UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LEVANT AMENT O DE DISPOSIT IVOS DE DRENAGEM DE VIAS URBANAS COM F UNCIO NAMENT O COMPROMET IDO: EST UDO DE CASO (BEL ÉM/PA) JAQUELINE BO IADE IRO AYRES NEG RÃO VIT OR HUGO M ENEZES GEM AQUE Belém - PA 2010 1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LEVANT AMENT O DE DISPOSIT IVOS DE DRENAGEM DE VIAS URBANAS COM F UNCIO NAMENT O COMPROMET IDO: E ST UDO DE CASO (BEL ÉM/PA) JAQUELINE BO IADE IRO AYRES NEG RÃO VIT OR HUGO M ENEZES GEM AQUE Trabalho de apresentado obtenção Engenharia conclusão como do exigência título Civil, de de Curso para bacharel submetido a a em banca examinadora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia. Orientador: Dr. Benedito Coutinho Neto. Belém - PA 2010 2 Trabalho de conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil, submetido a banca examinadora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia. Os graduandos deverão entregar o TCC final com as alterações/correções exigidas pela banca no prazo estipulado pela Instituição, caso automaticamente, Reprovados. Belém-PA 2010 contrário, serão considerados, 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, que vem iluminando todo o nosso caminho, pela oportunidade que tive de escolher esta profissão, pelas pessoas que foram colocadas em nossas vidas ao longo desses cinco anos, as quais aprendemos muito. Agradecemos a todos nossos familiares por terem contribuído direta e indiretamente na nossa jornada, nos tranqüilizando nos momentos de fraqueza transmitindo alegria e nos dando força. Em especial aos nossos pais que mesmo ausentes estavam em suas cidades torcendo por nós e acreditando na nossa vitória. Aos nossos amigos que estiveram presente sempre que precisamos ao longo dessa temporada em Belém e não pouparam esforços sempre que precisamos. Agradecemos ao empenho de todos os professores, que contribuíram com seus conhecimentos para a nossa formação e a todos os colegas de turma, com os quais podemos sorrir, aprender, discutir e viver cinco anos preciosos e maravilhosos que serão lembrados com muito carinho e saudades. Agrademos enfim, ao nosso orientador, professor Coutinho, a todo esforço dedicado a nos orientar, sendo paciente ao longo desse ano, e nos transmitindo palavras de incentivo, conselhos. A ele nossa admiração por ser tão bom profissional, e uma pessoa íntegra. Contribuindo para nosso sucesso e por sermos pessoas melhores. 4 Suba o Primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo. Martin Luther King 5 RESUMO NEGRÃO, Jaqueline Boiadeiro Ayres (2010), GEMAQUE, Victor Hugo Menezes (2010), Levantamento de dispositivos de Drenagem de vias urbanas com funcionamento comprometido: estudo de caso (Belém/PA). 77p. TCC – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade da Amazônia, Belém, PA, 2010. O sistema de drenagem é o principal meio de escoar a água da chuva, que é freqüente em nossa região. Seu estado de conservação é precário, não havendo manutenção na maior parte das ruas e canais de Belém, isso pode provocar uma redução na qualidade de vida da população e aumentar a transmissão de doenças provocadas por ratos, baratas, etc. Diante disso, es te trabalho tem como objetivo fazer um levantamento dos dispositivos de drenagem para saber onde estão ocorrendo as falhas no escoamento das águas pluviais e o porquê. Para tanto, foram feitas medições das dimensões dos dispositivos de drenagem, bem como obtidas fotos para avaliar os problemas e compará-las com a forma correta de execução/manutenção, no final deste trabalho foram apresentados problemas e algumas soluções. Palavras-chave: Drenagem urbana. Dispositivos de drenagem. Impermeabilização do solo. Vias urbanas. 6 ABSTRACT NEGRÃO, Jaqueline Boiadeiro Ayres (2010), GEMAQUE, Victor Hugo Menezes (2010) Survey of Drainage devices of urban streets with impaired operation: a case study (Belém / PA). 77p. TCC - Center for Science and Technology, University of Amazonia, Belém, PA, 2010. The drainage system is the main way of draining rainwater, which is frequent in our region. Its conservation status is precarious, without maintenance in most of Belém’s streets and canals, this may cause a reduction in quality of life and increase the transmission of diseases caused by rats, cockroaches, etc. Therefore, this work aims to survey the drainage devices to know where the faults are occurring over the rainwater’s flow and why this is happening. Thereby, measurements of the drainage devices were made, and were also obtained photos to value the problems and they were later compares them with the correct way of execution/maintenance, at the end of this work were presented problems and some Keywords: Urban drainage. Drainage devices. Soil sealing. Urban streets. solutions. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Rio do Pó na Itália 16 Figura 2: Países Baixos 17 Figura 3: Dique Afsluit 18 Figura 4: Belém do Pará em 1996 19 Figura 5: Área ocupada x cobertura vegetal do Município de Belém 20 Figura 6: Mapa das Bacias Hidrográficas da Costa Atlântica Nordeste do 22 Estado do Pará Figura 7: Vazões máximas em vários tipos de cobertura Figura 8: Esquema de uma estrutura de Plano Diretor de Drenagem Urbana 28 Figura 9: Microdrenagem tradicional Localização 23 33 Figura 10: Seção da sarjeta 34 Figura 11: Localização de bocas-de-lobo 36 Figura 12: Boca-de-lobo de guia 37 Figura 13: Boca-de-lobo de guia 37 Figura 14: Boca-de-lobo combinada 37 Figura 15: Boca-de-lobo combinada 37 Figura 16: Elementos da seção transversal de uma sarjeta 38 Figura 17: Cálculo do espaçamento entre bocas-de-lobo 42 Figura 18: Tubos de Ligação 45 Figura 19: Poço de Visita 46 Figura 20: Esquem a de m icrodrenagem demonstrando as galerias 48 Figura 21: Canal aberto natural 49 Figura 22: Canal aberto artificial 50 Figura 23: Concepção de canal aberto revestido 50 Figura 24: Concepção de canal fechado 51 Figura 25: Canal fechado, em situação de enchente 52 Figura 26: Demonstrativo de Escoamento Permanente e Uniforme em conduto livre Figura 27: Demonstrativo de Escoamento Permanente e Uniforme em conduto forçado Figura 28: Boca-de-lobo entupida na Av. Duque de Caxias 53 Figura 29: Boca-de-lobo, Rua dos Pariquis, esquina com Trav. 14 de Março 60 54 59 8 Figura 30: Boca-de-lobo, Passagem Gaspar Dutra 61 Figura 31: Boca-de-lobo simples 61 Figura 32: Boca-de-lobo colocada na esquina 62 Figura 33: Boca-de-lobo com falta de tampa, Av. Pedro Álvares Cabral 63 Figura 34: Boca-de-lobo com falta de tampa, Travessa Apinagés 63 Figura 35: Boca-de-lobo com falta de tampa, Rua dos Pariquis 64 Figura 36: Boca-de-lobo simples 64 Figura 37: Poço de visita com tampa deteriorada, Rua dos Mundurucus 65 Figura 38: Poço de visita em planta baixa 66 Figura 39: Canal poluído, Avenida Bernardo Sayão 67 Figura 40: Canal poluído, Avenida Bernardo Sayão 67 Figura 41: Canal poluído da Generalíssimo, Avenida Fernando Guilhon 68 Figura 42: Canal poluído, Rua 9 de Janeiro 68 Figura 43: Alagamento na Vila Lusitana 69 Figura 44: Alagamento Rua dos Pariquis 70 Figura 45: Alagamento Rua dos Mundurucus esquina com Av. Alcindo Cacela Figura 46: Travessa Quintino Bocaiúva alagada 70 72 9 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Fatores de redução de escoamento das sarjetas 35 Tabela 02: Coeficientes de redução das capacidades das bocas-de-lobo 40 Tabela 03: Espaçamento dos poços de visita em metros 47 10 SUMÁRIO CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 12 1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA 12 1.2 OBJETIVOS DE PESQUISA 13 1.2.1 Objetivo Geral 13 1.2.2 Objetivos Específicos 13 1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 13 CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15 2.1 HISTÓRICO 15 2.2 BELÉM E O SISTEMA DE DRENAGEM 18 2.3 HIDROLOGIA DA REGIÃO 21 2.4 CLIMA E CONDIÇÕES METEROLÓGICAS 22 2.5 ESTUDO DAS CHUVAS 23 2.5.1 Método Racional 24 2.6 DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL 25 2.6.1 Sistemas de Microdrenagem e Macrodrenagem 28 2.6.2 Midrodrenagem 29 2.6.2.1 Diretrizes para execução de uma rede pluvial 32 2.6.2.2 Sarjetas 33 2.6.2.3 Bocas-de-Lobo 35 2.6.2.3.1 Eficiência de uma Boca-de-Lobo 38 2.6.2.3.2 Espaçamento entre Bocas-de-Lobo 41 2.6.2.3.3 Bocas-de-Lobo em áreas planas 42 2.6.2.3.4 Determinação do comprimento 43 2.6.2.4 Tubos de ligação 44 2.6.2.5 Poços de visita 45 2.6.2.6 Galerias 47 2.6.3 Macrodrenagem 48 2.6.3.1 Canais 49 2.6.3.1.1 Canal Aberto Natural 49 2.6.3.1.2 Canal Aberto Artificial 50 11 2.6.3.1.3 Canal Aberto Revestido 50 2.6.3.1.4 Canal Fechado 50 CAPÍTULO III – METODOLOGIA 55 3.1 56 Pesquisa de campo CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 58 4.1 Boca-de-Lobo mal executada 58 4.2 Boca-de-Lobo mal dimensionada 60 4.3 Boca-de-Lobo com falta de tampa de concreto 61 4.4 Poço de visita com tampa de concreto deteriorada 65 4.5 Obstrução de Canal ou poluição 66 4.6 Alagamento por falta de planejamento ou deteriorização dos 69 dispositivos 4.7 Excesso de áreas impermeabilizadas 71 CONCLUSÃO 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 12 CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 1.1 Problema e Justificativa O descaso da população em geral, e a ocupação desordenada das cidades comprometem os fatores ambientais, que conseqüentemente causam transtornos urbanos. É comum o lançamento de resíduos industriais, esgotos sanitários, e lixos em geral, nos canais que cortam as cidades. A pavimentação e as construções nas cidades tornam menor a possibilidade de infiltração das águas da chuva no solo, ou seja, impermeabiliza o solo, dificultando assim, a formação do ciclo das águas das chuvas, tornando os canais saturados e ocasionando enchentes. O problema é de tal ordem que se torna difícil a previsão de sistemas, o planejamento e o controle, a avaliação dos impactos ambientais e a previsão de possibilidades de melhoria das condições de urbanização das cidades. A conscientização da população é de extrema importância para um controle da poluição/doenças, pois a falta de informação do prejuízo acarretado por ligações clandestinas de esgoto na rede de águas pluviais causam o comprometimento da 13 drenagem urbana e a contaminação dos mananciais, trazendo sérios problemas para toda a cidade. Diante do que foi explanado, esse trabalho tem como objetivo fazer o levantamento desses dispositivos que estão comprometidos com a finalidade de saber, dentre os locais estudados, os pontos que necessitam de intervenção mais urgente. Para tanto, foi feito um levantamento fotográfico e medições das dimensões dos dispositivos de drenagem. 