10 Relatividade Geral e Gravitação A Relatividade Restrita de…ne as propriedades geométricas do espaço-tempo nos referenciais inerciais, na ausência de campo gravitacional. A teoria da gravitação relativística foi um grande desa…o para Einstein, que primeiro teve de criar a Teoria da Relatividade Geral, generalizando o conceito de espaçotempo para referenciais não inerciais e usando a equivalência observada entre a massa inercial (da segunda lei de Newton) e a massa gravitacional (da força gravitacional), enunciados em dois postulados básicos: 1. Princípio da Relatividade - as leis da natureza são as mesmas em todos os referenciais, inerciais ou não inerciais. 2. Princípio da Equivalência - os efeitos devidos à aceleração do referencial e os da gravitação são equivalentes. Do segundo princípio, tanto referenciais acelerados como referenciais em repouso na presença de campo gravitacional são referenciais não inerciais, e a natureza universal da interação gravitacional permite que seja incorporada à estrutura do espaço-tempo, cujo efeito é a curvatura gerada pela massa. As leis da Relatividade Restrita são válidas nos referenciais inerciais locais, em queda livre quando na presença do campo gravitacional, podendo ser transportadas para o referencial (não inercial) do observador. 10.1 Princípio da Equivalência O primeiro princípio, da Relatividade, generaliza o conceito de igualdade de todos os observadores, independente da sua localização, orientação ou estado de movimento, incluindo a aceleração. O segundo princípio, da Equivalência, é o postulado chave da Relatividade Geral. Fundamenta-se na observação de que todos os objetos, independente da sua natureza, respondem ao campo gravitacional de uma mesma maneira. Signi…ca que todos os objetos em queda livre sofrem a mesma aceleração, independente da massa ou de qualquer outra propriedade, que leva à igualdade entre as massas inercial e gravitacional. Na física newtoniana a igualdade entre as massas inercial e gravitacional era considerada como um fato acidental. Relacionada com a observação de que as forças …ctícias devidas à aceleração do referencial tem a mesma propriedade surgiu a percepção de que a aceleração do referencial ou a presença de um campo gravitacional em um referencial em repouso causavam o mesmo efeito sobre os objetos. 1 As igualdades entre as massas inercial e gravitacional é o enunciado do princípio da equivalência na sua versão fraca. A equivalência entre os efeitos da aceleração do referencial e a gravitação é o enunciado do princípio da equivalência na sua versão forte, usada na Relativadade Geral. Os dois enunciados são equivalentes na maior parte das situações A massa inercial é a que aparece inicialmente na segunda lei de Newton, ma = F () mI a = F ; (1) onde mI explicita que se trata da massa inercial. Se a força F for de origem gravitacional, mM G = mg g ; (2) F = R2 onde, na segunda igualdade, explicitamos a massa gravitacional, passiva, no caso. A massa gravitacional ativa é a que gera o campo gravitacional, por exemplo, em Mg G : (3) R2 Explicitando as massas inercial e gravitacional, a segunda lei de Newton …ca mI a = mg g ; (4) g= de modo que a aceleração da partícula no campo gravitacional g …ca mg g: a= mI (5) Se o campo gravitacional g deve afetar igualmente todos os objetos, independente de suas massas inercial e gravitacional, signi…ca que a relação mg =mI deve ser uma constante, que pode ser tomada como unidade se resolvermos medir as massas inercial e gravitacional usando uma mesma unidade de massa. A consequência é que o campo gravitacional não pode ser detectado se estivermos num referencial em queda livre. Por exemplo, considere um campo gravitacional uniforme, g, e um objeto sob a ação deste campo mais uma força externa de origem não gravitacional, cuja equação de movimento é m d2 r = mg + F . dt2 (6) Assumindo, por simplicidade, que o campo seja na direção do eixo z, podemos considerar apenas o movimento na direção do eixo z, d2 z m 2 = mg + F . dt 2 (7) Se …zermos a transformação R ! R0 dada por 1 2 gt , 2 z0 = z (8) a equação de movimento em R0 (referencial em queda livre) …ca m d2 z 0 = Fz 0 : dt2 (9) No referencial R0 em queda livre, o campo gravitacional g é anulado pela aceleração a = g do referencial. Pelo princípio da equivalência, referenciais em repouso imersos num campo gravitacional são referenciais não inerciais. Da mesma maneira, referenciais em queda livre num campo gravitacional são referenciais inerciais. Como não existe campo gravitacional uniforme, o Princípio da Equivalência da Relatividade Geral é válido localmente, assim como os referenciais em queda livre são inerciais apenas localmente. 