UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Ciências Contábeis Gerson Luis Garcia Jamilson José de Paula Keli Cristina da Silva Saulo Bernardes Miranda A IMPORTÂNCIA DE UMA GESTÃO DE RISCOS EM UMA EMPRESA FRIGORÍFICA Marfrig Alimentos S/A Promissão - SP LINS – SP 2009 1 GERSON LUIS GARCIA JAMILSON JOSÉ DE PAULA KELI CRISTINA DA SILVA SAULO BERNARDES A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE RISCOS EM UMA EMPRESA FRIGORÍFICA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis sob a orientação do prof. M.Sc. André Ricardo Ponce dos Santos e orientação técnica da prof. (a) M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. LINS – SP 2009 2 Garcia, Gerson Luis; De Paula, Jamílson José; Silva, Keli Cristina da; Miranda, Saulo Bernardes. Gestão de risco: Marfrig Alimentos S/A / Gerson Luis Garcia; G211g Jamílson José de Paula; Keli Cristina da Silva; Saulo Bernardes Miranda. – – Lins, 2009. 76p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Ciências Contábeis, 2009 Orientadores: André Ricardo Ponce dos Santos; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Gestão de Risco. 2. Planejamento Estratégico. 3. Controller. I Título. CDU 657 3 GERSON LUIS GARCIA JAMILSON JOSÉ DE PAULA KELI CRISTINA DA SILVA SAULO BERNARDES GESTÃO DE RISCOS Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em:____/____/____ Banca Examinadora: Prof. Orientador: André Ricardo Ponce dos Santos Titulação: Mestrado Profissional em Administração pela Unimep Assinatura:_______________________________________________ 1º Prof (a):_______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:_______________________________________________ 2º Prof (a):_______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:_______________________________________________ 4 DEDICATÓRIA Dedicamos mais esta conquista a todos que tiveram conosco e nos ajudaram direta ou indiretamente para que pudéssemos alcançar nosso objetivo. E também aos nossos pais que nos deram a vida e nos instruíram no sentido de vivê-la com dignidade. E que nos deram amor, carinho, entusiasmo, apoio e incentivo nos momentos em que mais precisamos. Gerson, Jamilson, Keli e Saulo. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por nos permitir estar aqui e ter a capacidade de pensar e agir, para contribuir com o meio em que vivemos. Ao longo desta caminhada, muitas pessoas de forma direta ou indireta nos auxiliaram para que pudéssemos desenvolver este trabalho. A todas essas pessoas, o nosso mais sincero muito obrigado! Aos professores nosso profundo reconhecimento e agradecimento por tudo que aprendemos e entendemos. Em especial o nosso orientador Andre Ricardo Ponce dos Santos, pelo carinho e cordialidade que tratou desse estudo e pelas contribuições no direcionamento desse trabalho. Aos nossos colegas, que viveram conosco expectativas na busca desse ideal. Foi muito bom ter convivido com vocês nesse período todo de aprendizado. A família Miranda que sempre nos receberam com muito amor e carinho em sua casa, disponibilizando o computador para que conseguíssemos concluir essa pesquisa. A todos na empresa Marfrig, que colaboraram fornecendo as informações necessárias, sempre nos atendendo com atenção e se colocando a disposição para possíveis dúvidas. 6 RESUMO Diante da incerteza do cenário empresarial as empresas vêm buscando maneiras de estarem preparadas a quaisquer fatores que possam interferir na sua tomada de decisão. Com isso, surge a necessidade de utilizar um sistema de gestão estratégica de riscos que além de projetar o futuro da empresa, acompanha passo a passo os processos com a visão do negócio atual e futuro de forma abrangente. Com a globalização de uma forma geral e principalmente da economia, onde um fato em determinada parte do mundo pode impactar na empresa, a gestão de risco aparece como uma arma, que bem utilizada pelos gestores pode minimizar os possíveis riscos, com isso melhorar de forma significativa o desempenho empresarial da organização. Em busca de melhores desempenhos para fazer frente à competitividade da era da informação, as organizações buscam ferramentas para medir o desempenho dos negócios. A Gestão de Riscos é uma ferramenta completa que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho com linguagem clara e objetiva sobre os vetores do sucesso. Este trabalho tem como objetivo identificar quais informações devem constar em um sistema de gestão de riscos e, qual a responsabilidade do controller na mensuração dessas informações. Para desenvolver esse assunto foi escolhida para a pesquisa a empresa Marfrig Alimentos S/A. Promissão, São Paulo; devido ao projeto de grandes aquisições a empresa demonstrou interesse em confrontar os resultados obtidos na pesquisa com o planejamento estratégico estipulado pela diretoria. O sucesso de uma estratégia com base na gestão de risco depende da qualidade das informações coletadas, que devem estar coerentes com o cenário econômico, assim minimizando possíveis riscos, alcançando os objetivos da organização. Palavras-chave: Gestão de risco. Planejamento estratégico. Controller. 7 ABSTRACT In the present uncertainty of the business scenery the companies are seeking ways to be prepared for any factors that might interfere with its taken decision. With comes the need to use a system of strategic management of risks that in addition to design the future of the company, follows step by step the process with the vision of present and future business comprehensively. With the globalization in general and especially the economy, where a fact in determined part of the world can impact the company, risk management appears as a weapon, and that used by managers can minimize the possible risks, thus to improve significant form the business performance of the organization. In searches of better performances to make front to the competitiveness of the information age the organizations seek tools to measure the business performance. The Risk Management is a complete tool to translate vision and strategy of the company in a coherent set of performance´s measures with clear and objective language about the vetors of success. It is for the controller to interpret the information and change them into management reports to measure key risks and develop a strategy based on the results analyzed, because as great knowledge of the organization, is the professional most qualified for this function. To develop this subject was chosen to the research company Marfrig Alimentos S / A. Promissão in the city of São Paulo state, due to the design of large acquisitions the company has shown some interest in comparing the results obtained in the research strategic plan set by the board. The success of a strategy with base on risk management depends on the quality of collected information, which must be consistent with the economic scenery, thus minimizing possible risks, achieving the objectives of the organization. Keywords: Risk management. Strategic planning. Controller. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Marcas Marfrig ...................................................................................24 Figura 2: Organograma do Grupo Marfrig .........................................................26 Figura 3: Tipos de Cenários ..............................................................................40 Figura 4: Visão sistêmica do Balanced Scorecard ............................................41 Figura 5: Os quatro processos do Balanced Scorecard....................................42 Figura 6: Integração do sistema de acompanhamento do negócio...................45 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Correlação da pesquisa de campo com o referencial teórico ..........56 9 LISTAS DE SIGLAS BSC: Balanced Scorecard HACCP: Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle POP: Procedimento Operacional Padrão PPHO: Procedimento Padrão de Higienização Operacional SCE: Sistemas de Cenários Empresariais SIAD: Sistema de Informação de Apoio à Decisão SIAN: Sistema de Informação de Acompanhamento do Negócio 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................11 CAPÍTULO I – MARFRIG ALIMENTOS S/A ....................................................14 1 DESCRIÇÃO GERAL DA EMPRESA .................................................. 14 1.1 Grupo Marfrig ........................................................................................14 1.2 Os dez mandamentos ...........................................................................15 1.2.1 Boas práticas de manejo ........................................................................15 1.2.2 Transportes de animais .........................................................................15 1.2.3 Abate humanitário ..................................................................................15 1.2.4 Estimulação elétrica ...............................................................................16 1.2.5 Protocolo de produção ...........................................................................16 1.2.6 Maturação sanitária por 48 horas ..........................................................16 1.2.7 Desossa rápida e higiênica ................................................................... 16 1.2.8 Maturação comercial ............................................................................. 17 1.2.9 Transporte e armazenagem .................................................................. 17 1.2.10 Processo de distribuição ....................................................................... 17 1.3 Histórico e evolução .............................................................................. 17 1.4 Ramo de atuação.................................................................................. 21 1.5 Parcerias ............................................................................................... 23 1.6 Principais marcas do Grupo Marfrig ...................................................... 24 1.7 Missão do Grupo................................................................................... 25 1.8 Organograma ........................................................................................ 26 1.9 Código de ética do Grupo Marfrig ......................................................... 26 CAPÍTULO II – REVISÃO TEÓRICA SOBRE GESTÃO DE RISCOS ............ 28 2 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 28 2.1 Planejamento estratégico e controladoria estratégica .......................... 28 2.2 Planejamento estratégico...................................................................... 29 2.3 Riscos ................................................................................................... 30 2.3.1 Perfil dos riscos na organização ........................................................... 31 2.3.2 Identificação e avaliação dos riscos ...................................................... 32 11 2.3.3 Risco e retorno...................................................................................... 33 2.3.4 Tipos de risco........................................................................................ 33 2.3.4.1Risco financeiro .................................................................................... 34 2.3.4.2Risco corporativo .................................................................................. 36 2.4 Mensuração do risco ............................................................................. 36 2.5 Risco e estratégia ................................................................................. 37 2.6 Sistemas de informações relacionadas com a gestão de riscos ........... 38 2.6.1 Cenários empresariais .......................................................................... 39 2.6.2 Balanced scorecard como instrumento estratégico .............................. 40 2.6.3 Sistema de acompanhamento do negócio ............................................ 43 2.7 Controladoria estratégica como departamento de gestão de risco ....... 46 2.8 O profissional contábil líder e a gestão de risco .....................................47 CAPÍTULO III – PESQUISA DE CAMPO: CORRELAÇÃO DA REVISÃO TEÓRICA COM AS PRÁTCAS UTILIZADAS PELA EMPRESA MARFRIG . 49 3 PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS ........................49 3.1 Introdução ao gerenciamento do risco corporativo ............................... 49 3.1.1 Estabelecendo uma arquitetura de risco integrada ............................... 50 3.2 Introdução ao risco na organização ...................................................... 51 3.3 Informações de risco consideradas pela empresa Marfrig .................... 52 3.4 Riscos relacionadas com as ações do Grupo Marfrig ........................... 54 3.4.1 Demonstrativo das ações do Grupo Marfrig.......................................... 55 3.5 Correlação dos fatores de risco e ferramentas da gestão de risco. ...... 56 3.6 Contribuição da gestão de risco nos resultados da empresa ............... 58 3.7 Atuação do controller na Marfrig. .......................................................... 60 3.7.1 Atuação da controladoria na gestão de risco da Marfrig ....................... 