NANOPARTÍCULAS DE PRATA IN VITRO NAS BACTÉRIAS PNEUMÔNICAS CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 3 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA MIRELI VENÂNCIO MENDONÇA PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS BIOLÓGICOS DAS NANOPARTÍCULAS DE PRATA IN VITRO NAS BACTÉRIAS PNEUMÔNICAS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador técnico: Eduardo Ghisi Victor. CRICIÚMA, JUNHO de 2009. Profº. MSc. 4 5 Dedico este Trabalho, com muito carinho, aos meus Pais, Cida e Berto e meu filho, Luis Gabriel que muito fizeram para a concretização do mesmo. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar á DEUS pela vida. Agradeço em especial aos meus pais, que são acima de tudo um exemplo de vida, são meus melhores amigos, que ensinaram a ser a pessoa que sou hoje. Muito obrigado por tudo que continuam fazendo por mim, pela dedicação, carinho, respeito, força, paciência, e amor sem limites que sinto de vocês todos dos dias, amo vocês. Um agradecimento mais que especial ao meu filho Luis Gabriel, por ser minha vida, meu amor, minha força para enfrentar todas as dificuldades. Obrigada meu filho por me mostrar a grande força que possuo, sendo que nem eu mesma conhecia. Filho, você é minha grande inspiração para vida, te amo meu amor. Estendo meus agradecimentos a todos de minha família, que de alguma forma contribuíram positivamente na minha vida. Um obrigado muito especial a minha avó Maurina, meus primos Gisele e Juliano, tia Gorette e tio Moacir. Agradeço aos meus amigos, em especial, Daniela Boaroli, André Baggio, Renan de Bom, Mirella Abatti, Bruno Conti, Marcela Damiani, pelo carinho e amizade. Vocês ficarão guardados sempre em meu coração. Um agradecimento especial a Livia Oliveira, por estar sempre comigo, apoiando, ajudando sempre. Amo você minha amiga. Um agradecimento muito especial ao Mario César Baldin que se tornou presente na minha vida em um momento muito importante, tornando especial sua importância não apenas na minha vida acadêmica, ajudando de forma incondicional para que meu projeto de TCC pudesse ser concluído, mas também como sendo uma pessoa muito especial em meu coração. Te adoro Mar. Agradeço à todos do laboratório LASICOM, que de alguma forma contribuíram para que meu trabalho pudesse ser concluído, ao meus colegas e amigos, Juliana, Daiane, Mayla, Marcos Vinicios, Larissa, Joana, Tainá, Natália, Luis Felipe, Felipe Somariva, Felipe, Thauan, João Vitor, Alexandre, Junior, ... Foi maravilhosa a experiência que tive com vocês no LASICOM, sinto 7 um carinho especial por todos. Obrigada a Geovana Dagostim por sua atenção e dedicação constantes, para realização do meu trabalho. Obrigada aos meus professores, que sempre buscaram ensinar e transmitir seus conhecimentos. Em especial ao meu orientador, pela dedicação e confiança depositadas. Obrigada aos professores: Bárbara, Ariete, Adriano, Willians e Cláudio por seus ensinamentos e carinho. Agradecimento a todos os funcionários, que contribuíram de forma positiva nos nossos estágios. Um agradecimento ao professor Marcos Marques da Silva Paula (Bocão) pela oportunidade em concretizar meu trabalho, obrigada pela paciência e atenção. Estendo meus agradecimentos aos professores Luciano Silva e Roberto Cantú pelos ensinamentos. Á todos que contribuíram de alguma forma em meu trabalho, o meu muito obrigado. 8 “Um pensamento que não resulta em ação não é grande coisa, mas uma ação que não provém de um pensamento não é coisa alguma”. George Bernarmos 9 RESUMO Nanotecnologia é a ciência que estuda os compostos nanoparticulados, sendo compreendida numa dimensão de 0,1 a 100 nanômetros. Nanopartículas de prata estão sendo muito estudadas por apresentarem grande potencial antimicrobiano. O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos in vitro das nanopartículas de prata e da impregnação das mesmas em material polimérico nas bactérias pneumônicas. Este trabalho realizado no Laboratório de Síntese de Compostos Multifuncionais (LASICOM) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), descreve a preparação e caracterização de nanopartículas de prata e da sua impregnação no copolímero poli-{ácido acrílico-co-estireno} sulfonado, impregnados com duas concentrações de nanoprata cada amostra, sendo 32 e 64 PPM de nanoprata impregnada no disco de papel filtro, 1600 e 3200 PPM de nanoprata incorporada no polímero, respectivamente. A emulsão de prata nanoparticulada foi preparada por meio de redução química do AgNO3 por NaBH4, utilizando Citrato de Sódio como agente estabilizante. A preparação de nano prata foi monitorada pela banda de absorbância de Superfície Plasmon Ressonante por meio de espectrofotometria de UV-visível. Os estudos da avaliação antimicrobiana foram realizados com as bactérias Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853), crescidas por um período de 24 horas, sendo que as placas já contendo as amostras também foram incubadas 24 horas, mostrando atividade antimicrobiana das mesmas após este período. O efeito das nanopartículas de prata na bactéria Staphylococcus aureus (ATCC 6538) foi confirmada através presença de halo de 9 mm na superfície da placa, sendo que as atividades antimicrobianas da nanoprata na bactéria Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853) e no copolímero poli-{ácido acrílicoco-estireno} sulfonado com nanopartículas de prata foram confirmadas pela presença de inibição do crescimento da cultura bacteriana na superfície do polímero. Estes resultados confirmam para o presente estudo que as nanopartículas de prata funcionam como uma opção para controle bactericida. Palavras-chave: Atividade antimicrobiana. Nanopartículas de prata. Bactérias pneumônicas. 10 ABSTRACT Nanotechnology is the science involved with nanoparticulated compounds, presenting a dimension of 0,1 to 100 nanometers. Silver nanoparticles have been largely studied because of its great antimicrobial effect. This study aimed at analyzing the silver nanoparticles in vitro effects and its impregnation on polymeric material in pneumonical bacteria. This study was performed in Laboratório de Síntese de Compostos (LASICOM) of Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), and describing the silver nanoparticle preparation and characterization and its impregnation on sulfonated copolymer poly-{acrylicco-styrene acid}, impregnated with two concentrations of nanosilver each sample, 32 and 64 PPM of nanosilver impregnated on paper filter disks, 1600 and 3200 PPM of nanosilver incorporated on the polymer, respectively. The nanoparticulated silver emulsion was prepared through chemical reduction of AgNO3 by NaBH4, using Sodium Citrate as the stabilizing agent. The nanosilver preparation was monitored by absorbance bands of Resonant Plasmon through UV-visible spectrophotometry. The antimicrobial evaluation studies were performed with the bacteria Staphylococcus aureus (ATCC 6538) and Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853), growing during 24-hour period, whereas the sample plaques were also incubated for 24 hours, showing its antimicrobial activity after this period. The nanosilver effect on the bacteria Staphylococcus aureus (ATCC 6538) was confirmed by the presence of halo 9 mm on plaque surface, considering that the nanosilver antimicrobial activities on bacteria Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853) and on the copolymer poly{acrylic-co-styrene acid} sulfonated with silver nanoparticles were confirmed by the presence of bacterial culture growing inhibition on polymer surface. In this study, the results could confirm that the silver particles can be an option for controlling bacteria Keywords: Antimicrobial activity. Silver nanoparticles. Pneumonical bacteria. 