COLUNA IMPACTOS DOS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS NO SETOR FLORESTAL Foto: divulgação Ivan Tomaselli Diretor-presidente da Stcp Engenharia de Projetos Ltda Contato: [email protected] A Investidores institucionais têm foco no retorno, já os florestais têm uma relação de maior conhecimento com a matéria-prima que sustenta a indústria indústria florestal foi tradicionalmente a principal detentora de terras florestais, atuando de forma integrada do manejo florestal ao mercado. Nos anos 80 surgiram nos EUA (Estados Unidos da América) os investidores institucionais, atraídos por uma legislação fiscal favorável que incentivava a diversificação dos investimentos e mitigação de riscos. Este fato corroborava com interesses da indústria florestal, que buscava recursos para reduzir passivos e facilitar o investimento na sua atividade principal. A matéria-prima poderia ser garantida por meio de contratos de suprimento de longo prazo com os investidores e pela compra spot no mercado. As dificuldades para os investidores institucionais na fase inicial estavam associadas à falta de conhecimento de particularidades dos ativos. Para suprir esta falta surgiram as Timos (Timber Investment Management Organizations), que se apoiaram na estruturação de fundos, na busca de ativos florestais e no gerenciamento. Este fato foi importante para facilitar os investimentos institucionais em ativos florestais, e até meados dos anos 90 os investimentos em florestas tiveram uma alta demanda motivada pelo aumento dos preços da madeira e altas taxas de retorno. Nos anos seguintes as taxas de retorno caíram, devido à crise internacional e outros fatores, no entanto continuaram atrativas e os investidores internacionais passaram a buscar ativos em outros países (principalmente na Europa, na América Latina e na Oceania). Os investidores institucionais têm como foco o retorno sobre os investimentos florestais, o que os diferencia da indústria florestal, já que a floresta é a fonte de matéria-prima que garante a sustentabilidade da atividade principal (industrial). Como premissa geral os investidores institucionais estabelecem um prazo de saída do investimento relativamente curto (8 a 10 anos). Este fato tem um grande impacto na gestão dos ativos florestais (vide figura). Considerando limitações de prazo e outras particularidades, os investimentos em silvicultura, se realizados, são concentrados no início do prazo do fundo e investimentos 10 www.referenciaflorestal.com.br em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) são muito limitados. Os investidores em geral consideram que o manejo das terras florestais deve ser uma operação de baixo custo e a relação com as comunidades, por exemplo, embora positiva, deve ser mínima e normalmente realizada por operadores subcontratados. Ainda como forma de maximizar os retornos, os investidores institucionais buscam alternativas como a venda de parte dos ativos para desenvolvimento urbano ou negociações de parcelas das terras para áreas de conservação. A entrada de investidores institucionais e a mudança na estratégia da gestão dos ativos terão impactos no futuro da atividade. A entrada de novos capitais e a gestão dos ativos com o objetivo de maximizar retornos são fatos positivos. No entanto a redução dos investimentos em silvicultura e em P&D, a mudança de uso das terras florestais e outras particularidades, poderão ter impactos negativos na competitividade e sustentabilidade da indústria florestal no longo prazo. Impacto do Tempo do Investimento na Gestão de Ativos Florestais