60 3.8 Parecer final .......................................................................................... 61 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................... 62 CONCLUSÃO .................................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 65 APÊNDICES .................................................................................................... 68 12 INTRODUÇÃO Diante de um cenário formado por constantes crises financeiras, a gestão de risco está se tornando uma ferramenta essencial para os gestores numa tomada de decisão mais eficiente. Essa técnica possibilita várias opções ao gestor dentre elas uma diretriz mais exata para empresa. Com o mundo globalizado, há ocorrências que podem impactar diretamente na empresa. Sendo isso uma realidade, a gestão de risco torna-se fundamental no auxílio aos gestores, não a fim de prever fatos ou acontecimentos, e sim estruturar a empresa em vários aspectos, tendo como finalidade preservar a saúde socioeconômica da organização. Vale a pena frisar que o momento está propício para um estudo no campo de gestão de risco, pois a empresa que toma uma decisão com base numa gestão de risco conseguirá amenizar uma eventual situação negativa. É importante ressaltar, que mesmo com uma excelente gestão risco nenhuma empresa fica imune aos problemas, mas pode-se afirmar que será menos abalada. O principal objetivo de uma gestão de risco é levantar por intermédio de pesquisas, estudos, análises e outros meios, as principais ocorrências que podem impactar de forma negativa ou até positiva na empresa para que os gestores preparem-se para cada situação, projetando um plano de ação que combaterá cada problema. Segundo Schwartz (2004, p.11): “[...] o objetivo é tomar decisões estratégicas que sejam plausíveis para todos os futuros possíveis”. A Marfrig teve início como Frigorífico no ano de 2000 na cidade de Bataguassú – MS, no período de nove anos a empresa adquiriu mais de 25 novas unidades dentro e fora do país, conquistando grande espaço no mercado de carnes em toda a América do Sul. Considerando apenas as plantas de abatedouros no Brasil, a Marfrig tem uma capacidade de abater mais de 10.000 cabeças diariamente, adicionando as unidades internacionais, o Grupo Marfrig tem capacidade de abate superior a 21.000 cabeças de gado por dia. Nos últimos dois anos o Grupo Marfrig expandiu seus negócios, investindo em outros segmentos, bem como aves, suínos e cordeiros, o que 13 mostra uma gestão de risco em execução, caso haja uma queda em determinado segmento ela estará preparada para se manter no mercado. O profissional contábil tem um papel fundamental dentro da gestão de risco, pois ele deve identificar e compreender os riscos em uma organização, planejar a condução de risco, ou seja, desenvolver o plano. Incorporar a gestão de risco ao processo de planejamento estratégico, ordenar e empregar ferramentas adequadas a diferentes situações e desenvolver a equipe, clientes e alta gerência em práticas adequadas de gestão de riscos. Toda empresa trabalha para que tenha lucro, mas tão importante quanto se ter lucro é desenvolver um planejando estratégico, onde a empresa consiga se manter estruturada diante de possíveis situações negativas. Diante do tema abordado pergunta-se: Um eficiente planejamento de gestão financeira tem como ponto de partida uma análise de risco? Do exposto, procurou-se, neste trabalho, identificar quais informações devem constar em um sistema de gestão de riscos e, qual a responsabilidade do controller na mensuração dessas informações, já que a Gestão de Riscos é um instrumento que auxilia as tomadas de decisão. A gestão de risco quando realizada e fundamentada, terá uma gestão financeira eficaz, minimizando os impactos negativos no resultado da empresa. Para comprovar sua importância, foi realizada uma revisão bibliográfica, que através de fundamentos teóricos, buscou-se resgatar os conceitos e a importância da contribuição da Gestão de Riscos como instrumento essencial no processo de tomadas de decisões estratégicas. Para demonstrar o que foi proposto na hipótese, foi realizada uma pesquisa de campo na empresa Marfrig alimentos S/A, situada na cidade de Promissão, no período de fevereiro a outubro de 2009. Foi utilizado o Método de observação sistemática e o estudo de caso para analisar os procedimentos de gestão utilizados e se estes atendem às necessidades e a realidade da empresa. As técnicas de pesquisas estão apresentadas pelos seguintes roteiros: Roteiro de estudo de caso (Apêndice A); Roteiro de observação sistemática (Apêndice B); Roteiro de entrevista para o gerente de pecuária do Grupo Marfrig (Apêndice C); Roteiro de entrevista para o diretor de auditoria (Apêndice D); Roteiro de entrevista para o supervisor de controladoria 14 (Apêndice E); Roteiro de entrevista para outros profissionais de empresas do ramo frigoríficos (Apêndice F). O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: Capitulo I – Conta a história da Marfrig Alimentos S/A, e toda sua trajetória. Capitulo II – Descreve a teoria da Gestão de Riscos e as matérias diretamente ligadas ao assunto, desde seu histórico até a sua utilização nas tomadas de decisão das empresas. Capitulo III – Demonstra a utilização da Gestão de Riscos e Gestão estratégica na empresa Marfrig Alimentos S/A. Por fim, apresentam-se a Proposta de Intervenção e a Conclusão do trabalho. 15 CAPÍTULO I MARFRIG ALIMENTOS S.A 1 DESCRIÇÃO GERAL DA EMPRESA 1.1 Grupo Marfrig Muitas empresas nascem de um sonho que se torna realmente um negócio a partir do momento em que nasce uma visão. A do grupo Marfrig sempre foi a de estabelecer um novo parâmetro de excelência na produção e distribuição de produtos alimentícios e, para que essa visão se tornasse realidade, houve um empenho memorável para desenvolver uma estratégia de busca constante da qualidade. Desde o início de sua história, a Companhia tem trabalhado com um conceito inovador em produção e distribuição de produtos alimentícios e está sempre atenta às necessidades do mercado no desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias. Em todos os processos, o Grupo Marfrig conta com uma equipe de profissionais altamente capacitados, para garantir a excelência do resultado em tudo o que faz. No início, com apenas um frigorífico, sempre procurava obter animais em fazendas que se utilizavam das boas práticas do manejo, para que os animais estivessem em ótimo estado físico, o que garantia a maciez da carne e a qualidade dos produtos da empresa. A visão empresarial do Grupo sempre foi ser reconhecida como uma empresa de excelência no mercado nacional e internacional, processando e comercializando produtos de alta qualidade em todos os seus segmentos, visando um desenvolvimento sustentável e rentabilidade nos negócios. Na visão do Presidente da Companhia, Sr. Marcos Antonio Molina dos 16 Santos, o Grupo Marfrig é o resultado da ação e do trabalho de quase 40 mil empregados. 1.2 Os dez mandamentos Em todos os seus processos, o Grupo Marfrig conta com uma equipe de profissionais altamente capacitados e motivados para o desenvolvimento das respectivas funções, em que a dedicação, o capricho e o respeito pelo próximo são as principais ferramentas de trabalho. Para tanto, foram elaborados os seguintes mandamentos para se produzir carne com qualidade alcançando assim excelência em seus produtos. 1.2.1 Boas práticas de manejo Obter animais em fazendas praticantes das boas práticas de manejo, obtenção de animais em fazendas que atendam aos mais modernos protocolos de produção e gestão pecuária, garantindo integralmente o respeito ao ambiente e ao bem-estar. 1.2.2 Transportes de animais Minimizar o estresse durante o transporte dos animais mantendo um ativo sistema de treinamento dos motoristas e de inspeção dos caminhões, diminuindo contusões e estresse no transporte dos animais das fazendas até as fábricas. 1.2.3 Abate humanitário 17 Respeitar os critérios de abate humanitário receber os animais em ambiente confortável, livre de fatores estressantes, e mantê-los por tempo suficiente para o descanso e a hidratação antes do abate. 1.2.4 Estimulação elétrica Estimular eletricamente as carcaças acelera a redução do pH que inibe a atividade microbiana. Este processo resulta em produto com melhor durabilidade, coloração e maciez. 1.2.5 Protocolo de produção Atendimento dos melhores protocolos de produção: toda a produção de carne é feita segundo processos produtivos padronizados e de acordo com os protocolos de produção PPHO (Procedimento Padrão de Higienização Operacional), POP (Procedimento Operacional Padrão) e HACCP (Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle), garantindo produtos homogêneos e extremamente seguros. 1.2.6 Maturação sanitária por 48 horas Ampliar a maturação sanitária até 48 horas, toda carcaça deve ser maturada por, no mínimo, 24 horas (maturação sanitária). A maturação por 48 horas favorecerá a obtenção de produtos com maior qualidade (maciez e cor) e maior shelf life. 1.2.7 Desossa rápida e higiênica 18 Desossa rápida e higiênica seguida de embalagem perfeita, a desossa rápida, feita sob condições ideais de temperatura, por funcionários treinados e equipamentos perfeitamente higienizados proporciona produtos com máxima uniformidade e qualidade. 1.2.8 Maturação comercial A maturação comercial dos cortes embalados a 0ºC favorece processos enzimáticos naturais, que resultam em aumento da maciez e qualidade final do produto. O congelamento ultra-rápido evita perda excessiva de líquido, garantindo melhor qualidade após o descongelamento. 1.2.9 Transporte e armazenagem O transporte e o armazenamento dos produtos acabados, a perfeita integração entre os processos de programação de produção, armazenagem e distribuição garantem a manutenção integral da qualidade dos produtos entre as fábricas e os canais de comercialização. 1.2.10 Processo de distribuição Manutenção da cadeia de frio e qualidade das embalagens durante o processo de distribuição, controle das condições de recepção e armazenagem durante todo o período de pré-comercialização, garantindo a qualidade do produto até o cliente final. 1.3 Histórico e Evolução 19 O fundador e hoje presidente do Grupo Marfrig, Sr. Marcos Antonio Molina dos Santos, é conhecido como o personagem que construiu a mais meteórica história de sucesso do agronegócio brasileiro. Uma de suas virtudes é a praticidade e facilidade com que realiza os negócios, as vendas e as aquisições. A história desse empresário começou cedo, desde os 16 anos, quando deixou o açougue do pai, em Mogi-Guaçu, no interior de São Paulo para se transformar num distribuidor de carnes. Foi batendo de porta em porta que começou a entender a psicologia do consumo e a decifrar os desejos dos clientes. A pequena empresa começou a atuar na cidade e depois na região; chegou a Campinas e logo alcançou a capital paulista. Com pouco tempo, a Marfrig já se tornara um fornecedor de cortes nobres e importados para os melhores restaurantes e churrascarias da metrópole. A empresa sempre se preocupou em ter o que é mais difícil nesse negócio que é manter uma boa base de clientes. Em seguida, para atendê-los melhor, tentou vôos mais ousados. Foi além do negócio de distribuição e começou a comprar frigoríficos. O Marfrig ilustra com precisão um movimento de ascensão internacional que não é isolado na historia recente do mundo corporativo. Faz parte de um novo fenômeno de proporções globais. Um número cada vez maior de empresas fundadas em países emergentes como China, Índia e Coréia está avançando para competir em países desenvolvidos. No Brasil, esse movimento caminha de forma mais lenta. Marcos Molina (presidente do Grupo Marfrig) é um empreendedor intuitivo. Não fez faculdade, não lê livros de negócios e não recorre a consultorias de gestão. É viciado em trabalho. Os clientes têm o número de seu celular e podem ligar até nas madrugadas. “Marcos consegue trabalhar 21 horas por dia”, diz Márcia dos Santos, sócia integrante do conselho de administração e mulher de Molina, o braço direito do marido. A trajetória do Grupo Marfrig mostra que Marcos Molina aprendeu na prática a fazer o dever de casa no mundo dos negócios. Em 1994 a empresa hoje Grupo Marfrig, começou a fornecer para o Porcão, do Rio de Janeiro, uma das mais badaladas churrascarias do país. Foi quando percebeu que os melhores restaurantes tinham uma enorme carência 20 de boas carnes e, a partir de então, passou a sondar a capital paulista, onde o circuito gastronômico era bem maior. No ano de 1998, com vários clientes garantidos, transferiu a sede da empresa para Santo André, na região metropolitana de São Paulo. A Marfrig foi a primeira empresa a se preocupar em aproximar todos os elos de uma cadeia complicada. “Pecuaristas, fornecedores e clientes viviam em guerra”, afirma. “Na safra, sobrava carne e se comprava barato. Na entressafra, o preço subia e era uma luta garantir o produto. Tínhamos de começar a trabalhar juntos”, diz Molina, que levou donos de restaurantes paulistanos para conhecer as melhores fazendas de gado da Argentina e no Uruguai. O presidente do Grupo “Marcos Molina”, também foi cicerone de produtores dos países