UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA E CINÉTICA DE CO2 ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE ZOOTECNISTA AREIA – PB JULHO-2013 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA E CINÉTICA DE CO2 ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE AREIA – PB JULHO-2013 iii ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA E CINÉTICA DE CO2 Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, do qual participa a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Universidade Federal do Ceará, como requisito para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Forragicultura Comitê de Orientação: Prof. Dr. Albericio Pereira de Andrade – Orientador Prof. Dr. Divan Soares da Silva - Co-orientação Profa. Dra. Kallianna Dantas Araújo - Co-orientação AREIA – PB JULHO-2013 iv Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia – PB. A345a Albuquerque, Ariane Loudemila Silva de. Atributos químico-bromatológicos de espécies da Caatinga com potencial forrageiro, fauna edáfica e cinética de CO2 / Ariane Loudemila Silva de Albuquerque - Areia: UFPB/CCA, 2013. 153 f.: il. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014. Bibliografia. Orientador: Alberício Pereira de Andrade. Coorientador: Divan Soares da Silva. 1. Forragicultura 2. Atividade microbiana 3. Fauna edáfica. 4. Semiárido vegetação I. Andrade, Alberício Pereira de (Orientador) II. Título. UFPB/CCA CDU: 636.085(043.2) v vi DADOS CURRICULARES DO AUTOR ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE – Nascida em 14 de agosto, em Palmeira dos Índios, AL. Técnica Agropecuária, formada pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Alagoas - IFET/AL, em 2004. Em 2004 ingressou no curso de Zootecnia pela Universidade Federal de Alagoas – CECA/UFAL, em dezembro de 2007 defendeu seu TCC. Ingressou no curso de mestrado em Zootecnia em Fevereiro de 2008, onde foi bolsista do CNPq, concluído o curso em 2010, na área de concentração em Produção Animal e Melhoramento Genético, pelo Programa de Pós-graduação em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará – CCA/UFC. Defendeu sua dissertação em Fevereiro de 2010. Em Março do mesmo ano ingressou no Doutorado Integrado em Zootecnia (UFPB/UFC/UFRPE), na área de Forragicultura, foi bolsista da CAPES pelo programa de pós-graduação. Defendendo sua tese de doutorado em Julho de 2013. vii "Ando devagar porque já tive pressa, E levo esse sorriso, porque já chorei demais, Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe, Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei, Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, Um dia a gente chega, no outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história." Almir Sater "Nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza." Padre Fábio de Melo viii DEDICO Aos meus pais Roberto Bezerra de Albuquerque e Maria Elza Silva de Albuquerque, que são fontes de inspirações em minha vida. As minhas irmãs Andréia Cristina e Adriane Michele, pelo carinho, incentivo, amor e conselhos durante toda minha vida e que se sentem orgulhosas da minha conquista. OFEREÇO Aos meus sobrinhos (as) Isis, Davi, Dandara, Luca e Maria, que são luzes em minha vida. À minha grande família composta por cunhados, tios, primos e avós, que sempre me escutaram quando eu necessitei de seus incentivos e orações. ix Agradecimento especial A minha família, Pelo apoio constante e pela base de toda minha educação, sempre me provando que nunca é tarde para começar. Mostrando-me que todo caminho tem uma saída e que nenhum obstáculo é maior que as nossas forças para transpô-lo. Agradeço aos meus pais e minhas irmãs por acreditarem em mim e sempre me apoiar em todos os momentos dessa caminhada, pelo amor, confiança, paciência, forças, coragem, determinação, perseverança, companheirismo, compreensão, incentivando-me e motivando-me a ser uma pessoa melhor a cada dia. Apesar de estarmos distante, sempre encontraram uma maneira de demonstrar seu amor por mim acompanhando todos os meus passos, orgulhando-se sempre de cada sonho que consigo realizar. Penso em vocês todos os dias e agradeço a Deus pela família maravilhosa que tenho que é à base da minha vida, alicerce da minha construção moral, espiritual e profissional. Ariane Loudemila Silva de Albuquerque x AGRADECIMENTOS A Deus pelo fortalecimento da fé, pela renovação da esperança e pela saúde frente aos obstáculos vencidos. À Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Principalmente ao Departamento de PósGraduação em Zootecnia pela oportunidade de realizar este curso de mestrado e por essa conquista em minha vida, na qual é de grande importância nesse momento. A CAPES pela concessão da bolsa de estudos. Ao Professor Alberício Pereira de Andrade pela orientação, amizade e compreensão durante todo o doutorado. Ao Professor Dr. Divan Soares da Silva, pela atenção e orientação. A Professora Dra. Kallianna Dantas Araújo, pelos ensinamentos, apoio, amizade e incentivo. Ao Professor Dr. Ivandro da França Silva, pelo incentivo, atenção, paciência, transmissão de conhecimentos e amizade. Aos Professores Jacob Silva Souto, Alecksandra Vieira de Lacerda, José Carlos Dubeux Junior, Geane Dias Ferreira e Edson Mauro dos Santos pelas sugestões feitas no meu trabalho, enriquecendo mais ainda o conteúdo. Ao Dr. Geovergue Rodrigues, pela amizade, incentivo, força e apoio. A Professora Dra. Silvanda de Melo Silva, pela atenção e sugestões feitas no trabalho de qualificação. Ao Professor Leonardo Pessoa Felix, pela ajuda na identificação das espécies botânicas. Ao Professor. Dr. Ariosvaldo Medeiros Nunes, pela atenção. A todos os professores do Departamento de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos ensinamentos. A Dra. Fabiane Rabelo Costa pela amizade, incentivo, conselhos. À Diretoria Executiva do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), por permitir o desenvolvimento da pesquisa nas dependências da Estação Experimental Lagoa Bonita do INSA/MCTI. Aos funcionários e Bolsistas da Fazenda Experimental do Instituto Nacional do Semiárido – INSA, por terem me recebido bem, pelo apoio, amizade e ajuda em especial Fátima, Antônio Ramos, Gustavo e Valéria. xi A família Lira (Maria, Felipe e Sr. Isaias) pelo carinho, amizade e por ter mim recebido muito bem em Campina Grande. Ao amigo Diogo de Souza Ferraz pelo apoio, amizade, ajuda, paciência e ensinamentos. Ao amigo Jeffrey Van Grunsven pelo carinho e amizade, que mesmo muito distante sempre me apoio. A minha amiga Laíza Sofia por quem tenho muito carinho e respeito. Por nossa amizade de longo tempo e conversas intermináveis nas madrugadas. Obrigada por tudo. A família Abdalla pela amizade de anos e o carinho. Ao amigo Blackstone Vieira pelo carinho, amor, amizade e incentivo. Aos colegas de campo Alex Barbosa, Angeline Santos, Luiza Daiana, Paula Frassinetti, Rômulo Gil, Mariah Tenório, Lácio, pela amizade e ajuda viabilizando a execução do trabalho. Aos amigos do Doutorado Integrado em Zootecnia Roseane Madeira, Francisco Hugo, Norivaldo Santos, Carla Almeida, Maria Caroline, Tatiana Gouveia e agradeço a todos que fizeram parte de minha vida durante todo período do doutorado. Aos colegas do Laboratório de Nutrição Animal – UFPB, pela amizade. Principalmente a Luana Melo, Alenice Ramos e Ana Catharina pela paciência, carinho, amizade, incentivo, ajuda, cuidados e por me escutarem horas e horas... Aos meus amigos do Ceará, que mesmo distante sempre tiveram uma palavra amável a me oferecer. A todos os alunos da Graduação da Universidade Federal da Paraíba que conheci durante esse tempo. Aos funcionários da Biblioteca da Universidade Federal da Paraíba, Sr. Eron, Sr. Roberval e Katiane, pelo apoio e ajuda. Aos meus psicólogos Dra. Eliane e Dr. Rodolfo, pela ajuda e ensinamentos que mesmo diante dos obstáculos devemos manter a nossa cabeça erguida e seguir em frente sendo dignas das nossas vitórias e reconhecendo nossas derrotas e limitações. A Maria das Graças, secretaria do curso de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos serviços prestados no decorrer do curso. E a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para que eu pudesse realizar esse trabalho, e também aqueles que me fizeram ser a pessoa que sou hoje, pessoas que me decepcionando ou me fazendo feliz, moldaram minha personalidade e meu jeito de encarar a vida. xii SUMÁRIO Lista de Tabelas............................................................................................................xiii Lista de Figuras.............................................................................................................xv Resumo........................................................................................................................xviii Abstract.........................................................................................................................xx Considerações Iniciais...................................................................................................01 Capítulo 1 – Referencial Teórico..................................................................................02 Referências Bibliográficas............................................................................................20 Capítulo 2 Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina Grande – PB..................................................................................................30 Resumo............................................................................................................................31 Abstract............................................................................................................................32 Introdução........................................................................................................................33 Material e Métodos..........................................................................................................36 Resultados e Discussão....................................................................................................45 Conclusões.......................................................................................................................64 Referências Bibliográficas...............................................................................................65 Capítulo 3 Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB.....................................................................................................71 Resumo............................................................................................................................72 Abstract............................................................................................................................73 Introdução........................................................................................................................74 Material e Métodos..........................................................................................................76 Resultados e Discussão....................................................................................................80 Conclusões.......................................................................................................................87 Referências Bibliográficas...............................................................................................88 xiii Capítulo 4 Levantamento florístico, fitossociológico e composição químicobromatológica do componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de Campina Grande-PB.....................................................................................................91 Resumo............................................................................................................................92 Abstract............................................................................................................................93 Introdução........................................................................................................................94 Material e Métodos..........................................................................................................97 Resultados e Discussão..................................................................................................108 Conclusões.....................................................................................................................125 Referências Bibliográficas.............................................................................................126 Considerações Finais.....................................................................................................131 xiv LISTA DE TABELAS Capítulo 2 Página TABELA 1. Relação dos grupos encontrados de indivíduos em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB............................................................45 TABELA 2. Frequência absoluta e relativa dos grupos da macrofauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...........................47 TABELA 3. Teores de carbono e matéria orgânica do solo (g Kg-1) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB........................................51 TABELA 4. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou (e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...............................................................................................................52 TABELA 5. Número total e percentagem de indivíduos coletados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.....................................55 TABELA 6. Frequência absoluta e relativa dos grupos da mesofauna do solo amostradas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.............................................................................................................59 TABELA 7. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou (e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.......62 Capítulo 3 Página TABELA 1. Efluxo de CO2 do solo (mg m-2 h-1) durante as estações seca e chuvosa, e nos turnos diurno e noturno, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB..................................................................................79 TABELA 2. Fluxos de CO2 do solo, precipitação pluviométrica mensal acumulada, conteúdo de água do solo (CAS) (0-10 cm), temperatura do solo (TS) (10 cm), carbono orgânico total do solo (COT) (0-10 cm), e matéria orgânica (MO) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...83 TABELA 3. Correlação de Pearson entre os fluxos diurno e noturno de CO2 do solo e a precipitação pluvial, conteúdo de água do solo, temperatura do solo, carbono orgânico total do solo, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB..................................................................................82 xv TABELA 4. Atividade microbiana no período de dez horas, no período de estiagem, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...................83 TABELA 5. Atividade microbiana no período de dez horas, no período chuvoso, em área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...........................84 Capítulo 4 Página TABELA 1. Famílias e espécies registradas na área de vegetação natural em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB..........................109-110 TABELA 2. Espécies amostradas em área de Caatinga no município de Campina Grande – PB e seus respectivos descritores estruturais em ordem decrescente com base no valor de importância........................................114 TABELA 3. Classificação quanto à agregação pelo índice de MacGuinnes dos indivíduos amostrados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB..............................................................................117 TABELA 4. Composição bromatológica de material foliar das espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB................121 TABELA 5. Composição bromatológica das hastes de espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB..................................123 xvi LISTA DE FIGURAS Capítulo 2 Página FIGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental...............................................................................................37 FIGURA 2 Armadilhas do tipo Provid com 200 mL de solução de detergente a 5% e 5 gotas de Formol P.A e armadilhas enterradas com os orifícios ao nível da superfície do solo....................................................................................... 37 FIGURA 3. Lavagem do material coletado em peneira de 0,25 mm e armazenamento dos organismos numa solução de álcool 70%............................................38 FIGURA 4. Umedecimento do solo no período seco, com introdução dos anéis no solo, e Bateria de extratores Berlese – Tullgren................................................ 40 FIGURA 5.Coleta de amostras de solo a 10 cm de profundidade e com acondicionamento em sacos plásticos........................................................41 FIGURA 6. Placa elétrica para aquecimento em fervura branda e processo de titulação......................................................................................................42 FIGURA 7. Coleta de amostras de solo na profundidade de 0-10 cm e secagem em estufa a 105 ºC durante 24 horas................................................................44 FIGURA 8. Distribuição dos grupos taxonômicos da macrofauna do solo (%).............46 FIGURA 9. Evolução dos grupos faunísticos da macrofauna do solo em relação à precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.......................................................48 FIGURA 10. Distribuição dos grupos faunísticos da macrofauna do solo, no período seco e chuvoso, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...............................................................................................49 FIGURA 11. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da macrofauna no período seco e chuvoso (A e B) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB....................................................53 FIGURA 12. Representantes de Ordens da mesofauna edáfica encontrados em amostra de solo mais serrapilheira, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...............................................................................55 xvii FIGURA 13. Distribuição dos grupos faunísticos da mesofauna do solo, no período seco e chuvoso em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.............................................................................................................57 FIGURA 14. Evolução dos grupos faunísticos da mesofauna do solo em relação à precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), avaliados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.................................59 FIGURA 15. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da mesofauna no período seco e chuvoso em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.........................................................62 Capítulo 3 Página FIRGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental.............................................................................................76 FIGURA 2. Titulação com HCl 0,1 N e os indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de metila a 1% e recipiente de vidro contendo solução 10 ml de KOH 0,5N, para medição do fluxo de CO2 e cinética de CO2 com balde cobrindo a amostra, medição da temperatura do solo..................................................78 FIGURA 3. Fluxos de CO2 do solo (mg m-2 h-1) e precipitação pluvial diária (mm) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...................81 Capítulo 4 Página FIGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental...............................................................................................97 FIGURA 2. Demarcação da área para o levantamento florístico e fitossociológico na Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB...............................................................................................................97 FIGURA 3. Coleta das espécies e o acondicionamento em jornais (A), e montagem das exsicatas (B) das espécies vegetais constatada na área experimental........98 xviii FIGURA 4. Medição da altura 1,0 m, circunferência à altura da base (CAB) 9 cm e identificação das espécies do levantamento fitossociológico, na Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB................................99 FIGURA 5. Material acondicionado em sacos de papel previamente identificados, pesadas e secas em estufa com ventilação forçada a 45 °C por 72 horas.......................................................................................................104 FIGURA 6.Separação das folhas e ramos finos, moagem das amostras e acondicionamento das amostras em recipientes de vidro.......................................................................................................105 FIGURA 7. Centrifugação das amostras a 14.000 rpm, banho-maria 95 °C por 70 minutos e amostras lidas no espectrofotômetro 550 nm..........................106 FIGURA 8. Curva do coletor na área do experimento com o número de espécies registradas em uma área de 20 hectares (40 parcelas)...........................107 FIGURA 9. Números de espécies por família amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB...........................................................111 FIGURA 10. Número de indivíduos por espécie amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB........................................................112 FIGURA 11. Valor de importância de cada espécie amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB...................................................115 FIGURA 12. Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB...............................118 FIGURA 13. Distribuição do número de indivíduos por classe de altura em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB....................................119 xix Atributos químico-bromatológicos de espécies da caatinga com potencial forrageiro, fauna edáfica e cinética de CO2 RESUMO GERAL Atualmente a Caatinga esta em processo de degradação, ocasionado por desmatamento e uso inadequado dos recursos naturais, na qual se observa perdas irrecuperáveis da diversidade florística e faunística, aceleração do processo de erosão. O objetivo da pesquisa foi avaliar a taxa de evolução do CO2, abundância, riqueza e diversidade da fauna edáfica e sua dinâmica em função das estações chuvosa e seca, assim como determinar a composição químico-bromatológica das espécies de caatinga com potencial forrageiro. A pesquisa foi conduzida na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido – INSA/MCTI, localizado no município de Campina Grande, PB, de novembro de 2010 a novembro de 2011, em uma área de 20h de caatinga em Campina Grande - PB. Foram realizadas determinações bimensais de macro e mesofauna, dióxido de carbono (CO2), carbono, matéria orgânica, conteúdo de água do solo e cinética de CO2 a cada duas horas (05:00 às 17:00 h). Na avaliação da macrofauna, foram utilizadas armadilhas Provid contendo 200 mL de uma solução de detergente a uma concentração de 5% e 5 gotas de Formol P.A. onde permaneceram no campo por um período de quatro dias (96 horas). Para a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo + serrapilheira com o emprego de anéis, utilizado o método de Berlese-Tullgren modificado. Para avaliação quantitativa da macro e mesofauna, foi mensurado o número total de organismos (abundância de espécies) e qualitativamente, mediante a diversidade. Os grupos predominantes da macrofauna do solo na área estudada foram: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina e Orthoptera no período de estiagem Hymenoptera, Acarina, Diptera, Araneae e Coleoptera no período chuvoso. Em relação à mesofauna do solo os grupos dominantes na área estudada foram: Acarina, Collembola e Diptera no período seco e no período chuvoso se destacaram Acarina, Collembola e Protura indicando que esses organismos possuem papel importante na área de Caatinga. Para determinar a liberação de CO2, foram distribuídos recipientes de vidro contendo 10 ml de KOH a 0,5 N para absorver o CO2 liberado. Esses recipientes foram cobertos por baldes brancos com capacidade para 22 litros. Analise estatística foi realizada através do programa de Bio-Estat 5.0. A atividade microbiana estimada pela produção de CO2 foi maior na estação chuvosa, quando comparada com a estação seca, sendo favorecida pela precipitação pluvial. A concentração de carbono orgânico total no solo foi o parâmetro ambiental que mais se correlacionou com o desprendimento de CO2 do solo. Na área experimental realizou-se levantamentos florístico e fitossociológico em 40 parcelas, sendo anotados: a espécie, a altura e o diâmetro dos indivíduos circunferência à altura da base ≥ a 9 cm e ≥ 1 m. Para caracterizar a estrutura da comunidade arbustiva-arbórea, foram calculados, para cada espécie, os parâmetros fitossociológicos: Área basal, Frequência Absoluta, Frequência Relativa, Densidade Absoluta, Densidade Relativa, Dominância Absoluta, Dominância Relativa, Índice de Valor de Importância, Índice de Valor de Cobertura. Os dados foram analisados utilizando-se do Software Mata Nativa 2©. No levantamento florístico os materiais vegetais foram coletados e enviados para o Centro de Ciências Agrárias xx (UFPB/CCA) “Herbário Jayme Coelho de Moraes” (EAN), para identificação por meio de comparação com exsicatas e por meio de literatura especializada. Para composição química-bromatológica determinaram-se os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), estrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), Lignina (LIG) e Tanino condensado das espécies com potencial forrageiro. Na área de caatinga as famílias com maior número de espécies no estrato arbustivo-arbóreo foram: Euphorbiaceae e Mimosaceae, as espécies que apresentaram o padrão de distribuição agregada de acordo com o índice de McGuines foram Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Allophylus quercifolius, Bauhinia cheilantha e Manihot carthaginensis. Apesar de que a maioria das espécies encontradas na área do presente estudo foi classificada como tendência ao agrupamento ou uniforme. Croton blanchetianus predominou com relação às outras espécies em todos os outros parâmetros fitossociológicos (Ni, DA, FA, FR DoA, DoR e VC). As espécies Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora e Croton blanchetianus apresentam baixas concentrações de taninos condensados totais para folhas quando comparado com a parte de hastes superiores. Palavras-chave: atividade microbiana, diversidade, semiárido, vegetação. xxi Chemical-bromatological attributes Caatinga species with forage potential, soil fauna and kinetics of CO2 ABSTRACT Currently the Caatinga is in the process of degradation caused by deforestation and misuse of natural resources, which is observed irrecoverable loss of floristic and faunal diversity, accelerating in the erosion process. The research objective was to evaluate in the rate of evolution of CO2, abundance and diversity of soil fauna and its dynamics in terms of rainy and dry seasons, as well as determine in the chemical composition of the species of scrub with forage potential. The research was conducted at the Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, in the Instituto Nacional do Seminárido-INSA/ MCTI, located in Campina Grande, PB, November 2010 to November 2011, in an area of Caatinga 20h in Campina Grande-PB. Bimonthly determinations of macro and mesofauna, carbon dioxide (CO2), carbon, organic matter, soil water content and kinetics of CO2 every two hours (05:00 to 17:00) were performed. In the evaluation of macrofauna PROVID traps were used, containing 200 ml of a detergent solution with a concentration of 5% formalin and 5 drops of PA in the field where they remained for a period of four days (96 hours). For soil mesofauna soil + litter with the use of samples rings, used the method of modified Berlese-Tullgren were collected. For quantitative evaluation of macro and mesofauna was measured the total number of organisms (abundance of species) and qualitatively by diversity. The predominant groups of soil macrofauna in the study area were: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina Orthoptera and Hymenoptera in the dry season, Acarina, Diptera, Coleoptera and Araneae in the rainy season. Regarding soil mesofauna dominant groups in the study area were: Acarina, Collembola and Diptera in the dry season and the rainy season stood Acarina, Collembola and Protura indicating that these organisms play an important role in the area of Caatinga. To determine the release of CO2 were distributed glass containers containing 10 ml of 0.5 N KOH to absorb CO2 released. These containers were covered in white buckets with capacity of 22 liters. Statistical analysis was performed using the Bio-Stats 5.0 program. The estimated CO2 production by microbial activity was higher in the rainy season compared to the dry season, being favored by rainfall. The concentration of total organic carbon in the soil was the environmental parameter that best correlated with the release of CO2 from the soil. The experimental field was held floristic and phytosociological surveys in 40 installments, recorded: species, height and diameter of individuals circumference at base height ≥ 9 cm and ≥ 1 m. To characterize the structure of the shrub-tree community, were calculated for each species, the phytosociological parameters: basal area, frequency Absolute Frequency Relative, Absolute Density, Relative Density, Absolute Dominance, Relative Dominance, Importance Value Index, Index Amount of Coverage. Data were analyzed using the Software Mata Nativa 2©. In floristic plant materials were collected and sent to the Centro de Ciências Agrárias (UFPB/CCA) "Herbário Jayme Coelho de Moraes" (EAN) for identification by comparison with herbarium specimens and through literature. For chemical-chemical composition were determined the dry matter (DM), crude protein xxii (CP), mineral matter (MM), organic matter (OM), ether layer (EE), neutral detergent fiber (NDF) and fiber acid detergent (ADF), lignin (LIG) and condensed tannin species with forage potential. From Caatinga families with the largest number of species in the woody layer were: Euphorbiaceae and Mimosaceae, the species showing the distribution pattern of aggregate according to the index were McGuines: Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Allophylus quercifolius, Bauhinia cheilantha and Manihot carthaginensis. Although most species found in the area of this study was classified as the group or tendency uniform. Croton blanchetianus predominated with respect to other species in all other phytosociological parameters (Ni, DA, FA, FR DoA, DoR and VC). The Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora and Croton blanchetianus species have low concentrations of condensed tannins to total leaves when compared with the upper part of stems. Keywords: microbial activity, diversity, semiarid, vegetation. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O semiárido da região nordeste apresenta irregularidades climáticas que é a característica principal, apresentando um prolongado período seco, que se reflete na paisagem. A precipitação é altamente variável, entre os diferentes anos, como também, durante a estação de chuvas a cada ano. Na região semiárida, estudos ecológicos sobre a dinâmica da fauna edáfica, associada ao ecossistema caatinga são escassos. Com isso surge a preocupação no sentido de buscar informações sobre os indicadores biológicos em relação à variabilidade observada no ecossistema caatinga. A avaliação da vegetação na região nordeste é de grande importância para o conhecimento de causas e efeitos ecológicos em uma área, já que a vegetação é o resultado da ação dos fatores ambientais sobre as espécies que habitam uma determinada área, cogitando o clima, as propriedades do solo, a disponibilidade de água, os fatores bióticos e os fatores antrópicos. A caatinga é a vegetação predominante do semiárido brasileiro, apresentando um grande número de espécies vegetais, na quais, muitas são citadas como importantes forrageiras, no entanto, sem ter sido avaliado seu potencial. Diante deste contexto, sabe-se que a importância na manutenção e/ou recuperação da biodiversidade, torna-se evidente a necessidade de complementar estudo de composição florística fitossociológica, para auxiliar nas estratégias de conservação e manejo desse ecossistema. 24 CAPÍTULO 1 Referencial Teórico 25 1. Referencial teórico 1.1. Caracterização do Semiárido Brasileiro A maior parte da região Nordeste é ocupada por uma vegetação xerófila, de fisionomia e composição florística variada, denominada caatinga. Fitogeograficamente, o bioma caatinga ocupa cerca de 10% do território nacional, abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e o norte de Minas Gerais único estado localizado na região Sudeste (ANDRADE et. al., 2010). A caatinga ocupa cerca de 800.000 km² do Nordeste, o que corresponde a 70% da região (DRUMOND et al., 2000). É um bioma único e apresenta grande variedade de paisagens, riqueza biológica e endemismo. Os parâmetros climáticos e a vegetação assume papel preponderante na caracterização do bioma. A caracterização do semiárido nordestino como comumente e encontrado na literatura, sempre tende a minimizar a importância dessa região, pois quase sempre e enfocada num contexto centrado numa visão concebida muito mais no imaginário que na realidade que ela apresenta (ANDRADE et. al., 2006). Na região Semiárida nordestina os índices pluviométricos são baixos, mal distribuídos e chove em média de 350 a 700 mm/ano. Com o déficit hídrico e a evapotranspiração elevada, comumente a produção e qualidade da massa verde diminuem durante o período de estiagem, pois há uma estreita relação entre a precipitação pluviométrica e a produção (ANDRADE et. al., 2010). De modo que nesta fase, os criadores buscam alternativas para suprir a carência alimentar dos seus rebanhos. Em contrapartida, durante o período chuvoso, grande quantidade de forragem nativa é desperdiçada, por consumo insuficiente por parte dos animais bem como pelo pouco conhecimento quanto aos métodos de conservação de forragem pelos produtores (SILVA et al., 2004). O clima predominante na região semiárida nordestina é tipo Bsh', conforme a classificação de Köppen, ou seja, tropical seco com a evaporação excedendo a precipitação, com ocorrência de pequenos períodos de chuvas sazonais com precipitações escassas e mal distribuídas. A região situa-se entre as isoietas de 500 a 800 mm com o período chuvoso concentrado em três a quatro meses. A situação crítica anual de limitações hídricas torna-se mais dramática pela ocorrência de secas 26 periódicas, podendo ocorrer períodos com 18 ou mais meses, e com reduções drásticas dos índices pluviométricos (RODRIGUES, 1988). A região de clima semiárido na sua maioria apresenta o solo raso e pedregoso, embora relativamente fértil e com relevo suave ondulado. O aspecto agressivo da vegetação contrasta com o colorido diversificado das flores no período das chuvas. A temperatura se situa entre 24 e 26 °C e varia pouco durante o ano. Além dessas condições climáticas rigorosas, a região das caatingas está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca (SAMPAIO e RODAL, 2000). A vegetação da Caatinga é adaptada às condições de aridez composta principalmente por espécies com características xerofíticas. Quanto à flora, por exemplo, há registro de 932 espécies de planta vasculares vegetais, destas sendo 318 endêmicas (GIULIETTI et al., 2004). Segundo Fernandes (2000) é mais prático considerar basicamente duas fitofisionomias: caatinga arbórea e caatinga arbustiva. Segundo esse autor, as descrições pormenorizadas e cuidadosas devem ficar a cargo de cada pesquisador, quando as peculiaridades dos locais estudados assim o exigirem. Ultimamente, as caatingas têm sido classificadas como savana-estépica, hierarquizadas em diversas tipologias (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003). Assim, a Savana-estépica poderá ser classificada como vegetação caducifólia espinhosa, florestas ombrófilas e as florestas estacionais nos brejos de altitude (IBGE, 1992). 1.2. Variabilidade das chuvas no Nordeste brasileiro A precipitação é a variável climatológica mais importante nos trópicos. A despeito da simplicidade de sua medida, é uma das variáveis mais difíceis de serem observadas com acurácia, uma vez que apresenta erros instrumental, de exposição e de localização. A precipitação pluvial tem sido bastante estudada em diferentes regiões do mundo, em face de sua importância no ciclo hidrológico e a manutenção dos seres vivos no planeta. As secas constituem sério problema para a sociedade humana e para os ecossistemas naturais (DINPASHOH et al., 2004). Neste sentido, diferentes metodologias têm sido utilizadas para se analisar a variabilidade da precipitação pluvial. 27 Silva et al. (2005), estudaram a variabilidade da precipitação pluvial no Estado da Paraíba, com base na teoria da entropia. Analisando a variabilidade climática no Nordeste do Brasil, com base no teste de Mann-Kendall, Silva (2004) observou tendências significativamente decrescentes em várias localidades desta região, e sugeriu que tal variabilidade pode estar relacionada com mudanças climáticas no Nordeste do Brasil, que atinge não apenas o semiárido da região, mas, também, a área litorânea. Como a variação sazonal da precipitação pluvial exerce forte influência sobre as condições ambientais, muitos pesquisadores vêm desenvolvendo estudos com base no número de dias chuvosos (BRUNETTIA et al., 2001; SELESHI e ZANKE, 2004; ZANETTI et al., 2006; MODARRES e SILVA, 2007). As regiões semiáridas têm, como característica principal, as chuvas irregulares, variando espacialmente e de um ano para outro (BALME et al., 2006). O Nordeste do Brasil é conhecido como uma região seca, em que a maioria da população sobrevive da agricultura de sequeiro. O sucesso das culturas implantadas depende da regularidade e quantidade das chuvas. As variabilidades espacial e temporal da precipitação pluvial nas regiões áridas e semiárido são fatores limitantes para a agricultura de sequeiro (GRAEF e HAIGIS, 2001). A precipitação pluvial pode variar consideravelmente, até mesmo dentro de alguns quilômetros de distância e em escalas de tempo diferentes, tornando as colheitas das culturas imprevisíveis. A maior parte da região Nordeste do Brasil se situa dentro da zona semiárida, com grandes problemas para a sociedade e para os ecossistemas naturais, decorrentes das secas periódicas. As regiões semiáridas têm, como característica principal, as chuvas irregulares, variando espacialmente e de um ano para outro. As irregularidades no regime pluvial são provocadas pelas mudanças da frequência e/ou intensidade dos eventos de precipitação. O melhor entendimento do comportamento da precipitação pluvial, com vistas ao seu aproveitamento máximo nas atividades agrícolas, pode ser obtido com o estudo do número de dias de chuva. A variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial no Nordeste do Brasil, apesar dos estudos aqui mencionados, ainda tem sido pouco estudada apesar de sua importância para o propósito de formulação de estratégias de combate aos efeitos da seca no semiárido (ANDRADE et al. 2010). 28 Com a chegada das chuvas, mesmo com um período muito curto, chegando de três a cinco meses, os vegetais apresentam um poder de regeneração e rebrotamento muito vigoroso, com isso a paisagem muda muito rapidamente cobrindo-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas, por isso pode-se afirmar que a Caatinga apresenta uma grande eficiência no convívio em ambientes de clima rigoroso (ANDRADE et al., 2010). Os ecossistemas da caatinga podem ser abordados baseando-se no modelo de “pulso-reserva” desenvolvido por Mark Westoby e Ken Bridges (dados não publicado, apresentados por Noy-Meir (1973), que descreve uma relação simples e direta entre eventos de chuvas, que provocam “um pulso” e a produção primária, e por sua vez resulta em reservas de carbono e de energia que são acumuladas nas sementes e nos órgãos de produção de assimilados da planta. Estas reservas são consideradas inativas até que se reinicie um pulso. Quando não ocorrem chuvas consideradas importantes sob o ponto de vista biológico, ou seja, para desencadear mudanças nos processos fisiológicos e morfológicos, essas reservas diminuem lentamente com o tempo (em consequência da respiração, abscisão, senescência, herbivoria, dentre outros) (ANDRADE et al., 2006). Entretanto, nos períodos chuvosos, os intervalos entre cada evento podem estimular os pulsos de crescimento da planta (REYNOLDS et al., 2004), e como consequência a recuperação dessas reservas. 1.3. Matéria orgânica do solo O solo é o habitat natural para uma grande variedade de organismos que forma a biota do solo, e esses apresentam uma grande variedade de tamanhos e metabolismos (OLIVEIRA e SOUTO, 2011). O solo é uma máquina biotransformadora, regulando processos globais de trocas gasosas e fluxos de nutrientes no sistema solo-plantaatmosfera. O solo é o destino final dos resíduos orgânicos de origem vegetal e animal e dos produtos resultantes das suas transformações. A vegetação é o principal gerador da deposição de materiais orgânicos no solo, principalmente pela queda de material morto (necromassa) do dossel, restos culturais formadores da serapilheira, manta, liteira e da rizodeposição no solo entorno das raízes. 29 O tipo de vegetação e condições ambientais são fatores determinantes da quantidade e qualidade do material depositado no solo, resultando a heterogeneidade e taxa de decomposição do material depositado na superfície, com isso poderá resultar em aumento no teor de carbono orgânico (CO) do solo (FARIA et al., 2008). A matéria orgânica do solo é definida por Oades (1996) exclusivamente como resíduos de plantas e animais decompostos. Porém, a maioria dos métodos analíticos de determinação da matéria orgânica não distingue entre resíduos de plantas e animais decompostos ou não decompostos, que passem através da peneira de 2 mm (DOORAN e JONES, 1996). Magdoff (1992) definiu matéria orgânica do solo em sentido amplo, como organismos vivos, resíduos de plantas e animais pouco ou bem decompostos, que variam consideravelmente em estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração. O acúmulo da matéria orgânica do solo é importante para a manutenção do estoque de carbono. O carbono, proveniente da vegetação, entra no solo por meio da queda de folhedo, do “turnorver” das raízes e micorrizas e da exsudação de carbono pelas raízes finas. O ganho de carbono é compensado pelas perdas, sob a forma de respiração heterotrófica dos decompositores da liteira e da matéria orgânica do solo (MURTY et al., 2002). A qualidade da matéria orgânica, em diferentes tipos de solo, é influenciada por fatores, como condições hidrotérmicas, composição química da vegetação, composição mineralógica e textura do solo (HOWARD e HOWARD, 1993). Dada a grande importância e sua lenta taxa de ciclagem, em suas porções mais recalcitrantes, podem apresentar tempos de resposta a distúrbios e outras mudanças ambientais em escala de tempo maior que as consideradas pela prática humana (SCURLOCK e HALL, 1998). A razão da decomposição da serapilheira e matéria orgânica do solo dependem do conteúdo de nitrogênio e lignina do material, ou seja, da sua qualidade (ROBERTS, 2000). A qualidade da matéria orgânica é o numero de passos (reações) enzimáticos requeridos para que um átomo de carbono de um composto orgânico acumulado (ou não) no solo depende diretamente do tipo de cobertura vegetal, que segundo Wagai et. al. (1998) tem influencia no microambiente, biomassa microbiana e biomassa de raízes, as quais juntas controlam o fluxo de CO2. 30 1.4. A importância da temperatura do solo A temperatura do solo é um fator variável no tempo e no espaço assumindo grande importância nos processos físicos do solo e nas trocas de energia com a atmosfera. A temperatura determina as taxas de evaporação e aeração do solo, assim como o tipo e a intensidade das reações químicas. Devido a isso, o conhecimento da dinâmica da temperatura do solo é fundamental para a agricultura, pois sua variação interfere na germinação, no crescimento radicular, na absorção de água e nutrientes pelas plantas e na atividade microbiana do solo (HILLEL, 1998). Alternativas de manejo do solo estão sendo empregadas e comparadas, a fim de se minimizar os impactos das altas temperaturas dos solos tropicais. As coberturas protetoras desempenham importante função na agricultura porque podem modificar as variações de temperatura no interior do solo, particularmente próximo da superfície, podendo alterar consideravelmente o ambiente para o desenvolvimento da flora e da fauna do solo. Para Jorge (1985) a temperatura do solo influencia grandemente a atividade microbiana, a decomposição e mineralização da matéria orgânica e o crescimento das plantas. Alguns estudos a mais são necessários sobre a importância da temperatura do solo, no semiárido nordestino, na atividade microbiológica do solo, absorção de nutrientes e água, desenvolvimento radicular, decomposição e mineralização da matéria orgânica (SOUTO et. al., 2009). De acordo com Prevedello (1996), a temperatura do solo é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento das plantas. O solo, além de armazenar e permitir os processos de transferência de água, solutos e gases, também armazena e transfere calor. Ainda segundo o autor, se o solo não apresentar uma temperatura dentre dos limites fisiológicos envolvidos, a atividade microbiológica poderá ser interrompida, as sementes poderão não germinar e as plantas não se desenvolverem. O aumento da temperatura do solo até determinado valor eleva a cinética das conversões enzimáticas microbianas, sendo um indicador da intensidade de decomposição. Essa intensidade mostra-se distinta no curso diário e anual e depende do clima e da atividade biológica do solo (CHIMNER, 2004). Os organismos do solo e o fluxo de carbono do solo são altamente sensível à mudança de temperatura, pequenas mudanças na temperatura da superfície do solo, podem influenciar a magnitude do fluxo 31 de CO2 e no desaparecimento dos organismos do solo. Desta forma, se ocorrer um aumento na emissão de CO2 do solo para a atmosfera, poderá ter um efeito positivo na concentração atmosférica ou nas mudanças globais (KIRSCHBAUM, 1995). 1.5. Conteúdo de água no solo A umidade do solo desempenha um papel fundamental nos processos de transferência de calor entre a atmosfera e a superfície. A interação entre estes dois sistemas é realizada trocando umidade, energia interna (calor) e momento. As propriedades do solo limitam o armazenamento e perda de água para a atmosfera, além de regular a infiltração nas várias camadas do solo (condutividade e difusividade hidráulicas). O conhecimento do conteúdo de água no solo é importante na dinâmica de solutos, calor, gases e da própria água no solo. Em escala global, sua importância está relacionada com o importante sistema solo/água/planta/atmosfera. (LIBARDI, 2004). Os mecanismos da respiração do solo estão associados com as condições de temperatura, e umidade, e dependem da variabilidade temporal e espacial destas variáveis, que exercem forte influência no processo de decomposição microbiana. Generalizações sobre os efeitos conhecidos das variações no fluxo de CO2 do solo ocorrem complicadas devido à interação entre temperatura e umidade (HOWARD; HOWARD, 1993; TIWARI et al., 1987). Estes autores demonstraram que a umidade do solo altera significativamente a população microbiana e sua atividade. Estudos sobre emissão de CO2 encontraram relação significativa deste processo com a umidade do solo, sugerindo que o nível de umidade ótimo para emissão de CO 2 ocorre na capacidade de campo. Entretanto, Howard; Howard (1993) dizem que este nível de umidade seria prejudicial à atividade aeróbia, que é a maior fonte de CO 2 emitido do solo. Zanchi et al. (2003) observaram que logo após um evento de chuva ocorre um grande aumento do fluxo do CO2, isto porque a água quando drenada para o solo força a saída do CO2 presente nos poros, e após algumas horas, há uma queda brusca no fluxo, que se dá devido a uma camada de proteção que a água faz no solo, evitando assim a emissão do CO2 para a atmosfera. Esta emissão vai se tornando maior à medida que a água vai evaporando e drenando para o lençol freático, pois assim os poros ficam livres. 32 1.6. Organismos Edáficos O solo é o habitat de uma grande variedade de organismos que são responsáveis por inúmeras funções e, apresentam grande variedade de tamanho, forma e metabolismo. As características de um solo, bem como sua qualidade são determinadas por vários fatores, entre eles, especialmente pelos organismos presentes (OLIVEIRA e SOUTO, 2011). Souto (2006), afirma que a atividade biológica do solo é responsável por inúmeras transformações físicas e químicas dos resíduos orgânicos que são depositados, mantendo assim a sustentabilidade dos ambientes. A fauna do solo tem importante papel na sustentabilidade do sistema através de seus efeitos nos diversos processos do solo como decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos, imobilização e mobilização de macro e micronutrientes, fixação de nitrogênio atmosférico, estruturação e agregação do solo e regulação de pragas e doenças (MERCANTE et. al., 2004). De outra forma, a fauna do solo pode ser influenciada pelas características físicas, químicas e biológicas do solo (CORREIA, 2002; MELO et. al., 2009; MERLIM et. al., 2005). Os distúrbios induzidos por atividades antrópicas e naturais ao solo e à sua cobertura vegetal alteram a distribuição da fauna edáfica à medida que transformam a disponibilidade de recursos alimentares, modificando as interações ecológicas intra e interespecíficas (MELO et. al., 2009). Os organismos do solo podem ser classificados conforme seu tamanho (LAVELLE et. al., 1994), onde a macrofauna corresponde a organismos com comprimento (> 2 mm) incluindo formigas (Hymenoptera), mosquito (Diptera) cupins (Isoptera), besouros (Coleoptera) e outros (SILVA et. al., 2007). Na qual desempenha um papel chave no funcionamento do ecossistema, pois ocupa diversos níveis tróficos dentro da cadeia alimentar do solo e afeta a produção primária de maneira direta e indireta. As populações e atividades dos microrganismos são responsáveis pelos processos de mineralização, humificação e, em consequência, exerce influência sobre o ciclo de matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas (DECÄENS et. al., 2003). Na mesofauna estão os organismos entre 0,2 e 2,0 mm, que se movimentam em fissuras, poros e na interface como exemplam os ácaros (Acarina), 33 colêmbolos (Collembola) e outros insetos. As atividades tróficas desses animais incluem tanto o consumo de microorganismos e da microfauna, como a fragmentação de material vegetal em decomposição (CORREIA e ANDRADE, 1999). A população desses organismos pode ser influenciada pelo sistema de cultivo, adubação e calagem. O uso de diferentes coberturas vegetais e de práticas culturais parece atuar diretamente sobre a população da fauna do solo. Este efeito é muitas vezes relacionado à permanência de resíduos orgânicos sobre a superfície do solo (BARROS et. al., 2001; LAVELLE et. al., 1997). A cobertura de solo geralmente forma uma camada espessa de folhas com vários estratos de matéria fresca e em decomposição, capaz de abrigar uma população diversificada da fauna edáfica. A fauna edáfica exerce uma grande contribuição na decomposição de resíduos orgânicos e estruturação do solo. Portanto, a determinação da sua população e diversidade é de fundamental importância para uma avaliação das interações biológicas no sistema solo/planta (BENEDETTI et. al., 2002). Em geral, a alteração da abundância de organismos no solo, informa a diversidade e composição do grupo de indicadores, indicando a perturbação do ambiente, assim, indicadores ambientais devem ser organismos sensíveis às alterações na estrutura de um ecossistema, caracterizando inclusive a qualidade da cobertura do solo (LIMA et. al., 2003). As coberturas com leguminosas favorecem um número de organismos edáficos, bem como um maior número de espécies, pois a disponibilidade de ambientes favoráveis é maior (CANTO, 1996). A fauna edáfica exerce uma grande contribuição na decomposição de resíduos orgânicos e estruturação do solo. Portanto, a determinação da sua população e diversidade é de fundamental importância para uma avaliação das interações biológicas no sistema solo/planta. Em geral, a alteração da abundância de organismos no solo, informa a diversidade e composição do grupo de indicadores mede a perturbação do ambiente, assim, indicadores ambientais devem ser organismos bastante sensíveis às alterações na estrutura de um ecossistema, caracterizando inclusive a qualidade da cobertura do solo (LIMA et al., 2003). 34 1.6.1. Macrofauna Edáfica Dentre os organismos do solo, a macrofauna edáfica compreende os maiores invertebrados, organismos com mais que 10 mm de comprimento ou com mais de 2 mm de diâmetro corporal (SWIFT et al, 1979; LAVELLE et al., 1994; CORREA, 2005; AQUINO et al., 2008b;), e apresenta um grande potencial para ser utilizada como bioindicadora da qualidade do solo (LAVELLE et al., 2006). Dentre os organismos edáficos mais estudados como bioindicadores estão alguns representantes dos Hymenoptera (formigas e abelhas), Isoptera (cupins), Coleoptera (besouros), Arachnida (aranhas), Collembola (colêmbolos), Oligochaeta (minhocas), entre outros integrantes da macrofauna do solo (SILVA et al., 2004; WINK et al., 2005). Existem grupos da macrofauna do solo, como os anelídeos (minhocas), cujos benefícios são cada vez mais conhecidos pela importância que desempenham no crescimento das plantas e na ciclagem de nutrientes que se reflete na produtividade agrícola (ORTIZ-CEBALLOS et al., 2007) e na melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (LAVELLE et al., 2006). Estes organismos do solo desempenham um significativo papel ecológico à medida que participam das rotas e processos que contribuem com o desenvolvimento da estrutura e da fertilidade do solo, interagindo com as comunidades microbianas e atuando naturalmente no controle populacional de diversos componentes vivos do ambiente (PRIMAVESI, 1990). Os invertebrados do solo alteram as populações e atividade de microrganismos responsáveis pelos processos de mineralização e humificação da matéria orgânica do solo e, portanto, exercem influência sobre a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas (DECAËNS et al., 2003). A composição da comunidade da macrofauna edáfica do solo e sua abundância são indicadores da biodiversidade do solo e da intensidade das atividades biológicas (VELÁSQUEZ et al., 2007). No entanto, os efeitos dos organismos do solo sobre os processos dos ecossistemas raramente são aparentes em virtude da escala em que as medições são feitas, comumente incapazes de representar grandes áreas, e dos curtos intervalos de tempo normalmente pesquisados. Dessa forma, esses processos são mais 35 frequentemente relacionados a outras variáveis, como vegetação, propriedades do solo (pH, mineralogia etc.) e, principalmente, clima (ANDERSON, 2009). Portanto, a macrofauna é importante na fragmentação e incorporação dos resíduos ao solo, criando assim, condições favoráveis à ação decompositora dos microrganismos (BAYER e MIELNICZUK, 1999). Através da ação mecânica no solo contribuem para a formação de agregados estáveis, que permitem proteger uma parte da matéria orgânica da rápida mineralização (SÁNCHEZ e REINÉS, 2001). Sendo eficaz na mobilidade vertical de nutrientes assimiláveis, favorecendo o sistema radicular das plantas (SILVA et al., 2004). A maior concentração dos organismos pertencentes à macrofauna encontra-se na camada superficial de 0-10 cm de profundidade, que é a camada mais afetada pelas práticas de manejo, como preparo do solo, adubação e deposição de resíduos orgânicos (BARETTA et. al., 2006). 1.6.2. Mesofauna Edáfica A mesofauna do solo é composta por organismos com diâmetro corporal entre 0,2 e 2 mm, compreendendo ácaros, colêmbolos, (BÖHM et al., 2007; NASCIMENTO et al., 2007; MORSELLI, 2007), bem como os protura, diplura, thysanura e pequenos insetos (LAVELLE et al. 1994), que se movimentam em fissuras, poros e na interface do solo (GIRACCA et al., 2003). Segundo Seastedt (1984), os ácaros (Acarina) e colêmbolos (Collembola) são os principais representantes da fauna edáfica e desempenham um importante papel na ciclagem de nutrientes por suas atividades reguladoras na decomposição da matéria orgânica e na liberação de nutrientes. No entanto as populações de ácaros e colêmbolos são consideradas extremamente sensíveis às modificações do ambiente (MELO e LIGO, 1999; NASCIMENTO et al., 2007), sendo que a introdução de novas espécies vegetais pode modificar a diversidade destes organismos. Esta sensibilidade da população as alterações ambientais pode ser útil no monitoramento da degradação e o estágio de recuperação das áreas (LEIVAS e FISCHER, 2008). A diversidade de ácaros e colêmbolos edáficos esta relacionado com o tipo de solo e com suas características físicas e químicas, então, qualquer das alterações nestes atributos podem ser observado através das análises de diversidade da fauna, sendo este um bom indicador (DUARTE, 2004). Os organismos da mesofauna são responsáveis 36 principalmente pela transformação física e química da serrapilheira (DIAS et al., 2007a). O tamanho dos invertebrados do solo define a extensão em que a atividade dos mesmos pode modificar as propriedades do solo e a extensão em que podem ser influenciados pelo manejo do solo, e o comportamento destes organismos no solo também esta diretamente relacionada ao sistema de manejo utilizado nos agroecossistemas. Por exemplo, a população de ácaros varia de acordo com vários aspectos como matéria orgânica, proteção do solo, espécies cultivadas e microclima, entre outros. Já os colêmbolos requerem, além disso, umidade no solo entre 40 e 70%. Esses organismos, apesar de extremamente dependentes da umidade do solo, são caracteristicamente terrestres. As atividades tróficas desses animais incluem tanto o consumo de microorganismos e da microfauna, como a fragmentação de material vegetal em decomposição (CORREIA e ANDRADE, 1999). Para Giracca et al. (2003) a determinação da população e diversidade da mesofauna é de fundamental importância para avaliar as interações biológicas no sistema solo/planta. No solo, as atividades principais desses organismos são: decomposição da matéria orgânica, produção de húmus, ciclagem de nutrientes e energia, produção de complexos que causam agregação do solo, entre outros benefícios (HOFFMANN et al., 2009; MORSELLI, 2007; NASCIMENTO et al., 2007). O uso de diferentes coberturas vegetais e de práticas culturais parece atuar diretamente sobre a população da fauna do solo. 1.7. Respiração edáfica do solo No fluxo energético de um ecossistema do solo, grande parte da energia captada e transformada em energia química é liberada pela atividade metabólica das plantas. Uma fração dessa energia liberada provém da atividade respiratória das raízes das plantas. De acordo com Macfadyen (1970), pelo menos 50% do CO2 emanado do solo de uma comunidade vegetal têm origem na respiração das raízes. O restante provém das atividades da microflora e microfauna do solo (os decompositores) e dos pequenos invertebrados que atuam também na degradação da matéria orgânica (os detritívoros) (GRISI, 1978). 37 Segundo Schienter e Cleve (1985) o processo de desprendimento do CO2 do solo na sua superfície, surge basicamente através de três fontes metabólicas que seriam a respiração microbiana, a respiração das raízes e a respiração de outros organismos que compõe a mesofauna e macrofauna. Para Killham (1994), a biota do solo pode ser limitada por características como estrutura e textura do próprio solo, o que segundo Bastos et al., (2004) vai afetar diretamente a respiração edáfica. A respiração edáfica é o CO2 liberado tanto pela atividade dos microrganismos quanto pelo resultante da respiração do sistema radicular dos vegetais de uma área (POGGIANI et al., 1977). É a soma total de todas as atividades metabólicas em que o CO2 é produzido, podendo ser utilizado como índice para monitorar as respostas dos ecossistemas aos distúrbios (BEHERA et al., 1990). Vários fatores incluindo temperatura, umidade, profundidade do solo, aeração e populações microbianas determinam a taxa de fluxo de CO2 para a superfície do solo (SILVA et al., 2006). Dentre os fatores citados, a temperatura do solo é a que mais contribui para o aumento de CO2. Para Bley Jr. (1999), a respiração do solo eleva-se com a temperatura, e para determinada temperatura ela é maior em condições de umidade ótima. As interações que existem entre CO2, temperatura, fotossíntese, umidade do solo e disponibilidade de nutrientes disponíveis para as plantas, podem determinar não somente a estrutura e composição da planta e comunidades microbianas, como também o tamanho e modificação dos reservatórios de C no solo (TATE e ROSS, 1997). O preparo do solo em combinação com outras práticas de manejo e com a ação da temperatura e umidade influenciam a taxa de emissão de C-CO2 para a atmosfera (FRANZLUEBBERS et al., 1995). A evolução do CO2, como medição da respiração, representa a taxa de decomposição total, uma vez que o CO2 é liberado durante a biodegradação aeróbica da maioria das substâncias orgânicas (SKAMBRAKS e ZIMMER, 1998). Estudos de cinética da respiração edáfica ajudam explicar muitos processos que ocorrem no solo e são de fundamental importância para a recuperação de áreas degradadas (SOUTO et al., 2009). A estimativa através da liberação de CO2 mostra-se indicada como uma das ferramentas para avaliar a recuperação de áreas degradadas, pelo seu baixo custo, eficiência e por indicar mudanças rapidamente (PASSIANOTO et al., 2001). 38 A respiração do solo pode ser mensurada no campo em condições naturais, ou em laboratório, nos quais são adequados para o estudo da atividade microbiana, por respiração do solo. (ASSIS JÚNIOR et al., 2003). A localização da mensuração dependerá dos objetivos do experimento. A determinação da respiração do solo no campo tem sido usada para avaliar a atividade geral da biomassa do solo, destacando-se a influência do clima, as propriedades físicas e químicas do solo e as práticas agrícolas. Também são observadas estimativas da mineralização e estabilização do C quando relacionadas ao tipo de matéria orgânica e a sua taxa de adição sobre ou dentro do solo. O objetivo de muitas destas medidas tem sido compreender o processo de mineralização e, portanto o ganho de nutrientes e carbono no solo, possibilitando que a matéria orgânica seja mais eficientemente utilizada e conservada (ANDERSON, 1982; PARKINSON e COLEMAN, 1991). Estudos têm mostrado que a taxa de respiração do solo é um indicador de atividade microbiana do solo, aumentando linearmente com a temperatura (BEKKU et al., 2003; SUBKE et al., 2003). Estes trabalhos consideraram que a produção do CO2 dentro do solo é basicamente um processo bioquímico e responde assim fortemente às variações de temperatura. Isso pode mudar com a idade da matéria orgânica, e também com a disponibilidade de água para as reações bioquímicas relevantes, (FANG e MONCRIEFF, 2001). 