Anzóis – Como escolher o anzol correto?
Por: Alejandro Antúnez (Índio)
Baseado em vários artigos e fontes bibliográficas mencionadas neste artigo.
Historia
Ao longo do tempo, o homem tem desenvolvido vários métodos e equipamentos para capturar
peixes, alguns deles continuam “vivos” após milhares de anos e estão presentes nos
equipamentos e métodos de pesca esportiva ou comercial. A origem dos anzóis continua sendo
uma incógnita, mas acredita-se que esteja relacionada com um dos primeiros métodos para
fisgar peixes que consistia numa peça de pedra com duas pontas a qual era atada ou
introduzida dentro de uma isca viva. Este conjunto estava sujeito por uma corda, quando o
peixe engolia a isca ele também acabava engolindo a pedra que ficava trancada dentro da
garganta.
Suspeita-se que o homem de cro-magnon (aprox. 35.000 anos A.C.) já tenha utilizado
dispositivos similares aos anzóis modernos. Lamentavelmente não existem provas, pois se
acredita que os primeiros anzóis tenham sido feitos em madeira e osso que não sobreviveram
no tempo
Sabe-se que os primeiros anzóis propriamente ditos foram desenvolvidos pelos humanos
modernos e já utilizavam uma rebarba para evitar que o peixe escape (provavelmente
inspirados no desenho das lanças e flechas). Alguns exemplos dos primeiros anzóis vêm da
Palestina ao redor de 7.000-9.000 anos A.C. Desde então o homem tem fabricado anzóis
empregado diferentes tipos de materiais incluindo: madeira, ossos, chifres, conchas, pedra,
bronze e ferro. Na América do Sul pré-hispânica, as cerâmicas da cultura Moche (anterior aos
Incas, localizada ao norte do Perú) ilustram cenas de pesca utilizando anzóis metálicos feitos
em cobre e bronze, já os Índios nativos da América do Norte fabricavam anzóis utilizando as
garras das águias.
O oriente médio já se encontrava na idade do bronze, enquanto outras civilizações ao norte
ainda estavam na idade da pedra. Na antiga Mesopotâmia e Tebas (1.400 A.C.) já existiam
uma diferenciação entre a pesca comercial e a esportiva. Ilustrações mostram o que seria os
primórdios da pesca com mosca com a utilização de anzóis de bronze e cobre. Os imperadores
romanos Augusto e Trajano estariam entre as filas dos adeptos a este esporte.
Os países escandinavos foram outro centro
importante para o desenvolvimento dos anzóis,
seguramente devido a abundancia das espécies
marinhas e da importância desta atividade no
desenvolvimento e na economia destas culturas.
Anzóis antigos fabricados em ferro têm sido
descobertos em diversas escavações que datam
da idade média em Vestfold e Oslo.
No século XV, um dos primeiros tratados sobre Catálogo de anzóis da Kirby Hooks
a pesca foi publicado em Westminster - “The Foto: www.flyfishinghistory.com
Treatyse of Fyshinge wyth an Angle”.
Supostamente escrito por uma freira: Dame Juliana Berners, o livro dedicava um capítulo para
a arte da fabricação de anzóis. Segundo este livro os melhores anzóis eram fabricados a partir
de agulhas: As pequenas agulhas de cerzidura para os anzóis menores, as agulhas de bordado
para os peixes maiores e as de alfaiate ou sapateiro para os grandes peixes. O livro ainda
explicava como dar forma ao anzol, como construir a farpa e finalmente como forjar e temperar
o produto final.
Os anzóis feitos em aço começaram a ser fabricados em grande escala na Europa no início do
século XVII. Naquela época, apesar de estarem comercialmente disponíveis, muitos
pescadores ainda preferiam fabricar seus próprios anzóis dado que qualidade dos disponíveis
comercialmente ainda era muito inconsistente. A composição certa de carbono e ferro no aço
ainda estava em desenvolvimento, e as técnicas de temperado, ainda eram incipientes. Como
