Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 “O Arco Sudoeste e a expansão do Aeroporto de Viracopos: Unidades de Paisagem na Área de Planejamento – AP 30 situada na Macrozona 7 – Área de influência Aeroportuária.” Ricardo Urbano Pontifícia Universidade Católica de Campinas CEATEC [email protected] Resumo: Este Plano de Pesquisa de Iniciação Científica tem como fundamento a análise das relações entre os sistemas de espaços livres e a forma urbana em territórios da Região Metropolitana de Campinas. O artigo ainda apresenta como objetivo de estudo o vetor territorial que compreende as áreas situadas no entorno da complementação do anel rodoviário externo (o arco sudoeste), que dará continuidade ao Anel Rodoviário Magalhães Teixeira, interligando a rodovia Anhanguera com a Rodovia Bandeirantes e Santos Dumont, e com a Macrozona 7, designada como Área de Influência Aeroportuária do Aeroporto Internacional de Viracopos pelo Plano Diretor Participativo 2006 da Prefeitura Municipal de Campinas. Foram mapeadas e identificadas unidades de paisagens com subsídio para a discussão da forma urbana. O conceito de Unidade de Paisagem é atribuído aos recorte territoriais que apresentam homogeneidade de configuração, caracterizados pela similaridade dos parâmetros pré-definidos de elementos definidores da paisagem. Foram estudados os recortes territoriais situados ao longo da extensão do Arco Sudoeste e da Área de influência Aeroportuária, tomando como referência as unidade de planejamento utilizadas pela Prefeitura Municipal de Campinas e identificadas como APs - Áreas de Planejamento. Neste Plano de Trabalho foram identificadas as Unidades de Paisagem existentes na Área de Planejamento – AP 30 situada na Macrozona 7 – Área de Influência Aeroportuária, com o objetivo de elaborar cartas temáticos sobre: padrões do tecido urbano; cobertura arbórea urbana e viária; dinâmica ambiental: confrontando ocupação urbana/mancha urbana; espaços ocupados por assentamentos residenciais; espaços ocupados por equipamentos de grande porte; sistema rodoviário e urbano. Palavras-chave: requalificação urbana, unidade de paisagem, Arco Sudoeste, sistemas de espaços livres, Região Metropolitana de Campinas Prof. Dr. Wilson R. Dos Santos Júnior Grupo de Pesquisa: Requalificação Urbana CEATEC [email protected] Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas – Arquitetura e Urbanismo - Paisagismo – CNPq. 1. INTRODUÇÃO O que viria se tornar a grande cidade de Campinas, era nada mais que uma vila da cidade de Jundiaí, um pouso de descanso e reabastecimento das caravanas garimpeiras na estrada dos Guaiases - rota secundaria e tardia do ciclo de mineração aberta pelos paulista em 1722- ligando São Paulo às regiões de Goiás e Mato Grosso do sul. Uma alternativa à cansada e conflituosa região das Minas Gerais. No último decênio do século XVII, a descoberta de ouro pelos bandeirantes paulistas, atraiu para a região das Gerais, densos contingentes populacionais, que partiam de São Paulo e Parati, alcançavam o Vale do Paraíba e seguiam em direção à zona de mineração, pelo antigo Caminho Geral do Sertão. Os caminhos do ouro se multiplicaram. Foram construídos diversos pousos, para abastecimento das caravanas, e instalados postos para o registro fiscal e cobrança de taxas que incidiam sob o minério extraído. Estes pontos de passagem obrigatórios deram origem a uma vasta rede de vilas no interior do território brasileiro (BADARO, 1986) [1]. O pequeno povoado conquista, a partir de 1774, sua independência de Jundiaí e ganha uma autorização civil do então governador e capitão da capitania de São Paulo, com diretrizes para a fundação da Freguesia de Nossa senhora da Conceição, a qual delegava ao sesmeiro Francisco Barreto Leme, a responsabilidade de formar um povoado. Assim procedendo, doou grande parte de sua terra, em cujo centro, foram instaladas: A igreja - sede da freguesia - a praça, e as primeiras quadras segundo as orientações urbanísticas do reino de Portugal. Atualmente a praça é denominada