64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ESTUDO DO ESTOQUE DE CIPÓ-TITICA NA REGIÃO DE MUNGUBA/ PORTO GRANDE/AP 1, 1 1 1 1 Jackson R. L. Barbosa *, Luciano A. Pereira , Adriano C. Brito , Bruno C. Rosário , Kézia P. Silva , Lana P. 1 R. Assunção 1 Universidade do Estado do Amapá; * [email protected] Introdução O cipó-titica é constituído por raízes produzidas por espécies do gênero Heteropsis Kunth, de hábito hemiepífito secundário, que ocorre amplamente na região amazônica, utilizadas como matéria-prima para a fabricação de móveis e artesanatos [1]. Na última década, esse recurso foi intensamente explorado no Amapá, devido à concepção de abundância atribuída ao recurso e à falta em outros estados da federação [2], de onde foi quase extinto. A extração de cipó-titica gerou problemáticas que culminaram na necessidade de elaboração de ferramentas legais que estipularam a quantidade de cipós a ser coletada quando da execução de um plano de manejo. Contudo, ainda são poucas as informações sobre estoque, que ofereçam sustentação para o licenciamento dessa atividade. O presente trabalho verifica o estoque do cipó-titica na comunidade de Munguba, Porto Grande/AP, Brasil. Metodologia As áreas em estudo compreendem duas propriedades no município de Porto Grande. Área I, localizada no Assentamento de Munguba, 00°35'53,3" N e 051°52'56,3" W, área II, localizada na margem direita do Rio Amaparí, coordenadas: 00°40’29,7” N; 051°49’39,9”. Foram demarcadas duas áreas de um hectare onde foram registradas informações de todas as árvores hospedeiras da planta do cipó-titica contidas dentro das parcelas e sem limite mínimo de CAP. Foi também coletado material botânico de todos os forófitos para posterior identificação das espécies arbóreas que foi realizada por meio de literaturas específicas, por comparação no herbário amapaense e por especialistas. Resultados e Discussão Das sete espécies de plantas denominadas popularmente de cipó-titica ocorrentes no Amapá e registradas no HAMAB [3], nesse trabalho foram encontradas três: Heteropsis flexuosa (Kunth) G.S. Bunting, Heteropsis steyermarkii G.S.Bunting e Heteropsis linearis A.C. Sm. Ao analisar a riqueza da floresta, o índice de diversidade de Shannon-Wiener para a área I foi de 4,445 nats.ind-1 e para a área II 4,437 nats.ind-1. Esses resultados indicam haver alta diversidade nas duas áreas. Vale frisar que se trata somente dos forófitos do cipó-titica. Considerando a semelhança florística entre as áreas, o resultado do índice Jaccard foi de 0,26 e o de Sorensen de 0,57. Esses valores estão associados ao maior número de indivíduos da mesma espécie que ocorrem nas duas áreas. Considerando que o índice de Sorensen é o mais utilizado na comparação de vegetação entre áreas distintas, sugere-se que existe moderada similaridade entre as áreas I e II. Quanto à distribuição das plantas de cipó-titica na floresta, o Índice de Morisita foi de 1,154 para a área I e 1,054 para a área II e o Índice de Morisita Padronizado foi de 0,502 na área I e 0,501 na área II. Naturalmente, o Índice de Morisita é utilizado para revelar a distribuição de espécies distintas dentro de uma floresta. Para esse caso, o índice denota que a distribuição do cipó-titica ocorre de forma agregada em ambas as áreas. Apesar de apresentar grande ocorrência de plantas de cipó-titica distribuídas de forma agregada, notou-se na área I que grande parte da população de cipó-titica é jovem, com plantas ainda emergindo. Na área I, dos 439 forófitos amostrados com plantas de cipó-titica jovens e adultas, 138 (31,43%) apresentaram plantas com raízes aéreas. Dessa fração, 58 (42%) possuíam raízes classificadas como maduras com média de 3,6 raízes/árvore. O número médio de raízes maduras na parcela foi de 0,48 raízes/árvores. Na área II, dos 491 forófitos, 191 (38,9%) apresentaram plantas de cipó-titica com raízes aéreas, sendo que dessa fração, 91 (43%) possuíam raízes maduras com média de 4,8 raízes/árvore. O número médio de raízes maduras na parcela foi de 0,8 raízes/árvore. Conclusões As áreas apresentaram altas diversidades, apesar de se tratar apenas de forófitos do cipó-titica, e a similaridade é moderada, o que permitiu compará-las. A densidade de forófitos de cipó-titica entre jovens e adultos é em média, 465 plantas/ha, porém há muitas plantas jovens, principalmente na área I. A distribuição das mesmas ocorreu de forma agregada nas duas áreas. O estoque de raízes maduras na área I é menor que na II. Agradecimentos Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Amapá, Universidade do Estado do Amapá e ao Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológica do Amapá. Referências Bibliográficas [1] DURIGAN, C. C. Biologia e Extrativismo do cipó-titica (Heteropsis spp. – Araceae) – estudo para avaliação dos impactos da coleta sobre a vegetação de terra firme no Parque Nacional do Jaú. 1998. 53 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Tropical e Recursos Naturais) – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, 1998. [2] FERREIRA, M. G. R.; BENTES-GAMA, M. M. Ecologia e formas de aproveitamento econômico do cipó-titica (Heteropsis flexuosa (H.B.K.) G.S. Bunting). Porto Velho: Embrapa Rondônia, 2005. p. 21. (Embrapa Rondônia. Séries Documentos, 95). [3] PEREIRA, L. A.; CESARINO, F.; REIS, J. P. Levantamento das Araceae do Amapá enfatizando o cipó-titica (Heteropsis flexuosa) visando o manejo sustentado da espécie: Estudos preliminares. Revista Amapá, Ciência e Tecnologia. Macapá: MEC/UNIFAP/FUNDAP/EMBRAPA-AP, 2001.