A-PDF MERGER DEMO Curso de Medicina Ciclo: Integralidade do Cuidado I 1º Ano Artista: Gustav Klimt Título: A Árvore da Vida Período: 1905-09 São Carlos 2006 Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Oswaldo Baptista Duarte Filho Reitor Profa. Dra. Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil Vice-Reitora Prof. Dr. Roberto Tomasi Pró-Reitor de Graduação Prof. Dr. Romeu Cardozo da Rocha Filho Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Maria Luisa Guillaumon Emmel Pró-Reitora de Extensão Prof. Dr. Manoel Fernando Martins Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. José Eduardo dos Santos Diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. Dr. José Rubens Rebelatto Coordenador para Implantação do Curso de Medicina Prefeitura Municipal de São Carlos Prof. Dr. Newton Lima Neto Prefeito Prof. Dr. Emerson Pires Leal Vice-Prefeito Dr. Marcelo Henrique de Paulo Secretário Municipal de Saúde Natanael Alves da Silva Diretor do Departamento de Atenção Básica Elma Aparecida Formiga Diretora do Departamento de Regulação e Gestão Administrativa e Financeira Dra. Mariana Giacometto Diretora do Departamento de Atenção Hospitalar Autores Roberto de Queiroz Padilha (organizador) Valéria Vernaschi Lima (organizadora) Alice Helena Campos Pierson Antônio Carlos Ribeiro Arthur Goderico Forghieri Pereira Cássia Regina Rodrigues Varga Elisete Silva Pedrazzane Marcelo Henrique de Paulo Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil Marilda Siriani de Oliveira Roberto Tomasi Rosana Mattioli Roseli Ferreira da Silva Sissi Marília dos Santos Forghieri Pereira Validadores Aline Guerra Aquilante Ângela Merice de Oliveira Leal Bruno José Barcellos Fontanella Carla Maria Ramos Germano Carlos Fischer de Toledo Claudemir Benedito Rapelli Débora Gusmão de Melo Geovani Gurgel Aciole da Silva Humberto Sadanobu Hirakawa José Rubens Rebelatto Lucimar Retto da Silva de Avó Oswaldo Baptista de Duarte Filho Rachel de Faria Brino Silvana Gama Florência Chachá Vólia de Carvalho Almeida Projeto Gráfico e Editoração Maria de Lourdes Vieira Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar C122c Caderno do curso de medicina / Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - Coordenação da Graduação em Medicina — São Carlos : UFSCar, 2006. 78 p. 1. Currículos. 2. Currículo por competência. 3. Processo ensino-aprendizagem. 4. Planejamento de ensino – projeto político pedagógico. 5. Educação médica. 6. Avaliação educacional. I. Título. CDD: 375 (20a) CDU: 378:61 Boas vindas Prezadas e prezados estudantes e professores/preceptores(as) do Curso de Medicina, Iniciamos um projeto audacioso de mudança de paradigma na formação de profissionais de saúde no país e de alta relevância para a sociedade de São Carlos. O Curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar traz a melhor tradição desta Universidade excelência, ousadia e compromisso social à luz das Diretrizes Curriculares Nacionais de Graduação em Medicina e dos princípios do Sistema Único de Saúde – SUS. A UFSCar e a Prefeitura Municipal de São Carlos formalizaram uma parceria para o desenvolvimento do Curso de Medicina, de modo que iniciamos a construção de um projeto inovador, tanto para a educação médica como para o cuidado à saúde. Este Projeto implicou na adoção de um modelo político e pedagógico que objetiva uma formação cidadã que vai além da transmissão de conhecimentos. Os médicos aqui formados estarão preparados para produzirem uma nova referência de cuidado à saúde, onde quer que venham a desenvolver seu trabalho. Esses profissionais estarão altamente capacitados técnica e cientificamente para defenderem a vida e atuarem na melhoria da saúde das pessoas e de populações, trabalhando na perspectiva da clínica ampliada, que resgata os elementos de humanização, solidariedade e compromisso social. O Projeto Político Pedagógico do Curso de Medicina da UFSCar está orientado ao desenvolvimento de competência profissional e, por isso é desenvolvido pela academia e pelos serviços de saúde. Atendendo ao desafio de inovar com excelência na educação de profissionais de saúde, as duas Instituições que assinam esse projeto são co-responsáveis na formação de um novo perfil para o profissional médico e estabelecem um marco no processo de transformação na educação médica do país. Vocês fazem parte da construção desse desafio! Sejam bem vindos a nossa cidade e à UFSCar! Oswaldo Baptista Duarte Filho Reitor da Universidade Federal de São Carlos Newton Lima Neto Prefeito Municipal de São Carlos Sumário 1 Apresentação .......................................................................................................................... 1 2 O município de São Carlos ..................................................................................................... 5 3 A UFSCar ................................................................................................................................ 11 4 O Curso de Medicina .............................................................................................................. 17 4.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 19 4.2 Perfil profissional ............................................................................................................ 20 4.3 Pressupostos e diretrizes do Currículo .......................................................................... 23 4.3.1 Currículo orientado por competência ................................................................... 23 4.3.2 Diversificação de cenários: rede escola ................................................................ 24 4.3.3 Integração teoria/prática ..................................................................................... 25 4.3.4 Relação professor/preceptor e estudantes ........................................................... 27 4.3.5 Processo ensino-aprendizagem ............................................................................ 27 4.4 Organização curricular ................................................................................................... 33 4.4.1 Características gerais do curso ............................................................................. 33 4.4.2 Cenários de ensino-aprendizagem ....................................................................... 33 4.4.3 Papel dos estudantes e professores ...................................................................... 35 4.5 Estrutura curricular: Integralidade do Cuidado I - 1o ano .......................................... 38 4.5.1 Unidades Educacionais ......................................................................................... 38 4.5.2 Conteúdos educacionais e semana típica ............................................................ 44 4.5.3 Recursos Educacionais .......................................................................................... 46 4.5.4 Avaliação ............................................................................................................... 48 5 Bibliografia Consultada ......................................................................................................... 55 6 Anexos ..................................................................................................................................... 75 1 Apresentação Caros(as) estudantes, professores(as) e preceptores(as), Com grande satisfação apresentamos este caderno que é o primeiro volume do Projeto Político Pedagógico do Curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Construído por um grupo de trabalho formado por professores da UFSCar, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos e especialistas em educação médica, o Projeto Político Pedagógico foi elaborado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE e aprovado, por unanimidade, no Conselho Universitário - ConsUni. Este projeto propõe um currículo integrado e orientado por competência articulando atividades de simulação da prática profissional com atividades de trabalho em situações reais de cuidado à saúde de pessoas e comunidades. A partir da articulação trabalho/formação, da integração teoria/prática e do reconhecimento de que tanto os processos de formação como os de trabalho produzem conhecimentos técnicos e políticos, o projeto do Curso de Medicina inova na abordagem educacional e na organização do cuidado à saúde das pessoas do município de São Carlos. Estudantes, professores e profissionais de saúde passam a atuar de forma articulada e coresponsável tanto na formação como no cuidado à saúde, desde o início do curso. A participação de cada um no currículo requer uma postura aberta à aprendizagem, de modo a favorecer o intercâmbio de saberes e a construção sólida e ampliada de capacidades para enfrentarmos, com competência, os problemas e as necessidades de saúde existentes em nossa sociedade. Aprenderemos uns com os outros. Aprenderemos com os nossos colegas, com os professores, com os profissionais de saúde e com as pessoas que estarão sob nosso cuidado. Essa aprendizagem será estimulada de modo que cada um aprenda a aprender e mantenha essa capacidade ao longo de sua vida profissional. A relação professor/preceptor com estudantes, no nosso curso, é uma relação próxima e horizontalizada, embora com distintas atribuições. A responsabilidade e o compromisso requeridos de cada estudante com sua formação é coerente com o desafio de atuar em situações reais, desde o início do curso. Esse é o mesmo desafio que mobiliza profissionais já formados a continuarem aprendendo ao longo de sua vida profissional. A atuação dos estudantes, tanto em situações reais como em simulações da prática profissional, sempre será acompanhada por professores ou preceptores que têm a responsabilidade de garantir a excelência por meio da teorização de cada ação observada/realizada. 