vizinhos em jantares na capital paulista. Sentava-se à mesa com os dois lados, para intermediar contratos de fornecimento de longo prazo, sempre deixando claro qual seria a margem de lucro do Marfrig em cada negociação. Com a estratégia, Molina garantia mercado para os produtores, carne para os clientes e espaço ao Marfrig. A Marfrig também foi a primeira a oferecer produtos sob medida, preocupou se em entender que tipo de carne cada dono de restaurante queria no cardápio e negociou com os fornecedores para que produzissem cortes sob medida, que eram embalados a vácuo para garantir a qualidade. Os cortes da empresa permitiram aos donos de restaurantes conceituados criarem pratos antes impensáveis no Brasil por falta de matéria prima. Com toda essa capacidade de negociação, em 2000, a então proprietária de uma Distribuidora adquiriu o primeiro abatedouro. O Frigorífico Marfrig Ltda. começava suas operações em um frigorífico na cidade de Bataguassú, no estado do Mato Grosso do Sul. A partir desse ano, o frigorífico Marfrig não parou mais de crescer. No ano de 2001, arrendou na cidade de Promissão sua segunda planta frigorífica, fazendo um ótimo negócio, uma vez que essa planta até então do empresário Homero Moreira já possuía licença para vendas no mercado externo, dentro de pouco tempo o arrendamento tornou-se aquisição. No ano de 2001, já havia uma capacidade produtiva de mais de 2.000 cabeças de gado, agora já com atuação no mercado interno e externo, capacidade essa que foi dobrada nos anos de 2003 e 2004 com aquisições de 21 mais duas plantas: no estado do Mato Grosso, nas cidades de Tangará da Serra e Paranatinga. A partir daí, a empresa traçou metas ousadas, sonhando em se tornar um dos maiores fornecedores de alimentos para todo o mundo. O primeiro passo foi a alteração na razão social que passou de Frigorífico Marfrig Ltda. para Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda. Com isso começou uma seqüência de investimentos e aquisições, todos muito bem projetados e negociados, sempre com o acompanhamento direto do Sr. Marcos nos negócios e de sua esposa Márcia Aparecida Marçal dos Santos nos processos administrativos, parceria de sucesso que continua até os dias de hoje, com ele voltado mais para os negócios comerciais e ela para a administração dessa grande companhia. Em 2006, foi dado um grande passo para que a Marfrig tornasse uma das empresas mais importantes do país com aquisição de 5 unidades no Brasil: uma em Porto Murtinho-MS, Chupinguaia-RO, São Gabriel-RS e outra planta em Promissão-SP, além de 2 unidades no Uruguai, 1 na Argentina e outra no Chile. Com a consolidação da empresa nos maiores centros do Brasil e também no exterior, o crescimento manteve-se constante. No ano de 2007, houve grandes aquisições, com destaque para a compra da empresa Mabella do Rio Grande do Sul. Com isso, a Marfrig começava a sua diversificação na produção de alimentos, tendo sido feita a aquisição de 7 unidades na Argentina e 1 nos Estados Unidos. Ainda no ano de 2007, a empresa tornou-se uma Companhia aberta e suas ações são negociadas na BM&FBOVESPA com o tcker MRFG3, segmento que segue critérios rigorosos de gestão coorporativa. Outra grande aquisição do Grupo foi feita no ano de 2008, quando adquiriu as Empresas do Grupo OSI e importantes marcas e empresas como DaGranja e Pena Branca. O Grupo Marfrig, na assembléia de acionistas realizada em 28 de abril de 2009, teve sua razão novamente alterada para Marfrig Alimentos S/A. Os avanços e crescimentos continuaram e este ano foi marcado pelo sucesso da integralização de todos os grupos. Mediante os investimentos, o Grupo Marfrig transformou se numa das 22 maiores multinacionais brasileiras, com presença em vários países e receita prevista para R$ 10 bilhões neste ano. A Marfrig é a empresa de alimentos mais diversificada em alimentos, possui hoje 18 plantas de abates de bovinos, dez de abate de frangos, quatro de abate de cordeiros, além de 30 fábricas de produtos industrializados. 1.4 Ramo de atuação Atualmente, a Marfrig está presente em 9 países, é o quarto maior produtor mundial de carne e produtos bovinos, está entre os 10 maiores processadores de frango do mundo. No Uruguai, é considerada a maior empresa privada do país, na Argentina, é a maior empresa de carne bovina e também é o maior processador de frangos no Reino Unido. Priorizando a excelência da produção e o atendimento aos seus clientes, atualmente conta com mais de 40.000 clientes ativos no Brasil. Para atender a tal demanda a empresa conta com 9 modernas plantas de abate de gado bovino no Brasil, além de 2 plantas de abate de suínos, 6 de aves e1 de ovinos. O Grupo Marfrig tem suas Unidades de Negócios divididos em: Bovinos Brasil & Food Service, Aves, Suínos & Industrializados, Argentina, Uruguai e Europa. A Bovinos Brasil é composta por: a) 9 plantas em 6 estados com capacidade de abate diária de 13.300 cabeças; b) 4 plantas de produtos industrializados/processados com capacidade diária de 470 toneladas; c) 1 curtume em Promissão (SP) com capacidade diária de processamento de 1.500 couros; d) 2 confinamentos de terminação no estado de São Paulo e 1 em Mato Grosso. Devido a escassez de oferta e a proibição das exportações para a Europa, a Marfrig com sua estratégia de diversificação geográfica e 23 multiproteínas (bovina, frangos, suínos e ovinos) projetou um crescimento para a proteína bovina na Argentina e no Uruguai. Um aumento significativo na produção de produtos industrializados, com foco na distribuição destes produtos, principalmente na Europa. Com a chegada da crise em setembro de 2008, a Marfrig já estava preparada para este desafio e hoje vem tendo grande oferta de animais. A Divisão Food Service Brasil conta com: a) um Centro de Distribuição na cidade de Santo André (SP) movimentando aproximadamente 300 toneladas/dia; b) capacidade de produção de cinco toneladas/dia de produtos processados e industrializados em Santo André; c) o líder na distribuição de batatas pré-cozidas no eixo Rio – São Paulo; d) parcerias com os Grupos Santista e Canaã na distribuição de alimentos no Nordeste; e) frota com 55 veículos próprios; f) aproximadamente 5,5 mil clientes ativos; g) aproximadamente 300 empregados. A Divisão Aves e Suínos é composta por: a) 7 plantas de abate em 5 estados com capacidade de abate diária de 1,08 milhões de aves; b) 2 plantas de abate em 2 estados com capacidade de abate diária de 4,2 mil suínos; c) 8 plantas de processamento com capacidade diária de 696 toneladas; d) granjas de suínos no estado de Mato Grosso com capacidade diária de 12,2 mil matrizes e 1,2 mil suínos; e) 7 granjas de aves, operação 100% integrada; f) 6 fábricas de rações; g) 11 mil empregados e 19 mil clientes ativos. A Divisão no Uruguai possui: a) possui 4 plantas de abate de bovinos, 2 plantas de abate de cordeiros e 3 plantas de produtos industrializados no país; b) capacidade instalada de abate de 3,9 mil bovinos/dia; 24 c) capacidade instalada de abate de 5,4 mil cordeiros/dia; d) capacidade instalada de industrialização de 268 toneladas/dia. A Marfrig é a maior indústria no Uruguai. A Divisão na Argentina conta com: a) 5 plantas de abate com capacidade de 3.900 cabeças/dia; b) 5 plantas de industrializados com capacidade de 249 toneladas/dia. Detém 65% de “market share” de hamburguesas com a marca Paty. A Divisão Europa possui: a) 11 plantas de aves, em 4 países, com capacidade de abate de 646 mil frangos/dia e capacidade de industrialização de 534 toneladas/dia; b) na Inglaterra: 4 plantas de processados e 2 de abate; c) na Irlanda do norte: 1 planta de processados e 1 de abate; d) na França: 2 plantas de processados; e) na Holanda: 1 planta de processados; f) 7.800 empregados. 1.5 Parcerias Um grande trunfo do empresário Sr. Marcos Molina, fundador desse grande grupo, é sua facilidade para o empreendedorismo, cultivando parcerias estáveis e de confiança com profissionais de alto potencial e ainda consegue trazê-los para sua empresa agregando valor para o capital intelectual do Grupo. Podem ser citados alguns desses profissionais e colegas de negócios, entre eles o Sr. Marcio Cypriano (ex presidente do Bradesco), que é membro do conselho e que discretamente ajudou a traçar a estratégia do Grupo Marfrig. As parcerias com grandes produtores, como por exemplo, o Sr. José Carlos Bumlai (dono de um dos maiores rebanhos do País), e também o Sr. Jonas Barcellos (dono da Fazenda Mata Velha). Todas essas pessoas importantes, quando comentam de Marcos Molina, apresentam só elogios, e não poderia ser diferente, a principal qualidade 25 mencionada por eles é a de que cultiva as boas relações, é inteligente e extremamente ágil na hora de decidir. 1.6 Principais Marcas do Grupo Marfrig Seguem as marcas de maior sucesso de todo grupo dividida por todas as suas divisões. Fonte: Marfrig, 2009 Figura 1: Marcas Marfrig 26 1.7 Missão do Grupo A missão do Grupo é atender às expectativas dos clientes e parceiros, fornecendo produtos com qualidade diferenciada, através de modernas tecnologias e elevada qualidade da mão de obra, atuando com responsabilidade social e ambiental e gerando valor para os clientes, parceiros, empregados, acionistas e para a sociedade. O Grupo Marfrig tem como finalidade não apenas fornecer, com excelência, produtos com um serviço de grande importância para a coletividade, mas também ser uma empresa cidadã, onde as práticas de gestões voltadas para o público interno e para o público externo colocam - se como uma empresa na vanguarda no trato das múltiplas relações que uma empresa desse porte mantém tanto no âmbito nacional, quanto internacional. Garantir a qualidade dos produtos alimentícios e outros que venham a ser comercializados pelo Grupo, assegurar a qualidade e a certeza do fornecimento na forma ajustada, além do tratamento personalizado nas situações assim requeridas, bem como praticar um preço justo, são os valores de quem quer contribuir para que cada um que consuma os nossos produtos possa estar certo de que fazemos o melhor, pois temos compromisso com a saúde e bem estar de todos os nossos clientes. O Grupo se compromete frente a todos os seus clientes, onde quer que eles estejam visando o acesso a um produto de elevada qualidade, procurando, cada vez mais, todos os meios possíveis para reduzir significativamente a emissão de poluentes (inerentes ao processo produtivo), para garantir um meio ambiente para as futuras gerações, seguindo um crescimento sustentável. Esse é o sentido do desenvolvimento sustentável adotado pelo Grupo Marfrig, que atua mediante seus objetivos conjuntos de desempenho econômico, solidariedade e responsabilidade para com o meio ambiente. Ao adotar esses valores que dão o devido contorno à identidade do Grupo, ele se distingue pela disposição geral de servir a todos os seus clientes com nítida diferenciação e atendendo também ao interesse comum, no que se refere ao desenvolvimento sustentável, aplicando para mercado local e mundial 27 sua capacidade técnica, industrial e econômica de criação de valor. Estes valores envolvem uma ética comportamental a serviço dos clientes. Prosseguir com a aplicação desses valores e dessa ética nos diversos produtos disponibilizados pelo grupo, em um mercado mundial aberto à concorrência. 1.8 Organograma Considerando somente a unidade em que foi aplicada a pesquisa, demonstra-se no organograma apenas a diretoria e gerência. Fonte: Elaborado pelos autores Figura 2: Organograma da empresa 1.9 Código de ética do Grupo Marfrig É um documento criado para que os colaboradores do Grupo se orientem sobre caminhos, atitudes e compromissos, na busca pela excelência 28 das relações internas e externas, assegurando a reputação da empresa íntegra na condução dos negócios e do processo. Inspirando em valores morais, que estão além do cumprimento da lei, este código formaliza a relação do Grupo Marfrig com seus clientes, consumidores, empregados, acionistas, fornecedores, poder público e sociedade. A ética, da forma colocada nesse código não é algo abstrato, mas uma prática concreta que deve ser entendida e adotada por todos. Segundo o Sr. Marcos Molina, este código representa parte da identidade do Grupo Marfrig e deve ser aplicado no dia a dia de cada profissional. Esse código permite ao colaborador obter informações que nunca chegaram a seu conhecimento, focando sempre a qualidade máxima de seus produtos a empresa passa a seus funcionários, conceitos básicos sobre atendimento, relacionamento e até mesmo comprometimento com a segurança. O meio ambiente ganha força nesse código, a empresa se compromete em trabalhar na preservação da natureza defendendo um desenvolvimento sustentável. 29 CAPÍTULO II REVISÃO TEÓRICA SOBRE GESTÃO DE RISCOS 2 INTRODUÇÃO Com um cenário composto por constantes mudanças e com a economia interligada, onde um fato ocorrido em determinada parte do mundo pode impactar na empresa, a gestão de risco aparece com uma alternativa ao gestor para auxiliar na tomada de decisão. As informações fornecidas e utilizadas em uma gestão de risco permitem ao gestor tomar uma decisão fundamentada em dados extraídos do ambiente interno e externo o que possibilita uma tomada de decisão mais correta. 