MANEJO DA BOLA DA GINÁSTICA RÍTMICA COMO ESTÍMULO AO DESENVOLVIMENTO DA DESTREZA DE MÃOS E DEDOS E VELOCIDADE DE MÃOS E BRAÇOS EM ADULTOS E IDOSOS Flávia Maria Domingues Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG Flávia Costa Pinto e Santos Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília Docente do Curso de Educação Física do Unileste-MG RESUMO O presente estudo teve como principal objetivo testar os efeitos de um treinamento do manejo técnico da bola da modalidade esportiva Ginástica Rítmica sobre o domínio da coordenação motora fina de membros superiores de indivíduos adultos e idosos. A amostra foi extraída de um grupo de mulheres de um núcleo de ginástica para adultos e idosos da cidade de Ipatinga, selecionada aleatoriamente e constituída por 26 senhoras sadias na faixa etária entre 43 a 75 anos. Estas foram divididas em 2 grupos com 13 indivíduos cada: GE (grupo experimental) com média de idades de 56,6 anos, mais ou menos 10,1 anos e GC (grupo controle) com média de idades de 58,2 anos, mais ou menos 9,3 anos. Ambos foram inicialmente avaliados pelo sub-teste 8 da bateria de testes de Bruininks-Oseretsky (1978), específica para avaliação da velocidade e destreza de membros superiores, com 8 sub-itens. GE recebeu 30 minutos semanais de treinamento de manejo da bola, em 2 dias da semana, durante 8 semanas consecutivas, contendo exercícios de rolar, lançar, quicar, equilibrar, prensar e transportar a bola em diferentes situações, além das atividades regulares do núcleo. Após este período ambos os grupos foram reavaliados. Como o teste escolhido para a pesquisa foi concebido para a avaliação de crianças, não foram utilizados seus valores de referência. A comparação das médias de pontos obtidos pelos grupos foi feita pelo teste t de Student, com diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,01) entre os resultados do pré e pósteste do GE, o que indica aumento estatisticamente significativo de destreza manual após o treinamento com bola. Conclui-se que a Ginástica Rítmica, especificamente no manejo da bola, pode ser utilizada como atividade de reeducação motora para adultos e idosos que pretendem melhorar seu nível de proficiência motora de membros superiores com objetivos diversos, com conseqüente melhoria da qualidade de vida. Palavras-chave: Ginástica Reeducação motora Rítmica, Destreza, Coordenação motora 1 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. fina, ABSTRACT The present study had as main objective to test the effects of a training of the technical handle of the ball of the Rhythmic Gymnastic on the domain of the motive coordination she fine of adult and senior individuals' superior members. The sample was extracted of a group of women of a gymnastics nucleus for adults and senior of the city of Ipatinga, random selected and constituted by 26 healthy ladies in the age group between 43 and 75 years. These were divided in 2 groups with 13 person each: GE (I group experimental) and GC (group control). Both were avaliated initially for the sub-test 8 of the battery of tests of Bruininks-Oseretsky (1978), specific for evaluation of the speed and ability of superior members, with 8 sub-items. GE received 30 minute weekly hour of training of handle of the ball, in 2 days of the week, for 8 consecutive weeks, containing exercises of rolling, to throw, to bounce, to balance, to press and to transport the ball in different situations, besides the regular activities of the nucleus. After this period both groups were avaliated again. As the chosen test for the research was created for the children's evaluation, their reference values were not used. The comparison of the averages of points obtained by the groups was done by the test t of Student, with difference statistical significant (p ≤ 0,01) between the results of the first and second test of GE, what indicates increase statistical significant of manual ability after the training with ball. It was concluded that the Rhythmic Gymnastics, specifically in the handle of the ball, can be used as activity of motive reeducation