Guilherme Cesar Temp Schmidt REVISTA O DELTA: IDÉIAS E VOZ DA MAÇONARIA GAÚCHA (1916-1927) Passo Fundo 2006 Guilherme Cesar Temp Schmidt REVISTA O DELTA: IDÉIAS E VOZ DA MAÇONARIA GAÚCHA (1916-1927) Dissertação ap resentada ao Programa de Pós-G raduação em Histó ria, do In stituto d e Fi loso fia e Ciên cia s Hu mana s, da Un iversid ade d e Passo Fundo, como requisito parcial e final para a obtenção do g rau d e Mest re em Hi stória, sob orientação da Prof. Dr. Jai me Giolo. Passo Fundo 2006 _______________________________________________________________ S349r Schmidt, Guilherme Cesar Temp Revista O Delta : idéias e voz da Maçonaria gaúcha (1916-1927) / Guilherme Cesar Temp Schmidt – 2006. 103 f. ; 29 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade de Passo Fundo, 2006. Orientação: Dr. Jaime Giolo. 1. Rio Grande do Sul - História. 2. Maçonaria. 3. Imprensa. 4. Igreja Católica. I. Giolo, Jaime, orient. II. Título. CDU 981.65:061.236.6 _______________________________________________________________ Catalogação: bibliotecário Juliano de Lima Rodrigues - CRB 10/1642 "!# % & ' # ! ! # % ) ( * " # + " ! , . / ! 01 $ $ 2 "!"3- 4,0!5! ! !0#6# , "798 :;"<=!( #7# ##! 2 " $ 2 75%( " 2 #!">!= $ #9="@? +# BA'% 2 $ #C= ,0" ! "' (D# 2 =+# AE 2 $ #9=" ,=F">GHB5I+#J? +#JK #8LMN,%I#O"#N!" P"RQS9=S5 2T$ O" 2 U,07 2 U!"LQ5B"V"B8XW V ict o r Hugo – Os Miserá ve is Para meu s p a is, Aldo e Ta is, por tudo. 6 AGRADECIMENTOS Meu primeiro agradecimento vai para três pessoas muito especiais em minha vida, que me apóiam nesta caminhada iniciada à sete anos, minha família: Aldo, Taís e Anelise, obrigado por tudo, amo vocês! À Capes, pela bolsa a mim concedida, imprescindível para a realização deste trabalho. Aos amigos Lia e Astor. À prof. Eliane “Lia” Colussi, agradeço por aceitar-me como orientando, acompanhando meu trabalho até a conclusão mesmo estando desligada do PPGH, pelas aulas de história política e as orientações que sempre foram muito bem vindas. Ao prof. Astor, pelos devaneios pela história e pela historiografia através das conversas regadas à chimarrão e churrasco. Ao casal e as crianças, agradeço a amizade, o carinho e a confiança. Ao prof. Jaime Giolo, que me acolheu de braços abertos como orientador em um momento turbulento do programa. Agradeço as orientações e conselhos sempre muito pertinentes para o amadurecimento de meu trabalho. Ao Grande Oriente do Rio Grande do Sul não tenho palavras suficientes para agradecer abertura dos arquivos para minha pesquisa, assim como todo o apoio e amparo. A todos os dirigentes da instituição que proporcionaram que este trabalho se concretizasse, o meu fraterno abraço aos tios: Juracy Vilela de Souza, José Aristides Firmino, Sylvio Bustamante, Edegar Vieira e Poty Odillon Berny. Em especial o meu agradecimento e respeito a quatro senhores que convivem quase que diariamente no subsolo do GORGS: ao tio Chico (Francisco Munhoz Silveira), agradeço a atenção e a paciência em localizar os documentos do arquivo que, sem a sua ajuda estaria até hoje perdido em meio as caixas. Ao tio Zé Luis Gonzáles Montesdeoca, agradeço o acolhimento, as conversas e a forte amizade. Aos tios Dante 7 Bosio e Ibrahim Nunes, exemplos de vida, pelas décadas de sabedoria expressas em conversas no arquivo regadas a café. À todos os tios da loja São João da Escócia de Santa Rosa, em especial ao Ven∴ Elton Von Borowsky, por toda a força, apoio e amparo. Também um agradecimento especial para aqueles que me acolheram em Porto Alegre no período das pesquisas no arquivo, os primos Ingo, Beatriz e Gabriel Goltz, e também aos colegas Guto (Zimpel) e Tati (Zismman) Ao amigo e irmão Diogo “Cego” Freisleben, pelas horas de conversas aleatórias, às festas, aos momentos destílicos entre outros tantos vivenciados em Passo Fundo, o meu abraço pelo respeito e a amizade que se fortalece a cada dia. Aos amigos que conheci com a vinda à Passo Fundo, o meu sincero agradecimento por estarem em minha vida e por trazerem tantas alegrias: Cristiano Durat, Ivandro Pissolo, Chulé Hernandez, Batata, Gruma Burtet, Jamé Kives, Lari, Gabila, Felipe Thomé, Bonfada, Junico, Gio Corso, Beto Zanoni e Claudinha Borella, vocês são demais!!! Em especial à três amigas de boa conversa e festa: Natália Bortholacci, Roberta Zanardo e Karla Saraiva, três lindas mulheres, amigas que se perpetuarão em meu coração. À Karyne, por ter entrado em minha vida, pela paciência no final da dissertação e por todos os bons momentos que vivenciamos em Passo Fundo. RESUMO E m 1 8 9 3 fo i c r i a d o o G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l, o b e d i ê n c i a m a ç ô n i c a a u t ô n o ma e s o b e r a n a q u e s e c o n s o l i d a e m s o lo g a ú c ho . E m m e a d o s d a d é c a d a d e 1 9 1 0 , s u r g e a r e v i s t a m e n s a l O D e l t a , u s a d a c o mo v o z d a i n s t i t u i ç ã o e v e í c u l o d i f u s o r d a s i d é i a s p r o mo v i d a s p e l a inst it u iç ão . O i n f o r m a t i vo in fo r maçõ e s r e l a c io n a d a s ao t raz ia em suas r a c io n a l i s mo , p ág ina s m i s t i c i s mo , f i lo s o f i a , c i ê n c i a , h i s t ó r ia e o c o m b a t e a o c l e r o c a t ó l i c o , de vido ao co nflit o ent re as duas i n s t it u i ç õ e s . O a nt ic l e r i c a l i s mo , a e d u c a ç ã o la i c a s e m v í n c u lo s c o m a r e l i g i ã o , o r a c io n a l i s mo e o c i e n t i f i c i s mo s ã o o s t ó p ic o s p r i n c i p a i s d a r e v i s t a , q u e c i r c u lo u d u r a nt e o nz e a no s . O p r e s e nt e estudo bu s c a mo s t r a r o id e á r io ma çô nic o r e p r o d u z i d o e t r a n s m it i d o p e l a r e v i s t a a o s m a ç o n s d o R i o G r a nd e d o S u l. P a l a vr a s – c h a v e : M a ç o n a r i a , R io G r a nd e d o S u l, I m p r e n s a , I g r e j a Cat ó lic a. A B ST R A C T I n 1 8 9 3 it w a s c r e a t e d t he G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l, M a s o n i c o b e d i e n c e a u t o n o mo u s a nd s o v e r e i g n t h a t c o n s o l i d a t e s i n g a u c ho s o i l . I n t he m i d d l e o f t h e d e c a d e o f 1 9 1 0 , a p p e a r s t h e mo nt h l y m a g a z i n e O D e l t a , u s e d a s t h e vo i c e o f t h e i n s t it u t io n a n d w i d e s p r e a d v e h i c l e o f t h e id ea s p r o mo t e d br o u g ht in it s by t he pages i n s t i t u t io n . i n fo r m a t io n s T he i n fo r m a t i v e re lat ed to the r a t io n a l i s m, m i s t i c i s m , p h i l o s o p h y, s c i e n c e , h i s t o r y a n d t he c o m b a t a g a i n s t t h e C a t ho l i c c l e r g y, d u e t o a c o n f l i t b e t w e e n t h e t w o i n s t it u t io n s . T h e a nt i c l e r i c a l i s m , t h e l a y e d u c a t io n w it ho u t l i n k w it h t he r e l i g io n, t h e r a t io na l i s m a nd t h e s c i e n t i f i c i s m a r e t he m a i n p o i nt s o f t he m a g a z i n e , w h i c h c ir c u l a t e d d u r i n g e l e v e n ye a r s . T he p r e s e n t s t u d y a ims to s ho w t he Ma so n ic id ea ls reproduced t r a ns m it e d b y t h e m a g a z i n e fo r t h e m a s o ns and o f t he R i o G r a nd e d o S u l. K e y- w o r d s : F r e e m a s o nr y , R io G r a n d e d o S u l, P r i nt i n g p r e s s , C a t h o l i c C h u r c h. L I ST A D E A B R E V I A T U R A S E S I G L A S GORGS G r a nd e O r i e nt e d o R io G r a n d e d o S u l GOB G r a nd e O r i e nt e d o B r a s i l Ir∴ I r mã o IIr∴ I r mã o s Maç∴ Ma ço nar ia PPot∴ Pot ênc ia s OOf∴ O fic ina s Lo j∴ Lo ja SUMÁRIO INTRODUÇÃO ______________________________________________ 12 1. ESTUDANDO A IMPRENSA _____________________________ 18 2. DA GÊNESE ATÉ O SOLO RIOGRANDENSE _______________ 28 2.1. O Nas c i me nto na E ur o p a _____________________________ 28 2.2 2.3 Os Pedre iros - livr es c he g a m ao Br as il ___________________ 34 3. Os neófitos ch egam no Rio G rande do Sul _______________38 MAÇONARIA, IGREJA E EDUCAÇÃO ____________________ 42 3.1 M a ç o n a r i a v e r s u s I g r e j a C a t ó l i c a _____________________________42 3.2 O D e l t a e o p r o g r a m a e d u c a c i o n a l M a ç ô n i c o _________________70 4. CIENT IFICISMO E POLÍT ICA NAS PÁGINAS DA REVISTA 82 4.1 D i s c u r s o C i e n t i f i c i s t a __________________________________________82 4.2 O D e l t a e a e l e i ç ã o p r e s i d e n c i a l d e 1 9 2 2 _____________________89 5 . C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S ____________________________________ 97 6 B I B L I O G R A F I A _____________________________________________ 100 INTRODUÇÃO A M a ç o n a r i a s e m p r e fo i u m a i n s t it u i ç ã o c e r c a d a d e d ú v i d a s , m i s t é r io s , le nda s e o rganiz a ção e me d ie va is, p a s s a nd o m it o s , atuação. r e f l e xo Seu por da sua a p a r e c i m e nt o m u d a nç a s em pe cu lia r r e mo nt a sua fo r m a há de t e mpo s estrutura e f u n c io n a m e nt o n o a l vo r e c e r d o s é c u lo X V I I I e m a n t e nd o o e s t a t u t o at é o s no sso s d ia s. A M a ç o na r i a c o nt i n u a c o mo u m t e m a q u a s e q u e a u s e n t e n a h i s t o r io g r a f i a a c a d ê m i c a , p r i n c i p a l m e nt e d e v i d o a i n a c e s s i b i l i d a d e d a s fo n t e s r e f e r e nt e s à o r d e m . É s e d u t o r a q u e m p e s q u i s a n a á r e a t e r c o mo o b j e t o d e e s t u d o u m a i n s t it u i ç ã o q u e d e s d e a s u a c h e g a d a a o p a í s e m 1 8 0 0 c r io u l a ç o s c o m a e l i t e a p o l ít i c a n a c io n a l , p a r t ic i p a n d o d e fo r m a d ir e t a o u i n d i r e t a e m v á r io s e p i s ó d i o s d a h i s t ó r i a br a s i l e i r a . Sua p r e s e nç a no i m a g i n á r io po pu lar, freq üe nt e me nt e r e l a c i o n a d a m i t o s d e s a t a n i s mo e p a g a n i s mo , o u a o p e r s i s t e nt e m it o d e c o n s p i r a ç ã o m u it a s ve z e s r e p r o d u z i d o s e m f i l m e s o u l i v r o s f i c c io n a i s , o n d e a M a ç o n a r i a t e r i a c o mo s e g r e d o u m p l a no d e do mina ção do mu n d o através de g o ve r n o s libe ra is, ou a ind a c o n s p i r a ç õ e s m i r a b o l a n t e s , c o mo s u g e r e “ O s P r o t o c o lo s d o s S á b i o s 13 d e S i ã o ” 1, l i v r o a m p l a m e nt e d i f u n d i d o a p a r t ir d a d é c a d a d e 1 9 4 0 o nd e d e n u n c i a u m p o s s í v e l c o mp l ô m a ç o m- j u d a i c o - c o m u n i s t a p a r a a d o m i n a ç ã o d o mu n d o a t r a vé s d o s m e i o s d e c o mu n i c a ç ã o . O m i s t é r io e n vo lt o na m a ç o na r i a a t é o s d i a s a t u a i s é t a m b é m r e f l e xo d a a u s ê n c i a d e e s t u d o s a c a d ê m i c o s e s p e c í f i c o s s o b r e a i n s t i t u i ç ã o , o c a s io n a d o s p e l o i m p e d i m e nt o a o a c e s s o d o s a r q u i v o s da ordem por hist o r iado res não vincu lado s à o rde m, i m p o s s i b i l it a nd o t r a ba l ho s a c a d ê m i c o s s o br e o a s s u n t o . A s s i m , a p e s q u i s a s o br e a h i s t ó r ia d a m a ç o n a r i a f i c a n a s m ã o s so me nt e de hist o r iado re s filiado s à m a ç o na r i a , ger a lme nt e e s t u d io s o s s e m fo r m a ç ã o na á r e a , f a z e nd o s u a s o br a s e s b a r r a r e m e m p r o b l e m a s d e c u n ho t e ó r i c o , me t o d o ló g i c o e d o c u m e n t a l, m e s mo c o m a m p lo a c e s s o a o s a r q u i vo s . O m a io r e n t r a v e d a l it e r a t u r a m a ç ô n i c a e s c r it a p o r ma ç o n s , q u e c h a m a mo s d e o br a s e n g a j a d a s d e v i d o s e u e n vo l v i m e nt o e c o mp r o m i s s o c o m a i n s t it u i ç ã o , é a c o n s t a nt e m i s t u r a na h i s t ó r i a d o s i m b o l i s mo m a ç ô n i c o a l i a d o a o a lt r u í s mo d o a u t o r p a r a a i n s t i t u i ç ã o , c o n f u n d i n d o r e a l i d a d e e f i c ç ã o e r e p r o d u z i d o s c o mo verdades. E m o u t r o l a d o e nc o nt r a mo s a o br a s e n g a j a d a s p r o d u z i d a s p e lo s i n i m i g o s d a i n s t it u i ç ã o , g e r a l m e n t e e s c r it a s p o r a u t o r e s l i g a d o s à I g r e j a C a t ó l i c a , t r a z e nd o e m s u a s o b r a s a r g u m e n t o s p a r a a d i f a m a ç ã o d o s p e d r e i r o s - l i vr e s 2, na g r a nd e m a io r i a d a s v e z e s n o d i s c u r s o d a ve i c u l a ç ã o d a o r d e m c o m s a t a n i s mo e c o n s p i r a ç ã o . Q u a nt o a o s e s c a s s o s t r a ba l h o s d e c u n h o a c a d ê m i c o , d e v e - s e ju st a me nt e ao e n c l a u s u r a m e nt o do c u me nt a l dos a r q u i vo s das o be d i ê n c i a s m a ç ô n i c a s , f a z e nd o c o m q u e a a ç ã o d a i n s t it u i ç ã o q u e p a r t ic i p o u d e mo m e nt o s p o l ít i c o s d e c i s i vo s n a h i s t ó r i a b r a s i l e i r a d o s é c u lo X I X f i c a s s e p r a t ic a m e nt e no a n o n i m a t o , p e r ma n e c e nd o 1 A origem e o autor deste texto é desconhecido, mas foi publicado e organizado no país por: BARROSO, Gustavo. Os Protocolos dos Sábios de Sião. Porto Alegre: Editora Revisão, 5 reedição, 1991. 2 Pedreiro-livre pe a tradução para a palavra maçom , que vem do baixo latim “machio”, que significa aquele que executa ou dirige o trabalho de alvenaria. TEMPSKI-SILKA, Valton Sergio von. Historial da Franco Maçonaria. Curitiba: Juruá, 1999. pág 22. 14 a p e n a s n a h i s t o r io g r a f i a o s e p i s ó d io s d a I n d e p e n d ê n c i a d o B r a s i l e d a Q u e s t ã o R e l i g io s a d e 1 8 7 2 . É s o m e n t e a p a r t ir d o s a n o s 9 0 q u e o p a no r a m a m u d a , c o m h i s t o r i a d o r e s a c a d ê m i c o s p r e o c u p a d o s c o m a p r o d u ç ã o e e s t u d o s e s p e c í f i c o s s o br e a M a ç o na r i a b r a s i l e i r a . A s q u e r e l a s d o a fr o nt a m e n t o q u a s e q u e c o nt i n u o e nt r e I g r e j a C a t ó l i c a e M a ç o n a r i a a i n d a nã o s e d e s f i z e r a m , m e s m o a p ó s d e cerca de 300 a no s de e mbat e e as inú me ra s t e nt a t i v a s de a p r o x i m a ç ã o e nt r e a s i n s t it u i ç õ e s , t a nt o p o r p a r t e d a s o r g a n i z a ç õ e s m a ç ô n i c a s , q u a nt o a a l g u m a s t e nt a t i v a s i s o l a d a s d o c l e r o c a t ó l i c o , s e m a p e r m i s s ã o e x p r e s s a d o V a t ic a no . O c o n f l it o c o nt i n u a d e m a n e i r a a r r a i g a d a a i n d a no s d i a s d e h o j e , s e nd o a a p r o x i m a ç ã o d a s i n s t it u i ç õ e s b a r r a d a no p r ó p r io C o n c í l io d o V a t i c a n o I I , e s t e p e r p e t u a d o p e l a g r a n d e a b e r t u r a d a I g r e j a e m q u e s t õ e s l i g a d a s à f é , à p o l ít i c a e a mo d e r n i d a d e . O ú lt i mo p a r e c e r d a I g r e j a s o b r e a M a ç o n a r i a é d o a n o d e 1 9 8 4 , a s s i n a d a p e lo P r e f e it o d a C o n g r e g a ç ã o d a D o u t r i n a d a F é , C a r d e a l J o s e p h R a t z i n g e r , a t u a l P a p a B e nt o X V I . N o d o c u me n t o , d iz q u e t o d o ma ç o m c o n t i n u a s o br e a p e n a d e e xc o m u n h ã o , e q u e o s p a d r e s e b i s p o s n ã o e s t ã o a u t o r iz a d o s a d e c l a r a r n a d a s o b r e a i n s t it u i ç ã o . A s s i m , a c r e d it a m o s q u e é n e c e s s á r io a d e s m i s t i f i c a ç ã o d a a ç ã o d a m a ç o na r i a na s o c i e d a d e d e s d e o s e u p r i n c í p i o , p o r e s t a r l i g a d a à s p r i n c i p a i s c e n a s p o l ít i c a s , t a nt o n a c io n a i s c o mo r e g i o na i s d o s s é c u lo s X V I I I e X I X d o m u nd o o c id e nt a l , e p a r a t a l, é nec es sár ia a urge nt e a bert ura do s ar q u ivo s da s o bed iê nc ia s par a o uso aca dê mico . O que mo ve a cur io s ida de d e qu e m pes qu is a a ma ço nar ia ? P o d e r ia e l e n c a r vá r i o s f a t o r e s , ma s s e m d ú v i d a é o a r d e s e g r e d o e m i s t é r io que e la o s t e nt a , j u n t a m e nt e co m sua fo r m a de f u n c io n a m e n t o q u e h á s é c u lo s a s s e g u r a s e u e s p a ç o p a r a ho m e n s m a i s d i s t i nt o s p o s s í v e i s , a g l u t i n a n d o e m s e u q u a d r o f i l i a d o s d o s m a i s d i v e r s o s c r e d o s , r a ç a s , i d e o lo g i a s , o f í c io s e i d a d e s , t o r n a nd o s e u m a i n s t it u i ç ã o c o s mo p o l it a p o r e x c e l ê n c i a . 15 O m e u i nt e r e s s e e a l i g a ç ã o c o m M a ç o n a r i a ve m à c e r c a d e 2 0 a no s, qua ndo e m u ma “co nver sa ao pé do o uvido ” meu pa i co nt o um e q u e t i n h a i n g r e s s a d o n a M a ç o n a r i a . S a be n d o a p e na s q u e e r a u m s e g r e d o , n ã o s a b e n d o o q u e r e a l m e nt e e r a a i n s t it u i ç ã o o u o q u e o m e u p a i d e s e m p e n h a v a n e l a , f i c o u n a l e m b r a n ç a d e s t e p e r ío d o , ape na s a ima ge m do s a braço s frat er na is e nt re e le e a lg u ns se nho re s c o mo s e r e a l m e nt e fo s s e m i r m ã o s o u a m i g o s d e lo n g a d a t a . A l i á s , a c r e d it o q u e e s s e s e j a o ú n i c o s e g r e d o d a M a ç o n a r i a . N ã o c o n s e g u i e n t e n d e r o q u e e x i s t e e nt r e a s s u a s c o l u na s , p a r a f a z e r s e u s f i l i a d o s t r a t a r e m- s e e r e s p e it a r e m - s e c o mo ir m ã o s . N ã o e x i s t e o u t r a i n s t it u i ç ã o d e a l c a n c e m u nd i a l q u e f a ç a d e u m a simp le s i d e nt i f i c a ç ã o a t r a vé s do aperto de mão t r a n s fo r m a r rap ida me nt e mero s de s co nhec ido s e m ve lho s a migo s. P a r a q u e e s s a p e s q u i s a s e r e a l i z a s s e , e r a ne c e s s á r i a a e n t r a d a n o a r q u i v o d o G r a nd e O r i e nt e R io G r a nd e d o S u l e , d i a n t e d a p o s s i b i l i d a d e d e e f e t u a r a p e s q u i s a , c o m e c e i a f a z e r c o nt a t o co m a d ir e t o r i a d o G O R G S , o b t e nd o a a u t o r i z a ç ã o d o G r ã o - M e s t r e J u r a c y V i l e l a d e S o u z a e d o G r a n d e S e c r e t á r io S y l v i o B u s t a m a n t e p a r a a a b e r t u r a t o t a l d o a r q u i v o d a i n s t it u i ç ã o p a r a a p e s q u i s a , e j u n t o o p e d i d o q u e fo s s e d e i x a d o d e l a d o q u e s t õ e s r e l a t i v a s a o e m b a t e c o m a I g r e j a C a t ó l i c a , d e v i d o a a t u a l a p r o x i m a ç ã o e nt r e o G O R G S e o a r c e b i s p o me t r o p o l it a no d e P o r t o A l e g r e , D o m D a d e u s G r i n g s . Ma s co m o deco rrer do traba lho de arqu ivo e a ná lis e do s d o c u m e n t o s d a s l o j a s d o G O R G S e d o p r ó p r io O D e l t a , c h e g a mo s a c o nc l u s ã o q u e é i m p o s s í v e l d e i x a r d e l a d o o e n t r a ve c o m a I g r e j a Cat ó lic a. T a m a n h a i m p o s s i b i l i d a d e é p r o p o r c io n a d a e x a t a m e n t e p o r s e r o a n t i - c l e r i c a l i s mo e a l i b e r d a d e d e c o n s c i ê n c i a a s p r i n c i p a i s b a nd e i r a s l e v a n t a d a s p e l a m a ç o n a r i a na q u e l e mo m e nt o , p e r ío d o r e l a t i v o a o a u g e d o c o n f l it o e nt r e a s d u a s i n s t it u i ç õ e s . D e u m l a d o u ma Igre ja conser vadora e r e a c io n á r i a a lic er çad a na p o l ít i c a u lt r a mo n t a n a e d e o u t r o , u m a M a ç o na r ia o nd e o r a c io n a l i s mo e a liberdade de c o ns c i ê n c i a t o r na m - s e ba nd e ira s o fic ia is da 16 i n s t i t u i ç ã o . Ad i c i o n e a i n d a a bu s c a d e e s p a ç o , a t u a ç ã o e a g r e g a ç ã o d a s i n s t it u i ç õ e s p a r a o p o vo . N ã o a c r e d it a mo s q u e h a j a mo t i vo s p a r a n e g a r o u o m it i r o s f r u t o s d e s s a r e l a ç ã o , p o i s o p a s s a d o n ã o d e ve s e r n e g a d o o u o m it i d o . P o r c o n s e q ü ê n c i a d i s s o , é i m p o s s í v e l d e t r a b a l h a r c o m O D e l t a o u q u a l q u e r o b j e t o d a M a ç o n a r i a r e f e r e nt e a e s t e mo m e nt o s e m f a l a r d o c o n f l it o c o m a I g r e j a C a t ó l i c a . A p e s q u i s a d i v i d i u - s e e m t r ê s p a r t e s : no p r i m e ir o mo m e nt o e l a s e a t e v e à bu s c a d e fo nt e s p r i m á r i a s p a r a o e s t u d o , a c a r r e t a n d o a p e s q u i s a d u r a nt e t o d o o a no d e 2 0 0 4 e n v o l v e n d o u m a s e m a n a p o r m ê s d e nt r o d o a r q u i vo d o G O R G S . D e nt r o d a s c a i x a s s e p a r a d a s d e a c o r d o c o m a s lo j a s , t i ve s u r p r e s a s u m t a nt o i nt r i g a n t e s , a o c o n s t a r d o c u m e n t o s q u e s e r e f e r i a m a i n d a a o p e r ío d o a nt e r io r à a bo l i ç ã o d a e s c r a v a t u r a , a o p e r ío d o d e g o ve r n o d o P R R , br i g a s lo c a i s e nt r e m a ç o n s e p á r o c o s , o u c a r t a s a s s i n a d a s à p u n ho p o r p o l ít i c o s e p e r s o n a l i d a d e s c o mo Ka r l V o n Ko z e r it z e A n t ô n io B o r g e s d e Med e iro s. E n t r e a s c a i x a s c o m o s p a p é i s ve l h o s d a s lo j a s na m a io r i a a d o r me c i d a s 3, e n c o nt r e i u m a c a i x a c o n t e n d o o s e xe m p l a r e s d a re vist a O D elta, vo z da Ma ço nar ia g aú c ha dur a nt e qua se o nz e a no s. E n t r e a s no t í c i a s v i n c u l a d a s a o jo r n a l , a d e f e s a d o r a c i o na l i s mo , l a i c i s mo e d o c i e n t i f i c i s mo , s e m p r e d ir e c io n a d o s a u m a c r ít i c a f e r r e n ha à I g r e j a C a t ó l i c a . N o s e g u n d o mo m e nt o d a p e s q u i s a , f i z e mo s a c a t a lo g a ç ã o d e t o d a s a no t í c i a s d o s e xe m p l a r e s d e O D e l t a , u lt r a p a s s a n d o m a i s 3 . 0 0 0 p á g i n a s d e m a t e r i a l, g r a n d e p a r t e i né d it o . E m u m t r a b a l h o p e no s o , t o d a s a s no t í c i a s , a r t i g o s e d i s c u r s o s fo r a m f i c h a d o s , p r o p o r c io n a n d o u m p a no r a m a g e r a l d a r e v i s t a e c o n s e q ü e nt e m e nt e d o s a n s e io s d a i n s t i t u i ç ã o , t a m b é m f a c i l it a nd o a c o n s t r u ç ã o d o t ext o . 3 Termo para designar as lojas que não existem mais. Também pode ser usado o termo “abater colunas” 17 A ú lt i m a p a r t e a t e ve - s e à bu s c a e l e i t u r a d e o br a s r e f e r e n t e s à Ma ço nar ia e o per ío do em que o p e r ió d i c o se e n c o nt r a va , j u n t a m e n t e c o m a c o n f e c ç ã o d a d i s s e r t a ç ã o . É c la r o q u e o s o nz e a n o s d e e x i s t ê n c i a d a r e v i s t a i m p e d e q u e s e j a m d i s c u t id o s e t r a ba l h a d o s t o d o s o s a s s u nt o s e xp r e s s o s n a s p á g i n a s d a r e v i s t a e m a p e n a s u m t r a ba l ho , s e n d o e s c o l h i d a s p a r a t a l a s n o t íc i a s m a i s r e l e v a nt e s p a r a o e nt e nd i m e nt o d o q u e s i g n i f i c o u O D e l t a . A s s i m , p r o p o mo s n e s t e t r a b a l ho a n a l i s a r o q u e o p e r ió d i c o v i n c u l o u e m s u a s p á g i n a s e m u m m o m e nt o ma r c a d o p e l a p e r d a d e e s p a ç o d a M a ç o n a r i a f r e nt e a e s t r u t u r a ç ã o e a e x p a n s ã o d a I g r e j a C a t ó l i c a , t e n d o c o mo c e n á r io o R io G r a n d e d o S u l. O l e it o r n ã o e n c o n t r a r á n a s p r ó x i m a s p á g i n a s a r e ve l a ç ã o d e n e n h u m s e g r e d o m a ç ô n i c o , m a s s i m u m t r a b a l ho s o br e o ve í c u lo q u e r e p r e s e n t a va a v o z d a d i r e ç ã o d o G r a n d e O r i e nt e d o R io G r a n d e d o S u l p a r a s e u s f i l i a d o s e s i m p a t iz a nt e s . 1 . E ST U D A N D O A I M P R E N S A A I m p r e n s a é a vo z d e u m t e m p o . . . Med ia nt e a um v e í c u lo in fo r mat ivo em ma ssa, p o d e mo s r e mo n t a r o p a s s a d o a t r a vé s d a a ná l i s e d o d i s c u r s o i n c l u s o s e j a e m s u a s n o t íc i a s o u a r t ig o s . U m p e r ió d i c o g e r a l m e nt e r e t r a t a o p e r ío d o a t r a v é s d a i n fo r m a ç ã o , m e s mo q u e n e l a n ã o e s t e j a r e p r o d u z i d o o c o t id i a n o o u a e s t r u t u r a d a s o c i e d a d e q u e a r e t r a t a . M a s p a r a u m h i s t o r i a d o r u s a r u m v e í c u lo d e c o mu n i c a ç ã o e m m a s s a c o mo fo nt e d o c u m e nt a l p a r a a p e s q u i s a , d e v e a n t e s d e t u d o ter o c o n h e c i m e nt o c o mu n i c a ç ã o se p r é v io refere, do co nt ext o n e c e s s it a n d o um em que estudo o m e io de m i n u c io s o da s o c i e d a d e e m q u e o p e r i ó d i c o c i r c u l a p a r a u m a c o nt e x t u a l i z a ç ã o , s o b o p e r i g o d e n ã o o fa z e r d e c o n s t r u ir u m a o br a s o br e f r a c o s p ilare s. S o m e n t e a s s i m é q u e u m m e io d e c o mu n i c a ç ã o d e m a s s a ganha um p le no hist ó r ica de c o nt e ú d o das sig nific a do , e l e m e nt a r fo l h a s t r a ns f o r m a nd o - s e i m p o r t â nc i a . impre ssa s é o em u ma Tão i m p o r t a nt e que a c o nt e c e fo n t e q u a nt o e nt o r no o do p e r ió d i c o , o u s e j a , a s o c i e d a d e q u e d á p l e no va l o r a o q u e r e a l m e n t e r e p r e s e nt a a p u b l i c a ç ã o . S e n d o e s t e u m e s t u d o s o br e a i m p r e n s a m a ç ô n i c a d o c o m e ç o d o s é c u lo X X, ca be pr ime ira me nt e ao hist o r iado r co nhec er o 19 e n t o r no d o jo r n a l , q u e no c a s o , é a s o c i e d a d e g a ú c h a . O p e r ío d o e s t u d a d o c a r a c t e r i z a - s e p o r e l e m e nt o s c o n f l it a n t e s q u e p e r m e i a m a s o c i e d a d e g a ú c h a , l e v a n d o e m c o nt a a p o p u l a ç ã o d í s p a r , a a d o ç ã o de pro jet o g o v e r na m e nt a l ú nico no pa ís baseado em linha s p o s it i v i s t a s e a u t o r it á r i a s , e c o m a I g r e j a C a t ó l i c a c r e s c e nd o d e mo d o s u r p r e e nd e nt e , p r e o c u p a d a c o m a fo r m a ç ã o d e u m a s ó l i d a e l it e i n t e l e c t u a l c a t ó l i c a . A m a ç o n a r i a r io g r a nd e n s e ( G O R G S ) , t e v e c e r t a p e c u l i a r i d a d e e m s u a fu n d a ç ã o , q u e e f e t i v o u - s e a t r a v é s d o r o mp i m e nt o d a s lo j a s g a ú c h a s c o m a p r i n c i p a l p o t ê n c i a m a ç ô n i c a na c io n a l, o G O B , co nseg u indo ag lut ina r em seu quadro u ma e l it e int e le ct ua l e f i n a n c e i r a d e m a n e i r a s u r p r e e n d e nt e , a va n ç a n d o e p r o s p e r a nd o e m todo o R io Grande do Su l. Desde a sua f u nd a ç ã o , co m a p r e o c u p a ç ã o e m d a r vo z a s u a e l i t e i nt e l e c t u a l e d a s u a d i r e t o r ia , a i m p r e n s a s e m p r e fo i u m m e io u t i l i z a d o p e l a i n s t it u i ç ã o e m d i v u l g a r s e u i d e á r io e s u a s d i r e t r iz e s , c u l m i n a nd o e m 1 9 1 7 c o m a f u n d a ç ã o d o jo r na l m e n s a l O D e l t a . A c o nt e xt u a l i z a ç ã o c o mo ac ima é nec essár ia (a ind a q ue s u c i n t a , n o d e c o r r e r d o t r a ba l ho s e r á m e l h o r c o nt e x t u a l i z a d o ) p a r a q u e o h i s t o r ia d o r t e n h a c o ns c i ê n c i a d a s it u a ç ã o d a s o c i e d a d e e m q u e o p e r ió d i c o f a z p a r t e , t o r na n d o p o s s í v e l o u s o d e s t e c o mo fo nt e h i s t ó r i c a . N o c a s o d a m a ç o na r i a g a ú c h a , f a t o r e s c o mo a b u s c a p o r m a io r e s p a ç o n a s o c i e d a d e , o m a io r a l c a n c e d a s i n f l u ê n c i a s d a i n s t i t u i ç ã o , o c o n fr o nt o d ir e t o e nt r e a I g r e j a C a t ó l i c a j u nt a m e nt e co m a sit ua ção p o l ít i c a , eco nô mica e so c ia l da so c ied ad e r io g r a nd e n s e é q u e t o r na - s e p o s s í v e l a a ná l i s e d o d i s c u r s o e d o i d e á r i o q u e p e r m e i a o jo r na l. A m a ç o n a r i a , u m a i n s t it u i ç ã o q u e p r i m a p e lo s e u c a r á t e r s i g i l o s o , o nd e o s e g r e d o é e lo p r i n c i p a l d e l i g a ç ã o e u n i ã o e n t r e s e u s f i l i a d o s , f a z c o m q u e s e u p r ó p r io ve í c u lo d e c o mu n i c a ç ã o carreg as s e u ma car ga de co mp le x ida des e inco er ê nc ia s. Me s mo s e n d o u m v e í c u lo o f i c i a l , l e g ít i m o e d e s t i n a d o à m a ç o n s , o s e u dest ino era não s o me nt e ao p o vo ma ç ô n i c o , ma s t a mbé m a 20 pro fa no s 4 que se i nt e r e s s a s s e m p e lo i d e á r io , t e ndo a mp la d ist r ibu iç ão no est ado . A c o mp l e x i d a d e a u m e nt a a nt e s m e s mo d e u s a r o c o nt e ú d o d o jo r n a l c o mo fo nt e p r o p r i a m e nt e d i t a , a o q u e s t io na r o p o r q u ê d o m e io . Q u e m e s c r e ve e o p o r q u e e s c r e ve , q u a i s o s p r o p ó s it o s d a s l i n h a s e s c r i t a s d e v e m s e r q u e s t io n a d a s c o m v i g o r e i n t e n s i d a d e p o r aque le qu e o pesqu isa. S e u m jo r n a l o p e r á r io é e s c r i t o p o r o p e r á r io s ( s e n ã o , é p o r a l g u é m e ng a j a d o no mo v i m e n t o ) , d e s t i n a - s e a u m p ú b l i c o de o p e r á r io s , c o m i d e á r io a f a vo r d e o p e r á r io s e v i s a n d o s e m p r e i n f o r m a r , mo v i m e n t a r o u m e s mo m a n i p u l a r o p e r á r i o s . O m e s mo i r á a c o nt e c e r e m m e i o s d e i m p r e n s a m a ç ô n i c o s , c a t ó l i c o s , p r o t e s t a n t e s o u s e j a q u a l fo r a i n s t it u i ç ã o q u e o v e í c u lo e s t e j a e n g a j a d o . U m j o r na l n a d a m a i s é q u e a vo z d e s e u a mo , s e j a e l e c r e n t e o u d e s c r e nt e , l i b e r a l o u c o m u n i s t a , d e d i r e it a o u d e e s q u e r d a . O p a p e l d e u m jo r n a l , e a i n d a m a i s fa l a n d o e m u ma imp re nsa e n g a j a d a d o i n í c io d o s é c u lo X X , é d e f e n d e r o i d e á r i o q u e s e u p r o p r ie t á r io a n s e i a . At r a v é s d a i m p r e n s a , s e j a e l a e n g a j a d a o u n ã o n u n c a c o n s e g u i r e mo s c o n h e c e r n a p l e n i t u d e a o p i n i ã o p ú b l i c a , j á q u e e s t a mo s f a l a n d o d e p e s s o a s o u g r u p o s d e p e s s o a s q u e d e f e n d e m i d é i a s a t r a v é s d o v e í c u lo . P o d e mo s r e p r e s e nt a r o s me i o s d e c o m u n i c a ç ã o c o mo u m s i s t e m a d e “ g u i a d e c o n s c i ê n c i a s ” 5, o nd e o p r o je t o f i n a l s e j a “ c a t e q u i z a r ” s e u s l e it o r e s e m a l g u m d e t e r m i n a d o a s s u n t o . S e m m a i s , n e m m e no s , u m g u i a d o u t r i na d o r . A M a ç o na r i a b r a s i l e i r a m a nt e ve a o lo n g o d a s u a h i s t ó r ia no Brasil u ma preocupação per ma ne nt e com a d ivu lg aç ão de i n f o r m a ç õ e s e d e i d é i a s , a t r a vé s d a i m p r e n s a . C o n t u d o , fo i a p a r t ir 4 É usual na maçonaria chamar de profano todo aquele não iniciado na ordem. FERNÁNDEZ, Celso Almuiña. Prensa y opinión pública La Prensa como fuente histórica para el estúdio de la masoneria. In: BENIMELI, José Antonio Ferrer(org.). Masoneria, Política y Sociedad I. Zaragoza: Centro de estudios historicos de la Masoneria española, 1989 . p. 252. 