10.2 Referenciais inerciais e não inerciais Assim como o campo gravitacional pode ser eliminado nos referenciais locais em queda livre, se formos para um referencial acelerado, o efeito da aceleração é equivalente ao efeito do campo gravitacional. Por exemplo, se …zermos a transformação R ! R0 , 8 0 < x =x y0 = y , (10) : 0 1 2 z = z + 2 at se em R a equação de movimento for m d2 r =F , dt2 (11) em R0 …ca d 2 x0 m 2 = Fx0 ; dt d2 y 0 m 2 = Fy 0 ; dt d2 z 0 m 2 = mI a + F z 0 : dt (12) (13) (14) que é idêntica à equação de movimento na presença de um campo gravitacional g = a. 3 Todas estas conclusões são baseadas na igualdade, numérica, entre as massas inercial e gravitacional. Veja que, conceitualmente, massas inercial e gravitacional são completamente diferentes, da mesma maneira que carga elétrica é diferente da massa inercial. Assim, pelo Princípio da Equivalência, referenciais acelerados são equivalentes a referenciais (suportados) em repouso na presença de um campo gravitacional. Implica, também, que referenciais em queda livre num campo gravitacional são equivalentes a, ou melhor, são refereciais inerciais. A equivalência entre os referenciais em queda livre e os referenciais inerciais é o ponto chave da Relatividade Geral. A possibilidade de anular o campo gravitacional, ao menos localmente, recorrendo aos referenciais inerciais em queda livre, permite descrever as leis físicas, segundo o Princípio da Equivalência na sua versão fraca, ou as leis gerais da natureza, segundo o Princípio da Equivalência na sua versão forte, nestes referenciais inerciais locais, onde são válidas as leis da Relatividade Restrita. O Princípio da Equivalência fraca está diretamente associada à igualdade numérica, observada experimentalmente, entre as massas inercial e gravitacional, mI = mg . O Princípio da Equivalência forte generaliza o primeiro, e se baseia na equivalência das leis da Natureza em todos os referenciais, inerciais ou não inerciais. O Princípio da Equivalência tem analogia com o axioma, de Gauss, da geometria não euclidiana, que garante que, em cada ponto de uma superfície curva sempre se pode construir uma superfície plana, euclidiana. Neste contexto, a geometria do espaço-tempo, na Relatividade Geral, é uma geometria Riemanniana. 10.3 Força gravitacional O Princípio da Equivalência permite obter as leis da Física na presença de um campo gravitacional a partir das leis da Relatividade Restrita, válida nos referenciais inerciais locais, em queda livre. Considere a equação de movimento no referencial inercial, R0 , em queda livre, d2 =0; (15) d 2 o tempo próprio dado por c2 d 2 =+ d d ; (16) sendo o tensor métrico (renomeado) de Minkowski e as coordenadas do espaço de Minkowski no referencial R0 , em queda livre. 4 Considere um outro referencial, R, de coordenadas x , que pode ser o referencial de laboratório, onde há um campo gravitacional. Assim, = (x ) e d @ dx = : (17) d @x d Aplicando as regras de derivação para a derivada segunda d2 d 2 = resulta d d d2 d 2 @ dx @x d @ = @x = d d @ @x dx + d d2 x ; d 2 @ @x d2 x dx dx @x @ 2 + 2 d @ @x @x d d (18) (19) : Da equação de movimento no referencial inercial R0 , equação (15), resulta d2 x + d 2 onde o fator dx dx =0; d d (20) @x @ 2 = @ @x @x (21) é conhecido como a conexão a…m, ou símbolo de Christo¤el, próprio, equação (16), …ca ds2 = c2 d 2 = d d . O tempo @ @ dx dx = g dx dx ; @x @x = (22) que de…ne o tensor métrico g = @ @ @x @x (23) no referencial R. Derivando a equação (23) em relação às coordenadas, @g @2 @ = @x @x @x @x + @ @2 @x @x @x e combinando com a equação (21) escrita na forma @ @x @2 = ; x @x (24) resulta @g @ = @x @x @ @x + @ @ @x @x 5 = g + g ; com expressões similares para as derivadas @g @x e @g @x ; as quais podem ser combinadas para obter a conexão a…m em termos das derivadas do tensor métrico (símbolo de Christo¤el), @g @g + @x @x 1 = g 2 @g @x (25) Esta relação entre e as derivadas de primeira ordem de g sugere que o o papel do campo gravitatensor métrico g faz o papel do potencial e cional, na Relatividade Geral. 