1 Apresentação 3 Essa garantia requer o estímulo ao pensamento crítico-reflexivo, à ampliação da capacidade de observação, incluindo todos os sentidos necessários para a identificação de necessidades ou problemas de saúde e o desenvolvimento do raciocínio clínico-epidemiológico e de intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas qualificadas para colocarmos a serviço da ética profissional e do respeito à vida e ao outro toda a nossa competência. A abordagem pedagógica é construtivista, individualizada e orientada ao desenvolvimento de competência profissional. Utilizamos metodologias ativas porque valorizamos a trajetória de cada um e acreditamos que somente a partir dela são construídos novos saberes. Também acreditamos que a integração teoria/prática favorece a construção de significados e isso garante uma aprendizagem mais duradoura, pois reconhece sua utilidade no exercício profissional de excelência. A avaliação é contínua e sistematizada. Todo processo de avaliação também é individualizado e predominantemente voltado ao processo de aprendizagem (avaliação formativa). Os diferentes tempos de cada um para a aprendizagem são respeitados ao máximo possível, e as avaliações voltadas à progressão (avaliação somativa) estarão orientadas pelo perfil de competência esperado para cada ciclo. Esperamos que estudantes, professores, apoiadores, gestores e profissionais de saúde vinculados ao Curso de Medicina mantenham uma postura reflexiva, contribuindo e sendo co-responsáveis pelo movimento de construção permanente do currículo. Convidamos cada um de vocês a participar ativamente do desenvolvimento desse projeto educacional e a contribuir para a mudança do modelo de cuidado à saúde no município de São Carlos, construindo o Sistema Único de Saúde com a qualidade e responsabilidade social que todo cidadão brasileiro tem direito. José Rubens Rebelatto Coordenação da Implantação do Curso de Medicina Valéria Vernaschi Lima Coordenação “pró-tempore” do Curso de Medicina Marcelo Henrique de Paulo Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos 4 1 Apresentação 2 O município de São Carlos São Carlos, município fundado em 4 de novembro de 1857, localiza-se na Região Central do Estado de São Paulo. A região começou a ser povoada no final do século XVIII, com a abertura de uma trilha que levava às minas de ouro de Cuiabá e Goiás. A história de São Carlos teve início em 1831, com a demarcação da Sesmaria do Pinhal. Na época da fundação, a povoação era composta por algumas pequenas casas ao redor da capela e seus moradores eram, em sua maior parte, herdeiros dos primeiros proprietários das terras da Sesmaria do Pinhal. Impulsionada pela agricultura, a economia da cidade diversificou-se a partir do início do século XX. Com os lucros obtidos na cafeicultura, foram constituídas várias empresas em São Carlos: bancos, companhias de luz elétrica, de bondes, telefones, sistemas de água e esgoto, teatro, hospitais e escolas, fortalecendo a infra-estrutura urbana e criando condições para a industrialização. Com os conhecimentos dos imigrantes e com a chegada de migrantes de outros centros urbanos nas décadas de 30 e 40, a indústria consolidou-se como a principal atividade econômica de São Carlos, que chegou à década de 50 como centro manufatureiro diferenciado, com relevante expressão industrial entre as cidades do interior do Estado de São Paulo. Nas décadas de 50 e 60 a indústria solidificou-se com a instalação de fábricas de geladeiras, compressores, tratores e uma grande quantidade de empresas pequenas e médias, fornecedoras de produtos e serviços. São Carlos possui, atualmente, uma população estimada de aproximadamente 210 mil habitantes. A renda per capita do Município é de US$ 3.5 mil/ano, com PIB estimado em US$ 675 milhões. A maior oferta de trabalho formal compreende os setores de indústria e de serviços (76,9%), sendo o rendimento médio das pessoas responsáveis pelos domicílios de aproximadamente R$ 1.054,78. O Orçamento de 2006, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada em 2005 à Câmara Municipal, será de R$ 286 milhões. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de São Carlos, segundo dados de 2000, é de 0,841, o que coloca a cidade na 17ª posição no Estado de São Paulo. O analfabetismo na cidade é de 5%. 2 O município de São Carlos 7 Atualmente, a cidade configura-se num centro de pesquisa científica, iniciado pela implantação da Escola de Engenharia de São Carlos, em 1953, embrião do campus da USP na cidade, e da Universidade Federal de São Carlos, em 1970. O vigor acadêmico, tecnológico e industrial conferiu à cidade o título de Capital da Tecnologia. Suas universidades e centros de pesquisa são reconhecidos pela excelência e diversidade. Há uma grande concentração de cientistas e pesquisadores: um pesquisador doutor para cada 230 habitantes e um pesquisador para cada 42 habitantes. A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com 35 anos de atividades, e a Universidade de São Paulo (USP) com 52 anos, oferecem ensino gratuito, público e de qualidade. Além dessas, há ainda duas instituições de Ensino Superior Privadas: o Centro Universitário Central Paulista (Unicep) e a Faculdades Integradas de São Carlos (Fadisc). Reforçando o caráter de pólo de desenvolvimento científico e tecnológico, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) mantém dois centros de atividades em São Carlos que produzem tecnologia de ponta nas áreas de melhoramento genético bovino e de desenvolvimento de equipamentos agropecuários. A Fundação ParqTec, organização nãogovernamental sem fins lucrativos, gerencia e promove o desenvolvimento do Pólo Tecnológico de São Carlos, a partir da transferência de tecnologia das universidades e centros de pesquisas para as empresas. A atividade industrial é marcada pela presença de grandes indústrias de motores, compressores, material educacional, geladeiras e fogões, além de empresas têxteis, de embalagens, de máquinas, tintas, lavadoras, equipamentos ópticos e diversas indústrias de médio e pequeno porte. Destacam-se as empresas de base tecnológica, resultantes da capacidade científica e tecnológica instalada na cidade, e o Centro Tecnológico Aeronáutico da TAM Linhas Aéreas, localizado no distrito de Santa Eudóxia, que também presta serviços de 8 2 O município de São Carlos manutenção de aeronaves a companhias aéreas de outros países. O comércio atende às necessidades da cidade e da região, oferecendo produtos e serviços de diversos segmentos. O setor agropecuário destaca-se na produção de leite, cana, laranja, frango, carne bovina e milho. São Carlos também é servida por excelentes estradas, que permitem o deslocamento com segurança e rapidez à capital São Paulo (cerca de 240 km) e às principais cidades do Estado. Por estes motivos, São Carlos está entre os 300 municípios mais dinâmicos do Brasil. Em pesquisa encomendada pela Gazeta Mercantil, a cidade ocupa a 16ª colocação, estando acima da média nacional, ao lado de capitais como Brasília e Florianópolis. Entre os pontos avaliados, pesam o desempenho econômico, a evolução da situação das famílias e o IDH. 2 O município de São Carlos 9 3 A UFSCar A Universidade Federal de São Carlos - UFSCar é uma instituição pública federal de ensino superior, vinculada ao Ministério da Educação - MEC, com campi nos municípios de São Carlos e Araras, respectivamente, 235 e 170 km da capital do Estado. Em 2006, iniciamos o desenvolvimento de um novo campus no município de Sorocaba. A UFSCar foi criada em 1968 e nossas atividades letivas tiveram início em 1970. Atualmente, nos destacamos pela alta qualificação do nosso corpo docente, que conta com 99,26% de doutores ou mestres e com 98% dos seus professores trabalhando em regime de dedicação exclusiva. A Universidade oferece 28 cursos de graduação e 35 opções de pós-graduação stricto sensu, sob a responsabilidade de 30 departamentos vinculados a quatro centros acadêmicos: Educação e Ciências Humanas - CECH; Ciências Exatas e Tecnologia - CCET; Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS; e Ciências Agrárias - CCA. Atualmente, estudam na UFSCar 7.500 alunos, dos quais 5.800 na graduação e 1.700 na pós-graduação. O campus de São Carlos tem 645 hectares e nele estão concentrados 27 dos 28 cursos de graduação, 27 dos 30 departamentos e todos os programas de pós-graduação. O campus de Araras, distante 94 km de São Carlos, ocupa uma área física total de 302,8 hectares, na qual está instalado o Centro de Ciências Agrárias. A Biblioteca Comunitária da UFSCar, localizada no campus de São Carlos, é um projeto pioneiro que atende, além dos estudantes e professores da Universidade, a comunidade de São Carlos e região e, particularmente, alunos de ensino Fundamental e Médio. Na área esportiva, a UFSCar mantém um parque poliesportivo, com ginásios, quadras, piscinas, campo de futebol, pista de atletismo e a Pista da Saúde, localizada em um bosque pelo qual passam mais de mil usuários, diariamente. A UFSCar também coloca à disposição de alunos e servidores docentes e técnico-administrativos serviços como 3 A UFSCar 13 os de atendimento médico e odontológico, assistência social e pré-escolar, limpeza e segurança. Na área cultural, a Universidade desenvolve diversas atividades como: Orquestra Experimental e Pequena Orquestra da UFSCar, Madrigal UFSCar, Projeto Música na Cidade, Projeto Fórum de Debates e Grupo de Cultura Afro-Brasileira. O Curso de Medicina da UFSCar é uma antiga expectativa da sociedade são-carlense que teve na nossa comunidade universitária uma resposta crítica e inovadora em relação aos modelos convencionais de formação. Nesse sentido, observou-se que a despeito dos avanços científicos e do arsenal tecnológico disponível para a formação médica e para o cuidado em saúde, uma grande parcela da população continua sofrendo e morrendo vitimada por problemas sanitários para cujo enfrentamento, em sua maioria, já existe conhecimento produzido. Consideramos que o modelo biomédico mostra sinais de insuficiência, exigindo a construção de novos modelos de formação de recursos humanos em saúde que desenvolvam uma expansão da perspectiva biologicista, incluindo outras capacidades que ampliam a abordagem clínica de modo a resgatar o componente de arte do cuidado e de incluir a abordagem científica dos elementos subjetivos e sociais de cada paciente e familiares. Além disso, a concepção hegemônica de assistência à saúde ainda é a centrada no médico e no hospital, reduzindo o desenvolvimento de capacidades para o trabalho em equipe e em outros cenários, nos quais, atualmente, se realiza o cuidado à saúde numa perspectiva de integralidade. A Universidade Federal de São Carlos, em parceria com o gestor do Sistema Único de Saúde local, pretende contribuir para a construção 14 3 A UFSCar de um modelo de cuidado integral à saúde. Há um Conselho Gestor dessa parceria que responde pela instância política interinstitucional responsável pelo desenvolvimento do Curso de Medicina e pela implementação da mudança de modelo de cuidado à saúde. Valorizando a história da UFSCar na formação de profissionais de saúde, principalmente em relação às iniciativas dos demais cursos do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, a articulação cooperativa entre o Curso de Medicina e os cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia e Terapia Ocupacional pretende potencializar e ampliar um movimento integrado de transformação das práticas educacionais e de formação na área da saúde na nossa Universidade. 