Resistência ao Management em Organizações da Cultura Popular Autoria: Luciana Araújo de Holanda Posso sair daqui pra me organizar Posso sair daqui pra me desorganizar (...) Com a barriga vazia não consigo dormir E com o bucho mais cheio comecei a pensar Que eu me organizando posso desorganizar Que eu desorganizando posso me organizar (...) (Da Lama ao Caos - Chico Science & Nação Zumbi) Resumo: A racionalidade dominante na modernidade ocidental produz ativamente a inexistência de outro princípio de organização produtiva e social que não seja o do mercado capitalista. O management, amparado pelo discurso científico, reclamou para si o monopólio do conhecimento válido e assumiu preponderância total, impregnando o modo de organização da sociedade inteira, marginalizando e descredibilizando todas as formas de organização que não se pautam no modelo empresarial. A empresa, enquanto modelo de organização, passou a exercer influência crescente sobre todas as atividades humanas, sem exceção. Nesse contexto, organizações culturais vêm sendo conduzidas a adotar pressupostos gerenciais e mercadológicos e práticas características do mundo dos negócios, subordinadas a critérios de eficiência, de rentabilidade e de competitividade, muitas vezes, distantes dos objetivos das organizações que lidam com aspectos mais substantivos da vida organizada. A mídia em geral dissemina o discurso da necessidade de profissionalização do setor cultural e os guias práticos de captação de recursos e de marketing cultural, conteúdos da maioria das obras publicadas na área de gestão cultural, recomendam o tratamento da cultura como negócio e a gestão das organizações culturais como empresas. Estudos sobre grupos de cultura popular apontaram que muitas organizações acabam transformando seus objetivos, estruturas e práticas a fim de adaptarem-se às exigências do mercado. Todavia, estudos recentes constaram que a adoção do modelo empresarial por organizações que lidam com aspectos mais substantivos da vida organizada não se dá sem resistências. A transposição das técnicas empresariais para o âmbito da cultura popular mostrou-se polêmica e controversa. Algumas organizações procuram pela preservação da tradição de suas práticas, bem como pela geração de alternativas para o seu modo de gestão distanciadas da visão de mundo do mercado e do modelo empresarial de organização. O presente trabalho, de natureza predominantemente qualitativa, teve seu marco em uma ação extensionista de um grupo de pesquisa de uma universidade púbica brasileira e configura um testemunho de evidências empíricas da resistência por parte de alguns sujeitos da cultura popular em transpor conceitos, ferramentas e práticas do management para organizações substantivas e movimentos sociais. Seu objetivo é trazer da ausência à presença uma lógica de organização alternativa que apesar de marginalizada e produzida como inexistente pela racionalidade dominante na modernidade ocidental, faz parte do cotidiano de sujeitos capazes de produzir sua própria história. Ressalta-se os conflitos com a natureza e aspectos substantivos dos coletivos populares que consistem em agrupamentos voluntários de pessoas, sem fins lucrativos, visando promover a cidadania por meio da cultura popular prezando pelo seu valor simbólico. Com isso, espera-se contribuir para a construção de um corpus de conhecimento específico e pertinente aos propósitos da cultura popular. 1 Contextualização O cenário delineado a partir dos anos 1980, marcado, nomeadamente, pelo desenvolvimento do capitalismo financeiro, pela implantação do projeto político-econômico neoliberal e pela disseminação da lógica de mercado e do pensamento empresarial, vem exercendo influência crescente no modo de organização da sociedade. A difusão massiva dos discursos e das práticas de gestão empresarial atingiu setores mantidos até então fora da influência do “espírito gestionário”, moldando uma sociedade managerial que descreve, explica e interpreta o mundo a partir das categorias da gestão (CHANLAT, 2000, p. 16). Como observa Chanlat (Ibid, p. 17), o managerialismo encontra-se profundamente instalado na experiência social contemporânea, podendo ser constatado tanto em nível organizacional como em nível individual. Símbolos, linguagem, crenças e ideologias do managementi