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................12 2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA................................................................17 2.1 Nanotecnologia: visão geral.....................................................................17 2.1.1 Nanopartículas de prata.........................................................................18 2.1.2 Propriedades antimicrobianas de nanocompósitos empregando AgNPs....................................................................................................................19 2.1.3 Aplicações de Ag-NPs com atividade antimicrobiana........................20 2.1.4 Toxicologia e nanomateriais..................................................................21 2.1.5 Impregnação de Nanopartículas em polímeros...................................23 2.2 Fisiologia das Vias Respiratórias pulmonares…....................................23 2.3 Pneumonia..................................................................................................25 2.3.1 Definição..................................................................................................25 2.3.2 Incidência................................................................................................25 2.3.3 Tipos de Pneumonia...............................................................................26 2.3.4 Epidemiologia.........................................................................................27 2.3.5 Etiologia e Fatores de Risco..................................................................28 2.3.6 Fisiopatologia e Manifestações clínicas...............................................29 2.3.7 Diagnóstico.............................................................................................30 2.3.8 Tratamento..............................................................................................30 3 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................35 5 CONCLUSÃO.................................................................................................43 REFERÊNCIAS.................................................................................................45 12 1 INTRODUÇÃO Nos últimos tempos vem ocorrendo uma transformação na ciência e na tecnologia, mostrando que os materiais em nanoescala podem apresentar propriedades que diferem daquelas em escala macroscópica. A esta ciência que estuda estes novos materiais em escala nanométrica foi atribuído o nome de nanociência, porém é mais comumente chamada de nanotecnologia (DURAN et al., 2006). O campo da nanotecnologia encontra-se compreendido na dimensão de 0,1 à 100nm. Apesar de a ciência dos átomos e moléculas simples e a ciência da matéria já estarem bem estabelecidas e fundamentadas, a nanotecnologia encontra-se em uma fase inicial, pois ainda há muito a ser estudado sobre o comportamento dos materiais em nanoescala (DURAN et. al. 2006). As partículas em tamanho nanométrico apresentam uma grande área superficial, além de exibirem propriedades ópticas, magnéticas, mecânicas ou químicas que diferem das superfícies e partículas em escala macroscópicas (QUINA, 2004). “Na forma de nanopartículas, as propriedades da prata são significativamente aumentadas em virtude do aumento dos pontos de contato disponíveis no material” (PARUSSULO, SOUSA e NAKATANI, S/D). As nanopartículas de prata possuem diversas propriedades, apresentando um largo espectro de aplicações na atual tecnologia, existem estudos sendo realizados para conferir a sua ação antimicrobiana. Porém existem poucos estudos referentes à saúde humana, no que diz respeito a seus efeitos no sistema biológico, bem como seus possíveis efeitos tóxicos (AKARI, 2007). Observa-se que este metal nanoparticulado apresenta possivelmente ação antimicrobiana, deve-se, portanto estudar cientificamente seus efeitos em diversas patologias, tais como as infecções respiratórias destacando-se, portanto, as pneumonias as quais apresentam um alto índice de óbito e de internação hospitalar. A pneumonia é uma infecção que vem 13 provocando o aumento do tempo de internação, causando, consequentemente considerável aumento nos custos do tratamento (FRANCO, PEREIRA, TORRES, 1998). Frente as condicionantes expostas anteriormente, apresenta-se a seguinte questão problema: Quais os efeitos in vitro das nanopartículas de prata em bactérias pneumônicas? Para melhor direcionar o problema apontam-se as seguintes questões norteadoras da pesquisa: a) As nanopartículas de prata in vitro apresentam ação sobre as bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus ? Há muito tempo sabe-se que a prata apresenta ação bactericida sendo eficaz na destruição de inúmeros organismos patogênicos (CLEMENT & JARRETT, 1994). Há relatos na literatura sobre as nanopartículas de prata estarem aderidas nas superfícies das bactérias causando a ela um déficit na respiração celular, bloqueando seu sistema de energia. Pesquisas realizadas mostram que foram afetados pela prata, apenas a superfície da célula contendo grupos (-SH) como as células das bactérias, porém as células que fazem parte da classe dos mamíferos, não apresentarem grupos (-SH) exteriores, ou na superfície. Portanto os íons de prata não são capazes de permear através das membranas das células dos mamíferos e posteriormente reagir com o interior da célula contendo grupos de –SH (DAVIES & ETRIS, 1997). Portanto acredita-se que as nanopartículas de prata apresentam efeito bactericida sobre as bactérias pneumônicas. b) As nanopartículas de prata quando impregnadas ao tubo orotraqueal apresentam ação sobre as bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus? 14 Instrumentos médicos, como cateteres quando revestidos e impregnados com materiais contendo prata foram desenvolvidos na esperança de retardar a formação bacteriana durante os procedimentos médicos (COOK, COSTERTON, & DAROUICHE, 2000). Pesquisas recentes realizadas no Laboratório Nacional de SEUL (Coréia do Sul) indicaram que as nanopartículas de prata quando impregnadas em polímeros específicos, tornam-se um dos melhores materiais poliméricos utilizados para tratamento de ferimentos devido ao seu efeito antimicrobiano, portanto são opções que devem ser mais estudas para tornarem-se viáveis e consequentemente serem utilizadas na indústria médica (HONG, 2006). Portanto, crê-se que as nanopartículas de prata quando impregnadas no tubo orotraqueal e expostas às bactérias, terão efeito bactericida. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar os efeitos in vitro das nanopartículas de prata e da impregnação de nanopartículas de prata no tubo orotraqueal em bactérias pneumônicas. Os objetivos específicos incluíram analisar os efeitos das NP´s Ag na bactéria Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus, investigar os efeitos da impregnação de NP´s Ag em tubo orotraqueal nas bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus. Nanotecnologia envolve a criação e a manipulação de materiais em nanoescala, para criar produtos que exibem novas propriedades. Recentemente, nanomateriais tais como nanotubos, nanofios, fulerenos e pontos quânticos, tem recebido enorme atenção por criar novos tipos de ferramentas analíticas para biotecnologia e ciências da vida. Nanomateriais, cujas dimensões estão compreendidas na faixa de 1 a 100nm, tem sido usados para criar dispositivos únicos numa escala nanométrica e apresentando novas propriedades funcionais físicas e químicas (DURAN et. al, 2006; ZHAO et al. 2006). Estudos recentes vêm demonstrando que quando se impregna nanopartículas em materiais poliméricos estes tornam-se versáteis e podem ter grande utilização nas aplicações médicas (MARTINS ET AL., 2007) 15 Recentemente as nanopartículas metálicas têm atraído a atenção de muitos cientistas, tanto no campo cientifico como tecnológico, pois realizando a Incorporação de metais nanoparticulados em matrizes poliméricas obtem-se materiais com maior resistência mecânica e estabilidade térmica, apresentando diversas propriedades ópticas, magnéticas ou elétricas, além de serem uma nova alternativa para diversas aplicações médicas (ZHU et al., 2001; FOGG et al.,2001). Há muito tempo se sabe que a prata apresenta ação bactericida sendo eficaz em inúmeros agentes patogênicos, tendo seu auge na 2ª Guerra Mundial e vindo sendo estuda até hoje (CLEMENT & JARRETT, 1994; SEGALA, 2009). Dados do Brasil, de 2002, informam a pneumonia é responsável por 36,3% das internações por causas respiratórias. A pneumonia é uma doença inflamatória das vias aéreas que atinge o parênquima pulmonar. As taxas de incidência são relativamente altas em países em desenvolvimento, onde a maior proporção da doença ocorre devido a causas bacterianas. Atualmente evidencias demonstram que a faixa etária é um forte fator que influência os indicadores da pneumonia, sendo que a faixa etária menor que 2 anos e maior 65 de idade são os mais propensos a adquirir a doença. A pneumonia é um problema de saúde pública que é responsável por alta taxa de mortalidade, portanto, deve ser dada a devida importância a esta patologia, por meio de pesquisas que busquem a correta prevenção e principalmente o correto tratamento, sendo este de forma eficaz, no menor tempo possível para evitar complicações (Silva et al., 2006). O tema foi proposto com a pretensão de ampliar conhecimentos na área de pesquisa, através da realização de projetos que envolvam a pesquisa na área de nanotecnologia com o intuito de desenvolver novos conhecimentos científicos e novas alternativas terapêuticas para as infecções respiratórias. Como delineamento, este estudo caracteriza-se por uma pesquisa experimental. Este trabalho está divido em cinco capítulos, assim distribuídos: o atual; capítulo 2: Contextualização Teórica composta pelos seguintes capítulos: 2.1 Nanotecnologia: visão geral, 2.1.1 Nanopartículas de prata, 2.1.2 16 Propriedades antimicrobianas de nanocompósitos empregando Ag-NPs, 2.1.3 Aplicações de Ag-NPs com atividade antimicrobiana, 2.1.4 Toxicologia e nanomateriais, 2.1.5 Impregnação de Nanopartículas em polímeros, 2.2 Fisiologia das Vias Respiratórias pulmonares, 2.3 Pneumonia, 2.3.1 Definição, 2.3.2 Incidência, 2.3.3 Tipos de Pneumonia, 2.3.4 Epidemiologia, 2.3.5 Etiologia e Fatores de Risco, 2.3.6 Fisiopatologia e Manifestações clínicas, 2.3.7 Diagnóstico, 2.3.8 Tratamento; capítulo 3: Materiais e Métodos, subdivididos em: Características do estudo; Procedimentos da Pesquisa; capítulo 4: Resultados e Discussão; capítulo 5: Conclusão. 17 2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA 2.1 Nanotecnologia: visão geral Uma revolução vem acontecendo na ciência e tecnologia desde quando começaram a estudar mais profundamente os materiais em escala nanométrica – materiais em nanoescala podem apresentar novos comportamentos e/ou propriedades diferentes daquelas que geralmente apresentam em escala macroscópica. O ramo da ciência que estuda esses novos materiais/comportamentos foi atribuído o nome de nanociência, ou mais comumente conhecido, nanotecnologia. O campo da nanotecnologia encontrase compreendido na dimensão de 0,1 à 100nm. (DURAN et al., 2006). Fonte: www.ofitexto.com.br/conteudo/deg_230778.htm A nanotecnologia teve seu início com o físico Richard Feynman em 1959 quando em uma conferência no California Institute of Technology,ele afirmou que em um futuro não muito distante os cientistas iriam poder manipular átomos, desde que as leis da natureza fossem mantidas, possibilitando a construção de novos materiais ainda inexistentes na natureza (SANTANA, MARTINS & ALVES, 2008). 18 A nanotecnologia diz respeito a materiais e sistemas cujas estruturas e componentes exibem propriedades e fenômenos físicos, químicos e/ou biológicos significativamente novos e modificados devido a sua escala nanométrica. O objetivo é explorar essa propriedade por meio de controle de dispositivos em níveis atômicos, moleculares, supramoleculares e aprender a fabricar e usar esses dispositivos de maneira eficiente. A síntese e o controle dos materiais em nano-escala podem antecipar a fabricação e o controle da estrutura da matéria num nível molecular e representam o início de uma nova e revolucionária era, onde poderemos ter acesso a novas propriedades e comportamento de materiais e dispositivos de uma forma nunca vista antes (DURAN et al., 2006). A Nanotecnologia oferece a perspectiva de grandes avanços que permitam melhorar a qualidade de vida e ajudar a melhorar o meio ambiente, porém como em qualquer outra área da tecnologia que faz uso intensivo de novos materiais e substâncias químicas, ela também trás consigo alguns riscos ao meio ambiente e à saúde humana em geral (QUINA, 2004). 2.1.1 Nanopartículas de prata A prata é um metal precioso e de alta condutividade elétrica. Na forma de nanopartículas suas propriedades tornam-se aumentadas em razão do aumento dos pontos de contato disponíveis no material, ou seja, as propriedades dessas nanopartículas diferem daquelas em escala macroscópica (PARUSSULO, ZOUZA & NAKATANI, S/D). Uma das formas de obtenção das nanopartículas de prata é através da redução química de nitrato de prata usando borohidreto de sódio (NaBH4) como agente redutor em um sistema água em óleo de miscelas reversas, usando um surfactante como agente estabilizador. O NaBH4 é amplamente usado como agente redutor na síntese de nanopartículas de prata (ZHAO et al., 2006). Outra forma descrita é através da preparação das nanopartículas com ácido mercaptosulfônico como estabilizador, fazendo com que fiquem carregadas negativamente em solução aquosa, com isso produziu-se nanopartículas esféricas estáveis, com diâmetro de aproximadamente 8nm. 19 Essas nanopartículas foram utilizadas para a produção de filmes multicamadas com um policátion (ZHAO et al., 2006). Em um estudo realizado foi investigado um novo tipo de material nanocompósito baseado em nanopartícula de prata e complexos de rutênio (II). O objetivo foi preparar soluções coloidais de nanopartícula de prata e controlar o seu tamanho pela relação de Ag/[Ru] (MAYER, DUMAS & SÉCHERES, 2004). As propriedades físicas e foto-físicas dos metais em escala nanométrica são influenciadas pela forma das nanopartículas, podendo ser nanoesféricas, nanotubos e nanofilamentos. Uma nova estratégia foi desenvolvida para a obtenção de nanotubos e nanofios. Uma “semente” de prata pré-formada foi usada para promover o crescimento de prata na solução, pela redução química de um sal de prata. A presença de uma micela tubular na solução promoveu a formação de tubos de prata (JANA, GEARHEART & MURPHY, 2001). 