2.1 Planejamento estratégico e controladoria estratégica Diante de um cenário extremamente competitivo, torna-se relevante que os gestores estejam orientados para a estratégia da empresa e as tendências de mercado. A atuação da controladoria estratégica nas empresas pressupõe, de alguma maneira, que o profissional contábil possa exercer esse papel, com os demais principais gestores de uma entidade que têm essa responsabilidade. Participar da estratégia empresarial pressupõe um conhecimento adicional para qualquer profissional. Além do conhecimento necessário para efetivar o exercício de sua função, ele também deve ter conhecimentos profundos de todos os outros fatores que são necessários para entender e tomar decisões estratégicas. De acordo com Thompson (1995), estratégias são meios para fins, e esses fins se relacionam com os propósitos e objetivos da organização. Elas indicam os caminhos a seguir, e as decisões que elas tomam, com o objetivo de se alcançar determinados pontos e níveis de sucesso. Administração 30 estratégica é um processo que necessita ser entendido, muito mais que uma disciplina a ser ensinada. Entende-se como Administração Estratégica, o processo pelo qual as organizações determinam seus propósitos, objetivos e níveis desejados de consecução; é decidir sobre ações para atendimento desses objetivos em uma escala de tempo apropriado, e freqüentemente em um ambiente de mudança; é o implemento das ações; e assegurar progressos e resultados. 2.2 Planejamento estratégico Planejar é uma estratégia para aumentar as chances de sucesso de uma empresa, em um mundo de negócios que muda constantemente. Planos estratégicos não são garantia de sucesso. O planejamento estratégico será tão eficaz quanto às premissas que foram nele incluídas. O foco da controladoria estratégia é o planejamento estratégico. A estratégia da empresa decorre de seus objetivos corporativos que, por sua vez, decorrem de suas metas, que estão em linha coma missão da corporação. Além disso, o planejamento estratégico deve englobar todos os objetivos funcionais e divisionais da empresa, em um processo integrado e interativo. Segundo Mosimann e Fisch (1999), para apoio à estratégia, a controladoria, como administradora do sistema de informações econômicofinanceiras da organização, deve interpretar o impacto econômico de possíveis eventos de natureza empresarial. A estratégia a ser adotada deve estar em consonância coma missão da empresa, suas metas e seus objetivos. Basicamente, a estratégia é uma visão de longo prazo, que pode ser até configurada em números de anos. Não existe um horizonte temporal definido para o planejamento estratégico, mas pensar no mínimo para os próximos dois anos até um horizonte de cinco a oito anos, e o que se deve fazer agora para que possa ocorrer o que se está vislumbrando. Segundo Padoveze e Bertolucci (2008, p. 75), “o plano estratégico deve 31 conter claramente as intenções que a empresa tem, e o que e como deve proceder, com o máximo de quantificação, quando possível.” 2.3 Riscos Para que possa definir um modelo adequado para o gerenciamento dos riscos, Bernstein (1997, p. 8) aponta que “a palavra risco deriva do italiano antigo risicare, que significa ousar. Neste sentido, o risco é uma opção, e não um destino”. Já Mossiman e Fisch (1999) conceituam de uma forma mais corporativa apontando que os riscos são eventos futuros incertos que podem influenciar o atendimento dos objetivos estratégicos, operacionais e financeiros da organização. As dimensões do risco incluem o impacto sobre reputações de uma organização, incluindo a “perda de legitimidade” devida a atividades consideradas inaceitáveis para a comunidade. Risco pode simplesmente ser definido como exposição à mudança. É a probabilidade de que algum evento futuro ou conjunto de eventos ocorra. Portanto a análise do risco envolve a identificação de mudanças potenciais adversas e do impacto esperado como resultado na organização. (PAXSON; WOOD, 1998, p.159). Segundo Kimura e Pereira (2003, p. 1) apontam que “flutuações inesperadas de fatores de risco podem levar a níveis de endividamento e liquidez que influenciem no valor da empresa”. Os autores salientam que o ambiente em que se insere uma organização passa por mudanças cada vez mais freqüentes e profundas, expondo os gestores a continua necessidade de tomar decisões imediatas e acertadas. Em tal inconstância se torna cada vez mais relevante a prática do gerenciamento dos riscos que busca maximizar a utilização das oportunidades, sem elevar em demasia o grau de exposição da organização aos fatores de risco. A questão da gestão de riscos vem apresentando crescente importância no contexto empresarial. Com o aumento da interdependência dos mercados, as empresas tornam-se mais vulneráveis aos diversos fatores de risco. 32 A exposição ao risco é um dos maiores desafios à sobrevivência das organizações. Se a adoção de estratégias corretas é o que define o futuro de uma organização, gerenciar adequadamente os riscos a que ela se expõe significa possibilitar o seu futuro. (BERNSTEIN, 1997, p. 1). Deste modo, a gestão do risco significa instalar técnicas administrativas para reduzir a probabilidade de eventos negativos sem incorrer em custos excessivos nem paralisar a organização. 2.3.1 Perfil dos riscos na organização Cada organização apresenta um conjunto específico de riscos. Para identificar o perfil de risco da organização, é necessário, primeiro, reconhecer que o conceito de risco frequentemente é utilizado em distintas perspectivas: risco como oportunidade, risco como perigo ou ameaça, ou risco como incerteza, que segundo Padoveze e Bertolucci (2008) são: a) risco como oportunidade: está implícito no conceito de risco e retorno. Quanto maior o risco, maior o potencial de retorno e, necessariamente, maior o potencial de perda. Nesse contexto, a gestão do risco significa utilizar técnicas para maximizar a parte exterior considerando as restrições do ambiente operacional da organização, dada qualquer limitação que exista para minimizar a parte interior. O risco como oportunidade reflete a perspectiva da alta administração e os setores de planejamento; b) risco como perigo ou ameaça: é o que os administradores mais frequentemente entendem pela designação. Eles estão referindo-se a eventos potencialmente negativos como perdas financeiras, fraudes, danos a reputação, roubo ou furto, morte ou injúria, falha de sistemas, ou demandas judiciais; e c) risco como incerteza: refere-se à distribuição de todos os resultados possíveis, sejam positivos ou negativos. Nesse contexto, a gestão do risco procura reduzir a variação entre os resultados antecipados e os resultados reais. O risco como incerteza é uma perspectiva de 33 governança do responsável por administração e finanças e dos gerentes de linha responsáveis pelas operações. 2.3.2 Identificação e avaliação dos riscos A identificação dos riscos nas empresas passa sempre por um processo de análise do ambiente interno e externo e pela consideração das variáveis e entidades que afetam o sistema empresa. É considerada uma das etapas cruciais no processo de gerenciamento do risco. Cada risco deve ser explorado para identificar como potencialmente ele evoluiu na organização. É importante assegurar que o risco está cuidadosamente definido e explicado para facilitar análises posteriores. A acurada definição do risco é um elemento crítico para o sucesso da gestão de risco. Padoveze e Bertolucci (2008) salientam que os procedimentos complementares para identificação e análises de riscos não identificados primariamente podem ser: a) brainstorming; b) questionários; c) mapeamento dos processos, que envolve identificação e mapeamento da cadeia de processos e valor dos principais negócios da empresa, e a identificação das dependências dos fatores externos ( órgãos reguladores, legislação,clientes, fornecedores de serviços etc.) e dos recursos internos (como pessoal, tecnologia, ativos físicos etc.) que interferem nos processos; d) comparações com outras organizações; e) discussão com coligadas; Do ponto de vista de Padoveze e Bertolucci (2008), para cada risco identificado deve haver uma avaliação do possível impacto e correspondente probabilidade de ocorrência, usando parâmetros consistentes que deverão possibilitar o desenvolvimento de um mapa de risco priorizado. A avaliação do impacto e da probabilidade de cada risco normalmente é apresentada da 34 seguinte forma: a) impacto: - alto; - moderado; - baixo. b) probabilidade de ocorrência: - Alta – provável; - Moderada – possível; - Baixa – remota. 2.3.3 Risco e retorno Tecnicamente, em finanças, o risco significa a variabilidade em relação ao retorno esperado. A variabilidade, portanto, pode ser para mais ou para menos. Contudo, como o resultado inferior ao planejado é que prejudica o processo de investimento, o risco pode ser definido como probabilidade de perda em relação a resultados esperados. Há geral aceitação de que empreendimentos com maior probabilidade de risco devem ser recompensados com retorno maior. Essa concepção parte de que há retornos livres de risco, como é o caso de títulos governamentais que podem ser considerados sem risco, ou livres de risco. Conseqüentemente, qualquer investimento tem um risco, que deve ser remunerado com um retorno maior que, segundo Padoveze e Bertolucci (2008), é possível fazer uma inversão do conceito. Se um risco maior exige um retorno maior, um retorno maior deve ter um risco maior. 2.3.4 Tipos de risco Considerando a empresa dentro do mercado, como uma opção de investimento, Jorion (2000) considera que os riscos podem ser identificados 35 três tipos de riscos, que, associados, dão o risco da empresa: a) risco de mercado ou sistemático, que é um risco a que todas as empresas em um mesmo ambiente acabam por sofrer, decorrente de aspectos conjunturais, políticos, de recessões, guerras, aumentos gerais de commodities etc; b) risco não sistemático, que afeta especificamente cada empresa, e que pode ser diversificável em uma carteira de investimentos; c) risco operacional, que decorre da opção por uma determinada estrutura de ativos, que, por sua vez, conduz a uma estrutura de custos (proporção de custos fixos e custos variáveis). Os riscos operacionais referem-se às perdas potenciais resultantes de sistemas inadequados, má administração, controles defeituosos ou falha humana, a qual inclui o risco de execução, correspondente a situações em que as operações não são executadas, resultantes, às vezes, em atrasos onerosos ou em penalidades. 2.3.4.1Risco financeiro O risco financeiro, que decorre da opção por uma determinada estrutura de passivos, que conduz a um nível de endividamento financeiro e à necessidade de absorção dos custos fixos financeiros. O profissional financeiro defronta-se continuadamente com dois grandes dilemas, decorrentes das incertezas dos fluxos de benefícios futuros. A avaliação do retorno de um investimento em relação a seu risco e a possibilidade de ter maior retorno ou rentabilidade sacrificando provisoriamente sua capacidade de liquidez ou pagamento. (PADOVEZE; BERTOLUCCI, 2008, p. 144) Considerado o risco mais relevante, o risco financeiro tem como foco o retorno financeiro diferente do esperado e a mensuração do risco financeiro do investimento feito em uma empresa em relação ao risco financeiro apresentado pelas demais empresas passíveis de receberem o mesmo investimento. Seu estudo é fundamental para a atividade de controladoria. Contudo, o conceito de gerenciamento de risco corporativo incorpora outras variáveis a 36 serem mensuradas em termo de risco, com o objetivo de buscar antecipar todas as possíveis variações que possam acontecer nos resultados das atividades da empresa. De certa forma, este tipo de risco consolida a realização dos resultados econômicos e financeiros da empresa nos determinados momentos em que se faz a sua avaliação econômica e financeira e, consequentemente, traduz em um único indicador o retorno do investimento e o efeito do gerenciamento geral de todos os riscos a que a empresa esteve submetida nos períodos analisados, conjunto esse de riscos que se denominam riscos corporativos. Em outras palavras, o resultado da eficácia da gestão dos riscos corporativos é que determinará a mensuração do risco financeiro da empresa, e assim, permitirá a avaliação do desempenho da controladoria da organização e do processo de gestão. Em outras palavras, o risco financeiro é o retorno do investimento diferente do esperado; mensuração do retorno do investimento da empresa em relação à mensuração de mais empresa. A separação das fontes de capital em capital próprio e capital de terceiros decorre das características de que a empresa, por meio de seus acionistas, é responsável final pelo empreendimento, e que os financiadores externos (bancos e debêntures) devem receber os juros independentemente da existência ou não de lucros. Portanto, os financiadores externos têm um risco de não receber em devolução o capital emprestado e seus juros. Esse é o risco financeiro da empresa. Os financiadores externos adotam como referencia básica para medir o risco financeiro de cada empresa, além do potencial de geração operacional de lucros, o grau de endividamento atual e futuro. O grau de endividamento é a relação percentual entre o total das fontes de capital de terceiros e o total das fontes de capital próprio. Quanto maior o grau de endividamento, maior o risco financeiro da empresa, pois há maior utilização do capital de terceiros. Como o capital de terceiros exige uma remuneração fixa, quanto mais empréstimos e debêntures existirem dentro da empresa, maiores serão os comprometimentos financeiros no seu fluxo de caixa. Segundo Padoveze e Bertolucci (2008), o grau de endividamento 37 também mostra uma relação de garantia e evidência qual é a proporção em que os acionistas estão financiando o negócio em relação ao capital de terceiros. Os financiadores externos sempre estarão atentos a empresas com elevado grau de endividamento, pois em caso de lucros futuros menores que os esperados, a possibilidade de inadimplência dos compromissos financeiros aumenta. 