for adults and senior that intend to improve his/her level of motive proficiency of superior members with several objectives, with consequent improvement of the life quality. Key-Words: Rhythmic gymnastics, Ability, Motive coordination fine, Motive reeducation INTRODUÇÃO Segundo Pereira (1999), a Ginástica Rítmica é uma atividade muito rica e dotada de grande versatilidade, pois desenvolve a coordenação motora, a percepção espacial, a lateralidade, como também, a consciência corporal, a de movimentos físicos e estéticos e contribui para o desenvolvimento e/ou aprimoramento do esquema corporal. Dessa forma, uma variedade de experiências de movimento e de contexto são importantes para as condições de prática, pois ela aumenta a capacidade da pessoa desempenhar a habilidade praticada com sucesso. A prática da Ginástica Rítmica permite desenvolver as capacidades e habilidades, e o uso do aparelho manual do movimento orgânico e sua completa desinibição, a favorecer associações e composições de movimento. Segundo Saur (s.d.) e Pallares (1983), o corpo deve realizar, sempre, a parte maior do “trabalho”, e em todos os movimentos com aparelhos manuais, deve acompanhar a trajetória traçada pelo aparelho, educando os impulsos, as transferências, o ritmo, a forma, as direções, os acentos, a execução dos mesmos com acerto, dando ao que executa a sensação de prazer . Um dos papéis da Ginástica Rítmica é ajudar no desenvolvimento, aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção, manipulação). Isto incorpora uma ampla série de experiências de movimentos, para que as crianças desenvolvam e refinem suas habilidades motoras, além de 2 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. promover o desenvolvimento dos domínios cognitivo, afetivo e social, a Ginástica Rítmica favorece a essa compreensão, pois é uma modalidade que tem o ritmo como um dos seus fundamentos (Molinari, s.d.) Segundo Deecken (1998) e Barreiros (1999), a transição nas diferentes etapas da infância, adolescência e idade adulta são importantes e no decorrer da evolução, na maioria dos indivíduos, o processo de envelhecimento após o termo da adolescência é deteriorante, e são apontados duas razões fundamentais: o desuso e a degeneração. Enquanto a degeneração é um processo biológico inevitável, o desuso é uma conseqüência natural da disponibilidade de melhores ferramentas e do acesso mais rápido e mais generalizado à informação. A degeneração e o desuso estão associados, levando a um enfraquecimento geral e a um declínio das funções biológicas e do rendimento motor, conhecido como “lentidão psicomotora”, afetada quer por variáveis biológicas quer pelas exigências da tarefa, que em virtude da prática de exercício físico contribui para aumentar a sua autonomia na execução das tarefas do cotidiano. Assim, em qualquer idade da vida pode-se oferecer estímulos que irão produzir melhoria no domínio da coordenação motora. De acordo com Meinel (1984), o desenvolvimento da coordenação motora fina abrange o decurso de aprendizagem desde o alcance do estágio da coordenação motora grossa até o estágio em que o aluno pode executar o movimento quase que sem erros. Com isto, a tarefa é cumprida totalmente e com facilidade, sem influências perturbadoras. Nesta fase, o indivíduo vai adquirindo maior capacidade de coordenar novos movimentos em seqüências adequadas. Interessa e necessita adquirir domínio corporal de movimentos, desenvolve e aperfeiçoa sua forma física, para obtenção de maior rendimento de trabalho. O estágio da coordenação motora fina é finalmente caracterizado pela alta precisão e constância do decurso de movimento em condições conhecidas, favoráveis e constantes. A recepção e elaboração de informações é de importância decisiva para a ação de aprendizagem motora, em cada fase, porém na fase do desenvolvimento da coordenação motora fina ela se torna o elo mais importante, pois toda a demonstração, correção, leva o indivíduo a um aperfeiçoamento da coordenação do movimento. Portanto, o presente estudo objetivou verificar se o manejo da bola da