3 A UFSCar 15 4 O Curso de Medicina 4.1 Objetivo Geral O Curso de Medicina da UFSCar visa formar profissionais médicos competentes, enfatizando a: ! formação geral, humanista, ética, crítica e reflexiva, orientada ao desenvolvimento de excelência na prática profissional, por meio da integração teoria/prática e da utilização de uma abordagem construtivista do processo ensino-aprendizagem; ! articulação com os serviços de saúde, pela participação de estudantes e professores na prestação de cuidados qualificados à saúde, nos diferentes cenários e serviços da rede de cuidados progressivos, à luz dos princípios da universalidade, eqüidade e integralidade; e pela participação de preceptores vinculados aos serviços de saúde na formação dos estudantes; ! articulação ensino-pesquisa-extensão pela construção de novos saberes voltados à melhoria da saúde das pessoas e, por extensão, da qualidade de vida da sociedade. 4 O Curso de Medicina 19 4.2 Perfil profissional Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina - DCN1 e com os pressupostos do perfil geral para todos os profissionais formados pela Universidade Federal de São Carlos, o perfil profissional para a formação médica na UFSCar será orientado à competência profissional. Os pressupostos para o perfil geral dos profissionais formados pela UFSCar são: ! aprender de forma autônoma e independente; ! produzir e divulgar novos conhecimentos, tecnologias, serviços e produtos; ! aprender formas diversificadas de atuação profissional; ! atuar inter/multi/transdisciplinarmente; ! comprometer-se com a preservação da biodiversidade no ambiente natural e construído, com sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida; ! gerenciar e/ou incluir-se em processos participativos de organizações públicas e/ou privadas; ! pautar-se na ética e na solidariedade como ser humano, cidadão e profissional; ! buscar maturidade, sensibilidade e equilíbrio ao agir profissionalmente. O artigo 3º das Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN explicita como perfil para o médico: “uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, com capacidade para atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano”. O artigo 4º apresenta como dimensões CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 4/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de novembro de 2001. Seção 1, p. 38 (ver anexo X). 1 20 4 O Curso de Medicina da atuação profissional: atenção à saúde; tomada de decisões; comunicação; liderança; administração e gerenciamento; e educação permanente. As dimensões da atuação médica, explicitadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, e o perfil geral para os profissionais formados na UFSCar foram referências consideradas na definição das quatro áreas de competência para a formação dos futuros profissionais médicos em nossa Universidade: ! Cuidado às necessidades de saúde individuais em todas as fases da vida; ! Cuidado às necessidades coletivas de saúde; ! Gestão do trabalho em saúde; ! Educação em saúde. Segundo a concepção dialógica de competência que fundamenta a orientação da organização curricular do Curso de Medicina, será considerado competente aquele profissional que desenvolver domínio e autonomia para o cuidado à saúde, tanto no âmbito individual como coletivo, e que participar de modo ativo e co-responsável da gestão do trabalho em saúde e dos processos educativos inerentes às relações de trabalho e de cuidado à saúde. Em relação aao cuidado à saúde, visamos formar um profissional com capacidades para enfrentar o processo de adoecimento, de modo a diminuir o sofrimento humano e, sempre que possível, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, o foco do cuidado é transferido do modelo queixa/conduta para a integralidade do cuidado e isso significa atuar tanto na promoção da saúde e prevenção de doenças, como no diagnóstico e tratamento da maioria dos problemas de saúde das pessoas e de coletividades. Aqueles que se dedicarem a uma determinada especialidade o farão no contexto da integralidade do cuidado à saúde. 4 O Curso de Medicina 21 No cuidado à saúde das pessoas, as melhores evidências científicas devem ser colocadas para esclarecer e apoiar a tomada de decisão do paciente ou responsável. O profissional médico deve estimular o autocuidado, valorizando a autonomia de cada paciente para decidir sobre seu estilo de vida. Para tanto, o estudante deve desenvolver tecnologias para trabalhar com as dimensões subjetiva e social de cada pessoa, para articular as práticas de cuidado à saúde individual e coletiva, e para construir uma atuação em equipe, estratégias que favorecem o desenvolvimento de vínculo e a adesão dos pacientes. Em relação à gestão do trabalho em saúde, o estudante deverá desenvolver capacidades para trabalhar em equipe e construir, coletivamente, processos democráticos, participativos e co-responsáveis que visem eficácia, eficiência, custo-efetividade na organização do trabalho em saúde, de modo ancorado à ética e compromisso social. No tocante à área de educação, deverá desenvolver capacidades para aprender a aprender, produzir conhecimentos e socializar saberes, respeitando valores diferentes dos seus e a experiência prévia de pacientes, familiares, acompanhantes, profissionais de saúde formados e em formação. 22 4 O Curso de Medicina 4.3 Pressupostos e Diretrizes do Currículo 4.3.1 Currículo orientado por competência O currículo do curso médico da UFSCar é orientado por competência. Nesse sentido, a prática profissional desejada é a referência para a seleção de conteúdos e experiências educacionais voltadas ao desenvolvimento de competência profissional. Utilizamos a concepção dialógica de competência na qual são articuladas, ou melhor, dialogadas: ! as diversas perspectivas sobre o que é ser competente; ! as capacidades cognitivas, afetivas e psicomotoras que qualificam as ações profissionais; ! as ações, segundo contexto e critérios de excelência. A definição do perfil de competência para o médico formado na UFSCar será obtida por meio de uma oficina de trabalho que irá investigar a prática profissional de médicos indicados por sua competência. Serão indicantes desses médicos: os professores do Curso de Medicina e dos demais cursos da área de saúde da UFSCar, o conselho gestor da parceria UFSCar/Prefeitura Municipal, as coordenações dos cursos do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, os gestores de serviços municipais de saúde - públicos e privados, representantes dos profissionais da área de saúde da Secretaria Municipal de Saúde e de outros serviços de saúde municipais, representantes de pacientes, associações médicas, conselhos profissionais, sindicato médico e outros interessados. O perfil obtido será validado pelos diversos atores/ instituições que indicaram os participantes da oficina, no sentido de pactuarem um perfil que inclui os aspectos relevantes de diferentes perspectivas. A organização do currículo segundo perfil de competência visa oferecer experiências educacionais potentes para o desenvolvimento de capacidades cognitivas, psicomotoras e afetivas que possam ser 4 O Curso de Medicina 23 mobilizadas frente a um determinado contexto que requeira a atuação profissional. A incorporação de elementos inovadores tanto na concepção do programa como nas práticas de ensino-aprendizagem, objetiva favorecer que os estudantes desenvolvam capacidades de modo articulado e contextualizado, potencializando, assim, a construção de competência. As experiências educacionais consideradas potentes requerem a integração teórico/prática, a inserção de estudantes em situações reais de cuidado e a utilização de situações simuladas e reais da prática para a exploração de conteúdos relevantes ao desenvolvimento de competência. Dessa forma, a competência é uma síntese que se expressa numa prática de excelência frente às situações relacionadas a uma determinada profissão. Para esse enfrentamento, o profissional competente mobiliza um conjunto de capacidades que fundamentam e qualificam suas intervenções, segundo contexto e critérios de excelência. 4.3.2 Diversificação de cenários: rede escola A incorporação dos serviços de saúde e de outros equipamentos sociais como cenários de aprendizagem possibilita a diversificação e a desconcentração da formação que, assim, se aproxima da prática profissional real. As diversas modalidades de cuidado são consideradas, numa perspectiva da integralidade do cuidado, e para tanto foram incorporados os cenários de atendimento domiciliar, ambulatorial, préhospitalar, hospitalar, serviços de urgência, escolas, creches e instituições para idosos, entre outros. Para cada um desses cenários, há capacidades específicas a serem desenvolvidas e outras que podem ser mobilizadas e transferidas, de um contexto para outro. Para tanto, a gestão do SUS no município comprometeu-se a transformar os serviços locais de saúde em uma Rede Escola e a gestão da parceria entre a UFSCar/Prefeitura Municipal será acompanhada por um Conselho Gestor da Parceria. 