2.3.4.2 Risco corporativo Também conhecido como risco do negócio, considerando que em cada ramo de atividade tenha características peculiares que conduzam a determinado nível de risco diferente de outro ramo. Assim, pode-se imaginar que o ramo de comercialização de alimentos tenha um risco menor que o ramo agrícola, que o ramo automobilístico tenha um risco maior que o ramo de energia elétrica, que setores ligados a produtos supérfluos incorporem riscos maiores que setores ligados aos de consumo básico, entre outros. Riscos corporativos são aqueles assumidos voluntariamente, a fim de criar vantagem competitiva e valorizar a empresa perante seus acionistas. O risco operacional está relacionado ao setor da economia em que a empresa opera e inclui inovações tecnológicas, desenho de produtos e marketing. (JORION, 2000, p. 3) Já Padoveze e Bertolucci (2008), acrescentam que os riscos coorporativos são todos os riscos identificáveis, existentes ou futuros, que podem afetar o desempenho financeiro da empresa, sejam eles estratégicos, de gestão ou operacionais. Quanto mais os acionistas investem no próprio negócio, mais dão indicações de que há confiança no empreendimento e que os acionistas estão dispostos a assumir os riscos operacionais, evidenciando aos donos do capital de terceiros uma garantia adicional. 2.4 Mensuração do risco 38 A área de finanças é rica em metodologia de medição do risco. A ênfase é sempre em métodos estatísticos, geralmente com base em dados históricos. Segundo Sá (1999, p.181), em geral, “os modelos para gerenciamento de riscos são desenvolvidos para gerenciar o risco de mercado e utilizam-se de diferentes indicadores, todos de origem estatística, para sua quantificação”. Assim, os conceitos de medição de riscos tratados nessa seção resumem-se a: a) métodos estatísticos; b) simulação. 2.5 Risco e estratégia O gerenciamento do risco é uma atividade de gestão aderente ao planejamento estratégico. Portanto, insere-se no conjunto de instrumentos gerenciais pertencentes ao âmbito da controladoria estratégica. A associação da gestão do risco ao planejamento estratégico é adequada, já que a análise da estratégica inicia-se com a análise da empresa como um sistema aberto em relação ao ambiente externo em que está inserida. A análise do ambiente busca identificar as oportunidades e ameaças que o ambiente externo apresenta para a empresa a fim de confrontar seus pontos fracos e fortes. Assim, a análise do ambiente é fundamentalmente uma análise de risco, pois tem por finalidade mapear e identificar os riscos positivos (as oportunidades do ambiente e os pontos fortes da empresa) e os riscos negativos (as ameaças do ambiente e os pontos fracos da empresa). A atividade de gerenciamento do risco é uma atividade estratégica. Os riscos podem ser de diversos tipos, classificando-se, em uma primeira análise, em riscos estratégicos, riscos de gestão e riscos operacionais. Segundo Padoveze e Bertolucci (2008, p. 8), “os riscos classificáveis como estratégicos são aqueles que decorrem das diretrizes definidas no planejamento estratégico.” Basicamente, este tipo de risco está relacionado com os negócios e mercados onde a empresa atua. Caracterizam-se como riscos estruturais, pois 39 decorrem das macrovariáveis econômicas, políticas, ambientais etc. capazes de afetar os resultados econômicos dos negócios da empresa. Dentro dos riscos de gestão, classificam-se todas as possíveis ocorrências futuras, que poderão impactar os resultados econômicos da empresa para mais ou menos, decorrentes de decisões administrativas ou riscos administrativos assumidos. Podem enquadrar-se nesse tipo de risco o modelo de gestão e planejamento tributário, o modelo de gestão contábil e financeira, o modelo de gestão de recursos humanos, o modelo de gestão de tecnologia de desenvolvimento de produtos e de tecnologia de informação. Os riscos operacionais decorrem da execução das transações e das operações da empresa e podem ser causados por todos os funcionários da empresa na realização de suas atividades: falhas humanas, de sistemas, não cumprimento de obrigações, trabalham com eficiência diferente do esperado, falhas nas decisões sobre os eventos econômicos, atuação desidiosa de funcionários, fraudes, roubos etc. Os riscos estratégicos podem se apresentar em menor quantidade, mas poderão representar grande impacto nos resultados econômicos da empresa. 2.6 Sistemas de informações relacionados com a gestão de riscos O modo como a gestão de riscos contribui para monitoramento do ambiente externo, faz com que os gestores estejam orientados para as ameaças externas à empresa e, para tanto, a empresa deve obter informações de permitam a minimização dos impactos dos riscos nos resultados da empresa. Com base no referencial bibliográfico, foram encontrados alguns sistemas que, de acordo com os autores contribuem substancialmente para a concretização da gestão de riscos em uma empresa. Estes subsistemas de informações que serão apresentados a seguir partiram de uma pesquisa desenvolvida por Santos (2006) que objetivou identificar a responsabilidade da controladoria estratégica na gestão de riscos e, consequentemente, quais informações devem constar em cada subsistema. 40 Os subsistemas são: Cenários empresariais, Balanced Scorecard e Sistema de acompanhamento do negócio. 2.6.1 Cenários empresariais Na última década, aumentou sobremaneira o ritmo acelerado das mudanças políticas, econômicas, sociais e tecnológicas no mundo. Como consequência, houve frequentes rupturas de tendências, que, segundo Marcial e Grumbach (2005), aumentou a incerteza com relação ao futuro das organizações, seja qual for a área na qual atuam. Cenários é o conjunto formado pela descrição coerente de uma situação futura e pelo encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem à situação futura. Considerada uma das atividades essenciais de controladoria estratégica, o desenvolvimento e acompanhamento dos cenários têm com objetivo verificar a tendência das previsões de organizações especializadas em descrever sucintamente os cenários em que estão inseridos. A construção de cenários empresariais parte da premissa de que os dados não são reais e, sim, estimados, o que torna possível prever cenários identificando possíveis tendências. É comum que as empresas contratem especialistas ou consultorias nas áreas macroeconômicas para essa tarefa. A maior parte das instituições financeiras e de investimento tem um setor específico para isso, bem como também fornecem seus cenários elaborados para os clientes, cabendo a eles aceitarem ou não. Mesmo que a organização contrate esse serviço, é fundamental que o controller e os participantes do comitê orçamentário participem da leitura e do processo de discussão das variáveis encenadas. Consoante a isto, Marcial e Grumbach (2005) afirmam que existem cenários possíveis (todos os que a mente humana puder imaginar), os cenários realizáveis (todos os passíveis de ocorrer e que levam em conta os condicionantes do futuro) e os cenários desejáveis (encontram-se em qualquer parte do possível, mas nem todos são, necessariamente, realizáveis), conforme 41 é apresentado na figura a seguir. Cenários Cenários desejáveis possíveis Cenários realizáveis Fonte: Marcial; Grumbach, 2005, p. 43 Figura 3 – Tipos de cenários Schwartz (2003) entende que as organizações deveriam se sentirem estáveis e seguras, e que existem fatos e fatores que não deixarão de existir. Assim, o autor cita três regras para que os gestores possam ter em mente, em um ambiente turbulento: a) sempre teremos surpresas; b) conseguiremos lidar com elas; e c) muitas podem ser previstas, na verdade, pode-se fazer algumas suposições bastante boas acerca de como a maioria se dará. 2.6.2 Balanced Scorecard como instrumento estratégico Como complemento das medidas de desempenho não-financeiras, há a proposta da adoção do conceito de Balanced Scorecard (literalmente, cartão de marcação balanceado), objetivando unir a visão estratégica com as fases de execução e controle do processo de gestão empresarial. O Balanced Scorecard é um sistema de informação para gerenciamento da estratégia empresarial. Traduz a missão e a estratégia da empresa em um conjunto abrangente de medidas de desempenho financeiras e não financeira que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. (PADOVEZE; BERTOLUCCI, 2008, p.122). 42 Na ótica de Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard continua enfatizando a busca dos objetivos financeiros, incluindo os vetores de desempenho desses objetivos. Procura medir o desempenho organizacional em quatro perspectivas equilibradas: financeira, do cliente, dos processos internos da empresa e do aprendizado e crescimento. O enfoque financeiro, que conclui os vetores operacionais e estratégicos, está relacionado com o objetivo da empresa e a visão do lucro como medida da eficácia empresarial. Portanto, relaciona-se com o elemento mais importante de um sistema, que é o seu objetivo. O enfoque do cliente claramente relaciona-se com o componente da saída do processo sistêmico, pois são os clientes que recebem os produtos e serviços gerados pelo sistema empresa. O enfoque dos processos internos relaciona-se com o elemento processamento do sistema. Assim, deve haver indicadores que monitorem os objetivos e metas para a gestão dos processos de negócios. O enfoque do aprendizado e crescimento relaciona-se com os elementos das entradas ou recursos do sistema. No caso do Balanced Scorecard, a ênfase, como não poderia deixar de ser, é com a capacitação do funcionário, ou, em outras palavras, com o capital humano, o recurso mais importante do sistema empresa. Financeiro BALANCED SCORECARD (eficácia) Processos do Aprendizado (entradas) Negócio (processamento) Fonte: Santos, 2006, p. 104 Figura 4: Visão sistêmica do Balanced Scorecard Clientes (saídas) 43 O processo de elaboração e difusão do balanced scorecard é efetuado em quatro etapas ou processos: Esclarecendo e traduzindo a visão e a estratégia Esclarecimento a visão Esclarecimento o consenso Comunicando Feedback e aprendizado e estratégico estabelecendo vinculações Articulando Comunicando e educando Balanced Scorecard a visão compartilhada Estabelecendo Fornecendo metas feedback Vinculando estratégico recompensas a Facilitando medidas revisão de desempenho Planejamento e estabelecimento de metas a e o aprendizado estratégico Estabelecendo metas Alinhando iniciativas estratégicas Alocando recursos Estabelecendo marcos de referências Fonte: Padoveze; Bertolucci, 2008, p.125 Figura 5: Os quatro processos do Balanced Scorecard Corroborando a figura anterior, Santos (2006) explica que as diretrizes estratégicas devem ser traduzidas de modo compreensível em termos operacionais para que seja possível orientar de forma útil para os gestores gerenciais. Essa tradução deve ser expressa de forma fácil, sendo explícita a missão empresarial da organização. Integra-se também nesta tradução de visão, o conjunto integrado dos objetivos e indicadores que descrevem direcionadores de sucesso de longo prazo e que devem ser aceitos por todos os gestores gerenciais. 44 O processo de comunicação e comprometimento tem como finalidade permitir aos gestores, comunicar sua estratégia, para cima e para baixo, na organização, ligando os objetivos empresariais aos departamentais e individuais. Assim, o BSC proporcionará aos gestores assegurar que todos os níveis da organização entendam as estratégias de longo prazo, alinhando-os com os objetivos departamentais e individuais. O planejamento de negócios possibilita que as organizações integrem seus planos comerciais e financeiros, assim, as estratégias e as iniciativas da organização devem ser transformadas em indicadores para os planos dos gestores gerenciais, servindo como base para alocar recursos e estabelecer prioridades. O aprendizado e feedback é o último processo do BSC, e tem a característica de revisão de foco, e concentra-se no fato de a organização, seus departamentos ou seus empregados, isoladamente, terem alcançado as metas financeiras estabelecidas. Assim, o BSC permite que a organização monitore os resultados a curto prazo a partir de três perspectivas: clientes, processo de negócios e aprendizado e crescimento. Diante disso, o BSC avaliará a estratégia adotada à luz do recente desempenho. Este último processo, Kaplan e Norton (1997) denominam-no de aprendizado estratégico. 