invadiram progressivamente os domínios da ciência, tecnologia, arte, literatura, transformando a cultura tanto do ponto de vista material, como intelectual e espiritual (WOOD JR e PAULA, 2006, p. 93-94). O management, amparado pelo discurso científico, reclamou para si o monopólio do conhecimento válido e assumiu preponderância total, impregnando o modo de organização da sociedade inteira, marginalizando e descredibilizando todas as formas de organização que não se pautam no modelo empresarial. A empresa, enquanto modelo de organização, tem exercido influência crescente sobre todas as atividades humanas, sem exceção, caracterizando o fenômeno histórico designado por Solè (2003) de “empresarização do mundo”. A empresa aparece cada vez mais como uma organização autônoma (havendo suas próprias “leis”, obedecendo a sua própria “lógica”) - incontrolável, portanto. A sensação mais e mais compartilhada é que a sociedade é controlada - organizada pela empresa. A “empresarização” do mundo é vivida, pensada pelo nosso mundo como um processo inexorável e irresistível; como um acontecimento natural, uma necessidade; como um destino, uma fatalidade (SOLÈ, 2003, p. 5). Todavia, salienta-se que a empresa é apenas um tipo particular de organização social e sua influência na vida humana associada deve ser limitada e circunscrita ao enclave especifico do mercado que, por sua vez, também é somente um dentre outros muitos cenários constitutivos da tessitura global da sociedade (RAMOS, 1981). Segundo Ramos (Ibid, p. 52), o mercado passou a desempenhar o papel de força modeladora da mente dos cidadãos devido ao fato do processo de socialização estar, em grande parte, subordinado a uma política cognitiva exercida por vastos complexos empresariais que agem sem nenhum controle, levando as pessoas a confundir as regras e normas de operação do mercado com regras e normas de sua conduta como um todo, ofuscando o senso pessoal de critérios adequados de modo geral à conduta humana. Nesse contexto, organizações culturais vêm sendo conduzidas a adotar práticas características do mundo dos negócios, subordinadas a critérios de eficiência, de rentabilidade e de competitividade, pressupostos estes mais apropriados à realidade administrativa de empresas e, muitas vezes, distantes dos objetivos daquelas organizações que lidam com aspectos mais substantivos da vida organizada (CARVALHO, 2006, p. 1). No Brasil, o Estado não esteve alheio a esse processo, em parceria com o mercado, tem conduzido as organizações culturais à mercantilização ao permitir que a burocracia e sua racionalidade tornem-se os únicos modelos possíveis para estas organizações (CARVALHO; ANDRADE, 2006, p. 2). 2 A regulamentação da Lei Rouanet (Decreto N° 1494 de 17 de maio de 1995) oficializou a atividade de organização da cultura no Brasil e a figura do produtor cultural, reconhecendo legalmente a existência de trabalho de intermediação de projetos culturais com possibilidade de ganho financeiro (RUBIM, 2005, p. 14). Com a abertura dada pela legislação, houve uma proliferação de pessoas, profissionais ou biscateiros, vendedores de projetos culturais, interessados nos benefícios das leis (BRANT, 2004, p. 140). Desde então, assistiu-se ao início de um processo de estruturação de cursos acadêmicos (extensão, graduação e pós-graduação) em algumas regiões do Brasil por iniciativas pública e privada. A formação profissional passou a ser apontada no cenário cultural como necessidade ou mesmo exigência (CUNHA, 2007, p. 3-5) e a atividade de produção cultural tornou-se visível para a sociedade brasileira, ganhando inusitada notoriedade pela sua presença na telenovela da Rede Globo “Celebridades” exibida no horário nobre (RUBIN, 2005, p. 13). A mídia em geral dissemina o discurso da necessidade de profissionalização como caminho privilegiado para a modernização do setor cultural. A incipiente bibliografia específica sobre organizações culturais trata a gestão cultural como uma especialidade recente, surgida diante da atual complexidade do mundo cultural, e prescreve como indispensável a formação especializada que permita dispor de métodos e técnicas profissionalizantes (D’ARCIER, HERAS e ZABARTE, 1999, p. 11). Os guias práticos de captação de recursos e de marketing cultural, conteúdos da maioria das obras