resultado, produzia-se um metal de baixa qualidade. Mesmo assim,
algumas empresas como a Kirby Hooks conseguiram fabricar anzóis
com uma qualidade relativamente consistente.
Assim que a indústria começou a ter domínio sobre a tecnologia de
produção do aço, começaram a surgir vários fabricantes, muitos
deles eram fabricantes de agulhas britânicos, concentrados ao redor
nas cidades de Kendall, Redditch e Limerick.
Anzois Cegos e métodos de
juçao com alinha de pesca
Foto: www.ronnlucassr.com
Curiosamente, o “olho”, considerado um dos grandes avanços do
século XVII, demorou mais de um século para ser adotado como
padrão na fabricação dos mesmos. Até finais do século XIX, grande
parte dos anzóis ainda eram “cegos”, isto é, não tinham um “olho”
para serem atados à linha de pesca. Anzóis cegos continuaram
sendo fabricados em grades quantidades até o ano 1930.
Introdução
O anzol é sem dúvida o elemento mais importante na construção de uma mosca, pois é nele
que serão atados todos os outros materiais. Os anzóis modernos são fabricados principalmente
na Noruega, Inglaterra, França, Estados Unidos e no Japão1. Existe uma grande variedade de
modelos, sendo que todos eles foram desenhados para propósitos bem específicos. Escolher o
anzol correto é o primeiro passo no atado de uma mosca, a escolha correta garante o formato e
proporções, o que acaba melhorando o desempenho da isca.
Na hora de escolher um anzol, deve-se decidir sobre as seguintes características que
estudaremos detalhadamente:
 Tamanho do anzol
 Peso e diâmetro do arame
 Tipo de ponta e farpa
 Formato geral e uso (curvatura, abertura, olho, haste)
 Material utilizado na sua fabricação e o acabamento
Anatomia do anzol
Vamos fazer uma análise mais detalhada das partes de um anzol:
a) Abertura (Gap ou Gape, em inglês) é a distância entre a haste (shank, em inglês) e a
ponta (point). Os tamanhos dos anzóis estão normalmente relacionados com tamanho
da abertura. O tamanho da abertura é muito importante para fisgar o peixe. Se a
abertura for muito pequena o anzol pode não penetrar corretamente, se por outro lado
ela for muito grande, o peixe pode utilizar o efeito de alavanca no seu favor e soltar do
anzol.
b) Curvatura (Bend). Dependendo da forma desta curvatura, o anzol terá diferentes
qualidades e será mais indicado para certo tipo de moscas. A curvatura do anzol tem a
função de reter o peixe após a penetração da ponta. Em geral os anzóis para pesca
com mosca têm uma curvatura redonda, no entanto existe uma grande variedade de
outros formatos e diferentes graus de resistência à deformação.
c) Garganta (Throat) – Esta é a distância entre a ponta e o extremo mais afastado da
curvatura do anzol. Assim como a abertura do anzol, a “profundidade” da garganta pode
ajudar ou atrapalhar a fisgada do peixe.
d) Haste (Shank). É a parte do anzol que começa imediatamente atrás do olho e vai até
antes de começar a curvatura do anzol. É neste lugar onde o corpo da mosca é
normalmente atada. As hastes podem ser finas (light) ou grossas (heavy) dependendo
do estilo do anzol e podem ter diferentes graus de curvatura e formatos.
1
Veja tabela de fabricantes no APÊNDICE
e) Olho (Eye) é o laço onde é atada a linha. O “olho” localizado na parte “dianteira” do
anzol. O formato e ângulo do olho determinam os possíveis usos do anzol.
a) Ponta (Point) – Esta é a parte do anzol que penetra na mandíbula do peixe para depois
ser retido pela curvatura e a farpa. A ponta do anzol deve ser muito afiada, mas não
muito cumprida, pois ela pode quebrar.
b) Farpa (Barb) - A ponta do anzol inclui a farpa, que é a “espinha” metálica em ângulo que
fica orientada na direção contrária à ponta. A função é evitar que o anzol escape da
