Ensino superior em Educação Física MARIO RIBEIRO CANTARINO FILHO E LAMARTINE P. DACOSTA Undergraduation in Physical Education Today there are nearly 400 undergraduate programs of physical education in Brazil, a very expressive number if compared to the 56 that existed in 1971 and one of the highest in the world in terms of professional training in physical education. It reflects a tradition that started in 1834, when Brazilian students were first admitted to the Philantropinium headquarters in Germany (Table 1). During the 19th century, physical education lessons in the largest Brazilian cities were conducted by elementary school teachers (licensed after high school training) who had to adapt current knowledge and improvise techniques. In 1910 civilian teachers started to be trained at military institutions, but the training of physical education teachers in undergraduate schools only started in the early 1930s with the creation of the first schools. However, military instructors still conducted physical education lessons in the school system of several Brazilian states during the first half of the 20th century. From the 1930s to the 1990s, undergraduate schools of physical education were founded primarily in Brazilian capitals other than SP and RJ and then the expansion continued from the state capitals along the coast to the interior, first under government sponsorship and later by means of private investments. From 1961 to 2004, the central debate involving undergraduation in physical education referred to the curriculum of professional training. Origens e definições A função social de educador físico – orientador de práticas de atividades físicas para propósitos de desenvolvimento pessoal – tem acompanhado a função respectiva ao médico ao longo da história da civilização ocidental. O valor sócio-cultural da prática da medicina já observado na Grécia Antiga continua hoje presente em qualquer sociedade contemporânea, explicando uma demanda profissional jamais reduzida na história. Neste contexto insere-se o educador físico: como o médico, ele já atuava na Grécia Antiga sob o nome de paidotribes, um educador de jovens por meio de exercícios físicos, jogos e música. Este ator social representava um misto de mestre, líder e gestor da palaestra, uma espécie de ginásio e centro cultural das cidades gregas. No Renascimento, ele retorna numa posição central da pedagogia então recriada por impulso das ciências e das artes em renovação. E assim se dispôs até que a “Educação Física” — nome genérico atual de práticas corporais historicizadas em mais de 25 séculos nos países ocidentais (DaCosta, 1999. p.10) — fosse deslocada para as instituições escolares quando da universalização do ensino na Europa no século XIX. como pedagogo e um certo sentido experimental, como se aprecia pelas atividades encontradas na “Casa Giocosa”, em que se aliavam abordagens lúdicas com a disciplina corporal (escola dirigida por Feltre, no norte da Itália). Tal modelo de práticas corporais de bases idealísticas reaparece posteriormente em Rousseau no final do século XVIII e sobrevive ao longo do século XIX nos estabelecimentos de ensino denominados de Philantropinium, na Alemanha e na Suíça, em que despontaram pedagogos como Basedow e Pestalozzi, exemplos típicos da fase em que a Pedagogia stricto sensu e a Educação Física constituíam um único ramo de saber. O próprio nexo de currículo surge neste período heróico de uma Pedagogia situada nos valores da natureza e centrada no ente humano. Assim, pode-se entender “currículo” como um conjunto de estudos e práticas destinadas a desenvolver plenamente no aluno as suas potencialidades (Zapico Garcia, Ibidem, p.118). efetivamente quase meio século depois nos cursos de curta duração promovidos pelo Exército. Em resumo, à semelhança do médico, esta longa duração da profissão de educador físico indica que o bom professor de práticas corporais de sentido educacional, esportivo, terapêutico, preventivo e recreativo é um líder de ações socioculturais em sua essência profissional. Como diferença da profissão médica, este educador dedica-se mais à saúde do que às doenças, assumindo o mito da recriação corporal no seu aspecto heróico e construtivo. Há que se conceber então apropriadamente uma simetria entre o médico e o educador físico, em que este faz intervenções por meio de diferentes níveis opcionais de conhecimento especializado e aquele por vias predominantemente biológicas (excetuam-se, no caso, especialidades voltadas para a saúde pública e para a prevenção) num processo decisório definido pelos antecedentes. Em conseqüência desta oposição entre as livres opções do educador físico e os padrões seletivos do médico, este último profissional tem maior dependência em serviços de apoio especializado (hospital, clínica, enfermagem etc). Em termos de intervenção do educador físico, a busca de origens revela que na história da Educação Física há uma coincidência com a Filosofia da Educação em suas primeiras manifestações na Antiga Grécia, e com a Pedagogia, no seu alvorecer durante o Renascimento na Europa. Eis que então se encontra na “República” (Livro III) de Platão e na “Política” (Livro IV, Cap. 3) de Aristóteles descrições de sentido curricular, sistematizando exercícios corporais com o objetivo explícito de aumentar a força moral e o vigor físico. Já no século XV, na Itália, Vittorino de Feltre (13781446) desenvolvia e praticava um perfil de educador que o levaria a ser considerado o primeiro pedagogo no sentido atual da expressão como também o primeiro professor de Educação Física, como ensinada nos dias presentes. Veja-se, por exemplo, como se concebia a Educação preconizada por Feltre em seus elementos essenciais (Zapico Garcia, 1997, p.123): a Educação do corpo deixava de ser um tipo de preparação militar, como prevalecia à época, e se tornava um meio de desenvolvimento integral da pessoa; a concepção platônica de se obter força moral pelo vigor físico era reforçada; recomendava-se duas horas de exercícios físicos para os alunos diariamente; em dois meses do ano os alunos se transferiam para o Lago Guarda nos Alpes onde praticavam exercícios e jogos em meio à natureza; as atividades físicas praticadas incluíam movimentos simples, várias modalidades atléticas, esgrima, natação e jogos de pelota. Ainda acompanhando Zapico Garcia (Ibidem, pp. 123-124), atribuise a Vittorino de Feltre a noção de programa em suas intervenções Quanto às instituições de formação de professores, pode-se seguir Naul (1994) ao descrever acontecimentos europeus, quando se constata que a maioria dos atuais estabelecimentos de Ensino Superior de Educação Física originou-se de escolas militares, passando posteriormente para escolas normais (formação elementar de professores) e depois para departamentos ou institutos de universidades. Assim sendo, criou-se um modelo híbrido com três enfoques de formação que convive até hoje em diferentes graus de influência, com substituição do treinamento militar por exercícios de base educacional e científica. Na Alemanha, por exemplo, a formação em Educação Física nas universidades foi iniciada logo após a Primeira Guerra Mundial (Krueger, 2003). No Brasil, este tipo de formação teve início nos primeiros anos de 1930, antecipado por formação de civis em entidades militares desde a década de 1910. Antes disso, no século XIX, a Educação Física, quando existente, dependia de professores de classe que conduziam atividades físicas por adaptações de conhecimentos correntes ou improvisações. Na primeira metade do século XX, militares atuaram como “instrutores” no sistema escolar em vários estados brasileiros. Nesta linha de conta da Educação Física brasileira, incorporamse fatos de memória como se seguem. 