24 4 O Curso de Medicina 4.3.3 Integração teoria/prática A integração teoria/prática se estabelece na articulação entre o mundo da aprendizagem e o mundo do trabalho. Dessa forma, os elementos disparadores da aprendizagem são as situações-problema de saúdedoença que devem ser enfrentadas na prática profissional. O confronto com essas situações, reais ou simuladas, visa garantir o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, uma vez que dá sentido às capacidades requeridas. As capacidades relacionadas às dimensões ético-social, técnico-política e das relações intersubjetivas devem ser abordadas de maneira articulada, visando o desenvolvimento integrado dos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo, sempre frente às situações-problema. É fundamental que os estudantes consigam estabelecer um efetivo diálogo com as situações reais e simuladas da prática, explicitando suas concepções e compreensões, formulando questões e perguntas que deverão contribuir para a construção das pontes entre os conhecimentos e demais capacidades prévias e as novas capacidades requeridas para melhor compreender e atuar frente a uma determinada situaçãoproblema. Integração teoria/prática: situações reais Quando as situações são reais, a inserção dos estudantes no mundo do trabalho é realizada de modo a estimular e assegurar a formação de vínculo e a co-responsabilização com as pessoas e familiares atendidos, com as equipes de saúde e com os serviços. Da mesma forma, os preceptores que acompanham os estudantes em situações reais, devem estar inseridos nos respectivos serviços de saúde onde realizam, cotidianamente, as ações que os estudantes irão observar e, futuramente, também realizar. Nessas situações, os estudantes estarão sob permanente acompanhamento e são continuamente avaliados segundo o domínio e autonomia que apresentam na realização e fundamentação das ações, em contextos específicos. 4 O Curso de Medicina 25 Integração teoria/prática: situações simuladas As situações simuladas da prática profissional objetivam a proteção dos pacientes reais, uma vez que a aprendizagem é fundamentada na exploração das capacidades prévias e, nesses momentos, é importante que o erro e os desentendimentos apareçam sem que haja a produção de danos. Permitem, ainda, que todos os estudantes sejam expostos a um conjunto de experiências comuns que possibilitem uma certa sistematização e acompanhamento das trajetórias de aprendizagem de uma determinada coorte, difíceis de se controlar quando se trabalha apenas com contextos reais. Como estímulos para a aprendizagem em ambientes protegidos, podem ser utilizadas: situações-problema de papel, atendimentos simulados da prática profissional, com pacientes simulados e/ou manequins, filmes e dramatizações entre outros. As situações simuladas são consideradas disparadores educacionais que estimulam a exploração das diversas disciplinas de uma forma articulada e contínua, ao longo de toda a formação do estudante. Dessa maneira, o estudo de disciplinas da área básica e clínica é explorado de maneira integrada, a partir de um determinado contexto representado por uma situação-problema, tal como ocorre na vida real, quando as pessoas que nos procuram trazem seus problemas e/ou necessidades de saúde. A partir dos problemas identificados são explorados os fenômenos e mecanismos subjacentes que os explicam e justificam. Há um maior potencial educacional de retenção do conhecimento quando ele é explorado de modo: ! contínuo, uma vez que em cada uma das situações-problema as disciplinas básicas e clínicas são estudadas; ! contextualizado, uma vez que é apresentado da maneira como será encontrado na vida real; ! correlacionado com uma intervenção profissional, uma vez que o reconhecimento da relevância e utilidade do conhecimento a ser adquirido amplia o caráter significativo da aprendizagem. 26 4 O Curso de Medicina 4.3.4 Relação professor/preceptor e estudantes A relação entre docentes e estudantes é horizontalizada, sendo favorecida pela utilização de pequenos grupos para o desenvolvimento das atividades educacionais e pelo estímulo à postura crítico-reflexiva e co-responsável no processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, os papéis tradicionais de estudantes e professores são revistos numa perspectiva participativa, porém centrada no estudante. Essa centralidade é traduzida pela orientação e pelo foco do processo ensinoaprendizagem que se transfere do professor para as necessidades de aprendizagem dos estudantes. Cabe ao estudante uma postura ativa e co-responsável na construção da sua trajetória no Curso de Medicina. Cabe ao professor/preceptor o papel de facilitador do processo de ensino-aprendizagem, estimulando e apoiando os estudantes no desenvolvimento de capacidades orientadas à competência profissional desejada. 4.3.5 Processo ensino-aprendizagem A abordagem proposta busca substituir processos de memorização e de transferência unidirecional e fragmentada de informações pela construção e significação de saberes a partir do confronto com situações reais ou simuladas, que estimulem o desenvolvimento de capacidades crítico-reflexiva e de aprender a aprender, numa espiral construtivista. Consoante com as Diretrizes Curriculares Nacionais de Graduação em Medicina, essa proposta aponta para um currículo que viabiliza o desenvolvimento da prática profissional por meio da mobilização de capacidades, em ação e em contexto, orientando essa formação para a construção de competência profissional. As situações simuladas ou reais da prática profissional cumprem o papel de disparadoras do processo de reflexão e de teorização para o grupo e, particularmente, para cada estudante. Devem favorecer a relação com 4 O Curso de Medicina 27 a realidade dos participantes do grupo e possibilitar a exploração dos desempenhos estabelecidos nas 4 áreas de competência. A exploração das situações-problema é realizada em pequenos grupos nos quais participam 8 estudantes e um ou dois facilitadores do processo ensinoaprendizagem. Segundo referenciais da aprendizagem significativa e de adultos, a explicitação dos saberes prévios é fundamental para a construção de novos significados. As experiências prévias conformam o potencial de assimilação do conhecimento novo e, para tanto, existem duas condições fundamentais para a construção de significado: ! o conteúdo deve ser potencialmente significativo; ! deve haver uma atitude favorável para aprender. Uma postura aberta e interessada do estudante favorece a construção de associações e de relações entre os conhecimentos prévios trazidos das experiências educacionais anteriores e o material novo a ser explorado. O processo de aprendizagem do material novo deve ser fundamentado em evidências científicas de modo a potencializar o desenvolvimento de redes e esquemas mentais de diferentes matizes de extensão e complexidade. A utilização de situações da prática profissional visa explorar conteúdos reconhecidos como relevantes para a formação. Espiral construtivista A partir da reflexão sobre uma dada situação, real ou simulada, o desenvolvimento do trabalho em pequeno grupo deve permitir que todos expressem seus saberes prévios, buscando identificar de que problema trata a situação (ver figura 1). 28 4 O Curso de Medicina Figura 1 – Espiral construtivista do processo de ensino-aprendizagem a partir da exploração de uma situação-problema2. A esquematização do processo ensino-aprendizagem na forma de uma espiral busca representar os movimentos desenvolvidos no trabalho coletivo do grupo, no sentido de identificar os conhecimentos prévios e de produzir novas sínteses e novos significados. Após o levantamento das diferentes percepções sobre o problema, o grupo deve formular explicações e hipóteses que serão a base para a elaboração de questões de aprendizagem direcionadas a checar e/ou fundamentar as explicações e hipóteses formuladas. A busca e a discussão dessas novas informações, orientadas às questões de aprendizagem, permitem a teorização e a construção de novos significados para melhor enfrentar o problema da situação. A avaliação do processo desenvolvido permite o reconhecimento de potencialidades e das áreas que requerem atenção, buscando, na avaliação formativa elementos para potencializar a aprendizagem. A postura pró-ativa dos estudantes deve ser estimulada, assim como a construção de relações solidárias, respeitosas e éticas, com liberdade de expressão e responsabilidade. Cada grupo deve encontrar no seu Traduzido e adaptado de Lima, V.V. Leraning issues raised by students during PBL tutorials compared to curriculum objectives. Chicago, 2002 [Dissertação de Mestrado – University of Illinois at Chicago. Department of Health Education] 2 4 O Curso de Medicina 29 facilitador um apoiador para o desenvolvimento desse processo críticoreflexivo que estará atento e voltado ao desenvolvimento de capacidades dos estudantes, considerando-se as áreas de competência e os critérios de excelência estabelecidos. Movimento: identificando o problema e formulando possíveis hipóteses Os movimentos de identificação do problema e de formulação de possíveis hipóteses são favorecidos pela explicitação: ! de idéias, associações iniciais e vivências; ! de percepções, sentimentos e valores; ! dos fenômenos e mecanismos que fundamentam as possíveis explicações; ! de hipóteses. A identificação do problema, as explicações iniciais e a formulação de hipóteses em situações relativas ao cuidado à saúde individual e coletivo permitem explorar os contextos biológico, subjetivo e social que se articulam e conferem singularidade à experiência de saúde-doença apresentada. Esses movimentos são fundamentais para a explicitação dos conhecimentos prévios e para a identificação das capacidades presentes e necessidades de aprendizagem de cada estudante e do grupo. O grupo pode ser estimulado a explicitar suposições, conjecturas e proposições. A explicitação dos saberes prévios ajuda o grupo na identificação das fronteiras dos seus conhecimentos em relação à situação apresentada. A identificação dessas fronteiras orienta a elaboração das questões de aprendizagem que visam enfrentá-las. Movimento: elaborando questões de aprendizagem As questões de aprendizagem orientam a busca de novas informações. Embora possam ser produzidas ao longo de todo o trabalho, o grupo deve selecionar as questões consideradas fundamentais para que todos 30 4 O Curso de Medicina