boca do peixe e permitir que a curvatura cumpra sua função de segurar o peso do
peixe. Na pesca esportiva recomenda-se comprar anzóis sem farpa ou amassar as
farpas com um alicate. Além de facilitar a soltura do peixe pode ajudar na penetração do
anzol, pois reduz a resistência. Observe que os regulamentos de pesca esportiva em
parques estaduais e nacionais já proíbem o uso de anzóis com farpa.
“Tamanho” do anzol
Os tamanhos os anzóis são medidos por uma
escala arbitraria baseada na abertura (gap) do
anzol. Os tamanhos mais freqüentemente
utilizados na pesca com mosca vão do #1 até
o #32 sendo que quanto maior o número,
menor será o tamanho da abertura. Os anzóis
Exemplo - Tamanhos disponíveis do anzol Mustad 94840
www.mustad.no
maiores ao #1 são numerados utilizando um
“/”, assim a numeração vai de #1/0, #2/0,... etc.
quanto maior o número, maior o tamanho do anzol. A escala de tamanho dos anzóis em ordem
crescente é: #28, #26, #24, #22, #20, #18, #16, #14, #12, #10, #8, #6, #4, #2, #1/0, #2/0, #3/0,
#4/0, #5/0. Anzóis maiores ao #5/0 são muito pesados para ser arremessados com um
equipamento de fly, e anzóis menores do que um #32 são tão pequenos que é muito difícil
fisgar um peixe.
Numeração e formato da haste
O comprimento padrão da haste (shank) para um
anzol é de aproximadamente o dobro da abertura
(gap). No entanto alguns estilos de anzóis têm a
haste maior ou menor do que o normal. Isto nos
permite atar moscas maiores ou menores no
mesmo tamanho de anzol. O sistema de
numeração da Haste utiliza uma nomenclatura
baseada na letra “X”.
A letra X precede a numeração da haste do anzol.
Ela pode estar seguida de uma letra S (indicando
que é mais curto – do inglês, Short) ou pela letra L
(de Longo - do inglês Long) que indica que é mais
cumprido do que o tamanho padrão. Ou seja, o
anzol #2 4XS é mais curto do que #2 3XS e um
anzol #2 4XL é mais longo do que um #2 2XL, mas
todos têm o mesmo tamanho de abertura (indicado pelo primeiro numero: #2).
Além do comprimento, as hastes podem ter diversos formatos e/ou curvaturas. As hastes
curvas ajudam a dar um aspecto mais natural as iscas, especialmente quando imitamos
stoneflies, emergentes e crustáceos (Ex. Orvis 122J e 62KC, Daiichi 1770 e 1270). Os anzóis
para poppers incluem umas dobras na haste ou ”calombos” que evitam que o corpo gire após
atado no anzol. (Ex. Mustad CK52S). Nas moscas secas, algumas hastes incluem uma curva
para deixar a mosca mais próxima da superfície da água (Daiichi 1222). As hastes “fatiadas”
permitem que iscas naturais e/ou vivas sejam fiquem presas e não escapem do anzol (Ex.
Mustad 92647S) e finalmente, hastes curtas e robustas que formam uma curva continua
permitem, além de imitar pequenos peixes e caranguejos, dar uma maior resistência ao anzol
na captura de grandes peixes como o Tarpon (Gamakatsu SC17)
Diâmetro do arame
O diâmetro do arame utilizado para a construção do anzol é proporcional ao tamanho do
mesmo, logo o diâmetro do arame utilizado num anzol de tamanho #2 é maior (e mais pesado)
do que o utilizado num anzol #4. Por convenção, o diâmetro padrão do anzol é o utilizado nas
moscas molhadas (wet flies). Os anzóis utilizados no atado de moscas secas devem ser mais
finos para facilitar a flutuação.
Como no caso da numeração da haste, utiliza-se um sistema de numeração precedido por uma
letra “X”. De acordo com o uso, os anzóis podem ser finos (em Inglês Fine) ou mais grossos
(em inglês Heavy), também se usa a letra “S” para indicar que é mais grosso (em inglês Stout).
Somada à numeração anterior o anzol 4XF indica um anzol 4 vezes mais fino, e um 4XH sinala
um anzol 4 vezes mais grosso (e, portanto, mais pesado) do que o padrão.
Tipos de olhos
Os tipos mais comuns de olhos são:

Argola (Ringed eye): O olho é construído em formato circular
com o diâmetro do arame constante. O olho forma um plano
perpendicular em relação ao anzol. A argola pode ser aberta ou
fechada, o tipo fechado é temperado e, portanto mais resistente.
A argola aberta é normalmente mais fraca e é típica dos anzóis
mais baratos.

Anel (Brazed eye): Olho com formato fechado, normalmente
soldado à haste de anzol o que o torna mais resistente e evita o
corte do líder. Os anzóis para peixes de grande porte
geralmente utilizam este tipo de olho para assegurar à máxima
resistência do conjunto.

Cônico (Tapered eye): Na construção do olho o diâmetro do
arame vai se reduzindo. Isto é feito com o objetivo de reduzir o
peso do anzol, o que é particularmente importante nos anzóis
ultraleves para pesca com mosca seca.

Dobra (Looped eye): O arame vai alem do olho e se estende de
maneira paralela à haste. A terminação do arama é geralmente
cônica. Este tipo de olho é geralmente utilizado na construção
de anzóis para a pesca de salmão.

Agulha (Needle eye): Similar ao olho da agulha para costurar.
Uma vantagem deste tipo de olho é que a isca natural pode ser
espetada no anzol com maior facilidade. Outra vantagem é a
maior resistência.

Pata (Flattened eye): É uma alternativa aos olhos. A
extremidade da haste é simplesmente achatada e a linha de
pesca é atada com um nó especial. A área achatada evita que o
nó escorregue. Este formato de olho é utilizado na pesca
comercial de peixes de porte médio e facilita a inserção da isca
viva.
Orientação do “olho”
A orientação do “olho” é um fator importante para explorar todo potencial do anzol e da isca
artificial.

A orientação padrão do “olho” é a reta (straight).

Para acima ou “fechada” (turned-up): Visto de perfil, o olho está
virado para acima em relação à haste. Este tipo de olho é
utilizado para facilitar a visualização de moscas muito
pequenas, também é utilizado para dar uma finalização especial
à mosca. Utilizam-se também nos anzóis para a pesca de
salmão.

Para abaixo ou “aberto” (turned-down): Visto de perfil, o olho
está virado para abaixo, em direção à ponta do anzol. Este é o
padrão para a pesca com mosca.

Paralelo (parallel): O olho é paralelo à haste do anzol e forma
um mesmo plano com a ponta. Este formato de olho é muito
utilizado nos anzóis para streamers e jigs, pois facilitam a
movimentação natural da isca.
Pontas e farpas
A ponta é provavelmente a parte mais importante de um anzol, ao longo da historia sempre
houve uma especial preocupação em fabricar anzóis com pontas suficientemente afiadas para
penetrar a mandíbula de um peixe rapidamente e com um mínimo esforço. A capacidade de
penetração da ponta de um anzol está dada por dois fatores: O perfil da ponta e seu
comprimento.
Existem basicamente duas técnicas para a fabricação das pontas: Mecânica (através de corte e
polimento) ou química (utilizando ácidos).
A farpa influencia a profundidade e rapidez da penetração, a pressão é necessária para cravar
o anzol e também define a capacidade anzol para reter o peixe fisgado. Quanto maior for farpa,
maior será sua capacidade de reter do peixe, mas também será necessário aplicar uma maior
força para cravar o anzol. Anzóis construídos com arames grossos e grandes farpas penetram
com maior dificuldade na carne, cartilagem e no osso das mandíbulas dos peixes, resultado
uma fisgada menos eficiente. A resposta dos fabricantes foi reduzir o diâmetro do arame e o
tamanho da farpa, criando os anzóis com “micro-farpas”. A pesca esportiva na modalidade de
“pesque-e-solte”, assim como os regulamentos existentes em alguns espaços de pesca,
motivaram a fabricação de anzóis sem farpa. Este tipo de anzol tem uma maior capacidade de
penetração, em compensação sacrifica a capacidade de retenção do peixe no anzol, o que
torna a briga “mais justa” e facilita a soltura do peixe com menos dano e estresse
(especialmente se o peixe acaba engolindo o anzol).
Tipos comuns de pontas:

Lança (spear): É o tipo padrão de ponta. A ponta do anzol se
projeta em linha reta a partir da ponta da farpa.

Concava (hollow): A ponta se projeta a partir da base da farpa
formado uma curva côncava, este desenho torna a ponta mais
fina e afiada. Foi projetada para uma rápida penetração em
tecidos suaves, Não é uma boa opção para peixes com
mandíbulas duras.

Agulha (needle): Como o próprio nome indica, a ponta tem um
formão cônico similar ao formato da ponta de uma agulha.
Como no caso da ponta “côncava” ela permite uma boa
penetração. Estas pontas são geralmente feitas mediante
processos químicos.

Formato de bico (beak ou rolled-in): A ponta faz uma curva em
direção ao olho ou haste do anzol. Este desenho coloca a
ponta e a linha de pesca na mesma linha-reta parar reduzir a
força necessária para cravar o anzol.

Dublin (Dublin ou out-point); Ao contrário do formato em “bico”
a ponta faz uma curva se afastando da haste do anzol. Este
desenho facilita a penetração do anzol. Certo grau de
afastamento é sempre recomendado nos pequenos e
grandes anzóis.

