FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DIVISÃO DE PESQUISA Relatório Final de Pesquisa do Projeto 612 UNIOESTE-Toledo/Fundação Araucária ANÁLISE DO IMPACTO DOS RESERVATÓRIOS DAS HIDROELÉTRICAS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MICRORREGIONAL Pesquisadores: Prof. Ms. Carlos Alberto Piacenti (coordenador) Prof. Ms. Jandir Ferrera de Lima (coordenador) Prof. Ms. Moacir Piffer (colaborador) Evandro Rogério Skowronski Lucir Reinaldo Alves Cezar Karpinski Claudemir Horn TOLEDO 2002 Prof. Ms. Carlos Alberto Piacenti Prof. Ms. Jandir Ferrera de Lima Prof. Ms. Moacir Piffer Evandro Rogério Skowronski Lucir Reinaldo Alves Cezar Karpinski Claudemir Horn ANÁLISE DO IMPACTO DOS RESERVATÓRIOS DAS HIDROELÉTRICAS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MICRORREGIONAL Relatório final do projeto de pesquisa 612 financiado com recursos da Fundação Araucária, apresentado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e à Fundação Araucária. TOLEDO 2002 ANÁLISE DO IMPACTO DOS RESERVATÓRIOS DAS HIDROELÉTRICAS NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MICRORREGIONAL TOLEDO 2002 AGRADECIMENTOS À Fundação Araucária pelo financiamento do projeto; Às Prefeituras Municipais, aos Órgãos e Autarquias Estaduais e Federais pelos dados e informações; À direção das Hidroelétricas: Itaipu Binacional e Salto Caxias (COPEL), pela disponibilidade e informações; À Equipe de Coagestão da COPEL, pela atenção prestada; Às Associações Comerciais, Orgãos de Classe, Sindicatos e Organizações de atingidos por barragens, pela disponibilidade e interesse de contribuir com este projeto; Ao Professor Dr. Fernando Cardoso Pedrão pelos comentários, críticas e sugestões; À Direção-Geral da Unioeste/Toledo, ao Colegiado do Curso de Economia/Toledo e à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Unioeste, pelo apoio e suporte dado a pesquisa; À Cláudia Carneiro Silva Piacenti pela revisão ortográfica; Ao IPARDES pelo acesso ao seu banco de dados estadual; E a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta pesquisa. ii SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ................................................................................................................... vii LISTA DE QUADROS ................................................................................................................. xii LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... xiii 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1 1.1 FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO ...................................................................................... 2 2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 4 2.1 OBJETIVOS GERAIS .............................................................................................................. 4 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 4 3 ELEMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................................... 6 3.1 ÁREA DE ESTUDO E LIMITES DA ANÁLISE ..................................................................... 6 3.2 INDICADORES DE SAÚDE ................................................................................................... 11 3.3 ASPECTOS OPERACIONAIS ................................................................................................. 12 3.3.1 Estrutura dos Questionários e da Pesquisa .............................................................................. 13 4 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O IMPACTO DOS RESERVATÓRIOS .................................................... 25 4.1 IMPACTO AMBIENTAL DE UMA USINA HIDROELÉTRICA ........................................... 26 4.1.1 Impacto Sobre os Fatores Abióticos: Água, Clima e Solo ...................................................... 29 4.1.2 Impacto Sobre os Fatores Bióticos: Fauna e Flora .................................................................. 33 4.2 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS NAS REGIÕES ATINGIDAS PELO RESERVATÓRIO DE UMA USINA HIDROELÉTRICA ...................................................... 37 5 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E ITAIPU ...................... 40 5.1 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DAS REGIÕES OESTE E SUDOESTE DO PARANÁ . 40 5.1.1 Histórico da Colonização da Região Sudoeste do Paraná ....................................................... 41 5.1.2 Histórico da Colonização da Região de Itaipu ........................................................................ 43 5.1.3 Espaço e Ocupação das Duas Regiões .................................................................................... 47 6 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA, OS PROBLEMAS E AS AÇÕES AMBIENTAIS NOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU ....................................................................................................................................... 49 6.1 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS ........................ 49 6.2 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO DE ITAIPU ....................................... 51 iii 6.3 COMPARATIVO DA CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA ENTRE AS DUAS REGIÕES 52 6.4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E PRINCIPAIS PROBLEMAS NAS REGIÕES ATINGIDAS ............................................................................................................................. 53 6.5 PRINCIPAIS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS .................................................................................................................................... 58 6.6 PRINCIPAIS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA REGIÃO DO RESERVATÓRIO DE ITAIPU ................................................................................................ 61 6.6.1 Comparativo das Ações Ambientais nas Duas Regiões .......................................................... 65 7 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A CARACTERIZAÇÃO RURAL E A OCUPAÇÃO DAS TERRAS NOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E ITAIPU .................................... 66 7.1 A EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS .......................... 66 7.2 A EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU ......... 84 7.3 DUALIDADE E FORMAS DE EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NAS DUAS REGIÕES: COMPARAÇÃO DA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA ..................................................... 102 8 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A DINÂMICA SETORIAL E O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU ................ 104 8.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS ................ 104 8.1.1 A Dinâmica Econômica Regional dos Municípios Atingidos pelo Reservatório de Salto Caxias ..................................................................................................................................... 112 8.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU ............................................................................................................................... 122 8.2.1 A Dinâmica Econômica Regional dos Municípios da Região de Itaipu .................................. 132 8.3 COMPARATIVO ENTRE A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO E DO PIB NAS DUAS REGIÕES .................................................................................................................................. 145 8.4 DINAMISMO ECONÔMICO E PROBLEMAS POPULACIONAIS NAS REGIÕES DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU .............................................................................................. 147 8.5 ANÁLISE REGIONAL DA DINÂMICA DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELAS BARRAGENS DAS HIDROELÉTRICAS DE SALTO CAXIAS E ITAIPU ........................... 149 8.5.1 A Dinâmica Setorial da Economia da Região de Salto Caxias ............................................... 149 8.5.1.1 Aplicação do método de análise regional shift and share para os municípios da região de Salto Caxias ......................................................................................................................... 155 8.5.2 A Dinâmica Setorial da Economia da Região de Itaipu .......................................................... 158 8.5.2.1 Aplicação do método de análise shift and share para os municípios da região de Itaipu ..... 163 8.6 COMPARATIVO DA ANÁLISE REGIONAL ENTRE AS DUAS REGIÕES ....................... 166 iv 9 A DINÂMICA ESPACIAL DAS REGIÕES ATINGIDAS POR BARRAGENS E SEUS IMPACTOS SOBRE A POPULAÇÃO SEGUNDO A OPINIÃO DOS REASSENTADOS PELA USINA DE SALTO CAXIAS E INDENIZADOS PELA USINA DE ITAIPU ........... 168 9.1 A OPINIÃO DA POPULAÇÃO DIRETAMENTE ATINGIDA DA REGIÃO DE ITAIPU E SUA DINÂMICA NA ECONOMIA DA REGIÃO ............................................................... 168 9.2 A OPINIÃO DA POPULAÇÃO DIRETAMENTE ATINGIDA E REASSENTADA DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS E SUA DINÂMICA NA ECONOMIA DA REGIÃO ........... 171 9.3 COMPARATIVO DAS RESPOSTAS DAS POPULAÇÕES DIRETAMENTE ATINGIDAS DE ITAIPU E SALTO CAXIAS NO TOCANTE ÀS FORMAS DE INDENIZAÇÕES E DINÂMICAS ECONÔMICAS ................................................................................................. 174 10 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO MICRORREGIONAL PARA OS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DE HIDROELÉTRICAS ....... 176 10.1 IMPACTOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL: DEFINIÇÕES E A PERCEPÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELO DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES ATINGIDAS PELOS RESERVATÓRIOS DE ITAIPU E SALTO CAXIAS .................................................................................................................................. 177 10.1.1 A Percepção do Desenvolvimento Regional nas Áreas Atingidas pelos Reservatórios de Itaipu e Salto Caxias ............................................................................................................ 178 10.1.2 O Papel das Usinas no Desenvolvimento da Região ............................................................. 180 10.2 GOVERNANÇA LOCAL, ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES ATINGIDAS POR RESERVATÓRIOS DE HIDROELÉTRICAS: O CASO DOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU E AO LAGO DA USINA DE SALTO CAXIAS .................................................................................................................... 181 10.2.1 Governança Local e Instituições nas Regiões Atingidas pelas Barragens de Usinas Hidroelétricas : Instrumentos Eficazes de Desenvolvimento ................................................. 181 10.2.2 O Projeto de Desenvolvimento Integrado dos Municípios do Reservatório da Usina Hidroelétrica de Salto Caxias (PRO-CAXIAS) .................................................................... 182 10.2.3 Conselho dos Municípios Lindeiros (CML) ......................................................................... 183 10.2.4 Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP) .................................................... 184 10.3 AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU .......................................................................................................... 185 10.3.1 Uso Alternativo dos Reservatórios das Hidroelétricas .......................................................... 186 10.3.1.1 Turismo ............................................................................................................................. 187 10.3.1.2 Atividade pesqueira ........................................................................................................... 187 10.3.1.3 Navegação ......................................................................................................................... 188 10.3.1.4 Captação de água ............................................................................................................... 189 v 10.3.1.5 Recreação e lazer ............................................................................................................... 190 10.3.2 Estratégias para a Dinamização da Economia Local e Regional ........................................... 191 10.3.2.1 Agricultura e desenvolvimento nas regiões de Salto Caxias e Itaipu: políticas de ações ... 193 10.3.2.2 Turismo e desenvolvimento nas regiões de Salto Caxias e Itaipu: alternativa para os reservatórios ...................................................................................................................... 198 10.3.2.3 Indústria e comércio: análise, políticas e ações rumo ao desenvolvimento integrado nas regiões de Salto Caxias e Itaipu ......................................................................................... 201 10.3.3 Estratégias para a Dinamização do Capital Social Básicas e da Ciência e Tecnologia (infra-estrutura) .................................................................................................................... 203 10.3.4 Estratégias para a Dinamização do Bem Estar Social, da Qualidade de Vida e do Meio Ambiente ............................................................................................................................... 206 10.3.5 O Desenvolvimento Sustentável Regional ............................................................................ 211 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 214 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 222 ANEXOS ........................................................................................................................................ 226 vi LISTA DE TABELAS TABELA 1 - CONDIÇÃO E ÁREA MÉDIA DOS PRODUTORES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 ................................................................. 67 TABELA 2 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR GRUPO DE ATIVIDADE ECONÔMICA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 .... 68 TABELA 3 - UTILIZAÇÃO DAS TERRAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 ..................................................................................................... 69 TABELA 4 - PESSOAL OCUPADO NA AGROPECUÁRIA DISTRIBUÍDO POR CATEGORIA E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 . 70 TABELA 5 - NÚMERO DE TRATORES SEGUNDO A POTÊNCIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 ................................................................. 71 TABELA 6 - NÚMERO DE MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 .................................... 72 TABELA 7 - EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 .............................................................................. 74 TABELA 8 - EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 .............................................................................. 75 TABELA 9 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 ........................................................................ 77 TABELA 10 - VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 .............................................................................. 78 TABELA 11 - VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR HECTARE COLHIDO E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 ........................... 79 TABELA 12 - EFETIVO DE BOVINOS, SUÍNOS E AVES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 ........................................................................ 81 TABELA 13 - VALORES TOTAIS E MÉDIOS DOS INVESTIMENTOS, FINANCIAMENTOS E DAS DESPESAS POR PROPRIEDADE NA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 ....................................................................................................................... 82 TABELA 14 - VALORES DA PRODUÇÃO, DA RECEITA E DA RECEITA MÉDIA DA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS 1996 ....................................................................................................................... 83 TABELA 15 - CONDIÇÃO E ÁREA MÉDIA DOS PRODUTORES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 ................................................................................. 85 TABELA 16 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR GRUPO DE ATIVIDADE ECONÔMICA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 ................... 86 vii TABELA 17 - UTILIZAÇÃO DAS TERRAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU 1996 ....................................................................................................................... 87 TABELA 18 - PESSOAL OCUPADO NA AGROPECUÁRIA DISTRIBUÍDO POR CATEGORIA E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 ................. 88 TABELA 19 - NÚMERO DE TRATORES SEGUNDO A POTÊNCIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 ................................................................................. 89 TABELA 20 - NÚMERO DE MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 ..................................................... 90 TABELA 21 - EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ............................................................................................. 91 TABELA 22 - EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ............................................................................................. 94 TABELA 23 - EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE PRODUZIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ....................................................................... 95 TABELA 24 - EVOLUÇÃO DO VALOR DA PRODUÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ....................................................................................... 96 TABELA 25 - EVOLUÇÃO DO VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR HECTARE COLHIDO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ................ 97 TABELA 26 - EFETIVO DE BOVINOS, SUÍNOS E AVES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ....................................................................................... 99 TABELA 27 - VALORES TOTAIS E MÉDIOS DOS INVESTIMENTOS, FINANCIAMENTOS E DAS DESPESAS POR PROPRIEDADE NA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 .......... 100 TABELA 28 - VALORES DA PRODUÇÃO, DA RECEITA E DA RECEITA MÉDIA DA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 .......... 101 TABELA 29 - POPULAÇÃO RESIDENTE POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1970/2000 ............................................................................................ 105 TABELA 30 - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA – PEA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1991/2001 ......................................................... 105 TABELA 31 - ALUNOS MATRICULADOS DISTRIBUÍDOS POR SÉRIE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1990/1999 ............................ 106 TABELA 32 - NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL COM OS RESPECTIVOS COEFICIENTES, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS 1990/2000 .............................................................................................................. 108 TABELA 33 - NÚMERO DE DOENÇAS (CONFIRMADAS) DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS 1996/2001 .............................................................................................................. 110 viii TABELA 34 - NÚMERO DE LEITOS HOSPITALARES TOTAIS E POR GRUPO DE MIL HABITANTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 19982000 ....................................................................................................................... 111 TABELA 35 - NÚMERO DE LIGAÇÕES CADASTRADAS DE ÁGUA E ESGOTO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1990/2000 ............................ 112 TABELA 36 - PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1970/1996 ............................................................................... 113 TABELA 37 - PIB PER CAPITA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS 1970/1996 .............................................................................................................. 114 TABELA 38 - VALOR ADICIONADO –VA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1994-1997 ............................................................................................ 115 TABELA 39 - PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO VALOR ADICIONADO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS 1994/1997 .............................................................................................................. 115 TABELA 40 - REPASSES DE IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS, E DE IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS DE AUTOMOTOR – IPVA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1995/2000 ............................................................................... 117 TABELA 41 - FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – FPM, NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996/2000 ............................................................................... 117 TABELA 42 - CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DISTRIBUÍDO POR SETORES E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS (em MW/h) 1990/2000 .............................................................................................................. 119 TABELA 43 - NÚMERO DE EMPREGADOS DISTRIBUÍDOS POR RAMO DE ATIVIDADE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1998/2000 .............................................................................................................. 120 TABELA 44 - POPULAÇÃO RESIDENTE POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/2001 .............................................................................................................. 123 TABELA 45 - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA – PEA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1991/2001 ....................................................................... 124 TABELA 46 - ALUNOS MATRICULADOS DISTRIBUÍDOS POR SÉRIE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ........................................... 125 TABELA 47 - NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL COM OS RESPECTIVOS COEFICIENTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ...... 127 TABELA 48 - NÚMERO DE DOENÇAS (CONFIRMADAS) DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1996/2001 ...... 128 TABELA 49 - NÚMERO DE LEITOS HOSPITALARES TOTAIS E POR GRUPO DE MIL HABITANTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1998-2001 ........ 130 ix TABELA 50 - NÚMERO DE LIGAÇÕES CADASTRADAS DE ÁGUA E ESGOTO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1990/2000 ............................................ 132 TABELA 51 - PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 ............................................................................................. 133 TABELA 52 - PIB PER CAPITA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 ..... 134 TABELA 53 - VALOR ADICIONADO – VA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1994-1997 .............................................................................................................. 135 TABELA 54 - PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO VALOR ADICIONADO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1994/1997 ........ 136 TABELA 55 - REPASSES DE IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS, E DE IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR – IPVA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1995/2000 ............................................................................................. 138 TABELA 56 - FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – FPM, NA REGIÃO DE ITAIPU – 1996/2000 ............................................................................................. 139 TABELA 57 - VALORES DOS R0YALTIES JÁ PAGO AOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU E OS VALORES PREVISTOS PARA OS ANOS DE 2001 A 2023 (em US$ 1 000) ...................................................................................................... 140 TABELA 58 - CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR SETORES E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU (em MW/h) – 1990/2000 ............................................. 142 TABELA 59 - NÚMERO DE EMPREGADOS DISTRIBUÍDOS POR RAMO DE ATIVIDADE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1998/2000 ........ 144 TABELA 60 - ANÁLISE DO DESEMPENHO DA POPULAÇÃO E DO PIB NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1970/1996 ........................................................................ 145 TABELA 61 - ANÁLISE DO DESEMPENHO DA POPULAÇÃO E DO PIB NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 ....................................................................................... 146 TABELA 62 - QUOCIENTE LOCACIONAL POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ........................................................ 150 TABELA 63 - COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ........................... 151 TABELA 64 - COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO POR SETOR NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ............................................................................................ 152 TABELA 65 - COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 .............................................................................. 153 TABELA 66 - COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ................................................. 154 x TABELA 67 - VARIAÇÃO LÍQUIDA TOTAL – VLT, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ........................................................ 155 TABELA 68 - VARIAÇÃO LÍQUIDA PROPORCIONAL – VLP, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ........................... 157 TABELA 69 - VARIAÇÃO LÍQUIDA DIFERENCIAL – VLD, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ........................... 158 TABELA 70 - QUOCIENTE LOCACIONAL POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ....................................................................... 159 TABELA 71 - COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA POR SETOR NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ....................................................................... 160 TABELA 72 - COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO POR SETOR NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ........................................................................................................... 160 TABELA 73 - COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ............................................................................................. 161 TABELA 74 - COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ................................................................. 162 TABELA 75 - VARIAÇÃO LÍQUIDA TOTAL – VLT, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ....................................................................... 163 TABELA 76 - VARIAÇÃO LÍQUIDA PROPORCIONAL – VLP, POR SETOR E POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ........................................... 165 TABELA 77 - VARIAÇÃO LÍQUIDA DIFERENCIAL – VLD, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ........................................... 166 xi LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - IMPACTO DOS FATORES FÍSICOS E ABIÓTICOS ......................................... 28 QUADRO 2 - IMPACTO SOBRE OS FATORES BIÓTICOS .................................................... 29 QUADRO 3 - IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA EM RESERVATÓRIOS NÃO DESMATADOS .................................................................................................... 34 QUADRO 4 - HIDROELÉTRICAS E SEUS IMPACTOS .......................................................... 36 QUADRO 5 - PROGRAMAS COMPONENTES AO PLANO DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS A SALTO CAXIAS ......................................................................... 58 QUADRO 6 - PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU ............................................ 61 QUADRO 7 - AÇÕES NA SECRETARIA DA FAZENDA, COORDENAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS MUNICÍPIOS ............................................................... 192 QUADRO 8 - AÇÕES NA ÁREA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO ...................... 194 QUADRO 9 - AÇÕES PARA A DINAMIZAÇÃO DO TURISMO ............................................ 200 QUADRO 10 - AÇÕES PARA A DINAMIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO ................ 202 QUADRO 11 - AÇÕES EM OBRAS PÚBLICAS, SANEAMENTO, HABITAÇÃO E COMUNICAÇÕES ............................................................................................... 203 QUADRO 12 - AÇÕES NA ÁREA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ........................................... 204 QUADRO 13 - AÇÕES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E CULTURA ............................................ 206 QUADRO 14 - AÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE ........................................................................... 208 QUADRO 15 - AÇÕES NA ÁREA DO MEIO AMBIENTE ......................................................... 209 QUADRO 16 - AÇÕES PARA O TRABALHO, CIDADANIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL ........ 210 xii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - REGIÃO ATINGIDA PELO RESERVATÓRIO DE SALTO CAXIAS ................. 9 FIGURA 2 - REGIÃO ATINGIDA PELO RESERVATÓRIO DE ITAIPU ................................. 10 FIGURA 3 - MATRIZ DE INFORMAÇÕES ............................................................................... 16 xiii 1 1 INTRODUÇÃO A exploração dos recursos energéticos dos rios, através da injeção de recursos pelo aproveitamento do meio ambiente e da própria geração de energia, faz surgir uma reorientação na dinâmica do desenvolvimento regional, que visa uma reestruturação das atividades produtivas, de forma a incrementar atividades até então inexploradas. Isso se deve aos usos alternativos do espaço modificado que surge a partir da construção de usinas hidroelétricas e da formação de seus reservatórios. Dentre estes usos, pode-se citar o turismo, o lazer, a pesca, a formação de um comércio de energia inter-regional, etc. Por isso, a construção das Usinas Hidroelétricas traz para a região Oeste e Sudoeste do Paraná, mais especificamente aos municípios lindeiros (municípios que margeiam os reservatórios), uma nova dinâmica de desenvolvimento regional, tanto em função dos royalties, pois os municípios lindeiros recebem compensações financeiras por terem perdido parte de seus territórios quando da formação do reservatório, como pela reorientação da economia local. Neste sentido, além de estudar e analisar o impacto econômico direto do complexo hidroelétrico da região Oeste/Sudoeste, este trabalho pretende examinar outras possibilidades de desenvolvimento, a que se possam chegar mediante trabalhos em cooperação entre Usinas e as prefeituras e entidades locais. Salienta-se que os municípios pertencentes à região Sudoeste, bem como a Usina de Salto Caxias, pela margem esquerda são: Boa Esperança do Iguaçu, Cruzeiro do Iguaçu, Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra e São Jorge do Oeste. Localizados na região Oeste, na mesma Usina, pela margem direita, tem-se Boa Vista da Aparecida, Capitão Leônidas Marques, Quedas do Iguaçu e Três Barras do Paraná. Os municípios que pertencem a Usina de Itaipu, na região Oeste, são: Diamante do Oeste, Entre Rios do Oeste, Foz do Iguaçu, Guaíra, Itaipulândia, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Mercedes, Missal, Pato Bragado, Santa Helena, Santa Terezinha de Itaipu, São José das Palmeiras, São Miguel do Iguaçu e Terra Roxa. 2 No conjunto, pretende-se oferecer opções para ampliar as perspectivas de desenvolvimento da região. 1.1 FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO A diversidade de fatores convergentes ao processo de desenvolvimento local e regional concentrados na região Oeste/Sudoeste do Paraná fortalece seu peso estratégico, permitindo conceber diversos programas de desenvolvimento. Nessa região concentram-se diversos fatores positivos, tais como a produção de energia, ferrovias, produção agropecuária e além disso, ainda é um ponto de integração internacional, através do Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL), devido a sua posição geográfica. Por isso, o conhecimento de alternativas e vantagens a serem aproveitadas com o processo de transformação econômica em curso, possibilita à região em análise, desenvolver um plano integrado de desenvolvimento capaz de garantir avanços no processo de crescimento econômico a longo prazo, de forma complementar e sustentável com o aproveitamento dos recursos naturais de que dispõem. Sendo assim, torna-se importante analisar as alternativas de aproveitamento dos reservatórios das hidroelétricas, já que possibilitará a elaboração de diretrizes para um programa de desenvolvimento que envolva diretamente os diversos segmentos da economia local. Além de proporcionar o conhecimento do seu potencial produtivo, possibilitando investimentos tanto públicos quanto privados em setores dinâmicos ou em que melhor gerem encadeamentos produtivos. A necessidade destes investimentos se mostra preeminente no momento que a formação de reservatórios causa um impacto ambiental e humano, que urge se pensar em formas de exploração comercial ambientalmente adequadas para que produtores rurais, empresários e até mesmo a população, não seja prejudicada, mas tenha condições de competitividade, emprego e renda. Por isso, este trabalho tem como escopo principal analisar programas de desenvolvimento que integrem os planos regional, ambiental e urbano, dentre os quais, 3 a princípio, determinem o modo energético da produção, do consumo, as estruturas organizacionais nas quais se representam a mobilização de recursos, os fluxos do comércio inter-regionais e os conjuntos de tecnologias da produção e do consumo. 4 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVOS GERAIS Em função da rápida transformação das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, a partir da inserção das lavouras agroexportadoras e da exploração da energia hidroelétrica, este estudo tem por objetivo analisar as transformações ocorridas no que tange à questão do desenvolvimento econômico de cada região, focalizando os seguintes aspectos: a) Avaliar os impactos das Usinas Hidroelétricas de Itaipu e Salto Caxias sobre o desenvolvimento do Oeste e Sudoeste paranaense mais especificamente sobre os municípios lindeiros aos seus lagos; b) Analisar a importância da geração de energia elétrica sobre o desenvolvimento regional; c) Oferecer sugestões para a gestão das Bacias Hidrográficas afetadas pela exploração energética, de forma a implementar tecnologias que melhorem a produtividade e não poluam os recursos naturais, e; d) Avaliar e elaborar sugestões para o desenvolvimento regional a partir da utilização dos reservatórios das hidroelétricas. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Identificar variáveis de desenvolvimento a partir dos usos alternativos do reservatório das usinas hidroelétricas e da exploração dos recursos naturais; b) Demonstrar a importância dos royalties sobre a economia dos municípios lindeiros aos reservatórios das hidroelétricas regionais; c) Analisar os encadeamentos produtivos gerados pela produção de energia elétrica sobre o desenvolvimento regional, e; 5 d) Oferecer sugestões para a gestão das Bacias Hidrográficas e dos recursos energéticos, de forma a implementar soluções que melhorem a produtividade e o desenvolvimento, e preservem os recursos naturais. 6 3 ELEMENTOS METODOLÓGICOS A seguir serão apresentados, a área de estudo, os limites da análise, o modelo de análise regional, a organização de pesquisa e os indicadores de saúde abordados neste trabalho. 3.1 ÁREA DE ESTUDO E LIMITES DA ANÁLISE As áreas de estudo desta pesquisa compreendem os municípios atingidos pelos reservatórios das Usinas de Salto Caxias e de Itaipu, no Estado do Paraná. A escolha destas áreas apresenta alguns limites, quais sejam: - Primeiro: a época diferente da construção das hidroelétricas, o que demonstra realidades e contextos históricos diferentes; - Segundo: a forma de desocupação dos espaços a serem alagados e a forma administrativa das Usinas. Enquanto Itaipu é uma Usina de produção de energia autônoma, a Usina de Salto Caxias está diretamente atrelada a uma empresa estatal de distribuição; - Terceiro: a evolução das economias atingidas pelos reservatórios. Apesar de serem atingidas em épocas distintas, os municípios que compõem essa análise tinham, na época do alagamento, características socioeconômicas semelhantes, com uma dinâmica econômica atrelada à exploração agropecuária e uma insipiente indústria de transformação local, com um mercado local bastante reduzido. Além desses três elementos, ambas as Usinas possuem um caráter estratégico no tocante a produção de energia. A Usina de Itaipu é um importante produtor nacional, cuja importância foi ressaltada frente a crise energética brasileira no ano de 2000. Já Salto Caxias, além de suprir o Paraná também fornece energia a outras regiões deficitárias. Convém salientar que essa análise cobre somente os municípios que foram atingidos e apesar de fazer referência, ela não inclui as regiões Oeste e Sudoeste como um todo, e nem os possíveis impactos das infra-estruturas complementares ao 7 funcionamento das Usinas, como linhas de distribuição. Além disso, essa análise é mais um estudo de natureza econômica, por isso, faz uso de alguns métodos de análise regional para a compreensão da dinâmica econômica da região. Mesmo assim, como o aspecto social e econômico não podem ser dissociados no tempo e no espaço, a análise contempla também, uma análise dos impactos sociais. Assim, dado esses elementos, foi possível traçar uma análise de duas experiências de impacto de reservatórios sobre o desenvolvimento econômico de microrregiões atingidas pela construção de barragens. A Usina de Salto Caxias, inaugurada no dia 26 de março de 1998, a plena carga produz 5,4 bilhões de quilowatts-hora por ano, o que corresponde a 40% da capacidade de geração de energia elétrica do Estado e mais de 30% do consumo paranaense. A potência de 1.240 megawatts de Salto Caxias vai sustentar a expansão industrial e garantir mais conforto e segurança à população. Salto Caxias é a terceira maior usina da COPEL, menor apenas que as de Foz do Areia e Segredo. É a primeira usina brasileira a seguir toda a legislação ambiental e a primeira a ter indenizado todas as propriedades, um ano antes de formar o seu reservatório, embora não tenham faltado protestos e contestações por parte das famílias atingidas. A indenização foi concluída em julho de 1997, com o pagamento de R$ 45 milhões pelas 1.108 propriedades (23.128 hectares) que foram alagadas. A região atingida pelo reservatório de Salto Caxias pode ser observada na Figura 1. Os municípios atingidos pela hidroelétrica de Salto Caxias encontram-se na Região Oeste e Sudoeste do Paraná. Essas regiões tiveram sua ocupação concretizada no século XX. Pela Figura 1 pode-se observar que os municípios atingidos encontramse em ambas as margens do rio Iguaçu. Por outro lado, os municípios atingidos pela barragem da hidroelétrica de Itaipu, expostos na Figura 2, situam-se numa faixa de fronteira, caracterizando uma dimensão socioespacial diferente em relação aos municípios da região Sudoeste do Estado do Paraná. A Usina hidroelétrica de Itaipu, a maior em operação no mundo, é um empreendimento binacional desenvolvido pelo Brasil e pelo Paraguai, no Rio Paraná. 8 A potência instalada da Usina é de 12.600 MW (megawatts), com 18 unidades geradoras de 700 MW cada. Formado em 1982, com o fechamento das comportas do canal de desvio da hidroelétrica de Itaipu, o lago tem área de 1.350 Km² e profundidade média de 22 metros, podendo alcançar 170 metros nas proximidades da barragem. O lago possui também 66 pequenas ilhas, das quais 44 estão na margem brasileira e 22 na margem paraguaia (ITAIPU BINACIONAL, 2001). 9 FIGURA 1 - REGIÃO ATINGIDA PELO RESERVATÓRIO DE SALTO CAXIAS 1 – Capitão Leônidas Marques 2 – Boa Vista da Aparecida OESTE OESTE 3 – Três Barras do Paraná 4 – Quedas do Iguaçu 2 3 1 4 5 – São Jorge do Oeste 6 – Cruzeiro do Iguaçu 7 – Boa Esperança do Iguaçu 8 7 6 8 – Nova Prata do Iguaçu 5 SUDOESTE SUDOESTE 9 – Salto do Lontra Usina Hidroelétrica de Salto Caxias 9 Rio Iguaçu PARANÁ PARANÁ FONTE: Resultados da Pesquisa- Adaptação do mapa elaborada pelos acadêmicos Evandro R. Skowronski e Lucir R. Alves BRASIL 10 FIGURA 2 - REGIÃO ATINGIDA PELO RESERVATÓRIO DE ITAIPU 1 1 – Guaíra 2 – Terra Roxa 3 – Mercedes 4 – Marechal Cândido Rondon 5 – Pato Bragado 6 – Entre Rios do Oeste 7 – São José das Palmeiras 8 – Santa Helena 9 – Diamante do Oeste 10 – Missal 11 – Itaipulândia 12 – Medianeira 13 – São Miguel do Iguaçu 14 – Santa Terezinha de Itaipu 15 – Foz do Iguaçu Reservatório de Itaipu Usina Hidroelétrica de Itaipu 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 PARANÁ 13 12 14 15 FONTE: Resultados da Pesquisa- Adaptação do mapa elaborada pelos acadêmicos Evandro R. Skowronski e Lucir R. Alves BRASIL 11 3.2 INDICADORES DE SAÚDE Os indicadores de saúde a serem analisados neste trabalho são o coeficiente de mortalidade infantil, de natalidade e leitos hospitalares. Estes dados foram obtidos junto às Regionais de Saúde (RS) de Cascavel (10ª RS), Foz do Iguaçu (9ª RS), Francisco Beltrão (8ª RS) e de Toledo (20ª RS). A análise destes indicadores seguiu as referências utilizadas por SALING (2000). A análise dos indicadores de saúde dos municípios consistiu num comparativo aos indicadores em nível federal. Salienta-se ainda que o objetivo da análise dos indicadores dos municípios em questão não é atribuir uma pontuação aos indicadores, mas sim verificar se encontram na faixa de valores de mínimos e máximos caracterizados como “desejáveis” pelo padrão internacional. Neste momento, iniciar-se-á a apresentação individual dos indicadores de saúde e respectivos intervalos de valores. a) Disponibilidade de leitos hospitalares Segundo a Portaria nº 3.046 de 20 de julho de 1982, na qual são estabelecidos os parâmetros para planejamento assistencial a serem utilizados pelo INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), define como 1,11 leitos (públicos e/ou privados) de clínica médica para cada mil habitantes/ano. A taxa de leitos hospitalares no Brasil é de 3,64 leitos (públicos e/ou privados) para cada mil habitantes/ano. Um resultado considerado bom será aquele que se enquadrar entre 1,11 a 3,64 leitos por mil habitantes/ano. b) Taxa de mortalidade infantil de crianças até um ano de idade O coeficiente de mortalidade infantil constitui um dos mais sensíveis indicadores para avaliar as condições de vida de uma população, pois é diretamente 12 influenciado pelas condições do pré-natal, gravidez, hábitos nocivos da mãe, condições socioeconômicas, entre outras. A taxa de mortalidade no Brasil é de 37,5 óbitos por mil crianças até um ano, e o menor índice é de 4 óbitos por mil crianças até um ano, índices estes alcançados por países como a Finlândia, Noruega, Suécia e Japão . Então, quanto mais o coeficiente se aproximar de 4, melhor será. 3.3 ASPECTOS OPERACIONAIS Essa pesquisa utiliza uma abordagem econômica para sua análise. Nesta abordagem, o grande problema é o desempenho econômico e o movimento de exploração dos recursos nas economias locais. Assim, a opinião dos agentes econômicos (empresários, governantes e indivíduos) torna-se importante para definir os problemas de desenvolvimento econômico e suas estratégias de superação (GAGNON, 1995, p. 61-82). Com isso, parte-se da idéia da necessidade de mudar as forma de planejamento local e regional para melhorar o desempenho dos indicadores socioeconômicos. Por isso, numa primeira fase foram feitos a caracterização socioespacial das regiões atingidas através de algumas informações sobre as características rurais, infraestrutura urbana e desenvolvimento da população. Características essas que influem sobre a dinâmica das regiões em estudo, e conseqüentemente sobre o seu desenvolvimento econômico. Para isso foram coletadas informações junto a órgãos como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Prefeituras Municipais, publicações e através de pesquisa de campo, com a aplicação de questionários. Estes visavam traçar a percepção dos agentes econômicos sobre o desenvolvimento regional, sobre as alternativas e propostas para a economia regional e outras informações referentes ao meio ambiente, além das transformações pela qual a região passou ou ainda passa. Foram aplicados questionários junto a empresários, reassentados e representantes municipais (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater, Secretaria da 13 Agricultura, Indústria e Comércio), e também a funcionários da Usina Hidroelétrica de Itaipu e Salto Caxias. 3.3.1 Estrutura dos Questionários e da Pesquisa : Os questionários foram distribuídos para seis grupos: Diretamente Atingidos (reassentados e indenizados), Empresários, Líderes Sindicais, Autoridades, Funcionários das Usinas, Secretários Municipais da Agricultura, da Indústria e Comércio e ainda, Emater. Para cada grupo foram feitos questionamentos gerais sobre o impacto ambiental e socioeconômico dos reservatórios. Visando atingir os objetivos do Projeto, tem-se, nos anexos do relatório, os formulários específicos e aplicados a cada grupo. Assim, a Pesquisa foi dividida em três fases: - Primeira fase: Identificar variáveis de desenvolvimento econômico a partir da exploração de recursos naturais e do espaço, onde foram observadas as características da produção local, do consumo da energia, da utilização dos recursos naturais, do turismo e dos usos alternativos dos reservatórios das hidroelétricas; - Segunda fase: Analisou-se a possível importância das Usinas sobre a economia dos municípios lindeiros, e o seu papel de “empresa motriz” e desencadeadora de desenvolvimento regional, bem como a importância dos royalties sobres os municípios lindeiros. Além disso, os impactos espaciais sobre a dinâmica da economia local; - Terceira fase: Definiu-se elementos para uma política de desenvolvimento regional através da gestão das Bacias Hidrográficas atingidas pela formação dos reservatórios e dos recursos energéticos empregados na produção, de forma a reduzir os custos do produtor; Para uma apresentação mais adequada da análise, o conteúdo do relatório foi organizado a partir dos seguintes tópicos: 14 a) Quanto ao impacto dos reservatórios: a).1 Hidroelétricas e Desenvolvimento Regional; Foi efetuada uma revisão bibliográfica sobre o impacto dos reservatórios sobre a fauna e a flora, as populações e a economia local, visando analisar a dimensão dessas variáveis sobre a economia regional e para cada uma das hidroelétricas. Foi verificada também a percepção das lideranças locais sobre o desenvolvimento regional. Assim, este capítulo é um marco de definições gerais sobre os conceitos básicos e os impactos dos reservatórios sobre as regiões. a).2 Formação Socioespacial das Regiões Atingidas; Foi pesquisada e analisada a formação socioespacial das áreas atingidas pelos reservatórios de Salto Caxias e Itaipu. Neste capítulo são apresentados alguns elementos históricos destas regiões, a utilização e a ocupação do seu espaço agropecuário, as transformações sobre a fauna e a flora, as populações. Além disso, são apresentados alguns indicadores da economia local . Assim, foram levantados e analisados dados sobre a caracterização rural, a caracterização socioeconômica, a caracterização geográfica e ambiental. Essas informações foram complementadas com entrevistas com representantes de entidades, instituições, empresas e etc, visando observar os impactos sobre cada um dos setores da economia regional e na transformação socioespacial da região. a). 3 A Dinâmica Setorial da Economia dos Municípios de Salto Caxias e Lindeiros ao Lago de Itaipu; Neste item foram utilizadas medidas de localização e especialização, além da aplicação do método diferencial e estrutural, para detectar as principais mudanças ocorridas na estrutura produtiva local. Como o desenvolvimento 15 econômico tem uma relação estreita com o crescimento econômico, a análise de sua dinâmica servirá de balizador para as políticas regionais de desenvolvimento das regiões. Assim, foi aplicado um modelo de análise regional baseado nos estudos de HADDAD (1989), CASIMIRO FILHO & SHIKIDA (1999), PIACENTI et al. (2001), ROLIM & CHUNG (1989), e SKOWRONSKI (2001). a) 3.1 Modelo de análise regional A variável utilizada no modelo de análise regional foi o consumo de energia elétrica distribuído por setores e medidos em megawatts por hora - MW/h. Tradicionalmente, estes modelos utilizam a mão-de-obra ocupada por setores de atividade. No entanto, dada a confiabilidade dos dados de consumo de energia e a atualização dessas informações, optou-se pela substituição dos dados sobre a mão-deobra. Essa substituição não causa prejuízos na análise, haja vista, que o dinamismo da economia exige um maior consumo de energia por setor ao longo do tempo. Assim, a energia se torna um suporte e um reflexo do crescimento setorial local. Para análise dos dados foram utilizadas medidas de especialização e de localização. Conforme HADDAD (1989), ROLIN & CHUNG (1989) e CASIMIRO FILHO (1999), estas medidas são úteis para o conhecimento dos padrões do crescimento econômico da região e suas sub-regiões. Essas medidas proporcionam um quadro de análise dos municípios em relação à microrregião. Depois de definida a variável a ser utilizada, os setores foram agrupados de acordo com a classificação utilizada pela Companhia Paranaense de Energia Elétrica COPEL, os setores estão agrupados da seguinte forma: públicos (engloba as empresas públicas, a iluminação pública e o poder público), residencial, primário, comercial e secundário. O período-base de análise foi a década de 90 e, para efeito de análise regional, tomou-se como referência os anos de 1990 e 2000. Para o cálculo das medidas de especialização e localização organizou-se as informações em uma matriz que relaciona a distribuição setorial-espacial de uma variável-base. No presente trabalho utiliza-se o consumo de energia elétrica como 16 variável-base. As colunas mostram a distribuição do consumo de energia elétrica entre os municípios, e as linhas mostram o consumo de energia elétrica por setor de cada um dos municípios, conforme Figura 3. Definiu-se as seguintes variáveis: C ij = Consumo no setor i do município j; C ij = Consumo no setor i de todos os municípios; j C ij = Consumo em todos os setores do município j; i C ij = Consumo em todos os setores e todos os municípios. i j FIGURA 3 - MATRIZ DE INFORMAÇÕES Setores i C ij C ij C ij E ij i Municípios j j i j FONTE: HADDAD, 1989. A partir da matriz de informações descreve-se as medidas de localização e de especialização que serão utilizadas no presente trabalho: a) Quociente Locacional - QL É utilizado para comparar a participação percentual do consumo de energia elétrica de um município com a participação percentual no total da região. O quociente locacional pode ser analisado a partir de setores específicos ou no seu conjunto. É expresso pela equação (1). 17 QLij C ij C ij j (1) C ij C ij i i j A importância do município no contexto regional, em relação ao setor estudado, é demonstrada quando QL ij assume valores acima de 1. Como o quociente é medido a partir de informações do consumo de energia elétrica (C), pode-se verificar os setores que possuem possibilidades para atividades de exportação. b) Coeficiente de Localização – CL O objetivo do coeficiente de localização é relacionar a distribuição percentual do consumo de energia num dado setor entre os municípios com a distribuição percentual do consumo de energia da região como um todo. O coeficiente de localização (CL) é medido pela equação (2). CLi 2 Cij Cij Cij Cij j j i i j (2) Se o coeficiente de localização for igual a zero (0), significa que o setor i estará distribuído regionalmente da mesma forma que o conjunto de todos os setores. Se o valor for igual a um (1), demonstrará que o setor i apresenta um padrão de concentração regional mais intenso do que o conjunto de todos os setores. c) Coeficiente de Especialização - CEsp O coeficiente de especialização é uma medida regional. As medidas regionais concentram-se na estrutura produtiva de cada município, fornecendo informações sobre o nível de especialização da economia num período. 2 C ij C ij C ij C ij CEsp j i i j i j (3) 18 Através do coeficiente de especialização, compara-se a economia de um município com a economia da região como um todo. Para resultados iguais a 0 (zero), o município tem composição idêntica à da região. Em contrapartida, coeficientes iguais ou próximos a 1 demonstram um elevado grau de especialização ligados a um determinado setor de atividades, ou está com uma estrutura de consumo totalmente diversa da estrutura de consumo de energia elétrica regional. d) Coeficiente de Associação Geográfica - Cag Esse coeficiente mostra a associação geográfica entre dois setores (i e k), comparando as distribuições percentuais de consumo de energia entre os municípios. setor i setor k C ij C ij C ij C ij j i i Cag ik 2 (4) Seus valores variam de zero (0), que significa que o setor i estará distribuído regionalmente da mesma forma que o setor k, mostrando que os padrões locacionais dos dois setores estão associados geograficamente, até um (1) que representa nenhuma associação. e) Coeficiente de Reestruturação - Cr O coeficiente de reestruturação relaciona a estrutura de consumo de energia elétrica por região entre dois períodos, ano base 0 e ano 1 (1990 e 2000), objetivando verificar o grau de mudanças na especialização dos municípios que compõem cada região. Escolheram-se os anos de 1990 e 2000 para a análise, por representarem os dois extremos da série de dados disponíveis. t1 t0 C ij C ij C ij C ij i Cr i 2 i (5) 19 Coeficientes iguais a zero (0) indicam que não ocorreram modificações na estrutura setorial do município, e iguais a um (1) demonstra uma reestruturação bem substancial. a) 3.1.1 O modelo diferencial e estrutural: equações O dado básico para a construção do modelo é a chamada “Matriz de Informações”. Tratando-se de um modelo de estática-comparada, necessita-se de, no mínimo, duas dessas matrizes, referindo-se uma ao período-base e outra ao ano considerado. A Matriz de Informações é formada em suas linhas pelos diversos setores e, nas colunas, pelas regiões. Municípios Setores 1 2 … i … K FONTE: HADDAD, 1989 1 2… j… n E11 E21 … Ei1 … Ek1 E12 E22 … Ei2 … Ek2… E1j E2j … Eij … Ekj… E1n E2n … Ein … Ekn Esquematicamente, i 1, 2 ... k j 1, 2 ... n A = Eij Tem-se: Ao = ano-base e, A1 = ano fim do período. Eij consumo de energia no fim do período no setor i, município j; Eij consumo de energia no ano-base no setor i, no município j; ij = taxa de crescimento do consumo de energia do setor i município j; it = taxa de crescimento do consumo de energia do setor i na região; (6) 20 tt = taxa de crescimento regional do consumo de energia. Seja: Eij Eij Eij Tem-se que: E" ij Eij Eij Eij onde, Eij Eij Eij ij E ' ij Resulta: Eij Eij ij 1 (7) Considera-se agora: tt E" tt taxa regional de crescimento do consumo de energia E ' tt it E" it taxa regional de crescimento do consumo de energia no setor i E ' it Pode-se somar e subtrair esses dois valores da expressão (7) que ela não se altera: Eij Eij ij 1 tt tt it it Ou trocando os termos de posição: Eij Eij tt 1 it tt ij it Decompondo, em seguida, o segundo membro em parcelas: Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it (8) Substituindo o valor de Eij dado por (7) na equação (6), resulta: E Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it Eij Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it E E E ij ij ij tt 1 Eij it tt Eij ij it (9) A equação (9) fornece os valores correspondentes a cada efeito definido pelo modelo. Explicam-se cada um desses efeitos e sua fórmula: a) VLTij Eij Eij Eij tt 1 21 Ou seja, é a diferença entre a variação efetiva no consumo de energia de i em j e a variação teórica do consumo de energia, isto é, aquele que a indústria i teria no município, caso crescesse à taxa regional tt; b) VLPij Eij it tt A variação proporcional corresponde parte da VLT causada por uma realocação de atividades (para município i ou do município j). Pela própria fórmula, observa-se que a diferença entre as taxas setorial e regional indica que o município possui vantagens comparativas para o desenvolvimento do setor; c) VLDij Eij ij it A VLD corresponde, ao contrário, aquela parte do efeito total determinada por uma maior ou menor participação no crescimento setorial a nível regional. Um sinal positivo para a VLD se explica pela especialização municipal nos setores dinâmicos. Simbolicamente, tem-se para a indústria i, na região j: VLTij = VLDij + VLPij Interessa conhecer esses efeitos em nível municipal. Para tanto, basta somar os valores encontrados para os k setores: k VLTij = i 1 k VLDij + i 1 k VLPij i 1 Tem-se então: VLTj = VLDj + VLPj (10) A equação (10) é idêntica à equação (9), apenas os símbolos foram modificados. Na aplicação ao caso regional, utilizou-se ambas as equações; a (9) para fins de cálculo dos valores, e a (10) para a interpretação dos dados. 