MANEJO DA BOLA DA GINÁSTICA RÍTMICA COMO ESTÍMULO AO
DESENVOLVIMENTO DA DESTREZA DE MÃOS E DEDOS E VELOCIDADE DE
MÃOS E BRAÇOS EM ADULTOS E IDOSOS
Flávia Maria Domingues
Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG
Flávia Costa Pinto e Santos
Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília
Docente do Curso de Educação Física do Unileste-MG
RESUMO
O presente estudo teve como principal objetivo testar os efeitos de um treinamento
do manejo técnico da bola da modalidade esportiva Ginástica Rítmica sobre o
domínio da coordenação motora fina de membros superiores de indivíduos adultos e
idosos. A amostra foi extraída de um grupo de mulheres de um núcleo de ginástica
para adultos e idosos da cidade de Ipatinga, selecionada aleatoriamente e
constituída por 26 senhoras sadias na faixa etária entre 43 a 75 anos. Estas foram
divididas em 2 grupos com 13 indivíduos cada: GE (grupo experimental) com média
de idades de 56,6 anos, mais ou menos 10,1 anos e GC (grupo controle) com
média de idades de 58,2 anos, mais ou menos 9,3 anos. Ambos foram inicialmente
avaliados pelo sub-teste 8 da bateria de testes de Bruininks-Oseretsky (1978),
específica para avaliação da velocidade e destreza de membros superiores, com 8
sub-itens. GE recebeu 30 minutos semanais de treinamento de manejo da bola, em
2 dias da semana, durante 8 semanas consecutivas, contendo exercícios de rolar,
lançar, quicar, equilibrar, prensar e transportar a bola em diferentes situações, além
das atividades regulares do núcleo. Após este período ambos os grupos foram
reavaliados. Como o teste escolhido para a pesquisa foi concebido para a avaliação
de crianças, não foram utilizados seus valores de referência. A comparação das
médias de pontos obtidos pelos grupos foi feita pelo teste t de Student, com
diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,01) entre os resultados do pré e pósteste do GE, o que indica aumento estatisticamente significativo de destreza manual
após o treinamento com bola. Conclui-se que a Ginástica Rítmica, especificamente
no manejo da bola, pode ser utilizada como atividade de reeducação motora para
adultos e idosos que pretendem melhorar seu nível de proficiência motora de
membros superiores com objetivos diversos, com conseqüente melhoria da
qualidade de vida.
Palavras-chave: Ginástica
Reeducação motora
Rítmica,
Destreza,
Coordenação
motora
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fina,
ABSTRACT
The present study had as main objective to test the effects of a training of the
technical handle of the ball of the Rhythmic Gymnastic on the domain of the motive
coordination she fine of adult and senior individuals' superior members. The sample
was extracted of a group of women of a gymnastics nucleus for adults and senior of
the city of Ipatinga, random selected and constituted by 26 healthy ladies in the age
group between 43 and 75 years. These were divided in 2 groups with 13 person
each: GE (I group experimental) and GC (group control). Both were avaliated initially
for the sub-test 8 of the battery of tests of Bruininks-Oseretsky (1978), specific for
evaluation of the speed and ability of superior members, with 8 sub-items. GE
received 30 minute weekly hour of training of handle of the ball, in 2 days of the
week, for 8 consecutive weeks, containing exercises of rolling, to throw, to bounce, to
balance, to press and to transport the ball in different situations, besides the regular
activities of the nucleus. After this period both groups were avaliated again. As the
chosen test for the research was created for the children's evaluation, their reference
values were not used. The comparison of the averages of points obtained by the
groups was done by the test t of Student, with difference statistical significant (p ≤
0,01) between the results of the first and second test of GE, what indicates increase
statistical significant of manual ability after the training with ball. It was concluded that
the Rhythmic Gymnastics, specifically in the handle of the ball, can be used as
activity of motive reeducation for adults and senior that intend to improve his/her level
of motive proficiency of superior members with several objectives, with consequent
improvement of the life quality.
Key-Words: Rhythmic gymnastics, Ability, Motive coordination fine, Motive
reeducation
INTRODUÇÃO
Segundo Pereira (1999), a Ginástica Rítmica é uma atividade muito rica e
dotada de grande versatilidade, pois desenvolve a coordenação motora, a
percepção espacial, a lateralidade, como também, a consciência corporal, a de
movimentos físicos e estéticos e contribui para
o desenvolvimento e/ou
aprimoramento do esquema corporal. Dessa forma, uma variedade de experiências
de movimento e de contexto são importantes para as condições de prática, pois ela
aumenta a capacidade da pessoa desempenhar a habilidade praticada com
sucesso.