1.2 Objetivos de Pesquisa 1.2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem como objetivo avaliar o estado de conservação/manutenção dos dispositivos de drenagem e o impacto gerado pela poluição de vias e canais, que se encontram na cidade de Belém do Pará de acordo com as normas do DNIT (Departamento Nacional de Infra -estrutura de Transportes). 1.2.2 Objetivos Específicos Estudar as normas do DNIT e as normas específicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e suas aplicações; Fazer o levantamento fotográfico de dispositivos de drenagem de vias urbanas com o funcionamento comprometido; Comparar dispositivos executados de forma incorreta ou com falta de manutenção com a forma correta de execução e de manutenção; 1.3 Estruturação do Trabalho No Capítulo 2, relata-se a história da drenagem no mundo, no Brasil e na cidade de Belém, em seguida é feito uma breve revisão de Drenagem Urbana Sustentável, do sentido de ter um plano diretor em cada cidade, dos estudos hidrológicos necessários para elaboração de um projeto. Referencia-se por vez microdrenagem, abordando os dispositivos tais como sarjeta, boca-de-lobo poço de 14 visita, galeria. E uma leve abordagem de macrodrenagem, destaca ndo os tipos de canais e escoamento necessários. No Capítulo 3, apresentam-se a metodogia adotada, os materiais utilizados para pesquisa e a descrição do problema. No Capítulo 4, relata-se a discussão dos resultados obtidos, por intermédio dos dados coletados, fazendo-se uma análise técnica de como os dispositivos de drenagem deveriam estar funcionando, considerando a execução, quando for o caso, e a manutenção. Baseando-se nas normas do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). E por fim o Capítulo 5 versa sobre as conclusões. 15 CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Histórico Segundo Fernandes (2002), a drenagem deu-se por intermédio de técnicas de manejo da água sobre o solo e processos de irrigação, objetivando a produção de alimentos, independentemente, se o período era de chuva ou de seca. No começo das civilizações, a drenagem contribuiu para grandes expansões de terra, esta era composta de valas a céu aberto que atravessavam a terra e com o passar do tempo foi surgindo a idéia de dutos cobertos para drenagem urbana, onde o gesso e o barro eram os aglomerantes (ligantes) e os blocos eram de argila cozido. Com o passar do tempo as coisas foram se aprimorando e obras de grande porte foram realizadas no tempo do Império Romano, como as do Vale do Pó, na Itália. Onde em Novembro de 1951, excesso de precipitação e altas marés destruíram diques, causando prejuízos de um terço do PIB da Itália da época, despertando o interesse de autoridades para projetos ambiciosos para regularização 16 do Rio do Pó, considerado o maior rio da Itália. Na figura 1, uma parte do Rio do Pó em Turim. Figura 01: Rio do Pó, na Itália (MORGADO, 2007). Tratando-se dos tempos modernos, um exemplo notável da prática da drenagem em grande escala é a dos países baixos, formados por 12 províncias: Holanda do Norte, Holanda do Sul, Drenthe, Fevolândia, Frieslândia, Gelderlândia, Groningen, Limburg, Brabant do Norte, Overijssel, Utrecht e Zelândia, destacados na Figura 2 em vermelho. Onde aproximadamente um quarto desse território encontrase abaixo do nível do mar, os quais são todos denominados de Holanda, o termo Holanda origina-se de houtland, a floresta pantanosa que se estendia ao longo do curso inferior do rio Reno. Estando localizado nessa região o grande projeto do dique Afsluit executado em 1954, Figura 3, unindo as duas províncias neerlandesas Holanda do Norte e Frísia, o dique de fechamento, tem 32 quilômetros de extensão e 5,50m de altura, na foz de um rio, com o objetivo de impedir o acesso das águas do mar do Norte. Isolada, a área passou a ser dessecada por meio de um sistema de canais e bombas, o que permitiu o aproveitamento de novas terras aráveis, em um total de mais de dois mil quilômetros quadrados. Os holandeses tornaram-se mestres na arte de resgatar grande parte das terras baixas do mar ou de lagos, por meio da utilização racional de técnicas de 17 drenagem. Assim, uma área de mais de 180 km2, anteriormente coberta pelas águas do lago Haarlem, tornou-se arável (BARSA CD-ROM, 1998). Legenda: Cota abaixo do nível do mar. Figura 02: Países Baixos, (TERRITÓRIO GEOGRÁFICO ONLINE, 2000). Segundo Fernandes (2002), no Brasil o grande desenvolvimento urbano ocorreu no final dos anos 1960 à 1990, quando o país passou de 55% de população urbana para 76%. Esta concentração de população ocorreu principalmente em grandes metrópoles, a taxa de população urbana brasileira é de 80%, próxima a saturação. Este processo descontrolado atuou diretamente nas condições de infraestrutura reduzida, causando certo caos em relação aos recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos e drenagem. 18 Figura 03: Dique Afsluit, (LORENTZ, 2009). Mas somente em algumas metrópoles a drenagem urbana foi considerada um fator preponderante, tendo como marco a inauguração da cidade de Belo Horizonte (1897), fundada para ser a capital do estado mineiro, obedecendo a um traçado urbanístico predefinido, e servida com serviços de água e esgotos projetados por Saturnino de Brito, engenheiro civil e o mais notável sanitarista nacional. A cidade de Santos também foi campo de serviço para esse notável engenheiro em 1912, com a abertura de canais destinava-se a drenagem das águas estagnadas dentro do perímetro urbano. A drenagem urbana tornou-se um elemento obrigatório dos projetos de urbanização, após a adoção do sistema separador absoluto no Brasil, sistema onde passou a ser obrigatoriamente separados o esgoto sanitário e a drenagem pluvial, sendo também obrigatório o emprego de tubos de concreto para projetos de urbanização. Não se sabe os dados exatos em relação à drenagem urbana, porém se sabe que com o crescimento populacional acelerado o padrão de vida dos brasileiros vem decaindo rapidamente, o sistema de saneamento básico é precário. 2.2 Belém e o sistema de drenagem Segundo COHRE (2006) a capital paraense, constitui uma metrópole com cerca de 2,15 milhões de habitantes. É o local da bela presença das maiores densidades demográfico da Amazônia e um dos maiores índices de renda per capita 19 e de desenvolvimento humano. No entanto, é a capital com maior desigualdade social, pois os serviços e equipamentos urbanos não são acessíveis a todos e grandes parcelas da população vivem em áreas periféricas e insalubres e exercem atividades no setor informal da economia gerando movimentos reivindicatórios de cidadania. Figura 04: Belém do Pará em 1996(SKY SCRAPER CITY, 2010). Como se pode ver na Figura 04, Belém é uma capital cercada por águas, localizada na embocadura de um braço do delta Amazônico, na baia do Guajará, cortada por vários canais, igarapés e rios. Com seu relevo plano e pouco variado encontram-se diversos pontos baixos em diversas áreas da cidade com cota inferior a 4 metros, alagada permanentemente ou sujeitas a inundações periódicas, mais conhecidas como baixadas. Tendo como exemplo na região central da cidade as partes baixas das ruas: dos Pariquís, 14 de março e redondezas do canal da Tamandaré. Coberta por uma extensa rede de canais, rios, a região possui como destaques demográficos as bacias do Una, Tucunduba, Val-de-Cães e do Furo do Maguari. Na figura 5 é possível ver a área ocupada da cidade e a área coberta pela vegetação amazônica. De acordo com COHRE (2006), a ocupação na cidade de Belém não ocorreu de maneira contínua, com o aterramento de algumas áreas nas proximidades dos igarapés do Reduto a cidade e das Armas a cidade foi se populando aos poucos. Junto ao processo de ocupação, o sistema de drenagem veio se desenvolvendo, começando através da área que se estende do igarapé do Tucunduba ao de Val de 20 Cães. Também vinha se desenvolvendo a construção do dique da “Estrada Nova” e da abertura da Avenida Bernardo Sayão já no início do séc ulo XX. O crescimento inicial em Belém expandiu-se através do núcleo de dois pontos principais: um que acompanhava o Rio Guamá e outro ao longo da Baía do Guajará. A partir dos anos 50, as baixadas começaram a ser ocupadas pela população de baixa renda, pelo fato das terras mais altas estarem escassas e mais caras, mas até então não eram feitos registros de inundações. LEGENDA: Área ocupada Área de vegetação amazônica Figura 05: Área ocupada x cobertura vegetal do Município de Belém (GOOGLE MAPS, 2010). Já nos dias de hoje, há muitos alagamentos e muito se foi feito para tentar acabar com isso, mas embora algumas dessas ações possam ter contribuído para melhorias nas condições de moradia de algumas parcelas da população, elas foram insuficientes para resolver ou para conter o avanço do crescimento habitacional desordenado. Apesar das dificuldades de implantação, Belém é pioneira na adequação do Plano diretor o qual foi elaborado em meados de 1993 incorporando o conjunto de instrumentos e regulamentado pelo Estatuto da Cidade. 21 2.3 Hidrologia da região Segundo a SECTAM (Secretaria de Estado de Meio Ambiente), a região hidrográfica da costa Atlântica Nordeste do Estado do Pará é formada por quatro bacias hidrográficas principais: Bacias do Rio Acará, do Rio Mojú, do Rio Capim e do Rio Guamá. A Bacia Hidrográfica da Estrada Nova, componente da Bacia Hidrográfica do Rio Guamá, uma das mais populosas, abrangendo uma área de 958 hectares, o que corresponde a 16% da área urbana do Município de Belém. A Bacia Hidrográfica do Rio Guamá tem área de drenagem de 87.389,542 km², que equivale a 7% da área do estado, abrangendo vários municípios como, por exemplo: Goianésia do Pará, Rondom do Pará, Paragominas, Tailândia, Breu-Branco, ToméAçu, Ananindeua, Belém e Ipixuna do Pará. O Rio Guamá, nasce em cotas inferiores a 100 m, percorrendo cerca de 400 km, até lançar suas águas na Baía de Guajará, em Belém. A foz do Rio Guamá, juntamente com a foz do Acará, forma a Baía de Guajará, apresentando 900 metros de largura de margem a margem, Belém à direita e ilha do Cumbu à esquerda. O mapa a seguir (figura 6) apresenta as 4 principais bacias hidrográficas da costa Atlântica Nordeste do Estado do Pará. Os estudos de drenagem urbana envolvem, geralmente, c ursos d'água de pequeno ou médio porte desprovidos de registros fluviométricos, nos quais a estimativa das vazões de projeto é feita com base nos dados de chuvas intensas que ocorrem nas respectivas bacias. 22 Figura 06: Mapa das Bacias Hidrográficas da Costa Atlântica Nordeste do Estado do Pará (SECTAM, 2007). 