1.8. Florística e Fitossociologia na região semiárida O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado pela caatinga que se caracteriza por ser uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada (DRUMOND et al., 2000). Esta vegetação até pouco tempo era tida pouco diversa, sendo desvalorizada e muito pouco estudada. Na ultima década passou-se a estudar este tipo vegetacional mais detalhadamente e ainda hoje pouco se conhece das suas potencialidades. Segundo Queiroz (2004), a Paraíba apresenta predominantemente clima quente e seco, ocorrência de secas periódicas, baixa pluviosidade, alta temperatura media alta taxa de luminosidade, grande volume de evaporação e evapotranspiração. 39 Barbosa (1998) explica que um dos maiores problemas associados ao semiárido é o elevado grau de degradação ambiental. No qual é provocada principalmente pelo desmatamento destinado a ocupação de áreas com atividades agrícolas e de pecuária. O uso não planejado dos recursos oferecidos pelo Bioma Caatinga tem proporcionado à fragmentação da sua cobertura vegetal, restringindo sua distribuição a remanescentes que podem ser considerados refúgios para a biodiversidade local. Estudos sobre o levantamento florístico é listar as espécies vegetais e a família dos indivíduos ocorrentes em determinada área (CAVASSAN e MARTINS, 1989; SOUZA et al., 2009), enquanto a fitossociologia como ciência, busca conhecer as comunidades vegetal do ponto de vista florístico e estrutural (BROWN-BLANQUET, 1950). A determinação das comunidades vegetais é importante para se entender melhor a dinâmica das espécies no meio. Os estudos de florística e fitossociologia contribuem significativamente para o conhecimento das formações florestais, já que evidenciam a riqueza e a heterogeneidade dos ambientes amostrados. Segundo Sampaio et al. (1996) os estudos fitossociológicos contribuem para o conhecimento da estrutura das comunidades e de algumas populações, bem como o conhecimento da flora regional, subsidiando desta forma, o manejo, a recuperação e/ou conservação dos ecossistemas (NASCIMENTO, 2002). Portanto, o conhecimento de parâmetros como o número de espécies e famílias; percentagem de agregação (classificação do padrão dos indivíduos das espécies); diversidade avaliada através do índice de Shannon-Wiener (H’); dominância de Simpson (C) que mede a probabilidade de dois indivíduos selecionados ao acaso na amostra reportar-se à mesma espécie, com valor estimado de C variando de zero a um; cobertura, que se refere à percentagem da área de solo coberta pela vegetação; e a curva acumulativa de espécies (expressa em ordem real de amostragem nas parcelas), que permite avaliar a suficiência de amostragem do levantamento florístico. Existe uma grande quantidade de trabalhos em fitossociologia já realizados no semiárido do Nordeste, mais ainda falta muito para se conhecer a vegetação dessa região, havendo necessidade de continuar os levantamentos de espécies, determinando seus padrões de distribuição geográfica, abundância e suas relações com os fatores ambientais. 40 1.9. Bromatologia A caatinga consiste no tipo de vegetação predominante do semiárido brasileiro, onde está inserida grande variedade de espécies nativas, em sua maioria caducifólia de uso forrageiro, porém, essa utilização vem sendo exercida sem o devido conhecimento do potencial produtivo e quase nenhuma técnica de controle ambiental (DAMASCENO, 2007). Ainda segundo o mesmo autor, esta região apresenta evapotranspiração elevada, comprometendo a produção de massa verde, provocando escassez de forragem, em qualidade e quantidade, nas épocas secas, limitando a produtividade do rebanho. Assim, a falta de alimento volumoso vem causando fortes transtornos econômicos, gerando aflição e problemas sociais, aos agricultores e pecuaristas do semiárido. Na região Nordeste do Brasil existe uma diversidade extraordinária de plantas endêmicas e exóticas. Porém, a exploração predominante da caatinga tem sido precária, pois esta se encontra estagnada devido ao desaparecimento de muitas espécies de forrageiras herbáceas e ao desconhecimento dos potenciais forrageiros das mesmas (FILHO et al., 2011). Os animais apresentam maior preferencia pelo consumo de folhas e partes novas da planta, pois e nestas fracções que se encontram as maiores quantidades de nutrientes e os maiores coeficientes de digestibilidade. Sendo assim é muito importante que seja ofertada ao animal em pastejo, uma forragem com elevada proporção de folhas e possibilidade de seletividade. Os animais consomem as folhas e ramos finos (até 5 mm de diâmetro) no campo, porém é possível aproveitar ramos de até 10 mm de diâmetro (BAKKE et. al., 2010). Em termos forrageiros, a caatinga é muito rica e diversificada. Entre as diversas espécies, Drumond et al., (2000) destaca: o angico (Anadenanthera macrocarpa (Benth)), a catingueira, a catingueira-rasteira (Caesalpinia microphylla Mart.), a canafistula (Senna spectabilis var. excelsa (Sharad) H.S.Irwine & Barnely), a jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret), o sabiá (Mimosa caesalpinifolia (Benth.)) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), entre as espécies arbóreas; o mororó (Bauhinia sp.), o engorda-magro (Desmodium sp.), a marmelada-de-cavalo (Desmodium sp.), o feijão bravo (Capparis flexuosa L.), o matapasto (Senna sp.) e as urinárias (Zornia sp.), entre as espécies arbustivas e subarbustivas; e as mucunãs (Stylozobium 41 sp.) e as cunhãs (Centrosema sp.), entre as lianas e rasteiras. Destacam-se como frutíferas, o umbu (Spondias tuberosa Arruda), araticum (Annona glabra L., A. coriacea Mart., A. spinescens Mart.), mangaba (Hancornia speciosa Gomez), jatobá (Hymenaea spp.), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), murici (Byrsonima spp.), e o licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.), que são exploradas de forma extrativista pela população local, sem qualquer técnica de cultivo. A finalidade da bromatologia é estudar os alimentos, sua composição química, sua ação no organismo, seu valor alimentício e calórico, suas propriedades físicas, químicas, toxicológicas. Química bromatológica estuda a composição química dos alimentos, bem como suas características de aptidão para o seu consumo. Importante conhecer técnicas e métodos adequados que permitam conhecer a composição centesimal dos alimentos, ou seja, determinar o percentual de umidade, minerais, proteínas, lipídeos, fibras e carboidratos, que permitam o cálculo do volume calórico do alimento. A avaliação químico-bromatológica de uma planta é importante por fornecer uma descrição dos compostos que a formam, e assim oferecer um direcionamento quanto às propriedades biológicas e/ou forrageiras das mesmas. Necessita de atenção a seus resultados, que podem ser influenciados por fatores como: método de colheita da planta, processamento e armazenamento, idade da planta (COSTA, 2004). As análises clássicas comumente realizadas visam obter informações, como o teor de Matéria Seca (MS), Cinza ou Matéria Mineral (MM), Proteína Bruta (PB), Extrato Etéreo (EE), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA). Vários trabalhos atestam que os taninos presentes nas forrageiras podem ter importantes consequências nutricionais para os ruminantes, contudo, os métodos tradicionais de análise de alimentos não incluem avaliação de taninos e, em função disso, pouco se sabe a respeito da natureza desses compostos nas espécies forrageiras tropicais. A quantidade de taninos sintetizados pela planta depende da espécie, cultivar, tecido, estágio de desenvolvimento e condições ambientais. Os taninos presentes nas forrageiras possuem efeitos positivos e negativos sobre o valor nutricional das mesmas. 42 3.0. Referências Bibliográficas ALCOFORADO FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica Brasílica, v. 17, n. 2, p. 287-303, 2003. ANDERSON, J. P. E.; Soil respiration. In: PAGE, A. L. (Ed.) Methods of soil analysis. 2.ed. Part 2. Madison: ASA/SSSA, 1982. p. 831-871. ANDERSON, J.M. Why should we care about soil fauna? Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 44, p.835-842, 2009. ANDRADE, A. P.; SOUZA, E. S.; SILVA, D. S.; SILVA, I. F.; LIMA, J. R. S. Produção animal no bioma caatinga: Paradigmas dos “pulsos-reservas”. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 43. Anais... Suplemento especial da Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35. 2006. ANDRADE, A. P.; COSTA, R. G.; SANTOS, E. M.; SILVA, D. S. Produção animal no semiárido: o desafio de disponibilizar forragem, em quantidade e com qualidade, na estação seca. Tecnologia e Ciência Agropecuária, João Pessoa, v.4, n.4, p.01-14, 2010. AQUINO, A.M.; SILVA, R.F.; MERCANTE, F.M.; CORREIA, M.E.F.; GUIMARÃES, M. de F.; LAVELLE, P. Invertebrate soil macrofauna under different ground cover plants in the no-till system in the Cerrado. European Journal of Soil Biology, v. 44, p.191-197, 2008. ASSIS JÚNIOR, S. L.; ZANUNCIO, J. C.; KASUYA, M. C. M.; COUTO, L.; MELIDO, R. C. N. Atividade microbiana do solo em sistemas agroflorestais, monoculturas, mata natural e área desmatada. Revista Árvore, v. 27, n. 1, p.35-41, 2003. BAKKE, O. A.; PEREIRA FILHO, J. M.; BAKKE, I. A.; CORDÃO, M. A. Produção e utilização da forragem espécies lenhosas da Caatinga. Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da Caatinga. Brasília/DF. 2010. p.160-179. BALME, M.; VISCHEL, T.; LEBEL, T.; PEUGEOT, C.; GALLE, S. Assessing the water balance in the Sahel: Impact of small scale rainfall variability on runoff. Part 1: Rainfall variability analysis. Journal of Hydrology, v. 33, p.336-348, 2006. BARBOSA, C.B. Estabilidade de comunidades ribeirinhas no semiárido brasileiro. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 1998. 43 BARETTA, D.; SANTOS, J. C. P.; BERTOL, I.; ALVES, M. V.; MANFOI, A. F.; BARETTA, C. R. D. M. Efeito do cultivo do solo sobre a diversidade da fauna edáfica no planalto sul catarinense. Revista de Ciência Agroveterinárias, v.5, n.2, p.108-117, 2006; BARROS, E.; CURMI, P.; LAVELLE, P. The role of macrofauna in the transformation and reversibility of soil structure of oxisol in the process of forest to pasture conversion. Geoderma , v.100, p.193-213. 2001. BASTOS, A. L.; OLIVEIRA, J. U. L.; MOURA, M. F..; SOUTO, J. S. Decomposição de matéria orgânica e respiração do solo em área sob cultivo de milho (Zea mays L.) na Paraíba. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 26. 2004. Lages-SC. Anais..., 2004. CD-ROM. BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. A.; CAMARGO, F. A. O. Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, Cap.2, p.9-26. 1999; BENEDETTI, E. L; LASTA, E.F; ANTONIOLLI, Z.I; GIRACCA, M.N; MATIELO, F.L; WEBER, M.A. Meso e Macrofauna do solo na microbacia de Arroio Lino, Agudo/RS. IV Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo: Solos e Qualidade Ambiental. Resumo expandido. Porto Alegre-RS, 2002. BEHERA, N.; JOSHI, S. K.; PATI, D. P. Root contribution to total soil metabolism in a forest soil from Orissa, Índia. Forest Ecology and Management, v.36, n.1, p.125-134, 1990. BLEY JR., C. Erosão Solar: riscos para a agricultura nos trópicos. Ciência Hoje, v.25, n.148, p.24-29, 1999. BEKKU, Y. S.; NAKATSUBO T.; KUME, A.; ADACHI, M.; KOIZUMI, H. Effect of warming on the temperature dependence of soil respiration rate in artic, temperature and tropical soils. Applied Soil Ecology. v. 22 , p.205-210, 2003. BÖHM, G. B.; MORSELLI, T. B.; PIGOSSO, G.; TRICHEZ, D. ROMBALDI, C. V. Métodos de Controle de Plantas Concorrentes sobre a Mesofauna de Planossolo Cultivado com Soja BRS 244 RR. In: XXXI Congresso brasileiro de ciência do solo, Gramado. Anais...Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. BROWN-BLANQUET, J. Sociologia vegetal: estudio de las comunidades vegetales. Buenos Aries: Acme, 1950. 44 p. BRUNETTIA, M.; MAUGERIB, M.; NANNIA, T. Changes in total precipitation, rainy days and extreme events in northeastern Italy. International Journal of Climatology, v.21, p.861–871, 2001. CANTO, A. C. Alterações da mesofauna do solo causadas pelo uso de cobertura com plantas leguminosas na Amazônia central. p.79-94, 1996. 44 CAVASSAN, O.; MARTINS, R. F. Estudos florísticos e fitossociológicos em áreas de vegetação nativa no município de Bauru, SP. Salusvita, v. 8, n. 1, p. 41-47, 1989. CHIMNER, R. A. Soil respiration rates of tropical peatlands in Micronesia and Hawaii. Wetlands, v.24, n.1, p.51-56, 2004. CORREIA, M.E.F.; ANDRADE, A.G. Formação da serapilheira e ciclagem de nutrientes. In: SANTOS, G.A. e CAMARGO, F.A.O. eds. Fundamentos da matéria orgânica do solo: Ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre, Gênesis, 1999. p.197-225. CORREIA, M. E. F. Potencial de utilização dos atributos das comunidades de fauna do solo e de grupos chave de invertebrados como bioindicadores do manejo de ecossistemas. Seropédica, Embrapa Agrobiologia, 2002. 23 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 157). CORREIA, M. E. F. e OLIVEIRA, L. C. M. Importância da fauna para a ciclagem de nutrientes. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. Processos biológicos no sistema soloplanta: ferramentas para a agricultura sustentável. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p. 77-99, 2005. COSTA, M. L. Análise de alimentos. Rehagro. (2004). http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=473 06.07.11. Disponível acessado em: em: DAMASCENO, M. M. Composição bromatológica de forragem de espécies arbóreas da caatinga paraibana em diferentes altitudes. Patos: UFCG, 2007. 61p. Dissertação de mestrado. DECÄENS, T.; LAVELLE, P.; JIMÉNEZ, J.J.; ESCOBAR, G.; RIPPSTEIN, G.; SCHNEIDMADL, J.; SANZ, J.I.; HOYOS, P.; THOMAS, R.J. Impacto del uso de la tierra en la macrofauna del suelo de los Llanos Orientales de Colombia. In: JIMÉNEZ, J.J.; THOMAS, R.J. (Ed.). El arado natural: las comunidades de macroinvertebrados del suelo en las savanas neotropicales de Colombia. Cali, Colombia: Centro Internacional de Agricultura Tropical, 2003. p.21-45. (Publicación CIAT, 336). DIAS, A.; GATIBONI, L. C.; WILDNER, L. do P.; BIANZI, D.; BIANCHET, F. J.; LORENTZ, L. H. Modificações na abundância e diversidade da fauna edáfica durante a decomposição da palhada de aveia, centeio e ervilhaca em sistema plantio direto. In: XXXI Congresso brasileiro de ciência do solo, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. DINPASHOH, Y.; FAKHERI-FARD, A.; MOGHADDAM, M.; JAHANBAKHSH, S.; MIRNIA, M. Selection of variables for the purpose of regionalization of Iran’s precipitation climate using multivariate methods. Journal of Hydrology, v.297, p.109123, 2004. 45 DOORAN, J. W.; JONES, A.J. Methods for Assessing Soil Quality. SSSA Special Publication n. 49. Madison: Soil Science Society of America, 1996. 410p. DRUMOND, M.A.; KILL, L.H.P.; LIMA, P.C.F.; OLIVEIRA, M.C. de; OLIVEIRA, V.R. de; ALBUQUERQUE, S.G. de; NASCIMENTO, C.E. de S.; CAVALCANTI, J. Estratégias para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Caatinga. In: Avaliação e identificações de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade do bioma caatinga. Seminário “Biodiversidade da Caatinga”, realizado em Petrolina; Pernambuco, na Embrapa Semiárido, maio 2000. DUARTE, M.M. Abundância de microartrópodes do solo em fragmentos de mata com araucária no sul do Brasil. Iheringia, Série Zoológica, Porto Alegre, v. 94, n.2, p.163169, 2004. FANG, C. e MONCCRIEFF, J. B. The dependence of soil CO2 efflux on temperature. Soil Biology and Biochemistry. v. 33, p. 155-165, 2001. FARIA, G.E.; BARROS, N.F.; SILVA, I.R.; NOVAIS, R.F.; PAIVA, A.O. Carbono orgânico total e frações da matéria orgânica em diferentes distancias da cepa de eucalipto. Cerne, Lavras, v.14, p.259-266, 2008. FERNANDES, A. Fitogeografia brasileira. 2ed. Fortaleza: Multigraf. 2000. 341 p. FRANZLUEBBERS, A.J.; HONS, F.M. e ZUBERER, D.A. Tillage-induced seasonal changes in soil physical properties affecting soil CO2 evolution under intensive cropping. Soil Till. Res., v. 34, p.41-60, 1995. FILHO, N. M. R.; FLORÊNCIO, I. M.; BRITO, A. C.; DANTAS, J. P.; CAVALCANTI, M. T. Avaliação nutricional de raízes de faveleira e cenoura em períodos equidistantes de coleta. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. v. 13, n. 2, p. 169-175, 2011. GIRACCA, E. M. N.; ANTONIOLLI, Z. I.; ELTZ, F. L. F.; BENEDETTI, E.; LASTA, E.; VENTURINI, S.F.; VENTURINI, E. F.; BENEDETTI, T. Levantamento da meso e macrofauna do solo na microbacia do Arroio Lino, Agudo/RS. Revista Brasileira de Agrociência, v. 9, n. 3, p. 257-261, 2003. GIULIETTI, A.M.; NETA, A.L.B.; CASTRO A.A.J.F.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L.; SAMPAIO, E.V.S.B.; VIRGÍNIO J.F.; QUEIROZ L.P.; FIGUEIREDO, M.A.; RODAL, M.J.N.; BARBOSA, M.R.V.; HARLEY, R.M. 2004. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M. e FONSECA, M.T. (Orgs.). GRAEF, F.; HAIGIS, J. Spatial and temporal rainfall variability in the sahel and it’s effects on for men management strategies. Journal of Arid Environments, v. 48, p. 221-231, 2001. 46 GRISI, B. M. Método químico de medição de respiração edáfica: alguns aspectos técnicos. Ciência e Cultura, v. 30, n. 1, p. 82-88. 1978. HILLEL, D. Environmental Soil Physics. Academic Press. 1998. 770p. HOFFMANN, R. B. et al. Diversidade da mesofauna edáfica como biondicadora para o manejo do solo em Areia, Paraíba, Brasil. Revista Caatinga, v. 22, n. 3, p. 121-125, 2009. HOWARD, D. M.; HOWARD, P. J. A. Relationships between CO2 evolution, moisturecontent and temperature for a range of soil types. Soil Biology and Biochemistry, v. 25, n. 11, p. 1537-1546, 1993. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 92 p. (Série manuais técnicos em geociências, 1). JORGE, J.A. Física e manejo dos solos tropicais. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola: Campinas, 1985. 328p. KILLHAM, K. Soil ecology. London: Cambridge University Press, 1994. 242p. KIRSCHBAUM, M. U. F. The temperature dependence of soil organic-matter decomposition, and the effect of global warming on soil organic-C storage. Soil Biology and Biochemistry, v. 27, n. 6, p. 753-760, 1995. LAVELLE, P.; DANGERFIELD, M.; FRAGOSO, C.; ESCHENBRENNER, V.; LOPEZ, HERNANDEZ, D.; PASHANASI, B.; BRUSSARD, L. The relationship between soil macrofauna and tropical soil fertility. In: WOOMER, P.L.; SWIFT, M.J., The Biological Management of Tropical Soil Fertility. New York: Wiley-Sayce Publication, 1994. p. 137-169. LAVELLE, P.; BIGNEL, D.; LEPAGE, M.; WOLTERS, V.; ROGER, P.; INESON, P.; HEAL, O.W.; DHILLION, S. Soil function in a changing world: the role of invertebrate ecosystem engineers, European Journal Soil Biology, v. 33, p. 159-193, 1997. LAVELLE, P.; DECÃENS, T.; AUBERT, M.; BAROT, S.; BLOUIN, M.; BUREAU, F.; MARGERIE, P.; MORA, P.; ROSSI, J. P. Soil invertebrates and ecosystem services. European Journal of Soil Biology v. 42, p. S3-S15, 2006. LEIVAS, F. W. T e FISCHER, M.L. Avaliação da composição de invertebrados terrestres em uma área rural localizada no município de Campina Grande do Sul, Paraná, Brasil. Biotemas, v. 21, n. 1, p. 65-73, 2008. LIBARDI, P. L. Dinâmica da água no solo. 2ed. Piracicaba: FEALQ, 2004, 509p. LIMA, A. A.; LIMA, W.L.; BERBARA, R. L. L. Diversidade da mesofauna de solo em sistemas de produção agroecológica. . In: CONGRESSO BRASILEIRO DE 47 AGROECOLOGIA, 1, 2003. Porto EMATER/RSASCAR, 2003. CD-ROM. Alegre. Anais... Porto Alegre: MACFADYEN, A. Soil metaholism in relation to ecosystem energy flow and to pdmary and secondary production. In Methods of study in soil ecology. Proceedings of the Paris Symposium. Paris: UNESCO, 1970. p. 167-172. MAGDOFF, F. Building Soils for Better Crops: Organic Matter Management. Lincoln: Univ. of Negraska Press, 1992. 433p. MELO, L.A.S.; LIGO, M.A.V. Amostragem de solo e uso de "litterbags" na avaliação populacional de microartrópodos edáficos. Scientia Agricola Piracicaba, v.56, n.3, p.523-528, 1999. MELO, F. V.; BROWN, G. G.; CONSTANTINO, R.; LOUZADA, J. N.C.; LUIZÃO, F. J.; MORAIS, J. W.; ZANETTI, R. A. A importância da meso e macrofauna do solo na fertilidade e como biondicadores. Boletim Informativo da SBCS, jan.-abr. 2009. Disponível em <http://sbcs.solos.ufv.br/solos/boletins/biologia%20macrofauna.pdf.> Acesso em: 15 mar. 2010. MERCANTE, F.M., OTSUBO, A.A., SILVA, R.F., PEZARICO, C.R., LOPES, S.M. e NAPOLITANO, E.E. Macrofauna invertebrada do solo em cultivos de mandioca com diferentes coberturas vegetais. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004 (Embrapa Agropecuária Oeste. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 2). MERLIM, A. O.; GUERRA, J. G. M.; JUNQUEIRA, R. M.; AQUINO, A. M. Soil macrofauna in cover crops of figs grown under organic management. Scientia Agricola, v. 62, p. 57-61, 2005. MODARRES, R.; SILVA, V. P. R. Rainfall trends in arid and semi-arid regions of Iran. Journal of Arid Environments, v. 70, p. 344-355, 2007. MORSELLI, T. B. G. A. Biologia do solo. Pelotas-RS: UFPel, (Apostila de acompanhamento de disciplina), 2007. 145p. MURTY, D.; KIRSCHBAUM, M. U. F.; MCMURTIE, R. E.; MCGILVREY, H. Does conversion of forest agricultural land change soil carbon and nitrogen? Areview of the literature. Global Change Biology, Oxford, v. 8, n. 2, p. 105-123, 2002. NASCIMENTO, I. S. Levantamento florístico e análise da estrutura fitossociológica do estrato arbóreo das matas ciliares ocorrentes na reserva ecológica estadual da Mata do Pau-Ferro – Areia, Paraíba. 2002. 47 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB, 2002. 48 NASCIMENTO, M. S. V.; HOFFMANN, R. B.; DINIZ, A. A.; ARAÚJO, L. H. A.; SOUTO, J. S. Diversidade da mesofauna edáfica como bioindicadora para o manejo do solo no brejo paraibano. In: XXXI Congresso brasileiro de ciência do solo, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2ª edição, 1989. 422p. NOY-MEIR, I. Desert ecosystems: environment and producers. Annual Reviews of Ecology and Systematics, v. 4, p. 25-51, 1973. OLIVEIRA, E. M.; SOUTO, J. S. Mesofauna edáfica como indicadora de áreas degradadas. Revista Verde de Agroecologia, v. 6, n. 1, p. 1-9. 2011. OADES, J.M. An Introduction to Organic Matter in mineral Soils. In: Mineral Environments.2a ed. SSSA Book Series n. 1. Madison: Soil Science Society of America, 1996. p. 89-159. OLIVEIRA E. M.; SOUTO, J. S. Mesofauna edáfica como indicadora de áreas degradadas. Revista Verde, v. 6, n. 1, p 01-09, 2011. ORTIZ-CEBALLOS, A.; FRAGOSO, C.; BROWN, G.G. Synergistic effect of a tropical earthworm Balanteodrilus pearsei and velvetbean Mucura pruriens var. utilis on maize growth and crop production. Applied Soil Ecology, v. 35, p. 356-362, 2007. PARKINSON, D.; COLEMAN, D. C. Methods for assessing soil microbial populations, activity and biomass-microbial communities, activity and biomass. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 34, p. 3-33, 1991. PASSIANOTO, C. C. et al. Atividade e biomassa microbiana no solo com a aplicação de dois diferentes lodos de curtume. Revista Brasileira de Agrociência, v.7, n 2, p.125-130, 2001. POGGIANI, F.; LIMA, W.P.; BALLONI, E.A.; NICOLELLO, N. Respiração edáfica em plantações de coníferas e folhosas exóticas em área de cerrado do estado de São Paulo. IPEF, v. 14, p. 129-148, 1977. PREVEDELLO, C.L. Física do solo com problemas resolvidos. Curitiba: SAEAFS, 1996. 446 p. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 1990. REYNOLDS, J. F., KEMP, P. R., OGLE, K. e FERNANDEZ, R.J. Modifying the ‘pulse reserve’ paradigm for deserts in North America: precipitation pulses, soil water, and plant responses. Oecologia, v. 141, p. 194–210, 2004. 49 ROBERTS, J. M. Effects of temperature on soil respiration: a brief overview. Wallingford: Center for Ecology and Hydrology, 2000. 45 p. RODRIGUES, A. Características da reprodução, crescimento, mortalidade e produção de leite em cabras Pardo Alemã, Anglonubiana e Sem Raça Definida (SRD) nos Cariris Paraibanos. Areia, PB: UFPB. 1998, 72p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB, 1998. SAMPAIO, E.; RODAL, M.J. Biodiversidade da caatinga, Disponível em: <http//www.biodiversitas.org/caatinga> , Acesso em: 12 jan. 2000. SAMPAIO, E. V. S. B.; MAYO, S. J.; BARBOSA, M. R. V. Pesquisa botânica nordestina: progresso e perspectivas. Recife: Sociedade Botânica do Brasil/ Seção Regional Pernambuco, 1996. 415 p. SANCHÉZ, S.; REINÉS, M. Papel de la macrofauna edáfica en los ecosistemas ganaderos. Pastos y Forrajes, v. 24, n. 3, p. 191-202, 2001. SAMPAIO, E.; RODAL, M.J. Biodiversidade da caatinga, Disponível em: http://www.biodiversitas.org.br/caatinga/ Acesso em: 17 março 2013. SCHIENTER, R. E. e CLEVER K. V. Relations hip between CO2, evolution from soil, substrate temperature, and substrate moisture in four nature florest types in interior Alaska. Canadian. Journal of Forest Research. p 97-106, 1985. SCURLOCK, J. M. O., and HALL, D. O. The global carbon sink: A grassland perspective, Global Change Biology, v.4, 229–233, 1998. SEASTEDT, T. R. The role of microarthropods in decomposition and mineralization processes. Annual Review of Entomology, v. 29, p. 25-46, 1984. SELESHI, Y.; ZANKE, U. Recent changes in rainfall and rainy days in Ethiopia. International Journal of Climatology, v. 24, p. 973-983, 2004. SILVA, V. P. R. On climate variability in Northeast of Brazil. Journal of Arid Environments, v. 58, p. 574-596, 2004. SILVA, D.S.; SILVA, A.M.A.; LIMA, A.B.; MELO, J. R. M. Exploração da Caatinga no Manejo Alimentar Sustentável de Pequenos Ruminantes. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Anais... Belo Horizonte, 2004. SILVA, V. DE P. R.; BELO FILHO, A. F.; SILVA, B. B.; CAMPOS, J. H. B. C. Desenvolvimento de um sistema de estimativa da evapotranspiração de referência. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 9, p. 547-553, 2005. SILVA, G. A. E.; SOUTO, J. S.; ARAUJO, J. L. Atividade microbiana em Luvissolo do semiárido da Paraíba após a incorporação de resíduos vegetais. Agropecuária Técnica, v.27, n.1, p.13–20, 2006. 50 SILVA, R.F.; TOMAZI, M.; PEZARICO, C.R.; AQUINO, A.M.; MERCANTE, F.M. Macrofauna invertebrada edáfica em cultivo de mandioca sob sistemas de cobertura do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, p. 865-871, 2007. SKAMBRACKS, D.; ZIMMER, M. Combined methods for the determination of microbial activity of leaf litter. European Journal Soil Biology, v. 34, n. 3, p.105-110, 1998. SOUTO, P.C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de organismos edáficos em área de Caatinga na Paraíba, Brasil. 2006. 150 f. Tese (Doutorado em Agronomia). Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia. SOUTO, P. C.; BAKKE, I. A.; SOUTO, J. S.; OLIVEIRA, V. M. Cinética da respiração edáfica em dois ambientes distintos no Semiárido da Paraíba, Brasil. Revista Caatinga, v. 22, n. 3, pp. 52-58, 2009. SOUZA, M. C. et al. Vascular flora of the Upper Paraná River floodplain. Brazilian Journal of Biology, v. 69, n. 2, p. 735-745. 2009. SUBKE, J. A.; REICHSTEIN, M.; TENHUNEN, J. D. Explaining temporal variation in soil CO2 efflux in mature spruce forest in Southern Germany. Soil Biology and Biochemistry, v. 35, p.1467-1483, 2003. SWIFT, M. J.; HEAL, O. W.; ANDERSON, J.M. Decomposition in terrestrial ecosystems. Oxford: Blackwell, 1979. 372p. (Studies in Ecology, 5). TATE, K. R.; ROSS, D. J. Elevated CO2 moisture effects on soil carbon storage and cycling in temperate grassland. Glob. Change Biology, v.3, p. 225-235, 1997. TIWARI, S. C.; TIWARI, B. K.; MISHRA, R. R. The influence of moisture regimes on the population and activity of soil-microorganisms. Plant and Soil, v. 101, n.1, p.133136, 1987. VELÁSQUEZ, E.; LAVELLE, P.; ANDRADE, M. GISQ, a multifunctional indicator of soil quality. Soil Biology and Biochemistry, v. 39, p. 3066-3080, 2007. WAGAI, R.; BRYE, K. R.; GOWER, S. T.; NORMAN, J. M.; BUNDY, L. G. Land use and environmental factors influencing soil surface CO2 flux and microbial biomass in natural and managed ecosystems in southern Wisconsin. Soil Biology and Biochemistry, v. 30, n. 12, p. 1501-1509, 1998. WINK, C.; GUEDES, J. V. C.; FAGUNDES, C. K.; ROVEDDER, A.P. Insetos edáficos como indicadores da qualidade ambiental. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 4, p. 60-71, 2005. 51 ZANCHI, F. B.; ROCHA, H. R.; KRUIJT, B.; CARDOSO, F. L.; DEUS, J. A.; AGUIAR, L. J. G. Medição do efluxo de CO2 do solo: monitoramento com câmaras automáticas sobre floresta e pastagem em Rondônia. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 6., 2003, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Ed. Betania, 2003. p. 631-632. ZANETTI, S. S.; OLIVEIRA, V. P. S.; PRUSKI, F. F. Validação do modelo Clima BR em relação ao número de dias chuvosos e à precipitação total diária. Engenharia Agrícola, v. 26, p. 96- 102, 2006. 