Perfil Nutricional de Escolares no Paraná: uma
indicação da situação de pobreza e de
caracterização regional
AMORIM, Suely, T.S.P.; RIGON, Sílvia A; FARIAS, Gisele; STOLARSKI, Márcia C.
Figura 2. Mesorregiões e municípios com prevalências de sobrepeso e
obesidade entre os escolares avaliados.
Introdução
Estudos sobre o perfil nutricional de escolares sinalizam
processos gerados nos diferentes territórios por determinantes econômicos e
sociais e auxiliam na avaliação do impacto de políticas públicas. O presente estudo
constitui parte de um projeto sobre a avaliação do estado nutricional de escolares
matriculados na rede pública estadual do Paraná, uma
parceria entre o
Departamento de Nutrição- UFPR e a Secretaria de Estado da Educação e apoio
do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sul – CECAN/SUL.
Objetivos
Identificar os municípios do Paraná com as escolas que
apresentaram as maiores prevalências de má nutrição, apontando as mesorregiões
em situação de maior vulnerabilidade.
Material e métodos
A amostra por conveniência incluiu 13.202 escolares de 10 a 18
anos, matriculados em 324 escolas de 99 municípios de todas as mesorregiões.
Tanto a baixa estatura, o baixo peso como o sobrepeso e a obesidade foram
considerados como má nutrição. A baixa estatura foi identificada quando o escore
Z do índice altura para idade da referência NCHS/OMS[1], foi < -2Z. Para o
diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade foi utilizado o IMC com a
classificação adotada pela OMS[2]. As mesorregiões consideradas de maior
vulnerabilidade à situação de má nutrição foram aquelas, cujos municípios
apresentaram prevalências superiores à média estadual. O projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética do Setor de Ciências da Saúde-UFPR.
Resultados
O sobrepeso e a obesidade
Nas regiões Norte Central, Norte Pioneiro, Oeste e
Metropolitana foram registradas as maiores prevalências de excesso de peso.
Os municípios da mesorregião Norte Pioneiro apresentaram uma melhora
progressiva do IDH-M na última década. A mesorregião Oeste apresenta uma
dinâmica econômica importante e crescente
e marcante crescimento
populacional [1]. A mesma
tendência é observada na mesorregião
Metropolitana, que apesar de contar com municípios com uma situação
socioeconômica melhorada em relação ao restante do Estado, apresenta as
maiores concentrações de pessoas vivendo “em situação de carência,
observada nas várias dimensões sociais” (IPARDES, 2003, p.31). Tais
informações são confirmadas na associação positiva entre IDH-M e IMC
médio(figura3).
Figura 3: Diagrama de Dispersão entre IDH e IMC em 93 Municípios
Analisados
Dos 99 municípios com escolares avaliados, 35 apresentaram
prevalências de baixa estatura e sobrepeso superiores à média estadual que foi
de 3,7% e 9,8% respectivamente; 33 apresentaram prevalências de baixo peso e
obesidade também superiores as médias do Estado: 7,0 e 3,8%, respectivamente.
A baixa estatura
As maiores prevalências foram encontradas na mesorregião
Centro-Sul indicando a existência de má nutrição a tal ponto que, em muitas
situações, o ritmo de crescimento infantil possa ter sido afetado. Tal quadro pode
ser associado à condições de vida precárias, já que nesta mesorregião encontramse os dez municípios mais pobres do Estado do Paraná, com destaque para Turvo,
que registrou a maior prevalência de baixa estatura (16,4%) entre os escolares
avaliados.
Figura 1. Mesorregiões e municípios com prevalências de baixo peso e baixa
estatura entre os escolares avaliados.
A figura ilustra a associação entre o valor médio de
IMC nos adolescentes e o IDH em 93 municípios do Estado do Paraná que fizeram
parte do levantamento dos dados. Uma reta traçada pelo ajuste de mínimos
quadrados indica associação positiva entre estas duas variáveis, ou seja, o
aumento no IDH está associado, em média, ao aumento no IMC.
Conclusão
O baixo peso
As maiores prevalências ocorreram nos municípios das regiões
Centro Ocidental, Sudoeste e Norte Central. As duas primeiras regiões apresentam
uma das maiores concentrações de famílias com baixa renda do Estado, [1], sendo
que a Centro Ocidental apresenta 32% deste contingente. A concentração de terras
é elevada, contando com altos números de trabalhadores rurais assalariados e
bóias-frias. Na região Norte Central, caracterizada por práticas agrícolas modernas
e pela presença de agroindústrias, a situação é heterogênea, registrando os piores
indicadores sociais nos municípios rurais ao sul da mesorregião.
Referências Bibliográficas:
IPARDES. Famílias pobres no Estado do Paraná. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Curitiba,
IPARDES, 2003.
_____. Paraná: diagnóstico social e econômico. . Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Curitiba,
IPARDES, 2003.
NCHS. National Center for Health Statistic. Growth Curves for Children Birth – 18 years. United States Department of
Health, Education and Welfare, Publication n0 78, 1977.
WHO. Physical status: use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. WHO Technical report
series, 854. Geneva, 1995
Os resultados obtidos sugerem uma relação entre as
situações de má nutrição observadas nos municípios estudados e a pobreza do
Estado, pois cerca de 80% desses municípios apresentaram taxas de pobreza
superiores a média estadual (20,8%) de 2000 [1]. Apontam também a existência
de dinâmicas complexas e heterogêneas, podendo uma mesma região apresentar
características distintas e paradoxais, que se refletem no estado nutricional dos
escolares constituindo um verdadeiro “mosaico nutricional”.
Os resultados
apontam que muitos desafios ainda devem ser enfrentados para garantir a
qualidade de vida necessária a todos os paranaenses. Nesse sentido é que se
justifica a urgência da implantação de uma Política Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional, com ações emergenciais e estruturantes que modifiquem
os determinantes do quadro observado, contribuindo para a promoção do direito
humano à alimentação adequada. [1]
Colaboradores:
Joel Maurício Correa da Rosa: Departamento de Estatística-UFPR
Rebeca Duarte, Sibelly Cordeiro, Simone Salim: acadêmicas de Nutrição
Cleverson Andrade: acadêmico de Desing Gráfico- Tuiuti
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