2.4 Clima e condições meteorológicas A situação climática de hoje reflete as modificações já sofridas pela área ocupada das cidades. Se forem observados os diferentes parâmetros climáticos regionais, a Cidade de Belém destaca-se como um ponto onde a temperatura, a umidade e a precipitação têm valores distintos dos constantes nas isolinhas gerais para a região. Isso se deve às características de um fenômeno denominado de “clima urbano”, já que não há alteração maior do meio ambiente do que a urbanização, com os processos simultâneos de eliminação da cobertura vegetal, pavimentação, mudanças dos critérios de escoamento d´água, verticalização das construções e outros fatores. MONTEIRO (1976) afirma que “o clima urbano é modificação substancial de um clima local, não sendo possível ainda decidir sobre o ponto de concentração populacional ou densidade de edificações em que essa mudança principia”. 23 2.5 Estudos das chuvas Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a região do Município de Belém abrange uma área aproximadamente de 1.064,918 km², com o clima quente úmido, tipicamente tropical, possui um índice pluviométrico de 2889 mm (ano), onde as chuvas são constantes, a uma temperatura média anual de 26ºC. O tipo e a extensão da cobertura vegetal predominante na bacia têm uma influência considerável nos parâmetros geomorfológicos. Segundo Couto, mais de 98% dos fatores responsáveis pela degradação ambiental da água dos lagos provém da bacia hidrográfica do seu entorno, seja por fenômenos naturais (enxurradas) ou antrópicos (desmatamentos, agricultura, impermeabilização, poluição, etc.). Os outros 2% são trazidos pelas correntes aéreas das bacias vizinhas. Conforme Tucci (2000), nas cidades, a forma de ocupação da bacia influencia nas descargas máximas e no tempo decorrido, desde o início das chuvas até a vazão máxima, período esse conhecido como tempo de concentração da bacia. Observando a Figura 07 a primeira curva à esquerda da figura, verifica-se que é justamente nas cidades onde ocorrem as maiores cheias e estas acontecem logo após o início das chuvas, justamente por não haver a oportunidade de infiltração nos terrenos impermeabilizados, devido a influência na degradação ambiental. Já nas áreas de agricultura, agro-florestal, e florestas a vegetação alem de funcionar como benefício considerável para o ecossistema, age como filtro para os sedimentos trazidos pelas chuvas. Ou seja, ao contrario da urbanização as áreas com vegetação e solos permeáveis atingem a uma cobertura ideal de uma bacia. Figura 07: Vazões máximas em vários tipos de cobertura (ALBERT, 2000). 24 A intensidade de chuva em Belém, segundo Souza (1985) apud Viana (2010) , pode ser determinada pela expressão 01. i ( 2300 xT (t 20 ) 0 , 20 ) (01) 0 , 91 Onde: i = intensidade (mm/h), T = tempo de recorrência (anos). t = tempo de duração (min). Os estudos hidrológicos exigem a coleta diária e sistemática de dados: do tempo, de níveis d´água e das vazões ou descargas, em pontos estratégicos da bacia. Na sua ausência, utilizam-se estudos hidrológicos simplificados, que exigem apenas um mapa plani-altimétrico e instrumentos como curvímetro, planímetro, para a determinação das características fisiográficas das bacias) e/ou a procura indagativa (entre os moradores mais idosos do local) de marcas nas paredes e pontes, das enchentes anteriores. 2.5.1 Método Racional De acordo com Tucci (2005), para bacias de drenagem que não apresentam complexidade e que tenham áreas de drenagem inferiores a aproximadamente 3 km2 é recomendado que a descarga de projeto seja analisada pelo denominado Método Racional. Embora criticado por sua simplicidade, é um método aceito e conduz a resultados satisfatórios, quando aplicado dentro de seus limites de validade. A seguinte expressão define o método: Q 0 , 278 C i A Onde: Q - vazão de pico (m³/s); C - coeficiente "runoff", de escoamento ou de deflúvio (adimensional); (02) 25 i - intensidade média da chuva, em mm/h, para uma duração da chuva igual ao tempo de concentração da bacia em estudo. Esse tempo é, usualmente, o requerido pela água para escoar desde o ponto hidraulicamente mais remoto da bacia até o ponto de controle (local de interesse); A - área da bacia (km²). O método racional deve ser aplicado, quando: As condições de permeabilidade da superfície da bacia permanecem constantes durante a ocorrência da chuva; O pico relativo a um dado local de estudo, é função do respectivo tempo de concentração, assim como da intensidade da chuva, cuja duração é suposta como sendo igual ao tempo de concentração; Toda a área de drenagem, a montante do local em estudo, passa a contribuir no escoamento. Segundo Tucci (2005), o volume de água presente em um dado instante numa área urbana não pode ser comprimido ou diminuído. É uma demanda de espaço que deve ser considerada no processo de planejamento. Se o armazenamento natural é reduzido pela urbanização ou outros usos do solo sem as adequadas medidas compensatórias, as águas das cheias buscarão outros espaços para seu trânsito, podendo atingir inevitavelmente locais em que isso não seja desejável. 2.6 Drenagem Urbana Sustentável Os sistemas de drenagem urbana fazem parte do conjunto de melhoramentos públicos existentes em uma área urbana, quais sejam: redes de água, de esgotos sanitários, de cabos elétricos, de iluminação pública, de pavimentação de ruas, guias e passeios, parques, áreas de recreação e lazer, entre outros (MEDEIROS FILHO, 2004). Segundo Francisco Diogo (2008), a existência de redes de drenagem nas cidades está relacionada ao escoamento das águas pluviais com eficiência sem 26 contato com os esgotos sanitários. O lançamento de esgotos e de resíduos nas redes de drenagem compromete o seu funcionamento. O processo de urbanização impermebiliza o solo, dificultando a infiltração das águas pluviais e acelerando o seu escoamento superficial mais volumoso. Nessas situações faz-se necessário o controle do escoamento das águas de chuvas, para se evitar os seus efeitos adversos que podem representar sérios prejuízos à saude, segurança e bem estar da sociedade. (CHERNICHARO; COS TA, 1995, p.161). Visando melhorar esses problemas urbanos existem considerações ordenadas de planejamento, que envolvem desde a concepção inicial até um programa de obras. Levando em consideração um espaço determinado e fixando um certo período para seu desenvolvimento, sendo esses estabelecidos por uma política de administração pública apoiada em regulamentos adequados, projetos e técnicas economicamente eficientes. A obtenção de menores custos e melhores resultados estão ligados como principais vantagens do planejamento inseridos no sistema de drenagem urbana. Diogo (2008), diz que um plano diretor se estrutura em quatro instâncias, a saber: Fundamentos É realizado um estudo das macrobacias de forma integrada a outros planos municipais, são estabelecidos fundamentos de drenagem sustentável pelos princípios da drenagem urbana moderna, pela legislação sobre o uso do solo, meio ambiente e recursos hídricos e pelos objetivos do saneamento básico. Onde o município estabelece seus princípios orientadores e as metas a alcançar, para que essas estratégias sejam efetivadas, Desenvolvimento Definida a direção, são propostas as obras e serviços e realizados anteprojetos. São apresentadas propostas de legislação e de organização municipal voltada para a gestão da drenagem urbana. Os custos financeiros de implantação e manutenção de obras da gestão municipal são estimados. É realizada a avaliação ambiental, econômica e social das medidas a serem adotadas para horizontes de 10 a 20 anos. 27 Produtos As propostas positivas são ligadas a um plano de melhor expressão, contendo mapas por bacia hidrográfica, assinalando os recursos hídricos, o uso do solo (atual planejado), áreas de preservação, áreas inundáveis (várzeas), área de risco da população, locação dos sistemas de saneamento (atual e planejado), zonas especiais (com potencial de degradação ambiental, carência social, etc), obras previstas, pontes, estações de tratamento, áreas públicas, sistema viário, e o que mais importar para o planejamento e a gestão municipal da drenagem. São efetivadas as leis municipais para dar suporte institucional as medidas contidas no plano diretor de drenagem. O município adota ou adapta manual de projetos, álbum de padrões tipo de dispositivos de drenagem (desenhos) e especificações técnicas de materiais e serviços de órgão e municípios que dispõem desses e que melhor atendam as características locais ou desenvolve os seus próprios documentos. Com isso, passa a ter um padrão para a conformação dos logradouros públicos, para realizar licitações tendo referência clara para fiscalizar e aceitar obras e serviços. Programas E por fim, são estabelecidos programas que indiquem quando os elementos do plano devem ser implementados tendo como principal responsabilidade para a implementação de cada elemento e como esses elementos devem ser implementados (financiamentos). Na Figura 8, apresenta-se um exemplo da estrutura de Plano Diretor de Drenagem Urbana. É importante ressaltar que Plano diretor não é um projeto de engenharia no sentido tradicional, e sim um processo social. A implantação das medidas recomendadas num plano diretor requer a consecução das outras fases de projeto até a elaboração final do projeto executivo, incluindo a obtenção das licenças necessárias e outros requisitos exigidos em projetos de obras públicas. No caso da inexistência de um Plano Diretor, convém que a solução considere seus efeitos em toda a bacia, diante de um cenário mais restri tivo, no sentido de viabilizar a elaboração de um futuro Plano Diretor com soluções eficientes e realistas. 28 Figura 08: Esquema de uma estrutura de plano Diretor de Drenagem Urbana (Adaptado de SILVEIRA, 2002). 2.6.1 Sistemas Microdrenagem e Macrodrenagem As estruturas hidráulicas, dimensionadas a partir das vazões de projeto, determinadas pela Hidrologia, iniciam-se nas edificações com os coletores das águas pluviais ligados à rede pública. Na seqüência, os escoamentos superficiais das águas pluviais, nas redes de microdrenagem e macrodrenagem urbana, respectivamente. A Drenagem Urbana é dimensionada hidraulicamente em dois níveis principais : Microdrenagem e Macrodrenagem. A distinção entre as duas situações nem sempre é muito clara, entretanto, carac teriza-se como Macrodrenagem os escoamentos pluviais nos fundos de vale e várzeas de inundação, enquanto Microdrenagem é, basicamente, definida pelo traçado das vias públicas. A Microdrenagem Urbana é composta dos seguintes elementos hidráulicos: Sarjetas e Sarjetões; Bocas de Lobo; Caixas de Ligação; Galerias de Águas Pluviais; Poços de Queda e Poços de Visita. 