Formato de navalha (knife): A borda intera entre a ponta e a
farpa é afiada. Isto facilita o corte de tecidos moles e duros,
aumentando a capacidade de penetração do anzol. Este
desenho de farpa é muito utilizado nos anzóis para a pesca de
peixes de grande porte.

Kirbed e reversed: A ponta do anzol está num plano
ligeiramente inclinado (entre 18º e 20º) em relação à haste do
anzol. Se estiver virado para a esquerda em relação ao olho é
denominado de “Kirbed”, se for para a direita “Reversed”.

Mini ou micro-farpa (mini ou microbarb): Desenhada com uma
farpa menor para aumentar a capacidade de penetração do
anzol sem perder totalmente sua capacidade de retenção.
Facilita retirada do anzol na modalidade de ”pesque-e-pague”.

Sem farpa (barbless): O nível de penetração do anzol é
superior, à custa da capacidade de retenção do peixe.
Desenhado para atender às necessidades da pesca em lugares
regulamentados.
Materiais e acabamento
A maioria dos anzóis modernos é fabricada em aço, com diferentes composições dependendo
do fabricante, do modelo e do grau de rigidez e anti-corrosão desejadas.
Durante o processo de fabricação são aplicados diferentes tipos de acabamento que podem
dar atributos cosméticos (por exemplo: cor e polimento) ou incrementar as resistência à
corrosão. Alguns dos anzóis fabricados em aço-carbono recebem uma camada de resina ou
verniz nas cores: azul, preto, bronze, verde, vermelho e outras cores luminescentes. Outros
tipos de anzóis são galvanizados utilizando estanho, cádmio, níquel, níquel-preto, ouro e zincocromo. A maioria dos anzóis fabricados em aço-inox não recebe nenhum tipo de acabamento
após o polimento.

Água doce - O acabamento mais comum em anzóis de água doce é o verniz bronze,
este tipo de verniz (assim como a maioria deles) oferece uma baixa proteção contra a
corrosão. O acabamento do tipo “dourado” é feito aplicando ouro de 24 quilates ou
bronze, o ultimo é estritamente utilizado para anzóis de água doce dado que oferece
uma baixa proteção contra a corrosão (ex. anzóis Aberdeen e os anzóis curtos que
imitam de ovas de salmão). Outro tipo de acabamento comum em anzóis de água doce
é a galvanoplastia com níquel que produz um acabamento prateado, e oferece uma
maior resistência à corrosão.
Uma técnica química auto-catalítica mais sofisticada que utiliza níquel-fósforo ou níquelboro fornece uma melhor resistência à corrosão. Também existe um método de aplicar
múltiplas camadas de teflon e níquel que produz uma boa resistência contra a corrosão
e melhora a “cravada” do anzol, dado que o Teflon diminui a resistência da penetração
na mandíbula do peixe. O Níquel-preto também é outra técnica de múltiplas camadas
que deposita oxido zinco sobre o níquel, esta técnica produz um acabamento pretobrilhante na superfície do anzol. Esta ultima método oferece a melhor proteção contra
corrosão quando comparado os métodos anteriores.

