INDICADORES Brasil Ações do Santander UNT Econom ico (em R$) 14,01 14,27 14,05 13,35 12,29 www.brasileconomico.com.br 29/10 30/10 31/10 03/10 04/10 PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . QUARTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2014 . ANO 6 . Nº 1.302 . R$ 3,00 Governo autoriza Petrobras a elevar gasolina e diesel A estatal fez mistério, mas o Conselho de Administração da empresa aprovou o reajuste dos combustíveis. “Reajuste não se anuncia: pratica-se”, disse Graça Foster, ao sair da reunião que durou sete horas. Os dois produtos estão com os preços congelados desde o final do ano passado. Com um reajuste de 5%, o impacto no IPCA pode chegar a 0,5 ponto percentual, dificultando o esforço para manter a inflação dentro da meta prevista para 2014. P7 Varejista alemã cai na rede brasileira Bonprix, que na Alemanha tem lojas físicas, investe pesado para conquistar o mercado nacional com operação de comércio eletrônico. P8 Piervi Fonseca INDÚSTRIA Produção voltou a cair em setembro Após dois meses consecutivos de alta, a produção industrial caiu 0,2%, segundo pesquisa do IBGE. No ano, a retração do setor chega a 2,9%. Em relação a setembro de 2013, houve queda de 2,1%, acumulando variação negativa de 2,2% em 12 meses. P4 BANCOS Massa italiana com jeito de Brasil Após lançar uma linha com ovos como gostam os brasileiros, a Barilla está levando para os mercados massa pronta para que os consumidores provem. “Queremos ser líderes”, diz Maurizio Scarpa , diretor da empresa para o Brasil e América Latina. P10 OCTÁVIO COSTA Das duas faces de Getúlio, que a presidenta Dilma escolha a sedução. P24 AUTOMANIA A Peugeot volta à briga com o bem sucedido 2008, que será produzido no Brasil. P13 TERROR Inteligência britânica diz que gigantes da web dão suporte involuntário a grupos. P19 Itaú tem mais lucro e menos inadimplência Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco obteve, no terceiro trimestre, um lucro líquido de R$ 5,4 bilhões. O resultado é 35,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2013. P14 2 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 MOSAICO POLÍTICO GILBERTO NASCIMENTO [email protected] COM LEONARDO FUHRMANN PSB TENTA CRIAR BLOCO “ Eu acho que é fundamental que a presidenta Dilma possa ter, além do PT, dois partidos ou frentes fortes que possam ajudá-la na governabilidade” O PSB no Senado pretende formar um bloco independente e, para isso, tenta atrair possíveis parceiros como o PV, Psol e o PCdoB. A partir do ano que vem, o partido terá seis representantes na Casa. Os blocos ou partidos com pelo menos nove senadores contam com vantagens no funcionamento do Senado. O senador João Capiberibe (AP) defende que o PSB dê preferência ao diálogo com partidos mais à esquerda, para não descaracterizar as bandeiras socialistas. Caso a proposta se concretize, os pessebistas serão os líderes do grupo, por ser o maior partido do bloco. Capiberibe lembra que o PSB já atua de forma independente no Senado desde 2013, quando decidiu deixar os cargos no governo para articular a candidatura presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. AE Para o senador João Capiberibe, a independência será uma forma de agradar tanto os defensores da neutralidade e os que apoiaram o presidenciável Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição deste ano, como os que permaneceram ao lado da presidenta reeleita. Outro grupo dentro do PSB defende uma atitude oposicionista, com a formação de um bloco com partidos como o Solidariedade e o PPS, mais próximos do PSDB e do DEM. A decisão deve ser tomada pela executiva nacional do PSB no próximo dia 18. A possibilidade de ficar independente também facilita a relação com o governo federal dos três governadores eleitos pelo partido: Paulo Câmara em Pernambuco, Ricardo Coutinho na Paraíba e Rodrigo Rollemberg no Distrito Federal. Capiberibe avalia que a independência coloca o PSB numa posição “equidistante” entre governistas e oposição. Cid Gomes (Pros) Wilson Dias/ABr Governador do Ceará, ao se oferecer para criar uma alternativa ao bloco que o PMDB pretende formar Amigo é pra essas coisas O empresário Paulo Garcia, dono da Kalunga, foi um dos principais colaboradores da campanha a deputado de Andrés Sanchez (PT), na esperança de ter o apoio dele nas eleições para a presidência do Corinthians. Amanhã, Garcia será lançado como principal nome da oposição. Seu vice será o também empresário Osmar Stábile. Mas Andrés deve apoiar o candidato da situação, Roberto Andrade. Roque Citadini, conselheiro do TCE, queria ser candidato, mas ficará de fora. PT se aproveita de atos, diz tucano Contava contigo PSDB pede investigação de convênio Um das acolhidas mais fervorosas a Aécio Neves, ontem no Senado, partiu de seu colega Cristovam Buarque (PDT-DF). Ele abraçou o tucano e disse: “Tenho certeza que apoiei a pesso certa”. Em retribuição, ouviu do candidato derrotado: “Foi uma pena. Tinha planos que lhe incluíam". O líder da minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), vai questionar no Ministério da Justiça o convênio entre o governo da Venezuela e o MST para treinamento de suas lideranças, sob o argumento de que a proposta fortalece o socialismo no Brasil. “Como um movimento que não tem sequer personalidade jurídica pode representar o Brasil? Somente quem pode falar em políticas para um país é seu governo”, questiona. Sávio quer que a PF investigue os propósitos desta iniciativa que “usurpa a autoridade política do povo brasileiro”. Ele pretende também convocar o diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, para falar sobre o assunto. FALE CONOSCO O presidente do PSDB no Estado de São Paulo, Duarte Nogueira, rebate afirmações de que simpatizantes de seu partido apoiam manifestações a favor da volta da ditadura militar no País. “O PT é que está imputando essa pecha ao nosso partido”, reclama. “Eles é que têm mais características de apoio a movimentos de supressão de liberdade e cerceamento de imprensa”, afirma. “Não apoiamos rompimento institucional nem regime militar”, assegura. Murillo Constantino Colaborou Edla Lula E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br Torneira seca já é realidade antiga para muitos Prioridade para aproveitamento da paisagem do Rio Projetos de mobilidade nadam contra a maré Muito se fala na crise de abastecimento que assola o país. Mas e os bairros nas grandes capitais que já não recebem água regularmente por falta de estrutura das distribuidoras? Muitos passam por uma espécie de racionamento há anos e, ainda por cima, recebem conta. Agora que a falta de água afeta a todos, existe uma mobilização nacional. Esta ciclovia que está em construção para ligar a zona sul do Rio à Barra da Tijuca será ótima alternativa para lazer e turismo, mas não é de longe prioridade para a cidade. No quesito mobilidade, dificilmente será bem aproveitada. Quem vai trocar o conforto do ar condicionado do carro para ficar na poeira e debaixo de sol? Existem tantos planos para corredores exclusivos para ônibus no Rio de Janeiro. Quando veremos projetos semelhantes às barcas em outros pontos da cidade? São tantos quilômetros de praias. Seria falta de vontade do governo ou favorecimento de determinadas empresas? Parece que vamos sempre contra tudo o que há de moderno pelo mundo. Fabiana Correa João Gabriel Santos Nélio Campana Rio de Janeiro, RJ Rio de Janeiro, RJ Rio de Janeiro, RJ INDICADORES O Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,81 %, aos 54.383 pontos, após sessão volátil marcada pela expectativa em torno da reunião do Conselho de Administração da Petrobras. O giro financeiro foi de R$ 7,4 bilhões. TAXAS DE CÂMBIO ▲ Dólar comercial (R$ / US$) COMPRA VENDA 2,5049 2,5054 ▲ Euro (R$ / E) 3,1436 3,1452 JUROS ■ Selic (ao ano) META EFETIVA 11,25% 11,15% BOLSAS ▲ Bovespa - São Paulo ▲ Dow Jones - Nova York ▼ FTSE 100 - Londres VAR. % ÍNDICES 0,81 54.383,60 0,13 17.389,51 0,52 6.453,97 Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 3 ▲ BRASIL Pedro Ladeira/Folhapress MENSALÃO Dirceu vai para casa cumprir o semiaberto O ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República José Dirceu, condenado na Ação Penal 470 (mensalão) a 7 anos e 11 meses de prisão — e cumprindo pena desde 15 de novembro de 2013 — deixou ontem o Centro de Progressão Penitenciária de Brasília e começou a cumprir o restante de sua pena em casa, após assinar, na Vara de Execuções Penais, o termo de liberação autorizado pela Justiça. ABr Editor: Paulo Henrique de Noronha [email protected] Governo e oposição mantém clima de guerra das eleições Cid Gomes se propõe a montar blocão de esquerda para defender governo Dilma. Ao chegar no Senado, Aécio Neves, ovacionado, disse que será “oposição permanente e dura” para cobrar os compromissos eleitorais do PT Roberto Stuckert Filho/PR Para que governo não fique “refém do PMDB”, Cid Gomes sugeriu criação de bloco de esquerda com a fusão de partidos como PCdoB, PDT e alguns integrantes do PSB e do Psol Edla Lula [email protected] Brasília O clima de guerra e forte divisão entre governo e oposição, que marcou as últimas semanas, promete continuar no Congresso. Ontem, enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) retornava ao trabalho de forma apoteótica, ao som de gritos de “presidente”, o governador do Ceará, Cid Gomes, prometia à presidenta Dilma Rousseff montar uma frente de esquerda em apoio ao seu governo. “Éfundamental que a presidenta possa ter dois partidos ou frentes quepossamajudá-lanagovernabilidade”,disseGomes, aodeixarareunião com Dilma. A preocupação do governador e de Dilma se relaciona não apenas à oposição mais intensa no Congresso. Parte do PMDB, descontentecomaatuaçãodoPTaolongoda campanha,também surge co- Dilma recebeu o governador do Ceará, Cid Gomes, e seu substituto em 2015, Camilo Santana Wilson Dias/ABr Aécio Neves repudiou de forma radical as manifestações pela volta dos militares ao poder e disse: “Eu sou filho da democracia” mo ameaça. “Penso que esse movimento (a frente de esquerda) reduz o espaço da pressão que muitas vezes beira até a chantagem”, comentou Gomes, em referência à atuação do PMDB. Para o governador, o bloco de esquerda terá de arregimentar ao menos 10% da Câmara, para não ficar “refém do PMDB”. Ele sugere a fusão de partidos como PC do B, PDT e partes do PSB e do PSol. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), reconhece a necessidade de formar uma base mais fiel aos princípios do PT em contraposição ao PMDB. “É melhor uma maioria menos expressiva, porém fiel e leal, do que uma grande maioria que não consegue ter unidade política para defender as propostas do governo”. O Planalto também conta com a pressão de governadores sob suas bancadas para fazer maioria no Congresso, lembrou Costa, segundo quem a presidenta tentará um diálogo mais frequente com os governos locais. “Incorporar ao concei- Simpatizantes fizeram festa para o senador Aécio Neves, em seu retorno ao Congresso Nacional to de governabilidade a participação dos governadores, que exercem influência sobre suas bancadas, prefeitos e movimentos sociais rende mais frutos do que ficar produzindo maiorias que não são consistentes”, disse o líder. Enquanto isso, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pivô do desconforto entre o governo e o PMDB, torna cada vez mais sóli- da a sua candidatura para presidir a Câmara. Ofereceu almoço a lideranças partidárias que saíram do encontro prometendo apoio ao seu nome na disputa marcada para 2 de fevereiro. Além de parte do PMDB, Cunha conseguiu apoio dos líderes de PTB, PR, PSC e SD. A proposta, no entanto, ainda deverá ser submetida a cada uma destas bancadas. A entrada triunfal de Aécio Neves no Congresso foi uma mostra do que será a oposição neste ano. Aclamado por populares e funcionários do Senado com gritos de “fora PT” e “Aécio presidente”, o candidato derrotado mandou recado à presidenta: “Vou ser oposição sem adjetivos ao governo. Mas serei oposição permanente e dura para cobrar cada um dos compromissos assumidos”. Neves tratou de desvencilhar a sua imagem das manifestações de rua nos últimos dias, que pedem o impeachment da presidenta e até uma intervenção militar. “Quanto à volta dos militares, expresso o meu repúdio mais violento e mais radical. Esta é uma apropriação indevida de um sentimento de liberdade da sociedade brasileira. Eu sou filho da democracia”. Mas o senador disse serem legítimas as manifestações de insatisfação com o governo atual e prometeu representar este sentimento no Parlamento: “Quando o governo olhar para a oposição, sugiro que deixe de contabilizar as cadeiras que ocupamos no Senado e na Câmara e passe a enxergar mais de 51 milhões de eleitores que querem mudanças e não têm mais paciência para tanto desgoverno e tanta irregularidade”. Humberto Costa, que havia desafiado mais cedo, da tribuna, o opositor a dar declarações pelo fim das manifestações que pedem o impeachment e a volta da ditadura, rebateu a fala de Aécio. “Na democracia, quem ganha vai governar para o país como um todo e a oposição vai cumprir seu papel institucional de oposição. Mas se (Aécio) estiver raciocinado com a ideia de um país dividido, não vai conseguir cumprir seu papel”. 4 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Estefan Radovicz ▲ BRASIL CONSUMO Pesquisa aponta mais compras de Natal Pesquisa do SPC Brasil revela que, este ano, mais brasileiros devem ir às compras e gastar mais com os presentes de Natal, comparado ao ano passado. De acordo com o levantamento, 87% dos consumidores entrevistados têm a intenção de comprar ao menos um presente este ano. Em 2013, eram 67%. O valor médio com cada presente deve passar de R$ 86,59 no Natal passado para R$122,40 em 2014. Redação Produção industrial volta a cair Depois de dois meses seguidos de crescimento, CNI aponta queda em setembro na comparação com agosto. Resultado ruim é puxado especialmente por alimentos. Já veículos têm terceiro mês consecutivo de recuperação Divulgação Patrícia Büll [email protected] São Paulo A produção industrial recuou 0,2% entre agosto e setembro, descontados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a produção retoma a tendência de queda, após duas altas consecutivas na margem, acumulando retração de 2,9% em 2014. Em relação a setembro de 2013, houve queda de 2,1%, acumulando variação negativa de 2,2% em 12 meses. Gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo explicou que, embora setembro interrompa as duas elevações anteriores, chama atenção o índice apresentar um resultado mais disseminado de variações positivas. Faltando menos de dois meses para o Natal, o resultado afasta, ao menos no curto prazo, percepção de retomada no nível de atividade no comércio, mesmo com as vendas de fim de ano tão próximas” Fabio Bentes Economista da CNC Prejudicada pela grave estiagem, produção de açúcar cai em setembro e derruba alimentos, diz IBGE Dos 24 setores PRODUÇÃO analisados pelo IBGE, INDUSTRIAL EM BAIXA apenas sete tiveram resultado negativo, PRODUÇÃO VOLTA A CAIR, com destaque para a MAS EM RITMO MENOR Variação % (mês anterior) produção de alimentos, 2,4 que caiu 4,1% Segundo a pesquisa, das 24 atividades analisadas, 15 tiveram crescimento. Nas influências positivas estão a produção de veículos automotores (10,1%); de produtos farmacêuticos (10,1%); de borracha e material plástico (4,6%); de perfumaria e produtos de limpeza (2,3%); de metalurgia (2,0%) e produtos diversos (6,3%). Os destaques negativos foram produtos alimentícios (-4,1%); de coque; produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%); metal (-2,6%) e outros equipamentos de transporte (-2,7%). “O que puxou o resultado da produção industrial para baixo foi principalmente produtos alimentícios, que têm um peso bastante grande no resultado final. Olhando os produtos mais especificamente, o açúcar teve o maior peso negativo no grupo, provavelmente pela questão da estiagem e antecipação da safra”, disse Macedo. Por outro lado, ele destacou o bom desempenho do segmento de veículos automotores, que teve o terceiro resultado positivo consecutivo, mas lembrando que vem sobre uma base de comparação reprimida. “Essa sequência de resultados positivos não superou a que- “ Comerciante ainda confiante, mas um pouco menos ÍNDICE DE CONFIANÇA EM OUTUBRO Variação Índice Mês anterior Ante igual mês 2013 -1,6 -11,1 -0,9 -16,9 -2,6 -9,0 -1,0 -9,3 0,2 -3,7 119,6 -1,4 -8,3 106 -1,6 -13,1 105,6 -3,3 -13,1 114,7 -2,5 -11,8 111,5 -1,7 -11,1 Icec 111,5 Condições atuais 80,8 Expectativas 146,3 -0,2 Intenção de investimento -1,4 107,5 -3,5 OUT/ NOV DEZ JAN/ FEV MAR ABR 2013 2014 MAI JUN JUL AGO SET 123,9 DESEMPENHO POR SETOR Nordeste SET-2014/ SET-2014/ ACUMULADO AGO-2014 SET-2014 JAN/SET Bens de capital Bens intermediários Bens de consumo Duráveis Semiduráveis e não duráveis Indústria geral Norte ACUMULADO ÚLTIMOS 12 MESES 1,9 -1,6 1,0 8,0 0,8 -7,9 -1,7 -0,5 -7,3 1,6 -8,2 -2,5 -2,2 -9,6 0,2 -4,3 -2,2 -1,7 -7,6 0,2 -0,2 -2,1 -2,9 -2,2 Sudeste Sul Centro-Oeste Total Fonte: IBGE/PMI da que o setor viveu entre março e junho”, afirmou Macedo. Entre as categorias de uso, apenas bens intermediários exibiram queda ante agosto, de 1,6%. Já bens de consumo duráveis tiveram alta de 8,0%, seguidos por bens de capital (1,9%) e semiduráveis e não duráveis (0,8%). Mesmo com a interrupção de resultados positivos, Macedo avaliou que a produção da indústria nos últimos meses traz um saldo claramente mais positivo do que no primeiro semestre. “Ainda assim, há um espaço grande a percorrer para recuperar as perdas recentes. O desempenho da indús- Fonte: CNC tria no último trimestre será importante para entender qual a trajetória de 2014”, afirmou Macedo. Varejistas menos confiantes, apesar do Natal Indicando que a atividade econômica segue contaminada pelo cenário macroeconômico, a Confe- deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou ontem que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Ices) teve queda de 1,6% em outubro, na comparação com setembro, com ajuste sazonal, para 111,5 pontos. Acima de 100 pontos representa confiança. A queda na confiança vem uma semana depois de a Confederação revisar para baixo a expectativa de vendas de Natal, de 3% para 2,6%. “Faltando menos de dois meses para o Natal, o resultado de outubro afasta, ao menos no curto prazo, a percepção de retomada no nível de atividade no comércio, mesmo com as vendas de fim de ano tão próximas”, afirmou Fabio Bentes, economista da CNC. Assim, 2014 caminha para ser o ano de menor nível de confiança desde 2003. “A confiança é contaminada pela variável relativa às vendas, que também deve se consolidar como a menor taxa de crescimento desde 2003. Faz todo sentido a confiança estar lá embaixo, já que as vendas não deslancham”, disse Bentes. Desaquecimento do mercado de trabalho, crédito escasso e juros elevados são apontados como os fatores que mais influenciaram na queda. “Apenas a melhora dessas variáveis apontariam para a recuperação das vendas e, assim, da confiança do empresário. Elas não melhoraram e o aumento surpresa da Selic sinaliza um ciclo mais duradouro de elevação da taxa básica de juro e isso terá reflexo no balcão”, disse Bentes. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 5 Divulgação ÔNIBUS URBANOS Motoristas e cobradores param em SP Motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista param suas atividades das 10h às 14h de hoje para protestar contra os ataques a coletivos e a falta de segurança. De 1º de janeiro a 3 de novembro, as empresas de ônibus tiveram 98 ataques a coletivos, além de 21 a cooperativas que atuam na periferia. A SPTrans, que administra o transporte por ônibus, não se manifestou sobre o protesto. ABr Vanderlei Almeida/AFP Desafio do Rio para 2016 será manter a cidade funcionando Opinião é do presidente da União Internacional do Transporte Público (UITP), Peter Hendy Vista noturna do Rio: clientes residenciais da Light terão aumento de 17,75% na conta de luz Clientes da Light terão aumento médio de 19,23% Reajuste aprovado pela Aneel considera o aumento de gastos com a compra de energia diante da estiagem prolongada A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou ontem reajuste na conta de luz de 3,7 milhões de clientes atendidos pela distribuidora Light em 31 municípios localizados no Estado do Rio de Janeiro. A nova tarifa começará a ser cobrada no dia 7 de novembro. Para os consumidores residenciais, o aumento chegará a 17,75%. Na média, o reajuste da tarifa cobrada pela empresa será 19,23%. De acordo com a Aneel, colaboraram para o reajuste fatores como custo de compra e transporte de energia, além de pagamento de encargos setoriais. Um dos principais motivos do aumento, segundo a superintendente de Regulação da Light, Ângela Magalhães Gomes, foi o uso expressivo de energia termelétrica, que têm custo de produção mais alto do que a hidrelétrica. “Para os consumidores, o aumento está carregando os custos de compra de energia e relacionado à compra das termelétricas”, explicou. A tarifa anterior da Light considerava um preço de R$ 122 por megawatt-hora (MWh), mas este ano, o mercado de curto prazo passou a maior parte do tempo com preço em torno dos R$ 800 por MWh. Para os consumidores de baixa tensão, o efeito médio será de 19,11%. Nos de alta tensão, alcançará 19,46%. A alta do custo da energia, provocado pela estiagem prolongada, foi responsável por percentuais altos de reajuste na maior parte do país. Em São Paulo, por exemplo, a Eletropaulo teve reajuste de 18,06% na tarifa residencial. Em Minas Gerais, o aumento para residências atendidas pela Cemig foi de 14,24%. A Aneel aprovou também a adaptação de equipamentos públicos de ginástica na capital fluminense para para gerar energia elétrica com o aproveitamento da força motriz Agência autoriza geração em academias públicas A Aneel deu ontem o primeiro passo para transformar academias de ginástica em micro ou minigeradoras de energia elétrica. Isso será possível a partir da adaptação de equipamentos para aproveitar a força motriz humana aplicada durante os exercícios. Por enquanto, a autorização da Aneel vale apenas para academias públicas, disponibilizadas em praças e parques pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Elas fazem parte de um projeto piloto, em parceria com a empresa Adabliu Eventos e a concessionária Light. “Toda energia gerada será computada e compensada nas instalações da Prefeitura”, informou o relator do processo na Aneel, Reive Barros dos Santos. Em abril de 2015, o projeto será avaliado, podendo, então, ser ampliado para outros empreendimentos. “Temos exemplos de experiência internacional com valores significativos (de energia gerada)”, afirmou o diretor da Aneel. ABr Claudio de Souza [email protected] Em visita ao Rio de Janeiro, o presidente da União Internacional do Transporte Público (UITP), Peter Hendy, que também é comissário da Transport For London (autoridade londrina de transportes), avalia que o maior desafio da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 será manter a cidade funcionando para a população durante o evento. Segundo ele, Londres investiu 7 bilhões de libras (R$ 28 bilhões) em mobilidade urbana e, mesmo assim, teve de pedir aos moradores que mudassem os horários de trabalho e que evitassem deslocamentos em certas áreas, para que os transportes públicos pudessem atender bem à demanda. O presidente da UITP ressaltou que, pela geografia da cidade, com montanhas e avenidas mais largas do que Londres, a opção carioca pelos corredores BRT foram uma excelente resposta aos desafios da mobilidade urbana. “Por suas características geográficas, o Rio sempre terá um grande sistema de ônibus e os BRTs são um modo fantástico de operar esses veículos”, afirmou Hendy. A construção de três corredores BRT está no caderno de encargos dos Jogos (documento que contém os compromissos do poder público com o Comitê Olímpico Internacional). Dois deles, o Transoeste e o Transcarioca, já estão em operação e transportam 400 mil passageiros por dia. O terceiro, o Transolímpica, está em construção e deve ser inauguradonoanoque vem.Há ainda um outro corredor BRT, o Transbrasil, cuja construção deve come- çar neste mês, mas não deve ficar pronto a tempo dos Jogos. Além desses quatro, há ainda projetos de instalação de mais 10 BRTs na Região Metropolitana do Rio até 2018. O presidente da UITP lembrou ainda que, apesar da rede de metrô de Londres estar entre as maiores do mundo, os ônibus ainda são o meio de transporte que mais leva passageiros na capital inglesa. Segundo ele, os ônibus transportam 6,2 milhões de passageiros por dia e o metrô, 4,2 milhões. Hendy está no Rio para participar do 16º Etransport, congresso brasileiro sobre mobilidade urbana que será realizado de hoje à sexta-feira, no Riocentro, e que também abriga a 8ª Conferência Internacional sobre Ônibus da UITP. O secretário-geral da UITP , Alain Flausch, lembrou também que a entidade está lançando a campanha global “Transporte Público x 2”. A meta é dobrar a participação do transporte público nos deslocamentos diários das metrópoles mundiais até 2025. “As cidades que continuarem com a tendência do uso do carro como transporte vão morrer. Se antes, havia o slogan ‘meu carro, minha liberdade’, agora é ‘meu carro, minha prisão’, porque ninguém se move mais nos engarrafamentos.” EM LONDRES 6 milhões Número aproximado de passageiros que os ônibus de Londres transportam diariamente. 4 milhões Quantidade estimada de pessoas que utilizam o metrô londrino diariamente. O metrô local tem uma das maiores redes do mundo. 6 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ BRASIL TCU adverte governo para riscos do uso da contabilidade criativa Elza Fiúza/ABr Mantega foi alertado, em maio, que as contas de 2014 poderão ser recusadas ano que vem O Tribunal de Contas da União (TCU) advertiu o Ministério da Fazenda sobre o risco de a chamada contabilidade criativa tornar-se um obstáculo à aprovação das contas federais em 2015. A advertência, segundo o presidente do tribunal, Augusto Nardes, foi feita ao próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa reunião em maio, pouco antes do julgamento do parecer do órgão sobre as contas federais de 2013. “O ministro esteve no tribunal. Nós salientamos que era um dado grave, que poderia ocasionar um problema maior, até mesmo a eventual rejeição das contas no próximo ano”, disse Nardes, referindo-se ao risco de o TCU recomendar ao Congresso Nacional que não aprove as contas relativas a 2014, caso sejam identificadas, como ocorreu neste ano, práticas “atípicas” na contabilidade federal. “Sabemos onde estão os problemas”, acrescentou Nardes. No dia 28 de maio, o TCU aprovou, com 26 ressalvas, o parecer prévio sobre as contas do governo Dilma Rousseff de 2013. Em seu parecer, Carreiro apontou que, “ao longo dos últimos anos, mudanças metodológicas e transações atípicas vêm contribuindo para reduzir a transparência e dificultar o entendimento sobre que superávit primário o governo federal de fato tem alcançado”. Das ressalvas, oito eram relacionadas ao relatório de execução do orçamento e 18 relativas ao Balanço Geral da União. A Corte identificou problemas como “a ausência de evidenciação contábil” dos passivos atuariais referentes ao regime de previdência dos servidores e de provisões e passivos contin- Autorização para Rnest deve sair este mês Petrobras disse que a licença de operação de órgão ambiental de Pernambuco, emitida dia 30, antecede a liberação pela ANP Ministro Nardes: “Sabemos onde estão os problemas” gentes decorrentesde demandas judiciais contra a União, além de divergências na contabilidade da dívida pública e de falhas de divulgação de subavaliação das participações societárias. O TCU apontou, ainda, o uso dos restos a pagar como manobra para alcançar o superávit primário. Segundo o órgão, R$ 72,6 bilhões, equivalente a todo o superávit do ano, poderiam ter sido pagos em 2013 e foram postergados para ajudar no superávit. No mesmo relatório, Carreiro informou ter proposto “alerta” ao Executivo, sobre “a possibilidade de o TCU emitir opinião adversa sobre o Balanço Geral da União, caso as recomendações expedidas não sejam implementadas”. E acrescenta que a Fazenda comprometeuse a fazer as correções. Para Nardes, a falta de transparência é também um problema de gestão e governança. No próximo dia 17, em evento que incluirá governadores eleitos e representantes do governo federal, o tribunal apresentará um diagnóstico da atuação do setor público em cinco áreas-chave: saúde, educação, segurança pública, previdência e infraestrutura. GENUS CAPITAL GROUP GESTÃO DE RECURSOS LTDA. CNPJ nº 10.172.364/0001-02 ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA EDITAL DE CONVOCAÇÃO Ficam os Senhores Quotistas da GENUS CAPITAL GROUP GESTÃO DE RECURSOS LTDA. convocados para a AGE, a se realizar no dia 18 de Novembro de 2014, às 10:00, na sede social desta empresa, na Avenida e deliberarem sobre a exclusão, por justa causa, da sócia Viviane Gonzales Pierre André Santana, portadora do RG nº 20.164.992-8, expedido pelo DIC/RJ, inscrita no CPF/MF sob o nº 123.314.697-17, do quadro social da Sociedade, nos termos da Cláusula 10.2 do Contrato Social e do artigo 1.085 da Lei 10.406/02; podendo o Sócio ser representado na AGE por outro sócio, ! " " ! #$ autorizados, devendo o mandato ser depositado na sede da Sociedade com % & ' (#$ )* + < novembro de 2014. ALEXANDRE KLABIN - Sócio Administrador. A Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, da Petrobras, deve ter a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ainda na primeira quinzena de novembro para iniciar a operação, informou a petroleira nesta terça-feira. A Licença de Operação, emitida no dia 30 de outubro pelo órgão ambiental de Pernambuco (CPRH), precede a autorização da ANP, afirmou a Petrobras em nota. Assim que receber o aval da ANP, a petroleira explicou que iniciará a fase de operação da Rnest, composta pelas etapas de gaseificação das unida- ANP informou, em nota, que está analisando os documentos enviados pela Petrobras e que, só após análise, a diretoria discutirá a autorização des, processamento de petróleo, sistema de armazenamento de combustíveis e, por fim, o envio para o mercado. A Petrobras informou anteriormente que a produção da refinaria — envolvida em suspeitas de superfaturamento, com um custo estimado de quase US$ 20 bilhões — deve ser inaugurada neste mês. Entretanto, provavelmente a refinaria não venderá combustíveis antes do início do próximo ano, segundo afirmou uma fonte do mercado, já que até segundafeira as distribuidoras de combustíveis ainda não haviam sido notificadas oficialmente sobre a produção de volumes pela Rnest. As distribuidoras têm até o terceiro dia útil de cada mês para fazer pedidos de combustíveis para o mês seguinte, explicou a fonte. A Agência Nacional de Petróleo informou em nota, após ser procurada, que está analisando os documentos apresentados pela Petrobras, como parte do processo de autorização. “Quando essa etapa for concluída, passará pela reunião de diretoria”, disse a autarquia. Nova unidade deve trazer alívio às contas da estatal A licença expedida pelo órgão ambiental de Pernambuco permite que a unidade processe 45 mil barris/dia, ou 39% da capacidade do primeiro trem de refino, de 115 mil barris de petróleo/dia, segun- A licença expedida pelo órgão ambiental de Pernambuco permite que a unidade processe 45 mil barris/dia, ou 39% da capacidade do primeiro trem de refino, de 115 mil barris de petróleo/dia do documento obtido pela Reuters. De acordo com a Petroleira, a Rnest encontra-se no fim de sua fase de pré-operação e alguns sistemas, máquinas e equipamentos já estão em funcionamento. Uma segunda unidade de refino, que completará a capacidade total da refinaria de 230 mil barris/ dia, deverá entrar em operação apenas no próximo ano. A entrada em operação desta unidade deve trazer alívio para a Petrobras, que tem sofrido grandes prejuízos ao importar combustíveis do exterior. Com os preços de gasolina e diesel administrados, há anos a estatal tem sido obrigada a vender esses combustíveis no país por preços mais baratos do que são comprados do exterior. Reuters Produção de petróleo cresce 12,6% no país A produção de petróleo no país em setembro deste ano cresceu 12,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com dados divulgados ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), foram produzidos 2,36 milhões de barris de óleo por dia em setembro, volume 1,4% superior a agosto deste ano. A média diária da produção da camada pré-sal ficou em 533,3 mil barris de petróleo. O óleo foi produzido a partir de 35 poços nos campos de Lula, Jubarte, Sapinhoá, Baleia Azul, Baleia Franca e Barracuda, entre outros. Já a produção média diária de gás natural no país chegou a 88,9 milhões de metros cúbicos, dos quais 18,3 milhões vieram da camada pré-sal. Houve um aumento de 13,8% em relação a setembro de 2013 e uma queda de 2,2% na comparação com agosto. O aproveitamento do gás extraído ficou em 95,6%, o que significa que 4 milhões de metros cúbicos foram queimados e lançados na atmosfera sem transformar-se em energia. ABr Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 7 Roosevelt Cassio/Reuters SISTEMA CANTAREIRA Chuva forte mantém o nível de água O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira se manteve ontem em 11,9%, mesmo percentual da véspera, segundo a Sabesp. A manutenção se deve à chuva forte que atingiu a cabeceira do sistema, chegando a 15,7 milímetros. Segundo o meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergências, Thomaz Garcia, este mês deve seguir a média histórica de precipitações, de 128 milímetros. ABr Governo dá sinal verde para o reajuste dos combustíveis Após sete horas de reunião do Conselho de Administração da estatal, Graça Foster, disse apenas que o aumento da gasolina e do diesel “não se anuncia, pratica-se”. Risco de estourar o teto da meta da inflação persiste Fernando Souza Nicola Pamplona [email protected] Sonia Filgueiras [email protected] A expectativa pelo anúncio de reajustes nos preços dos combustíveis era grande, mas a Petrobras manteve o suspense ao final da reunião de seu Conselho de Administração, que durou cerca de sete horas. Segundo fontes, a direção da empresa foi autorizada pelo governo a aumentar os preços da gasolina e do diesel, mas não foi definida uma data para o anúncio da medida. Na saída da reunião, a presidente da empresa, Graça Foster, afirmou apenas que “aumento de combustíveis não se anuncia, pratica-se”. Analistas apontam para o risco de estouro da meta de inflação, cujo teto máximo é de 6,5%, caso o aumento seja colocado em prática nos próximos dias. Até o fechamento desta edição, não havia confirmação de aumentos ou do teor das discussões na reunião do conselho, que aconteceu em Brasília. No início da noite, a empresa divulgou esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dizendo que ainda não havia decisão sobre o tema. O texto, porém, respondia questionamentos sobre uma reportagem publicada no fim-desemana e não se referia à reunião terminada momentos antes. A expectativa é que o martelo seja batido em reunião de diretoria da empresa, em uma tentativa de mostrar autonomia com relação ao acionista controlador. O estatuto da Petrobras dá à diretoria a prerrogativa de decidir aumentos nos preços, mas o assunto sempre foi decidido em reuniões do Conselho de Administração. No final do ano passado, Graça Foster anunciou uma nova política de preços, que respeitaria parâmetros internacionais do mercado de petróleo, mas o modelo não chegou a ser aplicado. O último reajuste ocorreu em novembro de 2013, quando o preço da gasolina subiu 4% e o diesel aumentou 8%. Este ano, os preços do petróleo entraram em trajetória de queda no mercado internacional, diante do excedente de oferta mundial. O petróleo Brent atingiu ontem, em Londres, a menor cotação des- No final do ano passado, Graça Foster anunciou uma nova política de preços, que respeitaria parâmetros internacionais do mercado de petróleo, mas o modelo não chegou a ser aplicado. O último reajuste ocorreu em novembro de 2013 Banco Fibra calcula em 0,14 ponto percentual o peso de um reajuste dos combustíveis que fique entre 4% e 5%, distribuído em parcelas em novembro e dezembro de outubro de 2010: US$ 82,82 por barril. Em Nova York, o barril do WTI fechou o pregão a US$ 78,78, o menor valor desde outubro de 2011. Com a queda, a empresa reduz as perdas com a importação de combustíveis para venda a preços mais baixos no mercado interno, que vêm provocando sucessivos rombos no resultado de sua área de refino. Mesmo assim, Graça demanda reajustes para recuperar as perdas dos últimos meses e melhorar sua situação financeira — hoje debilitada pelo alto nível de endividamento — e garantir os recursos necessários para o investimento no pré-sal. O governo prefere dar reajustes no final do ano, como ocorreu em 2013, para reduzir o impacto inflacionário no ano vigente. Impacto na inflação é grande, dizem economistas Cristiano Oliveira, economista do Banco Fibra, calcula em 0,14 ponto percentual o peso de um reajuste nos combustíveis entre 4% e 5% distribuído em parcelas em novembro e dezembro. Ele já incorporou a correção em sua previsão de inflação para 2014, que está acima da meta: 6,53%. “O calculo incorpora apenas a correção da gasolina na bomba. Ao longo de janeiro e fevereiro, ocorreriam outros impactos indiretos”, explica ele. É exatamente por causa do risco de estourar a meta que André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual, não está trabalhando com um aumento de combustíveis neste ano. Sua projeção de IPCA para este ano é de 6,3%. Segundo ele, caso a correção na bomba alcance 4% a 5%, o peso no IPCA passa a ser maior, da ordem de 0,2 pontos. O economistachefe da Opus e professor da PUCRJ, José Márcio Camargo, faz uma projeção mais elevada para o peso de um aumento de 5% diretamente no bolso do consumidor: 0,5 ponto percentual. O cálculo inclui o reajuste do combustível e seus efeitos imediatos sobre custos para bens que o utilizam. Camargo prevê um IPCA de 6,4% sem reajuste. “Nosso calculo é otimista”, diz ele. com Reuters Este ano, preços do petróleo caíram no mercado internacional. O petróleo Brent atingiu ontem, em Londres, a menor cotação desde 2010: US$ 82,82 por barril 8 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ EMPRESAS Editora: Flavia Galembeck Roland Magunia/AFP [email protected] Rodrigo Carro [email protected] Segundo maior varejista online do mundo no segmento B2C (business-to-consumer), o alemão Otto Group desembarcou no país sem alarde. No Brasil há dois anos com a marca Bonprix, com vendas exclusivamente via internet, o grupo intensificou sua exposição com inserções publicitárias na TV aberta, inclusive em horário nobre. Apesar do cenário desfavorável, com grandes varejistas online ainda no vermelho, a Bonprix aposta na forte expansão do mercado e no crescimento do poder de compra de clientes jovens para alavancar seus negócios no Brasil. “O Brasil é um importante mercado e o forte crescimento do varejo e do e-commerce local também são cenários que contribuíram para a decisão”, conta Fábio Ferreira, recémchegado ao posto de diretor-gerente da Bonprix no Brasil, referindo-se à decisão da empresa de iniciar sua operação no país. O público-alvo são as brasileiras jovens, na faixa de 29 a 44 anos. Para atender às encomendas, a companhia montou um centro de distribuição no município catarinense de Blumenau, conhecido pela colonização alemã. No site brasileiro da Bonprix é possível adquirir moda feminina e de praia, lingerie e calçados, entre outros itens. Entre 2008 e 2011, o faturamento da categoria moda saltou da 15ª posição para a primeira, no ranking brasileiro de e-commerce Criada em 1986, a Bonprix atua em 27 países, com um total de aproximadamente três mil funcionários. No ano fiscal terminado em 28 de fevereiro deste ano, a empresa alcançou vendas de ¤ 1,288 bilhão, um incremento de 5,4% em relação ao período anterior. Já o Grupo Otto é um gigante que reúne cerca de 60 lojas online e mais 400 estabelecimentos físicos espalhados pelo mundo. No ano fiscal de 2012/2013, faturou ¤ 11,8 bilhões. A aposta da Bonprix na ampliação do poder de compra das consumidoras jovens no país, principalmente a partir da ascensão da nova classe média, é vista com bons olhos pelo consultor especializado na área de varejo Marcelo Cherto. “A ascensão da Classe C é um fenômeno que ainda não se esgotou. E a situação lá fora (Europa e Estados Unidos) não está nenhuma maravilha. Por isso, muitos varejistas estão Michael Otto, chairman do Conselho de Administração do Grupo Otto, fundado em 1949, é um dos homens mais ricos da Alemanha Varejista alemã de sotaque catarinense Parte de um dos maiores grupos mundiais de e-commerce, Bonprix investe em publicidade para tornar sua marca conhecida no país, onde aportou há dois anos Klaus Tuma Além de 60 lojas online, grupo tem ainda 400 unidades físicas olhando para o Brasil”, argumenta o presidente do Grupo Cherto. “Nos últimos dez, 12 anos surgiu um Canadá de consumidores no país”. Como exemplo de que a compra de roupas pela web se tornou relativamente comum no Brasil, Cherto cita o caso de uma amiga que adquiriu seu vestido de casamento num site chinês, por cerca de US$ 700. “O vestido chegou faltando menos de uma semana para o casamento, mas foi uma pechincha. No Bra- sil, minha amiga tinha visto modelos semelhantes com preço entre R$ 6 mil e R$ 7 mil”, conta. Apesar do potencial de mercado, o consultor frisa que o varejo online ainda atravessa um período bastante complicado no Brasil, com grandes players registrando sucessivos prejuízos. Mesmo assim, as perspectivas são extremamente positivas no segmento de moda, conforme atestam dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Entre 2008 e 2011, o faturamento da categoria moda saltou da 15ª posição para a primeira, no ranking brasileiro de e-commerce. E vem se mantendo nesta colocação desde então. “Nas compras cross-border (em sites estrangeiros) dos consumidores brasileiros, a categoria de moda também é líder”, diz Mauricio Salvador, presidente da ABComm. Entre os fatores que afe- tam positivamente o varejo online de moda, ele lista a facilidade no transporte e manuseio de roupas pelos operadores logísticos de e-commerce. “A logística desse tipo de produto é razoavelmente mais simples”, sustenta o executivo. Salvador destaca, também, a influência das redes sociais, canais utilizados pelos consumidores para compartilhar suas preferências em termos de roupas e acessórios. Para 2014, o faturamento previsto pela ABComm para o segmento varejista online de moda é de R$ 3,02 bilhões, levando em consideração apenas as lojas virtuais nacionais. Embora reconheça as dificuldades oferecidas pelo mercado brasileiro de varejo online, Salvador afirma que o percentual de negócios lucrativos de e-commerce é muito mais elevado entre as pequenas e médias empresas. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 9 Paulo Fridman/Bloomberg E-COMMERCE Lucro do Alibaba cresce 15,5% no 3˚ tri O Alibaba Group teve alta de 15,5% no lucro líquido entre julho e setembro, para US$ 1,11 bilhão, ficando dentro das estimativas do mercado. O balanço foi o primeiro divulgado desde o IPO recorde de US$ 25 bilhões. A receita para o trimestre subiu 53,7%, a US$ 2,75 bilhões, com destaque para os serviços em dispositivos móveis, que foram dez vezes maiores do que no mesmo período de 2013. Reuters Gol se volta para o interior do país Com meta de inserir três novos destinos regionais por ano, aérea, que já oferece voos para 27 localidades mais distantes, pode ampliar iniciativa, a partir dos desdobramentos do Plano de Aviação Regional do governo. Mudanças na frota não estão no radar Erica Ribeiro [email protected] O presidente da companhia aérea Gol, Paulo Kakinoff, disse ontem que está nos planos da aérea inserir de dois a três destinos regionais por ano em sua malha aérea, de olho no mercado que irá se abrir com o desenrolar do Plano de Aviação Regional, desenvolvido pelo governo federal e que prevê a reforma ou construção de 240 aeroportos em todo o país. Os destinos que são do interesse da Gol, no entanto, não foram revelados por Kakinoff, que se justificou informando que a companhia está em período de silêncio, por conta da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, que serão apresentados no dia 11/11. “Nosso interesse é em ampliar em dois a três destinos por ano. Mas tudo depende do andamento do Plano de Aviação Regional.” Oexecutivocomentouque a empresa já vem inserindo maisvoos regionais à sua malha e que, este ano, Altamira (PA), Bonito (MT), Caldas Novas (MG) e Carajás (PA) passaram a ter voos pela aérea. Ele destacou, ainda, que a companhia já tem metade de seus destinos domésticos para o mercado regional. A Gol voa hoje para 69 cidades ao todo, sendo 15 destinos internacionais. Sem poder comentar sobre projeções para o futuro do mercado aéreo em função do período de silêncio, ele destacou que 14 milhões de pessoas voaram pela primeira vez de avião usando a Gol como empresa aérea e que a padronização da frota traz ganhos operacionais, de custos e de eficiência, além de pontualidade. De acordo A Gol voa hoje para 69 cidades ao todo, sendo 15 destinos internacionais. O índice de pontualidade no primeiro semestre foi de 93,3%, enquanto a média do mercado foi de 92,2% com a Gol, o índice de pontualidade de janeiro a julho de 2014 foi de 93,3%, enquanto a média do mercado foi de 92,2%. E que os planos da companhia é manter a frota padronizada. Mas no final de setembro a companhia afirmou que poderia estudar a compra de aviões da nova família Embraer, em caso de rotas que justificassem aeronaves de 130 a 140 assentos. Fluxo global de passagens aéreas cresce 5,3% O fluxo global de passageiros do transporte aéreo teve crescimento de 5,3% em setembro, em relação ao mesmo mês do ano passado, considerando-se voos domésticos e internacionais. A informação é da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês). A oferta de assentos te- ve alta de 5,1% na mesma base de comparação. A taxa média de ocupação dos aviões ficou em 80,3%. De janeiro a setembro, o mercado global de viagens aéreas acumula crescimento de 5,9%, na comparação anual, com alta de 5,7% na oferta de assentos e aproveitamento médio das aeronaves de 80,3%. Por regiões, a América Latina apresentou crescimento de 4,3% na demanda por voos domésticos e internacionais em setembro, ante igual período do ano passado. A oferta de assentos registrou aumento de 4,1% e o aproveitamento médio das aeronaves foi de 79%. “O fortalecimento das economias dos Estados Unidos e da Ásia foi compensada pela fraqueza na Europa e na América Latina”, afirmou o diretor-geral e CEO da IATA, Tony Tyler, em comunicado. 10 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ EMPRESAS Piervi Fonseca “ Só trabalhávamos com produtos importados de grano duro. Mas estávamos fora de 96% do mercado brasileiro, que é de massas com ovos. Hoje temos as duas linhas em paralelo. E queremos ser líderes” Maurizio Scarpa Diretor-geral da Barilla para o Brasil e América Latina Italiana acelera sua expansão no país Após lançar produtos adaptados ao paladar brasileiro, Barilla aposta em food truck, espaço para experimentação e campanhas na TV e internet para aumentar conhecimento da marca Gabriela Murno [email protected] De carona na nova onda do mercado de refeições fora de casa em São Paulo, os food trucks, a Barilla está levando seu próprio caminhão às grandes redes de supermercados para que os consumidores experimentem seus produtos, de forma a aumentar o conhecimento da marca no país. Depois da estagnação do mercado na Europa — a empresa cresceu apenas 1% no ano passado na Itália, seu país de origem —, o Brasil, considerado o terceiro maior mercado mundial de massas, perdendo apenas para a própria Itália e Estados Unidos, é uma das principais apostas da empresa. A companhia italiana dobrou de tamanho em 2013 no país, impulsionada principalmente pelo lançamento de uma nova linha de massa com ovos. Foi a primeira vez que a Barilla adaptou seus produtos a um mercado em seus 137 anos de existência. Em cerca de um ano e meio, a empresa amealhou 3,7% de participação nessa categoria, diz o diretor-geral da Barilla para o Brasil e América Latina, Maurizio Scarpa. A marca líder, diz ele, tem por volta de 12%. “Só trabalhávamos com produtos importados grano duro. Mas estávamos fora de 96% do mercado brasileiro, que é de massas com ovos. Hoje temos as duas linhas em paralelo. Saímos de um mercado pequeno e entramos em um muito maior. E queremos ser líderes de mercado em massa com ovos”, ressalta Scarpa, acrescentando que nos estados considerados chave, a penetração da Barilla no segmento já é maior: “Já temos de 5% a 7% no Rio e em São Paulo, e 17% em Brasília”. A Barilla tem hoje 11 itens da linha tipicamente brasileira, sendo o último lançamento a lasanha. A adaptação ao mercado nacional fez com que o Brasil se tornasse referência para a entrada da marca em outros países. Já a linha grano duro, presente há mais tempo no Brasil, conta hoje com mais de 30 produtos, que dão a ela 30% de market share na categoria. A empresa possui ainda oito tipos de molhos. Para crescer no país, a empresa NÚMEROS R$ 4,023 bi Valor movimentado pela indústria de massas no Brasil no primeiro semestre de 2014, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias, Pão & Bolo Industrializado, em parceria com a Nielsen. 30% Participação de mercado da Barilla no segmento de grano duro. Em massa com ovos, segmento que entrou no ano passado, a marca detém 3,7%. 73 mil Pontos de venda onde são encontrados produtos da Barilla, a partir de 49 distribuidores. investiu em produção local, por meio de parceiros. Por enquanto, só a linha com ovos é fabricada por aqui, o restante continua a ser importado da Itália. Outra mudança foi o aumento da distribuição. Em 2012 eram apenas seis distribuidores, que garantiam a chegada a cerca de 3,6 mil pontos de venda. Hoje, são 49 e os produtos estão em 73 mil lojas. “Quando trabalhávamos só com os importados, nosso foco eram as grandes redes de supermercado. Agora focamos na distribuição numérica para todo o tipo de varejo. Só não estamos no atacado”, diz Scarpa. Segundo o executivo, a marca não descarta aquisições ou formação de joint ventures com empresas locais — a exemplo do que já foi feito no México. “Não temos uma busca ativa, mas estamos atentos às oportunidades de mercado”, pondera ele, que também pensa, no longo prazo, em ter fábricas próprias, dependendo do ritmo de crescimento local, e ainda trazer outros produtos da Barilla — maior empresa alimentícia da Itália, com sede em Parma —, como biscoitos. “Os molhos são importados da Itália. Nossos produtos têm qualidade superior e não usam conservantes químicos e nem ingredientes geneticamente modificados, o que dificulta a importação, muito por conta da data de validade. A taxa de importação é alta, o que impacta no custo e, consequentemente, no giro”, declara Scarpa. Além do food truck, a Barilla tem ainda apostado em outras ações para aumentar o conhecimento da marca no Brasil. Entre os investimentos está o Espaço Esperienza Barilla para promover experiências de marca e cursos de gastronomia italiana na capital paulista. “São Paulo é um local em que a marca é muito reconhecida. A tarefa difícil é aumentar a distribuição e o conhecimento fora dali”, diz a gerente de marketing da Barilla para Brasil e América Latina, Fabiana Araújo. A televisão, devido à sua cobertura e ao impacto mais rápido, ainda é uma das principais armas para dar continuidade à expansão. Mas recebe o reforço do digital. “Lançamos uma página no Facebook e fizemos um trabalho estruturado para trazer sempre conteúdos e relevância para o consumidor. Inicialmente, o food truck está restrito a São Paulo. Mas se tudo der certo, a tendência é que chegue a outros locais”, ressalta Fabiana. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias, Pão & Bolo Industrializado em parceria com a Nielsen, o volume de massas vendidas no primeiro semestre deste ano cresceu 6,25% ante o mesmo período de 2013, atingindo 643 mil toneladas, e a indústria movimentou R$ 4,023 bilhões, alta de 18,14%. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 11 Graham Crouch/Bloomberg FIDELIDADE TudoAzul no aluguel de motocicletas A Azul Linhas Aéreas fechou parceria com a EagleRider Brasil, especializada em locação de motos exclusivas e roteiros turísticos sobre duas rodas. Todos os clientes cadastrados no programa TudoAzul poderão acumular um ponto para cada R$ 1 gasto na locação de motos e passeios guiados. O objetivo é aumentar a oferta de produtos voltados para o mercado de luxo. Redação Para Moody's, venda de ativos acrescenta incertezas à Oi Segundo a agência de classificação de risco, a medida seria positiva se os recursos fossem usados para reduzir a dívida da operadora, mas ela acredita que eles serão usados para aquisições no país André Mourão A venda de ativos da PT Portugal ao grupo francês Altice — que no último domingo apresentou proposta no valor de ¤ 7,025 bilhões à Oi — seria positiva para a operadora brasileira caso os recursos fossem usados para reduzir o endividamento da companhia, mas ampliaria as incertezas com relação à estratégia da empresa. Essa é a avaliação da agência de classificação de risco Moody’s, que anteontem divulgou relatório sobre o tema assinado pelos analistas Marcos Schmidt, Mark Stodden e Marianna Waltz. Caso se confirme, a operação não teria impacto imediato sobre o rating da companhia (Ba1, com perspectiva de crédito negativa), ressaltaram os analistas. Com uma dívida líquida consolidada que somava R$ 46,2 bilhões no fim de junho, a Oi aumentaria sua flexibilidade financeira com a venda da PT Portugal, subsidiária que detém ativos operacionais antes pertencentes à Portugal Telecom, destacou a Moody’s. Apesar dos potenciais desdobramentos positivos, os analistas frisaram que “a venda de ativos da PT, cerca de um ano após o anúncio da fusão e pouco antes da sua conclusão, acrescentaria incertezas em relação à estratégia futura da Oi.” Fora o aspecto da desalavancagem financeira, a transação com a Altice tornaria mais viável finan- A venda de ativos da PT, cerca de um ano após o anúncio da fusão e pouco antes da sua conclusão, acrescentaria incertezas em relação à estratégia futura da Oi, afirma a agência norte-americana Segundo informações do jornal português “Diário Económico”, além de Altice, o fundo de investimento Apax Partners e a Bain Capital também estariam na disputa pela PT Portugal ceiramente a possibilidade de a Oi adquirir uma parte da TIM, dentro de uma estratégia de “fatiamento” da operadora controlada pela Telecom Italia. Conforme mencionado num relatório anterior da Moody’s, a decisão da Oi de não participar do leilão da faixa de frequência de 700 megahertz (MHz) — considerada pelos especialistas como essencial para a expansão do serviço 4G — é neutra no curto prazo, mas negativa no longo. “Por esta razão, acreditamos que a empresa provavelmente vai usar os recursos (da venda de ativos) para partici- par na consolidação do setor de telecomunicações no Brasil”, disseram os analistas no relatório de anteontem. Segundo informações publicadas no site do jornal português “Diário Económico”, a Altice não está sozinha na disputa pela PT Portugal. Representantes do fundo de investimento Apax Partners também estariam ontem em Portugal para participar de reuniões relacionadas à compra dos ativos.Outro interessado potencial na aquisição seria a Bain Capital, empresa norte-americana de gestão de recursos. Crescimento mais lento não muda preços de Michael Kors Segundo o CEO da grife, empresa não entrará em guerra de descontos por ser uma marca de luxo Michael Kors está preocupado com o Natal, mas isso não vai fazer com que a grife reduza os preços para que todos possam encontrar uma bolsa python de franja ou uma parka de pele sob a árvore de Natal. A empresa registrou crescimento de vendas de 11% no trimestre encerrado em setembro nas lojas abertas há mais de um ano nos EUA, uma queda em relação ao salto de 24% do período anterior. “Houve definitivamente uma redução no tráfego de shoppings”, disse o CEO da Kors, John Idol, ontem, em teleconferência. A temporada de descontos começa a ser um rito anual no varejo. Com esse movimento a cada ano, as vendas rastejam em outubro, enquanto as margens desaparecem. Kors se recusa a jogar esse jogo. “Achamos que é a coisa certa para nós fazermos como uma marca de luxo.Estamos competindo globalmente com Vuitton, Prada, Gucci”, disse Idol. Kors, com certeza, tem alguns itens de luxo, mas também vende itens mais acessíveis. E parte do seu segredo é parecer uma top marca de luxo sem nem sempre cobrar tanto quanto uma. Bloomberg Businessweek 12 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ EMPRESAS Bematech cresce 15% e registra recorde de receita Resultado do terceiro trimestre consolida três anos consecutivos de crescimento da companhia de automação comercial e hoteleira Murillo Constantino Moacir Drska [email protected] São Paulo Na contramão do viés de baixo crescimento da economia, a Bematech continua a colher os frutos de seu processo de reestruturação iniciado há pouco mais de três anos. A companhia encerrou o terceiro trimestre com uma receita líquida de R$ 110,8 milhões. Mais que o salto de 15,1% na comparação com igual período de 2013, o desempenho representa a maior receita trimestral da história da empresa. No período, o lucro líquido cresceu 13,7%, para R$ 15,3 milhões. “Estamos numa toada forte, de três anos consecutivos de crescimento”, afirmou Cleber Morais, presidente da Bematech, em entrevista ao Brasil Econômico. “E um indicador importante dessa evolução é o crescimento da participação das receitas recorrentes na operação, o que é um símbolo da transformação dos nossos negócios no decorrer desse período”, disse. Com um crescimento de 31,7% em relação ao terceiro trimestre de 2013 e uma participação atual de 29,4% na receita total da Bematech, as receitas recorrentes estão diretamente ligadas à remodelação da companhia. De um portfólio antes restrito aos equipamentos e ao foco em produtos, a empresa investiu na incorporação dos softwares e serviços em sua oferta, bem como em uma estratégia de especialização nos setores de varejo, hotelaria e restaurantes. Nesse formato, os contratos que abrangem soluções completas são baseados em pagamentos mensais e cada vez mais em tecnologias dentro do conceito de computação em nuvem. Segundo Morais, esse escopo NÚMEROS R$ 319,8 mi É a receita acumulada da Bematech nos nove meses de 2014, o que representa um crescimento de 21% sobre igual período em 2013. 31,8% É o crescimento do lucro líquido acumulado pela companhia nos nove meses de 2014 em comparação à cifra do mesmo intervalo no ano passado. R$ 90 mi Foi o saldo de caixa da Bematech no encerramento do terceiro trimestre. Há um ano, a companhia encerrou igual período com R$ 72,6 milhões em caixa “ Hoje, temos uma forte resiliência. Nosso diferencial tem sido a venda de uma solução completa, o foco em inovação e a capilaridade de 5 mil parceiros de venda em todo o país” Cleber Morais Presidente da Bematech mais diversificado é o principal fator por trás do crescimento sustentável nesse intervalo e a base da companhia para enfrentar eventuais impactos de uma crise econômica. “Hoje, temos uma resiliência muito forte. Se, por exemplo, os varejistas decidem adiar projetos, conseguimos compensar esse efeito negativo sazonal com outros segmentos”, afirmou. Ao mesmo tempo, a Bematech já tem uma base bem distribuída entre clientes de grande porte e pequenas e médias empresas, acrescentou. Setor de maior destaque no trimestre — especialmente pelos projetos ligados à preparação para as vendas de fim de ano —, o varejo é o segmento que apresenta melhores perspectivas em curto e médio prazos. Um dos elementos que fundamentam essa projeção é o crescimento dos projetos de grandes redes e de pequenos e médios varejos regionais. Como reforço a esse cenário, ele citou a aquisição recente da UNUM, empresa especializada em sistemas no modelo de nuvem. “Além da questão tecnológica, o acordo está ampliando nossa presença no varejo para setores como vestuário e óticas”, explicou. Ainda no varejo e também no segmento de restaurantes, o executivo destacou o crescimento do modelo de franquias no país, tanto por redes locais como por marcas multinacionais. Já no setor de hotelaria, o horizonte positivo mescla elementos como a tendência de interiorização das redes e a proximidade da Olimpíada de 2016. A estratégia da Bematech para se beneficiar desse contexto inclui ainda duas pontas: o investimento em inovação — especialmente em tecnologias ligadas à mobilidade — e as parcerias para ganhar escala e acelerar o ganho de participação em mercados ainda pouco explorados. Nessa última frente, a empresa acaba de anunciar uma parceria com a Rede para a oferta de um pacote de gestão completa — do estoque aos meios de pagamento e à emissão de nota fiscal eletrônica — via dispositivos móveis, voltado aos pequenos e médios varejistas. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 13 AUTOMANIA MARCELLUS LEITÃO [email protected] Fotos Divulgação Multas pesadas LEÃO ‘BOMBADO’ N o balanço do Salão do Automóvel de São Paulo, que termina domingo próximo, chama a atenção a curva de retorno da Peugeot ao cenário automotivo. A expectativa remete à época do hatch 206, que aqueceu a marca no mundo e no Brasil. O lançamento do Peugeot 2008 é sintomático e celebra o resultado surpreendente deste crossover compacto nos vários mercados. Sua fábrica em Mulhouse (foto), nordeste da França, trabalha em três turnos para atender à demanda e comemora a produção de 200 mil unidades do carrinho. Ano que vem ele estará sendo vendido no Brasil, ‘made in’ Porto Real, no Rio, de onde devem sair muitas unidades ávidas a disputar mercado com os veteranos Duster e EcoSport, além dos novatos Honda HR-V e Jeep Renegade. Por trás dos resultados, uma bem sucedida aliança com os chineses da Dongfeng, que absorvem tecnologias e entregam ao leão o seu maior mercado consumidor. Diretor de comunicação de Peugeot do Brasil, Marcus Brier classifica como importantíssimo o lançamento do 2008 para o reposicionamento da marca no Brasil. Segundo o executivo, a montadora “encontrou seu caminho em carros cada vez mais equipados e mais sofisticados. O primeiro degrau desta estratégia foi o 208 e o segundo será o 2008, que chega no primeiro semestre de 2015”. Brier lembra que o projeto 2008 foi desenvolvido por equipes da França, Brasil e China e envolve o novo ‘face family’ de sucesso mundial. Como diferenciais, em momento de explosão do mercado de SUVs e congêneres, Brier ressalta a característica que cativa no 2008: imagem de SUV e posição elevada de dirigir, com disposição de crossover e dirigibilidade e conforto de um bom hatch. Soma-se a isto o nível de acabamento, equipamentos e conectividade e temos um ótimo produto, que será referência no segmento, acrescenta. Para Marcus Brier, o 2008 entrega características “bem parecidas com o que temos no 208, ou seja, volante menor, teto panorâmico e espaço de um monovolume”. Brier promete surpresas, mas sabe-se que o modelo terá várias opções de motor e câmbio, inclusive um automático de seis marchas. Para o prazer ao dirigir o motor 1.6 THP Flex, Turbo High Pressure, exibido no estande. O novo modelo não terá tração integral. O discurso urbano é patente, “embora ele seja robusto e possa encarar aventuras de fim de semana, pela grande altura do solo” garante Brier. PONTO-A-PONTO ■ Além do leão aí de cima, o Salão do Anhembi foi marcado pelos conceitos, que antecipam futuros modelos, como o Duster Oroch, uma bem resolvida picape, e o SUV Kick, da Nissan. Ambos serão carros reais nos próximos anos. A nova ofensiva chinesa com o Chery Celer e os SUVs da JAC também chamou a atenção, quase tanto quanto os protestos dos ambientalistas do Greenpeace, que questionam os índices de emissões no Brasil em relação às versões semelhantes vendidas na Europa. O calor, desta vez, foi atenuado por um exótico sistema de ar -condicionado, que funcionava bem em alguns lugares. ■ O balanço positivo do Salão vai ■ A Chrysler vendeu 22% a mais nos EUA em outubro. A marca celebra o sucesso e a retomada das marca coligadas Jeep e RAM. Na Jeep, a subida foi de 52%, atribuída à renovação de modelos como os Grand Cherokee (foto) e Cherokee. Na Chrysler faz sucesso o sedã médio 200, que vendeu mais 40% no período. O grupo vai bem ainda na Itália, onde o grupo FCA subiu 5,6% e a Jeep 136,8%. ter reflexos nos próximos anos da indústria, que apostou bastante e usa a exposição como balão de ensaio para prospectar novas oportunidades. Entre elas o óbvio e registrado desejo pelos SUVs, um formato mundial de automóvel. Mas, no total, ’circularam’ pelo pavilhão do Anhembi também hatches, sedãs, picapes, elétricos e híbridos, quase 500 modelos de 41 marcas e deste total 150 lançamentos. Até o fechamento da feira, dia 9, domingo que vem, cerca de 750 mil visitantes terão passado por lá e justificado o investimento de R$ 26 milhões. As autoridades norte-americanas da Agência Nacional de Segurança nas Estradas (NHTSA) jogam duro com a segurança e as informações relativas aos automóveis. Os episódios envolvendo milhões de carros made in USA respingam nos importados e a Ferrari (na foto a California) recebeu uma das maiores multas da história, US$ 3,5 milhões por ocultar dados de falhas em seus modelos superesportivos. Três mortes em acidentes foram comprovadas desde 2011, quando a marca voltou oficialmente ao mercado. Mas o valor é cerca de 10% dos US$ 300 milhões que as coreanas Kia e Hyundai, que lá são unidas, vão pagar à Agência de Proteção Ambiental dos EUA por terem mentido em dados de baixo consumo de seus modelos, entre eles o Soul e o Veloster (foto abaixo) vendidos no mercado brasileiro. A pena é a maior já aplicada a automotivas e se divide em US$ 100 milhões em multas mais US$ 200 milhões em créditos regulatórios. Lancer ‘brazuca’ O Mitsubishi Lancer agora é montado em Goiás para encarar pesos pesados como o Civic, Corolla, Cruze, Sentra etc. A seu favor, o sistema multimídia com tela touch grande, a conectividade e controles dinâmicos. Preços entre R$ 66,5 mil e R$ 97,5 mil. Coluna publicada às quartas-feiras 14 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ FINANÇAS Editora: Eliane Velloso [email protected] Itaú lucra R$ 5,4 bi, com menor inadimplência desde 2008 Resultado cresceu 35,7% no 3º trimestre deste ano, com aumento do crédito e melhora dos índices de atrasos, que ficou em 3,2% no período; rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio atingiu 24,7% ao ano Murillo Constantino Léa De Luca [email protected] São Paulo O Itaú Unibanco, maior banco privado brasileiro, voltou a registrar aumento no resultado trimestral, apesar do desaquecimento da economia. A instituição informou ontem que obteve R$ 5,46 bilhões de lucro líquido recorrente (sem contar efeitos extraordinários). O montante é 35,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2013. O lucro contábil do banco ficou em R$ 5,4 bilhões. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio atingiu 24,7% ao ano. Nos primeiros nove meses de 2014, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 15 bilhões, com retorno de 23,7%. Marcelo Kopel, diretor corporativo, de controladoria e de relações com investidores do banco disse que nos próximos meses a rentabilidade pode recuar, já que não espera novos ganhos com cortes de custos e de despesas, mas que deve seguir acima dos 20%. Uma das economias feitas pelo banco no trimestre passado foi com provisões para devedores duvidosos, por sua vez possível pela queda, pelo nono trimestre seguido, das taxas de inadimplência. “Temos hoje a menor taxa de atrasos acima de 90 dias desde a fusão com o Unibanco, em dezembro de 2008”, diz Kopel. A inadimplência do banco atingiu 3,2%, uma melhora de 0,2 ponto percentual na comparação com o segundo trimestre de 2014, e de 0,7 ponto percentual na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Já a inadimplência de curto prazo (créditos com atrasos entre 15 a 90 dias) também recuou 0,1 ponto percentual na comparação com o segundo trimestre de 2014 e 0,4 ponto percentual na comparação com o terceiro trimestre de 2013, atingindo 2,6%. O resultado de créditos de liquidação duvidosa dos primeiros nove meses de 2014, líquido das recuperações de créditos, reduziu-se 9,3% em relação ao mesmo período de 2013. As despesas do banco com provisões para perdas com calotes somaram R$ 3,9 bilhões no trimestre, alta de 5,1% em três meses e de 3,9% ano a ano. Para Kopel, ainda há es- paço para queda dos atrasos neste último trimestre do ano. A queda da inadimplência é resultado da estratégia adotada em 2012, quando o banco decidiu desacelerar os empréstimos para veículos e focar em linhas com risco mais baixo, como o consignado e o imobiliário. A carteira do banco cresceu exatamente baseada nessas linhas, e também no crédito para grandes empresas, que cresceram 77,1%, 22,4% e 13,9%, respectivamente, em 12 meses. Contrariando essa lógica, outra linha que cresceu bem acima da média foi a de cartões de crédito: 26%, para R$ 54,3 bilhões. No entanto, Kopel avisou que a alta de 11,5% da carteira total, que terminou o trimestre em R$ 536,3 bilhões, não deve se manter. O banco não alterou seu “guidance” de crescimento entre 10% e 13%, mas informalmente já avisou que espera agora alta de apenas 8%. “A comparação inclui movimentos de aquisição da Credicard e da associação com o BMG no consignado, que alavancaram esse aumento e não vão se repetir”, explicou. A carteira de veículos, por sua vez, continuou minguando — e Kopel não prevê uma reversão dessa tendência a curto e médio prazos. No caso dos empréstimos para pequenas e médias empresas, porém, a situação é diferente: também houve recuo, mas o executivo prevê uma retomada no ano que vem, acompanhando a ligeira melhora do crescimento da economia para 1,5%, segundo seus eco- Queda da inadimplência é resultado da estratégia adotada em 2012, quando o banco decidiu desacelerar os empréstimos para veículos e focar em linhas com risco mais baixo, como consignado e imobiliário Kopel:2015comcrescimentomaioreresultados‘iguaisoumelhores’ nomistas. Alem disso, Kopel informa que o banco ressegmentou essa faixa de clientes, e que o atendimento passou a ser realizado exclusivamente na rede de agências. “Esses empréstimos devem voltar a crescer, embora lentamente. A principal linha é antecipação de recebíveis de cartões”, diz. Segundo Kopel, a prova de que a estratégia de mudança do mix da carteira de crédito para o banco é que os spreads líquidos (depois de deduzida as despesas com calotes) se manteve em 7,9%, apesar da queda dos spreads brutos de 12,8% para 11,9%. Spread é a diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e quanto cobra para emprestar. Outra linha que ajudou o banco a lucrar mais foi a aplicação de recursos próprios, conhecida como operações de tesouraria. “A margem financeira e os ganhos com tesouraria cresceram mais até do que as receitas de serviços no trimestre: 34,7%. As receitas do grupo com tarifas e serviços evoluíram 17,3% no comparativo anual, para R$ 6,56 bilhões. O banco espera um 2015 com crescimento maior, e resultados “iguais ou melhores” para o Itaú. O executivo não vê espaço para aumento dos juros — apenas para repassar a alta Selic. Ou seja, a margem tende a permanecer estável. Mas, também, não espera acirramento da competição dos bancos públicos. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 15 BTG PACTUAL Lucro no trimestre é de R$ 769 milhões O banco BTG Pactual anunciou ontem um lucro líquido de R$ 769 milhões no terceiro trimestre, o que representa um crescimento de 3,1% em relação a igual período do ano passado. As receitas da instituição no período chegaram a R$ 1,702 bilhão, uma alta de 20,1% em relação ao terceiro trimestre de 2013. O lucro líquido acumulado do banco entre janeiro e setembro é de R$ 2,563 bilhões. Santander cresce com economia fraca Lucro recorrente do banco espanhol superou estimativas e subiu 4,1%, para R$ 1,5 bilhões no terceiro trimestre; crédito avançou 7,5% Léa De Luca [email protected] São Paulo O banco espanhol Santander registrou no Brasil um aumento de 4,1% no seu lucro líquido ajustado no terceiro trimestre, totalizando R$ 1,465 bilhão. O lucro contábil, de R$ 537 milhões, teve uma alta de 8%.O presidente da instituição, Jesús Zabalza, atribuiu a melhora ao “perfil mais sustentável e de menor risco da carteira de crédito, que resultou em uma queda forte da inadimplência”. O banco tinha em setembro carteira de crédito total de R$ 234,5 bilhões, crescimento de 5,6% em doze meses e 3,6% no trimestre. A inadimplência acima de 90 dias caiu para 3,7%, ante 4,1% no segundo trimestre — e, segundo Zabalza, deve ficar estável nos próximos trimestres. Apesar da economia fraca, o banco decidiu apostar em segmentos mais lucrativos, como o de automóveis, que vem sendo deixado de lado pelos concorrentes; ou de pequenas e médias empresas. Para Zabalza, o crédito a veículos só é de alto risco “se for mal feito”, disse, acrescentando que tem fechado parcerias com diversas montadoras e que pretende liderar o segmento. “Nossa estratégia para veículos é baseada na parceria com montadoras (Renault e Hyundai e Volvo). Conhecemos muito bem o negócio, por isso para nós é de baixo risco”. consignado o Santander passa por uma fase de reestruturação — acaba de fechar parceria com o banco mineiro Bonsucesso, mas os primeiros frutos come- Banco Pan tem resultado negativo de R$ 69,7 milhões A carteira de crédito com resultado retido cresceu 14,9%, para R$ 16,4 bilhões André Boudon [email protected] Murillo Constantino Jesus Zabalza : “banco foi o que mais cresceu no crédito” çam a ser colhidos no ano que vem. No crédito imobiliário, a alta foi de mais de 25%, e sua participação subiu a 9,9% em 2014. “Somos o banco privado que mais cresceu em crédito neste trimestre”, afirmou Zabalza. “Vamos continuar crescendo pelo menos o mesmo que a média do mercado”. Além de parcerias e de ocupar espaços deixados por outros, o Santander também prepara ofensiva no crédito rural. Mas não pretende deixar de lado suas atividades junto a grandes grupos empresariais, que cresceu 16,7%: “Temos uma participação importante e vamos continuar participando de tudo. Somos protagonistas”, diz. O Grupo Santander obteve lucro líquido de 1,6 bilhão de euros no terceiro trimestre, alta de 52% em 12 meses e de 10% em três meses. A operação brasileira respondeu por 20% do resultado global. Com Reuters O Banco Pan apresentou um prejuízo de de R$ 69,7 milhões no balanço consolidado do terceiro trimestre, comparado aos resultados negativos de R$ 70,4 milhões no trimestre anterior e de R$ 20,5 milhões no mesmo trimestre de 2013. O patrimônio líquido consolidado atingiu R$ 3,4 bilhões em setembro de 2014, e o Índice de Basileia ficou em 18,1%, ambos reforçados pelo aumento de capital de R$ 1,33 bilhão. A originação de ativos de crédito alcançou uma média mensal de R$ 1,33 bilhão, valor 13,6% superior ao R$ 1,17 bilhão atingido no mesmo trimestre do ano passado, e 10,1% superior ao R$ 1,21 bi- O banco apertou o controle em relação às suas despesas administrativas, que alcançaram R$ 403,1 milhões, com queda de 0,6% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior lhão atingido no segundo trimestre de 2014. A carteira de crédito com resultado retido, que exclui da carteira total os créditos cedidos com coobrigação no passado e indica a medida da carteira que rende receitas de juros para o Banco, atingiu R$ 16,4 bilhões, valor 14,9% superior ao registrado no terceiro trimestre de 2013. Mesmo com o crescimento da carteira, a boa qualidade de concessão continua sendo observada, fator que pode ser verificado pelo aumento da parcela de contratos com rating entre “AA” e “C”, que passou a representar 90,6%, comparado a 85,9% no terceiro trimestre de 2013. A despesa líquida de provisão para créditos de liquidação duvidosa do Pan reduziu de R$ 181,3 milhões no segundo trimestre de 2014 para R$ 160,4 milhões neste terceiro trimestre, reforçando a questão da qualidade da carteira. A margem financeira líquida do Pan foi de 9,2% no terceiro trimestre de 2014, valor inferior aos 12,1% do trimestre anterior. Essa redução decorre de um menor volume de créditos cedidos sem coobrigação, que, em contrapartida, contribui para o crescimento da carteira, e de um diferente mix de produtos cedidos. Para compensar parcialmente esse efeito, o Banco Pan apertou o controle em relação às suas despesas administrativas, que alcançaram R$ 403,1 milhões no terceiro trimestre de 2014, com queda de 0,6% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, comparado a uma inflação acumulada de 6,7% no período. BB Seguridade lucra R$ 822,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 50,1% Seguradora do Banco do Brasil teve expansão anual de 41,8% na receita líquida no 3º trimestre A companhia de seguros BB Seguridade teve lucro líquido ajustado de R$ 822,3 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 50,1% ante os R$ 548 milhões obtidos no mesmo período de 2013. A empresa controlada pelo Banco do Brasil mudou algumas proje- ções para o ano. A estimativa para o crescimento de prêmios emitidos na divisão de seguros de patrimônio Mapfre BB SH2, caiu de 19% a 26% para 12% a 15% em 2014. Já a previsão para o crescimento da arrecadação de títulos de capitalização caiu de 10% a 15% para 3% a 6%. A empresa informou que em relação ao segundo trimestre, o lucro líquido caiu 2,7%, “explicado principalmente pela queda nas receitas de comissões, em razão da As despesas da empresa subiram 5,8% na comparação com o terceiro trimestre de 2013 e avançaram 2,6% sobre os meses de abril a junho, a R$ 133,4 milhões sazonalidade nas vendas, com maior concentração no encerramento de cada semestre”. A seguradora teve expansão anual de 41,8% na receita líquida do trimestre, a R$ 1,121 bilhão. Na comparação com o segundo trimestre, houve queda de 3%. As despesas, enquanto isso, subiram 5,8% na comparação com o terceiro trimestre de 2013 e avançaram 2,6% sobre os meses de abril a junho, a R$ 133,4 milhões. A BB Seguridade teve retorno sobre patrimônio líquido ajustado de 60,9% no terceiro trimestre, ante 42,6% no mesmo período do ano passado, e 64,9% no comparativo com o trimestre imediatamente anterior. Braço de seguros, previdência e capitalização do banco do Brasil, a BB Seguridade abriu seu capital na BM&FBovespa em abril do ano passado, com a maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da história da Bolsa, que levantou R$ 11,5 bilhões. Com Reuters 16 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 O MERCADO COMO ELE É... LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES [email protected] BC AVALIZA NOVO CÂMBIO Editoria de Arte/Paulo Esper I ntensa volatilidade e fraco giro de negócios marcaram ontem um mercado de câmbio ávido por conhecer os rumos da política econômica em um segundo mandato que a presidente Dilma Rousseff se recusa a antecipar. Durante a sessão, o dólar chegou a cair 0,28%, cotado a R$ 2,4934, e a subir 1,34%, a R$ 2,5337, e fechou com valorização modesta de 0,20%, vendido a R$ 2,5054. A oscilação e o acanhado volume de negócios (US$ 900 milhões) denunciaram a presença exclusiva de profissionais. Mesmo diante de um mercado de baixa liquidez (o afastamento de investidores tradicionais favorece a atuação dos especuladores) e alta tensão, o Banco Central decidiu reduzir a oferta de contratos de swaps cambiais destinados a meramente rolar os antigos que irão vencer em 1˚ de dezembro. É uma tentativa de apagar incêndio injetando gasolina? O BC iniciou ontem a renovação dos US$ 9,831 bilhões em títulos cambiais que serão liquidados em dezembro. A sinalização foi de que de ontem até o fim de novembro irá vender todos os dias nove mil swaps com esta finalidade. Como cada lote corresponde a US$ 450 milhões, encerrará novembro com uma colocação de US$ 8,1 bilhões, o suficiente para rolar apenas 82% do vencimento. Tal intenção representa uma mudança de política cambial em relação à que foi praticada em setembro e outubro, meses em que a rolagem foi integral. Ou seja, o BC vai negar proteção cambial a quem (empresas endividadas em dólar e investidores que não querem correr o risco cambial) já está hedgeado no montante de US$ 1,731 bilhão. Empresas e investidores terão de substituir essa proteção já formada por outros instrumentos de mercado ou por meio da compra à vista de moeda. Tratase, em suma, de um convite à valorização do dólar. Então isso quer dizer que o BC acha pouco que o dólar tenha subido 12,5% apenas de setembro para cá? Qual a sua intenção ao diminuir a oferta de swaps? O mercado não sabe, o que é ótimo para os que lucram com a volatilidade resultante da incerteza. Mas lança algumas hipóteses. A primeira é que o BC confia na continuidade do ingresso de capitais externos de investimento, o responsável pela geração de um superávit de US$ 6,5 bilhões na balança cambial de outubro. Não só confia: agiu destemidamente nesse sentido ao elevar a Selic de 11% para 11,25% três dias depois do segundo turno das eleições. A entrada adicional de dólares de portfólio compensaria a falta daquele US$ 1,731 bilhão. A segunda é que o BC, mesmo ciente das consequências inflacionárias do câmbio depreciado, decidiu avalizar o novo patamar, tido como mais adequado ao enfrentamento de outros graves problemas econômicos. Ele já estaria agindo em conformidade com teses recentemente defendidas por um dos candidatos mais fortes para ocupar o Ministério da Fazenda. Nelson Barbosa propõe a estabilização em patamar elevado da taxa de câmbio real para reduzir o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, diminuir o custo unitário do trabalho em dólar e aumentar a competitividade externa da economia. Os seus efeitos inflacionários, suavizados por um superávit primário de 2% do PIB e uma política monetária compensatória, seriam de curto prazo. “À medida que a taxa de câmbio real se estabiliza num novo patamar, o impacto inflacionário da depreciação cessa e a inflação cai no médio prazo”, disse o economista em seminário da FGV-SP, escola da qual é professor, realizado em meados de setembro. A ideia é substituir dois fatores — expansão fiscal e prioridade ao mercado de trabalho — geradores de inflação e que a experiência recente vem mostrando serem incapazes de produzir crescimento econômico por um terceiro (a manutenção de uma taxa real de câmbio depreciada) que, embora igualmente incentivador de inflação, mas de curto prazo, pode reorganizar a economia. Restaria equilibrar a política industrial composta hoje pela dupla vertente desoneração fiscal e crédito subsidiado. Para o mercado, a melhor política industrial é aquela que não existe. Basta assegurar um câmbio competitivo e liberalizar as concessões públicas. A suposta permissão dada ontem pelo BC para que o câmbio encontre uma faixa mais adequada aos setores externo e industrial veio justamente num dia de divulgação de notícia triste para a indústria. Após dois meses em recuperação, a produção industrial brasileira caiu 0,2% em setembro, um resultado exatamente do tamanho da expectativa dos analistas mas em sentido contrário. No acumulado do ano a queda alcança 2,9% e, em doze O patamar elevado da taxa de câmbio real poderia reduzir o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, diminuir o custo unitário do trabalho em dólar e aumentar a competitividade externa da economia meses, de 2,2%. “Não há qualquer sinalização clara de reversão desta situação. Pesa também o início de um novo ciclo de alta dos juros pelo Copom. As perspectivas para a já fraca atividade no país não são animadoras”, constata o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. A atividade débil não fará o BC suavizar o aperto monetário. Este é o entendimento do pregão de juros futuros da BM&F. As taxas operaram em alta firme pelo terceiro dia em sequência. Os contratos longos subiram mais que os curtos, sinal de que tesoureiros e gestores não confiam na implementação da principal reivindicam dos investidores — um ajuste fiscal ortodoxo e severo. Enquanto a taxa para janeiro de 2016 subiu apenas 0,03 ponto, de12,31% para 12,34%, o contrato para janeiro de 2021 pulou 0,13 ponto, de 12,14% para 12,27%. Informes sobre baixo crescimento também deram o tom dos mercados globais. A Comissão Europeia revisou para baixo suas estimativas de crescimento dos países da zona do euro este ano. Ao invés do avanço de 1,2% previsto anteriormente, agora a entidade projeta 0,8%. Nos EUA, não foi diferente. Dados ruins sobre a balança comercial devem implicar numa revisão menos otimista sobre o crescimento do PIB. Os EUA registraram um déficit comercial de US$ 43 bilhões em setembro, acima da previsão dos especialistas, de US$ 40,6 bilhões. Como a preliminar do PIB referente ao terceiro trimestre, alta de 3,5%, embutia um déficit de apenas US$ 38,1 bilhões, na segunda leitura a expansão deve ser menor. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 17 Andrew Harrer/Bloomberg ▲ FINANÇAS ZONA DO EURO Membro do BCE pede avanço em reformas Um dos seis membros da diretoria executiva que forma o núcleo do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Benoit Couere, fez ontem um apelo aos governantes da zona do euro para avançarem rapidamente com reformas. “A menos que seja adotado um mix adequado de políticas monetária, fiscal e estrutural, vamos novamente correr o risco de perder o impulso e adiar a recuperação”. Reuters BC quer cartão pagando à lojista em menos de 30 dias Objetivo é aproximar indústria brasileira do padrão internacional onde o prazo para recebimento e de dois dias Murillo Constantino compensação de um cheque”, avalia. Já no crédito, ele diz que a questão é mais complexa e é necessário levar em conta as particularidades brasileiras. Outro tema que também está sendo discutido com o setor é a questão chamada de um por um, onde você transforma moeda física ou escritural em moeda eletrônica. “Essa transformação tem que ocorrer no exato momento em que a eletrônica é emitida, é uma transformação e não uma multiplicação. Esse é o principio do um por um”, diz. De acordo com Mendes, hoje existem empresas de cartão pré-pago que têm agido como financeiras e este não é o papel delas. O executivo cita o exemplo de uma empre- Alessandra Taraborelli [email protected] São Paulo O Banco Central já colocou na pauta para 2015 a discussão sobre a redução do prazo de pagamento aos lojistas das compras realizadas com cartão de crédito. O objetivo é aproximar a indústria brasileira dos padrões internacionais, segundo informou ontem em São Paulo o diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, durante o 9º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento. Hoje, o lojista recebe os pagamentos feitos com cartão de crédito cerca de 30 dias após a compra, enquanto fora do Brasil esse prazo é de dois dias. Mendes disse que o assunto será discutido durante fórum que irá tratar vários temas sobre o setor e que a meta é de que o primeiro encontro ocorra ainda nos primeiros seis meses de 2015. “Queremos atingir as melhores praticas internacionais e, isso de 30 dias para receber o pagamento não existe lá fora”, diz o diretor. O executivo disse ainda que outro objetivo é que os cartões prépagos tenham um prazo de pagamento similar ao de débito, que hoje é de dois dias. “No pré-pago talvez estejamos mais próximos de chegar a um acordo sobre o pagamento para o lojista. Quem recebeu aquela moeda eletrônica não tem que esperar mais de dois dias para receber, este é o tempo de “ No pré-pago talvez estejamos mais próximos de chegar a um acordo sobre o pagamento ao lojista. Quem recebeu moeda eletrônica não tem que esperar mais de dois dias para receber” Aldo Luiz Mendes Diretor do Banco Ce ntral sa de voucher alimentação que credita o valor do almoço do funcionário de empresa ‘A’ no dia 1 de todo mês e só recebe por esta operação 30 dias depois, por exemplo. “Não pode fazer antecipação para o funcionário e esperar para receber depois. Isso é um financiamento e só pode ser feito por instituição financeira e não por instituição de pagamento. Hoje existe esta prática. O setor tem que funcionar como a lei prescreve”, afirma Mendes. O diretor do BC ressalta, no entanto, que não será tomada nenhuma atitude que possa trazer risco para o setor. “Não vamos mudar a ferro e fogo algo que já existe no mercado.O fórum vai ser um excelente lugar para discutir essa questão. A gente não pode ter uma instituição de pagamento fazendo antecipação. Vamos desenhar um prazo, uma forma de migrar. A gente tem conversado com esse segmento, voucher, eles têm trazido essa preocupação”, diz. O diretor executivo da Abecs, Ricardo Vieira, ressalta que a discussão é bastante positiva e visa mitigar possíveis riscos. “Uma empresa pode vender um monte de pré-pago de uma determinada companhia que irá pagar daqui a 30 dias. Essa empresa foge para outro país e como fica. Existe um risco e o BC quer evitar que isso aconteça", diz, ressaltando que o objetivo é não permitir a criação de moeda, já que isso é função do BC. Em dia volátil,Bovespa fecha em alta de 0,81% Ibovespa encerrou na máxima da sessão aos 54.383 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,4 bi O principal índice da Bovespa encerrou o pregão em alta ontem após uma sessão volátil, marcada por resultados trimestrais positivos de bancos e com o mercado em compasso de espera pelo desfecho de reunião do Conselho de Administração da Petrobras. Depois de inverter de sinal várias vezes ao longo do dia, o Ibovespa fechou na máxi- ma da sessão, com avanço de 0,81%, a 54.383 pontos. O giro financeiro do pregão foi de R$ 7,4 bilhões. Para o sócio da Rio Verde Investimentos Eduardo Cavalheiro, a volatilidade do mercado deve continuar enquanto a equipe econômica do governo da presidente reeleita Dilma Rousseff permanecer indefinida. As ações do Itaú Unibanco exerceram a maior influência positiva sobre o índice, com alta de 1,91 %, após o maior banco privado do país ter divulgado que seu lucro líquido subiu 35% no tercei- ro trimestre ante o ano anterior, beneficiado por alta no crédito e aumento da rentabilidade. As units do Santander Brasil, por sua vez, lideraram os ganhos do Ibovespa com avanço de 14,32%. O banco, que revelou mais cedo aumento de 8% no lucro trimestral, divulgou na véspera um novo programa de recompra de units, envolvendo até 1,16% de seu capital social. As ações da Petrobras, que fecharam em leve queda, oscilaram entre os campos negativo e positivo, conforme mudavam as expectativas em rela- ção a decisão do Conselho, que se reuniu ontem, sobre um esperado reajuste dos preços dos combustíveis. As ações preferenciais da estatal fecharam em queda de 0,2%, depois de oscilarem entre alta de 1,2% e queda de 3,2%. As ações ordinárias fecharam estáveis. Até o fechamento da bolsa, a Petrobras não divulgou informações sobre a reunião. A Eletropaulo foi destaque de alta, após a equipe do Citi ter elevado a recomendação para o papel em relatório, que apontou que em meados de 2015 a companhia te- rá arcado com a maior parte de seus passivos jurídicos. Já entre as pressões de baixa, se destacaram as ações da mineradora Vale, diante de nova mínima histórica do preço do minério de ferro, com um excedente de oferta pressionando as cotações da commodity. Já as preferenciais da operadora de telefonia Oi tiveram a maior baixa do índice, após a companhia ter dito na véspera que não havia qualquer definição em relação a uma estrutura para compra da rival TIM Participações. Com Reuters 18 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 ▲ MUNDO Editora: Florência Costa [email protected] Eleições legislativas dos EUA serão a mais cara da história Especialistas em gastos eleitorais prevêem que pleito do meio de mandato, realizado ontem, para renovação da Câmara e de parte do Senado americano, terá custado quase US$ 4 bilhões devido ao chamado “dinheiro escuro” Brendan Smialowski/AFP Redação [email protected] Os americanos foram às urnas ontem para eleger 100% dos 435 deputados que têm mandato de dois anos e 33 dos 100 senadores. As pesquisas de opinião apontavam vitória dos republicanos no Senado nas eleições legislativas que estão sendo consideradas como as mais caras da história. Se a previsão de vitória dos republicanos se confirmar, o presidente Barack Obama ficará com minoria de apoio na Câmara e no Senado. Nos últimos dois anos, mesmo com o presidente tendo controle do Senado, ele não conseguiu aprovar seus grandes projetos de lei, como aumento do salário mínimo e reforma imigratória. Três estados e o distrito de Columbia, onde está a capital Washington, realizam plebiscito sobre a legalização do uso recreativo da maconha. Segundo o Centro para a Compreensão da Política, que estuda o uso do dinheiro em campanhas, estas eleições teriam custado um total de quase US$ 4 bilhões, ou seja, dez vezes mais do que o governo americano se comprometeu na luta contra o Ebola na África, informou a rede de televisão americana “CNN”. Boa parte desse dinheiro é gasto pelos partidos e candidatos em salários de funcionários e contratados para atuar na campanha, nos anúncios e nos esforços para fazer com que os eleitores saiam de casa apara votar, já que nos Estados Unidos o voto não é obrigatório. Uma das principais razões pelas quais essas eleições deverão ser as mais caras de todas é o crescimento do chamado “dinheiro escuro”. Ian Vandewalker, do Centro de Justiça Brennan, ligado à New York University que apoia a proposta de reforma do financiamento de campanhas eleitorais, explica que esse dinheiro vem de Ian Vandewalker, do Centro de Justiça Brennan, explica que eo chamado ‘ dinheiro escuro’ vem de grupos que não revelam todos os seus doadores O presidente Obama votou ontem na eleição legislativa que tem como favoritos os republicanos Daniel Acker/Bloomberg Eleitores depositam seus votos na eleição de meio de mandato, em Red Oak, no estado de Iowa grupos que não revelam todos os seus doadores. Essa forma de financiamento foi aprovada pela Suprema Corte em 2010, tornando as regras de captação de recursos menos rígidas: grupos classificados como organizações sem fins lucrativos podem captar dinheiro ilimitado de doadores secretos e fazer campanhas a favor ou contra os candidatos. Suas listas de doadores não precisam ser submetidas à Comissão Federal de Eleição, o equivalente no Brasil ao Tribunal Superior Eleitoral. "Doadores de fora estão tentando comprar influência. Nesse ano vimos maciços gastos em campanhas competitivas para o Senado. Esses doadores querem que seus candidatos escolhidos ganhem e eles querem que os candidatos saibam que se elegeram por causa deles”, diz Vandewalker. Cerca de US$ $1 bilhão do total a ser gasto nesta campanha terá vindo destes grupos não oficialmente ligados a candidatos ou partidos. Na campanha de 2010, os gastos já tinham sido altos: US$ 3,63 bilhões. Mas especialistas afirmam que o mais importante não é o total amealhado, mas a forma como esses recursos se tornaram mais volumosos nas eleições. “Na minha opinião, o que é mais problemático sobre isso não é apenas o fato de ter havido um aumento nos gastos, mas o fato de que nós não sabemos quem está atrás dos gastos”, observou Lawrence Norden, vice-diretor do Centro de Justiça Brennan, em entrevista para a rede de televisão americana “ABC”. Este gasto recorde é diretamente ligado à decisão da Suprema Corte há quatro anos, segundo ele. Como os nomes dos que doam “dinheiro escuro” ficam no anonimato, os doadores ricos ganharam mais poder de influência nas eleições. Norden diz que os grupos de “dinheiro escuro” vão ter desembolsado quase US$ 200 milhões” nas 11 campanhas mais competitivas de candidatos a senadores. Isso representa mais do dobro dos US$ 97 milhões gastos em 33 campanhas de senadores em 2012. “Pelo o que temos visto nas últimas eleições, essa tendência tem sido mais e mais acentuada. Há cada vez mais dinheiro de fora e ele continua vindo de fontes desconhecidas”, completou Norden. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 19 Reuters ESTADOS UNIDOS Relação com China é a mais importante Reuters A relação entre os EUA e a China é a “mais importante” do mundo hoje, declarou ontem o secretário de Estado americano, John Kerry, pouco antes de uma viagem a Pequim. Ele ressaltou que os dois gigantes somam “um quarto” da população mundial e “um terço” da economia do planeta. A diplomacia americana tem insistido no fato de Pequim não ser um “inimigo”, mas um “concorrente”. AFP Campanha global pelos dez milhões de apátridas A maior parte dos que não têm pátria está em Mianmar, com mais de 1 milhão de pessoas Inteligência britânica critica empresas da web Chefe da inteligência britânica pede mais ajuda de gigantes da web no combate ao terror Romeo Gacad/AFP Redação [email protected] O novo diretor do serviço de espionagem eletrônica da Grã-Bretanha, Robert Hannigan, provocou uma grande polêmica ao apontar o dedo na direção das gigantes de tecnologia americanas, como Facebook e Twitter, dizendo que elas se tornaram, involuntariamente, “as redes de comando e controle da escolha” de grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI). Segundo o diretor do GCHQ (Government Communication Headquarters), essas companhias estão se recusando a admitir seu papel não intencional como redes escolhidas pelos terroristas. Ele pediu mais ajuda dessas corporações na luta contra o terror e foi além, afirmando que a privacidade nunca foi um “direito absoluto”, em um artigo publicado no jornal “Financial Times”. A GCHQ e a NSA americana (Agência de Segurança Nacional) foram alvo de várias denúncias sobre espionagem de cidadãos em grande escala dentro da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos e também no exterior. As operações de espionagem também focaram líderes de países, como a chanceler alemã Angela Merkel e a própria presidenta Dilma Rousseff. Os escândalos surgiram a partir de denúncias do ex-analista da NSA Edward Snowden, que hoje vive exilado na Rússia. Em seu artigo, Hannigan afirma, sem citar Snowden, que terroristas se “beneficiaram” com estes vazamentos. Vários defensores dos direitos à privacidade reagiram ao artigo de Hannigan, como o vice-diretor da Privacy International, Eric King. “Antes de ele condenar os esforços das empresas para proteger a privacidade de seus usuários, talvez ele devesse refletir sobre porque tem havido tantas críticas ao GCHQ após as revelações de Snowden”, disse em entrevista à rede de televisão britânica “BBC”. Hannigan pregou a criação de um “novo pacto entre governos” e as gigantes de tecnologia, defendendo que elas forneçam aos serviços de segurança mais acesso a suas redes para permitir aos governos que evitem eventuais ataques terroristas. Ele chamou essas medidas de “decisões urgentes e difíceis”, afirmando que compreen- Robert Hannigan, o novo chefe da inteligência do Reino Unido de o fato de essas empresas terem “um relacionamento difícil com governos”. Essa proposta também foi duramente criticada por vários defensores dos direitos à privacidade na internet, como a “Electronic Frontier Foundation (EFF)”. Jillian York, diretor internacional de liberdade de expressão da fundação,disse que permitir acesso especial de governos a conteúdos privados é uma “violação de privacidade” e também pode servir para direcionar os terroristas para a clandestinidade, “tornando o trabalho dos defensores da lei ainda mais difícil”. Robert Hannigan afirmou que os serviços de inteligência precisam de um apoio maior do setor privado. Ele disse que as empresas da web aspiram ser condutores neutros de informações, distantes da política. “Mas cada vez mais os seus serviços hospedam material extremista e que serve como rota de facilitação para o crime e o terrorismo”, disse. Para o diretor do serviço de espionagem britânica, as companhias de tecnologia da internet que não gostam de cooperar com os governos estão cometendo um “autoengano”. O ganhador do prêmio Nobel arcebispo Desmond Tutu e a atriz Angelina Jolie apoiaram uma campanha global lançada pela ONU para encerrar a condição de pelo menos 10 milhões de pessoas apátridas, que não têm um país para chamar de lar.Uma criança apátrida nasce a cada 10 minutos, informou a agência das Nações Unidas para refugiados, o Acnur, no lançamento da campanha “Eu Pertenço”. “Sem nenhuma nacionalidade, elas crescerão para se tornar as pessoas mais invisíveis e desamparadas do planeta.Não ter uma pátria faz as pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”, disse o chefe do Acnur, António Guterres. “Temos uma oportunidade histórica de encerrar o problema dos sem pátria dentro de 10 anos, e devolver a esperança a milhões de pessoas”, completou. Apátridas têm negados direitos e benefícios que a maioria das pessoas nem considera no dia a dia. Estes "fantasmas legais” frequentemente vivem destituídos de direitos e correm altos riscos de serem presos e explorados, inclusive escravizados. Guterres, Jolie e Tutu estão entre uma série de líderes de opinião e celebridades que assinaram uma carta aberta pedindo por “10 milhões de assinaturas para mudar 10 milhões de vidas”. Outros que assinaram foram a iraniana ganhadora do prêmio Nobel, Shirin Ebadi e a cantora de ópera Barbara Hendricks. A maior população apátrida está em Mianmar, onde mais de 1 milhão de pessoas da etnia rohingya tiveram sua nacionalidade negada.Outros países com altos números de apátridas incluem Costa do Marfim, Tailândia, Nepal, Letônia e República Dominicana. A ONU alertou que o conflito na Síria pode aumentar o número de novos apátridas. Mais de 50 mil bebês nasceram de refugiadas sírias que foram para países vizinhos. Muitos não têm certidões de nascimento, o que pode ser um problema para eles mais pra frente.Reuters 20 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 MUNDO Divulgação ▲ Trem-bala mexicano será construído pela China Governo aceita proposta de consórcio chinês para tirar do papel projeto do primeiro trem-bala da América Latina Redação [email protected] O primeiro trem-bala da América Latina será construído por um consórcio chinês. Em mais um passo para estreitar os laços com Pequim, o governo do México escolheu um consórcio chinês para a construção de um trem-bala que promete promover o transporte ferroviário de passageiros no país. O grupo chinês foi o único candidato no processo de licitação. O Ministério dos Transportes informou que aceitou a proposta de US$ 3,75 bilhões da chinesa Railway Construction para a construção da ferrovia de 210 quilômetros entre a capital, Cidade do México, e o pólo manufatureiro mexicano de Querétaro. O projeto é parte da decisão do presi- dente Enrique Pena Nieto para trazer ferrovias de alta velocidade para o país e reinaugurar os trens de passageiros na segunda maior economia da América Latina. Hoje o México tem ferrovias de carga, mas possui poucos trens turísticos, depois que as linhas regulares de passageiros desapareceram a partir da privatização do setor na década de 1990. Um dos resultados dessa carência são as viagens ilegais de imigrantes mexicanos e de países