Aula 17
Introdução à Filosofia: Ética
FIL028
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Mill, Utilitarismo, cap. III: Motivação moral
• “Punições internas”; Simpatia.
• Pode-se agir moralmente pelas punições de nossa
própria consciência.
• Mas Mill reconhecer que simpatia (estando na base de
motivações para agir) não é o mesmo que a prova de
que o princípio da utilidade é racional.
• Isto é o que motiva Mill, no capítulo IV de O
Utilitarismo, a fornecer o que chama de “prova”
do utilitarismo.
• Por ‘prova’, Mill entende uma demonstração da
verdade da teoria utilitarista.
• Assim, Mill precisa nos apresentar um argumento
(sólido) cuja conclusão seja a tese utilitarista.
“A única prova que se pode dar de que um objeto é visível é a de que
as pessoas realmente o vêem. A única prova de que um som é audível,
é a de que as pessoas o ouvem, e de modo semelhante quanto às
outras fontes de nossa experiência. Da mesma forma, entendo que a
única evidência possível de que uma coisa é desejável é a de que as
pessoas realmente a desejam. Se o fim que a doutrina utilitarista se
propõe não fosse, na teoria e na prática, reconhecido como tal, nada
poderia jamais convencer pessoa alguma de que é um fim. Não se
pode apresentar nenhuma razão pela qualquer a felicidade geral é
desejável, exceto a de que cada pessoa, na medida em que a crê
alcançável, deseja a sua própria felicidade. Sendo isso um fato,
entretanto, temos não apenas toda a prova que o caso admite, mas,
ainda, toda a que é possível exigir, de que a felicidade é um bem: de
que a felicidade de cada pessoa é um bem para ela e a felicidade geral,
portanto, um bem para o conjunto de todas as pessoas. A felicidade
provou assim seu direito como um dos fins da conduta e,
consequentemente, um dos critérios da moral.” (O Utilitarismo, pp.6162)
• O que Mill precisa mostrar ser verdadeiro para
confirmar a teoria utilitarista?
• Que felicidade é a única coisa desejável em si
mesma.
• [Isto supondo adicionalmente que a análise de
felicidade em termos de prazer tenha sido bem
sucedida; o que temos razões para duvidar, como
vimos nas aulas anteriores.]
(1) O Utilitarismo é verdadeiro se e somente
felicidade é a única coisa desejável em si
mesma.
(2) Algo é desejável se é desejado.
(3) Cada pessoa deseja a sua própria felicidade.
(4) Portanto, a felicidade é desejada da
perspectiva de todas as pessoas.
(5) Portanto, a felicidade geral é desejável.
Prova de Mill / Problemas:
• Do egoísmo ao utilitarismo?
• Se o egoísmo é uma tese válida, como o
utilitarismo pode ser extraído dela, uma vez
que elas parecem contradizer-se? Como uma
proposição pode ser derivada de sua negação?
• De fato, autores posteriores a Mill tentaram argumentar que, se
havia espaço para alguma prova do utilitarismo, ela deveria excluir
o egoísmo (Moore, Principia Ethica; Sidgwick, The Methods of
Ethics, III.xiii):
• O bem pessoal total é avaliado com base em “bens” particulares.
• Assim, se aplicarmos um raciocínio análogo ao bem de todos os
indivíduos, talvez cheguemos ao princípio de que o bem de um
indivíduo particular não conta mais do que o bem de qualquer
outro, do ponto de vista do Universo.
• Mesmo que esta analogia funcione, ela nos leva a concluir a
falsidade do egoísmo.
Prova de Mill / Problemas:
•
Do fato de que algo é desejado segue-se que este mesmo algo é desejável?
•
‘ser desejado’ parece ser um predicado de ordem (ou categoria) diferente do
predicado ‘ser desejável’.
•
Algo pode ser desejado por mim, mas eu julgar que este algo não é desejável.
(Posso condenar o objeto de meu desejo, por exemplo.) Não parece haver
qualquer confusão conceitual em meu discurso quando falo isto.
•
Algo ser desejado parece simplesmente a descrição de um fato (psicológico),
de um estado mental. Mas algo ser desejável parece introduzir um conceito
valorativo, normativo: de que algo deve(ria) seja desejado (mesmo que não
seja presentemente desejado).
Prova de Mill / Problemas:
• Do fato de que cada um deseja a sua própria
felicidade (e mesmo que esta seja desejável)
segue-se que a felicidade geral é desejada (ou
desejável)?
• Falácia da composição: infere-se que algo é verdadeiro
de um todo a partir de algo verdadeiro da(s) parte(s)
do todo.
Exemplos desta falácia:
• Átomos não têm cor. Cães e gatos são feitos de
átomos. Portanto, cães e gatos não têm cor.
• Cada jogador desse time é ótimo. Portanto, o time é
ótimo.
• Se a “prova de Mill” não funciona, então ele não parece ter um argumento
decisivo contra, por exemplo, Hobbes (e seus pressupostos egoístas para
justificar a moralidade).
• O máximo que Mill talvez pudesse dizer seria que um indivíduo que não
agisse por benevolência universal poderia ser acusado de imoralidade.
Mas, como deve estar claro, isto significa não ir além do próprio discurso
moral: não se apela a uma perspectiva não-moral (por exemplo, a da pura
racionalidade) para justificar a moralidade.
• Mas se podemos justificar a moralidade (no caso de Mill, concluir a
veracidade da tese utilitarista) apenas através de premissas morais, então
não estamos fornecendo razões além da moralidade para sermos morais.
• Talvez proposições morais básicas sejam tais que suas verdades sejam
intuitivas. Mas, se isto é o caso, não precisamos de uma prova da
veracidade de tais proposições.
Formato do Fichamento:
O fichamento é o ato de registrar os estudos de um livro e/ou
um texto. O trabalho de fichamento possibilita ao estudante,
além da facilidade na execução dos trabalhos acadêmicos, a
assimilação do conhecimento. De acordo com diversos autores, o
fichamento deve conter a seguinte estrutura: cabeçalho
indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, o
título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação.
Formato do Fichamento:
• Existem três tipos básicos de fichamento: o fichamento
bibliográfico, o fichamento de resumo (ou conteúdo) e o
fichamento de citações.
• O fichamento que valerá nota para esta disciplina deve ser de
dois tipos: de resumo e de citações.
Fichamento de citações:
• Conforme a ABNT, a transcrição textual é
chamada de citação direta, ou seja, é a
reprodução fiel das frases que se pretende
usar como citação na redação do trabalho.
Fichamento de resumo ou conteúdo:
• É uma síntese das principais ideias contidas na
obra. O aluno elabora com suas próprias
palavras a interpretação do que foi dito.
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