5 21 d e 1 8 7 1 q u e e l a c o n s e g u i u m a t e r i a l i z a r u m a p r o p o s t a d e jo r na l q u e p a s s o u a c i r c u l a r s i s t e m a t i c a m e nt e a p a r t ir d a q u e l e m o m e nt o . O p r i m e i r o v e í c u lo d e c o mu n i c a ç ã o l i g a d o à m a ç o n a r i a no p a í s f o i o d e no m i n a d o “B o l e t i m d o G r a n d e O r i e n t e d o B r a s i l ” , p u b l i c a d o no R io d e J a n e i r o , e r a d i s t r i b u í d o o s m a ç o n s d e t o d o o p a í s . F o i a p a r t ir d e s t e mo d e lo d e i m p r e n s a q u e a s m a ç o n a r i a s r e g io n a i s e m u n i c i p a i s e s t r u t u r a r a m s e u s p r ó p r io s v e í c u lo s d e c o mu n i c a ç ã o . N o c a s o d o R i o G r a nd e d o S u l , a s i n i c i a t i v a s m a ç ô n i c a s o u d e m a ç o n s p a r a v i a b i l i z a r jo r na i s e r e v i s t a s p r ó p r ia s s e d e p a r o u c o m i n ú m e r a s d i f i c u l d a d e s , s e nd o a s d e o r d e m f i n a n c e i r a s a s m a i s f r e q ü e nt e s . N o i n í c io d o s é c u lo X X , O D e l t a s e r á a vo z a t i v a d a e l it e i n t e l e c t u a l d a m a ç o n a r i a g a ú c h a , e é i n s t ig a n t e q u e a g r a n d e m a io r i a e s c r it o r e s c o l a bo r a d o r e s d a r e v i s t a e r a m l i g a d o s a lo j a s m a ç ô n i c a s i n s t a l a d a s d e P o r t o A l e g r e . O s t e m a s , i d é i a s e o p i n iõ e s e x p r e s s a s n o p e r i ó d i c o n ã o c o r r e s p o n d i a m m u it a s v e z e s a s i d é i a s q u e a g r a n d e m a io r i a d o s n e ó f it o s a c r e d it a v a m . O r e c u r s o d e u s a r a impr e nsa c o mo vo z o fic ia l da i n s t it u i ç ã o na s ce quase que s i m u lt a n e a m e n t e j u nt o c o m a p r ó p r i a f u n d a ç ã o d o G r a n d e O r i e nt e d o R io G r a nd e d o S u l. A e sc asse z d e e st udo s e spe c ífico s s o b r e a t r a j e t ó r ia d a m a ç o n a r i a b r a s i l e ir a é u m a c o n s t a nt e . N a h i s t o r io g r a f i a t r a d i c io n a l , a m a ç o na r i a é t r a t a d a e s p a r s a m e nt e , s e m p r e e m p a s s a g e n s r á p i d a s e m u it a s ve z e s q u e s t io ná v e i s . D e ve - s e i s s o à f a lt a d a a be r t u r a d o s a r q u i v o s m a ç ô n i c o s , q u e d i f e r e nt e m e nt e d a m a ç o n a r i a e u r o p é i a , o nd e j á fo r a m a b e r t o s o s a r q u i vo s à c o m u n i d a d e a c a d ê m i c a , a m a ç o n a r i a br a s i l e i r a a i n d a e n c o r t i na - s e à f e c h a r s e u s a r q u i v o s à a c a d ê m i c a , d e i x a n d o u m va s t o ma t e r i a l h i s t ó r ic o n a i n é r c i a , q u e c o m a s u a a b e r t u r a p r o p o r c io na r i a v á r ia s r e l e it u r a s d a s p a s s a g e n s d a i n s t it u i ç ã o na h i s t ó r i a br a s i l e i r a , r e f l e x o d o e n c l a u s u r a m e n t o d o c u m e n t a l q u e a s o be d i ê n c i a s i n s i s t e m e m m a nt e r . 22 A ba r r e i r a t a ma n h a , l e v a nt a d a sendo ir r i s ó r i a pe la a academia q u a nt i a s o br e de teses o e a s s u nt o é d issert açõ es p r o d u z i d a s e s p e c i f i c a m e nt e s o br e a m a ç o na r i a , f a z e nd o d e u m a inst it u iç ão que mo m e nt o s t a nt o p er meo u a c o r r i q u e ir o s po lít ic a q u a nt o na c io n a l em i m p o r t a nt e s c o ns t a nt e s do passado, f i c a s s e e m t o t a l e s c u r i d ã o , e s q u e c i m e n t o e m i s t é r io . A po ssib ilid ad e deste t r a ba l h o ser rea liz ado d e ve - s e a a b e r t u r a , a i n d a q u e e x c e p c i o na l p a r a a p e s q u i s a no a r q u i vo d o G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a n d e d o S u l . N o s u b s o lo d o p r é d io d o p o d e r c e nt r a l d a i n s t it u i ç ã o , e n c o nt r a m- s e c e nt e na s d e c a i x a s d e a r q u i v o - m o r t o co m d o c u m e nt a ç õ e s a i nd a a nt e r io r e s a f u n d a ç ã o d a o be d i ê n c i a , e m 1 8 9 3 . M a s s e fo nt e p a r a h i s t ó r ia p o d e s e r t o d o o ma t e r i a l q u e po ssib ilit a a r eco nst rução do pa ssad o , é nece ssár io le mbrar qu e u m a fo n t e d e v e c a r r e g a r u m a s é r i e d e q u a l i d a d e s , c o m e ç a nd o p e l a p r o c e d ê n c i a d o d o c u m e nt o , p a s s a n d o p e lo c o n h e c i m e nt o p r é v io d o h i s t o r i a d o r s o b r e o a s s u n t o , e p o r f i m a a ná l i s e d o c o nt e ú d o , q u e mo s t r a r á ve r a c i d a d e o u a fa l s i d a d e d o q u e l h e é t r a n s m it i d o . Aliá s, u ma i n fo r m a ç ã o fa lsa em um per ió d ico q u a nd o d e s c o b e r t a p e lo h i s t o r ia d o r , p o d e r á a i n d a s e r m a i s r e l e v a nt e a o t r a ba l h o que i n d e p e nd e nt e u ma do “verdade t ipo de abso luta”. fo n t e Quere mo s hist ó rica, se mpr e d iz er que t e mo s que s u b m e t ê - l a a u m a r í g i d a c r ít i c a , t e n d o e m m e nt e o h i s t o r ia d o r d o t i p o d e d o c u m e nt a ç ã o q u e e s t á i nt e r r o g a n d o e o q u e bu s c a . Q u a n d o r e c o n s t r u í mo s o p a s s a d o , a u t i l i z a ç ã o d o p e r ió d i c o c o mo fo nt e d e v e s e r v i s t o n ã o c o mo u m a fo nt e q u a l q u e r , p o i s a s u a s p a r t i c u l a r i d a d e s e p o s s i b i l i d a d e s d i f e r e m - s e d o s o u t r o s t ip o s d e d o c u m e nt a ç õ e s . C e l s o A l m u i ñ a F e r ná n d e z 6 e m s e u e s t u d o s o br e i m p r e n s a m a ç ô n i c a e s p a n ho l a , a l e r t a s o br e o v a lo r p o l i s s ê m i c o d o e s t u d o FERNÁNDEZ, Celso Almuiña. Prensa y opinión pública La Prensa como fuente histórica para el estúdio de la masoneria. In: BENIMELI, José Antonio Ferrer(org.). Masoneria, Política y Sociedad I. Zaragoza: Centro de estudios historicos de la Masoneria española, 1989. p. 248. 23 s o br e a i m p r e n s a . A i n f i n i t a s p o s s i b i l i d a d e s d e i nt e r r o g a r s o br e a s q u e s t õ e s m a i s d i s t i nt a s q u e u m p e r ió d i c o l e v a c o n s i g o . S o ma n d o a m u d a n ç a d e d i s c u r s o , o s a l vo s e p ú b l i c o d u r a nt e a s u a e x i s t ê n c i a , f a z d o j o r na l u m a fo nt e p o l i s s ê m i c a p o r e x c e l ê n c i a r i c a , p o r é m n ã o u n i v e r s a l . T o d o p e r ió d i c o t e m e m s u a e s s ê n c i a u m a d e t e r m i n a d a t i p o lo g i a d e l e it o r e s e s p e c í f i c o s . As s i m , n o t r a n s c o r r e r d o t e mp o , a s o c i e d a d e o r g a n i z o u o s m a i s v a r i a d o s t ip o s d e jo r n a i s , d e s t i n a d o s s e m p r e a a l g u m t ip o d e l e it o r e m e s p e c i a l . P o d e mo s e n c o n t r a r p e r ió d i c o s i m p r e s s o s vo lt a d o s p a r a s it u a ç ã o , p a r a o p o s i ç ã o , p a r a f i é i s , p a r a o s a s s e c l a s d e a l g u m a i n s t i t u iç ã o q u a l q u e r . U m m e i o d e c o mu n i c a ç ã o e m m a s s a é u m a fo r t e a r m a d e p r o p a g a ç ã o d e i d é i a s , q u e d e s d e s u a p r ó p r i a g ê n e s e c r e s c e u d e fo r m a v e r t i g i no s a . P o d e mo s a f i r m a r é o q u e t o do o p e r ió d i c o o fe r e c e s ã o p o n t o s d e v i s t a . É i m p o r t a nt e t e r s e m p r e e m m e n t e , o q u ê o p e r i ó d i c o a n a l i s a d o b u s c a e o q u e e l e d e f e n d e . E é e s s a bu s c a / d e f e s a d e i d é i a s q u e d e v e s e t r a ns f o r m a r na s q u e s t õ e s c e nt r a i s q u e p o s s a m s e r i n t e r r o g a d a s . É e s s e o p o nt o f u nd a m e nt a l d o e s t u d o d e m e io s d e c o mu n i c a ç ã o e m m a s s a d e v e a p r e s e n t a r . O q u e o s ho m e n s q u e o e s c r e v e m q u e r e m o u p r e t e n d e m a l c a n ç a r a t r a v é s d o m e io . D e v i d o a s m a i s d i f e r e nt e s p e c u l i a r i d a d e s q u e u m p e r ió d i c o o f e r e ç a , c a d a u m d e v e s e r s e m p r e a n a l i s a d o d e fo r m a e s p e c í f i c a . U m jo r n a l m a ç ô n i c o g a ú c ho t e r á p o nt o s d e e nc o nt r o c o m q u a l q u e r o u t r o jo r n a l m a ç ô n i c o , s e j a e l e b r a s i l e ir o o u e s t r a ng e i r o . M a s n e m p o r i s s o d e v e m s e r a n a l i s a d o s d a m e s m a fo r m a , p o i s a é p o c a , o l u g a r , o i d e á r io e o c o t id i a no r e f l e t e m d i r e t a m e n t e n o m e io d e in fo r maç ão . E s t a s p e c u l i a r i d a d e s e s t ã o d ir e t a m e n t e l i g a d a s a d i m e n s ã o s o c i a l q u e o m e io e s t a be l e c e . A t i p o lo g i a d o s l e i t o r e s e o d i s c u r s o s ã o fu n d a m e nt a i s p a r a o c o n h e c i m e n t o d o a l c a n c e d a d i m e n s ã o s o c i a l q u e a p u b l i c a ç ã o o fe r e c e . Re fle xo d iret o de qua lquer ve ícu lo de impr e nsa é o a lca nce e a p o s s i b i l i d a d e d a m u d a n ç a o u d a r e it e r a ç ã o d a o p i n i ã o p ú b l i c a d a q u e l e s q u e t e m o a c e s s o i n fo r m a t i vo . I n d i f e r e n t e d e t e m p o e 24 lo c a l , a o p i n i ã o p ú b l i c a nu n c a s e r á e s t á t ic a , s e m p r e o s c i l a p r o s m a i s d i f e r e nt e s l a d o s , o q u e i n d i c a s u a c o n s t a n t e m u d a n ç a e c o mp l e x i d a d e . B a s e a d o n i s s o , o h i s t o r ia d o r d e ve r á s e m p r e q u e s t io n a r a v a l i d a d e e a no v i d a d e e m q u e u m d e t e r m i n a d o a r t ig o p u b l i c a d o , s e vai de e nco nt ro ou há um c o n s e n t i m e nt o à estrutura m e nt a l c o le t i v a , c o mo no n o s s o c a s o , o d i s c u r s o ne m s e m p r e e nc a i x a e é c o n s e n t i d o p e lo s l e it o r e s . O p e r ió d i c o , p o r s u a e s s ê n c i a , é o p r o d u t o do me io q u e o p r o d u z . S e n d o e l e e n g a j a d o p o r u m a i n s t it u i ç ã o q u a l q u e r , o u a i n d a d e u m a i m p r e n s a v o lt a d a a i n fo r m a ç ã o g e r a l d a p o p u l a ç ã o , e l a s e m p r e s e r á f r u t o d o me io e m q u e e x i s t e . D a í a i m p o r t â n c i a d o c o n h e c i m e nt o pré vio do pe squ isa do r do c o nt e xt o em que o p e r ió d i c o fo r a e s c r it o . C a s o c o n t r á r io , e s t a r e m o s f a d a d o s a u t i l i z a r e r r o ne a m e n t e e s s a fo nt e . Q u e r e mo s impr e nsa, p e lo r e it e r a r v a lo r a que nec essid ad e carrega l a t e nt e e m a n u nc i a r do à estudo da det er mina d a s o c i e d a d e i d é i a s e o p i n iõ e s . A c r e d it a mo s q u e s e j a i m p o s s í v e l p a r a o e n t e nd i m e n t o p l e n o d a s o c i e d a d e e d a p r ó p r i a r e c o ns t r u ç ã o d a h i s t ó r i a , e x c l u i n d o a i m p r e n s a c o mo fo nt e . P o r t a n t o , n ã o h á c o mo e nt e n d e r a s o c i e d a d e c o nt e m p o r â ne a s e m c o n he c e r a s i n s t it u i ç õ e s q u e o c u p a r a m l u g a r d e d e s t a q u e no Bra sil, e que inst it u içõ e s ut iliz ara m r e l i g io s a s , o c o mo vo z e xé r c it o , o os uso de p a r t id o s p e r ió d i c o s : as p o l ít i c o s , os s i n d i c a t o s , c l u be s l it e r á r io s e t c . O p e r ió d i c o p r o p o s t o p a r a e s t e e s t u d o na s c e u e m 1 9 1 6 , t e nd o c o mo p r o p o st a n ã o t e r ne n h u m a l i g a ç ã o s e c t á r i a , q u e r s e j a d e o r d e m c i e n t í f i c a , f i lo s ó f i c a o u r e l i g i o s a , n ã o a s s i m o p r o c e d e nd o , v i s t o a s p o s i ç õ e s t o ma d a s p e lo O D e l t a . D u r a n t e q u a s e t o d o o s e u p e r ío d o d e e x i s t ê nc i a , a s u a d i r e ç ã o fico u a cargo do jo r na l i s t a e ma ço m P a u l i no D ia mico , um 25 a n t ic l e r i c a l c o n v i c t o q u e p r e o c u p o u - s e e m d i r e c io n a r o jo r na l a o a t a q u e e a o c o m b a t e a o u lt r a mo n t a n i s mo 7 c a t ó l i c o . O D e l t a s e a p r e s e nt a va c o mo u m a r e v i s t a m a ç ô n i c a , m a s t a m b é m e r a e x p o s t o e m s u a s p á g i n a s c o mo u m jo r na l , p o r i s s o , no d e c o r r e r d e s t e t r a b a l ho i r e mo s no s r e f e r i r a o p e r ió d i c o d a s d u a s fo r m a s . D u r a n t e t o d a a s u a e x i s t ê nc i a , e r a m c o m u n s c o lu n a s f i x a s s o br e d e t e r m i n a d o s a s s u nt o s , c o mo c i ê n c i a , h i s t ó r i a , f i lo s o f i a e s i m b o l i s mo m a ç ô n i c o , a l é m d a p a r t e d e s t i n a d a a o e x p e d i e nt e d o p r ó p r io G r a n d e O r i e nt e d o R io G r a n d e d o S u l. E n t r e o s d i v e r s o s a s s u n t o s p r o p o st o s n o jo r n a l , e n c o nt r a mo s n o t íc i a s e a r t i g o s s o br e a s o br a s f i l a n t r ó p i c a s d a i n s t it u i ç ã o , a d e f e s a d a a u t o no m i a d o s e xo f e m i n i no , a n e c e s s i d a d e d a i n s t it u i ç ã o d o d i v ó r c io e a i n d a a p r e s e nt a ç ã o d e no va s c o r r e n t e s i d e o ló g i c a s , e n t r e e l a s o m a r x i s mo . E r a t a m b é m u s u a l a r e p r o d u ç ã o d e a r t ig o s e reportagens de o ut ro s p e r ió d i c o s , ass im c o mo de d iscurso s pro fer ido s e m se ssõ es ma çô nic a s. H o me n a g e ns pó st u ma s à ma ço ns ilu st res, gera lme nt e a c o m p a n h a d a c o m a b io g r a f i a , o c o n f l it o e nt r e o G O R G S e o G O B e a t ent at iva da u nião , p r o p a g a nd a s de c u lt o s de r e l i g iõ e s d ife re nt e s à cat ó lic a t a mbé m era c o mu m ap arec ere m e m sua s pág ina s. A s u a d i s t r i b u i ç ã o e r a s o m e nt e a t r a v é s d e a s s i n a t u r a s , e s e u dest ino e a l c a n c e i a a l é m d o s f i l i a d o s d a o r d e m, não se ndo d e s t i n a d o s o me n t e a o s m a ç o ns , m a s t a m b é m a o s s i m p a t i z a n t e s d a Orde m. Ha v ia a preo cup aç ão de le var a Maço nar ia gaú c ha p ara o s 7 Ul t r a m on t an i sm o desi gn a um a or i en t a çã o/ pol í t i ca da Igr e ja Ca t ól i ca on de er a a fa vor de uma maior con cen tração d o poder ecl esiásti co n as mãos d o papado, mas também con tra uma sér ie de coisas qu e er am con sider adas er r adas e per igosas par a a Igr eja. Entr e est es “p er igos” esta vam o galican ismo, o jan sen ismo, t od os os tip os d e li ber alismo, o pr otestan tismo, a maçon ar ia, o deísm o, o r aci on alismo, o s ocialismo e cer tas medidas liber ais pr opostas p el o estado ci vil, tais como a li ber dade de r eligião, o casamen to ci vil, a liber dade de impr en sa e outr as mais. Cf. VIEIRA, David Gu eir os. O protestantismo, a maçonaria e a “questão religiosa” no Brasil. 2ª. Edição, Br a sí l i a : Un B, 1981, p. 33. 26 o u t r o s p a í s e s e e s t a d o s br a s i l e ir o s , s e n d o me n s a l m e nt e r e l a t a d o p a r a q u a i s o b e d i ê n c i a s m a ç ô n i c a s fo r a m e n v i a d o s o s e xe m p l a r e s . T a m b é m a c r e d i t a mo s q u e e r a c o m u m o e n v io d e e xe m p l a r e s d e O D e l t a p a r a p r o fa no s , c o mo d e n u n c i a u m a c a r t a e s c r i t a p o r u m p a s t o r me t o d i s t a d a c i d a d e d e R io P a r d o , o nd e r e q u i s it a v a a d ir e ç ã o d o G o r g s a l g u n s vo l u m e s d o O D e l t a e j u nt a m e n t e p e d i a i n s t r u ç õ e s d e c o mo fu n d a r u m a lo j a m a ç ô n i c a e m s u a c i d a d e 8. P o r t a nt o , O D e l t a a p a r t ir d e 1 9 1 6 , a l é m d e vo z d a d i r e t o r i a do GORGS, o cupar á lug ar de d e st aque na imp le me nt aç ão de no va s i d é i a s à s o c i e d a d e g a ú c ha , t r a z e n d o a o s s e u s l e it o r e s i n fo r m a ç õ e s a r e s p e it o a o i d e á r io l i b e r a l e l a i c o a i n d a n ã o f i r m a d o s n o i n í c io d o s é c u lo X X . 8 Arquivo Luiz Eugênio Véscio, Loja Fraternidade (45-13) 27 Capa do periódico maçônico O Delta. 2 . D A G Ê N E SE A T É O S O L O R I O G R A N D E N SE 2.1. O N a s c i m e n t o n a E u ro p a A p a l a v r a m a ç o na r i a s e m p r e e s t e ve e n v o lt a e m m i s t é r io . Ao d e c o r r e r d e s u a e x i s t ê n c i a , e s s e s m i s t é r io s a u m e nt a v a m, m u d a v a m co nst ant e me nt e. C o ns p i r a ç õ e s p o l ít i c a s , s a t a n i s mo , benesses o f e r e c i d a s a o s s e u s f i l i a d o s o u a t é m e s m o à s u a c r i a ç ã o fo r a m mo t i vo s d e d i s c u s s ã o e c o nt r o vé r s i a , fo r m a nd o r e c e io s q u e s e e s t e nd e m a t é o s d i a s d e ho j e . Ao e s t u d a r m a ç o na r i a a t r a vé s d a p r o d u ç ã o h i s t ó r i c a n ã o l i g a d a a a c a d e m i a , g e r a l m e nt e p r o d u z i d a p e l o s f i l i a d o s d a o r d e m o u me s mo s e u s a d ve r s á r i o s , e nc o nt r a mo s a s e xp l i c a ç õ e s d a s u a f u n d a ç ã o q u e va i d a s m a i s p l a u s í v e i s a t é a s m a i s i m p o s s í v e i s e i n c o e r e n t e s , c o mo a s q u e r e m e t e m a f u nd a ç ã o d a ma ç o n a r i a a o p e r ío d o d a s c o n s t r u ç õ e s d a s p i r â m i d e s d o E g it o . O u a i nd a o u t r o s e s c r it o r e s q u e c o m a s s u a s m a i s f a n t á s t ic a s e i m p r o v á ve i s t e o r i a s , a f i r m a m q u e a m a ç o n a r i a s e r i a d e s c e nd e nt e d a s e it a s e c r e t a d o s e s s ê n io s , a q u a l o p r ó p r io J e s u s C r i s t o t e r i a p e r t e nc i d o . N e s t e t i p o d e l it e r a t u r a , m it o s e l e n d a s q u e fo r a m a b s o r v i d a s c o mo s í m b o lo s p e l a i n s t i t u i ç ã o , s ã o r e p r o d u z i d o s p o r e s s e s l i v r o s e le va do s c o mo verdades h i s t ó r ic a s , porém i s e nt a s d o c u m e n t a i s e h i s t ó r ic a s p a r a a s u a c o m p r o va ç ã o . de provas 29 O u t r a t e o r i a c o m u m e nt e e n c o nt r a d a é a d e s c e nd ê n c i a d a ma ço nar ia da Ordem dos Ca va lhe iro s Te mp lár io s, o nd e os s o br e v i v e nt e s d a fo g u e i r a i n q u i s it o r i a l d u r a nt e a I d a d e M é d i a , t e r ia m f u nd a d o vincu la ç ão da a ma ç o n a r i a po ss íve l ret rat ada e m filme s 9 em um mo m e nt o descendência t e mp lár ia o u n a l i t e r a t u r a f i c c io n a l . 10 p o s t e r io r . é A c o mu m e nt e N ã o a c r e d it a mo s q u e h a j a l i g a ç ã o d i r e t a e n t r e a o r d e m d o s t e mp l á r io s e a m a ç o n a r i a , v i s t o a d i s t â n c i a c r o n o ló g i c a q u e s e p a r a m a s d u a s i n s t it u i ç õ e s e a a u s ê n c i a d e p r o v a s d o c u m e nt a i s q u e a s u p o s t a d e s c e nd ê nc i a . O m a i s p l a u s í v e l é q u e a m a ç o na r i a no d e c o r r e r d e s u a ca min had a c o mo i n s t it u i ç ã o esp ecu lat iva, inco rpo ro u em seu a r c a b o u ç o s i m b ó l i c o m it o s e s í m bo l o s r e f e r e nt e s o u u t i l i z a d o s p e lo s a n t ig o s c a va l h e i r o s t e m p l á r i o s . P o r s e r u m a i n s t it u i ç ã o q u e d e t é m u m s i m b o l i s m o m u it o p r ó p r io e a t íp i c o , a o d e c o r r e r d o t e mp o fo r a m i n c o r p o r a d o s e l e m e nt o s d i v e r s o s , d e s d e s í m bo lo s g r e g o s , e g í p c i o s , c r i s t ã o s , p a g ã o s , o u a i n d a r e f e r e nt e s à a s t r o lo g i a , n u m e r o lo g i a , s i g no s d o z o d í a c o e nt r e o u t r o s t a nt o s . V o lt a n d o à s u a g ê n e s e , a t e o r ia q u e a c e it a m o s é a m e s m a co nsider ada por gra nd e parte dos m a ç o nó lo g o s ac ad ê mico s e u r o p e u s , o n d e a p e s q u i s a s o br e a M a ç o n a r i a , a o c o nt r á r io d o B r a s i l , o c o r r e c o m d e s e n vo lt u r a . O n a s c i m e n t o d a M a ç o na r i a t e r i a s i d o d e nt r o d e u ma c o r p o r a ç ã o d e o f í c i o d u r a nt e a I d a d e M é d i a . D e s c e n d e nt e d a c o r p o r a ç ã o d o s p e d r e ir o s - l i v r e s m e d i e v a i s ( d a í o t e r mo fr a n c - m a s o n o u fr e e - m a s o n) , e l a t o mo u a s u a f e i ç ã o a t u a l d e f u n c io n a m e n t o n a t r a ns i ç ã o d o s s é c u lo X V I I p a r a o X V I I I , qua ndo de ixo u inst it u iç ão de ser e spe cu lat iva. u ma corporação D u r a nt e sua o p e r a t i va atuação para c o mo uma fo r m a o p e r a t i v a , a i n s t it u i ç ã o fu n c io n a v a c o mo u m a e s p é c i e d e s i n d i c a t o e s c o la , o nd e a p r e o c u p a ç ã o ma io r e r a m a nt e r o s s e g r e d o s d o o f í c i o d e p e d r e i r o e a r q u it e t o e a s s e g u r a r a d e m a n d a d o m e r c a d o . É ne s t e p e r ío d o q u e a h i e r a r q u i a d i v i d i d a e n t r e a p r e nd i z , c o m p a n h e ir o e 9 Filme A lenda do tesouro perdido. Disney Vídeo, 2005. BROWN, Dan. O Código da Vinci. São Paulo: Sextante, 2004. 10 30 m e s t r e f a z i a m a d i s t i n ç ã o e nt r e o s p a r e s d e a c o r d o c o m o g r a u d e c o n h e c i m e nt o t é c n i c o . Mas a esp ec u lat iva t ra ns ição e nt r e c o n s u mo u - s e a m a ç o na r i a o p e r a t i va p a r t ir perda da e de m a ç o na r i a espaço das c o r p o r a ç õ e s d e o f í c i o p a r a o s p r o f i s s io n a i s fo r m a d o s p e l a s no va s u n i v e r s i d a d e s q u e a l a s t r a va m - s e p e l a a E u r o p a . N e s t e mo m e n t o , a s lo j a s m a ç ô n i c a s q u e a i n d a a t u a m c o m f o r m a o p e r a t i v a c o me ç a m a o s p o u c o s a a b r i r s e u e s p a ç o a p r o fa n o s 11 q u e a n s e i a m e s t u d a r e i n t e l e c t u a l i z a r - s e no s s e g r e d o s d a a r q u it e t u r a . A m a ç o n a r i a t o ma no va s f e i ç õ e s , n ã o há m a i s a ne c e s s i d a d e d e a s s e g u r a r a p r o f i s s ã o , a p r e o c u p a ç ã o ne s t e mo m e n t o é d e co nseg u ir le var u ma t rad ição sec u lar de e st udo s e d a p erpet uaç ão d a fr a t e r n i d a d e . E m a i s , a br e m s e u e s p a ç o p a r a a d i s c u s s ã o d e o u t r a s c i ê n c i a s e o u t r o s a s s u nt o s e m v o g a no c e n á r i o e u r o p e u , c h a m a n d o a a t e n ç ã o d e no b r e s e n o vo s b u r g u e s e s q u e t i n h a m c o nd i ç õ e s f i n a n c e i r a s p a r a e n t r a r n a i n s t it u i ç ã o . A t r a ns i ç ã o d a fo r m a o p e r a t i v a - e s p e c u l a t i v a d e s e n c a d e o u e m d o is mo m e nt o s - c ha v e : o p r i m e i r o n o a no d e 1 7 1 7 , c o m a f u n d a ç ã o d a p r i m e i r a o b e d i ê n c i a 12 m a ç ô n i c a no mu n d o , a G r a n d e L o j a d a I ng l a t e r r a fo r m a d a por quatro lo j a s ma çô nic a s lo n d r i n a s . O s e g u n d o mo m e nt o p a r a a c o n f i g u r a ç ã o d e s s a n o v a M a ç o na r i a é e m 1 7 2 3 , c o m a fo r m u l a ç ã o , a d o ç ã o e p u b l i c a ç ã o d a C o ns t it u i ç ã o d e A n d e r s o n. D e s e n v o l v i d a p o r d o is p a s t o r e s p r o t e s t a n t e s e m a ç o n s , J a m e s A n d e r s o n e J o h n T hé o p h i l e D é s a g u l i e r s , e s s a c o ns t it u i ç ã o é d iv id id a em três partes: a pr ime ira, s e g u nd o o ma ç o n ó lo g o e s p a n h o l B e n i m e l i , é u m a “ a b i g a r r a d a na r r a c io n p s e u d o h i s t ó r i c a d e l a Ar q u it e c t u r a , s i n g r a n v a lo r n i i n t e r e s ” 13. 11 Termo utilizado pela maçonaria para designar todos aqueles que não foram iniciados na instituição. Aquele que foi iniciado é chamado de Neófito. 12 Entende-se por Obediência ou Potencia Maçônica o poder central que as lojas devem ser filiadas. Uma loja maçônica para ser considerada regular, deve estar ligada à uma obediência. Para a fundação de uma nova obediência, entre outras coisas é necessário no mínimo a adesão três lojas. 13 BENIMELI, José Antônio Ferrer. Masoneria y Iglesia e ilustración. 4 vol, Madrid: Fundación Universitaria Española, 1976. Tomo 1. p. 54. 