2.1.2 Propriedades antimicrobianas de nanocompósitos empregando AgNPs Constantemente microorganismos. os Intensivas seres humanos pesquisas são são feitas infectados com por materiais antimicrobianos contendo uma variedade de agentes inibidores de crescimento ou biocidas. Entre eles a prata e os íons de prata têm sido bem reconhecidos pelo seu forte efeito bacteriostático e bactericida, bem como sua ampla atividade antimicrobiana. Assim, são fortes candidatos a revestimento para equipamentos médicos. A prata tem uma ação bactericida conhecida há muito tempo, sendo eficaz na destruição de mais de 650 organismos patogênicos. Acredita-se que os metais pesados liberam os íons que reagem com os grupos tióis e grupos (SH) das proteínas da superfície. Tais proteínas projetam-se através da membrana celular bacteriana, permitindo o transporte dos nutrientes através da parede celular. Íons monovalentes de prata (Ag+) substituem o cátion hidrogênio (H+) de grupos (-SH) ou grupos tióis, inativando a proteína e assim, 20 diminuindo a permeabilidade da membrana, que pode causar eventualmente a morte celular (CLEMENT & JARRETT, 1994; FENG et al., 2000). A reação da prata monovalente com grupos (-SH) produz grupos (SAg) muito mais estáveis na superfície bacteriana da célula. Um estudo mostra que somente na superfície da célula contendo grupos (-SH) foram afetados pela prata, constatando uma ausência de prata no interior da célula bacteriana. Isto poderia explicar porque somente as bactérias e os vírus são afetados pelos íons prata, ao contrário das células que fazem parte da classe dos mamíferos, não apresentarem grupos (-SH) exteriores, ou na superfície. Segundo estes estudos, os íons prata não são capazes de permear através das membranas celulares e então reagir com o interior celular (contendo grupos –SH), tornando a prata relativamente não tóxica aos seres humanos e aos animais (DAVIES & ETRIS, 1997). 2.1.3 Aplicações de Ag-NPs com atividade antimicrobiana A prata já vem sendo usada há muito tempo como agente antimicrobiano, porém teve seu auge na 2º Guerra Mundial. Eram utilizadas injeções de prata em soldados feridos da guerra, com o intuito de minimizar a infecção (SEGALA, 2009). As mais intensas aplicações das nanopartículas de prata estão na indústria médica. Produtos contendo prata, tais como pomadas tópicas que contém sulfadizima de prata, foi usada para inibir infecções e impedir o aparecimento de feridas (DURAN et al., 2006). Nos últimos anos, novos produtos foram lançados no mercado norteamericano, como: Acticoat, uma película de polietileno revestida com nanopartículas de prata; e Silverlon, um tecido feito de fibras de poliamida revestido com prata (KLAUS et al., 1999; SILVER, 2003). Catéteres revestidos e impregnados com materiais contendo prata foram desenvolvidos na esperança de retardar a formação bacteriana e da formação de biofilmes durante os procedimentos médicos. Recentemente, materiais impregnados com prata têm sido implantados como válvulas do coração (COOK, COSTERTON, & DAROUICHE, 2000). 21 Pesquisas têm sido realizadas no Laboratório Nacional de Seul (Coréia do Sul), sobre o efeito antimicrobiano de nanofibras de PVA contendo nanopartículas de prata. PVA é um polímero biocompatível solúvel em água, tornando-o um dos melhores materiais poliméricos para ataduras e curativos para ferimentos. A completa proteção antimicrobiana de um dispositivo capaz de liberar íons prata indica que tais materiais podem brevemente ser opções viáveis na indústria médica (HONG, 2006). As nanopartículas de prata também estão presentes nos artigos esportivos, como meias atléticas e até em sacos de dormir. Entretanto, em quase todos os casos, a informação a respeito da segurança pública e a importância real de tais materiais são indisponíveis ou inexistentes (DURAN et al., 2006). 2.1.4 Toxicologia e nanomateriais Apesar da ampla variedade de aplicações que estão sendo desenvolvidas e investigadas para materiais com nanopartículas de prata, muito pouco se sabe a respeito dos efeitos das nanopartículas de prata no ambiente e na saúde humana em geral. Apesar das diversas aplicações das nanopartículas de prata, pouco sabe-se dos efeitos destes metais nanoparticulados na saúde humana em geral (SEGALA, 2009). A prata coloidal foi removida oficialmente da Farmacopéia dos Estados Unidos em 1975, quando se descobriu que o uso em longo prazo das preparações de prata levaria a uma doença conhecida como Argyria; uma condição que torna a pele com a coloração acinzentada causada pelo depósito de sais de prata na epiderme e nos órgãos internos (WADHERA & FUNG, 2005; FUNG & BOWEN, 1996). 22 Fotografia de Paul Karason, o “homem azul”. A maioria dos pesquisadores acredita que os íons e as nanopartículas de prata não causam nenhum efeito tóxico nos animais pelo fato das células animais não possuírem grupos tióis exteriores e, portanto, não há interação com a prata. Pesquisadores do Departamento de Biologia da Universidade de Dayton (Dayton, Ohio), investigaram o efeito da prata em gametócitos, ou células adultas. Os resultados destes estudos indicaram que a sensibilidade das células adultas do C18-4 germline foi bastante sensível as nanopartículas de prata do que outras linhas celulares geralmente usadas em estudos de toxidade (BRAYDICH-STOLLE, 2005). Nanopartículas de prata com 15 nm de diâmetro são capazes de reduzir drasticamente a função das mitocôndrias, que são responsáveis em converter nutrientes em energia em forma de ATP. O estudo sugeriu que a prata nanoparticulada poderia ser tóxica para ossos e outros tecidos que poderiam estar em contato direto com dispositivos médico implantados. Os autores compararam a citotoxidade das nanopartículas de prata no germline da célula adulta com metais nanopartículados, como o cádmio, o alumínio, e o molibdênio, concluindo que a prata era de maneira surpreendente mais tóxica aos gametócitos do que os outros metais, inclusive, as nanopartículas do cádmio (BRAYDICH-STOLLE, 2005). 23 2.1.5 Impregnação de Nanopartículas em polímeros A palavra polímero se origina do grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição), sendo assim o polímero é uma macromolécula composta por muitas unidades de repetição denominadas meros, ligados por ligação covalente. Muitas propriedades físicas dos polímeros são dependentes do comprimento da molécula e de sua massa molecular, sendo que os polímeros normalmente envolvem uma larga faixa de valores de massa molecular, espera-se, portanto uma grande variação em suas propriedades (CANEVAROLO & SEBASTIÃO, 2002). As nanopartículas metálicas têm atraído a atenção dos cientistas, tanto no campo cientifico como tecnológico. Quando se realiza a incorporação de cargas inorgânicas em polímeros se obtém materiais com maior resistência mecânica e estabilidade térmica, e com diferentes propriedades ópticas, magnéticas ou elétricas. Além disto, a utilização destes metais nanoparticulados em combinação com polímeros condutores vem criando possibilidades em diversas aplicações destes materiais, devido às possibilidades de formar novas propriedades sinergísticas. As nanopartículas apresentam uma área superficial elevada sendo capaz de cobrir uma grande área do polímero, mesmo em pequenas quantidades. A preparação de nanocompósitos impregnados em matrizes poliméricas permite em muitos casos encontrar baixo custo e elevado desempenho, devido a pouca quantidade de carga utilizada e resultando num sinergismo entre os componentes (ZHU et al., 2001; FOGG et al.,2001). Estudos recentes mostram que polímeros impregnados com nanopartículas, podem se tornar materiais versáteis sendo úteis nas aplicações médicas (MARTINS et al., 2007) 2.2 Fisiologia das Vias Respiratórias pulmonares O sistema respiratório é formado pelos pulmões, caixa torácica, músculos ventilatórios e vias aéreas superiores e inferiores (PRESTO & PRESTO, 2005). 