XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Perfil fermentativo da silagem de milheto consorciado com capim- paiaguás sob diferentes sistemas forrageiros1 Fermentation profile of silage of millet intercropped with Paiaguas palisadegrass under different forage systems1 Wender Ferreira de Souza2, Kátia Aparecida de Pinho Costa3, Raoni Ribeiro G. Fonseca Costa4, Pedro Henrique Campos Pinho Costa5, Charles Barbosa Santos4, Jessika Torres da Silva6, Valdevino Rodrigues da Silva7, Suelen Soares Oliveira7 1 Parte da Tese de Doutorado do terceiro autor, financiada pela FAPEG. Bolsista de PNPD da CAPES no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, Rio VerdeGO, Brasil. e-mail: [email protected] 3 Profa. do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. 4 Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias - Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. 5 Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO. 6 Graduando em Zootecnia - Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. 7 Mestrandos em Zootecnia – Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. 2 Resumo: Apesar do conhecido valor nutricional do milheto e do capim-paiaguás estudos avaliando os seus potenciais para a produção de silagens ainda são escassos. Assim, objetivou-se avaliar o perfil fermentativo de silagens de milheto consorciado com capim-paiaguás sob diferentes sistemas forrageiros na safrinha. O experimento foi conduzido no Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos dos seguintes sistemas forrageiros: silagem de milheto em monocultivo, silagem de capim-paiaguás em monocultivo, silagem de milheto consorciado com capim-paiaguás na linha, silagem de milheto consorciado com capimpaiaguás na entrelinha e silagem de milheto consorciado com capim-paiaguás na sobressemeadura. As forrageiras foram colhidos no ciclo de 64 dias após a semeadura, a 20 cm do solo, com auxílio da roçadeira costal. Os silos foram abertos após 50 dias de fermentação. As silagens de milheto em monocultivo e nos sistemas forrageiros consorciados com capim-paiaguás apresentaram reduções nos valores de pH e nitrogênio amoniacal, bem como, favorecem a fermentação lática e acética. Portanto, silagens de milheto e de capimpaiaguás produzidas em consórcio contribuiu para um adequado processo fermentativo, constituindo interessantes opções de volumosos suplementar, para ser utilizado na entressafra. Palavras–chave: ácidos orgânicos, Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás, ensilagem, fermentação, volumoso Abstract: Despite the known nutritional value of millet and Paiaguas palisadegrass studies evaluating its potential for the production of silage are still scarce. Thus, the objective was to evaluate the fermentation profile of silage of millet intercropping with Paiaguas palisadegrass under different forage systems in offseason. The experiment was conducted at the Federal Institute of Goiás State - Rio Verde Campus. The experiment was a randomized block design with four replications. The treatments consisted of the following forage systems: millet silage in monoculture; Paiaguas palisadegrass silage in monoculture; millet silage intercropped with Paiaguas palisadegrass in row; millet silage intercropped with Paiaguas palisadegrass in inter row; and millet silage intercropped with Paiaguas palisadegrass at sowing. The forages were harvested at 64 days after sowing cycle, 20 cm from the ground with the aid of the costal mowing. The silos were opened after 50 days of fermentation. The millet silage in monoculture and intercropping systems with Paiaguas palisadegrass showed reductions in pH and ammonia nitrogen, as well as, favor the lactic and acetic fermentation. Therefore, millet silage in monoculture and produced in intercropping systems with Paiaguas palisadegrass the ensure proper fermentation process, constituting interesting additional forage options, for use in the off-season. Keywords: Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás, ensilage, fermentation, forage, organic