ENEM 2012 LINGUAGENS – PROVA AMARELA Questão 96 (Alternativa A) Polissemia (poli = muitos / -semia = significação) nomeia a multiplicidade de significados de uma palavra. Tal fenômeno linguístico é facilmente perceptível em relação à palavra “rede” (espécie de leito, feito de tecido resistente / conjunto de computadores interligados em nível mundial; INTERNET). O adjetivo “social”, em ambos os contextos, refere-se a “de muitos”. Questão 97 (Alternativa A) A universalidade e a interatividade a que se refere o texto de Chartier encontram-se presentes no texto eletrônico e no meio que possibilita sua veiculação (a internet), visto que a rede propicia “livre e imediato acesso às informações (universalização) e intercâmbio de julgamentos” (interatividade = influência ou ação recíproca entre pessoas e/ou coisas); observe o prefixo “inter-“ (reciprocidade). Questão 98 (Alternativa A) Em verdade, não houve “violação” do citado princípio, provocada pela escolha do pronome “senhor”, posto que este, na linguagem corrente, é tratamento de respeito e/ou cortesia usado para homens – nada indica, no texto, que a moça e o autor são conhecidos de longa data e, por conseguinte, íntimos. O que, de fato, ocorreu foi estranhamento por parte do cronista, que não queria ser alvo de tal distanciamento e/ou (hipótese mais provável, haja vista o final do texto) não queria integrar a galeria dos homens de meia-idade ou idosos, aos quais, normalmente, é dado o tratamento de “senhor”. Questão 99 (Alternativa E) O suposto vendedor induziu a consumidora – arredia, a princípio – a agir ou a pensar de forma diversa da inicial, visto que despertou o desejo desta de auferir vantagem com a “compra”. Questão 100 (Alternativa B) O autor oferece variados exemplos (chimpanzés, orangotangos, corvos...) de animais, comparando suas ações às dos seres humanos, confirmando, assim, seu ponto de vista – evidenciado no título: “Não somos tão especiais”. Questão 101 (Alternativa E) O título do poema já remete a um universo exclusivamente feminino (“Das irmãs”), apontando, inclusive, o que lhe é próprio (posse indicada pela preposição “de” + “as”): permanecer reclusa (“fechada”), prover, servir e ser objeto afiançado pelo marido (ou seja, ele passa a ser responsável pela mulher, haja vista o dote). Em contraponto, vê-se o mundo masculino, no qual o homem pode “ser”, diferentemente da mulher, a quem só cabe “parecer”. Questão 102 (Alternativa B) A crítica à mediocridade e à pequenez de sonhos do cidadão mediano tecida pelo autor – reconhecidamente, um dos maiores nomes de nossas Letras contemporaneamente, cujo traço marcante é o humor e sátira irônica – é perceptível já no título (“Sedutor Médio”) e reforçada pelo advérbio “meio” (último verso). Questão 103 (Alternativa E) O leitor refuta a abordagem dada ao tema em número anterior da revista Época – a despeito de considerar a reportagem interessante. Observe a sequência “Mas acho que...”, ou seja, opõe-se. Em seguida (observe o uso do Futuro do Pretérito), levanta hipóteses, aponta sugestões: “Não seria mais útil...). Questão 104 (Alternativa E) O objetivo do texto é o de divulgar o SendLater, o qual amplia a funcionalidade do Thunderbird. Inclusive, o autor do texto emprega, no lead, a função conativa da linguagem (“agende”). Questão 105 (Alternativa A) A quebra da linearidade por meio da desconstrução do clichê “Lugar de mulher é na cozinha” revela que, também socialmente, a mulher também subverteu preconceitos, inserindo-se em outros nichos antes considerados exclusivamente masculinos. Questão 106 (Alternativa E) O texto associado à imagem aponta para o fato de que do envolvimento de cada um depende a sustentabilidade do planeta. Tal participação revela-se em gestos aparentemente pequenos, como utilizar uma sacola retornável durante as compras, evitando, assim, a produção de mais plástico. Questão 107 (Alternativa A) O verbo “beber” é usado tanto denotativa (ingerir líquido; no caso, álcool) quanto conotativamente (admitir ou receber no espírito; adquirir conhecimentos, noções). Por conseguinte, o cronista elaborou uma metáfora. Questão 108 (Alternativa D) Mário de Andrade – um dos maiores nomes da 1ª Fase Modernista ao lado de Oswald de Andrade – apontava para a necessidade de assimilar criticamente as influências europeias, a fim de construir – com bases sólidas – a identidade nacional. Sua vastíssima cultura (estudioso da brasilidade, da música, entre outras manifestações culturais) permitiu-lhe associar o índio a um instrumento de origem medieval (alaúde = instrumento de cordas dedilháveis, com caixa de ressonância bojuda, muito difundido na Europa, da Idade Média ao Barroco). Proposta