10.4 O limite newtoniano Vamos considerar o limite newtoniano, quando as velocidades envolvidas são muito menores que a velocidade da luz, e por campos gravitacionais fracos e independentes do tempo. Neste limite, dx = d dx0 dxi ; d d ' c dt ;0 d ; (26) e a equação de movimento (20) …ca d2 x + d 2 00 c 2 dt d 2 (27) =0: Da equação (25) resulta 00 1 = g 2 @g0 @g0 + 0 @x @x0 @g00 @x = 1 @g00 g : 2 @x (28) O campo gravitacional fraco pode ser representado na forma g = +h ; onde h descreve uma pequena perturbação na métrica de Minkowski Para aproximações de primeira ordem, a equação (??) resulta 00 ' 1 2 6 @h00 ; @x (29) . (30) de modo que a equação de movimento (27) …ca d2 x 1 = d 2 2 @h00 2 c @x dt d 2 (31) : Para campos estáticos, @h00 =0; @x0 de modo que acomponente temporal da equação (31) …ca d2 t =0: d 2 (32) Usando este resultado, podemos eliminar a derivada em relação ao tempo próprio na equação (31), de modo que as suas componentes espaciais …cam d 2 xi = dt2 c2 (rh00 )i : 2 1 @h00 2 c = 2 @xi (33) Comparando com a equação newtoniana d2 r = dt2 (34) r ; podemos identi…car, a menos de uma constante arbitrária, a componente h00 com o potencial gravitacional, h00 = 2 ; c2 (35) assim como a componente g00 do tensor métrico, que …ca g00 = 1 + h00 = 1 + 2 : c2 (36) A constante arbitrária pode ser ajustada de tal modo que o campo e a métrica se torne minkowskiana no in…nito. 10.5 Dilatação do tempo O tempo é afetado pela presença do campo gravitacional. equação (??), 2 cd se anule 2 Considere a dxi dxj 2 )dt ; = g dx dx = g00 c dt + gij dx dx = (c g00 + gij dt dt 2 i 2 7 j 2 o tempo próprio de…nido para um referencial inercial em queda livre. Supondo o relógio em repouso no referencial de laboratório R, temos 2 d = g00 dt2 ; ou seja, r d 2 p = g00 = 1 + 2 : dt c Se compararmos o tempo marcado por dois relógios em repouso em dois locais diferentes, teremos r p d 2 (x1 ) = g00 (x1 ) = 1 + dt1 c2 e r p 2 (x2 ) d ; = g00 (x2 ) = 1 + dt2 c2 de onde resulta a relação p p g00 (x2 ) c2 + 2 (x2 ) dt1 =p =p dt2 g00 (x1 ) c2 + 2 (x1 ) ou dt1 = s g00 (x2 ) dt2 : g00 (x1 ) (37) Este resultado mostra a dependência do intervalo de tempo com o campo gravitacional local. 10.6 Derivada covariante Vamos considerar as transformações gerais de coordenadas conectando os referenciais R e R0 , x ! x0 = x0 (x ) (38) e as transformações de outras grandezas físicas dentro do contexto do formalismo tensorial. Por instante, vamos considerar a métrica, invariante, no referencial R, c2 d 2 = d d = g dx dx ; onde g = @ @ @x @x 8 : (39) No referencial R0 , c2 d 2 = = g 0 dx0 dx0 ; d d (40) onde g0 = @ @ @x0 @x0 = @ @ @x @x @x @x @x0 @x0 = @ @x @ @x @x @x0 @x @x0 = @x @x g @x0 @x0 : Os elementos diferenciais transformam-se como dx0 = @x0 dx ; @x de modo que g 0 dx0 dx0 = @x0 @x @x @x0 g dx dx @x0 @x0 @x{ @x = @x @x0 @x @x0 g dx dx @x0 @x{ @x0 @x = g dx dx : Isto sugere de…nir os quadri-vetores como as grandezas cujas componentes contravariantes V transformam-se da mesma maneira que os elementos diferenciais, isto é, V !V0 = @x0 V @x : (41) De…nindo as componentes covariantes através da operação de abaixamento de índices com o auxílio do tensor métrico, V =g V ; a sua transformação …ca V 0 = g0 V 0 = @x @x @x0 g V @x0 @x0 @x = @x @x @x0 @x g V = g V 0 0 @x @x @x @x0 = @x V : @x0 9 Desta maneira, produtos do tipo U V são automaticamente invariantes, U0 V 0 = @x @x @x0 @x0 U V = U V =U V : @x0 @x @x0 @x De um modo geral, vamos de…nir tensores de qualquer ordem através das transformações @x0 @x0 @x0 T = T @x @x @x para índices contravariantes e T0 = @x @x @x @x0 @x0 @x0 T : para os índices covariantes. Equações de movimento são em geral expressas por meio de equações diferenciais, de modo que precisamos entender como se transformam as derivadas. Para iniciar, considere a operação diferencial @x @ @ = ; 0 @x @x0 @x com a típica transformação das componentes covariantes de um quadri-vetor. Se aplicado sobre uma função escalar (x), temos @x @ (x) @ 0 (x0 ) = ; 0 @x @x0 @x de modo que a derivada parcial @ (x) @x é um quadri-vetor. Por outro lado, se aplicado sobre um quadri-vetor, @V 0 (x0 ) @ = @x0 @x0 = @x0 V @x = @x @ @x0 @x @x0 V @x @x @x0 @V @ 2 x0 + V ; @x0 @x @x @x0 @x a transformação resultante não corresponde à de um tensor de segunda ordem, com índices mistos co e contravariantes. No entanto, a conexão a…m transforma-se como 0 @x0 @x @x = @x @x0 @x0 @x0 @ 2 x + : @x @x0 @x0 10 Se derivarmos uma vez a identidade @x0 @x = @x @x0 em relação x0 , resulta @x0 @x @x @x0 @ @x0 @ 2 x0 @x @x0 @ 2 x = =0 ; @x0 @x @x0 @x @x0 @x0 = isto é, @x0 @ 2 x = @x @x0 @x0 @ 2 x0 @x ; @x0 @x @x0 de modo que 0 e o produto 0 @ 2 x0 @x : @x0 @x @x0 @x0 @x @x = @x @x0 @x0 V transforma-se como V0 = @x0 @x @x @x0 @x @x0 @x0 @x = @x @x0 @x @x0 @x @x = @x @x0 @x0 @x @ 2 x0 @x @x0 V @x0 @x @x0 @x V @ 2 x0 @x V @x0 @x @x V @ 2 x0 V @x0 @x V Deste modo, @V 0 (x0 ) + @x0 0 V0 = @x @x0 @V @x @x0 + @x0 @x @x @x0 @x V ; de modo que a operação, V; = V; + V ; (42) que de…ne a derivação covariante de um quadri-vetor contravariante, transformase como um tensor misto de segunda ordem, onde se usa a notação da derivada parcial. @V V; = @x Para um quadrivetor covariante, a derivada covariante …ca V ; =V ; 11 V : (43) Nos referenciais inerciais, a conexão a…m é nula e a derivada covariante