1834 O marco inicial da formação em Educação Física no Brasil situa-se nesta data quando o primeiro brasileiro de um grupo que totalizou três dezenas ao longo de quase um século, foi admitido no Philantropinium, em sua sede na Alemanha (Tabela 1). Os discípulos brasileiros dos grandes mestres da Educação Física, à época, eram meninos e adolescentes que se formavam nesta disciplina aliada a outras e que poderiam ou não optar pelo ensino ao término do curso (não havia formação de professores em universidade para ensino elementar). Pouco se sabe dos feitos deste grupo ao retornar, porém um deles – pertencente à família La Roque – foi fundador de clubes de remo em Belém do Pará no final do século XIX (Josiléia Vanilloto, comunicação 2001). 1851 Neste ano, o Governo Imperial incluía a ginástica no ensino das escolas primárias. Quatro anos depois a mesma medida legal — lei n° 630 de 17/09/1851 — era regulamentada especialmente para o Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, então considerado como escola padrão para todo o território brasileiro. Mas somente em 1876 surge uma medida legal referida explicitamente à formação de professores: o Decreto n° 6370 que introduziu no município da Corte (Rio de Janeiro), em suas duas Escolas Normais, o ensino de ginástica e de princípios gerais da Educação Física. Nestas condições, o ensino da Educação Física no Brasil, pelo menos na forma da lei, constituiu em seus primórdios uma das funções do(a) professor(a) de nível primário. Já a especialização apareceu 1876 Como disciplina de ensino, a expressão “ginástica” predominava à época como se verifica nos atos legais a partir de 1851. Educação Física aparece primeiramente no citado Decreto 6370 de 1876 e passa a ser denominação principal quando a legislação voltou-se para a criação de meios de formação de professores (Projeto de Lei de 21/09/1905, por exemplo). Enfim, “Educação Física” foi a matéria regulamentada em 1916, no Município do Rio de Janeiro, quando se deu ao médico a “competência” de dirigi-la “proporcionando às necessidades e à capacidade de cada idade e sexo”. 1882 O Deputado Ruy Barbosa, na qualidade de relator, apresentou à Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, em sessão realizada em 12 de setembro, a “Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública”. O Parecer e o Projeto foram obras da Comissão de Instrução Pública, composta pelos Deputados Ruy Barbosa, Thomas do Bonfim Espínola e Ulysses Machado Pereira Viana. O capítulo que tratava da Educação Física enfatizava que “a comissão desejaria propor-vos a fundação de uma escola normal de ginástica, na qual se formassem professores para as escolas deste município e para as províncias que o solicitassem. Limitou-se, porém, a instituir, em cada escola normal, uma seção especialmente consagrada a esse ensino”. O Projeto ainda previa: a obrigatoriedade da ginástica na formação dos professores e professoras; a inclusão, nos programas escolares, da ginástica como matéria de estudo; a equiparação dos professores de ginástica aos de outras disciplinas. 1905 Em 21 de setembro, o Deputado Jorge de Morais, representante do Estado do Amazonas, apresentou, na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, o seu projeto sobre Educação Física, cujo parecer, de autoria do Deputado Afonso Costa, foi levado à Comissão de Instrução Pública daquela casa legislativa. O projeto definia: “O Congresso Nacional resolve: Art. 1°. Ficam criadas duas escolas de Educação Física, sendo uma militar e outra civil. Art. 2°. Fica o poder executivo autorizado a adquirir terrenos para que a mocidade das escolas superiores possa, em espaços apropriados, dar-se à prática dos jogos ao ar livre.” Com referência à escola civil, segundo a proposta de sua criação, “fornecerá os professores de Educação Física para todos os colégios existentes no País”, e enfatizava: “o professor de ginástica necessita de uma soma regular de conhecimentos que só um curso bem organizado pode fornecer.” E, entre esses conhecimentos, citava “a anatomia, a fisiologia, princípios gerais de higiene, a história e evolução da Educação Física”, além de outros necessários ao fim a ser atingido. 1906 O Governador do Estado do Amazonas, Antonio Constantino Nery, baixou o Decreto n° 771, de 5 de abril, que criou “uma cadeira de Educação Física, anexa à Diretoria Geral da Instrução Pública, que será provida por um professor de comprovada capacidade pedagógica e técnica”. Era competência desse professor “dar lições práticas de ginástica e jogos escolares”, assim como ministrar palestra, semanalmente, aos professores das escolas de Manaus e às pessoas interessadas e que obtinham permissão para tal. As palestras deveriam abranger “noções de anatomia, fisiologia, higiene e pedagogia, indispensáveis ao ensino da ginástica e demais processos de Educação Física”. Para tal função foi nomeado Antonio Monteiro de Souza, e sua primeira preleção foi publicada em 1908, com o título “Educação Física – Abertura de Curso”. DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 14.3 1906 – 1939 Nos primeiros meses de 1906 chegou a São Paulo uma Missão Militar, contratada na França para instruir e reorganizar a Força Pública do Estado de São Paulo. Entre os integrantes da Missão, os capitães Delphim Balanciér e Louis Lemaitre eram especialistas em Educação Física. A Missão Militar propôs a criação de um órgão para habilitar mestres e monitores de Ginástica e Esgrima, envolvendo oficiais e sargentos. Em 3 de março de 1910, o Secretário da Justiça e da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Washington Luis Pereira de Souza, enviou ao Comandante Geral da Força Pública o expediente que versava “fica criado, nessa corporação, um Curso de Esgrima e Ginástica, destinado aos oficiais e elementos da Força Pública, devendo ser tomadas as providências para a instalação de respectivo aparelhamento em sala adrede preparada”. A Seção de Educação Física da Força Pública do Estado de São Paulo, no ano de 1914, passou a denominar-se Escola de Educação Física, segundo consta do Relatório Interno do Batalhão Escola. No início de 1933, a Escola passou a ter outra estrutura, adotando-se o Método Francês, transformação esta iniciada pelo Capitão do Exército, Antônio de Mendonça Molina, comissionado para aquela Escola. Em 28 de maio de 1936, por Decreto do Governo do Estado de São Paulo, foi a Escola de Educação Física regulamentada, com o fim de formar Instrutores e Monitores de Educação Física Geral e Desportiva; formar Mestres de Armas e Monitores de Esgrima; proporcionar, aos médicos, conhecimentos especializados em Educação Física e formar Massagistas Desportivos. Em 1939, vários artigos do Regulamento da Escola foram alterados. Enfim, a Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pioneira que foi, prosseguiu a sua longa trilha em favor da formação de pessoal na área de Educação Física. 1917 Ambrósio Manoel Torres, em sua obra Manual Teórico e Prático de Educação Física, informou que foi “diretor fundador do Curso Superior de Educação Física – Belém do Pará – 1917 a 1921”. 