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A Valorização às Áreas de Estudo na Formação Acadêmica em
Educação Física: um estudo piloto com estudantes argentinos
V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Rafael Eduardo Schmitt1, Bettina Steren dos Santos1 (orientador)
Programa de Pós Graduação em Educação – Faculdade de Educação – PUCRS.
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Resumo
Este estudo trata da valorização que acadêmicos de Educação Física atribuem às principais
áreas de estudo que integram sua formação universitária. Fundamenta-se teoricamente no
próprio contexto histórico de seu processo formativo, além de Teorias Motivacionais
Contemporâneas. O delineamento da investigação orienta-se pelo método quantitativo, tendo
o estudo um caráter descritivo-exploratório. Os resultados apresentam tendências valorativas
dos estudantes, buscando dialogar com a produção do conhecimento no campo educacional.
Introdução
A formação acadêmica em Educação Física engloba estudos que se originam de
diversas áreas do conhecimento. Se analisado de forma sintética, as áreas de estudo que
compõem os currículos nesse campo derivam das Ciências Biológicas, das Ciências da Saúde,
das Ciências Humanas, das Ciências Sociais, além dos conhecimentos específicos e dos
conhecimentos metodológicos gerais. Desse amplo cenário que contempla inúmeros saberes,
emerge a problemática dessa investigação: Como acadêmicos de Educação Física têm
valorizado as distintas áreas de estudo que compõem a formação?
Na busca de subsídios para essa questão, dois caminhos teóricos foram traçados. O
primeiro realizou uma imersão histórico-contextual que demonstrou uma hipervalorização aos
conhecimentos biológicos (CASTELLANI FILHO, 2008), em detrimento aos conhecimentos
humanístico-pedagógicos, que ao longo da história formativa, tenderam a figurar como
elementos de menor prestígio (BENITES et al., 2008). Já o segundo, buscou o embasamento
em Teorias Motivacionais, tais como a Teoria da Autodeterminação (DECI e RYAN, 2000).
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À luz dessa Teoria, procurou-se identificar bases explicativas capazes de predizer as atitudes
valorativas apresentadas pelos estudantes.
Com base nos conceitos teóricos e no problema apresentado, o presente estudo tem
como objetivo geral conhecer o grau de importância que acadêmicos de Educação Física
atribuem às principais áreas de estudo que conformam a formação universitária.
Metodologia
Pertencente a uma Dissertação de Mestrado, a investigação caracteriza-se como um
estudo piloto de caráter descritivo-exploratório, delineado no método quantitativo. O campo
da investigação compreendeu a Universidad Nacional de La Plata - Província de Buenos
Aires/Argentina - tendo como amostra 126 estudantes de Educação Física dos gêneros
masculino (50,8%) e feminino (49,2%), matriculados entre o 3º e o 5º ano, com idades entre
de 21 e 39 anos (Xm = 24,18; dp = 2,94).
Um instrumento de coleta de dados, denominado Escala de Valorização às Áreas de
Estudo (EVAE-Ef) foi especialmente construído para estudantes de Educação Física
(SCHMITT, 2009). Baseado em uma escala linear numérica (ALRECK e SETTLE, 1995), o
instrumento possibilitou aos participantes informarem sua percepção quanto aos itens
perguntados, em uma escala de tipo Likert de cinco pontos. Foram avaliados 58 itens, que se
agruparam em quatro dimensões: Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas e
Sociais; Conhecimentos Específicos; e Conhecimentos Gerais e Metodológicos.
Importante salientar que a confiabilidade da escala revelou valores de Alfa de
Crombach que variaram satisfatoriamente entre 0,79 e 0,94. A confiabilidade também foi
testada através do método da divisão do instrumento (split half method), calculada a partir da
correlação de Spearman-Brown. De forma global, os coeficientes variaram de 0,61 a 0,85,
revelando correlações moderadas e fortes. Com indicadores de confiabilidade favoráveis,
permitiu-se obter importantes resultados relacionados à formação inicial em Educação Física.
Resultados e Discussão
Entre as áreas de estudo altamente valorizadas pelos estudantes investigados
destacaram-se: Fisiologia do Exercício (Xm= 4,57; dp= 0,72), Desporto Coletivo (Xm= 4,37; dp =
0,78), Didática (Xm= 4,24; dp = 0,93), Anatomia (Xm= 4,22; dp = 0,95), Desenvolvimento Motor
(Xm= 4,10; dp = 0,96), Nutrição (Xm= 4,02; dp = 0,93) e Antropometria (Xm= 4,01; dp = 0,95).
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Entre os itens menos valorizados, evidenciaram-se as áreas de Filosofia (Xm= 2,16; dp = 1,15),
Sociologia (Xm= 2,51; dp = 1,11), Antropologia (Xm= 2,4; dp = 1,15), Epistemologia (Xm= 2,78;
dp = 1,1)
e Políticas Educacionais (Xm= 2,95; dp = 1,15). Importante observar que as áreas mais
valorizadas foram compostas predominantemente por itens pertencentes às Ciências
Biológicas e da Saúde, enquanto que, nas menos valorizadas, situaram-se exclusivamente
áreas relacionadas às Ciências Humanas e Sociais. Essas tendências, historicamente
constituídas no campo da Educação Física, seguem exercendo influências e orientando
atitudes comportamentais entre os estudantes, sobretudo os participantes desse estudo.
Por fim, a análise das quatro dimensões investigadas demonstrou, claramente, médias
mais elevadas para (CB) Ciências Biológicas e da Saúde [Xm= 3,85; I.C. = 3,65-4,04] e (CE)
Conhecimentos Específicos [Xm= 3,76; I.C. = 3,57-3,94]. As menores médias foram registradas
para (CG) Conhecimento Gerais e Metodológicos [Xm= 3,4; I.C. = 3,23-3,57] e (CH) Ciências
Humanas e Sociais [Xm= 3,29; I.C. = 3,12-3,45]. Em concordância com as tendências
apontadas, diferenças estatisticamente significativas foram evidenciadas entre CB e CH, tendo
como parâmetro um intervalo de confiança (I.C.) de 95%.
Conclusão
A baixa valorização atribuída pelos estudantes de Educação Física aos conhecimentos
humanístico-pedagógicos, soa como o principal ponto de reflexão possibilitado por essa
investigação. Seguindo os passos metodológicos realizados nesse estudo piloto, a investigação
tem avançado em três importantes universidades da região metropolitana de Porto Alegre/RS.
Os resultados pretendem dialogar com o ensino superior na área de Educação Física, além de
contribuir enquanto modelo investigativo viável voltado ao campo educacional.
Referências
ALRECK, P.; SETTLE, R. The survey research handbook: guidelines and strategies for conducting a
survey. 2.ed. New York: McGraw-Hill, 1995.
BENITES, L. et al. O processo de constituição histórica das diretrizes curriculares na formação de professores de
Educação Física. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 02, pp. 343-360, set./dez. 2008.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 15.ed. Campinas: Papirus,
2008.
DECI, E.; RYAN, R. The “What” and “Why” of Goal Pursuits: Human Needs and the Self-Determination of
Behavior. Psychological Inquiry, v. 11, n. 4, pp. 227–268, sep./dec. 2000.
SCHMITT, R. E. Motivación para los estúdios en distintas áreas del conocimiento: una investigación con
académicos de Educación Física brasileños y argentinos. Libro de actas: I Congreso Argentino del Centro del
País. Universidad Nacional de Río Cuarto, dez. 2009. [no prelo]
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