22 a) 3.1.2 O uso do modelo diferencial e estrutural como projeção da variávelbase O método estrutural-diferencial tem sido usado para fins descritivos e como instrumento de análise. Os criadores dessa técnica desenvolveram-na no sentido de auxiliar a manipulação de grandes massas de dados, para que o analista pudesse identificar mais efetivamente as tendências e o comportamento de crescimento de um município. A técnica foi inicialmente um instrumento de descrição estatística. Aplicações recentes estenderam-lhe o uso, inclusive para a projeção de variáveis. Os componentes do método foram calculados a partir de dados históricos. Procurou-se, assim, identificar futuros pontos de estrangulamento e possíveis vantagens existentes na economia de um município. Alguns autores criticam a utilização do modelo para fins de projeção municipal. Baseiam suas críticas em dois fatores: (i) estudos empíricos têm demonstrado que as projeções através do modelo apresentam grandes erros; (ii) a chamada componente competitiva do modelo (VLD) não reflete, na realidade, as forças que os autores julgam motivá-la. O modelo de projeção parte das equações: Eij Eij Eij (11) Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it (12) Isto é, o consumo de energia elétrica municipal na indústria i no fim do período, é, identicamente, igual ao consumo de energia no período-base somado à variação do consumo de energia durante o período. Este último termo ( Eij ) é igual à soma dos componentes do deslocamento (shift) do consumo de energia, isto é, à parcela regional, à composição industrial e à participação competitiva, ou municipal. Usando o mesmo raciocínio, o consumo de energia regional na indústria i para o próximo período, pode ser escrito como: Eij Eij Eij (11’) Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it (12’) 23 Os valores de tt e it são necessários para se calcular Eij . Se for considerado aqueles dois parâmetros como exógenos ou se usar algum outro método para projetálos, Eij pode ser estimado pelo método estrutural-diferencial. Os valores exógenos de tt e it permitem-nos calcular a parcela regional e a composição industrial para a indústria no município. Para completar os cálculos é necessário estimar o último termo: Eij ij it ou seja, o componente competitivo (VLD). Existem diferentes métodos para estimá-la. O mais preciso recomenda usar a VLD histórica como estimativa da VLD futura. A hipótese implícita é que a VLD atual se iguala a VLD do período prévio. O modelo de projeção toma, então, a forma: Eij Eij Eij tt 1 Eij it tt Eij ij it (13) Sendo, um escalar utilizado para ajustar a estimativa da VLD. Por exemplo: se um período histórico é de cinco anos e o período de projeção é de dez anos, um valor de aproximadamente igual a 2 seria necessário para ajuste da estimativa. Examinado a equação (13), ver-se-á que o segundo e o terceiro termos se reduzem ao valor: Eij it O modelo consiste simplesmente em uma extrapolação da taxa regional de consumo de energia da indústria, projetada com alguns ajustamentos realizados através da componente competitiva histórica. No caso da projeção do consumo de energia municipal, o desmembramento do lado direito da equação em duas parcelas, uma regional e outra de composição industrial, nada adiciona ao modelo. b) Estratégias de desenvolvimento microrregional e os reservatórios Após a realização do levantamento e da análise dos dados buscou-se apontar alternativas aos impactos sobre as populações, a fauna e a flora, e a 24 economia local, visando compensar ou minorar os efeitos causados pela construção dos reservatórios. Para tanto se buscou definir estratégias e ações através de definição de alternativas e de políticas de desenvolvimento integrado regional. - Quarta fase: Montar Seminário/workshop para divulgar os resultados do projeto. 25 4 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O IMPACTO DOS RESERVATÓRIOS A abordagem sobre o impacto dos reservatórios das hidroelétricas no desenvolvimento microrregional deve ser analisada sob os aspectos ambiental, social e econômico. Geralmente, o impacto dos reservatórios e até mesmo da sua construção pode se estender além das regiões em que estão situados. Assim, o planejamento microrregional pode se tornar um instrumento de melhoria da distribuição espacial do desenvolvimento acarretado pela construção das hidroelétricas e da própria produção de energia. A preocupação no tocante às regiões atingidas por barragens deve ser a elaboração de programas em nível teórico, técnico e prático para que a população, o meio ambiente e a economia não venham a depender sempre da empresa e/ou usina hidroelétrica. Assim, para as regiões atingidas por estas obras, o desenvolvimento regional consiste numa “atividade de planejamento com caráter de maior amplitude geográfica, maior número de agentes intervenientes, com gerência externa ao setor elétrico e com suporte de origem diversa a esse setor” (MÜLLER, 1995, p. 305). No aspecto ambiental os elementos mais atingidos são a fauna e a flora e os recursos naturais (águas, solos e minérios) do território alagado que sofrerão impactos até irreversíveis. Esses impactos transformam a paisagem e a forma de exploração dos recursos naturais, consequentemente a forma como os homens fazem a exploração econômica e se organizam sobre o espaço. Na área social, são várias as ações que modificam o perfil da sociedade de cada município e região. As mais impactantes são as de reassentamentos, desapropriações e migrações que transformam o sistema populacional microrregional. Esse movimento de população é caracterizado pela demanda de mão-de-obra para a construção das barragens, pela expulsão de famílias do seu habitat de origem, pela dinamização do comércio e da indústria local com os fluxos migratórios. Esse movimento também ocorre após a construção, dependendo da forma como serão atingidas as economias locais. Com os reassentamentos, as cidades lindeiras podem 26 perder habitantes que comercializam seus produtos, dão sustentação ao comércio e outras atividades. Por outro lado, municípios vizinhos podem receber novos munícipes que geram transformações socioeconômicas, ambientais e culturais. Assim, tanto nos municípios atingidos quanto nos municípios limítrofes podem ocorrer mudanças acentuadas de curto e longo prazo. Já no âmbito econômico, o impacto na região é percebido diretamente pela injeção de recursos gerados pela construção, projetos de aproveitamento dos reservatórios (pesca e turismo), compensação das áreas alagadas no pagamento de royalties em cada município, além, do desenvolvimento gerado pela energia que, geralmente é algo que perpassa a região atingida e é transferida para outras localidades que necessitam de eletricidade. Por outro lado, esse é também um elemento de controvérsia, pois os movimentos migratórios podem deslocar consideravelmente a mão-de-obra, principalmente a qualificada. Já os alagamentos podem retirar dos municípios uma boa parte das suas áreas produtivas e restringir sua dinâmica econômica a longo prazo. De qualquer forma, esses são possíveis impactos que variam de região para região, e de projeto para projeto. No curto prazo, geralmente o volume de capital que é injetado na região para construção e a instalação de uma usina e que direta ou indiretamente circulam pelo mercado de alguns municípios, geram um crescimento econômico e um otimismo com o futuro da economia local. No entanto, o inverso pode ocorrer após a construção e as mudanças nas diretrizes de transferência dos recursos advindos com a geração da energia e o pagamento das compensações. 4.1 IMPACTO AMBIENTAL DE UMA USINA HIDROELÉTRICA Quanto aos impactos ambientais, a resolução 01/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA define impacto ambiental e estabelece as diretrizes, critérios e responsabilidades na sua avaliação. Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas 27 que afete direta ou indiretamente: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e; a qualidade dos recursos naturais. A topologia, os recursos hídricos, os tipos de solo e as condições atmosféricas da região fazem parte dos fatores físicos que contribuem ou não para a implantação de uma usina hidroelétrica. Por isso, o primeiro fator de viabilização da obra é o ambiente em que se instalará: altitude, relevo, bacia hidrográfica, ocupação de solo bem como os aspectos climáticos e geofísicos de cada região (MÜLLER, 1995, p 75-80). Ao mesmo tempo em que o ambiente fornece viabilidade à obra é também o fator mais modificado e transformado por ela. Num represamento desaparecem obras da natureza e ascendem obras artificiais. Rios, lagos, pântanos, ilhas e belezas naturais dão lugar a um imenso lago que modificará a paisagem da região e gerará a força necessária para que os equipamentos que compõem a usina produzam eletricidade. Além das transformações físicas e abióticas, a represa produz um grande impacto biológico na área atingida. A fauna e a flora existentes nas proximidades dos rios, as subaquáticas e das propriedades rurais e urbanas a serem inundadas, são transformadas de tal forma que poderão até mesmo desaparecer se não protegidas por ações de preservação e adaptação ao novo ambiente. Na fase de enchimento do reservatório, por exemplo, muitos são os efeitos diretos e indiretos sobre os fatores naturais que levarão tempo para se recompor. Para se ter uma idéia do impacto nessa fase do projeto hidroelétrico, segue o Quadro 1 sobre o impacto nos fatores físicos e abióticos : Pelo Quadro 1 pode-se observar que a construção e o alagamento causam mudanças consideráveis na estrutura física e climática das regiões, principalmente das microrregiões atingidas. Assim, a análise das condições ambientais antes e depois da construção, se torna um balizador para novas obras. Nesse sentido, a análise do impacto ambiental é um instrumento importante para indicar o verdadeiro alcance dos benefícios para a região e as possibilidades de um desenvolvimento sustentável a longo prazo. 28 QUADRO 1 - IMPACTO DOS FATORES FÍSICOS E ABIÓTICOS Submersão de recursos minerais Retenção de sólidos em transporte SOLOS E GEOLOGIA Desestruturação dos solos das margens Formação de pressões hidráulicas gerando instabilidade Efeitos físicos da redução da velocidade Inversão nos fluxos nos níveis freáticos Formação de camadas térmicas e de densidade ÁGUAS Mudança de qualidade química Contaminação com matéria orgânica afogada Aumento do vento na superfície do solo Redução da incidência solar devido à formação de neblinas CLIMA Aumento da umidade do ar em regiões secas Solos agrícolas, areia, rochas, argila, etc. Arraste de fundo, assoreamento, etc. Deslizamento de encostas, erosão das margens por onda, etc. Perdas de água por fraturas geológicas, Sismicidade induzida (SIR), risco às estruturas, etc. Aumento da descarga fluvial, redução dos picos de cheia. Contaminação dos lençóis subterrâneos, encharcamento dos solos e surgimento de lagoas e pântanos, etc. Redução de temperatura, resistência à circulação e mistura de camadas, redução dos índices de oxigênio dissolvido, etc. Alterações de sais e gazes dissolvidos, redução da cílica turbidez e cor, alterações do PH da água, etc. Eutrofização, aumento da taxa de crescimento de algas, surgimento de odores e sabores desagradáveis, problemas à proliferação de peixes nobres que exigem boa qualidade da água. Danos à agricultura, formação de ondas (dificuldades na navegação, problemas à pesca, erosão das margens) Influência na temperatura, na produtividade aquática, nos cultivos agrícolas e transmissão de enfermidades fúngicas. Perda de águas do reservatório por evaporação, salinização e alterações da qualidade das águas de geração. FONTE: MÜLLER, 1995, p.121-123 O quadro 2, apresentado a seguir, aponta os impactos da construção de uma usina hidroelétrica sobre os fatores bióticos do meio ambiente e algumas conseqüências destes impactos ou modificações no ambiente natural da região atingida. 29 QUADRO 2 – IMPACTO SOBRE OS FATORES BIÓTICOS Destruição de áreas de preservação permanente; Perda de matas, lagos, rios e Perda de unidades de conservação; pântanos naturais Perda da biodiversidade. Efeitos sobre a fauna Empobrecimento da diversidade do lago; aquática Redução da economia pesqueira; Desequilíbrio dos ecossistemas terrestres; Proliferação de fauna indesejada (mosquitos, ratos, caramujos, etc.); ECOSSISTEMAS Efeitos sobre a fauna Desaparecimento da cadeia trófica; terrestre Afogamento de espécies raras e desconhecidas; Perda de material genético (alimentação e medicina); Perdas de espécies desconhecidas e raras; Desaparecimento de vegetação natural; Efeitos sobre a flora Afogamento de florestas (perdas econômicas); Efeito nas águas, saúde, usos múltiplos. FONTE: MÜLLER, 1995, p.121-123 Essas transformações alteram praticamente a forma de exploração do espaço e a sua sustentabilidade no futuro. Geralmente, os mais atingidos são os agricultores que se utilizam diretamente dos recursos naturais para produzir seu sustento. Deve-se salientar que em alguns casos, essas modificações podem criar novas formas de exploração dos recursos. No entanto, depois da produção de um desequilíbrio, seus efeitos serão sentidos realmente no longo prazo. 4.1.1 Impacto Sobre os Fatores Abióticos: Água, Clima e Solo Tanto os fatores bióticos e abióticos têm a mesma importância, haja vista que os mesmos atingem a fauna e a flora, e consequentemente todo um ecossistema. A fauna e a flora desenvolvem-se e se reproduzem num ecossistema que lhe é natural e propício, para isso elas necessitam de substratos que lhes são essenciais tais como solo, clima e água. Assim, o impacto ambiental não envolve somente a destruição e mudança de habitat dos animais e das plantas, mas também das condições de sobrevivência e de manutenção da vida das espécies atingidas, inclusive o homem. Convém salientar que tanto o homem quanto a vida selvagem vivem em equilíbrio, e a alteração ou destruição de uma forma de vida impactará na manutenção da outra e também na manutenção de ambos. 30 Por outro lado, uma das preocupações mundiais que deve balizar os projetos hidroelétricos é a questão dos recursos hídricos. A água é o elemento mais importante para a manutenção e a criação da vida. Por isso, a manutenção dos mananciais, a qualidade dos recursos hídricos de escorrimento superficial, do lençol freático e a durabilidade desses recursos, devem ser motivo de estudos na obra hidroelétrica desde o projeto e execução, até a conservação do reservatório. A qualidade da água do lago artificial, dos mananciais que o alimentam e dos reservatórios subterrâneos deverá ser um indicador importante no processo de criação, execução e manutenção das hidroelétricas. A eliminação das quedas d’água do percurso natural do rio que homogeneizam os aspectos físicos das águas: temperatura, os gazes dissolvidos (gás carbônico e oxigênio), sólidos em transporte, detritos orgânicos e minerais podem causar sérios riscos à vida aquática, ainda mais quando a isso se soma a decomposição de materiais orgânicos submersos (florestas, fertilizantes e defensivos dos solos agricultáveis bem como pocilgas, currais e aviários da zona rural, material de depósitos de lixo, esgotos e fossas de áreas urbanas inundadas, etc.), luminosidade alterada pela profundidade de algumas áreas (sem a luz solar as algas não realizam fotossíntese, que é a essência produtora de hidrato de carbono, alimento básico de outros organismos aquáticos) e sedimentação de solo e rochas que contém ferro, manganês e substâncias alcalinas que, dissolvidas pela água, liberam substâncias que podem modificar a cor, o odor e principalmente a salinidade da água, o que acarreta corrosão e obstrução das máquinas da usina (MÜLLER, 1995, p.121-123). Como se percebe, a atenção que deve ser dada ao fator água num projeto hidroelétrico é essencial à sustentabilidade da produção de energia e da qualidade do meio ambiente. Assim, a questão da preservação, da proteção e da manutenção dos recursos naturais devem ser contemplados em todas as fases de execução e de gestão das Usinas. Tudo aquilo que possa influenciar nos recursos hídricos da região que contribui no reservatório, deve ser preservado por ações que dêem condições de amenizar o impacto causado pelo lago e que aumentem a vida útil do mesmo que poderá, assim, ser uma das causas de desenvolvimento microrregional. 31 Além da água, o clima é outro aspecto ambiental que pode se alterar com os efeitos da usina. O alagamento traz para a região mudanças significativas no relevo, na quantidade de água acumulada, nas florestas que auxiliavam na absorção de calor solar que foram submersas, enfim, em vários fatores que contribuíam para a origem do clima regional. Portanto, o clima ao ser afetado pode trazer sérios problemas às populações e danos à conservação e manutenção da atividade geradora. Por isso, é imprescindível a análise anterior à implantação da barragem e quando aprovado a viabilidade da mesma, o acompanhamento das transformações climáticas são necessários tanto porque, quando o assunto é clima, fica difícil encontrar saídas ou soluções para problemas que se apresentem. Um dos efeitos de maior impacto sobre o clima é a alteração do albedo, que é o poder que a superfície tem de difundir ou refletir a luminosidade solar, relação entre a radiação solar refletida ou a dispersão pela superfície da terra e o total que nela incide ou seja, conforme for composta a superfície terrestre terá ela a faculdade de reter ou refletir a energia solar. O albedo é responsável por várias alterações climáticas quando, por ações naturais ou antrópicas, a superfície da terra é transformada. Cada tipo de cobertura de solo tem um grau de absorção de energia pela superfície. Algumas superfícies têm alta absorção, como as florestas que, em oposição têm baixa reflexão. A razão entre a luz solar incipiente e a que dela foi refletida pela superfície, revela o índice de albedo. Quanto maior o albedo, maior a reflexão. Quanto menor o albedo, maior a absorção de energia pela superfície (MÜLLER, 1995, p.141). Outro fator que atua no clima de uma região é o relevo. A rugosidade do solo, por exemplo, tanto auxilia na elevação ou diminuição do albedo, como também no atrito com os ventos diminuindo ou acelerando sua velocidade que será responsável pela distribuição da temperatura e mudanças meteorológicas. Na formação do lago ocorre uma transformação no ambiente que propicia ao clima suas mudanças ou permanências. As colinas, montanhas ou vales que antes serviam de canais ou quebra dos ventos, agora submersos, não mais terão sua função. Os ventos que anteriormente tinham esses bloqueios naturais que diminuíam sua velocidade, agora encontram uma superfície de água completamente plana que auxilia 32 no aumento de sua velocidade. As florestas que, como se sabe, serviam para absorção de calor e pouca reflexão deste, agora dão lugar a um imenso espelho aquático que tem alta reflexão e pouca absorção das incidências solares. Esses e outros são fatores que podem alterar a temperatura, a umidade relativa do ar, insolação e evaporação alterando assim o microclima e com ele o desenvolvimento da agricultura, indústrias e navegações que, por sua vez, desencadearão em problemas no desenvolvimento econômico e social da região. Importa ressaltar ainda que um dos maiores problemas climáticos para a usina é o vento que, dependendo de sua intensidade e direção, influi em vários aspectos: a) circulação das águas do reservatório; b) origem de tempestades eólicas, tufões e furacões em determinadas épocas do ano; c) ressecamento das folhas dos cultivos situados nas vertentes contíguas; d) formação de ondas. Destes, as ondas representam um dos fenômenos mais ameaçadores à conservação do lago e da barragem. Com o atrito da água com o vento, vão se formando pequenas ondas que, no decorrer do percurso, chegam à mesma velocidade do vento. Na colisão causam sérios danos à estrutura da barragem, prejuízos à navegação e problemas de erosão das margens e assoreamento dessa origem (MÜLLER, 1995, p. 148). Como conseqüência das mudanças climáticas, os solos da região também sofrerão impactos. Um fator leva ao outro numa cadeia de transformações ambientais que devem ser analisadas, corrigidas e adaptadas. O grande inimigo do solo é a erosão que dará origem ao maior problema de um reservatório que é o assoreamento. A composição do solo, a topografia e o conjunto de relevos do planeta foram naturalmente afetados pelos processos de erosão e assoreamento. Porém, esses processos podem ser acelerados por ações humanas tais como desmatamentos, práticas agrícolas inadequadas e implantação de lagos artificiais. O desmatamento tira a cobertura natural das plantas que servem como uma esponja na captação das águas das chuvas. As folhas sofrem o primeiro impacto da 33 água que é levada pelos galhos e troncos até o solo. Ao chegar na superfície do solo, a água já possui uma velocidade menor e com isso, penetra com mais facilidade encontrando galerias subterrâneas de raízes chegando com facilidade aos lençóis freáticos. As práticas agrícolas mudam a composição do solo nos diversos tipos de cultura. A prática de arar a terra faz com que o solo fique vulnerável às enxurradas que transportam até aos rios os materiais colhidos neste processo erosivo. Os rios, por sua vez, encontram nas águas paradas dos reservatórios terrenos propícios para o depósito destes materiais causando lenta ou bruscamente o assoreamento. O assoreamento num lago artificial, coloca em risco a vida útil do mesmo bem como a qualidade da água e da existência da fauna e flora subaquática. Recomendamse ações preventivas para o combate deste problema tais como a escolha do lugar da barragem, definição das características do solo no projeto, controle da erosão na bacia hidrográfica, entre outros (MÜLLER, 1995, p.158). 4.1.2 Impacto Sobre os Fatores Bióticos: Fauna e Flora Na natureza existe uma relação mútua de proteção e sobrevivência. A fauna depende da flora, que depende da boa qualidade das águas, que depende da proteção da flora em suas nascentes. Esse ciclo garante ao ecossistema a vida e a permanência de espécies, cadeias alimentares e nichos ecológicos. Porém, com a inundação, esse ecossistema sofre um desequilíbrio em todos os setores ambientais. As florestas desaparecem das margens, terras secas são inundadas, as águas cobrem o habitat de diversos animais que, com isso, tem de se adaptar em outros lugares. Por isso, o início da vida ambiental lindeira ao reservatório apresenta diversos problemas até que a natureza se adapte ao novo meio implantado pelo homem. Deste impacto, as florestas são as mais atingidas e com sua destruição, a qualidade da água sofre sérias transformações tanto pela biomassa submersa que liberará vários agentes químicos prejudiciais como pela falta da mata nas encostas que beneficiam as nascentes. É necessário que se faça então, o desmatamento anterior à inundação e o 34 reflorestamento nas margens assim que o lago atingir sua capacidade máxima de alcance. A submersão da biomassa poderá causar grandes prejuízos para implantação dos projetos de desenvolvimento ambiental, econômico e social da região atingida pela usina hidroelétrica. O Quadro 3 mostra os impactos na qualidade de água de um reservatório não desmatado em sua área alagada. QUADRO 3 - IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA EM RESERVATÓRIOS NÃO DESMATADOS Proliferação de vetores de endemias; Formação de odores, cor e sabores da água; Abastecimento de água potável. Impedimento de esportes náuticos; Balneários inviáveis; Recreação Efeitos estéticos negativos. Controle da acidez; Agricultura Irrigada Corrupção e entupimento dos equipamentos. Abertura de rotas; Alto risco de acidentes; SUBMERSÃO DE Navegação Danos aos motores dos barcos; BIOMASSA Problemas à sinalização. Detritos florestais flutuantes; Sistema de refrigeração; Geração Hidroelétrica Formação de gases tóxicos; Corrosão de equipamentos; Risco à saúde dos operadores. Saúde pública Vida Aquática Demora na estabilização da bioquímica; Dificuldades de captura; Custos de adequação de barcos e tralhas de pesca. Fonte: MÜLLER, 1995, p.180 Outra preocupação deve ser a implantação de parques ecológicos, afim de que sejam preservadas as espécies nativas e com isso, a ecologia se adapte rapidamente ao ambiente, ou seja, criar mecanismos de compensação ao impacto causado pela barragem à fauna e a flora, para que plantas e animais típicos não sejam dissipados ou se afastem da região atingida. O homem deve fazer com que os animais silvestres se adaptem o mais rápido possível nestes parques a fim de que não invadam áreas urbanas ou de cultivo. 35 Com relação aos animais, a empresa responsável pelo alagamento deve fazer também a coleta de espécies no momento da submersão de seu habitat levando-os aos lugares previamente destinados para receber, abrigar e fornecer condições de sobrevivência aos mesmos. Muitos problemas podem acontecer na região se não forem elaborados projetos de proteção e adaptação à vida animal lindeira, como é o caso de invasão de insetos, invasão de roedores nas cidades e propriedades lindeiras e a extinção de espécies que tenham dificuldade de adaptação em ambientes diferentes do seu habitat natural. Além dos animais terrestres, a fauna aquática também merece cuidados especiais pelo impacto causado pelo lago artificial. No leito natural do rio, peixes migram e têm acesso direto às nascentes para sua desova e procriação. A barragem será um obstáculo à migração de peixes. Com isso, poderá ocorrer um empobrecimento de espécies nativas ou raras e um avanço daquelas espécies que, com facilidade, se adaptam nas represas. Neste sentido são recomendadas ações de contribuição à desova, tais como canais migratórios nas barragens como também o repovoamento dos peixes através da reposição de alevinos. Assim, observa-se que os impactos ambientais são ocasionados por confrontos diretos ou indiretos entre o homem e a natureza, e levando-se em consideração a necessidade crescente de expansão das atividades humanas, os mesmos podem ser considerados inevitáveis. A sociedade depende dos recursos tecnológicos, recaindo no uso e obtenção de energia, proveniente de usinas atômicas, solares, hidroelétricas, dentre outras. No Estado do Paraná, utiliza-se de maneira intensa a produção de energia por hidroelétricas, devido a sua fisiografia ser pertinente à instalação destas, graças ao seu potencial hídrico e terrenos rejuvenescidos. A visão malthusiana trata da relação entre população e meio ambiente como se fosse composta de uma variável, que seria o ser humano (habitante) e os recursos naturais como uma constante. Para transpor tal pensamento, faz-se necessária uma reflexão de que a questão ambiental não é um produto da relação entre o homem e a natureza, mas sim resultante de um complexo processo de elaboração. Ou seja, o 36 homem elabora e cria seu próprio espaço aproveitando-se dos recursos disponíveis encontrados na natureza. No Quadro 4 são sintetizados os principais impactos diretos (abióticos e bióticos) e indiretos e as decisões aplicadas no projeto. QUADRO 4 – HIDROELÉTRICAS E SEUS IMPACTOS DECISÕES ADAPTADAS NO PROJETO, INSTALAÇÃO E TECNOLOGIA APLICADA. IMPACTOS DIRETOS IMPACTOS INDIRETOS Inundação de terras e bosques para a formação de um lago. Preparação do terreno antes da Desenvolvimento de um lago inundação: artificial após a construção da desmatamento. represa. Deslocamento da população urbana, rural e das comunidades indígenas. Impactos sobre o microclima pela modificação da taxa de evaporação e o aumento da salinidade da água. Erosão e perda da fertilidade do solo. Atribuição de novas terras. Problemas de indenização aos moradores. Modificação no curso do rio e Alteração do equilíbrio sobre as margens devido à Mudança no hábitat da fauna. ecológico natural nas margens. formação da represa. Mudança no leito do rio. Desvio no curso natural do rio Mudança na paisagem para a instalação da represa. margens do rio. das Construção de um canal de navegação com eclusas para Mudança no leito do rio. permitir a passagem dos barcos. Paragem da água e da areia. Instalação de uma represa Mudança na paisagem. artificial que mude o curso e que Interrupção na migração de aproveite a queda da água para a espécies por falta de um produção de energia. elevador, ou alteração na migração das espécies. Utilização de grande quantidade de concreto armado para a Produção e confecção do construção do vertedouro e do concreto armado no local. dique principal. Construir diques em rochas impermeabilizadas. Argila compactada e as demais Acumulação de rochas e argila. rochas impermeabilizadas servem para a construção dos diques de contenção. Atração dos peixes pelas Instalação das turbinas turbinas. FONTE: JORIGNÉ, 1997 Mudança na composição da flora e da fauna do fundo do rio. Mudança na composição dos sedimentos da água e da flora e fauna do fundo. Degradação da claridade da água: contaminação da represa, odores, doenças epidêmicas. Contaminação do ar, do solo e da água devido às instalações industriais. Diminuição dos recursos da região. Mortalidade de ovos, larvas, animais aquáticos e peixes. 37 É possível contornar ou amenizar problemas ecológicos (impactos ambientais negativos), com diretrizes políticas administrativas (planejamento sustentável), ao que se refere à produção espacial, associada ao seu desenvolvimento (NITSCHE, 1999). Essas diretrizes podem ser aplicadas desde a análise de impacto ambiental e sobre cada passo da construção, que envolve os impactos das obras e de suas conseqüências. Assim, este quadro serve de referência para uma reflexão sobre o alcance dos projetos e os elementos que constituem a sustentabilidade das regiões. Por outro lado, é importante analisar também as questões socioeconômicas que envolvem a construção de uma Usina e as regiões que são atingidas. 4.2 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS NAS REGIÕES ATINGIDAS PELO RESERVATÓRIO DE UMA USINA HIDROELÉTRICA A sociedade é um elemento importante na formação do ser humano pela necessidade de convivência com outros da mesma espécie. O homem não quer apenas sobreviver, ele que viver bem e ser feliz. Para isso se adapta à uma vida social que dá condições para perpetuação da espécie e possibilidades de uma vida qualitativamente melhor. Sendo assim, como várias são as constituições do ser humano, vários também são os fatores constituintes da sociedade humana. Sempre em busca do viver bem, o homem organiza sua sociedade no ambiente em que vive, adapta-se aos efeitos naturais, cria uma política que visa a organização desta sociedade que se constitui ainda de cultura, religiosidade, economia, entre outros. A sociedade é fruto destes e de outros aspectos que proporcionam ao homem o bem estar. Na atualidade, cada país, cada estado e cada município tem sua constituição, seu código de leis e sua moralidade numa constante ligação à questão da qualidade de vida e com os direitos humanos ou normas universalmente aceitas que facilitam a ordem da sociedade. Assim, cada região, pelas particularidades ambientais, raciais, culturais e religiosas e de acordo com as regras nacionais, se organiza dentro de 38 ditames próprios instituindo assim os perfis sociais regionais. É a partir desse perfil regional, que se pode analisar o impacto dos reservatórios das usinas hidroelétricas no seu desenvolvimento. A sociedade é formada por fatores constitutivos do próprio homem como cultura, política, economia, religião e o meio ambiente em que vive. Por isso, uma usina hidroelétrica é altamente impactante na sociedade regional por causa das transformações ocorridas principalmente no meio ambiente, na organização social e na economia. A mudança do meio ambiente é fator primordial de impacto social, pois através do alagamento, propriedades, vilas e até cidades ficam submersas levando consigo parte da história, cultura e modo de viver das pessoas atingidas. A economia da região é também transformada, pois com a construção da barragem a movimentação populacional se acelera e a injeção de recursos de compensação (royalties) podem mudar a estrutura social e política dos municípios lindeiros. Nos projetos de viabilidade da obra deve constar também uma análise prévia dos impactos que acontecerão no setor socioeconômico, pois a população não deve perder em qualidade de vida com a construção da barragem. Se houverem ações sociais adequadas, haverá amenização nos impactos através de compensações que desencadearão um desenvolvimento mais rápido dos municípios atingidos. Juntamente com os setores social e econômico, outro aspecto que auxilia no desenvolvimento de uma região é a cultura de cada população. Com seu folclore, costumes, lendas, literatura e tradições, a população encontra apoio para bem viver em sociedade. Quando as populações são ribeirinhas, existe um grande campo místico sobre o rio como estórias, lendas ou simplesmente apego individual àquilo que o rio representa: local de lazer, de relaxamento, de caminhadas, etc. Essa cultura ribeirinha é altamente afetada pelo alagamento e as migrações podem causar transformações na cultura das cidades, tanto as que perdem habitantes quanto as que os recebem. Desta forma, culturalmente os municípios podem perder e, com isso, vários problemas poderão surgir como melancolia, depressão e aversão à barragem que “tirou” seu habitat. 39 Como o homem possui direitos, geralmente ele é o mais atendido num projeto hidroelétrico. Por isso, o projeto de implantação deve pesquisar as representações culturais dos que serão atingidos para que sofram menos impacto e que se adaptem com maior facilidade e rapidez ao novo ambiente que se instalarão. Além disso, devem ser viabilizados planos de resgate dos valores culturais de cada comunidade que servirão não apenas de estímulo cultural aos atingidos, mas até mesmo de empreendimentos que influenciem uma área de abrangência maior valorizando os recursos do lago. Investimentos em infra-estrutura também podem beneficiar a cultura de cada localidade como construção de igrejas, clubes, escolas, museus, bibliotecas, etc. Percebe-se que a construção de uma usina hidroelétrica causa grande impacto no meio em que é instalada. A região atingida sofre mudanças significativas que poderão levá-la a um desenvolvimento ou a uma desaceleração desenvolvimentista dependendo das circunstâncias e meios supracitados implantados para compensar tais impactos. 40 5 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU Neste capitulo é apresentada uma resenha da colonização das regiões lindeiras ao lago da hidroelétrica de Salto Caxias e Itaipu Binacional. Junto a essa resenha, são apresentados os elementos da ocupação dessa região e de sua formação étnica. Ao final do capítulo, é feito um pequeno comparativo da ocupação espacial dessas duas regiões. 5.1 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DAS REGIÕES OESTE E SUDOESTE DO PARANÁ No início do século XX foram dados os primeiros passos rumo ao processo de colonização das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. Uma colonização marcada pela exploração extrativista de madeira e erva mate no primeiro momento e na ocupação por famílias gaúchas e catarinenses a partir de 1940. Nas primeiras décadas do século XX formaram-se companhias de colonização gaúchas que adquiriram terras ainda não ocupadas no noroeste do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e sudoeste e oeste do Paraná. Entraram por Pato Branco infletindo depois pelos vales dos rios Chopin, Iguaçu e Piquiri (WESTPHALEN, 1987). Entretanto, é importante ressaltar que, na região Oeste principalmente, o sistema das obragens foi a primeira expressão de ocupação e exploração das terras que margeavam o Rio Paraná. As obragens eram propriedades e/ou exploração típica das regiões cobertas pela mata subtropical em território argentino e paraguaio. Esse sistema baseado no binômio mate-madeira era praticamente desconhecido no sul do Brasil por ser de origem hispano-platino e, no extremo oeste do estado, forneceu o 41 contexto necessário para as primeiras expressões de colonização com a ocupação, exploração e unificação da região oeste (WACHOWICZ, 1982). Na região Sudoeste do Paraná a colonização foi feita pelos colonos vindos do sul, da presença de posseiros, grileiros e jagunços além dos fugitivos da justiça. Por ser uma região de fronteira, o governo federal criou a chamada Colônia Agrícola Nacional General Osório - CANGO que, numa faixa de 60 km da fronteira na região Barracão – Santo Antonio, contribuiu para a ocupação e colonização da região sudoeste do Paraná, (LAZIER, 1986). Para a melhor compreensão do perfil étnico e cultural que caracteriza a política e o processo de desenvolvimento de cada região, o panorama histórico das regiões Oeste e Sudoeste foi dividido em duas seções. Essa divisão facilita a compreensão da ocupação desse espaço e do entendimento dos hábitos e costumes, desde as cidades tipicamente européias das cidades lindeiras ao lago de Itaipu no extremo oeste, às comunidades tipicamente caboclas e mestiças da região de Salto Caxias. 5.1.1 Histórico da Colonização da Região Sudoeste do Paraná A colonização da região Sudoeste do Paraná foi marcada por diversos conflitos. Primeiramente, na disputa territorial onde Brasil e Argentina pleiteavam a posse da região rica em erva mate e pinheiros araucárias. Posteriormente, com a vitória diplomática do Brasil sobre a demarcação das terras fronteiriças com a Argentina, o conflito transferiu-se para questões internas, mais precisamente entre os estados do Paraná e Santa Catarina. O conflito interno foi caracterizado pela demarcação das terras do sudoeste os seus limites federativos. Com o acordo entre Paraná e Santa Catarina, em 1916 a região Sudoeste passou a pertencer ao Estado do Paraná, cujo direito de definir as formas de exploração foi questionado pela Companhia de Estradas de Ferro São Paulo - Rio Grande que, por direito, havia requerido aquelas terras através de um acordo que tinha com o antigo império. 42 Entretanto, durante esse longo período de inconstâncias administrativas e sem uma organização colonizadora, vários colonos vindos principalmente do oeste catarinense e noroeste gaúcho começaram a tomar posse de alguns terrenos, sem a devida documentação e, por isso, foram chamados de posseiros. Esses posseiros chegavam, demarcavam uma área e começavam a derrubada da mata e o cultivo de milho e criação de porcos. Por ser uma região inexplorada e afastada de centros urbanos, vários fugitivos da justiça também se alojavam nas terras do sudoeste e foram estes dois tipos de povos, os primeiros colonos do sudoeste do Paraná (LAZIER, 1986). Até que em 1943 o governo sensibilizado pelo abandono da região fronteiriça e rica resolveu criar uma colônia agrícola comandada pelo exército. Com a criação da Colônia Agrícola Nacional General Osório - CANGO deu-se efetivamente o início da colonização do sudoeste do Paraná. A CANGO organizou os posseiros que já estavam na área de terra pertencente a ela e possibilitou a entrada de outros através das demarcações de lotes, diminuindo assim a possibilidade de latifúndios na região. Porém, com a chegada de uma companhia de colonização grileira, o bom andamento dos trabalhos da CANGO foi interferido no que culminou com uma das maiores revoltas populares do século XX no país. Em 1950, a empresa Clevelândia Industrial Territorial Ltda - CITLA, começou a atuar nas transações e intermediação da ocupação das terras no sudoeste do Paraná. Essa companhia, recebendo indenizações do Estado, apropriou-se de vasta área de terras onde já se encontravam os posseiros com suas habitações e áreas cultiváveis, exigindo destes o pagamento dos lotes em que se encontravam. Com documentos forjados, a companhia grileira contratou jagunços que, a base de muita violência, forçavam os posseiros a assinar notas promissórias e pagar valores indevidos às propriedades (LAZIER, 1986). Essa atuação grileira gerou muita revolta entre os posseiros, o que causou um dos maiores conflitos por posse de terra do século XX no Brasil, a chamada Revolta dos Posseiros de 1957. 43 Neste conflito, os posseiros saíram vitoriosos, tomando várias cidades da região, expulsando a companhia grileira. No entanto, essa revolta, chamou a atenção da nação que resolveu intervir na região possibilitando a desapropriação das terras e concedendo aos posseiros a documentação de proprietários (GOMES, 1986). Com a instabilidade que a revolta causou à região, o Governo Federal resolveu criar o Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná - GETSOP, em 1962. Esse grupo programou e executou os trabalhos necessários para a efetivação da desapropriação das terras. Assim, com vários programas de incentivo e melhorias nas estradas e construção de outras infra-estruturas necessárias, os moradores da região passaram de posseiros a proprietários e a colonização progrediu desenvolvendo a região através da agricultura. A ocupação dessas terras, com características típicas de miscigenação interracial da fronteira (brasileiros e argentinos), e com a chegada dos grupos étnicos do sul do país, deram ao Sudoeste uma característica singular de composição racial e de formação social. Isso pode ser observado na pesquisa de campo. Observou-se no contato com a população e na aplicação dos questionários, que a população dos municípios atingidos pela barragem de Salto Caxias (Nova Prata do Iguaçu, Boa Esperança do Iguaçu, Cruzeiro do Iguaçu, São Jorge do Oeste e Salto do Lontra) possuem uma etnia bem variada. Dos entrevistados, 65% são de origem mestiça, ou como chamam, cabocla, que moram em pequenas propriedades, com uma agricultura de subsistência e grande tendência ao êxodo rural e deslocamento para os pólos urbanos de Francisco Beltrão, Pato Branco e Cascavel. São municípios pequenos e desassistidos no tocante à infraestrutura de estradas, como é o caso dos municípios de Cruzeiro do Iguaçu e Boa Esperança do Iguaçu que, sem asfalto, têm dificuldades para transportar seus excedentes agrícolas ou acesso ao reservatório como fonte turística. 5.1.2 Histórico da Colonização da Região de Itaipu A região a qual pertence a Usina hidroelétrica de Itaipu, no seu aspecto colonizador, tem fatores importantes, quais sejam: 44 a) fundação da colônia militar do Iguaçu; b) as obragens; c) migrações (espontâneas ou dirigidas pelas companhias colonizadoras). Intrinsecamente, uma ligação entre ambas faz pensar a colonização do extremo Oeste paranaense como um acontecimento marcado pelas transformações sociais e políticas brasileiras (WESTPHALEN, 1987). Tanto que após a proclamação da república (1889), adota-se no país o princípio federativo que, pela Constituição de 1891, outorga as terras nacionais devolutas ao domínio dos respectivos estados da federação. Deste modo, as terras da região de Itaipu, ainda não apropriadas, ficam sob responsabilidade do Estado do Paraná. Grandes áreas desta região foram concedidas em troca de obras públicas como estradas de ferro e/ou portos, o que levou à região os primeiros colonos nacionais e estrangeiros. Essas concessões proporcionaram uma intensa movimentação fundiária no estado, além da não efetivação ocupacional. Disto decorreu uma exploração de modo depredatório das matas e dos ervais possibilitando o desenvolvimento das obragens. No Paraná, a primeira obragem data de 1881 na margem esquerda do rio Paraná acima da foz do rio Iguaçu, no extremo oeste do estado. Nesta época, a região era um sertão desconhecido, não haviam fiscalizações e o sistema era propício para exploração. O argentino adquiria uma propriedade ou obtinha concessões do governo paranaense a preços baixíssimos. Além disso, tinham total permissão para navegarem nos rios da região através de leis internacionais e, desta forma, iniciou-se a ocupação das terras por pessoas de diversas nacionalidades (brasileiros, paraguaios e argentinos), que derrubavam as matas e fundavam pequenos acampamentos cuja serventia era a permanência provisória, pois precisavam de um lugar seguro para os dias que voltavam das selvas onde buscavam erva mate e madeira. Esses acampamentos deram origem aos primeiros portos para escoamento da exploração, (WACHOWICZ, 1982). Assim, por volta de 1920 encontravam-se nas margens do Rio Paraná acima da foz do Rio Iguaçu os seguintes portos: Bela Vista, Itaoquita, União, Alberto, 45 Marmik, Rossani, M Bacluy, Leque, Sol de Maio, São Vicente, São Francisco, São Miguel, Artaza, Mendes e São João, dos quais alguns desapareceram e outros deram origem a vários municípios que hoje fazem parte dos lindeiros ao lago de Itaipu. (Idem, 1982). Em poucas décadas a costa paranaense viu-se ocupada por cerca de duas dezenas dessas obragens e povoada por milhares de trabalhadores. Esses trabalhadores eram de origem indígena, falando o guarani e por serem conhecedores do meio, foram os preferidos para o serviço de exploração da madeira e da erva-mate. Os mensus, como eram chamados, participavam como base de apoio à economia regional e da riqueza alcançada pelos obrageiros. Através deste sistema cidades como Guaíra, Santa Helena e Foz do Iguaçu foram tomando porte e importância nesta economia primitiva que se pode denominar de uma economia explorativa, escravista e estrangeira do Oeste paranaense. Após a revolta dos tenentes (1922) e com a ação política da revolução de 1930, o governo brasileiro tomou consciência e providências para situação da ocupação das terras da região Oeste do Paraná, que se encontravam dominadas por obrageiros exploradores dos quais muitos eram estrangeiros (Argentinos), povoada pelos mensus (formada por grupos indígenas, brasileiros e paraguaios, escravizados pelas obragens) e sendo diretamente influenciada pela cultura, economia e até mesmo língua estrangeira (castelhana). Além disso, percebeu-se o enorme potencial regional para a agricultura, turismo e transporte via fluvial pelas águas do rio Paraná. Assim definiu-se uma política de colonização da região dentro dos moldes do slogan nacional de “Marcha para o Oeste”. Essa era uma das preocupações do Governo de Getúlio Vargas a partir de 1930: nacionalizar e ocupar a fronteira guarani nas divisas com a Argentina e o Paraguai (WACHOWICZ, 1982). Entretanto, a colonização propriamente dita da região dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, só se firmou a partir de 1946 com a chegada das Companhias colonizadoras. 46 A mais importante dessas companhias foi a Industrial Madeireira Colonizadora do Rio Paraná S. A - MARIPÁ, uma empresa gaúcha, que foi a principal colonizadora do oeste paranaense. Primeiramente a MARIPÁ realizou a exploração dos pinhais e madeiras de lei deixadas pelas obragens e posteriormente elaborou seu plano de colonização baseada na idéia de pequenas propriedades, lotes de no máximo 10 alqueires, que serviriam para a subsistência de imigrantes italianos e alemães que seriam atraídos para a região. Assim, realizou a demarcação dos lotes, infra-estrutura das cidades e seleção dos grupamentos humanos que habitariam essas terras. Foi por causa dessa seleção étnica que alguns municípios da região lindeira ao atual lago de Itaipu são compostos por um grande número de alemães e italianos, devidamente separados em localidades pré-determinadas pela ação colonizadora. Segundo WACHOWICZ (1982), a empresa visava colonos que sabiam trabalhar a terra, tivessem condições técnicas e conhecimentos para progredir. Além disso, que buscariam direção espiritual e saberiam acolher com respeito a dicotomia alemães x italianos e católicos x protestantes e que fariam dessa região uma área tranqüila e próspera. Utilizando desta política, a MARIPÁ foi desenvolvendo a colonização fazendo surgir além da cidade de Toledo, as localidades de Marechal Cândido Rondon (1951), Mercedes (1952), Pato Bragado (1954), entre outros, que hoje fazem parte dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Além da MARIPÁ, outra colonizadora que destacou-se na região a partir de 1952, foi a Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda. Com sede em Erechim-RS e com experiência na colonização do norte do Paraná, a Madalozzo Ltda. adquiriu terras na região de Santa Helena, onde em 1955 realizou o loteamento nos mesmos moldes da Maripá e assim atraiu inúmeras famílias de gaúchos e catarinenses que chegaram na região no ano de 1957. Desta forma, estruturou-se o município de Santa Helena bem como várias localidades, dentre as quais Entre Rios, que posteriormente tornar-se-ia o município de Entre Rios do Oeste. 47 Após a vinda dos migrantes sulistas na região e a modernização agrícola a partir de 1960, a região tornou-se próspera e organizada política, econômica e socialmente. Apesar de alguns conflitos na ocupação, a organização e os laços étnicos possibilitaram a organização social e institucional por melhores condições de vida. Os dados da pesquisa de campo apontaram a seguinte composição étnica, em percentuais, na região: - 56% dos entrevistados é de origem italiana e alemã. Destes, a maioria é de origem italiana - 76% e cerca de 24%, são alemães. Destacamos que a população de origem alemã está mais concentrada nos municípios de Marechal Cândido Rondon, Missal, Pato Bragado e Mercedes. Já os de origem italiana estão distribuídos em quase todos os municípios atingidos; - 44% dos entrevistados são de outras raças étnicas como polonesa, mestiça, ucraniana, etc. 5.1.3 Espaço e Ocupação das Duas Regiões Comparativamente, entre as regiões de Itaipu e Salto Caxias, houveram poucas modificações no tocante ao seu processo histórico de povoamento e colonização no século XX. Ambas tiveram suas terras exploradas pela abundância de madeiras de lei, pinheiros araucária e erva-mate. Após esse processo explorativo, a diferença entre as duas regiões se dá na forma de ocupação. Na região alagada pelo reservatório de Itaipu, de modo formal e direcionado, a colonização foi feita através de companhias colonizadoras das quais a mais importante foi a MARIPÁ. Já na região atingida pela Usina de Salto Caxias, essa ocupação se deu na forma de povoamento e posse de terras por conta dos próprios posseiros, fatores que desencadearam grandes conflitos armados. A forma ordenada de colonização da região de Itaipu fez com que nesta a predominância étnica fosse européia advinda do sul do país. Já em Salto Caxias, pela questão de povoamento aleatório, a predominância de várias etnias originou uma população miscigenada. 48 Outro fator importante, distinto entre as duas regiões, foi a influência do relevo sobre a ocupação e o progresso da exploração das terras. Na região de Itaipu, com solos mais planos, a mecanização se acentuou rapidamente e a expansão da cultura da soja trouxe rapidamente um crescimento econômico na agricultura e a formação de uma base de exportação. Já em Salto Caxias, declives no relevo atrasaram a mecanização e a população ocupou-se de outras culturas para seu desenvolvimento. Por isso, pode-se afirmar que a região de Salto Caxias ficou atrasada em termos de ganhos de produtividade agropecuária em relação à região do Extremo Oeste do Paraná. Assim, observa-se que o espaço geográfico tem uma influência marcante sobre a formação econômica dessas regiões. Essas características de relevo, clima, vegetação, hidrografia serão apresentados a seguir. 49 6 HIDROELÉTRICAS CARACTERIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO GEOGRÁFICA, REGIONAL: CARACTERIZAÇÃO, PROBLEMAS E AÇÕES AMBIENTAIS NOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU A exploração econômica tem uma relação direta com o espaço geográfico, pois é neste espaço que estão situados os recursos naturais. O acesso a estes recursos e a viabilidade de sua extração condicionam a formação dos assentamentos humanos, a ocupação das terras e as possibilidades do seu progresso econômico. Assim, a formação socioespacial de uma região está ligada não somente às características de sua população, mas também às suas características geográficas. 6.1 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS A região de Salto Caxias (Figura 1) está localizada na região do baixo Iguaçu, no Oeste e Sudoeste do estado do Paraná. Engloba nove municípios atingidos pelo reservatório da hidroelétrica de Salto Caxias. O quadro morfológico é dominado por superfícies planas e com ondulações dispostas a grande altitude. A região situa-se no planalto basáltico, ou terceiro planalto do Paraná, também chamado planalto de Guarapuava, o qual é o mais extenso das unidades de relevo do estado. Limita-se, a leste, pela serra Geral, com um desnível de 750 m, e denomina-se planalto paleozóico. A oeste, o limite é assinalado pelo Parque Nacional do Iguaçu. Esse planalto ocupa toda a metade ocidental do estado. Seus solos, desenvolvidos a partir dos produtos da decomposição do basalto, constituem a "terra roxa", famosa pela fertilidade. A caracterização climática da região, apresenta as características do clima Subtropical Úmido Mesotérmico. A precipitação anual varia entre 1 300 a 2 000 mm. Há precipitação durante todo o ano; entretanto, é maior de outubro a março e no mês de maio. A temperatura média anual varia entre 16°C e 22°C. A variação sazonal da 50 temperatura média não é alta. No verão, permanece em cerca de 24°C e no inverno, em cerca de 15°C. A velocidade do vento é estável e varia de 2,0 e 5,0 m/s e a média anual de horas de sol é de aproximadamente 7 horas/dia. A umidade relativa é quase constante varia entre 70% e 80% (UFPR, 1994). A estrutura climática influencia diretamente a vegetação. Sendo o clima, relevo e hidrografia diferenciados, obviamente, a flora sofre influências. Os tipos naturais de vegetação que ocorre na região são as florestas que se subdividem em Tropicais e Subtropicais. A floresta Tropical é parte da mata atlântica, que recobria toda a fachada oriental do país com suas formações latifoliadas. Atualmente, a floresta natural e o reflorestamento na região abrangem 24,3% e 1,7%, de sua área, respectivamente. A vegetação secundária onde crescem arbustos naturais após algum tipo de uso, como por exemplo queimadas, se estende por 27% da área citada (PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO VIA SATÉLITE - GIS, 1990). Em termos de hidrografia o Rio Iguaçu possui cerca de 80% de sua bacia hidrográfica no Estado do Paraná, com um percurso de mais de 900 km e um desnível em torno de 830 m, além de possuir suas nascentes na Serra do Mar e sua foz no Rio Paraná. O isolamento provocado pelo surgimento de várias quedas ao longo de seu leito, ocorrido há aproximadamente 22 milhões de anos, foi o responsável por uma fauna de peixes com elevado grau de endemismo.* Seu curso médio sofreu nos últimos 20 anos, sensíveis alterações conseqüentes da implantação de cinco grandes barragens: Bento Munhoz da Rocha Neto (Foz do Areia), Segredo, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias. Por conseqüência destes represamentos, este rio apresenta 35% de sua extensão transformada em lagos artificiais (UFPR, 1994). O reservatório da usina hidroelétrica de Salto Caxias apresenta uma área total alagada de 108,65 Km². O conhecimento da ictiofauna do rio Iguaçu, apesar de precário, permite estimar um número aproximado de 50 espécies, sendo as principais espécies: guasco, guasquinho, cascudo, lambari, pintado, cascudinho, canivete, saicanga e mandi. 