coincide com a derivada parcial usual. Uma combinação especial de derivadas é o rotacional, que …ca V V ; =V ; ; V ; (44) ; nos dois índices inferiores. Uma outra derivação resultado devido à simetria especial é o divergente, 1 @ p gV V =p g @x V; = V; + (45) ; onde g = det (g ). A derivada covariante generalizada para tensor misto de qualquer ordem pode ser obtido aplicando a regra de derivação covariante para cada índice tensorial, equação (42) para índices contravariantes e equação (43) para índices covariantes, T ; =T ; + T + T T (46) : A equação de continuidade do tensor de energia momento T , um tensor de segunda ordem, …ca T 10.7 ; =T ; + T + T 1 @ p ( gT ) + =p g @x T : (47) Derivada covariante ao longo de uma curva Podemos ver que a quadri-velocidade é um quadri-vetor, pois dx0 @x0 dx = ; d @x d porém a quadri-aceleração não é, d 2 x0 d = 2 d d @x0 dx @x d @ 2 x0 dx dx @x0 d2 x = + : @x @x d d @x d 2 De forma geral, derivadas temporais dV 0 d = d d @x0 V @x @x0 dV @ 2 x0 dx = + V @x d @x @x d de quadri-vetores não resultam quadri-vetores. Podemos combinar com a transformação 12 0 dx0 0 V d @x0 @x @x @x @x0 @x0 = @ 2 x0 @x @x0 @x @x0 @x0 @x @x0 @x @x0 @x @x0 @x @x0 @x = @x0 @x0 dx V @x @x d dx V + d @ 2 x0 @x @x0 @x0 dx V @x0 @x @x0 @x @x d = @x0 @x @x @x @x @x = @x0 @x dx V d @ 2 x0 dx V @x @x d 0 dx0 0 @x0 V = d @x dV + d @ 2 x0 dx V @x @x d dx V d de modo que dV 0 + d dx V d ; dx d V ; mostrando que a operação DV D = dV + d d + d dx V = d que de…ne a derivada covariante ao longo de uma trajetória, preserva a natureza tensorial. Se V for a quadri-velocidade, teremos D D dx d = d2 x + d 2 dx dx ; d d de modo que d 2 x0 + d 2 0 dx0 dx0 @x0 = d d @x d2 x + d 2 dx dx d d ; mostrando que a equação de movimento transforma-se como um quadri-vetor, sendo, portanto, explicitamente covariante. A equação de movimento pode ser escrita como D D dx d = d2 x + d 2 13 dx dx =0; d d e sendo covariante, é válida em todos os refereciais, inerciais ou não. Nos referenciais inerciais, a conexão a…m é nula e portanto a derivada covariante coincide com a derivada comum. A equação dV dx + V =0 d d de…ne o transporte pararelo do vetor V ao longo de uma trajetória x( ). 10.8 Equações de Einstein Na Relatividade Geral, o efeito do campo gravitacional pode, devido à sua universalidade, pode ser embutido na geometria do espaço tempo, cujo agente é o tensor métrico g (x), uma função do espaço-tempo. Identi…camos também a componente g00 (x) com o potencial gravitacional (x), equação (36). A correspondente equação de campo para este potencial newtoniano é r2 = 4 G ; (48) onde (x) é a densidade de massa. Na Relatividade, a densidade de matéria e energia é dada pelo tensor de energia e momento T (x), cuja componente T00 (x) pode ser identi…cada com a densidade (x). O campo fundamental deve ser portanto o tensor métrico g (x), as equações de campo devendo, portanto, conter as suas derivadas primeira e segunda. Como a origem do campo gravitacional é a matéria e energia, o tensor de energia e momento deve entrar como o termo de fonte das equações de campo. Na equação de movimento (??), introduzimos a conexão a…m, equações (??) e (??), construída por derivadas primeiras do tensor métrico g (x), e que faz o papel da força gravitacional. No entanto, embora a equação (??) seja covariante pelas transformações gerais de coordenadas, as suas partes não o são. Em especial, a conexão a…m transforma-se como 0 u = @x0 @x @x @x @x0 @x0 + @x0 @ 2 x : @x @x0 @x0 (49) A conexão a…m e as suas derivadas primeiras podem ser combinadas para construir o tensor de curvatura de Riemann-Christo¤el, R = @ @x @ @x + : (50) Das contrações dos seus índices tensoriais resultam o tensor de Ricci R =R 14 (51) e o escalar de curvatura R=R (52) : O tensor de curvatura satisfaz à chamada identidade de Bianchi, R Contraindo os índices +R ; ; +R ; e e usando a antissimetria R R ; R +R ; ; (53) =0: =0: = R , resulta (54) Uma segunda contração de índices leva a 1 g R 2 R =0: (55) ; As equações de campo podem ser construídas partindo da lei de Gauss gravitacional (48) que, com a relação (36), …ca r2 g00 = 4 G = 8 GT00 ; (56) A sua generalização tensorial …ca G = 8 GT ; (57) onde T é o tensor de energia momento e G é um tensor de segunda ordem que deve ser construída com o tensor métrico g e de suas derivadas até de segunda ordem, ou das contrações do tensor de curvatura. O tensor de segunda ordem mais geral que pode ser construída a partir do tensor de curvatura de Riemann-Christo¤el é G 1 g R; 2 =R (58) resultando nas equações de Einstein 1 g R = 8 GT : (59) 2 A equação de Bianchi na forma (55) garante que a equações de Einstein satisfazem automaticamente à equação da