publicadas, recomendam o tratamento da cultura como negócio e a gestão das organizações culturais como empresas. Porém, as justificativas para a necessidade de profissionalização dos gestores culturais e adoção de práticas empresariais são evasivas, baseiam-se na desqualificação das práticas organizativas da cultura popular e seus pressupostos são superficialmente discutidos. Por profissionalização, entende-se tratar a cultura como negócio, tornar a organização produtiva e eficiente para competir na atração de patrocinadores e captação de recursos, adotar estrutura formal e burocrática para atender às exigências dos editais e dos processos de prestação de contas. Dessa maneira, as organizações culturais vêm sendo impelidas a incorporar pressupostos gerenciais oriundos da administração empresarial. As práticas organizativas populares são estigmatizadas por termos e expressões pejorativos, sendo consideradas amadoras, caseiras, arcaicas, anacrônicas, sem sistematização do trabalho, tendo no improviso a regra, feita na correria (BRANT, 2004, p. 105-106), feita naturalmente, na marra, apagando incêndios, de última hora, o que denota sua baixa credibilidade (VILAS BOAS, 2005, p. 101). Na atual sociedade capitalista, verifica-se a valorização do acadêmico e do intelectual em relação ao mestre da experiência, o prático, sem reconhecer a relevância social dos saberes populares para a realização da produção e das práticas sociais cotidianas. “O que é popular é necessariamente associado a ‘fazer’ desprovido de ‘saber’” (ARANTES, 2007, p. 14). A gestão é apontada como aspecto frágil do mercado cultural e um problema generalizado. Ressalta-se que os empreendimentos culturais administrados como negócio têm sido privilegiados numa espécie de “seleção natural” pelo mercado competitivo e globalizado levando os gestores culturais a se conscientizarem de que é preciso planejar ações, desenvolver normas e procedimentos de gestão e qualidade, firmar parcerias e se colocar de maneira diferenciada nesse mercado (BRANT, 2004, p. 81-82). Estudos sobre grupos de cultura popular (MACIEL, 2003; GAMEIRO, MENEZES e CARVALHO, 2003; SILVA e DELLAGNELO, 2006) apontaram que estas organizações acabam transformando seus objetivos, estruturas e práticas a fim de adaptarem-se às exigências do mercado. 3 Todavia, estudos recentes constaram que a adoção do modelo empresarial por organizações que lidam com aspectos mais substantivos da vida organizada não se dá sem resistências. Algumas organizações procuram pela preservação da tradição de suas práticas, bem como pela geração de alternativas para o seu modo de gestão distanciadas da ‘visão de mundo do mercado’ e do modelo empresarial de organização (CARVALHO, 2006, p. 5). O presente trabalho, de natureza predominantemente qualitativa, é um testemunho de evidências empíricas da resistência por parte de alguns sujeitos da cultura popularii em transpor conceitos, ferramentas e práticas do management para organizações substantivas e movimentos sociais. Seu objetivo é trazer da ausência à presença uma lógica de organização alternativa, que apesar de marginalizada e produzida como inexistente pela racionalidade dominante na modernidade ocidental que não reconhece outro princípio de organização produtiva e social que não seja o do mercado capitalista (SANTOS, 2006; 2008), existe e faz parte do cotidiano de sujeitos capazes de produzir sua própria história. Nas seções subseqüentes encontram-se uma breve caracterização deste estudo, a apresentação e análise dos dados empíricos, bem como um exercício crítico visando desnaturalizar o modelo de gestão empresarial e contribuir para a concepção de práticas organizativas pertinentes aos propósitos da cultura popular. Encontrando resistência no campo empírico Este estudo teve seu marco em uma ação extensionista de um grupo de pesquisa de uma universidade púbica brasileira em convênio com o Ministério da Cultura (MinC) que consistiu na realização de Oficinas de Gestão por e para organizações da cultura popular. A autora participou dessa atividade de extensão, iniciada em março de 2007, no papel de facilitadora da construção coletiva de tais oficinas inspiradas na pedagogia freiriana. O objetivo era dialogar sobre conhecimentos e formas de organizar e de gerir as organizações, e os temas abordados