24 A caixa torácica possui características elásticas, além de ter sua forma relacionada com as estruturas ósseas, com objetivo de proteger os órgãos vitais que se encontram em seu interior. Vias aéreas superiores vão desde o nariz até a traquéia, e as vias aéreas inferiores vão da traquéia até os alvéolos; as vias aéreas são responsáveis pela condução de gases pelo sistema respiratório. Os pulmões apresentam a principal função de realizar trocas gasosas. Os músculos ventilatórios são responsáveis pela variação das pressões que ocorrem nos pulmões para possibilitar a passagem dos gases pelas vias aéreas (SILVA, 1991; PRESTO & PRESTO, 2005). A função da respiração é essencial à manutenção da vida e pode ser definida, de um modo simplificado, como uma troca de gases entre as células do organismo e a atmosfera (SILVA, 1991). Didaticamente, a respiração pode ser dividida em fases: ventilação, difusão e perfusão. Sendo que a ventilação é fase na qual ocorre a passagem de ar pelas vias aéreas, sendo que é dependente do bom funcionamento dos músculos ventilatórios e da complacência pulmonar. A fase da difusão ou também chamada de troca gasosa é quando ocorre a passagem de gás do meio mais concentrado para o menos concentrado, sendo intimamente dependente da concentração de gás inalado. E a fase de perfusão é quando ocorre a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos, com o intuito de levar oxigênio (carregado pela hemoglobina) para ocorrer a nutrição do organismo e realizar a eliminação do gás carbônico, sendo dependente da função cardiovascular. A perfusão dos alvéolos para que ocorra trocas gasosas na membrana alvéolo-capilar, é realizada pelo ventrículo direito, através dos ramos principais da artéria pulmonar, que vão se dividindo através do sistema brônquico até chegar aos capilares. O retorno do sangue oxigenado é feito através das vênulas, veias pulmonares que irão desembocar no átrio esquerdo (PRESTO & PRESTO, 2005). A função ventilatória expõe os pulmões constantemente a agressões do meio externo, portanto o estado de saúde é mantido devido à eficácia dos mecanismos de defesa que protegem o sistema respiratório. Porém algumas doenças acometem o sistema, por diversos fatores, tornam-se mais fortes que os mecanismos de defesa. Existem diversas patologias que podem acometer o sistema respiratório, portanto umas das mais comuns são as infecções 25 respiratórias, sendo responsáveis por inúmeras internações hospitalares, podendo em alguns casos levar a morte. Dentre as infecções respiratórias, destaca-se a pneumonia como sendo um dos problemas de saúde pública responsável por inúmeras causas de óbito e morbidade (SILVA, 1991; SILVA et al., 2006). 2.3 Pneumonia 2.3.1 Definição A pneumonia é uma doença inflamatória das vias aéreas que atinge o parênquima pulmonar, incluindo os brônquios, bronquíolos e raramente a pleura. O risco para adquiri-las é cinco vezes superior a pacientes em ambiente hospitalar (SILVA et al., 2006). A pneumonia é uma infecção que atinge o trato respiratório, atingindo os alvéolos e vias aéreas adjacentes. Ela é produzida por diversos fatores etiológicos gerando um quadro clínico característico e RX de consolidação (ASSIS & FERREIRA, S/D). 2.3.2 Incidência A pneumonia merece considerável importância, uma vez que ela permanece como causa de morbidade e mortalidade, até mesmo em países desenvolvidos, além de causar custos muito elevados (CARDOSO et al., 1998). Segundo o I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias, as doenças respiratórias correspondem a aproximadamente 50% dos atendimentos ambulatoriais. No Brasil as taxas mais elevadas de pneumonias ocorrem nos estados do Norte e Nordeste, o Sul possui as menores taxas da patologia, portanto, atualmente no Brasil, a pneumonia é a Segunda causa de óbito (BRUNETTO & PAULIN, 2002). A pneumonia é dos problemas de saúde pública responsável por óbitos, principalmente entre crianças e idosos internados por problemas respiratórios (SILVA et al., 2006). 26 As taxas de incidência da pneumonia são muito elevadas em países em desenvolvimento, sendo que uma larga proporção da doença deve-se as causas bacterianas. Dados revelam que no Brasil no ano de 2002 a pneumonia era responsável por 14,2% das causas de óbito e por 36,3% dos pacientes internados por problemas respiratórios (SILVA et al., 2006). Sabe-se que pelos menos 5% dos pacientes que se encontram hospitalizados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adquirem infecções que contribuem para o aumento da taxa de mortalidade, sendo que este tipo de ocorrência torna-se cinco vezes mais comum que em outros setores das enfermarias, sendo que estes pacientes estão em constante monitorização cardiovascular, com presença de cateteres vesicais e tubos orotraqueais. Estudos apontam que a maioria das complicações infecciosas são causadas por estes fatores citados, causando aumento considerável na morbidade e mortalidade (MERMEL, 2000) 2.3.3 Tipos de Pneumonia A pneumonia comunitária atinge o indivíduo fora do ambiente hospitalar, sendo responsável por grande número de internações. Existem dois tipos de pneumonia comunitária, a atípica e a típica. Sendo que a típica apresenta-se com início súbito de febre, tosse produtiva com presença de escarro purulento, dispnéia e dor torácica pleurítica, sinais de consolidação pulmonar que podem ser encontrados no exame físico nas áreas que apresentam anormalidades radiológicas (ASSIS & FERREIRA, S/D). A pneumonia hospitalar (PH) é definida como aquela que o indivíduo adquire após 48 a 72 horas de internação, não sendo produzidas por germes encubados no momento da admissão. A pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV) é aquela que se instala após 48 horas de ventilação mecânica (FRANCO & TORRES, 1998). A presença de da PH vem aumentando a permanência do indivíduo no ambiente hospitalar em 7 à 9 dias, com custo de internação em 5.800 dólares por paciente, apresentando alto índice de mortalidade entre 16-37%, sendo que este esta estimativa pode chegar a 70% 27 nos casos em o paciente apresenta infecção por Pseudomonas aeruginosa (FRANCO, PEREIRA & TORRES, 1998). A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é a infecção adquirida na unidade de terapia intensiva (UTI) mais freqüente entre os pacientes submetidos a este suporte ventilatório. Em contraste com infecções que envolvem a pele, o trato urinário entre outros órgãos, a infecção pulmonar resulta em taxas de mortalidade que variam entre 20% e 70%. As taxas de mortalidade mais elevadas estão relacionadas com o envolvimento de patógenos de alto risco ou nas situações em que a antibioticoterapia inicial não é apropriada para o agente causal (CARRILHO et al., 2006). É muito comum encontrar episódios de aspiração pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) e cursam com graves conseqüências aumentando a sua morbidade. Calcula-se a ocorrência de mortalidade entre 7,5% e 72% após episódios de pneumonia aspirativa (JUNIOR, CAMARGO & CARVALHO, 2007). Além de ser responsável por aumento de mortalidade, tem sido demonstrado que esta infecção prolonga o tempo de internação e a duração da ventilação mecânica, o que leva a um aumento considerável nos custos do tratamento. As causas de PAV são diversas e podem variar dependendo do hospital, tipo de UTI e população estudada, enfatizando a necessidade de vigilância local permanente. As medidas preventivas devem ser guiadas pela compreensão da patogênese da doença e por dados epidemiológicos locais (CARRILHO et al., 2006). 2.3.4 Epidemiologia Entre as doenças respiratórias, ou seja, as infecções respiratórias agudas, que comprometem o as vias aéreas superiores e inferiores, as pneumonias correspondem a 50% dos quadros, em todas as faixas etárias. A infecção respiratória é a primeira causa de consultas médicas, entre pacientes menores de 5 anos e maiores de 65 anos (CARDOSO et al, 1998). 