A prática da Ginástica Rítmica permite desenvolver as capacidades e
habilidades, e o uso do aparelho manual do movimento orgânico e sua completa
desinibição, a favorecer associações e composições de movimento.
Segundo Saur (s.d.) e Pallares (1983), o corpo deve realizar, sempre, a parte
maior do “trabalho”, e em todos os movimentos com aparelhos manuais, deve
acompanhar a trajetória traçada pelo aparelho, educando os impulsos, as
transferências, o ritmo, a forma, as direções, os acentos, a execução dos mesmos
com acerto, dando ao que executa a sensação de prazer .
Um dos papéis da Ginástica Rítmica é ajudar no desenvolvimento,
aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção,
manipulação). Isto incorpora uma ampla série de experiências de movimentos, para
que as crianças desenvolvam e refinem suas habilidades motoras, além de
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promover o desenvolvimento dos domínios cognitivo, afetivo e social, a Ginástica
Rítmica favorece a essa compreensão, pois é uma modalidade que tem o ritmo
como um dos seus fundamentos (Molinari, s.d.)
Segundo Deecken (1998) e Barreiros (1999), a transição nas diferentes etapas
da infância, adolescência e idade adulta são importantes e no decorrer da evolução,
na maioria dos indivíduos, o processo de envelhecimento após o termo da
adolescência é deteriorante, e são apontados duas razões fundamentais: o desuso e
a degeneração. Enquanto a degeneração é um processo biológico inevitável, o
desuso é uma conseqüência natural da disponibilidade de melhores ferramentas e
do acesso mais rápido e mais generalizado à informação. A degeneração e o
desuso estão associados, levando a um enfraquecimento geral e a um declínio das
funções biológicas e do rendimento motor, conhecido como “lentidão psicomotora”,
afetada quer por variáveis biológicas quer pelas exigências da tarefa, que em virtude
da prática de exercício físico contribui para aumentar a sua autonomia na execução
das tarefas do cotidiano. Assim, em qualquer idade da vida pode-se oferecer
estímulos que irão produzir melhoria no domínio da coordenação motora.
De acordo com Meinel (1984), o desenvolvimento da coordenação motora fina
abrange o decurso de aprendizagem desde o alcance do estágio da coordenação
motora grossa até o estágio em que o aluno pode executar o movimento quase que
sem erros. Com isto, a tarefa é cumprida totalmente e com facilidade, sem
influências perturbadoras.
Nesta fase, o indivíduo vai adquirindo maior capacidade de coordenar novos
movimentos em seqüências adequadas. Interessa e necessita adquirir domínio
corporal de movimentos, desenvolve e aperfeiçoa sua forma física, para obtenção de
maior rendimento de trabalho.
O estágio da coordenação motora fina é finalmente caracterizado pela alta
precisão e constância do decurso de movimento em condições conhecidas,
favoráveis e constantes. A recepção e elaboração de informações é de importância
decisiva para a ação de aprendizagem motora, em cada fase, porém na fase do
desenvolvimento da coordenação motora fina ela se torna o elo mais importante,
pois toda a demonstração, correção, leva o indivíduo a um aperfeiçoamento da
coordenação do movimento.
Portanto, o presente estudo objetivou verificar se o manejo da bola da
Ginástica Rítmica poderá contribuir para melhoria da destreza de mãos e dedos e
velocidade de mãos e braços em adultos e idosos, justificando-se pela identificação
ou não a possibilidade de utilizar a sua prática como recurso auxiliar ao estímulo do
desenvolvimento da coordenação motora fina em grupos de reeducação motora que
com sua prática poderão melhorar sua proficiência motora em atividades do dia-adia.
Ginástica Rítmica- características da modalidade
Segundo Molinari (s.d.), a Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o
final da Primeira Guerra Mundial, mas não possuía regras específicas nem um nome
determinado. Várias escolas inovaram os exercícios tradicionais da ginástica
artística, misturando-os com a música.