foram previamente escolhidos pelos representantes das organizações da cultura popular, de modo que o modelo de gestão empresarial foi apresentado para ser discutido, debatido, confrontado, sem a intenção de transferi-lo e muito menos impô-lo. Durante a realização das referidas oficinas, contatou-se que a transposição das técnicas empresariais para o âmbito da cultura popular é polêmica e controversa. Enquanto alguns representantes das organizações da cultura popular defenderam que suas organizações “precisam de patrocínio da iniciativa privada e por isso devem adequar o uso de ferramentas e instrumentos de gestão”, outros defenderam que os coletivos culturais “devem ter seu próprio modo de organização”. Um membro de um coletivo sugeriu que as organizações culturais devem se inspirar no trecho da música que consta na epígrafe desse artigo: “organizando para desorganizar, desorganizando para organizar”. A entrada da pesquisadora no campo empírico ocorreu, portanto, sem estabelecimento prévio de questões, sem sistematização a priori de referencial teórico, nem instrumentação metodológica. De forma espontânea e não planejada, a coleta de dados teve início nas discussões coletivas e conversas informais com sujeitos da cultura popular nas oficinas, e posteriormente, em visitas a algumas organizações e em eventosiii na área cultural, bem como em um curso de gestão cultural para organizações da cultura populariv em que a pesquisadora participou na condição de aluna. Em cada ocasião foram feitos registros em áudio e em um bloco de notas por meio de observação participante (PATTON, 2002). Em paralelo foi realizada uma pesquisa documental em uma rede virtual de debate e uma base de dados online, ambas criadas pelo MinC; no relatório final de avaliação do Programa Cultura Viva criado pelo MinC para promover a cultura popular; e nos relatórios de eventos promovidos pelo grupo de pesquisa do qual a pesquisadora é membrov. 4 Post-factum, pode-se classificar essa pesquisa como qualitativa, caracterizada pela de imersão da pesquisadora no cenário natural em que os fenômenos estudados ocorrem, atuando como um intérprete da realidade (DENZIN e LINCOLN, 2006, p. 16-17). Com base nessa vivência no campo empírico foi possível identificar alguns coletivos que demonstraram sinais de resistência ao modelo empresarial. Nos dados recolhidos percebeu-se que a construção das práticas organizativas no cotidiano desses sujeitos é intuitiva, não sendo permeadas por relações de autoridade, mecanismos burocráticos e princípios mercantis, como ilustram algumas falas transcritas nos subtópicos apresentados na seqüência. Verificou-se um conflito em relação à estrutura organizacional. Para captar recursos, muitas organizações participam de editais do governo e estes exigem que as organizações possuam Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e que nomeiem um presidente, impondo, mesmo que formalisticamente, uma hierarquia. Porém, há coletivos que são geridos por um grupo de pessoas, havendo dificuldade de se nomear apenas um indivíduo. Isso fica bem claro na seguinte fala: “o próprio Estado é presidencialista. (...) a estrutura do Estado é imposta (...), não permite uma estrutura que não seja hierárquica (...) exige CNPJ”. Algumas organizações que preferiram continuar atuando na informalidade utilizaram “CNPJ de aluguel” recorrendo a organizações instituídas e tendo que repassar cerca de 10 a 20% da verba captada para produtores culturais, conhecidos como “atravessadores da cultura”. Ainda em relação à formalização, identificou-se um conflito entre a oralidade, característica da cultura popular, e a formalização escrita da prática de gestão empresarial. Segundo dados do MinC (2006, p. 70-71) e discussões nas oficinas, a maioria das organizações utilizam reuniões, cartazes ou murais como principais veículos de comunicação interna e verificou-se resistência categórica por parte de uma representante de um coletivo popular que afirmou que “enquanto estiver à frente” da organização “jamais” usará algumas técnicas de comunicação empresarial tais como a CI (comunicação interna) e o memorando. Outro conflito encontrado diz respeito ao aspecto concorrencial do mercado. A necessidade de captar recursos financeiros para sua sustentabilidade, posto que muitas organizações não