1920 Fernando de Azevedo em sua obra “Da Educação Física: o que ela é, o que tem sido, o que deveria ser” reserva, nas páginas 108 a 114, um capítulo que trata do papel do professor de Educação Física. Alertou o autor sobre a necessidade de conhecimentos de Anatomia, Fisiologia, Higiene, Pedagogia, Ginástica e outros, que deveria possuir o professor de Educação Física para as suas atividades no magistério. Acentuou Fernando de Azevedo a preocupação que tinham os Estados Unidos, entre outros países, na formação e escolha de professores de Educação Física, citando uma instituição cujo “curso se constitue da inteligente iniciação de seus alunos em todas as matérias fundamentais ou subsidiárias da educação física”. 1922 Foi criado, em 10 de janeiro, o Centro Militar de Educação Física, por Ato do Ministro da Guerra, que deveria funcionar anexo à Escola de Sargentos de Infantaria, com o objetivo de “dirigir, coordenar e difundir o novo método de Educação Física Militar e suas aplicações desportivas”. Os Cursos propostos a serem desenvolvidos pelo Centro eram: Curso de Educação Física para Primeiros e Segundos Tenentes e Curso de Educação Física para Sargentos, ambos com duração de três meses; Curso de Demonstração para Oficiais Superiores, com um mês de duração. Além desses Cursos, seriam realizados cursos transitórios, sendo um Curso de Instrutores e Monitores para Sargentos e um Curso sobre Desportos Atléticos, com vista às festas desportivas comemorativas do Centenário da Independência do Brasil. O Centro Militar de Educação Física não foi instalado. 1922 Desde essa data, Montevidéu foi sede do Instituto Técnico da Associação Cristã de Moços-ACM que, além de preparar pessoal administrativo, formava pessoal técnico em Educação Física, sendo que os brasileiros cursavam os dois primeiros anos da ACM, no Rio de Janeiro, e os dois anos restantes, em Montevidéu. Diplomaramse naquela instituição, entre outros, os brasileiros: Renato Eloy de Andrade, Oswaldo Diniz Magalhães, Silas Raeder, H. P. Clark e Ciro de Morais. Frederico Guilherme Gaelzer e Otacílio Braga foram formados na ACM de Springfield, EUA. Na Tabela 2, encontra-se um detalhamento desta formação fora do país de acordo com levantamento da ACM de Montevidéu. 1925 No programa do I Congresso Brasileiro de Educação Física, a ser realizado na segunda quinzena de dezembro, na Cidade de São Paulo, constavam no item VIII, referente à formação de professores e técnicos de Educação Física, os títulos: Escola Normal Superior de Educação Física; Programa de uma Escola Normal 14.4 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 Superior de Educação Física e A Responsabilidade Civil dos Professores de Educação Física. 1925 – 1945 Através de Ato do Ministro da Marinha, em 22 de julho de 1925, foi criada e regulamentada a Escola de Educação Física da Marinha, para a formação de Monitores, a fim de conduzir a prática da Educação Física. A primeira turma de Monitores formou-se em dezembro de 1927. O Curso de Monitores teve orientação, no decorrer dos anos, de Robert Fowler e Giovannni Abita, ambos profissionais estrangeiros. Abita, ex- oficial italiano, foi contratado em 1922 pela Marinha Brasileira, e ministrou a Ginástica Pedagógica e a Esgrima, na Escola de Educação Física, desde 1925. Em 10 de junho de 1940 foi criado o Departamento de Educação Física da Marinha e o Curso de Monitores ficou subordinado a esse órgão. Entre as atribuições do Departamento havia: “preparar o pessoal para o desempenho das funções de monitores”, ministrar a Educação Física nas Escolas de Aprendizes de Marinheiros, navios, corpos e estabelecimentos navais. No mês de abril de 1945 foi extinto o Departamento de Educação Física, surgindo o Departamento de Esportes da Marinha. 1927 No mês de junho, o Deputado Jorge de Morais voltou a discutir, no Congresso Nacional, o mesmo tema apresentado anteriormente, no ano de 1905, defendendo a ginástica escolar e a preparação de professores de Educação Física. 1927 No dia 8 de setembro, Fernando de Azevedo proferiu discurso, na qualidade de Diretor Geral da Instrução Pública do Distrito Federal, expondo as bases e os princípios que norteariam a reforma do ensino primário e profissional naquela unidade da federação no ano seguinte. Tratou, Fernando de Azevedo, da formação do magistério, com a criação da “escola tecnológica de mestres e contra-mestres, com seu laboratório de psicotécnica e orientação profissional, e a escola destinada à formação de professores de Educação Física, com seus gabinetes de antropometria física, gabinetes de antropometria pedagógica, e com suas escolas de aplicação”. 1928 Os Decretos de números 3.281 e 2.940, assinados pelo Prefeito do Distrito Federal, reformando o ensino no município, reservaram diversos artigos à Educação Física. Tal reforma foi nomeada, posteriormente, de Reforma Fernando de Azevedo. A formação de professores de Educação Física, para os estabelecimentos de ensino do Distrito Federal, seria de competência da Escola Profissional de Educação Física. Somente os diplomados por Escola Normal, com idade entre 19 e 30 anos, poderiam ser matriculados nesse curso, cuja duração seria de três anos, constando das seguintes matérias: Anatomia e Fisiologia aplicadas ao exercício; Fisiologia da fadiga; Higiene do exercício; História da Educação Física; Antropometria pedagógica; Didática; Teoria e prática de jogos infantis; Teoria e prática da ginástica pedagógica e Teoria e prática dos esportes. A Escola Profissional de Educação Física, conforme a necessidade, ofereceria cursos especiais de Ginástica ortopédica ou corretiva, e de exercícios de reeducação motora. Os Decretos não foram executados em sua totalidade e a Escola Profissional de Educação Física não vingou. 1929 Realizou-se o Curso Provisório de Educação Física, que funcionou na Escola de Sargentos de Infantaria, na Vila Militar, e foi organizado no modelo do Centro Militar de Educação Física, estando à frente do Curso o Tenente Ignácio de Freitas Rolim e o Tenente Médico Virgílio Alves Bastos, com a colaboração do Major Pierre Segur, da Missão Militar Francesa. Matricularam-se militares e civis, sendo estes professores primários, no total de 20, com o aval de Fernando de Azevedo, Diretor de Instrução Pública do Distrito Federal. 1929 No mês de julho foi realizado o I Congresso Brasileiro de Eugenia e, entre suas conclusões, destaca-se: “O I Congresso Brasileiro de Eugenia incita o governo da República que, com máxima urgência: organize Escolas Superiores de Educação Física para conveniente preparo dos professores indispensáveis à cultura física nacional”. 