acid Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Introdução A utilização de silagens tem sido uma eficiente solução para os períodos de baixa produção de forragens, proporcionando alimento de boa qualidade, largamente utilizada na alimentação de ruminantes. Em princípio, qualquer espécie forrageira, anual ou perene, pode ser ensilada. Dentre as culturas disponíveis ou recomendadas para a conservação pelo processo de ensilagem, as gramíneas tropicais vêm despertando interesse. Entre as gramíneas tropicais, as do gênero Brachiaria, têm sido bastante utilizadas. Adicionalmente, a silagem de milheto exclusiva ou consorciada com braquiária constitui uma alternativa alimentar, podendo elevar o teor de proteína da dieta dos animais, principalmente em períodos de baixa disponibilidade de forragem, intensificando os sistemas de produção, associando elevados rendimentos e valor nutritivo, maximizando a produção de nutrientes por unidade de área. Assim, objetivou-se avaliar o perfil fermentativo de silagens de milheto consorciado com capimpaiaguás sob diferentes sistemas forrageiros na safrinha. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos dos seguintes sistemas forrageiros: silagem de milheto em monocultivo, de capim-paiaguás em monocultivo, de milheto consorciado com capim-paiaguás na linha, de milheto consorciado com capim-paiaguás na entrelinha e de milheto consorciado com capim-paiaguás na sobressemeadura, totalizando 20 silos experimentais. O híbrido de milheto utilizado foi o ADR 8010 (hibrido precoce). A semeadura foi realizada em 12 fevereiro de 2014, com uso de 240 kg ha-1 de P2O5, 20 kg ha-1 de FTE BR 1.2 No consórcio entrelinha, sobressemeadura e em monocultivo o milheto foi semeado a 3 cm de profundidade. Para o plantio em linha o capim-paiaguás foi semeado a 6 cm de profundidade. No plantio da entrelinha o capim-paiaguás foi semeado a 25 cm da linha do milheto e para o plantio na sobressemeadura o capim-paiaguás foi semeado aos 15 dias após a emergência do milheto nas entrelinhas à 25 cm. Para a ensilagem as forrageiras foram colhidas no ciclo de 64 dias após a semeadura, a 20 cm do solo, com auxilio da roçadeira costal. Em seguida o material foi armazenado em silos experimentais de PVC, medindo 10 cm de diâmetro e 40 cm de comprimento. Após 50 dias de fermentação, os silos foram abertos descartando-se a porção superior e a inferior de cada um. Parte da silagem in natura após abertura dos silos foi separada para ser analisados os parâmetros fermentativos como pH, nitrogênio amoniacal em relação ao nitrogênio total (N-NH3/NT), e outra parte para a determinação da matéria seca, através dos métodos descrito por Silva e Queiroz (2002). Os ácidos orgânicos foram determinados em cromatógrafo líquido de alto desempenho (HPLC), segundo método descrito por Kung Jr. (1996). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo programa estatístico SISVAR 4,6 e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Resultados e Discussão Os valores de MS, pH e N-NH3/NT (Tabela 1), ácido lático, acético e propiônico (Tabela 2) das silagens foram influenciados (P<0,05) pelos sistemas forrageiros. Por outro lado, o teor do ácido butírico não foi afetado (P>0,05) pelos sistemas forrageiros. Avaliando o teor de MS das silagens, observa-se que o consórcio do milheto com capim-paiaguás contribuiu para elevar os teores de matéria seca das silagens, exceto, no sistema utilizando a sobressemeadura. Dessa forma, o consórcio do milheto pode se tornar interessante por minimizar os transtornos provenientes dos processos fermentativos das silagens. O valor médio de pH de 4,45 observado na silagem de capim em monocultivo pode ser indicativo de fermentação indesejável causada, principalmente, por bactérias do gênero Clostridium, que tem crescimento favorecido em silagens com baixo teor de MS (McDonald et al., 1991). No presente estudo constatou-se que o teor de MS dessa silagem foi de 27,36%, sendo esse o menor teor observado nos sistemas forrageiros. Silagens de gramíneas tropicais estabilizam