Bento Quirino. A vila sobreviveu ao longo dos anos, prosperando em cada nova fase da economia brasileira, se desta- Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 cando na alta internacional da cana de açúcar no início do séc. XVIII, e a partir de 1842, no auge da era cafeeira, se afirma como Cidade. A pobre vila da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição passa a ser respeitada pelas riquezas adquiridas através da monocultura em larga escala do café, voltada ao abastecimento da Europa, já em fase de industrialização. A inauguração dos trilhos da Cia. Paulista de Vias Férreas e Fluviais em 1872, ligando Campinas a Jundiaí, e lá, entroncando-se com as linhas de São Paulo Railway, pôs Campinas em contato direto com São Paulo e Santos. Por outro lado, a Cia, Mogiana, a partir de 1875, estabelecia a conexão com o interior e, articulando-se, por seu turno, com as vias fluviais, acompanhava o itinerário do café e gerava as condições básicas para que Campinas assumisse, desde então, a função de pólo regional. (BADARO, 1986)[2]. Vale lembrar que justamente nessa fase, o intenso crescimento da cidade, traz a tona questões básicas de saneamento que não foram resolvidas, o que leva Campinas a passar por uma grande epidemia de febre amarela, matando e afugentando milhares de pessoas, reduzindo sua população de 50 mil habitantes para 5 mil habitantes, incidente que afirma São Paulo como cidade hegemônica do Estado, foco principal dos avanços e investimentos do Estado, hegemonia até então disputada com Campinas. 2. DINAMICAS CONTEMPORANÊAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS (RMC) Integrante do maior aglomerado urbano da América Latina, denominada por Queiroga a Megalópole do Sudeste, a Região Metropolitana de Campinas é de fundamental importância na dinâmica sócio, econômica e espacial deste mega eixo metropolitano que, a grosso modo, se estende do interior de São Paulo ao Rio de Janeiro. “A Região Metropolitana de Campinas, com sua densa rede de autoestradas, tornou-se importante localização de atividades do terciário superior que migraram da Região Metropolitana de São Paulo. Este processo de deslocamento espacial, acelerado nas últimas décadas, configurou um novo e extenso território “continuum” urbanizado, heterogêneo, complexo e polinucleado denominado de Megalópole do Sudeste do Brasil (QUEIROGA, 2008).[3] A Região Metropolitana de Campinas (RMC) contan- do com o segundo maior entroncamento ferrorodoviário do Estado de São Paulo e um dos maiores aeroportos do pais, , além de desempenhar papel fundamental na logística contemporânea de intenso deslocamento, atraiu e constituiu um dos maiores pólos tecnológicos do hemisfério sul do planeta e um diversificado parque industrial. O desenvolvimento da região se concretizou principalmente pela presença de rodovias que marcam os eixos de expansão da RMC: Rodovia Anhanguera, Rodovia Santos Dumont e Rodovia Bandeirantes. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi criada através da Lei Complementar Estadual n° 870/2000. Ocupa área de 3673 km², conta com 2,3 milhões de habitantes e é composta por 19 municípios: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara D´Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. O complexo viário da região é composto pela rodovias: Dom Pedro (ligando Campinas ao Vale do Paraíba), Anhanguera (principal vetor de expansão da megalópole do sudeste, se estendendo de São Paulo ao interior), Rodovia Bandeirantes (conexão de alta velocidade e fluxo entre as regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo) , Rodovia Santos Dumont (principal conexão da RMC ao aeroporto de Viracopos),Rodovia Magalhães Teixeira(responsável por completar o anel viário de Campinas, liga a Rod. Dom Pedro à Rod. Anhanguera) e demais outras rodovias que ligam Campinas às cidades de seu entorno. 