2.6.3 Sistema de acompanhamento do negócio O sistema de informação de acompanhamento do negócio (SIAN) parte da necessidade que as organizações possuem para acompanhar o mercado no qual estão inseridas, assim como a conjuntura econômica no Brasil e no mundo. Este sistema reúne informações de extrema relevância para o planejamento estratégico, pois parte da análise externa identificando as ameaças e oportunidades em seu contexto. Sendo assim, este sistema de informação trabalha com informações de natureza externa à organização, como dados dos concorrentes, e da conjuntura econômica que são considerados como elementos essenciais para 45 essa finalidade. Diante disso, as informações são inseridas no SIAN que subsidiará o Sistema de Informação de Apoio a Decisão (SIAD), permitindo uma visão de acompanhamento do negócio e mercados. A centralização da coleta e armazenamento das informações são os objetivos do SIAN, pois são essas informações que possibilitarão à alta cúpula visualizar a organização em seu ramo de atuação dentro da conjuntura econômica. Segundo Padoveze (2003, p. 103), o SIAN deve reunir informações que possibilitem: a) acompanhamento periódico do desempenho das vendas, clientes e mercados; b) acompanhamento periódico da situação econômica geral do setor de atuação da empresa; c) acompanhamento periódico da situação econômica geral do País e do mundo; d) acompanhamento dos indicadores de evolução internos versus externos (preços, crescimento das vendas, indicadores de produtividade etc.); e) acompanhamento periódico do desempenho das empresas periódico das importações dos produtos das exportações dos produtos concorrentes; f) acompanhamento concorrentes e substitutos; g) acompanhamento periódico concorrentes e substitutos; h) avaliação do tamanho dos mercados em que a empresa atua (consumo aparente); i) informações para avaliação da participação da empresa no mercado (market share); j) informações sobre produtividade, qualidade, recursos humanos, satisfação dos clientes etc. Diante desses objetivos, cabe ao gestor do SIAN definir quais informações devem fazer parte do banco de dados do sistema, assim como identificar as fontes das informações, bem como os meios e processos de sua coleta. Cabe também a ele definir os critérios de ajustes das informações externas que deverão ser incluídos no sistema. 46 Um fator fundamental no SIAN é sua operacionalização com os demais subsistemas empresariais da organização, que lhe possibilita uma coleta de forma rápida, precisa e automática, das informações de outros sistemas empresariais utilizados pela organização. A integração do SIAN com os demais subsistemas empresariais é notoriamente importante, assim, este sistema de informação deve ser abastecido pelo Sistema de Vendas (faturamento), por sua vez associado ao Sistema de Cadastro de Clientes, para que se possa realizar uma análise minuciosa do faturamento da organização. De modo a obter os dados e realizar a análise dos concorrentes, devem ser utilizados os critérios do Sistema de Análise de Balanço, quanto às informações de produtividade, evolução de preços etc., devem ser calculadas a partir de dados coletados dos sistemas operacionais da organização para que possam ser comparadas com os números do setor. Nas demais informações, os dados devem ser extraídos de outros sistemas externos à organização. SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DO NEGÓCIO Vendas Análise das Vendas Cadastro de Clientes Análise dos Concorrentes Análise de Balanço Avaliação do Dados do Setor * Tamanho do Mercado Dados da Análise do Setor x Sistema Conjuntura * Empresa Orçamentário Dados de Exportação Dados e Análise da Conjuntura Econômica Importação * Dados dos Concorrentes * * Dados de sistemas externos a organização Fonte: Santos, 2006, p. 99 Figura 6: Integração do sistema de acompanhamento do negócio 47 Através da integração das informações internas e externas da organização, o SIAN processará as informações para que possam ser utilizadas em forma de relatórios, entre os quais destacam-se: a) análise percentual e evolutiva dos dados da conjuntura econômica e do setor; b) análises comparativas e evolutivas entre a empresa e os dados do setor; c) análise de balanço dos concorrentes e fornecedores; d) estatística de vendas por regiões, clientes, produtos, mercados, entre outros; e) estatísticas e gráficos para avaliação do consumo aparente (produção nacional, exportações, importações) etc. 2.7 Controladoria estratégica como departamento de gestão de riscos Entende-se como controladoria estratégica a atividade de controladoria que, por meio do sistema de informação contábil, abastece os responsáveis pelo planejamento estratégico da companhia com informações tanto financeiras quanto não-financeiras, para apoiar o processo de análise, planejamento, implementação e controle da estratégia organizacional. A Controladoria Estratégica tem participação fundamental na estratégia da organização, subsidiando gestores nas tomadas de decisões, suprindo o processo estratégico com sistemas de informações. Perez Jr., Pestana e Franco (1997) entendem que a atuação da controladoria estratégica influencia o processo decisório da empresa, fornecendo subsídios para as decisões a serem tomadas. Na ótica de Mosimann e Fisch (1999) na estratégia a controladoria, como administradora do sistema de informações econômico-financeiras da organização, deve interpretar o impacto econômico de possíveis eventos de natureza empresarial. Tais eventos são extraídos de projeções de cenários nos quais a organização está inserida, devendo considerar seus pontos fortes e fracos. 48 Neste sentido, a controladoria estratégica deverá ter a capacidade de captação de informações provenientes do ambiente externo, nas quais será projetada em paralelo, a análise dos pontos fortes e fracos da organização, resultando em diretrizes estratégicas a serem traçadas. A administração estratégica tem sido apresentada como um estilo de administração contínua, consistindo num processo interativo de análise, planejamento e controle. Em sua concepção, torna-se evidente que o processo de tomada de decisão estratégica requer o suporte de uma grande quantidade de informações variadas. (WARD, 1996, p. 33) Nesse enfoque, é imperioso que o controller faça parte da estratégia administrativa, uma vez que seu sistema de informação deverá estar alinhado com as estratégias organizacionais e de negócios. 2.8 O profissional contábil líder e a gestão de risco A contabilidade assume imensa importância na gestão de risco, dado que tem como missão zelar pelo cumprimento adequado dos processos internos, de forma segura, minimizando a possibilidade de ocorrências diversas como fraudes, inadequado cadastro de bens, erros no tratamento fiscal dos fatos e atos. O contador líder é um dos principais responsáveis pela elaboração de relatórios dedicados a identificação e correção de falhas nos controles e gerenciamento do risco operacional. A governança coorporativa é uma oportunidade inigualável para que a contabilidade amplie significativamente seu posicionamento estratégico. O papel do contador como estrategista organizacional fica evidente a partir da estruturação da contabilidade na organização. Segundo Carvalho (2009, p. 131), “o contador líder deve cada vez mais disseminar em toda a organização a importância da correta documentação e armazenamento de informações relativas aos eventos do risco operacional.” Nas áreas administrativas e financeiras, o contador é o responsável pelo processo de planejamento e controle dos resultados empresariais. A sua missão é assegurar o resultado planejado da empresa. 49 Para cumprir sua missão, ele tem como instrumento fundamental o sistema de informação contábil. Em um sistema integrado de gestão empresarial, verifica- se que o sistema contábil tem um papel primordial, por ser, ao mesmo tempo, a etapa final do fluxo de informações operacionais, e também o sistema que direciona a parametrização da estruturação dos demais sistemas operacionais para, posteriormente, enviarem as informações necessárias ao planejamento e controle empresarial. Como a continuidade da empresa é decorrente do acerto das decisões estratégicas, a contabilidade tem se desenvolvido continuadamente no sentido de estar em linha com as estratégias de negócios e da organização. Mostramos as diversas visões de contabilidade estratégica, e apresentamos nossa opção pelas correntes que enfocam como básico do planejamento e controle a ênfase nos resultados, Assim, tem se como premissa maior que o lucro é o melhor e mais consistente medida de eficácia do sistema empresa, e o lucro deve ser o parâmetro para avaliação de desempenho das atividades empresariais e de seus gestores. 50 CAPÍTULO III PESQUISA DE CAMPO: CORRELAÇÃO DA REVISÃO TEÓRICA COM AS PRÁTICAS UTILIZADAS PELA EMPRESA MARFRIG 3 PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO DE RISCOS 3.1 Introdução ao gerenciamento do risco corporativo A questão do gerenciamento do risco tem merecido revisões conceituais constantes. A visão tradicional do risco e seu gerenciamento são trabalhados profundamente na teoria de finanças, com a associação do retorno do investimento. O dilema risco-retorno tem ocupado a maior parte dos capítulos dos livros de administração financeira. Podendo denominar risco financeiro essa visão tradicional. Segundo Padoveze e Bertolucci (2008), a empresa está sujeita a outros tipos de riscos cujas origens não são estritamente financeiras e devem merecer uma gestão igualmente importante. Os autores citam que a relação com clientes, fornecedores, recursos humanos, tecnologia, câmbio etc. envolve também riscos, e deve ser considerada dentro de um modelo geral de risco empresarial. A gestão do risco insere-se no conceito sistêmico e pode ser organizada e reconciliada em duas áreas de atuação, em relação ao ambiente do sistema: ambiente interno e ambiente externo. (PADOVEZE; BERTOLUCCI, 2008, p. 194). Não há duvidas de que todos os riscos que envolvem a empresa impactam os resultados. Por conseguinte, o efeito da exposição da empresa aos diversos riscos é mensurado normalmente pela contabilidade por intermédio da demonstração do resultado e do balanço patrimonial. Os conceitos de mensuração do valor da empresa com base em fluxos futuros são os mais adequados para o modelo de gestão focado em resultados. O foco da gestão do risco é manter um processo sustentável de criação 51 de valor para os acionistas, uma vez que qualquer negócio sempre está exposto a um conjunto de riscos. Para tanto, é necessário criar uma arquitetura informacional para monitorar a exposição da empresa ao risco. 3.1.1 Estabelecendo uma arquitetura de risco integrada Segundo Padoveze e Bertolucci (2008, p. 201), “a gestão dos diferentes elementos de risco do negócio é uma responsabilidade compartilhada”. O compartilhamento da responsabilidade pode ser feito de forma centralizada ou delegada. O enfoque centralizado utiliza uma linguagem comum, técnicas, ferramentas e avaliações periódicas do perfil de risco da empresa como um todo. O enfoque delegado permite que cada unidade de negócio ou função crie sua própria linguagem para a gestão do risco e suas próprias ferramentas e técnicas. Em linhas gerais, Padoveze e Bertolucci (2008) apresentam a gestão de risco dentro da empresa com enfoque em quatro elementos: a) política de gerenciamento do risco: define o enfoque da gestão do risco e sua atitude, ou apetite, em relação ao risco. Define também as responsabilidades gerais sobre a política, para revisão do risco e relatórios de acompanhamento necessários. b) recurso: envolve a identificação dos recursos necessários para implementar, monitorar e coordenar o processo de gestão do risco, incluindo o processo de obtenção dos relatórios. c) implementação: envolve a formalização dos processos abrangendo a identificação e definição dos riscos, sua avaliação em termos e probabilidade e impactos, e os aspectos-chaves dos processos de negócios para responder ao risco. d) revisão e relatórios: inclui a revisão do risco e os relatórios necessários para monitorar todo o processo de gerenciamento do risco. 