51 6.2 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO DE ITAIPU A região atingida pelo reservatório de Itaipu engloba 15 municípios, localizase na fronteira Brasil-Paraguai, entre os paralelos 24o 05’ e 25o 33’ de latitude Sul e entre os meridianos 54o 00’ e 54o 37’ de longitude Oeste (na Microrregião Homogênea – MRH – 288, região Oeste do estado do Paraná – lado brasileiro), apresentando o reservatório uma superfície de 1.350 km2 em sua cota média de operação, entre as cidades de Guaíra e Foz do Iguaçu. A região encontra-se cerca de 300m acima do nível do mar (FERNANDEZ, 1995, p. 23-28). O quadro morfológico é dominado por superfícies planas dispostas a grande altitude. A região é situada no terceiro planalto paranaense, ou seja no planalto basáltico. Seus solos, desenvolvidos a partir dos produtos da decomposição do basalto, constituem a "terra roxa", famosa pela fertilidade. O tipo climático que caracteriza a região em estudo é o Clima Subtropical, temperado úmido, sem estação seca. A média das temperaturas máximas é 27,6º C e das mínimas 16,7º C, e a pluviosidade alcança cerca de 1.200 mm anuais. A região está sujeita a uma média de cinco dias de geada por ano. A evaporação média mensal atinge o valor mínimo de 55 mm em maio e o valor máximo de 105 mm em dezembro, sendo que o total anual médio é de 809 mm. A umidade relativa do ar média é alta em todos os meses, sendo a média anual de 84%. A chuva média acumulada no ano é de 1.870 mm, bem distribuída ao longo do ano, sendo a mínima em torno de 90 mm em julho e a máxima de 230 mm em outubro. Conforme a afirmação de que o clima, o relevo e a hidrografia diferenciados geram uma flora diferenciada, observa-se que, dentre os tipos de vegetação natural que ocorrem, a região é composta principalmente por florestas, as quais subdividem-se em Tropicais e Subtropicais. A preservação ambiental é estimulada pela própria Itaipu, visando proteger o seu reservatório. De toda área ocupada pelo complexo hidroelétrico, que vai de Guaíra a Foz do Iguaçu, 45% são matas nativas ou reflorestadas destinadas a proteger o Lago * Entende-se por endemismo, o processo de isolamento responsável pelo aparecimento de uma fauna única e 52 de Itaipu. Junto com as reservas e refúgios biológicos essa área chamada de Faixa de Proteção, soma 108.866 hectares, o equivalente a mais da metade do Parque Nacional do Iguaçu. Sua largura média é de 217 metros por 2.915 quilômetros de extensão, somando uma área de mais de 60 mil hectares. A caracterização hidrográfica da região é dada pela bacia do rio Paraná que origina-se da confluência dos rios Paranaíba e Grande, na divisa dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso. Após a junção desses rios, na região de Aparecida do Tabuado, o rio apresenta largura de 1Km e característica de rio de planalto, com um elevado potencial hidráulico e, é em seu leito que se encontra a Usina Hidroelétrica de Itaipu, atualmente a maior do mundo. A bacia inteira abrange cerca de 3 milhões de Km² , sendo a extensão total do rio Paraná e dos afluentes, Paranaíba e Grande, em torno de 4.000 Km. Devido a sua vazão e à extensão de sua bacia, o rio Paraná, incluindo seus afluentes, é um dos sete maiores rios do mundo. Quanto ao Lago de Itaipu, quando comparado com outros do Brasil, é apenas o sétimo em tamanho. Esse paradoxo mostra a forma racional como se conseguiu aproveitar o potencial hídrico do Rio Paraná, inundando uma área de 1.350 Km², que possui uma potência instalada de 12.600 MV e um índice de produção de energia por quilômetro quadrado de 0,11 MW. Da área de 1.350 quilômetros quadrados, 770 estão no lado brasileiro e 580 no lado paraguaio. A profundidade média do reservatório é de 22 metros, podendo alcançar 170 metros nas proximidades da barragem (ITAIPU BINACIONAL, 2001) 6.3 COMPARATIVO DA CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA ENTRE AS DUAS REGIÕES A caracterização geográfica das duas regiões apresenta formações morfológicas, climáticas e ambientais semelhantes, até mesmo pela proximidade de sua localização. A região de Salto Caxias envolve nove municípios localizados no peculiar de uma região. 53 Oeste e Sudoeste do Paraná e a região de Itaipu engloba quinze municípios no extremo Oeste do estado. O quadro morfológico é dominado por superfícies planas dispostas a grande altitude, com um grau de ondulações um pouco mais acentuado na região de Salto Caxias. As regiões são situadas no terceiro planalto paranaense, ou seja no planalto basáltico. Seus solos, desenvolvidos a partir dos produtos da decomposição do basalto, constituem a "terra roxa", de ótima fertilidade. O tipo climático predominante nas regiões é o Subtropical Úmido que, em combinação com as características geográficas, determina as características ambientais naturais comuns às duas regiões. A diferença mais marcante em termos de mudanças na estrutura geográfica e espacial, fica mesmo por conta das áreas alagadas e seus impactos ambientais. Isso influi tanto na exploração agropecuária, pelas mudanças no microclima de algumas áreas, quanto na relação da produção de energia e o espaço dos lagos criados pelas represas. O reservatório da usina hidroelétrica de Salto Caxias, localizado no Rio Iguaçu, apresenta uma área total alagada de 108,65 Km² e uma potência de geração de 1.240 megawatts (MW). Seu índice de produção de energia é de 11,41 MW/Km² (CIDADES DO BRASIL, 2001). Já o Lago de Itaipu do Rio Paraná, inundando uma área de 1.350 Km², possui uma potência instalada de 12.600 MW e um índice de produção de energia de 9,33 MW/Km2 (ITAIPU BINACIONAL, 2001). Entende-se, então, que a hidroelétrica de Salto Caxias produz uma quantidade aproximada de 20% a mais por quilômetro quadrado de alagamento que a Usina de Itaipu. Essa informação torna-se uma referência para a criação e a definição do porte de futuras centrais hidroelétricas. Principalmente, pelo impacto ambiental que esse tipo de exploração produz. Quanto a isso, a seguir são apresentados os principais problemas ambientais das regiões atingidas pelos reservatórios e as ações compensatórias das Usinas. 6.4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E PRINCIPAIS PROBLEMAS NAS REGIÕES ATINGIDAS 54 As regiões atingidas pelos reservatórios de Itaipu e Salto Caxias possuem praticamente as mesmas espécies de plantas devido a proximidade das mesmas. As florestas são do tipo subtropical mista, composta por formações de latifoliadas e de coníferas. Este tipo de floresta sofreu maior exploração econômica e degradação no país por ser a única que apresenta grande número de indivíduos da mesma espécie como os pinheiros (araucárias) em agrupamentos suficientemente densos (embora não puros) para permitir fácil extração. Além do pinheiro, a floresta mista oferece também espécies latifoliadas de valor econômico, como a imbuia, o cedro e a erva-mate. A devastação foi tão intensa que no final do século XX, apenas pequena parte das formações florestais subsistiam. A derrubada para exploração de madeira e formação de campo para agricultura ou pastagens foi responsável por sua quase completa eliminação. (Instituto Ambiental do Paraná - IAP). Em termos de flora ameaçada, o Instituto Ambiental da Paraná – IAP, apresentou uma lista que abrange as situações mais críticas, classificando as espécies em: extinta, rara, ameaçada ou vulnerável. O alto número de espécies botânicas na “lista vermelha” é um reflexo da real diminuição da floresta natural para apenas cerca de 5% da cobertura original hoje, enquanto a área agrícola e de pastagens passou a ocupar mais de 80% das terras da região em questão. Essa grande e rápida destruição das florestas naturais para expansão das terras agrícolas causaram uma situação de erosão dos solos nas regiões. Além do desmatamento, a aplicação imprópria da mecanização e os sistemas inadequados de lavoura contribuíram para perda ou redução significativa da fertilidade dos solos. Conseqüentemente esse processo erosivo do solo constituiu uma certa degradação da qualidade da água na jusante dos rios com a sedimentação e uso de produtos químicos na agricultura. Existe outro tipo de erosão do solo nas vizinhanças de cidades, especialmente na região. Com o aumento da população, as cidades se expandem em direção às terras agrícolas e o rápido desenvolvimento das áreas residenciais deixa grande parte da superfície do solo sem proteção, como por exemplo estradas de terra e vegetação 55 pobre. Quando chove, o solo desprotegido é erodido. Outro fator que acelera a erosão do solo neste tipo de região é o insuficiente sistema de drenagem da água pluvial, devido à rápida expansão da área urbana. Durante a precipitação, as estradas são drenadas pelo excesso de água o que provocou a erosão de voçorocas (crateras por onde escoam os excessos de água). A preservação ambiental é estimulada pelas próprias empresas responsáveis pelas usinas hidroelétricas, visando conservar seus reservatórios e evitar o assoreamento. Cerca de 45% da área ocupada pelo complexo hidroelétrico são matas nativas ou reflorestadas destinadas a proteger os reservatórios. Somam-se a essa área, chamada de Faixa de Proteção, as reservas e refúgios biológicos. Destaca-se o Parque Nacional do Iguaçu localizado na bacia do baixo Iguaçu, que é a maior extensão da região, com cobertura de floresta nativa e a Reserva Ecológica do Rio Guarani na região de Salto Caxias. Estas áreas são a base dos programas de preservação da fauna e da flora da região e também impedem ou reduzem o assoreamento e a poluição dos lagos. Através da conscientização e do apoio técnico aos agricultores, buscam-se alternativas na agricultura para contornar e evitar problemas com o uso de agrotóxicos e com a erosão. Quanto aos agrotóxicos, há uma preocupação constante devido à prática da agricultura intensiva nas regiões em questão. O uso indiscriminado dos mesmos pode levar à contaminação dos solos e dos mananciais. Visando reduzir os riscos de contaminação estão sendo implantados, na maioria dos municípios, programas de recolhimento e reciclagem das embalagens de agrotóxicos (programa Terra Limpa). Até o momento, os índices de contaminação apontados nas regiões estão dentro do permitido, segundo a legislação ambiental vigente. São desenvolvidos programas de conservação de solos e técnicas de manejo adequado dos mesmos, por parte das prefeituras municipais em parceria com as empresas hidroelétricas e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER. Outra alternativa apontada está na prática da técnica do plantio direto e da agricultura orgânica. A região vem se consolidando como um dos mais importantes 56 pólos da agricultura orgânica do Paraná, criando ambiente favorável para o surgimento, expansão e consolidação de agronegócios através de uma série de treinamentos e incentivos para pequenos agricultores. Nota-se grande preocupação, por parte das empresas responsáveis pelos reservatórios, com a qualidade da água. Existe uma medição constante da temperatura e do Bióxido de Carbono nas áreas dos reservatórios. As análises físico-químicas e hidrobiológicas da água mostram que os lagos são adequados para recreação pelas comunidades que vivem em suas margens. Estas análises incluem verificação sobre as condições de balneabilidade das praias artificiais e a quantidade de metais pesados, pesticidas e nutrientes existentes no reservatório. Outro problema constitui-se na alteração dos cursos e das características naturais dos rios. Caracterizados por corredeiras e saltos alternados por meandros com curvaturas amplas e várzeas extensas, com o represamento estes se tornaram lagos. Foram diretamente afetadas as espécies endêmicas de peixes que ocorrem em alto grau na Bacia do Iguaçu e em menor grau na Bacia do Rio Paraná, devido suas características geomorfológicas e ocorrência de barreiras naturais através do curso do rio. A ictiofauna dos rios, de modo geral, sofreu severas alterações devido a sua proximidade com áreas metropolitanas em expansão e a construção de diversos reservatórios ao longo de seu curso. Faz-se um acompanhamento da proliferação de plantas e animais aquáticos nos reservatórios através do trabalho de pesquisadores particulares, pesquisadores de entidades científicas e pesquisadores das próprias usinas hidroelétricas. Observa-se o desempenho das funções de cada um dos elementos naturais na cadeia alimentar, dentro do novo habitat gerado pela formação dos reservatórios (Núcleo de Pesquisas de Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura – NUPÉLIA/UEM). Também merece destaque o fato de que as cabeceiras dos rios foram intensivamente exploradas, em certos pontos, para a extração de areia, o que causou alterações no curso e no ambiente natural destes. Outro fator contribuinte para o atual estágio de degradação é a destruição das áreas de várzea pelo uso agrícola e extração 57 da sua vegetação ciliar (das margens) de forma a reduzir a existência dos corredores de fauna entre as áreas remanescentes de vegetação fluvial, favorecendo a deterioração da qualidade da água dos rios aumentando a turbidez e a vazão agroquímica (UFPR, 1994 e ITAIPU BINACIONAL, 2001). A criação de bovinos que é uma atividade popular nas regiões em questão, é mais uma das razões de sérios problemas para o meio ambiente. Ocupa uma grande área de terras para pastagens, inclusive áreas que deveriam ser de preservação permanente, comprometendo a flora e a fauna nativas. Como a fauna terrestre ainda existente é muito dependente da vegetação de floresta remanescente, qualquer fator que cause a sua redução implica diretamente em graves problemas para a sobrevivência e conservação da fauna. A avifauna localizada no mosaico formado pelas áreas remanescentes de floresta possui uma biodiversidade reduzida, mantendo um banco genético único, e é afetada pelo mesmo problema. A criação de suínos também é popular na região e a causa principal de preocupação nesta atividade é a destinação da grande quantidade de dejetos gerados, que quando não são manipulados de forma correta, podem contaminar os mananciais. Os entrevistados na pesquisa, também citam os mesmos problemas ambientais, relacionados à agropecuária intensiva e a sua enorme expansão nas regiões em questão, apontados anteriormente. Por outro lado, mencionam o desenvolvimento de diversos programas de preservação ambiental, principalmente reflorestamentos e programas de redução de produtos tóxicos no meio ambiente, que vem sendo desenvolvidos pelos órgãos públicos em parceria com as empresas responsáveis pelas hidroelétricas. O ICMS ecológico é uma forma inovadora de alocar parte da renda das taxas (impostos) para a preservação ambiental. No estado do Paraná, em 1991 foi promulgada uma lei designando que parte do ICMS seja alocada para fins de preservação ambiental. Do volume total para os municípios, 5% está reservado para municípios com áreas ambientalmente importantes. Estes municípios que possuem ou áreas verdes ou de recarga hídrica e devem ser preservados, devem apresentar 58 requerimento ao IAP para receber este dinheiro. O IAP avalia a solicitação e, se julgar apropriado, fornece o fundo. 6.5 PRINCIPAIS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS Com a implantação da usina de Salto Caxias foi desenvolvido e implementado um plano de Proteção e Conservação dos Ecossistemas Naturais (PPCEN), nos municípios lindeiros, visando preservar e utilizar de maneira racional o meio ambiente, sendo que o mesmo é apresentado no Quadro 5. QUADRO 5 - PROGRAMAS COMPONENTES DO PLANO DE PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS A SALTO CAXIAS continua PROGRAMAS - Implantação da estação ecológica - AÇÕES aquisição de área para estação ecológica do rio Guarani; convênio com o Batalhão da Polícia Florestal BPFLO, visando a fiscalização da flora e das áreas de preservação permanente; diagnóstico da flora da estação ecológica do rio Guarani através de contrato firmado com a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná FUPEF; gestionamento junto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), para o recebimento do ICMS ecológico referente às áreas de preservação, pelos municípios. 59 - Aproveitamento científico da flora e fauna - - realização de Seminário de Meio Ambiente Biótico; convênio com instituições e pesquisadores para a implantação de projetos de estudos na área de botânica e conservação de sementes (Empresa Brasileira de Pesquisa Ambiental (EMBRAPA), Universidade Federal do Paraná (UFPR), e outras); sub- projeto da ictiofauna em convênio com o Núcleo de Pesquisas de Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (NUPÉLIA), através da Universidade Estadual de Maringá (UEM); implantação de um posto avançado para a realização de campanha de campo, criação de viveiros de mudas e estudos sobre plantas medicinais na região; desenvolvimento de estudos da fauna pela Fundação Universidade Estadual Maringá (FUEM) subdividindo-a em cinco grupos QUADRO 5 - PROGRAMAS COMPONENTES DO PLANO DE PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS A SALTO CAXIAS continuação PROGRAMAS Monitoramento da fauna aquática - Monitoramento dos parâmetros físico-químicos e biológicos das águas Implantação de estação climatológica Recuperação de áreas degradadas - AÇÕES (peixes, mamíferos, anfíbios, répteis e aves), visando observar os efeitos das alterações ambientais sobre cada um deles; elaboração do plano de resgate para a Operação Enchimento (set.98). convênio firmado com a NUPÉLIA/ UEM para realização dos estudos ictiológicos do reservatório. convênio firmado com o Centro de Pesquisas de Processamento de Alimentos- CEPPA/ FUNPAR para realização de campanhas de campo na área do reservatório para análise da qualidade da água; Convênio firmado com o Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza (CEHPAR) para estudos da qualidade da água, apresentando o primeiro modelo matemático para determinar a qualidade de água em reservatórios. convênio com o Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR), viabilizando a implantação de uma estação climatológica localizada no município de Nova Prata do Iguaçu. implantação de viveiro florestal; reflorestamento temático em áreas nuas do 60 Monitoramento da faixa marginal e ilhas - Monitoramento do aporte a sedimentos Avaliação e controle de escorregamentos localizados acampamento; desenvolvimento de atividades de paisagismo. a implantação deste programa está sendo desenvolvida pela FUPEF/UFPR, em atendimento ao proposto pelo Projeto Básico Ambiental, visando monitorar a faixa marginal e ilhas do reservatório. as ações realizadas neste programa estão contidas em convênio firmado com o Centro de Estudos Hidrológicos do Paraná (CEHPAR), Projeto HG 93, onde estão previstos estudos para a caracterização fisiográfica e climática do Rio Iguaçu, verificando séries históricas, vazões de enchentes, vazões mínimas e assoreamentos. estudos realizados pela Companhia Paranaense de Energia (COPEL) mostraram a não ocorrência de escorregamentos localizados na região. QUADRO 5 - PROGRAMAS COMPONENTES DO PLANO DE PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS NATURAIS NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS A SALTO CAXIAS conclusão PROGRAMAS - Monitoramento sismológico - Limpeza da bacia de acumulação - Usos múltiplos do reservatório FONTE: COPEL, 1998 - AÇÕES neste programa foram realizados estudos para a implantação de 3 estações sismológicas na área do reservatório; disponibilização de equipamentos para a instalação das estações sismológicas nos municípios de Boa Vista da Aparecida, Três Barras do Paraná e Nova Prata do Iguaçu. liberação pelo IAP do corte da madeira em área a ser alagada, em setembro de 1997; convênio firmado com a EMBRAPA para estudos, pesquisas e preservação da flora; Contrato firmado com a Cooperativa Cruzeiro do Iguaçu de Trabalho Informal (COOCTRIL), para o desmatamento da roçada e retirada da vegetação a ser atingida pelo reservatório. definição junto ao IAP do plano diretor para o uso do reservatório e seu entorno. Implantação de áreas de lazer; definição para a implantação da infra-estrutura para os balseiros (casa e tamanho de propriedade). 61 Pelo quadro, nota-se que foram tomadas uma série de medidas para compensar o impacto causado pela barragem de Salto Caxias. Além disso algumas medidas vêm de encontro a preservação do lago e de suas encostas. Mesmo com estas medidas, o impacto ambiental de uma barragem é bem mais amplo, haja vista que há uma série de transformações no meio físico e natural. Salienta-se que as ações ambientais não devem ser temporárias, mas permanentes, incluindo atividades ligadas à educação ambiental e ao uso racional dos recursos naturais. 6.6 PRINCIPAIS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA REGIÃO DO RESERVATÓRIO DE ITAIPU A instalação da usina hidroelétrica de Itaipu, devido à sua grande área de abrangência, exigiu o desenvolvimento e a execução de um enorme plano de resgate da fauna e da flora local para garantir a sua conservação. Tal trabalho exigiu o esforço conjunto de engenheiros, técnicos, ambientalistas e também da sociedade. Os principais programas desenvolvidos são apresentados no Quadro 6. QUADRO 6 - PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU continua 62 PROGRAMAS - Reflorestamentos - Projeto Gralha Azul - - Uso da faixa de proteção - AÇÕES criação da Faixa de Proteção que soma mais de 60.000 hectares, com largura média de 217 metros por 2.915 km de extensão; manutenção de uma área de proteção que junto com as reservas e refúgios biológicos, soma 108.866 hectares; a Faixa, além de ser um espaço para a preservação da flora e da fauna, é usada contra o assoreamento, erosão e poluição, porque forma uma barreira contra a enxurrada e o vento. fixação dos objetivos do programa de reflorestamento; o diagnóstico revelou que a margem brasileira do Rio Paraná tinha apenas 47,7% de florestas e agricultura já ocupava a maior parte das terras: 50,3%; produção de mais de 15 milhões de mudas, possibilitando o reflorestamento de 91,5% da Faixa de Proteção criação de normas de utilização das margens para permitir a captação de água, navegação, pesca e o lazer no Lago de Itaipu, sem comprometer a geração de energia e o meio ambiente; estabelecimento de critérios para o enquadramento da margem brasileira em quatro categorias: área intocável (1.761 ha), área de recuperação ambiental (18.881 ha), área de uso restrito (6.494 ha) e área de uso intensivo (944 ha). QUADRO 6 - PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU continuação PROGRAMAS - Plantio direto para preservação do reservatório - AÇÕES apresentação de resultados práticos obtidos com a técnica do plantio direto aos agricultores da região do reservatório por técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (Iapar), com apoio da área de Meio Ambiente de Itaipu; o uso desta técnica tem a finalidade de aumentar a produtividade a um menor custo, com a vantagem de controlar a erosão e evitar o assoreamento do reservatório, além de diminuir o risco de contaminação da água. 63 - - Animais silvestres - - Animais silvestres - - em 1977 foi feito um levantamento das variedades e quantidades de mamíferos, répteis e aves que habitavam a área brasileira hoje ocupada pelo reservatório da usina; em Itaipu destaca-se a operação MymbaKuera, realizada quando o reservatório da usina começou a ser formado, em outubro de 1982. A Mymba-Kuera, palavra que na língua guarani quer dizer pega bicho, resultou no resgate de mais de 30 mil animais. As serpentes foram enviadas a institutos de pesquisa e de produção do soro antiofídico. Os outros animais foram soltos nas reservas e refúgios biológicos existentes nas duas margens do lago; estudos sobre a fauna silvestre realizados desde 1986 estimam que nas matas, reservas e refúgios localizados na margem brasileira do Lago de Itaipu existam 44 espécies de mamíferos e 305 de aves; os trabalhos sobre quase tudo o que se relaciona com a fauna estão concentrados no Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (CASIB), localizado no Refúgio Biológico Bela Vista, ao lado da barragem da usina; estão sendo reproduzidos em cativeiro os animais silvestres usados no repovoamento das margens, refúgios e reservas do lado brasileiro do Lago de Itaipu; no CASIB já foram reproduzidos 347 animais, de 29 espécies. O índice de sobrevivência dos filhotes é superior a 70%. Há parcerias entre os pesquisadores da Itaipu, CNPq, Ibama, Universidade Federal do Paraná e Zoológico de Curitiba; QUADRO 6 - PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU continuação 64 PROGRAMAS - - - Fauna aquática - Salvamento de peixes em turbinas - Qualidade da água - - Plantas aquáticas - AÇÕES o processo de readaptação parte de construção de recintos especiais, nos quais os animais são mantidos longe do contato com seres humanos. Na medida do possível, eles têm de procurar o próprio alimento dentro do recinto, assimilando novas técnicas de sobrevivência; os pesquisadores da Itaipu estão utilizando coleiras especiais, com pequenos transmissores, para acompanhar os passos dos animais em liberdade com o objetivo de, dentro de alguns anos, recompor nas margens do lago um ecossistema semelhante ao encontrado antes da expansão agrícola. identificação e monitoramento das espécies de peixes existentes. Antes da formação do lago a fauna aquática do Rio Paraná era formada por, pelo menos, por 113 espécies de peixes. Mas depois do surgimento do lago, o número de espécies identificadas aumentou para 179. retirada dos peixes de dentro dos condutos que levam a água até as turbinas. Quando as máquinas param para manutenção, os condutos são drenados para permitir o acesso dos técnicos; de 1987 até dezembro de 1997 foram resgatados 45 826 peixes em 280 operações de resgate. Depois de resgatados, eles são soltos em seu local de origem. - medição de Temperatura e Bióxido de Carbono na área do Reservatório. Quase todas as análises físico-químicas e hidrobiológicas da água indicam que o Lago é adequado para recreação; as análises, iniciadas em 1977, incluem verificação sobre as condições de balneabilidade das praias artificiais e a quantidade de metais pesados, pesticidas e nutrientes existentes no reservatório. acompanhamento da proliferação de plantas aquáticas no Lago é pelos pesquisadores da Itaipu. Esses vegetais filtram a água, retendo as partículas em suspensão e servindo como fontes de alimento para os peixes; até hoje foram identificadas, no Lago de Itaipu, 58 tipos de plantas aquáticas, também QUADRO 6 - PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU 65 conclusão PROGRAMAS - - - Conservação de solos - - - Reciclagem das embalagens - AÇÕES chamadas de macrófitas. Desde 1982, a Itaipu Binacional desenvolve um programa para transmitir às populações da região do reservatório da usina informações sobre meio ambiente, com o objetivo de envolvê-las nos trabalhos de resgate da memória local e na preservação da natureza; os programas de Educação Ambiental da Itaipu Binacional são desenvolvidos no Ecomuseu e no Centro de Educação Ambiental do Iguaçu criação do programa de conservação de solos das áreas agrícolas próximas às margens das bacias (microbacias) dos rios que deságuam no reservatório, para impedir que centenas de toneladas de solo cheguem ao Lago de Itaipu. Execução do trabalho de conservação em conjunto com as prefeituras da região, com apoio da EMATER que consiste, basicamente, na construção dos chamados murunduns e curvas de nível; Desde 1986 até hoje, o programa beneficiou mais de 400 propriedades rurais, de 16 municípios e abrangeu até agora 40 mil hectares; Como complemento do programa de conservação, também é feito um trabalho de readequação de estradas vicinais. O objetivo é impedir que a água retida nos murunduns e curvas de nível escorra para a estrada e chegue aos rios, causando erosão. Participação da Itaipu num programa do governo do Estado do Paraná, Prefeituras e Cooperativas da região para dar uma destinação adequada às embalagens de agrotóxicos usadas na agricultura; Estima-se hoje que nos 16 municípios lindeiros do Lago de Itaipu existe um estoque de cerca de 10 milhões de embalagens de agrotóxicos. FONTE: ITAIPU BINACIONAL, 2001 Pelo Quadro 6, nota-se que a usina de Itaipu é bastante atuante com ações de preservação ambiental. No entanto, por ser binacional, estas ações devem ter respaldo também no lado paraguaio. Salienta-se também, a necessidade constante de atividades 66 ligadas a educação ambiental nos municípios lindeiros, principais usuários dos recursos hídricos para pesca e lazer. 6.6.1 Comparativo das Ações Ambientais nas Duas Regiões Comparando-se as ações ambientais efetivadas, nota-se que tanto a usina de Salto Caxias quanto Itaipu demonstram grande preocupação com a preservação ambiental. Observa-se o desenvolvimento de diversos programas de reflorestamento e de conservação da flora existente, o que garante também a conservação da fauna, já que a mesma depende diretamente da flora e preservação de seu habitat natural para a sua manutenção. Merece destaque também o empenho das empresas hidroelétricas na criação de parques e estações ecológicas, viveiros de mudas e criadouros de animais silvestres. Sobressai-se ainda, a preocupação com a conservação dos solos e o uso de agrotóxicos através do monitoramento dos lagos e da conscientização dos agricultores quanto a estes problemas. A preservação ambiental é fundamental para a manutenção dos reservatórios e bom funcionamento das usinas hidroelétricas já que estas dependem diretamente da qualidade e da quantidade de água, sua força motriz. 67 7 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A CARACTERIZAÇÃO RURAL E A OCUPAÇÃO DAS TERRAS NOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU Como se pode observar no capítulo anterior, as características geográficas, a colonização e o impacto da inundação dos reservatórios sobre o meio ambiente foram elementos que contribuíram e contribuem para a formação socioespacial das regiões atingidas pelas Usinas de Salto Caxias e Itaipu. O principal reflexo disso é sobre a exploração econômica dessas regiões, principalmente sobre a organização da agropecuária. A seguir são analisadas a caracterização rural e a ocupação das terras das regiões em análise. 7.1 A EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS Neste item são apresentadas e analisadas informações sobre o perfil da agropecuária referentes ao período anterior aos impactos da construção da Usina Hidroelétrica de Salto Caxias (1995-96). Pela Tabela 1 poderá se observar as condições dos produtores. Nota-se que a maioria dos estabelecimentos são explorados pelos proprietários, onde os mesmos possuem área média de 28,9 ha. Os contrastes ocorrem quanto à participação destes estabelecimentos na área total. Enquanto em Boa Vista de Aparecida o número de estabelecimentos correspondia a 10 dos estabelecimentos totais, sua participação na área total da região era de 7. Em Capitão Leônidas Marques a proporção dos estabelecimentos nas mãos dos proprietários era de 82, e sua participação na área total regional era de 7. 68 TABELA 1 – CONDIÇÃO E ÁREA MÉDIA DOS PRODUTORES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 PROPRIETÁRIO MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL Estabelecimentos Área (ha) Área Média ARRENDATÁRIO Estabelecimentos Área (ha) PARCEIRO Área Média Estabelecimentos Área (ha) OCUPANTE Área Média Estabelecimentos Área (ha) Área Média ÁREA TOTAL DE ÁREA TOTAL ESTABELE- MÉDIA (HA) CIMENTOS TOTAL 469 11 689 24,9 64 764 11,9 47 404 8,6 73 604 8,3 13 461 653 20,6 898 18 723 20,8 61 740 12,1 153 1 375 9,0 166 1.478 8,9 22 316 1 278 17,5 984 20 333 20,7 55 586 10,7 75 543 7,2 90 773 8,6 22 235 1 204 18,5 463 13 618 29,4 12 371 30,9 29 194 6,7 44 394 9,0 14 577 548 26,6 1 079 28 508 26,4 153 1 211 7,9 76 666 8,8 61 578 9,5 30 963 1 369 22,6 1 813 90 003 49,6 91 1 024 11,3 51 1 030 20,2 142 1.374 9,7 93 431 2 097 44,6 1 526 26 766 17,5 182 1 727 9,5 82 789 9,6 76 513 6,8 29 795 1 866 16,0 1 159 31 176 26,9 90 687 7,6 74 795 10,7 114 746 6,5 33 404 1 437 23,2 1 187 35 880 30,2 15 103 6,9 301 3 045 10,1 310 3.696 11,9 42 724 1 813 23,6 9 578 276 696 28,9 723 7 213 10,0 888 8 841 10,0 1 076 10.156 9,4 302 906 12 265 24,7 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná 69 A participação dos estabelecimentos geridos pelos proprietários ficou bem acima de 70 em outros municípios, demonstrando a importância da agricultura familiar e da pequena propriedade na composição da área desta microrregião, ou seja, a área média dos proprietários era de 28,9 ha, enquanto que a área dos arrendatários era de 10 ha. Nesta categoria ocupantes a média era de 9,4 ha, e como média geral a área era de 24,7 ha.. Além disso, em outro extremo encontrou-se a situação dos ocupantes que tinham maior participação em Três Barras do Paraná, onde a área de terras geridas por eles neste município representou 36% da região. Já em Boa Vista de Aparecida representou 15%. O peso das propriedades com ocupantes era considerável neste município. Por outro lado, esses ocupantes representavam apenas 7% da área do município. Ou seja , eles dividiam uma pequena fração das terras. Quanto aos arrendatários, sua maior concentração estava em Salto do Lontra com 25% do total regional e Nova Prata do Iguaçu com 21%. Neste município, os arrendatários ocupavam 4% da área do município. Pela Tabela 2 observa-se que a atividade predominante na maioria dos municípios era a lavoura temporária. TABELA 2 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR GRUPO DE ATIVIDADE ECONÔMICA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 GRUPO DA ATIVIDADE ECONÔMICA MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL Lavoura Temporária 413 Lavoura Permanente Horticultura Produção Mista Pecuária Silvicultura e outras Atividades 2 1 73 159 5 663 8 8 252 345 2 460 12 7 403 320 2 220 5 10 150 163 - 757 4 4 260 339 5 1 148 7 51 269 608 14 969 4 24 315 541 13 706 2 15 292 417 5 865 13 7 463 465 - 6 201 57 127 2 477 3 357 46 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná 70 A exceção ficou com Capitão Leônidas Marques, São Jorge do Oeste e Três Barras do Paraná onde a pecuária e a produção mista ganharam lugar de destaque, superando as lavouras temporárias. Em Três Barras do Paraná, praticamente metade dos estabelecimentos explorava lavouras temporárias e outras atividades agrícolas. Deve-se destacar que Cruzeiro do Iguaçu e Três Barras do Paraná não possuíam nenhuma propriedade explorando a silvicultura. Nota-se pelas informações que as atividades econômicas eram bem diversificadas. Quedas do Iguaçu concentrava boa parte dos estabelecimentos nas lavouras permanentes com 40%. A Tabela 3 confirma informações quanto às atividades agropecuárias predominantes nesta região. Pela tabela, nota-se que as lavouras temporárias em descanso se sobrepuseram às permanentes nos municípios de Boa Vista de Aparecida, Nova Prata do Iguaçu, Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e São Jorge do Oeste. O mesmo não se observa nos outros municípios. Em todos os municípios a utilização das terras atesta a importância regional da agricultura e da pecuária. Como a grande maioria dos estabelecimentos estava centrada na exploração familiar, as políticas agrícolas têm um grande impacto social nestes municípios. TABELA 3 – UTILIZAÇÃO DAS TERRAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REG. ÁREA TOTAL MATAS E PASTAGENS FLORESTAS (HA) (HA) LAVOURAS (HA) Permanentes Temporárias Temp. em descanso Naturais Plantadas Naturais Plantadas PRODUTIVAS NÃO UTILIZADAS (HA) 13 461 133 5 316 47 594 5 615 1 016 129 52 22 316 180 6 381 376 830 11 650 1 735 202 70 22 234 73 9 137 55 366 9 526 1 811 250 41 14 576 137 4 192 122 1 133 6 970 1 000 120 255 30 963 84 12 042 429 4 312 8 693 1 591 404 461 93 430 697 28 902 1 836 4 046 22 035 14 360 16 557 641 29 794 219 13 107 622 1 288 9 668 3 088 249 384 33 404 244 10 787 317 10 748 5 065 3 585 273 732 42 724 279 13 858 235 1 524 19 534 4 924 389 338 302 902 2 046 103 722 4 039 24 841 98 756 33 110 18 573 2 974 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná 71 Notou-se ainda que Quedas do Iguaçu detinha a maior área de pastagem, com 26.000 ha, e em seguida tem-se Três Barras com 21.053 ha. Nova Prata do Iguaçu com 13.005 ha e Boa Vista da Aparecida possuía em torno de 12.480 ha de sua área utilizada em pastagens. Dentre os municípios analisados, São Jorge do Oeste é o único que possuía à área de pastagem natural superior à área de pastagem plantada. Além disso, as lavouras temporárias ocupavam praticamente 34% da área da região, ficando atrás das pastagens que ocupavam em torno de 41%. Percebe-se com isso, uma estrutura agropecuária mista e diversificada, pois as lavouras permanentes representavam menos de 1%. As matas e florestas atingiram a área de 17%. Na Tabela 4 observam-se as características apresentadas quanto a utilização das terras e refletem-se na ocupação da mão-de-obra. TABELA 4 – PESSOAL OCUPADO NA AGROPECUÁRIA DISTRIBUÍDO POR CATEGORIA E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 PESSOAL OCUPADO POR CATEGORIA MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova P. do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três B. do Paraná TOTAL REGIONAL Total Responsáveis e Membros não Remunerados da família Empregados Permanentes Empregados Temporários Parceiros Empregados Pessoal ocupado residente nos estabelecimentos Outra condição 2 499 2 328 79 47 3 42 2 159 4 247 4 060 74 79 12 22 3 644 3 967 3 742 113 27 37 48 3 561 2 000 1 692 214 22 18 54 1 686 5 191 4 672 160 332 12 15 4 553 8 428 7 165 586 458 20 199 7 596 6 407 5 455 167 637 73 75 5 280 3 990 3 815 138 14 14 9 3 640 5 717 5 422 115 134 27 19 5 319 42 446 38 351 1 646 1 750 216 483 37 438 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Percebe-se que praticamente 90% do pessoal ocupado era de mão-de-obra familiar, não apresentando remuneração mensurada na região de Salto Caxias. Destes membros da família, 88% residia na propriedade. Além deles, na microrregião 4% do pessoal ocupado era empregado temporário e 4% era empregado permanente. A maior concentração de empregados temporários estava em Salto Lontra que empregava 36% 72 da mão-de-obra temporária de região, seguido de Nova Prata do Iguaçu que emprega 19%. Deve-se ressaltar que Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra e Quedas do Iguaçu estavam entre os municípios com maior pessoal ocupado e residente no estabelecimento, perfazendo um percentual de 12%, 14% e 20%, respectivamente. Também se destacou Três Barras do Paraná com 14%. Deve-se ressaltar que a ocupação da mão-de-obra temporária está diretamente relacionada à utilização de capital na agricultura e no modelo de produção intensiva que exige mais insumos e utilização de implementos agrícolas. Neste aspecto, a utilização da tração animal ainda pode ser uma característica predominante na região. A utilização de máquinas e instrumentos agrícolas pode ser observada nas Tabelas 5 e 6. Na Tabela 5,conforme apresentado a seguir, nota-se que 71% das propriedades que tinham sua produção mecanizada utilizavam tratores de 50 a 100 CV, e em torno de 13% utilizavam 20 a menos de 50 CV. Somente 12% utilizaram-se de tratores acima de 100 CV. Analisando-se o percentual de propriedades que possuíam tratores, constatou-se a presença destes em apenas 18,56% do total das propriedades. TABELA 5 – NÚMERO DE TRATORES SEGUNDO A POTÊNCIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL TOTAL DE 10 A MENOS DE 20 CV MENOS DE 10 CV DE 20 A DE 50 A 100 CV E MENOS MENOS MAIS DE 50 CV DE 100 CV 117 - 2 10 99 6 182 9 4 79 79 11 268 2 3 24 212 27 101 3 1 17 74 6 384 3 4 57 273 47 461 6 15 45 286 109 247 2 6 22 194 23 227 5 9 26 159 28 292 2 4 26 238 22 2 279 32 48 306 1 614 279 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná NOTA: CV = Cavalos a Vapor. 73 Isso denotou o perfil das propriedades que em sua grande maioria eram pequenas ou médias. Observa-se novamente a participação de Três Barras do Paraná, Capitão Leônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra e Quedas do Iguaçu no montante de tratores. Na Tabela 5 e 6 poderá se verificar a relação existente no tocante ao número de tratores e implementos. TABELA 6 – NÚMERO DE MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL NÚMERO DE MÁQUINAS Para plantio NÚMERO DE ARADOS Para colheita De tração animal De tração mecânica 96 7 627 96 170 19 1 166 97 313 46 1 228 182 64 15 337 80 581 76 827 378 344 116 1 654 417 222 14 1 301 221 140 59 1 220 202 242 40 892 250 2 172 392 9 252 1 923 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Notam-se municípios com características singulares na região, pois além de terem um perfil de agricultura familiar e alta ocupação de mão-de-obra temporária, possuíam mais investimentos de capital na agropecuária. Isso se refletiu nos dados referentes ao número de máquinas para plantio (Tabela 6). Os municípios que eram destaques no número de tratores, obviamente, se destacaram no número de máquinas para plantio. O universo desta informação é o número de arados puxados por tração animal. Os municípios de Nova Prata do Iguaçu, Três Barras do Paraná, Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e São Jorge do Oeste possuíam na sua agropecuária o que os economistas chamam de economia “dual”, ou seja, a convivência de uma agricultura moderna, tecnificadas e com altos investimentos em capital, com uma agricultura mais “artesanal” e tradicional. Isso pode ser o reflexo da conformação e ocupação do solo, do tamanho das propriedades e 74 de sua forma de exploração. Nota-se que este tipo de agricultura mais “artesanal” ou “atrasada“ era predominante em Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e em Capitão Leônidas Marques. Complementando os dados sobre o desenvolvimento da agropecuária na região de Salto Caxias, a Tabela 7 aponta a evolução da área plantada. Analisando a Tabela 7, pode-se verificar que das seis culturas em estudo, apenas em duas houve um aumento na área plantada. Este aumento pode ser verificado nas culturas do feijão e da mandioca, que apresentaram aumento de 16% e 62,96%, respectivamente, em um período de nove anos. Em contra partida vem as culturas de arroz, milho, soja e trigo com redução de 58,83%, 29,02%, 2,58% e 78,75%, respectivamente, na área plantada de 1990 a 1999. O município com maior área plantada de milho em 1990, 1995 e 1999 foram Salto do Lontra, Quedas do Iguaçu e Três Barras do Paraná, que corresponderam, respectivamente, com 22,40%, 25,58% e 20,81% da área plantada da região. Observa-se também que a cultura com a maior área plantada da região foi o milho, em segundo lugar, a soja e em terceiro, o feijão. Um outro dado importante, referente ao perfil da produção pecuária, é a evolução da área colhida dos municípios. Na Tabela 8, é possível visualizar esse aspecto. Nota-se pela Tabela 8, que nem todos os municípios da região de Salto Caxias obtiveram bons resultados na colheita da sua área plantada. Em 1990 foi colhido apenas 81,17% da área ocupada pelo trigo, na região. No entanto, vale salientar que em todos os municípios houve redução na área colhida se comparada com a plantada. Houve maiores reduções nos municípios de Salto do Lontra, Três Barras do Paraná, São Jorge do Oeste e em Capitão Leônidas Marques que colheram apenas 45%, 74%, 81% e 83,91%, respectivamente, da área plantada. Nos demais municípios as reduções foram menores. No mesmo ano houve redução nas culturas do feijão e milho com redução de 8% e 2,03%, respectivamente. 75 TABELA 7 – EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 ÁREA PLANTADA (em ha) MUNICÍPIO Arroz (em casca) 1990 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 - 50 50 - 3 015 1 350 - 150 150 - 6 000 6 500 - 1 500 1 500 - 400 250 420 400 360 2 000 3 600 2 080 220 500 713 8 500 7 500 3 100 4 000 2 000 2 000 1 000 160 200 400 130 300 3 000 2 025 2 400 480 700 500 6 000 6 300 4 800 7 600 4 500 4 250 3 500 600 800 - 50 100 - 705 600 - 200 180 - 7 200 6 200 - 800 1 500 - 1 010 250 770 600 100 6 000 8 150 6 200 500 500 500 14 900 14 000 8 000 8 000 5 000 8 000 7 000 1 000 800 1 600 600 400 4 500 3 980 1 620 100 100 170 21 000 31 700 11 850 7 800 6 500 9 140 7 000 1 255 1 400 600 300 100 4 000 13 500 4 200 400 340 750 23 500 17 000 9 500 3 200 2 000 3 500 2 500 800 500 400 200 100 3 050 2 000 1 900 400 400 400 17 000 15 000 9 000 2 400 250 3 600 5 000 800 1 250 450 750 400 1 200 6 470 7 200 700 1 200 1 200 14 000 19 200 15 500 6 000 2 000 4 500 1 200 100 330 4 640 3 080 1 910 23 750 43 445 27 550 2 800 4 090 4 563 104 900 123 900 74 450 39 000 24 550 37 990 27 200 6 125 5 780 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 76 TABELA 8 – EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 ÁREA COLHIDA (em ha) MUNICÍPIO Arroz (em casca) 1990 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 - 50 50 - 3 015 1 350 - 150 150 - 6 000 6 500 - 1 500 1 500 - 400 150 420 400 360 2 000 3 600 1 280 220 500 713 8 500 7 500 2 980 4 000 2 000 2 000 980 160 200 400 130 300 3 000 2 014 2 400 480 700 500 6 000 6 300 4 800 7 600 4 500 4 250 2 937 600 800 - 50 100 - 705 480 - 200 180 - 7 200 6 200 - 800 1 500 - 1 010 150 770 600 100 5 400 8 150 6 200 500 500 500 14 900 14 000 8 000 8 000 5 000 8 000 5 950 1 000 800 1 600 600 400 4 100 2 880 1 420 100 100 170 21 000 31 700 11 850 7 800 6 500 9 140 6 200 1 255 1 400 600 300 100 4 000 12 500 4 200 400 340 750 21 375 17 000 9 500 3 200 2 000 3 500 1 125 800 500 400 200 100 2 150 1 750 1 900 400 400 400 17 000 15 000 9 000 2 400 250 3 600 4 000 800 1 250 450 750 400 1 200 6 340 7 130 700 1 200 1 200 14 000 19 200 15 500 6 000 2 000 4 500 888 100 330 4 640 3 080 1 910 21 850 40 954 26 360 2 800 4 090 4 563 102 775 123 900 74 330 39 000 24 550 37 990 22 080 6 125 5 580 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 77 No ano de 1995, só houve redução de 5,73% na área colhida da cultura do feijão, e em 1999, nas culturas de feijão, milho e trigo, esta redução ficou na marca de 4,31%, 0,16% e 3,46%, respectivamente. A Tabela 9 traz a evolução da quantidade produzida no período estudado, na região de Salto Caxias. Observa-se pela tabela, que em algumas culturas as quantidades produzidas aumentaram significamente, e em outras diminuíram. As culturas do feijão, mandioca e soja aumentaram 88,54%, 69,04% e 29,81%, respectivamente, em nove anos. Ao contrário, as culturas do arroz, milho e trigo diminuíram 47,87%, 2% e 56,40%, respectivamente. Nota-se que na região, o milho é a cultura com a maior quantidade produzida. Em segundo lugar vem a mandioca e em terceiro, a soja. Quedas do Iguaçu foi o maior produtor de soja e trigo nos três anos analisados, o maior produtor de milho em 1995 e de arroz em 1990. O município de Três Barras do Paraná foi o maior produtor de mandioca nos anos analisados, de arroz em 1995 e 1999, e de feijão e milho em 1999. Em termos de confrontação, a Tabela 10 traz o valor da produção dos municípios da região de Salto Caxias. Nota-se pela tabela, que os maiores valores de produção foram apresentados pelos municípios de Nova Prata do Iguaçu, Quedas do Iguaçu e Três Barras do Paraná. Quedas do Iguaçu apresenta os maiores valores de produção nas culturas de soja e trigo nos três anos analisados, e arroz em 1990. Ao contrário, Três Barras do Paraná apresenta os valores maiores nas culturas de mandioca nos três anos analisados, milho em 1990 e 1999, feijão em 1999 e arroz em 1995 e 1999. 78 TABELA 9 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 QUANTIDADE PRODUZIDA (em t) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 - 75 100 - 4 210 1 000 - 4 200 3 750 - 20 400 18 240 - 2 850 3 600 - 512 210 756 800 756 720 5 400 1 280 5 500 15 000 17 825 29 750 21 300 10 960 7 200 4 200 5 600 735 168 340 720 234 900 1 080 3 025 2 465 12 000 21 000 10 000 16 200 28 320 17 000 15 200 12 600 11 263 2 790 1 080 1 770 - 90 200 - 871 350 - 5 600 4 500 - 20 060 19 500 - 1 200 3 450 - 1 318 210 1 540 1 080 200 2 700 13 992 3 760 12 500 12 500 12 500 36 200 52 000 30 500 14 400 13 500 20 000 5 355 1 300 1 120 2 720 1 290 880 1 485 1 969 1 090 1 500 1 500 3 315 46 200 91 480 47 025 17 745 16 900 24 280 5 970 1 595 2 335 1 200 540 200 2 400 16 200 2 170 10 000 8 500 18 750 49 969 57 400 33 000 5 760 5 600 8 400 1 013 1 360 650 720 360 200 865 2 625 1 460 10 000 8 000 10 000 46 380 47 000 30 000 5 112 625 8 640 3 420 1 120 1 590 855 1 500 1 000 607 10 909 5 010 17 500 36 000 36 000 49 000 68 420 62 000 9 600 3 840 12 150 947 150 594 8 511 5 969 4 436 9 857 59 201 18 585 69 000 112 300 116 640 273 699 406 380 268 225 75 017 61 315 97 383 20 230 8 603 8 819 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 79 TABELA 10 – VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 VALOR DA PRODUÇÃO (EM MIL REAIS) MUNICÍPIO Arroz (em casca) 1990 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 0 10 26 0 1 612 602 0 118 233 0 1 734 2 608 0 376 896 0 64 41 739 104 196 112 2 052 771 232 750 1 105 4 608 2 130 1 567 1 014 592 1 394 165 23 66 704 30 233 167 1 150 1 484 507 1 218 620 2 509 2 832 2 431 2 141 1 777 2 804 626 187 345 0 12 52 0 348 211 0 157 279 0 1 725 2 789 0 158 859 0 159 41 989 173 52 319 5 457 2 264 592 325 775 3 996 5 200 4 362 1 540 1 890 4 980 1 118 195 218 2 450 168 228 251 729 656 127 150 206 4 029 7 318 6 725 2 849 2 535 6 046 1 816 199 455 771 86 52 284 6 318 1 306 473 221 1 163 6 486 5 740 4 719 616 784 2 092 217 197 127 750 50 52 280 1 005 879 372 200 620 6 213 3 854 4 290 781 88 2 151 963 118 310 836 195 259 94 4 145 3 016 739 1 800 2 232 7 590 6 842 8 866 1 352 541 3 025 212 26 116 7 238 828 1 150 1 507 22 816 11 189 3 042 4 939 7 233 35 432 37 375 38 357 10 293 8 741 24 247 5 118 1 168 1 719 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 79 TABELA 11 – VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR HECTARE COLHIDO E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 VALOR DA PRODUÇÃO POR HECTARE COLHIDO (EM REAIS) MUNICÍPIO Arroz (em casca) 1990 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 0 200 520 0 535 446 0 787 1 553 0 289 401 0 251 597 0 160 273 1 759 260 544 56 570 602 1 056 1 500 1 550 542 284 526 253 296 697 168 144 330 1 759 231 777 56 571 618 1 056 1 740 1 240 418 450 506 282 395 660 213 312 431 0 240 520 0 494 440 0 785 1 550 0 240 450 0 198 573 0 157 273 1 284 288 520 59 670 365 1 183 650 1 550 268 371 545 193 378 623 188 195 273 1 531 280 570 61 253 462 1 268 1 500 1 212 192 231 568 365 390 661 293 159 325 1 284 287 520 71 505 311 1 183 650 1 551 303 338 497 193 392 598 193 246 254 1 876 250 520 130 574 463 930 500 1 550 365 257 477 326 352 598 241 148 248 1 857 260 648 78 654 423 1 056 1 500 1 860 542 356 572 225 271 672 239 260 352 1 560 269 602 69 557 424 1 086 1 208 1 585 345 302 516 264 356 638 232 191 308 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 80 Pela Tabela 11, notou-se que o maior valor regional encontrou-se nas culturas da mandioca, R$1.585,00 em 1999, e do arroz, R$1.560,00 em 1990. Apesar da cultura do arroz ter conseguido o segundo melhor valor da produção agrícola por hectare, seu valor apresentou uma queda de 61% em nove anos. A cultura que denotou a maior evolução regional foi o feijão, 514%, em segundo lugar a soja, 142%, e em seguida o milho, 50%. Em relação à cultura do feijão, os municípios com maiores evoluções foram: Capitão Leônidas Marques, Boa Vista da Aparecida, e Quedas do Iguaçu, com 1.009%, 980% e 655%, respectivamente. Alguns municípios também se destacaram na cultura da soja. Os dois que apresentaram a maior evolução foram: Nova Prata do Iguaçu, com 223% e Salto do Lontra, com 210%. Comparando esta tabela em estudo com a tabela referente aos valores totais e médios dos investimentos, financiamentos e das despesas, verificou-se que o valor médio regional das despesas da região de Salto Caxias foi de R$254,30 por hectare. Das culturas analisadas, somente o trigo não obteve um valor regional acima do valor das despesas, seu valor foi de R$191,00 por hectare colhido. As demais culturas apresentaram valores acima. A cultura que obteve o maior valor foi à mandioca, apresentando R$1.208,00 por hectare colhido, no ano de 1995. Os valores da produção agropecuária, e as características de seu perfil se confirmam na Tabela 12, que trata dos efetivos pecuários na região. Pela Tabela 12 nota-se que os municípios da região tiveram aumentos significativos na produção de carnes. Tanto que ocorreu uma evolução positiva (1990/1999), no efetivo de Bovinos em torno de 28%, de Suínos em torno de 27% e de Aves em torno de 132%. Com exceção de Nova Prata do Iguaçu, que teve uma queda de 17% no seu efetivo de Aves, com relação a 1990, todos os outros municípios tiveram na produção de Aves os seus melhores desempenhos. Isso se deve a construção de novas plantas de abate de aves e suínos na região Oeste, o que acarretou um aumento considerável na demanda. 81 TABELA 12 – EFETIVO DE BOVINOS, SUÍNOS E AVES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 EFETIVO MUNICÍPIOS 1990 Bovinos Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova P. do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três B. do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 Suínos Aves Bovinos Suínos 1999 Aves Bovinos Suínos Aves - - - 12 163 11 800 332 000 13 030 8 000 456 300 14 810 14 015 84 847 21 958 12 412 90 248 24 308 8 944 460 700 27 745 27 255 134 764 17 560 12 476 82 012 30 230 7 302 1 674 355 - - - 15 800 12 400 431 000 15 790 36 720 681 200 28 699 9 780 491 032 37 459 25 250 559 145 23 800 39 600 406 715 31 000 36 700 506 000 36 500 40 500 866 000 32 000 16 900 611 000 19 560 13 170 967 894 22 209 25 460 1 107 943 19 470 20 290 1 671 238 32 200 10 050 1 022 000 35 000 14 138 1 159 000 28 970 17 900 1 155 000 22 302 25 790 115 738 33 619 23 708 133 615 38 600 17 410 587.337 176 316 136 760 3 322 275 232 268 178 144 4 760 963 226 198 173 066 7 703 845 FONTE: IPARDES, 2001 NOTA: AVES englobam galinhas, galos, frangos e pintos. Já o rebanho Bovino não teve uma evolução significativa em alguns municípios em relação à nova Prata do Iguaçu, São Jorge do Oeste, Cruzeiro do Iguaçu e Salto do Lontra. Isso se deve à substituição de pastagens para a produção de grãos que subsidiaram diretamente a produção de Suínos e Aves, cuja atividade produtiva se expandiu consideravelmente na década de 1990. Cabe salientar que Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e Capitão Leônidas Marques, que eram os municípios mais tecnificados da região tiveram características diferenciadas de crescimento de produção pecuária. Nota-se que o município de Capitão Leônidas Marques teve aumentos significativos na produção de aves e bovinos e diminuiu consideravelmente o plantel de suínos. Enquanto isso, em Nova Prata do Iguaçu o plantel de aves caiu em detrimento o de suínos e bovinos. Por outro lado, Salto do Lontra teve aumentos significativos em suínos e aves e queda nos bovinos. Apesar disto, alguns destes municípios têm investido pouco na sua agropecuária, em relação às despesas como se observa na Tabela 13. Pela tabela, notou-se que Três Barras do Paraná respondeu por 18% dos investimentos na agropecuária da região, seguido por Salto do Lontra com 13% e 82 Capitão Leônidas Marques com 12%, Nova Prata do Iguaçu com 9%. O destaque ficou para Quedas do Iguaçu com 28%. TABELA 13 – VALORES TOTAIS E MÉDIOS DOS INVESTIMENTOS, FINANCIAMENTOS E DAS DESPESAS POR PROPRIEDADE NA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL INVESTIMENTOS (MIL R$) INVESTIFINANCIA FINANCIA MENTO -MENTO MENTOS MÉDIO MÉDIO (MIL R$) (R$/ha) (R$/ha) 680 1 041 220 337 1 423 1 113 84 2 563 2 129 1 375 631 1 151 267 487 1 940 1 417 1 172 6 123 2 920 1 544 2 871 1 539 1 840 1 280 4 074 2 247 22 145 1 806 DESPESAS (MIL R$) DESPESAS MÉDIAS (R$/ha) 2 871 213,28 66 4 117 184,49 1 142 13 269 596,76 7 414 508,61 856 5 476 176,86 736 12 903 138,10 950 509 10 785 361,97 1 217 847 9 481 283,83 744 410 10 714 250,77 7 573 617 77 030 254,30 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Destes municípios, Salto do Lontra e Três Barras do Paraná tiveram uma participação nas despesas de 14%, enquanto Capitão teve uma participação de 17%. De certa forma, os dados refletiram a eficiência e a estrutura de produção tecnificadas de Três Barras do Paraná e Salto do Lontra. O oposto foi São Jorge do Oeste, que tanto no uso de capital quanto eficiência demonstrou uma agropecuária menos arrojada. Isso se refletiu no montante de investimentos e financiamentos. Nota-se que estes recursos não refletiram em mudança no perfil tecnológico. Na Tabela 14, está representado o valor da produção e da receita dos municípios da região de Salto Caxias. Notou-se que em Quedas do Iguaçu o valor das receitas agropecuárias foi o maior da região, representando 20%, já a produção vegetal representou 33% e a produção animal representou 10%. O contraste é Capitão Leônidas Marques com 13% 83 das receitas, sendo 17% da produção animal e 7% da produção vegetal. Em Nova Prata do Iguaçu, estes valores estiveram mais bem distribuídos com 10% da produção animal, 10% da produção vegetal e 10% da receita. Já Três Barras do Paraná apresentou 16% da receita, 14% da produção animal da região e 19% produção vegetal. TABELA 14 – VALORES DA PRODUÇÃO, DA RECEITA E DA RECEITA MÉDIA DA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1996 VALOR MUNICÍPIOS Da produção (em mil reais) Animal Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL Vegetal 3 243 2 901 Da Receita (em mil reais) Receita média (R$/ha) 4 635 34,43 4 765 3 548 6 495 29,10 12 763 4 758 16 473 74,09 7 956 2 461 10 117 69,40 7 513 7 192 11 999 38,75 7 312 23 903 25 088 26,85 10 010 8 447 16 444 55,19 9 753 6 508 14 317 42,86 10 484 13 653 19 986 46,78 73 799 73 371 125 554 41,45 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Essas informações vêm apontar o que já ficou caracterizado anteriormente, isto é, que Nova Prata do Iguaçu e Três Barras do Paraná possuíam uma agropecuária mista e altamente capitalizada, o que se refletiu na estrutura de produção. Por outro lado, Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e Capitão Leônidas Marques eram altamente eficientes na sua estrutura de produção, porque eram as mais tecnificadas da região e que consumiam mais investimentos. 