A Ginástica Rítmica é uma modalidade esportiva que combina, de forma muito
harmônica a ginástica com a música, a dança, a coreografia, a expressão dramática
e as artes malabares. Encanta pelo fato de aliar a arte potencial do movimento
expressivo do corpo, com a técnica da utilização de aparelhos a ela característicos,
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somados à interpretação de uma música. A leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica
trouxeram amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a
graça e a beleza do movimento. O movimento é algo inato ao ser humano. E a
ginástica tem na prática dos movimentos o seu objetivo principal.
Segundo Silva e Silva (s.d), a Ginástica Rítmica explora as qualidades
estéticas e suas principais características são a utilização de materiais específicos
da modalidade: Bola, corda, arco, fitas, maças e da música, o que a torna atraente e
empolgante com movimentos de características próprias. Outra forma de
caracterizar a Ginástica Rítmica é pela sua competitividade esportiva, que exige alto
nível de capacidade coordenativa das atletas, em que o desempenho físico, técnico
e rítmico devem estar presentes nas suas apresentações, juntamente com os
elementos corporais indispensável aos exercícios individuais ou em conjunto.
Fazem parte dos elementos corporais obrigatórios: andar, correr, saltar, saltitar,
balancear, circunduzir, girar, equilibrar, ondular, executar pré-acrobáticos, lançar e
recuperar sendo que os exercícios devem ser acompanhados por estímulo musical.
Portanto, mesmo na competição a Ginástica Rítmica tem caráter de relação do corpo
com os objetos (aparelhos) e os outros.
Aparelho oficial de GR Bola
Saur (s.d.) afirma que os aparelhos manuais oferecem grandes oportunidades
para a execução de exercícios de agilidade. Esses exercícios são de grande valor
formativo e favorecem altamente a educação do movimento.
Segundo Silva e Silva (s.d.), é importante para a execução dos exercícios com
aparelhos manuais, o fluir rítmico no desenrolar do movimento, isto é, os
movimentos necessitam ser executados com embalo e ênfase precisos, a fim de
serem aprendidos com facilidade e dominados com exatidão. Os aparelhos, também
têm seu papel de colaboração para o desenvolvimento psicomotor, facilitando a
realização dos movimentos do cotidiano e a educação rítmica da criança. Destacase que através da utilização dos aparelhos, a criança desenvolve sua lateralidade,
sua percepção espacial, dinamismo, criatividade e expressão corporal por
intermédio dos movimentos, além de segurança e confiabilidade em si própria.
Segundo Saur (s.d.), o aparelho não deve constituir apenas um ornamento,
mas sempre o motivo para a realização do movimento. Dessa forma, com a bola
pode-se realizar movimentos de rolar, “quicar”, balançar, aparar, ondas, círculos,
lançamentos e capturas, movimento com a bola equilibrada na mão. Saltos e giros
com a bola no chão e ao longo de partes do corpo são os movimentos mais comuns
desta modalidade, e ainda muitos movimentos de agilidade.
Segundo Pereira (1999) a bola é feita de borracha ou material plástico, com um
peso mínimo de 400 gramas. O diâmetro deve estar compreendido entre 18 e 20
centímetros. A sua forma e dimensão, bem como a sua propriedade de ressaltar no
chão, podendo até a ginasta rolar sobre o aparelho. Os exercícios de bola têm em
geral um ritmo muito rápido, o que permite por em evidência sobretudo a
expressividade e as qualidades baléticas das ginastas.
Coordenação motora fina
Meinel (1987) afirma que o processo de aprendizagem é dividido em três fases:
- Primeira fase de aprendizagem: desenvolvimento da coordenação motora
grossa;
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-
Segunda fase de aprendizagem: desenvolvimento da coordenação motora
fina;
- Terceira fase de aprendizagem: estabilização da coordenação fina e
desenvolvimento da disponibilidade variável.
Segundo Leguet (1987), a atividade motora é, sem dúvida uma necessidade
premente para todos os seres vivos, porém, ela aparece para o homem de hoje,
como uma nova exigência, como o último meio do qual dispõe para salvar as
potencialidades próprias da espécie.
Meinel (1987) afirma que o processo da aprendizagem da coordenação motora
fina explica-se a partir do aperfeiçoamento dos processos da coordenação de
movimentos. A ampliação e a precisão da recepção e elaboração de informações,
diretamente através dos órgãos dos sentidos e da linguagem, são de importância
decisiva. Ela dirige tanto o aperfeiçoamento do programa de ação e a antecipação
do movimento como também o enriquecimento da memória do movimento.