3. A CIDADE SEDE DA RMC Núcleo principal da região metropolitana, a cidade de Campinas, com sua grande capacidade viária, atende razoavelmente bem as diversas cidades de seu entorno, que buscam no município sede da RMC, a grande gama serviços e produtos do setor terciário, cursos técnicos e superiores e boas oportunidades de trabalho. Diferentemente da capital paulista, a cidade de Campinas, têm se destacado pela eficiência em atender grande fluxo automobilístico diário, apesar dos crescentes congestionamentos e ter um aeroporto bem situado, climaticamente e espacialmente. Campinas tem se tornado uma alternativa financeira e social á saturada metrópole de São Paulo. Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 A Região Metropolitana de Campinas, inserida neste contexto como um de seus núcleos estruturadores, apresenta-se como exemplar expressão do território megalopolitano. As autoestradas ampliam a presença no território, cumprindo diversos papéis, do escoamento de produtos de exportação, vindos de outros estados ou ali produzidos, ao tráfego cotidiano de pessoas indo e vindo do trabalho, escolas, compras ou lazer. São verdadeiras “avenidas metropolitanas”, ainda que pedagiadas e compartilhadas com fluxos e escalas de conexão diferenciadas. Atualmente são também infovias, capacitando o território a cumprir novos papéis produtivos, informacionais e comunicacionais. Os fluxos na metrópole campineira são intensos e ainda se dão com grande eficiência, diferentemente do observado nas maiores 6 metrópoles da megalópole (São Paulo e Rio de Janeiro), onde os congestionamentos e as deseconomias trazidas pelo aumento da frota de veículos são cada vez maiores. (QUEIROGA, 2010) [4] A eficiência em suprir a rotina social contemporânea viária, a proximidade com a capital, e possuir um aeroporto com grande capacidade de ampliação e eficiência ambiental, colocou Campinas na rota dos principais investimentos aeroportuários internacionais, que com a concessão do aeroporto de Viracopos para a multinacional Aeroportos Brasil Viracopos, arrecadou fundos bilionários. Designado para o ser o maior aeroporto do País e, ambiciosamente, o maior aeroporto do hemisfério sul do planeta, o aeroporto de Viracopos (VCP) representa um instrumento importante para a manutenção da vida contemporânea, e afirma a Região Metropolitana de Campinas como um atrativo pólo integrante do sistema econômico e financeiro global. Para completar o pacote de investimentos, o complexo rodoviário de Campinas, ganhará uma nova conexão, o Arco Sudoeste do Anel Viário Magalhães Teixeira, que hoje liga a rodovia Dom Pedro à Anhanguera e avançará sobre o perímetro rural de Campinas e Valinhos, em primeira etapa, até a Rodovia Bandeirantes (as obras da primeira etapa já se encontram bem adiantas, e estão previstas para serem finalizadas em novembro deste ano). A segunda etapa de extensão do Anel, também sobre perímetro rural, prevê a ligação deste novo trecho até o aeroporto de Viracopos. A extensão da rodovia, com acesso direto ao aeroporto de Viracopos, é uma alternativa a saturada Rodovia Santos Dumont, utilizada muitas vezes como avenida urbana. Para a concessionária do aeroporto de Viracopos, a conexão não será suficiente para suprir a demanda de fluxo prevista para a expansão do aeroporto, e estuda, juntamente com o governo do estado, a execução do Trem de Alta Velocidade(TAV), que conectaria Viracopos, a São Paulo e Rio de Janeiro. Viracopos deverá, portanto, constituir um novo centro para o desenvolvimento de Campinas e região, cujo impacto socioeconômico pode ser estimado, por exemplo, pelo significado das universidades e dos centros de pesquisa na região de Barão Geraldo. (CAPPA, 2006) [5] Apesar de apresentar altos graus medianos de desenvolvimento socioeconômico, a cidade de Campinas apresenta grande disparidade na economia, os mais desfavorecidos financeiramente sofrem para levar uma vida urbana adequada, os custos de moradia e transportes são bastante elevados, e a carência de equipamentos públicos próximos a áreas menos valorizadas é acentuada. As mesmas rodovias que proporcionam alto grau de eficiência logística à cidade, geram altos custos de deslocamento àqueles que