29 A Macrodrenagem Urbana é composta de uma gama variada de estruturas hidráulicas, as quais compreenderiam: Emissários em Condutos Circulares ou Canais com outra Geometria; Obras de Extremidade Para Dissipação de Energia Hidráulica em Regiões Suscetíveis a Erosão Acelerada; Reservatórios de Detenção Para Amortecimento de Cheias; Retificação e Dragagem de Córregos e Rios; Diques e Polders nas Zonas Inundáveis de Rios Urbanos; Barragens Para Estabilização de Vales Receptores em Regiões com Erosão Acelerada; etc. 2.6.2 Microdrenagem Uma obra de microdrenagem faz-se necessária para criar condições razoáveis de circulação de veículos e pedestres, por ocasião de ocorrência de chuvas freqüentes (precipitação com período de retorno de 2 a 10 anos). A microdrenagem urbana, ou o sistema inicial de drenagem, é constituído pelo sistema de condutos pluviais relacionados aos espaços dos loteamentos ou rede primaria urbana. Um sistema de galerias, por sua vez, compreende a parte subterrânea da microdrenagem iniciada na boca-de-lobo e contendo condutos de ligação; poços de visita; caixas de ligação; e ramais. Elementos esses que vão ser explicados a seguir. (DIOGO, 2008). Segundo Diogo (2008), o dimensionamento de uma rede de águas pluviais é baseado nas seguintes etapas: subdivisão da área e traçado; determinação das vazões que afluem à rede de condutos; dimensionamento da rede de condutos. Os principais termos utilizados no dimensionamento de um sistema pluvial são: Pista de rolamento Parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais. 30 Meios fios Os meios fios são elementos utilizados entre o passeio e a calçada, dispostos paralelamente ao eixo da rua, construídos geralmente de pedra ou concreto pré-moldados, e que formam um conjunto com as sarjetas. A altura do meio fio é de aproximadamente 15cm em relação ao nível superior da sarjeta. Uma altura maior dificultaria a abertura das portas dos automóveis, e uma altura menor diminuiria os benefícios da capacidade de conduzir as águas nas ruas. Coletores Existem duas hipóteses para a locação da rede coletora de águas pluviais: (1) sob a guia(meio-fio), a mais utilizada, (2) sob o eixo da via pública. O recobrimento mínimo deve ser de um metro sobre a geratriz superior do tubo. Além disso, deve possibilitar a ligação das canalizações de escoamento (recobrimento mínimo de 0,60 m) das bocas-de-lobo. Galerias: Canalizações públicas usadas para conduzir as águas pluviais provenientes das bocas de lobo e das ligações privadas; Poço de Visita: Dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudanças de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e inspeção e limpeza das canalizações; Trecho: Porção da galeria situada entre dois poços de visita; Boca-de-lobo: Dispositivos localizados em pontos convenie ntes, nas sarjetas, para captação das águas pluviais; Tubos de ligação: São tubulações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocasde-lobo para as galerias ou poços de visita; Sarjetas: Faixas de via pública paralelas e vizinhas ao meio-fio. A calha formada é a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas; 31 Sarjetões: Calhas localizadas no cruzamento de vias públicas formadas pela sua própria pavimentação e destinadas a orientar o escoamento das águas sobre as sarjetas; Condutos forçados: Obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas de maneira segura e eficiente, sem preencher completamente a seção transversal do conduto; Estações de bombeamento: Conjunto de obras e equipamentos destinados a retirar água de um canal de drenagem quando não mais houver condições de escoamento por gravidade, para um outro canal em nível mais elevado ou receptor final da drenagem em estudo. Para elaboração de um projeto de rede pluvial de microdrenagem é necessário plantas de situação e localização dentro do Estado, planta de contribuição das Bacias, no caso de não existir planta plani-altimétricada da bacia, deve ser considerado o delimitado o divisor topográfico por poligonal nivelada, planta plani-altimétrica da área de projeto, com pontos cotados notáveis nas esquinas. Um levantamento topográfico, nivelamento geométrico em todas as esquinas, mudanças de direção e mudanças de greides nas vias públicas. Obter um cadastro de redes de esgotos pluviais ou de outros serviços que possam interferir na área de projeto. Além do mais também deve ser levado em consideração os elementos relativos à urbanização da bacia contribuinte, nas situações atual e previstas no plano direto (tipo de ocupação das áreas, porcentagem de ocupação dos lo tes, ocupação e recobrimento do solo nas áreas não urbanizadas pertencentes a bacia). São necessários dados relativos ao curso de água receptor contendo informações do nível de água máxima do rio que irá receber o lançamento final . 32 2.6.2.1 Diretrizes para execução de uma rede pluvial Conforme Tucci (1995), a rede coletora deve ser lançada em planta baixa de acordo com as condições naturais de escoamento superficial. Algumas regras básicas para o traçado da rede são: os divisores de bacias e as áreas contribuintes a cada trecho deverão ficar convenientemente marcadas nas plantas; os trechos em que o escoamento se dê apenas nas sarjetas devem ficar identificados por meio de setas; as galerias pluviais, sempre que possível, deverão ser lançadas sob os passeios; o sistema coletor em uma determinada via poderá constar de uma rede única, recebendo ligações de bocas-de-lobo de ambos os passeios; a solução mais adequada em cada rua é estabelecida economicamente em função da sua largura e condições de pavimentação. As áreas contribuintes de cada trecho das galerias, entre 2 poços de visita consecutivos e os divisores das bacias devem ser assinalados de maneira adequada e conveniente nas plantas. Os trechos nos quais o escoamento ocorre exclusivamente pelas sarjetas devem ser identificados por meio de setas. Sempre que for possível, as galerias devem ser situadas sob os passeios. É permitido que em uma determinada via pública, o sistema coletor seja composto por uma rede única ligada às bocas-de-lobo de ambos o passeio. Deve-se estabelecer a solução economicamente mais viável, sempre que possível. É possível a visualização na Figura 09 de um sistema de microdrenagem. 33 Figura 09: Microdrenagem tradicional (TUCCI , 1995). 2.6.2.2 Sarjetas O escoamento das áreas urbanas é iniciado pelos terrenos até chegar às ruas, as ruas com declividade transversal e tendo inclinação longitudinal terão maior facilidade para essas águas pluviais serem direcionados às sarjetas.. Se a vazão for excessiva poderá ocorrer alagamentos, inundação das calçadas, e erosão do pavimento devido a velocidade exagerada. A capacidade de condução da rua ou da sarjeta pode ser calculada a partir de duas hipóteses: a água escoando por toda a calha da rua; ou a água escoando somente pelas sarjetas. Para a primeira hipótese, admite-se a declividade transversal da rua a 3%, e a altura da água na sarjeta de 0,15 m. Para a segunda hipótese, admite -se declividade transversal também de 3% e altura de água na sarjeta de 0,10 m. É possível ver a ilustração na Figura 10. 34 Com estes dados a verificação da vazão máxima escoada pode ser calculada utilizando a equação de Manning, expressão 03. Q 1 n 2/3 Rh A i 1/ 2 (03) Onde: Q - vazão escoada (m3 /s); A - área da seção da sarjeta (m2); R h- raio hidráulico (m); I - declividade longitudinal da rua; n - coeficiente de Manning que, para concreto liso, pode-se adotar o valor de 0,018. Figura 10: Seção da sarjeta (TUCCI, 1995). É importante lembrar que, quando a vazão for maior que a capacidade da sarjeta, é necessário que se seja levado em consideração as bocas-de-lobo para escoar o excesso, evitando assim que se causem os transtornos, decorrentes do excesso de águas pluviais. Calculada a capacidade teórica, multiplica-se o seu valor por um fator de redução que leva em conta a possibilidade de obstrução da sarjeta de pequena declividade por sedimentos. Estes fatores podem ser vistos na Tabela 01. 35 Tabela 01: Fatores de redução de escoamento das sarjetas (adaptada, DAEE/CETESB,1980) Declividade da Sarjeta Fator de Redução 0,40 0,50 1a3 0,80 5,0 0,50 6,0 0,40 8,0 0,27 10 0,20 2.6.2.3 Bocas-de-lobo Colocados nas sarjetas, as bocas-de-lobo tem a finalidade de captar o excesso das águas veiculadas, para que desta forma, não venham a invadir a pista de rolamento, causando complicações para o tráfego de veículos e pedestres. Além disto, devem conduzir adequadamente as águas até as galerias ou tubulações subterrâneas que as levarão até os rios. Nos pontos mais baixos do sistema viário deverão ser necessariamente colocadas bocas-de-lobo com visitas a fim de se evitar a criação de zonas mortas com alagamento e águas paradas. Chama-se de depressão um rebaixamento feito na sarjeta junto a entrada da boca coletora, com a finalidade de aumentar a capaci dade de captação desta. Alguns autores recomendam um par de bocas-de-lobo por 500 m² de rua, tolerando, porém, a variação de 300 a 800 m2, recomendam também que não deve haver afastamento maior que 40m entre duas bocas-de-lobo consecutivas. Segundo Tucci (2005), a melhor solução para a instalação de bocas-de-lobo é que esta seja feita onde tem início o escoamento sub-superficial das águas de chuva, em rebaixamento situados nas sarjetas, geralmente devem ficar próximas aos cruzamentos de ruas, um pouco a montante das faixas destinadas à travessia de pedestres para evitar que estes pisem dentro d'água durante os temporais, beneficiando, por outro lado, a movimentação dos veículos em sua passagem, de uma rua para outra, rente à curvatura do meio-fio, como mostra a Figura 11. Considerando como nomenclatura: 36 BL: Boca de lobo; BLM: Boca de lobo de montante; BLM: Boca de lobo de jusante. Figura 11: Localização de bocas-de-lobo (Adaptado, TUCCI, 1995). A classificação depende da estrutura, localização ou do funcionamento, as bocas coletoras recebem várias qualificações agrupadas como segue: Boca-de-lobo simples, (de guia): A boca-de-lobo simples é constituída de uma abertura vertical no meio-fio denominada guia-chapéu, através da qual se permite a entrada da água pluvial que escoa sobre as sarjetas. 37 Figura 12: Boca-de-lobo de guia (DAEE, 1980). Boca-de-lobo com grelha: Destinada a sarjetas com limitação de depressão, inexistência de materiais obstrutivos, ou pontos intermediários em ruas com alta declividade longitudinal (1 a 10%), Figura 13. Figura 13: Boca-de-lobo de guia (DAEE, 1980). Boca-de-lobo combinada: Destinada a pontos baixos de ruas, pontos intermediários da sarjeta com declividade média entre 5 e 10% ou até mesmo onde ocorra presença de detritos, Figura 14. Figura 14: Boca-de-lobo combinada (DAEE, 1980). Boca-de-lobo múltipla Destinada a pontos baixos ou sarjetas com grandes vazões, Figura 15. Figura 15: Boca-de-lobo combinada (DAEE, 1980). 38 Obs.: As paredes das Bocas de Lobo devem ser revestidas internas e externamente em argamassa impermeabilizante. 