Esta fase de aprendizagem exige do indivíduo, tanto na prontidão para muitas
repetições, e com isso também na alta carga física, como na atenção concentrada e
consciente do trabalho. Requer em maior grau a aprendizagem mental, não
repetições sem reflexão da execução do movimento. O número de repetições é
decisivo para o progresso na aprendizagem, mas o envolvimento intelectual é um
importante requisito para o estímulo sensato da coordenação fina, como também
uma direção objetiva da atenção do aluno para as particularidades da execução do
movimento.
Portanto o estágio da coordenação fina é finalmente caracterizado pela alta
precisão e constância do decurso de movimento em condições conhecidas,
favoráveis e constantes.
Destreza e velocidade de movimento
Meinel (1987) e Saur (s.d.) afirmam que na prática de ensino e treinamento, em
todos os casos, as relações de medida da velocidade de movimento encontram
aplicação tanto no aspecto do movimento global como no de movimentos parciais.
Em parte elas entram em características mais complexas no ritmo e no acoplamento
de movimentos e expressam-se de forma especial também no processo de fluência,
precisão e constância do movimento. A velocidade de movimento global e suas
combinações, bem como a velocidade de repetição e na freqüência de realização de
movimento é, portanto, uma característica indispensável para o valor formativo nos
exercícios e favorecem altamente a educação de movimento.
Segundo Saur (s.d), todo exercício de agilidade requer concentração na
atividade, e a capacidade de coordenar movimentos manuais é de fundamental
importância para a precisão dos movimentos das mãos e dos dedos.
O teste de habilidade motora de Bruininks-Oseretsky é aplicado
individualmente para avaliar a coordenação motora, também avalia separadamente
as habilidades específicas da pessoa, a capacidade de coordenar os movimentos
com precisão e responder com rapidez a um estímulo (BRUININKS, 1978), por isso
foi escolhido para este estudo.
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Importância da Ginástica Rítmica como estímulo à coordenação motora
Segundo Silva e Silva (s.d.), o desenvolvimento psicomotor é o ponto de
referência para se avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e
desenvolver as faculdades expressivas dos indivíduos. Inicia-se a partir do
nascimento da criança estendendo-se até a adolescência, passando por diversas
fases que, são caracterizadas pelas relações afetivas e emocionais vividas pelas
crianças em seu meio social, expressando-se por meio dos movimentos.
Barreiros (1999), afirma que o envelhecimento é um processo de regressão,
observável em todos os seres vivos, e com expressão particular na perda de
capacidades ao longo da vida, como redução significativa da força muscular,
precisão e velocidade dos movimentos, tomada de decisões, como também
mudanças no sistema nervoso, por exemplo, a excitabilidade sináptica e a
velocidade de condução do nervo. A degeneração e a perda de elementos
estruturais do sistema nervoso são suficientes para reduzir o fluxo de informação e
sua velocidade. Como consequência da deteriorização do sistema nervoso,
nomeadamente nos aspectos neuronais e sinápticos, as operações relativas à
memória, atenção e aprendizagem também registram um efeito de lentidão, o
sistema nervoso trabalha mais devagar como também a resposta do músculo é
tardia e pouco eficiente. A taxa de lentidão psicomotora é claramente afetada quer
por variáveis biológicas quer pelas exigências da tarefa. Geralmente, à medida que
a complexidade da tarefa aumenta, o tempo de processamento e o tempo do
movimento aumentam. Esta relação, que é bem conhecida, é intensificada com o
envelhecimento. Contudo, as zonas do sistema motor que mantêm uma atividade
regular parecem ser menos sensíveis a este processo de deteriorização, permitindo
padrões quase normais.
A Ginástica Rítmica deve ter por objetivo auxiliar o desenvolvimento psicomotor
do indivíduo, independente do sexo ou de idade como uma atividade contribuinte
para o desenvolvimento do esquema corporal e o aprimoramento da motricidade
humana. Paralelamente ao desenvolvimento, aprimoramento da motricidade, a
mesma proporciona um trabalho de grande valor sobre as qualidades físicas como:
velocidade, força, equilíbrio, ritmo, agilidade e coordenação necessário para a
realização dos movimentos (PEREIRA, 1999).