Ginástica Rítmica poderá contribuir para melhoria da destreza de mãos e dedos e velocidade de mãos e braços em adultos e idosos, justificando-se pela identificação ou não a possibilidade de utilizar a sua prática como recurso auxiliar ao estímulo do desenvolvimento da coordenação motora fina em grupos de reeducação motora que com sua prática poderão melhorar sua proficiência motora em atividades do dia-adia. Ginástica Rítmica- características da modalidade Segundo Molinari (s.d.), a Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da Primeira Guerra Mundial, mas não possuía regras específicas nem um nome determinado. Várias escolas inovaram os exercícios tradicionais da ginástica artística, misturando-os com a música. A Ginástica Rítmica é uma modalidade esportiva que combina, de forma muito harmônica a ginástica com a música, a dança, a coreografia, a expressão dramática e as artes malabares. Encanta pelo fato de aliar a arte potencial do movimento expressivo do corpo, com a técnica da utilização de aparelhos a ela característicos, 3 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. somados à interpretação de uma música. A leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica trouxeram amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a graça e a beleza do movimento. O movimento é algo inato ao ser humano. E a ginástica tem na prática dos movimentos o seu objetivo principal. Segundo Silva e Silva (s.d), a Ginástica Rítmica explora as qualidades estéticas e suas principais características são a utilização de materiais específicos da modalidade: Bola, corda, arco, fitas, maças e da música, o que a torna atraente e empolgante com movimentos de características próprias. Outra forma de caracterizar a Ginástica Rítmica é pela sua competitividade esportiva, que exige alto nível de capacidade coordenativa das atletas, em que o desempenho físico, técnico e rítmico devem estar presentes nas suas apresentações, juntamente com os elementos corporais indispensável aos exercícios individuais ou em conjunto. Fazem parte dos elementos corporais obrigatórios: andar, correr, saltar, saltitar, balancear, circunduzir, girar, equilibrar, ondular, executar pré-acrobáticos, lançar e recuperar sendo que os exercícios devem ser acompanhados por estímulo musical. Portanto, mesmo na competição a Ginástica Rítmica tem caráter de relação do corpo com os objetos (aparelhos) e os outros. Aparelho oficial de GR Bola Saur (s.d.) afirma que os aparelhos manuais oferecem grandes oportunidades para a execução de exercícios de agilidade. Esses exercícios são de grande valor formativo e favorecem altamente a educação do movimento. Segundo Silva e Silva (s.d.), é importante para a execução dos exercícios com aparelhos manuais, o fluir rítmico no desenrolar do movimento, isto é, os movimentos necessitam ser executados com embalo e ênfase precisos, a fim de serem aprendidos com facilidade e dominados com exatidão. Os aparelhos, também têm seu papel de colaboração para o desenvolvimento psicomotor, facilitando a realização dos movimentos do cotidiano e a educação rítmica da criança. Destacase que através da utilização dos aparelhos, a criança desenvolve sua lateralidade, sua percepção espacial, dinamismo, criatividade e expressão corporal por intermédio dos movimentos, além de segurança e confiabilidade em si própria. Segundo Saur (s.d.), o aparelho não deve constituir apenas um ornamento, mas sempre o motivo para a realização do movimento. Dessa forma, com a bola pode-se realizar movimentos de rolar, “quicar”, balançar, aparar, ondas, círculos, lançamentos e capturas, movimento com a bola equilibrada na mão. Saltos e giros com a bola no chão e ao longo de partes do corpo são os movimentos mais comuns desta modalidade, e ainda muitos movimentos de agilidade. Segundo Pereira (1999) a bola é feita de borracha ou material plástico, com um peso mínimo de 400 gramas. O diâmetro deve estar compreendido entre 18 e 20 centímetros. A sua forma e dimensão, bem como a sua propriedade de ressaltar no chão, podendo até a ginasta rolar sobre o aparelho. Os