em pH mais elevado, conforme verificado no trabalho (Bernardes et al., 2009). Os dados desse estudo corroboram com o resultado supracitado. No entanto, o pH, isoladamente, não pode ser considerado como critério seguro para avaliação de silagens, pois seu efeito inibidor sobre as bactérias e enzimas das plantas depende da velocidade do declínio da concentração iônica e do grau de umidade do meio. O maior teor de N-NH3 registrado foi para silagem de capim-paiaguás, provavelmente se deve pelo baixo teor de MS dessa silagem, possibilitando o desenvolvimento de microrganismos proteolíticos, consequentemente, ocorreu maior proteólise. Segundo Henderson (1993), os principais fatores que Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 determinam a extensão da degradação protéica no material ensilado são o conteúdo de MS, a presença de oxigênio, o pH e a temperatura. Tabela 1. Valores de MS (matéria seca), pH e N-NH3/NT (nitrogênio total) da silagem de diferentes sistemas forrageiros. MS (%) Sistemas forrageiros Milheto em monocultivo 30,73 ab Capim-paiaguás em monocultivo 27,36 c Milheto x capim-paiaguás em linha 30,76 ab Milheto x capim-paiaguás em entrelinha 33,81 a Milheto x capim-paiaguás sobressemeadura 28,31 bc CV (%) 4,66 amoniacal em relação ao nitrogênio pH 3,75 b 4,45 a 3,90 b 3,90 b 3,87 b 3,20 N-NH3 (% N total) 1,95 b 4,94 a 2,50 b 2,42 b 2,98 b 16,94 Médias seguidas por letras minúsculas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). O consórcio do milheto com o capim-paiaguás contribuiu para aumentar a concentração de ácido lático nas silagens. O milheto em monocultivo apresentou aumento de 77,82% em relação a silagem do capim em sistema exclusivo. Esse resultado evidencia a importância da consorciação do milheto com capimpaiaguás na produção do ácido lático, uma vez que esse exerce papel fundamental no processo fermentativo, em função de apresentar maior constância de dissociação que os demais. Tabela 2. Concentração de ácidos orgânicos da silagem de diferentes sistemas forrageiros. Sistemas forrageiros Lático Acético Propiônico (%) (%) (%) Milheto em monocultivo 4,73 a 0,67 b 0,18 b Capim-paiaguás em monocultivo 2,66 b 1,13 a 0,28 a Milheto x capim-paiaguás em linha 3,80ab 0,90 ab 0,22 b Milheto x capim-paiaguás em entrelinha 4,07ab 0,82 b 0,20 b Milheto x capim-paiaguás sobressemeadura 4,21ab 0,79 b 0,20 b CV (%) 20,90 14,02 10,62 Butírico (%) 0,01 a 0,02 a 0,03 a 0,02 a 0,02 a 27,92 Médias seguidas por letras minúsculas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). Para o ácido acético, a silagem do capim-paiaguás em monocultivo diferenciou-se do milheto em monocultivo e consorciado na entrelinha e sobressemeadura. E para o ácido propiônico, apenas a silagem de capim-paiaguás em monocultivo diferenciou-se dos outros sistemas forrageiros com maior valor, provavelmente sendo consequência, de essa silagem ter apresentado menor teor de MS. Conclusões As silagens de milheto em monocultivo e nos sistemas forrageiros consorciados com capim-paiaguás apresentaram reduções nos valores de pH e nitrogênio amoniacal, bem como, favorecem a fermentação lática e acética. Portanto, silagens de milheto e de capim-paiaguás produzidas em consórcio contribuiu para um adequado processo fermentativo, constituindo interessantes opções de volumosos suplementar, para ser utilizado na entressafra. Literatura citada BERNARDES, T. F.; REIS, R. A.; AMARAL, R. C. Chemical and microbiological changes and aerobic stability of marandu grass silages after silo opening. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.1, p.1-8, 2009. HENDERSON, N. Silage additives. Animal. Feed Science technology, v. 45, n. 1, p. 35-56, 1993. KUNG, JR.; L. Use of additives in silage fermentation. In: Direct-fed Microbial, Enzyme and Forage Additive Compendium. p. 37-42, 1996. McDONALD, P.; HENDERSON, A.R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2.ed. Marlow: Chalcombe Pub, p.340, 1991. SILVA, D.J; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa- MG: UFV, p.235, 2002. Página - 3 - de 3