1929 Foi elaborado o “Anteprojeto de Lei submetido ao estudo da Comissão de Educação Física pelo General Nestor Passos, Ministro da Guerra”. A Comissão era composta pelo General Nestor Sezefredo dos Passos (Presidente), Deputado Artur Lemos, Prof. Fernando de Azevedo, Prof. Faustino Esposel, Dr. Renato Pacheco, Dr. Arnaldo Guinle, Dr. Jorge Machado, Comandante Jair de Albuquerque, Tenente Ignácio de Freitas Rolim e Tenente Jair Dantas Ribeiro. O Anteprojeto continha 44 artigos, destacando-se: o Diploma, para professores e instrutores de Educação Física, e o Certificado de Aptidão para os monitores, que seriam expedidos pelas Escolas Nacional Superior e Estaduais de Educação Física, de Ginástica da Marinha e Centros Regionais de Instrução Física Militar, aos aprovados nos devidos cursos. A Escola Nacional Superior de Educação Física, com sede no Distrito Federal, teria como finalidade a formação de professores, instrutores e monitores, para o exercício nas escolas públicas e privadas, clubes, cursos ou instituições referentes às atividades físicas, Exército, Marinha, Polícias e Bombeiros, assim como especializar médicos civis e militares, e os cursos teriam diferente duração, sendo de dois anos para professores e instrutores, três meses para os médicos, dois anos para mestres de Esgrima e um ano para os monitores. A proposta previa que, enquanto não fosse criada a Escola Nacional Superior de Educação Física, os cursos poderiam ser realizados no Centro Provisório de Educação Física, mantido pelo Ministério da Guerra. Seria também criado o Conselho Superior de Educação Física, órgão esse com sede no Ministério da Guerra. O Anteprojeto também foi analisado pela Associação Brasileira de Educação, através da Comissão tendo Jorge de Morais (Presidente), Otacílio Braga, Silas Raeder, Arthur Azevedo e Cecília Muniz (Secretária). Entre as suas Conclusões, a Comissão da ABE sugeriu a criação, pelo Governo Federal, da Escola de Educação Física, a fim de formar instrutores civis destinados às escolas primárias, secundárias e normais do País, ficando essa Escola junto à Universidade do Rio de Janeiro. 1929 A Associação Brasileira de Educação realizou em São Paulo, de 7 a 15 de setembro, a III Conferência Nacional de Educação, quando Augusto Ribeiro de Carvalho apresentou uma proposta para a criação de um Instituto Técnico para a formação de Monitores ou de Mestres em Educação Física. 1930 Em 11 de janeiro, o Ministro da Guerra, Nestor Sezefredo dos Passos, baixou Instruções com o fim de organizar o Centro Militar de Educação Física, em substituição a um Curso Provisório que havia sido realizado em 1929. O Centro era destinado aos oficiais subalternos e aos sargentos, para preparar Instrutores e Monitores de Educação Física, assim como “difundir, unificar e intensificar o ensino da Educação Física no Exército”. Poderiam participar dos Cursos do Centro Militar de Educação Física “oficiais e sargentos das forças auxiliares, professores federais, estaduais ou municipais e civis”. Ficou o Centro instalado na Fortaleza de São João, na Urca. Os Cursos seriam realizados duas vezes no ano, com cinco meses de duração, cada Curso. Em 1931 foi o Centro desligado da Fortaleza de São João, tornando-se autônomo, passando à direção do Major Newton de Andrade Cavalcanti. 1931 – 1953 A Diretoria Técnica de Educação Física, órgão do Governo do Estado de Pernambuco, por Portaria de 21 de abril de 1931, determinou a realização de um Curso Especial de Educação Física. Em 1940, o Governo do Estado criou o Curso Normal de Educação Física, “tendo por fim a aprendizagem da direção da Educação Física geral e da ginástica rítmica”. Em fevereiro de 1946, o Curso Normal, da Escola de Educação Física do Estado de Pernambuco, foi reconhecido. Em 1947, o Curso Superior de Educação Física, da mesma Escola, teve autorizado o seu funcionamento, e o seu reconhecimento data de novembro de 1953. 1931 – 1962 Em 26 de junho de 1931 foi criado, no Estado do Espírito Santo, o Departamento de Educação Física, pelo Decreto Estadual n° 1.366. Previa o Decreto que o Departamento manteria, anualmente, um Curso de Educação Física, que funcionaria no período das férias escolares, com a finalidade de preparar o professor estadual para “ministrar a instrução de educação física pelo método moderno”. No mês seguinte, por Decreto, foram baixadas as instruções para o funcionamento do Curso Especial de Educação Física, que se destinava ao professorado “e aos oficiais do Regimento Policial Militar”, para preparar professores e instrutores de Educação Física, para as suas atividades nas escolas e nas instituições militares. O Curso teve vigência no período de 4 de agosto a 1° de dezembro e, em seguida, foi iniciado o Curso Regular. Em agosto de 1934, por Decreto de n° 5.207, criou-se a Escola de Educação Física em substituição ao Curso Especial, mantendo-se a formação de Instrutores, Professores e Monitores, e foi criado o Curso de Medicina Especializada em Educação Física. Em 1935, a Escola de Educação Física possuía o Curso com a duração de nove meses letivos e o currículo era composto das disciplinas seguintes: Anatomia e Fisiologia Humana; Higiene; História da Educação Física; Noções de Psicologia; Pedagogia e Metodologia da Educação Física; Cinesiologia; Antropometria; Noções de Biotipologia e de Estatística; Massagem; Socorros de Urgência; Ginástica Ortopédica; Método Francês; Composição de Lições; Histórias e Dramatizações; Direção de Lições; Iniciação Esportiva; Ginástica Rítmica e Danças Regionais; Coro Orfeônico. Em 1936, o Departamento de Educação Física transformou-se em Diretoria e a Escola Superior de Educação Física surgiu em substituição à Escola anterior, por força da Lei n° 98, de 24 de setembro de 1936, e foi regulamentada em março de 1939. Em outubro de 1940, por Decreto Federal, a Escola Superior de Educação Física foi reconhecida e o Curso Normal era o existente. Em 1944, diversas alterações surgiram no âmbito da Educação Física no Estado do Espírito Santo, tais como: realizou-se, na Escola Superior, o Curso de Monitores Técnicos Desportivos, com o fim de formar pessoal para a função técnica nas atividades desportivas; a Diretoria transformou-se em Serviço de Educação Física e a Escola Superior retornou à sua denominação anterior de Escola de Educação Física. Em 1962, a Escola foi incorporada à Universidade do Espírito Santo e teve início o Curso de Licenciatura em Educação Física. 1931 – 1969 No Estado de São Paulo foi criado o Departamento de Educação Física, subordinado à Secretaria do Interior, pelo Decreto n° 4.885, de 27 de janeiro. Entre as finalidades desse órgão havia a de “organizar uma escola de Educação Física para a formação de professores técnicos”. Nesse ano de 1931, o Departamento de Educação Física realizou dois Cursos, um para atender os professores estaduais do interior e o outro para os professores da Capital. Em fevereiro de 1933, por Decreto Estadual, foi extinto o Departamento de Educação Física, e os serviços pertencentes a este passaram para o Departamento de Educação, originariamente Diretoria Geral de Ensino. O Diretor de Ensino do Estado de São Paulo, Fernando de Azevedo, no início do ano de 1933, designou quinze professores normalistas para efetuarem estudos no Centro Militar de Educação Física, no Rio de Janeiro, com o objetivo de serem preparados para o magistério na Escola de Educação Física do Estado. Pelo Decreto do Interventor Federal em São Paulo, em maio de 1934, foi estabelecido o Departamento de Educação Física, subordinado à Secretaria da Educação e da Saúde Pública, que entre os seus fins constava o de “manter uma Escola de Educação Física para a formação de professores técnicos”. Em 1° de agosto de 1934, através do Decreto n° 6.583, do Estado de São Paulo, o Departamento de Educação Física foi regulamentado e o Decreto dedicou diversos artigos à Escola Superior de Educação Física, que foi instalada na data referenciada. Nos dois anos seguintes, a Escola formou duas turmas de Instrutores de Ginástica e uma turma de Professores de Educação Física. A grade curricular para os dois anos do Curso de Professores, tanto para a parte prática como para a parte teórica, apresentava as seguintes disciplinas: Educação Física da Idade Madura; Práticas Higiênicas da Velhice; Grandes Jogos; Natação; Danças Rítmicas; Método Francês; Pedagogia da Educação Física; Anatomia e Fisiologia dos Grandes Aparelhos; Mecânica Animal e Cinesiologia; Psicologia Educativa; Higiene; História da Educação Física; Biologia, Antropologia, Morfologia e Biometria; Fisioterapia e Ginástica Ortopédica; Acidentes Esportivos: suas prevenções e Socorros de Urgência (1936). Extinto o Curso de Instrutores de Ginástica passouse à realização do Curso de Professores, que foi de julho de 1935 a março de 1936. Em março de 1939, a Escola Superior de Educação Física passou a ter nova regulamentação. Recebeu a Escola a autorização de funcionamento em março de 1939, e o reconhecimento do Curso Superior em maio de 1940, pelo Governo Federal. Em setembro de 1944, o Governo Federal concedeu reconhecimento dos Cursos da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, a saber: Normal, Medicina Especializada, Técnica Desportiva, Treinamento e Massagem. A Escola de Educação Física foi incorporada, em dezembro de 1958, ao Sistema Estadual de Ensino Superior, e integrada à Universidade de São Paulo em dezembro de 1969. 