exercícios de bola têm em geral um ritmo muito rápido, o que permite por em evidência sobretudo a expressividade e as qualidades baléticas das ginastas. Coordenação motora fina Meinel (1987) afirma que o processo de aprendizagem é dividido em três fases: - Primeira fase de aprendizagem: desenvolvimento da coordenação motora grossa; 4 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. - Segunda fase de aprendizagem: desenvolvimento da coordenação motora fina; - Terceira fase de aprendizagem: estabilização da coordenação fina e desenvolvimento da disponibilidade variável. Segundo Leguet (1987), a atividade motora é, sem dúvida uma necessidade premente para todos os seres vivos, porém, ela aparece para o homem de hoje, como uma nova exigência, como o último meio do qual dispõe para salvar as potencialidades próprias da espécie. Meinel (1987) afirma que o processo da aprendizagem da coordenação motora fina explica-se a partir do aperfeiçoamento dos processos da coordenação de movimentos. A ampliação e a precisão da recepção e elaboração de informações, diretamente através dos órgãos dos sentidos e da linguagem, são de importância decisiva. Ela dirige tanto o aperfeiçoamento do programa de ação e a antecipação do movimento como também o enriquecimento da memória do movimento. Esta fase de aprendizagem exige do indivíduo, tanto na prontidão para muitas repetições, e com isso também na alta carga física, como na atenção concentrada e consciente do trabalho. Requer em maior grau a aprendizagem mental, não repetições sem reflexão da execução do movimento. O número de repetições é decisivo para o progresso na aprendizagem, mas o envolvimento intelectual é um importante requisito para o estímulo sensato da coordenação fina, como também uma direção objetiva da atenção do aluno para as particularidades da execução do movimento. Portanto o estágio da coordenação fina é finalmente caracterizado pela alta precisão e constância do decurso de movimento em condições conhecidas, favoráveis e constantes. Destreza e velocidade de movimento Meinel (1987) e Saur (s.d.) afirmam que na prática de ensino e treinamento, em todos os casos, as relações de medida da velocidade de movimento encontram aplicação tanto no aspecto do movimento global como no de movimentos parciais. Em parte elas entram em características mais complexas no ritmo e no acoplamento de movimentos e expressam-se de forma especial também no processo de fluência, precisão e constância do movimento. A velocidade de movimento global e suas combinações, bem como a velocidade de repetição e na freqüência de realização de movimento é, portanto, uma característica indispensável para o valor formativo nos exercícios e favorecem altamente a educação de movimento. Segundo Saur (s.d), todo exercício de agilidade requer concentração na atividade, e a capacidade de coordenar movimentos manuais é de fundamental importância para a precisão dos movimentos das mãos e dos dedos. O teste de habilidade motora de Bruininks-Oseretsky é aplicado individualmente para avaliar a coordenação motora, também avalia separadamente as habilidades específicas da pessoa, a capacidade de coordenar os movimentos com precisão e responder com rapidez a um estímulo (BRUININKS, 1978), por isso foi escolhido para este estudo. 5 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. Importância da Ginástica Rítmica como estímulo à coordenação motora Segundo Silva e Silva (s.d.), o desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para se avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e desenvolver as faculdades expressivas dos indivíduos. Inicia-se a partir do nascimento da criança estendendo-se até a adolescência, passando por diversas fases que, são caracterizadas pelas relações afetivas e emocionais vividas pelas crianças em seu meio social, expressando-se por meio dos movimentos. Barreiros (1999), afirma que o envelhecimento é um processo de regressão, observável em todos os seres vivos, e com expressão particular na perda de capacidades ao longo da vida, como redução significativa da