28 No Brasil existem poucos estudos sobre a epidemiologia da doença, portanto torna-se necessário desenvolver novos estudos epidemiológicos, visando a identificação de sinais clínicos, radiológicos e fatores de comorbidade, além de tentar identificar o diagnóstico etiológico (CARDOSO et al, 1998). 2.3.5 Etiologia e Fatores de Risco Os agentes que causam a pneumonia chegam ao organismo através da circulação sanguínea ou principalmente pela inalação, através da arvore brônquica. A pneumonia pode ser causada por diversos tipos de bactérias, fungos e protozoários. Existem também agentes não microbianos que podem causar pneumonia: fumaça de incêndios, agentes químicos e tóxicos, broncoaspiração, entre outros (RODRIGUES, FILHO & BRUSH, 2002). A pneumonia bacteriana é das formas mais comuns e ocorre em aproximadamente metade de todos os casos. A causa mais comum da pneumonia bacteriana é uma bactéria chamada Pneumococo, estas costumam estar presentes na cavidade bucal de algumas pessoas normais, sem causar nenhum dano à saúde, porém quando as defesas do organismo enfraquecem, as bactérias podem ser aspiradas para os pulmões e causar a pneumonia. Em geral as pneumonias bacterianas são freqüentes na faixa etária pediátrica e muitas vezes costumam ser graves. Mas quando são diagnosticadas precocemente, em geral apresentam boa resposta ao tratamento realizado. A pneumonia bacteriana ocorre em todas as idades, porém sua prevalência é mais acentuada nos dois primeiros anos de vida (TARANTINO, 1997). Existem alguns fatores que podem predispor um risco ainda maior na pneumonia, como o envelhecimento, tabagismo, insuficiência cardíaca, alcoolismo, deficiência nutricional e fatores ambientais. O tabagismo é um fator de risco muito importante na pneumonia, pois pode causar alterações nas defesas pulmonares, além de causar danos no sistema imune e nas funções inflamatórias. Estudos demonstram que o risco aumentado da mortalidade em fumantes está relacionado diretamente com o numero de cigarros fumados ao dia e o tempo total do hábito de fumar. Em relação à insuficiência cardíaca, ela 29 é um fator de risco devido ao aumento do fluido alvéolo-pulmonar e a alterações nos mecanismo de defesa locais. O álcool afeta adversamente o sistema respiratório e imune, portanto o abuso do álcool é um fator de risco para as pneumonias (GOMES, 2001). Um dos fatores mais importantes que predispõe as pneumonias são os fatores ambientais. Estudos já comprovaram que tais fatores são responsáveis por altos níveis de natureza inflamatória das vias aéreas dos ratos, quando estes estavam submetidos à poluição. Portanto os fatores ambientais, ao qual estamos expostos diariamente, são um risco muito grande a saúde da população devendo ser mais estudados e reconhecidos, pois são um forte potencial de risco a saúde humana (GOMES, 2001). 2.3.6 Fisiopatologia e Manifestações clínicas A pneumonia pode ocorrer em qualquer época do ano, porém é mais comum durante o inverno. A via inalatória é por onde ocorre a maioria das contaminações de doenças do trato respiratório. A pneumonia é caracterizada por uma alveolite, que se trata de uma lesão inicial que é resultante de um inóculo que irá passar pelas vias aéreas até penetrar nos alvéolos pulmonares. A infecção pulmonar irá criar um quadro de hipersecreção que resultará na diminuição da capacidade de expansibilidade dos pulmões com o aumento das vias aéreas e também do aumento trabalho respiratório. Ocorrerá portanto o efeito shunt, que é uma alteração que ocorre na capacidade de troca gasosa podendo levar a hipóxia e hipercapnia (ASSIS & FERREIRA, S/D). O quadro clínico da pneumonia bacteriana normalmente ocorre de maneira súbita. Os aspectos clínicos incluem sinais de febre, dispnéia, tosse, ocorrendo freqüentes batimentos das asas do nariz além de apresentar manifestações gastrointestinais, como vômitos, diarréia, distensão abdominal. Podem ocorrer também cianose, insuficiência respiratória e choque, portanto estes sinais devem ser avaliados porque são indicadores da gravidade da doença (GOMES, 2001). 30 2.3.7 Diagnóstico O diagnóstico etiológico das pneumonias adquiridas na comunidade apresenta-se difícil devido as grande variedade de agentes etiológicos e a dificuldade de obtenção de material das vias aéreas, representativo pneumônico. Os sinais clínicos específicos, como cultura de vias aéreas superiores, os índices laboratoriais de inflamação e os sinais das radiografias representam fraca correlação com o agente etiológico. Os métodos para o diagnóstico das pneumonias adquiridas na comunidade podem ser divididas em métodos microbiológicos, imunobiológicos e de detecção do DNA do agente patológico (RODRIGUES, FILHO & BRUSH, 2002). Entre os critérios que são mais utilizados no diagnóstico das pneumonias nosocomiais, incluem o aparecimento de infiltrado pulmonar novo ou progressivo, febre, leucocitose e presença de secreção purulenta traqueobrônquica, sendo que a presença de pelo menos três critérios já se consegue realizar o diagnóstico. No diagnóstico da pneumonia bacteriana encontram-se evidências radiológicas de broncopneumonia inespecífica no inicio da doença, porém quando ocorre uma rápida progressão desta broncopneumonia para um derrame pleural é sugestiva de que tenha ocorrido pneumonia bacteriana (TARANTINO, 1997). Ao realizarmos a ausculta pulmonar poderemos auscultar roncos difusos quando o pulmão estiver com uma quantidade grande de secreções e auscultaremos crepitações esparsas quando a quantidade de secreção for pequena, além de ocorrer a presença de murmúrio vesicular diminuído em bases pulmonares (ASSIS & FERREIRA, S/D). 2.3.8 Tratamento O tratamento consiste no combate das alterações pulmonares e sistêmicas provocadas por processo infeccioso juntamente com o antibiótico escolhido. Em geral o tempo de tratamento dura em torno de 10 a 14 dias, dependendo da gravidade da doença. O tratamento precoce da pneumonia 31 nosocomial através da antibióticoterapia reduz a morbidade da doença, porém a opção empírica dos antibióticos vem se tornando um preocupante problema na terapêutica da doença (FRANCO, PEREIRA & TORRES, 1998). O tratamento fisioterapêutico é muito importante na terapêutica da doença e tem como objetivo manter ou melhorar a ventilação do paciente com pneumonia. As técnicas mais utilizadas no tratamento são as manobras de higiene brônquica, manobras de reexpansão pulmonar com o objetivo de aumentar o recrutamento alveolar e recrutamento tóraco-abdominal; estas poderão ser utilizadas durante o tratamento para manter-se uma boa higiene brônquica do paciente e prevenir possíveis complicações. As manobras desobstrutivas mais utilizadas são: vibrocompressão, TEMP, AFE que tem o objetivo de melhorar a ventilação pulmonar fazendo com que o muco que está aderido na parede pulmonar seja deslocado para os brônquios e a traquéia pra que as secreções possam sem expectoradas, deglutidas ou aspiradas (ASSIS & FERREIRA, S/D). 32 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Características do estudo 3.1.1 Tipo de pesquisa Baseado no contexto de classificação de Vieira e Hosnne (2001), este estudo caracteriza-se como sendo do tipo transversal, em relação ao problema quantitativo. Em relação aos objetivos e procedimentos ela é uma pesquisa explicativa e de levantamento. 3.1.2 Local e Amostra Esta pesquisa foi realizada no Laboratório de Síntese de Complexos Multifuncionais – LASICOM, os dados foram coletados pela pesquisadora, sendo que a mesma é bolsista da IC do laboratório. 