estudem e que serão objeto de discussão no próximo encontro. Deve-se dar preferência à formulação de perguntas que requeiram análise ou avaliação, ou seja, questões que buscam correlação, que investigam o "como" ao invés de "quais" e que possibilitam a construção de pontes entre a situação e a realidade. Movimento: buscando novas informações A busca por novas informações deve ser realizada pelos estudantes da forma e onde considerarem mais adequado. O curso oferece um conjunto de referências bibliográficas que estão disponíveis como acervo, na forma de livros e revistas científicas. O acesso aos bancos de dados de base remota também é estimulado; além de facilitar a desejável ampliação das pesquisas, favorece a liberdade dos formandos para selecionar e eleger fontes de informações. Os estudantes têm períodos reservados e protegidos durante a semana, considerados espaços para aprendizagem auto-dirigida, nos quais podem dedicar-se à busca de novas informações. Para algumas situações, essa busca poderá envolver a coleta primária de dados por meio de entrevistas e visitas de observação. Movimento: construindo novos significados A discussão da situação-problema e das questões de aprendizagem, à luz das novas informações trazidas pelo grupo, deve considerar a natureza, relevância e evidências que permitam uma análise e crítica, tanto das fontes como da própria informação. A construção de novos significados ocorre pelo confronto entre os saberes prévios do grupo e as novas informações consideradas válidas. A articulação entre esses novos saberes e a situação-problema que os desencadeou possibilita contextualizar e transpor as novas capacidades para outras situações da realidade. 4 O Curso de Medicina 31 Movimento: avaliando o processo A avaliação do processo ensino-aprendizagem é permanente e a avaliação formativa assume um papel determinante na melhoria desse processo. Além da auto-avaliação e da avaliação entre pares, facilitadores e estudantes avaliam-se mutuamente no sentido de melhorar o processo ensino-aprendizagem e o trabalho em pequeno grupo. 32 4 O Curso de Medicina 4.4 Organização curricular 4.4.1 Características gerais do curso O curso de medicina é desenvolvido em período integral com duração mínima de 6 anos. Os aspectos relacionados à normatização do tempo máximo para a realização do curso e aos critérios de ingresso/ transferência, aprovação/reprovação, trancamento/jubilamento e outras condições específicas da graduação seguem o regulamento da Universidade. A carga horária total do curso é de 9620 horas, conferindo aos egressos certificados o título de médico. O número de vagas anualmente disponibilizado é de 40, vinculadas à aprovação em vestibular. 4.4.2 Cenários de ensino-aprendizagem A Rede de Cuidados Progressivos do município de São Carlos, considerada como uma Rede Escola, representa um conjunto de cenários privilegiados para a formação de profissionais de saúde e possibilita que a Universidade Federal de São Carlos promova a inserção dos estudantes no mundo real do trabalho desde o início de sua formação. Essa orientação visa estimular: ! a vivência de experiências de trabalho em saúde; ! o reconhecimento das Unidades de Saúde da Família e dos demais serviços de saúde como cenários de ensino-aprendizagem, de produção de conhecimento socialmente relevante, e de transformação da realidade; ! a compreensão da natureza cooperativa do trabalho de organização, administração e de provisão do cuidado nos serviços de saúde; ! a atuação como membro de uma equipe multiprofissional, reconhecendo a natureza interdisciplinar do trabalho em saúde; 4 O Curso de Medicina 33 ! o desenvolvimento de práticas educativas no cuidado à saúde das pessoas, de famílias e de grupos de clientes, reconhecendo-as como parte do exercício profissional; ! a participação na tomada de decisão, na elaboração do diagnóstico, e no plano de cuidados terapêuticos, considerando a pertinência dos protocolos existentes no serviço e as possibilidades e limites de adesão das pessoas; ! a participação em projetos de pesquisa, no âmbito das unidades básicas de saúde, nos ambulatórios de especialidades e nos serviços hospitalares. Os cenários protegidos de ensino-aprendizagem são espaços existentes e em construção ou adaptação, no campus da Universidade, destinados às atividades educacionais com estudantes e/ou atividades dos professores e profissionais de saúde, envolvidos no Curso de Medicina. Para o desenvolvimento curricular nos espaços protegidos, o curso médico dispõe de: ! salas para trabalho em pequenos grupos; ! Laboratório de Integração Morfo-funcional; ! Centro de Simulação da Prática Profissional; ! Laboratório de Informática; ! Laboratórios de Anatomia, Biofísica, Bioquímica, Biotério, Cirurgia Experimental, Embriologia, Farmacologia, Fisiologia, Histologia, Imunologia, Microbiologia, Parasitologia e Patologia comuns aos demais cursos da área da saúde; ! Anfiteatro (auditório) para 80 lugares; ! Biblioteca Comunitária; ! Unidade de Saúde Escola - USE; ! salas de apoio administrativo e de convivência para professores e estudantes; ! espaços de convivência da Universidade, incluindo os destinados às atividades sócio-político-culturais e esportivas. 34 4 O Curso de Medicina 4.4.3 Papel dos estudantes e professores A organização curricular estabelecida e o perfil de competência que se deseja formar requerem, do estudante, um novo papel e uma postura transformadora no processo de construção do seu conhecimento e desenvolvimento de suas capacidades profissionais, ressaltando-se os seguintes aspectos: ! curiosidade científica e interesse permanente pela aprendizagem, com iniciativa para a busca de novos saberes; ! espírito crítico/reflexivo e consciência da transitoriedade de teorias e técnicas, assumindo a necessidade de aprender ao longo de toda a vida profissional. ! interesse na exploração dos conhecimentos necessários à compreensão dos processos relacionados com a prática médica e com o adoecimento das pessoas; ! iniciativa criadora e senso de responsabilidade na busca de soluções para os problemas médico-assistenciais na sua área de atuação; ! interesse na exploração das dimensões subjetiva e social do processo saúde-doença; ! cooperação para a educação permanente das pessoas, quer sejam seus pares, pacientes, familiares, membros das equipes de saúde e seus professores; ! participação no trabalho em equipe e em pequenos grupos, com responsabilidade e respeito à diversidade de idéias, valores e culturas; ! engajamento e participação nos processos decisórios que envolvam interesse da comunidade, principalmente no processo de análise e implantação de um sistema de saúde que garanta a efetivação e consolidação dos princípios constitucionais; ! atuação ética e humanizada. Os professores acompanham o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes nas atividades vinculadas às Unidades Educacionais. Os professores poderão desempenhar o papel de: 4 O Curso de Medicina 35 ! facilitadores nas Unidades Educacionais da graduação e de cursos de pós-graduação; ! consultores; ! autores das situações simuladas da prática e Unidades Educacionais; ! avaliadores; ! gestores de Unidades Educacionais, de Grupos de Trabalho ou de Recursos Educacionais; ! preceptores; ! orientadores. Em todos os papéis, os professores são mediadores do processo ensinoaprendizagem. Nesse sentido, é fundamental: o respeito aos saberes dos educandos, a reflexão crítica sobre sua própria prática, a abertura para o novo e para mudanças e capacidades investigativa e crítica para a produção de novos saberes. Segundo Paulo Freire, cabe ao professor: ! desenvolver a curiosidade epistemológica dos estudantes; ! reconhecer que o processo é inacabado; ! respeitar a autonomia do educando; ! mostrar responsabilidade, tolerância e bom senso; ! integrar intenção e gesto; ! comprometer-se com a educação como forma de intervenção no mundo. Cabe, ainda, aos facilitadores: ! a avaliação dos aspectos organizacionais para realização das atividades educacionais: infra-estrutura e materiais disponibilizados; ! listas de presença da respectiva atividade; ! materiais de apoio às atividades. Os facilitadores das situações simuladas da prática profissional em ambiente protegido não precisam, necessariamente, estar vinculados a um serviço de saúde, mas precisam ter formação numa carreira diretamente envolvida com o cuidado à saúde das pessoas e de seus familiares. Professores de outros Departamentos apóiam o desenvolvimento de capacidades específicas dos estudantes, como consultores. Esses professores também trabalham como consultores dos 36 4 O Curso de Medicina grupos de autores responsáveis pela elaboração das situações-problema e de casos simulados. Os preceptores, necessariamente, precisam estar vinculados a um serviço de saúde, cenário de aprendizagem de seus estudantes 4 O Curso de Medicina 37 4.5 Estrutura curricular: Integralidade do Cuidado I - 1º ano 4.5.1 Unidades Educacionais O currículo está estruturado em 3 ciclos educacionais, organizados segundo a progressão do estudante no domínio dos desempenhos, em cada área de competência, considerando-se graus crescentes de autonomia e o alcance de excelência. Os três ciclos são: ! Integralidade do Cuidado I: primeiro e segundo anos letivos; ! Integralidade do Cuidado II: terceiro e quarto anos letivos; ! Integralidade do Cuidado III: quinto e sexto anos letivos. Cada ciclo é organizado em Unidades Educacionais. As unidades educacionais oferecidas a todos os estudantes são longitudinais e complementares, sendo estruturadas a partir dos desempenhos esperados para os estudantes nos cenários utilizados para o desenvolvimento da prática profissional. As unidades eletivas são organizadas a partir do interesse de cada estudante, desde que aprovada pelo docente orientador e coordenador do ciclo, à luz das diretrizes do curso (ver Quadro 1). Os dois primeiros ciclos são constituídos por duas unidades longitudinais e complementares realizadas por todos os estudantes: Unidade Educacional de Prática Profissional e Unidade Educacional de Simulação da Prática Profissional. 38 4 O Curso de Medicina Quadro 1 Estrutura curricular do Curso de Medicina, UFSCar, 2006. 