força muscular, precisão e velocidade dos movimentos, tomada de decisões, como também mudanças no sistema nervoso, por exemplo, a excitabilidade sináptica e a velocidade de condução do nervo. A degeneração e a perda de elementos estruturais do sistema nervoso são suficientes para reduzir o fluxo de informação e sua velocidade. Como consequência da deteriorização do sistema nervoso, nomeadamente nos aspectos neuronais e sinápticos, as operações relativas à memória, atenção e aprendizagem também registram um efeito de lentidão, o sistema nervoso trabalha mais devagar como também a resposta do músculo é tardia e pouco eficiente. A taxa de lentidão psicomotora é claramente afetada quer por variáveis biológicas quer pelas exigências da tarefa. Geralmente, à medida que a complexidade da tarefa aumenta, o tempo de processamento e o tempo do movimento aumentam. Esta relação, que é bem conhecida, é intensificada com o envelhecimento. Contudo, as zonas do sistema motor que mantêm uma atividade regular parecem ser menos sensíveis a este processo de deteriorização, permitindo padrões quase normais. A Ginástica Rítmica deve ter por objetivo auxiliar o desenvolvimento psicomotor do indivíduo, independente do sexo ou de idade como uma atividade contribuinte para o desenvolvimento do esquema corporal e o aprimoramento da motricidade humana. Paralelamente ao desenvolvimento, aprimoramento da motricidade, a mesma proporciona um trabalho de grande valor sobre as qualidades físicas como: velocidade, força, equilíbrio, ritmo, agilidade e coordenação necessário para a realização dos movimentos (PEREIRA, 1999). Segundo Pallares (1983), a prática da Ginástica Rítmica enriquece a formação da criança nos aspectos físico, emocional, intelectual e social; especialmente contribui para a educação psicomotora, pois o ritmo estimula a repetição, permitindo a incorporação em seu esquema corporal do domínio de novas formas de movimento. O mesmo podemos observar em indivíduos adultos e idosos. Reeducação motora e a pessoa idosa Segundo Manidi e Michel (2001); Simões (1998), a reeducação motora física traz benefícios consideráveis para pessoas idosas. Uma atividade física regular resulta numa qualidade de vida melhor, num aumento da capacidade de esforço. O tempo livre pode e deve ser ocupado por uma atividade física bem orientada. Através da atividade física é possível dar ao idoso oportunidade para readaptar-se ao meio ambiente, para que a velhice deixe de ter uma conotação negativa, mas melhor se essas atitudes foram iniciadas ainda na idade adulta. Segundo Harrow (1988), o sucesso em qualquer destreza motora é determinado pelas aprendizagens e experiências passadas e pelo desenvolvimento 6 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. eficiente. As capacidades perceptivas e físicas dependem da prática e de ampla variedade de outros movimentos adquiridos. Dessa forma, quanto maior a vivência em habilidades motoras, melhor será o desempenho futuro. O exercício físico, um estilo de vida ativa e a habilidade de desempenhar tarefas da vida diária são fatores que podem ter efeito positivo no conceito que adultos têm de si e na maneira como os outros os vêem (GALLAHUE, 2003). Em idosos não é diferente. MATERIAL E MÉTODOS Após autorização da coordenação do Curso de Educação Física foi feito um contato prévio com os participantes do núcleo atividade física para adultos e idosos do UnilesteMG, esclarecendo os objetivos e a metodologia a ser utilizada de uma população de 80 idosos participantes do núcleo. Selecionou-se aleatoriamente 26 senhoras saudáveis de 43 a 75 anos, que foram divididas em 2 grupos de igual número de indivíduos: um experimental e outro controle, todos praticantes de atividade física. Os 2 grupos assinaram um termo de consentimento informado. Posteriormente foi agendada a realização do sub-item 8 da bateria de testes de Bruininks-Oseretsky (BRUININKS, 1978) como pré-teste, que foi administrado com cada aluno sentado de um lado da mesa, com instruções verbais. Aulas de manejo da bola foram administradas ao grupo experimental