1933 – 1955 A Inspetoria de Educação Física, do Estado de Minas Gerais, organizou um Curso de Educação Física que envolveu 140 participantes, com início em 11 de setembro e término em 30 de novembro. No ano seguinte, no mês de junho, foi regulamentada e organizada a Inspetoria, que já funcionava desde 1929. As instruções constantes do Decreto de junho, definiam que o Curso de Educação Física destinava-se às professoras do Estado, com o “ensino teórico-prático dos assuntos propriamente específicos de Educação Física”, além de estudos outros, principalmente “da prática de antropometria”. No transcurso do tempo e com as alterações ocorridas na Escola de Educação Física, do Estado de Minas Gerais, foi autorizado o seu funcionamento em 1952 e reconhecidos os seus Cursos em abril de 1955, sendo eles: Superior de Educação Física; Educação Física Infantil; Técnica Desportiva; Massagem e Medicina Especializada em Educação Física e Desportos. A Escola tinha, como sede, a cidade de Belo Horizonte. 1933 Pelo Decreto n° 23.252, de 19 de outubro, foi criada a Escola de Educação Física do Exército em substituição ao Centro Militar de Educação Física. Formar Instrutores e Monitores de Educação Física, bem como formar Mestre de armas e Monitores de Esgrima, eram as finalidades da Escola, entre outras. Além dessas atribuições, competia à Escola a especialização de Médicos em Educação Física, o preparo de Massagistas Desportivos e a formação, eventualmente, de Instrutores e Monitores não-militares. A Escola de Educação Física do Exército, com nova organização e estrutura, prossegue em atividade. 1934 Pelo Decreto n° 1.164, de 8 de janeiro, o Governo do Estado do Pará regulamentou o Curso de Educação Física, que havia sido criado no Departamento de Educação Física, em dezembro de 1933. Os artigos iniciais desse Decreto tratavam dos fins e da organização geral do Curso. 1935 O Professor Ciro de Morais apresentou o trabalho “A Organização de Institutos ou Escolas de Educação Física”, no VII Congresso Nacional de Educação, realizado no Rio de Janeiro, no período de 23 de junho a 7 de julho, sob os auspícios da Associação Brasileira de Educação. O autor abordou os assuntos: criação de uma Escola de Educação Física que teria o curso de Instrutores, com duração de 1 ano; curso de Professores de Educação Física, de 3 anos; curso de Médico Especializado, de 1 ano; curso de Bacharéis, de 2 anos. Propôs ele, ainda, a criação de um Instituto de Pesquisa, a fim de “prestar à Educação Física informações de caráter científico”. Entre as Conclusões apresentadas pelo Congresso, constou a referente a ser criada, pelo Governo Federal, uma Escola Normal de Educação Física, vinculada à Universidade do Rio de Janeiro. 1937 No mês de maio, o Conselho Nacional de Educação remeteu ao Ministro da Educação e Saúde o Projeto referente ao Plano Nacional de Educação. Sobre a Educação Física constava do Projeto, entre outros assuntos, o que segue: nas Universidades e nas Faculdades de Medicina isoladas haveria um Departamento de Educação Física, cabendo a esse um curso para instrutores de ginástica; o Governo Federal criaria uma Escola Superior de Educação Física para a formação de instrutores e mestres, em cursos próprios; o Curso de Instrutor teria um ano de duração, com as disciplinas: Anatomia e Fisiologia aplicada aos Esportes, Teoria e Prática da Ginástica e da Técnica Desportiva, Higiene, Técnica das Massagens e Socorros de Urgência; o Curso de Mestre, com a duração de dois anos, teria as mesmas disciplinas do Curso de Instrutor, com acréscimo das disciplinas: Biometria, Antropologia e Morfologia aplicadas, Biotipologia e Bioquímica, Educação Física Geral e Especializada, Higiene e Fisioterapia aplicada. 1937 O Conselho de Segurança Nacional apresentou ao Presidente da República o “Anteprojeto de Lei sobre a Educação Física Geral”, composto de doze capítulos com 132 artigos, que abrangeu os temas: Da formação do pessoal especializado; Da Escola Nacional de Educação Física; Do Instituto Nacional de Educação Física. 1938 – 1940 O Prof. Manuel Carvalho de Anchieta, capixaba, foi colocado à disposição do Governo do Estado do Piauí para organizar um órgão de direção e ensino da Educação Física naquele Estado. Em março de 1939 foi, então, criada a Inspetoria de Educação Física, que tinha, entre as suas competências, manter um curso Especial de Educação Física, com o objetivo de habilitar o professorado para o magistério. Em 1° de julho de 1940, por Decreto do Governo do Estado, foi criado o Curso de Monitores de Educação Física, mantido pela Inspetoria de Educação Física, Curso esse que se destinava à “formação de auxiliares de ensino”. 1938 – 1944 O Professor Aloyr Queiroz de Araújo, capixaba, foi colocado à disposição do Governo do Estado de Santa Catarina, com o encargo de organizar o ensino da Educação Física naquele Estado. Foi criada a Inspetoria de Educação Física, pelo DecretoLei n° 125, de 18 de junho de 1938, subordinada ao Departamento de Educação, que tinha, como competência, “a organização e direção da Escola de Educação Física para a formação de professores especializados naquela disciplina”. Em 18 de agosto do mesmo ano, por Decreto Estadual, foi regulamentado o Curso Provisório de Educação Física, “que se destina à Especialização de professorado estadual”, reforçando, portanto, a norma anterior, com o objetivo de formar professores e instrutores. O Curso Provisório veio a ser reconhecido pelo Decreto Federal n° 7.366, de 10 de junho de 1941. E, em 11 de novembro de 1944, por Decreto Estadual, o Curso Provisório passou a denominar-se Escola de Educação Física do Estado de Santa Catarina. Ainda, nesse mesmo mês e ano, o Governo do Estado baixou o Decreto-Lei n° 1.198, constando no Artigo 1°: “Funcionará anexo à Escola de Educação Física do Estado de Santa Catarina o Curso de Habilitação de Professor de Educação Física”, com duração de três meses e “com aulas prático-teóricas intensivas”. 1938 Foi realizado pela Divisão de Educação Física do MES, no Rio de Janeiro, um Curso de Emergência de Educação Física, para a formação de professores, com a colaboração da Escola de Educação Física de Exército e do Instituto de Educação. O Curso preparou 165 professores de ambos os sexos, 69 médicos e 9 médicos especializados. O Curso teve início em dezembro de 1938 e término em abril de 1939. 