52 CAPÍTULO 2 Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina Grande - PB 53 CAPÍTULO 2 Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina Grande - PB RESUMO A diversidade dos grupos da fauna edáfica permite compreender a funcionalidade destes organismos e a complexidade ecológica destas comunidades, assim como as modificações do clima e do manejo do solo exercem influência direta e indireta sobre os organismos podendo diminuir ou aumentar o número e a diversidade dos mesmos. Objetivou-se com este trabalho avaliar a diversidade e riqueza da macro e mesofauna edáfica no período chuvoso e seco, como indicadora da qualidade do solo na região semiárida. Foram realizadas avaliações durante o período de um ano (novembro 2010 a novembro de 2011) em uma área da caatinga. O experimento foi conduzido na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido – INSA/MCTI, localizado no município de Campina Grande, PB. As observações foram feitas em uma área de 20 ha, utilizando 20 pontos de coleta fixos. Para a avaliação da macrofauna, foram utilizadas armadilhas Provid contendo 200 mL de uma solução de detergente a uma concentração de 5% e 5 gotas de Formol P.A. onde permaneceram no campo por um período de quatro dias (96 horas). Para a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo + serrapilheira com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8 cm e altura = 3 cm) a 0-5 cm de profundidade. As amostras foram instaladas na bateria de extratores Berlese-Tullgren modificada por 96 horas exposta à luz. Para avaliação quantitativa da macro e mesofauna, foi mensurado o número total de organismos (abundância de espécies) e qualitativamente, mediante a diversidade. Os grupos predominantes da macrofauna do solo na área estudada foram: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina e Orthoptera no período seco, Hymenoptera, Acarina, Diptera, Araneae e Coleoptera no período chuvoso. O grupo que apresentou o menor índice de diversidade foi Hymenoptera, apresentando índice de Shannon (0,09) e (0,46), no período seco e chuvoso respectivamente. Em relação à mesofauna do solo os grupos dominantes na área estudada foram: Acarina, Collembola e Diptera no período seco e no período chuvoso se destacaram Acarina, Collembola e Protura indicando que esses organismos possuem papel importante na área de Caatinga. O grupo Acarina apresentou o índice de Shannon menor (0,10) e (0,09) para o período seco e chuvoso respectivamente, indicando que o período chuvoso mostrou-se mais expressivo. Palavras-chave - bioindicadores, índice diversidade, organismos do solo, semiárido brasileiro 54 CHAPTER 2 Diversity of soil fauna in an area of Caatinga in Campina Grande – PB ABSTRACT The diversity of soil fauna groups allows us to understand the functionality of these organisms and the ecological complexity of these communities, as well as the changes of climate and soil management exert direct and indirect influence on organisms may decrease or increase the number and diversity of them. The objective of this work was to assess the diversity and richness of macro and soil mesofauna in the rainy season and dry as an indicator of soil quality in the semiarid region. Evaluations were carried out during the period of one year (November 2010 to November 2011) in an area of Caatinga. The experiment was conducted at the Estação Experimental Lagoa Bonita/ Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, located in Campina Grande, PB. The observations were made in an area of 20 ha, using 20 fixed collection points. For the evaluation of macrofauna PROVID traps were used, containing 200 ml of a detergent solution to a concentration of 5 % formalin and 5 drops of PA in the field where they remained for a period of four days (96 hours). For soil mesofauna samples were collected from soil + litter with the use of metal rings (diameter = 4.8 cm and height = 3 cm) at 0-5 cm depth. The samples were installed in the battery of extractors modified Berlese - Tullgren for 96 hours exposed to light. For quantitative evaluation of macro and mesofauna was measured the total number of organisms (species abundance) and qualitatively by diversity. The predominant groups of soil macrofauna in the study area were: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina and Orthoptera in the dry, Hymenoptera, Acarina, Diptera, Coleoptera and Araneae in the rainy season. The group that had the lowest diversity index was Hymenoptera, featuring Shannon index (0.09) and (0.46) in the dry and rainy seasons respectively. Regarding the soil mesofauna dominant groups in the study area were: Acarina, Collembola and Diptera in the dry season and the rainy season stood out Acarina, Collembola and Protura indicating that these organisms have an important role in the area of Caatinga. The group presented the Acarina Shannon index lower (0.10) and (0.09) for the dry and rainy seasons, respectively, indicating that the rainy season was more expressive. Keywords – bioindicators, diversity index, soil organisms, Brazilian semiarid 55 1. Introdução Os invertebrados do solo são componentes importantes dos ecossistemas nativos e sensíveis às mudanças no hábitat (BROMHAM, CARDILHO e BANNET, 1999). A relação complexa desses animais com seus nichos ecológicos no solo, o fato que muitos deles são até certo ponto sedentários e a estabilidade da composição da comunidade, proporcionam bons pontos de partida para a bioindicação de mudanças nas propriedades do solo e dos impactos de atividades humanas. Muitos invertebrados são importantes no consumo e na decomposição da matéria orgânica, assim como constituem fonte alimentar para muitas outras espécies animais. Outros possuem grande variedade de poros e outras estruturas organo-minerais (macro-agregados, montículos e ninhos) que possuem o efeito de descompactar o solo, facilitando a infiltração da água, nutrientes em solução e oxigênio para as plantas. Muitos são predadores, com potencial para serem usados como controle biológico de pragas agrícolas (MOREIRA, SIQUEIRA E BRUSSAARD, 2008). De acordo com Taylor e Doran (2001), os invertebrados podem ser selecionados como indicadores ambientais, para serem monitorados de modo que as mudanças no ambiente possam ser detectadas ou ainda como indicadores ecológicos, para serem usados para avaliar o impacto das perturbações ambientais sobre as comunidades biológicas. Os invertebrados do solo são divididos em macro, meso e microfauna. A macrofauna do solo inclui os organismos invertebrados maiores que 10 mm de comprimento (LAVELLE et al., 1997) e/ou com diâmetro corporal maior que 2 mm (SWIFT et al., 1979) atuantes no conjunto serrapilheira solo em pelo menos um estágio do seu ciclo biológico completo. A macrofauna, além de muito afetada pelas práticas agrícolas (JONES et al., 2003; DECÄENS et al., 2004; EGGLETON et al., 2005; SANTOS et al., 2005), apresenta relação com as características físico-químicas e da matéria do solo (VELÁSQUEZ, 2004), podendo ser utilizada como indicadora da qualidade do solo, possibilitando uma avaliação rápida, fácil e econômica, o que a torna uma poderosa ferramenta na avaliação e monitoramento da qualidade do solo. A macrofauna invertebrada do solo desempenha um papel-chave no funcionamento do ecossistema, pois ocupa diversos níveis tróficos dentro da cadeia alimentar do solo e afeta a produção primária de maneira direta e indireta. Altera por 56 exemplo, as populações e atividade de microrganismos responsáveis pelos processos de mineralização e humificação e, em consequência, exerce influência sobre o ciclo de matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas (DECÄENS et al., 2003). A macrofauna pode ser também vetora de microrganismos simbióticos das plantas, como fixadores de nitrogênio e fungos micorrízicos, e é capaz de digerir, de maneira seletiva, microrganismos patogênicos (BROWN, 1995). Os organismos da macrofauna respondem às diversas intervenções antrópicas realizadas no ambiente (LAVELLE e SPAIN, 2001). Portanto, a densidade e a diversidade desses organismos, assim como a presença de determinados grupos específicos em um sistema, podem ser usadas como indicadores da qualidade dos solos (CHAUSSOD, 1996; TIAN et al., 1997; PAOLETTI, 1999; BARROS et al., 2003). A mesofauna segundo Crosley e Coleman (1999) e Lavelle et al., (2003), são invertebrados de 0,2 a 10 mm de comprimento e são formados por Collembola, Protura, Diplura, Symphyla, Acari, Pseudoscorpionida etc. A mesofauna grupo mais abundante e frequente, principalmente Acari e Collembola (FRANKLIN et al., 2001). De acordo Salvadori e Parra (1990), o desenvolvimento, reprodução e comportamento dos insetos são diretamente influenciados por vários fatores abióticos, entre eles a temperatura. Silveira Neto (1989) considera que a temperatura ótima para o desenvolvimento dos insetos, fica em torno de 25 °C. E a faixa ótima para o desenvolvimento e atividade dos insetos é de 15 até 38 °C. Para alguns insetos a temperatura atua sobre a quantidade de alimentos consumidos e sobre a fecundidade. O inseto se alimenta mais durante o dia que de noite abaixo de 25 °C, e mais durante a noite que de dia acima de 25 °C (DAJOZ, 1983). A umidade relativa do ar está diretamente ligada á chuva que o ambiente recebe. De um modo geral, ambientes muito úmidos ou muito secos diminuem a diversidade de insetos, permitindo que só as espécies mais adaptadas persistam no local (MURARI, 2005). O teor de umidade relativa constitui uma barreira à distribuição geográfica de várias espécies de insetos. Os efeitos da umidade relativa são frequentemente indiretos, pois se relacionam com o desenvolvimento de doenças causadas principalmente por fungos entomófagos, as quais se manifestam, sobretudo, em temperaturas elevadas. A umidade baixa associada á temperatura elevada, pode provocar a morte de insetos como consequência 57 da intensa desidratação (VIANA, 1999). Precipitações elevadas podem condicionar a existência de espécies de insetos, enquanto precipitações deficientes têm consequência nos seus hospedeiros. Objetivou-se com este trabalho avaliar a diversidade e riqueza da macro e mesofauna edáfica no período chuvoso e seco, como indicadora da qualidade do solo na região semiárida. 58 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização geral da área de estudo O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande, com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – Semiárido quente com chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1 e temperatura média do ar de 22,5 °C. Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006). A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas. 59 Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental. 2.3. Quantificação dos organismos da fauna edáfica 2.3.1. Macrofauna Na área experimental foram realizadas coletas bimestrais (novembro de 2010, janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011) da macrofauna invertebrada do solo, em 20 pontos de determinação, mediante utilização de armadilhas do tipo Provid (GIRACCA et al., 2003; FORNAZIER et al., 2007) constituída por garrafa PET com capacidade de 2L, contendo quatro orifícios com dimensões de 2,0 x 2,0 cm na altura de 20 cm de sua base, contendo 200 mL de uma solução de detergente a uma concentração de 5% e 5 gotas de Formol P.A. (Formaldeído) (Figura 2A). As armadilhas foram enterradas de modo que os orifícios ficassem ao nível da superfície do solo (Figura 2B) e foram mantidas no mesmo local para todas as coletas (ALMEIDA et al., 2007) permanecendo no campo por um período de quatro dias (96 horas) (DRESCHER et al., 2007). A B Figura 2. Armadilhas do tipo Provid com 200 mL de solução de detergente a 5% e 5 gotas de Formol P.A. (A) e armadilhas enterradas com os orifícios ao nível da superfície do solo (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010). 60 Posteriormente, as armadilhas foram recolhidas e o material coletado foi lavado em peneira de 0,25 mm (Figuras 3A e 3B) e com o auxílio de lupa e pinças, foi feita a contagem e identificação dos organismos da ordem dos grandes grupos taxonômicos. Os organismos encontrados com mais de 10 mm de comprimento ou com diâmetro corporal superior a 2 mm foram extraídos e armazenados numa solução de álcool a 70% (Figuras 3C). A B C Figura 3. Lavagem do material coletado em peneira de 0,25 mm (A e B) e armazenamento dos organismos numa solução de álcool 70% (C). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010). Na avaliação quantitativa da macrofauna, foi mensurado o número total de organismos (abundância de espécimes) e qualitativamente, mediante a diversidade. As comparações das comunidades dos diferentes tratamentos foram feitas mediante a utilização dos Índices de Diversidade de Shannon (H) e o Índice de Equitabilidade de Pielou (U). O índice de Shannon (H) foi calculado pela equação: H = - ∑pi . log pi em que: Pi = ni/N ni = Densidade de cada grupo; N = Σ ni. (1) 61 Esse índice assume valores que pode variar de 0 a 5, sendo que o declínio de seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em detrimento de outros (BEGON et al., 1996). O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de equitabilidade ou uniformidade, em que a uniformidade refere-se ao padrão de distribuição dos indivíduos entre as espécies, sendo definido por: e = H/log S em que: (2) H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos. 2.4. Quantificação de organismos do solo 2.4.1. Mesofauna Para determinar a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo + serrapilheira com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8 cm e altura = 3 cm). Esses anéis foram introduzidos no solo com sucessivos golpes de martelo, até que estes fossem totalmente preenchidos com solo (Figura 4A). Para retirar o anel do solo, foi utilizada uma espátula introduzida lateralmente. O excesso de solo foi retirado e, o anel posteriormente foi envolvido em dois discos de tecidos distintos, sendo um de tecido filó e outro de TNT (Tecido Não Texturizado) de coloração branca, em seguida foram acondicionadas cuidadosamente em bandejas plásticas, cobertas com sacos para minimizar as perdas de conteúdo de água do solo e de material. Durante todo o período seco, antes da retirada das amostras com o anel, a área foi umedecida, de modo a evitar que a amostra se desprendesse e, com isso venha prejudicar a extração dos organismos. Depois de coletada, as amostras foram levadas até a bateria de extratores Berlese-Tullgren modificado (Figura 4B) para a extração dos organismos constituintes da mesofauna do solo. Este método consiste na migração descendente dos insetos da amostra do solo, devido à elevação da temperatura provocada pela temperatura, na superfície do solo. Os insetos caíram no funil e 62 posteriormente no recipiente de vidro com capacidade para 240 mL, onde continha uma medida de 30 mL de solução de álcool etílico a 70%. A B Figura 4. Introdução dos anéis no solo (A), bateria de extratores Berlese-Tullgren modificado contendo recipientes de vidro com 30 ml de solução de álcool etílico a 70% (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010). O aparato de Berlese-Tullgren foi dividido em dois compartimentos, no compartimento superior deste aparato foram instalados os anéis com as amostras de solo e as lâmpadas de 25 W, enquanto que no compartimento inferior foram instalados os funis e os frascos de vidro com solução de álcool etílico para o recolhimento dos organismos. Todas as amostras foram mantidas no extrator por 96 horas expostas à luz e calor, com a temperatura na parte superior do anel atingindo 42 °C. Essa radiação emitida pelas lâmpadas, no decorrer de 96 horas fez com que o solo fosse secando progressivamente de forma descendente, forçando os organismos a migrarem para as camadas mais profundas da amostra de solo e em seguida para os funis e para os frascos receptores, devidamente identificados, contendo a solução. A bateria de extratores foi vedada com telas de náilon, para evitar que as luzes dos extratores atraíssem outros insetos durante o período noturno, o que poderia mascarar as informações. O conteúdo de cada frasco foi transferido para as placas de Petri e posteriormente foram feita a contagem e a identificação no nível de ordem dos organismos presentes em cada amostra, com o auxílio de uma lupa binocular. As análises foram feitas no Laboratório do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) em Campina Grande. A mesofauna do solo, com comprimento entre (0,2 - 2 63 mm) (SWIFT et al., 1979), foram avaliada quantitativamente através da abundância (número total de organismos) e qualitativamente, através da diversidade. Em seguida foram feitas comparações dos grupos utilizando o índice de diversidade de Shannon e o índice de equitabilidade de Pielou (e), de forma semelhante ao procedimento utilizado para quantificação da macrofauna do solo. 2.5. Determinações de carbono e matéria orgânica do solo 2.5.1. Carbono A determinação do carbono e matéria orgânica (g kg-1) nas unidades experimentais foi feita através de coletas de materiais de solo, bimestrais (novembro de 2010, janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011), na profundidade de 0-10 cm. Foram realizadas 20 amostras de solo próximo aos pontos onde foram instaladas as armadilhas da fauna edáfica. As amostras de solo foram coletadas (Figura 5A) e acondicionadas em sacos plásticos (Figura 5B). Em seguida, foram secas ao ar, destorroadas, passadas em peneira de malha 2 mm (Terra Fina Seca ao Ar – TFSA). As amostras foram analisadas no Laboratório de Nutrição do solo no Departamento de Agronomia da Universidade Federal da Paraíba. A B Figura 5. Coleta de amostras de solo a 10 cm de profundidade (A), com acondicionamento em sacos plásticos (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010). Inicialmente foram pesados 0,5 g de solo e colocado em erlenmeyer de 250 mL. Em seguida, foram adicionados 10 mL da solução de dicromato de potássio 0,4 N. 64 Na boca do erlenmeyer foram inserido funil de vidro, funcionando como condensador. Posteriormente, o erlenmeyer foi levado à placa elétrica para o aquecimento em fervura branda, durante cinco minutos (Figura 6A). Depois de frio, foram adicionados 80 mL de água destilada, 2 mL de ácido ortofosfórico e 3 gotas do indicador difenilamina, sendo titulado com solução de sulfato ferroso amoniacal 0,1 N até que a cor preta cedesse lugar a cor verde (Figura 6B). O volume gasto na titulação foi anotado para posterior cálculo. Foi feito uma prova em branco com 10 mL da solução de dicromato de potássio 0,4 N (EMBRAPA, 1997). A B Figura 6. Placa elétrica para aquecimento em fervura branda (A) e solução antes (cor preta) e após o processo de titulação (cor verde) (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010). Para calcular a quantidade de carbono orgânico total do solo na amostra foi utilizada a seguinte equação: TFSA = 0,06 x V (40 - Va x f) em g kg-1 em que: TFSA = Terra Fina Seca ao Ar; V = Volume de dicromato de potássio empregado (10 mL); Va = Volume de sulfato ferroso amoniacal que foi gasto na titulação da amostra; f = 40/volume de sulfato ferroso amoniacal que foi gasto na titulação do branco; 0,06 = Fator de correção, decorrente das alíquotas tomadas. (3) 65 2.5.2. Matéria orgânica Para determinar a matéria orgânica contida na amostra foi calculado por meio da equação: MO = C x 1,729 em g kg-1 (4) em que: MO = Matéria orgânica do solo; C = Carbono orgânico; 1,724 = Fator utilizado por se admitir que na composição média do húmus, o carbono participa com 58%. As determinações químicas foram feitas de acordo com a metodologia da EMBRAPA (1997) e foram realizadas no Laboratório de Solos do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Paraíba. 2.6. Conteúdo de água do solo Para avaliar o conteúdo de água do solo, em cada parcela amostral foram coletadas 20 amostras de solo bimestrais (novembro de 2010, janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011, na profundidade de 0-10 cm, que foram acondicionadas em latas de alumínio com peso conhecido (Figura 7A). As latas foram pesadas e levadas à estufa retilínea a uma temperatura de 105 ºC até atingir peso constante, durante um período de 24 horas (Figura 7B), seguindo a metodologia de Tedesco et al. (1995). Em seguida, foram transferidas para um dessecador até atingirem a temperatura ambiente e novamente pesadas e posteriormente foi determinada a percentagem de água existente. O conteúdo de água do solo foi determinado de acordo com a equação: U% = (Pu – Ps) / Ps x 100% em que: U = Conteúdo de água do solo; Pu = Peso do solo úmido; Ps = Peso do solo seco. (5) 66 A B Figura 7. Coleta de amostras de solo na profundidade de 0-10 cm (A) e secagem em estufa a 105 ºC durante 24 horas (B). 2.8. Análise estatística Para análise dos dados da macrofauna e mesofauna edáfica, foram analisados pela estatística descritiva e histograma. 67 3. Resultados e Discussões 3.1 Macrofauna do solo Após a triagem do material foram obtidos 8.586 indivíduos pertencentes a 20 grupos taxonômicos, sendo 16 grupos de organismos adultos e quatro grupos de larvas, já que se considerou a distinção entre adultos e larvas, devido às diferenças funcionais observadas nos estádios de vida destes organismos (Tabela 1). Os grupos de organismos mais representativos da macrofauna edáfica em ordem decrescente foram: Hymenoptera (64,35%), Diptera (14,30%), Acarina (11,38%), Araneae (3,72%), Orthoptera (2,19%) e Coleoptera (1,35%). Além desses, outros 14 grupos de organismos (adultos e/ou formas jovens) estiveram presentes na área estudada, com frequência inferior a 1% (Tabela 1). Tabela 1. Relação dos grupos encontrados de indivíduos em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Grupo Faunístico NI % Hymenoptera Diptera Acarina Araneae Orthoptera Coleoptera Thysanura Organismos não identificados Hemiptera Pseudoscorpiones Chilopoda Isoptera Diplopoda Blattodea Embioptera Mantoptera Lepidoptera Larva de diptera Larva de coleoptera Larva de lepidoptera Total 5.525 1.227 977 319 188 116 64 49 44 31 19 7 5 3 3 3 2 2 1 1 8.586 64,35 14,30 11,38 3,72 2,19 1,35 0,75 0,57 0,51 0,36 0,22 0,08 0,06 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,01 0,01 100 68 Com relação à riqueza (número de grupos taxonômicos) observou-se que o grupo taxonômico Hymenoptera foi o que apresentou os maiores números de indivíduos coletados na área com (64,35%) (Figura 8). Este grupo mostra-se relevante para a comunidade da fauna do solo, por outro lado, o hábito social e a repartição do trabalho entre classes os tornam apenas indicativo de sua atividade. Em seguida Diptera (14,30%) foi o segundo grupo dominante, esta proporção pode ser justificada pela alimentação dos indivíduos através de matéria orgânica em decomposição, além de outros hábitos alimentares como pragas e inimigos naturais de insetos. Posteriormente, o grupo Acarina também teve um boa representação (11,38%) entre os grupos estudados, sendo considerados, por Souto et al. (2008) como espécies dominantes. Os demais grupos tiveram uma menor representação no presente estudo. Número de Indivíduos (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo Faunístico Figura 8. Distribuição dos grupos taxonômicos da macrofauna do solo (%). Com relação à Frequência Absoluta (FA) e a Frequência Relativa (FR) observou-se que os valores mais expressivos correspondem aos grupos Hymenoptera, Diptera, Acarina, Araneae, Orthoptera e Coleoptera com (FA=100%; FR= 9,10) (Tabela 2). Houve grupos faunísticos que tiveram uma menor ocorrência, com apenas um indivíduo por área. Souto (2006) menciona que os grupos faunísticos que aparecem em 69 menor número, provavelmente estão restritos a ambientes mais favoráveis, mas, apesar disso, são de grande importância no processo de decomposição da matéria orgânica. Tabela 2. Frequência absoluta e relativa dos grupos da macrofauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Grupo Faunístico Área NI NP FA FR Hymenoptera 5.525 20 100 9,10 Diptera 1.227 20 100 9,10 Acarina 20 9,10 977 100 Araneae 20 9,10 319 100 Orthoptera 20 9,10 188 100 Coleoptera 20 116 100 9,10 Thysanura 16 64 80 7,27 Organismos não identificados 16 49 80 7,27 Hemiptera 8 44 40 3,63 Pseudoscorpiones 3 31 60 5,41 Chilopoda 8 19 40 3,63 Isoptera 5 7 40 3,63 Diplopoda 4 5 20 1,82 Blattodea 2 3 20 1,82 Embioptera 2 3 20 1,82 Mantoptera 3 3 20 1,82 Lepidoptera 1 2 20 1,82 Larva de diptera 1 2 20 1,82 Larva de lepidoptera 1 1 20 1,82 Larva de coleoptera 1 1 20 1,82 Total 8.586 191 1100 100 Sendo: NI = Nº de indivíduos; NP = Nº de parcelas de ocorrências; FA = Frequência absoluta; FR = Frequência relativa. Foi observada uma redução no número de organismos edáficos logo após a chuva torrencial, ocorrendo no mês de março (110 mm) e maio (276,87 mm), diminuindo a abundância para este último mês (Figura 9A e 9B). Provavelmente a redução dos grupos faunísticos, foi decorrente de possíveis mudanças nas condições de sobrevivência agravada pelos acréscimos de precipitação mensal, no qual foi superior ao que a área poderia suportar em um único dia, restando apenas os indivíduos mais adaptados a tais condições, já que estes indivíduos são encontrados mais na superfície do solo. Esse resultado está relacionado à grande sensibilidade da maior parte das espécies da macrofauna observadas às condições climáticas (NUNES et al., 2008). 70 Souto (2006) também constatou redução do número de indivíduos quando ocorreu um aumento de precipitação mensal. A Número de Indivíduos 3000 140 2500 120 100 2000 80 1500 60 1000 40 500 Precipitação Pluvial (mm) Número de Indivíduos Precipitação Pluvial 20 0 1 27 53 79 105 131 157 183 209 235 261 287 313 339 365 391 417 443 469 495 521 547 573 599 625 651 677 703 729 0 Tempo (Dias Juliano) B 25 2500 20 2000 15 1500 10 1000 5 500 0 Conteúdo de água do solo (%) Número de organismos 3000 0 Tempo (meses) Figura 9. Evolução dos grupos faunísticos da macrofauna do solo em relação à precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 71 Comparativamente, observa-se que o número total 5.446 de indivíduos no período seco foi superior aos 3.140 indivíduos no período chuvoso. No entanto, percebe-se que no período seco (novembro 2010, janeiro, setembro e novembro de 2011) foram identificados 16 grupos taxonômicos com predomínio de alguns grupos como (Hymenoptera, Diptera, Aranaea, Acarina e Orthoptera) e na época chuvosa (março, maio e julho 2011) foram identificados 17 grupos taxonômicos com dominância para os grupos em ordem decrescente (Hymenoptera, Acarina, Diptera, Aranaea e Coleoptera), (Figura 10). Período seco Período chuvoso 5000 Número de Indivíduos 4500 4443 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1082 836 811 1000 416 500 185 134 141 Araneae Acarina 108 80 16 100 Orthoptera Coleoptera 0 Hymenoptera Diptera Grupo Faunístico Figura 10. Distribuição dos grupos faunísticos da macrofauna do solo, no período seco e chuvoso, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. O maior número de indivíduos no período seco foi justamente daqueles que são mais adaptados a este período, pois na caatinga há uma dinâmica entre populações de organismos que predominam no período seco e outros que predominam no período chuvoso. De acordo com Lee (1994), os organismos da macrofauna edáfica apresentam comportamento sazonal ou são ativos apenas em determinados períodos do ano. Podem também apresentar caráter oportunista, explorando condições favoráveis do solo para aumentarem rapidamente suas populações, as quais podem, logo em seguida, serem diminuídas novamente (LEE, 1994). Em ambos os períodos estudados podem ser observados a dominância do grupo Hymenoptera. Segundo Wink et al. (2005) as formigas são o grupo taxonômico 72 dominante na maioria dos ecossistemas, estando presentes nos mais diferentes habitats. As formigas são relatadas frequentemente como o grupo mais abundante no solo, é considerada um dos principais agentes na fragmentação da serrapilheira e na incorporação da matéria orgânica no solo, sendo responsáveis pela aeração do solo, aumentando a infiltração e as trocas gasosas. A predominância do grupo Hymenoptera na caatinga foi também apresentada por Araújo et al. (2009), Rodrigues et al. (2007) e Souto et al. (2008). Esses insetos se caracterizam por serem sociais e possuírem grande resistência às variações climáticas, o que pode explicar a ocorrência mais constante (TOLEDO, 2003). O teor de carbono total e matéria orgânica presente no solo influenciam na presença dos organismos edáficos (Tabela 3). Este fato demonstra como as características químicas podem ocasionar ao longo do tempo, e a vegetação influenciou diretamente nas propriedades do solo, sendo que o teor de matéria orgânica diminui a partir do momento que ocorre uma elevação do grau de antropização de uma área que anteriormente se encontrava em equilíbrio ambiental. Tabela 3. Teores de carbono e matéria orgânica do solo (g Kg-1) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Macrofauna Carbono total do solo Matéria Orgânica Meses -1 (g kg ) (g kg -1) 2.756 Novembro 2010 7,1 12,1 1.674 Janeiro 2011 9,4 16,2 690 Março 2011 7,8 13,4 1.445 Maio 2011 4,5 7,8 1.015 Julho 2011 6,5 11,2 540 Setembro 2011 10,5 18,2 466 Novembro 2011 12,0 20,7 Os teores de CO e MO mais elevados podem estar relacionado ao maior tempo de cobertura da área. Além disso, o fato de não ter ocorrido desmatamento, possibilitou um tempo de acúmulo de carbono, pelo aporte de serrapilheira. O conteúdo de carbono orgânico e de matéria orgânica do solo tem uma relação direta com a idade da cobertura vegetal. 73 3.1.1. Índice de diversidade e uniformidade Os valores da diversidade biológica foram avaliados através do índice de Shannon (H) e Pielou (e), que são utilizados para identificar o domínio dos grupos faunísticos na área do presente estudo. O grupo Hymenoptera apresentou o menor índice de diversidade em comparação aos demais grupos avaliados, com os valores de (0,46) e (0,09), no período chuvoso e seco, respectivamente, mostrando-se o grupo dominante (Tabela 4). Quanto menor for o valor do índice de Shannon, menor o grau de incerteza e, portanto, a diversidade da amostra é baixa. A diversidade tende a ser mais alta quanto maior o valor do índice. Dados semelhantes foram encontrados por Souto et al. (2008) trabalhando em uma área do município de Santa Terezinha, Paraíba, verificaram que no período de setembro a novembro de 2007 (época seca) e de março a maio de 2008 (época chuvosa) onde a maior diversidade e dominância da macrofauna foram do grupo Hymenoptera. Correia et al. (2009) trabalhando em áreas com cultivo de Malpighiae marginata DC. (acerola), Manihot esculenta (mandioca) e uma área de mata obtiveram o predomínio do grupo Hymenoptera nos períodos seco e chuvoso. Outros grupos que mostraram expressividade foram os grupos Araneae e Acarina durante o período chuvoso e Diptera no período de estiagem são uma evidência que a alta densidade de indivíduos reduziu a diversidade no ecossistema. A maior abundância desses insetos reduziu a uniformidade (e), confirmando a acentuada dominância desses organismos nas amostragens realizadas e, portanto, reduzindo a equitabilidade, uma vez que a diversidade de espécies está associada a uma relação entre o número de espécies (riqueza) e a distribuição do número de indivíduos entre as espécies (equitabilidade) (MOÇO et al., 2005). 74 Tabela 4. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou (e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Período Chuvoso Período Seco Grupo faunístico H e H e Hymenoptera 0.46 0.38 0.09 0.07 Araneae 0.57 0.47 1.47 1.22 Acarina 0.59 0.48 1.59 1.32 Diptera 1.37 1.11 1.12 0.93 Coleoptera 1.50 1.22 2.53 2.10 Orthoptera 1.59 1.30 1.70 1.41 Organismos não identificados 2.02 1.64 2.46 2.04 Thysanura 2.03 1.65 2.19 1.82 Pseudoescorpiones 2.20 1.78 2.69 2.24 Hemiptera 2.89 2.35 2.13 1.77 Isoptera 2.89 2.35 3.26 2.71 Chilopoda 3.02 2.45 2.53 2.10 Montoptera 3.20 2.60 3.74 3.10 Larva de diptera 3.20 2.60 . . Larva de Lepidoptera 3.50 2.84 . . Blattodea 3.50 2.84 3.43 2.85 Odonata 3.50 2.84 . . Embioptera . . 3.26 2.71 Lepidoptera . . 3.43 2.85 3.1.2. Análise de Agrupamento para a Macrofauna Edáfica A análise de agrupamento evidencia a similaridade dos grupos faunísticos em relação à abundância por meio da distância mediana entre os números de organismos capturados por m2 de cada grupo ou classe taxonômica. Nas Figuras 11A e 11B podem ser visualizados os dendrogramas obtidos pela análise de agrupamento, onde os números nos eixos verticais representam a “Distância Euclidiana” reescalada de 0 a 8 e no eixo horizontal a abundância dos principais grupos taxonômicos da fauna edáfica (organismos capturados/armadilha) que geraram os agrupamentos. A caracterização do arranjo interno da comunidade da macrofauna edáfica, avaliada pela análise de agrupamento, evidenciou para o período seco e chuvoso que o grupo Hymenoptera foi o de maior distância de ligação, em relação aos demais grupos do dendrograma, e que os grupos com menor frequência relativa foi de grande similaridade entre si. Dados semelhantes foram encontrados por (Correia et al., 2009), no período seco para o grupo Hymenoptera. 75 A B Figura 11. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da macrofauna no período seco e chuvoso (A e B) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 76 As formigas se adaptam, facilmente, às condições locais, podendo haver predomínio de uma ou poucas espécies. A ocorrência ampla, associada à variedade de hábitos alimentares, confere a esses organismos o potencial de atuar como eficientes polinizadores, dispersores de sementes, detritívoros e predadores, participando, ativamente, do equilíbrio dinâmico de agroecossistemas conservacionistas (LOBRY de BRUYN, 1999). A estrutura das comunidades das formigas é fundamental em estudo de impacto ambiental, por manter e restaurar a qualidade do solo. Outro grupo que apresentou maior distância de ligação foi Diptera, ocorrendo maior similaridade com os grupos de menor frequência relativa. 