Segundo Pallares (1983), a prática da Ginástica Rítmica enriquece a formação
da criança nos aspectos físico, emocional, intelectual e social; especialmente
contribui para a educação psicomotora, pois o ritmo estimula a repetição, permitindo
a incorporação em seu esquema corporal do domínio de novas formas de
movimento. O mesmo podemos observar em indivíduos adultos e idosos.
Reeducação motora e a pessoa idosa
Segundo Manidi e Michel (2001); Simões (1998), a reeducação motora física
traz benefícios consideráveis para pessoas idosas. Uma atividade física regular
resulta numa qualidade de vida melhor, num aumento da capacidade de esforço. O
tempo livre pode e deve ser ocupado por uma atividade física bem orientada.
Através da atividade física é possível dar ao idoso oportunidade para readaptar-se
ao meio ambiente, para que a velhice deixe de ter uma conotação negativa, mas
melhor se essas atitudes foram iniciadas ainda na idade adulta.
Segundo Harrow (1988), o sucesso em qualquer destreza motora é
determinado pelas aprendizagens e experiências passadas e pelo desenvolvimento
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eficiente. As capacidades perceptivas e físicas dependem da prática e de ampla
variedade de outros movimentos adquiridos. Dessa forma, quanto maior a vivência
em habilidades motoras, melhor será o desempenho futuro.
O exercício físico, um estilo de vida ativa e a habilidade de desempenhar
tarefas da vida diária são fatores que podem ter efeito positivo no conceito que
adultos têm de si e na maneira como os outros os vêem (GALLAHUE, 2003). Em
idosos não é diferente.
MATERIAL E MÉTODOS
Após autorização da coordenação do Curso de Educação Física foi feito um
contato prévio com os participantes do núcleo atividade física para adultos e idosos
do UnilesteMG, esclarecendo os objetivos e a metodologia a ser utilizada de uma
população de 80 idosos participantes do núcleo. Selecionou-se aleatoriamente 26
senhoras saudáveis de 43 a 75 anos, que foram divididas em 2 grupos de igual
número de indivíduos: um experimental e outro controle, todos praticantes de
atividade física. Os 2 grupos assinaram um termo de consentimento informado.
Posteriormente foi agendada a realização do sub-item 8 da bateria de testes de
Bruininks-Oseretsky (BRUININKS, 1978) como pré-teste, que foi administrado com
cada aluno sentado de um lado da mesa, com instruções verbais.
Aulas de manejo da bola foram administradas ao grupo experimental durante 8
semanas com duração de 30 minutos, 2 vezes por semana, pela pesquisadora, nas
quais cada aluno utilizou uma bola. As aulas aconteceram no prédio do Curso de
Educação Física. Após, foi realizado o pós-teste, utilizando-se dos mesmos
procedimentos adotados no pré-teste com ambos os grupos. A participação foi
voluntária e tomou-se os cuidados éticos com intuito de preservar o anonimato dos
participantes.
Os valores apurados nas aplicações da bateria de teste de Bruninks-Oseretsky
(BRUININKS, 1978) foram convertidos em pontos e foi calculada a média dos
grupos, comparadas através do teste t de Student (p≤0,01).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As comparações entre os valores do pré-teste e pós-teste em cada um dos
grupos, utilizando a Bateria de Teste de Bruininks-Oserestky (BRUININKS, 1978)
para avaliar o nível de coordenação no início e no final do processo, revelaram os
seguintes resultados:
Tanto a Tabela 1 quanto a Figura 1 mostram a comparação da velocidade e
destreza de membros superiores entre os grupos experimental e controle, quanto às
medidas do pré-teste. Revela que não havia inicialmente diferença entre os dois
grupos (p-valor= 0,69) isto é, o grupo experimental e de controle podem ser
considerados iguais quanto ao nível inicial de velocidade e destreza nos membros
superiores.
Como sabemos, o grupo controle sem estar submetido ao protocolo
experimental, apenas é utilizado no estudo no sentido de serem controlados os
efeitos de maturação.