a utilizam diariamente para se deslocarem da periferia ao centro. Portanto, além dos menos favorecidos viverem a margem da infraestrutura urbana de qualidade, são vítimas de um sistema de transporte público que parece não enxergar a lógica equacional do sistema habitacional campineiro. Cabe ressaltar, no entanto que a fluidez da RMC é bastante seletiva, apresentando custos e distâncias de deslocamentos proibitivos aos mais pobres. O território fragmentado, segregado e pouco denso da Metrópole de Campinas se coloca como mais um obstáculo ao pleno exercício da cidadania de significativa parcela de seus habitantes. (QUEIROGA, BENFATTI, 2007) [6] Um dos eixos principais de expansão da Região Metropolitana de Campinas, a rodovia Anhanguera, também é responsável, a grosso modo, por delimitar a maior zona periférica da cidade. Ao sul da rodovia se localiza a maioria dos bairros industriais do município, com as maiores densidades e pouca infraestrutura urbana, já ao norte da rodovia, se localizam as áreas centrais bem equipadas e a zona norte - de grande desenvolvimento tecnológico e moradias de alto padrão. A Rodovia Anhanguera se estende como uma grande barreira à continuidade da malha urbana de Campinas, a conexão entre as duas partes, se dá através de grandes avenidas arteriais, que distribuem um grande fluxo de automóveis ao longo dos diversos bairros da zona sul do município, carac- Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 terística urbana que pode ser encontrada em todo território brasileiro. Atravessando longitudinalmente a zona sul de Campinas, a Rodovia Santos Dumont é um importante eixo estruturador da cidade, articula-se com as rodovias Anhanguera e Bandeirantes e garante acesso direto para os densos bairros da zona sul do município. Atualmente é o único meio de ligação ao aeroporto de Campinas, dependência, que em alguns horários de pico, é afetada com a utilização da rodovia como via de acesso aos bairros mais afastados. De modo sumario, a Rodovia Santos Dumont e seu entorno imediato, fazem fronteira à zona rural sudeste do município, que por conta da especulação imobiliária, vem sendo reduzida. Essa mesma zona rural do sudoeste de Campinas, receberá a ampliação do Anel Viário Magalhães Teixeira - nomeada nesse novo percurso de Arco Sudoeste - o que pressionará ainda mais o parcelamento urbano da região. A segunda etapa da expansão da rodovia avançará sobre as áreas rurais da Macrozona 7 e alcançará o Aeroporto de Viracopos. 4. A MACROZONA 7 A Macrozona 7 abrange parte da região sul/sudoeste do município, onde se localiza o Aeroporto Internacional de Viracopos, limitando-se com os Municípios de Monte-Mor, Indaiatuba e Itupeva. É atravessada pelas Rodovias Santos Dumont - SP 75, Rodovia Miguel Melhado Campos - SP 324 e a Rodovia Lix da Cunha - SP 73, que seccionam áreas com ocupação urbana, possuindo precária articulação viária com o restante da cidade, a qual ocorre basicamente através da Rodovia Santos Dumont - SP 75. Esta área possui 73,84 km², que corresponde a pouco mais de 9% da área do município, constituindo-se na sua maior parte por zona rural (67%). A população dessa região, segundo o Censo Demográfico de 2000 era de 26.728 habitantes, correspondendo a 2,8% da população do município, sendo 25.199 habitantes na área urbana e 1.529 habitantes na área rural. A população em sub habitação é de 9.770 pessoas, representando cerca de 36% da população da Macrozona e 1% da população do município. Na atualidade, a estimativa da Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de Campinas é que vivam na área cerca de 45.000 habitantes, e boa parte desta população ainda vive em situação precária 5. A FORMA URBANA DA MACROZONA 7 E A EXPANSÃO DO AEROPORTO DE VIRACOPOS Formados em sua maioria por pequenos e médios produtores rurais, mananciais do rio Capivari, e desfragmentada malha urbana, a forma urbana resultante desta Macrozona advém de um processo de formação histórica. Os primeiros parcelamentos do solo foram em meados da década de 50, decorrentes