da América Central em cima de um trem de carga apelidado de “La Bestia” (A Besta), com destino final nos Estados Unidos, uma viagem que já matou muitos passageiros. “Em um país com 120 milhões de habitantes, onde os principais centros urbanos são grandes me- trópoles, o transporte de passageiros deve ser de grande escala”, explica o ministro dos Transportes Gerardo Ruiz Esparza. “Além disso, a infra-estrutura do México deve melhorar rapidamente para atender às necessidades atuais e futuras do país e suas regiões”, completou. De acordo com autoridades federais, o projeto visa levar 23 mil passageiros por dia em velocidades de até 300 quilômetros por hora, reduzindo o trajeto entre a capital e Querétaro, hoje de duas horas e meia, para 58 minutos.O consórcio chinês que venceu a licitação, e que inclui empresas mexicanas, foi o único a apresentar uma proposta dentro do prazo que ia até o dia 15 de outubro. O Ministério dos Transportes disse, à época, que 16 empresas com potencial na área decidiram não fazer propostas, o que inclui os gigantes industriais Mitsubishi do Japão, a francesa Alstom, a canadense Bombardier e a alemã Siemens. Esparza explicou que, em média, apenas duas empresas costumam fazer propostas para Segundo autoridades, o projeto visa levar 23 mil passageiros por dia em velocidades de até 300 km por hora, reduzindo o trajeto entre a capital e Querétaro, hoje de duas horas e meia, para 58 minutos projetos de trem de alta velocidade em todo o mundo. De fato, Brasil e Argentina têm se esforçado para transformar seus projetos em realidade. O Brasil anunciou planos para um trem de alta velocidade pela primeira vez em 2010, mas tem adiado repetidamente o projeto de US$ 16 bilhões de dólares que ligará São Paulo e Rio de Janeiro. No ano passado, o governo disse que estava atrasando a licitação a fim de dar mais tempo para as empresas apresentarem propostas. Isso porque apenas uma empresa sinalizou estar pronta para entrar na disputa. Já os planos da Argentina para uma ligação ferroviária de alta velocidade entre a capital Buenos Aires e Córdoba foram suspensas em 2008 devido às dificuldades financeiras do país. ANGOLA, DA GUERRA CIVIL ATÉ A LIDERANÇA REGIONAL ECONÔMICA E MILITAR Simon Dawson/Bloomberg Há dez anos destruído pela guerra, o país hoje alimenta as tropas de capacetes azuis da ONU e vive a bonança do petróleo Uma década atrás, Angola saía de uma guerra civil brutal que devastou o país. Hoje,porém, alimentado pela segunda maior indústria petroleira da África, o país tem se transformado em uma potência regional, com um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo do presidente José Eduardo dos Santos está ajudando na mediação das negociações pelo desarmamento na vizinha República Democrática do Congo. A ONU diz que o país, com 24 milhões de habitantes, alcançará status de renda média até 2020 graças à receita obtida com o petróleo explorado por empresas como a BP, a ConocoPhillips e a Repsol. Além disso, com o quinto maior exército da África Subsaariana, Angola já se transformou na principal força negociadora da região que vai da Guiné-Bissau até o leste do Congo, inclusive cedendo homens às missões de paz. Tanto que, no ano passado, o país aumentou 36% de seu gasto em defesa para US$ 6,5 bilhões, o maior montante do continente, segundo o Stockholm International Peace Research Institute. As Nações Unidas estimaram a renda per capita em US$ 3.750 no ano passado, mais do triplo do patamar para ser considerado um país de renda média. Mesmo assim, o país ainda enfrenta muitos desafios, como o da desigualdade. Mais de metade da população vive com menos de US$ 2 por dia. A burocracia faz com que o país seja um dos lugares mais difíceis do mundo para fazer negócios e ele é o 156˚ colocado entre 183 países no Índice de Percepções sobre Corrupção da Transparência Internacional. Colin McClelland e Manuel Soque, Bloomberg Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 21 CATALUNHA Suspensa consulta sobre independência A Corte Constitucional da Espanha suspendeu uma votação alternativa sobre a independência da Catalunha marcada para domingo. Pesquisas apontam que a maioria dos catalães são a favor de votar em um referendo. Estão marcadas manifestações no domingo a favor da independência , com muitos prometendo votar de qualquer forma, apesar da decisão da Justiça. Reuters ENTREVISTA SUZANA KAHN Presidente do Comitê Científico do Painel brasileiro sobre Mudanças Climáticas ‘ CADA UM ESPERA QUE O OUTRO AJA PRIMEIRO ’ Suzana Kahn é presidente do Comitê Científico do Painel brasileiro sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU. Ela estava presente na reunião do IPCC em Copenhague, que divulgou, no domingo, um relatório com o alerta mais contundente até hoje. O relatório diz que se as emissões de gases do efeito estufa não caírem nesta década, será difícil evitar que o planeta fique 2ºC mais quente, limite mais arriscado do aquecimento global . Formada em Engenharia Mecânica, com mestrado em Planejamento Ambiental e Energético e doutorado em Engenharia Industrial, Kahn é também professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Divulgação estaríamos agora com relação às mudanças climáticas? Florência Costa [email protected] Quais foram as principais conclusões do encontro do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) ? Estamos neste momento na fase da briga A China e os EUA são os maiores emissores de gases do efeito estufa. Há sinais de que estes dois países estão finalmente agindo para diminuir essas emissões? Este encontro foi para sintetizar os três volumes anteriores: Ciência do Clima; Vulnerabilidades e Adaptação; e Mitigação dos gases do efeito estufa. Neste sentido acho que ficou muito bom pois apresentou de forma bem clara e objetiva a participação humana no aumento de concentração dos gases do efeito estufa e consequente aumento de temperatura, a importância urgente de se descarbonizar o setor energético já que o mesmo é o principal responsável pelo aumento da temperatura global, e da necessidade de se implementar medidas de adaptação uma vez que os impactos da mudança climática já estão ocorrendo. De certa forma sim, mas por motivos diferentes. A China precisa se tornar mais limpa por conta do problema de poluição local que já enfrenta. Suas grandes cidades já tem péssima qualidade do ar. Além disto, investindo em tecnologias limpas, se abre todo um novo mercado para venda das suas tecnologias. Já os Estados Unidos, por questão se segurança energética, diversifica suas fontes de energia, o que faz com que também invistam em renováveis. Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, abriu a reunião do Painel citando o líder pacifista Mahatma Gandhi:"Primeiro te ignoram, depois riem de você, depois brigam e então você vence". Em que fase Reunião dos ministros das finanças e presidentes dos BCs será nos dias 15 e 16 em Brisbane, Austrália Redação [email protected] Apesar da divulgação, no último final de semana, do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, advertindo para os danos do aquecimento global, o assunto poderá ficar à margem do próximo encontro do G-20, em Brisbane, na Austrália, nos próximos dias 15 e 16, advertem vários especialistas. Segundo Peter Hannam, editor de Meio Ambiente do jornal australiano “The Sydney Herald”, o plano sobre eficiência energética omitirá uma menção sobre o aquecimento global como motivação para cortar o uso de energia, segundo um rascunho do documento ao qual o jornalista teve acesso. O governo do primeiro-ministro australiano Tony Abbott tem enfatizado o papel econômico do G-20. O Secretário de Tesouro do país, Joe Hockey, já afirmou que a questão da mudança climática não havia sido levantada nos dois encontros anteriores. O G-20 é o grupo formado pelos ministros das finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Mas há tempo ainda para o governo australiano modificar a agenda do encontro, observou Dermot O’Gorman, diretor da ONG WWF na Austrália, em entrevista ao “The Sydney Herald”: “Nós aplaudimos o foco na eficiência energética durante o encontro, mas a mudança climática ainda não é um item sozinho da agenda do G-20 e precisa ser”, disse O’Gorman. Nicholas Stern, presidente do Instituto de Pesquisas Grantham sobre Mudanças Climáticas no Reino Unido e ex-economistachefe do Banco Mundial, conclamou o primeiro-ministro Tonny Abbott a não se “esquivar” da questão da mudança climática no encontro, ou evitar que o tema seja discutido devido a pressões da “política local” e à “falta de coragem” para confrontar a evidência científica. O economista fez os comentários para o jornal britânico “The Guardian”. Segundo ele, a ação para conter o aquecimento global por parte dos políticos é hoje “urgente”, já que a realidade da mudança climátia é “inegável”. Divulgação O Brasil tem feito seu dever de casa no combate às mudanças climáticas? Emissões globais aumentam a cada dia e deverão continuar aumentando. Na sua opinião, as pessoas já chegaram a um ponto de conscientização que as levem a abaixar o seu nível de vida para reduzir as emissões de carbono? Acho que a conscientização já ocorreu, mas ainda falta passar para ação. A questão é que a ação tem que ser coletiva, já que é um problema global, o que faz com que cada um (indivíduo ou nação) espere que o outro aja primeiro. Especialistas temem que G-20 evite o aquecimento global “ O relatório do IPCC apresentou de forma bem clara a urgência de se descarbonizar o setor energético, já que o mesmo é o principal responsável pelo aumento da temperatura global” No que se refere as emissões de desmatamento, sim. Essa era nossa principal fonte de emissão de carbono. Mas no setor energético, no qual tínhamos uma posição privilegiada (com uma percentagem elevadíssima de energias renováveis, como hidrelétrica e etanol), estamos caminhando para trás. Especialistas cobram debate sobre aquecimento global no G-20 Por duas décadas, as Nações Unidas tem lutado para convencer os governos de que devem agir para reduzir as emissões de gás do efeito estufa. Quais são as chances de se ter algum resultado positivo na reunião de Paris, no ano que vem? No meu ponto de vista, nenhuma chance. Edital de Citação - Prazo de 20 Dias. Processo nº 0030367-46.2010.8.26.0005. O Doutor Cesar Luiz de Almeida, MM. Juiz(a) de Direito da 2ª Vara Cível, do Foro Foro Regional V - São Miguel Paulista, da Comarca de de SÃO PAULO, do Estado de São Paulo, na forma da Lei, etc. FAZ SABER a Lucas Gomes Coelho, CPF 280.552.968-55 e a Mario Pereira dos Santos Filho, CPF 023.312.91896, Brasileiro, que lhe foi proposta uma ação de Procedimento Ordinário por parte de Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais, alegando em síntese que em 03/10/2007 ocorreu acidente de trânsito na Avenida Bosque da Saúde, na altura da Rua Samambaia, ocasião em que o veículo marca Chevrolet, modelo Corsa Sedan Maxx 1.8 MPFI Flespower, ano-modelo 2006/2007, placa DJF 7535 foi abalroado pelo veículo marca Fiat, modelo Palio Fire, placa DFV 8905, de propriedade do requerido Lucas, sendo conduzido pelo requerido Mario, de forma imprudente e negligente, em desobediência às regras de trânsito; cumprindo o contrato de seguro, a autora pagou a importância de R$ 5.505,11 e ao segurado R$ 1.050,00 a título de lucros cessantes, perfazendo a soma de R$ 6.555,11, requerendo assim a condenação dos requeridos ao pagamento do referido valor, corrigido monetariamente desde a data do desembolso e acrescido de juros desde a data do evento. Encontrando-se o réu em lugar incerto e não sabido, foi determinada a sua CITAÇÃO, por EDITAL, para os atos e termos da ação proposta e para que, no prazo de 15 dias, que fluirá após o decurso do prazo do presente edital, apresente resposta. Não sendo contestada a ação, presumir-se-ão aceitos, pelos rés, como verdadeiros, os fatos articulados pela autora. Será o presente edital, por extrato, afixado e publicado na forma da lei. 22 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 OPINIÃO Editoria de Arte A importância do diálogo Saturnino Braga [email protected] oi feliz a Presidente reeleita no seu primeiro pronunciamento: o apelo à união, que não é a unidade de pensamento, mas a disposição ao diálogo. O diálogo pressupõe o respeito ao outro, ao que tem ideias e interesses diferentes, isto é, a condição de igualdade no direito a ser escutado com disposição de acatamento devida à equivalência na cidadania. Somos todos brasileiros e temos que nos considerar concidadãos com ideias e interesses e projetos diferentes que foram postos em confronto na eleição presidencial. Tendo sido escassa a maioria que escolheu um dos projetos, é especialmente importante que serenem as paixões da disputa, que foram excepcionalmente violentas, e se instaure o clima de diálogo entre brasileiros. Um dos projetos propõe um modelo de desenvolvimento em que o Estado tem uma presença forte e que prioriza o objetivo da redução das desigualdades, com políticas públicas voltadas para este fim; enquanto o outro prioriza a eficiência econômica e afirma que o Estado não deve interferir muito, que o mercado é o instrumento mais eficiente, e que as desigualdades se vão resolvendo no processo de desenvolvimento, embora admita algumas iniciativas de cunho igualitário. Esta diferença entre os dois projetos foi entendida e considerada pela população e se refletiu claramente no mapa das votações, com clara predominância de votos nas regiões mais pobres do país para o primeiro projeto, e preferência igualmente clara para o segundo projeto nas regiões mais ricas. Houve quem acusasse os proponentes do primeiro projeto de um propósito de dividir o Brasil entre pobres e ricos. O que é absolutamente injusto: nosso país já é, desde muito, profundamente desigual e dividido entre pobres e ricos, e o primeiro projeto apenas quer mostrar que é possível corrigir essa distorção. Outra diferença importante entre os dois projetos está na política internacional. Enquanto o primeiro prioriza novas alianças para o Brasil, com primazia para os vizinhos irmãos da América do Sul, onde a nossa liderança é manifesta, e com novas aberturas para os países emergentes dos Brics, onde somos tratados com efetiva igualdade; o segundo projeto insiste no pragmatismo das alianças tradicionais com os países ricos, de economias mais poderosas, mesmo que nessas alianças sejamos tratados com certa inferioridade e que esses países ricos, no momento, estejam mer- F Um dos projetos propõe um modelo de desenvolvimento em que o Estado tem uma presença forte e que prioriza o objetivo da redução das desigualdades gulhados numa crise que já dura muito. Esta importante diferença entre os dois projetos não foi suficientemente tratada nem considerada no confronto eleitoral de domingo último. É fundamental que seja discutida com atenção no diálogo brasileiro proposto pela Presidente Dilma. Outros pontos merecem destaque neste debate político de cidadania: a questão da reforma política, capaz não só de reduzir a influência do poder econômico nas campanhas, como de evitar a prática da distribuição de cargos públicos para a formação de coalizões de governabilidade. E a reforma do Estado, promovendo a despolitização do segundo e do terceiro escalões da Administração, com a valorização de gestores capacitados, profissionais das próprias instituições públicas, cumpridores da orientação política do escalão superior. O combate sistemático à corrupção, evidentemente, deve ser prioritário também, não só na continuidade e na intensificação do empenho que vem sendo desenvolvido pelas polícias e pelo Ministério Público, que nos últimos anos desbarataram numerosas quadrilhas de corruptos no setor público, como, ainda, no enfrentamento dos entes corruptores, igualmente responsáveis, mas pouco atingidos pelas denúncias e pela ação policial e judiciária. Enfim, um período novo se inaugura e a intensidade e a gravidade das emoções do embate eleitoral exige que a proposta da presidenta reeleita seja levada a sério: o diálogo construtivo da cidadania brasileira. Saturnino Braga é ex-senador e presidente do Centro Celso Furtado Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 23 SIMONE LOPES CLAUDIO NASAJON Executiva de vendas da Compuware APM Sócio-fundador da Nasajon Sistemas e da desenvolvedora de negócios Startup Legacy Seu e-commerce está pronto para a Black Friday? Startups regionais são alvos para investimento global Ano a ano, a Black Friday tem se popularizado no varejo do Brasil. Tanto que redes varejistas e consumidores já se preparam para a chegada da data, a fim de fazerem “bons negócios”. De olho nos resultados movimentados em 2013, de R$ 424 milhões, que representaram aumento de 95% em relação a 2012, os varejistas se preparam para a grande demanda que vem por aí este mês. O otimismo está baseado no aumento de pedidos, que chegaram a 969 mil, 79% a mais que o ano anterior. Israel, com apenas sete milhões de habitantes, é o terceiro país do mundo com empresas na bolsa de Nova Iorque. O que fez um país tão pequeno ter o empreendedorismo tão desenvolvido, enquanto no Brasil, com quase 200 milhões de pessoas, ainda estamos engatinhando? Uma explicação é que o Brasil, por ser tão grande, não exige a internacionalização das startups. A questão é que globalizá-las significa relativamente pouco esforço e pode multiplicar várias vezes o potencial de crescimento. Eis aí uma oportunidade para investidores. Apesar dos números animadores, a Black Friday ainda tem alguns desafios a serem enfrentados, principalmente quando a questão é a tecnologia. Considerando que o e-commerce das redes varejistas, nesse dia, podem receber um volume de acessos até dez vezes maior do que os períodos de pico ao longo do ano, muitos usuários têm grandes dificuldades de navegar pelos sites, seja por indisponibilidade, lentidão ou mesmo por falhas. Pesquisa desenvolvida pela Opinion Box apontou que 58% dos consumidores entrevistados tiveram algum problema de acesso aos sites, em 2013. Há poucos dias almocei com Jon Medved, criador da plataforma de investimentos colaborativos OurCrowd e considerado pelo Washington Post como “um dos líderes do investimento empreendedor em alta tecnologia”. Ele me falava de como Israel criou um ecossistema empreendedor voltado para o mercado internacional que atrai empreendedores e investidores de todo o planeta num frenesi só comparável ao do Vale do Silício. Enquanto isso, no Brasil, a quantidade de projetos de gente que quer empreender “na esquina” é alarmante. O brasileiro parece ter dificuldade em pensar no global e se restringe, desnecessariamente, a menos de 10% do seu potencial, já na largada. Instituições de pesquisa internacionais apontam que a indisponibilidade dos sites, em níveis mundiais, resulta em perdas de US$ 8 mil por minuto Essa indisponibilidade, além de gerar uma experiência negativa dos usuários, reduz as possibilidades de negócios da empresa e ainda prejudica a marca, uma vez que os clientes relatam sua insatisfação, seja no boca a boca, nas redes sociais ou até mesmo em sites de reclamação que funcionam como canal do consumidor. Instituições de pesquisa internacionais apontam que a indisponibilidade dos sites, em níveis mundiais, resulta em perdas de US$ 8 mil perdidos por minuto (Ponemon Institute), que 72% vão para a concorrência nessas ocasiões (Coleman Parkes Research) e que 58% desses usuários não voltariam a comprar no site por conta de uma má experiência (1&1 In- ternet Inc.). No Brasil, entre as queixas registradas pelo site Reclame Aqui, 79,83% eram referentes aos sites fora do ar. O fato é que, com a complexidade das tecnologias integradas a um website, torna-se complicado para o time de TI das empresas identificar a origem das falhas geradas pelo alto volume de acesso. Isso porque o problema, que reflete no usuário, pode vir de uma lista enorme de soluções integradas ao e-commerce. Para prevenir essas falhas ou geri-las da forma mais eficaz, evitando perdas por indisponibilidade, o e-commerce precisa ser constantemente monitorado. Um novo conceito de tecnologia, baseado no gerenciamento do desempenho das aplicações, visualiza a experiência do usuário em tempo real e chega a origem das falhas, para que a empresa tome decisões mais assertivas para a disponibilidade do site. O principal diferencial das tecnologias de monitoramento é que elas podem contribuir de forma preventiva ao avaliar o número de acessos simultâneos que o e-commerce suporta. Essa análise permite que a empresa faça uma intervenção e eleve a performance do site antes da tão esperada Black Friday ou ainda que atue com mais agilidade ao identificar incidentes e falhas durante a navegação dos clientes, em tempo de saná-los sem impactar os negócios. Se sua empresa vai participar da Black Friday 2014, tenha em mente a oferta de produtos e preços atrativos ao consumidor, mas pense também que é essencial oferecer a ele a melhor experiência de compra. Por isso, prepare-se para o evento, monitore a performance do seu e-commerce e otimize suas oportunidades de negócios. Outra consequência interessante da abordagem global, em oposição à regional, é que se ganha acesso a um número maior de canais de capitalização Um post num blog ou nas mídias sociais, que seja publicado em português, por exemplo, atingirá, no máximo, um público de aproximadamente 120 milhões de pessoas (número de internautas que falam português), enquanto que a mesma notícia em inglês poderia impactar mais de 900 milhões de internautas. Em outras palavras, se o empreendedor ajustar a mente para pensar em “mundo” em vez de “Brasil” e, ao fazer um website ou app, incluir, no mínimo, a tradução para o inglês, pode, com pouco esforço, multiplicar as chances de visitação por um fator de dois dígitos. Outra consequência interessante da abordagem global, em oposição à regional, é que se ganha acesso a um número maior de canais de capitalização e em condições mais convenientes. Para dar um exemplo, os 12 sites de financiamento coletivo (crowdfunding) funcionando no Brasil atraíram em conjunto pouco mais de R$ 600 mil em investimentos, valor pequeno quando comparado aos R$ 110 milhões (duzentas vezes mais) arrecadados por um único site nos EUA. Existe oportunidade para que investidores possam ajudar empreendedores brasileiros a se lançar na “vitrine” internacional e capitalizar essas diferenças de potencial. Com aportes relativamente pequenos, pode-se negociar com empreendedores “locais” e oferecer apoio para tradução e localização do negócio para “exportação” do empreendimento, mesmo que a sede e a infraestrutura fiquem aqui. Blogs de alto tráfego, sistemas na web (vendidos na forma de “software como serviço”) e até cursos online, podem ter seu impacto multiplicado com pequenas intervenções que facilitem seu uso por clientes fora do país. O mesmo processo ocorre de fora para dentro. Há milhares de empreendimentos, principalmente na América Latina, que desejam ingressar no Brasil, mas veem o país como um “monstro gigantesco” com barreiras quase intransponíveis de idioma, cultura e regulamentação. Um parceiro local, que deseje servir de “ponta de lança” para ajudar esses empreendimentos a se lançar no Brasil, pode aproveitar boas oportunidades para conseguir participação em negócios que já se mostraram bem-sucedidos lá fora, com relativamente pouco aporte de recursos. Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Diretor Presidente José Mascarenhas BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Publisher Ramiro Alves Chefe de Redação Octávio Costa Editora-Chefe Sonia Soares Diretor de arte André Hippertt Editor de arte Carlos Mancuso Redação (RJ) Rua dos Inválidos, 198, Centro, CEP 20231-048, Rio de Janeiro Tels.: (21) 2222-8000 e 2222-8200 Redação (SP) Rua Guararapes, 2064, Térreo, Brooklin Novo, CEP 04561-004, São Paulo Redação (DF) SHS Quadra 6 Conjunto A, Complexo Brasil 21, Bloco C, Salas 520 a 523, CEP 70316-109, Brasília. 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Rua dos Inválidos, 198, Centro - CEP: 20231-048, Rio de Janeiro (RJ) - Tels.: (21) 2222-8000 e 2222-8200 www.brasileconomico.com.br PONTO FINAL OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação [email protected] Talvez falte à presidente Dilma Rousseff capacidade de sedução. Se é para se inspirar em Vargas, que seja em seu lado afável Que Dilma gosta muito de ler não é novidade. E a biografia de Vargas por Lira Neto já se tornou obra de referência, ganhando o merecido destaque graças ao apuro do autor. Mas daí a afirmar que a presidente usará a experiência do líder trabalhista vai gran- em 1935 após a tentativa de golpe comunista liderada por Luiz Carlos Prestes, levou choques elétricos e teve as unhas arrancadas a alicate. Preso debaixo de uma escada, enlouqueceu nas dependências do Dops, na Rua da Relação. Prestes ficou um ano inco- AROEIRA de distância. Antes de mais nada, vale lembrar que existem dois Getúlios. O primeiro comandou uma ditadura cruenta nos anos 30. Com a polícia chefiada por Filinto Müller, os inimigos do regime eram tratados a ferro e fogo. O americano Harry Berger, preso co carismático que deixou a vida para entrar para a história. São, portanto, dois personagens antagônicos. O que é reconhecido pelo próprio Lira Neto, autor da biografia elogiada por Dilma. Em entrevista, ele resumiu o perfil de Getúlio: “Era um homem ambíguo, contraditório, permeado de ambivalências. Tinha a capacidade de seduzir e, por vezes, cooptar adversários. Era um hábil negociador, um político astuto, que sabia usar da afabilidade para desconcertar e desarmar o interlocutor mais ríspido. Ao mesmo tempo, quando exerceu o poder na condição de ditador, agiu com mão de ferro para silenciar a oposição e as vozes dissonantes”. Dilma Rousseff, ao que se sabe, não tem nada de ambígua e é defensora intransigente das liberdades democráticas. Talvez lhe falte capacidade de sedução. Se é para se inspirar na figura de Getúlio, que seja em seu lado afável. Para desarmar os adversários. SOBE E DESCE Murillo Constantino A o desembarcar em Brasília depois dos quatro dias de descanso na Base Naval de Aratu, a presidente Dilma Rousseff levava debaixo do braço o terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas, de autoria do jornalista Lira Neto. O livro cobre o período 1945/1954, “da consagração popular ao suicídio”. Diante da imagem publicada nos jornais, alguns observadores da cena política concluíram que Dilma quis mandar um recado: em seu segundo mandato, vai buscar inspiração na vida do caudilho gaúcho. Eles se baseiam também nos comentários que a presidente fez ao ler em março o primeiro volume, “Getúlio – 1882-1930 – Dos anos de formação à conquista do poder”. Ela teria elogiado o livro em conversa com o senador Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves e primo em segundo grau de Vargas. municável numa solitária. Foi salvo pelo advogado católico Sobral Pinto, que pediu que a ditadura respeitasse ao menos o Código de Defesa dos Animais. Este Getúlio, que chegou a simpatizar com Hitler e com a ocupação da Europa pelo III Reich, ficou no passado. Graças aos herdeiros do trabalhismo, como João Goulart e Leonel Brizola, fala-se muito mais sobre o avô bonachão que foi procurado em sua fazenda de São Borja em 1950 para voltar ao poder nos braços do povo. Hoje, reverencia-se apenas o Vargas nacionalista que criou a Petrobras e o BNDES, ampliou os direitos dos trabalhadores e reforçou o poder dos sindicatos. Também é dada ênfase especial ao homem que enfrentou as elites que se abrigavam sob a legenda da conservadora União Democrática Nacional (UDN). Apresenta-se Getúlio como o pai dos pobres que foi levado ao suicídio porque enfrentou os inimigos das causas populares. Enfim, o políti- ■ Em rara demonstração de desapego ao poder, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, recusou o convite da presidenta Dilma Rousseff para substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Divulgação AS DUAS FACES DE GETÚLIO ■ O prefeito de Taubaté, José Bernardo Ortiz Jr. (PSDB), teve seu mandato cassado pelo TRE -SP por abuso de poder político e econômico. Ele está com os bens bloqueados e vai recorrer ao TSE. PROJETOS DE MARKETING Quarta-feira, 05 de novembro, 2014 Brasil Econômico Arte Fani Loss ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA $ Aposentadoria na medida certa A carteira de investimentos da previdência privada acumulava, em agosto, R$ 406,8 bilhões, 14,58% a mais do que em igual período do ano passado. Setor traça novas estratégias para retomar a taxa média de crescimento de 26% ao ano 2 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 $ PROJETOS DE MARKETING ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA Investimentos crescem 5,68% e chegam a R$ 49,5 bi até agosto Carteira da previdência privada alcançou R$ 406,8 bilhões, 14,58% a mais do que em igual período do ano passado Iolanda Nascimento Mercado ainda não alcança 10% do PIB [email protected] A previdência privada aberta brasileira iniciou o segundo semestre mais otimista, esperando alcançar atéofinaldoanoaaltade10%projetada para 2014 em novas receitas. Depois de passar por um dos piores, ou o pior, momentos de sua história em 2013, quando reverteu o crescimento anual acima de 20% dos seus principais indicadores verificados na última década, o setor está retomando o curso. No acumulado do ano até agosto, o volume de investimento em previdência cresceu 5,68%,paraR$49,5bilhões,eacaptaçãolíquida (diferença entre os resgates e os aportes) 11,82%, para R$ 22,4 bilhões, comparativamente a igual fase do ano anterior. O volume de novos recursos aplicados pelos participantes do sistema cresceu 41,10% e somou R$ 6,2 bilhões em agosto deste ano em comparação com o mesmo mês de 2013, quando foram investidos R$ 4,4 bilhões. Os valores dos primeiros oito meses foram fortemente impulsionados pelo desempenho do setor em julho, que teve captação de R$ 2,2 bi No encerramento de agosto, a carteira de investimentos acumulava R$ 406,8 bilhões, 14,58% a mais do que em igual período do ano passado, conforme dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). O crescimento, no entanto, ainda não está nada próximo da média anual de 26% que vinha registrando até 2012 - em 1993, o saldo era de R$ 3 bilhões. Expansão que foi resultado da estabilidade econômica e da melhoria na renda e no nível de emprego do brasileiro, que trouxeram novos participantes para esse mercado na última década, observam os especialistas, mas que, em 2013, esbarrou no retorno da trajetória de alta da taxa Selic, que influenciou os juros de longo prazo que recaem sobre essas carteiras de investimento, afugentando os investidores, como explica Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi. Os valores dos primeiros sete meses do ano foram fortemente impulsionados pelo desempenho do setor do mês julho. “Foi o mês da reação contra o pior mês em 50 anos”, diz o presidente da Bradesco Vida e Previdência, uma das líderes do setor, e vice-presidente da FenaPrevi, Lúcio Flávio de Oliveira, lembrando que em igual mês de 2013 a captação líquida ficou negativa em Fotos Divulgação Oliveira: o mercado aquece mais no segundo semestre Nascimento:sóem2016ritmo decrescimentoseráretomado R$ 396 milhões. Em julho deste ano, ela ficou positiva em R$ 2,2 bilhões, fruto de um salto de 50,41% no volume de novos recursos aplicados, de R$ 5,8 bilhões. “Ainda estamos muito abaixo da expansão estimada para 2014, mas historicamente o segundo semestre é sempre melhor e 2013 foi muito ruim”, afirma Nascimento. Para o executivo, o setor só deverá retomar o ritmo de crescimento médio anteriorem 2016. Conforme o presidente da Bradesco, o mercado é sempre mais aquecido na segunda metade do ano por causa da proximidade do fim do exercício fiscal, já que os produtos de previdência que mais têm se destacado,e impulsionado o setor, são aqueles que oferecem vantagens tributárias, como o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e Plano de Gerador de Benefícios Livre (PGBL),permitindo abatimento no Imposto de Renda. De acordo com Adriana Hennig, coordenadora de seguros de vida e previdência da Superintendência de Seguros Privado (Susep), as contribuições para a previdência privada cresceram 4,8% no primeiro semestre de 2014, para R$ 5,4 bilhões. O valor não inclui os aportes em planos VGBL, que são considerados pela Susep como produtos de seguros, uma vez que embutem cobertura de sobrevivência. “As receitas de seguros de pessoas com cobertura de sobrevivência, segmento no qual se insere o VGBL, somaram R$ 32,9 bilhões no mesmo período, com redução de 3,9%”, diz Adriana. O presidente da FenaPrevi considera difícil prever, no momento, qual será o desempenho da previdência privada aberta no próximo ano diante da conjuntura atual 2014 está sendo marcado pelo baixo crescimento da economia e inflação em curva ascendente, que diminuem o poder de poupança da população, o que afeta em cheio o setor. “Mesmo com esse cenário, estamos vendo que o mercado gradualmente vem se recuperando porque os juros de longo prazo estão se estabilizando. Mas não conseguimos ainda saber quais serão as correções que serão feitas para melhorar esse cenário macroeconômico para o ano que vem. E correções podem ser dolorosas. Podem afetar o poder de poupança do cidadão e, em consequência, o setor”, diz Nascimento. Mas o mercado de previdência complementar aberta ainda tem grande potencial no Brasil, onde não alcança nem 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Quando somados os aportes em fundos de pensão, a chamada previdência complementar fechada, o volume cresce e se aproxima de R$ 1 trilhão, mas segundo Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi, o país tem potencial para ter o dobro desse montante. “Em países onde esse mercado é mais desenvolvido, os recursos aplicados em previdência privada chegam a representar entre 40% e 60% do PIB”, diz. A baixa renda da população brasileira combinada com a falta de cultura de poupança de longo prazo e as contribuições obrigatórias dos trabalhadores assalariados para a previdência pública são alguns dos fatores que explicam o mercado mais enxuto. “A maior parte dos brasileiros tem plano de curtíssimo prazo. Não faz planejamento de longo prazo e previdência é de longo prazo”, explica o economista Carlos Honorato, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), observando também que o teto da previdência pública brasileira é considerado alto quando comparado a outros países e à renda média da população. No entanto, o futuro da previdência pública é sempre um grande ponto de interrogação, já que o país tem arrecadado cada vez menos para fazer frente aos benefícios pagos, enquanto, paralelamente, a expectativa de vida do brasileiro aumenta, as famílias têm menos filhos e os jovens demoram mais para ingressar no mercado de trabalho. Somente neste ano, o déficit na previdência social poderá chegar na casa dos R$ 50 bilhões — no primeiro semestre, o rombo se aproximou de R$ 23,5 bilhões. “A previdência é um problema crônico que ninguém quer aceitar e discutir de verdade. Aumenta a longevidade, o que é positivo, mas o tempo de contribuição continua o mesmo. Essa conta não fecha”, diz Honorato. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 3 4 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 $ Iolanda Nascimento [email protected] O mercado brasileiro de previdência privada aberta espera que finalmente saia do papel no próximo ano o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) Saúde. O produto vem sendo desenhado há cerca de cinco anos e poderá duplicar o número de participantes nesse mercado, além de aproximá-lo de seu potencial de R$ 2 trilhões, ante o R$ 1 trilhão atual, quando somado com a previdência fechada. Conforme Osvaldo Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), o projeto teve avanços significativos este ano, umavezqueaSuperintendência Nacional de Seguros Privados (Susep) abriu consulta pública, encerrada em15desetembro,paraqueasseguradoras pudessem opinar sobre as regras do plano. Também tramita no Congresso um projeto de lei que regulamentaoplano,prevendoisençãodeImpostodeRenda,seuprincipalatrativo,seosrecursosacumulados forem gastos com saúde. As principais seguradoras brasileiras esperam apenas ostrâmites finais para lançar seus produtos. Mas enquanto isso não acontece, elas afiam as estratégias para manter e continuar expandindo suas carteiras nesse momento desafiador para o mercado. Entre as principais ações, as empresas estão investindo em lançamentos e remodelação de produtos; taxas diferenciadas; exploração de novos nichosde mercado e avançosobre outros hoje ainda pouco desenvolvidos; e expansãogeográficadaatuação.Masespecialmente investem em pesquisas de mercado, para conhecer melhor o investidor, e programas de educação financeira e previdenciária para que os clientes tenham consciência de que é um produto de longo prazo, pouco afetado pelas volatilidades do curto prazo, e que os seus principais benefícios, como os fiscais,perdemosefeitoscom osresgates antecipados, que por sua vez atrapalham a vida dos gestores. “Investimos muito em educação, principalmente do público maisjovem”, diz Miguel Cícero Terra Lima,presidente da BrasilprevSeguros e Previdência, que já contabiliza mais de 1 mil palestras e 50 mil participantes em seu projeto. Em PROJETOS DE MARKETING ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA Mercado está pronto para o VGBL Saúde Desenhado há cerca de cinco anos, o produto poderá duplicar o número de participantes, somando R$ 2 trilhões. As seguradoras já foram convidadas para opinar sobre as regras Fotos Divulgação parceria com FundaçãoGetulioVargas (FGV), a Icatu Seguros oferece há cerca de um ano cursos online gratuitos de organização financeira e já contabiliza mais de 480 mil inscritos, segundo Sérgio Prates, superintendente de produtos de previdência da companhia. Investem ainda no treinamento de distribuidores, para que ofereçam os produtos certos de acordo com o perfil e a necessidade do comprador. “É a qualificação na oferta do produto que vai consolidá-lo como previdência de longo prazo. Por isso, investimos muito em treinamento de pessoal para que a oferta tenha qualidade”, afirma o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira. Prates, da Icatu, diz que a seguradora tem investido bastante também em distribuição, ampliando a rede. “Nós últimos três anos, investimos muito na abertura de escritórios e hoje estamos praticamente em todas as capitais.” Na área de produtos, as empresas têm concentrado foco na oferta de produtos específicos de acordo com o perfil de clientes, explorando suas necessidades de poupança de longo prazo, seja para aposentadoria ou a realização de algum projeto. Nesse contexto, os planos direcionados para os filhos vão conquistando mercado. Dados da FenaPrevi mostram que entre janeiro e julho deste ano os investimentos nessa modalidade cresceram 10,82%, ante o mesmo período de 2013, para R$ 1,1 bilhão. ESTRATÉGIAS ■ Em parceria com Fundação Getulio Vargas (FGV), a Icatu Seguros oferece há cerca de um ano cursos on-line gratuitos de organização financeira e já contabiliza mais de 480 mil inscritos. ■ A Mongeral tem crescido ao apostar em nichos, como produtos de previdência direcionados para o funcionalismo público e cooperativas, além do público de alta renda, na área individual. ■ A Brasilprev Seguros e Previdência investe em educação, principalmente do público mais jovem e ja contabiliza mais de 1 mil palestras e 50 mil participantes em seu projeto. Prates: "Abrimos escritórios e estamos quase em todas as capitais" As seguradoras também estão concentrandomaisesforçosnosplanos empresariais, especialmente os voltados para as pequenas e médias companhias, segmento ainda pouco desenvolvido no Brasil. “Estamos desenhando novo produto para esse nicho, que deve chegar ao mercado em janeiro. Em agosto do ano passado, remodelamos um que estava na prateleira e com as alterações conseguimos arrecadar neste último ano tudo oque ele havia vendido em suas histórias”, conta Terra Lima,sobreopotencialdessemercado, que pode também ser verificado na pesquisa da FenaPrevi. No acumulado do ano até julho, os aportes nos planos empresariais cresceram 23,12%, para R$ 4,7 bilhões e tendem a crescer mais ainda. Andrea Levy, assessor da presidência e especialista em longevidade da Mongeral Aegon, diz que o mercado de previdência privada brasileira é muito novo e, por isso, ainda em evolução, com vários nichos a ser explorados. O que a companhia vem fazendo com sucesso. A Mongeral tem crescido ao apostar em nichos, comoprodutos de previdência direcionados para o funcionalismo público e cooperativas, além do público de alta renda, na área individual. “O cooperativismo cresce entre 20% e 30% ao ano no Brasil, enquanto em outros países já está instalado. É uma área de muita oportunidade”, diz Levy, afirmando que a empresa atua nesse segmento há apenas cerca de 3 anos e ele já responde por algo entre 5 e 10% do faturamento. Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 5 Resultados na ponta do lápis A estratégias das empresas para driblar as dificuldades que o mercado de previdência vem enfrentando desde 2013 estão dando resultados e, para algumas, os avanços tem sido bastantes superiores aos próprio setor. Líder com 31,34%, ou cerca de R$ 130 bilhões, do total da carteira de investimento, a Bradesco estima crescimento entre 10 e 12% nas receitas este ano e de ao menos 10%, em 2015, mesmo percentual que espera de alta para o mercado como um todo. “São percentuais importantes, se considerarmos os atuais aspectos macroeconômicos e como os produtos de investimento de longo prazo são afetados por eles”, afirma o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira. Já na Brasilprev Seguros e Previdência, segunda no ranking, com uma fatia de 24,47% da carteira de investimento, tem expectativas ainda mais otimistas. “Sempre crescemos acima do mercado e neste ano não está sendo diferente. Esta- mos dentro do guidance de 33% de aumento na arrecadação previsto para 2014”, diz Miguel Cícero Terra Lima, presidente da instituição. No primeiro semestre deste ano, a Brasilprev obteve lucro 27,1% superior em relação ao mesmo período de 2013, alcançando R$ 339,9 milhões, enquanto os ativos sob gestão cresceram 29,5%, totalizando R$ 98,1 bilhões, e a arrecadação subiu 21%, somando R$ 14,5 bilhões. Andrea Levy, assessor da presidência e especialista em longevidade da Mongeral Aegon, diz que em 2013 a companhia registrou aumento de 22% nas vendas, que totalizaram R$ 625 milhões, e espera alta em torno de 20% este ano, o mesmo percentual previsto para 2015. “No primeiro semestre já crescemos 19%, faturando R$ 360 milhões”, diz o executivo. O grupo Icatu Seguros alcançou captação líquida de R$ 420,1 milhões no primeiro semestre do ano, em linha com a meta de crescimento de 20% até o final do ano. I.N. Planos individuais no topo Lima: "Estamos no guidance de 33% de aumento na arrecadação" Segundo dados da FenaPrevi, os planos individuais de previdência complementar aberta foram os que mais receberam aportes dos poupadores em agosto. Os investidores fizeram R$ 5,5 bilhões em novas aplicações, volume 43,47% superior ao valor registrado no mesmo mês do ano anterior. Os recursos alocados nos planos para menores também avançaram. Foram R$ 149,1 milhões, alta de 10,92% frente aos R$ 134,4 milhões registrados em agosto do ano passado. Os planos empresariais também registram crescimento de aportes. A modalidade recebeu R$ 580,9 milhões em novos depósitos, volume 30,01% superior aos R$ 446,8 milhões do mesmo mês em 2013. Os investidores de planos individuais fizeram R$ 43 bilhões em novas aplicações, registrando uma leve alta de 3,62% na comparação com os R$ 41,5 bilhões entre janeiro e agosto de 2013. O economista Carlos Honorato, professor da Agora é a hora. Faça um Plano de Previdência PGBL Bradesco até 30/12/2014 e deduza até 12%* do IR de 2015. Fundação Instituto de Administração (FIA), aconselha muita atenção ao investidor na escolha do plano e do regime, além de bastante pesquisa. “Muitos entram nesse mercado sem conhecê-lo direito e podem perder dinheiro. É preciso, antes, ter 100% de certeza de que não irá precisar dos recursos antes do prazo, conhecer bem a seguradora e verificar se as taxas não vão engolir os rendimentos, e ver qual a melhor opção de plano que se encaixa dentro do perfil de renda e planejamento futuro”, explica, observando que vale também não olhar para o mercado com preconceito porque ele oferece reais vantagens tributárias, em relação a outros investimentos, desde que se tenha os pés no chão. Os dados da FenaPrevi mostram, ainda, que o sistema possuía, em agosto, 104.122 pessoas já usufruindo benefícios (aposentadorias complementares, pecúlios, por morte e por invalidez, e pensões, por morte e por invalidez) da previdência complementar aberta. 6 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 $ Dario Palhares [email protected] Não faltam opções aos poupadores que pretendem formar um péde-meia para a terceira idade. As seguradoras locais oferecem mais de 900 planos Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) em um cardápio concentrado em cinco modelos básicos de carteira: multimercado e renda fixa, indicados para os mais conservadores, e fundos com aplicações de até 15%, 30% e 49% em renda variável, voltados aos mais arrojados. No período de janeiro a setembro deste ano, segundo levantamento realizado pelas consultorias NetQuant e Towers Watson, os dois primeiros alcançaram as maiores rentabilidades médias no segmento — 7,17% e 6,92%, respectivamente —, mas os investidores devem colocar na balança, antes de se decidirem por estes ou aqueles, outro fator que pode comprometer seus ganhos futuros: a conta apresentada mensalmente pelos administradores dos recursos. “As taxas de administração são as grandes vilãs dessa modalidade de poupança”, alerta Miguel Leôncio Pereira, professor de Previdência Complementar da Faculdade Fipecafi. A boa notícia é que as performances dos fundos de previdência mais em conta bateram, com boa folga, os indicadores dos mais caros nos nove primeiros meses do ano. De acordo com a pesquisa já citada, as carteiras multimercado e de renda fixa com “pedágios” de até 1,5% sobre o patrimônio líquido proporcionaram, na média, rentabilidades de 7,60% e 7,20%. Tais índices superaram em 1,55 e 3,53 pontos os ganhos oferecidos por fundos que cobram tarifas superiores a 3%. “O ideal é que as taxas de administração não sejam superiores a 1%. Menos de 10% dos fundos previdenciários operam nesse patamar, mas vale a pena pesquisar”, destaca o acadêmico. As vantagens tributárias oferecidas pelos planos PGBL e VGBL tornam a dupla imprescindível para a formação de poupança de longo prazo. Afinal, a primeira op- PROJETOS DE MARKETING ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA Taxa de administração também deve ser avaliada O ideal é que não sejam superiores a 1%. Menos de 10% dos fundos operam nesse patamar Divulgação AS DIFERENÇAS ■ Plano PGBL permite a dedução de até 12% da renda tributável, para quem contribui com a previdência oficial e utiliza a declaração completa do Imposto de Renda (IR). ■ Plano VGBL sofre incidência do IR exclusivamente sobre os rendimentos, para aqueles que optam pela declaração simplificada, são isentos ou não realizam desembolsos para o INSS. ção permite a dedução de até 12% da renda tributável, para quem contribui com a previdência oficial e utiliza a declaração completa do Imposto de Renda (IR), e a segunda sofre incidência do IR exclusivamente sobre os rendimentos, para aqueles que optam pela declaração simplificada, são isentos ou não realizam desembolsos para o INSS. Mesmo assim, o professor da Fipecafi acredita que outras aplicações também devem ser consideradas. É o caso das Notas Financeiras do Tesouro Nacional (NTNs) das séries B e Principal, atreladas ao IPCA. “São opções interessantes para quem não tem pressa para resgatar suas aplicações. Além de boa rentabilidade, esses títulos oferecem maior segurança, garantem o pagamento semestral de rendimentos e podem ser adquiridos por pessoas físicas diretamente do Tesouro Nacional, sem intermediários”, assinala Pereira. Leôncio Pereira: Notas Financeiras do Tesouro Nacional são boas opções para quem não tem pressa para resgatar suas aplicações ‘Nossos clientes são poupadores de longo prazo ao pé da letra’ Divulgação Muitos brasileiros encaram os planos PGBL e VGBL não como instrumentos para a formação de poupança de longo prazo, e sim como opções convencionais de investimento. Tal distorção, diga-se, é fruto da própria regulamentação desses planos, já que o resgate total de recursos pode ser efetuado, em muitos casos, apenas 60 dias após as aplicações. “Não é à toa, portanto, que as vendas sofrem do mesmo vício. A maioria das instituições não conscientiza o público sobre a importância e o verdadeiro papel da previdência complementar”, analisa Evandro Augusto Raber, diretor geral da Luterprev. Criada em 1993, a partir de caixas previdenciárias mantidas pela comunidade luterana do sul do País, a empresa é um ponto fora da curva no mercado. Ao contrário da concorrência, que atua em todas as frentes do setor financeiro, dedica-se exclusivamente a planos previdenciários individuais e coletivos. Seus ativos, que somam R$ 110 milhões, estão quase que integralmente (98%) aplicados em Notas do Tesouro Nacional (NTNs) com vencimentos até 2050. Os títulos entram em carteira e lá ficam até o resgate. Conservadora ao extremo, a estratégia é garantida pelo baixo índice de resgates mensais — inferior a 3% do volume total, ante uma média do segmento próxima a 10%, em 2014. “Nos- Raber, da Luterprev: plano rendeu 12,99% até setembro sos clientes são poupadores de longo prazo ao pé da letra”, assinala Raber, que destaca ainda a boa performance de seus produtos. “O Plano de Remuneração Garantida e Performance, o PRGP, rendeu 12,99% entre janeiro e setembro. Alcançou, dessa forma, o segundo posto no ranking elaborado pela NetQuant e a Towers Watson.” A Brasilprev, ligada ao Banco do Brasil, também vem colhendo números interessantes com fundos previdenciários de longo alcance. Seus principais destaques nessa seara são os Ciclos de Vida 2020, 2030, 2040, que proporcionaram ganhos líquidos de 8,85%, 7,75% e 7,16% até o terceiro trimestre. Como as nomen- claturas sugerem, os três são voltados para quem quer resgatar os recursos daqui a seis, 16 e 26 anos. Inspirada em modelos norte-americanos e chilenos, a proposta foi apresentada ao segmento de alta renda em 2007 e já no ano seguinte chegava ao varejo. “A composição dessas carteiras muda com o passar do tempo: a renda variável, que tem grande peso nos primeiros anos, vai progressivamente cedendo espaço para a renda fixa à medida que o ciclo se aproxima do fim”, explica o superintendente de produtos Sandro Bonfim. “Ou seja, a ideia é ousar mais, de início, em busca de maior retorno, e depois adotar uma postura conservadora.” Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 7 Fotos Divulgação Governo federal inicia, a partir deste mês, a distribuição de livros e materiais didáticos sobre matemática financeira em 3 mil escolas públicas de Nível Médio Silvia Morais: “A educação financeira tem mobilizado toda a sociedade. Total de projetos saltou de 100 para 800 em quatro anos” Conscientizar é preciso Cerca de 60% dos programas de educação financeira e previdenciária desenvolvidos hoje no País são gratuitos, e 31% destas ações têm como foco crianças e adolescentes Dario Palhares [email protected] O Brasil ainda está a descobrir a previdência complementar. Os cidadãos que contam com coberturas adicionais às oferecidas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) somam cerca de 12,5 milhões — 75% por meio de planos abertos, administrados por seguradoras, e o restante graças aos fundos de pensão. O potencial de crescimento do setor é expressivo, já que essa massa de poupadores corresponde a apenas 12,6% da população economicamente ativa (PEA) e, de quebra, há um novo público a ser abordado — a classe média emergente, surgida na esteira dos programas sociais do governo federal. A ampliação dos horizontes e da clientela é um desafio que requer, sobretudo, pedagogia e paciência, na avaliação de Osvaldo do Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida, a FenaPrevi. “O País terá de investir fortemente em educação financeira e previdenciária”, analisa. “Só que os resultados, claro, não surgem da noite para o dia. É um trabalho que demanda continuidade, pois o público só absorve aos poucos as informações oferecidas.” O caminho a ser trilhado foi definido na Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que começou a ser discutida em 2007, no âmbito do Executivo federal, e ganhou contornos em dezembro de 2010, com o Decreto Presidencial 7.397. Quatros anos depois, o programa exibe números encorajadores: as iniciativas públicas e privadas na área saltaram de 100 para 800. “O tema tem mobilizado a sociedade em geral”, constata Silvia Morais, superintendente da Associação de Educação Finan- ceira do Brasil (AEF-Brasil). “Dois dados relevantes são a gratuidade de 60% dos projetos existentes e o foco em crianças e adolescentes por parte de 31% dessas ações, visando o longo prazo.” Criada em 2012 por um quarteto de organizações privadas – Febraban, BM&FBovespa, Anbima e Confederação Nacional de Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) – a AEF-Brasil se tornou um dos pilares da ENEF. Hoje, a entidade responde pela administração do site do programa oficial (www.vidaedinheiro.gov.br) e o desenvolvimento de tecnologias sociais e educacionais que são colocadas à disposição da sociedade gratuitamente. É o caso do do Programa de Educação Financeira nas Escolas, vol- A Escolha Certa: programa da ASCPrev utiliza histórias em quadrinhos para educar Cerca de 900 mil funcionários de empresas e instituições públicas e privadas que oferecem fundos de pensão desprezam esses benefícios, segundo estimativas da Previc tado ao Ensino Médio, que desde maio deste ano está à disposição dos professores no site www.edufinanceiranaescola.gov.br. O próximo passo, a partir de novembro, será o envio de livros e material didático para 3 mil escolas públicas. “O projeto envolveu 1.500 professores e 27 mil alunos de 448 escolas, dos quais só 50% receberam lições de educação financeira. Após as aulas, uma pesquisa constatou que esses jovens apresentavam um nível de conhecimento financeiro 7% superior aos dos demais e, ainda, que suas famílias passaram a poupar 1% a mais”, destaca Silvia, que já se prepara para uma nova e grande etapa. “Em setembro, entregamos ao Ministério da Educação, para análise, livros destinados ao Ensino Fundamental. São nove volumes para professo- res e outros nove para alunos – dois para cada série do curso.” Até mesmo os fundos de pensão estão preocupados em conscientizar seu público-alvo. Não é para menos, pois cerca de 900 mil funcionários de empresas e instituições públicas e privadas que oferecem planos de complementação de aposentadoria não optam por tais benefícios, segundo estimativas da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). A cobrança de ações de educação financeira e previdenciária, por parte do órgão federal, foi o mote principal da criação, há cinco anos, da Associação Catarinense das Entidades de Previdência Complementar (ASCPrev). “No início da década, lançamos o programa ‘A Escolha Certa’, com o aval da Previc. Parte dos conteúdos é compartilhada; outra, é desenvolvida por nossas 13 associadas, de acordo com as suas necessidades”, explica a presidente Regidia Alvidia Frantz. Para não cair na “mesmice”, como assinala a executiva, a ASCPrev realiza reuniões mensais com o objetivo de definir novas iniciativas. O cardápio já aprovado nesses encontros inclui um site exclusivo do projeto (www.aescolhacerta.com.br), um perfil no Facebook, aulas, vídeos, sorteios de consultorias financeiras individuais, revistas e tiras em quadrinhos que apresentam uma família às voltas com desafios financeiros. O programa, entre outros feitos, contabiliza dois prêmios, concedidos pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) e a Associação Nacional dos Contabilistas das Entidades de Previdência (Ancep), 144 mil acessos ao seu portal, 2.650 inscritos em palestras e cursos e vários interessados na compra de conteúdos. “Nossas vídeo-aulas são muito cobiçadas”, conta Regidia. “Mas o indicador mais importante, sem dúvida, é o crescimento da população atendida pelos 13 fundos de pensão associados — de 97.923, em 2011, para 132.165, no último ano. Um salto e tanto, mas dá para ir além. Acreditamos que é possível duplicar esse número.” 8 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 $ PROJETOS DE MARKETING ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA ENTREVISTA PAULO TOLENTINO Consultor em Previdência Complementar ‘IDOSOS MAIS PRODUTIVOS JÁ SÃO UMA REALIDADE’ Divulgação Paulo Tolentino entende tudo e mais um pouco de previdência complementar. Além de participar da criação da Odeprev, do grupo Odebrecht, a qual pilotou por 17 anos, este administrador de empresas com mestrado em gestão previdenciária e securitária presidiu a Associação dos Fundos de Pensão de Empresas Privadas (APEP), entre 2005 e 2010, e marcou presença no Conselho Nacional de Previdência Complementar, o CNPC, e em seu antecessor, o CGPC. Do alto de todo esse conhecimento de causa, ele prepara o lançamento, em novembro, do livro “+ 55, Plano de Felicidade” (Solisluna Editora), com o qual pretende mostrar ao público os passos necessários para garantir um “pós-carreira” tranquilo. “'Aposentadoria' é um termo que carrega alguns preconceitos. Por conta disso, dei preferência, na obra, ao conceito de 'pós-carreira', considerando que tal momento não representa o fim, e sim a possibilidade de um novo começo”, justifica ele. O título do livro se refere aos condomínios residenciais voltados exclusivamente para idosos – ou seja, cidadãos com mais de 55 anos – existentes na Flórida. É uma realidade à qual Tolentino está habituado, pois é proprietário, já há algum tempo, de um apartamento naquele Estado norte-americano. Por lá, a turma de cabelos brancos curte o sol e as praias sem abrir mão, em muitos casos, de empregos, para complementar os rendimentos. Eles são maioria, por exemplo, em praças de pedágio e em postos de informações turísticas. “Idosos mais produtivos passam a ser uma realidade visível, inclusive no Brasil. A sociedade tem pela frente o desafio de se ajustar a esse novo padrão”, explica o autor, que concedeu entrevista exclusiva ao Brasil Econômico. Confira a seguir. Dario Palhares [email protected] Qual o momento ideal para se optar pelo “pós-carreira”? Que fatores devem ser levados em conta na tomada dessa decisão? A melhor oportunidade, do ponto de vista existencial, é o auge, o apogeu da trajetória profissional. Assim, permanecem na memória as sensações de ser aceito, admirado e respeitado. É necessário, contudo, bastante humildade e desprendimento para perceber isso no tempo adequado. Evidentemente, nestes momentos, nem todos contam com as possibilidades materiais e existenciais adequadas e suficientes para isto. É esta constatação que me leva a propor que todos se preparem, desde cedo, tanto do ponto de vista mental, como material e econômico. Neste último ponto, os planos previdenciários assumem importância fundamental. Planos de previdência complementar colaboram para manter a motivação de quem ainda está na ativa? Com certeza. A segurança econômica de possuir um renda futura estável e suficiente, independentemente de um trabalho profissional, é o mais importante. Além disso, derivando da segurança econômica, passa-se a ter domínio sobre objetos de desejos — dos mais simples, como a decisão sobre horários de acordar, alimentar-se, ler e divertir-se, aos mais sofisticados, como a escolha de uma nova cidade ou mesmo um outro país para morar, um hobby ou uma vocação alternativa. Enfim, a segurança econômica e o equilíbrio psicossocial são chaves importantes para que cada pessoa, dentro dos seus anseios íntimos, possa planejar, replanejar, percorrer, mudar de rumo quando lhe pareça melhor, no seu caminho para a felicidade. Os brasileiros, de um modo geral, têm cultura previdenciária, valorizam a formação de um pé-de-meia para a terceira idade? “ O sistema 401K, dos EUA, é muito semelhante aos nossos planos de contribuições definidas, os CDs. Sua principal vantagem é a flexibilidade oferecida aos participantes” De um modo geral, penso que sim.A Lei Eloy Chaves, marco inicial da moderna previdência brasileira, já caminha para uma centena de anos. Foi um bom começo, mas resta muito a nós na missão de educarmos pessoas e desenvolvermos práticas mais simples e amigáveis para empresas, trabalhadores e beneficiários. Permanece o desafio para as inteligências da população e, especialmente, do setor de previdência. Qual o nível de conscientização das novas gerações a respeito? Já existe umapopulação consciente, a ponto de contratar planos abertospara osfilhos,espontaneamente, desde o nascedouro, com as finalidades mais diversas: formação acadêmica, viagenscientíficas,locomoção urbana após for- matura e até mesmo núpcias. Este segmento começa a emergir como um negócio à parte. Que experiências previdenciárias existentes no exterior poderiam ser adotadas no Brasil? Destacaria o sistema 401K, dos Estados Unidos, muito semelhante aos nossos planos de contribuições definidas, os CDs. Sua principal vantagem é a flexibilidade oferecida aos participantes, que dispõem de total liberdade para a escolha do administrador e contam com variados perfis de rentabilidade e risco. Outra opção interessante, hoje praticamente indisponível no Brasil, são os chamados planos de anuidades, que garantem rendas vitalícias. Chamo a atenção, ainda, para o critério de transição da previdência pública para a privada adotado no Chile, que possibilitou o fortalecimento dos investimentos sociais e em infraestrutura no país.