Água salgada – A galvanização é o método padrão para o acabamento dos anzóis de
aço-carbono utilizados em água salgada. A galvanização usando cádmio-estanho e
cromo-zinco oferece uma proteção e acabamento superiores, estes métodos recebem
diferentes nomes segundo o fabricante. O cádmio é uma substância de alto impacto
ambiental, o que leva muitos fabricantes a ressaltar as propriedades dos anzóis
galvanizados com cromo-zinco como os de “menor impacto ambiental”. Estes tipos de
acabamento superam as propriedades anti-corrosivas do aço-inox.
Como já vimos anteriormente, a capacidade dos anzóis para resistir à corrosão varia muito,
especialmente na água salgada, este é sem dúvida um dos principais critérios na seleção de
um anzol. Nenhum tipo de acabamento protege totalmente o anzol contra corrosão. Se por
outro lado analisamos o material empregado, o aço-carbono é muito menos resistente à
corrosão do que aço-inox ou o cádmio-estanho ou cromo-zinco. Dada a resistência destes
anzóis à corrosão, muitos pescadores os acabam utilizando, mesmo na pesca em água doce.
Independentemente do ambiente, se um anzol fica jogado numa gaveta ou caixa molhada ele
acaba enferrujando após certo tempo. No entanto esta é uma característica importante se
pensamos nos peixes. Muitas vezes (propositalmente ou não), os peixes acabam fugindo com
anzóis cravados em diferentes partes do corpo. A velocidade com a qual o anzol enferruja é
importante para que o peixe fique livre dele.
Alguns testes comprovam que anzóis envernizados (bronze, azul, etc.) e os galvanizados com
níquel ou dourados acabarão quebrando devido à corrosão em água doce em duas ou três
semanas. Em compensação, esses mesmos anzóis só levam entre 48 e 54 horas para corroer
em água salgada. Logo não faz sentido utilizar este tipo de anzóis na pesca em água salgada a
menos que você esteja pesando liberar todos os peixes e jogar fora os anzóis (e eventualmente
as iscas) após uma pescaria.
Já os anzóis de aço-inox e cádmio-estanho levam um tempo indeterminado para enferrujar em
água doce. Na água salgada, podem levar vários meses para quebrar, e muito mais para se
decompor completamente. Os anzóis fabricados com cádmio-estanho levam ainda muito mais
tempo para se deteriorar em água salgada. Logo, não sentido utilizar este tipo de anzóis a
pesca em água doce, especialmente se você pratica pesca esportiva na modalidade “pesque-e
solte”.
Por ultimo, quanto mais um anzol for utilizado, a ponta acabará entrando em contato com
pedras, areia, trocos e obviamente perfurando tecido, cartilagem, dentes e osso de peixes. Este
desgaste natural acaba com o revestimento e expõe a ponta do anzol à corrosão. Nesta
situação, afiar as pontas só acelera eventualmente o processo, mas em compensação aumenta
ligeiramente a vida útil do anzol.
Formatos de anzóis
Quando combinamos os diferentes tipos e tamanhos de curvas, aberturas, hastes, olhos e
modelos de pontas que revisamos anteriormente temos toda a gama de formatos de anzóis
existentes no mercado. A continuação, faremos uma rápida revisão dos formatos de anzóis
mais utilizados na pesca esportiva em água doce e salgada. Esta breve descrição, em conjunto
com as tabelas de equivalências de anzóis anexas, irá guiá-lo no processo de escolher o anzol
correto para suas necessidades, independentemente da marca ou do fabricante.

ROUND BEND: Este é o formato tradicional dos anzóis para
moscas secas e alguns streamers. A curva do anzol é redonda
e algumas vezes são chamadas de curvatura “Viking”. Uma
variante deste formão de curva redonda é o denominado
“PERFECT BEND” ou curva perfeita.

SPROAT BEND: Originalmente desenhado pelo pescador e
fabricante de anzóis W. H. Sproat. Este formato de anzol é
freqüentemente utilizado o atado de wet-flies, soft-hackles e
iscas para a pesca do Black-bass. Alguns anzóis para água
salgada também têm este formato. A curvatura do anzol tem
geralmente a ponta ligeiramente virada, ou com um acabamento
obliquo (slope).

NYMPH BEND: Este formato é relativamente moderno e foi
desenhado com o objetivo de dar uma aparência mais natural.
Algumas vezes a haste é dobrada num ângulo de 45º. Este
formato de anzol também é muito indicado para ninfas que
utilizem cabeças metálicas (bead-head).

SCUD OU CAMARÃO (SHRIMP): A curvatura do anzol e a
haste formam uma curva continua. Devido ao seu formato, este
anzol é muito utilizado no atado de crustáceos tais com scuds e
camarões, assim como emergentes de caddis, moscas com
cabeça metálica e algumas moscas parachutes.
Round Bend
Daiichi 1170
Heavy Weight
Orvis 1641
Curved Bend
Orvis 122J
Continous Bend
Orvis 62KC

YORK BEND: É muitas vezes chamado de curva natural ou de
anzol para ninfas “vivas”. Freqüentemente utilizado no atado de
stoneflies e grandes ninfas ou de moscas secas tipo Stimulator.
Também é utilizada na pesca do salmão e do steelhead.

LIMERICK: Este desenho de anzol é chamado freqüentemente
de anzol “J” e é considerado o “padrão” em termos de desenho.
É utilizado como referência na maioria de ilustrações sobre
anzóis. Ele é construído em diferentes tamanhos e variedade de
metais. Fabricado na grossura média e com a curvatura forjada
ele é um anzol relativamente pesado (portanto difícil de
arremessar), muito forte e difícil de dobrar. Geralmente utilizado
na pesca em água salgada, é um bom anzol para pesca de
profundidade. Os tamanhos variam do #3 ao #19/0.