3 .2 Procedimentos da Pesquisa 3.2.1 Preparação da Nano-Ag a) Método: As nanopartículas foram preparadas por redução química de nitrato de prata empregando como agente redutor o borohidreto de sódio e como agente estabilizante foi utilizado o citrato de sódio. Para a preparação foi utilizado nitrato de prata em uma concentração de 1,5 x 10-3 M. Para a redução e estabilização preparou-se uma solução de 3 x 10-3 M de NaBH4 juntamente com citratro de sódio a 5,5 x 10-3 M. Será colocado num becker a solução de nitrato de prata, após será adicionado a solução contendo citrato de sódio e borohidreto de sódio juntos. Este protocolo foi baseado nas descrições de OLIVEIRA (2005). b) Espectroscopia A técnica de espectroscopia de UV-visível foi empregada no monitoramento e caracterização das nanopartículas geradas. Conforme a 33 banda do espectrofotômetro o pico ocorreu em 420nm, portanto encontra-se nesta faixa nanopartículas de prata com tamanhos de 15-20nm. Este protocolo foi baseado nas descrições de OLIVEIRA (2005). 3.2.2 Preparação do polímero Poli-{ácido acrílico-co-estireno} sulfonado A polimerização em massa foi realizada em um reator, com capacidade de 50 mL, empregando a razão monomérica de 9/1 (ácido acrílico/estireno). A síntese foi realizada a 95ºC em banho de glicerina, adicionando peróxido de benzoíla como iniciador radicalar, quando a temperatura máxima for atingida. O meio reacional foi mantido sob agitação mecânica até a sua polimerização. Após o término da reação, o polímero obtido foi solubilizado em metanol e precipitado em tolueno, para a remoção de eventuais monômeros que não polimerizaram, em seguida foi seco em uma estufa a vácuo a 50ºC (SILVA et al. 2009). Para a sulfonação de 5 g de poli-{ácido acrílico-co-estireno} utilizouse sulfato de acetila (WEISS et al., 1991). Em um béquer de 100 mL, colocado em banho de gelo a uma temperatura de 0ºC adicionou-se 14,7 mL de anidrido acético e 20 mL de diclorometano. Após a temperatura se manter estável foi adicionado lentamente 5,4 mL de ácido sulfúrico, sendo obtida uma solução límpida e transparente. O reagente de sulfonação foi utilizado logo após a sua preparação. O meio reacional foi mantido sob agitação mecânica em atmosfera inerte de argônio, com temperatura controlada em 40ºC. O tempo de síntese foi de 1 hora, na seqüência retirou-se o polímero do meio reacional lavando-o em diclorometano para retirar o excesso de sulfato de acetila que eventualmente tenha ficado. Para a secagem utilizou-se uma estufa a vácuo, em temperatura de 50ºC. e precipitado em tolueno e seco a uma temperatura de 50ºC sob vácuo. Foram realizadas duas (2) amostras incorporando nanopartículas de prata com as seguintes concentrações 1600 e 3200 PPM. Para um controle negativo uma amostra foi mantida sem prata. A fim de comparação da atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata e dos íons Ag+, íons foram adicionados por meio da adição de nitrato de prata com a concentração de 34 3200 PPM. A solubilização destas amostras foi feita sob agitação magnética e em banho de ultra-som. Após, as amostras foram colocadas para secar na estufa a vácuo a temperatura de 50ºC para evaporar a água formando um filme polimérico. 3.2.3 Verificação do potencial antimicrobiano A atividade antimicrobiana com prata e nanopartículas de prata foram avaliadas nas concentrações de 1600 e 3200 PPM para o polímero impregnado e 32 e 64 PPM para os dicos de papel filtro com nanoprata. O método utilizado para a avaliação é o de disco difusão (Kirby-Bauer). As bactérias Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853) foram inoculadas em ágar MacConkey e Cetrimide, respectivamente. As culturas bacterianas foram crescidas a 37ºC por 24 horas. Após a incubação, cada cultura foi diluída em solução salina estéril (NaCl 0,9%) de acordo com a escala de MacFarland 0,5, a fim de se obter uma densidade bacteriana de aproximadamente 108 UFC/mL. Uma alíquota da suspensão de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeroginosa foram inoculadas em placa contendo ágar Mueller Hinton. A alíquota bacteriana foi espalhada de forma homogênea por meio de swab estéril. Foi depositado assepticamente sobre a superfície dos meios inoculados, disco de papel filtro após ter sido submetido separadamente por 1 hora em solução de nanopartícula de prata na concentração de 32 PPM e solução contendo 64 PPM. As placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas. Após a incubação foi verificado a presença de halo de inibição ao redor do material e mensurado seu diâmetro com auxílio de uma régua milimetrada. O mesmo procedimento foi adotado para a avaliação da atividade do polímero com nanoprata. 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os seres humanos são frequentemente infectados por diversos agentes patológicos, tal como bactérias, vírus, etc, no ambiente vivo. Alguns agentes metálicos, entre eles a prata, são conhecidos há muito tempo por seu forte efeito bactericida (CLEMENT & JARRETT, 1994). Há algum tempo sabe-se que as nanopartículas de prata apresentam diversas propriedades que diferem daquelas em escala nanométrica e apresentam um largo campo de aplicações na atual nanotecnologia, muitos estudos estão sendo realizados para conferir a ação antimicrobiana destas nanopartículas, porém poucos são os estudos sobre os efeitos na saúde humana, no que diz respeito ao sistema biológico e os possíveis efeitos tóxicos que podem apresentar (AKARI, 2007). Observa-se que este metal nanoparticulado apresenta ação antimicrobiana. Neste estudo foram avaliados os efeitos das nanopartículas de prata e a impregnação das mesmas em polímeros analisando os efeitos em bactérias pneumônicas (FRANCO, PEREIRA, TORRES, 1998) Conforme a figura 1, a reação de formação da nanopartículas de prata descrita por Oliveira (2005), foi monitorada por espectroscopia de UVvisível, apresentando uma banda com absorção máxima em 420 nm, correspondente a superfícies plasmon ressonante. As bandas de absorção de UV-visível de partículas metálicas mudam de acordo com a rota de preparação. Sabe-se que a absorbância e a largura à meia altura da banda plasmon dependem de inúmeros fatores, entre eles o tamanho, a distribuição de tamanhos, o formato e a natureza do meio em que as nanopartículas se encontram. 36 Figura 1. Banda de Absorção de plasmon ressonante correspondente a nanopartículas de prata em meio aquoso. Fonte da pesquisadora. Primeiramente avaliou-se o potencial antimicrobiano da nanopartícula de prata incorporadas nos discos de papel filtro. Foram estudadas as concentrações de 32 PPM e 64 PPM em comparação a um controle negativo, isto é, sem adição de nanoprata. A avaliação da atividade antimicrobiana foi efetuada empregando-se os microrganismos Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853). De acordo com a tabela 1 observa-se que houve a formação de um halo de inibição de 9 mm apenas com a bactéria Staphylococcus aureus (Figura 2), porém não houve crescimento ao redor do disco na amostra contendo nanoprata para o microorganismo Pseudomonas aeroginosa (Figura 3). 