84 7.2 A EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU Pela Tabela 15 notou-se que na região de Itaipu a maioria dos estabelecimentos são explorados pelos proprietários. Essa condição dos produtores é uma referência que vem desde os tempos da colonização da região. Em Itaipulândia essa condição se caracterizou em 91% dos proprietários. Já em Foz do Iguaçu equivaleu a 83% e em Terra Roxa, 74%. Em Terra Roxa, o número de estabelecimentos com parceiros assumiu destaque com 13%, enquanto em Guaíra eram os arrendatários que lideravam com praticamente 14% da área. Outra informação importante são os ocupantes, cujo número era bem expressivo em Diamante do Oeste (11%). Guaíra e Missal encontravam-se, também, nesta situação com 9%. Quanto à área média total dos estabelecimentos na região de Itaipu, destacamse os municípios de Foz do Iguaçu, Diamante do Oeste e Santa Terezinha de Itaipu com uma área de 45, 45,4 e 53,7 respectivamente, sendo estas as maiores áreas médias dentre as propriedades nos municípios desta região. 85 TABELA 15 – CONDIÇÃO E ÁREA MÉDIA DOS PRODUTORES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 PROPRIETÁRIO MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Estabelecimentos Área (ha) ARRENDATÁRIO Área Média (ha) Estabelecimentos Área (ha) PARCEIRO Área Média Estabelecimentos Área (ha) OCUPANTE Área Média (ha) Estabelecimentos Área Média (ha) Área (ha) Área Total (ha) Total de Estabelecimentos Área Média Total (ha) 454 25 378 55,9 37 488 13,2 51 575 11,2 68 1 278 18,8 27 719 610 45,5 319 7 352 23,0 13 156 12,0 24 297 12,3 5 90 18,0 7 895 361 21,8 290 13 723 47,3 47 1 441 30,6 7 239 34,1 4 272 68,0 15 675 348 45,0 882 33 519 38,0 171 3 036 17,7 50 1 896 37,9 85 1 008 11,8 39 459 1 188 33,2 438 12 954 29,5 34 1 457 42,8 4 142 35,5 6 83 13,8 14 636 482 30,3 2 453 53 326 21,7 115 1 720 14,9 244 3 928 16,1 103 1 087 10,5 60 061 2 915 20,6 1 686 39 149 23,2 65 1 563 24,0 115 1 722 14,9 90 1 176 13,1 43 610 1 952 22,3 650 14 149 21,7 46 646 14,0 45 885 19,6 24 186 7,7 15 866 765 20,7 1 180 22 311 18,9 78 1 137 14,5 93 1 859 19,9 100 1 118 11,2 26 425 1 451 18,2 456 7 266 15,9 40 513 12,8 33 422 12,8 5 75 15,0 8 276 534 15,5 1 911 42 240 22,1 35 493 14,1 211 3 008 14,2 154 1 477 9,6 47 218 2 311 20,4 366 19 591 58,5 42 2 319 55,2 2 416 18,9 7 71 10,1 22 397 417 53,7 423 15 901 37,6 26 266 10,2 45 325 7,2 57 302 5,3 16 794 551 30,4 1 628 52 648 32,3 153 3 485 22,8 189 3 980 21,1 45 496 11,0 60 609 2 015 30,1 1 324 69 681 52,6 91 1 600 17,6 237 5 340 22,5 139 3 057 21,9 79 678 1 791 44,5 14 460 429 188 29,7 993 20 320 20,4 1 350 25 034 18,3 892 11 776 13,2 486 318 17 691 27,5 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná 86 A Tabela 16 demonstra o número de estabelecimentos por grupo de atividade econômica na região de Itaipu. TABELA 16 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR GRUPO DE ATIVIDADE ECONÔMICA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 GRUPO DA ATIVIDADE ECONÔMICA MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guairá Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Lavoura Temporária 258 Lavoura Permanente Horticultura 2 Silvicultura e outras atividades Produção mista Pecuária 17 186 145 Total Estabelecimentos 2 610 151 1 2 119 88 - 361 172 16 11 115 28 6 348 766 14 17 262 119 10 1 188 260 6 14 99 100 3 482 1 405 9 6 636 852 7 2 915 883 18 15 512 521 7 1 956 388 - - 148 228 1 765 604 15 13 382 428 9 1 451 293 - - 102 134 5 534 1 389 38 2 348 522 12 2 311 307 10 13 46 39 2 417 280 - 8 155 107 1 551 1 289 17 15 361 329 4 2 015 1 050 11 126 425 173 6 1 791 9 495 157 259 3 896 3 813 75 17 695 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Pela Tabela 16 notou-se que em Guaíra, praticamente 65% dos estabelecimentos possuíam lavoura temporária, ficando em segundo lugar. Em primeiro estava Santa Terezinha de Itaipu com 74% dos estabelecimentos. Ao se efetuar essa comparação em termos microrregionais notou-se que Santa Helena, Marechal Cândido Rondon e São Miguel do Iguaçu possuíam em torno de 15% e 14%, respectivamente, de suas atividades econômicas em lavouras temporárias. Essa é uma característica marcante dessa microrregião. Em nível regional praticamente a pecuária e a produção mista, estão empatadas com 11% dos estabelecimentos. Na Tabela 17 observam-se informações quanto à utilização das terras na região dos lindeiros ao lago da Usina de Itaipu. 87 TABELA 17 – UTILIZAÇÃO DAS TERRAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 UTILIZAÇÃO DAS TERRAS Lavouras Pastagens Matas e florestas Produtivas Não Plantadas utilizadas (ha) (ha) MUNICÍPIOS Área Total (ha) Diamante do Oeste 27 719 88 4 161 257 2 524 17 605 2 605 44 44 Entre Rios do Oeste 7 895 - 6 080 3 84 954 375 89 1 Foz do Iguaçu 15 675 314 6 610 113 3 200 3 512 1 307 67 51 Guaíra 39 458 156 24 607 434 41 12 069 925 168 125 Itaipulândia 14 636 95 9 436 11 589 3 983 206 69 30 Marechal C. Rondon 60 060 500 36 766 95 426 12 858 6 446 651 112 Medianeira 43 609 251 22 644 64 234 15 621 2 492 694 117 Mercedes 15 866 15 9 463 28 343 3 846 1 468 201 13 Missal 26 424 121 14 077 66 927 8 496 1 282 200 59 Pato Bragado 8 277 19 6 464 7 27 809 488 65 3 Santa Helena 47 218 118 27 993 126 280 13 903 2 739 586 20 Santa T. de Itaipu 22 398 83 14 790 70 96 5 559 1 216 112 31 São José das Palmeiras 16 793 162 3 383 54 61 11 850 1 098 37 35 São Miguel do Iguaçu 60 609 579 38 789 175 1 418 14 594 2 124 836 90 Terra Roxa 79 679 4.999 32 717 336 155 34 775 34 422 620 664 486 316 7 500 257 980 1 839 10 405 160 434 59 193 4 439 1 395 TOTAL REGIONAL Temporári PermaTempoa em nentes (ha) rárias (ha) descanso (ha) Naturais (ha) Plantadas (ha) Naturais (ha) FONTE: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Notou-se pela Tabela 17 que as lavouras temporárias representaram 53% da exploração das terras na microrregião, seguida pelas pastagens (35%), pelas matas e florestas naturais com 11%. De outra forma, as matas e florestas eram um reflexo das áreas de preservação da usina, bem como do Parque Nacional do Iguaçu. Praticamente em todos os municípios as lavouras temporárias ganharam destaque e com elas a rotação de culturas. O município que apresentou o maior número de lavouras temporárias foi Pato Bragado com 79%, Entre Rios do Oeste com 78%, Santa Terezinha de Itaipu com 66% e Itaipulândia com 65%. Quanto à área de pastagens naturais, Foz do Iguaçu apareceu com 21%, seguido por Diamante do Oeste com 9% e Missal com 4%. 88 Outro aspecto importante era a mata e a floresta natural onde Marechal Cândido Rondon apareceu com 11% da sua área, Diamante do Oeste com 10% e Mercedes com 9%. Deve-se salientar que o município que apresentou maior área contendo lavouras permanentes foi Terra Roxa com 6%. TABELA 18 – PESSOAL OCUPADO NA AGROPECUÁRIA DISTRIBUÍDO POR CATEGORIA E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 PESSOAL OCUPADO POR CATEGORIA MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Total Responsáveis e EmpregaMembros não dos Remunerados na Permanenfamília tes Empregados temporários Parceiros Empregados Pessoal Estateleocupado cimentos Residente sem pessoal Outra no condição Estabeleci- contratado (31.12.97) mento 2 584 2 246 217 43 21 57 2 311 538 1 141 1 010 112 12 6 1 968 313 1 414 901 386 48 10 69 1 121 193 3 816 3 248 292 112 21 143 2 581 980 1 834 1 630 99 92 2 11 1 554 434 9 458 8 483 490 196 249 40 7 705 2 494 5 904 5 404 305 159 20 16 5 164 1 731 2 304 2 113 105 46 34 6 1 946 674 4 319 3 943 124 186 21 45 3 611 1 283 1 840 1 679 74 87 - - 1 233 479 6 601 5 654 198 600 112 37 4 900 2 029 1 509 1 232 233 27 4 13 1 231 331 1 414 1 338 59 9 1 7 1 153 514 7 543 6 007 840 364 92 240 5 872 1 597 5 427 4 206 573 390 98 160 3 580 1 422 57 108 49 094 4 107 2 371 691 845 44 930 15 012 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná A área de terras destinadas à agropecuária e o seu nível de avanço tecnológico vão influenciar de forma direta a quantidade de mão-de-obra, ou seja, a quantidade de pessoal ocupado neste setor de atividade como mostra a Tabela 18. Pela Tabela 18 notou-se que nesta microrregião, 86% dos estabelecimentos eram gerenciados por membros e responsáveis das famílias com renda não mensurada, enquanto 7% eram por empregados permanentes e 4% por empregados temporários. Regionalmente, Santa Helena apresentou o maior número de empregados temporários respondendo por 25%, seguido de Terra Roxa com 16% e São Miguel do Iguaçu com 89 15% do total. Em relação aos outros municípios estes números eram bem representativos. Quanto aos parceiros, o maior número se encontrou em Marechal Cândido Rondon com 36%, seguido de Santa Helena com 16%, Terra Roxa com 14% e São Miguel do Iguaçu com 13%. TABELA 19 – NÚMERO DE TRATORES SEGUNDO A POTÊNCIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 NÚMERO DE TRATORES SEGUNDO A POTÊNCIA MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Menos de 10 CV Total De 10 a Menos De 20 a menos De 50 a Menos 100 CV e mais de 20 CV de 50 CV de100 CV 93 5 10 7 54 17 194 - 2 8 172 12 9 146 11 3 28 9 083 21 592 3 10 32 497 50 198 - 1 14 161 22 1 229 6 15 62 1 104 42 870 21 30 64 698 57 336 - 5 29 268 34 357 3 6 26 280 42 175 - - 8 151 16 696 8 7 34 604 43 342 3 4 9 285 41 77 2 - 6 62 7 927 6 6 40 787 88 756 5 8 62 599 82 15 988 73 107 429 14 805 574 FONTE: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná NOTA: CV - Cavalos a Vapor Outro dado importante na caracterização rural é o número de tratores empregados na produção agropecuária, o que indica o grau de avanço tecnológico dessa atividade. A Tabela 19 aponta estas informações. Quanto ao uso de máquinas e instrumentos agrícolas notou-se que 92% dos tratores utilizados na região estão entre 50 e 100 CV, e 4% com mais de 100 CV. Em Foz do Iguaçu, 99% dos tratores estavam na faixa de 50 e 100 CV. 90 A tabela a seguir demonstra o número de máquinas e instrumentos agrícolas, dados que complementam as informações sobre o número de tratores utilizados na região de Itaipu. TABELA 20 – NÚMERO DE MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL MÁQUINAS Para plantio ARADOS Para colheita Tração animal Total de Máquinas e Tração mecânica Arado 58 9 483 76 626 164 25 83 122 394 60 18 16 65 159 513 111 369 454 1 447 156 33 141 143 473 974 231 1 077 1 037 3 319 640 94 763 656 2 153 258 75 278 241 852 300 60 1 108 269 1 737 122 19 196 112 449 559 91 1 096 511 2 257 287 78 89 463 917 81 2 392 117 592 757 134 300 724 1 915 593 150 676 518 1 937 5 522 1 130 7 067 5 508 19 227 FONTE: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Apesar do grande número de tratores, os arados por tração mecânica responderam por 29% dos utilizados na região e as máquinas para plantio por 29%, e de colheita 6%. Os arados com tração animal responderam por 37%. A maior concentração de arados com tração animal estava no município de Diamante do Oeste (77%), São José das Palmeiras (66%), Missal (64%), Santa Helena (49%), Pato Bragado (44%) e Medianeira (36%). Regionalmente, o número de arados de tração animal mais representativo era de Santa Helena e Missal com 16%. A maior concentração regional de arados com tração mecânica era de Marechal Cândido Rondon com 19%, São Miguel do Iguaçu com 13% e Medianeira com 12%. 91 TABELA 21 – EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ÁREA PLANTADA (em ha) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 150 30 10 500 670 130 250 400 210 3 000 1 900 1 650 700 300 400 360 50 80 - 7 5 - 8 25 - 750 300 - 7 200 4 550 - 5 050 4 500 - 455 2 000 42 20 - 10 5 - 600 600 200 800 5 000 5 000 7 500 5 530 5 000 4 500 700 600 350 260 205 100 60 40 80 1 200 2 500 3 500 12 000 17 400 19 000 22 500 20 500 25 000 1 285 4 500 - 22 - - 20 5 - 400 125 - 3 300 8 900 - 9 100 7 000 - 2 000 1 000 210 30 30 50 128 180 7 650 2 800 4 000 21 000 28 000 21 550 50 000 24 300 23 000 57 000 2 080 1 500 172 135 65 50 130 5 400 650 300 5 000 14 000 10 000 20 000 18 060 7 400 19 000 3 000 1 000 - 3 3 - 5 5 - 650 1 500 - 6 800 3 350 - 7 600 6 300 - 1 010 1 500 135 30 5 200 320 77 700 1 500 1 700 6 500 12 000 15 500 9 000 8 200 11 500 9 000 1 060 - - 14 8 - 25 15 - 1 000 1 100 - 5 400 3 800 - 3 000 3 800 - 105 100 100 25 20 400 245 200 2 800 2 500 1 800 13 000 27 500 26 800 16 800 15 060 25 080 16 300 970 615 95 45 - 10 14 70 150 180 100 1 200 6 200 14 000 13 400 11 180 14 500 14 000 2 700 600 200 80 110 1 200 260 370 520 200 350 2 000 2 300 1 700 250 700 1.500 1 000 250 200 410 190 60 40 80 315 2 000 4 000 2 430 10 000 27 000 34 000 40 000 26 500 32 000 29 000 500 1 200 600 260 110 500 370 530 1 300 1 200 1 500 2 500 17 000 30 500 29 000 25 500 25 000 29 500 2 350 3 500 2 464 1 151 631 3 060 2 340 1 967 16 450 18 030 18 115 68 500 175 600 198 700 205 650 182 580 187 480 204 660 18 515 18 395 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 92 Os dados referentes à evolução da área plantada, apresentados na Tabela 21, vêm complementar as informações sobre o desenvolvimento da agropecuária na região de Itaipu. Notar-se-á pela tabela, que o produto que teve a maior área plantada em toda a região de Itaipu foi a soja, em 1990 e 1995, com 205.650 e 182.580 hectares respectivamente, e a cultura de milho em 2000, com 198.700 hectares. Em contrapartida, o que apresentou a menor área plantada foi o arroz com 2.464, 1.151 e 631 hectares nos anos de 1990, 1995 e 1999, respectivamente. O município com a maior área plantada de soja foi Marechal Cândido Rondon, em 1990, compreendendo 24,31% da área plantada da região, e entre 1995 e 1999, foi São Miguel do Iguaçu com 14,51% e 17,06%, respectivamente. O milho obteve a maior área em Marechal Cândido Rondon com 21.000 e 28.000 hectares plantados em 1990 e 1995, respectivamente, e correspondendo com 30,65% e 15,94%, respectivamente, da área plantada da região. O produto que ficou em terceiro lugar quando comparada a área plantada dos demais produtos analisados foi o trigo com 204.660, 18.515 e 18.395 hectares plantados nos anos analisados, respectivamente. O município com maior área plantada em 1990 foi Marechal Cândido Rondon correspondendo com 27,85% da área plantada da região, em 1995 foi Medianeira com 16,20% e em 1999 foi Guaíra com 24,46%. Confrontando as informações sobre a área plantada temos na Tabela 22 os dados sobre a área colhida na região dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Observa-se pela tabela, que alguns municípios não colheram 100% de sua área plantada. Entre as culturas analisadas a que apresentou a maior redução na área colhida em relação a plantada foi o trigo no ano de 1990, com uma redução de 56,94% da área plantada, ou seja, a área colhida ficou em torno de apenas 43,05%. Com exceção de São José das Palmeiras todos os demais municípios tiveram uma redução na área colhida da cultura de trigo em 1990 se comparada com a plantada do mesmo ano. O mais crítico dos municípios foi Marechal Cândido Rondon que colheu apenas 29,82% da área plantada, uma perda de 70,17%. Em segundo lugar, 93 veio Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu que colheram apenas 30% e, na seqüência, São Miguel do Iguaçu com 31% da área plantada. A cultura que ficou em segundo lugar na perda da área colhida foi o feijão, que apresentou uma redução em 1990 de 8,16%, onde o município que apresentou a perca foi Terra Roxa que colheu apenas 50% da área plantada. Em terceiro lugar veio a cultura de milho, com uma redução de 5,4% em 1990. Os municípios que apresentaram redução foram Marechal Cândido Rondon e Santa Helena que colheram apenas 86,19% e 93,84% de sua área plantada, respectivamente. Para complementar as informações sobre a área colhida, na Tabela 23 observar-se-á, a evolução da quantidade produzida. Observa-se pela tabela, que a soja ficou em primeiro lugar na região, sendo o produto que obteve a maior quantidade produzida em 1990, passando para o terceiro lugar em 1995 e para o segundo lugar em 1999. O produto que ficou em primeiro lugar em 1995 e em 1999 foi o milho. Marechal Cândido Rondon foi o município que mais produziu mandioca, milho, soja e trigo, correspondendo com 44,97%, 27,65%, 22,07% e 24,96%, respectivamente, da quantidade produzida pela região analisada. As quantidades produzidas de arroz e trigo caíram , em nove anos, 69,21% e 53,49%, respectivamente. Em contra partida as culturas do feijão, mandioca, milho e soja aumentaram 16,66%, 10,27%, 203,02% e 14,56%, respectivamente. Outro dado importante para que se possa avaliar o desempenho da agricultura é o valor da produção. A Tabela 24 traz a evolução dos valores da produção no período estudado, na região de Itaipu. Nota-se pela tabela, que em quase todas as culturas o valor da produção aumentou significamente em nove anos. Na cultura do arroz e do trigo o valor da produção diminuiu em 90% e 57%, significativamente, de 1990 para 1999. Ao contrário no feijão, mandioca, milho e soja, o valor da produção aumentou 302%, 64%, 299% e 132%, respectivamente. 94 TABELA 22 – EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ÁREA COLHIDA (em ha) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 150 30 10 500 670 130 250 400 210 3 000 1 900 1 650 700 300 400 300 50 80 - 7 5 - 8 25 - 750 300 - 7 200 4 550 - 5 050 4 500 - 455 2 000 42 20 - 10 5 - 600 600 200 800 5 000 5 000 7 500 5 530 5 000 1 350 700 600 350 260 205 100 60 40 80 1 000 2 500 3 500 12 000 17 400 19 000 22 500 20 500 8 800 1 285 4 500 - 22 - - 20 5 - 400 125 - 3 300 8 900 - 9 100 7 000 - 2 000 1 000 210 30 30 50 128 180 7 650 2 800 4 000 18 100 28 000 21 550 50 000 24 300 23 000 17 000 2 080 1 500 172 135 65 50 130 5 400 650 300 5 000 14 000 10 000 20 000 18 060 7 400 13 000 3 000 1 000 - 3 3 - 5 5 - 650 1 500 - 6 800 3 350 - 7 600 6 300 - 1 010 1 500 135 30 5 200 320 77 700 1 500 1 700 6 500 12 000 15 500 9 000 8 200 11 500 6 500 1 060 - - 14 8 - 25 15 - 1 000 1 100 - 5 400 3 800 - 3 000 3 800 - 105 100 100 20 20 400 229 200 2 800 2 500 1 800 12 200 27 500 26 800 16 800 15 060 25 080 12 225 970 615 95 45 - 10 12 70 150 180 100 1 200 6 200 14 000 13 400 11 180 14 500 4 200 2 700 600 200 80 110 1 200 260 370 520 200 350 2 000 2 300 1 700 250 700 1 500 1 000 250 200 410 190 60 40 80 315 2 000 4 000 2 430 10 000 27 000 34 000 40 000 26 500 32 000 9 000 500 1 200 600 260 110 250 370 530 1 300 1 200 1 500 2 500 17 000 30 500 29 000 25 500 25 000 14 750 2 350 3 500 2 464 1 146 631 2 810 2 322 1 967 16 450 17 830 18 115 64 800 175 600 198 700 205 650 182 580 187 480 88 125 18 515 18 395 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 95 TABELA 23 – EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE PRODUZIDA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 QUANTIDADE PRODUZIDA (em t) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 300 45 20 300 660 104 6 250 10 000 4 200 8. 60 5 255 6 075 1 400 510 1 040 300 75 120 - 21 10 - 10 22 - 15 000 7 500 - 23 796 15 900 - 12 956 13 950 - 818 4 400 89 63 - 4 3 - 15 000 15 000 4 400 3 040 19 600 16 150 18 000 15 473 15 000 1 505 700 1 020 1 574 1 070 1 009 25 80 31 2 000 26 000 63 750 14 315 46 680 59 340 45 220 48 667 46 840 12 003 2 058 11 250 - 70 - - 14 4 - 10 000 3 125 - 10 650 27 780 - 20 830 21 000 - 3 600 2 050 508 83 106 19 185 502 375 200 20 156 135 180 250 6 61 600 100 000 63 668 100 230 82 209 105 350 59 844 71 300 21 230 3 240 3 300 10 000 16 250 7 500 17 500 52 500 31 000 44 600 45 104 23 828 9 740 4 500 1 500 - 5 5 - 6 2 - 14 300 37 500 - 20 500 11 250 - 19 194 19 530 - 1 515 3 150 375 115 13 120 380 88 17 500 45 000 42 500 23 000 41 400 56 050 24 300 22 320 37 030 4 470 1 120 - - 31 16 - 31 11 - 22 000 27 500 - 16 800 13 800 - 6 516 11 020 - 145 230 260 40 36 317 277 190 70 000 55 000 45 000 38 315 86 825 84 050 33 314 39 104 80 120 6 750 1 455 1 414 198 225 - 4 12 56 3 750 4 500 2 200 5 520 20 900 35 200 34 974 24 380 43 500 4 683 3 240 900 7 243 5 120 496 1 736 4 125 1 507 311 360 106 500 136 000 100 000 67 950 96 000 8 100 750 1 800 52 516 62 500 14 750 3 765 8 050 621 754 697 734 477 254 437 100 546 783 85 038 27 292 39 544 99 96 99 864 208 324 13 000 3 600 5 250 7 438 1 362 813 240 25 120 390 50 000 112 000 53 460 40 000 667 32 500 37 500 9 300 1 587 872 356 42 318 6 854 3 924 2 110 1 740 2 460 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 27 600 2 030 400 250 437 850 441 385 230 256 62 875 117 810 69 600 96 TABELA 24 – EVOLUÇÃO DO VALOR DA PRODUÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 VALOR DA PRODUÇÃO (em mil reais) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 269 8 5 35 254 62 190 260 260 552 497 869 142 71 259 53 12 23 0 3 3 0 4 13 0 420 465 0 2 142 2 274 0 1 749 3 474 0 89 858 75 16 0 1 2 0 1 014 420 273 257 1 725 2 309 2 282 2 058 3 735 305 112 199 1 419 167 304 11 36 19 37 728 3 953 1 129 4 318 8 486 5 285 7 616 11 663 2 576 329 2 194 0 18 0 0 6 2 0 280 194 0 937 3 973 0 2 770 5 229 0 576 400 470 13 32 2 74 81 7 159 1 725 6 200 8 832 9 021 11 756 14 272 8 079 17 754 4 791 353 644 505 66 60 10 60 4 304 423 465 1 183 4 961 4 433 4 522 6 112 5 933 1 728 743 293 0 1 1 0 3 1 0 400 2 325 0 1 845 1 609 0 2 591 4 863 0 166 614 377 20 3 61 146 53 532 1 170 2 635 2 332 3 912 8 015 2 464 3 024 9 220 793 176 0 0 5 4 0 12 7 0 616 1 705 0 1 512 1 973 0 880 2 744 0 16 45 240 6 9 40 111 114 2 780 1 540 2 790 5 315 7 814 12 019 4 513 5 279 19 950 1 523 159 276 201 56 0 1 5 34 254 126 136 466 1 839 5 034 4 433 3 243 10 832 950 518 176 94 13 26 110 87 195 516 101 326 817 652 732 67 243 1 027 340 34 70 1 381 203 72 4 60 235 3 380 3 136 3 315 3 380 9 372 19 448 12 675 9 037 23 904 1 643 120 351 1 430 137 107 29 144 402 604 773 2 325 733 5 785 16 847 8 135 8 271 15 563 3 166 602 1 570 6 461 732 626 304 1 004 1 222 16 771 12 118 27 367 24 996 56 332 99 777 58 790 61 023 136 150 17 869 4 005 7 713 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 97 TABELA 25 – EVOLUÇÃO DO VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR HECTARE COLHIDO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 VALOR DA PRODUÇÃO POR HECTARE COLHIDO (EM REAIS) MUNICÍPIOS Arroz (em casca) 1990 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Feijão (em grão) 1999 1990 1995 Mandioca 1999 1990 1995 Milho (em grão) 1999 1990 1995 Soja (em grão) 1999 1990 1995 Trigo (em grão) 1999 1990 1995 1999 1 791 267 500 71 379 477 761 650 1 238 184 262 527 203 237 648 177 240 288 0 429 600 0 500 520 0 560 1 550 0 298 500 0 346 772 0 196 429 1 791 800 0 68 400 0 1 690 700 1 365 321 345 462 304 372 747 226 160 332 4 053 642 1 483 110 600 475 465 728 1 581 323 360 488 278 338 569 293 256 488 0 818 0 0 300 400 0 700 1 552 0 284 446 0 304 747 0 288 400 2 237 433 1 067 48 578 450 936 616 1 550 488 322 546 285 332 772 282 170 429 2 935 489 923 203 462 800 761 651 1 550 237 354 443 226 338 802 133 248 293 0 333 333 0 600 200 0 615 1 550 0 271 480 0 341 772 0 164 409 2 793 667 600 304 456 688 761 780 1 550 359 326 517 274 369 802 122 166 0 0 357 500 0 480 467 0 616 1 550 0 280 519 0 293 722 0 152 450 2 405 300 450 100 485 570 993 616 1 550 436 284 448 269 351 795 125 164 449 2 113 1 244 0 68 417 486 1 690 700 1 360 389 297 360 331 290 747 226 192 293 470 163 236 91 335 527 993 505 931 409 283 431 269 347 685 340 136 350 3 368 1 068 1 200 106 750 746 1 690 784 1 364 338 347 572 317 341 747 183 240 293 2 384 527 973 115 389 758 465 644 1 550 293 340 552 281 324 623 215 256 449 2 622 639 992 108 432 621 1 019 680 1 511 386 321 502 286 334 726 203 216 419 FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2000 98 Na cultura da soja, os maiores valores encontraram-se nos municípios de São Miguel do Iguaçu, que correspondeu com 18% do valor total da região em 1999, e em Santa Helena com 15%, no mesmo ano. Pela Tabela 25, podemos notar o valor correspondente a um hectare colhido em cada município. Notou-se que no ano de 1990 os maiores valores foram encontrados na cultura do arroz. Regionalmente o valor ficou em R$2.622 reais por hectare. Os municípios que apresentaram os maiores valores foram Guaíra e São Miguel do Iguaçu, R$4.053 e R$3.368 reais por hectare, respectivamente. Apesar da cultura do arroz ter apresentado os maiores valores em 1990, seu valor da produção por hectare diminuiu regionalmente na ordem de 62%. A cultura que apresentou a maior evolução em nove anos foi o feijão, em segundo lugar a soja e em terceiro o trigo, denotando 475%, 154%, 106%, respectivamente. O município de Marechal Cândido Rondon apresentou, na cultura do feijão, uma evolução de 837%, em nove anos, Santa Terezinha de Itaipu, 615% e Terra Roxa, 559%. Fazendo-se uma comparação com a tabela dos valores totais e médios dos investimentos, financiamentos e das despesas na agropecuária (Tabela 27 ), verificouse que em relação às despesas médias por hectare, o maior valor em 1995/1996 foi de R$644,27 reais e regionalmente o valor ficou na marca dos R$319,94 reais. Segundo a tabela em estudo, a única cultura que não apresentou nenhum valor acima do valor de R$319,94 das despesas médias foi o arroz que regionalmente ficou na marca de R$216 reais. As demais culturas apresentaram, regionalmente, valores acima do valor médio das despesas. A cultura que apresentou o maior valor regional foi o arroz que em 1995 ficou na marca de R$639 reais por hectare colhido. O município que apresentou a maior despesa média foi Pato Bragado, R$644,27 reais por hectare. Mas observado o valor produção por hectare colhido verificou-se que em metade das culturas plantadas (milho, soja e trigo), apresentou valores que ficaram bem abaixo do valor das despesas médias. A Tabela 26 traz a evolução dos números do efetivo de bovinos, suínos e aves nos municípios da região de Itaipu no período de 1990 a 1999. 99 Pela Tabela 26 notou-se uma ampliação na produção de bovinos de Diamante do Oeste, tanto que a evolução da produção de bovinos foi de 58%, entre 1990 e 1999. TABELA 26 – EFETIVO DE BOVINOS, SUÍNOS E AVES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 EFETIVO MUNICÍPIOS 1990 Bovinos Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Suínos 20 364 Aves 4 906 Bovinos 27 500 Suínos 1999 Aves 29 500 5 000 27 000 Bovinos Suínos Aves 32 200 3 400 27 000 - - - 5 450 24 868 35 054 5 365 32 890 21 145 9 348 4 860 111 100 14 733 4 736 91 241 12 010 2 918 10 379 22 055 10 215 42 959 21 993 5 243 30 350 21 610 5 640 44 150 - - 12 200 10 970 38 970 10 920 7 268 21 880 71 319 - 133 366 2 024 093 45 140 118 094 1 805 805 49 137 130 216 706 094 29 490 49 550 1 065 000 38 000 50 620 932 000 30 200 28 850 955 000 - - - 13 915 17 204 149 526 15 219 7 960 87 080 15 877 23 832 127 000 22 600 27 800 150 000 25 000 28 400 194 000 - - - 5 750 19 287 276 837 6 362 17 861 230 532 23 875 40 254 242 950 39 282 35 625 252 802 30 050 33 262 110 772 13 624 4 040 161 700 12 861 3 240 104 525 11 418 3 872 279 350 9 612 7 031 43 180 18 050 8 462 65 198 18 908 7 005 34 471 45 075 37 740 718 700 41 271 35 213 426 105 37 280 45 100 817 530 59 541 12 051 87 161 57 798 7 545 61 250 54 657 6 930 102 880 327 845 4 651 343 378 543 373 907 4 446 663 360 336 361 572 3 642 263 320 180 FONTE: IPARDES, 2001 NOTA: AVES englobam galinhas, galos, frangos e pintos. Por outro lado, houve uma queda de 2% na produção de aves e 31% na de suínos. Isso apontou uma mudança no perfil da pecuária do município. Em todo caso, ocorreu um arranjo da estrutura produtiva dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Nota-se que o investimento na produção de aves no período, ocorreu apenas em Terra Roxa (18%), São Miguel do Iguaçu (14%), Guaíra (3%) e, principalmente, em Santa Terezinha de Itaipu (73%). Já os outros municípios tiveram quedas consideráveis nesta atividade, destacando-se Foz do Iguaçu (91%) e Santa Helena (54%). Por outro lado, Foz do Iguaçu e Santa Helena, na década em análise, apresentaram uma evolução no efetivo de suínos na ordem de 29% e 26%, respectivamente. Quanto à produção de suínos, apenas Entre Rios do Oeste, Missal e São Miguel do Iguaçu tiveram um aumento nos efetivos com valores na ordem de 32%, 100 19% e 20%, respectivamente. Regionalmente, nota-se que a região diminuiu a produção de aves em torno de 22% e ampliou a de bovinos em torno de 13% e a de suínos 10%. Para a complementação dos dados, a Tabela 27 apresenta os valores totais e médios dos investimentos, financiamentos e despesas na região de Itaipu. TABELA 27 – VALORES TOTAIS E MÉDIOS DOS INVESTIMENTOS, FINANCIAMENTOS E DAS DESPESAS POR PROPRIEDADE NA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL INVESTIM INVESTI FINANCIA- FINANCIA- DESPE- DESPEENTOS MENTO MENTOS MENTO SAS SAS (MIL MÉDIO (MIL MÉDIO (MIL MÉDIAS REAIS) (R$/ha) REAIS) (R$/ha) REAIS) (R$/ ha) 925 33,37 245 8,84 2 702 97,48 956 121,08 388 49,14 4 973 629,89 827 52,75 413 26,34 3 671 234,19 2 640 66,90 3 241 82,13 10 200 258,49 1 273 86,97 1 271 86,84 4 651 317,78 6 435 107,14 3 224 53,68 28 810 489,68 5 191 119,03 2 539 58,22 18 649 427,63 1 558 98,19 703 44,30 4 145 231,25 3 806 144,03 1 660 62,82 8 875 335,85 1 229 148,50 392 47,36 5 332 644,27 3 228 68,36 1 744 36,93 13 975 295,96 957 42,73 877 39,15 5 592 249,67 471 28,04 120 7,14 1 944 115,75 4 531 74,75 4 401 72,69 24 584 405,61 4 327 54,30 4 951 62,13 17 493 219,54 38 354 78,86 26 169 53,81 155 596 319,94 FONTE: IBGE - Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná Dentre os municípios da região, Marechal Cândido Rondon destacou-se, respondendo por 17% dos investimentos. Como Marechal Cândido Rondon era um dos municípios com maior parque de máquinas e equipamentos, uma boa parte destes investimentos deveriam responder pela recuperação , troca e aquisição de bens de capital. O mesmo aconteceu com Medianeira (14%), São Miguel do Iguaçu (12%), Terra Roxa (11%). Estes municípios possuíam também a maior despesa, sendo Marechal Cândido Rondon e Guaíra com o maior percentual, 18%, seguido de São 101 Miguel do Iguaçu (15%), Terra Roxa e Medianeira com 11%. Os altos investimentos fizeram com que estes municípios liderassem nas despesas. Analisando os investimentos médios na região é possível observar que São José das Palmeiras e Diamante do Oeste apresentam os menores índices de investimento por hectare, mas tem também os menores índices de despesa média por hectare. Tal condição, demonstra que a estrutura produtiva destes municípios é pouco dinâmica ou é baseada em atividades que não exigem tal dinâmica. Já entre os municípios com índices de investimento médio e de despesas médias maiores destacam-se Pato Bragado e Entre Rios do Oeste. O retorno desses altos investimentos se refletiu na Tabela 28, onde estes municípios auferiram a maior receita da região. TABELA 28 – VALORES DA PRODUÇÃO, DA RECEITA E DA RECEITA MÉDIA DA AGROPECUÁRIA DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU - 1996 VALOR (1996) MUNICÍPIOS Da produção (em mil reais) Animal Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Da receita (em mil reais) Vegetal Receita média (R$/ha) 1 995 2 127 3 525 127,17 5 376 3 947 8 275 1 048,13 1 663 3 888 5 461 348,38 3 075 19 260 21 757 515,38 1 577 6 761 7 659 523,30 22 923 29 979 46 790 779,04 17 581 16 476 30 732 704,70 3 200 7 410 9 385 591,51 7 619 11 882 17 539 663,72 4 386 4 467 7 908 955,53 7 537 24 735 28 993 614,02 2 999 10 328 10 115 451,62 2 683 1 853 4 073 242,52 11 928 31 961 42 010 693,13 7 041 23 633 28 513 357,85 101 583 198 707 272 735 560,81 FONTE: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996-Paraná 102 Dos municípios da região, Marechal Cândido Rondon possuía 17% da receita, seguido de São Miguel do Iguaçu com 15%, Medianeira e Santa Helena com 11% e Terra Roxa com 10%. Por outro lado , Marechal Cândido Rondon perdeu para São Miguel do Iguaçu em termos de produção vegetal. Enquanto São Miguel do Iguaçu tinha em torno de 16% do valor da produção vegetal da região, Marechal Cândido Rondon tinha 15%, seguido de Terra Roxa e Santa Helena com 12%. No valor da produção animal São Miguel do Iguaçu estava em terceiro com 12%, atrás de Marechal Cândido Rondon com 22% e Medianeira com 17%. 7.3 DUALIDADE E FORMAS DE EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA NAS DUAS REGIÕES: COMPARAÇÃO DA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA Nota-se entre as regiões atingidas pelos reservatórios das Usinas de Salto Caxias e de Itaipu alguns aspectos semelhantes, principalmente, no que tange a porcentagem gerida por cada condição do produtor. Nota-se também, no tocante ao número de estabelecimentos por grupo de atividade econômica, que em ambas as regiões era a lavoura temporária que ganhou destaque, correspondendo a 50% dos estabelecimentos. Referindo-se à utilização das terras nota-se que enquanto Itaipu ocupava 51,5% das terras com lavouras temporárias, Salto Caxias ocupava apenas 37%, em segundo lugar ficou para as pastagens plantadas com 32% e 35%, respectivamente. No referente ao pessoal ocupado na agropecuária distribuído por categoria observou-se que nas duas regiões a maioria do pessoal ocupado estava na categoria de responsáveis e membros das famílias com renda não mensurada, correspondendo por 86% em Itaipu e 90,4% em Salto Caxias. Nas demais categorias não se encontram diferenças muito significativas. Em relação ao número de tratores segundo a potência, verificou-se que em ambas as regiões o maior número de tratores era de 50 a 100 CV de potência, correspondendo com 92,6% em Itaipu e 70,82% em Salto Caxias. Os tratores de 103 potência de 20 a 50 CV e com mais de 100 CV ocupavam 6,27% e 25,66% nas regiões analisadas, respectivamente. Comparando-se o número de máquinas e instrumentos agrícolas da região, notou-se que em Salto Caxias a grande maioria eram os arados de tração animal correspondendo com 67,34% do total, e em segundo lugar veio máquinas para plantio, com 18,80%. Na região de Itaipu esses percentuais foram de 36,75% e 28,72%, respectivamente. Este dado comprova as diferenças geográficas das regiões e a conseqüente mecanização da atividade agropecuária. Observa-se pelas tabelas referentes ao valor dos investimentos, financiamentos e despesas que os financiamentos médios ficaram na marca de R$1.479,00 em Itaipu e R$617,00 em Salto Caxias. Já com relação às despesas, ficaram na média de R$319,9 e R$254,3 respectivamente, por ha. Com relação ao valor da produção e da receita, nota-se que a produção animal na região de Salto Caxias é 0,57% superior a vegetal. Em contra partida na região de Itaipu a produção vegetal é 93,7% superior à produção animal. Ao se referir ao efetivo de bovinos, suínos e aves, verificou-se que houve uma evolução de 28%, 26,5% e 132%, respectivamente, na região de Salto Caxias. Itaipu teve percentuais de 12,5%, 10% e -22%, respectivamente. Observando-se os valores da produção e da quantidade produzida, no período de 1995 a 1999, nas duas regiões, nota-se uma controvérsia. Enquanto na região de Itaipu, a quantidade produzida cresceu cerca de 113% e o valor da produção aumentou mais de 600%, na região de Salto Caxias a quantidade produzida diminuiu 81%, embora o valor da produção tenha aumentado 110%. O aumento no valor da produção provavelmente tenha origem na valorização dos produtos agrícolas neste período. O aumento na quantidade produzida, tendo em vista que a área plantada teve variações desconsideráveis na região de Itaipu, demonstra que os municípios, vem investindo e se preocupando com a agropecuária, enquanto a redução desta, na região de Salto Caxias, significa um enfraquecimento da base econômico regional, ou seja, da agropecuária. 104 8 HIDROELÉTRICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A DINÂMICA SETORIAL E O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU Neste capítulo são apresentadas informações gerais sobre a dinâmica das atividades econômicas, dentre elas alguns indicadores de crescimento (PIB, PIB per capita, arrecadação de impostos, participação na distribuição dos impostos), alguns indicadores estruturais do crescimento (repartição setorial das atividades, consumo setorial de energia, participação setorial no valor adicionado) e alguns indicadores sociais de condições de vida, tais como educação, densidade populacional, serviços sociais básicos (saneamento, acesso a água potável), disponibilidade de leitos hospitalares. 8.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS Os municípios da região de Salto Caxias apresentaram aspectos homogêneos no que tange o seu perfil socioeconômico. Isso pode ser observado pelas características sociais. Na Tabela 29 é apresentada a evolução da população residente na região de Salto Caxias no período de 1970 a 2000. Notou-se pela Tabela 29 que durante o período de 1970 a 1985, a região apresentou uma expansão no tocante à população residente, o que não pode ser observado nos anos seguintes. Todos os municípios, até o ano de 1980, apresentaram aumentos expressivos, sendo que Quedas do Iguaçu apresentou o maior crescimento, ficando na ordem de 79%. A partir de 1980, observou-se um decréscimo em todos os municípios. De 1980 a 2000, Capitão Leônidas Marques ficou em primeiro lugar, obtendo um decréscimo de 105 65%. Um dos fatores contribuintes para este decréscimo foi o desmembramento do município de Boa Vista da Aparecida. Analisando regionalmente, notou-se que houve uma evolução de 57% de 1970 a 1985, e a partir de 1985 a região demonstrou uma redução de 17%. TABELA 29 – POPULAÇÃO RESIDENTE POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1970/2000. POPULAÇÃO MUNICÍPIOS 1970 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1975 1980 1985 1990 1996 2000 - - - - - 3 443 3 107 - - - 10 604 10 411 10 213 8 423 23 256 32 040 40 823 23 166 18 556 15 753 14 377 - - - - - 4 797 4 394 - - - 14 136 11 976 10 620 10 397 11 273 21 388 31 502 31 339 31 447 30 668 27 364 31 448 32 849 34 249 15 652 14 480 13 055 12 757 12 036 12 876 13 716 9 661 10 205 9 669 9 307 - - - 17 587 15 370 13 057 11 822 78 013 99 152 120 290 122 145 112 445 111 275 101 948 FONTES: IBGE, 1996; IBGE, 2000; IPARDES,2001 Essa evasão da população se reflete também na População Economicamente Ativa (PEA) de alguns municípios, que também sofreu uma considerável redução, conforme é possível observar na Tabela 30. TABELA 30 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA –PEA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1991/2001 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (PEA) 1991 1995 2001 0 2 155 1 385 4 424 6 027 4 958 7 693 6 265 8 689 0 2 971 2 240 4 471 5 977 4 958 11 391 17 011 11 672 6 490 7 590 6 094 4 151 5 482 4 547 5 306 7 823 5 363 43 926 61 301 49 906 106 FONTES: IBGE, 1991, PARANACIDADE, 2001 e SERT, 2001 Durante o período de construção de uma Usina Hidroelétrica, há um aumento significativo da população economicamente ativa (PEA), pois muitas pessoas vêem aos municípios lindeiros com o intuito de trabalhar nas obras da construção. Isto pode ser observado na Tabela 30, que se refere ao PEA. Observou-se que durante o período de 1991 a 1995, período este que começaram os trabalhos de construção da Usina Hidroelétrica de Salto Caxias, houve um aumento considerável, em quase todos os municípios, no tocante à população economicamente ativa. Somente Capitão Leônidas Marques apresentou decréscimo na ordem de 19%. Nos demais municípios, o menor aumento foi de 17% em Salto do Lontra, e o maior de 49%, em Quedas do Iguaçu. Regionalmente esta percentagem foi de 40%. Em relação aos anos de 1995 a 2000, notou-se uma evasão considerável em quase todos os municípios. Somente Capitão Leônidas Marques demonstrou, neste mesmo período, aumento de 39% no seu PEA. Nos demais municípios a queda ficou entre 17% e 36%. Regionalmente o decréscimo foi de 19%. Um dos fatores contribuintes desta queda, foi o término da construção da usina, e com isso, boa parte da população economicamente ativa deslocou-se para outras localidades. Outro dado que confere a evasão da população complementando os dados populacionais, pode ser observado com relação às matrículas por série nas escolas da região. Essas informações podem ser observadas na Tabela 31. TABELA 31 – ALUNOS MATRICULADOS DISTRIBUÍDOS POR SÉRIE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/1999 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste 1990 1a a 4a série 1995 5a a 8a série 1a a 4a série Ensino Médio 5a a 8a série 1999 Ensino Médio 1a a 4a série 5a a 8a série Ensino Médio - - - 377 368 151 330 324 194 2 009 973 152 1 270 1 042 264 1 038 682 380 2 958 2 012 564 1 751 1 525 701 1 552 1 381 1 018 - - - 711 635 114 555 498 227 1 903 917 234 1 459 1 158 387 1 059 1 036 589 5 389 2 258 658 4 615 2 952 977 3 393 2 525 1 458 2 623 1 450 394 1 789 1 601 647 1 491 1 309 891 1 583 872 256 1 244 1 084 371 892 990 378 107 Três B. do Paraná TOTAL REGIONAL 2 857 1 294 318 1 901 1 581 497 1 437 1 307 723 19 322 9 776 2 576 15 117 11 946 4 109 11 747 10 052 5 858 FONTE: IPARDES, 2001 Notou-se, pelos dados contidos na Tabela 31, uma evolução positiva de alunos que chegaram ao ensino médio. No entanto, o mesmo não aconteceu no ensino primário. Em relação aos períodos anteriores, praticamente houve um decréscimo em todos os municípios de Salto Caxias. Esse fato explica-se, em parte, pela evasão da população, conforme se observou nos dados sobre a população residente, e outro pelos decréscimos nas taxas de natalidade a partir de 1995, como poderá ser observado nas informações da Tabela 32. Com relação aos alunos do ensino fundamental (5ª a 8ª série), notou-se que entre 1990 a 1995, houve uma evolução, que regionalmente ficou na marca de 22%. Somente Capitão Leônidas Marques não apresentou esta evolução. Entre 1995 a 1999, houve decréscimo em todos os municípios. Regionalmente o decréscimo foi de 16%. Com relação à natalidade e mortalidade infantil da região, na Tabela 32, notou-se que o número de nascimentos foi maior no período de 1990 a 1995, com um aumento de 6% devido, provavelmente, à chegada de novos moradores à região de Salto Caxias. O contrário ocorreu entre os anos de 1995 a 2000, onde a natalidade sofreu uma redução de 29%. O número de óbitos em 1995 foi 37% menor que o número apresentado em 1990, e em 2000 houve um aumento de 5% em relação aos últimos cinco anos. Com relação ao coeficiente de mortalidade infantil na região, notou-se que o coeficiente ficou, em todos os anos, abaixo da taxa de mortalidade do Brasil. O melhor coeficiente obtido foi de 15,76 óbitos, no ano de 1995 e nos demais anos este coeficiente foi de 26,29, em 1990, e 23,24, em 2000. 108 TABELA 32 - NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL COM OS RESPECTIVOS COEFICIENTES, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL FONTE: SESA, 2002 1990 Natalidade Coeficiente 1995 Mortalidade Coeficiente Natalidade Coeficiente 2000 Mortalidade Coeficiente Natalidade Coeficiente Mortalidade Coeficiente - - - 0,00 55 14,19 0 0,00 35 12,43 0 0,00 177 17,00 4 22,60 216 20,69 3 13,89 191 18,90 7 36,65 332 17,89 8 24,10 331 27,01 4 12,08 287 16,26 4 13,94 - - - 0,00 111 21,01 2 18,02 49 10,73 3 61,22 275 22,96 5 18,18 229 20,94 4 17,47 176 17,42 3 17,05 800 25,44 28 35,00 827 25,68 15 18,14 527 22,15 16 30,36 307 21,20 6 19,54 319 23,31 3 9,40 190 15,29 3 15,79 190 29,90 4 21,05 159 16,36 3 18,87 117 12,62 1 8,55 315 20,49 8 25,40 291 20,40 6 20,62 235 21,54 5 21,28 2 396 22,06 63 26,29 2 538 22,52 40 15,76 1 807 17,77 42 23,24 109 Na Tabela 33 são apresentadas informações sobre as doenças de notificação obrigatória. Essas doenças também são conhecidas como doenças da “pobreza”, pois sua evolução positiva denota uma deterioração nos serviços de saúde pública. Notouse pela Tabela 33 que em 2001 houve um maior número de incidências de doenças, em quase todos os municípios. Sendo que os que apresentaram os maiores números foram: Salto do Lontra, Quedas do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques. Na maioria dos municípios a doença que obteve maior número de incidências foi o atendimento anti-rábico humano, caracterizado pela raiva transmitida por cães ou gatos, onde a única maneira de controle é a vacina. A hepatite viral também se destacou em Quedas do Iguaçu, Salto do Lontra e São Jorge do Oeste , no ano de 2001. Em Capitão Leônidas Marques houve uma evolução de 100%, no número total de doenças, entre 1996 a 1999, e de 111% entre 1999 a 2001, sendo que no ano de 2001 houve maior número de casos de trichomoníase e ocorrências toxicológicas. Três Barras do Paraná também denotou evolução em seu total de doenças, ficando na ordem de 8% e 170%, entre 1996 a 1999 e entre 1999 a 2001, respectivamente. Em Boa Vista da Aparecida a maior evolução ocorreu entre 1996 a 1999, 160%, e entre 1999 a 2001, apresentou redução de 74%. As demais doenças apresentaram números menores de incidências. A Tabela 34 apresenta a evolução do número de leitos hospitalares na região de Salto Caxias no período de 1998 a 2000. Quanto ao total de leitos hospitalares, somente em Quedas do Iguaçu e Três Barras do Paraná houve uma evolução positiva, em torno de 14% e 86%, respectivamente. Regionalmente a melhora foi de 7%. 110 TABELA 33 – NÚMERO DE DOENÇAS (CONFIRMADAS) DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996/2001 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA DOENÇAS Boa E. do Iguaçu Boa Vista da A. Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova P. do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três B. do Paraná 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 Animais Peç. * At. At-ráb. Hu** Cisticercose DST Febre Reumática Hepatite Viral Leishmaniose Meningite Oc. Tox. *** Sífilis Tétano Trichomoníase Ver. ano.**** TOTAL ... ... 1 2 2 1 1 - 1 ... ... 1 ... - ... ... ... 6 ... 4 16 ... - 7 3 5 6 ... ... 2 - 11 3 - 3 1 ... ... 8 ... - ... ... ... 30 ... 22 33 ... - 1 - 3 21 ... ... - 1 - - - - - ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - - 2 - - ... ... - - - - - - - ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - - - - 2 ... ... - - - - 1 - - ... ... - ... - ... ... ... 1 ... - - ... - - - - - ... ... - 1 3 1 - 2 2 ... ... 1 ... 2 ... ... ... 16 ... - 13 ... 1 11 - - - ... ... - 5 3 - 1 - - ... ... - ... - ... ... ... 1 ... 1 - ... - - 5 2 - ... ... - - 1 - 1 5 - ... ... - ... - ... ... ... 1 ... 2 2 ... 2 - 2 3 2 ... ... - - 1 1 5 1 14 ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - - - - 2 ... ... - - 2 - - 7 1 ... ... - ... - ... ... ... - ... - 1 ... - 1 - - 2 ... ... - - - - - - - ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - 1 - - - ... ... - - - - - - 19 ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - - - - - ... ... - - - - - - - ... ... - ... - ... ... ... - ... - - ... - 1 - - - ... ... 3 9 23 6 9 18 38 ... ... 10 ... 2 ... ... ... 55 ... 29 65 ... 3 22 12 13 35 FONTES: REGIONAL DE SAÚDE DE CASCAVEL E REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCISCO BELTRÃO NOTAS: - Dado numérico igual a zero ... Dado não disponível * Acidentes com animais peçonhentos ** Atendimento anti-rábico humano *** Ocorrências toxicológicas **** Verrugas anogenitais 111 TABELA 34 – NÚMERO DE LEITOS HOSPITALARES TOTAIS E POR GRUPO DE MIL HABITANTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1998-2000 MUNICÍPIOS TOTAL 1998 Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL TOTAL 1999 LEITOS PARA CADA MIL HABITANTES/ ANO EM 2000 TOTAL 2000 - - - - 61 61 61 7,25 84 84 84 5,83 - - - - 47 47 47 4,53 88 100 100 3,65 69 69 69 5,45 44 44 44 4,72 21 39 39 3,29 414 444 444 4,36 FONTE: IPARDES, 2001 A média de leitos hospitalares da região foi de 4,36 para cada mil habitantes, e foi um índice ruim, pois na região há leitos sobrando. Descartando os municípios de Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu que não possuíam leitos hospitalares, somente Quedas do Iguaçu e Três Barras do Paraná enquadraram-se como tendo índices bons, pois todos os demais estiveram acima da média máxima estabelecida, sendo que o pior índice foi o de Boa Vista da Aparecida, que apresentou 7,25 leitos para cada mil habitantes. Outro dado importante, com relação à melhoria da qualidade de vida da população, é seu acesso ao sistema de saneamento básico. Essas informações podem ser observadas na Tabela 35. Observou-se pela Tabela 35, que em quase todos os municípios da região atingida pela represa de Salto Caxias ocorreu uma melhora no acesso ao saneamento básico. Regionalmente, o número de ligações de água envolve na ordem de 52% em dez anos. Em cinco anos este índice ficou em 20%. Apenas Três Barras do Paraná demonstrou decréscimo no tocante ao número de ligações cadastradas de água, sendo que a redução foi de 24%, entre 1990 a 1995. Entre 1995 a 2000, este município apresentou uma melhora de 10%. 112 TABELA 35 – NÚMERO DE LIGAÇÕES CADASTRADAS DE ÁGUA E ESGOTO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1990 Água 1995 Esgoto Água 2000 Esgoto Água Esgoto 0 0 176 0 239 0 746 0 1 139 0 1 406 0 1 964 0 2 273 0 2 994 0 0 0 323 0 444 0 925 0 1 307 0 1 516 0 3 603 0 4 725 0 5 443 2 299 950 0 1 287 0 1 603 0 765 0 1 032 0 1 248 0 1 878 0 1 428 0 1 569 0 10 831 0 13 690 0 16 462 2 299 FONTE: IPARDES, 2001 Dos municípios que mais tiveram expansão no atendimento domiciliar de água, destacase Boa Vista da Aparecida com uma evolução de 23% em cinco anos e 88% em dez anos. Salto do Lontra aparece com uma expansão de 69% de 1990 a 2000, seguido de Nova Prata do Iguaçu, com 64% e São Jorge do Oeste com 63%. Dos municípios, o com maior representatividade foi Quedas do Iguaçu com 33% do total Regional de ligações de água em 2000, seguido de Capitão Leônidas Marques com 18%. Já Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu apresentaram a menor representatividade regional, com 1,45% e 2,7%, respectivamente. Tais informações demonstram um quadro de expansão do atendimento de água tratada favorável. Com relação ao atendimento de esgoto, observou-se que apenas Quedas do Iguaçu apresentou tal atendimento no ano de 2000. Destaca-se dessa forma, a necessidade urgente de investimentos na área de saneamento básico, pois este é um item fundamental para a saúde e melhoria da qualidade de vida da população. 8.1.1 A Dinâmica Econômica Regional dos Municípios Atingidos pelo Reservatório de Salto Caxias Apesar da evasão populacional e da queda nas matriculas escolares, a região de Salto Caxias demonstrou um certo dinamismo no seu perfil econômico. 113 Na Tabela 36, observou-se a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado. TABELA 36 – PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1970/1996 MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL (EM US$ DE 1998) 1970 1975 1980 1985 1990 1996 0 0 0 0 0 10 648 976 0 0 0 23 734 811 14 556 556 18 600 081 38 627 644 40 852 603 51 082 019 46 531 413 29 795 002 33 922 388 0 0 0 0 0 21 154 843 0 0 0 40 978 346 23 537 498 30 928 590 9 800 947 51 805 435 80 823 810 98 566 720 73 778 570 91 890 210 33 044 292 33 294 573 33 543 971 38 285 233 30 330 221 41 387 581 18 427 721 21 880 439 23 490 267 24 050 134 22 225 847 28 533 773 0 0 0 33 024 944 25 546 341 47 754 178 99 900 604 147 833 050 188 940 066 305 171 601 220 770 035 324 820 621 FONTE: IPEA, 2002 Notou-se que a região apresentou taxas de crescimento entre 1970 e 1985 decaindo 28% de 1985 a 1990 e voltando a crescer de 1990 a 1996 em torno de 47%. Dentre os municípios, a maior evolução foi de Três Barras do Paraná com 87% de 1990 a 1996, seguido de Salto do Lontra com 36% e Nova Prata do Iguaçu com 31%. A menor evolução no período foi de Capitão Leônidas Marques com 14%. Apesar destas taxas, Quedas do Iguaçu teve a maior participação regional com 28% do PIB regional em 1996. Apesar de maior, a participação regional de Quedas do Iguaçu caiu 5% no período analisado. Já Três Barras do Paraná teve uma participação regional de 15% em 1996, ou seja, uma evolução de 4% nos seis anos. Os outros municípios permaneceram estáveis ou tiveram variações muito pequenas em sua participação no PIB regional. Com isso, notou-se que com a evolução regional bem expressiva, o município que melhorou a sua estrutura de produção foi Três Barras do Paraná, ou seja, a composição de suas atividades econômicas melhorou no período de 1990 a 1996. Quedas do Iguaçu, apesar de ser a mais expressiva, teve sua participação reduzida em relação aos seus vizinhos. 114 Para melhor visualização dos efeitos da evolução da população e do PIB, a Tabela 37 apresenta o PIB per capita dos municípios da região de Salto Caxias. TABELA 37 - PIB PER CAPITA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1970/1996 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL MÉDIO REGIONAL PIB PER CAPITA EM US$ DE 1998 1970 1975 1980 1985 1990 1996 - - - - - 3 093 - - - 2 238 1 398 1 821 1 661 1 275 1 251 2 009 1 606 2 153 - - - - - 4 410 - - - 2 899 1 965 2 912 869 2 422 2 566 3 145 2 346 2 996 1 051 1 014 979 2 446 2 095 3 170 1 531 1 699 1 713 2 489 2 178 2 951 - - - 1 878 1 662 3 657 1 281 1 491 1 571 2 498 1 971 2 919 FONTE: Resultados da Pesquisa Notou-se que os municípios apresentaram evolução nos anos de 1970 a 1985, decaindo entre 1985 a 1990 e voltando a melhorar entre 1990 a 1996. A maior evolução no período de 1990 a 1996 foi de Três Barras do Paraná com 120%, seguido por Salto do Lontra com 51%, Nova prata do Iguaçu com 48% e Capitão Leônidas Marques com 34%. Assim, pode-se observar uma melhoria significativa de Três Barras do Paraná na participação da riqueza regional. Essa performance é confirmada em outros indicadores. As melhorias no PIB e no PIB per capita também se traduziram no aumento do valor adicionado, conforme Tabela 38. Os dados da tabela sobre o valor adicionado confirmam o dinamismo da região de Salto Caxias na metade dos anos de 1990. Notou-se uma melhora de 160% no Valor Adicionado entre 1994 e 1997. Todos os municípios aumentaram seus valores, com aumentos acima de 100%. Devese salientar que Capitão Leônidas Marques teve o melhor desempenho com 245% no período. O município que teve a menor evolução, no período, foi São Jorge do Oeste com uma melhoria de 119%. 