do acesso facilitado pelas rodovias de acesso ao aeroporto, que os ligaram a região central de campinas. Com o passar dos anos, o crescente aumento do fluxo aeroportuário de Viracopos, fez com que fossem decretadas diversas medidas, pelo governo estadual e federal, para possibilitar a expansão do aeroporto. Durante esse percurso histórico, e em virtude de a ampliação “ficar no papel” desde a década de 1970, desencadeou-se um intenso processo de ocupação de áreas pouco produtivas, contribuindo para os conflitos existentes até a atualidade, os quais envolvem os mais diversos agentes públicos, privados e população local (SOUZA, P.; BUENO, L.M.M; 2011) [7] Finalmente no dia 6 de fevereiro de 2012, o Consórcio Aeroportos Brasil, formado pela TPI - Triunfo Participações e Investimentos, UTC Participações e a francesa Egis Airport Operation, venceu o leilão de Viracopos com um lance de R$ 3,821 bilhões e será responsável pela administração e modernização do complexo aeroportuário nos próximos 30 anos. Depois do leilão, a Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos assinou, em 14 de junho de 2012, o contrato de concessão do aeroporto, anunciando investimentos de R$ 9,5 bilhões da ampliação e modernização do complexo durante os 30 anos de concessão Figura 1. Expansão Viracopos. Fonte: SEPLAM.2008. Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 6. UNIDADE DE PLANEJAMENTO 30 (AP30) Segundo o Plano Diretor de 2006, esta Macrozona é subdividida em três Áreas de Planejamento: AP 33 Região Rural de Friburgo, AP 34 - Aeroporto de Viracopos e a AP 30 - Região do Campo Belo. A seguir abordaremos uma serie de mapas exclusivos da AP 30 - área de planejamento principal do plano de pesquisa - com o objetivo de registrar os sistemas de espaços livres da área de planejamento Como método de desenvolvimento, subdividimos a unidade de planejamento 30 em 12 setores, para através deles compreender o território de maneira mais eficiente. Todavia, apesar da mudança de perímetro, com diminuição das desapropriações em áreas habitadas e ampliação em áreas agrícolas, haverá acomodações que serão necessárias para a expansão do aeroporto e a organização da localidade. Como por exemplo, as adequações acústicas das residências do entorno que serão necessárias em virtude do grande ruído das aeronaves do aeroporto de Viracopos, inclusive em alguns casos, contrariando os movimentos locais, passiveis de desapropriação. área ocupada irregularmente, que neste caso, ocupa a antiga linha ferroviária que passava no perímetro do bairro. De acordo com a prefeitura municipal de Campinas, uma pequena parte da ocupação permanecerá e já encontra-se regularizada, enquanto a maioria aguarda um local para serem transferidos. Este setor conta com grandes espaços livres de edificações, dentre eles, um denso conjunto arbóreo residual. Porém o único espaço público destinado aos moradores é o campo de futebol. Outra grande virtude deste local, é que ele se encontra fora da zona influencia sonora estipulada pela INFRAERO, portanto pode ser habitada sem restrições. 6.2. SETOR 2 – SINGER Uma das maiores áreas livres da unidade de planejamento 30, o setor 2 é o encontro de duas bacias hidrográficas da Macrozona 7. Ao lado norte se encontra o rio Capivari, com densa mata similar e a Estação de tratamento de esgoto do Capivari (ETE Capivari), e no lado sul, diversos mananciais da bacia do ribeirão Capivari–Mirim, a grande indústria desativa da Singer, e outras duas empresas de grande porte. 6.3. SETOR 3 – LIX DA CUNHA Figura 2. Setorização. Fonte: Google Earth modificado pelo autor. 