4 O Curso de Medicina 39 Na Unidade Educacional de Simulação da Prática Profissional, os elementos disparadores do processo ensino-aprendizagem podem ser situações-problema de papel, dramatizações, filmes, situações simuladas da pratica profissional e outros recursos que permitam a construção de saberes, em cenários protegidos e controlados. A Unidade Educacional de Simulação da Prática Profissional do primeiro ano do curso médico é denominada: Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I e está organizada segundo duas estratégias educacionais. Uma das estratégias é a que utiliza Situações-problema e a outra utiliza Estações Simuladas da Prática Profissional. Na Unidade Educacional de Prática Profissional, o confronto direto com a realidade e a interpretação desse confronto na perspectiva dos estudantes são os elementos disparadores do processo ensinoaprendizagem. Nesse sentido, é realizada em cenários reais do trabalho em saúde e focaliza o desenvolvimento, em contexto, da prática profissional, sendo necessário que o preceptor que acompanha os estudantes nessa Unidade esteja inserido no serviço de saúde em questão. Unidade de Simulação da Prática Profissional Na Unidade de Simulação da Prática Profissional, o processo de ensinoaprendizagem utiliza textos elaborados por um grupo de autores/ professores como disparadores na construção de saberes dos estudantes. Os textos podem ser apresentados na forma de situações-problema ou de casos clínico-epidemiológicos. O trabalho baseado nas situaçõesproblema ocorre em pequenos grupos, com 8 estudantes e um ou dois facilitadores. Assim, para a turma de 40 estudantes foram constituídos 5 pequenos grupos. Os casos são explorados nas Estações de Simulação da Prática Profissional e os estudantes trabalham em duplas ou quartetos, respectivamente, nas atividades de avaliação formativa e de acompanhamento. As atividades educacionais da Unidade de Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I baseadas em Situações-problema estão 40 4 O Curso de Medicina organizadas em dois encontros semanais, em pequeno grupo, com aproximadamente 3 horas de trabalho em cada encontro. Nessas atividades, os estudantes exploram situações-problema, previamente elaboradas por uma equipe de autores/professores. A exploração de situações simuladas da prática profissional ocorre em estações de simulação da prática profissional e é realizada em dois momentos: ! o primeiro, de observação e avaliação formativa do desempenho de cada estudante frente a um caso clínico-epidemiológico simulado, destina-se à identificação das capacidades prévias dos estudantes; ! o segundo, de acompanhamento, destina-se a apoiar o desenvolvimento de novas capacidades identificadas como necessárias a partir do momento da avaliação formativa. Os dois momentos se alternam, semanalmente, sendo que no momento de observação os estudantes trabalham em duplas, por aproximadamente 1 hora e 30 minutos, com professores no papel de avaliadores; no segundo momento, trabalham em grupos de quatro estudantes com um professor na função de consultor, por 2 horas. Unidade Educacional de Prática Profissional Na Unidade Educacional de Prática Profissional, os cenários de ensinoaprendizagem correspondem aos espaços reais de trabalho do médico, contemplando a rede de cuidados progressivos à saúde, numa perspectiva da integralidade do cuidado. Em cada ciclo sugere-se o foco num determinado cenário, visando o desenvolvimento de domínio e de autonomia dos estudantes para intervirem nas situações reais de saúdedoença. O primeiro ciclo da formação deve focalizar, como cenário privilegiado, a área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família - USF do 4 O Curso de Medicina 41 município, considerando-se o território geográfico, os domicílios e todos os equipamentos sociais nos quais poder-se-á desenvolver ações de produção de saúde. Na Unidade de Prática Profissional, os estudantes também trabalham em pequenos grupos de aproximadamente 5 estudantes com um professor no papel de preceptor, diretamente vinculado ao serviço de saúde em questão. Na Prática Profissional, cada dupla de estudante fica responsável pelo acompanhamento de aproximadamente 10 famílias durante todo o curso. A abordagem no primeiro ciclo é fundamentalmente individual e familiar. No segundo ciclo, além do cuidado individual, cada dupla deve formular e executar um plano de cuidados coletivo para as famílias sob sua responsabilidade, focalizando as situações que comportarem esse tipo de atuação. Todo plano de intervenção deve ser construído e pactuado com a equipe de saúde da unidade. O segundo ciclo da formação pode ter como cenário privilegiado o cuidado ambulatorial secundário, porém os estudantes permanecem com um período de atividade na unidade de saúde da família. A escolha dos cenários e a movimentação dos estudantes nesses espaços estão sendo discutidas e acordadas entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Coordenação do Curso de Medicina, considerando-se as necessidades educacionais dos estudantes, as necessidades de saúde das pessoas e a estrutura e organização do cuidado no município. O cenário hospitalar também deve ser vivenciado desde o início do curso, porém a inserção do estudante nesse serviço também deverá ser correspondente ao grau de autonomia e de domínio para as intervenções normalmente realizadas nesse contexto. As Unidades de Saúde da Família - USF são cenários potenciais da Unidade Educacional de Prática Profissional do primeiro ano do Ciclo I (ver Figura 2). Tanto as USFs como as Unidades Básicas de Saúde UBS estão distribuídas nas 5 Administrações Regionais de Saúde Ares: 42 4 O Curso de Medicina ARES 1 – Cidade Aracy: UBS Cidade Aracy, USF Antenor Garcia, USF Presidente Collor e a Unidade de Pronto Atendimento Dr. Ernesto Pereira Lopes; ARES 2 – Vila Isabel: UBS Azul Ville, UBS Cruzeiro do Sul, UBS Vila Isabel e a sede do Programa de Atendimento Domiciliar; ARES 3 – Redenção: UBS J. Botafogo, UBS Redenção, USF J. São Carlos, USF Jardim Gonzaga e a Unidade de Pronto Atendimento Dr. Samuel Valentie de Oliveira; ARES 4 – Vila São José: UBS Maria Estella Faggá, UBS São José, UBS Vila Nery e USF J. Munique; ARES 5 – Santa Felícia: USF Jóckey Clube, UBS Parque Delta, UBS Santa Felícia, UBS Santa Paula, USF Romeu Tortorelli, incluindo os subdistritos rurais USF Santa Eudóxia e USF Água Vermelha. Figura 2. Distribuição das Unidades de Saúde da Família segundo ARES, Secretaria Municipal de Saúde, 2006. 4 O Curso de Medicina 43 4.5.2 Conteúdos educacionais e semana típica Unidade Educacional: Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I Enfoques: ! Identificação e explicação dos fenômenos envolvidos no processo saúde-doença: · bases moleculares e celulares dos processos normais e alterados, da estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos, aplicados às situações-problema e na forma como o médico os utiliza; · determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais do processo saúde-doença, para cada pessoa e para grupos e comunidades; ! Identificação de necessidades de saúde (situações simuladas): · história clínica e exame físico geral para a identificação de necessidades de saúde e de sinais e sintomas; · elaboração de planos de cuidado (situações simuladas): · promoção de estilos de vida saudáveis, segundo as necessidades de saúde identificadas. Unidade Educacional de Prática Profissional I Enfoques: ! Abordagem do processo saúde-doença do indivíduo e da população, em seus múltiplos aspectos de determinação, ocorrência e intervenção; ! Atuação ética e humanística na relação médico-paciente; ! Identificação de necessidades de saúde - capacidade de realizar história clínica e exame físico geral e específico para a identificação de necessidades de saúde e de sinais e sintomas; 44 4 O Curso de Medicina ! Desenvolvimento de capacidade crítico-reflexiva e de raciocínio clínico; ! Elaboração de planos de cuidado, segundo necessidades identificadas; ! Promoção da saúde a partir da compreensão dos processos fisiológicos, subjetivos e sócio-culturais das pessoas - gestação, nascimento, crescimento e desenvolvimento, sexualidade, envelhecimento e do processo de morte, atividades físicas, desportivas e as relacionadas ao meio social e ambiental; ! Atuação equipe multiprofissional visando eficácia/efetividade no cuidado à saúde. Quadro 2: Semana típica dos estudantes do Ciclo - Integralidade do Cuidado I, Curso de Medicina, UFSCar, 2006. 4 O Curso de Medicina 45 4.5.3 Recursos Educacionais Centro de Simulação da Prática Profissional - CSPP A simulação da prática profissional é um apoio educacional às Unidades Sistematizadas e Unidades da Prática Profissional, que visa desenvolver as capacidades necessárias ao domínio da competência, na área de atuação clínica. O Centro de Simulação da Prática Profissional implica na combinação de espaços que simulam cenários da prática de cuidado à saúde domiciliar, ambulatorial e hospitalar - nos quais ocorre o atendimento à pacientes simulados e/ou a realização de procedimentos em manequins/bonecos. A utilização de pacientes simulados, atores contratados que representam pacientes, permite a exploração de um conjunto de ações e de saberes cujo objeto de estudo abrange o ser humano na sua dimensão psíquica, biológica e social, focalizando a realização de história clínica - anamnese e exame clínico geral. Os atendimentos poderão ser filmados/ editados e utilizados para avaliação formativa e somativa. Essas situações também podem abordar a realização/interpretação de procedimentos médicos, exames laboratoriais, elaboração de planos de cuidado e técnicas de comunicação social, à luz do perfil de competência estabelecido. A realização da história e do exame clínico constitui um momento privilegiado, não só para a elaboração dos diagnósticos clínicos, como também para o estabelecimento de relações empáticas entre o médico e paciente/familiares. Essa vivência possibilita a expansão da capacidade de observação e prepara o estudante para as atividades reais de cuidado a serem desenvolvidas nos serviços de saúde. 