31 A s e g u nd a p a r t e e n c o nt r a - s e a e s s ê n c i a d a C o ns t it u i ç ã o , e o s e u c o n t e ú d o é d e e x t r e m a i m p o r t â n c i a p a r a a m a ç o na r i a a t é o s d i a s d e h o j e . É n e s t a p a r t e q u e s e e n c o n t r a m o c ó d i g o mo r a l , a s d ir e t r iz e s p a r a o s e u f u n c io n a m e nt o e o d ir e it o d i s c i p l i n a r d a s o f i c i n a s ; a ú lt i m a p a r t e r e f e r e - s e à r e f l e xõ e s f i lo s ó f i c a s . É na s e g u n d a p a r t e o nd e e n c o n t r a mo s a d e f i n i ç ã o d e q u e t o d o o ma ç o m d e v e s e r d o s e x o ma s c u l i n o , s e r l i vr e , i n d e p e nd e nt e d a r e l i g i ã o q u e p r o fe s s e , d a r a ç a o u n a c io n a l i d a d e . A i n d a t r a z a s d ir e t r iz e s p a r a a f u n d a ç ã o d a s lo j a s e d a s o be d i ê n c i a s , e no s e u a u g e , e x p r e s s a o art igo fundament al: T odo mas ón está obliga do, em vir tud de su título, a ob edecer a ley mor a l; y s i compr ende b ien el Ar t e, n o s er á ja más u m estúp ido at eo ni u m ir r eligioso lib er t ino. As í como, en los tiemp os pasa dos, los mas ones estaba n ob liga dos, em ca da país, a pr of esar la r eligion de s u pátr ia ou nación, cualqu ier a qu e ésta f u er a, em el pr es ent e no há par ecido más a pr op ós it o el no ob ligar más qu e aqu ella R eligión em la qu e t odos los hombr es están de acu er do, deja ndo a cada u no su op inió n par ticular . Esta cons ist e em s er hombr es buenos y ver da der os, hombr es de honor y pr ob ida d, cu alquier a qu e s e ala denominación o cr eencias com qu e pu edan s er dist ingu idos. D e donde s e s igu e qu e la ma soner ía es el Centr o de Unión, y el médio de conciliar uma ver dader a amista d entr e p er s onas qu e [s in ella] p er ma necer ía n em una p er p etua distancia. 14 O a r t ig o n e c e s s it a v a m a c ima de ixa pro fessar e xp l í c it o n e n hu m a que re lig ião os ou i nt e g r a nt e s a lg u m a não fo r m a e s p e c í f i c a d e c o r r e nt e d e p e n s a m e nt o , t r a ns f o r m a n d o a m a ç o n a r i a e m u m a i n s t it u i ç ã o à fr e nt e d e s e u t e mp o , p o i s f i c a a c i m a d a s d i v i s õ e s p o l ít i c a s e r e l i g io s a s d a é p o c a . C o m a a u t o no m i a d e p e n s a m e nt o e f é p e r m it i d a a o s s e u s i n t e g r a nt e s t o r no u - s e fo nt e d e preo cupa ção , e e m se gu id a, de per se g u ição da Igre ja Cat ó lic a ao s pedre iro s- livre s euro peu s. 14 BENIMELI, José Antônio Ferrer. Masoneria y Iglesia e ilustración. 4 vol, Madrid: Fundación Universitaria Española, 1976. Tomo 1, p. 55. 32 É impo rt ant e le mbrar qu e na épo ca e m que a ma ço nar ia a t u a v a c o mo c o r p o r a ç ã o d e o f í c i o , o s me m br o s e r a m o br i g a d o s a pro fessar a Prot est ant e, re lig ião eram o fic ia l d e c at ó lico s. Os seu pa ís, ma ço ns que até e s t a va m a R e fo r m a o br i g a d o s a c o n f i s s ã o e a c o mu n h ã o p e lo m e no s u m a v e z p o r a no . N o s r it u a i s m a ç ô n i c o s d o p e r í o d o o p e r a t i vo , e r a m i n v o c a d o s a S a nt í s s i m a T r i n d a d e , a V i r g e m M a r i a , o s Q u a t r o S a nt o s C o r o a d o s e o a i n d a a t u a l p a t r o n o d a i n s t it u i ç ã o , S ã o J o ão B a t i s t a . 15 C o m a a d o ç ã o d a C o n s t it u i ç ã o d e A n d e r s o n a r it u a l í s t i c a c a t ó l i c a d e i x o u d e s e r a d o t a d a , p e r ma n e c e n d o s o me nt e o s e u p a t r o no , S ã o J o ã o . E s s a m u d a n ç a fo i v i s t a c o m d e s c o n f i a n ç a p e l a I g r e j a C a t ó l i c a , q u e p e r d e nd o a c o n d i ç ã o d e r e l i g i ã o o f i c i a l d a c o r p o r a ç ã o , c e s s a o c o n t r o le s o br e e l a , d e s e nc a d e a nd o e m 1 7 3 8 a p r i m e i r a c o n d e na ç ã o p a p a l. 16 E s s a r u p t u r a c o m a e nt r e I g r e j a C a t ó l i c a e M a ç o n a r i a f a z o s p e d r e i r o s l i v r e s t o m e m d e s t a q u e no c e n á r io e u r o p e u , c o o p t a n d o a e l it e i nt e l e c t u a l e u r o p é i a e u lt r a p a s s a o s l i m it e s d o ve l ho c o nt i n e nt e , a l a s t r a nd o a s s u a s lo j a s e s e u i d e á r i o c o m m u i t a fo r ç a n o no vo m u nd o . E s s a no va m a ç o n a r i a n ã o c o ns t r ó i m a i s o br a s a r q u it e t ô n i c a s , seq uer a ssegur a ma is o mer cado d a s co nst ruçõ es; seu s est udo s a r q u it e t ô n i c o s t o r n a m- s e e s p e c u l a t i vo s e a o s p o u c o s s e c u nd á r io s , t r a ns f o r m a n d o - s e n o p r i m e i r o mo m e n t o e m e s c o la , o nd e ho me n s co m c o nd i ç õ e s fina nc e ira s su fic ie n t es para a sua ad missão , i n g r e s s a m p a r a i n t e l e c t u a l i z a r - s e , e nu m s e g u nd o mo m e nt o , a br e s e u s t e m p lo s p a r a a d i s c u s s ã o a v a n t g a r d q u e f e r v i l h a v a no c o nt e xt o e u r o p e u : o i l u m i n i s mo . A m a ç o n a r i a t o r na - s e a i n s t it u i ç ã o a be r t a e a o s p o u c o s a d e p t a a o mo v i m e nt o i n t e l e c t u a l ( e s ó d e p o i s r e vo l u c io n á r io ) i l u m i n i s t a , p r i n c i p a l m e nt e n a F r a n ç a ( a m a ç o n a r ia i n g l e s a m a nt e v e - s e m a i s c o n s e r v a d o r a e a u t o c r á t ic a ) , o n d e o s p e n s a d o r e s e a d e p t o s a o 15 BENIMELI, José Antônio Ferrer. Masoneria y Iglesia e ilustración. 4 vol, Madrid: Fundación Universitaria Española, 1976. Tomo 1, p. 40 16 A primeira condenação oficial é através da carta apostólica In eminenti, assinada pelo Papa Clemente XII em 28 de setembro de 1738. Disponível em: www.vatican.va acesso em 25/01/2006 33 i l u m i n i s mo e n c o nt r a r a m d e nt r o d o s t e m p lo s m a ç ô n i c o s u m l u g a r p r o p íc i o p a r a a d i s c u s s ã o d a s i d é i a s d a s l u z e s . 17 F o i a s s i m q u e a m a ç o na r i a i n c o r p o r o u o d is c u r s o e o i d e á r io l i b e r a l , l a i c o e c i e n t i f i c i s t a , t e nd o c o mo l e m a o me s mo q u e no r t e o u a R e vo l u ç ã o F r a nc e s a “Liberté, Igualité e Fraternit é” que p e r m a n e c e u na i n s t it u i ç ã o a t é o s d ia s a t u a i s . 17 BENIMELI, José Antônio Ferrer. Masoneria y Iglesia e ilustración. 4 vol. Madrid: Fundación Universitaria Española, 1976. 34 2.2 O s P e d re i ro s - l i v r e s c h e g a m a o B ra s i l A int ro duç ão d iscussão ent re da os ma ço nar ia e s c r it o r e s no Br asil vinc u lado s já á fo i m o t i vo i n s t it u i ç ã o , de pois p o d e mo s e n c o n t r a r n a l it e r a t u r a m a ç ô n i c a p o s s í v e i s a ç õ e s d o s p e d r e i r o s - l i v r e s no p a í s a i n d a no s é c u l o X V I I I . P a r a a l g u n s o s h i s t o r ia d o r e s m a ç o n s a p r i m e i r a l o j a m a ç ô n i c a fo i o Ar e ó p a g o d e I t a m b é f u n d a d o e m 1 7 9 6 e m P e r n a m b u c o n a d i v i s a c o m a P a r a í b a , f u nd a d a p e lo m é d i c o e b o t â n i c o p o r t u g u ê s , M a n u e l A r r u d a C â m a r a 18 m a s , p o r m a i s q u e s e j a c o n s i d e r a d a u m a lo j a m a ç ô n i c a , e l a n ã o e r a c o n s i d e r a d a c o mo r e g u l a r . T a m b é m e n c o n t r a mo s n a l it e r a t u r a m a ç ô n i c a u m p o s s í v e l e n vo l v i m e n t o de ma ç o n s d u r a nt e a Inco nfid ê nc ia M i n e i r a 19, p o s s i v e l m e nt e i n i c i a d o s n a E u r o p a e q u e t r a z e m à r e vo l u ç ã o i d e a i s l i g a d o s a o i d e á r io m a ç ô n i c o . N ã o p o d e mo s d i z e r q u e a m a ç o n a r i a p a r t ic i p o u d i r e t a m e n t e d o e p i s ó d io , m a s é p o s s í v e l q u e m a ç o n s t e n h a m p a r t i c i p a d o d e fo r m a i s o l a d a e a u t ô no ma . At é m e s m o T ir a d e nt e s , m á r t ir d a I n c o n f i d ê nc i a é r e f e r i d o e m a l g u m a s o br a s c o mo um neó fit o , mas d e vido a f a lt a de d o c u m e nt a ç ã o , não p o d e mo s a f i r m a r t a l r e l a ç ã o . Ale xa ndre Ma nsur B arat a, e m su a t ese de do ut orado t ambé m re lat a a po ss ib ilid ad e do a p o io ma çô nico a dura nt e aquela I n c o n f i d ê nc i a d e 1 7 8 9 , e a p o s s i b i l i d a d e d a i n i c i a ç ã o d e J o a q u i m J o s é d a S i l v a X a v i e r , o T ir a d e nt e s , t e r a c o n t e c i d o e m u m a lo j a m a ç ô n i c a d o R io d e J a ne i r o . 20 Ma s é be m po ss íve l que a Maço nar ia at é o co meço do sé cu lo X I X t e n h a f u n c io n a d o no B r a s i l , n ã o d e m a n e i r a r e g u l a r c o mo n o s mo l d e s 18 propostos pe la sua c o n s t it u i ç ã o . A pr ime ira lo j a CASTELLANI, José. Os maçons que fizeram parte do Brasil. São Paulo: A Gazeta Maçônica, s/d. pág. 13. 19 CASTELLANI, José. Os maçons que fizeram parte do Brasil. São Paulo: A Gazeta Maçônica, s/d. pág. 57. 20 BARATA, Alexandre Mansur. Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência(Brasil, 17901822). Campinas: Unicamp, 2002. pág. 49. 35 c o n s i d e r a d a c o mo r e g u l a r e m s o lo b r a s i l e i r o é a L o j a R e u n i ã o , f u n d a d a e m N it e r ó i no R i o d e J a n e i r o , f i l i a d a a o G r a n d e O r i e nt e d a I le d e F r a n c e , i n s t a l a d o a I l h a M a u r i c e . 21 A f u n d a ç ã o d a p r i m e i r a o b e d i ê n c i a m a ç ô n i c a s e r á no a no d e 1813, a t r a vé s de três o fic ina s ba ia nas, V irt ude e Razão, H u m a n i d a d e e U n i ã o 22, t e n d o c o mo G r ã o - me s t r e A nt ô n io C a r lo s R i b e ir o e A n d r a d a e d e no m i n a d o G r a n d e O r i e nt e B r a s i l e ir o . M a s d e v i d o a s m a z e l a s d a R e v o l u ç ã o P e r na m b u c a n a d e 1 8 1 7 , e s t a o be d i ê n c i a f i n d a s u a a t i v i d a d e n o m e s mo a n o . 23 A s u a r e o r g a n i z a ç ã o no B r a s i l s e r á e m m e a d o s d e 1 8 2 2 , no R io d e J a n e i r o a t r a vé s d a a r t i c u l a ç ã o d e J o a q u i m G o n ç a l v e s L e d o e a fu n d a ç ã o d o G r a nd e O r i e nt e d o B r a s i l a t r a v é s d a d i v i s ã o d a L o j a C o mé r c io e Ar t e s e m o u t r a s t r ê s : C o m é r c i o e Ar t e n a I d a d e d e Ouro, U nião e T r a nq ü i l i d a d e e Esperança de N it e r ó i, s e nd o a c l a m a d o c o mo G r ã o - me s t r e J o s é B o n i f á c io d e A nd r a d a e S i l v a . F o i e s s e G r a nd e O r i e nt e q u e p o s s i b i l i t o u a t r a v é s d a a b e r t u r a de se u es pa ço para a d is cu ss ão e a orga niz aç ão da Ind epe ndê nc ia br as ile ira, a ind a que não fo s s e u ma u na n imid ade e nt r e seus m e m b r o s , c o mo a f ir m a B a r a t a : N o s p r i m e i r o s m e s e s d e 1 8 2 2 , a p r ep o n d er â n c i a d o gr up o ma ç ônic o de J oa qu im G onça lves L edo s e fa z ia p er c e b er n o s d e b a t es e m t o r n o d a n e c es s i d a d e d a c onvoca çã o de u ma a ss emb léia C onstitu int e ou a t r a v é s d a a p r o x i m a ç ã o c o m o p r í n c i p e r e g e n t e, a o c o n c e d er - l h e o t í t u l o d e D e f e n s o r P er p é t u o d o B r a s i l , a p r o v a d o p e l o S e n a d o d a C â ma r a d o R i o d e J a n e i r o . E m c er t a m e d i d a , e s s a s u p r e m a c i a s i g n i f i c a v a o a pr ofu nda me nt o dos a nta gonis mos c om o gr up o d e Jos é Bonifá c io qu e, na condiçã o de minis tr o do R ein o e d o s E s t r a n g e i r o s , i n i c i o u u m a v i o l e n t a r ep r es s ã o a o s q u e s e o p u n h a m a s eu p r o j e t o p o l í t i c o d e 21 BARATA, Alexandre Mansur. Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência(Brasil, 17901822). Campinas: Unicamp, 2002. Pág. 78. 22 A Constituição de Anderson exige, para a formação de uma nova obediência maçônica, um mínimo de 3 lojas regulares. 23 BARATA, Alexandre Mansur. Luzes e Sombras: a ação da Maçonaria brasileira (1870-1910). Campinas: Editora da Unicamp, 1999. Pág. 62 36 c onstr uçã o do Esta do br a sileir o, ba s ea do e m u ma M o n a r q u i a ex t r e m a m e n t e c e n t r a l i z a d a , c o m b a i x o n í v e l d e r ep r es e n t a t i v i d a d e e q u e v i s a v a g a r a n t i r o s i n t er e s s e s da class e s enhor ia l, s o b r et u d o da s pr ovínc ia s do Rio de Ja neir o, Sã o Pa ulo e M ina s 24 G er a i s . P a r a a c o n s o l i d a ç ã o d e s e u p r o j e t o p o l ít i c o , J o s é B o n i f á c io , m e s m o s e n d o G r ã o - M e s t r e d a m a ç o n a r i a br a s i l e i r a , fu n d a e m 1 8 2 2 o Ap o s t o l a d o d a N o b r e O r d e m d o s C a v a l h e i r o s d a S a nt a C r u z , u m a s o c i e d a d e p o l í t i c a s e c r e t a , e c o m r it u a i s p a r e c i d o s c o m o d a m a ç o n a r i a , m a s o r g a n i z a d a s o br e o i n t u it o d e d e fe n d e r a fo r m a d e g o v e r n o mo n á r q u i c o e i m p e d i r a e x p a n s ã o d e i d é i a s r e p u b l i c a na s . 25 E m o u t u br o d e 1 8 2 2 , a i n d a f i l i a d o à m a ç o na r i a e r e i n t e g r a d o a o m i n i s t é r io , e c o m v it ó r ia s o b r e o g r u p o d e L e d o , c o me ç a u m a a mp la per se gu iç ão aos s u s p e it o s d e co nsp ir ação ao p o nt o da s u p r e s s ã o d o s t r a b a l h o s m a ç ô n i c o s e o e x í l io d e s u a s p r i n c i p a i s lid era nça s. O c e r c e a m e nt o d o s t r a ba l ho s m a ç ô n i c o s s e r á a t é o a n o d e 1 8 3 1 , c o m a r e i n s t a l a ç ã o d o G r a n d e O r i e nt e d o B r a s i l n o v a m e nt e s o b r e a t u t e la d e J o s é B o n i f á c i o , e a f u nd a ç ã o p o r u m g r u p o d e m a ç o n s a d v e r s á r io s d e u m a no va o b e d i ê n c i a : o G r a nd e O r i e nt e N a c i o na l B r a s i l e i r o , c o n h e c i d o m a i s t a r d e c o mo G r a n d e O r i e n t e d a R u a d o P a s s e io , q u e t i n h a c o mo p r i n c i p a l l i d e r a n ç a o s e n a d o r N i c o l a u V e r g u e ir o . A r e l a ç ã o c o n f l it u o s a e nt r e a s d u a s i n s t it u i ç õ e s s e r á d u r a d o u r a , e s ó a m e n i z a n o e p i s ó d io d a Q u e s t ã o R e l i g io s a d e 1 8 7 2 . 26 24 BA RATA, Alexan dr e Man sur . Luzes e S ombras : a ação da Maçonaria brasi l e i ra (1870-1910 ). Ca m pi n a s: E dit or a da Un i ca m p, 1999. Pá g 64. 25 Para saber mais sobre a estrutura de funcionamento ver: Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência(Brasil, 1790-1822). Campinas: Unicamp, tese de doutorado, 2002. 26 Para saber mais sob a organização das maçonarias brasileiras até o período de 1872 ver: C O L U S S I , Elian e Lúcia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fun do: Ediup f, 1998. pág. 79 à 158. 37 D e v i d o a e xp u l s ã o e e x c o mu n h ã o l a n ç a d a s a o s m a ç o n s d o P a r á e d e P e r na m b u c o q u e p e r t e n c i a m a c o n f r a r i a s r e l i g io s a s c a t ó l i c a s , a Q u e s t ã o R e l i g i o s a d e 1 8 7 2 d e f i n i u a r u p t u r a t o t a l e nt r e a I g r e j a C a t ó l i c a e a M a ç o n a r i a B r a s i l e ir a , q u e a t é o mo m e nt o m a t i n h a e m s e u s q u a d r o s t a nt o p a d r e s e b i s p o s , a s s i m c o mo e r a no r ma l a fre qüê nc ia d e ma ço ns à Igre ja e à co nfr ar ia s c at ó lic a s. O s b i s p o s q u e l a n ç a r a m a c o nd e n a ç ã o , D o m V it a l M a r i a G o n ç a l v e s d e O l i v e ir a e D o m A nt ô n i o d e M a c e d o e C o s t a , e r a m jo v e n s e m o v i d o s p e l a d i r e t r i z u lt r a mo n t a na l o g o , d e f e r i r a m o a t a q u e a o s p e d r e i r o s l i v r e s , d e v i d o a bu l a p a p a l l a n ç a d a e m R o m a e m q u e e x c o m u ng a va o s p e d r e i r o s - l i v r e s . M a s o i m p a s s e e f e t i vo u - s e d e v i d o a o I mp é r io d o B r a s i l e s t a r lig ado à Igre ja C at ó lica at ravés do padro ado , que dá ao rege nt e b r a s i l e i r o p o d e r e s p a r a c o br a r , p a g a r , no m e a r e t a m b é m p l a c it a r a s b u l a s p a p a i s , e d e v i d o a bu l a q u e c o n d e n a va a M a ç o n a r i a n ã o t e r sido p l a c it a d a p e lo imper ado r Do m Pedro II, t r a n s fo r m o u as c o nd e n a ç õ e s l a n ç a d a s a o s m a ç o n s p e lo s b i s p o s s e t o r n a s s e u m a questão de Estado. N a t e n t a t i v a d e r e s o l v e r o c o n f l i t o , u m a c o m i s s ã o fo i fo r m a d a e e n v i a d a R o ma , c o n h e c i d a c o mo m i s s ã o P e n e d o , q u e e n t r o u e m a c o r d o c o m o p a p a P io I X q u e a M a ç o n a r i a b r a s i l e i r a n ã o e r a a n t ic l e r i c a l c o mo a e u r o p é i a , p o r t a nt o nã o d e ve r i a e s t a r d e n t r o d a c o nd e n a ç ã o . M a s q u a nd o a m i s s ã o r e t o r no u a o p a í s j á e r a m u it o t a r d e , p o i s o s b i s p o s j á t i n h a m s i d o c o nd e na d o s à p r i s ã o c o m t r a ba l h o s fo r ç a d o s . 27 S e m d ú v i d a a Q u e s t ã o R e l i g io s a q u e e n v o l v e u a M a ç o na r i a , a I g r e j a e o E s t a d o , q u e p r o po r c io no u o i n í c io d o r o m p i m e n t o e n t r e o E s t a d o e o C a t o l i c i s m o , e o a c ir r a m e nt o do e m b a t e e nt r e M a ç o n a r i a e I g r e j a . É a p a r t ir d e s t e mo m e n t o q u e a m a ç o na r i a b r a s i l e i r a c o me ç a a t o ma r u m a d i n â m i c a c a d a v e z m a i s a n t i c l e r i c a l , p o s t u r a q u e i r á p e r m a n e c e r e a c i r r a r n o i n í c io d o s é c u lo X X . 27 VIEIRA, David Gueiros. O protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2ª edição, 409p. 38 2 . 3 Os neó fitos ch egam no Rio G rande do S ul A int ro dução da Maço nar ia em so lo gaúcho o correrá soment e a part ir da década de 1830, ou seja, cerca de t rês décad as após a fundação da pr ime ir a lo ja regu lar no país. Segu ndo Co lussi, o at raso da inser ção do moviment o maçô nico no est ado deve- se dent re out ros fat ores, às caract er íst icas do espaço geográfico ligado ao milit ar is mo, o iso lament o dos cent ro s decisór ios e a sua incorpo ração t ardia ao t errit ório nacio nal, mas “sobret udo o at raso cult ural que det er mino u a chegada t ard ia d a maço nar ia em t erras gaúchas.” 28 Segundo a hist o r iadora, a pr ime ir a lo ja maçônica regu lar fund ada no Rio Grande do Sul fo i a Lo ja Filant ropia e Liberd ade, na capit a l no ano de 1831, filiada pr imeir ament e em su a fund ação pelo Grande Or ient e do Passeio mas lo go em seg uida so bre o s auspíc io s do Grande Or ient e do Brasil. 29 Durant e a Revo lução Farroupilha, conflit o ent re o s produt ores de charque gaúcho e o Impér io o casio nado pelo baixo preço do produto import ado , toma feições repu blicanas e revo lucio nár ias, fazendo co m que a maçonar ia abr isse os seu s t emplos para a discussão das idéias em voga na época e a grande admissão de chefes revo lucio nár io s ao quadros maçônicos 30. Mas ainda nebu lo sa a ação da maçonar ia d urant e est e per íodo, vist o ser um mo ment o de co nflit o de ar mas ocasio nando a ausencia de document o s maçô n ico s do mo ment o, mas a sua part icipação é represent ada por out ros indíc ios, co mo salient a Co lussi: 28 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág 186. COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág 188. 30 Entre os chefes revolucionários estão Bento Gonçalves, David Canabarro, Bento Manuel Ribeiro, Giuseppe Garibaldi entre outros. 29 39 Aliás, a ausência de compr ova ção de ativida des ma çônicas no estado dur ant e a fas e far r oupilha suscit ou, por par te da hist or iogr afia qu e tr atou da qu estão, outr os indícios compr obatór ios qu e p oder ia m r elacionar a ma çonar ia à r evolu ção gaúcha. A linguagem dos decr et os, as expr ess ões maçônicas utiliza das nos docu ment os, a inclusão de s ímb olos ma çônicos no br asão de ar mas far r oupilhas ser ia m element os inq u estioná veis dest e víncu lo. 31 Também sabe- se qu e a iniciação da maio ria do s revo lucio nár io s farro up ilhas deu- se dur ant e a própr ia revo lução, o que ind ica q ue no per ío do do co nflit o que a inst it uição cresceu e d ifund iu seu ideár io no seio do s chefes farrapos. Mas essa maçonar ia ainda inc ipient e 32 na durant e o conflit o , to ma for ma e força no final do sécu lo XIX, mais precisament e em 1893, co m a fu nd ação do Grande Or ient e do Rio Grande do Sul, t endo a Lo ja Pro gresso da Hu manidade t omado frent e à cisão ao Grand e Or ient e do Brasil, junt ament e co m as Lo jas Lu z e Ordem e Luz e Pro gresso . A for ma de co mo se desencad eou a sua fundação não é co nsenso ent re os do is pr incip ais maçonó logo s acadêmicos gaúchos, Luiz Eugênio Véscio e E liane Co lu ss i. Segu ndo Véscio , a fundação do GORGS é reflexo do jo go polít ico do PRR – P art ido Repu blicano Rio grandense, para ampliar seu espaço na sociedad e t ransfo r mando a inst it u ição em braço polít ico e client elíst ico ent re os seus filiado s e o gover no . O projet o cast ilh ist a/ bo rgist a baseado em diret r izes posit iv ist as d e Au gust e Co mt e, t inha em seu pro jet o governament al, co mo pr incipal o desenvo lviment o urbano, não alcançando ampla aceit ação pr incip alment e 31 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág 196. Nos referimos como incipiente devido ao seu funcionamento e organização neste período não obedecessem as normas impostas pelas Constituições de Anderson, que só acontecerá com o reestabelecimento da paz. 32 40 em reg iões lig adas econo micament e ao campo, lo calizad as na região su l e da campanha, lo cais onde a maço nar ia t inha se co nso lidado sobre os ausp íc io s do Grande Or ient e do Brasil. Assim, a fundação do GORGS no ano de 1893, em me io a Revo lução Federalist a(1893-1895), é explicada po r Véscio da segu int e for ma: A cr iação de u ma pot ência maçônica autônoma no Ri o Gr ande do Sul p ode ta mb ém s e exp lica da pela háb il ma nobr a empr eendida p or Jú lio de Castilhos , qu e tr atou de pr evenir -s e contr a u ma ar ticulaçã o de Silveir a Mar tins e dos lib er ais, atr avés do Gr ande Or ient e do Br asil, u ma vez qu e o s ena dor t inha laços f or t es na Maçonar ia do R io de Janeir o, t endo s ido, inclus ive, Gr ão-M estr e do Gr ande Or ient e Br asileir o em 1883. 33 Véscio t ambém salient a a co mposição da d iret oria da nova pot ência eram de grande maior ia filiados ao PRR, sendo o sucessor de Júlio Cast ilho s, o polít ico Ant ônio Borges de Medeiros t ambém iniciado à o rdem. At ravés de u ma vast a pesquisa do cu ment al, Véscio apo nt a que apó s o mo ment o do conflit o, o GORGS t ornou-se u m do s pr incipais sust ent ácu lo s do gover no do PRR, ocupando o papel dos ant igos co ronéis do Impér io, assist indo seus filiados at ravés de favores assist enc iais client elist as. Co lussi não descart a uma possíve l relação co m o PRR, mas at r ibu i a fu ndação do Grande Or ient e do Rio Grande do Sul ao mo viment o fed eralist a maçô nico que t omava força em todo o país, imp ulsio nado pelo ad vent o da República de 1889. O mo vime nt o federalist a t eve co mo po nt o in ic ial, a fu ndação do Grande Or ient e de São Paulo como a pr imeir a 33 VÉSCIO, Luiz Eug ên io. O c rime do p a dre Sório: Maçon ar ia e Igr eja Ca t ól i ca n o Ri o Gr a n de do Sul 189 3-1928. Sa n t a Mar i a: E di t or a UFSM; P or t o Al egr e: E d. da UF RGS, 2001. pá g, 123. 41 o bed iência est adual aut ôno ma, sendo segu ido apó s pelo s est ados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.. 34 A hist oriadora dest aca que a rupt ura das lo jas r iogr andenses co m o po der cent ral brasileiro deu- se p ela ind iferença do GOB pelo s maço ns gaúcho s que at ravessavam as mazelas da Revo lu ção Fed eralist a, a guerra civ il ma is sangr ent a do país e que fo ra mar cad a pela cru eldad e das dego las. O d iscurso da indiferença quant o a sit uação da guerra e a necess idad e da fundação do Orient e aut ôno mo gaúcho t ambém po de ser vist o nas pág inas de O Delta, em mat ér ia relat iva as ho menagens ao s 25 ano s da I nst it uição, aproveit ando para t razer em anexo as at as d e fu nd ação e manifest o s do Grande Or ient e do Rio Grande do Su l 35. É certo que a part ir da fundação do Grande Or ient e do Rio Grand e do Su l, a maço nar ia gaúcha t o ma imp ulso e feiçõ es própr ias, ainda que co nsid erad a co mo espúr ia pelo Grande Or ient e do Brasil, to ma força a po nt o de em 18 98 t er 56 lo jas filiadas 36 e em 190 2 ser reco nhecida co mo regu lar por quase t odas as pot ências do orbe 37, t ransfor mando na maior o bed iência do Rio Grande do Su l at é os dias de ho je. 34 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág 242. O Delta, Ano II, Junho/1918. Nº 12, p. 273. 36 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág 260. 37 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág. 253 35 3. MAÇONARIA, IGREJA E EDUCAÇÃO 3.1 M a ç o n a ri a v e r s u s I g r e j a C a t ó l i c a A Maçonar ia nã o ateou a fogu eir a qu e car bonis ou Joã o Huss, nem as qu e qu ei mar a m Migu el S er vet, G ior da no Br uno e milhar es d e outr os innocent es; nã o atir ou Ga lileu par a o fu ndo de u m calab ouço; nã o estr angu lou Est evão D odet, nem ar r ancou as entr anhas d e Pedr o Ra mus, ar rastando-as p elas r uas; não arr ancou a língua a Vanini, nem incendiou o mu ndo com as f ogu eir as ma ldictas da I nqu isiçã o. Iss o tu do f oi obr a do cat holicis mo e contr a tu do iss o r evoltar am-s e e bat er a m- s e os f ilhos de H ir a m. 38 D’O Delta, Maio de 1919 da EV. No c a p ít u lo a nt e r i o r f a l a mo s rap id a me nt e dos pr ime iro s e nt rave s e nt re a I gre ja C at ó lic a e a Ma ço nar ia a ind a no sé cu lo X V I I I . O g e r m e d o c o n f l i t o n a s c e a p a r t ir d a p e r d a d e e s p a ç o d a I g r e j a C a t ó l i c a e m c o ns e q ü ê n c i a d a C o ns t it u i ç ã o d e A n d e r s o n . E m u m p e r ío d o o nd e a mo r a l, o s c o s t u m e s e a s i n s t it u i ç õ e s e r a m c o nt r o l a d a s p e lo V a t i c a no , a perda de seu espaço de nt ro da m a ç o n a r i a fo r a v i s t a c o m p r e o c u p a ç ã o , já q u e é n e s t e mo m e n t o q u e a m a ç o na r i a p e r d e s e u c a r á t e r d e C o r p o r a ç ã o d e O f í c i o p a r a t o r na r 38 O Delta, Ano III, Maio/1919. Nº 11, p. 222. 43 se um espaço dest ina do à d isc ussão , so c ia liz aç ão e de int e le ct ua liz aç ão de se us me mbro s. A f e i ç ã o t o m a d a p e l a m a ç o na r i a a p a r t ir d e s u a c h e g a d a n a Amé r ic a Lat ina, sob o peso da v e r t e nt e euro pé ia libe ra l, r e v o lu c io n á r i a e i l u m i n i s t a , t r a z e m s e u i d e á r io e d i s c u r s o o p e s o de c o n c e it o s c o mo rac io na lis mo , l a i c i s mo , c i e n t i f i c i s mo e nt re o u t r o s l i g a d o s a d o u t r i n a d a s l u z e s . T o d o s e s s e s c o n c e it o s e nt r a m d ir e t a m e n t e n o e m b a t e e nt r e a i n s t i t u iç ã o e a I g r e j a C a t ó l i c a , t r a ns f o r m a n d o o p e r ió d i c o m a ç ô n i c o g a ú c h o c o mo vo z p r i n c i p a l d ifu so ra de sua s id é ia s. N e s t e p e r í o d o , o c h e f e d a I g r e j a no e s t a d o e r a D o m J o ã o Becker, co nhec ido por sua postura c o ns e r v a d o r a ba s ead a em d ir e t r iz e s u lt r a m o nt a na s , e p o r c o n s e g u ir o r g a n i z a r e c o ns o l i d a r o c a t o l i c i s mo no R io G r a nd e d o S u l . A l é m d i s s o , c o m o s e u p r o je t o e d u c a c i o n a l a I g r e j a t o m a va fo r ç a e e xp r e s s ã o no i n t e r io r d o e s t a d o , a s s i m c o mo p r e s t íg i o p o r p a r t e d o s g o v e r n a nt e s d o e s t a d o . 39 O D e l t a d u r a n t e a s u a e x i s t ê nc i a t r o ux e e m p r a t ic a m e n t e e m todas as e d içõ e s n o t íc i a s re lat iva s à re lig ião , c o ns i d e r a d o o c l e r i c a l i s mo c o mo r e a c i o ná r i o e r e t r ó g r a d o . C o me ç a n d o l e nt a m e nt e a s c r ít i c a s br a n d a s no p r i m e i r o mo m e n t o , lo g o e xa c e r b a nd o d e m a n e i r a o fe n s i v a e a t i v a , a t a c a n d o n ã o s o m e nt e a o c l e r o , ma s o s d o g ma s c a t ó l i c o s t a m b é m , c o n t i n u a m e n t e s a l i e n t a n d o a d i s s o n â n c i a e n t r e a fé c a t ó l i c a e o mu nd o a t u a l . A p r i m e i r a n o t í c i a r e l a t i v a à r e l i g i ã o a p a r e c e na s e g u n d a ed iç ão da re vist a a ind a e m 19 16, o nde re pro duz u m d is cur so r e a l i z a d o na L o j a O r i e nt a ç ã o d e P o r t o A l e g r e , o n d e o o r a d o r p r o c u r a e xp r e s s a r s u a c o n c e p ç ã o d e r e l i g i ã o e s u a f i n a l i d a d e c o mo t a l: 39 ISAÍA, Artur Cesar. Catolicismo e Autoritarismo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Edipucs, 1998. 