conseguem sobreviver com a comercialização de seus próprios produtos e serviços culturais, tendo em vista que isto não é sua missão, tem levado-as a competir por recursos escassos via patrocínio público e privado. Como as organizações que promovem a cultura popular têm menor repercussão na mídia em comparação aos produtos culturais de massa, seus projetos correm o risco de não ser patrocinados quando não oferecem garantia de retorno mercadológico para as empresas. Diante da preferência do mercado em patrocinar grupos já consagrados e da dificuldade encontrada pelos grupos iniciantes em obter patrocínio, muitas organizações estão utilizando os pressupostos e ferramentas do marketing cultural para “aprender como vender seu peixe”. Todavia, enquanto alguns representantes de organizações vêem “a concorrência como um ponto positivo", outros se recusam a tratar as demais como concorrentes por entender que “têm que ser parceiros”. Neste aspecto, percebeuse uma resistência mais forte nos grupos de Afoxé que se recusam até a participar de concursos durante o carnaval promovidos pela prefeitura municipal para receber verba de subvenção: “a gente não participa de liga ou campeonato porque somos irmãos. Eu não posso ficar competindo com você, se você precisar de meus instrumentos, roupas eu te empresto, te dou”. De modo geral, percebeu-se que associações, centros e ONGs apresentam tendência de adotar com menos resistência preceitos do management enquanto que os grupos de maracatu, afoxés, por exemplo, demonstram maior resistência e utilizam práticas mais informais e espontâneas de gestão. Tal resistência sinaliza outras práxis organizacionais alternativas ao modelo empresa que não consistem em mera aplicabilidade do conhecimento científico da administração, funcional à sociedade de mercado capitalista, mas contesta o modelo empresa 5 imposto pelo sistema e busca outros modos de organizar pertinentes às peculiaridades e interesses de organizações da cultura popular, como será discutido na seção a seguir. Problematizando a transposição do Management para organizações da cultura popular A adoção de técnicas gerenciais de empresa por parte de organizações substantivas é uma idéia constantemente veiculada pela mídia e defendida por vários acadêmicos como caminho privilegiado para a modernização do terceiro setor em geral, e do campo cultural em particular. Todavia, como alerta Cunha (1997 apud DELLAGNELO, 2004, p. 7), há perigo potencial em “transplantar de forma acrítica os métodos e procedimentos de gestão, calcados na razão instrumental, para o âmbito de organizações que cultivam objetivos estranhos à lógica do mercado” visto que as técnicas e ferramentas gerenciais carregam em si pressupostos como pragmatismo, produtividade, cálculo constante entre meios e fins, eficiência, competitividade, individualismo, etc., que podem trazer distorções à natureza das organizações substantivas e desvirtuar sua ligação com transformações sociais mais amplas. Assim como pode comprometer a sociabilidade entre seus membros, levar à perda de identidade e à mercantilização da cultura. A produção empresarial da arte “popular” – qualquer que seja a orientação ideológica e política de seus responsáveis – retira-lhe duas dimensões sociais fundamentais. Alterando data, local de apresentação e a própria organização do grupo artístico, ela transforma em produto terminal, evento isolado ou coisa, aquilo que, em seu contexto de ocorrência, é o ponto culminante de um processo que parte de um grupo e a ele retorna, sendo indissociável da vida desse grupo. Os gestos, movimentos e palavras, em que pese todo o aperfeiçoamento técnico possível, tendem a perder seu significado primordial. Eles deixam de ser signos de uma determinada cultura para se tornarem “representações” que “outros” fazem dela (ARANTES, 2007, p. 19-20). No Brasil, a institucionalização das leis de incentivo à cultura foram um divisor de águas na organização da cultura (BRANT, 2004; RUBIM, 2005). As atividades de organizar e produzir cultura - antes um conjunto indiferenciado que abarcava simultaneamente, de modo inespecífico, diversas dimensões, não havendo fragmentação entre elas - passaram a ser distintas, especializadas e profissionalizadas em decorrência do processo de complexidade da sociedade e do sistema