semelhante observa-se no “Manifesto Antropófago”, de Oswald de Andrade (“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo.”). Questão 109 (Alternativa A) O próprio enunciado aponta para a resposta: ao utilizar a expressão “inquietação existencial” remete a “conflito”. Ainda, ao empregar “corporal / corporeidade”, reporta-se a “corporal”, formando, assim, um campo semântico. A despeito do viés ideológico, essa é a única resposta cabível. Questão 110 (Alternativa A) Observe o trecho: “ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso conveniência. [...] Conhecia a palavra exata para o momento preciso,”. Questão 111 (Alternativa B) A resposta é B, visto que a relação metafórica estabelecida pelo texto “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal” é de temporalidade. Contudo, o restante da alternativa não se encontra articulado com o significado dessa metáfora: em verdade, ela remete à passagem do tempo – só. Questão 112 (Alternativa D) O cartaz afixado nas bibliotecas da UFG – por meio da obra surrealista de Salvador Dalí, “A Persistência da Memória” – tem por objetivo educar o usuário acerca da necessidade de cumprimento dos prazos de devolução dos livros, visto ser o tempo passível de “liquefazer-se” (como no quadro), devendo, pois, ser bem aproveitado. Questão 113 (Alternativa D) A letra da música de Wilson Simonal – “Aqui é o país do futebol” – tem por objetivo promover uma reflexão sobre a alienação provocada no povo brasileiro por esse esporte. Tal conclusão torna-se evidente ao se observarem os seguintes versos: “ Brasil só é futebol / Nesses noventa minutos / De emoção e de alegria / Esqueço a casa e o trabalho / A vida fica lá fora / Dinheiro fica lá fora [...] / E tudo fica lá fora.” Depreende-se, pois, que o futebol suplanta todas as necessidades e as preocupações do povo brasileiro, sobretudo nas tardes de domingo, durante – pelo menos – 90 minutos. Questão 114 (Alternativa C) Entre a tela de Raphael Sanzio (1505-6) e o soneto de Camões (posterior, haja vista a suposta data de nascimento desse poeta), há nítida semelhança: a “serenidade” apontada por Camões, no primeiro verso; “rubis e perlas” (mais facilmente perceptíveis no quadro em cores) “debaixo de ouro e neve cor-de-rosa”. Enfim, a idealização da figura angelical feminina, representando “em terra um paraíso”. Questão 115 (Alternativa E) Ambos os textos (o primeiro mediante o título) revelam o caráter variável e diversificado do léxico da língua portuguesa, evidenciando que certos vocábulos não mais são utilizados pelo português brasileiro atual. Questão 116 (Alternativa D) O nexo “como se” exprime comparação hipotética, ou seja, compara-se fato com possibilidade, com um “vir a ser”. Questão 117 (Alternativa E) Observe o trecho: “Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. [...] Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor.” Questão 118 (Alternativa C) O triste fim de Policarpo foi justamente o de morrer por uma pátria (ou por ela ser morto) que, de fato, não existia, posto que construída mediante os delírios naciolistas e ufanistas do protagonista. Questão 119 (Alternativa D) Observe o primeiro período do segundo parágrafo (“abundância”) e “disso resulta uma oferta, não excessiva, mas incoerente, e uma demanda que, confusamente, exige uma escolha muito mais rápida a absorver”. Questão 120 (Alternativa A) Observe o trecho do texto I: “... oralidade radiofônica [...] propõe diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido da escolha lexical; a concisão e coesão, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial e com organização direta.” Logo, a letra da canção (texto II) funcionaria como um exemplo do que se afirma no texto I. Questão 121 (Alternativa B) “Todo o sentido da vida” é atribuído à linguagem em sua relação com os homens (observe os dois primeiros versos da segunda estrofe), desde os atos mais banais até aqueles que podem alterar destinos (observe os dois versos finais). Questão 122 (Alternativa E) Apenas conhecendo a obra de Manuel de Barros (ou alguns de seus textos e características), o candidato poderia responder a essa questão. O texto somente não permite conluir que a preferência do eu lírico por “Pote Cru” (em detrimento do “Senhor” de que trata o texto bíblico) deve-se à marca mais reveladora desse poeta contemporâneo: a opção pela “insignificância das coisas”, conforme se verifica, por exemplo, no poema “O apanhador de desperdícios”. Questão 123 (Alternativa A) Nessa obra, Pablo Picasso subverte os moldes tradicionais de representação da figura humana. Para isso, submete cinco figuras femininas a uma geometrização rigorosa que acaba por levar