52 3.2 Introdução ao risco na organização A teoria do risco de rentabilidade tem como base a rentabilidade da empresa e sua relação com a rentabilidade média do mercado, sempre medidas em termos de probabilidade de ocorrência, cenários e variância ou desvio-padrão. Contudo, há possibilidade de se fazer um mapeamento mais específico dos riscos identificados. Dessa maneira, uma metodologia possível seria classificar os riscos possíveis em dois grandes blocos de riscos: a) riscos associados aos planos de curto prazo e em andamento; b) riscos associados aos fluxos futuros de longo prazo. Basicamente, esse tipo de classificação dos possíveis riscos pode ser visto de outra maneira: a) riscos do que existe e em operação; b) riscos do que vai existir. Os riscos do que vai existir seriam os riscos de longo prazo, e estariam intimamente ligados ao planejamento estratégico. Os elementos, variáveis e entidades que representam fraquezas da empresa e ameaças do ambiente externo, seriam as fontes de identificação desses riscos. Normalmente, podem ser mensurados de maneira genérica nos fluxos futuros de lucro de longo prazo. Cocurullo (2002) apresenta alguns exemplos representativos como: a) riscos relacionados com a manutenção, criação ou perda de clientes; b) riscos relacionados com os mercados, interno e externo; c) riscos relacionados com os produtos e seus respectivos mercados e clientes; d) riscos relacionados com a manutenção, perda ou criação de tecnologia produtiva, comercial e administrativa; e) riscos relacionados com os concorrentes atuais e potenciais; f) riscos relacionados com a manutenção, perda ou criação de fornecedores estratégicos etc. Os riscos do que existe e da empresa em operação são mais visíveis, e 53 grande parte deles pode ser associada ao balanço patrimonial e à demonstração de resultados. Como exemplo, pode-se citar: a) risco associado às aplicações financeiras e concentração de operações bancaria; b) riscos associados aos valores em moeda estrangeira e sua exposição à volatilidade das taxas de câmbio; c) riscos de obsolescência de estoques; d) riscos de concentração de vendas para clientes; e) riscos de perdas com inadimplência; f) riscos com passivos trabalhistas e contingências tributárias; g) riscos com tecnologia e obsolescências das plantas fabris; h) riscos com aumento de custos dos fornecedores de bens e serviços; i) riscos de mudança de políticos tributários e trabalhistas; j) riscos de perda de controle interno; k) riscos de fraudes etc. A maior parte dos riscos de curto prazo permite facilidades de mensuração, já que estão relacionados com ativos e passivos, e as operações existentes em andamento. Pode-se fazer um mapa desses riscos mensurando perdas prováveis. Como modelo geral, sugere-se o balanço e a demonstração de resultados, em um conceito de contas analíticas. Cada elemento patrimonial do balanço e cada elemento da demonstração de resultados podem ser alinhados e, partindo disso, trabalharse as possibilidades de perdas para um horizonte de 1 a 2 anos. 3.3 Informações de risco consideradas pela Marfrig Alimentos S.A. Antes de tomar uma decisão de investimento, os potenciais investidores devem considerar cuidadosamente todas as informações mencionados abaixo. Os negócios, situação financeira e resultados de operações da Marfrig podem ser adversa e materialmente afetados por quaisquer desses riscos e, por 54 conseguinte, impactar negativamente os títulos emitidos pela companhia. Os riscos descritos abaixo são aqueles conhecidos pela Marfrig e que acredita-se podem afetar de maneira relevante a companhia. Riscos adicionais não conhecidos pela Marfrig ou irrelevantes também podem afetar os seus negócios. Com base em materiais e entrevistas realizadas com a área de gestão da empresa, foram identificados que o governo federal tem exercido e continua exercendo influência significativa sobre a economia brasileira. Essa influência, bem como as condições políticas e econômicas brasileiras, pode prejudicar as atividades da empresa. Neste caso, a Marfrig considera que informações sobre a inflação e os esforços do governo federal para freá-la podem contribuir para a incerteza econômica no Brasil e prejudicar a empresa. Outra informação relevante é a instabilidade cambial e a desvalorização do real que pode prejudicar a economia brasileira e, consequentemente, a empresa. Fatores como desenvolvimentos econômicos e a percepção de risco em outros países, principalmente economias emergentes, podem prejudicar a economia brasileira e os negócios da Marfrig, por se tratar da globalização da economia. Segundo informações cedidas pela empresa, existem riscos relacionados aos negócios da Marfrig e no setor em que ela atua. Essas informações são: a) surtos de febre aftosa ou outras doenças de gado no Brasil, Argentina, Uruguai ou Chile podem prejudicar a companhia e, consequentemente, o preço das ações da Marfrig; b) a companhia pode ser prejudicada por políticas públicas e regulamentações que afetem o setor de gado bovino e indústrias relacionadas; c) se os produtos da Marfrig forem contaminados, a companhia pode estar sujeita a reclamações de responsabilidade por produtos, recalls de produtos e restrições à exportação que podem lhe prejudicar; d) a companhia pode ficar sujeita a penalidades devido a violações de leis de defesa da concorrência; 55 e) margem operacional da Marfrig pode ser prejudicada pela oscilação de preços de matérias-primas, preços de venda e outros fatores que estão fora de seu controle; f) as exportações da companhia estão sujeitas a uma ampla gama de riscos ligados a operações internacionais; g) Marfrig pode enfrentar outros riscos regulatórios, operacionais e sanitários na Argentina, Chile e no Uruguai em conseqüência de suas recentes aquisições; h) o negócio da companhia requer recursos financeiros para implementação de sua estratégia de crescimento; i) o cumprimento da legislação ambiental pode resultar em custos significativos, e o descumprimento dessas leis pode resultar em penas civis e criminais e responsabilidade por danos; j) estratégia da Marfrig para prosseguir desenvolvendo seus negócios e aumentar sua receita e rentabilidade pode não ser bem sucedida; k) lucratividade da Companhia e sua participação no mercado podem ser afetadas em função da competição no setor; l) os negócios da Marfrig podem ser afetados pela alteração de preferências do consumidor; m) deterioração das relações trabalhistas poderá afetar negativamente os negócios da Companhia. Outro ponto importante são os interesses dos empregados e administradores da Companhia, onde pode ficar excessivamente vinculados à cotação das ações de sua emissão, uma vez que sua remuneração baseia-se também em opções de compra de ações de sua emissão. 3.4 Riscos relacionados às ações do Grupo Marfrig O grupo Marfrig tem uma política onde ressalta a importância da valorização das ações por meio de suas aquisições e investimentos, porém existe fatores que podem trazer certa desvalorização, fatores quais a empresa 56 analisa e direciona ações de combate, tomando como base a instabilidade do ambiente, citam-se como fatores: a) um mercado ativo e líquido para as ações da Marfrig poderá não se desenvolver, limitando a possibilidade de venda daquelas ações. b) companhia poderá vir a precisar de capital adicional no futuro, por meio da emissão de valores mobiliários, o que poderá resultar em uma diluição da participação do investidor nas ações da Marfrig. c) venda substancial de ações da Marfrig pode diminuir o valor de mercado dessas ações. Esses fatores foram identificados através de análises levando em consideração a instabilidade do ambiente onde a empresa está inserida, juntamente com o objetivo principal da companhia. Esses fatores podem trazer certos empecilhos para o alcance do objetivo, com isso, sendo a estratégia voltada para atingir o objetivo, dentro dessa mesma estratégia serão desenvolvidos mecanismos que podem minimizar tais riscos, preservando a saúde financeira e ao mesmo tempo não perdendo o foco principal. Torna-se relevante destacar que algumas informações não foram disponibilizadas por serem consideradas extremamente estratégicas, por parte de seus gestores, porém, para colaborar com os objetivos do presente trabalho, serão correlacionadas as informações estratégicas disponibilizadas pela empresa com os subsistemas de gestão de riscos apresentados no segundo capítulo. 3.4.1 Demonstrativo das ações do Grupo Marfrig. No ano de 2009 (02 de janeiro a 10 de agosto), as ações da Marfrig estiveram presentes em 100% dos pregões e tiveram uma valorização de 113,5%. No dia 10 de agosto, as ações da companhia encerraram cotadas a R$ 16,01. No mesmo período, o Ibovespa apresentou valorização de 51,3%. O volume médio diário no trimestre foi de R$ 9,8 milhões contra R$ 2,3 milhões no trimestre anterior, mostrando que as ações da Marfrig vêm 57 ganhando maior liquidez. O número de negócios diário (média) aumentou de 201 no primeiro trimestre de 2009 para 749 por dia no segundo trimestre de 2009, um crescimento 272,6%. A empresa está em fase de implantação de uma importante ferramenta de risco, o Balanced Scorecard, que apesar de ainda estar em fase de adaptação, teria um reflexo nas operações financeiras na organização sendo um dos fatores que estariam impulsionando a valorização das ações. 3.5 Correlação dos fatores de risco e ferramentas da gestão de risco Buscou-se também, identificar a existência da literatura sobre as informações utilizadas pela Marfrig, de acordo com os subsistemas apresentados. Para tanto, as informações estratégicas foram subdivididas em duas grandes partes: a) a existência da literatura sobre o assunto; e b) o subsistema de gestão de riscos responsável pelas informações. Nesta última alínea, foram considerados três subsistemas, formados pelos: -SIAN: Sistema de Informações de Acompanhamento do Negócio; -SCE: Sistema de Cenários empresariais; e -BSC: Balanced Scorecard No quadro a seguir, são apresentados os resultados da pesquisa, correlacionando as informações estratégicas, com os subsistemas de gestão de riscos. 58 Fonte: Elaborado pelos autores Quadro 1: Correlação da pesquisa de campo com o referencial teórico Nota-se que existem algumas informações que não foram abarcadas pela literatura neste trabalho, porém, são informações que podem ser adaptadas aos sistemas, segundo a essência dos mesmos. Partindo do pressuposto de que grande parte das informações geradas são advindas das demonstrações contábeis/financeiras, atribui-se, conforme Santos (2006, p. 89), “a Controladoria Estratégica, possui participação fundamental na estratégia da organização, subsidiando gestores nas tomadas de decisões, suprindo o processo estratégico com sistemas de informações.” Quanto aos procedimentos utilizados nas mensurações dessas informações, estes não foram descritos por fazerem parte da estrutura do modelo de decisão da empresa, em outras palavras, procedimentos de natureza extremamente sigilosa. Durante a realização do trabalho, a empresa está em fase de implementação do BSC (balanced scorecard). Foram constatados também que em algumas empresas esta implementação é bastante complexa, devido ao fato de que existem divergências entre os diretores das demais unidades. No caso da utilização do sistema de acompanhamento do negócio, foi constatado que este não é de responsabilidade da controladoria. Na realidade, não se trata de um sistema de informações específico para este fim, o acompanhamento do negócio é realizado pelos executivos da empresa que, 59 segundo o depoimento, grande parte das informações referentes ao negócio, são compostas pelo feeling dos executivos. No caso do sistema de gestão de riscos, cabe aos executivos a responsabilidade sobre o assunto. Ressalta-se que esses sistemas foram desenvolvidos internamente, atendendo as exigências informacionais da empresa, porém utilizam a mesma plataforma de dados da controladoria. O sistema de cenários empresariais é de responsabilidade da administração estratégica da empresa, compreendendo informações provenientes de dados externos a empresa, tais como informações sobre a conjuntura econômica nacional e principalmente internacional. 3.6 Contribuição da gestão de risco nos resultados da empresa O ambiente global apresentado durante o segundo trimestre de 2009 foi caracterizado pela recuperação gradual da economia mundial, onde no decorrer do trimestre foi percebido um retorno gradual de volumes e preços nos mercados internos e externos onde a empresa atua. Para os mercados externos observa-se uma queda nos preços médios na ordem de 7,6%, influenciado pela recuperação ainda lenta do mercado internacional e em boa parte pela desvalorização cambial ocorrida no período de 10,3% do dólar frente ao real no segundo trimestre de 2009 (a receita atrelada ao US$ no trimestre representou aproximadamente 30% da receita do grupo). Parte dessa desvalorização cambial foi compensada pela diversificação geográfica apresentada pela Marfrig e pelas receitas advindas de outras moedas que não foram tão impactadas (como exemplo a quase paridade com a libra esterlina, que no segundo trimestre de 2009 representou aproximadamente 34% da receita do Grupo). A diversificação geográfica apresentada pela empresa Marfrig, é resultado de uma análise com base na gestão de risco, levando em consideração o cenário, as unidades do grupo estão distribuídas estrategicamente, em pontos onde impactos negativos não podem afetar simultaneamente, uma região tem total condição de suprir a outra num eventual 60 fator negativo. Cita-se como exemplo a falta de bovinos ou a alta do preço do transporte, onde as unidades do sudeste localizadas em São Paulo poderiam ser afetadas, porém as unidades localizadas no Mato Grosso não sofreriam com tal fator, as plantas localizadas na região do Mato Grosso estão preparadas para um possível aumento de produção, dando um suporte econômico nas plantas localizadas em São Paulo. A Receita Líquida no segundo trimestre de 2009 foi de R$ 2.403,9 milhões, crescendo +97,5% se comparada ao segundo trimestre de 2008 (R$ 1.217,1 milhões) e +6,8% quando comparada ao primeiro trimestre de 2008 (R$ 2.50,8 milhões). No trimestre foram vendidos 532,7 mil toneladas, representando um aumento de 5,8% no volume vendido em relação ao primeiro trimestre de 2008. Em relação ao lucro líquido, no trimestre, o resultado líquido foi um lucro trimestral recorde de R$ 405,0 milhões, contra um prejuízo de R$ 38,2 milhões no primeiro trimestre e lucro de R$ 66,4 milhões no segundo trimestre de 2008. A margem líquida no período foi de 16,8%, contra -1,7% no primeiro trimestre de 2009 e 5,5% no segundo trimestre de 2008. O resultado líquido no segundo trimestre de 2009 foi impactado positivamente pela valorização do real frente ao dólar no período. Esse bom desempenho se deve pela análise do cenário internacional, onde medidas de recuperação da economia seriam necessárias, para devolver a diretriz para os países afetados pela crise, com isso, as exportações voltaram à tona, aumentando a receita líquida. A gestão de risco teve papel fundamental, onde análises e informações bem interpretadas pelo controller da organização passaram a segurança para não diminuir a demanda de produção, atendendo a imediata necessidade do mercado, a Marfrig comparada a outras empresas, apenas se resguardou da crise não diminuindo drasticamente sua produção ou seu quadro de funcionários, pois estudos e análises demonstravam uma recuperação da economia. Entende-se que os resultados obtidos, atendem à estratégia de gerenciamento de risco adotada pela companhia. 