46 4 O Curso de Medicina Além das atividades programadas com professores avaliadores/ apoiadores, haverá monitores para suporte aos estudantes tanto no desenvolvimento de capacidades, quanto para garantir a utilização adequada dos materiais disponíveis. As estações do Centro poderão ser rearranjadas em função das capacidades que se objetiva desenvolver e estarão disponíveis para a auto-aprendizagem e para as atividades de avaliação formativa e somativa. Todas as salas contarão com uma mesa, cadeiras, maca, negatoscópio e os atendimentos poderão ser filmados ou acompanhados em salas espelhadas. Laboratório de Integração Morfo-funcional A área física do Laboratório Morfo-funcional deve favorecer o estudo auto-dirigido e o acesso aos materiais. Bancadas e espaços como estações semi-abertas favorecem a disposição dos materiais segundo sistemas e/ou tipos de atendimento. O Laboratório de Integração Morfo-funcional foi concebido para estimular a integração dos aspectos anatômicos e fisiológicos, aproximando esses saberes da prática profissional de cuidado à saúde. Assim, estão incluídos espaços para o estudo de propedêutica e de exames complementares que utilizam amostras de fluidos e tecidos orgânicos e imagens do corpo humano. Laboratório de Informática da Graduação - LIG Os estudantes terão acesso a 20 computadores ligados à Internet, disponibilizados no Laboratório de Informática, além de todos os equipamentos disponíveis na Biblioteca. Laboratórios da área de saúde Laboratórios de anatomia, histologia, embriologia, farmacologia, bioquímica, biofísica, fisiologia, parasitologia, microbiologia, patologia, imunologia, cirurgia experimental, biotério. 4 O Curso de Medicina 47 4.5.4 Avaliação A avaliação é uma atividade permanente e constituinte do processo de ensino-aprendizagem. Permite o acompanhamento desse processo, tornando visíveis avanços e dificuldades para promover ações de modo a melhorar processos, produtos e resultados. O sistema de avaliação do Curso de Medicina está vinculado aos Sistemas de Avaliação da Universidade e da Secretaria Municipal de Saúde - SUS. A abordagem da avaliação, nessa concepção, é formativa e somativa, com enfoques para o desenvolvimento dos estudantes, dos professores, do curso e do sistema de saúde local. A avaliação é realizada por todos os envolvidos na construção do currículo. Deve ser livre de medos e possibilitar que as pessoas expressem suas percepções, objetivando e exemplificando os aspectos considerados adequados e os que precisam ser melhorados, reformulados ou mesmo substituídos. O respeito e a responsabilidade nesse processo são fundamentais para a garantia de um clima de cooperação que visa a ética e a estética na operacionalização do Projeto Político Pedagógico do Curso de Medicina da UFSCar. O Anexo 3 traz alguns elementos a serem consideradas para fazer e receber crítica. Avaliação do estudante A avaliação do estudante é critério-referenciada e, isso significa, que o perfil de competência e os critérios de excelência para cada ciclo e ano letivo são utilizados como critérios e referenciais, aos quais se compara o desempenho observado de cada estudante. A avaliação permite que os estudantes conheçam os desempenhos considerados satisfatórios (critérios de excelência) em cada área de competência, orientando sua aprendizagem e o acompanhamento de 48 4 O Curso de Medicina sua progressão ao longo da formação. A avaliação critério-referenciada desestimula a competição entre os estudantes e estabelece um diálogo mais adequado entre professores e educandos. A avaliação do desempenho dos estudantes focaliza o desenvolvimento integrado dos domínios cognitivo (conhecimento), psicomotor (habilidades) e afetivo (atitudes). A avaliação formativa é orientada à aprendizagem e realizada em processo. Utiliza a auto-avaliação e a avaliação dos demais membros do grupo ou equipe de trabalho sobre o desempenho/atuação de cada um. Destina-se à identificação de potencialidades e áreas que requerem atenção, no sentido da melhoria do processo ensino-aprendizagem. Na avaliação somativa do estudante, busca-se avaliar os saberes e a prática profissional relacionados ao desenvolvimento de competência e aos objetivos gerais do programa. A avaliação somativa destina-se a identificação dos estudantes que podem progredir para o próximo Ciclo e daqueles que requererão mais tempo e/ou apoio para alcançar o domínio e a autonomia estabelecidos para os desempenhos no respectivo Ciclo. As avaliações com características predominantemente formativas são realizadas verbalmente durante e ao final de todas as atividades de ensino-aprendizagem. Uma síntese dessas avaliações é formalizada de maneira escrita em documentos específicos, na metade e ao final de cada semestre letivo, passando a fazer parte dos instrumentos utilizados para a avaliação somativa. As avaliações de processo e de progresso de cada estudante são sintetizadas num portfólio que representa e qualifica a trajetória de cada estudante no Curso de Medicina. ! Critérios de Aprovação no Curso A avaliação do rendimento escolar - avaliação somativa do estudante ocorre mediante a atribuição de conceitos, havendo uma correlação 4 O Curso de Medicina 49 entre os já utilizados pelo sistema de avaliação da Universidade e a proposta do Curso de Medicina: I – Satisfatório; II – Precisa melhorar; III – Insatisfatório. ! Critérios de Aprovação Será aprovado no Curso de Medicina o estudante que obtiver conceito satisfatório em todas as avaliações estabelecidas em cada Ciclo Educacional. Será considerado aprovado no Ciclo o estudante que obtiver conceito satisfatório em todas as Unidades Educacionais do respectivo Ciclo (ver Anexo 2). ! Critérios para Planos de Melhoria O estudante terá, durante o ciclo, oportunidades formais para melhoria de desempenhos. Os planos de melhoria diminuem o estigma punitivo das avaliações de verificação de rendimento escolar. Todo conceito precisa melhorar deve ser analisado pelo(s) gestores da Unidade/Ciclo e discutido com o estudante para acertos em relação ao plano de melhoria. Conforme as dificuldades identificadas e as necessidades do estudante, o plano, com uma prescrição individualizada, será supervisionado por um professor. Os planos de melhoria são desenvolvidos no tempo de aprendizagem auto-dirigida do estudante. ! Critérios de Reprovação e Planos de Recuperação Além do critério de presença, cada Unidade Educacional tem critérios específicos de reprovação, depois de esgotadas as oportunidades de melhoria. O estudante que receber um conceito insatisfatório ao final de cada Ciclo, em quaisquer das Unidades Educacionais, será reprovado no Ciclo e, por isso, deverá desenvolver um plano de recuperação durante o período de um ano, focalizando o alcance dos desempenhos considerados insatisfatórios. O desenvolvimento do estudante será 50 4 O Curso de Medicina continuamente avaliado, e ao final do período de recuperação receberá novo conceito. A manutenção do conceito insatisfatório implica na reprovação do estudante no curso. A obtenção do conceito satisfatório permite a progressão do estudante para o próximo Ciclo do Curso. Instrumentos para avaliação do estudante ! Exercício Baseado em Problemas - EBP Avaliação da capacidade individual do estudante de identificar necessidades de saúde, formular o(s) problema(s) do paciente/familiares e propor um plano de cuidado frente a um determinado contexto e situação-problema. ! Avaliação objetiva e estruturada de desempenho profissional O exercício de avaliação objetiva e estruturada de desempenho é formado por estações nas quais o estudante deve realizar e fundamentar a realização de determinadas ações da prática profissional, à luz do perfil de competência estabelecido. ! Desempenho dos estudantes nas atividades educacionais Os formatos de avaliação do estudante (ver Anexo 4) são documentos utilizados para a avaliação do desempenho do estudante nas atividades de ensino-aprendizagem. Avalia a capacidade do estudante de identificar necessidades de saúde, analisar problemas e formular planos terapêuticos de cuidado à saúde de pessoas e coletividades. Também avalia atitudes em relação ao trabalho de grupo e ao cumprimento do pacto/acordo de trabalho em pequeno grupo e em equipe de saúde (respeito, comunicação, responsabilidade e avaliação). É preenchido a cada 2 meses de atividades e considera os referenciais estabelecidos para a atividade educacional e os critérios de satisfatório, segundo Unidade e Ciclo Educacional. Esse documento é uma síntese das avaliações dos facilitadores, auto-avaliação e avaliação dos colegas realizadas ao longo das unidades educacionais. 4 O Curso de Medicina 51 ! Portfólio reflexivo O portfólio é um instrumento de registro e de reflexão realizados de forma sistematizada e sistemática sobre a trajetória e as práticas desenvolvidas pelos estudantes nas Unidades Educacionais do Curso Médico. No espaço destinado à trajetória ficam registrados: o memorial de cada estudante; suas expectativas iniciais em relação ao Curso de Medicina, a nova síntese das expectativas realizada nos trabalhos em pequenos grupos com outros estudantes; os documentos formais das avaliações recebidas, e o registro dos eletivos realizados. No espaço destinado às Simulações da Prática Profissional: Situaçõesproblema e Estações simuladas, o estudante pode anexar e/ou registrar as situações trabalhadas, as respectivas questões de aprendizagem e informações que considerar relevante. No espaço reservado às Narrativas da prática, o estudante pode anexar as cópias das suas narrativas e de seus colegas de grupo, assim como as questões de aprendizagem levantadas e as informações que considerar relevante. Por meio de um discurso narrativo, cada estudante registra suas observações e/ou interpretações acerca de uma determinada prática vivenciada. Busca-se assegurar o processo de construção de novos saberes de forma contextualizada, ressaltando a compreensão dos significados e os sentidos atribuídos a cada experiência. O raciocínio crítico-reflexivo é uma das principais capacidades a serem desenvolvidas na elaboração e análise das narrativas, considerando-se uma progressão em relação aos aspectos: descritivo, crítico e meta-crítico. O enfoque reflexivo do portfólio diz respeito ao estímulo e suporte oferecidos para que cada estudante combine a descrição de episódios relevantes, a reflexão sobre os fatos narrados e a reflexão sobre seus próprios papéis, funções, desempenhos, concepções e valores em relação a uma determinada observação e/ou prática profissional. Este processo é compartilhado com o professor e enriquecido por este com novas informações e novas perspectivas, numa dimensão formativa. 