44 A maçonar ia sab e qu e as dif er ent es r eligiões ex ist ent es no mu ndo sã o necess ida des s ociais; necessida des do espír it o hu ma no, qu e busca u m meio de ma nif estar o s eu tr ibuto de gr atidão par a com o aut or de t odas as cousas e o faz p or est es diver s os meios, s egu ndo o gr au evolutivo ou a capacidade menta l de ca da individu o, de ca da povo, de cada r aça. 40 N ã o a t a c a n d o d i r e t a m e nt e o c a t o l i c i s mo c o mo f é , a t r i b u i n d o á s d i f e r e nt e s r e l i g i õ e s fo r m a s a d ve r s a s d e e nt e n d e r D e u s , d i z q u e a Ma ço nar ia não t e m nad a co nt ra à qu a lqu er re lig ião , ape nas t e m c o mo i n t u it o e o d e v e r d e c o m b a t e r a h i p o c r i s i a d o f a l s o s a c e r d o t e , a v e n d a d e g r a ç a s e s p i r it u a i s , a p r e c e p a g a , a a t r i b u i ç ã o d e p e r d o a r p e c a d o s , o f a n a t i s mo q u e be a t i f i c a a c o ns c i ê n c i a e o a bu s o d e t o d a e qua lq uer re lig ião . S e m c it a r a r e l i g i ã o c a t ó l i c a , o d i s c u r s o na s e nt r e l i n h a s é v o lt a d o d i r e t a m e n t e p a r a R o m a , p o i s e r a m p r á t i c a s c o m u n s d o c l e r o cat ó lico as at r ibu içõ e s e xp r e s s a s no t e xt o . No discurso r e p r o d u z i d o , t a m bé m m o s t r a a a d m i r a ç ã o q u e a M a ç o n a r i a t e m aque le que verdad e iro sacerdote, que prega a d o u t r i na do c r u c i f i c a d o , c o m j u s t iç a e ve r d a d e . O p r i m e i r o a t a q u e f r o nt a l à I g r e j a C a t ó l i c a no O D e l t a a p a r e c e na q u a r t a e d i ç ã o d a r e v i s t a , e m u m a r t i g o i n t it u l a d o M a ç o n a r i a 41, i n i c i a n d o c o m a e x a lt a ç ã o d a s q u a l i d a d e s d a m e s m a e lo g o i n v e s t i n d o c r ít i c a s a o c l e r o , d e s m e n t i d o o s u p o s t o at e í s mo ma çô nico g e r a l m e nt e d ivu lg ado p e lo s sacerdotes c at ó lico s. D e s m e r e c e n d o o o f í c io d o c l e r o , d i z q u e q u a l q u e r s a c r a m e nt o , f e it o p o r u m h o m e m d e f é t e m t a nt o v a lo r q u a nt o d e u m p a d r e , p o i s t o d o s o s ho m e n s , n a i g u a l d a d e p e r a nt e D e u s , d e t é m o p o d e r d e co nc eder o s sacr a me nt o s. Ta mbé m e n c o nt r a mo s m u it a s no t í c i a s so bre a t it u d e s i r r e g u l a r e s t o ma d a s p e l a I g r e j a , c o mo o c a s o d a p e r m i s s ã o d a u n i ã o m a t r i mo n i a l 40 41 e nt r e p are nt e s O Delta, Ano I, Agosto/1916. Nº 02, p. 18. O Delta, Ano I, Outubro/1916. Nº 04, p. 49 re so lv id a por t a xa s , co nc ed ia m a 45 aut o rizaç ão , que na vis ão d a r e vist a e ra ma is u ma d as hipo cr is ia s a s s e g u r a d a s d a I g r e j a . T e r m i n a o a r t i g o , s a l i e nt a n d o o p r e c o n c e it o c a t ó l i c o d i a nt e d a s d i f e r e nç a s r e l i g io s a s : A Maçonar ia não t em r ancor es, a Maçona r ia castigos par a os qu e mor r em, a Maçonar ia dif f er ença entr e os qu e mor r em de mor t e natur al pr ocur a m p or suas mã os, a Maçonar ia emf im código cr imina l par a desp ojos mor ta es. 42 não não e os nã o t em faz qu e t em É u s u a l n o d e c o r r e r d o s a r t ig o s à i n v e s t id a à I g r e j a , a e x a lt a ç ã o através d a M a ç o na r i a d e la p r e c o n c e it o , os da c o mo ho m e n s i g no r â n c i a liber t ado ra da co nsc iê nc ia, q u e poderão e do libert ar-se o b s c u r a nt i s m o das garras impo st o do p e lo c a t o l i c i s mo r o m a n o . S e g u nd o o jo r n a l, a t r a v é s d a m a ç o n a r i a é p o s s í v e l a l c a nç a r a p l e n a l i b e r d a d e d e c o n s c i ê n c i a , j á q u e o s p r ó p r io s m a ç o n s c o n s i d e r a m a i n s t it u i ç ã o c o mo “U n i v e r s i d a d e d e Ar t e R e a l e d e S c i e n c i a s P h ys i c a s e e t h i c a s ” . 43 R e t r a t a n d o s e m p r e o c l e r o c o mo a r d i lo s o e s o r r a t e ir o , f a l a que a aç ão do papado so bre a so c iedad e é t a ma nha que faz- s e du vid ar de “t u d o q u e nã o l h e e s t e j a c h e i r a n d o a i n c e n s o ” 44. D i z q u e a s a r t i m a n h a s p r o fe s s a d a s p e lo s s e n ho r e s d e b a t i n a c o n h e c i d a s p e lo s e s p í r it o s a d i a nt a d o s d e v e s e r r e p e l i d a a o b e m d o s f r a c o s . É a í q u e e n c o n t r a mo s o e s t a nd a r t e d o d i s c u r s o m a ç ô n i c o , a s s u m i n d o o p a p e l d e p o r t a - vo z d a v e r d a d e e r e p r e s e n t a nt e d e u m a p a r c e l a e l it i s t a d a s o c i e d a d e , s e nd o d e v e r d o ma ç o m a j u d a r , a m p a r a r e t r a z e r lu z a o s m a i s fr a c o s , d i a nt e d o o bs c u r a n t i s m o i m p o s t o p e la Igre ja. U m a c o lu n a s o b o t it u lo “ C a r t a s C o n f i d e nc i a e s ” p u b l i c a d a e m d iver so s 42 nú mero s da re vist a, O Delta, Ano I, Outubro/1916. Nº 04, p. 50. O Delta, Ano I, Novembro/1916. N Y 5, p. 53. 44 O Delta, Ano I, Janeiro/1917. Nº 07, p. 102. 43 atacava d ir e t a m e nt e a lgu ma s 46 p e r s o n a l i d a d e s p e r t e nc e nt e s a o c l e r o c a t ó l i c o g a ú c h o . A p r i m e i r a , d ir i g i d a a o p á r o c o d o R o s á r i o , f a l a q u e o v i g á r i o p a s s o u a c h e f e d a Igre ja C at ó lic a do R io Grande do Su l, d es e mp e nha ndo acu mu lat iva me nt e as fu nçõ es de pro cu rado r gera l d a Co mpa nh ia d e J e s u s . O r e f e r i d o no vo c h e f e d a I g r e j a é D . J o ã o B e c k e r , f e r v o r o s o a d e p t o a o u lt r a mo nt a n i s mo e q u e s e r á a l vo d e a t a q u e s p e r m a n e nt e s à s u a p e s s o a p e lo O D e l t a , d e v i d o a o s e u r e p ú d io d e c l a r a d o à M a ç o n a r i a . 45 E m “U m p l á g i o d o s r . D . J o ã o B e c k e r ” 46, u m pa nflet o d i s t r i b u í d o e m P o r t o A l e g r e e r e p r o d u z i d o na r e v i s t a , r e f e r e - s e à n o na c a r t a p a s t o r a l e m c o m e mo r a ç ã o a o ju b i l e u s a c e r d o t a l d o a r c e b i s p o m e t r o po l it a no , o nd e r e l a t a - s e q u e d o s 2 4 c a p ít u l o s d a c a r t a p a s t o r a l, d e d i c a 1 6 d e l e s à a r q u i t e t u r a e a p e n a s o it o “a c o i s a s m a i s o u m e no s e s p i r i t u a e s , d e m a n e i r a q u e a g e n t e t e m i m p r e s s ã o d e e s t a r a n t e s a t r a t a r c o m u m c o ns t r u c t o r d o q u e c o m u m a r c e b i s p o . ” 47 A r e v i s t a a l e r t a q u e t a l i n t e r e s s e s o br e a r q u it e t u r a v e m p a r a a p r e p a r a ç ã o d o s f i é i s p a r a a c o n s t r u ç ã o d a no v a c a t e d r a l m e t r o p o l it a n a d e P o r t o A l e g r e . M a s a r e v i s t a s a l i e nt a q u e , a l é m d i s s o , o b i s p o p l a g io u p a r a a s u a c a r t a p a s t o r a l t r e c ho s d a o br a d e L a m a r t i n e 48, t r a z e n d o n a s p á g i n a s d e O D e l t a p a r á g r a f o s e fr a s e s t r a n s c r it a s d a c a r t a e a o l a d o , t r e c h o s d e L a m a r t i n e e m l í n g u a fr a n c e s a , d e n u n c i a n d o e d e mo n s t r a n d o a o s l e it o r e s o p l á g io d o b i s p o . E x a lt a n d o o s va lo r e s e n s i n a d o s p o r C r i s t o c o mo o a mo r , o p e r d ã o , a c a r i d a d e e a c o m p a i x ã o , d i z q u e a I g r e j a na d a d i s s o o fa z , m a s e x e r c e o o po s t o d a d o u t r i na c r i s t ã : E mf im, em face do int er ess e mat er ial da igr eja despr ezas e tudo qua nt o ens ina o E vangelho e pr ega-s e o qu e inst itu iu o s yllabus, qu e é a mentir a, a cor r upção e o 45 O Delta, Ano I, Janeiro/1917. Nº 07, p. 105. O Delta, Ano VI, Outubro/1921. Nº 04, p. 103 47 O Delta, Ano VI, Outubro/1921. Nº 04, p. 103 48 Escritor francês (1790-1869) 46 47 ma ior u ltr age a os pur os ens ina ment os pr ega dos p el o gr ande iniciado qu e f oi J esus Chr isto”. 49 A l é m d e mo s t r a r a I g r e j a c o mo a l h e i a a o s ve r d a d e ir o s va l o r e s c r i s t ã o s , a r r e b a t a o S y l l a b u s 50 e m s u a c r ít i c a , t e r m i n a n d o p o r e x a lt a r C r i s t o c o mo u m g r a n d e e v e r d a d e ir o n e ó f it o , t r a z e nd o a o l e it o r a i m a g e m d e u m a m a ç o na r i a c o m p r o m e t i d a c o m o s p r i n c í p io s de verd ade e just iç a. At é m e s mo a s e r ve nt i a do c lero para a e xe cuç ão de s a c r a m e nt o s é d i s c u t i d a no p e r ió d i c o , c o mo e m u m a r t ig o r e f e r e nt e à e n c o me n d a ç ã o in flu e nt e ma ço m maçô nic a em c o ns e q ü ê n c i a po rt o -alegre nse, José da mo r t e d ’O live ir a de um Marques. A l e g a n d o a i g u a l d a d e e x i s t e n t e e nt r e t o do s o s ho m e n s p e r a nt e D e u s , o a r t ig o fa l a q u e c o mo q u a l q u e r o u t r a p r o f i s s ã o , n ã o é prec iso fo r m a ç ã o t e o ló g i c a p a r a a s a c r a m e nt a ç ã o de qua lq uer pesso a, po is: ...qualqu er homem p oder fazer a encommen daçã o de u m cor po, com o mes mo va lor , com ma is pr oveit o, com ma is sincer ida de qu e o faz a egr eja, p or qu e iss o nã o é u m pr ivilégio, é u m act o de comp et ência. 51 Se ndo u ma p r á t ic a co mu m neste p e r ío d o a ne gaç ão de s e p u lt a m e nt o o u d e s a c r a m e nt o s p e lo c l e r o c a t ó l i c o a o s i n i c i a d o s n a M a ç o n a r i a , o jo r n a l i g u a l a e d e s m e r e c e o o f í c io d o s p a d r e s . O a s s u n t o ve m à t o n a i m p u l s io n a d o a i n d a p e l a e d i ç ã o a nt e r io r a e s t a , o nde r e lat a co m ind ig naç ão a nega ç ão de u m padr e d a c id ad e T a q u a r i d e r e a l i z a r o r it u a l d e e n c o m e n d a ç ã o d e u m a m u l h e r a o s a b e r nã o e r a c a s a d a n a r e l i g i ã o r o m a n a . 52 49 O Delta, Ano I, Janeiro/1917. Nº 07, p. 105. Documento papal que estabelece os ideais espirituais da Igreja. 51 O Delta, Ano I, Fevereiro/1917. Nº 08, p. 117. 52 O Delta, Ano I, Janeiro/1917. Nº 07, p. 112. 50 48 A c o l u n a “C a r t a s C o n f i d e n c i a e s ” d e f e v e r e i r o d e 1 9 1 7 , t r a z a c r ít i c a so bre u ma no t íc i a v inc u la da no jo r n a l cat ó lico “ A c t u a l i d a d e ” , q u e no t ic io u e c o nd e no u o s u i c í d i o d e u m jo v e m q u e a r r e m e t e u - s e d o i s t ir o s n a c a b e ç a . D i z e n d o q u e o s e s c r it o r e s d o jo r n a l a o c o n d e n a r e d e s r e s p e it a r a m e mó r i a d o a t o r me nt a d o mo ç o , e s t ã o e s q u e c e n d o e r e p u d i a n d o o s s u b l i m e s e n s i n a m e nt o s d e C r i s t o , e q u e u m s u i c i d a s e m p r e é u m d o e nt e o u o bs e d a d o . Ap r o v e it a O D e l t a e r e p r o d u z a n o t í c i a d o jo r n a l A N o it e , d e A l a g o a s , o nd e d i s c o r r e s o br e a t e nt a t i v a d e s u i c í d io d e u m p a d r e c o m t r ê s p u n h a l a d a s n o p e it o d ir e i t o , f i c a n d o e m e s t a d o g r a v e . N o f i n a l d o a r t ig o , p e r g u nt a - s e a o a r c e b i s p o p o r t o a le g r e n s e c o mo f i c a r á e s s e s a c e r d o t e p e r a n t e a s u a I g r e j a . 53 A l é m d e t e x t o s e a r t ig o s c r it i c a nd o d ir e t a m e n t e a a ç ã o d o c l e r o c a t ó l i c o , e n c o nt r a mo s na s p á g i n a s d o p e r ió d i c o p a s s a t e m p o s e po e mas d i r e c io n a d o s à Igre ja Ro ma na e suas i n s t it u i ç õ e s , g e r a l m e n t e c o m h u mo r t o c a d o p e l a i r o n i a e c i n i s mo , c o mo p o d e s e r v i s t o e m u m r e l a t i vo à c o ns t r u ç ã o d a C a t e d r a l M e t r o p o l it a n a i n t it u l a d o “ R u m o a o fu t u r o ” : - Mamã e, o qu e é o abr igo noctur no? - É u m casar ão qu e estã o constr uindo ju nt o ao palácio do gover no meu f ilho. - Aqu illo nã o é a Cathedr al? - Não, meu filho, a Cathedr al va e s er f eita p ela I nt endência qua ndo s obr ar dinheir o par a as cousas do céu; aqu illo é do p ovo. - Não lhe ent endo!... - Ent ender - me-as d’aqu i a dez anos qua ndo a Cathedr al estiver pr ompta. 54 T a m b é m v á r io s p o e m a s o n d e o a l vo e r a a C o m p a n h i a d e J e s u s , c o mo p o d e mo s v e r no p o e m a i nt it u l a d o “C a l e m bo u r ” d e aut o ria de Gu erra J u nqu e iro : 53 54 O Delta, Ano I, Fevereiro/1917. Nº 08, p. 121. O Delta, Ano IX, Agosto e Setembro/1925. Nº 05 e 06, p. 48 49 Ó Jesu ítas, vós s ois d’u m far o tão astuto, T endes tal cor r upçã o e tal velhar ia, Qu e é tal cor r upção e tal velhacar ia, Qu e é incr ível até qu e o f ilho de Mar ia Não s eja inda velha co e não s eja cor r upto, Anda ndo há tanto t emp o em tão má companhia. 55 S e nd o co nsider ada c o mo arqu iin im ig a da m a ç o na r i a , a C o mp a n h i a d e J e s u s s e m p r e fo r a v i s t a c o mo a c o n g r e g a ç ã o m a i s p e r i g o s a d a I g r e j a C a t ó l i c a , d e v i d o a s u a p a r t i c i p a ç ã o i n f l u e nt e e m g o v e r n o s e na fo r m a ç ã o e d u c a c i o n a l , m u it a s ve z e s s e nd o u s u a l o t e r mo je s u ít a p a r a s e r e f e r i r a o c l e r o c a t ó l i c o e m g e r a l . A i n d a n a m e s m a e d i ç ã o , a c o l u na “ C a r t a s C o n f i d e n c i a e s ” , a o f a l a r s o br e o l a n ç a m e nt o d e u m l i v r o e s c r it o p o r u m m a ç o m s o b o t ít u lo “ C r o n o lo g i a da H i s t ó r ia R io g r a nd e ns e ” , faz propaganda r e s s a lt a n d o d a i m p o r t â nc i a d a a d o ç ã o d e s t e l i v r o e m c o n t r a p o nt o a mo n o p o l i z a ç ã o do e n s i no p e lo j e s u it i s m o , j u nt a m e nt e co m o desca so do po der público à sit ua ção . D iz qu e a co ngreg aç ão que já fo r a e x p u l s a d e v á r io s p a í s e s m a i s c i v i l i z a d o s , a i n d a p e r m a n e c e e m n o s s o p a í s , e o s a s s e c l a s d e L o yo l a a g e m “ a s o m b r a d a no s s a e x c e s s i v a t o l e r â n c i a ” 56. N o a r t ig o “Já é t e mpo ”, de st ac a-se a r e fo r m a p o m b a l i n a q u e e x p u l s o u o s j e s u ít a s d e P o r t u g a l, q u e e r a m d o n o s d a e d u c a ç ã o e t i n h a m e n t r a d a l i vr e no g o ve r n o p o r t u g u ê s , ma s fo r a m ba nido s do pa ís de vido ao atraso por e le s p r o p o r c io na d o s , r e it e r a n d o a n e c e s s i d a d e d e t ir a r a e d u c a ç ã o d a s m ã o s d o s j e s u ít a s . 57 Depo is do vigár io da S a nt a Casa atacar e co nd e nar a M a ç o n a r i a c o mo p e r i g o s a e i n d i g n a e m u m s e r m ã o , a c o lu n a “ C a r t a s C o n f i d e n c i a e s ” d o mê s d e m a i o d e 1 9 1 7 e x a lt a a f i g u r a d e D . S e b a s t iã o L a r a ng e i r a , d i z e n d o q u e e l e n ã o s e n d o je s u ít a , ne m 55 O Delta, Ano I, Março/1917. Nº 09, p. 142. O Delta, Ano I, Fevereiro/1917. Nº 08, p. 144. 57 O Delta, Ano I, Junho/1917. Nº 12, p. 181. 56 50 m e s m o e s t r a n g e i r o , t i n h a v a lo r mo r a l p e l a s v i r t u d e s e t a l e n t o s . U m d i a m a l a c o ns e l h a d o , d i z q u e o b i s p o la n ç o u - s e n a l u t a c o n t r a a Ma ço nar ia, ma s se viu o br i g a d o a recuar para ja ma is fazer re fere nc ia à Orde m Ma çô nic a. D u v i d a n d o d a na c io n a l i d a d e d e D . J o ã o B e c k e r , d i z q u e o arce b ispo ju n t a m e nt e co m seus p r o s é l it o s e st range iro s são p e r n i c io s o s , e q u e e l e f e z d a S a nt a C a s a u m a d e p e n d ê n c i a d o a r c e b i s p a d o , i nt e r c e d e nd o n o s d e s t i no s d a i n s t it u i ç ã o , d e s v i r t u a n d o a a ç ã o b e n e f i c e n t e d a i n s t it u i ç ã o q u e é a p o i a d a p e l a m a ç o n a r i a e p o r v á r io s m a ç o n s p o r c o nt a p r ó p r ia . 58 A r e l a ç ã o d a S a nt a C a s a c o m a I g r e j a a p a r e c e r i a d o i s a n o s d e p o i s n o v a m e nt e , e m o “H o s p it a l R e l i g io s o ” o n d e i n d i g n a d a m e n t e f a l a - s e s o b r e o p a r e c e r d o jo r n a l O C o r r e io d o P o v o q u e d e c l a r o u q u e o ho s p it a l e r a u m a i n s t it u i ç ã o r e l i g io s a . D e n u nc i a n d o q u e o s p a c i e n t e s q u e n ã o c o mu n g a v a m e r a m m a l t r a t a d o s , O D e l t a c l a m a q u e t a l h o s p it a l fo i c o ns t r u í d o e m a nt i d o p e lo E s t a d o c o m d i n h e i r o p ú b l i c o , p o r t a nt o d e v e r i a s e r l e i g o . D i z a i n d a q u e P o r t o A l e g r e , p o r a br i g a r t a nt a s p e s s o a s d o s m a i s d i f e r e nt e s c r e d o s o u m e s mo i r r e l i g io s o s , to t alme nt e acena le igo , u ma “d o u r g e nt e qual nece ssid ade e st ive sse m de ba nid a s um as ho s p it a l ma lfad ada s i n f l u ê n c i a s e p r e f e r ê n c i a s e c t á r i a s . ” 59 M u it o b e m v i n d a fo i a no t íc i a d a a bo l i ç ã o n o M é x i c o e m 1 9 1 7 , d o c u lt o e xt e r no d o c a t o l i c i s mo r o m a n o . E n t r e a d e s t it u i ç ã o d o c le r o c a t ó l i c o c o mo f u nc i o ná r i o s p ú b l i c o s , e s t e mo m e nt o v i s t o c o mo g lo r io s o p e l a m a ç o n a r i a , i m p l i c a v a a o s p a d r e s a p r o i b i ç ã o d o u s o d e b a t i n a s no d i a - a - d i a , a p r o i b i ç ã o d e r e c e b e r v a lo r e s p o r s e u s s e r v i ç o s r e l i g io s o s e a e xt i n ç ã o d a c o n f i s s ã o s o b a p e n a d e mo r t e p a r a o p a d r e q u e e x e c u t a s s e t a l s a c r a m e n t o . 60 E m 1 9 2 6 vo lt a o a s s u nt o s o b r e a r e fo r m a d a I g r e j a n o M é x i c o , o n d e a l é m d e s u p r i m i r o c e l i b a t o , i n s t it u i u o c u lt o e m 58 O Delta, Ano I, Maio/1917. Nº 11, p. 171. O Delta, Ano IV, Agosto/1919. Nº 02, p. 42. 60 O Delta, Ano II, Julho/1917. Nº 01, p. 20. 59 51 l í n g u a e s p a n ho l a e a d m i n i s t r a ç ã o d e s a c r a m e n t o s g r a t u it a m e n t e , c r i a nd o a s it u a ç ã o d e o s p a d r e s e s t r a n g e i r o s q u e n ã o s e s u j e it a s s e m à s n o va s d i r e t r iz e s , s e r e m e x p u l s o s d o t e r r it ó r io m e x i c a n o . D i z q u e t a l a t it u d e d o g o v e r no é g lo r io s a p a r a o s e u p o v o e p a r a a l i v r e c o n s c i ê n c i a . 61 A d i r e t o r ia d o G r a n d e O r i e n t e d o R i o G r a nd e d o S u l , m a n d o u u m t e l e g r a m a a o M i n i s t r o p l e n i p o t e nc i á r io d o M é x i c o p a r a b e n i z a nd o e se s o l i d a r i z a nd o co m a ação de libertar a c o n s c i ê n c i a d a “ p e r n i c i o s a o p p r e s s ã o c l e r i c a l ” , p r i n c i p a l e nt r a v e d o p r o g r e s s o d o s p o vo s c o n t e m p o r â ne o s . A r i x a e nt r e a s d u a s i n s t it u i ç õ e s c h e g a va a o p o n t o d i s c u t ir a f é a t é m e s mo d o s c o n s i d e r a d o s he r ó i s f a r r o u p i l h a s . É o c a s o d a p u b l i c a ç ã o d e u m l i v r o q u e f a l a v a q u e o G e ne r a l O s ó r io , m a ç o m e farr apo , que t e r ia no s ú lt i m o s d ia s de sua vid a a bju rado a m a ç o n a r i a , mo r r e n d o a br a ç a d o n o c a t o l i c i s mo . O a r t i g o , n e g a n d o t a l a c o n v e r s ã o , d iz q u e é g o l p e b a i xo p o r p a r t e d a i g r e j a s e u t i l i z a r d e u m a f i g u r a t ã o g lo r io s a p a r a s e b e n e f i c i a r , e a p r o v e it a p a r a s u a a d e f e s a a s p a l a v r a s d o f i l h o d o G e n. O s ó r io , o D r . F e r n a n d o O s ó r io t a m b é m f i l i a d o à m a ç o n a r i a e q u e d e c l a r a q u e s e u p a i n u nc a a b j u r o u a O r d e m , s e n d o c a l u n io s a a s u a c o n v e r s ã o n o t ic i a d a . 62 O c o n f l it o d a d u a l i d a d e e m s e r m a ç o m e c a t ó l i c o t a m b é m é re ve la do pe la negação de r e vist a, pr inc ipa lme n t e s a c r a m e nt o s e em e nco me ndaçõ e s n o t íc i a s por re lat iva s padres à q u a nd o d e s c o b r i a m q u e o f i e l e r a m a ç o m. P o r ma i s q u e a m a ç o n a r i a c o m b a t e s s e a a ç ã o c l e r i c a l n a s o c i e d a d e , d i f i c i l m e nt e a t a c a v a f é c a t ó l i c a , m a s s i m a I g r e j a s o b o a s p e c t o p o l ít i c o e c o m e r c i a l , c o mo f a l a mo s a n t e r io r m e n t e . N a p á g i n a d e s t i n a d a à r e g i s t r o s , e n c o nt r a mo s a n e g a ç ã o p a r a a f a m í l i a d e u m a m i s s a d e f a l e c i m e n t o a o I r ∴ M a jo r C l e m e nt i n o d o s S a n t o s C r o á . O a r t ig o a l e r t a q u e t o do o m a ç o m d e v e s e r c o n s c i e n t e d a p e n a d e e x c o m u n h ã o d ir i g i d a p e lo p a p a à t o do s 61 62 O Delta, Ano X, Junho/1926. Nº 04, p. 82. O Delta, Ano II, Setembro/1917. Nº 03, p. 57. 52 pert ence nt e s à Ord e m, e a lert a m ao s fa miliar e s do s ma ço ns qu e t enha m c u ida do ao ped ir qua lquer ser viço da I gre ja par a não p a s s a r e m p o r u m a s it u a ç ã o c o ns t r a n g e d o r a . M e s mo s e n d o p í f i a a e x c o m u n h ã o la n ç a d a p e lo p a p a a o s m a ç o n s , o a r t ig o fa l a q u e : Os padr es, r ecusando-s e a r ezar a missa, for am coher ent es com o r oma nis mo, s i b em nã o pr ocedess em chr istã ment e; a incoher encia est eve no la do da fa mília do noss o ir mã o e, r ef lexa ment e, do lado delle, o qu e mu it o la menta mos. 63 A r e s p o n s a b i l i d a d e d o o c o r r i d o n ã o f i c a s o m e n t e na s c o s t a s do c le r o , mas t a mbé m na fa mília do maço m fa le c ido . Na c o nt i n u i d a d e , d i s c o r r e s o b a e x i s t ê n c i a d e u m r it u a l m a ç ô n i c o , d e no m i n a d o P o m p a F ú n e br e r e a l i z a d o p a r a a h o m e n a g e m d e i r m ã o s fa le c ido s, não n e c e s s it a nd o fic ar na s mão s do c lero para h o m e n a g e n s p ó s t u ma s . M u it a s v e z e s o s e io d a f a m í l i a d o ma ç o m e nt rava em c o n f l it o , p o is a ma io ria das fa mília s liga da s à m a ç o n a r i a e r a m c a t ó l i c a s , f i c a nd o p r i n c i p a l m e nt e a e s p o s a m a i s s u s c e t í ve l a o d i s c u r s o c a t ó l i c o e m r e l a ç ã o à m a ç o n a r i a . E m u m o u t r o c a s o , u m a f a m í l i a a o p r e s t a r a s ho m e n a g e n s d e u m fa miliar ma ço m na Igre ja, imp ed iu que o s IIr∴ fiz esse m seu s r it u a i s e m h o m e n a g e m a o fa l e c i d o , s e nd o d u r a m e nt e c r it i c a d o p e l a re vist a, ped indo caut e la ao s ma ço ns de co nsc iê nc ia s livre s, par a q u e d e i x e m a s s u a s f a m í l i a s s o br e - a v i s o d e c a s o d e mo r t e , d e n ã o f a z e r a s ho m e n a g e n s p ó s t u m a s d e nt r o d a I g r e j a . A p r o v e it a p a r a v o lt a r a f a l a r d a s i n c o e r ê n c i a s d a I g r e j a , d e v i d o a o i m p e d i m e nt o d a e n c o m e n d a ç ã o d e u m c a t ó l i c o p e lo t e n s e p o r e s t a r e x c o mu n g a d o p e lo b i s p o . A r e v i s t a q u e s t io na c o mo s e p o d e f a z e r a e n c o m e n d a ç ã o d e u m m a ç o m, s o br e o q u a l p e s a a e xc o m u n h ã o d e u m p a p a . Ta mbé m e n c o nt r a mo s no t íc ia s de s it u a ç õ e s p it o r e s c a s r e l a t a d a s na s p á g i n a s d o O D e l t a e n v o l v e n d o o c le r o e o s s e u s f i é i s 63 O Delta, Ano II, Novembro/1917. Nº 05, p. 20. 53 n o i nt e r i o r d o R io G r a nd e d o S u l e n o B r a s i l . C o mo n a e d i ç ã o d e F e v e r e i r o d e 1 9 1 8 , n a c i d a d e d e T a q u a r i, u m p a d r e a o b a t i z a r u m a c r i a n ç a f r u t o d e u m a u n i ã o a p e na s f e it a n a p a r t e c i v i l , p r e s s i o n a o s cô nju ge s a a p r o v e it a r e m o mo m e n t o e t a m bé m casar em no r e l i g io s o . S e n d o r e j e i t a d o p e l o s p a i s d a c r i a n ç a , v i s t o q u e o s d o i s e s t a va m l e g it i m a m e nt e m a t r i mo n i a d o s c o n f o r m e d e t e r m i n a m a s l e i s , e q u e e r a m f e l i z e s e a m a v a m - s e mu t u a m e n t e , d i s s e r a m a o p a d r e q u e e r a d e s ne c e s s á r i a q u a l q u e r o u t r a fo r m a l i d a d e . S o b a i n s i s t ê n c i a p l e n a d o s a c e r d o t e , o c a s a l a c a b a c e d e nd o à s j u s t i f i c a t i v a s e a c e it a o c a s a m e nt o r e l i g io s o , m a s n a c o n d i ç ã o q u e n ã o p a g a r i a m n e m s e q u e r u m t o s t ão p a r a a c e l e b r a ç ã o . O p a d r e n ã o a c e it o u a p r o p o s t a d e n ã o r e c e b e r , c a u s a nd o i n d i g n a ç ã o d o s pres e nt es ao bat izado , cr ia ndo furo r ao pas so de o s fié is quer ere m d a r u m a t u n d a n o p a d r e , i m p e d i d o s p e lo p r ó p r io p a i d a c r i a n ç a a s e r b a t i z a d a . 64 A b u s c a d a d e s m o r a l i z a ç ã o d o c le r o e r a c o n s t a nt e m e nt e n a r e v i s t a , c o mo p o d e mo s p r e s e n c i a r p e l a n o t íc i a i nt it u l a d a “U m p a d r e a l e g r e ” 65 o n d e fa la d e u m p adre d e Pasos de lo s L i b r e s na Ar g e n t i n a , q u e n o i n s u c e s s o d a f u nd a ç ã o d e u m a e s c o l a na q u e l a lo c a l i d a d e , o p t o u p o r s e e m p r e g a r e m u m c a b a r e t r e c é m i n s t a l a d o e m U r u g u a i a n a c o mo d ir e t o r d a o r q u e s t r a e p i a n i s t a , f a z e n d o p r e s u m i r q u e o p a d r e , u t i l i z a v a s e u t e m p o d e ó c io d a I g r e j a p a r a e ns a iar tangos c r i o u lo s e “t w o - s t e p s ” em a lgu m p ia no da viz inha nç a da Igr e ja. C ha ma ndo de e mbu st ar ia pap ist a, d ia nt e as pr et e nsõ e s i n f a l í v e i s d a I g r e j a , a be n ç ã o d e u m t i m e j u v e n i l d a c i d a d e d e C a x i a s é l e v a d o c o m h u mo r a o s a b e r q u e o t i m e p e r d e u o jo g o . P e r g u n t a a r e v i s t a d e q u e v a l e a bê n ç ã o s p r o f e r i d a s p e lo c l e r o , s e n d o q u e d e n a d a a d i a nt a m , s o b a p o s s i b i l i d a d e a i n d a d e a c a r r e t a r i n f o r t ú n io s a o s a b e n ç o a d o s , e x e m p l i f i c a d o s p e l a lo u c u r a d e C a r l o t a 64 65 O Delta, Ano II Fevereiro/1918. Nº 08, p. 175. O Delta, Ano II, Fevereiro/1918. Nº 08, p. 190. 54 Jo aqu ina e de outros personagens na h i s t ó r ia que t ivera m i n f o r t ú n io s c o m s u a s bê n ç ã o s . 