2.6.2.3.1 Eficiência de uma Boca-de-Lobo A vazão captada por uma boca de lobo depende, dentre outros fatores, da geometria da sarjeta nas suas proximidades. Os elementos mais significativos numa sarjeta podem ser vistos na Figura 16. Figura 16: Elementos da seção transversal de uma sarjeta (DAEE, 1986). Segundo Departamento de Águas e Energia Elétrica (1986), a eficiência de uma boca-de-lobo obtida pela Equação 04, pode ser determinada por uma lei que seja função dos parâmetros obtidos da Equação 05. Q (04) E Q0 Q E L . Q0 y0 tg i f Onde: Q = vazão captada pela boca-de-lobo; Q0 = vazão imediatamente a montante da boca; L = comprimento da boca; y0 = profundidade; (05) 39 q = corresponde ao ângulo da sarjeta; i = declividade longitudinal da sarjeta; f = fator de atrito; A = área; B = largura superficial do escoamento; B0 = largura da sarjeta. Após o estudo em modelos reduzidos em escalas 1:3 e 1:1 Souza (1986) chegou às equações 06 e 07 para determinar as eficiências de bocas-de-lobo simples com e sem depressão: Q L 0 , 247 Q0 y0 1 tg (06) i f Q L 0 , 336 Q0 y0 1 tg (07) i f Onde o fator de atrito f pode ser calculado a partir da fórmula de ColebrookWhite que, sendo apresentada aqui de forma a ser calculado explicitamente, sem precisar de iterações como na forma original. Esta equação foi proposta por Swamee ( 1995 ), sendo apresentada a seguir: 2 f 64 Re 6 5 , 74 9 ,5 . ln 3, 7 D Re 0 ,9 16 0 ,125 2500 Re (08) Onde: = rugosidade das paredes da sarjeta ( = 0,002 m ); R e = número de Reynolds calculado por R = VD/v; V = velocidade do escoamento em m/s; D = diâmetro hidráulico (D = 4 × Rh) A = área do escoamento; P = perímetro molhado; 40 n = viscosidade cinemática da água que pode ser aproximada por 10 -6 m2/s. Observa-se que as eficiências dadas nas equações 06 e 07 dependem da vazão na sarjeta próxima a boca-de-lobo. Portanto, se este escoamento for considerado permanente, é possível calcular a vazão pela equação 09. 2 Q0 y0 2 tg 8g cos 2 2 .(1 tg ). cos y0 (09) i/ f Caso sejam utilizadas sarjetas com o padrão tgq = 12, a vazão de aproximação será dada pela equação 10. Q0 36 , 424 5/2 y0 (10) i/ f Como a capacidade de esgotamento das bocas-de-lobo é menor que a calculada devido a vários fatores, entre os quais a obstrução causada por detritos, irregularidades nos pavimentos das ruas junto às sarjetas e ao alinhamento real. Na Tabela 02 são propostos alguns coeficientes para estimar a redução. Tabela 02: Coeficientes de redução das capacidades das bocas-de-lobo. (DNIT, 2006) Localização Sarjeta Ponto Baixo Ponto intermediário Tipo de Boca-de-Lobo % Permitida sobre o valor teórico. De Guia 80 Com grelha 50 Combinada 65 De guia 80 Grelha longitudinal 60 Grelha transversal ou longitudinal com barras transversais combinadas. 50 110% dos valores Combinada indicados para a grelha correspondente. 41 2.6.2.3.2 Espaçamento entre Bocas-de-Lobo Segundo Ramos, em áreas urbanas, o critério que deve nortear o espaçamento entre bocas-de-lobo baseia-se na fixação de uma largura máxima de escoamento na sarjeta que seja compatível com o conforto dos pedestres. A largura superficial do escoamento na sarjeta depende da geometria da sua seção transversal e da vazão. Esta última por sua vez depende da intensidade de chuva adotada no projeto. A partir destas premissas, e utilizando o esquema da Figura 17, pode-se calcular o espaçamento entre duas bocas-de-lobo seguindo o seguinte roteiro: 1 ) calcular a vazão imediatamente a montante da boca i + 1 (Q0); 2 ) calcular a eficiência da boca i + 1 (E = Q /Q0); 3 ) determinar o valor da vazão engolida pela boca i + 1 (Q = E ×Q0); 4 ) Como a vazão proveniente da área A vinda da rua é igual à vazão engolida pela boca i + 1, pode-se utilizar o Método Racional para calcular esta área A, utilizandose a equação 11. 1000 A 60 Q C (11) i Onde: Q = vazão em m3 /s; I = intensidade dada em mm/min; A = área em m2 C = coeficiente "runoff", de escoamento ou de deflúvio (adimensional); Como A L x R 2000 x 60 C 2 ,tem-se que o valor de Q Lr Onde: x = distância entre as bocas; Lr= largura da rua. x é dado pela equação 12. (12) 42 Figura 17: Cálculo do espaçamento entre bocas-de-lobo (DAEE, 1980). 2.6.2.3.3 Bocas-de-Lobo em Áreas Planas Em áreas com pequena declividade, cuidados especiais devem ser tomados para a drenagem da via pública. Recomenda-se, neste caso, manter o topo da rua a um nível constante, enquanto a declividade transversal vai variando de um valor mínimo de aproximadamente 1:60 no ponto médio entre duas bocas de lobo consecutivas até um valor da ordem de 1:30 em frente à boca, de modo que a água convirja para a boca de ambos os lados. A declividade longitudinal formada por este procedimento não deve ser menor que 1:250, uma vez que o espaçamento das bocas pode ser limitado por uma restrição da altura da guia. Como já foi dito anteriormente, a altura mínima da sarjeta em zona urbana é de 0,10 m e o máximo de 0,15 m. Em certas circunstâncias são usadas guias com 0,20 m que causam desconforto aos pedestres e atrapalham os motoristas ao abrirem as portas dos carros. O espaçamento entre as bocas-de-lobo ( x), pode ser calculado pela expressão 13. x 2 d m (13) Onde: m = inclinação longitudinal induzida ( m> 1:250 ). d = diferença de altura da guia (m). Para bocas-de-lobo com alimentação simétrica (de ambos os lados) e sem depressão na sarjeta a lei de captação pode ser obtida teoricamente a partir do conceito de profundidade crítica e é dada por: 43 Q 0 ,544 g L 3/2 y0 (14) Onde: Q = vazão a ser calculada (m3/s) y0 = largura do escoamento na sarjeta, sendo fixada a partir do critério de largura máxima para que não cause desconforto ao pedestre. L = comprimento da boca (m) 2.6.2.3.4 Determinação do Comprimento Caso seja conhecida a eficiência da boca, a vazão, a montante da mesma, a rugosidade da sarjeta e o fator de atrito, pode-se partir das equações: 04 e 05, para determinar o comprimento L da boca necessário para engolir esta vazão. Se as bocas forem de tamanhos padronizados ( 1 m por exemplo ) e o cálculo de L indicar um valor superior a este padrão, deve -se indicar a construção de bocas em série. O tubo de queda só deverá ser usado se a diferença de nível entre a chegada da tubulação no poço e o fundo deste for superior a 0,75m. Se a diferença não atingir 0,40m, a tubulação deverá ter a declividade aumentada para que sua extremidade de jusante fique ao nível do fundo do poço. A declividade deverá também ser aumentada se a diferença estiver entre os limites de 0,75 e 0,40m, a fim de ser adotada a solução da junta associada ao joelho. As bocas-de-lobo são ligadas as galerias tubulares obedecendo os seguintes critérios: Quando a rede principal for de diâmetro igual ou inferior a 900mm, a ligação deve ser efetuada usando caixas de passagem ou poços de visita; Quando a rede principal por de diâmetro igual ou superior a 1000mm, a ligação pode ser feita diretamente na rede. Segundo a Norma DNIT 030/2004-ES, as bocas-de-lobo assim como as caixas de visita e saídas deverão obedecer as indicações de projeto. As escavações deverão ser feitas de modo a permitir a instalação dos dispositivos previstos, adotando-se uma sobrelargura conveniente nas cavas de assentamento. 44 Concluída a escavação e preparada a superfície do fundo, deverá ser feita a compactação para fundação da boca-de-lobo. Essas serão assentes sobre uma base de concreto dosado com resistência de 15Mpa. As paredes deverão ser executadas em alvenaria com tijolo maciço ou bloco de concreto, assentes com argamassa de cimento-areia com traço de 1:3 em massa, sendo internamente revestidas com a mesma argamassa, desempenada e alisada a colher. A parte superior a alvenaria será fechada com uma cinta de concreto simples, dosado para uma resistência de 15Mpa. Sobre a qual será fixado o quadro para assentamento da grelha. A grelha poderá de ferro fundido ou de concreto armada e devera ter as dimensões e formas fixadas no projeto. Sendo a grelha de concreto armado este deverá ser dosado resistência a compressão mínima (Fck). 2.6.2.4 Tubos de ligação Os tubos de ligação são condutos que levam as águas captadas pelas bocasde-lobo as galerias ou diretamente aos canais. Embora sejam aparentemente considerados elementos de menor importância num sistema de drenagem, estes devem ser merecedores de uma analise detalhada pelo projetista. Mesmo que as sarjetas, bocas-de-lobo e galerias sejam corretamente dimensionadas o conjunto poderá não funcionar adequadamente por insuficiência de capacidade dos tubos de ligação. O diâmetro mínimo usualmente padronizado é igual a 400 mm. A Figura 18 destaca os tubos de ligação em um sistema de microdrenagem urbana. Segundo a Norma DNIT 030/2004-ES, os tubos de concreto deverão ser do tipo e dimensões indicadas no projeto e serão de encaixe do tipo ponta e bolsa, devendo obedecer as exigências das Normas 9793/87 e 9794/87. 45 Figura 18: Tubos de Ligação (adaptado BARROS, 1995). 2.6.2.5 Poços de Visita O poço de visita tem a função primordial de permitir o acesso às canalizações para limpeza e inspeção, de modo que se possa mantê -las em bom estado de funcionamento. Sua locação é sugerida nos pontos de mudanças de direção, cruzamento de ruas, onde há reunião de vários coletores, mudanças de declividade e mudanças de diâmetro. Ou em pontos que reduzam as distâncias entre dois poços de visita consecutivos, de forma que a distância máxima entre eles não ultrapassem 100 metros para canalizações com diâmetro igual ou inferior a 600mm, 200 metros para canalizações com diâmetro superior a 600mm, valores estes necessários a manutenção das canalizações. Os poços de visita deverão ser constituídos de duas componentes: a câmara de trabalho, na parte interior e a chaminé que dá acesso a superfície na parte superior. Segundo a Norma DNIT 030/2004-ES, os poços de visita deverão ser executados com as dimensões e características fixadas pelos projetos específicos ou de acordo com o álbum de projetos-tipo de dispositivos de drenagem do DNER. Os poços deverão ser executados sobre um lastro de concreto armado o qual deverá ser dosado e obter resistência de 11 Mpa. Após a execução do lastro deverá ser executado a alvenaria da câmara de trabalho (caixa de concreto armado), e os tubos convergentes ao poço deverão ser assentados. Em seguida procede-se a colocação da armadura e a concretagem do fundo da caixa, com resistência de 15 Mpa. Concluída a concretagem das paredes será feita a desmoldagem seguindo-se a colocação da laje de cobertura da caixa, a qual poderá ser moldada “in loco” utilizando concreto com resistência de 22Mpa, sendo esta provida de uma abertura 46 circular com a dimensão da chaminé. Sobre a Laje será executada paredes de alvenaria de tijolos maciços (pescoço em alvenaria), rejuntados e revestidos de argamassa de cimento e areia no traço de 1:3. Alternativamente a chaminé poderá ser executada com anéis de concreto armada, de acordo com os procedimentos fixados na norma NR 9794/97. Internamente será fixada na chaminé a escada de marinheiro para acesso à câmera de trabalho, com degraus feitos em aço CA25 de 16mm, chumbados a alvenaria. Na parte superior da chaminé será executada cinta de concreto onde será colocada a laje de redução, pré moldada, ajustada para recebimento do caixilho do tampão de ferro fundido. A instalação do poço de visita será concluída com a colocação do tampão especificado, geralmente em ferro fundido. A figura 19 ilustra um poço de visita em corte transversal. Figura 19: Poço de Visita (adaptado, BARROS, 1995). O espaçamento máximo recomendado para os poços de visita é apresentado na Tabela 03. Quando a diferença de nível do tubo afluente e o efluente for superior a 0,70 m o poço de visita será denominado de queda. 