continuidade (47). Se contrairmos os índices tensoriais das equações de Einstein, e lembrando que 3 X g = g =4; (60) R =0 15 resulta R= 8 GT (61) : Podemos substituir este resultado na equações de Einstein (59), que então …cam R = 8 GS ; (62) onde S é o termo de fonte relacionado com o tensor de energia momento, S 1 g T 2 =T (63) : Na analogia com o eletromagnetismo as equações de Einstein correspondem às duas das equações de Maxwell não homogêneas e as identidades de Bianchi (53) correspondem às outras duas das equações de Maxwell homogêneas. Resolver as equações de Einstein signi…ca determinar o tensor métrico g , que pode ter até dez componentes independentes. As dez equações independentes resultam das equações de Einstein mais as quatro condições adicionais fornecidas pela identidade de Bianch, equação (??). Em termos práticos, a simetria dos sistemas físicos reduz substancialmente o número de componentes independentes do tenosr métrico. A métrica da parte externa de um sistema estático e isotrópico de massa M, d 2 = 1 2M G r 2 dt 1 2M G r 1 dr2 r2 d 2 r2 sin2 d'2 ; tem quatro componentes não triviais, gtt , grr = gtt 1 , g e g'' não totalmente independentes. Esta é a métrica de Schwarzchild. Em cosmologia se usa a métrica de Robertson-Walker, d 2 = dt2 R2 (t) 1 dr2 + r2 d 1 kr2 2 + r2 sin2 d'2 ; onde R(t) é uma função a ser determinada, dependente do parâmetro k, que pode assumir os valores 0, 1,ou 1, dependendo da densidade de massa do universo, que deve ser homogêneo e isotrópico. 10.9 Campo gravitacional uniforme Um campo gravitacional uniforme não ocorre na natureza e somente tem signi…cado como uma aproximação local. A presença de um campo gravitacional uniforme representa o modelo mais simples de um referencial não inercial, equivalente ao referencial com aceleração própria constante quando vista 16 de um referencial inercial, no caso em queda livre neste campo gravitacional uniforme. Vamos deduzir as transformações que conectam o referencial inercial e o referencial uniformemente acelerado (aceleração própria constante) que, pelo Princípio da Equivalência, mimetiza a presença de um campo gravitacional uniforme, e são conhecidas como transformações de Rindler. Uma partícula executando um movimento hiperbólico com aceleração própria a0 é o suporte ideal para construir um referencial não inercial R, com coordenadas (x ) = (x0 = ct; x1 = x; x2 = y; x3 = z), que mimetiza a presença de um campo gravitacional uniforme g = a0 . Seguindo esta nomenclatura, R0 com coordenadas (x0 ) = (x00 = ct0 ; x01 = x0 ; x02 = y 0 ; x03 = z 0 ) indica o referencial inercial em relação ao qual a partícula executa o movimento hiperbólico, que será considerado ao longo do eixo comum, zz 0 , c2 (ct ; z ) = (sinh a0 , cosh a0 ) ; a0 0 0 (64) ilustrada na …gura 1, com os grá…cos da trajetória (azul), velocidade (verde) e aceleração (vermelho), no plano z 0 ct0 , eixo do tempo na horizontal. z t Figura 1: trajetória (azul), velocidade (verde) e aceleração (vermelho) do movimento hiperbólico. É a trajetória relativística de uma partícula com massa de repouso m0 (no referencial inercial R0 ) sob a ação de uma força externa constante na direção do movimento, solução da equação de movimento m0 d2 x 0 = f0 d 2 (65) para o caso do quadri-vetor força 0 f 0 = fhp = 17 0 0 Fhp (66) com componentes 0 Fhp = (F0 vz0 ; 0; 0; F0 ) (67) onde F0 é a força externa constante atuando na direção do eixo z 0 , 0 e =p 1 1 v 02 =c2 = (ea0 + e 2 a0 ) (68) = cosh(a0 ) F0 (69) m0 é a aceleração própria. Supondo que a velocidade inicial seja na mesma direção da força, o movimento é unidimensional. O tensor métrico g será de…nido de forma compatível com o tensor métrico minkowskiano[1 6] , com os sinais relativos das componentes diagonais tempo-tempo e espaço-espaço ( ; +; +; +). Por simplicidade, será adotado o sistema natural de unidades onde c = 1. No entanto, quando necessário por motivos de clareza, a velocidade da luz c será colocada explicitamente. Com esta escolha da métrica, a0 = U U = 1 e A A = a20 ; (70) onde U e A são os quadri-vetores velocidade e aceleração, respectivamente. 