115 TABELA 38 – VALOR ADICIONADO – VA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1994-1997 VALOR ADICIONADO (R$) MUNICÍPIOS 1994 Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL 1995 1996 1997 7 922 717 12 474 443 16 318 637 19 501 409 10 701 953 19 388 059 27 431 801 32 075 907 19 484 861 36 424 382 56 189 456 67 179 545 9 824 630 15 887 564 18 426 747 26 419 236 19 993 458 29 264 729 38 323 294 45 114 304 57 598 364 94 535 516 125 640 388 144 348 939 25 723 025 39 069 786 50 831 753 60 093 982 15 174 822 19 712 467 23 110 259 33 273 093 20 139 500 35 140 954 49 558 021 57 603 029 186 563 329 301 897 900 405 830 357 485 609 444 FONTE: IPARDES, 2001 Na Tabela 39, observou-se a participação dos setores econômicos no Valor Adicionado (VA), e as mudanças estruturais da economia regional ao longo do período analisado. TABELA 39 – PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO VALOR ADICIONADO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1994/1997 PARTICIPAÇÃO (%) MUNICÍPIOS 1994 1997 Agropecuária Indústria Serviços Agropecuária Indústria Serviços 42,90 13,96 43,14 39,54 16,00 44,46 29,39 21,82 48,79 25,35 21,58 53,07 35,41 19,54 45,06 32,27 25,56 42,17 38,77 15,76 45,48 35,43 17,56 47,00 39,01 17,11 43,89 32,49 19,34 48,17 24,84 35,61 39,55 21,28 31,05 47,67 40,49 16,10 43,42 33,94 18,03 48,03 42,65 17,04 40,31 22,01 19,29 58,70 38,66 18,74 42,60 36,37 18,70 44,93 36,90 19,52 43,58 30,97 20,79 48,24 Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná MÉDIA REGIONAL FONTE: IPARDES, 2001 Pela Tabela 39 notou-se a evolução da participação dos setores econômicos no valor adicionado. Regionalmente o setor agropecuário teve uma queda de 16%. Por 116 outro lado, os setores de serviços e industrial tiveram uma evolução de 11% e 7%, respectivamente. Notou-se no período estudado, que Boa Vista da Aparecida teve uma queda de 1% na participação do setor industrial e em Quedas do Iguaçu uma redução de 13%. Esses dados demonstram uma certa mudança no perfil econômico da região. Aos poucos, outros setores começam a ganhar mais importância na economia regional, em detrimento da agricultura. Mesmo assim, pode-se perceber que o papel polarizador de Quedas do Iguaçu nessa microrregião passou a perder espaço para Capitão Leônidas Marques. No setor de serviços, Capitão Leônidas Marques teve uma queda de 6% na participação do Valor Adicionado. Apesar disso, Capitão Leônidas Marques teve maior aumento na participação do setor industrial, crescendo 31% no período. O maior aumento do setor de serviços foi de São Jorge do Oeste com 46%. Essa mudança de perfil e a melhora da posição do setor de serviços e do setor industrial refletem-se diretamente em emprego e renda, o que tem um impacto positivo sobre o comércio. Isso pode ser observado a partir do repasse do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), conforme a Tabela 40. Os municípios da região de Salto Caxias demonstraram crescimento nas suas atividades comerciais nos últimos anos. Isso pode ser observado com o repasse de ICMS, que cresceu 74% de 1995 para 2000 e o IPVA 197% no mesmo período, tanto que a Tabela 40 confirma o dinamismo de Capitão Leônidas Marques, onde o repasse de ICMS cresceu 198% e o IPVA 320%. Quanto ao ICMS, Três Barras do Paraná encontrava-se em segundo lugar com 174% e Cruzeiro do Iguaçu, em terceiro, com 164%. A maior participação regional de ICMS foi de quedas do Iguaçu, que em 2000 representou 34%. Já a participação de Quedas do Iguaçu no IPVA regional foi de 30% em 2000. No geral, todos os municípios melhoram suas posições, o que reflete a expansão dos negócios e da própria economia nos últimos anos. A melhoria no Valor Adicionado e no ICMS refletiu-se também no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), no período em questão, conforme mostrará a Tabela 41. 117 TABELA 40 – REPASSES DE IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS, E DE IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR – IPVA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1995/2000 ICMS (EM R$) MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três B. do Paraná TOTAL REGIONAL IPVA (EM R$) 1995 1998 2000 1995 1998 2000 214 403,55 270 916,22 466 697,10 1 869,44 9 583,35 15 978,37 308 832,49 399 161,13 685 625,96 10 525,74 37 183,64 46 946,22 425 962,01 821 203,14 1 269 976,64 37 620,18 126 742,60 158 095,49 333 066,43 525 952,48 881 399,80 2 020,91 13 832,48 21 643,74 621 239,50 677 607,47 1 067 233,09 29 165,36 72 015,37 90 355,17 2 900 969,27 2 870 345,63 4 326 426,82 92 158,14 175 951,47 228 632,93 716 503,70 788 835,53 1 149 357,89 38 491,93 64 696,45 86 179,77 1 259 108,27 1 521 627,61 1 447 253,62 24 676,89 50 038,38 62 920,40 527 785,89 791 873,01 1 447 253,62 23 403,60 43 721,10 59 963,62 7 307 871,11 8 667 522,22 12 741 224,54 259 932,19 593 764,84 770 715,71 FONTE: SEFA, 2001 Quanto ao Fundo de Participação dos municípios (FPM) houve uma evolução de 17% de 1996 para 2000. Dos municípios o maior crescimento de participação no FPM foi de Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu com 48% de 1996 para 2000. Na seqüência, Quedas do Iguaçu com 20% no período, Nova Prata do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques com 15%. TABELA 41 – FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – FPM, NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1996/2000 MUNICÍPIOS FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (FPM) Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL FONTE: TESOURO NACIONAL, 2001 1996 1998 2000 808 657 871 998 1 197 713 1 347 762 1 453 329 1 495 706 2 425 969 2 615 993 2 777 734 808 657 871 998 1 197 713 1 617 312 1 743 995 1 857 824 2 425 969 2 615 993 2 920 182 1 617 312 1 743 995 1 851 824 1 617 312 1 743 995 1 709 375 1 886 865 2 034 663 2 065 494 14 555 815 15 695 959 17 073 565 118 Deve-se ressaltar que os valores do FPM são repassados de acordo com um índice específico. Nesse índice são computadas, além do valor adicionado, outras informações socioeconômicas. Sua melhora já reflete uma melhoria no desempenho da economia destes municípios. O que pode vir a afetar esse índice é o decréscimo da população, e conseqüentemente do mercado consumidor de alguns municípios. Observou-se que o dinamismo da economia regional continua evidente com as informações sobre o consumo de energia, que podem ser tomadas como um fator de relevância, já que o aumento no consumo de energia pode significar melhorias na qualidade de vida e/ou aumento nas atividades econômicas. Essas informações são apresentadas na Tabela 42. A dinâmica verificada quanto à arrecadação do ICMS e do IPVA nos municípios da região de Salto Caxias, se confirmou com a evolução do consumo de energia elétrica. Geralmente, os setores mais dinâmicos respondem por um maior consumo de energia, e as famílias, ao melhorarem sua renda e o seu padrão de vida, também passam a demandar mais energia. Neste sentido, notou-se que Boa Esperança do Iguaçu foi o único município da região que teve redução no consumo de energia do setor secundário, enquanto manteve uma evolução crescente em outros setores. Com isso, pode-se perceber que o dinamismo do município esteve atrelado ao setor primário e a participação dos Serviços Públicos. Os dados comprovaram o dinamismo de Capitão Leônidas Marques e de Quedas do Iguaçu em todos os setores. Assim, observou-se que na reestruturação setorial que os municípios da região passam, esses dois municípios lideram o dinamismo da região. Destaca-se principalmente Capitão Leônidas Marques. Salientase que esse município está bem localizado, pois se encontra junto ao rio Iguaçu, na divisa entre a região Oeste e Sudoeste do Paraná, além de ser via de acesso ao sul do Brasil e à fronteira sudoeste com a Argentina. As informações coletadas através das pesquisas de campo demonstram uma perspectiva bastante otimista, por parte da população e das lideranças locais, com relação ao futuro dos municípios desta região. 119 TABELA 42 - CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DISTRIBUÍDO POR SETORES E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS (em MW/h) – 1990/2000 CIDADES Boa E. do Iguaçu Boa V. da Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná TOTAL REGIONAL PÚBLICO* 1990 1995 RESIDENCIAL 2000 1990 1995 PRIMÁRIO 2000 1990 1995 COMERCIAL 2000 1990 1995 SECUNDÁRIO 2000 1990 1995 2000 - 107 218 0 241 339 0 700 1 104 0 156 196 0 22 16 646 869 1 244 924 1 271 1 938 1 248 1 510 2 076 437 665 775 86 155 459 1 675 1 508 2 051 2 251 2 688 4 234 3 011 3 162 4 277 1 102 1 867 1 988 208 826 1 469 - 313 521 0 588 904 0 1 337 2 907 0 199 320 0 1 990 835 1 040 1 355 1 494 1 881 2 369 2 461 3 215 3 975 790 1 079 1 077 395 405 807 2 395 3 608 4 389 4 361 5 947 7 235 2 685 3 575 2 915 1 962 2 094 2 815 4 918 10 560 50 142 778 844 933 1 554 2 086 2 456 2 511 2 784 4 319 758 1 038 1 272 189 228 307 961 1 030 1 488 1 122 1 439 2 124 2 486 2 910 3 622 709 931 1 255 174 187 335 810 851 1 196 1 440 1 627 2 099 2 251 2 885 3 826 643 716 1 027 209 382 413 8 100 10 170 13 395 13 146 17 768 23 698 16 653 22 078 29 021 6 401 8 745 10 725 6 179 12 766 54 938 FONTE: IPARDES, 2001 NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. 120 TABELA 43 – NÚMERO DE EMPREGADOS DISTRIBUÍDOS POR RAMO DE ATIVIDADE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1998/2000 MUNICÍPIOS EXTRAÇÃ O MINERAL 1998 Boa Esperança do I. Boa Vista da A. Capitão Leônidas M. Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do I. Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do P. TOTAL REGIONAL FONTE: RAIS, 2002 2000 INDÚSTRIA DE TRANS. 1998 2000 SERVIÇOS IND. DE UTI. PUB. 1998 2000 CONST. CIVIL 1998 COMÉRCIO 2000 1998 2000 SERVIÇOS ADM. PÚBLICA AGROPECUÁRIA 1998 1998 1998 2000 2000 TOTAL MUNICIPAL 2000 1998 2000 0 0 5 11 0 0 0 0 14 11 0 0 0 74 0 1 19 97 0 0 51 57 0 0 6 4 43 36 44 44 260 131 11 17 415 289 1 0 44 263 0 0 382 44 163 176 124 172 406 304 18 20 1 138 979 0 0 8 84 0 1 2 5 18 17 7 14 107 86 4 14 146 221 2 0 104 124 0 0 5 7 112 119 62 57 250 220 36 18 571 545 0 0 1 395 1 551 242 213 151 102 403 460 279 303 573 456 76 76 3 119 3 161 0 0 117 87 0 0 11 39 147 240 118 120 221 226 19 13 633 725 4 3 98 200 0 0 0 12 77 56 58 49 196 0 38 40 471 360 0 0 45 61 0 0 1 0 75 126 37 32 2 182 44 66 204 467 7 3 1 867 2 438 242 214 558 213 1 052 1 241 729 791 2 015 1 679 246 265 6 716 6 844 121 Segundo os entrevistados, a instalação da usina de Salto Caxias tem contribuído diretamente para o desenvolvimento da região com os investimentos em infra-estrutura e os programas de incentivo ao implemento da produção agrícola que vem desenvolvendo em parceria com as prefeituras e outras entidades locais. Embora a forma de incentivo adotada pela empresa responsável pela usina seja mais de forma indireta, sem uma grande disponibilização de recursos, existem incentivos e apoio a projetos de avanço tecnológico, visando permitir a melhoria da qualidade de vida da população e da situação socioeconômica dos municípios desta região. A Tabela 43 demonstra o número de empregados por ramo de atividade. Pela Tabela 43, notou-se que o município de Quedas do Iguaçu correspondeu com 46% dos empregados da região nos anos analisados. Em praticamente todos os setores o maior número de empregados encontrou-se em Quedas do Iguaçu, sendo que neste município o setor mais expressivo foi a indústria de transformação. O setor da agropecuária também se destacou neste município, correspondendo com 31% e 19% dos empregados da região em 1998 e 2000, respectivamente. Os municípios que mais cresceram em relação ao total de empregados foram: Boa Esperança do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Cruzeiro do Iguaçu, que obtiveram melhoras de 400%, 129% e 51%, respectivamente. Em contra partida veio Boa Vista da Aparecida, São Jorge do Oeste e Capitão Leônidas Marques que apresentaram redução de 30%, 24% e 14%, respectivamente, no número total de empregados. Os setores que apresentaram o maior número de empregados foram a indústria de transformação e administração pública, e o com o menor número foi o de extração mineral. O que mais cresceu foi o setor de indústria de transformação e comércio, 31% e 18%, respectivamente. O setor de construção civil e extração mineral decresceram 62% e 57%, respectivamente. Por outro lado, o número total de empregados da região aumentou na ordem de 2% no período analisado. Comparando-se a tabela dos empregados (Tabela 43) com a do consumo de energia elétrica (Tabela 42) notou-se que, o setor que mais se destacou na tabela referente aos empregados foi o comercial, com uma evolução de 18%, já o mesmo 122 setor da tabela do consumo de energia evoluiu 23%. O contraste ocorreu no setor público (serviços industriais de utilidade pública e administração pública), que diminuiu 16% o seu número de empregados, mas seu consumo de energia evoluiu 32% entre 1995 a 2000. O setor de consumo de energia que mais evoluiu foi o secundário, que em cinco anos (1995 a 2000), evoluiu 330%, enquanto que o setor correspondente ao número de empregados (indústria de transformação e construção civil), evoluiu apenas 9%. Observou-se que estes municípios vêm apresentando uma dinamização na sua economia. Esse dinamismo vem acompanhado da geração de postos de trabalho. 8.2. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU A região lindeira ao lago da hidroelétrica de Itaipu possui algumas particularidades que a diferenciam de Salto Caxias. Dentre elas, a época do alagamento de parte da sua região, sua posição geográfica no extremo oeste do Paraná, sua fronteira com o Paraguai (com exceção de Foz do Iguaçu que tem fronteira também com a Argentina), o fluxo de renda para os municípios com o pagamento dos royalties, o grau de crescimento econômico e da densidade populacional dos municípios. No entanto, alguns problemas e tendências socioeconômicas são similares. Na Tabela 44 observa-se algumas informações referentes à dinâmica populacional dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Conforme a Tabela 44, observou-se que regionalmente a população residente evoluiu entre 1970 a 1980, na ordem de 57%, sofreu redução de 0,80% nos anos de 1980 a 1985 e a partir de 1985 até 2000 apresentou evolução contínua, na ordem de 33%. O destaque negativo ficou com São José das Palmeiras e Terra Roxa como os únicos municípios que apresentaram reduções populacionais em todos os anos de análise. 123 TABELA 44 - POPULAÇÃO RESIDENTE POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL POPULAÇÃO 1970 1975 1980 1985 1990 1996 2000 - - - - 9 413 4 840 4 878 - - - - - 3 068 3 328 33 966 85 144 136 321 139 867 179 597 231 627 258 543 32 875 31 022 29 169 29 399 29 876 29 282 28 659 - - - - - 4 673 6 836 43 776 49 993 56 210 52 808 49 941 37 608 41 007 31 142 40 252 49 361 36 863 38 278 40 147 37 827 - - - - - 4 478 4 608 - - - 11 251 10 470 9 998 10 433 - - - - - 3 611 4 049 26 834 30 859 34 884 28 776 19 252 19 486 20 491 - - - 12 466 13 819 16 690 18 368 - - - - 5 811 4 452 4 102 25 242 29 745 34 247 28 821 25 252 23 169 24 432 38 237 31 726 25 215 22 269 20 158 16 885 16 300 232 072 298 740 365 407 362 520 401 867 450 014 483 861 FONTES: IBGE, 1996; IBGE, 2000; IPARDES, 2001 Marechal Cândido Rondon e São Miguel do Iguaçu apresentaram características semelhantes. A população evoluiu entre 1970 a 1980, sofreu decréscimos entre 1980 a 1996 e voltou a evoluir em 2000. Já Medianeira e Santa Helena evoluíram até 1980, a partir deste ano Medianeira apresentou decréscimos até 1985 e Santa Helena até 1990, a partir destes anos evoluíram novamente, mas vale ressaltar que Medianeira demonstrou novos decréscimos a partir de 1996. A Tabela 45 apresenta a evolução do total da População Economicamente Ativa (PEA) nos municípios lindeiros ao lago de Itaipu nos últimos dez anos. Pela Tabela 45 notou-se que de 1991 a 1995 praticamente todos os municípios apresentaram evolução no PEA, cabendo a Foz do Iguaçu o maior percentual de aumento. Entretanto, entre 1995 a 2001 apenas cinco municípios, dos quinze em análise, denotaram expansão, a ritmos bem menores do que os apresentados no período anterior. 124 Entre os anos de 1991 a 1995 apenas Marechal Cândido Rondon apresentou redução, 3%. Nos demais municípios a evolução ficou entre 18% a 62%, e regionalmente a evolução foi de 44%. TABELA 45 – POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA – PEA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1991/2001 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA - PEA 1991 1995 2001 3 115 5 049 1 941 0 1 697 1 622 73 884 114 379 132 222 11 782 15 525 13 763 0 2 235 2 471 19 272 18 741 20 938 17 002 21 076 17 863 0 2 517 2 367 4 532 6 127 4 701 0 2 026 1 800 7 323 10 438 9 774 5 340 7 667 9 206 2 328 2 750 1 785 8 019 10 626 12 899 7 479 10 353 6 936 160 076 231 206 240 288 FONTE: IBGE, 1991, PARANACIDADE, 2001 e SERT, 2001 Nos anos de 1995 a 2000, apenas Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Marechal Cândido Rondon, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu apresentaram expansão, ficando na marca de 11% a 21%. Esses municípios são altamente atrativos de mão-de-obra em relação aos seus vizinhos. Mesmo com a crise no comércio paraguaio, Foz do Iguaçu continua atraindo a população. Cabe ressaltar que Diamante do Oeste foi o município com maior perda populacional apresentando um crescimento de 62% entre 1991 a 1995, reduziu-se expressivamente no período seguinte. Os demais municípios apresentaram quedas que ficaram entre 4% a 62%, no período de 1995 a 2000. Essas informações refletiram a queda nas matrículas escolares (Tabela 46). Apesar da maioria dos municípios terem apresentado quedas, regionalmente houve melhora de 4%. 125 Os problemas populacionais também se refletem nos alunos matriculados em estabelecimentos de ensino, conforme Tabela 46. Pela Tabela 46, notou-se que houve quedas em praticamente todos os municípios, em relação aos alunos matriculados no ensino primário (1ª a 4ª série), com percentuais que ficaram entre 3% e 40%. Somente Foz do Iguaçu apresentou evolução de 16%. Regionalmente a queda foi de 0,24%. Entre 1995 e 1999, quatro municípios apresentaram melhoras (Diamante do Oeste, Itaipulândia, Pato Bragado e São Miguel do Iguaçu), os demais denotaram reduções. Em relação aos alunos do ensino fundamental (5ª a 8ª série), houve melhora regional entre 1990 a 1995, na ordem de 24%. Nos anos de 1995 a 1999, demonstrou queda de 2%. TABELA 46 – ALUNOS MATRICULADOS POR SÉRIE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/1999 ALUNOS MATRICULADOS MUNICÍPIOS 1990 1a a 4a série Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL FONTE: IPARDES, 2001 1995 5a a 8a série 1a a 4a série Ensino Médio 5a a 8a série 1999 Ensino Médio 1a a 4a série 5a a 8a série Ensino Médio 1 030 533 117 616 583 176 625 452 225 - - - 276 294 79 267 267 286 25 408 14 758 4 901 29 483 22 183 9 170 29 986 23 281 14 201 4 319 3 078 993 3 673 2 998 1 435 3 172 2 677 1 871 - - - 519 545 144 640 600 348 5 586 4 423 1 545 3 679 3 838 2 120 3 611 3 374 2 802 4 784 3 320 1 028 4 383 3 777 2 160 3 598 3 461 2 617 - - - 449 396 146 384 420 260 1 247 1 098 223 1 030 933 521 903 812 529 - - - 378 312 136 394 297 206 2 644 1 947 660 2 192 2 119 823 1 995 1 868 1 282 2 107 1 131 396 2 036 1 598 646 1 996 1 542 1 286 809 546 68 642 577 212 552 402 313 3 453 2 146 526 2 635 1 799 762 2 832 1 885 1 201 2 436 2 038 567 1 704 1 635 947 1 487 1 397 1 046 53 823 35 018 11 024 53 695 43 587 19 477 52 442 42 735 28 473 126 No ensino médio não houve quedas, no entanto, sua dinâmica em termos de alunos matriculados ficou bem aquém do esperado dado a evasão em outras séries. Regionalmente a melhora foi de 77%, de 1990 a 1995, e de 46% de 1995 a 1999. Para complementação dos dados referentes à evolução da população nos municípios da região de Itaipu, a Tabela 47 apresenta o número de natalidade e mortalidade, bem como os seus coeficientes, no período de 1990 a 2000. Notou-se em relação à natalidade, que houve uma evolução de 27% entre os anos de 1990 a 1995, e redução de 9% entre 1995 a 2000. Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Mercedes foram os municípios que mais apresentaram nascimentos nos anos analisados. Notou-se que a região demonstrou coeficientes de natalidade bons, pois estes ficaram abaixo da taxa brasileira. Mercedes se destacou em todos os anos, demonstrando número zero de óbitos em todos os anos. Terra Roxa apresentou redução expressiva entre os anos de 1990 a 1995, passando de um coeficiente de 33,22, para 6,92, respectivamente, mas voltou a elevar este coeficiente em 2000, passando para 32,92 mortes para cada mil nascidos vivos até um ano. A Tabela 48 demonstra o número de doenças de notificação obrigatória da região de Itaipu. Observou-se que Foz do Iguaçu liderou no número total de doenças entre nos anos de 1999 e 2001. Neste mesmo período este município apresentou uma redução de 2% no total de doenças. Em quase todos os municípios foi o atendimento anti-rábico humano que apresentou maiores incidências. Entre os anos de 1996 a 1999, os municípios que denotaram a maior evoluções em relação ao total de doenças confirmadas foram: Mercedes, Terra Roxa, Pato Bragado e São José das Palmeiras, evoluindo 400%, 143%, 100% e 100%, respectivamente. Neste mesmo período Santa Helena apresentou uma redução de 6%. 127 TABELA 47 - NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL COM OS RESPECTIVOS COEFICIENTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL FONTE: SESA, 2002 1990 Natalidade Coeficiente 26 1995 Mortalidade 2,76 Coeficiente 3 115,38 Natalidade Coeficiente 91 10,44 2000 Mortalidade Coeficiente 4 43,96 Natalidade Coeficiente 48 12,16 Mortalidade Coeficiente 2 41,67 - - - 0,00 49 16,86 0 0,00 48 14,55 2 41,67 4 301 23,95 113 26,27 6 732 32,98 95 14,11 6 323 23,58 129 20,40 608 20,35 23 37,83 593 19,34 19 32,04 551 19,64 14 25,41 - - - 0,00 87 22,10 1 11,49 137 27,26 1 7,30 1 032 20,66 15 14,53 764 21,92 14 18,32 710 16,70 11 15,49 913 23,85 17 18,62 898 22,73 14 15,59 641 17,62 14 21,84 - - - 0,00 82 19,64 0 0,00 66 13,70 0 0,00 225 21,49 4 17,78 178 17,37 4 22,47 178 18,57 4 22,47 - - - 0,00 64 18,22 1 15,63 52 14,18 2 38,46 383 19,89 4 10,44 372 20,71 11 29,57 369 18,53 9 24,39 499 36,11 16 32,06 442 29,87 11 24,89 355 18,99 6 16,90 108 18,59 7 64,81 90 17,02 5 55,56 40 11,02 2 50,00 546 21,62 24 43,96 641 33,11 6 9,36 531 20,27 10 18,83 301 14,93 10 33,22 289 15,47 2 6,92 243 17,22 8 32,92 8 942 22,25 236 26,39 11 372 27,15 187 16,44 10 292 21,08 214 20,79 128 TABELA 48 – NÚMERO DE DOENÇAS (CONFIRMADAS) DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1996/2001 continua DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA DOENÇAS Animais Peç * At. Anti-ráb. Hu.** Chagas agudo Dengue Doenças Exan *** DST Hanseníase Hepatite A Hepatite B Hepatite Viral Leishmaniose Leptospirose Malária Meningite Ocor. Tox. **** Sífilis Tétano Trichomoníase Tuberculose TOTAL Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 2001 - 2 5 - - 1 ... 21 49 - 2 1 ... - - 10 9 5 ... 6 5 - - - - - 15 - - 4 ... 1 095 642 - - 56 ... - 1 - - 136 ... 23 26 - - - - - - - - - ... - - - - - ... 1 - - - - ... 1 1 - - - - - - - - 1 ... 23 59 - - - ... - - - 1 - ... - - - - - - - - - - - ... - - - - - ... - - - - - ... - - - 4 - - - - - - - 4 62 - - - 8 - - - - - - 10 7 - - 10 - - - 1 - - 7 - 2 ... ... - 2 9 - - ... ... 2 - - - - - - ... - - - 5 - ... - - 2 - - - - - 11 ... ... - ... - 2 - 1 - - ... - - 2 2 - ... - - 3 10 - ... - - - - - - - - - - 1 ... 129 113 - - 8 ... - - - - 31 ... 2 7 - - 1 - - - - - - ... 15 11 8 - 1 ... - - 1 - - ... - - 1 - - - - - - - - ... - - - - - ... - - - - - ... - 1 - - - - - - - 1 - ... - 20 - - - ... - 5 - - - ... - 1 - - - - - - - - 1 ... 93 47 - 3 - ... 1 1 - 3 13 ... 3 2 - - - - 1 - - - - ... 6 - - - - ... - - - - - ... - - - - - - - - - - - ... 5 106 - - 1 ... - - - - 5 ... 6 1 - - - - - 1 - - - ... 3 1 - - 1 ... - - 1 - - ... - - - - - - - - - - - ... - 256 - - - ... - - - - - ... 1 - - - - - 2 - - - - ... - - - 12 - ... - - - 4 - ... - - - - - - 9 23 1 1 8 ... 20 33 75 ... 2 7 27 34 201 ... 50 44 1 5 3 1 394 1 366 FONTES: REGIONAL DE SAÚDE DE TOLEDO, 2002 e REGIONAL DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU NOTAS: - Dado numérico igual a zero, ... Dado não disponível, * Acidentes com animais peçonhentos, ** Atendimento anti-rábico humano, *** Doenças exantemáticas, **** Ocorrência toxicológica 129 TABELA 48 – NÚMERO DE DOENÇAS (CONFIRMADAS) DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1996/2001 conclusão DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA DOENÇAS Animais Peç. * At. Anti-ráb. Hu.** Chagas agudo Dengue Doenças Exan *** DST Hanseníase Hepatite A Hepatite B Hepatite Viral Leishmaniose Leptospirose Malária Meningite Oc Tox. **** Sífilis Tétano Trichomoníase Tuberculose TOTAL Missal 1996 Pato Bragado Santa Helena 1999 2001 1996 1999 2001 1996 1999 ... - 3 1 - 1 2 ... 5 8 - - 7 - ... - 1 - - - ... - - - - - ... - - - - - ... - - - - - - ... - - 1 4 1 4 ... - - - - - 1 ... - - - - - 9 Santa T. de Itaipu 2001 1996 1999 3 6 ... - 43 ... - - - ... - - - ... - - - 1 2 14 São José das Pal. São Mig. do Iguaçu 2001 1996 1999 2001 1996 ... 6 - 1 1 ... 37 - - 7 ... - - - - ... 1 - - - ... ... - - - - ... ... - - 6 ... ... - - - ... ... - 1 - ... ... - 1 Terra Roxa 1999 2001 1996 1999 2001 ... 3 11 - 1 1 ... 25 35 - - 11 ... - 1 - - - ... 13 1 - - - - ... - - - - - - - ... - - - - - 1 2 ... - - 5 5 4 2 - ... - - - 9 - 1 - ... - - - 1 - ... - - - - 5 - - 40 ... ... 3 - - 3 ... 23 21 - - 3 ... 1 1 - - - 16 - - ... ... - - - - ... 3 - - - 1 ... - - - - - - - - ... ... - - - - ... - - - - - ... - 2 - - - - - - ... ... - - - - ... - 11 - - - ... 1 - - - - - 6 1 ... ... 1 - - - ... 2 5 - - 3 ... - 1 - - - - - - ... ... - 1 1 - ... 14 11 1 - - ... - - - - - - - - ... ... - - - - ... - 1 - - - ... 1 - - - - 1 - - ... ... - - - - ... - - 1 - 2 ... - - - - - - - - ... ... - - - - ... - - - - - ... - - - - - - 5 - ... ... - - - - ... - - - 1 - ... 8 16 2 4 14 33 31 96 ... ... 48 3 6 13 ... 83 97 7 17 25 FONTES: REGIONAL DE SAÚDE DE TOLEDO, 2002 e REGIONAL DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU NOTAS: - Dado numérico igual a zero, ... Dado não disponível, * Acidentes com animais peçonhentos, ** Atendimento anti-rábico humano, *** Doenças exantemáticas, **** Ocorrências Toxicológicas 130 Entre o período de 1999 a 2001 esta colocação mudou, sendo Entre Rios do Oeste, Marechal Cândido Rondon, Pato Bragado e Santa Helena, os municípios que apresentaram maior evolução no total de doenças, com percentuais de 700%, 491%, 250% e 210%, respectivamente. Mercedes apresentou redução de 40% neste mesmo período. Já a Tabela 49, demonstra o número de leitos hospitalares e por mil habitantes, nos municípios da região de Itaipu. TABELA 49 - NÚMERO DE LEITOS HOSPITALARES TOTAIS E POR GRUPO DE MIL HABITANTES POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1998-2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL TOTAL 1998 TOTAL 1999 LEITOS PARA CADA MIL HABITANTES /ANO EM 2000 TOTAL 2000 18 18 18 3,69 20 20 20 6,00 297 303 303 1,17 108 108 108 3,76 21 21 21 3,07 442 442 442 10,77 146 143 143 3,78 - 13 13 2,82 32 32 32 3,06 16 16 16 3,94 91 91 91 4,44 88 88 88 4,79 16 16 16 3,89 88 73 73 3,00 113 93 93 5,70 1 496 1 477 1 477 3,05 FONTE: IPARDES, 2001 Pela Tabela 49 notou-se que regionalmente a diminuição de leitos hospitalares foi de 1%. Já São Miguel do Iguaçu e Terra Roxa tiveram reduções expressivas no número de leitos hospitalares com uma queda de 17% e 18%, respectivamente. Medianeira caiu 2% e Foz do Iguaçu foi o único município que apresentou evolução, com um aumento de 2% do total em relação a 1998. 131 Notou-se que a região apresentou uma boa média de leitos hospitalares por mil habitantes, ficando na ordem de 3,05. Mas este bom resultado não pode ser encontrado em todos os municípios da região. Somente Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Mercedes, Missal e São Miguel do Iguaçu apresentaram bons resultados. O pior índice foi o de Marechal Cândido Rondon, que apresentou 10,77 leitos hospitalares para cada mil habitantes, ficando bem acima da média máxima estabelecida. Portanto, dado o aumento populacional e da PEA, a variação positiva de população na periferia de Foz do Iguaçu, as variações nos leitos hospitalares ficaram aquém do necessário. A região ao longo da BR 277 entre Cascavel e Foz é um novo eixo de crescimento, e com isso, sua atratividade de população aumentará para os próximos anos, o que exigirá maiores investimentos em saúde pública e programas sociais. Outra informação importante, com relação à qualidade de vida da população, é seu acesso ao saneamento básico. Na Tabela 50 onde são apresentadas as informações sobre as ligações de água e esgoto, notou-se que todos os municípios lindeiros ao lago de Itaipu, tiveram uma melhora significativa no número de ligações cadastradas de água tratada. Esta melhora ficou na ordem de 51% em cinco anos (1990 a 1995) e 92% em dez anos (1990 a 2000). Dos municípios, os que tiveram a expansão mais significativa foram: Foz do Iguaçu com uma evolução de 79% e 134%, Santa Terezinha de Itaipu com 53% e 101% em cinco e dez anos, respectivamente. Na terceira colocação veio Marechal Cândido Rondon com uma expansão de 37% em cinco anos e 78% em dez anos. Diamante do Oeste e Itaipulândia, no ano de 1995, foram os municípios que tiveram a menor representatividade quando comparados regionalmente, com índices de 0,83% e 0,52% respectivamente. Observou-se na Tabela 50 uma preocupação quanto ao tratamento dos dejetos sanitários. Em Foz do Iguaçu houve uma evolução de quase 164% em dez anos, para uma população como a da cidade, com taxas de crescimento de 44% no mesmo período, concluindo-se que esses investimentos estão dentro do esperado. 132 TABELA 50 – NÚMERO DE LIGAÇÕES CADASTRADAS DE ÁGUA E ESGOTO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS 1990 Água Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. do Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1995 Esgoto 457 Água 2000 Esgoto Água Esgoto N/D 0 N/D 623 N/D 0 N/D 708 N/D 0 N/D 25 156 7 186 45 015 8 201 58 849 18 972 5 477 1 937 6 228 2 728 6 706 3 920 0 0 393 0 891 0 6 048 0 8 303 0 10 746 216 6 311 0 7 975 0 8 786 744 370 0 505 0 736 0 767 0 1 032 0 1 348 0 0 0 n/d 0 890 0 1 988 523 2 536 701 3 127 1 941 2 035 0 3 116 18 4 101 18 515 0 635 0 760 0 2 839 0 3 494 0 4 367 0 2 895 0 3 167 0 3 351 0 54 858 9 646 83 022 11 648 105 366 25 811 FONTES: IPARDES, 2001 e SAAE, 2002 NOTA: N/D Dado não disponível. Dada a evolução da população, do número de leitos hospitalares e a dinâmica econômica desses municípios, os investimentos em saneamento devem sempre estar na pauta de prioridades destes municípios. Principalmente, porque a sustentabilidade do desenvolvimento exige ações sobre a qualidade de vida das gerações atuais e futuras. 8.2.1 A Dinâmica Econômica Regional dos Municípios da Região de Itaipu Os dados da Tabela 51 refletem a evolução do PIB nos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. A maioria dos municípios evoluiu seu PIB entre anos de 1970 a 1985. No período de 1985 a 1990, boa parte dos municípios apresentaram reduções e a partir de 1990 houve melhoras. A evolução regional do PIB a preços de mercado foi contínua no período estudado (1970 a 1996), e ficou na faixa de 328%. 133 A maior evolução no período de 1990 a 1996 foi de Missal com 77%, Santa Terezinha de Itaipu com 70%, seguido de Santa Helena com 57% e Diamante do Oeste, com 45%. Apesar da grande performance de Diamante do Oeste, na evolução do PIB, sua participação regional melhorou apenas 0,1%, chegando a 0,4% em 1996. De certa forma, a expansão do PIB do município, não foi suficiente para conter a evasão populacional. TABELA 51 – PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL (EM US$ DE 1998) 1970 1975 1980 1985 1990 1996 0 0 0 0 5 780 376 8 383 959 0 0 0 0 0 18 341 874 101 341 489 241 424 025 648 563 701 672 473 450 1 002 564 867 945 119 391 47 506 122 91 353 924 91 208 478 110 340 077 83 978 200 89 032 427 0 0 0 0 0 18 741 672 111 500 160 208 360 779 239 933 279 173 158 108 233 731 673 249 064 522 69 518 362 177 774 290 184 684 343 192 755 490 160 995 537 183 271 078 0 0 0 0 0 22 120 890 0 0 0 36 220 483 27 023 809 47 759 880 0 0 0 0 0 14 619 012 37 764 354 107 101 586 83 544 902 78 501 185 56 400 367 88 727 485 0 0 0 45 516 351 27 292 583 46 524 240 0 0 0 0 15 441 410 10 672 900 34 642 945 43 882 157 64 778 991 71 783 684 82 022 606 106 235 615 47 471 065 86 887 017 80 092 904 91 730 377 53 773 671 74 906 799 449 744 497 956 783 777 1 392 806 599 1 472 479 205 1 749 005 098 1 923 521 743 FONTE: IPEA, 2002 A maior participação em 1996 foi de Foz do Iguaçu com 49% da participação no PIB total da região, com uma redução de 4% nesta participação em relação a 1990. Logo em seguida veio Marechal Cândido Rondon com 13% e Medianeira com 9,5%. No caso destes dois municípios, a sua participação regional, manteve-se estável. Dos outros municípios, Terra Roxa apresentou uma queda de 2% na sua participação regional e São Miguel do Iguaçu teve uma queda de 1%, bem como Santa 134 Terezinha de Itaipu. Os outros municípios mantiveram-se praticamente estáveis, sem grandes oscilações. TABELA 52 - PIB PER CAPITA POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL PIB PER CAPITA EM US$ DE 1998 1970 1975 1980 1985 1990 1996 - - - - 614 1 732 - - - - - 5 978 2 984 2 835 4 758 4 808 5 582 4 080 1 445 2 945 3 127 3 753 2 811 3 041 - - - - - 4 011 2 547 4 168 4 269 3 279 4 680 6 623 2 232 4 417 3 742 5 229 4 206 4 565 - - - - - 4 940 - - - 3 219 2 581 4 777 - - - - - 4 048 1 407 3 471 2 395 2 728 2 930 4 553 - - - 3 651 1 975 2 788 - - - - 2 657 2 397 1 372 1 475 1 892 2 491 3 248 4 585 1 241 2 739 3 176 4 119 2 668 4 436 1 938 3 203 3 812 4 062 4 352 4 274 FONTE: Resultados da Pesquisa Notou-se, pela Tabela 52, uma redução expressiva do PIB per capita regional, no final do período analisado. De 1970 a 1990 ele evoluiu 125%, entretanto de 1990 a 1996 houve uma redução de 2%. Somente São Miguel do Iguaçu apresentou expansão em todos os anos analisados. A maioria dos municípios evoluiu entre 1970 a 1985. Entre 1985 a 1990 boa parte sofreu reduções e a partir de 1990 começaram a recuperar-se. Os maiores valores puderam ser encontrados nos municípios de Marechal Cândido Rondon e Entre Rios do Oeste, no ano de 1996. Os municípios da região que apresentaram reduções mais significativas em seu PIB per capita foram São José das Palmeiras e Foz do Iguaçu com 10% e 27% respectivamente, nos anos de 1990 a 1996. 135 TABELA 53 – VALOR ADICIONADO – VA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1994-1997 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL VALOR ADICIONADO (EM R$) 1994 1995 1996 1997 3 389 974 7 515 530 8 849 171 18 032 025 13 641 252 19 019 770 30 559 100 36 171 237 268 700 235 525 723 121 688 691 415 770 393 236 45 901 504 76 457 183 107 041 629 123 813 392 12 026 602 13 841 234 19 677 306 23 947 334 103 828 020 153 209 463 215 464 985 244 008 608 86 720 919 152 754 778 191 648 879 218 532 074 13 816 004 20 516 756 30 060 272 35 831 117 23 368 196 36 194 213 50 836 873 64 115 612 11 293 750 16 023 760 24 355 412 29 217 000 43 724 763 62 345 525 97 868 725 114 386 026 23 996 338 48 436 644 66 607 895 76 475 845 7 503 674 13 550 419 11 325 303 16 560 748 60 418 001 84 520 370 145 682 091 169 119 913 51 232 302 62 174 458 93 942 509 111 623 921 769 561 534 1 292 283 225 1 782 611 566 2 052 228 089 FONTE: IPARDES, 2001 A melhoria do repasse do ICMS, IPVA e do FPM também se confirmou com a evolução do Valor Adicionado (Tabela 53), que regionalmente cresceu 167% (1994 a 1997). Com isso, notou-se que houve um crescimento na produção destes municípios que se refletiu tanto na arrecadação dos impostos, quanto na produção da riqueza. A melhor evolução no Valor Adicionado foi de Diamante do Oeste com um aumento em torno de 432%. Esse aumento confirma a evolução positiva do PIB do município. De certa forma, apesar da sua pífia performance regional, Diamante do Oeste vem aumentando sua estrutura produtiva ao longo dos anos mesmo com uma forte evasão populacional. As explicações para esses fatos podem residir na mobilidade da renda. Ou seja, mesmo com domicílio em outros municípios, parte da população ainda transfere renda para a cidade dada as relações familiares. Isso de certa forma auxilia principalmente o comércio local e o setor de serviços. Outros fatores podem estar contribuindo no processo de diversificação da economia local, como verse-á mais adiante na análise da dinâmica setorial. 136 Já a pior performance quanto à evolução do Valor Adicionado foi de Itaipulândia que teve um aumento de 99%. Mesmo assim, isso demonstra melhoras consideráveis no perfil produtivo da região. TABELA 54 – PARTICIPAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS NO VALOR ADICIONADO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1994/1997 PARTICIPAÇÃO (%) MUNICÍPIOS 1994 1997 Agropecuária Indústria Serviços Agropecuária Indústria Serviços 12,99 23,35 63,66 5,98 22,71 71,31 40,12 21,53 38,35 36,97 22,34 40,69 1,52 23,88 74,60 1,03 21,35 77,61 26,69 22,95 50,37 23,46 21,91 54,63 38,21 13,26 48,53 20,46 15,97 63,57 26,46 23,66 49,88 28,54 23,36 48,10 23,63 29,88 46,50 20,84 29,47 49,69 40,26 21,57 38,17 37,78 21,57 40,65 35,70 18,56 45,74 30,62 22,28 47,10 41,32 18,50 40,18 37,14 18,66 44,20 32,93 19,36 47,70 28,72 17,41 53,87 21,07 26,32 52,61 19,51 26,35 54,14 29,92 16,73 53,35 24,82 19,23 55,95 38,10 18,96 42,94 34,49 22,07 43,44 37,34 17,27 45,39 37,43 18,34 44,23 29,75 21,05 49,20 25,85 21,53 52,61 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa MÉDIA REGIONAL FONTE: IPARDES, 2001 Observou-se pela Tabela 54 que apesar do desempenho positivo de Diamante do Oeste no aumento do Valor Adicionado, houve uma ampliação de 12% da participação dos serviços no período e queda de 54% na participação da agropecuária e 3% da indústria. O setor de serviços desponta como um dos maiores incrementadores da economia local. Mesmo com a queda na agropecuária, a transferência de renda para o município tem contribuído para a melhoria no seu comércio e de outros setores. Conforme mencionado, isso pode ser causado por uma população que transferiu o domicílio, mas continua freqüentando o município e transferindo parte dos seus ganhos para a economia local. 137 Notou-se que a perda de posição da agropecuária foi igual em todos os municípios, com exceção de Marechal Cândido Rondon que teve um acréscimo de 8% na participação e de Terra Roxa com acréscimo de 0,24%. Quanto a participação da agropecuária, deve-se salientar que ela refletiu as mudanças na produção dos efetivos de Bovinos, Suínos e Aves, analisado anteriormente na caracterização rural da região. Já a participação da indústria apresentou um aumento de 20% em Itaipulândia e Missal, sendo os maiores índices da região. Quanto ao setor de serviços, a melhor performance foi de Itaipulândia com uma melhoria de 31%. Regionalmente, o setor de serviços cresceu sua participação em 7%, a indústria em 2% e a agropecuária perdeu posição em 13%. Isso vem confirmar uma mudança na estrutura produtiva da região, que aos poucos vai mudando sua vocação essencialmente agrícola. Já o crescimento do setor de serviços é reflexo do aumento do turismo nas áreas lindeiras ao lago, e a mobilidade da população que trabalha em centros regionais de maior porte como Cascavel e Foz do Iguaçu, mas que transfere parte de sua renda para a periferia desses centros. Essa nova dinâmica da economia dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, pode ser observado também quanto a evolução do repasse de impostos, conforme a Tabela 55. Em relação aos repasses de IPVA, notou-se que houve evolução em todos os municípios, e regionalmente a evolução foi de 86% de 1995 a 1998, e 35% de 1998 a 2000. Os repasses de ICMS evoluíram 5% entre 1995 a 1998, e 48% entre 1998 a 2000. Somente Medianeira apresentou redução de 23%, entre 1995 a 1998, mas evoluiu na ordem de 27% de 1998 a 2000. Os demais municípios tiveram aumentos significativos, o que denota uma melhoria no perfil socioeconômico dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, o que também é demonstrado pela evolução do Fundo de Participação nestes municípios, conforme a tabela a seguir. 138 TABELA 55 – REPASSES DE IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS, E DE IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR –IPVA, POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1995/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL ICMS (EM R$) IPVA (EM R$) 1995 1998 2000 274 417,00 338 799,13 614 487,43 1995 5 108,32 1998 13 135,03 2000 20 382,19 336 789,22 435 616,84 739 688,90 12 523,17 36 704,01 44 641,54 35 790 507,04 36 751 867,71 52 654 829,26 1 747 664,76 3 014 547,73 4 021 271,72 1 218 377,66 1 506 294,60 2 462 887,47 168 061,90 366 592,51 643 360,90 275 304,51 282 550,25 623 081,14 6 392,70 30 601,76 50 835,38 3 144 607,59 3 677 396,48 5 698 448,33 291 016,88 568 604,86 753 544,56 3 097 478,66 2 386 744,63 3 032 566,38 269 917,04 509 435,85 631 383,30 378 087,90 473 099,61 789 266,41 14 039,04 39 821,27 56 659,88 597 599,76 777 185,26 1 254 826,28 43 691,96 83 662,59 111 896,47 263 281,67 369 211,61 630 567,71 6 629,39 24 361,46 33 476,01 1 196 123,99 1 369 531,45 2 293 768,40 59 362,38 159 244,29 218 140,29 1 064 965,62 1 484 502,56 2 189 551,47 52 091,62 132 272,74 180 865,33 217 347,14 260 667,62 437 020,92 8 945,28 16 280,48 22 009,83 1 817 008,00 2 143 374,26 3 415 724,18 129 864,09 235 232,40 301 229,19 1 212 137,54 1 338 281,36 2 230 433,07 59 109,84 110 656,01 143 393,85 50 884 033,30 53 595 123,37 79 067 147,35 2 874 418,37 5 341 152,99 7 233 090,44 FONTE: SEFA, 2001 A Tabela 56 apresenta o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que confirma as melhorias nos repasses do ICMS e do IPVA. Notou-se, regionalmente, uma melhoria na ordem de 8% de 1996 para 1998, e de 17% de 1998 para 2000. Dos municípios os maiores aumentos no FPM foram de Entre Rios do Oeste, Mercedes, Santa Terezinha de Itaipu e Itaipulândia com uma evolução de 48% nos valores recebidos no período de 1996 a 2000. Diamante do Oeste evoluiu na ordem de 8% entre 1996 a 1998, e apresentou redução de 2% entre 1998 a 2000. Os demais municípios apresentaram evoluções em todos os anos analisados. Entre 1996 a 1998 o FPM denotou uma melhora de 7% a 8% em todos os municípios. Nos anos seguintes, 1998 a 2000, com exceção de Diamante do Oeste, os municípios evoluíram na ordem de 3% a 37%. 139 TABELA 56 – FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS - FPM, DA REGIÃO DE ITAIPU – 1996/2000 MUNICÍPIOS FPM (R$) 1996 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL 1998 2000 1 617 312 1 743 995 1 709 375 808 657 871 998 1 197 713 8 230 757 8 821 875 11 029 568 2 156 417 2 325 327 2 706 511 808 657 871 998 1 197 713 3 504 178 3 778 656 4 059 766 2 695 523 2 906 657 3 276 302 808 657 871 998 1 197 713 1 347 762 1 453 329 1 495 706 808 657 871 998 1 197 713 2 156 417 2 325 327 2 564 063 1 617 312 1 743 995 2 395 425 1 078 209 1 162 665 1 282 032 2 695 523 2 906 657 3 133 853 1 886 865 2 034 663 2 207 942 32 220 903 34 691 138 40 651 395 FONTE: TESOURO NACIONAL, 2001 A Tabela 57, apresenta os valores dos royalties de Itaipu, sobre a energia gerada, já pagos e os valores previstos até 2023. Tendo em vista que houve um crescimento de 9% no PIB total dos municípios da região atingida pela represa de Itaipu no período de 1990 a 1996 é possível atribuir parte desse crescimento ao repasse de royalties que vem crescendo neste período. Notou-se ainda, que regionalmente o repasse dos royalties apresentou evolução de 45% entre 1991 a 1992. Entre 1992 a 1993 apresentou queda de 30% e entre o período de 1993 a 2001 evoluiu continuamente na ordem de 848%. Os valores para 2002 serão os mesmos previstos para 2001. Em 2003 a previsão é de uma redução de 7% em relação a 2002. Comparando 2003 com os valores dos anos de 2004 a 2023, prevê-se uma redução de 12%. Já os valores de 2023 são iguais aos de 2022. Os municípios que mais recebem royalties são: Santa Helena, Foz do Iguaçu, Itaipulândia, São Miguel do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon. 140 TABELA 57 - VALORES DOS ROYALTIES JÁ PAGOS AOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE ITAIPU E OS VALORES PREVISTOS PARA OS ANOS DE 2001 A 2023 (em US$ 1.000) MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São J. das Palmeiras São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL Por ano de No ano 2004 a de 2023* 2022* ANO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001* 2002* 2003* 42 61 43 231 232 313 388 391 399 402 403 403 374 330 330 0 0 249 1 282 1 289 1 369 2 005 1 855 2 272 2 327 1 932 1 932 1 932 1 932 1 932 1 510 2 187 1 530 8 309 8 316 11 229 13 942 14 025 14 334 14 454 14 504 14 504 13 443 11 856 11 856 382 553 387 2 100 2 102 2 838 3 525 3 544 3 623 3 653 3 665 3 665 3 396 2 995 2 995 0 0 1 362 7 002 7 039 7 480 10 954 10 133 12 409 12 713 10 557 10 557 10 557 10 557 10 557 1 162 1 683 425 2 526 2 511 4 509 4 684 5 195 4 176 4 100 5 329 5 329 4 513 3 292 3 292 9 13 9 48 48 65 80 81 82 83 84 84 77 68 68 0 0 146 753 757 804 1 178 1 089 1 334 1 367 1 135 1 135 1 135 1 135 1 135 300 434 304 1 650 1 651 2 229 2 769 2 784 2 846 2 869 2 880 2 880 2 669 2 354 2 354 0 0 357 1 834 1 844 1 959 2 869 2 654 3 250 3 329 2 765 2 765 2 765 2 765 2 765 1 973 2 858 1 999 10 859 10 867 14 674 18 229 18 327 18 732 18 888 18 954 18 954 17 567 15 493 15 493 313 454 318 1 725 1 726 2 331 2 896 2 911 2 976 3 000 3 011 3 011 2 791 2 461 2 461 15 21 15 80 80 108 134 135 138 139 139 139 129 114 114 2 024 2 933 689 4 139 4 111 7 576 7 750 8 672 6 811 6 667 8 891 8 891 7 468 5 340 5 340 12 17 12 65 65 88 109 110 112 113 113 113 106 93 93 7 741 11 215 7 843 42 603 42 636 57 571 71 512 71 906 73 493 74 104 74 362 74 362 68 922 60 785 60 785 FONTE: ITAIPU 2001, JORNAL DE ITAIPU, 1998 * Montantes aproximados, baseados nos percentuais atualmente em vigor. 141 Comparando-se esta tabela com a do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), verificou-se que regionalmente o valor dos royalties é bastante superior ao do FPM, em 1996, 1998 e 2000, foi 79%, 107% e 82% superior. Enquanto o FPM evoluiu, regionalmente, na ordem de 8% e 17%, entre os anos de 1996 a 1998 a 2000, respectivamente, os royalties evoluíram 24% e 4%, no mesmo período. É notado ainda que os valores dos royalties representam um percentual significativo na receita total dos municípios lindeiros a Itaipu. Tanto que tornaram-se um importante recurso disponível para os municípios representando percentuais significativos em seus orçamentos anuais. De certa forma, eles representam uma injeção maciça de recursos que bem aplicados garantirão o crecimento continuado desses municípios a longo-prazo. Provavelmente, uma boa parte do crescimento econômico dessa região está atrelada a essa transferência de recursos. De qualquer maneira, alguns investimentos sociais, como em saneamento básico ainda ficam muito a desejar em relação aos recursos recebidos pelos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Na Tabela 58, a seguir, são demonstrados os valores do consumo de energia elétrica pelos diversos setores econômicos da região lindeira ao lago de Itaipu. Pela Tabela 58 notou-se que na década analisada melhorou bastante o perfil do consumo de energia, refletindo também o dinamismo regional. Notou-se que apenas o setor secundário apresentou redução de 14% entre os anos de 1990 a 1995, mas voltou a evoluir entre 1995 a 2000, na ordem de 43%. Somente os municípios de Diamante do Oeste, Foz do Iguaçu e São José das Palmeiras apresentaram reduções em todos os anos no setor secundário. Os demais setores evoluíram em todos os anos analisados. Com relação ao setor comercial, o destaque ficou com Foz do Iguaçu, Itaipulândia e Medianeira. Conforme a percepção de desenvolvimento regional das pessoas entrevistadas durante as pesquisas de campo, a usina de Itaipu foi um grande dinamizador de desenvolvimento através dos recursos repassados, principalmente os royalties. 142 TABELA 58 – CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR SETORES E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU (em Mw/H) – 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL PÚBLICO* 1990 1995 RESIDENCIAL 2000 1990 1995 PRIMÁRIO 2000 1990 1995 COMERCIAL 2000 1990 1995 SECUNDÁRIO 2000 1990 1995 2000 415 752 844 530 657 856 855 1 012 1 183 254 291 360 81 47 36 0 375 998 0 853 1 385 0 2 106 2 473 0 557 744 0 2 052 1 624 24 696 32 353 45 875 83 933 132 970 176 050 2 550 3 897 4 270 82 123 115 276 137 063 38 431 11 485 10 467 6 179 5 900 7 710 9 672 10 569 13 165 3 067 3 248 3 808 5 436 5 485 6 926 4 505 2 831 3 581 0 628 1 971 0 913 2 425 0 1 399 1 948 0 495 909 0 294 3 031 7 995 6 736 8 921 14 767 15 664 19 426 25 630 13 247 16 392 8 878 8 715 11 748 11 206 12 019 20 804 4 324 5 859 6 024 12 048 15 288 19 469 6 317 8 229 5 311 7 110 9 283 11 292 12 980 18 139 26 635 0 318 445 0 806 1 278 0 5 657 6 963 0 461 667 0 196 266 709 874 1 509 1 783 2 293 3 078 5 131 7 318 7 360 1 379 1 651 1 791 678 1 976 3 023 0 567 1 121 0 849 1 336 0 1 824 2 405 0 366 585 0 643 2 588 2 214 3 210 5 344 3 794 5 140 7 352 4 370 5 225 7 624 2 200 2 588 2 688 270 2 016 2 505 1 617 2 196 3 081 3 845 6 271 9 073 1 832 1 895 2 477 2 099 2 710 3 773 443 2 937 4 411 252 307 514 700 695 861 834 970 1 272 341 370 454 36 14 12 3 092 3 082 4 051 6 064 7 914 9 847 6 893 7 538 9 643 3 117 3 952 5 368 2 944 4 773 4 826 2 418 2 244 2 739 4 446 4 324 5 568 3 476 4 091 4 687 2 621 2 463 2 717 971 2 935 5 111 53 911 65 401 91 147 141 582 205 206 259 369 60 955 67 656 77 816 115 558 154 663 187 085 72 545 62 357 88 920 FONTE: IPARDES, 2001 *Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público 143 Os recursos repassados através de incentivos e parcerias, além dos royalties sobre a energia gerada, têm garantido o desenvolvimento e o avanço tecnológico da agropecuária que é ainda a grande base econômica da região. O desenvolvimento da agropecuária estimula o desenvolvimento dos demais setores econômicos através da cadeia produtiva gerada. Em termos gerais, os recursos gerados pela hidroelétrica são utilizados de forma a melhorar a estrutura produtiva da região impulsionando o crescimento econômico. Pela Tabela 59, notou-se que o município de Foz do Iguaçu correspondeu com 55,5% dos empregados da região nos anos analisados. Em praticamente todos os setores o maior número de empregados encontrou-se em Foz do Iguaçu. Os setores que mais se destacaram foram os de serviços industriais de utilidade pública e serviços. No setor da industria de transformação foi Medianeira que ficou em primeiro lugar nos dois anos, correspondendo com 31% e 27% dos empregados da região em 1998 e 2000, respectivamente. O setor da agropecuária se destacou no município de Marechal Cândido Rondon, correspondendo com 20% dos empregados da região. Assim observa-se o perfil de Foz do Iguaçu como centro de serviços e Medianeira como centro agroindustrial na região do Extremo Oeste. Os municípios que mais cresceram em relação ao total de empregados foram: Mercedes, Terra Roxa e Itaipulândia que obtiveram melhoras de 41%, 40% e 30%, respectivamente. Em contra partida veio Santa Helena, Medianeira e Guaíra que apresentaram redução de 7%, 5% e 4%, respectivamente, no número total de empregados. Os setores que apresentaram o maior número de empregados foram o de serviços e comércio, e o com o menor número foi o de extração mineral. O que mais cresceu foi o setor de indústria de transformação e comércio, 24% e 16%, respectivamente. Os demais setores obtiveram redução no número de empregados, onde as reduções mais expressivas se encontraram na extração mineral, construção civil e administração pública, 41%, 8% e 7%, respectivamente. Apesar da maioria dos setores terem apresentado reduções, o número total de empregados da região aumentou na ordem de 4% no período analisado. 144 TABELA 59 – NÚMERO DE EMPREGADOS DISTRIBUÍDOS POR RAMO DE ATIVIDADE E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU 1998/2000 MUNICÍPIOS EXTRAÇÃO MINERAL 1998 Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. de Itaipu São Jose das Pal. São M. do Iguaçu Terra Roxa TOTAL REGIONAL FONTE: RAIS, 2002 2000 INDÚSTRIA DE TRANS. 1998 2000 SERVIÇOS IND. DE UTI. PUB. 1998 CONST. CIVIL 2000 1998 COMÉRCIO 2000 1998 2000 SERVIÇOS 1998 2000 ADM. PÚBLICA AGROPECUÁRIA 1998 1998 2000 2000 TOTAL MUNICIPAL 1998 2000 3 3 14 19 0 0 1 0 26 30 7 10 159 163 36 64 246 289 0 3 136 189 0 0 13 30 88 113 53 74 103 73 68 63 461 545 9 21 1 215 1 260 1 385 1 379 1 903 2 119 8 248 9 894 13 558 13 316 4 426 3 963 217 198 30 961 32 150 59 15 379 320 0 10 107 92 650 725 682 639 687 666 146 128 2 710 2 595 0 0 82 162 0 0 11 7 81 111 16 30 224 221 38 53 452 584 0 0 1 059 1 522 59 54 300 320 1 740 1 938 1 760 1 760 821 719 348 315 6 087 6 628 0 0 1 973 2 113 55 33 578 150 1 366 1 233 1 548 1 531 625 748 151 149 6 296 5 957 0 0 42 54 0 0 0 10 67 134 28 33 111 130 21 17 269 378 0 0 173 192 0 0 13 9 163 194 129 181 336 233 56 57 870 866 0 0 147 202 0 0 7 19 75 88 102 111 129 93 27 27 487 540 5 5 287 414 0 10 87 69 312 335 539 302 759 724 62 44 2 051 1 903 20 19 124 190 0 3 37 48 277 289 288 249 417 380 104 96 1 267 1 274 0 0 0 1 0 0 0 1 19 23 13 11 124 135 20 25 176 196 0 5 385 531 0 0 207 136 460 596 299 392 567 520 233 261 2 151 2 441 28 2 216 529 0 0 9 17 314 365 133 167 261 319 185 195 1 146 1 594 124 73 6 232 7 698 1 499 1 489 3 273 3 027 13 886 16 068 19 155 18 806 9 749 9 087 1 712 1 692 55 630 57 940 145 Comparando-se a tabela em estudo com a tabela referente ao consumo de energia elétrica (Tabela 58), verificou-se que, o setor que mais aumentou seu consumo foi o secundário, 43%. No entanto o setor secundário referente aos empregados (construção civil e indústria de transformação), aumentou na ordem de 13%. Os setores público (serviços industriais de utilidade pública e administração pública) e primário (extração mineral e agropecuária), reduziram seu número de empregados, em uma percentagem de 6% e 4 %, respectivamente. Os mesmos setores, referente ao consumo de energia, aumentaram o consumo em 39% e 15%, respectivamente. Nestes setores, pode-se afirmar que houve ganho de produtividade. A redução do número de empregados e o aumento no consumo de energia denota a dinâmica do setor, mesmo com menor mão-de-obra ocupada. O mesmo fenômeno ocorreu nos setores público e primário que apresentaram as mesmas características. O setor primário tem a tecnificação das suas atividades como o principal elemento de redução de mão-de-obra ocupada e aumento na demanda de energia. 8.3 COMPARATIVO ENTRE A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO E DO PIB NAS DUAS REGIÕES Em relação a Salto Caxias, os dados referentes à evolução da população, do PIB e do PIB per capita, por período em percentuais são os seguintes: TABELA 60 – ANÁLISE DO DESEMPENHO DA POPULAÇÃO E DO PIB NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1970/1996 PERÍODO POP. (%) 70 – 80 35 80 – 90 -6,5 90 – 96 -1,05 FONTE: Resultado da pesquisa PIB (%) 47 15 32 PIB PER CAP. (%) 18 20 32 A região de Salto Caxias apresenta alguns aspectos particulares. Mesmo com a construção da Usina na década de 1990, ela apresentou taxas negativas de crescimento 146 populacional. Notou-se que em relação à década de 1980, o período que vai de 19901996, apresentou uma redução significativa nas taxas de redução da população. Provavelmente isso se deve a construção da Usina, que começou a demandar mão-deobra local e a estimular o comércio regional. Por outro lado, o PIB da região se acentuou nos últimos anos. Nas décadas de 1970/1980 o aumento se deve a expansão da fronteira agrícola sobre as terras próximas à fronteira. Esse crescimento se acentua na década de 1990. Porém, o crescimento acentuado do PIB em 1990 deve ser resultado das mudanças no perfil produtivo da região, que começa a estimular algumas atividades industriais de base e a incrementar o setor de serviços que nas últimas décadas teve uma expansão de mais de 10% em sua participação no valor adicionado. Já os aumentos no PIB per capita, podem ser explicados devido às quedas acentuadas na população e às mudanças na base produtiva local. Isso pode ser constatado na análise regional, em que fica explícita a expansão considerável das atividades produtivas nos municípios de Quedas do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques, nos últimos anos. Já para Itaipu, analisando-se os dados sobre a população, o PIB e o PIB per capita, a situação é um pouco diferente, como se pode observar na Tabela 61, a seguir: TABELA 61 – ANÁLISE DO DESEMPENHO DA POPULAÇÃO E DO PIB NA REGIÃO DE ITAIPU – 1970/1996 PERÍODO POPULAÇÃO (%) PIB (%) PIB PER CAPITA (%) 70 – 80 80 – 90 90 – 96 36 9 10 64 20 9 33 12 -2 FONTE: Resultado da pesquisa O aumento de 36% da população entre 1970 e 1980 tem relação direta com a construção da Usina de Itaipu e a demanda de trabalhadores de outras regiões para sua execução. Mas, a partir de 1980, com a entrada em funcionamento da Usina, mesmo com uma parte da população expulsa com a formação do reservatório ou desocupada com o fim das obras que começa a sair da região em busca de outras cidades, não tem um impacto significativo sobre o crescimento populacional, tanto que nos 20 anos 147 após a construção da Usina, as taxas de crescimento populacional continuam expressivas. Já o PIB Total, tem um acréscimo significativo, entre 1970 e 1980, em parte devido a entrada de recursos na região para a construção da Usina e ao alto contingente de trabalhadores que demandam produtos no comércio local. Porém, após o funcionamento da Usina ele continua com taxas expressivas de crescimento, mesmo que menores que as de décadas anteriores, o que se reflete no PIB per capita, que chega a uma queda de 2% na década de 1990. Provavelmente, essa queda deve-se mais ao aumento populacional que ao crescimento do PIB total propriamente dito. Salientase que as altas taxas de crescimento do PIB total podem ser explicadas pelo incremento no turismo regional (praias artificiais, comércio na tríplice fronteira), pela transferência de royalties aos municípios lindeiros que acentua sua capacidade de investimento e a expansão das atividades agropecuárias e industriais. 