durante 8 semanas com duração de 30 minutos, 2 vezes por semana, pela pesquisadora, nas quais cada aluno utilizou uma bola. As aulas aconteceram no prédio do Curso de Educação Física. Após, foi realizado o pós-teste, utilizando-se dos mesmos procedimentos adotados no pré-teste com ambos os grupos. A participação foi voluntária e tomou-se os cuidados éticos com intuito de preservar o anonimato dos participantes. Os valores apurados nas aplicações da bateria de teste de Bruninks-Oseretsky (BRUININKS, 1978) foram convertidos em pontos e foi calculada a média dos grupos, comparadas através do teste t de Student (p≤0,01). RESULTADOS E DISCUSSÃO As comparações entre os valores do pré-teste e pós-teste em cada um dos grupos, utilizando a Bateria de Teste de Bruininks-Oserestky (BRUININKS, 1978) para avaliar o nível de coordenação no início e no final do processo, revelaram os seguintes resultados: Tanto a Tabela 1 quanto a Figura 1 mostram a comparação da velocidade e destreza de membros superiores entre os grupos experimental e controle, quanto às medidas do pré-teste. Revela que não havia inicialmente diferença entre os dois grupos (p-valor= 0,69) isto é, o grupo experimental e de controle podem ser considerados iguais quanto ao nível inicial de velocidade e destreza nos membros superiores. Como sabemos, o grupo controle sem estar submetido ao protocolo experimental, apenas é utilizado no estudo no sentido de serem controlados os efeitos de maturação. 7 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. Tabela 1 - Comparação da velocidade e destreza entre os grupos experimental e controle, quanto às medidas do pré-teste Grupos Experimental Média Desvio padrão Variável (pontos) Velocidade e destreza Velocidade e Destreza (pontos) 5,30 6,00 0,67 Controle Média (pontos) 5,18 t p-valor 0,405 0,69 Desvio padrão 0,89 5,30 5,18 Experimental Controle 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Grupos Figura 1 - Comparação da velocidade e destreza entre os grupos experimental e controle, quanto às medidas do pré-teste Segundo Niemam (1999) e Magill (2000) os benefícios da prática da atividade física são inúmeros para qualquer ser humano, principalmente para o idoso, pois com o envelhecimento vão surgindo uma série de limitações que podem ser superadas pela prática regular da mesma, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida ativa. Dessa forma uma variedade de experiências de movimento e de contexto é importante para as condições de prática. A vantagem primordial dessa característica da prática é que ela aumenta a capacidade da pessoa desempenhar habilidades com sucesso e de se adaptar a condições em que não teve experiências prévias. A Tabela 2 mostra a descrição e comparação dos resultados do pré-teste e pós-teste obtidos por cada grupo. Referentes à comparação dos idosos que formam o grupo experimental, que passou pelo treinamento de manejo da bola da Ginástica Rítmica durante 2 meses revela que houve uma evolução significativa de velocidade e destreza dos membros superiores entre o pré-teste e o pós-teste (p ≤ 0,01). Verifica-se também que o grupo de controle não obteve diferenças significativas. 8 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. Tabela 2 - Comparação dos resultados do pré-teste e pós-teste obtidos por cada grupo Grupos Experimental Pré-teste Média Desvio (pontos) padrão 5,30 0,67 Controle 5,18 Pós-teste Média Desvio (pontos) padrão 6,26 0,64 0,89 5,03 Diferença entre as médias t p-valor 0,96 9,19 *** -0,14 0,65 NS 0,97 Velocidade de Destreza (pontos) *** p ≤ 0,01 NS: Não significante 7,00 6,00 6,26 5,30 5,18 5,03 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Pré-teste Pós-teste Grupos Experimental Controle Figura 2 - Comparação dos resultados do pré-teste e pós-teste obtidos por cada grupo A partir do treinamento do manejo técnico da bola passou a haver diferença estatisticamente significativa (p≤0,01) entre os resultados do pré-teste e pós-teste do grupo experimental. Portanto, pode-se afirmar que houve ganho no desempenho, o que indica aumento da destreza manual após