6.1. SETOR 1– ELEKTRO Localizado no extremo norte, próximo ao eixo de entroncamento das rodovias Bandeirantes e Santos Dumont, este setor encontra-se isolado e fora da área de ruídos do aeroporto de Viracopos. Foi uma das primeiras área a serem loteadas, fazem parte do setor os bairros Jardim Irmãos Sigrist e Jardim Nova América. Predominante residencial, esse setor conta com poucas grandes empresas, como o centro logístico de distribuição do Makro, e a centro de operações da distribuidora de energia ELEKTRO. Este setor como a maioria dos bairros da AP 30, possui uma grande Com caráter predominantemente residencial, o setor 3 faz fronteira com a grande área livre do setor 2, é delimitado ao leste pela rodovia Lix da cunha, que inclusive, estimulou quadras com caráter de uso misto no setor. No seu perímetro esquerdo, passava a antiga linha ferroviária, que como no setor 1, está ocupada irregularmente. Possui uma grande área verde interbairro subutilizada e um grande campo de futebol. De acordo com mapa sonoro divulgado pela INFFRAERO, Sua área encontra-se dentro do perímetro inadequado para habitação. 6.4. SETOR 4 – REGIÃO CAMPO BELLO Um dos setores mais adensados, o setor 4 faz divisa com a Rodovia Santos Dumont e a rodovia Miguel Melhado. Juntamente com o setor 8, originou-se de uma ação articulada dos movimentos ocupacionais, que em meados da década de 90, ocuparam simultaneamente duas grandes áreas: a região conhecida como Parque Oziel e a região deste setor, conhecido como Jardim Campo Belo. Como em quase todos os setores, apresenta uma grande área livre central subutilizada. Seu tecido urbano está muito próximo a zona de interferência sonora do aeroporto e terá que se ajustar aos requisitos acústicos da INFRAERO. Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 6.5. SETOR – ÁREA LIVRE INTERBAIRRO 6.9.2. SETOR 11 – JARDIM FERNANDA Envolta em meio ao tecido urbano da área de estudo, o setor 5 possui grandes áreas livres de edificações, onde se encontram mananciais da bacia do ribeirão Capivari – Mirim e respectiva mata ciliar herbácea, ponteadas em alguns locais por arvores de grande porte. Apesar da maioria das vias serem de terra, o desenho viário deste setor permite grande permeabilidade de seus habitantes. Possui dois subsetores, um consolidado, com pouquíssimos terrenos disponíveis, e outro, com diversos terrenos livres e com desenho viário irregular. Possui poucas áreas livres, mas é vizinho de grande setores de áreas livres. 6.9.3. SETOR 12 – MARGINAL Á SANTOS DUMONT 6.6. SETOR 6 – COMPLEXO SÃO DOMINGO Em relação aos parâmetros habitacionais, o setor 6 pode ser considerado como a melhor área. A malha urbana está fora da zona de ruído do aeroporto de Viracopos. Possui área livre estruturada, formada por um grande lago e diversos equipamentos a sua margem, como Complexo sócio cultural esportivo São Domingos, escola municipal infantil e fundamental e um Posto de Saúde. É cercado pela Rodovia Lix da cunha, rodovia Miguel Melhado e grande área livre do setor 2. O setor 12 é caracterizado por uma grande área livre próxima da rodovia Santos Dumont, pelo escasso sistema viário e poucas empresas á margem da pista. Possui algumas propriedades rurais e diversos trechos de mata nativa descontinuadas. 6.7. SETOR 7 – MCMV Caracterizado como um dos loteamentos mais recentes, o setor 7, abriga diversas casas financiadas pelo programa federal Minha casa Minha vida (MCMV), único bairro onde ainda restam muitos lotes disponíveis. Faz divisa com a rodovia Miguel Melhado e também possui casas ocupando o espaço da antiga linha férrea. 6.8. SETOR 8 – REGIÃO CAMPO BELLO 2 O setor 8, como citado previamente, compõe a região do Jardim Campo Bello, grande área ocupada em meados da década de 90 que permanece com a maioria das suas ruas não pavimentadas. Ao contrário da maioria dos setores, além do território ser densamente ocupado, possui poucas áreas livres..É marcado pela proximidade à rodovia Santos Dumont e do aeroporto de Viracopos. Figura 3. Mapa síntese de áreas livres. Fonte: Google Earth modificado pelo autor. 