47 Tabela 03: Espaçamento dos poços de visita em m (DAEE/CETESB, 1980) Diâmetro (ou altura do conduto) (m) Espaçamento (m) 0,30 120 0,50 – 0,90 150 1,00 ou mais 180 2.6.2.6 Galerias As galerias são canalizações destinadas a receber as águas pluviais captadas na superfície e encaminhá-las ao seu destino final, seja ele para os rios ou para os canais. Normalmente são localizadas na rua,como ilustrado na Figura 20, no eixo ou em seus terços. Estas tubulações devem ter um recobrimento mínimo de 1,00m não sendo necessário seu dimensionamento estrutural para tal profundidade. As galerias mais utilizadas são de concreto pré-fabricado com secção circular, e seus dímetros comerciais são: 400 a 1500 mm. O diâmetro mínimo das alrias não deve ser inferior a 400mm. Para diâmetro acima de 1500 mm, utilizam-se galerias moldadas “in loco”, com diferentes secções. Quando possível, é indicado o uso da “forma pneumática”, executada em dois estágios (berço e teto) com a grande vantagem, do ponto de vista hidráulico, de apresentar internamente secção plena em regime de escoamento permanente e uniforme, dando uma pequena folga de modo a garantir que o escoamento não ocupe mais do que 90% da secção do tubo. Segundo a Norma DNIT 030/2004-ES, em geral os coletores urbanos são constituídos por galerias com tubos de concreto, exigindo para a sua execução o atendimento à norma DNIT 023/2004–ES. Os tubos deverão satisfazer as especificações da NBR 9794/87. No caso de galerias celulares, em geral de forma retangular, serão atendidas as prescrições da norma DNIT 025/2004 ES. As escavações deverão ser executadas de acordo com as cotas e alinhamentos indicados no projeto e com a largura superando o diâmetro da canalização, no mínimo de 60 cm. O fundo das cavas deverá ser compactado mecanicamente até atingir a resistência prevista em projeto. Nas áreas trafegáveis a tubulação será assente em berço de concreto. O assentamento dos tubos poderá ser feito sobre berços de concreto ciclópico com 30% de pedra-de-mão, lançando sobre o terreno natural, quando este apresentar 48 condições de resistência de 15 Mpa. No caso de execução de bases em concreto armado, ou berços de concreto simples, deverá ser adotado concreto com resistência a compressão de 15 Mpa. Quando o material local for de baixa resistência deverá ser prevista a sua substituição ou a execução de camada de reforço com colocação de pedra-de-mão ou rachão. As juntas dos tubos serão preenchidas com argamassa de cimento e areia com traço de 1:3, em massa, cuidando-se de remover toda a argamassa excedente no interior da tubulação. Os tubos terão suas bolsas assentadas no lado de montante para captar os deflúvios no sentido descendente das águas. O assentamento dos tubos deverá obedecer as cotas e ao alinhamento indicados no projeto. O reaterro poderá ser executado somente depois de fixadas as tubulações, e deverá ser feito, de preferência com o material da própria escavação, desde que este seja de boa qualidade, em camadas com espessura máxima de 15 cm, sendo compactado com equipamento manual até uma altura de 60 cm acima da geratriz superior da tubulação. Somente após esta altura será permitida a compactação mecânica, que deverá ser cuidadosamente de modo a não danificar a canalização. Figura 20: Esquema de microdrenagem, demonstrando as galerias. (MARTINS, 2008). 2.6.3 Macrodrenagem A macrodrenagem é composta de dispositivos responsáveis pelo escoamento final das águas pluviais, provenientes da microdrenagem. (BARROS, 1995). 49 As estruturas de macrodrenagem destinam-s e a condução final das águas captadas pela drenagem primária, dando prosseguimento ao escoamento proveniente das ruas, sarjetas, valas e galerias, que são elementos englobados como estruturas de microdrenagem. De fato, a macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural pré-existente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e vales. (Drenagem: Manual de projetos/ Francisco Jos é d´Almeida Diogo; Co autoria de José Carlos Sciammarella. –Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pavimentação, 2008). Segundo Tucci (1995), é importante ressaltar que a rede física de macrodrenagem, ou seja, aquela constituída pelos principais talvegues (fundos de vales, córregos e demais cursos d´água) sempre existe, independente da execução de obras especificas e tampouco da localização de extensas áreas urbanizadas, por ser o escoadouro natural das águas pluviais. Embora independentes, as obras de macrodrenagem mantém um estreito relacionamento com o sistema de microdrenagem urbano, devendo ser planejadas conjuntamente no estudo de uma determinada área. 2.6.3.1 Canais Canais são obras destinadas a conduzir a água com superfície livre, isto é, sem preencher completamente a seção transversal dos condutos fechados. Quanto à conformação, os canais podem ser naturais, revestidos ou impermeabilizados. Os canais naturais podem ser revestidos ou impermeabilizados, geralmente, empregados como canais de drenagem em zonas urbanas. 2.6.3.1.1 Canal Aberto Natural Os canais abertos naturais, Figura 21, visam a preservação do leito, esses são geralmente encontrados em zona rurais. São aqueles que sofreram poucas alterações. Figura 21: Canal aberto natural (FENDRICH, 2000). 50 2.6.3.1.2 Canal Aberto Artificial Segundo Chernicharo (1995), o canal aberto artificial, Figura 22, é aquele canal que já existia natural, mas sofreu alargamentos na profundidade ou largura. São canais cujo cortam bairros, mas não sofreram nenhuma agressão quanto a revestimento ou impermeabilização, procurando preservar o meio. Figura 22: Canal aberto artificial (FENDRICH, 2000). 2.6.3.1.3 Canal Aberto Revestido Existem também os canais abertos revestidos, Figura 23, constituídos de avenidas sanitárias ao longo de canalizações abertas, esses podem ser revestidos em concreto ou preservar o leito. Figura 23: Concepção de canal aberto revestido (FENDRICH, 2000 apud CHERNICHARO; COSTA, 1995). 2.6.3.1.4 Canal Fechado Segundo Barros (1995), há uma certa predominância no país de privilegiar as intervenções em fundos de vales com obras de canalização de cursos d´água em estruturas de concreto, muitas vezes constituídas de canais fechados margeados por interceptores de esgotos sanitários de ambos os lados. São executados por baixo de pistas, geralmente com o objetivo de preservar vias para melhor fluidez do 51 trânsito de veículos, mas por outro lado descaracteriza por completo o ambiente natural. Na figura 24, é possível visualizar o refluxo pelas galerias de águas pluviais, e, em um primeiro momento, observar jatos das águas pluviais como verdadeiros “chafarizes” jorrando pelas bocas de lobo, e pelos poços de visita e inspeção da rede de galerias de águas pluviais. Neste caso, não terá o engolimento, ou ainda, o retardamento do escoamento das águas de chuva remontantes, incrementando sobremaneira os níveis da enchente, além daqueles que seriam atingidos caso o canal de macrodrenagem fosse construído aberto. Figura 24: Concepção de canal fechado (adaptado BARROS, 1995). Na ocorrência de uma chuva intensa sobre uma bacia hidrográfica, cujo tempo de recorrência (Tr) seja superior ao utilizado para a determinação da vazão de projeto Q, utilizada no dimensionamento do canal de macrodrenagem urbana, teremos como conseqüência a extravasão (enchente). No caso dos canais fechados é considerado conduto forçado. Desta maneira, se desenvolverá pressões internas nas paredes do canal, ocasionadas pelo afogamento total da seção transversal. As situações de enchentes urbanas estão ilustradas na Figura 25. Com o afogamento da seção transversal do canal, Figura 25, pelo desenvolvimento das pressões internas na totalidade das paredes do canal, teremos o efeito de controle do escoamento de jusante, e portanto, potencializando a situação da enchente. Esta potencialização é representada pelo represamento e propagação do remanso para montante imediatamente, afogando todas as saídas dos emissários que descarregam águas pluviais no canal de macrodrenagem. 52 Figura 25: Canal fechado, em situação de enchente. (FENDRICH, 2000). Segundo FENDRICH (2000) quanto ao regime de escoamento nos canais, podem ocorrer as seguintes formas: Escoamento Permanente: Quando a vazão permanece constante numa seção transversal. O escoamento em canais de drenagem e rios tende a ser permanente,exceto durante as cheias e enchentes. Escoamento não Permanente: Quando a vazão é variável numa seção transversal. Os escoamentos intermitentes nas saídas de terraços, canais de desvio, vertedores de reservatórios, etc, são escoamentos não permanentes. Escoamento Uniforme: Quando o escoamento é permanente e a velocidade média é a mesma nas sucessivas seções transversais. Escoamento Variado: Quando o escoamento é permanente e a velocidade média é variável de uma seção transversal para outra. As características fundamentais do regime de escoamento permanente e uniforme são: A profundidade e velocidade do escoamento, seção molhada e a vazão, a cada seção transversal do canal, devem ser constantes; As linhas de energia, da água e do fundo do canal são paralelas, isto é, as declividades são iguais (Figura 26). 53 Figura 26: Demonstrativo Escoamento Permanente e Uniforme em conduto livre (FENDRICH, 2000). No Escoamento Permanente e Uniforme em conduto livre: 2 z1 2 v1 y1 2g z2 y2 v2 hf cons tan te (15) 2g Onde: z = cota topográfica; v = velocidade do escoamento; y = profundidade do escoamento v2/2g = energia cinética. Para escoamento permanente e uniforme, em canais com superfície livre, existem várias fórmulas práticas para a determinação das dimensões geométricas, destacando-se a equação de Manning: Q 1 .R 2/3 .I 1/ 2 .A n Onde: Q = vazão de projeto (m3 /s); (Para um determinado Tr); R = raio hidráulico (m); I = declividade do canal (m/m); A = área da seção molhada (m2 ); n = coeficiente de rugosidade (ou de Manning) (Adimensional). (16) 54 SILVESTRE (1979) define condutos forçados como sendo aqueles em que a pressão interna é diferente da atmosférica, com as seções transversais sempre fechadas e o fluido as preenche completamente. As características do escoamento em condutos forçados, aplicando o teorema de Bernoulli, estão indicadas na Figura 27. Figura 27: Características do Escoamento Permanente e Uniforme em Conduto Forçado (FENDRICH, 2000). No Escoamento Permanente e Uniforme em conduto forçado os movimentos uniformes v1=v2, e hf (z 1 p1 / ) Onde: z = cota topográfica p/y = energia de pressão interna v = velocidade do escoamento v2/2g = energia cinética (z 2 p 2 / y) . 