1939 O Ministro Gustavo Capanema enviou ao Presidente Getúlio Vargas, em janeiro, o Projeto de Decreto-Lei para a criação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Em sua Exposição de Motivos, Capanema referia-se, inicialmente, à obrigatoriedade da Educação Física nas escolas primárias, normais e secundárias, e que ela seria aconselhável em todos os estabelecimentos de ensino. Ressaltava o Ministro, a necessária formação de “professores instruídos, possuidores da ciência e da técnica dos exercícios físicos”, bem como a necessidade de “elevar o nível dos desportos em nosso país”. Afirmava Gustavo Capanema: “Em suma, professores de Educação Física, técnicos em desportos, médicos especializados em Educação Física e desportos, tais são os elementos essenciais e básicos de que necessitamos para desenvolver e aperfeiçoar entre nós a Educação Física e os desportos”. Pelo Decreto-Lei n° 1.212, de 17 de abril, foi criada a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, na Universidade do Brasil, sediada no Rio de Janeiro, “como padrão para as demais escolas do país”. Entre suas finalidades, a Escola tinha a de “formar pessoal técnico”, através dos seguintes cursos: Curso Superior de Educação Física (Diploma de Licenciado em Educação Física); Curso Normal de Educação Física (Diploma de Normalista Especializada em Educação Física); Curso de Técnica Desportiva (Diploma de Técnico Desportivo); Curso de Treinamento e Massagem (Diploma de Treinador e Massagista Desportivo); Curso de Medicina da Educação Física e dos Desportos (Diploma de Médico Especializado em Educação Física e Desportos). Os diplomados, após terem registrados os seus diplomas no órgão competente do Ministério da Educação e Saúde, estavam aptos ao exercício profissional, nas entidades e estabelecimentos definidos no Decreto-Lei. O Curso Superior de Educação Física tinha a duração de dois anos e os demais cursos eram de um ano letivo. A Escola Nacional de Educação Física e Desportos iniciou suas atividades acadêmicas no dia 1o. de agosto, nas instalações do Instituto Nacional de Surdos Mudos e nas praças desportivas do Fluminense Football Club, no bairro das Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro, e o seu primeiro Diretor foi Ignácio de Freitas Rolim, então Major do Exército. 1939 – 1956 Foi fundada, em Curitiba, em 15 de junho de 1939, a Escola de Educação Física e Desportos, estabelecimento de ensino particular, com os Cursos: Superior de Educação Física; Normal de Educação Física; Treinamento e Massagem. O Conselho Nacional de Educação negou a autorização de seu funcionamento, e a Escola não prosseguiu nas suas atividades. Em abril de 1940, a Diretoria Geral de Educação do Estado do Paraná regulamentou a Escola, amparando a iniciativa particular. Em 16 de janeiro de 1945, o Governo Federal reconheceu os Cursos Superior e Normal de Educação Física da referida Escola, que foi encampada pelo Governo do Estado do Paraná no ano de 1956. 1940 – 1944 Em 6 de maio, em reunião do Conselho Técnico Administrativo do Departamento Estadual de Educação Física, do Governo do Rio Grande do Sul, sob a Presidência do Capitão Olavo Amaro da Silveira, também Diretor desse órgão, foi instalado o referido Departamento. Os membros do Conselho debateram a respeito das matrículas para o Curso Normal, da Escola Superior de Educação Física, que seria ministrado no ano de 1940; aprovaram o DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 14.5 Regimento Interno; tomaram conhecimento do corpo docente que ministraria as disciplinas do Curso Normal e debateram outros assuntos. Portanto, foi criada e regulamentada a Escola Superior de Educação Física. A Escola foi autorizada a funcionar, pelo Governo Federal, em 27 de maio de 1941 e, pelo Decreto Federal n° 15.582, de 16 de maio de 1944, foram reconhecidos os seus Cursos: Superior de Educação Física, Normal de Educação Física, Técnica Desportiva, Medicina Especializada em Educação Física e Desportos, Treinamento e Massagem. A sede da Escola Superior de Educação Física, pertencente ao Governo Estadual, era na cidade de Porto Alegre. 1941 Nos primeiros meses do ano, o Serviço de Educação Física, do Estado do Rio de Janeiro, efetuou em Niterói o Curso de Habilitação de Professores de Educação Física, com a participação de professoras normalistas estaduais. O Chefe daquele Serviço era o Prof. Tobias Machado. A Municipalidade de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, efetuou um Curso de Educação Física, a partir de 4 de janeiro, com duração de seis meses, e diplomou 27 professores; entretanto, o Curso não foi reconhecido. 1945 A Escola Nacional de Educação Física e Desportos, criada em 1939, teve suas alterações curriculares através do Decreto-Lei n° 8.270, de 3 de dezembro. Os seus cursos passaram a ser: Superior de Educação Física, Educação Física Infantil, Técnica Desportiva, Massagem e Medicina Aplicada à Educação Física e aos Desportos. O Curso Superior, cuja seriação era de dois anos, passou para três anos, e os demais cursos ficaram com um ano de duração. Para o ingresso no Curso Superior de Educação Física e no Curso de Massagem era exigida a conclusão do Curso Ginasial. Para o ingresso no Curso de Técnica Desportiva o candidato tinha que apresentar o Diploma de Licenciado em Educação Física, portanto, o Curso de Técnica Desportiva, na classificação atual, seria um curso de pós-graduação. 1950 Em 21 de janeiro de 1950, a Escola de Educação Física de São Carlos, no Estado de São Paulo, de cunho particular, teve autorizado o funcionamento do seu Curso Superior de Educação Física, que já possuía. A Escola foi reconhecida, pelo Governo Federal, em 14 de outubro de 1952, pelo Decreto n° 31.595. 1953 – 1959 Em dezembro, a Escola de Educação Física de Bauru, particular, e situada no Estado de São Paulo, com os Cursos Superior e Infantil de Educação Física, foi autorizada a funcionar. Foi a Escola reconhecida pelo Governo Federal em 6 de novembro de 1959. 1956 No Diário do Congresso Nacional, do dia 4 de março, veio a lume o Projeto n° 1.054, que “cria o Curso de Treinadores Desportivos e estabelece as condições de seu funcionamento”. O Curso teria como fim a formação de treinadores nas várias modalidades desportivas e seria ministrado pela então Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil e pelas demais Escolas de Educação Física reconhecidas. O Curso teria a duração de um ano com as seguintes disciplinas: Anatomia e Fisiologia Humana, Higiene Aplicada, Psicologia Aplicada, Metodologia do Treinamento Desportivo, Organização dos Desportos, Desporto de Especialização e Educação Física Geral, sendo essa como prática educativa obrigatória. O Projeto foi encaminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente Juscelino Kubitschek, originário que foi do Ministério da Educação e Cultura, sendo Ministro Clovis Salgado. O Projeto foi elaborado por uma Comissão constituída dos Senhores Mário Pollo, João Peregrino da Rocha Fagundes, Mário Nunes de Souza e Alfredo Colombo. O Projeto não se tornou realidade. 1961 Os diretores das IES de todos os estados fazem uma reunião no RJ, sob os auspícios da então existente Divisão de Educação Física do MEC, emitindo um manifesto como resultado final de evento. Este tipo de reunião voltou nos anos de 1970 e 1980 no trato do debate que deu origem ao Anteprojeto do Currículo de Graduação em Educação Física (ver adiante). Em 2000 e 2002, o Conselho de Federal de Educação-CONFEF promoveu eventos similares, e em 2003 foi criado o Conselho dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior em Educação Física do Brasil – CONDIESEF-BR, que passou a representar as IES em seus posicionamentos e reivindicações. 