a uma deformação radical. Os corpos, em "Les Demoiselles d'Avingnon" (datado de 1907), são angulosos e desproporcionais, transformando-se num sinônimo da revolta do artista contra toda a arte ocidental desde o Renascimento. Essa obra, que para muitos é a fundadora do cubismo, está no Museum of Modern Art (MoMa), em Nova Iorque. Les Demoiselles d’Avignon – Picasso Questão 124 (Alternativa C) A fim de responder a essa pergunta, o candidato deveria conhecer – e não superficialmente – a curta obra de “Os Mutantes”: importante banda brasileira de rock “psicodélico”, criada durante o Tropicalismo no ano de 1966! A capa do long play não permite inferir a resposta. Questão 125 (Alternativa B) A despeito de, em nenhum momento do texto, ficar explícito (haja vista o enunciado ser “De acordo com o texto,”) o reconhecimento, por parte do autor, da “necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita”, a alternativa B é a que menos se afasta do texto. Questão 126 (Alternativa D) Conhecer minimamente a obra de Cacaso e o momento histórico da escritura permitiria ao candidato maior segurança. Contudo, é possível responder pela referência feita no enunciado (conflito / década de 70) e na alternativa correta (alegorias). Poeta em tempo integral, ensaísta, letrista, desenhista, principal articulador e teórico da poesia marginal, Cacaso foi personagem totalmente singular numa hora em que a poesia foi eleita como a forma de expressão predileta da geração que experimentou, de forma cabal, o peso dos anos de chumbo. Durante esse período, principalmente os artistas tinham de recorrer a alegorias (representação simbolicamente de um objeto para significar outro), a fim de veicular suas ideias. Durante o período Médici, muito se usou desse expediente literário, a exemplo do que se lê no poema: “porco belicoso de radar”. Questão 127 (Alternativa B) A função da linguagem na qual os enunciados centram-se no emissor da mensagem (e suas ideias, sentimentos etc.) é chamada de emotiva ou expressiva. É possível verficar essa predominância no texto por meio do emprego de formas verbais na 1ª pessoa e na atitude do articulista, negando-se a exercer sua função devido a seu estado de espírito. Questão 128 (Alternativa A) O fato de defender o uso da norma culta informal /coloquial não significa que Marcos Bagno (doutor em Filologia e Língua Portuguesa, além de autor de diversos livros nesssa área) desconheça a língua padrão, tampouco que não saiba adequar-se à situação comunicacional, segundo as exigências dos variados níveis. Questão 129 (Alternativa D) Observe os trechos. “Potencialmente, todas a línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer conteúdo.” Todavia, tal afirmação é restringida mais adiante quando admite que diferenças de vocabulário entre idiomas podem impedir que dado conteúdo seja expresso em certa língua, já que não há naquela cultura o conteúdo (significado) sujacente. Tal afirmação pode ser comprovada pelo trecho “contudo, não é possível, de uma hora para outra expressar tais conteúdos em camaiúra ou em latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses conteúdos.” Questão 130 (Alternativa E) Comprova-se a resposta por meio da seguinte alternativa: “Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua.” Questão 131 (Alternativa D) Conhecer um pouco da obra de Aleijadinho – Antônio Francisco Lisboa –, bem como alguns traços de sua escultura permitiria ao candidato responder com maior segurança. O maior escultor dos tempos coloniais brasileiros jamais se sujeitou a um modelo, ajustando-o sempre a seu gosto e imaginação. A independência e a personalidade são, pois, características desse grande artística, o que suscita estudos profundos e minuciosos de sua obra. Questão 132 (Alternativa A) Observe o que se informa abaixo da figura do coração: “o coração aumenta de tamanho, pode bombear mais sangue por batimento e bate mais lentamente em repouso ou durante o exercício.” Questão 133 (Alternativa A) Observe que a proposta de assinatura agrega outra mídia além da impressa, o que comprova modificações nos modelos de consumo e de venda de livros e de revistas. Questão 134 (Alternativa D) Mais uma vez, a proposta feita no enunciado (depreender mediante a leitura) foi equivocada, visto que o texto oferece suporte (tampouco “pistas”) para nenhuma das alternativas. A menos distante é a D, após uma série de ilações: digitalização – memória linguística – inventor do Brasil – identidade nacional. Questão 135 (Alternativa A) As características estruturais do relato (conforme solicita o enunciado) são as transcrições escritas da oralidade (“passeá, brincá, di”) e pausas marcadas por reticências.