55 CAPÍTULO 3: METODOLOGIA Este trabalho teve início com a revisão bibliográfica peculiar aos temas relacionados com interação do problema dissertado, para isso, foram utilizados livros, artigos, dissertações, leis e manuais publicados, tradicionalmente ou por meio digital. Como metodologia, foi realizado um levantamento fotográfico, cujo critério de escolha foi focar dispositivos, visualmente deteriorados, em diversas vias e lugares passíveis a alagamento. As principais vias, de acordo com a utilização, onde foram realizados os levantamentos, são as seguintes: Rua dos Pariquis; Av. Pedro Álvares Cabral; Av. Bernardo Sayão; Av. 14 de Março; Tv. Quintino Bocaiúva; Rua dos Mundurucus; Tv. Apinagés; Av. Governador José Malcher; 56 Os instrumentos utilizados na pesquisa de campo foram: máquina fotográfica, para comparar as vias e os dispositivos com problemas com os colocados corretamente, trena, para fazer as medições de bocas-de-lobo e poços de visita; agenda; para anotar os resultados obtidos. 3.1 PESQUISA DE CAMPO Iniciou-se a pesquisa de campo em agosto de 2009, onde ao longo do trabalho, levantaram-se os dados em períodos chuvosos e não chuvosos. Para a ilustração dos problemas encontrados foram feitas fotografias de dispositivos de drenagem do tipo: bocas-de-lobo, poços de visita, sarjetas, canais e vias alagadas. Bem como foram feitas medições quando possível dos dispositivos, e essas comparadas com as Normas de Especificação de Serviço aprovadas pelo DNIT e DNER, essas baseadas em normativas da ABNT. Dentre as normas estudadas estão: Álbum de Projetos –Tipo de Dispositivos de Drenagem, sendo composto por dispositivos de Drenagem: Superficial, Subterrânea, Subsuperficial, Taludes e Encostas, Pluvial Urbana, Transposição de Talvegues. DNER-ES 287/97, a sistemática a ser adotada na execução de caixas coletoras de concreto. DNER-ES 288/97 , a sistemática a ser adotada na execução de sarjetas e valetas de drenagem destinadas a conduzir as águas que incidem sobre o corpo estradal. DNER-ES 290/97, a sistemática a ser adotada na execução de meios-fios e guias de drenagem. DNER-ES 297/97, recomendada para a limpeza e desobstrução de dispositivos de drenagem, possibilitando um continua escoamento das águas que incidem sobre o corpo estradal ou que se deslocam de um lado para o outro através dos mesmos. Onde em todas as normas apresentam requisitos concernentes a materiais, equipamentos, execução, manejo ambiental, controle da qualidade condições, condições de conformidade e não-conformidade e os critérios de medição de serviços, referente a cada caso. 57 As soluções encontradas para os problemas encontrados foram baseados em referenciadas citadas no Capítulo 2 e nas Normas de Especificação citadas acima. 58 CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo, serão apresentados e analisados os resultados obtidos por meio do levantamento fotográfico e com as medições das dimensões dos dispositivos de drenagem. Primeiramente será apresentado o problema e depois será dada uma solução para cada tipo de problema descrito. 4.1 Boca-de-lobo executada Como mostra a Figura 28, a boca-de-lobo abaixo encontra-se de maneira inadequada, causando entrada de lixos grandes, há, dentre outro, garrafas plásticas, sacos de lixo. Esse tipo de problema causa diminuição ou até mesmo interrupção da vazão do sistema causando pontos de inundação isolados, mas que podem alcançar grandes extensões e causar grandes prejuízos congestionamento, proliferação de doenças e etc. em imóveis, automóveis, 59 Figura 28: Boca-de-lobo entupida na Avenida Duque de Caxias. Solução: A solução sugerida, conforme os tipos de boca-de-lobo citadas por Tucci, esta se enquadraria no perfil da boca-de-lobo combinada: destinada a pontos baixos de ruas, pontos intermediários da sarjeta com declividade média entre 5 e 10% ou até mesmo onde ocorra presença de detritos conforme já citada a Figura 14, no Capítulo 2. Figura 14: Boca-de-lobo combinada (DAEE, 1980). Neste caso a colocação de uma grelha, resolveria o problema em parte. Além disso, a conscientização da população como um todo é muito importante para que esses resíduos não cheguem até os dispositivos. Para restauração dos dispositivos, deve-se seguir a Norma DNER- 298/97, das condições gerais: 60 As obras de restauração dos dispositivos de drenagem somente poderão ser autorizadas após sua vistoria e constatação efetiva da necessidade dos serviços e avaliação previa dos trabalhos envolvidos. Para tanto deverão ser previamente planejadas e programadas as atividades a serem desenvolvidas, inclusive, a elaboração de projetos para que realize o trabalho no menor prazo e custo possíveis. Deverá, também ser feita a avaliação de capacidade de escoamento do dispositivo mediante a caracterização da suficiência hidráulica, ou a necessidade de substituição por outra obra mais adequada. 4.2 Boca-de-lobo mal dimensionada Algumas ruas e avenidas alagam devido o ma l dimensionamento e da má execução dos dispositivos colocados. A Figura 29 ilustra como a abertura para a água escoar pequena, causando seu funcionamento inadequado. Figura 29: Boca-de-Lobo, Rua dos Pariquis, esquina com Trav. 14 de Março. 61 Figura 30: Boca-de-Lobo, Passagem Gaspar Dutra. Solução: De acordo com a Norma do DNIT 023/2006 - ES, os dispositivos de drenagem devem ter certas medidas para que seu funcionamento ocorra de for ma correta. A Figura 30 encontra-se com a depressão inferior a 10 cm, sendo que a dimensão considerada pela Norma para Boca-de-lobo Simples seria de 25 cm como mostra a figura abaixo. Figura 31: Boca-de-Lobo Simples, (DNIT 2010). 4.3 Boca-de-lobo colocada em lugar impróprio Na Figura 32 é possível ver a má localização de uma boca-de-lobo. Problemas podem causar alagamentos nos passeios, causando complicações para os pedestres e tráfego de veículos. 62 Figura 32: Boca-de-lobo colocada na esquina. Solução: Segundo Tucci (2005), a melhor solução para a instalação de bocas-de-lobo é que esta seja feita onde tem início o escoamento sub-superficial das águas de chuva, em rebaixamento situados nas sarjetas, geralmente devem ficar próximas aos cruzamentos de ruas, e não nas esquinas. Um pouco a montante das faixas destinadas à travessia de pedestres para evitar que estes pisem dentro d'água durante os temporais, beneficiando, por outro lado, a movimentação dos veículos em sua passagem, de uma rua para outra, re nte à curvatura do meio-fio, como mostra a Figura 11. 4.4 Boca-de-lobo com falta de tampa de concreto Na Figura 32, Figura 33 e Figura 34, mostra o descaso com os dispositivos de drenagem. A falta da tampa, acarreta danos no escoamento das águas pluviais para a galeria, causando comprometimento da rede de drenagem urbana, danos a passagem de moradores pelos passeios, além de um aspecto visual poluidor. 63 Figura 33: Boca-de-lobo com falta de tampa, Av. Pedro Álvares Cabral Figura 34: Boca-de-lobo com falta de tampa, Travessa Apinagés. 64 Figura 35: Boca-de-lobo com falta de tampa, Rua dos Pariquis Solução: A solução para tal problema seria a colocação imediata da grelha, e uma manutenção periódica, para o não entupimentos dessas. Como mostra a Figura 35, do Álbum de Projetos –Tipo de Dispositivos de Denagem, esta seria a forma correta de ser executada. Figura 36: Boca-de-lobo simples, (DNIT 2010). 65 4.4 Poço de visita com tampa de concreto deteriorada Na Figura 36, a tampa de concreto armado deteriorada causa sérios transtornos aos usuários das vias como carros, bicicletas. Além do escoamento indesejável através dos buracos para a rede de drenagem. Figura 37: Poço de visita com tampa deteriorada, Rua dos Mundurucus. Solução: Conforme a Norma DNIT 030/2004-ES, os poços de visita deverão ser executados com as dimensões e características fixadas pelos projetos específicos ou de acordo com o Álbum de Projetos-tipo de dispositivos de drenagem do DNER, como mostra a Figura 37. A instalação do poço de visita será concluída com a colocação do tampão especificado, geralmente em ferro fundido. 66 Figura 38: Poço visita em planta baixa, (DNIT 2010). 4.5 Obstrução de Canal ou Poluição O lançamento de esgotos e outros diversos tipos de lixo, jogados nos canais de Belém, é cada vez mais comum, como mostra as Figuras: 38, 39, 40, 41. Moradores e empresas jogam resíduos prejudicando sua funcionalidade do canal e causam mal a si mesmo, trazendo problemas como enchentes, proliferando doenças como: leptospirose, hantavírus, toxoplasmose, e insetos para seus lares. Isso se deve ao fato da falta de consciência dos próprios moradores, um sistema de coleta de lixos adequado e redes de tratamento de esgotos. 67 Figura 39: Canal Poluído, Avenida Bernardo Sayão Figura 40: Canal Poluído, Avenida Bernardo Sayão. 68 Figura 41: Canal Poluído da Generalíssimo esq. Com Av. Fernando Guilhon. Figura 42: Canal Poluído, Rua 9 de Janeiro. Solução: É necessário campanhas com o objetivo de sensibilizar a população sobre como evitar a poluição de canais e ta mbém reaproveitar o lixo reciclável. 69 Uma rede coletora de lixos e estações de tratamento de esgoto, para não poluição com coliformes fecais são condições essenciais para a qualidade de vida da população. 4.6 Alagamentos por falta de planejamento ou deteriorização dos dispositivos: Quando um sistema de drenagem não é considerado desde o início da formação do planejamento urbano, é bastante provável que esse sistema, ao ser projetado, revele-se, ao mesmo tempo, de alto custo e deficiente, principalmente em baixadas. E com os dispositivos comprometidos fica ainda pior a drenagem nesse local. De tal forma mostra a Figura 42, 43,44. Figura 43: Alagamento na Vila Lusitana. 70 Figura 44: Alagamento Rua dos Pariquis. Figura 45: Alagamento Rua dos Mundurucus esquina com Av. Alcindo Cacela. Solução: Todo plano urbanístico de expansão deve ter em seu conteúdo um plano de drenagem urbana, visando delimitar as áreas mais baixas potencialmente inundáveis a fim de diagnosticar a viabilidade ou não da ocupação destas áreas de ponto de vista de expansão dos serviços públicos. 