3.2. Mesofauna do solo Foram coletadas 20 amostras de solo + serapilheira bimestral onde delas foram extraídos 591 indivíduos nos dois períodos avaliados chuvoso e seco, distribuídos em 10 grupos faunísticos (Tabela 5 e Figura 12A a 12H). Observou-se um predomínio do grupo Acarina na área de estudo (77,66%) seguida do grupo Collembola (12,69%), nos períodos avaliados e os demais grupos apresentaram número reduzido de indivíduos. Tabela 5. Número total e percentagem de indivíduos coletados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Grupo Faunístico NI % Acarina Collembola Diptera Psocoptera Organismos não identificados Protura Diplura Larva de diptera Larva de Coleoptera Coleoptera Total NI = Número de Indivíduos 459 75 22 11 8 6 3 3 3 1 591 77,66 12,69 3,72 1,86 1,35 1,02 0,51 0,51 0,51 0,17 100 77 A B C D E F G H Figura 12. Representantes de Ordens da mesofauna edáfica encontrados em amostra de solo mais serrapilheira, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB: Acarina (A); Collembola (B); Coleoptera (C); Diptera (D); Diplura (E); Psocoptera (F); Larva de Coleoptera (G); Larva de Diptera (H). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2011). 78 A expressividade dos grupos Acarina e Collembola servem de indicador da condição biológica do solo, pela sensibilidade às condições ambientais (DAMÉ et al., 1996). Esses organismos melhoram o solo, especialmente no que diz respeito à mobilização de nutrientes, através das enzimas e o melhoramento da estrutura, através da ativação da microvida (PRIMAVESI, 1990). Além disso, desempenham papel determinante em processos edáficos, tais como: ciclagem de nutrientes, decomposição da matéria orgânica, melhoria de atributos físicos como agregação, porosidade, infiltração de água e no funcionamento biológico do solo (SANGINGA et al., 1992). Comparando-se os períodos seco e chuvoso, registrou-se baixo número de indivíduos da mesofauna no período de estiagem (Figura 13), provavelmente devido aos baixos índices pluviométricos. Dados semelhantes foram encontrados por Souto et al. (2008) e Araújo et al. (2009). Souto et al. (2008) afirmam que no período seco, os organismos que restam são os mais adaptados às condições de escassez e de alimento, bem como temperaturas elevadas no solo. Para Primavesi (1999), a densidade de seres vivos no solo é determinada pela quantidade de alimento existente no local. Assim, com a redução da disponibilidade de alimento ocorrerá uma diminuição da presença de alguns grupos encontrados na área. Os grupos faunísticos que apresentaram maior ocorrência no período seco foram: Acarina, Diptera e Collembola, os demais apareceram em menor número, possivelmente, devido a características que estes indivíduos possuem para viver naquele determinado ambiente. Souto et al. (2008) explicam que seja provável que o grupo Diptera seja resistente e perfeitamente adaptados às condições de altas temperaturas. Rovedder et al. (2004) observaram que a redução da precipitação pluvial provocou uma redução do número de organismos do solo, uma vez que a escassez do conteúdo de água no solo restringe processos metabólicos e aumenta a taxa de mortalidade em ordens mais sensíveis como Collembola. Dados semelhantes foram constatados por Vitti et al. (2004), ao verificarem que esses elementos influenciaram diretamente a densidade populacional dos grupos Acarina e Collembola. Dias et al. (2007) constataram que houve queda no número de organismos em decorrência de fatores ambientais, como menor precipitação pluvial e conteúdo de água no solo. No período chuvoso os grupos que apresentaram em maior abundância no presente estudo foram: Acarina, Collembola, Protura, Diptera e Diplura. Os grupos 79 Acarina e Collembola sobressaíram com relação ao período seco, como também aos demais grupos taxonômicos, o que pode ter ocorrido devido à grande quantidade de serrapilheira e matéria orgânica encontrada neste ambiente e também pela sensibilidade às alterações ambientais (DAMÉ et al., 1996). Dados semelhantes foram encontrados por Araújo et al. (2009) trabalhando em áreas de Caatinga teve o grupo Collembola em maior predominância no período chuvoso, já com relação ao grupo Acarina ocorreu o contrário, apresentou maior ocorrência no período seco. Os grupos Protura e Diplura estavam presentes somente no período chuvoso. Segundo Lavelle e Spain (2001), estes grupos podem ser localmente importantes devido às suas relativas abundâncias e atividades que desempenham na cadeia trófica dos solos. Período seco Período chuvoso 350 Número de Indivíduos 302 300 250 200 157 150 100 60 50 18 15 4 0 Acarina Diptera Grupo Faunístico Collembola Figura 13. Distribuição dos grupos faunísticos da mesofauna do solo, no período seco e chuvoso em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. Com relação à Frequência Absoluta (FA) e a Frequência Relativa (FR) os grupos Acarina e Collembola apresentaram maior FR (21,73%) e FA (100%). Outro grupo com importância destacada foi Diptera com FR (13,04%) e FA (60%) nos períodos avaliados. Os demais grupos da mesofauna edáfica atingiram FR inferior a 10% (Tabela 6). Com relação à riqueza faunística os grupos de maiores ocorrências foram: Acarina>Collembola>Diptera>Psocoptera>Organismos não identificados>Protura, 80 representando um total de 59,1%, os demais grupos tiveram percentuais abaixo de 1%. De modo geral, no presente estudo, a maior riqueza de indivíduos foi observada no período chuvoso. Provavelmente, essa riqueza esteja relacionada com o maior conteúdo de matéria orgânica (POGGIANI et al., 1996). Como também à presença de leguminosas arbórea na área de estudo, a qual criou condições favoráveis à fauna, já que a serapilheira depositada possui um maior teor de nitrogênio, o que favorece a fragmentação dos resíduos pelos indivíduos edáficos (ALONSO et al., 2005; DIAS et al., 2006; LOK et al., 2005; SANTOS et al., 2008). Tabela 6. Frequência absoluta e relativa dos grupos da mesofauna do solo amostradas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Grupo Faunístico NI NP FA FR Acarina 459 20 100 21,73 Collembola 75 20 100 21,73 Diptera 22 12 60 13,04 Psocoptera 11 8 40 8,7 Organismos não identificados 8 5 40 8,7 Protura 6 5 40 8,7 Diplura 3 1 20 4,35 Larva de Diptera 3 1 20 4,35 Larva de Coleoptera 3 1 20 4,35 Coleoptera 1 1 20 4,35 Total 591 74 460 100 Sendo: NI = Nº de indivíduos; NP = Nº de parcelas de ocorrências; FA = Frequência absoluta; FR = Frequência relativa. Observou-se que o número de organismos variou no tempo, provavelmente afetado por condições ambientais ao logo do experimento. No período seco ocorreu uma redução na abundância de organismos, quando comparado com período chuvoso e com maior conteúdo de água no solo (Figura 14A e 14B). Segundo Araújo (2009), afirma que essa redução dos grupos faunísticos foi decorrente de possíveis mudanças nas condições de sobrevivência, agravada pelo déficit hídrico e conteúdo de água no solo, restando apenas os mais adaptados a essas condições, bem como às temperaturas do solo mais elevadas, uma vez que esses organismos habitam as camadas internas do solo, apresentando-se mais intempéries quando comparado com os organismos que são encontrados com facilidade na superfície do solo. Provavelmente, o baixo conteúdo de água no solo no presente estudo provocou a migração dos organismos edáficos para 81 outras áreas, em casos de extrema escassez pode ter ocasionado à morte de alguns organismos. A Precipitação Pluvial Número de Indivíduos 250 140 Número de Indivíduos 100 150 80 60 100 40 50 Precipitação Pluvial (mm) 120 200 20 0 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tempo (Dias Juliano) B Mesofauna 250 25 200 20 150 15 100 10 50 5 0 Conteúdo de água no solo Números de Organismos Conteúdo de água no solo 0 Nov-10 Jan-11 Mar-11 May-11 Jul-11 Sep-11 Nov-11 Tempo (meses) Figura 14. Evolução dos grupos faunísticos da mesofauna do solo em relação à precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), avaliados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 82 3.2.1. Índice de diversidade e uniformidade Os índices de Shannon (H) e de Pielou (e) mostram o domínio dos grupos faunísticos nas áreas estudadas em ordem decrescente: Acarina>Collembola >Protura>Diptera>Diplura (Tabela 7). O grupo Acarina apresentou o índice de Shannon menor (0,09) e (0,10) para os períodos chuvoso e seco, respectivamente, indicando que esse grupo é o mais expressivo dentre os demais avaliados, o que pode ser confirmado pelo índice de Pielou, (0,13) e (0,12), respectivamente (Tabela 7). Comparando esse grupo entre os períodos estudados, o índice de Shannon mostrou-se mais expressivo no período chuvoso. Posteriormente, outro grupo que apresentou expressividade foi os Collembola (0,70), evidenciando a presença de uma grande quantidade de indivíduos desse grupo e refletindo na reduzida diversidade. Os demais grupos apresentaram uma quantidade inferior de organismos nos dois períodos estudados, tendo a presença somente em uma das épocas avaliada. Dados semelhantes foram encontrados por Souto (2006) e Araújo (2009) ao constatarem que, nos meses onde foram registrados os maiores índices pluviométricos e conteúdo de água no solo foram capturados maiores quantidades de indivíduos. Souto (2006) atribuiu esses resultados às condições favoráveis no microclima do solo na estação úmida, uma vez que os elementos meteorológicos e/ou climáticos são fatores limitantes para crescimento da população de organismos do solo (JACOBS et al., 2007). BZUNECK, (1988) afirma que no final do período chuvoso geralmente os ambientes naturais estão cobertos por folhas, ramos e galhos caídos acima da superfície do solo fazendo com que a temperatura não diminua tanto quanto nos ambientes desprotegidos e dessa forma fica mais favoráveis ao desenvolvimento de Ácaros e Collembola conservando a umidade do solo. 83 Tabela 7. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou (e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Período Chuvoso Período Seco Grupos faunísticos H e H e Acarina 0.09 0.13 0.10 0.12 Collembola 0.77 1.11 0.96 1.14 Diptera 1.92 2.75 0.89 1.06 Psocoptera . . 1.07 1.27 Coleoptera . . 1.95 2.31 Protura 1.75 2.50 . . Diplura 2.04 2.92 . . Larva de diptera . . 1.70 2.01 Larva de Coleoptera . . 1.70 2.01 Total 6.57 9.41 8.37 9.92 3.2.2. Análise de Agrupamento para a Mesofauna Edáfica De acordo com a análise de agrupamento, observa-se que no período seco e chuvoso o grupo Acarina apresentou maior distância de ligação entre os grupos, sugerindo menor similaridade entre si (Figura 15A e 15B) provavelmente em decorrência da alta frequência de organismos capturados nas amostragens realizadas. Os grupos faunísticos que apareceram em menor número e apenas no período de maior disponibilidade hídrica, provavelmente, estão restritos a ambientes mais favoráveis, mas, apesar disso, são de grande importância no processo de decomposição da matéria orgânica. Segundo Damé et al. (1996), a presença desses seres serve como indicadores da condição biológica do solo, pela sua sensibilidade às alterações ambientais. No entanto, a presença dos outros grupos não deixa de ser relevante, na qual pouco se conhece sobre os organismos que habitam os solos sob a Caatinga e seu papel na ciclagem de nutrientes. 84 A B Figura 15. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da mesofauna no período seco e chuvoso (A e B), respectivamente, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 85 4. Conclusões A abundância da macrofauna do solo corresponde a seguinte ordem: a) estação chuvosa: Hymenoptera >Acarina>Diptera>Aranaea>Coleoptera, b) estação seca: Hymenoptera>Diptera>Aranaea>Acarina>Othoptera; Á área estudada apresenta-se degradada o que pode ser constatado pela dominância de um grupo faunístico (Hymenoptera) nas duas estações avaliadas; A estação chuvosa evidenciam o predomínio dos grupos Acarina e Collembola, dentre os organismos da mesofauna do solo; A distribuição temporal da precipitação pluvial e do conteúdo de água do solo influenciam a riqueza taxonômica da macro e mesofauna edáfica; Acarina é grupo que tem maior distância de ligação em relação aos demais grupos em função de sua maior frequência no período seco e chuvoso. 86 5. Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. V. R.; SILVA, P. Q.; OLIVEIRA, R. T.; ARAÚJO, A. L.; OLIVEIRA, T. S. Fauna edáfica em sistemas consorciados conduzidos por agricultores familiares no município de Choro, CE. In: XXXI CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 31. 2007. Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD - ROM. ALONSO, J.; FEBLES, G.; RODRIGUEZ, I.; ACHARG, G.; FRAGA, S. Effects of the evolution of a system leucaena-guinea grass on the soil macrofauna. Journal of Agricultural Science, v. 39, n. 01, p. 83-89, 2005. ARAÚJO, K. D.; DANTAS, R. T.; VIANA, E. P. T.; PARENTE, H. P.; ANDRADE, A. P. Grupos taxonômicos da macro e mesofauna edáfica em área de caatinga. Revista Verde. v.4, n.4, p. 122 -130 outubro/dezembro de 2009. ARAÚJO, K. D.; PARENTE, H. N.; CORREIA, K.G.; RODRIGUES, M. Q.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, A. P.; SOUTO, J. S. Influência da precipitação pluvial sobre a mesofauna Invertebrada do solo em área de caatinga no Semiárido da Paraíba. Geoambiente On-line, v.12, p.1-12, 2009. Disponível em: <http://www2.jatai.ufg.br/ojs/index.php/geoambiente>. Acesso em: 5 dez. 2010. BARROS, E.; NEVES, A.; BLANCHART, E.; FERNANDES, E. C. M.; WANDELLI, E. LAVELLE, P. Development of the soil macrofauna community under silvopastoral and agrosilvicultural systems in Amazonia. Pedobiologia. v. 47, p. 273-280. 2003. BROMHAM, S.; CARDILHO, M. e BANNET, A. Effects of stock grazing on the ground invertebrate fauna of woodland remnants. Australian Journal of Ecology, 24, 199-207. 1999. BROWN, G. G. How do earthworms affect microfloral and faunal community diversity? Plant and Soil. n. 170, p. 209-231, 1995. BZUNECK, H. L. Efeitos e dois sistemas de preparo do solo e sucessões de culturas, na população de ácaros e colêmbolas. Curitiba, 1988. 130f. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. CHAUSSOD, R. La qualité biologique des sols: évaluation et implications. Étude et Gestion des Sols. v. 3, n.4, p. 262-277.1996. CORREIA, K. G.; ARAUJO, K. D.; AZEVEDO, L. G. de; BARBOSA, E. A.; SOUTO, J. S.; SANTOS, T. S. Macrofauna edáfica em três diferentes ambientes na região do Agreste paraibano, Engenharia Ambiental, v. 6, n. 1, p. 206-213, 2009. CROSSLEY, D. A. and COLEMAN, D. C. Microarthropods. In: MALCOM, E. SUMMER, Handbook of Soil Science. Boca Raton: CRC Press, 1999, p. C-59 – C-65, 1999. 87 DAJOZ, R. Ecologia Geral. São Paulo: Vozes, 1983. 472 p. DAMÉ, P. R. V.; QUADROS, F. L. F.; KERSTING, C. E. B. e TRINDADE, J. P. P. Efeitos da queima seguida de pastejo ou diferimento sobre o resíduo, temperatura do solo e mesofauna de uma pastagem natural. Revista Ciência Rural, v.26, 391-396, 1996. DECAËNS, T.; BUREAU, F.; MARGERIE, P. Earthworm communities in a wet agricultural landscape of the Seine Valley (Upper Normandy, France). Pedobiologia, v.47, p.479-489, 2003. DECAËNS, T.; JIMÉNEZ, J.J.; BARROS, E.; CHAUVEL, A.; BLANCHART, E.; FRAGOSO, C.; LAVELLE, P. Soil macrofauna communities in permanent pastures derived from tropical forest or savanna Agriculture Ecosystems e Environment. n.103 p. 301-312. 2004. DIAS, A.; GATIBONI, L. C.; WILDNER, L. do P.; BIANZI, D.; BIANCHET, F. J.; LORENTZ, L. H. Modificações na abundância e diversidade da fauna edáfica durante a decomposição da palhada de aveia, centeio e ervilhaca em sistema plantio direto. In: XXXI Congresso brasileiro de ciência do solo, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CDROM. DIAS, P.F.; SOUTO, S.M.; CORREIA, M.E.F.; ROCHA, G.P.; MOREIRA, J.F.; RODRIGUES, K. de M.; FRANCO, A.A. Árvores fixadoras de nitrogênio e macrofauna do solo em pastagem de híbrido de Digitaria. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, p.1015-1021, 2006. DRESCHER, M. S.; ELTZ, F. L. F.; ROVEDDER, A. P. M.; DORNELES, F. O. Mesofauna como bioindicador para avaliar a eficiência da revegetação com Lupinusalbescensem solo arenizado do sudoeste do Rio Grande do Sul. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2007, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. EGGLETON, P.; VANBERGEN, A. J.; JONES, D. T.; LAMBERT, M. C.; ROCKETT, C.; HAMMOND, P. M.; BECCALONI, J.; MARRIOTT, D.; ROSS, E.; GIUSTI, A. Assemblages of soil macrofauna across a Scottish land-use intensification gradient: influences of habitat quality, heterogeneity and area. Journal of Applied Ecology, v. 42, n. 6, p. 1153-1164. 2005. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solos. 2ed. Revista atual. Rio de Janeiro, 1997. 212p. (EMBRAPA - CNPS. Documentos1). EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p. 88 FORNAZIER, R.; GATIBONI, L. C.; WILDNER, L. P.; BIANZI, D.; TODERO, C. Modificações na fauna edáfica durante a decomposição da fitomassa de Crotalaria juncea L. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 31., 2007, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. FRANKLIN, E. N.; MORAIS, J.W. e SANTOS, E. M. R. Density and biomass of Acari and Collembola in primary forest, secondary forest and polycultures in central Amazonia. Andrias, v. 15, p. 141-153.2001. GIRACCA, E. M. N.; ANTONIOLLI, Z. I.; ELTZ, F. L. F.; BENEDETTI, E.; LASTA, E.; VENTURINI, S.F.; VENTURINI, E. F.; BENEDETTI, T. Levantamento da meso e macrofauna do solo na microbacia do Arroio Lino, Agudo/RS. Revista Brasileira de Agrociência, v.9, n.3, p.257-261, 2003. HOFFMANN, R. B.; NASCIMENTO, M. S. V.; DINIZ, A. A.; ARAÚJO, L. H. A.; SOUTO, J. S. Diversidade da mesofauna edáfica como bioindicadora para o manejo do solo em areia, Paraíba, Brasil. Revista Caatinga, v.22, n3, p 121-125, julho/setembro 2009. JACOBS, L. E.; ELTZ, F. L. F.; ROCHA, M. R.; GUTH, P. L.; HILCKMAN, C. Diversidade da fauna edáfica em campo nativo, cultura de cobertura milho + feijão de porco sob plantio direto e solo descoberto. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 31., 2007, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. JONES, D. T.; SUSILO, F. X.; BIGNELL, D. E.; HARDIWINOTO, S.; GILLISON, A. N.; EGGLETON, P. Termite assemblage collapse along a land-use intensification gradient in lowland central Sumatra, Indonesia. Journal of Applied Ecology, v. 40, n. 2, p. 380-391. 2003. LAVELLE, P.; BIGNELL, D.; LEPAGE, M.; WOLTERS, V.; ROGER, P.; INESON, P.; HEAL, O.W.; DHILLION, S. Soil function in a changing world: the role of invertebrate ecosystem engineers. European Journal of Soil Biology, v. 33, p.159-193, 1997. LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Publishers, 2001. Soil Ecology. Netherlands: Kluwer Academic LAVELLE, P.; SENAPATI, B. e BARROS, E. Soil Macrofauna. In: SCHROTH, G. e SINCLAIR, F. L. (eds.) Trees, Crops and Soil Fertility: concepts and research methods, 2003. v. 16 p. 303-323. LEE, K.E. The biodiversity of soil organisms. Applied Soil Ecology, v.1, p.251-254, 1994. LOBRY de BRUYN, L. A. Ants as bioindicators of soil function in rural environments. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 74, p. 425-441, 1999. 89 LOK, S.; CRESPO, G.; FROMETA, E.; FRAGA, S. Evaluation of the performance of some agrophysical, biological and productive indicators in two grassland agroecosystems with or without the utilization of Leucaena leucocephala. Journal of Agricultural Science, v. 39, n. 03, p. 351-356, 2005. MOÇO, M.K.S.; RODRIGUES, E.F.G.; RODRIGUES, A.C.G.; CORREIA, M.E.F. Caracterização da fauna edáfica em diferentes coberturas vegetais na região Norte fluminense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, p. 555-564, 2005. MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O.; BRUSSAARD, L. Biodiversidade do solo em ecossistema brasileiros. Lavras. Ed. UFLA, 2008. 768p. MURARI, A. B. Levantamento Populacional de Scolytidae (Coleoptera) em povoamento de Acacia-negra (Acacia mearnsii De Wild). 2005. 63 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2005. NUNES, L. A. P. L.; ARAÚJO FILHO, J. A. de; MENEZES, R. I. Q. Recolonização da fauna edáfica em áreas de caatinga submetidas a queimadas. Revista Caatinga, v.21, n.3, p.214-220, 2008. OLIVEIRA E. M. e SOUTO, J. S. Mesofauna edáfica como indicadora de áreas degradadas. Revista Verde (GVAA/GVADS/UFCG-CCTA- Pombal– PB – Brasil) v.6, n.1, (Janeiro e Fevereiro de 2011) p. 01-09. PAOLETTI, M. G. The role of earthworms for assessment of sustainability anda as biondicators. Agriculture, Ecosystems e Environment. v. 74, p. 137-155. 1999. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: Agricultura em regiões tropicais. 9ed. São Paulo: Nobel. 1990, p.142-154. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo. São Paulo, Nobel, 1999. 549p. POGGIANI, F.; OLIVEIRA, R. E.; CUNHA, G.C. Práticas de ecologia florestal. Documentos florestais, n.16, p.1-44, 1996. RODRIGUES, M. Q.; SOUTO, J. S.; SANTOS, R. V. dos; BEZERRA, D. M.; SALES, F. das C. V. Diversidade da fauna edáfica como bioindicadora para o manejo do solo no semiárido da Paraíba. Revista Pesquisa, v.1, n.1, p.137-142, 2007. ROVEDDER, A. P.; ANTONIOLLI, Z. I.; SPAGNOLLO, E.; VENTURINI, S. F. Fauna edáfica em solo susceptível à arenização na região sudoeste do Rio Grande do Sul. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.3, n.2, p.87-96, 2004. SALVADORI, J. R.; PARRA, J. R. P. Efeito da temperatura na biologia e exigências térmicas de Pseudaletia sequax (Lepidoptera: Noctuidae), em dieta artificial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 25, n. 12, p. 1693-1700, 1990. 90 SANGINGA, N.; MULONGOY, K.; SWIFT, M. J. Contribution of soil organisms to thesustainability and productivity cropping systems in the tropics. Agriculture, Ecosystem and Environment, v.41, p.135-152, 1992. SANTOS, J. C. P.; BARETTA, D.; ALVES, M. V. e CARDOSO, E. J. B. N. Macrofauna edáfica e atributos químicos do solo em sistemas de plantio direto e convencional. In: Anais... XXX Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. SBCS, Recife-PE, Brasil, CD ROM. 2005. SANTOS, G. G.; SILVEIRA, P. M.; MARCHÃO, R. L.; BECQUER, T.; BALBINO, L. C. Macrofauna edáfica associada a plantas de cobertura em plantio direto em um latossolo vermelho do cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 01, p. 115122, 2008. SILVEIRA NETO, S. Armadilha luminosa. Piracicaba: ESALQ: Universidade de São Paulo, 1989. 8p. SOUTO, P.C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de organismos edáficos em área de Caatinga na Paraíba, Brasil. 2006. 150 f. Tese (Doutorado em Agronomia). Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia. SOUTO, P. C.; SOUTO J. S.; MIRANDA, J. R. P.; SANTOS, R. V. dos; ALVES, A. R. Comunidade microbiana e mesofauna edáficas em solos sob caatinga no semiárido da Paraíba. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.32, n.32, p.151-160, 2008. SWIFT, M. J.; HEAL, O. W.; ANDERSON, J. M. Decomposition in terrestrial ecosystems. Berkeley: University of California Press, 1979. p. 66-117. TAYLOR, R. J.; DORAN, D. Use of terrestrial invertebrates as indicators of the ecologicalsustainability of forest management under the Montreal Process. Journal of Insect Conservation. vol. 5, 221-231. 2001. TEDESCO, J. M.; VOLKWEISS, S. J. BOHNEN, H. Análises do solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995. 188p. (Boletim Técnico). TIAN, G.; BRUSSAARD, L.; KANG, B. T.; e SWIFT, M. J. Soil fauna mediated decomposition of plant residues under constrained environmental and residue quality conditions. In: CADISH, G. and GILLER, K. E. (eds) Driven by nature-plant litter quality and decomposition. Wallingford: CAB International, 1997, p. 125-134. TOLEDO, L. O. Aporte de serrapilheira, fauna edáfica e taxa de decomposição em áreas de floresta secundária no município de Pinheiral, RJ. 2003. 80f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Florestais) - Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 91 VELÁSQUEZ, E. V. Bioindicadores de calidad de suelo basados em las poblaciones de macrofauna y su relación om características funcionales del suelo. (Tesis de Doctorado em Ciencias Agropecuarias). Universid Nacional de Colombia. 2004. VIANA, B. M. T. Lepidópteros associados a duas comunidades florestais em Itaara- RS.1999. 115 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 1999. VITTI, M. R.; VIDAL, M. B.; MORSELLI, T. B. G. A.; FARIA, J. L. C.; CAPPELLARO, T. H. Estudo da mesofauna (ácaros e colêmbolos) em um pomar de pessegueiro conduzido sob uma perspectiva agroecológica. In: FERTBIO, Lages, Anais... Lages, SBCS, 2004. CDROM. WINK, C; GUEDES, J. V. C.; FAGUNDES, C. K.; ROVEDDER, A. P. Insetos edáficos como indicadores da qualidade ambiental. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.4, n.1, p.60-71, 2005. 92 CAPÍTULO 3 Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB 93 CAPÍTULO 3 Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB RESUMO Fatores como a distribuição de raízes, física e química, temperatura e umidade do solo interferem no processo de liberação de dióxido de carbono pelo solo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da sazonalidade na dinâmica do efluxo de CO2 do solo e a correlação da respiração edáfica com variáveis ambientais em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), localizado no município de Campina Grande – PB, situada nas seguintes coordenadas 7°16'35,97"S e 35°57'55,72" O, com altitude média que varia entre 400 e 600 m. As observações foram feitas em uma área de 20 ha, utilizando 20 pontos de coleta fixos. Foram feitas coletas bimensais nos meses de janeiro a novembro de 2011, nos períodos diurno (5:00 às 17:00 h) e noturno (17:00 às 05:00 h) em parcelas permanentes de 100 m2. Foram distribuídos recipientes de vidro contendo 10 ml de KOH a 0,5 N para absorção do CO2 liberado. Esses recipientes foram cobertos por baldes brancos os quais permaneceram no local por doze horas, posteriormente os recipientes foram retirados e fechados, em seguida foram levados ao laboratório para serem titulados com HCl a 0,1N. Foram considerados como indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de metila a 1%. Foram quantificadas as taxas de cinética de CO2 bimensais nos mesmos pontos de coleta do fluxo, no intervalo de duas horas (das 05:00 às 17:00h) no período diurno e foi verificado a temperatura do solo com termômetro digital a cada duas horas. As analises estatísticas foram realizadas no programa Bio-Estat 5.0. A atividade microbiana estimada pela produção de CO2 foi maior na estação chuvosa, quando comparada com a estação seca, sendo favorecida pela precipitação pluvial. A concentração de carbono orgânico total no solo foi o parâmetro ambiental que mais se correlacionou com o desprendimento de CO2 do solo. Palavras-chave: atividade microbiana, semiárido brasileiro, temperatura do solo. 94 CHAPTER 3 Kinetics of soil CO2 in Caatinga area in Campina Grande-PB ______________________________________________________________________ ABSTRACT Factors such as the distribution of roots, physics and chemistry, temperature and soil moisture interfere in the process of release of carbon dioxide by soil. The aim of this study was to evaluate the influence of seasonality on the dynamics of soil CO 2 efflux and the correlation of respiration edaphic environmental variables in an area of Caatinga in Campina Grande, PB. The experiment was conducted at the Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), located in Campina Grande - PB, located at the following coordinates 7°16'35,97"S and 35° 57'55,72"O, with an average altitude of between 400 and 600 m. The observations were made in an area of 20ha, using 20 fixed collection points. Samples were collected bimonthly from January to November 2011, during daytime (5:00 to 17:00) and nighttime (17:00 to 05:00) in permanent plots of 100m2. Were distributed glass containers containing 10ml of 0.5N KOH for absorption of CO2 released. These containers were covered with white buckets which remained in place for twelve hours later the containers were sealed and removed , and then were taken to the laboratory to be titrated with 0.1N HCl. Were considered as indicators phenolphthalein and methyl orange 1%. Were quantified kinetic rates of CO2 in the same bimonthly sampling points of the flow, in the range of two hours (from 05:00 to 17:00 h) during the day and was found soil temperature with a digital thermometer every two hours. The statistical analyzes were performed on the Bio-Estat 5.0. Microbial activity estimated by CO2 production was higher in the rainy season compared to the dry season, is favored by rainfall. The concentration of total organic carbon in the soil was the environmental parameter most correlated with the detachment of soil CO2. Keywords: microbial activity, brazilian semiarid, soil temperature 95 1-Introdução Uma das formas de liberação do carbono para a atmosfera é através da respiração do solo, correspondendo à troca de CO2 entre solo, planta e atmosfera (MORARU et al. 2010). A respiração do solo pode variar no tempo e no espaço devido a fatores como a química e a física do solo, distribuição de raízes (SOE; BUCHMANN, 2005) e umidade do solo (MERBOLD et. al., 2011). O efluxo do CO2 do solo é o maior componente do ciclo do carbono da biosfera. Entender a sua variação de acordo com o microclima local torna-se importante para analisar como esse gás se comporta em relação às variáveis climáticas estudadas, como a temperatura do solo, umidade do solo e precipitação. Para estimar a quantidade de respiração do solo e sua variabilidade temporal é essencial avaliar a relação entre respiração do solo e variáveis ambientais (KOSUGI et al. 2007). Para Panosso et al. (2007) a temperatura e o conteúdo de água do solo são os principais fatores de controle da variabilidade da emissão de CO2 em solos e, essas podem ser modificadas rapidamente após as precipitações. De forma complementar, Souto et al. (2007) também consideram que os fatores limitantes para a atividade microbiana em área de caatinga são os baixos conteúdos de água e elevadas temperaturas do solo. As variações de temperatura do solo dependem fundamentalmente do clima, cobertura vegetal, teor de água do solo e da sua coloração (SOUTO, 2002). Na quantificação do efluxo de CO2 a umidade do solo, pode tanto favorecer como inibir a produção de CO2. Segundo LINN e DORAN (1984) a respiração microbiana do solo é limitada pela restrição de difusão de O2 (oxigênio necessário para a respiração aeróbica) através dos poros quando o solo encontra-se muito úmido e, por outro lado, limitando também na condição seca, devido à restrição da solubilidade de substratos de carbono orgânico, que constitui a fonte de energia para os microorganismos heterotróficos. O desenvolvimento microbiano é influenciado pela variação dos fatores climáticos, principalmente umidade e temperatura, assim como, pelos efeitos que essas variações causaram sobre a cobertura vegetal, em um estudo realizado por Cattelan e Vidor (1990). Espera-se que a respiração do solo aumente com o incremento do conteúdo de água do solo, e que, no semiárido brasileiro, com elevado déficit hídrico e 96 sazonalidade climática evidenciada, o tamanho e a duração dos eventos de precipitação pluvial sejam determinantes para o fluxo de CO2 (HUXMAN et al., 2004). Andrade et al. (2006) afirmam que nos ambientes semiáridos uma característica predominante é a alta variabilidade das chuvas, onde os eventos são constituídos normalmente por “pulsos’’ de precipitações. Esses pulsos são formas especiais de se avaliar a dinâmica desse ecossistema. O conhecimento do sincronismo e da amplitude das chuvas é de fundamental importância para compreender a dinâmica da caatinga. Os pulsos-reserva uma vez estimulados se desenvolvem e transformam os nutrientes em produção primária. No entanto, há um consenso que essas variações ecofisiológicas das plantas dependem de interações complexas entre a umidade do solo, nutrientes disponíveis, tipo de cobertura do solo e temperatura, quando combinados resultam em diferentes respostas de cada organismo às condições ambientais (NOY-MEIR, 1973). Os fatores climáticos exercem influência na composição das comunidades vegetais da caatinga no tempo e no espaço. O método comumente utilizado para medição do fluxo de CO2 do solo, no semiárido brasileiro, tem sido o da absorção alcalina em câmeras estáticas colocadas na superfície do solo, o qual é baseado na absorção de CO2 por uma solução alcalina. Este método apresenta-se vantajoso por integrar o fluxo por um período de 24 horas ou mais e a habilidade de monitorar muitos pontos ao mesmo tempo (COSTA et al., 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar a variabilidade temporal da emissão de CO 2 e das variáveis ambientais, em área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 97 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização geral da área em estudo O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande, com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – semiárido quente com chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1 e temperatura média do ar de 22,5 °C. Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006). A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas. 98 Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental. 2.2. Procedimento das coletas Na unidade experimental foram coletados dados bimestrais (janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011 referentes à liberação de CO2 do solo (atividade microbiana), em 20 pontos de determinação na unidade experimental, durante 12 horas no período diurno (5:00 às 17:00 h) e no período noturno (17:00 às 5:00 h) totalizando 40 amostras de CO2 na área avaliada. As leituras foram realizadas com base na metodologia descrita por Grisi (1978) em que o CO2 liberado por uma área de solo é absorvido por uma solução de KOH 0,5 N e pela dosagem por titulação com HCl 0,1 N. Foram considerado como indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de metila a 1% (Figura 2A e 2B), preparado segundo Morita e Assumpção (1972). Foi utilizado um frasco controle ou testemunha que permaneceu hermeticamente fechado e que também foram submetido ao processo de titulação. A determinação do CO2 absorvido foi realizada a partir da equação: ACO2 = (A-B) x 2 x 2,2 em mg (1) A'CO2 = ACO2 x (4/3 x 10000/h + S) em mg m-2 h-1 (2) em que: A’CO2 = Absorção de CO2; A = diferença, em mL, entre a 1ª e a 2ª viragem da coloração da amostra; B = diferença, em mL, entre a 1ª e 2ª viragem da coloração do controle ou testemunha; 99 x 2 = porque o HCl 0,1 N adicionado, titulou apenas metade do carbonato do frasco experimental, ou seja, da amostra; x 2,2 = sendo o equivalente-grama do CO2 = 44/2 = 22 e como se usou HCl 0,1 N (decinormal), esse equivalente torna-se então 22/10 = 2,2; h = período de permanência da amostra no solo (horas); S = área de abrangência do balde. Para efetuar a medição de CO2 foram distribuídos na área de estudo recipientes de vidro contendo 10 mL de KOH a 0,5 N, totalizando 40 recipientes, sendo 20 no período diurno e 20 no noturno, os quais foram cobertos com baldes plásticos com capacidade para 22 litros, distando entre si 20 m (Figura 2C). O balde possui formato cilíndrico, com 29,8 cm de diâmetro e 36,5 cm de altura, cobrindo uma área de solo de 697,46 cm2. As bordas do cilindro foram enterradas cerca de 3 cm, para evitar as trocas gasosas diretamente com a atmosfera. Cada recipiente contendo a solução de KOH 0,5 N foi rapidamente destampado para que fixasse o CO2 liberado do solo. Após doze horas de permanência no local, os baldes foram retirados e os recipientes foram rapidamente tampados e em seguida titulados. Também foram quantificadas as taxas de cinética de CO2 mensalmente nos mesmos pontos de coleta do fluxo, no intervalo de duas horas (das 05:00 às 17:00h) no período diurno, foram coletados 72 recipientes e verificado a temperatura do solo com termômetro digital (Figura 2D). 100 A B C D Figura 2. Titulação com HCl 0,1 N e os indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de metila a 1% (A e B) e recipiente de vidro contendo solução 10 ml de KOH 0,5N, para medição do fluxo de CO2 e cinética de CO2 com balde cobrindo a amostra (C), medição da temperatura do solo (D). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2011) 2.3. Análise estatística Para verificar o efeito da sazonalidade a da variação diária sobre as estimativas de fluxo de CO2 foi realizada análise de variância não paramétrica com o teste de Kruskal-Wallis. O grau de associação entre o fluxo de CO2 e as variáveis ambientais foi verificado através da Matriz de Correlação. As analises estatísticas foram realizadas no programa Bio-Estat 5.0. 101 3. Resultados e Discussão A atividade microbiana estimada pela produção de CO2 apresentou variação nas quantidades liberadas na área experimental oscilando no período seco entre 79,49 e 147,06 mg m-2h-1 e no período chuvoso de 124,21 e 169,77 mg m-2h-1 no turno diurno (Tabela 1). Estes valores encontram-se dentro dos limites obtidos em outras medições, em matas secundárias do bioma Caatinga. Souto et al. (2009) quantificaram o efluxo em 60,97 mg m-2 h-1 , no período final da estação seca e Correia et al. (2009) em 202,7 mg m-2 h-1 no período inicial da estação chuvosa no turno diurno no semiárido paraibano. Os fluxos diurno e noturno registrados no período chuvoso foram significativamente maiores que os fluxos na estação seca. No entanto, não houve diferença significativa entre os turnos, dentro de cada estação (Tabela 1). De acordo com Husman et. al. (2004) o efluxo de dióxido de carbono do solo em regiões semiáridas é maior na estação chuvosa. Tabela 1. Efluxo de CO2 do solo (mg m-2 h-1) durante as estações seca e chuvosa, e nos turnos diurno e noturno, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Atributo descritivo Estação seca Estação chuvosa Diurno Noturno Diurno Noturno -2 -1 mg m h Média 111,26a 117,32a 149,62b 155,07b Mínimo 79,49 95,61 124,21 130,38 Máximo 147,06 135,99 169,77 167,81 Desvio Padrão 21,22 14,36 16,21 13,37 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal Wallis ao nível de 5% de probabilidade. Observou-se uma maior amplitude e desvio padrão nos valores do fluxo, durante o período diurno, para as duas estações avaliadas (Tabela 1). A maior heterogeneidade espacial das condições ambientais diurnas, a temperatura do solo, entre as parcelas experimentais, determinou esta variabilidade. Em muitas situações a variação diária da respiração do solo, foi explicada pela temperatura do solo, devido ao fato desta ser uma variável que muda muito em escala diária. A liberação do CO2 ao longo dos meses variou no período seco e para os meses com elevado índice pluviométricos (Tabela 2). Dados semelhantes foram obtidos por 102 Araújo et al. (2007, 2009) que em local mais seco a liberação ao longo do ano variou de 80 a 150 mg m-2 h-1. Souto (2006) em pesquisa realizada no município de Santa Terezinha, Sertão paraibano, observou que, durante o período em que o conteúdo de água do solo permaneceu em torno de 14% e a temperatura média do solo a 10 cm de profundidade, foi superior a 30 °C, e os valores médios de produção de CO2 foram elevados, alcançando aproximadamente 300 mg m2h-1. Uma única medida em áreas com pastagem e com caatinga em diferentes tempos de regeneração não encontrou diferença entre elas e valores entre 80 e 200 mg m-2h-1 (CORREIA, 2009). Verificou-se que os maiores valores de liberação de dióxido de carbono, foram verificados durante a noite, na época de chuva e quando houve redução da temperatura do solo, onde os valores foram 20% maior a noite que durante o dia e até duas vezes maiores na época de chuva que na época seca (Tabela 2). Tabela 2. Fluxos de CO2 do solo, precipitação pluviométrica mensal acumulada, conteúdo de água do solo (CAS) (0-10 cm), temperatura do solo (TS) (10 cm), carbono orgânico total do solo (COT) (0-10 cm), e matéria orgânica (MO) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Período Fluxo CO2 (mg m-2 h-1) Precipitação CAS TS COT MO % °C g kg-1 g kg-1 Diurno Noturno Médio mm 114,96 117,80 116,38 29,00 2,54 32,00 9,40 16,2 Janeiro 141,34 154,59 147,96 110,00 2,84 32,00 7,80 13,4 Março 165,35 149,65 157,50 276,87 22,29 22,00 4,50 7,8 Maio 151,27 167,81 159,54 207,50 21,16 24,00 6,50 11,2 Julho 0,50 2,10 27,00 10,60 18,2 Setembro 133,00 132,52 132,76 93,73 0,80 1,40 31,00 12,00 20,7 Novembro 85,83 101,64 O aumento da quantidade e intensidade das chuvas pode ter desencadeado uma resposta positiva na atividade dos microrganismos, elevando o fluxo médio para 147,96 mg m-2 h-1 neste mês. No entanto, a pequena elevação do conteúdo de água do solo decorreu da alta demanda evaporativa, considerando que no início da estação chuvosa as temperaturas do solo estavam elevadas (Tabela 2), e as camadas do solo próximas da superfície secaram rapidamente após cada evento de chuva. O conteúdo de água no solo determinado ao longo do período experimental seguiu a tendência natural de variação do teor de água no solo em função do regime de eventos climáticos relacionado a chuvas aferido no mesmo período. O mês de maio de 2011 registrou o maior valor de conteúdo de água no solo, 22,29%, mês este de maior 103 volume registrado de precipitação no período experimental (276,87 mm), e o mês de novembro de 2011 apresentou a menor média de conteúdo de água do solo (1,44%). Verificou-se, que nos meses onde ocorreram as maiores precipitações, houve tendência de aumento no conteúdo de água no solo, com decréscimos imediatos quando ocorria diminuição no regime hídrico. Portanto o regime pluviométrico a região onde foi desenvolvido o trabalho é caracterizado por apresentar alta variabilidade temporal das chuvas. Lira (1999) também encontrou valores mais elevados de CO2 quando as temperaturas do solo estavam mais amenas e conteúdo de água no solo mais elevado. Araújo (2005) menciona que mesmo quando a disponibilidade de água no solo se eleva nos meses de maiores precipitações, o aumento ou a diminuição da taxa de CO2 também é influenciado pela temperatura do solo, consequência da radiação solar. O solo, após a ocorrência de pequenos picos de precipitação apresentou um efluxo médio de CO2 maior comparado à média do efluxo de CO2 do solo obtida no período seco, esse fato pode estar associado a um aumento da taxa de decomposição da matéria orgânica devido à presença de água no subsolo (Figura 3). Um evento similar foi encontrado por Matteucci (2000), que encontrou aumento no efluxo após eventos de chuva, gerando uma relação da drenagem da água do solo com o efluxo de CO2 do solo. Precipitação Pluvial Fluxo CO2 180 140 120 140 100 120 100 80 80 60 60 40 40 Precipitação Pluvial (mm) Fluxo de CO2 (mg m-2h-1) 160 20 20 0 1 13 25 37 49 61 73 85 97 109 121 133 145 157 169 181 193 205 217 229 241 253 265 277 289 301 313 325 0 Tempo (Dias Juliano) Figura 3. Fluxos de CO2 do solo (mg m-2 h-1) e precipitação pluvial diária (mm) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB. 104 Foram observadas correlações significativas do fluxo de CO2, no turno diurno, com as variáveis ambientais: precipitação pluvial e carbono orgânico total (Tabela 3). Apesar de diversos trabalhos indicarem forte associação entre a respiração edáfica e o conteúdo de água do solo, a dinâmica das interações no microambiente de medição do fluxo pode ter determinado a ausência de correlação. Entre a variação do efluxo de CO2 e o conteúdo de água do solo neste período resultou em baixa correlação, relativa, entre estas variáveis. Tabela 3. Correlação de Pearson entre os fluxos diurno e noturno de CO2 do solo e a precipitação pluvial, conteúdo de água do solo, temperatura do solo, carbono orgânico total do solo, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Fluxo Conteúdo de Temperatura Carbono orgânico Precipitação CO2 água no solo do solo total do solo * 0,83 0,75 -0,72 - 0,91* Diurno 0,74 0,69 -0,67 - 0,81 Noturno 0,81 0,74 -0,72 - 0,88* Médio * Correlação significativa, em nível de 5% de probabilidade, entre os fluxos de CO2 e a variável ambiental. O aumento da atividade heterotrófica dos microrganismos decompositores promoveu decréscimo nos teores de carbono orgânico total do solo, sendo confirmado pelos altos coeficientes de correlação negativa entre a respiração edáfica diurna e estas variáveis ambientais (Tabela 3). Segundo Wildung et al. (1975), nestas regiões, ocorre interdependência da temperatura e do conteúdo de água do solo na taxa de respiração edáfica e na decomposição das raízes das plantas. Temperaturas elevadas das camadas próximas à superfície do solo (30 a 45 °C), durante a estação úmida, conduzem a uma máxima liberação de CO2 do solo (WILDUNG et al., 1975). Segundo Luo e Zhou (2006), a respiração do solo é mais sensível a variações de temperatura quando o conteúdo de água do solo está situado no intervalo de 10 a 25%. Os baixos limites de precipitação pluvial para a região, que não ultrapassam 1.000 mm, com alta variabilidade na quantidade, no espaço e no tempo associados à alta demanda evaporativa, fazem com que este ambiente apresente um balanço hídrico negativo durante a maior parte do ano. Dessa maneira, pulsos de precipitação pluvial, 105 em um solo seco, alteram imediatamente o balanço de carbono do sistema (AUSTIN et al., 2004). O aumento da atividade microbiana, acelerando o processo de decomposição e mineralização de nitrogênio, ocorre rapidamente seguindo um evento de chuva e resultando em considerável lançamento de CO2 para a atmosfera. Por outro lado, altas concentrações de CO2, formadas por fontes inorgânicas de carbono e atividade microbiana do solo durante o período seco (interpulso), são fisicamente deslocadas pela água de percolação que preenchem os espaços porosos do solo. Neste caso, a quantidade do efluxo de CO2 dependerá da textura do solo (HUXMAN et al., 2004). 3. Cinética da respiração edáfica Verificou-se que a medição de CO2 da atividade microbiana determinada no período de doze horas, apresentou variações em função das horas nos meses de estiagem e chuvoso (Tabela 4 e 5). Ao longo do tempo observou-se um aumento de CO2, à medida que às horas foram passando, ocorrendo maior acréscimo da atividade microbiana. Tabela 4. Atividade microbiana no período de dez horas, no período de estiagem, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Fluxo CO2 (mg m-2 h-1) Horário Janeiro/11 07:00 09:00 11:00 13:00 15:00 17:00 14,43 42,29 53,97 84,46 96,79 120,11 Setembro/11 Novembro/11 25,82 52,75 76,87 116,12 124,48 138,85 12,27 25,47 41,44 73,77 102,51 91,53 Média Temperatura do solo °C (10 cm) 18,69 40,41 57,23 87,61 103,08 114,04 26,0 29,0 32,0 35,0 36,0 31,0 Verificou-se que o menor incremento da atividade microbiana foi constatada no horário de 07:00 h, quando a temperatura do solo a 10 cm de profundidade foi de (26,0 °C). E a máxima liberação ocorreu às 17:00 h, nos meses de janeiro e setembro de 2011 (31,0 °C), tendo sido neste último horário o máximo desprendimento verificado. No mês de novembro de 2011 o aumento da atividade microbiana aconteceu às 15:00 h, quando a temperatura foi maior (36,0 °C), provavelmente, isto pode ser explicado 106 devido ao fato de a maioria dos microrganismos do solo se adaptar bem a temperaturas mais elevadas. De acordo com Souto et. al. (2009), há indicativo de que os microrganismos aumentam sua atividade entre 40 e 45 ºC na região semiárida, e quando alcançam valores próximos aos 50 ºC há inibição da atividade microbiana e, consequentemente, menor produção de CO2. Resultados semelhantes foram obtidos por Araújo et. al. (2011) que trabalhando em três áreas de caatinga São João do Cariri semiárido paraibano, encontraram menor atividade microbiana às 07:00 h e a máxima às 17:00 h em temperatura de aproximadamente 34,8 °C. Observou-se menor incremento da atividade microbiana às 07:00 h, quando a temperatura do solo a 10 cm de profundidade foi de (23,0 °C). E a máxima liberação de CO2 ocorreu às 15:00 h, no mês de março (27,0 °C) e nos meses de maio e julho de 2011 ocorreram às 17:00h (26,0 °C) (Tabela 5). Tabela 5. Atividade microbiana no período de dez horas, no período chuvoso, em área de Caatinga no município de Campina Grande, PB Fluxo CO2 (mg m-2 h-1) Horário 07:00 09:00 11:00 13:00 15:00 17:00 Março/11 15,77 43,98 62,73 105,84 127,22 115,31 Maio/11 15,95 52,75 67,93 80,49 91,41 111,45 Julho/11 17,30 31,25 71,96 80,37 81,08 96,85 Média 16,34 42,66 67,54 88,90 99,90 107,87 Temperatura do solo °C (10 cm) 23,0 25,0 26,0 26,0 27,0 26,0 Comparando-se a média entre os dois períodos avaliados, observou-se que os maiores incremento ocorreram no intervalo de 15:00 às 17:00 h, tendo ênfase para o período de estiagem com a média de 114,04 mg m-2h-1 às 17:00 h, com temperatura do solo de aproximadamente 31 °C. A temperatura média do solo para o período de coleta refletiu diretamente no efluxo de CO2 do solo. No período de estiagem houve menor disponibilidade de água no solo e aumento da temperatura aumentando a emissão de gás carbônico do solo para atmosfera. 107 De acordo com Paul e Clark (1996), a menor atividade dos microrganismos, resultando em decréscimos de CO2 liberado em função de baixas temperaturas, está associada à adaptabilidade dos microrganismos a diferentes extremos de temperatura. Desse modo, a estabilização do CO2 nas horas de temperaturas extremas possivelmente tenha resultado na inibição da atividade microbiana, sendo uma resposta dos microrganismos às condições reinantes do ambiente. Alterações mínimas na matéria orgânica do solo, que é muito sensível à temperatura, podem resultar na liberação de grandes quantidades de CO2 para a atmosfera, elevando a concentração dos gases do efeito estufa e, consequentemente, contribuindo para o aquecimento global (JENKINSON et al., 1991; LISBOA et al., 2006). 108 4. Conclusões Os maiores fluxos de CO2 do solo ocorrem tanto na estação seca como na chuvosa à noite. A intensidade de efluxo de CO2 do solo depende da distribuição temporal dos pulsos de precipitação pluvial; A precipitação pluvial correlaciona-se positivamente com o efluxo de CO2 enquanto que, o carbono orgânico total do solo é inversamente proporcional ao efluxo de CO2. 109 5. Referência Bibliográfica ANDRADE, A. P.; SOUZA, E. S.; SILVA, D. S.; SILVA, I. F.; LIMA, J. R. S. Produção animal no bioma caatinga: Paradigmas dos “pulsos - reservas’’. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43. Anais dos Simpósios. Suplemento especial da Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35. 2006. ARAÚJO, K. D. Variabilidade temporal das condições climáticas e perdas e CO2 da encosta do açude Namorados, em São João do Cariri – PB. Dissertação (Mestrado em Manejo de Solo e Água), Centro de Ciências Agrárias – Universidade Federal da Paraíba, Areia (PB). 101 f. 2005. ARAÚJO, K. D.; ANDRADE, A.P.; RAPOSO, R.W.C.; ROSA, P.R.O.; PAZERA Jr., E. Perdas de CO2 do solo e variabilidade temporal das condições climáticas no semiárido paraibano. Revista Ra’e Ga – Espaço Geográfico em Análise, v. 13, p.99107. 2007. ARAÚJO, K. D.; PARENTE, H. N.; CORREIA, K. G.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, P. R. O.; PAZERA Jr, E. Liberação de dióxido de carbono (CO2) em área de caatinga no semiárido da Paraíba. Revista Geoambiente, v.12, p. 42-53. 2009. ARAÚJO, K. D.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, A. P.; PARENTE, H. N. Cinética de evolução de dióxido de carbono em área de caatinga em São João do Cariri-PB. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 35, n.5, p.1099-1106, 2011. AYRES, M.; AYRES JÚNIOR, M.; AYRES, D.L.; SANTOS, A.A. BIOESTAT – Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Ong Mamiraua. Belém. Pará. 2007. AUSTIN, A. T.; YAHDJIAN, L.; STARK, J. M.; BELNAP, J.; PORPORATO, A. NORTON, U.; RAVETTA, D. A.; SCHAEFFER, S. M. Water pulses and biogeochemical cycles in arid and semiarid ecosystems. Oecologia, v. 141, p. 221-235, 2004. CATTELAN, A. J. e VIDOR, C. Flutuações na biomassa, atividade e população microbiana do solo em função de variações ambientais. Revista Brasileira Ciência do Solo, v.14, p.133-142, 1990. CORREIA, K. G.; SANTOS, T. S.; ARAUJO, K. D.; SOUTO, J. S.; FERNANDES, P. D. Atividade microbiana do solo em quatro estágios sucessionais da caatinga no município de Santa Terezinha, Paraíba, Brasil. Engenharia Ambiental, v. 6, n. 3, p. 534-549, 2009. COSTA, F. S.; GOMES, J.; BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Métodos para avaliação das emissões de gases do efeito estufa no sistema solo-atmosfera. Ciência Rural, v. 36, n.2, 2006. 110 GRISI, B. M. Método químico de medição de respiração edáfica: alguns aspectos técnicos. Ciência e Cultura, v. 30, n.1, p.82-88, 1978. HUXMAN, T.E.; SNYDER, K.A.; TISSUE, D.; LEFFLER, A.J.; OGLE, K.; POCKMAN, W.T.; SANDQUIST, D.R.; POTTS, D.L.; SCHWINNING, S. Precipitation pulses and carbon fluxes in semiarid and arid ecosystems. Oecologia, v. 141, p. 254-268, 2004. JENKINSON, D. S.; ADAMS, D. E.; WILD, A. Model estimates of CO2 emissions from soil in response to global warming. Nature, v. 351, p.304-306, 1991. KOSUGI, Y. A.; MITANI, B. T. ; ITOH, M. A.; NOGUCHI, S. C.; TANI A. M..; MATSUO D. N.; TAKANASHI E. S. ; OHKUBO, A. S. & NIK, A. R. Spatial and temporal variation in soil respiration in a Southeast Asian tropical rainforest. Agricultural and Forest Meteorology v. 147, p. 35–47, 2007. LINN, D. M.; DORAN, J. W. Effects of water-filled pore space on carbon dioxide and nitrous oxide production in tilled and nontilled soils. Soil Science Society of America Journal, v. 48, n. 6, p. 1267-1272, 1984. LIRA, A. C. S. Comparação entre povoamento de eucalipto sob diferentes práticas de manejo e vegetação natural de cerradão, através da respiração, infiltração de água e mesofauna do solo. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 70f. 1999. LISBOA, C. C.; CERRI, C. C; CERRI, C. E. P.; CONANT, R. T.; FEIGL, B. E. Emissões de CO2 de solos submetidos a um aumento de temperatura. In: XVI Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, 2006, Aracaju. Anais... Aracaju: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2006. LUO, Y; ZHOU, X. Soil respiration and the environment. London, UK: Elsevier, 320p. 2006. MATTEUCCI G, DORE S, REBMANN C, STIVANELLO S, BUCHMANN N. Soil respiration in beech and spruce forests in Europe: trends, controlling factors, annual budgets and implications for the ecosystem carbon balance. In: Schulze E-D (ed) Carbon and nitrogen cycling in European forest ecosystems. Springer, Berlin Heidelberg New York, p. 217–236. 2000. MERBOLD, L.; ZIEGLER, W.; MULEKELABAI, M. M.; KUSCH, W. L. Spatial and temporal variation of CO2 efflux along a distubance gradient in miombo woodland in Western Zambia. Biogeosciences, v. 8, 147-164, 2011. MORARU, P. I.; RUSU, T.; SOPTEREAN, M. L. Soil Tillage Conservation and its Effect on Erosion Control, Water Management and Carbon Sequestration. Romania. ProEnvironment p. 359 – 366, 2010. 111 MORITA, T.; ASSUNPÇÃO, R. M. V. Manual de soluções, reagentes e solventes. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 629p. 1972. NOY-MEIR, I. Desert ecosystems: environment and producers. Annual Reviews of Ecology and Systematics, Jerusalém, Israel, v. 4, p. 25-51, 1973. PANOSSO, A. R.; SCALA JÚNIOR, N. LA; PEREIRA, G. T.; ZANINI, J. R. Uso de krigagem ordinária e co-krigagem para estimar a emissão de CO2 do solo após molhamento. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 31, 2007, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD - ROM. PAUL, E. A.; CLARK, F. E. Soil microbiology and biochemistry. London: Academic Press, 340p. 1996. SOE, A. R. e NINA BUCHMANN. Spatial and temporal variations in soil respiration in relation to stand structure and soil parameters in an unmanaged beech forest. Tree Physiology v. 25, p. 1427–1436, 2005. SOUTO, P. C. Estudo da dinâmica de decomposição de estercos na recuperação de solos degradados no semiárido paraibano. Dissertação (Mestrado em Manejo de Solo e Água) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia. 110f. 2002. SOUTO, P.C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de organismos edáficos em área de caatinga na Paraíba. Areia, Tese (Doutorado em Agronomia) pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. 150p. 2006. SOUTO, P. C.; SOUTO, J. S.; SANTOS, R. V.; SALES, F. C.; LEITE, R. A.; SOUSA, A. A. Decomposição da serapilheira e atividade microbiana em área de caatinga. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM. SOUTO, P. C.; BAKKE, I. A.; SOUTO, J. S.; OLIVEIRA, V. M. Cinética da respiração edáfica em dois ambientes distintos no semiárido da Paraíba, Brasil. Revista Caatinga, v. 22, n.3, p. 52-58, 2009. WILDUNG, R. E.; GARLAND, T. R.; BUSHBOM, R. L. The interdependence effects of soil temperature and water content on soil respiration rate and plant root decomposition in arid grassland soils. Soil Biology Biochem, v. 7, p. 373-378, 1975. 112 CAPÍTULO 4 Levantamento florístico, fitossociológico e composição químico-bromatológica do componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de Campina Grande-PB 113 CAPÍTULO 4 Levantamento florístico, fitossociológico e composição químico-bromatológica do componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de Campina Grande-PB RESUMO A caatinga está presente em quase toda área de clima semiárido do nordeste brasileiro e apresenta formações vegetais, fisionômica e florísticamente distintas. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitossociológico do componente arbustivo-arbóreo com o intuito de caracterizar a composição florística e conhecer as espécies de maior potencial forrageiro através da determinação da composição bromatológica, no município de Campina Grande, Paraíba. O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido, localizado no município de Campina Grande – PB. O levantamento florístico e fitossociológico foi realizado pelo método de parcelas. Foram quantificados, em cada parcela, todos os indivíduos arbustivo-arbóreos vivos com circunferência à Altura da Base ≥ a 9 cm e altura ≥1 m. Os dados foram analisados utilizando-se do Software Mata Nativa 2©. No levantamento florístico os materiais vegetais foram coletados e enviados ao “Herbário Jayme Coelho de Moraes”, para identificação por meio de comparação com exsicatas e por meio de literatura especializada. Para composição química-bromatológica determinaram-se os teores de matéria seca, proteína bruta, matéria mineral, matéria orgânica, estrato etéreo, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, lignina e tanino condensado das espécies com potencial forrageiro, as analises estatísticas foram realizadas no programa SAS. Foram constatados, nas 40 parcelas amostradas da área experimental, 1.479 indivíduos, distribuídos em 26 gêneros, 26 espécies e 16 famílias. Das 26 espécies encontradas, 15 possuem hábito de vida arbóreo e 11 são arbustivas. Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea e Poincianella pyramidalis foram às únicas espécies que apresentaram valor de importância superior a 10%, o que demonstra a dominância das mesmas na população. Fabaceae e Euphorbiaceae são as famílias que apresentaram o maior número de espécies arbustivas - arbóreas na área de estudo o que confirma o padrão para o Semiárido brasileiro. As espécies que apresentaram o padrão de distribuição agregada de acordo com o índice de MacGuines foram Croton blanchetianus (IGA= 4,09), Piptadenia stipulacea (IGA= 3,18), Allophylus quercifolius (IGA= 3,35), Bauhinia cheilantha (IGA= 2,48) e Manihot carthaginensis (IGA= 2,21). Apesar de que a maioria das espécies encontradas na área do presente estudo foi classificada como tendência ao agrupamento ou uniformes. O valor encontrado para o índice de Shannon (H’) foi de 1,39. Croton blanchetianus predominou com relação às outras espécies em todos os outros parâmetros fitossociológicos (Ni, DA, FA, FR, DoA, DoR e VC). Dentre as variáveis químico-bromatológica estudadas a proteína bruta, lignina, FDN, FDA e extrato etéreo não apresenta diferença entre si. As espécies Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora e Croton blanchetianus apresentam baixas concentrações de taninos condensados totais para folhas quando comparado com a parte de hastes superiores. Palavras-chave: composição botânica, diversidade, semiárido, valor nutritivo 114 CHAPTER 4 Floristic, phytosociological and chemical composition of the woody component of Caatinga in Campina Grande-PB ABSTRACT The Caatinga is present in almost every area of the northeastern Brazilian semiarid climate and presents the vegetation, physiognomic and floristic distinct. This study aimed to conduct a phytosociological woody component with the aim of characterizing the composition and know the species of higher forage potential by determining the chemical composition, in Campina Grande, Paraíba. The experiment was conducted at the Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido located in Campina Grande, PB. The floristic and phytosociological survey was conducted by the plot method. Were quantified in each plot, all tree species living in circumference at the base height ≥ 9 cm and height ≥ 1 m . Data were analyzed using the Software Mata Nativa 2©. In floristic plant materials were collected and sent to the "Herbário Jayme Coelho de Moraes" for identification by comparison with herbarium specimens and through literature. For chemical-bromatological determined the dry matter, crude protein, mineral matter, organic matter, stratum ethereal, neutral detergent fiber, acid detergent fiber, lignin and condensed tannin species with forage potential, the statistical analysis were performed in SAS. Were found in 40 sampled plots of the experimental area, 1.479 individuals belonging to 26 genera, 26 species and 16 families. Of the 26 species found, 15 have life habit and 11 are woody shrubs. Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea and Poincianella pyramidalis were the only species with importance values above 10 %, which demonstrates the dominance of the same population. Fabaceae and Euphorbiaceae are the families with the largest number of tree - shrub species in the study area which confirms the standard for the Brazilian Semiarid. The species showing the distribution pattern of aggregate according to the index were MacGuines Croton blanchetianus (IGA = 4.09), Piptadenia stipulacea (IGA = 3.18), Allophylus quercifolius (IGA = 3.35), Bauhinia cheilantha (IGA = 2.48) and Manihot carthaginensis (IGA = 2.21). Although most species found in the area of this study was classified as a group or tendency to uniform. The value found for the Shannon index (H') was 1.39. Croton blanchetianus predominated with respect to other species in all other phytosociological parameters (Ni, DA, FA, FR, DoA, DoR and VC). Among the variables studied bromatological crude protein, lignin, NDF, ADF and ether extract shows no difference between them. The species Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora and Croton blanchetianus have low concentrations of tannins total sheet as compared to the above rods. Keywords: botanical composition, diversity, semiarid, nutritional value 115 1. Introdução O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado pela caatinga que se caracteriza por ser uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada (DRUMOND et al., 2000). Na Paraíba a região semiárida ocupa cerca de 70% do Estado (PARAIBA, 1997), e caracteriza-se, por apresentar predominantemente clima quente e seco, ocorrência de secas periódicas, baixa pluviosidade, alta temperatura, media alta taxa de luminosidade, grande volume de evaporação e evapotranspiração. Levantamentos florísticos e fitossociológicos são extremamente importantes para o entendimento e conhecimento das florestas tropicais. A identidade das espécies e o comportamento das mesmas em comunidades vegetais são o começo de todo processo para a compreensão deste ecossistema (MARANGON et al., 2007). Esses estudos são básicos para o conhecimento das floras regionais e nacional, seus potenciais diversos, bem como para o estudo das relações entre comunidades de plantas e fatores ambientais ao longo das variações da latitude, longitude, altitude, classes de solos, gradientes de fertilidade e de umidade dos solos (SILVA JÚNIOR, 2005). A finalidade de um levantamento florístico é listar as espécies vegetais ocorrentes em determinada área (CAVASSAN e MARTINS, 1989), enquanto a fitossociologia é o estudo de métodos de conhecimento e definição de comunidades vegetais no que se refere à origem, estrutura, classificação e relações com o meio, ou seja, o estudo da fitossociologia pressupõe a existência de comunidades de plantas (FELFILI e REZENDE, 2003). Conforme Silva et al. (2004), pelas análises fitossociológica horizontal e vertical, a estrutura da comunidade vegetal pode ser representada como um todo e comparada com outras comunidades, tanto do ponto de vista da composição de espécies como da abundância de suas populações por estratos. Fitossociologicamente, a densidade, frequência e dominância das espécies são determinadas pelas variações topográficas, tipo de solo e pluviosidade (DRUMOND et al., 2000). A vegetação é o componente do ecossistema que expõe os efeitos das condições ambientais e fatores históricos, de maneira óbvia e mensurável (MULLERDOMBOIS e ELLENBERG, 1974). Medir a vegetação consiste em avaliar uma ou mais propriedades, possibilitando a identificação e interpretação da resposta animal, 116 verificação dos efeitos de manejo, obtenção das estimativas da capacidade de suporte, entre outras (NASCIMENTO JÚNIOR, 1991). A vegetação da caatinga tem grande importância para a manutenção da pecuária no semiárido, pois apresenta grande diversidade em sua flora, com inúmeras espécies forrageiras arbustivas, arbóreas e herbáceas. Estudos realizados no nordeste brasileiro estimam que 70% das espécies da caatinga participam, significativamente, da composição da dieta dos ruminantes. Para Guim et al. (2004) a manipulação de árvores, arbustos e herbáceas forrageiras, para o aumento da produção de forragem e por extensão da produção animal, requerem conhecimento adequado de suas características de produção de fitomassa e do valor nutritivo. Apesar de apresentar boa disponibilidade de fitomassa no período chuvoso, parte significativa desse material não é utilizada na alimentação dos animais. O conhecimento mais detalhado do potencial das espécies encontradas neste bioma indicará o potencial de manejo dessa vegetação, de forma a viabilizar sua utilização. O conhecimento da composição bromatológica é o ponto de partida para o discernimento da concentração e disponibilidade dos nutrientes, o que contribui para predizer a resposta animal em diferentes situações de pastejo (VAN SOEST, 1994). Na análise da composição bromatológica, são avaliados, principalmente, os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), matéria mineral (MM), etc. Assim, é importante conhecer a composição química de forrageiras, para melhor identifica-las e servir para consumo animal. A análise bromatológica possibilita a obtenção da composição química das espécies da Caatinga, ou seja, a determinação das frações nutritivas desse vegetal. Algumas plantas, no entanto, podem conter substâncias que podem ter um efeito adverso na resposta animal, sendo denominadas de substâncias antiqualitativas ou antinutricionais. Dentre essas substâncias existem os compostos fenólicos são derivados do ácido chiquímico ou ácido mevalônico (PERES, 2008). Provavelmente, a síntese e acumulação de muitas dessas substâncias estão associadas com a adaptação das plantas à variação de seu habitat, sendo que a função dessas substâncias nos vegetais é frequentemente vista como um método de proteção da planta contra o pastejo excessivo pelos animais herbívoros (ANDRADE et al., 2010). 117 Todavia, em virtude da riqueza florística forrageira da caatinga ser pouco conhecida, torna-se difícil à seleção de espécies com potencial forrageiro para melhoramento das pastagens nativas. Por essa razão, nesta pesquisa objetivou-se conhecer as espécies de maior ocorrência na área experimental e com potencial forrageiro através da determinação da composição químico-bromatológica. 118 2. Material e Métodos 2.1. Caracterização geral da área em estudo O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande, com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – semiárido quente com chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1 e temperatura média do ar de 22,5 °C. Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006). A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas. 119 Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área experimental. 2.2. Procedimento das coletas 2.3. Levantamento florístico e fitossociológico O levantamento florístico e fitossociológico foi realizado pelo método de parcelas contíguas, em uma área de 20 hectares, sendo dividida em 40 parcelas de 10 m x 10 m (Figura 2A e 2B). A B Figura 2. Demarcação da área para o levantamento florístico e fitossociológico na Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB. 120 2.3.1. Levantamento florístico Para determinação da composição florística foram coletados materiais botânicos das espécies presentes na área experimental; posteriormente foram acondicionados em jornais (Figura 3A), etiquetados, prensado, seco em estufa por 48 horas e em seguida enviado ao Herbário Jaime Coelho de Morais da Universidade Federal da Paraíba, os quais foram expurgados, classificado, identificado e tombado (Figura 3B). Dessa identificação resultou a listagem de espécies amostradas na área de estudo, agrupadas por família, conforme o sistema de taxonomia vegetal utilizado na classificação de espécies. A sinonímia e a grafia dos táxons foram atualizadas mediante consulta ao índice de espécies do banco de dados Tropicos® do Missouri Botanical Garden (Disponível em: <http://www.tropicos.org/>) Saint Louis - Missouri, EUA. A lista florística foi organizada de acordo com o sistema Angiosperm Phylogeny Group III (APG III) (BREMER et al., 2009). A B Figura 3. Coleta das espécies e o acondicionamento em jornais (A), e montagem das exsicatas (B) das espécies vegetais constatada na área experimental. 121 2.3.2. Levantamento fitossociológico Para determinação dos parâmetros fitossociológicos, foram anotados em cada parcela: a espécie, a altura e a circunferência de todos os indivíduos arbóreo-arbustivos vivos (RODRIGUES, 1989), a circunferência à altura da base (CAB) ≥ a 9 cm e altura (h) mínima de 1 m (RODAL, 1992) (Figura 4A e 4B). Em casos de indivíduos ramificados, a área basal individual resultou da soma de áreas basais de cada ramificação (RODRIGUES, 1989). As medidas de altura foram realizadas com auxílio de uma régua graduada e para medir a circunferência dos indivíduos foi utilizada uma fita métrica. Todos os indivíduos presentes na área foram identificados com etiquetas enumeradas, contendo o número da planta (Figura 4C). Em seguida foi calculado o diâmetro pela equação: D CAB (1) em que: D = diâmetro; CAB = circunferência a altura da base. A B C Figura 4. Medição da altura 1,0 m, circunferência à altura da base (CAB) 9 cm e identificação das espécies do levantamento fitossociológico (A), (B) e (C) na Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB. Os dados fitossociológicos de estrutura horizontal foram obtidos por meio do programa Mata Nativa 2® (CIENTEC, 2006), cujos parâmetros analisados foram: Densidade Absoluta e Relativa (DA e DR), Frequência Absoluta e Relativa (FA e FR), 122 Dominância Absoluta e Relativa (DoA e DoR), Valor de cobertura e Valor de Importância (IVC e IVI) para cada espécie (MULLER-DOMBOIS e ELLENBERG, 1974). Foram determinados os seguintes parâmetros: Frequência Absoluta (FA): Expressa em porcentagem, a relação entre o número de parcelas ou pontos que ocorre uma dada espécie e o número total de amostras. FA% Pi x100% P (2) em que: Pi = número de ocorrência da espécie i; P = número total de amostras. Frequência Relativa (FR): é a relação entre a frequência absoluta de uma dada espécie com as frequências absolutas de todas as espécies, expressa em percentagem. FR% FAi x100% FAi (3) Densidade Absoluta (DA): é à medida que expressa o número de indivíduos de uma dada espécie (ni) por unidade de área (A). Parcelas em que cada espécie ocorre (%). DA ni ha A em que: ni = número de indivíduos da espécie i; A = área total amostrada (ha). (4) 123 Densidade Relativa (DR): é a relação entre o número de indivíduos de uma determinada espécie (ni) e o número de indivíduos amostrados de todas as espécies (N), expressa em percentagem. DR% ni x100% N (5) Dominância Absoluta (DoA): é dada a partir da somatória da área basal dos indivíduos de cada espécie (ABi), dividido pela área total amostrada (A). DoA ABi ha A (6) Dominância Relativa (DoR): é a relação entre a área basal total de uma determinada espécie e a área basal total de todas as espécies amostradas, expressa em percentagem. Este parâmetro também informa a densidade da espécie, contudo, em termos de área basal, identificando sua dominância sob esse aspecto. DoR% ABi x100% ABi (7) Índice de Valor de Importância (IVI): representa a soma dos valores relativos de densidade, de frequência e de dominância de cada espécie. A importância de uma espécie caracteriza-se pelo número de árvores e suas dimensões (abundância e dominância) que determinam sua ocupação no ecossistema floresta, não importando se as árvores aparecem isoladas ou em grupos. A frequência relativa na fórmula do VI só exerce influência quando algumas espécies aparecem em grupo. IVI = DR + DoR + FR (8) 124 Índice de Valor de Cobertura (IVC): representa a soma dos valores relativos de densidade e dominância de cada espécie, informando a importância ecológica da espécie em termos de distribuição horizontal. IVC = DRi + DoRi (9) Índice de diversidade Para quantificar a diversidade do ecossistema foi utilizado o índice de diversidade de Shannon-Weaver que considera igual peso entre as espécies raras e abundantes (MAGURRAN, 1988), é estimado pela equação: S N .ln( N ) ni ln(ni ) i l H' N (10) em que: H’ = Índice de diversidade de Shannon-Weaver; N = número total de indivíduos amostrados; n i = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie; S = número de espécies amostradas; ln = logaritmo de base neperiana (e). Apresentará valor máximo quando cada indivíduo pertencerem a uma espécie diferente e no mínimo quando todos pertenceram à mesma espécie. Quanto maior o valor de H´, maior será a diversidade florística da comunidade em estudo (PERKINS, 1982; BROWER; ZAR, 1984). 125 Padrão agregação das espécies Para a avaliação da distribuição espacial das espécies (agregação) foi aplicado o Índice de Agregação de MacGuinnes, também denominado de IGA, segundo (MCGUINNES, 1934), a partir da equação: IGAi Di di (11) Sendo: ni uT (12) di ln 1 fi (13) Di fi ui uT (14) em que: IGA i = "Índice de MacGuinnes" para a i-ésima espécie; Di = densidade observada da i-ésima espécie; di = densidade esperada da i-ésima espécie; fi = frequência absoluta da i-ésima espécie; ln = logaritmo neperiano; ni = número de indivíduos da i-ésima espécie; ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre; uT = número total de unidades amostrais. Classificação IGA = Classificação do padrão de distribuição dos indivíduos das espécies, que obedece a seguinte escala: IGAi < 1: distribuição uniforme; IGAi = 1: distribuição aleatória; 1 < IGAi <= 2: tendência ao agrupamento; IGAi > 2: distribuição agregada ou agrupada. 126 2.3.3. Estrutura das classes Os dados relacionados à distribuição diamétrica foram analisados a partir da elaboração de histogramas de distribuição de frequência de classes com intervalos de 3 cm de todos os indivíduos amostrados. Com relação à distribuição das classes de altura foram construídos histogramas de frequência com intervalos de um metro. 2.4. Análise químico-bromatológica de espécies da caatinga com potencial forrageiro Para a avaliação da composição químico-bromatológica, foram coletadas as folhas e ramos da parte superior de cada espécie vegetal no estado apreciado, no mês de março correspondente ao período chuvoso. As espécies escolhidas na área experimental que apresentam maior potencial forrageiro são: Bauhinia cheilantha, Cynophalla flexuosa, Mimosa tenuiflora, Croton blanchetianus, Poincianella pyramidalis, Piptadenia stipulacea e Mimosa sp. As amostras coletadas das plantas forrageiras foram acondicionadas em sacos plásticos e transportadas até o laboratório do INSA/MCTI. Foram feitas a separação das folhas e ramos finos com aproximadamente 2 mm de diâmetro, posteriormente, acondicionadas em sacos de papel previamente identificados, pesadas e secas em estufa com ventilação forçada a 55 °C por 72h, em seguida, foram pesadas novamente determinando-se assim a amostra seca ao ar (ASA) (Figura 5A, B, C e Figura 6D). A B C Figura 5. Material acondicionado em sacos de papel previamente identificados (4A), pesadas (B) e secas em estufa com ventilação forçada a 45 °C por 72h (C). 127 Todo o material amostrado foi processado separadamente em moinho tipo Willey, em peneiras de 1 mm, posteriormente, acondicionado em recipientes de vidros hermeticamente fechados e identificados com o nome da planta, o local que foi coletado a amostra e a data (Figura 6E e F). Para análise do material vegetal foi conduzido para o Laboratório de Análises de Alimentos do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia – PB. Foi analisada individualmente para os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB) matéria orgânica (MO), lignina (LIG), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) pela metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). D E F Figura 6. Separação das folhas e ramos finos (D), moagem das amostras (E) e acondicionamento das amostras em recipientes de vidro (F). Para a caracterização dos taninos condensados foram determinados os teores em tanino solúvel (TCS) e tanino ligado ao resíduo da amostra (TCL), determinados pelo método butanol-HCL descrito por Terril et al. (1992). A concentração total em taninos condensados foi obtida pela soma das frações solúvel e ligada ao resíduo. Amostras de 10 mg, em duplicata, tiveram seus taninos condensados solúveis extraídos por uma mistura de 2,5 mL de acetona aquosa a 70% com ácido ascórbico a 0,1% e 2,5 mL de dietil éter. Após remoção dos solventes por evaporação, o extrato foi ajustado para 5 mL com água destilada, centrifugado a (3500 rpm por 10 minutos) (Figura 7Q) e separado do resíduo sólido. Em seguida foi adicionado 1,8 mL de butanol-HCL a 5% em alíquotas de 0,5 mL do extrato e levado a banho-maria a 95 °C por 70 minutos (Figura 7R). Os taninos condensados ligados ao resíduo foram determinados por adição de 0,7 mL de água destilada e 4,2 mL de butanol-HCL a 5% e banho-maria a 95 °C por 70 minutos e centrifugado a 14000 rpm por 5 minutos. 128 Em ambos os casos, as amostras tiveram suas absorbâncias lidas a 550 nm em espectrofotômetro (Figura 7S) e o resultado convertido em % de tanino condensado com base na equação de regressão da curva padrão da espécie da jurema-preta. A concentração total em taninos condensados foi obtida pela soma das frações solúvel e ligada ao resíduo (MUPANGWA et al., 2000). Q R S Figura 7. Centrifugação das amostras a 14.000 rpm (Q), banho-maria 95 °C por 70 minutos (R) amostras lidas no espectrofotômetro 550 nm (S). 2.5. Análise estatística Os dados da composição químico-bromatológica das plantas foram submetidos análise de variância não paramétrica com o teste de Kruskal-Wallis. As analises estatísticas foram realizadas no programa SAS (SAS INSTITUTE, 1997). Os valores médios obtidos nas análises foram provenientes da soma dos teores de todas as plantas analisadas individualmente para MS, PB, MM, EE, FDN, FDA, TCS, TCL, TT e não de um pool de espécies. 129 3. Resultados e Discussão 3.1. Curva do coletor A riqueza e a diversidade de espécies dependem, além da própria natureza da comunidade, do esforço amostral despendido, uma vez que o número de espécies aumenta com o aumento do número de indivíduos amostrados. As curvas de acumulação de espécies (curvas do coletor) permitem avaliar o quanto um estudo se aproxima de capturar todas as espécies do local. Quando a curva estabiliza, ou seja, nenhuma espécie nova é adicionada, significa que a riqueza total foi obtida. A partir disso, novas amostragens não são necessárias. Analisando-se a curva do coletor apresentada na (Figura 8), constata-se que o número de parcelas foi suficiente para estimar a realidade da composição da fitocenose, devido que ocorreu uma estabilização na curva do coletor, o que demonstra uma alta significância estatística dos dados, consequência do não ingresso de novas espécies nas últimas parcelas. 16 Número de espécies 14 12 10 8 6 4 2 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 Número de Parcelas Figura 8. Curva do coletor na área do experimento com o número de espécies registradas em uma área de 20 hectares (40 parcelas). 130 3.2. Composição e riqueza florística Nas 40 parcelas inventariadas foram amostrados 1.479 indivíduos, representando 26 gêneros, 26 espécies e 16 famílias (Tabela 1). Das 26 espécies encontradas, 15 possuem hábito de vida arbóreo e 11 são arbustivas. Ambas apresentam importância econômica, social e ambiental para a região nordeste. Todas as espécies listadas têm sua distribuição nas Caatingas, como exemplo o Croton blanchetianus, Poincianella pyramidalis e Aspidosperma pyrifolium. A importância econômica e social varia, pois existem algumas com múltiplos usos, que vai desde medicinal (casca) a utilização da madeira para confecção de móveis. Como também existem algumas com potencial forrageiro: Cynophalla flexuosa e Bauhinia cheilantha. Ao comparar o levantamento florístico realizado com as demais áreas do semiárido nordestino, verificou-se que esses valores foram superiores aos encontrados por Andrade et al. (2005), Queiroz et. al. (2006), Pegado et al. (2006), Santana e Souto (2006), Fabricante e Andrade (2007), Pinheiro e Alves (2007), Pessoa et al.(2008), Rodal et al. (2008b), Souza e Rodal (2010) e Araújo et al. (2010), inferiores aos encontrado por Lemos e Rodal (2002), Pereira et al. (2002), Lacerda et al. (2005), Lacerda et. al. (2007), Rodal et al. (2008a), Ramalho et al. (2009), Souza (2011) e Barbosa (2012), e sendo semelhantes ao encontrado por Barbosa (2011) e Pereira Junior, Andrade e Araújo (2012). De acordo com Rodal (1992) o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve ser resposta a um conjunto de fatores, tais como situação topográfica, classe, profundidade e permeabilidade do solo e não apenas o total de chuvas embora esse seja um dos fatores mais importantes. 131 Tabela 1. Famílias e espécies registradas na área de vegetação natural em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB Divisão/Família/Espécie ANGIOSPERMAE ANACARDIACEAE Schinopsis brasiliensis Engl. Spondias tuberosa Arr. Câm. APOCYNACEAE Aspidosperma pyrifolium Mart. BORAGINACEAE Tournefortia rubicunda Salzm. ex A.DC. BURSERACEAE Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillett. CACTACEAE-CACTOIDEAE Pilosocereus pachycladus subsp. Pernambucoensis (Ritter) Zappi Cereus jamacaru Dc. CAPPARACEAE Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo e Iltis EUPHORBIACEAE Euphorbia tirucalli L. Sapium glandulosum (L.) Morong Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. Manihot carthaginensis subsp. glaziovii (Müll.Arg.) Allem Croton blanchetianus Baill. Continuação... Nome popular Hábito Baraúna Umbu Árvore Árvore Pereiro Árvore Cipó-de-nego Arbusto Imburana Árvore Facheiro Mandacaru Arbusto Árvore Feijão bravo Icó Arbusto Árvore Aveloz Burra leiteira Pinhão Maniçoba Marmeleiro Arbusto Arbusto Arbusto Arbusto Arbusto 132 FABACEAE-CAESALPINACEAE Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz FABACEAE-CERCIDEAE Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. FABACEAE-MIMOSOIDEAE Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Mimosa sp. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke MALVACEAE Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns NYCTAGINACEAE Guapira sp. RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. RUBIACEAE Guettarda sericea Müll. Arg. SAPINDACEAE Allophylus quercifolius Radlk. VERBENACEAE Lantana camara L. Catingueira Jucá Árvore Árvore Mororó Arbusto Jurema preta Unha de gato Jurema branca Árvore Árvore Árvore Imbiratanha Árvore João Mole Árvore Juazeiro Árvore Veludo Arbusto Sipaúba Árvore Chumbinho Arbusto 133 As famílias com maior riqueza foram Fabaceae com seis espécies, Euphorbiaceae com cinco espécies, Anacardiaceae, Cactaceae e Capparaceae foram representadas por duas espécies. As demais famílias foram representadas por única espécie totalizando nove espécies (Figura 9), evidenciando, assim, um baixo índice de diversidade na área amostrada. Principalmente na Caatinga, este fato também é destacado nos trabalhos de Rodal (1992) e Araújo et al. (1995). Pereira et al. (2002) em estudo realizado em remanescente de caatinga no agreste da Paraíba, detectaram a família Fabaceae com maior número de espécies. Dados semelhantes também foram encontrados por Trovão et al. (2010) analisando a composição florística de uma vegetação no semiárido paraibano, também constataram uma maior abundância das famílias Fabaceae, Euphorbiaceae e Cactaceae. Representantes destas famílias apresentam-se notáveis em áreas de caatinga, sendo observado em vários trabalhos de levantamentos quantitativos (Souza e Rodal, 2010; Andrade et al., 2009; Oliveira et al., 2009). 7 6 Quantidade de Espécies 6 5 5 4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 Família Figura 9. Números de espécies por família amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB. Vale ressaltar que as famílias Fabaceae e Euphorbiaceae são as mais representativas em número de espécies na maioria dos levantamentos realizados em área de Caatinga instalada no cristalino, o que pode ser explicado pelo condicionante geral da semiaridez da 134 região (AMORIM et al., 2005). Essas famílias são definidas por Lacerda et al. (2005) como as de maior riqueza de espécies no componente arbustivo-arbóreo da Caatinga. Os táxons mais abundantes na área experimental, em ordem decrescente de grandeza foram: Croton blanchetianus (604 ind.), Piptadenia stipulacea (381 ind.), Poincianella pyramidalis (119 ind.), Allophylus quercifolius (80 ind.) e Mimosa sp (69 ind.), sendo estas responsáveis por mais de 84,72% do total das espécies amostradas. (Figura 10). Maracajá et al. (2003), em estudo realizado na região semiárida de Serra do Mel, RN, Dantas et al. (2010) e Holanda (2012) trabalhando em uma área de Caatinga ambos em Pombal-PB constataram um elevado número de indivíduos da espécie Croton blanchetianus em relação a outras espécies encontradas na região semiárida da Paraíba atribuindo esse predomínio à grande facilidade de rebrota dessa espécie. De modo semelhante, Andrade et al. (2005) e Araújo et al. (2010) em estudo realizado em São João do Cariri - PB, constataram que além do Croton blanchetianus, outras espécies como Poincianella pyramidalis, Aspidosperma pyrifolium foram encontradas com maior número de indivíduos. Sampaio (1996) menciona que as três primeiras espécies se destacam em relação ao número de indivíduos para maioria dos trabalhos realizados em área de Caatinga, sendo adaptadas as características climáticas da região. 604 600 500 381 400 7 5 4 3 2 1 1 1 1 1 Euphorbia tirucalli Libidibia ferrea Schinopsis brasiliensis Sapium glandulosum Anadenanthera colubrina 39 30 23 21 18 17 14 10 10 10 8 Spondias tuberosa Arruda. 80 69 Guapira sp 119 100 Commiphora leptophloeos 200 Neocalyptrocalyx longifolium 300 Ziziphus joazeiro Quantidade de Indivíduos 700 Espécies Lantana camara Tournefortia rubicunda Aspidosperma pyrifolium Cereus jamacaru Pilosocereus pachycladus Manihot carthaginensis Cynophalla flexuosa Guettarda sericea Jatropha mollissima Chloroleucon foliolosum Mimosa sp Bauhinia cheilantha Allophylus quercifolius Poincianella pyramidali Piptadenia stipulacea Croton blanchetianus 0 Figura 10. Número de indivíduos por espécie amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB. 135 Maia (2004) descreve Croton blanchetianus como uma árvore de pequeno porte, de grande resistência a seca e quando cortada assume aparência arbustiva, pelas ramificações que nascem desde a base. Planta pioneira, que ocupa capoeiras, margens de estradas e todo o tipo de áreas degradadas, com solos de fertilidade natural bom e boa drenagem, com exceções de lugares extremamente secos, podendo ser considerada como indicadora do nível de perturbação antrópica, ocorrendo com elevada frequência em lugares com vegetação muito devastada. No geral o Croton é o segundo maior gênero de Euphorbiaceae, com aproximadamente 1.200 espécies distribuídas predominantemente no continente americano. Com cerca de 300 espécies, o Brasil é um dos principais centros de diversidade do gênero, que está representado nos mais variados ambientes e tipos vegetacionais (BERRY et al. 2005). Segundo Santana e Souto (2006), que sua ampla densidade nos levantamentos, é uma característica importante da espécie, indicando que pode ser usada na recuperação de áreas degradadas, podendo ocupar nichos inóspitos e, proporcionando, assim, melhorias nas condições do solo que podem permitir a continuidade da sucessão. Em outros trabalhos realizados em localidades próximas a área estudada, Poincianella pyramidalis também foi apontada como uma das espécies mais frequentes (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; ANDRADE et al., 2005; SILVA, 2005; SANTANA; SOUTO, 2006; ARAUJO, 2007; FABRICANTE; ANDRADE, 2007; DANTAS et al. 2010; HOLANDA, 2012). De acordo com Maia (2004) essa espécie apresenta ampla dispersão no semiárido nordestino. 3.4. Estrutura fitossociologica 3.4.1. Descritores estruturais das espécies amostradas No levantamento fitossociológico do estrato arbustivo-arbóreo realizado na área da estação experimental do INSA em Campina Grande, PB foram amostrados 1.479 indivíduos nas 40 parcelas inventariadas. Verificou-se que as espécies com maior número de indivíduos foram Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Poincianella pyramidalis, Allophylus quercifolius e Mimosa sp, equivalentes 84,72% de todos os indivíduos encontrados na área experimental. Dentre as 26 espécies amostradas, Croton blanchetianus, apresentou uma melhor distribuição, presente em quase todas as parcelas e com uma densidade relativa que apresentou (DR= 40,84%) (Tabela 2). Na análise da estrutura horizontal das espécies a maior contribuição de frequência absoluta e relativa foi demonstrada por Croton blanchetianus que apresentou (FA= 97,5%; 136 FR= 13,45%) e para densidade absoluta (DA= 1.510 Ind./ha-1), por conseguinte alto valor de importância (Tabela 2). Outra espécie representativa foi a Piptadenia stipulacea apresentando (FA= 95,0%; FR= 13,1%), e densidade absoluta (DA= 952,5 Ind./ha-1), a terceira foi Poincianella pyramidalis (FA= 80,0%; FR= 11,03%), e densidade absoluta (DA= 297,5 Ind/ha-1). Para dominância absoluta (DoA) e dominância relativa (DoR), destacaram-se, Croton blanchetianus com (3,03m2) e Poincianella pyramidalis (1,91m2) de área basal. Tabela 2. Espécies amostradas em área de Caatinga no município de Campina Grande – PB e seus respectivos descritores estruturais em ordem decrescente com base no valor de importância ESPÉCIE Croton blanchetianus Piptadenia stipulacea Poincianella pyramidalis Mimosa sp Allophylus quercifolius Chloroleucon foliolosum Bauhinia cheilantha Guettarda sericea Pilosocereus pachycladus Cereus Jamacaru Cynophalla flexuosa Ziziphus joazeiro Aspidosperma pyrifolium Jatropha ribifolia Tournefortia rubicunda Manihot carthaginensis Euphorbia tirucalli Neocalyptrocalyx longifolium Lantana camara Guapira sp Commiphora leptophloeos Spondias tuberosa Libidibia ferrea Schinopsis brasiliensis Sapium glandulosum Anadenanthera colubrina Total DA (Ind./ha-1) 1.510 952,5 297,5 172,5 200,0 75,0 97,5 52,5 35,0 25,0 45,0 17,5 25,0 57,5 25,0 42,5 2,50 12,5 20,0 7,5 10,0 5,0 2,5 2,5 2,5 2,5 3697,5 DR (%) 40,84 25,76 8,05 4,67 5,41 2,03 2,64 1,42 0,95 0,68 1,22 0,47 0,68 1,56 0,68 1,15 0,07 0,34 0,54 0,2 0,27 0,14 0,07 0,07 0,07 0,07 100 FA (%) 97,5 95,0 80,0 67,5 45,0 47,5 32,5 30,0 25,0 22,5 32,5 17,5 17,5 25,0 20,0 17,5 2,50 10,0 10,0 7,5 7,5 5,0 2,5 2,5 2,5 2,5 725 FR DoA (%) (m2/ha-1) 13,45 7,569 13,10 3,481 11,03 4,783 9,31 0,913 6,21 0,953 6,55 0,795 4,48 0,992 4,14 0,447 3,45 0,675 3,1 0,778 4,48 0,161 2,41 0,771 2,41 0,693 3,45 0,095 2,76 0,165 2,41 0,087 0,34 0,757 1,38 0,195 1,38 0,055 1,03 0,074 1,03 0,056 0,69 0,013 0,34 0,016 0,34 0,012 0,34 0,007 0,34 0,002 100 24,542 DoR VC VI (%) (%) (%) 30,84 35,84 28,38 14,18 19,97 17,68 19,49 13,77 12,86 3,72 4,19 5,90 3,88 4,65 5,17 3,24 2,63 3,94 4,04 3,34 3,72 1,82 1,62 2,46 2,75 1,85 2,38 3,17 1,92 2,32 0,66 0,94 2,12 3,14 1,81 2,01 2,82 1,75 1,97 0,39 0,97 1,80 0,67 0,67 1,37 0,35 0,75 1,31 3,08 1,58 1,17 0,79 0,57 0,84 0,23 0,38 0,72 0,3 0,25 0,51 0,23 0,25 0,51 0,05 0,09 0,29 0,06 0,07 0,16 0,05 0,06 0,15 0,03 0,05 0,15 0,01 0,04 0,14 100 100 100 Ni= Número de Indivíduos, AB= Área Basal, DA = Densidade Absoluta, DR = Densidade Relativa, FA = Frequência Absoluta, FR = Frequência Relativa, DoA = Dominância Absoluta, DoR = Dominância Relativa, VC = Valor de Cobertura e VI= Valor de Importância 137 Observa-se que as espécies que apresentaram o valor de importância (VI) e valor de cobertura (VC) mais expressivo na área estudada, em ordem decrescente foram: Croton blanchetianus (VI= 28,38%), Piptadenia stipulacea (VI= 17,68%), Poincianella pyramidalis (VI= 12,86%), Mimosa sp (VI= 5,9%) e Allophylus quercifolius (VI= 5,17%) (Figura 11). A importância pode ser atribuída principalmente à alta densidade de indivíduos na área estudada, obtiveram maior valor de importância totalizando 69,99% do valor total e valor de cobertura com um total de 78,42%. De acordo com Andrade et al. (2005), os baixos valores de VI constatados para a maioria das espécies, refletem a predominância de indivíduos de pequeno porte, ou ainda a presença de poucos indivíduos para a maioria das espécies. Verificou-se que o Croton blanchetianus sobressaiu em todos os parâmetros estudados, pode ser considerado um das 30 25 20 15 10 5 0 Croton blanchetianus Piptadenia stipulacea Poincianella pyramidalis Mimosa sp Allophylus quercifolius Chloroleucon foliolosum Bauhinia cheilantha Guettarda sericea Pilosocereus pachycladus Cereus jamacaru Cynophalla flexuosa Ziziphus joazeiro Aspidosperma pyrifolium Jatropha ribifolia Tournefortia rubicunda Manihot carthaginensis Euphorbia tirucalli Neocalyptrocalyx longifolium Lantana camara Guapira sp Commiphora leptophloeos Spondias tuberosa Libidibia ferrea Schinopsis brasiliensis Sapium glandulosum Anadenanthera colubrina Valor de Importância (%) espécies mais importante dentro do ecossistema terrestre. Espécies Figura 11. Valor de importância de cada espécie amostrada em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB. 138 3.4.2. Índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’) O índice usado para avaliar a diversidade florística da área estudada foi o Índice de Shannon-Weaver (H’). Este índice expressa a diversidade da vegetação e, quanto maior for o valor de H’, maior também será a diversidade florística da comunidade em estudo (PERKINS, 1982; BROWER; ZAR, 1984). O valor encontrado para o índice de Shannon (H’) foi de 1,39, o qual este valor esta baixo quando comparado com outros trabalhos de levantamento realizado em áreas de caatinga como Andrade et al., (2005) (H’= 1,51 e 1,43), Santana e Souto (2006) (H’=2,35), Araújo et al. (2012) (H’= 1,47, 1,45 e 1,69); Barbosa (2011) (H’= 1,98); Pereira Junior, Andrade e Araújo (2012) (H’= 2,29) e no Rio Grande do Norte por Amorim et al. (2005) (H’= 1,86 e 1,94), Freitas et al. (2007) (H’ = 1,44 e 0,19). 