cultural (RUBIM apud RUBIM, 2005, p. 16). Até os anos 1990, os gestores culturais eram autodidatas e construíam suas práticas organizativas e elaborações conceituais a partir de experiências no cotidiano do trabalho, do exercício prático da atividade. Desde então, artistas e produtores culturais que antes afirmavam não entender “muito bem dessa tal coisa de negócio” e que mesuravam os resultados no “tom abstrato dos aplausos”, nos “olhos que enxergam a natureza humana”, nos “ouvidos que reencontram seus sons ancestrais”, precisaram transformar essa experiência sublime em capital e em valor agregado e hoje se denominam “profissionais da cultura” (MARTINEZ, 2004 apud BRANT, 2004, p. 7). Para fundamentar a problematização da transposição do management para organizações da cultura popular, é preciso fazer distinção entre o significado substantivo e o significado formal da organização, fato negligenciado pela teoria da organização, e retomar as categorias de racionalidade instrumental e racionalidade substantiva como reelaboradas por Ramos (1981). A organização formal orienta-se pela razão instrumental que toma o mercado como referência para ordenação da vida social e pessoal pautando-se no utilitarismo e pragmatismo. A organização econômica é um artefato social fundado em cálculos entre meios e fins; 6 projetada deliberadamente para atender ao imperativo da acumulação de capital, expansão das capacidades do sistema de mercado e maximização dos recursos e lucros; possui regras operacionais mecânicas, normas funcionais de conduta e comunicação, critérios quantitativos; e transforma o homem em uma criatura que age de acordo com o ethos utilitário e exerce atividades mecanomórficas (RAMOS, 1981, p. 134-135). Já a organização substantiva é guiada pela racionalidade substantiva assente na psique humana e conduz à auto-realização, auto-desenvolvimento e emancipação do ser humano. Embora possa exercer funções econômicas, não tem o lucro como prioridade (RAMOS, 1981, p. 178). Nesta proposta de vida associada, a interação simbólica constitui o principal fundamento para relações interpessoais; as ações e atitudes são definidas a partir de um plano de reciprocidade de perspectivas; há grande tolerância a ambiguidades; as comunicações entre os indivíduos se fundamentam no livre fluxo da experiência direta da realidade (Ibid, p. 129). As finalidades da vida humana são diversas e só umas poucas pertencem, essencialmente, à esfera das organizações econômicas formais (RAMOS, 1981, p. 125). O comportamento administrativo é uma conduta humana condicionada por imperativos econômicos, sendo intrinsecamente incompatível com o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas (Ibid, p. 135). A existência social e individual não pode ser explicada apenas segundo categorias mecanomórficas (Ibid, p. 128). O homem tem diferentes tipos de necessidades cuja satisfação requer múltiplos tipos de sistemas sociais que podem ser categorizados e ter suas condições operacionais peculiares formuladas. Os interesses humanos correspondentes a cada tipo de sistema social devem ser propriamente considerados como tópicos do desenho organizacional (RAMOS, 1981, p. 135). Reconhecendo que “as organizações formais não constituem o cenário apropriado para a desalienação e auto-atualização das pessoas” (RAMOS, 1981, p. 83), cabe questionar “por que permitir que as regras operativas das organizações formais condicionem as necessidades dos cidadãos?” (Ibid, p. 80). A organização empresarial não pode ser considerada um modelo para todas as formas de organização. Derivada do latim modulus, a palavra modelo refere-se a molde, forma. Apesar de empregada em diferentes contextos com significados diferenciados, implica certa noção de organização e ordenamento de partes que compõem um conjunto. Em linguagem simples um modelo pode ser definido como aquilo que serve de exemplo ou norma em determinada situação. A existência de um modelo indica a predominância da forma sobre os desejos, intenções, motivos, funções e objetivos, os quais tendem a ficar subordinados à modelagem adotada. Na cópia e reprodução de um modelo, de modo geral, o olhar recai sobre o como, que é mais facilmente observável, e não sobre o porquê ou para quê, já que respostas a essas duas interrogações não se encontram pelo