GERAL 6 JORNAL n Segunda-feira, 1º de setembro de 2003 n DO POVO t XIV VIGÍLIA DO CANTO GAÚCHO Toada Buena vida vence o festival ROBSON NEVES A toada “Buena vida” foi a grande campeã da XIV Vigília do Canto Gaúcho. Apresentada na noite de sexta-feira, a canção foi escrita, musicada e defendida no palco por Jairo Lambari Fernandes, de Cacequi. A vencedora levou o Troféu Cachoeira dos Ar- rozais e R$ 1,3 mil. O segundo lugar ficou com a toada “Da solidão”, com letra do cachoeirense Ezequiel Rosa, música de Lambari e interpretação de Piriska Grecco. A canção foi premiada com o Troféu Rio Jacuí e R$ 1 mil. Em terceiro lugar ficou a milonga “Hora do sossego”, escrita por Edilberto Teixeira, musicada por César Oliveira e defendida por Joca Martins e Marcelo Oliveira. Segundo Lambari, “Buena vida” é uma canção romântica, onde ele expressa um grande amor que está vivendo. Na música, Lambari Sonho concretizado A LETRA VENCEDORA Buena vida eu fui passando para o papel. Depois mostrei para o Lambari e ele fez a música”, recorda-se. Desde então, Rosa tentava apresentar a música no festival cachoeirense. Foram três triagens (2000, 2001 e 2002) até que “Da solidão” fosse selecionada para subir ao palco no Ginásio Dom Pedro I. A premiação da chamarra “De São Leandro pra cá”, uma parceria com o compositor santa-cruzense Sérgio Sodré Pereira, foi a mais comemorada pela família Rosa. Musicada por Ezequiel, ela foi defendida no palco por seu irmão Cleninho Rosa e por Jorge Menezes. Última concorrente da noite de sábado, a música levantou o público. Sodré conta que a motivação para escrever “De São Leandro pra cá” veio depois de ouvir a história do avô de um amigo que era capataz de uma estância no distrito de São Leandro e está sepultado lá. Ritmo: toada Letra e música: Jairo Lambari Fernandes A tarde rompe em luz Mansa e serena Vida buena, buena vida... Um mate amarga mais Esta partida Maula vida, desmedida... Saudade é rio que corre das retinas nublando o olhar de quem se vai pedindo ao tempo que não se atrase e a volta, o mês que vem me traga a paz... A paz que tens nos braços do abraço na luz que vem da flor do teu olhar num beijo de ascender a madrugada pra um sonho que haveremos de sonhar... No teu rancho, meu refúgio, Vida buena... Nestes mates madrugueiros, buena vida... Desmedida... Vida buena... Buena vida... Se vivo dia-a-dia é só por ti Tu és o meu limite e divisão Num verbo conjugado no presente Amar, falar com a voz do coração... Sonhei com o teu olhar beirando o rio E um frio me acordou na solidão E vi o teu lugar calmo e vazio Amar, chorar a dor do coração... ROBSON NEVES Para o instrumentista e compositor cachoeirense Ezequiel da Rosa, 26 anos, filho do ex-vereador Clênio da Rosa, a participação na XIV Vigília do Canto Gaúcho com uma música própria foi a concretização de um sonho de infância. Ontem, ele ainda comemorava o segundo lugar obtido pela toada “Da solidão” e a premiação da música mais popular, com “De São Leandro pra cá”. “Nasci e me criei aqui no Bairro Carvalho. Desde piá acompanhava as vigílias. Eu me lembro quando eu ia na Fenarroz assistir às apresentações e sonhava em um dia subir naquele palco. Graças ao apoio da minha família e dos amigos, conseguimos mostrar que Cachoeira tem seu valor”, comemorou. Segundo Rosa, “Da solidão” foi escrita em 1999, depois de participar de um festival em Caçapava do Sul. “Não me inspirei em nada especial para escrever. As palavras foram surgindo e mostra que o homem campeiro também ama e tem sensibilidade como qualquer outra pessoa. “Gaúcho não é só aquele que vive na lida, no campo. Este homem de fibra, que é o campeiro do Rio Grande, também quer voltar para casa no final do dia e ter um amor lhe esperando com um mate”, destaca. Ele acredita que o amor, quando é sincero e verdadeiro, deve ser colocado para fora sem se ter vergonha. “Não é feio falar que se ama, que sente saudade. Isso é maravilhoso”, frisa. Com muitos amigos em Cachoeira do Sul, Lambari diz que se sente em casa quando vem participar da Vigília. Ao final da premiação no sábado, muito emocionado, ele lembrou de sua participação na XII Vigília, em 2001, onde era um dos favoritos e acabou não sendo premiado. Conforme Lambari, por um descuido, ele acabou repetindo um verso duas vezes e esquecendo de cantar outro. “Foi horrível. Eu gosto muito desta música e já conhecia ela há um ano. Hoje, (sábado), graças a Deus, que me iluminou, eu consegui dar a volta por cima”, comemorou. ROBISPIERRE GIULIANI Campeã foi escrita e defendida por Lambari Fernandes LAMBARI COM O TROFÉU: O gaúcho também chora Parque Ivan Tavares, uma cidade de lona MARCUS TATSCH Mais uma vez o Parque Ivan Tavares foi transformado em uma cidade de lona, concentrando uma multidão, na maioria jovens, durante o final de semana. Nas barracas, muito churrasco e cerveja animaram as madrugadas de sexta-feira e de sábado. O frio foi superado com o uso de palas e de cobertores. Para a coordenadora da área de camping, Amália Almeida, um grande desafio dos coordenadores, conseguir que os acampados só tocassem músicas gaúchas, foi quase superado. “Poucos desobedeceram a regra. A cada ano que passa os jovens estão mais conscientes”, observou. Grecco, o melhor intérprete A música “Da solidão” foi também a canção que premiou o melhor intérprete do festival. Vindo de Uruguaiana, o cantor e instrumentista Piriska Grecco arrancou aplausos do público. Há quatro anos tocando e cantando em festivais, ele foi humilde e atribuiu o sucesso da canção a Lambari e Ezequiel Rosa. “Se o trabalho deles não fosse excelente, eu não teria ganho. Eles merecem”, destacou. COMEMORAÇÃO: Ezequiel Rosa e Piriska levam Lambari no colo para o palco Importante A música “De São Leandro pra cá”, classificada na etapa regional da XIV Vigília do Canto Gaúcho, provou que desta fase podem sair excelentes trabalhos de músicos de Cachoeira do Sul e região. Para Cleninho Rosa, defender a música de seu irmão, Ezequiel da Rosa, e ser premiado com a canção mais popular foi muito gratificante. “Estou muito feliz. É muito gratificante subir ao palco e ser aplaudido de pé, ainda mais quando estamos em casa”, comemorou. ACAMPAMENTO: jovens optaram por ficar mais próximos do Arrozão e das provas campeiras do Rincão dos Touros