3.4.3. Índice de Agregação ou Índice de MacGuinnes (IGA) O índice de MacGuinnes (IGA) se refere à distribuição espacial de uma espécie, no qual é possível visualizar esta distribuição dentro da comunidade, as quais podem ser classificadas, de acordo com a sua distribuição espacial, em: agregadas, com tendência ao agrupamento, uniformes ou aleatórias. Observa-se que as espécies que apresentaram o padrão de distribuição agregada de acordo com o índice de McGuines foram Croton blanchetianus (IGA= 4,09), Piptadenia stipulacea (IGA= 3,18), Allophylus quercifolius (IGA= 3,35), Bauhinia cheilantha (IGA= 2,48) e Manihot carthaginensis (IGA= 2,21), totalizando cinco espécies na área experimental (Tabela 3). Segundo Matteucci e Colma (1982), as causas da agregação das espécies podem ser diversas, tais como: a variação das condições do habitat, método de dispersão das espécies, modificações do local por essa ou outras espécies. O padrão de distribuição agregado tem sido relacionado também às condições edáficas e à estrutura da mata (WARD e PARKER, 1989). As espécies que apresentaram tendência ao agrupamento foram: Poincianella pyramidalis, Mimosa sp, Chloroleucon foliolosum, Guettarda sericea, Pilosocereus pachycladus, Cynophalla flexuosa, Aspidosperma pyrifolium, Jatropha molíssima, Tournefortia rubicunda, Neocalyptrocalyx longifolium, Lantana camara, Commiphora leptophloeos. E as demais foram uniformes de acordo o índice de MacGuinnes (IGA), 139 totalizando nove espécies (Tabela 3). A maioria das espécies encontradas na área do presente estudo foi classificada como tendência ao agrupamento ou uniformes, provavelmente a área ainda não atingiu um estado maduro e avançado de desenvolvimento. Segundo Matteucci e Colma (1982), o tipo de padrão de distribuição espacial vai depender do tamanho das áreas amostrais e da distância entre estas. Unidades menores e mais distantes entre si denotam um padrão aleatório na distribuição das espécies. Se as unidades são maiores, os resultados refletirão um padrão agregado. Isso justifica o fato de grande parte das espécies encontradas na área terem o padrão de distribuição uniforme. Tabela 3. Classificação quanto à agregação pelo índice de MacGuinnes dos indivíduos amostrados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB Nome Científico Croton blanchetianus Baill. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Poincianella pyramidalis (Tul.) Mimosa sp. Allophylus quercifolius R. Chloroleucon foliolosum (Benth.) Bauhinia cheilantha (Bong.) Guettarda sericea Müll.Arg. Pilosocereus pachycladus F. Ritter Cereus jamacaru Dc. Cynophalla flexuosa (L.) Ziziphus joazeiro Mart. Aspidosperma pyrifolium Mart. Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Tournefortia rubicunda Salzm. Manihot carthaginensis (Jacq.) Mull. A. Euphorbia tirucalli L. Neocalyptrocalyx longifolium Mart. Lantana camara L. Guapira sp. Commiphora leptophloeos Mart. Spondias tuberosa Arruda Câm. Libidibia ferrea Mart. Schinopsis brasiliensis Engl. Sapium glandulosum (L.) Anadenanthera colubrina (Vell.) Nome Comum Marmeleiro Jurema branca Catingueira Unha de gato Sipaúba Arapiraca Mororó Veludo Facheiro Mandacaru Feijão bravo Juazeiro Pereiro Pinhão brabo Cipó-de-nego Maniçoba Aveloz Icó Chumbinho João mole Umburana Umbu Jucá Baraúna Burra leiteira Angico de caroço Ui 39 38 32 27 18 19 13 12 10 9 13 7 7 10 8 7 1 4 4 3 3 2 1 1 1 IGA 4,09 3,18 1,85 1,53 3,35 1,16 2,48 1,47 1,22 0,98 1,14 0,91 1,3 2 1,12 2,21 0,99 1,19 1,9 0,96 1,28 0,97 0,99 0,99 0,99 Classificação IGA Agregada Agregada Tendência Agrupamento Tendência Agrupamento Agregada Tendência Agrupamento Agregada Tendência Agrupamento Tendência Agrupamento Uniforme Tendência Agrupamento Uniforme Tendência Agrupamento Tendência Agrupamento Tendência Agrupamento Agregada Uniforme Tendência Agrupamento Tendência Agrupamento Uniforme Tendência Agrupamento Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme 1 0,99 Uniforme Ui = Número de unidades amostrais em que ocorre a espécie, IGA = Índice de agregação MacGuinnes. 140 3.4.4. Distribuição das classes diâmetro Observa-se na área experimental que os maiores números de indivíduos ocorreram a partir da segunda classe diamétrica de 3 a 6 cm (701) e na terceira classe de 6,1 a 9 cm (354) (Figura12). O maior diâmetro observado foi de 149 cm pertencente à espécie catingueira (Poincianella pyramidalis). Dados semelhantes foram encontrados por Barbosa (2011), com relação ao maior número de indivíduos na segunda e terceira classe diamétrica. Pereira Junior, Andrade e Araújo (2012), observaram o maior diâmetro de 114 cm para a espécie catingueira (Poincianella pyramidalis) e o menor diâmetro, foi de 3 cm, pertencente a um indivíduo de catinga branca (Croton rhamnifolioides). As diferenças existentes entre as distribuições diamétricas das espécies podem está relacionadas a diversos fatores, incluindo aspectos da história natural de cada espécie e do histórico de perturbações do fragmento (MACHADO et al., 2004). Comparando com outros estudos realizados na região semiárida, foi verificado maior número de indivíduos em classes diamétricas menores, ratificando o grau de desenvolvimento dos indivíduos (RODAL, 1992; PEREIRA, 2000; ARAÚJO, 2007), bem como do nível de antropização e do histórico de uso do fragmento de caatinga estudado. 800 Número de Indivíduos 701 700 600 500 354 400 300 155 200 100 79 88 36 30 9 13 6 2 2 1 2 4 0 Classe de Diâmentro (cm) Figura 12. Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB. 141 3.4.5. Distribuição das classes altura A distribuição percentual dos indivíduos por classes de altura mostrou também maior concentração de plantas nas classes mais inferiores, ocorrendo gradual redução à medida que se aproxima das classes com maior valor de altura, com 102 indivíduos se concentrando na primeira classe (1-2 m), 465 na segunda (2,1- 3,0 m), 553 na terceira (3,1-4,0 m) e 273 na quarta classe (4,1-5,0 m) (Figura 13), mostrando haver uma serie geométrica decrescente, demonstrando uma população equilibrada em processo de regeneração, como também observou Martins (1991). As espécies com maior altura media foram Pilosocereus pachycladus e Cereus jamacaru, atingindo uma faixa de 10 m, enquanto as mais baixas foram Jatropha molíssima e Cynophalla flexuosa com altura inferior a 2 m. As demais espécies se situaram na faixa de 2,0 m a 9 m. Observa-se que a maior concentração de indivíduos ocorreu nas classes de menor altura, ocorrendo o contrário para as classes de maior valor. Segundo Santana e Souto (2006), afirmam que a baixa altura média, deve-se ao número de indivíduos amostrados que pertencem a espécies consideradas arbustivas, o que contribui para redução deste parâmetro. Dados semelhantes foram encontrados por Amorim et al. (2005) que constataram apenas duas plantas com mais de 8 m de altura, em estudo realizado em área de caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte. Como também aos constatados por Araújo (2010), o qual registrou sete indivíduos com até 7 m de altura. Número de indivíduos 600 553 465 500 400 273 300 200 102 100 76 7 2 2 2 0 Classe de Altura (m) Figura 13. Distribuição do número de indivíduos por classe de altura em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB. 142 4.0. Análise química-bromatológica Na tabela 4, estão apresentadas as percentagens de MS, os teores de PB, MM, EE, FDN, FDA, LIG e MO e os coeficientes de variação. Verificou-se efeito significativo (P<0,01) para as variáveis MS, MO, FDA e LIG. De acordo com os coeficientes de variação, pode-se julgar a grande variabilidade entre as espécies avaliadas. As diferenças dos percentuais entre as espécies mororó, feijão-bravo, jurema-preta, marmeleiro, catingueira, jurema-branca e unha-de-gato podem estar relacionadas à idade fisiológica da planta e aos fatores edafoclimáticos da região. Espécies forrageiras diferentes, crescendo nas mesmas condições ambientais podem demonstrar características nutritivas diferentes, resultando variações na composição química das espécies. Dentre os fatores que alteram a qualidade de uma planta forrageira, destacam-se as características inerentes à espécie e estádio de desenvolvimento. Com a maturidade reduz-se a concentração de proteína (RAUZI et al., 1969; KILKER, 1981) nas folhas. As reduções nos teores de proteína bruta parecem ser as principais alterações químicas observadas na composição da matéria seca. Dados semelhantes foram encontrados por Almeida Neto et al. (2011), trabalhando com feijão-bravo registraram 91,95% de matéria orgânica, 8,17% de proteína bruta, 5,37% de extrato etéreo e 8,05% de matéria mineral. Moreira et al. (2006), observaram valores superiores para (FDN 49,06%, FDA 40,53% e PB 13,1%), valores semelhantes de MM (7,49%), e dados inferiores de EE (1,74%) avaliando folhas do mororó em áreas de caatinga. O teor de proteína bruta (PB) presente na catingueira, verificado neste trabalho, foi de 8,91%. Este teor pode ser considerado baixo, quando comparado com 17,06% (BRAGA, 1960), 15,25% (ARAÚJO FILHO e SILVA, 1994) e 14,4% (ARAÚJO FILHO et al., 1998) 11,70% (VASCONCELOS, 1997) e 11,81% (LIMA, 1996). A concentração de taninos condensados solúvel variou entre as espécies de marmeleiro (1,11%) e jurema branca (16,02%). Já na concentração de tanino condensado ligado às espécies avaliadas permaneceram constantes não apresentando diferença entre si. Verificou-se que a espécie mororó apresentou o menor valor para tanino condensado ligado. As espécies se comportaram de forma distinta quanto à forma de apresentação do tanino em suas folhas. 143 Tabela 4. Composição bromatológica de material foliar das espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Grande -PB Variáveis Espécies Mororó Feijão-bravo Jurema-preta Marmeleiro Catingueira Jurema branca Unha-de-gato MS* 46,27ab 45,04ab 44,46ab 42,38b 49,46ab 44,55ab 57,37a MO 94,01ab 92,28b 95,36ab 93,55ab 96,32ab 94,38ab 96,70a MM 6,42a 8,06a 4,99a 6,89a 3,90a 3,74a 3,15a PB 9,38a 10,14a 12,10a 9,68a 8,91a 13,51a 15,2a EE 2,75a 6,37a 11,59a 4,81a 6,99a 5,21a 7,35a FDN 43,31a 46,50a 50,14a 43,36a 38,44a 55,26a 24,83a FDA 29,32ab 34,21ab 46,15a 26,85ab 31,66ab 41,59ab 11,01b LIG 8,07ab 14,03a 11,87a 7,10ab 5,81ab 5,71ab 2,93b TCS 6,27ab 2,99ab 2,03ab 0,76b 2,88ab 16,02a 5,00ab TCL 0,17b 5,56a 0,52ab 0,34ab 1,95ab 0,41ab 4,26a TT 3,15ab 11,84ab 2,56ab 1,11b 4,83ab 16,43a 9,26ab Campina CV % 0,40 0,20 3,75 21,42 22,63 21,80 15,07 7,86 100,00 115,52 80,40 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal - Wallis ao nível de 1% de probabilidade. *matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG), tanino condensado solúvel (TCS), tanino condensado ligado (TCL) e tanino total (TT) 144 O principal enfoque dado à presença de taninos condensados nas forrageiras tropicais é sua importante ação antinutricional quando em alta concentração (acima de 5% da MS). Os valores obtidos nesse trabalho podem ser considerados de moderados a baixos, se referenciada a literatura e, provavelmente, não acarretam em problemas de ordem nutricional. Os valores em lignina foram mais baixos na unha-de-gato (2,93%), e elevados no feijão-bravo e juremapreta. Beelen (2002) encontrou 20,7% de tanino condensado (TC) na matéria seca (MS) das folhas de jurema preta, 12,7% das folhas de mororó e 20,1% das folhas de sabiá. Este autor afirma que a alta concentração de tanino condensado influencia negativamente a degradação ruminal da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro, como, também, diminuiu o consumo, a adesão microbiana às folhas das forrageiras e reduz a atividade enzimática no conteúdo ruminal de caprinos. Lima (1996), ao analisar a parte aérea da maniçoba, detectou a presença de 2,3% de tanino condensado. Nozella (2001), ao estudar plantas do Nordeste com potencial forrageiro, encontrou 9% de tanino condensado no angico (Anadenanthera macrocarpa benth) e 1,4% no feijão-bravo (Capparis flexuosa). Houve influência (p<0,01) para MS, MO, TCS e TT entre as espécies estudadas (Tabela 5). Os valores para teores de PB, MM, EE, FDN, FDA, LIG e TCL não diferiram estatisticamente entre as espécies: mororó, feijão-bravo, jurema-preta, marmeleiro, catingueira, jurema branca e unha-de-gato. Não foram encontrados dados na literatura que corroborassem com os valores encontrados na tabela 5 de composição bromatológica dos ramos finos das espécies. Comparando os teores de proteína bruta entre folhas e ramos finos, verificou-se que as maiores concentrações de proteína bruta ocorreram nas folhas sendo de alto valor biológico, variando muito pouco entre as espécies, e não se alterando significativamente, nem com o declínio dos teores de proteína bruta devido à maturidade, nem com o aumento da proteína bruta em razão do período chuvoso (Tabela 4 e 5). As espécies comportaram-se de forma distinta quanto à forma de apresentação do tanino em seus ramos. As espécies que apresentaram maior teor de taninos totais foram: jurema-preta e marmeleiro com 45,74% e 23,39%, respectivamente. A baixa quantidade de tanino observada para as espécies mororó, feijão-bravo, catingueira, jurema branca e unha-degato é um fator positivo para o uso destas como forrageiras in natura ou conservadas na forma de feno ou silagem. 145 Tabela 5. Composição bromatológica das hastes de espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande - PB Variáveis MS MO MM PB EE FDN FDA LIG TCS TCL TT Espécies Mororó Feijão-bravo 55,35ab 47,92b 88,18ab 94,81b 5,15a 5,19a 3,11a 7,97a 2,01a 2,85a 59,63a 66,00a 46,87a 43,34a 15,72a 14,03a 5,42ab 1,61b 3,43a 3,25a 5,04b 8,67ab Jurema-preta 49,55ab 97,38ab 2,62a 5,63a 3,17a 53,99a 40,49a 11,49a 40,59a 5,15a 45,74a Marmeleiro 49,53ab 96,64ab 3,36a 4,08a 4,94a 63,54a 52,94a 11,43a 20,68a 2,72a 23,39a Catingueira 56,61ab 95,87ab 4,13a 3,96a 2,22a 65,19a 46,09a 12,24a 10,93ab 0,64a 11,57ab Jurema branca 58,88ab 98,28a 1,72a 3,61a 1,52a 80,56a 63,23a 21,37a 3,31ab 2,95a 6,26ab Unha-de-gato 64,45a 97,7ab 2,30a 6,17a 2,95a 49,05a 56,85a 14,28a 14,75ab 0,34a 15,09ab CV % 0,33 4,66 11,04 18,59 43,44 23,94 5,83 3,50 97,55 63,17 86,45 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal - Wallis ao nível de 1% de probabilidade. Legenda: matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG), tanino condensado solúvel (TCS), tanino condensado ligado (TCL) e tanino total (TT). 146 5. Conclusão As famílias mais representativas na área de Caatinga estudada são Fabaceae e Euphorbiaceae; As espécies Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Poincianella pyramidalis apresentam os maiores valores de importância; As espécies encontradas na área em sua maioria apresenta padrão de distribuição com tendência ao agrupamento ou uniforme; A maior concentração de indivíduos é verificada nas menores classes diamétricas e o maior número de indivíduos nas menores classes de altura na área estudada; Dentre as variáveis químico-bromatológica estudadas a proteína bruta, lignina, FDN, FDA e extrato etéreo não apresenta diferença entre si com relação às folhas. As espécies mororó, jurema-preta, marmeleiro, catingueira e unha-de-gato apresentam baixas concentrações de taninos condensados totais para folhas quando comparado com a parte de hastes superiores, as demais espécies feijão-bravo e jurema branca os resultados de folhas são superiores quando comparado com as hastes. 147 6. Referência Bibliográfica ALCOFORADO FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica Brasílica, v. 17, n. 2, p. 287-303, 2003. ALMEIDA NETO, J. X.; ANDRADE, A. P.; LACERDA, A. V.; FÉLIX, L. P.; SILVA, D. S. Crescimento e bromatologia do feijão-bravo (Capparis flexuosa L.) em área de Caatinga no Curimataú paraibano, Brasil. Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 2, p. 488-494, 2011. ALMEIDA, A.C.S.; FERREIRA, R.L.C.; SANTOS, M.V.F. dos. Avaliação bromatológica de espécies arbóreas e arbustivas de pastagens em três municípios do Estado de Pernambuco. Acta Scientiarum Animal Sciences, v. 28, n. 1, p. 1-9, 2006. AMORIM, I. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; ARAÚJO, E. L. Flora e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea de uma área de caatinga do Seridó, RN, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 19, n. 3, p. 615-623, 2005. ANDRADE, L. A.; PEREIRA, I. M.; LEITE, U. T.; BARBOSA, M. R. V. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne, v. 11, n. 3, p. 253-262, 2005. ANDRADE, A. P.; COSTA, R. G.; SANTOS, E. M.; SILVA, D. S. Produção animal no semiárido: o desafio de disponibilizar forragem, em quantidade e com qualidade, na estação seca. Tecnologia e Ciência Agropecuária, v. 4, n. 4, p.01-14, 2010. ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística e fitossociológica de três áreas de caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, v.55, n. 4, p. 595-607, 1995. ARAÚJO, E. L.; ALBUQUERQUE, U. P.; e CASTRO. C. C. Dynamics of Brazilian Caatinga - a review concerning the plants, environment and people. Functional Ecosystems and Communities, v. 1, p.15-29. 2007. ARAÚJO FILHO, J.A., SILVA, N.L. Alternativas para o aumento da produção de forragem na caatinga. In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES, 5, 1994, Salvador. Anais... Salvador: SNPA, 1994, p.121-133. ARAÚJO FILHO, J.A.; CARVALHO, F.C.; GADELHA, J.A. Fenologia e valor nutritivo de espécies lenhosas caducifólias da caatinga. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 35, 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p. 360-362. ARAÚJO, K. D.; PARENTE, H. N.; SILVA, É. É; RAMALHO, C. I.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, A. P.; SILVA , D. S. Levantamento florístico do estrato arbustivoarbóreo em áreas contíguas de Caatinga no Cariri Paraibano. Revista Caatinga, v. 23, n. 1, p. 63-70. 2010. 148 ARAÚJO, K. D.; PARENTE, H. N.; SILVA, É. É; RAMALHO, C. I.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, A. P.; SILVA , D. S. Estrutura fitossociológica do estrato arbustivoarbóreo em áreas contíguas de Caatinga no Cariri Paraibano. Brazilian Geographical Journal: Geosciences and Humanities research medium, v.3, n. 1, p. 155-169, 2012. BARBOSA, M. D. Composição florística, regeneração natural, decomposição e ciclagem de nutrientes, em área de caatinga hipoxerófila em Arcoverde, Pernambuco. 2012, 181f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade Federal Rural de Pernambuco Recife-PE. BARBOSA, A. S. Estrutura da vegetação e distribuição espacial de cactaceae em áreas de caatinga do semiárido paraibano. 2011. 166f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias, Areia. BEELEN, P.M.G. Taninos condensados de leguminosas nativas do semiárido nordestino. 2002. 71f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, SP. BERRY, P. E.; HIPP, A. L.; WURDACK, K. J.; VANEE, B. e RIINA, R. 2005. Molecular phylogenetics of the giant genus Croton and tribe Crotoneae (Euphorbiaceae sensu stricto) using ITS and trnL-trnF sequence data. American Journal of Botany, n.92, p.1520-1534. BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 2ed. Fortaleza: Imprensa Oficial, 1960, 540p. BREMER, B.; BREMER, K.; CHASE, M. W.; FAY, M. F.; REVEAL, J. L.; SOLTIS, D. E.; SOLTIS, P. S.; STEVENS, P. F. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society of London, v. 161, p. 105–121. 2009. BROWER, J.E. e ZAR, J.H.. Field e laboratory methods for general ecology. W.C. Boston: Brown Publishers, 1984. CAVASSAN, O.; MARTINS, F. R. Estudos florísticos e fitossociológicos em áreas de vegetação nativa no município de Bauru – SP. Salusvita, v. 8, n. 1, p. 41-47, 1989. CIENTEC. Sistema para análise fitossociológica e elaboração dos planos de manejo de florestas nativas. Viçosa, MG, 2006. 131p. DANTAS, J. G.; HOLANDA, A. C.; SOUTO, L. S.; JAPIASSU, A.; HOLANDA, E. M. Estrutura do componente arbustivo-arbóreo de uma área de caatinga situada no município de Pombal-PB. Revista Verde, v.5, n.1, p. 134-142, 2010. DANTAS JUNIOR, O. R. Qualidade e capacidade antioxidante total de frutos de genótipos de umbuzeiro oriundos do Semiárido Nordestino. (Tese de Doutorado) Universidade Federal da Paraíba, 2008. DRUMOND, M. A.; KILL, L. H.; LIMA, P. C. F. Estratégia para o uso sustentável da biodiversidade da caatinga. Petrolina, 2000. Disponível em: http://www.biodiversitas.org.br/caatinga/. 149 FABRICANTE, J. R.; ANDRADE, L. A. Análise estrutural de um remanescente de Caatinga no Seridó paraibano. Oecologia Brasiliensis, v. 11, n. 3, p. 341-349, 2007. FELFILI, J.M. e REZENDE, R.P. Conceitos e métodos em fitossociologia. Comunicações Técnicas Florestais, v. 5, n. 1. 2003. FREITAS, R. A. C.; SIZENANDO FILHO, F. A.; MARACAJÁ, P. B.; DINIZ FILHO, E. T.; LIRA, J. F. B. Estudo florístico e fitossociológico do extrato arbustivo-arbóreo de dois ambientes em Messias Targino divisa RN/PB. Revista Verde, v. 2, n.1, p.135-147. 2007. GUIM, A.; PIMENTA FILHO, E. C.; SOUSA, M. F. de; SILVA, M. M. C. Padrão de fermentação e composição químico-bromatológica de silagens de jitirana lisa (Jacquemontia glaba Choisy) e jitirana peluda (Jacquemontia asarifolia L.B. Smith) frescas e emurchecidas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 6, supl. 3, p.18, 2004. HOLANDA, A. C. Estrutura da comunidade arbustivo-arbórea e suas interações com o solo em uma área de caatinga, Pombal-PB. 2012. 164f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais), Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife. KILKER, M. R. Plant development, stage of maturity and nutrient composition. Journal of Range Management, v. 34, p. 363-366, 1981. LACERDA, A.V; BARBOSA, F. M.; BARBOSA, M. R. V. Estudo do componente arbustivo-arbóreo de matas ciliares na bacia do rio Taperoá, semiárido paraibano: uma perspectiva para a sustentabilidade dos recursos naturais Oecologia Brasiliensis, v.11, n.3, p.331-340, 2007. LACERDA, A.V.; NORDI, N.; BARBOSA, F. M.; WATANABE, T. Levantamento florístico do componente arbustivo-arbóreo da vegetação ciliar na bacia do rio Taperoá, PB, Brasil. Acta Botânica Brasilica, v. 19, n. 3, p. 647-656, 2005. LEMOS, J. R.; RODAL, M. J. N. Fitossociologia do componente lenhoso de um trecho da vegetação de caatinga no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.16, n.1, p. 23-42. 2002. LIMA, J. L. S. 1996. Plantas forrageiras da caatinga - usos e potencialidades. Petrolina: EMBRAPA/CPATSA/PNE/RBG-KEW. 44p. MACHADO, E. L. M.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.; CARVALHO, W. A. C.; SOUZA, J. S.; BORÉM, R. A. T.; BOTEZELLI, L. Análise comparativa da estrutura e flora do compartimento arbóreo-arbustivo de um remanescente florestal na Fazenda Beira Lago, Lavras, MG. Revista Árvore, v. 28, n.4, p. 499-516, 2004. MAGURRAN, A. Ecological diversity and its measurement. New Jersey: Princeton University Press, 1988, 179 p. 150 MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 1ed.: São Paulo. D&Z Computação Gráfica e Editora. 2004. MARACAJÁ, P. B.; BATISTA, C. H. F.; SOUSA, A. H.; VASCONCELOS, W. E. Levantamento florístico e fitossociológico do estrato arbustivo-arbóreo de dois ambientes na Vila Santa Catarina, Serra do Mel, RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 3, n. 2, p. 1-13. 2003. MARANGON, L. C.; SOARES, J. J.; FELICIANO, A. L. P.; BRANDÃO, C. F. L. S. Estrutura fitossociologica e classificação sucessional do componente arbóreo de um fragmento de floresta estacional semidecidual, no município de Viçosa, Minas Gerais. Cerne, v.13, n.2, p.208-221, 2007. MATTEUCCI, S. D., COLMA, A. Metodologia para el estudio de la vegetacion. Washington: Secretaría Geral de la Organización de los Estados Americanos Programa Regional de desarrollo Científico y Tecnológico, 1982. 168 p. MCGUINNES, W.G. The relationship between frequency index and abundance as applied to plant populations in a semi-arid region. Ecology, v. 16, p.263-282, 1934. MULLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. New York, J. Wiley, Passim. 30 p. MUPANGWA, J. F.; ACAMOVIC, T.; TOPPS, J. H.; NGONGONI, N. T.; HAMUDIKUWANDA, H. Content of soluble and bound condensed tannins of three tropical herbaceous forage legumes. Animal Feed Science and Technology, v.83, p.139-144, 2000. NASCIMENTO JÚNIOR, D. Aspectos gerais da avaliação de pastagens. In: Seminário de avaliação de pastagens, 1991, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1991. 68 p. PARAIBA. Secretaria do planejamento. Plano de Desenvolvimento Sustentável 19962010. Joao Pessoa. 1997. PEGADO, M. A. C.; ANDRADE, L. A.; FELIX, L. P.; ISRAEL, M. P. Efeito da invasão biológica da algaroba – Prosopis juliflora (Sw.) DC. Sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da caatinga no Município de Monteiro, PB, Brasil. Revista Acta Botânica Brasilica. v. 2, n.4, 2006. PEREIRA JÚNIOR, L. R.; ANDRADE, A. P.; ARAÚJO, K. D. Composição florística e fitossociológica de um fragmento de caatinga em Monteiro, PB. HOLOS, Ano 28, v. 6. 2012. PEREIRA, I. M.; ANDRADE, L. A.; BARBOSA, M. R.V.; SAMPAIO, E. V. S. B. Composição florística e análise fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo de um remanescente florestal no Agreste Paraibano. Revista Acta Botânica Brasilica. v. 16, n.3, p. 357-369, 2002. 151 PEREIRA, I. M. Levantamento florístico do estrato arbustivo-arbóreo e análise da estrutura fitossociológica de ecossistema de caatinga sob diferentes níveis de antropismo. 2000. 70p. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Paraíba, Areia-PB. PERKINS, J. L. Shannon-Wever or Shannon-Wiener? Journal Water Pollut, v. 54, p. 1049-1050. 1982. PERES, I. E. P. Metabolismo Secundário. Disponível http://www.ciagri.usp.br/~lazaropp Acesso em 04 de Junho de 2012. no site: PESSOA, M. F. Estudo da cobertura vegetal em ambientes da caatinga com diferentes formas de manejo no assentamento Moacir Lucena, Apodi, RN. Revista Caatinga, v. 21, n. 3, p. 40-48, 2008. PINHEIRO, K.; ALVES, M. Espécies arbóreas de uma área de Caatinga no sertão de Pernambuco, Brasil: dados preliminares. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, p. 426-428, 2007. QUEIROZ, J. A.; TROVÃO, D. M. B.; OLIVEIRA, A. B.; OLIVEIRA, E. C. S. Análise da estrutura fitossociológica da Serra do Monte, Boqueirão, Paraíba. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n. 1, p. 251- 259, 2006. RAMALHO, C. I.; ANDRADE, A. P.; FÉLIX, L. P.; LACERDA, A. V. de; MARACAJÁ, P. B. Flora arbóreo-arbustiva em áreas de Caatinga no semiárido baiano, Brasil. Revista Caatinga, v. 22, n.3, p.182-190, 2009. RAUZI, F.; PAINTER, L. J.; DOBRENZ, A. K. Mineral and protein contents of blue grama and western wheat grass. Journal of Range Management, v. 22, P. 47-50, 1969. RODAL, M. J. N.; COSTA, K. C.C.; LINS E SILVA, A. C. B. Estrutura da vegetação caducifólia espinhosa (Caatinga) de uma área do sertão central de Pernambuco. Hoehnea, v. 35 n. 2, p. 209-217, 2008b. RODAL, M. J. N.; MARTINS, F. R.; SAMPAIO, E. V. S. B. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de Caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga, Mossoró, v. 21, n. 3, p. 192-205, 2008a. RODAL, M. J. N. Fitossociologia da vegetação arbustivo-arbórea em quatro áreas de caatinga em Pernambuco. 1992. 198f. (Tese de Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. RODRIGUES, R. R. Análise estrutural das formações florestais ripárias. In: BARBOSA, L. M. (Coordenador). Simpósio sobre mata ciliar. Campinas. Anais... Campinas. Fundação Cargill, 1989. p. 99-119. SAMPAIO, E. V. S. B. Fitossociologia. In: SAMPAIO, E. V. S. B. et al. (Eds.). Pesquisa botânica nordestina: progresso e perspectivas. Recife: Sociedade Botânica do Brasil/Seção Regional de Pernambuco, 1996. p. 203-230. 152 SANTANA, J. A. S.; SOUTO, J. S. Diversidade e Estrutura Fitossociológica da Caatinga na Estação Ecológica do Seridó - RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n.2. 2006. SILVA, J.M.C., TABARELLI, M.; FONSECA, M.T.; LINS, L.V. (orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 2004. SILVA JÚNIOR, M. C. Fitossociologia e estrutura diamétrica na mata de galeria do Pitoco, na Reserva Ecológica do IBGE, DF. Cerne, v. 11, n. 2, p. 147-158, 2005. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise dos Alimentos (Métodos químicos e biológicos). 3.ed., Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 2002. 235p. SILVA, D.S.; FIGUEIREDO, M.V. Potencial de utilização do feijão-bravo (Capparis flexuosa L.) e jureminha (Desmanthus virgatus (L.) Willd.). In: Simpósio paraibano de Zootecnia, 3, 2002, Areia, Anais... Areia: UFPB, 2002, 165p. CD-ROM. SOUZA, J. A. N.; RODAL, M. J. N. Levantamento florístico em trecho de vegetação ripária de caatinga no rio Pajeú, floresta, Pernambuco-Brasil. Revista Caatinga, v. 23, n. 4, p. 54-62, 2010. SOUZA, M. A. Fitossociologia em áreas de caatinga e conhecimento etnobotânico do murici (Byrsonima gardneriana a. juss), Semiárido alagoano. 2011. 88f. Dissertação (Mestrado em Agronomia), Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia. STATISTICS ANALISES SYSTEMS INSTITUTE. Users Guide. North Caroline, SAS. Institute Inc. 1997. US. TERRILL, T. H.; ROWAN, A. M.; DOUGLAS, G. B.; BARRY, T. N. Determination of extractable and bound condensed tannin concentration in forage plants, protein concentrate meals and cereal grains. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 58, p.321-329, 1992. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca, New York: Cornell University Press, 1994. 476p. VASCONCELOS, V.R. Caracterização química e degradação de forrageiras do semiárido brasileiro no rúmen de caprinos. Jaboticabal, SP: UNESP, 1997. 132p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/Universidade Estadual Paulista, 1997. WARD, J. S.; PARKER, G. R. Spatial dispersion of woody regeneration in an oldgrowth forest. Ecology, v. 70, n.5, p.1279-1285, 1989. 153 7. Considerações Finais A fauna do solo pode ser usada como indicadora de qualidade do solo, pois se mostra sensível às perturbações no ambiente, além de ser fácil e econômica de medir, auxiliando na tomada de decisões para um manejo ecológico mais sustentável do solo. Estudos com relação à cinética da respiração edáfica, ajudam entender e esclarecer muitos processos que ocorrem no solo da região Nordeste, e são importantes na recuperação de áreas degradadas. Devido a grande diversidade de espécies, recomenda-se que outros trabalhos sejam realizados, para avaliação florística e fitossociológica, para que se mantenham a preservação das comunidades vegetais na região do Nordeste brasileiro.