O’SHAUGHNESSY: Originalmente, inventado na cidade de
Limerick, Irlanda e leva o nome em homenagem a Robert
O’Shaughnessy um conhecido fabricante e distribuidor de
material de pesca dessa cidade. A diferença dos outros anzóis,
ele não era fabricado a partir de arame, e sim a partir de um
processo de forja que combinava carvão e ferro proveniente das
ferraduras de cavalos. Hoje em dia ele é fabricado com métodos
mais modernos de forjado, mas continua sendo um anzol
extremamente forte que não dobra facilmente. É considerado
um anzol de uso geral para pesca em água doce ou salgada, e
está disponível em tamanhos relativamente grandes. Na pesca
com mosca, é muito utilizado para imitar pequenos peixes (bait
fish).

ABERDEEN: Foi inicialmente desenhado para o uso em água
doce e para ser fabricados em tamanhos pequenos. São
geralmente construídos com arame que é curvado durante o
processo de fabricação. A diferença do O’Shaughnessy, ele
pode ser dobrado. Ele foi desenhado para peixes com bocas
relativamente suaves, devido a suas características de
construção é um anzol que penetra rapidamente na boca do
peixe e é difícil que ele se solte quando a ponta e a farpa
tenham penetrado na mandíbula. Este desenho tem sido
modificado para ser utilizado em poppers e jigs, introduzindo
algumas curvas na haste. É um anzol ideal para a pesca com
equipamento leve.
York Bend
Daiichi 1270
Limerick
Mustad 31040
O’Shaughnessy
Mustad 34009
Aberdeen
Mustad 38202BE

SALMÃO: Este é modelo padrão para a pesca de salmão e
Steelhead. O Olho tem um formato cônico está orientado
levemente para acima. A curvada haste é levemente curvada e
pode ser fabricado com um arame mais fino (1XF) para moscas
secas ou mis pesado para moscas wet-flies

SPEY: Este é o formato utilizado o estilo de pesca com ambas
mãos ou Spey. O formato deste anzol é uma combinação dos
formatos York e do anzol curvo para ninfas.

STINGER: Este é modelo é uma modificação do formato Sproat
com um arco e uma ponta mais pronunciados. Utiliza-se no
atado de iscas para Black-bass (deer bugs) e imitações de
camundongos

CIRCULAR (CIRCLE): É quem sabe a maior inovação em
termos de anzóis. Os anzóis circulares promovem a pesca
esportiva e o principio de pesque-e-solte. O desenho circular do
anzol com a ponta virada em direção à haste evita que o peixe
seja fisgado pela garganta. Muitos pescadores têm problemas
na hora de utilizar estes anzóis porque não precisam “cravar” o
anzol. Se você tenta “cravar” o anzol ele geralmente acaba
escapando da boca do peixe. Estes anzóis têm sido
desenhados para se deslocar nos cantos da boca do peixe e se
“cravarem” quando o peixe vire e comece a se afastar do
pescador. O pescador só sente o pique e simplesmente começa
a recolher a linha, lentamente ao começo, e mais rapidamente
uma vez que o anzol tenha “cravado” na boca do peixe.

ISCA VIVA (LIVE BAIT): Estes anzóis têm geralmente uma
haste mais curta do que qualquer outro anzol. Seja para que a
isca viva consiga se movimentar livremente e para que o anzol
seja menos “aparente”, esta ainda é uma questão de debates
em relação ao desenho circular destes anzóis. Os anzóis
normais para iscas vivas são geralmente engolidos pelo peixe e
acabam na garganta, estes anzóis circulares, fornecem uma
maior chance de soltar o peixe sem danos.
Salmão
Tiemco 7999
Spey
Daiichi 205X
Stinger
Gamakatsu B10S
Circular
Mustad 39948Z
Live Bait
Mustad 37160NPD