o treinamento com bola. Segundo Harrow (1988), o indivíduo que atinge um grau de proficiência ou melhora seu desempenho em uma tarefa praticada, é de esperar que chegue, progressivamente, a respostas motoras eficientes. Magill (2000) afirma que a vantagem primordial que o aprendiz tira das experiências práticas que promovem a variabilidade do movimento e do contexto está na capacidade de desempenhar habilidade em situações futuras, isto significa que a pessoa adquire uma capacidade crescente de desempenhar a habilidade praticada e aprende a adaptar-se às novas condições. Segundo Manidi e Michel (2001) a reeducação motora física traz benefícios consideráveis para pessoas idosas, pois durante o processo do envelhecimento ocorrem alterações no sistema neuromuscular que se manifestam numa redução de capacidades como velocidade, a flexibilidade, a destreza ou precisão dos movimentos. Dessa forma, pode-se dizer que ao buscar esse estilo de vida , tanto adultos quanto idosos estarão construindo uma melhor qualidade de vida. CONCLUSÃO A partir da análise dos resultados deste estudo, conclui-se que o grupo experimental após o treinamento do manejo técnico da bola por 8 semanas apresentou uma evolução significativa da coordenação motora fina dos membros superiores, o que indica aumento da velocidade e agilidade manual promovendo 9 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. melhoria para as suas capacidades motoras e contribuindo também para o desenvolvimento e/ou aprimoramento das qualidades físicas. A destreza dos movimentos corporais é vivenciada por meio de atividade motoras organizadas e seqüenciais. Portanto, por intermédio de suas atividades a Ginástica Rítmica, especificamente no manejo da bola, pode ser utilizada como atividade de reeducação motora para adultos e idosos que pretendem melhorar seu nível de proficiência motora de membros superiores com objetivos diversos, com conseqüente melhoria da qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARREIROS, J. Envelhecimento e Lentidão Psicomotora. In: CORRREIA, P.C et al. (org). Envelhecer melhor com a atividade física: Universidade Técnica de Lisboa. Fac. de Motricidade Humana. Lisboa: FMH Edições, 1999. BRUININKS, Robert H. Bruininks-Oserestsky (B-O) Test of Motor Proficincy. Circle Pines, Minnesota, USA: American Guidance Service Inc. Publishing, 1978. DEECKEN, Alfons. Saber envelhecer. 4 ed. Petrópolis: Vozes,1998. GALLAHUE, David. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2 ed. São Paulo: Phort, 2003. HARROW, Anita J. Taxonomia do domínio psicomotor. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo,1988. LEGUET, Jaques. As ações motoras em Ginástica Esportiva. São Paulo: Manole, 1987. MAGILL, Richard A. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. 5 ed. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 2000. MANIDI, Maria José. MICHEL, Jean Pierre. Atividade física para adultos com mais de 55 anos. 1. ed. São Paulo: Manole, 2001. MEINEL, Kurt. Motricidade I. Teoria da motricidade esportiva sob o aspecto pedagógico. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1987. MOLINARI, Ângela Maria da Paz. Ginástica Rítmica: Esporte, História e Desenvolvimento. S.d. Disponível em <http://www.cdof.com.br/esportes4.htm> Acesso em 09 set. 2004. NIEMAM, David C. Exercício e Saúde – como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. São Paulo: Manole, 1999. PALLARES, Zaida. Ginástica Rítmica. 2 ed. Porto Alegre: Prodil, 1983. PEREIRA, Sissi Aparecida Martins. GRD: aprendendo passo a passo. Rio de Janeiro: Shape, 1999. 10 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006. SAUR, Erica. Ginástica Rítmica Escolar. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s.d. SILVA, Emerson da., SILVA, Marcelo Inácio. S.d. A importância da Ginástica Rítmica. Disponível em <http://www.centrorefeducacional.pro.br/educfisc.htm> Acesso em 21 set. 2004. SIMÕES, Regina. Corporeidade e terceira idade: a marginalização do corpo idoso. 3 ed. Piracicaba: Unimep, 1998. 11 MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006.