66 T o d a e q u a l q u e r no t í c i a s o b o e n v o l v i m e n t o d e p a d r e s e m casos pe cu lia re s t a mbé m p r i n c i p a l m e nt e q u a nd o era r epro duz ido pe la re vist a, s e r e f e r i a a q u e s t õ e s mo r a i s . E m u m a v i a g e m d e t r e m , u m p a s s a g e i r o s e d e u c o nt a d a f a lt a d e u m v a l i s e c o nt e n d o v i n t e c o n t o s d e r é i s , q u e a o d a r - s e c o n t a d o f u r t o , a v i s o u a o a g e n t e d e I t a b i r a q u e o r o u bo t e r i a s i d o p r a t i c a d o p e lo p a d r e c o mp a n he ir o d e v i a g e m q u e , a o s e r d e t i d o p e l a p o l í c i a d e M a r i a n a , fo i e n c o n t r a d o c o ns i g o a va l i s e , p o r é m c o m a p e n a s q u i n z e c o nt o s e c inqü e nt a mil r é is. Bu sca va- se co m assid u id ade a le rt ar ao s pa is e mar ido s do d e s r e s p e it o e d a i mo r a l i d a d e d o q u a d r o c a t ó l i c o e m r e l a ç ã o à s m u l h e r e s e c r i a n ç a s , r e l a t a n d o p r i n c i p a l m e nt e a s s é d i o s e m a u s t r a t o s . C o mo o d e u m a m e n i n a p e r t e nc e nt e à c l a s s e d e u m c o n v e nt o e s p a n h o l, q u e v i u p e l a f e c ha d u r a d e u m a p o r t a u m p a d r e e u m a i r m ã “ e m t r a g e s m a i s q u e l i g e i r o s ” 67. A m e n i n a c o n t o u a s c o l e g a s e i n f o r mo u a o fa t o à s u p e r io r a . A s it u a ç ã o c o n s t r a n g e d o r a c h e g o u a o s o u v i d o s d o s e u p a i , q u e a o p r o c u r á - l a n a e s c o l a e n c o nt r o u - a c o m a bo c a s a n g r a n d o , o c a s io n a d o p o r u m c o r t e na l í n g u a . Ar t i g o s c o nc e it u a i s Reproduzindo e n vo l v e n d o t a mbé m um questões t ive ra m d iscur so r e l i g io s a s , espaço f e it o em reser vado sessão p e lo d o g m á t ic a s e na re vist a. Ir∴ Paulino D i a m i c o , i nt i t u l a d o “ R e l i g i ã o o u C l e r i c a l i s mo ” 68 c o mp a r a a r e l a ç ã o e n t r e o s d o i s c o n c e i t o s . A l e g a n d o q u e o c le r o c o n s e g u i u f u nd i r a i d é i a d e r e p r e s e n t a nt e s d i r e t o s d a R e l i g i ã o , f a z e n d o q u e a s p a l a v r a s I g r e j a e D e u s v i r a s s e m s i nô n i m o s . D i z q u e é e r r ô n e o a c r e d it a r q u e a m a ç o n a r i a é c o nt r a a r e l i g i ã o e m s i , p o is e l a l u t a é c o nt r a a a ç ã o s o r r a t e ir a d o c l e r i c a l i s mo q u e a b u s a d e s u a c o n d i ç ã o p r i v i l e g i a d a n a s o c i e d a d e . S e n d o c o ns i d e r a d o u m d o s p r i nc í p io s d a m a ç o n a r i a a 66 O Delta, Ano III, Abril/1919. Nº 10, p. 201. O Delta, Ano IX, Novembro/1925. No.08, pág. 100 68 O Delta, Ano II, Junho/1918. No.12, pág. 265.. 67 55 l u t a c o nt r a a h i p o c r i s i a , o a u t o r r e it e r a q u e o s p e d r e i r o s - l i v r e s s ã o sim in imigo s do c lero . Dahi, compr ehend e-s e o ma nejo. Cada membr o do cler o, adivinha em cada maçon u m inimigo e, p ara livr ar -s e delle a os olhos dos f ieis da sua egr eja, convence a ess es da sua igr eja; de qu e devem fu gir de ma çons e d e Maçonar ia, qu e sã o, elles, her ejes e at heus e ella, obr a d o D emo. 69 E ma i s a d i a n t e d e f e n d e a M a ç o n a r i a e i m p i e d o s a m e nt e a g r i d e o c le r o d i z e n d o q u e : Quando vos diss er em qu e os ma çons são inimigos da r eligião, dizei- lhes : ‘ Não! É fals o! Nã o são inimigos da r eligião: sã o inimigos do conf ess ionár io, onde p ollu ís e infa ma es a vir gindade, onde tr ans via es a as matr onas, onde p er ver t eis a infâ ncia. Os maçons r esp eita m e acatam todas as r eligiões, mas fazem pr ofu nda e r adical dist incção entr e RELIG I ÃO e CLERO; entr e o cu lt o r eligios o e ao exp lor ação cler ical; entr e a aspir ação sincer a par a Deus e a venda, p or dinheir o, de u m sacr ament o qua lqu er , cr iminosa ment e f eita. 70 É n ít i d o n e s t e s d o i s p e q u e no s t r e c ho s , q u e a c r ít i c a e s t e n d i a s e n ã o s o m e n t e à c o br a n ç a d e s a c r a m e nt o s , m a s t a m b é m a q u e s t õ e s mo r a i s e xe r c i d a s p e lo s p a d r e s e a o c o n f e s s i o n á r i o v i s t o c o mo u m c o nt r o l e à s m a s s a s . T a m b é m d e n ú n c i a a d e m o n i z a ç ã o à M a ç o na r i a p e lo c l e r o , c o mu m no s jo r n a i s c a t ó l i c o s e n a s p r e g a ç õ e s no s p ú l p it o s . E m o u t r o a r t ig o 71, O D e l t a c o lo c a e m d ú v i d a a ve r a c i d a d e d o N o v o T e s t a m e n t o , q u e s e m p r e e s t e v e n a s m ã o s d a I g r e j a e p o r t a nt o s u s c e t í ve l a m u d a n ç a s o p o r t u n i s t a s , j á q u e a v e r a c i d a d e d o V e l h o 69 O Delta, Ano II, Maio/1918. No.11, pág. 243. O Delta, Ano II, Maio/1918. No.11, pág. 244. 71 O Delta, Ano V, Setembro/1920. Nº 03, p. 63 70 56 T e s t a m e nt o é a s s e g u r a d o p e lo p o vo j u d e u . T a m b é m r e p a r a a c r i a ç ã o e a a c e it a ç ã o d e s a nt o s e m á r t i r e s , a s l e n d a s d o s b r e v i á r io s e a e x i s t ê n c i a d e r e l í q u i a s , r e f e r i n d o c o m h u mo r q u e e m P o r t u g a l, fo r a a c h a d a t r ê s l í n g u a s d e S a nt o A nt ô n io , e t o d a s fo r a m c o n s i d e r a d a s r e l í q u i a s l e g it i m a s . O c e l i b a t o i m p o s t o a o c le r o e r a a l v o d e r e p r o va ç ã o p e l o s m a ç o n s , s e nd o c o n s i d e r a d o u m c r i m e c o nt r a o s s e nt i m e nt o s m a i s p u r o s e hu m a no s e , a p r o v e it a n d o o s d e s l i z e s “ l i b e r t i n o s ” d o s padres para d e mo n s t r a r a repu lsa p e lo c e r c e a m e nt o se xua l. T r a z e n d o a no t íc i a q u e o e x- p a d r e J o s é D e m e t r io d e M i r a n d a , q u e ao se a p a i xo n a r pe la e nt ã o fu t u r a esposa, largo u a bat in a t r a ns f o r m a n d o o e p i s ó d io e m c a s o d e p o l í c i a , a p e d i d o d o a r c e b i s p o q u e n ã o a c e i t o u a a t it u d e d o p a d r e . O D e l t a p e d e p a r q u e o s p a d r e s q u e a i n d a n ã o e s t e j a m “ a f f e c t i v a m e n t e e s t e r e l i z a d o s ” 72 s i g a m e s t e e x e m p lo . O a r t i g o i n t it u l a d o “P o r q u e a ba n d o n o o C l e r o ” , d e a u t o r i a d o e x - p a d r e J o s é A n u s z , a nt i g o v i g á r io d e Ar a u c á r i a / P R , r e f l e t e s o b r e o ce libat o e o ut ras quest õ es q ue fiz era m sa ir do sa cerdó c io : “ D e p o i s d e m u it o p e n s a r e r e f l e c t ir , r e s o l v i t o r na r - m e ho m e m c o mp l e t o , c id a d ã o q u e c u m p r e t o d o s o s s e u s d e v e r e s : - C a s e i - m e . ” 73 E x p l i c a n d o q u e o c e l i b a t o é u m c r i m e ho r r í v e l i m p o s t o p e l a Igre ja ao s s eu s s ac erdo t es, d iz q ue e s sa mut ila ção s er ve para qu e R o ma m a n t e n h a u m m a io r d o m í n i o s o b r e s e u s a s s e c l a s , t o r n a n d o - o s s e r v o s e xc l u s i vo s e s e p a r a d o s d o p o vo . V a i m a i s lo n g e a o d i z e r q u e o c a t o l i c i s mo n ã o é r e l i g i ã o , m a s s i m u m s i s t e m a i m p e r i a l i s t a q u e t e m p o r f i m d e d o m i n a r o mu n d o . E m o u t r a e d i ç ã o , r e p r o d u z i n d o u m a c a r t a d e u m e x- p a d r e p o r t e nh o , F r e i E l i a s S u g i s m u n d o , r e l a t a - s e o p o r q u ê s a i u d o c l e r o . D i z e n d o q u e a m o r a l e c l e s i á s t i c a é h i p ó c r it a e q u e a l it u r g i a é u m a i n f a m e c o m é d i a , o e x- p a d r e a t a c a f r o nt a l m e n t e o S y l l a b u s q u e s e g u n d o e l e , é a ne g a ç ã o d a l i b e r d a d e i n d i v i d u a l, a t r a v é s d a 72 73 O Delta, Ano II, Abril/1918. Nº 10, p. 233. O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 04, p. 75. 57 c o n f i s s ã o q u e t o r n a o p a d r e d e p o s it á r io d a s ho n r a s d a s f a m í l i a s , p o r t a nt o u m m e c a n i s mo d e d o m i n a ç ã o . A l é m d a a v a r e z a , c r it i c a o l u x o e a i mo r a l i d a d e d o s c o n v e nt o s , u m a i n d e c ê n c i a q u e s e g u n d o o e x - fr e i d e v e s e r b a n i d a . T e r m i n a a c a r t a d i z e n d o : E m vista do exp ost o, r enu ncio a o meu mini stér io e, ao abjur ar os meus er r os, qu er o dedicar - me ao tr abalho honr ado e r ecup er ar , p elo ex emp lo, o t emp o qu e p er di occupa ndo- me de u ma r eligião qu e é a nega ção ma is audaz e fu nesta da lib er dade hu ma na. 74 A re vist a, at re la va o c e libat o impo st o a u m cr ime co nt ra a nat ureza hu ma na, pa s sa ndo da ima g e m do s pa dre s a dept o s do c e l i b a t o fo r ç a d o c o mo ho me n s l i b e r t i n o s e p e r i g o s o s , f r u t o d a s u a c o nd i ç ã o i m p o s t a p e l a s l e i s d a I g r e j a . A l e r t a p a r a q u e o s m a ç o n s n u n c a d e i x e m s u a s m u l h e r e s e s u a s f i l h a s s o z i n h a s j u nt o a o s c o n f e s s io n á r io s . A t e nt a t i v a d e p a s s a r a i m a g e m d e i mo r a l i d a d e o c a s io n a d a p e lo c e l i b a t o p o d e s e r v i s t o e m n o t í c i a s r e f e r e n t e s a a bu so s se xua is co met ido s pe lo c lero . C o mo o c a s o d o p a d r e T h e o d o r R o c ha , v i g á r io d e P e t r ó p o l i s , q u e s e d u z i u e d e s o nr o u u m a m e no r , f i l h a d o d r . M a i a M o nt e ir o , d ir e t o r d o p r o t o co lo d o M i n i s t é r io d o E x t e r io r . O i r m ã o d a v ít i m a , a o e n c o nt r a r o p a d r e , d e s f e c ho u - l h e c i n c o t ir o s d e r e vo l v e r e r r a n d o o a l v o e p e r m it i n d o a f u g a d o v i g á r io . Ao s l e i t o r e s d e O D e l t a f i c a o a v i s o p a r a nã o d e i x a r s u a s f i l h a s e e s p o s a s s o z i n h a s j u n t o a o c o n f e s s io n á r io . 75 At é m e s mo s i t u a ç õ e s s e m e l h a nt e s s u c e d i d a s fo r a d o p a í s e r a m e d it a d o s na r e v i s t a c o mo na I t á l i a , o n d e fo r a d e s m a s c a r a d o u m p a d r e , m a i s c o n he c i d o c o mo o R a s p u t i n it a l i a n o , p o r t e r s e d u z i d o v á r i a s m u l h e r e s d a a r i s t o c r a c i a l o c a l. A c u s a d o d e ho m i c í d io d e u m s u p e r io r , o p a d r e s e d u t o r fo i p r e s o e n a s u a c e l a n o mo s t e i r o fo r a 74 75 O Delta, Ano IV, Abril/1920. Nº 10, p. 221 O Delta, Ano V, Janeiro/1921. Nº 07, p. 157. 58 e n c o n t r a d a m a ç o s d e c a r t a s d e s e n ho r a s d a a r i s t o c r a c i a e c h a v e s d e a l g u m a s c a s a s c o n h e c i d a s d e R o m a . 76 T a m b é m d i z i a o a r t ig o q u e o s mo s t e i r o s s ã o d e s d e o s t e mp o s m a i s r e mo t o s v e r d a d e i r o s a nt r o d e b a nd i d o s , a o i n v é s d e s e r u m m a n a n c i a l d e p a z e a mo r a D e u s . E o c e l i b a t o fo r ç a - o s a t e r e m o s i n s t i n t o s m a i s fo r t e s , c o m e t e nd o c r i m e s c o nt r a a f a m í l i a e a so c ied ade, t o rna ndo urge nt e a nec e ss idad e de e xt er minar “t a l e s p é c i e d e f e r a s ” 77 s o br e a t e r r a . A C o n s t it u i ç ã o d a R e p ú b l i c a d e 1 8 8 9 t o r no u o B r a s i l u m Est ado le igo , se m u ma re lig ião o fic ia l, co rt ando o s vínc u lo s le ga is c o m a I g r e j a C a t ó l i c a m a nt i d o s p e lo p a d r o a d o . M a s a i n d a n a d é c a d a d e 1 9 2 0 , p o d e mo s e n c o nt r a r r it u a i s c a t ó l i c o s d e nt r o d e e s p a ç o s s o b t u t e l a d o E s t a d o q u e d e ve r i a m s e r l e i g o s , d e n u nc i a d o s a t r a v é s d o O D e l t a c o mo i l e g a i s e a f r o nt a d o r e s d a C o n s t it u i ç ã o br a s i l e i r a . E m u m s e r m ã o r e a l i z a d o na i g r e j a d a C r u z d o s M i l it a r e s , no R io d e J a n e i r o , u m p a d r e d e f e n d e q u e o p o d e r m i l it a r e s t á a c i m a d a p r ó p r ia c o n s t it u i ç ã o a f i r m a n d o q u e : . . . a P á t r i a n ã o er a s ó o t er r i t ó r i o q u e h a b i t a m o s : er a a t r a d i ç ã o , er a a l í n g u a , er a a r e l i g i ã o ; e q u e , p o r i s s o , o s o l d a d o d e v i a d e f e n d er a r e l i g i ã o e m p u n h o . 78 D i z e n d o s e r u m a p r á t ic a c o mu m d o c l e r o p a r a i n s u f l a r e m a nt e r o p o d e r d e m a n d o , o p e r ió d i c o c o n s i d e r a a bu s i v o e s s e t ip o d e c o m p o r t a me n t o v i n d o d e u m a i n s t it u i ç ã o r e l i g i o s a . É i m p o r t a nt e l e m b r a r q u e o s m i l i t a r e s a i n d a e r a m u m a g r a n d e fo r ç a p o l ít i c a n o p e r ío d o , e n a d i n â m i c a d o d i s c u r s o d e q u e o s m i l i t a r e s e s t a r i a m a c i m a d a c o n s t it u i ç ã o , f a z c r e r no c o n s e nt i m e n t o e a p o io c l e r i c a l à u m a e v e n t u a l r e vo l u ç ã o / g o l p e p o r p a r t e d o s m i l i t a r e s . 76 O Delta, Ano V, Março/1921. Nº 09, p. 213. O Delta, Ano V, Março/1921. Nº 09, p. 214. 78 O Delta, Ano II, Maio/1918. Nº 11, p. 254. 77 59 C o n t i n u a m e n t e a r e v i s t a p a s s a v a a i m a g e m a o l e it o r d o s a b u s o s c o me t i d o s c o mo d e s e s p e r a d o r e s e p e r i g o s o s , p o i s o c l e r o at ua va ac ima da s le is do Est ado . A s e paraç ão e nt re E st ado e Igre ja n ã o t e v e i n f l u ê n c i a na r e l a ç ã o e n t r e a s d u a s , n a v i s ã o d a r e v i s t a , p o is o r o m a n i s mo c o nt i n u a v a b e n e f i c i a nd o - s e a s c u s t a s d o e s t a d o a l é m d a a f r o n t a c o nt r a a c o ns t it u i ç ã o v i g e nt e . C o mo no s mo s t r a a no t íc i a q u e l e v a a ir o n i a d o t ít u lo “ M a i s v a l e t a r d e d o q u e nu n c a ” 79 o n d e a p o nt a q u e s ó a p ó s c e r c a d e t r i nt a a n o s d e r e g i m e r e p u b l i c a no é q u e o s p a d r e s d e l i b e r a m nã o c a s a r p e lo r e l i g i o s o s e m e x i b i ç ã o d o a t e s t a d o d e c a s a m e nt o c i v i l . T e n d o e m v i s t a q u e i s s o d e ve r i a s e r u s u a l d e s d e o d i a s e g u i nt e à P r o c la m a ç ã o d a R e p ú b l i c a , mo s t r a m q u e e s s a a t it u d e d e n ã o a c a t a r a s l e i s r e f l e t e o e s p í r it o d a I g r e j a e m p o r t a r - s e a c i m a d o E s t a d o . É o pr odu ct o das r elações illicitas de u ma Repúb lica par a a qual nã o ex ist em as r eligiões, com u ma egr eja qu e nã o r econhece o dir eit o de ex ist ência dessa Repub lica; de u ma ps eu do- democr acia ema ncipada de pr econceit os r eligios os e qu e ma nt ém u m r epr es entante s eu, u m ministr o, ju nt o á Santa Sé, ao Sant o Padr e, com u ma r eligião qu e, p elo s eu cr edo, p ela sua estr uct ur a int er na, r eputa illega l, clandest ina, a exist ência dessa democr acia; de u ma r epúb lica qu e r estr inge à consciência o ca mp o da r eligião e da cr ença, com u ma r eligião qu e alimenta como aspir ação má xima enf eixar em s uas gar r as adunca o p oder t emp or al e o p oder espir itual! 80 Na s eqü ê nc ia d a re vist a, a pró xima ma nc het e t a mbé m c la ma s o br e a a ç ã o c l e r i c a l d e nt r o do E st a d o , e m u m a c e r i mô n i a d e b e nç ã o à Ba nde ir a N a c io n a l no mo m e n t o de e nt reg á- la ao e s t a nd a r t e a o s c o r p o s d e t r o p a r e c e nt e m e n t e c r i a d o s . S e nd o a B a n d e i r a a r e p r e s e nt a ç ã o d a P á t r i a e e x p r e s s ã o m á x i m a d e s e u po vo , 79 80 ningu é m, nem me smo o p r e s i d e nt e O Delta, Ano III, Agosto e Setembro/1918. Nº 02 e 03, p. 52. O Delta, Ano III, Agosto e Setembro/1918. Nº 02 e 03, p. 53. da rep ú blic a pode 60 su bmet ê- la a cer imô nia s r e l i g io s a s , s e nd o um d e s r e s p e it o à C o n s t it u i ç ã o d a R e p ú b l i c a . 81 N a e d i ç ã o d e o u t u br o d e 1 9 1 8 , u m a c e r i mô n i a d e u m b a t i s m o d e u m b a t a l h ã o p e lo t e n s e c o m o be n e p l á c it o d o p r ó p r io c o m a n d a nt e é no t ic i a d o c o m r e v o lt a c o mo mo s t r a o t r e c h o a b a i x o : Um batalhã o é constitu ído de cida dãos br asileir os, os qua es não f ica m obr iga dos a pr of essar nenhu ma r eligião p elo fact o de estar em a o s er viço da pátr ia, tant o ma is qu e a Const itu içã o gar ant e a mais a mpla lib er da de com r elação a mat ér ia de f é r eligiosa 82 Co nt inua o t e xt o fa l a n d o que é i l í c it a a per missão do c o ma n d a n t e e m p o s s i b i l i t a r a c e r i m ô n i a , p o i s f e r e a C o n s t it u i ç ã o q u e d e v e s e r o be d e c i d a p o r t o d o s e , p r i n c i p a l m e n t e e l e c o mo u m defenso r da p á t r ia . Pede que os poderes pú blico s t o me m p r o v i d ê n c i a s e n é r g i c a s c o nt r a e s t e t i p o d e a b u s o no s a t o s o f i c i a i s . N o t íc i a s r e f e r e nt e s à a ç ã o c l e r i c a l a t r a v é s d e c e r i m ô n i a s c o mo a d e b ê nç ã o s d e e s p a d a s s e r á c o mu m e nt e v i n c u l a d a s à r e v i s t a a t é o f i n a l d e s u a e x i s t ê nc i a . Um p r o je t o que t r a m it a v a no senado que reg u lar iz a v a c a s a m e nt o e nt r e c o l a t e r a i s a t é o t e r c e i r o g r a u é r e v e l a d o c o mo u m p l a n o p r a fa c i l it a r o c a s a m e nt o d e u m f i l h o d e u m d e p u t a d o p a u l i s t a , s r . E r a s mo A s s u m p ç ã o . S e nd o e s t e mu it o r ic o e s u a s o br i n h a t a m b é m , a u n i ã o s e r i a u m a r e l a ç ã o d e m i l h õ e s i m p e d i d a s p e lo C ó d ig o C i v i l , m a s a f u t u r a a p r o v a ç ã o s e r i a u m a d e m o n s t r a ç ã o d e c o mo “a m a l e á ve l c e r a d o n o s s o C ó d i g o C i v i l s e a mo l g a d o c e m e n t e s o b a p r e s s ã o d o s h a b i l í s s i mo s d e d o s d a e g r e j a . ” 83 C o m i s s o t e nt a - s e mo s t r a r a a ç ã o d e p o l ít i c o s a fa vo r d a I g r e j a q u a n d o nec essár io . 81 O Delta, Ano III, Agosto e Setembro/1918. Nº 02 e 03, p. 53. O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 04, p. 69. 83 O Delta, Ano IV, Julho/1919. Nº 01, p. 16. 82 61 T a m b é m fo i v i s t a c o m r e p ú d io a i n s t it u i ç ã o c o mo f e r i a d o n a c i o n a l o d ia 2 5 d e d e z e m b r o , c h a m a d o na é p o c a d e d i a d e G r a ç a s a D e u s , c o mo mo s t r a o t r e c ho a b a i xo : A attitu de assu mida p elos r epr es entant es r io- gr andens es na Câmar a Alta da Repub lica em face do pr oject o ant ir epub lica no e ant i- const ituciona l qu e estatue f er iado o dia 25 de D ezembr o, dest ina do a r ender gr aças a Deus, p elos b enef ícios f eit os a o Br asil, t em t odo noss o ap oio e a nossa fr anca s olidar ieda de. Não s e compr ehend e qu e em fr anco r egimen democr át ic o e r epub licano, como adopta do em nossa Pátr ia, onde a I gr eja nada t e qu e vêr com o Estado, pr et enda -s e tão extr aor dinár io absur do 84 N o t e xt o s ã o i n vo c a d o s t o d o s o s v a lo r e s r e p u b l i c a no s e c o n s t it u c io n a i s , c ha m a nd o p e r m it i r a m q u e o d ia de fo s s e i n c o e r e nt e s i n s t it u í d o . os No p o l ít i c o s Estado que le i g o , não so me nt e de ixa d e e xist ir u ma re lig ião o fic ia l, ma s co ns id era t o das r e l i g iõ e s e t o d o s o s c u lt o s f e nô m e no s q u e l h e s ã o e s t r a n h o s , d e s d e q u e nã o p e r t u r b e m a o r d e m p ú b l i c a . A i n d a d i z q u e é c o e r e nt e a o s c a t ó l i c o s t e r o d i a d o na s c i m e nt o d e C r i s t o r e s e r va d o p a r a o s e u c u lt o , ma s é i n j u s t o e s t e nd e r a t o do s o s b r a s i l e i r o s d e o u t r a s r e l i g iõ e s u m f e r i a d o a q u é m d e s u a s c r e n ç a s . N a m e s m a e d i ç ã o u m a r t ig o i nt it u l a d o “ A l e r t a ! ” 85 c o nt i n u a a d iscu ssão s o br e a i n s t i t u i ç ã o d o fe r i a d o , d i z e n d o q u e o s “ j e s u ít a s d e c a s a c a ” s e i n f i l t r a r a m n a a d m i n i s t r a ç ã o br a s i l e i r a , a d v e r t i n d o à t o do s q u e f i q u e m a l e r t a à s m a n o br a s c l e r i c a i s q u e e s t ã o s e e f e t u a n d o d e nt r o da so c ie dad e bra s ile ira. E m f e v e r e i r o d e 1 9 2 1 O D e l t a t r a z a p r i m e i r a n o t íc i a r e l a t i v a a c o n s t r u ç ã o d o C r i s t o R e d e n t o r no R i o d e J a n e i r o . E m h o m e n a g e m a o c e nt e n á r io d a I n d e p e nd ê nc i a d o p a í s , s u r g i u a i d é i a d e e r i g i r u ma ima ge m de Cr ist o no a lt o do Pão de Açúcar. Se é a i n d e p e n d ê n c i a p o l í t i c a q u e s e r á c o m e m o r a d a , o p e r ió d i c o a l e r t a q u e 84 85 O Delta, Ano V, Agosto/1920. Nº 02, p. 48. O Delta, Ano V, Agosto/1920. Nº 02, p. 50. 62 a “ l i b e r d a d e r e l i g io s a e o E s t a d o l e i g o s ã o d a s m a i s b e l l a s e s a g r a d a s c o n q u i s t a s d a mo d e r na e d u c a ç ã o p o l í t i c a d o m u n d o ” 86 , n ã o t e n d o C r i s t o n a d a a ve r c o m a i n d e p e nd ê n c i a br a s i l e i r a . O Delt a e m 19 21 já a lert a, ma s é e m d eze mbro de 1923 ve m a e s t r o n d o s a n o t íc i a s o br e a vo t a ç ã o d a l i b e r a ç ã o d a v e r b a p a r a a c o n s t r u ç ã o d o C r i s t o R e d e nt o r . I n ic i a nd o o a r t ig o d i z e n d o q u e a B í b l i a d a R e p ú b l i c a d o s E s t a d o s U n i d o s d o B r a s i l é a C o n s t it u i ç ã o d e 2 4 d e f e v e r e i r o d e 1 8 9 1 , p e d e a o s s e na d o r e s p a r a q u e n ã o vo t e m n a l i b e r a ç ã o d e 2 0 0 : 0 0 0 $ r é i s p a r a a u x i l i a r a e d i f i c a ç ã o d o í d o lo d e b r o n z e no C o r c o va d o , p o i s t a l o br a é i n c o n s t it u c io n a l 87. A e x p r e s s ã o “p r e f e r i mo s no g o v e r no u m ‘ c a t ho l i c o ’ c r it e r io s o a um ‘livre-pensador’ ind ig naç ão da mar io lat ra M a ç o na r i a qu a nt o e p a d r e s c o ” 88 aos de lit o s d e mo n s t r a a c o n s t it u c i o na i s c o me t i d o s p e l o s g o ve r n a nt e s a f a v o r d a I g r e j a C a t ó l i c a . D i z q u e d e n a d a b a s t a u m l i v r e p e n s a d o r no p o d e r q u e c e d e a o s a n s e io s c a t ó l i c o s , s e n d o p r e f e r í v e l e s t a r no p o d e r u m c a t ó l i c o q u e s e j a c r it e r io s o e m r e l a ç ã o a s l e i s . E a i n d a q u e s t io na o g a s t o v i s t o a dec ade nt e s it u a ç ã o fina nc e ira que passa o Estado e o po vo br as ile iro , d ize ndo : Aos noss os patr ícios, em mu lt idões, qu e p edem pã o, o pão da ver da de, o pã o da instr ucção, o pã o da ver dade, o pão da instr ucçã o, o pão do livr o, é u m sar cas mo off er ecer - lhes as pedr as e o br onze de u m cust os o monu ment o. R eligiã o s em lu z, s em in str ucção, é sup er stiçã o, é fanat is mo, é deca dência. 89 P o r f i m , p e r g u nt a - s e s e o B r a s i l n e c e s s i t a d e u m a b e n ç ã o p a p a l q u e s e r á p r o mo v i d a j u n t o à c o n s t r u ç ã o d o C r i s t o , po i s a s b ê nç ã o s m u it a s v e z e s s e t r a n s fo r m a r a m e m m a l d i ç õ e s , e c o mo e x e m p lo mo s t r a d i v e r s o s d e b ê n ç ã o s q u e n ã o fu n c i o n a r a m, c o mo a 86 O Delta, Ano V, fevereiro/1921. Nº 08, p. 188. A construção do Cristo Redentor iniciou em 1926, e foi inaugurado em outubro de 1931. 88 O Delta, Ano VIII, Novembro e Dezembro/1923. Nº 05 e 06, p. 82. 89 O Delta, Ano VIII, Fevereiro/1923. Nº 08, p. 136. 87 63 d o e x - p r e s i d e n t e C a m p o s S a l e s , q u e q u a n d o a be n ç o a d o a t é a s u a t e r c e ir a g e r a ç ã o , o s e u ir m ã o fo i a s s i n a d o e e l e va i a d o e p e r s e g u i d o a t é d e i x a r a p r e s i d ê n c i a ” 90. T a m b é m fo i r e p r o d u z i d a d u r a n t e c i n c o e d i ç õ e s d a r e v i s t a o d is curso do maço m e est ad ist a Ru y Bar bo sa, rea liz a do e m u ma c o n f e r ê nc i a no G r a n d e O r i e nt e U n i d o d o B r a s i l e m J u l ho d e 1 8 7 6 i n t it u l a d o “ A I g r e j a e o E s t a d o ” . 91 O p o l ít i c o , a b e r t a m e nt e r e c o n he c i d o p e l a s s u a s q u a l i d a d e s d e m a ç o m e a nt i c l e r i c a l i s t a , fo i no t a d o d e nt r o d a m a ç o n a r i a p e l a s c a m p a n h a s d e a b o l i ç ã o e n a c r i a ç ã o d e t r o nc o s d e b e n e f i c ê n c i a , a t a c a a o lo n g o d e s e u d i s c u r s o o s d o g ma s d a i n f a l i b i l i d a d e , d a c o nd e n a ç ã o p o n t i f i c i a l a o s m a ç o ns , a q u e s t ã o r e l i g i o s a e a u n i ã o e n t r e e s t a d o e ig r e j a a i n d a e x i s t e nt e e m 1 8 7 6 . O dogma da infallib ida de p ont ifícia nã o é s enã o a supr ema cia p er enne, incontr over t ível, omn ip ot ent e do papa sobr e a autor idade t emp or al. Nã o é u ma cr ença r eligiosa, é u m estr atagema p olít ico. 92 O r e s t a n t e d o d i s c u r s o d u r a nt e a s c i n c o e d i ç õ e s , f i c a e m vo lt a d a d i s c u s s ã o d a r e l a ç ã o e nt r e o E s t a d o br a s i l e i r o e o V a t i c a n o , q u e s e g u n d o R u y B a r bo s a , d e v e s e r s e p a r a d o s e o E s t a d o t o ma r c a r á t e r l e i g o . M o s t r a q u e o s d o g ma s d a I g r e j a n ã o t e m n a d a a ve r c o m c r i s t i a n i s mo o u r e l i g i ã o , ma s d e u m p l a n o p o l ít i c o p a r a d o m i n a r , c o mo e x p r e s s o n o t r e c ho a c i m a . T a m b é m v e m a t o na n a s p á g i n a s d a r e v i s t a o e m b a t e e nt r e o m a ç o m A nt o n i no X a v i e r O l i v e i r a , m a ç o m e p r e s i d e n t e d o H o s p it a l d e C a r i d a d e d e P a s s o F u n d o . O e n t r a ve d e u - s e p o r c o n t a d a s u a c a n d i d a t u r a a o c a r g o d e i n t e nd e nt e d a q u e l a c i d a d e , l o g o r e p e l i d a p e lo c l e r o lo c a l e m v i r t u d e d o c a n d i d a t o s e r ma ç o m “ e p r o fe s s a r 90 O Delta, Ano VIII, Novembro e Dezembro/1923. Nº 05 e 06, p. 84. O Delta, Ano VIII, Setembro e Outubro/1923. Nº 03 e 04, p. 60. 92 O Delta, Ano VIII, Setembro e Outubro/1923. Nº 03 e 04, p. 65. 91 64 i d é a s r e p u t a d a s h o s t i s a o s p r i n c í p io s d a e g r e j a r o ma n a ” e t e r r o m p i d o c o mo p r e s i d e nt e d o ho s p it a l c o mo o v i g á r i o d a p a r ó q u i a . A p r e s s ã o d a ma ç o n a r i a e m t o r no d o d e s l i g a m e nt o d o E s t a d o a o V a t i c a no p o d e s e r v i s u a l i z a d o n a r e p o r t a g e m “ O d e c l í n io d o V a t i c a n o ” 93, o n d e no t i c i a q u e a l é m d a e xt i n ç ã o p r i m e i r a m e n t e d a e m b a i x a d a f r a n c e s a 94 j u nt o a o e s t a d o p a p a l, fo i a v e z d a v i z i n h a Ar g e n t i n a aprovar o r ç a m e nt á r i a na m a n d a nd o C â mar a do s su ppr imir a deputados u ma repre s e nt ação e me nda ju nt o ao V a t i c a n o . N o B r a s i l , e m m o m e nt o s q u e a c â m a r a s e e m p e n h a e m r e d u z i r o s g a s t o s , d i z q u e é m a i s q u e ju s t i f i c á v e l a s u p r e s s ã o d a e m b a i x a d a j u nt o a o V a t ic a n o , ma s s a b e q u e o s p o l ít i c o s br a s i l e i r o s n ã o o c e d e r ã o , p o i s e m é p o c a s d e e l e i ç õ e s , n e n hu m p o l ít i c o q u e r p e r d e r o s vo t o s d o c le r o . S e g u i d a m e n t e no s m a i s d i v e r s o s a r t i g o s e nc o nt r a mo s c r í t i c a s ao s a c r a m e nt o da co nfissão , c o ns i d e r a d o um a r t i f í c io para o c o nt r o l e p a p a l p a r a o s s e u s f i é i s , a br i n d o a v i d a e a s q u e s t õ e s pesso a is ao co nfe sso r, aque le qu e co nfessa fica a merc ê p esso a l do p a d r e . O s a c r a m e n t o d a c o n f i s s ã o t a m b é m fo i a r d u a m e nt e c r i t i c a d o p e l a r e v i s t a , c o mo a ba i xo , O conf iss ionár io nã o é o tr ibu na l da p enit ência, mas a r olha das delações qu e s e ar chiva m para occasiões pr op ícias; e, enf im, o centr o de violação de t odas as gar antias individuais. 95 O c o m b a t e p e lo c l e r o e r a no r m a l m e n t e j u s t i f i c a d o p e l a l u t a c o nt r a o fa n a t i s mo e a e xp lo r a ç ã o r e l i g io s a , d e v i d a m e nt e a g a r r a d o n o d i s c u r s o d e q u e nã o é c o nt r a r e l i g i ã o s e q u e r , p o i s a m a ç o na r i a t e m e m s e u s q u a d r o s a g r a n d e m a io r i a a d e p t a à r e l i g i ã o p a p a l . 93 O Delta, Ano IX, Julho/1925. Nº 02, 03 e 04, p. 21 Em junho de 1921, O Delta noticia juntamente com a santificação de Joana d’Arc, a criação da embaixada francesa junto ao Vaticano, visto como vergonhoso a República das Luzes ceder aos caprichos papais. O Delta, Ano V, Junho/1921. Nº 12, p. 282. 95 O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 04, p. 84. 