DEMODICOSE EM BUGIOS-RUIVOS (Alouatta clamitans) Fernanda Silva Kuszkowski1, Amanda Rezende Peruchi1,2, Joelma Lucioli1, José Eduardo Basílio de Oliveira Gneiding1 Júlio Cesar de Souza Junior1,2, Zelinda Maria Braga Hirano1,2 Universidade Regional de Blumenau – FURB1; Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial – CEPESBI/Projeto Bugio2 Rua São Paulo, número 420 – Bairro Victor Konder, Blumenau/Santa Catarina. Palavras chave: demodicose, bugio-ruivo, tratamento. Introdução: A demodicose é uma dermatose primária da pele de causa parasitária que acomete folículos pilosos e glândulas sebáceas. Ela ocorre por uma proliferação excessiva, gerada por situações de imunodepressão, da população de Demodex spp. (Acari: Demodicidae), um ácaro comensal que reside na pele dos mamíferos(1). Os relatos sobre demodicose em primatas neotropicais são limitados, tendo apenas para os gêneros Saimiri spp.(2) e Saguinus spp.(3). Objetivo: Este trabalho objetiva relatar cinco casos de demodicose em bugios-ruivos cativos no Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial - CEPESBI. Métodos: Entre os anos de 2010 e 2014 foram realizados diagnósticos de sarna demodécica por meio de raspado de pele(1), em cinco bugios-ruivos do CEPESBI. Resultados e Discussão: Em 2010 ocorreram dois casos em infantes, um casal proveniente de vida livre, que estavam a cinco meses no cativeiro, um iniciou primeiro e depois o outro. Ambos vieram de cidades diferentes, o que levanta a hipótese de que ou as populações de vida livre estão positivas ou há transmissão horizontal no cativeiro. O macho apresentava descamação na face e região lateral aos olhos. Já a fêmea, prurido, rarefação de pelo, alopecia e descamação por todo o corpo. Foi realizado tratamento com Moxidectina nos dois animais, na dose de 0,2mg/kg, via subcutânea, uma vez por semana por quatro semanas, associado a banho a cada 48 horas com Amitracina por um mês. Outros três casos ocorreram entre 2013 e 2014, acometendo um casal de sub adultos e uma fêmea adulta, todos com mais de 2 anos em cativeiro. O macho apresentava lesão alopécica, hiperpegmentada em região de ombro esquerdo. A fêmea sub adulta apresentava área alopecica com crostas na região frontal da cabeça. Já a fêmea adulta apenas uma despigmentação na região nasal. O tratamento dos 3 animais foi realizado com Ivermectina na dose de 0,2mg/kg, via subcutânea, sendo realizadas 3 aplicações com intervalos de sete dias. Os animais acometidos apresentaram as mesmas manifestações clínicas já relatadas em Macaca mulata(1) e Saguinus spp.(3), com exceção da despigmentação na face que não há relatos. Conclusões Em todos os animais apenas formas imaturas do Demodex spp foram encontradas. Os tratamentos com Ivermectina e Moxidectina foram eficazes em todos os indivíduos, sem recidivas. Este é o primeiro relato de demodicose em bugios-ruivos, provavelmente pela falta de diagnóstico, sendo assim de extrema importância na caracterização da doença nessa espécie. Deve-se fazer estudos moleculares para identificação do ácaro a nível de espécie. Referências: 1. 2. 3. Starost, M. F.; Karjala, Z.; Brinster, L. R.; Miller, G.; Eckhaus, M.; Bryant, M.; Hoffman, V. (2005) Demodex spp. in the hair folicles of rhesus macaques (Macaca mulatta), Journal of Medical Primatology, vol. 34, 215-218. Lebel R.R., Nutting W.B. (1973). Demodectic mites of subhuman primates I: Demodex saimiri sp. n. (Acari: Demodicidae) from the squirrel monkey, Saimiri sciureus, The Journal Parasitology, vol. 59, 19-22. James S.B.; Raphael B.L.(2000). Demodicosis in red-handed tamarins (Saguinus midas). Journal of zoo and wildlife medicine, vol. 31, 251-254