8.4 DINAMISMO ECONÔMICO E PROBLEMAS POPULACIONAIS NAS REGIÕES DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU No aspecto populacional durante os anos de 1970 a 2000 nota-se que o índice de população regional de Salto Caxias teve um acréscimo de 30% enquanto na região de Itaipu a população cresceu 108% no mesmo período (Tabelas 29 e 44). Com relação à População Economicamente Ativa (PEA), neste mesmo período, as duas regiões apresentaram crescimento: Salto Caxias com 14% e Itaipu 50%. Quanto aos alunos matriculados nas regiões estudadas nas Tabelas 31 e 46 nota-se que na região de Salto Caxias houve decréscimo de 39% nas matrículas do ensino primário, aumento de 3% no ensino fundamental e aumento de 127% no ensino médio durante os anos de 1990 a 1999. Neste mesmo período, na região de Itaipu nota-se também um decréscimo de 3% nas matrículas do ensino primário, porém, um aumento significativo de 22% nas matrículas do ensino fundamental e aumento de 158% nas matrículas de ensino médio. 148 No tocante ao número de leitos hospitalares, a região de Salto Caxias apresentou um aumento de 7% enquanto na região de Itaipu apresentou um decréscimo de 1%, ambas no período de 1998 a 2000 (Tabelas 34 e 49). Com relação a dinâmica econômica, o PIB a preço de mercado na região de Salto Caxias apresentou um aumento de 47% no decorrer dos anos 1990 a 1996 contra um aumento de 10% na região de Itaipu, no mesmo período (Tabelas 36 e 51). Já o PIB per capita apresentou um aumento de 32% em Salto Caxias e um decréscimo de 2% na região de Itaipu no mesmo período (Tabelas 37 e 52). No tocante ao valor adicionado dos municípios do lago de Itaipu, entre os anos de 1994-1996, nota-se um aumento de 167%. Já na região de Salto Caxias, no mesmo período, o aumento foi de 160%. Com relação à participação dos setores econômicos no valor adicionado, a região de Salto Caxias apresentou um decréscimo de 6% na participação da agropecuária, no entanto, houve uma evolução nos setores de serviços e industrial de 5% e 1%, respectivamente, nos anos de 1994 a 1997. Na região de Itaipu esses valores ficam na ordem de 4% na agropecuária, 3% nos serviços e 0,5% na indústria, no mesmo período. A região de Salto Caxias apresentou um crescimento nas atividades comerciais haja vista que a arrecadação de ICMS e IPVA aumentou 74% e 197%, respectivamente entre os anos de 1995 a 2000. Crescimento que também apresentou a região de Itaipu, porém num percentual de 55% no repasse de ICMS e 152% no IPVA no mesmo período. Com relação ao FPM a região de Salto Caxias apresentou um aumento de 17% contra 23% da região de Itaipu durante os anos de 1996 a 2000. O consumo de energia elétrica na região de Salto Caxias, no período de 1990 a 2000, cresceu 65% no setor público, 80% no setor residencial, 74% no setor primário, 68% no setor de serviços e 790% no setor secundário. Na região de Itaipu o aumento foi de 69% no setor público, 83% no setor residencial e 28% no setor primário, 62% no setor de serviços e 23% no setor secundário no mesmo período. Observa-se, que no final do século XX, a economia destes municípios estava em pleno dinamismo, porém, com mudanças no seu perfil setorial. As regiões passam 149 a depender menos da agricultura na composição da sua economia. Por outro lado, nota-se uma mobilidade da população, com a evasão e a concentração em áreas urbanas. Essa mobilidade é altamente prejudicial na região de Salto Caxias, pois notase que a região vem perdendo contingente populacional nos últimos anos. Tanto que as matrículas escolares nas séries iniciais diminuíram sensivelmente. Já na região de Itaipu, a população está se concentrando em Foz do Iguaçu e nas cidades ao longo da BR 277. Observa-se que a BR 277 reflete o novo dinamismo desta região, com a mudança do perfil setorial da economia destes municípios. A mudança na dinâmica setorial e no perfil dos municípios das regiões pode ser observado através da aplicação do modelo de análise regional, descrito na metodologia. 8.5 ANÁLISE REGIONAL DA DINÂMICA DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELAS BARRAGENS DAS HIDROELÉTRICAS DE SALTO CAXIAS E ITAIPU Neste tópico são apresentados os resultados da aplicação dos métodos de análise regional, apresentados na metodologia. Esses métodos vêm auxiliar na análise das mudanças setoriais observadas ao longo da análise dos indicadores econômicos. 8.5.1 A Dinâmica Setorial da Economia da Região de Salto Caxias A análise regional da dinâmica setorial dos municípios que são objetos dessa análise, permitirá visualizar mais claramente as características de sua dinâmica. Na Tabela 62 é apresentado o Quociente Locacional da região atingida pela barragem de Salto Caxias. Pela Tabela 62 notou-se a queda do setor secundário nos municípios de Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro de Iguaçu, em contrapartida, o município que apresentou melhora considerável foi Quedas do Iguaçu, os demais municípios não tiveram variações muito expressivas. Outro dado significativo é o peso do setor 150 primário nas atividades de exportação de Nova Prata do Iguaçu e São Jorge do Oeste e a perda significativa nos municípios de Salto do Lontra e Três Barras do Paraná. Já o setor de comércio teve aumento em Três Barras do Paraná e redução na atividade no município de Cruzeiro do Iguaçu. TABELA 62 - QUOCIENTE LOCACIONAL POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS MUNICÍPIOS Boa E. do Iguaçu Boa V. de Aparecida Capitão L. Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná Públicos* Residencial Primário Comercial Secundário 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1,25 1,15 0,77 1,01 0,61 0,26 1,58 1,29 1,63 0,20 1,20 1,89 1,06 1,66 1,13 1,45 1,03 1,47 0,21 0,17 1,27 1,44 1,05 1,68 1,11 1,39 1,05 1,74 0,21 0,25 1,25 0,91 0,77 0,89 0,61 0,23 1,58 0,70 1,63 0,42 0,87 1,39 0,96 1,37 1,25 1,88 1,04 1,38 0,54 0,20 0,91 0,64 1,03 0,60 0,50 0,20 0,95 0,51 0,24 1,78 0,84 0,99 1,03 1,47 1,31 0,21 1,03 1,68 0,27 0,79 1,10 1,66 0,79 1,34 1,38 1,86 1,03 1,75 0,26 0,91 0,94 1,37 1,03 1,36 1,27 0,20 0,95 1,47 0,32 0,12 FONTE: Resultado da pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Nos municípios que apresentaram queda no setor secundário, praticamente houve uma transferência de muitas atividades de prestação de serviços para outros municípios. Observa-se que nestes municípios a população é decrescente, o que indica a perda de mão-de-obra qualificada na prestação de serviços e de consumidores potenciais que se reflete na demanda de serviços essenciais, na demanda no mercado de gêneros alimentícios e produtos básicos. Quanto ao aumento no perfil de Quedas do Iguaçu, pode-se observar durante a pesquisa de campo, um avanço considerável na construção civil e no perfil do comércio do município. De certa forma, por sua localização, Quedas do Iguaçu se beneficia com a perda do dinamismo no setor de serviços e no comércio dos municípios localizados na sua periferia, principalmente com a falta de serviços bancários em grande parte deles. De certa forma, o capital financeiro dessa pequena região, tende a concentrar-se nos municípios maiores, dada a localização dos serviços financeiros, públicos e o perfil do comércio. 151 Outro dado importante quanto ao perfil do comércio é sua associação com a produção primária. Isso fica claro na Tabela 63. TABELA 63 - COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA POR SETOR E POR MUNICÍPIOS NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS ATIVIDADES Público Residencial Primário Comercial Secundário PÚBLICOS* RESIDENCIAL PRIMÁRIO COMERCIAL SECUNDÁRIO 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 0,00 0,00 0,78 0,59 0,16 0,25 0,54 0,95 0,50 0,58 0,78 5,95 0,00 0,00 0,17 0,24 0,36 0,60 0,46 0,60 0,16 0,25 0,17 0,24 0,00 0,00 0,14 0,20 0,63 0,81 0,54 0,95 0,36 0,60 0,14 0,20 0,00 0,00 0,48 0,65 0,50 0,58 0,46 0,60 0,63 0,81 0,48 0,65 0,00 0,00 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Observando a Tabela 63, notou-se que no período de 1990 a 2000, os setores que mais se associaram foram o comercial com o primário. Neste período também se destacou a ligação do setor primário com o residencial. Onde as atividades primárias eram mais fortes na composição das atividades produtivas, houve uma melhoria significativa no setor residencial e no comércio. Esta informação tem uma referência direta com a mão-de-obra que trabalha no campo, mas habita na cidade. Geralmente, é uma mão-de-obra com baixa qualificação, que transfere a melhoria da sua renda em melhoria do seu conforto habitacional, demandando assim mais energia elétrica no decorrer do tempo. Assim, fica clara a importância da agricultura para os municípios da região atingida pela hidroelétrica de Salto Caxias e na composição da sua renda. Essa característica regional da associação geográfica se reflete também na homogeneidade do coeficiente de localização. Essa região tem uma característica muito próxima na composição da sua economia, o que facilita na formulação e execução de políticas regionais de desenvolvimento. Notou-se pelos coeficientes da Tabela 64, que a distribuição de energia foi praticamente equivalente em toda a região. Não se percebeu grandes variações 152 setoriais. Pelas variações nos índices, percebeu-se que a região analisada estaria caminhando para uma homogeneidade na distribuição setorial do consumo de energia. TABELA 64 - COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO POR SETOR NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 ATIVIDADES Público* Residencial Primário Comercial Secundário TOTAL ÍNDICE 1990 2000 0,6763 0,1893 0,2740 0,2116 0,1621 0,4118 0,2244 0,2627 0,4725 0,4005 0,9145 0,6397 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Deve-se ressaltar, porém, as melhorias nos setores público e residencial sendo este mais estável no período. Essa estabilidade reflete também a concentração em alguns setores. Isso pode ser percebido ao comparar-se os dados do coeficiente de localização com o quociente locacional. Mesmo com a perda de importância do setor secundário e comercial em alguns municípios, estas atividades aumentaram em outros localizados na região, refletindo uma relocalização intra-regional. De certa forma, a relocalização é mais prejudicial aos pequenos municípios que estão mais próximos a Quedas do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques, que são os mais dinâmicos e centros de prestação de serviços na região. Essa homogeneização reflete-se também no coeficiente de especialização, exposto na Tabela 65. Este coeficiente indica para cada município, a sua especialização em relação à região. Notou-se pela Tabela 65, a grande diferença que ocorreu no que tange a colocação dos municípios mais especializados. Em 1990 os mais especializados em relação a região eram Três Barras do Paraná, Capitão Leônidas Marques, Boa Vista da Aparecida e Nova Prata do Iguaçu. Em 2000 esta colocação mudou, passando para Boa Esperança do Iguaçu, Salto do Lontra, São Jorge do Oeste e Três Barras do Paraná, um maior grau de especialização. Mesmo assim, houve um movimento 153 significativo do índice em Capitão Leônidas Marques. Em uma década, sua economia se recompôs totalmente em relação à região, passando de um índice de 0,97 para 0,31. TABELA 65 - COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista de Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná ÍNDICE 1990 2000 0,1903 0,4084 0,9668 0,3462 0,9720 0,3121 0,1903 0,2950 0,8740 0,3327 0,1857 0,3260 0,1159 0,3850 0,1451 0,3789 0,9923 0,3687 FONTE: Resultados da Pesquisa Através destes dados observa-se que o grau de especialização tende para a descentralização das atividades o que torna a região mais homogênea, tendo assumido valores aproximados na composição da sua cadeia produtiva. Mesmo assim essa homogeneização foi mais favorável a Quedas do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques. Outro reflexo da homogeneização é a relocalização da mão-de-obra, caracterizado pela evasão populacional da região. Deve-se salientar que a homogeneização das atividades, facilita políticas de desenvolvimento regional global, isto é, que beneficia toda a microrregião. Na Tabela 66, analisar-se-á o coeficiente de reestruturação dos municípios onde poderá ser melhor observado o grau de especialização dos mesmos. O Coeficiente de Reestruturação objetiva verificar o grau de mudanças na especialização dos municípios que compõem a região. Coeficientes iguais a zero (0) indicam que não ocorreram modificações na estrutura da região, e igual a um (1) demonstra uma reestruturação bem substancial. Notou-se pela Tabela 66, que os municípios de Cruzeiro do Iguaçu e Quedas do Iguaçu tiveram mudanças estruturais na sua composição setorial no período 154 analisado. Em Cruzeiro do Iguaçu os setores que apresentaram maior desempenho foram o primário e o público. De certa forma, a organização do município de Cruzeiro, no inicio dos anos de 1990, e a participação do executivo municipal nos investimentos de infra-estrutura, podem explicar o seu desempenho em relação aos outros municípios da região. TABELA 66 – COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista da Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público Residencial Primário Comercial Secundário Somatório 0,00814 0,00715 0,01902 0,00914 0,00015 0,04360 0,00656 0,00575 0,00170 0,00200 0,00278 0,01879 0,02684 0,00372 0,01672 0,00660 0,00346 0,05734 0,01945 0,01907 0,05008 0,01492 0,00901 0,11253 0,00096 0,00684 0,00541 0,01150 0,02462 0,04933 0,01599 0,01322 0,03039 0,02202 0,05839 0,14001 0,01320 0,00729 0,00098 0,00009 0,01250 0,03406 0,00378 0,00214 0,01224 0,00313 0,01103 0,03232 0,00536 0,01048 0,00167 0,00235 0,01315 0,03301 FONTE: Resultados da pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Já em Quedas do Iguaçu os setores secundário e primário tiveram melhor desempenho. Em relação ao setor primário dos municípios verificou-se, comparando com as tabelas de produção pecuária, que Cruzeiro do Iguaçu teve um aumento de 60% no tocante a evolução do efetivo de bovinos, suínos e aves e decréscimo de 11% e 3% na evolução de área plantada e quantidade produzida, respectivamente. Quedas do Iguaçu também teve um aumento no efetivo de bovinos, suínos e aves, ficando na ordem de 15%. Com relação à área plantada e quantidade produzida teve um decréscimo de 41% e aumento de 4%, respectivamente. Assim, observamos um reordenamento das atividades produtivas, no sentido de fortalecer a produção de carnes em detrimento da produção agrícola. Ou seja, a produção pecuária passa a ter um valor mais estratégico na geração de renda nas propriedades. 155 O desempenho do setor secundário de Quedas do Iguaçu foi confirmado por outros índices de análise regional, como o coeficiente de especialização e localização. De certa forma, Quedas do Iguaçu polariza o comércio na região, se beneficiando com a retração das atividades no setor secundário dos municípios vizinhos. Por outro lado o município que apresentou mudanças menos significativas foi Boa Vista da Aparecida onde os setores com menor desempenho foi o primário e o comercial. Com isto, aceita-se que não houve mudanças no grau de especialização da região analisada, confirmando a homogeneidade produtiva desses municípios. 8.5.1.1 Aplicação do método de análise shift and share para os municípios da região de Salto Caxias A análise shift and share auxilia na compreensão da dinâmica setorial, ao indicar os setores responsáveis por essa dinâmica. Por isso, se torna uma ferramenta no planejamento regional. Na Tabela 67 são apresentados os índices de Variação Líquida Total (VLT) que mostram a diferença entre o crescimento real do consumo de energia dos municípios e aquele que eles teriam se crescessem na mesma proporção da região como um todo. TABELA 67 – VARIAÇÃO LÍQUIDA TOTAL – VLT, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE SALTO CAXIAS - 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista de Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* 215,39 Residencial Primário Comercial Secundário 336,39 1 101,39 193,39 13,39 -442,07 -473,65 -1 181,30 -365,58 234,54 -2 320,77 -1 641,14 -3 581,75 -888,24 926,12 518,39 901,39 3 904,39 317,39 987,39 -824,36 -1 530,36 -2 448,24 -984,91 -223,96 -1 861,98 -4 147,27 -4 092,89 -2 305,85 37 305,95 -1 097,59 -1 599,96 -2 234,75 -706,39 -186,29 -1 020,22 -804,44 -2 866,49 -595,50 -119,14 -918,11 -1 659,42 -2 049,14 -651,24 -132,49 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. 156 Pela Tabela 67, notou-se que Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu apresentaram valores positivos, em contrapartida Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra, São Jorge do Oeste e Três Barras do Paraná com valores negativos. O setor que teve menos índices negativos foi o setor secundário. Observando os índices deste setor o município que obteve o maior índice foi Quedas do Iguaçu, um fator contribuinte pode ter sido o melhor desenvolvimento que este município na atividade de indústria teve se comparado com os demais municípios da região em estudo. Contudo, os demais índices apresentaram-se negativos. Assim, pode-se notar uma recomposição produtiva dos municípios da região, principalmente no que toca ao consumo de energia. Setores que antes eram importantes na economia regional, passam a dar lugar a outros, e isso fica claro pelo crescimento desordenado em todos os setores na região. Isso pode ser observado em Capitão Leônidas Marques, em que o setor secundário teve ganhos de consumo energético, refletindo uma dinâmica bem maior que os outros setores. A melhor performance foi de Boa Esperança do Iguaçu, que manteve taxas positivas crescendo no mesmo ritmo em todo o seu conjunto. Essa informação é complementada com alguns dados sobre a estrutura ocupacional e o dinamismo setorial dos municípios da região, que pode ser observado na Variação Líquida Proporcional (VLP). Pela Tabela 68, verifica-se que os setores que tinham estruturação negativa considerável foram os setores público, residencial, primário e comercial. Ao contrário, o setor que obteve estrutura positiva, e em conseqüência mais dinamizado, foi o setor secundário, em todos os municípios sendo que o mais representativo foi Quedas do Iguaçu que apresentou o maior índice. De certa forma, Quedas do Iguaçu se beneficia da decadência do comércio e dos serviços dos municípios localizados na sua periferia. Assim, a população desses municípios transfere sua renda ao comércio de Quedas do Iguaçu e incentiva a sua estrutura de manufatureira local. Além disso, Quedas do Iguaçu possui o maior parque industrial local. 157 TABELA 68 - VARIAÇÃO LÍQUIDA PROPORCIONAL – VLP, POR SETOR E POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista de Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* Residencial Primário Comercial Secundário -0,96 -0,81 -0,87 -0,94 6,28 -618,04 -746,23 -1 082,68 -408,60 539,92 -1 602,50 -1 817,93 -2 612,15 -1 030,39 1 305,86 -0,96 -0,81 -0,87 -0,94 6,28 -798,86 -1 206,57 -2 135,00 -738,66 2 479,89 -2 291,34 -3 521,99 -2 329,33 -1 834,51 30 876,15 -744,33 -1 255,03 -2 178,38 -708,74 1 186,58 -919,41 -916,14 -2 156,69 -662,93 1 092,41 -774,94 -1 162,96 -1 952,82 -601,22 1 312,14 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Nota-se que não houve na região uma concentração de indústrias de efeito rápido, isto é, que dinamizam a economia local num curto espaço de tempo. Isso se deve ao perfil industrial da região, que está assentado sobre as micro e pequenas indústrias, com exceção de Quedas do Iguaçu. Mas, mais uma vez, se destacando em relação a todos os municípios surge Capitão Leônidas Marques. Esse destaque se deve a mudança do perfil de sua economia nos últimos anos. Comparado aos outros índices e informações apresentados, nota-se que o município vem mudando sua base produtiva e se destacando na região. Outros municípios também mostraram uma boa performance no setor secundário, mas Capitão Leônidas Marques vem demonstrando a melhora dessa performance no decorrer dos anos. Esse fato também é destacado pelo cálculo da Variação Líquida Diferencial (VLD), na Tabela 69. Pela Tabela 69, notou-se que os municípios que apresentaram os melhores indicativos foram Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu. Por outro lado Nova Prata do Iguaçu e Três Barras do Paraná tiveram índices negativos. Também se destaca o setor secundário no município de Quedas do Iguaçu, que reflete sua posição estratégica junto a sua periferia, principalmente no fornecimento de alguns serviços bancários e públicos localizados na sua sede e o porte de alguns investimentos industriais, como a industrialização de celulose e papel. Assim, as atividades 158 industriais têm um papel importante no município. Mesmo assim, os dados indicam uma certa desconcentração das suas atividades ao longo dos anos. TABELA 69 - VARIAÇÃO LÍQUIDA DIFERENCIAL – VLD, POR SETOR E POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS – 1990/2000 MUNICÍPIOS Boa Esperança do Iguaçu Boa Vista de Aparecida Capitão Leônidas Marques Cruzeiro do Iguaçu Nova Prata do Iguaçu Quedas do Iguaçu Salto do Lontra São Jorge do Oeste Três Barras do Paraná SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* Residencial Primário Comercial Secundário 216,35 337,20 1 102,26 194,32 7,11 175,97 272,58 -98,61 43,03 -305,39 -718,27 176,79 -969,61 142,15 -379,75 519,35 902,20 2 905,26 318,33 981,11 -25,50 -323,79 -313,24 -246,25 -2 703,84 429,36 -625,28 -1 763,56 -471,34 6 429,81 -353,26 -344,94 -56,37 2,35 -1 372,87 -100,82 101,70 -709,80 67,43 -1 211,55 -143,17 -496,46 -96,32 -50,02 -1 444,63 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Já Capitão Leônidas Marques apresentou uma transferência no consumo da energia para outros setores, como o residencial e o terciário (comércio e serviços). Geralmente, as economias que estão em processo de crescimento, tendem a aumentar a participação do setor terciário no decorrer do tempo. Num processo que começa com uma alta participação da agricultura, que é substituída pela indústria e depois pelo comércio e serviços. Esse fato é um elemento em toda a região. Pode-se afirmar também, que indica uma certa modernização da economia local. Nesse sentido, Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu ainda tem na agricultura um peso altamente importante. 8.5.2 A Dinâmica Setorial da Economia da Região de Itaipu A seguir, são apresentadas as informações referentes à aplicação dos métodos de análise regional para os municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Ao observar-se o Quociente Locacional exposto na Tabela 70, notou-se que Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Pato Bragado 159 tiveram quedas significativas nos coeficientes do setor secundário, os que melhoraram seus índices foram Missal, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Terra Roxa, e os demais não tiveram melhoras significativas. Os setores público, residencial e comercial mantiveram-se praticamente sem oscilações em quase todos os municípios da região. A exceção ficou por conta de Missal e Guaíra, onde o setor público e residencial apresentaram uma atividade negativa em relação aos índices da região. Já o setor primário apresentou alterações expressivas nos municípios de Entre Rios do Oeste, Medianeira, Mercedes e Pato Bragado, com variações negativas. Por outro lado, este setor apresentou crescimento em Guaíra e Marechal Cândido Rondon. TABELA 70 - QUOCIENTE LOCACIONAL POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal C. Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa T. do Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa Públicos* Residencial Primário Comercial Secundário 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1,60 1,99 0,78 0,71 0,29 0,32 0,46 0,41 0,23 0,87 1,65 1,07 0,63 0,52 1,46 0,31 0,77 0,39 1,23 1,78 0,88 0,95 1,14 1,28 0,80 0,10 1,36 1,38 1,02 0,22 1,77 1,25 1,05 0,16 0,78 1,47 0,72 1,11 0,96 1,21 1,65 1,48 0,63 0,64 1,46 1,71 0,77 0,33 1,23 0,23 0,96 0,89 0,68 0,68 0,27 1,92 0,50 0,57 1,00 0,21 0,83 0,68 0,88 0,77 1,08 0,70 0,64 0,62 1,86 0,30 1,65 0,36 0,63 0,36 1,46 0,65 0,77 0,26 1,23 0,22 0,60 0,70 0,58 0,50 0,38 0,39 0,55 0,40 0,43 1,43 1,65 1,08 0,63 0,45 1,46 0,27 0,77 0,27 1,23 0,25 1,42 1,62 0,93 0,78 0,24 0,27 0,66 0,40 0,13 0,78 1,36 1,04 1,23 1,08 1,36 0,98 0,82 0,62 0,28 1,53 0,96 1,28 1,02 0,75 0,28 0,37 0,61 0,55 0,10 0,30 1,15 0,93 0,86 0,79 0,22 0,25 0,54 0,60 0,82 1,13 1,43 1,02 1,00 0,73 1,82 0,20 0,72 0,49 0,43 1,94 FONTE: Resultado da pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Na Tabela 71 tem-se os coeficientes de associação geográfica. Pela tabela nota-se uma mudança considerável na associação das atividades produtivas. 160 Observando a Tabela 71, notou-se que o que mais se associou em 1990 foi o setor comercial com o residencial. Em 2000 passou para os setores residencial com público o destaque de melhor associação. TABELA 71 – COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA POR SETOR NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS ATIVIDADES Público Residencial Primário Comercial Secundário PÚBLICO RESIDENCIAL PRIMÁRIO COMERCIAL SECUNDÁRIO 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 1990 2000 0,00 0,00 0,13 0,18 0,48 0,48 0,25 0,22 0,17 0,47 0,13 0,18 0,00 0,00 0,56 0,63 0,11 0,85 0,14 0,56 0,48 0,48 0,56 0,63 0,00 0,00 0,66 0,67 0,57 0,34 0,25 0,22 0,11 0,85 0,66 0,67 0,00 0,00 0,22 0,61 0,17 0,47 0,14 0,56 0,57 0,34 0,22 0,61 0,00 0,00 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Essa nova associação foi refletida também no coeficiente de localização regional. TABELA 72 - COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO POR SETOR NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 ATIVIDADES Público Residencial Primário Comercial Secundário TOTAL ÍNDICE 1990 2000 0,9377 0,9071 0,8012 0,1507 0,4940 0,5056 0,1894 0,2058 0,9160 0,4401 0,9627 0,8919 FONTE: resultados da pesquisa Notou-se a melhora que os setores residencial e secundário tiveram, onde passaram a ter uma distribuição de energia mais semelhante regional. Ao contrário, percebeu-se que os setores primário e comercial aumentaram seus coeficientes passando a ter uma distribuição diferente a da região. 161 Mesmo com essa mudança regional, foram poucos os municípios altamente especializados (Tabela 73). Isso denota uma certa homogeneidade na região. Em 1990 os municípios mais especializados eram Diamante do Oeste e Missal. Em 2000 os que detinham maior especialização eram Mercedes, Pato Bragado e Missal. Assim, a Tabela 73 reflete as mudanças significativas na composição da participação produtiva de Diamante do Oeste, e destaca o avanço de outros municípios como Mercedes e Pato Bragado. Ambos os municípios estão situados na proximidade de Marechal Cândido Rondon. De certa forma, um dinamismo muito forte deste município pode polarizá-los. No entanto, como Marechal Cândido Rondon não apresentou uma melhoria expressiva no seu coeficiente de especialização, abriu margem a um dinamismo na sua periferia mais próxima. TABELA 73 - COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha do Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa ÍNDICE 1990 2000 0,3365 0,3783 0,1784 0,3392 0,1408 0,2040 0,1095 0,3099 0,1784 0,3097 0,2376 0,2445 0,1508 0,2613 0,1784 0,6134 0,3929 0,3827 0,1784 0,3948 0,2541 0,2684 0,1647 0,1022 0,2536 0,3338 0,1932 0,1922 0,1653 0,2360 FONTE: Resultados da Pesquisa Na Tabela 74 a seguir, será representado o coeficiente de reestruturação dos municípios onde poderá ser mais bem observado o grau de especialização dos mesmos. 162 O coeficiente de reestruturação objetiva verificar o grau de mudanças na especialização dos municípios que compõem a região. Coeficientes iguais a zero (0) indicam que não ocorreram modificações na estrutura da região, e igual a um (1) demonstra uma reestruturação bem substancial. No que diz respeito ao coeficiente de reestruturação, conforme a Tabela 74, observou-se que os municípios de Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon tiveram mudanças estruturais significativas, em relação aos demais municípios da região, na sua composição setorial no período analisado (1990-2000). Em Foz do Iguaçu os setores que apresentaram maior desempenho foram o secundário e o residencial. O crescimento significativo do setor secundário e residencial se deve provavelmente ao turismo e o fluxo comercial com o Paraguai que teve seu auge até 1999. TABELA 74 – COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO POR SETOR E POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha de Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público Residencial Primário Comercial Secundário Somatório 0,00078 0,00022 0,00059 0,00014 0,00036 0,00209 0,00547 0,00267 0,01589 0,00199 0,00913 0,03515 0,02261 0,04297 0,00652 0,01098 0,20602 0,28910 0,01501 0,03153 0,00069 0,00501 0,01091 0,06315 0,01081 0,00467 0,01252 0,00243 0,01704 0,04747 0,02521 0,01470 0,10491 0,00702 0,03975 0,19159 0,00706 0,00502 0,01769 0,00058 0,06031 0,09066 0,00244 0,00246 0,04474 0,00178 0,00150 0,05292 0,00170 0,00036 0,00520 0,00118 0,01233 0,02077 0,00615 0,00258 0,01545 0,00156 0,01455 0,04029 0,00878 0,00077 0,01314 0,00234 0,01222 0,03725 0,00190 0,00391 0,00089 0,00100 0,02175 0,02945 0,00048 0,00081 0,00133 0,00026 0,00018 0,00306 0,00645 0,00243 0,00542 0,00086 0,00685 0,02201 0,00740 0,00497 0,00160 0,00408 0,02205 0,04010 FONTE: Resultados da pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Já em Marechal Cândido Rondon, os setores primário e o público destacaramse. Com relação ao setor primário de Marechal Cândido Rondon notou-se, comparando com as tabelas referentes à produção pecuária, que houve uma perda na 163 sua produção primária, o que causou uma reestruturação do setor. Tanto que o efetivo de bovinos, suínos e aves decresceu 60% em dez anos (1990 a 1999), a redução da área plantada foi de 63% e a quantidade produzida 31%. Assim, o setor apresentou de certa forma indícios de perda de eficiência produtiva, ao demandar mais energia para uma produção menor. Por outro lado, os municípios que apresentaram mudanças menos significativas foram Diamante do Oeste e São José das Palmeiras. Os setores com menor desempenho nestes municípios foram o comercial e residencial, em Diamante do Oeste, e o secundário e público, em São José das Palmeiras. Com isto, aceita-se que não houve mudanças no grau de especialização da região analisada. 8.5.2.1 Aplicação do método de análise shift and share para os municípios da região de Itaipu A seguir, são apresentados os resultados da análise shift and share para os municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Na Tabela 75 são apresentados os resultados da Variação Liquida Total (VLT) para esses municípios. TABELA 75 - VARIAÇÃO LÍQUIDA TOTAL – VLT, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha do Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* Residencial Primário Comercial Secundário 186,51 16,32 -132,58 -42,41 -92,33 996,42 1 383,42 2 471,42 742,42 1 622,42 6 748,95 43 074,36 230,02 6 954,95 -50 419,50 -2 079,43 -13 958,42 -1 051,07 -1 686,29 -3 556,30 1 969,42 2 423,42 1 946,42 907,42 3 029,42 -3 745,54 -3 969,46 -24 213,79 -2 317,48 3 050,25 -826,54 381,27 -4 697,07 27,58 6 070,69 443,42 1 276,42 6 691,42 665,42 264,42 385,73 253,18 -769,08 -393,76 1 948,84 1 119,42 1 334,42 2 403,42 583,42 2 586,42 1 836,34 1 341,14 700,58 -797,48 2 077,24 519,18 2 981,34 -425,45 447,54 3 709,15 114,75 -248,01 -49,31 -86,25 -45,04 -847,68 239,76 -1 277,63 429,71 161,80 -1 091,85 -1 475,83 -820,05 -1 435,47 3 572,64 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. 164 Observou-se pela VLT, que os municípios que tiveram valores positivos em todos os setores foram Entre Rios do Oeste, Itaipulândia, Mercedes e Pato Bragado, ou seja, tiveram um crescimento real, em todos os setores o consumo de energia ficou acima da média da região. Ao contrário, o município que não conseguiu acompanhar a média de consumo da região foi Guaíra. Os demais municípios tiveram setores que conseguiram e outros que não acompanharam a média de consumo de energia da região. O setor que contém maior número de índices negativos foi o setor primário, onde um fator contribuinte para estes índices negativos pode ter sido a perda de população nos municípios e a melhoria nos setores secundário e comercial, no que toca a participação no PIB. Deve-se salientar que o setor secundário engloba toda uma gama de prestação de serviços. Os setores que tiveram o maior número de índices positivos foram os setores residencial e secundário. Essa melhoria dos indicadores para o setor residencial, indica uma melhora sensível na renda da população que ficou no município. Geralmente, com a redução da população, a mão-de-obra disponível passa a ser mais bem remunerada e a se beneficiar de maiores oportunidades no mercado de trabalho local. No entanto, apesar da melhoria geral do setor secundário, ele ainda não é o centro dinamizador da economia local. Isso pode ser observado pela Tabela 76. Verificou-se que os setores público e comercial apresentaram índices positivos, ou seja, tiveram um consumo de energia acima da média da região. Isso reflete uma mudança estrutural da economia, característica das regiões que começam a atingir a maturidade econômica, onde o setor terciário (comércio e serviços), passa a ter uma participação cada vez mais importante na geração de emprego e renda. Em contrapartida vieram os setores primário e secundário com valores negativos. Os valores negativos do setor secundário indicam que as manufaturas locais não têm um perfil de crescimento rápido. Em todo caso, isso reflete no parque agroindustrial da região instalado recentemente em alguns municípios, cujos efeitos se fazem sentir num horizonte de cinco a dez anos. Mesmo assim, ele não deixa de ser 165 responsável pela melhoria de outros setores, que se dinamizam com a renda gerada no setor secundário. TABELA 76 - VARIAÇÃO LÍQUIDA PROPORCIONAL – VLP, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU – 1990/2000 MUNICÍPIOS SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha do Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa Residencial Primário Comercial Secundário 44,10 131,22 -263,15 8,79 -29,05 0,11 0,25 -0,31 3,46 -0,36 2 624,23 20 779,80 -784,83 2 842,06 -13 783,38 656,59 2 394,56 -943,95 188,13 -1 615,73 0,11 0,25 -0,31 3,46 -0,36 849,56 3 655,95 -7 888,32 307,24 -4 019,06 459,47 2 982,80 -1 944,23 246,06 -4 655,31 0,11 0,25 -0,31 3,46 -0,36 75,34 441,43 -1 579,20 47,72 -243,17 0,11 0,25 -0,31 3,46 -0,36 235,26 -39,30 -1 344,99 76,14 -96,84 171,82 951,93 -563,85 72,64 -158,88 26,78 173,30 -256,69 11,80 -12,91 328,56 1 501,30 -2 121,51 107,87 -1 055,87 256,94 1 100,72 -1 069,83 90,71 -348,25 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. Os setores mais dinâmicos, geralmente se beneficiam de fatores essencialmente locais, como a melhoria na remuneração da mão-de-obra, na localização geográfica, na melhoria da exploração dos recursos naturais, etc. O cálculo da Variação Líquida Diferencial (VLD), na Tabela 77 auxilia na compreensão dessa influência. Com base na Tabela 77 (VLD), observou-se que Entre Rios do Oeste, Itaipulândia, Mercedes, Pato Bragado e Santa Terezinha de Itaipu apresentaram todos os índices positivos. Isso demonstra um avanço na estrutura produtiva dos municípios. Eles não estariam transferindo o consumo de energia e até mesmo de emprego, pois o consumo reflete o dinamismo, para outros setores, mas crescendo de uma forma equilibrada em relação à microrregião. Em todo caso, Mercedes e Entre Rios do Oeste tem ainda na agricultura um setor muito importante da sua economia. Por outro lado, 166 veio Guaíra com todos os seus índices negativos. Os demais apresentam índices positivos e negativos. TABELA 77 - VARIAÇÃO LÍQUIDA DIFERENCIAL – VLD, POR SETOR E POR MUNICÍPIO NA REGIÃO DE ITAIPU 1990/2000 MUNICÍPIOS Diamante do Oeste Entre Rios do Oeste Foz do Iguaçu Guaíra Itaipulândia Marechal Cândido Rondon Medianeira Mercedes Missal Pato Bragado Santa Helena Santa Terezinha do Itaipu São José das Palmeiras São Miguel do Iguaçu Terra Roxa SETORES CONSUMIDORES ANALISADOS Público* Residencial Primário Comercial Secundário 142,41 -114,90 91,57 -51,20 -63,28 996,31 1 383,17 2 471,72 742,38 1 622,77 4 124,72 22 294,55 1 014,85 4 112,88 -36 636,13 -2 736,02 -16 352,97 -107,12 -1 874,42 -1 940,57 1 969,31 2 423,17 1 946,72 907,38 3 029,77 -4 595,09 -7 625,42 -16 325,47 -2 624,72 7 069,32 -1 286,02 -2 601,53 -2 752,84 -218,48 10 726,01 443,31 1 276,72 6 961,72 665,38 264,77 310,39 -188,25 810,12 -441,48 2 192,01 1 119,31 1 334,17 2 403,72 583,38 2 586,77 1 601,08 401,84 2 045,56 -873,61 2 174,07 347,35 2 029,41 138,40 374,90 3 868,03 87,98 -421,32 207,37 -98,05 -32,12 -1 176,24 -1 261,54 843,88 321,84 1 217,67 -1 348,79 -2 576,55 249,78 -1 526,17 3 920,89 FONTE: Resultados da Pesquisa NOTA: *Setor Público engloba as Empresas Públicas, a Iluminação Pública e o Poder Público. 8.6 COMPARATIVO DA ANÁLISE REGIONAL ENTRE AS DUAS REGIÕES Comparando-se as regiões de Salto Caxias com a de Itaipu através do método de análise regional, pode-se perceber que não apresentaram diferenças significativas no Quociente Locacional. Quanto ao Coeficiente de Localização, os municípios de Itaipu passaram a ter uma distribuição de energia mais semelhante enquanto Salto Caxias já apresentava homogeneidade neste aspecto. Em relação à Especialização dos municípios, nota-se que as duas regiões tiveram mudanças na ordem do período de 1990 a 2000. Isso demonstra, em maior proporção, a descentralização das atividades de Salto Caxias. 167 Na análise Shift and Share de Itaipu apresentou, dentre os índices obtidos na Variação Líquida Total, o setor primário com mais valores negativos. Por outro lado, o setor secundário apresentou índices positivos. O quadro visualizado em Salto Caxias era semelhante ao de Itaipu. O setor secundário teve maior dinamismo em Salto Caxias no índice Variação Líquida Proporcional, ao contrário do apresentado por Itaipu onde os setores mais dinâmicos foram o público e comercial. Com o dinamismo baseado nos fatores locais (Variação Líquida Diferencial) tem-se as duas regiões com valores extremos. No caso de Guaíra todos os valores são negativos e outros municípios de Itaipu como Entre Rios do Oeste, Itaipulândia, Mercedes, Pato Bragado e Santa Terezinha de Itaipu tendo todos valores positivos. Em Salto Caxias, Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu com valores positivos, e Nova Prata do Iguaçu e Três Barras do Paraná todos com índices negativos. 168 9 A DINÂMICA ESPACIAL DAS REGIÕES ATINGIDAS PELAS BARRAGENS E SEUS IMPACTOS SOBRE A POPULAÇÃO, SEGUNDO A OPINIÃO DOS REASSENTADOS PELA USINA DE SALTO CAXIAS E INDENIZADOS PELA USINA DE ITAIPU Com as visitas às localidades lindeiras aos reservatórios das hidroelétricas de Salto Caxias e Itaipu, foram detectadas várias realidades acerca das formas de desocupação das propriedades e das condições de vida dos atingidos. Cada empreendimento realizou uma dinâmica distinta quanto ao tratamento da população diretamente atingida. Sendo assim, este capítulo irá tratar especificamente sobre o perfil dessa população, suas atividades, as formas de indenizações prestadas pelas Usinas, bem como retratará a perspectiva da população através dos dados levantados com a pesquisa realizada durante os meses de maio de 2001 a fevereiro de 2002. Com a aplicação dos questionários referentes aos atingidos (anexos), pode-se observar que vários impactos, cuja descrição teórica foi apresentada no capítulo (4), torna-se uma realidade vivida pela referida população. Através da palavra dos entrevistados, os impactos foram desencadeadores de ações que modificaram a dinâmica populacional e espacial das regiões estudadas. Essas mudanças ficam bem claras na observação das regiões atingidas. A seguir, são apresentados os resultados das entrevistas, conversas e observações com atingidos pelos reservatórios sobre o desenvolvimento econômico da sua região. 9.1 A OPINIÃO DA POPULAÇÃO DIRETAMENTE ATINGIDA NA REGIÃO DE ITAIPU E SUA DINÂMICA NA ECONOMIA DESSA REGIÃO Foi constatado, através dos questionários, que a descendência étnica dos entrevistados desta região é de 40% italianos, 40% alemães e 20% mestiços. Desses entrevistados, 40% afirmaram que a sua descendência étnica influencia no cotidiano da comunidade através das formas de integração social, costumes e técnicas de trabalho 169 referentes a cada etnia. Nesse aspecto, no que se refere a ocupação do tempo livre, 50% dos entrevistados o ocupam com passeios, 20% afirma não possuir tempo livre, 10% ocupam com leituras e 10% com jogo de cartas. Uma observação interessante é a de que todos os entrevistados reclamaram da falta de tempo livre, isto é, o trabalho tem feito com que se prendam exclusivamente em casa. A sua cultura, herdada dos ancestrais, é o elemento principal de convivência e solidariedade junto a comunidade. Com ela formam-se os laços que contribuem para enfrentar os diversos desafios que as atividades de subsistência impõe no dia-a-dia. Essas atividades são em grande parte agro-pastoris. Tanto que 60% dos entrevistados afirmaram que todos de sua família estão empregados em empresas da região e na lavoura, e os restantes 40% afirmaram que sua família está empregada na lavoura. Essa ocupação torna-se a principal fonte de renda e de ocupação, em virtude, principalmente, do grau de escolaridade das famílias, pois 90% dos entrevistados têm o primário completo. Os 10% restantes dos entrevistados são analfabetos. Porém, segundo 70% dos mesmos, as oportunidades para o estudo melhoraram após as instalações da usina por causa de melhorias nas estradas, construções de mais escolas e aquisição de ônibus por parte da prefeitura com recursos financeiros dos royalties. Para outros 30%, as condições continuaram as mesmas. O benefício da instalação da Usina para o acesso a serviços essenciais não ficou restrito apenas à educação. Para 60% dos entrevistados, sua qualidade de vida melhorou após as instalações da usina devido a melhorias em outras áreas como saúde, transporte (adequação das estradas rurais), maior aquisição de terras. Nesse aspecto eles ressaltam que o aumento da produção agropecuária deve-se exclusivamente ao trabalho dos mesmos. Já para 40% dos entrevistados, à qualidade de vida piorou por causa do êxodo rural advindo na região, pela baixa indenização e por terem adquirido terras menos produtivas que as anteriores alagadas. Mesmo assim, para 60% sua situação socioeconômica melhorou após as instalações da usina. Destes, 20% atribuíram essa melhoria à aquisição de área maior de terra, e já 80% atribuem essa melhoria pelo próprio trabalho, independente da indenização. Os 40% restantes 170 afirmaram que sua situação socioeconômica piorou após as instalações da usina devido às terras serem menos produtivas. Mesmo afirmando que seu trabalho foi essencial para melhorar a sua qualidade de vida e a produtividade de suas glebas de terra, para 80% dos entrevistados, a prefeitura municipal tem desenvolvido ações que contribuem para implementar as técnicas para a melhor produtividade. Apontaram entre elas conservação de solo, maquinários, sementes e subsídios de calcário e adubo, abastecedouros comunitários, assistência técnica, programas para a agropecuária leiteira bem como para a inseminação artificial. Os 20% restantes disseram que não existem tais ações. O trabalho desenvolvido pelas prefeituras e os programas ligados à conservação dos solos foram muito importantes na região. Isso fica claro quando 60% dos entrevistados afirmam que a produtividade das suas terras melhorou após as instalações da usina, principalmente com os programas e as melhorias técnicas para a correção de solo. Para 40% dos entrevistados suas terras produzem menos. Uma outra informação importante dos atingidos, quanto às suas atividades agrícolas, foi com relação às técnicas utilizadas no trabalho da terra. Dos atingidos, 20% utilizam maquinários próprios; 20% maquinários de terceiros; 20% maquinários de terceiros, força braçal e força animal; 20% força animal e braçal; 10% maquinários próprios e de terceiros e 10% maquinários de terceiros e força braçal. Essa diversidade de técnicas é um elemento importante para a preservação dos solos, principalmente com relação à compactação e a ameaça de erosão. Isso se torna um fator importante de preservação dos recursos naturais. Nesse aspecto, sobre os programas de preservação dos recursos naturais dos produtores rurais lindeiros, 50% afirmam que existem tais programas no município e citaram, entre eles, o recolhimento dos vasilhames de agrotóxicos, mudas para reflorestamento e incentivo à agricultura orgânica; 30% disseram que não existem tais programas e 20% não souberam informar. Dos entrevistados, 70% afirmaram que o desenvolvimento gerado pela usina compensou o impacto ambiental causado pela sua construção através de compensações 171 financeiras e pela energia que gerou. Para 20% não compensou por causa dos prejuízos e danos aos moradores e 10% não soube responder. Para 80% dos entrevistados a usina presta esclarecimentos sobre a desocupação das propriedades através de reuniões, porém, foram feitas propostas sem consulta da população atingida. Na opinião dos demais, houve danos e prejuízos visto que as promessas não foram cumpridas e nem houveram esclarecimentos sobre o baixo valor das indenizações. Todos os entrevistados afirmaram que a usina não prestou acompanhamento às famílias durante o deslocamento das áreas de origem. Para 70% desses indenizados, a usina não demonstrou preocupação com a qualidade de vida dos atingidos, houve a preocupação com interesses próprios o que, no caso, era a propriedade e não os proprietários. Para 20% dos proprietários a usina demonstrou preocupação e 10% não soube responder. 9.2 A OPINIÃO DA POPULAÇÃO DIRETAMENTE ATINGIDA E REASSENTADA DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS E SUA DINÂMICA NA ECONOMIA DA REGIÃO Com relação aos modos de indenização de seus atingidos a Usina de Salto Caxias possui uma particularidade que possibilitou a região três tipos de atingidos: reassentados, indenizados que permaneceram nas cidades de origem e indenizados pelas cartas de crédito que se mudaram da região. A análise a seguir é resultado da pesquisa nos reassentamentos que a COPEL preparou para aqueles atingidos que escolheram este tipo de indenização. Na análise da situação das famílias atingidas e reassentadas da região de Salto Caxias, que impacta também no desenvolvimento dos municípios atingidos pelas barragens, foi levado em consideração apenas a realidade dos reassentados, pois tiveram uma mudança radical no seu espaço de produção. A descendência étnica dos entrevistados dessa região é demonstrada por um percentual de 68% de mestiços, 16% de alemães e 16% de italianos sendo que, 75% 172 destes entrevistados afirmam não haver nenhuma influência dessa etnia no seu cotidiano. Quando questionados sobre a ocupação do tempo livre, 48% dos entrevistados disseram que assistem televisão, 14% praticam esportes, 2% costumam ler e 26% se ocupam com outros afazeres. Dos entrevistados, 91% afirmaram que todos os membros de sua família estão empregados sendo que destes, 72% estão empregados na propriedade, 25% na propriedade e em outra localidade e 3% como diaristas. Dos entrevistados 93% afirmaram que a qualidade de vida da sua família melhorou após o reassentamento. Esta melhoria se deve às seguintes mudanças: - Propriedade própria e com moradias; - Terras mais férteis; - Facilidade de acesso à educação, saúde e saneamento; - Maior renda econômica. Quanto à aqueles que disseram que a qualidade de vida não melhorou, 7%, destes citaram como causa o aumento do custo de vida. Quando questionados especificamente sobre sua situação socioeconômica, 88% dos entrevistados respondeu que a situação socioeconômica melhorou após o reassentamento. Dentre os fatores que contribuíram para esta melhoria citaram a posse de maior área cultiváveis, subsídios para o cultivo, possibilidade de diversificação de atividades produtivas e maior produtividade, o que causa maior renda. Entre tanto, 12% afirmaram que sua condição socioeconômica não melhorou significativamente. Notou-se que a melhoria socioeconômica dos reassentados está ligada diretamente à produtividade das suas propriedades. Tanto que na relação da produtividade da área atual comparada à anterior, 95% dos entrevistados afirmaram um aumento de produtividade devido à melhor qualidade do solo, contra 5% que negaram um aumento produtivo. Além disso, nota-se uma agricultura mais mecanizada nas propriedades, pois no tocante às técnicas utilizadas para o manejo do solo, 14% dos entrevistados utilizam 173 maquinários próprios e 86% maquinários de terceiros, complementado suas atividades com uso da força animal e braçal. Diferente dos produtores lindeiros ao lago de Itaipu, o poder público municipal não tem um papel importante na produção agropecuária dos reassentados de Salto Caxias. Somente para 35% dos entrevistados desta região a prefeitura municipal tem desenvolvido ações para implementar técnicas que melhorem a produtividade agrícola tais como, assistência técnica, cursos, palestras, maquinários, melhoria das estradas e diversificação de culturas. Em contra partida 65% dos entrevistados afirmam que o município não vem desenvolvendo tais ações. Mesmo assim, o poder público municipal, segundo 72% dos entrevistados, tem programas de preservação ambiental, junto aos produtores rurais, visando evitar a poluição dos recursos naturais como reflorestamento, recolhimento de lixo tóxico e incentivo à produção orgânica. Mas, segundo 14% dos entrevistados, não existem programas e outros 14% não souberam informar. Dos entrevistados 70% afirmaram que o desenvolvimento gerado pela usina compensou o impacto ambiental causado pela sua construção e pela compensação financeira que tiveram; 23% disseram que não compensou e 7% não soube responder. Dos entrevistados 88% afirmaram que a empresa prestou às famílias atingidas todas as informações sobre a desocupação das propriedades através de intervenções de entidades organizadas (CRABI), sendo que 5% disse que não houve informação e 7% não soube informar. Para 86% dos entrevistados a empresa prestou acompanhamento às famílias no reassentamento. Destacaram que a empresa forneceu um ano de salário, assistência técnica por três anos, infra-estrutura para educação, saúde e lazer e forneceu capital necessário para a mudança. Segundo 86% dos entrevistados a empresa demonstrou preocupação com a qualidade de vida dos atingidos e conforme acordos com a CRABI forneceu o aparato social necessário para instalação e desenvolvimento da comunidade. Apenas 14% afirmou que essa preocupação com a qualidade de vida não existiu. Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do Iguaçu. 174 9.3 COMPARATIVO DAS RESPOSTAS DAS POPULAÇÕES DIRETAMENTE ATINGIDAS DE ITAIPU E SALTO CAXIAS NO TOCANTE ÀS FORMAS DE INDENIZAÇÕES E DINÂMICAS ECONÔMICAS Com relação à etnia, observou-se a predominância de raças com descendência européia na região de Itaipu e de descendência mestiça em Salto Caxias, com uma percentagem de 80% de alemães e italianos em Itaipu contra 32% destas raças em Salto Caxias, que possui 67% de mestiços contra 20% na região de Itaipu. Para 93% dos reassentados de Salto Caxias houve uma melhoria na qualidade de vida, enquanto para os indenizados de Itaipu essa percentagem foi de 60%. Esse percentual se mostra o mesmo com relação à situação socioeconômica. Segundo 60% dos indenizados de Itaipu, a situação melhorou por esforço próprio e por técnicas que melhoraram a produtividade dos solos, que eram menos férteis que os que possuíam antes do alagamento. Já para 88% dos reassentados de Salto Caxias, a situação socioeconômica melhorou em decorrência do aumento na extensão e na quantidade de terras próprias para a agropecuária, sendo mais produtivas que as que possuíam antes do alagamento, além de receberem da COPEL subsídios e apoio financeiro para que essa melhoria acontecesse. Mesmo com os subsídios da COPEL, pode-se observar que na região de Itaipu 20% dos indenizados possuíam maquinários próprios contra 14% em Salto Caxias. Outro fator importante para os reassentados de Salto Caxias foi a criação de uma força organizada a fim de interver nas negociações. Já em Itaipu, as indenizações ficaram a critério do governo federal, sem as devidas negociações com os moradores. De certa forma, comparando o período da construção das barragens, a situação política do país (governo militar) influenciou bastante na forma de desapropriação das terras na região alagada pelo reservatório de Itaipu. Assim, mesmo com possíveis problemas que possam ter ocorrido no processo de reassentamento dos atingidos pela barragem de Salto Caxias, seu processo foi bem mais democrático nas negociações e na participação dos atingidos quanto na escolha das áreas para o reassentamento. 175 Em outros aspectos, fica patente a diferença nas atividades de trabalho agropastoris. Enquanto os atingidos por Salto Caxias desenvolvem uma agricultura mecanizada e com pouco auxílio do poder público municipal, os atingidos pela barragem de Itaipu mesclam técnicas modernas com técnicas tradicionais e com um grande auxílio da municipalidade. Nota-se então uma dualidade no desenvolvimento agrícola de duas populações diferentes etnicamente, dependentes do trabalho rural para sua sobrevivência, mas com perfis diferentes na exploração da terra. Outro contraste é o acesso a serviços essenciais como saúde e educação. A construção da Usina de Itaipu deu uma contribuição enorme aos atingidos, pois a infraestrutura de suporte criada lhes permitiu o acesso à educação e aos serviços de saúde, localizados junto aos centros urbanos ou distritos rurais. 176 10 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO MICRORREGIONAL PARA OS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELOS RESERVATÓRIOS DE HIDROELÉTRICAS O reservatório de uma hidroelétrica, conforme apresentado neste relatório, causa impacto direto sobre o perfil ambiental, tem efeitos sobre a população, sobre a estrutura de produção agropecuária e, conseqüentemente, sobre as atividades produtivas locais. Assim, os ganhos que os municípios e Região Oeste e Sudoeste do Paraná possam ter com os investimentos diretos na construção das Usinas, principalmente na demanda de mão-de-obra local para suas obras, não se traduz necessariamente em benefícios locais para o futuro da comunidade. Principalmente, quando a energia gerada por essas Usinas não vem atender a demanda local. Nesse sentido, repousa também a questão da transferência de impostos e royalties. Na questão da transferência de impostos está a polêmica da arrecadação do ICMS e o seu retorno para as regiões atingidas. Já os royalties, vêm de encontro à necessidade de investimentos sociais e produtivos de muitos municípios. Eles têm um papel importante na compensação financeira de alguns impactos. Isso fica patente nos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Com isso, urgem ações para minorar os efeitos perversos que a formação dos reservatórios possam causar sobre as economias locais. Nesse sentido, nesse capítulo serão analisadas algumas ações que vêm sendo implementadas nos municípios atingidos pelos reservatórios das Usinas Hidroelétricas de Salto Caxias e Itaipu, além de sugerir algumas diretrizes e políticas de desenvolvimento regional, que poderão ser tomadas pelo conjunto dos municípios, dada a realidade de cada microrregião. 177 10.1 IMPACTOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL: DEFINIÇÕES E A DESENVOLVIMENTO PERCEPÇÃO DAS DOS RESPONSÁVEIS REGIÕES ATINGIDAS PELO PELOS RESERVATÓRIOS DE ITAIPU E SALTO CAXIAS Para ANDRADE (1987), é de difícil solução estabelecer o que se traduz por desenvolvimento econômico regional. Para ele, é um processo desencadeado por um programa norteado por vários princípios: capital de cada região, população consciente e interessada em desenvolvimento e estabelecimento de políticas de desenvolvimento. Essas políticas de desenvolvimento econômico implicam em maior produção e mudanças nas disposições técnicas e institucionais, pelas quais se chega a essa produção. Vários são os fatores que condicionam a ocorrência do desenvolvimento econômico. Entre eles os fatores de produção (terra, trabalho, capital e recursos naturais), a organização institucional, etc. Além disso, o transporte é muito importante, pois a proximidade entre localidades e regiões favorece o comércio de produtos, minimiza custos e diminui o capital aplicado. Assim, quanto mais bem servida e quanto melhor qualidade tiver uma região, de meios de transporte (rodoviário, ferroviário, aquático, etc.) ou em fatores de produção, mais oportunidades terá a região de crescer e elevar o nível de vida da população (KINDLEMBERGER, 1976). Quanto a isso, CLEMENTE (1994) afirma que o desenvolvimento regional refere-se à elevação do nível de vida da população. Salienta ainda que essa elevação é observada com a elevação do nível de renda que deve ser superior ao crescimento demográfico. No entanto, a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita não se traduz necessariamente numa melhor distribuição de renda e também em garantias para um crescimento futuro da produção. Por isso, é importante um crescimento autosustentado. Significa que o processo de crescimento e desenvolvimento, uma vez desencadeado, apresentaria uma seqüência de fases e cada uma criando as condições necessárias para a fase seguinte. Já para POLÈSE (1998), o desenvolvimento econômico regional acontece quando há uma descentralização de políticas, deixando livres os espaços regionais. 