10.9.1 Referenciais não inerciais As transformações x0 = x0 (x ) (71) conectando as coordenadas x do referencial uniformemente acelerado R com as coordenadas x0 do referencial inercial R0 são conhecidas como transformações de Rindler[7] . Derivando em relação ao tempo próprio, resulta @x0 dx dx0 = d @x d (72) e, derivando uma segunda vez, d 2 x0 d = 2 d d @x0 dx @x d = @ 2 x0 @x @x dx dx + d d @x0 @x d2 x ; d 2 e com o auxílio da identidade @x0 @x = @x @x0 18 (73) chega-se a d2 x0 @x0 = d 2 @x d2 x @x @ 2 x0 dx dx + d 2 @x0 @x @x d d : (74) Substituindo na equação de movimento (65) resulta m0 @x0 @x d2 x + d 2 dx dx d d = f0 que, multiplicada em ambos os lados por @x =@x0 e com a identidade (73), torna-se d2 x @x 0 dx dx m0 2 + m0 = f ; (75) d d d @x0 onde @x @ 2 x0 : (76) = @x0 @x @x de…ne a conexão a…m. A equação (75) pode ser usada para de…nir a equação de movimento de uma partícula de massa de repouso m0 sujeita a uma força externa não gravitacional @x 0 f : (77) f = @x0 no referencial não inercial R, d2 x + m0 d 2 que inclui uma força inercial dx dx =f ; d d m0 fgrav = m0 dx dx d d (78) (79) que, pelo Princípio da Equivalência, nã há como se distinguir, localmente, de uma força gravitational. O tempo próprio de…nido no referencial inercial R0 é ds2 = c2 d 2 = dx0 dx0 = @x0 @x0 dx dx @x @x (80) e no referencial não inercial R, ds2 = c2 d 2 = g dx dx ; 19 (81) com o tensor métrico @x0 @x0 : (82) @x @x A conexão a…m (76) pode ser escrita em termos do tensor métrico e das suas derivadas, g = @g @g + @x @x 1 = g 2 10.9.2 @g @x (83) : Tensor métrico O tensor métrico de…ne as propriedades do espaço-tempo no qual evolui o sistema físico, de modo que deve ser o elemento prioritário a ser determinado. Considere a invariante cinemática dx0 dx0 = d d @x0 @x0 dx dx =g U U = @x @x d d c2 (84) que, para um objeto em repouso no referencial R, …ca g00 U 0 U 0 = c2 (85) de modo que as componentes temporais contra variante e co variante resultam U0 = p e c g00 cg00 = U0 = g00 U 0 = p g00 (86) c p g00 ; (87) respectivamente. Da equação (78) resulta 00 U 0 U0 f =0 m0 (88) e, usando a de…nição usual da força relativística f F ;onde F i (parte espacial) é a força externa que mantém o objeto em repouso contra a força gravitational. F c2 00 =0: g00 m0 Usando a massa relativística m = m0 (89) para = 1 dt =p ; d g00 20 que vem da métrica (81) para uma partícula em repouso, resulta F = c2 m (90) : 00 A condição A U = 0 da relatividade restrita corresponde a @x0 @x0 d2 xa dx @xa @ 2 x0 dx dx + a 2 0 @x @x d @x @x @x d d d 2 a 2 0 a dx dxa @x @ x dx dx = =0 + 0 2 d @x @x @x d d d d2 x0 dx0 d 2 d = que implica (91) f U =0: Assim, f i Ui f i Ui =p U0 g00 f i Ui =) f 0 = f 0 U0 = e f 0 = 0 que, da parte temporal da equação (90),.implica 0 00 @g0z @x0 = g z0 1 @g00 2 @z 1 @g00 + g 00 0 = 0 : 2 @x (92) Como a métrica, neste caso, não deve ter dependência temporal, a expressão acima pode ser simpli…cado para 0 00 = g z0 @g0z @x0 1 @g00 2 @z =0; de onde pode-se concluir que g z0 = 0. Na equação (90) a parte espacial para o movimento unidimensional ao longo do eixo z é z Fz 2 00 c =0 g00 m0 que, considerando z 00 = g zi 1 @g00 2 @z @g0z @x0 = 1 zz @g00 g 6= 0 ; 2 @z leva à equação c2 z 00 = c2 zz @g00 Fz g = : 2 @z m 21 (93) Nesta equação, F z é a força externa que suporta a particula de massa m sujeita à força inercial ou gravitacional m z00 . Para um campo gravitacional uniforme, z00 também deve ser uniforme, Fz =a, m z 00 = 1 zz @g00 a g = 2: 2 @z c (94) A métrica (81) …ca ds2 = c2 d 2 = g00 (z)c2 dt2 + gzz (z)dz 2 + dx2 + dy 2 ; (95) ou, considerando na parte espacial apenas a componente z, ds2 = c2 d 2 = g00 (z)c2 dt2 + gzz (z)dz 2 ; (96) que implica na relação entre os tempos 1 dt =p : d [g00 (z) + gzz (z)vz2 =c2 ] = (97) Para um tensor métrico diagonal, as condições de ortogonalidade g g g = implica g = (g ) 1 e, portanto, g 00 = (g00 ) 1 1 e g zz = (gzz ) = (98) ; e a equação (94) pode ser escrita (c = 1) como @g00 = @z (99) 2agzz : A relação entre as funções g00 (z) e gzz (z) pode ser obtida na equação de Einstein R =0 (100) o tensor de Ricci R = Ra a obtida pela contração Ra Ra = @ aa @x = a @ a + @xa a a a a (101) do tensor de curvatura de Riemann @ a @x @ a + @x a a : (102) Neste caso, as únicas não nulas são as componentes tempo-tempo R00 @ a0a = @x0 @ a00 + @xa 22 a 0a 0 a 00 a (103) e espaço-espaço @ aa Rij = @xj @ aij + @xa a ia j a a ij : (104) A componente tempo-tempo em termos das componentes não nulas da conexão a…m …ca @ z00 + @z onde, usando as equações (94) e (98), R00 = 0 0z z 00 z z 00 zz 1 00 @g00 g = ag 00 gzz 2 @z 1 zz @g00 = g =a 2 @z 1 zz @gzz = g 2 @z 0 z0 (105) = z 00 z zz (106) de tal modo que R00 = 1 2 g 00 @g00 @z g zz @gzz @z : Considerando que g00 < 0, g 00 1 @( g00 ) @ ln( g00 ) @g00 = = @z ( g00 ) @z @z assim como g zz 1 @gzz @ ln gzz @gzz = = @z gzz @z @z a equação de Einstein (100) R00 = 1 @ ln ( g00 =gzz ) =0: 2 @z (107) Esta equação leva à relação g00 = C , gzz = gzz Cg00 onde C é uma constante. Com este resultado, a equação (99). …ca @g00 = 2aCg00 @z 23 (108) ou 1 @g00 @ ln( g00 ) = = 2aC g00 @z @z que pode ser integrada resultando ln( g00 ) = 2aCz + D ou g00 (z) = Ae2aCz e gzz (z) = CAe2aCz onde A, D e C são constantes de integração. Para que quando