94 65 E m 1 914 ao ec lo d ir a Gra nde Gu erra euro pé ia que pe no u o s p o v o s h o s t i s n o c o n f l i t o , a r e v i s t a a p r o ve it a o mo m e n t o p a r a a t a c a r o u lt r a mo n t a n i s mo , t r a z e nd o a r t ig o e m q u e d e n u n c i a a o m i s s ã o e a n e u t r a l i d a d e d a I g r e j a C a t ó l i c a q u a nt o a p a c i f i c a ç ã o . 96 V a i a l é m a o f a l a r d a n e u t r a l i d a d e , d i z e n d o q u e o p a p a d o e s t a v a a p r o v e i t a nd o - s e da p e no s a s it u a ç ã o , po is os padres co nt inua va m a t u a nd o f i r m e m e nt e n o s p a i s e s b e l i g e r a nt e s . C o m a fo m e e a m i s é r i a , f a c i l m e n t e p o d e - s e m a n t e r o p o d e r s o br e a s m a s s a s p o p u l a r e s , e n a c o nd i ç ã o d e e s t a r p r e s e n t e e m t o d o s o s p a í s e s , a c r e d it a q u e a I g r e j a l u c r a r á c o m a s it u a ç ã o i n d e p e n d e n t e d o r e s u lt a d o d a v it ó r i a . É i n t e r e s s a nt e no t ar a part icu la r idade da re vist a em a p r o v e it a r n a s s u a s p á g i n a s no t í c i a s d a s m a i s d i v e r s a s q u e c o r r e m p e lo m u nd o r e t ir a d a s d e o u t r o s jo r n a i s , m a s s e m p r e l i g a n d o e m q u e s t õ e s r e l a t i v a s à O r d e m o u a o i d e á r io m a ç ô n i c o , e m e s p e c i a l o co mbat e à Igre ja. O c o n s e r v a d o r i s m o d a I g r e j a q u a nt o a o n o vo t a m b é m e r a c o n s t a n t e m e n t e r e l a t a d o na r e v i s t a . T e nd o e m v i s t a a s d e s c o b e r t a s c i e n t i f i c a s d a é p o c a , d i z q u e o c a t o l i c i s mo s e m p r e c o n d e n o u o n o vo sob o medo de perder seu espaço. Co nde na ndo c i e nt i s t a s e d e s c o b r i d o r e s à s é c u lo s , d i z q u e a r e l i g i ã o c o mo o u t r a s c o i s a s d e v e se a dapt ar ao seu t e mpo e a s n o va s t e o r ia s , p o s s i b i l it a nd o c h e g a r cad a d ia ma is p ert o de Deus. É i nt e r e s s a nt e n o t a r a a b e r t u r a r e l i g i o s a e x i s t e n t e d e nt r o d a m a ç o n a r i a . M e s mo c o m b a t e n d o a a ç ã o d o c le r o c a t ó l i c o , a g r a nd e m a io r i a d o s m a ç o n s b r a s i l e i r o s p r o fe s s a v a m a f é r o m a n a . C o mo u m a s o c i e d a d e q u e c a r r e g a u m c o s mo p o l it i s mo p e c u l i a r , o n d e r a ç a , r e l i g i ã o e p o l ít i c a s ã o c o nc e it o s c o n s i d e r a d o s d e fo r o í n t i m o e p e s s o a l , p o s s i b i l it a a p r e s e n ç a d a s m a i s d i v e r s a s r e l i g iõ e s d e n t r o d a s lo j a s m a ç ô n i c a s , f a z e nd o q u e o jo r n a l t a m b é m a br i s s e c r ít i c a s a o u t r a s r e l i g iõ e s a l é m d a c a t ó l i c a : 96 O Delta, Ano III, Abril/1919. Nº 10, p. 201. 66 Objecta m os inimigos das r eligiões, bas eando-s e na f ór ma ext er ior de cu lt o ou na int er pr etação lit er a l das escr iptur as e dos s ymb olos. N o O ccident e, entã o, os s ectár ios de u ma das duas r amif icações do Chr ist ia nis mo, (Pr ot estant is mo e Catholicis mo), faze m cr it icas s ever as das r eligiões or ienta es, es q u ecendo qu e a r eligiã o qu e qua lqu er p ovo pr of essa é s empr e a adaptação dos mes mos pr incíp ios qu e ta mb ém são os pr incíp ios do chr istia nis mo à índole da collect ividad e em qu e f or am pr eju dicados. 97 C o mo p o d e mo s v e r ne s t e t r e c ho , a d e f e s a p e l a l i b e r d a d e d e r e l i g i ã o e d e c u lt o mo s t r a v a o r e s p e it o à d i v e r s i d a d e r e l i g io s a m a n t i d a p e l a m a ç o na r i a , a o d e c l a r a r q u e q u a l q u e r o u t r a r e l i g i ã o o r i e n t a l é t ã o v e r d a d e i r a q u a n t o a s o c id e nt a i s , v i s t o q u e u m a r e l i g i ã o é u m a c o n s t r u ç ã o e a d a p t a ç ã o d e p r i n c í p io s . O u t r o f e n ô m e n o i nt e r e s s a nt e é o a p o io d a m a ç o n a r i a à o u t r a s r e l i g iõ e s a i n d a i n c i p i e n t e s d e nt r o do R io G r a n d e d o S u l. P o d e mo s p r e s e n c i a r a i n d a n o f i n a l d o s é c u lo X I X , a t e nt a t i v a d o G O R G S c r i a r e lo s p r ó x i mo s c o m o s l u t e r a no s n a r e g i ã o d o R io d o s S i n o s , e n o c o m e ç o d o s é c u lo X X a p o io a o s m e t o d i s t a s e p r i n c i p a l m e nt e a o mo v i m e nt o e s p í r it a - k a r d e c i s t a q u e fora mu it o be m a c e it o ao s pedre iro s- livre s gaú c ho s. O c o m e ç o d o a no d e 1 9 2 0 fo i br i n d a d o c o m s o b t ít u lo d e “P a r a t r á s , r é p r o bo s ! ” , a t r a n s c r i ç ã o d e u m fo l h e t o p u b l i c a d o e d i s t r i b u í d o e m P e lo t a s . T r a z i a p r i m e i r a m e nt e u m a no t í c i a p u b l i c a d a n a r e v i s t a V e r i t a s , ó r g ã o d a I g r e j a C a t ó l i c a p a r a n a e ns e , o nd e a lert a va- se ao fié is do per igo d a le it ura de ro ma nce s europeus, a c u s a n d o a m a ç o n a r i a d e d i f u n d i r o s m e s m o s no B r a s i l . ...o r oma nce cor r omp e a int elligencia e o esp ír it o, por qu e ens ina a ment ir a em lu gar da r ealida de, s obr e os factos e as doutr inas; inventa a hist or ia, sobr etu do a 97 O Delta, Ano IV, Dezembro/1919. Nº 06, p. 125. 67 hist or ia da E gr eja, não s egu ndo os docu ment os, mas conf or me a ima ginaçã o do r oma ncista. 98 Segue o t ext o co m o parec er de O Delta, t raze ndo a lgu n s a r t ig o s d a C o ns t it u i ç ã o M a ç ô n i c a r e f e r e nt e s à c r e n ç a e m D e u s , a l i b e r d a d e d e c o n s c i ê n c i a e a d e vo ç ã o a p á t r i a , j á no i n t u it o d e d e s m e n t ir s u a r e l a ç ã o d e s u b v e r s i v i d a d e à o r d e m p u b l i c a c o mo e x p r e s s o n o jo r n a l c a t ó l i c o . C o mo r e s p o s t a , t e x t o e s c r it o c o nt i n u a a t r a v é s d a s p a l a v r a s d e u m m a ç o m s o b o p s e u d ô n i m o d e H ir a m : T odas as vossas pr oducções são dest ina das á per ver sã o desta hu ma nidade, já tão s obr ecar r ega da de vícios e des mor alização! Par ae ness e afan de destr u ição, p or qu e os padr es pr ecisa m de mu lher es vir tu osas ! Escr evei s oment e obr as qu e s e r efir am á egr eja catholica, acons elha ndo a conf issã o e a es mola a os sant os ! Ar r ep end ei- vos, enqua nt o é t emp o, da vossa ma lda de e ide ajoelhar - vos a os p és dos cast os sacer dot es, r oga ndo a sua absolvição qu e vos s er á dada media nt e módica contr ibu ição! 99 U m a n o t íc i a d o jo r n a l u lt r a mo n t a no A U n i ã o 100, d o R io d e J a n e i r o , a c u s a o G r a n d e O r i e n t e d o R io G r a n d e d o S u l d e s e a l i a r j u n t o a o s e s p í r it a s e p r o t e s t a nt e s p a r a a t a c a r a I g r e j a C a t ó l i c a . D ize ndo que o t r iu n v i r a t o age o c u lt a m e nt e , através das o r g a n i z a ç õ e s d e a p o io à l i v r e c o ns c i ê n c i a , à m u l h e r e a o d i vó r c i o , a lé m de se apoderar de o bra s c at ó lica s, c o mo a a bo l i ç ã o à e s c r a v a t u r a . E m r e s p o s t a , d i z q u e a m a ç o n a r i a g a ú c ha n ã o e s t á a l i a d a a o s p r o t e s t a nt e s e e s p í r it a s , e d e f e n d e a l e g a l i z a ç ã o d o d i v ó r c i o p o r s e r u m d i r e it o q u e t o d o s d e ve m t e r , na d a t e nd o i s s o d e i m o r a l . S o b a a bo l i ç ã o , d i z q u e e s t a é o br a s i m d a m a ç o n a r i a , q u e a t r a v é s d e s e u s t r o nc o s d e be n e f i c ê n c i a e s u a a ç ã o na p o l ít i c a a t r a v é s d e m a ç o n s i l u s t r e s c o mo G a s p a r d a S i l v e i r a M a r t i n s . 98 O Delta, Ano IV, Fevereiro/1920. Nº 08, p. 166. O Delta, Ano IV, Fevereiro/1920. Nº 08, p. 166. 100 O Delta, Ano V, Agosto/1920. Nº 02, p. 48. 99 68 N a bu s c a d e u m a l e g it i m a ç ã o h i s t ó r i c a , a l u t a p o r e s p a ç o m u it a s vezes inst it u içõ e s, c a ía t ant o na a c o ns t r u ç ã o Igre ja qua nt o de a m it o s p e la s M aço nar ia as duas bu s c a r a m se i d e n t i f i c a r c o mo p r o p u l s o r e s d e e p i s ó d io s h i s t ó r ic o s b r a s i l e i r o s . A l é m d a a b o l i ç ã o , e n c o nt r a mo s no t íc i a s r e l a t i v a s à I n d e p e n d ê n c i a , q u a nd o u m jo r n a l c a t ó l i c o 101 d i z q u e t a l o br a fo i f r u t o e x c l u s i v o d a I g r e j a , p o i s q u e fo r a o c l e r o q u e a i n s p i r o u . O D e l t a r e s p o n d e e m s u a s p á g i n a s q u e a h i s t ó r ia n ã o m e n t e e p o r is s o t o d o s s a b e m d o va lo r e d a i m p o r t â nc i a v it a l d a M a ç o n a r i a dura nt e a I n d e p e nd ê n c i a , s e g u nd o a re v ist a podendo ser c o mp r o v a d o s p e l o s m a i s s é r io s h i s t o r i a d o r e s d o p a í s , c o mo O s ó r io D u q u e d e E s t r a d a 102, q u e a f i r m a q u e o a t o fo r a fr u t o d a a ç ã o d a Ma ço nar ia. No ilu st res me s mo a po nt o a r t ig o , de segue insp ir ar d ize ndo que veneração e v á r io s sacerdotes, r e s p e it o , t ambé m p a r t ic i p a r a m d o p r o c e s s o d a I nd e p e n d ê nc i a , m a s n u m mo m e n t o e m q u e “o c l e r o n ã o s e s u b m e t t ia à i nt o l e r â n c i a d o r o m a n i s mo ” 103 e q u e n ã o e n x e r g a va i n c o m p a t i b i l i d a d e s c o m a m a ç o n a r i a . R e l a t i vo a i s s o t a m b é m e r a a p u b l i c a ç ã o u s u a l d e fr a s e s e d it o s d e p a d r e s e b i s p o s , f i l i a d o s o u s i m p a t i z a nt e s q u e e x a lt a va m a M a ç o n a r i a c o mo a f r a s e d o b i s p o S e b a s t iã o P i n ho d o R e g o : J esus C hr ist o inst itu i a Car ida de. A Maçonar ia apoder ou-s e della e const itu i-a sua mestr a. É sob s eus auspícios qu e nã o mor r e a sua es p er ança e s e r obust ece a sua fé. Bemdicta seja esta ir mã da igr eja na vir tude 104 D u r a nt e a e x i s t ê n c i a d a r e v i s t a e n c o n t r a mo s v á r i a s f r a s e s e p a r e c e r e s d e p a d r e s , na m a i o r i a i n i c i a d o s n o s s e g r e d o s d a A r t e 101 O Exemplo, Outubro de 1922. falta fonte mais completa ...... Imortal da Academia Brasileira de Letras e autor do Hino Nacional do Brasil. 103 O Delta, Ano VII, Outubro e Novembro/1922. Nº 04 e 05, p. 142 104 O Delta, Ano VI, Dezembro/1922 e Janeiro/1923. Nº 06 e 07, p. 167. 102 69 Rea l e que e x a lt a v a m a m a ç o na r i a , ma s gera lme nt e figura s a n t e r io r e s a o e p i s ó d io d a Q u e s t ã o R e l i g io s a . A p r e o c u p a ç ã o c o m a a ç ã o d o c le r o no p a í s fo i p a u t a e m v á r io s C o ng r e s s o s d e V e ne r á ve i s das lo j a s so b jur isd iç ão do G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l . O D e l t a o b s e r v a q u e s e r á d i s c u t id o no s e g u n d o c o ng r e s s o a a ç ã o c le r i c a l no e s t a d o e c o mo f a z e r p a r a f r e i a - l a , s o b o p e r i g o d a p e r d a d a s c o nq u i s t a s l i b e r a i s r e a l i z a d a s e m 1 8 8 9 c o m o a d ve nt o d a R e p ú b l i c a . 105 O m e s mo rea liz ado 1922, a s s u nt o onde será a lé m de pautado no deliberar a t erce iro c o ng r e s s o p u blic aç ão para a d i s t r i b u i ç ã o g r a t u it a d e o br a a nt i c l e r i c a l , e d o a m p lo a p o io p a r a o d e s e n v o l v i m e nt o d o e n s i n o l e i g o no E s t a d o , a i n d a a n s e i a q u e s e j a rea liz ado : Campa nha de r eacção não s ó contr a o ‘ cler ica lis mo’, como ta mb ém contr a toda impr ensa qu e lhe s eja sympatica e fa vor ável, nega ndo- lhes os maçons qua lqu er apoio, mat er ial ou mor al. 106 A s s i m , d e v i d o a p e r d a d e e s p a ç o c r e s c e nt e q u e a G r a n d e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l e n f r e nt a v a f r e n t e à s o c i e d a d e g a ú c h a p a r a a I g r e j a C a t ó l i c a , O D e l t a s e r v i u c o mo p o r t a v o z d o f e r r e n h o e c a d a v e z m a i s c r e s c e nt e a n t ic l e r i c a l i s mo a d o t a d o p e l a m a ç o n a r i a gaúcha, v inc u la ndo e x a lt a v a m o id e á r i o em suas Ma çô nico pá g in as no t í c i a s at re lado se mp re e a r t ig o s a c r ít i c a que ao r o m a n i s mo , p r i n c i p a l m e nt e no q u e d i z a s u a p o s t u r a n a s o c i e d a d e , d e s mo r a l i z a n d o o c l e r o e m a s s u nt o s r e l a t i vo s a o fo r o p e s s o a l , j u r í d i c o e a t é m e s mo d o g m á t i c o . 105 106 O Delta, Ano V, Maio/1921. No.11, p. 253. O Delta, Ano VI, Maio/1922. No.11, p. 269. 70 3.2 O D e l t a e o p ro g ra m a e d u c a c i o n a l M a ç ô n i c o Nada ma is tr ist e e des olador do qu e o analp hab et is mo. A naçã o em cujo meio elle imp er a é r etr ógr ada, s em vida, s em esp er anças e s em futur o. O analp hab et is mo tu do nega, tudo cor r omp e, tudo degr ada, tudo aniqu ila, por qu e qu er as tr evas onde vive envolt o no s eu ma nt o negr o de u m obscur ant is mo t or p e e r evolta nt e. 107 D’O Delta, Ju nho de 1919 da EV. Dura nt e a per ma nê nc ia do PR R fre nt e à ad min ist ra ção do R io G r a nd e d o Su l, o p r o je t o g o ve r na m e nt a l a d o t a d o ba s e a d o em d ir e t r iz e s p o s it i v i s t a s d e A u g u s t e C o mt e , o r ie nt a v a q u e a s e s c o la s t ive sse m caráter ne ut ro no ensino p r i m á r io e i d e o ló g i c o no s e g u n d o . O e n s i n o p r i m á r io d e ve r i a s e r o fe r e c i d o a t o d o s a t r a vé s d o p r ó p r io e s t a d o , f i c a n d o o s e c u n d á r i o e m a b e r t o p a r a i n s t it u i ç õ e s q u e o q u i s e s s e m g e r i r . L o g o , a I g r e j a C a t ó l i c a s o u b e s e be n e f i c i a r d a s it u a ç ã o c o n s t r u i n d o u m a e s t r u t u r a d a r e d e d e e n s i no na c a p it a l e n o i n t e r io r d o R io G r a nd e d o S u l. J a i m e G io lo e m s u a t e s e d e d o u t o r a d o fa l a d a e xp a n s ã o c a t ó l i c a na e d u c a ç ã o no R io G r a n d e d o S u l, m e s mo t e nd o c o mo m a io r c o n c o r r e nt e o p r ó p r io E s t a d o : No ca mp o do ens ino, os conf lit os ex emp lar es der a m-s e nas disp utas pelo domínio de sua client ela. E m r elaçã o ao ens ino s ecu ndár io e sup er ior , o pr incip al obstácu lo par a as pr et ens ões da I gr eja Católica er am as iniciativas par ticular es, mas em r elação as pr imeir as letr as o concor r ent e nu mer o u m er a a escola púb lica. Fr ent e às escolas pr imár ias par ticular es, a Igr eja Católica, mu it o 107 O Delta, Ano III, junho/1919. Nº 12, p. 14. 71 cedo, abr iu u ma gr ande va nta gem e nã o f oi, daí p or dia nt e, dif ícil ma nt er e a mp liar o ca mp o conquistado. 108 O GORGS que assist ia co m preocupação o d inâ mic o c r e s c i m e nt o d a r e d e d e e s c o l a s c a t ó l i c a s no e s t a d o , s e c o nt r a p ô s p r i n c i p a l m e nt e a t r a vé s d e c a m p a n h a s p a r a a f u n d a ç ã o d e e s c o l a s l a i c a s e , a t r a v é s d e s u a i m p r e n s a a b r e fo g o c o nt r a a i n i c i a t i v a cat ó lica na fu ndação de n o va s e s c o la s , a t u a nd o a t r a vé s da d e s mo r a l i z a ç ã o d o e n s i no u lt r a mo nt a n o e c l a m a n d o a o s g o v e r n a nt e s a e x e c u ç ã o d a l e i q u e e x i g i a q u e o e n s i no fo s s e l e i g o . D e s d e o p r i m e i r o n ú m e r o d o p e r ió d i c o , e nc o nt r a mo s no t í c i a s e i n fo r m e s r e f e r e nt e s a s it u a ç ã o e d u c a c io n a l no B r a s i l e s o br e a s e s c o la s f u nd a d a s p e la i n s t it u i ç ã o . Fo ra m poucas as e sco la s m a n t i d a s p e l a m a ç o na r i a q u e c o n s e g u i r a m p e r p e t u a r p o r u m t e mp o det er minado , po is a bo a part e d e ss as in ic iat iva s era m de car át er f i l a n t r ó p i c o , vo lt a d a s a o e n s i no a d u l t o o u o p e r á r io e a c a b a v a m f e c h a n d o n a m a io r i a d a s ve z e s p o r d i f i c u l d a d e s f i n a n c e i r a s . D e v i d o a o i n s u c e s s o na p e r p e t u a ç ã o d a s e s c o l a s l i g a d a s à inst it u iç ão , a atuação ma ç ô n i c a e m re lação à educação fico u p r i n c i p a l m e nt e no c a m p o d a s i d é i a s e d o d i s c u r s o , mu i t o be m r e p r e s e n t a d o p e l a s f o l h a s d e O D e l t a , o nd e a d e f e s a d o e n s i n o l a i c o e r a c io n a l i s t a e r a h a b it u a l m e nt e r e t r a t a d a . P e l a a u s ê n c i a d e u m a r e d e d e e n s i no m a ç ô n i c a o u l a i c a , a s p á g i n a s d a r e v i s t a no r m a l m e nt e a c o n s e l h a v a a o s l e it o r e s p a r a nã o m a t r i c u l a r e m s e u s f i l h o s e m e s c o l a s c a t ó l i c a s , a p r o v e it a n d o o mo m e nt o p a r a a t a c a r o c l e r o r o ma no c o m p a l a v r a s e t e xt o s á c i d o s , a l e g a n d o q u e o c l e r o e r a r e t r ó g r a d o e i m o r a l , nã o d e v e n d o e s t a r à f r e n t e d e u m q u a d r o n e g r o e n s i n a n d o a s c r i a n ç a s br a s i l e i r a s . 108 GIOLO, Jaime. Estado, Igreja e Educação no RS da Primeira República. São Paulo: Tese de doutorado - USP, 1997. 72 T odo o mu ndo sab e qu e os padr es fazem os ma ior es esf or ços par a se ap ossar em da instr ucção da infâ ncia, nã o com o lou vá vel ob ject ivo de illu minar a int elligencia da cr ea nças, mas s im de incut ir -lhes a cr ença no dogma, o t emor do inf er no, a sub missã o a o papa; detur pa-lhes a alma, fina lment e. 109 O p r o j e t o e d u c a c io n a l m a nt i d o e a d m i n i s t r a d o p e l a m a ç o n a r i a q u e a l c a n ç o u m a io r p r o je ç ã o fo i o G y m n a s io P e lo t e n s e , n a c i d a d e d e P e l o t a s , f u nd a d o e m 1 9 0 2 p o r t r ê s lo j a s lo c a i s : a R io B r a n c o , A n t u n e s R i b a s e a L e a l d a d e . N o g i n á s i o o nd e e r a m i n i s t r a d o o e ns ino e l e m e nt a r , méd io e s e c u n d á r io , t a mbé m f u n c io n a v a a f a c u l d a d e d e F a r m á c i a e d e O d o nt o l o g ia , q u e s e g u n d o a r e v i s t a “d ispõ e m de um corpo d o c e nt e dos ma is c o mp e t e n t e s e de e x c e l l e n t e s l a bo r a t ó r io s , s a l a s d e c h i m i c a , e t c ” . 110 O G i n á s io f u nc i o n o u d i r e t a m e nt e l i g a d o à m a ç o n a r i a lo c a l a t é 1 9 1 7 , q u a n d o O D e l t a i n fo r m a e m s u a s p á g i n a s q u e a e s c o la s e r i a e n t r e g u e á p r e f e it u r a d e P e l o t a s p o r mo t i v o s d e o r d e m m a io r , m a s que: E m vir tu de do acor do r ef er ido, o G yma nas io P elot ens e s er á equ ipar ado ao C ollegio P edr o II, obr iga ndo-s e o mu nicíp io a pr omover s eu r econheciment o p elo G over no Feder a l. O G ymnas io P elot ens e cont inuar á como ent ida de jur ídica, f ica ndo t odos os s eus b ens e patr imônio p er f eita ment e gar ant idos, de conf or midade com s eus estatutos. 111 S e g u n d o C o lu s s i , o G i n á s io m e s mo c o m s e u s b e n s e a d i r e ç ã o e n t r e g u e s a o m u n i c í p i o , e nã o e s t a n d o e xp l i c it a m e n t e l i g a d a “ a m a ç o n a r i a p e lo t e n s e c o n t i n u o u m a n t e nd o o p o d e r s o br e a d i r e ç ã o 109 O Delta, Ano I, fevereiro/1917. Nº 08, p. 122. O Delta, Ano I, Setembro/1916. Nº 03, p. 45 111 O Delta, Ano II, Agosto/1917. Nº 02, p. 32 110 73 d a e s c o l a , d o q u e é e x e m p lo s e u d i r e t o r , e m 1 9 2 2 , M a n u e l L u i s O s ó r io , o r i u nd o d e u m a t r a d i c io na l f a m í l i a l i g a d a à m a ç o n a r i a ” . 112 A r e l a ç ã o e nt r e o g i n á s i o e a m a ç o n a r i a t a m b é m p o d e s e r v i s t a n a o c a s i ã o d o fa l e c i m e nt o d o d e s e m b a r g a d o r J a m e s O l i v e ir a F r a n c o , G r ã o M e s t r e d o G r a nd e O r i e nt e d o R io G r a nd e d o S u l , s e n d o c e l e br a d a p e lo s a l u no s d o g i n á s i o u m a h o me n a g e m a o m a ç o m f a l e c i d o . 113 Um aud ac io so p r o je t o proposto por um grupo de livr e p e n s a d o r e s p o r t o - a l e g r e n s e s e a m p l a m e n t e a p o ia d o p e l a d ir e ç ã o d o G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l fo i a c r i a ç ã o d a E s c o l a M o d e r n a , n a c a p i t a l g a ú c h a e m 1 9 1 6 . A e s c o la a d o t a v a o m é t o d o r a c io n a l i s t a , c u jo m e nt o r fo r a o a n a r q u i s t a e m a ç o m e s p a n h o l Fra nc isco Ferrer. A f u n d a ç ã o d a e s c o l a fo i no t ic i a d a no p r i m e i r o n ú m e r o d a re vist a em ráp id a pa ssag e m, t r a t a nd o do mét o do ut i l i z a d o e a c o n s e l h a n d o o s i r m ã o s p a r a q u e m a t r ic u l a s s e m s e u s f i l h o s n a e s c o la . A e s c o l a q u e e r a a b e r t a p a r a a f r e q ü ê n c i a d e a m b o s o s s e x o s , t i n h a a l é m d a s d i s c i p l i n a s n o r m a i s d e u m c o l é g io , a u l a s d e b o r d a d o s e d e f lo r e s a r t i f i c i a i s p a r a a s a l u na s e a u l a s d e d e s e n h o s p a r a o s a l u no s . A s no t íc i a s d a e s c o l a M o d e r na e r a m g e r a l m e nt e c u r t a s , n a m a io r i a d a s v e z e s lo c a l i z a d a s na c o l u n a f i n a l d a r e v i s t a , o nd e e r a r e g i s t r a d o e ve n t o s e a ç õ e s d a m a ç o n a r i a d o e s t a d o . R a p i d a m e nt e r e l a t a v a - s e a s a t i v i d a d e s d a e s c o l a c o mo o e n c e r r a m e nt o d o a n o l e t i vo , e x p o s i ç õ e s , f e s t i v a i s p r o mo v i d o s p e lo s a l u no s e a s f e s t a s p r o mo v i d a s p e l a e s c o l a . 114 A i n d a f a z i a - s e p r o p a g a nd a d a e s c o l a A ‘Es cola Moder na’ é u m inst itut o de ens ino qu e mer ece o apoio fr anco e decidido de t odos qu e des ejam ver a luz do conheciment o diff u ndida pelas class es menos 112 COLUSSI, Eliane Lucia. A maçonaria gaúcha no século XIX. Passo Fundo: Ediupf, pág. 449. O Delta, Ano III, Julho/1918. Nº 01, p. 21. 114 O Delta, Ano I, janeiro/1917. Nº 07, p. 112 113 74 favor ecidas da f or tuna e lib er tada a I nstr ucção das p êas do fa natis mo e s ectar is mo r eligios os. 115 Cur ioso é o i n fo r m e d a e d i ç ã o d e no ve m b r o , o n d e t r a z à t o n a u m a f e s t a r e a l i z a d a n a e s c o la e m c o me m o r a ç ã o d o r e t r a t o do p r o f e s s o r a n a r q u i s t a , f u nd a d o r d a p r i m e i r a E s c o l a M o d e r n a d e B a r c e lo n a 116. As n o t íc i a s g e r a l m e nt e se red uz ia m à ráp ido s i n f o r m e s , c o mo n a e d i ç ã o d e ja n e i r o d e 1 9 1 8 , q u e j u nt a m e nt e c o m o s i n fo r m e s d e p r a x e c o mo o d o e n c e r r a m e nt o d o a n o l e t i vo , f a z i a p r o p a g a nd a d a v a nt a g e n s d o s mo l d e s a d o t a d o p e l a e s c o l a , lo ng e d e “ p r e j u í z o s ” r e l i g io s o s e g e n u i n a m e nt e r a c io n a l , c o mo o m é t o d o p r o p o s t o p e lo p r o f. F r a nc i s c o F e r r e r . 117 A s l o j a s d o i n t e r io r d o e s t a d o t a m b é m s e g u i r a m a o r ie nt a ç ã o d e fu n d a r n o v a s e s c o l a s , c o mo e m S a n t a M a r i a , o nd e a p r o fe s s o r a M a r g a r i d a L o p e s e o I r ∴ C íc e r o B a r r e t o 118, d ir e t o r a e p r o fe s s o r d o C o l l e g io E l e m e nt a r , a br ir a m u m a e s c o l a n o t u r n a g r a t u it a d e s t i n a d a à o p e r á r io s a d u l t o s o u a q u e l e s q u e q u e i r a m e s t u d a r m a s nã o o p o d e m d u r a n t e o d ia . H o u ve a m a t r í c u l a d e m a i s d e c e m a l u no s , d e n u n c i a n d o a ne c e s s i d a d e d a a b e r t u r a d e e s c o la s v o lt a d a s à e s t e p ú b l i c o . 119 E m j u n ho d e 1 9 1 9 , no t i c i a - s e a f u n d a ç ã o d a E s c o la L u z e O r d e m , e r i g i d a e m a nt i d a p o r u m a l o j a m a ç ô n i c a c o m o m e s m o n o m e , n a c i d a d e d e C a c i m b i n h a s . 120 A e s c o l a s e r á a g r a nd e ve d e t e d o O D e l t a a p a r t i r d a q u e l e mo m e n t o , q u e q u a s e m e n s a l m e nt e v e i c u l a r á n o t íc i a s s o b a e s c o l a e s t a m p a d a e m s u a s p á g i n a s . N o mê s s e g u i nt e 121 é t r a n s c r it a a no t í c i a d o jo r na l 2 0 d e S e t e m b r o , d e P ir a t i n i , o n d e s e r e l a t a a i n a u g u r a ç ã o d a no v a e s c o l a 115 O Delta, Ano I, fevereiro/1917. Nº 08, p. 125. O Delta, Ano I, novembro/1916. Nº 05, p. 77 117 O Delta, Ano II, Janeiro/1918. Nº 05, p. 166. 118 Filiado na Loja Luz e Trabalho , era um maçom influente tanto na cidade de Santa Maria como junto ao Gorgs. 119 O Delta, Ano II, Outubro/1917. Nº 04, p. 92 120 Atualmente a cidade de Piratini. 121 O Delta, Ano III, Junho/1919. Nº 12, p. 212 116 75 n a v i l a v i z i n h a , n o p r é d io q u e a p r ó p r ia m a ç o n a r i a c o n s t r u iu . D i z q u e n o v a e s c o l a q u e n a s c e u no d i a t r i n t a d e j u n ho e r a m i s t a , s e u s pro fesso res pro vindo s da c a p it a l e que não se gu ia n e n hu m a o rie nt ação re lig io s a. At u a n d o no c a mpo das idé ia s, as páginas do p e r ió d i c o mo s t r a v a m c o m i n s i s t ê n c i a e p r e o c u p a ç ã o a n e c e s s i d a d e d o e n s i no l e i g o e r a c io n a l s e r e m m i n i s t r a d o s n a s e s c o l a s , e j u nt o d e s e n v o l v i a a i d é i a d e q u e o e n s i no a t r e l a d o à I g r e j a e r a a t r a s a d o , aspecto c o mu m e m t o d a a e x i s t ê n c i a d a r e v i s t a . V a r i a d o s a r t ig o s a l e r t a va m a o s l e it o r e s n ã o s ó o o bs o l e t o p r o g r a m a e d u c a c io n a l c a t ó l i c o , c o mo t a m b é m e s c â nd a lo s p r a t i c a d o s p o r p a d r e s e f r e i r a s p r o fe s s o r e s , n e m s e m p r e o c o r r id o s e m s o lo g a ú c h o , m a s t a m b é m e m o u t r o s e s t a d o s o u a t é me s mo o u t r o s p a í s e s , c o mo f o r m a d e a l e r t a d a s n u a n c e s o bs c u r a s d o e n s i no c a t ó l i c o . Ped ia- se que os ma ço ns le vasse m co m preocupação a as ce nde nt e a bert ura d e es co las vinc u la das ao s ma is d iver so s credo s n o E s t a d o , c o mo a l e r t a o a r t i g o c h a m a d o “I n s t r u c ç ã o ” 122, o nd e a l e r t a n ã o s ó o c r e s c e nt e nú m e r o d e e s c o l a s c a t ó l i c a s q u e s e e s p r a i a m p e lo e s t a d o , ma s t a m b é m o e n s i n o p r o t e s t a nt e : Or a, si os padr es catholicos cer ceia m o livr e exa me e anu lla m a lib er dade de p ensar , os pr ot esta nt es la nça m nas t enr as almas qu e lhes sã o conf iadas ta l e tão int ensa dos e de int oler ancia, qu e nã o sab emos de qual ma is depr essa fugir . 123 C o n c l u i r e it e r a nd o a ne c e s s i d a d e d o e n s i n o t o t a l m e nt e l e i g o e r a c io n a l , l i v r e d e t e nt á c u l o s r e l i g io s o s q u a i s q u e r , f a z e n d o c o m q u e a s c r i a n ç a s c o n s i g a m c r e s c e r c o m s e u s e s p í r it o s l i v r e s e c o m a c o mp r e e n s ã o c l a r a e p u r a d o s f e nô m e no s d a na t u r e z a , lo ng e d o s m it o s r e l i g io s o s . 122 123 O Delta, Ano I, junho/1917. Nº 12, p. 190. O Delta, Ano I, junho/1917. Nº 12, p. 190. 