52 4 O Curso de Medicina O acompanhamento do portfólio de cada estudante, pelo preceptor, faz parte do conjunto de avaliações formativas realizadas e oferece orientações para a melhoria do processo ensino-aprendizagem e desenvolvimento pessoal e profissional. O orientador de cada estudante tem acesso ao portfólio e também acompanha e avalia necessidades de aprendizagem. Todos os documentos formais de avaliação, assim como expectativas e memoriais ficam com cópias arquivadas no histórico escolar do estudante, sob responsabilidade da Secretaria e Coordenação do Curso. ! Exercícios de avaliação cognitiva Os estudantes deverão participar, ao longo de todo o curso, de exercícios de avaliação cognitiva realizados uma vez por semestre. Essas avaliações irão contemplar testes tipo ensaio com respostas curtas e longas, testes de múltipla escolha, modified essay questions (papel e/ ou interação eletrônica) sendo que todas essas modalidades estão baseadas em casos ou situações-problema de saúde-doença, com enfoque individual e coletivo. Avaliação dos professores O desempenho do facilitador e/ou co-facilitador deve ser avaliado pelos estudantes considerando-se a capacidade de favorecer o processo ensinoaprendizagem e de apresentar atitudes coerentes com o seu papel. Uma síntese do desempenho de cada facilitador é formalizada em um documento escrito e entregue na secretaria do curso (ver Anexos 5 e 6). A identificação do estudante é opcional. Avaliação das unidades educacionais e do curso O curso será avaliado tanto por estudantes quanto por docentes/ profissionais de saúde, uma vez por semestre. A avaliação deve ser registrada em formato específico sendo que estas informações apóiam a revisão e reformulação do curso. O formato de avaliação do curso deve ser entregue na secretaria do curso. A identificação do avaliador é opcional (ver Anexo 7). 4 O Curso de Medicina 53 Avaliação do Sistema de Saúde Como a rede de cuidados progressivos faz parte dos recursos educacionais do Curso e a qualidade do cuidado prestado à população é um dos resultados esperados da parceria Universidade/Secretaria de Saúde, o sistema local de saúde será avaliado em relação à formação e à qualidade dos serviços oferecidos. 54 4 O Curso de Medicina 5 Bibliografia Consultada Educação e Currículo Alarcão, I. (org.). Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. Alarcão, I. Professores Reflexivos em uma escola reflexiva. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 2003. Bourdieu, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, SP: Papirus, 1996. Campos, G.W.S. Educação médica, hospitais universitários e o Sistema Único de Saúde. Cadernos de Saúde Pública 15 (1), janeiro-março, 1999: 187-193. Ceccim, R.B.; Feuerwerker, L. 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(Estudos temáticos 1). 5 Bibliografia Consultada 63 6 Anexos Anexo 1: Diretrizes Curriculares Nacionais Artigo 4º apresenta algumas dimensões da competência profissional: I- Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo; II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas; III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação; IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz; V- Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde; e VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico-profissional, a formação e a cooperação por meio de redes nacionais e internacionais. 6 Anexos 67 Anexo 2: Desenvolvimento de competência O desenvolvimento das capacidades que conformam as áreas de competência ocorre segundo diferentes pesos e gradientes ao alongo dos ciclos, evidenciando progressão do domínio e da autonomia no exercício profissional (ver Quadro 3). Quadro 3 Progressão do domínio e da autonomia no desenvolvimento de competência dos estudantes, segundo critérios de excelência, Curso de Medicina, UFSCar, 2006 68 6 Anexos Anexo 3: Como fazer e receber críticas O A crítica efetiva: ! deve referir-se ao desempenho da pessoa e não à pessoa; ! deve abordar tanto os aspectos considerados como fortalezas quanto as áreas que merecem atenção. 1. A crítica deve ser apresentada de forma descritiva A descrição de suas próprias reações e percepções sobre o desempenho do outro ao invés de apenas sintetizar como inadequado ou bom, permite ao outro uma posição menos defensiva, podendo utilizar os comentários para analisar pertinência e relevância. 2. A crítica deve ser específica Uma avaliação geral sobre o desempenho do outro não permite que esta pessoa reconheça qual parte ou qual área merece atenção especial e melhoria, segunda a perspectiva do avaliador. Portanto, quanto maior a especificidade ou a utilização de exemplos maior a possibilidade de entendimento e discussão de outras perspectivas. 3. A crítica deve focalizar o que pode ser melhorado A possibilidade de melhorar uma ação ou trabalho estimula a pessoa a continuar progredindo. Desta forma, é importante apontar inicialmente as áreas sob as quais a pessoa tenha maior controle. 4. A crítica solicitada tem maior impacto O retorno tem maior impacto quando aquele que o recebe pode formular as perguntas ou questões sobre as quais ele/ela gostaria de uma apreciação. 5. O significado atribuído à avaliação deve ser compreendido A intenção não corresponde, necessariamente, à repercussão. Portanto, é fundamental que aquele que faz a avaliação pergunte sobre o significado de seus comentários para aquele que os recebe. 6. A crítica deve levar em consideração as expectativas tanto daquele que avalia como daquele que a recebe A avaliação que fazemos sobre o desempenho de uma pessoa reflete o que pensamos e sentimos em relação à específica ação ou trabalho desenvolvido. Portanto, é fundamental que as expectativas tornem-se claras e conhecidas e que acima de tudo possam ser discutidas abertamente e analisadas segundo sua pertinência e adequação. 6 Anexos 69 Anexo 4: Curso de Medicina Ciclo: Integralidade do Cuidado I Unidade Educacional Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I Formato 1: Avaliação do Estudante – Situações-problema Estudante: Facilitador(a): Grupo: Data: / / 1. Como tem sido a participação e contribuição do(a) estudante no processamento das situações-problema em grupo? Justifique. 2. Como tem sido o desenvolvimento do(a) estudante no processo de aprender a aprender? Justifique. 70 6 Anexos 3. Como tem sido o cumprimento do pacto de trabalho? Justifique: 4. Recomendações e/ou sugestões individualizadas do facilitador ao(à) estudante: 5. Comentários do(a) estudante: Conceito final: # Satisfatório Assinatura do(a) Estudante 6 Anexos # Precisa melhorar/Insatisfatório Assinatura do(a) Facilitador(a) 71 Anexo 5: Curso de Medicina Ciclo: Integralidade do Cuidado I Unidade Educacional Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I Formato 2: Avaliação do Facilitador – Situações-problema Facilitador(a): Grupo: Estudante (opcional): Data: / / 1. Como tem sido a participação do (a) facilitador (a) no processo de ensino-aprendizagem? Justifique. 2. Como tem sido o cumprimento do pacto de trabalho? Justifique: 3. Comentários e/ou sugestões : Conceito final: 72 # Satisfatório # Precisa melhorar 6 Anexos Anexo 6: Curso de Medicina Ciclo: Integralidade do Cuidado I Unidade Educacional Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I Formato 4: Avaliação do Facilitador – Estações de simulação Facilitador(a): Grupo: Estudante (opcional): Data: / / 1. Como tem sido a participação do (a) facilitador (a) nas atividades de avaliação formativa e acompanhamento? Justifique. 2. Como tem sido o cumprimento do pacto de trabalho? Justifique: 3. Comentários e/ou sugestões : Conceito final: 6 Anexos # Satisfatório # Precisa melhorar 73 Anexo 7: Curso de Medicina Ciclo: Integralidade do Cuidado I Unidade Educacional Necessidades de Saúde e Planos Terapêuticos I Formato 7: Avaliação do Curso Avaliador: # Estudante # Professor # Preceptor Identificação (opcional): # Outros Data: / / 1. Situações-problema: a) Avalie as situações-problema da família ___________________ em relação às necessidades de aprendizagem e ao desenvolvimento das áreas de competência profissional. Justifique. Título das situações-problema - SP Conceito 1. Satisfatório Insatisfatório 2. Satisfatório Insatisfatório 3. Satisfatório Insatisfatório 4. Satisfatório Insatisfatório 5. Satisfatório Insatisfatório 74 6 Anexos b) Avalie as situações-problema da família ___________________ em relação às necessidades de aprendizagem e ao desenvolvimento das áreas de competência profissional. Justifique. Título das situações-problema - SP Conceito 1. Satisfatório Insatisfatório 2. Satisfatório Insatisfatório 3. Satisfatório Insatisfatório 4. Satisfatório Insatisfatório 5. Satisfatório Insatisfatório 6 Anexos 75 2. Simulações da prática profissional: Avalie as situações simuladas considerando as necessidades de aprendizagem e o desenvolvimento das áreas de competência profissional. Justifique. Título das situações simuladas - SPP Conceito 1. Satisfatório Insatisfatório 2. Satisfatório Insatisfatório 3. Satisfatório Insatisfatório 4. Satisfatório Insatisfatório 5. Satisfatório Insatisfatório 76 6 Anexos 3. Recursos educacionais Avalie as facilidades e/ou dificuldades relacionadas a utilização dos recursos educacionais considerando as necessidades de aprendizagem e o desenvolvimento das áreas de competência profissional. Justifique. Título das situações simuladas - SPP Conceito 1. Biblioteca Satisfatório Insatisfatório 2. Laboratório de Integração Morfo-funcional Satisfatório Insatisfatório 3. Centro de Simulação da Prática Profissional Satisfatório Insatisfatório 4. Laboratório de Informática Satisfatório Insatisfatório 5. Salas de trabalho Satisfatório Insatisfatório 6. Consultorias Satisfatório Insatisfatório 4. Comentários e/ou sugestões para melhoria da Unidade Educacional: Conceito final: 6 Anexos # Satisfatório # Precisa melhorar 77