XII Congresso de Pós-graduação da UFLA/Engenharia Lavras-MG, 12 a 14 de novembro de 2003 DETERMINAÇÃO DO FATOR DE CORREÇÃO DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA, EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA PARA TRÊS SAIS TADEU M. DE QUEIROZ1, WELSON L. SIMÕES2, HUDSON DE P. CARVALHO3,KELTE R. ARANTES4, JARBAS H. DE MIRANDA5 RESUMO Objetivou-se com este trabalho determinar o fator de correção de temperatura para três sais utilizados na área agronômica em cinco temperaturas. O experimento foi realizado no laboratório de hidráulica da UFLA, onde se testou os sais Ca(NO3).4H2O, KCl e NaCl na concentração de 50 mg L-1 em cinco temperaturas (15, 20, 25, 30 e 35ºC). As soluções foram colocadas em tubos de ensaio que por sua vez foram imersos em um recipiente maior, onde se ajustou a temperatura adicionando-se água quente ou fria, e medindo-se o valor com um termopar. As leituras foram realizadas com o auxilio de um condutivímetro portátil. O fator de correção da condutividade elétrica em função do aumento da temperatura tem um comportamento linear e decrescente com pouca variação em relação ao tipo de sal presente na solução e com valores próximos aos apresentados por Pizarro (1985). Palavras-chave: Salinidade, Condutividade elétrica, Temperatura INTRODUÇÃO O acúmulo de sais no perfil do solo pode ser conseqüência de processos que ocorrem durante a formação do solo, da utilização de irrigação com águas salinas, da irrigação inadequada em regiões de elevada taxa evaporativa associada a baixos índices pluviométricos, ou ainda como conseqüência de inundações naturais (Gheyi et al., 1997). Segundo Ferreira (1997), os sais de elevada solubilidade são os mais nocivos às plantas. Os sais pouco solúveis, via de regra, precipitam-se antes mesmo de alcançar níveis de concentração prejudiciais às plantas. Os sais Cloreto de sódio e de potássio são classificados como de muito alta solubilidade. A condutividade 1 Eng. Agrícola - Mestrando em Irrigação e Drenagem – DEG/UFLA, E-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo - Mestrando em Irrigação e Drenagem – DEG/UFLA, E-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo - Mestrando em Irrigação e Drenagem – DEG/UFLA, E-mail: [email protected] 4 Engenheiro Agrícola - Mestrando em Irrigação e Drenagem – DEG/UFLA, E-mail: [email protected] 5 Eng. Agrônomo, Doutor em Irrigação e Drenagem - Prof. Departamento de Ciências Exatas – ESALQ/USP. 2 XII Congresso de Pós-graduação da UFLA/Engenharia Lavras-MG, 12 a 14 de novembro de 2003 elétrica de uma solução é proporcional à sua concentração iônica, desta forma, esta propriedade permite conhecer a salinidade de uma solução medindo-se sua condutividade elétrica (Ferreira, 1997). Para a irrigação, águas com CE acima de 2 dS/m são consideradas prejudiciais para as culturas, embora para CE acima de 0,7 dS/m já ocorra um risco potencial de salinização do solo. Para Richards (1954), dentre outros fatores a CE depende da temperatura e seu valor deve ser sempre convertido para temperatura de 25ºC. Um dos principais trabalhos com CE x temperatura foi realizado por Pizarro (1985), onde é apresentada uma tabela com fatores de correção da condutividade elétrica em função da temperatura da solução no momento da leitura. No entanto esta tabela é genérica para os diferentes sais utilizados na agricultura. Tendo em vista a evolução dos fertilizantes nos últimos tempos e a importância de se conhecer o valor da condutividade elétrica com exatidão o presente trabalho teve por objetivo determinar o fator de correção da condutividade elétrica em função da temperatura, para os sais Cloreto de cálcio tetrahidratado (Ca(NO3)4H2O), Cloreto de potássio (KCl) e Cloreto de sódio (NaCl). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de relação água-solo-planta do Departamento de Engenharia da UFLA. No presente trabalho foram testados os sais Nitrato de cálcio tetrahidratado (Ca(NO3)4H2O), Cloreto de potássio (KCl) e Cloreto de sódio (NaCl). As leituras de condutividade elétrica foram realizadas em cinco temperaturas (15, 20, 25, 30 e 35ºC) e a concentração dos sais utilizada foi de 50 mg L-1, trabalhando com três repetições. As soluções de cada tratamento foram colocadas em tubos de ensaio para posterior leitura da condutividade elétrica. Para o controle da temperatura, os tubos de ensaio com as soluções foram imersos em um recipiente maior com água, até ¾ da sua altura, onde era acrescentada água fria ou quente, para ajuste da temperatura desejada de cada tratamento. Para leitura instantânea da temperatura utilizou-se um termopar ligado a um leitor digital onde se avaliava a estabilização da temperatura desejada, dentro da solução. No momento em que a temperatura atingia o valor desejado, realizava-se a leitura da condutividade elétrica, com o auxílio de um condutivímetro portátil digital, marca Hanna HI 8733. Após a leitura em cada tratamento, o eletrodo era lavado com água destilada, a fim de não alterar as concentrações das próximas leituras. Após a obtenção da condutividade elétrica de cada sal, foi ajustado um fator de correção da XII Congresso de Pós-graduação da UFLA/Engenharia Lavras-MG, 12 a 14 de novembro de 2003 temperatura para 25º C, no intervalo de 15 a 35º C. Esses fatores foram comparados com os apresentados por Pizarro (1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1, observa-se que o comportamento do fator de correção da CE (para 25ºC) em função da temperatura, determinado para os sais Ca(NO3)4H2O, KCl, NaCl e os valores encontrados por Pizarro (1985) apresentaram comportamento linear e decrescente com o aumento da temperatura. Fazendo-se uma comparação dos valores encontrados para os três sais com os valores apresentados por Pizarro (1985), encontrou-se uma correlação de 0,988 para os três sais analisados. Quando se comparou os sais entre si encontrou-se uma correlação de 1,000, indicando que o fator de correção da condutividade elétrica em função da temperatura não varia em relação aos tipos de sais estudados. No entanto, observase uma pequena diferença no coeficiente angular dos modelos ajustados para os sais em estudo e o modelo de Pizarro, indicando que este ultimo apresenta uma tendência de superestimar o fator para as baixas temperaturas e subestimar para as altas. Fator F a t o rdedeCorreção co rreção 1 ,4 0 P iza rro KCl N aCl C a (N O 3)4H 2O 1 ,2 0 1 ,0 0 0 ,8 0 15 20 25 T e m p e r a t ur a ºC 30 35 FIGURA 1 - Fator de correção da CE (para 25ºC) em função da temperatura, determinado para os sais Ca(NO3)4H2O, KCl, NaCl e os valores encontrados por Pizarro (1985). XII Congresso de Pós-graduação da UFLA/Engenharia Lavras-MG, 12 a 14 de novembro de 2003 A Figura 2 mostra o comportamento do fator de correção da condutividade elétrica na faixa de temperatura de 15 a 35ºC para cada um dos três sais analisados e para os valores propostos por Pizzaro (1985). Observa-se nesta figura, que para os quatro casos o modelo ajustado foi o linear sendo a equação gerada para o NaCl y=0,0129x+1,3334 com r2=0,9951, para o Ca(NO3)4H2O y=-0,0117x+1,2964 com r2=0,9948, para o KCl y=-0,0109x+1,2782 com r2=0,9973, e para os valores propostos por Pizarro (1985) y=-0,0208x+1,5395 com r2=0,9884, onde y representa o fator de correção e x a temperatura em graus centígrados (ºC). STUHV z~ |} { yz wx R QL MMO LP N MO KL IJ / )+ / )/ )' ') , ') . 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XII Congresso de Pós-graduação da UFLA/Engenharia Lavras-MG, 12 a 14 de novembro de 2003 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, P. A., Aspectos Físico-Químicos do solo, In: MANEJO E CONTROLE DA SALINIDADE NA AGRICULTURA IRRIGADA, XXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola. Campina Grande, PB. Anais... Campina grande: UFPB, 1997. 37–67 p. GHEYI, H.R; QUEIROZ, J.E.; MEDEIROS, J.F. de. – In: SIMPÓSIO “Manejo e Controle da Salinidade na Agricultura Irrigada”. Campina Grande, PB. Anais... Campina Grande: UFPB, 1997. 383p PIZARRO, F. Drenaje agricola y recuperacion de suelos salinos. 2. ed. Madrid: Agricola Espanola, 1985. 542 p. RICHARDS, L. A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington DC, US Department of Agriculture, 1954, 160p. (USDA Agricultural Handbook, 60).