Flávia Helena Cosmo Vieira da Silva, Cid Manso de Mello Vianna, Frances Valéria Costa e Silva Custo-efetividade do Tratamento da Anemia em Pacientes Renais em Terapia Renal Substitutiva no Brasil. V Jornada Nacional de Economia da Saúde II Jornada de Avaliação de Tecnologias em Saúde do IMIP Considerações Iniciais � A anemia é a anormalidade mais frequentemente encontrada na doença renal crônica (DRC) e está relacionada à intensidade da insuficiência renal. � Contribui para aumento da morbidade e da mortalidade e redução da qualidade de vida dos pacientes. � Principais causas: deficiência relativa de eritropoetina, seguida da deficiência de Ferro. Considerações Iniciais correção da anemia Agentes estimuladores de eritropoiese – AEEs � redução da necessidade de transfusão sanguínea � redução de morbidade e mortalidade � melhora da qualidade de vida em portadores da DRC Considerações Iniciais � No Sistema Único de Saúde – SUS: Epo-rHu 2 a 3 vezes por semana (preferencialmente subcutânea). � Hb alvo: entre 11 e 12g/dl. � CERA (continuous erythropoietin receptor activator): administrado em doses quinzenais ou mensais de forma subcutânea ou intravenosa. � Aponta-se maior comodidade, maior qualidade de vida Objetivos � Estimar a razão custo-efetividade do tratamento da anemia com CERA em pacientes renais em Terapia Renal Substitutiva - TRS no Brasil, comparando-o ao tratamento padrão, com Epo-rHu. � O estudo buscou fornecer subsídio para discussões e negociações futuras, além de instrumentalizar possível tomada de decisão com relação à incorporação da tecnologia. Metodologia População: � Coorte simulada de 1000 pacientes portadores de anemia por deficiência de eritropoetina em TRS (hemodiálise e diálise peritoneal). � Características da população brasileira em TRS com base nos dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (Censo 2008): � idade de 45 anos � sexo masculino � 89,4% em hemodiálise e 10,6% em diálise peritoneal Metodologia Alternativas de tratamento: Epo-rHu, administrada de forma subcutânea 3x por semana. X CERA, administrado também de forma subcutânea 1x ao mês. Metodologia Modelo de Markov: Vivo com Tx Vivo em TRS Morto Metodologia Perspectiva : SUS Desfechos : QALYs (quality adjusted life years) e custos Tempo: ciclos anuais, análise ao longo de 4 anos Taxa de desconto: 5% � As análises foram feitas por meio de um software (Tree age pro suite 2009®). � As alternativas de tratamento foram estabelecidas em termos de Hb alvo. Metodologia Estratégias avaliadas e eficácia: � Descritores na busca bibliográfica: “CERA”, “continuous erythropoietin receptor activator”, “Mircera”, “erythropoietin”, “epoetin”, “hemodialysis”, “peritoneal dialysis”, “chronic kidney desease”, “anemia”, “systematic review”, “clinical trial”, “economic evaluation”, “cost-effectiveness” � Lingua: Inglês � Período: 2000 a 2009 � Resultados: Foram localizados ensaios clínicos controlados com e sem randomização realizados com pacientes em TRS (diálise e hemodiálise). Os estudos selecionados revelavam eficácia e segurança equivalente entre os dois medicamentos. E apontavam possível ganho de qualidade de vida com o uso do novo medicamento. Metodologia Qualidade de Vida/Utilidade: � Medida através de questionários aplicados à equipe de nefrologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto - HUPE (médicos e enfermeiros, residentes ou do corpo de funcionários). � Atribuição de um valor da qualidade de vida considerando uma escala de 0 a 10, em que 0 representava a morte e 10 a melhor qualidade de vida possível. Metodologia Mortalidade: � A mortalidade dos pacientes em TRS e a mortalidade póstransplante renal foram estimadas com base em estudos nacionais com as curvas de sobrevida. Probabilidade de transplante: � Calculada com base nos dados de prevalência de pacientes em TRS e total de transplantes renais realizados por ano. Risco de transfusão: � Foi estimada a média de 1U/paciente/ano, com base em ensaio clínico que reportava a média de 0,09U/paciente/mês. Metodologia Dose dos medicamentos: � Epo-rHu : 12.000 UI/semana ; CERA: 200µg/mês Custos: � Tabelas de procedimentos do SUS. � Banco de Preços em Saúde do Ministério da Saúde (MS). � CERA: preço de compra do Mircera® (Roche) - Hospital das Forças Armadas Brasileiras (pregão) e tirado o desconto de 24,69%, coeficiente de adequação de preço – CAP, aplicado a compras governamentais de Medicamentos Excepcionais. Metodologia Pressupostos e potenciais limitações do modelo: � Pacientes tratados : Hb � 11g/dl e � 7 g/dl. � Tratamento contínuo e níveis ideais de Fe (sacarato de hidróxido férrico i.v). � O tratamento da anemia pós-transplante não foi considerado. � Custos diretos. � Epo-rHu utilizada no Brasil: perfis de segurança e eficácia comparáveis aos relatados na literatura internacional. � Ponderação das variáveis de acordo com a proporção de pacientes em cada modalidade dialítica. � A Eficácia e a efetividade das estratégias continuariam ao longo do tempo. Resultados Qualidade de vida: � Nove especialistas responderam ao questionário: um médico do corpo de funcionários, dois médicos residentes, quatro enfermeiras do corpo de funcionários e duas residentes. Resultados Média das utilidades: Estado de Saúde Média de utilidade TRS c/ Epo-rHu 0,63 TRS c/ CERA 0,78 Transplantado 0,93 � Ganho de qualidade de vida: CERA 1x ao mês X EporHu 3 x por semana. Variância amostral discreta. Resultados Custo anual dos medicamentos e dos estados de saúde: Medicamento Custo (R$) Estado de saúde relacionado Epo-rHu 3.245,76 Vivo em TRS 17.641,68 CERA 14.191,93 Vivo em TRS 28.587,85 Custo (R$) Resultados Análise do caso-referência: Estratégia Custo (R$) Custo Incr. (R$) Ef. Ef. Incr. Epo-rHu 17.641,68 - 0,838 - 21.052 - 0,988 0,150 28.935 72.974 CERA 28.587,85 10.946,17 Custo/Ef Custo/Ef Incr. � Estratégia mais custo-efetiva para o tratamento da anemia de pacientes em TRS: Epo-rHu. Resultados Análise de sensibilidade: � Dose dos medicamentos, custo das estratégias, utilidade, taxa de desconto e limite de disponibilidade para pagar. � Não houve alteração nos resultados obtidos inicialmente com os valores máximos e mínimos da análise de sensibilidade para os custos, doses, utilidade, taxa de desconto e disponibilidade para pagar. � Cenário custo-efetivo: Custo de R$ 533,61, ou R$ 665,36, sem a incidência o CAP, para o CERA: queda de 54,9 % no custo do medicamento. Conclusão � CERA - maior qualidade de vida dos pacientes em TRS , menor razão custo-efetividade quando comparado a Epo-rHu; � Custo incremental de R$ 72.974,00 por QALY ganho; � Tecnologia não elegível ao financiamento de acordo com o limite de disponibilidade para pagar preconizado pela OMS; � Precificação com base na Epo-rHu de referência (Eprex®); � Sugere-se revisão acerca da precificação do CERA; � Alto custo: barreira à difusão inicial da tecnologia. FIM Obrigada! [email protected] ��������������������������������������������������������������������������� ��������������������������������������������������������������������������������� �����������������������������������������������������