71 Um adequado sistema de drenagem quer de águas superficiais ou subterrâneas, onde esta drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como: - desenvolvimento do sistema viário; - redução de gastos com manutenção das vias públicas; - valorização das propriedades existentes na área beneficiada; - escoamento rápido das águas superficiais, facilitando o tráfego por ocasião das precipitações; - eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais; - rebaixamento do lençol freático; - recuperação de áreas alagadas ou alagáveis; - segurança e conforto para a população habitante ou transeunte pela área de projeto. Em termos genéricos, o sistema da microdrenagem faz-se necessário para criar condições razoáveis de circulação de veículos e pedestres numa área urbana, por ocasião de ocorrência de chuvas freqüentes, sendo conveniente verificar-se o comportamento do sistema para chuvas mais intensas, considerando-se os possíveis danos às propriedades e os riscos de perdas humanas por ocasião de temporais mais fortes. 4.7 Excesso de áreas impermeabilizadas Na Figura 45, o excesso de áreas impermeabilizadas causa uma diminuição muito acentuada do tempo de concentração o que, em casos críticos, sobrecarrega o sistema de microdrenagem que, como é dimensionado para pequenos períodos de retorno, tem sua eficiência comprometida. 72 Figura 46: Travessa Quintino Bocaiúva alagada. Solução: Neste caso as soluções viáveis são: a utilização de uma lei de zoneamento bastante rígida e fiscalização do uso e ocupação do solo de forma a tentar controlar o avanço do índice de impermeabilização do solo nas grandes cidades e a utilização de pavimentos permeáveis. Poderia também, dimensionar os bueiros com uma capacidade maior que a de planejamento, já que impermeabilização esses bueiros ficam sobrecarregados. com o aumento da 73 CONCLUSÃO Tendo em vista a importância de uma rede de drenagem urbana para a população, essa pesquisa abordou um problema que precisa ser melhorado pelo Estado. O mal funcionamento dos dispositivos e a falta de manutenção dos mesmos, acarreta em problema como alagamentos e enchentes, afetando diretamente a qualidade de vida da população como um todo, desde doenças transmitidas pela contaminação da água, comprometimento de vias, causando congestionamentos, perda de bens materiais e até de vidas, como já foi noticiado em alguns jornais. De acordo com o que foi pesquisado, o sistema de drenagem urbana de Belém não é satisfatório. A conservação e a manutenção dos dispositivos como bocas-de-lobo, galerias e canais é precário. As bocas-de-lobo vivem entupidas com lixos, assim como as galerias, e canais poluídos visívelmente, contudo traz a ocorrência de alagamentos. Mas esses problemas não são os únicos, Belém tem certas áreas que são muito baixas, e com o sistema de drenagem precário, apenas 6% da capital tem saneamento básico, elas sempre alagam quando há a incidência de chuvas, mesmo sendo de pouca intensidade, e em nossa região as chuvas são muito freqüentes e algumas vezes com vazões muito elevadas. 74 A melhor solução, para começo, é a utilização dos estudos hidrológicos para definir as diretrizes de ocupação. Desta forma minimizam-se ou evitam-se os problemas relacionados aos efeitos da urbanização na questão da drenagem, pois o crescimento desordenado da cidade faz com que essas áreas fiquem sem saneamento. Há vários projetos de infra-estrutura entre a Prefeitura e o Governo Federal que estão em andamento na cidade. Os projetos estão voltados para criação, ou recuperação de redes de drenagem urbana sendo micro e macrodrenagem, redes de esgoto, os quais hoje na maioria da cidade são lançados em uma só rede. Ainda há muito a ser feito, mas com a conclusão desses projetos, esses representam um salto na qualidade de vida da população, reduzindo enchentes e criando infra-estrutura urbana e sanitária adequada a vários bairros da capital. 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Raphael T. de V. Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios. 2 Ed. Belo Horizonte: Escola de engenharia da UFMG, 1995. CANHOLI, Aluísio Pardo. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005. CHERNICHARO, C. A. de L.; COSTA, A. M. L. M. da . Drenagem Pluvial. In: Manual de Saneamento e Proteção Ambiental Para os Municípios. Vol. 2 – Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. p.: 161 – 179. COUTO, J. L. V. Parâmetros Geomorfológicos. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/geo.htm>. Acesso em: 29 dez. 2009 DAEE. Departamentos de Águas e Energia Elétrica. Drenagem urbana, São Paulo, 2001. Disponível em: <www.php.poli.usp.br/phd/grad/phd2537/Material/Aula2_InundacoesUrbanas/Introdu cao_a_drenagem_urbana.pdf>. Acesso em: 05 set. 2009. DAEE/CETESB. Drenagem urbana. 2 ed. São Paulo, 1980. DAEE/CETESB. Drenagem Urbana: Manual de Projeto, 3a edição, São Paulo, CETESB, 1986. DALCANALE, Fernanda. Poluição difusa. Disponível em: <http://chip.netcon.com.br/~dalcanale/def.html#def>. Acesso em: 30 ago. 2009. 76 DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. Manual de Drenagem de Rodovias. Rio de Janeiro, 2006. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. Álbuns de Projetos – Tipo de Dispositivos de Drenagem. Rio de Janeiro, 2010. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM – DNER. Norma 287/97: Drenagem – caixas coletoras. Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 1997. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM – DNER. Norma 288/97: Drenagem – sarjetas e valetas. Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 1997. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM – DNER. Norma 290/97: Drenagem - meios-fios e guias. Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 1997. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM – DNER. Norma 297/97: Drenagem - limpeza e desobstrução de dispositivos de drenagem. Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 1997. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM – DNER. Norma 298/97: Drenagem - restauração de dispositivos de drenagem danificados. Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 1997. DIOGO, Francisco J. D.; SCIAMMARELLA, J. C. Manual de pavimentação urbana. 2. Ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pavimentação, 2008. FENDRICH, R. Drenagem e controle da erosão urbana. Paraná: EDUCA, 1988. FENDRICH, R.; MALUCELLI C. F. Macrodrenagem urbana : canais abertos versus canais fechados. Disponível em: http://200.144.189.36/phd/LeArq.aspx?id_arq=211 Acesso em 02 jun. 2010. FERNANDES, Carlos. Microdrenagem. Um estudo inicial. Campina Grande: DEC/CCT/UFPB, 2002. FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA - CEPAM. Microdrenagem urbana, coordenado por Mariana Moreira. 2. ed. São Paulo, 2006. 68p. GOLDENFUM, Joel A.; SOUZA, Vladimir. C. B. Trincheiras de Infiltração como Instrumento de Controle do Escoamento Superficial. Avaliação e controle da drenagem urbana. 2. Ed. Porto Alegre: ABRH, 2001. INSTITUTO LORENTZ. Imagem do Dique Afsluit. Disponível <http://www.ilorentz.org/history/zuiderzee>. Acesso em: 05 out. 2009 em: KAMURA, Douglas T. et al. Microdrenagem nas grandes cidades: problemas e soluções. Dissertação (Doutorado em Engenharia Hidráulica e Sanitária)EPUSP/SP, São Paulo, 2005. 77 LOPES, Adiene et al. Microdrenagem. Trabalho acadêmico (Engenharia Civil)UEL/PR, Londrina, 2006. MARTINS, S. RODOLFO J. PHD 2537 Água em Ambientes Urbanos Aula 7: Microdrenagem. Disponível em: http://200.144.189.36/phd/LeArq.aspx?id_arq=2874. Acesso em: 04 jun. 2010. MASCARÓ, Juan Luís. Desenho urbano e custos de urbanização. 2. Ed. Porto Alegre: D. C. Luzzatto Editores Ltda, 1989. MICHELIN, Renato G. Drenagem superficial e subterrânea de estradas. Porto Alegre: SCP, 1973. MORALES, P. R. D. Manual Prático de Drenagem. Rio de Janeiro: IME, 2003. MORALES, P. R. D. Planejamento Urbano. Rio de Janeiro: Fundação Ricardo Franco, 2007. NETTO, J. M. A.; ALVAREZ, G. A. Manual de hidráulica. 6 Ed. São Paulo: Ed. Edgar Blücher Ltda, 1977. PORTO, R. L. ET ALLI. Drenagem Urbana. In: Hidrologia – Ciência e Aplicação. Coleção ABRH – Vol. 4, UFRS/EDUSP/ABRH, Porto Alegre – RS. Cap. 21: 805 – 875. 1993. PORTO, R.; K. ZAHED; A. N. GIKAS. Análise de Cheias Complexas. Manual do Usuário. São Paulo: Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, 1993. RIBEIRO, Demétrio. Conflitos Urbanos - Ambientais em regiões Amazônicas: Boa Vista, Belém, Macapá e Manaus. (COHRE - Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos) Programa das Américas. Porto Alegre. SÃO PAULO. Diretrizes Básicas Para Projetos de Drenagem Urbana no Município de São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www2.uel.br/pessoal/amanthea/ctu/arquivos/microdrenagem/galerias/01micro drenagem_sp.pdf>. Acesso em: 02 de abr. de 2010. SECRETARIA EXECUTIVA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE – SECTAM, 2001. Bacias Hidrográficas do Pará. Disponível em: <http://www.para30graus.pa.gov.br/hidrico11.htm>. Acesso em: 30 mai. 20010 SKY SCRAPER CITY. Imagem da Cidade de Belém – Pará. Disponível em: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=254672>. Acesso em: 05 ago. 2009. TERRITÓRIO GEOGRÁFICO ON LINE. Fotos. Disponível em: <http://www.territoriogeograficoonline.com.br/fotos >. Acesso em: 28 mai. 2010. THOMAZ, Carlos Albert. Sugestões práticas para drenagem superficial em estradas municipais e vicinais. São Paulo: ABCP, 1984. TUCCI, C. E. M.; CRUZ, M. A. S.; SILVEIRA, A. L. L. Controle do Escoamento em Lotes Urbanos com Detenção. Avaliação e controle da drenagem urbana. 1 Ed. Porto Alegre: ABRH, 1990. 78 TUCCI, Carlos E. M. Hidrologia. Ciência e Aplicação. São Paulo: EDUSP, 1993. TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. L. L. P.; BARROS, M. T. de. Drenagem Urbana. Porto Alegre: ABRH/Editora da Universidade/UFRGS, 1995. TUCCI, Carlos E. M. Elementos Para o Controle de Drenagem Urbana. Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <www.iph.ufrgs.br/grad/disciplinas/dhh/iph01014/Elementos.PDF>. Acesso em: 29 ago. 2009. TUCCI, Carlos E. M.; SILVEIRA, André. Gerenciamento da Drenagem Urbana. Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <www.iph.ufrgs.br/grad/disciplinas/dhh/iph01014/Gerdre.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2009. TUCCI, Carlos E.M.; COLLISCHONN, Walter. Drenagem Urbana e Controle de Erosão. Avaliação e controle da drenagem urbana. 1 Ed. Porto Alegre: ABRH, 2000. UEHARA, K. Necessidade de Estudos de Novos Critérios de Planejamento de Drenagem de Várzea de Regiões Metropolitanas. In: Simpósio Brasileiro de Hidrologia e Recursos Hídricos, 6., São Paulo: ABRH, v.3, p. 111-119. VIANA, J. L. Sedimentologia Prática de um Riacho na Amazônia. Disponível em: <http://jviana.multiply.com/journal/item/8/8>. Acesso em: 30 mai. 2010. WILKEN, P. S. Engenharia de drenagem superficial. São Paulo: CETESB, 1978.