simples olhar ou observação direta (FERREIRA et al., 2006, p. 18-19). Prioriza-se nela a forma, e não a função. Sobrepõem-se normas e procedimentos a objetivos. O adjetivo supera o substantivo. (...) se dá maior importância ao como, e não à missão da organização e à qualidade de bens que lança no mercado ou serviços que presta a cidadãos e comunidades (FERREIRA et al., 2006, p. 19). Entende-se que ao serem submetidas à razão instrumental, as organizações da cultura popular acabam por desempenhar uma função de manutenção das normas sociais do sistema hegemônico e de conformidade com o status quo. A organização entendida nos moldes de empresa - orientada por critérios de eficiência e eficácia, hierarquizada, com estrutura formal e profissional, dentre outras características não é a única forma possível de organização das atividades do cotidiano, nem tampouco uma forma útil e acessível a todos os atores sociais com vontade de intervir na sua própria 7 realidade (CARVALHO, 2009, p. 6). Organizar atividades de forma coerente com as necessidades sentidas é um saber que pode e deve ser de domínio de todos (CARVALHO, 2009, p. 6). O organizar é um ato elementar que faz parte da experiência humana de estar no mundo. Segundo Arantes (1990, p. 78), a organização é o que há de mais abstrato e geral num grupo humano, “é condição e modo de sua participação na produção da sociedade”. Face a essa explanação, ressalta-se os conflitos com a natureza e aspectos substantivos dos coletivos populares que consistem em agrupamentos voluntários de pessoas, sem fins lucrativos, visando promover a cidadania por meio da cultura popular prezando pelo seu valor simbólico. Considerações Finais Apesar de vivermos um tempo em que o gerencialismo de mercado é apresentado como uma utopia em realização que não permite pensar em alternativas, existem experiências que são exemplos claros de uma busca por outros modos de pensar a organização “fora dos limites possíveis” da lógica empresarial onde se quer firmar a aproximação de práticas administrativas cotidianas a princípios mais substantivos que lhes dão a base de sua associação, podendo constituir-se em “formas não gerenciais de convivência” nas quais outras utopias possam ser os pressupostos para outras formas de produzir o organizar (MISOCZKY e VECCHIO, 2004, p. 11-12). A noção de que toda a atividade social é melhor organizada quando organizada sob a forma de mercado tem sido crescentemente confrontada pelo movimento contra-hegemônico (alter-mundialista) iniciado em Seattle em 1999 e a partir de 2001 com a realização do Fórum Mundial Social (FMS) em Porto Alegre-RS. Iniciativas, movimentos e organizações, através de vínculos, redes e alianças locais/globais, estão lutando contra a forma de globalização neoliberal, mobilizados pela aspiração por um mundo mais justo e pacífico que julgam possível ao qual sentem ter direito (SANTOS, 2008). As formas de organização são criações humanas e construções sociais historicamente situadas, não constituem fatalidades, não são naturais, nem eternas, podendo, portanto, ser mudadas (ADLER, 2002 apud MISOCZKY e AMANTINO-DE-ANDRADE, 2005; SOLÈ, 2003). Apesar de o mundo empresarial estar instituído, disseminado e incorporado, não obstante danos ético-político e ambiental causados, experiências em curso no campo da alternatividade nos restituem a convicção de que não estamos diante de nenhuma fatalidade, mas de fatos, situações e construtos históricos concretos passíveis de mudança. Mesmo que a política cognitiva operada para disseminar a mentalidade de mercado e o modelo empresarial nos faça crer ser inútil qualquer esforço voltado para a construção de outros modos de organizar, importa ter consciência de que este desafio situa-se no campo das possibilidades e não no plano do determinismo. Por mais dominante que a sociabilidade do mercado seja, ela não elimina a emergência de experiências e práticas organizativas fecundas e credíveis ao instituído. Espera-se que o presente trabalho, fruto de uma pesquisa em andamento, suscite discussões e estimule novos estudos que venham a contribuir para a criação de um corpus de conhecimento específico para a gestão de organizações da cultura popular, a partir das experiências de seus participantes, tendo em vista que as bases e conceitos das teorias organizacionais são todos fundamentados na concepção de empresa (SOLÈ, 2003, p. 7). Diante de sua incapacidade de ultrapassar a hiper determinação das estruturas e a institucionalidade, as teorias organizacionais não reconhecem a dinâmica da construção do organizar que parcela significativa da sociedade está realizando em seu cotidiano (CARVALHO, 2009, p. 6). 