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Tabela 1 - Comparação da velocidade e destreza entre os grupos experimental e controle,
quanto às medidas do pré-teste
Grupos
Experimental
Média
Desvio padrão
Variável
(pontos)
Velocidade e
destreza
Velocidade e Destreza (pontos)
5,30
6,00
0,67
Controle
Média
(pontos)
5,18
t
p-valor
0,405
0,69
Desvio padrão
0,89
5,30
5,18
Experimental
Controle
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Grupos
Figura 1 - Comparação da velocidade e destreza entre os grupos
experimental e controle, quanto às medidas do pré-teste
Segundo Niemam (1999) e Magill (2000) os benefícios da prática da atividade
física são inúmeros para qualquer ser humano, principalmente para o idoso, pois
com o envelhecimento vão surgindo uma série de limitações que podem ser
superadas pela prática regular da mesma, possibilitando ao idoso manter uma
qualidade de vida ativa. Dessa forma uma variedade de experiências de movimento
e de contexto é importante para as condições de prática. A vantagem primordial
dessa característica da prática é que ela aumenta a capacidade da pessoa
desempenhar habilidades com sucesso e de se adaptar a condições em que não
teve experiências prévias.
A Tabela 2 mostra a descrição e comparação dos resultados do pré-teste e
pós-teste obtidos por cada grupo. Referentes à comparação dos idosos que formam
o grupo experimental, que passou pelo treinamento de manejo da bola da Ginástica
Rítmica durante 2 meses revela que houve uma evolução significativa de velocidade
e destreza dos membros superiores entre o pré-teste e o pós-teste (p ≤ 0,01).
Verifica-se também que o grupo de controle não obteve diferenças significativas.
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Tabela 2 - Comparação dos resultados do pré-teste e pós-teste obtidos por cada grupo
Grupos
Experimental
Pré-teste
Média
Desvio
(pontos) padrão
5,30
0,67
Controle
5,18
Pós-teste
Média
Desvio
(pontos) padrão
6,26
0,64
0,89
5,03
Diferença
entre as
médias
t
p-valor
0,96
9,19
***
-0,14
0,65
NS
0,97
Velocidade de Destreza
(pontos)
*** p ≤ 0,01
NS: Não significante
7,00
6,00
6,26
5,30
5,18
5,03
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Pré-teste
Pós-teste
Grupos
Experimental
Controle
Figura 2 - Comparação dos resultados do pré-teste e pós-teste obtidos por cada grupo
A partir do treinamento do manejo técnico da bola passou a haver diferença
estatisticamente significativa (p≤0,01) entre os resultados do pré-teste e pós-teste do
grupo experimental. Portanto, pode-se afirmar que houve ganho no desempenho, o
que indica aumento da destreza manual após o treinamento com bola. Segundo
Harrow (1988), o indivíduo que atinge um grau de proficiência ou melhora seu
desempenho em uma tarefa praticada, é de esperar que chegue, progressivamente,
a respostas motoras eficientes. Magill (2000) afirma que a vantagem primordial que
o aprendiz tira das experiências práticas que promovem a variabilidade do
movimento e do contexto está na capacidade de desempenhar habilidade em
situações futuras, isto significa que a pessoa adquire uma capacidade crescente de
desempenhar a habilidade praticada e aprende a adaptar-se às novas condições.
Segundo Manidi e Michel (2001) a reeducação motora física traz benefícios
consideráveis para pessoas idosas, pois durante o processo do envelhecimento
ocorrem alterações no sistema neuromuscular que se manifestam numa redução de
capacidades como velocidade, a flexibilidade, a destreza ou precisão dos
movimentos. Dessa forma, pode-se dizer que ao buscar esse estilo de vida , tanto
adultos quanto idosos estarão construindo uma melhor qualidade de vida.
CONCLUSÃO
A partir da análise dos resultados deste estudo, conclui-se que o grupo
experimental após o treinamento do manejo técnico da bola por 8 semanas
apresentou uma evolução significativa da coordenação motora fina dos membros
superiores, o que indica aumento da velocidade e agilidade manual promovendo
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melhoria para as suas capacidades motoras e contribuindo também para o
desenvolvimento e/ou aprimoramento das qualidades físicas.
A destreza dos movimentos corporais é vivenciada por meio de atividade
motoras organizadas e seqüenciais. Portanto, por intermédio de suas atividades a
Ginástica Rítmica, especificamente no manejo da bola, pode ser utilizada como
atividade de reeducação motora para adultos e idosos que pretendem melhorar seu
nível de proficiência motora de membros superiores com objetivos diversos, com
conseqüente melhoria da qualidade de vida.
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