178 Assim, é importante observar a base econômica, deixando que o capital, o trabalho e as tendências econômicas fluam como suporte da região, seja esta agrícola, industrial ou comercial. São as riquezas naturais das regiões aliadas ao fator humano (cultura, costumes, práticas de trabalho, etc.) que adaptarão a economia nos moldes próprios de suas particularidades. Com esses suportes produtivos regionais traçar-se-á planos de desenvolvimento aliados ao dinamismo da economia nacional e mundial. Como se pode observar, a idéia do desenvolvimento e de sua conceituação é por si só polêmica e distinta. Por isso, a análise do desenvolvimento econômico microrregional, utilizado neste relatório, parte da própria concepção das autoridades, órgãos públicos e representantes das comunidades atingidas pelas barragens das hidroelétricas de Salto Caxias e Itaipu no desenvolvimento regional. Partindo desses pressupostos os representantes das Usinas de Salto Caxias e Itaipu, do poder público e da sociedade civil estabeleceram suas definições, seus critérios, sua visão e seu conceito de desenvolvimento regional. A opinião desses representantes foi importante, haja vista que os mesmos são responsáveis pelas ações que conduzem a uma melhoria da qualidade de vida e de crescimento da produção nas localidades onde participam. 10.1.1 A Percepção do Desenvolvimento Regional nas Áreas Atingidas pelos Reservatórios de Itaipu e Salto Caxias Os atingidos da região de Itaipu, definem desenvolvimento regional como ações integradas que beneficiam todas as classes e possibilitam o bem estar da população no tocante à saúde, educação, turismo, emprego e tecnologia. Essas ações devem partir da característica marcante da região que é a agricultura. Pode-se dizer, que a população espera o desenvolvimento, com bases naquilo que possibilitou o crescimento econômico da região ao longo da sua história, ou seja, desenvolvimento regional fundamentado nas culturas agropecuárias. Para isso, as políticas de desenvolvimento regional, deverão atender prioritariamente as características naturais da região (solos férteis e relevo plano), como também as características da população, que social e economicamente, está 179 arraigada no trabalho da terra e seus costumes que margeiam esta prática. O comércio, o turismo e a agroindústria são fatores que poderão auxiliar nessa forte base econômica da região. Para os atingidos de Salto Caxias, desenvolvimento regional baseia-se na melhoria da qualidade de vida e na geração de emprego e renda para as famílias. Investimento nas fontes de renda para criação de empregos, programas conjuntos entre os municípios, visando torná-los parceiros e não concorrentes. Ressaltaram como modelo a existência de programas como o Pró-Caxias* que visa a implantação de políticas agrícolas para o desenvolvimento regional. Nota-se uma preocupação nas regiões com o fator emprego, pois a população campesina deixa a lavoura para trabalhar nas cidades. Esse problema não foi apenas motivado pelas instalações das Usinas, é um problema que gira em torno de vários fatores: política agrária nacional, falta de recursos agropecuários, quantidade de terra insuficiente para quantidade de membros nas famílias, oportunidades de emprego e renda em outras localidades, etc. Porém, nota-se também a preocupação com o investimento nas fontes de renda. Sabe-se que na região de Salto Caxias, a principal fonte de renda ainda é a agricultura familiar (pecuária leiteira, aviários, sericicultura, fumeicultura, etc.) e então, segundo os seus representantes, o desenvolvimento da região deve-se basear numa política de investimentos na pequena propriedade, bem como em fontes alternativas de renda possibilitadas com a criação do lago das hidroelétricas, fator pouco aproveitado até o momento. Outro elemento de destaque, principalmente na região de Salto Caxias, é a preocupação em criar parcerias entre os municípios. Esse é um fator positivo na conscientização de que unindo os pequenos municípios se fortalece a região. Pode-se * Pró-Caxias é o Programa de Desenvolvimento Integrado dos Municípios do Reservatório da Usina de Salto Caxias criado a partir do alagamento da região atingida pela barragem de Salto Caxias que abrange nove municípios (ver item 10.2.1 deste relatório). "A agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento. ...O importante é que estes três atributos básicos (gestão, propriedade e trabalho familiares) estão presentes em todas elas." Ricardo Abramovay SEMINÁRIO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, 1997, Brasília, DF. Uma nova extensão para a agricultura familiar - anais. Brasília: PNUD, 1997. 222 180 afirmar que essa consciência é uma conseqüência dos Programas desenvolvidos pelo Pró-Caxias, onde projetos de agricultura orgânica levam agricultores de vários municípios a participarem de feiras que comercializam seus produtos e até mesmo a promoção de festas regionais que promovam a cultura regional, como é o caso do Município de São Jorge do Oeste que anualmente promove festejos deste gênero focalizando a região com o slogan “Terra dos Lagos do Iguaçu”. No que se percebe, desenvolvimento regional é um conjunto de ações que, apoiadas numa política específica, possibilita o bem estar da população. Pode-se dizer que uma região é desenvolvida quando existe um crescimento econômico aliado a melhorias sociais. Porém, para que isso aconteça, faz-se necessário a integração regional dentro dos aspectos que norteiam cada região, ou seja, integrar o setor econômico viável às características socioculturais bem como as tecnologias e peculiaridades que envolvam o trabalho e a preservação do meio ambiente. 10.1.2 O Papel das Usinas no Desenvolvimento da Região Para os diretores das usinas desenvolvimento econômico é o processo de otimização do potencial competitivo, combinado com as vocações e peculiaridades locais, planejados regionalmente, tendo como paradigma a sustentabilidade. Desta forma, segundo as empresas, as Usinas Hidroelétricas têm um papel fundamental no desenvolvimento da região, pois trazem um aporte significativo de trabalho especializado e tecnologia que mantém um elevado nível de conhecimento que é irradiado na região. Cita-se também o pagamento dos royalties e a utilização dos recursos do lago como responsável por um crescimento econômico na região que, aliado ao conhecimento, possibilita aos municípios um desenvolvimento suprindo as necessidades sociais de cada cidade bem como seus projetos de infraestrutura básica que possibilitará o bem estar populacional. 181 10.2 GOVERNANÇA LOCAL, DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGIAS DAS REGIÕES E AÇÕES PARA ATINGIDAS O POR RESERVATÓRIOS DE HIDROELÉTRICAS: O CASO DOS MUNICÍPIOS LINDEIROS AO LAGO DE ITAIPU E AO LAGO DA USINA DE SALTO CAXIAS O desenvolvimento econômico é uma questão ampla, pois ele engloba desde a evolução positiva dos indicadores econômicos, bem como as melhorias nos indicadores sociais e a preservação do ecossistema. Programar o desenvolvimento sem a melhoria de todos esses indicadores globais conduz ao longo do tempo a disparidades socioeconômicas e a degradação dos recursos naturais, que são também insumos produtivos e bens de consumo da população. Para melhorar o desenvolvimento de maneira global nos municípios atingidos pelas barragens de Salto Caxias e Itaipu, atendendo o aspecto econômico, o aspecto social e o aspecto ambiental, faz-se necessário uma série de ações e políticas. Elas serão elencadas neste subitem. No entanto, antes de elencá-las, a seguir serão tratadas questões ligadas à governança local. A governança é muito importante, pois sem a coordenação da população, das instituições e da ação do poder público no gerenciamento do desenvolvimento, muitas ações podem perder seu efeito ou cair no marasmo político, sem a devida continuidade. 10.2.1 Governança Local e Instituições nas Regiões atingidas pelas Barragens de Usinas Hidroelétricas: Instrumentos Eficazes de Desenvolvimento. Um dos principais instrumentos de desenvolvimento em municípios frágeis às mudanças ambientais e econômicas, como é o caso de regiões atingidas por grandes investimentos em infra-estrutura, é uma atuação maciça das instituições. Ao longo da pesquisa, notou-se a consciência dessa representatividade institucional em alguns municípios. Em Quedas do Iguaçu, Capitão Leônidas Marques, Três Barras do Paraná, Santa Helena, Foz do Iguaçu, Pato Bragado, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, 182 dentre outros, observou-se associações de empresários e sindicatos altamente engajados na crítica e na proposição de alternativas ao desenvolvimento local. No entanto, a Emater foi o órgão que demonstrou maIor dinamismo em todos esses municípios. O engajamento dos seus técnicos com a busca de alternativas ressalta a importância desse órgão nos municípios em que a agricultura familiar de pequena propriedade é predominante. No entanto, além do trabalho local desempenhado por estas instituições (associações empresariais, sindicatos e órgãos governamentais) a concertação regional do desenvolvimento e sua integração é feito através das associações e organismos que congregam os municípios. Atualmente, nas regiões de Salto Caxias e Itaipu, existem alguns organismos locais que visam o desenvolvimento dos municípios atingidos pelas barragens. São eles: o Projeto de Desenvolvimento Integrado dos Municípios do Reservatório da Usina de Salto Caxias – PRO-CAXIAS, o Conselho dos Municípios Lindeiros ao Lago da Hidroelétrica de Itaipu – CML e a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP. Atendendo às características de cada região, esses órgãos visam um desenvolvimento regional integrado, a partir de pressupostos econômicos, sociais e culturais típicos de cada região e população atingidas. Segue-se um resumo das principais atividades, metas e objetivos de cada uma dessas instituições. 10.2.2 O Projeto de Desenvolvimento Integrado dos Municípios do Reservatório Da Usina Hidroelétrica De Salto Caxias (PRÓ-CAXIAS) O Projeto de Desenvolvimento Integrado dos Municípios do Reservatório da Usina Hidroelétrica de Salto Caxias – Pró-Caxias tem por objetivo uma análise da região atingida através de cada município. Partindo dos estudos municipais, o PróCaxias elaborou um plano de desenvolvimento regional na ânsia de unir os municípios nos setores que podem progredir num futuro próximo, ou seja, principalmente na agricultura e turismo. 183 Em cada município fez-se um estudo de bases e lançaram-se os seguintes objetivos (PRÓ-CAXIAS, Nova Prata do Iguaçu. 1998): - melhorar as condições socioeconômicas do município; - levantar as potencialidades de investimento; - fortalecer as micro e pequenas empresas; - incentivar ações associativas; - contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população; - conscientizar a comunidade na busca do autodesenvolvimento; - instrumentalizar líderes para desenvolverem ações práticas em benefício de suas entidades e/ou comunidades. 10.2.3 Conselho dos Municípios Lindeiros (CML) O Conselho dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu (CML) foi fundado em março de 1990 e tem como objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento dos municípios abrangidos pelo reservatório de Itaipu. Para este fim, algumas de suas diretrizes são: I – Promover estudos e pesquisas para o planejamento integrado do desenvolvimento da região; II – Coordenar o planejamento local com as diretrizes do planejamento regional, estadual e federal; III – Criar condições de implementação de continuidade que permitam adaptação constante do trabalho intitulado de diretrizes de desenvolvimento regional dos municípios limítrofes ao Lago de Itaipu, as realidades dinâmicas ao desenvolvimento da região; IV – Compatibilizar os investimentos nas áreas industriais, comerciais e de serviços, para evitar a concorrência antieconômica da região; V – Auxiliar a definição, implantação e compatibilização da legislação básica de uso e ocupação do solo urbano e rural dos municípios membros (CONSELHO DOS MUNICÍPIOS LINDEIROS). 184 O CML tem sua sede própria no município de Santa Helena e conta com a participação de pessoas da área política, comercial e industrial da região na sua administração. Possui recursos próprios repassados pelas Prefeituras Municipais num montante de 0,3% do que recebem de royalties, além de recursos advindos da Itaipu Binacional. Durante sua existência, o CML criou departamentos que se responsabilizam por áreas distintas (sociais e econômicas), as chamadas Câmaras Técnicas. Cada Câmara Técnica possui pessoal próprio e responsável por sua área na região do Lago de Itaipu. Citam-se as seguintes Câmaras Técnicas: Educação, Cultura e Esportes; Indústria, Comércio e Turismo e Agricultura e Meio Ambiente. 10.2.4 Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP) Além da política de desenvolvimento regional adotada pelos dois projetos supra citados, os municípios atingidos do oeste paranaense encontram-se ainda na região de abrangência da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP que durante os anos de 1999 e 2000 elaborou um Plano de Desenvolvimento Regional – PDR para a região, orientado pelo preceito do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é o aumento da qualidade de vida com eqüidade social (justiça na distribuição da qualidade de vida), tendo como pré-requisito fundamental a eficiência econômica e o crescimento, e como condicional central, a conservação ambiental (AMOP, Plano de Desenvolvimento Regional, 2000). Através do diagnóstico da região apresentado pelo PDR da AMOP, a base produtiva da região é a agricultura (setor primário), o que favorece a expansão da agroindústria (setor secundário), principalmente indústrias como as de processamento de oleaginosas, laticínios, fecularias, moinhos de trigo e bebidas. Nota-se a importância do papel cooperativista na região. As cooperativas participam intensamente em todos as fases do processo que vai desde o cultivo até a industrialização do produto agrícola, passando pelo beneficiamento e armazenamento. 185 Outro fator importante para a região é o Mercosul onde o Estado do Paraná exporta papel e celulose, máquinas e instrumentos mecânicos e materiais de transporte para Argentina; combustíveis e lubrificantes, cigarro e fumo, máquinas e instrumentos elétricos para o Paraguai; e material de transporte, papel e celulose, combustíveis, lubrificantes e erva mate para o Uruguai. Nota-se que a região da AMOP, mesmo sendo a mais privilegiada geograficamente, não apresenta relações fortes com este comércio e nem vislumbra um plano neste sentido (idem, pp. 116-119). 10.3 AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE SALTO CAXIAS E DE ITAIPU O desenvolvimento regional implica na implementação de uma série de políticas ao longo dos anos e a ação coordenada dos órgãos de governança local. Dentre as políticas que serão apresentadas, algumas são de manutenção e outras de implantação de ações ou instalações que venham a subsidiar o dinamismo das regiões. No caso das duas regiões analisadas neste relatório, apesar das diferenças geográficas e do nível de desenvolvimento da sua economia, as mesmas guardam certas similitudes quanto ao dualismo de seu desenvolvimento, principalmente agropecuário. Atualmente, os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu estão numa situação mais confortável, haja vista a transferência de royalties que lhes garantem renda e possibilidades de investimento no decorrer do tempo. No entanto, os royalties serão inúteis se não forem estruturados mecanismos que dêem sustentabilidade a sua dinâmica econômica. O mesmo se aplica aos municípios atingidos pela barragem de Salto Caxias. Mesmo não tendo recebido o pagamento de royalties até o momento (2o semestre de 2001), a direção dos recursos públicos e das ações em conjunto devem conduzir para a melhoria da qualidade de vida e para a sustentabilidade do crescimento econômico ao longo do tempo. Por isso, a seguir, foram elencadas uma série de diretrizes e metas que podem nortear a ação destes municípios no que toca a gestão do desenvolvimento local e da 186 integração regional. Algumas destas políticas já estão sendo implementadas em alguns municípios, por isso, apenas a sua manutenção é adequada. Outras políticas são de caráter mais regional e sua implementação depende da negociação das áreas mais promissoras e estratégicas para sua implantação. Outros objetos importantes para as estratégias e políticas de desenvolvimento regional são os reservatórios das hidroelétricas. 10.3.1 Uso Alternativo dos Reservatórios das Hidroelétricas O reservatório de uma usina hidroelétrica tem como finalidade essencial a geração de eletricidade. Assim, todas as ações relacionadas ao lago artificial de uma usina devem obedecer a essa função prioritária. Porém, o lago possui também um enorme potencial econômico para a região atingida referente ao aproveitamento das águas para turismo, pesca, navegação, recreação e lazer, entre outros. Por isso, os usos alternativos dos reservatórios contribuem para o desenvolvimento econômico da região e, se obedecerem aos critérios e normas da usina e órgãos ambientais, não prejudicarão as funções originais do lago. Por isso, a elaboração de planos e ações para utilização do reservatório como um recurso natural se faz necessária para um desenvolvimento sustentável na região lindeira. Segundo RAMOS (1998), os principais usos alternativos dos reservatórios de hidroelétricas são: a pesca, a navegação, captação de água, lazer e recreação que são opções que o lago oferece devido a suas características particulares. Como o reservatório de Salto Caxias possui características bem semelhantes ao de Itaipu, se utilizam praticamente as mesmas alternativas para seu uso. Essas ações combinatórias podem propiciar um processo de desenvolvimento regional sustentável resultando em maiores benefícios e, ainda, a viabilidade de usos múltiplos do reservatório. A seguir, se apresentam algumas alternativas de uso dos reservatórios para turismo, pesca, captação de água, lazer e recreação que já beneficiam as regiões atingidas e que poderão contribuir ainda mais para o desenvolvimento das mesmas. 187 10.3.1.1 Turismo A atividade turística desponta como alternativa que pode enquadrar-se em programa de desenvolvimento funcionando como um instrumento de atividades produtivas e geradoras de empregos. São consideradas forças motrizes de desenvolvimento, possibilitando a transferência de benefícios de regiões ricas para regiões mais pobres, contribuindo desta maneira para um melhor equilíbrio entre as regiões. Os investimentos em infraestrutura e desenvolvimento do turismo geram estímulos ao surgimento de outras atividades econômicas (RAMOS, 1998). A principal vantagem do turismo como fonte geradora de renda é o baixo nível relativo de investimentos requeridos para a sua implantação, em comparação aos outros setores da economia, o que o torna recomendável para regiões com recursos financeiros escassos. A atividade turística desponta como uma grande “indústria” e com expectativa de crescimento futuro, e que, se bem planejado, não polui o meio ambiente, não degrada os recursos naturais e pode contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico (RAMOS, 1998). Tanto a região de Salto Caxias como a de Itaipu possuem recursos e paisagens naturais que, aliados a uma infraestrutura adequada, se tornam atrativos turísticos que podem auxiliar no desenvolvimento econômico regional. 10.3.1.2 Atividade Pesqueira Entre todos os usos múltiplos que o reservatório pode propiciar, a pesca se destaca pela sua importância social, ecológica e econômica. Porém, a pesca de um reservatório está também sujeita às alterações que sucedem às modificações do regime das águas pelo represamento, canalizações e retificações do regime de curso dos rios (MÜLLER, 1995). Dentre os diversos tipos de pescas praticadas, a mais representativa, neste caso, é a pesca como atividade econômica procurando obter o máximo de rendimento sustentável com o mínimo de impacto ambiental. Para tanto, se faz necessária a 188 presença de colônias de pescadores que legislem em favor destes e da preservação da fauna aquática. Além disso, as colônias de pescadores poderão administrar e gerenciar o negócio pesqueiro, promover o exercício e o desenvolvimento econômico da pesca, aumentar a população pesqueira das espécies de maior interesse, empregar recursos tecnológicos disponíveis nessa área e preservar espécies raras mantendo a qualidade do ecossistema (RAMOS, 1998). 10.3.1.3 Navegação O escoamento de riquezas de uma região é fator determinante para seu desenvolvimento econômico e, neste sentido, o transporte é essencial para as transações econômicas regionais. Quanto mais meios de transporte possuírem a região, mais possibilidades de exportar seus produtos com menor custo e maior lucratividade. Logo, o transporte hidroviário é uma excelente opção para as regiões atingidas por barragens não só pelo baixo custo, mas também pelas demais vantagens com relação a outras formas de transporte. Para MÜLLER (1995), um reservatório é declarado legalmente apto para a navegação desde que seu concessionário/proprietário especifique a classe de hidrovia ou as cargas mais importantes a serem transportadas no sistema hídrico correspondente. Portanto, os tratados que criam barragens devem prever estudos, por parte da entidade, para o desenvolvimento da navegação. A partir da viabilidade desse tipo de transporte, proporcionar infra-estruturas que possibilitem o acesso ao lago através de portos e rotas para o transporte fluvial. Entretanto, a decisão e o momento de se construir qualquer das alternativas dependem de ajustes diplomáticos, pois a navegação no lago é controlada por órgãos oficiais da federação que tratam da higiene, poluição, cargas perigosas, segurança e contrabando. No caso de lagos em região de fronteira com outros países, os acordos para navegação devem ser internacionais, obedecendo as legislações dos países em questão (RAMOS, 1998). 189 Na região de Itaipu já foram concedidos oito portos e atracadouros comerciais destinados ao transporte de cereais e areia e três áreas para estaleiros para reparação e construção de barcos de pequeno e médio porte (RAMOS, 1998). Em Salto Caxias, alguns atracadouros para balsas estão em funcionamento possibilitando a passagem de veículos de um lado para o outro da represa. 10.3.1.4 Captação de Água Seguindo a realidade de cada usina hidroelétrica quanto às necessidades de volume de água para geração de energia, o lago pode ser ainda um reduto viável para captação de água para diversas finalidades: irrigação, consumo, abastecedouros comunitários*, etc. Dentre estas finalidades, a irrigação talvez seja a mais interessante para as regiões pesquisadas neste trabalho. Pois a utilização racional da irrigação promove um incremento na produtividade e geração de empregos o que pode ser o ponto de partida para um progresso tecnológico e para um crescimento econômico principalmente nas pequenas propriedades (RAMOS, 1998). Porém, se notou nas pesquisas de campo que muitos entraves ainda impossibilitam a irrigação ao redor dos lagos de Itaipu e Salto Caxias. Entre eles os custos de instalação, e as exigências de ambas as usinas. A viabilidade de irrigação nas pequenas propriedades se daria com ações de financiamentos por parte dos governos estadual e federal em conjunto com subsídios das hidroelétricas, além de uma política ambiental racionalizada e discutida com as comunidades ribeirinhas. Algumas ações neste sentido foram citadas no Quadro 08. * Abastecedouro comunitário é a expressão utilizada para definir o abastecimento para os agricultores que necessitam de água para pulverizar suas plantações. Para que estes não encham os tanques com a água diretamente de rios ou fontes, o que possibilitaria a contaminação da água com agrotóxicos, a empresa constrói caixas de água em locais distantes de rios, fontes e nascentes e todos podem usufruir da água sem perigo de contaminação. 190 10.3.1.5 Recreação e Lazer A recreação é um termo que inclui o lazer que pode ser uma alavanca propulsora de desenvolvimento regional. Na busca de espaços prazerosos, os indivíduos podem encontrar no lago um local de descontração, alívio, esportes, passeios e viagens turísticas. Proporcionando lazer aos visitantes, os municípios lindeiros se tornam pontos turísticos atraindo pessoas de outras regiões e até países. O lazer se torna um negócio lucrativo porque: - aumenta a procura dos bens de consumo; - proporciona oportunidades para criação de novos métodos de trabalho e aprimoramento técnicos das pessoas, com ajustes às possibilidades locais; - permite a recuperação psíquica e física das pessoas, melhorando a produtividade do tempo no trabalho. (MÜLLER, 1995) Porém, no caso dos lagos artificiais, existe a necessidade de pesquisa sobre a qualidade das águas próprias para banhos, espaços apropriados para determinados tipos de esportes náuticos e, principalmente, a preocupação com o meio ambiente, ou seja, os impactos causados por esse tipo de aproveitamento. Além disso, é necessário um estudo dos gostos e desejos das pessoas a serem atraídas, dando-lhes opções de lazer físico (esportes, passeios, entretenimentos e descanso), cultural (festas folclóricas e gastronômicas, eventos e educação ambiental), social (locais de encontro tais como bares e restaurantes) e artístico (artesanatos, pinturas, música, teatro, expressões étnicas). Para que essas e outras opções se realizem de forma a contribuir com desenvolvimento regional, os projetos recreativos devem ser considerados já na etapa de planejamento do aproveitamento hidroelétrico, pois este tipo de uso implica providências prévias à formação do reservatório. Depois, na fase de operação do reservatório e do usufruto das instalações de lazer esse uso também exige boa qualidade das águas (RAMOS, 1998). Na região de Itaipu, existem vários projetos neste sentido: 191 - Praias artificiais em vários municípios: Santa Helena, Santa Teresinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Entre Rios do Oeste, Porto Mendes (Mal. Cândido Rondon), Itaipulândia, etc.; - Marinas, em Guaíra; - Bases Náuticas voltadas para esportes aquáticos em Itaipulândia, Três Lagoas (Foz do Iguaçu), Porto Mendes (Mal. Cândido Rondon) e Guaíra. Além disso, o Governo do Paraná criou o projeto Costa Oeste, o que possibilitou investimentos no setor turístico da região e o Conselho dos Municípios Lindeiros que possui a Câmara Técnica de Turismo contando com a presença de diversos especialistas nos ramos turístico, hoteleiro, ambientalistas e etc. Na região de Salto Caxias a topografia dificulta um pouco a formação de praias artificiais, mesmo assim, nos municípios de Boa Vista da Aparecida, Capitão Leônidas Marques e Nova Prata do Iguaçu as praias artificias já estão em funcionamento. Existem também condomínios particulares que atraem pessoas para a região do lago de Salto Caxias. 10.3.2 Estratégias para a Dinamização da Economia Local e Regional Nenhuma prefeitura poderá ser uma dinamizadora local se não tiver recursos nem poder político para intervir. Por isso a gestão dos recursos públicos é um elemento primordial nos municípios atingidos por barragens. Assim, os investimentos oriundos do setor público devem ter metas bem definidas e envolver a sociedade organizada em compromisso com as melhorias. Para tanto, a gestão dos municípios deve ser feita com transparência. As políticas foram elencadas em três grandes áreas: economia, infra-estrutura, bem-estar social e meio ambiente. No Quadro 7, são elencadas algumas ações no tocante à fazenda, coordenação e planejamento. Essas ações objetivam profissionalização das administrações municipais. a transparência, informação e 192 Tais ações são bastante simples, porém se aplicadas de forma correta mostram-se eficazes. Evidentemente cada município tem seu estilo próprio de gestão e suas realidades diferenciadas. Atualmente, dada as mudanças na legislação sobre a transferência dos recursos públicos do país e a carência destes recursos, o fortalecimento das receitas e a melhoria no perfil dos funcionários públicos, tornam-se essenciais para a administração pública. Quanto ao aumento das receitas, outras ações nas diversas áreas de atividades econômicas podem também contribuir na sua melhoria. QUADRO 7 - AÇÕES NA SECRETARIA DA FAZENDA, COORDENAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS MUNICÍPIOS 123- DIRETRIZES Agilização das informações aos contribuintes; 1Aumento das receitas próprias dos municípios; Capacitação dos funcionários públicos 2municipais. 34- 5- METAS Implantação em todos os municípios de postos informativos de atendimento aos Contribuintes; Apoio aos programas de combate à sonegação, através de Programas de Incentivo, Fiscalização e Conscientização dos contribuintes. Realização nas regiões de cursos de pósgraduação em Gerenciamento de cidades; Melhorias na Integralização via Internet dos municípios ao governo do Estado para a obtenção de informações que hoje estão disponíveis no Paranacidade. Captação de recursos no exterior FONTE: Resultado da pesquisa Deve-se ressaltar que as receitas municipais dos municípios da região de Salto Caxias são as mais fragilizadas. Mesmo porque apenas Capitão Leônidas Marques se beneficiou, até o momento, da arrecadação de impostos gerados na produção de energia. Um grande elemento de recomposição das finanças destes municípios será os royalties pagos pela Usina de Salto Caxias – COPEL. A situação dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu é um exemplo claro da melhoria considerável dos municípios. Nessa região as prefeituras têm um papel preponderante no dinamismo local através da transferência e recursos via obras públicas. 193 Por outro lado, nota-se um marasmo em ambas as regiões quanto as possibilidades de captação de recursos no exterior. Como são regiões atingidas pelo alagamento causado por barragens hidroelétricas e têm um ecossistema modificado e sensível, reúnem características favoráveis para a apresentação de projetos a organismos internacionais e a formação de parcerias a favor do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, as associações dos municípios podem desenvolver um trabalho de parceria e de busca desses convênios. 10.3.2.1 Agricultura e desenvolvimento nas regiões de Salto Caxias e Itaipu: política de ações Nas regiões analisadas, a agropecuária é um forte balizador econômico pelas condições favoráveis à sua atividade. O cultivo das diversas culturas na região (soja, milho, trigo, arroz, feijão, etc), a busca por tecnologias que aumentem a produtividade e a força cultural que a terra exerce sobre a população são apenas alguns dos aspectos que fazem da agropecuária uma característica marcante na região de Salto Caxias e Itaipu. Para os entrevistados, o desenvolvimento regional integrado dos municípios atingidos ocorrerá com ações conjuntas para melhorar e aumentar a infra-estrutura, aumentar a renda regional e principalmente melhorar a qualidade de vida (educação, saúde, lazer, etc.). Além disso, percebeu-se que a principal preocupação é promover o desenvolvimento integrado de forma sustentável, isto é, que se perpetue para as gerações futuras. Para os entrevistados, o foco principal das ações é principalmente a agricultura. Para os diversos órgãos que estabelecem políticas para o Desenvolvimento Regional de Salto Caxias e Itaipu existe uma preocupação constante com a agricultura. Isso ficou patente nas entrevistas realizadas no período de maio a outubro de 2001. Para o desenvolvimento e a dinamização da agricultura, os representantes dos órgãos públicos, principalmente nas Secretarias Municipais de Agricultura e da 194 EMATER, acreditam na implementação de tecnologias que viabilizem a produção, aumentando capital e conseqüentemente a qualidade de vida dos agricultores. Por outro lado, segundo estes mesmos representantes, a agricultura aumentará seu dinamismo, e conseqüentemente gerará mais emprego e renda, no momento em que as cidades tiverem pólos industriais de beneficiamento dos produtos agrícolas, dando maiores possibilidades à transformação do setor primário em secundário. Por isso, a necessidade constante de se implantarem na região, agroindústrias. Na busca da reconversão das Unidades de Produção Agropecuária - UPA, que resultam em alterações significativas na matriz produtiva regional, com vistas à formação e capacitação de técnicos e agricultores, ao aumento da produção e produtividade agropecuária, à geração de emprego, ao aumento da renda e à agregação de valor pela transformação e beneficiamento da produção, tem-se, como linhas gerais orientadoras dos investimentos regionais as diretrizes expostas no quadro a seguir. QUADRO 8 - AÇÕES NA ÁREA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO continua 123456789- 101112- DIRETRIZES Incentivo e Rentabilização para a atividade leiteira; Produção de hortigranjeiros; Lazer e recreação; Saneamento básico ambiental; Produção suinícula; Desenvolvimento de fruticultura, floricultura e culturas alternativas; Capacitação profissional; Infra-estrutura das propriedades; Agregação de valor via industrialização dos produtos agropecuários regionais (derivados de leite, derivados de carne, conservas, compotas e frutas secas, filetagem de peixes, sucos, mandioca, embalagem do mel, açúcar mascavo, bolachas, aguardente, cerealista, entre outros); Estabelecimento de linhas de crédito; Apoio à piscicultura; Fortalecimento do Paraná 12 meses e dos centros regionais de capacitação e pesquisa. 12- 34567- 89- METAS Estabelecimento de centrais de negócios em cada associação de municípios; Formação de cooperativas ou associações de produtores conforme suas atividades ou demandas; Diminuição da importação de produtos hortigranjeiros; Aquisição de materiais e equipamentos para a irrigação; Aquisição de materiais e equipamentos para a produção em estufas; Introdução de unidades demonstrativas de produção leiteira. Aquisição de novilhas e investimento na melhoria genética do rebanho leiteiro, visando à elevação da produção e produtividade leiteira. Aquisição de ensiladeiras; Implantação de pequenas agroindústrias nos municípios de acordo com estudos de custo/benefício; 195 QUADRO 8 - AÇÕES NA ÁREA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO continuação DIRETRIZES 1011- 1213- 14- 15- 16- 1718- 19- 2021- 22232425- METAS Criação de um selo regional de identificação de qualidade; Aquisição de materiais para a construção de abastecedouros comunitários e de pequenas represas; Aquisição de materiais para a proteção e limpeza de poços comunitários; Aquisição de equipamentos e materiais para a construção de banheiros e sistemas hidrosanitários com fossa séptica, filtro anaeróbico e sumidouro; Aquisição de materiais e equipamentos para a construção de depósitos de dejetos de animais (composteira) e minhocário para a utilização como insumo orgânico; Incentivo ou a criação de cooperativas de suinocultura de ciclo completo, para a produção de matrizes; Linhas de crédito para a construção de instalações de ciclo completo para a produção de suínos e para a aquisição de materiais para a criação e terminação de suínos; Cursos nas áreas de agricultura, pecuária e economia doméstica; Construção de instalações para unidades de pesquisa e fomento da fruticultura e culturas alternativas; Aquisição de equipamentos e materiais para as unidades de pesquisa e fomento da fruticultura e culturas alternativas; Aquisição de um packing house de frutas tropicais com câmara de maturação; Estabelecimento de linhas de crédito para custeio e investimento conforme os sistemas de produção e a capacidade de pagamento deste sistema de produção; Abertura de linhas de crédito para capital de giro para empreendimentos agroindustriais; Aquisição de equipamentos para a formação de patrulhas rodoviárias; Melhorias na estrutura do pescado de água doce. Linhas de crédito para o financiamento de açudes para a piscicultura; 196 QUADRO 8 - AÇÕES NA ÁREA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO 26- 27- conclusão Implantação de entrepostos de mel e subprodutos apícolas, visando a padronização, e melhoria da qualidade de novos canais de comercialização da produção; Criação de fundos locais para a agricultura familiar. FONTE: Resultado da pesquisa A agricultura das regiões atingidas, mesmo com algumas alterações no microclima, possui um grande potencial. A sua dinamização torna-se primordial por que muitos municípios ainda a têm como elemento mais importante da sua economia. Algumas ações neste setor poderão melhorar sensivelmente a arrecadação de impostos e a ocupação da mão-de-obra com baixa qualificação. Além disso, trarão outros benefícios na melhoria da qualidade de vida das famílias. As regiões analisadas, principalmente Salto Caxias, têm na agricultura familiar a maior característica do seu perfil agropecuário. Então urgem políticas de proteção a esse tipo de produção agropecuária. Nessas políticas o associativismo e o apoio a transformação local da produção são elementos importantes Nos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, nota-se uma preocupação patente com a industrialização. No entanto, esquece-se que qualquer processo de desenvolvimento deve estar calcado numa agricultura forte e no incentivo às pequenas e micro-empresas (PME). Por isso, ações para melhorar a produtividade agropecuária e das PME, garantirão uma melhor distribuição de renda no futuro. O associativismo na formação dessas PME poderá ser um instrumento de sucesso quando bem estruturado e acompanhado da urbanização. Para ACCARINI (1987), quanto mais se desenvolver o urbano, mais se desenvolve a agricultura. As cidades estruturadas otimizam os espaços para produção desde que exista um modelo de desenvolvimento rural, baseado no impacto UrbanoIndustrial sobre a agricultura. Este é um modelo que requer um inter-relacionamento entre agricultura e centros urbano-industriais que, sendo considerados fontes geradoras de desenvolvimento econômico e estando mais próximos, poderiam proporcionar 197 mercados mais dinâmicos para a comercialização de excedentes e maior acesso ao sistema financeiro para obtenção de recursos para modernização tecnológica. Assim, a preocupação das lideranças e das associações quanto ao papel fundamental da agricultura é correto, visto que é o setor que dá sustentabilidade econômica à região, pois ao final de cada ciclo há uma inserção maciça de recursos nas atividades produtivas locais. Além disso, uma boa parte das famílias que habitam nos municípios analisados, tem sua ocupação em atividades ligadas diretamente à agricultura, e por isso sofre diretamente os efeitos perversos da falta de políticas de apoio à agricultura familiar. Porém, se as cidades não possuírem infra-estrutura suficiente para a industrialização do excedente agrícola, este deixará a região de origem para ser beneficiado nos grandes centros urbanos e industriais do país, dando a estes um lucro que poderia ser aproveitado na suas origens. Por isso, com os recursos dos royalties, os municípios lindeiros ao lago de Itaipu poderiam fazer investimentos direcionados ao fomento de indústrias locais, que fossem capazes de receber e transformar boa parte dos produtos agrícolas do município, o que geraria empregos e capitais que ficariam nas cidades da região dos lagos. Isso vale também para a região de Salto Caxias que, mesmo não estando recebendo até a presente data as compensações financeiras, podem realizar estudos de aproveitamento e integração agrícola e urbana para resolver alguns problemas de desemprego, êxodo rural e desestímulo comercial. Exemplos concretos deste tipo de impulso local na transformação dos produtos agropecuários estão sendo desenvolvidos em Capanema e nos municípios da fronteira Sudoeste com as microusinas de açúcarmascavo. Outro elemento importante na agropecuária dos municípios atingidos é a absorção tecnológica. Essa é uma questão polêmica, pois além de propiciar o aumento da produtividade, e com isso mais renda ao produtor, ela pode causar também a dispensa de uma mão-de-obra pouco qualificada. Assim, deve-se ter uma visão bem clara das tecnologias que venham de encontro às necessidades imediatas das 198 propriedades, a manutenção da sua atividade produtiva e do perfil de sua mão-de-obra empregada. Com relação às tecnologias aplicadas na agricultura da região, os entrevistados afirmaram que existem programas de implementação tecnológica que visam o aumento da produtividade agropecuária. Na região de Itaipu esses programas estão ligados à recuperação de solo e melhoria genética na pecuária. Já na região de Salto Caxias além das já citadas acima existem ainda programas ligados à agricultura orgânica e instalação de agroindústrias. Porém, poucas são as propriedades que dispõem de tecnologias na área de irrigação e piscicultura, fatores que poderiam ser viabilizados com uso alternativo do reservatório desde que respeitados a legislação e parâmetros técnicos de operação da usina. Na região de Itaipu, percebeu-se uma forte influência étnica e cultural na economia pelas técnicas de trabalho, o modo de gerir os negócios e na gestão das propriedades agropecuárias. Isso fica claro nos municípios de origem alemã como é o caso de Pato Bragado e Marechal Cândido Rondon. Segundo POLÈSE (1998), os planos e as políticas de desenvolvimento regional devem aproveitar tais características. Já na região de Salto Caxias não existe esse fator, lá são mais passivos e esperam mais do poder público para realizar suas ações e por isso são mais dependentes. Os reassentados esperam da Comissão dos Reassentados e Atingidos por Barragens do Iguaçu - CRABI e da COPEL, os munícipes das cidades atingidas (comerciantes, agricultores, etc.) esperam que o governo faça algo. Nas regiões se percebe que há uma constante abertura para agroindústrias, agricultura orgânica e, é claro, aproveitamento do lago principalmente para o turismo. 10.3.2.2 Turismo e desenvolvimento nas regiões de Salto Caxias e Itaipu: alternativa para os reservatórios O turismo é uma das áreas que mais prometem, em termos de dinamização da economia dos municípios atingidos pelos reservatórios de Usinas Hidroelétricas. O debate sobre sua implementação ganhou muito espaço na região de Salto Caxias. 199 Principalmente, porque as atividades turísticas vêm dinamizar o uso dos reservatórios e geração de empregos para uma boa parcela da população sem instrução. Na região de Itaipu, a utilização do lago de Itaipu, para as atividades de recreação e lazer, desponta como uma das principais atividades dos municípios lindeiros. Tanto que Santa Helena, Foz do Iguaçu, Santa Teresinha de Itaipu e mais recentemente Marechal Cândido Rondon (Porto Mendes) e Entre Rios do Oeste entraram na rota do turismo regional, e hoje tem visitação freqüente. Salienta-se que Foz do Iguaçu está na rota internacional do turismo, no entanto, até o presente momento (fevereiro de 2002) as ações para potencializar a visitação nas Cataratas como uma visitação regional, não foram muito eficientes. Os turistas estrangeiros que chegam a Foz não fazem visitas a outras cidades da região, o que limita o potencial de crescimento desta área em outras localidades. Para reverter essa situação, convém informar que os investimentos em turismo envolvem algumas ações pontuais, quais sejam: - O levantamento do potencial turístico e da infra-estrutura; - A criação de rotas turísticas entre os municípios; - A divulgação e a formação de parcerias junto às operadoras para a criação de pacotes turísticos. Por isso, no Quadro 9, foram elencadas algumas ações simples que poderão melhorar o perfil de atração das regiões aqui analisadas. Deve-se salientar que as regiões, aqui analisadas, têm um grande potencial turístico devido às suas características geográficas e culturais. Portanto, a melhoria na área do turismo só será uma realidade com ações conjuntas dos municípios na divulgação do seu potencial e na melhoria de sua infra-estrutura. Além disso, o turismo será um poderoso agente dinamizador das economias locais, pois poderá ser utilizado como um instrumento de fortalecimento das micro e pequenas empresas (PME) e como uma fonte de renda alternativa aos produtores rurais. O uso alternativo dos reservatórios, apresentado no início desse capítulo, é um bom referencial para outras ações de dinamização das atividades turísticas. 200 QUADRO 9 - AÇÕES PARA A DINAMIZAÇÃO DO TURISMO 1- 2- 3- 4- 5- 6- 7- DIRETRIZES Buscar a mobilização, a conscientização e a organização da comunidade regional para a criação de uma rota turística, como caminho para o desenvolvimento do turismo, tendo em vista a sustentabilidade do meio ambiente e a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população; Buscar investimentos públicos e privados na área do turismo, priorizando o acesso asfáltico a todos os municípios da região, os aeroportos regionais e as pontes; Incentivar a pesquisa para o resgate da cultura, o desenvolvimento das artes, do turismo rural, do agroturismo e do turismo ecológico; Incentivar a formação e capacitação de pessoal para a área do turismo, tendo em vista a integração dos municípios da região, desta com o Mercosul e com os demais estados da Federação; Implantar e manter, de forma integrada, programas continuados de recuperação do meio ambiente, através da campanha da cidade limpa, recuperação dos rios, coleta seletiva e adequado tratamento do lixo; Desenvolver o turismo interno, criando condições para que a população local conheça a sua cidade e região como alternativas de economia e entretenimento; Oferecer condições para que a iniciativa privada possa investir na infra-estrutura turística, construindo hotéis, pousadas e em produtos turísticos para o lazer. 12- 3- 4- 567- 8- 9- 10- 11- 12- 13FONTE: Resultado da pesquisa METAS Formação de consórcios para o desenvolvimento turístico da região; Melhorar o plantio de árvores às margens das estradas com adensamento junto aos povoados e em locais eqüidistantes que servirão de abrigo para observar a paisagem da região; Organizar uma comissão de mobilização das comunidades regionais para a execução de obras internacionais ou interestaduais; Reunir empresários da região através das associações do comércio e da indústria para incentivar investimentos em infra-estrutura turística; Promover, através de um plano de marketing, a imagem da região e seus produtos turísticos; Elaborar mapas e guias turísticos das regiões; Fazer estudos sobre trilhas ecológicas, cascatas, e vales em parceria com os proprietários, no sentido de implementar projetos de lazer; Implantar um projeto de arborização urbana em todas as cidades da região; Organizar campanhas de conscientização e educação para o turismo junto às escolas em todos os Municípios; Organizar cursos de capacitação e/ou oficinas educativas sobre como formar educadores para o turismo; Organizar uma comissão de estudos na área de educação e conscientização para o turismo, com a participação de todas as entidades da região envolvidas com a educação; Fazer o inventário turístico de cada município, em consonância com o plano nacional de municipalização do turismo da EMBRATUR; Elaborar estudos sobre a formação de rotas turísticas no interior, para incrementar o turismo rural, associado ao agroturismo, como uma alternativa de renda para a pequena propriedade rural; Estudar e implantar trilhas ecológicas na região. 201 10.3.2.3 Indústria e Comércio: análise, políticas e ações rumo ao desenvolvimento integrado nas regiões de Salto Caxias e Itaipu. Nas pesquisas realizadas durante o período de maio a outubro de 2001 percebeu-se uma diferença considerável entre as regiões estudadas. Isso se dá devido ao tempo de implantação das usinas e implementação de incentivos com vistas ao desenvolvimento da indústria e do comércio de ambas as regiões. Na região de Itaipu, todos os municípios contam com Associações de Indústria e Comércio, que apresentam políticas de organização visando a união do setor empresarial e comercial para atender a demanda em nível municipal e estadual, obedecendo aos padrões exigidos pela economia nacional. Encontra-se na região empresários preocupados com o planejamento de suas empresas, qualificação de pessoal e pretensão de ampliação de atividades. Para 63% dos entrevistados a usina hidroelétrica influencia positivamente a negociação na região e, conseqüentemente o desenvolvimento do ramo comercial e industrial. Alguns municípios sofreram conseqüências desastrosas em sua economia pela perca de recursos turísticos e área agricultável. Cita-se o município de Guaíra, cuja economia comercial e industrial tinha por apoio o turismo das chamadas Sete Quedas no Rio Paraná que, com o alagamento, ficaram submersas. Assim, as políticas de desenvolvimento neste setor devem viabilizar ações com vistas ao estímulo de outros pontos turísticos com apoio da Itaipu Binacional, Conselho dos Municípios Lindeiros e comunidade empresarial local. Na região de Salto Caxias o que se encontram são comerciantes desestimulados principalmente pela evasão de população que trouxe para os municípios uma queda considerável na produção e no comércio. Para se ter uma idéia da situação, 75% dos empresários entrevistados não pretendem ampliar as atividades da empresa afirmando ser o mercado restrito e o retorno financeiro sobre os investimentos, insatisfatório. No entanto, nem todos os municípios possuem Associações Comerciais e Industriais organizadas e muitos dos empresários esperam do poder público ações que 202 subsidiem e incentivem os investimentos na região. Desta forma, as políticas de desenvolvimento regional de Salto Caxias devem promover ações que apontem mercados externos possibilitando um estímulo para produção e comércio da região. O Quadro 10 fornece algumas ações para dinamização da indústria e comércio das regiões atingidas. QUADRO 10 - AÇÕES PARA A DINAMIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DIRETRIZES 1- Facilidade de acesso aos mercados. 2- Criação e expansão dos mercados, inclusive o mercado externo (exportações). 3- Implementação de novas tecnologias visando reduzir os custos de produção. 4- Especialização da mão-de-obra. METAS 1- Criação de uma eficiente estrutura de transporte e distribuição da produção. 2- Fortalecimento das associações comerciais e industriais para melhorar a competitividade dos produtos no mercado 3- Treinamento e profissionalização da mãode-obra através de cursos e intercâmbios. 4- Criação de incubadoras de empresas. 5- Fomento à formação de cooperativas de produção, principalmente voltadas para a transformação dos insumos locais. 6- Incentivo à formação de redes de informação entre os empresários e a criação de câmaras setoriais para implementar a melhoria na prestação de serviços e a eficiência produtiva. 7- Incentivos à modernização dos parques tecnológicos locais, com programas de financiamentos e subsídios via Prefeituras Municipais, Associações Comerciais e as PME. 8- Incentivo ao associativismo local, principalmente na formação de empresários rurais. FONTE: Resultado da pesquisa Em todo caso, a busca de investimentos externos nas regiões é um constante e um sonho das administrações locais. Mas, o capital de faz em casa, principalmente, por isso, o apoio as PME e a dinamização do associativismo para a transformação e agregação de valor a produção local se torna um instrumento eficaz na geração de emprego e renda, e também na mudança do perfil produtivo desses municípios. 203 10.3.3 Estratégias para a Dinamização do Capital Social Básico e da Ciência e Tecnologia (infra-estrutura) As obras em infra-estrutura devem ter três alvos principais: melhoria das vias de transporte, formas de produção e comércio, preservação ambiental e melhorias na qualidade de vida. Por isso, suas ações devem facilitar o acesso aos produtores e consumidores, garantir a utilização racional dos recursos e tornar mais fácil e digna à vida dos cidadãos. Neste sentido, nota-se que em muitos municípios, principalmente na região de Salto Caxias, uma despreocupação com a urbanização. Se forem implementadas ações na área de turismo, as melhorias no aspecto físico e na qualidade de vida devem ser levados em consideração, pois as cidades, neste contexto, tornam-se centros de visitação e lazer, com a circulação de considerável número de pessoas. Além disso, a infra-estrutura deve ser um elemento minimizador de custos para o empresário. Ações bem direcionadas e planejadas quanto ao acesso aos mercados, acesso aos meios de comunicação e ao escoamento de mercadorias tornamse elementos de competitividade da economia local. QUADRO 11 - AÇÕES EM OBRAS PÚBLICAS, SANEAMENTO, HABITAÇÃO E COMUNICAÇÕES DIRETRIZES 1- Aproveitamento do rico potencial hídrico da região; 2- Melhorias e ampliação das redes telefônicas. 3- Construção de moradias populares na zona urbana e rural; 4- Construção e ampliação das redes de esgoto e redes de distribuição de água, incluindo o tratamento para ambos os casos; 5- Instalação de usinas de reciclagem do lixo; 6- Programa de preservação das fontes de água; 7- Aquisição de caminhões para a coleta seletiva de lixo. FONTE: Resultado da pesquisa. METAS 1- Implantação de programas de orientação a investimentos na construção de marinas e áreas de lazer; 2- Construção de unidades habitacionais nos municípios; 3- Implantação de usinas de reciclagem e compostagem de lixo; 4- Aquisição de caminhões coletores para coleta seletiva; 5- Construção de módulos sanitários (fossa séptica e sumidouro); 6- Obras de canalização de esgoto cloacal; 7- Construção de estações de tratamento (decantação); 8- Execução de redes de distribuição de água. 204 Sendo assim, além das ações expostas no Quadro 11, devem ser discutidas outras ações com empresários, agricultores e cidadãos, conforme as características de cada município para fortalecer a economia local e melhorar a habitabilidade das regiões. Além das ações elencadas no Quadro 11, que vem de encontro diretamente as melhorias da estrutura física, a seguir são apontadas algumas metas e diretrizes na área de ciência e tecnologia (Quadro 12). QUADRO 12 - AÇÕES NA ÁREA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 12- 34- continua DIRETRIZES METAS Fortalecimento da atualização científico- 1- Construção, manutenção e equipamento dos técnica; seguintes laboratórios regionais: Contribuição para o aumento da capacidade Reprodução, anatomia, patologia, de desenvolvimento através da otimização do histologia, parasitologia e microbiologia uso dos recursos produtivos; animal; Formação e capacitação profissional; Produtos de origem animal; Atuação na garantia e melhoria da qualidade e Análises químicas de medicamentos; competitividade dos produtos e processos Análises físico-químicas e produtivos da região. bacteriológicas da água. 2- Construção e implantação de um hospital veterinário com laboratórios de análises clínicas; 3- Aquisição de equipamentos para o laboratório de bromatologia; 4- Aquisição de equipamentos, máquinas e implementos para a experimentação agropecuária, equipamentos para medir as condições ambientais em parcelas experimentais; 5- Reequipagem e manutenção da estação meteorológica e de uma sala de preparo e armazenagem de amostras; 6- Aquisição de máquinas e equipamentos específicos para a unidade de produção agrícola; 7- Aquisição de programas e computadores para o desenvolvimento de modelos matemáticos de análise e planejamento de sistemas de produção agropecuária; 8- Implantação de incubadoras de base tecnológica nos municípios da região; 9- Desenvolvimento de programa de pesquisa em qualidade de software; 205 QUADRO 12: AÇÕES NA ÁREA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA conclusão DIRETRIZES METAS 10- Fornecer acesso a Internet para as instituições regionais, especialmente escolas, em consonância com programas governamentais de informatização do ensino; 11- Formação e capacitação de professores da rede estadual de ensino para uso da ferramenta computador no processo de ensino aprendizagem; 12- Realização de cursos de formação de mão-deobra especializada para o setor produtivo; 13- Implantação de um pólo de aqüicultura com os seguintes desdobramentos: - Centro de capacitação em aqüicultura; - Laboratório de ictio-patologia; - Laboratórios de águas; - Geração, adaptação e transferência de tecnologia em aqüicultura; - Programa de proteção ambiental dos recursos hídricos da região; - Programas de organização dos produtores de peixes; - Programa de beneficiamento e industrialização do pescado cultivado; 14- Implantação da unidade de gestão e estudo de mercado para os produtos do pólo. FONTE: Resultado da pesquisa. O balizador da criação de uma infra-estrutura em ciência e tecnologia, para maximizar seus benefícios, deve ser regional. Neste sentido, a melhor estratégia seria a formação de um consórcio de municípios. Até porque, os investimentos em ciência e tecnologia envolvem uma soma considerável de recursos. Em todo caso, esse investimento será o elemento principal para a criação de um padrão de qualidade regional e o acesso aos mercados estrangeiros. Além disso, poderá servir de instrumento na prestação de serviços para outras regiões e difundir o seu potencial. Atualmente, nenhum investimento e desenvolvimento são viáveis sem o conhecimento e a capacidade de integrá-lo à estrutura de produção local pré-existente. 