Cesariana de emergência em um Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) politraumatizado: Relato de Caso AUTORES: Alberto Vinícius Dantas Oliveira, Paulo Roberto Bahiano Ferreira, Victor Curvelo, Gilson Santana, Leane Gondi n , Sidney Gonzales, Fernanda Libório, Ana Celly Nascimento Pinho, Gerson de Oliveira Norberto. O tamaduá-mirim (T. tetradactyla), é uma espécie da América do Sul incluso no apêndice III da Convention on International Trade Endagered Species of Wild Fauna and Flora - CITES desde 2003, calssificado na categoria de baixo risco de extinção pela IUCN. Atualmente, pertencem à Ordem Pilosa, juntamente com as preguiças e os tatus, todos inclusos na Superordem Xenarthra. É um animal onívoro, predominantemente noturno e seu período de gestação pode variar entre 130 e 190 dias, gerando um único filhote duas vezes ao ano. Relatos de intervenções cirúrgicas no grupo de Xenarthros são escassos, sendo descritos em casos de orquiectomia, prolapso retal, e lesões causadas por trauma. O presente trabalho descreve uma técnica cirúrgica utilizada para a retirada de um feto no terço final da gestação em uma fêmea de T. tetradactyla após o histórico de trauma, visando ainda contribuir com as informações sobre os tratamentos pós-cirúrgicos e anestésicos empregados. Uma fêmea de T. tetratadctyla foi encaminhada para o Setor de Clínica e Quarentena do Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, Salvador/BA pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS/IBAMA), com o histórico de atropelamento em rodovia estadual do sul da Bahia. Durante o procedimento clínico, foi diagnosticada a gestação da tamanduá através da inspeção e palpação abdominal, a qual pesava 5 kg. Devido às evidências traumáticas após exame clínico, principalmente na região abdominal, próxima a região pélvica, mesmo não tendo auxílio diagnóstico por imagem, optouse por uma cesariana de emergência na tentativa de salvaguardar a vida da mãe e do filhote. Foi realizada tricotomia desde a cartilagem xifóide até a região do púbis, além de preparar o abdômen ventral com limpeza cirúrgica através do uso de solução degermante 2% antes da indução anestésica. O protocolo anestésico adotado foi Tiletamina/zolazepan (4 mg/kg/IM) e epidural lombossacral, com a utilização de lidocína 2% sem vaso constritor (4mg/kg). Iniciou-se uma incisão na linha média ventral, desde imediatamente caudal ao umbigo até próximo ao púbis, chegando diretamente à musculatura abdominal. Então foi realizada a suspensão da bainha do músculo reto externo, antes de realizar uma incisão em estocada através da linha alba, com o objetivo de evitar laceração inadvertida do útero. Exteriorizou-se o útero com cuidado. Após o acesso à cavidade abdominal, foi observada a presença moderada de sangue, hemoperitônio, originada das lesões do corpo uterino. Posteriormente, procedeu-se com a abertura ventral da face em contato com a parede abdominal e exposição do neonato para a sua retirada. Apesar de íntegro, o filhote não apresentava sinais cardíacos e respiratórios, além de uma coloração pálida, que após o atendimento de emergência foi constatado o óbito. Devido às lacerações do corpo uterino e a hemorragia moderada, foi decidida a execução da ovariohisterectomia. A sutura da musculatura foi realizada com fio sintético e absorvível VICRYL (poliglactina) 2.0 de forma contínua e a dermorrafia foi realizada com fio nylon 2.0 em pontos separados de Wolff. Neste paciente não foi observada prolongação do plano anestésico, sendo observada a sua recuperação em XXX horas. No pós-cirurgico, foi utilizado XX antibiótico e YY antiinflamatório e analgésico durante XX dias consecutivos. A técnica cirúrgica e o protocolo anestésico adotados foram satisfatórios para o procedimento cirúrgico de cesariana seguida de ovariohisterectomia na fêmea de tamanduá-mirim.