a = 0 a métrica seja de Minkowski, C = 1 e, para que haja simetria translacional, A= 2az0 e para z0 arbitrário, de modo que g00 (z) = e2a(z z0 ) e gzz (z) = e2a(z z0 ) (109) : Por questões de simplicidade e sem perda de generalidade pode-se fazer z0 = 0, g00 (z) = e2az e gzz (z) = e2az ; (110) a métrica (95) assumindo a forma simples ds2 = d 2 = e2az dt2 + e2az dz 2 + dx2 + dy 2 ; (111) isto é 2 d que de…ne o fator = e2az dt2 e2az vz2 + vx2 + vy2 dt2 ; de uma forma geral = dt =q d g00 (1 1 (112) vz2 ) vx2 + vy2 ou, considerando apenas o movimento unidimencional ao longo do eixo z, = dt 1 =p d g00 (1 vz2 ) = 1 p eaz 1 vz2 : (113) A componente espaço-espaço não trivial das equações de Einstein (100) é Rzz @ 0z0 = + @z 0 0 z0 z0 + z 0 z0 zz 24 z zz 0 0z ezz = 0 +R onde @ kik @ kij k m e Rij = + kim m jk ij mk : j k @x @x Com procedimentos similares aos usados acima, pode ser reduzida a 1 00 @ ln (g 00 gzz ) ag gzz =0; 2 @z não contendo nenhuma informação adicional. Rzz = 10.9.3 Transformações de Rindler As transformações de coordenadas x0 (x ) = x0 (z; t) relacionando as coordenadas dos referenciais inercial e não inercial, R0 e R, respectivamente, podem ser obtidas resolvendo o sistema de equações diferenciais @ 2 x0 @x0 = @x @x @xa a (114) ; que neste caso resultam no sistema de equações @ 2 x0 @z@z @ 2 x0 @z@t @ 2 x0 @t@t @x0 @xa @x0 = @xa @x0 = @xa = a zz a z0 a 00 @x0 @z @x0 = @t @x0 = @z = z zz ; 0 z0 ; z 00 ; (115) cujas componentes não nulas da conexão a…m listadas em (106), com as substituições das funções méttricas, …cam 0 z0 z 00 z zz 1 00 @g00 g =a; 2 @z 1 zz @g00 = g =a; 2 @z 1 zz @gzz = g =a: 2 @z = (116) Com estes valores o sistema de equações resultantes …ca @ 2 x0 @z 2 @ 2 x0 @z@t @ 2 x0 @t2 @x0 @z @x0 a @t @x0 a @z a @ @x0 ax0 =0; @z @z @ @x0 = 0) ax0 =0; @t @z @ 2 x0 @ 2 x0 = 0) =0: @z 2 @t2 = 0) 25 (117) A primeira e a segunda equações implicam que @x0 @z ax0 @x0 @z = f (t) = g (z) ) ax0 =C (118) para alguma constante C . Esta última equação pode ser reescrita na forma integrável @ @z x0 + C a = a x0 + C a ) @ C ln x0 + @z a = a; (119) = exp (az + C) (120) cuja solução é ln x0 + ou C a = az + C(t) ) x0 + C a C : a Aplicando a última das equações do sistema (117), resulta x0 (z; t) = A (t)eaz @ 2 A (t) @t2 a2 A (t) = 0 (121) (122) que de…ne a função temporal A (t) = B eat + D e at (123) levando às transformações x0 (z; t) = (B eat + D e at )eaz C : a (124) Para o movimento hiperbólico os coe…cientes B e D devem ser escolhidas como B z = Dz = c2 =2a e B 0 = D0 = c2 =2a, sendo que as escolhas C 0 = 0 e C 3 = c2 levam às condições iniciais x00 = 0 e x03 = 0 para t = 0 e z = 0, resultando nas transformações c2 az at e (e e at ) ; 2a c2 c2 = z 0 = eaz (eat + e at ) ; 2a a x00 = ct0 = x03 (125) conhecidas como transformações de Rindler, conectando as coordenadas inerciais de R0 com as coordenadas não inerciais de R. As transformações inversas são 26 a2 h 0 z + c2 a c4 ct0 tanh at = 0 : z + c2 a 1 1 2 e2az = (ct0 ) 2 i Uma partícula em repouso no referencial não inercial R na posição z = 0, com o tempo próprio t = , realiza um movimento hiperbólico com aceleração própria a quando vista do referencial inercial R0 . 10.9.4 Movimento de queda livre Uma partícula em repouso no referencial inercial R0 descreve um movimento de queda livre quando observada do referencial não inercial R. Para z 0 = 0 resulta 1 (eat + e at ) 2 az =) z(t) = ln (126) e = at (e + e at ) a 2 com velocidade e aceleração (eat e (eat + e dz = dt d2 z = dt2 a 1 vz2 = (eat 4 +e at )2 at ) (127) at ) = ae2az : (128) Veja que e =p 4 (eat + e 1 g00 (1 vz2 ) = at )2 eaz 1 p 1 = e2az vz2 =e (129) 2az : (130) O movimento de queda livre num campo gravitacional uniforme não é um movimento hiperbólico. 10.9.5 Transformações dos campos vetoriais Para transformações gerais de coordenadas x0 = x0 (x ), as transformações diferenciais @x0 dx0 = dx (131) @x 27 de…nem as transformações dos campos vetoriais. Em particular, para as transformações de Rindler (125), considerando as derivadas parciais @t0 (eat + e at ) = ; @t 2e az (eat e at ) @z 0 = ; @t 2e az (eat e at ) @ct0 = ; @z 2e az (eat + e at ) @z 0 = @z 2e az (132) e @t (eat + e at ) @t (eat e = ; = c@t0 2eaz @z 0 2eaz at at at @z (e e ) @z (e + e = ; 0 = 0 az c@t 2e @z 2eaz resultam nas transformações: (eat + e 2 2 at at at (e + e ) (e e = eaz dz + eaz 2 2 cdt0 = eaz dz 0 (eat at e ) at at at dz + eaz at ) ; ) ) ) (133) dt ; dt (134) e dt = at az (e e at e ) dz 0 + e 2 at at (e + e ) 0 dz dz = e az 2 Para a quadri-velocidade, U 00 = eaz (eat at e ) e az (e at + e at ) 0 cdt ; 2 e at ) 0 cdt : 2 at az (e U 3 + eaz (eat + e 2 2 = U 1 e U 02 = U 2 ; at at at ) 3 e az (e + e az (e = e U +e 