206 10.3.4 Estratégias para a Dinamização do Bem Estar Social , da Qualidade de Vida e do Meio Ambiente As ações na área de educação são primordiais, principalmente quanto ao acesso, incentivo e qualidade no ensino. Quanto ao acesso, além da aquisição e/ou contratação de veículos para o transporte escolar (Quadro 13), devem ser priorizadas ações quanto ao incentivo à permanência nas escolas. QUADRO 13 - AÇÕES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETRIZES 1- Melhorar o acesso às escolas; 2- Qualificação de professores e funcionários; 3- Melhorar a infra-estrutura física e de ensino nas escolas; 4- Criar programas de estímulo à permanência dos alunos na escola; 5- Criar programas de estímulo à alfabetização de adultos e de valorização da educação; 6- Prover a região de investimentos adequados, para que ela possa dispor da infra-estrutura necessária, como Casa de Cultura, em nível de municípios; Centros Microrregionais, para Eventos Culturais; Centros Regionais, para Convenções; Casa da Cultura Indígena e Museus; 7- Promover o fortalecimento dos movimentos tradicionalista da região; 8- Desenvolver programas de formação e capacitação de recursos humanos, que possam atuar na área das artes, integrando as mais diferentes entidades da região e do Estado, através de incentivos fiscais; 9- Promover campanhas regionais de conscientização, de forma permanente, para sensibilizar a população da importância do resgate histórico cultural e da promoção e do consumo da cultura; 10- Criar condições para que a região possa participar de festivais em nível de Estado, país e Mercosul, mostrando a sua arte, promovendo o movimento étnico com recursos. Contratar professores especialistas em danças, teatro, música e canto, etc. continua METAS 1- Aquisição de veículos para transporte escolar; 2- Instalar e equipar bibliotecas, videotecas e ludotecas escolares; 3- Equipar escolas com laboratórios e redes de informática; 4- Ampliação de espaços físicos das escolas técnicas de nível médio e ensino fundamental; 5- Instalar junto aos centros tecnológicos e escolas técnicas, alojamentos para estudantes; 6- Instalar centros de educação ecológica ambiental; 7- Programa de continuação prolongada do ensino; 8- Qualificação de docentes leigos da educação infantil e fundamental; 9- Utilização racional dos centros tecnológicos já existentes e implementação de novos; 10- Qualificar profissionais para as áreas de laboratórios de informática; 11- Produção e aquisição de material didático pedagógico; 12- Programa de integração dos meios produtivos com os sistemas educacionais. 13- Criar incentivos e dotar recursos para que cada um dos municípios tenha a sua Casa da Cultura; 14- Construir centros microrregionais para a promoção de eventos culturais, como festivais de teatro, de música e danças e exposição de pinturas e artesanato; 15- Apoiar com recursos orçamentários, a construção do Centro Regional de Convenções para a promoção de eventos de caráter nacional e internacional; 207 QUADRO 13 - AÇÕES NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E CULTURA conclusão DIRETRIZES METAS 11- Criar programas de estímulo à alfabetização 16- Implementar projeto de museu para o de adultos e de valorização da educação. levantamento dos bens culturais da região com a participação de escolas; 17- Construir Casas de Cultura Indígena; 18- Organizar e desenvolver de forma permanente cursos e/ou oficinas de capacitação de professores de artes; 19- Organizar e divulgar campanhas regionais sobre a importância de resgatar e promover a cultura da região; 20- Organizar a participação de grupos de artes em eventos na região e fazer o intercâmbio com outras regiões do país e do exterior; FONTE: Resultado da pesquisa. Os dados sobre o perfil socioeconômico das regiões estudadas demonstram um alto índice de evasão escolar. Por isso, pode-se aliar programas de renda mínima em conjunto com o acesso à educação, ou até mesmo vincular a assistência social com a permanência dos filhos na escola. Em todo caso, as ações expostas no Quadro 6 devem ser discutidas no âmbito dos Núcleos Regionais de Educação (NRE), Secretarias Municipais de Educação, sindicatos de professores e funcionários e das associações de pais, pois são diretrizes e metas que podem e devem ser alteradas em função da realidade de cada município. Já as ações na área da cultura devem priorizar a formação, resgate e manutenção da identidade regional. Essas ações tornam-se pertinentes para os programas de integração regional, além de serem subsídios para as atividades de turismo. Além das ações na área de educação e cultura outro setor bastante delicado nas regiões é a saúde. Esse setor tem seus problemas largamente agravados pelas carências sociais e a falta de programas de assistência permanentes. As carências das regiões de Salto Caxias e os lindeiros de Itaipu vão desde a falta de profissionais nas áreas específicas até a necessidade de infra-estrutura 208 hospitalar. Por isso, em alguns casos, a criação desta infra-estrutura pode ser regionalizada através de consórcios entre os municípios. Além disso, podem ser estruturadas ações de educação para a saúde em conjunto com programas de educação ambiental no currículo escolar. Em todo caso, nos Quadros 14 e 15 são apresentadas algumas ações que variam, em seu grau de aplicabilidade, de município para município. Seu sucesso dependerá da discussão das mesmas em âmbito municipal e regional. QUADRO 14 - AÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE 1- 23456- DIRETRIZES Construção de centros especializados de saúde nas mais diversas áreas de maior carência nos municípios e na região; Ações de saúde preventiva; Ações de educação para a saúde; Formação de agentes comunitários de saúde; Implantação de Saneamento Básico; Programas de prevenção às doenças transmitidas por animais domésticos. 1- 2345- 678- METAS Programas na área de saúde com a implantação de centros de atendimento especializado à saúde; Melhoria e ampliação da infra-estrutura hospitalar regional em áreas não atendidas; Ampliação da atenção à saúde ocupacional; Capacitação dos membros dos Conselhos Municipais de Saúde; Programa de saúde para a população indígena, mediante parceria entre a FUNAI, Ministério da saúde e Secretaria da saúde estadual e municipal; Viabilização urgente da rede de esgoto; Implantação de serviços de recolhimento de animais domésticos abandonados (carrocinha); Campanha anual de vacinação anti-rábica em animais domésticos e do campo. FONTE: Resultado da pesquisa. Deve-se ressaltar que a qualidade de vida, e com ela as melhorias na saúde pública, estão diretamente ligadas à educação, às ações ambientais e principalmente na preservação e manutenção dos recursos naturais locais, principalmente a água e o ar. Por isso, ações no campo ambiental, mais do que preservar o ecossistema, vem garantir uma melhoria na habitabilidade dos municípios. As ações nesse campo podem ser visualizadas no quadro a seguir. Muitas destas ações na área ambiental já vem sendo executadas pelas Prefeituras em parcerias com as Usinas e o Governo Estadual. No entanto, elas devem ser permanentes para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais. 209 QUADRO 15 - AÇÕES NA ÁREA DO MEIO AMBIENTE 12- 34- 56- DIRETRIZES Educação ambiental, reflorestamento e coleta seletiva de lixo; Alocação de recursos para a formação de um fundo regional para financiamento das atividades florestais nos municípios parceiros no projeto regional de reflorestamento; Implantação de unidades demonstrativas com composição de espécies nativas; Aquisição de equipamentos para a estruturação de usinas de reciclagem de lixo e usinas de tratamento de esgoto; Programas para o recebimento de ICMS ecológico pelos municípios; Intensificação de ações que visem a recuperação das espécies raras e ameaçadas na fauna e na flora. 12- 345- 6- 7- 8- 9- METAS Criação de Comitês de Bacias Hidrográficas Programa de educação ambiental: - Folderes educativos; - Produção de materiais didáticos; Criação de linhas de crédito para reflorestamento ciliar; Manutenção de centros de experimentação florestal; Aquisição de equipamentos e materiais para uma unidade de produção e beneficiamento de sementes de espécies florestais; Construção, ampliação e melhorias nas centrais de recebimento e reciclagem de embalagens de lixo tóxico; Aquisição de materiais e equipamentos para uma central de recebimento e reciclagem de lixo tóxico; Intensificação de viveiros e distribuição de mudas de pinheiros araucárias, embuias, perobas, cedros, erva-mate, etc. que fazem parte da lista de vegetais em extinção nas regiões atingidas Criação de um observatório do desenvolvimento sustentável das regiões FONTE: Resultado da pesquisa. A criação de Comitês de Bacias Hidrográficas é uma meta que deve ser executada o mais breve possível. Essa ação é imprescindível frente à legislação sobre recursos hídricos. Além disso, um comitê irá regular a cobrança pelo uso e poluição das águas, o que vai gerar recursos para a implementação de outras ações, como programas de educação ambiental, manejo e coleta de vasilhames de agrotóxicos, programas de conservação do solo, etc... Deve-se salientar que as ações ambientais não são isoladas, junto a elas, ações na área de educação, agropecuária e de saúde pública devem ser implementadas. Assim, pensar no meio ambiente é pensar no desenvolvimento sustentável das regiões para os próximos anos. Mais adiante a questão do desenvolvimento sustentável será retomada. As ações na área de saúde, educação e meio ambiente podem ser estruturadas em conjunto com ações na área social. Por exemplo, a educação para a saúde pode ser 210 feita em conjunto com atividades de prevenção de acidentes de trabalho. Além disso, os indivíduos que demandam a assistência social poderiam ser induzidos a fazer cursos de reciclagem profissional. No Quadro 16 são elencadas ações na área de trabalho, cidadania e assistência social. QUADRO 16 - AÇÕES PARA O TRABALHO, CIDADANIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL DIRETRIZES 1- Qualificação profissional; 2- Geração de emprego e renda; 3- Resgate da cidadania (documentos); 4- Manutenção dos albergues existentes e apoio a construção de novos; 5- Centro de tratamento e reabilitação sócioemocionais e clínicos; 6- Apoio a construção de centros comunitários; 7- Repasses financeiros permanentes, per capita, para a área de assistência social com recursos do estado; 8- Programas de segurança e qualidade alimentar; 9- Criação de planos de assistência social; 10- Criação de programas que incentivem o trabalho registrado em carteira na região; 11- Estímulo à união dos trabalhadores autônomos e rurais. METAS 1- Cursos nas áreas de agroindústria, construção civil, técnicas comerciais e técnicas domésticas; 2- Criar cooperativas comunitárias de trabalho e produção; 3- Reduzir o índice de pessoas carentes com falta de documentação; 4- Manutenção do programa de renda mínima (com seus sub-programas) para todos os municípios da região; 5- Construir albergues na região e manter os já existentes; 6- Construir centros de tratamento e reabilitação socioemocional e clínicos; 7- Construir centros comunitários e ampliação das ações socioculturais; 8- Construção de casas-lar para os idosos de âmbito regional; 9- Viabilidade a instalações dos programas Primeiro Emprego e Coletivos do Trabalho que são realizados no estado do Rio Grande do Sul; 10- Incentivo à criação de Sindicatos dos Trabalhadores Autônomos e cooperativas rurais por área de culturas. FONTE: Resultado da pesquisa. O balizador das ações na área de assistência social é a cidadania e não o assistencialismo. Por isso, sugere-se que algumas ações devam estar vinculadas à obrigatoriedade da qualificação profissional e da condição escolar. Mesmo assim, todas as ações devem ser balizadas por um plano ou programa de assistência social. Outros programas, como o de segurança alimentar, podem ser vinculados a trabalhos comunitários ou a coleta seletiva de lixo. 211 As ações elencadas nesta seção são uma referência para ações ligadas ao desenvolvimento urbano e regional dos municípios atingidos pelas barragens. Sua implementação, em grande parte, dependerá do debate com a sociedade organizada, técnicos e líderes locais. Além disso, servem também de suporte para as políticas de desenvolvimento que vêm sendo implementadas por alguns municípios, principalmente nas áreas de meio ambiente e agricultura. Por outro lado, o sucesso destas ações dependerá, em grande parte, da boa vontade política dos administradores, da busca conjunta de recursos e da continuidade de sua implementação por parte das administrações futuras. O marco destas ações deverá ser sempre a transparência e a definição clara das metas a serem atingidas. Assim, será possível conseguir melhorias na qualidade de vida e no progresso das regiões no menor espaço de tempo possível. 10.3.5 O Desenvolvimento Sustentável Regional De uma forma geral, o que falta junto aos programas de implantação de Usinas Hidroelétricas, e fica evidente no decorrer dessa pesquisa, é um programa de desenvolvimento sustentável para as regiões atingidas diretamente pelos alagamentos. As mudanças no microclima, os fatores sociais e econômicos que mudam de perfil, e o compromisso social das Usinas com as populações que habitam nas áreas que sofrem diretamente o impacto, são elementos que devem estar presentes no planejamento a longo prazo das regiões. O próprio Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), se torna um instrumento muito importante no planejamento do desenvolvimento sustentável dessas regiões a longo prazo. Nota-se, principalmente na região de Salto Caxias, que a responsável pela Usina de Salto Caxias fez uma série de investimentos “compensatórios” nos municípios atingidos, no entanto, sem diretrizes bem claras a longo prazo, esse tipo de investimento pode perder a finalidade de ser um balizador do crescimento e da sustentabilidade ambiental das regiões. 212 Assim, mais do que uma simples geradora de energia, as Usinas têm um papel a desempenhar nos locais em que são instaladas. De certa forma, elas representam o papel do Estado com o progresso, e esse progresso não deve ser danoso às microrregiões, mas lhes trazer alternativas de futuro. Por isso, uma sugestão para possibilitar a integração, a melhoria nos indicadores sociais e ambientais é a criação de um observatório regional para o desenvolvimento sustentável. O observatório seria uma rede de informações fundada sobre o conhecimento, a comunicação e a informação. Seus membros seriam porta-vozes das instituições, das organizações públicas e privadas, dos organismos de classe e membros das comunidades. O observatório debateria os grandes problemas da região em conjunto com as associações e seria um elemento de sugestões e críticas para sanar os problemas regionais comuns. O observatório não é um organismo de execução, mas um ouvidor regional, um órgão de observação dos principais problemas que afligem a região. Ele vai buscar a convergência dos conhecimentos científicos, técnicos e profissionais para chegar ao desenvolvimento desejável, para que todas as localidades e populações possam partilhar de um espaço de informação e de qualidade de vida. Assim ele é também um instrumento democrático que favorece toda a coletividade. Assim, o observatório põe a disposição das instituições e dos cidadãos em geral, o saber científico, as informações pertinentes, os conhecimentos técnicos e as experiências profissionais a fim de buscar a integração regional e a melhoria nos indicadores de desenvolvimento e da preservação ambiental. O observatório seria um espaço de saber coletivo compartilhado e um lugar público de debate, que estimula o diálogo e a colaboração nas ações que conduzem ao desenvolvimento. Portanto, a criação de um programa de desenvolvimento sustentável e de um observatório regional desse desenvolvimento, são metas que devem ser inclusas nos projetos e programas de ampliação da produção energética no Paraná e no Brasil. O programa de desenvolvimento sustentável vem definir diretrizes e metas para a manutenção dos recursos naturais, sua preservação e a melhoria da qualidade de vida dos habitantes locais. O observatório vem para discutir, monitorar e sugerir ações, 213 além de acompanhar e fornecer indicadores e elementos para a formação de políticas públicas de interesse social e ambiental. 214 CONCLUSÃO A construção de uma Usina Hidroelétrica causa impactos no meio ambiente, na sociedade e na economia da região atingida. Por isso, esta pesquisa apresentou dados, análises e observações fundamentais sobre o desenvolvimento econômico das microrregiões de Salto Caxias e dos municípios lindeiros ao lago da hidroelétrica da Itaipu Binacional. A análise envolveu também os setores ambiental e social, pois estão intimamente ligados ao desenvolvimento numa condição de interdependência. Os impactos ambientais de uma usina hidroelétrica são bastante complexos, sendo que a compensação dos danos causados ao meio ambiente e sua provável recuperação nunca serão plenas, haja vista a fragilidade do ecossistema. Nesse aspecto, as compensações oferecidas por um investimento em uma geradora de energia hidroelétrica é mais em termos financeiros do que ambientais, propriamente ditos. A mudança ambiental gera imediatamente impactos sociais, pois através do alagamento ocorrem migrações involuntárias que alteram o perfil da sociedade atingida. Os municípios lindeiros sofrem, no primeiro momento, a falta daqueles que contribuíam social (com seus costumes, culturas, técnicas de trabalho, etc.) e economicamente (produzindo, vendendo, comprando, etc.) para o desenvolvimento da microrregião. Já a economia de uma região atingida pelo alagamento de uma barragem hidroelétrica apresentam situações bem distintas anterior às obras, durante o processo de construção e após a conclusão das obras. Anterior às obras, a economia tem características próprias da região (agrícola, comercial ou industrial). Porém, com o início das construções essas características da economia local sofrem um impacto direto com os recursos provenientes dessa fase da instalação. O movimento de operários e a oferta de empregos fazem as cidades expandirem-se comercialmente ampliando o mercado de seus produtos e, com isso um forte crescimento econômico num curto espaço de tempo. Quando as obras chegam ao fim e a Usina passa a funcionar, a economia regional pode apresentar duas fases: a primeira, tomada como negativa, é aquela em 215 que se enfrenta o desemprego advindo do término da construção e a perda da população economicamente ativa que, atingida pelo reservatório, migra para outras regiões. Além disso, a perda de terras produtivas com o alagamento afeta a produtividade regional e conseqüentemente o crescimento econômico. A segunda fase, tida como positiva, é aquela em que os municípios passam a receber compensações financeiras pelas áreas alagadas e a economia volta a crescer através desses recursos. Provavelmente, os royalties e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS advindo da geração de energia será um recurso adicional para os municípios atingidos ou sedes das Usinas Hidroelétricas, respectivamente. Neste sentido, as regiões abordadas neste trabalho, sofreram e estão sofrendo os impactos supra citados. A região de Itaipu, cuja instalação definitiva da Usina se deu em 1982, se encontra num estágio de desenvolvimento mais avançado que a região de Salto Caxias, cuja Usina foi instalada definitivamente em 1998. Salto Caxias apresenta atualmente um desenvolvimento típico da primeira fase pós-instalação. Mesmo assim, as economias destas regiões apresentam semelhanças e distinções resultantes da presença das geradoras e da natureza do seu desenvolvimento. A região de Itaipu, formada por quinze municípios do extremo-oeste do Paraná, foi colonizada a partir de 1946 e apresenta características étnicas variadas com o predomínio de italianos e alemães. Estes trouxeram consigo culturas, costumes e práticas de trabalhos que, aliadas à fertilidade do solo e condições geográficas favoráveis, fizeram da agricultura uma atividade promissora. Pode-se afirmar que a agricultura sempre foi a principal base econômica e social nesta região. Já a região de Salto Caxias, formada por nove municípios do Oeste e Sudoeste paranaense, teve sua colonização marcada por conflitos e uma forte predominância da mestiçagem. Entretanto, a prática agrícola das duas regiões, apesar de suas diferenças étnicas, coincidem no tocante ao arraigamento dos indivíduos com a terra, com a ressalva de que em Salto Caxias as condições geográficas impossibilitam uma mecanização generalizada. Com isso, sua agropecuária passou a ser mais tradicional e pouco capitalizada, com pequenas propriedades e o predomínio da agricultura familiar. 216 Com a instalação da Usina Itaipu Binacional e a formação do reservatório de 1.350 km2 a região atingida apresentou grandes transformações ambientais cujos principais problemas estavam relacionados à floresta sub-tropical mista, ao mau uso e conservação do solo, ao uso exagerado de agrotóxicos e a destruição de nichos ecológicos. Esses e outros problemas fizeram com que a Usina realizasse programas a curto e longo prazo para a adaptação e preservação do meio ambiente à nova realidade instalada. No tocante ao reservatório da Usina de Salto Caxias, seus 108,65 Km2 causaram impactos ambientais comuns a qualquer barragem hidroelétrica. Destaca-se entre os problemas verificados a erosão de terrenos rurais e urbanos, a adaptação dos peixes de espécie endêmica que necessitam de corredeiras e cachoeiras para sobreviverem e o abuso de agrotóxicos nas lavouras. Esses problemas estão sendo amenizados através de programas da própria Usina, que visam a adaptação e preservação dos recursos naturais à nova ordem ambiental instaurada na região. No aspecto social, a migração involuntária de inúmeras famílias é o impacto mais sentido pelas populações de Itaipu e Salto Caxias. Na região de Itaipu, cerca de 0,80% da população deixou a região entre 1980 e 1985. Além disso, constata-se um remanejamento da população que morava às margens do rio Paraná para outras cidades da região, ou seja, pessoas atingidas pelo reservatório que não quiseram se retirar da região por motivos particulares. Isso foi um fator positivo para a região de Itaipu, pois uma parte dos movimentos migratórios foram intra-regionais. Constata-se também migrações para outros estados da Federação, porém não chegou a influenciar negativamente nas áreas de origem como se percebeu através da pesquisa. Notou-se que após 1985 a população desta região cresceu gradativamente em 33% até 2000. Em Salto Caxias, cerca de 1.025 famílias foram indenizadas sendo que destas, 600 foram reassentadas em outros municípios não atingidos pela barragem. Isso causou grande migração na região atingida favorecendo os problemas sociais e econômicos advindos da diminuição populacional. Ressalte-se que diferentemente dos 217 municípios lindeiros ao lago de Itaipu, o processo migratório em Salto Caxias foi em grande parte inter-regional. Na área econômica dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, foi percebido um crescimento econômico significativo após as instalações da Usina. Com os dados apresentados neste trabalho, observou-se que a partir do funcionamento da Usina os indicadores econômicos da região apresentaram melhoras contínuas. Este crescimento pode ser observado nos valores do ICMS, Produto Interno Bruto - PIB, PIB per capita e Fundo de Participação dos Municípios - FPM. Não é possível afirmar como seria o crescimento econômico sem a instalação da Usina, mas um fator relevante e colaborador do atual quadro econômico regional são os royalties repassados aos municípios. Os royalties representam o grande diferencial no aporte de recursos, tendo sido 82% maior que os valores repassados pelo FPM, em 2000. Em comparação com o ICMS os royalties de 2000 foram, regionalmente, 6% menores, mas vale ressaltar o destaque de Foz do Iguaçu em relação ao ICMS, pois em 2000 deteve mais da metade do valor do mesmo. Além das compensações financeiras, a economia dessa região conta ainda com o auxílio de algumas instituições de desenvolvimento regional. Entre elas cita-se o Conselho dos Municípios Lindeiros e a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, que possuem programas e ações para viabilizar o dinamismo econômico e o fomento de atividades rentáveis para a região. A região de Salto Caxias também cresceu economicamente nos últimos anos. Não se pode afirmar ainda que esse crescimento advém das instalações da Usina, mas vale ressaltar que indiretamente a Usina contribuiu devido aos recursos injetados e investimentos em infra-estrutura durante sua construção, principalmente na melhoria das estradas. Isso se notou no aumento da População Economicamente Ativa - PEA no período de 1990 a 1995. Depois disso, a economia regional passou por momentos de instabilidade, mas continuou crescendo se comparada ao período que antecedeu a construção. Esse crescimento se deve em parte às políticas de desenvolvimento regional que a própria Usina elaborou para a região atingida, ou seja, o Projeto de Desenvolvimento 218 Integrado dos Municípios do Reservatório da Hidroelétrica de Salto Caxias - PRÓCAXIAS. Deve-se ressaltar que esta região está ainda na primeira fase pós-construção da Usina e seus impactos poderão ser bem diferentes a longo prazo, haja vista que os programas de apoio estão em fase inicial e os benefícios compensatórios (royalties e ICMS da geração de energia) não estão sendo injetados na economia regional até o momento. Comparando as regiões de Salto Caxias e Itaipu quanto aos impactos ambientais, sociais e econômicos notou-se que a diferença marcante em termos ambientais fica por conta das áreas alagadas. Isso influi tanto na exploração agropecuária, pelas mudanças no microclima de algumas áreas, quanto na relação da produção de energia e o espaço dos lagos criados pelas represas. Por exemplo, o reservatório da Usina Hidroelétrica de Salto Caxias, localizada no rio Iguaçu, apresenta uma área total alagada de 108,65 Km² e uma potência de geração de 1.240 megawatts (MW). Seu índice de produção de energia é de 11,41 MW/Km². Já o lago de Itaipu, no rio Paraná, inundando uma área de 1.350 Km², possui uma potência instalada de 12.600 MW e um índice de produção de energia de 9,33 MW/Km2. Entende-se, então, que a hidroelétrica de Salto Caxias produz uma quantidade aproximada de 20% a mais por quilômetro quadrado de alagamento que a Usina de Itaipu. De certa forma, a Usina de Salto Caxias é mais eficiente, neste momento, em termos de produção de energia/área alagada. Este indicador torna-se uma referência para novos projetos hidroelétricos. Já os impactos sociais se distinguiram devido às ações tomadas pelas Usinas principalmente na maneira de desocupação e indenização das áreas alagadas. A Itaipu Binacional estipulou o valor das terras a preço de mercado, ofereceu a indenização e os moradores se responsabilizaram pela aquisição de novas áreas e pela mudança. A Usina de Salto Caxias realizou uma indenização inédita no país e que se tornou modelo mundial de desocupação de áreas atingidas por barragens. A empresa responsável pela instalação da usina forneceu opção de escolha aos atingidos quanto à 219 forma de indenização. Cerca de 600 famílias foram reassentadas em locais providos de infra-estrutura e recursos financeiros necessários para o bem estar dessa população. O restante das famílias (425) receberam indenizações ou carta de crédito conforme sua escolha. A Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL prestou acompanhamento em todo o processo de desocupação inclusive custeando as despesas da mudança. Economicamente, as regiões se assemelham com relação às variáveis de desenvolvimento quanto aos recursos naturais e usos alternativos dos reservatórios: agropecuária e turismo. Sobre o uso alternativo dos reservatórios se percebeu que o setor turístico da região de Itaipu é dinamizado através de ações municipais, regionais e estaduais que visam a divulgação da região nacional e internacionalmente. Os municípios, com os royalties, elaboram festejos e atrativos típicos para atraírem as populações vizinhas; a região, através da Conselho dos Municípios Lindeiros, promovem ações de desenvolvimento do turismo regional através de planos específicos para cada temporada e o Estado promove a região através do Projeto Costa Oeste. Na região de Salto Caxias essas ações turísticas estão em fase inicial, fazendo parte dos planos para desenvolvimento econômico local. Porém, as condições geográficas para praias artificiais não são tão favoráveis quanto a região de Itaipu. Estão sendo construídos condomínios particulares que visam a permanência de um determinado grupo de pessoas durante toda a temporada de verão. Além do turismo, a irrigação e a pesca também fazem parte do uso alternativo dos reservatórios. Porém, a irrigação é uma ação pouco explorada nas duas regiões. Isso se deu por motivos de ordem econômica e técnica. Econômica porque os agricultores não dispõem de recursos financeiros para as caras instalações e técnica, pelas restrições das próprias Usinas relacionadas ao uso da água dos lagos. A pesca, na região de Itaipu é estimulada através de algumas colônias de pescadores. Em Salto Caxias não há registros de associações deste tipo. Os entraves para uma pesca desenvolvida e profissional continua sendo a falta de uma política pesqueira que se adapte às normas ambientais. Além disso, a carência de estudos para 220 a viabilidade de tanques redes, a existência de poucas colônias de pescadores e a falta de uma agroindústria do pescado fazem da pesca uma atividade pouco explorada em ambas regiões. Também é notável o fato de que a energia gerada não é utilizada nas regiões, mas sim, transferida para outras regiões mais industrializadas, gerando emprego e renda. As regiões atingidas pela construção das Usinas e a formação dos lagos recebem apenas o ICMS pago sobre a geração da energia. Porém o ICMS, é causa de inúmeros confrontos e disputas políticas nas regiões, devido ao fato deste ser pago apenas aos municípios onde estão instaladas as usinas, no caso Foz do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques, dinamizando extraordinariamente as economias destes municípios. Foz do Iguaçu, devido a esse fator, detém atualmente cerca de 67% do total do ICMS da região atingida pelo lago de Itaipu. Quanto a Capitão Leônidas Marques, o ICMS pago por Salto Caxias encontra-se embargado por uma disputa judicial com Nova Prata do Iguaçu. Mas de qualquer forma, a economia do município de Capitão Leônidas Marques está sendo dinamizada pela sua localização. Atualmente, o município encontra-se na divisa das regiões Oeste e Sudoeste, sendo caminho para o sul do país. Deve-se ressaltar ainda a preocupação com a utilização dos royalties e ICMS que devem ser utilizados de forma racional e direcionada para que continuem a garantir o desenvolvimento da região. Tais recursos devem ser empregados sempre de maneira a estimular a cadeia produtiva regional, respeitando as suas características e vocação natural. Como sugestão para o uso racionalizado dos royalties essa pesquisa apresentou uma série de estratégias de desenvolvimento microrregional para os municípios atingidos por barragens. Essas ações visam um direcionamento dos recursos compensatórios para investimentos sociais e produtivos dos municípios. Dentre as sugestões apresentadas destacam-se as dos setores agropecuário e turístico que são potencialidades econômicas para a região. Além destas, outras diretrizes e metas foram traçadas para a contínua melhora dos setores sociais e ambientais que já estão em andamento nas regiões atingidas. Essas peculiaridades, 221 aliadas às políticas de desenvolvimento regional, possibilitarão um desenvolvimento sustentável para as regiões analisadas. Assim, perante os dados coletados e apresentados neste relatório, pode-se afirmar que a região de Salto Caxias e Itaipu estão se desenvolvendo economicamente. Ressalte-se que os royalties, o retorno do ICMS, a geração de energia e os programas e ações sugeridos neste relatório serão instrumentos de revitalização e maximização desse desenvolvimento. Com isso, as regiões terão mais condições de melhorar sua infra-estrutura e criar uma estrutura produtiva capaz de competir no mercado externo. Essa competitividade gera crescimento econômico que, aliado a melhorias e investimentos sociais, possibilitará maior qualidade de vida à população e ao meio ambiente a longo prazo. No entanto, as regiões analisadas, principalmente Salto Caxias carecem de investimentos sociais maciços, principalmente para melhorar o perfil educacional de sua população. Além disso, deve-se ressaltar que a construção de Usinas Hidroelétricas, além do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), deve vir acompanhada de planos de desenvolvimento sustentável para as regiões que receberam esses investimentos. Os investimentos feitos por Salto Caxias, intitulados “compensatórios” e a aglutinação das municipalidades com o Pró-Caxias, em muito vem contribuir para o futuro da região, mas carecem de uma linha básica de ações. O mesmo pode-se dizer de Itaipu. A mera transferência de recursos, sem um compromisso com a melhoria da qualidade de vida e dos recursos naturais podem causar disparidades entre os municípios e conflitos na distribuição de recursos futuros. Por isso, o desenvolvimento aliado à preservação do ecossistema, aglutinando as esferas sociais, econômicas e ambientais, pode ser o diferencial para futuros projetos hidroelétricos, principalmente no Estado do Paraná. 222 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY R. Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, 1997, Brasília, DF. Uma nova extensão para a agricultura familiar - anais. Brasília: PNUD, 1997. 222. ACCARINI, J. H. Economia rural e desenvolvimento – Reflexões sobre o caso brasileiro. Petrópolis: Vozes. 1987. ANDRADE, M. C. Espaço, Polarização e Desenvolvimento: Uma Introdução a Economia Regional, 5 ed., São Paulo, Atlas, 1987. CASIMIRO FILHO, F. ; SHIKIDA, P. F. A. Agronegócio e desenvolvimento regional. Cascavel: EDUNIOESTE, 1999. CIDADES DO BRASIL. 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Qual a descendência étnica de sua família? ( ) Alemães ( )Italianos ( ) Poloneses ( ) Outros 1.1 – Existe alguma influência disto no cotidiano da comunidade como por exemplo nas práticas de trabalho, costumes, hábitos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? ________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2 - Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( )médio ( ) superior 3 - Como está sendo atendida a educação no seu município? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular O que pode se fazer para melhorar? ______________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. O que você entende por desenvolvimento regional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. A implantação da Usina Hidroelétrica, contribuiu para o desenvolvimento de sua cidade e região? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar 4.1 Caso sua resposta for sim, de que forma? ______________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. Você notou crescimento econômico no seu município após a instalação da Usina? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 229 6. Após a instalação da Usina foram feitos investimentos ligados ao aproveitamento dos reservatórios? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, Que tipo de investimento? ______________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7. Na sua cidade, quais são as ações que a prefeitura vem implantando de uso alternativo do lago/reservatório, como fonte de renda? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8. Existe algum estudo por parte da Prefeitura, para medir os impactos dessas ações? Quais? __________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9. Existem estudos que procuram medir os impactos da utilização dos recursos dos Royalties no crescimento e desenvolvimento de sua cidade? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Caso tenha respondido sim, quais são? _________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10. No seu município existem ações que contribuam na implementação de programas tecnológicos que melhorem a produtividade agropecuária? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais?________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 11. No seu entender, estão sendo desenvolvidos trabalhos com o objetivo de preservação ambiental no seu município? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais? ______________________________________________________ 230 12. E com relação aos recursos naturais dos produtores rurais lindeiros, a prefeitura tem elaborado programas a fim de conscientização e ação no combate à poluição dos mesmos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? ______________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 13. O seu município vem desenvolvendo atividades na área de educação ambiental? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 14. O desenvolvimento gerado pela Usina compensou o impacto ambiental causado pela sua construção? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 15. Entre os municípios atingidos pela área de alagamento, existe uma discussão sobre as políticas que deveriam atender o desenvolvimento da região? Quais? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 16. Quais as melhorias em infra-estrutura o senhor considera importante para o desenvolvimento econômico de sua cidade e região? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Observações gerais: _______________________________________________ 231 ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS EMPRESÁRIOS E COMERCIANTES 232 NOME: ___________________________________________________________ ÓRGÃO/EMPRESA: _______________________________________________ ATIVIDADE: ______________________________________________________ 1. Qual a descendência étnica de sua família? ( ) Alemães ( ) Italianos ( ) Poloneses ( ) Outros 1.2 Existe alguma influência disto no cotidiano da empresa como por exemplo nas práticas de trabalho, costumes, hábitos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? ________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( ) médio ( ) superior ( ) outros Obs:_______________________________________________________________ 3. Sua empresa planeja suas atividades? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? _____________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. Na sua opinião, a usina de Salto Caxias/Itaipu tem contribuído para o desenvolvimento da região? ( ) Sim ( ) Não De que forma? _________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. O Senhor pretende ampliar as atividades de sua empresa nos próximos 5 anos? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ___________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Se sim: Qual o montante que o senhor pretende investir? __________________________ _______________________________________________________________ As instalações da Usina Hidroelétrica influenciam na sua decisão de investimentos? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ___________________________________ _______________________________________________________________ 233 Que atividades comerciais e industriais o senhor acredita que tenham êxito na sua região? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6. A associação da Indústria e Comércio tem incentivado investimentos ou tem algum plano de investimento? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7. Quais as melhorias em infra-estrutura o senhor considera urgente no seu município e região? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Observações Gerais: _______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 234 ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS DAS USINAS HIDROELÉTRICAS 235 NOME: __________________________________________________________ ÓRGÃO/EMPRESA: _______________________________________________ 1 – Qual a descendência étnica de sua família? ( ) Alemães ( ) Italianos ( ) Poloneses ( ) Outros 1.3 – Existe alguma influência disto no seu cotidiano como por exemplo nas práticas de trabalho, costumes, hábitos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? ______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 1.4 – Todos os de sua família estão empregados? ( ) Sim ( ) Não Se sim, Onde? _______________________________________________________ Se não, Quanto tempo? ________________________________________________ 2 – Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( ) médio ( ) superior ( ) outros Obs:______________________________________________________________ 3. O que você entende por desenvolvimento regional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. Na sua opinião as Usinas Hidroelétricas tiveram importância no desenvolvimento dos municípios lindeiros ao seu lago? ( ) Sim ( ) Não Por quê? _____________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. Você, como funcionário, tem desenvolvido ou seguido ações dentro de sua empresa que contribuam para desenvolvimento regional? ( ) Sim ( ) Não 236 5.1 Você saberia informar quais as alternativas implantadas pela Empresa/Usina Hidroelétrica e no que eles contribuíram para o desenvolvimento econômico regional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5.2 Na sua opinião, como a Usina Hidroelétrica poderia ampliar sua contribuição para o desenvolvimento dos municípios lindeiros? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6. A Empresa/Usina Hidroelétrica tem patrocinado/participado ou sido parceira em atividades ligadas ao desenvolvimento dos municípios lindeiros ao reservatório no decorrer dos últimos anos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se Sim, de que forma? ______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7. A Empresa/Usina Hidroelétrica mantém programas de preservação ambiental, principalmente dos recursos hídricos na região? ( ) Sim ( ) Não Quais: __________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8. A Empresa/Usina Hidroelétrica tem contribuído diretamente com pesquisas ou atividades ligadas à Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente nos municípios lindeiros ao reservatório? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se Sim, que tipo de atividades? ______________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9. Dado a sua experiência, quais seriam suas sugestões de novas alternativas para o uso dos reservatórios das hidroelétricas? _______________________________________________________________ 237 9.1 Dentre as alternativas citadas, quais são desenvolvidas na região? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Atribui-se como principais propostas da usina a geração de energia e o pagamento de Royalties. Além dessas colocações, você saberia dizer que outras funções a Usina Hidroelétrica poderia desempenhar em nível regional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Observações Gerais: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 238 ANEXO 4 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO RESPONSÁVEL PELA EMATER, SECRETÁRIOS DA AGRICULTURA E AOS PRESIDENTES DOS SINDICATOS PATRONAIS RURAIS 239 NOME: ___________________________________________________________ ÓRGÃO:__________________________________________________________ 1. Qual a descendência étnica de sua família? ( ) Alemães ( )Italianos ( ) Poloneses ( ) Outros 1.4 – Existe alguma influência disto no cotidiano da comunidade como por exemplo nas práticas de trabalho, costumes, hábitos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? ______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2 - Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( )médio ( ) superior 3. O que você entende por desenvolvimento regional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. A implantação da Usina Hidroelétrica, contribuiu para o desenvolvimento de agropecuária de sua cidade e região? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar 4.1 Caso sua resposta for sim, de que forma? ______________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. Você notou melhorias na produtividade da agropecuária no seu município após a instalação da Usina? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, de que forma? ______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6. Após a instalação da Usina foram feitos investimentos ligados ao aproveitamento dos reservatórios para irrigação ou pesca? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, Que tipo de investimento? ____________________________________ 240 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7. Na sua cidade, quais são as ações que a Prefeitura ou Governo vem implantando de uso alternativo do lago/reservatório, como fonte de renda para os agropecuaristas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8. Existe algum estudo por parte da Prefeitura ou Governo, para medir os impactos dessas ações? Quais? __________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9. Existem estudos que procuram medir os impactos da utilização dos recursos dos Royalties na agropecuária do seu município? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Caso tenha respondido sim, quais são? _________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10. No seu município existem ações que contribuam na implementação de programas tecnológicos que melhorem a produtividade agropecuária? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais? _____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 11. No seu entender, estão sendo desenvolvidos trabalhos com o objetivo de preservação ambiental no seu município? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 12. E com relação aos recursos naturais dos produtores rurais lindeiros, a prefeitura ou governo tem elaborado programas a fim de conscientização e ação no combate à poluição dos mesmos? ( ) Sim ( ) Não 241 Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 13. O seu município vem desenvolvendo atividades na área de educação ambiental? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 14. O desenvolvimento gerado pela Usina compensou o impacto ambiental causado pela sua construção? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, quais? ____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 15. Entre os municípios atingidos pela área de alagamento, existe uma discussão sobre as políticas agrícolas que deveriam atender o desenvolvimento da região? Quais? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 16. Quais as melhorias em infra-estrutura o senhor considera importante para o desenvolvimento da agropecuária na sua cidade ou região? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Observações gerais: _________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 242 ANEXO 5 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PRESIDENTES DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS, PRESIDENTES DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS DENTRE OUTROS 243 NOME: ____________________________________________________________ LOCALIDADE: ___________________________________________________ 1 – Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( ) médio ( ) superior ( ) outros Obs:_____________________________________________________________ 2 - No seu município, a prefeitura municipal tem desenvolvido ações que contribuam para implementar técnicas que melhorem a produtividade agrícola? ( ) Sim ( ) Não Como? __________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3 - No seu município existem programas de preservação ambiental para não afetar ou poluir os recursos naturais dos produtores rurais lindeiros? ( ) Sim ( ) Não ( )Não soube informar Se sim, o senhor conhece algum? ______________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3.1 – Os programas ambientais e sociais implementados pela Usina ou COPEL, são discutidos com a comunidade? ( ) Sim ( ) Não ( )Não soube informar Se sim, de que forma?_______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4 - O desenvolvimento gerado pela Usina Hidroelétrica compensou o impacto ambiental causado pela sua construção? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, Por quê?____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4.1 – Foram feitas discussões com as entidades públicas e civis sobre o impacto do alagamento no seu município e região? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar 244 Se sim, de que forma?_______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5 - A situação SOCIOECONÔMICA do seu município melhorou após a instalação da Usina? ( ) Sim ( ) Não Porque? _________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6 – A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, prestou todas as informações sobre a desocupação das propriedades das famílias atingidas pela barragem? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7 - A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, prestou acompanhamento às famílias atingidas e à comunidade? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10 - A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, demonstrou preocupação com qualidade de vida dos atingidos pelas barragens? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Observações Gerais: _________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 245 ANEXO 6 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ATINGIDOS PELAS BARRAGENS 246 NOME: ____________________________________________________________ LOCALIDADE: ___________________________________________________ 1 – Qual a descendência étnica de sua família? ( ) Alemães ( ) Italianos ( ) Poloneses ( ) Outros 1.5 – Existe alguma influência disto no cotidiano da comunidade como por exemplo nas práticas de trabalho, costumes, hábitos? ( ) Sim ( ) Não Se sim, de que forma? ______________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 1.2 – Há atividades culturais no reassentamento? ( ) Sim ( ) Não Se sim: Quais? __________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Quem incentiva? ( ) Prefeitura ( )Empresa/Usina ( ) Moradores 1.3 - Como você ocupa seu tempo livre? ( ) esporte ( ) televisão ( ) jogo de cartas ( ) leitura ( ) outros Obs:______________________________________________________________ 1.4 – Todos os membros de sua família estão empregados? ( ) Sim ( ) Não Se sim, onde? _____________________________________________________ Se não, quanto tempo? ______________________________________________ 2 – Qual a sua escolaridade? ( ) primário ( ) fundamental ( ) médio ( ) superior ( ) outros Obs:______________________________________________________________ 2.1 – As oportunidades para estudar melhoraram após o reassentamento? ( ) Sim ( ) Não Porque? _________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3 - A qualidade de vida de sua família melhorou após o reassentamento? ( ) Sim ( ) Não Porque? ___________________________________________________________ _______________________________________________________________ 247 4 - No seu município, a prefeitura municipal tem desenvolvido ações que contribuam para implementar técnicas que melhorem a produtividade agrícola? ( ) Sim ( ) Não Como? __________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5 - No seu município existem programas de preservação ambiental para não afetar ou poluir os recursos naturais dos produtores rurais lindeiros? ( ) Sim ( ) Não ( )Não soube informar Se sim, o senhor conhece algum? ______________________________________ _______________________________________________________________ 6 - O desenvolvimento gerado pela Usina Hidroelétrica compensou o impacto ambiental causado pela sua construção? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não soube informar Se sim, por quê?____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7 - Sua situação SOCIOECONÔMICA melhorou após o reassentamento? ( ) Sim ( ) Não Porque? ___________________________________________________________ 7.1 - Sua produtividade melhorou na área de reassentamento, se comparada com a produtividade da propriedade anterior? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7.2 – Com relação à técnica utilizada no trabalho da terra o senhor usa: ( ) maquinários próprios ( ) força animal ( ) maquinários de terceiros ( ) força braçal 8 – A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, prestou todas as informações sobre a desocupação das propriedades das famílias atingidas pela barragem? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 248 9 - A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, prestou acompanhamento às famílias no reassentamento? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10 - A Usina/Empresa de Energia, responsável pela construção da Usina Hidroelétrica, demonstrou preocupação com qualidade de vida dos atingidos pelas barragens? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Observações Gerais: ________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 249 ANEXO 7 - COMPROVANTES DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO EM BOTUCATU-SP NO “ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL” 252 ANEXO 8 – COMPROVANTE DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO E RESUMO DE ARTIGO PUBLICADO EM BUENOS AIRES NA “SEGUNDA JORNADA INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS AGRÁRIOS E AGROINDUSTRIAIS” 256 ANEXO 9 – PUBLICAÇÃO DE ARTIGO NO INFORME GEPEC “GRUPO DE PESQUISA EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL” 265 ANEXO 10 – E-MAIL DA EQUIPE RESPONSÁVEL PELO “38º CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO DE CIÊNCIA REGIONAL DA LÍNGUA FRANCESA (ASDRLF)” ACEITANDO PROPOSTA DE APRESENTAÇÃO DE ARTIGOS RELACIONADOS AO PROJETO 612, QUE VAI OCORRER EM TROIS RIVIÈRES, NO CANADÁ EM AGOSTO DE 2002. 266 De: "maganga jean-hugues" Répondre à: [email protected] À: [email protected] Date: Tue, 5 Mar 2002 18:27:03 EST5EDT Objet: Congrès ASRDLF 2002 Colloque ASRDLF a/s André Joyal, Département des sciences de la gestion et de l'économie UQTR, C.P. 500, Trois-Rivières, G9A 5H7, Canada. Fax:819-376-5079 [email protected] Chers Messieurs, Au nom du professeur André Joyal, président du 38è congrès annuel de l'ASRDLF, il me fait plaisir de vous informer que votre proposition de communication a été cceptée. Vous trouverez avec cet envoi les quelques commentaires des deux évaluateurs dont vous pourrez tenir compte s'il y a lieu. Nous vous saurons grés de nous faire parvenir le texte de votre communication avant le 15 mai. Il est souhaitable que le tout soit accompagné du paiement des frais d'inscription dont le montant varie suivant la date de paiement, si vous êtes membre de l'ASRDLF ou pas ou si vous êtes doctorant (voir notre site WEB: www.uqtr.ca/screg). Au début de mars, sur le site WEB du colloque vous trouverez toutes les informations concernant la logistique: trajet aéroport-Trois-Rivières, horaires d'autobus, réservations d'hôtel, de voiture, etc. Dans l'attente de vous recevoir en août prochain, nous demeurons à votre disposition pour vous fournir toute autre information. Commentaire : - Artigo interessante e bem adequado aos propositos do Congresso; Seria interessante que o artigo mostrasse politicas publicas, bem como integracao na cadeia produtiva, assim como esforcos de diversificacao que tenham ocorrido nas areas de Toledo e Cascavel. Espera-se que isso esteja contemplado no artigo Jean-Hugues Maganga Congrès ASRDLF 2002