76 É no me s mo a r t ig o o nde aparece pe la pr ime ira vez a p r e o c u p a ç ã o n a i n s t it u i ç ã o d o e n s i n o p r i m á r io o br i g a t ó r io no p a í s , c o n s e q ü e n t e m e n t e l e i g o . C h a m a d e lo u vá v e l a a t it u d e d e t r ê s c â m a r a s m u n i c i p a i s p a u l i s t a s 124 q u e d e c r e t a r a m a o br i g a t o r i e d a d e d o e n s i n o p r i m á r i o , c o n f i a n d o q u e a t it u d e s c o mo e s s a r e d u z i r i a m a o s p o u c o s a m a z e l a d o a n a l f a b e t i s mo . N o a r t ig o i n t it u l a d o “I n s t r u c ç ã o P u b l i c a ” 125 q u e s t io n a u m p r o je t o a p r e s e nt a d o no C o ng r e s s o N a c io n a l p e lo d e p u t a d o F a u s t o F e r r a z q u e p r o p u n ha t o r na r o t r a b a l h o o br ig a t ó r io , d e v e nd o a nt e s s e r o b r i g a t ó r ia a i n s t r u ç ã o e s c o l a r . S e p o d e c o m p e l i r o c i d a d ã o a o t r a ba l h o , o E st a d o d e v e t e r a o br ig a ç ã o d e p r o p o r c io n a r - l h e a i n s t r u ç ã o e i m p ô - l a q u a n d o r e c u s a d a . A i n d a a c r e d it a q u e “ s ó a posse de certo gráo de inst ruc ção póde co nverter o ho m e m t r a ba l h a d o r e f i c i e nt e e p r o d u c t i vo , e , s i e s s e d e v e r t e m e p a r a c o m o c id a d ã o , mu it o m a i s t e m c o m a i n f â n c i a ” . 126 A f i r m a q u e s ó a e d u c a ç ã o s e r á c a p a z d e m u d a r a s it u a ç ã o d o p a í s n o f u t u r o e q u e o p r o le t á r io , s e m c h a nc e d e a p r e n d e r a l e r e a e s c r e v e r , s e r á e t e r na m e nt e e s c r a vo d a s it u a ç ã o e m q u e s e e nc o nt r a , co m t ra ba lho s pe sa do s e ma l r e mu ner ado s, s e m e sp era nça para u m f u t u r o me l h o r . A i n s t it u i ç ã o da educação o br i g a t ó r i a visa r ia v ia b iliz ar t a m b é m a q u e l e s q u e n ã o t e r ia m c o n d i ç õ e s f i n a n c e i r a s p a r a v e s t ir e c a l ç a r s e u s f i l h o s , o u a i n d a a l i m e nt á - l o s . O u a i nd a p a r a r e p e l i r o s p a i s g a n a n c io s o s q u e u s a m o s br a ç o s d e s e u s f i l ho s p a r a g a n h a r ma is. O d i s c u r s o d a r e v i s t a d e q u e s o m e n t e o a c e s s o e d u c a c io n a l para todos fará que a p á t r ia tenha ho m e n s de v a lo r e s e t r a ba l h a d o r e s é u t ó p i c o e r a s o , p o i s n ã o e xp l i c a e n e m p r o p õ e m u m a m a n e i r a d e i n s t it u ir o e ns i no o br i g a t ó r io , n e m d e q u e m a n e ir a p o d e r i a - s e c o m b a t e r o a n a l f a b e t i s mo . 124 Procurar quais. O Delta, Ano II, Setembro/1917. Nº 03, p. 55. 126 O Delta, Ano II, Setembro/1917. Nº 03, p. 55. 125 77 A p a r t ir d a e d i ç ã o d e o u t u br o d e 1 9 1 7 , é p u b l i c a d a u m a s é r i e d e r e p o r t a g e n s s o b o t it u lo d e “ I n s t r u c ç ã o P r i m á r i a ” o nd e m o s t r a e x e m p lo s e a i m p o r t â nc i a do e s t a be l e c i m e nt o da educação o br i g a t ó r ia no p a í s . N a p r i m e i r a r e p o r t a g e m d a s é r i e , é a p r e s e nt a d o u m p r o j e t o n o R io d e J a n e i r o q u e d e c r e t a v a o e n s i n o p r i m á r i o o br i g a t ó r io p a r a c r i a n ç a s d e 7 à 1 4 a no s . O s p a i s o u t ut o r e s q u e n ã o c u m p r i s s e m a l e i s e r i a m m u lt a d o s n o v a lo r d e 5 $ 0 0 0 d i á r io s , e nqu a nt o nã o construção o de c u m p r i s s e m. 285 e s c o la s O pro jet o det ermina va p r i m á r ia s , co m a ind a a u t o r iz a ç ã o a de a s s i s t ê n c i a m é d i c a e o fo r ne c i m e nt o d e r o u p a s a o s a l u no s s e m c o nd i ç õ e s . 127 A l e r t a a o s m a ç o n s g a ú c ho s q u e : E mb or a aqu i no Rio Gr ande do Su l não sur ja iniciativa algu ma par a dar mais a mp la diffusã o á instr ucçã o pr imar ia qu e os p oder es p úb licos mi nistr a m, é encor aja dor ver como noutr os Esta dos a mes ma idea s e, concr et iza em fact os e mar cha vict or iosa ment e par a a lib er tação da infância das gar r as adu ncas do analp hab et is mo. 128 E m o u t r a e d i ç ã o , p e d e q u e o s m a ç o ns d o R io G r a n d e d o S u l mir e m-se no e s p e l ho das a t it u d e s t o ma d a s pe la s c id ad es que i n s t i t u í r a m o e n s i n o o br i g a t ó r io e q u e s e e m p e n h e m p a r a a d i f u s ã o d a i n s t r u ç ã o p r i m á r i a . P e d e q u e s e u s o b r e i r o s d i s c u t a m a m p l a m e nt e n a s lo j a s , f a z e n d o e s t u d o s s o b r e a r e s o lu ç ã o d o p r o b l e m a , e q u e dest a ma ne ira est arão e n g r a nd e c e nd o o pa ís a lé m d e est are m r e a l i z a n d o o be m s o c i a l , u m d o s f i n s p r o p o st o s d a M a ç o na r i a . 129 E m n o v e m b r o d e 1 9 1 7 é no t ic i a d a a c r i a ç ã o d e u m a C o m i s s ã o p r ó - e n s i no 130, q u e v i s a v a a l é m d a d e f e s a d e u m e n s i no r a c io n a l , a l u t a c o n t r a o a n a l f a b e t i s mo e a r e s i s t ê nc i a à e s c o l a s l i g a d a s à inst it u içõ e s re lig io sa s. 127 O Delta, Ano II, Outubro/1917. Nº 04, p. 77. O Delta, Ano II, Novembro/1917. Nº 05, p. 116. 129 O Delta, Ano II, Novembro/1917. Nº 05, p. 117. 130 O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 05, p. 94. 128 78 Fa z ia um c o n s t r a ng e d o r pe d ido para que as lo j a s s u bo r d i n a d a s a o G o r g s ma n d a s s e m r e c u r s o s f i n a n c e i r o s p a r a q u e c o br i s s e o a lt o c u s t o q u e a c o m i s s ã o d e m a n d a v a , d a s v i a g e n s e d o s impr e sso s q ue ir ia m ser pro duz ido s e d ist r ibu ído s p e la co missão , p o is n ã o d i s p u n h a d e r e nd a p r ó p r i a . Ser ia contr istador em extr emo qu e as Lojas da jur is dicçã o deixass em cahir no aba ndono e fr acassar u ma tão pr omiss or a iniciat iva, qu er sobr e o p ont o de vista do pr ogr ess o nacional, qu er s ob o p ont o de vista da r ealização dos ma is genu ínos pr incíp ios maçônicos. 131 N a s e q ü ê nc i a d o a r t ig o , O D e l t a d i z q u e e s t á c o n f i a nt e no a p o io q u e a s lo j a s ir ã o o fe r e c e r à c o m i s s ã o , v i s t o o t r a ba l h o g lo r io s o q u e a m e s m a i r á e f e t u a r á p a r a a p o p u l a ç ã o . A i n d a , d e i x a c l a r o q u e s e n ã o h o u v e r t a l a p o io , n ã o s e r á p o s s í v e l q u e a c o m i s s ã o t r a ba l h e . T a l p e d i d o d e a j u d a f i n a n c e i r a nã o s u r t iu e f e i t o no me i o m a ç ô n i c o , nã o s ó d e v i d o à s d i f i c u l d a d e s f i n a n c e i r a s q u e a s lo j a s a t r a v e s s a v a m , m a s t a m b é m p o r q u e a s lo j a s e s t a va m i n d i f e r e nt e s q u a n t o a C o m i s s ã o p r ó - e ns i n o , j á p e r f e it a m e nt e o r g a n i z a d a e a fo it a para o t r a ba l ho . De fo r m a m u it o c lar a, expressa o d e s c o n t e nt a m e nt o d iz e n d o : É extr ema ment e dep lor ável qu e as L ojas deix em cahir assim no es qu eciment o e no abandon o as ma is pr omiss or as iniciativas e qu e mu it o contr ibu ír a m par a o r obust eciment o de sua vida, par a engr andeciment o da Or dem e par a justif icar a r ealizaçã o fr eqü ente de nossas r eu niões, qu e ta nta vez, inf elizment e, r esu mem- s e a assumpt os de s ecu ndár ia imp or tância . 132 131 132 O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 05, p. 95. O Delta, Ano III, Fevereiro/1919. Nº 08, p. 169 79 Pe la f a lt a de recursos, a co missã o p r ó - e ns i n o ca iu no o s t r a c i s mo e e s q u e c i m e nt o , n ã o a p a r e c e n d o m a i s no t í c i a a l g u m a s o br e a i n i c i a t i v a p r o p o s t a p e lo G r a n d e O r i e nt e d o R i o G r a nd e d o S u l. O D e l t a t a m b é m a g r a c i a o g o ve r no e s t a d u a l n a c r i a ç ã o d e 1 6 7 e s c o la s e m z o n a s h a b i t a d a s p o r p o p u l a ç ã o i m i g r a t ó r ia . A s e s c o l a s s e r i a m d e s t i n a d a s a o e n s i no d e l í n g u a p o r t u g u e s a , a e d u c a ç ã o c ív ic a e ao e ns ino d e hist ó r ia e g eo grafia do Bra s il. Co m e ss a a ção , d iz qu e o g o ve r no n a c i o n a l e , c o mo e s t á p r e p a r a nd o v e r d a d e i r a m e nt e a d e f e s a d e p r a x e , d i s c o r r e e m s u a s l i n h a s s o br e a i m p o r t â n c i a d o e n s i n o l e i g o . 133 E r a m r o t i n e i r a s a s c r ít i c a s a o mo d e lo c a t ó l i c o d e e n s i no , a br indo t e r r it ó r io fo g o à c r e s c e nt e r e d e c a t ó l i c a q u e s e a l a s t r a va p e l o g a ú c ho . As fo l h a s do j o r na l v inha m r e c he a d a s de a c u s a ç õ e s m a i s d i f e r e nt e s e p e c u l i a r e s p o s s í v e i s , d e a t o s a mo r a i s c o me t i d o s p e lo s p a d r e s d e nt r o d e s a l a s d e a u l a s e r e fo r m a t ó r io s , p a s s a n d o p e l a r e t r ó g r a d a fo r m a d o p e ns a r c a t ó l i c o o u a t é m e s m o e m p o e m a s 134 q u e e xp r e s s a v a m r e p ú d i o a o e n s i no r e l i g io s o o u e x a lt a m o la i c i s mo e s c o l a r . C o mo e xp r e s s o n o a r t i g o i nt it u l a d o “ A E g r e j a R o m a na e o A n a l p h a b e t i s mo ” , o nd e a l é m d a e x p o s i ç ã o d a n e c e s s i d a d e g r it a nt e d o e n s i n o l a i c o , t r a z u m a t a b e l a c o m p a r a t i v a o nd e d e m o n s t r a o d isp arat e do a n a l f a b e t i s mo g r it a nt e e m p a í s e s c o m a m a io r i a c a t ó l i c a e m c o m p a r a ç ã o a o s p a í s e s o n d e a m a io r i a é p r o t e s t a nt e . O q u e o a u t o r n ã o l e va e m c o nt a e m s u a a ná l i s e é q u e a d i f e r e n ç a n a t a x a d o a n a l f a b e t i s mo t a m b é m é o r e f l e xo d a c o nd i ç ã o s o c i a l e d a t r a je t ó r i a h i s t ó r i c a q u e c a d a p a í s c o m p a r a d o s e e n c o nt r a v a . 135 Afir ma que é impo ssíve l que a inda se d e fe nda o e nsino r e l i g io s o e s c o l a r , d e v i d o a o s é c u lo e m q u e a c i ê n c i a e r a z ã o d e r r u b a m c a d a v e z m a i s a s l e n d a s e m it o s , e a v e r d a d e p r e v a l e c e 133 O Delta, Ano III, Julho/1918. Nº 01, p. 21. O Delta, Ano III, Fevereiro/1919. Nº 08, p. 167 135 O Delta, Ano III, Novembro/1918. Nº 05, p. 97 134 80 s o br e o s d o g ma s . “C o n s e r v a r D e u s n a e s c o l a – P a r a q u e ? ! ” 136 q u e s t io n a o p r ó p r io t ít u lo d o a r t ig o , o nd e e x p l i c a a e x i s t ê n c i a d a s m a i s d i v e r s a s m a n e i r a s d e v e r e ve n e r a r u m s e r s u p r e mo , s e nd o q u e c a d a p o v o i n v e nt o u s u a d e i d a d e à m e d i d a d e s u a s t e n d ê nc i a s , nec essid ade s e d e seu s co st u mes. A e d i ç ã o d e J u l ho d e 1 9 1 9 r e ve l a a a ç ã o d o c l e r o c a t ó l i c o d e nt r o d a p o l ít i c a c i v i l , a t r a vé s d a a p r e s e nt a ç ã o d o I n t e n d e nt e d o R io d e J a ne i r o , A nt ô n io P e n i d o , q u e p e r m it i u q u e n a s e s c o l a s pú blic a s fo s s e min ist r ado o ens ino r e l i g io s o , “q u e será dado i n d e p e n d e n t e m e n t e d e q u a l q u e r r e m u n e r a ç ã o , p e lo s r e p r e s e n t a nt e s d e c a d a c u l t o , no e d i f í c io e s c o l a r , s i o r e q u e r e r e m, a o s a l u m n o s c u jo s p a i s o d e s e j e m ( . . . ) ” . 137 C o m b a t e n d o a s u r d i n a a ç ã o c l e r i c a l no m e io p o l ít i c o , p e d e a lert a p o is todos dever ia m saber que a ú nic a fé que ser á b e ne f i c i a d a s e r á a c a t ó l i c a , s e n d o i n e x e q ü í v e l , m e r e c e nd o r e p ú d i o d a s c o ns c i ê n c i a s l i v r e s e d a s a l m a s s ã s . N o m ê s s e g u i nt e 138 a r e v i s t a a c u s a no v a m e nt e o i n t e nd e nt e d o R io d e J a n e i r o d e s ó q u e r e r b e n e f i c i a r a r e l i g i ã o r o m a n a , p o i s o u t r a s r e l i g iõ e s t e n t a v a m p e r m i s s ã o p a r a d a r a u l a s e nã o e r a m b e n e f i c i a d a s . R e p r o d u z i n d o u m a no t íc i a r e t ir a d a d e u m j o r n a l c a r io c a q u e d e f e n d e o s i nt e r e s s e s u lt r a m o nt a n o s , o nd e f a l a v a d a s it u a ç ã o d o e n s i n o r e l i g io s o n a s e s c o l a s , r e l a t a c o m h u mo r a t e nt a t i v a d e o u t r a s r e l i g iõ e s n a o bt e n ç ã o d e a u t o r iz a ç ã o p a r a m i n i s t r a r a u l a s n a s e s c o la s , s e m p r e ne g a d a s . E n t r e o s p e d i d o s d e e s p í r it a s o u d e r e l i g iõ e s p r o t e s t a n t e s , d i z q u e a t é m e s mo u m ho m e m d e c l a r a d o - s e b u d i s t a r e q u e r i a a u t o r iz a ç ã o p a r a d i f u nd i r o s e n s i n a m e n t o s d e B u d a nas E sco la s. O De lta, re fe r indo -s e à no t ic ia co mo vergo nho s a, c la ma a t o d o s a g r a nd e n e c e s s i d a d e d a s e s c o l a s t e r e m c a r á t e r l e i g o , l i v r e d e 136 O Delta, Ano III, Maio/1919. Nº 11, p. 241 O Delta, Ano IV, Julho/1919. Nº 01, p. 18. 138 O Delta, Ano IV, Agosto/1919. Nº 02, p. 44. 137 81 q u a l q u e r c r e d o . A v i s a q u e a a t it u d e d o i n t e nd e nt e P e n i d o fo r a e x t r a v a g a nt e o c a s io n a nd o r e s u lt a d o s p i t o r e s c o s . At r a v é s d a h e r a nç a i l u m i n i s t a q u e l e v a e m s e u i d e á r io , a Ma ço nar ia t raz no s eu d is cur so a nec es s id ade da ed uc ação p ara o f u t u r o e o be m d a na ç ã o . M a i s i m p o r t a n t e q u e i s s o é a ne c e s s i d a d e d e s e c o nt r a p o r a c r e s c e nt e r e d e d e e s c o l a s c a t ó l i c a s q u e n e s t e p e r ío d o s e a l a s t r a c o m d e s e n v o lt u r a p e lo e s t a d o . N ã o p o d e n d o i n s t i t u i r e s c o la s no m e s m o n í v e l e s u s t e nt á - l a s d a m e s m a f o r m a q u e a Igre ja C at ó lic a, a atuação ma çô nic a será e xe c u t a d a p r i n c i p a l m e nt e a t r a v é s d o O D e l t a , u s a n d o s u a s p á g i n a s c o mo u m a vo z que c la ma p ara que o Est ado par a que cu mpr a o seu d e ver co m o s c i d a d ã o s e a l e r t a a o s s e u s l e it o r e s d o p e r i g o c a t ó l i c o d e nt r o d a s sa la s d e au la . 4 . C I E N T I F I C I SM O E P O L Í T I C A N A S P Á G I N A S D A R E V I ST A 4.1 Discu rso Ci enti fici sta A mor al e a sciencia t êm s eus domíni os pr ópr ios qu e s e t oca m mas não s e p enetr am. Uma nos mostr a qual o f im qu e devemos vis ar , a outr a, dado o f im, nos faz conhecer o meio de attingil- o. Ellas nã o s e p odem contr ar iar por qu e nã o s e p odem encontr ar . Não póde ha ver sciencia immor al, do mes mo modo qu e não póde ha ver mor al scient if ica. 139 D’O Delta, Outubr o de 191 8 da E V A m a ç o n a r i a d e s d e o p r i n c í p io d e s u a a t u a ç ã o c o mo u m a i n s t i t u i ç ã o e s p e c u l a t i v a , a b r i u e s p a ç o e m s e u s t e m p lo s p a r a a d i s c u s s ã o d e no v a s i d é i a s q u e f l o r e s c i a m no c o nt e xt o e u r o p e u . D u r a nt e f i n a l d o s é c u lo X V I I I , o d i s c u r s o i l u m i n i s t a e l i b e r a l fo r a a d o t a d o p e l a s lo j a s e u r o p é i a s , e m e s p e c i a l n a F r a n ç a , q u e a t r a v é s d a R e vo l u ç ã o F r a n c e s a f u nd i u s e u no vo id e á r io a o mo v i m e nt o m a ç ô n i c o , i n c u t i n d o t r a ç o s i l u m i n i s t a s e l i b e r a i s à i n s t it u i ç ã o . E s t e 139 O Delta, Ano III, Outubro/1918. Nº 04, p. 83. 83 i d e á r i o p e r m a n e c e u na s m a ç o na r i a s q u e f lo r e s c i a m p o r t o d a a Amé r ic a, fr u t o d a s v e r t e nt e s e u r o p é i a s q u e e nt r e s e u s t r a ç o s r e v o lu c io n á r io s , d e f e n d i a o a r c a bo u ç o i l u m i n i s t a s e n d o a d o t a d a a c iê nc ia e o r a c io n a l i s mo c o mo fo nt e s para a e xp l i c a ç ã o e e n t e n d i m e nt o d e m u nd o . O n o s s o e s t u d o q u e c o mp r e e nd e o i n í c io d o s é c u lo X X , e nco nt ra o c ie nt i f i c i s mo c o mo um dos g r a nd e s p ilar es da i n s t i t u i ç ã o , s e n d o a d o t a d o c o mo b a n d e i r a p o r t o d a a M a ç o na r i a n a c i o n a l , s o b o d is c u r s o d e t r a z e r a l u z p a r a a s o c i e d a d e b r a s i l e ir a d i a n t e d o o bs c u r a nt i s m o i nt e l e c t u a l r e s u l t a d o d a a ç ã o d a I g r e j a C a t ó l i c a . N o O D e l t a , m a nt e v e - s e p o r vá r io s a n o s u m a c o l u n a m e n s a l c h a m a d a “ O C a n h e n ho d a S c i e n c i a ” , o n d e a r t ig o s e x t r a í d o s d e jo r n a i s e u r o p e u s e no r t e - a me r i c a no s m e n c io n a v a m a s no v a s descobertas que o u n iver so a c a d ê m i c o / c i e nt í f i c o estava c o nq u i s t a nd o no mo m e nt o . N a r e v i s t a , d e i x a - s e c l a r o a i m p o r t â nc i a d o p o d e r d a c i ê n c i a p a r a e nt e n d e r o mu n d o , e q u e s o m e nt e a t r a vé s d e l a é q u e s e r i a p o s s í v e l o ho me m l i b e r t a r - s e d a i g no r â n c i a e d a s e x p l i c a ç õ e s m í s t i c a s / r e l i g io s a s p a r a o mu nd o . As mat ér ia s p u blic ad as na re vist a so bre c iê nc ia ia m d a ma is p lau síve l t eo r ia s u r p r e e nd e nt e s e e a v a nç o t e c no ló g i c o , impo ssíve is, que passando faz ia m parte pe las do ma is c o n t e xt o c i e n t í f i c o d o c o m e ç o d o s é c u l o X X , c o mo a s e x p e d i ç õ e s d e p r o c u r a à c o n t i n e nt e s p e r d i d o s c o mo At l â nt i d a o u L e m ú r i a . Mat ér ia s so bre a s no vas in ve nçõ es m i r a b o l a nt e s c o mo o t a l i s s i o s c ó p io 140, u m t u bo d e v i s ã o a c o p l a d o no c a s c o d e u m b a r c o , para f a c i l it a r a p a r e l ho que o estudo de ixa o da vid a ca mpo de mar inha o u o visão livr e mo t o r s c ó p io 141, em lo c o mo t i v a s i n f o r m a v a m a o s l e it o r e s o q u e e x i s t i a d e n o v o e m t e r m o s d e e v o lu ç ã o t e c no ló g i c a p a r a a j u d a r a c i ê n c i a . 140 141 O Delta, Ano I, Nº 03, p. 43 O Delta, Ano I, Nº 08, p. 118 84 A preo cup ação da o rde m par a a c iê nc ia e m r e la ção à Igre ja C a t ó l i c a p o d e s e r v i s t o no p r i m e i r o nú m e r o d a r e v i s t a , e m u m a r t ig o i n t it u l a d o E p o r s i , m u o ve ! 142 o nd e f a l a d a o br i g a ç ã o d e G a l i l e u G a l i l e i d e r e t r a t a r - s e c o m a I g r e j a e m c o nt a d e s u a s descobertas ser em c o n d e na d a s co mo fa lsa s. J u nt o fa l a da i m p o r t â n c i a d a c i ê n c i a e d o r a c io n a l i s mo , e a i n d a a ne c e s s i d a d e d e desp ir-se de pre co nce it o s. P e s q u i s a s f e it a s c o m f e c u nd a ç õ e s a r t i f i c i a i s , fo i no t ic i a d a c o mo u m g r a n d e a v a n ç o , a i n d a q u e f o s s e m c o m o u r i ç o s m a r i n ho s ou com o vo s de g a lin ha, é mo s t r a d o co m grande ên fase e i m p o r t â n c i a e p e l a r e v i s t a , p o i s n e s t e c a m i n ho s e r i a p o s s í v e l “ e s c l a r e c e r o ma i s p r o fu n d o d o s m ys t e r io s d a na t u r e z a v i v a , o d a f e c u n d a ç ã o ” 143, que até o mo m e nt o não ha v i a a ind a sido c o mp l e t a m e nt e c o mp r e e n d i d o . O d i s c u r s o c i e n t í f i c o a d o t a d o p e la r e v i s t a n ã o p r o p u n h a na d a d e n o vo p o r s e u s e s c r it o r e s , a p e na s r e p r o d u z i a a s no t í c i a s n a m a io r i a d a s v e z e s v i n d a s d o e xt e r io r , i n fo r m a n d o a o s l e it o r e s o s n o vo s c o n c e it o s c i e nt í f i c o s q u e a f l o r a v a m . A i n d a e r a m c o m u n s a s c o lu n a s c o m d e t e r m i n a d o s a s s u nt o s q u e p e r d u r a v a m d u r a nt e vá r i a s ed içõ e s. É o caso do a r t ig o i n t it u l a d o “O s T e mp e r a m e nt o s e o D i a g nó s t i c o e s u a r e l a ç ã o c o m a C r o mo t e r a p i a ” , q u e e s t e n d e u - s e p o r ma i s d e c i n c o e d i ç õ e s a o d e c o r r e r d e 1 9 1 7 . N e l e , a p o nt a - s e a i m p o r t â n c i a d e u m bo m d i a g nó s t i c o m é d i c o a p o ia d o e m c i ê n c i a s a f i n s p o s s i b i l i t a d a s p e l a s e m io l o g i a . F a z - s e q u e s t ã o d e f r i s a r q u e a mo d e r n a c i ê n c i a s e a p ó i a e m a n t ig o s e n s i n a m e nt o s , q u e m e s mo q u e e s q u e c i d o s , n ã o v i r a r a m o bs o l e t o s . O s a nt i g o s e n s i n a m e nt o s p a g ã o s d a E u r o p a o u m e s m o a m e d i c i n a u t i l i z a d a p e lo s í n d io s a m e r i c a n o s a t r a vé s d e e r va s , s ã o a g o r a u t i l i z a d o s p e l a m e d i c i n a d e fo r m a r a c io n a l , c o mo o c a s o d o u s o d o p r i nc í p io a t i v o d a fo l h a d e c o c a u s a d a p e l o s i n c a s . A i n d a 142 143 O Delta, Ano I, Julho/1916. Nº 01, p. 12 O Delta, Ano I, Nº 02, p. 29 85 p e r g u n t a - s e c o mo o s e n s i n a m e nt o s í nd io s d e v e m s e r c h a m a d o s , v i s t o q u e n ã o s ã o c o ns i d e r a d o s c i e nt í f i c o s n a v i s ã o o c id e n t a l. O p e r ió d i c o t a m b é m m o s t r a va - s e a b e r t o à n ã o i nt r a n s i g ê n c i a c o m a s c i ê n c i a s e m g e r a l , o u t r a fa c e t a e nc o nt r a d a n a s p á g i n a s d o O D e l t a , c o mo mo s t r a mo s a b a i x o : Cada sciencia t em s eus met hodos pr ópr ios, e ningu ém está autor iza do a for mular leis e conclus ões ger a es par a todos os met hodos. As es colas off icia es s ó r econhecem scient if icos os met hodos de invest igação por ellas pr econiza dos; entr etant o, du vido mu it o qu e o clinico moder no s eja capaz de, á ma neir a de Galen o, tact ear o puls o do imp er ador Mar co Aur élio e Aff ir mar qu e a s ede da doença er a o est oma go; pr edizer a u m s ena dor qu e ia t er uma ep istaxis e r econhecer p elo exa me do puls o de u m doent e qu e est e s e pur gár a pela ma nhã; é assombr os o, e tu do ist o nã o er a s inã o o r esulta do da pr atica e da obs er vaçã o accur ada qu e sabia disp ensar o ar senal s emilogico mod er no; com os mei os actua es, ningu ém t er ia chega do a ess e r esu lta do. 144 N e s t e a r t ig o , r e l a t a o no vo m é t o do d e d i a g n ó s t i c o a t r a vé s d a f i s io n o m i a d e s e n vo l v i d o p o r L u i z K u h n e . S e g u nd o o e s t u d o , a a n á l i s e d a e xp r e s s ã o fa c i a l d a r i a s u b s í d io s p a r a o d i a g nó s t i c o d e d o e n ç a s . A i n d a n o m e s mo a r t ig o , mo s t r a e s t u d o s f e it o s p e lo D r . P i c z e l i s o br e o d i a g nó s t ic o a t r a vé s d a ír i s , a i n d a e m u s o n o s d i a s d e h o je p o r t e r a p e u t a s ho l í s t i c o s . D i z o a r t ig o , q u e s e e s t e t ip o d e d i a g n ó s t i c o n ã o fo r i n f a l í v e l , é p e lo m e n o s t ã o r e s p e it á v e l q u a nt o o s o ut ro s. A p o nt a t a m b é m q u e o t e m p e r a m e n t o hu m a no é i n f l u e n c i a d o p e l a a s t r o n o m i a , c o mo d i z i a m a n t i g a s c i v i l i z a ç õ e s . U m s e r hu m a n o e q u i l i b r a d o a p r e s e nt a t r a ç o s d e i n f l u ê nc i a s d e u m d e t e r m i n a d o grupo de p la net a s que o in flue nc ia d i r e t a m e nt e no seu t e mp e r a m e nt o . A m i s t u r a d e c i ê n c i a e m i s t i c i s mo f a z d e s s a c o l u n a u m t a nt o p e c u l i a r , p o i s d e mo n s t r a u m a r e l a ç ã o d o f u t u r o q u e a o v e r 144 O Delta, Ano I, Fev/1917. Nº 08, p. 115. 86 d a m a ç o na r i a é a c i ê n c i a j u n t o a o r e s p e it o à t r a d i ç õ e s a r c a i c a s q u e d e n a d a t i n h a d e c i e nt í f i c o , m a s s i m m í s t i c o , c o m u m n o s r i t u a i s e n a s i m bo lo g i a m a ç ô n i c a . Neste art igo est end ido , é pouco retratado o uso da c r o mo t e r a p i a e m r e l a ç ã o a o t e mp e r a m e nt o , q u e a o v e r d a r e v i s t a d e ve s e r v i s t o c o m m a i o r a t e nç ã o , “ p o u c o i m p o r t a nd o - no s q u e o u t r o s n ã o t e n ha m v i s t o e s s a r e l a ç ã o ” 145, a o p o nt o q u e n o a no s e g u i n t e é p u b l i c a d o n a r e v i s t a u m s é r i e d e r e p o r t a g e ns e s p e c í f i c a s s o br e o a s s u nt o , s o b o t ít u lo d e “ O s T yp o s P h y s i o g n o m i c o s , o s t e mp e r a m e nt o s , a s a s s i g n a t u r a s p l a n e t á r ia s e Z o o d ic i a i s ” . N e s t e a r t i g o , q u e s e e s t e nd e u p o r c i n c o e d iç õ e s d u r a n t e o a no d e 1 9 1 7 , m o s t r a a f i s io no m i a h u m a n a e m r e l a ç ã o a o t e m p e r a m e n t o , u m e s t u d o q u e d e c e r t a m a n e i r a e r a no vo e n a mo d a n o c o nt e x t o e u r o p e u . C it a nd o e s t u d io s o s e u r o p e u s no a s s u nt o d i z q u e : O estu do dos t emp er a ment os nos p er mitt e avaliar as inclinações, os gost os, os costu mes, as aptidões, as paix ões, as pr edisp os ições mór b idas do indivídu o e por tant o a cor ou as cor es astr aes qu e elle ma is p õe e m jogo e qual ou qua es os ór gã os ma is facilment e su jeit os ás aff ecções. Os t emp er a ment os são cinco, o b ilios o, o sangu ineo, o lymp hatico, o mela ncholico e o ner vos o . 146 O art igo segue de fin indo cada um dos t ip o s de t e mp e r a m e nt o s , a s s u a s c a r a c t e r í s t i c a s e a fo r m a d e t r a t a m e n t o . E m 1 9 1 9 h á o r e t o r no d e r e p o r t a g e n s s o b r e o me s mo a s s u n t o , e m u m e n s a io e s t e nd i d o p o r 3 e d i ç õ e s c h a m a d o “D o e m p r e g o d a l u z c o lo r id a na t e r a p ê u t ic a ” , vo lt a n d o a d isc ussão da ação da c r o mo t e r a p i a c o mo c i ê n c i a e d a s e r v e nt i a d e c a d a c o r n o u s o m é d i c o - t e r a p ê u t i c o e s u a s i m p l i c a ç õ e s t e mp e r a m e n t a i s . M a s o m a i s m a r c a nt e s e m d ú v i d a s ã o o s a r t i g o s q u e p r o je t a m o fu t u r o d a c i ê n c i a e o s q u e d i s c u t e m c o n c e it o s q u e p e r p a s s a m p e l a 145 146 O Delta, Ano I, Mai/1917. No.11, p. 166. O Delta, Ano II, Julho/1917. No.1, p. 06. 87 mo r a l , p e l a c i ê n c i a e p e l a r e l i g i ã o . C o mo e x p r e s s a o a r t ig o “D a Sc ie nc ia e da Ver dad e”: A mor a l e a sciencia t êm s eus domínios pr ópr ios qu e s e toca m mas nã o s e p enetr a m. Uma nos mostr a qual o f im qu e devemos visar , a outr a, da do o f im, nos f az conhecer o meio de attingil- o. Ellas nã o s e p odem contr ar iar por qu e nã o s e p odem encontr ar . Não póde ha ver s ciencia immor al, do mes mo modo qu e não p óde ha ver mor a l scient if ica. 147 O u a i n d a n o t e xt o d i v i d o e m t r ê s e d i ç õ e s d a r e v i s t a i nt it u l a d o “ O D e u s d e a m a n h ã ” , o nd e o a u t o r t e nt a p r o j e t a r o D e u s d o s é c u lo X X I , q u e a o s e u v e r , s e r á a c i ê n c i a , o n d e o s ho m e n s t r o c a r i a m s e u s o r a t ó r io s p e lo s l a bo r a t ó r io s : Nós passa mos já o t emp o das myt hologias e das r eligiões. Há mu it o já qu e pass ou a hor a de t odas as divinda des com f igur as mat er ia es, qu er t enham car r ancas de a nima es, sor r is os enigmáticos ou vontades hu ma nas, capr ichosas e var ia das. Já não é D eus qu e a r r emessa os tr ovões, nem J eova h qu e decr eta o nasciment o e a mor t e. Já nã o é J esus C hr ist o qu e insp ir a as b oas r esolu ções ou Satan qu e pr ovoca as tentações ma ldosas. 