8 Não obstante a relevância do tema, as atenções do campo da administração para este fenômeno não têm sido muitas (LEÃO JR et al, 2001; CARVALHO, 2006). A maioria dos trabalhos em administração não leva em conta as singularidades das organizações substantivas e baseia-se em conceitos e instrumentos utilizados nas empresas públicas e privadas (DELLAGNELO, 2004, p. 7). A quase totalidade desses trabalhos baseia-se numa visão tradicional e unívoca da gestão, a qual é importada das atividades econômicas lucrativas. Assim, nesses textos recomenda-se que técnicas de planificação, estratégia, marketing, contabilidade e diversas outras – utilizadas nas empresas privadas – sejam aplicadas à gestão de empresas sem fins lucrativos, sem nenhuma preocupação com as singularidades dessas últimas. (ANDION, 1998, p. 21) O presente artigo é um convite à academia para suplantar a preponderante inclinação da produção científica brasileira em administração de reproduzir temas e pensamento americano (MACHADO-DA-SILVA, CUNHA e AMBONI, 1990; BERTERO e KEINERT, 1994 apud RODRIGUES e CARRIERI, 2001), transcender a servidão intelectual e condição de copista e repetidor por meio da adoção de procedimento crítico-assimilativo (RAMOS, 1996, p. 105), e ir além da mera adaptação funcional de conceitos e ferramentas gerenciais ao confrontar a visão estabelecida do mundo como mercado, da organização como empresa e do ser humano como recurso. Referências ANDION, Carolina. 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Organizações & Sociedade, v. 13, n. 38, Jul/Set, 2006. p. 91-105. i De início cabe salientar que os termos management (gestão) e administração são utilizados nesse texto como sinônimos intercambiáveis como faz a grande maioria dos autores da área e como consta em dicionários de negócios. Porém, alguns autores observam certa disposição de relacionar management com iniciativa privada e administração com setor público, e outros fazem distinção de abrangência entre os termos (ver CHANLAT, 2000; DIAS, 2002). ii Assim como acontece com o conceito de cultura (LARAIA, 2008), muitos são os significados atribuídos à “cultura popular” e bastante e heterogêneos e variáveis os eventos que essa expressão recobre. Remete a um amplo espectro de concepções e pontos de vista (ARANTES, 2007, p. 8). Nesse estudo, considera-se cultura popular os modos de pensar, criar, fazer, expressar-se, conceber o mundo e viver construídos dinamicamente através da justaposição de elementos tradicionais herdados dos antepassados pela oralidade e sem ensino formal e elementos do contexto sócio-cultural atual. iii I Encontro dos Pontos de Cultura de Pernambuco realizado pelo Ministério da Cultura (Minc) nos dias 01 e 02 de junho de 2007; I Encontro Sub-regional Nordeste dos Pontos de Cultura realizado pelo Minc nos dias 29 e 30 de junho de 2007; Seminário Internacional em Economia da Cultura realizado pela Fundação Joaquim Nabuco 11 (Fundaj) de 16 a 20 de julho de 1997; Palestra intitulada “Gestão e difusão cultural” ministrada pela autora em 23 de setembro de 2009 no auditório da prefeitura de Camaragibe-PE, a pedido do Ponto de Cultura Tecer. iv Curso Formação em gestão cultural para pontos de cultura promovido pelo Pontão Comuna S.A. de Belo Horizonte que ocorreu em dois módulos, um presencial em Recife no período de 25 a 27 de março de 2009; e outro à distância, no período de 30 de março a 02 de junho de 2009. v Conversê: plataforma digital desenvolvida pelo do MinC visando troca de experiências entre os Pontos de Cultura de todo o Brasil; MAPSYS: base de dados também do MinC onde constam os projetos dos Pontos de Cultura; Relatório do evento “Sustentabilidade para os pontos de cultura: troca de experiências” promovido pelo Pontão UFPE em 21 de novembro de 2007; Relatório do evento “Da casa de Xambá à Rede de Resistência Solidária: autonomia e exercício da liberdade na cultura” promovido pelo Pontão UFPE em 06 de maio de 2008. 12