61 3.7 Atuação do controller na Marfrig Nesse período, foi desenvolvida a pesquisa na empresa Marfrig onde nota-se a importância do setor de controladoria e da figura do controller na organização. O controller é responsável direto pela consolidação das informações, demonstrando através de gráficos o desenvolvimento da organização. O Grupo Marfrig tomou nos últimos anos uma dimensão muito ampla, devido suas aquisições, sendo impossível uma única pessoa ser responsável por toda estratégia e gerenciamento do risco, por isso, a função desse profissional frente ao conselho é passar as informações, para que seja estipulada a melhor opção de estratégia de negócio e gestão de risco. Dentro dos parâmetros da gestão de risco esse profissional é quem demonstra para o conselho os resultados, expondo de maneira clara e objetiva. Com isso, pode-se concluir que a atuação do controller está desde a implantação da estratégia de risco, passando as devidas coordenadas, analisando os resultados, refinando as informações, interpretando as informações coletadas, bem como coordenando toda equipe de controladoria. Apesar de não estar diretamente ligado a estratégia de cenários empresariais, aparece como fonte de informações, como grande entendedor de fatores econômicos, aponta possíveis riscos que influenciam no mercado, como variação cambial e desvalorização da moeda, tais informações são analisadas pelos administradores na formulação da estratégia empresarial. 3.7.1 Atuação da controladoria na gestão de risco da Mafrig Ressalta-se a importância do controller frente às decisões que envolvem estratégia e gestão de risco, mas tais informações são coletadas de uma maneira bruta, cabe aos subsistemas como contabilidade, fiscal e custo, apurar os números e moldar essa gama de informações de uma forma que permite o controller uma melhor qualidade na formulação das demonstrações contábeis 62 para o conselho. Esses setores frente à gestão de risco têm uma participação importante, pois são eles que evidenciam certos fatores para que o controller possa atuar desenvolvendo mecanismos para resguardar a saúde socioeconômica e financeira da organização. 3.8 Parecer final Nesse período onde foi estudada a gestão de risco na empresa Marfrig, notou-se sua evolução patrimonial, a empresa teve grande valorização, estrategicamente os procedimentos ali adotados estão trazendo resultados positivos, os fatores de risco identificados estão sendo minimizado, com isso, o objetivo da organização está sendo alcançado e a empresa está ganhando mercado no cenário brasileiro. 63 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Devido um cenário instável, onde as empresas estão inseridas a gestão de risco aparece uma peça fundamental para formulação da estratégia. Portanto, faz-se necessário buscar a eficiência no acompanhamento dos resultados da organização e avaliar a contribuição de uma gestão de risco em relação ao crescimento da organização. Diante do exposto, apresentamos as seguintes propostas: a) buscar implementar um sistema voltado a gestão risco na empresa como forma de resguardar a saúde financeira da empresa; b) identificar fatores econômicos e risco que possam influenciar no desenvolvimento das atividades da empresa; c) verificar as informações necessárias para elaboração da gestão de risco; d) mensurar a contribuição da gestão de risco nos resultados e no desenvolvimento da organização; e) ressaltar a contribuição do controller no bom desempenho da gestão de risco, sendo uma peça chave na estratégia de risco, fornecendo as informações necessárias. 64 CONCLUSÃO Com as mudanças no cenário empresarial e com as economias todas interligadas, as empresas necessitam de ferramentas que realmente demonstram a real situação socioeconômica da organização, se basear apenas em indicadores não é garantia de bom desempenho, um simples deslize na formulação da estratégia pode ocasionar perdas significativas nos resultados. A gestão de risco é um importante instrumento para as empresa, pois ela não elimina a utilização dos indicadores, mas integram a eles outros fatores externos principalmente ligados a economia. Para isso é importante a atuação do controller, elaborando maneiras de minimização dos riscos expostos e interpretando as informações e fazendo uma integração dos resultados apresentados e o objetivo da empresa. É de extrema importância desenvolver um modelo de gestão de risco envolvendo a estratégia, seus custos e metas, para que a empresa tenha parâmetros para rápida verificação e acompanhamento do planejamento adotado, uma espécie de sistema de informação que constantemente avalia os resultados obtidos com o objetivo almejado. A estratégia empresarial baseada na metodologia da gestão de risco permite a empresa, antecipar-se aos fatores riscos, não eliminando, mas visando oferecer melhor qualidade na tomada de decisão. Esse trabalho demonstrou a importância da gestão de riscos em uma empresa de grande porte e, mais precisamente, a gama de informações existentes no ambiente externo a empresa. A contribuição do controller no tratamento e refino das informações para apoio a decisão, segundo Schmidt (2002), cabe ao controller coletar e relatar os desempenhos ocorridos, assim, ele pode usar essas informações para avaliar a dinâmica dos negócios atuais, com base no conhecimento que tem sobre o ambiente operacional e das inter-relações entre as áreas da empresa. Ressalta-se que embora esteja voltado para o processo de criação de valor para a empresa, o controller não está dispensado das outras atribuições que lhe dizem respeito, já que é responsável por toda a informação contábil e pela eficiência e eficácia dos trabalhos realizados não somente neste setor, e 65 sim pela empresa. Assim conclui-se que uma empresa atenta e preparada para os fatores que possam impactar de forma negativa ou ate mesmo positiva, alcança melhores resultados na apuração dos lucros. Esse trabalho é apenas um ponto de partida para que os interessados no assunto possam explorar mais sobre o tema. 66 REFERÊNCIAS BRANDÃO, A. Aprenda a lidar com o risco. Você S/A. São Paulo: Abril, dez. 2008. BERNSTEIN, P. L. Desafio aos deuses: a fascinante história do risco. Rio de Janeiro: campus, 1997. BERTOLUCCI, R. G. Estudo sobre gerenciamento do risco corporativo: proposta de um modelo. Dissertação de mestrado. (Universidade Metodista de Piracicaba). Piracicaba, 2005. CARVALHO, J. V. Análise econômica de investimento: EVA – Valor Econômico Agregado. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2002. CARVALHO, S. R. O contador líder: como o profissional deve trilhar os novos caminhos da contabilidade. São Paulo: IOB, 2009 COCURULLO, A. 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Caracterizando os aspectos principais da gestão de riscos. 1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado a) Descrição da gestão financeira, análise através de índices e métodos empregados pela empresa; e b) Entrevista com o responsável pela controladoria, gerente de pecuária do Grupo Marfrig, diretor de auditoria e gerente de controladoria do Bertin. 1.2 Discussão Será realizado por meio da pesquisa um confronto entre a teoria e a prática utilizada pela empresa. 1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenções ou modificações de procedimentos. 71 APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática 1 IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Atividade Econômica: Número de Funcionários: Porte: 2 ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 2.1 Estrutura Financeira 2.2 Aplicação da gestão de risco 2.3 Forma de condução da gestão de risco pelo controller 2.4 Recursos tecnológicos e humanos utilizados pela empresa 2.5 Atividades desenvolvidas pela controladoria 2.6 Atuação no mercado 2.7 Estratégias geográficas 2.8 Perspectiva para o futuro da empresa 2.9 Evolução e desenvolvimento das atividades e processos de expansão 72 APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista com o Diretor de Auditoria I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Formação acadêmica: Experiências anteriores: Experiências atuais: Empresa que atua: Cidade: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS a) Qual a importância da gestão de riscos dentro das empresas do seu ponto de vista? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. b) Quais informações devem compor uma gestão de riscos? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. c) Para que seja feita uma análise de risco eficiente, em sua opinião, quais os pontos primordiais que devem ser analisados? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. d) Qual a diferença de uma empresa que toma suas decisões com base na gestão de risco e outra que não utiliza dessa ferramenta? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 73 APÊNDICE D – Roteiro de Entrevista com o Gerente de Pecuária I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Formação acadêmica: Experiências anteriores: Experiências atuais: Empresa que atua: Cidade: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS a) Comente sobre a importância de análise de risco dentro das empresas? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. b) Quais informações devem compor uma gestão de riscos? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. c) Para que seja feita uma análise de risco eficiente, em sua opinião, quais os pontos que devem ser analisados? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 74 APÊNDICE E – Roteiro de Entrevista com o Supervisor de Controladoria I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Formação acadêmica: Experiências anteriores: Experiências atuais: Empresa que atua: Cidade: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS a) Comente sobre a importância de análise de risco dentro das empresas? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. b) Quais informações devem compor uma gestão de riscos? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. c) Para que seja feita uma análise de risco eficiente, em sua opinião, quais os pontos que devem ser analisados? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. d) A mensuração dos custos é um efeito colateral da gestão de risco? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 75 e) Quais as maiores dificuldades encontradas no setor de controladoria? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. f) Qual a relação entre a gestão de risco e as exportações? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 76 APÊNDICE F – Roteiro de Entrevista com o Gerente de Controladoria de Outra Empresa do Ramo Frigorífico (BERTIN) I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Formação acadêmica: Experiências anteriores: Experiências atuais: Empresa que atua: Cidade: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS a) Comente sobre a importância de análise de risco dentro das empresas? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. b) Quais informações devem compor uma gestão de riscos? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. c) Para que seja feita uma análise de risco eficiente, em sua opinião, quais os pontos que devem ser analisados? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. d) Em sua opinião, uma análise de risco alavanca um investimento? 77 ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. e) Uma eficiente gestão de risco é garantia de sucesso para empresa? ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. f) Quais conhecimentos o profissional contábil tem que ter para conduta eficiente de uma gestão de risco? ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. .............................................................................................................................