148 Nos d o i s t r e c ho s a c i m a , é n ít i d a a c r ít i c a à s i n s t it u i ç õ e s r e l i g io s a s , p o i s a bu s c a p a r a o e n t e nd i m e nt o d a n a t u r e z a n ã o é m a i s b a s e a d a e m e n s i n a m e nt o s c o n t id o s e m l i v r o s s a g r a d o s , m a s s i m n a n o va c i ê n c i a q u e c o m e ç a a s e e s t a b e l e c e r e a c r e s c e r d e fo r m a d i n â m i c a n o c o n t e x t o mu n d i a l . J u nt o , a c r it i c a à I g r e j a C a t ó l i c a q u e a i n d a r e s i s t e n a a c e it a ç ã o d a s no v a s d e s c o b e r t a s . O D e u s d o a m a n h ã , nã o t e r á f u n ç ã o d e e xp l i c a r a n a t u r e z a o u o mu n d o , p o i s i s t o s e r á f e i t o à c a r g o d a c i ê n c i a . O D e u s d o fu t u r o é 147 148 O Delta, Ano III, outubro/1918. No.4, p. 84. O Delta, Ano V, janeiro/1921. Nº 07, p. 166 88 a p r ó p r ia e x i s t ê n c i a c ó s m i c a , o i n f i n i t o , s e r á s e m p r e a q u i lo q u e o h o m e m n ã o p o d e r á e x p l i c a r a t r a v é s d a c i ê n c i a . D i z q u e o ho m e m n o f u t u r o n ã o p r e c i s a r á s e s u b m e t e r a i d o l a t r a r í d o lo s e i m a g e n s , m u it o me no s f a z e r s a c r i f í c io s d e s p r o v i d o s d e s e n t id o . A p ó s r e t r a t a r c o mo s e r á o D e u s d o f u t u r o , a ú lt i m a p a r t e d o a r t ig o não poupa-se p a l a vr a s para atacar o c le r o cat ó lico . A c u s a n d o - o s d e h i p ó c r it a s , d i z q u e o s mo s t e i r o s n ã o p a s s a m d e u m a n t r o lo t a d o d e b a n d i d o s , q u e na c a l a d a d a no it e a t e n t a m c o nt r a a h o nr a a l h e i a , r e s u lt a d o d e u m c e l i b a t o i r r a c io n a l . P o d e mo s d i z e r q u e o d i s c u r s o c i e nt i f i c i s t a d o jo r n a l p o d e s e r d iv ido e m du as fa c es: a pr ime ira, a preo cupa ção de t razer ao s l e it o r e s i n fo r m a ç õ e s d o m u n d o c i e nt i f i c o , m e s m o s e n d o n o t í c i a s q u e mo s t r a m- s e a b s u r d a s a o s d i a s d e h o j e , e l a s r e t r a t a m o c o n t e xt o d a s no va s d e s c o b e r t a s e a s p i r a ç õ e s d o ho me m. A o u t r a é q u e d i s c u t e c o n c e it o s q u e e n vo l v a m f é e r a c io n a l i s mo , a c r e d it a n d o q u e so me nt e a c iê nc ia ser á a libe rt ado ra dos ho me ns. N a s e nt r e l i n h a s d o e s t a nd a r t e c i e nt í f i c o d a m a ç o na r i a , e s t á a f e r r e n ha c r ít i c a à I g r e j a C a t ó l i c a , o n d e o at a q u e n ã o s e d i r i g e p a r a o c a t o l i c i s mo e m s i , m a s a o c l e r o c a t ó l i c o , q u e na v i s ã o m a ç ô n i c a é retrógrado e s e m p r e c o nt r a o n o vo , c o n s i d e r a n d o cu lp ado do atraso da so c ied ade e do s ho me ns. o pr inc ipa l 89 4.2 O Delta e a e lei ção p re siden cia l d e 19 22 A Maçonar ia, pois, qua ndo r es olve t omar par te activa em u ma acçã o p olít ica qualqu er , nã o o faz absoluta ment e com u m car acter par tidar io, mas u nica ment e p or ju lgar qu e assim é necessár io par a o pr ogr ess o social em jogo. 149 D’O Delta, Agost o de 1921 da EV A e l e i ç ã o p r e s i d e n c i a l p a r a a e s c o l h a d o s u c e s s o r d e E p it á c i o P e s s o a fo i m a r c a d a p e l a t e nt a t i v a d a r u p t u r a d a c ha m a d a p o l ít i c a c a f é - c o m- l e it e . N o i n í c io d e 1 9 2 1 , o s e s t a d o s d e S ã o P a u lo e d e Mina s G era is l a n ç a r a m c o mo c a nd i d a t o o go vernado r mine iro Ar t h u r B e r n a r d e s . D e nu n c i a n d o o c o nc ha vo e n t r e S ã o P a u lo e M i n a s G e r a i s , o R io G r a nd e d o S u l a t r a v é s d o g o ve r n a d o r B o r g e s d e M e d e ir o s a p r e s e n t o u a p r á t ic a d o s d o i s e s t a d o s p a r a a s s e g u r a r v a lo r d o c a f é e n q u a n t o o p a í s a n s i a v a p o r e q u i l í b r io n a s f i n a n ç a s . Ao R io G r a n d e do S u l, a lia ra m- se os Estados da Ba h ia, R io de J a ne iro , P e r n a m b u c o e B a h i a , fo r m a n d o a R e a ç ã o R e p u b l i c a na e l a n ç a nd o c o mo c a nd i d a t o o m a ç o m N i lo P e ç a n h a . Ar t hu r B e r na r d e s era a bert a me nt e a p o ia d o pe la Igreja C a t ó l i c a , q u e a t r a v é s d a i m p r e n s a e d e s e u s p ú l p it o s , p r e s t a v a fo r t e a p o io ao c a nd i d a t o nã o so me nt e co m pro pa ga nd a, ma s no s c o n s e l h o s a o s f i é i s e l a n ç a nd o a t a q u e s a o o p o s it o r N i lo P e ç a n h a , v i s t o q u e e s t e e r a m a ç o m e c o n s i d e r a d o u m a nt i c l e r i c a l . A m a ç o na r i a s e m p r e d e c l a r o u - s e a p o l ít i c a , n ã o e x i g i n d o d e seus me mbro s ser em lig ado s à a lg u m part ido ou co r r e nt e i d e o ló g i c a . M e s mo a s s i m , nã o a c r e d it a mo s na a p o l it i c i d a d e d a i n s t i t u i ç ã o , p o i s a s m a ç o n a r i a s l a t i no - a m e r i c a n a s t o ma r a m f e i ç õ e s 149 O Delta, Ano IV, Agosto e Setembro/1921. Nº 02 e 03, p. 82. 90 p o l ít i c a s e r e v o l u c i o ná r i a s , s e nd o c o n he c i d a a s u a a t u a ç ã o e m mo m e n t o s p o l ít i c o s i m p o r t a nt e s no p a í s , c o mo a I nd e p e n d ê n c i a d o B r a s i l , a Q u e s t ã o R e l i g io s a d e 1 8 7 3 o u a i n d a a a bo l i ç ã o d a escravatura em 1888. O p r ó p r io G r a nd e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l d e n u n c i a a l i g a ç ã o e a p r e o c u p a ç ã o c o m a p o l ít i c a p e l a i n s t it u i ç ã o , j á q u e a s u a f u n d a ç ã o e s t á l i g a d a e m u m mo m e nt o p o l ít i c o t u r b u l e n t o n a h i s t ó r i a g a ú c h a , a R e vo l u ç ã o F e d e r a l i s t a . M a s a a ç ã o ma ç ô n i c a na p o l ít i c a br a s i l e ir a é c o n h e c i d a n a hist ó r ia pe la s ua d is cr iç ão na at uaç ão e pe la t e nt at iva de u ma aç ão apart idár ia. A ju st ific at iva d ada pe la i n s t it u i ç ã o so bre a sua a t u a ç ã o p o l ít i c a é v i s a n d o o b e m d o p o v o e d a n a ç ã o , nã o t e n d o c o mo i nt e r e s s e i d e o lo g i a s p a r t i d á r i a s s e c t á r i a s . A s s i m , a c a m p a n h a i n i c i a d a e m 1 9 2 1 c a u s o u fu r o r d e n t r o d o s t e mp lo s m a ç ô n i c o s n ã o s ó e m s o lo g a ú c h o , m a s n a g r a n d e m a io r i a d a s p o t ê nc i a s n a c io na i s . O c o m b a t e a o c l e r o e a d e f e s a d e u m e s t a d o l e i g o , i n s t it u í d o p e lo a d v e nt o d a r e p ú b l i c a q u e n a p r á t i c a a ind a estava preso à Igre ja C at ó lica, fiz er a m as M aço nar ia s a p o i a r e m a b e r t a m e nt e o c a nd i d a t o N i l o P e ç a n h a . E m j u n ho d e 1 9 2 1 , O D e l t a p u b l i c a u m a p á g i n a c o m u m a fo t o d o I r ∴ N i lo P e ç a n h a e u m a b r e v e b i o g r a f i a s a l i e n t a n d o a s u a educação repu blic a na e libe ra l e suas q ua lid ad e s c o mo a d m i n i s t r a d o r . Ap r o ve i t a o mo m e nt o a i n d a p a r a j u s t i f i c a r o a p o i o a o c a n d i d a t o fa c e à i n s t it u i ç ã o s e r a p o l ít i c a : A Maçonar ia, emb or a nã o s e envolva em lutas d e car acter par tidár io e indif f er ent e ao cr edo p olit ico d e cada u m de s eus membr os, é u ma institu ição qu e ex ige de t odos os qu e p enetr a m em s eu s eio o mais pur o patr iot is mo. 150 150 O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 274 91 A s s i m , s e m s e a f a s t a r d a o r i e nt a ç ã o q u e s e m p r e a d o p t o u a t r a v é s d e t o d o o s e u g lo r io s o p a s s a d o e i n s p ir a d a u n i c a m e nt e no d e s e jo d e be m s e r v i r á P á t r ia , t e n d o e m c o n s i d e r a ç ã o o s mé r i t o s e o g r a n d e va l o r d o i l l u s t r e c a n d i d a t o D r . N i lo P e ç a n h a , c o ng r a t u l a - s e c o m a N a ç ã o p o r t ão a c e r t a d a e s c o l h a . N e s t e a r t i g o , u ma e s p é c i e d e l a n ç a m e n t o d o no me d e P e ç a n h a à p r e s i d ê n c i a , n ã o é j u s t i f i c a d o o p o r q u ê d o a p o io d o c a n d i d a t o e n e m m e s mo é c it a d o a s u a c o nd i ç ã o d e m a ç o m. N a s p á g i n a s s e g u i nt e s do rea liz ad a p e lo mesmo p e r ió d i c o , j o r na l cat ó lico é repro duz ida A U nião u ma e nt r e v i s t a co nced id a p e lo s c a n d i d a t o s à p r e s i d ê n c i a s o b o t ít u lo d e “O s d o i s c a n d i d a t o s ” . do is 151 C o me ç a n d o p e lo c a n d i d a t o Ar t hu r B e r n a r d e s , e l e d e i x a c l a r o q u e fo r a e d u c a d o na r e l i g i ã o c a t ó l i c a e q u e , c o mo ho m e m d e g o v e r n o , c o n h e c e a i n f l u ê n c i a b e n é f i c a d a I g r e j a , e a i m p o r t â nc i a d a fo r m a ç ã o mo r a l d o p o vo e d a e d u c a ç ã o d a i n f â n c i a b r a s i l e ir a , a t r a v é s d o c l e r o . Q u a nd o q u e s t io n a d o s o b r e o e ns i no r e l i g io s o na s e s c o la s p ú blic a s, mo s t r a - s e à fav o r p o is não há nada de i n c o n s t it u c io n a l d e s d e q u e e x i g i d a p e lo s p a i s e m i n i s t r a d a s na s h o r a s nã o d e s t i n a d a s a o e n s i no e s c o l a r . D e f e n d e q u e a I g r e j a t e m s i d o u m a g r a nd e c o l a bo r a d o r a d o s g o v e r n o s e q u e o E s t a d o e m bo r a e m r e g i m e d e s e p a r a ç ã o nã o d e s c o n h e c e a I g r e j a c o mo i n s t it u i ç ã o e c o mo u ma g r a nd e p o t ê n c i a mo r a l . Q u e s t io n a d o s e p a r a a q u e s t ã o s o c i a l e l e p r e f e r i a a s o l u ç ã o a n a r q u i s t a e s o c i a l i s t a o u a s o lu ç ã o c r i s t ã r e s p o nd e : “ – O h ! N ã o h á m e no r d u v i d a : a c h r i s t ã . ” 152 Ber nardes mo v i m e nt o c o lo c a ç ã o ainda cat ó lico no d iz que pa ís, e aco mpa nha é agrac iado co m s impat ia p e lo jo r n a l o pela d e c r u c i f i xo s n a s e s c o l a s m i n e i r a s , q u e s e g u n d o o c a n d i d a t o é u ma ho m e n a g e m a o s d e vo t o s c a t ó l i c o s q u e s ã o m a io r i a 151 152 O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 279 O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 280. 92 naqu e la s e sco la s. E se o c a nd i d a t o era filia do à M aço nar ia , r e s p o n d e : “ – N ã o s o u m a ç o n ; nu n c a m e f i l i e i á m a ç o n a r i a ” . 153 A e n t r e v i s t a f e it a à N i lo P e ç a n h a c o m e ç a q u e s t io n a n d o a p o s i ç ã o q u a nt o a i m i g r a ç ã o d e j a p o n e s e s e c h i n e s e s p e l o l a d o ét nico , r e l i g io s o e s o c i a l, d e c l a r a nd o que o pa ís n e c e s s it a u r g e n t e m e nt e d e h o m e n s t r a b a l h a d o r e s , d e v i d o a o i nt e r i o r d o B r a s i l s e r u m g r a nd e d e s e r t o , ma s q u e vê a i m i g r a ç ã o d o s p o vo s a m a r e lo s co m cert a s rest r içõ es. Q u a n d o q u e s t io n a d o s o br e o e s p i r it i s mo , d i z q u e o g o ve r no n ã o p o d e p e r s e g u i r c r e n ç a s f i lo s ó f i c a s o u r e l i g io s a s , s e n d o a l i b e r d a d e d e c u lt o i n s t it u í d a p o r l e i . Q u a n t o o e n s i n o r e l i g io s o na s e s c o la s , r e s p o n d e : Sou u m lib er al, qu e nã o t em medo da lib er da de. A minha polít ica é a da C onstitu ição. Ella nã o é ór gã o de nenhu ma cr ença r evela da, mas não imp ede q u e a r eligiã o s eja u ma necessida de fu nda mental da consciência hu ma na. Qu er o qu e a lib er da de illu mine a todos os espír it os e p or iss o nada de p eias ou const r angiment os dentr o da Const ituiçã o da R epúb lica. 154 A p o s i ç ã o d e u m p o l í t i c o l i b e r a l é d e mo n s t r a d a n a m e s m a p e r g u n t a f e it o a o o po s it o r , s e p r e f e r i a a s o l u ç ã o s o c i a l i s t a o u a s o lu ç ã o c hr i s t ã , r e s p o nd e : “ S ó s e d a r á a p a z n o m u n d o q u a n d o na s n o s s a s c o ns c i ê n c i a s , n a s no s s a s f a b r i c a s , n a s n o s s a s u s i n a s , n o s n o s s o s c a m p o s , f i z e r mo s h a r mo n i a d o c a p it a l e d o t r a b a l h o . 155 N i lo P e ç a n h a a i n d a d e i x a c l a r o qu e é cat ó lico , qu e na s e p a r a ç ã o e nt r e I g r e j a e E s t a d o o c a t o l i c i s mo n a d a p e r d e u , m a s c o mo p r e s i d e n t e , t e r á q u e r e s p e i t a r a C o ns t it u i ç ã o , d a n d o a m p l a t o le r â n c i a e l i b e r d a d e a t o d a s r e l i g iõ e s e s e it a s . 153 O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 280. O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 281. 155 O Delta, Ano V, junho/1921. Nº 12, p. 282. 154 93 N a e d i ç ã o b i m e s t r a l r e f e r e nt e a a g o s t o e s e t e m b r o , o a r t ig o “ C a n d i d a t u r a s P r e s i d e n c i a e s ” r e p r o d u z a s c r ít i c a s d o p e n s a d o r c a t ó l i c o J a c k s o n d e F i g u e ir e d o a o c a n d i d a t o N i lo P e ç a n h a s o br e a e n t r e v i s t a c o n c e d i d a a o J o r na l “ A U n i ã o ” . F a l a q u e o c a nd i d a t o nã o c o n s e g u i u d i s f a r ç a r o s e u s e c t a r i s m o a nt i- c a t ó l i c o a t r a v é s d e s u a s “ p hr a s e s d ú b i a s e i n s i n c e r a s , c o m q u e o c a nd i d a t o d is s i d e nt e q u i s a c e n d e r u m a v e l a a D e u s e o u t r a a o d ia b o ” . 156 Fa z a inda u ma a mp la at ravés d e su as co nvic çõ es defesa de cat ó lic a s, Art hur Ber nardes, po is é u m d e mo c r a t a q u e é s i m p á t ic o à l i b e r d a d e r e l i g io s a , p o i s i n t e r e s s a a o s “ c a t ho l i c o s q u e na pr es idê nc ia d a Repu b lic a est e ja q u e m r e s p e it e o s d i r e it o s r e l i g io s o s e s a i b a p r e s t a r à I g r e j a o p r e s t íg io a q u e e l l a t e m d ir e it o . ” E vo lt a a c r it i c a r N i lo P e ç a n h a , d i z e n d o q u e o c a nd i d a t o é s e c t á r io p o is é “ l i g a d o p o r c o mp r o m i s s o q u e o o br i g a m a ho s t i l i z a r s e m p r e q u e l h e f o r p o s s í v e l o c a t ho l i c i s mo , o c a nd i d a t o d i s s i d e nt e é , e n ã o p o d e d e i x a r d e s e r , u m i n i m i g o d a r e l i g i ã o na c io n a l . ” 157, d a nd o a e nt e n d e r a l i g a ç ã o d o c a nd i d a t o c o m a o r d e m m a ç ô n i c a . O D e l t a , p e d e a t o d o s o s ma ç o n s q u e m a nt e n h a m - s e a l e r t a s s o br e a s u c e s s ã o p r e s i d e nc i a l p o i s o r o m a n i s mo e s t a v a d e t o d a s a s fo r m a s h o s t i l i z a nd o N i l o P e ç a n h a , e p e d e a p o io e s o l i d a r i e d a d e a o c a n d i d a t o , v ít i m a d e a c u s a ç õ e s n e f a s t a s e i r r e a i s . D i z , q u e nã o é u m a q u e s t ã o d e p a r t i d a r i s mo , m a s s e o c a nd i d a t o Ar t hu r B e r n a r d e s a s s u m i r a p r e s i d ê n c i a o j e s u it i s m o t r iu n f a r á e s t e nd e nd o “s o br e n o s s a P á t r ia o ma n t o ne g r o d e t o d a s a s p e r f í d i a s ” . 158 A l e r t a q u e s e n a R e p ú b l i c a t o d a s a s r e l i g iõ e s e s e it a s s e i g u a l a r a m e , s e o c a n d i d a t o c a t ó l i c o v e nc e r , a s s a c r i s t i a s e c o n f e s s io n á r io s i r ã o e s m a g a r a l i b e r d a d e d e p e n s a m e nt o . Mas é Rep u blic a na na é ed iç ão s e g u i nt e id e nt ific ado c o mo que o m a ç o m, ca nd id at o em um da Reação a r t ig o que d e nu n c i a a l u t a a b e r t a d o c l e r o c a t ó l i c o a o c a nd i d a t o m a ç o m. T r a z 156 O Delta, Ano VI, agosto e setembro/1921. Nº 02 e 03, p. 79 O Delta, Ano VI, agosto e setembro/1921. Nº 02 e 03, p. 79 158 O Delta, Ano VI, agosto e setembro/1921. Nº 02 e 03, p. 80 157 94 t r e c ho s d e n o t í c i a s s o br e o s a t a q u e s a o c a n d i d a t o r e c o l h i d o s e m jo r n a i s d e t o d o o p a í s , c o mo d o jo r n a l O D i a d o R J , q u e r e v e l a o a p o io d o Ar c e b i s p o d a B a h i a a o c a n d i d a t o Ar t h u r B e r na r d e s e o p e d i d o q u e s u f r a g u e m n a s u r n a s o no m e d e N i lo P e ç a n h a . 159 Ainda re lat a que em sessão c o me mo r a t i v a a o d ia 7 de S e t e m br o , a L o j a R io B r a n c o 3 ª f e z u m a h o m e n a g e m a o c a nd i d a t o N i lo P e ç a n h a , d e m o n s t r a n d o fr a n c o a p o io a s u a c a n d i d a t u r a e r e p u l s a à p e r s e g u i ç ã o p r o fe r i d a p e l o c l e r o c a t ó l i c o . O a n o d e 1 9 2 2 c o m e ç a c o m u m a m u d a n ç a n ít i d a n a p o s t u r a d a r e v i s t a q u a n t o à s e l e i ç õ e s . N o s a r t ig o s a nt e r io r e s , a p r e o c u p a ç ã o e r a d e d e f e n d e r o I r ∴ N i lo P e ç a n h a d o a t a q u e c a t ó l i c o e d e n u n c i a r o a p o io d a d o p e l o c l e r o a o c a n d i d a t o o p o s ic io n i s t a . O D e l t a a g o r a p r e o c u p a - s e e m a t a c a r f r o nt a l m e nt e o c a n d i d a t o o po s it o r : O snr . Ber nar des ju lga qu e s e agar r ando ás batinas dos clér igos e s e ajoelha ndo hyp ocr ita ment e atr az das sacr istias ga lgar á as esca das do Cattet e. 160 T e r m i n a o a r t ig o i n c it a n d o q u e o s m a ç o n s d ê e m a m p lo a p o io à N i lo P e ç a n h a , c a nd i d a t o d e g r a n d e v a lo r mo r a l e d e e s p ír it o c u lt o e l i b e r a l, a o c o nt r á r io d o r e t r ó g r a d o e c l e r i c a l a d v e r s á r io . N a s p á g i n a s s e g u i n t e s , é t r a ns c r it o u m d i s c u r s o p r o fe r i d o e m L o j a 161, o nd e o o r a d o r d i s c o r r e s o br e a s i t u a ç ã o d o p a í s e a n e c e s s i d a d e d o a p o io a P e ç a n h a p a r a a i nt e g r i d a d e d a n a ç ã o b r a s i l e i r a . C o m p a l a v r a s á c i d a s e ir ô n i c a s , d i z q u e o c a n d i d a t o B e r na r d e s “t e m e m s e u d e r r e d o r t u d o q u a nt o há d e p e q u e n o , d e v i l , d e i n t e r e s s e i r o e m n o s s a c o l l e c t i v i d a d e ” , e q u e s e e nt r e g o u d e p é s e m ã o s a t a d a s a o 159 O Delta, Ano VI, outubro/1921. Nº 04, p. 100 O Delta, Ano VI, janeiro/1922. Nº 07, p. 159. 161 O Delta, Ano VI, janeiro/1922. Nº 07, p. 167 – Discurso Pronunciado pelo Ir∴ João Nunes Ferreira na Aug∴ Loj∴ Philantropia e Progresso Itaquiense, em sessão de 16 de Dezembro de 1921 e mandado publicar pela referida Loja. 160 95 c l e r i c a l i s mo , e a s u a v it ó r i a s e r i a a mo r t e d o br io e d a h o nr a br as ile ira, e a lert a ao s ir mão s p ara não ceder e m d iz e ndo : Qu em votar em N ilo P eça nha incor r e em excomu nhã o ma ior , p elo s imp les fat o do illustr e var ão s er maçon. Muit os individu os já s ent em fr aqu ejar suas convicções polít icas, s eus des ejos p ess oa es, par a qu e s o int er ess es da egr eja catholica s eja m ass egur ados 162. Na sessão de st inada ao reg ist ro de a c o n t e c i m e nt o s do G O R G S , é o f e r e c i d o u m br i n d e e m ho m e n a g e m à N i l o P e ç a n h a e m u m b a n q u e t e p r o mo v i d o p e l a L o j a F i d e l i d a d e e F i r m e z a . A i n d a j u s t i f i c a q u e o d a n d o a p o io a o c a n d i d a t o nã o s e e s t á fa z e n d o p o l ít i c a , u nic a me nt e está cu mpr indo o seu dever c o mo c a nd i d a t o Ar t h u r i n s t i t u i ç ã o . 163 No p le i t o que ocorrera em Mar ço, o B e r n a r d e s s a i u v it o r io s o , a l c a n ç a n d o 4 6 6 m i l vo t o s c o nt r a o s 3 7 7 mil f e it o s por N i lo Peçanha, para a decepção da M a ç o na r i a b r a s i l e i r a . O D e l t a na d a d e c l a r a s o br e a v it ó r i a d e B e r na r d e s , s o m e n t e p u b l i c a e m a br i l a r e p r o d u ç ã o d e u m a c a r t a i n t it u l a d a “P a l a v r a s d i r i g i d a s a o p o vo d o E s t a d o d e S ã o P a u lo p e lo e m i n e n t e e s t a d i s t a P o d ∴ I r ∴ D r . N i l o P e ç a n h a ” , q u e t e m c o mo p r i m e i r a f r a s e : “ – A g u e r r a nã o f i c o u no u lt i mo t ir o d e c a n h ã o ” . 164 C o mo u m ú lt i mo s u s p i r o d o c a nd i d a t o d e r r o t a d o , d e c l a r a - s e u m i n t r a n s i g e n t e a m i g o d o d i r e it o e d a p r o p r i e d a d e , e d e c l a r a - s e s o l i d á r io e p r e o c u p a d o c o m a c l a s s e o p e r á r i a br a s i l e i r a . C o m u m t e x t o m a r c a d o d e a l e g o r ia s , n ã o p r o p õ e m n a d a c o n c r e t a m e n t e , ape na s fa z u ma r e fle xão su per fic ia l d a nece ssid ade de a mp arar o s fraco s. 162 O Delta, Ano VI, janeiro/1922. Nº 07, p. 167 O Delta, Ano VI, janeiro/1922. Nº 07, p. 176. 164 O Delta, Ano VI, abril/1922. Nº 10, p. 242. 163 96 O a p o io d a d o à P e ç a n h a p e l a s m a ç o na r i a s b r a s i l e ir a s é o r e f l e xo do e fet iva me nt e c o n f l it o c le r ic a l q ue ac irra do . Pe la na busca década de de espaço 1920 de a ind a atuação é na s o c i e d a d e br a s i l e i r a , o a p o io ma ç ô n i c o a o c a nd i d a t o N i lo P e ç a n h a é r e f l e xo d o m e d o d e u m a p o s s í v e l h e g e mo n i a c a t ó l i c a no g o ve r no f e d e r a l , j á q u e n o R io G r a n d e d o S u l, e s s e p e r ío d o é m a r c a d o p e l a l e n t a d e c a d ê n c i a d a i n f l u ê n c i a d o G r a n d e O r i e nt e d o R io G r a nd e d o S u l n o e s t a d o e d a c r e s c e nt e a s c e n d e nc i a c a t ó l i c a no g o ve r no Bo rges d e Me de iro s at ra vé s d e D. Jo ão Beck er. C o mo um ep isó d io e squ ec ido , o Delta nad a re flet e aos l e it o r e s s o b r e a p e r d a d a s e l e i ç õ e s d o c a n d i d a t o a p o i a d o , o no me d e N i lo P e ç a n h a s o m e nt e i r á a p a r e c e r e m s u a s p á g i n a s n a ho me n a g e m e m c o n s e q ü ê n c i a d e s u a m o r t e e m 1 9 2 4 165, c o m u m a va s t a b i o g r a f i a t raça ndo a v ida int e le ct ua l, po lít ic a e ma çô nic a do est ad ist a, r e l a t a n d o q u e n a e l e i ç ã o d e 1 9 2 2 s o f r e r a u m a t e r r í v e l e v ir u l e nt a o p o s iç ã o p e l o c l e r o c a t ó l i c o . 165 O Delta, Ano VIII, abril/1924. Nº 10, pág. 189. 5 . C O N SI D E R A Ç Õ E S F I N A I S C o mo f a l a mo s no i n í c io deste t r a b a l ho , um v e í c u lo de i m p r e n s a é a v o z d e u m t e m p o e d e s e u a mo . E s t a fr a s e c a b e m u it o b e m p a r a r e p r e s e n t a r o q u e O D e l t a d e s e m p e n h o u c o mo ó r g ã o o f i c i a l d o G r a n d e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l. At r a v é s d e s u a s p á g i n a s , p o d e mo s v i v e n c i a r nã o s o m e n t e o id e á r io m a ç ô n i c o e m s i , m a s a t a m b é m v i s ã o d a M a ç o na r i a g a ú c h a s o br e o m u n d o e s u a s t r a ns f o r m a ç õ e s . S u a a t u a ç ã o n ã o fo i s o m e nt e c o mo ó r g ã o i n fo r m a t i v o , m a s p r i n c i p a l m e nt e c o mo vo z d a i n s t it u i ç ã o , t e n d o c o mo a l v o l e it o r e s n ã o s o me nt e v i n c u l a d o s à m a ç o na r i a g a ú c h a , m a s t a m b é m p r o f a no s , c ir c u l a n d o p e lo p a í s e p e l o e xt e r io r , p r e o c u p a ç ã o v i s í v e l d a d i r e ç ã o e m e s p a l h a r o i n fo r m a t i vo p e lo m u n d o . A r e v i s t a m e n s a l t r o u x e e s t a m p a d a e m s u a s p á g i n a s d u r a nt e o s o nz e a no s d e s u a e x i s t ê n c i a n ã o s o m e nt e a s d e l i b e r a ç õ e s d a d ir e t o r i a d o G O R G S q u a nt o à s q u e s t õ e s i nt e r n a s d a o r d e m , m a s t a m bé m s u a r e l a ç ã o e o a p o io a o u t r a o be d i ê n c i a s n a c io n a i s e i n t e r n a c io n a i s . E m c o l u na s s o br e a h i s t ó r i a d a i n s t it u i ç ã o , e n c o nt r a mo s s e m p r e u m d i s c u r s o a lt r u í s t a , o nd e é e x a lt a d o o va lo r d a o r d e m p a r a a s o c i e d a d e , s e u s f e i t o s e s u a v e r d a d e , na t e nt a t i v a d e 98 p e r p e t u a r e c o n s o l i d a r s u a e x i s t ê nc i a , a g r a nd e p a r t e d a s m a t é r i a s e r a m e q u i vo c a d a s e f a nt a s io s a s , a o r e l a c io n a r a s u a t r a j e t ó r ia c o m l e n d a s d e e s s ê n io s , At l â nt i d a o u m e s mo J e s u s C r i s t o . A s p o u c a s mat ér ia s r e lat iva s a sua atuação no Brasil, eram g e r a l m e nt e r e l a c i o n a d a s à i n d e p e nd ê nc i a e à a bo l i ç ã o d a e s c r a v a t u r a , m u it a s vezes r e p e t id a s sob a t e nt a t i v a de fazer de sua ima ge m a l i b e r t a d o r a d o p o vo . A s no t íc i a s d a c a m p a n h a p r e s i d e nc i a l d e 1 9 2 2 , c o n s e g u i mo s d e mo n s t r a r q u e a a p o l it i c i d a d e d a i n s t it u i ç ã o f i c a s o m e n t e no s e u d i s c u r s o , v i s t o o a mp lo a p o io d o G r a n d e O r i e n t e d o R io G r a nd e d o S u l a o c a n d i d a t o N i l o P e ç a n h a , s o b a a l e g a ç ã o d e o o p o s it o r m i n e i r o Ar t h u r B e r na r d e s e s t a r r e c e b e n d o a m p lo a p o io d a I g r e j a C a t ó l i c a . A s s i m , a m a ç o n a r i a g a ú c h a , n ã o é d i f e r e nt e d o f e nô m e no d a s m a ç o n a r i a s l a t i n a s , o n d e a s u a a p o l it i c i d a d e v a i a t é o nd e fo r co nsider ada nec essár ia. O d e b a t e e d u c a c i o na l t e v e a m p l o e s p a ç o n a s p á g i n a s d a r e v i s t a , a p r e s e nt a n d o - s e d e m a n e i r a s d i v e r s a s , d e s d e d i s c u s s õ e s s o br e a u r g ê n c i a d o e n s i no l e i g o , a f a l h a t e n t a t i v a n a o r g a n i z a ç ã o de u ma co missão p r ó - e ns i no la ico , e n e c e s s i d a d e g r it a n t e d a i n s t i t u i ç ã o d a e d u c a ç ã o o br i g a t ó r i a . Fo i po ssíve l a c o mp a n ha r pe lo p e r i ó d ic o o insu ce sso na t r a je t ó r i a d a s e s c o l a s f u nd a d a s p o r lo j a s m a ç ô n i c a s e p e lo G r a n d e O r i e n t e d o R io G r a n d e d o S u l, e m c o n t r a p o nt o à i n v e s t i d a c a t ó l i c a n a e d u c a ç ã o d o R io G r a n d e d o S u l , q u e c o n s e g u i u s e c o n s o l i d a r e p e r p e t u a r . As e s c o la s m a ç ô n i c a s e x a lt a d a s n a s p á g i n a s d o O D e l t a , f i n d a v a m s u a e x i s t ê nc i a g e r a l m e n t e p o r q u e s t õ e s f i n a n c e ir a s , s e n d o p o u c a s q u e t i v e r a m s u c e s s o e lo ng o t e m p o d e v i d a . O d e b a t e s o br e o r a c io na l i s mo e a c i ê n c i a t a m b é m f o r a m h o nr a d o s e m v á r i a s e d i ç õ e s d a r e v i s t a . A c i ê n c i a e r a v i s t a c o mo o D e u s d o fu t u r o , e q u e a t r a v é s d o d e s e n v o l v i m e nt o d e l a é q u e o h o m e m e x p l i c a r á o mu n d o à s u a v o lt a , r o m p e n d o c o m m i t o s e c o nc e p ç õ e s r e l i g io s a s . As N o t íc i a s re lat iva s à c iê nc ia era m 99 gera lme nt e aco mpa nha s co m alfinetadas à Igr e ja C at ó lic a, mo s t r a n d o e s t a c o mo i n i m i g a d a c i ê n c i a e d o p r o g r e s s o . C o m a p e r d a d o e s p a ç o p a r a a I g r e j a C a t ó l i c a n o i n i c io d o s é c u lo X X , O D e l t a t o r no u - s e a o m e s mo t e m p o p o r t a - v o z e a r m a para o ataque ao u lt r a mo nt a n i s mo . Nas pr ime ir as e d içõ e s d a r e v i s t a , a c r ít i c a a p a r e c e s i n g e l a m e nt e n a s e nt r e l i n h a s , m a s c o m o p a s s a r d o s a n o s e l a t o r na - s e p e s a d a , a g r e s s i v a e c o nt í n u a , c h e g a nd o a s u lt i m a s e d i ç õ e s t e r e m q u a s e na t o t a l i d a d e d e s u a s p a g i n a s c r it i c a s a o c l e r o c a t ó l i c o . A c r e d it a mo s q u e O D e l t a t r o u x e va lo r e s a f r e nt e d e s e u t e mp o , p r o p ic i a d o nã o só pe la id e o lo g i a maçô nic a, ma s p r i n c i p a l m e nt e p e lo e nt r a ve e nt r e a M a ç o n a r i a e a I g r e j a C a t ó l i c a , t raze ndo e m s ua s pág ina s re iv ind ic aç õ es para a so c ie dad e gaú c ha c o mo l i b e r d a d e r e l i g io s a , a b u s c a d o e nt e n d i m e n t o d o mu n d o a t r a v é s d a c i ê n c i a e d o r a c io n a l i s m o , e a p r e o c u p a ç ã o c o m a ig ua ld ad e proposta pe la C o ns t it u i ç ã o , a n s e io a ind a c o nq u i s t a d o e m s u a p l e n it u d e p e l a s o c i e d a d e br a s i l e i r a . ho je não 100 6 BIBLIOGRAFIA A R Ã O , M a no e l . H i s t ó r i a d a m a ç o n a r i a n o B r a s i l . R e c i f e : s / e d . , 1926. AS L A N , N i c o l a . H i s t ó r i a g e r a l d a m a ç o n a r i a : f a s t o s d a m a ç o n a r i a b r a s i l e i r a . 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