37 Tabela 1 – Atividade antimicrobiana da Nanopartícula de prata nas bactérias Staphylocccus aureus e Pseudomonas aeroginosa. Material Diâmetro do Halo (mm) Staphylocccus aureus Pseudomonas aeroginosa Nanopartículas de prata 32 ppm 9 mm * Nanopartículas de prata 64 ppm 9 mm * *Resistente, porém não houve crescimento ao redor do disco Figura 2 – Cultura microbiana da bactéria Staphylococcus aureus Fonte da pesquisadora 38 Figura 3 – Cultura microbiana da Bactéria Pseudomonas aeroginosa. Fonte da pesquisadora Pesquisas realizadas apontam que nanopartículas de óxido de cério (CeO2) e óxido de ítrio (Y2O3) podem ter propriedades antioxidantes que promovem a sobrevivência de células sob condições de estresse oxidativo. Estes resultados indicam perspectivas de aplicação terapêutica para este grupo de nanomateriais (SCHUBERT et al, 2006). Alguns autores estudaram as constantes de susceptibilidade para os microorganismos Escherichia coli e Bacillus subtilis em meio de cultura contendo amostras impregnadas com nanopartículas de prata. Neste estudo, a constante de susceptibilidade é sugerida como sendo um parâmetro quantitativo para estimular a atividade antimicrobiana destas nanopartículas. Este parâmetro seria útil para estabelecer valores de referência, podendo ser utilizado na comparação de diversos estudos de sistemas antimicrobianos. Os resultados mostraram que as bactérias ainda sobreviventes decrescem de acordo com o grau de aumento da concentração de nanoprata. Vindo em encontro com o que foi observado no artigo pesquisado e os teste realizados pela pesquisadora, estes metais nanoparticulados surgem com sendo uma 39 alternativa terapêutica no combate as infecções respiratórias. (SEGALA, 2009; SILVA et al., 2006). Recentemente, foram realizadas diversas pesquisas utilizando a nanoprata como agente antimicrobiano. Existe um grande interesse no campo da ciência em desenvolver instrumentos contendo estas nanopartículas. Polímeros têm-se mostrado como ótimos anfitriões para encapsular nanopartículas metálicas, devido a sua habilidade de agir como estabilizadores ou agentes capturantes na superfície. Quando as nanopartículas são encapsuladas em um polímero, este termina o crescimento das partículas controlando a sua nucleação (MBHELE et al., 2003; ZENG et al., 2002). Portanto avaliaram-se os efeitos das nanopartículas de prata impregnadas em poli-{ácido acrílico-co-estireno} sulfonado nas concentrações de 1600 PPM e 3200 PPM de nanopartículas de prata em comparação a um controle negativo, isto é, sem adição de nanoprata. A avaliação da atividade antimicrobiana foi efetuada empregando os microrganismos Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Pseudomonas aeroginosa (ATCC 27853). De acordo com a tabela 2 observa-se que não houve a formação de um halo de inibição, porém não houve crescimento ao redor do disco na amostra de copolímero sulfonado contendo nanopartículas de prata para o microorganismo Staphylococcus aureus (figura 4) e Pseudomonas aeroginosa (Figura 5), sendo que ocorreu crescimento bacteriano na amostra contendo apenas o copolímero sulfonado, sem a adição de nanoprata. 40 Tabela 2 – Atividade antimicrobiana da Nanopartícula de prata nas bactérias Staphylocccus aureus e Pseudomonas aeroginosa. Diâmetro do Halo (mm) Material Staphylocccus aureus Pseudomonas aeroginosa Nanopartículas de prata 1600 ppm * * Nanopartículas de prata 3200 ppm * * Nitrato de Prata * * Resistente Resistente Polímero sem prata *Resistente, porém não houve crescimento ao redor do disco. Figura 4 – Cultura microbiana de Staphylococcus aureus. Fonte da pesquisadora. 41 Figura 5 – Cultura microbiana de Pseudomonas aeroginosa. Fonte da pesquisadora. Pesquisas que foram realizadas no Laboratório Nacional de SEUL (Coréia do Sul) mostraram que estudos com as nanopartículas de prata impregnadas em materiais poliméricos são uma alternativa, em curto prazo, para o desenvolvimento de produtos viáveis na indústria médica. Estes metais nanoparticulados já estão nos artigos esportivos, como em meias atléticas e sacos de dormir (DURAN et al., 2006; HONG, 2006). Contudo, efeitos adversos foram encontrados em estudos realizados mostrando que a exposição de células BRL 3A (ATCC, CRL-1442) a nanopartículas de prata por 24 h podendo resultar em aumento na degradação da LDH (lactato de hidrogenase) dependendo da concentração, sugerindo significante citotoxicidade na faixa de concentração de 10 a 50 µg/ml. Estudos biológicos (bioquímicos) de outros materiais nanoparticulados na função mitocondrial e em associação a estresse oxidativo decorrente da formação de ERO’s (espécies reativas de oxigênio) (HUSSAIN et al., 2005). Observa-se que existe uma grande variedade de aplicações de nanopartículas de prata na indústria médica. Diversos produtos contendo prata foram usados para inibir infecções. Instrumentos, como cateteres, foram revestidos e impregnados com prata no intuito de retardar a formação de 42 bactérias. A busca pela prevenção do crescimento bacteriano tornou-se cada vez mais importante na atual indústria médica, assim como produtos para a higiene pessoal. Algumas técnicas têm sido desenvolvidas para desinfecção e outras para a criação de novos produtos revestidos com nanocompósitos com ação antimicrobiana para serem aplicados a diversos tipos de tecidos que requerem atividade antimicrobiana, porém estudos ainda são necessários para conhecimento dos possíveis efeitos tóxicos que estes metais nanoparticulados podem apresentar (SEGALA, 2009; SILVA et al., 2006). 43 5 CONCLUSÃO Constantemente os seres humanos são infectados por diversos agentes patológicos, sendo responsável por diversas internações hospitalares, aumentando o número de mortalidade e morbidade neste ambiente, além de ter um aumento considerável nos custos de tratamento. Diversos estudos estão sendo realizados para encontrar uma alternativa mais eficaz no tratamento de patologias que mais acometem os ambientes hospitalares. Entre as doenças em ambiente hospitalar, as mais comumente encontradas são as infecções respiratórias. As nanopartículas de prata vêm surgindo como nova alternativa terapêutica em diversas patologias, pois apresentam forte efeito antimicrobiano. Com base nos dados obtidos no estudo pode-se observar que as nanopartículas de prata incorporadas nos discos de papel filtro, apresentaram efeito bactericida nas bactérias pneumônicas, sendo eficazes no combate as bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus, sendo consideradas as que mais comumente atingem os ambientes hospitalares. Os resultados mostraram que para a bactéria Staphylococcus aureus formou-se um halo, indicando que as nanopartículas de prata apresentaram forte ação antimicrobiana, destruindo a bactéria, porém para a bactéria Pseudomonas aeroginosa não houve formação de halo, contudo não ocorreu crescimento bacteriano ao redor do disco contendo nanopartículas de prata. Tubos orotraqueais podem ser revestidos com material polimérico impregnados com nanopartículas de prata, com intuito de prevenir as infecções respiratórias. Neste estudo pode-se observar que os testes realizados com o material polimérico impregnados com nanopartículas de prata apresentam efeito antimicrobiano sobre as bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus. Os resultados mostraram que para as bactérias Pseudomonas aeroginosa e Staphylococcus aureus não houve a formação de halo, porém não ocorreu crescimento bacteriano ao redor das amostras, mostrando-se uma alternativa eficaz na prevenção da proliferação destes agentes microbianos. 44 Ao término deste estudo, verificou-se que todos os objetivos sugeridos no mesmo foram alcançados, os testes realizados pela pesquisadora surgem como sendo uma alternativa na prevenção de diversas infecções respiratórias, promovendo uma melhora na qualidade de vida dos pacientes internados em ambiente hospitalar e diminuindo respectivamente os custos elevados do tratamento. Contudo, por este estudo ter sido realizado in vitro, seus resultados podem ser diferentes quando realizados in vivo, portanto sugere-se que novos estudos sejam realizados para investigar os possíveis efeitos tóxicos que estes metais nanoparticulados podem causar nos seres vivos. 45 REFERÊNCIAS AKARI, K. 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