Kahle
Eagle Claw L141
KAHLE: Os anzóis com desenho Kahle® já eram utilizados com
iscas vivas e naturais antes que os anzóis de hastes curva para
iscas vivas aparecem no mercado. Estes anzóis são mortais e
não são recomendados para a pesca esportiva com soltura. É
comum que este tipo de anzol acabe fisgando o peixe na
garganta ou nas guelras. A curvatura deste anzol é ideal para o
uso com iscas vivas. Quando fabricados com o mesmo
processo dos anzóis Aberdeen, eles irão se deformar se
acabarem presos em alguma estrutura submersa, no entanto
uma vez fisgado o peixe, o desenho o anzol evita a deformação.
Conclusões e recomendações
Existem muitas empresas que fabricam anzóis para atado de moscas. Muitas das suas
características se sobrepõem de uma companhia para a outra. Nos Anexos, mostramos uma
tabela de equivalências entre os diferentes modelos, fabricantes e finalidades. Quando
possível, daremos nas receitas de atado mais de uma alternativa de anzol, de maneira tal que
você possa escolher o anzol da sua preferência.
O critério mais importante para a escolha de um anzol é que ele deve ter uma forma similar à
fonte de alimento que pretendemos imitar, sejam estes insetos, crustáceos ou pequenos peixes
e alevinos:
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Anzóis para moscas secas (dry flies): Os anzóis para moscas secas vêm em
diferentes formatos e tamanhos, escolha aquele que mais se adapte ao inseto que
deseja imitar. Lembre que são anzóis delicados e leves que devem facilitar flutuação
da mosca na superfície da água. Dependendo do uso, eles podem ter uma haste reta
ou curva, e o comprimento pode variar para acomodar as características de cada
inseto: Em geral, as moscas secas como a Adams, Humpy e outras são atadas em
anzóis com haste padrão (standard), moscas secas maiores, tais como grandes
mayflies, gafanhotos e salmonflies, são atadas em hastes longas 2XL.
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Os anzóis para moscas molhadas (wet flies) são similares aos anzóis para moscas
secas exceto pelo fato de que são mais robustos e pesados. A curvatura e a haste do
anzol variam dependendo do desenho e uso.
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Os anzóis para ninfas são os mais variados em termos de desenho. Eles são
fabricados numa ampla variedade de formatos e comprimentos para imitar a grande
variedade de ninfas que existe na natureza. Desde as ninfas de stoneflies até a as
mayflies atrofiadas (cripples). Lembre que o anzol padrão para o atado de ninfas tem
uma curvara redonda (ou Sproat) e a haste reta. Para imitar ninfas maiores utilize
hastes longas 2XL num anzol mais robusto e forjado. Os anzóis com hastes curvas
são utilizados para imitar emergentes e os mais pesados para atar pupas de caddis,
emergentes e alguns crustáceos.
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Os streamers imitam geralmente pequenos peixes, camarões, sanguessugas e outros
insetos. Os anzóis para atar streamers são mais robustos e longos do que a média
dos anzóis, para poder acomodar as várias camadas de materiais geralmente
utilizados para atar os streamers. Os olhos podem ser retos ou inclinados para baixo.
Alguns destes anzóis foram desenhados para ser utilizados como “poppers” na pesca
do Black Bass (este último tem vários “calombos” na haste para evitar que o corpo da
isca gire).
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Os anzóis para água salgada formam um capítulo aparte. Estes anzóis são
geralmente muito robustos, resistentes à corrosão e têm pontas muito afiadas. Os
anzóis para água salgada vêm numa ampla variedade de tamanhos, formatos e cores,
sendo que a grande maioria foi desenvolvida para imitar pequenos peixes. Os
tamanhos são geralmente o 1/0, 2/0, 3/0... etc. veja a tabela no apêndice para
maiores informações.
Bibliografia e Fontes de Consulta:
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Site da Mustad: www.mustad.no
Orvis: www.orvis.com
Historia dos anzóis - http://www.flyfishinghistory.com
- http://www.howtofishguide.com
Anzóis antigos
- http://www.ronnlucassr.com
Artigos sobre anzóis - http://www.gofishn.com/content/hook
The complete book of Fly Tying, Eric Leiser, 1998, Alfred A. Knopf, New York
Essential Trout Flies, Dave Hughes, 2000, STACKPOLE BOOKS
Vistiendo anzuelos, Enrique Gómez – Julio Rossotti, primera edición 2005, ISBN 98743-9629-6
São Paulo, Dezembro de 2011
APÊNDICE – Tabela de fabricantes e equivalências de anzóis
Principais fabricantes
Moscas Secas
Anzóis Curvos
Ninfas e Wets
Streamers
Bass Bugs
Água Salgada
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Anzóis – Como escolher o anzol correto?