1962 O Conselho Federal de Educação aprovou, em 17 de novembro, o Parecer n° 298/62, referente aos currículos mínimos dos Cursos de Educação Física e Desportos. Os Cursos de Normalistas e de Médicos, como de especialização que eram, deveriam ser organizados pelas Escolas de Educação Física. O 14.6 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 Curso de Massagem era de nível médio e o candidato deveria ser portador de certificado do Curso Ginasial. Para o Curso Superior, o candidato deveria ter o Curso Secundário completo. A formação do Licenciado em Educação Física e a do Técnico Desportivo passariam a ser feitas em cursos paralelos, de três anos de duração. O Curso Superior de Educação Física apresentava uma grade curricular de treze matérias, acrescidas das matérias pedagógicas, de acordo com o Parecer n° 292/62 e a matéria Desporto poderia ser dividida em disciplinas. O Curso de Técnica Desportiva tinha uma listagem de doze matérias, iguais às do curso anterior citado, e com o acréscimo de dois Desportos para a especialização. As matérias pedagógicas também faziam parte do currículo do Curso de Técnica Desportiva, porém foram consideradas incluídas, por equívoco, na publicação original, e foram, então, retiradas. As Escolas de Educação Física poderiam acrescentar, aos Cursos, outras matérias obrigatórias ou facultativas. 1969 O Conselho Federal de Educação aprovou o Parecer n° 894/69, em 2 de dezembro, que gerou a Resolução n° 69/69, que fixou os mínimos de conteúdo e duração do Curso de Educação Física, substituindo a Resolução de 1962, que tratava da formação do Licenciado em Educação Física e do Técnico Desportivo em cursos paralelos, que “na prática não se mostrou exeqüível”, pois o estudante efetuava o Curso de Licenciatura e complementava a sua formação com as disciplinas que lhe faltavam do Curso de Técnica Desportiva, alcançando as duas titulações. Com essa nova Resolução no. 69/69, “a formação de professores de Educação Física será feita em curso de graduação que conferirá o título de Licenciado em Educação Física e Técnico de Desportos”. O currículo mínimo passou a ser constituído de matérias básicas, isto é, de conhecimentos biomédicos, de matérias profissionais, de cunho gino-desportivas e as pedagógicas, na forma, essas, do Parecer n° 672/69 (Psicologia da Educação, Estrutura do Ensino de 1° e 2° Graus, Didática e Prática de Ensino através de Estágio Supervisionado). O Curso teria 1.800 horas como mínimo, e com a duração de três a cinco anos. As Escolas de Educação Física poderiam oferecer, somente, o Curso de Licenciatura, ou incluir os dois esportes para a obtenção, também, do título de Técnico Desportivo. 1976 Com o advento da Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixou as diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2° Graus, foram criadas as habilitações profissionais no ensino de 2° Grau. O Conselho Federal de Educação analisou proposta para a criação da habilitação profissional de Técnico de 2° Grau em Educação Física e Desportos, e emitiu o Parecer n° 2.676/76, aprovado em 4 de agosto de 1976, que levou à criação da habilitação de Técnico em Desportos. Em 10 de março de 1977, foi esse Parecer atualizado, pelo de número 861/77. A habilitação, em 2° Grau, de Técnico em Desportos, poderia ser feita sob duas formas: uma delas, seguindo os estudos regulares, com três anos de duração, ou então por via supletiva, através de exames especiais. 1978 O Conselho Federal de Educação, através da Resolução n° 06/78 de 13 de julho, instituiu a habilitação de Professor de Educação Física ao Nível de 2° Grau, apoiado no Artigo 77, alínea b, da Lei n° 5.692/71 e nos termos do Parecer n° 548/77- CFE. O habilitado poderia exercer o magistério nas quatro primeiras séries do 1° Grau e, também, na quinta e sexta séries, caso não houvesse professores portadores de diploma de licenciatura plena ou de curta duração em Educação Física, para o magistério nessas duas outras séries. As matérias para a formação especial abrangeriam conhecimentos gino-desportivos, Fundamentos da Educação, Noções de Anatomia, de Fisiologia, de Primeiros Socorros, Didática e Funcionamento do Ensino de 1° Grau. 1978 Surgiu o Anteprojeto do Currículo de Graduação em Educação Física, resultado da reunião promovida pelo Departamento de Educação Física e Desportos -DED, do Ministério da Educação e Cultura, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, com a participação de especialistas da área. O Anteprojeto propunha a graduação do Licenciado em Educação Física com uma habilitação específica, possibilitando, ao estudante, escolher uma das seguintes: Habilitação em Desportos, Habilitação em Rítmica e Ginástica, Habilitação em Recreação, e Habilitação em Aptidão Física e Saúde. As matérias estariam agrupadas no Núcleo Comum, para todas as habilitações, e mais as matérias específicas para cada habilitação. 1981 No período de 28 de setembro a 1o. de outubro foi realizado, em Florianópolis, um Seminário para Discussão do Currículo Mínimo para os Cursos de Educação Física, promovido pela Secretaria de Educação Física e Desportos-SEED, do Ministério da Educação e Cultura e pela Universidade Federal de Santa Catarina, através do seu Departamento de Educação Física. O Seminário tinha como objetivos a “coleta de sugestões e formulação de proposta de currículo mínimo para os cursos de Educação Física”. 1982 Foi realizado em Curitiba, pela Universidade Federal do Paraná, o “Seminário sobre o Currículo Mínimo para a formação de Docentes de Educação Física”, que apresentou os princípios norteadores para a reforma do Currículo Mínimo de Educação Física até então vigente. A proposta apresentada foi inovadora, pois as disciplinas seriam agrupadas nas áreas do Conhecimento do Homem, da Sociedade, do Filosófico e do Técnico. O Curso prepararia o Licenciado em Educação Física, com capacidade de análise e síntese, ampla visão da realidade e com atitude crítica; ser consciente das necessidades e possibilidades do cidadão; ter espírito inovador, criador e democrata; possuir conhecimentos, métodos e técnicas, a fim de desenvolver a sua área de atuação. 1984 No “Seminário de Diretores das Escolas de Educação Física”, que foi realizado em março, durante os festejos do Cinqüentenário da Escola de Educação Física, da Universidade de São Paulo, foram efetuados debates a respeito da formação do Licenciado em Educação Física, do Bacharel em Educação Física, do Bacharel em Desporto e da alteração do Currículo Mínimo de Educação Física. 