6.9. SETOR 9 – ÁREA LIVRE DIVISA ITUPEPA Na divisa com o município de Itupeva, a grande área livre do setor 9 é marcada pela presença de vegetações gramíneas e herbáceas, além de uma concentração de eucaliptos plantados. Possui pouca vegetação lenhosa natural. Sua área circunda boa parte do tecido urbano da área. 6.9.1. SETOR 10 – ÁREA MISTA ALAGADA Desestimuladas pela maior zona alagada da área, com diversos mananciais do ribeirão Capivari-Mirim, as ocupações residências do setor 10 são bastante fragmentadas. A ocupação dos mananciais, sem o devido cuidado do tratamento do esgoto, representa uma ameaça a população de Indaiatuba, que usufrui da captação de água da bacia. Após a leitura do mapas e analisar o processo de ocupação histórico da área, tendo em vista seu entorno metropolitano, pôde-se verificar que a formação urbana da Macrozona 7, desde a sua origem, mostrou-se inerente ao desenvolvimento do aeroporto de Viracopos. Os primeiros parcelamentos do solo foram em meados da década de 50, decorrentes do acesso facilitado pelas rodovias de acesso ao aeroporto, que o ligaram a região central de campinas. A partir daí, a expectativa da expansão aeroportuária, aliado a falta de políticas públicas habitacionais municipais e aos decretos estaduais de expropriação, que impossibilitaram a ocupação regular dos lotea- Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 mentos existentes, fez com que houvessem sucessivas ocupações no entorno do aeroporto. A concretização da ampliação é previsível. O que se coloca são os interesses contraditórios envolvidos nesse equipamento urbano e suas relações locais e nacionais. Interesses diversos são mobilizados, desde o capital especulativo até os movimentos populares e a busca de um mercado formal de trabalho, com o conseqüente sentimento de cidadania advindo de uma reflexão inclusiva da população do entorno. O espaço onde está localizado o aeroporto e a precariedade a que está sujeita a população local são fatores que apontam a necessidade de se aprofundar a questão e de se discutir como este emaranhado e complexo tecido urbano se formata e abre suas relações com a grande metrópole e seus agentes. (SOUZA, P.; BUENO, L.M.M; 2011) [8] A grande maioria da área urbana da Macrozona 7, especialmente a unidade de planejamento 30, é ocupada por moradias precárias irregulares, muitas vezes edificadas sobre áreas públicas. O adensamento dessas moradias ocorreu às margens dos córregos, sobre a antiga linha férrea e em praças publicas. Grande parte dos bairros não possui infraestrutura alguma, as vias não asfaltadas, a falta de saneamento básico a ocupação de córregos combinados, trazem graves malefícios a saúde dos seus habitantes. Portanto, fica evidente que o desenvolvimento da região permanecera inerente aos avanços aeroportuários, e caberá a prefeitura municipal de campinas articular os investimentos bilionários no aeroporto de Viracopos em prol das necessidades sócias da área, e inclusive, através de zoneamento apropriado, resguardar parte das áreas livres dos agentes imobiliários, afim de garantir área para a plena manutenção de convívio social de seus habitantes. AGRADECIMENTOS Agradeço ao amigo e orientador Prof. Dr. Wilson R. dos Santos Júnior, pela confiança depositados ao longo do semestre e pela oportunidade de absorver grande conhecimento. Agradeço também aos colegas de pesquisa, Giovana Pizzol e Bárbara Antunes pela amizade e companheirismo, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas e ao Grupo de Pesquisa Requalificação Urbana, pelo apoio de bolsa IC FAPIC REFERÊNCIAS [1] Badaró, Ricardo S.Campos, Plano de melhoramentos de Campinas, 1932-1964 (1986) [2] Badaró, Ricardo S.Campos, Plano de melhoramentos de Campinas, 1932-1964 (1986) [3] Queiroga, Eugenio, Sistemas de espaços livres e esfera pública na RMC (2010) [4] Queiroga, Eugenio, Sistemas de espaços livres e esfera pública na RMC (2010) [5] Cappa, Josmar, Aeroporto internacional de Viracopos e o futuro da RMC. (2006) [6] QUEIROGA, Eugenio F. ; BENFATTI, Denio M. Entre o Nó e a Rede, dialéticas espaciais contemporâneas: o caso da Metrópole de Campinas diante da Megalópole do Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR), v. 9, 2007 [7] Domingos & Mello Bueno, Empreendimentos aeroportuários e seus impactos: o caso de Viracopos. (2011) [8] Domingos & Mello Bueno, Empreendimentos aeroportuários e seus impactos: o caso de Viracopos. (2011)