2 2 U 01 U 03 at ) (135) U0 ; (136) at ) U0 e a sua inversa U0 = U1 U3 e az (e at e at ) U 03 + e 2 = U 01 e U 2 = U 02 ; (eat + e at ) 03 = e az U 2 az (e at at +e 2 ) U 00 ; (137) at e az (e e at ) 2 U 00 : Da primeira das equações (136) pode-se obter 0 at az (e =e e 2 at ) vz + e 28 az (e at +e 2 at ) (138) e das componentes espaciais, 0 0 vx 0 0 vz vx e 0 vy0 = vy ; (eat + e at ) (eat e = eaz vz + eaz 2 2 = at ) (139) ; que leva às transformações das velocidades dx0 2vx e az = dt0 (eat e at )vz + (eat + e dy 0 2vy e az = = dt0 (eat e at )vz + (eat + e dz 0 (eat + e at )vz + (eat e = = dt0 (eat e at )vz + (eat + e vx0 = vy0 vz0 at ) ; (140) ; at ) at ) : at ) Da mesma maneira, das equações (137) pode-se obter = e az (e at e 2 at ) 0 0 vz +e at az (e +e 2 at ) 0 (141) e as transformações inversas das velocidades dx vx0 = 2eaz ; dt (eat e at ) vz0 + (eat + e at ) vy0 dy = = 2eaz ; dt (eat e at ) vz0 + (eat + e at ) dz (eat + e at ) vz0 (eat e at ) = = : dt (eat e at ) vz0 + (eat + e at ) vx = vy vz (142) Para a aceleração, considerando apenas o movimento ao longo do eixo z, por derivação direta, resulta a0z = d2 z 0 a(eat e at )vz + (eat + e at )az + a(eat + e = dt02 (eat e at )vz + (eat + e at ) at at (e + e )vz + (eat e at ) at at )vz + 2 a(e + e at at at at [(e e )vz + (e + e )] dt + (eat e at )az + a(eat e at ) dt0 at ) dt + dt0 (143) com a relação entre os tempos dada por dt @t @t dz 0 (eat + e = 0+ 0 0 = dt0 @t @z dt 2eaz 29 at ) (eat e at ) vz0 : 2eaz (144) Para uma partícula em repouso na origem do referencial não inercial R, quando az = 0, vz = 0 e z = 0 (t = ), o observador inercial em R0 verá esta partícula com aceleração a0z = 8a +e (ea a = )3 a (145) 03 do movimento hiperbólico com aceleração própria a. Por outro lado, no caso de uma partícula em repouso no referencial inercial 0 R , quando a0z = 0, vz0 = 0 e z 0 = 0, o observador no referencial não inercial R verá a partícula em movimento de queda livre com aceleração az = (eat 4a +e = at )2 ae2az ; (146) que corresponde ao movimento de queda livre, equações (126-128). As componentes do quadri-vetor força f = F devem transformar-se como f0 = f1 f3 e at az (e at e ) f 03 + e 2 01 2 = f , f = f 02 ; (eat + e at ) 03 = e az f 2 at az (e az (e e +e 2 at e 2 at at ) ) f 00 ; f 00 : (147) Para a força constante, equação (67), f0 = e at az (e e at ) 0 F0 + e 2 (e + e at ) 0 = e az F0 2 at f3 f0 = f3 = 10.9.6 at at az (e e que, com as equações (138) e (139) para az (e 0 e F 0 vz ; F0 : 0 0 vz , + e at ) 0 0 vz F0 ; 2 e at ) 0 0 vz F 0 2 (148) resultam (149) Aceleração própria e gravidade 0 Pelo Princípio da Equivalência, para uma força externa fhp atuando sobre uma partícula e causando uma aceleração própria a0 , equação (66), levando ao movimento hiperbólico para um observador no referencial inercial R0 , no 30 referencial não inercial R de repouso desta partícula deve atuar um campo gravitacional uniforme de intensidade a, equação (94), tal que a força grav0 itacional cancele a força externa f . A força f em R é a mesma força fhp 0 de R , estando relacionadas através das transformações (147-149). Para vz = 0, das equações (149) resultam f0 = 0 e F z = F0 e para a partícula em repouso em z = 0, = eaz e m = m0 = m0 , resultando a= 1 p 1 vz2 =1 Fz F0 = = a0 ; m m0 a condição a = a0 imprescindível para que o Princípio da Equivalência seja válido. 10.9.7 Equação de movimento Num referencial não inercial, a equação de movimento de uma partícula clássica é dada por m0 d2 x + m0 d 2 dx dx =f : d d (150) Para o referencial não inercial R (uniformemente acelerado ou na presença de um campo gravitacional uniforme), as únicas componentes não nulas da conexão a…m são, da equação (116), 0z0 = z00 = zzz = a, a equação de movimento assume a forma m0 d2 z + m0 d 2 dx0 + m0 d d z dx 00 0 z dz zz dz = fz d d e, usando as componentes gzz (z) = g00 (z) = e2az do tensor métrico, equação (110) m0 d 2 x0 + 2m0 d 2 dx0 f i Ui f i Ui = f0 = p = az d d g00 e 0 dz z0 31 para as componentes espacial z e temporal, respectivamente. Usando a equação (113), a equação espacial pode ser escrita como m0 d2 z (1 + vz2 ) + m a = fz 0 2 2 2az d (1 vz ) e ou, para fz = Fz ; m0 d2 z dz d + dt2 dt dt + m0 a 1 + vz2 = F z ; 2 lembrando que = dt 1 p = d eaz 1 vz2 : Para manter a partícula em repouso na origem, m0 a = F z onde F z deve ser uma força constante dada por F z = F0 = m0 a ; que de…ne o peso da partícula no campo gravitacional g = a. 10.10 Bibliogra…a [1] Steven Weinberg, Gravitation and cosmology: principles and applications of the general theory of relativity, John Wiley & Sons, NY (1972). [2] Eric A. Lord, Tensors Relativity and Cosmology, McGraw-Hill, New Delhi (1979). 32