1987 O Parecer 215/87, aprovado em 11 de março, de autoria do Conselheiro Mauro Costa Rodrigues, membro do Conselho Federal de Educação, tratou da “Reestruturação dos cursos de graduação em Educação Física, sua nova caracterização, mínimos de duração e conteúdo”. O Parecer deu origem à Resolução n° 03, de 16 de junho, publicada no Diário Oficial da União em 10 de setembro, que “Fixa os mínimos de conteúdo e duração a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física (Bacharelado e/ou Licenciatura Plena)”. Para o estudo dessa proposta, sobre o currículo de Educação Física, o Presidente do CFE designou, em maio de 1984, um Grupo de Trabalho constituído do Conselheiro Mauro Costa Rodrigues (Presidente), Ahylton da Conceição, Herbet Almeida Dutra, Luiz Pegoraro, Marco Antonio Laffranchi, Mario Cantarino, Roque Vicenti Beraldi, Ruthenio de Aguiar e Eugênio de Silva Corrêa. Esse Grupo de Trabalho, apoiado na legislação vigente, nos pareceres do CFE, na proposta de reformulação do currículo, bem como em diversos textos sobre o tema, deu a sua contribuição ao Conselheiro Relator, cabendo-lhe a apresentação do Parecer e da Resolução. As Escolas de Educação Física passaram a elaborar, de acordo com a Resolução no. 03/87, os seus próprios currículos, grupando as disciplinas nos campos do Conhecimento Filosófico, do Ser Humano, da Sociedade e do Conhecimento Técnico, formando Licenciados ou Bacharéis, ou ambos, para atuação na Educação Escolar e Não-Escolar, tais como academias, clubes, condomínios e outros mais. 1987 No mês de outubro, o Presidente do Conselho Nacional de Desportos, Prof. Manoel José Gomes Tubino, enviou expediente ao Presidente do Conselho Federal de Educação, a respeito de preparação de recursos humanos para o setor de esporte. Após a análise da orientação e prática do esporte no país, com carência de quantidade e qualidade de treinadores para as diversas atividades esportivas, foi proposta a criação de “Cursos de Especialistas em Desportos”, a serem efetuados, em parceria, com Escolas de Educação Física, entidades desportivas e órgãos governamentais do setor. As disciplinas a serem desenvolvidas no Curso estariam vinculadas às áreas de conhecimento seguintes: Psicopedagogia do Esporte, Teoria do Treinamento Esportivo e Bases Biológicas do Treinamento Esportivo. 1987 – 2004 O propósito explícito da Resolução 03 de 16 de junho de 1987 do CFE que fixou “os mínimos de conteúdo e duração a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física – Bacharelado e/ou Licenciatura Plena”, foi o de anular Currículo Mínimo como padrão obrigatório para todas as IES brasileiras de Educação Física. Nestes termos, a revisão radical do CFE eliminou o rol de disciplinas e/ou matérias e passou a se referir por áreas “de cunho humanístico” e de “cunho técnico”, deixando ao encargo de cada IES a elaboração de sua oferta de disciplinas “considerando as peculiaridades de cada Região e os perfis profissionais desejados”. Além disso, a Resolução 03/87 definiu a carga horária mínima de 2880 h/a que poderia ser cumprida entre 4 e 7 anos de duração. Tal disposição nivelou a Educação Física aos demais cursos de formação superior, inclusive permitindo a incorporação da oferta de Bacharelado até aquele momento desconhecida pelas tradições brasileiras no âmbito dos exercícios físicos, jogos, recreação e esportes. De resto, a Resolução 03/87 configurou uma estruturação de disciplinas que permitia um ajuste no modelo tradicional tripartite uma vez que balizava por percentual em cargas horárias: 80% deveriam ser dedicadas à Formação Geral (disciplinas de cunho humanístico e técnico) e 20% ao Aprofundamento (disciplinas de interesse da região em que situava a IES, de demandas pelo mercado de trabalho e de preferência dos alunos); na Formação Geral, 60% seriam destinadas ao conhecimento técnico. Em 2004, ao ser debatida a Proposta Alternativa ao Parecer nº 0138 CNE/CES (Audiência Pública do CNE com representantes do CNE, MEC, MEsp, COESP-EF, CONDIESEF-BR, CBCE e CONFEF, em 02/ 2004) concluiu-se que: “A Resolução no. 03/87 é reconhecida como um importante e inequívoco avanço, por ter assegurado autonomia e flexibilidade para que as Instituições de Ensino Superior pudessem ‘estabelecer os marcos conceptuais, os perfis profissionais desejados, elaborar as ementas, fixar a carga horária para cada disciplina e sua respectiva denominação, bem como enriquecer o currículo pleno, contemplando as peculiaridades regionais’ (Art. 3º, § 4º) e para que pudessem também organizar os conteúdos em campos de conhecimentos, bem como possibilitar um novo tipo de formação – o bacharelado – para além da Licenciatura Plena”. rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas; Art. 4º – O curso de graduação em Educação Física deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica, qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética. 1998 Criação em Minas Gerais do Conselho dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior em Educação Física – CONDIESEF, que passou representar as IES de Educação Física do Estado em diferentes instâncias de negociação e / ou consultas. Nos anos seguintes foram fundadas entidades similares em SC, RS e MS, e finalmente em 2003, criou-se o Conselho dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior em Educação Física do Brasil – CONDIESEF-BR, em reunião ocorrida em Caxambu-MG. Neste mesmo ano e posteriormente em 2004, o CONDIESEF-BR reuniu especialistas dos diferentes campos de intervenção acadêmicoprofissional em Educação Física, que contribuíram na definição das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, então em discussão junto ao Conselho Nacional de Educação-CNE. Azevedo, Fernando de. Da Educação Física: o que ela é, o que tem sido, o que deveria ser. São Paulo: Weiszflog Irmãos, 1920. 2004 O Conselho Nacional de Educação-CNE emite o Parecer CNE/CES 58/2004, de 18 de fevereiro de 2004 com a respectiva Resolução que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, assim como estabelece orientações específicas para a licenciatura plena em Educação Física, nos termos definidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica. Neste documento as definições de base situam-se nos artigos que se seguem: Art. 3º – A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmicoprofissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do Situação atual Atualmente há cerca de quatro centenas de cursos superiores em Educação Física no Brasil (ver capítulo sobre “Infraestrutura” neste Atlas), número expressivo se comparado às 56 existentes em 1971 quando das publicação do Diagnóstico da Educação Física e Esporte no Brasil. Este quantitativo só é superado pelos EUA com suas cinco centenas de departamentos de Educação Física e áreas congêneres situados em universidades (Margareth Costa, comunicação 2003). Tal ordem de grandeza, portanto, sugere que a Educação Física brasileira tende a se tornar uma das principais profissões do país a médio prazo. E como suporte a esta previsão há de se cogitar de uma tradição que também a médio prazo alcançará dois séculos de existência, com se demarcou no início deste capítulo. Fontes Areno, Waldemar. A Educação Física e os Desportos no Rio de Janeiro de 400 anos. Rio de Janeiro: ENEFD/UB, 1966. ______. A evolução do esporte no Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1930. ______. Novos caminhos e novos fins: a nova política de educação no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1958. Betti, Mauro. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Divisão de Educação Física. Educação Física no Brasil: 1851-1957. 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RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 14.7 Tabela 1 / Table 1 Alunos brasileiros no Philantropinium/Schnepfenthal, 1834 – 1924 Brazilian students in Philantropinium/Schnepfenthal, 1834 – 1924 Name / place and date of birth / years of sudies / Tabela 2 / Table 2 Lista dos directores profesionales brasileños especializados en Educación Física (*) – archivos CLACJ, 1925 – 1970 Brazilian P.E. professionals specialized at the YMCA – Montevideo, 1925 – 1970 / name / year Fonte / source: Julio C. Lagomarsino – ACJ, Montevideo, 2003 (*) Solicitado por Dr. Lamartine P. Da Costa para Atlas de Educación Física – Brasil 14.8 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006